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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CONCEITOS TEÓRICOS.......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS.......................................................... 9
CAPÍTULO 2
PRÉ-NATAL, PARTO, PÓS-PARTO E CONDIÇÕES DE NASCIMENTO.............................................. 13
CAPÍTULO 3
GESTAÇÃO DE RISCO E BEBÊ DE RISCO.................................................................................. 17
UNIDADE II
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA..................................................................................................... 20
CAPÍTULO 1
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA............................................ 20
CAPÍTULO 2
SUCÇÃO NÃO NUTRITIVA E SUCÇÃO NUTRITIVA........................................................................ 28
CAPÍTULO 3
TRANSIÇÃO DA ALIMENTAÇÃO POR SONDA PARA VIA ORAL E MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO..... 32
UNIDADE III
ALEITAMENTO MATERNO....................................................................................................................... 38
CAPÍTULO 1
BENEFÍCIOS E TIPOS DE ALEITAMENTO MATERNO...................................................................... 38
CAPÍTULO 2
ANATOMOFISIOLOGIA DA LACTAÇÃO..................................................................................... 42
CAPÍTULO 3
ANATOMOFISIOLOGIA DA SUCÇÃO DO LACTENTE................................................................... 49
CAPÍTULO 4
COMO AMAMENTAR............................................................................................................... 57
CAPÍTULO 5
DIFICULDADES E INTERVENÇÃO NOS PROBLEMAS PRECOCES E TARDIOS DA MÃE.................... 61
CAPÍTULO 6
DIFICULDADES E INTERVENÇÃO NOS PROBLEMAS DO BEBÊ..................................................... 65
CAPÍTULO 7
MANEJO FONOAUDIOLÓGICO DA LACTAÇÃO....................................................................... 70
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 75
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Esta apostila é parte integrante do curso de Especialização em Intervenção Fonoaudiológica
em lactentes/bebês, especialidade da Fonoaudiologia, a qual atua em Motricidade
Orofacial. Na modalidade à Distância, é uma iniciativa inovadora para o profissional da
área se atualizar e aprender a aprender com processo de formação contínuo e estudos
autodirigidos e possibilidades de buscar seu próprio conhecimento com autonomia,
ainda que com material atualizado e com referência disponíveis para aprofundamento
de conhecimentos. Além disso, possui propostas de casos clínicos para desenvolver o
raciocínio teórico e prático com embasamento científico e aplicação no cotidiano da
clínica fonoaudiológica e possibilidade de acesso aos docentes para esclarecimento de
dúvidas e enriquecimento de conhecimentos a partir de suas experiências.
Objetivos
»» Aprofundar conhecimentos teóricos sobre a atuação fonoaudiológica em
neonatologia e pediatria, voltados à Motricidade Orofacial, em lactentes
a termo, sem intercorrências, e lactentes prematuros, de risco.
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CONCEITOS TEÓRICOS UNIDADE I
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento das funções
estomatognáticas
Sistema estomatognático
O termo Sistema Estomatognático – SE identifica o conjunto de estruturas orais que
desenvolvem funções com participação ativa da mandíbula. Ele abrange estruturas
orais estáticas e dinâmicas, ou seja, as partes duras e ativas que desempenham as
Funções Neurovegetativas – FNV (sucção, mastigação, deglutição, respiração), fonação
e expressão facial. Tais estruturas estão interligadas, de modo que se houver uma
desordem em alguma delas, todas apresentarão uma desorganização ou desequilíbrio
(BIANCHINI, 1994; TANIGUTE, 1998; CARVALHO, 2003).
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Os reflexos orais
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Reflexos do recém-nascido
»» Deglutição: persiste.
»» Tosse: persiste.
»» Vômito: persiste.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Para Lana (2001), a criança que respira mal vive mal, pois a dificuldade respiratória
atrapalha o sono, o que gera cansaço e irritabilidade. Por outro lado, o aleitamento
materno oferece mais chances para que o bebê mantenha os lábios vedados,
estabelecendo um padrão correto de respiração.
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CAPÍTULO 2
Pré-natal, parto, pós-parto e condições
de nascimento
Pré-natal
No pré-natal, algumas condições patológicas da mãe ou do feto podem identificar a
gestação como de alto risco. De acordo com Naufal (1998), a gestação de alto risco é
qualquer gravidez em que há um ou mais fatores maternos ou fetais que comprometem
sua evolução normal. No que se refere às condições patológicas maternas, pode-se
observar:
13
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
»» concepção indesejada;
»» estresse;
»» doenças crônicas;
»» infecções;
»» tabagismo;
»» etilismo;
Parto
De acordo com a OMS (1996), a avaliação de risco é realizada ao longo da gestação e
do trabalho de parto. As complicações podem ocorrer a qualquer momento e indicar
a decisão de encaminhamento da gestante a um nível mais complexo de assistência.
Desta forma, a primeira opção deve ser sempre no sentido de incentivar a mãe a realizar
o parto natural e, ao se detectar o risco, realizar a indicação a partir de avaliações
precisas. Neste caso, a gestante e a família deve ser informada e envolvida na tomada de
1 TORCHS – toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus, herpes, sífilis – doenças congênitas.
2 Nascimento macrossômico: nascimento com excesso de peso por alguma condição patológica.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
decisões, pois cabe também à mulher decidir a via de parto, o local, a equipe de atenção
e a companhia que deseja para o trabalho de parto, parto e pós-parto.
