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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
CAPÍTULO 1
O ENVELHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM A NUTRIÇÃO.......................................................... 9
UNIDADE II
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO ............................................................................... 13
CAPÍTULO 1
ENERGIA................................................................................................................................. 13
CAPÍTULO 2
MACRONUTRIENTES................................................................................................................. 16
CAPÍTULO 3
MICRONUTRIENTES.................................................................................................................. 19
CAPÍTULO 4
ÁGUA E FIBRAS....................................................................................................................... 27
UNIDADE III
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO................................................................................ 28
CAPÍTULO 1
MÉTODOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL................................................................ 28
CAPÍTULO 2
MÉTODOS SUBJETIVOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL............................................................... 47
UNIDADE IV
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DO IDOSO................................................................................................... 55
CAPÍTULO 1
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DO IDOSO...................................................................................... 55
UNIDADE V
ALIMENTAÇÃO NAS PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DO IDOSO......................................................... 57
CAPÍTULO 1
ALIMENTAÇÃO NAS PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DO IDOSO........................................... 57
UNIDADE VI
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL DO IDOSO...................................................................................... 61
CAPÍTULO 1
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL DO IDOSO......................................................................... 61
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
O envelhecimento é normal, progressivo, irreversível e acomete a todos, fazendo naturalmente parte
de nossas vidas: a cada minuto que se passa, a cada dia que acordamos, estamos um pouquinho
mais velhos, mesmo não nos dando conta desse fato. É um processo multifatorial em que estão
envolvidos elementos cronológicos, biológicos, funcionais, psíquicos, sociais e ainda a percepção da
própria idade. Associa-se a um declínio do ritmo biológico que, por sua vez, relaciona-se à forma de
alimentar-se.
No Brasil, assim como nos países desenvolvidos e em diversos outros países em desenvolvimento,
observa-se queda nos coeficientes de natalidade e mortalidade, que ocorrem devido à introdução
de métodos contraceptivos, à melhoria das condições de vida e ao avanço do conhecimento médico
e científico. Como consequência, ocorre uma mudança na estrutura etária da população, que hoje
é representada por uma pirâmide populacional com a base mais estreita, alargando-se para o
topo, em um fenômeno conhecido como transição demográfica, que caracteriza o envelhecimento
populacional. A transição demográfica levou também a um processo de transição epidemiológica.
Ao contrário do que se observava antigamente, quando doenças infecciosas e parasitárias eram as
principais causas de mortalidade, atualmente predominam as doenças crônicas não transmissíveis
como as mais importantes causas de morte no país.
Importante fator que deve ser considerado é o papel da Nutrição no envelhecimento. A alimentação
saudável e balanceada atua na prevenção e no tratamento das doenças crônicas não transmissíveis,
bastante prevalentes entre os idosos e atualmente principais causas de morbidade e mortalidade no
país, e ajuda a minimizar as deficiências nutricionais mais comuns nessa população, permitindo um
ganho em qualidade de vida. Nesse sentido, é primordial que os profissionais que trabalham com
saúde do idoso detenham conhecimentos acerca da Nutrição nesse ciclo da vida, incluindo a sua
relação com o envelhecimento, as recomendações nutricionais, os métodos para avaliação do estado
nutricional, a alimentação saudável e nas principais doenças crônicas que acometem o idoso, e de
que forma lidar com a nutrição em uma perspectiva de saúde pública.
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Objetivos
»» Refletir sobre o impacto do envelhecimento na nutrição humana.
CAPÍTULO 1
O envelhecimento e sua relação
com a nutrição
Alterações orgânicas, fisiológicas, metabólicas, psicológicas e sociais que ocorrem nos seres
humanos com o envelhecimento podem gerar um importante impacto sobre suas condições de
nutrição, consequentemente influenciando sua saúde e qualidade de vida.
As alterações corporais estão notadamente presentes com o avanço da idade. Há uma diminuição
da estatura, decorrente em especial da redução dos discos intervertebrais, do achatamento das
vértebras e da acentuação de desvios da coluna. Concomitantemente, observa-se no idoso uma
maior concentração de gordura central (abdominal), associada à redução de massa corporal magra,
composta pelas massas musculares esquelética e lisa, pela massa óssea e também pela água corporal.
A redução da massa magra pode acontecer com ou sem a elevação da gordura corporal.
Medidas antropométricas simples, como o peso corporal e o índice de massa corporal, não são
capazes de avaliar o processo de sarcopenia. Por isso a importância da utilização de outros métodos
de avaliação nutricional em conjunto, tais como as medidas antropométricas para estimativas de
massa muscular (que serão detalhados mais adiante).
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UNIDADE I │ O ENVELHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM A NUTRIÇÃO
A redução da água corporal, que pode alcançar de 15 a 20%, diminui os componentes intra e
extracelulares. Com isso, perdas hídricas podem ser muito mais graves nos idosos, que também têm
maior dificuldade que os jovens para repor os líquidos perdidos.
Ocorre ainda uma redução nos sentidos do idoso (visão, audição, olfato, gustação e tato) que, apesar
de parciais, interferem no seu apetite e comportamento alimentar. Dessas, as alterações de olfato e
a gustação são as que têm maior influência na ingestão alimentar do idoso. Há uma diminuição da
quantidade de papilas gustativas e do olfato, diminuindo a sensibilidade aos sabores. A perda da
capacidade visual reduz o reconhecimento dos alimentos e a habilidade de se alimentar. Dificuldades
de audição, embora não influenciem diretamente a ingestão alimentar, devem ser consideradas no
momento de realizar orientações nutricionais e de saúde.
Em idosos, a ingestão de alimentos como carnes, frutas, verduras e legumes crus pode ser
prejudicada pela ausência total ou parcial de dentes, pelo uso de próteses inadequadas (soltas ou
mal ajustadas), pela presença de cáries e doenças periodontais e ainda pela xerostomia, que é a
redução da produção de saliva. A proeminência das glândulas sebáceas e a diminuição do epitélio
bucal e lingual podem aumentar a sensibilidade da mucosa e levar à sensação de ardor. Esses fatores
prejudicam a mastigação tanto do ponto de vista mecânico quanto enzimático, dificultando o
processo inicial de digestão de carboidratos pela amilase salivar. A diminuição do fluxo salivar pode
decorrer da atrofia e perda de elasticidade dos tecidos da cavidade oral ou ainda pelo uso de alguns
tipos de medicamentos, como os anticolinérgicos. Essas alterações podem levar à preferência por
alimentos macios, fáceis de serem mastigados e que frequentemente não são boas fontes de fibras,
vitaminas e minerais.
Ulcerações esofágicas e hérnia de hiato também acometem com frequência os idosos. As ulcerações
esofágicas podem ser causadas durante a administração de medicamentos sólidos por via oral,
que podem ficar retidos no esôfago durante algum tempo. Por isso, os medicamentos devem ser
consumidos com grande quantidade de líquido ou concomitantemente às refeições (desde que não
haja implicações significativas do medicamento sobre a absorção dos nutrientes e vice-versa). Já as
hérnias de hiato normalmente decorrem da flacidez muscular do hiato diafragmático e devem ser
controladas por meio de terapia nutricional, sendo raramente indicativas de cirurgia.
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O ENVELHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM A NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Encontra-se também uma redução da função absortiva do intestino delgado, decorrente de fatores
como número e integridade funcional de células absortivas, área de superfície, esvaziamento gástrico
e fluxo sanguíneo intestinal. É maior a incidência de constipação intestinal devido à diminuição do
tônus muscular e da função motora do cólon, associada à diminuição do consumo de fibras, de água
e da prática de atividade física. Outros fatores que contribuem para a constipação em idosos são a
perda da eficácia da força de preensão abdominal, fraqueza da musculatura da parede intestinal,
aumento do limiar de pressão para a percepção de distensão da ampola retal e diminuição do reflexo
de defecação e da propulsão do cólon. Os dois últimos fatores podem ser decorrentes do uso de
laxativos, bastante comum nessa população.
Outras alterações incluem as de ordem metabólica, com redução da produção de enzimas digestivas
pelo pâncreas e da produção de insulina, levando à intolerância à glicose e ao diabetes, à redução
do fluxo sanguíneo hepático, do tamanho dos hepatócitos e da produção de ácidos biliares,
prejudicando a digestão dos lipídeos, e à dificuldade de excreção de substâncias tóxicas e metabólitos
não aproveitados pelo organismo através dos rins.
Doenças crônicas como demência, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, sequelas de acidentes
vasculares cerebrais, artrite, entre outras, podem tornar o manuseio dos utensílios mais difícil. Além
disso, com a redução da massa muscular e a presença de sarcopenia, contribuem para a redução do
nível de atividade física.
Para o idoso, a aposentadoria pode representar tanto uma perda econômica, com a redução salarial,
quanto o estereótipo de perda da capacidade de trabalho. Ademais, dificuldades econômicas
decorrentes dos baixos valores das aposentadorias e pensões interferem na aquisição de alimentos,
muitas vezes fazendo com que os idosos consumam aqueles de menor custo e fácil preparo,
tais como pães e bolachas, prejudicando o consumo de alimentos de maior custo, como carnes,
laticínios, frutas e vegetais. Por outro lado, nem sempre a população de renda mais alta se alimenta
melhor, pois tem maior acesso a alimentos altamente processados e produtos industrializados de
fácil preparo.
Observa-se ainda que as atuais estruturas familiares, configuradas a partir da inserção da mulher
no mercado de trabalho, reduzem as possibilidades de assistência familiar ao idoso. Ademais, com
a dependência econômica, o idoso acaba por dividir o teto com os demais familiares (filhos, netos e
até mesmo bisnetos), podendo haver inclusive conflitos de geração.
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UNIDADE I │ O ENVELHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM A NUTRIÇÃO
Finalmente, é habitual a presença de mitos, tabus e crenças populares entre os idosos. Quando errôneos,
esses conceitos podem prejudicar o tratamento de saúde e dificultar o controle das doenças e a oferta
de alimentos.
Sendo assim, é imperativa a condução de uma anamnese ampla e detalhada no atendimento do idoso,
com o objetivo de identificar possíveis fatores de risco à manutenção do bom estado nutricional.
Panfleto sobre Disfagia do Ministério da Saúde: “Viver a vida sem perder o sabor é
envelhecer com saúde”.
