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ISSN: 2595-6825
DOI:10.34119/bjhrv4n6-170
Danielly Chierrito
Doutora em Ciências Farmacêuticas
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Avenida Colombo, 5790, Zona 7, Maringá/PR, Brasil
E-mail: danielly.chierrito@gmail.com
RESUMO
A compreensão dos padrões de consumo de antibióticos, considerando a atual pandemia
da doença causada pelo coronavírus (COVID-19), contribui para o melhor planejamento
na padronização de fármacos e quantidades adquiridas. O objetivo desse trabalho foi
analisar o padrão de consumo de antibióticos de uma farmácia pública do município de
Marialva/PR antes e durante a pandemia da COVID-19, por meio de um estudo do tipo
transversal. Foram analisados o consumo de 22 antibióticos dispensados nos meses de
março a maio de 2019 e 2020. O total de prescrições avaliadas foi de 4.728, sendo 3.063
referentes ao período avaliado do ano de 2019, e 1.665 de 2020, as quais envolveram
41.697 e 30.808 comprimidos ou cápsulas, e 1.346 e 1.000 frascos ou bisnagas,
respectivamente. Os dados demonstraram redução na dispensação de antibióticos, de
acordo com a quantidade e classes prescritas, o que pode estar relacionado às medidas de
segurança estabelecida pelo município em período de pandemia, maior cuidado quanto a
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ABSTRACT
Understanding antibiotic consumption patterns, considering the current pandemic of the
disease caused by the coronavirus (COVID-19), contributes to better planning in the
standardization of drugs and quantities purchased. The objective of this study was to
analyze the pattern of antibiotic consumption in a public pharmacy in the city of
Marialva/PR before and during the COVID-19 pandemic, through a cross-sectional study.
The consumption of 22 antibiotics dispensed from March to May 2019 and 2020 were
analyzed. The total number of prescriptions evaluated was 4,728, with 3,063 referring to
the period evaluated in 2019 and 1,665 in 2020, which involved 41,697 and 30,808 pills
or capsules, and 1,346 and 1,000 vials or tubes, respectively. The data showed a reduction
in the dispensing of antibiotics, according to the amount and classes prescribed, which
may be related to the safety measures established by the municipality during the pandemic
period, greater care in terms of individual protection and a reduction in the number of
bacterial infections. Thus, this work allowed to characterize the profile of consumption
of these drugs, which can contribute to the assessment of the epidemiological profile and
health problems of the population.
1 INTRODUÇÃO
Os antimicrobianos podem ser classificados como substâncias de origem natural
ou sintética, que atuam sobre microrganismos, sendo capazes de interferir no seu
crescimento e até mesmo destruí-los. Essa classe farmacológica foi descoberta pelo
cientista britânico Alexander Fleming, em 1928, onde o mesmo observou que a penicilina
produzida pelo fungo do gênero Penicillium poderia ser efetiva contra infecções fatais, o
que foi considerado uma grande evolução farmacológica (FERNANDES, 2014;
FURTADO, et al., 2019).
Existem vários tipos de antibióticos como as quinolonas, glicopeptídeos,
oxazolidinonas, aminoglicosídeos, macrolídeos, loncosamidas, nitroimidazólicos,
cloranfenicol, estreptograminas, sulfonamida, tetraciclinas, sendo os β-lactâmicos os
mais utilizados, os quais possuem um anel β-lactâmico no seu núcleo estrutural,
fornecendo a atividade bactericida. Entre os medicamentos que compõe o grupo dos β-
lactâmicos estão as penicilinas, cefalosporinas, cabapenens e monobactans (ANVISA,
2007; RODRIGUES; BERTOLDI, 2010).