Se o recém-nascido nascer em boas condições, deve ser levado ao seio materno ainda
em sala de parto ou centro cirúrgico, de acordo com indicações do Ministério da Saúde
na Iniciativa Hospital Amigo da Criança, no passo que indica que o recém-nascido deve
ser amamentado na primeira hora de vida. Caso haja alguma intercorrência, ele será
encaminhado à UTI neonatal, unidade de cuidados intermediários ou berçário para
15
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
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CAPÍTULO 3
Gestação de risco e bebê de risco
Por neonatos ou lactentes de risco compreendemos o bebê que, por condições patológicas
maternas ou da própria criança, está em risco de morte (mortalidade) ou sobrevivência
com sequelas (morbidade). O risco é um perigo ou uma exposição a um perigo, que
implica em aumento da probabilidade de consequências adversas pela presença de
algumas características ou fatores (HERNANDEZ, 1996).
Uma das condições patológicas do bebê para considerá-lo bebê de risco é a prematuridade.
Todo bebê prematuro é um bebê de risco, mas nem todo bebê de risco necessariamente
é prematuro.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Ainda existe a classificação da relação entre peso e idade gestacional, que pode
classificar o recém-nascido em adequado para a idade gestacional – AIG, pequeno para
a idade gestacional – PIG ou grande para a idade gestacional – GIG. Deutsch, Dornaus
e Waksman (2013, p. 32) ilustram a correlação entre idade gestacional e o peso com a
tabela abaixo.
Existem algumas possíveis causas para que um bebê nasça prematuramente. Algumas
dessas causas, de acordo com Brock (1998), Naufal (1998) são:
»» Sofrimento fetal.
»» Gestações múltiplas.
»» Isoimunização Rh.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
»» Anomalia fetal.
»» Infecções congênitas.
»» Polidrâmnio3.
»» Amniorrexe prematura4.
De acordo com Brock (1996) e Warth et al. (2013), o prematuro possui algumas
características próprias, que devem ser levadas em consideração para a intervenção
do fonoaudiólogo em Motricidade Orofacial, no que se refere ao estímulo dos reflexos
orais, aprimoramento muscular oral e intervenção na alimentação, especialmente no
incentivo, apoio e proteção ao aleitamento materno. Em geral, o prematuro possui:
»» cabeça grande;
»» fontanelas amplas;
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INTERVENÇÃO UNIDADE II
FONOAUDIOLÓGICA
CAPÍTULO 1
Critérios de avaliação e intervenção
fonoaudiológica
20
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
Pela discrepância dos serviços, faz-se necessário que o profissional reconheça como
seu serviço funciona antes de iniciar suas atividades, para não causar problemas com
a equipe médica e interdisciplinar. O ideal seria que o profissional tivesse autonomia
para avaliar, intervir, indicar e, juntamente com a equipe, propor intervenções que se
adequassem à realidade e necessidade de cada paciente. No entanto, nem sempre é
assim que funciona, por isso há situações em que é necessário que estejam claros os
critérios para encaminhamento dos recém-nascidos e lactentes para o atendimento
fonoaudiológico. Xavier (1996, 1997, 1998, 2004, 2013) descreveu alguns dos critérios
para encaminhamento:
»» história de pneumonias;
»» problemas de sucção;
»» prematuridade;
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UNIDADE II │ INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Ainda que tais critérios sejam levados em consideração pelo fonoaudiólogo para iniciar
a intervenção em neonatos e lactentes, é importante salientar que nem sempre as
condições são favoráveis para a realização do estímulo oral. Em algumas situações, o
lactente apresentará todos os critérios acima apresentados, no entanto, após alguns
minutos de intervenção, por situações diversas, poderá entrar em estresse e a intervenção
deverá ser interrompida imediatamente e retomada em outro momento.
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
Para reconhecer os momentos em que o bebê não estará disponível para receber a
intervenção, faz-se necessário conhecer os sinais de aproximação e retraimento, que
mostram ao terapeuta em que situações ele pode dar continuidade ou deve interromper
o estímulo, permitindo ao lactente repousar, entrar em estado de sono ou recompor seu
equilíbrio.
»» choro;
»» caretas;
»» cianose;
»» soluços;
»» sonolência;
»» extensão corporal;
»» desorganização;
»» dificuldades respiratórias.
Já os sinais de aproximação (Figura 2), que mostram ao terapeuta que ele pode dar
continuidade à intervenção fonoaudiológica são:
»» calma;
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UNIDADE II │ INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
»» atenção visual;
»» preensão palmar;
»» tranquilidade;
»» mãos à face.
Intervenção fonoaudiológica
De acordo com Hernandez (2001, pp. 22-24; 2003, pp. 69-74), existem algumas
condutas fonoaudiológicas embasadas em sintomas apresentados por recém-nascidos
e lactentes com dificuldades alimentares. A autora apresenta, em seus escritos, tabelas
de sintomas e estratégias para intervir em cada situação, as quais serão apresentadas
abaixo, para auxiliar o profissional a compreender a intervenção fonoaudiológica.