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RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS UNIDADE II
PARA O IDOSO
Nutrientes são substâncias presentes nos alimentos que desempenham variadas funções no
organismo. Incluem os macronutrientes (proteínas, lipídios ou gorduras e carboidratos) e os
micronutrientes (vitaminas e minerais). O envelhecimento modifica as necessidades de alguns deles,
fazendo com que as recomendações nutricionais para idosos sejam diferentes daquelas propostas
para os mais jovens.
A alimentação variada e em quantidades adequadas permite que se tenha uma dieta equilibrada, que
fornece todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. Para isso, é preciso
selecionar uma variedade de alimentos dos diferentes grupos, lembrando que nenhum alimento é
completo do ponto de vista nutricional, ou seja, nenhum possui nutrientes em quantidade suficiente
para satisfazer todas as necessidades orgânicas.
CAPÍTULO 1
Energia
O metabolismo energético do idoso é menor, e acredita-se que essa redução seja decorrente da
perda de massa muscular e da redução da atividade física. A partir dos 30 anos de idade, há um
decréscimo de 2 a 4% no gasto energético por decênio. Assim, os cálculos que estimam o consumo
energético sempre levam em conta o fator idade.
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UNIDADE II │ RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO
Já foram propostas inúmeras fórmulas para o cálculo das necessidades energéticas, que permitem
a obtenção de uma estimativa individualizada, importante principalmente para a prática clínica.
As equações mais amplamente utilizadas nos dias de hoje são aquelas propostas pelas DRIs (Dietary
Reference Intakes) a partir de experimentos com água duplamente marcada, apresentadas no quadro
abaixo:
PA = 1 para sedentários
»» Para cada ano acima dos 30, subtraia 7 kcal/dia para mulheres e 10 Kcal/dia para
homens
Estas equações podem ser utilizadas para idosos não hospitalizados e que não estejam acometidos
por doenças ou condições hipercatabólicas.
Para idosos enfermos hospitalizados, as equações mais amplamente utilizadas são as de Harris-
Benedict, que estimam a taxa metabólica basal.
Assim, para a definição final da necessidade energética total (NET) utiliza-se a seguinte equação:
Onde:
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO │ UNIDADE II
No caso de idosos que apresentam doenças que interferem no gasto energético, torna-se primordial
a participação do nutricionista para avaliar o consumo alimentar e o estado nutricional, calcular o
gasto energético e prescrever a dieta mais adequada a cada paciente.
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CAPÍTULO 2
Macronutrientes
Proteínas
Moléculas compostas por aminoácidos, unidos por ligações peptídicas. Maior componente estrutural
das células. Apresentam ainda funções enzimáticas e hormonais, de formação de membranas e de
transporte de moléculas no sangue. Os aminoácidos são precursores de ácidos nucleicos, hormônios,
vitaminas, entre outras moléculas. Fornecem 4 kcal/grama.
A recomendação diária de proteínas para o idoso é igual àquela do adulto jovem, ainda que haja
redução da massa muscular com o envelhecimento. Assim, idosos devem consumir de 0,8 a 1,0g
de proteína por quilo de peso corporal ao dia, ou seja, um indivíduo de 70kg deve consumir de 56
a 70g de proteína por dia, desde que não apresente problemas renais. Em termos proporcionais, o
Institute of Medicine recomenda que cerca de 10 a 35% das calorias da dieta sejam provenientes de
proteínas.
A carência de proteínas pode ser agravada pela deficiência de energia, o que faz com que aminoácidos
que deveriam ser utilizados para a síntese proteica sejam usados para produção energética.
Alguns autores sugerem que as proteínas de origem animal deveriam totalizar cerca de 50% do
total proteico da dieta. Assim, é importante que alimentos com proteínas de alto valor biológico
(de origem animal) façam parte da dieta dos idosos. As leguminosas podem ser usadas como fontes
proteicas complementares.
Principais fontes alimentares: leite, queijo, iogurte, carnes, peixes, aves, ovos e leguminosas
(feijão, soja, ervilha, grão de bico, entre outros).
Gorduras ou lipídios
Compostos químicos que incluem os triacilgliceróis (98% da gordura dietética), os fosfolipídeos e
os esteróis. Têm como funções: a manutenção da temperatura corporal, o transporte de vitaminas
lipossolúveis e carotenoides e o fornecimento energético alternativo. Ajudam a dar sabor aos
alimentos e a promover sensação de saciedade. Fornecem 9 kcal/grama.
A quantidade de gordura total recomendada pelo Institute of Medicine é de 20% a 35% do total de calorias
da dieta.
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO │ UNIDADE II
Em geral, sua absorção não é influenciada pelo processo de envelhecimento, a menos na presença
de doenças como a gastrite atrófica.
Principais fontes alimentares: azeite, óleos vegetais, manteiga, castanhas, alimentos de origem
animal. A ingestão de peixes, óleos (principalmente oliva e canola) e castanhas deve ser incentivada,
pois são as principais fontes de gorduras poli e monoinsaturadas. O consumo de frituras e gorduras
de origem animal, principais fontes de gorduras saturadas, deve ser desestimulado, assim como
o de alimentos industrializados que, além de ricos em gorduras saturadas, são também fontes de
gorduras trans.
Carboidratos
Compostos orgânicos formados por carbono, hidrogênio e oxigênio. Têm como principal função
fornecer energia para as células do organismo, principalmente dos músculos e do cérebro. Sua
ingestão, quando adequada, garante a utilização eficiente das proteínas e dos lipídios. Fornecem 4
kcal/grama.
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UNIDADE II │ RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO
Incluem uma grande variedade de substâncias, que são classificadas em monossacarídeos (por exemplo:
glicose, galactose e frutose), dissacarídeos (por exemplo: sacarose, lactose e maltose), oligossacarídeos
(que normalmente são produtos da quebra de polissacarídeos) e polissacarídeos (por exemplo: amido
e glicogênio).
O Institute of Medicine recomenda que de 45 a 65% das calorias da dieta sejam provenientes de
carboidratos.
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CAPÍTULO 3
Micronutrientes
Minerais
Compostos inorgânicos, necessários em pequenas quantidades para o crescimento, a conservação e
a reprodução humanos. Participam da formação de tecidos, da regulação de processos metabólicos,
da manutenção do equilíbrio ácido-básico, entre outras funções. Não fornecem energia.
Cálcio
Importante nutriente para o desenvolvimento e preservação da massa óssea, já que 99% do cálcio do
organismo encontram-se nos ossos e dentes. Assim, o consumo adequado de cálcio é um importante
aliado na prevenção da osteoporose. O 1% restante participa de funções metabólicas (transportes
e transferências de íons nas membranas celulares, liberação de neurotransmissores, liberação
ou ativação de enzimas intra ou extracelulares, transmissão nervosa, regulação de batimentos
cardíacos, manutenção do tônus muscular e coagulação sanguínea). A ingestão adequada de cálcio
também é um coadjuvante no controle da hipertensão arterial.
O envelhecimento reduz sua absorção, que varia de 30 a 50% em ambos os sexos, podendo diminuir
para 26% nas mulheres acima de 80 anos. Seus níveis no organismo dependem de fatores como o sexo
(a osteoporose é mais frequente entre as mulheres); o estado hormonal (mulheres na pós-menopausa
estão mais predispostas a balanço negativo de cálcio devido à diminuição do estrogênio); a etnia; a
genética; a dieta (alimentação com excesso de proteínas e sódio, com alimentos ricos em fibras e pobre
em vitamina D e magnésio prejudica a absorção); o uso de medicamentos (diuréticos e antiácidos à
base de hidróxido de alumínio diminuem a reabsorção de cálcio); a redução da produção de lactase
(fator de risco para osteoporose, por interferir na digestão da lactose); alterações metabólicas (menor
produção de ácido clorídrico dificulta a absorção do cálcio); a inatividade física (atividade física reduz
a perda urinária de cálcio e aumenta sua absorção intestinal). O tabagismo e o consumo de álcool e
cafeína também podem interferir na biodisponibilidade e na absorção do mineral.
Principais fontes alimentares: leite, queijo, iogurte, coalhada (com alta biodisponibilidade),
sardinha, amêndoas, soja. Alguns vegetais, incluindo as hortaliças verdes (brócolis e couve, por
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UNIDADE II │ RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO
exemplo), são boas fontes, porém o ácido oxálico e o ácido fítico formam complexos insolúveis com
o cálcio, reduzindo sua absorção intestinal.
Ferro
Participa do transporte de oxigênio e gás carbônico no sangue, da respiração celular e do sistema
imunológico.
Sua absorção é reduzida pela hipocloridria, frequentemente observada no idoso. Alguns fatores
dietéticos também podem contribuir para seu aumento ou diminuição. A absorção é maior na
presença de ácido ascórbico (vitamina C) e com o consumo de alimentos de origem animal como
carnes, peixes e aves, que além de possuírem ferro na forma heme contêm o aminoácido cisteína.
É prejudicada com o consumo de alimentos de origem vegetal, que contêm ácido fítico e ácido
oxálico, que se complexam com o ferro. A ingestão de cálcio e de antiácidos simultaneamente ao
ferro também reduz sua absorção.
A anemia por deficiência de ferro em idosos pode estar relacionada a doenças que causam perdas
sanguíneas, como úlceras e cânceres, ou ainda ao uso de anti-inflamatórios não esteroides. Suas
causas devem sempre ser investigadas.
Principais fontes alimentares: fígado, ostras, frutos do mar, rim, coração, carnes magras, aves,
peixes, melaço, leguminosas, beterraba, vegetais verde-escuros (couve, espinafre etc.).
Fósforo
Possui inúmeras funções no organismo: é componente essencial de células e fluidos orgânicos e
participa do metabolismo dos carboidratos, da contração muscular e da formação de compostos
orgânicos como o ATP (adenosina trifosfato).
Está presente em sua maior parte (80%) nos ossos e dentes e tem uma relação bastante estreita
com o metabolismo do cálcio, visto que os fatores que estimulam ou minimizam sua absorção são
os mesmos.
Sua absorção é prejudicada também com o uso excessivo de antiácidos com alumínio e fosfato, com
doses farmacológicas de carbonato de cálcio e por ingestão excessiva de álcool.
