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Tanto Behring quanto Salvador defendem a análise crítica desse mecanismo, e é


necessário, portanto, conhecer qual a análise conservadora, para identificá-la mais claramente.
Eis aqui o parecer do Grupo de Estudos e Pesquisas do Senado35 sobre a DRU.
[...] o governo federal que defende a desvinculação, com o argumento de que seria
imprescindível para preservar a estabilidade econômica, possibilitar o ajuste fiscal e
conferir maior flexibilidade à gestão do orçamento da União. [...] A desvinculação
de receitas tornou-se necessária para enfrentar o problema do elevado grau de
comprometimento de receitas no orçamento geral da União. Tais vinculações
implicam uma grande inflexibilidade na alocação de recursos públicos, que tem sido
apontada como um sério problema de gestão governamental, já que prejudica tanto a
execução das políticas públicas quanto o uso dos instrumentos de política fiscal. [...]
a base de cálculo da DRU passou de R$ 755,6 bilhões para R$ 526,5 bilhões, em
2010, e o valor desvinculado foi de R$ 105,3 bilhões [...] A parcela de 20% das
contribuições sociais, majoritariamente vinculadas à seguridade social, passa a poder
ser alocada em qualquer despesa. Com isso, o aumento dos recursos de livre
alocação é de R$ 46,6 bilhões. Esse é o principal efeito da DRU: transferir recursos
de contribuições sociais do orçamento da seguridade social para o orçamento fiscal
da União. (DIAS, 2011, p. 5-21).

O contato com distintas análises, sobre a desvinculação das receitas, permite construir
questionamentos e reflexões sobre o assunto. O Grupo de Estudos e Pesquisas do Senado,
afirma em suas conclusões que, não há danos à seguridade, pois os recursos desvinculados
retornam à seguridade. Behring, no entanto, afirma que a incidência da DRU nos recursos da
seguridade tm sido nefasta. A mídia de massa não se acanha em anunciar os níveis de
precarização e sucateamento da saúde, da educação e principalmente de reafirmar a existência

Ora, o que pensar? Como verificar uma ou outra afirmação? Qual a lógica que envolve
este modo de gestão dos recursos? Além de serem os que mais sofrem com as perdas sofridas
pela Seguridade Social, como os trabalhadores poderiam acessar estes conhecimentos? Como
se organizar para pressionar o poder público a atentar para suas necessidades?

Superávit Primário
O Senado define Superávit primário como
despesas do governo, excetuando gastos com pagamento de juros. Nas contas do governo, o
36
.

35
DIAS, F.A.C. Desvinculação de receitas da União, ainda necessária? Desvinculação de receitas da união,
ainda necessária? Textos para Discussão, n. 103. Brasília (DF): Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado
Federal, out 2011 Estudo disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-
estudos/textos-para-discussao/td-103-desvinculacao-de-receitas-da-uniao-ainda-necessaria. Acesso em: 18 mai.
2014.
60

(FATTORELLI, 2012, p. 25). De acordo com o texto deste Caderno, estas somas incidem
apenas sobre o orçamento destinado aos gastos sociais, mas resguarda os gastos com a dívida,
o que resulta em compressão dos gastos sociais.
O próximo tópico tem como eixo os royalties do petróleo, que, na discussão do Fundo
e Orçamento Públicos de Rio das Ostras, constitui-se no diferencial que projetou o município
para 3ª posição no ranking dos que possuem maior arrecadação de royalties no Brasil,
lembrando-se que royalties são receitas constitutivas do Fundo Público.

1.3 A desmistificação urgente e necessária dos royalties

Por que os royalties são Fundo Público? Os royalties são receitas recolhidas pelo
Estado que incidem sobre a produção da mercadoria petróleo e gás, e outras mercadorias que
deles derivam. Esta produção se dirige ao atendimento das demandas de energia. No Brasil, o
Estado até 1997, detinha o monopólio desta atividade, por meio da Petrobras. Neste mesmo

Constitucional n. 9, cujo texto37 permite a contratação de empresas públicas ou privadas para


a atividade petrolífera no país38

acionista majoritário é o governo brasileiro, [...] empresa integrada de energia nos seguintes
setores: exploração e produção, refino, comercialização, transporte, petroquímica, distribuição
[...], gás natural, energia elétrica, gás-química e biocombustíveis39. Sobre sua produção a
Petrobras afirma que,

36
BRASIL. Senado Federal. Superávit primário. In: Senado notícias. Brasília (DF): Senado Federal, s.d.
Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/noticias/entenda-o-assunto/superavit>. Acesso em: 21 mai. 2014.
37
BRASIL. Emenda constitucional nº 9, de 09 de novembro de 1995. Dá nova redação ao art. 177 da
Constituição Federal, alterando e inserindo parágrafos. Diário Oficial da União. Brasília, 10 nov. 1995.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc09.htm>. Acesso em: 20
abr. 2014.
38
PETROBRAS. Memória Petrobras. Disponível em: <http://memoria.petrobras.com.br/depoentes/lincoln-
rumenos-guardado/quebra-o-monopolio-estatal-do-petroleo#.U2pvGoFdWSo>. Acesso em: 21 abr. 2014.
39
PETROBRAS. Perfil. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/>. Acesso em: 22
abr. 2014.
61

A exploração e a produção de petróleo e gás natural são atividades centrais da nossa


empresa. Buscamos aumentar nossas reservas e desenvolver a produção para
garantir o atendimento à crescente demanda de energia. Com a tecnologia e a
persistência de nossos empregados, atravessamos desafios que um dia pareciam
impossíveis, como as águas profundas da Bacia de Campos, nos anos 1970. Hoje, a
produção do pré-sal, em águas ultraprofundas, já é uma realidade consolidada. Por
isso, continuamos sempre em busca da próxima fronteira, ampliando de forma
sustentável nossa atuação em áreas com grande potencial de exploração e
produção40.

Mesmo sendo a Petrobras uma empresa estatal, é uma empresa de produção, onde
trabalhadores especializados na atividade petrolífera, vendem ao Estado, sua força de
trabalho. Tem-se que, a valorização do capital (neste caso, o capital estatal é majoritário) se
realiza no seio da indústria produtiva, quando os trabalhadores, na divisão sócio técnica do
trabalho, em contato com os meios de produção e as matérias-primas, transformam a natureza
em valores úteis, no caso da sociedade capitalista, estes valores de uso são
concomitantemente, valores de troca. O valor de troca, é o equivalente que possibilita
equiparar qualquer trabalho socialmente produzido. Neste processo, em que ocorre a
valorização do capital, é preciso que fique claro que, esta valorização somente ocorre através
do tempo de trabalho dispendido na produção. É através deste trabalho excedente não pago,
que o capital, tanto privado quanto estatal, se apropria da mais-valia extraordinária, donde
decorre a valorização do capital.
Esta explicação é necessária, para que se torne clara a ideia de que, royalties como
parte constitutiva do Fundo Público na categoria de Receita Patrimonial, é na realidade Valor
e Valor é tempo de trabalho. Por isto, a produção de riquezas oriundas da produção de
petróleo é riqueza socialmente construída.
Os royalties não devem ser interpretados como uma compensação sobre os impactos
negativos do adensamento causado pela acelerada dinâmica de crescimento das
áreas produtoras de petróleo e gás natural. Afinal, existem instrumentos clássicos
para isso: o adensamento provoca um incremento na renda que se reverte em uma
maior base de arrecadação. Alternativamente, os royalties distribuídos aos estados e
municípios têm como função equacionar um problema de justiça intergeracional, ou
seja, compensá-los de uma trajetória econômica baseada em um recurso não-
renovável, por isso a necessidade de atrelar sua aplicação a investimentos pró-
diversificação produtiva. (LEAL; SERRA, 2003, p. 163 grifos no original).

Assim, a forma royalties é a via pela qual a sociedade, é compensada pelas possíveis
consequências da exploração deste recurso, mineral e não renovável. Os royalties deveriam,
portanto, reverter-se em bens e serviços direcionados à satisfação das necessidades sociais da
sociedade. Eis aí uma contradição.

40
PETROBRAS. Nossas atividades, áreas de atuação, exploração e produção de petróleo e gás. Disponível
em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/exploracao-e-producao-de-petroleo-e-
gas/>. Acesso em: 23 abr. 2014.
62

Esta é a grande questão que permeia todo este trabalho de pesquisa, a contradição.
Contradição é uma das categorias centrais da análise marxiana da realidade. A contradição é
como o ar, está em tudo, está em todos, é parte constitutiva da dinâmica capitalista e portanto,
atravessa a vida dos sujeitos, desde o primeiro ao último momento da sua breve passagem
pelo mundo. É tão óbvia41 que talvez por isso, exista despercebida, ou se disfarce entre as
necessidades humanas, as tecnologias, a poluição visual, sonora e a poluição ideológica
principalmente. Vê-la e encará-la de frente é como desafiar um gigante.
Mas de que contradição se trata? A contradição aqui discutida é a que funda toda a
desigualdade social causada pelo modo de produzir do capital, e as relações sociais daí
provenientes. E por isso, é difícil saber por onde começar. Deste modo, o resgate de alguns
determinantes históricos, pode auxiliar na identificação da dinâmica do capitalismo, na
Região Norte Fluminense, e com ela a exponenciação das contradições da sociedade
burguesa.
Porque a contradição se esconde? Esse ocultamento da essência de sua natureza, é um
mecanismo de defesa que o capital desenvolveu, para possibilitar sua permanência o quanto seja
possível aos homens suportá-lo. E funciona, entranhada nas relações sociais, pois não há como
ausentar-se das relações sociais, mesmo isolando-se, o isolamento ainda é uma relação social.
Relação social, é parte do salto ontológico que o homem processou consigo mesmo, e com a
natureza a partir do momento em que, suas necessidades o moveram a transformá-la sob seus
desejos, sob sua teleologia. É nesta relação social, que os homens desenvolveram consigo
mesmos, com seus pares e com a natureza, e que é nesta sociedade, que a contradição encontra
os meios de que precisa para manter-se oculta, mesmo estando diante dos olhos dos homens.
Marx explica que, durante o processo de produção, a mercadoria é ainda um corpo
inanimado, um produto do trabalho do homem, sobre uma matéria prima, extraída da
natureza, que ainda é dominada pelo homem. Entretanto, neste modo de produção capitalista,

