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O contato com distintas análises, sobre a desvinculação das receitas, permite construir
questionamentos e reflexões sobre o assunto. O Grupo de Estudos e Pesquisas do Senado,
afirma em suas conclusões que, não há danos à seguridade, pois os recursos desvinculados
retornam à seguridade. Behring, no entanto, afirma que a incidência da DRU nos recursos da
seguridade tm sido nefasta. A mídia de massa não se acanha em anunciar os níveis de
precarização e sucateamento da saúde, da educação e principalmente de reafirmar a existência
Ora, o que pensar? Como verificar uma ou outra afirmação? Qual a lógica que envolve
este modo de gestão dos recursos? Além de serem os que mais sofrem com as perdas sofridas
pela Seguridade Social, como os trabalhadores poderiam acessar estes conhecimentos? Como
se organizar para pressionar o poder público a atentar para suas necessidades?
Superávit Primário
O Senado define Superávit primário como
despesas do governo, excetuando gastos com pagamento de juros. Nas contas do governo, o
36
.
35
DIAS, F.A.C. Desvinculação de receitas da União, ainda necessária? Desvinculação de receitas da união,
ainda necessária? Textos para Discussão, n. 103. Brasília (DF): Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado
Federal, out 2011 Estudo disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-
estudos/textos-para-discussao/td-103-desvinculacao-de-receitas-da-uniao-ainda-necessaria. Acesso em: 18 mai.
2014.
60
(FATTORELLI, 2012, p. 25). De acordo com o texto deste Caderno, estas somas incidem
apenas sobre o orçamento destinado aos gastos sociais, mas resguarda os gastos com a dívida,
o que resulta em compressão dos gastos sociais.
O próximo tópico tem como eixo os royalties do petróleo, que, na discussão do Fundo
e Orçamento Públicos de Rio das Ostras, constitui-se no diferencial que projetou o município
para 3ª posição no ranking dos que possuem maior arrecadação de royalties no Brasil,
lembrando-se que royalties são receitas constitutivas do Fundo Público.
Por que os royalties são Fundo Público? Os royalties são receitas recolhidas pelo
Estado que incidem sobre a produção da mercadoria petróleo e gás, e outras mercadorias que
deles derivam. Esta produção se dirige ao atendimento das demandas de energia. No Brasil, o
Estado até 1997, detinha o monopólio desta atividade, por meio da Petrobras. Neste mesmo
acionista majoritário é o governo brasileiro, [...] empresa integrada de energia nos seguintes
setores: exploração e produção, refino, comercialização, transporte, petroquímica, distribuição
[...], gás natural, energia elétrica, gás-química e biocombustíveis39. Sobre sua produção a
Petrobras afirma que,
36
BRASIL. Senado Federal. Superávit primário. In: Senado notícias. Brasília (DF): Senado Federal, s.d.
Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/noticias/entenda-o-assunto/superavit>. Acesso em: 21 mai. 2014.
37
BRASIL. Emenda constitucional nº 9, de 09 de novembro de 1995. Dá nova redação ao art. 177 da
Constituição Federal, alterando e inserindo parágrafos. Diário Oficial da União. Brasília, 10 nov. 1995.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc09.htm>. Acesso em: 20
abr. 2014.
38
PETROBRAS. Memória Petrobras. Disponível em: <http://memoria.petrobras.com.br/depoentes/lincoln-
rumenos-guardado/quebra-o-monopolio-estatal-do-petroleo#.U2pvGoFdWSo>. Acesso em: 21 abr. 2014.
39
PETROBRAS. Perfil. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/>. Acesso em: 22
abr. 2014.
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Mesmo sendo a Petrobras uma empresa estatal, é uma empresa de produção, onde
trabalhadores especializados na atividade petrolífera, vendem ao Estado, sua força de
trabalho. Tem-se que, a valorização do capital (neste caso, o capital estatal é majoritário) se
realiza no seio da indústria produtiva, quando os trabalhadores, na divisão sócio técnica do
trabalho, em contato com os meios de produção e as matérias-primas, transformam a natureza
em valores úteis, no caso da sociedade capitalista, estes valores de uso são
concomitantemente, valores de troca. O valor de troca, é o equivalente que possibilita
equiparar qualquer trabalho socialmente produzido. Neste processo, em que ocorre a
valorização do capital, é preciso que fique claro que, esta valorização somente ocorre através
do tempo de trabalho dispendido na produção. É através deste trabalho excedente não pago,
que o capital, tanto privado quanto estatal, se apropria da mais-valia extraordinária, donde
decorre a valorização do capital.
Esta explicação é necessária, para que se torne clara a ideia de que, royalties como
parte constitutiva do Fundo Público na categoria de Receita Patrimonial, é na realidade Valor
e Valor é tempo de trabalho. Por isto, a produção de riquezas oriundas da produção de
petróleo é riqueza socialmente construída.
Os royalties não devem ser interpretados como uma compensação sobre os impactos
negativos do adensamento causado pela acelerada dinâmica de crescimento das
áreas produtoras de petróleo e gás natural. Afinal, existem instrumentos clássicos
para isso: o adensamento provoca um incremento na renda que se reverte em uma
maior base de arrecadação. Alternativamente, os royalties distribuídos aos estados e
municípios têm como função equacionar um problema de justiça intergeracional, ou
seja, compensá-los de uma trajetória econômica baseada em um recurso não-
renovável, por isso a necessidade de atrelar sua aplicação a investimentos pró-
diversificação produtiva. (LEAL; SERRA, 2003, p. 163 grifos no original).
Assim, a forma royalties é a via pela qual a sociedade, é compensada pelas possíveis
consequências da exploração deste recurso, mineral e não renovável. Os royalties deveriam,
portanto, reverter-se em bens e serviços direcionados à satisfação das necessidades sociais da
sociedade. Eis aí uma contradição.
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PETROBRAS. Nossas atividades, áreas de atuação, exploração e produção de petróleo e gás. Disponível
em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/exploracao-e-producao-de-petroleo-e-
gas/>. Acesso em: 23 abr. 2014.
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Esta é a grande questão que permeia todo este trabalho de pesquisa, a contradição.
Contradição é uma das categorias centrais da análise marxiana da realidade. A contradição é
como o ar, está em tudo, está em todos, é parte constitutiva da dinâmica capitalista e portanto,
atravessa a vida dos sujeitos, desde o primeiro ao último momento da sua breve passagem
pelo mundo. É tão óbvia41 que talvez por isso, exista despercebida, ou se disfarce entre as
necessidades humanas, as tecnologias, a poluição visual, sonora e a poluição ideológica
principalmente. Vê-la e encará-la de frente é como desafiar um gigante.
