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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 5
Introdução...................................................................................................................................... 8
Unidade i
CONCEITOS TEÓRICOS......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
Órgãos Fonoarticulatórios e Funções Estomatognáticas........................................... 9
capítulo 2
Função de Sucção – Normalidade e Patologias........................................................... 29
Capítulo 3
Função de Respiração – Normalidade e Patologias..................................................... 36
capítulo 4
Função de Mastigação – Normalidade e Patologias.................................................... 42
capítulo 5
Função de Deglutição – Normalidade e Patologias..................................................... 48
capítulo 6
Função de Expressão Facial – Normalidade e Patologias............................................ 51
capítulo 7
Pacientes queimados......................................................................................................... 56
Unidade iI
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL................................................................... 60
capítulo 1
Anamnese em motricidade orofacial............................................................................. 60
capítulo 2
Avaliação dos órgãos fonoarticulatórios e das funções estomatognáticas....... 67
capítulo 3
Avaliação e tratamento das alterações de sucção..................................................... 79
capítulo 4
Avaliação e tratamento das alterações de respiração................................................ 81
capítulo 5
Avaliação e tratamento das alterações de mastigação.............................................. 87
capítulo 6
Avaliação e tratamento das alterações de deglutição............................................... 91
capítulo 7
Avaliação e tratamento das alterações de expressão facial...................................... 93
Capítulo 8
Avaliação e tratamento das alterações de pacientes queimados................................ 98
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Esta apostila é parte integrante do curso de Especialização em Avaliação e Tratamento das
Alterações as Funções do Sistema Estomatognático, especialidade da Fonoaudiologia que atua em
Motricidade Orofacial. A modalidade a distância, é uma iniciativa inovadora para o profissional da
área se atualizar e aprender a aprender com processo de formação contínuo e estudos autodirigidos
e possibilidades de buscar seu próprio conhecimento com autonomia, ainda que com material
atualizado e com referência disponíveis para aprofundamento de conhecimentos. Além disso,
possui propostas de casos clínicos para desenvolver o raciocínio teórico e prático com embasamento
científico e aplicação no cotidiano da clínica fonoaudiológica e possibilidade de acesso aos docentes
para esclarecimento de dúvidas e enriquecimento de conhecimentos a partir de suas experiências.
Deste modo, o estudante terá todas as ferramentas disponíveis para se especializar, aprofundar seus
conhecimentos, possuir um material de consulta e aprender novos conceitos na área de Motricidade
Orofacial. Bons estudos e práticas!
Objetivos
»» Promover conhecimentos, atualização teórica, relações entre diversas áreas do
saber, aprofundamento, raciocínio clínico, possibilidades de aplicação prática
entre as diversas áreas da Fonoaudiologia e a Motricidade Orofacial.
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CONCEITOS TEÓRICOS Unidade i
CAPÍTULO 1
Órgãos Fonoarticulatórios e
Funções Estomatognáticas
Sistema Estomatognático
O Sistema Estomatognático (SE) é um conjunto de estruturas estáticas e dinâmicas, que desempenha
funções de extrema importância aos seres humanos – sucção, mastigação, deglutição, articulação
dos sons da fala e expressões faciais. Essas funções são chamadas neurovegetativas e incluem as
funções motoras, de postura oral e sensitivas (sensibilidade da cavidade oral, propriocepção das
estruturas e percepção de fome, sede ou saciedade). É por meio desse sistema, sujeito a influências
externas ou internas, que o indivíduo sobrevive (respira, se alimenta) e se comunica (fala e
expressa sentimentos) (FELÍCIO, 2004; CARVALHO, 2005; DOUGLAS, 2006; PERIOTTO, 2009;
CARVALHO, 2010; DOUGLAS; ONCINS, 2011).
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
As influências internas que podem afetar as estruturas que compõem o SE são os estímulos genéticos
e neuro-hormonais. As externas são os estímulos mecânicos, os relacionados a comprometimentos
orgânicos, os do meio em que a criança vive ou aqueles decorrentes de funções orais adequadas
ou inadequadas. Estas últimas geram, como consequência, mudanças indesejáveis nas estruturas,
as quais certamente refletirão nas funções. Para Tanigute (1998), todas as estruturas estão
interligadas e, se alguma delas apresentar desorganização ou desequilíbrio, todas serão alteradas
de alguma maneira. Exemplo: uma criança que respira pela boca por uso de chupeta (estímulo
externo) poderá ter suas estruturas orais alteradas e, consequentemente, todo seu crescimento
facial, sua postura oral, seu tônus muscular e as outras funções (mastigação, deglutição, fala)
poderão também ser alterados.
A contração muscular
As células que produzem todos os movimentos do corpo humano são denominadas células
musculares, sendo possível identificar três tipos delas com base em suas estruturas e propriedades
de contração: músculo liso, cardíaco e estriado. O músculo estriado, objeto do presente estudo,
está fixado aos ossos; e sua contração, que é controlada pelo SNS (Sistema Nervoso Somático), é
voluntária e responsável pelo movimento de partes do esqueleto, que compõem cerca de 40% do
corpo humano.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/muscbig.jpg>
De acordo com Vander, Sherman e Luciano (1981) e Guyton e Hall (1997a), a anatomia do músculo
estriado revela a presença de estruturas celulares unidas por tecido conjuntivo que são denominadas
fibras musculares.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.jennerssa.hpg.ig.com.br/fisiocontrac.htm>
Todos os músculos esqueléticos são formados por inúmeras fibras menores, as miofibrilas, que
contêm filamentos de miosina (filamentos grossos) e de actina (filamentos finos), que são proteínas
que permanecem dispostas lado a lado e são responsáveis pela contração muscular.
Tais estruturas, suspensas no sarcoplasma, são formadas por constituintes intracelulares usuais
e estão dispostas em padrões repetitivos regulares ao longo de todo o comprimento da miofibrila.
Cada unidade desse padrão repetitivo é uma unidade funcional do sistema contrátil muscular
estriado, chamado de sarcômero.
Figura 3. O sarcômero.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
as extremidades dos filamentos de actina; a banda A, que compreende de uma extremidade a outra
dos filamentos de miosina; e a banda I, que compreende a região entre as extremidades das bandas
A de dois sarcômeros adjacentes.
Os filamentos de miosina possuem projeções (pontes cruzadas), que apresentam sítios de ATPase,
que são sítios de transformação de ATP (Adenosina Trifosfato) em ADP e Pi (Adenosina Difosfato e
Fosfato inorgânico de alta energia), isto é, sítios de produção de energia para realizar a ligação com
a actina, ou seja, estes sítios realizam, juntamente com a participação do cofator Mg²+ (Magnésio),
a catalisação e degradação de ATP, formados nas mitocôndrias das células musculares, em ADP e
Pi, produzindo a energia essencial para que a contração muscular ocorra.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/thkfila.jpg>
Aos filamentos finos de actina estão ligadas duas proteínas: a troponina e a tropomiosina. A
tropomiosina assemelha-se a um bastão e cobre todos os sítios de ligação para a miosina, de modo
que não haja contração muscular pela união das pontes cruzadas da miosina e a ligação das pontes
cruzadas da actina. Este mecanismo da tropomiosina previne a atividade muscular.
Já a troponina tem a função de unir-se ao Ca²+, possibilitando que a contração muscular ocorra
através dos sítios de ligação do Ca²+.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/thinfila.jpg>
O mecanismo de contração muscular ocorre principalmente por meio da ligação do Ca²+ à troponina,
que afasta as moléculas de tropomiosina e expõe os sítios de ligação das pontes cruzadas na actina.
Concomitantemente, ocorre a liberação de energia através da ATPase e da liberação de Mg²+, que
promovem a ligação entre os sítios de ligação da actina na miosina e os sítios de ligação das pontes
cruzadas na actina.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.hosppract.com/issues/2001/graphics/05/mohid1.gif>
A unidade motora
De acordo com Basmajian (1978), Pinto (1996) e Aminoff (1998), a unidade motora é constituída
pelo segundo neurônio motor e, respectivamente seu corpo celular na medula espinhal, seu axônio,
as junções neuromusculares e as fibras musculares derivadas deste axônio.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/motounit.jpg>
Para Vander, Sherman e Luciano (1981) e Guyton e Hall (1997b), as fibras musculares esqueléticas
são inervadas por fibras nervosas grossas mielinizadas, originadas nas células nervosas cujos
axônios inervam as fibras musculares esqueléticas, os motoneurônios, das pontas anteriores
da medula espinhal. O motoneurônio e as fibras musculares por ele inervados constituem uma
unidade motora.