Raramente se observa ingestão dietética inadequada de fósforo, uma vez que este está amplamente
distribuído nos alimentos, principalmente se houver proteína e cálcio nos alimentos ingeridos.
Principais fontes alimentares: alimentos ricos em proteínas, com exceção dos cereais e
leguminosas, que contém ácido fítico, substância que reduz sua biodisponibilidade por formar
complexos insolúveis com ele.
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO │ UNIDADE II
Magnésio
Participa como ativador de mais de 300 enzimas, influenciando inúmeros processos metabólicos.
Componente essencial para a biossíntese de magnésio-adenosina trifosfato (Mg-ATP) e para a
formação de adenosina monofosfato (AMP). No meio extracelular, mantém o potencial elétrico de
nervos e músculos.
Aproximadamente metade do magnésio corporal encontra-se nos ossos, enquanto a outra metade
encontra-se quase que inteiramente no interior das células. Apenas 1% encontra-se no meio
extracelular.
É um mineral que ocorre em abundância na natureza. Por essa razão, dietas adequadas normalmente
são capazes de suprir todas as necessidades diárias de magnésio. Assim, sua ingestão, quando
insuficiente em idosos, deve-se à falta de apetite, à perda de paladar e de olfato, ao comprometimento
da dentição e à dificuldade para aquisição e preparo dos alimentos. Com o avanço da idade, sua
absorção intestinal pode estar reduzida e sua excreção urinária aumentada.
Selênio
Protege as células e estruturas celulares contra o dano oxidativo, facilita a união do oxigênio e do
hidrogênio no final da cadeia metabólica, participa da transferência de íons através da membrana
celular e da síntese de imunoglobulinas e é um componente essencial para a formação da glutationa
peroxidase, enzima que catalisa a lise de peróxidos de hidrogênio.
Sua concentração nos alimentos depende da quantidade de selênio no solo e na água onde os vegetais
foram cultivados ou os animais criados.
Principais fontes alimentares: castanha do Pará, rim, fígado, carnes e aves. A quantidade de
selênio dos vegetais depende principalmente do solo onde foram colhidos.
Sódio
Principal cátion do fluido extracelular. Está presente em secreções digestivas como a bile e o suco
pancreático. Cerca de 35 a 40% do conteúdo total de sódio encontra-se no esqueleto, não sendo
normalmente permutável com o sódio dos líquidos corporais. Tem como principais funções regular
o tamanho do compartimento extracelular e o volume do plasma sanguíneo, auxiliar na condução
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UNIDADE II │ RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO
de impulsos nervosos e controlar a contração muscular. Seu consumo excessivo, contudo, pode
levar a edema e hipertensão.
Zinco
Mineral que participa da formação de enzimas, da expressão genética, da função imunológica, dos
processos de cicatrização, da síntese e degradação dos carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos
nucléicos, entre outras funções fisiológicas. A deficiência de zinco compromete as células T e a
imunidade celular. Sua deficiência pode reduzir a sensação do paladar em idosos. Por isso, esse
mineral é bastante importante nessa população, especialmente no caso de indivíduos hospitalizados.
Fitatos em grãos, cereais, arroz e legumes podem prejudicar sua absorção. Fatores que frequentemente
contribuem para a inadequação de zinco em idosos são a má-absorção, o estresse, traumatismo,
perda muscular e o uso de medicamentos.
Embora sua deficiência esteja relacionada à perda de paladar e olfato, podendo comprometer a
ingestão alimentar, sua suplementação em idosos não é recomendada.
Principais fontes alimentares: carnes vermelhas e brancas, o fígado, o leite e seus derivados, as
castanhas, leguminosas e frutas.
O quadro a seguir apresenta os valores de ingestão dietética de referência (DRIs – Dietary Rreference
Intakes, do Food and Nutrition Board do Institute of Medicine) para todos os minerais. As DRIs
fornecem estimativas da ingestão de nutriente para serem aplicadas no planejamento e avaliação de
dietas para indivíduos saudáveis.
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO │ UNIDADE II
RDA AI UL
minerais 51-70 anos >70 anos 51-70 anos >70 anos 19-70 anos >70 anos
+ + + + + +
Cálcio (g/dia) - - - - 1,2 1,2 1,2 1,2 2,5 2,5 2,5 2,5
Ferro (mg/dia) 8 8 8 8 - - - - 45 45 45 45
Magnésio (mg/dia) 420 320 420 320 - - - - 350 350 350 350
Fósforo (g/dia) 0,7 0,7 0,7 0,7 - - - - 4 4 3 3
Sódio (g/dia) - - - - 1,3 1,3 1,2 1,2 2,3 2,3 2,3 2,3
Potássio (g/dia) - - - - 4,7 4,7 4,7 4,7 ND ND ND ND
Manganês (mg/dia) - - - - 2,3 1,8 2,3 1,8 11 11 11 11
Molibdênio (µ/dia) 45 45 45 45 - - - - 2.000 2.000 2.000 2.000
Selênio (µ/dia) 55 55 55 55 - - - - 400 400 400 400
Zinco (mg/dia) 11 8 11 8 - - - - 40 40 40 40
Iodo (µ/dia) 150 150 150 150 - - - - 1.100 1.100 1.100 1.100
Cobre (µ/dia) 900 900 900 900 - - - - 10.000 10.000 10.000 10.000
Flúor (mg/dia) - - - - 4 3 4 3 10 10 10 10
Silício - - - - - - - - ND ND ND ND
Vanádio (mg/dia) - - - - - - - - 1,8 1,8 1,8 1,8
Cloro (g/dia) - - - - 2 2 1,8 1,8 3,6 3,6 3,6 3,6
Boro (mg/dia) - - - - - - - - 20 20 20 20
Vitaminas
Substâncias orgânicas essenciais para o crescimento e manutenção da vida, transformação da
energia, regulação metabólica, função imunológica. Não são fontes de energia – portanto, ao
contrário do que diz a crença popular, não “engordam”.
Podem ser classificadas como hidrossolúveis (vitaminas do complexo B, vitamina C e ácido fólico)
ou lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K).
Vitamina A
Participa da visão, do crescimento e desenvolvimento ósseos, do desenvolvimento e da manutenção
do tecido epitelial, do sistema imunológico e dos processos reprodutivos.
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UNIDADE II │ RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO
Sua deficiência prolongada pode causar alterações na pele, infecções, cegueira noturna e úlcera
corneal, porém não é comum entre idosos. Deve-se ter cautela com a suplementação porque a
vitamina A é antagonista à vitamina D e ao cálcio, fazendo com que seu excesso possa aumentar o
risco de fraturas.
O consumo semanal de bife de fígado e frequente de alimentos verde escuros e amarelos garantem
reservas adequadas da vitamina A, que pode ser armazenada no fígado, prevenindo assim a
deficiência desse nutriente.
Principais fontes alimentares: fígado, gordura do leite, manteiga, ovos e óleo de fígado de
bacalhau são fontes de vitamina A pré-formada e vegetais folhosos verde-escuros (por exemplo:
couve, espinafre) e vegetais e frutas amarelo-alaranjados (cenoura, mamão, abóbora) são boas
fontes de carotenoides, precursores da vitamina A.
Vitamina B12
Também conhecida como cianocobalamina, participa do metabolismo dos ácidos nucleicos e é
essencial para o funcionamento celular, especialmente das células do trato gastrointestinal, do
tecido nervoso e da medula óssea, onde participa da maturação das células sanguíneas vermelhas.
Envolvida no metabolismo dos macronutrientes. Sua deficiência leva à anemia perniciosa ou
megaloblástica.
A vitamina B12 depende de uma proteína ligante, que se une à vitamina no meio ácido do estômago
e, em meio básico, ao passar pelo duodeno e receber o suco pancreático, libera a vitamina para
que esta se una ao fator intrínseco e seja absorvida. Embora não haja evidências que comprovem
o aumento da necessidade de vitamina B12 com o envelhecimento, 42% dos idosos têm alteração
na absorção da proteína ligante da vitamina B12, em sua maioria causada por atrofia da mucosa
gástrica, que reduz a acidez estomacal e facilita a proliferação bacteriana.
Alguns pesquisadores sugerem que a deficiência de vitamina B12 poderia estar relacionada à redução
da cognição e à doença de Alzheimer, porém mais estudos ainda são necessários.
Principais fontes alimentares: fígado, rim, leite e derivados, ovos, peixes e carnes em geral.
Vitamina C
Antioxidante solúvel em água, envolvido na síntese de colágeno e carnitina. Pode reduzir o risco de
degeneração macular relacionada à idade e proteger contra a catarata. Estudos sugerem que idosos
com ingestão elevada de vitamina C (>200mg) podem apresentar menor prejuízo cognitivo.
A deficiência de vitamina C é bastante incomum entre pessoas que consumam diariamente frutas
e vegetais fontes desse nutriente, especialmente porque a quantidade necessária é fácil de ser
alcançada. Em idosos, menores concentrações sanguíneas da vitamina não costumam ter relação
com problemas de absorção ou utilização, mas sim com a ingestão deficiente. Suas necessidades são
24
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO │ UNIDADE II
Pelo fato de que o excesso de vitamina C pode estar relacionado à ocorrência de diarreias e litíase
renal, é preciso investigar a possibilidade de uso abusivo da vitamina na forma de suplementos.
Principais fontes alimentares: frutas em geral, especialmente as cítricas (kiwi, laranja, acerola,
tangerina, morango, mamão, limão, abacaxi) e alguns vegetais (brócolis, couve, tomate, entre
outros).
Vitamina D
Participa do metabolismo do cálcio. Pode ser encontrada em alguns alimentos, mas também pode
ser sintetizada pela pele através da radiação solar ultravioleta, com exposição ao sol (sem proteção)
durante pelo menos 15 minutos diários, nos horários adequados (início da manhã e final da tarde).
O baixo estado nutricional da vitamina, avaliado a partir dos níveis de 25-hidroxicolecalciferol, pode
aumentar a perda óssea e o risco de osteoporose. Sua deficiência deve ser monitorada especialmente
em pacientes com intolerância à lactose, em idosos institucionalizados e confinados em domicílio
ou com redução da massa renal. A deficiência de cálcio pode provocar osteomalácia e osteoporose.