SINTOMAS CONDUTAS
Pré-alimentação
» postura e estabilidade;
» tapping;
Hipotonia facial
» estimulação térmica (frio);
» vibração.
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
SINTOMAS CONDUTAS
Pré-alimentação
» manuseio global para adequação do tônus;
» postura;
Hipertonia » inibição de padrões patológicos e facilitação da mobilidade;
» toque profundo;
» função.
» adequar postura de cabeça, diminuindo hiperextensão;
Retração de língua
» manuseio global, em escápula e cervical, tapping horizontal e estimular função de
Se por hipertonia
sucção com dedo ou bico mais longo;
Se sinal de fuga do estímulo
» dar contenção ou interromper estímulo.
Ponta de língua elevada » dar apoio na região occipital de cabeça enquanto apoia escápulas;
Se sinal de fuga » dar contenção ou interromper estímulo;
Se sinal de hipertonia » manuseio global, massagem com toques firmes e profundos, dessensibilização.
» dar boa estabilidade cervical, alongar o pescoço e flexionar a cabeça;
Fonte: HERNANDEZ, A. M. Atuação fonoaudiológica com recém-nascidos e lactentes disfágicos. In: HERNANDEZ, A. M.;
MARCHESAN, I. Atuação fonoaudiológica em ambiente hospitalar. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. cap. 1, p. 22-24).
SINTOMAS CONDUTAS
Na alimentação
»» Checar ambiente, ciclos de sono/vigília;
Incoordenação por fadiga/imaturidade »» estimular o bebê no limite de sua disponibilidade;
»» dar contenção, observar as pistas do RN.
»» dar apoio de oxigênio;
»» pausas mais frequentes (a cada 2, 3 ou mais sugadas, de acordo com a necessidade);
Incoordenação para baixo suporte de oxigênio
»» utilizar bico de fluxo lento;
»» equilíbrio cuidadoso de flexão/extensão de cabeça.
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UNIDADE II │ INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
SINTOMAS CONDUTAS
Na alimentação
»» propiciar pausas mais frequentes (3 a 5);
»» postergar introdução de VO;
Apneia induzida pela alimentação
»» checar estado clínico;
Em decorrência de RGE1
»» diminuição do fluxo de leite;
»» verificar indicações específicas para RGE.
»» verificar hiper e hipotonia já que alterações sensoriais em geral estão associadas a
Problemas sensoriais
alterações de tônus.
Resistência à alimentação »» verificar possibilidade de aspiração;
Aversão »» verificar possibilidade de RGE;
Irritabilidade »» quadro clínico;
Letargia »» verificar aspecto afetivo-emocional.
Inapetência
Fonte: HERNANDEZ, A. M. Atuação fonoaudiológica com recém-nascidos e lactentes disfágicos. In: HERNANDEZ, A. M.;
MARCHESAN, I. Atuação fonoaudiológica em ambiente hospitalar. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. cap. 1, p. 22-24).
SINTOMAS CONDUTAS
PATOLOGIAS
»» posicionar em decúbito elevado 24 horas por dia, de preferência em ventral;
»» evitar o manuseio pós-prandial3;
»» dar pausas na dieta oferecendo SNN;
RGE
»» diminuir o fluxo do alimento (furo menor);
Em casos extremos a terapêutica médica
Pode sugerir a funduplicatura2 »» as fórmulas engrossadas podem induzir ao atraso no trânsito gástrico;
»» uso de fórmula especial para RGE4;
»» oportunidade de SNN após a dieta, cuidado para não provocar o vômito.
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
SINTOMAS CONDUTAS
PATOLOGIAS
»» exercícios de sucção, mesmo SNN, somente após correção cirúrgica ou se
for colocado dreno para saliva.
»» alimentar em postura ortostática5;
»» treinar os pais quanto aos procedimentos de emergência (manobra de
Heimlick)6;
Atresia/ fístula traqueoesofágica
»» cuidar da textura dos alimentos (macios);
»» estimular mastigação;
»» encorajar o bebê durante as refeições para auxiliar a “limpeza”;
»» se desmotilidade do esôfago7, deve-se despender mais tempo na refeição,
oferecendo pausas mais frequentes no peito ou mamadeira.
Fonte: HERNANDEZ, A. M. Atuação fonoaudiológica com recém-nascidos e lactentes disfágicos. In: HERNANDEZ, A. M.;
MARCHESAN, I. Atuação fonoaudiológica em ambiente hospitalar. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. cap. 1, p. 22-24).
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CAPÍTULO 2
Sucção não nutritiva e sucção nutritiva
Procure um bebê de sua família ou amigos para realizar uma avaliação de sucção não
nutritiva e treinar sua percepção de força, ritmo, avaliação de tônus e posturas orais
para depois tentar comparar com um bebê prematuro ou de risco. A experiência
com a normalidade ajuda muito na comparação com as alterações orais!
