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Aspectos Psicológicos e Sociais

do Paciente Renal

Brasília-DF.
Elaboração

Jackson Santos dos Reis

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5

Introdução.................................................................................................................................... 7

Unidade I
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal.................................................................. 11

Capítulo 1
Depressão e comorbidades............................................................................................... 11

Unidade iI
O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização......................... 35

Capítulo 1
Adesão ao tratamento....................................................................................................... 35

Unidade iII
Estratégias De Enfrentamento........................................................................................................ 55

Capítulo 1
Família, educação e espiritualidade: conexões possíveis.............................................. 55

Para (não) Finalizar...................................................................................................................... 77

Referências................................................................................................................................... 78
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Define-se insuficiência renal quando os rins se tornam incapazes de extrair os produtos
de degradação metabólica do corpo ou de realizar as funções reguladoras.

As substâncias normalmente eliminadas na urina acumulam-se nos líquidos corporais


em consequência da excreção renal comprometida, e levam a uma ruptura nas funções
endócrinas e metabólicas, bem como a distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos.

A insuficiência renal é uma enfermidade sistêmica e incide na via final comum de muitas
diferentes doenças do rim e do trato urinário.

Nessas circunstâncias, o rim não consegue realizar suas funções necessárias, isto é,
retirar do sangue todas as escórias metabólicas, como ureia e creatinina, que chegam a
ele, e que devem ser eliminadas na urina.

À medida que a insuficiência renal progride, os pacientes podem apresentar sintomas


que transformam sua vida.

Nas etapas mais avançadas, o seu impacto sobre o estado funcional e a qualidade de
vida torna-se muito notável.

A doença evidencia que o adoecer chega acompanhado de insegurança e ansiedade,


causando esperanças sobre as concepções da vida, bem como as evidências da
importância das relações no âmbito familiar.

Pesquisas descrevem que diagnóstico precoce da disfunção renal e a concomitante


introdução de cuidados que tratam e previnem as complicações clínicas, decorrentes
da perda de função renal, podem retardar a evolução da doença.

Nos dias de hoje, a Insuficiência Renal Crônica (IRC) é considerada um agravo


à sociedade, uma doença de saúde pública com dados mundial. Sendo esta a perda
progressiva e irreversível da função dos rins.

A IRC é uma doença que vem crescendo significativamente e tem como corresponsável
a elevação do número de pessoas que desenvolvem comorbidades como o diabetes,
a hipertensão, canceres como o de útero e colo; essa questão tem piorado, visto que,
muitos doentes renais acabam por detectar a doença tardiamente e/ou muitas vezes
não há um adequado acompanhamento da doença, o que acaba desenvolvendo essas e
outras comorbidades.

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A necessidade de se viver com uma doença crônica implica em um enorme empenho
de adaptação. A ação educativa parece ser a via para ajudar a adaptação e aceitação da
diálise através da participação ativa no tratamento. O trabalho da enfermeira de diálise
peritoneal vai consistir em excitar, motivar e apoiar os pacientes para que possam
realizar seu próprio tratamento.

É preciso ressaltar os desafios nesse processo educacional com vistas à adesão ao


tratamento, pela necessária mudança nos hábitos de vida.

Estar com uma doença crônica causa emoção, confusões e conflitos de culpa, de que
poderia ter cuidado da saúde se existissem mais orientações e conhecimento e, ao
mesmo tempo, indignação por estar nessa situação, gerando, assim, baixa da autoestima,
desânimo, estresse, ansiedade, enfim, mexendo com o desequilíbrio deste paciente e
seus familiares terão que mudar suas rotinas e terem paciência e compreensão para
poder ajudá-lo nessa nova etapa de vida.

Todas as pessoas são capazes de aprender e precisam ser motivadas para buscar, a
cada dia, a aprendizagem, ter em mente que quando se tem uma doença renal crônica,
precisa exercitar novas habilidades intelectuais e práticas para que possam se adaptar e
seguir uma nova rotina de vida, pensando sempre em ter a máxima autonomia e exercer
os cuidados sem dependência.

Mudar os hábitos de vida, rotinas, alimentação é algo difícil, mas o receio e o desânimo
podem ser reduzidos com um olhar e indagação positiva, trazendo para o paciente uma
visão otimista do seu estado de saúde.

O doente renal precisa ser envolvido, trazendo junto à assistência o olhar da humanização
em todas as práticas, buscando constantemente fazer uma educação continuada
direcionada à necessidade de cada paciente.

Os profissionais de saúde precisam ter uma visão psicossocial do paciente renal,


formulando e executando ações e práticas educativas não somente assistenciais, sempre
com foco na qualidade de vida deste indivíduo.

Cabe à equipe não apenas implementar o cuidado, mas entender o contexto social e
familiar ao qual esse paciente está inserido.

A equipe multiprofissional é uma ferramenta importante e deve promover o autocuidado,


sanando dúvidas nos cuidados, tornando, assim, o autocuidado uma forma de aderir

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ao tratamento e aceitá-lo. O paciente tem por necessidade o bem estar, um ambiente
agradável e amigável no momento da hemodiálise, sentir-se cuidado, amparado, seguro,
livre de perigos, protegido de qualquer dano ao seu bem estar e integridade física,
moral e psicológica, junto a profissionais treinados adequadamente para a conduta a
ser tomada em qualquer situação.

Deve-se ter o foco em fazer com que o paciente volte para as suas atividades normais
assim que puder, estimulando-o a cuidar de sua alimentação, higiene, enfim, refletindo
sobre a melhor maneira de enfrentar a patologia da qual é portador. Além de um cuidado
de qualidade e humanizado, outro fator fundamental para a assistência ao Renal
Crônico é a comunicação que deve estar presente pela equipe em todos os momentos,
sendo de forma correta, para que os objetivos sejam alcançados com eficácia e sem
intercorrências.

Além do bem-estar do paciente, lidar com a aceitação deste ao tratamento, a mudança


de vida e hábitos diários, deve-se orientar cuidados especiais, possíveis complicações e
morbimortalidade que o paciente possa ter, como já descrito anteriormente.

A comunicação pode ser vista como uma necessidade básica, uma competência que a
equipe multiprofissional deve desenvolver.

Diante desse contexto, a equipe multidisciplinar tem uma função primordial na


assistência psicossocial e assistencial deste paciente, cabe a ela planejar, coordenar,
identificar todos os aspectos que determinam a saúde e bem-estar deste indivíduo,
registrando as necessidades de cada paciente, tanto dos aspectos físicos quanto
dos psicológicos e sociais, viabilizando alternativas que irão nortear atingir a meta
assistencial de cada um. É necessário entender os sentimentos dos pacientes, entender
se a alternativa de tratamento escolhida é a melhor para aquele caso, ajustando não só
o tratamento, mas ensinando o paciente a se auto cuidar.

Todos esses mecanismos propiciarão, e devem ter como norte, a melhora da qualidade
de vida, já que estamos tratando de uma doença crônica, com diversas comorbidades e
muitas vezes letal.

O profissional, entendendo os aspectos psicológicos e sociais do paciente renal, pode


construir um processo de adaptação, aproveitando para criar diversas formas de
construção do cuidado e condições de mudanças sempre que for conveniente.

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Objetivos
»» Compreender a atuação da equipe multiprofissional nos aspectos
psicológicos e sociais do paciente renal.

»» Aprofundar conceitos sobre os temas: depressão, comorbidades, adesão


ao tratamento.

»» Entender o papel da família, educação e espiritualidade na atenção ao


paciente renal.

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Aspectos
Psicológicos E Unidade I
Sociais Do Paciente
Renal

Capítulo 1
Depressão e comorbidades

Dentre os distúrbios psicológicos mais comuns no renal crônico estão a depressão e a


ansiedade.

A depressão é caracterizada como o comportamento não cooperativo, disfunção sexual


e dificuldades referentes à ocupação e reabilitação.

Apresenta como característica o contato com a perda da saúde e a tristeza gerada


por tal condição, sendo acompanhada por sinais e sintomas de quadros depressivos
como problemas físicos, quando o sentimento da fadiga é constante, tem distúrbio
de sono, inapetência e dores musculares; psíquica, caracteriza-se pela inatenção, por
alterações da memória, ansiedade e frustração também aparecem; comportamental,
que é identificada quando o indivíduo fica negligente, por exemplo no trabalho, nas
responsabilidades sociais, familiares, irritado sempre e instantaneamente, torna-se
incapaz de se concentrar, fica em evidência o aumento das relações de conflitos sociais
além de, muitas vezes, poder chegar ao isolamento, com sentimento de onipotência,
empobrecendo a qualidade de vida e a atitude da pessoa fica cínica.

Entende-se, por depressão, um conjunto de sintomas psicobiológicos que ocasionam


de maneira drástica a adaptação do homem e também sua homeostase, interferindo,
assim, na sua vida profissional e pessoal. Pode promover alto grau de ansiedade e
implica nas características individuais e na percepção do ambiente.

Pode ser dividida em fatores individuais e organizacionais.

Individuais têm como característica personalidade, status sociodemográfico, influência


de percepção que o indivíduo tem do seu ambiente que influencia na forma de lidar com
fatores situacionais e com a doença propriamente dita.

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UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

Organizacionais é determinado por demanda de trabalho, exemplos como eventos para


acontecer, pressão no dia a dia do trabalho e falta de recursos financeiros devido à
própria doença, essas situações favorecem o surgimento da depressão.

Uma vez com depressão, a pessoa apresenta vários sintomas classificados como físicos,
os que trazem fadiga progressiva, constante, insônia, dores nos músculos, dor de
cabeça, imunodeficiência, dentre outros; psíquicos, falta de atenção e concentração,
lentidão e alteração da memória, baixa autoestima, dentre outros; comportamentais,
irritabilidade, perda da iniciativa, comportamento hostil, agressivo, incapaz de relaxar;
e defensivos, com solidão, perda de interesse por trabalhar e por tirar um lazer,
absenteísmo, dentre outros.

Por isso, a busca por uma melhor qualidade de vida, prevenindo o estresse, garantindo
boa saúde física, bom sono, boa alimentação, praticar atividades físicas regularmente e
também manter hobbies e interesse pela vida sociável é fundamental para garantir que
os aspectos psicológicos do paciente renal sejam positivos.

Lazer e qualidade de vida são cruciais para que todo ser humano tenha desempenho
profissional favorável, principalmente quando se fala de períodos de trabalho diversos
e do trabalho em equipe.

O suporte para uma vida social ativa é fundamental no planejamento terapêutico desses
pacientes.

Atividades sociais devem ser estimuladas como processo terapêutico e, muitas vezes,
de prevenção da depressão!

A qualidade de vida é uma necessidade humana básica, assim como moradia, convívio
familiar e social, um cuidado pessoal, um lazer, trabalho satisfatório e remuneração
digna, esses são elementos essenciais à felicidade como um todo.

A Pirâmide de Maslow descreve as necessidades humanas básicas.

A Pirâmide de Maslow ou a Hierarquia das Necessidades de Maslow é um conceito


criado pelo psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow, que determina as condições
necessárias para que cada ser humano atinja a sua satisfação pessoal e profissional.

Observe que a segurança se encontra na base da pirâmide, seguida das necessidades


fisiológicas; portanto, a pessoa necessita do sentimento de segurança para dar vazão às
demais necessidades, partindo do conceito de que quando a pessoa se sente segura, ela
se predispõe a lutar pelos seus demais objetivos, alcançando o topo da pirâmide.

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Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

Conheça a Pirâmide de Maslow em: <http://site.suamente.com.br/wp-content/


uploads/Motiva____o/a_piramide_de_maslow/piramide_de_maslow.gif>.

De acordo com a ideia de Maslow, os seres humanos vivem para satisfazer as suas
necessidades, com o objetivo de conquistar a sonhada autorrealização plena.

O esquema descrito na Pirâmide de Maslow trata justamente da hierarquização dessas


necessidades ao longo da vida do ser humano, quando uma doença crônica afeta o
indivíduo todas as escalas das necessidades humanas são atingidas.

Aprofunde o assunto no link:

<https://www.youtube.com/watch?v=R3EEH6qljMI>.

<http://www.scielo.br/pdf/rae/v20n3/v20n3a05>.

Essa doença é um dano que pode afetar qualquer pessoa independendo de status social,
raça, crença, traz dano mental que afeta muito o pessoal, é um estado ativo em que o
indivíduo se depara diante de uma situação de alarme.

A depressão é basicamente uma “covardia moral”.

A depressão é o não funcionamento normal. Não escolhe classe, raça, religião, hierarquia.

A depressão é um dos problemas prioritários de Saúde Pública, sendo considerada


uma das principais causas de incapacidade entre os problemas de saúde, por esta razão
a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu como sendo um transtorno mental
comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações
entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou apetite.

A mesma apresenta ainda a sensação de cansaço e falta de concentração. Esses sinais


incluem os sentimentos de tristeza, fadiga, memória e concentração diminuídos,
sentimentos de culpa e inutilidade, distúrbios do sono, distúrbios do apetite com perda
ou ganho de peso excessivo, agitação, diminuição do espectro de atenção e ideação
suicida. A depressão é um dos transtornos mentais mais frequentes na população
em geral. Ocorre em todas as faixas etárias, sendo responsável por altos custos de
tratamento, diretos e indiretos, e produzindo grandes prejuízos para o indivíduo e para
a sociedade devido à sua natureza crônica, alta morbidade e mortalidade.

É considerada um problema social de extrema relevância e está associada a vários tipos


de disfunções pessoais, como o surgimento de problemas psicológicos e físicos.

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UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

O desgaste físico e psicológico da doença renal é um dos fatores que podem contribuir
para a depressão. É preciso saber identificar o que está acontecendo para poder intervir.

O sentimento de sobrecarga emocional da doença é um dos aspectos que podem ajudar


no desencadeamento da depressão.

A perda de energia, esgotamento e sentimento de fadiga constante são um dos sintomas


de alerta, observa-se que os pacientes sentem gradativa redução de sua capacidade de
produção e vigor nas suas atividades de vida diárias, bem como o próprio tratamento.

O trabalho da equipe multiprofissional exige comprometimento e dedicação, pois é


envolto de situações de grande responsabilidade, dentre elas de lidarem com questões
da doença que são entendidas, muitas vezes, como uma tragédia e também de assistirem
ao sofrimento e dor.

A diversidade de cargas, tanto na esfera física quanto emocional, pode acarretar aos
doentes renais impactos negativos à sua saúde.

O fenômeno como um sentimento de fracasso e exaustão causado por um excessivo


desgaste de energia e recursos, devido à doença, pode trazer comportamentos de fadiga,
depressão, irritabilidade, aborrecimento, perda de motivação, rigidez e inflexibilidade
tanto por parte do doente renal como dos familiares e entes queridos.

Estudos com profissionais de serviços sociais e de saúde descrevem que as pessoas com
depressão apresentam atitudes negativas e de distanciamento pessoal, muitas vezes
o indivíduo até pode manter suas atividades laborais, entretanto a IRA associada à
depressão faz com que o indivíduo perca o interesse e a motivação pelo trabalho.

A depressão tem uma relevância social muito importante, sendo caracterizada,


nesse primeiro momento, como uma resposta inadequada frente ao estresse crônico
acompanhada de tédio e aborrecimento.

A depressão é comum em todas as regiões do mundo. Um estudo realizado com o apoio


da OMS mostra que em torno de 5% das pessoas sofreram com a depressão no último
ano. Assim, o número de mulheres afetadas pela depressão é 50% mais elevado que dos
homens. Esta maior prevalência nas mulheres se deve, principalmente, à depressão
pós-parto, a qual afeta uma em cada cinco.

A depressão não é apenas uma mudança de humor, trata-se de um sentimento de


tristeza intenso, pode permanecer por semanas, meses, se o indivíduo estiver triste
intensamente por mais de duas semanas, já é considerado um risco para um futuro
diagnóstico de depressão.

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Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

Como já descrito, a depressão inviabiliza o indivíduo de ter uma vida planejada, de


realizar suas atividades cotidianas diárias.

O desencadeamento de outras doenças como, por exemplo, cardiovasculares, pode ser


considerado como fator desencadeante da depressão.

Outras situações como problemas econômicos, desemprego, desinteresse pela qualidade


de vida e tratamento da doença renal podem ser considerados fatores desencadeantes.

Existem graus de depressão, como leve, moderada e grave. O grau vai depender do fator
desencadeante, período de diagnóstico e tratamento da doença. Sabe-se que quanto
mais tardia a intervenção terapêutica, maiores os riscos de insucesso de tratamento.
Alguns relatos descrevem que pessoas que cometeram o suicídio, muitas das vezes
sinalizaram sintomas de depressão e, infelizmente, não foram tratados precocemente.

