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Brazilian Journal of Development 49599

ISSN: 2525-8761

Ivermectina: a panacéia do tratamento profilático do COVID-19

Ivermectin: the panacea for prophylactic treatment of COVID-19

DOI:10.34117/bjdv7n5-384

Recebimento dos originais: 07/04/2021


Aceitação para publicação: 18/05/2021

Lucas Gabriel Silva


Graduando em Farmácia pela FAPAL-Faculdade de Palmas
Instituição: FAPAL-Faculdade de Palmas
Endereço: 504 Sul, Alameda 14 Lote 55, Plano Diretor Sul, Palmas-TO, Brasil
E-mail: trabalhoslucas18@gmail.com

Leda Terezinha de Freitas


Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba-UNIUBE
Instituição: FAPAL-Faculdade de Palmas
Endereço: 1004 Sul, Alameda 09 Lote 04, APTO 300, Plano Diretor Sul, Palmas-TO,
Brasil
E-mail: ledatfs14@gmail.com

RESUMO
A ivermectina é um antiparasitário de amplo espectro de ação, e também vem sendo alvo
de estudos in vitro como antitumoral e antiviral. As evidências dos resultados positivos
nos testes realizados, induziu parte da comunidade cientifica a efetivos estudos sobre sua
ação na profilaxia no COVID 19. Porém, a oferta profilática da ivermectina por meio de
“kit’s”, pode levar a um entendimento errôneo da população. Desta forma faz-se
imprescindível a assistência farmacêutica, onde o profissional farmacêutico deve agir
com responsabilidade e ética mediante as situações, sendo desde a orientação até o
acompanhamento do paciente, na constante busca por promover saúde. Por este motivo,
o artigo tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica de natureza exploratória
e fornecer dados qualitativos, onde artigos de revisão foram minunciosamente
selecionados em banco de dados eletrônico da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), em
seus periódicos indexados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO); Literatura
Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs) e Science Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online (Medline). De forma que os utilizados sejam de qualidade e
tenham total relevância sobre o tema. Portanto pode-se observar de forma clara que a
ivermectina não deve ser limitada a apenas um antiparasitário, demonstrando através de
evidências o seu potencial na profilaxia e no possível tratamento do COVID-19, por mais
que estudos ainda estejam sendo realizados, a mesma já tem demonstrado uma eficácia
formidável.

Palavras chave: Ivermectina, SARS-CoV-2, Antitumoral, Antiviral, Farmacêutico.

ABSTRACT
Ivermectin is an antiparasitic with a broad spectrum of action, which since its discovery
has been the subject of in vitro studies as an antitumor and antiviral. The evidence of the

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positive results in the tests carried out, induced part of the scientific community to carry
out effective studies on its action in prophylaxis in COVID 19. However, the prophylactic
offer of ivermectin through “kit’s”, can lead to an erroneous understanding of the
population. Thus, pharmaceutical assistance is essential, where the pharmaceutical
professional must act responsibly and ethically through situations, ranging from guidance
to patient monitoring, in the constant search to promote health. For this reason, the article
aims to present an exploratory bibliographic review and provide qualitative data, where
review articles were minutely selected in an electronic database of the Virtual Health
Library (VHL), in its indexed journals Scientific Eletronic Library Online (SCIELO);
Latin American Health Sciences Literature (Lilacs) and Science Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline). So that those used are of quality and
have total relevance on the topic. Therefore, it can be clearly seen that ivermectin should
not be limited to just one antiparasitic, demonstrating through evidence its potential for
prophylaxis and possible treatment of COVID-19, even though studies are still being
carried out, the same already has shown formidable effectiveness.

Keywords: Ivermectin, SARS-CoV-2, Antitumor, Antiviral, Pharmacist.

