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SAI ÀS SEGUNDAS DOSSIERSEFACTOS.COM FACEBOOK: DOSSIERS & FACTOS

50Mt

DIRECTOR: Serôdio Towo | Segunda-Feira, 20 de Novembro de 2023| Edição nº: 538 | Ano: 10 | Distribuição: Online

CRISE INTERNA NO PARTIDO FRELIMO

Roque Silva
principal
responsável
- Ao tentar “dividir para reinar”,
Pág 05 e 06 desestruturou o partido
PERANTE OLHAR IMPÁVIDO DE QUEM DE DIREITO

Renamo reforça
retórica inflamatória Centrais

AO “JUSTIFICAR” UNIÕES PREMATURAS

Pág 11
Stefan Dick anda em
contramão da civilização
 2 EDITORIAL DOSSIERS & FACTOS 20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

O desafio da sustentabilidade
Após longos anos, Moçambi-
que tornou-se no ano passado
membro do grande “clube do
gás”, pouco tempo depois de rea-
lizada a primeira exportação do
Gás Natural Liquefeito produzido
na Plataforma Coral-Sul, na área
4 da Bacia do Rovuma. É uma no-
tícia boa, que todos os moçam-
bicanos ansiavam ouvir. Afinal, o
gás pode ser uma óptima oportu-
nidade para tirar a economia da
letargiam, em que se encontra.
Nessa altura, o Presidente da
República fez um apelo aos mo-
çambicanos para que moderem
as suas expectativas. É uma men-
sagem completamente opor-
tuna, quanto a nós, pois acredi-
tar que o gás há-de resolver os
nossos problemas do dia para
a noite não é nada mais do que
uma perspectiva irrealista que,
inevitavelmente, resultará em
frustração.
Entretanto, a importância do
gás é enorme e é importante que
todos tenham noção disso, até
para evitar um eventual descaso
por parte de quem gere as con-
tas públicas. Se é certo que o país
não vai mudar num estalar de
dedos, não é menos verdade que
a exploração deste recurso ener-
gético pode ser o início de uma
revolução a longo prazo.
Desde logo, há que sublinhar
a feliz coincidência de este exer-
cício se dar em pleno período de
crise energética na Europa, facto
que deriva de uma circunstância
infeliz e indesejável: o conflito
militar entre a Rússia e a Ucrânia.
Mas, Moçambique não tem cul-
pa nenhuma no que está a acon-
tecer e não se deve esquivar da
oportunidade que se lhe apare-
ceu pela frente, nomeadamente
de se tornar um actor relevante
para os países europeus, que en-
frentam uma escassez que pode
ter consequências gravosas.
Por outro lado, o gás é o recurso
escolhido como energia de tran-
sição das fontes de energias su-
jas para as limpas, processo que,
segundo estimam vários espe-
cialistas na matéria, deverá durar
cinco décadas. Ou seja, tudo pa-
rece conspirar a favor de Moçam-
bique neste momento, excepto a
falta de pressa da Total Energies.
No entanto, só poderemos mu-
dar verdadeiramente a face des-
te país se aplicarmos um modelo
de gestão criterioso e virado para
a promoção do desenvolvimento
sustentável.
Isso passa, como muitos têm
defendido, pela criação de um
fundo soberano – processo que,
felizmente, já está em curso. Mais
importante que isso é não deixar
que a “lua de mel” proporcionada
pelo gás nos faça perder noção
da importância de diversificar
a economia. A nossa economia
não pode ser baseada unicamen-
te nos hidrocarbonetos, até por
se tratar de um sector que, pe-
las suas características, absorve
pouca mão-de-obra.
Afigura-se importante, por
isso, alocar parte dos recursos
provenientes da venda do gás
aos sectores que sempre foram
algo negligenciados, apesar da
sua importância, com agricultura
à cabeça. O dinheiro do gás pode
ajudar a potenciar esta área, ga-
rantindo que o país atinja a autos-
suficiência alimentar, livrando-
-se assim da grave dependência
externa.
Investir nas áreas sociais é
igualmente fundamental. A edu-
cação, a saúde, a cultura e o des-
porto, só para citar alguns exem-
plos, navegam em águas turvas
neste momento. O gás pode aju-
dar a limpar tais águas e catapul-
tar o país para outros patamares.
Cabe aos que lideram o país es-
colher se querem que nos torne-
mos Angola ou Qatar. Parece fácil
decidir. Não podemos permitir
que a riqueza de que dispomos
se transforme numa maldição,
como tem sido habitual em mui-
tos países africanos.
serodiotouo@gmail.com

FICHA TÉCNICA
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S.T. PROJECTOS E REDACÇÃO, MAQUETIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
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 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS DESTAQUE 3

EM PLENA CRISE FINANCEIRA

Governo obrigado a dar milhões à

Semlex
- Mais uma vez, clientelismo custa caro aos moçambicanos

O
Executivo moçambicano vê-se
obrigado a indemnizar a em-
presa Semlex, que no passado
deteve o monopólio do negócio
de impressão de bilhetes de identidade e
passaportes, em dezenas de milhões de
dólares, segundo avança alguma impren-
sa nacional. Em causa está a rescisão uni-
lateral do contrato com a companhia bel-
ga, em 2017. Fontes bem abalizadas são
unânimes em afirmar que, uma vez mais, o
Estado moçambicano está a ser vítima do
clientelismo.

D&F Texto: Dossiers & Factos

Em Agosto de 2017, o Governo moçambicano to-

mava a decisão de prescindir dos serviços da Semlex,
empresa que era, desde 2009, responsável pela im-
pressão de importantes documentos pessoais, con-
cretamente bilhetes de identidade, documentos de
viagem e ainda o registo e controlo do movimento
migratório. Volvidos seis anos, chega a factura, que é
cara aos moçambicanos.
O Governo liderado por Filipe Jacinto Nyusi terá Rescisão chegou a comprometer, por algum período, a impressão de BIs
de pagar dezenas de milhões de dólares à compa-
nhia domiciliada na Bélgica. O pesado castigo resul- Logo a priori, a Semlex contestou fortemente a ficação biométricos] tenha sido e continue a ser de
ta, essencialmente, do facto de a rescisão, que acon- medida do Executivo moçambicano, argumentando nível muito elevado, sem paragens, nem interrup-
teceu de forma unilateral e por iniciativa do Governo que “O Governo de Moçambique terminou unilate- ções até à presente data".
moçambicano, ter ocorrido dois anos antes do fim ralmente o contrato de forma não justificada ou le- Os belgas avançaram imediatamente para um
do contrato que havia sido rubricado, ou seja, 2019. gal, embora a produção [de documentos de identi- processo que visava repor os eventuais danos, fac-
to que culmina, em 2023, com uma vitória sobre um
Estado financeiramente combalido, enfrentando di-
ficuldades até para assegurar o pagamento de salá-
rios na Função Pública.

Clientelismo a custar caro aos moçambicanos

O negócio com a Semlex foi fechado no magis-

tério de Armando Emílio Guebuza. Dois anos depois
de Nyusi ter assumido o comando da Nação, os laços
ruíram por iniciativa do Governo, que arrolou, entre
outras razões, a alegada má qualidade dos serviços
e proliferação de documentos falsos, especialmente
passaportes diplomáticos, fruto de esquemas supos-
tamente facilitados pela Semlex.
Foram razões suficientes para “rasgar” subitamen-
te o contrato, naquilo que o Governo moçambicano
considerou ser uma “decisão irreversível”. Só que, se-
gundo do Dossiers & Factos, a decisão do Executivo
de Filipe Nyusi não se baseou necessariamente em
aspectos técnicos, mas sim no clientelismo.
Revelem nossas fontes que, com a entrada do
novo Governo, emergiram novos players interessa-
dos no negócio. A necessidade, por parte do novo
Executivo, de satisfazer os interesses dos novos
players terá sido a principal razão do afastamento
da Semlex e da contratação do novo fornecedor, no-
meadamente a Muhlbauer-Moçambique.
A empresa alemã, que começou a prestar ser-

Manuel Chang • Continua na Pág 04

 4 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

viços em 2018, derrotou na etapa final a uab garsu

pasaulis, da lituânia, depois de ter deixado para trás
outras entidades, entre elas a Brithol Michcoma Mo-
zambique, Zetes e MK Investimentos
.
Negócio ilegal desde o início

O fim do negócio com a Semlex foi tão proble-

mático quanto o próprio início. É que a Procurado-
ria-Geral da República considerou que o Governo
nunca devia ter celebrado contrato com a Semlex.
De acordo com a PGR, o referido contrato choca com
a Constituição da República, essencialmente devido
às questões de soberania.
“A concepção, emissão e entrega de documentos
de identificação civil e de viagem, bem como o re-
gisto e controlo do movimento migratório são movi-
mentos de soberania insusceptíveis de privatização”.
A PGR indicou na altura que estas actividades en-
quadram-se na função governativa de manutenção
da ordem e se segurança das fronteiras, previstas na
Constituição da República (número 2 do artigo 139),
havendo, por isso, limite para as privatizar.
Esta apreciação, que surgiu após a solicitação do
Ministério do Interior, foi, ainda assim, ignorada quer
pelo então titular desta pasta, José Pacheco, assim
como pelo antigo ministro das Finanças, Manuel
Chang.
Recorde-se que, para a operacionalização do
contrato, o Conselho de Ministros, através do decre-
to 58/2008, de 30 de Dezembro, delegou o ministro
do Interior a coordenação geral das negociações, a
implementação do contrato de concessão e a ma-
terialização do projecto de concepção, produção e
distribuição de documentos de identificação civil e
de viagem e do sistema de registo e controlo do mo-
vimento migratório. José Pacheco

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Porquê
licenciar?
Deveres do Operador
Postal em relação ao
consumidor.

Qual é o papel do
INCM na Regulação
dos Serviços Postais?

