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DIRECTOR: Serôdio Towo | Segunda-Feira, 10 de Outubro de 2022 | Edição nº: 485 | Ano: 10 | Tiragem: 7500 exemplares

POR CAUSA DA TSU

Governo
Recusam-se a receber como os
médicos
Alegam não ser quaisquer funcionários do
Estado Pág 03 e 04

PARA TER NOÇÃO DA “VERGONHA NACIONAL”

Motoristas desafiam
Nyusi a percorrer N1 Pág 05 e 06
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2 EDITORIAL DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

Um país com a coluna vertebral

quebrada
Sabe-se que tanto já foi falado e
que o Governo se está a mexer no
sentido de solucionar o problema,
mas nunca é exagero abordar as-
suntos do interesse nacional. Nes-
ta edição, propomo-nos a reflectir
sobre o tópico retratado nas pági-
nas 5 e 6 do jornal que o estimado
leitor tem em mãos – a Estrada Na-
cional Número 1 (EN1).
Com cerca de 2500km de exten-
são, a EN1 é a principal estrada do
País, ligando as regiões Sul, Centro
e Norte. É, por assim dizer, a coluna
vertebral de Moçambique, e não
há quem, em pleno gozo das suas
faculdades mentais, seja capaz de
menosprezar a sua importância.
Mesmo assim, não se livrou da
negligência governamental ao
longo de todos estes anos e, por
estas alturas, constitui-se num
motivo de vexame para qualquer
moçambicano.
A EN1 decompôs-se, sob o olhar
cúmplice das autoridades, api-
mentada por promessas de que
seria reabilitada “em breve”. Não
há um único ministro das Obras
Públicas e Habitação que não te-
nha declarado, a plenos pulmões,
que o martírio a que os utentes da
via estão sujeitos há anos tinha os
dias contados.
Nada foi feito. Todas as promes-
sas se revelaram descaradamente
falsas.
O tempo foi seguindo o seu cur-
so, e aquilo que antes era uma es-
trada com buracos se transformou
em buracos com estrada, dado o
facto de, em determinados troços,
já não ser detectável o indício do
asfalto.
Ao longo de toda a extensão da
rodovia é difícil, para quem viaja
de carro, encontrar troços em que
se possa sentir confortável ou des-
preocupado com o estado da via-
tura, sendo que a situação é verda-
deiramente péssima, em Sofala.
As consequências são nefastas
para o país, desde logo se pensar-
mos na quantidade de pessoas que
perdem a vida ou contraem feri-
mentos por causa de acidentes de
viação que têm no péssimo estado
da estrada a principal razão.
A isso se adiciona o lado econó-
mico. Num país onde, por um lado,
o frete marítimo é incipiente, ape-
sar da larga costa à disposição, e
não há ferrovias que liguem as três
regiões, por outro, o recurso à via
terrestre assume-se como a mais
eficaz forma de transportar merca-
dorias de um ponto para o outro.
Sucede que, por conta da lasti-
mável situação da EN1, que reduz
sobremaneira o tempo de vida
útil das viaturas, os empresários
do ramo de transporte acumulam
prejuízos enormes, o que concor-
re para o encarecimento do frete
e, por arrasto, dos produtos, casti-
gando o consumidor final.
Alguns empreendedores optam
mesmo por retirar as suas viaturas,
alocando-as em rotas mais seguras
para as mesmas, mas também para
os respectivos motoristas. É que,
para lá do elevado risco de aciden-
tes, a gincana que os condutores
têm de fazer permanentemente
para contornar as covas pode ter
efeitos corrosivos sobre a saúde, a
médio e longo prazo.
A situação da EN1 deve, por-
tanto, ser encarada como uma
questão não só económica, como
também sanitária. Mais ainda, se
o Estado valoriza tanto a unidade
nacional, como fazem imaginar os
discursos de alguns dos seus altos
representantes, deve colocar esta
estrada no topo das suas priorida-
des, justamente pelo facto de, ao
conectar as três regiões do país,
constituir-se numa das mais altas
expressões da afamada unidade
nacional.
Por outro lado, é inevitável es-
quivar o debate em torno da in-
sipiência da nossa rede viária. A
EN1 precisa de ser reabilitada,
mas esta acção deve ser acompa-
nhada pela criação de condições
para a construção de vias alter-
nativas, com vista à redução da
dependência.
Resgatar a cabotagem marítima
e “rasgar” o país com linhas fér-
reas é igualmente fundamental.
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FICHA TÉCNICA
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Towo, Amad Canda, Arão Nualane, Quelto Janeiro, Hélio de Carlos| FOTOGRAFIA: Albino Mahumana|
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022 DOSSIERS & FACTOS DESTAQUE 3
TUDO GIRA EM TORNO DO DINHEIRO DA TSU

Juízes em guerra com a AR e Governo

• Associação de Juízes nega a "qualquerização"

O
sentimento de “qualquerização”
por parte dos juízes não é novo,
e já foi manifestado há vários
meses. Aliás, os homens do ju-
diciário, através da Associação Moçambi-
cana de Juízes (AMJ), vêm reivindicando
um tratamento diferenciado, na base da
lei. Uma das exigências foi feita ao Gover-
no e ao Parlamento, em sede de audição,
aquando da aprovação da Tabela Salarial
Única. Na altura, os magistrados judiciais
exigiram ao Governo e à AR um tratamen-
to não “qualquerizante”. 

D&F Texto: Dossiers & Factos

Para os juízes, a sua situação salarial não pode

ser definida nos mesmos moldes em que é defi-
nido o salário dos demais funcionários públicos.
Na percepção desta classe de profissionais,
manifestada pelo respectivo presidente da AMJ,
Carlos Mondlane, os juízes não são funcionários
públicos comuns, pela natureza da sua profissão,
que lhes confere independência de todas as ma-
nifestações do poder do Estado. 
Esta interpretação dos magistrados pode en-
trar em contraste, por um lado, com o disposto Ernesto Max Tonelada, ministro da Economia e Finanças
no artigo 3º do Estatuto Geral dos Funcionários e nários públicos foi, mais uma vez, defendida por Comissões da AR, o Governo, através do ministro
Agentes do Estado (EGFAE), que estabelece que Mondlane, em sede de audição da 1ª Comissão e um dos vice-ministros da Economia e Finanças,
"é funcionário do Estado o cidadão promovido da Assembleia da República, concedida há sen- quadros da Contabilidade Pública e membros da
para o quadro do pessoal que exerce actividades sivelmente duas semanas. própria AMJ.
nas instituições do Aparelho do Estado, referidas Segundo apurou o Dossiers&Factos, na referi-
no artigo 2º do EGFAE". da audição, havida no passado dia 28 de Setem- "Juiz não pode interromper sessão para aten-
A tese segundo a qual os juízes não são funcio- bro, marcaram presença membros das 1ª, 2ª e 4ª der à falta de Credelec em casa"

Durante a sua alocução, o presidente desta

agremiação de magistrados proferiu uma ampla
"dissertação" sobre o papel dos juízes no sistema
dos poderes do Estado (Legislativo, Executivo e
Judicial), tudo para convencer os deputados da
1ª Comissão a acolher as suas pretensões no âm-
bito da revisão da TSU.
  Ainda na mesma ocasião, Carlos Mondlane
alertou ao Parlamento para a necessidade de es-
tabelecer uma diferença entre os magistrados e
qualquer outra profissão.
Para aquele representante, não se pode com-
parar um juiz com um médico.
Mais adiante, fez questão de sublinhar que "o
juiz não pode, por exemplo, interromper a sessão
de julgamento para atender ou responder a uma
solicitação sobre falta de Credelec - energia eléc-
trica na sua residência", porque o juiz só pode
exercer apenas a profissão de julgar.
Este discurso dos magistrados, que em parte,
segundo nossas fontes, peca pela forma arrogan-
te como é apresentado, surge no contexto das
alegações da classe dos juízes sobre a suposta
inconstitucionalidade de algumas normas, tanto
da Lei da TSU, como da proposta de revisão deste
dispositivo, aprovada na última sexta-feira (07 de
Outubro).

Juízes reiteram haver inconstitucionalidade

Antonio Boene, presidente da Primeira Comissão na AR das normas da Lei da TSU
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4 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

Anúncio publicitário de trabalho, fiscal, aduaneira) são todos órgãos

O presidente da de soberania. 
AMJ reiterou a incons-
titucionalidade das Governo manda passear juízes
normas da Lei da TSU,
mesmo consciente No entanto, e olhando para a forma como se
que elas, as normas, comportou o Governo na referida audiência, este
só são inconstitucio- não partilha da interpretação dos magistrados,
nais depois de as- segundo a qual todos os juízes devem ter o salá-
sim declaradas pelo rio definido tendo como base referencial o salá-
Conselho Constitu- rio do mais Alto Magistrado da Nação.
cional, órgão de ju- O Governo não acha haver inconstituciona-
risdição em matéria lidade no facto de a lei da TSU atribuir a este a
constitucional. competência de definir o salário dos magistra-
Entretanto, subli- dos,  porque não estão discriminados na lei da
nham nossas fontes TSU como membros ou titulares de órgãos de so-
que é importante re- berania. E de facto, esta é a exigência dos juízes.
conhecer a legitimi- Outrossim, o Governo entende que, ao acomo-
dade de algumas rei- dar a pretensão dos juízes, pode incorrer ao risco
vindicações daquela de inviabilizar no seu todo a implementação da
classe, sobretudo no TSU, já que os magistrados não foram contem-
que concerne ao con- plados nesta perspectiva, do ponto de vista nu-
ceito de “órgãos de mérico do orçamento, que já está no limite, po-
soberania”. conferido dendo qualquer mexida gerar uma situação de
aos tribunais, confor- insustentabilidade.
me o artigo 133º da Baseado nesta visão, o Governo sugeriu que o
CRM.  Parlamento "ignorasse" a exigência dos magis-
De facto, segun- trados judiciais e aprovasse a proposta de revi-
do as mesmas fontes, são da mesma, o que efectivamente aconteceu
citando a CRM, nos na semana finda.
termos do referido Aprovada em Junho o presente ano, a Lei n˚
artigo, os tribunais, 5/2022, de 14 de Fevereiro, que define as Regras
independentemente e os Critérios para Fixação de Remuneração dos
do seu nível (distrital, servidores públicos, dos titulares ou membros de
provincial, regional, órgãos públicos e dos titulares  e membros dos
de tribunais, supre- órgãos da Administração da Justiça  e aprova a
mo) ou natureza (ad- TSU viu a sua aplicação ser suspensa por conta
ministrativa, judicial, de diversas inconformidades.