1996, v. I, p. 33), é uma relação social velada, pois os meios de produção passam a exercer a
personalidade do capital por meio da propriedade privada.
Assim, não é o trabalhador que usa os meios de produção, senão que, os meios de
produção é que usam o trabalhador para cumprir seus propósitos. Neste processo de produção,

obediência a uma finalidade a do lucro qu . I, p. 34). Neste

41
Sobre o óbvio consultar Darcy Ribeiro (1986).
63

processo, os meios de produção absorvem as energias do homem, exaurindo-o ao limite, e sua


vitalidade converte-se também em mercadoria.
Neste processo está a alienação, onde o homem passa a estranhar o produto do seu
trabalho, distanciando-se da humanização que sua criação deveria proporcionar-lhe. É

senão, que é uma construção humana, que se realizou mediante determinações também
históricas. É a dialética. As ações dos homens sobre a natureza e as implicações dessas ações
em retorno, da natureza já transformada, agora em reação ao homem, sobre ele. Nem o
homem nem a natureza já são os mesmos após a ação de um sobre o outro, o que
consequentemente leva ao desenvolvimento de novas determinações.
Marx explica que, com o desenvolvimento das forças produtivas, o dinheiro e os
meios de produção, se valorizam por meio da exploração do trabalho assalariado. A
determinação histórica, encontra-se em que, para que tudo isso fosse possível, a concentração
de riqueza na gênese do capitalismo, se deu por todo tipo de meios fraudulentos, que
culminaram na expropriação dos meios de produção de subsistência dos trabalhadores. Marx
analisa estes processos como a conversão do feudalismo em capitalismo. Marx, com precisão
cirúrgica, incide sobre o segredo do processo, e assevera que,
Uma mercadoria não parece tornar-se dinheiro porque todas as outras mercadorias
representam nela seus valores, mas, ao contrário, parecem todas expressar seus
valores nela porque ela é dinheiro. O movimento mediador desaparece em seu
próprio resultado e não deixa atrás de si nenhum vestígio. As mercadorias
encontram, sem nenhuma colaboração sua, sua própria figura de valor pronta, como
um corpo de mercadoria existente fora e ao lado delas. Essas coisas, ouro e prata,
tais como saem das entranhas da terra, são imediatamente a encarnação direta de
todo o trabalho humano. Daí a magia do dinheiro. A conduta meramente atomística
dos homens em seu processo de produção social e, portanto, a figura reificada de
suas próprias condições de produção, que é independente de seu controle e de sua
ação consciente individual, se manifesta inicialmente no fato de que seus produtos
de trabalho assumem em geral a forma mercadoria. O enigma do fetiche do dinheiro
é, portanto, apenas o enigma do fetiche da mercadoria, tornado visível e ofuscante.
(MARX, 1996, v. I, 216-217).

Nisto, reside o ocultamento da contradição, que está em todos os lugares, entre todas
as pessoas como se fosse natural, mas de natural nada possui. Esta é a contradição que quer
explicitar esta pesquisa em relação à saúde, eviscerá-la e deixá-la exposta aos olhos de quem a
quiser olhar.
Em finais da década de 1970, a Petrobras instala uma sede de exploração e produção,
para a Bacia de Campos em Macaé. Nesta data, Rio das Ostras existia como distrito do
município de Casimiro de Abreu, situação em que permaneceu até 1992. Nesta época, a
64

legislação42 petrolífera que vigorava, era a mesma desde 1953, estabelecida na Era Vargas
por ocasião do processo de industrialização, e da necessidade da exploração de minerais
(matérias primas), que suprissem as necessidades de abastecimento, tanto de energia como de
matérias primas para a indústria.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),
A criação do CNP [Conselho Nacional do Petróleo Conselho Nacional do Petróleo],
pelo Decreto-Lei n° 395, de 29 de abril de 1938, representou a primeira iniciativa
consistente do Estado brasileiro de regulação do setor petrolífero. Constituiu o ponto
final de um processo que, iniciado com a promulgação da Lei de Minas de 1921, se
tornou mais tenso a partir de 1933, com o conflito entre empresários e grupos
técnicos do Estado em torno da exploração do petróleo no país, e culminou com a
vitória das posições nacionalistas, sustentadas sobretudo por segmentos do Exército.
(FGV, s.d.)43

A tensão política, está sempre vinculada aos interesses conflitantes, por isso,
O CNP foi concebido como um órgão colegiado, composto pelos ministros das três
Forças Armadas, os ministros da Fazenda e do Trabalho, Indústria e Comércio, e
representantes de sindicatos da indústria e do comércio. Suas decisões sempre
obedeceram à orientação preponderante de seu presidente, nomeado pela Presidência
da República, e eram passíveis de veto por parte dos ministros militares. Seu corpo
técnico, constituído sobretudo após 1941, viria a constituir a fonte mais importante
de recursos humanos para a Petrobras. (FGV, s.d.)44.
Assim,
A legislação promulgada por ocasião da criação do CNP previa a imediata
nacionalização de todas as atividades já em curso (basicamente, pequenas refinarias)
e o estrito controle governamental sobre todos os aspectos da indústria do petróleo.
Ainda que se previsse a participação do setor privado, por meio de concessões para a
exploração e o refino, a amplitude dos controles governamentais deixava clara a
opção estatizante. (FGV, s.d.)45

Estas foram as questões que, permearam os debates em torno do tema da mineração,


Contudo, seja pela pouca confiança do próprio presidente Vargas em uma solução
completamente estatal, seja por seu desejo de evitar áreas de atrito com o governo
norte-americano [...] a influência dos setores nacionalistas começou a declinar a
partir de 1943. [...] iniciou uma lenta mudança de posição na direção de teses mais
liberais. A manifestação mais clara dessa tendência foi a publicação de editais

42
Neste trabalho, resgatou-se apenas as Leis que de algum modo resultaram em transformações ou trouxeram
impactos diretos sobre a região analisada. Retrospectivas mais detalhadas sobre a legislação de exploração
mineral no Brasil, consultar: CASTAÑEDA FILHO, R.M. Atuação do IBGE na questão dos royalties do
petróleo. In: IBGE. Diretoria de Geociências. Coordenação de Geodésia. Seminário Royalties do Petróleo e
Gás Natural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. IBGE/ECG/TCE-RJ, 2009. Disponível em:
<http://www.ecg.tce.rj.gov.br/royalties-do-petroleo-e-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro>. Acesso em 02 fev.
2014; além de Nader (2009) e Silva (2012).
43
FGV. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. CEPDOC. Diretrizes do Estado Novo (1937 - 1945) - Conselho
Nacional do Petróleo. Rio de Janeiro / São Paulo: Fundação Getúlio Vargas (FGV), s.d. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/EstadoEconomia/ConselhoPetroleo>. Acesso
em: 02 fev. 2014.
44
Idem a referência da nota de rodapé anterior.
45
Idem a referência da nota de rodapé 42.
65

prevendo concessões para a instalação de refinarias privadas no Rio de Janeiro e em


São Paulo. Em fins de 1946 [...]. (FGV, s.d.)46

Esta legislação previa o pagamento de royalties apenas sobre a produção onshore47.


Com os avanços sequentes, fez-se necessária a modificação desta lei. Neste contexto, de
disputas e tensão política (MARINI, 2000, p. 193), e devido à expansão da produção e dos
interesses aí envolvidos, a lei é al
responsável pela exploração e produção de petróleo no Brasil, função posteriormente entregue
48

Em 1986, foi criado o Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas


(PROCAP), que, por meio das inovações tecnológicas e descobertas realizadas, tornou a
Petrobras líder internacional em tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas.
A estratégia desse programa consistia essencialmente em esticar a trajetória
tecnológica dos SPF para profundidades cada vez maiores. Contudo, para adequar os
SPF às condições muito mais difíceis das águas profundas, era necessário alcançar
um domínio muito maior sobre essa tecnologia. A estratégia do programa consistia
em absorver a tecnologia existente internacionalmente para depois redesenhá-la,
adicionando melhoramentos e modificações para poder adaptá-la para as novas
condições de produção. Dessa forma, o projeto básico das plataformas semi-
submersíveis, pronto para operar nos campos gigantes de Marlim e Albacora49, foi
adquirido de uma firma estrangeira (GONTIJO FILHO, 2011, p. 29).

Com o desenvolvimento da produção offshore50, a legislação passa a requerer


modificações consistentes, das quais falaremos mais adiante. Mas, Bacia de Campos, o que é?
Uma descrição técnica pode auxiliar a compreensão do que é a Bacia de Campos. Neste
trecho, os termos estão localizados dentro de um contexto social e também geográfico, a fim
de sanar, pelo menos parcialmente, as dúvidas quanto ao que significa Bacia de Campos, logo

46
Idem a referência da nota de rodapé 42.
47
Onshore on.shore adj 1 em terra, terrestre. 2 que se dirige à praia. Adv 1 na direção do litoral. 2
WEISZFLOG, W. (Ed.). Verbete onshore. In: Michaelis Moderno Dicionário Inglês. Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/ingles/index.php?lingua=ingles-portugues&palavra=onshore>. Acesso
em: 02 mar. 2014.
48
PETROBRAS. Memória Petrobras. Disponível em: <http://memoria.petrobras.com.br/depoentes/decio-
fabricio-oddone-da-costa/cnp-e-a-exploraao-e-produao-de-petroleo#.UxDAweNdWSo>. Acesso em: 02 fev.
2014.
49
Estes campos de exploração estão localizados na Bacia de Campos.
50
Offshore off.shore adj 1 a pouca distância da praia. 2 (vento) que sopra da praia. 3 Com proteção de
regulamentação fiscal (ao largo): diz-se de empresa que não está sujeita à regulamentação do país em que opera.
WEISZFLOG, W. (Ed.). Verbete offshore. In: Michaelis Moderno Dicionário Inglês. Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/ingles/index.php?lingua=ingles-portugues&palavra=offshore>. Acesso
em: 02 mar. 2014.
66

em seguida, a figura51, mostra a Bacia de Campos com os detalhes necessários à apreensão


pretendida
A Bacia de Campos (BC) é uma formação geológica formada há 100 milhões de
anos com o processo de separação dos continentes africano e sul-americano. Essa
região tornou-
sedimentos do Rio Paraíba do Sul no Oceano Atlântico. Esses sedimentos entraram
em processo de decomposição devido à incidência de diversos níveis de pressão e
temperatura, originando as reservas de petróleo e gás natural entre as rochas porosas
no subsolo marinho. Sua denominação é proveniente da proximidade com a cidade
de Campos dos Goytacazes 52, e possui uma área sedimentar de aproximadamente
100 mil km² e áreas submersas a distâncias de até 200 km do litoral em uma
formação denominada de Calcário Macaé.
Entretanto, a atual Lei do Petróleo define a metodologia de repartição dos recursos
provenientes dos royalties e das participações especiais da produção de petróleo e
gás natural através da utilização de critérios percentuais e geográficos, como as
linhas ortogonais53 e paralelas elaboradas pelo IBGE. (NADER, 2009, p.130).

Como aqui interessa localizar Rio das Ostras, dentro dos critérios estabelecidos para o
recebimento dos royalties, a definição mais adequada para a Bacia de Campos é a da Agência
Nacional do Petróleo (ANP), conforme aponta o autor,
[...] há diversas definições para Bacia de Campos, pois, tanto instituições públicas e
privadas como empresas possuem definições diversificadas para esse termo. Alguns
apontam que a Bacia de Campos é formada pelos municípios da Zona de Produção
Principal de Petróleo (Armação dos Búzios, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes,
Carapebus, Casimiro de Abreu, Macaé, Quissamã, Rio das Ostras e São João da
Barra) definida pela Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP apud,
NADER, 2009, p. 129, grifos no original).