Autoridade Reguladora das Comunicações

 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
CRÍTICAS INTENSIFICAM-SE DENTRO DA FRELIMO
"Roque Silva é responsável pela
desorganização do partido"
A
acusação vem de dentro do par-
tido e surge como reacção aos
diferentes pronunciamentos fei-
tos por membros do partido, su-
postamente ligados ao actual secretário-
-geral da Frelimo, Roque Silva Samuel, que
procuram a todo custo transmitir a ideia
de que não há nenhuma crise dentro do
partidão, contrariando, desta forma, as di-
ferentes vozes, até de membros seniores,
que têm colocado o dedo na ferida em pro-
testo contra aquilo que consideram ser má
gestão partidária.
D&F Texto: Dossiers & Factos
Numa altura de intensos debates políticos, com
acusações mútuas, quer de dentro do partido Freli-
mo, quanto da oposição, tudo por conta dos resulta-
dos das últimas eleições autárquicas, que ameaçam,
até ao momento, uma instabilidade política, o par-
tido no poder, a Frelimo, tem-se mostrado dividido,
pelo menos se considerarmos os pronunciamentos e
cartas de membros seniores deste histórico partido.
Desta vez, as fontes internas, que preferem fa-
lar no anonimato, entendem que a desorganização
partidária começa da figura do Secretário-geral do
Roque Silva Samuel entra na lista dos contestados do partido
DOSSIERS & FACTOS
Recentemente, Nihia reconheceu haver crise no partido
partido, Roque Silva Samuel, que, no entender das
mesmas fontes, optou pela política de dividir para
DESTAQUE 5
reinar, criando deste modo alas que não ajudam na
estrutura do partido.
No entender das mesmas fontes, que mais adiante
descrevem certos episódios que para elas não são
normais à luz das normas internas da Frelimo, Roque
Silva poderá ser o secretário-geral que pior conduziu
a estrutura do partidão, criando desta forma a maior
instabilidade, quer interna, quer fora deste partido
histórico.
Explicam que o actual número dois da Frelimo
sempre esteve em contramão com os estatutos,
por isso desestruturou a máquina administrativa do
partido.
As fontes observam que é a primeira vez que se
assiste a casos em que o partido enfrenta conten-
ciosos em quase todo o território nacional por causa
dos resultados eleitorais, ao mesmo tempo que se
agudiza a sua impopularidade. As fontes, que rotu-
lam Roque Silva Samuel como intolerante e pouco
comunicativo, entendem que muitos problemas que
ocorrem no partido são consequência da já aludi-
da política de dividir para reinar, que acaba benefi-
ciando apenas a um grupinho de figuras próximos e
dependentes.
Aliás, sublinham as nossas fontes que Roque Sil-
va Samuel edificou uma obra menos consistente ou
mal estruturada que tornou o partido Frelimo menos
querido e cada vez mal falado. Recordam que Roque
Silva há-de ser o primeiro secretário-geral da Freli-
mo que conseguiu abertamente estar em colisão
com a nata da velha guarda do partido, chegando
ao extremo de recusar recebê-los em seu gabinete
de trabalho.
Explicam as fontes que esta “falta de paixão” pe-
los veteranos da Frelimo chegou a ser manifestada
publicamente em pleno congresso do partido, quan-
do disse “o meu problema na Frelimo são os mais ve-
lhos – eles é que me criam problemas”.
 6 DESTAQUE
Teodato Hunguana já apelou que se dê a César o que é de César
Para as nossas fontes, aqueles pronunciamentos,
quando feitos por um Secretário- geral do partido,
revelam que não compreendeu o percurso político,
histórico e ideológico do partido, daí crescer a ideia
de estar a agir em contramão com os estatutos.
Indicação dos cabeças-de-lista foi irregular
As fontes trazem à colação o barulho das eleições
internas no partido, que, segundo elas, não foram
feitas como mandam as normas. Apontam que havia
orientações superiores do próprio SG para o “abate”
de certas figuras que ousaram, ao longo do tempo,
não se juntar aos planos do SG.
Aliás, segundo as mesmas fontes, esta postura
do número dois do partido acabou contaminando
as restantes estruturas, quanto da base, quanto de
nível provincial. Mas também, foi notório o seu ne-
gativo impacto dentro do Comité Central, bastando
recordar algumas rejeições e desistências históricas
no processo de eleição a nível daquele órgão.
Ainda em torno das eleições para os diferentes ór-
gãos dos partidos, as nossas fontes fazem referência
ao processo das eleições dos cabeças-de-lista para
as autárquicas recentemente realizadas. Denunciam
que este processo foi fraudulento, porque não hou-
ve eleições. O que aconteceu na maioria dos casos,
alegam, foram indicações de forma ad hoc, mediante
orientação directa do próprio SG, sendo que alguns
edis, mesmo tendo bom desempenho, acabaram re-
legados para o segundo plano no partido.
Nesta e noutras matérias, lamentam as fontes a
suposta inoperância do Secretariado para Verifica-
ção no seio do partido, que, segundo as fontes, mes-
mo recebendo denúncias – formais e não só – pouco
tem feito.
“Há decisões que o SG toma quando deviam ser
do nível do Comité Central”
As fontes lembram que o partido está na fase de
espera pela promulgação dos resultados das elei-
ções havidas em Outubro passado, numa altura em
que o cenário torna, de certa forma, imprevisível a
deliberação do Conselho Constitucional.
Estranhamente, segundo fontes internas da Freli-
mo, o Secretário-Geral já se reuniu com os primeiros
DOSSIERS & FACTOS
secretários provinciais para o lançamento da estraté-
gia da campanha das eleições presidenciais de 2024.
Entendem as fontes que a estruturação dessa maté-
ria devia ser da competência do Comité Central.
Ainda em relação à matéria, sustentam que este
processo do lançamento da “onda vermelha” com
vista às eleições do próximo ano devia ser antecedi-
do pela análise, balanço e encerramento das activi-
dades do actual Gabinete de Campanha e de segui-
da de uma sessão do Comité Central, como tem sido
a norma, para depois criar-se um outro Gabinete de
Campanha ou renovar o mandato do actual.
É neste contexto que as fontes questionam qual
será o papel do Comité Central quando este se reu-
nir para se debruçar sobre a próxima campanha elei-
toral, quando a “onda” já foi lançada sob orientação
apenas do Secretário-geral?
“Negar a existência de crise interna é sinónimo
de intolerância política”
Deliberação do Conselho Constitucional aguardada com bastante ansiedade
20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
Dizem as fontes que o secretário-geral orientou
seus próximos, incluindo alguns membros da Comis-
são Política, para levarem a cabo debates que diabo-
lizam todos os críticos ao actual sistema administra-
tivo do partido. Aliás, cabe ainda a estas figuras que
comunicam para fora do partido defender a ideia de
que, internamente, está tudo saudável, ou seja, não
há crise na casa do “batuque e maçaroca”. Por outro
lado, surgem comentaristas que, pela primeira vez
na história da Frelimo democrática, têm coragem de
insultar o povo.
Para as nossas fontes, esta é mais uma clarividên-
cia de que não há espaço para comunicação dentro
dos órgãos partidários e que a intolerância política
reina no seio da liderança administrativa da Frelimo.
Consideram ainda que são vários os exemplos de
casos que revelam crise interna na Frelimo, que até
são de domínio público e que criam desassossego ao
próprio secretário-geral do partido e seus próximos.
No entender das nossas fontes, o partido, a todos os
níveis, foi tomado por grupos de amigos e familiares,
sendo que é na base dessas ligações de amizade e
até de familiaridade que uns vão aniquilando a ima-
gem de outros camaradas.
Os casos de Samora Machel Júnior, Castigo Langa,
Caifadine Manasse, a desistência da Graça Machel de
concorrer a membro do Comité Central, o recente
afastamento de um membro do Secretariado do Co-
mité Central, os pronunciamentos públicos de vários
membros seniores do partido, à exemplo de Teodato
Hunguana e General Nihia, assim como o ecoar do
“barulho” dos milhares de descontentes que estão
em silêncio, também revelam grave crise interna.
Grandes males - grandes remédios
Perante estes e outros registos aqui não mencio-
nados, como são os casos da luta desenfreada em
busca pela sobrevivência financeira individual, que
até pode resvalar para o mundo de corrupção acti-
va e abuso de cargo, passando pela fragilização dos
órgãos sociais do partido, como é exemplo a OJM,
a classificação de críticos, mesmo sendo membros
seniores do partido, como gente nociva ao partido,
as fontes concluem que o actual secretário-geral da
Frelimo, Roque Silva Samuel, está a destruir a estru-
tura política institucional e ideológica do partido.
Sugerem, por isso, que para grandes males tem
de haver grandes remédios, ou seja, o partido tem
de ter coragem de sacrificar certas figuras para re-
cuperar sua legitimidade e credibilidade perante o
povo.
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
Perspectivar o futuro nunca foi/será tão
fácil para uma juventude que não sabe que
caminho deve seguir. Crescemos numa ju-
ventude do “deixa para depois”, uma juven-
tude que vê uma oportunidade à sua frente
mas adia para depois, uma juventude que é
desafiada a crescer, mas insiste em continuar
inocente por medo de quebrar as suas mãos.
É importante perceber que a regra do
sucesso das coisas tem a ver com a forma
como cada um de nós se entrega aos de-
safios e olha para o futuro com uma “fome”
capaz de devorar, por inteiro, um elefante. É
preciso ser rigoroso na sua forma de sonhar
e usar o seu tempo para fazer coisas que lhe
sejam úteis e ampliem a tua visão do futuro.
É difícil identificares-te na batalha dos
melhores se continuares a hipotecar os teus
sonhos e viver por aquilo que os outros te
viciam/acostumam a ser. Ser um ser humano
diferente, indescritível, corajoso, capaz de fa-
zer coisas darem certo, demanda a capacida-
de de saber tomar as decisões, porque cada
decisão falhada e tomada de forma apressa-
da pode arruinar uma muralha de sonhos.
É complicado quando olhamos para as
ruas, semáforos, e vemos jovens com tanta
força ainda por ser explorada mendigando,
derrotados, enfraquecidos pelo medo de su-
perarem as suas metas. Esse é o medo que
te vai condicionar na forma e no momento
em que tu vais conquistar as tuas medalhas
da vida.
Falar do legado de uma juventude indeci-
sa significa falar de uma juventude que não
se permite fazer, uma juventude que não
permite que a dor signifique a realização de
grandes ganhos, uma juventude que não
sabe se assimilar às condições que a vida lhe
impõe, uma juventude que não sabe con-
frontar as dificuldades, uma juventude que
dificilmente sabe definir como vai tomar os
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ACTIVISIONISMO
O preço da indecisão
Sérgio dos Céus Nelson
passos a seguir ou sonhar diferente, ainda
