Você está na página 1de 96

Métodos de Avaliação e Prevenção da

Obesidade e Emagrecimento

Brasília-DF.
Elaboração

Guilherme Fleury Fina Speretta

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 6

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA.................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO EM TREINAMENTO PERSONALIZADO NA OBESIDADE..................... 9

CAPÍTULO 2
TESTES, MEDIDAS E AVALIAÇÃO.............................................................................................. 12

UNIDADE II
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS..................................... 19

CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA.............................................................................................. 19

UNIDADE III
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA.......................................................................... 40

CAPÍTULO 1
PRESSÃO ARTERIAL................................................................................................................. 42

CAPÍTULO 2
FREQUÊNCIA CARDÍACA........................................................................................................ 45

CAPÍTULO 3
CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO........................................................................................ 48

UNIDADE IV
AVALIAÇÃO DE FORÇA....................................................................................................................... 57

CAPÍTULO 1
TIPOS DE AÇÃO MUSCULAR................................................................................................... 59

CAPÍTULO 2
CÁLCULO DA FORÇA RELATIVA.............................................................................................. 66

UNIDADE V
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR.............................................................................................. 70
CAPÍTULO 1
TESTE DE SUPINO.................................................................................................................... 72

UNIDADE VI
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA............................................................................................. 78

CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL................................................................. 79

UNIDADE VII
PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIO PARA PREVENÇÃO DA OBESIDADE E EMAGRECIMENTO..... 90

CAPÍTULO 1
PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS CARDIORRESPIRATÓRIOS............................. 90

PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 94

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 95
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
A avaliação física é ferramenta fundamental no processo de treinamento, especialmente no
treinamento personalizado para a obesidade. A premissa desta abordagem de treinamento é o
princípio da individualidade biológica, que diz que cada indivíduo é único em suas características,
portanto, o seu treinamento ideal seria diferente daquele de qualquer outra pessoa. Sendo assim,
para que você possa conhecer o seu cliente, paciente ou aluno, e elaborar o melhor programa de
treino possível, é necessário conhecê-lo por meio de uma avaliação inicial. Em seguida, outras
avaliações serão realizadas para que você possa demonstrar o progresso de seu cliente, e assim a
sua competência profissional.

Objetivos
»» Demonstrar a importância da avaliação no treinamento personalizado.

»» Apresentar as definições de teste, medida e avaliação para tomada de decisões e


individualização do programa de treinamento.

»» Apresentar a definição de unidade e sua importância no momento de atribuir


medidas.

»» Capacitar o aluno a calcular, por meio de percentual, as melhoras advindas do


programa de treinamento.

»» Discutir os critérios para a seleção de testes adequados para a realização da avaliação


do cliente.

»» Apresentar os princípios das medidas e avaliação que devem ser seguidos para uma
avaliação adequada.

»» Conhecer a definição de Avaliação Física e entendendo sua importância em um


planejamento de programas de exercício.

»» Conhecer a aplicação de diferentes testes.

»» Capacitar o aluno para a realização de avaliações da composição corporal,


cardiorrespiratórias, de força, saúde e nutricional.

8
INTRODUÇÃO
ÀS MEDIDAS E UNIDADE I
AVALIAÇÃO FÍSICA

CAPÍTULO 1
Importância da avaliação em
treinamento personalizado
na obesidade

Quais são as aplicações de uma avaliação no treinamento personalizado?

Aplicações da avaliação
Diagnóstico: a avaliação inicial que você realiza com o seu cliente demonstra quem ele é e fornece
as informações necessárias para que você possa iniciar o delineamento inicial do programa de
treinamento personalizado. A partir do diagnóstico inicial, este indivíduo deve ser classificado dentro
dos parâmetros relativos ao que fora avaliado. Por exemplo, será que seus níveis de flexibilidade ou
força são satisfatórios? Como está a sua aptidão cardiorrespiratória? A partir destes parâmetros e
classificações, juntamente de seu cliente vocês podem estabelecer quais serão os reais objetivos do
programa de treinamento, e seu trabalho de prescrição será voltado a estes objetivos.

Determinar o progresso: atingir os objetivos propostos é fundamental no tratamento de


indivíduos com sobrepeso e obesidade. Quando o cliente atinge seus objetivos, ele fica satisfeito
com o seu trabalho e decide continuar o programa de treinamento. As avaliações periódicas irão
demonstrar ao seu cliente como ele progrediu.

Motivar: para que um trabalho de longo prazo possa ser realizado, o cliente deve estar sempre
motivado. Este é um dos princípios científicos do treinamento desportivo, e demonstra que quando
uma pessoa está motivada, ela canaliza as suas expectativas para os objetivos do treinamento, e
com isso consegue alcançar maiores resultados (BOMPA, 2002). Quando o cliente se depara com
resultados positivos de avaliação, ele percebe que todo aquele esforço do treinamento é válido, e fica
motivado a prosseguir com o seu programa de treinamento personalizado.

Manter padrões esperados: o programa de treinamento personalizado que você elabora a uma
pessoa possui objetivos claros. A avaliação periódica demonstra se durante determinados períodos de

9
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA

treinamento as melhoras continuam a aparecer ou se o indivíduo está chegando ao que chamamos de


platô de treinamento, que consiste em uma estabilização dos ganhos. Caso você detecte este platô no
seu cliente, o programa de treinamento deve ser reformulado, para que se possa otimizar os resultados
do cliente.

Conhecimento do avaliado: este conhecimento é muito importante para que você possa elaborar
um bom programa de treinamento e até mesmo para que tenha um bom relacionamento profissional
com seu cliente. Para que este programa seja realmente individualizado, é necessário responder a
algumas perguntas propostas por Kraemer e Ratamess (2004):

»» Existem fatores de saúde ou lesões que podem limitar os exercícios realizados ou


sua intensidade?

»» Quais grupos musculares precisam ser treinados?

»» Que tipos de ações musculares são necessárias?

»» Quais os sistemas bioenergéticos a serem trabalhados?

»» Quais equipamentos estão disponíveis e são preferidos?

»» Qual a frequência semanal de treinamento e existem fatores que limitem a duração


das sessões?

»» Se a pessoa treina para um esporte ou atividade, quais os principais locais de lesão?

A partir do momento em que estas questões a respeito do seu cliente foram respondidas, o seu
programa de treinamento ganhou diretrizes para a sua elaboração, e serve como uma ferramenta
que irá direcionar o treinamento de seu cliente para os benefícios que ele terá enquanto não
estiver treinando.

Avaliar o profissional/programa de treinamento: programas de treinamento eficazes devem


ser registrados para poderem ser repetidos, enquanto que programas ineficazes não devem ser
repetidos, além de serem reavaliados (FLECK; KRAEMER, 2009). Para determinar se você e o seu
programa de treinamento alcançaram os objetivos propostos, é necessário avaliar o seu cliente. A
partir desta coleta de dados, você será capaz de determinar quais os melhores estímulos para cada
cliente, e assim irá com o tempo criando a sua bagagem como profissional e melhorar sempre a
qualidade de seu trabalho.

Diretrizes para a pesquisa e ciência: inicialmente, pode parecer que pesquisa e ciência são
distante da realidade do trabalho personalizado, mas vejamos qual a definição de ciência no dicionário:

Ciência. [Do lat. scientia.]S. f. 1. Conhecimento. 2. Saber que se adquire pela


leitura e meditação; instrução, erudição, sabedoria. 3. Conjunto organizado de
conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos
mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. 4. Soma
de conhecimentos práticos que servem a um determinado fim. 5. A soma dos
conhecimentos humanos considerados em conjunto.

10
INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA │ UNIDADE I

Se você reparar nesta definição verá que a ciência é conhecimento, é conjunto de


dados sobre um determinado assunto. Este conhecimento é vindo da avaliação
que você realiza com o seu cliente. Todos os fatores descritos anteriormente fazem
com que a sua avaliação seja ciência dentro do seu ambiente de trabalho. A partir
deste momento, encare a avaliação no treinamento personalizado como uma
ferramenta científica, e construa o seu conhecimento a respeito de seus clientes e
a respeito do seu trabalho. Acrescente cada vez mais dados ao seu conhecimento
e crie a sua bagagem.

Quanto maior for o seu banco de dados, melhor será o seu trabalho!

11
CAPÍTULO 2
Testes, medidas e avaliação

A avaliação será, no fim, um processo interpretativo, que dependerá do avaliador


como pensador, no papel de transformar os dados coletados em informações valiosas
e diretrizes para o programa de treinamento personalizado. Esta interpretação difere
o personal trainer de um programa de treinamento generalizado, que pode ser
encontrado até mesmo em revistas destinadas ao público comum.

Para iniciarmos o conhecimento mais específico sobre o processo de avaliação do seu cliente,
primeiro será necessário conhecer as definições de teste, medida e avaliação:

Teste
Instrumento, procedimento ou técnica usado para se obter uma informação (MARINS; GIANNICHI,
2003).

Instrumento ou procedimento que traz à tona uma resposta observável a fim de fornecer informações
sobre um atributo específico de uma ou mais pessoas (TRITSCHLER, 2003).

Medida
Processo utilizado para coletar as informações obtidas pelo teste, atribuindo um valor numérico aos
resultados (MARINS; GIANNICHI, 2003).

Medir é associar um número a determinada característica (propriedade) de um ser (KISS, 2003).

Processo de se determinarem sistematicamente valores numéricos para um atributo de interesse


(TRITSCHLER, 2003).

Avaliação
Determinar a importância ou o valor da informação coletada e tomar uma decisão a respeito, sempre
com os objetivos do programa em mente (MARINS; GIANNICHI, 2003).

Realizar um julgamento de valor sobre a medida e interpretá-la em função do objetivo que


determinou a realização desta medida (KISS, 2003).

Qual a interação entre teste, medida e avaliação?

12
INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA │ UNIDADE I

A partir das definições apresentadas, é possível perceber que teste, medidas e avaliações são partes
distintas de um processo. Portanto, resumidamente, aplicamos um teste para obtermos uma medida,
e em seguida temos que interpretar esta medida e tomar uma decisão a partir dela, o que é o processo
de avaliação.

A medida sempre será apresentada em uma unidade que a caracteriza. Ex.: medida, em centímetros,
da estatura do testado. Para entendermos a importância da unidade em medidas, vejamos as
definições do dicionário.

Unidade [do lat. unitate] S. f. 1. Quantidade que se toma arbitrariamente para termo
de comparação de grandezas da mesma espécie. 2. O número um. 3. Princípio
da numeração. 4. Qualidade do que é um ou único ou uniforme. 5. Qualidade
daquilo que não pode ser dividido: a unidade política ou territorial de um país. 6.
Homogeneidade; igualdade, identidade, uniformidade: unidade de movimentos,
de idéias. 7. Coordenação ou harmonia das partes de uma obra literária, artística,
científica, etc. 8. Ação coletiva voltada para um mesmo fim; coesão, união. 9. Aquilo
que, num conjunto, numa espécie, etc., forma um todo completo: as unidades de uma
federação; a unidade cirúrgica de um hospital; um edifício de apartamentos com 20
unidades. 10. Tropas de soldados destinados a manobrar juntos. 11. Cada navio, na
marinha de guerra. 12. Ecles. Profissão da mesma fé e respeito aos mesmos chefes. 13.
Filos. Caráter do ser que é um em qualquer acepção. 14. Filos. Caráter do ser que é uno.

Torna-se necessário observar novamente a definição de unidade apresentada acima. O item 1,


que descreve unidade como “quantidade que se toma arbitrariamente para termo de comparação
de grandezas da mesma espécie” é o mais aplicável ao trabalho do profissional quando se realiza
uma medida. Sempre que você realizar um teste e, a partir dele, obtiver uma medida, esta deve ser
apresentada em sua unidade correspondente. Esta unidade é o que permite que os resultados de
diferentes avaliações sejam comparados, ou que você estabeleça um parâmetro para saber qual a
condição do seu cliente. Portanto, nunca se esqueça de apresentar esta unidade. A altura deve ser
expressa em metros (m) ou centímetros (cm), a massa corporal em quilogramas (kg) etc.

De acordo com Marins e Giannichi, a avaliação tem um papel ainda mais amplo do que testar e
atribuir graus, ou medidas. Esta avaliação ainda pode ser dividida em três tipos diagnóstica,
formativa ou somativa. Todos estes são importantes para o profissional, e serão discutidos a seguir.

Avaliação diagnóstica
Nada mais é do que a análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo em relação a uma determinada
característica (MARINS e GIANNICHI, 2003). É aquela realizada no início do período de treinamento
e que vai permitir que você conheça o seu cliente.

Características e aplicações:

»» Efetuada no início do programa de treinamento.

»» Permite a observação de pontos fracos e fortes.

»» Divisão de grupos em treinamento de turmas ou equipes.

13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA

Avaliação formativa
Este tipo de avaliação informa sobre o progresso dos indivíduos no decorrer do programa de
treinamento, dando informações tanto para o profissional quanto para o cliente. Para o profissional,
se ele está elaborando um bom programa de treinamento, se os resultados estão sendo obtidos no
tempo certo (MARINS; GIANNICHI, 2003). É aquela realizada durante o período de intervenção.
A partir desta avaliação você será capaz de verificar se as adaptações do seu cliente estão dentro do
esperado ou se será necessário realizar ajustes no programa de treinamento.

Características e aplicações:

»» Progresso com o programa de treinamento.

»» Informações para o profissional e para o avaliado.

»» Pode ser realizada frequentemente, o que fornece o feedback para o aluno.

Avaliação somativa
É a soma de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do treinamento, com um objetivo
de se obter um quadro geral da evolução do indivíduo (MARINS; GIANNICHI, 2003). É aquela que
encerra um ciclo de treinamento. Pode-se fazer uma avaliação somativa, por exemplo, no final do
ano, antes que se entre férias, para determinar qual foi a melhora total do ano.

Características e aplicações:

»» Soma das avaliações realizadas no fim de cada unidade de treinamento;

»» Obtenção de um quadro geral de evolução.

Com que periodicidade devo avaliar o meu cliente? Quais são as melhores épocas
para se fazer as avaliações?

A partir das definições de avaliação diagnóstica, formativa e somativa que


acabamos de ver, é possível perceber que as três são importantes para o seu
trabalho. Como será discutido mais adiante nesta disciplina e ao longo do curso,
esta decisão irá depender do que está sendo avaliado e do grau de treinamento
do indivíduo. Sendo assim cada qualidade física terá uma periodicidade adequada
aos seus clientes. Importante é conseguir acompanhar os resultados e também
estabelecer os seus parâmetros. Por exemplo, ao realizar uma avaliação antes que
um cliente vá viajar e uma logo após que ele retorne ao treinamento, você será
capaz de estabelecer quais foram as perdas que aconteceram enquanto ele estava
viajando. A partir disto também será possível estabelecer os objetivos específicos
de quais deverão ser as melhoras para que ele retome a condição física que tinha
antes de sua viajem.

14
INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA │ UNIDADE I

Cálculo de mudanças em percentual

Como acabamos de ver, a avaliação somativa irá dizer a você qual foi a melhora
do seu cliente em um período determinado de tempo. Mas como será possível
quantificar esta melhora de maneira mais precisa?

Para isso, é necessário que você calcule o percentual de mudança que foi obtido entre a avaliação
diagnóstica e a somativa. E a obtenção deste cálculo é simples de ser realizada, além de prover
informações muito valiosas, que valorizam o seu trabalho e fidelizam o seu cliente.

Existem duas situações específicas para este cálculo: uma delas é para o cálculo do percentual de
redução, e outra para o cálculo de aumento.

Cálculo de redução:

Este cálculo será utilizado sempre que entre o momento das avaliações ocorrer uma redução na
característica que foi medida. Por exemplo, se um cliente emagrecer, sua massa corporal, que é a
característica em questão, sofreu uma redução. Para tanto, o cálculo é realizado da seguinte maneira:

% redução = (I-F) X 100


I

Onde:

I: inicial, ou o valor que fora encontrado para a variável na primeira avaliação.

F: final, ou o valor que fora encontrado para a variável na última avaliação.

Cálculo de aumento:

Este cálculo será utilizado sempre que entre o momento das avaliações ocorrer um aumento na
característica que foi medida. Por exemplo, se um cliente se torna mais forte com o seu treinamento,
a quantidade em quilos de peso que ele levanta nos exercícios, que é a característica em questão,
sofreu um aumento. Para tanto, o cálculo é realizado da seguinte maneira:

% aumento = (F-I) X 100


I

Onde:

I: inicial, ou o valor que fora encontrado para a variável na primeira avaliação.

F: final, ou o valor que fora encontrado para a variável na última avaliação.

Para que estes cálculos sejam compreendidos, vamos exercitar.

Exemplo 1: Um cliente se apresenta a você com massa corpora de 80 kg, com o


objetivo de emagrecer. Após dois meses de treinamento, a sua massa corporal é

15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA

reduzida para 75kg. Qual foi o percentual de mudança no seu peso no período de
treinamento? Siga os seguintes passos:

Identifique qual a característica em questão e se ela sofreu um aumento ou redução,


para, sem seguida, se aplicar a fórmula e a conta ser realizada. Neste caso, a característica
é a massa corporal, que sofreu redução, portanto a fórmula aplicada será:

% redução = (I-F) X 100


I

Coloque os valores iniciais e finais e resolver a fórmula:

% redução = (80-75) X 100


80

% redução = 5 X 100
80
% redução = 0,0625 X 100

% redução = 6,25%

Portanto, neste caso a redução na massa corporal do cliente foi de 6,25%.

<aprovadonovestibular.com/como-calcular-porcentagem-matematica.html>.

Critérios para a seleção dos testes


Agora que você já conhece as vantagens de se aplicar a avaliação no treinamento personalizado,
vejamos com mais detalhes o que significa a avaliação, e quais os critérios que devem ser levados
em conta para que o teste selecionado seja adequado e a sua avaliação seja capaz de lhe fornecer
informações valiosas a respeito de seus clientes (MARINS; GIANNICHI, 2003).

»» Definir “o que” será testado e “para quem” será testado:

As aplicações da avaliação envolvem conhecer a pessoa que está sendo avaliada e


também direcionar o seu programa de treinamento. Portanto, antes de realizar um
teste, é necessário que você saiba a aplicação deste teste para o seu cliente, e também
que você aplique um teste mais adequado a ele. Por exemplo, se o seu programa de
treinamento envolve a necessidade de uma boa aptidão cardiorrespiratória, esta deverá
ser avaliada por meio de um teste que seja específico a ela. Ademais, este teste deve
ser adequado a cada cliente. Se o seu programa de treinamento envolve a necessidade
de trabalhar força, esta deverá ser avaliada, e assim por diante. Isto quer dizer que
você deve conhecer as capacidades físicas necessárias para alcançar os seus resultados
propostos.

»» Encontrar os melhores testes na literatura:

Quando se realiza um teste com um cliente, deve-se ao máximo evitar erros, para
que este teste lhe forneça as melhores informações no direcionamento do seu

16
INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA │ UNIDADE I

programa de treinamento. A literatura científica conta com diversos protocolos de


testes para avaliação. Cabe ao profissional saber selecionar qual é o melhor teste
para cada um dos seus clientes, de acordo com as suas características. Mais adiante,
nesta disciplina, conheceremos vários testes para instrumentalizar o seu trabalho e
sua aplicação para diferentes populações.

»» Validade do teste:

Indica com que precisão o teste mede aquilo que se deve ou pretende medir
(MACHADO, 2010). Além de procurar o teste que será mais adequado ao seu
cliente, você deverá se preocupar com a precisão que este teste lhe fornece.

»» Fidedignidade:

É a possibilidade de repetição de uma medida. Um teste não poderá ser repetido se


não for fidedigno (MACHADO, 2010). Imagine um teste qualquer que você realiza
hoje com o seu cliente e obtém um resultado. Caso este teste seja repetido em um
futuro próximo, o resultado do teste deve ser similar ao do primeiro. Isto indica que
este teste é fidedigno e permite que se faça o acompanhamento do seu programa de
treinamento. A comparação neste caso é chamada de intra-avaliador, ou seja, se o
mesmo avaliador realiza medidas confiáveis.

