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Enfermagem Clínico-Cirúrgica

Brasília-DF.
Elaboração

Jaqueline Castilho

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
CLÍNICA MÉDICA................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
CONCEITO DE CLÍNICA MÉDICA............................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS......................................................................................... 17

UNIDADE II
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA............................................................................................... 38

CAPÍTULO 1
ENFERMAGEM NAS INTERCORRÊNCIAS DE CLÍNICA CIRÚRGICA.............................................. 38

CAPÍTULO 2
FERIDAS.................................................................................................................................. 44

CAPÍTULO 3
ÚLCERA POR PRESSÃO............................................................................................................ 65

CAPÍTULO 4
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DRENOS E CATETERES........................................................ 70

CAPÍTULO 5
ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA.............................................................................................. 76

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 85
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O cuidado de enfermagem ao cliente clínico e cirúrgico exige do profissional enfermeiro conhecimento
básico acerca da anamnese e da realização do exame físico. Os enfermeiros que se dedicam a cuidar
de clientes que apresentam necessidades de saúde nas áreas clínica e cirúrgica desempenham vários
papéis, como, por exemplo, o de enfermeiros assistenciais, educadores, gerentes e pesquisadores,
em todos os âmbitos da atenção à saúde, que envolvem desde os cuidados aos clientes que têm
problemas crônicos e agudos na condição de hospitalizados até o gerenciamento e a implementação
dos cuidados ao cliente em domicílio. Neste trabalho, abordaremos não somente o cuidado com
a “doença”, mas, também, com o SUJEITO/PACIENTE/DOENTE.

Considera-se situação clínica quando um cliente está em tratamento ou fazendo exames para
esclarecimento de diagnóstico, podendo estar internado ou não. O enfermeiro é parceiro fundamental
no tratamento, tanto em situações clínicas quanto cirúrgicas, quando faz a implementação do
tratamento e analisa o diagnóstico das situações e necessidades dos clientes, prescrevendo cuidados
e ações que têm o objetivo terapêutico de confortar física, mental e espiritualmente, sem riscos para
o cliente. É sua função, também, observar as respostas aos tratamentos realizados, além de detectar
sinais e sintomas de ordem objetiva e subjetiva. Para tanto, é necessário conhecimento, atualização
profissional e senso crítico.

Objetivos
»» Conhecer os principais conteúdos de intercorrências em clínica médica e cirúrgica,
considerando que, na atualidade, fatores como o aumento da expectativa de vida e o
avanço tecnológico aliado às inovações terapêuticas favorecem sobremaneira tanto
o processo de reabilitação do doente/cliente agudo quanto um melhor controle do
cliente crônico.

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CLÍNICA MÉDICA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Conceito de clínica médica

A clínica médica é a área de saúde que atende integralmente ao indivíduo adulto que se encontra em
estado crítico ou semicrítico, não proveniente de tratamento cirúrgico, e aos casos em que o indivíduo
está hemodinamicamente estável. Nesse setor, é prestada assistência integral de enfermagem aos
pacientes de média complexidade.

Papel do enfermeiro
O papel da enfermagem em relação ao cuidado de saúde está sempre em mutação. O aspecto da
prática de enfermagem inclui não só aquelas funções para as quais tradicionalmente têm sido
preparadas, mas também várias atividades.

O avanço da tecnologia, cada vez mais, tem exigido do enfermeiro uma formação voltada para
atendimento das necessidades de clientes de alta complexidade em clínica médica, direcionando-o
para uma prática assistencial que requer um plano capaz de orientá-lo na prestação dos cuidados,
objetivando uma integração harmoniosa entre o biopsicossocial e o espiritual do ser humano. Exige,
também, que esse profissional, quando o paciente estiver em situação clínica, tenha conhecimento
básico sobre a prescrição dos cuidados e sua implementação.

Para tanto a anamnese e o exame físico são elementos que constituem e respaldam as atividades
de enfermagem.

Abordagem do paciente e avaliação de


enfermagem
Abordagem significa pesquisar e interrogar. Para os profissionais de saúde, é de suma importância,
pois é uma das ferramentas usadas para conhecermos o cliente na íntegra. Uma abordagem
realizada com conhecimentos técnicos e científicos pode ajudar muito no trabalho do enfermeiro
em situações clínica e cirúrgica.

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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

A entrevista clínica ou anamnese representa uma das principais estratégias para o estabelecimento
e a solidificação da relação enfermeiro-cliente, estabelece a qualidade da relação, proporciona as
informações necessárias para conduzir a base para realização dos diagnósticos de enfermagem.

Na abordagem ao cliente, o enfermeiro deve focar na entrevista da coleta de dados. O processo


de enfermagem não é apenas um conjunto de informações que o profissional memoriza e põe em
prática, ao contrário, é um processo complexo que exige emprego inteligente de princípios, assim
como observar e atentar aos sinais não verbais, ou seja, à comunicação não verbal.

O enfermeiro entrevistador deve estar atendo à comunicação não verbal e aprender a reconhecer
gestos que expressam defesa, hostilidade, confiança, impaciência e sentimentos semelhantes. As
formas de comunicação verbais referem-se à linguagem escrita e falada, aos sons e às palavras que
utilizamos para nos comunicarmos.

O tom de voz de quem fala pode ter impacto considerável sobre o significado de uma mensagem.
Uma simples frase pode expressar entusiasmo, preocupação, indiferença e até aborrecimento.
As emoções de uma pessoa podem influenciar diretamente seu tom de voz. O profissional de
enfermagem deve ficar alerta sobre suas emoções, ou seja, só estabelecer uma comunicação com os
clientes e seus familiares após estar certo do que quer dizer.

É importante atentar-se ao ritmo, ou seja, a comunicação verbal será mais eficiente quando expressa
em velocidade e ritmo apropriado. Da mesma maneira, deve existir o máximo de clareza e brevidade.
A comunicação deve ser simples, curta e objetiva.

As formas de comunicação não verbais são aquelas que envolvem todas as manifestações de
comportamento não expressas por palavras, utilizadas pelo emissor com o propósito de partilhar
informações.

O mecanismo de comunicação, segundo Knapp, divide-se da seguinte forma: 5% palavras, 20%


entonação, 75% presença (sinais, símbolos e expressões corporais). A comunicação deve respeitar
o nível de entendimento da clientela e seus familiares, a cultura, a escolaridade etc. A aparência
durante um contato interpessoal também é muito importante. A primeira observação que se faz é
com relação à aparência do interlocutor.

A aparência do enfermeiro influencia a percepção do cliente quanto aos cuidados recebidos. Cada
paciente tem uma imagem preestabelecida de como o enfermeiro deverá se apresentar. O tradicional
uniforme branco pode ser um símbolo de pureza e limpeza, o uso de enfeites, como bijuterias em
excesso, pode expressar vulgaridade, unhas grandes e barba a fazer pode expressar falta de higiene.
Postura e marcha, o modo como uma pessoa fica ereta e anda são formas visíveis de autoexpressão.
O cliente deve estar atento a todos esses itens.

Com relação à expressão facial, o rosto é a parte mais expressiva do corpo. Revela seis emoções
primárias: surpresa, medo, raiva, aversão, felicidade e tristeza. Sempre que estamos executando algum
procedimento, podemos perceber que o cliente está atento ao nosso rosto e às nossas expressões.
Uma situação muito comum acontece quando vamos fazer eletrocardiograma ou verificar pressão

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

arterial. O cliente fica atento a nossa expressão facial durante todo o procedimento. Se fizermos um
gesto com os olhos, por exemplo, que aparente ser negativo, logo nos vem a pergunta: “está ruim ?”.

O contato pelos olhos é uma parte muito importante das expressões transmitidas por seus
movimentos. Olhos bem abertos são associados à franqueza, ao terror e à ingenuidade. Olhos para
baixo refletem modéstia. Erguer as sobrancelhas pode revelar desprezo. Olhar fixo constante é
associado ao ódio e à frieza. Quando duas pessoas se encontram, o contato por meio dos olhos,
geralmente, antecipam uma mensagem. O contato inicial dos olhos mostra disposição para se
comunicar e as pessoas que se olham durante uma conversa são consideradas confiáveis. Partindo
desse principio, podemos dizer que um enfermeiro que conversa com seu cliente olhando em seus
olhos com respeito passa para ele confiança.

Gestos manuais, saudações e aceno de mão são gestos manuais que dão para o cliente, tão fragilizado
com sua condição de hospitalizado, uma sensação de importante e único.

Faça uma análise de algum caso que mereça destaque que já tenha vivenciado em
sua prática profissional. Faça uma reflexão a respeito, liste e compare possíveis erros
e acertos. O que mudaria e o que iria manter em sua conduta profissional?

Consulta de enfermagem
A denominação Consulta de Enfermagem foi criada, em 1968, por enfermeiros que participaram de
um Curso de Planejamento de Saúde da Fundação de Ensino Especializado de Saúde Pública, no
Rio de Janeiro.

Em nível nacional, a consulta foi legalizada com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, Lei
no 7.498, em junho de 1986.

RESOLUÇÃO COFEN No 159/1993. DISPÕE SOBRE A CONSULTA DE


ENFERMAGEM

Art. 1o Em todos os níveis de assistência à saúde, seja em instituição pública ou


privada, a Consulta de Enfermagem deve ser obrigatoriamente desenvolvida
na Assistência de Enfermagem.

Processo de enfermagem
O processo de enfermagem é um método sistematizado para avaliar o estado de saúde do cliente,
diagnosticar suas necessidades de cuidados, formular um plano de cuidados, implementá-lo e
avaliá-lo quanto à sua efetividade. (NANDA, 2001)

O processo de enfermagem organiza-se em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e


recorrentes.

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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

I. Coleta de dados de enfermagem (histórico de enfermagem)

II. Diagnóstico de enfermagem

III. Planejamento de enfermagem

IV. Implementação

V. Avaliação de enfermagem

Art. 4o Resolução COFEN 358/2009

É de incumbência privativa do enfermeiro a liderança na execução e a avaliação


do processo de enfermagem, bem como o diagnóstico de enfermagem, a
prescrição das ações e as intervenções de enfermagem.

Diagnóstico de enfermagem
Processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com
a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais
exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo
saúde e doença. Constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva
alcançar os resultados esperados.

Planejamento de enfermagem
Entende-se por planejamento de enfermagem a determinação dos resultados que se espera alcançar
e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família
ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa
de diagnóstico de enfermagem.

Implementação
Realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de planejamento de enfermagem.

Avaliação de enfermagem
Processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa,
família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para determinar se
as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado e verificar a necessidade
de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de enfermagem.

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Exame físico
É uma atividade que inclui observação detalhada do corpo do cliente para detectar problemas.
Constitui uma das partes integrantes da avaliação da enfermagem. É realizada assim que se encerra
o processo de coleta de dados. O enfermeiro deve realizar o exame em local confortável e adequado,
que ofereça boa iluminação e privacidade para o paciente. Há necessidade de cobrir o cliente
com lençol protetor, para que ele não se dispa completamente, expondo apenas as áreas a serem
examinadas.

Algumas manobras durante o exame poderão proporcionar sensações desagradáveis e, por essa
razão, o enfermeiro deverá informar antecipadamente ao cliente o que será realizado.

O enfermeiro deverá, ainda, atentar-se para a lavagem das mãos antes e após a realização do exame.

Não se esqueça de que é importante criar uma situação de empatia e confiabilidade


entre o enfermeiro e o cliente.

Abordagem ao paciente
»» Quando possível, comece com o paciente em uma posição sentada, pois, assim, as
partes anteriores e posteriores podem ser examinadas.

»» Exponha completamente a parte a ser examinada, mas cubra o restante do corpo de


maneira apropriada.

»» Conduza o exame de forma sistemática, desde a cabeça até os pés, de modo que
nada passe despercebido na observação de sistema ou parte do corpo.

»» Considere as estruturas anatômicas abaixo da região examinada, suas funções e as


possíveis anormalidades, enquanto realiza o exame.

»» Compare os achados de um lado com os do outro, posto que o corpo exibe simetria
bilateral para maior parte do corpo.

»» Explique todos os procedimentos para o paciente, enquanto o exame está sendo


realizado. Dessa forma, irá prevenir alarmes e, ainda, poderá contar com sua
participação.

Técnicas de exame e avaliação


Na realização do exame físico, quatro passos são fundamentalmente empregados: inspeção,
palpação, percussão e ausculta.

»» Inspeção – Constitui o primeiro passo para o exame físico. Pela inspeção, o


enfermeiro será capaz de observar as posturas, as atitudes, o comportamento,

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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

o estado nutricional e o estado geral do cliente. Utilizam-se, aqui, os sentidos –


com destaque para a visão –, para identificar possíveis alterações estruturais ou
funcionais.

»» Palpação – É um passo comumente utilizado na realização do exame físico.


Normalmente, é precedida pela inspeção localizada. O sentido do tato é utilizado
para determinar alterações estruturais e funcionais de um determinado tecido ou
órgão.

Envolve tocar a região ou parte do corpo que acabou de ser observada na inspeção,de maneira
organizada, de região em região. Com a experiência, vem a capacidade de distinguir as variações
entre o normal e o anormal.

Em algumas situações, a palpação permite perceber e identificar alguns tipos de sons, como os
produzidos por sopros advindos do coração ou vasos sanguíneos, produzidos pela formação
das palavras, em especial aquelas ricas em consoantes, que denotam dor, e sons produzidos por
movimentos corporais internos e externos (frêmitos). Os frêmitos manifestam-se como sensação
tátil muito semelhante ao roncar de um gato. Quando podem ser identificados ou percebidos pelo
tato são denominados frêmitos táteis.

Apalpação poderá ser realizada de diversas maneiras.

»» Com a palma das mãos

»» Mão sobre mão

»» Com os dedos em pinça

»» Em dígito-pressão

»» Em punho-pressão

Figura 1.

A técnica da palpação utilizada dependerá da área que se deseja palpar ou, ainda, da profundidade
em que uma determinada estrutura se encontre.

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

»» Percussão – Utiliza-se o golpeamento para delimitar órgãos, observar as


características do som (intensidade, timbre e tonalidade) e perceber a presença de
líquidos em cavidades.

Os timbres poderão variar do mais intenso, como no timpanismo, ao menos intenso, como na
maciez, sendo o som timpânico semelhante ao som emitido pelo golpear de um tambor.

Figura 2.