Ainda conforme a ANP, nas áreas geoeconômicas, encontra-se três zonas de


importância para os critérios de pagamento de royalties. São elas a Zona Principal, a Zona
Secundária e a Zona Limítrofe. Segue a definição para Zona Principal, na qual se localiza
também Rio das Ostras.

[...] Considera-se como zona de produção principal de uma dada área de produção
petrolífera marítima, o Município confrontante e os Municípios onde estiverem
localizadas 3 (três) ou mais instalações dos seguintes tipos: I - instalações industriais
para processamento, tratamento, armazenamento e escoamento de petróleo e gás
natural, excluindo os dutos; II - instalações relacionadas às atividades de apoio à
exploração, produção e ao escoamento do petróleo e gás natural, tais como: portos,

51
RIO DE JANEIRO. (Estado). Governo do Estado do Rio de Janeiro Mapa de localização dos blocos de
exploração e campos de... Disponível em: <MULTITERMINAIS_7com_linhas_junho2_2011 (2)>. Acesso
em:09/03/2014.
52
me de uma cidade próxima ou acidente geográfico é

apud NADER, 2009).


53
A repartição dos royalties e das participações especiais respeitam dois critérios: um percentual que rege a
divisão a ser recebida por alguns entes federativos (exemplo, 22,5% para estados produtores e 15% para o
Ministério da Marinha); e outro geográfico, no qual as chamadas Linhas Ortogonais contribuem para a definição
do que será arrecadado em função da posição geográfica em relação ao local de produção de petróleo ou gás
natural (DOURADO, s.d., apud NADER, 2009).
67

aeroportos, oficinas de manutenção e fabricação, almoxarifados, armazéns e


escritórios.54.

O mapa 1, a seguir, apresenta as regiões apontando também as zonas de produção


segundo a importância de cada uma.

Mapa 1. Localização das zonas de produção e regiões: Rio de Janeiro, 2007

Fonte: TCE, 2007 (apud, OLIVEIRA, 2008, p.65)

Já o mapa 2, apresentado a seguir, contém a localização dos poços, e a posição do


município de Rio das Ostras em relação a estes poços. Aponta, também, uma das linhas que
informa a proximidade entre a costa e os poços produtores. Por isto, Rio das Ostras está
localizada numa ZP. Já, o mapa 3, apresentado em sequência, mostra linhas ortogonais e
paralelos.

54
BRASIL. Lei nº 7.525, de 22 de julho de 1986. Diário Oficial da União, 23 jul. 1986
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7525.htm>. Acesso em: 13 maio 2014.
68

Mapa 2. Distância dos poços em relação a Rio das Ostras: Bacia de Campos, 2009

Fonte: TN PETRÓLEO, 200955.


Nota: a linha pontilhada que liga o continente à RJS-661 possui 120 km de extensão.

Brasileiro S/A - Petrobras. A nova empresa foi responsável pela execução do monopólio
estatal do petróleo para pesquisa, exploração, refino do produto nacional e estrangeiro,
s.d.)56. A mesma lei dispôs sobre a
Política Nacional do Petróleo, definiu as atribuições do Conselho Nacional do Petróleo e
instituiu a Sociedade Anônima.
985, da Lei 7453, que permitiu que 37
municípios fluminenses recebessem um percentual sobre o petróleo extraído [...] na Bacia de
9). Com o aporte destes recursos e desde as descobertas do
petróleo em águas profundas, os processos de transformação pelos quais passa a região são
profundamente acelerados e passam a exigir legislação com mais especificidades.

55
TN PETRÓLEO. Petrobras encontra mais petróleo leve-na Bacia de-Campos. In: TN Petróleo. Rio de Janeiro,
Disponível em: <http://tnpetroleo.com.br/noticia/petrobras-encontra-mais-petroleo-leve-na-bacia-de-campos/>.
Acesso em: 13 mai. 2014.
56
PETROBRAS. Governança corporativa. Instrumentos de Governança. Lei de criação da Petrobras.
Disponível em: <http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/governanca-corporativa/instrumentos-de-
governanca/lei-de-criacao-da-petrobras>. Acesso em: 13 maio 2014.
69

Mapa 3. Linhas ortogonais e paralelos: poços da Bacia de Campos, 201557

Fonte: MORAES, 201558.

Com isso, houve novas necessidades de mudanças na lei, e o IBGE é introduzido


como instituição responsável por encontrar solução técnica do problema de determinação dos
Estados, Territórios e Municípios a serem indenizados segundo os critérios nela estabelecidos.
As alterações se fazem através da Lei n° 7.525, de 22/07/1986, que,
[...] estende o direito a indenização (royalties) à plataforma continental; [...] introduz
o conceito de projeção dos limites territoriais através de linhas geodésicas
ortogonais à costa e paralelos, para determinação de Estados, Territórios e
Municípios confrontantes a poços produtores; [...] introduz o conceito de áreas
geoeconômicas59; [...] atribuiu ao IBGE a solução técnica do problema de
determinação dos Estados, Territórios e Municípios a serem indenizados segundo os
critérios nela estabelecidos (CASTAÑEDA FILHO, 2009, p. 5)60.

57
Como as palavras da figura encontram-se indefinidas devido à resolução em que foi criada a imagem,
nomeamos aqui os municípios, na ordem que segue do primeiro, acima, ao último, abaixo, correspondendo
àqueles que são costeiros das Regiões Norte Fluminense e Baixada Litorânea: 1. Presidente Kennedy; 2. São
Francisco de Itabapoana; 3. São João da Barra; 4. Campos dos Goytacazes; 5. Quissamã; 6. Carapebus; 7.
Macaé; 8. Rio das Ostras; 9. Casimiro de Abreu; 10. Cabo Frio; 11. Armação de Búzios e 12. Arraial do Cabo. A
posição dos municípios em relação às linhas é que define os valores que cada município receberá em royalties.
58
MORAES, R. Problemas na produção de petróleo no campo de Roncador afetará receita de royalties de SJB e
Campos. In: Blog do Roberto Moraes. Disponível em: <http://www.robertomoraes.com.br/2015/04/problemas-
na-producao-de-petroleo-no.html>. Acesso em: 22 set. 2015.
59
Lei n° 7.525, 22 de julho de 1986: Art. 3º. A área geoeconômica de um Município confrontante será definida a
partir de critérios referentes às atividades de produção de uma dada área de produção petrolífera marítima e a
impactos destas atividades sobre áreas vizinhas. (BRASIL, 1986 apud CASTAÑEDA FILHO, 2009, p. 6).
60
CASTAÑEDA FILHO, R.M. Atuação do IBGE na questão dos royalties do petróleo. In: IBGE. Diretoria de
Geociências. Coordenação de Geodésia. Seminário Royalties do Petróleo e Gás Natural do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro. IBGE / ECG/TCE-RJ, 2009. Disponível em: <http://www.ecg.tce.rj.gov.br/royalties-do-petroleo-
e-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 02 fev 2014.
70

Entre as responsabilidades, delegadas ao IBGE, com relação aos royalties, destaca-se:


I - tratar as linhas de projeção dos limites territoriais dos Estados, Territórios e
Municípios confrontantes, segundo a linha geodésica 61 ortogonal à costa ou segundo
o paralelo até o ponto de sua interseção com os limites da plataforma continental;
Il - definir a abrangência das áreas geoeconômicas, bem como os Municípios
incluídos nas zonas de produção principal e secundária e os referidos no § 3º do art.
4º desta lei, e incluir o Município que concentra as instalações industriais para o
processamento, tratamento, armazenamento e escoamento de petróleo e gás natural;
III - publicar a relação dos Estados, Territórios e Municípios a serem indenizados,
30 (trinta) dias após a publicação desta lei;
IV - promover, semestralmente, a revisão dos Municípios produtores de óleo, com
base em informações fornecidas pela PETROBRAS sobre a exploração de novos
poços e instalações, bem como reativação ou desativação de áreas de produção
(CASTAÑEDA FILHO, 2009, p. 8 grifos no original).

Após as alterações na legislação, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu, no 4º


parág., do art. 18, do cap. I, o pacto municipalista, onde se tornou possível o
desmembramento dos distritos de seus respectivos municípios e, com isso, novos puderam ser
criados. Tendo em vista os recursos derivados do petróleo, que estavam sendo aportados à
região e que continuariam a fluir indefinidamente, as elites locais influenciaram e inflaram a
população em plebiscitos rumo às emancipações municipais (CRUZ, 2003; NADER, 2009;
SILVA, 2012; PÉREZ, 2012). A partir daí o município de Quissamã emancipou-se de Macaé,
em 1989, Rio das Ostras de Casimiro de Abreu, em 1992; Carapebus de Macaé, em 1995; São
Francisco de Itabapoana de Campos, em 1995; Armação dos Búzios de Cabo Frio, em 1995.
A Lei 2004/53, vigorou até 1989, quando entrou, em vigor, a Lei 7990/89, que
[...] institui para os Estados, Distrito Federal e Municípios, a compensação
financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural, [...] para fins de
geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus respectivos territórios,
plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva [...]. (BRASIL,
62
1989) .

A Lei 7990/8963, ainda vigora, juntamente com a Lei 9.478/9764, a nova Lei do
Petróleo, (BRASIL, 1989; 1997) considerada um marco na história das leis que regeram a

61

Geodésica: Linha ou curva de menor comprimento que


une dois pontos de uma . DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa. Verbetes Geodésia /
geodésica. In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:
<http://www.priberam.pt/dlpo/geod%C3%A9sica>. Acesso em: 10 mar. 2014.
62
BRASIL. Lei 7.990, 28 dez.de 1989. Institui, para os Estados, Distrito Federal e Municípios, compensação
financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural ... e dá outras providências. Diário Oficial da
União. Brasília (DF), 29 dez. 1989. Disponível em: <Acesso em: 02 fev. 2014.
63
Idem referência da nota de rodapé anterior.
64
BRASIL. Lei nº 9.478, 6 ago. 1997. Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao
monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e
dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília (DF), 07 ago. 1997. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9478.htm>. Acesso em: 02 fev. 2014.
71

indústria de petróleo no Brasil. Isto porque ela encerra o monopólio estatal sobre a exploração
do petróleo, cria a Agência Nacional do Petróleo e o Conselho Nacional de Política
Energética, bem como as participações especiais, que estão vinculadas à ocorrência de grande
volume de produção, ou de grande rentabilidade. A Nova Lei do Petróleo confere relevância
ao aporte de royalties às regiões produtoras, imprimindo vulto aos Orçamentos Municipais e
transformando radicalmente as realidades locais, o que aumenta, vertiginosamente, na região,
a desigualdade entre os municípios, que recebem grandes quantidades de recursos
provenientes dos royalties e os que recebem pouco ou mesmo os que não recebem royalties.
O quadro 1, apresentado a seguir, sintetiza o histórico da legislação petrolífera no
Brasil, com destaque para alterações sofridas pelos royalties. Todas as leis apresentadas
possuem em comum a característica de favorecer a concentração de renda em determinadas
regiões do país. E, de fato, o primeiro relatório de observação do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social (CEDES), concluiu, em 2009, que existem
discrepâncias que agravam a concentração de recursos em apenas alguns municípios
brasileiros, o que acentua, gravemente, os níveis de desigualdade a que são submetidos os que
não são privilegiados por estes critérios de distribuição de recursos gerados comoo recursos
nacionais pertencentes à União. Assim,
Para compreender essas discrepâncias é preciso considerar certas características dos
principais repasses destinados às unidades locais. As transferências com origem na
partilha da receita de tributos arrecadados pela União e pelos estados representam a
principal fonte de recursos para a maioria dos municípios do país. Dentre as
mesmas, se destacam a cota-parte do ICMS, o FPM e os royalties e compensações
financeiras pela exploração de petróleo, recursos hídricos e minerais . (BRASIL,
2009, p. 36)65.

