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E SUAS IMPLICAÇÕES
E INDICAÇÕES AO USO
DE PRÓTESES
AUDITIVAS
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 7
UNIDADE I
BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS .............................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DA AMPLIFICAÇÃO SONORA ................................................................................................................................................. 10
CAPÍTULO 2
ETAPAS DA ADAPTAÇÃO DO APARELHO AUDITIVO............................................................................................................................. 15
CAPÍTULO 3
INTERPRETAÇÃO DE ACHADOS AUDIOLÓGICOS E NÃO AUDIOLÓGICOS DO INDIVÍDUO................................................... 18
UNIDADE II
BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS II.......................................................................................... 29
CAPÍTULO 1
APARELHOS AUDITIVOS: COMPONENTES E CLASSIFICAÇÃO...................................................................................................... 30
CAPÍTULO 2
TIPOS DE PROCESSAMENTO DE SINAL.................................................................................................................................................... 46
CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS ELETROACÚSTICAS DO AASI................................................................................................................................ 51
UNIDADE III
BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS III........................................................................................ 64
CAPÍTULO 1
CONFECÇÃO DOS MOLDES AURICULARES............................................................................................................................................ 65
CAPÍTULO 2
TIPOS E ESCOLHA DOS MOLDES AURICULARES................................................................................................................................. 73
CAPÍTULO 3
ADAPTAÇÃO ABERTA......................................................................................................................................................................................... 80
UNIDADE IV
SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE AASI............................................................................................................................................................................... 83
CAPÍTULO 1
SISTEMAS OPCIONAIS E AUXILIARES....................................................................................................................................................... 83
CAPÍTULO 2
APARELHOS AUDITIVOS ANCORADOS AO OSSO................................................................................................................................ 89
CAPÍTULO 3
INDICAÇÃO, SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL............................... 94
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................................................................... 98
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
5
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
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INTRODUÇÃO
Sempre que falamos sobre audição, reforça-se a importância que ela apresenta para o
ser humano em todas as fases da vida. Sabemos que ouvir bem é fundamental para o
pleno desenvolvimento do indivíduo e, independentemente da idade em que a perda
auditiva se instale, ela acarretará prejuízos importantes.
Porém apenas realizar o diagnóstico da perda auditiva não é suficiente. Tão ou até mais
importante do que saber que uma pessoa não ouve bem é reabilitá-la. O tratamento
ou reabilitação da perda auditiva depende de diversos fatores, porém as principais
alternativas são: medicamentos, cirurgias e o uso de dispositivos eletrônicos como o
aparelho auditivo ou implante coclear.
Até o ano passado, a indicação de qual seria o tratamento do paciente com perda
auditiva era exclusivamente médica. Era o médico que, ao analisar o histórico e os
exames do paciente, decidia se o paciente usaria um aparelho auditivo ou não. Porém, a
partir desse ano, o fonoaudiólogo também passou a ser reconhecido como profissional
habilitado para realizar a indicação de uso de aparelho auditivo.
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Introdução
diferença na hora da prática. Precisamos saber desde como os aparelhos auditivos são
confeccionados, passando por como eles funcionam, chegando à escolha de modelos e
formas de adaptação. Esse conhecimento técnico imprescindível será o foco das nossas
segundas e terceiras unidades.
Objetivos
» Compreender as características físicas e os componentes básicos dos aparelhos
de amplificação sonora individual (AASI).
8
BASES TEÓRICAS
DE SELEÇÃO E
ADAPTAÇÃO DE UNIDADE I
PRÓTESES AUDITIVAS
Quando nos propusemos a realizar indicação, seleção e a adaptação de um aparelho
auditivo em um indivíduo, diversos aspectos precisam ser levados em conta, pois
influenciam diretamente no sucesso da reabilitação auditiva. Muitas vezes, quando
não conseguimos o sucesso na reabilitação, este fato está relacionado com uma análise
errônea ou até a não análise de algum aspecto relacionado ao paciente que irá usar o
AASI. Nesse sentido, precisamos entender a evolução dos dispositivos que iremos utilizar
(no nosso caso, o AASI), além de saber analisar e interpretar os dados audiológicos
e não audiológicos desse paciente. Além disso, precisamos compreender o passo a
passo de todas as etapas envolvidas nesse processo. Todos esses pontos iniciais serão
abordados nesta unidade, sempre correlacionando com a prática clínica.
Muitas vezes, devido ao caráter extremamente técnico que envolve a adaptação
e seleção dos aparelhos auditivos, esquecemos que o uso do aparelho é apenas
uma parte de um processo maior: a reabilitação auditiva.
Todo o indivíduo que possui uma perda auditiva que traz prejuízos precisa ser
reabilitado auditivamente. A reabilitação com o uso de aparelhos auditivos vai
muito além da regulagem. É necessário levar em conta aspectos do indivíduo que
vão além da sua audição descrita na audiometria, pois esses fatores irão interferir
diretamente no sucesso da reabilitação. Precisamos lembrar que a audição é um
sentido extremamente pessoal, que depende muito do ambiente auditivo em que
o paciente vive. Podemos ter dois indivíduos com o mesmo exame de audiometria
e regulagens de aparelhos completamente diferentes e ambos bem adaptados.
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CAPÍTULO 1
Histórico da amplificação sonora
A audição é um dos sentidos mais importantes para o ser humano. É por meio dela
que nos inserimos na sociedade e pela qual a criança aprende a falar e se comunicar.
Por isso, desde os primórdios conseguimos observar tentativas de amplificação sonora,
no intuito de auxiliar aqueles que apresentavam dificuldade para ouvir. Na figura
abaixo, podemos observar essa evolução de forma bem ilustrativa:
Figura 1. Evolução dos dispositivos de amplificação sonora.
1800-1900 1900 -1920 1920-1940 1940-1960 1960-1980 1980-1990 1990-2000 2000- atual
Fonte: http://www.audiovital.pt/pdf/audioVital_historico.
A evolução dos aparelhos de amplificação sonora que iriam resultar nos aparelhos
auditivos de alta tecnologia que temos atualmente está estritamente ligada à evolução
da tecnologia em geral. A história da amplificação sonora começou com o uso de
dispositivos que nem eram eletrônicos, e hoje alcançou um patamar de processamento
de informação semelhante ao usado em computação. Abaixo observaremos como cada
era de novas descobertas tecnológicas influenciaram na evolução do AASI:
» Era acústica (sec. XVII e sec. XVIII): na era acústica, não existia a produção de
nenhum dispositivo eletrônico, então era feito o uso de cornetas acústicas e tubos
de fala. Esses dispositivos possuíam uma estrutura que naturalmente amplifica
o som (descoberta essa muitas vezes realizada de forma empírica) e tinham essa
característica aproveitada, conforme podemos observar na figura abaixo:
Figura 2. Exemplo de corneta acústica.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Corneta_ac%C3%BAstica.
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BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS | Unidade I
Nessa época, não era possível regular ou escolher como o som seria
amplificado e enviado ao ouvido do paciente. A característica do objeto
utilizado determinava quais sons seriam mais ou menos amplificáveis.
Porém, devido ao caráter incapacitante e de isolamento social que a perda
auditiva apresenta, conseguir ouvir o som de forma mais alta, mesmo que
sem nenhuma regulagem, já se monstrava benéfico.
» Era do carbono (1900 -1930): essa era se inicia após o advento do telefone,
e nela podemos observar o primeiro aparelho auditivo elétrico, uma vez
que, com o advento do carbono, a eletricidade começou a ser produzida.
O dispositivo assemelhava-se muito a um telefone e não era portátil (como
podemos observar na figura 3), mas já apresentava uma evolução comparada
ao que era disponível em anos anteriores.
Fonte: https://www.museudoaparelhoauditivo.com.br/acervo.php.
Fonte: https://www.museudoaparelhoauditivo.com.br/acervo.php.
Fonte: https://www.museudoaparelhoauditivo.com.br/acervo.php.
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BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS | Unidade I
» Era digital (1995 – dias atuais): a era digital é a era em que vivemos. Aqui
começaram a surgir os aparelhos em que era possível realizar programação e
o processamento de som não linear (que veremos mais para frente). Toda essa
evolução possibilitou regulagens mais precisas e um maior conforto auditivo
aos usuários. Especificamente nos anos 2000 surge uma nova tecnologia:
O aparelho receptor no canal. Ainda nessa época, também podemos observar
cada vez mais possibilidades de regulagens, como aparelhos cada vez mais
discretos (como podemos observar na figura abaixo). São esses aparelhos que
iremos nos debruçar neste módulo, uma vez que são os utilizados atualmente
na reabilitação auditiva de quem possui perda auditiva.
Fonte:https://audiocamp.com.br/aparelho-auditivo-receptor-no-canal-standart/.
O estudo sobre a evolução dos aparelhos auditivos, além de ser bem interessante,
nos proporciona entender melhor como a tecnologia se desenvolveu. Por isso,
sugiro a visita ao site do Museu do Aparelho, que apresenta imagens e informações
bem interessantes sobre os aparelhos auditivos.
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CAPÍTULO 2
Etapas da adaptação do aparelho
auditivo
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Unidade I | BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS
Equipe multidisciplinar
Acima, falamos sobre a necessidade de uma equipe multidisciplinar para avaliar o
candidato a AASI. Mas que equipe seria essa e qual o papel de cada profissional?
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BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS | Unidade I
auditivos) só são cobertos pelo plano de saúde quando solicitados pelo médico, o que
acaba por reforçar essa necessidade, inicialmente, de ir ao ORL.
Como citado na introdução, até ano passado, o ORL era o único profissional habilitado
a indicar o uso do AASI como tratamento, ou seja, ele observa os exames, a história
clínica e as necessidades do paciente e decide pela melhor reabilitação. Atualmente, o
fonoaudiólogo também está habilitado para realizar a indicação do AASI.
Fica bem claro o papel fundamental que o fonoaudiólogo desempenha desde o diagnóstico
até a reabilitação auditiva. Porém precisamos lembrar que outros profissionais podem
sim contribuir bastante nesse processo e devemos ter em mente que uma equipe
multidisciplinar alinhada pode contribuir bastante para uma boa adaptação.
Aqui gosto sempre de refletir e chamar atenção para o fato de que não podemos considerar
o outro profissional como um inimigo ou concorrente. Vejo muitas situações em que
não há uma boa relação ou até mesmo nem há conversa e troca de informações entre
os profissionais que atendem esse paciente (normalmente o ORL) e o fonoaudiólogo.