»» Objetividade:

É o grau de concordância com o qual vários indivíduos marcam os mesmos


resultados no teste, ou seja, é a ausência de influência do avaliador nos resultados
do teste (MACHADO, 2010). Isto quer dizer que se você aplicar um teste e ele
for objetivo, outra pessoa poderá aplicá-lo e econtrar resultados similares. A
comparação neste caso é chamada de inter-avaliador, ou seja, se vários avaliadores
realizam medidas confiáveis.

Princípios das medidas e avaliações


Sempre que você for realizar uma avaliação, leve em conta alguns princípios que irão ajudá-lo a
realizá-la de modo mais confiável (MARINS; GIANNICHI, 2003). São eles:

»» Determinar e manter os objetivos sempre em mente durante todo o processo.

»» Manter clara a relação entre teste, medida e avaliação.

»» Utilizar testes válidos, fidedignos e objetivos.

»» Usar testes que mais se aproximem da situação da atividade (especificidade).

»» Aplicar o teste por pessoa treinada.

»» Interpretar os resultados em termos do indivíduo como um todo (social, mental,


física e psicologicamente).

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÃO FÍSICA

»» Aplicar testes específicos em tudo que pode ser medido (fatores sociais, emocionais
e físicos).

»» Saber que nenhum teste ou medida é perfeito.

»» Efetivar medidas e julgamento profissional.

»» Realizar de re-testes.

Ao aplicar estes princípios na avaliação de seu cliente, o processo avaliativo torna-se mais confiável
e a avaliação periódica se transforma em mais uma ferramenta para o seu trabalho. Nos capítulos
a seguir, aplicaremos os conhecimentos adquiridos para diferentes tipos de avaliação que você
irá realizar.

18
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
E PLANEJAMENTO UNIDADE II
DE PROGRAMAS DE
EXERCÍCIOS

CAPÍTULO 1
Avaliação antropométrica

A importância e a aplicação da
avaliação antropométrica
Neste capítulo iremos entender a importância da avaliação antropométrica, que lhe permitirá
conhecer um pouco mais sobre o seu cliente e iniciar a determinar objetivos. De acordo com Marins
e Giannichi (2003), a antropometria representa um importante recurso de assessoramento para
uma análise completa de um indivíduo, seja ele atleta ou não, pois oferece informações ligadas ao
crescimento, desenvolvimento e envelhecimento, sendo por isso crucial na avaliação do estado físico
e no controle das diversas variáveis que estão envolvidas durante uma prescrição de treinamento.

O termo antropometria vem da junção de duas palavras do grego, sendo elas:

»» Anthropo = homem

»» Metry = medida

Vejamos também algumas definições de antropometria:

A antropometria serve para a determinação objetiva dos aspectos referentes ao desenvolvimento


do corpo humano, assim como para determinar as relações existentes entre físico e performance.
existentes entre físico e performance (VELHO, LOUREIRO e PERES, 1993).

Antropometria pode ser definida como a parte da antropologia que estuda as proporções e medidas
do corpo humano (MICHELS, 2000).

Grande parte das pessoas que buscam um programa de treinamento personalizado


o faz pela necessidade de perder peso. Este objetivo de perda de peso pode estar
aliado a fatores estéticos, recomendação médica para melhora da saúde ou ambos.
A avaliação antropométrica é imprescindível para determinar a magnitude dos
objetivos do treinamento e demonstrar os resultados alcançados.

19
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

A avaliação antropométrica não é complicada e pode ser feita rapidamente com o seu cliente sem que
tome o tempo total de uma aula de 60 minutos. Para fazer este acompanhamento com seu cliente,
iremos agora colocar em prática os conhecimentos que foram adquiridos no capítulo anterior, pois
agora você irá conhecer não apenas os testes e as medidas que fornecem, mas sim realizar uma
avaliação e saber qual a sua aplicação.

Caso sejam encontrados diferentes parâmetros ou maneiras de se aplicar um teste,


qual delas devo utilizar?

A literatura conta com diferentes tipos de testes e até mesmo para um determinado teste é possível
que se encontre algumas variações no momento de sua aplicação ou interpretação. Por isso, é muito
importante que se respeite entre as avaliações o mesmo protocolo de teste e o mesmo parâmetro para
a sua interpretação, independente da maneira que o seu teste seja aplicado. Lembre-se também de que
ela deve respeitar os princípios da validade, fidedignidade e objetividade discutidos anteriormente.

Antropometria e problemas de saúde

Leia no Caderno de Estudos e Pesquisas da W.Educacional da Disciplina “Aspectos


Gerais da Obesidade e Emagrecimento” a Unidade I – Histórico da Prevalência e da
Definição de Obesidade.

O profissional deve ter a consciência de que a avaliação antropométrica não seve apenas para
questões estéticas, mas sim ligadas à saúde, e com esta avaliação é possível demonstrar ao seu
cliente que é necessário mudar o seu estilo de vida para que ele possa ser mais saudável.

Para que você realize a avaliação antropométrica de seu cliente, ela será aqui dividida em dois
tópicos, e cada uma será apresentada em um capítulo desta unidade:

»» Medidas de estatura, massa corporal e IMC.

»» Perimetria e composição corporal.

Medidas de estatura, massa corporal e IMC.

Neste capítulo você será capacitado a realizar as medidas de massa corporal, estatura e o cálculo do
IMC. Também iremos verificar qual a aplicação e possíveis limitações destas medidas.

Medida da massa corporal


Para que a medida da massa corporal seja realizada, é necessária uma balança, com precisão de
100g. Esta precisão é muito importante e indica que a balança poderá fornecer resultados como
75,2kg ou 75,3kg e, assim, melhorar a aplicação do seu teste e não levar a erros em sua interpretação.

20
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Figura 1. Balança mecânica com precisão de 100g.

Apesar da simplicidade deste teste, de acordo com Marins e Giannichi (2003), alguns cuidados
devem ser tomados para que ele seja realmente confiável. São eles:

»» Verificação do nivelamento de onde está instalada a balança.

»» Aferição da calibração da balança, que poderá ser feita por meio de anilhas com
padrão definido ou mesmo utilizando um recurso da própria balança chamado tara.

»» O avaliado deverá estar vestido com o mínimo de roupas possível, de forma a não
afetar o resultado.

»» O avaliado deverá estar completamente imóvel no centro da plataforma da balança


e de frente para o avaliador.

»» Um cuidado especial inclui o horário da pesagem, que deverá ser sempre o mesmo.

»» A medida resultante do teste deverá ser expressa na unidade de quilogramas (kg).

Estatura
A estatura é a distância da planta dos pés ao vértex. Para que seja realizada a medição da estatura,
é necessário um estadiômetro. Ele pode ser encontrado na maioria das balanças ou então pode ser
confeccionado por meio da fixação de uma fita métrica em uma parede sem desnível, sendo que sua
precisão deve ser de 0,1cm (MARINS; GIANNICHI, 2003).

Figura 2. Estadiômetro com precisão de 0,1cm

21
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Para realizar a sua aferição, seguir as recomendações de Machado (2010):

»» O indivíduo deve estar descalço com os pés unidos e de costas para o estadiômetro.

»» Os braços devem estar soltos ao longo do corpo.

»» A cabeça posicionada no plano de Frankfurt (olhando para frente).

»» As escápulas e os glúteos devem estar em contato com o estadiômetro.

»» O indivíduo deve realizar uma inspiração máxima no momento da aferição e colocar


o equipamento no ponto mais alto da cabeça.

O quadro, a seguir, resume as medidas de massa corporal e estatura:

Quadro 1. Medidas de massa corporal e estatura.

Medida Descrição Equipamento Unidade de medida Precisão


Massa corporal Quantidade de matéria do corpo Balança Quilogramas (kg) 100g ou 0,1 kg
Estatura Distância entre a planta dos pés e o vértex Estadiômetro Centímetros (cm) ou metros (m) 0,1 cm

Índice de Massa Corporal – IMC


Lembrando que a avaliação é um processo de interpretação e tomada de decisões por parte do
profissional, devemos nos fazer os seguintes questionamentos:

»» Existe relação entre massa corporal e estatura?

»» Como sei se a minha massa corporal está adequada à minha estatura?

Estes dois parâmetros estão intimamente relacionados. Se dois indivíduos possuem a mesma massa
corporal, mas diferem em sua estatura, isto quer dizer que um deles possui uma maior relação de
massa corporal para cada centímetro de seu corpo. Ou então se dois indivíduos possuem a mesma
estatura e diferem em sua massa corporal, isto quer dizer que aquele que possui menor massa
corporal também possui a menor relação entre massa e estatura. Para que possa ser mensurada e
quantificada esta relação, foi desenvolvido o índice de massa corporal (IMC).

O IMC é calculado pela fórmula peso corporal (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros).

Figura 3. Cálculo do índice de massa corporal (IMC) = m, metros; kg, quilogramas

22
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Este índice tem seu uso praticamente consensual na avaliação nutricional de adultos, cujos limites
inferior e superior da normalidade são baseados em critérios estatísticos que correlacionam uma
maior morbi-mortalidade em pessoas com IMC acima ou abaixo deste intervalo. O quadro 2
demonstra a classificação internacional do baixo peso, sobrepeso e obesidade de acordo com o IMC.

Quadro 2. Classificação do indivíduo a partir do resultado do cálculo do índice de


massa corporal (IMC)

Resultado do cálculo
Classificação
IMC (kg/m2)
Baixo peso <18,50
Magreza severa <16,00
Magreza moderada 16,00 – 16,99
Magreza leve 17,00 – 18,49
Peso normal 18,50 – 24,99
Sobrepeso >25,00
Pré-obesidade 25,00 – 29,99
Obesidade >30,00
Obesidade classe I 30,00 – 34,99
Obesidade classe II (severa) 35,00 – 39,99
Obesidade classe III (mórbida) >40,00

(Adaptada de WHO, 1995, WHO, 2000 e WHO 2004)

No entanto, o cálculo do IMC apresenta algumas limitações que devem ser conhecidas por todos os
profissionais da área da saúde. Veja a lista abaixo com as principais limitações do IMC. Reveja as
limitações do IMC na Apostila “Aspectos Gerais da Obesidade e Emagrecimento”.

Apesar das suas limitações, o IMC é uma boa ferramenta na predição de riscos à saúde de um
indivíduo. A figura a seguir demonstra que um IMC abaixo do normal leva a riscos de saúde, e
principalmente, que quando o IMC está acima do normal, este risco aumenta exponencialmente.

Figura 4. Valor do IMC e risco à saúde.

23
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Para saber mais sobre o índice de massa corporal e riscos à saúde, acesse o site da
Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica:

<http://www.abeso.org.br/>.

Hoje você iniciou o treinamento com um indivíduo e na avaliação antropométrica


aferiu que sua estatura é de 1,75m e sua massa corporal é de 82kg. Qual o seu IMC e
sua respectiva classificação?

IMC = (Massa corporal)/(altura X altura)

IMC = 82/(1,75 X 1,75)

IMC = 82/3,0625

IMC = 26,77 kg/m2

O IMC deste indivíduo é de 26,77kg/m2, classificado como sobrepeso.

Podemos ir além com a interpretação destes dados. Lembre-se de que a avaliação, sendo uma
tomada de decisões, deve servir para gerar recomendações ao seu cliente. No caso deste indivíduo
que foi classificado com sobrepeso a partir do seu IMC, torna-se possível calcular qual deve ser o
seu peso para que fique na faixa de normalidade. Para isto, devemos aplicar a mesma fórmula de
cálculo de IMC, mas com o valor de 24,9, que representa o maior valor de normalidade do IMC, e a
incógnita da equação é a massa corporal.

IMC = (Massa corporal)


(altura X altura)

24,9 = (Massa corporal)


(1,75 X 1,75)

24,9 = (Massa corporal)


3,0625

Massa corporal = 24,9 X 3,0625

Massa corporal = 76,25 kg

Assim, você determina qual deve ser a massa corporal máxima do seu cliente para que ele entre
na faixa de normalidade do IMC. Ele deve emagrecer, passando de 82kg para 76,25kg. Aproveite
também para aplicar a fórmula de percentual para determinar qual deve ser o percentual de redução
na massa corporal do seu cliente, e estabeleça um objetivo com o seu programa de treinamento.

Escolha alguns indivíduos e complete a tabela a seguir com estatura, massa corporal,
IMC e sua devida classificação. No caso de pessoas com sobrepeso ou obesidade,
calcule qual deve ser seu peso máximo para entrar em normalidade e qual o
percentual de redução que deverá ser atingido.

24
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Indivíduo Estatura(cm) Peso (kg) IMC Classificação % de redução


Exemplo 176 102 32,92 Obesidade classe I 24,38%

1
2
3
4
5

Será que as pessoas sabem qual a massa corporal ideal para sua estatura?

Será que as pessoas possuem noção dos riscos à saúde em relação à sua massa
corporal?

Perimetria e composição corporal


Com os estudos ora realizados você será capacitado a efetuar as medidas da perimetria e
composição corporal do seu cliente, suas aplicações e como interpretar os dados a partir de valores
de normalidade.

Antes mesmo de iniciar os estudos a respeito destas técnicas, é necessário ressaltar que para estas
medidas também existem variações entre os métodos, e por isso é necessário repetir um protocolo
para que se tenha condições de comparação em uma reavaliação. Os dados obtidos nestas avaliações
servem como parâmetro de análise das etapas do seu programa de treinamento. (DOMINGUES
FILHO, L. A Obesidade e atividade física. Jundiaí: Fontoura, 2000.)

Perimetria corporal
O objetivo desta avaliação é determinar o perímetro de diversos segmentos corporais. Sendo assim,
vejamos a definição de perímetro.

Perímetro, [Do gr. perímetros, pelo lat. perímetros.] S. m. 1. Geom. Contorno de uma
figura delimitada por segmentos de curvas. 2. Geom. Medida do contorno de uma
figura. 3. Linha que delimita uma determinada área ou região: perímetro urbano.

Quando falamos de perimetria corporal, estamos nos referindo ao contorno que delimita uma
determinada área ou região (MACHADO, 2010). Estas medidas são capazes de demonstrar
resultados específicos do programa de treinamento, em relação a diversos segmentos corporais.
Mais adiante, veremos como podem ser aplicadas para determinar riscos à saúde.

Para a mensuração dos perímetros é necessária uma fita métrica, que contenha as seguintes
especificações (MARINS; GIANNICHI, 2003):

25
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

»» 7mm de largura e 2 metros de comprimento.

»» Precisão de 0,1cm ou 1mm.

»» Constituída de aço ou material flexível.

»» Fundo branco ou amarelo.

»» Visualização clara dos milímetros.

»» Rebubinação automática.

Figura 5. Fita métrica com rebubinação automática para realização de perimetria corporal.

Para efetuar as medidas de perimetria, torna-se necessário seguir algumas recomendações


(DOMINGUES FILHO, 2006).

»» Usar um espelho e fundo para auxiliar a medida.

»» Usar uma fita com precisão de 0,1mm.

»» Usar apenas a fita metálica, pois esta mantém suas marcações após a higienização
com álcool.

»» Colocar a fita sobre a pele sem pressioná-la.

»» Colocar a fita transversalmente ao local que está sendo medido.

»» Repetir os protocolos em diferentes avaliações.

A seguir serão apresentadas algumas das perimetrias utilizadas em avaliação física, descritas por
Machado (2010). Note que, para algumas existem diferenças em relação a homens e mulheres, ao
passo que quando estas não forem apresentadas, a medida é a mesma.

Figura 6. Perimetria do tórax em homens.

Perimetria do tórax
Homem: será realizada no plano horizontal a
aproximadamente a 2,5cm acima da linha mamilar,
ao final da expiração normal.

Mulher: será realizada ao nível axilar (linha axilar


anterior).
Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.

26
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Figura 7. Perimetria do braço.

Perimetria do braço
Realizada com o cotovelo flexionado a 90 graus e com
a mão fechada. A fita será posicionada ao redor da
maior circunferência do braço (geralmente próximo
ao ponto médio do segmento) e com a musculatura
do braço totalmente contraída.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt

Figura 8. Perimetria do antebraço.

Perimetria do antebraço
O avaliado deverá estar com o braço ao longo do
corpo. A fita deverá ser posicionada no ponto de
maior circunferência do segmento.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.
Figura 9. Perimetria da cintura.

Perimetria da cintura
Efetuada transversalmente no ponto de menor
circunferência do abdômen, geralmente o ponto
médio entre o arco costal e a crista ilíaca.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.
Figura 10. Perimetria abdominal.

Perimetria abdominal
Medida transversal. Pode ser realizada na linha da
cicatriz umbilical ou logo abaixo desta. Lembrar de
manter o parâmetro entre avaliações.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.

27
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Figura 11. Perimetria do quadril.

Perimetria do quadril
Realizada transversalmente no ponto de maior
circunferência aparente dos glúteos.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.

Figura 12. Perimetria da coxa proximal.

Perimetria da coxa Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.

Para que esta medida seja realizada, os pés devem estar


Figura 13. Perimetria da coxa medial.
afastados e o peso do corpo igualmente distribuído. Na
coxa, é possível determinar duas perimetrias:

Proximal: determinada transversalmente logo abaixo


da prega glútea.

Medial: determinada transversalmente no ponto


médio entre a linha inguinal e a borda superior da
patela.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.

28
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Figura 14. Perimetria da perna.

Perimetria da perna
O avaliado deve manter as pernas levemente afastadas
e distribuir o peso entre elas. A medida é feita
transversalmente no ponto de maior circunferência
da perna.

Fonte: <www.ceap.br/artigos/ART28042010214302.ppt>.

Determinação da relação cintura


quadril (RCQ)
A determinação da RCQ serve para determinar riscos à saúde, assim como o IMC. Isto se deve ao
fato de que a localização da gordura corporal nestas regiões do corpo está associada a doenças. O
cálculo é realizado pela seguinte fórmula:

RCQ = perímetro da cintura (cm)/perímetro do quadril (cm).

Na tabela 1 estão os valores de RCQ e o respectivo risco de saúde em diferentes faixas etárias para
homens e na tabela 2, os valores para mulheres:

Tabela 1. RCQ e risco à saúde em homens

CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS PARA HOMENS


IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO
20 A 29 < 0,83 0,83 A 0,88 0,89 A 0,94 > 0,94
30 A 39 < 0,84 0,84 A 0,91 0,92 A 0,96 > 0,96
40 A 49 < 0,88 0,88 A 0,95 0,96 A 1,00 > 1,00
50 A 59 < 0,90 0,90 A 0,96 0,97 A 1,02 > 1,02
60 A 69 < 0,91 0,91 A 0,98 0,99 A 1,03 > 1,03
(Adaptada de: Applied body composition assessment, p. 82 Ed. Human kinetics, 1996.)

Tabela 2. RCQ e risco à saúde em mulheres

CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS PARA MULHERES


IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO
20 A 29 < 0,71 0,71 A 0,77 0,78 A 0,82 > 0,82
30 A 39 < 0,72 0,72 A 0,78 0,79 A 0,84 > 0,84
40 A 49 < 0,73 0,73 A 0,79 0,80 A 0,87 > 0,87
50 A 59 < 0,74 0,74 A 0,81 0,82 A 0,88 > 0,88
60 A 69 < 0,76 0,76 A 0,83 0,84 A 0,90 > 0,90
(Adaptada de: Applied body composition assessment, p. 82 Ed. Human kinetics, 1996.)

29
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Composição corporal
O acompanhamento da composição corporal do seu cliente será muito importante na demonstração
dos resultados do seu programa de treinamento. Esta técnica tem evoluído e ficado cada vez mais
precisa e aplicável.

Até meados da década de 1940, um indivíduo era considerado obeso apenas pela sua massa
corporal e estatura, utilizando-se o IMC, descrito no capítulo anterior. O cálculo da composição
corporal permite que diversos profissionais da saúde o interpretem de maneira diferente, segundo
seus objetivos. Heyward e Stolarczyk (2000) indicaram algumas aplicações práticas a este cálculo,
citadas a seguir:

»» Identificar riscos à saúde associados aos níveis excessivamente altos ou baixos de


gordura corporal.

›› Identificar riscos à saúde associados ao acúmulo excessivo de gordura intra-


abdominal.

›› Monitorar mudanças na composição corporal associadas a diferentes doenças.

›› Avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na


alteração da composição corporal.