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
»» facilidade de digestão;
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UNIDADE II │ INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
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CAPÍTULO 3
Transição da alimentação por
sonda para via oral e métodos de
alimentação
No momento em que o lactente conseguir ingerir 100% de sua dieta por VO sem
intercorrências e com ganho de peso constante, haverá discussão na equipe para a
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
retirada definitiva da sonda e, caso haja condições clínicas, o bebê poderá receber alta
hospitalar, de preferência em aleitamento materno exclusivo. Em casos específicos, pode
haver indicação de alimentação artificial ou aleitamento materno com complemento de
outro tipo de leite com uso de mamadeira adaptada às necessidades do bebê.
Métodos de alimentação
Copo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) não recomendam o uso de mamadeira, nem mesmo nos casos em que se
torna imprescindível o oferecimento de alimentos substitutos do leite materno. Como
opção em tais casos, Lang, Lawrence e L’E Orme (1994), Kuehl (1997), Armstrong
(1998), Gupta, Khanna e Chattree (1999), Howard et al. (1999b), Avery e Baxter (2001),
OMS (2001) e Lima (2001) recomendam a oferta de leite em xícaras ou copos.
O aleitamento por copo é definido como um método de alimentação com leite materno
por meio de um copo pequeno, sem que o bebê seja colocado na mama. Embora pareça
novo, esse método é utilizado há anos, especialmente em países em desenvolvimento,
com o objetivo de proporcionar uma alimentação segura nos casos em que os meios de
esterilização de mamadeiras e bicos não sejam seguros ou quando as sondas gástricas
não estejam disponíveis.
Em artigo sobre o uso da xícara, Armstrong (1998) destaca que em muitos países são
administrados suplementos líquidos sem o uso da mamadeira, por xícaras e colheres,
pois são utensílios facilmente encontrados em qualquer residência. São de baixo custo e
podem ser higienizados adequadamente com água e sabão, ao contrário da mamadeira,
que necessita de escovas especiais, fervura e esterilização.
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UNIDADE II │ INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Além disso, a postura adotada na alimentação artificial com uso da xícara previne
patologias como otites médias e evita cáries, pelo fato de não haver possibilidade de
escoramento da xícara, como ocorre com a mamadeira.
5. Inclinar o copo de maneira que o leite toque o lábio. Nunca jogar o leite
na cavidade oral do bebê. Ele colocará a língua para fora e realizará
movimentos de “lamber” o leite. Os bebês a termo podem chegar a
“sorver” o leite.
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
7. Deixar o bebê sugar de acordo com seu próprio ritmo e sempre retirar a
inclinação do copo nos momentos de pausa.
Finger feeding
Mama vazia
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UNIDADE II │ INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Translactação
A técnica foi desenvolvida no Instituto Materno-Infantil de Pernambuco – IMIP e é
iniciada como um método de transição da alimentação via sonda para a alimentação
via oral, de preferência aleitamento materno (LIMA 2000; LIMA, 2001; SANCHES,
2010). Consiste em permitir ao bebê sugar a mama materna e retirar o leite materno
ao mesmo tempo em que recebe leite materno ordenhado ou complemento prescrito
pelo médico, por meio de uma sonda gástrica no 4 acoplada a uma seringa e presa à
mama. O leite deve ser liberado pela sucção do bebê, mas também pode ser liberado
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA │ UNIDADE II
Existem outras técnicas para trabalhar sucção não nutritiva e sucção nutritiva
em lactentes. Para aprofundamento, sugere-se a leitura do capítulo: SANCHES,
M. T. C. Enfoque fonoaudiológico. In: CARVALHO, M. R.; TAVARES, L. A. M. (Orgs.).
Amamentação: bases científicas. 3a Ed. Rio de Janeiro: Gen/Guanabara-Koogan,
cap. 6, pp. 101-122, 2010.
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ALEITAMENTO UNIDADE III
MATERNO
CAPÍTULO 1
Benefícios e tipos de aleitamento
materno
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
De acordo com Branco (2009), Gimenes e Hitos (2009), Hitos e Periotto (2009) e
Telles (2009), o foco do estudo fonoaudiológico envolve três áreas: fonoarticulação,
linguagem e audição. Todas são favorecidas no aleitamento materno.
Quanto à linguagem, a relação entre mãe e bebê, bem como a formação cerebral
proporcionada pelas diversas substâncias presentes no leite materno permitem a
aquisição e desenvolvimento da linguagem de forma adequada.
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
O leite de transição é o leite produzido entre o quarto e décimo quinto dia depois do
parto, com aumento brusco de sua produção, denominada apojadura, e chega a ser
denominado de leite maduro por volta do décimo quinto dia pós-parto.
O leite de vaca ou fórmulas infantis não fornece a mesma nutrição nem tampouco a
mesma proteção imunológica que o leite materno e, apesar da indústria modificar
os componentes biológicos do leite, na tentativa de igualá-la ao materno, sabe-se
que tal objetivo jamais será alcançado, pois o leite artificial ou de vaca não possuem
componentes bioativos. O quadro a seguir apresenta as principais diferenças entre o
leite humano e o leite de vaca.