65
BRASIL. Presidência da República. Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CEDES).
Observatório da Equidade. Indicadores de equidade do Sistema Tributário Nacional: relatório de observação,
n.1. Brasília: Presidência da República, Observatório da Equidade, 2009a. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/0906_Indicadores_de_Equidade_Sistema_TN_Relatorio_Observa
cao_01.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2014.
72

Quadro 1. Histórico das leis do petróleo: Brasil, 1953 a 2012


2.004/5366 03/10/1953 Criou a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobras, empresa de propriedade e controle
totalmente nacionais, com participação majoritária da União, encarregada de
explorar, em caráter monopolista, diretamente ou por subsidiárias, todas as
etapas da indústria petrolífera, menos a distribuição. Ao CNP caberia orientar e
fiscalizar o monopólio da União, sendo reafirmada sua competência para
supervisionar o abastecimento nacional do petróleo.
3.257/5767 - Modifica o art. 27 da Lei 2.004/53 que ordenava o repasse trimestral de 20% dos
Estados e Territórios para os Municípios, todos passam a receber diretamente da
União. 4% para Estados e Territórios e 1% para os Municípios.
7.453/8568 27/12/1985 Os Estados, Territórios e Municípios deverão aplicar os recursos previstos neste
artigo, preferentemente, em energia, pavimentação de rodovias, abastecimento e
tratamento de água, irrigação, proteção ao meio-ambiente e saneamento básico.
É também devida a indenização aos Estados, Territórios e Municípios
confrontantes, quando o óleo, o xisto betuminoso e o gás forem extraídos da
plataforma continental, nos mesmos 5% fixados no caput deste artigo, sendo
1,5% aos Estados e Territórios; 1,5% aos Municípios e suas respectivas áreas
geoeconômicas, 1% [...], e 1% para constituir um Fundo Especial a ser
distribuído entre todos os Estados, Territórios e Municípios.
7.525/8669 22/07/1986 Trata da extensão de limites municipais na plataforma continental. IBGE passa a
elaborar semestre relação de estados/municípios a ser indenizados por meio dos
royalties da produção de petróleo/gás na mesma plataforma continental
94.240/8770 - -
7.990/8971 28/12/1989 Instituiu, para os Estados, Distrito Federal e Municípios, compensação financeira
pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para
fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus respectivos
territórios, plataformas continentais, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
e dá outras providências
Constituição 05/10/1988 Art. 17772 consagra o monopólio estatal da União sobre a pesquisa e a lavra das
Federal 1988 jazidas de hidrocarbonetos; refino de petróleo nacional ou importado; importação
e exportação de petróleo e derivados e transporte conduto de petróleo bruto e gás
e seus derivados. A Lei 2.004/53 permanece inalterada como instrumento
regulatório do setor.
9.478/9773 06/08/1997 Flexibiliza o monopólio estatal do petróleo, cria o Conselho Nacional de Política
Energética.As concessões de exploração [...] passam à responsabilidade da ANP
12.734/201274 30/11/2012 A legislação do Pré-Sal encontra-se em tramitação.
Fonte: Fontes diversas, vide notas de rodapé 63 a 71 (elaboração própria).

66
Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Petrobras50anos. Acesso em: 02 fev. 2014.
67
Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/K215270.pdf. Acesso em: 02 fev
2014.
68
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1980-1988/L7453.htm. Acesso em: 02 fev. 2014.
69
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7525.htm. Acesso em: 02 fev. 2014.
70
Não foram encontradas referências à esta lei, a fim de que pudesse ser lida integralmente. Foram identificadas
referências em autores consultados para a elaboração deste quadro, mas não há especificação de alterações.
71
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7990.htm. Acesso em: 02 fev. 2014.
72
Disponível em: http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_04.02.2010/art_177_.shtm.
Acesso em: 02 fev. 2014.
73
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9478.htm. Acesso em: 13 jul. 2014.
74
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12734.htm. Acesso em:13 jul.
2014.
73

A menção deste relatório, nos auxilia a pensar o caso dos municípios que recebem
royalties, pois a indústria foi implantada com recursos federais, a produção é realizada a partir
da exploração mineral e, portanto, de um patrimônio público da União, mas os recursos daí
provenientes, não são repartidos de modo equânime entre os municípios, o que ocorre da
seguinte forma:
A distribuição da cota-parte do ICMS entre as prefeituras, em grande medida,
privilegia aspectos econômicos posto que ¾ da cota são alocados com base no valor
adicionado pelo município. Assim, uma pequena cidade com uma grande indústria
vai receber um elevado montante de ICMS per capita. Critérios devolutivos também
orientam a repartição dos royalties uma vez que somente têm direito aos repasses
os municípios onde estão localizadas as atividades de exploração de petróleo,
recursos hídricos e minerais. Já o FPM tem caráter redistributivo, mas não leva em
conta nem a capacidade de geração de recursos próprios nem outras modalidades de
transferências recebidas pelos municípios. O tamanho da população é tomado como
parâmetro para a distribuição de recursos do fundo. Em decorrência, não é rara uma
situação onde uma prefeitura, que já é contemplada com elevados montantes de
ICMS e royalties per capita, também receber altas somas de FPM por habitante caso
a mesma seja pouco populosa. (BRASIL, 2009, p. 36, grifos nossos)75.

Como pode ser visto, a distribuição dos recursos possui pesos e medidas diferentes, o
que privilegia alguns municípios em detrimento de muitos outros, mas a desigualdade não
para aí, pois de acordo com o CDES, as contradições reveladas no ICMS ocorrem porque:
Sendo o ICMS distribuído com base em critérios devolutivos, não é de se estranhar
que os 20% municípios mais pobres tenham recebido, em média, R$ 74,00 por
habitante, enquanto os 20% mais ricos foram contemplados com R$ 613,00. O
mesmo se aplica aos royalties onde esses indicadores alcançaram R$ 7,00 e R$
142,00, respectivamente. A grande questão é que o FPM não cumpre um papel
equalizador. A prova disso é que aos 20% mais pobres foram repassados, em média,
R$ 190,00 por habitante, já o extremo mais rico recebeu R$ 289,00 per capita.
(BRASIL, 2009, p. 36-37, grifos nossos) 76.

Diante destas explicações, comprova-se mais uma vez que, os critérios de distribuição
dos recursos, privilegiam a acumulação, favorecendo o aumento da desigualdade. Para o
CDES,
A cobrança do ICMS na origem gera iniquidades entre os orçamentos per capita
estaduais e municipais. Isto porque a produção costuma ser mais concentrada
regionalmente que o consumo. Dos 7,1% do PIB arrecadados com o ICMS em 2007,
mais da metade (55,5%) coube aos quatro estados da região Sudeste. Em contraste,
aos noves estados do Nordeste coube uma fatia de 14,8%. A receita per capita média
do ICMS gerada no Sudeste superou em 2,6 vezes o montante médio do Nordeste.
Nos municípios, quanto mais concentrada é a produção em determinadas
localidades, maiores são as distâncias entre os valores de repasses do ICMS por
habitante. Mesmo as capitais, onde costumam se localizar as principais atividades
produtivas do estado, receberam menos que um pequeno município com uma grande
indústria instalada em seu território. (BRASIL, 2009, p. 36-37, grifos nossos) 77.

75
Idem referência da nota de rodapé 64.
76
Idem referência da nota de rodapé 64.
77
Idem referência da nota de rodapé 64.
74

Ora, partindo das conclusões a que o relatório chegou, é possível afirmar que, qualquer
alteração na distribuição de renda entre os municípios, que vise minimizar as desigualdades
sociais, requer modificações estruturais, que alterem estes critérios de repasse dos recursos,
tanto aos Estados quanto aos municípios, caso contrário continuaremos com o fenômeno de
concentração de renda em poucos municípios o que acentua a desigualdade social no Brasil.
O universo de municípios no Brasil, é atualmente integrado por 5.564 Unidades
Federativas Municipais. Entre eles, os cinco municípios que mais recebem royalties do
petróleo e Gás no Brasil, são respectivamente: Campos dos Goytacazes, Macaé, Rio das
Ostras, Cabo Frio e Quissamã, localizados no Estado do Rio de Janeiro, nas Regiões Norte
Fluminense e das Baixadas Litorâneas (PIZZOL; FERRAZ, 2010).
Além dos royalties, a exploração e produção de petróleo implicam em outras receitas,
como por exemplo, as participações especiais e os royalties excedentes que estão entre:
5% e 10% do valor da produção, corresponde aos royalties excedentes (pelo art. 49
da Lei nº 9.478/97); e ainda, as Participações Especiais (pela Lei nº 9.478/97, art.
50: O edital e o contrato estabelecerão que, nos casos de grande volume de
produção, ou de grande rentabilidade, haverá o pagamento de uma, a ser
regulamentada em decreto do Presidente da República ). (IBAM, 2009, p. 21).78.

É importante explicar, ainda, que estas participações extraordinárias, são,


exclusivamente, para campos de grande produção, onde ocorrem três tipos de zonas,
caracterizadas como espaços geográficos:
1º) a ZPP - Zona de Produção Principal composta pelos litorâneos confrontantes 79 e
aqueles que possuem instalações industriais para processamento e escoamento do petróleo e
do gás, no caso do Estado do Rio de janeiro, são os municípios litorâneos confrontantes com a
Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias e Angra dos Reis. Segundo os
critérios de distribuição destes recursos, estes municípios recebem uma parcela
correspondente a 60% do total dos valores destinados aos municípios.
2º) a ZPS - Zona de Produção Secundária abrange os municípios atravessados por
oleodutos e gasodutos, destinados exclusivamente ao escoamento da produção petrolífera

78
IBAM. INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIAL. Programa de Desenvolvimento
Institucional das Administrações Locais (PDIAL). [Territórios simultaneamente beneficiados por Programas
Federais e por pagamentos de royalties decorrentes de exploração de petróleo e gás natural]. Subsídios para o
aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento sustentável: proposição das áreas de atuação no estado do
Rio de Janeiro, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/royalties_rjaneiro.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2014.
79
Confrontante: Lei n° 7.5 Art. 2º. Para os efeitos da indenização calculada
sobre o valor do óleo de poço ou de xisto betuminoso e do gás natural extraído da plataforma continental,
consideram-se confrontantes com poços produtores os Estados, Territórios e Municípios contíguos à área
marítima delimitada pelas linhas de projeção dos respectivos limites territoriais até a linha de limite da
75

marítima, no estado do Rio de janeiro, são: Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Magé,


Mangaratiba, Silva Jardim e Paraty, cuja parcela corresponde a 10%.
3º) a ZL - Zona Limítrofe é composta por municípios que fazem fronteira ou estão
localizados em mesma área geoeconômica daqueles da zona de produção principal: esse é o
maior grupo, formado por 59 Municípios, que recebem 30% do valor total destinado aos
s de embarque e desembarque de
petróleo e gás recebem mais 10% das concessionárias" (IBAM, 2009, p.22) 80.
Existe uma diferenciação entre óleo leve e óleo pesado, que está na qualidade de cada
um deles, o óleo leve é de melhor qualidade e, portanto, possui melhor aceitação no mercado,
atingindo assim, melhores preços por barril. Consequentemente, os royalties sobre este tipo
de óleo são maiores. As reservas mostradas no mapa 4, abaixo, são as que foram descobertas
até o ano de 2004.