Fonte: <http://www.bmb.psu.edu/courses/bisci004a/muscle/musc-img/nmjunct.jpg>
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Em geral, a origem dos músculos estriados é fixa, mas existem exceções. Já a inserção do músculo
é a estrutura sobre a qual incide a ação, por isso geralmente está ligada a uma estrutura móvel e a
contração muscular produz movimento que atua sobre uma articulação entre a origem e a inserção
do músculo.
A contração muscular reduz a distância entre a origem e a inserção do músculo. Pode ocorrer ação
de rotação ou deslize próximo da articulação.
Os músculos da cabeça e pescoço não possuem bainhas fasciais, que são características dos músculos
esqueléticos e muitas de suas fibras se inserem diretamente na pele.
De acordo com Hanson e Barret (1995), Zemlim (2000), Douglas (2006) e Sobotta (2006) os
músculos da cabeça e pescoço podem ser divididos em:
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Músculos da língua
Língua – intrínsecos
Figura 24. Longitudinal superior.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Músculos mastigatórios
Elevadores
Figura 32. Masseter.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Abaixadores
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Relaxadores depressores
Figura 40. Palatoglosso.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Levantadores
Depressor tensor
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Músculos da faringe
»» constritores superiores;
»» constritores médios; e
»» constritores inferiores.
Figura 45.
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capítulo 2
Função de Sucção – Normalidade
e Patologias
Sucção - normalidade
Inicialmente, a sucção é um reflexo imprescindível para a sobrevivência nos primeiros seis meses
de vida. Após este período, o reflexo se torna volitivo por meio do amadurecimento neural, o que
permite a aprendizagem da mastigação, que completará o crescimento e desenvolvimento das
estruturas e funções do SE (FELÍCIO, 2004).
Existem dois tipos de sucção: sucção nutritiva (SN) e sucção não nutritiva (SNN). A sucção nutritiva
é aquela em que o bebê recebe e ingere líquido (leite). Pode ser diretamente da mama materna, de
mamadeira, de copo ou xícara, de colher ou qualquer outro método de alimentação. Já a sucção não
nutritiva é aquela em que não há ingestão de líquidos, como ocorre na sucção de chupeta, digital ou
de objetos.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
2. abertura de boca; e
3. anteriorização da língua.
Com a pega, o sistema aréolo-mamilar se expande na cavidade oral do bebê e desencadeia o reflexo
de sucção (com o toque na língua e papila). Consequentemente, o reflexo de deglutição resulta
do estímulo provocado pelo leite na região posterior da cavidade oral (SANCHES, 2004; NEIVA,
2008).
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 46.
Fonte: <http://www.brianpalmerdds.com/section_A.pdf>
A mandíbula realiza quatro movimentos que, além de auxiliarem na ordenha, favorecem o crescimento
facial tanto no plano vertical quanto no horizontal, proporcionando crescimento harmônico da
face. São eles: abertura (ação dos músculos supra-hioideos), anteriorização ou protrusão (ação dos
músculos pterigoideos mediais e laterais e masseteres), fechamento (ação dos músculos masseteres,
temporais e pterigoideos mediais) e posteriorização ou retração (ação das fibras oblíquas e
horizontais dos músculos temporais e digástrico e fibras superiores dos pterigoideos laterais). Estes
movimentos são importantes para promover a pressão negativa necessária à ordenha por meio da
massagem da mama, que atinge os seios lactíferos e a saída do leite (MOYERS; CARLSON, 1998;
SANCHES, 2004; NEIVA, 2008; GRANJA, 2011).
Sucção - patologias
Faz-se necessário conceituar hábito deletério ou parafuncional. De acordo com Moyers (1991),
Agurto et al. (1999) e Carvalho (2003), hábito é um costume ou automatismo adquirido pela prática
e repetição, sempre iniciado de forma consciente, porém, com a prática, torna-se inconsciente e é
incorporado à personalidade. O hábito oral deletério ou parafuncional é um padrão neuromuscular
complexo aprendido que, além de se fixar pela personalidade, funciona como refúgio em momentos
de solidão ou ameaça, visto que transmite segurança e conforto ainda que potencialmente cause
alterações graves nas estruturas e funções estomatognáticas, como má posição dentária, distúrbios
respiratórios, dificuldades na fala, alterações musculares, entre outras.
Os danos causados por tais hábitos, em especial a sucção não nutritiva, dependem da frequência,
intensidade, duração de uso (Tríade de Graber) e do próprio tipo facial da criança, e estão relacionados
ao desenvolvimento mandibular insuficiente, alterações posturais de lábios e língua, alterações
de ossos faciais e oclusão dentária, bem como alterações musculares (SOARES; TOTTI,1996;
RODRIGUES; BOLINI; MINARELLI-GASPAR, 2006).
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
De acordo com Queluz e Gimenez (2000), Deodato (2005), Rodrigues, Bolini e Minarelli-Gaspar
(2006), são hábitos orais deletérios:
»» bruxismo,
»» sucção digital,
»» onicofagia,
»» entre outros.
Os hábitos orais envolvem alterações na ação de grupos musculares, na mobilidade, na forma das
estruturas orais e funções como respiração, mastigação, deglutição, fala, etc. (BITAR, 2004).
O uso de bicos artificiais também pode levar ao desenvolvimento de outros hábitos orais deletérios,
pela necessidade oral que permanece não satisfeita, especialmente na sucção da mamadeira.
O recém-nascido tem uma necessidade natural e fisiológica para sugar, em razão da presença
dos impulsos nervosos de sucção, cujo objetivo é saciar a fome neural e fisiológica. Ambas são
totalmente satisfeitas no aleitamento materno (MEDEIROS; MEDEIROS, 2006; CARVALHO,
2010; SANTINI, 2013) e, quando este não ocorre, a necessidade neural permanece, leva a
outros hábitos orais como sucção de chupeta, bruxismo, onicofagia, sucção digital, entre outros
(DEODATO, 2005).
Com a finalidade de permitir maior compreensão das diferenças entre sucção e ordenha, cada
aspecto será comparado de forma mais didática, de acordo com vários autores, como, por exemplo:
Woolridge (1986), Hanson e Barrett (1995), Enlow e Hans (1998), Vinha (1999), Naylor, Danner e
Lang (2001), Carvalho (2002), Sanches (2004), Carvalho (2005), Deodato (2005), Gomes e Oliveira
(2009), Medeiros, Ferreira e Felício (2009) e Carvalho (2010).
Cavidade oral
No aleitamento materno, o complexo aréolo-mamilar se adapta à cavidade oral do lactente, pois é
uma estrutura macia com certo grau de elasticidade. Esse complexo é ampliado dentro da cavidade
oral e chega até o palato mole, favorecendo a deglutição.
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CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Na sucção, o bico possui restrita capacidade de ampliação e é um objeto rígido que não se adapta.
Por isso, a cavidade oral do bebê que precisa se adaptar ao bico. Com isso, ocorre um desequilíbrio
de pressão, especialmente sobre a língua e palato duro, fato que pode alterar a anatomia dessas
estruturas, conforme o tempo, a frequência e o tipo de bico utilizado.
Abertura de boca
No aleitamento materno, o bebê precisa abrir amplamente a boca para obter a pega correta da
mama, visto que esta depende da pega do mamilo e boa parte da aréola. A musculatura supra-
hioidea, responsável pelo abaixamento da mandíbula, é ativada e exercitada a fim de manter a
cavidade oral com abertura adequada para que a ordenha aconteça sem dor ou fissura mamilar.
Na sucção, ao contrário, não há necessidade de grande abertura de boca. Exige-se o seu fechamento
para a pega do bico, que é menor. Assim, a musculatura supra-hioidea não cumpre seu papel e
entra em ação a musculatura elevadora da mandíbula (masseteres, temporais, pterigoideos). Por
este motivo, bebês alimentados por mamadeira podem apresentar dificuldades em pegar a mama e
manter o aleitamento materno.
Postura de lábios
Na mama, o bebê precisa, além de abocanhar adequadamente o complexo aréolo-mamilar, manter
a pega da mama enquanto extrai o leite. Os lábios (músculo orbicular da boca) encontram-se ativos,
com a finalidade de manter o vedamento labial e a pressão intraoral. Por isso pode-se observar que
os lábios do bebê permanecem evertidos e em total contato com a mama durante toda a mamada.