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
As indicações atuais de aleitamento materno são, de acordo com WHO (2001, 2009):
A partir dos seis meses de vida, o leite materno não contém mais todos os nutrientes
necessários para a criança, por isso faz-se necessário iniciar a alimentação complementar,
porém o aleitamento ainda deve continuar como alimentação principal. A alimentação
complementar deve ser iniciada com frutas raspadas, água, papas amassadas e com
aumento das consistências de forma paulatina, até que com aproximadamente um ano
de idade, a criança se alimente basicamente da alimentação da família, com consistência
sólida, com alimentos saudáveis como frutas, verduras, legumes, carnes e sucos, com
restrição de produtos industrializados, açúcares, doces e embutidos.
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CAPÍTULO 2
Anatomofisiologia da lactação
Anatomofisiologia da lactação
É imprescindível a todo profissional que atua ou pretende atuar com a prática do
aleitamento materno conhecer profundamente aspectos relacionados à anatomia e
psicofisiologia da lactação, pois por meio de tais conhecimentos e do raciocínio clínico
será possível promover, proteger e apoiar a mãe no contexto que a envolve.
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
Didio (2002), Guyton (2005), Douglas (2006c,d), Douglas e Bydlowski (2006), Mello
Júnior e Romualdo (2008) e World Health Organization – WHO (2009).
A mama já está preparada para a lactação na 16a semana gestacional sem que haja
intervenção materna. Ela se mantém inativa por um equilíbrio de inibição hormonal.
Nas primeiras horas e dias após o parto, a mama responde às mudanças hormonais e
estímulos de sucção do neonato para produzir e liberar o leite.
Glândulas mamárias
As glândulas mamárias são formadas por três tipos de tecido: o glandular, do tipo
túbulo-alveolar; conjuntivo, que conecta os lóbulos, e o adiposo que encontra-se nos
espaços interlobulares. Estão presentes em ambos os sexos e se desenvolvem apenas
no sexo feminino durante o período de maturação, ou seja, na puberdade, no entanto,
seu maior desenvolvimento se dará na gravidez e especialmente na lactação, que
corresponde à função fisiológica exclusiva dos mamíferos.
Estrutura da mama
A mama é formada por diversas estruturas que possuem funções importantes na
compreensão do processo de produção e liberação do leite humano, de acordo com
Moore (2001), Chaves Neto (2004), Lawrence e Lawrence (2005), Douglas (2006c,
43
UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
d), Douglas e Bydlowski (2006), Mello Junior e Romualdo (2009) e World Health
Organization – WHO (2009) (Figura 7).
Alvéolos
Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_HinBVxmht9k/SahiXd4h9OI/AAAAAAAAAkk/7HWdT-gdK2g/s400/anat_mama+boa.jpg>.
Acesso em: 15/8/2014.
Ductos lactíferos
Os ductos lactíferos são canais que levam o leite dos alvéolos aos seios lactíferos. Os
ductos lactíferos são envolvidos por revestimento de epitélio variado.
Seios lactíferos
Cada ducto lactífero possui uma região dilatada, chamada seio lactífero e está localizado
próximo à aréola, internamente. Os seios lactíferos são inúmeros.
44
ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
Aréola
É uma área circular pigmentada que circula a papila mamária, mede aproximadamente
de 2-4 cm de diâmetro. Possui glândulas mamárias modificadas que, durante a
gravidez e lactação, formam os tubérculos de Montgomery. Constituído por estruturas
histológicas similares, a parte glandular da mama, que produze uma secreção gordurosa
para proteção e lubrificação da aréola e papila, encontramos também glândulas
sebáceas e sudoríparas na aréola. Durante a gravidez e lactação aumenta o tamanho e
sua pigmentação é conservada para sempre.
Papila
A papila (mamilo) é uma proeminência que contém orifícios dos ductos lactíferos. Está
localizada na linha clavicular média, no quarto espaço intercostal, na parte central da
aréola e constituída de tecido erétil, cilíndrico e ricamente inervada. A papila direita está
frequentemente situada em nível inferior a da esquerda. É composta de musculatura
lisa e inclui fibras circulares espirais e longitudinais, que envolve a porção terminal dos
ductos lactíferos. Em situações em que a papila recebe estímulos mecânicos, térmicos
ou sexuais, ocorre à contração do músculo e, deste modo, a projeção papilar. A papila
pode ser classificada em três tipos.
45
UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
descida ou ejeção do leite. Esse reflexo é bloqueado pelo estresse, pela baixa autoestima,
pelo medo, pela dor e pela falta de apoio, bloqueio esse mediado pela adrenalina nas
células mioepiteliais e pela noradrenalina no eixo hipotálamo-hipofisário.
Embora a prolactina seja necessária para a secreção do leite, o volume de leite secretado
não está diretamente relacionado com a concentração de prolactina no plasma.
Mecanismos locais dentro da glândula mamária que dependem da quantidade de leite
removido pela criança são responsáveis pela regulação do volume de leite.
46
ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
Este hormônio inicia sua ação antes da mamada ou na presença da sucção do lactente.