›› Estimar o peso corporal de atletas e não atletas.

›› Formular recomendações dietéticas e prescrições de exercícios físicos.

›› Monitorar mudanças na composição corporal associadas ao crescimento, ao


desenvolvimento, à maturação e à idade.

A partir do calculo da composição corporal, será possível que você determine 4 parâmetros de seu
cliente (MACHADO, 2010):

»» Tecido adiposo (peso da gordura corporal).

»» Tecido ósseo (peso ósseo).

»» Massa muscular (peso muscular).

»» Tecido residual (peso residual).

Estes fatores serão discutidos a seguir.

Percentual de gordura corporal


Para a determinação do percentual de gordura corporal, existem diversas técnicas, entretanto, a
mais disponível e utilizada e no treinamento personalizado é a técnica a partir das dobras cutâneas,
e será abordada a seguir.

30
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Para que esta técnica seja realizada, também é necessário seguir algumas recomendações:

»» Identificar os pontos de referência (pontos anatômicos).

»» Sempre realizar no lado direito do corpo.

»» Destacar e pinçar a dobra cutânea e reparar se está pinçando pele ou músculo.

»» Usar apenas o polegar e o indicar para pinçar a dobra cutânea.

»» O compasso deverá estar sempre perpendicular à dobra.

»» A leitura no compasso deverá ser realizada dentro de 3 segundos, pois a gordura vai
sendo compactada pela pressão do compasso, e quanto maior o tempo da leitura,
maior a alteração da medida.

»» O compasso deve ser colocado em média a 1 cm de profundidade.

»» Realizar a leitura e só então retirar o compasso.

»» Deve-se fazer 3 medidas não consecutivas, o que significa realizar a medida de todos
os pontos anatômicos, para então se repetir esta mensuração mais duas vezes.

»» Sempre deve ser adotada a média entre as 3 medições (soma-se o valor das médias
e depois o divide por 3).

»» Para que seja aceita a mensuração de um ponto, não pode haver variação maior de
10% entre as 3 medidas.

Medida das dobras cutâneas

Figura 15. Imagem do adipômetro realizando mensuração de uma dobra cutânea.

31
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Perna (panturrilha medial)


O avaliado deve estar sentado com a articulação do joelho em flexão de 90 graus, em que o tornozelo
deve estar em posição anatômica (relaxado). A dobra deve ser localizada na maior perimetria da perna.

Figura 16. Medida da dobra cutânea da perna.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Coxa
O avaliado deve realizar pequena flexão do joelho direito e deslocar todo o seu peso para a perna
esquerda. A dobra é realizada paralelamente ao eixo longitudinal, sobre o músculo reto femoral
na porção média entre o ligamento inguinal e a borda superior da patela. Pode ser determinado
também a um terço da distancia entre o ligamento inguinal e a borda superior da patela. Neste caso,
lembre-se de manter o parâmetro entre as avaliações.

Figura 17. Medida da dobra cutânea da coxa.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Abdominal
Realizada paralelamente ao eixo longitudinal aproximadamente dois centímetros da cicatriz umbilical.

32
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Figura 18. Medida da dobra cutânea abdominal.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Suprailíaca
Efetuada obliquamente em relação ao eixo longitudinal na metade da distância entre o último arco
costal e a crista ilíaca no sentido da linha axilar média. O avaliado deve afastar ou elevar o braço
para facilitar a execução da medida.

Figura 19. Medida da dobra cutânea suprailíaca.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Axilar média
Realizada obliquamente com o braço do avaliado deslocado para trás, no ponto de intersecção entre
a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura do apêndice xifoide do esterno. No
momento da mensuração, o braço do avaliado deve ser deslocado para trás.

Figura 20. Medida da dobra cutânea axilar.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

33
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Torácica
Realizada obliquamente ao eixo longitudinal, na porção média entre o mamilo e a axila para os
homens e no primeiro terço superior para mulheres.

Figura 21. Medida da dobra cutânea torácica em homens.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Figura 22. Medida da dobra cutânea torácica.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Biciptal
Medida na face anterior do braço, no sentido do eixo longitudinal, no ponto de maior circunferência
aparente do ventre muscular do bíceps.

Figura 23. Medida da dobra cutânea biciptal.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

34
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Triciptal
Medida na face posterior do braço, sobre a porção média entre o acrômio e o olecrano, paralelamente
ao eixo longitudinal.

Figura 24. Medida da dobra cutânea triciptal.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Subescapular
Efetuada obliquamente ao eixo longitudinal, na porção imediatamente abaixo da borda inferior da
escápula (em média dois centímetros) para encontrar a região subescapular com facilidade, solicitar
ao avaliado que faca uma leve extensão do ombro com flexão dos braços.

Figura 25. Dobra cutânea subescapular.

Fonte: <http://www.personalsoccer.moogo.com/49>.

Cálculo do percentual de gordura


Assim como a determinação de dobras, há inúmeros protocolos para o cálculo do percentual de
gordura. Aqui será indicado o protocolo de SIRI (1961).

%G = (495/DC) – 450

35
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Onde:

%G = percentual de gordura

DC = densidade corporal

Para calcular o percentual de gordura, será necessário primeiro calcular a densidade corporal. Para
isso, existe uma fórmula para os homens e uma para as mulheres, envolvendo três dobras cutâneas,
descrita por Jackson e Pollock (1978; MACHADO, 2010).

Densidade corporal de homens:

DC = 1,1093800 – 0,0008267 (∑3) + 0,0000016 (∑3)2 – 0,0002574 (I)

Onde:

∑3 = somatório das dobras torácica, abdominal e coxa medial

I = idade em anos

Densidade corporal de mulheres:

DC = 1,0994921 – 0,0009929 (∑3) + 0,0000023 (∑3) 2 – 0,0001392 (I)

Onde:

∑3 = somatório das dobras triciptal, supra-ilíaca e coxa medial

I = idade em anos

Após a realização do cálculo da densidade corporal, deve-se substituir o valor encontrado na fórmula.
Os parâmetros de percentual de gordura para homens e mulheres são encontrados nos quadros a
seguir (POLLOCK; WILMORE, 1993):

Quadro 3. Percentual de gordura (G%) para homens

Nível / idade 18 – 25 anos 26 – 35 anos 36 – 45 anos 46 – 55 anos 56 – 65 anos

excelente 4 – 6% 8 – 11% 10 – 14% 12 – 16 % 13 – 18%

bom 8 – 10% 12 – 15% 16 – 18% 18 – 20% 20 – 21%

acima da média 12 – 13% 16 – 18% 19 – 21% 21 – 23% 22 – 23%

média 14 – 16% 18 – 20% 21 – 23% 24 – 25% 24 – 25%

abaixo da média 17 – 20% 22 – 24% 24 – 25% 26 – 27% 26 – 27%

ruim 20 – 24% 24 – 27% 27 – 29% 28 – 30% 28 – 30%

muito ruim 26 – 36% 28 – 36% 30 – 39% 32 – 38% 32 – 38%

(Adaptada de: POLLOCK; WILMORE, 1993).

36
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Quadro 4. Percentual de gordura (G%) para mulheres.

Nível / idade 18 – 25 anos 26 – 35 anos 36 – 45 anos 46 – 55 anos 56 – 65 anos


execelente 13 – 16% 14 – 16% 16 – 19% 17 – 21% 18 – 22%

bom 17 – 19% 18 – 20% 20 – 23% 23 – 25% 24 – 26%

acima da média 20 – 22% 21 – 23% 24 – 26% 26 – 28% 27 – 29

média 23 – 25% 24 – 25% 27 – 29% 29 – 31% 30 – 32%

abaixo da média 26 – 28% 27 – 29% 30 – 32% 32 – 34% 33 – 35%

ruim 29 – 31% 31 – 33% 33 – 38% 35 – 38% 36 – 38%

muito ruim 33 – 43% 36 – 49 38 – 48% 39 – 50% 39 – 49%

(Adaptada de: POLLOCK; WILMORE, 1993).

A quantidade de gordura corporal também pode ser expressa em quilogramas (kg), o que se chama
massa gorda (MG). Para tanto, deve-se aplicar a seguinte fórmula:

MG = MC x (%G/100)

Onde:

MG = massa gorda (kg)

MC = massa corporal (kg)

%G = percentual de gordura

A partir destes valores, também é possível calcular o percentual de massa corporal magra (%MCM)
do seu cliente. A massa magra é o restante do corpo, portanto calculada pela seguinte fórmula:

%MCM = 100 – %G

Determinação do peso ósseo:

Para a determinação da massa óssea, deve-se utilizar a seguinte fórmula (MACHADO, 2010):

PO = 3,02 (H2 x R x F x 400)0,712

Onde:

PO = peso ósseo (kg)

H = altura (m)

R = diâmetro biestilóide rádio ulnar (cm)

F – diâmetro biepicondiliano do fêmur (cm)

A seguir, vejamos a técnica para medida dos diâmetros utilizados na fórmula. Em primeiro lugar, os
pontos anatômicos devem ser identificados, em seguida são medidos com o uso de um paquímetro.
As extremidades devem ser colocadas sobre os pontos determinados e a leitura é realizada.

37
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS

Figura 26. Ilustração de um paquímetro

Diâmetro biestiloide radio ulnar


Realizada com o cotovelo a 90 graus e a mão relaxada. O paquímetro é introduzido no plano horizontal,
tocando os pontos de maior distância entre as apófises estiloides do rádio e da ulna direitos.

Figura 27. Diâmetro biestiloide rádio ulnar

Diâmetro biepicondiliano do fêmur


Determinado com o avaliado sentado e a articulação do joelho flexionado a 90 graus. O paquímetro
deve ser introduzido em um ângulo de 45 graus em relação à articulação do joelho, tocando as
bordas externas dos côndilos medial e lateral.

Figura 28. Diâmetro biepicondiliano do fêmur

38
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS │ UNIDADE II

Determinação do peso residual


Para esta variável, também será necessário aplicar diferentes formular a homens e mulheres
(MACHADO, 2010):

Homens: PR = PT x (24,1/100)

Mulheres: PR = PT x (20,9/100)

Onde:

PR = peso residual (kg)

PT = peso corporal total (kg)

Determinação do peso muscular (PM)


Para a determinação do peso muscular, deve-se utilizar a seguinte fórmula:

PM = PT – (PG + PO + PR)

Onde:

PT = peso total (kg)

PG = peso gordo (kg)

PO = peso ósseo (kg)

PR = peso residual (kg)

39
AVALIAÇÃO DA
CAPACIDADE UNIDADE III
CARDIORRESPIRATÓRIA
O sistema cardiovascular integra o corpo como uma unidade e proporciona aos músculos ativos
um suprimento adequado de nutrientes e oxigênio, permitindo um alto nível de transferência de
energia. Além disso, esse sistema é fundamental para a remoção de co-produtos do metabolismo
local de liberação de energia (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

De forma simplificada o sistema cardiovascular é composto por uma série de tubos (vasos
sanguíneos) preenchidos por fluido (sangue) e conectados a uma bomba (coração). A contração do
músculo cardíaco proporciona o impulso para o fluxo sanguíneo (SILVERTHORN, 2003).

Sabe-se hoje que fisiologicamente, é possível considerar o coração como duas bombas distintas:
a bomba direita (coração direito) recebe o sangue que retorna de todas as partes do corpo, pobre
em oxigênio, e o bombeia para os pulmões a fim de captar oxigênio; a bomba esquerda (coração
esquerdo) recebe o sangue rico em oxigênio proveniente dos pulmões e o bombeia para os tecidos
novamente (Figura 29).

Figura 29. Coração direito, pobre em oxigênio e coração esquerdo, rico em oxigênio

(Adaptada de MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

40
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

Funcionamento do Sistema Cardiovascular, disponível em: <http://www.youtube.


com/watch?v=n6CQvWiJxgM >. Acesso em: 19 jan. 2011.

As artérias compõem os tubos de alta pressão que impulsionam o sangue abastado em oxigênio para
os tecidos. O sangue bombeado para fora do ventrículo esquerdo entra na maior artéria, chamada
aorta. Esta se ramifica, originando arteríolas cada vez menores que finalmente originam a rede de
capilares. Os capilares são minúsculos vasos de paredes finas onde ocorre a troca de material entre
o sangue e os tecidos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Qual a importância da avaliação desse sistema para indivíduos obesos?

41
CAPÍTULO 1
Pressão arterial

A pressão arterial representa a força (pressão) exercida pelo sangue contra a superfície interna das
arteriais durante um ciclo cardíaco. No instante em que o coração ejeta seu conteúdo na artéria
aorta, a energia é máxima, gerando força máxima e assim pressão máxima. Em média essa pressão
fica em torno de 120mm Hg, podendo variar sensivelmente entre indivíduos. Esta fase do ciclo
cardíaco chama-se sístole, e a pressão neste instante é chamada de pressão arterial sistólica.

Imediatamente antes do próximo ciclo cardíaco, a energia é mínima, com a menor força exercida
sobre as artérias em todo o ciclo, gerando, conseqüentemente a menor pressão arterial do ciclo
cardíaco (70 ou 80mm Hg, em média). Esta fase é chamada de diástole, sendo que a pressão neste
instante é chamada de pressão arterial diastólica (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Qual o intuito de mensurar a pressão arterial? E ainda, qual o método correto de


mensurá-la?

A mensuração da pressão arterial proporciona ao avaliador uma estimativa importante do trabalho


do coração e da força que o sangue exerce contra as paredes arteriais, ou seja, quanto maior o
trabalho, maior a sobrecarga da bomba cardíaca. Muitos estudos têm correlacionado o aumento da
pressão arterial com a obesidade e o aumento de riscos de doenças cardiovasculares.

A hipertensão arterial contribui de forma significativa para uma elevada


mortalidade cardiovascular em todas as regiões do país. Apesar da medida da
pressão arterial ser um método diagnóstico simples, não invasivo e de baixo custo,
estudos epidemiológicos têm demonstrado que muitos hipertensos desconhecem
a sua condição. Embora exista um vasto arsenal terapêutico para o tratamento da
hipertensão, apenas cerca de um terço dos hipertensos em tratamento tem seus
níveis tensionais controlados. Conhecer a distribuição dos fatores de risco para
hipertensão arterial em grupos populacionais é uma das estratégias para a redução
desse importante problema de saúde pública.

(BLOCH, K. V.; RODRIGUES, C. S.; FISZMAN, R. Epidemiologia dos fatores de risco para hipertensão
arterial – uma revisão crítica da literatura brasileira. Ver. Bras. Hipertensão, V. 13, n. 2, p. 134-143,
2006.

Disponível em: <http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/13-2/10-epidemiologia-dos-


fatores.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2010.)

A técnica de medida de pressão arterial normalmente utilizada envolve o método auscultatório na


artéria braquial, originalmente descrito pelo médico russo N. S. Korotkoff em 1902. Tal método
é baseado na ausculta de sons provenientes de vibrações das paredes vasculares, denominadas
sons de Korotkoff (homenagem ao autor) (GUEDES; GUEDES 2006). Segundo McArdle,
Katch & Katch (2003), utiliza-se um estetoscópio e um esfigmomanômetro, constituído em um

42
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

manguito para pressão arterial e um calibrador de pressão tipo aneroide ou colona de mercúrio
(Figura 30).

Figura 30. Calibrador de pressão aneroide e estetoscópio (A); colona de mercúrio (B).

1. Para mensurar a pressão arterial, em repouso, o avaliado deve estar sentado em um


ambiente tranquilo.

2. Localizar a artéria braquial no lado interno do braço, cerca de 2,5 centímetros acima
da dobra do cotovelo.

3. Colocar o manguito do esfigmomanômetro ao redor do braço do avaliado ao nível


do coração, alinhando as setas sobre o manguito com a artéria braquial. O manguito
deve ficar justo, mas não excessivamente apertado, para obter resultados confiáveis;

4. Colocar a campânula do estetoscópio abaixo do espaço antecubital sobre a


artéria braquial.

5. Antes de insuflar o manguito, certificar-se se a chave para saída de ar esteja fechada


(girar botão no sentido horário).

6. Insuflar o manguito com bombadas rápidas e uniformes até 180 a 200mm Hg.

7. Desinflar paulatinamente o manguito, afrouxando o botão de saída de ar (rodar


senti anti-horário) observando os cinco sons ou fases de Korotkoff. Entretanto, para
a determinação das medidas de pressão arterial considera-se a primeira (pressão
arterial sistólica) e a quinta ou última (pressão arterial diastólica).

Verificação da pressão arterial, disponível em: <http://www.youtube.com/


watch?v=UJlQ3gzNwro >. Acesso em: 21 jan. 2011.

Existem alguns detalhes essenciais para a obtenção de resultados fidedignos de pressão arterial.
Em repouso, no momento da mensuração, é fundamental que o avaliado esteja calmo, relaxado

43
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

e familiarizado com o ambiente da avaliação. Em situação de exercício físico deve-se solicitar


que o avaliado mantenha o braço relaxado e de preferência apoiado no ombro do avaliador. Por
conveniência metodológica (maior imobilidade do avaliado e menor ruído) os cicloergômetros
parecem se mais indicados para a medida de pressão arterial quando comparados a esteira rolante
e o banco (GUEDES; GUEDES, 2006).

O quadro 3 reflete as categorias de pressão arterial definida pela American Heart Association.

Quadro 3 (adaptada do site American Heart Associaton.

PRESSÃO ARTERIAL (mmHg)


Adultos (maiores de 18 anos)

Sistólica Diastólica Categoria

< 120 < 80 Normal

120-139 80-89 Pré-hipertensivo

140-159 90-99 Hipertensão Estágio 1

> 160 1 ≥ 100 Hipertensão Estágio 2

Disponível em <http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/HighBloodPressure/AboutHighBloodPressure/Understanding-Blood-
Pressure readings_UCM_301764_Article.jsp >. Acesso em: 25 jan. 2011

Você já se questionou sobre qual valor é mais importante para a saúde, o da pressão
arterial sistólica ou o da diastólica? Normalmente, mais atenção é dada ao valor mais
alto (pressão arterial sistólica) como um fator de risco para doenças cardiovasculares
em pessoas com mais de 50 anos. Na maioria das pessoas, a pressão arterial sistólica
aumenta progressivamente com a idade devido ao aumento da rigidez das grandes
artérias, o acúmulo de placa bacteriana, aumentando assim a incidência de doenças
cardíacas e vasculares.

Treine exaustivamente a mensuração da pressão arterial. Quanto mais experiente o


avaliador, mais confiáveis são os resultados.

44
CAPÍTULO 2
Frequência cardíaca

Diferentemente de outros tecidos o coração mantém a sua própria cadência. Se não existisse
controle externo desse ritmo o músculo cardíaco bateria cerca de 100 vezes por minuto. Isso se deve
ao fato, do coração possuir uma pequena massa de tecido muscular especializado chamado nódulo
sinoatrial que se despolariza e repolariza espontaneamente culminado no estímulo “auto rítmico”
da ação cardíaca (SILVERTHORN, 2003).

Entretanto, funcionalmente o coração sofre forte influência do sistema nervoso autônomo. Quando
os nervos vagos são estimulados (sistema nervoso parassimpático), principalmente, quando o
individuo está em repouso, é possível notar uma frequência cardíaca mais lenta (bradicardia). Já
quando ocorre a estimulação dos nervos simpáticos, ocorre a liberação de catecolaminas (adrenalina
e noradrenalina) que aceleram a despolarização do nódulo sinoatrial, causando o aumento da
frequência cardíaca (taquicardia) (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Segundo Guedes & Guedes (2006) a ação do sistema nervoso simpático é bem visível durante um
exercício crescente, quanto maior a intensidade do exercício, maior a ação dos nervos simpáticos e
consequentemente, o número de batimentos por minutos é maior, em outras palavras, existe uma
alta correlação entre intensidade do exercício e frequência cardíaca.

BRUNETTO, A. F. et al. Limiar de variabilidade da frequência cardíaca em adolecentes


obesos e não obesos. Rev. Bras. Med. Esporte [online], v. 14, n. 2, p. 143-149, 2008.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v14n2/12.pdf>. Acesso em: 31
jan. 2011.

