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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n9-144
RESUMO
Os inibidores de bomba de prótons são fármacos que suprimem a liberação de ácido
gástrico e possuem alta eficácia na cessação de sintomas originados desse produto
corrosivo. Sua comercialização sem necessidade de receita médica e falta de leitura da
bula levam a um número preocupante de usuários crônicos. O estudo descritivo
exploratório de abordagem qualitativa e quantitativa teve a aplicação de um questionário
em uma instituição de ensino superior, com a finalidade de reunir dados sobre acadêmicos
que fazem o uso dessa classe de medicamentos e os possíveis danos ao seu emprego.
Observou-se que mais da metade dos participantes da pesquisa já utilizaram a medicação
e notou que grande maioria tem maus hábitos de vida, perpetuados por uma rotina
desgastante e utilizam dessas drogas como solução imediata dos sintomas de dispepsia.
A pesquisa ressaltou a importância de novos estudos sobre o tema e uma negligência com
base no uso indiscriminado dessa medicação por pacientes jovens que não
necessariamente precisam de um tratamento farmacológico.
ABSTRACT
Proton pump inhibitors are drugs that suppress the release of gastric acid and are highly
effective in stopping symptoms originating from this corrosive product. Its
commercialization without the need for a prescription and lack of reading the leaflet leads
to a worrying number of chronic users. The descriptive exploratory study with a
qualitative and quantitative approach had the application of a questionnaire at a higher
education institution, in order to gather data on academics who use this class of
medication and the possible harm to its use. It was observed that more than half of the
research participants have already used the medication and noted that the vast majority
have bad lifestyle habits, perpetuated by a stressful routine and use these drugs as an
immediate solution for dyspepsia symptoms. The research highlighted the importance of
new studies on the subject and a negligence based on the indiscriminate use of this
medication by young patients who do not necessarily need pharmacological treatment.
1 INTRODUÇÃO
No mundo, os inibidores de bomba de prótons (IBPs) representam 80% das
prescrições na atenção primária e secundária e, após o seu surgimento no mercado em
1989 com o Omeprazol, deu-se início ao surgimento de novos medicamentos da mesma
classe desse fármaco, como o pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol e
dexlansoprazol. Segundo Mendes (2014), hoje sabe-se que o omeprazol é um dos mais
representativos produtos da empresa farmacêutica brasileira, podendo haver um
potencial conflito de interesses já que em torno de 50 laboratórios diferentes produzem
remédios da classe dos IBPs ou genéricos. Ainda de acordo com Mendes (2014), foram
comercializadas cerca de 2,4 milhões de unidades do remédio no Brasil, com faturamento
de R$67,5 milhões (LIMA, FABBRO, FUNAYMA, 2019).
No Brasil, desde 1990, foi instituído constitucionalmente o sistema único de saúde
(SUS), o qual tornou o acesso integral, universal e gratuito à saúde para toda a população
brasileira, incluindo medicamentos considerados essenciais, como os IBPs. A partir disso,
esses fármacos, por terem sua eficácia comprovada e relativamente segura no uso para
doenças ácido-pépticas, ao longo dos anos começaram a ser prescritos de modo irracional
devido a sua disponibilidade no sistema de saúde público, muitas vezes na tentativa de
promover a proteção gástrica quando o paciente está em uso de outras medicações. Dentro
do município de Maringá, com base na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais
(REMUME) de 2012/2013, o omeprazol é o medicamento disponível na rede pública de
saúde para acesso da população.
hábitos alimentares e o aumento do sedentarismo, corroborando para uma saúde cada vez
mais deficiente e propensa a desenvolver várias doenças e, entre elas, as gastroesofágicas.
Devido a isso, o estudante, associado ao seu maior conhecimento sobre o assunto, se torna
mais suscetível a se automedicar com IBPs para alívio dos sintomas e doenças
desencadeados pela rotina estressante.
Com base nos dados que foram expostas da literatura, percebe-se que a
importância desse trabalho é justamente avaliar a quantidade de estudantes de medicina
de uma instituição do norte do Paraná que se submetem a práticas de automedicação com
IBPs.
A pesquisa teve como objetivo geral recolher e avaliar os dados quantitativos de
estudantes de medicina de uma instituição de Ensino Superior de Maringá-PR que fazem
o uso de inibidores de bomba de prótons e as possíveis consequências à saúde dessa
população decorrentes do seu uso.
2 METODOLOGIA
Foi realizado um estudo transversal descritivo exploratório com abordagem
quantitativa e qualitativa.