Com isso, o orbicular da boca é estimulado e, com tônus adequado, permite a manutenção da
respiração nasal com vedamento labial.
Já na sucção de bicos artificiais, os lábios perdem sua função, visto que não há necessidade de manter
a pega; o bico é colocado e mantido na cavidade oral do lactente. Por isso, não são estimulados
adequadamente, adquirem tônus rebaixado e seu relaxamento excessivo leva à manutenção dos
lábios entreabertos, mesmo em repouso, fato que pode levar ao início da respiração oral e a todas as
suas consequências deletérias à saúde geral e fonoaudiológica da criança.
Os bicos artificiais, ao contrário, empurram a língua para a região posterior da cavidade oral,
dificultando a realização dos movimentos peristálticos e a realização da concha para recolhimento
33
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
do leite. A língua fica com a ponta baixa e o dorso elevado, para controlar o fluxo de leite que
chega à região posterior. O bebê precisa apenas deglutir. Essa postura e estímulo inadequados
da língua reduzem a atividade muscular e podem promover dificuldades na sua mobilidade, pois,
ao adquirir postura com ponta baixa e dorso elevado, a língua não assume a postura correta
de repouso (ponta de língua na papila palatina). Esta inadequação pode levar a alterações de
deglutição, mastigação e fala.
Na sucção de bicos artificiais, o bebê realiza apenas dois movimentos mandibulares: de abertura
e de fechamento. Eles direcionam o crescimento facial apenas no plano vertical e podem resultar
em consequências adversas à criança, pois sem o estímulo de crescimento horizontal, há redução
da cavidade oral, do tamanho do palato duro, do espaço da arcada para a erupção dentária, com
consequente alinhamento incorreto dos dentes erupcionados (alterações e oclusão dentária) e
dificuldades de manutenção da língua dentro da cavidade oral, entre outros.
A pressão exercida nos bicos é tipicamente negativa, tanto pelos movimentos mandibulares
quanto pelo fato de não haver possibilidade de massagear o bico por pressão positiva. O que
acontece, então, é uma atividade atípica de bucinadores, que são geralmente responsáveis pela
manutenção da pega em aleitamento materno. Os bucinadores hiperativos também exercem
pressão sobre as arcadas dentárias e palato duro, produzindo maiores alterações, como redução
do espaço aéreo nasal pela elevação do palato duro com maior estímulo para a respiração oral,
bem como maloclusões.
Cabe destacar que, lactentes que recebem bicos juntamente com aleitamento materno podem
apresentar “confusão de bicos”, isto é, desenvolver dificuldades para realizar a ordenha na
mama após terem exercitado a sucção de bicos artificiais. Tal confusão ocorre exatamente pelas
diferenças de atividade muscular, postura de lábios, língua e movimentação mandibular, e
também pode resultar em desmame, ou seja, interrupção total do aleitamento materno para uso
exclusivo de bicos e leites artificiais (GOMES et al., 2006; NYQVIST; EWALD, 2006; PIZZOL
et al., 2012).
34
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 47.
Fonte: <http://www.brianpalmerdds.com/section_A.pdf>
35
Capítulo 3
Função de Respiração – Normalidade
e Patologias
Respiração - normalidade
A respiração é função vital ao ser humano. Tem como finalidade fornecer oxigênio aos tecidos e
células do organismo e eliminar dióxido de carbono resultante das reações celulares. Além disso, é
um dos elementos básicos da comunicação verbal, função exclusiva dos seres humanos e secundária
à respiração.
Na criança maior e no adulto, existe relação entre a postura do sistema estomatognático em repouso
e o modo respiratório. O indivíduo que respira pelo nariz, de acordo com Felício (2004):
36
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
A respiração nasal possibilita que o ar inspirado seja aquecido, umedecido e filtrado e, por isso, é
função essencial para a manutenção da saúde geral.
Respiração - patologias
Respiração oral
A respiração oral é inadequada e pode ocorrer tanto por um impedimento anatômico ou orgânico,
quanto por alterações não nasais ou funcionais. Essas alterações não nasais podem ser decorrentes
do aleitamento materno insuficiente, da sucção prolongada de bicos artificiais e promover desvio
de septo, hipertrofia de amígdalas e adenoides, hábitos orais deletérios, alterações musculares,
etc. (MARCHESAN, 2003; DEODATO, 2005; IMBAUD et al., 2006; SANTOS NETO et al., 2009;
CARVALHO, 2010; MARCOMINI et al., 2010; PACHECO et al., 2012).
O bebê, ao sugar um bico artificial, adquire flacidez muscular de lábios (músculo orbicular da boca),
que permanecem entreabertos e favorecem o início da respiração oral; a língua, que deveria assumir
postura com ponta elevada e dorso baixo, também sofre mudanças de tônus muscular e passa a
apresentar postura com ponta baixa, repousando no assoalho da cavidade oral e pode se posicionar
entre as arcadas dentárias; para promover vedamento labial, o músculo mentual atua e passa a
apresentar contração excessiva (DEODATO, 2005; RODRIGUES et al., 2005).
Na sucção da mamadeira ocorre interrupção da respiração durante o ato da deglutição, fato que
reduz a oxigenação. Pesquisas revelam maior ocorrência de respiração oral em crianças que sugam
mamadeira do que nas amamentadas e, quanto maior a duração do aleitamento materno, maior
a incidência do estabelecimento da respiração nasal (HOWARD et al., 1999; SANTOS, 2004;
VIGGIANO et al., 2004; CARRASCOZA et al., 2006).
Segundo Deodato (2005) o respirador oral ainda desenvolve estreitamento de arcada dentária, palato
alto em forma de V ocasionado pela posição alterada de língua e da mandíbula. Por meio da Teoria
da Compressão, a inatividade do palato promove seu crescimento alterado e, consequentemente,
redução da cavidade nasal e seios maxilares.
37
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Outros problemas podem surgir e se estabelecer na criança que respira pela boca: problemas
emocionais, dificuldades alimentares, problemas escolares, alterações posturais, outras maloclusões
e desarmonias faciais, problemas respiratórios, deglutição atípica, infecções recorrentes de ouvido
(otites de repetição), que podem reduzir a audição e interferir na aprendizagem e problemas de fala
(CARVALHO, 2002; DEODATO, 2005; CARVALHO, 2010).
Indivíduos que respiram pela boca podem ser de 3 tipos: puramente funcionais, orgânicos ou
genuínos ou impotentes funcionais (CARVALHO, 2009).
3. Respiradores orais impotentes funcionais: são casos em que não houve e não
há obstrução à respiração nasal, mas existe disfunção neurológica acompanhada ou
não de alterações psiquiátricas, com aspectos morfológicos e funcionais normais.
Na respiração oral, várias estruturas podem estar alteradas: nariz; fossas nasais; cavidades
paranasais; cavidade oral; lábios; língua; músculos bucinadores; arcadas dentárias; palato duro;
palato mole; articulação temporomandibular.
Além de alterações estruturais orais, a respiração oral ainda pode resultar em problemas
comportamentais, distúrbios patológicos, distúrbios alimentares e alterações posturais que levam à
denominação de Síndrome do Respirador Oral.
»» problemas de relacionamento;
»» redução da audição;
38
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
»» depressão, angústia;
»» enurese noturna;
»» obesidade ou desnutrição.
As alterações posturais que acometem os respiradores orais podem ser torácicas, relacionadas à
rotação de ombros comprimindo o tórax, alterações da coluna cervical, vertebral ou envolvendo pés,
tornozelos e joelhos. As alterações da postura, certamente, desorganizarão o sistema estomatognático,
a contração dos músculos intra e extraorais do pescoço, os movimentos mandibulares e o desempenho
das funções neurovegetativas, por isso é importante reconhecer tais alterações e encaminhar o
paciente para acompanhamento e reabilitação com profissionais especializados.
Ronco é um ruído respiratório produzido na cavidade oral, decorrente da fricção dos tecidos moles
das vias aéreas durante o sono. Pode haver vibração de faringe, palato mole, úvula, epiglote e base
da língua devido à flacidez de tais músculos. O ronco primário não é acompanhado de alterações
respiratórias ou fragmentação do sono, no entanto, a presença de ronco pode indicar também a
presença de apneia do sono, por isso é importante que os pacientes roncadores fiquem atentos a
alguns sinais e sintomas (LEMES; ANTONIO, 2005):
39
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
»» redução da memória;
»» dificuldade de concentração;
»» cansaço;
»» depressão ou ansiedade;
»» mudanças de personalidade;
»» alterações de comportamento.