Dados do Ministério da Saúde afirmam que em torno de 1 milhão de pessoas que


cometem suicídio estavam com diagnóstico de depressão grave não tratada.

No Brasil, 7,6% dos adultos já foram diagnosticados com depressão, o que equivale
a cerca de 11 milhões de pessoas. Dentre esta população, cerca de 52% utilizam
medicamentos.

O Estado que mais é assolado por esta patologia é o Rio Grande Sul, sendo o primeiro
da lista em 2016 com cerca de 13,2% das pessoas maiores de 18 anos diagnosticados
por um profissional de saúde, no mesmo estudo podemos observar a incidência desta
doença no Pará, o qual está no último lugar da lista com apenas 1,6% dos adultos
diagnosticados.

A incidência da depressão no mundo e no


Brasil

Segundo estudos da área da psicopatologia, a depressão atinge todas as raças, idades


e profissões, tanto os profissionais que trabalham direto com o contato humano como
aqueles que têm atribuições rotineiras extremamente operacionais e mecânicas. A
vinculação entre o trabalho e o adoecimento psíquico apresenta visibilidade crescente
devido ao número elevado de casos de depressão e suicídio, inclusive entre a população
rural, nestes casos está associado ao uso indiscriminado de agrotóxicos. Assim como
o número crescente de transtornos mentais entre trabalhadores que vivenciaram
processos de reestruturação produtiva nos seus locais de trabalho, conforme dados do
Ministério da Saúde.
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UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

A depressão, segundo este Órgão, é diferente das mudanças de humor mais comuns.
Ela se manifesta por um sentimento de tristeza que dura, ao menos, duas semanas, e
que impede a pessoa de levar uma vida normal.

Os casos de depressão se distribuem da seguinte maneira:

»» Leve: com possibilidade de tratamento psicossocial no posto de saúde e


pelo clínico geral.

»» Grave: com necessidade de tratamento medicamentoso orientado


também pelo clínico geral; apenas o terceiro nível, gravíssimo e com risco
de suicídio, deveria ser encaminhado para centros especializados e de
referência.

O problema é que o sistema básico – que seria responsável por mapear o primeiro e o
segundo nível – não está preparado.

Já a ansiedade é definida como um estado de humor desconfortável que é vivenciado


pelo sentimento difuso do medo e da apreensão e que acaba desencadeando uma
doença grave e que pode se intensificar dentro dos cuidados, podendo evoluir para uma
ansiedade patológica e que precisa de terapêutica adequada. Os sintomas mais comuns
são tensão motora, hipervigilância e hiperatividade autonômica.

A depressão é um dos problemas reconhecidos como um obstáculo para o tratamento,


ainda continua pouco estudada e sub-notificada entre os profissionais que atuam nesta
área. Sendo que 10% dos pacientes acabam sendo tratados com antidepressivos para
poder trabalhar com esta situação. Estudos demonstram que 73% dos pacientes acabam
falecendo após duas semanas do tratamento, em virtude do avanço da doença.

A depressão acarreta na diminuição da qualidade de vida e da amplificação da dor,


assim como a angústia e o burnout . Em pacientes terminais, a depressão possui um
significado da adesão ao tratamento terapêutico proposto, bem como o risco maior
do suicídio com desejo da antecipação da morte e incapacita os doentes na busca do
sentido, do estabelecimento das relações humanas, causando o mal estar dos doentes
terminais.

Os sinais e sintomas sugestivos de depressão podem ser:

»» choro fácil;

»» culpa;

»» desamparo;

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Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

»» desesperança;

»» disforia;

»» dor ou outros sintomas não controlados;

»» humor deprimido;

»» ideação suicida;

»» incapacidade desproporcionada;

»» inutilidade;

»» isolamento social;

»» má adesão e colaboração terapêuticas;

»» somatização excessiva;

»» tristeza.

O humor deprimido e a tristeza são respostas normais e apropriadas face à doença grave
e ou tratamento debilitante, os sintomas de perda ou ganho de peso, anorexia, insônia,
lentificação psicomotora podem ser decorrentes de doença prévia e cabe ao psicólogo
avaliar estas questões antes de sugerir, à equipe médica, a indicação do tratamento
depressivo.

Depressão é mais que uma rápida tristeza, trata-se de uma tristeza profunda, com
duração prolongada, vem junto com o desânimo, desinteresse, apatia, a pessoa não tem
vontade de fazer nada, tem cansaço e falta de apetite.

Acredita-se que vários fatores podem estar associados às causas, como biológicos,
psicológicos e sociais.

A depressão também pode estar associada ao fator genético.

Em se tratando da depressão, com a presença ou não de um componente genético


(história familiar), esta pode ser classificada de acordo com a causa da seguinte forma:

»» Primária (quando não tem uma causa detectável) ou secundária (atribuível


a doença físicas ou a medicamentos).

»» Genética.

»» Unipolar: sem mania.


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UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

»» Leve ou grave: conforme descrito acima, é classificada de acordo com o


grau dos sintomas.

Observa-se ainda que há outros tipos de depressão:

»» Reativa ou secundária: a depressão reativa pode surgir em resposta a


um estresse identificável como perdas (reações de luto), doença física
importante (tumores cerebrais, AVC, hipo ou hipertireoidismo, doença
de Cushing, LES etc.), ou uso de drogas (reserpina, clonidina, metildopa,
propranolol, promazina, clorpormazina, acetzolamida, atropina,
hioscina, haloperidol, corticosteróides, benzodiazepínicos, barbitúricos,
anticoncepcionais, hormônios tireoidianos etc.). O caso reativo a drogas
corresponde a mais de 60% de todos os demais casos de depressão.

A literatura destaca ainda, conforme segue, mais outros tipos de depressão:

»» Menor ou distimia

Considerada uma desordem depressiva crônica por pelo menos 2 anos em adultos e que
se manifesta pela presença da síndrome depressiva, onde o paciente consegue funcionar
socialmente, mas sem experimentar prazer.

»» Depressão maior ou unipolar

Entendida como sendo uma desordem depressiva primária, endógena, e que não
tem relação causal com situações estressantes, patologias orgânicas ou psiquiátricas,
caracterizando-se por episódio puramente depressivo em períodos variáveis da vida do
paciente geneticamente predispostos à doença.

Neste caso, durante o episódio, os sintomas depressivos são severos e intensos,


impedindo o indivíduo de agir normalmente, havendo alto risco de suicídio (cerca de
25% de todas as depressões), se não tratado corretamente.

»» Depressão bipolar ou psicose maníaco-depressiva

Mesmo recebendo CID diferenciado, a depressão bipolar ou psicose maníaco-depressivo


é uma desordem primária, endógena que se caracteriza por episódios depressivos
alternados com fases de mania ou de humor normal, e oscilações.

Existem ainda os conhecidos subtipos de depressão:

Os quais podem variar muito em relação a sintomas, história familiar, resposta ao


tratamento e evolução. Alguns subtipos de depressão são claramente distintos, com
implicações na escolha do tratamento e no prognóstico, vejamos:

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Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

»» Depressão melancólica ou endógena

Forma grave, com acentuado retardo ou agitação psicomotora, anedonia, humor não
relativo a estímulos agradáveis, despertar matinal precoce, sintomas piores de manhã.

Depressão atípica:

»» Humor reativo a estímulos: depende do estímulo ao qual foi submetido.

»» Depressão sazonal = relacionada à luminosidade diurna, com episódios


que se repetem no outono/inverno e sintomas atípicos. Mais frequente
em países com inverno rigoroso, melhora com fototerapia (exposição
diária prolongada à luz forte).

É difícil reconhecer que está com depressão.

No que diz respeito ao diagnóstico, segundo o DSM IV (2000), os critérios são:

a. Cinco ou mais dos sintomas estiverem presentes durante o período de


duas semanas e representarem uma alteração no funcionamento anterior:

Os sintomas do grupo A são:

›› Agitação/ letargia.

›› Concentração reduzida/ dificuldade na tomada de decisão diariamente.

›› Distúrbio do sono (insônia / hipersonia).

›› Fadiga ou perda de energia diária.

›› Humor deprimido diário.

›› Interesse ou prazer acentuadamente reduzido por todas ou quase


todas as atividades na maior parte do dia.

›› Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida.

›› Perda ou ganho significativo de peso sem dieta.

›› Sentimentos de desvalia ou de culpa sem causa aparente.

b. Os sintomas não satisfazem os critérios para um Episódio Misto.

c. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no


funcionamento social ou ocupacional.

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UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

d. Sintomas não originados de problemas relacionados à condição


clínica/fisiológica do paciente.

e. Sintomas inexplicáveis

No doente renal, a depressão está associada a uma síndrome, esta pode ter aspectos
patogênicos, clínicos e associada ao próprio tratamento.

A origem de ordem patogênica é caracterizada por anomalia funcional e estrutural,


normalmente inicia-se tardiamente no doente renal.

A depressão precisa ser tratada de imediato, a chance de morbidades e mortalidade são


aumentadas nos pacientes renais com depressão.

As causas de depressão no nefropata estão associadas, além dos fatores genéticos, às


limitações, incapacidades, ao luto e, muitas vezes, até à sensação de abandono.

Se o doente renal desenvolve depressão, junto a esse evento pode estar associada a
diminuição da qualidade de vida além do isolamento social, o que consequentemente
pode evoluir para comorbidades graves.

É sabido que as doenças crônicas e incapacitantes são um dos principais fatores de


depressão.

O afeto compreende sensações prazerosas, amabilidade e afabilidade, melancolia e


apatia moderada, como também emoções extremas, tais como alegria, hilaridade, medo
e ódio. Etimologicamente, o termo afeto é originado do latim Affectivo, que significa
afeição, amor, inclinação, disposição. Assim, o afeto refere-se a qualquer categoria de
sentimentos, como distinta do conhecimento ou comportamento.

A afetividade é a capacidade para ter experiências afetivas e reagir sentimentalmente


ou emocionalmente, trata-se de uma manifestação exterior, nem sempre verdadeira,
pois às vezes se esconde por dentro o que se sente. Uma pessoa sensível é rica em afeto,
demonstrando verdadeiro respeito ao ser humano. Afeto significa o cuidado, respeito,
responsabilidade e relacionamento com as pessoas.

O afeto mostra diversos caminhos, com sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão)
e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas).

O afeto traz o desenvolvimento da cognição e inteligência. E é responsável pela ativação


da atividade intelectual.

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Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

O afeto norteia a autoestima, por isso é fundamental.

A afetividade é algo funcional que necessita da ação orgânica e social.

A forma de impacto é variada de acordo com o momento em que o indivíduo está


vivenciando, pode ser modificado por questões sociais e individuais.

Ao longo da vida, a pessoa experiencia diversas emoções, sentimentos e essas interações


podem desencadear a forma como o indivíduo consegue retribuir.

A afetividade vem antes da inteligência no começo da vida, depois com a maturidade


elas se misturam, alguns estudiosos até descrevem que a afetividade sempre está acima
da inteligência.

Observa-se que o psiquismo é construído com base na relação dos fatores sociais e
orgânicos ao longo da vida.

Assim, percebemos que a afetividade e a inteligência, juntamente com a motricidade,


são estruturas importantes para o desenvolvimento do psiquismo.

Nesse processo, o orgânico e o social são os fatores que possibilitam as condições para
que essa evolução ocorra.

Observa-se que a afetividade, bem como a inteligência, é construída ao longo dos anos
nos seres humanos, não vem pronta ao nascer.

É importante entender que a pessoa, como um todo, deve se associar ao


sentimento-corpo-razão o que tem um significado fundamental para a análise de suas
emoções e comportamentos, logo, ele é o responsável desta construção, que depende
do meio externo onde se vive.

Existem quatro temas fundamentais que é necessário se basear para construção do


projeto da psicogênese, o que se destaca:

»» Afetividade.

»» Movimento.

»» Inteligência.

»» Questão da pessoa, do eu.

21
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

Por isso, quando trata-se de depressão é preciso considerar os elementos da psicogênese,


sendo que, o acompanhamento psicoterápico pode auxiliar no entendimento desses
fatores e consequentemente trabalhar o risco ou a própria patologia da depressão.

A psicoterapia ajuda na recuperação da qualidade de vida do nefropata.

Alguns nefropatas apresentam, além dos distúrbios psicológicos como a depressão e


ansiedade, também fases como a NEGAÇÃO, onde ele não reconhece sua enfermidade,
apresenta atitude negativa e colaboram muito pouco; REVOLTA, onde demonstram
comportamento agressivo e tendência a burlar normas. Por fim, ocorre a aceitação, onde
há compreensão real dos limites e possibilidades impostas pela doença, tratamento e
a vida. Por isso, ressalto novamente a importância da comunicação, do diálogo aberto.

Mesmo tendo que enfrentar mudanças, e por mais que os clientes fiquem contrariados
por serem obrigados a se adaptar, devemos lembrar a estes clientes que as mudanças
fazem parte da vida de todas as pessoas.

Às vezes são boas e às vezes ruins, mas tudo sempre muda e, por isso, tais sentimentos
e sensações tendem a desaparecer gradativamente ao longo do tratamento, dando lugar
ao sentimento de confiança, segurança e conforto, pois estará em contato com outras
pessoas que passam pelo mesmo problema, podendo trocar experiências, recebendo
também atenção de vários profissionais que trabalharão com respeito e profissionalismo.

A grande maioria dos nefropatas apresenta pelo menos uma doença crônica, entretanto
se bem gerenciada, conseguem prosseguir a vida normalmente, de forma autônoma e
independente.

Os Transtornos Mentais (principalmente demências e depressão) são uma das doenças


crônicas que mais afetam os nefroptatas.

Transtornos mentais

A literatura aponta que os transtornos psiquiátricos são divididos em:

»» Transtornos psiquiátricos estruturais:
que têm uma origem orgânica


com base anátomo-clínica e causas conhecidas. Como as demências,
retardo mental, as epilepsias com comprometimento psiquiátrico, as
psicoses (esquizofrenia e transtornos de humor/afetivos), a dependência
ao álcool, drogas.

22
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

Figura 1.

Fonte: <http://pad1.whstatic.com/images/thumb/c/c3/Prevent-Alzheimer%27s-Disease-Step-1-Version-2.jpg/670px-Prevent-
Alzheimer%27s-Disease-Step-1-Version-2.jpg>.

»» Transtornos psiquiátricos não estruturais
que não têm origem orgânica,


nem base anátomo-clínica. Como os transtornos neuróticos (transtornos
do estresse, os distúrbios somatoformes, a ansiedade, as fobias e a
depressão neurótica).

A função cognitiva compreende processos mentais de grande importância para adquirir


conhecimento e desenvolver habilidades essenciais para a evolução humana.

Essas alterações podem ser classificadas em delirium, dementia, amnésia e outras


desordens cognitivas; desordem mental gerada por estado geral debilitado ou uma
doença (alterações de humor, ansiedade, alteração da personalidade) e desordens
relacionadas ao uso de substância.

Dentre as funções cognitivas que alteram e fortalecem o estágio de demência,


destaca-se a memória, atenção/concentração, habilidade psicomotora, inteligência,
percepção e fala/linguagem.

Demência

A Demência é uma desordem psiquiátrica estrutural, está classificada entre as


Síndromes Orgânicas (CID F00-09), este grupo inclui os transtornos mentais que
têm em comum uma doença ou lesão cerebral ou outro comprometimento que leva à
disfunção cerebral.

A demência faz parte das Síndromes Orgânicas (CID F00-F03 - Demência na


doença de Alzheimer (F00); Demência vascular (F01); Demência em outras doenças
classificadas em outra parte (F02); Demência não especificada (F03)), trata-se de
uma síndrome decorrente de uma doença cerebral, mais frequentemente de natureza

23
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

crônica ou progressiva, os principais sinais e sintomas são perda da memória,


alterações do pensamento, falta de orientação, compreensão, problemas na capacidade
de aprendizagem, déficit de julgamento. Apresenta quadros predominantemente
neurológicos, apesar dos reflexos psiquiátricos na sintomatologia de manifestação.

Figura 2.

Fonte: <http://www.psicosite.com.br/tra/out/demencia.jpg>.

O funcionamento deficiente de qualquer uma dessas funções pode resultar em pobre


interação social, dificuldade para exercer atividades laborativas/cuidado pessoal e não
adesão ao tratamento, entre outros prejuízos que interferem na qualidade de vida, por
isso, cabe uma avaliação precisa e detalhada da equipe multiprofissional que atua no
caso, juntamente com a família, no intuito de avaliar esse quadro e gerenciá-lo.

Percebe-se que esta “interação”, que leva a um cuidado personalizado, resultará em


respeito entre ambas as partes, o que será um benefício para o cliente, pois através
desse respeito surgirá a confiança, deixando, desta forma, que o cliente relate seus
anseios, medos, dúvidas, enfim, exponha seus sentimentos, ficando “psicologicamente
saudável”. Também existem os problemas de dependência versus independência em
que o cliente confia no equipamento e no pessoal para manter a vida.