A pesquisa foi realizada na sede da instituição em Maringá - PR, incluindo apenas
estudantes de Medicina, do primeiro ao sexto ano, no período de abril a junho de 2021 e
estima-se N=156. Os dados necessários foram coletados a partir de uma pesquisa de
campo por meio da aplicação de um questionário online feito no Google Forms. Durante
sua execução, foi colocado logo na primeira página o TCLE, o qual permitiu que os
participantes da pesquisa afirmassem que estavam cientes e esclarecidos quanto aos riscos
e benefícios da pesquisa e autorizassem o uso das suas respostas. Além disso, o
questionário foi enviado por e-mail para os estudantes e as respostas foram enviadas
diretamente para o e-mail das pesquisadoras. Os entrevistados foram recrutados de forma
aleatória na instituição de ensino, e de acordo com os critérios previamente definidos
foram convidados a fazer parte do estudo. Dentre os critérios inclusivos para participar
da pesquisa, fizeram parte:
-Ser acadêmico de Medicina do 1° ao 6° ano, de ambos os sexos;
-Maiores de 18 anos;
-Assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de forma
voluntária;
-Ter feito o uso do fármaco ao menos 1 vez no decorrer da vida.
3 RESULTADOS
O presente trabalho teve como objetivo reunir dados quantitativos de estudantes
de medicina que fazem o uso de inibidores de bomba de prótons, as variáveis que
envolvem o ambiente dos estudantes, as quais influenciam no uso dessa classe de
medicamentos e o quanto está sendo prejudicial fisicamente para os mesmos. A partir
disso, foram pesquisados por meio do questionário online dentre 156 estudantes de
medicina , 68% eram do sexo feminino e 32% do masculino, sendo eles pertencentes a
faixa etária dos 18 aos 36 anos, com prevalência maior de entrevistados com 20 (14%),
21 (33%) e 22 anos (12%).
Em relação aos hábitos de vida dos entrevistados, foi visto que 78% praticam
atividades físicas, contudo, na relação de frequência semanal foi visto que a maioria
pratica algum tipo de atividade física três vezes na semana (24%), sendo seguido por
indivíduos que praticam com frequência de duas vezes (15%), raramente praticam (13%),
cinco vezes (11%), quatro vezes (10%), uma vez (8%), seis vezes (6%) e sete vezes (1%)
na semana. Também se percebeu que 40% fumam ou já fumaram qualquer tipo de tabaco
(cigarro industrializado, cigarro de palha, charutos, cachimbos, narguilés e cigarrilhas) e
72% afirmam não dormir após as refeições enquanto 28% responderam que sim. Baseado
nisso, foi questionado em relação às refeições se há presença de alguns alimentos em
especial na dieta dos entrevistados, sendo eles fritura (78%), chocolate (87%), molho
vermelho (81%), frutas cítricas (81%), bebida alcoólica (61%), café (77%), refrigerante
(63%) e energético (36%), em destaque que nenhum entrevistado negou o consumo de
todos os alimentos citados anteriormente.
Acerca do uso de inibidores de bomba de prótons, podendo ser eles qualquer um
dos seguintes: omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol e
foi indagado quem sugeriu o uso do medicamento e notou-se que a maioria afirmou ser
um médico (45%), no entanto, foram citados também com números relativamente
expressivos indicação por familiares (19%), farmacêutico (9%), amigo (3%) e professor
(1%), sendo que 8% dos entrevistados afirmaram que ninguém recomendou.
Na tentativa de relacionar início ou aumento do uso de IBPs, foram feitas
perguntas com relação à rotina do estudante de medicina e se, após início do curso,
ocorreu essa mudança no consumo do fármaco. Para isso, inicialmente foi questionado se
a rotina do curso é estressante e impressionantes 95% dos entrevistados responderam que
sim e, em virtude disso, 58% considera que isso aumentou os sintomas de desconforto
gástrico. Além disso, também foi visto a quantidade de horas estudadas por dia, sendo
indivíduos que estudam entre 4 e 6 horas por dia a mais frequente (42%), logo em seguida
entre 6 e 8 horas (30%) e mais de 8 horas (17%). Sendo mais específico, foi então
procurado entre os pesquisados se houve o aumento do uso de IBPs após o início da
graduação e, dentre os que já usaram e os que nunca usaram essa classe de fármacos, 30%
afirmaram que iniciaram ou aumentaram sim o uso de IBPs, sendo que, em semana de
provas, 29% afirma aumentar o uso deste medicamento. Em vista desta mudança no uso
do fármaco, foi notado que 11% dos entrevistados alteraram a conduta de uso durante a
semana de prova, sendo 10% aumento da frequência, 0,6% aumento da dose e 3%
aumento de ambos.