A Resistência das Vias Aéreas Superiores (SRVAS) é caracterizada pela pura e simples limitação
do fluxo aéreo em decorrência de um aumento da resistência das vias aéreas, sem alterações
respiratórias. Apesar de não trazer grandes riscos, tal resistência gera despertares noturnos e
sonolência diurna excessiva e, portanto, é considerado um distúrbio do sono.
A SAOS “é uma doença crônica, progressiva, incapacitante, com alta morbidade e com contribuição
para mortalidade” (GUIMARÃES, 2009). Pode estar associada à sonolência diurna, doença
cardiovascular e ronco, e este conjunto de sintomas é chamado de Síndrome de Apneia Obstrutiva
do Sono. É caracterizada por episódios de interrupção total ou parcial da passagem de ar pelas vias
aéreas de forma repetida durante o sono que geram despertares ou fragmentação do sono devido à
alteração de saturação de oxigênio.
Figura 48.
Fonte: <http://biafisio.blogspot.com.br/2011/01/ronco-e-apneia.html>
40
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Quando há interrupção total do fluxo aéreo durante o sono, com duração de mais de 10 segundos,
ocorre a apneia, por isso há riscos cardiovasculares, hipertensivos e isquêmicos (BITTENCOURT,
2008).
Há múltiplos fatores que podem favorecer a ocorrência da SAOS, entre elas a idade avançada, o
gênero masculino, a obesidade e as alterações funcionais das vias aéreas, como flacidez muscular.
O diagnóstico da SAOS é realizado por meio da Polissonografia, que monitora variáveis fisiológicas
(frequência respiratória, saturação de oxigênio, ocorrência e duração de apneias e hipopneias)
importantes para a ocorrência do sono.
41
capítulo 4
Função de Mastigação – Normalidade
e Patologias
Mastigação - normalidade
Na Fonoaudiologia, há extensa literatura sobre a mastigação normal e seus distúrbios e o estudo
desta função será baseado em diversos autores (TANIGUTE, 1998; FELÍCIO, 1999; GONZÁLEZ;
LOPES, 2000).
A mastigação é uma das funções estomatognáticas aprendidas. Ela ocorre após a inibição do
reflexo de sucção e a erupção dentária. O recém-nascido se alimenta com líquidos e a consistência
dos alimentos deve ser modificada com o tempo, até tornar-se sólida. Ocorre o crescimento da
cavidade oral, a erupção dentária, a remodelação da ATM e o desenvolvimento neuromuscular para
possibilitar o aprendizado da mastigação.
Os primeiros movimentos mastigatórios são iniciados por volta dos seis meses de idade da criança,
momento em que o aleitamento materno não deve ser mais a única fonte de alimentação e há
necessidade de oferecimento de outros alimentos. Inicialmente, a mastigação se confunde com a
sucção, há dificuldade em retirar o alimento da colher, a língua ainda encontra-se anteriorizada e
realiza movimentos de amassamento do alimento contra o palato duro, existe a tendência de o bebê
sugar o alimento e os movimentos mastigatórios são incoordenados.
42
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
O ato mastigatório é caracterizado pela abertura da cavidade oral para obtenção do alimento, pelo
fechamento da cavidade oral e pela fase oclusal, na qual o alimento será triturado pelo contato com
os dentes. Já o ciclo mastigatório é a sequência de fenômenos que resultam na redução do alimento
e ocorre em três etapas (TANIGUTE, 1998):
É considerada mastigação com padrão normal ou madura: mastigação bilateral alternada, sem ruídos,
com velocidade normal e sem estalos ou dor na ATM. O padrão de mastigação sofre interferências
da hereditariedade, da nutrição, da presença de doenças, da etnia, de fatores socioeconômicos, de
alterações funcionais e de gênero.
Mastigação - patologias
As principais alterações decorrentes da mastigação inadequada são (MARCHESAN, 1998):
»» alterações de oclusão;
»» mastigação unilateral;
43
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
»» respiração oral;
»» dor orofacial.
Alterações da mastigação
A mastigação é uma das funções do Sistema Estomatognático e deve ser aprendida. Com a inibição
do reflexo de sucção, entre seis e nove meses e a transformação do reflexo em ação voluntária, é
necessário que o bebê comece a receber alimentação para estimular o aprendizado da mastigação.
Inicialmente, a alimentação deve ser pastosa e, paulatinamente, substituída por consistências mais
sólidas até que, por volta de um ano de idade, a criança tenha condições estruturais e funcionais
para mastigar alimentos comuns da família, em todas as consistências. Esse processo de transição de
consistências é importante para dar continuidade ao desenvolvimento da musculatura mastigatória,
que está completamente preparada aos seis meses caso a criança tenha sido amamentada,
exclusivamente, e não recebeu outros bicos.
44
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
A criança pode apresentar dificuldades para mastigar alimentos sólidos e, quanto mais a família
permanecer na alimentação pastosa, maior será o comprometimento muscular e ósseo e,
posteriormente, para as demais funções estomatognáticas.
Dentre as alterações de mastigação, estão mastigação muito rápida ou muito lenta; mastigação
unilateral; mastigação bilateral simultânea; mastigação com ausência de vedamento labial;
mastigação com ruídos; e mastigação com exagerada participação da musculatura periorbicular e
com contração do músculo mentual.
Cada uma das alterações de mastigação será descrita a seguir, de acordo com Cattoni (2004).
45
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
»» cefaleia recorrente;
»» ruídos articulares;
A DTM é mais frequente em mulheres entre 20 e 29 anos e os principais sintomas que levam o
indivíduo a procurar atendimento fonoaudiológico, fisioterápico ou odontológico são (BATAGLION;
BATAGLION, 2009; FELÍCIO, 2009):
46
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
»» zumbido;
A etiologia é multifatorial e pode ocorrer por alterações de oclusão, trauma, alterações emocionais,
degeneração ou processos inflamatórios centrais, alterações periféricas, hábitos parafuncionais
como bruxismo e outros hábitos orais deletérios ou alterações de postura corporal.
47
capítulo 5
Função de Deglutição – Normalidade
e Patologias
Deglutição - normalidade
A função de deglutição se inicia na vida intrauterina e completa seu amadurecimento após a erupção
dentária decídua. Apresenta desorganização na dentição mista e deve retornar ao padrão normal
após a erupção completa dos dentes permanentes.
Apesar de ser um processo contínuo, é dividido didaticamente nas fases antecipatória, oral, faríngea
e esofágica ou esofagogástrica (FURKIM; MATTANA, 2005; MARCHESAN; JUNQUEIRA, 2009;
MADUREIRA; SILVA, 2013).
48
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
estômago. Esta fase é voluntária até que o reflexo de deglutição seja iniciado; depois
se torna involuntária.
Deglutição - patologias
As alterações de deglutição são descritas por Marchesan (1998) e Cattoni (2005). Nesta seção
a disfagia não será abordada, pois é uma alteração de deglutição específica e que requer estudo
específico de uma especialidade que exige experiência, estudos e cuidados especiais por parte do
fonoaudiólogo, por isso é estudado na especialização em disfagia.
As alterações mais comuns de deglutição podem ser citadas como (CATTONI, 2005):
6. Presença de ruídos.
A alteração da deglutição é denominada deglutição atípica, ou seja, que ocorre de forma inadequada,
de acordo com o padrão típico esperado, e pode apresentar como características: interposição de
49
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
O fato de ocorrer redução da pressão intraoral e da sucção pode fazer com que o leite armazenado na
cavidade oral escorra pelas laterais da língua (já que os movimentos peristálticos ocorrerão apenas
no dorso) e possibilidade de engasgos, além da deglutição anormal (WOOLRIDGE; DREWETT,
1986; PETRELLI et al., 1994; CARMINATTI, 2000; RIBEIRO, 2000; CARVALHO, 2003).
Ao contrário, a “deglutição adaptada” se refere às alterações mecânicas que impedem que o indivíduo
realize a deglutição de forma correta e, nesse caso, há necessidade de tratamento anterior das causas
da adaptação (alterações oclusais, por exemplo).
Para Marchesan e Junqueira (2009), não importa o termo utilizado, mas a atenção que o
fonoaudiólogo deve prestar às causas da alteração de deglutição e a como eliminará tais causas.