A manipulação inadequada de sentimentos acaba levando à exteriorização destes


através de atitudes negativas, fazendo com que o cliente descarregue suas frustrações
sobre a equipe.

Para que isso não ocorra, não podemos desvalorizar o cuidado na assistência, devemos
realizar as técnicas de forma correta e segura, passando para o cliente que você está ali
para ajudá-lo, e que precisa da compreensão e cooperação dele para que tudo dê certo,
assim, quando atitudes negativas se exteriorizarem, estaremos aptos a enfrentá-las.

24
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

As instruções a respeito de sua doença e o envolvimento no planejamento e


implementação de cuidados ajudam a maioria dos clientes a combater os sentimentos
de dependência e se tornarem motivados a se manter o melhor possível, melhorando
também o relacionamento com a equipe.

São frequentes o delirium (prevalência de 28% a 52%), a demência (11%) e as desordens


da memória (3%), sendo que o delirium e demência são observados com maior
frequência em estágios mais avançados da doença.

O que o profissional de saúde deve considerar é que independente da patologia/ motivo


que levou esse paciente a ter o psicológico afetado, a grande maioria acaba tendo,
principalmente ao final do processo assistencial, uma fase demencial, visto que, o
próprio cérebro, dependendo do tempo que o indivíduo está nesse tipo de assistência,
acaba sendo acometido pelo próprio desgaste mental que essa modalidade assistencial
ocasiona.

Figura 3.

Fonte: <https://newsatjama.files.wordpress.com/2013/10/10-2-13-icu-delirium-istock_000021992120xsmall.jpg>.

Observa-se que nos estágios iniciais da doença, e durante o tratamento, não são
incomuns queixas de esquecimento e dificuldade de abstração que podem ocorrer de
forma súbita e discreta.

Nos estágios avançados, a progressão da doença, o acometimento de múltiplos


sistemas e metástases possivelmente aumentam a vulnerabilidade da função cognitiva,
ocasionando essas alterações, por isso a importância da avaliação sistematizada da
função cognitiva em pacientes é fundamental.

Esse exame irá possibilitar a detecção de alterações precocemente, que talvez, inclusive,
passariam desapercebidas sem uma avaliação formal, na contribuição para o diagnóstico
correto de desordens que apresentam sintomas semelhantes, no estabelecimento
do tratamento apropriado, no fornecimento de dados sobre a capacidade do
doente de tomar decisões que podem influenciar seu tratamento, na prevenção de

25
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

riscos/acidentes decorrentes de falência cognitiva, na predição de maior ou menor


tempo de hospitalização e prognóstico.

Figura 4.

Fonte: <http://www.va.gov/GERIATRICS/images/delirium_professionals.png>.

A avaliação inclui a observação do comportamento do doente, anamnese, histórico


médico, exame neurológico, avaliação de exames laboratoriais e de imagem do sistema
nervoso disponíveis, relato de familiares/cuidadores e aplicação de testes para examinar
a função cognitiva.

Recomenda-se avaliar o estado geral do paciente antes de iniciar avaliações longas e


complexas que podem causar estresse ao doente debilitado e à família, o que contradiz
o princípio de maximizar a qualidade de vida dos doentes renais.

No caso de detecção de alteração, a causa deve ser investigada e o plano terapêutico


revisado.

A noção de prevenção da depressão e comorbidades do doente renal tem como


fundamento um modelo processual dos fenômenos patológicos.

Fundamenta-se na História Natural das Doenças (HDN). A HDN é o conjunto de


processos interativos que cria o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer
outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam
a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.

A HND busca a identificação das causas envolvidas e da forma como participam no


processo da doença, a fim de elaborar um modelo descritivo compreendendo as inter-
relações entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente.

26
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

O modelo HND tem dois domínios, o meio externo e o meio interno.

No Meio Externo é onde interatuam determinantes e agentes. Desenvolvem-se todas as


etapas necessárias à implantação da doença. São fatores de natureza física, biológica e
sociopolítica-cultural.

O Meio Interno é locus onde se processaria, de forma progressiva, uma série de


modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas, próprias de uma determinada
enfermidade.

No período de Pré-patogênese ou Período Epidemiológico desenvolve-se a evolução das


inter-relações dinâmicas entre condicionantes ecológicos e socioeconômicos-culturais
e condições intrínsecas do sujeito, até o estabelecimento de uma configuração de fatores
propícios à instalação da doença.

O período de Patogênese ou Patológico caracteriza-se pelas modificações que passam


no organismo vivo.

Num primeiro estágio, as interações do hospedeiro e agente acarretam alterações


bioquímicas, que gradativamente evoluem para histológicas e fisiológicas, detectadas
apenas por exames clínicos-laboratoriais.

Posteriormente, surgem os sinais e sintomas, ou horizonte clínico do processo de


enfermidade, podendo evoluir para a cronicidade, com dano permanente ao organismo
ou sua morte.

As medidas preventivas ocorrem no período epidemiológico e patológico e podem ser:

»» Medidas inespecíficas: que visa o bem-estar das pessoas.

»» Medidas específicas: desenvolvidas para cada dano em particular.

»» Medidas universais: inerente a todas as pessoas, tais como dieta


balanceada, exercícios, higiene.

»» Medidas seletivas: aquelas que ocorrem em momentos específicos do


ciclo vital, como por exemplo, gestantes, adolescentes e idosos.

»» Medidas individualizadas: aquelas que são indicadas caso a caso, como o


controle da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).

A Prevenção Primária são ações dirigidas para a manutenção da saúde, com a promoção
da Saúde, subentende-se moradia adequada, escolas, áreas de lazer, alimentação,

27
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

educação. E ainda medidas de proteção específica: imunização, higiene pessoal e do lar,


proteção e controle de vetores, entre outras, iremos discutir nos próximos capítulos.

Na Prevenção Secundária, as intervenções pautam-se pelo diagnóstico precoce, com


inquéritos para a sua descoberta, exames periódicos, isolamento e tratamento.

O objetivo é a limitação da incapacidade e evitar futuras complicações ou sequelas.

Por fim, a Prevenção Terciária visa desenvolver a capacidade residual do indivíduo para
impedir a incapacidade total, através da reabilitação: fisioterapia, terapia ocupacional
e emprego.

Medidas de proteção e prevenção da exposição


aos fatores de risco no trabalho

Em síntese, a prevenção de Doenças Relacionadas ao Trabalho baseia-se nos


procedimentos de vigilância dos agravos à saúde e dos ambientes e condições de
trabalho que devem ser realizados por equipe multidisciplinar.

Utiliza-se de conhecimentos clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional,


toxicologia, ergonomia, sociologia, bioestatística, psicologia, entre outras disciplinas.
Valoriza a percepção dos trabalhadores sobre seu trabalho e a saúde, e baseia-se nas
normas técnicas e regulamentos vigentes, envolvendo:

»» educação e informação;

»» identificação dos problemas ou danos potenciais à saúde;

»» identificação e proposição de medidas que devem ser adotadas para a


eliminação ou controle da exposição aos fatores de risco e para proteção;

»» reconhecimento prévio das atividades e locais onde há fatores de risco.

Algumas ações mais específicas que poderão ser adotadas nos ambientes de trabalho
para a proteção e prevenção de riscos no trabalho são:

»» Substituir tecnologias de produção que diminuam os riscos para a saúde.

»» Isolar do agente substância do processo, evitando exposição.

»» Adotar sistemas de ventilação local exaustora e gerais dimensionados.

»» Classificar e rotular as substâncias químicas segundo propriedades


toxicológicas e toxicidade.

28
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

»» Informar e comunicar os riscos aos trabalhadores.

»» Diminuir o tempo de exposição e o número de trabalhadores expostos.

Em Saúde Mental, as medidas de prevenção, além dessas descritas, devem se direcionar


ao comportamento do indivíduo, às relações de trabalho e ao meio ao qual está inserido.

A organização não pode ignorar o fato deste ter um contexto familiar e social que
irá refletir no trabalho, por isso uma adequada anamnese, investigação, entender os
hábitos e estilo de vida do trabalhador são itens necessários para uma devida condução
de promoção à saúde mental.

A promoção da saúde mental tem como principal objetivo aquilo que mantém
e melhora o nosso bem-estar mental. Importa sublinhar que, para ser tão eficaz
quanto possível, a promoção da saúde mental deve incluir uma combinação da
gestão dos riscos e promoção da saúde.

Veja o vídeo sobre Prevenção em Saúde Mental:

<https://www.youtube.com/watch?v=6ht5gu0LIAE>.

O conceito de perigo está fortemente ligado aos conceitos de perigo e de risco.

O acidente é um evento não esperado que interfere no processo de produção ou


no progresso de uma atividade. Enquanto que o risco é o resultado medido do
efeito potencial do perigo, ou seja, risco pode ser definido como a probabilidade
de ocorrência de um evento indesejável, enquanto que perigo pode ser definido
como o conteúdo potencial de danos que esse evento pode oferecer.

Estabelecem-se dois grupos para classificar o conceito de perigo: potencial e


real. Perigo potencial (hazard) seria definido como o conjunto de circunstâncias
associadas ao risco potencial de causar danos; enquanto o perigo real (danger)
seria definido como a combinação dos riscos e as prováveis consequências do
perigo potencial.

A Organização Mundial de Saúde aponta como as principais doenças crônicas que


afetam esse tipo de paciente:

»» Diabetes.

»» Hipertensão.

»» Doenças cardiovasculares, como doença coronariana.

29
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

»» Acidente Vascular Encefálico.

»» Câncer.

»» Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

»» Cegueira e déficit da visão.

»» Doenças musculoesqueléticas, como artrite, osteoporose.

Diabetes Mellitus (DM)

Figura 5.

Fonte: <http://bemnutri.com.br/site/wp-content/uploads/2015/08/img-diabetes.jpg>.

Trata-se de uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da


incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos.

A classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Associação


Americana de Diabetes (ADA) e recomendada pela Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD), inclui quatro classes clínicas:

»» DM tipo 1 (DM1).

»» DM tipo 2.

»» Outros tipos específicos de DM e DM gestacional.

Veja vídeo sobre Diabetes tipo 1:

<https://www.youtube.com/watch?v=GxY-QADa4nA>.

<https://www.youtube.com/watch?v=4yV7_Xsphs0>.

30
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

E Diabetes tipo 2 mais comum em idosos.

Veja vídeo sobre Diabetes tipo 2:

<https://www.youtube.com/watch?v=iIL-uC4f87U>.

Caracteriza–se por hiperglicemia crônica, com distúrbios do metabolismo dos


carboidratos, lipídeos e proteínas.

Os fatores de riscos podem ser classificados, segundo a natureza, em:

a. Ambiental: físico (alguma forma de energia: radiação, ruído, vibração


etc.), químico (substâncias químicas, poeiras etc.) e biológico (bactérias,
vírus, fungos etc.). 


b. Situacional: instalações, ferramentas, equipamentos, materiais,


operações etc.

c. Humano ou Comportamental: decorrentes da ação ou omissão humana.

Os fatores de riscos podem ter pesos diferentes, porém, para que o evento ocorra, há
necessidade de uma interação entre eles. Isoladamente, nenhum fator de risco promove
o fenômeno.

Assim entendido, a causa (o porquê?) é pouco relevante para as medidas de prevenção,


o mais importante é a intervenção no contexto (o como).

Por outro lado, limitar-se ao contexto sem pesquisar a causa (o desconhecido, o


inusitado, o acidental) é impossibilitar a ampliação do conhecimento sobre o fenômeno.

A classificação atual da DM é baseada na etiologia e não no tipo de tratamento, portanto


os termos DM insulino dependente e DM insulino independente devem ser eliminados.

A DM é uma condição crônica de saúde que exige cuidados permanentes para seu
controle, é preciso definir os cuidados necessários em equipe com foco sempre no
controle metabólico.

A manifestação clínica tem como sinais e sintomas clássicos: poliúria (o indivíduo


urina com bastante frequência), polifagia (aumento do apetite), polidipsia (aumento da
necessidade de beber água), emagrecimento acelerado e fadiga.

Em alguns casos podem ocorrer também câimbras e visão embaçada, sendo que esses
sinais e sintomas podem se desenvolver de forma única ou conjunta, variando de pessoa
para pessoa.

31
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

O tratamento da DM baseia-se na manutenção do controle metabólico e compreende


as terapias não medicamentosa e medicamentosa, sendo a primeira relacionada às
mudanças de comportamento associadas à alimentação saudável.

O controle inclui:

»» Glicêmica (capilar, plasmática e por análise da hemoglobina glicada).

»» Pressão arterial.

»» Lipídios plasmáticos (triglicérides, colesterol total e frações).

É necessário o monitoramento cardiovascular uma vez que o diabético tem os fatores


de risco para desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

O tratamento da DM é bastante rigoroso, contemplando:

»» atividade física;

»» dieta alimentar;

»» insulina terapia;

»» hipoglicemiantes orais;

»» monitorização constante da glicose plasmática;

»» além da participação de programas educacionais tanto para a família


como para o paciente.

Um aspecto fundamental é o controle do índice de massa corporal, a Sociedade


Brasileira de Diabetes afirma que mudanças de estilo de vida podem potencialmente
reduzir a incidência de diabetes em até 58% em 3 anos. Sendo assim, a discreta
redução de peso (5-10% do peso), com controle do peso perdido, acrescentar fibras na
alimentação, restringir fontes de energia (deve ser moderada), restrição de gorduras,
especialmente as saturadas, e aumento de atividade física regular podem beneficiar o
paciente diabético, reduzindo ou até postergando medidas farmacológicas.

Eventualmente, serão necessárias intervenções farmacológicas, como por exemplo,


hipoglicemiantes orais como as metforminas que reduzem em 31% as complicações
em 3 anos. Esse efeito foi mais acentuado em pacientes com índice de massa corpórea
> 35 kg/m2.

32
Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal │ UNIDADE I

O controle não adequado pode trazer sérias consequências agudas e crônicas ao


portador, tais como: cetoacidose diabética, coma, hipoglicemia, retinopatia, nefropatia,
neuropatia periférica e doenças cardiovasculares.

Neste sentido, o Ministério da Saúde propôs a capacitação dos profissionais da rede


básica no Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial Sistêmica e o DM.

Em São Paulo, o governo estadual definiu a Lei no 10.782 que trata sobre a política de
prevenção e atenção integral à saúde da pessoa com DM (SUS).

Com o intuito de garantir e disponibilizar materiais e medicamentos adequados, em


29 de setembro de 2007 entrou em vigor a Lei Federal no 11.347/2006, na qual realiza
a distribuição com os programas de saúde pública padronizados de acordo com a sua
região.

No controle do DM, a falta de adesão ao tratamento é um desafio frequentemente


enfrentado pelos profissionais das instituições de saúde, buscar estratégias que
colaborem para uma maior adesão também ajuda no tratamento.

Hipertensão

Figura 6.

Fonte: <http://itnet.com.br/imagens/hipertensao_dezembro2011.jpg>.

A HAS em nefropatas está associada a um importante aumento nos eventos


cardiovasculares com consequente diminuição da sobrevida e piora na qualidade de
vida.

Os benefícios do tratamento da HAS na população idosa é a significativa redução


dos eventos cardiovasculares e melhora na qualidade de vida. Tanto o tratamento
medicamentoso como o não farmacológico devem ser empregados, sempre considerando
o indivíduo com suas comorbidades e expectativas.

33
UNIDADE I │ Aspectos Psicológicos E Sociais Do Paciente Renal

Figura 7.

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-FzDAghU0RKk/UjTHNxVooBI/AAAAAAAAAtY/-qMgoEjdRPc/s1600/61n2pblbctj8slwasvi09x6bd.
jpg>.

A HAS é o mais importante fator de risco cardiovascular modificável, estando associada


a condições bastante frequentes, como doença arterial coronária (DAC), doença
cerebrovascular (DCV), insuficiência cardíaca (IC), doença renal terminal, doença
vascular periférica, hipertrofia ventricular esquerda (HVE) e disfunção diastólica.

As alterações das propriedades vasculares da aorta, que ocorrem com o envelhecimento,


têm importante papel na gênese e progressão da HAS.

34
O Modelo Sistêmico:
Relações Afetivas Na Unidade iI
Família, Trabalho E
Socialização

Capítulo 1
Adesão ao tratamento

Adesão significa ação de aderir, aderência, o paciente também colabora com a sua
assistência, junto ao profissional de saúde, trata-se de ações e atos conjuntos.

O paciente não só segue as orientações médicas, mas começa o entendimento sobre


o seu estado de saúde-doença, acompanhamento das melhorias e pontos críticos
do tratamento, auxiliando tanto a equipe quanto o médico na escolha do seu plano
terapêutico.