No entanto, sua suplementação deve ser realizada com cautela, pois doses elevadas de vitamina D
podem causar hipercalcemia e calcificação de tecidos moles. Além disso, não está bem esclarecido
se o uso de vitamina D e derivados isoladamente é eficaz para a prevenção de fraturas.
Principais fontes alimentares: leite e derivados, ovos, manteiga, peixes e óleos de fígado de
peixes.
Vitamina E
Sua principal função é a antioxidante, prevenindo a peroxidação lipídica, consequentemente
protegendo a membrana celular e subcelular e prevenindo contra a formação de radicais livres.
Não há dados suficientes para que se recomende a suplementação da vitamina, embora alguns
estudos já tenham sugerido que a doença de Alzheimer tenha relação com o estresse oxidativo.
Vitamina K
Importante para a coagulação sanguínea. Pode ser sintetizada pelas bactérias intestinais, o que faz
com que sua deficiência seja rara. No entanto, algumas medicações como as sulfas e os antibióticos
25
UNIDADE II │ RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O IDOSO
podem interferir em sua produção. A utilização de laxantes pode reduzir sua absorção. É antagonista
das drogas anticoagulantes.
No quadro abaixo são apresentados os valores de ingestão diária de referência (DRIs – Dietary
Rreference Intakes, do Food and Nutrition Board do Institute of Medicine) para todas as vitaminas.
Esses valores fornecem estimativas da ingestão de nutriente para serem aplicadas no planejamento
e avaliação de dietas para indivíduos saudáveis.
RDA AI UL
vitaminas 51-70 anos >70 anos 51-70 anos >70 anos 19-70 anos >70 anos
+ + + + + +
Vitamina A (µ/dia) 900 700 900 700 - - - - 3.000 3.000 3.000 3.000
Vitamina C (mg/dia) 90 75 90 75 - - - - 2.000 2.000 2.000 2.000
Vitamina D (µ/dia) - - - - 10 10 15 15 50 50 50 50
Vitamina E (mg/dia) 15 15 15 15 - - - - 1.000 1.000 1.000 1.000
Vitamina K (µ/dia) - - - - 120 90 120 90 ND ND ND ND
Tiamina (mg/dia) 1,2 1,1 1,2 1,1 - - - - ND ND ND ND
Riboflavina (mg/dia) 1,3 1,1 1,3 1,1 - - - - ND ND ND ND
Niacina (mg/dia) 16 14 16 14 - - - - 35 35 35 35
Vitamina B6 (mg/dia) 1,7 1,5 1,7 1,5 - - - - 100 100 100 100
Folato (µ/dia) 400 400 400 400 - - - - 1.000 1.000 1.000 1.000
Vitamina B12 (µ/dia) 2,4 2,4 2,4 2,4 - - - - ND ND ND ND
Ácido pantotênico (mg/
- - - - 5 5 5 5 ND ND ND ND
dia)
Biotina (µ/dia) - - - - 30 30 30 30 ND ND ND ND
Colina (g/dia) - - - - 550 425 550 425 3,5 3,5 3,5 3,5
26
CAPÍTULO 4
Água e fibras
Em adultos jovens, a água representa 60% do peso corporal, enquanto em idosos o percentual cai para
50%.
A hidratação do idoso normalmente pode ser prejudicada por fatores como a baixa ingestão de
líquidos devido à menor sensação de sede, ao acesso limitado à água por dificuldade motora ou
dependência física, à utilização de laxantes ou diuréticos, à redução na conservação de água pelos
rins, à ocorrência febres ou diarreias; à elevação da temperatura ambiente e à prática de exercício
físico.
Calcula-se a necessidade de ingestão de água com base no peso corporal (30 a 35ml por kg de peso
corporal/dia) ou 1 a 1,5ml por kcal da dieta/dia.
As fibras são carboidratos não digeríveis e ligninas encontrados nos vegetais. Apresentam efeitos
fisiológicos benéficos para os seres humanos: retardo do esvaziamento gástrico, diminuição do
índice glicêmico dos alimentos e refeições, reduzindo a glicemia pós-prandial e melhorando a
sensibilidade à insulina, redução das concentrações sanguíneas de colesterol, melhora do trânsito
intestinal. Por não serem digeríveis, não contribuem com calorias para a dieta.
Podem ser classificadas em fibras insolúveis (celuloses, hemiceluloses e lignina, que formam a
parede celular dos vegetais) e solúveis (pectina e gomas).
O Institute of Medicine recomenda a ingestão de 21g/dia para mulheres e 30g/dia de fibras para homens
idosos.
Principais fontes alimentares: celulose: farinha de trigo integral, farelo, vegetais; hemicelulose:
farelo, grãos integrais; lignina: vegetais maduros, trigos, frutas e sementes comestíveis; pectina:
maçãs, frutas cítricas, morango, cenoura; gomas: aveia, leguminosas, guar, cevada.
27
AVALIAÇÃO
DO ESTADO UNIDADE III
NUTRICIONAL
DO IDOSO
Avaliação nutricional pode ser definida como um conjunto de métodos e técnicas que objetivam
identificar a presença de distúrbios nutricionais, possibilitando intervenção adequada e precoce no
sentido de promover a recuperação ou manutenção do estado nutricional e de saúde do indivíduo.
CAPÍTULO 1
Métodos objetivos de avaliação
nutricional
Antropometria
Trata-se da aferição das medidas corpóreas e suas proporções, com o objetivo de identificar
mudanças no peso corporal, avaliar e monitorar a composição corporal, especialmente a gordura e
a água corporais, e determinar a distribuição da gordura corporal para avaliar os riscos de doenças
crônicas específicas.
É um método amplamente utilizado por ser não invasivo, ter baixo custo operacional, ser de fácil
execução, seguro e ainda um importante preditor de doenças e mortalidade, capaz de identificar
perda de funcionalidade.
28
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
Ressalta-se que o avaliador precisa sempre estar consciente de que durante a antropometria está
lidando com um ser humano, devendo-se sempre respeitar a individualidade de cada um.
Peso corporal
Também conhecido como massa corporal, é utilizado para o cálculo do índice de massa corporal
(IMC) e das necessidades energéticas. O monitoramento da sua variação é importante para a
avaliação e o acompanhamento do idoso.
Com o avanço da idade, o peso corporal declina, porém, de forma diferente entre homens e mulheres.
Durante a meia idade, indivíduos de ambos os sexos apresentam um aumento gradativo do peso
corporal, que se estabiliza por volta dos 65 anos nos homens e dos 75 anos nas mulheres, em quem
é mais pronunciado. A partir daí, inicia-se um processo de diminuição do peso corporal, que pode
ser decorrente da redução da massa muscular e da água corporal.
Para a aferição do peso corporal, o examinado deve estar de pé sobre a balança, de forma ereta, com
o peso bem distribuído sobre ambos os pés, sem se apoiar, com o mínimo de vestuário possível.
Embora o peso corporal deva idealmente ser mensurado em balança, existem alternativas para
idosos com dificuldade de deambulação ou acamados. É possível a utilização de uma cadeira em
balança de base larga, descontando-se o peso do objeto. Existem ainda camas-balança, mas estas
têm custo muito elevado, são de difícil transporte e manuseio e, consequentemente, nem sempre
estão disponíveis.
Assim, existe a alternativa de estimar o peso corporal por meio de fórmulas específicas para idosos,
propostas por Chumlea (1985 e 1988). Estas levam em consideração as seguintes variáveis:
29
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Vale lembrar que os valores obtidos por meio de fórmulas diferem dos reais, devendo então somente
ser utilizados quando não houver nenhuma forma de pesar o indivíduo.
Para a avaliação das alterações recentes no peso corporal, calcula-se o percentual de perda ponderal
a partir da fórmula:
O emprego da medida do peso corporal pode não ser apropriado em idosos com a presença de
edema, ascite ou desidratação intensa.
Se não houver forma de mensurar ou estimar o peso corporal, pode ser utilizado o peso usual do
indivíduo para o cálculo da necessidade energética.
Estatura
Pode também ser denominada altura, quando o indivíduo for medido de pé. É utilizada para o
cálculo do índice de massa corporal e das necessidades energéticas do indivíduo, não servindo
isoladamente como um parâmetro para a avaliação do estado nutricional.
Devido à redução dos discos intervertebrais, ao achatamento das vértebras e à acentuação de desvios
da coluna vertebral (cifose, escoliose e lordose) e ao possível arqueamento dos membros inferiores e
achatamento do arco plantar, a partir dos 40 anos, os adultos apresentam redução de estatura que
varia entre 1 e 2,5 cm por década, sendo mais significativa nas mulheres com mais de 80 anos de
idade.
A estatura de idosos deve ser mensurada com estadiômetro fixo à parede. Na ausência desse
instrumento, pode-se utilizar uma fita métrica de 2 metros fixa à parede. Deve-se posicionar o
idoso de costas para o instrumento, com os pés juntos, descalços, com os calcanhares, panturrilha,
30
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
Contudo, quando se trata da avaliação da estatura de idosos nem sempre é possível coletar a
medida da forma tradicional. Assim, no caso de idosos com restrição de mobilidade, com desvios
de coluna acentuados ou ainda com dificuldades de equilíbrio, podem ser utilizadas outras técnicas
para se estimar a estatura. Entre essas técnicas, as mais comumente utilizadas são as medidas da
envergadura, da hemienvergadura e da altura do joelho.
A envergadura compreende a distância entre os dedos médios e é mensurada com os braços do idoso
estendidos em um ângulo de 90º em relação ao corpo, sem flexionar os cotovelos, com fita métrica
inextensível. Pode-se ainda mensurar a hemienvergadura, que é a distância do dedo médio (sem
considerar a unha) até o segmento central da incisura jugular do esterno, multiplicando-se o valor
por dois. Na maioria dos indivíduos, a envergadura equivale à estatura. Ambos os procedimentos
podem ser realizados com o indivíduo deitado, embora isso torne a tarefa um pouco mais difícil e o
resultado menos preciso.
A altura do joelho (AJ) é obtida com o joelho flexionado em ângulo de 90º e com um ângulo de 90º
entre o pé e a perna. Posiciona-se a base da régua embaixo do calcanhar do pé e a haste pressionando
a cabeça da fíbula. Sua principal vantagem é que não se altera com a idade, ao contrário da estatura.