50
capítulo 6
Função de Expressão Facial –
Normalidade e Patologias
Para Lazarini e Fouquet (2006), o nervo facial emerge da base do crânio, passa pelo conduto auditivo
interno do osso temporal com o nervo acústico-vestibular (oitavo par encefálico), passa por dentro da
glândula parótida e percorre o caminho em direção à face até os músculos da expressão facial. Além de
ser responsável pela mímica facial em sua porção motora, também comanda a secreção das glândulas
salivares e lacrimais (com exceção da glândula parótida) e a sensibilidade do palato mole e dos dois
terços anteriores da língua em sua porção sensitiva.
51
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Figura 49.
Fonte: LAZARINI, P.R.; FOUQUET, M. L. Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação. São Paulo: Lovise, 2006.
Deste modo, se houver lesão cerebral no giro pré-central do lobo frontal do lado
esquerdo do cérebro, a paralisia facial será de origem central com dificuldades de
contração muscular à direita nos terços médio e inferior da face (as fibras ipsilaterais
do terço superior mantêm os músculos do terço superior com contração).
52
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Caso haja lesão no segmento nuclear no nervo facial, pode-se classificar a paralisia
facial como central se ocorrer antes do cruzamento das fibras e periférica se ocorrer
após o cruzamento das fibras.
Figura 50.
Deste modo, se houver lesão no nervo facial após a passagem pela glândula parótida, a lesão será
periférica e atingirá um dos cinco ramos, de modo que o ramo lesionado levará a paralisia de
determinados músculos responsáveis pela expressão facial de determinada região da face. Por
exemplo, se houver lesão do ramo bucal do nervo facial, o indivíduo apresentará paralisia do terço
inferior da face, especialmente do orbicular da boca, elevador e abaixador dos lábios e ângulos,
risório, bucinador, etc.
53
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
As expressões faciais
Para relembrar a musculatura da expressão facial ou mímica facial, leia a seção
Músculos da cabeça e pescoço – músculos faciais e leia FOUQUET, M. L.; PIRES, C. A.;
BERTELLI, A. A. T.; GONÇALVES, A. J. Anatomia da musculatura da mímica facial. In:
LAZARINI, P. R.; FOUQUET, M. L. Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação.
São Paulo: Lovise, 2006. cap. 2.
Paralisia facial
Segundo Lazarini e Fouquet (2006), Lazarini, Costa e Camargo (2006) e Fouquet e Lazarini (2013), a
paralisia facial ocorre em decorrência de qualquer comprometimento do nervo facial, que é responsável
pela contração dos músculos da mímica facial. O comprometimento do nervo pode ser decorrente
desde uma inflamação até o rompimento total das fibras desse nervo e, de acordo com o tipo de
interrupção (total ou parcial) poderá ocorrer apenas redução da contração muscular até paralisia total
dos movimentos faciais. A paresia (redução da contração) ou paralisia (ausência de contração) pode ser
uni ou bilateral e pode atingir toda a face ou apenas alguns segmentos, dependendo do local da lesão.
Como já foi descrito, o nervo facial possui uma porção motora e uma porção sensitiva, por isso,
no caso de lesão do nervo facial pode ocorrer, além de alterações de contração dos músculos da
expressão, alterações de salivação, lacrimejamento, gustação e sensibilidade do palato mole e dos
dois terços anteriores da língua, assim como sensibilidade facial e contração do músculo estapédio
(sensibilidade a sons intensos).
A paralisia facial pode ser de aparecimento súbito ou lento, com sintomas como dormência, fraqueza,
sensação de pressão ou inchaço e pode ser caracterizada como periférica ou central, de acordo com
o local da lesão do nervo facial.
Várias são as possíveis causas da paralisia facial, dentre elas estão (LAZARINI; FOUQUET, 2006):
54
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
A paralisia facial central ocorre por lesão exclusivamente na via motora do nervo facial, que
pode ser uni ou bilateral e acomete a região inferior da face. Esse tipo de paralisia facial leva a
maiores dificuldades de deglutição de líquidos, com escape pelas comissuras labiais, dificuldades de
mastigação, discreta disartria e problemas na realização de sopro e assobio.
Figura 52.
55
capítulo 7
Pacientes queimados
Pacientes queimados
A atuação fonoaudiológica com pacientes queimados advém de estudos e pesquisas recentes e que
ainda requerem desenvolvimento científico, no entanto, faz-se necessário ter conhecimento sobre
o sistema tegumentar normal, os tipos de queimaduras que podem acometer os indivíduos, suas
possíveis sequelas, quais tratamentos médicos devem ser realizados, os riscos, os cuidados e qual o
papel do fonoaudiólogo na reabilitação das funções estomatognáticas. Para desenvolver o assunto,
foram consultados os autores Melo (2003), Toledo (2003), Toledo e Arrunátegui (2004), Camargo
(2009) e Melo (2013).
O tegumento reveste a superfície do nosso corpo e é composto pela pele, seus anexos e a tela
subcutânea. A pele é composta pela epiderme, derme e hipoderme.
A derme é a segunda camada da pele, não tem capacidade de regeneração. É formada por fibras de
tecido conjuntivo vascular e nutre a epiderme, apêndices cutâneos, glândulas sudoríparas, folículos
pilosos e glândulas sebáceas. Projeta-se na epiderme para manter a rede sanguínea capilar. É
responsável pela força e elasticidade da pele, já que está entrelaçada às fibras elásticas e ao colágeno.
Os fibroblastos, células responsáveis pela síntese do colágeno e elastina, são importantes no processo
de cicatrização na ocorrência de queimaduras.
56
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 53.
Fonte: <http://www.auladeanatomia.com/tegumentar/tegumentar.htm>
»» proteção do organismo;
»» termorregulação;
57
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS
Agentes físicos
»» térmicos: frio, calor, inflamáveis, álcool, petróleo ou derivados;
»» eletricidade;
Agentes químicos
As queimaduras por agentes químicos são causadas por ácidos.
Quanto à profundidade da queimadura, esta pode ser classificada como queimadura de primeiro
grau, de segundo grau ou de terceiro grau.
As queimaduras de primeiro grau são caracterizadas pela lesão apenas da epiderme e causam
eritema, edema e dor, sem alterações clínicas ou hemodinâmicas significativas e tem resolução
espontânea.
As queimaduras de segundo grau já atingem tanto a epiderme quanto a derme, esta última de
forma parcial, o que significa que há condições de recuperação ainda que o resultado estético não
seja ideal. Causam vesículas, eritema, dor acentuada, edema e base avermelhada de bolhas. Nesses
casos pode haver alterações no desempenho das funções relativas aos movimentos corporais da
região afetada.
Fonte: http://fuiacampar.com.br/primeiros-socorros-para-queimaduras/
Quanto à extensão, as queimaduras podem ser grandes (mais de 20% da superfície do corpo
queimado), médias (entre 10 e 20% do corpo queimado) e pequenas (menos de 10% do
corpo queimado).
58
CONCEITOS TEÓRICOS │ UNIDADE I
Cicatrização
Segundo Toledo (2003) e Toledo e Arrunátegui (2004), a cicatrização é a fase de cura espontânea
para reparação do tecido lesado na queimadura. Os autores descrevem que a cicatrização ocorre em
3 fases:
1. Inicial ou inflamatória aguda: migração das células epiteliais com início nas
margens da lesão nas primeiras 24-48 horas.
Com a cicatrização, que depende do grau da queimadura de sua extensão, a pele que foi lesada
pela queimadura pode evoluir para atrofia, hipertrofia, retração, calcificação, alterações de
pigmentação ou degenerações malignas e tais alterações alteram os movimentos musculares e as
funções orofaciais, caso a lesão tenha ocorrido na região da cabeça e pescoço, por isso a reabilitação
fonoaudiológica será necessária.
59
AVALIAÇÃO E
TRATAMENTO EM Unidade iI
MOTRICIDADE
OROFACIAL
capítulo 1
Anamnese em motricidade orofacial
Anamnese
A anamnese é uma das partes mais importantes da avaliação fonoaudiológica, pois permite o
levantamento da história do paciente e a observação dos comportamentos, posturas, hábitos e
funções durante a sessão e as questões podem ser direcionadas aos responsáveis ou ao próprio
paciente.
