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Brasília-DF.
Elaboração
Jaqueline Castilho
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CLÍNICA MÉDICA................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITO DE CLÍNICA MÉDICA............................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS......................................................................................... 17
UNIDADE II
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA............................................................................................... 38
CAPÍTULO 1
ENFERMAGEM NAS INTERCORRÊNCIAS DE CLÍNICA CIRÚRGICA.............................................. 38
CAPÍTULO 2
FERIDAS.................................................................................................................................. 44
CAPÍTULO 3
ÚLCERA POR PRESSÃO............................................................................................................ 65
CAPÍTULO 4
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DRENOS E CATETERES........................................................ 70
CAPÍTULO 5
ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA.............................................................................................. 76
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 85
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
O cuidado de enfermagem ao cliente clínico e cirúrgico exige do profissional enfermeiro conhecimento
básico acerca da anamnese e da realização do exame físico. Os enfermeiros que se dedicam a cuidar
de clientes que apresentam necessidades de saúde nas áreas clínica e cirúrgica desempenham vários
papéis, como, por exemplo, o de enfermeiros assistenciais, educadores, gerentes e pesquisadores,
em todos os âmbitos da atenção à saúde, que envolvem desde os cuidados aos clientes que têm
problemas crônicos e agudos na condição de hospitalizados até o gerenciamento e a implementação
dos cuidados ao cliente em domicílio. Neste trabalho, abordaremos não somente o cuidado com
a “doença”, mas, também, com o SUJEITO/PACIENTE/DOENTE.
Considera-se situação clínica quando um cliente está em tratamento ou fazendo exames para
esclarecimento de diagnóstico, podendo estar internado ou não. O enfermeiro é parceiro fundamental
no tratamento, tanto em situações clínicas quanto cirúrgicas, quando faz a implementação do
tratamento e analisa o diagnóstico das situações e necessidades dos clientes, prescrevendo cuidados
e ações que têm o objetivo terapêutico de confortar física, mental e espiritualmente, sem riscos para
o cliente. É sua função, também, observar as respostas aos tratamentos realizados, além de detectar
sinais e sintomas de ordem objetiva e subjetiva. Para tanto, é necessário conhecimento, atualização
profissional e senso crítico.
Objetivos
»» Conhecer os principais conteúdos de intercorrências em clínica médica e cirúrgica,
considerando que, na atualidade, fatores como o aumento da expectativa de vida e o
avanço tecnológico aliado às inovações terapêuticas favorecem sobremaneira tanto
o processo de reabilitação do doente/cliente agudo quanto um melhor controle do
cliente crônico.
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CLÍNICA MÉDICA UNIDADE I
CAPÍTULO 1
Conceito de clínica médica
A clínica médica é a área de saúde que atende integralmente ao indivíduo adulto que se encontra em
estado crítico ou semicrítico, não proveniente de tratamento cirúrgico, e aos casos em que o indivíduo
está hemodinamicamente estável. Nesse setor, é prestada assistência integral de enfermagem aos
pacientes de média complexidade.
Papel do enfermeiro
O papel da enfermagem em relação ao cuidado de saúde está sempre em mutação. O aspecto da
prática de enfermagem inclui não só aquelas funções para as quais tradicionalmente têm sido
preparadas, mas também várias atividades.
O avanço da tecnologia, cada vez mais, tem exigido do enfermeiro uma formação voltada para
atendimento das necessidades de clientes de alta complexidade em clínica médica, direcionando-o
para uma prática assistencial que requer um plano capaz de orientá-lo na prestação dos cuidados,
objetivando uma integração harmoniosa entre o biopsicossocial e o espiritual do ser humano. Exige,
também, que esse profissional, quando o paciente estiver em situação clínica, tenha conhecimento
básico sobre a prescrição dos cuidados e sua implementação.
Para tanto a anamnese e o exame físico são elementos que constituem e respaldam as atividades
de enfermagem.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
A entrevista clínica ou anamnese representa uma das principais estratégias para o estabelecimento
e a solidificação da relação enfermeiro-cliente, estabelece a qualidade da relação, proporciona as
informações necessárias para conduzir a base para realização dos diagnósticos de enfermagem.
O enfermeiro entrevistador deve estar atendo à comunicação não verbal e aprender a reconhecer
gestos que expressam defesa, hostilidade, confiança, impaciência e sentimentos semelhantes. As
formas de comunicação verbais referem-se à linguagem escrita e falada, aos sons e às palavras que
utilizamos para nos comunicarmos.
O tom de voz de quem fala pode ter impacto considerável sobre o significado de uma mensagem.
Uma simples frase pode expressar entusiasmo, preocupação, indiferença e até aborrecimento.
As emoções de uma pessoa podem influenciar diretamente seu tom de voz. O profissional de
enfermagem deve ficar alerta sobre suas emoções, ou seja, só estabelecer uma comunicação com os
clientes e seus familiares após estar certo do que quer dizer.
É importante atentar-se ao ritmo, ou seja, a comunicação verbal será mais eficiente quando expressa
em velocidade e ritmo apropriado. Da mesma maneira, deve existir o máximo de clareza e brevidade.
A comunicação deve ser simples, curta e objetiva.
As formas de comunicação não verbais são aquelas que envolvem todas as manifestações de
comportamento não expressas por palavras, utilizadas pelo emissor com o propósito de partilhar
informações.
A aparência do enfermeiro influencia a percepção do cliente quanto aos cuidados recebidos. Cada
paciente tem uma imagem preestabelecida de como o enfermeiro deverá se apresentar. O tradicional
uniforme branco pode ser um símbolo de pureza e limpeza, o uso de enfeites, como bijuterias em
excesso, pode expressar vulgaridade, unhas grandes e barba a fazer pode expressar falta de higiene.
Postura e marcha, o modo como uma pessoa fica ereta e anda são formas visíveis de autoexpressão.
O cliente deve estar atento a todos esses itens.
Com relação à expressão facial, o rosto é a parte mais expressiva do corpo. Revela seis emoções
primárias: surpresa, medo, raiva, aversão, felicidade e tristeza. Sempre que estamos executando algum
procedimento, podemos perceber que o cliente está atento ao nosso rosto e às nossas expressões.
Uma situação muito comum acontece quando vamos fazer eletrocardiograma ou verificar pressão
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
arterial. O cliente fica atento a nossa expressão facial durante todo o procedimento. Se fizermos um
gesto com os olhos, por exemplo, que aparente ser negativo, logo nos vem a pergunta: “está ruim ?”.
O contato pelos olhos é uma parte muito importante das expressões transmitidas por seus
movimentos. Olhos bem abertos são associados à franqueza, ao terror e à ingenuidade. Olhos para
baixo refletem modéstia. Erguer as sobrancelhas pode revelar desprezo. Olhar fixo constante é
associado ao ódio e à frieza. Quando duas pessoas se encontram, o contato por meio dos olhos,
geralmente, antecipam uma mensagem. O contato inicial dos olhos mostra disposição para se
comunicar e as pessoas que se olham durante uma conversa são consideradas confiáveis. Partindo
desse principio, podemos dizer que um enfermeiro que conversa com seu cliente olhando em seus
olhos com respeito passa para ele confiança.
Gestos manuais, saudações e aceno de mão são gestos manuais que dão para o cliente, tão fragilizado
com sua condição de hospitalizado, uma sensação de importante e único.
Faça uma análise de algum caso que mereça destaque que já tenha vivenciado em
sua prática profissional. Faça uma reflexão a respeito, liste e compare possíveis erros
e acertos. O que mudaria e o que iria manter em sua conduta profissional?
Consulta de enfermagem
A denominação Consulta de Enfermagem foi criada, em 1968, por enfermeiros que participaram de
um Curso de Planejamento de Saúde da Fundação de Ensino Especializado de Saúde Pública, no
Rio de Janeiro.