O reflexo de ejeção ocorre de forma condicionada para desencadear sensações de
afeto na mãe mesmo antes de ver, tocar e conversar com seu bebê, ou mesmo ouvir
seu choro. No entanto, se a mãe estiver doente ou com problemas emocionais (dor,
cansaço, estresse, depressão), o reflexo da ocitocina pode ser inibido e seu leite pode
deixar de fluir adequadamente. Nesses casos, a mãe necessitará de apoio para se sentir
bem, confortável e a manutenção do aleitamento materno para que o leite volte a fluir
novamente (Figura 9).
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
A ocitocina também sofre influência de efeitos psicológicos e este tipo de efeito ocorre
tanto em mulheres como em animais. Em seres humanos, a ação da ocitocina leva a
mãe a um estado de calma, reduz o estresse, desenvolve os sentimentos de afeto entre
mãe e bebê e promove o vínculo.
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CAPÍTULO 3
Anatomofisiologia da sucção do
lactente
Anatomofisiologia da sucção
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Além disso, a cavidade oral possui as funções de controle hipotalâmico das sensações
de sede e fome, bem como a aceitação (deglutição) ou rejeição (cuspidura ou vômito) de
alimentos, comandada pelos receptores gustativos.
Outra função imprescindível da cavidade oral é a proteção das vias aéreas, caracterizada
pelo espirro e tosse.
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
Figura 10. Pega correta da mama. Posição correta das estruturas do Sistema Estomatognático.
Fonte: GOMES, C. F.; OLIVEIRA, K. Anatomia e fisiologia do Sistema Estomatognático. In: CARVALHO, M. R.; TAVARES, L. A. M.
(Orgs.). Amamentação: bases científicas. Rio de Janeiro: Editora Gen, 2009. cap.1.
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Neste processo, a papila é comprimida e achatada pela língua contra a papila palatina,
sendo que seus orifícios permanecem voltados para cima, realizando um estímulo
sensório-motor no terço anterior da língua. Essa pressão, agora positiva, é formada
também pelo rebaixamento, ântero-posteriorização e elevação da mandíbula (músculos
masseter, digástrico, temporal, pterigoideo interno e externo), que facilita a extração do
leite e faz com que a língua tome posição de concha (pela elevação das bordas laterais e
ponta), visando ao controle da quantidade de leite a ser deglutido.
Figura 11. Estruturas do Sistema Estomatognático durante aleitamento materno. Destaque para a posição da
língua, harmonia de forças intra e extraorais, conformação do palato duro e espaço aéreo nasal preservado.
Fonte: <http://www.brianpalmerdds.com/pdf/section_A.pdf>.
Segundo Palmer (1993), Madeira (2001) e Almeida, Melli e Moraes (2002) e Douglas
(2006), os músculos responsáveis pela mastigação são basicamente quatro: masseter,
temporal, pterigoideo medial e lateral.
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Além disso, a criança alimentada artificialmente está mais sujeita a doenças alérgicas
como eczema, rinite, asma, urticárias, choques anafiláticos, alergia ao leite de vaca
pela introdução precoce de proteínas do leite de vaca na dieta do bebê, entre outras
(LANA 2001). As alterações de ordem emocional também podem ocorrer em razão da
diminuição do contato entre mãe e bebê (GIUGLIANI; VICTORA, 1997; KLAUS, 1998;
VALDÉS, 2001).
Tais alterações são denominadas alterações de caráter fonético (realização dos sons), ou
seja, o som é incorretamente articulado por um problema físico ou mecânico. Nos casos
em que há um desvio fonológico (uso dos sons com valor contrastivo), identifica-se a
existência de uma falha na correspondência do sistema de contrastes que é utilizado
pelo falante de determinada língua, o que não ocorre em crianças com alterações de fala
decorrentes de inadequado crescimento das estruturas e desenvolvimento das funções
do SE (GUEDES, 1997; PEREIRA; MOTA, 2002).
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Figura 12. Estruturas do Sistema Estomatognático durante uso de bicos artificiais (chupeta ou mamadeira).
Destaque para a posição da língua, desarmonia de forças intra e extraorais, conformação do palato duro e
espaço aéreo nasal reduzido. O bico artificial não se conforma à cavidade oral do lactente como ocorre com a
mama materna.
A ocorrência de desmame precoce se dá pelo fato dos bebês que se utilizam de bicos
artificiais terem maior risco de rejeitar o seio materno e abandoná-lo, tanto pela
ocorrência da confusão de bicos ocasionada pelo bico artificial, quanto pelo fato da
musculatura do bebê perder tonicidade e postura, bem como pela diminuição na
produção de leite gerada pela diminuição da frequência de amamentação. Lana (2001)
destacou que crianças que não fazem uso de chupeta possuem uma chance quatro vezes
maior de estar sendo amamentadas até os seis meses quando comparadas com crianças
que se utilizam do bico constantemente.
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Em vista de tais dados, considera-se que o aleitamento materno seja a opção ideal para
o adequado crescimento das estruturas e desenvolvimento das funções do SE.
Uma mãe de um bebê de 7 dias procura orientação, pois seu bebê está em
aleitamento materno exclusivo, mas a família está pressionando para que ela
ofereça chupeta e chá na mamadeira. Quais orientações você deve oferecer a ela
e à família? Ela informa que não há dificuldades no aleitamento materno, o bebê
está ganhando peso e não chora.