Atualmente, o uso indiscriminado de antibióticos vem causando sérios problemas
na população, sendo esses um dos medicamentos mais prescritos, ocupando cerca de 40%
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das prescrições em pacientes hospitalizados para fins profiláticos. Sabe-se que o uso e
prescrição inadequada desses fármacos podem levar ao aparecimento de microrganismos
resistentes, o que envolve diferentes condutas clínicas, desenvolvimento de novos
protocolos e aumento dos custos do sistema de saúde, pois cada vez mais são necessários
estudos e novos esquemas terapêuticos (WANNMACHER, 2004; CASTRO, el at, 2002;
CORRÊA, L.; SILVA, E. U., 2008; TAVARES; BERTOLDI; MICCILLO-BAISCH,
2008; RODRIGUES; BERTOLDI, 2010).
Neste contexto, três teorias de como as bactérias podem ter resistência aos
antimicrobianos β-lactâmicos são descritas na literatura, como através da produção de β-
lactamase, enzima capaz de hidrolisar o anel β-lactâmico, através da quebra da ligação
amida, o que resulta na perda da habilidade de inibir a síntese da parede celular bacteriana,
através de modificações estruturais das proteínas que fazem a ligação de penicilina (PLP),
que são produzidas pelo gene mecA e através da redução da permeabilidade bacteriana
ao antibiótico que se dão por meio de mutações e modificações das porinas (AVILA-
CAMPOS; NAKENO; NISHIYAMA, [s.d.]; ANVISA, 2007).
Com as diferentes classes de antibióticos disponíveis no mercado, o alto consumo
desses medicamentos é um problema de impacto mundial, principalmente quanto aos
casos clínicos de resistência. Esse cenário envolve e afeta tanto os profissionais da saúde,
pacientes e o sistema de saúde em geral, tornando fundamental a elaboração e
desenvolvimento de estratégias voltadas para o uso racional desses medicamentos, de
educação em saúde e conscientização da população (WANNMACHER, 2004).
A atual pandemia causada pelo Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2
(SARS-CoV-2) é caracterizada por acometimento respiratório e pulmonar, entre outros,
sendo que o paciente pode apresentar febre, falta de ar, sensação de peito carregado,
cansaço, fadiga e quadro de pneumonia, o que está relacionado às altas taxas de
mortalidade a nível mundial. Desta forma, os antibióticos foram considerados como
opção terapêutica no acompanhamento clínico desses pacientes (BAGATTINI, et al.,
2020; BEZERRA, et al., 2020; WHO, 2021).
Sendo assim, a compreensão dos padrões de consumo desses medicamentos em
diferentes momentos, considerando as particularidades deste período de pandemia, pode
contribuir para o melhor planejamento na padronização dos fármacos e das quantidades
adquiridas, permitindo propor estratégias para a diminuição dos problemas relacionados
ao seu uso e possibilitar a melhoria dos tratamentos ofertados aos pacientes atendidos
(HOUVESSOU; SOUZA; SILVEIRA, 2020). Desta forma, o objetivo deste estudo foi
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2 METODOLOGIA
O presente estudo refere-se a um estudo transversal, realizado na farmácia pública
do município de Marialva/Paraná, com o intuito de avaliar o perfil de pacientes em uso
de antibióticos e de suas prescrições.
O município de Marialva-PR tem uma população residente de aproximadamente
35.804 habitantes, assistidos por somente uma farmácia pública. Foram incluídos no
estudo prescrições de pacientes do período de março a maio de 2019 e 2020, período
anterior e durante a pandemia da COVID-19, respectivamente, os quais receberam pelo
menos um tratamento com antibiótico nas formas de comprimidos, cápsulas, suspensões,
soluções otológicas, soluções oftálmicas e/ou cremes dermatológicos.
Os dados foram coletados a partir da análise do banco de dados de controle de
dispensação de medicamentos utilizado pelo município, denominado “sistema G-mus”.
As variáveis coletadas foram obtidas através dos prontuários eletrônicos dos pacientes,
organizados em planilhas Microsoft Office Excel®, para as etapas de análise,
apresentação e discussão, sendo que os dados de identificação pessoal não foram
divulgados.