Para medir a frequência cardíaca existe a possibilidade de se recorrer a recursos sofisticados como
os traçados eletrocardiográficos ou recursos simples como a palpitação das artérias periféricas.
Obviamente a primeira opção oferece resultados mais precisos. Contudo, talvez o método mais
utilizado nos dias atuais para monitoração da frequência cardíaca é o sistema de telemetria portátil.
O mesmo consiste em um transmissor com dois eletrodos, fixado ao tronco (logo abaixo dos
músculos peitorais) e um receptor apto a realizar os registros, além de apresentar os sinais emitidos
pelos batimentos cardíacos (GUEDES; GUEDES, 2006).

Comercialmente, esse sistema é chamado de monitor cardíaco e é apresentado na Figura 31.

Figura 31. Sistema de Telemetria portátil

45
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

Como verificar a intensidade do esforço a partir da frequência cardíaca?

Até pouco tempo atrás o método mais utilizado para se verificar a freqüência cardíaca máxima era
a expressão matemática “220 – idade”. Porém, essa fórmula foi construída arbitrariamente e sem
bases científicas sólidas. Estudos recentes mostraram que essa fórmula superestima a frequência
cardíaca máxima em sujeitos mais jovens, apresenta valores condizentes em indivíduos na faixa
de 40 anos, e subestima-a progressivamente com o avanço da idade. Sendo assim, novas fórmulas
matemáticas foram propostas para melhor estimar a frequência cardíaca máxima (GUEDES;
GUEDES, 2006).

Um dos melhores modelos matemáticos encontrado, independentemente da idade ou sexo, é o


seguinte: FCMax = 208 – (0,7 x idade). A partir da frequência cardíaca máxima é possível calcular
o percentual da mesma.

Outro método para identificar o % da frequência cárdica máxima foi proposto por Swain (2006) que
utiliza a frequência cardíaca de repouso com parte da expressão matemática:

FC alvo= (% intensidade)*(FCMax – FCrepouso) + FCrepouso

É importante lembrar que o cálculo da FCMax pode ser realizado através da fórmula FCMax =
208 – (0,7 x idade). Além disso, para mensuração da frequência cardíaca de repouso, o ideal é a
realização da mesma em três dias distintos, de manhã, ao acordar (sem despertador). Se isso não
for possível deixar o indivíduo deitado em repouso durante 15 minutos antes de realizar a medida.

Utilize três indivíduos com idades distintas para realizar o calculo da FCMax.
Utilizando as diferentes metodologias apresentadas acima. Compare-as com a
fórmula tradicional (220 – idade).

Individuo 1: 20 anos

Indivíduo 2: 40 anos

Indivíduo 3: 60 anos

Em seguida calcule qual seria a FC desses mesmos indivíduos quando sua intensidade
alvo for 75% da frequência cardíaca máxima.

Duplo produto
Quando o avaliador estiver em mãos os resultados de pressão arterial e frequência cardíaca recomenda-
se a utilização do duplo produto (DP) a fim de verificar o consumo de oxigênio do miocárdio e assim
inferir um eventual risco cardiovascular na realização de esforço físico. O cálculo do duplo produto é
simples e resultante da multiplicação da pressão arterial sistólica (mmHg) pela frequência cardíaca
(bpm). O resultado pode ser dividido por 100 para facilitar o manuseio dos valores:

46
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

DP = FC x PAS
100

Recentemente, foi proposto na literatura o cálculo do duplo produto previsto em relação à idade,
com o intuito de indicar valores de referência do duplo produto:

DPprevisto = 364 – 0,58 * (idade em anos)


100

Fazendo a comparação do duplo produto previsto para a idade com o duplo produto
do esforço, em determinada intensidade de exercício é possível estimar ou inferir os
riscos cardiovasculares para aquele indivíduo, naquele momento.

47
CAPÍTULO 3
Consumo máximo de oxigênio

O Consumo máximo de oxigênio ou VO2máx pode ser definido como a capacidade


máxima de captação, transporte e utilização de oxigênio. Os valores associados ao
VO2máx podem ser expressos de duas formas: unidades absolutas (litros/minuto –
L.min-1), ou em relação à massa corporal (mililitros por quilograma de massa corporal
por minuto de esforço – ml(kg/min)-1). A segunda opção parece ser a melhor, uma
vez que a eficiência de produção energética pode variar em razão da massa corporal
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Na literatura é possível encontrar valores de referência definidos a partir de modelos de regressão


para o consumo máximo de oxigênio levando em conta os fatores sexo e idade:

Homens – VO2máx ml(kg/min)-1 = 60 – 0,55 * (idade)


Mulheres – VO2máx ml(kg/min)-1 = 48 – 0,37 * (idade)

Existem dois métodos de teste de esforço físico para determinar o consumo máximo de oxigênio:
cargas contínuas ou cargas descontínuas. Quando não há intervalo entre uma carga e outra o teste
é de carga contínua. Já quando existem pequenos intervalos entre as cargas o teste é de carga
descontínua (GUEDES; GUEDES, 2006).

Os testes de carga contínua são mais utilizados e devem começar com cargas de trabalho relativamente
baixa. Os mesmos são caracterizados por estágios com duração de 2 a 3 minutos, em média, com
incrementos progressivos da carga de trabalho ao final de cada um deles. Recentemente o teste em
rampa, ou seja, com incrementos de carga a cada minuto de teste tem se tornado muito conhecido,
principalmente por obter medidas de VO2máx de forma mais rápida. Entretanto, somente pessoas
bem treinadas devem realizar esse tipo de teste (TRITSCHLER, 2003).

Medida direta
Para determinar o VO2máx existes protocolos de medida direta e recursos que envolvem valores
estimados. Os protocolos de avaliação direta utilizam as trocas gasosas respiratórias (determinação
dos volumes de oxigênio e de dióxido de carbono) para determinar a capacidade aeróbia máxima do
indivíduo. Sendo assim, torna-se necessário a utilização de equipamentos de ergoespirometria modernos
e caros (GUEDES; GUEDES, 2006)

A medida do consumo máximo de oxigênio pode ser obtida por qualquer ergômetro. Entretanto,
alguns fatores são fundamentais para alcançar um bom resultado:

»» controlar temperatura ambiente, pressão barométrica e a umidade relativa do ar no


ambiente dos testes;

»» calibrar os equipamentos antes do início de cada teste.

48
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

LOPES, M. C. A.; PORCARO, C. A.. Comparação do consumo máximo de oxigênio de


universitárias obtido pela ergoespirometria na esteira e no cicloergômetro. Revista
Digital de Educação Física, v. .2, n.1, p. 1-11. 2007. Disponível em: <http://www.
unilestemg.br/movimentum/Artigos_V2N1_em_pdf/movimentum_v2_n1_lopes_
mariacristina_porcaro.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2011.

O VO2máx é determinado pela capacidade de se aumentar o débito cardíaco e direcionar o fluxo


sanguíneo para os músculos em atividade, portanto, usado como um índice de aptidão física, é de
grande valia na avaliação funcional (TRITSCHLER, 2003).

É fundamental lembrarmos que o consumo de oxigênio é considerado máximo


(VO2máx) quando apresenta uma tendência a se estabilizar com o incremento da
carga. Entretanto, nem sempre é possível observar em um teste com segurança tal
ocorrência. Sendo assim outros indicadores fisiológicos menos precisos podem ser
utilizados, pois estão associados à capacidade aeróbia máxima:

»» Razão de trocas respiratórias ≥ 1,1.

»» Frequência cardíaca máxima próxima ou acima da prevista para a idade.

»» Níveis sanguíneos de lactato ≥ 8 mmol.

»» Aumento do consumo de oxigênio < 2 mL/kg/min para aumentos entre 5 e 10% na


intensidade de carga de trabalho muscular.

Além disso, segundo Guedes & Guedes (2006) quando não ocorrer o platô no final do teste é possível
utilizar a expressão consumo de oxigênio pico (VO2pico). Por definição o VO2pico representa o maior
consumo de oxigênio alcançado durante a realização de um teste ou esforço físico até a exaustão, veja
na figura abaixo.

Figura 32. VO2máx e VO2pico

1. Teste Ergoespirometria VO2000 - Inbramed - Inbrasport. Disponível em: <http://


www.youtube.com/watch?v=v1KWTyUD-No>. Acesso em: 28 jan. 2011;

2. Explanation of VO2max test with Fitmate PRO. Disponível em: <http://www.


youtube.com/watch?v=RCX-8GCZrfo>. Acesso em: 28 jan. 2011

49
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

Valores preditos
Na maioria dos casos o profissional da área de saúde ou técnicos esportivos não tem acesso a um
aparelho de ergoespirometria, não sendo possível mensurar o consumo máximo de oxigênio por
meio do método direto, ou seja, análise de trocas gasosas respiratórias. Como alternativa existem
modelos matemáticos que estimam seus valores através de sua relação com a frequência cardíaca,
percepção de esforço ou intensidade do exercício (Quadro 4).

Quadro 4 Relação do VO2máx com a frequência cardíaca, percepção de esforço ou intensidade do exercício

Exercício de endurance TF intensidade/relativa


Intensidade %VO2max %FCmax PE %CVM
Muito leve <20 <35 <10 <30
Leve 20-39 35-54 10-11 30-49
Moderada 40-59 55-69 12-13 50-69
Pesado 60-84 70-89 14-16 70-84
Muito pesado ≥85 ≥90 17-19 ≥85
Máximo 100 100 20 100

(adaptada de CIRCULATION, 2001)

É importante ressaltar que mesmo com a utilização cuidadosa e criteriosa das equações de regressão,
os erros de determinação do VO2máx podem chegar a 7% quando comparados ao método direto
(GUEDES; GUEDES, 2006).

Na literatura, são encontrados diversos testes de avaliação máximos ou submáximos que estimam
o consumo máximo de oxigênio. Esses testes, mesmo com os erros inerentes, são ferramentas
extremamente interessantes para avaliação da capacidade aeróbia e prescrição de exercício, uma
vez que são baratos e geralmente fáceis de aplicar.

Testes máximos
Antes do início de um teste máximo é preciso tomar precauções importantes:

»» O avaliado deve passar por uma avaliação clínica para saber se está apto a realizar
um teste máximo.

»» O avaliado deve estar ciente do teste que irá realizar.

»» Se o avaliado não estiver familiarizado com o ergômetro ou com o movimento


específico do teste se torna necessário oferecer um tempo de prática antes da
realização do teste.

»» O avaliado deve ser informado que o teste máximo será encerrado apenas quando
o mesmo informar, voluntariamente, através de sinais manuais previamente
combinados.

50
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

A escolha do tipo de ergômetro e do protocolo do teste também é crucial para a obtenção de melhores
resultados e garantir segurança ao avaliado. As principais opções de ergômetro são esteira, banco
e cicloergômetro, sendo que antes de tomar a decisão por um ou por outro, deve-se levar em conta
qual tipo de movimento é mais específico para os objetivos daquele indivíduo ou ainda com qual
movimento o avaliado está mais familiarizado. Com relação aos protocolos, a diferença básica
dentre os que são encontrados na literatura é a duração de cada estágio, ou seja, a velocidade mais
alta ou mais baixa de incrementos de carga. Protocolos em rampa, que tem como característica alta
velocidade de incremento de carga são indicados para jovens, indivíduos condicionados e atletas,
enquanto que os protocolos com estágios mais longos para cada carga são recomendados para
sedentários, idosos e obesos.

Protocolo de esteira rolante – Naughton

Nesse teste, cada estágio tem duração de 3 minutos. No início do teste, a inclinação é de 7% e a
velocidade é 3,2 km/h. Nos três primeiros estágios, aumenta-se a inclinação enquanto a velocidade
se mantém constante. Nos estágios quatro e cinco eleva-se a velocidade e reduz-se a inclinação.
A partir do sexto estágio a velocidade volta a ser constante e a inclinação é elevada (Tabela 9).
Esse protocolo foi desenvolvido com o intuito de ser utilizado para a avaliação de indivíduos com
menores níveis de condicionamento físico. Para estimar o VO2máx a partir desse teste recomenda-
se o seguinte modelo matemático:

Homens – VO2máx ml(kg/min)-1 = 8,33 + (2,94 * duração do teste)

Mulheres – VO2máx ml(kg/min)-1 = 8,05 + (2,74 * duração do teste)

Duração do teste: duração total do teste expresso em minutos e segundos. Exemplo: 12 minutos e
35 segundos = 12,35.

Quadro 5. Protocolo de esteira rolante – Naughton

Tempo (min) Inclinação (%) Velocidade (km/h)


Estágio 1 3 7,0 3,2

Estágio 2 6 10,5 3,2

Estágio 3 9 14,0 3,2

Estágio 4 12 10,0 4,8

Estágio 5 15 12,5 4,8

Estágio 6 18 12,0 5,5

Estágio 7 21 14,0 5,5

Estágio 8 24 16,0 5,5

Protocolo de banco – Nagle-Balke

A carga de trabalho desse protocolo é preconizada a partir de subidas e descidas em um banco com
alturas variáveis (cargas múltiplas). A altura mínima é 4,5 cm, sendo que a cada estágio com dois

51
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

minutos de duração, eleva-se a altura do banco em 4,5 cm. O ritmo das subidas e decidas deve ser
constante, sendo escolhido arbitrariamente de acordo com o condicionamento físico do avaliado,
dentre as seguintes opções: 18, 24, 30 ou 40 passadas por minuto (Tabela 10). Para estimar o
VO2máx a partir desse teste os autores recomendam a seguinte formula:

VO2máx [mL(kg/min)-1] = X + (N * H * 1,8 *1,33)

X: custo energético para trabalho horizontal. Para calculá-lo é preciso achar o produto de um
décimo do número de passadas por minuto e do consumo de oxigênio em repouso (3,5 mL(kg/
min)-1). Exemplo: se o número de passadas for 40, X = 40/20 * 3,5 mL(kg/min)-1 = 14 mL
(kg/min)-1;

N: ritmo de subidas e decidas por minuto;

H: altura do banco no estágio final do teste concluído pelo avaliado, em metros.

Quadro 6. Protocolo de banco – Nagle-Balke

Tempo (min) Altura do Banco

Estágio 1 2 4,5

Estágio 2 4 9,0

Estágio 3 6 13,5

Estágio 4 8 18,0

Estágio 5 10 22,5

Estágio 6 12 27,0

Estágio 7 14 31,5

Estágio 8 16 36,0

Estágio 9 18 40,5

Estágio 10 20 45,0

Protocolo de cicloergômetro – Astrand

Realizado a partir de uma carga de trabalho de 35 watts, sendo que cada estágio tem duração de 3
minutos. Ao final de cada estágio adiciona-se uma carga de 25 watts até que o individuo não consiga
mais realizar o teste (Tabela 11). Para estimar o VO2máx a partir desse teste o Colégio Americano de
Ciências do Esporte recomenda a seguinte formula:

VO2máx [mL(kg/min)-1] = (Carga * 12 mL.min)-1 + 300 mL.min-1


Peso corporal

Carga: carga de trabalho no estágio final do teste concluído pelo avaliado, em watts; peso corporal:
expresso em kg.

52
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

Quadro 7. Protocolo de cicloergômetro – Astrand

Tempo (min) Carga (watts)


Estágio 1 3 25
Estágio 2 6 50
Estágio 3 9 75
Estágio 4 12 100
Estágio 5 15 125
Estágio 6 18 150
Estágio 7 21 175
Estágio 8 24 200
Estágio 9 27 225
Estágio 10 30 250
Estágio 11 33 275
Estágio 12 36 300

Lembrando que um indivíduo obeso sobrecarrega as articulações, justamente em


função do excesso de peso, qual tipo de ergômetro você escolheria para a avaliação
da capacidade aeróbia de um indivíduo obeso e sedentário?

Protocolo de testes de carga submáxima

Uma alternativa aos testes máximos são os protocolos submáximos que, embora tenham um
erro maior, podem ser muito úteis na estimativa do consumo máximo de oxigênio. Esse tipo de
teste pode ser usado principalmente quando o avaliado é sedentário, idoso, obeso ou apresenta
alguma limitação importante, uma vez que fornecem dados suficientes para indicar a capacidade
funcional do avaliado bem como estabelecer classificações e acompanhar as evoluções promovidas
pelo programa de exercício. Além disso, os protocolos de avaliação submáximos não necessitam
de equipamentos ou ergômetros sofisticados, já que o avaliado não será testado nos limites de seu
condicionamento físico (GUEDES; GUEDES, 2006).

Os testes submáximos partem do pressuposto que a frequência cardíaca tem uma relação linear com
o consumo máximo de oxigênio. Vários protocolos submáximos são encontrados na literatura. A
seguir alguns serão apresentados.

Protocolo de banco – McArdle

Este é um teste que não exige muito do condicionamento físico do avaliado. O tamanho do banco (41
cm para ambos os sexos) e o tempo do teste (3 minutos) são constantes. O ritmo de subidas deve ser
de 24 passadas por minuto para os homens e 22 passadas para as mulheres. A frequência cardíaca
é registrada ao final dos três minutos e utilizada na fórmula matemática para estimar o VO2máx:

Homens – VO2máx ml(kg/min)-1 = 111,33 - (0,42 * frequência cardíaca)

Mulheres – VO2máx ml(kg/min)-1 = 65,81 - (0,1847 * frequência cardíaca)

53
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

Protocolo de cicloergômetro – ACSM

Esse protocolo possibilita a escolha da carga de trabalho. Existem três opções, sendo que para
escolher uma delas é preciso levar em conta a massa corporal e a prática recente de atividade física.
Todos os testes apresentam quatro estágios de 2 minutos de duração:

1. Avaliados com massa corporal. Inferior a 73kg, independentemente do nível


de atividade física. Nessa opção inicia-se o teste com uma carga de 25watts,
acrescentando 25watts a cada estágio.

2. Avaliados com peso corporal entre 74 e 90kg e bem condicionados ou avaliados com
mais de 91kg e sedentários. Nesse caso, inicia-se com uma carga de 25watts e nos
estágios subsquentes cargas de 50, 100 e 150watts.

3. Avaliados com massa corporal acima de 91 kg e bem condicionados. Inicia-se o teste


com 50watts, acrescentando 50watts a cada estágio.

A frequência cardíaca é registrada ao final de cada estágio e o teste deve ser encerrado ao final da etapa
em que esse parâmetro fisiológico atingir valores entre 65% e 70% da frequência cardíaca máxima
prevista para a idade do indivíduo. A expressão matemática utilizada para estimar o VO2máx é
a seguinte:

VO2máx L.min-1 = FCmáx – FCrepouso


* VO2carga
FCesforço – FCrepouso

FCMáx: frequência cardíaca máxima prevista para a idade.

FCrepouso: frequência cardíaca de repouso registrada previamente ao início do teste.

FCesforço: valor médio da frequência cardíaca registrada no quinto e no sexto minutos de teste;

VO2carga: consumo de oxigênio, em L.min-1, necessário para pedalar a carga calculada pela realação:
0,129 + 0,014 * carga de trabalho (watts).

Quando o avaliado apresentar idade superior a 25 anos é interessante fazer uma correção ao avanço
da idade da seguinte forma:

-0,009 * idade + 1,212

Em seguida multiplica-se o fator de correção pela medida estimada do VO2máx.

Qual tipo de teste você utilizaria para avaliar o VO2máx de um cliente obeso? Não
esqueça que os testes máximos apresentam resultados mais confiáveis.

Testes de campo

Os testes de campo são muito difundidos pelos profissionais da área de saúde, principalmente os
da Educação Física. Isso se deve ao fato desse tipo de teste não necessitar de um laboratório ou de

54
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA │ UNIDADE III

equipamentos sofisticados, apresentarem baixo custo, não depender de muita experiência prática
por parte dos avaliadores, além de serem realizados em um curto período de tempo.

Segundo Tritschler (2003) os protocolos que apresentam maior sensibilidade para estimar o consumo
máximo de oxigênio são preconizados pelo registro do tempo despendido para correr e/ou caminhar
distâncias previamente determinadas ou da distância percorrida em um tempo previamente estipulado.

Alguns cuidados devem ser tomados nos testes de campo:

»» O terreno deve ser firme, sem buracos ou obstáculos. Pistas de atletismo são lugares
propícios.

»» Quando o avaliador for repetir o teste deve fazê-lo de preferência no mesmo local
do primeiro.