»» Ausculta – É o processo de ouvir os sons gerados nos vários órgãos do corpo, para
identificar variações do normal.

Alguns sons podem ser percebidos com o ouvido, sem equipamento, embora a maioria deles só
possa ser detectada por meio de um estetoscópio. O estetoscópio deve ser bem construído e adaptar-
se ao usuário. As olivas devem ser confortáveis e o comprimento do tubo deve ter 25 cm a 38cm.
A campânula é usada para os sons de baixa tonalidade, como determinados sopros cardíacos. O
diafragma avalia diferentes sons de baixa tonalidade, sendo conveniente para ouvir sons de alta
frequência, como o murmúrio respiratório. Existe, ainda, a possibilidade de serem produzidos sons
estranhos, por roupas, cabelos e o movimento do diafragma do estetoscópio.

Figura 3.

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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

»» Material utilizado – Termômetro, esfignomanômetro, otooftalmoscópio,


lanterna, abaixador de língua, estetoscópio, martelo para reflexos, diapasão, alfinete
de segurança e swab de algodão. Outros: luvas descartáveis, lubrificantes para o
exame retal, além de um espéculo para o exame da pelve feminina.

Durante a avaliação do paciente, devem ser observados os seguintes aspectos.

»» Sinais vitais

»» Altura e peso

»» Aspecto geral

»» Pele

»» Cabeça (simetria da face, configuração do crânio, coloração e distribuição do cabelo


e couro cabeludo)

»» Olhos e visão

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CAPÍTULO 2
Doenças infectocontagiosas

Doença infecciosa é a “doença” clinicamente manifesta do homem ou dos animais resultante de


uma infecção, segundo a Organização Panamericana de Saúde,1983. Estudaremos algumas delas
neste capítulo.

Tuberculose pulmonar
É uma doença infecciosa e contagiosa, conhecida há séculos, que encontra, hoje, novas condições
de circulação e atinge grupos cada vez mais jovens, em idade produtiva. Estima-se que, no mundo,
existam mais de 1,7 bilhões de pessoas infectadas pelo Mycrobacterium tuberculosis, agente
etiológico da tuberculose. Diagnosticar e tratar correta e prontamente os casos de TB pulmonar são
as principais medidas para o controle da doença.

Para Figueiredo (2005):

No século XXI, a tuberculose ainda representa um grave problema de saúde


pública, principalmente, para os países mais pobres. Com o aparecimento da
AIDS, passou a preocupar as atividades sanitárias dos países ricos.

A infecção ocorre a partir da inalação de núcleos secos de partículas contendo bacilos expelidos
pela tosse, fala ou pelo espirro do doente com tuberculose ativa de vias respiratórias (pulmonar
ou laríngea). Os doentes bacilíferos, isto é, aqueles cuja baciloscopia de escarro é positiva, são a
principal fonte de infecção.

Sintomas de tuberculose
Os mais comuns são os seguintes.

»» Tosse persistente produtiva (muco eventualmente sangue)

»» Febre

»» Sudorese noturna

»» Emagrecimento

O enfermeiro, ao realizar o exame físico, pode encontrar, também, linfoadenomegalias, às vezes,


relacionadas tanto à tuberculose pulmonar extrapulmonar concomitante quanto à existência de
coinfecção pelo HIV.

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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

Ao fazer a investigação de indivíduos suspeitos que têm indicação para ser investigados, deve-se
levar em consideração a tosse por tempo igual ou superior a três semanas (se já tiver o diagnóstico
médico de HIV, tosse por duas semanas).

Diagnóstico
A pesquisa bacteriológica é o método prioritário para o diagnóstico e o controle do tratamento da
tuberculose, uma vez que permite a identificação da fonte de transmissão da infecção (o bacilífero).
Considerando esses aspectos, cabe ressaltar que a descoberta do caso, o diagnóstico médico correto
e o tratamento completo dos doentes com baciloscopia positiva são tidos como uma das principais
medidas de controle da tuberculose na comunidade.

Apesar de a forma pulmonar bacilífera ser a mais observada e importante, do ponto


de vista epidemiológico, outras formas de tuberculose podem ser observadas, como
a disseminada miliar ou as extrapulmonares: pleural, ganglionar, osteoarticular,
geniturinária, meningoencefálica, entre outras.

Para os enfermeiros que atuam no programa de controle da tuberculose, deve-se


organizar e cumprir as recomendações do Ministério da Saúde, segundo a Portaria
da Atenção Básica no 648, de 2006.

Exames
A baciloscopia de escarro deve ser solicitado aos doentes/clientes que apresentam os seguintes
sintomas.

»» Tosse por três semanas ou mais (sintomas respiratórios).

»» Suspeita clínica e/ou radiológica de tuberculose pulmonar, independentemente do


tempo de tosse.

»» Suspeita clínica de tuberculose pulmonar em sítios extrapulmonares (materiais


biológicos diversos).

A baciloscopia de escarro deve ser realizada em, no mínimo, duas amostras: uma, por ocasião da
primeira consulta, e outra, independentemente do resultado da primeira, na manhã do dia seguinte,
preferencialmente, ao despertar. Nos casos em que há indícios clínicos e radiológicos de suspeita de
tuberculose e as duas amostras de diagnóstico apresentar resultado negativo, podem ser solicitadas
amostras adicionais.

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Diagnóstico com a prova tuberculínica


A prova tuberculinica (PT) consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico do M.
tuberculosis, para medir a resposta imune celular a estes antígenos. É utilizada, em adultos e
crianças, para o diagnóstico de infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB). Na criança, também é
muito importante, como método coadjuvante, para o diagnóstico da TB doença.

Interpretação do resultado do exame


Será considerada tuberculose pulmonar positiva o caso que apresentar as seguintes características.

»» Duas baciloscopias diretas positivas.

»» Uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva.

»» Uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose.

»» Duas ou mais baciloscopias diretas negativas e cultura positiva.

Será considerado como tuberculose pulmonar negativa o caso que apresentar as seguintes
características.

»» Duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva e achado clínico,


situação em que se deve buscar a confirmação bacteriológica, solicitando cultura
para efetivação do diagnóstico da tuberculose.

Hanseníase

Agente etiológico
A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que é um parasita
intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos,
que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação
do bacilo é lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias.

O M.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no entanto,
poucas adoecem. O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora
tenham sido identificados animais naturalmente infectados.

Modo de transmissão
O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. A principal via de eliminação dos
bacilos dos pacientes multibacilares é a área superior, sendo, também, o trato respiratório a mais
provável via de entrada do M. Leprae no corpo.

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O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo e suas diferentes manifestações clínicas
dependem, entre outros fatores, da relação parasita/hospedeiro e pode ocorrer após um longo
período de incubação, de 2 a 7 anos.

A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, no entanto, raramente
ocorre em crianças. Observa-se que crianças menores de 15 anos adoecem mais quando há uma
maior endemicidade da doença. Há uma incidência maior da doença nos homens do que nas
mulheres, na maioria das regiões do mundo.

O diagnóstico precoce da hanseníase e o tratamento adequado evitam a evolução


da doença, consequentemente, impedem a instalação das incapacidades físicas por
ela provocadas.

Aspecto clínico
A hanseníase manifesta-se por meio de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos que podem
levar à suspeição diagnóstica da doença. As alterações neurológicas, quando não diagnosticadas
e tratadas adequadamente, podem causar incapacidades físicas, que podem evoluir para
deformidades. Manifesta-se por meio de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou
ausência de sensibilidade.

Diagnóstico
É realizado pela história e análise das condições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico,
para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de
nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico).

A anamnese do enfermeiro tem importante destaque no diagnóstico desta doença infecciosa,


deverá ser realizada com atenção.

Anamnese
»» A anamnese deve ser realizada conversando com o paciente sobre sinais e sintomas
da doença e possíveis vínculos epidemiológicos. A pessoa deve ser ouvida com muita
atenção e as dúvidas devem ser prontamente esclarecidas, procurando-se reforçar a
relação de confiança existente entre o indivíduo e os profissionais de saúde.

»» Devem ser registradas cuidadosamente no prontuário todas as informações obtidas,


pois elas serão úteis para a conclusão do diagnóstico da doença, para o tratamento e
para o acompanhamento do paciente. É importante que seja detalhada a ocupação
da pessoa e suas atividades diárias.

»» Além das questões rotineiras da anamnese, é fundamental que sejam identificadas


as seguintes questões: alguma alteração na sua pele (manchas, placas, infiltrações,

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

tubérculos, nódulos) e há quanto tempo eles apareceram; possíveis alterações


de sensibilidade em alguma área do seu corpo; presença de dores nos nervos ou
fraqueza nas mãos e nos pés; uso de algum medicamento para tais problemas e
qual o resultado.

Tratamento
O tratamento específico da pessoa com hanseníase, indicado pelo Ministério da Saúde, é
a poliquimioterapia padronizada pela Organização Mundial de Saúde, conhecida como
poliquimioterapia padrão OMS, devendo ser realizada nas unidades básicas de saúde.

»» Esquema Paucibacilar (PB): casos com até 5 lesões de pele.

Nesse caso, é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona. Esses dois medicamentos são
acondicionados em uma cartela, para administração mensal no esquema descrito a seguir.

Medicação
Rifampicina: uma dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração
supervisionada.

Dapsona: dose mensal supervisionada e uma diária de 100mg autoadministrada, com duração do
tratamento de 6 a 9 meses e critério de alta de 6 doses em até 9 meses.

»» Esquema Multibacilar (MB): casos com mais de 5 lesões de pele.

Utilizada uma combinação de rifampicina, dapsona e clofazimina, acondicionados em uma cartela,


no seguinte esquema.

Medicação
Rifampicina: uma dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração
supervisionada.

»» Clofazimina: uma dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg) com administração


supervisionada e uma dose diária de 50mg autoadministrada.

»» Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária


autoadministrada.

›› Duração do tratamento: 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina.

›› Critério de alta: 12 doses supervisionadas em até 18 meses.

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UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

Assistência de enfermagem
O enfermeiro tem que estar atento aos efeitos colaterais que os medicamentos utilizados podem
produzir nos doentes, para minimizar os efeitos.

Efeitos colaterais
»» Cutâneos: rubor de face e pescoço, prurido e rash cutâneo generalizado.

Conduta: alertar o paciente sobre possíveis sinais e sintomas, proporcionar controle emocional,
encorajar a continuar o tratamento, indicar que se evite exposição excessiva ao sol, que deve ser
tomada com uso de boné, chapéu, guarda-sol, entre outras medidas.

»» Gastrointestinais: diminuição do apetite, náuseas, vômitos, diarreias e dor


abdominal leve.

Conduta: orientar uma alimentação saudável e fracionada, ou seja, alimentar-se a cada 3 horas,
além de evitar líquidos durante as grandes refeições. Solicitar exames complementares, para
realizar diagnóstico diferencial com outras causas, investigar e informar à unidade de referência
se esses efeitos ocorrem após a ingestão da dose supervisionada de rifampicina, ou após as doses
autoadministradas de dapsona.

Obs.: Vômitos intermitentes devem suspender o tratamento.

»» Hepáticos: mal-estar, perda do apetite, náuseas, podendo ocorrer também


icterícia.

»» Hematopoéticos: trombocitopenia, púrpuras ou sangramentos anormais, como


epistaxes. Poderão, também, ocorrer hemorragias gengivais e uterinas.

Conduta: se o doente estiver fora do ambiente hospitalar, o enfermeiro deve encaminhá-lo ao


hospital para melhor suporte e prevenir o choque hipovolêmico, entre outros danos.

»» Anemia hemolítica: tremores, febre, náuseas, cefaleia e, às vezes, choque.

Conduta: o enfermeiro deve suspender o tratamento e encaminhar o paciente à unidade de referência.

»» Síndrome pseudogripal: febre, calafrios, astenia, mialgias, cefaleia, dores


ósseas. Pode, também, apresentar eosinofilia, nefrite intersticial, necrose tubular
aguda, rombocitopenia, anemia hemolítica e choque. A síndrome ocorre raramente
e, quando ocorre, dá-se, principalmente, a partir da 2a ou 4a dose supervisionada,
devido à hipersensibilidade por formação de anticorpos antirifampicina, quando o
medicamento é utilizado em dose intermitente.

22
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Condutas no caso de icterícia


»» Suspender o tratamento se houver alteração das provas de função hepática, com
valores superiores a duas vezes os valores normais.

»» Encaminhar o paciente para a unidade de referência e fazer a avaliação da história


pregressa: alcoolismo, hepatite e outras doenças hepáticas.

»» Solicitar exames complementares necessários para realizar diagnóstico diferencial.

»» Investigar e informar à unidade de referência se a ocorrência desse efeito


está relacionada com a dose supervisionada de rifampicina ou com as doses
autoadministradas de dapsona.

HIV
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados
de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes
adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova
York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e
comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de
uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia, provavelmente, infecciosa e
transmissível.

Em 1983, o HIV-1 foi isolado de pacientes com AIDS pelos pesquisadores Luc
Montaigner, na França, e Robert Gallo, nos EUA, recebendo os nomes de LAV
(Lymphadenopathy Associated Virus ou Vírus Associado à Linfadenopatia) e
HTLV-III (Human T-Lymphotrophic Virus ou Vírus T-Linfotrópico Humano tipo
lll) respectivamente nos dois países. Em 1986, foi identificado um segundo
agente etiológico, também retrovírus, com características semelhantes ao HIV-1,
denominado HIV-2. Nesse mesmo ano, um comitê internacional recomendou o
termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência Humana)
para denominá-lo, reconhecendo-o como capaz de infectar seres humanos.

HIV – A infecção pelo HIV tem sido considerada de caráter crônico evolutivo e potencialmente
controlável, desde o surgimento da terapia antiretroviral combinada (TARV) e da disponibilização
de marcadores biológicos, como CD4 e carga viral, para o monitoramento de sua progressão. Tais
avanços tecnológicos contribuíram de forma bastante positiva para vida das pessoas que vivem e
convivem com HIV.

O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da família Retroviridae (retrovírus) e subfamília


Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não oncogênicos, que necessitam, para
multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do
RNA viral para uma cópia DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro.

23
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

Forma de transmissão
As principais formas de transmissão do HIV são as seguintes.