Mas de que contradição se trata? A contradição aqui discutida é a que funda toda a
desigualdade social causada pelo modo de produzir do capital, e as relações sociais daí
provenientes. E por isso, é difícil saber por onde começar. Deste modo, o resgate de alguns
determinantes históricos, pode auxiliar na identificação da dinâmica do capitalismo, na
Região Norte Fluminense, e com ela a exponenciação das contradições da sociedade
burguesa.
Porque a contradição se esconde? Esse ocultamento da essência de sua natureza, é um
mecanismo de defesa que o capital desenvolveu, para possibilitar sua permanência o quanto seja
possível aos homens suportá-lo. E funciona, entranhada nas relações sociais, pois não há como
ausentar-se das relações sociais, mesmo isolando-se, o isolamento ainda é uma relação social.
Relação social, é parte do salto ontológico que o homem processou consigo mesmo, e com a
natureza a partir do momento em que, suas necessidades o moveram a transformá-la sob seus
desejos, sob sua teleologia. É nesta relação social, que os homens desenvolveram consigo
mesmos, com seus pares e com a natureza, e que é nesta sociedade, que a contradição encontra
os meios de que precisa para manter-se oculta, mesmo estando diante dos olhos dos homens.
Marx explica que, durante o processo de produção, a mercadoria é ainda um corpo
inanimado, um produto do trabalho do homem, sobre uma matéria prima, extraída da
natureza, que ainda é dominada pelo homem. Entretanto, neste modo de produção capitalista,
1996, v. I, p. 33), é uma relação social velada, pois os meios de produção passam a exercer a
personalidade do capital por meio da propriedade privada.
Assim, não é o trabalhador que usa os meios de produção, senão que, os meios de
produção é que usam o trabalhador para cumprir seus propósitos. Neste processo de produção,
41
Sobre o óbvio consultar Darcy Ribeiro (1986).
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senão, que é uma construção humana, que se realizou mediante determinações também
históricas. É a dialética. As ações dos homens sobre a natureza e as implicações dessas ações
em retorno, da natureza já transformada, agora em reação ao homem, sobre ele. Nem o
homem nem a natureza já são os mesmos após a ação de um sobre o outro, o que
consequentemente leva ao desenvolvimento de novas determinações.
Marx explica que, com o desenvolvimento das forças produtivas, o dinheiro e os
meios de produção, se valorizam por meio da exploração do trabalho assalariado. A
determinação histórica, encontra-se em que, para que tudo isso fosse possível, a concentração
de riqueza na gênese do capitalismo, se deu por todo tipo de meios fraudulentos, que
culminaram na expropriação dos meios de produção de subsistência dos trabalhadores. Marx
analisa estes processos como a conversão do feudalismo em capitalismo. Marx, com precisão
cirúrgica, incide sobre o segredo do processo, e assevera que,
Uma mercadoria não parece tornar-se dinheiro porque todas as outras mercadorias
representam nela seus valores, mas, ao contrário, parecem todas expressar seus
valores nela porque ela é dinheiro. O movimento mediador desaparece em seu
próprio resultado e não deixa atrás de si nenhum vestígio. As mercadorias
encontram, sem nenhuma colaboração sua, sua própria figura de valor pronta, como
um corpo de mercadoria existente fora e ao lado delas. Essas coisas, ouro e prata,
tais como saem das entranhas da terra, são imediatamente a encarnação direta de
todo o trabalho humano. Daí a magia do dinheiro. A conduta meramente atomística
dos homens em seu processo de produção social e, portanto, a figura reificada de
suas próprias condições de produção, que é independente de seu controle e de sua
ação consciente individual, se manifesta inicialmente no fato de que seus produtos
de trabalho assumem em geral a forma mercadoria. O enigma do fetiche do dinheiro
é, portanto, apenas o enigma do fetiche da mercadoria, tornado visível e ofuscante.
(MARX, 1996, v. I, 216-217).
Nisto, reside o ocultamento da contradição, que está em todos os lugares, entre todas
as pessoas como se fosse natural, mas de natural nada possui. Esta é a contradição que quer
explicitar esta pesquisa em relação à saúde, eviscerá-la e deixá-la exposta aos olhos de quem a
quiser olhar.
Em finais da década de 1970, a Petrobras instala uma sede de exploração e produção,
para a Bacia de Campos em Macaé. Nesta data, Rio das Ostras existia como distrito do
município de Casimiro de Abreu, situação em que permaneceu até 1992. Nesta época, a
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legislação42 petrolífera que vigorava, era a mesma desde 1953, estabelecida na Era Vargas
por ocasião do processo de industrialização, e da necessidade da exploração de minerais
(matérias primas), que suprissem as necessidades de abastecimento, tanto de energia como de
matérias primas para a indústria.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),
A criação do CNP [Conselho Nacional do Petróleo Conselho Nacional do Petróleo],
pelo Decreto-Lei n° 395, de 29 de abril de 1938, representou a primeira iniciativa
consistente do Estado brasileiro de regulação do setor petrolífero. Constituiu o ponto
final de um processo que, iniciado com a promulgação da Lei de Minas de 1921, se
tornou mais tenso a partir de 1933, com o conflito entre empresários e grupos
técnicos do Estado em torno da exploração do petróleo no país, e culminou com a
vitória das posições nacionalistas, sustentadas sobretudo por segmentos do Exército.
(FGV, s.d.)43
A tensão política, está sempre vinculada aos interesses conflitantes, por isso,
O CNP foi concebido como um órgão colegiado, composto pelos ministros das três
Forças Armadas, os ministros da Fazenda e do Trabalho, Indústria e Comércio, e
representantes de sindicatos da indústria e do comércio. Suas decisões sempre
obedeceram à orientação preponderante de seu presidente, nomeado pela Presidência
da República, e eram passíveis de veto por parte dos ministros militares. Seu corpo
técnico, constituído sobretudo após 1941, viria a constituir a fonte mais importante
de recursos humanos para a Petrobras. (FGV, s.d.)44.
Assim,
A legislação promulgada por ocasião da criação do CNP previa a imediata
nacionalização de todas as atividades já em curso (basicamente, pequenas refinarias)
e o estrito controle governamental sobre todos os aspectos da indústria do petróleo.