Quando isso acontece, a pessoa que mais sai perdendo é o paciente. Precisamos saber
da importância e entender o papel de cada um em uma equipe multidisciplinar, além
de estabelecer boas relações e estar disposto a discutir e, de forma conjunta, tomar
decisões para a melhor condução do caso apresentado.
Mesmo que só existam resíduos auditivos, as próteses deverão ser sempre testadas.
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CAPÍTULO 3
Interpretação de achados audiológicos
e não audiológicos do indivíduo
A resposta é NÃO!
Diversos aspectos irão interferir nas escolhas a serem tomadas durante o processo, como
a motivação do paciente, a aceitação da perda auditiva, aspectos estéticos, expectativas
e até questões financeiras quando falamos da aquisição particular. Todos esses aspectos
podem ser classificados em audiológicos e não audiológicos, e neste capítulo iremos
abordá-los seguindo essa divisão.
Com a possibilidade de a indicação do uso do AASI ser realizada por nós, fonoaudiólogos,
saber interpretar os achados audiológicos tornou-se ainda mais importante em nossa
prática clínica. Por isso, tornou-se fundamental o estudo dos tipos de perda auditiva,
suas possíveis causas e suas formas de reabilitação. A seguir, veremos como interpretar
os achados audiológicos segundo os tipos de perda auditiva que podemos encontrar
na avaliação audiológica básica.
Isso significa que nunca iremos adaptar aparelho auditivo em uma perda condutiva?
Claro que não.
Uma outra possibilidade nesses casos também é o uso do aparelho auditivo após
o tratamento, quando ele não consegue resolver totalmente o problema da perda
auditiva. Por exemplo, um paciente com uma otite pode, após seu tratamento, ter como
consequência uma lesão de células ciliadas, gerando uma perda auditiva sensorioneural
que pode necessitar de amplificação sonora. Por isso, precisamos sempre lembrar que
algumas alterações, que inicialmente acarretaria um problema de condução, podem
por fim gerar outro tipo de perda auditiva.
Outro caso muito presente em nossa prática clínica de perda mista que reabilitamos
com o uso do AASI é a otosclerose. Inicialmente, a alteração apresenta-se apenas
como uma alteração de condução, devido à rigidez da orelha média. Porém, com
a evolução, pode haver também a calcificação da cóclea, acarretando assim uma
perda auditiva mista. Caso o tratamento cirúrgico preconizado para essas situações
não seja possível, ou o paciente opte por não realizá-lo, o uso de AASI torna-se
fundamental.
Pode parecer contraditório falar de uma cirurgia que reverta uma perda sensorial
(uma vez que a perda auditiva mista é composta por uma alteração sensorial e outra
de condução). Mas em casos de otosclerose, por exemplo, o paciente com perda mista
apresenta muitas vezes melhora no componente sensorial após a cirurgia. Isso acontece
pois o aumento da pressão transmitida para a cóclea com o uso da prótese no lugar do
estribo contribui para um melhor deslocamento da endolinfa que estimula as células
ciliadas.
Quanto ao uso dos aparelhos auditivos na perda auditiva mista, sua indicação deve levar
a análise individualizada. Além da observação se é realmente um caso de reabilitação
com AASI, também precisamos observar a característica da perda auditiva. Casos onde
o componente condutivo é predominante tende-se a se comportar como uma adaptação
em componente condutivo como já explicado acima. Já em casos com predomínio do
componente sensoriais a reabilitação auditiva com uso do AASI será mais semelhante
às perdas sensorioneurais conforme será explicado a seguir.
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BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS | Unidade I
O que observo muito no dia a dia da clínica é que muitas vezes essa diferenciação
não é realizada. Pelo fato da maioria das perdas auditivas sensorioneurais serem de
caráter sensorial, ao nos depararmos com esse tipo de perda auditiva já a declaramos
como coclear, e isso não é correto. Apesar de ser grande minoria, as perdas auditivas
retrococleares existem e apresentam uma reabilitação muito diferente das sensoriais.
Muitas vezes uma adaptação sem sucesso em que não entendemos o motivo acontece
por estarmos reabilitando como sendo uma perda auditiva sensorial enquanto na
verdade ela não é.
Alterações retrococleares, em sua maioria, não são beneficiadas com o uso do AASI,
uma vez que o problema não é o som baixo ou uma ausência de células ciliadas para
fazer a transformação do som em impulso nervoso; pelo contrário, em muitos casos
todo o sistema auditivo periférico está em perfeito estado. Nesses casos, o problema
não é periférico, mas sim na hora que o som é processado e, fazer uso de um aparelho
auditivo, que irá aumentar a quantidade de informações auditivas que esse sistema
recebe, não é interessante.
Nesses casos, o paciente apresenta dificuldade em processar o som que ele ouve
normalmente, então não precisamos aumentar mais ainda essa informação sonora,
gerando mais dificuldade. Casos de alterações retrococleares, como alteração do
processamento auditivo, se beneficiam mais da terapia auditiva especializada. Além disso,
precisamos lembrar que alterações retrococleares podem vir de tumores no nervo
acústico e é necessário realizar esse diagnóstico.
Quando a perda sensorioneural é de caráter sensorial, ou seja, lesões das células ciliadas
na cóclea, temos então a nossa principal perda auditiva reabilitada com o AASI.
Como em qualquer tratamento, quanto mais cedo iniciado melhor, pois teremos
um menor tempo de privação auditiva. A privação auditiva dificulta a adaptação do
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Unidade I | BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS
AASI, tornando-a mais demorada e, muitas vezes, fazendo o paciente perder algumas
habilidades auditivas que terão que ser resgatadas com o uso do AASI.
Precisamos lembrar que o aparelho auditivo não substitui a função do ouvido, ele a ajuda.
É por esse motivo que perdas auditivas sensoriais com comprometimento importante
da cóclea apresentam benefício com o uso do AASI, porém alguma dificuldade auditiva
residual pode permanecer. Nesses casos, precisamos realizar uma orientação muito boa
ao paciente e aos familiares, explicando o seu caso e dando estratégias que facilitem a
comunicação, como falar de frente para o paciente. Nesses casos, precisamos ter cuidado
de não prometer o restabelecimento completo da audição, uma vez que sabemos que
não será possível.
Por fim, precisamos lembrar que as perdas auditivas sensorioneurais podem acometer
apenas algumas frequências ou, caso acometa todas, não as acometer de forma igual.
Quando a perda auditiva não envolve todas as frequências, precisamos avaliar o impacto
dela na vida do paciente para determinar se há a necessidade ou não do uso do AASI.
Por exemplo, uma perda auditiva sensorioneural isolada em 8 KHz provavelmente
não afetará a audição social desse paciente, não sendo necessário o uso do aparelho
auditivo. Precisamos que o paciente acredite e sinta a melhora com o uso do aparelho
auditivo, fazendo com que haja aderência ao tratamento. Isso só é possível com a
indicação correta de uso.
Outro ponto a ser considerado nesses tipos de perda auditiva é que em perdas auditivas
não planas, por exemplo, de configuração descendente, cada frequência precisará de
uma aplicação específica e isso acaba por necessitar do uso de aparelhos auditivos
capazes dessa amplificação por frequência, ou seja, com mais tecnologia. Podemos
já observar que em comparação a perdas auditivas condutivas, as perdas auditivas
sensorioneurais demandam mais de processamento sonoro.
Outro cuidado que devemos ter em mente quando vamos realizar a adaptação de um
aparelho auditivo, principalmente em perdas sensoriais, em que o recrutamento é bem
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BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS | Unidade I
Como podemos observar, diversos são os fatores que devem ser levados em conta
quando realizamos uma adaptação de aparelho auditivo e até agora só falamos do
aspecto audiológicos. É fundamental saber analisar todos os pontos para realizar a
seleção correta do aparelho auditivo. Isso, na grande maioria das vezes, ditará se você
terá maior ou menor chance de sucesso na reabilitação auditiva.
Esses diversos aspectos devem ser investigados na anamnese inicial, que deve ser
detalhada e clara para o paciente. Nesse momento, inicia-se o processo de criação de
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Unidade I | BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS
Nessas situações, é nosso papel explicar e mostrar que a dificuldade existe sim,
desmistificando a perda auditiva e demonstrando que a reabilitação auditiva é possível
sim e traz diversos benefícios. Além disso, precisamos demonstrar os benefícios da
amplificação sonora no dia a dia e na vida do paciente. Só conseguiremos dar exemplos
pertinentes à vida do paciente se tivermos conhecimento do seu dia a dia e das suas
dificuldades.
É preciso ter em mente que não é possível ter uma boa adaptação a um aparelho
auditivo quando não há aceitação do problema, uma vez que se o paciente crê que
não há problema, não vê o que há para reabilitar. Muitas vezes, essa aceitação não
acontece de forma rápida e no primeiro encontro. Às vezes é preciso deixar o paciente
refletindo sobre o que foi dito e observando no seu cotidiano as situações em que a
perda auditiva interfere.
Nos casos de maior resistência, é interessante poder fazer o uso de teste domiciliar
como uma forma de convencimento, uma vez que ao fazer uso do aparelho no dia
a dia, o paciente pode de forma efetiva observar os benefícios proporcionados.
Muitas vezes, em apenas um dia de teste domiciliar, o paciente já retorna relatando
como a qualidade de sua comunicação melhorou.
do aparelho auditivo, mas se o paciente não fizer o uso constante, a adaptação não irá
acontecer. Por isso, precisamos conseguir analisar a motivação do nosso paciente e, caso o
paciente não esteja motivado, é nosso papel motivá-lo e fazê-lo acreditar na reabilitação.
Podemos então observar que a motivação para o uso está intimamente ligada com a
aceitação da perda auditiva e o entendimento de que o tratamento de escolha é o uso
do AASI. Nesse sentido, é importante destacar que todas essas etapas são anteriores à
seleção e à adaptação, mas nem por isso menos importantes.
Necessidade de comunicação
Um ponto bem importante a ser avaliado e muitas vezes deixado de lado é a demanda
auditiva do paciente. Precisamos investigar os ambientes que o paciente frequenta
(quanto mais desafiador o ambiente, mais tecnologia é necessária), bem como entender
o nível de dificuldade que cada ambiente apresenta para o paciente, além de quanto de
importância tem aquele ambiente no dia a dia. Um paciente que fica mais em casa, não
frequenta muitos lugares, necessita de uma tecnologia completamente diferente de um
paciente ativo, que trabalha em um ambiente ruidoso, que realiza diversas reuniões
ou até um estudante que assiste a aulas.