Em nível nacional, a consulta foi legalizada com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, Lei
no 7.498, em junho de 1986.
Processo de enfermagem
O processo de enfermagem é um método sistematizado para avaliar o estado de saúde do cliente,
diagnosticar suas necessidades de cuidados, formular um plano de cuidados, implementá-lo e
avaliá-lo quanto à sua efetividade. (NANDA, 2001)
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
IV. Implementação
V. Avaliação de enfermagem
Diagnóstico de enfermagem
Processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com
a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais
exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo
saúde e doença. Constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva
alcançar os resultados esperados.
Planejamento de enfermagem
Entende-se por planejamento de enfermagem a determinação dos resultados que se espera alcançar
e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família
ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa
de diagnóstico de enfermagem.
Implementação
Realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de planejamento de enfermagem.
Avaliação de enfermagem
Processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa,
família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para determinar se
as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado e verificar a necessidade
de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de enfermagem.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Exame físico
É uma atividade que inclui observação detalhada do corpo do cliente para detectar problemas.
Constitui uma das partes integrantes da avaliação da enfermagem. É realizada assim que se encerra
o processo de coleta de dados. O enfermeiro deve realizar o exame em local confortável e adequado,
que ofereça boa iluminação e privacidade para o paciente. Há necessidade de cobrir o cliente
com lençol protetor, para que ele não se dispa completamente, expondo apenas as áreas a serem
examinadas.
Algumas manobras durante o exame poderão proporcionar sensações desagradáveis e, por essa
razão, o enfermeiro deverá informar antecipadamente ao cliente o que será realizado.
O enfermeiro deverá, ainda, atentar-se para a lavagem das mãos antes e após a realização do exame.
Abordagem ao paciente
»» Quando possível, comece com o paciente em uma posição sentada, pois, assim, as
partes anteriores e posteriores podem ser examinadas.
»» Conduza o exame de forma sistemática, desde a cabeça até os pés, de modo que
nada passe despercebido na observação de sistema ou parte do corpo.
»» Compare os achados de um lado com os do outro, posto que o corpo exibe simetria
bilateral para maior parte do corpo.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Envolve tocar a região ou parte do corpo que acabou de ser observada na inspeção,de maneira
organizada, de região em região. Com a experiência, vem a capacidade de distinguir as variações
entre o normal e o anormal.
Em algumas situações, a palpação permite perceber e identificar alguns tipos de sons, como os
produzidos por sopros advindos do coração ou vasos sanguíneos, produzidos pela formação
das palavras, em especial aquelas ricas em consoantes, que denotam dor, e sons produzidos por
movimentos corporais internos e externos (frêmitos). Os frêmitos manifestam-se como sensação
tátil muito semelhante ao roncar de um gato. Quando podem ser identificados ou percebidos pelo
tato são denominados frêmitos táteis.
»» Em dígito-pressão
»» Em punho-pressão
Figura 1.
A técnica da palpação utilizada dependerá da área que se deseja palpar ou, ainda, da profundidade
em que uma determinada estrutura se encontre.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Os timbres poderão variar do mais intenso, como no timpanismo, ao menos intenso, como na
maciez, sendo o som timpânico semelhante ao som emitido pelo golpear de um tambor.
Figura 2.
»» Ausculta – É o processo de ouvir os sons gerados nos vários órgãos do corpo, para
identificar variações do normal.
Alguns sons podem ser percebidos com o ouvido, sem equipamento, embora a maioria deles só
possa ser detectada por meio de um estetoscópio. O estetoscópio deve ser bem construído e adaptar-
se ao usuário. As olivas devem ser confortáveis e o comprimento do tubo deve ter 25 cm a 38cm.
A campânula é usada para os sons de baixa tonalidade, como determinados sopros cardíacos. O
diafragma avalia diferentes sons de baixa tonalidade, sendo conveniente para ouvir sons de alta
frequência, como o murmúrio respiratório. Existe, ainda, a possibilidade de serem produzidos sons
estranhos, por roupas, cabelos e o movimento do diafragma do estetoscópio.
Figura 3.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
»» Sinais vitais
»» Altura e peso
»» Aspecto geral
»» Pele
»» Olhos e visão
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CAPÍTULO 2
Doenças infectocontagiosas
Tuberculose pulmonar
É uma doença infecciosa e contagiosa, conhecida há séculos, que encontra, hoje, novas condições
de circulação e atinge grupos cada vez mais jovens, em idade produtiva. Estima-se que, no mundo,
existam mais de 1,7 bilhões de pessoas infectadas pelo Mycrobacterium tuberculosis, agente
etiológico da tuberculose. Diagnosticar e tratar correta e prontamente os casos de TB pulmonar são
as principais medidas para o controle da doença.
A infecção ocorre a partir da inalação de núcleos secos de partículas contendo bacilos expelidos
pela tosse, fala ou pelo espirro do doente com tuberculose ativa de vias respiratórias (pulmonar
ou laríngea). Os doentes bacilíferos, isto é, aqueles cuja baciloscopia de escarro é positiva, são a
principal fonte de infecção.
Sintomas de tuberculose
Os mais comuns são os seguintes.
»» Febre
»» Sudorese noturna
»» Emagrecimento
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Ao fazer a investigação de indivíduos suspeitos que têm indicação para ser investigados, deve-se
levar em consideração a tosse por tempo igual ou superior a três semanas (se já tiver o diagnóstico
médico de HIV, tosse por duas semanas).
Diagnóstico
A pesquisa bacteriológica é o método prioritário para o diagnóstico e o controle do tratamento da
tuberculose, uma vez que permite a identificação da fonte de transmissão da infecção (o bacilífero).
Considerando esses aspectos, cabe ressaltar que a descoberta do caso, o diagnóstico médico correto
e o tratamento completo dos doentes com baciloscopia positiva são tidos como uma das principais
medidas de controle da tuberculose na comunidade.
Exames
A baciloscopia de escarro deve ser solicitado aos doentes/clientes que apresentam os seguintes
sintomas.
A baciloscopia de escarro deve ser realizada em, no mínimo, duas amostras: uma, por ocasião da
primeira consulta, e outra, independentemente do resultado da primeira, na manhã do dia seguinte,
preferencialmente, ao despertar. Nos casos em que há indícios clínicos e radiológicos de suspeita de
tuberculose e as duas amostras de diagnóstico apresentar resultado negativo, podem ser solicitadas
amostras adicionais.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Será considerado como tuberculose pulmonar negativa o caso que apresentar as seguintes
características.
Hanseníase
Agente etiológico
A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que é um parasita
intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos,
que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação
do bacilo é lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias.
O M.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no entanto,
poucas adoecem. O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora
tenham sido identificados animais naturalmente infectados.
Modo de transmissão
O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. A principal via de eliminação dos
bacilos dos pacientes multibacilares é a área superior, sendo, também, o trato respiratório a mais
provável via de entrada do M. Leprae no corpo.
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O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo e suas diferentes manifestações clínicas
dependem, entre outros fatores, da relação parasita/hospedeiro e pode ocorrer após um longo
período de incubação, de 2 a 7 anos.
A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, no entanto, raramente
ocorre em crianças. Observa-se que crianças menores de 15 anos adoecem mais quando há uma
maior endemicidade da doença. Há uma incidência maior da doença nos homens do que nas
mulheres, na maioria das regiões do mundo.
Aspecto clínico
A hanseníase manifesta-se por meio de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos que podem
levar à suspeição diagnóstica da doença. As alterações neurológicas, quando não diagnosticadas
e tratadas adequadamente, podem causar incapacidades físicas, que podem evoluir para
deformidades. Manifesta-se por meio de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou
ausência de sensibilidade.