O estudo foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética de Pesquisa com seres
humanos do Centro Universitário Ingá (Uningá), com aprovação conforme parecer no
4.602.017.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste estudo foram analisados o consumo de 22 antibióticos dispensados na
farmácia municipal de Marialva-PR, nos meses de março a maio de 2019 e 2020. O total
de prescrições avaliadas foi de 4.728 prescrições, sendo 3.063 referentes ao período
avaliado do ano de 2019, e 1.665 do ano de 2020, o demostra redução no número total de
antibióticos dispensados. De acordo com os dados, foi possível observar que essa redução
ocorreu nos três meses avaliados. Além disso, nota-se maior número de prescrições de
pacientes do sexo feminino, quando comparado ao sexo masculino, conforme exposto na
Tabela 1.
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Tabela 1 - Dispensação de antibióticos, segundo sexo dos pacientes atendidos na farmácia pública do
município de Marialva-PR, nos meses de março a maio de 2019 e 2020.
Dispensação de antibióticos, segundo sexo dos pacientes
Variáveis Março/19 Abril/19 Maio/19 Março/20 Abril/20 Maio/20
Feminino 543 642 643 471 260 286
Masculino 320 490 425 301 167 180
Total 863 1132 1068 772 427 466
TOTAL 3.063 1.665
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Figura 1: Quantidades de comprimidos/cápsulas por tipo de antibiótico, dispensados nos meses de março
de 2019 (colunas em azul) e março de 2020 (colunas em laranja). Amox.: Amoxicilina 500 mg; Amox.+
Clav.: Amoxicilina + Clavulanato 500 mg/125mg; Azitr.: Azitromicina 500 mg; Cefal.: Cefalexina 500
mg; Cipr.: Ciprofloxacino 500mg; Metr.: Metronidazol 250mg; Sulf.: Sulfadiazina 500mg; Nitr.:
Nitrofurantoína 100 mg; Sulf.+Trim.: Sulfametoxazol + Trimetoprima 400 mg+80 mg.
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Figura 2: Quantidades de frascos/bisnagas por tipo de antibiótico, dispensadas nos meses de março de 2019
(colunas em verde) e março de 2020 (colunas em azul). Eixo X: Amox.: Amoxicilina 250mg/5mL; Amox.+
Clav.: Amoxicilina+Clavulanato 50 mL/12,5mg; Azitr.: Azitromicina 600mg (200mg/5mL); Cefal.:
Cefalexina 50mg/mL; Metr.: Metronidazol 100mg; metr.: Metronidazol 40mg/mL; Sulf.+Trim.:
Sulfametoxazol + Trimetoprima 200 mg/5mL+40mg/5mL; Sulf.: Sulfadiazina de Prata 1%; Pol.:
Polimixina B + Associações 10.000 UI/mL; Gent.: Gentamicina 0,50%.
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Figura 3: Quantidades de comprimidos/cápsulas por tipo de antibiótico, dispensadas nos meses de abril de
2019 (colunas em azul) e abril de 2020 (colunas em laranja). Amox.: Amoxicilina- 500 mg; Amox.+ Clav.:
Amoxicilina + Clavulanato 500 mg/125mg; Azitr.: Azitromicina 500 mg; Cefal.: Cefalexina 500 mg; Cipr.:
Ciprofloxacino 500mg; Metr.: Metronidazol 250mg; Sulf.: Sulfadiazina 500mg; Nitr.: Nitrofurantoína 100
mg; Sulf.+Trim.: Sulfametoxazol + Trimetoprima 400 mg+80 mg.