A melhor maneira para tomar essa medida é utilizando-se o antropômetro pediátrico. Com o valor
obtido, podem-se utilizar as seguintes fórmulas para a estimação da estatura:
Mais recentemente, o mesmo grupo de pesquisadores propôs novas fórmulas para a estimativa da
estatura, que consideram a etnia:
31
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
indivíduo de pé, visto que as fórmulas de regressão foram desenvolvidas internacionalmente usando
como base populações que podem não ter uma tendência proporcional à dos idosos brasileiros.
Assim como o peso corporal, por volta dos 70 aos 75 anos, há uma redução do IMC em ambos os
sexos.
Apesar de o IMC ser amplamente utilizado para a avaliação do estado nutricional, é uma medida
bastante questionada no idoso, por não levar em conta as mudanças na distribuição da gordura
corporal e a redução da estatura que acompanham o envelhecimento. Outra questão a ser considerada
é que, embora em indivíduos mais jovens os valores elevados de IMC estejam associados à ocorrência
de várias doenças crônicas, acima dos 80 anos o problema é o oposto: magreza e perda de massa
magra, que representam um maior risco para mortalidade do que o excesso de peso entre idosos
mais velhos. Isso porque enquanto em indivíduos jovens o IMC tem uma melhor correlação com
a gordura subcutânea, em idosos, ele correlaciona-se mais à massa muscular. Sendo assim, nessa
faixa etária o IMC seria um bom preditor de risco nutricional, e não de adiposidade. Em idosos
acima de 80 anos, o baixo peso e/ou a perda de massa magra podem ser mais preocupantes que o
excesso de peso.
É amplamente sugerido, portanto, que os valores de IMC considerados adequados para os idosos
devem ser superiores aos utilizados para os adultos, tendo em vista que idosos com maiores reservas
de gordura corporal teriam melhor capacidade para enfrentar os agravos de saúde.
Assim, diversas classificações para o índice de massa corporal de idosos já foram propostas, e
algumas delas estão apresentadas no quadro a seguir.
32
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
É possível a utilização de valores estimados de peso e de estatura para o cálculo do IMC de idosos
acamados ou que não possam ser avaliados antropometricamente das formas tradicionais.
CERVI, A.; FRACESCHINI, S. C. C.; PRIORE, S. E. Análise crítica do uso do índice de massa
corporal para idosos. Revista de Nutrição, v. 18, n. 6, pp.765-775, nov./dez. 2005.
Circunferências
Para a definição da circunferência do braço (CB) deve-se primeiramente localizar o ponto médio do
braço com fita métrica inelástica, medindo-se o comprimento entre o processo acromial da escápula
(ombro) e o processo do olécrano da ulna (cotovelo), com o membro superior fletido em um ângulo
de 90º na região do cotovelo e com a palma da mão voltada para cima. No momento da aferição da
circunferência, o indivíduo deverá estar preferencialmente de pé, com o membro estendido, e a fita
deve circundar o braço em seu ponto médio, sem comprimi-lo. Em caso de idosos que não possam
permanecer de pé, poderá ser medida com o indivíduo sentado ou deitado em posição de decúbito
lateral. Deve-se utilizar sempre o mesmo membro para avaliação, embora não exista consenso sobre
o uso do braço dominante ou não.
Pode ser utilizada em conjunto com o valor da prega cutânea tricipital para calcular a circunferência
muscular e a área muscular do braço ou ainda ser avaliada isoladamente, de duas formas:
33
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Percentil Classificação
< P25 inadequado (insuficiente)
Entre P25 e P75 adequado
> P74 Inadequado (elevado)
% adequação Classificação
< 70% desnutrição grave
70 a 80% desnutrição moderada
80 a 90% desnutrição leve
90 a 110% eutrofia (normalidade)
110 a 120% sobrepeso
> 120% obesidade
Fonte: BLACKBURN; THORNTON, 1979.
Considerando-se sua alta correlação com o IMC, a circunferência do braço pode ser considerada um
bom indicador em sua substituição, especialmente no caso de impossibilidade de mensuração de
peso e estatura.
Mensurada na maior circunferência da panturrilha, com fita métrica inextensível. Para se determinar
o local da medida, ao mover a fita para cima ou para baixo ela deverá ficar “folgada”. Durante a
aferição, o idoso deverá estar sentado, com os pés separados cerca de 20 cm um do outro, com a
perna flexionada em um ângulo de 90º. Indica desnutrição em idosos quando inferior a 31 cm.
Não pode ser utilizada para diagnosticar sarcopenia, mas fornece informações importantes sobre
incapacidades relativas à musculatura e função física.
34
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
A importância da avaliação do tecido adiposo visceral reside no fato de que este produz maior
quantidade de citocinas inflamatórias que o tecido adiposo subcutâneo. Por isso, o aumento da
gordura abdominal gera um quadro inflamatório sistêmico, que por sua vez compromete a saúde
em vários sentidos. Em geral, os homens apresentam maior quantidade de gordura visceral que
as mulheres, no entanto, devido à diminuição dos estrogênios após a menopausa, esse aspecto
praticamente se iguala entre os sexos. A adiposidade visceral relaciona-se com a ocorrência de
infarto agudo do miocárdio e com a mortalidade por essa causa. Além disso, alguns estudos sugerem
que em idosos a adiposidade visceral esteja relacionada a processos neurodegenerativos, vasculares
e metabólicos que afetam as estruturas cerebrais, promovendo declínio cognitivo e demência. Já foi
sugerido também que a gordura abdominal poderia estar relacionada à incapacidade em um período
de dois anos, independentemente do índice de massa corporal. Dessa forma, seria recomendável
evitar o acúmulo de gordura visceral para prevenir comprometimento da capacidade física durante
o envelhecimento.
A definição do risco cardiovascular é dada com base nos pontos de corte de HAN et al. (1995): para
homens, > 94 cm; para mulheres, > 80 cm.
No caso de indivíduos obesos em que não for possível a mensuração conforme descrito anteriormente,
deve-se posicionar a fita na fenda das costas, observada perpendicularmente à coluna vertebral.
No entanto, quando a aferição for realizada desta forma, não devem ser aplicados os pontos de
corte acima, devendo a medida ser tomada apenas como forma de acompanhamento da evolução
do paciente.
Deve ser mensurada na maior protuberância do quadril, com o indivíduo em pé, de forma ereta, e
com as pernas juntas. A fita deve ser posicionada perpendicularmente ao tronco, sem comprimir
os tecidos. Não deve ser aplicada a idosos acamados ou que não tenham equilíbrio suficiente para
permanecerem de pé.
35
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
São utilizados como pontos de corte para a avaliação do risco de acúmulo de gordura visceral 0,8
para mulheres e 0,1 para homens.
Composição corporal
Os tecidos humanos podem ser separados em dois grupos: massa gorda, compreendendo a gordura
corporal, e a massa magra, ou seja, livre de gordura, constituída por proteínas, água e ossos.
Permite o diagnóstico de alterações nutricionais e, quando avaliada longitudinalmente, identifica
modificações nos tecidos corporais decorrentes de alterações metabólicas.
A importância da avaliação da composição corporal está no fato de que o IMC mede apenas o excesso
de peso, não sendo capaz de distinguir gordura, músculo e água, relacionando os compartimentos
corporais à saúde. Nos idosos, a avaliação desses compartimentos reveste-se de grande importância
se considerarmos que a massa magra é o maior preditor de sobrevivência em doenças graves,
incluindo câncer, tuberculose e AIDS, enquanto a massa gorda tem estreita relação com doenças
crônicas não transmissíveis como o diabetes, a hipertensão arterial etc.
Ainda que a avaliação da composição corporal tenha importância amplamente reconhecida, há uma
grande dificuldade em encontrar métodos que sejam precisos, válidos e de fácil aplicabilidade para
os idosos. Apesar disso, os métodos utilizados são, em geral, sensíveis o suficiente para identificar
alterações de peso e podem ser bastante úteis na impossibilidade de mensuração do peso corporal
(como por exemplo, em idosos acamados ou com dificuldade de deambulação e de equilíbrio).
Os pontos de corte mais aceitos para a avaliação do percentual de gordura corporal de idosos são
aqueles propostos por Bjorntorp e Evans, que estabeleceram valores de até 38% para homens e
43% para mulheres.
Existem inúmeras técnicas e métodos para a avaliação da composição corporal. Nesta disciplina,
abordaremos apenas as estimativas de composição corporal baseadas em medidas antropométricas
(prega cutânea tricipital, circunferência muscular do braço e área muscular do braço) e a bioimpedância
elétrica (BIA). Métodos como a hidrodensitometria, a tomografia computadorizada, a ressonância
magnética, a densitometria por duplo fóton, a contagem total de potássio, a análise de ativação de
nêutrons e a diluição de isótopos não são habitualmente utilizados devido ao seu alto custo e por
36
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
exigirem alta tecnologia e avaliadores especializados, sendo então pouco empregados tanto na prática
clínica quanto em estudos populacionais.
Tem como principais vantagens o baixo custo e a fácil execução. No entanto, somente é precisa
quando o avaliador é bem treinado para a execução das medidas e o adipômetro está bem calibrado.
Para o monitoramento das medidas de pregas cutâneas, recomenda-se a utilização de adipômetros
da mesma marca e desencoraja-se o uso de equipamentos de plástico.
Fatores que prejudicam sua acurácia em idosos são as mudanças de fluidos corporais (por exemplo:
edema), ascite, perda de peso e flacidez da pele. A redução da elasticidade da pele pode também
prejudicar a separação do tecido adiposo subcutâneo do músculo.
2. Com os dedos polegar e indicador, segurar a prega formada pela pele e tecido
adiposo, a 1 cm do ponto marcado.
37
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Para a avaliação da PCT isoladamente pode ser utilizado o padrão de referência de Kuczmarski (2000):
Percentil Classificação
< P25 inadequado (insuficiente)
Entre P25 e P75 adequado
> P74 Inadequado (elevado)
Pode ainda ser calculado o percentual de adequação da PCT segundo sexo e idade para a avaliação
do estado nutricional, a partir da fórmula:
Para a classificação do estado nutricional com base no percentual de adequação da PCT, utilizam-se
os seguintes critérios:
% adequação Classificação
< 70% desnutrição grave
70 a 80% desnutrição moderada
80 a 90% desnutrição leve
90 a 110% eutrofia (normalidade)
110 a 120% sobrepeso
> 120% obesidade
Fonte: BLACKBURN; THORNTON, 1979.