Por fim, tendo em vista que muitos dos estudantes de medicina têm hábitos de
vida e rotina que pode causar aumento do desconforto gástrico e ainda o costume de
praticar automedicação, foi questionado se esses indivíduos se consideram dependente da
medicação e 38% dos entrevistados afirmaram que sim, sendo os motivos mais citados
há o retorno dos sintomas quando cessa o tratamento, desconfortos sempre após se
alimentar e piora da qualidade de vida.
4 DISCUSSÃO
Este estudo é um trabalho feito com 156 estudantes de medicina sobre o uso de
inibidores de bomba de prótons e a influência da rotina do curso no uso desse
medicamento, uma vez que o cotidiano destes universitários possui muitos fatores de
risco para o aumento do uso desse medicamento, seja pelo desenvolvimento de sintomas
gástricos ou diagnóstico de uma doença do trato gastrointestinal, ambos devido a
instituição de hábitos alimentares prejudiciais, sedentarismo e estresse ou simplesmente
pelo maior conhecimento sobre farmacologia fornecido pelo curso, criando uma liberdade
e segurança para uso próprio maior.
De acordo com Brunton (2012), os IBPs são os fármacos supressores da ação
gástrica mais potentes no mercado, diminuindo até 95% da secreção ácida. Sua ação está
baseada no seu comportamento de pró-fármaco ativado pelo meio ácido das células
parietais do estômago. Dessa forma, o medicamento irá adentrá-las até alcançar os
canalículos (pequenos espaços entre essas células que permitem o acúmulo do fármaco),
onde será transformado em sulfonamida, que é a sua forma ativa, pelo meio ácido ali
presente. Em seguida, esta sulfonamida irá se ligar à bomba H+/K+ ATPase e inibi-la de
forma irreversível, impedindo a secreção de H+ juntamente com o cloreto, os quais seriam
secretados no lúmen gástrico. É importante ressaltar que, a secreção do ácido gástrico só
retoma após a síntese de novas moléculas da bomba e sua inserção na membrana luminal,
processo que leva aproximadamente 24-48 horas para ocorrer, ou seja, o tempo de ação
do fármaco. Brunton (2012) também pontua sobre as situações em que esse fármaco é
utilizado, pois o ácido gástrico, apesar de ser inerentemente cáustico, não provoca lesões
nem sintomas, devido à existência de mecanismos de defesa intrínsecos, logo, os IBPs
serão considerados para uso apenas quando ocorre falha nessas barreiras que fazem com
que o ácido seja exposto diretamente à mucosa e gere problemas, uma vez que o
medicamento proporciona uma diminuição muito eficaz da acidez gástrica, reduzindo
sintomas.
Em relação aos hábitos de vida, é conhecida a influência da alimentação, dos
exercícios físicos e do tabagismo no desenvolvimento de doenças do trato
gastrointestinal. Quanto a alimentação, sabe-se que alimentos como frituras, chocolate,
molho vermelho, frutas cítricas, bebida alcoólica, café, refrigerante e energético são ricos
em gordura e açúcares, os quais são responsáveis por causar lesões na mucosa
gastroesofágica e aumentar a exposição dela a secreção gástrica, o que pode levar os
indivíduos a desenvolver doenças como gastrite, doença do refluxo gastroesofágico
(DRGE), esofagite eosinofílica, úlcera péptica e até mesmo carcinomas. A partir disso,
com base nas respostas dos entrevistados, neste estudo foi questionado dentre eles o
consumo dos alimentos citados anteriormente e foi visto uma ingesta com números
expressantes, principalmente fritura (78%) e chocolate (87%), os quais, segundo Leite et
al. (2017) e Sousa (2021) são alimentos que, além de causarem as lesões gastroesofágicas,
também diminuem a velocidade de esvaziamento gástrico, ação a qual gera o
prolongamento do período de permanência do ácido gástrico com a mucosa lesada, e
(EEI). Quando o indivíduo fica em posição decúbito após refeições dificulta a ação da
gravidade, fazendo com que o alimento permaneça mais tempo no estômago e gere
relaxamento do EEI, colaborando para uma exposição prolongada da secreção ácida com
a mucosa gastroesofágica. Além disso, Sousa (2021) ressalta que esse mecanismo
propicia um aumento do período dos sintomas, causando mais desconforto aos
indivíduos. A partir disso, o presente estudo fez questão de avaliar esse hábito dentre os
pesquisados e uma parcela de apenas 28% afirmou dormir após as refeições,
demonstrando que esse não é o hábito de vida prejudicial predominante dentre os
estudantes de medicina entrevistados.