Diagnóstico
É realizado pela história e análise das condições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico,
para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de
nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico).
Anamnese
»» A anamnese deve ser realizada conversando com o paciente sobre sinais e sintomas
da doença e possíveis vínculos epidemiológicos. A pessoa deve ser ouvida com muita
atenção e as dúvidas devem ser prontamente esclarecidas, procurando-se reforçar a
relação de confiança existente entre o indivíduo e os profissionais de saúde.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Tratamento
O tratamento específico da pessoa com hanseníase, indicado pelo Ministério da Saúde, é
a poliquimioterapia padronizada pela Organização Mundial de Saúde, conhecida como
poliquimioterapia padrão OMS, devendo ser realizada nas unidades básicas de saúde.
Nesse caso, é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona. Esses dois medicamentos são
acondicionados em uma cartela, para administração mensal no esquema descrito a seguir.
Medicação
Rifampicina: uma dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração
supervisionada.
Dapsona: dose mensal supervisionada e uma diária de 100mg autoadministrada, com duração do
tratamento de 6 a 9 meses e critério de alta de 6 doses em até 9 meses.
Medicação
Rifampicina: uma dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração
supervisionada.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Assistência de enfermagem
O enfermeiro tem que estar atento aos efeitos colaterais que os medicamentos utilizados podem
produzir nos doentes, para minimizar os efeitos.
Efeitos colaterais
»» Cutâneos: rubor de face e pescoço, prurido e rash cutâneo generalizado.
Conduta: alertar o paciente sobre possíveis sinais e sintomas, proporcionar controle emocional,
encorajar a continuar o tratamento, indicar que se evite exposição excessiva ao sol, que deve ser
tomada com uso de boné, chapéu, guarda-sol, entre outras medidas.
Conduta: orientar uma alimentação saudável e fracionada, ou seja, alimentar-se a cada 3 horas,
além de evitar líquidos durante as grandes refeições. Solicitar exames complementares, para
realizar diagnóstico diferencial com outras causas, investigar e informar à unidade de referência
se esses efeitos ocorrem após a ingestão da dose supervisionada de rifampicina, ou após as doses
autoadministradas de dapsona.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
HIV
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados
de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes
adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova
York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e
comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de
uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia, provavelmente, infecciosa e
transmissível.
Em 1983, o HIV-1 foi isolado de pacientes com AIDS pelos pesquisadores Luc
Montaigner, na França, e Robert Gallo, nos EUA, recebendo os nomes de LAV
(Lymphadenopathy Associated Virus ou Vírus Associado à Linfadenopatia) e
HTLV-III (Human T-Lymphotrophic Virus ou Vírus T-Linfotrópico Humano tipo
lll) respectivamente nos dois países. Em 1986, foi identificado um segundo
agente etiológico, também retrovírus, com características semelhantes ao HIV-1,
denominado HIV-2. Nesse mesmo ano, um comitê internacional recomendou o
termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência Humana)
para denominá-lo, reconhecendo-o como capaz de infectar seres humanos.
HIV – A infecção pelo HIV tem sido considerada de caráter crônico evolutivo e potencialmente
controlável, desde o surgimento da terapia antiretroviral combinada (TARV) e da disponibilização
de marcadores biológicos, como CD4 e carga viral, para o monitoramento de sua progressão. Tais
avanços tecnológicos contribuíram de forma bastante positiva para vida das pessoas que vivem e
convivem com HIV.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Forma de transmissão
As principais formas de transmissão do HIV são as seguintes.
»» Sexual
»» Vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou por aleitamento)
Estima-se que o risco médio de contrair o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado
seja de, aproximadamente, 0,3%.
Nos casos de exposição de mucosas, esse risco é de, aproximadamente, 0,1%. Os fatores de risco já
identificados como favorecedores desse tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do
ferimento, a presença de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento
que resultou na exposição e que envolveu a colocação da agulha diretamente na veia ou artéria
de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente, fonte da infecção, mostrar evidências de
imunodeficiência avançada, ser terminal ou apresentar carga viral elevada.
Prevenção e controle
O meio mais eficiente para reduzir tanto a transmissão profissional-paciente quanto a paciente-
profissional se baseia na utilização sistemática das normas de biossegurança, na determinação dos
fatores de risco associados e na sua eliminação, bem como na implantação de novas tecnologias da
instrumentação usadas na rotina de procedimentos invasivos.
Testes diagnósticos
Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em quatro grupos.
»» Detecção de anticorpos
»» Detecção de antígenos
»» Cultura viral
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Aspectos clínicos
A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas.
1. Infecção aguda
4. Aids
Infecção aguda
A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção primária,
ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, devido ao baixo
índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas
é de 5 a 30 dias.
A história natural da infecção aguda caracteriza-se tanto por viremia elevada quanto por resposta
imune intensa. Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da atividade imunológica.
Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção viral, como: febre, adenopatia, faringite,
mialgia, artralgia, rash cutâneo maculopapular eritematoso, ulcerações mucocutâneas, adinamia,
cefaleia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos. Alguns pacientes podem
apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndorme de
guillain-Baré.
Fase assintomática
Na infecção precoce pelo HIV, também conhecida como fase assintomática, o estado clínico básico
é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada
persistente, “flutuante” e indolor. Portanto, a abordagem clínica nesses indivíduos no início de
seu seguimento prende-se a uma história clínica prévia. Baseando-se nisso, mais uma vez dizemos
que a anamnese do Enfermeiro e o senso crítico destacam-se investigando condições de base
como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, DPOC, doenças hepáticas, renais, pulmonares,
intestinais, doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose e outras doenças endêmicas, doenças
psiquiátricas, uso prévio ou atual de medicamentos, enfim, situações que podem complicar ou serem
agravantes em alguma fase de desenvolvimento da doença pelo HIV. A história familiar, os hábitos
de vida, como também uma avaliação do perfil emocional e psicossocial do paciente, seu nível de
entendimento e orientação sobre a doença são extremamente importantes.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
»» Sudorese noturna
»» Fadiga
»» Emagrecimento
»» Diarreia
»» Sinusopatia
Doenças oportunistas
As doenças oportunistas associadas à aids são diversas, podendo ser causadas por vírus, bactérias,
protozoários, fungos e algumas neoplasias.
Tratamento
Há duas classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV, os inibidores da transcriptase
reversa, os inibidores da protease.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Distúrbios neurológicos
Miastenia Gravis
Distúrbio autoimune da junção mioneural caracterizada por vários graus de fraqueza.
Etiologia
Autoanticorpos direcionados para bloquear os receptores da acetilcolina, resultando em fraqueza
da musculatura voluntária.
Sinais e sintomas
»» Diplopia
»» Ptose
»» Disfonia
»» Fraqueza
Diagnóstico
Teste da Anticolinesterase (Cloreto de Edefrônio) – aumenta a disponibilidade da acetilcolina.
Tratamento
»» Brometo de Piridostigmina e Brometo de Neostigmina anticolinesterásicos.
»» Corticoides
»» Plasmaferése
»» Cirurgia – Timectomia
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Assistência de enfermagem
»» Orientação específica quanto aos fatores que possam exacerbar a crise miastênica
(falta da medicação, nada de esforço físico prolongado etc.).
»» Tonturas.
»» Alterações da memória.
Obs.: Algumas vezes, esses sintomas podem ser transitórios, mas, mesmo assim, exigem cuidados
médicos imediatos.