Mapa 4. Novas províncias petrolíferas: Brasil, 2004

Fonte: Apresentação Pré-Sal 81

80
IBAM. INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIAL. Programa de Desenvolvimento
Institucional das Administrações Locais (PDIAL). [Territórios simultaneamente beneficiados por Programas
Federais e por pagamentos de royalties decorrentes de exploração de petróleo e gás natural]. Subsídios para o
aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento sustentável: proposição das áreas de atuação no estado do
Rio de Janeiro, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/royalties_rjaneiro.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2014.
81
Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/apresentacaopresal-120314135408-
phpapp01/95/apresentacao-presal-23-728.jpg?cb=1331733989>. Acesso em:
76

A exploração de petróleo offshore no Brasil teve início nos finais da década de 1960,
em águas rasas conforme aparece na figura abaixo, mas somente após as descobertas na Bacia
de Campos, pela magnitude do seu potencial, é que as tecnologias de exploração em águas
profundas foram desenvolvidas.
Assim,
O início da indústria do petróleo ocorreu em terra durante a segunda metade do
século XIX. A tecnologia para produção de petróleo em mar só foi viabilizada com a
crise do canal de Suez em 1956 e em seguida a criação da OPEP, quando ocorreram

No Brasil a exploração de petróleo na área offshore data de 1968 e ocorreu na Bacia


de Sergipe onde a lâm 1984 a Bacia de
Campos começou a mostrar seu potencial com a descoberta de campos gigantes em

Desde então o aprimoramento de novas tecnologias no setor offshore têm


incentivado
mais profundas. (LEAL; MELLO, s.d.) 82

Com o que foi informado, conclui-se que: o Brasil, possui reservas de petróleo e gás, e
as explora em quatro ambientes distintos em terra, no mar em águas rasas, em águas
profundas e em águas ultra profundas, no caso o Pré-Sal. As figuras, apresentadas a seguir,
permitem ilustrar esta questão da profundidade das bacias.
Sobre a exploração em águas rasas, é possível observar na figura 1 abaixo, que o corte
utiliza uma escala em unidades de quilômetros. Logo, se conclui que a plataforma está fixada
em terras subaquáticas de cerca de 300 metros de profundidade. A exploração e produção em
águas rasas, permite a utilização de plataformas fixas como também demonstra a figura 1.
A exploração em águas profundas, como ocorre na Bacia de Campos, pode ser vista na
figura 2, apresentada a seguir, que mostra o desenvolvimento e o avanço da tecnologia de
extração e produção de petróleo submarina, ano a ano e as profundidades alcançadas pela
tecnologia para ela desenvolvida. Estas profundidades, configuram a exploração e produção
em águas profundas, que chegam a 2.000 metros de profundidade na lâmina de água, e só a
partir daí começam as perfurações do solo subaquático, que levam ao alcance das reservas. É
o caso da Bacia de Campos.

82
LEAL, G.; MELLO, U. Projeto do navio III. In: UFRJ. Engenharia naval e oceânica. [Anchor Handling Tug
Supply Vessel (AHTS)], s.d. Disponível em:
<http://www.deno.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/atuais/GuilhermeL+Ursula/relat1/Relatorio01.
htm>. Acesso em: 11 mar. 2014.
77

Figura 1. Visão geral das opções de armazenamento geológico 83

Fonte: UENF, s.d.84

Figura 2. Avanço da tecnologia de exploração em águas profundas

85
Fonte: UENF, s.d.

83
Na figura 1, no quadro acima e à esquerda, lê-se, de acordo com a numeração: 1. Reservatórios de petróleo e
gás esgotados; 2. Melhoramento de petróleo e recuperação com uso de CO²; 3. Formações salinas profundas - (a)
mar (b) em terra; 4. CO² na recuperação avançada de metano de origem mineral. Já, no quadro superior e à
direita: Petróleo ou gás produzido; CO² injetado e CO² armazenado respectivamente. (tradução própria e livre).
84
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO. Laboratório de
Engenharia e Exploração de Petróleo. Programa de Formação de Recursos Humanos. In: Linhas de pesquisa:
Engenharia de Exporação de Petróleo. Campos dos Goitacazes: UENF, s.d. Disponível em:
<http://uenf.br/cct/lenep-prh20anp/linhas-de-pesquisa/>. Acesso em: 11 mar. 2014.
85
Idem à referência que consta na nota de rodapé anterior.
78

A exploração e produção em águas profundas e ultra profundas, que recebem


interferências diretas das diferentes correntes marinhas e, também, da alta pressão submarina,
exige tecnologias específicas e, portanto, plataformas móveis, como as que se vêem na figura
3, também apresentada em sequência e abaixo, exceto a primeira, que é uma plataforma fixa.
No caso do Pré-Sal, onde o ambiente é de águas ultra profundas, a figura 4, apresentada em
sequência, ilustra o corte e a disposição das camadas sobrepostas e a profundidade onde as
reservas se encontram.

Figura 3. Tipos de Plataformas

Fonte: COELHO, 201286

O pré-sal representa um novo potencial petrolífero para o país, se projetando,


aproximadamente, em 800 quilômetros de extensão e 200 quilômetros de largura em sua parte
mais larga, e chega a mais de sete mil metros abaixo da superfície do mar. Esta camada do
Pré-Sal se estende desde o litoral do Espírito Santo até o de Santa Catarina. Elevará,
significativamente, as reservas de petróleo e gás natural da Petrobras. As áreas descritas,
podem ser melhor visualizadas no mapa 5, apresentado em sequência.

86
COELHO, P. tipos de plataformas de petróleo. In: ENGQUIMICASANTOSSP. Petróleo: história, teoria de
formação e extração. Santos (SP), 30 jul. 2012. Disponível em:
<http://www.engquimicasantossp.com.br/2012/07/petroleo.htmlhttp://www.engquimicasantossp.com.br/2012/07
/petroleo.html>. Acesso em: 11 mar. 2014.
79

Figura 4. Camadas submarinas

Fonte: WIKIGEO87.

O objetivo pelo qual foram trazidas todas estas informações e todas estas iilustrações é
de que o leitor possa, a partir deste texto, alcançar uma noção básica, mas ao mesmo tempo
global sobre o tema dos royalties do petróleo. Além do mais, para que o assunto possa ser
discutido, é preciso que se saiba o que
-Sal, província petrolífera que atravessa a
Bacia de Campos em sua totalidade. Ademais, para questionar a dialética existente entre
Bacia de Campos, royalties, Rio das Ostras e Pré-Sal, e estabelecer uma reflexão crítica sobre
esta realidade é preciso conhecer e continuar a conhecer incessantemente a relação entre o
geral e o particular que se apresenta neste cenário.
A Bacia de Campos, que já desfrutava de prestígio diante do poder público e do
empresariado (nacional e estrangeiro), com a descoberta do Pré-Sal, teve os olhos
gananciosos do capital mundial, se voltando para a região onde se encontra situada Rio das
Ostras. Rio das Ostras? No tempo em que havia ostras, ainda era bucólica, ali viviam
pescadores, ali estavam os artesãos, os nativos se cumprimentavam sentados à tarde nas
calçadas das suas choupanas. Talvez Rio das Ostras tenha desaparecido, junto com suas ostras
que não existem mais. Fez as malas e se foi levando, junto, a joaninha, a baleia, a tartaruga, os

87
Disponível: http://wikigeo.pbworks.com/w/page/36435679/Camada%20Pr%C3%A9-Sal. Acesso 11 mar.
2014
80

caranguejos, as corujas, os guaiamuns, as formigas, a liberdade, a cerveja e os abricós,


deixando em seu lugar um rio, não tão belo quanto a si, mas empretecido como o betume do
preto petróleo, d
junto com as ostras e com o rio, deixando apenas o território enlameado de lodo, onde hoje
habitam os lobos e os mercenários.

Mapa 5. Posição do Pré-Sal: Brasil

Fonte: DIÁRIO do pré-sal (s.d).88


Notas: Onde se lê basin, leia-se bacia. Bacia de Santos, Bacia de Campos, Bacia do Espírito Santo. A tradução
da legenda é a seguinte:
Poços perfurados
Reservatórios do Pré-Sal
Campos
Blocos de Exploração (Tradução livre).

O Programa de Desenvolvimento Institucional das Administrações Locais, assim


como o IBGE e a Petrobras, informam que a Bacia de Campos produz 84% da produção
nacional de petróleo e 45% da produção de gás natural, sendo que
O crescimento registrado nesses anos de produção da Bacia de Campos, permite que
ela possa ser comparada a uma cidade com população em torno de 40 mil pessoas.

88
DIÁRIO do pré-sal. O que é o pré-sal. In: Diário do pré-sal. Disponível em:
https://diariodopresal.wordpress.com/o-que-e-o-pre-sal/. Acesso em: 17 jan. 2014.
81

Esses habitantes, muitos dos quais se revezam em 14 dias de trabalho confinado,


dividem-se por 64 plataformas de perfuração e produção, garantindo uma produção
de 1 milhão 250 mil barris de petróleo por dia, e 17 milhões de metros cúbicos de
gás natural também por dia. A produção de petróleo da Bacia de Campos equivale à
de alguns países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). [...]
Além das plataformas e navios, a complexa rede de produção e escoamento da Bacia
de Campos compreende cerca de 4.200 quilômetros de dutos submarinos. Parte da
produção é escoada por dutovias, desde as plataformas até o terminal de Cabiúnas,
próximo de Macaé, e daí até as refinarias de Duque de Caxias (Reduc) no Rio de
Janeiro e Gabriel Passos (Regap) em Minas Gerais. O restante da produção é
transferido por navios para os terminais de Madre de Deus (BA), de Ilha Grande
(RJ), de São Sebastião (SP), de São Francisco do Sul (SC) e Tramandaí (RS)89.