Ainda que se previsse a participação do setor privado, por meio de concessões para a
exploração e o refino, a amplitude dos controles governamentais deixava clara a
opção estatizante. (FGV, s.d.)45
42
Neste trabalho, resgatou-se apenas as Leis que de algum modo resultaram em transformações ou trouxeram
impactos diretos sobre a região analisada. Retrospectivas mais detalhadas sobre a legislação de exploração
mineral no Brasil, consultar: CASTAÑEDA FILHO, R.M. Atuação do IBGE na questão dos royalties do
petróleo. In: IBGE. Diretoria de Geociências. Coordenação de Geodésia. Seminário Royalties do Petróleo e
Gás Natural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. IBGE/ECG/TCE-RJ, 2009. Disponível em:
<http://www.ecg.tce.rj.gov.br/royalties-do-petroleo-e-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro>. Acesso em 02 fev.
2014; além de Nader (2009) e Silva (2012).
43
FGV. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. CEPDOC. Diretrizes do Estado Novo (1937 - 1945) - Conselho
Nacional do Petróleo. Rio de Janeiro / São Paulo: Fundação Getúlio Vargas (FGV), s.d. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/EstadoEconomia/ConselhoPetroleo>. Acesso
em: 02 fev. 2014.
44
Idem a referência da nota de rodapé anterior.
45
Idem a referência da nota de rodapé 42.
65
46
Idem a referência da nota de rodapé 42.
47
Onshore on.shore adj 1 em terra, terrestre. 2 que se dirige à praia. Adv 1 na direção do litoral. 2
WEISZFLOG, W. (Ed.). Verbete onshore. In: Michaelis Moderno Dicionário Inglês. Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/ingles/index.php?lingua=ingles-portugues&palavra=onshore>. Acesso
em: 02 mar. 2014.
48
PETROBRAS. Memória Petrobras. Disponível em: <http://memoria.petrobras.com.br/depoentes/decio-
fabricio-oddone-da-costa/cnp-e-a-exploraao-e-produao-de-petroleo#.UxDAweNdWSo>. Acesso em: 02 fev.
2014.
49
Estes campos de exploração estão localizados na Bacia de Campos.
50
Offshore off.shore adj 1 a pouca distância da praia. 2 (vento) que sopra da praia. 3 Com proteção de
regulamentação fiscal (ao largo): diz-se de empresa que não está sujeita à regulamentação do país em que opera.
WEISZFLOG, W. (Ed.). Verbete offshore. In: Michaelis Moderno Dicionário Inglês. Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/ingles/index.php?lingua=ingles-portugues&palavra=offshore>. Acesso
em: 02 mar. 2014.
66
Como aqui interessa localizar Rio das Ostras, dentro dos critérios estabelecidos para o
recebimento dos royalties, a definição mais adequada para a Bacia de Campos é a da Agência
Nacional do Petróleo (ANP), conforme aponta o autor,
[...] há diversas definições para Bacia de Campos, pois, tanto instituições públicas e
privadas como empresas possuem definições diversificadas para esse termo. Alguns
apontam que a Bacia de Campos é formada pelos municípios da Zona de Produção
Principal de Petróleo (Armação dos Búzios, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes,
Carapebus, Casimiro de Abreu, Macaé, Quissamã, Rio das Ostras e São João da
Barra) definida pela Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP apud,
NADER, 2009, p. 129, grifos no original).
[...] Considera-se como zona de produção principal de uma dada área de produção
petrolífera marítima, o Município confrontante e os Municípios onde estiverem
localizadas 3 (três) ou mais instalações dos seguintes tipos: I - instalações industriais
para processamento, tratamento, armazenamento e escoamento de petróleo e gás
natural, excluindo os dutos; II - instalações relacionadas às atividades de apoio à
exploração, produção e ao escoamento do petróleo e gás natural, tais como: portos,
51
RIO DE JANEIRO. (Estado). Governo do Estado do Rio de Janeiro Mapa de localização dos blocos de
exploração e campos de... Disponível em: <MULTITERMINAIS_7com_linhas_junho2_2011 (2)>. Acesso
em:09/03/2014.
52
me de uma cidade próxima ou acidente geográfico é
54
BRASIL. Lei nº 7.525, de 22 de julho de 1986. Diário Oficial da União, 23 jul. 1986
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7525.htm>. Acesso em: 13 maio 2014.
68
Mapa 2. Distância dos poços em relação a Rio das Ostras: Bacia de Campos, 2009
Brasileiro S/A - Petrobras. A nova empresa foi responsável pela execução do monopólio
estatal do petróleo para pesquisa, exploração, refino do produto nacional e estrangeiro,
s.d.)56. A mesma lei dispôs sobre a
Política Nacional do Petróleo, definiu as atribuições do Conselho Nacional do Petróleo e
instituiu a Sociedade Anônima.
985, da Lei 7453, que permitiu que 37
municípios fluminenses recebessem um percentual sobre o petróleo extraído [...] na Bacia de
9). Com o aporte destes recursos e desde as descobertas do
petróleo em águas profundas, os processos de transformação pelos quais passa a região são
profundamente acelerados e passam a exigir legislação com mais especificidades.
55
TN PETRÓLEO. Petrobras encontra mais petróleo leve-na Bacia de-Campos. In: TN Petróleo. Rio de Janeiro,
Disponível em: <http://tnpetroleo.com.br/noticia/petrobras-encontra-mais-petroleo-leve-na-bacia-de-campos/>.
Acesso em: 13 mai. 2014.
56
PETROBRAS. Governança corporativa. Instrumentos de Governança. Lei de criação da Petrobras.
Disponível em: <http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/governanca-corporativa/instrumentos-de-
governanca/lei-de-criacao-da-petrobras>. Acesso em: 13 maio 2014.
69
57
Como as palavras da figura encontram-se indefinidas devido à resolução em que foi criada a imagem,
nomeamos aqui os municípios, na ordem que segue do primeiro, acima, ao último, abaixo, correspondendo
àqueles que são costeiros das Regiões Norte Fluminense e Baixada Litorânea: 1. Presidente Kennedy; 2. São
Francisco de Itabapoana; 3. São João da Barra; 4. Campos dos Goytacazes; 5. Quissamã; 6. Carapebus; 7.
Macaé; 8. Rio das Ostras; 9. Casimiro de Abreu; 10. Cabo Frio; 11. Armação de Búzios e 12. Arraial do Cabo. A
posição dos municípios em relação às linhas é que define os valores que cada município receberá em royalties.
58
MORAES, R. Problemas na produção de petróleo no campo de Roncador afetará receita de royalties de SJB e
Campos. In: Blog do Roberto Moraes. Disponível em: <http://www.robertomoraes.com.br/2015/04/problemas-
na-producao-de-petroleo-no.html>. Acesso em: 22 set. 2015.
59
Lei n° 7.525, 22 de julho de 1986: Art. 3º. A área geoeconômica de um Município confrontante será definida a
partir de critérios referentes às atividades de produção de uma dada área de produção petrolífera marítima e a
impactos destas atividades sobre áreas vizinhas. (BRASIL, 1986 apud CASTAÑEDA FILHO, 2009, p. 6).