»» As condições ambientais também devem ser semelhantes (horário do dia, clima,


umidade relativa e velocidade do vento.

Caminhada/Corrida de 12 minutos – Cooper

O teste consiste em percorrer doze minutos, de preferência mantendo um mesmo ritmo de exercício
o tempo todo. Porém, o próprio autor admite que para muitos avaliados seja impossível manter a
velocidade constante durante todo o teste. Sendo assim, o avaliado pode alternar o ritmo fazendo o
uso de caminhadas durante o teste. Esse protocolo pode ser utilizado por pessoas de ambos os sexos
com idade entre 10 e 70 anos.

A fórmula para calcular o VO2máx estimado é:


VO2máx ml(kg/min)-1 = (22,351 * Distância (km)) – 11,288

Caminhada de 1.600 m – Rockport

Desenvolvido para indivíduos com baixo condicionamento físico que apresentam limitações na
realização de testes ou esforços físicos mais severos. Pode ser utilizado por pessoas de ambos os
sexos com idade entre 30 e 69 anos. A ideia do protocolo é caminhar 1.600 metros, sendo que
ao final do teste o tempo gasto pra realizar o percurso deve ser anotado bem como a frequência
cardíaca (FCesforço) deve ser determinada. A expressão matemática a seguir estima o VO2máx:

VO2máx ml(kg/min)-1 = 132,853 – (massa corporal * 0,169) – (idade * 0,388) – (tempo * 3,265) –
(FCesforço * 0,157) + (sexo x 6,315).

Tempo: total gasto para percorrer a distância, expressa em minutos e centésimos de minuto.
Exemplo 12 minutos e 30 segundos = 12,5, sendo 0,5 equivalente a meio minuto ou 30 segundos.

Sexo: sexo do avaliado 0 para mulheres e 1 para homens.

Foram apresentados alguns testes máximos, testes submáximos e teste de campo


para medir ou estima o consumo máximo de oxigênio. Entretanto, existem outras
dezenas de protocolos descritos na literatura. Assim, sugerimos a leitura de:

GUEDES, D. P.; GUEDES J. E. R. P. Manual Prático para a Avaliação em Educação Física.


São Paulo: Manole, 2006. 484p.

55
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

Para se aplicar um teste vários cuidados devem ser tomados a fim de minimizar os erros
e consequentemente aumentar a fidedignidade dos resultados. Assim, é fundamental
que o avaliador pratique exaustivamente até se tornar experiente. Não perca tempo,
utilize os matérias que você tem a disposição e comece imediatamente.

Foram apresentadas aqui diversas formas de mensurar e predizer o consumo máximo de oxigênio.
Após ler e entender um pouco mais sobre as avaliações cardiorrespiratórias, uma pergunta parece
inevitável: qual a importância de melhorar a capacidade aeróbia de um indivíduo obeso ou com
sobrepeso? Estudos mostram que a aptidão cardiorrespiratória é fundamental para qualquer
indivíduo, esteja ele almejando melhorar seu desempenho em alguma atividade física específica
ou simplesmente pensando em saúde e qualidade de vida. Para termos uma ideia existe uma alta
correlação entre elevados níveis de aptidão cardiorrespiratória e um risco reduzido de morte por
problemas cardiovasculares.

Como sabemos a obesidade, principalmente o acúmulo excessivo de gordura na região central,


está associado com doenças crônicas degenerativas e o aumento dos riscos de morte justamente
por problemas cardiovasculares. E mais, os indivíduos obesos e sedentários, em geral, apresentam
um baixo consumo de VO2máx., como mostra a Figura 33, aumentando ainda mais os riscos de
problemas graves de saúde. Dessa forma, é fundamental que a avaliação cardiorrespiratória seja
incorporada em qualquer bateria de testes, e ainda, que o exercício visando a melhora da capacidade
aeróbia seja incorporado nos programas de intervenção, principalmente para indivíduos obesos.

Figura 33. Valores de Referência do Consumo de Oxigênio.

(Fonte: NETO; TEBEXRENI; TAMBEIRO, 2002).

56
AVALIAÇÃO DE UNIDADE IV
FORÇA

O indivíduo que consegue manter bons níveis de força e de resistência muscular é capaz de realizar
tarefas com menor gasto fisiológico, e consequentemente, prevenir lesões, doenças neuromusculares
e musculoesqueléticas (TRITSCHLER, 2003).

A força e a resistência muscular podem ser verificadas a partir das contrações musculares, sendo
elas dinâmicas ou estáticas. No entanto, assim como em outras capacidades, como, por exemplo,
a flexibilidade, a força e a resistência são específicas para um ângulo articular, velocidade e tipo de
contração, grupo muscular ou para um músculo. Portanto, é praticamente impossível determinar
valores fixos de força e resistência muscular para grupos musculares e articulações isoladas. Apesar
disso, as avaliações, permitem que indicadores de atividade física sejam mensurados, além de
determinar um ponto que pode ser usado como referência para o planejamento do treinamento e
futuras avaliações (WILMORE; COSTILL; KENNY, 2010).

Os testes que permitem avaliar força e resistência geralmente incluem exercícios com aparelhos
como dinamômetros e tensiometros para exercícios estáticos, exercícios dinâmicos como flexões e
extensões de braço, abdominais e levantamentos de peso.

Força muscular
Podemos entender a Força Muscular como a força máxima que pode ser gerada por um músculo ou
grupamento muscular, ou ainda, o maior peso que um indivíduo é capaz de levantar (WILMORE;
COSTILL; KENNY, 2010).

Quais as vantagens de uma musculatura forte?

Músculos fortes contribuem para uma maior estabilidade articular, reduzindo o desgaste e a
ruptura dos tecidos que compõem as articulações. Atualmente muitos estudos têm mostrado a
importância do treinamento de força na melhoria da qualidade de vida e saúde de indivíduos,
contribuindo em vários pontos como melhora no equilíbrio postural, diminuição de lesões
e quedas, melhora na capacidade de gerar força, melhora da capacidade de realizar as tarefas
diárias, aumento do gasto energético, melhora do perfil lipídico e controle glicêmico, além de ser
muito importante para diversas modalidades esportivas. Um exemplo simples de como a fraqueza
muscular é prejudicial, é o caso onde os músculos da região glútea e abdominais, associados ao
encurtamento dos flexores de quadril, podem levar a inclinação da pelve, aumentando a lordose
lombar (GUEDES; GUEDES, 2006).

57
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DE FORÇA

O sistema neuromuscular tem uma capacidade muito grande de responder ao treinamento. Em um


intervalo de três a seis meses um programa de treinamento resistido pode gerar ganhos de força de
25% a 100%. Além disso, a musculatura esquelética possui uma característica bastante plástica, ou
seja, aumenta sua capacidade de gerar força e aumenta o seu volume quando exercitado, e diminui
essas variáveis quando imobilizado. Ou seja, possui uma capacidade muito grande de hipertrofiar-
se, melhora na sincronização e no recrutamento das fibras (controle neural), mas da mesma forma,
é facilmente atrofiado e diminui o recrutamento de fibras (WILMORE; COSTILL; KENNY, 2010).

58
CAPÍTULO 1
Tipos de ação muscular

Existem três tipos de ação muscular: Isométrica, Concêntrica e Excêntrica. Existem situações
em que os três tipos podem ocorrer como em um salto ou até mesmo em uma corrida (FLECK;
KRAEMER, 2006).

Quando não há movimento, mas o músculo gera força, o músculo não altera seu comprimento e não
há movimento articular. Essa ação é chamada de Isométrica. Nesse caso, a resistência é maior que
a força de contração. Exemplos: empurrar uma parede; segurar um objeto pesado com os cotovelos
flexionados; tentar levantar algo mais pesado do que a força capaz de ser gerada. Internamente,
ocorrem a formação e a reciclagem das pontes cruzadas de miosina, produzindo contração e
gerando força. No entanto, a força externa é muito grande, e então os filamentos finos não podem ser
deslocados. Quando um número de fibras recrutadas for suficiente para gerar uma força superior à
carga, a ação isométrica poderá se transformar em uma ação Dinâmica (FLECK; KRAEMER, 2006).

A ação onde os músculos estão gerando movimento articular é chamada de Dinâmica e podem ser
dividida em ações Concêntricas e Excêntricas. Quando o músculo se encurta, os filamentos finos
são tracionados ao centro do sarcômero e ocorre movimento articular. Essa é a ação Concêntrica.
Exemplos: Trazer uma colher de encontro à boca ou o movimento de rosca direta, quando o peso é
puxado – movimento concêntrico do bíceps; empurrar algo, arremessar uma bola em linha reta que
está encostada no peito ou o movimento de subida no exercício de supino – movimento concêntrico
do peitoral.

Quando os músculos exercem força e se alongam, ocorre uma ação Excêntrica. Nessa situação,
os filamentos finos são tracionados ainda mais em relação ao centro do sarcômero, ocorrendo o
alongamento do músculo. Exemplos: levar uma colher que estava na boca de encontro à mesa
ou o movimento de volta do peso em um exercício de rosca direta – movimento excêntrico do
bíceps; movimento de descida no exercício de supino – movimento excêntrico do peitoral (FLECK;
KRAEMER, 2006).

Existe ainda a ação Isocinética que se refere a um movimento contra uma resistência que se
move em uma velocidade constante por toda a amplitude de movimento da articulação, ou seja,
o músculo produz uma contração máxima a cada ângulo da articulação, diferente das ações
concêntricas e excêntricas onde geralmente o movimento é mais lento no início e a força gerada
varia de acordo com o ângulo do movimento. A ação isocinética é capaz de aumentar a força
uniformemente, por toda extensão do movimento. No entanto, essa ação é possível somente em
equipamentos especiais, que detectam quando o músculo está acelerando, e aumenta a carga para
desacelerá-lo (TRITSCHLER, 2003).

CORVINO, R. B.; CAPUTO, F.; de OLIVERIA, A. C.; GRECO, C. A.; DENADAI, B. S. Taxa de
Desenvolvimento de Força em Diferentes Velocidades de Contrações Musculares. Rev
Bras Med Esporte, v. 15, n. 6, p. 482-431, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/rbme/v15n6/a05v15n6.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2011.

59
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DE FORÇA

Principais cuidados e observações nos testes


de força
É importante que o avaliador possua uma experiência prévia para realizar os testes com segurança e
confiança. Além disso, é indispensável à presença de ajudantes na condução dos testes, possibilitando
um socorro rápido em casos de quedas, lesões ou, por exemplo, auxílio para movimentar uma carga
que esteja muito pesada (TRITSCHLER, 2003).

Segundo Guedes e Guedes (2006), o avaliador deve se preocupar em conhecer o avaliado,


principalmente para impedir a realização dos testes em casos de lesões pré-existentes, ou algum outro
fator que não permita a realização do teste. É indicada a preferência pelo uso de materiais estofados,
promovendo maior conforto e comodidade, além de toalhas e água ou repositores hidroeletroliticos
(isotônicos).

No caso de avaliações em sujeitos sedentários ou idosos, deve-se ter um cuidado especial ao encorajar
o esforço máximo, pois pode acontecer de o limite desse indivíduo ter sido ultrapassado (MARINS;
GIANNICHI, 2003).

Nos testes de força, é comum que a pessoa prenda a respiração na execução da sua força máxima. Essa
pausa na respiração é conhecida como Manobra de Valsalva, e deve ser desencorajada pelo avaliador.
O padrão de respiração, tanto no teste, quanto nas sessões de treinamento deve ser: expirar na fase
ativa e inspirar na fase de retorno. A manobra de Valsalva é associada ao risco de ataque cardíaco, pois
quando a respiração é presa no momento da força, a pressão intratorácica aumenta, diminuindo o
retorno venoso para o coração, aumentando a pressão (TRITSCHLER, 2003).

Manobra de Valsalva:

<http://videoaulas.uff.br/cardiologia-manobra-de-valsalva>. Acesso em: 26 mar. 2011.

Testes de força
Os testes de carga máxima são muito precisos, apesar de representarem a maior força de apenas um
grupo muscular ou região corporal. Devida à precisão do teste, o treinamento de força é prescrito
de acordo com a avaliação das cargas máximas e utiliza percentuais dessas cargas, direcionando
o treinamento para os objetivos do indivíduo, como por exemplo, força, hipertrofia ou resistência
muscular. Além disso, existem ainda os testes submáximos, que também podem ser usados para
prescrição do treino baseando-se também no número de repetições. Para isso são necessárias
fórmulas para extrapolar a força máxima (TRITSCHLER, 2003).

Então, os principais motivos são:

»» Avaliar os níveis habituais de atividade física.

»» Identificar o risco de queda em idosos.

»» A prescrição de um programa de treinamento.

60
AVALIAÇÃO DE FORÇA │ UNIDADE IV

»» Monitoração da eficiência de um programa de treinamento.

»» Monitoração e ajuste das cargas com o decorrer do treino.

»» Avaliar o potencial para cargos que necessitem de grandes demandas de gasto


energético.

É importante mensurar a força de indivíduos obesos?

Protocolo de teste de teste de


1RM (1 repetição máxima)
Este teste é feito com a utilização de pesos livres, máquinas ou uma estação apropriada. No
entanto, os pesos livres são considerados a forma mais comum de avaliação, pois permitem que os
movimentos sejam mais similares às situações reais, além exigirem maior coordenação muscular.
Seu principal objetivo é determinar o peso máximo que o indivíduo é capaz de levantar de uma vez.
Permite, ainda, que vários grupos musculares sejam avaliados, como por exemplo:

»» Agachamento: extensores do joelho.

»» Mesa flexora: flexores do joelho.

»» Supino: Peitoral, tríceps, deltóides.

»» Rosca concentrada: bíceps braquial.

»» Todos os testes seguem o mesmo protocolo básico.

Teste de 1RM para supino com pesos livres.

Equipamentos e cuidados:

É recomendada a utilização de banco apropriado e estofado, uma barra e um suporte para ela e
as anilhas.

O teste pode ser realizado pela maioria dos adultos de ambos os sexos. No entanto, não é recomendado
para pré-púberes.

O ideal é que o indivíduo seja familiarizado com o exercício, realizando alguns levantamentos com
cargas leves, de 2 a 3 dias antes do teste. Caso não esteja familiarizado, o teste pode subestimar
sua força.

Procedimentos:

»» Realizar um breve aquecimento, com cargas leves;

»» A determinação da carga máxima é através de tentativa e erro. Deve-se iniciar o


teste com um peso menor do que o máximo previsto. Em geral, para homens jovens

61
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DE FORÇA

e ativos fica em torno de 70% a 80% do seu peso corporal. Para mulheres, as cargas
podem ser iniciadas com 50% a 60% do peso corporal.

»» O indivíduo deve deitar-se sobre o banco, com os pés ao lado do banco, no chão.
As mãos devem ficar aproximadamente na largura dos ombros, e os polegares
alinhados com a axila.

»» Uma pessoa pode ajudar a retirar a barra do suporte, e auxiliar, guiando a barra
até o peito. O indivíduo avaliado deve inspirar uma vez enquanto desce a barra, e
expirar enquanto empurra a barra em linha reta até os braços ficarem estendidos
e colocá-la no suporte. O ajudante pode auxiliar a recolocar a barra no suporte. O
ideal é que o indivíduo tente realizar o máximo de repetições até a exaustão, quando
a barra não possa ser mais movida. Caso após a primeira repetição seja possível
continuar, o indivíduo deve ser encorajado.

»» Antes da próxima tentativa com mais peso, é importante respeitar o período de


descanso de no mínimo 3 minutos. Dessa forma os estoques de ATP e creatina
fosfato podem ser ressintetizados.

Apesar de o teste de força ser específico para os grupos musculares recrutados, o teste de supino
é utilizado para predizer a força dos membros superiores, enquanto o leg press para os membros
inferiores.

Supino Plano:

< http://www.youtube.com/watch?v=djSe9kMX0ao >. Acesso em: 26 mar. 2011.

Predição de 1RM a partir de cargas submáximas

Como dito anteriormente, existe o risco para o público destreinado, inexperiente, idoso e pré-
pubere na realização do teste máximo. Um dos motivos é a possibilidade de ocorrer uma lesão,
principalmente porque a tensão exercida na estrutura anatômica é muito grande. Dessa forma
foram criadas maneiras de predizer a carga de 1RM a partir de repetições com um peso submáximo
(GUEDES; GUEDES, 2006).

Determinação de 1RM a partir de


duas a dez repetições até a fadiga
Assim como o teste original de 1RM, este pode ser realizado por indivíduos de ambos os sexos,
várias idades e ainda, pode incluir idosos e adolescentes.

Da mesma forma, o ideal é que o indivíduo seja familiarizado com o exercício, realizando alguns
levantamentos com cargas leves, de 3 a 2 dias antes do teste.

62
AVALIAÇÃO DE FORÇA │ UNIDADE IV

Procedimentos

»» Realizar um breve aquecimento, com cargas leves.

»» Deve-se então escolher um peso que não pode ser erguido por mais de dez vezes.

»» O indivíduo deve deitar-se sobre o banco, com os pés ao lado do banco, no chão.
As mãos devem ficar aproximadamente na largura dos ombros, e os polegares
alinhados com a axila.

»» Uma pessoa pode ajudar a retirar a barra do suporte, e auxiliar, guiando a barra
até o peito. O indivíduo avaliado deve inspirar uma vez enquanto desce a barra, e
expirar enquanto empurra a barra em linha reta até os braços ficarem estendidos
e colocá-la no suporte. O ajudante pode auxiliar a recolocar a barra no suporte. O
indivíduo tem que realizar o máximo de repetições até a exaustão, quando a barra
não possa ser mais movida.

»» Antes da próxima tentativa, é importante respeitar o período de descanso.

»» Caso sejam realizadas mais de dez repetições o teste deve ser parado e repetido com
mais carga, após o período de descanso.

Cálculo do valor predito de 1RM

1RM = peso utilizado [1,0278 – 0,0278 (num. de repetições)]

Ou

0,0278 * (número de repetições) = X

1,0278 - X=Y

1 RM = peso utilizado Y

Exemplo: 65 quilos em 6 repetições.

1 RM = 65 [1,0278 – 0,0278 (6)]

1 RM=75,5

Ou

0,0278 * 6 = 0,1668

1,0278 - 0,1668= 0,861

1 RM= 65 0,861 = 75,5

63
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DE FORÇA

Predição de 1RM por meio do


percentual – repetições respectivas
Este teste consiste em realizar uma quantidade de repetições até a exaustão, e por meio “regra de
três” estimar o percentual de 1RM. Para isso é necessário utilizar a seguinte tabela (BAECHLE;
EARLE, 2000).

Tabela 3. Relação do número de repetições com o percentual da carga máxima.

No de repetições % carga máxima


1 100%

2 95%

3 93%

4 90%

5 87%

6 85%

7 83%

8 80%

9 77%

10 75%

11 70%

12 67%

15 65%

(Adaptada de: BAECHLE; EARLE, 2000).

O cálculo é feito da seguinte forma:

Carga Utilizada * 100% percentual da carga utilizada

Ex.:

Número de repetições Carga Percentual


50 80%
8 50Kg 80% Regra de 3
X 100%
1 ??? 100%
80X=50*100
X=5000/80
X=62,5kg ou 50*100÷80=62,5kg

Escala OMNI para exercício resistido


Outra forma de avaliar a carga máxima é mediante escala OMNI onde o avaliado usa uma escala
gráfica de percepção de esforço para associar a sua carga a repetições máximas.

64
AVALIAÇÃO DE FORÇA │ UNIDADE IV

Figura 34. Escala OMNI de percepção de esforço para exercício resistido

(Adaptada de ROBERTSON et. al, 2003).

Valor na Escala % de RM
0–2 40%
2–3 50%
4–5 60%
5–7 70%
7–8 80%
8–10 90% – 100%

65
CAPÍTULO 2
Cálculo da força relativa

A força muscular total tem relação com a massa muscular do indivíduo. Dessa forma, os resultados
podem ser mais bem entendidos mediante força relativa, encontrada por meio do seguinte cálculo,
e classificado de acordo com a idade nos quadros 8 e 9

Força relativa = Carga máxima levantada peso corporal

Exemplo: Indivíduo de 22 anos, pesando 85kg no teste de 1RM no supino com carga de 100kg.