As medidas de pregas cutâneas não são indicadas em situações de obesidade mórbida e anasarca.
38
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
com a desnutrição proteico-calórica. Uma vantagem para sua utilização é que não é frequente a
ocorrência de edema nessa área, eliminando uma potencial fonte de erro. A sua redução, assim
como a perda de peso, é um importante indicador de desnutrição do idoso.
Onde: π = 3,1416, podendo ser utilizado o valor 0,314 caso o valor da prega cutânea tricipital esteja
expresso em mm.
O valor obtido pode ser utilizado para a classificação do estado nutricional do idoso de duas formas:
Homens
Mulheres
Percentil Classificação
< P25 inadequado (insuficiente)
Entre P25 e P75 adequado
> P74 Inadequado (elevado)
% adequação Classificação
< 70% desnutrição grave
70 a 80% desnutrição moderada
80 a 90% desnutrição leve
39
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Este parâmetro é bastante criticado, pois supõe que a secção transversal do compartimento muscular
do meio do braço é circular e que o osso é relativamente constante em tamanho.
Certos cuidados devem ser tomados no momento da avaliação, para não comprometer seus
resultados:
»» remover todos os metais que estejam em contato com a pele (incluindo jóias);
»» colocar o indivíduo em decúbito dorsal em uma superfície que não conduza corrente
elétrica;
»» posicionar os eletrodos do lado direito do corpo, após a pele ser limpa com álcool
nos pontos de sua aplicação;
40
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
Atenção: idosos com marca-passo não devem ser avaliados por meio de bioimpedância.
Fatores que podem interferir no resultado da avaliação incluem o nível de hidratação, a prática de
atividade física e a temperatura ambiente. Assim, devido às alterações na hidratação e composição
corporais que ocorrem com o envelhecimento, o método deve ser utilizado com cautela.
Consumo alimentar
Existem variados métodos para a avaliação do consumo alimentar, porém nenhum deles é
considerado ideal. O sucesso para a avaliação do consumo alimentar depende muito da habilidade
do investigador e da cooperação do indivíduo avaliado.
Para a avaliação do consumo alimentar de idosos, alguns cuidados são exigidos. Os métodos
retrospectivos devem ser aplicados com cautela, devido a possíveis problemas de memória. Já para a
aplicação de métodos prospectivos são necessários constantes lembretes, reforços e esclarecimentos
para o correto registro. Apesar do uso do questionário de frequência alimentar ter sido bastante
41
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Recordatório de 24 horas
Solicita-se ao avaliado que recorde e descreva todos os alimentos e bebidas ingeridos ao longo das
últimas 24 horas. Podem ser utilizados modelos de alimentos para a estimativa dos tamanhos ou
empregadas medidas caseiras (por exemplo: copo americano, xícara de chá, colher de sopa etc.).
Tem como principais vantagens seu baixo custo, a rapidez e facilidade de administração, o fato
de não alterar a dieta usual, a possibilidade de ser utilizado com indivíduos com baixo grau de
escolaridade e sua capacidade de fornecer estimativa do valor energético e de macronutrientes
consumidos. Quando realizado em série, permite estimativas da ingestão habitual do indivíduo.
No entanto, apresenta algumas limitações: depende da memória do entrevistado, requer bastante
treinamento do investigador para evitar a indução de respostas, a ingestão das 24 horas anteriores
pode não necessariamente refletir a dieta habitual do indivíduo e bebidas e lanches tendem a ser
omitidos. Não é capaz de fornecer informações precisas sobre a ingestão de micronutrientes, não
aponta diferenças entre a ingestão em diferentes dias da semana, pode ocorrer sub ou superrelato.
No momento da coleta das informações, é preciso evitar e questionar sobre alimentos específicos e
dar sinais de surpresa, aprovação ou desaprovação quanto à alimentação do entrevistado. Deve-se
insistir nos detalhes sem induzir, principalmente a respeito da forma de preparo dos alimentos.
É preciso questionar a ingestão de bebidas alcoólicas, balas, pipoca, sorvete, café, suplementos
vitamínicos e o consumo de alimentos à noite. Ao final, verificar se aquele dia não foi atípico em
relação ao que o entrevistado habitualmente consome.
Suas vantagens incluem o fato de poder ser administrado por profissionais ou autopreenchido, ter
baixo custo e ser de rápida aplicação. É capaz de descrever padrões de ingestão alimentar, de apontar
a associação entre o consumo de alimentos ou nutrientes específicos e alguma doença e ainda de
gerar resultados padronizados. Entre seus pontos negativos, destacam-se: ausência de informações
sobre a quantidade consumida, impossibilidade de se avaliar os horários e o volume das refeições,
possibilidade das listas de alimentos não serem adequadas à população ou indivíduo avaliados,
possibilidade de subestimação do consumo alimentar caso itens habitualmente consumidos não
estejam listados e dificuldade de análise sem o uso de computadores e programas específicos.
42
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
História dietética
Por este método, o indivíduo é extensivamente questionado a respeito de seus hábitos alimentares.
Engloba tanto questões coletadas no questionário de 24 horas e no de frequência alimentar como
informações sobre tratamentos dietoterápicos anteriores, suas preferências, aversões, alergias e
intolerâncias alimentares, alterações de apetite, número de refeições diárias, local e horário das
refeições, atividade física etc.
A principal vantagem dessa técnica é o fato de fornecer uma descrição completa, detalhada,
quantitativa e qualitativa da ingestão alimentar, levando em consideração as alterações sazonais e
as variações diárias, consequentemente fornecendo uma boa descrição da dieta usual. No entanto,
requer um nutricionista altamente treinado, demanda bastante tempo para sua aplicação e depende
da memória do entrevistado.
Registro alimentar
Solicita-se que o individuo registre, ao longo do dia, todos os alimentos e bebidas ingeridos, no
momento de seu consumo. São normalmente utilizados registros de três dias, incluindo um dia de
final de semana, para uma estimativa da dieta habitual. Existe a possibilidade de o indivíduo estimar
as quantidades em medidas caseiras (registro alimentar estimado) ou ainda realizar a pesagem de
todos os alimentos consumidos (registro alimentar pesado).
Tem como vantagens o fato de não depender da memória, proporcionar maior precisão quantitativa
dos alimentos e identificar os tipos de alimentos ingeridos e os horários das refeições. Como
desvantagens, todavia, destacam-se possíveis interferências no consumo alimentar (a subestimação
é bastante frequente e pode haver restrição na escolha dos alimentos), o tempo demandado para o
registro dos alimentos consumidos, que exige alto nível de motivação e colaboração e a necessidade
de que o individuo saiba ler e escrever. Todos esses fatores fazem com que o método seja de difícil
aplicabilidade.
Avaliação bioquímica
A avaliação bioquímica é frequentemente utilizada como coadjuvante na avaliação do estado nutricional
por ser capaz de identificar alterações em alguns marcadores antes que as celulares e orgânicas sejam
perceptíveis.
43
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Proteínas plasmáticas
Sua redução pode indicar desnutrição e relaciona-se à perda de resposta imunológica e aumento
da mortalidade. Pode resultar de perda de peso e de massa muscular. No entanto, não é um bom
marcador no estado nutricional em caso de doenças crônicas inflamatórias, hepatopatias, aumento
do catabolismo e na presença de infecção e/ou inflamação, que reduzem sua concentração.
Valores de referência:
Valores de referência:
Valores de referência:
»» Normal: 20 mg/dL
44
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
Valores de referência:
Valores de referência:
Este método não deve ser utilizado em indivíduos com insuficiência renal e na fase aguda pós-
traumática. É influenciado pela prática de atividade física e pela quantidade de carne da dieta. Além
disso, é essencial que haja precisão no período de coleta da urina (exatamente 24 horas).
Hemoglobina e hematócrito
A redução pode ser indicativa de anemias: ferropriva (por deficiência de ferro), megaloblástica
(por deficiência de folato, normalmente devido à baixa ingestão) ou de deficiência de vitamina B12
(geralmente por doenças do trato gastrointestinal, como a gastrite atrófica). As anemias podem ser
secundárias a doenças que necessitam investigação.
Valores de referência:
45
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Ferro sérico
A redução do ferro sérico, associada ao aumento da transferrina e à redução da ferritina (marcador
de estoques de ferro no organismo), indica deficiência do mineral. Esta deficiência pode estar
relacionada a perdas crônicas de sangue e à hipocloridria, e não apenas à baixa ingestão dietética,
sendo especialmente importante a investigação clínica de fontes de perda sanguínea, principalmente
as gastrointestinais.
Valores de referência:
A utilização dos marcadores bioquímicos pode ser limitada por fatores que incluem a utilização de
alguns tipos de medicamentos, as condições ambientais, o estado fisiológico do indivíduo, o estresse
metabólico e a presença de lesão e inflamação. Logo, jamais poderão ser utilizados isoladamente para
o diagnóstico nutricional.
Com relação aos micronutrientes (vitaminas e minerais), tendo em vista que as técnicas, métodos e
padrões para avaliação do seu estado nutricional em geral não estão bem estabelecidos, destaca-se a
necessidade de uma avaliação profunda e abrangente do consumo alimentar associada à avaliação dos
resultados de exames bioquímicos, de forma a identificar idosos com possíveis riscos de deficiência.
46
CAPÍTULO 2
Métodos subjetivos de avaliação
nutricional
As técnicas subjetivas de avaliação podem ser utilizadas como forma de triagem para a avaliação
do estado nutricional e do risco nutricional de idosos. São particularmente importantes no caso de
idosos hospitalizados, colaborando para um menor tempo de internação e uma recuperação mais
rápida. Além disso, podem ser utilizadas em outras situações clínicas, especialmente quando se
tratam de idosos com restrições de mobilidade, o que dificulta a coleta de medidas antropométricas.
Os principais instrumentos utilizados são a avaliação subjetiva global, a mini avaliação nutricional
e o DETERMINE, descritos a seguir.
