Você está na página 1de 141

DOUTORAMENTO

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
MEDICINA

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo


e uma estratégia para sua redução

Natércia Paulina Simba de Almeida

D
2020

1
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Dissertação a ser apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
para obtenção do Grau de Doutor em Medicina.

Orientadora:
Professora Doutora Carla Maria de Almeida Ramalho

Co-Orientador:
Professor Doutor José R. Molina García 2
Exma. Senhora
Dra. Natércia Paulina Simba de Almeida
natepa63@yahoo.com

v.referência v.comunicação n.referência data


FOA.26. 0309 .2021 04.fevereiro.2021

assunto

Provas de Doutoramento.

Informo V. Exª. que, por meu despacho de 2021-02-04, revoguei o despacho de nomeação do júri
proferido em 2020.12.18 e nomeei o mesmo com a seguinte constituição:

Presidente: Doutor João Francisco Montenegro de Andrade Lima Bernardes, Professor Catedrático da
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Vogais:

- Doutora Maria João da Silva Fernandes Leal Carvalho, Assistente Convidada da Faculdade de Medicina
da Universidade de Coimbra;
- Doutora Maria de Fátima Carvalho Serrano, Professora auxiliar Convidada da Faculdade de Ciências

TEL +351 22 040 8000. FAX +351 22 040 8186/8187


PRAÇA GOMES TEIXEIRA. 4099-002 PORTO
Médicas da Universidade Nova de Lisboa;
- Doutora Cristina Isabel Nogueira Silva, Professora Auxiliar da Escola de Medicina da Universidade do
Minho;

UNIVERSIDADE DO PORTO.
- Doutora Sofia Dória Príncipe dos Santos Cerveira, Professora Auxiliar da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto;

URL www.up.pt
- Doutora Maria Antónia Moreira Nunes da Costa, Professora Auxiliar da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto;
- Doutora Carla Maria de Almeida Ramalho, Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto.

Com os melhores cumprimentos,

A Vice-Reitora,

(Profª. Doutora Maria de Lurdes Correia Fernandes)

(1/2)/PV
Artigo 48º § 3º

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
A Faculdade não responde pelas doutrinas expedidas na dissertação.
Regulamento da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Decreto Lei nº19337,29 de Janeiro de 1931

4
PROFESSORES CATEDRÁTICOS

Maria Amélia Duarte Ferreira

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Patrício Manuel Vieira Araújo Soares Silva
Alberto Manuel Barros da Silva
José Henrique Dias Pinto de Barros
Maria Fátima Machado Henriques Carneiro
Maria Dulce Cordeiro Madeira
Altamiro Manuel Rodrigues Costa Pereira
Manuel Jesus Falcão Pestana Vasconcelos
João Francisco Montenegro Andrade Lima Bernardes
Maria Leonor Martins Soares David
Rui Manuel Lopes Nunes
José Manuel Pereira Dias de Castro Lopes
António Albino Coelho Marques Abrantes Teixeira
Joaquim Adelino Correia Ferreira Leite Moreira
Raquel Ângela Silva Soares Lino
Rui Manuel Bento de Almeida Coelho

Professores Catedráticos Jubilados e Aposentados

Alexandre Alberto Guerra Sousa Pinto


Álvaro Jerónimo Leal Machado de Aguiar
António Augusto Lopes Vaz
António Carlos de Freitas Ribeiro Saraiva
António Carvalho Almeida Coimbra
António Fernandes Oliveira Barbosa Ribeiro Braga
António José Pacheco Palha
António Manuel Sampaio de Araújo Teixeira
Belmiro dos Santos Patrício
Cândido Alves Hipólito Reis
Carlos Rodrigo Magalhães Ramalhão
Cassiano Pena de Abreu e Lima
Deolinda Maria Valente Alves Lima Teixeira
Eduardo Jorge Cunha Rodrigues Pereira
5
Fernando Tavarela Veloso
Francisco Fernando Rocha Gonçalves
Henrique José Ferreira Gonçalves Lecour de Menezes
Isabel Maria Amorim Pereira Ramos
Jorge Manuel Mergulhão Castro Tavares

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
José Agostinho Marques Lopes
José Carlos Neves da Cunha Areias
José Carvalho de Oliveira
José Eduardo Torres Eckenroth Guimarães
José Fernando Barros Castro Correia
José Luís Medina Vieira
José Manuel Costa Mesquita Guimarães
Levi Eugénio Ribeiro Guerra
Luís Alberto Martins Gomes de Almeida
Manuel Alberto Coimbra Sobrinho Simões
Manuel António Caldeira Pais Clemente
Manuel Augusto Cardoso de Oliveira
Manuel Machado Rodrigues Gomes
Manuel Maria Paula Barbosa
Maria da Conceição Fernandes Marques Magalhães
Maria Isabel Amorim de Azevedo
Ovídio António Pereira da Costa
Rui Manuel Almeida Mota Cardoso
Serafim Correia Pinto Guimarães
Valdemar Miguel Botelho dos Santos Cardoso
Walter Friedrich Alfred Osswald

6
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Fazem parte integrante desta dissertação as seguintes publicações:

1. Natércia de Almeida, Andreia Teixeira, Alberto Capoco Sachiteque, José R. Molina,


Hamilton dos Prazeres, Carla Ramalho. Characterisation of induced abortion and
consequences to woman’s health at Hospital Central do Huambo-Angola. J Obstet
Gynaecol 2019; 1: 1-6. doi: 10.1080/01443615.2019.1635096.

2. Natércia Almeida, Andreia Teixeira, José Garcia, Natália Martins, Carla Ramalho. Effects
of an educational intervention on angolan adolescents’ knowledge of human repro-
duction: a quasi-experimental study. Int J Environ Res Public Health 2019; 16 (24), 5155.
doi.org/10.3390/ijerph16245155.

7
LISTA DE ABREVIATURAS

a.C. antes de Cristo

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
ADRA Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente
CG Grupo de Controlo
DIU Dispositivo Intra-Uterino
DST Doenças Sexualmente Transmissíveis
EG Grupo Experimental
FIGO Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia
FMUP Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
HBV Vírus da Hepatite B
HCV Vírus da Hepatite C
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IC Intervalo de Confiança
INIDE Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação
ITS Infeções de Transmissão Sexual
MINSA Ministério da Saúde de Angola
MM Morte Materna
NM Near Miss
NV Nados Vivos
OGE Orçamento Geral do Estado
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PIB Produto Interno Bruto
PTV Prevenção da Transmissão Vertical
RR Risco Relativo
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
TICs Tecnologias de Informação e Comunicação
TMM Taxa de Mortalidade Materna
TN Taxa de Natalidade
UN Nações Unidas
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação
UNFPA Fundo das Nações Unidas para a População e Alimentação
UNICEF Fundos das Nações Unidas para a Infância
WHO World Health Organization 8
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer em primeiro lugar ao nosso Deus Pai Celestial pela graça da vida e

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
pelas bênçãos ao longo destes anos, por colocar em meu caminho pessoas especiais, no
momento e lugares certos.

Agradeço os meus orientadores, em especial à Professora Dra. Carla Ramalho, por ter
aceitado a tutoria apesar da minha falta de experiência. Obrigada Professora, também
por me ter ensinado o valor de pensar e fazer por mim mesma. Ao meu co-orientador,
Professor Dr. José Ramón Molina Garcia pela sua motivação e contributo desde as primeiras
fases do processo e pela sua visão. À Professora Dra. Andreia Sofia Teixeira, por toda a dedi-
cação, perícia e empenho na análise dos dados. À minha amiga e co-autora, Natália Martins
por todo o seu empenho e maestria no desenvolvimento e concretização na fase terminal dos
trabalhos.

Quero igualmente agradecer a todos os docentes, directores e discentes, assim como


aos coordenadores das actividades extracurriculares das três escolas onde trabalhamos,
dos dois subsistemas, Iº e IIº Ciclo do Ensino Secundário: escola Politécnica do Huambo,
Instituto Médio Agrário e Irmãs Teresianas, muito em especial ao professor Justo Samunga
Chouingue coordenador das actividades extracurriculares da Escola Irmãs Teresianas, por
ter acedido a caminhar juntos naqueles três meses até finalizar a investigação, sem esse
suporte, não seria possível dar sequência. Aos alunos pelo carinho durante todo o percurso
passado juntos. Obrigada pela vossa disponibilidade e persistência. Ao Governo de Angola
através do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (IGNABE), por incluir o meu pro-
jecto nos programas Financiados pelo Estado através do Ministério do Ensino Superior (MES).

Aos meus pequenos, Fernando Everson Paulo Almeida e Helena Jéssica Paulo Almeida
por ter suportado na inocência as minhas ausências e ajudado o seu pai a encorajar-me a
não desistir cada vez que estive prestes a fazê-lo.

Ao meu amigo incondicional, companheiro, Fernando Felizberto da Conceição Almeida.


Por todo o seu amor e compressão inigualável.

À minha assessora na área Pedagógica e Científica do Hospital Geral do Huambo, a Dra.


Glória Maria Barreiro Cisneiros, por tantas vezes assumir aquela Direcção durante as
ausências ao exterior, por ter sido uma mãe e pelo seu contributo durante a elaboração
dos trabalhos.

Aos meus pacientes e seus familiares, quer seja em Camagüey/Cuba, Luanda e Huambo,
porque com todos vocês, aprendo diariamente e ganhei uma lição com vocês, que a vida
é pouca demais para sabermos tudo. Aos internos do Hospital do Huambo, que foram o
motivo principal para empreender este longo e difícil caminho. Muito grata pelo vosso ca-
rinho. Ao meu então Director Geral, Dr. Welema Cipriano da Fonseca, pela sua visão, por 9
ter acreditado em mim quando nem eu sabia que podia assumir tamanha responsabilidade.
Por último e não menos importante, quero agradecer à minha família, aos meus pais,
Raúl Paulo e Helena Cochi Paulo, que apesar dos seus avançados anos, estiveram sempre
a deslocar-se de um lado para outro para ajudar o seu filhote a cuidar dos netinhos nas
minhas ausências e por me terem feito a mulher que sou com todos meus defeitos. Aos
meus irmãos, primos e sobrinhos, que são o pilar das nossas conquistas e também o su-
porte nos momentos de fracasso.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Finalmente, peço as minhas sinceras desculpas a aqueles aos quais não mencionei, aos
amigos e colegas, mas sei que são parte importante deste percurso, já que ninguém
chega aqui sem ajuda, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte do processo,
o meu eterno agradecimento.

10
In memória
Ao “Mano Quim” Joaquim Virgínia Raúl

11
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
A função da educação é ensinar a pensar intensamente e a pensar criticamente.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Inteligência mais caráter, esta é a meta da verdadeira educação.
Martin Luther King Jr.

Aos investigadores (os verdadeiros), são por natureza curiosos,


optimistas e possuem uma boa dose de auto-confiança.
Por isso são capazes de levar os seus objectivos e tarefas a bom porto.
Adaptado de Cristina Granja, Maio de 2008.
Por Prof. Dr. Luís Filipe Azevedo, Março, 2016.

12
RESUMO

A prática do aborto provocado e inseguro está associada a altas taxas de morbimortalidade

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
materna. Nos países onde é ilegal, as mulheres jovens e com baixo nível socioeconómicos
são as mais vulneráveis. Como a sua liberalização ainda é controversa, propõem-se outras
intervenções com o objetivo de contribuir para a redução da principal causa, a gravidez
indesejada.

Os objetivos deste trabalho foram mostrar a importância do aborto como problema de


saúde no Huambo e desenvolver uma estratégia para a sua redução.

No terceiro capítulo (artigo 1) apresentamos os resultados do estudo efetuado para a


caracterização do aborto induzido e das consequências para a saúde da mulher, no Hos-
pital Geral do Huambo, onde as condições socioeconómicas, educacionais e legais têm
contribuído de maneira significativa para a morbimortalidade materna. O aborto indeter-
minado, muito provavelmente inseguro, representou 84% das situações, e condicionou a
ocorrência de 8% de complicações graves. O início precoce da atividade sexual associado
à não utilização de métodos contracetivos, contribui para o grande número de abortos
indeterminados e para a morbimortalidade materna.

No quarto capítulo apresentamos o desenvolvimento de um manual de educação sexual


que constitui o principal material de consulta dos alunos durante a formação realizada no
âmbito do programa de intervenção descrito no capítulo V.

No quinto capítulo (artigo 2) apresentamos um estudo quási-experimental, de tipo ca-


so-controlo, realizado em três escolas secundárias do Huambo. Efetuou-se um inquérito
sobre conhecimentos a todos os alunos, e constatamos um grande desconhecimento da
anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor. Um grande número de alunos já praticava
sexo com penetração (20% no grupo de estudo e 80% no grupo controlo) e não mostravam
preocupação com os riscos associados (26% no grupo estudo e 74% no grupo controlo).
Aplicou-se um programa de estudo sobre educação sexual e fisiologia da reprodução numa
das três escolas. Dois meses após a intervenção, verificou-se que houve melhoria dos co-
nhecimentos entre os alunos do grupo de experiência na maioria das perguntas (em 20 das
30 questões), enquanto no grupo controlo apenas houve melhoria em seis questões.

São necessários estudos mais abrangentes que incluíam os pais para melhor avaliar o
impacto a longo prazo, não apenas nos conhecimentos, mas nas atitudes em relação à
sexualidade, um tema ainda considerado tabu.

Palavras chave: Aborto ilegal; Induzido; Complicações do aborto; Jovens adolescentes;


Contraceção; Intervenção educativa. 13
ABSTRACT

Unsafe induced abortion is associated with high rates of maternal morbidity and mortality.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
In countries where it is illegal, young women with low socioeconomic status are the most
vulnerable. As abortion legalization is still controversial, other interventions are proposed
with the objective of contributing to the reduction of the main cause, unwanted pregnancy.

The objectives of this work were to expose the importance of abortion as a health problem
in Huambo and to develop a strategy for its reduction.

In the third chapter (article 1) we present the results of the study carried out to characterise
induced abortion and the consequences for women’s health, at Hospital Central do Huam-
bo, where socioeconomic, educational and legal conditions have contributed significantly to
the maternal morbidity and mortality. Indeterminate abortion, most likely unsafe, represented
84% of the situations, which contributed to the 8% of severe complications. The early onset
of sexual activity associated with non-use of contraceptive methods, contributes to the large
number of undetermined abortions and maternal morbidity and mortality.

In fourth chapter we explain the development of a sex education manual to support the
lectures and to be the study material for students in the scope of the intervention described
in chapter V.

In the fifth chapter (article 2) we presented a quasi-experimental case-control study, car-


ried out in three secondary schools in Huambo. A survey of knowledge was carried out on
all students, and we found a great lack of knowledge about the anatomy and physiology of
reproductive system. Many students already had penetrative sex (20% in the study group
and 80% in the control group) and showed no concern about the associated risks (26% in the
study group and 74% in the control group). An intervention program about sex education
and reproductive physiology was applied in one of the three schools. Two months after that
intervention, there was an improvement in knowledge among the students in the experien-
ce group in most of the questions (in 20 of the 30 questions ), while in the control group
there was only improvement in six questions.

More comprehensive studies that included parents are needed to better assess the long-term
impact, not only on knowledge, but on attitudes towards sexuality, a topic still considered
taboo.

Keywords: illegal abortion, Induced; Abortion complications; Young adolescent; Contra-


ception; Educational intervention. 14
ÍNDICE

16 Capítulo I. Introdução

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
17 Aborto
19 Evolução da Lei do Aborto no Mundo
21 Aborto Induzido como Problema de Saúde Pública Mundial
23 Aborto Induzido como Problema de Saúde Pública em Angola
24 Rede Sanitária no Huambo
26 Porque Descriminalizar o Aborto?
27 Aborto no Mundo e em Angola
29 Promoção da Saúde Reprodutiva e Sexual. Prevenção Primária do Aborto Inseguro
30 Educação Sexual nas Escolas

34 Capítulo II. Objectivos


35 Objectivo Geral
36 Objectivos Específicos

37 Capítulo III. Artigo 1

47 Capítulo IV. Elaboração de um Manual de Educação Sexual

53 Capítulo V. Artigo 2

79 Capítulo VI. Discussão e Conclusões

86 Capítulo VII. Anexos


87 Anexo 1
89 Anexo 2
98 Anexo 3
99 Anexo 4
101 Anexo 5
102 Anexo 6
103 Anexo 7
15
Capítulo I

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
INTRODUÇÃO
17 Aborto
19 Evolução da Lei do Aborto no Mundo
21 Aborto Induzido como Problema de Saúde Pública Mundial
23 Aborto Induzido como Problema de Saúde Pública em Angola
24 A Rede Sanitária no Huambo
26 Porque Descriminalizar o Aborto?
27 Aborto no Mundo e em Angola
29 Promoção da Saúde Reprodutiva e Sexual. Prevenção Primária do Aborto Inseguro
30 Educação Sexual nas Escolas

16
1. ABORTO

Definição

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Entende-se por aborto a expulsão do embrião ou feto, espontânea ou provocada, antes
de atingida a viabilidade.  Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), conceito
aceito pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), o aborto é a
expulsão do produto de conceção antes das 22 semanas ou quando o peso seja menor
de 500 g, quando não se conhece o tempo de gestação.(1)

Classificação

O aborto pode classificar-se segundo vários critérios. De acordo com a forma como se
origina, o aborto pode ser classificado em espontâneo e induzido. Segundo o tempo de
gestação, pode ser precoce, quando ocorre até às 12 semanas, ou tardio, quando ocorre
após as 12 semanas. Segundo o estágio evolutivo ou como a paciente é recebida nos ser-
viços de saúde, pode distinguir-se em ameaça, iminente ou inevitável e consumado, que,
por sua vez, pode ser completo ou incompleto. O aborto pode também, ser classificado
em aborto retido, habitual, séptico, hemorrágico e complicado.(1, 2) O aborto provocado
ou induzido pode ser legal ou ilegal, dependendo da legislação vigente em cada país. O
aborto provocado ou induzido decorre em consequência da intervenção de terceiros ou
da própria mulher, com objetivo de pôr fim à gravidez, através do uso de substâncias di-
versas (misoprostol, mifepristone, ocitocina ou produtos tradicionais) ou de intervenções
cirúrgicas (aspiração ou curetagem).(3)

O aborto provocado ilegal, também conhecido como criminal ou clandestino, é resultante


de um aborto praticado fora do enquadramento legal, habitualmente em países com leis
restritivas. Já o aborto provocado legal é praticado em ambientes com leis permissivas. O
aborto terapêutico enquadra-se nesse último, realizado com o objetivo de salvaguardar a
vida da mulher, evitar o nascimento de uma criança com malformações físicas ou mentais
graves, ou nos casos em que a gravidez resultou de crime contra a liberdade e autodeter-
minação sexual.(2, 4)

Complicações

O aborto realizado em ambientes clandestinos tem riscos de complicações imediatas e


tardias. Das principais complicações imediatas destacam-se hemorragia abundante, cho-
que hemorrágico, coagulação intravascular disseminada, perfuração uterina e de órgãos
vizinhos (bexiga e intestino), infeção genital, síndrome de resposta inflamatória sistémi-
ca, choque séptico e morte. Entre as tardias citamos a infertilidade, dor pélvica crónica 17
e dispareunia.(5, 6) O aborto inseguro é uma causa importante de morte materna a nível
mundial. Contudo, na sequência das mudanças nas leis adotadas pela maioria dos países
desenvolvidos e alguns em desenvolvimento, a mortalidade por aborto tem vindo a dimi-
nuir, com uma redução de 42% entre 1990-1994 e 2010-2014, devido às melhorias dos
métodos utilizados e melhoria dos cuidados pós-aborto nos diferentes países.(7)

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
As causas mais comuns do aborto induzido são a falta de educação sexual, condições so-
cioeconómicas desfavoráveis, pressão familiar e do cônjuge, medo de marginalização ou
comprometimento do percurso escolar ou profissional ou problemas de saúde.(7-9)

O aborto inseguro é um problema de saúde pública e a OMS em 2008 estimou que con-
tribuiu em cerca de 13% para a mortalidade materna.(10) A taxa de mortalidade materna
por aborto inseguro nos países da Africa Subsaariana, em 2008, foi 950 vezes maior que
nos países industrializados.(11) Entre 1994 e 2017, a taxa de mortalidade materna asso-
ciada ao aborto inseguro foi de 37 na África Subsaariana, 23 na Ásia e Caribe e 12 por
100000 nados-vivos no Sul da Ásia.(10, 12) Entre 2016 e 2018, um estudo realizado na Etió-
pia, Zâmbia e Tanzânia, que visava comparar a prática do aborto tendo em conta o código
penal, as políticas públicas de saúde e o acesso ao aborto seguro, revelou que apesar da
diferença na legislação o acesso ao aborto seguro tinha características similares. Apesar
das diferenças históricas, sociais e políticas, tinham em comum altas taxas de natalidade e
de mortalidade materna. Na Zâmbia, dados de cinco hospitais de referência, entre 2003
e 2008, referem que um terço das admissões são por complicações do aborto inseguro e
com uma mortalidade de 6 de cada 1000.(13) Na Etiópia, um terço dos abortos são igual-
mente inseguros e, apesar da redução das mortes maternas depois da revisão da lei em
2005, as complicações do aborto são ainda responsáveis por 20% das mortes maternas.(13)
Em Angola a situação é idêntica, com uma lei do aborto restritiva, serviços pós-aborto
deficientes e inexistência de dados fidedignos sobre a incidência global de aborto inse-
guro. Apesar destas lacunas, alguns estudos isolados dão conta das altas taxas de aborto
inseguro e como esses têm contribuído para a mortalidade materna. Tchivandja, em 2009,
encontro 22% de mortes maternas por complicações hemorrágicas e infeciosas, tendo o
aborto desempenhado um importante papel.(14) Kahuli e colaboradores, num estudo so-
bre causas de mortalidade materna em quatro hospitais de referência entre 2011 e 2013,
encontraram 77% de mortes maternas diretas, onde a sepse com 23% e a hemorragia
com 18% representaram a segunda e terceira causa mais frequente, realçando o contri-
buto dos abortos.(15)

18
2. EVOLUÇÃO DA LEI DO ABORTO NO MUNDO

A luta pela liberalização do aborto teve início nos anos 1950 nos países da Europa Orien-

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
tal e Central.(16) Nos Estados Unidos, depois da histórica decisão do Supremo Tribunal no
caso Roe contra Wade em 1960, começou a liberalizar-se o aborto nos vários Estados,
reconhecendo-se o princípio do direito das mulheres à autodeterminação.(17) Desde 1950,
e até 1985, a maioria dos países industrializados e alguns menos desenvolvidos liberali-
zaram o aborto.(18) Nas últimas décadas, as legislações têm sido objeto de mudanças em
quase todos os países, com uma tendência geral a ser cada vez menos restritivas. Alguns
países, que antes permitiam somente o aborto quando era necessário para a salvaguarda
da vida da mulher, alteraram o seu espectro legal para incluir motivos eugénicos, econó-
micos ou sociais. Atualmente, quase um terço da população mundial vive em países cuja
legislação admite o aborto por diversas razões, inclusive só com a petição da mulher. (7, 19)

A legislação sobre aborto nos vários países pode ser considerada como liberal, permi-
tindo o aborto em múltiplas circunstâncias, medianamente restritiva, só considerando o
aborto terapêutico e totalmente proibitiva.(20, 21) As legislações totalmente proibitivas são
praticadas em 15 Estados, onde se proíbe o aborto sem admitir exceções, representando
39% da população mundial.(22) Entre os países com esta legislação encontramos a Colôm-
bia, Chile, Honduras, Filipinas, Somália, Haiti, República Dominicana, Andorra e o Vaticano.
Angola encontra-se entre os 68 países cuja lei permite apenas o aborto terapêutico.(23, 24)
Outros 60 países têm leis que permitem o aborto quando a mulher o solicite, 57 países
para salvaguardar a saúde e vida da paciente, e apenas 14 permitem o aborto também
por condições socioeconómicas desfavoráveis.(25)

Nas legislações proibitivas, a lei cria obstáculos para o acesso das mulheres ao aborto
seguro, originando uma série de consequências, que não afetam somente a mulher que
decide terminar a gravidez, mas que também interferem a nível familiar, social, económico
e dos direitos humanos.(7, 23, 26) Por causa da penalização do aborto, milhões de mulheres
em todo o mundo continuam a colocar em risco a sua vida ao recorrerem aos serviços
clandestinos.