A seguir são apresentados alguns resultados da pesquisa realizada e que evidenciam as


receitas dos royalties, permitindo estabelecer relações com o número de habitantes e, também,
aplicando-se a correção, para agosto de 2015 (como uma elaboração própria realizada pela
autora desta dissertação) tabelas 2 e 3, apresentadas em sequência90.
Foi possível observar, durante a pesquisa, que, apesar dos esforços em se demonstrar a
realidade em relação à questão dos royalties, por parte dos documentos verificados e da
produção teórica já realizada, nem sempre os dados são idênticos ou coincidem, pois, cada
núcleo de pesquisa tem prioridades ou interesses próprios, que objetivam demonstrar uma
face da realidade. Por isso, os dados se aproximam, mas nem sempre são idênticos. Neste
caso, para efeito de não haver ausência de dados, utilizou-se aqui, por vezes, os dados da
fonte onde este estava disponível.

89
GASNET. O perfil da Bacia de Campos. In: GasNet: o site do gás natural. Geral; Atualidades, 31 mar. 2005.
Disponível em: <http://gasnet.com.br/conteudo/314>. Acesso em: 17 jan. 2014.
90
Algumas observações importantes sobre estes dados devem ser aqui ressaltadas A composição de receitas de
royalties, se expressa da seguinte forma90: a soma final entre as frações que derivam de A + B + C, onde A
corresponde à transferêcias da União, composta respectivamente de: Compensação Financeira de Recursos
Hídricos; Compensação Financeira de Recursos; Compensação Financeira pela Exploração do Petróleo, Xisto e
Gás Natural; royalties pela Produção; royalties pelo excedente da Produção; Participação Especial e Fundo
Especial do Petróleo B corresponde às Transferências do Estado e é a Cota-Parte Royalties pela Produção
(25% da Quota Produção do Estado) e finalmente C que corresponde a Outras Compensações Financeiras.
Observação 1: a consulta ao site do TCE/RJ, onde estão disponíveis as informações referentes à prestação de
contas dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, deve levar em consideração que, a pesquisa de um ano
qualquer, exemplo 2007, é realizada no ano seguinte, ou seja, em 2008, portanto, se o ano que se deseja
pesquisar é o do exercício que corresponde a 2007, logo o ano indicado no site deve ser o ano de 2008, caso
contrário, o documento que aparecerá não corresponderá ao ano de exercício desejado.
Observação 2: no documento de prestação de contas do exercício de 2004, o elemento Aplicações Financeiras, é
incorporado à somatória de valores compósitos dos royalties, e expressa diferença nas receitas destes recursos,
de modo que, passou a ser composta entre as somas dos elementos I, II, III e VI, respectivamente.
Observação 3: no documento referente ao exercício de 2007, o elemento Compensação Financeira pela
Exploração do Petróleo, Xisto e Gás Natural traz a discriminação de que, este elemento nesse período,
corresponde a até 5% da produção.
Observação 4: A arrecadação de receitas de royalties, é sujeita às oscilações do mercado mundial do petróleo, e
da economia global de forma geral. Assim, a conjuntura de crise ou crescimento, pode influenciar no aumento ou
diminuição da arrecadação destes recursos.
82

Tabela 2. Royalties e número de habitantes: Rios das Ostras/RJ, 2002-2012


Habitantes
Ano Royalties em Reais (Milhões)
(Milhares)
91
2002 R$ 160.300.000,00 40.248
2003 R$ 209.220.725,21 42.024
2004 R$ 244.631.060,59 45.755
2005 R$ 264.760.966,50 47.810
2006 R$ 344.564.007,53 49.870
2007 R$ 247.702.307,29 74.750
2008 R$ 331.550.609,17 91.085
2009 R$ 236.128.508,64 96.622
2010 R$ 306.444.699,45 105.676
2011 R$ 324.627.890,92 116.134
2012 R$ 362.703.890,53 122.196
Fonte: TCE e site oficial da Prefeitura de Rio das Ostras. (Elaboração própria).

Propiciar ao leitor o maior número de informações que foi possível acessar, durante a
realização desta pesquisa, é uma preocupação que está fundada no compromisso desta
pesquisa com o projeto ético político do Serviço Social, ao qual se vincula esta pesquisadora.
Por isto, disponibilizamos os dados encontrados no TCE/RJ e no Info Royalties, cujos
esforços na área da pesquisa, relativa ao petróleo e seus impactos em todas as esferas da
sociedade, se expressam pela produção cientifico-acadêmica que se encontra disponível no
site. A tabela 4, apresentada a seguir, é gerada no sistema do site, cujas informações são
eleitas pelo visitante conforme os interesses que o movem. No caso desta fonte de pesquisa,
constam os valores dos royalties e de participação especais e, neste caso, especificamente, se
incluiu os anos anteriores (desde 1999), para que se possa acompanhar a evolução do
município na arrecadação desta receita, lembrando, no entanto, que esta pesquisa se deteve
apenas ao período entre os anos 2002 a 2012, inclusive.

91
Este valor encontra-se diferente no documento de prestação de contas e nos Estudos socioeconômicos do
TCE-RJ, para o ano 2002. No primeiro documento o valor é expresso como R$160.000,00 (sento e sessenta mil
reais) no segundo, como R$160.300.000,00 (cento e sessenta milhões e trezentos mil reais). Como o segundo
valor expressa a tendência da arrecadação em milhões, esse foi o valor escolhido para compor o quadro. É
preciso sinalizar que estas diferenças, desrespeitam o princípio da exatidão, que aconselha que todos os
documentos de prestação de contas apresentem os mesmos valores, para que a exatidão seja uma constante.
83

Tabela 3. Royalties, com atualização monetária para agosto de 2015 pelo IGP-DI
(FGV)92, e número de habitantes: Rio das Ostras/RJ, 2002-2012
Royalties em Reais (milhões) com Habitantes
Ano Royalties em Reais (milhões) atualização monetária Agosto de
2015 (milhares)

2002 R$ 160.300.000,0093 R$ 435.544.750,06 40.248


2003 R$ 209.220.725,21 R$ 449.693.063,98 42.024
2004 R$ 244.631.060,59 R$ 488.378.440,40 45.755
2005 R$ 264.760.966,50 R$ 471.384.978,65 47.81

2006 R$ 344.564.007,53 R$ 606.001.017,92 49.87

2007 R$ 247.702.307,29 R$ 419.708.325,23 74.75


2008 R$ 331.550.609,17 R$ 520.657.760,07 91.085
2009 R$ 236.128.508,64 R$ 339.857.684,55 96.622
2010 R$ 306.444.699,45 R$ 447.490.928,71 105.676

2011 R$ 324.627.890,92 R$ 425.892.704,77 116.134

2012 R$ 362.703.890,53 R$ 453.132.716,73 122.196

Fonte: TCE; site oficial da Prefeitura de Rio das Ostras e Bano Central do Brasil (Elaboração própria).

Tabela 4. Royalties e participações especiais em valores correntes: Rio das Ostras, 1999-
2012

92
Cálculo realizado mediante a calculadora do cidadão de BCB. BRASIL. Banco Central do Brasil.
Calculadora do cidadão. s.d. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibir
FormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=3> Acesso em 03 set. 2015.
93
São válidas as mesmas observações já destacadas na nota de rodapé 88.
84

Também em relação a estes dados do Info Royalties, se procedeu da mesma forma,


tratando os dados com a correção para agosto de 2015 (Tabela 5, apresentada a seguir).

Tabela 5. Royalties e participações especiais, em valores correntes, com atualização


monetária para agosto de 2015, pelo IGP-DI (FGV)94: Rio das Ostras, 1999-2012
Beneficiario Ano Royalties Participações Especiais Royalties + PE

*Rio das Ostras 1999 R$ 69.772.794,66 R$ 14.119.396,29 R$ 83.892.191,62


*Rio das Ostras 2000 R$ 120.253.182,92 R$ 109.413.876,25 R$ 229.667.059,17
*Rio das Ostras 2001 R$ 144.117.661,01 R$ 125.379.480,98 R$ 269.497.141,99
*Rio das Ostras 2002 R$ 205.975.517,77 R$ 225.139.801,49 R$ 431.115.319,27
*Rio das Ostras 2003 R$ 200.972.564,70 R$ 233.077.822,98 R$ 434.050.387,68
*Rio das Ostras 2004 R$ 193.744.725,99 R$ 249.368.826,66 R$ 443.113.552,65
*Rio das Ostras 2005 R$ 212.558.426,07 R$ 260.794.255,92 R$ 473.352.681,99
*Rio das Ostras 2006 R$ 247.680.187,65 R$ 299.526.124,61 R$ 547.206.312,25
*Rio das Ostras 2007 R$ 196.566.892,83 R$ 211.534.306,77 R$ 408.101.199,60
*Rio das Ostras 2008 R$ 254.470.972,73 R$ 266.186.787,33 R$ 520.657.760,07
*Rio das Ostras 2009 R$ 169.507.443,29 R$ 240.051.458,66 R$ 409.558.901,95
*Rio das Ostras 2010 R$ 198.172.686,90 R$ 165.593.854,82 R$ 363.766.541,72
*Rio das Ostras 2011 R$ 223.542.407,42 R$ 209.873.403,24 R$ 433.415.810,66
*Rio das Ostras 2012 R$ 233.464.499,66 R$ 202.342.449,02 R$ 435.806.948,68
Fonte: InfoRoyalities, a partir de Agéncia Nacional do Petróleo

O gráfico 4, que também é apresentado a seguir, ilustra as linhas tendenciais da


execução orçamentária (este dado se refere ao orçamento final), da evolução na arrecadação
dos royalties e do crescimento populacional no período compreendido entre 2002 a 2012.
Em relação ao gráfico 4, é importante ressaltar questões importantes e que podem ser
objeto de reflexão. São elas:
1. O crescimento populacional é impulsionado a partir do acesso que o município tem
aos royalties;
2. A execução orçamentária em 2002, localiza-se no gráfico 4, muito próxima ao
montante arrecadado em royalties. Isso implica que, inicialmente, a dependência do município
em relação ao recurso era quase total;
3. A aplicação dos recursos no município, tal como alertam Leal e Serra (2010),
propicia o processo de urbanização, e desencadeia o desenvolvimento econômico. Com isto,

94
Cálculo realizado mediante a calculadora do cidadão de BCB. BRASIL. Banco Central do Brasil.
Calculadora do cidadão. s.d. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibir
FormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=3> Acesso em 03 set. 2015.
85

as fontes de receitas se ampliam, pois, o ente passa a cobrar impostos sobre todas as melhorias
que os investimentos proporcionaram, a partir da aplicação dos recursos arrecadados. As
outras fontes de arrecadação são: o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto
de Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI), impostos que, segundo a Constituição
Federal, são de competência municipal (Título VI, Capítulo I, Art. 156). (BRASIL, 1988)95.
4. Por que a arrecadação de royalties não acompanha a execução orçamentária? A
execução orçamentária, é incrementada por sofrer alterações que, tendenciam elevar-se devido
aos impactos causados pelo que foi explicado na consideração anterior, ou seja, quanto mais
investimentos no município, mais se ampliam as fontes de receitas, permitindo um alargamento
das perspectivas orçamentárias a cada ano. Como as fontes de arrecadação de royalties somente
se alteram com a alteração da legislação, ou sob circunstancias específicas como as crises, que
interferem no mercado mundial do petróleo e derivados, a arrecadação poderá aumentar ou
diminuir. Há ainda, a possibilidade de se abrirem novos poços na região da Bacia de Campose
do Pré-sal, e isso elevaria as possibilidades de arrecadação deste recurso. Como essas questões
não se alteram frequentemente, a arrecadação segue uma tendência a estabilidade, e com o
esgotamento da atividade a tendência é o declive da arrecadação.