Na aderência é reconhecido a parceria entre o doente e a equipe, fortalecendo esse elo,


construindo um processo de terapia, estabelecendo responsabilidades não só para os
profissionais de saúde, mas para o paciente e família também.

O termo “adesão ao tratamento” é uma adaptação e ato conjunto, ou seja, todos os


envolvidos participam do tratamento (equipe, paciente, família).

A aderência traz mudanças de comportamento, alimentação, rotinas e atividades de


vida do paciente e, muitas vezes, das pessoas do seu convívio em busca de melhor
adaptação à nova realidade com a doença.

A doença renal crônica traz consigo uma série de questões que marcam a vida do
indivíduo, a partir do diagnóstico, sendo comuns as manifestações psíquicas acarretando
alterações na interação social e desequilíbrios psicológicos, não somente do paciente
como também da família que o acompanha alterando significativamente a qualidade de
vida dos pacientes.

35
UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

A conscientização do paciente é um fator de suma importância no início do treinamento,


pois o cuidado do paciente real e a sequência das técnicas ensinadas são essenciais para
o sucesso do tratamento.

O treinamento do paciente pode ser definido como qualquer interação entre o paciente
e o profissional de saúde, que intencionalmente reconhece as necessidades de saúde,
permitindo que o paciente tenha um conhecimento maior da sua condição e necessidade
de cuidados.

As atitudes profissionais são capazes de despertar confiança e acolhimento, sentimentos


indicados a fortalecer o paciente no difícil momento em que recebe as orientações do seu
tratamento, e no qual ele precisa tomar uma série de atitudes pessoais e providências
gerais para a realização deste.

Este treinamento é um momento importante para o esclarecimento de dúvidas,


fortalecendo assim uma autoconfiança ao doente.

Os profissionais têm um papel essencial na adesão do paciente e família, é importante


que não deve ter única e exclusivamente privações, mas sim, alternativas de apoio a
aceitação da doença e do tratamento.

Cabe aos profissionais o incentivo e implementação do autocuidado, para garantir uma


maior qualidade de vida para estes pacientes.

Trabalhar com a ansiedade, medo, incertezas, dentre outras comorbidades tanto físicas
como mentais, são aspectos importantes para que ocorra a maior aderência à terapia.

Fortalecer a confiança do paciente, família/cuidador, desenvolver e planejar ações em


conjunto são outros aspectos que não podem ser esquecidos.

Caminhar junto para um único bem comum, o bem-estar do paciente, essa é a chave do
sucesso!

O apoio da equipe ao cliente no enfrentamento e tratamento da doença renal favorece


para que este adquira competência e habilidades nas ações de autocuidado.

O proposto de evidenciar as estratégias utilizadas pela equipe para promover o


autocuidado do paciente renal é algo que deve ser pensando a todo momento, sempre
com foco na qualidade de vida do paciente.

A qualidade de vida na população em geral é de grande relevância, e no paciente


adulto com insuficiência renal crônica, de relevância menor, o que é um erro, pois é
um grande grupo de pessoas ativas economicamente. Deve-se estudar maneiras de

36
O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

prevenção, e redução de danos a essas pessoas que estariam ativas, sem prejuízos
emocionais, sociais, psicológicos, autoestima, relacionando, ainda, a expectativa de
vida aos avanços tecnológicos em diagnósticos e tratamentos, além da preocupação
com questões socioambientais.

Os profissionais, cada vez mais, são confrontados com a necessidade de humanizar as


relações com os seus clientes.

No início do tratamento renal é comum o paciente sentir-se sozinho, isolado, como se


somente ele estivesse passando pela situação em questão.

Com o avançar do tempo e com o início do movimento natural para adequação, ele
percebe a existência de pessoas ao seu redor preparadas a ajudá-lo e a promover o
início da terapia, por mais que sofra os eventos no seu ser.

É importante que o doente consiga entender o significado da doença e de se adaptar


a novas rotinas impostas pelo tratamento, nesse momento o enfermeiro precisa estar
preparado para orientar as necessidades desse paciente.

A patologia renal crônica e o início do tratamento trazem, à tona, conjunturas que


afetam os aspectos físicos e psicológicos dos indivíduos, podendo haver repercussões
pessoais, familiares e sociais, sendo-lhes necessário aprender novamente a viver, a fim
de atender às demandas de um mundo permeado por procedimentos técnicos, consultas
e exames.

A equipe próxima do contexto familiar deve atentar-se a fatores de risco, tais como:
ingestão de líquidos, hipertensão, controle de peso, e controle de diabetes uma vez que
detêm um poder de persuasão sobre as decisões do portador.

A necessidade de viver com uma doença crônica implica em um enorme empenho de


adaptação. A ação educativa parece ser a via para ajudar a adaptação e aceitação da
diálise através da participação ativa no tratamento. O trabalho da enfermeira de diálise
peritoneal vai consistir em estimular, motivar e apoiar os pacientes para que possam
realizar seu próprio tratamento.

É preciso ressaltar os desafios nesse processo educacional com vistas à adesão ao


tratamento, pela necessária mudança nos hábitos de vida.

Cabe esclarecer e orientar o paciente, compartilhando informações sobre a doença,


abordando as possíveis complicações, o tratamento e seus benefícios.

37
UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

Todos os seres humanos são capacitados a aprender e são motivados pela busca
da aprendizagem e pelo exercício das habilidades intelectuais e práticas para
acondicionarem-se e para exercerem cuidados em seus dependentes.

Para se realizar a adesão ao tratamento é necessário que o comportamento do paciente


esteja em conformidade com as orientações determinadas pelos profissionais de saúde,
estas sendo determinantes para a promoção da qualidade de vida.

Desta forma, a aproximação com os profissionais de saúde, especificamente os


responsáveis pela realização da diálise peritoneal, tem um grande peso na acessão desta
terapia. Muitos clientes filiam estes profissionais como amigos próximos, pessoas de
confiança e, ainda, como responsáveis pela boa aceitação do tratamento.

Assim, estabelecer conexões de confiança é fundamental para uma possível aceitação


de algumas mudanças em seus hábitos diários.

Vale lembrar que a prática educativa que engloba o processo de trabalho da enfermagem
contribui para gerar um aumento da autonomia do sujeito, ampliação das capacidades
de escolha e livre decisão dos indivíduos sobre suas próprias ações.

Aumentando também o modo de agir dos indivíduos sobre os determinantes de saúde


que o afetam, propiciando participação ativa destes nos mecanismos da promoção da
saúde.

Atualmente, nossa vida é influenciada por diversos fatores: social, cotidiana, ambientais
dentre outros. Essas prerrogativas por si só já afetam a qualidade de vida da população,
e em maior grau observamos a de pacientes acometidos por doenças crônicas, como a
doença renal crônica.

Os impactos mais relevantes que afetam a qualidade de vida do paciente adulto em


tratamento dialítico estão relacionados com a tendência ao isolamento social, o
círculo de amizade e suas implicações diante da hemodiálise, a dificuldade em realizar
atividades cotidianas e disfunção no desenvolvimento musculoesquelético, mostrando-
se como os de maior impacto. Assim, pretende-se, diante de uma abordagem expositiva
e dialógica, realizar modificações no atendimento que visem melhorar a qualidade de
vida do paciente, bem como orientar o paciente para propor melhorias em seu cotidiano.

Todos esses aspectos que serão abordados em conjunto, analisados e discutidos em


grupo, levarão a uma maior interação entre todo o grupo, reduzindo o distanciamento
social, pois poderão interagir de forma direta com todos os participantes, as dificuldades
na realização de tarefas poderão ser debatidas em grupo e, assim, descobriremos
meios de melhoria, diante da realidade de cada paciente que ficará evidenciada nas

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

conversas, bem como podem ser mais bem analisadas as disfunções e assim, no debate
entre profissionais, podem ser buscados meios para minimizar tais disfunções, também
através da análise individual e conjunta dos pacientes.

Dentre os motivos para a não adesão existem aqueles relacionados a erros em virtude
da falta de informação por parte dos pacientes, como não saber se devem continuar
usando os medicamentos; não usar os medicamentos se não se alimentarem; não
saber que medicamentos controlam a pressão e acreditarem ser melhor não usar os
medicamentos em dias de consulta.

A falta de recursos financeiros e reações adversas também figuram entre os motivos.

O ser humano necessita de cuidado e afeto, que orientem e dinamizem sua postura em
direção aos objetivos pessoais e sociais.

Outros fatores também podem ser desencadeantes, como questões relacionadas à


saúde mental. Os problemas de saúde mental são um fator que diminui a capacidade
de adesão de um paciente a esquemas complexos (muitos medicamentos, rigidez de
horários, periodicidade de visitas ao serviço de saúde etc.). Normalmente, a menor taxa
de aderência ao tratamento é de pessoas com transtornos de depressão e ansiedade, a
angústia ou entrega em lutar pela doença são outros pontos a serem considerados.

O fator religiosidade e a crença que o paciente possui, ou desenvolve, interfere


diretamente na adesão ou não, pacientes que acreditam na eficácia do tratamento
tenderão a ser mais aderentes. Por outro lado, as crenças religiosas, que “prometem a
cura da doença”, têm sido fator que leva ao abandono do tratamento.

Os pacientes assintomáticos, ou que se sentem bem, podem ser tentados a suspender a


medicação.

E quando surgem sintomas durante o tratamento, podem ser atribuídos a este.

Pacientes com grau elevado de insuficiência renal com apresentação de um quadro


severo de enfermidade tendem a ser mais aderentes que os pacientes assintomáticos.

A relação entre esquema terapêutico e aderência é extremamente complexa e, quanto ao


tratamento, duas características interferem: o tempo de tratamento e o tipo do regime
terapêutico.

As taxas de adesão diminuem com o tempo de tratamento. Evidencia-se esta associação


de maior tempo de tratamento e menor adesão com o tratamento.

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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

Uma das características importante é que se trata de uma doença com evolução lenta,
tornando-se crônica em jovens e, com isso, o problema tende a se agravar. Outra
dificuldade é o fato de o paciente “esquecer” o tratamento, sendo este o motivo mais
frequentemente apontado como causa da omissão de doses, e de acordo com a prática
tem sido evidenciado que é importante o profissional de saúde ficar atento para isto.

O “esquecimento” pode, muitas vezes, estar ligado a fatores, como exemplo a não
aceitação do diagnóstico.

Para alguns pacientes, a grande quantidade de comprimidos, horários e exigências


do tratamento fazem com que eles se lembrem da doença a todo o momento, e esta
lembrança perturba a vida cotidiana no plano pessoal, profissional e social.

Acrescenta-se a isso o fato de que a doença traz aos pacientes duas questões centrais: a
sexualidade e a morte. Para muitos pacientes, a introdução da hemodiálise significa o
“início do fim”. O início do tratamento é um divisor de águas entre a vida e a proximidade
da morte.

Há o enfoque para outros fatores relacionado a não adesão ao tratamento por parte do
paciente além do esquecimento, o fator de não se sentir à vontade no local onde se fará
o tratamento, o pré-conceito de não ser bem aceito ou devidamente compreendido fora
do habitat natural geralmente culmina na atitude de tirar “férias” do tratamento em
situações como: festas, feriados, viagens ou até mesmo finais de semana.

A aderência pode aumentar ou não, dependendo do atendimento recebido por


profissionais de saúde nas Unidades de referência para tratamento dos pacientes
especificamente doentes renais e da capacitação que estes possuem para lidar com a
adesão.

Ressalta-se a forma como são realizadas as prescrições médicas e as orientações


fornecidas ao paciente, destacando a importância da relação médico-paciente.

O papel dos serviços de saúde é extremamente importante na adesão, e a disponibilidade


de diálogo, a comunicação, a negociação, por parte do serviço, possibilitam uma relação
aberta.

Algumas estratégias para melhorar a aderência ao tratamento de pacientes devem


sempre ser baseadas no tripé: paciente, profissionais e serviços de saúde, onde deve
ser enfatizado: estudo de casos, oficinas interdisciplinares, grupos de adesão, com o
objetivo de acolher o paciente na perspectiva de fazê-lo mudar a sua condição, levando-o
a se tornar sujeito do processo.

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

A atenção à saúde do nefropata deve ser integral e estruturada nos moldes de uma
linha de cuidados, com foco no indivíduo, baseada nos seus direitos, necessidades,
preferências e habilidades:

»» Na prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos problemas


mais comuns que afetam os pacientes e orienta a criação de condições
adequadas para um envelhecimento com qualidade.

»» Na ambientação: orienta a criação de condições ambientais para uma


vida com qualidade na velhice, focando os mais variados espaços por
onde circulam ou vivem pessoas idosas.

»» Na reabilitação: propõe intervenções quando ocorrerem perdas que


são resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de condições
individuais e ambientais para uma vida digna.

»» Nos cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem


doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos,
psíquicos, sociais e espirituais, com atenção estendida aos familiares,
visando o maior bem-estar possível e a dignidade até a sua morte.

São várias as dificuldades de promoção e prevenção de saúde, assim como as barreiras


para o gerenciamento de doenças crônicas prevalentes.

Com relação à promoção da saúde, coloca-se que deve levar em conta a complexidade
do envelhecimento humano e jamais se deve cometer o erro de criar estruturas
infantilizadoras, que reforcem estigmas e preconceitos arraigados na sociedade em
relação a esse segmento etário.

Pensar em Promoção da Saúde requer pensar em demandas de saúde.

Muitas são as demandas de saúde, dentre elas pode-se destacar:

»» Mudanças Demográficas.

»» Novas doenças.

»» Novos tratamentos.

»» Expectativa dos pacientes/ pessoas.

A promoção em saúde está dentro das ações básicas de saúde.

Saúde: entendido como um estado de completo bem-estar físico, mental e


social, não restringe ao problema sanitário, ao âmbito das doenças.

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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

Condições ambientais: são fatores que influenciam a saúde da população.

Prevenção em Saúde: conjunto de ações que visa reduzir e/ou mitigar o risco de
doenças/ agravos de saúde individual ou coletiva.

Hoje, além das ações de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais
importante atuar sobre os fatores determinantes da saúde.

É este o propósito da promoção da saúde, que constitui o elemento principal da


proposta da Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana
de Saúde (Opas).

Ações básicas de saúde


Conjunto de medidas simples e de efeito comprovado, que atendem às principais
necessidades de promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento das
enfermidades prevalentes na comunidade.

Na promoção e prevenção de saúde é importante esclarecer que a expressão “prevenção


nefropatas” não se pode prevenir algo que já está instalado.

O nefropata tem como característica básica a multiplicidade de doenças crônicas e


estas, após sua instalação, não mais regridem.

O conceito de prevenção e promoção à saúde vai além da assistência à saúde.

A saúde deve figurar na agenda política de todos os setores e níveis governamentais.

A participação da população/comunidade é essencial para sustentar as ações de


promoção à saúde.

Para se fazer promoção em saúde, deve-se atentar:

1. Organização da comunidade local.

2. Atenção aos anciãos, mais além da assistência hospitalar.

3. Ajuda às escolas e serviços em geral.

4. Organização do povo para cuidar da saúde ambiental.

5. Realização de cuidados preventivos e tratamentos, incluindo o uso de


ervas medicinais.

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

6. Apoio à manutenção da ordem social no tráfego.

7. Promoção de campanhas de saúde em todos os níveis visando substituir


velhos costumes e mobilizar a comunidade para:

›› Movimentos de massa contra doenças.

›› Limpeza de casas, quintais e ruas.

›› Orientação de hábitos de higiene.

›› Manutenção e uso da água potável.

›› Construção de Unidades Rurais de Saúde.

›› Controle da limpeza de locais públicos.

A população tem o direito e o dever de participar individual e coletivamente na


planificação das ações de saúde. A atenção primária de saúde é, ao mesmo tempo, um
reflexo e consequência das condições econômicas e características socioculturais e
políticas do país e suas comunidades.

Compreende pelo menos as seguintes áreas:

»» Agropecuário.

»» Alimentício.

»» Indústria.

»» Educação.

»» Habitação.

»» Obras públicas, comunidades e outros.

Exige e fomenta, em grau máximo, a autorresponsabilidade e a participação da


comunidade e do indivíduo na planificação, organização, funcionamento e controle da
atenção primária da saúde.

A proposta é a máxima postergação do início das doenças, pois elas, em sua maioria,
são crônicas. E, uma vez instaladas, pode-se apenas controlar seu tempo de progressão.

A estratégia passa a ser levar a morbidade ao limiar mais próximo possível do limite
biológico da vida.

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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

Novos modelos de cuidado precisam se basear na preservação da capacidade funcional.

Os nefropatas devem ser acompanhados e o risco de fragilização deve ser monitorado


em todos os níveis de complexidade, seja para os saudáveis e independentes ou para os
fragilizados e dependentes, que demandam maiores cuidados.