O enfermeiro, ao realizar o exame físico do cliente em suspeita de AVC, deve ter muita atenção e
realizar um exame minucioso, pois o diagnóstico tanto de enfermagem quanto de médico é sujeito
a uma margem de erro, uma vez que uma grande variedade de condições neurológicas pode ser
confundida com o AVC.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
»» Prevenir úlcera por pressão (clientes com AVC tendem a ter alguma plegia que vão
dificultar sua mobilização no leito).
Distúrbios digestórios
Obs.: No Sistema Digestório, ao realizar o exame físico, o enfermeiro de fazê-lo na seguinte ordem:
inspeção, ausculta, palpação e percursão.
Distúrbios esofágicos
Acalasia
O paciente com acalasia tem dificuldades para deglutir os alimentos sólidos e líquidos. Esse problema
começa devagar, mas progride gradualmente. Muitas pessoas não procuram ajuda enquanto os
sintomas não estão avançados. Com a regurgitação dos alimentos e fluídos gastroesofágicos, a cárdia
estreita-se e os alimentos ficam no esôfago, não passando para o estômago, ocorrendo a dilatação
do esôfago e, posteriormente, acaba por instalar-se um quadro de caquexia pela interrupção da
chegada do alimento ao estômago e demais segmento do percurso gastrointestinal.
Diagnóstico da acalasia
Raio X de esôfago, esofagastroduodenoscopia (Endoscopia)
Tratamento da acalasia
Existem alguns tratamentos para a acalásia, mas, infelizmente, nenhum deles consegue interromper
ou reverter o problema. Esses tratamentos melhoram os sintomas diminuindo a pressão no esfíncter
esofagiano inferior ou enfraquecendo as fibras musculares desse esfíncter.
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Assistência de enfermagem
Orientar o paciente a fracionar a alimentar no mínimo seis refeições diárias, mastigar bem e engolir
devagar, usar manobras específicas, como esticar o pescoço ou colocando os ombros para trás.
Hérnia de hiato
A abertura do diafragma através da qual o esôfago atravessa torna-se dilatada, e parte da porção
superior do estômago tende a mover-se para cima, para dentrodo inferior do tórax.
Manifestação clínica
50 % dos casos são assintomáticos; outros podem apresentar: pirose, regurgitação, disfagia,
sensação de plenitude gástrica.
Tratamento
»» Alimentações fracionadas.
»» Cirurgia.
Distúrbios hematológicos
Anemia falciforme
Resulta de herança do gene da hemoglobina falciforme (HbS), onde esta adquire uma formação
semelhante a um cristal com baixa pressão de oxigênio.
30
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Figura 4.
Aconselhamento genético
Os pais podem ser sadios, porém portadores do gene Hb S (traço falciforme). Quando o pai e a mãe
são portadores do traço, a cada gravidez o casal terá 25% de chance de ter uma criança
com a doença. Por isso, é recomendado o aconselhamento genético aos pais, mostrando a
possibilidade de novos casos na família e a importância redobrada do diagnóstico logo ao nascimento.
Esse aconselhamento pode ser feito pelo enfermeiro.
Traço falciforme – Hb AS
Quando a criança herda o gene beta S de um dos pais e do outro o gene para a hemoglobina A
normal, ela será apenas portadora do Traço Falciforme (Hb AS). Neste caso, não apresentará
a doença, podendo, no entanto, transmiti-la para seus filhos.
Dados clínicos
»» Eritrócitos afoiçados
»» Icterícia
»» Taquicardia
»» Febre
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
»» Artralgia
»» Dispneia
»» Fadiga
»» Desidratação
»» Diminuição da visão
Tratamento
»» Hidroxiureia ( Hydrea) – Quimioterápico que aumenta a hemoglobina F
»» Corticoides
»» Eritropoetina
»» Ácido Acecilsalisílico
Distúrbios cardiovasculares
A angina de peito acontece quando o fornecimento de sangue ao coração é insuficiente. Ocorre após
alguns segundos à oclusão arterial; geralmente sentem dor torácica ou desconforto, que pode ser
rapidamente resolvido pela redução da necessidade de O2 pelo coração (betabloqueador) ou pelo
aumento do fluxo sanguíneo, miocárdico (nitroglicerina)
32
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Sintomas
O sintoma mais comum da angina é dor no peito. A dor também pode ocorrer em um ou em ambos
os ombros, na garganta, no maxilar, no pescoço, nas costas ou nos braços. Habitualmente, a dor da
angina dura apenas alguns minutos.
A dor da angina ocorre mais frequentemente durante o exercício físico, mas podem ser desencadeadas
por outras situações, como estresse, emoções fortes ( raiva ou excitação), temperaturas baixas ou
vento, ingestão de uma grande refeição.
Diagnóstico
Frequentemente diagnosticada pelos seus sintomas. Também poderá efetuar-se um
electrocardiograma.
Tratamento
»» Uma angina ligeira ou moderada poderá necessitar de tratamento com medicamentos
que alarguem as artérias, como nitratos, bloqueadores betas ou bloqueadores dos
canais de cálcio.
»» Se for angina grave, poderá ser necessário recorrer-se à cirurgia para alargar as
artérias (angioplastia) ou a uma cirurgia de bypass coronário.
Prevenção
O enfermeiro como eterno educador deve, em palestras, ou mesmo orientando os pacientes, focar o
estilo de vida saudável, pois é a melhor forma de manter um coração saudável e evitar a angina. Esta
pode se apresentar de diversas formas.
33
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
Hipertensão Arterial é a pressão sistólica maior ou igual a 140mmhg e uma pressão arterial diastólica
maior ou igual a 90mmhg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anit-hipertensiva.
Em idosos
No idoso, há dois aspectos importantes.
Obs.: Em gestantes, recomenda-se que a medida da pressão arterial seja feita na posição sentada. A
determinação da pressão diastólica deve ser realizada na fase V de Korotkoff.
Diagnóstico de HAS
Devem-se considerar no diagnóstico da HAS, além dos níveis tensionais, o risco cardiovascular
global estimado pela presença dos fatores de risco, a presença de lesões nos órgãos-alvo e as
comorbidades associadas. É preciso ter cautela antes de rotular alguém como hipertenso, tanto pelo
34
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
A aferição repetida da pressão arterial em dias diversos em consultório é requerida para chegar a
pressão usual e reduzir a ocorrência da “hipertensão do avental branco”, que consiste na elevação
da pressão arterial ante a simples presença do profissional de saúde no momento da medida da PA.
Avaliação da HAS
»» Anamnese
»» Exame físico
»» Avaliação clínico-laboratotial
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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA
»» Dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e
cebolinha, ao invés de similares industrializados.
»» Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes e verduras no plano alimentar
diário, procurando variar tipos e cores consumidos durante a semana.
»» Abandono do tabagismo.
Tratamento farmacológico
»» Drogas utilizadas: inibidores da Enzima Conversora da Angiostensina
»» Diuréticos
Assistência de enfermagem
Cliente fora do ambiente hospitalar.
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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I
Cliente hospitalizado
»» Aferições pressóricas regulares, de acordo com o plano de cuidados elaborado pelo
enfermeiro.
Sintomas
Dor na região retroesternal ou precordial intensa, com sensação de peso ou aperto, com duração
acima de 30 minutos, podendo irradiar-se para pescoço, mandíbula, membros superiores e dorso.
»» ECG
A alteração típica e a presença de ondas Q anormais (duração maior que 0,04 segundos (>1mm) e
profundidade maior que 25% de altura da onde R, ( na mesma derivação).
Obs.: O IAM obedece a um ritmo circadiano, sendo que ocorre predominantemente de 6:00 às 12:00
e no período vespertino, devido, em parte, pela maior liberação de catecolaminas nesse horário,
além do estresse físico e mental ( no final do expediente de trabalho).