»» Sexual

»» Sanguínea (em receptores de sangue ou hemoderivados e em usuários de drogas


injetáveis, ou UDI)

»» Vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou por aleitamento)

»» Ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais da área da


saúde que sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortantes contaminados
com sangue de pacientes

Estima-se que o risco médio de contrair o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado
seja de, aproximadamente, 0,3%.

Nos casos de exposição de mucosas, esse risco é de, aproximadamente, 0,1%. Os fatores de risco já
identificados como favorecedores desse tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do
ferimento, a presença de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento
que resultou na exposição e que envolveu a colocação da agulha diretamente na veia ou artéria
de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente, fonte da infecção, mostrar evidências de
imunodeficiência avançada, ser terminal ou apresentar carga viral elevada.

Prevenção e controle
O meio mais eficiente para reduzir tanto a transmissão profissional-paciente quanto a paciente-
profissional se baseia na utilização sistemática das normas de biossegurança, na determinação dos
fatores de risco associados e na sua eliminação, bem como na implantação de novas tecnologias da
instrumentação usadas na rotina de procedimentos invasivos.

Testes diagnósticos
Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em quatro grupos.

»» Detecção de anticorpos

»» Detecção de antígenos

»» Cultura viral

»» Amplificação do genoma do vírus

24
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Aspectos clínicos
A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas.

1. Infecção aguda

2. Fase assintomática, também conhecida como latência clínica

3. Fase sintomática inicial ou precoce

4. Aids

Infecção aguda
A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção primária,
ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, devido ao baixo
índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas
é de 5 a 30 dias.

A história natural da infecção aguda caracteriza-se tanto por viremia elevada quanto por resposta
imune intensa. Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da atividade imunológica.

Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção viral, como: febre, adenopatia, faringite,
mialgia, artralgia, rash cutâneo maculopapular eritematoso, ulcerações mucocutâneas, adinamia,
cefaleia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos. Alguns pacientes podem
apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndorme de
guillain-Baré.

Fase assintomática
Na infecção precoce pelo HIV, também conhecida como fase assintomática, o estado clínico básico
é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada
persistente, “flutuante” e indolor. Portanto, a abordagem clínica nesses indivíduos no início de
seu seguimento prende-se a uma história clínica prévia. Baseando-se nisso, mais uma vez dizemos
que a anamnese do Enfermeiro e o senso crítico destacam-se investigando condições de base
como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, DPOC, doenças hepáticas, renais, pulmonares,
intestinais, doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose e outras doenças endêmicas, doenças
psiquiátricas, uso prévio ou atual de medicamentos, enfim, situações que podem complicar ou serem
agravantes em alguma fase de desenvolvimento da doença pelo HIV. A história familiar, os hábitos
de vida, como também uma avaliação do perfil emocional e psicossocial do paciente, seu nível de
entendimento e orientação sobre a doença são extremamente importantes.

25
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

Fase sintomática inicial


Fase em que o doente com HIV pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade
variável, além de processos oportunistas de menor gravidade, principalmente na pele e nas mucosas.
As alterações mais frequentes são estas.

»» Sudorese noturna

»» Fadiga

»» Emagrecimento

»» Diarreia

»» Sinusopatia

»» Candidíase oral e vaginal (inclusive a recorrente)

»» Leucoplasia pilosa oral, entre outras.

Doenças oportunistas
As doenças oportunistas associadas à aids são diversas, podendo ser causadas por vírus, bactérias,
protozoários, fungos e algumas neoplasias.

»» Vírus: Citomegalovirose, Herpes simples, Leucoencafalopatia Multifocal


Progressiva.

»» Bactérias: Micobacterioses (tuberculose e complexo Mycobacterium


aviumintracellulare), Pneumonias (S. pneumoniae), Salmonelose.

»» Fungos: Pneumocistose, Candidíase, Criptococose, Histoplasmose.

»» Protozoários: Toxoplasmose, Criptosporidiose, Isosporíase.

»» Neoplasias: Sarcoma de Kaposi, Linfomas não Hodgkin, Neoplasias Intraepiteliais


Anal e Cervical.

Tratamento
Há duas classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV, os inibidores da transcriptase
reversa, os inibidores da protease.

Breve informação sobre os antirretrovirais de maior uso.

»» Os medicamentos antirretrovirais surgiram na década de 1980, para impedir a


multiplicação do vírus no organismo. Eles não matam o HIV, vírus causador da
aids, mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico . Por isso,
seu uso é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida do portador
da doença.

»» Inibidores da transcriptase reversa – São drogas que inibem a replicação do HIV,


bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa, que age convertendo o RN viral
em DNA.

26
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

»» Inibidores da protease – Agem no último estágio da formação do HIV, impedindo a


ação da enzima protease.

Assistência de enfermagem em doenças


clínicas

Distúrbios neurológicos

Miastenia Gravis
Distúrbio autoimune da junção mioneural caracterizada por vários graus de fraqueza.

Etiologia
Autoanticorpos direcionados para bloquear os receptores da acetilcolina, resultando em fraqueza
da musculatura voluntária.

Sinais e sintomas
»» Diplopia
»» Ptose
»» Disfonia
»» Fraqueza

Diagnóstico
Teste da Anticolinesterase (Cloreto de Edefrônio) – aumenta a disponibilidade da acetilcolina.

Tratamento
»» Brometo de Piridostigmina e Brometo de Neostigmina anticolinesterásicos.

»» Corticoides

»» Plasmaferése

»» Cirurgia – Timectomia

27
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

Assistência de enfermagem
»» Orientação específica quanto aos fatores que possam exacerbar a crise miastênica
(falta da medicação, nada de esforço físico prolongado etc.).

»» Manutenção das vias aéreas permeáveis devido a sialorreia.

»» Administração rigorosa da prescrição em horário regular.

»» Em casos de insuficiência respiratória, manter carro de urgência, materiais de


intubação e de ventilação próximo ao leito do paciente

»» Cuidados com oxigenoterapia e ventilação mecânica.

»» Balanço hídrico rigoroso.

»» Caso apresente incapacidade de deglutição, iniciar dieta por SNE.

Acidente vascular cerebral isquêmico


Caracterizado pela perda das súbitas funções cerebrais resultante da diminuição ou interrupção
do fluxo sanguíneo cerebral. Várias são as causas que podem deflagrar tal situação. Seguem as
mais comuns: trombose cerebral, embolia cerebral, estenose de uma artéria que irriga o cérebro,
hemorragia cerebral.

Manifestações clínicas mais comuns


»» Perda repentina da força muscular e/ou da visão.

»» Dificuldade de comunicação oral.

»» Tonturas.

»» Formigamento em um dos lados do corpo.

»» Alterações da memória.

Obs.: Algumas vezes, esses sintomas podem ser transitórios, mas, mesmo assim, exigem cuidados
médicos imediatos.

O enfermeiro, ao realizar o exame físico do cliente em suspeita de AVC, deve ter muita atenção e
realizar um exame minucioso, pois o diagnóstico tanto de enfermagem quanto de médico é sujeito
a uma margem de erro, uma vez que uma grande variedade de condições neurológicas pode ser
confundida com o AVC.

28
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Assistência e cuidados de enfermagem


»» Aferir sinais vitais (clientes com AVC tendem a manter sinas flutuantes).

»» Prevenir úlcera por pressão (clientes com AVC tendem a ter alguma plegia que vão
dificultar sua mobilização no leito).

»» Aplicar solução salina na mucosa ocular (em clientes inconscientes, a hidratação


ocular pode prevenir o ressecamento e a possível ulcera de córnea).

»» Supervisionar eliminações vesicointestinais (As lesões cerebrais podem acarretar


perda no controle dos esfíncteres, ocasionando distúrbios de eliminações).

»» Supervisionar nível de consciência.

Distúrbios digestórios
Obs.: No Sistema Digestório, ao realizar o exame físico, o enfermeiro de fazê-lo na seguinte ordem:
inspeção, ausculta, palpação e percursão.

Distúrbios esofágicos

Acalasia
O paciente com acalasia tem dificuldades para deglutir os alimentos sólidos e líquidos. Esse problema
começa devagar, mas progride gradualmente. Muitas pessoas não procuram ajuda enquanto os
sintomas não estão avançados. Com a regurgitação dos alimentos e fluídos gastroesofágicos, a cárdia
estreita-se e os alimentos ficam no esôfago, não passando para o estômago, ocorrendo a dilatação
do esôfago e, posteriormente, acaba por instalar-se um quadro de caquexia pela interrupção da
chegada do alimento ao estômago e demais segmento do percurso gastrointestinal.

Diagnóstico da acalasia
Raio X de esôfago, esofagastroduodenoscopia (Endoscopia)

Tratamento da acalasia
Existem alguns tratamentos para a acalásia, mas, infelizmente, nenhum deles consegue interromper
ou reverter o problema. Esses tratamentos melhoram os sintomas diminuindo a pressão no esfíncter
esofagiano inferior ou enfraquecendo as fibras musculares desse esfíncter.

»» Sintomático: sedativos e analgésicos, dilatação do esôfago.

29
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

»» Cirúrgico: gastrectomia e esofagotomia.

»» Injeção de botox: a injeção de toxina botulínica (botox), através de um exame


endoscópico normal, diretamente no EEI (esfíncter esofagiano inferio) interrompe
a inervação que promove a contração do esfíncter. Essa paralisia muscular alivia a
obstrução. Até 90% dos pacientes apresentam sucesso no tratamento com botox, no
entanto, este deve ser aplicado novamente em pouco tempo (de 3 meses a um ano).

Assistência de enfermagem
Orientar o paciente a fracionar a alimentar no mínimo seis refeições diárias, mastigar bem e engolir
devagar, usar manobras específicas, como esticar o pescoço ou colocando os ombros para trás.

Hérnia de hiato
A abertura do diafragma através da qual o esôfago atravessa torna-se dilatada, e parte da porção
superior do estômago tende a mover-se para cima, para dentrodo inferior do tórax.

Manifestação clínica
50 % dos casos são assintomáticos; outros podem apresentar: pirose, regurgitação, disfagia,
sensação de plenitude gástrica.

Tratamento
»» Alimentações fracionadas.

»» Não deitar em torno de 1 hora após comer.

»» Não ingerir líquidos durante a refeição.

»» Cirurgia.

Distúrbios hematológicos

Anemia falciforme
Resulta de herança do gene da hemoglobina falciforme (HbS), onde esta adquire uma formação
semelhante a um cristal com baixa pressão de oxigênio.

30
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Figura 4.

Estimativas com base na prevalência no Brasil – Ministério da Saúde.

»» Portadores do gene Hb S: mais de 2 milhões

»» Afetados com a forma Hb SS: mais de 8.000

»» Novos casos: nascimento de 700-1000 casos anuais de doenças falciformes

»» No traço falcêmico, o paciente apresenta 50% do gene da hemoglobina


Hbs

Aconselhamento genético
Os pais podem ser sadios, porém portadores do gene Hb S (traço falciforme). Quando o pai e a mãe
são portadores do traço, a cada gravidez o casal terá 25% de chance de ter uma criança
com a doença. Por isso, é recomendado o aconselhamento genético aos pais, mostrando a
possibilidade de novos casos na família e a importância redobrada do diagnóstico logo ao nascimento.
Esse aconselhamento pode ser feito pelo enfermeiro.

Traço falciforme – Hb AS
Quando a criança herda o gene beta S de um dos pais e do outro o gene para a hemoglobina A
normal, ela será apenas portadora do Traço Falciforme (Hb AS). Neste caso, não apresentará
a doença, podendo, no entanto, transmiti-la para seus filhos.

Dados clínicos
»» Eritrócitos afoiçados

»» Hemoglobina antre 7 – 10g/dl

»» Icterícia

»» Taquicardia

»» Febre

31
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

»» Infiltração pulmonar bilateral

»» Artralgia

»» Dispneia

»» Fadiga

»» Desidratação

»» Diminuição da visão

Tratamento
»» Hidroxiureia ( Hydrea) – Quimioterápico que aumenta a hemoglobina F

»» Transfusão de sangue – Prevenção de complicações/ minimizador de crises

»» Reposição de ácido fólico

»» Corticoides

»» Eritropoetina

»» Ácido Acecilsalisílico

»» Analgésico opioide – Casos de dor aguda

Distúrbios cardiovasculares

Manifestações comuns da doença cardíaca


A dor é a manifestação mais comum entre os pacientes cardiopatas. As outras queixas são a falta de
ar, a palpitação ou fadiga e a tonteira ou síncope.

Conceito: síndromes coronarianas agudas


Constituem um grupo de patologias que possuem como etiologia uma isquemia. Incluem-se nesse
grupo, a angina e o IAM.

A angina de peito acontece quando o fornecimento de sangue ao coração é insuficiente. Ocorre após
alguns segundos à oclusão arterial; geralmente sentem dor torácica ou desconforto, que pode ser
rapidamente resolvido pela redução da necessidade de O2 pelo coração (betabloqueador) ou pelo
aumento do fluxo sanguíneo, miocárdico (nitroglicerina)

32
CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

Sintomas
O sintoma mais comum da angina é dor no peito. A dor também pode ocorrer em um ou em ambos
os ombros, na garganta, no maxilar, no pescoço, nas costas ou nos braços. Habitualmente, a dor da
angina dura apenas alguns minutos.

A dor da angina ocorre mais frequentemente durante o exercício físico, mas podem ser desencadeadas
por outras situações, como estresse, emoções fortes ( raiva ou excitação), temperaturas baixas ou
vento, ingestão de uma grande refeição.

Diagnóstico
Frequentemente diagnosticada pelos seus sintomas. Também poderá efetuar-se um
electrocardiograma.

Tratamento
»» Uma angina ligeira ou moderada poderá necessitar de tratamento com medicamentos
que alarguem as artérias, como nitratos, bloqueadores betas ou bloqueadores dos
canais de cálcio.

»» Se for angina grave, poderá ser necessário recorrer-se à cirurgia para alargar as
artérias (angioplastia) ou a uma cirurgia de bypass coronário.

»» Dose moderada de aspirina diariamente pode ajudar a evitar coágulos sanguíneos e


reduz o risco de ataques cardíacos.

Prevenção
O enfermeiro como eterno educador deve, em palestras, ou mesmo orientando os pacientes, focar o
estilo de vida saudável, pois é a melhor forma de manter um coração saudável e evitar a angina. Esta
pode se apresentar de diversas formas.