Quanto ao uso dos IBPs, foram feitas várias indagações a fim de apurar a
qualidade do tratamento dos entrevistados. Inicialmente, foi visto que 59% dos estudantes
em questão já utilizaram algum tipo de IBP, sendo os mais predominantes omeprazol e
pantoprazol e o menos predominante o lansoprazol e rabeprazol. Baseado nisso, a
literatura descreve, conforme a Federação Brasileira de Gastroenterologia (2011), que
todos os IBPs possuem uma eficácia semelhante para o tratamento de doenças
gastroesofágicas, em especial DRGE, e que a escolha do medicamento vai de acordo com
o que causar melhor resposta no paciente. Além disso, a Federação Brasileira de
Gastroenterologia (2011) afirma que os melhores tratamentos são os tomados em apenas
uma dose diária, devido a maior adesão dos pacientes, por um período de 4 à 8 semanas,
tempo suficiente para cicatrizar a mucosa, reduzir os sintomas e evitar complicações
gástricas decorrentes do uso crônico do próprio medicamento e, no presente estudo, ficou
bem elucidado que a grande maioria dos indivíduos que afirmaram já ter usado o
medicamento não fazem o uso da maneira ideal, pois 84% deles afirmou usar apenas para
alívio dos sintomas quando considera necessário, o que é extremamente prejudicial, pois,
seu uso crônico sem acompanhamento correto pode levar a hipertrofia das células
parietais e um possível desenvolvimento de uma doença gástrica.
Juntamente a isso, também foi pesquisado em relação a leitura da bula, a qual é
essencial justamente para evitar o uso inadequado dessa droga e evitar o desenvolvimento
de doenças gástricas, como a gastrite crônica. De acordo com os dados coletados no
questionário deste estudo, apenas 35% dos entrevistados fizeram a leitura da bula, o que
é um resultado muito baixo, uma vez que, conforme Lima, Belato Júnior e Terra Junior
(2018), essa atitude é essencial para todos os indivíduos que fazem o uso tanto agudo
quanto crônico, devido a presença de uma descrição completa do fármaco, da maneira
correta do seu uso, do que pode ou não ser feito durante seu uso e dos seus efeitos
questão, é muito bom em tratar os sintomas e por isso que muitas pessoas deixam de ir
atrás de um diagnóstico médico, visto que antes de decifrar o que ela realmente tem, já se
sabe que esse fármaco irá ser eficaz por ter uma potente ação de diminuição da acidez
gástrica e consequente melhora dos sintomas. No entanto, isso pode ser perigoso, pois
pode acabar mascarando uma doença, não tratando-a corretamente e até mesmo
agravando o quadro.
Apesar de ser um medicamento muito eficaz, ele sozinho ainda pode não ser o
suficiente ou se seu uso terapêutico for feito de maneira incorreta também pode gerar
insucesso no tratamento. Pensando nisso, sabe-se que é comum ocorrer a refratariedade
do tratamento com IBP que, segundo Souza (2021), é definido como a presença de
sintomas após 8 semanas mesmo com tratamento contínuo (retorno ou não dos sintomas
e se houve melhora com o fármaco). Essa informação é relevante, pois esta refratariedade
que faz com que muitos indivíduos permaneçam tomando tal medicamento por um
período prolongado, o qual pode acarretar piora do quadro clínico. Sabendo disso e
também ciente da alta eficácia do medicamento, buscou-se saber mais quanto a melhora
dos entrevistados com o uso do IBP e a maior parte deles afirmou ter tido melhora dos
sintomas, no entanto, 37% confirmaram o retorno deles mesmo com tratamento ou
sempre que cessa o mesmo, sendo os mais recorrentes, em ordem decrescente, a pirose,
regurgitação ácida, desconforto gástrico, náuseas e vômitos, dor torácica, saciedade
precoce e odinofagia.
Com base no que foi visto, consoante a Lima, Belato Júnior e Terra Junior (2018),
sabe-se que a automedicação é um problema de saúde pública tanto no Brasil como no
mundo, sendo que quase todas as pessoas já a realizaram em algum momento,
principalmente em problemas de baixa complexidade como dores leves e azia,
acreditando que isso não acarretará consequências. No entanto, ainda de acordo com
Lima, Belato Júnior e Terra Junior (2018), essa prática pode desencadear repercussões
ainda mais graves, como intoxicação, reações alérgicas e, em alguns casos, até óbito.