Nesse ponto, vale destacar que a escolha da tecnologia não se dá somente com a análise
da necessidade de comunicação, mas que esse é um dos pontos importantes a serem
levados em conta. Ainda neste módulo, veremos quais outros aspectos indicarão a
necessidade da escolha de um nível de tecnologia maior.
Expectativas
Quando o paciente chega para realizar a adaptação do aparelho auditivo, ele chega cheio
de expectativas (muitas vezes acompanhado de familiares com expectativas também).
Precisamos sempre ter em mente que nós somos detentores do conhecimento e que,
na maioria das vezes, os pacientes não sabem como ocorre o processo de reabilitação.
É necessário avaliar a expectativa e, caso se observe que não é adequada ao caso,
deve-se então adequá-las.
Na prática clínica, é muito comum os pacientes e seus familiares acharem que o uso
do aparelho auditivo é igual ao de óculos, que basta colocar e já vai estar ouvindo
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Unidade I | BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS
Independentemente do caso, adequar a expectativa faz toda a diferença, até para que
o paciente saiba quais são suas possibilidades e o que deve ser feito para uma boa
adaptação.
Estética
É preciso avaliar se essa preocupação estética existe ou não. Caso exista, esse aspecto
terá que ser levado em conta no momento da escolha do aparelho. Porém, a depender
da perda auditiva, não é possível a escolha do melhor aparelho auditivo e aí é nosso
papel explicar e convencer o paciente sobre a melhor escolha para o caso.
Todos esses aspectos abordados até aqui têm que ser discutidos e explicados para o
paciente de forma clara, na linguagem do paciente e com acolhimento. Temos que
tomar cuidado de não assumir a postura de detentor do conhecimento e acabar não
valorizando a opinião do paciente, mesmo que seja totalmente contrária ao que o
nosso conhecimento diz. Muitas vezes, mudar a opinião do paciente demanda tempo
e paciência.
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BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS | Unidade I
Cognição
O uso do aparelho auditivo exige uma adaptação do dia a dia e um manuseio constante
do dispositivo. A população idosa é bem presente na clínica para reabilitação auditiva
devido à presbiacusia e devemos estar bem atentos ao cognitivo desses pacientes.
Sabemos que um decaimento da função cognitiva faz parte do envelhecimento e
precisamos levar em conta este fato, caso presente na escolha do aparelho auditivo.
Destreza manual
Aqui vale um destaque importante, não é só pacientes mais idosos que apresentam
dificuldade de destreza manual, por isso, todo paciente deve ser sempre avaliado.
Precisamos mostrar o aparelho, o tamanho da pilha e de tudo que ele terá que manipular.
Além disso, problemas visuais podem também interferir na destreza manual.
Aspectos financeiros
Deve haver uma conversa franca com o paciente, a fim de determinar o quanto o
valor pode ou está disposto a pagar. Precisamos sempre valorizar o nosso trabalho e
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Unidade I | BASES TEÓRICAS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS
o aparelho auditivo que escolhemos, mas caso o paciente só possa ou só queira fazer a
compra de um modelo inferior, devemos ser capazes de realizar uma boa adaptação.
Todos os tópicos acima são uma sugestão de aspectos importantes que não devem ser
deixados de lado. Porém, em toda nossa prática, é necessário termos um olhar crítico
sobre nossas práticas. Cada serviço possui uma demanda própria e um modo próprio
de se organizar. Por isso, é necessário avaliar se o serviço em que você trabalha não
há demanda de mais alguns aspectos importantes.
Um exemplo que acontece em minha prática clínica é o fato de atendermos muitas pessoas
do interior que vêm à capital para comprar seus aparelhos auditivos. Nesse contexto,
durante a escolha precisaremos levar em conta se o paciente tem possibilidade de vir
para revisão com mais frequência ou não, se tem como comprar pilhas e acessórios perto
de casa ou até se o local onde mora é mais úmido ou seco, gerando uma necessidade
diferente de manutenção dos AASIs.
Todas essas informações citadas acima devem ser obtidas durante a anamnese e a
avaliação inicial e são imprescindíveis de serem analisadas para a escolha correta do
aparelho auditivo.
Caso a opção seja por anamneses mais abertas que fornecem uma maior liberdade,
muitas vezes facilitando a conversa fluida e a criação de vínculo, é interessante
ao menos que existam pontos que guiem a anamnese para que nenhum ponto
deixe de ser abordado.
28
BASES TEÓRICAS
DE SELEÇÃO E
ADAPTAÇÃO DE UNIDADE II
PRÓTESES AUDITIVAS II
Para realizarmos a escolha e a adaptação (regulagem inicial e as de acompanhamento
após a adaptação) do aparelho auditivo, é fundamental conhecer como ele funciona,
quais são seus componentes, como ele realiza a amplificação do som e suas características
físicas e acústicas. Precisamos ter em mente que há sim a necessidade de conhecer
profundamente o dispositivo do qual estamos fazendo uso para reabilitar o indivíduo.
Esse conhecimento nos proporciona uma maior possibilidade de atuação, uma vez que
nos permite realizar as modificações e ajustes necessários para atender a demanda do
nosso paciente, além de nos fornecer mais confiança na nossa prática clínica.
Em muitos livros, aulas e conversas até hoje, ainda observamos o uso do termo
PRÓTESE auditiva quando nos referimos ao aparelho de amplificação sonora
individual (AASI). Como consequência, o termo PROTETIZAÇÃO ou PROTETIZADO
é também bastante utilizado.
Gostaria então de propor uma reflexão: o termo prótese refere-se a algo que
substitui a função perdida (exemplo: quando se amputa uma perna a prótese faz
a função dessa perna amputada).
Diante dessa definição, lhes questiono: o uso do termo prótese auditiva é correto,
uma vez que o aparelho auditivo não substitui a função do ouvido, mas sim o auxilia?
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CAPÍTULO 1
Aparelhos auditivos: componentes
e classificação
Microfone1Amplificador 2Receptor3
Microfone
O microfone é um transdutor mecano-elétrico, ou seja, capta o som do ambiente e o
transforma em um sinal elétrico equivalente que será analisado e amplificado dentro
do aparelho. Muitos de nós temos a ideia errônea de que o microfone é o que capta
o som que será amplificado, porém se observamos em uma palestra, por exemplo, o
microfone está perto do falante, pois sua função será captar o som de quem fala, que
então será amplificado e distribuído ao ambiente pelas caixas de som.
30
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Quando estamos falando de aparelho auditivo podemos ter dois tipos de microfones:
os Direcionais e os Omnidirecionais. Vamos ver agora cada um deles e entender para
que caso cada um deles é indicado.
Omnidirecionais
31
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Omnidirecional Direcionail
Fonte: https://magroove.com/blog/pt-br/.
É importante ressaltar que o aparelho auditivo pode possuir apenas um tipo ou até os
dois microfones que serão ativados a depender da regulagem realizada. Além disso,
pode-se programar para que essa mudança de microfone aconteça de forma manual
(paciente aciona a mudança) ou de maneira automática.
Os aparelhos que possuem mais tecnologia chegam a ter dois microfones (um para fala
e um para o ambiente). Isso faz com o que indivíduo possa ter a fala priorizada, mas
ainda possa ouvir com clareza os sons dos ambientes. Muitos aparelhos com apenas
um microfone, para conseguirem focar na fala, tornam os sons ambientais confusos,
muitas vezes semelhantes ao ruído. Nesse caso, pacientes que apresentam dificuldade
em algumas habilidades auditivas, como figura-fundo, se beneficiam de forma efetiva
da tecnologia que faz uso de dois microfones.
Amplificador
Receptor
O receptor faz o movimento contrário do microfone e transforma o som amplificado
em onda sonora e a transmite à orelha do indivíduo. A saída máxima gerada por cada
receptor acontece em função de seu tamanho: quanto maior um receptor, normalmente
maior é a saída possível, ou seja, mais alto o som será. Por esse motivo, ele condiciona
o tamanho do aparelho auditivo, uma vez que o microfone e o amplificador variam
muito pouco de tamanho). Uma saída para essa questão foi a criação de aparelhos
receptora no canal (que veremos à parte também em outro módulo).
Pilhas
Por fim, além de todos os componentes que processam o som e o modificam, há a
necessidade de uma fonte de energia que consiga fazer o aparelho auditivo funcionar,
uma vez que eles são um dispositivo elétrico. Por isso, dizemos que as pilhas são a fonte
de energia. Hoje são utilizadas pilhas confeccionadas especificamente com a finalidade
de serem usadas em aparelhos auditivos, diferente dos antigos aparelhos de caixa que
usavam pilha AA. Isso é de grande vantagem, uma vez que elas mantêm uma tensão
praticamente constante durante sua vida útil.
As pilhas usadas em aparelhos auditivos atualmente são do tipo zinco-ar, o que significa
que só funcionam com o contato com o ar, sendo possível armazená-las por mais tempo
sem desgaste. Isso acontece porque as pilhas são vendidas com um lacre que não permite o
contato com o ar. Esse lacre deve ser retirado apenas no momento em que a pilha for ser
utilizada, fazendo com que o ar entre em contato com a pilha e ela comece a funcionar.
A escolha do tamanho da pilha irá depender do tamanho do aparelho e quanto de potência
ele possui, uma vez que quanto menor a pilha, menor sua capacidade e quanto maior a
potência ou tecnologia dos aparelhos, mais energia é necessária para seu funcionamento.
Atualmente existem quatro tamanhos: 10, 312, 13 e 675 (ordem crescente de tamanho
e de potência), como observamos a seguir:
Figura 9. Exemplo de pilhas para aparelhos auditivos.
675
13
312 10
Fonte: https://cronicasdasurdez.com/quanto-tempo-dura-uma-pilha-de-aparelho-auditivo/.
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
A média de duração das pilhas é: pilha 10 entre 3 e 5 dias, pilha 312 entre 10 e 12
dias, pilha 13 entre 15 e 20 dias e pilha 675 entre 30 e 40 dias. Esse tempo médio de
duração das pilhas pode parecer pouco, mas precisamos lembrar- quanta tecnologia e
processamento o aparelho auditivo faz uso, além de ter em mente que a média de uso
ideal (utilizada para fazer a média de duração da pilha) é de 16 horas/dia, uma vez que
se deve usar o aparelho auditivo o tempo todo.