»» Estável – Acontece aos esforços

»» Instável – Acontece em repouso

»» Variante – Vasoespasmo coronariano

»» Silenciosa – Ausência de sintomas

»» Refratária ou intratável – Dor torácica grave e intratável

33
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

Hipertensão arterial sistêmica


Apesar de ser um tema em constante discussão, é de suma importância, e causados de diversas
outras patologias, então, o enfermeiro atualizado não pode deixar de focar nessa patologia de
grande relevância, sendo o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares (DCV), com destaque para o AVC e o infarto do miocárdio, as duas maiores causas
isoladas de mortes no país, além da doença renal crônica terminal.

O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, comemorado no


dia 26 de abril, visa a alertar a população a respeito dos perigos causados pela
hipertensão arterial. No Brasil, a sua incidência passou de 21,6%, em 2006, para
23,3%, em 2010 (Dados do M.S). Ótimo dia para o Enfermeiro realizar palestras de
prevenção e conscientização.

Hipertensão Arterial é a pressão sistólica maior ou igual a 140mmhg e uma pressão arterial diastólica
maior ou igual a 90mmhg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anit-hipertensiva.

Situações especiais para a medida da


pressão arterial

Em idosos
No idoso, há dois aspectos importantes.

»» Maior frequência de hiato auscultatório, que consiste no desaparecimento dos sons


na ausculta durante a deflação do manguito, geralmente entre o final da fase I e o
início da fase II dos sons de Korotkoff. Tal achado pode subestimar a verdadeira
pressão sistólica ou superestimar a pressão diastólica.

»» Pseudo-hipertensão, caracterizada por nível de pressão arterial falsamente elevado,


em decorrência do enrijecimento da parede da artéria. Pode ser detectada por
meio da manobra de Osler, que consiste na inflação do manguito no braço até o
desaparecimento do pulso radial. Se a artéria for palpável após esse procedimento,
sugerindo enrijecimento, o paciente é considerado Osler-positivo.

Obs.: Em gestantes, recomenda-se que a medida da pressão arterial seja feita na posição sentada. A
determinação da pressão diastólica deve ser realizada na fase V de Korotkoff.

Diagnóstico de HAS
Devem-se considerar no diagnóstico da HAS, além dos níveis tensionais, o risco cardiovascular
global estimado pela presença dos fatores de risco, a presença de lesões nos órgãos-alvo e as
comorbidades associadas. É preciso ter cautela antes de rotular alguém como hipertenso, tanto pelo

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

risco de um diagnóstico falso-positivo, quanto pela repercussão na própria saúde do indivíduo e o


custo social resultante.

Em indivíduos sem diagnóstico prévio e níveis de PA elevada em uma aferição, recomenda-se


repetir a aferição de pressão arterial em diferentes períodos, antes de caracterizar a presença de
HAS. Este diagnóstico requer que se conheça a pressão usual do indivíduo, não sendo suficiente
uma ou poucas aferições casuais.

A aferição repetida da pressão arterial em dias diversos em consultório é requerida para chegar a
pressão usual e reduzir a ocorrência da “hipertensão do avental branco”, que consiste na elevação
da pressão arterial ante a simples presença do profissional de saúde no momento da medida da PA.

CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO SISTÓLICA PRESSÃO DIASTÓLICA


(mmHg) (mmHg)
Ótima < 120 < 80
Normal < 130 < 85
Limítrofe 130-139 85-89
Hipertensão estágio 1 140-159 90-99
Hipertensão estágio 2 160-179 100-109
Hipertensão estágio 3 > 180 > 110
Hipertensão sistólica isolada > 140 < 90

Avaliação da HAS
»» Anamnese

»» Exame físico

»» Avaliação clínico-laboratotial

Tratamento não farmacológico


O tratamento não medicamento visa a reduzir os níveis pressóricos para valores inferiores a 14
mmHg de pressão sistólica e a 9mmHg de pressão diastólica.

Linhas gerais de recomendação dietética para hipertensos.

»» Manter o peso corporal adequado.

»» Reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos e retirar o saleiro da mesa.

»» Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos, sopas, embutidos


como salsicha, linguiça, salame e mortadela, conservas, enlatados, defumados e
salgados de pacote, fast -food.

»» Limitar ou abolir o uso de bebidas alcoólicas.

35
UNIDADE I │CLÍNICA MÉDICA

»» Dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e
cebolinha, ao invés de similares industrializados.

»» Substituir bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas


por frutas in natura.

»» Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes e verduras no plano alimentar
diário, procurando variar tipos e cores consumidos durante a semana.

»» Optar por alimentos com reduzido teor de gordura e, preferencialmente, do tipo


mono ou poli-insaturada, presentes nas fontes de origem vegetal, exceto dendê e
coco.

»» Manter ingestão adequada de cálcio pelo uso de vegetais de folhas verde-escuras e


produtos lácteos, de preferência, desnatados.

»» Identificar formas saudáveis e prazerosas de preparo dos alimentos: assados, crus,


grelhados etc.

»» Estabelecer plano alimentar capaz de atender às exigências de uma alimentação


saudável, do controle do peso corporal, das preferências pessoais e do poder
aquisitivo do indivíduo e sua família.

»» Redução do consumo de bebidas alcoólicas.

»» Abandono do tabagismo.

»» Prática de atividade física regular.

Tratamento farmacológico
»» Drogas utilizadas: inibidores da Enzima Conversora da Angiostensina

»» Bloqueadores: alfa adrenérgicos

»» Diuréticos

»» Bloquadores de canal de cálcio

»» Vasodilatadores de ação direta

Assistência de enfermagem
Cliente fora do ambiente hospitalar.

»» Tentar ao máximo conscientizar o cliente quanto a importância do controle do dado


de saúde.

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CLÍNICA MÉDICA │ UNIDADE I

»» Educação permanente quanto aos hábitos saudáveis.

»» Informação e orientação acerca da patologia e suas possíveis consequências.

Cliente hospitalizado
»» Aferições pressóricas regulares, de acordo com o plano de cuidados elaborado pelo
enfermeiro.

»» Informações ao cliente, a fim de proporcionar-lhe tranquilidade e segurança, fato


que também contribui para o controle da HAS.

»» Administração de dogras em horário correto.

»» Monitoração não invasiva ou invasiva e cuidados de enfermagem, se em terapia


intensiva ou semi-intensiva.

»» Controle do gotejamento e acesso venoso, se drogas em BI (Bomba infusora),


dependendo da droga será acesso venoso invasivo.

Infarto agudo do miocárdio (IAM)


É definido como morte recente das células miocárdicas lesadas, ocorrendo após o episódio isquêmico,
e com a necrose celular, havendo liberação de enzimas séricas.

Sintomas
Dor na região retroesternal ou precordial intensa, com sensação de peso ou aperto, com duração
acima de 30 minutos, podendo irradiar-se para pescoço, mandíbula, membros superiores e dorso.

Desconforto torácico com tonturas, sudorese, náuseas, vômitos, dispneia e desmaios.

Sensação global de tensão, ansiedade ou morte iminente.

»» ECG

A alteração típica e a presença de ondas Q anormais (duração maior que 0,04 segundos (>1mm) e
profundidade maior que 25% de altura da onde R, ( na mesma derivação).

Obs.: O IAM obedece a um ritmo circadiano, sendo que ocorre predominantemente de 6:00 às 12:00
e no período vespertino, devido, em parte, pela maior liberação de catecolaminas nesse horário,
além do estresse físico e mental ( no final do expediente de trabalho).

Exame físico
»» PA elevada (precedente ao infarto)

»» PA baixa (após o infarto)

37
ENFERMAGEM
EM CLÍNICA UNIDADE II
CIRÚRGICA

CAPÍTULO 1
Enfermagem nas intercorrências de
clínica cirúrgica

A partir do século XIX, a cirurgia tornou-se uma especialidade médica, e surgiram com ela novos
horizontes e possibilidade que favoreceram a melhora da qualidade de vida. Até, então, muitos
problemas não podiam ser clínicamente resolvidos, o que contribuía sobremaneira para aumentar
os índices de morbimortalidade, hoje facilmente contornados por meio de intervenções cirúrgicas.

O papel dos profissionais que atuavam nas primeiras cirurgias limitava-se apenas à limpeza das
salas e dos equipamentos utilizados. O contato com os clientes restingia-se apenas a algumas
tarefas simples, como coleta de material e, algumas vezes, o profissional acompanhava o cliente até
a sala cirúrgica para lhe prestar algum tipo de cuidado. Percebia-se a necessidade de qualificar o
profissional de enfermagem, após a descoberta dos bloqueios anestésicos e das técnicas assépticas
e soluções antissépticas.

Em 1876, o Massachusetts General Hospital ofereceu a primeira oportunidade de treinamento


para profissional de enfermagem em sala cirúrgica. Essa iniciativa se estendeu até 1900, quando as
primeiras escolas de enfermagem, notando a tendência e a necessidade, incluíram em seu currículo
matérias que possibilitavam ao aluno a possibilidade de experiência em sala cirúrgica.

Focaremos algumas cirurgias; observe que, para melhor aproveitamento, você deverá pesquisar e
interagir com seu tutor e colegas de turma.

Terminologia cirúrgica
É o conjunto de termos próprios que expressam o segmento corpóreo afetado e a intervenção
cirúrgica realizada no tratamento daquele tipo de afecção. Os termos que compõem a terminologia
cirúrgica são formados por uma raiz e um sufixo. A raiz permite identificar a estrutura corpórea que
está relacionada com a intervenção cirúrgica.

38
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Os atos cirúrgicos são designados por termos formados, de maneira geral, por prefixos ou palavras
que apontam o órgão em causa, e por sufixos que indicam o ato cirúrgico realizado.. Alguns
exemplos.

Prefixos

»» adeno - relativo a glândula

»» cisto - relativo à bexiga

»» cole - relativo à vesícula

»» colo - relativo ao colo

»» colpo - relativo à vagina

»» êntero - relativo ao intestino

»» gastro - relativo ao estômago

»» hístero - relativo ao útero

»» nefro - relativo ao rim

»» oftalmo - relativo aos olhos

»» oofor - relativo aos ovários

»» orqui- relativo aos testícu los

»» ósteo - relativo ao osso

»» oto - relativo ao ouvido

»» procto - relativo ao reto

»» rino - relativo ao nariz

»» salpinge - relativo às trompas

»» tráqueo - relativo à traquéia

Sufixos

»» ectomia - remoção de um órgão ou parte dele

»» tomia - abertura de um órgão

»» stomia - abertura cirúrgica de uma nova boca

»» pexia - fixação de um órgão

39
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

»» plastia - alteração da forma de um órgão

»» rafia - sutura

»» scopia - olhar no interior

Operações de remoção (ECTOMIA)

»» Apendicectomia - remoção do apêndice

»» Cistectomia - remoção da bexiga

»» Colecistectomia - remoção da vesícula biliar

»» Colectomia - remoção do colo

»» Embolectomia - extração de um êmbolo

»» Esofagectomia - remoção do esôfago

»» Esplenectomia - remoção do baço

»» Fistulectomia - remoção de fístula

»» Gastrectomia - remoção parcial ou total do estômago

»» Hemorroidectomia - remoção de hemorroidas

»» Hepatctomia - remoção de parte dofígado

»» Histerectomia - extirpação do útero

»» Lobectomia - remoção de um lobo de um órgão

»» Mastectomia - remoção da mama

»» Miomectomia - remoção de mioma

»» Nefrectomia - remoção do rim

»» Ooforectomia - remoção do ovário

»» Pancreatectomia - remoção do pâncreas

»» Pneumectomia - remoção do pulmão

»» Prostatectomia - remoção da próstata

»» Retossigmoidectomia - remoção do retossigmoide

»» Salpingectomia - extirpação da trompa

»» Tireoidectomia - remoção da tireoide

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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Operações de abertura (TOMIA)

»» Artrotomia - abertura da articulação

»» Broncotomia - abertura do brônquio

»» Cardiotomia - abertura do cárdia (transição esôfago-gástrica)

»» Coledocotomia - abertura e exploração do colédoco

»» Duodenotomia - abertura do duodeno

»» Flebotornia - dissecção (individualização e cateterismo) de veia

»» Laparotomia - abertura da cavidade abdominal

»» Papilotomia - abertura da papila duodenal

Conceitos importantes na clínica cirúrgica


Assepsia: conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de micro-organismos
em um ambiente que logicamente não os tem, logo, um ambiente asséptico é aquele que está livre
de infecção.

Antissepsia: conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de micro-organismos ou


removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não os destruir e,para tal fim, utilizam-se
antissépticos ou desinfetantes.

Degermação: diminuição do número de micro-organismos patogênicos ou não, após a escovação


da pele com água e sabão.

Desinfecção: processo pelo qual se destroem particularmente os germes patogênicos e/ou se


inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os esporos não são necessariamente destruídos.

Esterilização: processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas formas
vegetativas e esporuladas, fungos e vírus), mediante a aplicação de agentes físicos e ou químicos,
Toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxaguadura do artigo para remoção de detritos.

Esterilizantes: meios físicos (calor, filtração, radiações etc.) capazes de matar os esporos e a forma
vegetativa, isto é, destruir todas as formas microscópicas de vida.

Esterilização: conceito de esterilização absoluto. O material é esterilizado ou é contaminado, não


existe meio termo.

Germicidas: meios químicos utilizados para destruir todas as formas microscópicas de vida.
São designados pelos sufixos “cida” ou “lise”, como, por exemplo, bactericida, fungicida, virucida,
bacteriólise.

41
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Classificação da cirurgia por potencial de


contaminação
O número de micro-organismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de
contaminação da ferida cirúrgica. De acordo com a Portaria no 2.616/1998, de 12/5/1998, do
Ministério da Saúde, as cirurgias são classificadas assim.

»» Limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência


de processo infeccioso local, sem penetração nos tratos digestório, respiratório ou
urinário, em condições ideais de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário.

»» Potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil


descontaminação, na ausência de supuração local, com penetração nos tratos
digestório, respiratório ou urinário, mas sem contaminação significativa. Exemplo:
redução de fratura exposta.

»» Contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de


difícil descontaminação, com processo inflamatório, mas sem supuração. Exemplo:
apendicite supurada.

»» Infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas


traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto e ânus com pus.

Tipos de cirurgia
Opcional – É agendada por completo, com a preferência do paciente. Ex.: Estética.