1 INTRODUÇÃO
Desde os primórdios a morte e a doença tem sido motivo de pânico para a
humanidade. Por isso, o homem tem buscado conhecer as suas causas e controlar suas
consequências. Assim sendo, em 1974, no Japão, foi encontrado um grupo de
microrganismos da espécie Streptomyces avermectinius, mais tarde, denominadas
avermectinas, sendo sua versão sintética conhecida como, ivermectina, revelando um
grande avanço para a medicina veterinária na terapia antiparasitária. (OMURA, 2008).
A partir de então, a ivermectina vem sendo utilizada globalmente como
antiparasitário em humanos, desta forma, é considerada um dos mais importantes
medicamentos já desenvolvidos, chegando a ser comparada a penicilina, pois, em torno
de 300 milhões de pessoas utiliza a medicação anualmente. (CRUMP, 2014).
A ação antiparasitária de amplo espectro da ivermectina em parasitoses humanas,
demonstra eficácia no tratamento epidêmico das patologias oncocercose, estrongiloidíase,
elefantíase, escabiose e pediculose. (BYRON, et al. 2001).
Assim, a ivermectina é referenciada como “Droga Milagrosa”, pois possui um
tratamento sem precedentes e muito bem-sucedido, principalmente na vida de pessoas
que vivem em comunidades remotas, onde tais patologias acometem com mais
intensidade. (CRUMP, 2014)

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Seu tratamento como antiparasitário pode ser realizado pelas vias oral, tópica e
parenteral em baixas doses, seu mecanismo de ação baseia-se no bloqueio da transmissão
sináptica que está relacionada ao ácido gama-aminobutírico. (BYRON, et al 2001).
Ainda que em estudos, a ivermectina já se demonstrou ser uma droga
multifacetada, com base em estudos realizados recentemente in vitro e em camundongos,
evidenciou ter uma poderosa ação como antitumoral, inibindo o crescimento de células
do câncer de mama, ligadas diretamente ao bloqueio do ciclo celular. Quando
administrada em concentrações viáveis, apresentou um efeito seletivo maior por células-
tronco relacionadas ao câncer, e, em associação com quimioterápicos, diminui os tumores
de uma forma significativa, o que levou a ser considerada uma possível droga anticâncer.
(JUAREZ, et al. 2020).
Além disso, o uso da ivermectina vem sendo estudado contra à classe de vírus
associados ao RNA e DNA, tais como: Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV),
Dengue, Febre amarela, Zika vírus, entre outros, apresentando resultados potenciais
aceitáveis, pela a sua capacidade de bloquear de forma específica o transporte nuclear que
é mediado por importina α/β, que consequentemente, impede a infecção viral. (SHARUN,
et al. 2020).
Por esses motivos, estudos realizados com a ivermectina, vem evidenciando alento
na escolha do medicamento frente a pandemia do novo coronavírus. Com base nas
análises e comprovações de testes realizados in-vitro, a droga tem efeitos sobre vírus
SARS-CoV-2, que tem como método de infecção a utilização do RNA, e ainda sua ação
antiviral, parece estar associada a inibição do transporte de proteínas virais até o núcleo,
mediados pela proteína Importina. (SHARUN, et al.2020).
Por outro lado, a ivermectina pode apresentar reações adversas autoimunes, tais
como: Coceira (reações cutâneas), dor muscoesquelética, inchaço na face, articulações e
membros, alguns casos apresentam febre, linfadenopatia, dores de cabeça associadas
normalmente a tonturas, reações musculares, expondo o paciente em risco caso seja usada
de forma irracional. (DOMINGUEZ, et al. 2017).
Portanto, segundo a Lei Federal nº 13.021/2014, a promoção, a proteção e a
recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem
atividades farmacêuticas, tendo o medicamento como insumo essencial, visa seu acesso
e seu uso racional. (Brasil, 2014). Logo, no tocante a ivermectina, o farmacêutico tem um
papel fundamental na orientação ao paciente dos eventuais efeitos e a importância de seu
uso racional.