60
CASTAÑEDA FILHO, R.M. Atuação do IBGE na questão dos royalties do petróleo. In: IBGE. Diretoria de
Geociências. Coordenação de Geodésia. Seminário Royalties do Petróleo e Gás Natural do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro. IBGE / ECG/TCE-RJ, 2009. Disponível em: <http://www.ecg.tce.rj.gov.br/royalties-do-petroleo-
e-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 02 fev 2014.
70
A Lei 7990/8963, ainda vigora, juntamente com a Lei 9.478/9764, a nova Lei do
Petróleo, (BRASIL, 1989; 1997) considerada um marco na história das leis que regeram a
61
indústria de petróleo no Brasil. Isto porque ela encerra o monopólio estatal sobre a exploração
do petróleo, cria a Agência Nacional do Petróleo e o Conselho Nacional de Política
Energética, bem como as participações especiais, que estão vinculadas à ocorrência de grande
volume de produção, ou de grande rentabilidade. A Nova Lei do Petróleo confere relevância
ao aporte de royalties às regiões produtoras, imprimindo vulto aos Orçamentos Municipais e
transformando radicalmente as realidades locais, o que aumenta, vertiginosamente, na região,
a desigualdade entre os municípios, que recebem grandes quantidades de recursos
provenientes dos royalties e os que recebem pouco ou mesmo os que não recebem royalties.
O quadro 1, apresentado a seguir, sintetiza o histórico da legislação petrolífera no
Brasil, com destaque para alterações sofridas pelos royalties. Todas as leis apresentadas
possuem em comum a característica de favorecer a concentração de renda em determinadas
regiões do país. E, de fato, o primeiro relatório de observação do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social (CEDES), concluiu, em 2009, que existem
discrepâncias que agravam a concentração de recursos em apenas alguns municípios
brasileiros, o que acentua, gravemente, os níveis de desigualdade a que são submetidos os que
não são privilegiados por estes critérios de distribuição de recursos gerados comoo recursos
nacionais pertencentes à União. Assim,
Para compreender essas discrepâncias é preciso considerar certas características dos
principais repasses destinados às unidades locais. As transferências com origem na
partilha da receita de tributos arrecadados pela União e pelos estados representam a
principal fonte de recursos para a maioria dos municípios do país. Dentre as
mesmas, se destacam a cota-parte do ICMS, o FPM e os royalties e compensações
financeiras pela exploração de petróleo, recursos hídricos e minerais . (BRASIL,
2009, p. 36)65.
65
BRASIL. Presidência da República. Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CEDES).
Observatório da Equidade. Indicadores de equidade do Sistema Tributário Nacional: relatório de observação,
n.1. Brasília: Presidência da República, Observatório da Equidade, 2009a. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/0906_Indicadores_de_Equidade_Sistema_TN_Relatorio_Observa
cao_01.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2014.
72
66
Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Petrobras50anos. Acesso em: 02 fev. 2014.
67
Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/K215270.pdf. Acesso em: 02 fev
2014.
68
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1980-1988/L7453.htm. Acesso em: 02 fev. 2014.
69
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7525.htm. Acesso em: 02 fev. 2014.
70
Não foram encontradas referências à esta lei, a fim de que pudesse ser lida integralmente. Foram identificadas
referências em autores consultados para a elaboração deste quadro, mas não há especificação de alterações.
71
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7990.htm. Acesso em: 02 fev. 2014.
72
Disponível em: http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_04.02.2010/art_177_.shtm.
Acesso em: 02 fev. 2014.
73
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9478.htm. Acesso em: 13 jul. 2014.
74
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12734.htm. Acesso em:13 jul.
2014.
73
A menção deste relatório, nos auxilia a pensar o caso dos municípios que recebem
royalties, pois a indústria foi implantada com recursos federais, a produção é realizada a partir
da exploração mineral e, portanto, de um patrimônio público da União, mas os recursos daí
provenientes, não são repartidos de modo equânime entre os municípios, o que ocorre da
seguinte forma:
A distribuição da cota-parte do ICMS entre as prefeituras, em grande medida,
privilegia aspectos econômicos posto que ¾ da cota são alocados com base no valor
adicionado pelo município. Assim, uma pequena cidade com uma grande indústria
vai receber um elevado montante de ICMS per capita. Critérios devolutivos também
orientam a repartição dos royalties uma vez que somente têm direito aos repasses
os municípios onde estão localizadas as atividades de exploração de petróleo,
recursos hídricos e minerais. Já o FPM tem caráter redistributivo, mas não leva em
conta nem a capacidade de geração de recursos próprios nem outras modalidades de
transferências recebidas pelos municípios. O tamanho da população é tomado como
parâmetro para a distribuição de recursos do fundo. Em decorrência, não é rara uma
situação onde uma prefeitura, que já é contemplada com elevados montantes de
ICMS e royalties per capita, também receber altas somas de FPM por habitante caso
a mesma seja pouco populosa. (BRASIL, 2009, p. 36, grifos nossos)75.
Como pode ser visto, a distribuição dos recursos possui pesos e medidas diferentes, o
que privilegia alguns municípios em detrimento de muitos outros, mas a desigualdade não
para aí, pois de acordo com o CDES, as contradições reveladas no ICMS ocorrem porque:
Sendo o ICMS distribuído com base em critérios devolutivos, não é de se estranhar
que os 20% municípios mais pobres tenham recebido, em média, R$ 74,00 por
habitante, enquanto os 20% mais ricos foram contemplados com R$ 613,00. O
mesmo se aplica aos royalties onde esses indicadores alcançaram R$ 7,00 e R$
142,00, respectivamente. A grande questão é que o FPM não cumpre um papel
equalizador. A prova disso é que aos 20% mais pobres foram repassados, em média,
R$ 190,00 por habitante, já o extremo mais rico recebeu R$ 289,00 per capita.
(BRASIL, 2009, p. 36-37, grifos nossos) 76.
Diante destas explicações, comprova-se mais uma vez que, os critérios de distribuição
dos recursos, privilegiam a acumulação, favorecendo o aumento da desigualdade. Para o
CDES,
A cobrança do ICMS na origem gera iniquidades entre os orçamentos per capita
estaduais e municipais. Isto porque a produção costuma ser mais concentrada
regionalmente que o consumo. Dos 7,1% do PIB arrecadados com o ICMS em 2007,
mais da metade (55,5%) coube aos quatro estados da região Sudeste. Em contraste,
aos noves estados do Nordeste coube uma fatia de 14,8%. A receita per capita média
do ICMS gerada no Sudeste superou em 2,6 vezes o montante médio do Nordeste.