A cirurgia plástica é dividida em dois ramos principais: a cirurgia plástica reparadora ou


reconstrutiva e a cirurgia plástica estética. A cirurgia plástica estética propõe-se a trazer as
variações da normalidade do corpo para o mais próximo possível daquilo que se concebe como
padrão de beleza para uma cultura, em um determinado momento e, também, corrigir as alterações
evolutivas do tempo. Muitos clientes que procuram esses procedimentos são portadores de uma
expectativa que acarreta níveis diferentes de ansiedade, justificada pela coragem de investir em
seu corpo, pela procura da solução para o seu problema, desejando que o resultado do tratamento
proposto seja o mais próximo possível do idealizado, e pela repercussão que sua nova imagem
corporal causará para si e para os outros.

Estabelecer uma relação enfermeiro-cliente é o primeiro passo para que o enfermeiro possa
obter informações sobre os desejos do cliente e visualizar a percepção de distorção quanto à sua
autoimagem, assim como a mudança que o procedimento poderá causar. Ex.: abdominoplastia,
mamoplastia, rinoplastia, lipoaspiração, entre outras.

Eletiva – Na maioria das vezes, o cliente apresenta-se sadio, sem manifestar sinais e sintomas
de doenças a ponto de poder ser realizada uma cirurgia programada. Dessa forma permite ao
profissional programar cuidados de enfermagem, a fim de prepará-lo em todos os aspectos, para

42
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

que possa enfrentar em melhores condições o procedimento cirúrgico. Ex.: facectomia, varizes,
bariátricas, entre outras.

De urgência – É quando o quadro do cliente exige intervenção cirúrgica, porém, pode, ser preparado
para o melhor momento,mas deve ser realziado em 24 horas a 48 horas. Ex.: apendicectomia.

De emergência. – Exige cuidados e procedimento cirúrgico imediato, caso contrário poderá pôr
o cliente em risco de morte.

Necessária – A condição exige cirurgia em algumas semanas.

43
CAPÍTULO 2
Feridas

A pele desempenha importante papel na garantia de sobrevivência do ser humano. Basta dizer
que ela é a grande responsável por proteger as estruturas internas da ação dos micro-organismos
patogênicos.

Figura 5.

A epiderme, camada mais externa da pele, está assim dividida.

»» Estrato córneo

»» Estrato lúcido

»» Estrato granuloso

»» Estrato espinhoso

»» Estrato basal

Derme
A derme, localizada imediatamente sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que contém fibras
proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. As principais
células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma substância
gelatinosa, e a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos estão mergulhados. São as
fibras da derme que conferem resistência e elasticidade à pele.

44
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Tecido subcutâneo (hipoderme)


Sob a pele há uma camada de tecido conjuntivo frouxo – o tecido subcutâneo – rico em fibras e em
células, que armazenam gordura (células adiposas). A gordura armazenada no tecido subcutâneo
constitui reserva de energia e atua como isolante térmico.

Feridas
A ferida é a consequência de uma ruptura na pele, na membrana ou qualquer estrutura do corpo,
ocasionado por um agente físico, químico ou biológico.

Classificação das feridas


As feridas podem ser classificadas de diferentes maneiras.

»» Limpa: Ferida produzida pelo cirurgião, com bisturi, sem que haja quebra de
assepsia e sem envolvimento dos sistemas respiratório, genito-urinário, alimentar
e orofaringe.

»» Baixa contaminação: Ferida que ocorreu em menos de 4 horas e não apresenta


sujidades ou envolve os tratos respiratório, alimentar, gênito-urinário e orofaringe.

»» Contaminada: Ferida decorrente de trauma recente, com presença de inflamação


não purulenta, podendo haver grande sujidade ou urina infectada na ferida.

»» Suja: Ferida com presença de inflamação bacteriana aguda, de origem traumática


e ocorrida há mais de 12 horas. Pode haver presença de supuração.

Conforme a progressão da infecção, as feridas ainda podem ser assim distribuídas.

»» Classe 1: Do tempo zero até quatro horas de evolução. Neste período há pouca
multiplicação bacteriana. Três horas após a agressão, o tempo é considerado crítico.

»» Classe 2: Com período evolutivo compreendido entre 4 e 12 horas após a lesão,


quando as bactérias começam ase multiplicar,, mas ainda não são invasivas.

»» Classe 3: Com evolução acima de 12 horas e já considerada infectada.

Conforme a apresentação clínico-cirúrgica, as feridas também podem ser assim consideradas.

»» Fechada: Ocorre por contusão onde a pele ou mucosa são lesionadas, mas
permanecem com integridade aparente. Pode alcançar tecidos conetivo, muscular,
tendíneo e ósseo. As formas mais comuns são as abrasões, que resultam de
esmagamento ou fricção.

»» Aberta: Estão incluídas neste grupo.

45
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE

»» Lacerada: Produzida por objetos pontiagudos, que rasgam o tecido formando


bordas irregulares. Quando cutânea, pode ocasionar avulsão ou arrancancamento.

»» Incisas: Contusões de continuidade lineares devidas ã ação de objetos cortantes.

»» Penetrantes: Contusão de continuidade da pele e tecidos subjacentes, alcançando


cavidades como abdomen, tórax, seios etc. Geralmente resultam em perfuração de
víscera, empiema ou evisceração.

Quanto à etiologia
»» Traumáticas: Resultante da ação de um objeto agressor que atinge a pele ou a
região com impacto.

»» Pós-operatório: São feridas agudas intencionais. Podem cicatrizar em primeira


intenção, caso em que as bordas da pele são mantidas próximas. São suturas,
grampos ou fitas. Algumas feridas são deixadas abertas para cicatrizarem por
segunda intenção, geralmente a fim de permitir drenagem de material infectado.

»» Patológicas: Lesões crônicas, como úlceras venosas, arteriais, por pressão,


diabéticas e isquêmicas.

Tipos de cicatrização
»» Primeira intenção: Ocorre quando houver união imediata das bordas da ferida,
evolução asséptica e cicatriz linear. As condições requeridas são a coaptação das
bordas e planos anatômicos

»» Segunda intenção: As bordas da ferida não contatam entre si, devido a perda
de tecido. O espaço é preenchido por tecido de granulação cuja superfície depois
epidermiza.

»» Fechamento primário tardio ou por terceira intenção: Feridas deixadas


abertas inicialmente, geralmente por apresentarem contaminação grosseira. A
ferida infectada é manejada com desbridamentos repetidos e antibioticoterapia.
Após alguns dias de tratamento local, a ferida é fechada mecanicamente, por meio
de suturas, enxertos cutâneos ou retalhos.

Processo de enfermagem e cuidado com a ferida


O processo de enfermagem deve ser usado para sistematizar a prestação de serviço de cuidados
no tratamento da ferida, promovendo o restabelecimento da integridade cutâneo-mucosa. Assim,
deverão considerar as informações sobre as condições do cliente e da ferida obtida, durante a
realização do histórico e aquelas obtidas durante a realização do exame físico.

46
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III

O enfermeiro deverá avaliar a ferida em dois tempos distintos: antes do tratamento e após a
implementação dos cuidados de enfermagem e tratamento específico.

Tipos de curativos
Deverá ser determinado de acordo com o tipo de cirurgia e da localização da ferida.

Curativo oclusivo: Realizado imediatamente após a realização de uma cirurgia, independente do


tipo de cicatrização. Esse curativo oclui totalmente a ferida.

Semioclusivo: Não é completamente coberto por adesivos e normalmente recebe uma camada
mais fina de gaze do que o oclusivo. A camada de gaze será fundamental na absorção e dreangem
das secreções, bem como na formação de uma barreira mecânica.

Curativo aberto: Não utiliza uma cobertura e deverá ser utilizado somente em ferida em avançado
processo de cicatrização e que estão cicatrizando por primeira intenção. Faz-se necessário somente
a aplicação de uma solução antisséptica sobre a ferida, após uma limpeza com solução fisiológica ou
álcool a 70%.

Avaliação da ferida
A avaliação do paciente por meio da história clínica e das condições da lesão é primordial para que
um bom acompanhamento seja realizado, concorrendo para melhoria ou cura da lesão. Parâmetros
específicos devem ser avaliados e anotados em um instrumento que possibilite a observação da
evolução positiva ou negativa, fornecendo dados para orientação das decisões terapêuticas
apropriadas.

Para ser preenchido o instrumento de avaliação, é necessário responder a alguns questionamentos:

»» Há quanto tempo?

»» Qual a localização?

»» Qual o tamanho?

»» Quais os tecidos encontrados?

»» Tem exsudato?

»» Tem odor?

»» Está colonizada ou infectada?

»» Em que fase do processo de cicatrização está?

»» Necessita de desbridamento? Qual método?

47
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE

»» Quais as características das bordas?

»» Existe presença de trajeto?

»» Quais as características da pele perilesional?

»» Que curativo usar?

Curativos e coberturas
Diversos estudos, desde 1962, têm contestado o princípio de manutenção do curativo seco,
demonstrando que a manutenção do meio úmido entre o leito da ferida e a cobertura favorece e
aumenta a velocidade da cicatrização.

O tratamento de feridas é um processo dinâmico, com diversas variáveis, personalizado, que


necessita de avaliações sistematizadas, periódicas e prescrições distintas.

Finalidades do curativo
»» Manter umidade.

»» Remover o excesso de umidade.

»» Ser isolante térmico.

»» Ser impermeável a bactérias.

»» Ser isento de partículas e tóxicos contaminadores de feridas.

»» Ser retirado sem trauma.

»» Permitir a troca de gases.

Antissépticos
1. Produtos derivados do iodo

Composição: Polivinil-pirrolidona-iodo (PVPI).

Ação: Penetra na parede celular alterando a síntese do ácido nucleico, através da oxidação.

Indicação: Antissepsia de pele e mucosas pericateteres.

Contraindicação: Feridas abertas de qualquer etiologia.

Obs.: É neutralizado na presença de matéria orgânica. Em lesões abertas altera o processo de


cicatrização (citotóxicos para fibroblasto, macrófago e neutrófilo) e reduz a força tênsil do tecido.

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TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III

2. Clorexidina

Composição: Di-gluconato de clorexidina.

Ação: Atividade germicida por destruição de membrana citoplasmática bacteriana.

Indicação: Antissepsia de pele e mucosa pericateter.

Contraindicação: Feridas abertas de qualquer etiologia.

Obs.: A atividade germicida se mantém mesmo na presença de matéria orgânica / Citotóxico /


Reduz a força tênsil tecidual.

3. Peróxido de hidrogênio (água oxigenada)

Composição: Peróxido de hidrogênio a 3%.

Ação: Bactericida limitado.

Indicação: Não existe para ferida.

Contraindicação: Inapropriado para uso como antisséptico.

Obs.: Citotóxico / Colapso da ferida por formação de bolhas de ar.

Coberturas
Alguns produtos utilizados no âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar.

Filme transparente

Figura 6.

Composição: Filme de poliuretano, transparente, elástico, semipermeável, aderente a superfícies


secas.

Forma da apresentação: Película.

49
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE

Ação: Mantém o ambiente úmido, favorável à cicatrização; possui permeabilidade seletiva,


permitindo a difusão gasosa e a evaporação de água; impermeável a fluidos e micro- organismos.

Indicação: Fixação de cateteres vasculares; proteção de pele íntegra e proeminências ósseas na


prevenção de úlcera por pressão; cobertura de incisões cirúrgicas após 24 horas de pós- operatório;
fixação de curativos.

Contraindicação: Feridas com muito exsudato ou infectadas.

Modo de usar:

»» limpar a pele, ferida ou inserção do cateter com gaze e SF a 0,9%;

»» secar com gaze;

»» aplicar o filme sobre a ferida ou o local de inserção do cateter, escolhendo o tamanho


adequado;

»» deixar uma margem de 2cm a 4cm ao redor da ferida;

»» levantar as extremidades e puxar o filme no sentido do crescimento do pelo, para


remoção;

»» trocar quando necessário, podendo permanecer na pele até 7 dias.

Membrana transparente

Figura 7.

Composição: Membrana celulósica bacteriana microfibrilar, translúcida, obtida por processo


biotecnológico; membrana em poliuretano, hipoalergênica, transparente, altamente flexível, não
adesiva.

Forma de apresentação: Película.

Ação: Acelera o processo de cicatrização em feridas limpas sem tecido necrosado; forma barreira
completa a micro-organismos; permite troca gasosa, passagem do excesso de fluidos e difusão de
drogas solúveis em água.

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Indicação: Lesões livres de infecção e tecido necrosado; lesões superficiais; queimadura de 1o e 2o
graus.

Contraindicação: Lesões profundas, com tecido desvitalizado ou presença de infecção.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» escolher a película com o tamanho que ultrapasse a borda da ferida em pelo menos
2 cm;

»» aplicar a membrana sem deixar bolhas de ar ou rugas, por meio da ajuda de uma
gaze embebida em SF, passando-a suavemente do centro da película para as bordas;

»» ocluir com curativo secundário absorvente e fixar;

»» trocar, se necessário, se a membrana estiver danificada ou pela necessidade de


reavaliar o processo de cicatrização.

Curativo úmido com solução fisiológica


Composição: Cloreto de sódio a 0,9%.

Forma de apresentação: Líquida.

Ação: Limpa e umedece a ferida; favorece a formação de tecido de granulação; amolece os tecidos
desvitalizados; favorece o desbridamento autolítico.

Indicação: Manutenção da ferida úmida.

Contraindicação: Feridas com cicatrização por 1a intenção e locais de inserção de cateteres,


introdutores, fixadores externos e drenos.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» colocar gaze úmida o suficiente para manter úmido até a próxima troca;

»» ocluir com curativo secundário;

»» fixar, caso necessário;

»» Trocar de acordo com a saturação do curativo secundário ou no máximo 24 horas.

Obs.: A solução fisiológica pode ser substituída por solução de Ringer Simples.

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UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE

Curativo com ácidos graxos essenciais (AGE)


Composição: Óleo vegetal composto por ácidos linoleico, caprílico, cáprico, vitaminas A, E e
lecitina de soja.

Ação: Promove quimiotaxia leucocitária; promove a angiogênese; mantém o meio úmido; acelera
o processo de granulação.

Indicação: Prevenção e tratamento lesões abertas.

Contraindicação: Feridas com cicatrização por primeira intenção.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» realizar desbridamento, caso necessário;

»» espalhar AGE no leito da ferida ou embeber gazes estéreis de contato para manter
o leito úmido;

»» ocluir com cobertura secundária e fixar;

»» trocar a cada 24 horas.