Programas de gerenciamento de doenças são ainda mais complexos e têm uma relação
custo-benefício bastante baixa, pois tratar adequadamente uma doença apenas reduz
os índices de morbidade de tal patologia.

Como esses pacientes possuem múltiplas doenças crônicas, fica evidente que priorizar
apenas uma doença, em detrimento das demais, não é a medida mais adequada.

A melhor opção é estruturar modelos que funcionem de modo integrado e consigam


dar conta de todas as necessidades.

Na gestão de patologias e no gerenciamento de casos, é necessário conhecer, identificar,


acompanhar, ficar atento, monitorar, direcionar, conduzir pela rede, construir caminhos,
ou seja, cuidar e, acima de tudo, responsabilizar-se pelas pessoas idosas, priorizando os
casos reconhecidos como de alto risco.

O papel da equipe é determinante na percepção interdisciplinar do indivíduo, no


respeito às idiossincrasias de cada paciente, na busca de qualidade de vida e cidadania,
na visão individual de sujeito da própria história e no equilíbrio entre a atenção dada
ao paciente e as exigências clínicas do tratamento. Estes desafios tornam-se cada vez
maiores em nosso trabalho.

Os nefropatas apresentam sintomas atípicos, e muito frequentemente a queixa que os


leva aos serviços que não traduz toda a sua necessidade. Por isso, a gerontologia estuda
o processo do envelhecimento, traz a questão da funcionalidade, visando direcionar a
elaboração do plano de cuidados, identificar a necessidade de avaliações especializadas
e determinar precocemente riscos de agravos e doenças.

Um modelo contemporâneo de saúde precisa reunir um fluxo de ações de educação,


promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, postergação de moléstias, cuidado
precoce e reabilitação de agravos. Ou seja, uma linha de cuidados que pretenda
apresentar eficácia e eficiência deve pressupor uma rede articulada, referenciada e com
um sistema de informação desenhado em sintonia com essa lógica.

Investiga o potencial de desenvolvimento humano associado ao curso de vida e ao


processo da doença.

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

A Promoção da Saúde busca trazer a qualidade de vida para os indivíduos, dentro do


processo individual e coletivo, sempre envolvendo um cuidado compartilhado entre o
sistema de saúde e sanitário (governo), coletividade e pessoa.

Um ponto importante a ser destacado é que a promoção da saúde visa diminuir


a vulnerabilidade, além dos riscos à saúde, cujo foco deve ser sob os fatores que
determinam a saúde, como:

»» Moradia.

»» Trabalho.

»» Educação.

»» Hábitos de vida.

»» Hábitos de higiene.

»» Alimentação.

»» Cultura, dentre outros.

Para alcançar esse objetivo geral, a promoção de saúde deve estar organizada nos
seguintes eixos, onde o paciente renal deve ser contemplado.

»» Acidentes de Trânsito.

»» Álcool/drogas/ cigarro.

»» Alimentação equilibrada.

»» Cultura.

»» Sustentabilidade.

»» Exercícios físicos.

Alimentação equilibrada

Foco no sabor, custo, variação, contemplar os elementos essenciais da pirâmide


alimentar, bem como os hábitos do indivíduo.

Neste quesito, deve-se considerar a cultura do indivíduo, necessidades sociais e


biológicas devem ser harmonizadas.
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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

Atividade física

Deve-se considerar que não é ir à academia, mas fazer com que seu corpo tenha um
ritmo de atividade regular por 30 minutos pelo menos 3x/semana.

Caminhar, correr, além, claro, dos esportes diversos, devem ser considerados como um
hábito não apenas para a melhora biológica do organismo, mas também para a melhora
da mente.

Aspectos sociais, a comunicação, integração com outras pessoas faz com que a prática
da atividade física melhore a sensação de bem-estar, logo, tem-se o foco de saúde não
como ausência de doença, mas como um bem-estar bio, psico, social.

Cigarro

A partir de 1989, o governo federal brasileiro implementou o Programa Nacional de


Controle do Tabagismo com foco na diminuição de fumantes, com melhora da qualidade
de vida e saúde dos indivíduos.

Esse programa é interessante pois envolve aspectos sociais, econômicos e de saúde.

Sabemos que o tabagismo é uma doença crônica que causa dependências físicas e
psíquicas.

O tabagismo é reconhecido como uma doença pela Organização Mundial de Saúde


(OMS), que sendo crônica está sujeito a recaídas frequentes, nem sempre sendo
reconhecida pelos profissionais de saúde.

Existem vários fatores que contribuem para as dependências, a mais importante é a


presença da nicotina (substância psicoativa), a qual tem uma elevada capacidade em
desenvolver a dependência física e psicológica através de processos que se assemelham
às dependências provocadas por outras drogas.

O fumo do tabaco é uma suspensão constituída por mais de 4000 substâncias, com
efeitos tóxicos e irritantes como o monóxido de carbono, metais pesados e substâncias
radioativas.

Diante de várias consequências que se originam do tabaco, o fumante passivo é o mais


prejudicial, pois, ao conviver com o tabagista, inala diariamente a fumaça derivada do
tabaco e de outros produtos de fumaça em ambientes fechados.

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

As evidências apresentadas pela literatura correlacionam a inalação de fumaça pelos


não fumantes a alguns efeitos adversos no sistema respiratório e circulatório, ação
carcinogênica em adultos e impactos da saúde.

O câncer, as doenças respiratórias, as doenças cardiovasculares, as doenças de


reprodução e outras doenças estão associadas aos fumadores ativos.

As doenças respiratórias, tais como asma, alergia e doenças pulmonares podem conduzir
à exclusão social e laboral.

A exposição ao fumo do tabaco é um problema de Saúde Pública de grande magnitude,


no qual os profissionais de saúde podem ter um papel fundamental, informando a seus
doentes os riscos provenientes desta exposição, incluindo as equipes de serviço local
prestadoras de cuidados de saúde.

A cessação do tabagismo gera importantes benefícios em longo prazo na saúde das


pessoas. Parar de fumar antes dos 50 anos provoca uma redução de 50% no risco de
morte por doenças relacionadas ao tabagismo após 16 anos de abstinência.

Além da importante redução no risco relacionado às doenças crônicas, há outros


benefícios relevantes com a cessação do tabagismo, como:

»» Melhora da autoestima, do hálito, da coloração dos dentes e da vitalidade


da pele.

»» Melhora do convívio social com pessoas não tabagistas.

»» Melhora no desempenho de atividades físicas.

»» Redução dos danos ao meio ambiente: para cada 300 cigarros produzidos
uma árvore é derrubada e o filtro do cigarro leva cerca de 100 anos para
ser degradado na natureza.

Todos esses dados justificam o esforço mundial de controle do tabaco, incluindo as


ações de cessação do tabagismo.

O apoio da equipe multidisciplinar deve, sempre que possível, promover ações de


informação, incentivo e apoio ao abandono do tabagismo, não só do paciente em si,
mas dos familiares e cuidadores do seu convívio.

As estratégias usadas para o tratamento de cessação do tabagismo podem ser divididas


em Intervenções psicossociais e tratamento medicamentoso.

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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

As intervenções psicossociais incluem aconselhamentos e abordagem


cognitivo- comportamental (alicerce principal do tratamento). E o tratamento
medicamentoso aumenta as chances de o fumante alcançar a cessação completa.

Antes do tratamento farmacológico deve-se motivar o indivíduo para a cessação


definitiva, sendo as principais a entrevista motivacional e a abordagem centrada na
pessoa.

A entrevista motivacional é uma entrevista clínica cujo objetivo é trabalhar a mudança


de hábito de vida e adesão a tratamentos, através de diálogos entre o usuário e o
profissional de saúde fortalecendo para o foco do tratamento em questão.

O enfermeiro pode, dentro desse processo, seja com o paciente ou com familiares e
entes próximos:

»» Oferecer orientação e informação: pequenas informações sobre os


malefícios do cigarro e os benefícios com a sua cessação.

»» Remover as barreiras e auxiliar nos obstáculos que impedem o indivíduo


a procurar ou receber a ajuda.

»» Proporcionar escolhas: ajudar as pessoas a escolherem o que melhor


lhe convenham, oferecendo e buscando o máximo de informações
disponíveis.

»» Diminuir o aspecto indesejável do comportamento: é comum o fumante


dizer que relaxa ao fumar, ele relaxa por cerca de alguns minutos e
passando o efeito da nicotina é necessário acender outro cigarro. É
importante discutir qual é a melhor forma de lidar com a ansiedade
fazendo com que ele pense em coisas que solucionem o problema e não
os adiem.

»» Praticar empatia: é uma maneira de acolher o fumante e mostrar que ele


tem apoio durante o processo da cessação.

»» Dar Feedbacks: é necessário porque é através dele que reforçamos as


condutas positivas do indivíduo em busca de mudanças de comportamento.

»» Esclarecer objetivos e ajudar ativamente: a partir do momento que se


estabelece metas, a mudança torna-se mais provável e mais duradoura.
O profissional de saúde deve transmitir segurança ao indivíduo para
poder ajudá-lo ativamente e evitar rotulações, culpabilização do usuário,
orientação insuficiente e subestimá-lo.

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

As intervenções devem ser feitas de forma individual e a decisão terapêutica vai depender
da avaliação clínica do fumante, onde será analisado o perfil e seu histórico de saúde.

O uso de medicamentos, patologias, sinais e sintomas podem representar complicações


causadas pelo cigarro quanto às contraindicações pelo tratamento medicamentoso.
Podemos usar medicamentos nicotínicos ou não nicotínicos.

A responsabilidade do cuidar, realizado pela enfermagem, exige que as suas decisões


sobre as intervenções propostas sejam fundamentadas na avaliação do estado de saúde
do indivíduo.

Deve olhar para o cuidado de forma individual e integral, encorajando-o ao tratamento


e a práticas de vida saudáveis com o intuito de prevenir possíveis complicações, bem
como tratar as possíveis doenças precocemente.

Deve atuar estimulando o autocuidado, atuando na prevenção e na não complicação


das doenças inevitáveis, individualizando o cuidado a partir do princípio de que cada
paciente vai apresentar um grau diferente de dependência e riscos de doenças, diferindo
assim a maneira de assistência.

O autocuidado (AC) é uma ação normalmente orientada pelo enfermeiro, e faz com que
o paciente se conheça melhor e conheça mais da doença que o acomete.

Com o autocuidado o paciente consegue ter uma aceitação maior do processo


saúde-doença, melhor adesão ao tratamento e melhora da qualidade de vida.

Humanização

Para que se conquiste a adesão ao tratamento do paciente renal, é necessário a


humanização, ou seja, o enfrentamento do problema implica a adoção de referenciais
teóricos e práticos adequados.

A integralidade em saúde como meio e fim:

»» meio, de concretizar o direito à saúde,

»» fim, o cuidado integral, em busca de inovação, tecnologia em saúde.

A humanização prevê a construção coletiva para que ao mesmo tempo sejam promovidas
a motivação e autoestima dos profissionais, além da criatividade na busca de soluções
e responsabilidade social.

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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

Para que os profissionais de saúde se tornem protagonistas do processo de cuidado


humanizado, devem também enfrentar as situações com as quais se defrontam no
cotidiano de trabalho, capacitando-se continuamente para saber lidar, dialogar.

As discussões acerca da Humanização e Adesão ao Tratamento têm ganhado destaque,


principalmente na literatura nacional, seus conceitos e contextualizações devem ser
discutidos sempre que empregados, uma vez que possibilitam diferentes interpretações.

Nos cenários de atuação, percebe-se que a grande dificuldade de se desenvolver um


cuidado humanizado resulta do modelo formativo tradicional, que condicionava os
profissionais a máquinas.

A tendência de considerar o cuidado como sinônimo de competência técnica, realização


de procedimentos e protocolos, desempenho de atividades burocráticas e de gerência
evidenciam um modelo já ultrapassado.

Ou seja, um modelo de atenção à saúde centrado na fragmentação do ser cuidado em


partes doentes e na cura do corpo físico, sem, todavia, atender à integralidade do ser,
deve ser suplantado por abordagens sistêmicas.

Esse modelo tradicional de saúde está sendo desconstruído ao longo dos tempos,
principalmente devido às modificações nas diretrizes curriculares das graduações dos
cursos da saúde.

No entanto, esse novo método de pensar saúde, preocupando-se também com o lado
humano gera certa desconfiança nos profissionais já inseridos no mercado de trabalho.

Nos diferentes espaços de atuação, os profissionais da saúde estão expostos a fatores


ambientais que interferem positiva e/ou negativamente sobre estes.

O contato com a dor, com a angústia e o sofrimento alheio, aliado à falta de estrutura dos
locais de trabalho, às longas jornadas de trabalho e, por vezes, à falta de profissionais
podem interferir na qualidade do cuidar.

A assistência humanizada se constrói com a participação dos sujeitos, considerando a


sua autonomia, seus direitos e deveres.

No entanto, para que o processo de humanização repercuta nas condições de trabalho,


tão importante quanto à participação profissional são as condições que possibilitem um
exercício profissional digno.

A falta de condições técnicas, seja de capacitação e/ou de materiais, pode contribuir para a
mecanização, bem como na qualidade do cuidado em saúde. Tais condições contribuem

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

para a desumanização, na medida em que os profissionais de saúde e usuários não se


relacionam de maneira adequada, piorando uma situação que já é precária, o que requer
atenção por parte dos gestores, principalmente se formos considerar que o programa é
parte integrante do contexto do SUS.

Garantir a melhoria das condições de saúde aos usuários passa, necessariamente,


pela garantia da qualidade no acesso universal e integral, estimulando a população a
tornar-se protagonista da própria saúde.

Contudo é preciso possibilitar, também, um ambiente favorável para o desempenho das


atividades laborais aos profissionais da saúde, garantindo-lhes um efetivo engajamento
no processo de trabalho.

O processo de cuidar em saúde, portanto, é garantido por seres humanos, os quais são
dotados de potencialidades e fragilidades. Assim, condições de trabalho insatisfatórias,
de desrespeito à subjetividade do sujeito que trabalha e que estão em uma dimensão
puramente tecnicista e burocrática, desqualificam e desumanizam o cuidado em saúde.

Outro ponto a ser considerado é a falta de incentivo profissional, bem como as lacunas
na comunicação, se constituindo, dentre outros, como elementos desagregadores no
processo de educação em saúde.

A Educação em Saúde vem sendo inserida nas novas diretrizes curriculares propostas
aos cursos de graduação da área da saúde, para que haja uma reorientação do modelo
de atenção.

As novas políticas de saúde tendem a fortalecer as práticas de promoção da saúde pela


integralidade, bem como melhorar a autonomia dos sujeitos na produção da saúde.

Isso requer a formação de um profissional crítico, capaz de aprender a trabalhar em


equipe, ciente com a realidade social e apto a promover o cuidado em saúde de forma
ampla e contextualizada.

Dessa forma, é preciso formar não apenas bons técnicos, mas também bons profissionais,
capazes de ser criativos no pensar, no sentir, no querer e no atuar, os profissionais
devem entender e reconhecer a necessidade de ampliar o cuidado em saúde, ou seja, a
necessidade de superar a visão biologista de compreender e promover a saúde.

A principal característica da gestão do cuidado pela escuta é a capacidade de ampliar o


foco de visão, cuja centralidade não está na doença, mas na pessoa que a abriga, bem
como na família.

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UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

O profissional mantém uma participação ativa nas redes e movimentos sociais em todo
o processo de humanização. Isso se torna possível porque o cuidado por parte da equipe
de saúde depende do vínculo de confiança que consiga estabelecer por meio da escuta e
do diálogo, com respeito às crenças, valores e cultura das pessoas.

A escuta que se produz em uma relação de trabalho, em um processo de educação em


saúde ou em um itinerário formativo é um bom indicador da qualidade da comunicação.

Uma questão importante é o autocuidado, o que implica escutar, estabelecer o diálogo,


buscando entendimento, e relações cooperativas entre a equipe de saúde e as pessoas
que demandam ajuda para, em conjunto, deliberarem e definirem os problemas
e as prioridades, elaborarem os planos de cuidado e estabelecerem pactos para o
acompanhamento dos resultados.

Os participantes não são meros receptores de ordens, mas são sujeitos do seu próprio
cuidado, informados e motivados. Nesta perspectiva, as pessoas são as responsáveis
e promotoras de sua saúde. A interação entre equipes de saúde qualificadas para a
escuta e o entendimento e as pessoas que demandam cuidados, mas sem abrir mão
de sua autonomia para decidir sobre sua saúde, é o campo da gestão do cuidado
pela escuta. Nesta interação voltada para o entendimento prevalece a busca do
compromisso alcançado mediante a argumentação livre e igual entre as partes,
compromisso que é formalizado por meio do contrato coletivo do cuidado entre a
equipe e a pessoa e sua família.

