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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n5-384
RESUMO
A ivermectina é um antiparasitário de amplo espectro de ação, e também vem sendo alvo
de estudos in vitro como antitumoral e antiviral. As evidências dos resultados positivos
nos testes realizados, induziu parte da comunidade cientifica a efetivos estudos sobre sua
ação na profilaxia no COVID 19. Porém, a oferta profilática da ivermectina por meio de
“kit’s”, pode levar a um entendimento errôneo da população. Desta forma faz-se
imprescindível a assistência farmacêutica, onde o profissional farmacêutico deve agir
com responsabilidade e ética mediante as situações, sendo desde a orientação até o
acompanhamento do paciente, na constante busca por promover saúde. Por este motivo,
o artigo tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica de natureza exploratória
e fornecer dados qualitativos, onde artigos de revisão foram minunciosamente
selecionados em banco de dados eletrônico da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), em
seus periódicos indexados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO); Literatura
Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs) e Science Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online (Medline). De forma que os utilizados sejam de qualidade e
tenham total relevância sobre o tema. Portanto pode-se observar de forma clara que a
ivermectina não deve ser limitada a apenas um antiparasitário, demonstrando através de
evidências o seu potencial na profilaxia e no possível tratamento do COVID-19, por mais
que estudos ainda estejam sendo realizados, a mesma já tem demonstrado uma eficácia
formidável.
ABSTRACT
Ivermectin is an antiparasitic with a broad spectrum of action, which since its discovery
has been the subject of in vitro studies as an antitumor and antiviral. The evidence of the
positive results in the tests carried out, induced part of the scientific community to carry
out effective studies on its action in prophylaxis in COVID 19. However, the prophylactic
offer of ivermectin through “kit’s”, can lead to an erroneous understanding of the
population. Thus, pharmaceutical assistance is essential, where the pharmaceutical
professional must act responsibly and ethically through situations, ranging from guidance
to patient monitoring, in the constant search to promote health. For this reason, the article
aims to present an exploratory bibliographic review and provide qualitative data, where
review articles were minutely selected in an electronic database of the Virtual Health
Library (VHL), in its indexed journals Scientific Eletronic Library Online (SCIELO);
Latin American Health Sciences Literature (Lilacs) and Science Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline). So that those used are of quality and
have total relevance on the topic. Therefore, it can be clearly seen that ivermectin should
not be limited to just one antiparasitic, demonstrating through evidence its potential for
prophylaxis and possible treatment of COVID-19, even though studies are still being
carried out, the same already has shown formidable effectiveness.
1 INTRODUÇÃO
Desde os primórdios a morte e a doença tem sido motivo de pânico para a
humanidade. Por isso, o homem tem buscado conhecer as suas causas e controlar suas
consequências. Assim sendo, em 1974, no Japão, foi encontrado um grupo de
microrganismos da espécie Streptomyces avermectinius, mais tarde, denominadas
avermectinas, sendo sua versão sintética conhecida como, ivermectina, revelando um
grande avanço para a medicina veterinária na terapia antiparasitária. (OMURA, 2008).
A partir de então, a ivermectina vem sendo utilizada globalmente como
antiparasitário em humanos, desta forma, é considerada um dos mais importantes
medicamentos já desenvolvidos, chegando a ser comparada a penicilina, pois, em torno
de 300 milhões de pessoas utiliza a medicação anualmente. (CRUMP, 2014).
A ação antiparasitária de amplo espectro da ivermectina em parasitoses humanas,
demonstra eficácia no tratamento epidêmico das patologias oncocercose, estrongiloidíase,
elefantíase, escabiose e pediculose. (BYRON, et al. 2001).
Assim, a ivermectina é referenciada como “Droga Milagrosa”, pois possui um
tratamento sem precedentes e muito bem-sucedido, principalmente na vida de pessoas
que vivem em comunidades remotas, onde tais patologias acometem com mais
intensidade. (CRUMP, 2014)
Seu tratamento como antiparasitário pode ser realizado pelas vias oral, tópica e
parenteral em baixas doses, seu mecanismo de ação baseia-se no bloqueio da transmissão
sináptica que está relacionada ao ácido gama-aminobutírico. (BYRON, et al 2001).
Ainda que em estudos, a ivermectina já se demonstrou ser uma droga
multifacetada, com base em estudos realizados recentemente in vitro e em camundongos,
evidenciou ter uma poderosa ação como antitumoral, inibindo o crescimento de células
do câncer de mama, ligadas diretamente ao bloqueio do ciclo celular. Quando
administrada em concentrações viáveis, apresentou um efeito seletivo maior por células-
tronco relacionadas ao câncer, e, em associação com quimioterápicos, diminui os tumores
de uma forma significativa, o que levou a ser considerada uma possível droga anticâncer.