Exame físico
»» PA elevada (precedente ao infarto)
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ENFERMAGEM
EM CLÍNICA UNIDADE II
CIRÚRGICA
CAPÍTULO 1
Enfermagem nas intercorrências de
clínica cirúrgica
A partir do século XIX, a cirurgia tornou-se uma especialidade médica, e surgiram com ela novos
horizontes e possibilidade que favoreceram a melhora da qualidade de vida. Até, então, muitos
problemas não podiam ser clínicamente resolvidos, o que contribuía sobremaneira para aumentar
os índices de morbimortalidade, hoje facilmente contornados por meio de intervenções cirúrgicas.
O papel dos profissionais que atuavam nas primeiras cirurgias limitava-se apenas à limpeza das
salas e dos equipamentos utilizados. O contato com os clientes restingia-se apenas a algumas
tarefas simples, como coleta de material e, algumas vezes, o profissional acompanhava o cliente até
a sala cirúrgica para lhe prestar algum tipo de cuidado. Percebia-se a necessidade de qualificar o
profissional de enfermagem, após a descoberta dos bloqueios anestésicos e das técnicas assépticas
e soluções antissépticas.
Focaremos algumas cirurgias; observe que, para melhor aproveitamento, você deverá pesquisar e
interagir com seu tutor e colegas de turma.
Terminologia cirúrgica
É o conjunto de termos próprios que expressam o segmento corpóreo afetado e a intervenção
cirúrgica realizada no tratamento daquele tipo de afecção. Os termos que compõem a terminologia
cirúrgica são formados por uma raiz e um sufixo. A raiz permite identificar a estrutura corpórea que
está relacionada com a intervenção cirúrgica.
38
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Os atos cirúrgicos são designados por termos formados, de maneira geral, por prefixos ou palavras
que apontam o órgão em causa, e por sufixos que indicam o ato cirúrgico realizado.. Alguns
exemplos.
Prefixos
Sufixos
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
»» rafia - sutura
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Esterilização: processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas formas
vegetativas e esporuladas, fungos e vírus), mediante a aplicação de agentes físicos e ou químicos,
Toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxaguadura do artigo para remoção de detritos.
Esterilizantes: meios físicos (calor, filtração, radiações etc.) capazes de matar os esporos e a forma
vegetativa, isto é, destruir todas as formas microscópicas de vida.
Germicidas: meios químicos utilizados para destruir todas as formas microscópicas de vida.
São designados pelos sufixos “cida” ou “lise”, como, por exemplo, bactericida, fungicida, virucida,
bacteriólise.
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Tipos de cirurgia
Opcional – É agendada por completo, com a preferência do paciente. Ex.: Estética.
Estabelecer uma relação enfermeiro-cliente é o primeiro passo para que o enfermeiro possa
obter informações sobre os desejos do cliente e visualizar a percepção de distorção quanto à sua
autoimagem, assim como a mudança que o procedimento poderá causar. Ex.: abdominoplastia,
mamoplastia, rinoplastia, lipoaspiração, entre outras.
Eletiva – Na maioria das vezes, o cliente apresenta-se sadio, sem manifestar sinais e sintomas
de doenças a ponto de poder ser realizada uma cirurgia programada. Dessa forma permite ao
profissional programar cuidados de enfermagem, a fim de prepará-lo em todos os aspectos, para
42
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
que possa enfrentar em melhores condições o procedimento cirúrgico. Ex.: facectomia, varizes,
bariátricas, entre outras.
De urgência – É quando o quadro do cliente exige intervenção cirúrgica, porém, pode, ser preparado
para o melhor momento,mas deve ser realziado em 24 horas a 48 horas. Ex.: apendicectomia.
De emergência. – Exige cuidados e procedimento cirúrgico imediato, caso contrário poderá pôr
o cliente em risco de morte.
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CAPÍTULO 2
Feridas
A pele desempenha importante papel na garantia de sobrevivência do ser humano. Basta dizer
que ela é a grande responsável por proteger as estruturas internas da ação dos micro-organismos
patogênicos.
Figura 5.
»» Estrato córneo
»» Estrato lúcido
»» Estrato granuloso
»» Estrato espinhoso
»» Estrato basal
Derme
A derme, localizada imediatamente sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que contém fibras
proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. As principais
células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma substância
gelatinosa, e a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos estão mergulhados. São as
fibras da derme que conferem resistência e elasticidade à pele.
44
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Feridas
A ferida é a consequência de uma ruptura na pele, na membrana ou qualquer estrutura do corpo,
ocasionado por um agente físico, químico ou biológico.
»» Limpa: Ferida produzida pelo cirurgião, com bisturi, sem que haja quebra de
assepsia e sem envolvimento dos sistemas respiratório, genito-urinário, alimentar
e orofaringe.
»» Classe 1: Do tempo zero até quatro horas de evolução. Neste período há pouca
multiplicação bacteriana. Três horas após a agressão, o tempo é considerado crítico.
»» Fechada: Ocorre por contusão onde a pele ou mucosa são lesionadas, mas
permanecem com integridade aparente. Pode alcançar tecidos conetivo, muscular,
tendíneo e ósseo. As formas mais comuns são as abrasões, que resultam de
esmagamento ou fricção.
45
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE
Quanto à etiologia
»» Traumáticas: Resultante da ação de um objeto agressor que atinge a pele ou a
região com impacto.
Tipos de cicatrização
»» Primeira intenção: Ocorre quando houver união imediata das bordas da ferida,
evolução asséptica e cicatriz linear. As condições requeridas são a coaptação das
bordas e planos anatômicos
»» Segunda intenção: As bordas da ferida não contatam entre si, devido a perda
de tecido. O espaço é preenchido por tecido de granulação cuja superfície depois
epidermiza.
46
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III
O enfermeiro deverá avaliar a ferida em dois tempos distintos: antes do tratamento e após a
implementação dos cuidados de enfermagem e tratamento específico.
Tipos de curativos
Deverá ser determinado de acordo com o tipo de cirurgia e da localização da ferida.
Semioclusivo: Não é completamente coberto por adesivos e normalmente recebe uma camada
mais fina de gaze do que o oclusivo. A camada de gaze será fundamental na absorção e dreangem
das secreções, bem como na formação de uma barreira mecânica.
Curativo aberto: Não utiliza uma cobertura e deverá ser utilizado somente em ferida em avançado
processo de cicatrização e que estão cicatrizando por primeira intenção. Faz-se necessário somente
a aplicação de uma solução antisséptica sobre a ferida, após uma limpeza com solução fisiológica ou
álcool a 70%.
Avaliação da ferida
A avaliação do paciente por meio da história clínica e das condições da lesão é primordial para que
um bom acompanhamento seja realizado, concorrendo para melhoria ou cura da lesão. Parâmetros
específicos devem ser avaliados e anotados em um instrumento que possibilite a observação da
evolução positiva ou negativa, fornecendo dados para orientação das decisões terapêuticas
apropriadas.
»» Há quanto tempo?
»» Qual a localização?
»» Qual o tamanho?
»» Tem exsudato?
»» Tem odor?
47
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE
Curativos e coberturas
Diversos estudos, desde 1962, têm contestado o princípio de manutenção do curativo seco,
demonstrando que a manutenção do meio úmido entre o leito da ferida e a cobertura favorece e
aumenta a velocidade da cicatrização.
Finalidades do curativo
»» Manter umidade.
Antissépticos
1. Produtos derivados do iodo
Ação: Penetra na parede celular alterando a síntese do ácido nucleico, através da oxidação.
48
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III
2. Clorexidina
Coberturas
Alguns produtos utilizados no âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar.
Filme transparente
Figura 6.
49
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE
Modo de usar:
Membrana transparente
Figura 7.