A principal característica da gestão do cuidado pela escuta é o deslocamento do foco da


doença para as pessoas e suas famílias, do profissional solitário para a equipe integrada
e da participação ativa das redes e movimentos sociais em todo o processo.

A prioridade para o enfoque na escuta, no diálogo e na cooperação entre equipes de


trabalhadores de saúde e as pessoas que demandam cuidados abrange as situações nas
quais os fatores de risco implicam mudanças no modo como as pessoas vivem.

Entretanto, sabemos que as transformações na vida das pessoas somente se tornam


realidade se elas próprias estiverem interessadas, conscientes e dispostas a enfrentar
os problemas: ou são o sujeito da mudança ou não há mudança.

Nestes casos, o cuidado por parte da equipe de saúde depende do vínculo de confiança
que consigam estabelecer por meio da escuta e do diálogo, com respeito às crenças,
valores e cultura das pessoas.

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O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização │ UNIDADE II

Nem sempre é possível as pessoas participarem em igualdade de condições na definição


de sua saúde, devido à assimetria das relações com as equipes de saúde.

No entanto, afirmar esta impossibilidade significa desconsiderar que as pessoas têm


história de vida própria; são possuidoras de conhecimentos, habilidades, desejos e
expectativas de uma vida melhor; convivem e sabem, tanto ou mais que as equipes de
saúde, sobre suas necessidades, condições, problemas fantasias e aflições.

As pessoas têm suas concepções de vida bem-sucedida e um projeto de felicidade.

Diversas técnicas e ferramentas estão disponíveis com a finalidade de melhorar a


qualidade da informação e da comunicação entre as equipes de saúde e as pessoas
que enfrentam problemas como obesidade, tabagismo, dependência química, falta de
atividade física, entre outros.

Ao contrário, são adotados frequentemente modelos comunicativos monológicos, não


dialógicos, reforçando a assimetria das relações entre os participantes.

Uma das formas de interação pessoa-pessoa se assenta justamente no diálogo.

Por sua vez, para ser autêntico, só pode ser dialógico.

E ser dialógico, para o humanismo verdadeiro, não é dizer-se


descomprometidamente dialógico; é vivenciar o diálogo.

Um bom exemplo de modelos comunicativos mecanicistas são os folhetos usados como


substitutos da interação entre a equipe de saúde e os usuários, denominados próteses
de comunicação.

O itinerário formativo da equipe de saúde para a escuta e o entendimento inclui o


conhecimento baseado nas evidências científicas da biomedicina e da epidemiologia
associado aos conhecimentos e habilidades comunicativas, sobre o trabalho em equipe
e sobre os valores, crenças e cultura das pessoas, famílias e coletividades.

Este itinerário pode contribuir para formar trabalhadores de saúde que pratiquem a
gestão do cuidado pela escuta.

A gestão do cuidado pela escuta implica a gestão do sistema e dos serviços pela
escuta de modo a tornar comunicativa, democrática e participativa a gestão pública
da saúde.

53
UNIDADE II │ O Modelo Sistêmico: Relações Afetivas Na Família, Trabalho E Socialização

A humanização precisa ser assumida como um processo de educação e valor


agregado na adesão do tratamento do paciente renal por todos os trabalhadores
de saúde. Para tanto, é imprescindível que se desenvolva uma cultura afirmativa
das questões que dizem respeito à atitude profissional proativa e comprometida
com o aprendizado contínuo e permanente em todas as dimensões.

Os programas de educação em saúde necessitam, portanto, ser estimulados no


processo formativo, com o intuito de instigar novas abordagens de intervenção
pelo estímulo à análise crítico-reflexiva e à problematização das práticas de
saúde. Trata-se de um contínuo processo de aprendizagem e transformação,
pela capacidade do aprender a aprender ao longo da vida.

54
Estratégias De Unidade iII
Enfrentamento

Capítulo 1
Família, educação e espiritualidade:
conexões possíveis

A educação é um processo vital de desenvolvimento e formação da personalidade. Esta


não se confunde com a mera adaptação do indivíduo ao meio.

É o processo pelo qual uma pessoa ou grupo de pessoas adquire conhecimentos gerais,
científicos, artísticos, técnicos ou especializados, com o objetivo de desenvolver sua
capacidade ou aptidões.

Trata-se dos conhecimentos, ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes e


habilidades – da produção do saber, seja do saber sobre a natureza, seja da produção
humana. São elementos externos ao homem, necessários para que sejam assimilados,
tendo em vista a constituição de algo como uma segunda natureza.

Há também aqueles que consideram a educação entre as atividades humanas mais


complexas.

Para tal, é preciso tentar implantar programas eficientes e eficazes ligados diretamente ao
ensino e aprendizagem, buscando a utilização de intervenções educativas diferenciadas
na conquista de uma assistência em saúde com qualidade.

O diálogo de igual para igual, a inter-relação entre a teoria e a prática, os aconselhamentos


interpessoais ou impessoais visam propiciar esse engajamento entre indivíduo, família
e a equipe de saúde, objetivando a entrega do conhecimento na intenção de provocar
mudança de atitude.

A educação é um instrumento de aprofundamento da intervenção da ciência na vida.

O educador é o profissional que usa as palavras e gestos como instrumento de trabalho.

55
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

O profissional de saúde como educador é um aspecto necessário a ser considerado,


cabendo a este não direcionar o juízo de valor, entendendo que o contexto da educação
aplicada à saúde é o fato de não ocorrer ação imediata de mudança de comportamento
do indivíduo, sendo que a cultura, aspectos socioeconômicos, educacionais dentre
outros, irão influenciar na decisão do indivíduo em aceitar ou não o aspecto educativo.

É difícil que o indivíduo tenha consciência crítica logo após o processo educativo, o
processo é lento e as mudança só serão percebidas quando ele entender a real necessidade
delas, as quais não são imediatas. Elas vão acontecer em processos contínuos, na
intermediação de saberes, em que não será mais o saber do profissional de saúde e o
saber do indivíduo, mas a construção de um novo saber.

A educação em saúde é uma ação transformadora do ato do cuidar, o saber popular


deve ser respeitado, e desmistificado ou agregado ao conhecimento científico, formando
assim uma construção de um novo saber, respeitando a sabedoria popular.

Não é fácil para um profissional de saúde trabalhar com os estágios da consciência, e


isso deve ser levado em consideração.

O primeiro estágio da consciência é chamado de ingênuo, trata-se da realidade


espontânea, o indivíduo tem a consciência sobre algo de acordo com a realidade que
vive, por isso considera-se que é uma consciência concreta e inacabada.

Quando transportamos estes estágios de consciência para a complexidade da educação


em saúde, vimos que a consciência em saúde é mediada pela ação reflexão ação,
buscando segregar a cultura e também a vulnerabilidade.

O termo vulnerável deve ser considerado nas ações de educação em saúde, ser vulnerável
é estar mais sensível a riscos, e riscos devem ser gerenciados.

A construção do quadro conceitual da vulnerabilidade no campo da saúde é algo que


supera as práticas preventivas apoiadas no conceito de risco.

O conceito de risco, intensamente desenvolvido a partir dos anos 50 do século XX,


conformou-se como um instrumento de quantificação das possibilidades de adoecimento
de indivíduos ou populações, a partir da identificação de associações entre eventos
ou condições patológicas e outros eventos e condições não patológicas, causalmente
relacionáveis.

As conquistas decorrentes da aplicação deste conceito às práticas de saúde pública


foram associadas à sua operacionalidade, à ampliação da capacidade de controle ou
eliminação de determinados fatores de risco, com consequente redução de ocorrência
de agravos e danos.

56
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

Portanto, cabe aos profissionais de saúde educar no sentido de mitigar os riscos e


agravos à saúde.

Logo, os modelos educativos devem conscientizar e não convencer os indivíduos a agir


de modo diferente, buscando estratégias educativas não só na busca da transmissão
de informações técnico-científicas, mas também na compreensão da sabedoria prática
dos indivíduos e comunidades, respeitando os saberes que não têm a pretensão de
universalidade da ciência, nem de permanência e reprodutibilidade da técnica, mas
caracterizam juízos imediatos que combinam aprendizados de experiências prévias e
apreciações imediatas de interesse e valor.

Pressupor um diálogo discursivo, que possibilite a troca de experiências entre o


profissional de saúde e o indivíduo, é algo que deve ser considerado na prática
profissional orientado por essa perspectiva de instrução e troca; as ações de educação
em saúde devem presumir a construção de um horizonte que traga a ressonância efetiva
sobre os sujeitos, usuários e profissionais envolvidos nessa relação educativa.

Incorporar aos projetos educativos em saúde as dimensões do processo


saúde-doença, buscando a multicausalidade, alinhando a sua complexidade e suas
mútuas interferências, são questões que o profissional de saúde como ser educador
deve levar em consideração.

A abordagem crítico-reflexiva é pertinente porque discute a ação educativa de forma


inovadora, centrada no diálogo entre o educador e o educando, em que sempre há
partes de um no outro.

O ser humano é vocacionado para ser sujeito na medida em que ele se posicione de forma
crítica, refletindo sobre sua condição de sujeito, comprometido com sua realidade e não
como um mero espectador das ações de outrem. Portanto, no momento em que ele se
integra com o mundo e no mundo, recria então sua própria história e decide sobre ela,
sobre o que é bom ou ruim à sua saúde.

O aprendizado tem diferentes dimensões, extraindo-se daí a essência da prática, deve


ser considerada a adaptação ou mesmo a própria acomodação, sair da zona de conforto
não é algo simples e fácil, por isso que o alcance da transformação e a recriação da
realidade instituída deve ser a meta, a estratégia do educador em saúde deve permear
sobre essas questões.

Essas estratégias são fundamentais para o sucesso da Educação em saúde, as interações


que podem ou não se estabelecer nos processos educativos com os indivíduos, seja na
educação individual ou coletiva, muitas vezes são itens fundamentais para o sucesso no
processo de aprendizagem.

57
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

O educando deve fazer parte da construção do seu próprio conhecimento, ter uma
posição crítica de maneira que vai tornando-se cada vez mais capaz de construir o seu
saber e dele se valer.

Assim, a aprendizagem é a construção desse conhecimento e a constatação da


necessidade de transformação, a reconstrução, sempre baseada na ética.

O ato de reconstruir e se apropriar do saber corresponde à passagem da consciência


ingênua à crítica.

Em face dessas reflexões, é importante que o profissional na prática da educação em


saúde considere o modo de viver individual e coletivo das pessoas, respeitando suas
concepções e práticas de vida e de saúde, incluindo todo o seu sistema simbólico.

Essa forma de conduzir a ação é necessária para que não se faça um discurso idealizado
de que uma ou outra prática de saúde é melhor para o indivíduo do que a outra, sem,
entretanto, apresentar a menor coerência com suas reais expectativas, necessidades ou
desejos.

A participação do indivíduo como corresponsável pelas ações de saúde deve ser o item
norteador nas ações dos profissionais de saúde, o educador deve ser capaz de agir
politicamente, ter ética e respeitar o indivíduo.

A vulnerabilidade dos sujeitos (individuais e/ou coletivos) devem ser particularizadas


pelo reconhecimento tanto do ser individual, como o social e o institucional.

Os componentes da vulnerabilidade individual têm sido pontuados pela


ordem cognitiva, ou seja, atentar-se à quantidade e qualidade de informação
transmitida aos indivíduos, analisando a capacidade de absorvê-las,
interpretá-las e até de elaborá-las.

Pela ordem comportamental, considerando a capacidade, habilidade e interesse


para transformar as preocupações de saúde em atitudes e ações protegidas e
protetoras.

A vulnerabilidade está relacionada aos comportamentos que criam


oportunidades para que as pessoas venham a contrair doenças.

Esses comportamentos associados à maior vulnerabilidade não são entendidos


como uma ação voluntária das pessoas, mas estão relacionados tanto com
condições objetivas do ambiente quanto com as condições culturais e sociais
em que os comportamentos ocorrem, bem como com o grau de consciência
que as pessoas têm sobre tais comportamentos e ao efetivo poder que podem
exercer para transformá-los.

58
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

A vulnerabilidade conecta os componentes individual e social. Envolve o grau e


a qualidade de compromisso, recursos, gerência e monitoramento de programas
nacionais, regionais ou locais de prevenção e cuidado, os quais são importantes para
identificar necessidades, canalizar os recursos sociais existentes e otimizar seu uso.

O componente social da vulnerabilidade envolve o acesso às informações, as


possibilidades de compreender e incorporar mudanças nos hábitos de vida diários,
além de ter o acesso a recursos materiais, escolas e serviços de saúde.

A Educação em saúde deve abranger as dimensões educativas para além do caráter


normativo e centrado no objeto, articular as intervenções em saúde e as ações de
promoção e prevenção à saúde, repensando o cuidado em saúde enquanto encontro
de sujeitos, buscando entender o processo de adoecimento, articulando a maneira de
pensar, de agir, respeitando a ética e a cultura de cada um.

O profissional em saúde pública, como educador, deve fazer análises e intervenções


multidimensionais considerando que as pessoas não são, em si, vulneráveis, mas
podem estar vulneráveis a alguns agravos e não a outros, sob determinadas condições,
em diferentes momentos de suas vidas, articulando as práticas educativo-assistenciais
em saúde.

A educação popular em saúde anuncia um discurso transformador, mediado pela


participação do indivíduo de forma ativa, crítica e questionadora e não por uma
participação passiva.

Figura 8.

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-8L7VP8znOrw/TZ5kS3nGfuI/AAAAAAAAAqI/19OEx4VzO2k/s1600/imagesCAGZDG8S.jpg>.

O exercício da prática de educação popular em saúde deve ter abertura, disponibilidade


para ouvir o outro, relação interpessoal e na ação educativa em si, criando um ato
participativo mútuo, trocando as experiências: quem educa é educado.

O profissional de saúde não pode deixar de pensar que não há um único saber, saber
verdadeiro, todo saber é relativo, negado, superado ou complementado por outros

59
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

saberes. Daí sua noção de inacabado, de incompleto, pois existe sempre algo a mais a se
saber ou a ser reformulado por outros saberes.

O educador deve orientar por transmissão de conhecimentos, estimular a crítica e


problematização, no campo da saúde cabe a prática transformadora, mediada pela
participação do sujeito em todo processo educativo.

A premissa básica deve ser de propiciar o fortalecimento pessoal dos seres humanos
com quem interagem.

O essencial é ajudar o ser humano a ajudar-se, é fazê-lo agente de sua transformação.

A pessoa, na condição de sujeito, é participante do cuidado, reflete, questiona, recusa,


aceita, critica.

A posição ativa, tanto do educador como do educado, transforma a relação que se


estabelece no processo de educar-cuidar.

De outra maneira, sem uma ação coletiva, compartilhada com o saber popular, o
conhecimento científico não consegue progredir, por isso a importância do profissional
de saúde educador vincular a teoria com a prática.

A intencionalidade de construir estratégias educativas que permitam investir


em possibilidades de transformação das condições de vida nas quais crenças,
hábitos e comportamentos ganham sentido demanda apreender, compreender
e dialogar com a multiplicidade de aspectos que modulam as crenças, os hábitos
e os comportamentos dos indivíduos e grupos com os quais interagimos.

Nesta perspectiva, a produção de experiências mais ou menos patogênicas, mais ou


menos promotoras de bem-estar estão associadas às relações intersubjetivas que se
estabelecem na experiência de reconstrução de padrões culturais validados socialmente
e à problematização do espaço/tempo social no qual as nossas práticas educativas estão
situadas.

Com esta perspectiva necessariamente integrada e abrangente, a educação em saúde


pode ser pensada não como estratégia de aliciamento a um modelo que permanece
cognitivo-racional ou como recurso para uma “aprendizagem sanitária” satisfatória,
mas como eixo orientador de escolhas político-pedagógicas significativas para um dado
grupo e contexto.

60
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

O apoio e a resposta social que se busca alcançar envolve a comunicação entre diferentes
indivíduos que não objetiva a homogeneização de formas de pensar e levar a vida, mas
a construção e o fortalecimento de cumplicidades na busca de proteção.

O profissional de educação em saúde deve entender que se trata do caminho que busca
articular dimensões complementares com vistas à construção de respostas sociais
significativas, a educação não trata de definir comportamentos corretos para os demais,
mas de criar oportunidades de reflexão crítica e interação dialógica entre sujeitos sociais.

A proposta de uma ação transformadora de cuidar e educar fundamenta-se na condição


do profissional de saúde retornar ao senso comum, tornando-o mais coerente e
consciente de sua realidade concreta frente ao sistema de saúde instituído que, por
vezes, se contrapõe às suas expectativas.