É importante salientar que não existe um formato único para a realização da anamnese e o
profissional pode recorrer a roteiros pré-estabelecidos, permitir que o paciente ou o responsável
relate o que julga relevante ou dirigir a anamnese de acordo com a necessidade, desde que esteja
claro que seus questionamentos o levem a descobrir as possíveis causas do problema.
60
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
A primeira parte do roteiro de anamnese deve conter os dados de identificação do paciente: nome,
data de nascimento, nome dos pais, profissão, ocupação, endereço, escolaridade, telefone de
contato, idade, motivo da consulta, por quem foi encaminhado, quais as expectativas e a queixa e
sua duração. Daqui o paciente ou os responsáveis deverão contar a história pregressa da queixa de
forma livre, sem serem interrompidos.
A segunda parte é dirigida, com questões relacionadas à queixa, especialmente à busca de suas
causas, como questões para verificar se a causa ainda está presente; se a causa for genética, verificar
se existe necessidade de orientação médica e se a causa não estiver mais presente, conhecê-la para
prevenção ou orientação.
Quanto ao desenvolvimento global, partir do estágio atual e retornar de acordo com a idade do
paciente. Se for adulto, dependendo da patologia e queixa, não há necessidade de questionar sobre
os primeiros anos de vida, mas em crianças tais informações podem ser importantes no diagnóstico.
Deve-se ter bom senso para aplicar as questões.
Quanto à saúde anterior e atual, patologias respiratórias devem ser questionadas, uso de
medicamentos e tratamentos realizados, cirurgias, recidivas, especialidades médicas consultadas.
Em adultos é importante questionar sobre doenças neurológicas, doenças crônicas como diabetes,
hipertensão, problemas cardíacos, degenerativos, circulatórios. É importante também obter cópia
de exames realizados, medicamentos, doses e frequência de uso.
Os hábitos orais são informações importantes tanto para crianças quanto para adultos. A presença
e a duração dos hábitos são prejudiciais ao sistema estomatognático e podem ocorrer pelo uso de
chupeta, mamadeira, sucção digital, onicofagia, bruxismo, morder objetos, briquismo, entre outros.
Nos pacientes adultos devemos buscar informações sobre hábitos orais atuais e tentar eliminá-los,
pois os hábitos antigos já determinaram o crescimento ósseo; nas crianças ainda devemos obter
informações presentes e passadas, pois pode ser que ainda tenhamos possibilidade de retirar o
hábito e permitir o crescimento ósseo de forma adequada.
61
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Quanto ao sono, tanto crianças quanto adultos podem sofrer com ronco e apneia, sialorreia noturna,
xerostomia, alterações posturais para o sono e outras alterações que podem revelar problemas respiratórios.
Finalmente, a queixa será o fio condutor das questões da anamnese. O conhecimento da patologia e de
seus desdobramentos, complicações, reflexos em outras funções diárias e na qualidade de vida devem
guiar o fonoaudiólogo na entrevista, que será complementada pelo exame ou avaliação fonoaudiológica.
Figura 55.
62
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Problemas de saúde
Qual Tratamento Medicamento
Neurológico: não sim ______________________ ________________________ __________________________
Ortopédico: não sim ______________________ ________________________ __________________________
Metabólico: não sim ______________________ ________________________ __________________________
Digestivo: não sim ______________________ ________________________ __________________________
Hormonal: não sim ______________________ ________________________ __________________________
Problemas respiratórios
Frequência anual Tratamento Medicamento
Resfriados frequentes*: não sim
Problemas de garganta: não sim
Amidalite: não sim
Halitose: não sim
Asma: não sim
Bronquite: não sim
Pneumonia: não sim
Rinite: não sim
Sinusite: não sim
Obstrução nasal: não sim
Prurido nasal: não sim
Coriza: não sim
Espirros em salva: não sim
*resfriado freqüente (alteração de via aérea superior – viral): crianças até 5 anos acima de 12 episódios/ano
entre 6 e 12 anos acima de 6 episódios/ano
Outros problemas: ____________________________________________________________________________
Sono
Agitado: não às vezes sim
Fragmentado: não às vezes sim
Ronco: não às vezes sim
Ressona: não às vezes sim
Sialorréia (baba): não às vezes sim
Apnéia: não às vezes sim
Ingestão de água a noite: não às vezes sim
Boca aberta ao dormir: não às vezes sim
Boca seca ao acordar: não às vezes sim
Dores na face ao acordar: não às vezes sim
Postura: decúbito lateral decúbito dorsal decúbito ventral
Mão apoiada sob o rosto: não às vezes [ ] D [ ]E sim [ ] D [ ] E
Outros problemas: ____________________________________________________________________________
Tratamentos
motivo profissional
Fonoaudiológico: não realizado atual
Médico: não realizado atual
Psicológico: não realizado atual
Fisioterápico: não realizado atual
Odontológico: não realizado atual
Procedimento: exodontia prótese implante aparelho fixo aparelho removível
Cirúrgico: não sim. Qual: _____________________________ Quando: _________________________
Outros tratamentos: ___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
63
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Amamentação
Peito: sim. Até quando: ___________________ não
Mamadeira: sim. Até quando: ___________________ não
Alimentação atual
quais
Frutas: não às vezes sim
Verduras: não às vezes sim
Legumes: não às vezes sim
Cereais (arroz, macarrão, trigo): não às vezes sim
Grãos (feijão, lentilha, ervilha): não às vezes sim
Carnes: não às vezes sim
Leite e derivados: não às vezes sim
Açucares: não às vezes sim
Mastigação
Lado: bilateral unilateral: [ ] D [ ]E
Lábios: fechados entreabertos abertos
Ruído: não às vezes sim
Ingestão de líquido durante as refeições: não às vezes: [ ] hábito [ ] auxiliar a formação do bolo
sim: [ ] hábito [ ] auxiliar a formação do bolo
Dor ou desconforto durante a mastigação: não às vezes: [ ] D [ ]E sim: [ ]D [ ]E
Ruído articular: não às vezes: [ ] D [ ]E sim: [ ] D [ ]E
Dificuldade mastigatória: não sim. Qual:
Escape de alimentos durante a mastigação: não sim
Outros problemas: ___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
Mastiga os alimentos
adequadamente pouco muito
64
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Deglutição
Dificuldade: não às vezes sim: ___________________________________________
Ruído: não às vezes sim: ___________________________________________
Engasgos: não às vezes sim: ___________________________________________
Odinofagia (dor ao deglutir): não às vezes sim: ___________________________________________
Refluxo nasal: não às vezes sim: ___________________________________________
Escape anterior: não às vezes sim: ___________________________________________
Pigarro: não às vezes sim: ( ) durante ( ) após ________________________
Tosse: não às vezes sim: ( ) durante ( ) após ________________________
Resíduos após a deglutição: não às vezes sim: ___________________________________________
Outros problemas: ___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
Hábitos Orais
Chupeta: não sim Até quando: _______________ [ ] comum [ ] ortodôntica
Dedo: não sim Até quando: _______________
Sucção de língua: não sim Até quando: _______________
Umidificar os lábios: não sim Época: ___________________
Cigarro: não sim Quantos cigarros/dia: ________
Cachimbo: não sim [ ] apóia à direita [ ] apóia à esquerda
Bruxismo (ranger dentes): não sim [ ] diurno [ ] noturno
Apertamento dentário: não sim Quando: _________________
Onicofagia (roer unhas): não sim Quando: _________________
Morder mucosa oral: não sim Quando: _________________
Morder objetos: não sim Qual: ___________________ Quando: ______________________
Outros: _____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
Hábitos de Postura
Interpor lábio inferior: não sim
Protrair a mandíbula: não sim
Apoiar de mão na mandíbula: não sim: [ ] D [ ] E
Apoiar de mão na cabeça: não sim: [ ] D [ ] E
Usar muito computador: não sim: postura: _______________________________________________
Usar muito telefone: não sim: postura: _______________________________________________
Outros: _____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
Comunicação
Intencionalidade prejudicada: não sim
Ausência de produção de sons quando bebê: não sim
Demorou a falar: não sim
Demorou a elaborar frases: não sim
Dificuldade de compreensão: não sim
Outros problemas: ____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
65
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Fala
Omissão: não às vezes sim
Substituição: não às vezes sim
Inteligibilidade prejudicada: não às vezes sim
Inteligibilidade prejudicada ao telefone: não às vezes sim
Salivação excessiva: não às vezes sim
Diminuição da amplitude do movimento mandibular: não às vezes sim
Interposição de língua: não sim: [ ] anterior [ ] lateral Quais fones: ____________________________
Audição
Hipoacusia (diminuição da audição): não às vezes: [ ] D [ ] E sim: [ ] D [ ] E
Otite: não às vezes: [ ] D [ ] E sim: [ ] D [ ] E
Zumbido: não às vezes: [ ] D [ ] E sim: [ ] D [ ] E
Otalgia (dor de ouvido): não às vezes: [ ] D [ ] E sim: [ ] D [ ] E
Tontura/Vertigem: não às vezes sim
Avaliação audiológica prévia: não sim. Quando: ______________________________________________
Voz
Rouquidão: não às vezes sim
Fraqueza: não às vezes sim
Hipernasalidade: não às vezes sim
Hiponasalidade: não às vezes sim
Afonia: não às vezes sim
Grita: não às vezes sim
Dor: não às vezes sim
Ardor: não às vezes sim
Outros problemas: ____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Escolaridade
Dificuldade escolar: não sim Qual: _________________________________________
Falta de atenção/concentração: não às vezes sim
Dificuldade de memória: não sim
Reprovações: não sim Quantas: ______________________________________
Dificuldade de relacionamento: não sim
Dominância lateral: destro sinistro ambidestro
Outros problemas: ____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
66
capítulo 2
Avaliação dos órgãos fonoarticulatórios
e das funções estomatognáticas
Avaliação
A avaliação do Sistema Estomatognático deve ocorrer de forma completa, com inter-relação entre
partes duras e moles.