Outro fato que influencia diretamente o gasto da pilha é o manuseio correto dos
aparelhos e o uso de conectividade (o uso de bluetooth, por exemplo, aumenta bastante
o consumo de pilhas).
É muito importante reforçar para o paciente que ele precisa usar pilhas específicas
de aparelho auditivo, algumas pilhas de relógio apresentam formato semelhante e
alguns pacientes tendem querer usá-la. Porém o uso da pilha de relógio é prejudicial
ao aparelho. Também é necessário deixar claro que pilha é um custo de manutenção
constante, sendo sempre necessário comprá-las.
Diante do que vimos até agora, podemos observar que conhecer os componentes nos
ajuda a ter o raciocínio clínico mais efetivo no momento da seleção e adaptação. Porém,
além de saber como os aparelhos auditivos funcionam e seus componentes, precisamos
saber como eles são classificados, a fim de compreender todas as possibilidades de
adaptação existentes.
34
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Essa é a classificação mais usada quando vamos falar de aparelhos auditivos. Eles podem
ser classificados de acordo com o local de uso, ou seja, posição em que o microfone
se encontra em relação ao corpo. Vejamos quais são cada uma dessas possibilidades:
2. Retroauriculares (BTE):
› Retroauriculares.
› Minirretroauriculares.
› Microrretroauriculares.
3. Intra-aurais:
› Intra-auriculares.
› Intracanal.
› Microcanal.
Agora vamos falar um pouco sobre cada um deles, observando suas vantagens,
desvantagens e indicações.
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Fonte: https://www.museudoaparelhoauditivo.com.br/acervo.php.
Vantagens:
Desvantagens:
» Localização sonora – o som é captado pela caixa, ou seja, distante dos ouvidos,
podendo, muitas vezes, passar uma falsa sensação de localização sonora.
» Estética.
Indicação:
36
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Retroauriculares (BTE)
Fonte: https://www.direitodeouvir.com.br/aparelhos-auditivos/retroauricular.
Uma subclassificação realizada dentro dos aparelhos BTEs acontece conforme o seu
tamanho e a pilha compatível, como observamos abaixo:
37
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Vantagens:
Desvantagens:
Indicação:
isso, o nome de receptor no canal (RIC). Nesses modelos, o principal componente que
era o responsável pelo tamanho (maior ou menor) dos aparelhos foi colocado na ponta
de um tubo, que é inserido dentro do ouvido e retirado do corpo do aparelho auditivo.
Com isso, o tamanho dos aparelhos diminuiu bastante e não está mais relacionado
com a potência de amplificação, apenas ao tamanho da pilha. Esses aparelhos são
considerados os mais evoluídos tecnologicamente.
Fonte: http://www.audioclean.com.br/aparelhos-auditivos/receptor-no-canal.
Como podemos observar acima, nesses aparelhos, o fio que possui o receptor está fora
do restante do aparelho, com isso, independentemente do grau da perda auditiva, o
tamanho do aparelho se mantém. O fio que conecta o aparelho ao receptor e ao canal
auditivo é bem fino, o que também contribui para que, mesmo sendo retroauricular, o
aparelho fique bem mais discreto. Além disso, em casos de piora importante da audição,
apenas o fio que possui o receptor é trocado para adequação à perda do paciente, uma
vez que o receptor é o componente responsável pela intensidade sonora apresentada.
Uma questão importante que deve ser observada na indicação de aparelhos RIC é a
destreza manual, habilidade de manuseio e cuidado do paciente. Esse é um aspecto mais
importante nesse modelo, pois temos que lembrar que um componente do aparelho (o
receptor) não está protegido dentro da estrutura do aparelho, mas sim mais exposto
na ponta do fio que inserimos no ouvido, protegido pela oliva, ou seja, o paciente irá
manipular. Além disso, pacientes com otorreia crônica ou muita descamação não têm
a indicação do uso desse modelo, pois tais alterações podem vir a danificar o receptor.
Por último, nesses pacientes é importante fazer um controle mais rígido da presença
de cera, uma vez que ela pode entrar em contato com o receptor, entupi-los ou até
danificá-los.
39
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Sempre que um paciente chegar com um aparelho RIC com queixa de que ele está
mudo ou parou de funcionar, além de checar se a pilha está com carga, devemos
conferir se o protetor não está entupido e, caso esteja, basta fazer a troca. Oriento
que a troca seja feita apenas pelo fonoaudiólogo, uma vez que delegar a função a
esse paciente pode acabar acarretando algum procedimento errado que danifique
o receptor.
Intra-aurais
Aqui, é importante observar que, quanto menor for possível fazer esse aparelho,
mais interno no meato acústico externo ele será inserido, proporcionando maior
aproveitamento das funções acústicas da orelha, localização do som e ênfase nas
frequências altas. Porém esse tipo não é indicado em casos que há necessidade de
ventilação da orelha externa, como em perdas descendentes com graves preservados
e otite média de repetição.
Nesse modelo, da mesma forma que acontece com do BTEs, também há uma classificação
conforme seu tamanho, ou seja, conforme o espaço que ocupam na orelha externa,
conforme podemos observar abaixo:
» Intracanal (ITC) ↓
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Fonte: http://www.audiometracenter.com.br/faq/quais-sao-os-tipos-de-aparelhos-auditivos/.
Veremos agora cada um desses tipos de forma detalhada, para que possamos saber
escolher de forma certa cada um deles a depender das demandas do nosso paciente.
Intra-auricular (ITE)
Fonte: http://www.audioclean.com.br/aparelhos-auditivos/intra-auricular.
Intracanal (ITC)
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Fonte: http://www.audioclean.com.br/aparelhos-auditivos/intra-auricular.
Microcanal (CIC)
Os aparelhos auditivos no modelo CIC são um dos mais solicitados pelos pacientes, pois
são os que menos aparecem no ouvido do paciente. Esse tipo localiza-se inteiramente
no MAE, com uma colocação mais profunda. Por esse motivo, para sua confecção é
necessária a presença de um fio conectado à prótese para facilitar a sua retirada. Nesse
modelo, o tamanho do ouvido do paciente é determinante para sua possibilidade de
uso ou não, sendo não viável seu uso em condutos estreitos. Também por conta do
seu tamanho, perdas auditivas que exigem mais ganho não são indicadas, sendo então
esse modelo mais utilizado em perdas auditivas leves.
Fonte: http://www.audioclean.com.br/aparelhos-auditivos/microcanal.
42
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Desvantagens:
» Menor resistência.
Indicação:
Por estarem inseridos dentro do meato acústico, os aparelhos intra-aurais também não
são indicados em caso de otorreia e de descamação excessiva, pois podem danificar o
dispositivo. Eles também possuem protetor de cera e todos os cuidados com o acúmulo
de cera que envolvem os aparelhos RIC também se aplicam aqui.
Foi possível observar a variedade de aparelhos auditivos quando classificamos por sua
localização. Entender quando cada um é indicado é um dos principais passos para a
adaptação de sucesso.
43
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Fonte: http://portalotorrinolaringologia.com.br/pr%C3%B3teses-de-condu%C3%A7%C3%A3o-%C3%B3ssea.php.
44
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
» Classificação quanto ao tipo de transmissão = por via aérea ou por via óssea.
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CAPÍTULO 2
Tipos de processamento de sinal
Tecnologia analógica
Os aparelhos auditivos analógicos, como o nome já diz, utilizam um sinal analógico, ou
seja, realizam um processamento analógico do sinal utilizando a eletrônica convencional
para converter a onda sonora em sinal elétrico. Como resultado disso, temos uma onda
elétrica, que será amplificada, muito semelhante à onda sonora captada, conforme
observado no esquema abaixo.
Figura 19. Exemplo esquemático de como acontece amplificação analógica.
46
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
L
Trimmers
L Controle das frequências baixas
H
H Controle das frequências altas
MPO – Controle e saída máxima
MPO
Fonte: https://naoescuto.com/aparelhos-auditivos/e-essa-tal-de-tecnologia-dos-aparelhos-auditivos/.
Como observado na figura 20, os aparelhos analógicos são regulados com uma ferramenta
que gira o trimmer e nos permite controlar apenas saída máxima, amplificação de graves
e agudos. Outro problema é que a regulagem não pode ser salva e é perdida a cada
nova modificação. Uma possibilidade para “deixar registrada” a regulagem realizada é
desenhar a posição em que a chave que giramos ficou após regularmos.
Se formos pensar nas indicações desse tipo de amplificação, seriam ad perdas auditivas
profundas, em que o principal é uma amplificação com muita potência, e casos de
perdas auditivas condutivas, em que o que o paciente precisa apenas de ganho que
compense o condutivo, mas não precisa de tecnologia que o auxilie na discriminação,
pois não há lesão sensorioneural.
As principais vantagens dessa tecnologia são o custo. Aparelhos auditivos com
processamento analógico custam bem menos e exigem menos dispositivos para sua
adaptação. Além disso, possuem uma potência importante.
Tecnologia híbrida
Nesse tipo de tecnologia, a amplificação ainda é realizada de forma analógica, porém os
ajustes não são realizados de forma manual, mas sim através de programa no computador,
através de um chip colocado no aparelho auditivo, conforme observamos o esquema
abaixo. Essa possibilidade torna a regulagem mais precisa, além de possibilitar que os
ajustes realizados sejam salvos e, se necessário, acessados para um novo ajuste.
47
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Chip
Essa nova possibilidade de adaptação torna a regulagem mais precisa, além de possibilitar
que os ajustes realizados sejam salvos e, se necessário, acessados para um novo ajuste.
Na figura abaixo podemos observar, através do exemplo esquemático, que o som ainda
continua sendo o mesmo, porém já apresenta um pouco mais de rebuscamento no som final.
Figura 23. Exemplo esquemático de uma amplificação híbrida.
A partir dessa tecnologia, uma interface que faça a ligação entre o aparelho e o
computador se torna necessária. Há um equipamento de nome HIPRO, que podemos
observar na figura 24, que faz essa conexão, independentemente da marca utilizada.
Mas também existem marcas que possuem seu próprio dispositivo, principalmente
se essa conexão for realizada sem fio.
Figura 24. Exemplo de HIPRO.