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Assim, este trabalho teve como objetivo revisar artigos publicados e levantar as
evidencias de estudos realizados com a ivermectina no controle de epidemias parasitárias
e demais patologias, para melhor compreender a proposta da Ivermectina na prevenção e
no tratamento das infecções causadas pela COVID 19, considerando o papel do
profissional farmacêutico na condução do cuidado neste cenário.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente artigo apresenta o resultado de uma pesquisa de cunho bibliográfico,
fundamentada em revisão de literatura do tipo exploratória com abordagem qualitativa.
Por se tratar de uma revisão bibliográfica os artigos científicos foram
minuciosamente selecionados no banco de dados eletrônico da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), em seus periódicos indexados Scientific Eletronic Library Online
(SCIELO); Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs) e Science
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline).
Adotou-se como descritores os temas: “Ivermectina”; “Ivermectina e COVID19”;
“Ivermectina e Antitumoral”; “Ivermectina e Antiviral”; “Ivermectina e SARS-CoV-2”.
A busca dos trabalhos, foi realizada em março de 2021, por se tratar de um tema
atual, foi priorizado a análise de artigos publicados recentemente.
A seleção dos artigos encontrados deu-se em duas etapas. Na primeira foram
utilizados os critérios de exclusão de artigos repetidos. Na segunda foram utilizados os
critérios de exclusão de artigos que não respondem ao objeto de estudo, considerando os
fatores, que não apresentava DOI ou numeração internacional para publicações seriadas
(ISSN), e artigos científicos que não possuam indicação clara de autoria e tema.
Os artigos selecionados na segunda etapa foram analisados na íntegra e incluídos
os escritos na língua portuguesa e inglesa e ao final do levantamento bibliográfico,
efetivamente foram selecionados conforme a qualidade e relevância com o tema proposto.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dentre as bibliografias revisadas foi possível constatar que a ivermectina é um
antiparasitário fantástico, globalmente utilizado em seres humanos e animais, sendo seu
uso comparado ao da penicilina, pois em torno de 300 milhões de pessoas usam a
medicação anualmente. (CRUMP, 2014).
O notável antiparasitário passa a ser conhecido a partir de 1974 no Japão, quando
foi isolada moléculas de uma espécie fúngica Streptomyces avermectinius, denominadas

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avermectinas (OMURA, 2008). Aproximadamente, uma década mais tarde, sua versão
sintética conhecida como, ivermectina, apresenta ser um grande avanço para a medicina
veterinária na terapia antiparasitária.
Evidenciada como antiparasitário de amplo espectro de ação em animais, motivo
pelo qual, levou a comunidade cientifica a buscar resultados semelhantes em parasitoses
humanas. Desde então, vem sendo utilizada nas patologias oncocercose, estrongiloidíase,
filaríase (elefantíase), escabiose e pediculose. (BYRON, et al. 2001).
Diante deste fato, a ivermectina foi referenciada por Crump (2017), como uma
“Droga Milagrosa”, devido sua utilização sem precedentes e muito bem-sucedido,
principalmente na vida de pessoas que vivem em comunidades remotas, rurais e carentes
acometidas por epidemias parasitárias.
Durante o levantamento bibliográfico, foi constatado que, além da ação
antiparasitária da ivermectina, há estudos sendo realizados em humano e camundongos
que demonstraram uma ação poderosa do medicamento em células tumorais. Neste
estudo, a ivermectina vem sendo administrada em concentrações viáveis e toleráveis, de
5µM in vitro e 2 mg/kg in vivo confirmando a ação inibitória de células cancerígenas em
mama, ligadas diretamente a inibição do ciclo celular. (JUAREZ, et al. 2020).
Neste estudo a ivermectina apresentou um efeito seletivo maior por células-tronco
relacionadas ao câncer, quando associada com medicações quimioterápicas, agindo em
tumores e diminuindo o seu tamanho de uma forma significativa, ainda que esteja em
estudos, a ivermectina pode ser considerada como uma possível droga anticâncer.
(JUAREZ, et al. 2020).
É notório que parte do universo das pesquisas corre em busca de novas
descobertas e comprovações que possam ampliar o leque de patologias tratadas pela
ivermectina, supostamente pelo amplo espectro de ação antiparasitária já comprovado.
De tal modo, desde 2012, a eficácia da ivermectina como um medicamento antiviral vem
sendo estudada e tem apresentado resultados satisfatórios, nas infecções causadas por
vírus, relacionada ao fato de inibir o transporte nuclear. (JANS, et al 2020).
Diante do cenário atual, estudos in vitro e observacionais, estão sendo realizados
e evidências defendidas sobre o uso da ivermectina no tratamento profilático da Covid
19.