Por outro lado, em países onde o aborto é permitido, como nalguns Estados da América
do Norte e da Europa, ainda existem uma série de obstáculos que dificultam o acesso ao
aborto seguro, como períodos longos de espera, requerimentos de aconselhamento ten-
denciosos, objeção de consciência e o limite imposto da idade gestacional. Uma legisla-
ção restritiva quanto ao aborto está relacionada com altas taxas de aborto inseguro e com
o consequente aumento da morbimortalidade sem, no entanto, se observar uma redução
da sua prática, enquanto que a legalização diminui significativamente a morbimortalidade
sem se verificar um incremento.(7, 24, 27)

O aborto induzido converte-se num problema de justiça social nos países onde é pena-
19
lizado. As mulheres de classe social baixa, sem recursos económicos suficientes, vêm-se
obrigadas a recorrer ao aborto clandestino, por oposição àquelas que têm os recursos
para pagar a realização do aborto seguro em clínicas particulares ou viajar para países
onde é legal.(7, 24)

A ilegalidade do aborto traz como consequência a proliferação de serviços clandestinos


aos quais as mulheres recorrem como única alternativa. Nestes estabelecimentos, as par-

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
teiras e curiosos sem conhecimentos e sem preparação, efetuam os abortos em condições
precárias e recorrendo a técnicas inadequadas. Este mercado, além de colocar em risco
a vida da mulher, coloca outro tipo de problemas ao Estado e às famílias, como gastos
médicos elevados, hospitalizações prolongadas e a inevitável corrupção das instituições
jurídicas e policiais. As leis que penalizam o aborto violam não só os direitos reprodutivos
da mulher, mas também o seu direito à saúde, à liberdade, à segurança, confidencialidade
e potencialmente o seu direito à vida.(7, 8, 20, 28)

A questão da despenalização do aborto tem sido, ao longo dos tempos, um assunto com
contrariedades entre a população nos diferentes países. No Brasil, em 1992 foi autorizada
a primeira interrupção da gravidez por um feto com anencefalia e, atualmente, apenas
são autorizadas as interrupções para salvaguardar a vida da mulher ou em caso de viola-
ção sexual.(29) O relator da Organização das Nações Unidas (ONU) na 66ª sessão de 2011,
chamava à reflexão os países que possuem leis discriminatórias e barreiras administrativas
contra o aborto seguro, já que desrespeitam a equidade e igualdade de género no acesso
aos cuidados de saúde reprodutiva e sexual.(30)

Lei do Aborto em Angola

Os problemas associados ao aborto induzido como atividade ilegal em Angola não dife-
rem dos outros países igualmente com leis restritivas. A lei do aborto, em debate desde
2004, continua sem consenso e, nos dois últimos anos, voltou para nova consulta pública
nos vários sectores sociais. As opiniões apontam para a manutenção das possíveis causas
a despenalizar, as três anteriormente propostas na antiga lei colonial datada de 1886.(23, 31)
O artigo 140 da antiga lei do código penal angolano previa 3 anos de prisão efetiva para
as mulheres que decidissem abortar e para os envolvidos. Atualmente, o novo anteproje-
to, aprovado em 2018, prevê, no seu artigo 142, 4 a 10 anos de prisão para os envolvidos
e propõe-se, no seu artigo 144, a despenalização nas situações que visam salvaguardar a
vida da mãe, se houver fortes razões para crer que o feto é inviável e nos casos de viola-
ção sexual ou incesto.(23)

Com a aprovação da nova lei não se esperam grandes mudanças. Vários estudos reve-
lam não haver qualquer impacto com a legalização do aborto apenas nas três situações
previstas no novo anteprojeto. Em Angola, a maioria dos abortos realizados têm origem
diferente das causas legalmente descriminalizadas e, mesmo sem a atualização do código
civil, os profissionais da saúde realizavam-no com auxílio do código deontológico, quan-
do assim indicado. Atualmente, para realizar a interrupção da gravidez, mesmo nos casos
medicamente justificados, dever-se-ia aguardar pela autorização de um Juiz. Mas, devido
à demora que se verifica, as interrupções médicas são realizadas sem a autorização judi- 20
cial documentada.(31, 32)
3. ABORTO INDUZIDO
COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL

A prática do aborto provocado inseguro é tão antiga quanto o próprio homem e, desde

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
épocas remotas até a atualidade, a sua abordagem é complexa e bastante estigmatizada
pela sociedade.(33) Considera-se pois que o aborto provocado e inseguro já era pratica-
do na antiga China e referido nos arquivos reais. No Egipto, em 1339 a.C., o código de
Hamurabi previa penalização aos praticantes de aborto e, na antiga Grécia o aborto era
praticado para limitar a expansão populacional.(33) Pattis refere que os estudos antropo-
métricos das tribos de diferentes partes do mundo revelaram a existência da prática do
aborto desde a pré-história motivada por razões similares às da atualidade, nomeadamen-
te problemas económicos, sociais (empregabilidade, discriminação), e biológicos (doença
da mãe, idade precoce ou avançada).(34) Um dos seguidores de Platão, Hipócrates o pai
da medicina, aprovava o aborto, recomendando a realização de exercícios violentos para
o provocar.(35) Naquela época, essa prática era realizada por parteiras ou pelas próprias
mulheres grávidas, mas as condições e os meios utilizados como cantilenas mágicas, exer-
cícios físicos violentos e instrumentos mecânicos, provocavam envenenamentos e morte.
Foi no século XIX que o aborto provocado e inseguro assumiu dimensões preocupantes,
sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, o que levou à adoção de leis restritivas, mas
que não visavam o interesse feminino.(36)

O aborto induzido inseguro continua, até a atualidade, um problema de saúde pública à


escala mundial.(26) Nos países desenvolvidos a taxa de mortalidade na sequência de abor-
to é de 1 por 100.000 nados-vivos, muito inferior à taxa de 680 por 100.000 nados-vivos
observada na África subsariana.(11, 37) Em 2008, a gravidez não planeada no mundo menos
desenvolvido foi um terço mais alta que no mundo desenvolvido (57 contra 42 por 1.000
mulheres com idades entre 15 e 44 anos). Aproximadamente metade de todas estas gra-
videzes não planeadas terminaram em aborto.(5) A OMS refere que a gravidez indesejada
causa aproximadamente 45 milhões de abortos por ano em todo o mundo e, que, uma
em cada quatro gravidezes termina em aborto.(5) Em 2009, os dados divulgados pelo mes-
mo organismo, estimava a ocorrência de 42 milhões de abortos por ano, 20 milhões dos
quais inseguros, causando 70.000 mortes maternas e 5 milhões de mulheres com incapa-
cidade temporal ou permanente.(11) Por outro lado, a FIGO, em 2008, referia a existência
de 150 milhões de gestações por ano, das quais 75 milhões não planeadas e, destas, mais
de metade resultando em aborto clandestino.(38) Os dados conhecidos sobre os países em
desenvolvimento, revelam apenas a ponta do iceberg, uma vez que refletem unicamente
dados de instituições públicas e existe um grande sub-registo, devido ao medo da discri-
minação, aos aspetos cívico-culturais punitivos e às restrições criadas pelas leis sobre a
prática do aborto seguro.(38)

O relatório do Alan Guttmacher Institute em 2017 revelou que, em 14 países em desen-


volvimento onde a lei é restritiva e o aborto inseguro é prevalente, 40% das mulheres que
abortaram apresentaram complicações que mereceram atenção médica adicional.(7) 21
Nos últimos anos observou-se uma diminuição de 44% na estimativa da taxa de morta-
lidade materna a nível mundial, de 385 por 100.000 nados-vivos em 1990 para 216 por
100.000 nados-vivos em 2015, e com uma redução do risco de morrer de 1 em 73 para 1
em 183.(38) Entre 2010 e 2014, dos 25 milhões de abortos inseguros por ano, 24 milhões
(97%) foram realizados em países em desenvolvimento.(39) O risco de morrer na sequência
do aborto nos países desenvolvidos foi de 1 em 3300, enquanto nos países em desenvol-

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
vimento foi de 1 em 41.(39) O Brasil, apesar da riqueza em recursos naturais, ocupava o 65º
lugar no ranking de morte materna, com taxas entre 91 e 182 por 100.000 nados-vivos,
taxas estas atribuídas à lei restritiva do aborto. Por outro lado, países mais pobres como
o Uruguai, Chile e Cuba, apresentavam taxas de mortalidade mais baixa, cerca de 30
por 100.000 nados-vivos.(40) Na Etiópia, 26% de todas as mulheres atendidas por aborto
admitiu ou apresentava evidência de ser induzido de maneira insegura.(41) No Sudão, en-
tre 2008 e 2010, foram atendidas 816 pacientes com complicações de aborto, subindo
entre 2011 e 2012 para 3786, e entre 2013 e 2014 para 5833, representando 11 a 12%
das admissões aos serviços de saúde.(7) Em países como Angola, onde os métodos farma-
cológicos do tipo das prostaglandinas (misoprostol) têm sido cada vez mais usados para
indução do aborto, há dificuldade na identificação do aborto provocado. Deste modo, a
incidência real do aborto provocado é desconhecida, sendo a grande maioria dos abortos
considerados espontâneos.(7, 14, 28, 32, 42)

22
4. ABORTO INDUZIDO
COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM ANGOLA

Contrariamente ao que acontece nos países industrializados, em Angola a comercializa-

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
ção de fármacos ocorre geralmente sem prescrição médica, revelando-se uma fragilidade
que propicia o acesso descontrolado aos fármacos abortivos, o que condiciona o aumento
exponencial de abortos sem evidências de manipulação cervical. O fácil acesso ao miso-
prostol, de baixo custo e fácil uso, utilizado de maneira deliberada, mas frequentemente
em dosagens incorretas, provoca complicações do tipo hemorrágico, fundamentalmente
por retenção de estruturas ovulares ou placentárias.(32)

Angola ainda se encontra entre os países com mais altas taxas de mortalidade materna,
apesar dos progressos alcançados a partir de 1989, quando a taxa de mortalidade supe-
rava as 2000 mortes por 100.000 nados-vivos.(9, 26) Não obstante, aceitam-se progressos
neste importante indicador de saúde, apesar das grandes discrepâncias entre os números
anunciados pelas autoridades sanitárias nacionais e fontes independentes. Por exemplo,
relatórios oficiais governamentais em 2009 situavam as taxas de mortalidade materna ao
redor de 600 por 100.000 nados-vivos, com uma redução drástica de 610 para 450 entre
2011 e 2012.(8, 9) Por outro lado, outras fontes revelavam taxas na ordem dos 1400 por
100.000 nados-vivos em 2009.(43) O relatório conjunto da WHO, UNICEF, UNFPA, Word
Bank e United Nations Population and Division em 2015, reportou uma taxa de mortali-
dade na Africa Subsariana de 546 por 100.000 nados-vivos, com Angola entre os países
classificados com alta taxa de mortalidade, com uma taxa de 477 por 100.000 nados-vi-
vos, correspondendo a 54000 mortes maternas e a um risco de morte das mulheres de
1 em 32, igualando países como Costa do Marfim, República Democrática do Congo e
Moçambique.(39) De acordo com a opinião de especialistas na área, os dados oficiais di-
vulgados pelas autoridades angolanas, baseiam-se somente nos relatórios provenientes
dos principais hospitais, ignorando-se os números dos centros periféricos e zonas rurais,
sendo que muitas das mortes não são registadas nas estatísticas de saúde.(8, 9)

O aborto inseguro encontra-se entre as principais causas de morbimortalidade materna


nas instituições sanitárias de Angola.(9, 26) Embora não se disponha de dados da incidência
anual em todo território nacional, estimativas referem valores de 10 a 15%, apesar de alguns
estudos isolados indicarem que essas estimativas subestimam a realidade. Tchivandja, num
estudo realizado em três hospitais em Luanda, reportou uma incidência de 13%, com 2.536
mortes maternas entre 2005 e 2008, sendo as duas principais causas as complicações he-
morrágicas do parto (24%, com 610) seguida do aborto (22%, com 556).(14)

23
5. A REDE SANITÁRIA NO HUAMBO

A província do Huambo está situada no Planalto Central de Angola, fazendo fronteira com

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
as províncias do Cuanza Sul, Huíla, Benguela e Bié conforme ilustrado no mapa (Figura 1).
Dados definitivos do censo geral de 2014, revelaram que o Huambo está entre as sete cida-
des mais populosas de Angola com 2.019.555 habitantes, ocupando o 4º lugar, superado
apenas pela capital Luanda, Huíla e Benguela.(44) Em função da sua localização geográfica,
capacidade resolutiva e vias de acesso, o Hospital Geral do Huambo é considerado hospital
de referência para grande parte do Centro e Sul do País, incluindo as províncias do Cuando
Cubango e Moxico. O sistema nacional de saúde de Angola compõe-se em rede de saúde
pública e privada. A rede privada, quase inexistente nas zonas rurais, está já implantada
nas zonas urbanas e predominantemente na capital do país, Luanda. A rede pública está
dividida em três subsistemas: o primário, secundário e terciário. O nível terciário está con-
cebido apenas para a capital do país, pelos chamados hospitais de referência nacional. Já
nas províncias, apenas existe o nível primário e secundário, este último representado pelos
hospitais provinciais, na sua maioria hospitais gerais e polivalentes. O nível primário está
representado pelos hospitais municipais, centros e postos de saúde e consultórios. No geral
apenas os hospitais municipais contam com pessoal médico. Na grande maioria dos centros
e postos, assim como os consultórios e alguns hospitais municipais, funcionam apenas com
pessoal de enfermagem. No Huambo, existe um único hospital geral, ao contrário do que
acontece nas outras três grandes províncias, onde além dos hospitais gerais e polivalentes,
existem hospitais monovalentes ou especializados, nomeadamente o infantil-pediátrico e
o materno-infantil ou gineco-obstétrico, que de certo modo, acabam por descongestionar
os serviços de urgência e de apoio médico. O facto de na sede de província do Huambo
haver apenas um único hospital geral polivalente, abrangendo no mesmo recinto os servi-
ços materno e pediátrico, com uma capacidade instalada de mais de 700 camas, centraliza
a atenção médica e medicamentosa da província nas mais diversas especialidades, com
exceção apenas das patologias respiratórias não complicadas de causa tuberculosa que
são referenciadas ao hospital Sanatório. Neste contexto, apesar de ser por definição um
hospital de categoria secundária, na prática comporta-se como de nível terciário, já que
nele são atendidos e solucionados todos os problemas de saúde, de pequena até alta com-
plexidade. A província possui 11 municípios, recebendo o hospital do Huambo pacientes
provenientes destes e das várias províncias vizinhas. Por outro lado, o acesso direto dos
pacientes às urgências, pela localização, acessibilidade, falta de serviços de referência e
contra referência, e pelas inúmeras dificuldades que afetam o funcionamento adequado da
atenção primária, contribuem para a alta afluência de pacientes.

No Hospital Central do Huambo, em média, são atendidos diariamente nas urgências


entre 10 e 15 pacientes devido a complicações decorrentes do aborto. Pela pressão as-
sistencial e escassez de pessoal qualificado, a grande maioria das pacientes permanece
cerca de 24 horas a aguardar atendimento médico. Somente os casos mais graves têm
atendimento priorizado ou imediato. 24
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Figura 1. Mapa de Angola, com representação das 18 províncias (From Wikimedia Commons, the free
media repositor, File: Angola, administrative divisions - de - colored.svg - This file is licensed under the
Creative Commons).

25
6. PORQUE DESCRIMINALIZAR O ABORTO?

A descriminalização do aborto em países como Roménia, Nepal e África do Sul, levou a

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
uma drástica redução nas taxas de morbimortalidade materna.(45) Na África do Sul, depois
da promulgação da Acta de Escolha de Terminação da Gravidez, ocorreu uma redução
de 91% na mortalidade materna, passando de 425 para 40 mortes por ano.(27, 46) Este facto
deve motivar os Governos a refletir quanto à justificação de manter uma lei restritiva, que
coloca as mulheres mais vulneráveis numa condição ainda mais discriminada, inviabilizan-
do-lhes o acesso a cuidados de saúde qualificados.

Importa sublinhar que a situação quanto às interrupções de gravidez por causas legais
não constitui um problema de saúde pública em Angola. Em contrapartida, as principais
causas de aborto provocado são bem identificadas e continuam a causar sofrimento tem-
porário e/ou permanente e morte às mulheres.(7, 26, 28, 30, 45)

Os Governos são chamados a garantir o acesso de todas mulheres aos serviços de saúde
sexual e reprodutiva, aderindo assim aos princípios fundamentais dos direitos destas, os
quais os mesmos Governos subescreveram na Comissão dos Direitos Humanos.(30) Vários
estudos afirmam que a criminalização do aborto não diminui a sua incidência, apenas
aumenta a taxa de abortos inseguros e a morbimortalidade.(7, 39, 48-50) Atualmente, como é
referido pelo Guttmacher Institute, no relatório “Situação mundial do aborto: progresso
desigual e acesso desigual”, verifica-se um aumento do recurso a métodos farmacológicos
mais seguros, como o misoprostol, com diminuição da utilização de métodos invasivos.
Porém, também os métodos farmacológicos, quando utilizados incorretamente, são res-
ponsáveis pela alta morbimortalidade.(7, 30)

26
7. ABORTO NO MUNDO E EM ANGOLA

A grande diferença entre o mundo desenvolvido e em desenvolvimento no que respeita a

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
prática do aborto, radica sobretudo na legislação. No mundo desenvolvido, ao estar permi-
tido legalmente, o aborto é realizado em condições seguras por profissionais competentes.
No mundo em desenvolvimento, onde predominam as restrições, são comuns as práticas
clandestinas, em ambientes inapropriados, efetuadas por indivíduos não preparados, amiú-
de incompetentes, ou mesmo auto-provocado, acarretando riscos acrescidos.(7, 11) O Alan
Guttmacher Institute em 2017, referiu que 55% dos abortos realizados no mundo são segu-
ros.(7) A diferença radica nas motivações, na frequência, nas condições em que se efetuam
e na subsequente taxa de morbimortalidade.(45)

É por todos reconhecido que as meninas pobres, de baixa escolaridade e residentes no


meio rural, são mais propensas a engravidar que as meninas ricas, urbanas e com maior
escolaridade.(10, 27, 28, 50) Um estudo efetuado na Colômbia para conhecer o efeito da lite-
racia na ocorrência de gravidez em adolescentes, constatou que a ausência de instrução
sobre sexualidade era responsável em 75% pelo risco de engravidar.(51) Noutro estudo, na
Guiné, constatou-se um impacto na utilização de métodos contracetivos nove meses de-
pois do parto, quando as mulheres tinham aconselhamento anteparto.(52) As mulheres que
recebem instrução e aconselhamento sobre saúde reprodutiva e uso de contracetivos,
têm menores taxas de gravidez indesejada, partos em adolescentes e de aborto inseguro
repetidos.(10, 27, 53, 54) Em Cuba, depois do triunfo da revolução com a introdução da edu-
cação sexual e da despenalização do aborto em 1965, a mortalidade materna diminuiu,
passando de 120 para 7 por 100.000 nados-vivos.(40) Atualmente, segundo dados da OMS,
Cuba tem taxas de mortalidade próximas das taxas dos países industrializados, apesar
do seu baixo produto interno bruto (PIB), evidenciando a prioridade que é dado à saúde
materno-infantil.(24, 50) Países como Cabo Verde, apresentam igualmente bons indicadores,
com taxas de mortalidade materna de 79 por 100000 nados-vivos, partos em adolescen-
tes de 92 por 1000 e prevalência do uso de contracetivos de 61%, o que realça o papel da
prioridade dada às áreas sociais como a saúde, independentemente do PIB.(28, 55)

Aborto em Angola

Angola tem elevadas taxas de natalidade e de mortalidade materna, contribuindo o abor-


to para uma parte importante das mortes.(14, 15, 26, 44) Não encontramos dados sobre a taxa
global de utilização de contracetivos, mas presume-se ser baixa, pela análise dos indica-
dores demográficos. Tavares, no estudo realizado no Huambo, constatou que 98% das
puérperas adolescentes não usava contracetivos.(56)

Decorrente da legislação restritiva, não existem serviços vocacionados para o atendimen-


to de mulheres com complicações do aborto. Nas instituições públicas, por carência de 27
recursos humanos e materiais, o atendimento às pacientes é condicionado. Os locais de
atendimento e onde são realizados os tratamentos médico-cirúrgicos carecem de condições
de humanização, nomeadamente não existe equipamento para procedimentos anestésicos.
A diferença entre os cuidados prestados nas instituições públicas e privadas, radica no facto
de que nestas últimas existem condições para um atendimento humanizado.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
É necessário um contínuo trabalho de informação à população e ao Governo, não só para
sensibilizar os decisores para alterar a lei e, desse modo, garantir o acesso universal ao
aborto seguro, como também para melhorar as condições sanitárias. Como é bem sabi-
do, quem não quer abortar, não será obrigado a fazê-lo, mas quem assim o deseja, vê a
sua vontade e direitos fundamentais permanentemente negados.(24, 28) É também urgente
potenciar os cuidados de saúde pós-aborto, para o que é necessário investimento, o que
é dificultado pela capacidade financeira dos países, criando-se um círculo vicioso cujos
únicos alvos as mulheres.(7, 28) Paralelamente, é uma obrigação do Estado a criação de con-
dições para diminuir a incidência da gravidez indesejada, mediante a inclusão universal no
ensino geral e a formação em educação sexual e reprodutiva.(28, 57, 58)

28
8. PROMOÇÃO DA SAÚDE REPRODUTIVA E SEXUAL.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA DO ABORTO INSEGURO

A Organização das Nações Unidas para a Cultura, Educação e Ciência (UNESCO) consi-

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
dera a educação sexual uma necessidade e um direito, dos jovens e adolescentes, mas
também de toda a população. Angola enfrenta grandes desafios para concretizar este
direito primário. A educação sexual ainda está praticamente ausente em todos os níveis
de educação geral.(32, 59) Apesar de alguns progressos no sector da educação entre os anos
de 2001 e 2014, os desafios ainda permanecem, com 22% das crianças em idade escolar
fora do sistema de ensino.(58) Estes desafios foram confirmados no censo de 2014 e no
relatório da Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) em 2016, com uma
taxa de analfabetismo de 34% com cerca de 60% nas zonas rurais.(44, 58, 59) Outro desafio,
é Angola ainda não conseguir cumprir com os compromissos de Dakar que recomendam
aos Estados atribuírem 20% do seu orçamento ao sector da educação. Entre 2010 e 2016,
Angola apenas destinou a este sector um valor que variou entre 6% e 9%, pouco mais de
um terço do valor previsto, muito aquém das expectativas.(58, 60) Com estas altas taxas de
analfabetismo na população é difícil diminuir a gravidez indesejada e o aborto. Não é a
aprovação de leis contra o aborto que irá resolver o problema, sendo necessário investir
noutras áreas, tais como a prevenção da gravidez precoce e indesejada. As evidências
disponíveis são unânimes na importância da educação geral da população, bem como
na instrução em temas de saúde reprodutiva e sexual. O Ministério da Educação faz refe-
rência às dificuldades e desafios do seu sector no relatório divulgado em 2015.(59) Angola
tem uma população estimada de 26 milhões de habitantes, com 51% de mulheres, 65%
das quais com idade entre os 0 e 24 anos e com uma alta taxa de fecundidade.(44) A maio-
ria destas crianças e adolescentes brevemente alcançará a idade reprodutiva e a maioria
continuará sem formação nem informação. É de extrema importância investir na educa-
ção, para que cada um saiba a importância da prevenção da gravidez indesejada e possa
reconhecer os riscos do aborto. É igualmente urgente a criação de políticas sustentáveis
que garantam o acesso aos cuidados de saúde de qualidade, com destaque para a saúde
reprodutiva e sexual.

29
9. EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS

Andrade enquadra a educação sexual em contexto escolar como a forma de introduzir a

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
educação em saúde nas escolas e interferir positivamente na promoção da saúde sexual
e reprodutiva de adolescentes e jovens.(61) A adolescência é caracterizada por etapas de
desenvolvimento biopsicossocial, passando de uma fase de dependência total a outra
de relativa independência. A sexualidade masculina e feminina tem diferenças na visão
social, com estereótipos em grande parte dos países, em que a sexualidade masculina é
reconhecida como incontrolável, cheia de permissões e incentivos e a feminina está su-
bordinada à vontade do homem.(62) A ideologia machista responsabiliza a mulher e exime
o homem de qualquer responsabilidade na questão da contraceção e da maternidade.
Em alguns países, como Angola, ainda persiste a ideia da responsabilização da mulher
pela gravidez, como se constata no atual anteprojeto do código penal, que continua a
responsabilizar apenas a mulher diante de um aborto ilegal.(62, 63) A promoção de atitudes
e comportamentos sexuais saudáveis depende de uma educação sexual bem estruturada,
com o objetivo de informar e potenciar atitudes nos jovens.(28, 59, 64)

Em muitos países, incluindo Angola, a sexualidade, e, portanto, a educação sexual, são


questões sensíveis que podem gerar resistência. Não é raro que tal resistência ou diver-
gências sejam alimentadas pela convicção infundada de que a educação sexual leva ao
início de uma atividade sexual precoce ou à promiscuidade.(28, 65) Importa sublinhar que
existem evidências suficientes de que a instrução dos jovens sobre sexualidade não incita
tal comportamento.(7, 28) Por causa desta visão predominante na sociedade, a introdução
do tema requer uma planificação cuidadosa e uma atuação global, envolvendo não só a
escola, mas também as famílias e a comunidade.(66)

Há vários exemplos de sucesso na introdução da educação sexual no meio escolar, em


vários países Europeus e alguns da América Latina e África, em diferentes grupos etários,
com evidência dos benefícios na área de saúde pública e no sector socioeconómico.(67, 68)
Existindo atualmente 580 milhões de adolescentes a nível global, quatro em cada cinco
vivendo em países em desenvolvimento, o investimento nos adolescentes terá um grande
potencial para moldar o futuro da humanidade.(11, 28)

30
BIBLIOGRAFIA

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
1. Souza Vd. A inviolabilidade do direito á vida e o 12. Rehnstrom Loi U G-DK, Faxelld E, Klingberg
crime de aborto: Aspectos gerais e abortismo ideo- Allvin M. Health care providers, perceptions of and
lógico. Revista Hórus. 2017;5(4):24. attitudes towards induced abortion in Sub-Saharan
Africa and Southest Asia: a systematic literature re-
2. Scott. J. Early Prenancy Loss. Edition LRS, editor.
view of qualitative and quantitative data. BMC public
United State of America: Danforth,s Obstetrícs and
health. 2015.
Gynecology 1997.
13. Blystad A, Haukanes H, Tadele G, Haaland MES,
3. Rominski SD LJ. Abortion care in Ghana: a critical
Sambaiga R, Zulu JM, et al. The access paradox:
review of the literature. African journal of reproducti-
abortion law, policy and practice in Ethiopia, Tanzania
ve health. 2014;18(3):17-35.
and Zambia. International journal for equity in health.
4. Scott JR. Validating Evidence and Using Stan- 2019;18(1):126.
dard Outcomes for Recurrent Pregnancy Loss Tests
14. Tchivandja Q. Causas de mortalidade materna
and Treatments. Clinical obstetrics and gynecology.
por hipertensão arterial no hospital especailizado de
2016;59(3):524-34.
Angola entre 2001-2005. 2009.
5. Barreix M, Tuncalp O, Mutombo N, Adegboyega
15. Kahuli CN, Nungulo VN, Ayres-de-Campos D.
AA, Say L. Experience from a multi-country initiative
Causas de mortalidade materna em quatro hospitais
to improve the monitoring of selected reproducti-
de referência na Província do Huambo no período
ve health indicators in Africa. International journal
de 2011 a 2013. Acta Obstétrica e Ginecológica Por-
of gynaecology and obstetrics: the official organ of
tuguesa. 2018;12(4):256-60.
the International Federation of Gynaecology and
Obstetrics. 2017. 16. Henshaw SK. Induced Abortion: A World Review.
Family Planning Perspectives 1990;22(2):76–89.
6. Ahmed TU, Omer MI, Mahgoub AA, Ismail S, Allah
H, Seham A. Achievements of implementing post- 17. P. 753 in Julia L. Ernst LK, and Erica Smock. The
-abortion care services in Sudan 2010-2014. Sudan Global Pattern of U.S. Initiatives Curtailing Women’s
Medical Journal. 2016;11(3687):1-7. Reproductive Rights: A Perspective on the Increa-
singly Anti-Choice Mosaic. Journal of Constitutional
7. Susheela Singh LR, Gilda Sedgh,Lorraine Kwok,
Law 2004;6(4):752–95.
Tsuyoshi Onda. Abortion Worldwide. Uneven Pro-
gress and Unequal Access.; 2017. 18. P. 60 in Anika Rahman LK, and Stanley K.
Henshaw. A Global Review of Laws on Induced
8. Mark AG, Wolf M, Edelman A, Castleman L. What
Abortion. International family planning perspectives.
can obstetrician/gynecologists do to support abor-
1985-1997;24(2):56–64.
tion access? International journal of gynaecology
and obstetrics: the official organ of the Internatio- 19. CBC AAR. Legislación internacional y derecho
nal Federation of Gynaecology and Obstetrics. comparado sobre el aborto 2008.
2015;131 Suppl 1:S53-5.
20. Hill K, Thomas K, AbouZahr C, Walker N, Say
9. Carrera JM. Mortalidad materna en África. Progre- L, Inoue M, et al. Estimates of maternal mortality
sos de Obstetricia y Ginecología. 2007;50(7):Pages worldwide between 1990 and 2005: an assess-
405-19. ment of available data. Lancet (London, England).
2007;370(9595):1311-9.
10. Gebremedhin M, Semahegn A, Usmael T, Tesfaye
G. Unsafe abortion and associated factors among 21. Juarez F, Cabigon J, Singh S, Hussain R. The inci-
reproductive aged women in Sub-Saharan Africa: a dence of induced abortion in the Philippines: current
protocol for a systematic review and meta-analysis. level and recent trends. International family planning
Systematic reviews. 2018;7(1):130. perspectives. 2005;31(3):140-9.
11. Shah I, Ahman E. Unsafe abortion: global and 22. Rights CfR. The World’s Abortion Laws New
regional incidence, trends, consequences, and York2011.
challenges. Journal of obstetrics and gynaecology
23. Anteprojecto do código penal angolano [Inter-
Canada: JOGC = Journal d’obstetrique et gyneco-
net]. 2017. Available from: https://www.fd.unl.pt/
logie du Canada : JOGC. 2009;31(12):1149-58.
Anexos/Investigacao/1274.pdf.