Fonte: https://www.marcamedica.com.br/programador-hi-pro-2-para-aasi-aparelhos-auditivos/.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Tecnologia digital
Na tecnologia digital, depois que o som é transformado em sinal elétrico, ele é filtrado
para limitar as frequências que entram no conversor, então é transformado em
sinal digital, processado e reconvertido em sinal elétrico. Ou seja, o sinal acústico é
transformado em sinal binário, processado e depois volta a ser transformado em sinal
acústico modificado, conforme podemos observar no esquema abaixo.
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Atualmente, podemos dizer que até os aparelhos mais básicos são digitais, o
que é muito bom, pois podemos oferecer ao nosso paciente uma amplificação
com muito mais recursos. Porém precisamos lembrar que existem pessoas que
usam aparelho há 20, 30 anos e que, quando começaram a fazer uso, a tecnologia
existente era só a analógica e é a essa tecnologia que eles são adaptados.
São por essas situações e por existirem pessoas no mercado com uso de aparelhos
antigos ainda analógicos que, mesmo só sendo produzidos aparelhos digitais
atualmente, precisamos ter conhecimento de todos os tipos de processamento
de sinal.
50
CAPÍTULO 3
Características eletroacústicas do AASI
Ganho acústico
O ganho acústico pode ser definido com a quantidade de amplificação fornecida por
uma prótese auditiva. Ele tem também como definição a diferença de intensidade
em decibéis (dB), entre o som que sai e o som que entra na prótese auditiva. Por
estar ligada à quantidade de som que será acrescida ao som captado, o ganho acústico
apresenta relação direta com o grau da perda auditiva do indivíduo (quanto maior a
perda auditiva, maior será a amplificação/ganho).
O aparelho auditivo, em seu manual, tem descrito quanto de ganho possui. Essa
informação está relacionada ao receptor utilizado. Com isso, temos aparelhos auditivos
com ganho para serem usados para perdas auditivas leves, outros com ganho para
perda auditiva moderada, outras para severa e outra para profunda. Lembrando que os
modelos RIC podem ter qualquer ganho necessário para a perda auditiva apresentada,
sendo necessária apenas a troca do receptor pelo que forneça o ganho necessário ao
paciente.
Abaixo podemos observar dois exemplos de como podemos pensar em ganho acústico
quando falamos de aparelhos auditivos:
Exemplo 1:
Ganho acústico = 40 dB
Fornece ao usuário após processamento = 100dB
Som ambiente = 60 dB
51
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Exemplo 2:
O exemplo acima, apesar de não ser muito corriqueiro, nos ajuda a pensar sobre o
que realmente significa o ganho acústico, uma vez que é uma das características mais
importantes do AASI.
Vale a pena ressaltar que sempre que escolhemos um aparelho para determinada perda
auditiva, não escolhemos com o ganho igual ao que o paciente precisa. Sempre precisamos
escolher um AASI com ganho um pouco a mais que o necessário, pois precisamos
levar em conta que a perda auditiva pode piorar e que audição é muito individual;
um paciente pode precisar de mais ganho que o inicialmente pensado e outro pode
precisar de menos. É devido a isso que nos ajustes podemos alterar o ganho do aparelho.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
diminuição deve ser gradativa, o seu aumento, que seria o ajuste indicado
para queixa, também deve.
Esse tipo de características tem que estar presente em aparelhos quando o paciente
não possui uma perda auditiva plana, como é o caso das perdas auditivas de
configuração descendente, em que os graves muitas vezes são normais e não precisam
de amplificação e os agudos já possuem uma alteração maior, precisando assim de
amplificação.
» “A voz da minha mãe está parecendo voz de homem” – nesses casos os sons
graves estão muito amplificados e os agudos pouco, sendo apenas ouvidas
as frequências graves do som.
» “Como o barulho do papel está forte! Está tudo estalando” – essa situação
acontece quando a amplificação do som agudo está acima do necessário.
Podemos observar pela queixa que apenas os sons agudos incomodam.
Da mesma forma que acontece quando vamos realizar um ajuste no ganho, os ajustes
levando em conta a resposta por frequência também deve ser de forma gradativa e
cautelosa, sempre checando se ficou bom a cada modificação.
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
Saída máxima
A saída máxima pode ser definida como o maior nível de pressão sonora que a
prótese deve ou é capaz de produzir. Está relacionado ao quanto de amplificação
é necessária para o caso. Essa característica possui relação direta com o nível de
desconforto do paciente (limite a partir do qual qualquer som mais forte se torna
desconfortável).
Um paciente que necessita de atenção especial são aqueles com recrutamento objetivo
de Metz (que possuem perda auditiva sensorioneural). Sua adaptação deve ter bastante
atenção à sua saída máxima. Nesses casos, é orientado colocar no software de adaptação
os limiares de desconforto.
É muito importante que o paciente descreva suas queixas de forma mais precisa possível
e, caso julgue necessário, precisamos fazer perguntas para conseguir identificar qual
é o real problema.
A seguir, vemos uma queixa que normalmente está relacionada à saída máxima,
lembrando que durante a regulagem o fonoaudiólogo pode determinar quanto de som
máximo pode ser fornecido ao ouvido do paciente:
» “Nem me chame para uma festa, se tiver muito barulho eu vou sem aparelho”.
Amplificação linear
Quando falamos que o aparelho possui uma amplificação linear, queremos dizer que seu
ganho é constante até a saturação de amplificação, independentemente da intensidade
em que o som é captado do ambiente.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
50 dB GANHO
FIXO
Fonte: elaborada pelo autor. https://www.istockphoto.com/br/foto/tocando-flauta-gm182780892-12866093; https://br.depositphotos.com/
stock-photos/professor-dando-aula.html;https://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/269406-bomba-prestes-a-explodir.
SISTEMAS LINEARES
Saída máxima
Saída/dB
Entrada/dB
A amplificação linear não nos fornece muitas possibilidades de ajustes, não nos
permitindo auxiliar o paciente que apresenta, por exemplo, uma maior dificuldade
de discriminação ou um desempenho ruim nas habilidades auditivas. Por esse motivo,
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
70 dB 50 dB 30 dB
GANHO VARIÁVEL
O ganho não linear se tornou possível com o uso da tecnologia digital, uma vez que é
necessário que o AASI analise a intensidade do som captado e então aplique o ganho
configurado para aquela intensidade. Esse tipo de amplificação possibilita um maior
conforto, principalmente naqueles pacientes com recrutamentos, pois permite que sons
mais altos não se tornem tão altos, mas que os baixos sejam amplamente amplificados.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
ganho passa a ser menor até atingir a saída máxima. Esse ponto em que ocorre a
mudança de ganho é chamado de ponto joelho (esse nome foi dado porque, a partir
desse ponto, o gráfico muda um pouco de direção, ficando parecido com nossa perna
quando dobramos o joelho).
Ponto joelho
Entrada/dB
Pacientes que usam aparelhos auditivos lineares e trocam para um não linear, de
início, se queixam de aparelho baixo, sem potência, mesmo quando o ganho escolhido
está condizente com a perda auditiva apresentada. Isso acontece pois o paciente está
acostumado a ouvir todos os sons altos, mesmo aqueles que não são necessários de
serem ouvidos alto, como o barulho do trânsito. Nesses casos, é interessante explicar
ao paciente a diferença de tecnologias e deixar claro que nem sempre ser mais alto fará
com que o som seja entendido. Em muitas situações, realizar apenas a amplificação
necessária (nem muito e nem pouco) traz a inteligibilidade de fala necessária. Por isso,
sempre proponho que o paciente vá para casa com o novo aparelho e teste. Caso ainda
não consiga entender os sons, no retorno eu realizo o aumento. Na grande maioria dos
casos, o paciente retorna referindo que continuou entendendo tudo ou até melhorou
57
Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
seu desempenho e agora possui mais conforto auditivo, pois nem todos os sons ficam
muito alto.
O caso acima demonstra como é importante que nós entendamos cada tecnologia e
saibamos ter o raciocínio clínico, para entender o que está relacionado à queixa do
paciente. Além disso, precisamos ter a capacidade de explicar todos esses pontos ao
paciente de forma que ele entenda.
Um paciente que merece muita atenção e necessita muito do uso da amplificação não
linear são os pacientes com lesão de células ciliadas, ou seja, sensorial. Essa atenção é
necessária pois pode haver o recrutamento objetivo de Metz e, especialmente nesses
casos, os sons altos precisam ser menos amplificados, para não gerar intenso desconforto
ao paciente, impedindo muitas vezes o seu uso.
Ou seja, nosso sistema auditivo de forma fisiológica não amplifica sons altos e
amplifica os sons baixos. Por esse motivo, o uso de amplificação não linear nos
aparelhos auditivos traz tanto benefício de inteligibilidade. A amplificação não
linear processa o som de forma parecida com o nosso sistema auditivo e, por isso,
auxilia na reabilitação auditiva do paciente.
Todas essas características observadas podem ser modificadas, de forma mais complexa
ou mais simples, a depender da tecnologia, mas podem ser encontradas tanto em
aparelhos analógicos quanto digitais. Sua modificação vai acontecer de acordo com
o algoritmo confeccionado por cada fabricante. Essas modificações são denominadas
ajustes básicos e são no total três: controle de ganho, controle de tonalidade e controle
de saída e se relacionam com as características já explicadas.
O controle de ganho ideal para cada indivíduo relaciona-se diretamente com sua
perda auditiva e deve ser determinada de acordo com as limitações especificadas no
catálogo do aparelho auditivo escolhido. Já o controle de tonalidade tem a função
de alterar o ganho em função da frequência do som, gerando um destaque para sons
agudos ou graves, de acordo com a necessidade do paciente. Por fim, o controle de
saída irá regular a pressão sonora máxima que será transmitida ao paciente, evitando,
58
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
assim, uma super amplificação. Ele deve sempre ser regulado abaixo do nível de
desconforto.
Para que essa modificação de ganho aconteça, de acordo com a intensidade do som
captado, um sistema chamado compressão é utilizado. A compressão é utilizada
tanto para modificar o ganho em amplificações não lineares (quando a partir de uma
intensidade é necessário fornecer menos ganho, esse menor ganho ocorre através da
compressão) como para limitar a saída máxima do som no AASI.
Para entendermos melhor o sistema de compressão, precisamos antes entender que
ela possui características estáticas e dinâmicas. Falaremos agora um pouco sobre cada
uma delas.