Obs.: Pode ser associado a outras coberturas.

Colagenase mono
Composição: Colagenase clostridiopeptidase-A e enzimas proteolíticas.

Forma de apresentação: Pomada.

Ação: Age seletivamente, degradando o colágeno nativo da ferida; desbridamento enzimático suave
e não invasivo; atua em pH 6-8; inativado em presença de iodo e de íons pesados como prata e
mercúrio.

Indicação: Desbridamento enzimático de tecido desvitalizado; pouco efeito em desbridamentos


intensos.

Contraindicação: Feridas com cicatrização por 1a intenção; sensibilidade às enzimas.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» aplicar camada fina de pomada sobre a área a ser tratada;

»» colocar gaze úmida em SF a 0,9%;

52
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III

»» ocluir com curativo secundário;

»» Fixar, caso necessário;

»» Trocar a cada 24 horas.

Fibrinolisina
Composição: Emoliente de origem bovina, composto de fibrinolisina, desoxirribonuclease e 1%
de cloranfenicol.

Forma de apresentação: Pomada.

Ação: Favorece a dissolução de exsudato e tecidos necróticos pela ação lítica da fibrinolisina sobre
a fibrina e da desoxirribonuclease sobre o ácido desoxirribonucleico.

Indicação: Desbridamento enzimático suave e não invasivo das lesões.

Contraindicação: Feridas com cicatrização por 1a intenção; sensibilidade a produtos de origem


bovina.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» aplicar camada fina de pomada sobre a área a ser tratada;

»» colocar gaze úmida em SF a 0,9%;

»» ocluir com curativo secundário;

»» fixar, caso necessário;

»» trocar a cada 24 horas.

Papaína
Composição: Complexo de enzimas proteolíticas, retirado do látex do mamão- papaia.

Forma de apresentação: Pó, gel, pomada.

Ação: Provoca dissociação das moléculas de proteína, resultando em desbridamento químico


seletivo; possui ação bactericida e bacteriostática; estimula a força tênsil das cicatrizes; pH ótimo
de 3-12.

Indicação: Tratamento de feridas abertas, limpas ou infectadas; desbridamento de tecidos


desvitalizados.

53
UNIDADE III │ TÍTULO DA UNIDADE

Contraindicação: Sensibilidade a enzima e reação álgica durante o uso.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» aplicar camada fina da apresentação sobre a área a ser tratada;

»» colocar gaze úmida;

»» ocluir com curativo secundário;

»» Fixar, caso necessário;

»» trocar a cada 24 horas ou de acordo com a saturação do curativo secundário.

Obs.: O percentual de concentração da papaína pode variar normalmente de 2% a 10 %, de acordo


com o tecido encontrado na área a ser tratada.

»» Tecido de granulação – 2%

»» Exsudato purulento – 4% a 6%

»» Necrose – 8% a 10%

Hidrogel

Figura 8.

Composição: Gel transparente, contendo de 70% a 90% de água, carboximetilcelulose (CMC),


além de outros compostos que podem variar, como propilenoglicol (PPG) e alginato de sódio.

Forma de apresentação: Gel amorfo e placa.

Ação: Amolece e remove o tecido desvitalizado através de desbridamento autolítico.

»» Água: mantém o meio úmido.

»» CMC: facilita a reidratação celular e o desbridamento.

»» PPG: estimula a liberação de exsudato.

»» Alginato de sódio: aumenta a absorção e melhora a consistência, aumentando o


tempo de permanência na ferida.

54
TÍTULO DA UNIDADE │ UNIDADE III

Indicação: Desbridamento autolítico de áreas necróticas secas, tecido desvitalizado mole e feridas
em fase de granulação/epitelização.

Contraindicação: Feridas com cicatrização por 1a intenção.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com SF a 0,9%;

»» aplicar o gel/placa sobre a área a ser tratada ou introduzir na cavidade assepticamente;

»» ocluir com cobertura secundária;

»» fixar, se necessário;

»» trocar:

›› necrose seca: máximo 3 dias;

›› desvitalizado mole: 1 a 3 dias, dependendo da saturação do curativo secundário;

›› presença de infecção: a cada 24 horas.

Hidrocoloide

Figura 9.

Composição: Carboximetilcelulose; podendo ser adicionado de outros produtos como: pectina,


gelatina, alginato de cálcio, carvão ativado.

Forma de apresentação: Grânulos, pasta, placa.

Ação: Estimula o desbridamento autolítico; estimula a neoangiogênese e promove a manutenção


do pH.

Indicação: Feridas abertas limpas não infectadas com leve a moderada exsudação; prevenção de
úlcera por pressão; curativo primário para incisão cirúrgica.

Contraindicação: Feridas infectadas, feridas com tecido desvitalizado e queimadura de 3o grau.

55
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» escolher o hidrocoloide (placa) com o tamanho que ultrapasse a borda da ferida em


pelo menos 2cm;

»» pressionar firmemente as bordas do hidrocoloide e massagear a placa para perfeita


aderência;

»» Trocar quando ocorrer saturação da placa, que deixa o hidrocoloide mais claro e
menos denso, com aspecto de bolha interna; quando o gel extravasar ou o curativo
descolar ou no máximo a cada 7 dias.

Obs.: A interação do exsudato com o hidrocoloide produz um gel amarelo e nas primeiras trocas
poderá ocorrer odor desagradável; em feridas cavitárias ou tunelizadas pode ser associado à placa
o grânulo e a pasta.

Hidropolímero / Tielle

Figura 10.

Composição: Almofada de espuma composta de camadas sobrepostas de não tecido e hidropolímero


revestida por poliuretano.

Forma de apresentação: Placa.

Ação: Proporciona um ambiente úmido e estimula o desbridamento autolítico; absorve e retém o


exsudato através de sua estrutura porosa que se expande à medida que absorve o exsudato.

Indicação: Feridas abertas não infectadas com baixa a moderada exsudação.

Contraindicação:Feridas colonizadas/ infectadas, grande quantidade de exsudato, com tecido


desvitalizado ou necrose.

56
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» posicionar o curativo sobre o local da ferida, de forma que a almofada de espuma


ultrapasse pelo menos 1 cm da borda da lesão;

»» utilizar curativo secundário absorvente;

»» fixar,caso necessário;

»» trocar sempre que houver presença de fluído nas bordas do curativo ou no máximo
a cada 7 dias.

Alginato de cálcio

Figura 11.

Composição: Fibras de não tecido, derivadas das algas marinhas marrons, composta por ácido
gulurônico e manurônico, podendo ser adicionado de íons de cálcio e sódio além da prata.

Forma de apresentação: Cordão e placa.

Ação: através da troca iônica cálcio x sódio existente no exsudato e no sangue, auxilia no
desbridamento autolítico; induz a hemostasia; possui alta capacidade de absorção; propicia
formação de gel que auxilia a manutenção do meio úmido; quando associado a prata possui efeito
bactericida.

Indicação: Feridas abertas, sangrantes, altamente exsudativas com ou sem infecção, cavitárias ou
não.

Contraindicação: Lesões superficiais ou com pouco exsudato e lesões por queimadura.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» secar a pele ao redor da ferida;

57
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

»» posicionar o curativo dentro da lesão; não deixar ultrapassar a borda para evitar
maceração;

»» ocluir com curativo secundário absorvente estéril;

»» trocar:

›› o curativo secundário sempre que estiver saturado;

›› o curativo primário a cada 24 horas em presença de infecção (alginato sem


prata); em feridas limpas e sangrantes a cada 48 horas ou quando saturado;
em feridas limpas altamente exsudativas quando a cobertura secundária estiver
saturada; tempo de permanência máximo – 3 a 4 dias.

Obs.: Quando utilizado alginato com prata, o mesmo pode permanecer até 7 dias.

Hidrofibra

Figura 12.

Composição: 100% de fibras de CMC sódica; pode estar associado à prata iônica (1,2%).

Forma de apresentação: Placa ou fita.

Ação: Tem alta capacidade de absorção; realiza interação com exsudato da ferida formando um gel
; mantém meio úmido ideal; auxilia no desbridamento autolítico.

Indicação: Lesões com grande quantidade de exsudato.

Contraindicação: Lesões com baixo exsudato; com presença de necrose de coagulação.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» selecionar o tamanho adequado do curativo, deixando passar 1cm após a borda da


lesão;

58
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

»» ocluir com curativo secundário absorvente estéril;

»» trocar:

›› o curativo secundário sempre que estiver saturado;

›› a hidrofibra quando saturada (lâmina/fita úmida);

›› em feridas não infectadas, podendo permanecer até 7 dias;

›› a hidrofibra associada à prata, podendo permanecer por 7 dias em lesões


infectadas.

Obs.: A hidrofibra com prata, quando utilizada em queimadura de 2o grau, pede a aderência do
curativo sobre a lesão, podendo permanecer sobre a ferida até 14 dias; se a queimadura estiver
infectada, devem ser realizadas inspeções frequentes. À medida que a queimadura se re-epiteliza o
curativo de hidrofibra com prata se desprenderá ou poderá ser retirado com facilidade.

Colágeno
Composição: Colágeno + alginato de cálcio; colágeno + celulose oxidada regenerada (ORC);
colágeno + ORC + prata.

Ação: Fornece apoio estrutural para o crescimento celular; facilita a migração e proliferação celular;
favorece suporte para a adesão celular; equilibra a produção de proteases; protege os fatores de
crescimento; propriedades: hemostática, bacteriostática e bactericida.

Indicação: Feridas agudas e crônicas que estejam livres de tecido necrótico e infecção.

Contraindicação: Alergia a produto bovino.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» realizar desbridamento, caso necessário;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» moldar o curativo no leito da lesão;

»» cobrir com tela não aderente ou gaze;

»» utilizar curativo secundário absorvente estéril e fixar;

»» trocar no máximo de 3 a 4 dias.

59
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Obs.: Todas as composições se transformam em gel após interação com exsudato; quando utilizado
colágeno + ORC + prata, pode haver infecção presente.

Sulfadiazina de prata a 1%
Composição: Sulfadiazina de prata micronizada, 10mg.

Ação: O íon de prata causa precipitação de proteínas e age diretamente na membrana citoplasmática
da célula bacteriana, exercendo ação bactericida imediata e bacteriostática residual pela liberação
de pequenas quantidades de prata iônica.

Indicação: Queimadura (prevenção de colonização e tratamento), úlcera por pressão, úlceras


venosas de MMII e feridas cirúrgicas.

Contraindicação: Pacientes alérgicos às sulfas e demais componentes da formulação, gravidez


a termo, crianças prematuras e recém-natos no primeiro mês de vida, quando a utilização for em
grandes áreas do corpo.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» realizar desbridamento, caso necessário;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» aplicar uma fina camada no leito da lesão;

»» cobrir com gaze seca moldada no leito da lesão;

»» utilizar curativo secundário absorvente estéril e fixar;

»» trocar a cada 12 horas ou 24 horas.

Dermacerium
Composição: Sulfadiazina de prata micronizada e nitrato cerium hexahidratado.

Ação: Eficaz contra uma grande variedade de micro-organismos, tais como: bactérias gram
negativas, fungos, protozoários e alguns vírus; reepitelizante; promove melhor leito de enxertia e
ação imunomoduladora por inibição da ação tóxica do complexo lipoproteico (LPC).

Indicação: Tratamento de queimaduras e feridas que não evoluem com coberturas oclusivas e
feridas extensas (com área superior a 350cm²);

Contraindicação: Presença de hipersensibilidade aos componentes.

60
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» realizar desbridamento, caso necessário;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» aplicar uma fina camada no leito da lesão;

»» cobrir com gaze seca moldada no leito da lesão;

»» utilizar curativo secundário absorvente estéril e fixar;

»» trocar a cada 12 horas ou 24 horas.

Carvão ativado e prata

Figura 13.

Composição: Carvão ativado com prata a 0,15%, envolto por não tecido de nylon poroso, selado
nas quatro bordas.

Ação: Absorção do exsudato e do odor, adsorção dos micro-organismos e toxinas; efeito bactericida
e bacteriostático pela prata.

Indicação: Feridas colonizadas/infectadas e exsudativas com ou sem odor.

Contraindicação: Feridas limpas com baixo exsudato e lesões por queimadura.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» realizar desbridamento, caso necessário;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» colocar o curativo de carvão ativado sobre a ferida;

61
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

»» ocluir com curativo secundário absorvente estéril e fixar;

»» trocar:

›› o curativo secundário sempre que estiver saturado;

›› trocar o carvão ativado inicialmente a cada 48 horas ou 72 horas, de acordo com


a saturação da película; tempo de permanência máxima: 7 dias.

Obs.: Não pode ser cortado; na presença de osso ou tendão exposto, realizar primeiro a devida
proteção dos mesmos, com tela não aderente/hidrogel/vaselina antes da aplicação do carvão ativado.

Bota de unna

Figura 14.

Composição: Gaze elástica, óxido de zinco, glicerina, gelatina em pó e água, podendo estar
associados com glicerina, acácia, óleo de castor e petrolato branco,

Ação: Facilita o retorno venoso e auxilia na cicatrização; evita o edema dos MMII.

Indicação: Tratamento ambulatorial e domiciliar de úlceras venosas de perna e edema linfático.

Contraindicação: Úlcera arterial / arteriovenosas ; presença de infecção e miíase.

Modo de usar:

»» fazer repouso com os membros inferiores elevados na véspera;

»» preparar a perna para a aplicação, com repouso de 20 a 30 minutos antes do


procedimento;

»» lavar a ferida com jato de SF 0,9%;

62
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

»» aplicar a bota a partir das base dos pododáctilos até 3 dedos abaixo da região
infrapatelar, com técnica de enfaixamento circular, sem fazer compressão;

»» aplicar gaze seca sobre a bota na área correspondente à lesão;

»» fazer enfaixamento com atadura de crepom, podendo ser associada à bandagem


elástica para compressão;

»» trocar

›› a gaze e a atadura de crepom diariamente;

›› a bota semanalmente.

Obs.: Devem ser observados sinais de infecção local ou sistêmica durante o uso.

Sistema de compressão
Composição: Curativo não aderente; 1a camada de atadura de algodão em espuma de poliuretano;
2a camada de atadura de compressão com auxílio visual; 3a camada de atadura aderente e de
compressão.

Ação: Compressão sustentável, revertendo à pressão nos leitos capilares e fazendo com que o
sangue retorne para as veias profundas, reduzindo o edema e melhorando o retorno venoso.