Carlos Mondlane, Presidente da Associação de Juízes de Moçambique

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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022 DOSSIERS & FACTOS DESTAQUE 5
PARA CONHECER A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO

Condutores sugerem que Nyusi

percorra o inferno da EN1
P
arte significativa dos 2477km
de extensão da Estrada Nacional
Número 1 (EN1), que liga as três
regiões do país - Norte, Centro
e Sul - encontra-se parcial ou comple-
tamente destruída. Os utentes – auto-
mobilistas – que na sua maioria usam
viaturas pesadas e que fazem longos
percursos transportando diversos tipos
de carga ou mercadoria consideram que
num país com um Governo que fosse
sensível aos problemas do povo, o Esta-
do daquela estrada devia constituir uma
“vergonha nacional”. Apelam ao Presi-
dente da República, Filipe Jacinto Nyu-
si, para que aceite o desafio de visitar
alguns troços da rodovia, em particular
o troço de Inchope-Nhamapaza, indo
em direcção à vila de Caia, mesmo que
seja para usar o mais potente 4x4 da
Presidência. Só assim, no entender das
fontes, é que o chefe do Governo poderá
aferir ter a real noção do sofrimento de
quem por lá passa.
D&F Texto: Serôdio Towo

"A degradação desta estrada não aconteceu
de um ano para o outro. Ela foi se acentuan-
do durante penosos longos anos, sob o olhar
indiferente de quem devia tomar conta da si-
Buracos têm dimensões cada vez maiores
Na tentativa de fintar os buracos, muitos carros tombam
tuação, e hoje encontra-se neste indescritível
estado".
Esta lamentação é de Aminosse Beulá, con-
dutor de um veículo pesado pertencente a
uma empresa de fornecimento de material
de construção em quase todo o país. Sem ro-
deios, a fonte descreve como "assassina" a co-
ragem que o governo de Moçambique mostra,
ao permitir que motoristas percorram pouco
mais de de centenas de quilómetros em péssi-
mas, praticamente intransitáveis.
É que são, cumulativamente, cerca de
770km  de percurso, completamente feitos
numa estrada esburacada, sendo que muitos
destes buracos chegam a atingir 50 centíme-
tros de profundidade. Ou seja, aquilo que an-
tes era estrada, transformou-se num autêntico
campo de degradação de viaturas e colunas
vertebrais dos condutores.
Estamos a descrever a principal estrada do
país, um corredor com 2477km de extensão,
sendo que pouco mais da metade encontra-se
em péssimas condições, havendo mesmo tro-
ços em que já não resta asfalto no chão.
Esta triste realidade é do domínio das autori-
dades governamentais a todos os níveis. Aliás,
existem promessas feitas pelo Governo, que
até "encorajam" os condutores que usam o
troço a suportarem o sofrimento, na esperan-
ça de que, até o próximo ano, quando cami-
nharmos para o período eleitoral, venham a
iniciar as obras de reconstrução desta rodovia.
Lembre-se que o executivo mobilizou 400
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6 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

milhões de dólares para

a reabilitação dos troços
mais críticos da estra-
da. Prevê-se que o Banco
Mundial disponibilize mais
verbas nos próximos anos,
para mais intervenções.
As acções do governo na
EN1 são feitas de forma
faseada.

Conheça os mais críticos

troços e suas respectivas
distâncias

Viajando de camião, a
equipa do Dossiers&Factos
percorreu, recentemente, a
EN1, tendo feito o sentido
Norte-Sul, começando do
Cruzamento de Nicoada-
la - na província da Zam-
bézia - para Maputo, numa
viagem típica para des-
truir também o esqueleto
humano.
Durante a trajectória
fomos fazendo o levan-
tamento de notas relati-
vas aos troços da estra-
da que estão totalmente Ponte sobre rio Pembe, em Sofala
danificadas. Inchope, em Manica. Este troço é visto pelos
Dos registos feitos, a nossa reportagem con- Assim termina o martírio na província da automobilistas como sendo o mais prejudicial
cluiu que de Nicoadala a Nzero, num percur- Zambézia. de todos, sendo frequente a danificação de
so de 150km, as condições de transitabilidade veículos, que acabam não chegando aos des-
são péssimas. Província de Sofala: a mais penalizada tinos, precisamente devido às avarias provoca-
A este troço, segue o de Nzero à vila de Caia, das pela acentuada degradação da via.
o limite com a província de Sofala, numa dis- Já do outro lado da fronteira admnistrati- Para atravessar os 310km, algumas viaturas
tância de aproximadamente 50km, também va, a província de Sofala mostra-se como a chegam a surportar entre 13 a 15 horas, sendo
esburacado. mais penalizada, tendo o troço esburacado que poucas são as viaturas que, contendo car-
Uma nota a ter em conta é o facto de, dife- mais extenso, causando um sofrimento aos ga, conseguem se movimentar a uma veloci-
rentemente da outra distância acima mencio- automobilistas. dade aproximada ou acima de 30km/hora.
nada, este último troço  estar a beneficiar de São cerca de 310km, ligando a Vila de Caia,
pequenos trabalhos de tapamento de buracos. na província de Sofala, até ao Cruzamento de Inchope é lugar de descanso, mas o sofri-
mento continua 

São cerca de 310km, ligando a O martírio não se esgota em Inchope. Ainda

seguindo a direcção Norte-Sul, depois de fa-

Vila de Caia, na província de Sofa- zer os cerca de 510km de Nicoadala a Inchope

seguem-se outros penosos 150km, de Inchope

la, até ao Cruzamento de Inchope, em

até Muchenga, com buracos sem o mínimo de
piedade, quer para com as viaturas, quer para
com os respectivos condutores.
Manica. Este troço é visto pelos auto- O calvário prolonga-se com outros 40 quiló-
metros ligando Muxúnguè ao rio Gorongoza,

mobilistas como sendo o mais prejudi- mas neste troço decorrem pequenos trabalhos
de tapamento de grandes buracos.
Ainda a descer, seguem outros 60km, que
cial de todos, sendo frequente a dani- partem do famoso rio Gorongoza até à zona
do cruzamento, também repleto de buracos
ficação de veículos, que acabam não insensíveis.
Só depois disso é possível encontrar algum

chegando aos destinos, precisamen- alívio, já que os 10km que se seguem são a
antítese de tudo quanto foi acima descrito. O
troço de uma dezena de quilómetros liga Save
te devido às avarias provocadas pela a Machanga.
viajar pela EN1, que se tornou, nos últimos
acentuada degradação da via. anos, um acto de heroísmo, dado o sacrifíco
que tal implica.
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022
Um dia, um colega dizia-me que as coisas
mais lindas nem sempre são conseguidas
através de grandes batalhas, mas sim de pe-
quenas lutas que vamos travando a cada dia.
Ao pensar nesse raciocínio, me faz imaginar
em como as coisas da vida ganham prazer
quando conseguimos realizá-las e poder
sentir o prazer de sermos vencedores.
 Quando costumo caminhar, rumo aos
meus destinos diários, frequentemente,
quando os semáforos ficam verdes (fecham/
abrem para os carros), costumo encontrar-
-me no meio de muita gente que espera o si-
nal vermelho para seguir os seus caminhos.
Ansiosos, contando os segundos para se-
rem liberados daquela espera, muitos apro-
veitam o momento para reflectir, indagar,
perder-se no medo, fazer as coisas darem
certo, imaginar um dia melhor, imaginar
um futuro risonho, imaginar o fim do seu
sofrimento. Mas, quando eu paro com as
pessoas, não penso em nada disso: penso
no quanto nós humanos não aproveitamos
pequenos momentos para nos conhecermos
e trocarmos ideias no fechar do semáforo,
penso no elevado número de pessoas que
sonham e carregam consigo diariamente
desejos em seus peitos: ainda que não os
consigam realizar. Mas nem sempre pode-
remos trocar contactos no fechar do semá-
foro, porque cada um leva consigo léguas de
preocupações que não lhe dão espaço para
pensar em mais nada senão em ter um dia
melhor. Mas nunca desperdices um novo
contacto, um novo companheiro de guerra,
que com ele partilhas jornadas e desenhas
novas missões, afinal de contas, as batalhas
nem sempre são vencidas sozinho.
A vida, às vezes, desafia-nos de forma
mais “cruel” e deixa-nos enfraquecidos
mentalmente e na alma, fazendo de nós
simples vácuos de incertezas e ratos do es-
goto que esperam que alguém deixe cair
algum grão de comida para poder matar
a fome. Mas o significado disso tudo é que
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ACTIVISIONISMO
Respeite a sua essência
Sérgio dos Céus Nelson
nada vem do fácil, não podemos crescer es-
perando receber “rebuçados” todos os dias
dos outros. Temos é que fazer as coisas da-
rem certo, desenhar o mapa que esconde o
nosso tesouro e, se for possível, mergulhar
no sonho de fazer coisas diferentes que nin-
guém mais sonha em fazer (inovação).
Não podes ser para toda a vida um prisio-
neiro do desgosto, do medo, das lágrimas,
de tristezas por não conseguires o que pre-
tendes. Tens que te identificar com suces-
sos, batalhas ganhas, ainda que tenhas per-
dido muito sangue no decorrer delas.
A verdade é uma: é através de sacrifícios
que descobrimos os verdadeiros lutadores
e arquitetos de seus sonhos, pois a vida tem
mais gosto quando somos desafiados a fa-
zer mais, porque as vitórias mais saboro-
sas, são as ganhas depois de uma batalha
derradeira. Mas no meio de tanta luta, às
vezes, o chão parece muito pegajoso que
não nos deixa levantar. Faz como se nos
quisesse ver derrotados, esmagados, es-
quecidos enquanto cheiramos a poeira da
derrota.
Se você sente em ti um vazio consumin-
do a tua capacidade de pensar, a capacida-
de de fazer genialidades, inverte o cenário,
abre os olhos com vontade de enxergar
mais, olha para o futuro como se fosse hoje,
e imagina-te no que queres ser daqui a al-
gum tempo. Mas saiba que nesse processo,
terás de descobrir o animal sonhador que
escondes por detrás desse teu semblante
enfraquecido pelas derrotas.
A certeza é uma: não luta contra o que tu
és senão vais perder. Se és um jovem quieto,
sê quieto, mas não nega as oportunidades
de conviver com as pessoas. Se és extrover-
tido, sê sabendo definir os limites do teu
sorriso. Se és arrogante, então deves apren-
der que o sucesso nem sempre se conquista
sozinho, mas sim junto dos outros que com
eles atravessamos diariamente a corrente
da esperança por um mundo melhor.
OPINIÃO 7
É preciso renascer. Quando falo em re-
nascer, falo no sentido de pensares mais
na tua capacidade de nunca perder o foco
nas coisas que tu queres. Para isso, tens
que estar disposto a morrer para defender
as tuas ideias, os teus ideais, aquilo que tu
acreditas, porque nisso verás os resultados
da tua persistência. Verás que não há mais
ninguém que te pode tirar o troféu. Verás
que há uma luz clareando o teu dia.
Não te alegres pela luz no fundo do túnel,
porque pode ser um comboio vindo a alta
velocidade na tua direcção para te limitar
de sonhar. Tens é que te alegrar por poder
atravessar a escuridão do túnel até encon-
trares a gota de felicidade que te espera do
lado de fora. Tu és capaz de fazer isso. És
capaz de sonhar mais alto e realizar teus
planos que sempre os escondes na gaveta e
achá-los fúteis.
Às vezes, sentir-te-ás sozinho, e quando
acordares, não verás nada mais do que pa-
redes rodeando-te no teu quarto, e isso vai-
-te quebrar aos poucos e sentirás como se a
solidão te impedisse de voar mais alto. Mas,
quando se decide lutar para alcançar o su-
cesso pretendido, há caminhos que sempre
terás de cruzar, como a solidão. Há sempre
um momento em que te sentirás sozinho,
sem forças, derrotado, esquecido, enfra-
quecido, mas no fim acabarás percebendo
que há muita gente que te rodeia e vê em
si um vencedor, um batalhador incansável,
um “decorador” que ornamenta o seu pró-
prio sucesso.
Não deixa que o chão seja pegajoso de-
mais, capaz de te fazer afundar, não deixes
que a lama prenda os teus sonhos e te faça
adiar a glória, o sucesso, o grito de felicida-
de, os momentos de lazer e a prosperidade
dos teus negócios. Então, senta e reflecte
no teu próximo passo, reflecte no que te faz
falta, e mais do que tudo, embrulha o medo
que sufoca os teus planos e esteja prepara-
do para o próximo futuro: o teu sucesso!
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8 OPINIÃO DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

PRIMEIRO PONTO

Até que ponto?