Nos municípios, quanto mais concentrada é a produção em determinadas
localidades, maiores são as distâncias entre os valores de repasses do ICMS por
habitante. Mesmo as capitais, onde costumam se localizar as principais atividades
produtivas do estado, receberam menos que um pequeno município com uma grande
indústria instalada em seu território. (BRASIL, 2009, p. 36-37, grifos nossos) 77.
75
Idem referência da nota de rodapé 64.
76
Idem referência da nota de rodapé 64.
77
Idem referência da nota de rodapé 64.
74
Ora, partindo das conclusões a que o relatório chegou, é possível afirmar que, qualquer
alteração na distribuição de renda entre os municípios, que vise minimizar as desigualdades
sociais, requer modificações estruturais, que alterem estes critérios de repasse dos recursos,
tanto aos Estados quanto aos municípios, caso contrário continuaremos com o fenômeno de
concentração de renda em poucos municípios o que acentua a desigualdade social no Brasil.
O universo de municípios no Brasil, é atualmente integrado por 5.564 Unidades
Federativas Municipais. Entre eles, os cinco municípios que mais recebem royalties do
petróleo e Gás no Brasil, são respectivamente: Campos dos Goytacazes, Macaé, Rio das
Ostras, Cabo Frio e Quissamã, localizados no Estado do Rio de Janeiro, nas Regiões Norte
Fluminense e das Baixadas Litorâneas (PIZZOL; FERRAZ, 2010).
Além dos royalties, a exploração e produção de petróleo implicam em outras receitas,
como por exemplo, as participações especiais e os royalties excedentes que estão entre:
5% e 10% do valor da produção, corresponde aos royalties excedentes (pelo art. 49
da Lei nº 9.478/97); e ainda, as Participações Especiais (pela Lei nº 9.478/97, art.
50: O edital e o contrato estabelecerão que, nos casos de grande volume de
produção, ou de grande rentabilidade, haverá o pagamento de uma, a ser
regulamentada em decreto do Presidente da República ). (IBAM, 2009, p. 21).78.
78
IBAM. INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIAL. Programa de Desenvolvimento
Institucional das Administrações Locais (PDIAL). [Territórios simultaneamente beneficiados por Programas
Federais e por pagamentos de royalties decorrentes de exploração de petróleo e gás natural]. Subsídios para o
aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento sustentável: proposição das áreas de atuação no estado do
Rio de Janeiro, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/royalties_rjaneiro.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2014.
79
Confrontante: Lei n° 7.5 Art. 2º. Para os efeitos da indenização calculada
sobre o valor do óleo de poço ou de xisto betuminoso e do gás natural extraído da plataforma continental,
consideram-se confrontantes com poços produtores os Estados, Territórios e Municípios contíguos à área
marítima delimitada pelas linhas de projeção dos respectivos limites territoriais até a linha de limite da
75
80
IBAM. INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIAL. Programa de Desenvolvimento
Institucional das Administrações Locais (PDIAL). [Territórios simultaneamente beneficiados por Programas
Federais e por pagamentos de royalties decorrentes de exploração de petróleo e gás natural]. Subsídios para o
aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento sustentável: proposição das áreas de atuação no estado do
Rio de Janeiro, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/royalties_rjaneiro.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2014.
81
Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/apresentacaopresal-120314135408-
phpapp01/95/apresentacao-presal-23-728.jpg?cb=1331733989>. Acesso em:
76
A exploração de petróleo offshore no Brasil teve início nos finais da década de 1960,
em águas rasas conforme aparece na figura abaixo, mas somente após as descobertas na Bacia
de Campos, pela magnitude do seu potencial, é que as tecnologias de exploração em águas
profundas foram desenvolvidas.
Assim,
O início da indústria do petróleo ocorreu em terra durante a segunda metade do
século XIX. A tecnologia para produção de petróleo em mar só foi viabilizada com a
crise do canal de Suez em 1956 e em seguida a criação da OPEP, quando ocorreram
Com o que foi informado, conclui-se que: o Brasil, possui reservas de petróleo e gás, e
as explora em quatro ambientes distintos em terra, no mar em águas rasas, em águas
profundas e em águas ultra profundas, no caso o Pré-Sal. As figuras, apresentadas a seguir,
permitem ilustrar esta questão da profundidade das bacias.
Sobre a exploração em águas rasas, é possível observar na figura 1 abaixo, que o corte
utiliza uma escala em unidades de quilômetros. Logo, se conclui que a plataforma está fixada
em terras subaquáticas de cerca de 300 metros de profundidade. A exploração e produção em
águas rasas, permite a utilização de plataformas fixas como também demonstra a figura 1.
A exploração em águas profundas, como ocorre na Bacia de Campos, pode ser vista na
figura 2, apresentada a seguir, que mostra o desenvolvimento e o avanço da tecnologia de
extração e produção de petróleo submarina, ano a ano e as profundidades alcançadas pela
tecnologia para ela desenvolvida. Estas profundidades, configuram a exploração e produção
em águas profundas, que chegam a 2.000 metros de profundidade na lâmina de água, e só a
partir daí começam as perfurações do solo subaquático, que levam ao alcance das reservas. É
o caso da Bacia de Campos.
82
LEAL, G.; MELLO, U. Projeto do navio III. In: UFRJ. Engenharia naval e oceânica. [Anchor Handling Tug
Supply Vessel (AHTS)], s.d. Disponível em:
<http://www.deno.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/atuais/GuilhermeL+Ursula/relat1/Relatorio01.
htm>. Acesso em: 11 mar. 2014.
77
85
Fonte: UENF, s.d.
83
Na figura 1, no quadro acima e à esquerda, lê-se, de acordo com a numeração: 1. Reservatórios de petróleo e
gás esgotados; 2. Melhoramento de petróleo e recuperação com uso de CO²; 3. Formações salinas profundas - (a)
mar (b) em terra; 4. CO² na recuperação avançada de metano de origem mineral. Já, no quadro superior e à
direita: Petróleo ou gás produzido; CO² injetado e CO² armazenado respectivamente. (tradução própria e livre).
84
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO. Laboratório de
Engenharia e Exploração de Petróleo. Programa de Formação de Recursos Humanos. In: Linhas de pesquisa:
Engenharia de Exporação de Petróleo. Campos dos Goitacazes: UENF, s.d. Disponível em:
<http://uenf.br/cct/lenep-prh20anp/linhas-de-pesquisa/>. Acesso em: 11 mar. 2014.
85
Idem à referência que consta na nota de rodapé anterior.