As características estáticas são o limiar de compressão, que já vimos acima com o
nome de “ponto joelho” (define o que será considerado um som fraco, médio ou forte)
e a razão de compressão. Esta última é responsável por definir quanto de ganho será
diminuído quando o som mais alto precisa ser menos amplificado.
Já as características dinâmicas são o tempo de ataque e o tempo de recuperação.
O primeiro refere-se ao tempo que leva para que o sistema de compressão seja ativado
e reduza o ganho e o segundo é o tempo em que o sistema leva para retornar ao ganho
inicial estabelecido.
Vistas essas características, podemos já imaginar que cada tipo de compressão irá
variar de acordo com o tipo, tempo de ativação e desativação e a quantidade de ganho
que será alterada quando ela for adaptada. Diante de tantas variáveis, a compressão se
torna um dos recursos mais difíceis de ser ajustado.
Veremos a seguir as principais formas de compressão existentes.
» Compressão corte de pico: esse tipo de compressão foi a primeira tentativa
desenvolvida e acontece quando a intensidade do som de saída excede de saída
do amplificador ou a de saída máxima determinada. Quando isso acontece,
a onda sonora é cortada, conforme observada abaixo, diminuindo, assim,
a intensidade do som.
CORTE DE PICO
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Unidade II | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II
A forma como o corte de pico acontece gera distorção do som, uma vez
que se perde um pedaço da onda sonora. Por esse motivo, é pouco utilizado
atualmente, sendo destinada a controle de saída máxima pela sua velocidade
na compressão.
60
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
Fonte: https://pt.depositphotos.com/vector-images/fonoaudi%C3%B3logo.html.
62
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas II | Unidade II
63
BASES TEÓRICAS DE
SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO
DE PRÓTESES UNIDADE III
AUDITIVAS III
Como já vimos até agora, a seleção e adaptação dos aparelhos auditivos dependem de
diversos aspectos, sendo um dos mais importantes a forma como o som será levado ao
ouvido do paciente depois de amplificado e modificado. Quando falamos sobre o tipo
de AASI com relação ao seu local de adaptação, vimos os aparelhos intra-aurais, que
serão adaptados em uma cápsula construída a partir do molde do ouvido do paciente
e os BTEs, que farão o uso de moldes (a exceção dos receptores de canais). Em ambos
os casos, é necessária a realização da pré-moldagem do ouvido do paciente e esse
procedimento deve ser realizado da forma mais precisa possível.
Todo o processo da pré-moldagem até a escolha do tipo de molde correto para cada
caso será abordado nesta unidade. Além disso, veremos também outro tipo de adaptação
possível, em que se encaixam os aparelhos RIC, chamada de adaptação aberta.
64
CAPÍTULO 1
Confecção dos moldes auriculares
Veremos a seguir o passo a passo para uma confecção correta dos pré-moldes – o modelo
que o protético irá utilizar para confecção dos moldes ou das cápsulas intra-aurais.
65
Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
Fonte: https://bernafon.com.br/produto_massa_para_moldagem.
Fonte: https://sanibelsupply.com/impression-pads-cotton-otoblocktm-small-blue-bag-50-pcs/.
66
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III | Unidade III
Fonte: https://www.bernasonic.com.br/site/acessorios-aparelhos-auditivos/.
Seringa: a seringa tem a função de colocar a massa de molde pronta dentro do conduto
auditivo do paciente e, por isso, ela deve estar limpa e sem imperfeições para uma
boa pré-moldagem. Um cuidado importante que devemos ter ao escolher a seringa é
que ela não deve ter uma ponta muito pequena, o que dificultaria a injeção da massa
de molde no ouvido do paciente. Abaixo podemos observar um exemplo de seringa:
Fonte: https://otosonic.com.br/produto_seringa_para_moldagem.
Agora que conhecemos todos os materiais necessários, vamos ver o passo a passo para
a realização de boa pré-moldagem:
Inspeção do MAE
67
Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
Após a colocação do otoblock, para se assegurar que foi bem colocado e não há espaço
para passagem da massa, devemos realizar uma nova meatoscopia onde devemos
observar o MAE todo preenchido pelo algodão, garantindo assim que a massa não
passará do limite de inserção desejado.
Por fim, uma nova observação deve ser realizada após a retirada da massa endurecida,
para se assegurar de que não ficou resíduo de massa no MAE e que está tudo bem com
o ouvido do paciente.
Ainda sobre os otoblocks, um cuidado especial que devemos ter é em ouvidos que já
sofreram cirurgias. Nesses ouvidos, a cavidade da orelha média é muito maior e se inicia
antes. Por isso, devemos realizar uma pré-moldagem rasa e com bastante algodão. Na
imagem abaixo, podemos ter uma boa ideia da importância do maior cuidado.
Caso o otoblock seja mal colocado e a massa de molde passe o limite desejado, principalmente
em um ouvido com cavidade cirúrgica, pode não ser possível a retirada do molde
68
Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III | Unidade III
Preparação da massa
É importante observar que a mistura deve ser homogênea e o processo deve ser realizado
de forma rápida, uma vez que a massa irá endurecer após ser misturada ao catalisador.
Introdução na seringa
Após ser misturada, a massa final deve ser inserida na seringa. É necessário ter o cuidado
para não formar bolhas de ar, além de ter a certeza de que a seringa foi toda preenchida.
Essa parte é uma das mais importantes, pois precisamos nos assegurar que todo o meato
acústico será preenchido por massa. Antes de começar a inserir a massa, precisamos
segurar o fio do otoblock, a fim de que ele fique no meio do molde em vez de em sua
borda, causando uma impressão não desejada. Quando a massa começar a ser inserida,
a seringa também deve ser inserida no conduto auditivo, sendo só retirada após a
massa preencher todo o espaço do conduto. A partir de então, devemos preencher
com passa todo o pavilhão auricular, inclusive a concha e a hélix. Esse cuidado de
preencher todo o pavilhão auricular deve ser realizado independentemente do molde
a ser confeccionado. Abaixo vemos uma imagem que ilustra esse processo:
Figura 40. Introdução da massa dentro do MAE.
Fonte: https://docplayer.com.br/51410071-Produtos-karina-souza-e-equipe-de-treinamento-resound-mini-microphone-increased-
understanding-in-many-situations.html.
69
Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
Após o preenchimento completo, a massa deve ser apertada de forma leve, a fim de
moldar a parte externa, bem como garantir que não houve bolhas de ar, conforme
figura abaixo.
Figura 41. Procedimento após colocação da massa.
Após o teste da unha, quando passamos a unha na parte externa da massa e ela não
fica marcada, temos uma massa já endurecida e pronta para ser retirada. Esse processo
também deve ser de forma cuidadosa. Primeiro, deve ser retirada a parte de cima,
perto da hélix, para que a pressão formada na pré-moldagem seja retirada e, então, o
molde pode ser retirado. Esse processo se assemelha bastante a quando vamos abrir
potes de conservas, em que primeiro tiramos uma tampinha que “veda” o pote e então
fica mais fácil de abri-lo. Abaixo podemos ver um pouco esse processo de retirada:
Figura 42. Retirada do molde.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III | Unidade III
Fonte: https://xtremeears.com.br/pre-molde/.
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CAPÍTULO 2
Tipos e escolha dos moldes auriculares
Após uma pré-moldagem bem realizada, o próximo passo é definir qual tipo de molde
deverá ser confeccionado. Essa decisão vai desde qual material será utilizado até qual
tipo será. Todas essas opções de escolha serão vistas agora:
Material do molde
Os moldes podem ser confeccionados com acrílico ou com silicone. O silicone, por
ser menos rígido e vedar mais o conduto auditivo, é mais utilizado na prática clínica.
Em crianças, devido ao crescimento rápido e a se mexerem constantemente, devem fazer
uso do de silicone até para evitar que em algum movimento ou queda se machuquem
com o de acrílico, que é mais rígido. Porém pacientes com alergias a silicones e processos
recorrentes de infecção devem fazer uso do material acrílico (no qual podemos realizar
uma higienização mais efetiva).
Quando estamos com um paciente que nunca realizou o uso de aparelhos, a escolha
inicial (a exceção de otites) é o molde acrílico. Porém existem pacientes já usuários
que estão acostumados ao uso do acrílico e devemos respeitar isso.
A mangueira que liga o molde ao aparelho auditivo é padronizada, sendo igual para
todos os moldes e marcas de aparelhos. Sua troca deve ser feita de forma periódica,
sempre que elas estiverem ressecadas (normalmente a cada 3 meses). O fonoaudiólogo
pode fazer a troca em consultório, não sendo indicado que o paciente a realize. Porém
vale sempre observamos que molde de silicone apresenta uma troca de mangueira fácil,
já os de acrílico, algumas vezes a troca só pode ser feita pelo protético.
Na figura abaixo podemos observar um molde de silicone e um de acrílico:
Silicone Acrílico
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Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
» Concha ou concha com hélix – esse é o molde que tende a apresentar menos
problemas e o que permite mais modificações. Ele deve ser utilizado quando
precisarmos ter certeza de que o ouvido está bem vedado, ou seja, quando
fazemos uso de grande potência, para perdas auditivas acima de severa.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III | Unidade III
Abaixo, podemos observar um esquema que demonstra melhor qual tipo de molde
devemos escolher, nos baseando na perda auditiva do paciente.
Figura 47. Escolha do molde auricular de acordo com o grau da perda auditiva.
90
100
110
conchaa
120
Figura 48. Escolha do molde auricular de acordo com a configuração da perda auditiva.
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Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
Outra escolha que podemos realizar no molde é o uso de alguma modificação acústica
no molde. Essas modificações nos ajudam a realizar a amplificação de forma desejada
através de mudanças físicas no molde. Existem três tipos de modificações que podemos
fazer uso: a ventilação, os filtros acústicos e o efeito corneta. Veremos a seguir cada
uma delas.
Ventilação
A ventilação é o uso de uma modificação física no molde, em que solicitamos que seja
realizado um furo no molde, a fim de que se possa ventilar o ouvido. Essa modificação
é utilizada no caso de frequências graves preservadas ou em otites médias de repetição,
em que não é indicado um ouvido ocluído. Porém o seu uso deve ser feito com cuidado,
pois em perdas auditivas acima de moderado o risco de microfonia é grande.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III | Unidade III
Caso tenha dúvida em qual tamanho de ventilação solicitar, devemos sempre solicitar
o menor que achamos adequado. Caso depois seja preciso de uma maior, é possível
solicitar ao protético que aumente o seu tamanho. Porém, caso a ventilação tenha ficado
grande demais (e a principal característica para tal é a ocorrência de microfonia), não
é possível solicitar sua diminuição, sendo o problema sanado apenas com a confecção
de um novo molde.