Não se pode esquecer que na prática de educar-cuidar deve-se atentar às particularidades


de cada ser humano, o lugar social que ele, como sujeito, ocupa.

O cuidado é singular e atende às características próprias de cada sujeito, cabendo


encontrar os nexos aplicados na educação à saúde, sustentados na condição de que o
cuidado se estabelece na relação sujeito-sujeito.

O ser humano é potencialmente criativo e sensível, portanto o processo de educar-


cuidar ocorre em uma relação recíproca e verdadeira. A compreensão de que tanto ele
quanto os profissionais são sujeitos que participam de uma relação de cuidado, sempre
se transformando, com pensamentos e ações que se refazem e se modificam ao longo
de sua vida.

Um dos pressupostos sobre a ciência do cuidado se ancora no fato de que este pode
ser efetivamente demonstrado e praticado apenas interpessoalmente, considerando ser
através do desenvolvimento dos próprios sentimentos que as pessoas interagem.

Na medida em que a equipe de saúde aumenta sua própria sensibilidade, torna-se mais
autêntica, e assim tornando-se, encoraja o auto crescimento e a autorrealização dela
própria e com quem interage.

Uma das formas de interação pessoa-pessoa se assenta justamente no diálogo.

Por sua vez, para ser autêntico, só pode ser dialógico.

E ser dialógico, para o humanismo verdadeiro, não é dizer-se


descomprometidamente dialógico; é vivenciar o diálogo.

61
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

A Educação é um processo representado por toda e qualquer influência sofrida pelo


indivíduo, capaz de modificar-lhe o comportamento.

Com o passar dos anos, a Educação em Saúde foi sendo remodelada, com olhar crítico
nas ações e influência do indivíduo, mudando o seu conceito no ato de ofertar escolhas,
para que o indivíduo se aproprie de sua saúde e direcione seus hábitos e estilo de vida à
prevenção, promoção e controle de agravos à saúde.

Na prática, deve estar preocupada com a melhoria das condições de vida e de saúde dos
indivíduos em busca de um nível adequado de saúde às populações.

As pessoas precisam saber identificar e satisfazer suas necessidades básicas, devem ser
capazes de adotar mudanças de comportamentos, práticas e atitudes, além de dispor
dos meios necessários à operacionalização dessas mudanças.

A década de 70 foi uma fase com enfoque crítico, caracterizando-se por uma tomada de
consciência de que o homem se educa a partir da realidade que o cerca e em interação
com outros homens, como sujeito transformador.

Paulo Freire, na ocasião, desenvolveu um método de ensino baseado na aprendizagem


de palavras que são conhecidas pelo aluno, sendo divididas em sílabas que podem ser
recombinadas, originando a escrita de outras palavras, trazendo esse conceito de se
educar de acordo com a realidade que o cerca.

Etapas do Método de Paulo Freire em Educar:

»» Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das


palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu
universo vocabular e da comunidade onde ele vive.

»» Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do


mundo através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.

»» Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e


inspira o aluno a superar a visão mágica e a crítica do mundo, para
uma postura conscientizada.

As fases de aplicação do método.

Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:

»» 1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo com o intuito


de escolher palavras geradoras.

62
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

»» 2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de


riqueza fonética, dificuldades fonéticas.

»» 3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo.

»» 4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para


os debates.

»» 5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias


fonéticas correspondentes às palavras geradoras.

Para Paulo Freire, “alfabetização de adultos é proporcionar-lhes a conscientização


para que se alfabetizem”.

Freire defende a autogestão pedagógica.

Recusa a transmissão de conhecimentos vindos de fora.

O resultado do método aplicado de Paulo Freire sempre foi gratificante.

A Educação em Saúde é um dos mais importantes elos entre os desejos e expectativas


da população por uma vida melhor e as projeções e estimativas dos governantes ao
oferecer programas de saúde mais eficientes.

No campo da saúde, embora já existam várias iniciativas no sentido de respeitar e


valorizar a participação e autonomia do sujeito nas ações relativas ao seu bem-estar,
ainda hoje se constata a predominância do modelo de educação linear, de orientação
depositária, falta ainda a percepção da realidade do indivíduo e da cultura que impera
sobre ele.

Observando a terminologia no processo pedagógico em saúde, encontramos um


direcionamento pautado em verbos como “orientar”, que nada mais é que guiar, dirigir,
encaminhar, indicar, nortear, determinar. Verificamos, deste modo, que existe uma
coerência entre os vocábulos utilizados, sua destinação e significância.

Este modelo tradicional de educação traz uma questão norteadora importante onde
a relação educador (professional da saúde) e educando (paciente) tem a marca da
unidirecionalidade e verticalidade, ou seja, a concepção neste modelo é do profissional
falar e o sujeito ouvir.

Nele, as pessoas, via de regra, se submetem a este tipo de relação-vertical, depositário,


na busca de soluções aos seus problemas.

63
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

O conceito de Educação em Saúde é ofertar escolhas, portanto, quando se oferta,


espera-se que o indivíduo analise e escolha o que é melhor para ele, não prevalecendo
na posição de passividade frente ao saber profissional (científico).

A proposta da Educação em Saúde é que os indivíduos formem um grupo conscientizador,


que adote suas próprias práticas de saúde. Ao adotá-las, não as fazem necessariamente
no sentido de preservar sua herança cultural, mas como forma de resistência àquelas
práticas instituídas oficialmente, quando estas não atendem aos seus interesses e
necessidades.

Educação em Saúde, nem como ciência nem como arte, mas como disciplina de
ação e neste espaço, entre as esperanças da população e as políticas de saúde do
governo.

A mudança de perspectiva no pensar e fazer no campo da educação popular em saúde


agrega seu papel educativo ao resgate da pessoa como cidadão, que participa e é
consciente de sua condição de vida. Isto implica em proposta de ação voltada ao diálogo
e à intermediação de práticas e saberes que dele resulta.

No cuidar e no educar em saúde deve-se permitir um exercício vivo de diálogo, com


conscientização, crítica e reflexão do indivíduo sobre sua própria saúde.

A pedagogia crítico-reflexiva; transformação-ação e educação dialógica são princípios


que subsidiam a discussão sobre a intermediação de saberes e práticas impressos nas
vivências e experiências dos grupos humanos, sejam eles profissionais ou populares.

Portanto, a prática educativo-dialógica na saúde e a articulação da consciência de que


a saúde é uma prática individual e coletiva é fundamental, o indivíduo é o sujeito do
cuidado, por sua vez, construtor de sua própria história, inseridos socioculturalmente.

O lugar social é o campo da educação em saúde, por isso a pedagogia crítico-reflexiva


é importante, cabe na educação em saúde elaborar um pensamento mais crítico e
reflexivo, passando, inclusive, a analisar e a questionar a própria educação.

A educação em saúde deve ser dirigida para atuar sobre o conhecimento das pessoas,
para que elas desenvolvam juízo crítico e capacidade de intervenção sobre suas vidas e
sobre o ambiente com o qual interagem e, assim, criarem condições para se apropriarem
de sua própria existência.

Deve-se adentrar nas Necessidades Individuais:

»» Desenvolvimento harmônico do corpo e do espírito.

64
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

»» Desenvolvimento emocional.

»» Formação do espírito crítico.

»» Desenvolvimento da capacidade criativa.

»» Desenvolvimento do espírito de iniciativa.

»» Formação ética.

»» Formação moral.

»» Desenvolvimento do senso de responsabilidade social.

»» Formação política para o pleno exercício da cidadania.

Educação é um processo representado por toda e qualquer influência sofrida pelo


indivíduo, capaz de modificar-lhe o comportamento.

Tipos de Educação:

»» Heteroeducação: é quando as influências incidem sobre o indivíduo


independentemente de sua vontade. É aquele em que não há a participação
deliberada e intencional do próprio sujeito da educação, embora ele seja
levado inconscientemente a participar do processo.

»» Autoeducação: existe a participação intencional do educando em procurar


influências capazes de lhe modificar o comportamento e submeter-se a
elas.

Ações de Educação em Saúde

»» Estimulativa: a pessoa deve participar da sua própria educação.

»» Exercitativa: adquire experiências, formação dos hábitos de vida.

»» Orientadora: busca trazer a autonomia do indivíduo.

»» Didática: busca a transmissão do saber.

»» Terapêutica: foca no processo de saúde e educação.

Essas estratégias são fundamentais para o sucesso da Educação em saúde, as interações


que podem ou não se estabelecer nos processos educativos com os indivíduos, seja na
educação individual ou coletiva, muitas vezes são itens fundamentais para o sucesso no
processo de aprendizagem.
65
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

A equipe multidisciplinar tem papel de facilitadora do processo de ajudar o indivíduo


e sua família a se autodeterminarem para o cuidado de si com inúmeras estratégias,
incluindo a educação, o advogar, assim como gerenciar o caso do paciente e familiares.

As atividades assistenciais contemplaram o cuidado direto, a orientação e educação aos


pacientes e familiares, contribuindo para que o enfermeiro crie espaços de interação
ativos possibilitando a individualização do cuidado.

A educação está dirigida prioritariamente a clientes recém-admitidos, tendo por


objetivo esclarecer dúvidas sobre doença renal crônica e terapia renal substitutiva,
além de reduzir o medo da máquina de hemodiálise.

Deve-se fazer uso de recursos educativos como folhetos e palestras, quando possível.
Um profissional mencionou que investiga outros problemas de saúde que podem estar
acometendo esses clientes, não se detendo exclusivamente à doença renal crônica.
Nesse cenário, emerge a importância da produção de um saber coletivo que se traduz
na autonomia e emancipação dos sujeitos e da sua família.

Na ação assistencial há seis áreas do conhecimento que podem ser analisadas para se
compreender as competências desenvolvidas.

Destacam-se as máximas, que são as instruções fornecidas pelos especialistas, que


não fazem sentido para qualquer outro, a menos que a pessoa já tenha conhecimento
profundo da situação ou que disponha de larga experiência na área.

Nesse contexto, ressalta-se o Parecer CNE/CP no 29/2002 do MEC o qual informa


que competências incluem: intuir, pressentir e arriscar, com base em experiências
anteriores e conhecimentos, habilidades e valores articulados e mobilizados para
resolver os desafios da vida profissional, que exigem respostas sempre novas, originais,
criativas e empreendedoras.

O aprendizado tem diferentes dimensões extraindo-se daí a essência da prática, deve


ser considerada a adaptação ou mesmo a própria acomodação, sair da zona de conforto
não é algo simples e fácil, por isso que o alcance da transformação e a recriação da
realidade instituída deve ser a meta, a estratégia do educador em saúde deve permear
sobre essas questões.

O processo de educação em saúde deve ser implementado no cuidado envolvendo o


ensino do autocuidado, assim como dos cuidadores e/ou família.

Ensinar o cuidado é necessário, entretanto, deve-se observar e respeitar a capacidade, o


grau de compreensão e a possibilidade de ação dos cuidadores/ familiares.

66
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

Deve-se ter a autonomia e para isso a família e o cuidador tem a responsabilidade e


deve ter a habilidade para suportar as mudanças até da própria dinâmica familiar.

Com base nos quesitos autonomia e independência, instrumentais foram criados para
avaliar o nefropata, um exemplo é a avaliação multidimensional da pessoa.

Esta avaliação possui um processo de estudo e diagnóstico do estado de saúde do


paciente e tem como base a avaliação dos sistemas funcionais e fisiológicos como sono,
nutrição, órgãos como coração, pele, pulmões e outros, a cognição, humor, mobilidade,
comunicação; a execução, por parte dos nefropatas, de atividades do dia a dia como
comer, tomar banho, fazer compras, participação social; o uso de medicações; histórico
de saúde e fatores contextuais como apoio sociofamiliar e ambiente onde se vive.

A assistência à saúde deve seguir um Plano de Cuidado como estratégia para organização
e integralidade do cuidado, deve ser feito e conduzido por toda a equipe multidisciplinar
(enfermagem, médico, psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, nutricionista e
outros) e levar em consideração o mapeamento global; os problemas biopsicossociais e
o planejamento de intervenções de cunho preventivo, curativo, paliativo e reabilitador.

Portanto, supõe-se que o cuidado por parte dos equipamentos de saúde às pessoas
nefropatas necessita considerar a complexidade não somente clínica, mas também a
sociofamiliar, o controle, monitoramento e avaliação do que foi estipulado como meta.

Cabe lembrar que a organização do serviço deve ser centralizada nas metas, na
efetividade e eficácia, preconizando atividades que se traduzem por quantas vezes
determinada ação é realizada e quem a realizou.

O cuidado envolve a família e sua vida doméstica e a inserção na dinâmica política


e econômica da sociedade como um todo, reforçando os laços sociais, as redes de
solidariedade de cada comunidade.

Outro aspecto importante a considerar é o cuidador.

O Ministério da Saúde define cuidador como a pessoa que mais diretamente presta
cuidados, de maneira contínua e regular, podendo ou não, ser alguém da família.

As funções e atividades de um cuidador estão diretamente ligadas ao paciente, família.

Existem dois tipos de cuidadores: o formal e o informal.

»» Formal: Provê cuidados de saúde ou serviços sociais para outros,


em função de sua profissão, e usa suas habilidades, a competência e a
introspecção originadas em treinamentos específicos.

67
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

»» Informal: Leigo ou familiar provê de cuidados e assistência para outros,


mas sem remuneração. É uma expressão de amor e carinho por um
membro da família, amigo ou simplesmente por outro ser humano em
necessidade.

No cuidado, é importante saber quem cuida do doente. Uma questão que deve ser
analisada é: Se faz por livre escolha ou porque as circunstâncias determinaram?

Isto tem como consequência a possibilidade de busca da autonomia ou não.

É necessário que se determine junto ao cuidador quais ações vai realizar para cuidar;
qual a periodicidade de fornecimento de orientações para cuidar; como será feito; quem
e quando fará a supervisão das ações de cuidado.

O grau da doença renal, escolaridade, questões socioeconômicas, assim como tempo de


cuidado, são importantes aspectos a serem observados pela equipe de saúde ao realizar
o cuidado neste tipo de paciente.

Deve-se ter em mente a necessidade de ensinar o paciente e a família a realizar


procedimentos simples, que fazem parte do arcabouço de cuidados de vida diários e
não de cunho técnico-científico de qualquer profissão.

Cabe aos profissionais ofertar a possibilidade de capacitação do cuidador e família ao


cuidado, porém sempre atento ao que pode ou não delegar/ensinar. Essa sensibilidade
e capacidade técnica-científica para estabelecer metas de cuidado factíveis à realidade
de saúde-doença é fundamental.

Os profissionais de saúde devem devolver à família/ cuidador e/ou indivíduo sua


condição plena de gerenciamento de uma vida digna, possibilitando o autocuidado.

O doente e sua família são senhores de suas escolhas, por isso é necessário propiciar
condições materiais e emocionais para fazê-las, adquirindo competências para tanto a
partir de um sistema formal de prestação de cuidados em saúde.

A presença do cuidador muitas vezes é necessária, mas ele não pode esquecer que o
paciente precisa ter autonomia e estimular que faça suas atividades de vida diárias.

O cuidador “é o grande depositário das orientações da equipe de profissionais


responsável pelo paciente”, é o indivíduo que assume o cuidado e representa o elo entre
paciente, família e equipe de profissionais de saúde.

Esta forma de cuidado profissional diminui as oportunidades de criação de problemas


éticos e legais de exercício das profissões.

68
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

Para que o profissional de saúde realize o cuidado, deve estar preparado, ter atitudes,
aceitar o desafio do cuidar e deve ter sensibilidade e atributos tais como maturidade,
educação, saber conversar, ser flexível, criativo, ter objetivos de cuidado.

Alguns pacientes, na busca por atendimento em um serviço de saúde, podem


se tornar vítimas de várias ações que violentam e violam seus direitos previstos
em legislação. Rituais de agressões, violências e maus tratos que se desenrolam
expressam-se na força, na palavra, no silêncio, na omissão, na posse. Falar
em violência, agressões e maus tratos significa falar de traumas de natureza
psicológica, emocional, moral e física.

É preciso o comprometimento ético dos profissionais de saúde, tendo o objetivo de


construir com o paciente e seus entes essa independência e autonomia de cuidados em
saúde, minimizando o estado de sujeição.

É necessário delegar à família e ao cuidador o cuidado, mas para isto é necessário


que num primeiro momento esta família seja instrumentalizada a cuidar e que haja
cuidados especiais por parte dos profissionais de saúde e depois o ensino do cuidado ao
indivíduo.

Necessário se faz verificar as condições do indivíduo e sua família em assumir este


cuidado, sob o devido acompanhamento dos profissionais de saúde. É preciso delegar à
família o seu real papel, a retomada de provedora de cuidados de sua prole, contribuindo
socialmente para uma vida plena de direitos de saúde.