que o tempo esteja contra si.
Certamente que nem sempre é motivação
que falta à juventude. Os jovens não estão
obcecados com o sucesso, não estão ávidos
pelo momento de glória, não estão com sede
da vitória, não estão com a voz firme para
lutar por seus direitos e nem estão prontos
para criar algo que seja um legado através
do qual o mundo se vai lembrar deles.
Falta-nos coragem de acreditar em nós
mesmos e no poder de se criar algo novo.
Mas o maior problema é viver numa juventu-
de que não consegue identificar a sua luta, o
motivo de acordar cedo, o motivo de querer
ser mais, por isso nunca encontra uma forma
de superar e arquitectar uma nova manobra
rumo às suas realizações.
É importante perceber que estamos numa
juventude com uma mente programada a
temer obstáculos, jovens que não investem
por medo de falharem. Não há vitórias sem
nenhuma perda. Em cada conquista, há sem-
pre um pouco que se perde no decorrer da
luta/persistência.
Vives num emprego que te aprisiona por-
que acreditas que não tens saída, mesmo
vendo a porta da liberdade à sua frente. Tudo
porque olhas para a tua vida e vês como se
tudo estivesse quebrado, falido, desconecta-
do e despedaçado. Quando acreditares que
estás derrotado, então, aí desistirás de criar a
sua própria marca e se acostumará a ser um
jovem que faz cópias, que faz réplicas e nun-
ca consegue mostrar a sua originalidade.
É preciso parar com o seguidismo (fazer o
que os outros fazem e porque os outros fa-
zem), parar de “escovar”, para poder investir
em tudo o que tens - para poderes ser mais,
para poderes estudar tuas habilidades e ma-
nipulares teus medos para maximizar o seu
potencial.
OPINIÃO 7
Não há legado gratificante que se possa
esperar de uma juventude indecisa sobre
aquilo que quer ser, sobre como e em que
momento sonhar em ser mais. O que se pode
esperar dessa juventude é uma colmeia de
gente que espera ser estudada para se per-
ceber o porquê de os seres humanos não
serem capazes de realizar os seus sonhos e
perspectivarem um novo ângulo de vida.
A nossa vida é o que nós esperamos dela.
Então, se te sentes desconfortável, é preciso
quebrar a desculpa de que não foste feito
para vencer. Claro que foste feito para ven-
cer, mas para tal precisas de olhar ao teu re-
dor e encontrar os ingredientes certos para
terminares com a tua fórmula do sucesso.
Às vezes, é preciso seres um estranho,
distante da multidão, para poderes criar
um pensamento original. Muitas vezes, só
criamos medos que só atrasam os nossos
planos, mas tais medos são de preguiça,
de uma juventude indecisa, uma juventu-
de que ainda não percebeu que o tempo
de desejar já passou, porque estamos ago-
ra numa fase de fazer/alcançar e realizar os
nossos sonhos.
É preciso quebrar o pensamento de que
só se pode seguir a quem já está realizado
para te poder dar emprego, porque tu po-
des criar o teu próprio caminho e “ser a di-
ferença que queres ver no mundo”. É preciso
sair da zona do conforto e investir em ser
diferente e ter fé nas tuas ideias. É preciso
acreditar em si para poderes ser realizado
nas tuas pesquisas pelo sucesso.
A regra da vitória é ter a capacidade de
ver o futuro antes dele acontecer, montar
as estratégias que façam os seus desejos
florescerem, porque você é maior que as
circunstâncias que enfrenta. Fique firme e
pronto para tomar as decisões certas. Invis-
ta no seu potencial e seja vencedor.
 8 OPINIÃO
Desafios da segurança transfronteiriça em
É na fronteira que se pode observar
melhor como as sociedades se formam,
se desorganizam ou se reproduzem
(Martins, 2009 p.10).
A presunção de um sistema de segu-
rança frágil e a incapacidade de promo-
ver melhorias sectoriais em prazos re-
cordes, que possam responder a certas
dinâmicas, deitam abaixo um futuro bri-
lhante no combate ao terrorismo, bran-
queamento de capitais, migração ilegal,
drogas, tráfico animal e humano.
A falta de melhoria no conhecimento
do factor jurídico, treinamento e capaci-
tação em estratégias de combate ao cri-
me organizado, no que concerne à gestão
fronteiriça e ciber-segurança na Defesa
e Segurança do Estado é deveras preo-
cupante. Na verdade, é uma situação
emergencial.
Depois do último episódio migrató-
rio, em que 99 cidadãos estrangeiros fo-
ram encontrados dentro de um camião
cisterna na província de Tete, há que re-
definir o propósito da existência da nos-
sa segurança fronteiriça, sendo que não
se trata do primeiro caso, num momento
em que nos debatemos com um movi-
mento de guerrilha terrorista no norte
do País.
Olho com revolta para o nosso fraco
aprendizado nas entrelinhas da guerra
de inteligência militar e secreta entre a
Rússia e a Ucrânia, que tem ajudado vá-
rios países a redefinem os seus sistemas
defensivos e de contra-ataque, acima de
tudo, tecnológico nas suas fronteiras.
Por muito tempo venho visitando as
fronteiras do Malawi, Tanzânia, Zâmbia
e Zimbabué e interagir com os Guardas
Fronteiras, Agentes Tributários e poli-
ciais de outras especialidades. Nestes
três anos de pesquisa vagarosa, verifi-
quei uma grande fragilidade em termos
de recursos humanos, técnicos e opera-
cionais para lidar com os diversos tipos
de crime que por ali transitam, e dese-
nhei um quadro que permite avaliar a
ruptura de conhecimentos tecnológicos
e tácticos para travar o crime organizado
de pequena e grande escala.
DOSSIERS & FACTOS
PRIMEIRO PONTO
Moçambique
Nobre Rassul
Embora decorram algumas forma-
ções dentro dos Serviços Secretos em
vários ramos das Forças de Defesa e Se-
gurança com vista a revitalizar o actual
estágio, questiona-se a qualidade e apli-
cabilidade a longo prazo, tendo em con-
ta as mudanças de estratégias do crime
organizado no mundo.
Há anos que venho estudando de for-
ma natural e sociológica a nossa com-
posição fronteiriça, buscando entender
o culto anormal que se estabeleceu des-
de a época colonial na fraca gestão es-
tatal e controle limítrofe. Assumo que
há necessidade de melhorar o campo de
debate e de acção transfronteiriça em
Moçambique.
Do diálogo mantido com oficiais mi-
litares, da polícia e agentes tributários,
com objectivo de compreender a natu-
reza da protecção e gestão fronteiri-
ça em Moçambique e o papel dos Ser-
viços Secretos, no âmbito da melhoria
da nossa protecção interna, assim como
do desempenho da Polícia de Frontei-
ra, foi-me transparecido que o combate
aos crimes ambientais, tráfico humano
e as drogas tem nas nossas fronteiras os
maiores entraves, devido à sua composi-
ção, falta de cerca, pontes de vigilância
fixos e móveis, patrulha aérea e terrestre
com meios adequados para vigiar e pe-
netrar em locais de difícil acesso, barcos
e botes para navegação e patrulha ma-
rítima no Oceano Índico, rios e lagos
fronteiriços.
Estes e outros equipamentos tácticos,
além de ajudarem a combater crimes e
migração ilegal, fazem a crescer o cam-
po de receitas, através do desincentivo
ao contrabando.
O julgamento das Dívidas Ocultas
veio mostrar a fragilidade ainda exis-
tente no sistema de segurança nacional
e o jogo de busca de informações pri-
vilegiadas do Estado que implicam um
desgaste fora do comum dos Serviços de
Segurança do Estado, o que não favorece
ao processo de desenvolvimento do co-
nhecimento e crescimento sectorial.
A segurança transfronteiriça continua
20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
sendo uma “inexistência” em Moçambi-
que no que diz respeito à harmonização
dos quadros jurídicos e institucionais, e
definição de procedimentos e práticas
organizacionais, assim como ao desen-
volvimento de capacidades de Recursos
Humanos Infraestrutura e equipamen-
tos tecnológicos.
Neste quadro, uma cooperação bilate-
ral com África do Sul, Brasil, Egipto, en-
tre outros Países africanos, americanos e
europeus conhecidos pela sua capacida-
de de inteligência e controle fronteiriços
no âmbito policial, seria fundamental.
Esta natureza de acção, de formação e
trabalho conjunto, quando bem coorde-
nada ajuda a identificar pontos críticos
e trazer boas práticas nacionais e inter-
nacionais, para, seguidamente propor-se
recomendações específicas para a har-
monização e coordenação entre autori-
dades nacionais e binacionais. Centra-se
na criação de procedimentos, identi-
ficando experiências regionais para as
partilhar a nível nacional de cooperação
interserviço e interinstitucional.
O nosso maior problema como nação
continua sendo a falta de pesquisa em-
pírica, qualitativa, quantitativa e cienti-
fica que se adeque a nossa realidade, e
com reais investimentos baseados nos
levantamentos efetuados e conclusões
obtidas.
O sociólogo Carlos Serra, no seu livro
“Chaves da Porta do Social”, critica os ti-
pos de recursos e pesquisa que moçam-
bicanos usam, referindo serem o maior
indutor dos erros estatais. Diz Serra:
Somos um país rico em recursos de to-
dos tipos, dos minerais aos opinativos e
normativos. Muitos de nós dispensam
a pesquisa séria, sistemática e humilde,
a "empírica de terreno" pois, afinal "já
pesquisaram e chegaram a uma conclu-
são que tem por absolutamente certa".
Através da "opinião, a famosa opinião",
uma das nossas mais grandes riquezas
naturais. Resumindo, a opinião continua
sendo uma das fontes de pobreza que
enfraquece o intelecto dos governantes e
gestores estatais Moçambique.
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
MAYITABASSA!
Eu sei o que eles querem
Por: NkassanaWaka-Tembe–nkassana@gmail.com.org
Esta é a resposta que se pode oferecer
ao alto magistrado da nação quando, na-
quela pacata vila e pensando estar a tra-
zer para o povo, uma boa noticia, este por
sai vez, pura e simplesmente, mandou-
-lhe passear. O presidente da república
mais uma vez no acto de estado, queria
e de ventos em pompa, proceder o regis-
to de mais das obras da sua governação,
colocar a dispor naquele distrito, o acesso
a energia elétrica, facto que avaliando pe-
las reportagens televisivas, até porque, foi
bem conseguido. O povo, já tem energia
e uma parte dos desafios que imperava
o desenvolvimento social e económico
desta comunidade, poderá sim ser ultra-
passado. Nisso, parabéns Sr. presidente.
O que ficou feito neste evento, foi o
que até hoje merece algum tipo de ana-
lise, comentários e reparos. Sim o feio, foi
o “boicote” do comício popular. O povo,
esteve com entusiasmo acompanhar a
cerimónia junto da delegação governa-
mental mas que quando chegou a hora
do pódio, tudo, mudou de cenário. O
presidente, foi impedido de apresentar
seu discurso junto a população. O povo,
cantou e provocou barrulho ensurdece-
dor. Não havia espaço para que o presi-
dente se dirigisse a esta moldura e mais
uma vez, puder explicar agenda da sua
governação tanto quão chefe de estado.
Foi penoso ver o presidente da repúbli-
ca naquela saia justa. Se em condições