(JUAREZ, et al. 2020).
Além disso, o uso da ivermectina vem sendo estudado contra à classe de vírus
associados ao RNA e DNA, tais como: Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV),
Dengue, Febre amarela, Zika vírus, entre outros, apresentando resultados potenciais
aceitáveis, pela a sua capacidade de bloquear de forma específica o transporte nuclear que
é mediado por importina α/β, que consequentemente, impede a infecção viral. (SHARUN,
et al. 2020).
Por esses motivos, estudos realizados com a ivermectina, vem evidenciando alento
na escolha do medicamento frente a pandemia do novo coronavírus. Com base nas
análises e comprovações de testes realizados in-vitro, a droga tem efeitos sobre vírus
SARS-CoV-2, que tem como método de infecção a utilização do RNA, e ainda sua ação
antiviral, parece estar associada a inibição do transporte de proteínas virais até o núcleo,
mediados pela proteína Importina. (SHARUN, et al.2020).
Por outro lado, a ivermectina pode apresentar reações adversas autoimunes, tais
como: Coceira (reações cutâneas), dor muscoesquelética, inchaço na face, articulações e
membros, alguns casos apresentam febre, linfadenopatia, dores de cabeça associadas
normalmente a tonturas, reações musculares, expondo o paciente em risco caso seja usada
de forma irracional. (DOMINGUEZ, et al. 2017).
Portanto, segundo a Lei Federal nº 13.021/2014, a promoção, a proteção e a
recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem
atividades farmacêuticas, tendo o medicamento como insumo essencial, visa seu acesso
e seu uso racional. (Brasil, 2014). Logo, no tocante a ivermectina, o farmacêutico tem um
papel fundamental na orientação ao paciente dos eventuais efeitos e a importância de seu
uso racional.
Assim, este trabalho teve como objetivo revisar artigos publicados e levantar as
evidencias de estudos realizados com a ivermectina no controle de epidemias parasitárias
e demais patologias, para melhor compreender a proposta da Ivermectina na prevenção e
no tratamento das infecções causadas pela COVID 19, considerando o papel do
profissional farmacêutico na condução do cuidado neste cenário.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente artigo apresenta o resultado de uma pesquisa de cunho bibliográfico,
fundamentada em revisão de literatura do tipo exploratória com abordagem qualitativa.
Por se tratar de uma revisão bibliográfica os artigos científicos foram
minuciosamente selecionados no banco de dados eletrônico da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), em seus periódicos indexados Scientific Eletronic Library Online
(SCIELO); Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs) e Science
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline).
Adotou-se como descritores os temas: “Ivermectina”; “Ivermectina e COVID19”;
“Ivermectina e Antitumoral”; “Ivermectina e Antiviral”; “Ivermectina e SARS-CoV-2”.
A busca dos trabalhos, foi realizada em março de 2021, por se tratar de um tema
atual, foi priorizado a análise de artigos publicados recentemente.
A seleção dos artigos encontrados deu-se em duas etapas. Na primeira foram
utilizados os critérios de exclusão de artigos repetidos. Na segunda foram utilizados os
critérios de exclusão de artigos que não respondem ao objeto de estudo, considerando os
fatores, que não apresentava DOI ou numeração internacional para publicações seriadas
(ISSN), e artigos científicos que não possuam indicação clara de autoria e tema.
Os artigos selecionados na segunda etapa foram analisados na íntegra e incluídos
os escritos na língua portuguesa e inglesa e ao final do levantamento bibliográfico,
efetivamente foram selecionados conforme a qualidade e relevância com o tema proposto.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dentre as bibliografias revisadas foi possível constatar que a ivermectina é um
antiparasitário fantástico, globalmente utilizado em seres humanos e animais, sendo seu
uso comparado ao da penicilina, pois em torno de 300 milhões de pessoas usam a
medicação anualmente. (CRUMP, 2014).
O notável antiparasitário passa a ser conhecido a partir de 1974 no Japão, quando
foi isolada moléculas de uma espécie fúngica Streptomyces avermectinius, denominadas
avermectinas (OMURA, 2008). Aproximadamente, uma década mais tarde, sua versão
sintética conhecida como, ivermectina, apresenta ser um grande avanço para a medicina
veterinária na terapia antiparasitária.