Uma outra dúvida muito comum acontece quando temos uma ventilação grande e
retiramos a mangueirinha para fazer sua troca. Muitas vezes o furo da ventilação e
mangueira possuem o mesmo tamanho e ficamos na dúvida de qual é qual. Pois bem,
por convenção, a ventilação sempre será realizada na parte de baixo do molde, sendo
o furo superior por onde a mangueirinha deve ser encaixada.
Filtros acústicos
Efeito corneta
O que acontece com o efeito corneta é que ele deveria ser indicado, na maioria das
vezes, nos casos em que a ventilação também é indicada. Pois ele amplificar os agudos e
a ventilação aliviaria a amplificação dos graves, sendo ambos os processos pertinentes
de serem usados em uma perda auditiva de configuração descendente. No entanto,
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Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
não é possível solicitar as duas modificações para o mesmo modo. Como a ventilação
apresenta uma eficiência maior em modificar o som, ela acaba sendo sempre solícita.
Podemos observar, durante a descrição das modificações acústicas, que elas são um
auxílio para nossa regulagem. Muitas vezes, por exemplo, o uso de ventilação fornece
muito mais alívio para o paciente do que se diminuíssemos a amplificação do grave
no programa de regulagem. Se pensarmos em tecnologia analógica, então, aí que
precisamos lançar mão dessas modificações devido às limitações que essa tecnologia
apresenta.
do que for ser feito ou do modelo de molde (molde, tampão ou cápsula), a pré-moldagem
deve ser completa, contemplando canal auditivo e pavilhão auricular e de qualidade.
O tipo de molde varia de acordo com a audiometria –quanto maior a perda auditiva,
maior o molde.
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CAPÍTULO 3
Adaptação aberta
Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/prod/widex/product-84303-716047.html.
» Oliva tulipa – perdas auditivas com graves melhores, porém com perda.
» Oliva fechada dupla – perdas auditivas planas que necessitam de maior vedação.
Em casos de perdas maiores, é possível colocar um molde menor na ponta do tubo fino
para uma melhor vedação, sendo necessária uma pré-moldagem. Essa opção também
pode ser escolhida nos casos de descamação, para proteger o receptor ou em casos em
que nenhuma oliva disponível se adapta bem ao conduto do paciente.
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Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III | Unidade III
Como podemos observar acima, existem diversas opções de olivas e sua escolha levará
em conta, como já dito anteriormente, a audiometria. Abaixo podemos ver como
escolher de acordo com o exame auditivo.
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Unidade III | Bases teóricas de seleção e adaptação de próteses auditivas III
Como observado durante este capítulo sobre adaptação aberta, podemos perceber
como sua adaptação torna o aparelho mais discreto. Além disso, a não necessidade
de uma pré-moldagem possibilita que o paciente já possa sair plenamente adaptado
no mesmo dia que realizar o teste do aparelho auditivo. Porém sua indicação deve
ser criteriosa, da mesma forma de todas as escolhas a serem realizadas durante uma
adaptação. Pacientes com destreza manual comprometida tendem a ter dificuldade com
a adaptação aberta, até pelo fato de sua limpeza ser mais difícil. Além disso, pacientes
com anos de adaptação estão acostumados ao uso de molde e se sentem mais seguros
com eles. Para esses casos, por exemplo, o uso de molde é o mais indicado.
O uso da adaptação aberta vem ganhando cada vez mais espaço e vem contribuindo
bastante para aceitação do uso do aparelho auditivo.
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SELEÇÃO E
ADAPTAÇÃO DE AASI UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
Sistemas opcionais e auxiliares
Os sistemas opcionais e acessórios são dispositivos que não são classificados como
fundamentais para o processo de amplificação sonora, e muitas vezes não estão inclusos
no aparelho auditivo, porém podem ser adicionados, de forma a melhorar a adaptação
do paciente. Muitos desses dispositivos necessitam do uso de conectividade (bluetooth)
e, por isso, só são compatíveis com aparelhos que apresentem conectividade.
Na prática clínica, tenho observado que muitos pacientes aumentam sua aderência
quando fazemos uso de alguns desses dispositivos de forma acertada e de acordo com
suas necessidades diárias. A seguir, veremos os principais sistemas opcionais e auxiliares
e sua indicação clínica.
Botão de programa
O botão de programa está presente na maioria dos retroauriculares e não pode ser
adicionado apenas em aparelhos CIC. Ele foi a primeira forma de possibilitar ao
paciente realizar algumas modificações na regulagem do aparelho, dando assim mais
autonomia e possibilidade de adaptação a diferentes ambientes sonoros.
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Unidade IV | Seleção e adaptação de AASI
Botão de programa
Fonte: https://www.auditiv.com.br/aparelhos-auditivos.php.
Durante a nossa regulagem, o botão pode ser inativado (em pacientes que não desejam
ter a possibilidade de mexer) ou pode exercer a função que determinarmos. Abaixo
seguem as principais funções do botão de programa:
A escolha de qual programa adaptar para cada paciente deve ser realizada de forma
individual, observando as necessidades e dificuldades auditivas do paciente. Alguns
pacientes se mostram confusos com o botão, nesses casos devemos avaliar se o seu
uso é realmente indicado.
Controle remoto
O controle remoto é um dispositivo, que quando pareado com o aparelho, pode ser
utilizado para alternar entre os programas, aumentar ou abaixar o volume ou até ligar
e desligar. Ele exerce praticamente as mesmas funções do botão de programa, porém
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Seleção e adaptação de AASI | Unidade IV
é mais indicado para pacientes que possuem dificuldade de destreza manual ou que
não se adaptaram em apertar o botão por qualquer outro motivo.
Fonte: https://www.alvitex.com.br/acessorio-rexton-propocket.html.
Celular
O celular também pode ser utilizado como acessório de um aparelho auditivo de
algumas formas. Em primeiro lugar, o aparelho tendo a tecnologia, e com o uso de um
aplicativo no smartphone, ele pode ser utilizado com o controle remoto em aparelhos
com ou sem conectividade. No que possuem conectividade, o aparelho será pareado
ao celular e as informações transmitidas via Bluetooth. Já os que não possuem, as
modificações serão realizadas via emissão de sons de altas frequências iguais ao que
acontece com o controle remoto.
Além disso, alguns aparelhos auditivos podem ser conectados via Bluetooth com o
celular e então fazer com que os áudios do celular sejam transmitidos diretamente aos
aparelhos, melhorando de forma significativa a qualidade desses áudios. Existe também
a possibilidade do uso de um dispositivo que faça a comunicação entre o celular e os
aparelhos nos casos em que a conexão direta entre os dois não seja possível.
Essa conexão com o celular é, sem dúvida, a mais usada e mais facilmente adaptada
ao paciente. Muitos, quando vêm para a primeira consulta, já chegam solicitando um
aparelho que possa se conectar ao celular, pois já observaram essa possibilidade na
internet.
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Unidade IV | Seleção e adaptação de AASI
Quando observamos essa dificuldade, podemos lançar mão de um acessório que realizará
a conexão entre a televisão e o aparelho auditivo, fazendo com que o áudio da televisão
saia direto no aparelho ao mesmo tempo que as outras pessoas ainda podem ouvir
direto da TV. Abaixo podemos ver o exemplo de um desses dispositivos.
Fonte: https://www.digsom.com.br/acessorios-de-aparelhos-auditivos-para-tv/.
Mesmo com advento da smart TV, atualmente ainda não é possível realizar a conexão
direta entre o AASI e a televisão, sendo necessária o uso do dispositivo para essa conexão.
Sistema FM
O sistema FM é um acessório que utiliza ondas de rádio para propagação do sinal
sonoro. Sua função principal é melhorar a recepção da mensagem, principalmente
em ambientes ruidosos. Para que isso aconteça, um dispositivo deve ser acoplado ao
AASI e outro dispositivo funciona como um microfone e deve ser conectado ao falante.
O som captado pelo microfone será enviado diretamente ao aparelho auditivo sem
interferência de todos os sons ambientais, que muitas vezes dificultam o entendimento
do que é dito.
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Seleção e adaptação de AASI | Unidade IV
1.Microfone
2. Transmissor
Fonte: https://sites.usp.br/auditivo/wp-content/uploads/sites/768/2016/05/Planfeto-FM-.pdf.
Como o uso do Sistema FM exige que um dispositivo seja acoplado no AASI, nem
todos os aparelhos auditivos são compatíveis com ele. Por isso, ao realizar a seleção de
um aparelho auditivo em que se observa a possibilidade da necessidade do uso desse
sistema, já devemos realizar a escolha de aparelho que seja compatível.
Hoje, com a evolução tecnológica, já existem dispositivos que fazem o mesmo papel
do Sistema FM, só que em vez de fazer a transmissão sonora via ondas de FM, realiza
via bluetooth. O microfone pode ser colocado no falante e o áudio é transmitido direto
ao aparelho com importante qualidade sonora.
Por último, uma questão que, apesar de não ser considerado um dispositivo opcional
ou auxiliar do aparelho, mas que faz muita diferença na sua adaptação, é o aparelho
que possui bobina de indução telefônica. Esse sistema foi criado diante da dificuldade
que os pacientes apresentam em entender o que era dito ao telefone quando faziam
uso da regulagem do dia a dia. Isso acontece porque a característica do som gerado
pelo telefone é muito diferente do que um falante.
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Unidade IV | Seleção e adaptação de AASI
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CAPÍTULO 2
Aparelhos auditivos ancorados ao osso
Quando falamos em transmissão por via óssea, podemos pensar no aparelho auditivo
em BAHA, que foi o descrito acima, mas também podemos pensar nos ancorados ao
osso. O aparelho auditivo em BAHA está preso a uma haste semelhante a uma passadeira
e o paciente coloca e retira da mesma forma que pode ser feito com o convencional.
Porém, na prática clínica, observa-se que algumas pessoas referem interferência
na qualidade do som e reconhecimento de fala, conforme a mudança de posição de
colocação do vibrador ou até dor de cabeça e irritação, já que é necessário prender a
haste com considerável pressão na cabeça.