Indicação: Úlcera venosa, linfedema; circunferência do tornozelo ≥ 18cm.

Contraindicação: Linfedema devido a tumor maligno.

Modo de usar:

»» lavar a ferida com jato de SF a 0,9%;

»» secar a pele ao redor da ferida;

»» cobrir a lesão com tela não aderente;

»» sobre a tela não aderente, cobrir com gaze estéril a tela não aderente;

»» enfaixar o MI com a 1a camada da base dos pododáctilos até 5cm abaixo do joelho,
utilizando a técnica circular com 50% de sobreposição;

»» enfaixar a 2a camada sobre a 1a camada, com técnica em espiral, da base do pé até o


tornozelo e depois em oito, com 50% de sobreposição;

»» enfaixar a 3a camada sobre a 2a camada, utilizando a técnica circular com 50% de


sobreposição;

»» trocar a cada 7 dias.

63
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Obs.: Ao final do enfaixamento de cada camada, cortar o excesso.

Bota gessada

Figura 15.

Composição: Gaze especial alvejada, hidrofilizada, composta de algodão e gesso ortopédico.

Ação: Imobilização e descarga de pressão.

Indicação: Úlceras neurotróficas plantares, de graus I e II, fraturas neuropáticas e imobilização


pós-operatória dos membros inferiores.

Contraindicação: Infecção aguda, ferimentos estreitos e profundos, dermatoses ativas, edema


acentuado e pele frágil.

Modo de usar:

»» imergir a atadura gessada em água na temperatura ambiente e, ao retirá-la do


recipiente, deixar o excesso de água escorrer pelas extremidades. O tempo de
imersão deve ser rápido. O tempo prolongado pode causar maior tempo de secagem
e redução de sua durabilidade.

»» trocar:

›› com uma semana após a aplicação da bota;

›› as demais com intervalos de 1 a 2 semanas, até a cicatrização ou na presença de


intercorrências, como desconforto, frouxidão ou dano, febre ou adenomegalia,
odor fétido ou sinal de aumento de exsudato.

64
CAPÍTULO 3
Úlcera por pressão

As úlceras por pressão é um agravo à saúde de pessoas já debilitadas por doenças crônicas
degenerativas e/ou deficit sensório-motor, determinado por condições neurológicas agudas ou
crônicas (diabetes, AVC, lesões medulares). No idoso com dependência, que tem suas funções
cognitivas prejudicadas por síndromes demenciais, este aspecto se intensifica. São áreas localizadas
de hipóxia tecidual que tendem a se desenvolver quando tecidos moles são comprimidos entre uma
proeminência óssea e uma superfície externa, por um período prolongado.

Recomendações para redução da carga mecânica e utilização de suportes.

1. Reposicionar as pessoas restritas ao leito ou com deficit de mobilidade pelo menos


a cada duas horas; pessoas restritas à cadeira, a cada hora (observar se necessita de
proteção abdominal para evitar queda); caso necessário fazer uma escala de horário
de mudança de decúbito por escrito. A incontinência urinária e fecal aumenta o
índice de úlceras por pressão, se necessário usar fraldas e observar as trocas do
paciente para mantê-lo livre de umidade. Monitorizar áreas pouco visíveis em
acamados, mas muito sensíveis a esfoliações, como virilha, genitália (uso de jontex),
bolsa escrotal. Promover conforto e alívio da dor do paciente.

2. Reduzir os danos causados pela fricção com uso de lubrificantes (como cremes e
óleos (AGE)), películas protetoras (como curativos transparentes e selantes para a
pele) e curativos protetores (como hidrocoloides extrafinos).

3. Colocar os pacientes avaliados como em risco, de acordo com a escala de avaliação


utilizada – Braden/Norton (anexos), em colchões, coxins e almofadas que reduzam
a pressão sobre a pele. Sempre utilizar álcool a 70% nos acessórios de plásticos, gel,
napa, carrinhos de curativos para desinfecção.

4. Considerar o alinhamento postural, a distribuição do peso, a estabilidade e a


capacidade para o alívio da pressão quando posicionar pessoas no leito ou nas
cadeiras de roda.

5. Ensinar as pessoas restritas à cadeira e que são capazes a mudar a posição para
aliviar o seu peso a cada 15 minutos.

6. Usar recursos tipo trapézio, lençol móvel, forro, ou traçado de cama para elevar ou
movimentar o paciente, ao invés de o arrastar durante a transferência ou mudança
de posição.

7. Usar travesseiros ou almofadas de espuma para manter as proeminências ósseas,


como joelhos e calcâneos (colocar travesseiros sob a panturrilha para elevar os pés),

65
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

fora do contato direto com a cama ou com outra proeminência do próprio corpo;
procurar manter lençóis sob o paciente sem rugas.

Atenção: não massagear as proeminências ósseas.

8. Evitar posicionar o paciente diretamente sobre o trocânter. Quando usar o decúbito


lateral, usar a posição lateral inclinada em ângulo de 30 graus.

9. O leito em fowler preferencial é de 30 graus ou conforme recomendação médica.


Acima desta inclinação ocorrerá à força de cisalhamento, que propiciará a úlcera
por pressão.

10. Registrar e documentar corretamente dados e intervenções pertinentes; colaborar


com a troca de informação e/ou intercâmbio entre as equipes na discussão dos
casos clínicos. Todas as intervenções e os resultados devem ser monitorizados.

11. Melhorar, se existir potencial, a mobilidade do indivíduo e as atividades com os


esforços de reabilitação fisioterápica consistentes com objetivos gerais da terapia.
A manutenção do nível atual de atividade, mobilidade e amplitude de movimentos
é uma meta apropriada para maior parte dos indivíduos.

12. Identificar indivíduos em risco que necessitem prevenção e os fatores específicos que
os colocam em risco, implementando ações conjuntas que contribuam para redução
do sofrimento do cliente e, também, para redução dos gastos desnecessários que
tanto encarecem a hospitalização.

Estadiamento da úlcera por pressão


Estágio 1 – É um eritema da pele intacta que não embranquece após a remoção da pressão. Em
indivíduos com a pele mais escura, a descoloração da pele, o calor, o edema ou o endurecimento
também podem ser indicadores de danos.

Figura 16. Estágio I

Estágio 2 – É uma perda parcial da pele, envolvendo epiderme, derme ou ambas. A úlcera é
superficial e apresenta-se como uma abrasão, uma bolha ou uma cratera rasa.

66
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Figura 17. Estágio II

Estágio 3 – É uma perda da pele na sua espessura total, envolvendo danos ou uma necrose do
tecido subcutâneo que pode se aprofundar, não chegando até a fáscia muscular. A úlcera apresenta-
se clínicamente como uma cratera profunda.

Figura 18. Estágio III

Estágio 4 – É uma perda da pele na sua total espessura com uma extensa destruição ou necrose de
músculos, ossos ou estruturas de suporte, como tendões ou cápsulas das juntas.

Figura 19. Estágio IV

Obs.: ESCARA – É o termo que antigamente era atribuído como sinônimo de úlcera por pressão,
porém, inadequado, pois, representa a crosta ou camada de tecido necrótico que pode estar cobrindo
a lesão em estágios mais avançados. Só após o desbridamento é que o estágio desta úlcera pode ser
identificado, de acordo com a profundidade ou grau de comprometimento dos tecidos.

67
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Desbridamento
O objetivo do desbridamento é remover o acúmulo de material no leito da ferida, como a necrose,
pois ocorre interferência no processo de reparação, devido ao prolongamento da fase inflamatória,
à inibição da fagocitose,e ao favorecimento do crescimento bacteriano, aumentando o risco de
infecção e atuando como barreira física para a granulação e epitelização. Os métodos podem ser
associados.

Indicações gerais

»» Exsudato purulento

»» Infecção local e sistêmica, inclusive osteomielite

»» Presença de corpos estranhos

»» Escara e esfacelos e grande área de necrose

Contraindicações

»» Feridas de membros inferiores com perfusão duvidosa ou ausente, com escara seca
e estável, até que o estado vascular seja melhorado

»» Presença de escara em paciente termina

»» Úlcera de pressão no calcanhar com presença de escara seca e estável

Métodos

»» Desbridamento Instrumental: realizado com a utilização de objetos cortantes


(tesoura, lâmina de bisturi), podendo variar desde desbastamento de calosidade até
grandes excisões, sendo então dividido em dois tipos: conservador e cirúrgico.

›› Desbridamento instrumental conservador – seletivo para remoção dos tecidos


necrosados, sem atingir tecidos viáveis.

»» Contraindicação: paciente em uso de terapia anticoagulante ou com coagulopatias;


pacientes que não conseguem manter-se quietos para o procedimento; quando a
escara estiver muito aderida; ferida isquêmica com a escara seca e estável.

›› Desbridamento instrumental cirúrgico – não seletivo; realizado para


remoção maciça de tecidos ou em emergência para processos infecciosos graves;
realizado por médico- cirurgião, geralmente em centro cirúrgico, com anestesia
e técnica asséptica.

»» Contraindicação absoluta: septicemia sem cobertura de antibióticos sistêmicos;


pacientes clínicamente comprometidos; úlcera isquêmica.

68
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

»» Contraindicação relativa: paciente em uso de terapia anticoagulante ou com


coagulopatias.

»» Desbridamento mecânico: consiste na remoção de tecido morto ou de corpo


estranho do leito da ferida com a utilização de força física.

›› Fricção: gaze umedecida em solução, do centro para fora da ferida; não seletiva.

›› Úmido-seco: gaze umedecida em solução, manter no leito até secar e depois


removêla.

›› Não seletiva.

›› Irrigação: decorrente da força hidráulica (seringa com agulha).

»» Desbridamento autolítico: seletivo; não invasivo; indolor; mais lento do que


os outros métodos; ocorre através da lise natural da necrose pelos leucócitos e
enzimas digestivas do próprio corpo, que estão no leito da ferida, sendo necessário a
manutenção do ambiente úmido. Para uma melhor penetração da umidade, torna-
se necessário a realização da escarotomia.

»» Desbridamento químico: seletiva para remoção de tecido necrosado com


utilização de substâncias exógenas, sendo as substâncias principais as enzimas
(fibrinolisina, colagenase e papaína); mais efetivo que o autolítico, pois as enzimas
são mais potentes na lise dos tecidos.

Obs.: O enfermeiro deve consultar o histórico do cliente para identificar possíveis alergias aos
produtos que serão utilizados na realização do curativo.

O curativo deve ser trocado sempre após o banho do cliente ou sempre que necessário for.

Observar e anotar, em local específico, dependendo da instituição, características e evolução da


lesão.

O enfermeiro, além de todos seus atributos, é um educador e deverá orientar o cliente e/ou familiar
como realizar o curativo em domicílio, se necessário for.

<http://www.sobende.org.br>

<http://sobenfee.org.br/site/>

<http://www.feridologo.com.br>

69
CAPÍTULO 4
Assistência de enfermagem em drenos
e cateteres

Drenos são tubos ou materiais colocados no interior de uma ferida ou cavidade, visando a permitir
a saída de fluído ou ar (Dreno Penrose, Dreno de Sucção, Jackson-Pratt, Hemovac, Dreno de Kerr,
Toráx).

Indicações
»» Evitar acúmulo de líquidos em espaços potenciais.

»» Remover coleções diversas de cavidades naturais, vísceras e locais de cirurgia.

Cuidados gerais de enfermagem


Algumas cirurgias exigem a necessidade da colocação de drenos para facilitar o esvaziamento do
ar e líquidos (sangue, secreções) acumulados na cavidade. Assim, para que exerça corretamente
sua função, o profissional deve ter a compreensão do que vem a ser dreno, bem como suas formas
e localizações. Dreno pode ser definido como um objeto de forma variada, produzido em materiais
diversos, cuja finalidade é manter a saída de líquido de uma cavidade para o exterior.

Drenos: cuidados necessários


De maneira geral, os cuidados de enfermagem são os seguintes.

»» Manter a permeenagem, atentando para a quantidade e o aspecto da secreção


drenada, e registrar corretamente todos estes dados.

Sistemas de drenagem aberta

Dreno de Pen Rose

70
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Figura 20.

É o mais utilizado em sistema de drenagem aberta. De largura variada, é utilizado principalmente


para cirurgias em que haja presença de abscesso na cavidade, particularmente nas cirurgias
abdominais nas quais se posiciona dentro da cavidade, sendo exteriorizado por um orifício próximo
à incisão cirúrgica.

Com relação aos cuidados de enfermagem, por se tratar de um sistema aberto, deverá estar sempre
protegido por um reservatório (bolsa) ou gazes.

A manipulação deve ser feita de maneira asséptica, pois existe a comunicação do meio ambiente
com a cavidade, o que possibilita a ocorrência de infecção, e o profissional deve estar atento para a
possibilidade de exteriorização, o que não é incomum.

Sistema de drenagem fechada


Realiza a drenagem com o auxílio de uma leve sucçcão (vácuo), sendo composto

por uma extensão onde uma extremidade fica instalada na cavidade e a outra em uma bolsa com o
aspecto de sanfona.

Dreno de sucção

Figura 21.

Objetivos
Drena a secreção através do efeito de vácuo provocado pelo suctor – ação de sucção. Só terá

função se o frasco estiver totalmente sanfonado.

71
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Realiza sucção continua e suave – em cirurgias de mastectomia, fraturas de fêmur e tireoidectomia,


por exemplo.

Características

»» Sistema de fixação ao leito ou para deambulação do paciente

»» Saída para esvaziamento com tampa

»» Tubo extensor

»» Reservatório sanfonado

»» Pinça ou clamp (corta-fluxo)

»» Conector em “Y”

»» Cânula de aço com proteção na ponta

»» Dreno radiopaco multi perfurado

»» Esterilizado a óxido de etileno

Assistência de enfermagem
»» Orientar o cliente quanto ao manuseio do dreno, caso ele deambule sozinho.

»» Orientar a equipe de Técnicos quanto aos cuidados do dreno.

»» Fazer a prescrição de enfermagem; atenção ao curativo.

»» Esvaziar o dreno conforme horário de rotina do hospital e sempre que necessário.

»» Anotar cor, odor, aspecto e quantidade da secreção.

Técnica de curativo

»» Lavar o frasco com SF 0,9%; desprezar e sanfonar novamente o frasco.

»» Manter frasco coletor sempre abaixo do nível de inserção.