Gráfico 4. Execução orçamentária anual, royalties e população: Rio das Ostras, 2002-
2012

RELAÇÃO LOA - ROYALTIES -


POPULAÇÃO 2002-2012
1.000.000.000,00 130.000
900.000.000,00 122196 120.000
800.000.000,00 116134 110.000
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA-

105676
700.000.000,00 96622 100.000
POPULAÇÃO - MILHARES

600.000.000,00 91085 90.000


500.000.000,00 80.000
74750
MILHÕES

400.000.000,00 70.000
300.000.000,00 60.000
4781049870
200.000.000,00 402484202445755 50.000
100.000.000,00 40.000
0,00 30.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
2002-2012
Habitantes Royalties em Reais (milhões) Execução Orçamentária

Fonte: TCE-RJ/IBGE (Elaboração: Renato dos Santos Veloso, Vania M. Sierra (NEGI-UERJ) e Adriana Pérez).

95
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 10 fev. 2014.
86

Neste sentido, Rosélia Piquet adverte que:


Os orçamentos municipais milionários pouco retornam em benefícios para a
população. Campos dos Goytacazes figura como um dos municípios onde a
educação básica apresentou um dos piores desempenhos do Estado do Rio; Macaé
disputa com a Região Metropolitana os mais altos índices de violência do estado; os
colarinho branco aparecem com frequência nas manchetes dos principais
jornais do país e são objeto de frequentes inquéritos do Ministério Público.
(PIQUET, 2011, p.17)96

Ora, tendo até aqui, localizado pelo menos parcialmente a importância dos royalties na
dinâmica que, desviou o rumo histórico do tímido desenvolvimento que ocorria em Rio das
Ostras, nas décadas de 1980/1990, para este desenvolvimento que pode ser comparado a um
fenômeno nacional em termos de crescimento econômico e populacional, faz-se necessário
esclarecer ainda, o que são os royalties conceitualmente. Por isso, a busca conceitual, aqui
pretendida, objetiva resgatar a origem e o desenvolvimento histórico desta fonte de receita.
Esse resgate é pautado na dialética da história, e é o que importa neste caso, pela discussão
sobre a composição do Fundo Público e do Orçamento Público. Afinal, as peças
orçamentárias têm composições com diferentes especificidades, dependendo, portanto, da
região da análise em desenvolvimento. Os royalties constituem-se num diferencial da
composição orçamentária, tanto em Rio das Ostras, quanto em quaisquer dos municípios que
recebem estes recursos de tão altas cifras.
Os royalties, podem ser observados tanto do ponto de vista da perspectiva crítica,
como da perspectiva conservadora. Portanto, seguem descrições e conceituações de ambos
os modos pensar este recurso. Para o IBGE, os royalties,
previstas em lei (Art. n.º 20 da Constituição Federal de 1988), devidas aos entes federativos
. (CASTAÑEDA
97
FILHO, 2009, p. 3) .
A definição dada pelo Senado Federal para os royalties é a seguinte:
Royalty é uma palavra de origem[98] inglesa que se refere a uma importância cobrada
pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre

96
PIQUET, R. Impactos da indústria do petróleo no Norte Fluminense. In: HERCULANO, S. (Org.) Impactos
sociais, ambientais e urbanos das atividades petrolíferas: o caso de Macaé (RJ). Niterói: Programa de Pós-
Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense, 2011 Disponível em:
<http://www.uff.br/macaeimpacto/OFICINAMACAE/pdf/11_RoseliaPiquet.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2014.
97
CASTAÑEDA FILHO, R.M. Atuação do IBGE na questão dos Royalties do Petróleo. In: IBGE. Diretoria de
Geociências. Coordenação de Geodésia. Seminário Royalties do Petróleo e Gás Natural do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro. IBGE / ECG/TCE-RJ, 2009. Disponível em: <http://www.ecg.tce.rj.gov.br/royalties-do-petroleo-
e-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 08 mar. 2014.
98
Originou-se na Inglaterra, no século XV. FRANCISCO, W. de C. Pré-sal Royalties. Brasil Escola.
Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/presalroyalties.htm>28 fev. 2014.
87

outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização[99]. No
caso do petróleo, os royalties são cobrados das concessionárias que exploram a
matéria-prima, de acordo com sua quantidade[100]. O valor arrecadado fica com o
poder público. Segundo a atual legislação brasileira, estados e municípios produtores
além da União têm direito à maioria absoluta dos royalties do petróleo. A
divisão atual é de 40% para a União, 22,5% para estados e 30% para os municípios
produtores. Os 7,5% restantes são distribuídos para todos os municípios e estados da
federação. (BRASIL, s.d.)101

Leal e Serra (2010), ao discutirem sobre os fundamentos econômicos da cobrança dos


royalties explicam que, a expressão royalties, serve para designar pagamentos pelo uso de
ativo não-renovável ao seu proprietário, ou por uma patente enquanto vigora o direito. Neste
sentido é claro, portanto, a instituição dos royalties e sua cobrança, para investimentos em
pesquisas que desenvolvam novas tecnologias. Os autores questionam, porém, quando a
cobrança dos royalties se dá sobre a exploração do petróleo, pois para eles, isso implica

e magnit
Para além disso, Leal e Serra (2002, p. 5) explicam que os royalties, possuem dupla

petróleo (poluição do ar, custos de manutenção de rodovias e demais externalidades


,
degradações ambientais e exigem despesas de manutenção de equipamentos públicos que

O Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) desenvolveu um


ra os territórios
simultaneamente beneficiados por Programas Federais, e por recebimento de royalties, que
afirma o seguinte:
Royalties e Participações Especiais constituem compensações financeiras devidas ao
Estado pelas empresas concessionárias, no caso, produtoras de petróleo e gás natural
no território brasileiro, e distribuídas aos Estados, aos Municípios, ao Ministério de
Ciência e Tecnologia, ao Comando da Marinha, e ao Fundo Especial administrado
pelo Ministério da Fazenda, que repassa de acordo com critérios definidos por
legislação. Essas compensações constituem uma remuneração à sociedade pela

99
de o Estado instituir e possibilitar a cobrança de royalties é bastante claro: o

100
Durante os estudos para a escrita deste trabalho, verificou-se que a qualidade do óleo também influi na
cobrança de royalties. Óleos mais leves encontram maior aceitação no mercado, alteram o preço dos barris
elevando também a cobrança dos royalties.
101
BRASIL. Senado Federal. Roaylties. In: Agência Senado de notícias. Brasília (DF): Senado Federal, s.d.
Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/agencia/infos/ inforoyalties_.htm> Acesso em: 27 fev.2014
88

exploração de um recurso escasso e não renovável e pelos danos causados pela


atividade no território específico onde ocorre ou influência. (IBAM, 2009, 22).102

Leal e Serra (2002, p. 3 grifos no original) esclarecem ainda que,


[...] a rigor, os royalties não devem ser interpretados como uma compensação sobre
os impactos negativos do adensamento causados pela acelerada dinâmica de
crescimento das áreas produtoras de petróleo e gás natural. Afinal, existem
instrumentos clássicos para isso: o adensamento provoca um incremento na renda
que se reverte em uma maior base de arrecadação. Alternativamente, os royalties
distribuídos aos municípios têm como função compensá-los de uma trajetória
econômica baseada em um recurso não renovável, por isso a necessidade de atrelar
sua aplicação a investimentos pró-diversificação produtiva.

No caso de Rio das Ostras, a afirmação dos autores é amplamente verificável.


Posteriormente à injeção dos royalties, e inversão destes na cidade (ainda que o modo como
os recursos foram investidos e os critérios escolhidos para a utilização dos mesmos sejam
totalmente passíveis de investigação, o que se pretende nesta pesquisa), a presença e
circulação de dinheiro no município gerou urbanização (não planejada), e ampliou o comércio
local.
Para além disso, este processo de urbanização e ampliação do comércio, elevou a
especulação imobiliária em níveis surpreendentes. Ainda mais, com a proximidade a Macaé,
onde se localiza a sede da Petrobras e da Bacia de Campos, fator que atraiu e continua a atrair
as indústrias, o transporte e o comércio de suporte à cadeia produtiva, elementos necessários à
produção e extração do petróleo. Todo este complexo processo, resulta na cobrança de toda
sorte de impostos e tributos, elevando assim, a arrecadação municipal, conforme mencionado
por Leal e Serra (2002) na citação anterior.
orre
no Brasil, são propriedades da União103, os royalties podem ser compreendidos como o fluxo
LEAL;

102
IBAM INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIAL. Programa de Desenvolvimento
Institucional das Administrações Locais (PDIAL). [Territórios simultaneamente beneficiados por Programas
Federais e por pagamentos de royalties decorrentes de exploração de petróleo e gás natural]. Subsídios para o
aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento sustentável: proposição das áreas de atuação no estado
do Rio de Janeiro, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/royalties_rjaneiro.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2014
103
erais e os potenciais
de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto 6).
vação regressiva de lavrar) subs. fem. 1. Ato de lavrar. 2. Arte, ação, maneira de mobilizar o solo;
lavoura. 3. O trabalho de extração de metais. 4. Laboração. 5. Estabelecimento monástico, com celas separadas
umas das outras. 7. Terreno de mineração. 8. Nome com que, no Rio Grande Do Sul, se designam as lavouras de
In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:
<http://www.priberam.pt/dlpo/lavra>. Acesso em: 11 mar. 2014.
89

SERRA, 2002, p.7), ou seja, se as jazidas, fontes de exploração são patrimônio público, logo,
as receitas daí provenientes são receitas patrimoniais.
Quanto às receitas patrimoniais, o Manual de Procedimentos das Receitas Públicas104,
as conceituam da seguinte forma:
Receita Patrimonial É o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos
do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de mercado e
outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes. [...]
Receita Patrimonial - Registra o valor total da arrecadação da receita patrimonial
referente ao resultado financeiro da fruição do patrimônio, seja decorrente de bens
imobiliários ou mobiliários, seja de participação societária. (BRASIL, 2006, p.21;
99).