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CAPÍTULO 4
Como amamentar
A posição deve ser a mais confortável para ambos, podendo a mãe estar sentada,
encostada ou deitada.
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Antes de levar o bebê à mama, é importante verificar se a aréola está flácida, de forma que
possibilite o abocanhamento correto da mama e a retirada eficiente de leite. Se a mama
estiver cheia, faz-se necessário realizar uma breve ordenha manual para amaciá-la.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o aleitamento materno. 2. ed. rev. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007. Álbum seriado. 18 p.
O bebê deve estar posicionado em decúbito lateral sobre um dos antebraços da mãe e a
cabeça apoiada na parte interna do ângulo formado pelo braço e o antebraço materno.
Além disso, o bebê deve estar posicionado no mesmo sentido do eixo corporal materno,
ou seja, “barriga com barriga”, para evitar dores no pescoço e cansaço do bebê durante
a amamentação.
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
A mãe deve oferecer a mama ao bebê com a mão em forma de C (dedo polegar colocado
na parte superior e os outros quatro dedos na parte inferior – Figura 14) por trás da
aréola, levando o mamilo a estimular os lábios do bebê, para desencadear o reflexo
de procura. Só quando o bebê abre a boca e anterioriza a língua a mãe deve levá-lo à
mama. O mamilo e parte da aréola devem estar na boca do bebê para que ocorra uma
ordenha eficiente (Figura 15 - VALDÉS et al., 1996).
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o aleitamento materno. 2. ed. rev. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007. Álbum seriado. 18 p.
Fonte: <http://anadoulaenutri.blogspot.com.br/2011/09/paulinia-quer-pagar-r-500-por-mes-para.html>.
para que ele esvazie toda a mama; só então, deverá ser oferecida a outra mama. Esta
orientação para que o bebê esgote a mama possui uma importante explicação: o leite do
início da mamada é rico em água e sais minerais para saciar a sede do bebê. Durante a
mamada, há maior quantidade de proteínas e, no final, maior concentração de gordura,
que fornecerá o necessário para o crescimento e ganho de peso do bebê, dando-lhe sinal
de saciedade pela presença da gordura (KING, 1997).
Caso o bebê não esvazie a mama, pode chorar de fome logo em seguida, fato que dá a
impressão de que o leite não sustente, é fraco ou pouco ou que o bebê não aceita o leite
materno. Por isso a mãe deve ser informada sobre esta transformação sofrida pelo leite
durante a mamada.
Quando for preciso retirar o bebê da mama antes do final da mamada, a mãe deverá
introduzir o dedo indicador pela comissura labial da boca do bebê até os maxilares,
pressionar suavemente sua mandíbula, de tal maneira que o dedo substitua, por um
momento, a aréola e o mamilo. Esta manobra evita que ocorra dor e fissura mamilar,
visto que existe uma pressão negativa na cavidade oral do bebê (VALDÉS et al., 1996).
Após os seis meses de vida, a mãe deve iniciar a alimentação complementar, mantendo
o aleitamento materno por dois anos ou mais, segundo recomendações do Ministério da
Saúde. Giugliane e Victora (2000) afirmam que, no início da alimentação complementar,
esta deve ser oferecida em copo ou na colher, evitando-se o uso de bicos artificiais e
para o favorecimento do crescimento das estruturas e desenvolvimento das funções do
Sistema Estomatognático.
Explique sua avaliação, conduta e orientações a uma mãe que teve bebê há 5
dias e está com as mamas muito cheias. Ela menciona dor e o bebê não consegue
abocanhar a aréola para mamar, por isso acaba machucando o bico do peito
quando tenta mamar. Observa-se fissuras em ambos os mamilos.
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CAPÍTULO 5
Dificuldades e intervenção nos
problemas precoces e tardios da mãe
Problemas maternos
Existem diversos fatores que podem acometer mãe e bebê no período da lactação.
Entre eles, serão descritos alguns fatores físicos, passíveis de afetar a mãe. No entanto,
muitos dos problemas relatados pelas mães podem ser prevenidos por meio de corretas
orientações e condutas, evitando-se o desmame precoce (CATTONI et al., 1998;
GOMES, 2003).
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Fonte: <http://www.mamaebebeamamentacao.com/2011/11/ingurgitamento-mamario-ou-mamas.html>.
Quando a fissura já estiver instalada, deve-se corrigir a pega da mama, alternar diferentes
posições nas mamadas, aplicar o leite posterior nos mamilos após as mamadas e, se
necessário, aplicar agentes tópicos e analgésicos sistêmicos, sob prescrição médica
(GIUGLIANI, 2000) (Figura 17).
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o aleitamento materno. 2. ed. rev. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007. Álbum seriado. 18 p.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o aleitamento materno. 2. ed. rev. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007. Álbum seriado. 18 p.
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Fonte: <http://latchlove.wordpress.com/category/challenge/>.