31
24. Finer L, Fine JB. Abortion law around the world: 41. Singh S, Fetters T, Gebreselassie H, Abdella A,
progress and pushback. American journal of public Gebrehiwot Y, Kumbi S, et al. The estimated inciden-
health. 2013;103(4):585-9. ce of induced abortion in Ethiopia, 2008. Internatio-
nal perspectives on sexual and reproductive health.
25. Rights CfR. The World’s Abortion Laws 2012.
2010:16-25.
26. UNICEF. Angola: Mortalidade Materna Elevada.
42. de Almeida N, Teixeira A, Capoco Sachiteque A,
A situação mundial da infância. 2009.
Molina JR, Dos Prazeres Tavares H, Ramalho C. Cha-
27. Faundes A, Shah IH. Evidence supporting broader racterisation of induced abortion and consequences

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
access to safe legal abortion. Int J Gynaecol Obstet. to women’s health at Hospital Central do Huambo -
2015;131 Suppl 1:S56-9. Angola. Journal of obstetrics and gynaecology : the
journal of the Institute of Obstetrics and Gynaecology.
28. UNFPA. Maternidade precoce: enfrentando o
2019:1-6.
desafio da gravidez na adolescência. www.unfpa.
org2013. 43. Materna S. Índice de esperança de vida entre os
melhores de África. ANGOP. 2017.
29. Olinto MTA, Moreira-Filho DdC. Fatores de ris-
co e preditores para o aborto induzido: estudo de 44. INE. Recenseamento geral da população e habita-
base populacional. Cadernos de Saúde Pública. ção. Resultados definitivos. 2014.
2006;22:365-75.
45. Cameron S. Recent advances in improving the
30. Hunt P, Leader S. Developing and applying the effectiveness and reducing the complications of
right to the highest attainable standard of health: abortion. F1000Research. 2018;7.
the role of the UN Special Rapporteur (2002–2008).
46. Jewkes R RH. Dramatic decline in abortion morta-
Global Health and Human Rights: Routledge; 2010.
lity due to choice on termination of pregnancy. South
p. 38-71.
African medical journal. 2005;95(4):250.
31. Universidade C. Código Penal Português. Diário
47. Sedgh G, Bearak J, Singh S, Bankole A, Popin-
Português. 1886 1919 20. 09.
chalk A, Ganatra B, et al. Abortion incidence between
32. Natércia A. Manual de Educação Sexual para Jo- 1990 and 2014: global, regional, and subregional le-
vens para Prevenção da Gravidez indesejada. 1º ed. vels and trends. The Lancet. 2016;388(10041):258-67.
Luanda. 2015.
48. Yakubu I, Salisu WJ. Determinants of adolescent
33. Benute GG. Do diagnóstico de malformação fetal pregnancy in sub-Saharan Africa: a systematic review.
letal á interrupção da gravidez: psicodiagnóstico e in- Reproductive health. 2018;15(1):15.
tervenção. 2011:178.
49. Unidas FdPdN. Maternidade precoce: enfrentan-
34. Pattis E. Aborto.Perda e renovação: um parado- do o desafio da gravidez na adolescência. Situação
xo na procura da identidade femenina. Paulus, editor. da População Mundial 2013. 2013.
São Paulo. 2000.
50. Singh S, Remez L, Sedgh G, Kwok L, Onda T.
35. Tretze C, Lewitz,S. Abortion. Scientific American. Abortion worldwide 2017: uneven Progress and
1969;220(1):21-9. unequal AccessAbortion worldwide 2017: uneven
Progress and unequal Access. 2018.
36. Souza VANGd. Aborto: direito de escolha da
mulher. 2017. 51. Alzate MM, Dongarwar D, Matas JL, Salihu HM.
The Effect of Sexual Literacy on Adolescent Pregnan-
37. Institute TAG. Shering responsability: women,
cy in Colombia. Journal of pediatric and adolescent
society and abortion worlwide. New York: Alan Gutt-
gynecology. 2020;33(1):72-82.
macher Institute; 1999.
52. Camara BS, Delamou A, Sidibe S, Beavogui AH,
38. Ahman E, Shah IH. New estimates and trends
Bouedouno P, Sylla MM, et al. Impact of an Ante-
regarding unsafe abortion mortality. International
natal Counseling on Use of Modern Family Planning
journal of gynaecology and obstetrics: the official
Methods in the Postpartum in Rural Guinea. African
organ of the International Federation of Gynaeco-
journal of reproductive health. 2018;22(4):16-25.
logy and Obstetrics. 2011;115(2):121-6.
53. Johnson BR, Ndhlovu S, Farr SL, Chipato T. Redu-
39. WHO U, UNFPA, WORL BANK GROUP, UNPD.
cing unplanned pregnancy and abortion in Zimbabwe
Trends in Matrenal Mortality: 1990 to 2015 2015.
through postabortion contraception. Studies in family
40. Fusco CL, Andreoni S, Silva RdS. Epidemiologia planning. 2002;33(2):195-202.
do aborto inseguro em uma população em situação
54. Smith C, Scott RH, Free C, Edwards T. Characte-
de pobreza Favela Inajar de Souza, São Paulo. Revis-
ristics and contraceptive outcomes of women seeking
ta Brasileira de Epidemiologia. 2008;11:78-88.
medical or surgical abortion in reproductive health
clinics in Cambodia. Contraception and Reproductive
Medicine. 2019;4(1):5.
32
55. Dillner L. Inequalities cause reproductive deaths. 63. JP S. The World Health Organization Multicoun-
BMJ (Clinical research ed). 1995;311(6998):147-8. try Survey on Maternal and Newborn Health project
at a glance: the power of collaboration. BJOG: an
56. TAVARES. H. Aspectos obstétricos, sóciodemo-
international journal of obstetrics and gynaecology.
gráficos e psicossociais, de puérperas adolescentes
2014;121(1):5-8.
assistidas na Maternidade do Hospital Central do
Huambo. Huambo. Angola. [Mestrado]: Universidade 64. B R. Direito,Religião, Direito à Vida e Aborto
Estácio de Sá. Brasil.; 2011. Nova de Lisboa; 2015.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
57. Izugbara CO, Otsola KJ, Ezeh AC. Men, women, 65. Gómez-Sánchez PI U-VL, Villarreal C. Experien-
and abortion in central Kenya: a study of lay narrati- ce in Colombia regarding the FIGO strategy for
ves. Medical anthropology. 2009;28(4):397-425. preventing unsafe abortion Revista Colombiana de
Obstetricia y Ginecología. 2011;62(1):24-35.
58. UNICEF AAe. Educação no OGE 2016. 2016.
66. Capurchande R, Coene G, Schockaert I, Macia M,
59. Educação. M. Educação para todos: Angola.
Meulemans H. “It is challenging... oh, nobody likes it!”:
2015.
a qualitative study exploring Mozambican adolescen-
60. DE DAKAR OMDA. Educação Para Todos: Atin- ts and young adults’ experiences with contraception.
gindo nossos Compromissos Colectivos. Texto BMC women’s health. 2016;16:48.
adoptado pela Cúpula Mundial de Educação, Dakar,
67. al MMe. Educação sexual em Portugal e em vários
Senegal–26 a. 2000;28.
países da América Latina. 2009;10(1):149-58.
61. dos Santos Andrade FCD. Conhecimentos, práticas
68. Kivela J, Ketting E, Baltussen R. School-based
e vivências da sexualidade em jovens são-tomenses.
sexuality education programmes: A cost and cost-
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação.
effectiveness analysis in six countries. UNESCO;
2015;10(2):301-19.
2011.
62. Frias A. Sexualidade e Gênero em Campanhas
de Prevenção da Infecção por VIH/SIDA. Descontruir
oara (re)educar. [Doutorate]. Indagatio Didactica:
Universidade de Aveiro. 2014.

33
Capítulo II

35 Objectivo Geral
36 Objectivos Específicos
OBJECTIVOS

34
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
1. OBJECTIVO GERAL

Expor a importância do aborto como problema de saúde no Huambo e desenvolver uma

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
estratégia para sua redução.

35
2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar o aborto induzido e as consequências para a saúde da mulher no Hospital

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Geral do Huambo.

• Elaborar um manual didático de educação sexual sob a base dos conhecimentos dos
estudantes do ensino secundário da cidade do Huambo.

• Implementar o programa de estudo sobre educação sexual e fisiologia da reprodução


com base nos resultados do inquérito aplicado nas escolas.

• V
 erificar em que medida a intervenção educativa nas escolas, melhora os conhecimentos
dos alunos sobre fecundidade humana e sexualidade.

36
Capítulo III

ARTIGO 1

37
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Caracterizar o aborto induzido e as consequências para a saúde da mulher a nível do
Hospital Regional do Huambo.

38
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Natércia de Almeida, Andreia Teixeira, Alberto Capoco Sachiteque, José R. Molina, Hamilton
dos Prazeres, Carla Ramalho. Characterisation of induced abortion and consequences to
woman’s health at Hospital Central do Huambo-Angola. J Obstet Gynaecol 2019; 1: 1-6. doi:
10.1080/01443615.2019.1635096.

39
Journal of Obstetrics and Gynaecology

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
ISSN: 0144-3615 (Print) 1364-6893 (Online) Journal homepage: https://www.tandfonline.com/loi/ijog20

Characterisation of induced abortion and


consequences to women's health at Hospital
Central do Huambo – Angola

Natércia de Almeida, Andreia Teixeira, Alberto Capoco Sachiteque, José R.


Molina, Hamilton dos Prazeres Tavares & Carla Ramalho

To cite this article: Natércia de Almeida, Andreia Teixeira, Alberto Capoco Sachiteque, José R.
Molina, Hamilton dos Prazeres Tavares & Carla Ramalho (2019): Characterisation of induced
abortion and consequences to women's health at Hospital Central do Huambo – Angola, Journal of
Obstetrics and Gynaecology, DOI: 10.1080/01443615.2019.1635096

To link to this article: https://doi.org/10.1080/01443615.2019.1635096

Published online: 01 Sep 2019.

Submit your article to this journal

View related articles

View Crossmark data

Full Terms & Conditions of access and use can be found at


https://www.tandfonline.com/action/journalInformation?journalCode=ijog20

40
JOURNAL OF OBSTETRICS AND GYNAECOLOGY
https://doi.org/10.1080/01443615.2019.1635096

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
ORIGINAL ARTICLE

Characterisation of induced abortion and consequences to women’s health at


Hospital Central do Huambo – Angola
Nat�ercia de Almeidaa,b, Andreia Teixeirac, Alberto Capoco Sachitequea, Jos�e R. Molinab, Hamilton dos Prazeres
Tavaresb,d and Carla Ramalhoe,f,g
a
Serviço de Ginecologia e Obstetr�ıcia, Hospital Central do Huambo, Huambo, Angola; bUniversidade Jos�e Eduardo dos Santos, Huambo,
Angola; cCINTESIS, INESC-TEC e ARC4DigiT, Porto, Portugal; dServiço de Ginecologia e Obstetr�ıcia, Hospital Municipal Da Ca�ala, Huambo,
Angola; eFaculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal; fCentro Hospitalar Universit�ario S. Jo~ao, EPE, Porto, Portugal;
g
Instituto de Investigaç~ao e Inovaç~ao em Sa�ude, Universidade do Porto, Porto, Portugal

ABSTRACT KEYWORDS
To characterise patients with abortion in Huambo, Angola, we have undertaken a descriptive, longitu- Illegal abortion; induced
dinal, prospective survey. A structured questionnaire was applied to 715 patients. The study variables abortion; abortion; septic;
were grouped in socio-demographic and clinical-epidemiological variables. There were 29.8% women abortion complications
were aged 20–24, 45.6% had primary education, 41.1% were single and 26.9% worked as a non-formal
salesperson. Menarche occurred at 16–18 years (55.5%), first sexual intercourse at 13–15 years (40.3%)
and 74.8% did not use contraceptive methods. Abortion was of indeterminate type in 84.3% and
79.3% had had a previous abortion. Serious complications occurred in 8.0% with six maternal deaths
(0.8%). Age of menarche and age at onset of sexual activity are interdependent variables (p  .001), the
earlier menarche appears, the earlier sexual activity begins. When there was a history of abortion, new
abortions occurred earlier (p  .001) and were of indeterminate type (89%). Indeterminate induced
abortion is influenced by socioeconomic, educational and political conditions and continues to be a
frequent cause of morbidity and mortality.

IMPACT STATEMENT
 What is already known on this subject? Unsafe abortion contributes greatly to maternal morbid-
ity and mortality, principally in countries with restrictive abortion laws. The relationship between
socio-educational level and unwanted pregnancies is consensual.
 What the results of this study add? Early initiation of sexual activity combined with non-contra-
ception contributes to unwanted pregnancy and consequent unsafe abortion. Most of the women
had previously had an abortion.
 What the implications are of these findings for clinical practice and/or further research? It is
necessary to develop access to adequate information and family planning to combat unwanted
pregnancies. It is also important to evaluate long-term consequences of unsafe abortion.

Introduction countries with the most restrictive abortion laws, due to fear,
discrimination and legislation, the known cases of complica-
Unsafe induced abortion is a major public health problem. A
tions and death are lower than the real, reflecting only the
recent study estimates that during 2010–2014, 55.7 million
cases that occur in hospitals. In Ethiopia, in 2008, 42% of all
abortions occurred annually worldwide, and 25.1 million
pregnancies were unintended with 382,000 induced abor-
(45.1%) abortions were done in unsafe circumstances each
year (Ganatra et al. 2017). The International Federation of tions and 52,600 women treated for complications, mostly
Gynecology and Obstetrics (FIGO) reports about 150 million due to unsafe abortions (Singh et al. 2010). Immediate conse-
pregnancies per year, 75 million of them unplanned and of quences of unsafe abortion include incomplete abortion,
these, almost half will end in induced abortion, of which, infection, genital haemorrhage, cervical laceration, uterine
around 20 million are unsafe abortions (FIGO Committee for perforation, abdominal lesions, septicaemia, anaphylactic
Ethical Aspects of Human Reproduction and Women’s shock, anaesthetic and surgical complications, and death.
Health 2013). Angola is a country with one of the most restrictive abor-
Unsafe abortion contributes greatly to maternal morbidity tion laws. Abortion is illegal in Angola except for saving the
and mortality, principally in countries with restrictive abortion life of the pregnant woman. Angola’s legislation has been
laws. According to the World Health Organization (WHO), under discussion for several years, still without consensus, to
unsafe abortion causes approximately 47,000 deaths annually, update the current law. The problems associated with abor-
about 13% of all maternal deaths worldwide (WHO 2011). In tion induced as an illegal activity in Angola do not differ

CONTACT Carla Ramalho carlaramalho@med.up.pt Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Al. Prof. Hern^ani Monteiro, 4200-319 Porto, Portugal
 2019 Informa UK Limited, trading as Taylor & Francis Group

41
2 N. DE ALMEIDA ET AL.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Figure 1. Flowchart of patient’s inclusion.

from other countries with restrictive laws. Despite the lack of Abortion was classified as early and late, as it occurred
published studies on the real incidence of unsafe abortion before 12 weeks or at or after 12 weeks. The type of abortion
throughout the national territory, Tchivandja reported in his was classified in three types: spontaneous, induced or inde-
study about preeclampsia that 12.6% of women had a history terminate. Induced abortion was defined as therapeutic or
of abortion, and complications of abortion were the cause of medical when performed by medical indication in the pres-
21.9% of maternal deaths (Tchivandja 2009). ence of danger to the woman’s life; non-therapeutic or illegal
The objective of this study was to characterise patients abortion when there was clear evidence of it being provoked
with abortion in Angola, describing sociodemographic and by the patient or by third parties, due to the presence of tab-
clinical-epidemiological factors, immediate complications and lets in the genital canal or traumatic lesions. Abortion was
main causes of death. classified as indeterminate when it was not possible to
include in the other previous categories, due to the absence
Materials and methods of clinical elements. Immediate complications of abortion
were grouped into haemorrhagic, infectious, death
A descriptive, longitudinal, prospective survey was conducted and others.
in Hospital Central de Huambo, Angola, between January The study was approved by Ethics Committee of Hospital.
and December 2014. Women evaluated in the emergency The information obtained was introduced in the Microsoft
room with diagnosis of abortion were included. In 2014, at Excel program and analysed in SPSS version 21 (IBM,
Hospital Central do Huambo, 22,927 patients were evaluated Armonk, NY). The results are presented in double entry con-
at the Emergency Room of Gynecology and Obstetrics. There tingency tables, with absolute and relative frequencies; the
was 10,250 deliveries and 1152 women had the diagnosis of independence of the variables was tested with the Chi-square
abortion. From the 1152 women with the diagnosis of abor- test and the level of significance considered was 5%. It was
tion, 715 gave their consent to participate and had the ques- necessary to recode some categorical variables for the Chi-
tionnaire completed. The flowchart of patient’s inclusion is square test.
presented in Figure 1.
A structured questionnaire was applied. The questionnaire
was previously elaborated, and a pilot study was performed Results
during a month to evaluate its applicability. The study varia-
bles were grouped in socio-demographic variables (age, mari- Of the 715 women included, 29.8% were between 20 and
tal status, academic status, professional status and regional 24 years old, 82.7% came from Huambo, 45.6% had primary
origin) and clinical-epidemiological variables (menarche age, education, 41.1% were single and 26.9% worked as non-for-
age at onset of sexual intercourse, history of previous abor- mal salesperson (Table 1).
tions, type of abortion, use of contraceptives, and gestational Menarche occurred in the majority (55.5%) between the
age). For statistical analyses age of menarche was recoded ages of 16 and 18 and the onset of sexual intercourse was
into three groups: less than or equal to 15 years, from 16 to from 13 to 15 years-old in 40.3% (Table 2). Abortion was of
18 years and over 18 years. The calculation of gestational indeterminate type in 84.3% of the cases and, of these,
age was based on the date of the last menstrual period and 66.5% was early abortion (Table 3). We found fragments of
the clinical evaluation. tablets in vagina in 15.0% of abortion cases.

42
JOURNAL OF OBSTETRICS AND GYNAECOLOGY 3

To analyse the independence of the variables age of infection (1.1%). Death occurred in 6 (0.8%) women due to
menarche and onset of sexual activity, it was necessary to septic shock (n ¼ 2), haemorrhagic shock (n ¼ 3) and

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
recode the variable age at menarche, grouping the age into encephalopathy (n ¼ 1).
three categories (Table 2). After this recoding, we found that
age of menarche and age at onset of sexual activity are inter-
dependent variables (p � .001), the earlier menarche appears, Discussion
the earlier sexual activity begins. For example, 72.4% of the According to the data from the developing regions as a
patients with a menarche age before 15 years started sexual whole, the number of abortions is higher in women aged
activity before 16 years, while from the patients with age of 20–24 years (Shah and Ahman 2004). In our study, abortion
menarche between 16 and 18 years only 48.9% started sexual in adolescents represents 21.1%, like most of the data from
activity before 16 years (Table 2). Africa (25%) (Shah and Ahman 2004; Neelofur-Khan and
When the women had history of abortion, the new abor- WHO 2007). In Nigeria, 74% of all induced abortions occurred
tion occurred early (before 12 weeks) (74.8%, p � .001). in adolescents and in Tanzania almost half of those who had
Similarly, when the woman had history of abortion, most of abortions were 17 years or younger (Neelofur-Khan and
the new abortions were of indeterminate type WHO 2007).
(89%, p � .001). The relationship between socio-educational level and
Most women did not use contraceptives (535 (74.8%)). In unwanted pregnancies is consensual: the lower the socio-
the group of women who used contraceptives, the contra- educational level the greater the probability of pregnancy
ceptive most used was pill (n ¼ 119), followed by condom (Ganchimeg et al. 2014). Our results agree with this, as
(n ¼ 34), intrauterine device (n ¼ 12), injectable progestin almost the entire sample had a low academic level, a low-
(n ¼ 13) and subdermal progestin (n ¼ 2). income professional situation, and probably had salary below
There were severe complications in 8% (n ¼ 57) of the national minimum. This could justify the lack of access to
patients, namely haemorrhagic shock (6.3%) and genital adequate information and family planning. The use of effect-
ive contraceptive methods is one of the most cost-effective
measures for preventing unwanted pregnancies. Free access
Table 1. Sociodemographic characteristics from patients with abortion
attended at Hospital Central Huambo, January–December 2014.
to family planning services is crucial to combating unwanted
pregnancies. In Zimbabwe, women who had received coun-
Sociodemographic characteristic n (%)
Regional origin
selling and services on contraceptive methods had a lower
Urban (Huambo) 591 (82.7) rate of unwanted pregnancies and repetitive induced abor-
Rural (other places) 124 (17.3) tions compared to the control group that had not received
Age (years)
<20 151 (21.1)
such instruction, confirming the usefulness of family planning
20–24 213 (29.8) in prevention of pregnancy and unsafe abortion (Johnson
25–29 173 (24.2) et al. 2002).
30–34 81 (11.3)
35–39 79 (11.0) Traditionally, unmarried women are more susceptible to
>39 18 (2.5) unwanted pregnancy and prone to abortion. However, a
Marital state recent study about abortion trends showed that abortion
Single 294 (41.1)
Married 83 (11.6) occurred in unmarried and married women equally (Sedgh
Co-habiting 338 (47.3) et al. 2016). Our results agree with that, in which marital
Academic status status has no influence on the occurrence of abortion. The
Primary school (1–4 years) 326 (45.6)
Secondary – first cycle (6–8 years) 186 (26.0) desire for small families, the delay in marriage and the
Secondary – second cycle (9–12 years) 191 (26.7) increased sexual activity among unmarried young women,
Superior formation 11 (1.5)
contribute to the raising of unintended pregnancy.
Post-graduation 1 (0.1)
Professional status Early sexual intercourse is associated with subsequent
Student 173 (24.2) high-risk behaviours, including having multiple sexual part-
Non-formal salesperson 192 (26.9)
State employer 73 (10.2)
ners, lower levels of condom use and increased likelihood
Domestic 176 (24.6) of sexually transmitted infections and unintended preg-
Unemployed 101 (14.1) nancy (Kaplan et al. 2013). The onset of sexual activity

Table 2. Age of menarche and age of first intercourse from patients with abortion attended at Hospital Central Huambo,
January–December 2014.
Age of first intercourse (years)
<13 13–15 16–18 >18 Total
Age of menarche (years) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) p Value
�15 59 (8.3) 122 (17.1) 49 (6.9) 20 (2.8) 250 (35.0) <.001a
16–18 46 (6.4) 148 (20.7) 102 (14.3) 101 (14.1) 397 (55.5)
>18 11 (1.5) 18 (2.5) 23 (3.2) 16 (2.2) 68 (9.5)
Total 116 (16.2) 288 (40.3) 174 (24.3) 137 (19.2) 715 (100.0)
aChi-square test.

43
4 N. DE ALMEIDA ET AL.