Ação: Acelera o processo de cicatrização em feridas limpas sem tecido necrosado; forma barreira
completa a micro-organismos; permite troca gasosa, passagem do excesso de fluidos e difusão de
drogas solúveis em água.
50
Indicação: Lesões livres de infecção e tecido necrosado; lesões superficiais; queimadura de 1o e 2o
graus.
Modo de usar:
»» escolher a película com o tamanho que ultrapasse a borda da ferida em pelo menos
2 cm;
»» aplicar a membrana sem deixar bolhas de ar ou rugas, por meio da ajuda de uma
gaze embebida em SF, passando-a suavemente do centro da película para as bordas;
Ação: Limpa e umedece a ferida; favorece a formação de tecido de granulação; amolece os tecidos
desvitalizados; favorece o desbridamento autolítico.
Modo de usar:
»» colocar gaze úmida o suficiente para manter úmido até a próxima troca;
Obs.: A solução fisiológica pode ser substituída por solução de Ringer Simples.
51
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE
Ação: Promove quimiotaxia leucocitária; promove a angiogênese; mantém o meio úmido; acelera
o processo de granulação.
Modo de usar:
»» espalhar AGE no leito da ferida ou embeber gazes estéreis de contato para manter
o leito úmido;
Colagenase mono
Composição: Colagenase clostridiopeptidase-A e enzimas proteolíticas.
Ação: Age seletivamente, degradando o colágeno nativo da ferida; desbridamento enzimático suave
e não invasivo; atua em pH 6-8; inativado em presença de iodo e de íons pesados como prata e
mercúrio.
Modo de usar:
52
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III
Fibrinolisina
Composição: Emoliente de origem bovina, composto de fibrinolisina, desoxirribonuclease e 1%
de cloranfenicol.
Ação: Favorece a dissolução de exsudato e tecidos necróticos pela ação lítica da fibrinolisina sobre
a fibrina e da desoxirribonuclease sobre o ácido desoxirribonucleico.
Modo de usar:
Papaína
Composição: Complexo de enzimas proteolíticas, retirado do látex do mamão- papaia.
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UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE
Modo de usar:
»» Tecido de granulação – 2%
»» Exsudato purulento – 4% a 6%
»» Necrose – 8% a 10%
Hidrogel
Figura 8.
54
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III
Indicação: Desbridamento autolítico de áreas necróticas secas, tecido desvitalizado mole e feridas
em fase de granulação/epitelização.
Modo de usar:
»» fixar, se necessário;
»» trocar:
Hidrocoloide
Figura 9.
Indicação: Feridas abertas limpas não infectadas com leve a moderada exsudação; prevenção de
úlcera por pressão; curativo primário para incisão cirúrgica.
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Modo de usar:
»» Trocar quando ocorrer saturação da placa, que deixa o hidrocoloide mais claro e
menos denso, com aspecto de bolha interna; quando o gel extravasar ou o curativo
descolar ou no máximo a cada 7 dias.
Obs.: A interação do exsudato com o hidrocoloide produz um gel amarelo e nas primeiras trocas
poderá ocorrer odor desagradável; em feridas cavitárias ou tunelizadas pode ser associado à placa
o grânulo e a pasta.
Hidropolímero / Tielle
Figura 10.
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Modo de usar:
»» fixar,caso necessário;
»» trocar sempre que houver presença de fluído nas bordas do curativo ou no máximo
a cada 7 dias.
Alginato de cálcio
Figura 11.
Composição: Fibras de não tecido, derivadas das algas marinhas marrons, composta por ácido
gulurônico e manurônico, podendo ser adicionado de íons de cálcio e sódio além da prata.
Ação: através da troca iônica cálcio x sódio existente no exsudato e no sangue, auxilia no
desbridamento autolítico; induz a hemostasia; possui alta capacidade de absorção; propicia
formação de gel que auxilia a manutenção do meio úmido; quando associado a prata possui efeito
bactericida.
Indicação: Feridas abertas, sangrantes, altamente exsudativas com ou sem infecção, cavitárias ou
não.
Modo de usar:
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
»» posicionar o curativo dentro da lesão; não deixar ultrapassar a borda para evitar
maceração;
»» trocar:
Obs.: Quando utilizado alginato com prata, o mesmo pode permanecer até 7 dias.
Hidrofibra
Figura 12.
Composição: 100% de fibras de CMC sódica; pode estar associado à prata iônica (1,2%).
Ação: Tem alta capacidade de absorção; realiza interação com exsudato da ferida formando um gel
; mantém meio úmido ideal; auxilia no desbridamento autolítico.
Modo de usar:
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
»» trocar:
Obs.: A hidrofibra com prata, quando utilizada em queimadura de 2o grau, pede a aderência do
curativo sobre a lesão, podendo permanecer sobre a ferida até 14 dias; se a queimadura estiver
infectada, devem ser realizadas inspeções frequentes. À medida que a queimadura se re-epiteliza o
curativo de hidrofibra com prata se desprenderá ou poderá ser retirado com facilidade.
Colágeno
Composição: Colágeno + alginato de cálcio; colágeno + celulose oxidada regenerada (ORC);
colágeno + ORC + prata.
Ação: Fornece apoio estrutural para o crescimento celular; facilita a migração e proliferação celular;
favorece suporte para a adesão celular; equilibra a produção de proteases; protege os fatores de
crescimento; propriedades: hemostática, bacteriostática e bactericida.
Indicação: Feridas agudas e crônicas que estejam livres de tecido necrótico e infecção.
Modo de usar:
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Obs.: Todas as composições se transformam em gel após interação com exsudato; quando utilizado
colágeno + ORC + prata, pode haver infecção presente.
Sulfadiazina de prata a 1%
Composição: Sulfadiazina de prata micronizada, 10mg.
Ação: O íon de prata causa precipitação de proteínas e age diretamente na membrana citoplasmática
da célula bacteriana, exercendo ação bactericida imediata e bacteriostática residual pela liberação
de pequenas quantidades de prata iônica.
Modo de usar:
Dermacerium
Composição: Sulfadiazina de prata micronizada e nitrato cerium hexahidratado.
Ação: Eficaz contra uma grande variedade de micro-organismos, tais como: bactérias gram
negativas, fungos, protozoários e alguns vírus; reepitelizante; promove melhor leito de enxertia e
ação imunomoduladora por inibição da ação tóxica do complexo lipoproteico (LPC).
Indicação: Tratamento de queimaduras e feridas que não evoluem com coberturas oclusivas e
feridas extensas (com área superior a 350cm²);
60
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Modo de usar:
Figura 13.
Composição: Carvão ativado com prata a 0,15%, envolto por não tecido de nylon poroso, selado
nas quatro bordas.
Ação: Absorção do exsudato e do odor, adsorção dos micro-organismos e toxinas; efeito bactericida
e bacteriostático pela prata.
Modo de usar:
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
»» trocar:
Obs.: Não pode ser cortado; na presença de osso ou tendão exposto, realizar primeiro a devida
proteção dos mesmos, com tela não aderente/hidrogel/vaselina antes da aplicação do carvão ativado.
Bota de unna
Figura 14.
Composição: Gaze elástica, óxido de zinco, glicerina, gelatina em pó e água, podendo estar
associados com glicerina, acácia, óleo de castor e petrolato branco,
Ação: Facilita o retorno venoso e auxilia na cicatrização; evita o edema dos MMII.
Modo de usar:
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
»» aplicar a bota a partir das base dos pododáctilos até 3 dedos abaixo da região
infrapatelar, com técnica de enfaixamento circular, sem fazer compressão;
»» trocar
›› a bota semanalmente.
Obs.: Devem ser observados sinais de infecção local ou sistêmica durante o uso.