Força relativa = 100kg /85kg=1,18.

Quadro 8. Supino – classificação para idade/sexo no teste de 1RM

Idade (anos)
Classificação < 20 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 +60
Superior ≥ 1,34 ≥ 1,32 ≥ 1,12 ≥ 1,00 ≥ 0,90 ≥ 0,82
Excelente 1,20 – 1,33 1,15 – 1,31 0,99 – 1,11 0,89 – 0,99 0,80 – 0,89 0,72 – 0,81
Homens

Boa 1,07 – 1,19 1,00 – 1,14 0,89 – 0,98 0,81 – 0,88 0,72 – 0,79 0,67 – 0,71
Média 0,90 – 1,06 0,89 – 0,99 0,79 – 0,88 0,73 – 0,80 0,64 – 0,71 0,58 – 0,66
Fraca ≤ 89 ≤ 0,88 ≤ 0,78 ≤ 0,72 ≤ 0,63 ≤ 0,57
Superior ≥ 0,78 ≥ 0,81 ≥ 0,71 ≥ 0,63 ≥ 0,56 ≥ 0,55
Excelente 0,66 – 0,77 0,71 – 0,80 0,61 – 0,70 0,55 – 0,62 0,49 – 0,55 0,48 – 0,54
Mulheres

Boa 0,59 – 0,65 0,60 – 0,70 0,54 – 0,60 0,51 – 0,54 0,44 – 0,48 0,43 – 0,47
Média 0,54 – 0,58 0,52 – 0,59 0,48 – 0,53 0,44 – 0,50 0,40 – 0,43 0,39 – 0,42
Fraca ≤ 0,53 ≤ 51 ≤ 0,47 ≤ 0,43 ≤ 0,39 ≤ 0,38

(Adaptada de HEYWARD, 1991)

Quadro 9. Leg Press – classificação para idade/sexo no teste de 1RM

Idade (anos)
Classificação < 20 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 +60
Superior ≥ 2,28 ≥ 2,13 ≥ 1,93 ≥ 1,82 ≥ 1,71 ≥ 1,62
Excelente 2,05 – 2,27 1,98 – 2,12 1,78 – 1,92 1,69 – 1,81 1,59 – 1,70 1,50 – 1,61
Homens

Boa 1,91 – 2,04 1,84 – 1,97 1,66 – 1,77 1,58 – 1,68 1,47 – 1,58 1,39 – 1,49
Média 1,71 – 1,90 1,64 – 1,83 1,53 – 1,65 1,45 – 1,57 1,33 – 1,46 1,26 – 1,38
Fraca ≤ 1,70 ≤ 1,63 ≤ 1,52 ≤ 1,44 ≤ 1,32 ≤ 1,25
Superior ≥ 0,78 ≥ 0,81 ≥ 0,71 ≥ 0,63 ≥ 0,56 ≥ 0,55
Excelente 0,66 – 0,77 0,71 – 0,80 0,61 – 0,70 0,55 – 0,62 0,49 – 0,55 0,48 – 0,54
Mulheres

Boa 0,59 – 0,65 0,60 – 0,70 0,54 – 0,60 0,51 – 0,54 0,44 – 0,48 0,43 – 0,47
Média 0,54 – 0,58 0,52 – 0,59 0,48 – 0,53 0,44 – 0,50 0,40 – 0,43 0,39 – 0,42
Fraca ≤ 0,53 ≤ 51 ≤ 0,47 ≤ 0,43 ≤ 0,39 ≤ 0,38

(Adaptada de HEYWARD, 1991)

66
AVALIAÇÃO DE FORÇA │ UNIDADE IV

Utilizando a força relativa, existe uma bateria de testes onde seis exercícios são realizados com
pesos livres e máquinas, avaliando a força dinâmica global para homens e mulheres. Para cada
teste, uma quantidade de pontos é adicionada, representando a força relativa de cada teste de 1RM.
A força dinâmica global representa a soma dos resultados dos seis testes.

Tabela 4. Força Relativa – Relação Força/peso corporal para teste de 1RM

Rosca Puxada pela Extensão Flexão


Supino Leg Press Pontos
Direta frente Joelho Joelhos
1,50 0,70 1,20 3,00 0,80 0,70 10
1,40 0,65 1,15 2,80 0,75 0,65 9
1,30 0,60 1,10 2,60 0,70 0,60 8
1,20 0,55 1,05 2,40 0,65 0,55 7
Homens

1,10 0,50 1,00 2,20 0,60 0,50 6


1,00 0,45 0,95 2,00 0,55 0,45 5
0,90 0,40 0,90 1,80 0,50 0,40 4
0,80 0,35 0,85 1,60 0,45 0,35 3
0,70 0,30 0,80 1,40 0,40 0,30 2
0,60 0,25 0,75 1,20 0,35 0,25 1
0,90 0,50 0,85 2,70 0,70 0,60 10
0,85 0,42 0,80 2,50 0,65 0,55 9
0,80 0,38 0,75 2,30 0,60 0,52 8
0,75 0,35 0,73 2,10 0,55 0,50 7
Mulheres

0,70 0,32 0,70 2,00 0,50 0,45 6


0,65 0,28 0,65 1,80 0,45 0,40 5
0,60 0,21 0,63 1,60 0,40 0,35 4
0,55 0,18 0,60 1,40 0,35 0,30 3
0,50 0,10 0,55 1,20 0,30 0,25 2
0,45 0,05 0,50 1,00 0,25 0,20 1

(Adaptada de HEYWARD, 1991)

Exemplo: Indivíduo de 22 anos, pesando 85kg no teste de 1RM no supino com carga de 100kg.

Força Relativa = 100kg 85kg = 1,18.

Pontos Supino = 7
Pontos Rosca Direta = 7
Pontos Puxada pela Frente = 8
Pontos Leg Press = 6
Pontos Extensão de Joelhos = 8
Pontos Flexão de Joelhos = 4
Somatória = 37

67
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DE FORÇA

Quadro 10 Classificação da aptidão de Força

Total de Pontos Classificação da aptidão de Força

48-60 Excelente

37-47 Boa

25-36 Média

13-24 Satisfatória

0-12 Fraca

(Adaptada de HEYWARD, 1991)

Teste com dinamômetros


O dinamômetro é um equipamento que permite medir a força por meio do comportamento de uma
mola ou deslocamento do ar. Dessa forma é possível medir a força isométrica de um grupo muscular
de um indivíduo.

Dinamometria dorsal e de membros inferiores –


Johnson e Nelson (1979)
Este teste tem o objetivo de medir a força lombar e a força dos membros inferiores, podendo
ser usado em ambos os sexos. O aparelho fica preso a uma plataforma por uma corrente, onde o
indivíduo avaliado segura com as mãos para exercer sua força.

Figura 35. Dinamometria dorsal

(Adaptada de: SANTOS, 2002. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd49/dinam.htm>. Acesso em: 27 mar. 2011).

Musculatura Dorsal

<http://www.youtube.com/watch?v=uTCMRDNynl8>. Acesso em: 26 mar. 2011.

68
AVALIAÇÃO DE FORÇA │ UNIDADE IV

Preensão manual dinamômetro grip


(Johnson e Nelson, 1979)
Este teste possibilita medir a força das mãos, para ambos os sexos.

O aparelho deve ser ajustado de acordo com o tipo de mão do indivíduo. O teste é realizado com a
mão dominante, que deve estar ao longo do corpo com o braço em extensão. O resultado é a máxima
preensão exercida que será lida no aparelho. O melhor resultado de duas tentativas é armazenado.

Figura 36. Teste de preensão manual.

(Fonte: DA LUZ et. al, 2008. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd123/niveis-de-aptidao-fisica-em-criancas-e-


adolescentes-tenis-de-campo.htm>. Acesso em: 27 mar. 2011).

Uma variação do teste é a realização com o indivíduo sentado, com o braço que será avaliado
flexionado em um ângulo de 90o, com o antebraço encostado no tronco e o punho em linha reta com
o antebraço.

Dinamometria Manual:

<http://www.youtube.com/watch?v=RPIQldwEvyE>. Acesso em: 26 mar. 11.

GERALDES, A. A. R; De OLIVEIRA, A. R. M; De ALBUQUERQUE, R. B; FARINATTI, P. T. V.


A Força de Preensão Manual é Boa Preditora do Desempenho Funcional de Idosos
Frágeis: um Estudo Correlacional Múltiplo. Rev Bras Med Esporte, v. 14, n. 1, p. 12-
16, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v14n1/a02v14n1.pdf>.
Acesso em: 27 mar. 11.

69
AVALIAÇÃO DA
RESISTÊNCIA UNIDADE V
MUSCULAR
Existem muitas atividades esportivas que precisam que o músculo gere força máxima ou submáxima
de forma repetida. A essa capacidade damos o nome de Resistência Muscular.

Alguns exemplos de situações onde o músculo precisa ser resistente são:

»» Manter uma contração fixa como em imobilizações, no caso de lutas.

»» Socos e chutes.

»» Halterofilista (quando realiza um treinamento com várias repetições).

»» Exercícios de abdominais.

»» Flexões de braço.

A resistência pode aumentar por meio do ganho de força e por mudanças metabólicas e circulatórias.

É importante não confundir resistência muscular com resistência cardiorrespiratória. Como dito
acima, a resistência muscular refere-se à capacidade que o músculo possui de manter um exercício
com alta intensidade, sendo ele dinâmico ou estático. Ou seja, a fadiga fica restrita aos grupos
musculares ativos, além da atividade não ultrapassar 1 ou 2 minutos. Está diretamente relacionada
com a resistência de força e ao desenvolvimento da potencia anaeróbia.

Já a resistência cardiorrespiratória refere-se ao organismo como um todo, ou seja, a capacidade


de manter um exercício dinâmico prolongado, utilizando grandes grupos musculares. Alguns
exemplos são:

»» ciclistas;

»» corredores;

»» nadadores;

Os testes de resistência muscular podem ser utilizados como forma de indicação de aptidão física,
demonstrando o nível de atividade física diária do indivíduo. Para prescrição de treinamento com o
objetivo de melhorar a força, devem ser usados os testes de força máxima.

Existem três formas principais que permitem avaliar a resistência muscular. Cada uma deve ser
analisada para somente ser empregada na melhor situação possível. Devemos sempre levar em
conta o objetivo do teste e qual grupo muscular que está sendo avaliado. As três formas são:

a. Número de repetições fixas. O tempo é anotado.

70
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR │ UNIDADE V

b. Tempo fixo. O número de repetições é anotado.

c. Número de repetições realizadas com movimentos corretos e contínuos é computado.


Deixam de ser computados quando deixam de ser executados de forma correta ou
se alcance exaustão.

71
CAPÍTULO 1
Teste de supino

Este teste visa avaliar a resistência dinâmica dos músculos tríceps, peitoral e deltóides. Pode ser
usado para adultos de ambos os sexos, requerendo um banco padrão, um haltere de 36kg para
homens e 16kg para mulheres e um metrônomo. Esse teste não fornece nenhuma consideração
sobre o peso corporal ou a força máxima. Dessa forma, ele é mais indicado para exames de seleção
em empregos que exijam a resistência com pesos.

Procedimentos:

»» O indivíduo deve deitar-se na posição supina no banco, com os pés no chão, ao lado
do banco;

»» Recebe o peso com os braços flexionados;

»» Deverá então empurrar o peso para cima, estendendo totalmente os braços.

»» Retorna a posição inicial, repetindo esses movimentos no ritmo de sessenta batidas


por segundo, estabelecida pelo metronomo, onde cada movimento para cima ou
para baixo ocorre no sinal;

»» O indivíduo deve ser instruído a expirar no movimento para cima e inspirar na


descida;

»» Devem ser computadas cada repetição completada para cima. Quando não for mais
possível estender os braços, o teste é interrompido.

Quadro 11. Normas de acordo com a idade para o teste de supino.

% da Acima de
Avaliação 18-25 26-35 36-45 46-55 56-65
Classificação 65
Homens
Excelente 95 42 40 34 28 24 20
Bom 80 32 29 25 21 18 12
Acima da média 65 26 24 21 16 12 10
Na média 50 22 20 17 12 8 6
Abaixo da média 35 17 14 13 9 6 4
Fraco 20 12 10 9 5 2 2
Muito Fraco 5 2 2 2 1 0 0
Mulheres
Excelente 95 42 40 32 30 30 22
Bom 80 29 26 22 21 18 13
Acima da média 65 24 21 18 14 14 10
Na média 50 20 17 13 11 9 6
Abaixo da média 35 14 13 10 8 6 3
Fraco 20 9 8 6 4 2 1
Muito Fraco 5 2 1 1 0 0 0
(Adaptada de GOLDING; MYERS; SINNING, 1989).

72
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR │ UNIDADE V

Teste de 70% da força máxima


Este teste visa avaliar a resistência muscular dinâmica de um grupo muscular.

Sugere-se que praticantes de atividade física por lazer ou saúde, devam conseguir realizar de 12-15
repetições. Atletas devem realizar de 20-25 repetições para cada grupo muscular. O teste pode ser
aplicado em ambos os sexos, em adolescentes e adultos.

Este teste pode ser o mesmo utilizado para predizer o valor de 1RM (já mencionado anteriormente).
No entanto, como o nome do teste diz, é necessário primeiramente conhecer o valor de 1RM do
indivíduo no exercício a ser realizado.

Procedimentos:

»» É necessário determinar o valor de 1RM para o grupo muscular a ser testado. Só


então, calcule o valor de 70% desse valor máximo;

»» O indivíduo deve realizar levantamentos repetidos até a exaustão. O total de


repetições bem sucedidas deve ser computado.

Teste para avaliar a resistência muscular


relativa (percentual do peso corporal)
Este teste é realizado com uma sequência de exercícios, e a pontuação final indica a aptidão física
muscular do indivíduo.

Procedimentos:

»» Realizar a série de exercícios seguindo a orientação de alternância de grupos


musculares, e permitir intervalos de recuperação para ressintetizar a energia;

»» Parar a execução dos exercícios quando atingir 15 repetições.

Quadro 12. Série de exercícios para avaliação da resistência muscular de acordo com o percentual do peso corporal.

Percentual do peso corporal que deve ser levantado Número de repetições


Exercício
correspondente ao exercício (Max. 15)
Homens Mulheres
Rosca Direta 33% 25%
Supino Reto 66% 50%
Pulley 66% 50%
Tríceps 33% 33%
Extensão da perna 50% 50%
Flexão da perna 33% 33%
Número máximo de repetições (90) – Total

(Adaptada de HEYWARD, 1997).

73
UNIDADE V │ AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR

Quadro 13. Classificação para tabela acima.

Classificação
Repetições Obtidas
Condição Física
(Somatória dos 5 exercícios)
76-90 Excelente
62-75 Muito Boa
48-61 Boa
34-47 Razoável
20-33 Fraca
<20 Muito Fraca

(Adaptada de HEYWARD, 1997).

Os testes que utilizam percentuais do peso corporal são aconselhados para obesos
e sedentários?

Quem trabalha com atividade física encontra uma variabilidade muito grande, portanto, com pesos
corporais diferentes e níveis de treinamento diferentes.

Imagine o caso de um indivíduo obeso sedentário. Um teste como o descrito acima, para avaliar a
resistência muscular utilizando cargas relativas ao seu peso poderiam colocar esse indivíduo em
uma situação de risco, como por exemplo, em um supino com 66% de seu peso.

»» Ex: Homem, peso=120kg, sedentário;

»» Teste: Resistência Muscular com peso relativo ao seu peso corporal;

»» Exercício: Supino;

»» Carga: 72kg.

»» Número de repetições indicadas pelo teste: 15.

Teste de resistência muscular


com exercícios calistênicos
Existem muitas situações onde o profissional não possui ferramentas que possam contribuir na
avaliação física. Para avaliar a resistência muscular, existe a vantagem de poder utilizar o peso
corporal como carga, através de alguns exercícios conhecidos como calistênicos. Estes testes utilizam
o maior número de repetições, utilizando ou não um limite de tempo.

Nestes testes o peso corporal pode representar uma carga alta, e o resultado, nesse caso,
representará uma maior contribuição da força do indivíduo. No caso onde o peso represente uma
carga submáxima, a resistência muscular é enfatizada. Dessa forma, é importante assumir que as
duas capacidades influenciam nos resultados do teste.

74
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR │ UNIDADE V

Teste de flexão de braços


O teste de flexão de braços é uma forma tradicional de avaliação da resistência muscular dinâmica,
referindo-se aos músculos ativos na região superior do corpo (peitorais, deltoide anterior, bíceps
braquial e tríceps). Pode ser usado para adultos de ambos, de jovens a adultos. Este teste é relativo ao
peso corporal do indivíduo, portanto, a gordura corporal e as diferenças anatômicas não permitem
comparações iguais.

Procedimentos:

»» O indivíduo deve posicionar-se em decúbito ventral, com as mãos apoiadas no chão,


com os dedos voltados para frente. A distância entre as mãos não deve superar a
largura dos ombros.

»» O corpo deve ficar totalmente alinhado. O rosto pode ficar voltado para o chão ou
para frente.

»» Para homens, o teste deve ser realizado com as pontas dos pés e as mãos sustentando
o corpo. Já para mulheres, os joelhos e as mãos sustentam o corpo.

»» Um tecido dobrado ou algum objeto com espessura de 6-8 centímetros deve ser
colocado abaixo do tórax, servindo como indicador do movimento completo.

»» O indivíduo deve então flexionar os cotovelos e abaixar o corpo até tocar o objeto
no chão. Depois, volta o corpo para cima, até a posição inicial. Uma repetição é
computada a cada movimento completo, realizado corretamente.

»» O teste pode ser interrompido quando o indivíduo executar o maior número de


repetições consecutivas e corretas, sem pausa e sem tempo; ou realizar o maior número
de repetições em 1 minuto; ou realizar o maior número de repetições com o ritmo
controlado por um metrônomo, ajustado com 60 bpm (30 repetições por minuto).

Quadro 14. Valores para exercícios de flexão de braços.

Idades
Avaliação 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69
Homens
Excelente ≥ 39 ≥ 36 ≥ 30 ≥ 22 ≥ 21 ≥ 18
Acima da média 29-38 29-35 22-29 17-21 13-20 11-17
Na média 23-28 22-28 17-21 13-16 10-12 08-10
Abaixo da média 18-22 17-21 12-16 10-12 07-09 05-07
Ruim ≤ 17 ≤ 16 ≤ 11 ≤ 09 ≤ 06 ≤ 04
Mulheres
Excelente ≥ 33 ≥ 30 ≥ 27 ≥ 24 ≥ 21 ≥ 17
Acima da média 25-32 21-29 20-26 15-23 11-20 12-16
Na média 18-24 15-20 13-19 11-14 07-10 05-11
Abaixo da média 12-17 10-14 08-12 05-10 02-06 02-04
Ruim ≤ 11 ≤ 09 ≤ 07 ≤ 04 ≤ 01 ≤ 01
(Adaptada de POLLOCK & WILMORE, 1993).

75
UNIDADE V │ AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR

Para conhecer mais sobre o assunto pesquisado lei o texto Flexão de braços:

<http://www.youtube.com/watch?v=KJgBotMpj9c>

Teste de flexão na barra


Este teste possibilita a avaliação da resistência muscular dos flexores dos braços e dos ombros. Pode
ser aplicado em ambos os sexos a partir dos 6 anos. Requer uma barra e um cronômetro.

Procedimentos:

»» O auxiliar pode ajudar o indivíduo avaliado a subir na barra. Este deve segurar com
as mãos pronadas e afastadas até a largura dos ombros;

»» No movimento de subida, o queixo deve ultrapassar a barra, as pernas devem estar


separadas e os joelhos estendidos. Não deve haver movimentação das pernas,
evitando ajuda para impulso;

»» O cronômetro deve ser disparado imediatamente ao início do teste e deve ser parado
quando o queixo não ultrapassar a barra.

Flexão de braços na barra:

<http://www.youtube.com/watch?v=qfwkCcGDvyU>

Avaliação da resistência muscular abdominal


A finalidade deste teste é avaliar a força ou resistência da musculatura da região abdominal. Essa
avaliação é empregada principalmente para melhorar a deficiência abdominal que está relacionada
com dores na coluna lombar.