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Estes estudos trazem a comprovação de que a ivermectina tem se demonstrado


extremamente eficaz ao impedir a replicação viral comum nas infecções causadas pelo
Covid-19. (LEBLANC, et al. 2021).
No levantamento bibliográfico foi observado que em estudos com a ivermectina
em camundongos e em células in vitro, em dose única de 500µg/ kg (Ivomec 1%), foi
possível a comprovação de seu amplo e potente mecanismo antiviral. (ARÉVALO, et al
2021).
Conforme afirma autores como Sharun et al 2020, a ivermectina tem um potencial
antiviral devido a sua capacidade de bloquear de forma específica o transporte nuclear
que é mediado por importina α/β, impedindo que o vírus possa realizar a sua transcrição
e sua replicação.

3.1 AÇÃO ANTIPARASITÁRIA DA IVERMECTINA


Byron, et al. (2001), afirma que o tratamento antiparasitário da ivermectina pode
ser realizado pelas vias oral, tópica e parenteral em baixas doses, tendo o seu mecanismo
de ação baseado no bloqueio da transmissão sináptica que está relacionada ao ácido gama-
aminobutírico.
A ação antiparasitária da ivermectina foi melhor observada desde 1987, quando
foi doada na apresentação de comprimido oral, parenteral ou tópica, principalmente na
África para a profilaxia e tratamento da oncocercose, causada por infecção do verme
filaria Onchocerca vólvulos (CRUMP, 2017). O tratamento antiparasitário com
ivermectina é potente, a droga age eliminando as microfilárias (vermes imaturos),
circulantes no corpo, responsáveis pelos efeitos mais severos da oncocercose, garantindo
sua eficácia em até 12 meses. (ÕMURA, 2008).
Conforme afirma Pereira et al (2019), a ivermectina se mostrou também eficiente
no tratamento da estrongiloidíase, uma infecção causada pelo helminto Strongiloides
stercoralis, comum em regiões tropicais e subtropicais, este parasita infecta a pele,
podendo migrar aos pulmões e faringe. A indicação terapêutica é de 200µg por quilo a
cada dois dias, Via Oral, ou em doses alternadas durante uma semana, com resultados
satisfatórios, principalmente em pacientes imunocomprometidos. (CAMACHO, et al.
2016).
O tratamento da filaríase linfática consiste na associação de ivermectina e
albendazol, conforme afirma Budge et al. (2018), e ainda na monoterapia, nas doses de
150 a 200 µg/ kg, eliminando as microfilárias circulantes num período de até 5 dias. A

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filaríase, popularmente conhecida como elefantíase, é uma infecção causada pelo parasita
Wuchereria bancrofti, causando linfedema, ou seja, acúmulo de líquido linfático no tecido
adiposo. (EDI C, et al 2019).
Empregada também no tratamento da escabiose, infecção causada pelo parasita
Sarcoptes scabiei, através de contágio endêmico. Utiliza-se a ivermectina por
administração por via oral em doses de 2 a 200µg/ quilograma do peso corporal.
(CURRIE,vet al. 2010, apud Mellanby, 1944).
Nenoff, et al. (2014), afirma que a pediculose é uma parasitose causada pela
infestação de piolho humano, da espécie Pediculus humanus capitis. Após ser utilizada
na forma tópica, sem sucesso, a ivermectina é utilizada via oral em doses de 200 a 400µg/
kg por semana para o tratamento da patologia. (WENDYL, 2018).

3.2 AÇÃO ANTIVIRAL DA IVERMECTINA


Conforme afirma Sharun, et al. (2020), o potencial antiviral sem precedentes da
ivermectina contra vírus de RNA, é devido a sua capacidade de bloquear de forma
específica o transporte nuclear que é mediado por importina α/β, que por sua vez gera um
“efeito cascata” e gradualmente inibe o transporte de proteínas virais, inibindo a
replicação do vírus através do RNA, conseguindo afetar de forma direta os vírus que
dependem deste mecanismo para realizar a infecção.
Ainda de acordo com Sharun, et al. (2020) vem sendo estudado o uso da
ivermectina contra uma classe de vírus associados ao RNA e DNA, tais como, Zika vírus,
Vírus da imunodeficiência humana (HIV), vírus Influenza, febre amarela, chikungunya,
e recentemente com a pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2), estudos in-vitro
estão sendo realizados e comprovam a sua atividade antiviral.
Segundo King, et al (2020), a grande maioria dos vírus necessitam de uma via do
vetor para que o transporte do seu material de infecção possa chegar até o núcleo celular,
onde o mesmo através da replicação de RNA mensageiro possa realizar sua multiplicação
no hospedeiro, nesta classe ampla de vírus destaca-se o HAdV-Adenovírus Humano
(Adenoviridae). Com base neste estudo, foi observado que a ivermectina inibe a
transcrição precoce do gene do vírus, assim como a replicação do genoma, comprovando
que a ivermectina possui uma formidável e ampla atividade antiviral, definindo-a como
um inibidor de importação nuclear mediada por Imp-/1 celular.