De acordo com alguns autores (MARCHESAN, 1997; JUNQUEIRA, 1998; BIANCHINI, 2000;
KRAKAUER, 2003), a avaliação ou exame deve abordar alguns aspectos: postura corporal, aspectos
anátomo-morfológicos, aspectos anátomo-funcionais e funções neurovegetativas.
›› assimetrias faciais.
67
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Realizar medidas antropométricas orofaciais com uso do paquímetro (terços da face, canto do olho
à comissura labial do lado direito e esquerdo, lábio superior e inferior, filtro nasolabial, máxima
abertura de boca, máxima abertura de boca com a língua na papila) e comparar antes e após terapia
fonoaudiológica. Realizar três vezes e anotar a média. Consultar Cattoni (2006) para conhecer as
medidas antropométricas orofaciais e seu uso na terapia de Motricidade orofacial.
»» Funções neurovegetativas
68
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Figura 56.
69
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
3. EXAME EXTRAORAL [ ] Somar as pontuações da face, lábios e masseter (melhor resultado = 0 e pior = 28)
Face [ ] Somar os pontos atribuídos à norma frontal e à lateral (melhor resultado = 0 e pior = 15)
Observar o paciente em pé e sem calçado
Norma Frontal (análise facial numérica) [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 3)
Tipo facial
comparar a altura (A) com a largura (La): (0) média (A semelhante a La) (1) longa (A > La) (1) curta (La > A)
Proporção facial
comparar o terço médio com o inferior: (0) semelhantes (1) terço inferior maior (1) terço inferior menor
comparar a distância do canto externo do olho à comissura labial D com a E: (0) semelhante (1) assimétrica
Norma Frontal (análise facial subjetiva) [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 10)
Simétrico Assimétrico Descrever
Plano infra-orbitário (0) (1)
Região zigomática (0) (1)
Asas do nariz (0) (1)
Bochechas (0) (1)
Sulco nasolabial (0) (1)
Lábio superior (0) (1)
Comissura dos lábios (0) (1)
Lábio inferior (0) (1)
Mento (0) (1)
Mandíbula (corpo e ramo) (0) (1)
Norma Lateral (análise facial subjetiva) [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 2)
Padrão Facial: (0) Padrão I (reto) (1) Padrão II (convexo) (1) Padrão III (côncavo)
Ângulo nasolabial: (0) próximo a 90º - 110 (1) agudo (<90º) (1) obtuso (>110º)
Observação: __________________________________________________________________________________
Forma - Superior: (0) normal (1º arco do cupido) (1) em asa de gaivota (1º e 2º arco do cupido)
- Inferior: (0) normal (1) com eversão discreta (2) com eversão acentuada
Comprimento do superior: (0) cobre ⅔ dos incisivos (1) cobre mais que ⅔ (1) cobre menos que ⅔
Mucosa externa: (0) normal (1) com saliva (1) ressecados (2) feridos
Observação: _________________________________________________________________________________
Masseter [ ] (melhor resultado = 0 e pior = 2) . Deve-se avaliar via observação visual e palpação
Observação: __________________________________________________________________________________
4. EXAME INTRAORAL [ ] Somar as pontuações de lábios, língua, bochechas, palato, tonsilas, dentes e oclusão
(melhor resultado = 0 e pior = 58)
Observação: __________________________________________________________________________________
70
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Mucosa: (0) normal (1) geográfica (1) fissurada (2) ferida (local): _________________
(1) marcada por dentes (local): ____________ (1) marcada por aparelho (local): _____________________________
Frênulo: extensão: (0) adequada (1) longa (1) curta
fixação na língua: (0) parte média (1) entre à parte média e o ápice (2) no ápice
fixação no assoalho: (0) entre as carúnculas (1) na crista alveolar
outras características: (0) não há (1) submerso (1) espesso (1) com fibrose
Observação: __________________________________________________________________________________
Observação: __________________________________________________________________________________
Observação: __________________________________________________________________________________
Observação: __________________________________________________________________________________
71
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Relação horizontal: (0) adequada (1) mordida de topo (1) sobressaliência excessiva (1) mordida cruzada anterior
(TH entre 1 e 3mm) (TH = 0mm) (TH >3mm) (TH <0mm)
Relação vertical: (0) adequada (TV entre 1 e 3mm) (1) sobremordida excessiva (TV >3mm) (1) mordida aberta posterior D
(1) mordida de topo (TV = 0mm) (1) mordida aberta anterior (TV <0mm) (1) mordida aberta posterior E
Relação transversal: (0) adequada (1) mordida cruzada posterior D (1) mordida cruzada posterior E
5. MOBILIDADE [ ] Somar as pontuações de lábios, língua, véu palatino e mandíbula (melhor resultado = 0 e pior = 49)
L á b io s [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 16) *Executar com os dentes ocluídos
Adequada Alterada Ausente
Protrair fechados * (0) (1) (2)
Retrair fechados * (0) (1) (2)
Protrair abertos * (0) (1) (2)
Retrair abertos * (0) (1) (2)
Protrair fechados à D* (0) (1) (2)
Protrair fechados à E* (0) (1) (2)
Estalar protraídos (0) (1) (2)
Estalar retraídos (0) (1) (2)
Observação: _________________________________________________________________________________
Observação: _________________________________________________________________________________
Observação: _________________________________________________________________________________
72
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
7. TÔNUS [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 6) Realizar observação visual e palpação
Normal Diminuído Aumentado
Lábio superior (0) (1) (1)
Lábio inferior (0) (1) (1)
Mento (0) (1) (1)
Língua (0) (1) (1)
Bochecha direita (0) (1) (1)
Bochecha esquerda (0) (1) (1)
Observação: _________________________________________________________________________________
Possibilidade de uso nasal: (0) 2 minutos ou mais (1) entre 1 e 2 minutos (2) menos que 1 minuto
Prova Terapêutica
Fluxo nasal ao chegar: ( ) semelhante entre as narinas ( ) assimetria leve ( ) assimetria acentuada
(usar o espelho) após limpeza: ( ) semelhante entre as narinas ( ) assimetria leve ( ) assimetria acentuada
Observação: _________________________________________________________________________________
Observação: _________________________________________________________________________________
73
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Deglutição [ ] Somar as pontuações das três provas (melhor resultado = 0 e pior = 39)
Se alterada esta é de origem [ ] funcional [ ] estrutural [ ] outra _______________________________
Deglutição habitual (sólido) [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 15)
Postura dos lábios: (0) fechados (1) fechados parcialmente (1) lábio inferior tocando os dentes superiores (2) abertos
Postura da língua: não se vê (0) atrás dos dentes (1) contra os dentes (2) entre os dentes
Contenção do alimento: (0) adequada (1) parcial (2) inadequada
Contração do orbicular: (0) adequada (1) pouca (2) acentuada
Contração do mentual: (0) ausente (1) pouca (2) acentuada
Movimento de cabeça: (0) ausente (1) presente
Ruído: (0) ausente (1) presente
Coordenação: (0) adequada (1) engasgo (1) tosse
Resíduos após deglutir: (0) ausente (1) presente
Observação: _________________________________________________________________________________
Deglutição habitual (líquido - água) [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 11)
Postura da língua: não se vê (0) atrás dos dentes (1) contra os dentes (2) entre os dentes
Contenção do líquido: (0) adequada (1) inadequada
Volume do líquido: (0) satisfatório (1) aumentado (1) diminuído
Contração do mentual: (0) ausente (1) pouca (2) acentuada
Movimento de cabeça: (0) ausente (1) presente