Table 3. Clinical-epidemiological characteristics from patients with abortion attended at Hospital Central Huambo,
January–December 2014.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
History of previous abortion
Yes No Total Total
Abortion type Gestational age n (%) n (%) n (%) n (%)
Therapeutic Early (<12 w) 2 (0.3) 2 (0.3) 4 (0.6)
Late (12 w) 1 (0.1) 0 (0.0) 1 (0.1) 5 (0.7)
Total 3 (0.4) 2 (0.3) 5 (0.7)
Induced non-therapeutic Early (<12 w) 44 (6.2) 30 (4.2) 74 (10.3)
Late (12 w) 18 (2.5) 15 (2.1) 33 (4.6) 107 (15.0)
Total 62 (8.7) 45 (6.3) 107 (15.0)
Indeterminate Early (<12 w) 378 (52.9) 23 (3.2) 401 (56.1)
Late (12 w) 124 (17.3) 78 (10.9) 202 (28.3) 603 (84.3)
Total 502 (70.2) 101 (14.1) 603 (84.3)
Total 567 (79.3) 148 (20.7) 715 (100)
w: weeks.

varies depending on country, region (urban/rural) and gen- decline in numbers and rates, despite them being entirely
der. It has been reported that the first sexual intercourse is preventable (Shah and Ahman 2009).
occurring earlier than in the past (Chandra-Mouli et al. We classified 84.3% of abortions as indeterminate because
2013, 2014). Many early adolescents aged 12–14 years-old it was not possible to fit them into the usual spontaneous
are already sexually active in some areas of Africa. In and induced types, but they probably correspond to unsafe
Zimbabwe, 2010–2011, 38% of adolescents under 18 years- induced abortions. Due to legal and moral issues, most of
old, and in Tanzania, 2010, 58% of adolescents under the women do not assume illegal abortion. The difficulty in
18 years-old have sexual activity (Chandra-Mouli et al. classifying abortions as illegal is one of the limitations of this
2014). In Lesotho, 36.1% of the women had their first sex- study. Further studies are needed to classify this high inde-
ual intercourse at age 16 or below, of which 79.7% resided terminate abortion rate.
in rural areas and 20.3% in urban areas (Motsima and Our study found a history of previous abortions in
Malela-Majika 2016). In Angola, the mean age of first sex- 79.3% of women, in agreement with other published stud-
ual intercourse among 14–20 year-olds was 14.4 for boys ies (Johnson et al. 2002). Moreover, there was a significant
and 15.9 for girls, according to 1997 estimates (UNAIDS/ association between the type of abortion, induced non-
WHO Working Group on Global HIV/AIDS and STI therapeutic or indeterminate, with previous history
Surveillance 2000). In our study, the beginning of sexual of abortion.
activity occurred before 16 years-old in 56.5% of adoles- Most of the abortions in our study are of early type, prob-
cents with an abortion. Moreover, early first sexual inter- ably because most of our patients are not adolescent. We
course is associated with early menarche, which also know that abortions in adolescents occur more frequently
occurred in Malawi (Glynn et al. 2010). later in the pregnancy due to delay in the diagnosis and in
The majority (74.8%) of the women evaluated in the hos- the decision to seek an abortion (Grimes et al. 2006; Ushie
pital by abortion did not use any contraceptive method, in et al. 2018). Easy acquisition of medication in Angola should
agreement with what had been reported (Sedgh et al. 2016). also be a factor to the higher frequency of early abortion. It
Within the group that used contraceptive methods, the con- is possible to buy medication in pharmacies without prescrip-
dom was only used by 18.9% of the women, according to a tion as determined by law, which facilitated the acquisition
previous study conducted in adolescents in Angola (Prata and use of abortive drugs, such as misoprostol, widely used
et al. 2005). in our country, according to the reports of several health
Early initiation of sexual activity combined with non- units. Our study confirmed the utilisation of drugs to induce
contraception contributes to unwanted pregnancy and con- abortion, because we found fragments of tablets in vagina in
sequent unsafe abortion. Poor access to and low use of 15.0% of abortion cases.
contraception are key contributory factors to unsafe abortion. We found a prevalence of mortality of 0.8% in women
Consequently, contraceptive education, counselling and pro- attended due to abortion at Hospital. Previously, an unpub-
vision should be integrated into health services (Chandra- lished study also undertaken at Hospital of Huambo
Mouli et al. 2014). between 2010 and 2013 reported 0.2% of deaths in
The number of abortions does not differ from one popula- women with abortion (in Relatorio Anual do Hospital do
tion to another; however, induced abortions diverge in differ- Huambo, 2010–2013). Obviously, these numbers do not
ent countries and in different social and ethnic groups (Shah reflect the real dimension of the problem, given that only
and Ahman 2009). The incidence of induced abortion world- the cases admitted to the hospital were evaluated. Also in
wide has declined since 1995, but trends are asymmetrical Angola, in Luanda, 21.9% of maternal deaths occurred due
across regions (Sedgh et al. 2007). A definite and larger to haemorrhagic and infectious abortion complications
decrease in the incidence of abortion was seen in the devel- (Tchivandja 2009). Abortion restrictive laws increase morbid-
oped regions. However, the change in developing regions ity and mortality without decreasing incidence, whereas
has been modest (Sedgh et al. 2007). While legal and safe abortion legalisation reduces morbidity and mortality with-
abortions have declined recently, unsafe abortions show no out increasing the rate of abortion (Ahman and Shah 2011;

44
JOURNAL OF OBSTETRICS AND GYNAECOLOGY 5

Faundes and Shah 2015). The global case fatality rate asso- References
ciated with unsafe abortion (220 per 100,000) is about 350

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Ahman E, Shah IH. 2011. New estimates and trends regarding unsafe
times higher than the rate for legal abortion in the USA abortion mortality. International Journal of Gynaecology and
(Ahman and Shah 2011). In countries where abortion law Obstetrics 115:121–126.
reforms have occurred, such as Guyana, Nepal and South Chandra-Mouli V, Camacho AV, Michaud PA. 2013. WHO guidelines on
Africa, the number of deaths from abortion complications preventing early pregnancy and poor reproductive outcomes among
has declined (Faundes and Shah 2015). For example, in adolescents in developing countries. The Journal of Adolescent Health
52:517–522.
South Africa, mortality had a 91% reduction after the law
Chandra-Mouli V, Mccarraher DR, Phillips SJ, Williamson NE, Hainsworth
reform, from 425 in 1994, before the promulgation of the G. 2014. Contraception for adolescents in low and middle
Choice on Termination of Pregnancy Act, to an average of income countries: needs, barriers, and access. Reproductive Health
40 per year. We found severe complications in 8% of 11:1.
patients seeking care in Hospital. This proportion is similar Faundes A, Shah IH. 2015. Evidence supporting broader access to safe
to estimates for South Africa before induced abortion legal abortion. International Journal of Gynaecology and Obstetrics
131:S56–S59.
became legal (Jewkes et al. 2002), but lower than the esti- FIGO Committee for Ethical Aspects of Human Reproduction and
mates from Malawi (Kalilani-Phiri et al. 2015), Ethiopia or Women’s Health. 2013. Safe motherhood. International Journal of
Kenya. The most common complication in Huambo was Gynaecology and Obstetrics 120:312–313.
haemorrhagic shock, while in Malawi was sepsis (Kalilani- Ganatra B, Gerdts C, Rossier C, Johnson BR, Jr, Tuncalp O, Assifi A, et al.
Phiri et al. 2015). 2017. Global, regional, and subregional classification of abortions by
safety, 2010–14: estimates from a Bayesian hierarchical model. Lancet
Although the present study does not intend to address
(London, England) 390:2372–2381.
the long-term complications of abortion, it is worth high- Ganchimeg T, Ota E, Morisaki N, Laopaiboon M, Lumbiganon P, Zhang J,
lighting that the reports from the Department of et al. 2014. Pregnancy and childbirth outcomes among adolescent
Gynecology refer the demand for health care due to geni- mothers: a World Health Organization multicountry study. BJOG 121:
tal infection, pelvic inflammatory disease, dysfunctional 40–48.
uterine bleeding, chronic pelvic pain, ectopic pregnancy Glynn JR, Kayuni N, Floyd S, Banda E, Francis-Chizororo M, Tanton C,
et al. 2010. Age at menarche, schooling, and sexual debut in northern
and infertility (Grimes et al. 2006; Shah and Ahman 2009; Malawi. PLoS One 5:e15334.
WHO 2011). Obviously, the long-term implications in the Grimes DA, Benson J, Singh S, Romero M, Ganatra B, Okonofua FE, Shah
economic, biological, psychic and social domains are incal- IH. 2006. Unsafe abortion: the preventable pandemic. Lancet (London,
culable (Grimes et al. 2006). England) 368:1908–1919.
In Angola, as in many developing countries, where safe Jewkes R, Brown H, Dickson-Tetteh K, Levin J, Rees H. 2002. Prevalence
of morbidity associated with abortion before and after legalisation in
abortion is illegal, the access to general and sexual educa-
South Africa. BMJ (Clinical Research ed.) 324:1252–1253.
tion, contraception and health services is insufficient or non- Johnson BR, Ndhlovu S, Farr SL, Chipato T. 2002. Reducing unplanned
existent. There is also heterogeneity in social and professional pregnancy and abortion in Zimbabwe through postabortion contra-
opportunities and persistent gender asymmetry. While some ception. Studies in Family Planning 33:195–202.
women with resources can perform abortion safely in other Kalilani-Phiri L, Gebreselassie H, Levandowski BA, Kuchingale E, Kachale
countries with permissive laws, most women are forced to F, Kangaude G. 2015. The severity of abortion complications in
Malawi. International Journal of Gynaecology and Obstetrics 128:
clandestine and insecure abortion, with physical and psycho- 160–164.
logical risks and moral embarrassment. Kaplan DL, Jones EJ, Olson EC, Yunzal-Butler CB. 2013. Early age of first
In conclusion, in Huambo, Angola, early initiation of sexual sex and health risk in an urban adolescent population. Journal of
activity combined with non-contraception contributes to School Health 83:350–356.
unwanted pregnancy and consequent unsafe abortion. Motsima T, Malela-Majika JC. 2016. The effects of early first sexual inter-
course amongst Lesotho women: evidence from the 2009 Lesotho
Demographic and Health Survey. African Journal of Reproductive
Acknowledgements Health 20:34–42.
Neelofur-Khan D, WHO. 2007. Adolescent pregnancy [electronic resource]:
The authors acknowledge all the technical team of the ‘Hospital Central unmet needs and undone deeds: a review of the literature and pro-
do Huambo’ who contributed to the study. grammes; [cited 2019 Jun 24]. Available from: http://www.who.int/iris/
handle/10665/43702
Disclosure statement Prata N, Vahidnia F, Fraser A. 2005. Gender and relationship differences
in condom use among 15–24-year-olds in Angola. International Family
The authors have no conflicts of interest.
Planning Perspectives 31:192–199.
Sedgh G, Bearak J, Singh S, Bankole A, Popinchalk A, Ganatra B, et al.
2016. Abortion incidence between 1990 and 2014: global, regional,
Funding
and subregional levels and trends. Lancet (London, England) 388:
N. Almeida thanks the Angola state funding agency ‘Instituto Nacional 258–267.
de Gest~ao de Bolsas de Estudo (INAGBE)’ for the inclusion of the project Sedgh G, Henshaw S, Singh S, Ahman E, Shah IH. 2007. Induced abortion:
in the scholarship offers for doctoral studies. A. Teixeira is funded by the estimated rates and trends worldwide. Lancet (London, England) 370:
scholarship 6585/BPD_B3-A/2018 within project ‘NanoSTIMA: Macro-to- 1338–1345.
Nano Human Sensing: Towards Integrated Multimodal Health Monitoring Shah I, Ahman E. 2004. Age patterns of unsafe abortion in developing
and Analytics/NORTE-01-0145-FEDER-000016’, financed by the North country regions. Reproductive Health Matters 12:9–17.
Portugal Regional Operational Programme (NORTE 2020), under the Shah I, Ahman E. 2009. Unsafe abortion: global and regional incidence,
PORTUGAL 2020 Partnership Agreement, and through the European trends, consequences, and challenges. Journal of Obstetrics and
Regional Development Fund (ERDF). Gynaecology Canada 31:1149–1158.

45
6 N. DE ALMEIDA ET AL.

Singh S, Fetters T, Gebreselassie H, Abdella A, Gebrehiwot Y, Kumbi S, Audam Ushie BA, Izugbara CO, Mutua MM, Kabiru CW. 2018. Timing of abortion
S. 2010. The estimated incidence of induced abortion in Ethiopia, 2008. among adolescent and young women presenting for post-abortion

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
International Perspectives on Sexual and Reproductive Health 36:16–25. care in Kenya: a cross-sectional analysis of nationally-representative
Tchivandja Q. 2009. Maternal deaths due to hypertensive disease of preg- data. BMC Womens Health 18:41.
nancy in the Hospital Materno Infantil do Kilamba Kiaxi. Italy: Thesis WHO. 2011. Unsafe abortion. Global and regional estimates of incidence
(PhD), University of Trieste. of unsafe abortion and associated mortality in 2008. Geneva: WHO;
UNAIDS/WHO Working Group on Global HIV/AIDS and STI Surveillance. [cited 2017 Nov 12]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/
2000. Epidemiological fact sheets on HIV/AIDS and sexually transmit- 10665/44529/1/9789241501118_eng.pdf
ted infections. Angola; [cited 2018 Mar 23]. Available from: http://
www.dec.org/pdf_docs/PNACL503.pdf

46
Capítulo IV

DE EDUCAÇÃO SEXUAL
ELABORAÇÃO DE UM MANUAL

47
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Elaborar um manual didático de educação sexual sob a base dos conhecimentos dos
estudantes do ensino secundário do Huambo.

48
MANUAL DE EDUCAÇÃO SEXUAL

A intervenção que nos propusemos efetuar (Capítulo V) necessitava de um manual que

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
servisse de suporte às formações a realizar. O manual deveria responder aos objetivos
das diferentes áreas temáticas do programa previsto e aos métodos de ensino propostos.
Existem imensos manuais, livros e materiais didáticos, mas nenhum dos avaliados se ajus-
tava às características específicas da nossa população, pelo que foi necessário desenhar
e elaborar um manual.

Vários estudos sobre os manuais de ensino em sexualidade e reprodução têm sido realiza-
dos. Ferreira e colaboradores analisaram 42 manuais de ensino sobre reprodução humana
e sexualidade, de 16 países europeus e africanos, encontrando diferenças quer no modo
como são apresentadas as doenças de transmissão sexual, quer nos meios para a sua
prevenção, em função da realidade sociocultural de cada país.(1) Em Marrocos, no Senegal
e na Tunísia, países com forte influência muçulmana, os manuais contêm conteúdos com
valor moral muito imperativo. Apenas 20 manuais apresentam um capítulo dedicado às
doenças de transmissão sexual, sendo a SIDA, a sífilis e a gonorreia as únicas infeções
referidas em todos. Quanto à utilidade do preservativo, apenas em 26 manuais era apre-
sentado com a dupla função de prevenir as infeções de transmissão sexual e a gravidez.(1)
Alves e Carvalho avaliaram a reprodução humana e a sexualidade nos manuais escolares
portugueses e moçambicanos e constataram que a reprodução humana é abordada nos
manuais de ambos os países na mesma faixa etária.(2) Porém, nos manuais moçambicanos
a informação veiculada é mais deficiente, não aumenta de complexidade ao longo dos
níveis de ensino e ocupa menos espaço (5,3% vs 12%).(2) A SIDA está pouco presente nos
manuais escolares portugueses e completamente ausente nos moçambicanos.(2)

A educação da população desde a infância é essencial, já que modificar atitudes, con-


vicções e vivências, requer tempo. Em Angola, a fraca adesão ao uso de contracetivos
deve-se ao acesso limitado verificado nas zonas rurais e suburbanas, mas, mesmo quan-
do há contracetivos disponíveis, como nas cidades, a não-aceitação do uso de métodos
contracetivos e do planeamento familiar fundamenta-se nos mitos, nas crenças e práticas
socioculturais. As convicções negativas não partem do casal, mas das comunidades, con-
tribuindo para a degradação da saúde materno-infantil.(3) Angola tem taxas de gravidez
elevadas, com uma média de 6 filhos por mulher, em parte consequência da não utilização
de contracetivos.(4) Cardoso enfatiza a necessidade de sensibilização e educação contínua
das comunidades, para que possam entender os riscos que as mulheres e os jovens cor-
rem durante o trajeto da vida sexual e reprodutiva.(3)

Verifica-se uma certa banalização das atividades sexuais e reprodutivas, traduzida pelo
início precoce da vida sexual, pelas altas taxas de gravidez indesejada, pelas doenças se-
xualmente transmissíveis e pelo aborto inseguro.(5-10) As escolas têm sido apontadas como
locais onde podem ser transmitidos habilidades e saberes, como elementos essenciais 49
para transformar os costumes e crenças. Pelo mesmo motivo, desde há algum tempo,
tem sido defendido a inclusão nos currículos escolares do ensino de temas relacionados
a sexualidade e reprodução humanas.(11, 12) Entre os defensores salientam-se as igrejas, as-
sociações de pais, professores e outros grupos profissionais que têm a sexualidade como
áreas de pesquisa e intervenção.(13)

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
As crescentes prevalências das doenças de transmissão sexual, da gravidez e parto na
adolescência e do aborto inseguro nos vários países do mundo, alertam para a necessi-
dade de existir um espaço formal onde os alunos possam colocar as suas dúvidas, já que
eles já têm vida sexual ativa muito precocemente.

As iniciativas para a inserção da educação sexual em Angola datam de 2003, quando o


Governo tentou implementar projetos isolados de educação sexual para prevenção do HI-
V-SIDA nas províncias da Huíla, Benguela e Luanda, que abrangia escolas do I ciclo, entre
o 1º e o 8º ano, sob a tutela do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da
Educação (INIDE), tendo como objetivo formar monitores para a realização de palestras e
debates no meio escolar, para melhorar a formação dos estudantes sobre o conhecimento
do corpo humano e suas potencialidades e capacitando-os para a prevenção das doenças
sexualmente transmissíveis. Porém, devido às dificuldades de índole conjuntural, não foi
possível continuar a iniciativa, que preconizava uma educação geral abrangente.(14)

Um estudo quási-experimental no Gana, que avaliava o impacto nos conhecimentos e ati-


tudes dos jovens após um programa de educação sexual, demonstrou que a atitude dos
estudantes melhorou significativamente depois da aplicação do programa.(15) Num artigo
de revisão desenhado para avaliar o impacto da educação sexual no comportamento
sexual na África subsariana, foi demonstrado uma forte relação positiva entre o início da
atividade sexual e o número de parceiro com o uso de preservativo.(16) Contrariamente a
estes estudos, numa universidade na Nigéria, apesar de 88% dos alunos ter um vasto co-
nhecimento dos métodos contracetivos, apenas 16% dos alunos sexualmente ativos usava
contracetivos.(17) Estes dados reforçam a necessidade de ações permanentes, pelo facto
de os comportamentos e atitudes serem difíceis de moldar.

Em 2013, na Cidade do Cabo, os Governos de 20 países da África Oriental e Austral,


elaboraram e assinaram um memorando intitulado “Compromissos para implementação
de uma educação sexual abrangente e serviços de saúde sexual e reprodutiva para ado-
lescentes e jovens”, onde, no seu ponto 1.3, referem “reiteramos a convicção de que
se os Ministérios da Saúde e Educação trabalharem em conjunto, temos potencial para
promover uma saúde de boa qualidade e um bem estar para toda as pessoas, assim como
para prevenir a gravidez precoce e não desejada e as DST”.(12) Há já algum tempo que se
vem debatendo e dando indicações da implementação da educação sexual abrangente
nas escolas. Porém, apesar do contínuo apelo da sociedade civil e dos professores, até a
data não se vê concretizado este desiderato, provavelmente devido a motivos financeiras
e organizacionais.

Lembramos também que a situação financeira tem sido apontada como responsável
de ainda existir uma alta percentagem de crianças e adultos fora do sistema de ensino. 50
Segundo dados do censo geral da população de 2014 e do relatório da UNICEF de
2016 divulgado pela ADRA, em Angola existem 22% de crianças em idade escolar fora
do sistema de ensino, com uma taxa estável de analfabetismo de 34%.(4, 18)

A introdução de um plano de educação sexual tem custos económicos, mas justificáveis


quando os benefícios esperados superam os custos, fundamentalmente quando se trata

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
de salvaguardar as vidas humanas. A UNESCO fez a análise dos custos e da relação custo-
-efetividade dos programas de educação sexual nas escolas de seis países considerados
de baixa, média e alta renda. Entre os seis países, quatro implementaram programas de
ensino totalmente integrados no currículo escolar. O modo como foram implementados
dependia das condições económicas.(19) Apesar de ser reconhecida a vantagem dos pro-
gramas curriculares totalmente integrados sob os extracurriculares, o relatório conclui que
é relevante a implementação dos programas de ensino sobre sexualidade nas escolas,
sejam eles total ou parcialmente incluídos nos currículos.(19)

Propusemo-nos elaborar um manual que servisse para a realização do nosso estudo, mas
que também pudesse contribuir para a implementação futura da educação sexual nos
subsistemas de ensino. O manual de educação sexual contém temas de saúde reprodu-
tiva e sexualidade, abordando também aspetos psicológicos, numa linguagem amena,
de fácil compressão para as famílias, e adaptado aos usos e costumes de Angola. O ma-
nual faz uma abordagem sobre fisiologia da reprodução e realça os métodos de rastreio,
tratamento e prevenção, tanto da gravidez indesejada como das infeções sexualmente
transmissíveis. Ao contrário de outros manuais, contém imagens e fotografias que ilustram
a anatomia dos órgãos sexuais, a fecundação, métodos contracetivos e infeções sexuais
frequentes. Para a elaboração efetuamos uma revisão da literatura e uma análise dos
relatórios sobre os abortos no Hospital Geral do Huambo. Contamos com a colaboração
de várias pessoas, entre docentes do hospital e das escolas secundárias. A preparação
iniciou-se em 2012 e o manual ficou concluído em 2014, tendo sido publicado em Angola
em abril de 2015 após aprovação do Ministério da Educação com autorização para uso
nas escolas secundárias do país.

51
BIBLIOGRAFIA

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
1. Ferreira C, Bernard S, Clement P, Carvalho G, edi- 10. Kaplan DL, Jones EJ, Olson EC, Yunzal-Butler
tors. Como as infecções sexualmente transmissíveis CB. Early age of first sex and health risk in an urban
são apresentadas em manuais escolares de 16 países adolescent population. The Journal of school health.
e que formas de prevenção são facultadas. MISJI (I 2013;83(5):350-6.
Congresso Nacional de Comportamentos de Saúde
11. Mwale M, Muula AS. Systematic review: a review
Infanto-Juvenis); 2011: Viseu (Portugal): Escola Su-
of adolescent behavior change interventions [BCI]
perior de Saúde, ISBN: 978-989-96715-5-3.
and their effectiveness in HIV and AIDS prevention in
2. Carvalho GAeGS. Reprodução Humana e Sexuali- sub-Saharan Africa. BMC public health. 2017;17(1):718.
dade nos Manuais Escolares Portugueses e Moçambi-
12. today. Yp. Compromisso Ministerial sobre edu-
canos. Repositorium.sdum.uminho.pt2007.
cação sexual abrangente e serviços de saúde sexual
3. Cardoso LdS. Controlo de natalidade. Uma visão e reprodutiva para adolescentes e jovens na África
desde Africa Subsaariana.: Universidad Pontificia de Oriental e Austral(AOA). www.youngpeopletoday.
Madrid.; 2015. net; 2014.
4. INE. Recenseamento geral da população e habi- 13. Rodrigues IT, Fontes A. Identificação do papel da
tação. Resultados definitivos. 2014. escola na educação sexual dos jovens. Investigações
em Ensino de Ciências. 2016;7(2):177-88.
5. Unidas FdPdN. Maternidade precoce: enfrentando
o desafio da gravidez na adolescência. Situação da 14. Educação. M. Educação para todos: Angola. 2015.
População Mundial 2013. 2013.
15. van der Geugten J, van Meijel B, den Uyl MH,
6. Singh S, Remez L, Sedgh G, Kwok L, Onda T. Abor- de Vries NK. Evaluation of a Sexual and Reproductive
tion worldwide 2017: uneven Progress and unequal Health Education Programme: Students’ Knowledge,
AccessAbortion worldwide 2017: uneven Progress and Attitude and Behaviour in Bolgatanga Municipality,
unequal Access. 2018. Northern Ghana. African journal of reproductive heal-
th. 2015;19(3):126-36.
7. Shah I, Ahman E. Unsafe abortion: global and regio-
nal incidence, trends, consequences, and challenges. 16. Zuilkowski SS, Jukes MC. The impact of education
Journal of obstetrics and gynaecology Canada: JOGC on sexual behavior in sub-Saharan Africa: a review of
= Journal d’obstetrique et gynecologie du Canada: the evidence. AIDS care. 2012;24(5):562-76.
JOGC. 2009;31(12):1149-58.
17. Ahmed ZD, Sule IB, Abolaji ML, Mohammed Y,
8. Sedgh G, Bearak J, Singh S, Bankole A, Popinchalk Nguku P. Knowledge and utilization of contraceptive
A, Ganatra B, et al. Abortion incidence between 1990 devices among unmarried undergraduate students
and 2014: global, regional, and subregional levels of a tertiary institution in Kano State, Nigeria 2016.
and trends. The Lancet. 2016;388(10041):258-67. The Pan African medical journal. 2017;26:103.
9. Mark AG, Wolf M, Edelman A, Castleman L. What 18. UNICEF AAe. Educação no OGE 2016. 2016.
can obstetrician/gynecologists do to support abor-
19. Kivela J, Ketting E, Baltussen R. School-based
tion access? International journal of gynaecology
sexuality education programmes: A cost and
and obstetrics: the official organ of the Interna-
cost-effectiveness analysis in six countries. UNES-
tional Federation of Gynaecology and Obstetrics.
CO; 2011.
2015;131 Suppl 1:S53-5.

52
Capítulo V

ARTIGO 2

53
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Implementar um programa de estudo sobre educação sexual e fisiologia da reprodução
com base nos resultados do inquérito aplicado nas escolas.

Verificar em que medida a intervenção educativa nas escolas, melhora os conhecimentos


dos alunos sobre fisiologia da reprodução e sexualidade.