Além disso, o uso de medicamentos de maneira equivocada pode, portanto, acarretar
agravamento de uma doença quando não diagnosticada e tratada de modo incompleto.
Tendo consciência disso, viu-se que, além de muitos estudantes fazerem uso de IBP sem
diagnóstico, disparados 90% dos pesquisados já fizeram automedicação com esse
medicamento e isso é muito prejudicial justamente pelos riscos descritos anteriormente
por Lima, Belato Júnior e Terra Junior (2018).
que tem seu consumo aumentado expressivamente durante a faculdade com a finalidade
de aliviar o estresse e é extremamente prejudicial, pois é responsável por reduzir o tônus
do esfíncter inferior do esôfago (EIE), aumentar a frequência de relaxamentos
espontâneos do EIE e reduzir a depuração esofágica, o que leva a piora de doenças como
DRGE.
Em relação ao estresse, Mendonça et al. (2019) relata que ele serve de estímulo
para piorar a qualidade de vida, portanto, um estudante constantemente estressado fica
suscetível a ter ansiedade, baixa qualidade do sono e aumento da ingestão de álcool e
outros alimentos danosos, contribuindo também para o aumento de problemas gástricos.
Além disso, a questão do período integral também é um grande fator determinante para
perturbações na qualidade de vida, pois, além do cansaço e estresse, impede a criação de
um tempo de qualidade, onde o indivíduo o separa para a prática de atividades físicas e
momentos de lazer, os quais são essenciais para todo ser humano.
A partir desses dados da literatura, foi possível ver o quanto a rotina do curso de
medicina possui influência no consumo de IBPs, pois, além do alto número de estudantes
que consideram o curso estressante, foi visto que mais de 70% dos alunos estuda entre 4-
8h diárias e, em relação ao IBP, 30% confirmaram ter iniciado ou aumentado o uso dele
durante a faculdade, com 29% também afirmando aumentar o uso durante semana de
provas. A partir dessas informações, é possível confirmar que o curso cria um meio diário
propício para o desenvolvimento de sintomas gastroesofágicos e a falta de tempo, além
de prejudicar a qualidade de vida, também impede a busca por ajuda, sendo mais prático
o uso do remédio para alívio imediato.
Para concluir o estudo, é de interesse do mesmo interpretar se, com os hábitos de
vida somados à rotina de um estudante do curso de medicina há, além do aumento do
consumo de IBPs, dependência de tal medicamento. Conforme os dados coletados, foi
notado que 38% dos pesquisados se consideram dependentes da medicação, alegando tal
necessidade devido ao retorno dos sintomas quando cessa o tratamento ou desconfortos
sempre após se alimentar ou piora da qualidade de vida. A partir dessas informações, de
acordo com Araújo (2021), um terço dos participantes alegaram fazer uso do IBP por
mais de 4 anos e, dentre eles, os fatores em comum entre eles foi maior idade, IMC
elevado, uso frequente de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), uso de inibidor
seletivo de recaptação de serotonina (ISRS) e infecção por H. pylori. Associado a isso, os
resultados coletados neste estudo mostram entrevistados com uma qualidade de vida
comprometida, suscetível a obesidade, além do alto índice de estresse, o qual pode
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, conclui-se que os IBPs são fármacos muito eficazes para a diminuição
da acidez gástrica e, consequentemente, melhora de doenças gastroesofágicas. No estudo
em questão, foi visto se houve o início ou aumento do uso desse fármaco entre os
estudantes de medicina de uma instituição do Ensino Superior do norte do Paraná, e foi
visto que sim, pois esse público está exposto a um ambiente que proporciona uma
qualidade de vida baixa e aos principais fatores de risco para o desenvolvimento de
sintomas gástricos, como pirose, refluxo, azia, dor torácica e vômitos, ou até mesmo
doenças, como DRGE, gastrite, esofagite, duodenite, infecção por H. pylori, dentre
outras, ambos os quais levam os mesmos a ingerir mais essa classe de fármaco.
Além disso, foi visto também a questão da automedicação, pois justamente por
ser um público jovem e envolvido com a área da saúde, há uma tendência ao aumento da
prática de se automedicar, logo, os resultados apontaram um índice elevado dessa atitude
e a mesma também é mais um ponto a somar na piora do estado físico dos indivíduos,
uma vez que os IBPs são medicamentos que necessitam ser tomados de maneira correta,
por um período máximo de 8 semanas e a partir de uma recomendação médica para que
seu efeito seja positivo, sem trazer prejuízos físicos e a própria dependência do
medicamento.
REFERÊNCIAS
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ANEXO