Sistema de compressão
Composição: Curativo não aderente; 1a camada de atadura de algodão em espuma de poliuretano;
2a camada de atadura de compressão com auxílio visual; 3a camada de atadura aderente e de
compressão.
Ação: Compressão sustentável, revertendo à pressão nos leitos capilares e fazendo com que o
sangue retorne para as veias profundas, reduzindo o edema e melhorando o retorno venoso.
Modo de usar:
»» sobre a tela não aderente, cobrir com gaze estéril a tela não aderente;
»» enfaixar o MI com a 1a camada da base dos pododáctilos até 5cm abaixo do joelho,
utilizando a técnica circular com 50% de sobreposição;
63
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Bota gessada
Figura 15.
Modo de usar:
»» trocar:
64
CAPÍTULO 3
Úlcera por pressão
As úlceras por pressão é um agravo à saúde de pessoas já debilitadas por doenças crônicas
degenerativas e/ou deficit sensório-motor, determinado por condições neurológicas agudas ou
crônicas (diabetes, AVC, lesões medulares). No idoso com dependência, que tem suas funções
cognitivas prejudicadas por síndromes demenciais, este aspecto se intensifica. São áreas localizadas
de hipóxia tecidual que tendem a se desenvolver quando tecidos moles são comprimidos entre uma
proeminência óssea e uma superfície externa, por um período prolongado.
2. Reduzir os danos causados pela fricção com uso de lubrificantes (como cremes e
óleos (AGE)), películas protetoras (como curativos transparentes e selantes para a
pele) e curativos protetores (como hidrocoloides extrafinos).
5. Ensinar as pessoas restritas à cadeira e que são capazes a mudar a posição para
aliviar o seu peso a cada 15 minutos.
6. Usar recursos tipo trapézio, lençol móvel, forro, ou traçado de cama para elevar ou
movimentar o paciente, ao invés de o arrastar durante a transferência ou mudança
de posição.
65
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
fora do contato direto com a cama ou com outra proeminência do próprio corpo;
procurar manter lençóis sob o paciente sem rugas.
12. Identificar indivíduos em risco que necessitem prevenção e os fatores específicos que
os colocam em risco, implementando ações conjuntas que contribuam para redução
do sofrimento do cliente e, também, para redução dos gastos desnecessários que
tanto encarecem a hospitalização.
Estágio 2 – É uma perda parcial da pele, envolvendo epiderme, derme ou ambas. A úlcera é
superficial e apresenta-se como uma abrasão, uma bolha ou uma cratera rasa.
66
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Estágio 3 – É uma perda da pele na sua espessura total, envolvendo danos ou uma necrose do
tecido subcutâneo que pode se aprofundar, não chegando até a fáscia muscular. A úlcera apresenta-
se clínicamente como uma cratera profunda.
Estágio 4 – É uma perda da pele na sua total espessura com uma extensa destruição ou necrose de
músculos, ossos ou estruturas de suporte, como tendões ou cápsulas das juntas.
Obs.: ESCARA – É o termo que antigamente era atribuído como sinônimo de úlcera por pressão,
porém, inadequado, pois, representa a crosta ou camada de tecido necrótico que pode estar cobrindo
a lesão em estágios mais avançados. Só após o desbridamento é que o estágio desta úlcera pode ser
identificado, de acordo com a profundidade ou grau de comprometimento dos tecidos.
67
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Desbridamento
O objetivo do desbridamento é remover o acúmulo de material no leito da ferida, como a necrose,
pois ocorre interferência no processo de reparação, devido ao prolongamento da fase inflamatória,
à inibição da fagocitose,e ao favorecimento do crescimento bacteriano, aumentando o risco de
infecção e atuando como barreira física para a granulação e epitelização. Os métodos podem ser
associados.
Indicações gerais
»» Exsudato purulento
Contraindicações
»» Feridas de membros inferiores com perfusão duvidosa ou ausente, com escara seca
e estável, até que o estado vascular seja melhorado
Métodos
68
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
›› Fricção: gaze umedecida em solução, do centro para fora da ferida; não seletiva.
›› Não seletiva.
Obs.: O enfermeiro deve consultar o histórico do cliente para identificar possíveis alergias aos
produtos que serão utilizados na realização do curativo.
O curativo deve ser trocado sempre após o banho do cliente ou sempre que necessário for.
O enfermeiro, além de todos seus atributos, é um educador e deverá orientar o cliente e/ou familiar
como realizar o curativo em domicílio, se necessário for.
<http://www.sobende.org.br>
<http://sobenfee.org.br/site/>
<http://www.feridologo.com.br>
69
CAPÍTULO 4
Assistência de enfermagem em drenos
e cateteres
Drenos são tubos ou materiais colocados no interior de uma ferida ou cavidade, visando a permitir
a saída de fluído ou ar (Dreno Penrose, Dreno de Sucção, Jackson-Pratt, Hemovac, Dreno de Kerr,
Toráx).
Indicações
»» Evitar acúmulo de líquidos em espaços potenciais.
70
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Figura 20.
Com relação aos cuidados de enfermagem, por se tratar de um sistema aberto, deverá estar sempre
protegido por um reservatório (bolsa) ou gazes.
A manipulação deve ser feita de maneira asséptica, pois existe a comunicação do meio ambiente
com a cavidade, o que possibilita a ocorrência de infecção, e o profissional deve estar atento para a
possibilidade de exteriorização, o que não é incomum.
por uma extensão onde uma extremidade fica instalada na cavidade e a outra em uma bolsa com o
aspecto de sanfona.
Dreno de sucção
Figura 21.
Objetivos
Drena a secreção através do efeito de vácuo provocado pelo suctor – ação de sucção. Só terá
71
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Características
»» Tubo extensor
»» Reservatório sanfonado
»» Conector em “Y”
Assistência de enfermagem
»» Orientar o cliente quanto ao manuseio do dreno, caso ele deambule sozinho.
Técnica de curativo
72
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Figura 22.
Funciona com pressão negativa e diferencia-se do anterior por possuir a forma de pera – sendo
comumente utilizado para cirurgias abdominais. O principal cuidado com este tipo de dreno é a
correta manutenção do vácuo, obtido com a compressão do reservatório. Caso contrário, a drenagem
não será eficaz, podendo ocorrer acúmulo de secreção – o que provocaria no cliente dor, desconforto
e alterações dos seus sinais vitais, entre outras intercorrências.
Dreno de Kehr
Figura 23.
Dispositivo em forma T. É introduzido na região das vias biliares extra-hepáticas, utilizadas para
drenagem externa, descompressão, ou ainda, após anastomose biliar, como prótese modeladora,
devendo ser fixado por meio de pontos na parede duodenal lateral ao dreno, na pele, impedindo sua
saída espontânea.
73
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Dreno de tórax
Figura 24.
Na cavidade torácica, a pressão é menor que a do ar atmosférico, o que possibilita a entrada de ar.
Sempre que o pulmão perde essa pressão negativa, por abertura do tórax devido à cirurgia, trauma
ou por presença de ar, pus, ou sangue no tórax, ocorrerá o colapso pulmonar.
Na presença desse colapso, faz-se necessária a realização de drenagem torácica para a reexpansão
pulmonar pela restauração da pressão negativa.
Figura 25.
Cuidados
1. Jamais o dreno torácico deve ser separado do sistema de drenagem, antes de ser
grampeado, isto é, fechado.
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
4. O selo d’água deve ser verificado se está no nível coletor antes de abrir o sistema
novamente.
5. Adicionar água destilada até a marca apropriada, caso o nível de líquido esteja
abaixo do padrão.
75
CAPÍTULO 5
Enfermagem perioperatória
Fase pré-operatória
O cliente é submetido a exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico e que auxiliarão o
planejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sintomas e as precauções necessárias
para evitar complicações pós-operatórias, ou seja, abrange o período desde a indicação para a
cirurgia até a transferência para a sala cirúrgica.