Existem muitas variações (posição das pernas, dos joelhos, das mãos, amplitude de movimento, e
outros), que permitem avaliar a capacidade desta musculatura através dos exercícios. Dessa forma,
muitos testes foram criados. No entanto, para facilitar, aqui vamos focar somente em um teste.

Abdominal com flexão


completa – AAPHERD (1980)
Procedimentos:

»» O indivíduo a ser avaliado deve deitar-se sobre um colchonete, na posição decúbito


dorsal, mantendo os quadris e joelhos flexionados, com os pés apoiados no chão,
afastados na largura dos ombros. Os braços devem estar cruzados sobre o tórax,
com as palmas das mãos voltadas para o tronco, na direção do ombro oposto.

76
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MUSCULAR │ UNIDADE V

»» O avaliador deve imobilizar os pés do indivíduo com as mãos ou com os pés.

»» O indivíduo deve realizar o maior número possível de repetições em 1 minuto.

»» O tronco do indivíduo deverá ser elevado até encostar os antebraços nas coxas, com
o queixo encostado no peito. No retorno, a metade anterior da escápula deverá ser
encostada no colchonete. O indivíduo podre descansar, no entanto o cronômetro
não dever ser parado.

Quadro 15. Valores para exercícios de flexão de braços.

idades
Classificação
15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69

H M H M H M H M H M H M
Excelente ≥ 48 ≥ 42 ≥ 43 ≥ 36 ≥ 36 ≥ 29 ≥31 ≥25 ≥26 ≥ 19 ≥ 23 ≥ 16
Acima da média 42-47 36-41 47-42 31-35 31-35 24-28 26-30 20-24 22-25 12-18 17-22 12-15
Na Média 38-41 32-35 33-36 25-30 27-30 20-23 22-25 15-19 18-21 05-11 12-16 04-11
Abaixo da Média 33-37 27-31 29-32 21-24 22-26 15-19 17-21 07-14 13-17 03-04 07-11 02-03
Ruim ≤32 ≤26 ≤28 ≤20 ≤21 ≤14 ≤16 ≤06 ≤12 ≤02 ≤06 ≤01

(Adaptada de POLLOCK & WILMORE, 1993).

77
AVALIAÇÃO DA
SAÚDE E APTIDÃO UNIDADE VI
FÍSICA
Saúde e aptidão física
Atualmente os padrões de vida levam o ser humano a um cotidiano cada vez mais sedentário. Nós
sabemos que o corpo humano foi desenvolvido para mover-se com equilíbrio, agilidade, coordenação
velocidade e potência. Essas características foram muito bem desenvolvidas, pois os humanos
precisavam sobreviver, na época das cavernas. Fisiologicamente, o ser humano não se adapta bem
ao sedentarismo. Portanto, um estilo de vida ativo contribui muito para a saúde.

Graças ao avanço na medicina, hoje é possível viver sem que essas habilidades estejam desenvolvidas
ao máximo. No entanto, quanto mais elas forem trabalhadas, melhor será o dia a dia das pessoas,
com segurança contra quedas e lesões, além de melhorias na saúde amplamente divulgadas e
conhecidas e a capacidade de participar de atividades que levam ao prazer e satisfação (WILMORE;
COSTILL; KENNY, 2010).

78
CAPÍTULO 1
Avaliação da saúde e
avaliação nutricional

Avaliação da saúde
As pesquisas dizem que pessoas que mantém um programa regular de atividades, com maior
duração ou intensidade mais vigorosa provavelmente terão melhoras na saúde.

Nesse sentido, um fator importante para iniciar um programa de atividades físicas é uma autorização
médica, que dependerá de uma avaliação clínica a fim de determinar qual a situação da saúde desse
indivíduo. Talvez essa avaliação seja tão importante para o sedentário quanto para uma pessoa que
deseja iniciar uma atividade física. O sedentário possui maiores fatores de risco. Existem ainda casos
de pessoas que só podem ingressar em um programa de atividades físicas com acompanhamento
médico durante as sessões

A avaliação clínica pode auxiliar na formulação do programa de exercícios, além de poderem ser
usadas como incentivo para a entrada em um programa.

Mesmo para pessoas saudáveis a avaliação clínica tem importância, pois pode servir de parâmetro
para possíveis mudanças nos fatores relacionados à saúde.

Quadro 16. Fatores de risco fortemente associados à doença arterial coronariana.

Fatores que contribuem para doença arterial


Critérios
coronariana
Infarto do miocárdio ou morte súbita antes dos 55 para parente de
Histórico Familiar
primeiro grau homem ou 65 para parente de primeiro grau mulher
Tabagismo Fumante ou ex-fumante, que parou dentro dos últimos 6 meses.
Pressão arterial ≥ 140/90 mmHG, confirmada em no mínimo duas ocasiões
Hipertensão
diferentes, ou com o indivíduo sobre medicação hipotensiva.
LDL>130 mg/dL (3,4 mmol/L) ou HDL <40 mg/dL (1,03 mmol/L) ou em
Dislipidemia medicação redutora de lipídeos. Caso só seja possível avaliar o colesterol
total, use >200 mg/dL (5,2 mmol/L), ao invés do LDL.
Glicose em jejum ≥ 100 mg/dL (5,6 mmol/L) confirmada em no
Glicemia de jejum
mínimo duas avaliações diferentes.
IMC ≥ 30 kg/m2 ou perímetro da cintura > 102 cm para homens e >
Obesidade 88 cm para mulheres; Relação cintura/quadril ≥ 0,95 para homens e ≥
0,86 para mulheres.
Sedentarismo Pessoas que não participam de um programa regular de exercícios.
Fatores protetores contra doença arterial coronariana Critérios
HDL-C sérico > 60 mg/dL (1,6 mmol/L)

(Adaptada de. ACSM, 2006).

79
UNIDADE VI │ AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA

Testes incrementais de esforço


Uma avaliação clínica completa inclui um teste realizado em uma esteira ergométrica elétrica.
O exercício vai aumentando de intensidade gradativamente, até alcançar a máxima intensidade
de esforço. Dependendo do indivíduo, a máxima intensidade pode ser uma caminhada
mais rápida.

Neste teste, geralmente incrementa-se a carga a cada 1-3 minutos, até o máximo do indivíduo. Este
é o chamado teste de esforço incremental.

Durante este teste, realizado somente em clínicas especializadas, sempre com a presença de um
médico, o eletrocardiograma de esforço é monitorado, assim como a pressão arterial.

O eletrocardiograma de esforço tem o objetivo de encontrar anormalidades no ritmo cardíaco,


além de verificar a condução dos impulsos elétricos. Este teste providencia dados clínicos
importantíssimos, pois é normal que pessoas que tenham um funcionamento normal do coração
em repouso, apresentem anormalidades durante o exercício.

Já a pressão arterial tem o objetivo de verificar se ocorre um aumento na pressão arterial sistólica e
pouca ou quase nenhuma mudança na pressão arterial diastólica.

Durante o teste, outras observações são feitas. Por exemplo, verificar se ocorrem sintomas durante
ou logo após o teste, como falta de ar, tontura, resposta alterada da frequência cardíaca e angina
(dor no peito) (WILMORE; COSTILL; KENNY, 2010).

Avaliação nutricional
Se alimentar de maneira adequada é fundamental para uma vida saudável. Estudos mostram que
tanto a falta quanto o excesso de alimentos pode favorecer o desenvolvimento de doenças e em casos
extremos pode levar a morte.

As doenças infecciosas são comuns em pessoas com desnutrição, uma vez que a falta de alimentos
provoca imunossupressão, facilitando o aparecimento desse tipo de doença. Por outro lado, nos
dias atuais, o grande vilão da saúde pública parece ser a ingestão excessiva de alimentos, mesmo em
países em desenvolvimento (DÂMASO, 2009).

A alta ingestão calórica associada à diminuição da atividade física diária leva ao desenvolvimento
da obesidade e, na maioria dos casos, das doenças crônico-degenerativas associadas. Além da
quantidade de alimentos, outro fator fundamental envolvido em uma boa nutrição é a qualidade
dos mesmos. O mundo moderno trouxe inúmeras inovações e facilidades para o cotidiano das
pessoas, dentre elas estão os alimentos industrializados e os fast foods. O grande problema é
que ao mesmo tempo em que esses tipos de alimentos são práticos e saborosos, possuem como
características básicas: alto teor calórico, gorduras saturadas e/ou trans, altos teores de sódio,
estabilizantes, corantes, etc. associadas a baixas quantidades de vitaminas e/ou minerais,
tornando-se extremamente prejudiciais a saúde.

80
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA │ UNIDADE VI

Com bases nesses fatos, fica claro que a avaliação nutricional é muito importante para auxiliar os
profissionais da área da saúde a identificar qual é o quadro atual do avaliado, bem como apontar
quais são as necessidades de mudança em suas dietas.

A avaliação nutricional é um instrumento diagnóstico, que tem como objetivo medir, de diferentes
formas, o estado nutricional, que é resultante do balanço entre a ingestão e a perda de nutrientes.
Assim, antes de realizar uma avaliação, como esta, é preciso conhecer os macros e os micronutrientes
de uma dieta (GUEDES; GUEDES, 2006).

Qual a definição de nutrientes?

Os nutrientes são substâncias que constituem ou integram os alimentos, responsáveis por três funções
vitais: 1. Manutenção e construção dos tecidos corporais; 2. Regulação dos sistemas metabólicos; 3.
Produção de energia para o funcionamento orgânico (WILMORE; COSTILL; KENNY, 2010).

Os carboidratos, lipídeos e, em menor quantidade, as proteínas fornecem a energia necessária para


manter as funções corporais em repouso ou durante o exercício. Além disso, as proteínas associadas
aos minerais são fundamentais para a manutenção e construção dos tecidos (MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2003).

As vitaminas, os minerais e a água têm papel importante na regulação dos processos metabólicos
do organismo. Pequenas quantidades de vitaminas e minerais têm papeis altamente específicos,
facilitando a transferência de energia e a síntese dos tecidos, em outras palavras, quando existe
déficit nas quantidades dos micronutrientes, os macronutrientes não conseguem exercer suas
funções de forma adequada (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

SIZER, F.; WHITNEY. E. Nutrição – Conceitos e Controvérsias. São Paulo: Manole, 2003,
800p. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=5SAsxSpZ5gIC&print
sec=frontcover&dq=nutricao&hl=ptbr&ei=jwSMTbOCK2C0QHF8bGvCw&sa=X&oi=
book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CEIQ6AEwAQ#v=onepage&q=nutricao&f
=false>. Acesso em: 22 fev. 2011.

Necessidades calóricas
Provocação: Como determinar as minhas necessidades calóricas? Essa parece uma questão simples,
porém a maioria das pessoas não sabe como responder. O resultado, nós podemos ver no aumento
absurdo da prevalência da obesidade no mundo. É preciso medidas rápidas para alterar esse quadro.
Assim, cabe aos profissionais da área de saúde conscientizar as pessoas e mostrar a importância de
uma alimentação adequada e saudável.

A ingestão calórica diária é um fator chave para o ganho, manutenção ou perda de peso como mostra
a figura a seguir.

81
UNIDADE VI │ AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA

Figura 37. Relação do consumo e gasto energético no cálculo do equilíbrio energético

As necessidades calóricas, geralmente expressas em Kcal/dia variam de indivíduo para indivíduo e


sua determinação é baseada na quantidade energética necessária para restaurar a energia total gasta
pelo organismo. Um ponto fundamental que tem que ser lembrado, para é que para praticantes de
exercício, existe um gasto energético adicional advindo justamente da atividade física, que deve ser
incluído no cálculo das necessidades energéticas (TRITSCHLER, 2003).

Quais são os métodos existentes na literatura para calcular a taxa metabólica basal
e o gasto energético total?

Taxa metabólica basal


O que é a taxa metabólica basal (TMB) ou gasto energético em repouso? Encontre a respostas no
Caderno de Estudos e Pesquisa na Disciplina “Aspectos Gerais da Obesidade e Emagrecimento”.

Para o cálculo da TMB utilizaremos, nesse Caderno, as expressões matemáticas propostas por Wiliams
(2002), que levam em conta o gênero e a idade do indivíduo e são apresentadas nos quadros a seguir:

Quadro 17. Estimativa do gasto energético diário em repouso para homens

ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO EM REPOUSO (GER) PARA HOMENS


Idade (anos) FÓRMULA
3a9 (22,7 x peso corporal) + 495
10 a 17 (17,5 x peso corporal) + 651
18 a 29 (15,3 x peso corporal) + 679
30 a 60 (11,6 x peso corporal) + 879
> 60 (13,5 x peso corporal) + 487

(Adaptada de WILIAMS, 2002).

82
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA │ UNIDADE VI

Quadro 18. Estimativa do gasto energético diário em repouso para mulheres

ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO EM REPOUSO (GER)


PARA MULHERES
Idade (anos) FÓRMULA
3a9 (22,5 x peso corporal) + 499
10 a 17 (12,2 x peso corporal) + 746
18 a 29 (14,7 x peso corporal) + 496
30 a 60 (8,7 x peso corporal) + 829
> 60 (10,5 x peso corporal) + 596

(Adaptada de WILIAMS, 2002).

Dispêndio energético total

O que é o dispêndio energético total ou gasto calórico total? Mais uma vez, recorra a
Disciplina “Aspectos Gerais da Obesidade e Emagrecimento” para encontrar a resposta
e consolidar este conhecimento.

Para a prescrição de uma dieta adequada, é muito importante conhecer gasto calórico total de um
indivíduo, pois como foi visto, se a ingestão calórica diária for maior que o gasto enérgico total
diário o indivíduo aumentará sua massa corporal. Por outro lado, se a ingestão calórica diária for
menor que o gasto enérgico total diário o indivíduo diminuirá sua massa corporal (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2003).

É possível encontrar na literatura diversas formas de calcular o dispêndio energético total diário. A
seguir serão apresentadas três expressões matemáticas: uma que utiliza a TMB, outra que utiliza a
massa corporal e a do Colégio Americano de Ciências do Esporte.

Fórmula do gasto calórico total utilizando a TMB


É possível estimar o dispêndio energético total multiplicando a TMB por valores que variam de 1,5 e
1,7 dependendo da idade e do gênero do indivíduo (tabela 5). Esses números são referentes ao gasto
energético proporcional a atividade física do cotidiano.

Tabela 5. Multiplos da Taxa Metabólica Basal

Idade Mulheres Homens


11 – 14 1,67 1,7
15 – 18 1,6 1,67
19 – 24 1,6 1,67
25 – 50 1,55 1,6
> 51 1,5 1,5

(Adaptada de GUEDES; GUEDES, 2006).

83
UNIDADE VI │ AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA

Fórmula do gasto calórico baseado a


massa corporal
Outra maneira de estimar o gasto energético total é através do equivalente energético por kg de
massa corporal. Essa expressão matemática também leva em conta a idade e o gênero do avaliado.

Tabela 6. Equivalente Energético por Kg de Massa Corporal (Kcal/Kg)

Idade Mulheres Homens

1–3 102 102

4–6 90 90

7 – 10 70 70

11 – 14 47 55

15-18 40 45

19 – 24 38 40

25 – 50 36 37

> 51 30 30

(Adaptada de GUEDES; GUEDES, 2006).

Fórmula do gasto calórico da ACSM

A expressão matemática também é baseada na massa corporal. O cálculo é simples: multiplica-se a


massa corporal do avaliado em Kg por valores entre 37 a 41Kcal/dia. O avaliador deve escolher um
valor dentre eles de forma arbitraria, porém com bom senso. O ideal é levar em conta o gênero, a
idade e o nível de atividade física.

Calcule a sua taxa metabólica basal e o seu gasto calórico total de utilizando as diferentes
metodologias. Compare os resultados. Existe diferença significativa entre elas?

Quantidade de Macronutrientes

Quando pensamos em uma dieta equilibrada e balanceada, além da quantidade total de calorias
ingeridas diariamente, deve-se pensar também na distribuição dos três macronutrientes:
carboidratos, gorduras e proteínas. Segundo as melhores referências a distribuição ideal seria a
seguinte: 50 a 60% de carboidratos do total de kcal, 25 a 30% de gordura e 10 a 15 % de proteínas
(TRITSCHLER, 2003). A Figura 38 mostra um exemplo de metas de dieta dos americanos para
uma alimentação saudável, que além das quantidades dos macronutrientes indica as quantidades
recomendadas do tipo de cada um deles:

84
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA │ UNIDADE VI

Figura 38. Metas de dieta dos americanos para uma alimentação saudável

As metas podem ser utilizadas para avaliar a dieta ingerida. Elas são uma referência para as
quantidades ideais de cada macronutriente. Para calcular o percentual de cada um deles podem-se
utilizar as seguintes expressões matemáticas:

% calorias de carboidratos = gramas de carboidratos na dieta * 4


*100
Total de calorias consumidas

% calorias de gorduras = gramas de gorduras na dieta * 9


*100
Total de calorias consumidas

% calorias de proteínas = gramas de proteínas na dieta * 4


*100
Total de calorias consumidas

Outra forma muito utilizada para visualizar a qualidade e a proporção em que os macronutrientes
devem ser ingeridos são as pirâmides alimentares. Elas nos dão categorizam os alimentos de acordo
com o conteúdo dos nutrientes, sendo que na base estão os alimentos que devem constituir a também
o alicerce da alimentação, enquanto que no topo estão os alimentos que devemos consumir em poucas
quantidades. A figura 39, a apresentada, a seguir, é referente à pirâmide alimentar da Universidade
de Harvard (USA) que tem uma diferença essencial quando comparada a outras, o exercício físico
como base da pirâmide. Essa inovação se deve ao fato de inúmeros estudos mostrarem que conciliar
uma dieta equilibrada e balanceada com a prática regular de atividade física é fundamental para
uma vida saudável.

85
UNIDADE VI │ AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA

Figura 39. Pirâmide alimentar desenvolvida pela Universidade de Harvard (USA).

Quais são as melhores estratégias para saber se um indivíduo está se alimentando


de forma correta?

Existem diferentes métodos para avaliar o estado nutricional: desde técnicas simples e subjetivas
até métodos sofisticados e diretos. Como escolher a melhor ferramenta de avaliação? Deve-se optar
por aquela que melhor atende aos objetivos, levando em conta alguns aspectos fundamentais:
financeiros, nível de habilidade específica do avaliador requerida para o teste, o tempo despendido
para sua aplicação e a receptividade por parte do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006).

Registro de alimentos
O objetivo dessa avaliação é estimar a quantidade calórica ingerida através de um registro de
alimentos. Tal avaliação define-se como o registro detalhado de todos os alimentos e bebidas
consumidas durante um dia ou mais. O número de dias depende da precisão com que o avaliador

86
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA │ UNIDADE VI

deseja estimar o total de calorias ingeridas pelo avaliado, ou seja, quanto mais dias maior a exatidão
dos resultados.

Um dos modelos mais a utilizados é o registro em três dias distintos, sendo dois dias durante a
semana e um dia do final de semana. Vale ressaltar que, independentemente do número de dias
escolhidos, é importante que aquele registro represente os hábitos do avaliado. Dessa forma, não é
conveniente fazer essa avaliação em dias como feriados, viagens etc.

Esse tipo de teste é muito útil e tem boa precisão para avaliar o estado nutricional, porém alguns
cuidados devem ser tomados, tais como:

»» Registrar em um formulário (Figura 40), imediatamente após o consumo, todos os


alimentos e bebidas ingeridas.

»» Incluir na coluna apropriada a hora, o local, o método de preparação e a quantidade


do que foi ingerido.

»» Registrar as quantidades com medidores caseiros para estimar a porção ingerida:


Exemplo: 1 colher de sopa de requeijão; 1 xícara de chá de farinha; 1 copo de leite,
1 fatia de pão etc.

»» Informar os molhos e condimentos como: ketchup, mostarda, molho inglês etc.;

»» Detalhes do método de preparação são muito importantes. Exemplo: 1 ovo mexido


com 1 colher de margarina.

»» Anotar as marcas e, se possível, guardar os rótulos de produtos industrializados.

»» Anotar todos os dados possíveis com relação às refeições realizadas fora de casa,
inclusive sobre o modo de preparo.

Figura 40. Exemplo de formulário de registro alimentar.