54
 atércia Almeida, Andreia Teixeira, José Garcia, Natália Martins, Carla Ramalho. Effects of

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
N
an educational intervention on angolan adolescents’ knowledge of human reproduc-
tion: a quasi-experimental study. Int J Environ Res Public Health 2019; 16 (24), 5155. doi.
org/10.3390/ijerph16245155.

55
International Journal of
Environmental Research
and Public Health

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Article
Effects of an Educational Intervention on Angolan
Adolescents’ Knowledge of Human Reproduction:
A Quasi-Experimental Study
Natércia Almeida 1, *, Andreia Teixeira 2,3,4 , José Garcia 5 , Natália Martins 3,6 and
Carla Ramalho 6,7,8
1 Department of Gynecology and Obstetrics, Central Hospital of Huambo, Huambo 95, Angola
2 Center for Health Technology and Services Research (CINTESIS), University of Porto, 4200-450 Porto,
Portugal; andreiasofiat@med.up.pt
3 Faculty of Medicine, University of Porto, 4200-319 Porto, Portugal; ncmartins@med.up.pt
4 ARC4DigiT, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, 4900-347 Viana do Castelo, Portugal
5 Department of Histology and Medical Embryology, University José Eduardo dos Santos, Huambo 95,
Angola; jrmolina47@gmail.com
6 Institute for Research and Innovation in Health (i3S), University of Porto, 4200-135 Porto, Portugal;
carlaramalho@med.up.pt
7 Department of Obstetrics, Faculty of Medicine, University of Porto, 4200-319 Porto, Portugal
8 Department of Gynecology and Obstetrics, Centro Hospitalar Universitário de São João, 4200–319 Porto,
Portugal
* Correspondence: natepa63@gmail.com

Received: 9 October 2019; Accepted: 10 December 2019; Published: 17 December 2019 

Abstract: Background and objectives: Sex education is a necessity and a right of young people in Angola.
However, this education is deficient or even absent in various subsystems and, therefore, the impact
of an educational intervention on human biology and sexuality was addressed. Materials and methods:
This quasi-experimental study employed a non-equivalent control group, pre-test post-test design.
It was conducted with students from three secondary schools (6th to 12th grade, two public and one
private) in Huambo (Angola), between June and December 2017. First, a questionnaire was distributed
to assess the students’ knowledge on aspects related to sexual maturation, psychological development,
gynecological organs’ anatomy, human fertilization, contraception, and risks of unprotected sexuality.
Then, an educational program was developed by the principal investigator along with the school’s
moral and civic education and biology teachers selected for a group of students (experimental group,
EG); the others constituted the control group (CG). Classes were held on non-working days, on
Saturday mornings (8:00 to 10:00 a.m.), so as not to interfere with the school calendar. The initial
questionnaire was redistributed two months later to assess the impact of the intervention. Results: Of
the 589 individuals included (mean age of 16.8 ± 2.5 years), 56.7% were males. EG (n = 241) consisted
of students from the public school and CG (n = 348) by students from public and private schools. The
last part of the questionnaire consisted of 30 questions to assess students’ knowledge, and in 23 of
these questions, both groups showed no differences at baseline. After the intervention, the EG showed
significant improvements (p < 0.05), while the CG revealed only slight improvements. Conclusions:
Students from Huambo province have a significant lack of knowledge on human biology and
sexuality. Rigorous development and evaluation of interventions addressing multiple individual and
environmental level factors is needed, notably for effective education in human biology and sexuality.

Keywords: educational intervention; young adolescents; sex education; human biology;


sexuality; contraception

Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155; doi:10.3390/ijerph16245155 www.mdpi.com/journal/ijerph

56
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 2 of 23

1. Introduction

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Sex education is called the age-appropriate teaching of sex and intimate human relations, that
is culturally relevant and provides scientifically correct and realistic information [1,2]. The Human
Rights Convention defines children as “every individual under the age of 18” and teenage pregnancy
as “any occurring before the age of 18”. Therefore, pregnancy in this age group is both a cause and a
consequence of violating the child rights [3]. The United Nations Population Fund (UNFPA) report
pointed that about 20% of girls under the age of 18 were giving birth in developing countries and that
70,000 died from pregnancy—and childbirth-related complications [3]. In 2014, at the time of the first
census of general population and housing in Angola, after the civil war, it was found that the country
had 25,789,024 inhabitants, mostly females (13,289,983 inhabitants). Of the 18 provinces, Huambo
was the fourth most populous, with 2,019,555 inhabitants, of which 65% of the Angolan population
was between 0 and 24 years old, with a high birth rate (5.7 children/woman) [4]. In fact, although the
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) has determined that sex
education is both a right and a need for youth and adolescents in Angola, this knowledge is deficient
or even absent at the various levels of education (primary, secondary, and university students), and its
effective implementation has not yet been verified. In addition, it is important to highlight the fact
that general education prepares the individual for work, reduces the likelihood of marriage and early
pregnancy, as well as the likelihood of acquiring STI, thus optimizing self-esteem and status within the
family and community. Obviously, investing in young people, shaping their potential, is also investing
in the future of humanity [3]. However, no action has been taken so far to allow the implementation
of sex education during a school year, and this delay in passing and implementing legislation will
have a negative impact on the goals and empowerment of men and woman as adolescents, young
people or adults, reducing birth rates and improving other indicators, such as those associated with
the country’s development, especially maternal, peri and neonatal mortality, as well as the number of
clandestine abortions and their consequences.
A systematic review published in 2017, which included 200 studies in sub-Saharan African
countries, found encouraging results in terms of adolescents’ knowledge and behavior, following
the implementation of an educational intervention program on human immunodeficiency virus
(HIV) and acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) [5]. It is noteworthy that the educational
strategies adopted by sub-Saharan African countries aimed not only to promote the assimilation of
knowledge/skills related to healthy behaviors’ promotion (e.g., sexual abstinence and procrastination
of sex relations onset), but also to reduce the incidence of sexually transmitted infections (STI) [5,6].
In Angola, HIV, hepatitis B (HBV) and C (HCV) virus and syphilis remain the most prevalent STI,
with around 166,000 people living with HIV, representing a prevalence of 1.98% in adults between 15
and 49 years. In a study conducted in Luanda in 2003, 4.5% of pregnant women had HIV, 8.1% had
antibodies to HBV, and 5.4% were infected with Treponema pallidum [7]. More recently, a systematic
review and meta-analysis published in 2019 found a higher incidence and prevalence of trichomoniasis
and its association with HIV-1 acquisition in sub-Saharan Africa [8]. Moreover, a retrospective
analysis performed in Angola between 2005 and 2012 on the use of services to prevent mother-to-child
transmission of HIV found an increase from 9 to 347 in the number of health facilities that provides
services, and from 12,061 to 314,805 in the number of HIV tests performed in pregnant women.
However, despite the advances made, only 46% of HIV+ pregnant women and 36% of children exposed
to HIV were receiving antiretroviral prophylaxis (ARV). More interestingly, given the 2018 UNAIDS
report in West and Central Africa, only 40% of men and 59% of women are receiving ARV, which are
the lowest rates in the country’ sub-regions (Eastern and Southern Africa: 59% men and 73% women).
These data reinforce the need to implement other actions for HIV infection prevention in women and
children [9].
In this sense, in this pilot study, we intend, in a first phase, to know the students’ knowledge of
the 1st (6th to 9th grade) and 2nd cycle (10th to 12th grade) of secondary schools of Huambo city, on
sexuality and human reproduction, and then, to implement an educational intervention program in

57
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 3 of 23

response to the shortcomings detected in the first phase, and, finally, verify if this intervention led to

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
an improvement of the students’ knowledge. In addition, it was also intended to establish a starting
point for the future implementation of sex education at secondary level in this region of the country.

2. Materials and Methods


A quasi-experimental study, with non-equivalent control group, pre-test and post-test design
was conducted with students from three (two public and one private) primary (1st to 5th grade) and
secondary (6th to 12th grade) schools of the Huambo (Angola) city, between June and December 2017.
We consider this study quasi-experimental because a study manual was designed, elaborated and given
to students, containing unknown aspects on anatomy, reproduction physiology and contraception,
verified during the first survey, and after that an educational intervention was implemented. Thus,
in a first step, a questionnaire was elaborated and considered the opinion of the teachers of some
schools, physicians and nurses of gynecology and obstetrics, pediatricians and, finally, the students
of the secondary school and first year of the university. A pilot pre-test was applied to a group of
20 students (1st and 2nd cycle of secondary education 6th to 12th grade and 1st year of medicine),
selected for convenience to verify the feasibility, clarity, and comprehension of the questionnaire.
This questionnaire was structured into sociodemographic and biological variables, and was divided
into two parts. The first part has two versions: One version for girls and one for boys, with some
differences in gynecological and sexual issues (see Appendices A and B, respectively), and aimed to
collect sociodemographic variables (such as date of birth, education, place of residence, marital status,
extracurricular activities, cohabitation with parents, dialogue about sexuality with parents, education,
and occupation of parents) and variables related to gynecological and sexual aspects (such as age of
menarche, menstrual cycle, duration of menstruation, age of first ejaculation, erection, age of sexual
intercourse onset, history of pregnancy and previous abortions, if they have had or have a boyfriend
or husband, if they have ever had sex and what kind, to what extent did they achieve the sexual act,
aware of contraception and its use and perception of the risks of unprotected sex). The second part
was common to both genders (as seen in Appendix C) and mainly contains closed-ended questions
in the form of multiple choice, true or false and some open answers, related to sexual maturation
and psychological development, identification of gynecological organs’ anatomy, reproductive sexual
cells, human fertilization, contraception and risks of unprotected sex, and aimed to gather participants’
knowledge about anatomy and physiology of organs of the sexual and reproductive system. Premarital
sex and the disadvantages of early onset of sex life were also covered, as were the risks of early sex, STI,
early pregnancy, and clandestine abortions. We do not talk about homosexual relations because of the
silence in the country on this subject, although there are already many homosexual individuals. The
questionnaires were distributed to the three schools during June 2017. All students from the schools
were invited to participate in the study through a statement from the school boards. In this statement,
students were informed about the voluntary nature of participation, the purpose, and conditions of
the study. All those who agreed to participate and signed the informed consent were included. Each
student was assigned with a numeric code to ensure anonymity and to be able to match students
answers in this first stage with answers were collected later.
In a second stage, a sex education intervention was performed for students belonging to School 1
(experimental group, EG). Students who did not attend the intervention (Schools 2 and 3) constituted
the control group (CG). There was no intervention in the CG, and the statistical purpose was to make
an intragroup comparison, each student to himself, so paired, before and after, to see if there were
any differences between students with himself before and after, in both the EG and CG. Schools were
selected for convenience due to logistic and operational reasons. The intervention design included
sessions for dissemination and clarification of doubts, together with the Council of Christian Churches
of Angola (CICA), since the majority of population attends the church. It was also necessary to
meet with the parents’ commission and with school teachers to give consent to the study, explaining
the reasons that motivated the work, interacting to mitigate possible contradictions, clarifying the

58
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 4 of 23

advantages of the work and decreasing taboos that could negatively influence their execution. These

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
entities were involved because some wanted us to limit the questions to ask and others to raise them.
In the educational program, for example, some wanted us to remove condom from the illustrative
materials for teaching on contraception, claiming that it could stimulate sexual intercourse. After
clarification and discussion between the principal investigator and parents and members of the Council
of Christian Churches, it was unanimously accepted to speak openly on all topics.
The intervention program implemented included, in addition to the elaboration of a sex education
manual [10], a training program for the course. Sex education manual was developed to support
lectures and was the reference material for students. It contains essential aspects of human biological
development related to sexuality, psychological development, anatomy and physiology of human
reproduction, contraception and risks of unprotected sex. The same was offered to students and a copy
was also given to the school library for consultation. Manual preparation was based on a literature
review of the subject and data from the hospital report.
The course design involved lectures (with time for questions and answers), group work sessions
and individual work. Lectures were given by the principal investigator, accompanied by the school
teachers on subjects related to the teaching program: Moral and civic education, biology and the
coordinator of extracurricular activities. The inclusion of teachers was mainly due to ethical reasons
and also aimed at reaffirming their educational role, as well as avoiding possible doubts, questions
and rejection by school authorities, parents, students, and even others social sectors. Lectures were
held weekly, each starting with a brief discussion of the content covered in the previous one, to clarify
doubts and revise concepts. The days and respective schedules of the course and hours were defined,
according to the direction of the school, with students and teachers and researchers involved, taking
place on Saturdays, between 8:00 a.m. and 10:00 a.m., avoiding interference with the internal school
activities. The lectures began in the first week of September 2017 and were held two lectures per day,
each lasting 40 min and with a 20 min interval. Six hours for individual study were added with the
help of the sex education manual, and sharing with parents was encouraged to clarify doubts, thus
making a total of 14 h. The inclusion of teachers was mainly due to ethical reasons and also aimed at
reaffirming their educational role, also avoiding possible doubts, questions and rejection by school
authorities, parents, students and even other social sectors.
The third and last stage consisted of applying the second part of the questionnaire (Appendix C),
two months after intervention and five months after the first application in both groups, to assess the
impact of the intervention on students’ knowledge. In this stage, students who: (1) In the first stage,
did not fulfill the personal data; (2) in the second stage, did not attend at least four of the eight lectures
of the course; (3) in the last stage, did not enter the code assigned in the first step (not allowing to
match the questionnaires), were excluded.
This project was authorized by the Ministry of Education and Health, through its Provincial
Offices and other social sectors, as also ethical approval from the Hospital Regional do Huambo
(263/GD/09/2013). All students gave their informed consent and were informed that they could
withdraw at any time, without any negative repercussions. This study was in accordance with the
ethical principles of the Helsinki Declaration.
Data were analyzed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS, IBM Corp., New
York, NY, USA) software, version 25.0. Categorical variables were described as absolute and relative
frequencies, n (%), while continuous and normally distributed variables were described by mean and
standard deviation x ± SD Non-normally distributed continuous variables were described by median
and interquartile range, Med [Q1; Q3]. To test the association between two categorical variables,
Chi-square or Fisher’s exact tests were used. To compare two paired categorical variables, McNemar
test was used. To compare two independent and non-normal continuous variables, Mann–Whitney
test was used. To compare two continuous paired and non-normal variables, Wilcoxon test was used.
Values of p ≤ 0.05 were considered significant.

59
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 5 of 23

3. Results

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Of the 589 students included, 241 (40.9%) constituted the EG and were in the 8th or 9th grade at
School 1. The CG was composed of 175 (29.7%) students in the 9th to 12th grade of School 2 and 173
(29.4%) from the 10th to 12th grades of School 3. The comparison between the two groups in relation
to sociodemographic data is presented in Table 1.

Table 1. Comparison of students’ knowledge between experimental (EG) and control (CG) groups, at
the time of first evaluation, in the primary and secondary schools of Huambo, in June 2017. Source:
Own construction.

EG CG
Variables p-Value
n = 241 n = 348
Gender, n (%) n = 241 n = 348
Males 98 (29.3) 236 (70.7) <0.001 a, *
Females 143 (56.1) 112 (43.9)
n = 241 n = 348
Age (years), Med [Q1 ;Q3 ] <0.001 b, *
15 [14; 16] 18 [17; 19]
Marital status, n (%) n = 230 n = 337
Not married 206 (42.0) 285 (58.0) 0.086 a
Married or marital# 24 (31.6) 52 (68.4)
Father’s education, n (%) n = 231 n = 304
No schooling 7 (41.2) 10 (58.8)
Primary education 1 (11.1) 8 (88.9)
Secondary education 17 (50.0) 17 (50.0) <0.001 a, *
Higher education 20 (23.5) 65 (76.5)
University education 85 (42.9) 113 (57.1)
Post-graduation 101 (52.6) 91 (47.4)
Mother’s education, n (%) n = 234 n = 304
No schooling 12 (44.4) 15 (55.6)
Primary education 5 (22.7) 17 (77.3)
Secondary education 17 (38.6) 27 (61.4) 0.039 a, *
Higher education 35 (33.7) 69 (66.3)
University education 101 (48.1) 109 (51.9)
Post-graduation 64 (48.9) 67 (51.1)
Usually talks with parents about sexuality, n (%) n = 221 n = 320
No 94 (35.2) 173 (64.8) 0.008 a
Yes 127 (46.4) 147 (53.6)
Age of first sexual relation, females (years), n = 15 n = 39
0.017 b, *
Med [Q1 ; Q3 ] 15 [14; 17] 16 [16; 17]
Previous pregnancy, females, n (%) n = 137 n = 104
No 137 (60.1) 91 (39.9) <0.001 a ,*
Yes 0 (0.0) 13 (100.0)
Previous abortion, females, n (%) n = 142 n = 108
No 142 (57.0) 107 (43.0) 0.432 c
Yes 0 (0.0) 1 (100.0)
Age of first sexual relation, males (years), n = 65 n = 187
<0.001 b, *
Med [Q1 ;Q3 ] 13 [11.5; 14] 14 [12; 15]
Sexual experience, n (%)
Kisses n = 189 n = 307
No 46 (25.1) 137 (74.9) <0.001 a, *
Yes 143 (45.7) 170 (54.3)

60
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 6 of 23

Table 1. Cont.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
EG CG
Variables p-Value
n = 241 n = 348
Caressing n = 190 n = 307
No 112 (38.4) 180 (61.6) 0.945 a
Yes 78 (38.0) 127 (62.0)
Masturbation n = 189 n = 305
No 166 (41.2) 237 (58.8) 0.005 a, *
Yes 23 (25.3) 68 (74.7)
Sexual intercourse n = 189 n = 309
No 134 (58.3) 96 (41.7) <0.001 a, *
Yes 55 (20.5) 213 (79.5)
Age at first sexual intercourse (years), Med [Q1 ; n = 72 n = 216
<0.001 b, *
Q3 ] 14 [12; 14] 15 [14; 16.75]
Feels worried (bad) when engaging in sex, n (%) n = 130 n = 254
No 37 (25.5) 108 (74.5) 0.589a
Yes 35 (28.5) 88 (71.5)
a:
Chi-square test; b : Mann–Whitney test; c : Exact Fisher test; *: Significant at 5 %; #: Married, those who are officially
married by the civil registry; marital, those couples who live together without being officially (legally) married.

Table 2 shows the results of the second part of the questionnaire, where the knowledge on the
anatomy and physiology of the sexual organs and reproductive system were measured, before and
after intervention. Before the intervention, there were no significant differences between groups in
most of the 30 questions of the questionnaire. After the intervention, the EG presented 20 questions
with significant improvements (p < 0.05), whereas the CG presented only significant improvements in
six questions.
Regarding the number of correctly identified women’s genitals (P1F), before the intervention,
the groups did not significantly differ (p = 0.566) and both showed improvements before and after
the intervention (p < 0.001). Regarding the identification of male genital organs (P1M), the results
were similar: Before the intervention, the groups were not significantly different (p = 0.066) and both
showed significant improvements before and after the intervention (p < 0.001).
Regarding the frequency of ovules release (P2DF), there were no differences between groups
before the intervention (p = 0.778), but after the EG had more correct answers (p < 0.001) and improved
significantly between the different periods (p < 0.001), and the CG worsened (p = 0.001).
With regards to the relationship between menarche and reproductive maturity (P3D), there were
significant differences between groups in the two evaluation periods (before EG: 30.2% vs. CG: 45.8%,
p = 0.004; after EG: 57.3% vs. CG: 41.9%, p = 0.002). It is noteworthy that, before the intervention,
the CG was the one who answered more correctly, while after the intervention, the EG presented the
best results. Thus, the EG improved significantly (p < 0.001), while the CG showed no significant
differences (p = 0.542).

61
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 7 of 23

Table 2. Results of the 2nd part of the students’ knowledge questionnaire, before and after intervention, by experimental (EG) versus control (CG) groups, in the
secondary and high schools of the Huambo, from June to December 2017. Source: Own construction.

Before After EG (before vs. after) CG (before vs. after)


EG CG p-Value EG CG p-Value p-Value p-Value
P1F -Correct identification of females sexual organs, Med [Q1 ;Q3 ]:
n = 241 n = 348 n = 210 n = 320
0.566 a <0.001 a, * <0.001 b, * <0.001 b, *
4 [2.5; 5] 4 [0; 5] 6 [5; 7] 4 [3; 6]
P1M -Correct identification of males sexual organs, Med [Q1 ;Q3 ]:
n = 241 n = 348 n = 210 n = 320
0.066 a <0.001 a, * <0.001 b, * <0.001 b, *
2 [1; 4] 3 [0; 5] 5 [4; 6] 4 [2.25; 5]
P2AF -Correct knowledge about denomination of the feminine reproductive cell, n (%)
n = 150 n = 192 n = 201 n = 242
0.157 c 0.028 c, * <0.001 d, * 1.000 d
123 (82.0) 168 (87.5) 186 (92.5) 208 (86.0)
P2AM -Correct knowledge about denomination of the masculine reproductive cell, n (%) n (%)
n = 154 n = 220 n = 197 n = 247
0.157 c 0.488 c 1.000 d 0.742 d
127 (82.5) 190 (86.4) 161 (81.7) 208 (84.2)
P2BF -Correct knowledge on the production site of feminine reproductive cells, n (%)
n = 149 n = 195 n = 196 n = 235
0.179 c 0.065 c 0.001 d, * 0.016 d, *
64 (43.0) 98 (50.3) 124 (63.3) 128 (54.5)
P2BM -Correct knowledge on the production site of masculine reproductive cells, n (%), n (%)
n = 114 n = 196 n = 189 n = 232
0.121 c 0.751 c 0.523 d 0.584 d
92 (80.7) 171 (87.2) 155 (82.0) 193 (83.2)
P2CF -Correct knowledge about the normal process of female reproductive cell formation, n (%)
n = 132 n = 162 n = 194 n = 224
0.005 c, * 0.497 c 0.080 d 0.280 d
53 (40.2) 92 (56.8) 94 (48.5) 116 (51.8)
P2CM -Correct knowledge about the normal process of male reproductive cell formation, n (%)
n = 121 n = 180 n = 190 n = 224
<0.001 c, * 0.460 c <0.001 d, * 1.000 d
66 (54.5) 140 (77.8) 150 (78.9) 170 (75.9)
P2DF -Correct knowledge of the site of reproductive feminine cells release, n (%)
n = 110 n = 149 n = 188 n = 207
0.778 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.001 d, *
38 (34.5) 54 (36.2) 112 (59.6) 44 (21.3)

62
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 8 of 23

Table 2. Cont.

Before After EG (before vs. after) CG (before vs. after)


EG CG p-Value EG CG p-Value p-Value p-Value
P2DM -Correct knowledge of the site of reproductive masculine cells release, n (%)
n = 109 n = 167 n = 182 n = 218
0.394 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.486 d
69 (63.3) 114 (68.3) 158 (86.8) 158 (72.5)
n = 109 n = 167 n = 182 n = 218
0.394 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.486 d
69 (63.3) 114 (68.3) 158 (86.8) 158 (72.5)
P3A -Answer correctly to the following statement “Menarche is the women’s first period” (True/False), n (%)
n = 159 n = 163 n = 192 n = 219
0.959 c 0.005 c, * 0.581 d 0.227 d
151 (95.0) 155 (95.1) 186 (96.9) 197 (90.0)
P3B -Answer correctly to the following statement “Menarche’s age is the same in all the women” (True/False), n (%)
n = 157 n = 168 n = 187 n = 213
0.948 c 0.959 c 0.678 d 0.581 d
137 (87.3) 147 (87.5) 161 (86.1) 183 (85.9)
P3C -Answer correctly to the following statement “After the beginning of the menarche the woman can already get pregnant” (True/False), n
(%)
n = 163 n = 168 c n = 189 n = 217
0.513 0.070 c 0.629 d 0.057 d
146 (89.6) 154 (91.7) 175 (92.6) 189 (87.1)
P3D -Answer correctly to the following statement “After the menarche the woman is already capable of having children” (True/False), n (%)
n = 159 n = 166 n = 192 n = 215
0.004 c, * 0.002 c, * <0.001 d, * 0.542 d
48 (30.2) 76 (45.8) 110 (57.3) 90 (41.9)
P3E -Answer correctly to the following statement “Is normal that the first menstrual cycles are irregular” (True/False), n (%)
n = 158 n = 171 n = 191 n = 217
0.010 c, * 0.003 c, * 0.481 d 0.424 d
142 (89.9) 136 (79.5) 176 (92.1) 178 (82.0)
P4A -Correct knowledge of reproductive organs involved in women’s sexual cycle, n (%)
n = 151 n = 193 n = 189 n = 252
0.154 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.532 d
46 (30.5) 73 (37.8) 117 (61.9) 88 (34.9)

63
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 9 of 23

Table 2. Cont.

Before After EG (before vs. after) CG (before vs. after)


EG CG p-Value EG CG p-Value p-Value p-Value
P4B -Correct knowledge about hormones involved in regulating the sexual cycle in women, n (%)
n = 85 n = 109 n = 170 n = 153
0.035 c, * <0.001 c, * <0.001 d, * 0.031 d, *
12 (14.1) 29 (26.6) 77 (45.3) 16 (10.5)
P4C -Correct knowledge about when you are most likely to become pregnant, n (%)
n = 155 n = 194 n = 187 n = 246
0.337 c 0.015 c, * <0.001 d, * 0.472 d
17 (11.0) 28 (14.4) 49 (26.2) 41 (16.7)
P4D -Correct knowledge about what risk they consider most important when having sex in adolescence, n (%)
n = 177 n = 260 n = 199 n = 297
0.038 c, * 0.054 c <0.001 d, * 0.918 d
72 (40.7) 132 (50.8) 120 (60.3) 153 (51.5)
P4EA -Answer correctly to the following statement “The ripe ovule in the woman’s gynecological apparatus stays during every menstrual
cycle” (True/False), n (%)
n = 108 n = 146 c, n = 170 n = 164
<0.001 * 0.577 c <0.001 d, * 0.216 d
30 (27.8) 81 (55.5) 85 (50.0) 77 (47.0)
P4EB -Answer correctly to the following statement “The spermatozoids can stay alive in the woman’s genital organs for 10 days” (True/False), n
(%)
n = 120 n = 167 n = 176 n = 187
<0.001 c, * 0.138 c <0.001 d, * 0.857 d
44 (36.7) 98 (58.7) 115 (65.3) 108 (57.8)
P4EC -Answer correctly to the following statement “The menstrual cycle is the interval of time that elapses between the first day of period and
the first day of the following period” (True/False), n (%)
n = 99 n = 145 c n = 168 n = 162
0.111 <0.001 c, * 0.002 d, * 0.289 d
57 (57.6) 98 (67.6) 129 (76.8) 93 (57.4)
P4ED -Answer correctly to the following statement “A duration of a normal cycle can go from 21 to 35 days. Being like this, the woman can
have regular or irregular cycles” (True/False), n (%)
n = 117 n = 152 n = 176 n = 182
0.300 c 0.013 c, * 0.450 d 0.450 d
89 (76.1) 107 (70.4) 142 (80.7) 126 (69.2)

64
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 10 of 23

Table 2. Cont.