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CAPÍTULO 6
Dificuldades e intervenção nos
problemas do bebê
Dificuldades do bebê
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Os cuidados básicos para o aleitamento em crianças com fissura são: manter a criança
sempre em posição vertical (posição de cavaleiro ou posição sentada no colo da mãe –
Figura 1) para evitar aspiração de leite e otites; após a mamada, posicionar o bebê em
decúbito lateral.
Fonte: <http://www.youtube.com/watch?v=q2otXSZgfwA>
Nos casos de fissura apenas labial, Lang (1999), Coutinho e Figueiredo (2001)
recomendam que a mãe apoie a face inferior da mama para vedar a fenda e manter a
pressão intraoral, ou então oclua a fenda com micropore (HERNANDEZ, 2001). Caso
o bebê necessite de complementação alimentar, o que é comum nesses casos, esta deve
ser oferecida por copo.
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
da língua e que protrua a língua por cima do lábio inferior. Cada caso deve
ser avaliado individualmente e, quando não houver regressão espontânea
e o aleitamento materno for prejudicado, pode ser realizada frenectomia.
No caso de disfunção oral secundária ao uso de bicos artificiais, sugere-se que seja
introduzido o dedo da mãe ou do fonoaudiólogo na cavidade oral do bebê, com realização
de pressão sobre a língua e retirando-se o dedo paulatinamente até que esse órgão
volte à posição adequada, ou seja, ultrapasse a gengiva inferior. Além disso, para que a
confusão de bicos não ocorra novamente, não se deve oferecer chupeta ou mamadeira.
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UNIDADE III │ ALEITAMENTO MATERNO
Fonte: <http://www.nursingconsult.com/nursing/journals/0891-5245/figure?issn=0891-5245&article_
id=738706&PAGE=If09000765002.fig&spid=22957245&article_author=&start_pg=&end_pg=>.
Fonte: <http://www.sheknows.com/parenting/articles/817382/Top-10-breastfeeding-mistakes>.
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ALEITAMENTO MATERNO │ UNIDADE III
As mães devem ser encorajadas a amamentar seus filhos em posição vertical, por
menores períodos de tempo e mais frequentemente, com o objetivo de evitar a
ocorrência de distensão abdominal e promover adequada ingesta de nutrientes e, para
que se mantenha a amamentação, as mães devem ser orientadas quanto aos benefícios
das propriedades imunológicas do leite humano na proteção dessas crianças mais
vulneráveis a quadros infecciosos (COUTINHO; FIGUEIREDO, 2001).
Qual seria sua conduta no caso de um bebê com síndrome de Down, cuja
mãe relata que o ele suga mas não mantém pega, pega e solta o tempo todo,
adormece sugando após 5 minutos, não apresenta pressão intraoral, se cansa
facilmente e tem perdido peso na consulta médica? O médico deseja que a mãe
inicie complemento com leite artificial, mas a mãe refere que quer amamentar e
pede sua ajuda para que o bebê consiga sugar seu leite.
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CAPÍTULO 7
Manejo fonoaudiológico da lactação
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Fonte: <http://www.scielo.br/img/revistas/jped/v80n5s0/a07tab01.gif>.
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Figura 23. Avaliação de sucção não nutritiva com dedo mínimo enluvado.
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Para (não) Finalizar
As informações desta apostila são básicas, ainda que atualizadas. Portanto, serão
necessários estudos adicionais e aprofundamentos por meio de livros, artigos científicos
e estudos de casos clínicos. A ideia inicial foi embasar o estudante teoricamente com
teorias sólidas do que é esperado em termos de normalidade, para que o profissional
tenha capacidade de avaliar o que é esperado para o recém-nascido e lactente a termo,
sem intercorrências, e o bebê de risco, seus aspectos relevantes e seu desenvolvimento
esperado; os reflexos orais, funções esperadas e crescimento facial, desenvolvimento
muscular, ósseo, desenvolvimento neuromuscular, neurológico e amadurecimento
funcional.
Além disso, o profissional está capacitado a observar, com olhar clínico, as alterações
miofuncionais orais e os desvios de motricidade orofacial; realizar avaliação
fonoaudiológica em cada uma das funções estomatognáticas; fechar diagnóstico
fonoaudiológico e propor planejamento terapêutico, sempre levando em consideração
a atenção integral ao indivíduo, sua família e suas necessidades, inclusive de atenção
interdisciplinar.
A intervenção fonoaudiológica não possui receitas prontas e não pode ser aprendida
como técnica, por isso não somos tecnólogos e, sim, profissionais de uma ciência que leva
em consideração o indivíduo como único, inserido em uma comunidade, sociedade, com
aspectos emocionais, familiares e pessoais a serem considerados no plano terapêutico.
Por isso, foram fornecidos os princípios para raciocínio clínico profissional, visto que
em cada caso há de se desenvolver estratégias específicas a cada paciente, sua patologia
e sua realidade. As estratégias podem ser criadas pelo profissional de acordo com os
conhecimentos adquiridos e sempre com criatividade, autonomia, critérios científicos
e avanços nas leituras e discussões com outros profissionais. As bases foram lançadas,
agora é buscar novos conhecimentos e aprofundar os já adquiridos! Bom trabalho!
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Referências
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ARMSTRONG, H. Techniques of feeding infants: the case for cup feeding. Research
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