Inclui aspectos como perda de peso nos últimos seis meses, alterações na ingestão alimentar, presença de
sintomas gastrointestinais (por exemplo: náuseas, vômitos, diarréia e anorexia) e capacidade funcional
relacionada ao estado nutricional. Cada item deve ser classificado como A, B ou C, dependendo de sua
gravidade.
No exame físico, são avaliadas a perda de gordura subcutânea (na região abaixo dos olhos, no tríceps
e no bíceps), de musculatura (nas têmporas, nos ombros, na clavícula, na escápula, nas costelas, nos
músculos interósseos da mão, no joelho, na panturrilha e no quadríceps) e a presença de edema
resultante de desnutrição e ascite. As perdas são classificadas em: normal, leve, moderada ou severa.
O quadro a seguir resume as características a serem observadas no paciente durante o exame físico
para a caracterização da perda de gordura subcutânea e massa muscular.
Gordura subcutânea
Círculos escuros, depressão,
Depósito de gordura
Abaixo dos olhos pele solta flácida, “olhos
visível
fundos”
Cuidado para não prender
Pouco espaço de gordura
Regiões do tríceps e do o músculo ao pinçar o
entre os dedos ou os dedos Tecido adiposo abundante
bíceps local; movimentar a pele
praticamente se tocam
entre os dedos.
Massa muscular
47
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Perda total nos últimos seis meses: total #___kg; % de perda # ___
48
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
____Sem alterações
____Sem disfunção
#____edema de tornozelo
#____edema sacral
#____ascite
C. Avaliação subjetiva global (selecione uma):
49
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
É um método prático e não invasivo, que identifica a desnutrição ou risco de desnutrição em idosos
de forma rápida, sem necessitar de equipe especializada (nutricionista) e sem depender da realização
de exames bioquímicos. Uma desvantagem é a necessidade de frequentemente ter que se recorrer a
outras pessoas ligadas ao idoso para a obtenção de algumas das respostas.
MiniAvaliação Nutricional
Triagem – Fase 1 Avaliação Global – Fase 2
A. Nos últimos três meses houve diminuição da ingestão alimentar
devido à perda do apetite, problemas digestivos ou dificuldade para J. Quantas refeições faz por dia?
mastigar ou deglutir?
0 = uma refeição
0 = diminuição severa da ingestão
1 = duas refeições
1 =diminuição moderada da ingestão
2 = três refeições
2 = sem diminuição da ingestão
K. O paciente consome:
Pelo menos uma porção diária de leite ou derivados – queijo,
B. Perda de peso nos últimos meses iogurte? sim ( ) não ( )
0 = superior a três quilos Duas ou mais porções semanais de leguminosas ou ovos? sim ( )
não ( )
1 = não sabe informar
Carne, peixe ou aves todos os dias? sim ( ) não ( )
2 = entre um e três quilos
0,0 = nenhuma ou uma resposta “sim”
3 = sem perda de peso
0,5 = duas respostas “sim”
1,0 = três respostas “sim”
C. Mobilidade L. O paciente consome duas ou mais porções diárias de frutas ou
vegetais?
0 = restrito ao leito ou à cadeira de rodas
0 = não
1 = deambula, mas não é capaz de sair de casa
1 = sim
2 = normal
M. Quantos copos de líquidos (água, suco, café, chá, leite) o paciente
D. Passou por algum estresse psicológico ou doença aguda nos consome por dia?
últimos três meses?
0,0 = menos de três copos
0 = sim
0,5 = três a cinco copos
2 = não
1,0 = mais de cinco copos
E. Problemas neuropsicológicos N. Modo de se alimentar
0 = demência ou depressão graves 0 = não é capaz de se alimentar sozinho
1 = demência leve 1 = alimenta-se sozinho, porém com dificuldade
2 = sem problemas psicológicos 2 = alimenta-se sozinho, sem dificuldade
F. Índice de massa corporal (IMC = peso em kg/estatura em metros
quadrados) O. O paciente acredita ter algum problema nutricional?
0 = IMC < 19 0 = acredita estar desnutrido
1 = 19 < IMC < 21 1 = não sabe dizer
2 = 21 < IMC <23 2 = acredita não ter problema nutricional
3 = 23 > IMC
50
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
MiniAvaliação Nutricional
Triagem – Fase 1 Avaliação Global – Fase 2
Escore de Triagem P. Em comparação a outras pessoas da mesma idade, como o
paciente considera a sua própria saúde?
(subtotal, máximo de 14 pontos)
0,0 = não muito boa
12 pontos ou mais = normal
0,5 = não sabe informar
Desnecessário continuar a avaliação
1,0 = boa
11 pontos ou menos = possibilidade de desnutrição
2,0 = melhor
Continuar a avaliação
G.O paciente vive em sua própria casa (não em casa geriátrica ou Q. Circunferência do braço (CB) em cm
hospital)
0,0 = CB < 21
0 = não
0,5 =21 >CB <22
1 = sim
1,0 = CB >22
H. Utiliza mais de três medicamentos diferentes por dia?
0 = sim
R. Circunferência da panturrilha (CP) em cm
1 = não
0 = CP < 31
I. Tem lesões de pele ou escaras?
1 = CP>31
0 = sim
1 = não
Avaliação global (máximo de 16 pontos)______Escore de triagem______Escore total (máximo de 30 pontos)_______
Avaliação de Estado Nutricional
De 17 a 23,5 pontos = risco de desnutrição
Menos de 17 pontos = desnutrido
Determine
Desenvolvido pela Nutrition Screening Initiative, o instrumento teve seu nome definido a partir do
acróstico de suas palavras-chave: Disease (doença), Eating poorly (baixa ingestão alimentar), Tooth
loss (perda dental), Economic hardship (dificuldade econômica), Reduced social contact (contato
social reduzido), Multiple medicines (múltiplas medicações), Involuntary weight loss (perda de
peso involuntária), Needs assistance in self care (necessidade de assistência para o autocuidado),
Elder years above age 80 (idade avançada acima de 80 anos).
É composto por 10 questões, às quais são atribuídos escores no caso de respostas afirmativas. A
proposta dos autores é que o instrumento seja preenchido pelo próprio idoso ou por seu cuidador
e, na constatação de risco nutricional, seriam iniciados dois tipos de rastreamento: um pelo serviço
social e outro pelo serviço médico. No entanto, no Brasil, o baixo nível de escolaridade da população
idosa dificulta a resposta pelo próprio indivíduo. Poderia então ser utilizada uma adaptação,
com perguntas na terceira pessoa do singular, aplicada por profissionais de saúde. Por ser uma
ferramenta simples, pode ser facilmente utilizada por profissionais de outras áreas da saúde, não
necessariamente nutricionistas.
Cabe ressaltar que, embora o instrumento seja de fácil e rápida aplicação, o que o torna bastante
interessante, ainda não foi traduzido e validado no Brasil.
51
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
DETERMINE
Assinale quando for
Questões
SIM
Atualmente, você tem alguma doença ou condição de saúde que faça mudar o tipo ou quantidade de alimento
2
que consome?
Você faz menos de duas refeições por dia? 3
Você come poucas frutas, vegetais, leite e derivados? 2
Você toma três ou mais doses de bebidas alcoólicas por dia? 2
Você tem algum problema na boca ou nos dentes que dificulte a sua alimentação? 2
Alguma vez você não tem dinheiro suficiente para comprar os alimentos de que precisa? 4
Você faz suas refeições sozinho na maioria das vezes? 1
Você toma diariamente mais de três medicamentos diferentes? 1
Você perdeu 5 kg ou mais nos últimos 6 meses, sem intenção de perdê-los? 2
Alguma vez você sente que não está fisicamente capaz de comprar e preparar seus alimentos, ou mesmo de
2
comê-los?
Total
Exame Físico
Tem como objetivo procurar sinais e sintomas de carências nutricionais, especialmente a desnutrição.
Tendo em vista que tais sinais e sintomas são aparentes apenas em estágios avançados de depleção
nutricional, o diagnóstico nutricional não deve utilizá-lo como único método.
52
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE III
53
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO
Em idosos, uma das prioridades ao exame físico deve ser a avaliação do nível de hidratação.
Considerando-se a perda de firmeza da pele própria do envelhecimento, a hidratação deve ser
avaliada por meio da presença de lágrimas e saliva.
Deve-se conhecer a história clínica do paciente a fim de evitar um diagnóstico incorreto, pois algumas
enfermidades apresentam sinais e sintomas semelhantes aos apresentados na desnutrição. Além
disso, deve-se ter cautela com algumas alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento que
podem ser confundidas com sinais de deficiências nutricionais como, por exemplo, a púrpura senil,
consequência do envelhecimento da pele, que pode ser confundida com deficiência de vitaminas e a
catarata, que pode ser confundida com a cegueira noturna, sinal de deficiência de vitamina A.
54
ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL DO UNIDADE IV
IDOSO
CAPÍTULO 1
Alimentação saudável do idoso
Essas mudanças de padrão alimentar são semelhantes ao que se observa em países desenvolvidos e
chama a atenção das autoridades de saúde. Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde lançou,
em 2004, a Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde,
sugerindo a formulação e implementação de linhas de ação efetivas para reduzir substancialmente
as mortes e doenças em todo o mundo. Em seu documento final, constam algumas recomendações
específicas sobre a dieta:
55
UNIDADE IV │ ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DO IDOSO
De encontro a essas recomendações, o Ministério da Saúde lançou, em 2005, o Guia Alimentar para
a População Brasileira, destinado a todos os envolvidos com a saúde pública (desde os profissionais
de saúde da atenção básica e da Estratégia Saúde da Família até os formuladores e implementadores
de políticas públicas) e às famílias. Seu lançamento apenas reforçou os preceitos da Política Nacional
de Alimentação e Nutrição (PNAN), homologada em 1999, cujo principal objetivo é “contribuir
com o conjunto de políticas de governo voltadas à concretização do direito humano universal à
alimentação e nutrição adequadas e à garantia da Segurança Alimentar e Nutricional da população”
e que se insere na Política Nacional de Saúde.
O Guia Alimentar para a População Brasileira apresenta sete diretrizes gerais, que contemplam as
indicações da Organização Mundial da Saúde em seu documento final. Como seu próprio nome
apresenta, é destinado a toda a população brasileira, sem distinção de faixa etária. Apresenta
linguagem bastante simplificada, para facilitar o acesso da população às informações e auxiliar os
profissionais de saúde nas ações de educação nutricional.