Before After EG (before vs. after) CG (before vs. after)


EG CG p-Value EG CG p-Value p-Value p-Value
P5A -Correct knowledge of the most characteristic sign of the masculine puberty, n (%)
n = 162 n = 234 n = 200 n = 266
0.969 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.050 d, *
24 (14.8) 35 (15.0) 106 (53.0) 55 (20.7)
P5B -Correct knowledge of the most visible characteristic sign of the feminine puberty, n (%)
n = 170 n = 232 n = 202 n = 274
0.020 c, * 0.010 c, * 0.268 d 0.034 d, *
125 (73.5) 145 (62.5) 160 (79.2) 188 (68.6)
P5C -Correct knowledge about human sexual maturation, n (%)
n = 132 n = 198 c n = 186 n = 236
0.365 <0.001 c, * <0.001 d, * 0.845 d
13 (9.8) 26 (13.1) 80 (43.0) 28 (11.9)
P5D -Correct knowledge about the basis of sexual relationship onset, n (%)
n = 172 n = 236 n = 200 n = 277
0.385 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.476 d
72 (41.9) 109 (46.2) 142 (71.0) 116 (41.9)
P6A -Correct knowledge about the existing contraceptive methods, n (%)
n = 159 n = 231 n = 196 n = 276
0.230 c 0.208 c 0.105 d 0.810 d
98 (61.6) 156 (67.5) 142 (72.4) 185 (67.0)
P6B -Correct knowledge about who should use contraceptive methods, n (%)
n = 160 n = 239 n = 202 n = 280
0.527 c <0.001 c, * <0.001 d, * 0.657 d
92 (57.5) 145 (60.7) 164 (81.2) 179 (63.9)
P6C -Knowledge about the contraceptive methods they had heard about, Med [Q1 ; Q3 ]
n = 241 n = 348 n = 209 n = 320
0.013 a, * <0.001 a, * <0.001 b, * <0.001 b, *
1 [0; 3] 1.5 [0; 4] 4 [3; 6] 3 [1; 5]
a: Mann–Whitney test; b : Wilcoxon test; c : Chi-square test; d : McNemar test; *: Significant at 5%.

65
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 11 of 23

Concerning the risks of adolescent sexuality (P4D), there were significant differences between

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
groups before the intervention (p = 0.038), where the CG answered more correct questions, but after
the intervention, there were no significant differences (p = 0.054). Only the EG improved significantly
between the two periods (p < 0.001). When looking at the relationship between psychological and
sexual maturation (P5C), there were no significant differences between groups before (p = 0.365), but
there were significant differences after the intervention (p < 0.001), where the EG revealed a higher
percentage of correct answers. In fact, EG significantly improved before and after the intervention
(p < 0.001). Regarding contraception (P6B), there were no significant differences between groups before
(p = 0.527), but they existed after the intervention (p < 0.001), with the EG having a higher percentage
of correct answers. EG improved significantly before and after the intervention (p < 0.001).
Table 3 and Figure 1 show contraceptives known to students. Before the intervention, pills and
condom were the best-known methods, with no differences between groups (p = 0.385 and p = 0.527,
respectively). After the intervention, the EG showed improved knowledge of all methods (p < 0.001),
while the CG only improved the knowledge on pills (p < 0.001), intrauterine devices (IUD, p < 0.001),
subcutaneous implant (p = 0.028), interrupted intercourse (p = 0.013), and total abstinence (p = 0.001).

Table 3. Contraceptives known by the participants, before and after intervention, between experimental
(EG) vs. control (CG) groups, in the primary and secondary schools of the Huambo city, from June to
December 2017. Source: Own construction.

Before After
Questions
EG CG p-Value EG CG p-Value
n = 241 n = 347 a n = 209 n = 320
Oral pills, n (%) 0.385 0.039 a, *
126 (52.3) 194 (55.9) 168 (80.4) 232 (72.5)
n = 241 n = 347 n = 209 n = 320
Quarterly IM injections, n (%) 0.005 a, * 0.003 a, *
32 (13.3) 78 (22.5) 85 (40.7) 90 (28.1)
n = 241 n = 239 n = 209 n = 320
Female/Male condom, n (%) 0.527 a <0.001 a, *
40 (57.5) 145 (60.7) 128 (61.2) 86 (26.9)
n = 241 n = 347 n = 209 n = 320
Coil (IUD), n (%) 0.562 a <0.001a, *
48 (19.9) 76 (21.9) 145 (69.4) 117 (36.6)
n = 241 n = 347 n = 209 n = 320
Subcutaneous implant, n (%) 0.698 a <0.001 a, *
20 (8.3) 32 (9.2) 65 (31.1) 47 (14.7)
Periodic abstinence/calendar, n = 241 n = 347 n = 209 n = 320
<0.001 a, * 0.144 a
n (%) 51 (21.2) 120 (34.6) 103 (49.3) 137 (42.8)
Diaphragm n = 241 n = 347 n = 209 n = 320
0.196 a <0.001 a, *
n (%) 42 (17.4) 47 (13.5) 92 (44.0) 57 (17.8)
Interrupted intercourse n = 241 n = 347 n = 209 n = 320
0.062 a 0.056 a
(outsider ejaculation), n (%) 30 (12.4) 63 (18.2) 71 (34.0) 84 (26.3)
Total abstinence n = 241 n = 347 n = 209 n = 318
<0.001 a, * 0.381 a
n (%) 28 (11.6) 106 (30.5) 82 (39.2) 137 (43.1)
IUD: Intrauterine device; a: Chi-square test; *: Significant at 5%.

66
Int.
Int. J.J. Environ.
Environ. Res. Public Health 2020, 16, x5155
2019, 17, FOR PEER REVIEW 12 of
11 of 23
23

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução

Figure 1. Students’ knowledge on contraceptives before and after the intervention. The p-values
Figure 1. Students’
correspond test. on contraceptives before and after the intervention. The p-values
knowledge
to the McNemar
correspond to the McNemar test.
4. Discussion
4. Discussion
In this study, considering the pre-intervention evaluation, it was found that there is a lack of
In this on
knowledge study, considering
various the pre-intervention
topics covered evaluation,subsystems.
at different educational it was found thatparticipants
Most there is a lack of
were
knowledge
males, on various
although topicshas
the country covered at different
a larger number of educational subsystems.
females [4]. Most participants
In fact, gender asymmetrieswereare
males, although
common, althoughthe
in country has a larger
some educational number of
subsystems, femalesin[4].
especially In fact,
higher gender there
education, asymmetries are
has already
common, although in some educational subsystems, especially in higher education, there has already

67
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 13 of 23

been a slight increase in the number of women in schools compared to men, especially in careers of

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
education and health sectors [11].
The percentage of parents who concluded university and post-graduate education was very
high, giving the overall number of individuals holding a university degree in this country. The latest
population census revealed that only 2.1% of the population has higher education, and Huambo
province ranks the 9th place, with only 1.4% [12]. The results obtained may be due to the students’ lack
of knowledge regarding their parents’ level of education. Alternatively, they may represent a niche of
the high school population.
Most EG students answered who often talk about sexuality with their parents, while in the CG,
most respondents said that they do not usually address this issue with their parents. Indeed, a study
in Mozambique revealed that there are major social and family barriers in addressing sexuality issues
between adolescents and parents [13], although due to the limited sample size, the results obtained
cannot be generalized to the population. In Nigeria, Emelumadu developed a study to assess parents’
perceptions of when to talk to their children about sexuality, and found that most parents said they did
not talk to teenage children because they considered it a waste of time, and the reasons were mainly
due to lack of parental education [14]. Moreover, considering the percentage of affirmative answers
obtained in the EG group, regarding conversations with parents about sexuality, the situation is even
more disturbing, and it can be concluded that either family conversations were not effective or parents
were not sufficiently educated on what really matters to talk to your children. In fact, if parents are
unaware of the basic concepts of sexuality and associated risks, how are children expected to learn
from them if they are not taught in schools? Indeed, when the initial questionnaire was applied, many
students revealed that they did not know the meaning of various terms, such as erection, ejaculation,
menarche, or menstrual period, leaving the question blank or simply asking what it meant.
In addition, half of students answered in the affirmative about the practice of complete (vaginal)
sexual intercourse. Kebede, Molla, and Gerensea found that, of those who had sex, 100% had already
experienced full vaginal sex, 6.3% had experienced anal, and 5.2% oral sex [15]. In Angola, data
provided by the Huambo Central Hospital in the 2013 Annual Report allude to the high rate of unsafe
post-abortion curettage, which clearly reveals the practice of penetrative sex. In this hospital between
2010–2013, 7222 curettages were performed, resulting in 17 maternal deaths. In 2012, an unpublished
descriptive study conducted at the same hospital found 69.3% of patients aged 13 to 25 years and
only 10% used contraceptive methods [10]. More recently, one study found 715 patients undergoing
post-abortion curettage and in 84.3% of them the type was undetermined (probably unsafe), with
six maternal deaths [16]. The above data reflects what is happening in Huambo, and in the country
as a whole, where adolescents begin their sex life at an early age, and why they are not educated in
schools or family on how to prevent unwanted pregnancy and how they are unaware of the risks of
induce abortion, undergo abortion with improper personnel and under unsafe conditions, and come to
hospitals with irreversible complications that often lead to death. These reasons denote the urgency of
investing in the education of adolescents on issues related to their sexual and reproductive life. Thus,
new generations, rather than using and abusing of penetrative sex, should be encouraged to a broader
sex education, more focused on educated decision-making and conscious sexuality.
On the other hand, we found that the age of sexual activity onset is earlier in boys and in the
EG. Similar findings were reported by Gebresllasie, Tsadik, and Berhane in Ethiopia, where most of
boys (75%) had their first sexual contact before age 18, while only 25% of girls had their first sexual
contact before age 18 [17]. Prata et al. [18] in a study of high school students in Luanda province to
determine the main predictors of condom use found an average age of 14.4 years in boys and 15.9 in
girls. Similarly, Almeida et al. [16] found a higher percentage (40.3%) of first sexual intercourse from
13–15 years old. In South Africa, countless investigations have been conducted on teenage pregnancy,
considered a socio-economic and public health problem [17]. Although more emphasis has been placed
on girls, in one study, the authors pointed to boys as the main risk factor for teenage pregnancy, and
mentioned as one of the reasons the pressure they suffer to match other colleagues or to be accepted in

68
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 14 of 23

the group [19]. Similarly, Kebede, Molla, and Gerensea, in Ethiopia, reported that, among the 37.9% of

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
students who had the first sexual contact before the age 18, the main motivation for such was in 61.5%
for the desire to have their first sexual experience [15], while another study found that 59.8% of boys
claimed to be encouraged by their best friend [17]. It is believed that these differences between girls
and boys do not correspond to reality and are due solely to the fact that socially and culturally boys
tend to refer younger ages to reality, while girls, due to the existing stigma on the subject, choose to
answer to ages beyond reality.
In our study, a notorious lack of knowledge on the use of contraceptive methods in both genders
was also stated. Indeed, exploratory studies in young African-Americans have shown limited male
knowledge on contraceptives, other than condom [20]. In Kenya, an article published in 2018 reported a
lack of knowledge about contraceptives use [21]. Another study in Lomé, Togo, including married men,
found men’s low involvement in family planning due to cultural beliefs [22]. Additionally, Kebede,
Molla, and Gerensea stated that 51.5% of students used contraception inconsistently [15], and our results
corroborates the literature data. Many participants did not answer questions about contraceptives,
which denotes the ignorance and lack of involvement that boys have about contraceptive methods.
Indeed, contraception is still seen in many countries as a problem for women only.
In Uganda, according to Cardoso, the attempt to reduce the level of STIs, considered one of the
highest in sub-Saharan Africa, has gone through the adoption of the ABC policy: A “Abstinence”; B “
Befaithfull”, and C “Condom” [18]. This project, which aimed to change the country’s old focus, led to a
drastic reduction in HIV-AIDS rates from 30% to approximately 7% [23]. In Angola, a study conducted
in 2005 in Luanda with young people (14–24 years), aiming to know the main predictors of gender
differences in condom use, revealed a weak association between married/in marital cohabitation and
the consistent use of condom. However, a strong association was stated when compared with those
living in urban areas, with high school level or those attending school [18]. Indeed, a review article,
including 46 studies, stated a strong positive association between individuals with good education
and condom use, relatively to those with lower educational level [24]. However, these results do not
corroborate those obtained in this study. In fact, contrary to what would be supposed, most students
were unmarried, lived in urban areas, and had a high level of education. In addition, they did not use
condom. Clearly, the results of this study reflect what happens throughout the country, triggering
the high rates of unwanted pregnancies, adolescent births and related complications, such as illegal
abortions and maternal-infant morbimortality [10,25,26]. All of this is a strong reason for the urgent
need for effective implementation of sex education in Angola.
Regarding students’ knowledge, most questions did not show significant differences between
the two groups at the time of the first evaluation. EG improved substantially in paired evaluation.
However, there was a noticeable difference between the two groups after the intervention. The
improvement observed in the CG may have occurred because they received information from friends,
out of curiosity, or simply by chance, while in the EG, the lack of improvement in some questions
seems to be due to lack of continuous study, as this content was included in the sex education manual
delivered at the beginning of the course. However, the differences were not significant, which reinforces
the need for continuing education to change paradigms. In fact, sex education is essential, not only
to prevent HIV-AIDS infection and other STI, early pregnancy and motherhood, but also unsafe
abortion [3]. A systematic review of the effect of HIV intervention in sub-Saharan Africa showed that
most interventions had positive effects, with longer interventions appearing to be more effective [27].
As can be seen, the intervention developed also sought to obtain the most specific information possible
on the various areas that affect young people’s sex and gynecological life, to understand the real
reasons and factors behind the high number of unwanted pregnancies and abortions. Most of the girls
involved have either denied pregnancy or already aborted. However, data provided by hospitals in
recent years have revealed that most of abortions seen at the emergency room come from young people
living in the host municipality [10]. Negative answers are thought to reinforce the hypothesis that
there is a fear of reprisals for banning abortion in the country. Moreover, this prohibition has been

69
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 15 of 23

contested for several years and justifies the fact that in the vast majority of hospital abortion cases, the

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
source cannot be determined [10,25]. This study also provides important data on parents who could
guide the State in adopting better adult and general education policies to address the weaknesses
identified and, specifically in the case of parents, the need to train them in themes about sexuality,
encouraging them to talk to their children at home, and to help them dispel any doubts about it. This
could be a future research topic.
As main limitations of this work, we highlight the subgroups division. The CG consisted of
students from the high-polytechnic school, half of whom belonged to public school 1 and the others
to private school, to cover public and private education systems. The EG consisted of young people
with less education. This division of groups may be considered a limitation, but it was for logistical
reasons. On the other hand, we may also have a selection bias, as only the students more interested in
sex education took the course (probably those coming from more open families, where these topics
are more openly discussed and probably had previous knowledge on this field). Anyway, despite
recognizing the weaknesses of the present study, namely the inability to intervene in all students, the
short duration of intervention and follow-up, as well as the loss of students after the intervention,
promising results were obtained in the short-term, without neglecting the future need for more lasting
work. Indeed, changes in human behavior require permanent and multi-ministerial interventions.

5. Conclusions
There is a significant lack of knowledge on reproductive organs’ anatomy and functioning,
sexuality, and contraception among general education students in Huambo province, with a careless
attitude towards unprotected sex. There is a need for rigorous development and evaluation of
interventions that address multiple individual and environmental factors, that is, aiming at effective
education in human biology and sexuality. However, longer-term studies that also include parents are
needed to better assess the medium- and long-term impact, not only on general knowledge, but also
on youth and family attitudes towards issues still considered “taboo”, such as sexuality.

Author Contributions: Conceptualization, N.A.; Methodology, N.A. and J.G.; Formal analysis, N.M. and A.T.;
Investigation, N.A.; Data curation, N.A., A.T., and N.M.; Writing—original draft preparation, N.A. and N.M.;
Writing—review and editing, A.T., N.M., and C.R.; Supervision, C.R.
Funding: This research received no external funding.
Acknowledgments: To the directors and teachers of the schools: Instituto Médio Agrário (IMA), Escola Politécnica
do Huambo (EPH) and Irmãs Teresianas, for allowing the first author to be part of the collective. To all students of
schools and guardians, especially of the school of Irmãs Teresianas, for the affection and willingness to participate
in the research. To all those who directly or indirectly made possible the completion of this work. A. Teixeira
thanks the research grant 6585/BPD_B3-A/2018 for the project “NanoSTIMA: Macro-to-Nano Human Sensing:
Towards Integrated Multimodal Health Monitoring and Analytics, NORTE-01-0145-FEDER-000016”, funded by
the NORTE 2020 program through PORTUGAL 2020 and the European Regional Development Funds (ERDF).
N. Martins would like to thank the Portuguese Foundation for Science and Technology (FCT–Portugal) for
the Strategic project ref. UID/BIM/04293/2013 and “NORTE2020—Programa Operacional Regional do Norte”
(NORTE-01-0145-FEDER-000012). N. Almeida would like to thank the Angolan State through the National
Scholarship Management Institute (INAGBE).
Conflicts of Interest: The authors declare no conflict of interest.

Appendix A
1st Part of the Questionnaire—Female Version
PROVINCIAL DIRECTION OF EDUCATION
CENTRAL HOSPITAL OF HUAMBO
RESEARCH ON SEXUALITY IN THE SECONDARY SCHOOLS OF THE MUNICIPAL DISTRICT
OF HUAMBO.
Dear student: The purpose of this survey is to collect information about your sexuality. The same
is voluntary and the information obtained will be strictly confidential, exclusively serving to elaborate

70
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 16 of 23

an educational program, in order to improve your knowledge, which will help you to avoid problems

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
in this sphere of your life.
For this study to be of value and usefulness, we need your highest sincerity and veracity in the
information provided.
STUDENT CODE: ________
Date of the inquiry: day___ month____ year_______
GENERAL DATA
Gender: FEMALE
Date of birth: day __month___ year_____
School Name: _________________ Class: ___ Age: ____ years
Civil status: ___ Married _____ Single _____Marital (living without getting married)
Origin: Municipal district: _______________________ Neighborhood: ______________
Besides studying, do you have another occupation? ______No ____Yes
If yes, please indicates which:
_____ Private employee
_____ State employee
_____ Own account (proper)
_____ Other. Which? _______________________________________________________
Filiation:
Do you live with your father? ___Yes ___No
Do you live with your mother? ___Yes ___No
Education:
Father: ___None ___Primary ___Secondary ___ Medium ___University ___ Post-graduation
Mother: ___None ___Primary ___Secondary ___ Medium ___ University ___ Post-graduation
Do you usually talk with your parents on subjects related with sexuality? ____ Yes _____ No
Do your parents work?
Father: ___ Yes ___ No. If yes, please indicate place: ___ State ___ Private ___ Own
Mother: ___ Yes ___ No. If yes, please indicate place: ___ State ___ Private ___ Own
GYNECOLOGICAL HISTORY
Age of the first menstruation: ________________________________
Age of the first intercourse: ___________________________
Have you ever been pregnant? ___ Yes ___ No. If yes, please answer how many times? ___
Have you ever aborted? ___Yes ___ No. If yes, please indicate how many times? ___
Which is your type of menstrual cycle and duration? Check what corresponds to your case:
___ Regular (always in the same day or similar sequence).
___ Irregular (disordered, without logical sequence, sometimes twice a month).
Duration of the cycle: ___ days (since beginning until it appears again)
____ <21 (days)
____ 21 to 24 days
____ 25 to 28 days
____ 29 to 32 days
____ 33 to 35 days
____ >35 days
Indicate the length of your menstrual period, in days:
___ <3 days ___ 3 days ___ 4 days ___ 5 days ___ 6 days ___7 days ___ >7 days
SEXUAL HISTORY
Have you ever had a boyfriend? ___ Yes ___ No
Have you a boyfriend right now? ___ Yes ___ No
Have you ever had a husband? ___ Yes ___ No
Have you a husband right now? ___ Yes ___ No

71
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 17 of 23

Answer to this question only if you already had some kind of physical involvement.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Up to where have your sexual relationships arrived?
____Kisses
____Caressing
____Masturbation
____Complete sexual relations (with penetration)
If you already have had complete intercourse, at which age did it happen for the first time?
____ years
Do you use any contraception method to avoid pregnancy? ___Yes ___No
If yes, mark which method:
___ Oral pills ___ Female condom ____ Calendar method.
___ Subcutaneous implant ___ Diaphragm ____ Abstinence.
___ Trimestral injections ___ Traditional practices ____ Withdrawal (Pull Out Method)
___ IUD (intra uterine device) ____ The partner is the one who use it
Do you feel concerned (badly) when practicing sex? _____ Yes _____ No
What are your concerns when you practice sex?
___ Having problems at home
___ Getting pregnant
___ Getting pregnant and having a son very soon
___ Stop studying
___ Start working very soon
___ Get a sexually transmitted infections (STI)
___ All of the previous
___ None of the previous
If you answered this survey in a real and sincere way, you are helping us to prepare and offer
a program of sexual education that will help you to assume a correct and responsible conduct on
sexuality, according to your age, thus avoiding future problems in this important sphere of your life.
THANK YOU VERY MUCH.

Appendix B
1st Part of the Questionnaire—Male Version
PROVINCIAL DIRECTION OF THE EDUCATION
CENTRAL HOSPITAL OF HUAMBO
RESEARCH ON SEXUALITY IN THE SECONDARY SCHOOLS OF THE MUNICIPAL DISTRICT
OF HUAMBO
Dear student: The purpose of this survey is to collect information about your sexuality. The same
is voluntary and the information obtained will be strictly confidential, exclusively serving to elaborate
an educational program, in order to improve your knowledge, which will help you to avoid problems
in this sphere of your life.
For this study to be of value and usefulness, we need your highest sincerity and veracity in the
information provided.
STUDENT CODE: ________
Date of the inquiry: day___ month____ year_______
GENERAL DATA
Gender: MALE
Date of birth: day __month___ year_____
School Name: _________________ Class: ___ Age: ____ years
Civil status: ___ Married _____ Single _____Marital (living without getting married)
Origin: Municipal district: _______________________ Neighborhood: ______________
Besides studying, do you have another occupation? ______No ____Yes

72
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 18 of 23

If yes, please indicates which:

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
_____ Private employee
_____ State employee
_____ Own account (proper)
_____ Other. Which? _______________________________________________________
Filiation:
Do you live with your father? ___Yes ___No
Do you live with your mother? ___Yes ___No
Education:
Father: ___None ___Primary ___Secondary ___ Medium ___University ___ Post-graduation
Mother: ___None ___Primary ___Secondary ___ Medium ___ University ___ Post-graduation
Do you usually talk with your parents on subjects related with sexuality? ____ Yes _____ No
Do your parents work?
Father: ___ Yes ___ No. If yes, please indicate place: ___ State ___ Private ___ Own
Mother: ___ Yes ___ No. If yes, please indicate place: ___ State ___ Private ___ Own
SEXUAL HISTORY
Age of the first erection: __________ years
Age of the first ejaculation: __________ years
Have you ever had complete sexual intercourse (penetration)? _____ Yes _____ No
Age of the first sexual intercourse: __________ years
Have you ever made pregnant any girl? _____ Yes _____ No
Have you ever had a girlfriend? _____ Yes _____ No
Do you currently have a girlfriend? _____ Yes _____ No
Have you ever had a wife? _____ Yes _____ No
Do you have a wife right now? _____ Yes _____ No
Answer to this question only if you already had some type of physical involvement.
Up to where have your sexual relationships arrived?
____ Kisses
____ Caressing
____ Masturbation
____ Complete sexual relations (with penetration)
If you already have had complete intercourse, at which age did it happen for the first time?
____ years
Do you use any contraception method to avoid pregnancy? ___Yes ___ No
If yes, mark which method:
_____ Male condom _____ Calendar Method
_____ Abstinence _____ Traditional practices
_____ Withdrawal (Pull Out Method). _____ The partner is the one who use it
Do you feel concerned (badly) when practicing sex? _____ Yes _____ No
What are your concerns when you practice sex?
___ Having problems at home
___ Having your partner pregnant
___ Having a son very soon
___ Stop studying
___ Start working very soon
___ Get a sexually transmitted infections (STI)
___ All of the previous
___ None of the previous

73
___ Having problems ___at home
Having problems at home
___ Having your partner___pregnant
Having your partner pregnant
___ Having a son very___soon
Having a son very soon
___ Stop studying ___ Stop studying
___ Start working very___soon
Start working very soon
___ Get a sexually transmitted
___ Get ainfections (STI)
sexually transmitted infections (STI)
___ All of the previous___ All of the previous
___ None of the previous
___ None of the previous
If you answered this Ifsurvey in a real and
you answered this sincere
survey way, youand
in a real are sincere
helpingway,
us toyou
prepare and offer
are helping us ato prepare and offer a
program of sexual education
programthat will help
of sexual you to that
education assume
will ahelp
correct
you and responsible
to assume conduct
a correct and on
responsible conduct on
sexuality, according tosexuality,
your age,according
thus avoiding future
to your age,problems in thisfuture
thus avoiding important sphere
problems of your
in this life. sphere of your life.
important
THANK YOU VERY MUCH.
THANK YOU VERY MUCH.

Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 19 of 23

Appendix C Appendix C
If you answered this survey in a real and sincere way, you are helping us to prepare and offer

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
2nd Part of the Questionnaire
2nd Part of the Questionnaire
a program of sexual education that will help you to assume a correct and responsible conduct on
sexuality, according to your PROVINCIAL
age, thus avoiding future
DIRECTION problems inDIRECTION
this important
OF EDUCATION
PROVINCIAL OFsphere of your life.
EDUCATION
THANK YOU VERY MUCH.
CENTRAL HOSPITALCENTRALOF HUAMBO HOSPITAL OF HUAMBO
Appendix C
TEST OF KNOWLEDGE. TESTThis
OF is a voluntary inquiry
KNOWLEDGE. ofayour
This is knowledge
voluntary regarding
inquiry the sexualityregarding
of your knowledge and the sexuality and
gynecological
2nd Part ofstructures/organs, thatstructures/organs,
gynecological
the Questionnaire will help us to create
thatan educational
will help us to program
create an for the schools
educational of
program for the schools of
the general teaching.
PROVINCIAL the generalOF
DIRECTION teaching.
EDUCATION
CENTRAL
STUDENT CODE:HOSPITAL OF HUAMBO
______________
STUDENT CODE: ______________
TEST OF KNOWLEDGE. This is a voluntary inquiry of your knowledge regarding the sexuality
Date of the inquiry____/_____/________
Date of the inquiry____/_____/________
and gynecological structures/organs, that will help us to create an educational program for the schools
Date
of the of birth: teaching.
general day: ___Date
month: ___ year_____
of birth: day: ___ month: ___ year_____
STUDENT CODE: ______________
School: _____________________________ Gender: ____female ___
School: _____________________________ male ____
Gender: Age ___ male ____ Age
____female
Date of the inquiry____/_____/________
Date of birth: day: ___ month: ___ year_____
(P1) In the following(P1) drawings
In the of the feminine
following and of
drawings masculine genital, identify
the feminine the structures
School: _____________________________ Gender: ____female ___ maleand____masculine
Age genital, identify the structures
enumerated in your inferior
(P1) In the following part,
enumerated
drawings placing
inof
yourthe corresponding
theinferior
femininepart, number
andplacing in the circle
the corresponding
masculine of the
number
genital, identify illustration.
in the circle of the illustration.
the structures
enumerated in your inferior part, placing the corresponding number in the circle of the illustration.
(P1F) (P1F)

(P1F)

1. Pubic hair 1. hair


1. Pubic Ovary 1. Ovary
1. Pubic hair 1. Ovary
2. Labia major 2. LabiaRes.
major Health 2020, 2. major
2. Labia Fallopian tube
2. Fallopian2.tube
Fallopian tube
Int. J. Environ. Res. PublicInt. J. Environ.
Health 2020, 17, x Public
FOR PEER REVIEW17, x FOR PEER REVIEW 19 of 23 19 of 23
3. Vagina 3. Uterus
3. Vagina 3.
3. Vagina Uterus
4. Anus 4. Vagina 3. Uterus
(P1M) (P1M)
4. Anus 4. Anus4. Vagina 4. Vagina

(P1M)

1. Pubic hair 1. Pubic hair 1. Testicles 1. Testicles


1. Pubic hair 1. Testicles
2. Penile body
2. Penile body 2. Prostate 2. Prostate
2. Penile body 2. Prostate
3. Scrotum 3. Penis
3. Scrotum 3. Scrotum 3. Penis 3. Penis
4. Glans covered by foreskin
(P2) In the following questions 4.on thecovered
Glans feminine 4.reproductive cells
Glans covered by
by foreskin (on the left side)
foreskin
and masculine (right side), mark the correct answer circulating the corresponding number.
(P2AF) (P2AM)
(P2)
The feminine
(P2)
In the reproductive
following In the following
questions questions
on the feminine
cell is denominated:
on the feminine
reproductive
The reproductive cells reproductive
(on
masculinethecell cellsand
leftis side) (onmasculine
denominated:
the left side) and masculine
1.(right side),
Follicular (right
cellmark the side),
correct mark circulating
answer the correct the
answer circulating number.
corresponding
1. Spermatogonia the corresponding number.
2. Ovule
(P2AF) (P2AF) 2. Sertoli’s
(P2AM)cell (P2AM)
3. Germinative cell The feminine 3. Germinal cell
The feminine reproductive cell isreproductive
denominated:cell The
is denominated: The reproductive
reproductive masculine cell is masculine cell is
4. Ovogonia 4. Spermatozoid
denominated: denominated:
1. Follicular cell 1. Follicular cell 1. Spermatogonia 1. Spermatogonia
2. Ovule 2. Ovule 2. Sertoli’s cell 2. Sertoli’s cell
3. Germinative cell 3. Germinative cell 3. Germinal cell 3. Germinal cell
4. Ovogonia 4. Ovogonia 4. Spermatozoid 4. Spermatozoid

(P2BF) This
(P2BF) This cell is produced cell is produced in (P2BM)
in the: the: This cell is (P2BM)
produced This cell is produced in the:
in the: 74
1. Uterus 1. Uterus 1. Testicle 1. Testicle
2. Fallopian tubes 2. Fallopian tubes 2. Vas deferens (sperm2. Vas deferens (sperm duct)
duct)
3. Ovary 3. Ovary 3. Prostate gland 3. Prostate gland
4. Epididymis 4. Epididymis

(P2CF) The normal(P2CF) Theprocess


formation normalof
formation
the process
(P2CM)ofThe
thenormal(P2CM) Thecells
masculine normal masculine
process of cells process of
feminine
feminine reproductive reproductive cells is: formation is:
cells is: formation is:
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 20 of 23

(P2BF) This cell is produced in the: (P2BM) This cell is produced in the:

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
1. Uterus 1. Testicle
2. Fallopian tubes 2. Vas deferens (sperm duct)
3. Ovary 3. Prostate gland
4. Epididymis
(P2CF) The normal formation process of the feminine (P2CM) The normal masculine cells process of
reproductive cells is: formation is:
1. Continuous 1. Continuous
2. Cyclic 2. Cyclic
3. Irregular 3. Irregular
4. Alternative 4. Alternative
(P2DF) The reproductive feminine cell is liberated: (P2DM) The masculine reproductive cell is liberated:
1. Every 7 days 1. Every 7 days
2. Every 14 days 2. Every 14 days
3. Every 28 days 3. Every 28 days
4. In a permanent way 4. In a permanent way
(P3) In relation to the transition of the childhood to the woman’s adult life (Say true (V) or
false (F) the following statements)
(P3A) ___ Menarche is the women’s first period
(P3B) ___ Menarche’s age is the same in all the women
(P3C) ___ After the beginning of the menarche the woman can already get pregnant
(P3D) ___ After the menarche the woman is already capable of having children
(P3E) ___ Is normal that the first menstrual cycles are irregular
(P4) About the fecundation and the fertile period.
(P4A) The sexual cycle in the woman involves the following reproductive organs (choose the
correct answer):
1. Only uterus and vagina
2. Only ovaries and fallopian tubes
3. Only uterus and breasts
4. All the previous ones
(P4B) The sexual cycle in the woman is regulated mainly by the following hormones (Select the
correct answer):
1. Thyroid and adrenal hormones
2. Testosterone and growth hormones
3. Estrogens and progesterone
4. Insulin and antidiuretic hormones
(P4C) The moment of larger risk to become pregnant is (Select the correct answer):
1. During period
2. One week after period
3. Two weeks after period
4. Before period
(P4D) Of the following risks of maintaining sexual relationships in the adolescence, mark
with a cross (X) the most important risk for you.
___ Unwanted pregnancy
___ Provoked abortion punished by the law
___ School abandon
___ Family conflict
___ Sexually transmitted infections (STI)
___ Unwanted pregnancy and STI
___ All previous ones
(P4E) Related to the reproductive process.

75
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 21 of 23

(Mark true or false the following statements)

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
(P4EA) ___ The ripe ovule in the woman’s gynecological apparatus stays during every
menstrual cycle.
(P4EB) ___ The spermatozoids can stay alive in the woman’s genital organs for 10 days.
(P4EC) ___ The menstrual cycle is the interval of time that elapses between the first day of period
and the first day of the following period.
(P4ED) ___ A duration of a normal cycle can go from 21 to 35 days. Being like this, the woman
can have regular or irregular cycles.
(P5) Sexual maturation and psychological development.
(P5A) The most characteristic sign of the masculine puberty (mark with a X the most correct
statement):
__ Appearance of the interest for sex
__ Erection
__ Pubic hairs
__ Emotional instability
(P5B) The most visible characteristic sign of the feminine puberty is (mark with a X the most
correct statement):
__ Appearance of the interest for sex
__ Period
__ Production of ovule
__ Emotional instability
(P5C) About human sexual maturation, select, marking with a X, the most correct statement.
__ Sexual maturation happens before the psychological maturation
__ Sexual maturation happens after the psychological maturation
__ Both happen at the same time
__ There is no relation between both processes
(P5D) The beginning of the sexual relationship should be supported in (mark with a X the most
correct answer):
__ Have sexual desire
__ Have maturity of the genital organs
__ Have psychological maturity
__ Feel love and have maturity
(P6) Contraception
(P6A) Contraception methods are used to (mark with a X the most correct answer):
__ Avoid the sexual desire
__ Avoid the pregnancy
__ Avoid sexual transmitted disease
__ Increase the sexual pleasure
(P6B) Contraceptional methods can be used by (mark with a X your answer):
____ Woman only
____ Man only
____ Each one of them
____ Both of them at the same time
(P6C) Which of the following contraceptive methods have you heard about:
____ Oral pills
____ Trimestral injections
____ Female condom
____ Male condom
____ IUD (intrauterine device)
____ Subcutaneous implant

76
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 22 of 23

____ Periodical abstinence/calendar method

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
____ Diaphragm
____ Withdrawal (Pull Out Method)
____ Abstinence

References
1. García, A.I.; Ángel, Á.P.; Herrera, L.F.; Morales, M.M.P. And What Do You Know about “That”? Youth Sexual
Education Handbook; Centro de Ediciones de la Diputación de Málaga: Málaga, Spain, 2011.
2. Reis, B.; Lopes, D.; Franco, P.; Vilela, R. Law, Religion, Right to Live and Abortion; Center of R&D about Law
and Society: Lisbon, Portugal, 2015.
3. United Nations Population Fund-Information and External Relations Division (UNFPA). Early Maternity:
Facing the Challenge of Teenage Pregnancy. World Population Situation, 1st ed.; Kollodge, R., Ed.; Photographics,
Inc.: New York, NY, USA, 2013.
4. National Statistical Institute (INE). General Census of Population and Housing: Definitive Results; INE: Luanda,
Angola, 2016.
5. Mwale, M.; Muula, A.S. Systematic review: A review of adolescent behavior change interventions [BCI]
and their effectiveness in HIV and AIDS prevention in sub-Saharan Africa. BMC Public Health 2017, 17, 1–9.
[CrossRef] [PubMed]
6. Michielsen, K.; Temmerman, M.; Van Rossem, R. Limited effectiveness of HIV prevention for young people
in sub-Saharan Africa: Studying the role of intervention and evaluation. Facts Views Vis. ObGyn 2013, 5,
196–208. [PubMed]
7. Guimarães Nebenzahl, H.; Lopes, A.; Castro, R.; Pereira, F. Prevalence of human immunodeficiency virus,
hepatitis C virus, hepatitis B virus and syphilis among individuals attending anonymous testing for HIV in
Luanda, Angola. S. Afr. Med. J. 2013, 103, 186–188.
8. Masha, S.C.; Cools, P.; Sanders, E.J.; Vaneechoutte, M.; Crucitti, T. Trichomonas vaginalis and HIV infection
acquisition: A systematic review and meta-analysis. Sex. Transm. Infect. 2019, 95, 36–42. [CrossRef]
[PubMed]
9. Augusto, G.F. Use of services for prevention of mother-to-child transmission in Angola: A retrospective
analysis. J. Public Health 2016, 38, 371–377. [CrossRef] [PubMed]
10. De Almeida, N.P.S. Youth Sexual Education and Prevention of Unwanted Pregnancy, 1st ed.; Education, M., Ed.;
Mayamba Education: Luanda, Angola, 2015.
11. Unicef OGE Education 2016, 1st ed.; ADRA: Luanda, Angola, 2016.
12. Ministry of Education. 2015 National Exam of Education for All: Angola, 1st ed.; Republic of Angola, Ed.;
Ministry of Education: Luanda, Angola, 2015.
13. Capurchande, R.; Coene, G.; Schockaert, I.; Macia, M.; Meulemans, H. “It is challenging... oh, nobody
likes it!”: A qualitative study exploring Mozambican adolescents and young adults’ experiences with
contraception. BMC Womens Health 2016, 16, 1–17. [CrossRef] [PubMed]
14. Emelumadu, O.F.; Ezeama, N.N.; Ifeadike, C.O.; Ubajaka, C.F.; Adogu, P.O.U.; Umeh, U.; Nwamoh, U.N.;
Ukegbu, A.U.; Onyeonoro, U.U. Parents’ perceptions of timing of initiation of sexuality discussion with
adolescents in anambra state, south eastern nigeria. J. Pediatr. Adolesc. Gynecol. 2014, 27, 294–300. [CrossRef]
[PubMed]
15. Kebede, A.; Molla, B.; Gerensea, H. Assessment of risky sexual behavior and practice among Aksum
University students, Shire Campus, Shire Town, Tigray, Ethiopia, 2017. BMC Res. Notes 2018, 11, 7–12.
[CrossRef] [PubMed]
16. De Almeida, N.; Teixeira, A.; Capoco Sachiteque, A.; Molina, J.R.; dos Prazeres Tavares, H.; Ramalho, C.
Characterisation of induced abortion and consequences to women’s health at Hospital Central do Huambo
-Angola. J. Obstet. Gynaecol. 2019. [CrossRef] [PubMed]
17. Gebresllasie, F.; Tsadik, M.; Berhane, E. Potential predictors of risk sexual behavior among private college
students in Mekelle City, North Ethiopia. Pan Afr. Med. J. 2017, 28, 1–11. [CrossRef] [PubMed]
18. Prata, N.; Vahidnia, F.; Fraser, A. Gender and relationship differences in condom use among 15–24-year-olds
in Angola. Int. Fam. Plan. Perspect. 2005, 31, 192–199. [CrossRef] [PubMed]

77
Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16, 5155 23 of 23

19. Madlala, S.T.; Sibiya, M.N.; Ngxongo, T.S.P. Perceptions of young men at the Free State School of Nursing

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
with regards to teenage pregnancy. Afr. J. Prim. Health Care Fam. Med. 2018, 10, 1–7. [CrossRef] [PubMed]
20. Woodhams, E.; Sipsma, H.; Hill, B.J.; Gilliam, M. Perceived responsibility for pregnancy and sexually
transmitted infection prevention among young African American men: An exploratory focus group study.
Sex. Reprod. Healthc. 2018, 16, 86–91. [CrossRef] [PubMed]
21. Velonjara, J.; Crouthamel, B.; O’Malley, G.; Wiggins, M.; Matemo, D.; John-Stewart, G.; Unger, J.A.; Kinuthia, J.;
Drake, A.L. Motherhood increases support for family planning among Kenyan adolescents. Sex. Reprod.
Healthc. 2018, 16, 124–131. [CrossRef] [PubMed]
22. Koffi, T.B.; Weidert, K.; Bitasse, E.O.; Mensah, M.A.E.; Emina, J.; Mensah, S.; Bongiovanni, A.; Prata, N.
Engaging Men in Family Planning: Perspectives From Married Men in Lomé, Togo. Glob. Health Sci. Pract.
2018, 6, 316–327. [CrossRef] [PubMed]
23. Cardoso, L.C. Birth Control. A View from Sub-Saharan Africa; Faculty of Theology, Department of Moral and
Pastoral Theology: Madrid, Spain, 2015.
24. Zuilkowski, S.S.; Jukes, M.C.H. The impact of education on sexual behavior in sub-Saharan Africa: A review
of the evidence. AIDS Care-Psychol. Socio-Med. Asp. AIDS/HIV 2012, 24, 562–576. [CrossRef] [PubMed]
25. Tchivandja, Q. Causes of Material Deaths for Hypertensive Disease of Pregnancy in Angola 2001–2005 and
in the Special Material of Children of Kiaban Kilaean Luanda, from January to December 2007. Ph.D. Thesis,
Università degli Studi di Trieste, Trieste, Italy, 2007.
26. Dos Tavares, H.P. Obstetric, Socio-Demographic and Psychosocial Aspects of Adolescent Mothers Assisted at
the Maternity of Central Hospital of Huambo, Province of Huambo-Angola/Hamilton dos Prazeres Tavares.
Master’s Thesis, University Estácio de Sá, Rio de Janeiro, Brazil, 2011.
27. Small, E.; Nikolova, S.P.; Narendorf, S.C. Synthesizing gender based HIV interventions in sub-sahara Africa:
A systematic review of the evidence. AIDS Behav. 2013, 17, 2831–2844. [CrossRef] [PubMed]

© 2019 by the authors. Licensee MDPI, Basel, Switzerland. This article is an open access
article distributed under the terms and conditions of the Creative Commons Attribution
(CC BY) license (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

78
Capítulo VI

80 Discussão
83 Conclusões
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

79
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
DISCUSSÃO

O principal objetivo deste trabalho foi mostrar a importância do aborto como problema

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
de saúde no Huambo e desenvolver uma estratégia para sua redução.

No capítulo III descrevemos o estudo efetuado com o objetivo de caracterizar o aborto


induzido e as suas consequências para a saúde da mulher, no Hospital Geral do Huambo.

Nos países onde a lei do aborto é restrita, o número de abortos induzidos reportados é
inferior ao real.(1) No estudo realizado, encontramos uma percentagem de aborto do tipo
indeterminado em 85% dos casos, mas apenas em 15% foi possível confirmar ser inseguro
pelos achados de fragmentos de comprimido no canal vaginal. Resultados semelhantes
foram reportados por Ishoso e colaboradores, com 5% de abortamentos induzidos, a
maioria dos quais com recurso a elevadas doses de medicamentos.(2) A grande percen-
tagem de aborto do tipo indeterminado constitui uma das limitações do nosso trabalho.
Muitos desses abortos deverão ser do tipo induzido, mas o facto de ser uma prática ilegal
e com questões morais fortes condiciona as mulheres a não assumirem a prática. A classi-
ficação como ilegal é efetuada indiretamente pelos achados clínicos, mas, com o aumento
da utilização de fármacos, essa identificação é mais difícil. A inexistência de política para a
prescrição médica e a facilidade com que os fármacos são adquiridos no mercado informal,
contribui para a não identificação. A dosagem autoadministrada, provavelmente insuficien-
te, poderá contribuir para as complicações hemorrágicas.

Observamos 8% de complicações graves e 1% de óbitos, sendo as complicações infeciosas


a segunda causa mais frequente, que ocorreu em 1% dos casos. Dados semelhantes fo-
ram reportados num estudo da Nigéria, que avaliou 5779 internamentos por abortamentos
ocorridos em 42 hospitais terciários de referência, com 8% de situações graves, 6% de near-
-miss e 1% óbitos, sendo 19% dos óbitos devidos a complicações infeciosas.(3)

Relativamente aos preditores de aborto induzido, vários têm sido os fatores identificados,
nomeadamente a gravidez indesejada, o não uso de métodos contracetivos, ser solteira e
em idade sexual ativa, o início precoce da vida sexual, a situação profissional e económi-
ca desfavorável, e o desejo de retardar a maternidade por motivo profissional. No nosso
estudo, 40% das mulheres encontrava-se na faixa etária dos 13 aos 15 anos, 46% tinha
apenas o nível de ensino primário, 41% eram solteiras e 75% não usava qualquer método
contracetivo. Estes dados são sobreponíveis a outros de Angola e de outros países. Num
estudo realizado em Luanda, 27% das mulheres tinha idade entre os 15 e os 19 anos, 66%
era solteira e 43% frequentava o ensino secundário.(4) No estudo de Ishoso e colabora-
dores, 49% das mulheres estava a frequentar o ensino secundário, 31% eram desempre-
gadas e 61% solteiras.(2) Noutro estudo realizado na Nigéria, metade das pacientes tinha
menos de 20 anos e um quarto era estudante, sendo apontadas como causas para a ter-
minação da gravidez ser jovem, estar a estudar, ter um número de filhos suficiente e a falta
80
de conhecimentos sobre os métodos contracetivos.(5) O início precoce da atividade sexual
associado à não utilização de métodos contracetivos, contribui para o grande número de
abortos indeterminados e para a morbimortalidade materna.

Para a redução do aborto inseguro e dos seus riscos, é urgente unir sinergias para a
promoção do acesso e do uso de contracetivos e para a criação de serviços pós-aborto.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
No capítulo IV descrevemos o processo que levou à elaboração do manual de educação
sexual necessário à realização da intervenção educativa.

No capítulo V descrevemos o estudo que pretendeu avaliar o conhecimento dos alunos


sobre fecundidade humana e sexualidade, antes e após a implementação de um programa
de ensino sobre educação sexual e fisiologia da reprodução.

Verificamos um desconhecimento generalizado dos alunos sobre anatomia, fisiologia da


reprodução e sexualidade humana. Decorrente do desconhecimento dos estudantes ava-
liados é a sua não preocupação com a prática de relações sexuais desprotegidas. Um
grande número de alunos já praticava sexo com penetração (20% no grupo de estudo e
80% no grupo controlo) e não mostravam preocupação com os riscos associados (26% no
grupo estudo e 74% no grupo controlo). Vários estudos confirmam a prática precoce das
atividades sexuais entre os adolescentes nos vários países da Africa subsariana e a falta
de precaução, refletido no elevado número de gravidez precoce, partos na adolescência
e as outras comorbidades.(6-10) Na Etiópia, 38% dos alunos tiveram o seu primeiro contacto
sexual antes dos 18 anos e 51% usava de forma inconsistente o preservativo.(11)

Os alunos reportaram um nível de educação dos pais muito elevado, com mais de metade
com o ensino universitário. Referiram também que dialogavam habitualmente com os pais
sobre sexualidade (46% no grupo de experiência e 54% no grupo controlo). Estes dados
não condizem com os resultados da segunda parte do inquérito deste estudo, nem com
os dados do último censo, onde apenas 2,1% da população possui o ensino universitário,
ocupando o Huambo o 9º lugar com 1,9%.(12) Vários autores referem a falta de diálogo
entre as famílias sobre temas da sexualidade e reprodução, justificados pelos hábitos so-
cioculturais, analfabetismo e tabus, não sendo Angola exceção.(13-20)

Apesar de não termos acesso a estudos de âmbito nacional realizados em Angola sobre o
impacto da educação na sexualidade e reprodução, a taxa de natalidade e o analfabetismo
verificados no país, favorecem a relação entre estes preditores, de acordo com a literatura.
(1, 12, 14, 21, 22)
Apesar das orientações da UNESCO para a educação em sexualidade e fecundi-
dade, em Angola este ensino é deficiente ou inexistente nos vários subsistemas de ensino
(primário, secundário e universitário) e está longe de ser efetivamente implementado.(9, 22, 23)

Foi efetuada uma intervenção educativa numa das escolas e, dois meses após esta inter-
venção, verificamos uma melhoria no conhecimento no grupo de intervenção superior ao
verificado no grupo controlo. Os alunos do grupo de experiência melhoraram o conheci-
mento em 20 das 30 questões, enquanto os alunos do grupo controlo apenas melhoraram
em seis questões. Por exemplo, o conhecimento sobre métodos contracetivos melhorou,
81
de acordo com o verificado noutros estudos.(19, 21, 24) Numa revisão sistemática que incluía 41
artigos da Africa Subsariana, foi encontrado um efeito positivo na maioria das intervenções.(25)

Que seja do nosso conhecimento, o nosso trabalho é o primeiro estudo que aborda aspetos
relativos à sexualidade em Angola, o que é uma mais valia, ao possibilitar o desenvolvimen-
to de programas baseados nas necessidades concretas da população do Huambo.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Não foi possível avaliar o impacto da melhoria do conhecimento sobre métodos contra-
cetivos nas atitudes de risco, devido ao pouco tempo de seguimento, o que constituiu
uma limitação do estudo. Dados de vários estudos mostram resultados contraditórios,
pelo que seria útil efetuar uma nova avaliação, a longo prazo, neste grupo de alunos.
Programas de educação sexual realizados na Nigéria e no Gana condicionaram uma me-
lhoria dos conhecimentos e das atitudes dos jovens,(18, 26) mas resultados opostos foram
observado por outros autores, no Malawi(16) e na Nigéria.(27)

Apesar das limitações, como o pouco tempo de intervenção e de seguimento, desi-


gualdade entre os grupos, e a não avaliação do impacto nas atitudes, entre outras, os
resultados foram alentadores e coincidentes com os resultados encontrados por outros
autores.(24, 25, 28, 29) Carvalho e colaboradores afirmam que a educação sexual deve ser um
processo contínuo, acompanhando todo o percurso escolar e pré-escolar das crianças e
jovens e deve respeitar as suas necessidades e estádios de desenvolvimento.(30)

Os resultados deste trabalho devem servir de estímulo para a realização de estudos de âm-
bito nacional, que também incluam os pais e outros intervenientes, para melhor se avaliar o
impacto das intervenções a médio e longo prazo, não apenas ao nível dos conhecimentos,
mas também na atitude dos jovens e da família, num tema ainda considerado tabu.

82
CONCLUSÕES

No Huambo, o início precoce da atividade sexual associado a não uso de contracetivos

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
contribui para a gravidez indesejada e consequentemente para a ocorrência de aborto do
tipo indeterminado, muito provavelmente induzido (capítulo III).

Existe entre os alunos do ensino secundário um desconhecimento da anatomia e funciona-


mento da reprodução e uma atitude descuidada em relação à prática sexual (capítulo V).