72
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Dreno Jackson Pratt

Figura 22.

Funciona com pressão negativa e diferencia-se do anterior por possuir a forma de pera – sendo
comumente utilizado para cirurgias abdominais. O principal cuidado com este tipo de dreno é a
correta manutenção do vácuo, obtido com a compressão do reservatório. Caso contrário, a drenagem
não será eficaz, podendo ocorrer acúmulo de secreção – o que provocaria no cliente dor, desconforto
e alterações dos seus sinais vitais, entre outras intercorrências.

Dreno de Kehr

Figura 23.

Dispositivo em forma T. É introduzido na região das vias biliares extra-hepáticas, utilizadas para
drenagem externa, descompressão, ou ainda, após anastomose biliar, como prótese modeladora,
devendo ser fixado por meio de pontos na parede duodenal lateral ao dreno, na pele, impedindo sua
saída espontânea.

73
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Dreno de tórax

Figura 24.

Na cavidade torácica, a pressão é menor que a do ar atmosférico, o que possibilita a entrada de ar.
Sempre que o pulmão perde essa pressão negativa, por abertura do tórax devido à cirurgia, trauma
ou por presença de ar, pus, ou sangue no tórax, ocorrerá o colapso pulmonar.

Na presença desse colapso, faz-se necessária a realização de drenagem torácica para a reexpansão
pulmonar pela restauração da pressão negativa.

Cuidados de enfermagem ao manuseio do


sistema de drenagem torácica

Figura 25.

Cuidados

1. Jamais o dreno torácico deve ser separado do sistema de drenagem, antes de ser
grampeado, isto é, fechado.

2. Jamais levante o sistema de drenagem acima da cintura sem antes grampear o


sistema, pode provocar um pneumotórax.

74
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

3. O sistema é estéril, então, ao manuseá-lo, devem-se tomar as precauções de


manuseio de material estéril.

4. O selo d’água deve ser verificado se está no nível coletor antes de abrir o sistema
novamente.

5. Adicionar água destilada até a marca apropriada, caso o nível de líquido esteja
abaixo do padrão.

6. Deve-se instruir o cliente para deambular com o sistema.

7. Ao desprezar o conteúdo, não se esquecer de medi-lo, diminuindo o valor referente


ao selo d` água; descrever o aspecto e a característica do líquido drenado.

8. Examinar diariamente o local de inserção do dreno torácico, averiguando se está


corretamente preso e palpando o local à procura de edema subcutâneo.

9. Verificar se o selo d`água apresenta movimentos de acordo com a respiração.

10. Jamais grampeie o dreno torácico durante um longo período.

11. Manter o curativo do local do dreno seco e intacto.

Obs.: A frequência do controle da drenagem dependerá da rotina da unidade em que o profissional


esteja trabalhando, mas, no mínimo, deve ser realizado uma vez por plantão.

75
CAPÍTULO 5
Enfermagem perioperatória

É um termo utilizado para descrever os cuidados de enfermagem administrados na


experiência cirúrgica total do paciente: pré-operatória, intraoperatória e pós-operatória.

Fase pré-operatória
O cliente é submetido a exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico e que auxiliarão o
planejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sintomas e as precauções necessárias
para evitar complicações pós-operatórias, ou seja, abrange o período desde a indicação para a
cirurgia até a transferência para a sala cirúrgica.

Nesta fase, faz-se necessário o consentimento formal (permissão para a cirurgia). É o processo
de informar ao paciente sobre o procedimento cirúrgico e a obtenção de seu conhecimento, o
que constitui um requisito legal. Em geral, os hospitais possuem um formulário de permissão
padronizado para a cirurgia, aprovado pelo departamento jurídico do hospital.

Alguns cuidados de enfermagem nesta fase


»» Preparo emocional.

»» Orientação quanto a dor e náusea.

»» Orientação quanto a deambulação precoce; ensinar movimentos ativos dos MMII.

»» Mensuração dos dados antropométricos (peso e altura) e dos sinais vitais para
posteriores comparações.

»» Encaminhamento para realização dos exames de sangue, raios X, ECG, TC e outros,


se necessário for.

»» Remoção de joias, anéis, próteses dentárias, lente de contato.

»» Preparo do intestino quando indicado dias antes ou na noite anterior à cirurgia.

»» Esvaziamento da bexiga.

»» Esvaziamento espontâneo: antes do pré-anestésico.

»» Sonda vesical de demora: cirurgias em que a mesma necessite ser mantida vazia, ou
naquelas de longa duração, ,geralmente realizado no centro cirúrgico.

»» Educação ao paciente.

76
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

A educação ao paciente é um componente vital do processo cirúrgico. A educação pré-operatória


ao paciente pode ser oferecida por diálogo, discussão, uso de auxílios audiovisuais, demonstração e
demonstração com retorno. Destina-se a ajudar o paciente a compreender a experiência cirúrgica,
para minimizar a ansiedade e promover a recuperação plena da cirurgia e anestesia. O programa
educacional pode ser iniciado antes da hospitalização pelo médico e pelo enfermeiro, o que é
particularmente importante para os pacientes no dia da cirurgia ou que sofrem procedimentos
cirúrgicos ambulatoriais. O enfermeiro pode avaliar a base de conhecimento do paciente e usar esta
informação no desenvolvimento de um plano para curso perioperatório sem intercorrências.

Prevenção de infecções

Fatores
»» Quantidade e virulência dos micro-organismos.

»» Capacidade de defesa do cliente.

Tricotomia: máximo de 2 horas antes ou no próprio centro cirúrgico, menor área possível e
método não agressivo.

Cuidados da equipe
Uniformes limpos e unhas curtas e limpas, lavando as mãos antes e após cada procedimento,
respeitando as técnicas assépticas na execução dos cuidados, oferecendo ambiente limpo e
observando os sinais iniciais de infecção.

Cuidados com o cliente


Banho com antissépticos específicos (clorexidina ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e no dia
da cirurgia, tricotomia, lavagem intestinal, retirada de objetos pessoais, próteses e outros.

Fase intraoperatória
Compreende o momento em que o cliente é recebido na sala cirúrgica até quando é admitido na sala
de recuperação pós -anestésica.

Alguns cuidados na fase Intraoperatória (ou transsoperatória)

»» Receber o paciente no CC, apresentar-se ao paciente, verificar a pulseira de


identificação e o prontuário.

»» Confirmar informações sobre o horário de jejum, alergias, doenças anteriores como


condutas de segurança.

77
UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

»» Encaminhar o paciente à sala cirúrgica.

»» Colocar o paciente na mesa cirúrgica de modo confortável e seguro, posicionando-o


de acordo com o tipo de cirurgia.

Posições cirúrgicas

Figura 26.

78
ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Anestesia
Os objetivos da anestesia são propiciar sedação e relaxamento muscular apropriados para o tipo de
procedimento cirúrgico, assim como controlar o sistema nervoso autonômico.

As drogas anestésicas podem produzir anestesia geral ou anestesia local, (raquiana e peridural).

Técnicas anestésicas

Sedação consciente
»» O paciente permanece consciente, com alguma alteração: humor, sonolêncie, por
vezes, analgésica.

»» Os reflexos protetores permanecem intactos.

Sedação profunda
»» O paciente adormece, mas é facilmente despertado.

»» Os reflexos protetores estão presentes de forma diminuída.

Anestesia geral
»» Perda completa da consciência.

»» Estado reversível que propicia analgesia, relaxamento muscular e sedação.

»» Reflexos protetores ausentes.

»» Anestésicos ou inalados.

Durante a anestesia geral, o cliente deve ser posto em decúbito dorsal: deitado de costas, pernas
estendidas ou ligeiramente flexionadas, um dos braços estendido ao longo do corpo e o outro
apoiado no suporte de braço.

Anestesia regional
»» Produção de anestesia em uma região específica do corpo.

»» Injeção de anestésicos locais nas proximidades dos nervos específicos.

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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Anestesia espinhal
»» Anestésico local injetado no espaço intratecal lombar.

»» Anestésico bloqueiaa condução nas raízes nervosas espinhais e gânglios dorsais; a


paralisia e analgesia acontecem abaixo do nível da injeção.

Anestesia epidural
»» Conseguida ao injetar o anestésico local no espaço epidural por meio de uma punção
lombar.

»» Resultados similares ao da analgesia espinhal.

Obs.: A anestesia peridural teve seu grande desenvolvimento na década de 1960, porque a raque
ficou desmoralizada, em consequência da cefaleia pós-raque.

Posicionamento para facilitar a punção da região lombar com abertura máxima dos espaços
intervertebrais.

Figura 27.

Bloqueio dos nervos periféricos


Obtidos por injetar o anestésico local para anestesiar o local cirúrgico.

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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

Tempo cirúrgico
Abrange, de modo geral, a sequência dos quatro procedimentos realizados pelo cirurgião durante o
ato operatório.

»» Diérese: dividir, separar ou cortar os tecidos por meio de bisturi, bisturi elétrico,
tesoura, serra ou laser.

»» Hemostasia: compressão direta com os dedos, uso de pinças, bisturi elétrico


(termocautério) ou sutura para prevenir, deter ou impedir o sangramento.

»» Exérese: cirurgia propriamente dita.

»» Síntese cirúrgica: aproximação das bordas da ferida operatória por meio de


sutura, adesivos e/ou ataduras.

Fase pós-operatória
Desde o momento da admissão na sala de recuperação até a avaliação domiciliar/clínica de
acompanhamento.

Pós-operatório imediato (POI): até as 24 horas posteriores à cirurgia. Nesta fase, o enfermeiro
deve estar atento aos sinais e sintomas clínicos de depressão respiratória, hemorragia e/ou choque.

Deve-se ter vigilância constante até sua total recuperação, incluindo saturação de oxigênio, sinais
vitais, padrão respiratório, saturação de oxigênio, nível de consciência e dor.

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UNIDADE II │ ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Pós-operatório mediato: após as 24 horas e até 7 dias depois; tardio, após 7 dias do recebimento
da alta.

Alguns cuidados nesta fase

»» Manutenção da hemostasia ôrganica

»» Promoção dos parâmetros e funções ôrganicos vitais

»» Monitorização das funções vitais (repiração, circulação, metabolismo, sensorial e


excretora)

»» Posicionamento adequado

»» Administração de analgésico conforme prescrição médica

»» Promoção de deambulação precoce

Complicações pós-operatória
O perigo inerente à cirurgia envolve não só o risco do procediemtno cirúrgico,mas, também, os riscos
das complicações pós-operatórias, que podem prolongar a convalescença ou afetar adversamente o
resultado da cirurgia. O enfermeiro tem uma parte importante na prevenção dessas complicações
e colabora com o médico e outros membros da equipe de saúde no seu gerenciamento, caso elas
aconteçam. As principais complicações são estas.

»» Choque

»» Hemorragia

»» Trombose venosa profunda

»» Embolismo pulmonar

»» Complicações respiratórias ( hipoxemia, atelectasia e pneumonia)

»» Retenção urinária

»» Constipação intestinal

»» Psicoses pós-operatórias

Assistência de enfermagem ao paciente internado


O ambiente hospitalar é estressante, barulhento, com normas e rotinas próprias. Nesse ambiente,
o paciente perde sua identidade, privacidade e percepção de liberdade. A hospitalização traz para
os pacientes e seus familiares sentimentos de insegurança que se acentuam quando esses pacientes

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ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA│ UNIDADE II

possuem dependência para os cuidados básicos de enfermagem, como alimentação, higiene e


mobilidade física. Nesse momento, faz se necessário a presença ativa do corpo de enfermagem sob
o comando do enfermeiro, pondo em práticas seus ensinamentos científicos, práticos e, além disso,
sua sensibilidade como pessoa e profissional, lembrando sempre que não está cuidando de uma
“doença”, mas, sim de um “doente, cliente, paciente, semelhante”.

O momento da alta hospitalar é outro momento importante para nossa clientela e seus familiares,
pois significa sua volta ao contexto social. É uma fase de transição que causa muita ansiedade e
preocupação para todos os envolvidos.

Nesse momento, o enfermeiro tem papel importante. Faz-se importante a correta orientação quanto
aos cuidados a serem prestados e as formas de adaptá-los no domicílio; bem como alertar o cliente
sobre seu retorno ao serviço de saúde, para avaliação da evolução.

Para que os familiares efetivamente compreendam a complexidade dos cuidados (técnicas assépticas,
manuseio dos curativos, grau de dependência, uso de medicações etc.), as informações devem ser
passadas desde o momento da hospitalização Esta estratégia evita que o momento da saída não
seja conturbado por conta de um acúmulo de informações, além de garantir a confiabilidade no
profissional.

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Para (não) Finalizar

A pessoa que se propõe a estudar enfermagem, está se comprometendo, pelo resto da sua vida, a
lidar com seres humanos que precisam do seu serviço profissional. Lidará com a vida e a morte,
precisará saber conduzir suas emoções e seus valores para cuidar de outro semelhante. Precisa,
então, estar sempre atualizado. Por meio de seus estudos alcançara esta atualização, não somente
atualização profissional, mas, pessoal. O enfermeiro precisa ser crítico e ter visão holística, ou seja,
cuidar do todo e suas partes.

É preciso não se esquecer de que o ser doente não precisa apenas de medicações e procedimentos
corretos, mas, também, de um profissional que converse, que conheça um pouco o seu paciente. A
pessoa doente sente-se fragilizada, precisa da atenção e do carinho de seus assistentes.

Este material mostrou algumas intercorrências de clínica médica e cirúrgica, mas a busca por mais
informacõe será necessária sempre. Busque! Aprimore-se! Há muito ainda para aprender.

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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações gerais para central de esterilização. Série A.
Normas e Manuais Técnicos, n. 108. Brasília, DF, 2001.

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____________. Planos de cuidados de enfermagem e documentação. 4. ed. Porto Alegre:


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_____________. Compreensão do processo de enfermagem – Mapeamento de conceitos


e planejamento do cuidado para estudantes. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; LEITE, Joséte Luzia; MACHADO, Wiliam César Alves.
Centro cirúrgico: atuação, intervenção e cuidados de enfermagem. São Paulo: Yendis, 2006.

FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; Ensinando a cuidar em Saúde Pública. São Paulo:
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GOFFI, Fabio Schmidt. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnica da


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MEDEIROS, Walter. Os pilares da humanização hospitalar. Rio de Janeiro: Loyola, 2003.

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