78
86
COELHO, P. tipos de plataformas de petróleo. In: ENGQUIMICASANTOSSP. Petróleo: história, teoria de
formação e extração. Santos (SP), 30 jul. 2012. Disponível em:
<http://www.engquimicasantossp.com.br/2012/07/petroleo.htmlhttp://www.engquimicasantossp.com.br/2012/07
/petroleo.html>. Acesso em: 11 mar. 2014.
79
Fonte: WIKIGEO87.
O objetivo pelo qual foram trazidas todas estas informações e todas estas iilustrações é
de que o leitor possa, a partir deste texto, alcançar uma noção básica, mas ao mesmo tempo
global sobre o tema dos royalties do petróleo. Além do mais, para que o assunto possa ser
discutido, é preciso que se saiba o que
-Sal, província petrolífera que atravessa a
Bacia de Campos em sua totalidade. Ademais, para questionar a dialética existente entre
Bacia de Campos, royalties, Rio das Ostras e Pré-Sal, e estabelecer uma reflexão crítica sobre
esta realidade é preciso conhecer e continuar a conhecer incessantemente a relação entre o
geral e o particular que se apresenta neste cenário.
A Bacia de Campos, que já desfrutava de prestígio diante do poder público e do
empresariado (nacional e estrangeiro), com a descoberta do Pré-Sal, teve os olhos
gananciosos do capital mundial, se voltando para a região onde se encontra situada Rio das
Ostras. Rio das Ostras? No tempo em que havia ostras, ainda era bucólica, ali viviam
pescadores, ali estavam os artesãos, os nativos se cumprimentavam sentados à tarde nas
calçadas das suas choupanas. Talvez Rio das Ostras tenha desaparecido, junto com suas ostras
que não existem mais. Fez as malas e se foi levando, junto, a joaninha, a baleia, a tartaruga, os
87
Disponível: http://wikigeo.pbworks.com/w/page/36435679/Camada%20Pr%C3%A9-Sal. Acesso 11 mar.
2014
80
88
DIÁRIO do pré-sal. O que é o pré-sal. In: Diário do pré-sal. Disponível em:
https://diariodopresal.wordpress.com/o-que-e-o-pre-sal/. Acesso em: 17 jan. 2014.
81
89
GASNET. O perfil da Bacia de Campos. In: GasNet: o site do gás natural. Geral; Atualidades, 31 mar. 2005.
Disponível em: <http://gasnet.com.br/conteudo/314>. Acesso em: 17 jan. 2014.
90
Algumas observações importantes sobre estes dados devem ser aqui ressaltadas A composição de receitas de
royalties, se expressa da seguinte forma90: a soma final entre as frações que derivam de A + B + C, onde A
corresponde à transferêcias da União, composta respectivamente de: Compensação Financeira de Recursos
Hídricos; Compensação Financeira de Recursos; Compensação Financeira pela Exploração do Petróleo, Xisto e
Gás Natural; royalties pela Produção; royalties pelo excedente da Produção; Participação Especial e Fundo
Especial do Petróleo B corresponde às Transferências do Estado e é a Cota-Parte Royalties pela Produção
(25% da Quota Produção do Estado) e finalmente C que corresponde a Outras Compensações Financeiras.
Observação 1: a consulta ao site do TCE/RJ, onde estão disponíveis as informações referentes à prestação de
contas dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, deve levar em consideração que, a pesquisa de um ano
qualquer, exemplo 2007, é realizada no ano seguinte, ou seja, em 2008, portanto, se o ano que se deseja
pesquisar é o do exercício que corresponde a 2007, logo o ano indicado no site deve ser o ano de 2008, caso
contrário, o documento que aparecerá não corresponderá ao ano de exercício desejado.
Observação 2: no documento de prestação de contas do exercício de 2004, o elemento Aplicações Financeiras, é
incorporado à somatória de valores compósitos dos royalties, e expressa diferença nas receitas destes recursos,
de modo que, passou a ser composta entre as somas dos elementos I, II, III e VI, respectivamente.
Observação 3: no documento referente ao exercício de 2007, o elemento Compensação Financeira pela
Exploração do Petróleo, Xisto e Gás Natural traz a discriminação de que, este elemento nesse período,
corresponde a até 5% da produção.
Observação 4: A arrecadação de receitas de royalties, é sujeita às oscilações do mercado mundial do petróleo, e
da economia global de forma geral. Assim, a conjuntura de crise ou crescimento, pode influenciar no aumento ou
diminuição da arrecadação destes recursos.
82
Propiciar ao leitor o maior número de informações que foi possível acessar, durante a
realização desta pesquisa, é uma preocupação que está fundada no compromisso desta
pesquisa com o projeto ético político do Serviço Social, ao qual se vincula esta pesquisadora.
Por isto, disponibilizamos os dados encontrados no TCE/RJ e no Info Royalties, cujos
esforços na área da pesquisa, relativa ao petróleo e seus impactos em todas as esferas da
sociedade, se expressam pela produção cientifico-acadêmica que se encontra disponível no
site. A tabela 4, apresentada a seguir, é gerada no sistema do site, cujas informações são
eleitas pelo visitante conforme os interesses que o movem. No caso desta fonte de pesquisa,
constam os valores dos royalties e de participação especais e, neste caso, especificamente, se
incluiu os anos anteriores (desde 1999), para que se possa acompanhar a evolução do
município na arrecadação desta receita, lembrando, no entanto, que esta pesquisa se deteve
apenas ao período entre os anos 2002 a 2012, inclusive.
91
Este valor encontra-se diferente no documento de prestação de contas e nos Estudos socioeconômicos do
TCE-RJ, para o ano 2002. No primeiro documento o valor é expresso como R$160.000,00 (sento e sessenta mil
reais) no segundo, como R$160.300.000,00 (cento e sessenta milhões e trezentos mil reais). Como o segundo
valor expressa a tendência da arrecadação em milhões, esse foi o valor escolhido para compor o quadro. É
preciso sinalizar que estas diferenças, desrespeitam o princípio da exatidão, que aconselha que todos os
documentos de prestação de contas apresentem os mesmos valores, para que a exatidão seja uma constante.
83
Tabela 3. Royalties, com atualização monetária para agosto de 2015 pelo IGP-DI
(FGV)92, e número de habitantes: Rio das Ostras/RJ, 2002-2012
Royalties em Reais (milhões) com Habitantes
Ano Royalties em Reais (milhões) atualização monetária Agosto de
2015 (milhares)
Fonte: TCE; site oficial da Prefeitura de Rio das Ostras e Bano Central do Brasil (Elaboração própria).
Tabela 4. Royalties e participações especiais em valores correntes: Rio das Ostras, 1999-
2012
92
Cálculo realizado mediante a calculadora do cidadão de BCB. BRASIL. Banco Central do Brasil.