Evidenciada como antiparasitário de amplo espectro de ação em animais, motivo
pelo qual, levou a comunidade cientifica a buscar resultados semelhantes em parasitoses
humanas. Desde então, vem sendo utilizada nas patologias oncocercose, estrongiloidíase,
filaríase (elefantíase), escabiose e pediculose. (BYRON, et al. 2001).
Diante deste fato, a ivermectina foi referenciada por Crump (2017), como uma
“Droga Milagrosa”, devido sua utilização sem precedentes e muito bem-sucedido,
principalmente na vida de pessoas que vivem em comunidades remotas, rurais e carentes
acometidas por epidemias parasitárias.
Durante o levantamento bibliográfico, foi constatado que, além da ação
antiparasitária da ivermectina, há estudos sendo realizados em humano e camundongos
que demonstraram uma ação poderosa do medicamento em células tumorais. Neste
estudo, a ivermectina vem sendo administrada em concentrações viáveis e toleráveis, de
5µM in vitro e 2 mg/kg in vivo confirmando a ação inibitória de células cancerígenas em
mama, ligadas diretamente a inibição do ciclo celular. (JUAREZ, et al. 2020).
Neste estudo a ivermectina apresentou um efeito seletivo maior por células-tronco
relacionadas ao câncer, quando associada com medicações quimioterápicas, agindo em
tumores e diminuindo o seu tamanho de uma forma significativa, ainda que esteja em
estudos, a ivermectina pode ser considerada como uma possível droga anticâncer.
(JUAREZ, et al. 2020).
É notório que parte do universo das pesquisas corre em busca de novas
descobertas e comprovações que possam ampliar o leque de patologias tratadas pela
ivermectina, supostamente pelo amplo espectro de ação antiparasitária já comprovado.
De tal modo, desde 2012, a eficácia da ivermectina como um medicamento antiviral vem
sendo estudada e tem apresentado resultados satisfatórios, nas infecções causadas por
vírus, relacionada ao fato de inibir o transporte nuclear. (JANS, et al 2020).
Diante do cenário atual, estudos in vitro e observacionais, estão sendo realizados
e evidências defendidas sobre o uso da ivermectina no tratamento profilático da Covid
19.
filaríase, popularmente conhecida como elefantíase, é uma infecção causada pelo parasita
Wuchereria bancrofti, causando linfedema, ou seja, acúmulo de líquido linfático no tecido
adiposo. (EDI C, et al 2019).
Empregada também no tratamento da escabiose, infecção causada pelo parasita
Sarcoptes scabiei, através de contágio endêmico. Utiliza-se a ivermectina por
administração por via oral em doses de 2 a 200µg/ quilograma do peso corporal.
(CURRIE,vet al. 2010, apud Mellanby, 1944).
Nenoff, et al. (2014), afirma que a pediculose é uma parasitose causada pela
infestação de piolho humano, da espécie Pediculus humanus capitis. Após ser utilizada
na forma tópica, sem sucesso, a ivermectina é utilizada via oral em doses de 200 a 400µg/
kg por semana para o tratamento da patologia. (WENDYL, 2018).
com sintomas iniciais da doença, mesmo sem a sua eficácia comprovada contra o
COVID-19. Até agora só se pode observar com base no uso destas medicações, que os
pacientes que fazem o uso do kit não sofrem os efeitos colaterais da infecção de forma
severa, porém sem comprovação o uso das medicações pode ser suspendido.
(ANDRICOPULO, et al. 2020).
4 CONCLUSÃO
Conforme apresentado no objetivo deste estudo, o presente artigo traz à luz a
ivermectina, que foi desenvolvida inicialmente para ser usada como uma droga
antiparasitária, frequentemente utilizada desde o século passado, para este fim,
comprovado como um antiparasitário formidável. Também é notável que a ivermectina
não deve ser limitada apenas como uma droga antiparasitária, mas, deve ser considerado
suas evidências testadas como antitumoral e antiviral.
Por fim, a ciência tem seus olhos voltados em desenvolverem estudos de forma
frenética em uma constante busca, para que haja novas evidencias e reconhecimento da
ivermectina como a Panacéia no tratamento profilático do COVID-19. Entretanto a sua
distribuição facilitada por meio de kit’s e até mesmo de forma singular pode ser um
problema, devido seu uso desenfreado de modo irracional por parte da população, onde
desta forma pode expor os pacientes a possíveis complicações, em consequência de uma
possível superdose e consequentemente a aparição de seus efeitos colaterais. Portanto
torna-se fundamental a assistência do profissional farmacêutico mediante ao cenário
pandêmico, onde o mesmo deve agir de forma ética e responsável, cumprindo seu dever
que vem desde a orientação até o acompanhamento final do tratamento do paciente, na
busca por promover saúde.
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