normais, um governador, pouco sai do
altar para dialogar com o povo, naquela
tarde, vimos o governador de Nampula
a assumir papel do elemento do proto-
colo. Desceu ele primeiro para baixar os
ânimos e um esforço que redundou num
fracasso. O presidente, continuava sem
espaço para poder ler o seu discurso. O
ambiente, tornou-se insuportável e por-
que o chefe, parecia não entender, virou
para a sua comitiva e vigorosamente,
questionou. “afinal o que eles querem”.
Não encontrou e no seu estilo de im-
DOSSIERS & FACTOS
proviso, pegou no microfone e também
imitou o governador de Nampula. Tam-
bém desceu e foi ao encontro dos barru-
lhentos para entender, o porquê de não o
deixar fazer o seu trabalho na qualidade
do presidente da república. Sua tentativa
também redonda num fracasso, sendo
que nada mais lhe restava, se não, aban-
donar aquele lugar.
Este cenário e na história de moçambi-
que independente, talvez seja algo que
se regista pela primeira vez. Deve sim ser
primeira vez em que um chefe de estado
é apupado, perturbado e acima de tudo,
obrigado a abandonar a missão mais
nobre que é de falar e dialogar com os
governados. Deve ter sido embaraçoso
para todo o dispositivo de segurança ver
o chefe de estado, sem força necessária
para agir e colocar ordem naquela pra-
ça e a questão que se coloca, ficava, em
volta da pergunta do chefe do estado…
afinal o que eles querem?.
Infelizmente, os membros do governo
presentes naquela reunião, não foram
minimamente corajosos para ajudar ao
chefe, o despir daqueles complexos pro-
cessos de protocolo e regras a mistura.
Não forma fiéis e menos estratégicos por-
que naquele tipo de situações, era prefe-
rível que esta questão, não tivesse sido
feita em surdina. O presidente precisava
de saber que o que eles querem, era mes-
mo ter espaço para de cara a cara, olho
no olho, pudessem estes, dialogar com o
chefe de estado.
Numa fase em que o país enfrenta uma
das maiores crises políticas de todos os
tempos, o diálogo aberto com o povo,
talvez, pudesse ser uma forma de juntos
discutirmos os problemas que enferma
este país. Há fraude eleitoral no país, as-
sim como pode ainda se dizer que há
corrupção, nepotismo, arrogância, rap-
tos, fome, miséria e tudo isto, associado
ao facto de apenas, um grupinho de con-
cidadãos, ser este que vive moçambique
OPINIÃO 9
em como fossem verdadeiros donos da
nação.
Aqueles presentes, queriam sim, saber
do chefe do estado, o porquê de tanta
desordem na gestão do sistema eleitoral
em moçambique, queria o povo, saber
sim, o porquê de tanta roubalheira nas
urnas, o porquê de tanta prepotência dos
órgãos de gestão eleitoral. O país, a 11 de
outubro e nos 56 municípios, foi as urnas
mas que até hoje, difícil está a ser, saber-
mos quem foi o verdadeiro vencedor das
sextas eleições. Tanto já escreveu, tanto
já se fez denuncias sobre o péssimo tra-
balho prestados pelos órgãos de gestão
eleitoral e com enfoque para a comissão
nacional de eleições mas infelizmente,
parece não haver coragem necessária
para atribuir o certificado de incompe-
tência a esta entidade.
O povo está indignado e os ânimos es-
tão todos acesos. Uma reunião de géne-
ro, devia ser uma oportunidade para que
o chefe de estado, mostrasse sua indigna-
ção também. Seria nesta reunião em que
a nossa constituição da república, devia
ser mais uma vez enaltecido e explicado
a todos que ninguém, esta acima da lei
dando entender que haverá reposição
de justiça e responsabilização de todos
os prevaricadores.
Devia sim, o chefe ter informado ao
povo que, também, não esta satisfeito
pela forma como houve enchimento das
urnas, não esta satisfeito pela recusa da
assinatura as actas por parte dos presi-
dentes de mesa, devia ter informado da
sua preocupação em relação a atuação
da polícia.
Enfim, nosso presidente, perdeu a
oportunidade de lembrar a todos que
moçambique é um estado de direito de-
mocrático e comprometido com a paz,
onde direitos e liberdades de escolha
dum povo, são sim, respeitados.
Eles queriam, dialogar com S. excia
para acertamos o país e apenas isso.
 10 OPINIÃO
OLHAR INTERNACIONAL
Finlândia e a Rússia sem fronteiras
operacionais
Por:Ângelo Edson André Fremo
A Finlândia anunciou o encerramento de
quatro postos fronteiriços com a Rússia, no
sudeste do país, a partir da meia-noite de
sexta-feira. A fronteira terrestre com a Rús-
sia é uma fronteira externa da União Eu-
ropeia. Esta é a resposta de Helsínquia ao
facto de a Rússia estar a deixar passar um
número crescente de requerentes de asilo,
sem documentos. Tendo em conta que as
fronteiras têm grande importância na vida
internacional. Definem o espaço da compe-
tência jurídica e política própria dos Estados
nacionais onde diferenciam o “externo” do
“interno”, no âmbito do qual cabe a um Esta-
do, por meio de suas instituições, a respon-
sabilidade de deliberar sobre rumos de uma
sociedade.
Neste caso, o governo da Finlândia tomou
a decisão de fechar os pontos de passagem
de Valimaa, Nuijamaa, Imatra e Niirala”, disse
a ministra do Interior, Mari Rantanen, numa
conferência de imprensa conjunta com o
primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo,
a acusar a Rússia de não ser idónea como
estado. Sendo que na quarta-feira a presi-
dência russa (Kremlin) “lamentou profunda-
mente” os planos da Finlândia de fechar a
sua fronteira com a Rússia, face ao elevado
número de travessias ilegais de imigrantes e
num contexto de tensões crescentes.
As relações entre os dois vizinhos dete-
rioraram-se consideravelmente desde Fe-
vereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a
Ucrânia, ataque que levou a Finlândia, preo-
cupada com a sua própria segurança, a ade-
rir à NATO, aliança que Moscovo considera
uma ameaça. “Lamentamos profundamen-
te que as autoridades finlandesas tenham
escolhido um caminho de distanciamento
deliberado das boas relações que tínha-
mos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri
Peskov, quando questionado sobre o facto
de a Finlândia ter anunciado na terça-feira
que estava a considerar restringir o tráfego
fronteiriço ou mesmo fechar os seus pontos
de passagem com a Rússia.
O primeiro-ministro finlandês acusou a
Rússia de permitir deliberadamente que
migrantes atravessassem a fronteira, apesar
de não terem documentos válidos, sugerin-
do que se tratava de uma tentativa de de-
sestabilizar o seu país. A Finlândia partilha
uma fronteira de 1.340 quilómetros com a
DOSSIERS & FACTOS
Rússia.
De acordo com o primeiro-ministro, em
conferência de imprensa, dezenas de imi-
grantes, na sua maioria do Médio Oriente
e África, chegaram nos últimos dias ao país
e pediram asilo, sem documentação apro-
priada, depois de, alegadamente, terem
sido ajudados, o número de imigrantes ile-
gais que chegam às fronteiras entre a Rússia
e a Finlândia não tem parado de aumentar
nos últimos dias.
A tensão subiu nesta sexta-feira na fron-
teira de Niirala, entre a Finlândia e a Rússia,
com a chegada de imigrantes sem docu-
mentos e que queriam entrar na Finlândia.
No total, 163 imigrantes.
As autoridades de Helsínquia acreditam
que a passagem está a ser facilitada por
Moscovo e decidiu encerrar à meia-noite de
sexta-feira quatro dos postos fronteiriços
com a Rússia. O número de imigrantes ile-
gais que chegam às fronteiras entre a Rússia
e a Finlândia não tem parado de aumentar
nos últimos dias. São sobretudo pessoas
vindas de países da África e Médio Oriente.
Os requerentes de asilo chegam aos pos-
tos de fronteira no sudeste da Finlândia a
procura de uma integração nos países de
acolhimento. Este processo baseia-se na
adaptação das pessoas não nascidas ou resi-
dentes na UE às sociedades de acolhimento
e ao seu quotidiano, através da participação
no mercado laboral, na comunidade políti-
ca e nas estruturas escolares e de saúde.
Este acolhimento permite que as pessoas
que chegam ao espaço europeu passem a
fazer parte da sociedade local e que exista
reciprocidade entre a população de acolhi-
mento e estas pessoas. A política de imi-
gração da UE visa estabelecer um quadro
para a migração regular, tendo também em
conta a importância da integração nas so-
ciedades de acolhimento, como explorado
na secção da "Integração de cidadãos na-
cionais de países terceiros”.
Compete à UE definir as condições de
admissão e de residência legal num Estado-
-Membro para os nacionais de países tercei-
ros, incluindo para efeitos de reagrupamen-
to familiar. Contudo, os Estados-Membros
conservam o direito de determinar o volu-
me e as condições de admissão de pessoas
provenientes de países terceiros à procura
20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
de emprego.
Na sequência das dificuldades encontra-
das na adopção de uma disposição geral
que abranja toda a imigração laboral na
UE, a abordagem actual consiste na adop-
ção de legislação sectorial, por categoria
de imigrantes, de modo a instituir uma po-
lítica de imigração regular na UE.
As medidas da UE sobre imigração re-
gular abrangem as condições de entra-
da e residência para certas categorias de
imigrantes:
Trabalhadores altamente qualificados
– pessoas que ocupam uma actividade
laboral que requer competências técnicas
específicas e, por isso, uma qualificação
adequada. A Directiva estabelece as condi-
ções de entrada e residência de nacionais
de países terceiros altamente qualificados
nos países da UE. A respectiva autorização
de residência e de trabalho é chamada de
Cartão Azul UE;
Estudantes e investigadores – nacionais
de países terceiros que migram para a UE
para efeitos de investigação, estudos, for-
mação e serviço voluntário (ao abrigo do
Serviço Voluntariado Europeu/Corpo Eu-
ropeu de Solidariedade). A Directiva (UE)
estabelece as condições de entrada e resi-
dência de estudantes e investigadores nos
países da UE;
Reunificação familiar – os cidadãos não
comunitários podem trazer os seus familia-
res para o país da UE no qual residem regu-
larmente. Nos últimos 20 anos, o reagrupa-
mento familiar tem sido uma das principais
razões para a imigração para a UE. A Direc-
tiva estabelece as condições de entrada e
residência para este efeito;
Residentes de longa duração – pessoa
que tenha vivido, de forma regular, num
país da UE durante um período ininterrup-
to de cinco anos pode obter o estatuto de
residente de longa duração. A Directiva es-
tabelece as condições em que os nacionais
de países terceiros podem obter o estatuto
de residentes de longa duração, o que lhes
confere um conjunto de direitos uniformes,
semelhantes aos de que gozam os cida-
dãos da UE. Os movimentos dos emigran-
tes são motivados pela procura de melho-
res condições de vida e a maioria destes
são provenientes das zonas de conflitos.
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS POLÍTICA 11