Calculadora do cidadão. s.d. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibir
FormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=3> Acesso em 03 set. 2015.
93
São válidas as mesmas observações já destacadas na nota de rodapé 88.
84
94
Cálculo realizado mediante a calculadora do cidadão de BCB. BRASIL. Banco Central do Brasil.
Calculadora do cidadão. s.d. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibir
FormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=3> Acesso em 03 set. 2015.
85
as fontes de receitas se ampliam, pois, o ente passa a cobrar impostos sobre todas as melhorias
que os investimentos proporcionaram, a partir da aplicação dos recursos arrecadados. As
outras fontes de arrecadação são: o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto
de Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI), impostos que, segundo a Constituição
Federal, são de competência municipal (Título VI, Capítulo I, Art. 156). (BRASIL, 1988)95.
4. Por que a arrecadação de royalties não acompanha a execução orçamentária? A
execução orçamentária, é incrementada por sofrer alterações que, tendenciam elevar-se devido
aos impactos causados pelo que foi explicado na consideração anterior, ou seja, quanto mais
investimentos no município, mais se ampliam as fontes de receitas, permitindo um alargamento
das perspectivas orçamentárias a cada ano. Como as fontes de arrecadação de royalties somente
se alteram com a alteração da legislação, ou sob circunstancias específicas como as crises, que
interferem no mercado mundial do petróleo e derivados, a arrecadação poderá aumentar ou
diminuir. Há ainda, a possibilidade de se abrirem novos poços na região da Bacia de Campose
do Pré-sal, e isso elevaria as possibilidades de arrecadação deste recurso. Como essas questões
não se alteram frequentemente, a arrecadação segue uma tendência a estabilidade, e com o
esgotamento da atividade a tendência é o declive da arrecadação.
Gráfico 4. Execução orçamentária anual, royalties e população: Rio das Ostras, 2002-
2012
105676
700.000.000,00 96622 100.000
POPULAÇÃO - MILHARES
400.000.000,00 70.000
300.000.000,00 60.000
4781049870
200.000.000,00 402484202445755 50.000
100.000.000,00 40.000
0,00 30.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
2002-2012
Habitantes Royalties em Reais (milhões) Execução Orçamentária
Fonte: TCE-RJ/IBGE (Elaboração: Renato dos Santos Veloso, Vania M. Sierra (NEGI-UERJ) e Adriana Pérez).
95
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 10 fev. 2014.
86
Ora, tendo até aqui, localizado pelo menos parcialmente a importância dos royalties na
dinâmica que, desviou o rumo histórico do tímido desenvolvimento que ocorria em Rio das
Ostras, nas décadas de 1980/1990, para este desenvolvimento que pode ser comparado a um
fenômeno nacional em termos de crescimento econômico e populacional, faz-se necessário
esclarecer ainda, o que são os royalties conceitualmente. Por isso, a busca conceitual, aqui
pretendida, objetiva resgatar a origem e o desenvolvimento histórico desta fonte de receita.
Esse resgate é pautado na dialética da história, e é o que importa neste caso, pela discussão
sobre a composição do Fundo Público e do Orçamento Público. Afinal, as peças
orçamentárias têm composições com diferentes especificidades, dependendo, portanto, da
região da análise em desenvolvimento. Os royalties constituem-se num diferencial da
composição orçamentária, tanto em Rio das Ostras, quanto em quaisquer dos municípios que
recebem estes recursos de tão altas cifras.
Os royalties, podem ser observados tanto do ponto de vista da perspectiva crítica,
como da perspectiva conservadora. Portanto, seguem descrições e conceituações de ambos
os modos pensar este recurso. Para o IBGE, os royalties,
previstas em lei (Art. n.º 20 da Constituição Federal de 1988), devidas aos entes federativos
. (CASTAÑEDA
97
FILHO, 2009, p. 3) .
A definição dada pelo Senado Federal para os royalties é a seguinte:
Royalty é uma palavra de origem[98] inglesa que se refere a uma importância cobrada
pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre
96
PIQUET, R. Impactos da indústria do petróleo no Norte Fluminense. In: HERCULANO, S. (Org.) Impactos
sociais, ambientais e urbanos das atividades petrolíferas: o caso de Macaé (RJ). Niterói: Programa de Pós-
Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense, 2011 Disponível em:
<http://www.uff.br/macaeimpacto/OFICINAMACAE/pdf/11_RoseliaPiquet.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2014.
97
CASTAÑEDA FILHO, R.M. Atuação do IBGE na questão dos Royalties do Petróleo. In: IBGE. Diretoria de
Geociências. Coordenação de Geodésia. Seminário Royalties do Petróleo e Gás Natural do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro. IBGE / ECG/TCE-RJ, 2009. Disponível em: <http://www.ecg.tce.rj.gov.br/royalties-do-petroleo-
e-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 08 mar. 2014.
98
Originou-se na Inglaterra, no século XV. FRANCISCO, W. de C. Pré-sal Royalties. Brasil Escola.
Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/presalroyalties.htm>28 fev. 2014.
87
outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização[99]. No
caso do petróleo, os royalties são cobrados das concessionárias que exploram a
matéria-prima, de acordo com sua quantidade[100]. O valor arrecadado fica com o
poder público. Segundo a atual legislação brasileira, estados e municípios produtores
além da União têm direito à maioria absoluta dos royalties do petróleo. A
divisão atual é de 40% para a União, 22,5% para estados e 30% para os municípios
produtores. Os 7,5% restantes são distribuídos para todos os municípios e estados da
federação. (BRASIL, s.d.)101
e magnit
Para além disso, Leal e Serra (2002, p. 5) explicam que os royalties, possuem dupla
99
de o Estado instituir e possibilitar a cobrança de royalties é bastante claro: o
100
Durante os estudos para a escrita deste trabalho, verificou-se que a qualidade do óleo também influi na
cobrança de royalties. Óleos mais leves encontram maior aceitação no mercado, alteram o preço dos barris
elevando também a cobrança dos royalties.
101
BRASIL. Senado Federal. Roaylties. In: Agência Senado de notícias. Brasília (DF): Senado Federal, s.d.
Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/agencia/infos/ inforoyalties_.htm> Acesso em: 27 fev.2014
88
102
IBAM INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIAL. Programa de Desenvolvimento
Institucional das Administrações Locais (PDIAL). [Territórios simultaneamente beneficiados por Programas
Federais e por pagamentos de royalties decorrentes de exploração de petróleo e gás natural]. Subsídios para o
aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento sustentável: proposição das áreas de atuação no estado
do Rio de Janeiro, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/royalties_rjaneiro.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2014
103
erais e os potenciais
de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto 6).
vação regressiva de lavrar) subs. fem. 1. Ato de lavrar. 2. Arte, ação, maneira de mobilizar o solo;
lavoura. 3. O trabalho de extração de metais. 4. Laboração. 5. Estabelecimento monástico, com celas separadas
umas das outras. 7. Terreno de mineração. 8. Nome com que, no Rio Grande Do Sul, se designam as lavouras de
In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:
<http://www.priberam.pt/dlpo/lavra>. Acesso em: 11 mar. 2014.
89
SERRA, 2002, p.7), ou seja, se as jazidas, fontes de exploração são patrimônio público, logo,
as receitas daí provenientes são receitas patrimoniais.
Quanto às receitas patrimoniais, o Manual de Procedimentos das Receitas Públicas104,
as conceituam da seguinte forma:
Receita Patrimonial É o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos
do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de mercado e
outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes. [...]
Receita Patrimonial - Registra o valor total da arrecadação da receita patrimonial
referente ao resultado financeiro da fruição do patrimônio, seja decorrente de bens
imobiliários ou mobiliários, seja de participação societária. (BRASIL, 2006, p.21;
99).
atendem; quais os reais beneficiados com o recebimento dos royalties do petróleo; etc.
No ano de 2007, o Pré-Sal foi descoberto e anunciado pela Petrobras. A descoberta do
Pré-Sal, representa uma nova dimensão nos níveis nacional, estadual e municipal para as
arrecadações de royalties. As estimativas avaliadas chegam a cifras astronômicas conforme
demonstrado pelos Estudos sobre o Pré-Sal Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (IEDI) e do Instituto Talento Brasil:
A descoberta de importantes jazidas de petróleo na Bacia de Santos reforça a
importância dessas questões para o Brasil. Juntos, o campo de Tupi e o pré-sal Pão
de Açúcar adicionariam de 38 bilhões a 43 bilhões [105] de barris às reservas
brasileiras de petróleo, o que colocaria o país entre os dez mais ricos em petróleo do
mundo [...]. A elevação da participação do setor na economia nacional [106] e do
104
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Receitas públicas: manual de
procedimentos aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 3.ed. Brasília: Secretaria do Tesouro
Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2006. Disponível em: <http://www.gestaofinancaspublicas.
ufc.br/ARTIGO%20-%20Manual_Receitas 3edicao. pdf. Acesso em: 10 fev. 2014.
105
as quais, a capacidade do campo de Tupi atingiria 5 bilhões a 8 bilhões de barris e a do Pré-Sal, cerca de 33
bilhões de barris. A International Energy Agency, em maio de 2008, entretanto, avaliou o total das novas jazidas
Valor Econômico, 9 de novembro
Valor Econômico, 15 de abril de 2008 e
Valor Econômico
2008, p. 47). Disponível em: <http://www.apn.org.br/apn/images/stories/documentos/estudos-sobre-o-
presal.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2014
106
Brasil na produção total, num contexto pouco otimista para a expansão da oferta de
petróleo no mundo, tem justificado as iniciativas do governo federal em rever os
mecanismos de tributação e sua participação nas rendas do setor. (CAGNIN;
CINTRA, 2008, 47).107
Neste documento são apresentados resultados de distintos estudos, sendo que foi
realizado um exercício de estimativa da arrecadação de royalties, para o ano de 2020, com
base em metodologias específicas para este de projeções das estimativas, tanto do mercado de
petróleo para o Brasil quanto para as arrecadações em royalties, sendo afirmado que,
Mesmo reconhecendo os limites de um exercício desta natureza, especialmente no
que concerne à evolução da taxa de câmbio, os resultados dos cenários revelam que
a arrecadação anual de royalties esperada poderia oscilar entre R$ 16 bilhões (ao
câmbio médio anual de R$ 2 o dólar e ao preço médio anual do brent 109 de 40 US$
por barril) e R$ 101,44 bilhões (ao câmbio médio de R$ 3 o dólar e ao preço médio
de 160 US$ o barril). No primeiro caso, que configura o cenário mais conservador
estabelecido, a arrecadação em 2020 já apresentaria um incremento significativo,
quando comparada aos patamares arrecadados no ano de 2007 (R$7,5 bilhões), se
mostrando 115% maior. No outro extremo, a arrecadação estimada para 2008 seria
1.254% superior à observada em 2007.
Em ambos os casos, é possível observar um importante incremento no orçamento
dos estados e municípios beneficiários das arrecadações de royalties. Mas, para que
esses recursos se traduzam em reais benefícios, é necessário que haja uma melhor
administração dos mesmos, visando o favorecimento do desenvolvimento
econômico tanto na escala nacional, quanto na escala local. (PINTO JUNIOR;
GRUPO DE ECONOMIA DA ENERGIA - IE/UFRJ, 2008, p. 91)110.
110
Mesma referência da nota de rodapé n. 107.
111
BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Modelo regulatório do Pré-Sal. In: ______. Destaques do setor de
energia. Brasília, 27 ago. 2009b. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/destaques-do-setor-de-
energia/pre-sal>. Acesso em: 02 fev. 2014.
92
Entre tantas questões, que se levantam na complexa polêmica sobre a repartição desses
recursos, pode-se perguntar, por exemplo, se mediante o porte da descoberta anunciada, os
royalties, continuarão a ser distribuídos apenas entre os mesmos estados e municípios.
Também por esse motivo, é possível entender quando Leal e Serra (2002, p. 2 grifos
nossos), ao discutirem os fundamentos econômicos da repartição espacial dos royalties no
uma desproporção entre a relevância da matéria e o alcance do
debate
Hoje, diante das proporções reveladas pela descoberta do Pré-sal, muito mais que
naquela época, a discussão se faz necessária. Mas, sem que houvesse, em âmbito nacional, a
socialização das informações, e um debate democrático, a respeito do significado dos
royalties e sobre a importância do sistema de repartição destes recursos, a decisão que se
impôs é regida por critérios que atendem aos interesses políticos e econômicos do capital. É
necessário saber que, para além do modo como os royalties são repartidos no Brasil, existem
outras formas, outros sistemas de repartição, praticados em outros países.
112
BRASIL. Governo do Brasil. Nota sobre o Pré-sal e o campo de Libra: Estado Brasileiro e suas empresas
deterão 85% de toda a renda a ser produzida pelo Campo de Libra. In: ______. Governo. 2013. Brasília, 21 out.
2013b. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/governo/2013/10/nota-sobre-o-pre-sal-e-o-campo-de-libra>.
Acesso em: 02 fev. 2014.