Nobre Rassul

Quero aqui confrontar o velho dog- Até que ponto estamos preparados çambicana, baseado na protecção e
ma que diz “de pequeno se torce o pe- para a mudança sistemática da nossa melhoria dos aspectos educacionais
pino”. Esta frase submete-nos a uma educação? Até que ponto a sociedade de menores. O problema recorrente é
reflexão profunda em torno da cons- contribui para a sua fragmentação? que muitas vezes, apesar da legislação
trução das linhas de crescimento da Até que ponto as mudanças urgentes criada, a aplicação prática dos direi-
educação das crianças no nosso país. podem trazer melhorias e de quem é a tos em questão ainda é deficitária.
Todavia, é de se questionar até que responsabilidade? De onde provém a Vale ressaltar que além de uma le-
ponto a política de igualdade de opor- culpa? E que estratégias pontuais po- gislação que atenda às necessidades
tunidades em Moçambique verifica-se dem ser aplicadas? específicas das crianças e adolescen-
na educação. Inicialmente, é importante desta- tes, também se faz necessária a cria-
Talvez pouco. Pois, o que vemos é car a evolução legal dos direitos das ção de meios que viabilizem a aplica-
que ela impõe limites às políticas so- crianças e dos adolescentes. A legisla- ção desses direitos. 
ciais, já enfraquecidas, elevando os ção internacional começou a tratar do A educação com valores locais e al-
índices de marginalidade e atirando o tema antes mesmo da ONU, já que em teração constante do currículo esco-
desenvolvimento nacional a um nível 1924 a Liga das Nações aprovou a De- lar, sem que se siga os pressupostos
miserável. claração dos Direitos da Criança, em pedagógicos da realidade de cada co-
Há que reflectir sobre as saídas que Genebra, e fez algumas recomenda- munidade e um modelo educacional
podem ser achadas para a resolução ções aos estados para que buscassem que não tenha uma consciência social
deste conflito de gestão e governação atender às necessidades das crianças e e cultural empurram deliberadamen-
que gera uma elite protegida, justifi- adolescentes. te o ensino ao fracasso.
cadora, milagrosa e marionete da sua Com isso, deu-se início a uma fase A falta de comprometimento por
própria conduta, prejudicando toda a que visava acautelar várias preocupa- parte dos pais, no que diz respeito à
nação através da banalização da qua- ções relacionadas com os direitos e vida escolar dos seus filhos, assim
lidade de ensino, que hoje exibe fragi- deveres de menores e adolescentes e, como a falta de envolvimento da so-
lidades vergonhosas. depois disso, diversas outras legisla- ciedade local também pouco ajudam.
Quando dizem que “a sua casa está ções surgiram com o mesmo intuito No que se refere ao docente, em
suja”, há que procurar perceber de que e Moçambique concebeu a lei por ser Moçambique, a falta de perspectiva
tipo de sujidade se trata e como lim- um instrumento vital e fundamental de sucesso social para investir mais no
par para que a sua casa seja um exem- para a defesa do bem-estar das crian- seu futuro, os salários baixos, a falta
plo entre a vizinhança. A nossa edu- ças e adolescentes. de um estudo virado para o seu aper-
cação é vital no processo de produção Reconhecer a situação actual de feiçoamento enquanto profissional
de novos criminosos e maus gestores vulnerabilidade das crianças e adoles- e a falta de protagonismo para a via-
das coisas públicas e privadas. A cons- centes é um passo importante para se bilização de um modelo de educação
trução basilar da nossa nação passaria rever as legislações capazes de aten- melhorado e inovador condicionam a
pelo restart e formatação de práticas der aos anseios sociais de um desen- eficiência nos resultados do processo
pedagógicas e governativas. volvimento progressivo da nação mo- de ensino.
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022
MAYITABASSA!
Temos agentes públicos “agitadores” e devem ser
responsabilizados
Por: NkassanaWaka-Tembe–nkassana@gmail.com.org
Virou moda, e a mesma tende a crescer. Pri-
meiro, foi um renomado antigo combatente, e
com um percurso de invejar a destilar seu vene-
no tribal quando, através da televisão, afirmou
que um certo povo de uma dada região era falsa.
As razões elencadas para sustentar a tese da fal-
sidade estão simplesmente alicerçadas em ques-
tões políticas, ligadas à votação deste ou daquele
partido.
A acusação foi frontal e inclusiva, de tal sorte
que nos fez pensar que até crianças, que pouco
sabem do exercício da democracia, estão nesta
panela de traidores.
Nampula ficou órfã de pessoas honestas, to-
dos têm rótulo de quem não respeita a palavra e
a história.
Esta afronta teve uma repercussão enorme, de
tal forma que os próprios macuas tudo fizeram
para que o dono desta constatação se desculpas-
se, o que infelizmente não chegou a acontecer.
Não passa muito tempo, e um outro líder
político, que por sinal tinha granjeado algum
tipo de simpatia pela forma tenaz e aberta como
aborda a corrupção no seio da Polícia, tecia pa-
lavras estranhas. Não são poucas as vezes em que
o Comandante-geral da PRM, Bernardino Ra-
fael, serviu de freio para este mal que dilacera o
tecido social.
Há uma prática exagerada de corrupção, do
nepotismo e espírito de impunidade dentro da
Polícia. Durante o presente ano, mais de 100
candidatos à Polícia da República de Moçambi-
que viram esta intenção gorada, na medida em
que foram publicamente expostos e afastados
da formação, por não reunirem as condições
necessárias.
Ainda no quadro da mitigação da corrupção,
o chefe Bernardino tem estado a ordenar a Polí-
cia de Trânsito para que reduza os postos a caça
ao homem. Reconhece, o chefe, haver uma anar-
quia, movida pelo espírito de lucro com pouco
esforço.
Para os que proximamente com ele convivem,
não se cansem de tecer grandes elogios, pela for-
ma sábia como tem estado a conduzir os destinos
da segurança pública neste país.
Todavia, esta postura de bem servir foi to-
talmente beliscada por causa da última apari-
ção pública do chefe, ali no Teatro Operacional
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DOSSIERS & FACTOS
Norte. Pegou a “todos” de surpresa, quando, em
plena missão e no contacto habitual com comu-
nidades regressadas às zonas libertadas, o Chefe
coloca um pronunciamento dúbio em relação às
tácticas e métodos de segurança da população
civil, em tempos de guerra ou terrorismo.
Aquele comício foi bastante concorrido e
pode-se concluir que o povo queria ouvir infor-
mações que transmitissem a sensação de maior
tranquilidade, paz e segurança. Concluímos que
queria o povo ouvir do Chefe, a orientação para
que se concentrasse na acção produtiva, recons-
trução das escolas, unidades sanitárias, reaber-
tura de vias de acesso, e outras actividades que
caracterizam qualquer acção de reconstrução,
mas simplesmente nos enganamos.
O Comandante ordenou às comunidades
para que passassem a ter coragem de enfrentar
o inimigo.
Na sua opinião, as comunidades devem ser
mais proactivas no exercício do controlo, fisca-
lizar e denunciar os que apresentam intenções
antagónicas à paz.
Até aí tudo bem. Inclusive, a própria Consti-
tuição da República de Moçambique determina
que todos somos responsáveis pela salvaguarda
da soberania nacional, pelo que actos que aten-
tem contra a ordem e segurança públicas devem
ser vigorosamente denunciados.
Como exemplo destes actos pode-se citar si-
tuações em que indivíduos mal intencionados
estejam envolvidos na destruição de símbolos
públicos, fomento ou promoção da desinforma-
ção, desvio e aplicação de métodos socialmente
reprovados na esteira de convivência saudável.
Esta é parte de alguns elementos cruciais que
podiam ter servido de matéria de educação cí-
vica das comunidades, por forma a fortalecer o
sentido patriótico de cada presente naquele en-
contro, e infelizmente não foi isso que aconteceu.
A orientação dada ao povo para que enfren-
te, usando instrumentos arcaicos, quem está de
AKM em punho, causou indignação de toda a
sociedade, e até ao próprio ministro da Defesa.
Instado a comentar estes pronunciamentos,
o ministro simplesmente fez de contas que não
nada ouviu.
Infelizmente, a articulação com o povo tem
estado a acontecer com muitos erros. Não é o
Agora as recargas Giro 10, 20, 50, 100 e 200
oferecem-te BÓNUS para falares para todas as redes e
ainda muitos MEGAS e SMS para partilhares momentos
únicos na tua Internet 4.5G.
OPINIÃO 9
primeiro, nem o segundo caso em que os nossos
líderes pautam pelo descurso emotivo e populis-
ta, sem tempo nenhum para análise dos efeitos
negativos que este tipo de informe tem na vida
do povo.
Não se pode admitir que uma orientação des-
tas saia da boca de quem tem larga experiência
na gestão de situações de instabilidade política,
tal como o que se vive em Cabo Delgado.
O Chefe lembrou algumas técnicas meramen-
te arcaicas de confronto com o inimigo. “Vamos,
nem que seja necessário usar azagaias, flechas,
machados, paus e apitos para dissuadir o inimi-
go”. São estas algumas palavras extraídas do dis-
curso do Chefe. Ou seja, perante o inimigo, ar-
mado desde os dentes até aos dedos, o povo deve
demonstrar esta bravura, perseguindo-o até o
alcançar. Esta orientação nos parece um tanto
quanto absurda, e inaceitável para quem tem do-
mínio mais que suficiente sobre medidas de pre-
venção, ou seja, informações úteis para que, em
casos de ataque armado, as comunidades saibam
como escapar das balas e outros males.
O povo não está preparado para confrontar
os insurgentes. Até pela forma como estes agem,
pode ser fácil identificá-los, mas neutralizá-los,
estando eles fortemente armados, só nos filmes.
Insistimos, afirmando que o Sr. Comandante
perdeu uma grande oportunidade de se dirigir
ao público para trazer elementos inovadores no
combate ao terrorismo.
Por exemplo, orientar as comunidades para
que priorizem a evacuação de crianças, pessoas
idosas e pessoas com deficiência em casos de
ataque.
Deve ser esta uma das medidas de solidarie-
dade entre as comunidades. Informar as comu-
nidades sobre as formas rápidas de alertar às
autoridades policiais, o que inclui o número do
telefone da Polícia, régulos, chefes de postos, e
outras forças, é também uma estratégia que de-
via ter sido considerada.
Ainda há tempo, o Sr. Comandante, para que
se dirija ao povo e, de uma forma pedagógica,
voltar a colocar os seus ideais em relação ao pa-
pel da comunidade no auxílio às Forças de Defe-
sa e Segurança. Use outro tipo de discurso, e as
coisas caminharão a seu favor.
É só uma dica!
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10 OPINIÃO
HISTÓRIAS DE VIDA
Mãe dá azar de cadeia ao filho de 16 anos (1)
Serôdio Towo-serodiotouo@gmail.com
Não tinha ainda completado 16 anos,
faltavam cerca de quatro meses para tal.
Pedro, nome fictício que atribuo ao per-
sonagem deste texto, por várias razões,
conheceu o baptismo da reclusão, ou
seja, ser xibontcha (recluso), ainda muito
novo e sem culpa nenhuma.
É uma história muito triste em que a
mãe também agiu inocentemente e, mes-
mo assim, acabou perdendo o lar por al-
gum tempo.
O que aconteceu é que o Pedro, depois
de ter estado muito doente, um ano an-
tes, o que lhe custou o abandono das au-
las, passou a ser menino sem ocupação,
passando a ter mais tempo para passeios.
O seu comportamento, mesmo sem
tanto mexer nas coisas, passou a ser de
um irrequieto no seio da família, sobre-
tudo para a mãe que esperava deste filho
uma conduta e atitude cada vez melhor.
No início da mocidade, Pedro, tal
como outros miúdos, começava a ser agi-
tado em algum momento, julgando-se ca-
paz de conduzir sozinho a sua vida.
Um belo dia, numa manhã, das vá-
rias voltas que pretendia dar pela cidade
adentro, entendeu que devia passar pela
casa do tio, irmão da mãe, por sinal pro-
fessor e director na altura duma escola
primária.
O tio vivia apenas com esposa, tam-
bém professora, numa outra escola, e não
tinham filhos. A casa deles estava dentro
da escola, onde ele (o tio) era professor e
director.
Sucede que à sua chegada a casado do
tio, o casal estava ausente, isto é, todos ti-
nham ido trabalhar.
Pedro entrou no pequeno quintal com
uma vedação de rede protegido de sacos,
e se dirigiu ao lavatório de pratos, onde
pegou num copo e foi beber água, na tor-
neira. E de seguida se foi embora.
Alguém, supõe-se da vizinhança, o
viu, mas, ao que se presume, uma outra
pessoa (ladrão) terá entrado antes, ou
DOSSIERS & FACTOS
depois, na casa e subtrair louça, nomea-
damente, duas dúzias de pratos, copos e
umas capulanas, da tia do Pedro.
Quando o casal regressou do servi-
ço, ao meio da tarde, deu conta do furto
e, segundo narra o tio do Pedro, quando
perguntou ao guarda da escola, este disse
que viu o sobrinho, que o conhecia, a en-
trar, e não o viu mais a sair. Justamente a
mesma hora. O tio do Pedro concluiu que
o ladrão só pode ter sido o sobrinho, por-
que não o esperou até que regressasse do
serviço e, logo, saiu em direcção à casa dos
pais do Pedro, para dar a conhecer o suce-
dido, e se possível recuperar o que havia
sido extraviado.
Quando lá chegou, o Pedro ainda não
tinha chegado a casa, mas o caso foi enca-
minhado à mãe do miúdo.
O tio, que estava furioso, saiu e foi se
embora. No entanto, tempos depois, o Pe-
dro chegava a casa. A mãe do Pedro, tam-
bém preocupada com a notícia de que o
filho roubou na casa do tio, o perguntou
se teria feito isso, ou não.
Nisto, o filho, por se sentir inocente,
porque de facto o era, se recusou, e, ao es-
tilo da tal mocidade, no início resmungou
com a mãe e se retirou da casa de seguida.
A mãe o tentou seguir para falar
com ele, ou seja, persuadi-lo para que
ele dissesse algo diferente do primeiro
pronunciamento.
É que a mãe do Pedro, pela forma como
ouviu os relatos do irmão, quando se foi
queixar ficou convencida de que este de
facto tivesse furtado os bens do tio.
A caminhar, a mãe do Pedro foi o se-
guindo, mas sem sucesso, porque o filho
não a dava ouvidos.
Chegados a frente de um quartel da Po-
lícia, e o Pedro ligeiramente adiantado, a
mãe disse a um agente da Polícia que se
encontrava na rua: “peço ajuda, prenda-
-me aquele rapaz. Ele é meu filho e roubou
na casa do meu irmão hoje, e está a fugir
porque não quer falar comigo”.
10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA
O Pedro, caminhando e sem se aperce-
ber do que estava a acontecer, ouviu uma
voz masculina, vinda de trás, a chamá-lo:
aló rapaz, para aí.
O Pedro virou e viu que era um polícia.
Nisto, já saíam do portão daquele quartel
mais dois agentes, o Pedro parou e foi de-
tido de imediato.
No início da noite do mesmo dia, o Pe-
dro era transferido, algemado, para uma
esquadra, onde lhe foi instaurado um
auto, onde a mãe era a declarante e denun-
ciante, e o tio o ofendido.
O Pedro foi conduzido às celas para um
baptismo bastante doloroso, tendo levado
bofetadas com os presos antigos, nas celas
e muito mais velhos que ele.
Na mesma noite, quando a mãe do Pe-
dro chegou a casa, de volta da esquadra, o
pai do menino (preso) já tinha regressado
do serviço, e, quando ficou a saber do que
havia acontecido dirigiu-se à esquadra
onde estava detido o seu filho para se in-
teirar do sucedido.
A verdade é que não foi possível dia-
logar com o menino que a essas horas
da noite era obrigado a fazer ventoinha
com a sua própria camisa aos presos mais
adultos, e estes deitados ou mesmo a dor-
mir para que não fossem picados pelos
mosquitos.
O pai regressou a casa e expulsou a es-
posa, na condição de esta só regressar com
o filho a casa. Este era de facto o início de
um calvário que viria a durar muitos anos
de sucessivas prisões do menino Pedro.
Na próxima edição continuaremos
com outras incidências desta e de outras
histórias, que se seguiram ao menino
Pedro.
Esta é mais uma história real que tra-
go nesta página e que aconteceu com uma
pessoa conhecida minha. Se porventura
alguém a conhecer, agradeço que não di-
vulgue o verdadeiro nome do menino Pe-
dro, por razões óbvias.
Obrigado!
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022 DOSSIERS & FACTOS POLÍTICA 11
NA RESSACA DO DIA DA PAZ