Fonte: http://portalotorrinolaringologia.com.br/pr%C3%B3teses-de-condu%C3%A7%C3%A3o-%C3%B3ssea.php.
Inicialmente, essas próteses, implantadas pela primeira vez no Brasil em 1977, tinham
o objetivo de atender a situações clínicas em que o uso do aparelho convencional não
seria possível, como nos casos de malformação da orelha externa ou média. Porém,
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Unidade IV | Seleção e adaptação de AASI
com a evolução da tecnologia, esse tipo de adaptação também se beneficiou e teve seus
critérios de indicação amplificados também.
Em algum momento, pode parecer estranho pensar que o paciente ouça por vibração,
porém precisamos sempre lembrar da fisiologia da audição e que, no fim das contas,
o som é uma onda sonora que, ao chegar à cóclea, fará a endolinfa se movimentar a
partir da sua vibração e então despolarizar as células ciliadas internas, transformando
o som em informação nervosa que chegará ao cérebro.
Quando escolhemos fazer uso de aparelho auditivo que dará o estímulo por vibração
e não por via aérea, estamos na verdade apenas “pulando um pedaço do caminho”.
O som, em vez de percorrer a orelha externa e média através de vibração até chegar à
cóclea, chegará direto nela através da vibração no nosso crânio, proporcionada pelo
vibrador.
A adaptação com aparelho por via aérea será sempre a forma de adaptar preconizada,
porém, em alguns casos, seguindo critérios preestabelecidos, temos a indicação do
aparelho auditivo ancorado ao osso. Veremos agora quais são esses critérios.
› Limiar médio para via óssea melhor que 60 dB nas frequências de 0,5, 1,
2 e 3kHz na orelha a ser implantada.
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Seleção e adaptação de AASI | Unidade IV
A questão da indicação é tão importante que as diretrizes gerais para atenção especializadas
às pessoas com deficiência do SUS, além de citar os critérios de indicação, também
falam sobre os critérios de não indicação e até de critérios relacionados a cirurgia e
não a audição do paciente.
Por fim, ao avaliar o procedimento cirúrgico em si, orienta-se sempre que a avaliação
do paciente deve considerar os critérios de indicação e contraindicação da cirurgia,
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Unidade IV | Seleção e adaptação de AASI
» Avaliação do otorrinolaringologista.
Como acontece na adaptação e seleção dos AASIs com transmissão por via aérea,
na adaptação de um aparelho auditivo ancorado ao osso, o fonoaudiólogo possui
papel fundamental, sendo essa atuação reconhecida pelo Conselho Federal.
Nosso papel está em participar das etapas de diagnóstico auditivo até a regulagem
do dispositivo.
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Seleção e adaptação de AASI | Unidade IV
A reabilitação auditiva com o uso de aparelho auditivo ancorado ao osso é uma das
formas de reabilitação que mais exigem a ação multidisciplinar. O fonoaudiólogo
para diagnosticar e realizar a adaptação não consegue realizar a cirurgia. O médico
que realiza a cirurgia não terá validade alguma do seu procedimento se não houver
quem regule e acompanhe o paciente posteriormente. Além disso, se o paciente não
estiver socialmente e psicologicamente preparado para todos os procedimentos, o
insucesso é esperado. Por isso, como já dito, reforço aqui a importância da equipe
multidisciplinar que atue de forma conjunta e não cada um apenas realizando o seu
papel de forma isolada.
Até agora podemos observar a variedade de opções que existem quando falamos
de uso de aparelho auditivo para a reabilitação auditiva. Ter tantas opções é
muito importante e faz com que possamos escolher para cada paciente o que é
melhor para ele. Para realizar a escolha de forma correta (passo mais fundamental
durante o processo), nós precisamos conhecer e entender todas as possibilidades,
porém, mais importante que isso, precisamos realizar o raciocínio clínico.
Precisamos sempre lembrar que o que tem mais tecnologia, o que é menor ou o
que é mais caro, muitas vezes, não é o mais indicado para nosso paciente.
93
CAPÍTULO 3
Indicação, seleção e adaptação
de aparelhos de amplificação
sonora individual
Como podemos observar durante todo este módulo, o fonoaudiólogo está totalmente
inserido no processo de indicação, seleção e adaptação do AASI. Somos nós os
responsáveis pelo diagnóstico auditivo, pela indicação (junto com o médico), pela
seleção e pela adaptação. O diagnóstico será visto em outro módulo, mas gostaria de
discutir agora a indicação, a seleção e a adaptação.
Como já dito, a indicação foi a última etapa que nos foi permitida, antes ela era
exclusivamente médica. Sempre falo que o uso do AASI é um ótimo recurso para
reabilitar o paciente, porém precisamos sempre ter certeza de que não existe outra
possibilidade, como cirurgia ou medicação. Precisamos entender que o aparelho
reabilita auditivamente o paciente, mas não cura ou melhora a perda auditiva, por
isso, caso a possibilidade de um tratamento que cure ou melhore a perda auditiva seja
possível, ele deve ser levado em conta. Além disso, o uso do aparelho auditivo é eterno,
igual aos óculos, o paciente sempre terá que usá-lo, sendo esse mais um motivo para
avaliarmos sua real indicação.
Com a certeza de que a conduta correta para aquele paciente é a reabilitação auditiva
com o uso do AASI, passamos então para a segunda etapa: a seleção, ou escolha de qual
aparelho auditivo é o indicado para aquele paciente. Como já vimos, nós fonoaudiólogos
realizamos, com o diagnóstico em mãos, a escolha de quais as características técnicas
do aparelho que mais se adaptam ao usuário. Para conseguir fazer isso, precisamos
entender muito sobre os aparelhos que temos a disposição e quais seus recursos, além
94
Seleção e adaptação de AASI | Unidade IV
Sempre digo que essa escolha do aparelho tem que ser feita em conjunto e comum
acordo entre o paciente e o fonoaudiólogo. Não podemos escolher um aparelho
que o paciente não gosta e não vai usar, mas também não podemos permitir que o
paciente faça a escolha de um que ele achou mais bonito, porém não serve para o seu
caso. Precisamos sempre lembrar que o conhecimento técnico é nosso, mas quem
usa é o paciente. Essa etapa exige muito jogo de cintura, convencimento e explicação.
O paciente deve saber tudo sobre seu problema e por que você fez a escolha daquele
aparelho para ele.
Aqui, nesse momento de escolha, também vale ressaltar um ponto importante quando
estamos falando no âmbito particular: o valor a ser pago. Cada paciente possui um
valor que pode pagar e, principalmente, que está disposto a pagar e isso tem que ser
respeitado. Claro que podemos mostrar, explicar e tentar convencer o paciente de que
um aparelho com mais tecnologia, e mais caro, por consequência, é o mais indicado
para o caso dele. Porém essa escolha final é do paciente. Outro ponto que influencia
bastante e que precisamos avaliar bem é quem vai fazer a compra, muitas vezes não é
o próprio paciente que paga pelo dispositivo e sim um familiar, o que acaba também
influenciando o valor.
Passada essa parte de seleção, ou seja, de escolha do modelo, entra-se então na fase de
adaptação. Essa parte envolve as regulagens, as orientações e o próprio uso constante.
Gostaria de destacar aqui a importância da orientação, passo muitas vezes deixado de
lado, ou realizado com pouca atenção. O paciente precisa entender como acontece o
processo de adaptação, a importância do uso constante e precisa se sentir seguro para
manipular o AASI, pois ele ficará durante todo o tempo fazendo uso dele. Muitas vezes,
é necessário realizar a orientação mais de uma vez e entregá-las por escrito também,
nos assegurando, assim, que o paciente entendeu bem.
Quanto à regulagem, a primeira realizada para que o paciente possa usar os AASI
chama-se regulagem inicial. Quando o paciente nunca fez uso de aparelhos antes, eu
oriento que se faça uma regulagem mais simples, sem tantos programas ou dispositivos.
Isso porque o paciente ainda está se adaptando, aprendendo. Nesse início, os retornos
precisam ser com pouco tempo, pois veremos no ambiente do paciente como o
aparelho está e, a partir das demandas relatadas, realizar ajustes. Com o decorrer da
adaptação, quando vemos que o som e os ajustes estão bons, espaçamos mais esses
95
Unidade IV | Seleção e adaptação de AASI
Não é incomum que o paciente, após estar bem adaptado, não retorne para as regulagens
e fique mais de um ano sem revisão. Isso não é indicado e precisamos deixar bem claro
ao paciente a importância do acompanhamento, pois é uma reabilitação auditiva.
Quando se passa muito tempo sem retornar, muitas vezes uma questão simples, fácil
de ser resolvida, torna-se complexa e demanda mais tempo e dinheiro.
Nesse processo todo, repito que é muito importante que o usuário tenha consciência que
a adaptação exige paciência, dedicação e empenho, porque o cérebro precisa se acostumar
a ouvir novamente. Ou seja, o paciente também exerce um papel fundamental. Porém,
em alguns casos, o paciente apresenta dificuldade nessa adaptação, sendo indicado
nestes o treinamento auditivo ou a terapia auditiva para auxiliar nessa adaptação.
96
PARA (NÃO) FINALIZAR
Neste material, podemos ver o quão complexa é a reabilitação auditiva e que o uso do
AASI é uma das possibilidades para essa reabilitação. O fonoaudiólogo é o profissional
capacitado para realizar todo esse processo, que, se bem compreendido, pode ser
realizado de forma tranquila e segura, trazendo imensos benefícios ao paciente.
97
REFERÊNCIAS
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Fonoaudiologia) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.
98
Referências
Imagens
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Figura 12 – Exemplos aparelhos auditivos BTE. Disponível em: https://otoclinic.com.br/qual-e-o-
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com.br/aparelhos-auditivos/receptor-no-canal. Acesso em: 21 ago. 2021.
Figura 14 – Exemplo aparelhos auditivos intra-aurais l. Disponível em: http://www.audiometracenter.
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com.br/aparelhos-auditivos/intracanal Acesso em 21 de agosto. 2021.
Figura 17 – Exemplo de aparelhos auditivos microcanal. Disponível em: http://www.audioclean.
com.br/aparelhos-auditivos/microcanal. Acesso em: 21 ago. 2021.
Figura 19 – Exemplo de aparelho de transmissão por via óssea. Disponível em: http://
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