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Figura 4: Quantidades de frascos/bisnagas por tipo de antibiótico, dispensadas nos meses de abril de 2019
(colunas em verde) e abril de 2020 (colunas em azul). Amox.: Amoxicilina 250mg/5mL; Amox.+ Clav.:
Amoxicilina+Clavulanato 50 mL/12,5mg; Azitr.: Azitromicina 600mg (200mg/5mL); Cefal.: Cefalexina
50mg/mL; Metr.: Metronidazol 100mg; metr.: Metronidazol 40mg/mL; Sulf.+Trim.: Sulfametoxazol +
Trimetoprima 200 mg/5mL+40mg/5mL; Sulf.: Sulfadiazina de Prata 1%; Pol.: Polimixina B + Associações
10.000 UI/mL; Gent.: Gentamicina 0,50%.
Os últimos meses analisados foram maio de 2019 e 2020, onde observou-se uma
diminuição do consumo dos medicamentos em 2020 para a maioria dos antibióticos
avaliados, como a Azitromicina 500mg comprimido, de 1.042 para 1.031 e o
Ciprofloxacino 500mg comprimido, de 1.377 para 1.245. Quando avaliados
medicamentos como a Cefalexina 500mg comprimido a diminuição do consumo foi
maior, sendo de 4.915 em 2019 para 2.420 em 2020. A Amoxicilina 500mg cápsula
também sofreu diminuição do consumo, de 4.452 em 2019 para 2.751 em 2020.
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Figura 5: Quantidades de comprimidos/cápsulas por tipo de antibiótico, dispensadas nos meses de maio de
2019 (colunas em azul) e maio de 2020 (colunas em laranja). Amox.: Amoxicilina- 500 mg; Amox.+ Clav.:
Amoxicilina + Clavulanato 500 mg/125mg; Azitr.: Azitromicina 500 mg; Cefal.: Cefalexina 500 mg; Cipr.:
Ciprofloxacino 500mg; Metr.: Metronidazol 250mg; Sulf.: Sulfadiazina 500mg; Nitr.: Nitrofurantoína 100
mg; Sulf.+Trim.: Sulfametoxazol + Trimetoprima 400 mg+80 mg.
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Figura 6: Quantidades de frascos/bisnagas por tipo de antibiótico, dispensadas nos meses de maio de 2019
(colunas em verde) e maio de 2020 (colunas em azul). Amox.: Amoxicilina 250mg/5mL; Amox.+ Clav.:
Amoxicilina+Clavulanato 50 mL/12,5mg; Azitr.: Azitromicina 600mg (200mg/5mL); Cefal.: Cefalexina
50mg/mL; Metr.: Metronidazol 100mg; metr.: Metronidazol 40mg/mL; Sulf.+Trim.: Sulfametoxazol +
Trimetoprima 200 mg/5mL+40mg/5mL; Sulf.: Sulfadiazina de Prata 1%; Pol.: Polimixina B + Associações
10.000 UI/mL; Gent.: Gentamicina 0,50%.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo identificou uma diminuição do consumo de antibióticos quando
comparado os períodos anterior e durante a pandemia da COVID-19, com maior número
de prescrições dispensadas para pacientes do sexo feminino. Os resultados encontrados
podem estar associados às mudanças no estilo de vida da população, pois com o
isolamento social, uso de máscaras, álcool e maior frequência na lavagem das mãos, as
pessoas permanecerem mais em suas casas e aumentaram os cuidados de higiene pessoal
e coletiva. Com isso, a propagação de diferentes doenças que seriam tratadas com
antibioticoterapia também diminuiu, gerando redução do número de prescrições e
consequente dispensação desses medicamentos.
Os resultados obtidos são importantes, destacando possível relação entre
mudanças de hábitos no estilo de vida e o perfil de consumo de antimicrobianos. Desta
forma, novos estudos podem ser desenvolvidos como estratégia para conscientização do
uso racional desses medicamentos e de educação em saúde.
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REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, E. D. et al. Ação Viricida do Álcool em Gel: viricidal action of gel alcohol.
Diversitas Journal, Santana do Ipanema, v. 1, n. 6, p. 757-768, 2021. Mensal. Disponível
em:file:///C:/Users/barba/Downloads/1481-
Arquivo%20contendo%20o%20artigo%20sem%20a%20identifica%C3%A7%C3%A3o
%20dos%20autores-7625-2-10-20210129.pdf. Acesso em: 30 ago. 2021.
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