Nyusi e Momade prometem retomar

DDR
T
rês dias depois da celebração
dos 30 anos do Acordo Geral de
Paz, o Presidente da República,
e o presidente da Renamo, Fili-
pe Nyusi, e Ossufo Momade, respecti-
vamente, encontraram-se para discutir
os passos a seguir no âmbito da im-
plementação cabal do Acordo de Paz
e Reconciliação Nacional de Maputo,
assinado em 2019. Na ocasião, ambos
se comprometeram a retomar, a breve
trecho, o processo de Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração (DDR).
D&F Texto: Dossiers& Factos

O encontro entre o Chefe de Estado moçambica-

no e o número um da segunda maior força política
nacional contou com a presença de Mirko Manzoni,
que é chefe do Grupo de Contacto e Enviado Pes-
soal do Secretário-geral das Nações Unidas para
Moçambique.
Foi mesmo de Manzoni que veio o rescaldo da
reunião, na qual foram abordados os principais as-
suntos relacionados com a implementação do Acor-
do de Paz e Reconciliação Nacional de Maputo.
Segundo o comunicado emitido pelas Nações
Unidas, foi assumido “o compromisso permanente Nyusi e Momade reafirma compromisso com a paz
de concluir a componente de desarmamento e des- reafirmaram também a sua dedicação em priorizar Unidas estão juntas “com o povo moçambicano para
mobilização do DDR até o final do ano. o diálogo como fundamento para a construção de garantir que o país permaneça no caminho certo para
O Presidente da República de Moçambique, Filipe uma paz duradoura”, destacou o enviado especial alcançar a paz definitiva e a reconciliação nacional,
Jacinto Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, de António Guterres, reafirmando que as Nações em benefício de todos os moçambicanos”.