EM CAUSA ESTÁ A “LEGITIMAÇÃO” DE UNIÕES PREMATURAS

Sociedade Civil exige cabeça do

secretário de Estado de Manica
O
secretário de Estado na provín-
cia de Manica, Stefan Dick Kas-
sotche, está literalmente sob Mais do que pedir sua exonera-
fogo cruzado, com uma data de
Organizações da Sociedade Civil a exigi-
rem a sua demissão imediata. Esta é uma
ção e retratação pública, o comu-
reacção aos pronunciamentos recentes de
Kassotche, quando este pediu “reflexão”
nicado destas organizações conclama
em torno das uniões prematuras, que, em
Moçambique, constituem crime. o Ministério Público a investigar o que
D&F Texto: Dossiers & Factos considera ser “crime público e dê devido
Um discurso “despenalizador” das uniões prematuras
pode colocar em xeque a figura do secretário de Estado
seguimento a esta atitude e comporta-
mento que viola um princípio constitu-
na província central de Manica, Stefan Dick Kassotche.
Em um evento público realizado no distrito de Gondola,
o responsável até recorreu às escrituras sagradas para
defender uma reflexão em torno da criminalização das
uniões prematuras em Moçambique.
“Quando a Maria (mãe de Jesus) ficou grávida quan-
cional da defesa do superior interesse
tos anos tinha?”, começou por indagar aquele responsá-
vel, para quem “questões de uniões prematuras vêm de da criança”.
muito longe”.
Mais do que pedir sua exoneração e retratação públi- público e dê devido seguimento a esta atitude e com-
O secretário de Estado ainda chamou à colação as
ca, o comunicado destas organizações conclama o Mi- portamento que viola um princípio constitucional da
características físicas das raparigas, que, na sua opinião,
nistério Público a investigar o que considera ser “crime defesa do superior interesse da criança”.
são um elemento a ser considerado. “Há crianças com 10
anos e que têm corpo de uma mãe de 23. Há mulher de
23 anos com corpo de uma criança de oito anos”, desta-
cou o dirigente, antes de realçar estar no “barco” dos que
combatem as uniões prematuras.
Sociedade Civil revoltada
A intervenção do secretário de Estado na província de
Manica, que falava num encontro sobre a retenção da
rapariga na escola, no distrito de Gondola, não passou
despercebida, tampouco escapou à censura. Em boa
verdade, provocou ira das Organizações da Sociedade
Civil que lutam contra as uniões prematuras.
A título de exemplo, a Rede Africana de Adolescentes
e Jovens em População e Desenvolvimento (AriYan) emi-
tiu um comunicado através do qual manifesta “profunda
preocupação” face às declarações do secretário de Esta-
do, que “de forma indirecta”, aponta a organização, po-
dem ser entendidas como “apoio às uniões prematuras”.
“Os argumentos que minimizam a gravidade das
uniões prematuras são incompatíveis com o nosso
objectivo de construir um futuro seguro e justo para
as gerações vindouras”, escreve a AfriYan, que apela
o responsável a fazer um pedido de desculpas públi-
co à sociedade moçambicana, “sobretudo às crianças
moçambicanas”.
Enquanto isso, mais de 100 Organizações da Socie-
dade Civil, representadas pelo Fórum da Sociedade Civil
para os Direitos da Criança (ROSC), Centro de Apren-
dizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), Fó-
rum Mulher, Rede Homens pela Mudança, Rede contra
o Abuso de Menores e Coligação para Eliminação de
Uniões Prematuras, querem que o Presidente da Re-
pública, Filipe Nyusi, exonere Stefan Dick Kassotche
imediatamente.
Elas entendem que as declarações do secretário de
Estado põem em causa conquistas e avanços nacionais
e internacionais conseguidos pelo Estado e Governo de
Moçambique, bem como da sociedade civil e de todo o
povo moçambicano.
Stefan Dick, secretário de Estado na província de Manica
 12 PLANO DE FUNDO
ENQUANTO TODOS ASSISTEM IMPÁVIDOS
Extremismo toma conta da retórica
da Renamo
A
s VI Eleições Autárquicas da histó-
ria da democracia moçambicana
abriram uma grave crise política,
com a oposição, especialmente a
Renamo, a contestar fortemente os resul-
tados proclamados pelos órgão eleitorais,
dando vitória esmagadora a Frelimo em 64
das 65 autarquias nacionais. Com efeito, a
Renamo tem realizado passeatas de repú-
dio, mas sublinha estar disposto a ir até às
“últimas consequências” e os seus cabeças
de lista assumem um discurso cada vez
mais extremista e, por isso, potencialmen-
te perigoso.
D&F Texto: Amad Canda
As marchas da Renamo tornaram-se já uma rotina
em algumas cidades moçambicanas onde a “perdiz”
acredita ter vencido, com destaque para Maputo, Ma-
tola, Quelimane e Nampula. Rotineira vem se tornando
também a presença de marcas de radicalização na retó-
rica de parte de seus membros seniores, especialmente
os cabeças de lista supostamente injustiçados pela Co-
missão Nacional de Eleições (CNE).
Há poucos dias, por exemplo, o cabeça de lista da
António Muchanga, cabeça de lista na Matola
DOSSIERS & FACTOS
Ossufo Momade, presidente da Renamo
"perdiz" na cidade da Matola, António Muchanga, dei-
xou claro que, caso o Conselho Constitucional valide os
20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
resultados aprovados pela CNE, ignorando provas de
que ele é, afinal, o único vencedor do escrutínio de 11
de Outubro, vai criar uma espécie de estado autónomo
na cidade que alberga o maior parque industrial do País,
inviabilizando, assim, a governação da Frelimo.
“Eu vou tomar Matola e já não como município. Vou
transformar a minha Assembleia em Assembleia Repu-
blicana da Matola, vou criar o que eu quiser, aquilo que
acontece na Somália, vou fazer aqui. Os embaixadores
que vierem vão falar comigo, os outros vão falar com
outros dirigentes”, disse o também deputado da Assem-
bleia da República, num tom bastante sério.
Venâncio Mondlane e as promessas de esmagar
Doutro lado da portagem, Venâncio Mondlane tem
sido incansável na realização do que considera serem
mega passeatas de repúdio aos resultados eleitorais.
Mais concorridas que as da cidade da Matola, as passea-
tas da capital chegam a acontecer duas vezes por sema-
na, seguindo itinerários diferentes.
O seu ponto mais alto tem sido a intervenção do pró-
prio cabeça de lista, que geralmente dirige-se aos seus
apoiantes a partir do topo de uma viatura. No entanto,
em vários momentos é possível encontrar marcas de ex-
tremismo em seus discursos, incluindo aquilo que, para
alguns analistas, pode configurar incitação à violência.
A 27 de Outubro, por exemplo, e discursando antes
do arranque da passeata que iria passar pelo edifício do
Conselho Constitucional, Mondlane disse que a activi-
dade seria feita de forma pacífica, sem violência nem ac-
tos de vandalismo. Contudo, deixou um potente aviso
às forças policiais, prometendo “esmaga-las” caso pau-
tassem pela violência para reprimir as marchas.
Mondlane, que tal como Muchanga é deputado da
Assembleia da República, já tinha dito que, em caso de
validação dos resultados anunciados pela CNE, segundo
os quais a Frelimo e Rasaque Manhique triunfaram na
cidade de Maputo, “não nos iremos responsabilizar pela
fúria popular”, um pouco na linha do que tem vindo a
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
Venâncio Mondlane, cabeça de lista em Maputo
defender o seu presidente de partido, Ossufo Momade.
O cabeça de lista não esconde igualmente o seu
aparente desdém à CNE e ao seu respectivo presidente,
Dom Carlos Matsinhe, que, nas suas palavras, perpetrou
um “acto satânico” ao anunciar resultados fraudulentos.
Foi, de resto, isso que ficou claro há dias quando
este liderou uma manifestação à porta da Igreja Angli-
cana, de que Dom Carlos Matsinhe é líder. “Um homem
de Deus que anda com armas dentro da igreja? É hora
dele ir para rua. Não basta que ele seja expulso da igreja,
deve também deixar a CNE”, apelou.
Continuando, classificou o clérigo como "homem de
Deus que virou do diabo”, considerando que “deve ser
preso”.
O apelo de uso de “instrumentos rudimentares” em
Nampula
A capital do norte também tem sido palco de mar-
chas regulares, em regra bastante concorridas . Tam-
bém nesta autarquia a perdiz considera-se vitoriosa,
apesar de os resultados oficiais indicarem o contrário,
o que deixa deveras indignado Paulo Vahanle e seus
correligionários.
O actual autarca orientou, há dias, um comício po-
Paulo Vanhanle, autarca de Nampula
DOSSIERS & FACTOS PLANO DE FUNDO 13
Mário Cinquenta, autarca de Cuamba
pular no qual lançou uma mensagem que foi, efectiva- cala não entregará a cidade aos ladrões”, numa clara
mente, rotulada pela polícia como instigação à prática referência ao partido Frelimo.
de violência. “O poder é do povo, aqui em Nacala quem ganhou
De azagaia em punho, Vahanle apelou a que os jo- foi o povo e o povo é a Renamo”, acrescentou Novinte,
vens se “organizem” enquanto se espera pelo veredic- arrancando aplausos da população.
to do Conselho Constitucional acerca do turbulento
processo eleitoral. O dirigente foi mais longe, ao deixar Iminência do caos
aquilo que chamou de TPC (Trabalho para Casa) à ju-
ventude de Nacala: "Esse é o TPC, estou a dar trabalho Apesar do seu tom algo incendiário, os discursos
de casa, está aqui! Nós não temos armas, vamos usar os dos vários membros seniores da Renamo parecem es-
nossos instrumentos rudimentares", afirmou perante tar a arregimentar grande apoio das massas, sobretu-
uma grande multidão. do da juventude, que vibra cada vez que ouve expres-
Curiosamente, Nampula é um dos pontos do País sões mais “arrojadas”.
onde mais se tem registado confrontos entre a polícia Este cenário leva a que surjam na sociedade receios
e a população que toma parte dos actos organizados de caos social em caso de o Conselho Constitucional
pela “perdiz”. Cenário similar verifica-se em Angoche, tomar decisões que contrariem as expectativas e de-
também na província de Nampula, onde, há dias, mais sejos da “perdiz”. Até a pensar nessa hipótese, a quem
de sete pessoas foram baleadas pela Polícia da Repúbli- condene o silêncio tumular das autoridades. É que, até
ca de Moçambique. então, o autarca de Nampula é o único que foi direc-
tamente apontado como estando a incitar à violência.
“Não vamos entregar as chaves” Mondlane, Novinte e Muchanga, entre outros, vão
passando incólumes, apesar de este último, por exem-
De Cuamba, na província de Niassa, e Nacala Porto, plo, ter protagonizado uma cena caricata em directo
na província de Nampula, surgem igualmente posi- na TV Sucesso, quando quase agrediu o comentador
ções extremadas, com os respectivos edis, ambos da Gil Aníbal, afecto ao partido Frelimo.
Renamo, a prometerem não
entregar as chaves ao par-
tido proclamado vencedor
pela CNE, na circunstância a
Frelimo.
Falando há dias a centenas
de pessoas, o presidente do
município de Cuamba, Mário
Cinquenta Naúla, condenou
o que considera ter sido “frau-
de insólita e megalómana”,
caracterizada pelas barreiras
alegadamente criadas com
vista a impedir a população
de Cuamba de votar, confe-
rindo esse direito a cidadão
oriundos de outros pontos.
Em face disse, Naúla afir-
ma categoricamente que
“não vamos dar as chaves do
município”.
Esta é, de resto, a mesma
garantia deixada pelo seu ho-
mólogo de Nacala Porto. Num
comício popular antecedido
de passeata, Raúl Novinte
assegurou que “o povo de Na- Raúl Novinte, autarca de Nacala Porto
 14 INSS
NA PROVÍNCIA DE TETE
Trabalhadores domésticos
seduzidos pela segurança social
O
s empregados domésticos da
província de Tete, filiados no Sin-
dicato Nacional dos Empregados
Domésticos (SINED), manifesta-
ram-se disponíveis para trabalhar com a
delegação provincial do Instituto Nacional
de Segurança Social (INSS), na persuasão
dos seus associados com vista a se inscre-
verem na Segurança Social, como forma
de garantir uma vida condigna após a sua
retirada profissional.
D&F Texto: Cortesia
Falando numa palestra realizada ontem, nas ins-
talações da delegação provincial do INSS, na cidade
capital provincial de Tete, os cerca de 50 membros
daquela agremiação disseram que mais colegas gos-
tariam de aderir ao sistema de segurança social que
está a ser gerido pelo INSS, onde já estão inscritos
muitos outros no regime de Trabalhadores por Conta
Própria (TCP), independentemente de estarem filia-
dos no sindicato.
A secretária provincial do SINED em Tete, Ornela
Carlos Francisco Assis, assim como o secretário-exe-
cutivo provincial da Organização dos Trabalhadores
Classe interessada em assegurar seu futuro e dos seus dependentes
DOSSIERS & FACTOS
de Moçambique - Central Sindical (OTM-CS) em Tete,
Jento Vidazão, que estiveram no encontro, garantiram
que as suas agremiações irão levar a cabo um traba-
lho de sensibilização dos seus associados no sentido
de se inscreverem no Sistema de Segurança Social, de
forma a acautelar os imprevistos do momento, bem
como preparar o seu futuro e dos seus familiares.
Os sindicalistas reconheceram os benefícios que
a Segurança Social proporciona aos trabalhadores
inscritos e que são regulares no sistema, em termos
de contribuição, razão pela qual a sua acção de cons-
ciencialização de mais trabalhadores do ramo será
massiva, dado que nem todos têm essa informação
ou domínio do respectivo regulamento.
No mesmo encontro, que foi conjuntamente orga-
nizado pelo INSS e o sector da administração do Tra-
balho na província, os trabalhadores regozijaram-se
pela recente revisão da Lei do Trabalho, mormente ao
alargamento da licença de maternidade e de paterni-
dade, que passou de 2 para 3 meses e de 2 para 7 dias,
respectivamente.
O delegado provincial do INSS em Tete, Daniel Sim-
banai, por sua vez, disse na ocasião que o encontro
conjunto visava incutir conhecimentos sobre o Siste-
ma de Segurança Social Obrigatório e fazer uma refle-
xão sobre o trabalho digno no seio dos trabalhadores,
tendo chamado atenção para a necessidade de se
efectuar o pagamento efectivo após a sua inscrição,
pois, o facto de estar inscrito, per si, e não pagar as
contribuições, não garante o acesso aos direitos pre-
20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
vistos no Regulamento da Segurança Social Obrigató-
ria, aprovado através do Decreto do Nº 51/2017, de 9
de Outubro, que alargou a entrada no sistema de mais
grupos sócio-económicos, com destaque para os TCP,
regime no qual se inserem os membros desta agre-
miação sindical e os demais empregados domésticos.
De salientar que o INSS está, nestes últimos anos,
empenhado em criar facilidades de pagamento de
contribuições, para todos os abrangidos pelo Siste-
ma, incluindo os trabalhadores domésticos, através
de plataformas diversificadas e os serviços bancários,
como é o caso dos pagamentos via M-Pesa, IZI, Inter-
net Banking, Top-UP, entre outros, que permitem que,
mesmo se encontrando no seu posto de trabalho, o
empregado doméstico, ou outro exercendo a sua ac-
tividade no sector informal, possa fazer o pagamento
da sua contribuição ao sistema, sem se deslocar aos
balcões do INSS ou do banco.
Não obstante a criação destas facilidades, ainda é
preocupante o facto de muitos empregados domés-
ticos não estarem inscritos no Sistema de Segurança
Social Obrigatória, apesar de ser um direito preconi-
zado na alínea e), do nº 10, do Decreto 40/2008, de
26 de Novembro, que aprova o Regulamento do Tra-
balho Doméstico. Razão pela qual, a classe tem sido
instada a mobilizar os seus membros a aderirem à
Segurança Social, canalizando, regularmente, as suas
contribuições, de forma a ter a protecção social plena,
bem como garantindo o acesso aos diferentes benefí-
cios que o Sistema oferece.
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
PARA FAZER FACE À ÉPOCA CHUVOSA E CICLÓNICA
INGD diz ter soluções à vista
O
instituto Nacional de meteoro-
logia, anunciou há dias a previ-
são de ocorrência, nos próximos
dias, de chuvas intensas, poden-
do abranger 14 Distritos das províncias de
Inhambane e Gaza na região sul de Mo-
çambique. Face a esta situação, o Instituto
Nacional de Gestão e Redução de Risco de
Desastres (INGC), levou a cabo trabalhos
de simulação, cujo objectivo era avaliar o
nível de prontidão dos Centros Operativos
de Emergência (COE) face aos possíveis fe-
nómenos naturais que poderão acontecer
nos próximos dias, podendo afectar mais
de 9 mil pessoas que vivem em zonas con-
sideradas de riscos.
Texto: Anastácio
D&F Chirrute, Inhambane
Gaza e Inhambane são até então as duas pro-
víncias da região sul de Moçambique que pode-
rão nos próximos dias sofrer devido à ocorrência
de chuvas intensas, uma situação que poderá
afectar milhares de famílias que vivem em zonas
consideradas de risco para habitação.
Face a esta situação, o instituto Nacional de
gestão e Redução de Risco de Desastres (INGD)
levou a cabo, na semana finda, os trabalhos de
simulação envolvendo os comités de gestão de
riscos dos 14 distritos das duas províncias do sul
de Moçambique, nomeadamente Inhambane
e Gaza, o objectivo é dotá-los de ferramentas
Simulação de evacuação
DOSSIERS & FACTOS
Famílias precisando de socorro
suficientes que lhes possibilitem responder à
qualquer tipo de fenómeno natural que possa
acontecer nos próximos dias.
A presidente geral do INGED, Luísa Marques,
explica que esta simulação esta sendo feita
nas províncias de Gaza e Inhambane e foram
abrangidos 14 distritos, incluindo 28 comités de
gestão e Redução de Risco de Desastres, foram
SOCIEDADE 15
igualmente abrangidas 28 comunidades.
"Para além deste trabalho que testemunha-
ram, ao mesmo tempo estavam a entrar os
avisos nos celulares, e as comunidades iam se
preparando. Explicou acrescentando que "nos
deslocamos a um comité de redução de riscos
de desastres e testemunhamos o trabalho por
este feito, em termos de resposta, pelo nível
de preparação e partilha de informação, reve-
lou Luísa da Conceição, chefe de repartição na
Direcção Nacional da Gestão dos Recursos Hí-
dricos. Fez saber ainda que, a partir desta acti-
vidade, estão criadas as condições para que as
comunidades possam ser salvas e salvarem os
outros dos desastres naturais que ainda este
ano fustigaram algumas províncias do país."
Por sua vez, a Chefe de Repartição da Direc-
ção Nacional de Recursos Hídricos, Luísa da Con-
ceição, fez saber que, devido ao ciclone elininio,
as bacias costeiras de Inhambane e Limpopo
ficaram afectadas, por isso, há necessidade de
continuar a trabalhar em colaboração com as
outras instituições na partilha de informações.
"Com está simulação queríamos permitir
a partilha de informação para que possa fluir
durante a época chuvosa e achamos nós que,
como bacia hidrográfica, contribuímos para
que a plataforma de disseminação e partilha
de informação tivesse acesso e um fecho muito
positivo.
O Instituto Nacional de Meteorologia tam-
bém não está alheio a estas informações, está
a fazer a monitoria do fenómeno, bem como a
transmissão desta informação em colaboração
com outras instituições e acima de tudo a capa-
cidade de resposta do consumidor final.
Segundo o Director Geral do INAM, Adérito
 16 SOCIEDADE DOSSIERS & FACTOS 20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