Os royalties, enquanto receitas patrimoniais, tem sido alvo de grande polêmica,


principalmente na última década (debate atual), quando se levantam pesquisas, e
consequentemente, análises críticas sobre os critérios de repartição, sobre a concentração e
uso destes recursos. Muitos elementos constituem o debate, quanto à justeza ou equidade da
repartição; quanto à polarização causada pelo recebimento dos recursos, por poucos

atendem; quais os reais beneficiados com o recebimento dos royalties do petróleo; etc.
No ano de 2007, o Pré-Sal foi descoberto e anunciado pela Petrobras. A descoberta do
Pré-Sal, representa uma nova dimensão nos níveis nacional, estadual e municipal para as
arrecadações de royalties. As estimativas avaliadas chegam a cifras astronômicas conforme
demonstrado pelos Estudos sobre o Pré-Sal Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (IEDI) e do Instituto Talento Brasil:
A descoberta de importantes jazidas de petróleo na Bacia de Santos reforça a
importância dessas questões para o Brasil. Juntos, o campo de Tupi e o pré-sal Pão
de Açúcar adicionariam de 38 bilhões a 43 bilhões [105] de barris às reservas
brasileiras de petróleo, o que colocaria o país entre os dez mais ricos em petróleo do
mundo [...]. A elevação da participação do setor na economia nacional [106] e do

104
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Receitas públicas: manual de
procedimentos aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 3.ed. Brasília: Secretaria do Tesouro
Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2006. Disponível em: <http://www.gestaofinancaspublicas.
ufc.br/ARTIGO%20-%20Manual_Receitas 3edicao. pdf. Acesso em: 10 fev. 2014.
105

as quais, a capacidade do campo de Tupi atingiria 5 bilhões a 8 bilhões de barris e a do Pré-Sal, cerca de 33
bilhões de barris. A International Energy Agency, em maio de 2008, entretanto, avaliou o total das novas jazidas
Valor Econômico, 9 de novembro
Valor Econômico, 15 de abril de 2008 e
Valor Econômico
2008, p. 47). Disponível em: <http://www.apn.org.br/apn/images/stories/documentos/estudos-sobre-o-
presal.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2014
106

crescimento do PIB a preços de mercado em 2004 (Aragão,


90

Brasil na produção total, num contexto pouco otimista para a expansão da oferta de
petróleo no mundo, tem justificado as iniciativas do governo federal em rever os
mecanismos de tributação e sua participação nas rendas do setor. (CAGNIN;
CINTRA, 2008, 47).107

Entre outras considerações também é relevante a menção de que


[...] o petróleo é um recurso esgotável e a sua exploração econômica, hoje, significa
uma renúncia imposta às gerações futuras para a utilização desta riqueza. As
participações governamentais devem funcionar, portanto, como um instrumento de
ressarcimento dessas próximas gerações. (PINTO JUNIOR; GRUPO DE
ECONOMIA DA ENERGIA - IE/UFRJ, 2008, p. 92)108

Neste documento são apresentados resultados de distintos estudos, sendo que foi
realizado um exercício de estimativa da arrecadação de royalties, para o ano de 2020, com
base em metodologias específicas para este de projeções das estimativas, tanto do mercado de
petróleo para o Brasil quanto para as arrecadações em royalties, sendo afirmado que,
Mesmo reconhecendo os limites de um exercício desta natureza, especialmente no
que concerne à evolução da taxa de câmbio, os resultados dos cenários revelam que
a arrecadação anual de royalties esperada poderia oscilar entre R$ 16 bilhões (ao
câmbio médio anual de R$ 2 o dólar e ao preço médio anual do brent 109 de 40 US$
por barril) e R$ 101,44 bilhões (ao câmbio médio de R$ 3 o dólar e ao preço médio
de 160 US$ o barril). No primeiro caso, que configura o cenário mais conservador
estabelecido, a arrecadação em 2020 já apresentaria um incremento significativo,
quando comparada aos patamares arrecadados no ano de 2007 (R$7,5 bilhões), se

Disponível em: <http://www.apn.org.br/apn/images/stories/documentos/estudos-sobre-o-presal.pdf>. Acesso em:


03 ago. 2014. Disponível em: <http://www.apn.org.br/apn/images/stories/documentos/estudos-sobre-o-
presal.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2014
107
CAGNIN, R.F.; CINTRA, M.A.M. Experiências internacionais na gestão de recursos provenientes da
exploração do petróleo. In: IEDI INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL; INSTITUTO TALENTO BRASIL. Estudos sobre o Pré-Sal: experiências internacionais de
organização do setor de petróleo, taxação no brasil e no mundo, perspectivas de receitas públicas da exploração
do pré-sal e o financiamento da infra-estrutura. [S.l.]: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial /
Instituto Talento Brasil. dez. 2008. Disponível em:
<http://www.apn.org.br/apn/images/stories/documentos/estudos-sobre-o-presal.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2014
108
PINTO JUNIOR, H.Q.; GRUPO DE ECONOMIA DA ENERGIA - IE/UFRJ. Novo marco da indústria do
petróleo e a estrutura de arrecadação de royalties. In: IEDI INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL; INSTITUTO TALENTO BRASIL. Estudos sobre o Pré-Sal:
experiências internacionais de organização do setor de petróleo, taxação no brasil e no mundo, perspectivas de
receitas públicas da exploração do pré-sal e o financiamento da infra-estrutura. [S.l.]: Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial/Instituto Talento Brasil. dez. 2008. Disponível em:
<http://www.apn.org.br/apn/images/stories/documentos/estudos-sobre-o-presal.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2014.
109
essas duas siglas, que normalmente acompanham a cotação do petróleo, indicam a origem do
óleo e o mercado onde ele é negociado. O petróleo Brent é assim denominado porque era extraído de uma base
da Shell chamada Brent. Atualmente, designa todo o petróleo extraído no Mar do Norte e comercializado na
Bolsa de Londres, sendo que a cotação Brent é referência para os mercados europeu e asiático. Já o petróleo WTI
tem o nome derivado de West Texas Intermediate. [...] e o óleo WTI é aquele vendido pelos intermediários do
West Texas. Ele é negociado na Bolsa de Nova York e sua cotação é referência para o mercado norte-americano.
Normalmente, o petróleo WTI é um pouco mais caro do que o Brent, o que reflete a qualidade do produto e o
custo de refino e transporte. Atualmente, o petróleo registra um dos preços mais altos de sua história,
IPEA- INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA.
O que é? - Petróleo Brent e WTI. In: ______. Desafios do desenvolvimento. Brasília: IPEA, 2005. Ano 2, Ed.
16, 1 nov. 2005. Disponível em: <http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id
=2083:catid%3D28&Itemid=23>. Acesso em: 11 mar. 2014.
91

mostrando 115% maior. No outro extremo, a arrecadação estimada para 2008 seria
1.254% superior à observada em 2007.
Em ambos os casos, é possível observar um importante incremento no orçamento
dos estados e municípios beneficiários das arrecadações de royalties. Mas, para que
esses recursos se traduzam em reais benefícios, é necessário que haja uma melhor
administração dos mesmos, visando o favorecimento do desenvolvimento
econômico tanto na escala nacional, quanto na escala local. (PINTO JUNIOR;
GRUPO DE ECONOMIA DA ENERGIA - IE/UFRJ, 2008, p. 91)110.

Posteriormente, em 27 de agosto de 2009, o Governo Federal, pensando sobre a


necessária revisão do modelo de cobrança dos royalties,
participações governamentais foi desenhada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), logo
após a criação da agência, em 1998, quando os preços internacionais estavam na faixa de US$
14- PINTO JUNIOR; GRUPO DE ECONOMIA DA ENERGIA - IE/UFRJ,
2008, p. 91 delo Regulatório do
Pré-
destas novas reservas, quanto da forma de cobrança e partilha dos recursos daí provenientes.
O documento afirma e estabelece o seguinte:
O anúncio da descoberta de acumulações de petróleo e gás em reservatórios, em
2007, aponta para a existência de uma nova e significativa província petrolífera no
Brasil, com estimativa de grandes volumes recuperáveis nas bacias do Espírito
Santo, de Campos e de Santos, em área denominada Pré-Sal. Esse fato determinou a
avaliação das mudanças necessárias no marco legal que contemplem um novo
paradigma de exploração e produção de petróleo e gás natural, respeitando os
contratos em vigor.
O estabelecimento de um novo marco institucional objetiva assegurar o caráter
estratégico e harmônico das decisões relativas à produção de petróleo e gás na área
do Pré-Sal. A proposta traz três inovações na formulação e implementação das
políticas públicas no setor energético:
i) Estabelece novo regramento de regime de partilha de produção na área do Pré-Sal,
preservando o marco normativo do modelo de concessão e os contratos de concessão
já estabelecidos. A Petrobras será a operadora em todos os contratos de partilha,
com o mínimo de 30% de participação no consórcio contratado.
ii) Cria uma Nova Empresa Pública que será responsável pela gestão dos contratos
de partilha de produção e de comercialização de petróleo e gás na área do Pré-Sal,
zelando pelos interesses da União.
iii) Cria um Novo Fundo Social para gerir os recursos de forma mais adequada,
permitindo investimentos de porte, em especial, em programas sociais, de educação,
de ciência e tecnologia, enfim no combate à pobreza.111

E, ainda, pode ser destacado que:


As áreas de Libra, de Franco e o Campo de Lula, todas com volumes superiores a 8
bilhões de barris de óleo recuperáveis, não encontram concorrentes em termos de
tamanho, entre as descobertas mundiais recentes. E o Pré-sal não se restringe a essas
três grandes descobertas. O Campo de Sapinhoá, e as áreas Carcará, Peroba, Pau
Brasil, Florim, Iara, entre outras, todas caracterizadas como descobertas gigantes,

110
Mesma referência da nota de rodapé n. 107.
111
BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Modelo regulatório do Pré-Sal. In: ______. Destaques do setor de
energia. Brasília, 27 ago. 2009b. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/destaques-do-setor-de-
energia/pre-sal>. Acesso em: 02 fev. 2014.
92

contribuem para caracterizar a região do Pré-sal como a maior província petrolífera


descoberta nos últimos anos, no mundo112.

Entre tantas questões, que se levantam na complexa polêmica sobre a repartição desses
recursos, pode-se perguntar, por exemplo, se mediante o porte da descoberta anunciada, os
royalties, continuarão a ser distribuídos apenas entre os mesmos estados e municípios.
Também por esse motivo, é possível entender quando Leal e Serra (2002, p. 2 grifos
nossos), ao discutirem os fundamentos econômicos da repartição espacial dos royalties no
uma desproporção entre a relevância da matéria e o alcance do
debate
Hoje, diante das proporções reveladas pela descoberta do Pré-sal, muito mais que
naquela época, a discussão se faz necessária. Mas, sem que houvesse, em âmbito nacional, a
socialização das informações, e um debate democrático, a respeito do significado dos
royalties e sobre a importância do sistema de repartição destes recursos, a decisão que se
impôs é regida por critérios que atendem aos interesses políticos e econômicos do capital. É
necessário saber que, para além do modo como os royalties são repartidos no Brasil, existem
outras formas, outros sistemas de repartição, praticados em outros países.

112
BRASIL. Governo do Brasil. Nota sobre o Pré-sal e o campo de Libra: Estado Brasileiro e suas empresas
deterão 85% de toda a renda a ser produzida pelo Campo de Libra. In: ______. Governo. 2013. Brasília, 21 out.
2013b. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/governo/2013/10/nota-sobre-o-pre-sal-e-o-campo-de-libra>.
Acesso em: 02 fev. 2014.

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