30 anos do AGP celebrados de forma discreta

Assinados em 1992, os Acordos Gerais de Paz de

Mirko Manzoni, enviado especial do SG das Nações Unidas
Roma completaram o seu trigésimo aniversário na
passada terça-feira, 4 de Outubro.
Com a região Norte do país – especialmente Cabo
Delgado – assolada pelos ataques terroristas per-
petrados por grupos supostamente com ligações
ao Estado Islâmico, as celebrações acabaram sendo
contidas.
Sem nada de extraordinário, o dia ficou marcado
pela habitual deposição de uma coroa de flores na
Praça dos Heróis, na cidade de Maputo.
Na sua intervenção, o Presidente da República lem-
brou os episódios que, nos períodos mais recentes
da história de Moçambique, minaram os alicerces da
paz conquistada em 1992, nomeadamente as tensões
político-militares entre o Governo e a Renamo, que ti-
veram como palco o Centro do país.
Curiosamente, o presidente da Renamo decidiu as-
sinalar o 4 de Outubro na Praça da Paz, onde lamentou
a intolerância política que, na sua percepção, mancha
os esforços tendentes à reconciliação nacional.
Para o líder da “Perdiz”, o caminho a seguir deve ser
o que é mostrado pelo Parlamento.
“Temos uma Assembleia da República representa-
tiva, isto é, o epicentro do debate político e ponto de
convergência da nossa visão sobre que Moçambique
pretendemos construir, independentemente das nos-
sas diferenças políticas”, declarou.
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12 PLANO DE FUNDO
O DRAMA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Segmento continua excluído e
humilhado
A
s pessoas com deficiência psico-
motora e audiovisual estão entre
as que mais sofrem no acesso ao
transporte, serviços públicos e de
diversão, defende a Associação Moçam-
bicana para a Cidadania Activa (AMOCA).
Nem mesmo o Decreto 53/2008, de 30 de
Dezembro, dispositivo técnico que permi-
te a acessibilidade, circulação e utilização
dos sistemas de serviços e lugares públicos
das pessoas em geral, e em particular as
com deficiência ou de mobilidade condi-
cionada, se tem mostrado capaz de mino-
rar o sofrimento.
D&F Texto: Quelto Janeiro  circulação e utilização dos sistemas de serviços e
Fernando Augusto, coordenador da AMOCA, re-
corda que a maior parte das infra-estruturas foi her-dicionada, ao abrigo da alínea f ) do nº 1 do artigo
dada do tempo colonial e está desprovida de con-
dições que permitam a inclusão social, tais são os
casos de rampa e corrimão.
Outro “calcanhar de Aquiles” tem a ver com o
acesso aos transportes públicos e semicolectivos,
tarefa que não tem sido fácil para as pessoas com e manutenção dos dispositivos técnicos de aces- nomeadamente equipamentos sociais de apoio a
Fernando Augusto, coordenador da AMOCA
DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA
deficiência visual, auditiva ou psicomotora. sibilidade, circulação e utilização dos sistemas de
Recentemente, aliás, foram alocados cerca de serviços e lugares públicos à pessoa com deficiên-
100 autocarros para a Região Metropolitana de cia física ou de mobilidade condicionada, a lei salva-
Maputo, mas nenhum destes meios circulantes guarda a possibilidade de alcance e utilização, com
está adaptado especialmente para pessoas com segurança e autonomia, dos sistemas de serviços
deficiência, tornando a vida delas ainda mais e lugares públicos, espaços, mobiliários e equipa-
desafiadora. mentos urbanos e das edificações, por pessoa com
Desta forma, “se não tiver alguém para ajudar deficiência ou com mobilidade condicionada.
não é fácil apanhar transporte, o que faz com que Em relação ao mobiliário urbano, destaca-se o
as pessoas com deficiência estejam vedadas de se conjunto de objectos existentes nas vias e espaços
locomover”, disse, vincando a urgência de se ad- públicos, sobrepostos ou adicionados aos elemen-
quirir autocarros inclusivos, com poucos assentos,tos da urbanização ou da edificação, de forma que
com vista a garantir que os deficientes em carri- a sua alteração ou modelo não provo alterações
nhas de rodas possam se acomodar. substanciais nestes elementos, tais como os semá-
Mas isso não basta, é preciso aplicar efectiva-
foros, postes de sinalização e similares, cabinas tele-
mente o Decreto 53/2008, de 30 de Dezembro, fónicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises,
dispositivo técnico que permite a acessibilidade, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga.
O regulamento deve ser aplicado aos edifícios
lugares públicos das pessoas em geral, e em par- públicos ora existentes, aos edifícios públicos em
ticular as com deficiência ou de mobilidade con- construção, aos projectos ora aprovados, cujas
obras de construção ainda não iniciaram, aos pro-
204º da Constituição da República. jectos de novas construções, de remodelação ou
ampliação de instalações, edifícios, estabelecimen-
A lei não é colocada em prática tos ou outros lugares públicos.
Aplica-se também aos projectos de edifícios, es-
No que se refere ao regulamento de construção tabelecimentos ou espaços de utilização pública,
pessoas idosas e ou com deficiência, lares, residên-
cias, centros de dia, centros de convívio, centros de
emprego protegido, centros de actividades ocupa-
cionais e noutros equipamentos equivalentes; cen-
tros de saúde, centros de enfermagem, centros de
diagnóstico, hospitais, maternidades, clínicas, pos-
tos médicos em geral e farmácias; estabelecimentos
de educação pré-escolar e de ensino básico, secun-
dário e superior, centros de formação, residências
e cantinas, estabelecimentos de reinserção social,
estações ferroviárias, centrais de camionagem, ga-
res marítimas e fluviais, aerogares de aeroportos e
aeródromos, paragens dos transportes colectivos
na via pública, postos de abastecimento de com-
bustível e áreas de serviços.
O cumprimento do regulamento deve ainda
ser observado nas passagens de peões desnivela-
das, aéreas ou subterrâneas, para travessia de vias-
-férreas, vias rápidas e auto-estradas; estações de
correios, estabelecimentos de telecomunicações;
bancos e respectivas caixas automáticas (ATM),
companhias de seguros e estabelecimentos simi-
lares; museus, teatros, cinemas, salas de congresso
e conferências, bibliotecas públicas, bem como ou-
tros edifícios ou instalações destinados a activida-
des recreativas e socioculturais.
Contemplados estão também os recintos des-
portivos, designadamente estádios, pavilhões
gimnodesportivos e piscinas; espaços de lazer, no-
meadamente parques infantis, praias e discotecas;
estabelecimentos comerciais, bem como hotéis,
apart hotéis, motéis, pousadas, estalagens, pen-
sões; e ainda restaurantes e cafés cuja superfície
de acesso ao público ultrapasse os 150m2; igrejas,
mesquitas, templos e outros edifícios destinados ao
exercício de cultos religiosos, parques de estaciona-
mento de veículos automóveis, instalações sanitá-
rias de acesso ao público, entre outros lugares.
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022
A lei é discriminatória
As leis estabelecem uma série de regras que,
se respeitadas, minimizariam o sofrimento da
pessoa com deficiência. Ainda assim, Fernando
Augusto identifica algumas lacunas.
“Este decreto (53/2008 de 30 de Dezembro) só
viu a deficiência na perspectiva pessoal e não na
perspectiva material, ou seja, só teve em conta
pessoas com mobilidade usando a cadeira de ro-
das, deixando de lado as outras pessoas com pro-
blemas auditivos e de visão.
Penso primeiro que o desafio está na lei e é
preciso que se faça um trabalho para que a lei
seja inclusiva no âmbito material, e não apenas
pessoal”, disse.
“A maior parte das quei-
xas tem a ver com a mobi-
lidade, pois as nossas escolas,
estradas, hospitais, etc., não
estão adequados para rece-
ber pessoas com deficiência”
DOSSIERS & FACTOS PLANO DE FUNDO 13
Utentes tentando apanhar o transporte de passageiros
"Pessoas com deficiência têm direito a diversão" indirecto dos direitos políticos deste grupo social,
sublinhando que “muitas pessoas com deficiência
Outra preocupação deste defensor dos direitos não exercem o seu direito cívico de eleitor porque
das pessoas com deficiência tem a ver com o lazer a sociedade não está preparada para receber esta
ou diversão. camada”.
A fonte faz notar que a maior parte das casas de Acrescentou que nenhum ser humano está
pasto, por exemplo, não tem rampas que permitam imune da deficiência, e cita o exemplo da Presiden-
o fácil acesso a este segmento da sociedade, o que te da Assembleia da República, Esperança Bias, que
faz com que sejam pessoas que “parecem não estar usa a muleta. “Aquilo também é uma deficiência”.
na sociedade”.
Por conta disso, Fernando Augusto diz que uma Há instituições que colaboram e outras não
das grandes batalhas que tem pela frente é de per-
suadir os executivos provinciais para salvaguarda- Mais adiante, a fonte reconhece que há insti-
rem as condições para as pessoas com deficiência, tuições que começaram a redesenhar os seus edi-
“porque também fazem parte da sociedade”. fícios para incluirem as pessoas com deficiência, o
Augusto também denunciou o “cerceamento” que o incentiva a seguir em frente com a sua ini-
ciativa, que, para já, centra-se em quatro distritos
da província de Maputo, nomeadamente Boane,
Namaacha, Matutuíne e Moamba.
“Começamos as nossas acções no Município de
Boane e, na altura, não tinha rampa, mas hoje tem
as melhores rampas em termos de infra-estrutu-
ras recém-construídas a nível dos municípios.
Também advogamos junto do comando dis-
trital daquele município, que já tem uma rampa,
caso muito raro entre as esquadras no país”, disse.
Recebemos várias queixas
Ainda na conversa com o Dossiers & Factos,
Augusto disse que a AMOCA tem recebido quei-
xas de pessoas que se sentem excluídas da socie-
dade por serem deficientes.
“A maior parte das queixas tem a ver com a
mobilidade, pois as nossas escolas, estradas, hos-
pitais, etc., não estão adequadas para receber
pessoas com deficiência”, disse lamentando que
se faça melhores rampas para carros do que para
pessoas.
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14 INSS DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

NA PROVÍNCIA DE MAPUTO 

Pensionistas recebem apoio do INSS 

T
rinta pensionistas do Sistema de
Segurança Social dos distritos da
Matola, Namaacha, Machava, Boa-
ne, Marracuene e Manhiça benefi-
ciaram há dias de apoio diverso do Institu-
to Nacional de Segurança Social (INSS), no
âmbito do Programa de Acção Sanitária e
Social.

D&F Texto: Cortesia

Dos pensionistas contemplados, 10 são agricultores

do distrito de Namaacha, que receberam quites de gera-
ção de renda constituídos por insumos agrícolas e meios
para dinamizar a criação de frangos, num acto que con-
tou com a presença do delegado provincial do INSS em
Maputo, Paulo Sérgio Brito dos Santos, e da administra-
dora distrital, Suzete Alberto Dança Nhangumele.
Falando durante o acto, o delegado provincial do
INSS destacou que a oferta visa incrementar a renda dos
pensionistas e melhorar, por conseguinte, o seu nível de
vida.
“O INSS não abandona os seus pensionistas. Que-
remos ajudá-los, oferecendo algum material para não
dependerem apenas do valor da pensão que recebem.
Com base neste apoio poderão desenvolver mais e se
tornar cada vez mais independentes e com melhores
condições de se cuidarem e cuidarem das suas famílias”,
destacou. Pensionistas satisfeitos com o apoio do INSS
Nos distritos da Matola, Boane, Machava, Marracue- frentando dificuldades de locomoção. O apoio do INSS ao nível da província de Maputo
ne e Manhiça a delegação provincial do INSS ofereceu Ainda na Manhiça e Machava, o INSS ofereceu qua- está enquadrado no âmbito das comemorações dos 33
16 cadeiras de rodas a igual número de pensionistas, dos tro pares de óculos a pensionistas, sendo dois de cada anos da institucionalização do Sistema de Segurança
quais 16 por velhice e um por invalidez, que vinham en- distrito. Social, assinalados no passado dia 18 de Setembro.

Jornalistas capacitados em matéria de

Segurança Social
C
atorze jornalistas de diversos ór- que este ano completa 33 anos. dagem dos assuntos.
gãos de informação foram capaci- Falando a jornalistas, Menete destacou a importância Os jornalistas mostraram-se satisfeitos com a capacita-
da capacitação, na medida em que possibilitou socializar ção, uma vez que, tal como defenderam, permitirá melho-
tados há dias, no distrito de Mar- com a classe jornalística em matérias relativas ao Sistema, rar a abordagem de temas relacionados com a Segurança
racuene, em matéria de Segurança como forma de permitir uma melhor interpretação e abor- Social.
Social. A acção enquadra-se nas festivida-
des dos 33 anos da criação do Sistema de
Segurança Social em Moçambique

D&F Texto: Cortesia

A capacitação, levada a cabo pela Delegação Provincial

do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) de Maputo,
visava munir os profissionais de comunicação social de fer-
ramentas para uma melhor abordagem informativa sobre
matérias relativas ao Sistema de Segurança Social.
No encontro, orientado pelo delegado distrital do INSS
em Marracuene, Amaral Menete, e que teve como facilita-
dores técnicos da instituição ao nível da delegação provin-
cial de Maputo, foram abordados, dentre vários temas, o
Regulamento da Segurança Social Obrigatória e o funcio-
namento das plataformas SISSMO (Sistema de Informação
da Segurança Social de Moçambique) e M-Contribuição
(Minha Contribuição, Meu Benefício).
A acção de capacitação, que envolveu jornalistas de
órgãos públicos, como a Rádio Moçambique, Televisão de
Moçambique e Instituto de Comunicação Social, esteve in-
serida no quadro das festividades de 18 de Setembro, dia da
criação do Sistema de Segurança Social em Moçambique, Jornalistas munidos em matéria de Segurança Social
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022 DOSSIERS & FACTOS SOCIEDADE 15
PARA EVITAR TENTATIVA DE RESGATE

SERNIC incinera metanfetamina em tempo

recorde
O
Serviço Nacional de Investigação
Criminal (SERNIC), em Sofala, in-
cinerou, na segunda-feira (03 de
Outubro), 700kg de metanfeta-
mina, apreendida no mesmo dia, no distri-
to de Gorongosa, ao longo da Estrada Na-
cional Número 6. As autoridades justificam
a rápida incineração com o facto de se tra-
tar de substância “tóxica e nociva”, aliado
ao risco de haver tentativas de resgate.