Aramuge, dos relatórios já existentes estes fe-

nómenos têm-se tornado cada vez mais resis-
tentes, tornando difícil de tirar o país da região
geográfica de um ponto para outro.
Esta simulação é um acto de adaptação às
mudanças climáticas e, por fim, queremos tra-
zer razão àquilo que chamamos de resiliência
nas comunidades e passarmos a conviver com
os fenómenos extremos que futuramente
vão-se tornando mais intensos.
O INAM já anunciou que Moçambique está
sob a presença do fenómeno elininio, facto
que contribuiu para aquilo que é a época fu-
sional no qual as províncias da região sul vão
registar chuvas abaixo do normal e acima do
normal nas províncias da região norte do país.
Sobre o plano de contingência, o Instituto
Nacional de Gestão e Redução de Riscos de
Desastres prometeu partilhar com os órgãos
de comunicação social nos próximos dias.
Recordar que as cerimónias centrais deste
evento tiveram lugar no Bairro de Chibue-
ne, Distrito de Vilankulo, norte da Província
de Inhambane, e contou com a presença de
diversas personalidades com destaque para
membros do governo, sociedade civil, Comi-
tés de Gestão de Emergência, Comunicação
social e população, no geral, e foram orien-
tadas pela respectiva presidente do Instituto
Nacional de Gestão de Risco de Desastre.
Simulação de registo das populações

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 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS SOCIEDADE 17
EMBARGO DA OBRA DO INSS EM METANGULA

INSS garante que seguiu todos trâmites

e diz-se injustiçada
O
Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS) diz respeitar a Deci-
são do Tribunal Judicial do Distri-
to de Lago, província de Niassa,
de embargar as obras de construção do
Todo este imbróglio tem,
seu edifício na vila de Metangula. Ainda as-
sim, o INSS não esconde seu sentimento de
injustiça, uma vez que garante ter seguido
afinal, origem na falta de
todos os trâmites legais.

D&F Texto: Dossiers & Factos

projectos para exploração
Foi o próprio director geral do INSS, Joaquim Siuta,
do terreno por parte da Tm-
cel, o que levou a autarquia
que deu essa garantia ao Dossiers & Factos. Contacta-
do pela nossa equipa de reportagem, o responsável
foi peremptório em afirmar que a instituição de que é
dirigente respeitou a lei em todo o processo, desde o

local a converter o terreno a

início.
Siuta asseverou que obteve o documento que con-
fere o Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT)
por via do Conselho Municipal de Metangula. Seguida-
mente, submeteu pedido de autorização para a cons-
trução da delegação do INSS naquela vila autárquica,
tendo as obras iniciado em Outubro de 2022.
favor do Estado.
O processo foi, no entanto, in-
terrompido por decisão do Tribu-
nal, em virtude de ter surgido um
“novo dono” do espaço onde o edi-
fício, já em fase avançada, estava a
ser implantado. A entidade que re-
clama o terreno é a Moçambique
Telecom (Tmcel).