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O SARS-CoV-2 que também foi denominado como síndrome respiratória aguda


2, é uma classe de vírus pertencente à família dos coronaviridae, pode infectar seres
humanos e animais, sendo facilmente transmissível. (LUDWIG, et al. 2020).
Após diversos estudos realizados e sua ampla ação antiviral já confirmada em
testes, destacou-se um estudo clínico de fase III na Tailândia em pacientes acometidos
por dengue, levando a ivermectina a ser estudada no SARS-Cov em humanos, ao final
dos estudos realizados foi elaborado um relatório onde a ivermectina foi considerada
“digna” de ser um possível antiviral, pois demonstrou efeitos positivos contra o SARS-
CoV-2 in vitro. (CALY, et al. 2020).
Outro estudo realizado na Austrália com objetivo de estudar a atividade antiviral
da ivermectina, foram isolados determinados tipos de células contaminadas pelo vírus
SARS-CoV-2. Após 24 horas, foi observado uma redução de aproximadamente 93% na
atividade do RNA viral das células associadas que estavam presentes no sobrenadante, e
uma redução de aproximadamente 99% após passadas 48 horas. (CALY, et al.2020)
Pesquisadores observaram que, a ivermectina demonstrou resultados satisfatórios
e ação antiviral robusta sobre as células infectadas por HIV-1, vírus Zika, vírus do Nilo
Ocidental, vírus da dengue (DENV), Chikungunya, encefalite equina venezuelana,
pseudo-raiva, adenovírus e com SARS-CoV-2, mesmo que os estudos realizados sejam
in vitro a ivermectina não deixa de ser considerado um agente profilático. Estes fatos
fizeram com que a ivermectina fosse autorizada e aprovada como droga de tratamento do
SARS-CoV-2 na República do Peru e na região nordeste do Beni da Bolívia. (JANS, et
al 2020).
Um notável fato descoberto recentemente traz mais uma vez a confirmação do seu
potencial antiviral e seu uso de forma profilática. Foi observado que o Programa de
Controle da Oncocercose (APOC) realizado em países africanos no intuito de combater
os surtos de Oncocercose nos anos de 1989 e 1995, tinha como intuito a distribuição em
massa de doses de ivermectina nos países mais afetados pela parasitose. Com base neste
fato, recentemente com a pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2), pode observar
que nos países de onde a medicação foi distribuída de forma massiva pelo programa
houve uma quantidade de mortalidade e infecção de casos insignificativo quando
comparado a países que não receberam o tratamento. (GUERRERO, et al 2020).
Frente ao atual cenário pandêmico a ivermectina vem sendo distribuída associada
a outras drogas na forma de kit’s, drogas como: azitromicina, cloroquina ou
hidroxicloroquina, em uma procura sem limites por solução, distribuídas para pacientes

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com sintomas iniciais da doença, mesmo sem a sua eficácia comprovada contra o
COVID-19. Até agora só se pode observar com base no uso destas medicações, que os
pacientes que fazem o uso do kit não sofrem os efeitos colaterais da infecção de forma
severa, porém sem comprovação o uso das medicações pode ser suspendido.
(ANDRICOPULO, et al. 2020).