D&F Texto: Dossiers & Factos

O facto foi revelado ao Dossier & Factos pelo porta-

-voz do SERNIC neste ponto do país, Alfeu Sitoe, quando
instado a se pronunciar sobre a incineração rápida dos
estupefacientes.
Alfeu Sitoe reconheceu não ser habitual que as Forças
de Defesa e Segurança (FDS) façam incineração da droga
no mesmo dia em que a mesma é apreendida, defenden-
do que, desta vez, tal foi necessário por causa da perigosi-
dade do produto em causa.
“Procedemos assim por se tratar de um produto tó-
xico e ilícito, cujo armazenamento pode causar perigo se
ficar mais tempo, porque poderá derreter, visto que é uma
A droga teria como destino a cidade de Maputo
substância que se confunde com pedra de gelo. Há mui- instituições de Administração da Justiça, Sitoe afastou esse risco.
tos elementos que sustentam a incineração desta droga”, “A prova existe, mas não é física. É sustentada em documen-
afirmou. tos. Tanto que durante a destruição se faz um auto de incinera-
Por outro lado, acrescentou o porta-voz, “não quere- ção”, frisou.
mos sofrer tentativa de resgate desse produto”, que é de Lembre-se que a droga foi apreendida durante uma acti-
elevado valor económico. vidade de fiscalização rodoviária, quando era transportada no
Questionado se a destruição da droga não irá com- autocarro da Khurula Investimentos, de marca Zhong Tong, com
prometer o andamento do processo ao nível de outras a chapa de inscrição AIT 158 MC.

NO MERCADO MUNICIPAL DE MOCUBA

Renamo denuncia “taxas

desproporcionais”
O
presidente da renamo, Ossufo pal para expor, discutir e solucionar essas matérias cisa de ser acarinhada e bem servida, sendo essa a missão
Momade, denunciou há dias, em sede da sessão municipal, pois a população pre- única dos governos autárquicos", garante Momade.
na sua conta do Instagram, a
cobrança de taxas despropor-
cionais no Mercado Municipal de Mocu-
ba, na província da Zambézia. É que, não
obstante os valores cobrados, as condi-
ções de higiene e saneamento deixam
muito a desejar.

D&F Texto: Dossiers & Factos

Segundo Ossufo Momade, as cobranças feitas na-

quele estabelecimento estão longe de encontrarem
correspondência nas condições de saneamento ofe-
recidas pela edilidade.
"Os vendedores do Mercado Municipal  de Mo-
cuba debatem-se com cobranças  desproporcionais
de taxas, entretanto, as condições  de saneamento e
higiene deixam muito a desejar”, constata o político,
que também denunciou a perseguição e extorsão aos
moto-taxistas.
"Depois de vivermos de perto estes e outros pro-
blemas levantados pelos munícipes daquela urbe
orientamos aos membros da nossa bancada munici- Ossufo Momade ficou desiludido com o que viu
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16 ECONOMIA
REABILITADOS HÁ POUCOS ANOS
Ponte-cais da Maxixe e Inhambane de
mal a pior
F
oram inauguradas em 2018, pelo
então ministro dos Transportes e
Comunicações, Carlos Mesquita,
mas poucos meses depois já apre-
sentavam indícios de que a reabilitação a
que foram submetidas, depois do ciclone
Dineo, não tinha sido consistente. As pon-
tes-cais das cidades de Maxixe e Inhamba-
ne se degradam a um ritmo acelerado, e o
perigo é cada vez iminente.
Texto: Anastácio Chirrute, em
D&F
Inhambane
Em Fevereiro de 2017, o ciclone tropical Dineo ar-
rasava a província de Inhambane, causando mortes
e destruição de infra-estruturas públicas e privadas.
As pontes-cais da Maxixe e Inhambane, impor-
tantes para assegurar a viagem, através de embar-
cações de um ponto para o outro, não escaparam à
fúria da natureza.
O Governo reagiu e mobilizou 35 milhões de me-
Fendas são notórias nas barreira de protecção
DOSSIERS & FACTOS
ticais, junto do Governo japonês. O plano era, pre-
cisamente, reabilitar as duas infra-estruturas das
duas cidades mais cotadas da província de Inham-
bane, a capital política, e Maxixe a económica.
Foi seleccionada a empresa Teixeira Duarte
para liderar os trabalhos.
Com algum atraso, as obras foram entregues em
2018, para o gáudio da população local, sobretudo
aquela que frequentemente viaja pelo mar.
Durou pouco alegria do pobre
Para a surpresa de todos, apenas alguns meses
depois da (re)inauguração, as infra-estruturas co-
meçaram a apresentar problemas.
Uma das dobradiças que suportava a rampa da
ponte-cais de Inhambane se quebrou e, durante
um período considerável, condicionou a atracagem
das embarcações naquele local.
Os barcos, fossem eles pequenos ou grandes,
eram obrigados a atracar numa estrutura improvi-
10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA
sada e pouco segura.
Há problemas também na ponte-cais da Maxixe,
que continua a degradar-se de forma acelerada. Al-
gumas tábuas montadas na rampa para garantir a
travessia de peões já começaram a danificar-se, fac-
to que forçou os marinheiros a colocarem emendas
de pneus, de modo a evitar casos de acidentes en-
volvendo os mais de 300 passageiros que quotidia-
namente passam por aquela infra-estrutura.
Paradoxalmente, os sanitários públicos, que an-
tes da requalificação funcionavam normalmente,
actualmente encontram-se encerrados.
Neste momento, os passageiros são obrigados
a fazer as necessidades biológicas ao ar livre, bem
ao lado da terminal Transmarítima, o que constitui
um atentando à saúde pública, visto que concorre
para a ocorrência de doenças tais como a cólera e
diarreia.
Acto contínuo, os candeeiros parecem não exis-
tir. É que já nada ilumina, obrigando os utentes que
se fazem ao local no período nocturno à recorrer a
lanternas de celulares.
Utentes se dizem enganados
No seio dos utentes é generalizada a percepção
de que foram enganados pelo empreiteiro, a quem
acusam de ter executado mal obras de grande im-
pacto sócio-económico.
Alguns vão mais longe e sugerem que as institui-
ções de justiça investiguem e punam os envolvidos.
Fernanda Manuel, comerciante que, diariamente,
faz a travessia Maxixe-Inhambane e vice-versa, atre-
ve-se a dizer que, apesar de terem sido investidos 35
milhões de meticais nada melhorou.
"Como é possível circular numa ponte com tan-
tos problemas? Alguma coisa deve ter falhado. Não
faz sentido que uma obra de grande importância
esteja a degradar-se em pouco tempo. Ou o emprei-
teiro volta para resolver o problema ou devolve o
nosso dinheiro", disse.
Quem não está nada espantado é Adalberto
Mateus, que associa a suposta má qualidade das
obras a esquemas de corrupção e amiguismos nas
instituições do Estado. Lamenta a situação, e diz
manchar não só o Governo, mas também o próprio
empreiteiro.
"Nenhum cliente vai querer arriscar o seu dinhei-
ro encontrando uma empresa que vai fazer um tra-
balho sem qualidade”, alertou.
Problemas também com embarcações
Depois da requalificação das pontes-cais, o Go-
verno da província de Inhambane abriu novos con-
cursos públicos para contratação de uma empresa
que seria responsável pela manutenção das duas
embarcações geridas pelo Estado, nomeadamente
Mangulute e Baía de Inhambane, ambas doadas pe-
los parceiros.
O empreiteiro foi seleccionado e fez o trabalho
de manutenção, embora fora do prazo combinado.
Sucede, porém, que as embarcações começaram,
novamente, e volvidos poucos meses, elas apre-
sentaram os velhos problemas técnicos. Uma das
embarcações, por exemplo, tem ficado semanas, e
por vezes meses, sem circular, devido a constantes
avarias.
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022
FESTIVAL DE PEIXE EM SUSSUNDENGA
Jovens desafiados a potenciar a
produção pesqueira
J
ovens da província de Manica foram
desafiados, recentemente, a poten-
ciar a produção de peixe como prin-
cipal fonte de renda e uma das al-
ternativas para reduzir a pressão que tem
sido imposta aos recursos mineiros através
do garimpo ilegal.
D&F Texto: Dossiers & Factos
O desafio foi lançado pelo secretário de Estado na
província de Manica, Edson Macuácua, que falava no
âmbito da 2ª Edição do Festival de Peixe Chicamba, no
distrito de Sussundenga, realizado nos dias 07 e 08 do
mês corrente.
O responsável sublinhou a importância daquele
evento na promoção e divulgação das potencialidades de
que o distrito e a província dispõem.
Para Macuácua, o festival, para além de agregar valor
e ser uma mais-valia para o turismo e a gastronomia,
constitui um grande atractivo internacional e uma
grande aposta para a melhoria da qualidade nutricional
e dieta alimentar das famílias.
“O Festival do Peixe Chicamba é uma realidade e já vai
na sua segunda edição. É um festival muito importante,
porque apresenta-nos um postal muito lindo, natural
e que espelha as grandes potencialidades do distrito de
Sussundenga e da província de Manica, no geral.
Peixe fresco de Tilápia
DOSSIERS & FACTOS
É justamente neste ecossiste-
ma em que se encontra o Chima-
nimani, um santuário ecológico, uma
combinação única de várias potencia-
lidades, das quais podemos destacar
o ponto mais alto de Moçambique, o
monte Binga.
Sendo assim, os jovens são chamados a trazer
soluções inteligentes, que possam garantir a criação
e diversificação de postos de emprego e consequente
abandono de actividades nocivas ou favoráveis ao
desgaste da nossa biodiversidade”, declarou.
Na ocasião, o secretário de Estado falou também dos
grandes atractivos turísticos e histórico-culturais que
aquela parcela do país oferece ao mundo.
“É justamente neste ecossistema em que se encontra
o Chimanimani, um santuário ecológico, uma
ECONOMIA 17
combinação única de várias potencialidades, das quais
podemos destacar o ponto mais alto de Moçambique, o
monte Binga.
Temos também em Sussundenga pinturas rupestres
muito importantes para a compreensão da nossa
história, para além de uma grande riqueza em termos
de biodiversidade ainda por explorar. Temos também
o nosso peixe Chicamba, um autêntico cartão-de-visita,
muito saboroso e com potencial para a exportação.
Temos um ambiente que oferece todas as condições para
a diversificação da própria economia,
podendo combinar a pesca, a agricultura,
o turismo, o desporto, a pecuária e outras
actividades”.
O regresso depois da Covid-19
Já o administrador do distrito de
Sussundenga, Tomás Razão, fez uma
abordagem comparativa daquilo que
foi a 1ª edição do Festival, na época da
Covid-19, e a 2ª, a deste ano.
“Comparativamente a primeira
edição, o que temos de diferente é o
facto de estarmos num outro contexto
da Covid-19. Quando realizamos a 1ª
edição, as medidas de restrição eram
muito apertadas, e com o relaxamento
dessas medidas, a adesão é maior”, anotou
o administrador, que também enalteceu o
peixe Chicamba.
“É de um valor nutritivo alto e contribui
para uma estabilidade nutricional das
comunidades, assim como traz algum
rendimento às famílias”.
Localizada no extremo norte do
distrito de Sussundenga, na província
de Manica, no posto administrativo
de Moha, na localidade de M’pandeia,
a albufeira de Chicamba é um ponto
turístico por excelência, oferecendo uma
rica e invejável biodiversidade.
O peixe Chicamba é internacionalmente
conhecido como Tilápia e ganhou a
designação de Chicamba em homenagem
à albufeira de Chicamba-Real, local onde
ocorre.
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18 MAPUTO PROVÍNCIA DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

DEVIDO A UNIÕES PREMATURAS

Cresce número de crianças que

abandonam a escola
H
á cada vez mais alunos a desisti-
rem da escola, especialmente no
ensino secundário, na província
de Maputo. O fenómeno é asso-
ciado a vários factores, entre eles as uniões
prematuras, gravidez precoce, consumo de
drogas e álcool.