Falta de exploração na origem

de tudo

Todo este imbróglio tem, afinal,

origem na falta de projectos para
exploração do terreno por parte
da Tmcel, o que levou a autarquia
local a converter o terreno a favor
do Estado.
Em nota a que Dossiers & Fac-
tos teve acesso, com número 192/
CMVM/995/2021, o Conselho Au-
tárquico oficializa a conversão do
terreno. “Informamos que findo o
prazo estipulado para a apresen-
tação de planos de exploração
dos referidos terrenos ou espaços,
que foi de 27 de Julho à 26 de Ou-
tubro do ano de 2020, os espaços
não usados já foram convertidos
à favor do Estado, e que qualquer
legalização do espaço somente
poderá ter lugar onde estão im-
plantadas as suas infraestruturas”.
A nota, datada de Agosto de
2021, seguiu-se a uma série de
“avisos” e apelos emitidos pelo
Conselho Municipal de Metangula
no sentido de que os espaços, que
se encontravam em situação de
ociosidade, fossem devidamente
Há pouco mais de um ano, era lançada a primeira pedra pela ministra do Trabalho explorados.
18 ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DOSSIERS & FACTOS 20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS POLITICA 19
CONTA GERAL DO ESTADO

Parecer do Tribunal Administrativo

novamente ignorado
O
Parlamento moçambicano aprovou a

A Conta indica ainda que

Conta Geral do Estado (CGE) do exer-
cício económico de 2022. A resolução
que aprova a Conta Geral do Estado do
ano passado recomenda o Governo a observar, na
elaboração do próximo relatório, os pareceres da
Comissão do Plano e Orçamento (CPO), da Comis-
são dos Assuntos Constitucionais e da Legalidade
as receitas próprias do Es-
tado aumentaram de 5 469 mi-
(CACL) e do Tribunal Administrativo (TA).

D&F Texto: Dossiers & Factos

De acordo com os dados da Conta Geral do Estado,

apreciada esta quarta-feira pelo Parlamento, o Estado
gastou mais com salários e outras remunerações em
lhões em 2021 para 6 493 mi-
2022. A receita total foi de 285 mil milhões de Meticais
contra uma despesa de cerca de 491 mil milhões.
Entretanto, o Tribunal Administrativo constatou
lhões de Meticais em 2022, um
incremento de 18,7 por cento
haver discrepância nos dados apresentados pelo Go-
verno e Autoridade Tributária
O Estado gastou, em 2022, mais de 491 mil milhões
de Meticais em despesas e investimentos, dos quais
66,3 por cento derivam das receitas do Estado, 11,1
por cento correspondem a donativos, 7,9 pontos per- percentuais em termos nominais. 10,6 por cento da receita total, destacando-se os sec-
centuais a empréstimos externos e 14,7 por cento a O destaque no global das receitas, é dos impostos tores de produção de energia e de exploração de pe-
empréstimos internos. sobre bens e serviços com uma contribuição equiva- tróleo com maior contribuição, cujo montante equi-
Os dados da Conta Geral do Estado, mostram que a lente a 51,3 por cento, seguidos dos impostos sobre vale a 47,9 e 35 pontos percentuais da receita global
cobrança de receitas do Estado atingiu o montante de rendimento com 30,1 por cento. dos megaprojectos, respectivamente.
285,691 milhões de Meticais, correspondente a 97,2 As cobranças de impostos sobre o rendimento es- A Conta indica ainda que as receitas próprias do Es-
por cento da previsão anual e cerca de 24,2 por cen- tiveram, contudo, em decréscimo, situando-se em 14 tado aumentaram de 5 469 milhões em 2021 para 6
to do Produto Interno Bruto (PIB), situando-se acima pontos percentuais em relação ao ano anterior. 493 milhões de Meticais em 2022, um incremento de
do nível de realização de 2021 em cerca de 7,4 ponto Parcialmente, os megaprojectos contribuíram com 18,7 por cento. O Económico