Nesta fase, faz-se necessário o consentimento formal (permissão para a cirurgia). É o processo
de informar ao paciente sobre o procedimento cirúrgico e a obtenção de seu conhecimento, o
que constitui um requisito legal. Em geral, os hospitais possuem um formulário de permissão
padronizado para a cirurgia, aprovado pelo departamento jurídico do hospital.
»» Mensuração dos dados antropométricos (peso e altura) e dos sinais vitais para
posteriores comparações.
»» Esvaziamento da bexiga.
»» Sonda vesical de demora: cirurgias em que a mesma necessite ser mantida vazia, ou
naquelas de longa duração, ,geralmente realizado no centro cirúrgico.
»» Educação ao paciente.
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Prevenção de infecções
Fatores
»» Quantidade e virulência dos micro-organismos.
Tricotomia: máximo de 2 horas antes ou no próprio centro cirúrgico, menor área possível e
método não agressivo.
Cuidados da equipe
Uniformes limpos e unhas curtas e limpas, lavando as mãos antes e após cada procedimento,
respeitando as técnicas assépticas na execução dos cuidados, oferecendo ambiente limpo e
observando os sinais iniciais de infecção.
Fase intraoperatória
Compreende o momento em que o cliente é recebido na sala cirúrgica até quando é admitido na sala
de recuperação pós -anestésica.
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Posições cirúrgicas
Figura 26.
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Anestesia
Os objetivos da anestesia são propiciar sedação e relaxamento muscular apropriados para o tipo de
procedimento cirúrgico, assim como controlar o sistema nervoso autonômico.
As drogas anestésicas podem produzir anestesia geral ou anestesia local, (raquiana e peridural).
Técnicas anestésicas
Sedação consciente
»» O paciente permanece consciente, com alguma alteração: humor, sonolêncie, por
vezes, analgésica.
Sedação profunda
»» O paciente adormece, mas é facilmente despertado.
Anestesia geral
»» Perda completa da consciência.
»» Anestésicos ou inalados.
Durante a anestesia geral, o cliente deve ser posto em decúbito dorsal: deitado de costas, pernas
estendidas ou ligeiramente flexionadas, um dos braços estendido ao longo do corpo e o outro
apoiado no suporte de braço.
Anestesia regional
»» Produção de anestesia em uma região específica do corpo.
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Anestesia espinhal
»» Anestésico local injetado no espaço intratecal lombar.
Anestesia epidural
»» Conseguida ao injetar o anestésico local no espaço epidural por meio de uma punção
lombar.
Obs.: A anestesia peridural teve seu grande desenvolvimento na década de 1960, porque a raque
ficou desmoralizada, em consequência da cefaleia pós-raque.
Posicionamento para facilitar a punção da região lombar com abertura máxima dos espaços
intervertebrais.
Figura 27.
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
Tempo cirúrgico
Abrange, de modo geral, a sequência dos quatro procedimentos realizados pelo cirurgião durante o
ato operatório.
»» Diérese: dividir, separar ou cortar os tecidos por meio de bisturi, bisturi elétrico,
tesoura, serra ou laser.
Fase pós-operatória
Desde o momento da admissão na sala de recuperação até a avaliação domiciliar/clínica de
acompanhamento.
Pós-operatório imediato (POI): até as 24 horas posteriores à cirurgia. Nesta fase, o enfermeiro
deve estar atento aos sinais e sintomas clínicos de depressão respiratória, hemorragia e/ou choque.
Deve-se ter vigilância constante até sua total recuperação, incluindo saturação de oxigênio, sinais
vitais, padrão respiratório, saturação de oxigênio, nível de consciência e dor.
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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Pós-operatório mediato: após as 24 horas e até 7 dias depois; tardio, após 7 dias do recebimento
da alta.
»» Posicionamento adequado
Complicações pós-operatória
O perigo inerente à cirurgia envolve não só o risco do procediemtno cirúrgico,mas, também, os riscos
das complicações pós-operatórias, que podem prolongar a convalescença ou afetar adversamente o
resultado da cirurgia. O enfermeiro tem uma parte importante na prevenção dessas complicações
e colabora com o médico e outros membros da equipe de saúde no seu gerenciamento, caso elas
aconteçam. As principais complicações são estas.
»» Choque
»» Hemorragia
»» Embolismo pulmonar
»» Retenção urinária
»» Constipação intestinal
»» Psicoses pós-operatórias
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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II
O momento da alta hospitalar é outro momento importante para nossa clientela e seus familiares,
pois significa sua volta ao contexto social. É uma fase de transição que causa muita ansiedade e
preocupação para todos os envolvidos.
Nesse momento, o enfermeiro tem papel importante. Faz-se importante a correta orientação quanto
aos cuidados a serem prestados e as formas de adaptá-los no domicílio; bem como alertar o cliente
sobre seu retorno ao serviço de saúde, para avaliação da evolução.
Para que os familiares efetivamente compreendam a complexidade dos cuidados (técnicas assépticas,
manuseio dos curativos, grau de dependência, uso de medicações etc.), as informações devem ser
passadas desde o momento da hospitalização Esta estratégia evita que o momento da saída não
seja conturbado por conta de um acúmulo de informações, além de garantir a confiabilidade no
profissional.
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Para (não) Finalizar
A pessoa que se propõe a estudar enfermagem, está se comprometendo, pelo resto da sua vida, a
lidar com seres humanos que precisam do seu serviço profissional. Lidará com a vida e a morte,
precisará saber conduzir suas emoções e seus valores para cuidar de outro semelhante. Precisa,
então, estar sempre atualizado. Por meio de seus estudos alcançara esta atualização, não somente
atualização profissional, mas, pessoal. O enfermeiro precisa ser crítico e ter visão holística, ou seja,
cuidar do todo e suas partes.
É preciso não se esquecer de que o ser doente não precisa apenas de medicações e procedimentos
corretos, mas, também, de um profissional que converse, que conheça um pouco o seu paciente. A
pessoa doente sente-se fragilizada, precisa da atenção e do carinho de seus assistentes.
Este material mostrou algumas intercorrências de clínica médica e cirúrgica, mas a busca por mais
informacõe será necessária sempre. Busque! Aprimore-se! Há muito ainda para aprender.
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações gerais para central de esterilização. Série A.
Normas e Manuais Técnicos, n. 108. Brasília, DF, 2001.
CARPENITO, Lynda Juall. Manual de diagnósticos de enfermagem. 10. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; LEITE, Joséte Luzia; MACHADO, Wiliam César Alves.
Centro cirúrgico: atuação, intervenção e cuidados de enfermagem. São Paulo: Yendis, 2006.
FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; Ensinando a cuidar em Saúde Pública. São Paulo:
Yendis, 2005.
KNAPP, Mark. L. Comunicação não verbal na interação humana, S.P. Ed. JSN, 1999.
MANICA, James. Anestesiologia: princípios e técnicas. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
MARQUES, Vieira et. al. Clínica cirúrgica: fundamentos teóricos e práticos. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2000.
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REFERÊNCIAS
Mélega JM, Reiff ABM. Introdução à cirurgia plástica. Rio de Janeiro: Medsi, 2002.
POSSARI, João Francisco. Centro cirúrgico: planejamento, organização e gestão. São Paulo:
Iatria, 2003.
ROWLAND, Lewis P. Tratado de neurologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
SILVA, M, A. A. et. al. Enfermagem na unidade de centro cirúrgico. 2. ed. São Paulo: E.P.U,
1997.
SMITH, Nancy E.; TIMBY, Bárbara K. Enfermagem médico- cirúrgica. 8. ed.. Manole, 2005.
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