D&F Texto: Quelto Janeiro

Foto: Luciano de Conceiçao/DW
Trata-se de uma situação que está a preocupar as
autoridades nesta parcela da zona Sul do país. Para
inverter a tendência estão em curso diversas acções,
com destaque para palestras em matéria de saúde
sexual, assédio sexual, prevenção à gravidez preco-
ce, uniões prematuras, garante a directora provin-
cial de Edução em Maputo, Deolinda Cossa.
“Trabalhamos também na sensibilização dos
alunos, transmitindo uma mensagem da importân-
cia de escola para os rapazes, assim como para as
raparigas.
Colaboramos também com os líderes comunitá-
rios, pais e encarregados de educação”, disse Cossa,
que falava na XXIII sessão plenária do Observatório
do Desenvolvimento da Província de Maputo, havi-
da na semana finda.
Em relação ao consumo de álcool e drogas, disse
estar a trabalhar em coordenação com o Gabinete
de Prevenção e Combate às Drogas, realizando acti-
vidades que desencorajam o consumo de substân-
cias proibidas nas escolas.
De igual forma, “estamos a trabalhar com a co-
munidade, e sentimos que a mesma está a colabo-
rar, uma vez que está a denunciar a existência de
bocas de fumo nas escolas”, reforçou. Abandono escolar preocupa cada vez mais
a ser escalada pelo governador desta parcela do responsabilidade de comunicar às autoridades
Envolvimento directo do Executivo provincial país, numa visita relâmpago que visava colher in- policiais sobre qualquer suspeita de venda de dro-
formações sobre o funcionamento da mesma no gas na comunidade, porque só assim se pode tra-
As acções de sensibilização dos alunos têem sido período nocturno e disseminar mensagens contra var os “malandros” que usam da escola para ven-
levadas a cabo igualmente pelo executivo provin- todos os males que afastam adolescentes e jovens das ilícitas.
cial, com vista a salvaguardar que os alunos prossi- das escolas. Os alunos, por sua vez, revelaram estar prontos
gam com formação e alcancem um futuro melhor. Júlio Parruque disse, na ocasião,que os alunos, para colaborar com as autoridades em acções de
A Escola Secundária da Machava foi a primeira pais e encarregados de educação têm também a identificação de cada estudante que entra e sai no
recinto da escola, por via do cartão de estudante.

Um paradoxo

Nota curiosa é que as desis- Nota curiosa é que as desistências surgem

numa altura em que se verifica o aumento de salas

tências surgem numa altura

de aula na província de Maputo, que, de antemão,
reduz as turmas ao relento.
No princípio deste ano, por exemplo, foi inau-

em que se verifica o aumento de

gurada a Escola Secundária  Engenheiro  Filipe Ja-
cinto Nyusi, localizada em Chinonanquila, no dis-
trito de Boane.

salas de aula na província de Ma-

Já no ano passado, a comunidade de Nten-
ga, distrito de Moamba, também testemunhara
a entrega de salas de aula construídas de raiz, o

puto, que, de antemão, reduz as

que reduziu a distância que os alunos têm de per-
correr para prosseguir com os estudos no nível
secundário.
A província de Maputo está, ainda assim, entre

turmas ao relento as que mais crescem em termos de comunidade

estudantil.
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022 DOSSIERS & FACTOS ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 19
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20 ECONOMIA DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

DEPOIS DE AVANÇOS E RECUOS

Dossier TSU finalmente com “pernas”

para andar
A
proposta de revisão da Tabe-
la Salarial Única (TSU) deve ser
aprovada esta sexta-feira, 07
de Outubro, pela Assembleia da
República. O instrumento foi devolvido à
magna casa para reapreciação depois de
constatadas inconformidades que lesa-
vam parte dos funcionários e agentes do
Estado.

D&F Texto: Dossier Económico

Aprovada em Junho do presente ano, a Lei

n˚ 5/2022, de 14  de Fevereiro, que define as
Regras e os Critérios para  Fixação de Remu-
neração dos Servidores Públicos, dos  Titu-
lares ou Membros de Órgãos Públicos e dos
Titulares  e Membros dos Órgãos da Adminis-
tração da Justiça  e aprova a TSU, viu a sua
aplicação ser suspensa por conta de diversas
inconformidades.
Uma das mais contestadas era a sobrevalo-
rização do tempo de serviço e a subvaloriza-
ção do nível académico, situação que lesava
sobretudo os jovens com formação superior e
recém-admitidos no aparelho do Estado.
O Governo reconheceu os erros e tratou
de corrigi-los, tendo de seguida devolvido o
documento ao Parlamento, para a competen-
te reapreciação. A proposta de revisão será
mesmo aprovada e, a avaliar pelas interven-
ções das três bancadas na manhã de ontem,
Max Tonela, ministro da Economia e Finanças
TSU é uma das grandes bandeiras de Nyusi
durante a sessão que marcou a abertura da VI
Sessão Ordinária da IX Legislatura, tal deverá
será feito por unanimidade.
Recentemente, o ministro da Economia e Fi-
nanças, Max Tonela, sublinhou a importância e
pertinência da implementação da TSU, um do-
cumento que considera ser de "uma reforma
complexa e profunda, e que pretende resolver
um problema estrutural reinante no sistema
remuneratório dos Funcionários e Agentes do
Estado".
Refira-se que a Proposta de Revisão da Lei
que Define as Regras e os Critérios para Fixa-
ção de Remuneração dos Servidores Públicos,
dos Titulares ou Membros de Órgãos Públicos
e dos Titulares e Membros dos Órgãos da Ad-
ministração da Justiça, e aprova a Tabela Sala-
rial Única (TSU), tem um impacto orçamental
estimada em 19.865.711.655,40 Meticais.
O quadro remuneratório usado até ao mo-
mento contém 108 tabelas salariais diferencia-
das, no entender do executivo moçambicano, o
mesmo propicia discrepância salarial. Assim, e
com vista a reduzir tais discrepâncias, a nova lei
prevê apenas 21 níveis.
Recorde-se que a reforma salarial foi lançada
durante as celebrações do Dia Internacional da
Função Pública, assinalado a 23 de Junho, sob
o lema: “Reforçar a resiliência da Administração
Pública africana para apoiar e facilitar a realiza-
ção das necessidades nutricionais de África du-
rante e após a pandemia da COVID-19”.
A cerimónia de lançamento foi orientada ao
mais alto nível pelo Presidente da República, Fi-
lipe Nyusi.
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022
NO CHAN
Chiquinho Conde promete garra
O
sorteio da fase final do
CHAN 2023 já foi reali-
zado, e os Mambas já co-
nhecem os seus adversá-
rios. Trata-se da anfitriã Argélia e
dos conjuntos do Mali e Líbia.
O seleccionador nacional de futebol, Chi-
quinho Conde, diz que o grupo não é fácil,
como alguns consideram, tendo em conta o
histórico de cada uma das selecções.
“Em relação ao sorteio que terminou há
dias, apraz-me dizer que calhámos num gru-
po, para alguns, teoricamente acessível, preci-
samente por causa dos nomes dos países, mas
esquecemos, muitas vezes, que esses mesmos
países já participaram no CAN, falo, em parti-
cular, da Líbia, que já ganhou este troféu do
CHAN, em 2014, e esteve nas meias-finais de
um dos CHAN”, começou por dizer Chiquinho
Conde.
E por falar da Líbia, que foi um dos parti-
cipantes do Torneio Internacional de Nou-
akchott, na Mauritânia, Chiquinho Conde diz
que teve oportunidade de analisar a selecção,
mas “vamos continuar a observar este adver-
sário, que é o nosso segundo adversário”.
DOSSIERS & FACTOS
Mas não é só a Líbia que preocupa o selec-
cionador nacional. A Argélia é um candidato
nato, segundo Chiquinho Conde. Ainda assim,
“nós vamos disputar com humildade, como
sempre fazemos, o que é apanágio deste gru-
po, sempre a respeitar os nossos adversários e
trabalhar arduamente para analisarmos, tam-
bém, algumas incidências do comportamento
técnico-táctico das equipas que militam no
nosso grupo”.
Quanto à Etiópia, “vamos primeiro capita-
lizar todos os nossos esforços para analisar e
trabalhar sobre a selecção da Etiópia, porque o
primeiro jogo é sempre importante”, segundo
o seleccionador nacional.
Mas mais importante de tudo, para Chi-
quinho Conde, é “nós arquitectarmos a nossa
preparação, para que atempadamente tenha-
mos todas as condições para prepararmos e
trabalharmos fundamentalmente as nossas
ideias e depois trabalharmos pelas ideias dos
pontos fracos e os pontos fortes dos nossos
adversários”.
 
JOGADORES DA CAMPANHA LEVAM VANTA-
GEM NA CONVOCATÓRIA
Relativamente à possibilidade de escolha
de jogadores para integrarem a selecção na-
Chiquinho Conde
DESPORTO 21
cional no CHAN 2023, Chiquinho Conde não
prefere fazer mais magias. Reconhece que o
“futebol é o momento”, mas também assume
que já tem a “espinha dorsal”, que “parte funda-
mentalmente do grupo que esteve connosco
desde o início da nossa caminhada”.
Está ciente dos cenários que podem con-
tribuir para que alguns jogadores não este-
jam presentes na fase final, como é o caso do
mercado de transferências de Dezembro, que
pode condicionar a ida de alguns jogadores,
tal como aconteceu com Edmilson. Conde es-
pera que “não saia nenhum jogador”.
Outrossim, é a condição física durante a
prova. “Veremos, durante a competição, quem
estará em melhores condições, e espero que
ninguém se lesione, para que todos possam
jogar e estar presentes neste torneio, porque o
mérito foi de todos aqueles que participaram
anteriormente no grupo”.
E esses, segundo Conde, “partem na  polo
position”,  mas há sempre espaço e abertura
para a entrada de qualquer jogador “que seja
moçambicano e esteja a jogar no futebol local”.
 