3.3 O PAPEL DO FARMACÊUTICO FRENTE AO CENÁRIO DO COVID-19


A ivermectina assim como qualquer medicação apresenta alguns efeitos adversos
e autoimunes de modo leve em alguns casos, podendo ser observados durante o seu uso
para o tratamento de parasitoses e antiviral, os mais comumente observados são: Coceira
(reações cutâneas), dor muscoesquelética, inchaço na face assim como em articulações e
membros, alguns casos apresentam febre, linfadenopatia, dores de cabeça associadas
normalmente a tonturas, reações musculares, entre outros. (DOMINGUEZ, et al. 2017).
Segundo escreveu Crump 2017, uso de forma irracional da ivermectina, pode estar
muitas vezes associado a uma série de problemas no caso de alguns pacientes.
Conforme afirma RAMIREZ, et al. 2021, o uso de forma crônica da ivermectina
ainda não foi estudada o suficiente para que possa ser usada como uma possível forma de
profilaxia contra o vírus causador da atual pandemia (SARS-CoV-2), podendo causar um
impacto na população, levando a negligência quanto as medidas de biossegurança. A
ivermectina foi recentemente utilizada em Honduras para o tratamento de pacientes
acometidos pelo vírus, que estão em estado ambulatorial e hospitalizados, levando o país
a atualmente enfrentar problemas quanto ao uso de forma irracional da medicação, sendo
a mesma utilizada na maioria das vezes sem receita médica e sem os cuidados da
farmacovigilância. (RAMIREZ, et al. 2021)
Frente ao atual cenário mundial pode considerar que o papel do farmacêutico é de
utilizar de estratégias e métodos que favorecem um acompanhamento farmacológico,
como: responsabilizar-se de que o paciente fará o uso de uma medicação prescrita por um
médico, certificar-se de que a medicação irá realizar o efeito desejado, fornecendo a
segurança de que as interações medicamentosas e as reações adversas sejam mínimas.
(POSSAMAI, et al. 2007).
Vieira, et al. (2007), afirma que o farmacêutico é responsável pela orientação de
forma ética ao paciente sobre o uso de forma racional dos medicamentos, para a indicação
das doses apropriadas, vias de administração e sua duração apropriada.

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O uso irracional de medicações sempre foi um problema muito frequente, se


tornando um importante problema de saúde pública, levando ao farmacêutico a
responsabilidade de apresentar e explicar de forma clara ao seu paciente sobre os riscos
existentes em uma automedicação de forma irracional, tentando desta forma manter risco
mínimo ao paciente. Vieira, et al. (2007)
A assistência farmacêutica nunca se fez tão necessária, frente ao atual cenário
pandêmico, é responsabilidade do farmacêutico como um profissional essencial que faz
parte do sistema brasileiro de saúde, sendo responsável não só pela dispensação da
medicação a população, mas também pelo fato de se preocupar em orientar os pacientes
para realizarem a medicação de forma racional, mesmo que ainda hajam tantas incertezas.
(MIRANDA, et al. 2021).
Segundo predispõe também a lei Federal n° 13.021/2014.Art. 2°. Entende-se por
assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a assegurar a
assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde nos
estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo
o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional.
(Brasil, 2014), reforçando assim as obrigações do farmacêutico também, frente ao cenário
pandêmico da COVID-19.

4 CONCLUSÃO
Conforme apresentado no objetivo deste estudo, o presente artigo traz à luz a
ivermectina, que foi desenvolvida inicialmente para ser usada como uma droga
antiparasitária, frequentemente utilizada desde o século passado, para este fim,
comprovado como um antiparasitário formidável. Também é notável que a ivermectina
não deve ser limitada apenas como uma droga antiparasitária, mas, deve ser considerado
suas evidências testadas como antitumoral e antiviral.
Por fim, a ciência tem seus olhos voltados em desenvolverem estudos de forma
frenética em uma constante busca, para que haja novas evidencias e reconhecimento da
ivermectina como a Panacéia no tratamento profilático do COVID-19. Entretanto a sua
distribuição facilitada por meio de kit’s e até mesmo de forma singular pode ser um
problema, devido seu uso desenfreado de modo irracional por parte da população, onde
desta forma pode expor os pacientes a possíveis complicações, em consequência de uma
possível superdose e consequentemente a aparição de seus efeitos colaterais. Portanto
torna-se fundamental a assistência do profissional farmacêutico mediante ao cenário

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pandêmico, onde o mesmo deve agir de forma ética e responsável, cumprindo seu dever
que vem desde a orientação até o acompanhamento final do tratamento do paciente, na
busca por promover saúde.

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