A introdução de um programa de educação sexual melhorou significativamente os conhe-


cimentos dos alunos (capítulo V) e é de prever que possa reduzir o impacto negativo que
advém das relações sexuais precoces e desprotegidas.

83
BIBLIOGRAFIA

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
1. WHO U, UNFPA, WORL BANK GROUP, UNPD. 13. Unidas FdPdN. Maternidade precoce: enfrentan-
Trends in Matrenal Mortality: 1990 to 2015 2015. do o desafio da gravidez na adolescência. Situação
da População Mundial 2013. 2013.
2. Ishoso DK, Tshefu AK, Delvaux T, Coppieters Y.
Extent of induced abortions and occurrence of com- 14. UNICEF AAe. Educação no OGE 2016. 2016.
plications in Kinshasa, Democratic Republic of the
15. Singh S, Remez L, Sedgh G, Kwok L, Onda T. Abor-
Congo. Reproductive health. 2019;16(1):49.
tion worldwide 2017: uneven Progress and unequal
3. Adanikin AI, Umeora O, Nzeribe E, Agbata AT, AccessAbortion worldwide 2017: uneven Progress and
Ezeama C, Ezugwu FO, et al. Maternal near-miss and unequal Access. 2018.
death associated with abortive pregnancy outcome:
16. Rosenberg NE, Gichane MW, Vansia D, Phanga
a secondary analysis of the Nigeria Near-miss and
T, Bhushan NL, Bekker LG, et al. Assessing the Im-
Maternal Death Survey. BJOG : an international jour-
pact of a Small-Group Behavioral Intervention on Se-
nal of obstetrics and gynaecology. 2019;126 Suppl
xual Behaviors Among Adolescent Girls and Young
3:33-40.
Women in Lilongwe Malawi: A Quasi-Experimental
4. Morris N, Prata N. Abortion history and its asso- Cohort Study. AIDS and behavior. 2019.
ciation with current use of modern contraceptive
17. Olinto MTA, Moreira-Filho DdC. Fatores de ris-
methods in Luanda, Angola. Open access journal of
co e preditores para o aborto induzido: estudo de
contraception. 2018;9:45-55.
base populacional. Cadernos de Saúde Pública.
5. Oyeniran AA, Bello FA, Oluborode B, Awowo- 2006;22:365-75.
le I, Loto OM, Irinyenikan TA, et al. Narratives of
18. Odeyemi K, Onajole A, Ogunowo B, Olufunlayo
women presenting with abortion complications in
T, Segun B. The effect of a sexuality education pro-
Southwestern Nigeria: A qualitative study. PloS one.
gramme among out-of-school adolescents in Lagos,
2019;14(5):e0217616.
Nigeria. The Nigerian postgraduate medical journal.
6. Carrera JM. Mortalidad materna en África. Progre- 2014;21(2):122-7.
sos de Obstetricia y Ginecología. 2007;50(7):Pages
19. Munakampe MN, Zulu JM, Michelo C. Contra-
405-19.
ception and abortion knowledge, attitudes and
7. Boah M, Bordotsiah S, Kuurdong S. Predictors of practices among adolescents from low and middle-
Unsafe Induced Abortion among Women in Ghana. -income countries: a systematic review. BMC health
Journal of pregnancy. 2019;2019:9253650. services research. 2018;18(1):909.
8. atlas w. World Facts: Highest Teen Pregnancy Ra- 20. Capurchande R, Coene G, Schockaert I, Macia M,
tes Worldwide 2015. http://www.worldatlas.com/ar- Meulemans H. “It is challenging... oh, nobody likes
ticles/highest-teen-pregnancy-rates-worldwide.html; it!”: a qualitative study exploring Mozambican ado-
2015. lescents and young adults’ experiences with contra-
ception. BMC women’s health. 2016;16:48.
9. (UNFPA) UNPF-IaERD. Early Maternity: Facing the
Challenge of Teenage Pregnancy. World Population 21. Morris N, Prata N. Abortion history and its as-
Situation 2013. 1st ed. ed. Kollodge R, editor. New sociation with current use of modern contraceptive
York, NY2013. methods in Luanda, Angola. Open access journal of
contraception. 2018;9:45.
10. TAVARES. H. Aspectos obstétricos, sóciodemo-
gráficos e psicossociais, de puérperas adolescentes 22. UNFPA. Maternidade precoce: enfrentando o
assistidas na Maternidade do Hospital Central do desafio da gravidez na adolescência. www.unfpa.
Huambo. Huambo. Angola. [Mestrado]: Universida- org2013.
de Estácio de Sá. Brasil.; 2011.
23. Educação. M. Educação para todos: Angola. 2015.
11. Kebede A, Molla B, Gerensea H. Assessment of
24. Zuilkowski SS, Jukes MC. The impact of education
risky sexual behavior and practice among Aksum Uni-
on sexual behavior in sub-Saharan Africa: a review of
versity students, Shire Campus, Shire Town, Tigray,
the evidence. AIDS care. 2012;24(5):562-76.
Ethiopia, 2017. BMC research notes. 2018;11(1):88.
25. Small E, Nikolova SP, Narendorf SC. Synthesizing
12. INE. Recenseamento geral da população e habi-
gender based HIV interventions in Sub-Sahara Afri-
tação. Resultados definitivos. 2014.
ca: a systematic review of the evidence. AIDS and 84
behavior. 2013;17(9):2831-44.
26. van der Geugten J, van Meijel B, den Uyl MH, 28. Cardoso LC. Controlo da Natalidade. Uma visão
de Vries NK. Evaluation of a Sexual and Reproductive desde a Africa Subsaariana [Licenciatura]: Pontificia
Health Education Programme: Students’ Knowledge, de Madrid; 2015.
Attitude and Behaviour in Bolgatanga Municipality,
29. Prata N, Vahidnia F, Fraser A. Gender and re-
Northern Ghana. African journal of reproductive health.
lationship differences in condom use among 15-24
2015;19(3):126-36.
year-olds in Angola. International family planning
27. Ahmed ZD, Sule IB, Abolaji ML, Mohammed Y, perspectives. 2005;31(4):192-9.
Nguku P. Knowledge and utilization of contraceptive

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
30. Carvalho GAeGS. Reprodução Humana e Sexua-
devices among unmarried undergraduate students
lidade nos Manuais Escolares Portugueses e Moçam-
of a tertiary institution in Kano State, Nigeria 2016.
bicanos. Repositorium.sdum.uminho.pt2007.
The Pan African medical journal. 2017;26:103.

85
Capítulo VII

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
ANEXOS
87 Anexo 1
89 Anexo 2
98 Anexo 3
99 Anexo 4
101 Anexo 5
102 Anexo 6
103 Anexo 7

86
Anexo 1

ANEXO 1:
HOSPITAL REGIONAL DO HUAMBO
INVESTIGAÇÃO SOBRE A INCIDÊNCIA DE ABORTO E CONSEQUÊNCIAS

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
PESQUISA A MULHERES QUE SÃO CURETADAS POR ABORTO NO HOSPITAL REGIONAL
DO HUAMBO

DADOS GERAIS:

Nome: ________________________________ Idade: ___Escolaridade:______

Estado civil:1- Casada 2- Solteira 3- Marital


Número de filhos:___

Ocupação: 1- Estudante 2- Doméstica 3- Vendedora 4-Funcionária 5-Nenhuma

Procedência: Município: ________________ Bairro: _____________________________

Situação económica: 1- Func. pública 2- Func. privada 3-Conta própria 4- Não trabalha.

Remuneração: _____(Kz) Número de pessoas dependentes: ___ Por pessoa: _____

Apoio económico: Do conjugue: 1- Sim 2-Não Da família: 1- Sim 2-Não

HISTÓRIA GINECOLÓGICA

Data da última menstruação: dia__ mês __ Tempo de gravidez: meses__ semanas__

Idade da primeira menstruação: __ anos Idade das primeiras relações sexuais: ___ anos

Número de gravidezesanteriores: ___

Sangramentos em gravidezes anteriores: 1- Sim 2- Não

Abortos anteriores: 1- Sim 2-Não.Ciclo menstrual: 1- Irregular 2- Regular

Anticonceptivos usados: 1-Pílulas2-Camisinha 3-DIU 4- Injeções (picas)


5- Implante subdérmico 6-Outros: ________________________. 7- Nenhum

HISTÓRIA ACTUAL.

Sintomas mais importantes: 1- Dor2- Sangramento3- Febre4- Desmaio5- Secreção vaginal


Outros sintomas: ____________ Tempo transcorrido desde inicio dos sintomas:___ dias.

Forma em que se iniciou a história actual: 1-Súbito 2- Progressivo

Consumo de algum medicamento: 1- Não 2-Sim Quais?__________________________

Consumo de infusões (Chá): 1- Não 2-Sim Quais?________________________________

Confeccionado por:Nome ______________________________________________________.

Data: Dia ____ Mês __________ Ano____

87
OBSERVAÇÃO DO MÉDICO OU A ENFERMEIRA QUE ENTREVISTA A PACIENTE

Indicadores biológicos (exame físico com espéculo)

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Realizar um cuidadoso exame visual com espéculo observando os seguintes aspectos.
(Encerrar com um círculo o número correspondente.)
1. Sinais clínicos de sepse ovular.(corrimento fétido, purulento, hemático e mal cheiroso)
1 -Sim 2- Duvidoso 3- Não

2. Lesões vaginais indicadores de introdução de corpo estranho.


(restos de comprimidos, plantas, etc.)
1 -Sim 2- Duvidoso 3- Não

3. Lesões do cérvix uterino indicadores de manipulação.


(laceração, escoriação, pinçamento, úlcera, etc.)
1 -Sim 2- Duvidoso 3- Não

IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA DO EXAMINADOR:

1 - Aborto induzido terapêutico 2 -Aborto induzido não terapeútico

3 - Aborto espontâneo 4 - Não se pode precisar.

Especificar causa do aborto terapêutico:_____________________________________________.

Especificar factores do aborto não terapêutico:__________________________________________.

Exame realizado por: _____________________________________________________

Consequências do evento________________________________________________________

Complementários realizados: ____________________________________________________

Tratamento realizado: _____________________________________________________

Situação da paciente na alta: ___________________________________________________

88
Anexo 2

APPENDIX

APPENDIX A – 1st Part of the Questionnaire, femine version

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução

DIREÇÃO PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO


HOSPITAL CENTRAL DO HUAMBO

PESQUISA SOBRE SEXUALIDADE NAS ESCOLAS DO ENSINO SECUNDÁRIO NO


MUNICÍPIO DO HUAMBO.

Estimada estudante: O presente inquérito tem como objetivo recolher informações relativas
à sua sexualidade. O mesmo tem caráter voluntário e a informação obtida será estritamente
confidencial, servindo, exclusivamente, para elaborar um programa educativo, por forma a
melhorar os seus conhecimentos, o que a ajudará a evitar problemas nesta esfera da sua vida.
Para que este estudo tenha valor e utilidade precisa-se da sua maior sinceridade e veracidade
na informação oferecida.
CÓDIGO DO ALUNO:___________________
Data do inquérito: Dia___ Mês____ Ano_______

DADOS GERAIS: Sexo: FEMININO Data de nascimento: Dia __Mês__Ano__

Nome da escola:_________________Grau escolar: ___ Idade: ____ anos

Estado civil: ___Casada. ___Solteira. ___Marital.

Procedência: Município: _______________________ Bairro:______________


Além de estudar, tem outra ocupação?

______Não. ____Sim.

Se respondeu sim, indique qual (ou quais).

_____ Funcionária privada.


_____ Funcionária pública.
_____ Conta própria.
_____ Outra. Qual? _______________________________________________________

Filiação:
Convive com o seu pai? ___Sim. ___Não.
Convive com a sua mãe? ___Sim. ___Não.
Escolaridade:

89
Pai: ___não tem. ___primária. ___secundário. ___ensino médio. ___universidade. ___pós-
graduação.
Mãe: ___não tem. ___primária. ___secundário. ___ensino médio. ___universidade. ___pós-

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
graduação.
Costuma conversar com os seus pais sobre questões relacionadas com sexualidade? ____
Sim. _____Não.

Os seus pais trabalham?


Pai: ___Sim. ___Não. Local: ___Estado. ___. Privado. ___Próprio.
Mãe: ___Sim. ___Não. Local: ___Estado. ___. Privado. ___Próprio.

HISTÓRIA GINECOLÓGICA

Idade da primeira menstruação: ________________________________

Idade das primeiras relações sexuais: ___________________________

Esteve grávida alguma vez? ___Sim. ___Não.


Se respondeu sim, quantas vezes? _____________________________

Já abortou alguma vez? ___Sim. ___ Não.


Se respondeu sim, quantas vezes? _____________________________

Qual o seu tipo de ciclo menstrual e duração. Assinale o que corresponde ao seu caso:

___. Regular (no mesmo dia sempre ou sequência similar).


___. Irregular (desordenada, sem sequência lógica, às vezes 2 vezes no mês).
Duração do ciclo: ___ dias (desde que iniciou uma menstruação até voltar a aparecer)
____ <21 (dias).
____ de 21 a 24 dias.
____ de 25 a 28 dias.
____ de 29 a 32 dias.
____ de 33 a 35 dias.
____ >35 dias.
Indique a duração dos seus dias menstruais:

___< 3 dias. ___ 3 dias. ___ 4 dias. ___ 5 dias. __6 dias. __7 dias. __>7 dias.

HISTÓRIA SEXUAL

Já alguma vez teve um namorado? ___Sim. ___Não.


Atualmente, tem namorado? ___Sim. ___Não.

Já alguma vez teve um marido? ___Sim. ___Não.

90
Atualmente, tem marido? ___Sim. ___Não.

Responda a este quadro só se já teve algum tipo de envolvimento físico.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Até onde chegaram as suas relações sexuais?
__Beijos.
___Carícias.
___Masturbação.
___Relações sexuais completas (com penetração).
Se já teve relações sexuais completas, a que idade as teve pela primeira vez? ___ anos.
Utiliza algum método de proteção para evitar a gravidez? ___Sim. ___Não.
Se respondeu sim, marque qual (ou quais):
___ Pílulas orais. ___ Condón feminino. ____ Abstinência periódica/calendário.
___ Implante subcutâneo. ___ Diafragma. ____ Abstinência total.
___ Injeções trimestrais. ___ Práticas tradicionais. ____ Coito interrupto (ejaculação exterior).
___ Mola (DIU). ___ É o parceiro que usa.
Qual (ou quais) são as suas preocupações quando pratica sexo?
___Ter problemas em casa.
___Engravidar.
___Engravidar e ter um filho muito nova.
___Deixar de estudar.
___Começar a trabalhar muito nova.
___Contrair uma doença de transmissão sexual (DTS).
___Todas as anteriores.
___Nenhuma das anteriores.

Se respondeu este inquérito de forma real e sincera, estará a ajudar-nos a preparar e a


oferecer um programa de educação sexual que o ajudará a assumir uma conduta correta e
responsável diante da sexualidade, de acordo com a sua idade e assim, evitará problemas
futuros nesta importante esfera da sua vida.

MUITO OBRIGADO.

91
ANEXO B – 1ª Parte do Questionário, versão masculina

DIREÇÃO PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO


HOSPITAL CENTRAL DO HUAMBO

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
PESQUISA SOBRE SEXUALIDADE NAS ESCOLAS DO ENSINO SECUNDÁRIO NO
MUNICÍPIO DO HUAMBO.

Estimado estudante: O presente inquérito tem como objetivo recolher informações relativas
à sua sexualidade. O mesmo tem caráter voluntário e a informação obtida será estritamente
confidencial, servindo, exclusivamente, para elaborar um programa educativo, por forma a
melhorar os seus conhecimentos, o que o ajudará a evitar problemas nesta esfera da sua vida.
Para que este estudo tenha valor e utilidade precisa-se da sua maior sinceridade e veracidade
na informação oferecida.
CÓDIGO DO ALUNO: ______________________
Data do inquérito: Dia______ Mês_______ Ano: ________

DADOS GERAIS: Sexo: MASCULINO Data de nascimento: Dia _ Mês__Ano__

Nome da escola: _________________Grau escolar: _____ Idade: ____ anos

Estado civil: ____. Casado. ____. Solteiro. ____. Marital.


Procedência: Município: ________________Bairro: ___________________
Além de estudar, tem outra ocupação?
_____ Não. _____ Sim.
Se respondeu sim, indique qual (ou quais).

_____ Funcionária privada.


_____ Funcionária pública.
_____ Conta própria.
_____ Outra. Qual? ________________________________________________________
Filiação:
Convive com o seu pai? _____ Sim. _____ Não.
Convive com a sua mãe? _____ Sim. _____ Não.
Escolaridade:
Pai: ____ não tem. ____ primária. ____ secundário. ____ ensino médio. ____ universidade.
____ pós-graduação.
Mãe: ____ não tem. ____ primária. ____ secundário. ____ ensino médio. ____
universidade. ____ pós-graduação.
Costuma conversar com os seus pais sobre questões relacionadas com sexualidade? _____
Sim. _____ Não.
Os seus pais trabalham?

92
Pai: _____ Sim. _____ Não. Local: _____ Estado. _____. Privado. _____ Próprio.
Mãe: _____ Sim. _____Não. Local: _____ Estado. _____. Privado. _____ Próprio.

HISTÓRICO SEXUAL

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Idade da primeira ereção: __________ anos.

Idade da primeira ejaculação: __________ anos.

Já teve relações sexuais completas (penetração)? _____ Sim. _____ Não.

Idade das primeiras relações sexuais: __________ anos.

Já engravidou alguém? _____ Sim. _____ Não.

Já alguma vez teve uma namorada? _____ Sim. _____ Não.


Atualmente, tem namorada? _____ Sim. _____ Não.

Já alguma vez teve uma esposa? _____ Sim. _____ Não.


Atualmente, tem esposa? _____ Sim. _____ Não.

Responda a este quadro só se já teve algum tipo de envolvimento físico.


Até onde chegaram as suas relações sexuais?
_____ Beijos.
_____ Carícias.
_____ Masturbação.
_____ Relações sexuais completas (com penetração).
Se já teve relações sexuais completas, a que idade as teve pela primeira vez? _____ anos.

Utiliza algum método de proteção durante o sexo? _____ Sim. _____ Não.
Se respondeu sim, marque qual (ou quais):

_____ Condón masculino. _____ Abstinência periódica/calendário.


_____ Abstinência total. _____ Práticas tradicionais.
_____ A parceira é que usa. _____ Coito interrupto (ejaculação exterior).

Sente-se preocupado (mal) quando pratica sexo? _____ Sim. _____ Não.

Se respondeu este inquérito de forma real e sincera, estará a ajudar-nos a preparar e a


oferecer um programa de educação sexual que o ajudará a assumir uma conduta correta e
responsável diante da sexualidade, de acordo com a sua idade e assim, evitará problemas
futuros nesta importante esfera da sua vida.

MUITO OBRIGADO.

ANEXO C – 2ª Parte do Questionário


93
DIREÇÃO PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO
HOSPITAL CENTRAL DO HUAMBO

TESTE DE CONHECIMENTO. Este é um inquérito voluntário dos seus conhecimentos a


respeito da sexualidade e funcionamento ginecológico que servirá para desenhar um

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
programa educativo para as escolas do ensino geral.

CÓDIGO DO ALUNO:________________________
Data do inquérito____/_____/________

Data do seu nascimento: dia: ___ mês: ___, Ano________


Escola: _____________________________ Sexo: _____ Feminino ___Masculino
Idade: ___

(P1) Nos seguintes desenhos dos genitais femininos (acima) e masculinos (abaixo),
identifica as estruturas enumeradas em sua parte inferior, colocando o número
correspondente no círculo da figura.

(P1F)

(P1M)

1. Pelos púbicos
2. Grandes lábios
3. Vagina
1. Pelos púbicos
4. Ânus
2. Corpo do pénis
3. Escroto
4. Glande coberto por prepúcio

1.Testículos
1. Ovário 2. Próstata
2. Trompa de Falópio
3. Pénis
3. Útero

4. Vagina

94
(P2) Nas seguintes perguntas sobre as células reprodutoras femininas (do lado esquerdo)
e masculinas (lado direito), assinala a resposta correta circulando o número
correspondente.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
P2AM) A célula reprodutora masculina
(P2AF) A célula reprodutora feminina madura se denomina:
madura se denomina 1. Espermatogónio
1. Célula folicular 2. Célula de Sertoli
2. Óvulo 3. Célula germinal
3. Célula germinativa 4. Espermatozoide
4. Ovogónia
P2BM) Esta célula se produz no:
(P2BF) Esta célula se produz no: 1.Testíticulo
1. Útero 2.Conducto deferente
2. Tromba 3.Próstata
3. Ovário 4.Epidídidmo

(P2CM) O processo normal de formação


(P2CF) O processo normal de formação Das células masculinas tem carácter:
Das células reprodutoras femininas tem 1.Contínuo
caráter: 2.Cíclico
1.Contínuo 3.Irregular
2.Cíclico 4.Alternativo
3.Irregular
4.Alternativo
(P2DM) As células reprodutoras
P2DF) A célula reprodutora feminina masculinas maduras pelo geral se
madura pelo geral se libera: liberam:
1. Uma cada 7 dias 1. Uma cada 7 dias
2. Dois cada 14 dias 2. Dois cada 14 dias
3. Uma cada 28 dias 3. Uma cada 28 dias
4. De forma permanente 4. De forma permanente

(P3) Com relação a transição da infância a vida adulta da mulher.


(Diga verdadeiro (V) ou falso (F) as seguintes afirmações)
(P3A) ___A Menarca é sinónimo de primeira menstruação.
(P3B) ___ A idade da Menarca é a mesma em todas as mulheres.
(P3C)___ Após início da Menarca a mulher já pode ficar grávida.
(P3D)___ Após inicio da Menarca a mulher já está apta para ter filhos.
(P3E)___ É normal que os primeiros ciclos menstruais sejam irregulares.

(P4) Em relação a fecundação e o período fértil.

(P4A) O ciclo sexual na mulher envolve os seguintes órgãos reprodutores:


(Seleciona a única resposta verdadeira)
1. Só útero e vagina
2. Só ovários e trompas de Falópio.
3. Só útero e mamas.

95
4. Todas as anteriores.

(P4B) O ciclo sexual na mulher está regulado principalmente pelas seguintes hormonas:

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
(Seleciona a única resposta verdadeira)
1. Hormonas da tiroide e suprarrenal.
2. Testosterona e hormona do crescimento.
3. Estrogénios e progesterona.
4. Insulina e hormona antidiurética.

(P4C) O momento de maior risco para engravidar é:


(Seleciona a única resposta verdadeira)
1. Durante a menstruação.
2. Uma semana depois do início da menstruação.
3. Duas semanas depois do início da menstruação.
4. Imediatamente antes da menstruação.

(P4D) Dos seguintes riscos de manter relações sexuais na adolescência marca com uma cruz
(X) o risco mais importante para ti.
⎯ Gravidez não desejada.
⎯ Aborto provocado penalizado pela lei.
⎯ Abandono escolar.
⎯ Conflitos familiares.
⎯ Doenças de transmissão sexual (DTS).
⎯ Gravidez não desejada e DTS.
⎯ Todas anteriores.

(P4E) Em relação com o processo reprodutivo.


(Diga verdadeiro (V) ou falso (F) as seguintes afirmações)
(P4EA)___O óvulo maduro no aparelho ginecológico da mulher permanece durante todo
ciclo menstrual.
(P4EB)___Os espermatozoides podem permanecer vivos nos órgãos genitais da mulher
durante 10 dias.
(P4EC)___O ciclo menstrual é o intervalo de tempo que decorre entre o primeiro dia de
menstruação e o primeiro dia da menstruação seguinte.
(P4ED)___A duração de um ciclo normal pode ir de 21 a 35 dias. Sendo assim, a mulher
pode ter ciclos regulares ou irregulares.

(P5) Maturação sexual e desenvolvimiento psicológico.

(P5A) O sinal mais característico da puberdade masculina é: (marque com uma X a


afirmação mais correta)
__ A aparição do interesse pelo sexo.
__ A ereção.
__ Aparição dos pelos pubianos
__ Instabilidade emocional.

(P5B) O sinal visível mais característico da puberdade feminina é: (marque com uma X a
afirmação mais correta)
__ A aparição do interesse pelo sexo.

96
__ A menstruação.
__ A produção de óvulos.
__ Instabilidade emocional.

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
(P5C) Em relação com a maturação sexual humana, selecione marcando com uma X a
afirmação mais correta.
__ A maturação sexual acontece antes que a maturação psicológica.
__ A maturação sexual acontece depois da maturação psicológica.
__ Ambas acontecem ao mesmo tempo.
__ Não existe relação entre ambos processos.

(P5D) O começo das relações sexuais deve estar apoiado em: (marque com uma X a
resposta mais correta)
__ Ter desejo sexual.
__ Ter maturidade dos órgãos genitais.
__ Ter maturidade psicológica.
__ Sentir amor e ter maturidade.

(P6) Contraceção.

(P6A) Os métodos anticoncecionais se usam com o propósito principal de: (marque com
uma X a resposta mais correta)
__ Evitar o desejo sexual
__ Evitar a gravidez
__ Evitar doenças de transmissão sexual
__ Aumentar o prazer sexual

(P6B) Os métodos anticoncecionais podem usar-se por: (marque com uma X a sua resposta)
____Só pela mulher
____Só pelo homem
____Qualquer um dos dois
____Tem de usar-se sempre pelos dois ao mesmo tempo.

(P6C) Dos métodos anticoncecionais assinala os de que já ouviu falar:


_____Pílulas orais
_____Injeções IM trimestrais
_____Condón feminino
_____Condón masculino
_____Mola(DIU)
_____Implante subcutâneo
_____Abstinência periódica/calendário
_____Diafragma
_____Coito interrupto (ejaculação exterior)
_____Abstinência total

97
Anexo 3

98
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Anexo 4

99
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução
Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução

100
Anexo 5

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução

101
Anexo 6

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução

102
Anexo 7

Aborto induzido como problema de saúde no Huambo e uma estratégia para sua redução

103

Você também pode gostar