QUALIFICAÇÃO FEITA COM MÉRITO
Para já, chegar à fase final do CHAN 2023,
uma competição reservada a jogadores que
actuam internamente nos
campeonatos locais não
deve ser vista como surpre-
sa, mas como resultado de
trabalho árduo que é levado
a cabo pela equipa técnica e
pelos jogadores.
Esta é a convicção de Chiqui-
nho Conde, que diz que “chegá-
mos a esse patamar com muito
mérito. Aliás, há princípios que
regem os Mambas e que dita-
ram este sucesso e o slogan ‘se
não der para ganhar também
não dá para perder’ está in-
trínseco no grupo, faz parte do
nosso ADN e como deve calcu-
lar vai continuar”, disse Conde.
Entretanto, “é preciso cami-
nharmos um pouco mais sobre
o patamar que já conseguimos
alcançar, e isso só se consegue
com trabalho, com humilda-
de, com respeito pelos nossos
adversários, sabendo, de ante-
mão, que há uma expectativa
muito grande, obviamente,
mas tudo depende também
daquele que vai ser a nossa
performance”, concluiu Chiqui-
nho Conde.
A fase final do CHAN da Ar-
gélia terá lugar em Janeiro do
próximo ano, com a presença
de Moçambique e mais 17 me-
lhores selecções africanas. O
País
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22 ALVOS DOSSIERS & FACTOS 10 de Outubro de 2022 SEGUNDA-FEIRA

A TERRA E OS HOMENS Fotos de Albino Mahumana

A sobrevivencia
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SEGUNDA-FEIRA 10 de Outubro de 2022 DOSSIERS & FACTOS CULTURA 23
ARTES PLÁSTICAS

Dito Tembe expõe "Lembranças" em

Maputo
"
Lembranças" é o título da mais nova
exposição individual do artista plás-
tico moçambicano Dito Tembe. As
obras em exibição carregam uma
gama de sentimentos, curiosidades e co-
nhecimentos, e podem ser visitadas no
Centro Cultural Moçambique-Alemanha,
até 29 de Outubro.

D&F Texto e fotos : Albino

Mahumana
A criação das obras começou a partir de uma enco-
menda feita pela professora Márcia Schenckda Global-
geschichte, da Universidade Potsdam, da Alemanha,
que pediu ao artista para que ilustrasse o seu livro so-
bre as mobilidades socialistas de Angola e Moçambi-
que, intitulado "Remembering African Labor Migration
to The Second World".
A exposição é uma oportunidade para o Dito Tem-
be compartihar os seus 43 anos de carreira, que in-
cluem memórias da extinta República Democrática da
Alemanha (RDA), país para o qual emigrou em 1985.
Nas linhas que se seguem, o artista dá mais deta-
lhes sobre o evento e fala da sua visão em torno das
artes.
Dossiers & Factos (D&F): Fale-nos mais destas
memórias.
D.T: Essas memórias baseiam-se nas lembranças,
que é o título da exposição, sendo aquilo que vivemos
lá na altura.
A parte que me interessou mais foi a cultural. Con-
vivia com artistas plásticos alemães, conversávamos
sobre aquilo que viam na minha obra.
Para uns, por exemplo, era novidade ver um afri-
cano pintar. E com temas de um país tropical, aquela Dito Tembe, artista plástico
admiração das cores quentes…Foi difícil para eles se Alguns preferem que lhes chame de geração android. de facto esta é uma mulher ou um homem, é gato
habituarem. Antes, para ter os moldes era um bocadinho difícil, tudo ou uma casa. Não é aquele realismo do século XVI ou
D&F: Conta com quantas obras nesta exposição? era à base de leitura em livros. Hoje em dia, a comunica- XVII. Há uma mistura.
D.T: São 12 obras. Elas suportam a técnica de óleo ção é muito rápida, a fotografia está ali dentro. É Neorealismo. Tem um pouco de impressionis-
sobre a tela, fundamentalmente. Todas as obras. Então, eu tenho falado muito da evolução que a gera- mo. Particularmente nos últimos tempos há uma
D&F: O que espera do público consumidor em ção android tem. Estou a falar dos WhatsaApp, Facebook, tendência de destruição das figuras de uma forma
termos de reacção? Instagram. propositada, para ver se mexem um bocadinho com
D.T: Penso que poderá haver muitas curiosidades Então, a informação é rápida, a investigação hoje em a massa cinzenta daqueles que gostam de dar a
nesta exposição, já que junta duas culturas. As pró- dia é rápida, isso influencia muito na investigação que a subjectividade.
prias obras retratam duas culturas, porque duas outras nova geração tem. Também, a própria evolução da pintura obriga-
obras que estão em exposição representam um am- Nos últimos 10 ou 20 anos, isso ajudou muito -nos a destruir as figuras, estarem um bocadinho mais
biente europeu. para na aceleração das artes plásticas para os jovens livres. Então, há um realismo, mas no fundo há este
Falo dos fundos cinzentos, por causa do frio, e de- moçambicanos. impressionismo.
pois as próprias características dos elementos. D&F: Como avalia esse período pós-Covid-19?
Quer dizer, não se vê palhotas. Mas vê-se lá alguns D.T: Agora estou a sentir-me reencontrado, porque de Um percurso de décadas
prédios, toda a composição e os atributos chamam facto houve uma altura em que ter inspiração para apa-
uma certa atenção das pessoas. recer era muito difícil, pois a Covid-19 abalou muito. Mas Pedro Jeremias Tembe, conhecido no meio ar-
Mas também o interesse pode ser pelas obras que agora que a gente entra aqui e ali sem máscara os eventos tístico por Dito Tembe, nasceu em Maputo. Entre
falam da composição moçambicana, obras que retra- já começam a acontecer, os patrocinadores também já co- 1987/89 frequentou o curso de desenho no Centro
tam, por exemplo, o nosso calor de 30 a 40 graus, as meçam a ter vontade de patrocinar; as galerias já enchem. de Amizade HDSF Hause de Deutscheund Sovietis-
nossas mamanas, as chamadas mulheres gordas, se- Há bocado fui a uma galeria onde se encontravam 50 che Freundschaft, na cidade de Schwerin, na Alema-
nhoras vendendo “calamidade”. Espero que o público a 70 pessoas, isso chamou-me atenção e fez-me perceber nha do Leste.
venha ver e goste. que alguma coisa já está a arrancar. Mas falta ainda o rit- É membro efectivo do Núcleo de Arte de Mapu-
mo, falta aquela dinâmica, falta o hábito, mas o hábito já to desde 1979, e pinta há 43 anos. Dito é também
“A nova geração tem sorte” está a aparecer. membro co-fundador do projecto de intercâmbio
artístico entre Alemanha e Moçambique.
D&F: Que avaliação faz das artes plásticas A evolução obriga-nos a destruir figuras Conta já com oito exposições individuais e inú-
moçambicanas? meras colectivas. Suas obras estão entre vários co-
D.T: Acho que elas estão no bom, caminho. Tenho D&F: Dito Tembe, como defines o teu estilo? leccionadores em Moçambique, África do Sul, Bots-
dito sempre que a nova geração tem sorte, porque tem D.F: Bom, tenho usado mais o termo de Neorealis- wana, Portugal, Alemanha, Suécia, Brasil, Inglaterra,
tudo nas mãos, comparando com a geração anterior. mo. São figuras reais, a pessoa consegue distinguir que Espanha, Dinamarca, Suíça, entre outros países.
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I NTERNACIONAL
ECONOMIA MUNDIAL
FMI diz que situação "vai
piorar antes de melhorar"
A
directora-geral do Fundo
Monetário Internacional
(FMI) disse há dias que a
situação económica mun-
dial, potenciada pelo aumento da
inflação, "ainda vai piorar antes de
melhorar", reconhecendo que a in-
vasão da Ucrânia deitou por terra as
previsões da entidade.
D&F Texto: Dossier & Factos
Num discurso na Universidade de Geor-
getown, em Washington, Kristalina Geor-
gieva disse que acreditava que a situação
"ainda vai piorar antes de melhorar".
"A incerteza é muito elevada", referiu,
destacando os efeitos da guerra, lembran-
do que a pandemia "ainda não desapa-
receu" e acrescentando que "os riscos em
torno da estabilidade financeira estão a
crescer"
De acordo com Notícias ao Minuto, a
diretora-geral do FMI disse que a entidade
estava novamente a descer as suas previ-
sões para a economia mundial em 2023,
projectando um crescimento económico
inferior em quatro biliões de euros até
2026.
Kristalina Georgieva, directora-geral do FMI
Georgieva disse ainda que a institui-
ção já tinha descido as suas previsões de
crescimento global três vezes e que espe-
rava agora 3,2% para este ano e 2,9% para
2023.
Georgieva disse que a situação pode-
ria ser resolvida por três prioridades para
as economias, apelando, em primeiro lu-
gar, a medidas que reduzam a inflação,
impedindo que ela fique "entrincheirada"
nos valores actuais.
Ainda assim, disse que estes esforços
devem ser equilibrados, sob pena de em-
purrarem "muitas economias para uma
recessão prolongada".
"Os bancos centrais têm de conti-
nuar a responder, mesmo se a economia
abrandar".
A segunda prioridade, para Georgie-
va, passa por medidas orçamentais que
protejam "as famílias e negócios mais
vulneráveis", avisando que estas medidas
devem ser "muito bem direccionadas"
e apelando aos países a que "não dêem
subsídios aos ricos". 
A directora-geral do FMI alertou ainda
para os efeitos negativos de controlos ge-
neralizados de preços.
Por fim, Georgieva destacou a impor-
tância de apoiar os mercados emergentes
e as economias em desenvolvimento.
50Mt
GARGANTA FUNDA
1 Assuntos aqui não
faltam
Assuntos, aqui na pérola do
Índico, não faltam. Moz está
carregado de assuntos, full
troubles. Esta semana não
faltaram ximokos, Fred Jossias
bebeu todas até desenvolver
a língua de sinais e, para
o cúmulo, os seus colegas
fizeram papel de advogados
do pinguço. Há que reconhecer
o papel responsável do jovem.
Bebeu, viu que não conseguiria
conduzir,  “bicou" no carro
para ver se a grossa passava
e a posterior seguir viagem,
mas heiii puto: aquela grossa
não passa em 3 horas, mentira,
ainda que pegasse o carro
depois, estaria a ver navios.
Para Garganta, houve muita
irresponsabilidade.  Aquela
forma de beber até faz parecer
que nas discotecas estão a dar
phombe misturado com pilha.
Mas o assunto que está mesmo
a bater e pela negativa é o do
músico Humberto Luís, que
Juju e Outubro rosa
Há exemplos bons que
temos que dar valor e
veicular de modo a que
sejam exemplo para
outros. Joanete Rombe, ou
simplesmente Juju, actriz do
teatro Gungu, profissional
de reconhecido mérito e
para muitos a melhor actriz
a actuar nos palcos neste
momento, deu as caras para
um problema que apoquenta
a muitas mulheres e as mulheres que venceram
consequentemente a vida
de muitas famílias. Estamos
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Factos
viu sua filha menor exposta
por um jovem do showbizz.
O tipo até podia não saber da
idade da menina, mas a atitude
dele foi mesmo de cão. Pegou
o seu celular, filmou-se com a 
menina em altas “linguadas" e,
para piorar,  pôs a música do pai
da jovem enquanto cometia o
crime. Foi um acto premeditado
e com intenção de humilhar o
músico romântico.  Em Direito,
diriam que agiu com dolo.
Garganta não percebe o porquê
de tanta maldade por parte do
jovem, e agora o assunto está
na  barra do tribunal, até porque
estamos a falar de um dos ditos
maiores influenciadores,  e se
influenciar é isso, então, vão-
se lixar. E, mais uma vez, os
colegas vieram defendê-lo, o
que leva Garganta a concluir
que estamos na presença de um
showbizz muito doente, onde
os valores não passam nem de
longe.
2
a falar do cancro da mama.
Juju fez questão de desfilar
juntamente com outras
mulheres que passaram
pelo mesmo calvário, e foi
possível ver elas desfilarem
desprovidas das suas
capacidades físicas na
totalidade. Tinham todas elas
as suas mamas cortadas para
evitarem um mal maior, a
morte. Parabéns, Juju e todas
este mal, e deram a cara. Bem
hajam!