Especificamente para a população idosa, foi lançada pelo Ministério da Saúde, em 2009, a
publicação “Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de saúde”,
que contém orientações para alimentação saudável, para o preparo e consumo das refeições diárias,
para promover a autonomia da pessoa idosa em relação à sua alimentação e ainda os “Dez passos
para uma alimentação saudável”, adaptados ao idoso.
É de grande importância também que os profissionais de saúde detenham pelo menos os conceitos
básicos acerca da nutrição nas doenças crônicas mais prevalentes nessa população: diabetes,
hipertensão, obesidade, hipercolesterolemia e osteoporose. Orientações nutricionais específicas e
individualizadas devem ficar a cargo do nutricionista.
MARCENES, W. et al. The relationship between dental status, food selection, nutrient
intake, nutritional status, and body mass index of older people. Cadernos de Saúde
Pública, v. 19, n. 3, p. 809-816, mai./jun. 2003.
56
ALIMENTAÇÃO NAS
PRINCIPAIS DOENÇAS UNIDADE V
CRÔNICAS DO IDOSO
CAPÍTULO 1
Alimentação nas principais
doenças crônicas do idoso
Constipação intestinal
No caso de idosos constipados, é preciso primeiramente regularizar os horários das refeições e
aumentar o consumo de fibras, de modo a estimular a motilidade intestinal e promover aumento do
bolo fecal. A ameixa preta e seu suco são bastante indicados por conterem ácido diidroxifinil isotina,
substância que melhora o funcionamento do intestino. Deve-se estimular o consumo de cereais e
grão integrais, vegetais e frutas, especialmente aquelas com casca e bagaço.
Para um efeito positivo do aumento do consumo de fibras é essencial a ingestão adequada de água,
sendo recomendados pelo menos oito copos de 200ml por dia, mesmo que o idoso não sinta sede.
Pode ser recomendado o uso de fruto-oligossacarídeos (FOS), prebióticos que propiciam o crescimento
das bactérias benéficas do intestino, equilibrando a microbiota e consequentemente melhorando o
trânsito intestinal. Um alimento que é boa fonte de FOS é a batata yacon, rica em inulina. Alguns
estudos mostram ainda que o consumo desse vegetal pode ser bastante benéfico para o controle
glicêmico do diabético.
Dislipidemias
Idosos hipercolesterolêmicos devem ser orientados a reduzir o consumo de gorduras saturadas (de
origem animal) e colesterol e a aumentar o consumo de gorduras poli e monoinsaturadas (origem
vegetal). Assim, devem ser evitados: leite e derivados integrais, carnes vermelhas, peles de aves,
bacon, embutigos em geral (salame, mortadela, presunto etc.), vísceras e frutos do mar. O consumo
de alimentos como óleos vegetais (azeite de oliva, óleo de canola, milho, girassol etc.), castanhas,
57
UNIDADE V │ ALIMENTAÇÃO NAS PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DO IDOSO
azeitonas e abacate deve ser incentivado. Ressalva-se que, quando aquecidos, os óleos vegetais
tendem a saturar-se, devendo-se então evitar ao máximo o consumo de frituras e utilizar óleos com
moderação durante o cozimento dos alimentos.
Hipertensão arterial
Idosos hipertensos devem seguir dieta hipossódica, com restrição no uso de sal de adição (cloreto de
sódio) e do consumo de alimentos industrializados. A utilização de sal de cozinha deve ser limitada
em 4g/dia (ou 4 tampinhas de caneta Bic®). Portanto, as refeições deverão ser preparadas com
pouco sal e não se deve utilizar o saleiro à mesa. Uma alternativa ao consumo de coleto de sódio é o
cloreto de potássio, mas que não deve ser usado por portadores de insuficiência renal.
Para melhorar a palatabilidade das refeições recomenda-se o uso de temperos naturais (ervas),
vinagre, limão e molhos à base de frutas.
Alimentos ricos em potássio potencializam os efeitos da dieta hipossódica, devendo então ter seu
consumo estimulado. Entre os alimentos com elevado teor de potássio destacam-se as leguminosas
(feijão, ervilhas, grão de bico), aveia, gérmen de trigo, beterraba, batata, rabanete, mandioca,
cenoura, cará, salsa, almeirão, couve de Bruxelas, couve manteiga, chicória, espinafre, amora,
abacate, banana, cereja, melão e maracujá.
O controle do peso corporal e a ingestão adequada de cálcio também contribuem para um melhor
controle da pressão arterial.
58
ALIMENTAÇÃO NAS PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DO IDOSO │ UNIDADE V
Com relação à dieta, objetiva-se: manter a glicemia o mais próximo possível da normalidade;
regularizar as concentrações séricas de lipídios (triglicerídeos, colesterol total e suas frações);
manter a pressão arterial controlada; prevenir e tratar as complicações agudas e crônicas da doença;
melhorar a saúde por meio de uma alimentação saudável.
No caso de idosos com sobrepeso ou obesidade, a perda de peso promovida por dietas auxilia no
controle metabólico em longo prazo, reduzindo a hiperglicemia, a dislipidemia e a hipertensão.
Dietas hipocalóricas (com redução de calorias), independentemente da perda de peso, melhoram a
sensibilidade à insulina e os níveis glicêmicos.
A dieta deve ser fracionada (com pequenos lanches entre as refeições principais, aumentando a
distribuição das calorias ao longo do dia).
A quantidade diária de fibras e de sódio da dieta também deve ser a mesma que a dos indivíduos
saudáveis. No caso de idosos hipertensos, deve-se limitar o consumo de sódio a 2.000mg/dia.
Quanto ao consumo de álcool, este nunca deve ultrapassar 2 doses/dia para o homem e 1 dose/dia
para a mulher, como para qualquer pessoa saudável. Quando consumido, deverá preferencialmente
ser acompanhado de alimentos, pois pode levar à hipoglicemia.
No que diz respeito aos micronutrientes, as recomendações não diferem daquelas dos indivíduos
saudáveis, não havendo necessidade de suplementação caso a alimentação seja adequada. Em
pacientes fazendo uso de diuréticos pode haver perda de potássio ou ser necessária a restrição do
mineral em indivíduos com insuficiência renal.
59
UNIDADE V │ ALIMENTAÇÃO NAS PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DO IDOSO
Deve-se incentivar a prática regular de atividade física, preferencialmente orientada por profissional
da área.
Obesidade
Deve ser realizada uma restrição progressiva das calorias da dieta, com base no total calórico
habitualmente consumido pelo idoso. A simples adoção de hábitos alimentares mais saudáveis
como a redução do consumo de frituras, de alimentos industrializados, de carnes gordurosas, leites
e derivados integrais e o aumento do consumo de vegetais, frutas, leguminosas, grãos e cereais
integrais frequentemente já contribui para perda de peso, mesmo que não haja redução do volume
de alimentos ingeridos.
Osteoporose
Estimular o consumo de alimentos ricos em cálcio. Deve-se dar preferência ao consumo de leite e
derivados semidesnatados, para melhorar o aporte de vitamina D. A exposição ao sol sem proteção
solar, antes das 10 horas da manhã e após as 16 horas também é recomendado.
Na dieta, deve-se evitar o excesso de proteínas, sódio, cafeína, bebidas alcoólicas e alimentos ricos em
ácido oxálico (chocolate, espinafre, morango, beterraba e farelo de trigo), que prejudicam a absorção
do cálcio.
60
ACONSELHAMENTO
NUTRICIONAL DO UNIDADE VI
IDOSO
CAPÍTULO 1
Aconselhamento nutricional do idoso
A alimentação tem uma relação muito próxima aos aspectos culturais, psicológicos e sociais dos indivíduos
e das comunidades. Mudanças bruscas nos hábitos alimentares são difíceis em qualquer faixa etária, mas
são ainda mais para os idosos. Hábitos alimentares de longa data e problemas de memorização de novas
informações contribuem para uma maior dificuldade no processo de intervenção dietética neste grupo
populacional.
Na terceira idade, o comportamento alimentar é caracterizado por ações como a seleção e preparo
dos alimentos, a relação afetiva e cognitiva com os alimentos, o significado simbólico da “comida”
nas relações sociais e a decisão de seguir ou não a orientação de uma dieta ou de mudanças nos
hábitos alimentares. Ressalta-se que a imposição de dietas pode levar a uma reação de negação no
idoso, na medida em que este pode perceber uma associação entre envelhecimento, doença e dieta e,
consequentemente, a morte eminente.
61
UNIDADE VI │ ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL DO IDOSO
É preciso estimular o preparo de alimentos que tragam boas lembranças, a seleção de alimentos
que deem prazer e a realização de refeições em família ou entre amigos. As orientações devem ser
adequadas às habilidades e capacidades individuais de entendimento. É importante falar devagar
e com maior separação entre as palavras, fornecer informações simples e claras e repetir os pontos
mais importantes. Podem ser utilizados impressos e figuras, preferencialmente com pouco texto e
com fontes grandes, evitando o uso de cores brilhantes ou de difícil acuidade como o azul, o verde
e o violeta.
Em 1999, Russel et al. propuseram uma nova versão da pirâmide alimentar, voltada para o idoso,
que difere um pouco daquela proposta em 1992 pelo USDA para a população adulta. Nessa
pirâmide foi destacada a necessidade do consumo de água, de alimentos ricos em fibras e indicada
a possibilidade de ser necessária a suplementação de nutrientes como o cálcio, a vitamina D e a
vitamina B12. Pode ser utilizada em ações de educação nutricional do idoso, desde que este tenha
um bom nível de cognição.
62
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL DO IDOSO │ UNIDADE VI
63
Para (não) Finalizar
Assim, enquanto profissional de saúde, de que forma você pode contribuir para a nutrição do idoso,
segundo sua área de formação? De acordo com o conteúdo desta disciplina, que medidas você pode
incluir na sua prática profissional para melhorar o atendimento em saúde do idoso?
64
Referências
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predictive equations. American Journal of Clinical Nutrition, v. 53, n. 6, pp. 1345-1353, jun.
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black, and mexican-american persons developed from NHANES III data. Journal of the
American Dietetic Association, v. 98, n. 2, pp. 137-142, fev. 1998.
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REFERÊNCIAS
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66