Alimento/bebida
Local Hora Preparação Quantidade
consumida
Café Fervido 1 xícara
Açúcar 1 colher de chá
Casa 6:30
Queijo branco 1 fatia peq.
Pão francês 1 unidade
Trabalho 10:00 Barra de Cereais 1 unidade
Macarrão Cozido 2 escumadeiras
Molho de tomate 4 colheres de sopa
Restaurante 12:00 Alface 1 folha
Cenoura Cozida 2 colheres de sopa
Filé de frango Grelhado 1 unidade

Uma possível limitação dessa avaliação é o fato de sua aplicação necessitar da cooperação do avaliado.
Assim, existe a possibilidade de ocorrer alguns problemas que podem prejudicar o resultado final,
entre eles é possível citar: a incapacidade do avaliado em recordar de forma precisa quais foram
os alimentos ingeridos e em quais quantidades, registro de cardápio de um dia atípico, além da
tendência de subestimar os registros de altas ingestões alimentares.

87
UNIDADE VI │ AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA

Para estimar qual o total de calorias ingeridas e a distribuição dos nutrientes da dieta do avaliado
utiliza-se a tabelas de equivalência nutricional.

Mesmo tendo em vista suas limitações, o registro alimentar parece ser uma ferramenta interessante
para avaliar a dieta ingerida e o estado nutricional do avaliado.

Histórico de dieta
Esse método de avaliação foi desenvolvido por Burke e apresenta diferenças significativas com
relação ao registro alimentar, principalmente no que diz respeito ao período de ingestão. Enquanto
o registro alimentar estima a ingestão total da dieta a partir da análise de um período curto de
ingestão, um, três, cinco ou sete dias, o histórico da dieta avalia a mesma por um período longo,
meses ou até um ano.

O protocolo de Burke é dividido em quatro etapas:

1. Coletar dados gerais sobre os hábitos do avaliado relacionados à saúde. Exemplo:


uso de tabaco, nível de atividade física, estresse etc.

2. Coletar dados sobre os hábitos alimentares usuais. Exemplo: número de refeições,


tipo de lanches, variações nos padrões alimentares etc.; É importante ressaltar
que nesse momento um registro alimentar de um dia (recordatório de 24 horas)
também é registrado.

3. Coletar dados sobre a frequência do consumo de alimentos específicos. Exemplo:


se no recordatório de 24 horas o avaliado indicou que toma refrigerante o avaliador
deve perguntar com qual a frequência isso ocorre.

4. A última etapa é o registro de alimentos de três dias. Entretanto, como já foram


realizadas várias ferramentas de coletas de dados, muitas vezes ela é omitida.

O histórico da dieta é uma avaliação muito completa, apresentando muitas vantagens sobre outros
métodos. Seu principal mérito talvez seja o fato de dar uma ideia geral dos hábitos do avaliado e
não apenas uma estimativa dos últimos dias. E ainda, fornece informações sobre a influência da
rotina do avaliado nos seus hábitos alimentares. Entretanto, o método não é perfeito e apresenta
limitações, tais como excesso de dados e, consequentemente, dificuldade de análise dos mesmos,
demora para coleta dos dados, necessidade de um avaliador experiente.

Mudanças no estilo de vida são primordiais na prevenção e no tratamento da


obesidade, mesmo para indivíduos com quadros mais graves que necessitam de
tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico. Nesse sentido, a principal alteração no
estilo de vida parece ser a modificação da dieta.

Os últimos estudos mostram que dietas baseadas em princípios alimentares


saudáveis e que incluem um pequeno déficit calórico (500 a 1000 kcal/dia)
apresentam melhor prognóstico em longo prazo quando comparadas a dietas

88
AVALIAÇÃO DA SAÚDE E APTIDÃO FÍSICA │ UNIDADE VI

muito severas e restritivas. As razões para essas evidências são que dietas com
pequeno déficit calórico são eficazes (perda de 2 a 4kg/mês), bem toleradas, além de
apresentarem maior manutenção da perda ponderal quando comparadas a dietas
muito restritivas.

Outro aspecto importante da dieta para um indivíduo obeso é uma boa distribuição
dos macronutrientes. Dietas que excluem ou diminuem em excesso as quantidades
de carboidratos e/ou gorduras são ineficazes, principalmente em longo prazo, uma
vez que esses nutrientes exercem funções específicas no organismo e a falta dos
mesmos inevitavelmente causa prejuízos à saúde. Sendo assim, a ingestão calórica
adequada associada a uma boa distribuição dos macronutrientes parece ser uma
ferramenta indispensável em qualquer programa de intervenção para indivíduos
obesos. Para tanto, existe a necessidade de uma boa estratégia de avaliação para
estimar o estado nutricional do indivíduo e a partir disso ter ferramentas suficientes
para prescrever um novo hábito alimentar de forma adequada e criteriosa.

89
PLANEJAMENTO DE
PROGRAMAS DE EXERCÍCIO
PARA PREVENÇÃO UNIDADE VII
DA OBESIDADE E
EMAGRECIMENTO

CAPÍTULO 1
Planejamento de programas de
exercícios cardiorrespiratórios

Como já foi mencionado anteriormente, a inclusão de exercícios com o objetivo de aumentar


a capacidade aeróbia ou o VO2máx em programas de intervenção ou tratamento da obesidade é
extremamente importante, pois existem evidências apontando para uma relação inversa entre risco
de doenças cardiovasculares e capacidade aeróbia, ou seja, quanto maior o consumo máximo de
oxigênio, menor as chances de desenvolver doenças crônico-degenerativas associadas à obesidade,
independentemente da perda de peso.

Em uma revisão de literatura Hannibal et al. (2010) apresentaram diversos trabalhos clínicos com
indivíduos obesos (IMC > 30kg/m2). Os resultados dos mesmos sugerem que o exercício aeróbio
é a melhor ferramenta para aumentar o VO2máx., independentemente da intensidade do exercício.
Além disso, esse tipo de exercício promove outras adaptações benéficas ao indivíduo obeso, tais
como: a atividade das enzimas oxidativas, os estoques de glicogênio muscular, a densidade e
capacidade mitocondrial muscular, melhora a capacidade de difusão pulmonar, débito cardíaco,
densidade capilar, além do controle da saturação da hemoglobina.

HANNIBAL, et al. Exercício físico e obesidade: o impacto das diferentes modalidades.


Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. .4, n.20, p. 219-229, 2010.
Disponível em: <http://rbpfex.com.br/wp-content/uploads/2010/10/PFEX_228_
N20V4_PP_219_229.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2011.

Não existe consenso sobre qual modalidade de exercício aeróbio é melhor no que diz respeito à melhora
da aptidão cardiorrespiratória. Entretanto, sabe-se que em função do excesso de peso os indivíduos
obesos sobrecarregam demasiadamente seus tendões e ligamentos das articulações de membros
inferiores, além das vértebras lombares. Dessa forma, talvez seja prudente escolher exercícios com
baixo ou nenhum impacto, como natação, elíptico e bicicleta, principalmente para iniciantes.

Um aspecto adicional a ser destacado com relação ao exercício físico para indivíduos obesos com
objetivo de melhorar a aptidão cardiorrespiratória é a utilização de treinamento intermitente ou

90
PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIO PARA PREVENÇÃO DA OBESIDADE E EMAGRECIMENTO │ UNIDADE VII

contínuo. Nesse sentido, um estudo com quarenta mulheres obesas diabéticas ou não diabéticas
conduzido por Coquart e colaboradores comparou o exercício intermitente com o exercício contínuo.
Nesse trabalho, as mulheres foram divididas em quatro grupos: (a) diabéticas sedentárias, (b) não
diabéticas sedentárias, (c) diabéticas treinadas e (d) não diabéticas treinadas. O programa consistiu
de trinta e dois minutos de atividade contínua (sessão única) ou intermitente (múltiplas sessões),
três vezes por semana, durante dez semanas de exercício. Após a intervenção, os resultados
apontaram efeitos benéficos do treinamento intermitente no diabetes tipo II e na obesidade, entre
eles o aumento do VO2máx.

Qual exercício você indicaria para um obeso sedentário, trinta minutos contínuos
ou três sessões de 10 minutos diárias? Estudos amostram que o treinamento
intermitente pode ser útil na redução da massa corporal e aumento da capacidade
aeróbia tanto quanto o contínuo, porém o primeiro leva uma importante vantagem,
apresenta maior aderência ao exercício por parte dos participantes.

Planejamento de programas de treinamento


de força
Nos últimos anos vem crescendo o interesse dos pesquisadores em verificar os benefícios do
treinamento de força na qualidade de vida e também no tratamento de diversas patologias, dentre
elas a obesidade.

Dessa forma, já foi demonstrado que o treinamento de força contribui com o tratamento da
obesidade aumentando o gasto calórico, a massa muscular a taxa metabólica de repouso, além do
maior consumo de oxigênio pós-exercício, e, consequentemente, causa diminuição no percentual de
gordura corporal como mostra a Figura 41.

Figura 41. Benefícios do treinamento de força em indivíduos obesos

(Adaptado de ACSM, 2009).

Entretanto, Hansen et al. (2007) em uma revisão de literatura mostraram que existem poucos
estudos de intervenção utilizando o treinamento de força como estratégia de combate a obesidade,

91
UNIDADE VII │ PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIO PARA PREVENÇÃO DA OBESIDADE E EMAGRECIMENTO

sendo que esses poucos achados apontam que esse tipo de exercício pouco contribui para uma perda
de peso significativa.

Com base no que foi discutido neste capítulo até agora, você acredita que a inclusão
do treinamento de força em um programa de intervenção para indivíduos obesos?

Realmente, parece que o treinamento de força não trás benefícios diretos na perda de peso, porém
o mesmo pode contribuir de indiretamente devido a dois fatores fundamentais:

»» Entre as adaptações crônicas desse tipo de exercício, quando realizados de maneira


adequada, estão o aumento da força, potência e resistência muscular. Esses efeitos
podem contribuir e muito com o indivíduo obeso no que diz respeito ao aumento das
atividades diárias, facilitando a adoção de um estilo de vida mais ativo, aumentando,
assim o gasto calórico diário.

»» Como já foi discutido anteriormente, sabe-se que para que ocorra perda de peso é
preciso estar em balanço energético negativo, ou seja, gasto calórico diário maior que o
consumo. Sendo assim, na maioria das vezes se torna necessário a adoção de uma dieta
hipocalórica. A perda de peso e gordura se torna eminente, porém, concomitantemente
o indivíduo corre o risco de perder massa muscular. O treinamento de força se torna
indispensável a fim de preservar a massa magra, e a taxa metabólica de repouso.

Como foi mencionado o treinamento de força pode melhorar a força, a potência a resistência
muscular, bem como aumentar a massa magra do indivíduo obeso, desde que o treinamento seja
planejado e executado com o volume e intensidade adequados. Para tanto a avaliação de força se
torna indispensável.

Recomenda-se a inclusão de 1 a 2 sessões semanais de treinamento de força nos programas de


intervenção para obesos. O iniciante pode executar apenas uma série para cada um dos principais
grupos musculares. Contudo, para indivíduos intermediários e avançados séries múltiplas são mais
interessantes. O treinamento de força pode ser executado na forma de circuito, com o intuito de
aumentar o gasto calórico do exercício.

Para maiores informações pesquise e leia:

KANG, et al. Effect of preceding resistance exercise on metabolism during


subsequent aerobic session. European journal of applied physiology, v. 107, n. 1,
p.53-70, 2009. Resumo disponível em: <http://www.springerlink.com/content/
f7p336721m244531/>. Acesso em: 24 fev. 2011.

Planejamento de programas de controle de


peso e composição corporal
A prática regular de exercício, especialmente exercício aeróbio, é indispensável em programas
voltados para perda de peso e melhora da composição corporal em função do aumento do dispêndio

92
PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIO PARA PREVENÇÃO DA OBESIDADE E EMAGRECIMENTO │ UNIDADE VII

energético total diário. Além disso, o exercício tem efeitos benéficos adicionais como melhora da
sensibilidade à insulina, quadros de hiperglicemia, dislipidemias e pressão arterial, atenuando a
morbimortalidade em indivíduos com sobrepeso e obesos

As últimas recomendações do Colégio Americano de Ciências do Esporte (ACSM, 2009) indicam


que indivíduos que tem o intuito de perder peso devem realizar 150-200 minutos de exercícios
por semana com intensidade moderada e progredir para 200-300 minutos de exercício de acordo
com a evolução do treinamento.

Entretanto, segundo as últimas publicações, o exercício isoladamente não contribui a perda de peso
de forma significativa. Para atingir tal objetivo de forma efetiva faz-se necessário que o gasto total
de energia diário supere o consumo, condição chamada de balanço energético negativo, ocorrendo
assim, a diminuição da massa adiposa. Nesse sentido, a combinação entre exercício e uma dieta
discretamente hipocalórica (500-1000kcal/dia) parece ser a estratégia mais interessante na redução
do peso corporal, e mais, na manutenção ponderal do peso perdido.

Exercícios realizados em intensidades maiores contribuem de forma mais significativa


para a perda de peso?

Jakicic et al. (2003) realizaram um estudo 200 mulheres sedentárias e com excesso de peso. As
voluntárias foram divididas em quatro grupos: (i) alta intensidade e longa duração; (ii) intensidade
moderada e longa duração; (iii) alta intensidade e moderada duração; ou (iv) moderada intensidade
e moderada duração. Vale ressaltar que o trabalho teve duração de doze meses. Os resultados
mostraram que todos os grupos tiveram redução significativa da massa corporal (8 a 10%). E mais,
os grupos de alta intensidade não apresentaram valores significativamente maiores na redução de
peso. Sendo assim, os autores concluíram que a intensidade do exercício não parece ser um fator
determinante para o emagrecimento.

93
PARA (NÃO) FINALIZAR

A importância de uma avaliação


física bem planejada e conduzida
Infelizmente, é muito comum observarmos, em diversos centros de atividade física, certo descaso
com as rotinas de avaliação física. Os problemas são muitos, mas os mais importantes são:
imprecisão na coleta das medidas; equívocos na seleção dos testes, protocolos e fórmulas de cálculo;
erros na interpretação dos resultados; utilização inadequada dos dados obtidos. Em muitos casos,
a avaliação física é utilizada apenas como mais uma maneira de aumentar os lucros, não havendo
nenhum benefício ao aluno tampouco aos professores que prescreverão seu treino.

Frequentemente, a pouca importância dada à avaliação física revela-se na precariedade de salas e


equipamentos: salas pequenas, barulhentas, abafadas e desconfortáveis aos alunos podem resultar
em alterações nas suas respostas fisiológicas que certamente interferirão nos resultados da avaliação
física. Obviamente, uma avaliação física imprecisa poderá comprometer a eficácia do treinamento
ou dificultar a avaliação de seu progresso. Do mesmo modo, instrumentos de baixa qualidade,
mal calibrados ou cuja manutenção não é feita de forma rigorosa, também podem prejudicar
sobremaneira a acurácia e precisão de uma avaliação física.

A avaliação física inicial é fundamental para averiguar as condições do aluno, suas necessidades,
potencialidades e limitações. Somente com base nesses resultados um programa de exercícios sério
e efetivo poderá ser planejado. Sem a avaliação inicial, torna-se impossível definir objetivos, metas e
traçar estratégias para alcançá-los. Sem a avaliação inicial, também não há como definir parâmetros
chave de qualquer treinamento, como tipo predominante de atividade prescrita, volume, intensidade e
sua periodização. De maneira semelhante, as reavaliações periódicas são imprescindíveis para que seja
possível verificar se o treino prescrito está sendo efetivo e se os objetivos estão sendo alcançados. Assim,
tem-se uma base concreta para que eventuais mudanças nas variáveis do treino sejam realizadas.

A avaliação física deve ser cuidadosamente planejada e executada. Os cuidados devem envolver
desde a escolha do espaço (sala razoavelmente ampla, silenciosa e climatizada), até os equipamentos
(boa qualidade, equipamentos testados e validados na literatura científica, manutenção correta) e o
treinamento dos avaliadores (devem saber realizar as medidas, interpretá-las e explicá-las aos alunos).

É claro que a avaliação física pode ser uma fonte geradora de recursos, mas não se pode esquecer que
a principal função dela é fornecer base científica para o trabalho dos professores, além de permitir
ao próprio aluno avaliar se os serviços que ele está contratando estão sendo realmente efetivos.
Portanto, vale a pena investir mais na avaliação física para que ela possa melhorar a qualidade dos
serviços prestados pelos profissionais de educação física, garantir maior satisfação aos alunos e
retorno financeiro.

Disponível em: <www.sistema-avalon.com.br/artigos/artigo_54.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2011.

Continue estudando para complementar sua formação profissional.

94
REFERÊNCIAS
American College of Sports Medicine. Appropriate Physical Activity Intervention Strategies
for Weight Loss and Prevention of Weight Regain for Adults. Medicine & science in sports
& exercise. v. 41, n. 7, p. 459-471, 2009.

BARBANTI, V. J. Treinamento físico: bases científicas. São Paulo: CLR Balieiro, 1996.

BARBOSA, V. L. P. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência – exercício,


nutrição e psicologia. São Paulo: Manole, 2008.

BAECHLE T. R.; EARLE, R. W., Essential of Strength Training and Conditioning.


Champaign: Human Kinetics, 2000.

BOMPA, T. O. A periodização no treinamento esportivo. São Paulo: Manole, 2001.

COOPER K. The Aerobics Program for Total Well-being: Exercise, Diet, Emotional Balance
(1982, 1983).

DÂMASO, A. Obesidade, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2009.

DOMINGOS FILHO, L. A. A obesidade e atividade física. Jundiaí: Fontoura, 2000.

_____. Manual do Personal Trainer brasileiro. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2006.

FLECK, S. J.; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto


Alegre: Artmed, 2006.

GUEDES, D. P.; GUEDES J. E. R. P. Crescimento, composição corporal e desempenho


motor de crianças e adolescentes. São Paulo: CLR, Balieiro, 2002.

GUEDES, D. P.; GUEDES J. E. R. P. Manual prático para a avaliação em educação Física.


São Paulo: Manole, 2006.

HANNIBAL, et al. Exercício físico e obesidade: o impacto das diferentes modalidades. Revista
Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 4. n. 20, p. 219-229, 2010.

HANSEN, D., et al. The effects of exercise training on fat-mass loss in obese patients
during energy intake restriction. Sports Medicine. V. 37, N. 1, p. 31-46, 2007.

HEYWARD, V. H. Advanced fitness assessment & exercise prescription. Champaign:


Human Kinetics, 1991.

KISS, M. A. P. Esporte e exercício: avaliação e prescrição. São Paulo: Roca, 2003.

KRAEMER, W. J.; RATAMESS, N. A. Fundamentals of Resistance Training: Progression and


Exercise Prescription. Medicine and Science in Sports and Exercise. v. 36, n. 4, 2004.

95
REFERÊNCIAS

MACHADO, A. F. Manual de avaliação física. São Paulo: Ícone, 2010.

MARINS, J.; GIANNICHI, R. Avaliação e prescrição de exercícios: um guia prático. Rio de


Janeiro: Shape, 2003.

MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício, energia, nutrição e


desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

MICHELS, G. Aspectos históricos da cineantropometria: do mundo antigo ao renascimento.


Revista brasileira de cineantropometria e desempenho humano, v. 2, n. 1, 2000.

POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença. Rio de Janeiro: MEDSI,


1993,

TRITSCHLER, K.A. Medida e avaliação em Educação Física e esporte de Barrow &


McGee. São Paulo: Manole, 2003.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana – uma abordagem integrada. Porto Alegre. Artmed, 2003.

SIRI, W. E. Body composition from fluid space and density. Brozek & Hanschel, A. (Eds,),
Tequiniques for measuring body composition (p. 223-224) Washington, D. C. National Academy of
Science, 1961

WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L.; KENNEDY, L. W. Fisiologia do esporte e do exercício. São


Paulo: Manole, 2010.

VELHO, N. M.; LOUREIRO, M. B. S.; PERES L. S.; PIRES NETO, C. S. Antropometria: Uma
revisão histórica do período antigo ao contemporâneo. Comunicação. Movimento e Mídia na
Educação Física, 1993.

96

Você também pode gostar