A equipe de saúde deve ser constituída por profissionais que interagem na atividade
assistencial, movidos pelo interesse em ultrapassar os limites e com o objetivo de atingir
o bem-estar do paciente.

Vale ressaltar que são aspectos fundamentais para a constituição desta equipe:

»» a compreensão da doença;

»» utilização de uma linguagem comum entre a equipe;

»» o desenvolvimento do trabalho a partir da visão global do indivíduo;

»» o questionamento da própria doença por cada membro, fazendo contato


e elaborando internamente a questão, compartilhando estes sentimentos
com a equipe.

Portanto, a atuação da equipe incluirá saberes, atitudes e valores do ser humano,


constituindo-se numa relação de compromisso com a diversidade do paciente assistido,

69
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

e com a visão sistêmica e integral dele e de sua família, adotando uma prática competente
e humanizada, considerando as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.

A abordagem da equipe envolve ações de prevenção de agravos, recuperação e


reabilitação.

A elaboração de um plano de intervenção é fundamental e este deve contemplar a


avaliação do estado de saúde, identificação e priorização das necessidades, definição
das ações, seu acompanhamento e monitoramento, incluindo a participação do familiar
e do cuidador.

Deve haver o envolvimento de uma equipe formada por vários profissionais direta e
indiretamente no tratamento e no cuidado ao paciente.

A equipe multiprofissional deve ter especialização no cuidado com o paciente renal.


Se o profissional não se especializar e tiver uma educação continuada constante, não
conseguirá entender o contexto holístico do cuidado. Ter uma boa habilidade técnica
para efetuar, por exemplo, uma punção venosa, é fundamental, mas não é tudo.

É preciso ter habilidades emocionais para lidar com todo o estresse, angústia e dor que
a doença traz a todos os envolvidos.

O profissional precisa ter um perfil especial, amadurecer que o contexto do cuidado


não é puramente técnico, ele envolve outros atributos do conhecimento, espiritual,
psicológico e social.

O profissional deve ser capaz de visualizar o paciente como um todo, envolvendo o


contexto familiar, seus valores pessoais, seus sentimentos e suas formas de relações.

Tanto o paciente como a família, cuidador e demais pessoas envolvidas com o paciente,
precisam ser entendidas também, muitas vezes a luta com a doença pode ocasionar
um desgaste mental e até desânimo por parte de todos, logo, cabe o entendimento dos
profissionais para ofertar conforto a todos os envolvidos.

A equipe deve entender esse contexto e se preparar para nortear diferentes sentimentos
e situações ao longo da assistência do paciente renal.

Ter autoestima, autocontrole, equilíbrio é uma questão fundamental para as tarefas a


serem executadas.

Construir protocolos de cuidados aos pacientes renais é algo fundamental para se


garantir a boa assistência. Nesses protocolos devem ser contemplados todo o Plano
de Cuidados do paciente, visando não só as tarefas e responsabilidades da equipe,

70
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

mas também do paciente, família, cuidador e entes queridos que estarão envolvidos
diretamente na assistência deste paciente.

O Plano de Cuidados trata-se de um processo de organização assistencial do cuidado.


Nesse plano, deve ser contemplado o levantamento de problemas de saúde, fazendo
questões específicas como:

»» O que o paciente tem de problema?

»» Como intervir nesses problemas levantados?

»» Por que cabe a realização de mudanças, como por exemplo, estilo de vida,
hábitos alimentares? (Justificativa da proposta do plano)

»» Quem serão os profissionais que farão o suporte assistencial ao paciente?

»» Onde esse paciente será atendido?

»» Quais os materiais, equipamentos e recursos necessários para a qualidade


da assistência deste paciente?

O histórico de vida; doenças existentes; tratamentos já realizados; medicações em uso;


estado nutricional; situação vacinal; sexualidade; presença de quedas; estado de saúde
percebido; como é o ambiente onde se vive, se existem problemas de acessibilidade ou
riscos para a segurança; se existe e como é o suporte social e familiar (se é um suporte
que provê o cuidado quando de uma incapacidade ou problemáticas diversas); e como
se encontra a funcionalidade global, ou seja, se o nefropata consegue gerir sua própria
vida e cuidar de si mesmo de forma independente e autônoma, mesmo com a presença
de doenças e incapacidades, são itens necessários a serem avaliados.

A independência e a autonomia estão intimamente relacionadas ao funcionamento em


harmonia dos seguintes quesitos: cognição, humor, mobilidade e comunicação.

O quesito cognição é quando há condição mental para compreensão e resolução de


problemas; o humor é a motivação precisa para as ações (estado emocional, presença
ou não de depressão); a mobilidade traduz a capacidade do indivíduo em se deslocar e
manipular o meio onde está inserido e a comunicação vai depender do estado da visão,
audição e fala para permitir a contactuação produtiva com o meio.

Cabe à equipe multiprofissional atuar de forma holística, atendendo os preceitos da


profissão.

71
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

A capacitação para a autonomia do indivíduo e sua família demanda um serviço de


saúde sistematizado, com: acompanhamento, supervisão, estabelecimento de um
tempo para a realização do cuidado e também com objetivos definidos desta forma de
cuidado de saúde.

O Plano de Cuidados permite ações curativas e/ou paliativas, ações reabilitadoras e


de promoção da saúde por meio das fases: Avaliação, Planejamento, Coordenação e
Implementação, Monitoramento/Avaliação e Readequação.

O Plano de Cuidados requer abordagem global, interdisciplinar e multidimensional,


que leve em conta a grande interação entre os fatores físicos, psicológicos e sociais que
influenciam a saúde desta parcela da população e a importância da análise do ambiente
no qual estão inseridos.

Para a construção do Plano de Cuidados inicialmente é realizado a Avaliação, que


tem como objetivo coletar informações acerca das condições de saúde, os riscos,
vulnerabilidades e também as potencialidades.

O planejamento deve ser feito com base em informações obtidas nas avaliações e
acompanhamento de toda a equipe multidisciplinar, família e cuidador, devendo
buscar resoluções para os problemas encontrados, sempre considerando os recursos
existentes tanto do paciente quanto da comunidade e priorizar conforme negociação
entre ele (junto aos familiares, se necessário) e os profissionais de saúde.

As metas devem ser mensuráveis de curto, médio e longo prazos a serem alcançadas.

O planejamento deve ser continuamente revisado, pois possivelmente os anseios e o


quadro global da pessoa se modificam conforme o tempo.

O Monitoramento e Avaliação do Plano deve ser feito continuamente de todo processo


planejado e em execução de forma a garantir adequações necessárias para que as metas
sejam alcançadas.

O oferecimento de uma assistência holística aos cuidadores familiares, por meio de


uma equipe de saúde, consiste em uma função essencial dos cuidados.

A Readequação é a retroalimentação do sistema de gerenciamento do Plano de Cuidados


após a avaliação dos resultados obtidos, de forma a replanejar de acordo com as novas
demandas surgidas.

Tudo deve proporcionar o alívio da dor e de outros sintomas; oferecendo o apoio


espiritual e psicológico; fornecendo uma rede de apoio para que o paciente possa ter
uma vida ativa e, também, dar apoio à família para que ela possa enfrentar a doença.

72
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

Fundamentam-se na busca incessante do alívio dos principais sintomas estressores do


paciente; frequentemente agregados a práticas médicas tradicionais; na organização de
uma equipe interdisciplinar, a qual se propõe a amparar o paciente, família, amigos e
seu cuidador.

A incapacidade psicológica do pacientes acaba auto determinando seu estado de


degradação humana. As questões morais que se colocam na vida é um valor inalienável
do ser humano que acaba gerando questões sociais como a eutanásia, ou mesmo a
concepção errada do tratamento, acaba trazendo angústias e ansiedades para que a
morte seja encarada de forma reparável.

A equipe e família do doente nefropata deve ter o domínio de excelência para


proporcionar qualidade de vida e bem-estar para o funcionamento das funções vitais do
organismo, preparo da parte psicossocial, bem-estar espiritual, percepção da doença.

Para a maioria dos pacientes crônicos a participação da família na sua recuperação é


uma influência positiva, não só do ponto de vista clínico, mas também do psicológico,
uma vez que a tendência é sempre uma colaboração mais eficiente entre profissionais
de saúde, família e paciente.

Quando o paciente tem uma condição mais grave e alto grau de dependência, a
colaboração familiar é fundamental, no entanto, seus membros devem se preparar para
significativas alterações de sua rotina doméstica. Principalmente nos casos de doenças
crônicas ou incapacitantes, a convivência com o paciente pode gerar dor e sofrimento
nos entes querido.

Nesta perspectiva, a produção de experiências mais ou menos patogênicas, mais ou


menos promotoras de bem-estar estão associadas às relações intersubjetivas que se
estabelecem na experiência de reconstrução de padrões culturais validados socialmente
e à problematização do espaço/tempo social no qual as nossas práticas educativas estão
situadas.

O apoio e a resposta social que se busca alcançar envolve a comunicação entre diferentes
indivíduos que não objetiva a homogeneização de formas de pensar e levar a vida, mas
a construção e o fortalecimento de cumplicidades na busca de proteção.

A profissional de educação em saúde deve entender que trata-se do caminho que


busca articular dimensões complementares com vistas à construção de respostas
sociais significativas, a educação não trata de definir comportamentos corretos para
os demais, mas de criar oportunidades de reflexão crítica e interação dialógica entre
sujeitos sociais.

73
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

A proposta de uma ação transformadora de cuidar e educar fundamenta-se na condição


do profissional de saúde retornar ao senso comum, tornando-o mais coerente e
consciente de sua realidade concreta frente ao sistema de saúde instituído que, por
vezes, se contrapõe às suas expectativas.

Não se pode esquecer que na prática de educar-cuidar deve-se atentar às


particularidades de cada ser humano, o lugar social que ele, como sujeito, ocupa.

O cuidado é singular e atende às características próprias de cada sujeito, cabendo


encontrar os nexos aplicados na educação à saúde, sustentados na condição de que o
cuidado se estabelece na relação sujeito-sujeito.

O ser humano é potencialmente criativo e sensível, portanto o processo de


educar-cuidar ocorre em uma relação recíproca e verdadeira. A compreensão de que
tanto ele quanto os profissionais são sujeitos que participam de uma relação de cuidado,
sempre se transformando, com pensamentos e ações que se refazem e se modificam ao
longo de sua vida.

Os familiares também devem ser preparados e estarem conscientes do grau de


complexidade da doença, tendo noção dos possíveis insucessos do tratamento.
Independente da evolução do paciente, a família, e sobretudo o cuidador, precisam
estar seguros de que estão contribuindo da melhor maneira possível e ciente de que
medidas “heroicas”, além de desgastá-las emocionalmente, podem não ter resultado
prático.

A comunicação ainda é a base para obter as informações exatas em relação às


percepções e sentimentos de cada cliente e família. Sem posições exatas sobre fatos,
crenças, valores e atitudes do cliente e família torna-se difícil a identificação das
necessidades de ambos, por isso faz-se tão necessária a comunicação terapêutica.

Na tentativa de amenizar o próprio sofrimento, muitos profissionais acabam por


furtar-se ao diálogo com familiares e paciente. Assim, a relação saudável que poderia
existir entre ambos facilmente fica prejudicada.

Quanto ao paciente, o profissional deve proceder a fim de reduzir ao mínimo possível


a sua dor e sofrimento, promovendo um ambiente de segurança e conforto, visto que
estas combinações de acontecimentos (dor, insegurança, desconforto, sofrimento)
que possam perturbar psicologicamente qualquer ser humano é de suma importância.
Além destes cuidados, também deve trabalhar o processo de luto junto ao paciente,
identificando seus estágios e elaborando um plano de cuidados apropriado.

74
Estratégias De Enfrentamento │ UNIDADE III

A psicoterapia pode ser indicada para os pacientes doentes renais crônicos, descrita
como a condensação dos elementos de dor psíquica e espiritual, com isso cabe ao
profissional utilizar-se de imagens mentais e relaxamento mental para as sessões de
orientação familiar.

A intervenção psicoterapêutica deve recuperar a homeostase psicológica do paciente e


permitir transformações positivas frente à dor com a finalidade de obter uma qualidade
de vida durante o processo da doença.

A utilização de visualização de imagens durante o relaxamento mental é uma técnica


que permite um contato da realidade subjetiva e favorece mudanças de atitudes frente
às expectativas do sofrimento.

O ideal é trabalhar os conceitos de humor depressivo, culpas frente às perdas e o sentido


da vida e da própria morte para que haja uma conformação da condição vivenciada pelo
paciente perante Deus.

Espiritualidade

A fé faz parte das religiões tradicionais e da busca pessoal pela religiosidade, podendo
passar por vários estágios. Está vinculada à força espiritual e à busca em acreditar num
sentimento maior, possuindo uma existência subjetiva dentro das lógicas científicas.

A espiritualidade, por sua vez, é entendida como um dogma que busca a compreensão
do sentido da vida e da transparência. Portanto, o desenvolvimento de parcerias no
atendimento ao cliente atende não somente a especificidade de cada caso, mas também
contribui para o complemento de um tratamento.

Comparação da abordagem entre religião e espiritualidade.

Religião Espiritualidade

»» O caminho »» O objetivo
»» Destinado a um grupo de pessoas »» Jornada pessoal e particular
»» Código de conduta »» Contém elementos comuns a todas as religiões
»» Conjunto de crenças e rituais »» Um estado além dos órgãos dos sentidos
»» Envolve instituições e organizações
»» É um modo de vida

Fonte: Próprio autor.

A espiritualidade está relacionada com aquelas qualidades do espírito humano, tais


como amor, compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, contentamento,

75
UNIDADE III │ Estratégias De Enfrentamento

noção de responsabilidade, noção de harmonia que trazem felicidade tanto para a


própria pessoa como para os outros.

Não se pode negar que na sociedade atual um sentimento de incompletude e o desejo


de um contato com a experiência espiritual é uma das fontes primordiais para a busca
de algo novo na vida do ser humano e transcende o campo da religião e da mente das
pessoas, sendo marcantes na nossa cultura capitalista.

A religião prega o dogma e as suas imposições, diferentemente da espiritualidade que


é a aspiração de buscar organizar o desejo das pessoas dentro do contexto social ou da
problemática vivenciada pela família ou pelo paciente.

Sobre este assunto, Freud relata que fortes emoções envolvem os seres humanos e que
isso acaba desempenhando um papel intelectual na vida do homem, assumindo uma
lacuna que a ciência não pode ocupar e que seja autossuficiente e coerente dentro de
um paralelo que, no contexto atual, está totalmente abalado.

A espiritualidade é, também, uma busca humana em direção a um sentido, com uma


dimensão transcendente. Envolve a tentativa de compreensão que pode estar ligada a
uma figura divina ou força superior. Traz um sentido de pertença maior que o âmbito
individual.

Cuidar de doentes com doenças crônicas tem sido uma preocupação da humanidade e
gera o cumprimento concreto de algumas metas que podem influenciar na qualidade
de vida das pessoas.

O atendimento multiprofissional deve contemplar todos os aspectos biológicos,


psicológicos, sociais e espirituais. A religião e a espiritualidade entram neste contexto
para trazer a esperança e promover o conforto, preservando o significado das situações
críticas da doença.

76
Para (não) Finalizar

Doenças que não têm cura repercutem na vida do doente de maneira avassaladora,
principalmente pelo fato de o tratamento, na visão do paciente, “não ter fim”.

A abordagem do paciente, família, cuidador, considerando o envolvimento e alterações


dos aspectos psicossociais, deve ser gerenciada e norteada por todos os profissionais
de saúde, de maneira que todos entendam a gravidade da doença e aceitem que as
mudanças serão necessárias para a boa qualidade de vida do paciente.

Deve-se deixar claro a importância quanto ao bem-estar do indivíduo e não o olhar de


cura.

A relação do paciente e equipe de saúde precisa ser interpessoal, os profissionais


precisam estar junto ao paciente, fortalecendo e auxiliando no processo da assistência
à saúde.

É fundamental o entendimento do que a patologia trouxe na vida do paciente, entender


as mudanças não somente fisiológicas, mas biopsicossociais e afetivas.

O suporte espiritual deve ser contemplado, e deve estar associado a aspectos familiares,
mudanças de hábitos e estilo de vida.

O paciente renal deve ter um entendimento claro das regras de alimentação e suas
prováveis limitações.

A representação social deve ser valorizada. Deve-se considerar a realidade social


e econômica do paciente com o intuito de orientá-lo quanto ao seu estilo de vida de
acordo com a sua realidade.

A saúde pode ser vista como um processo científico/ fisiológico, entretanto a equipe,
família e paciente devem considerar os aspectos espirituais, psicológicos, sociais e
financeiros.

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