Assembleia da República
20 ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DOSSIERS & FACTOS 20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
QUALIFICAÇÃO MUNDIAL 2026
Mambas vergam-se ao poderio argelino
O
s Mambas perderam por 0-2 ao
receberem a Argélia, em jogo da
segunda jornada do grupo G de
qualificação para o Campeonato
do Mundo de 2026, cuja fase final vai ter
lugar nos Estados Unidos de América, Mé-
xico e Canadá.
D&F Texto: Dossier Económico
A selecção nacional tinha tudo para dar certo. En-
fim… é mais um daqueles filmes de ficção cujo desfe-
cho pode ser previsível. O início até foi tranquilo para
os Mambas, que mostraram sinais de organização
nos três sectores da equipa (defesa, meio-campo e
ataque).
Destemida, a selecção da Argélia assumiu o prota-
gonismo do jogo, ainda que não conseguisse traduzir
o caul ofensivo em golos. Os argelinos sofreram uma
contrariedade nos minutos iniciais do jogo com a saí-
da, por lesão, de Aissa Mandi e Islam Slimani. Parecia
que os deuses estivessem a favor do conjunto moçam-
bicano. Boa leitura do jogo por parte dos Mambas.
Ratifo teve o golo nos pés. Rotação perfeita, remate
colocado. Mandrea esteve atento evitando o pior com
os punhos numa, diga-se, defesa de recurso. Momen-
to de controlo do jogo.
Mexer subiu uns degraus da sua área de jurisdição.
Remate intenso. E a muralha que se chama Mandrea
Moçambique depende de si próprio para chegar ao Mundial
DOSSIERS & FACTOS
Recém-lançado ao jogo, Zer-
rouk ampliou a vantagem,
em mais uma perda de bola mo-
çambicana, desta feita de David
Malembana. Se perdendo com
uma bola era difícil virar a parti-
da, com dois ficou ainda compli-
cado. Apesar da desvantagem, os
Mambas não baixaram os braços.
estava lá. Mais uma defesa. Ernani também quis mostrar
os seus reflexos.
DESPORTO 21
Malembana aborda mal o lance e o guarda-redes
moçambicano evitou o pior, naquele que poderia
ter sido o primeiro golo dos argelinos. Ernani volta
a ser solicitado.
Num remate à meia distância, o guardião mo-
çambicano teve de se esticar à moda “homem elás-
tico” para, com os punhos, evitar o golo da selecção
do Norte de África.
DESASTROSO
Entrada segura na segunda parte. Os Mambas
num dos seus melhores momentos. Mais esclareci-
do e com um jogo balançado ao ataque, o combi-
nado nacional criava e recriava. Ainda assim, pare-
cia ser uma missão utópica trilhar o caminho para
a baliza.
Jogo de inteligência da Argélia, que não se tendo
mostrado uma selecção perigosa jogava, às vezes,
no limite do erro dos Mambas. Perda de bola de
Shaquille na zona intermediária.
Fares Chaibi surgiu no momento certo. O atacan-
te argelino não perdoou. Intranquilos! Mambas em
crise de ideias. Tudo dava errado. Enfim, momento
de total descaracterização.
Recém-lançado ao jogo, Zerrouk ampliou a van-
tagem, em mais uma perda de bola moçambicana,
desta feita de David Malembana. Se perdendo com
uma bola era difícil virar a partida, com dois ficou
ainda complicado. Apesar da desvantagem, os
Mambas não baixaram os braços.
Chiquinho Conde lançou novas unidades em
campo na expectativa de dar outra frescura ao jogo.
Debalde. A história já estava escrita. Não havia mais
nada para fazer. Não foi desta.
Os Mambas somam três pontos na tabela classifi-
cativa do Grupo G, fruto da vitória, na última quinta-
-feira, no arranque da fase de qualificação para o
mundial, diante do Botswana, por 3-2. O País
 22 GARGANTA FUNDA
1 Secretário de Estado em
contramão?
Académico que é, o Secretário de
Estado na província de Manica apare-
ceu numa peça televisiva esta semana
a falar para crianças, líderes religiosos,
estruturas locais e organizações da
Sociedade Civil sobre a questão de ca-
samentos prematuros. Na ocasião, o
dirigente fez analogias, observações,
constatações que muitos consideraram
infelizes e que levaram as organizações
da Sociedade Civil a pedir ao PR a sua
exoneração. Falou o SE da gravidez de
Maria mãe de Jesus aos 14 anos, fa-
lou do corpo de meninas de 10 anos
que podem ter corpo de uma mulher
de 23 anos e uma mulher de 23 anos
que pode ter corpo de uma criança de
8 anos, daí que pede ponderação na
forma de ver este fenómeno. Sendo as
uniões prematuras um acto criminoso
em Moçambique, não se percebe o que
o SE quer que se pondere neste assun-
to, será que o mesmo Estado ao qual ele
pertence, que legislou e criminalizou
todo aquele que dorme com uma me-
nor fê-lo de forma leviana? Um adulto
2 Escaramuças em Milange e muito
mais…
DOSSIERS & FACTOS 20 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
que se casa com uma criança de 13
anos e põe a mesma a cozinhar, fazer
trabalhos domésticos, transforma-a
em uma máquina reprodutora, quan-
do esta mesma criança deveria estar
na escola a estudar e preparar o seu
futuro, a praticar desporto, a sonhar
alto juntamente com as suas colegas,
a brincar coisas próprias da sua ida-
de, porque, afinal, esta é a idade dos
descobrimentos em que a criança
está a moldar o seu perfil e vêm um
madjolidjo, molwene e corta todos
os sonhos desta criança e o nosso
SE acha que há espaço para pon-
deração, reflexão, por favor Excia, e
pior quando leva estas reflexões para
um cenário onde estão as próprias
crianças, lideres tradicionais, foi filo-
sofar no local errado e para pessoas
erradas, alias, nem todo pensamento
é para se exteriorizar sob o risco de
andar em contramão com todos, se
se tratasse de suas filhas, sobrinhas
logicamente que essa ponderação
não seria chamada.
Frelimo eram submetidos a sevícias públicas,
onde uma multidão liderada por um líder mu-
çulmano, ostentando um Alcorão, preparava-
-se para ditar o destino destes indivíduos ora
capturados por ostentar camisetas da Frelimo,
O cenário pôs- depois veio a retórica de que era nada mais
-eleitoral é de tensão, nada menos que uma encenação mas no en-
muita tensão, mar- tanto quando a RENAMO espalha esse tipo de
chas cíclicas, trocas vídeos nunca diz que é encenação e felizmente
de acusações, muito para eles conseguem passar a sua mensagem.
escárnio e uma das Primeiro foram baleados na marcha, depois
figuras que tem sido quando essa retorica caiu por terra virou en-
alvo é o Bispo Matsi- cenação, e, por último, procuram uma nova
nhe, o homem está a justificativa para aquele tipo de actos. A PRM
apanhar de todos os tem uma bolinha mágica para adivinhar que se
cantos e agora quem trata de uma encenação? E se vão brincar de
quer a sua cabeça são encenação porque não usam os seus símbolos,
os seus pares da sua por que usar e desrespeitar símbolos de outro
congregação, enfim, partido? Desde quando o partido Renamo está
está tudo de cabeça registado como partido de teatro? A Renamo
para o ar, e os aconte- tem toda a legitimidade para reclamar e sair à
cimentos de Milange rua e tem o feito, mas não tem direito de pro-
são exemplo disso, mover vandalismo, no fim, são esses cidadãos
houve meia dúzia de anónimos que sairão feridos ou mortos, pois,
baleados, e a primeira enquanto os que os mandam, estão a tomar
vista deu a impressão um vinho e bem refastelados. Sobre as crian-
de que tudo aconte- ças de uma das melhores escolas da cidade de
ceu por conta da mar- Maputo que aparecem a “trufafar”, o que Gar-
cha da perdiz, mas ganta acha é que até é bonito ver crianças a
quando os vídeos cantar, mas bonito seria que os adultos que
amadores começa- estão por detrás delas dessem a cara. Aquelas
ram a circular nas re- crianças não decidiram sozinhas que vamos
des sociais, aí vieram cantar esta música, titia nos filma, claramente
os principais moti- foi ao contrário, Garganta não concorda que
vos, afinal de contas, você use filhos de dono para passar a sua men-
havia um acto que sagem, as crianças são inocentes e respeitam
estava a acontecer os seus pais e educadores, agora, não devem
onde supostamente ser estes a trair a confiança delas metendo-as
membros do partido num barulho alheio.
 SEGUNDA-FEIRA 20 de Novembro de 2023
VÍTIMA DE TUMOR
Sara Tavares perde a vida aos
45 anos
A
notícia da morte de Sara Tavares
chocou os apreciadores da sua
música, este domingo. A cantora
e compositora portuguesa não
resistiu a um tumor no cérebro e, aos 45
anos de idade, não pôde voltar a “Chamar
a música”.
D&F Texto: Dossiers & Factos
Segundo o Expresso, a cantora estava internada no
Hospital da Luz, em Lisboa, capital portuguesa, quando
partiu depois de vários embates contra a doença.
A última vez que a autora de “Balancê” e “Fitxadu” ac-
tuou em Moçambique foi em 2018, no Festival AZGO.
Nessa altura, entrevistamos a autora e, a seguir, segue o
texto na íntegra.
“Um cantor, antes dos outros, deve curar-se a si
mesmo”
A 8ª edição do AZGO lá se foi há uma semana. No
entanto, os ecos da iniciativa da Khuzula devem ainda
sobressaltar a memória de quem esteve no Campus da
UEM, no dia 19, para ver a performance de artistas nacio-
nais e do estrangeiro.
A propósito do estrangeiro, uma das cantoras que de
lá veio foi Sara Tavares. Depois de ter actuado mais uma
vez em Maputo, a cantora que já venceu um tumor no
cérebro disse que festivais como AZGO são muito perti-
nentes por conseguirem mover a indústria musical. Por
DOSSIERS & FACTOS
isso, há necessidade de afirmar todos os actores dos diver-
sos estilos de música. Na óptica de Tavares, o festival cresceu:
“neste regresso, noto que há muitos melhoramentos e que o
AZGO continua sendo um festival cheio de boa onda e pes-
soas simpáticas. Há é que se investir ao nível logístico. Por
exemplo, no nosso caso, tivemos vários problemas técnicos,
levamos tempo a chegar ao palco, onde me senti no direito
de me demorar mais um pouco. Tive a manhã inteira à espe-
ra de fazer um ensaio. Não aconteceu e estava a horas. Penso
que se pode ter um cartaz mais pequeno e investir em for-
mação e workshops de logística e de aspectos técnicos, por-
que eu também vou para escola aprender a tocar guitarra”.
Durante a sua participação nesta edição do festival, a au-
tora de Balancê afirmou que tentou dar tudo de si. No entan-
to, “em uma hora de concerto é difícil dar o que as pessoas
querem e tudo o que eu também quero. Nesses casos, tem
que se encontrar um ponto de acordo, entre o repertório an-
tigo e o novo, que eu também quero oferecer”.
Mas, o que Sara Tavares espera do AZGO?
Espero que o AZGO tenha eco, que seja uma planta que
entre pela terra dentro, crie pequenos projectos e faça algu-
ma diferença, e que não seja um evento ilha, dentro de uma
cidade, de um país. Espero que o AZGO crie sonhos dentro
de cada pessoa.
Foi simpático ter cantado “Bom feeling” em Moçambique.
Foi uma forma de homenagear a cultura moçambicana,
considerando que essa música tem partes em ronga, ditas
por um moçambicano?
Nada a ver. Quando fiz essa música para o disco Balan-
cê, há muitos anos, na altura inspirei-me num músico mo-
çambicano que vive em Portugal: o André Cabaço. Nesse
período eu andava muito com o Costa Neto e André Caba-
artista já passou por palcos moçambicanos
CULTURA 23
ço. Adoro o dedilhar dele, tanto que o tentava copiar. Foi
nesse contexto que surge esta música, a partir do dedilhar
de guitarra de André Cabaço. No final da gravação da can-
ção, convidei-lhe para dar o seu contributo, tocando bai-
xo e fazendo umas coisas com a voz. Ele optou por umas
brincadeiras em ronga no final da canção, fazendo um re-
pentismo. O Cabaço fez essas brincadeiras na música e eu
reproduzo em palco.
“Bom feeling” é uma música estimulante. Faz música
pensando no efeito terapêutico?
No dia em que eu agarrei a guitarra e fiz este tema eu
estava com uma cara muito feia. Olhei-me ao espelho e vi
uma cara horrível e com uma energia mesmo má. Então,
escrevi o tema como um lift me up. O efeito da música foi
para mim mesma. Um cantor, antes de curar aos outros,
deve curar-se a si mesmo. Fiz a música como um acto de
cura e como uma espécie de piada para mim mesma.
“Brincar de casamento” é uma das suas músicas, diga-
mos, recentes. Por que brincar com uma coisa tão séria: o
casamento?
Brincar é uma coisa muito séria. Não se brinca à toa e
brincar faz as pessoas sorrirem. E fazer as pessoas sorrirem
é uma coisa muito especial. O sorriso é uma flor na cara de
uma pessoa e fazer uma pessoa sorrir é difícil.
É uma cantora que investe muito no jogo metafórico
nas suas composições. Há alguma explicação?
Não é algo muito consciente. São as ferramentas que
eu tenho e que aprendi dos cantores que oiço, dos ami-
gos com os quais componho e dos colegas de trabalho.
É assim que vou aprendendo. Não fui a nenhuma escola
de composição e não me considero uma grande compo-
sitora. Os grandes compositores são os Eugénio Tavares,
os Ary dos Santos, os Fany Mpfumos… eu ainda sou uma
bebé. O País
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50Mt

PARA TER ESPAÇO NAS PRISÕES

Nigéria liberta 4 mil prisioneiros

C
erca de 4 mil detidos acusa- A ONU estima que o número de deti- mentos prisionais do país, com o sistema leva a que muitos detidos aguardem
dos de não conseguirem pa- dos nas prisões nigerianas ultrapasse em judicial na Nigéria a recorrer frequente- vários anos na prisão até serem efectiva-
gar multas de até um milhão mais 47% a capacidade dos estabeleci- mente à prisão preventiva. Esta prática mente julgados. RFI
de nairas, moeda local, ou
seja, cerca de 1000 euros, foram li-
bertados na Nigéria, com o ministro
da Administração Interna Olubunmi
Tunji-Ojo a confirmar esta informa-
ção na rede social X.

O ministro disse que foram perdoadas

milhares de dívidas e que os prisioneiros
libertados tinham acesso a formação de
forma a reintegrarem a sociedade da me-
lhor forma e que “não ficariam abandona-
dos e esquecidos pelo Estado”.
Esta libertação em massa acontece
para tentar baixar a população de detidos
que ultrapassa em muito a capacidade das
prisões do país. Baixar o número de deti-
dos é uma das prioridades do Presidente
Bola Ahmed Tinubu, recém-eleito. Uma
das suas propostas é mesmo transformar
algumas penas de prisão em medidas que
não privem os condenados da sua liber-
dade, como trabalho comunitário. Cadeias do País estão superlotadas

50 ANOS DE INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ que a Guiné-Bissau recebeu chefes de Esta-

Sissoco Embaló resta projecção

do e de Governo de muitos países amigos.
“Nos 50 anos da nossa independência,
é difícil encontrar um paralelo comparável,
um período que tivesse sido diplomatica-

internacional do País
mente mais fecundo do que este que es-
tamos a considerar, compreendido entre
2020 e 2023”, afirmou.
O chefe de Estado agradeceu aos re-
presentantes do corpo diplomático, às

O
chefe de Estado da
Guiné-Bissau enten-
de que "a diplomacia
guineense alcançou
sucessos notáveis, que foram
amplamente reconhecidos no
seio da comunidade internacio-
nal", mas nota que esta projec-
ção externa "foi a mais desvalo-
rizada nas últimas décadas".
"Junto dos nossos parceiros bilaterais
e multilaterais, em África e no mundo, a
Guiné-Bissau ganhou visibilidade positiva,
alargou o âmbito das suas opções diplo-
máticas, foi capaz de mostrar utilidade nes-
se exercício de ‘dar e receber’ que, como é
sabido, é próprio de uma diplomacia lúcida
e atenta aos interesses nacionais que repre-
organizações internacionais, que têm sido
senta", indicou. Chefes de Estado e de Governo a Comu- parceiras no esforço para desenvolver a
O discurso à nação do presidente che- nidade dos Países de Língua Portuguesa Guiné-Bissau, e endereçou “uma saudação
gou em vídeo às colinas do Boé, onde (CPLP). especial” a todos os cidadãos estrangeiros
simbolicamente a Assembleia Nacional Lembrou ainda a presidência da Alian- que trabalham ou que escolheram viver no
Popular decidiu voltar este fim de semana ça dos Líderes Africanos contra a Malária e país. DW
para recriar a constituinte que há 50 anos
proclamou unilateralmente a independên-
cia da Guiné-Bissau de Portugal.
Umaro Sissoco Embaló decidiu focar o
discurso presidencial na imagem externa
do país, para realçar a consolidação de re-
lações diplomáticas antigas, o alargamento
do âmbito das relações, os “novos amigos”
e “novas e promissoras parcerias económi-
cas e culturais”.
O presidente recordou que a Guiné-
-Bissau presidiu, pela primeira vez, à Confe-
rência dos Chefes de Estado e de Governo
da Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental (CEDEAO) e que, dentro
de dois anos, vai presidir à Conferência dos Umaro Sissoco Embaló