Ruído: (0) ausente (1) presente
Ritmo: (0) sequencial (1) gole por gole
Coordenação: (0) adequada (1) engasgo (1) tosse
Observação: _________________________________________________________________________________
Deglutição dirigida (líquido - água) [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 13)
Colocar água na boca e deglutir somente após ordem do avaliador
Postura dos lábios: (0) fechada (1) fechada parcialmente (1) lábio inferior em contato com dentes superiores (2) aberta
Postura da língua: (0) atrás dos dentes (1) contra os dentes (2) entre os dentes
Contenção do líquido: (0) adequada (1) parcial (1) inadequada
Contração do orbicular: (0) ausente (1) pouca (2) acentuada
Contração do mentual: (0) ausente (1) pouca (2) acentuada
Movimento de cabeça: (0) ausente (1) presente
Ruído: (0) ausente (1) presente
Coordenação: (0) adequada (1) engasgo (1) tosse
Observação: _________________________________________________________________________________
Perguntar ao paciente
6
74
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Fala [ ] Somar as pontuações das cinco provas (melhor resultado = 0 e pior = 44)
Se alterada, esta é de origem [ ] fonética [ ] fonética/fonológico [ ] fonológica _________________________
Em caso de alteração fonética, esta é: [ ] funcional [ ] estrutural [ ] DTM [ ] neuromuscular [ ] outras _______
Obs.: Em casos de substituição indicar o fone não realizado e por qual foi substituído
Velocidade Ritmo
Adequada Inadequada Adequado Inadequado
[pa] (0) (1) (0) (1)
[ta] (0) (1) (0) (1)
[ka] (0) (1) (0) (1)
[pataka] (0) (1) (0) (1)
Observação: _________________________________________________________________________________
Observação: _________________________________________________________________________________
75
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Fones testados A produção não se altera A produção melhora A produção torna-se adequada
Observação: _________________________________________________________________________________
DOCUMENTAÇÃO
Sugestões de Fotos
Corpo
- frente: ( ) Sim ( ) Não
- perfil direito: ( ) Sim ( ) Não
Face inteira
- frente: - repouso: ( ) Sim ( ) Não
- sorriso: ( ) Sim ( ) Não
- perfil direito: ( ) Sim ( ) Não
Terço inferior
- frente: ( ) Sim ( ) Não
- perfil direito: ( ) Sim ( ) Não
Cavidade Oral
- arcada superior: ( ) Sim ( ) Não
- arcada inferior: ( ) Sim ( ) Não
Oclusão:
- anterior: ( ) Sim ( ) Não
- lado direito: ( ) Sim ( ) Não
- lado esquerdo: ( ) Sim ( ) Não
Frênulo lingual (com a boca aberta e o ápice elevado sem tocar em qualquer região): ( ) Sim ( ) Não
Outras: _____________________________________________________________________________
Sugestões de Filmagem - Filmar nome, idade e data do exame, bem como as provas do protocolo de:
76
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Reavaliações
Escores do Exame Inicial
( ___ / ___ / ___ ) ( ___ / ___ / ___ )
77
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Prognóstico: ___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Orientações: __________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
a
Fonoaudiólogo responsável: ________________________________________ CRF : ________________
10
78
capítulo 3
Avaliação e tratamento das alterações
de sucção
Avaliação
As alterações de sucção devem ser verificadas na anamnese, por meio de questionamento acerca dos
hábitos orais deletérios de crianças ou adultos. Tais hábitos podem ser de sucção de bicos artificiais
(chupetas ou mamadeiras), sucção digital, de lábios, língua, objetos. Outros hábitos orais, como
onicofagia, briquismo, bruxismo, morder objetos, morder lábios, bochechas, entre outros também
podem promover alterações motoras orais, dentárias ou ósseas. Qualquer hábito oral pode levar a
alterações do sistema estomatognático, porém para ocorrerem alterações, existe uma dose-reposta,
ou seja, depende da duração, frequência, intensidade, tipo de bico ou tipo de furo utilizado (SOARES;
TOTTI, 1996; BARRETO; FARIA; CASTRO, 2003; BITAR, 2004).
Para os hábitos de sucção, especificamente, são mais comuns em crianças, porém existem adultos
que mantém tais hábitos e, nestes casos, é imprescindível o acompanhamento psicológico para
a retirada do hábito e tratamento fonoaudiológico, odontológico e, em diversos casos, haverá
necessidade de cirurgia ortognática devido ao crescimento facial alterado já ter ocorrido e não haver
possibilidade de correção apenas ortodôntica e reabilitação fonoaudiológica completa.
A literatura, na Fonoaudiologia, não aborda a questão da sucção com enfoque na avaliação e terapia
em crianças e adultos, com exceção de neonatos e bebês de risco, pois o reflexo de sucção é vital ao
bebê nos primeiros meses de vida para promover nutrição e preparar o sistema estomatognático
79
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
para a função que virá a seguir, a mastigação (FELÍCIO, 2005; GOMES; OLIVEIRA, 2010; GRANJA,
2011). Deste modo, a sucção perde sua função rapidamente na vida do ser humano e, quando
é mantida por período prolongado, é considerado como desvio e provoca alterações do sistema
estomatognático. A orientação é sempre no sentido de retirar o hábito, de preferência com equipe
multiprofissional (dentista, fonoaudiólogo, psicólogo).
Em geral, encontramos literatura sobre a retirada de hábitos orais deletérios nas áreas de
Fonoaudiologia e Odontologia. Alguns artigos científicos indicam que a melhor forma de trabalhar
com criança a remoção do hábito é por meio de orientações, educação com a própria criança e
com os pais, atividades lúdicas e conscientização (BARRETO; FARIA; CASTRO, 2003; AMARAL;
MUSSOLINI; SILVA, 2009; FARIAS; VASCONCELOS; FONTES; BENEVIDES, 2010; MUZULAN;
GONÇALVES, 2011).
80
capítulo 4
Avaliação e tratamento das alterações
de respiração
»» postura corporal;
»» presença de olheiras;
»» oclusão labial;
81
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
»» palato duro;
»» oclusão e mordida;
»» fluxo aéreo nasal e simetria de fluxo com espelho milimetrado de Altmann antes e
após higiene nasal; e
82
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Figura 57.
Fonte:<http://www.profono.com.br/produtos_descricao.asp?lang=pt_BR&codigo_categoria=1&codigo_produto=17>
Qual seria sua conduta no caso de uma criança de 10 anos com queixa de respiração
oral, queixa escolar, que apresenta sonolência diurna, não consegue realizar
atividades físicas ou se alimentar corretamente, apresenta lábios entreabertos e
língua entre as arcadas dentárias devido a amígdalas hipertróficas? Qual a sequência
de plano terapêutico neste caso?
83
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Exame físico
O exame físico consiste da realização de medidas antropométricas (peso, altura, circunferência do
pescoço, índice de massa corporal e aderência da pressão arterial).
Além disso, avaliar o tamanho das tonsilas palatinas, o aspecto dos pilares das fauces e a úvula, de
acordo com a imagem a seguir:
Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2176-94512011000100007&script=sci_arttext>
84
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Para Bittencourt (2008, p. 33), as principais características do exame físico de pacientes com SAOS
e ronco são:
Exames complementares
Os exames complementares podem ser realizados para o fechamento diagnóstico e podem ser
nasofaringolaringoscopia ou cefalometria.
85
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Um paciente cuja esposa queixa-se que seu esposo ronca à noite, mas não possui
queixa de apneia, não está acima do peso, não ingere bebida alcoólica pode
apresentar alterações miofuncionais? Qual seria sua conduta em um caso como
este? Descreva o tipo de orientações, avaliações e encaminhamentos que você
realizaria nesta situação.
86
capítulo 5
Avaliação e tratamento das alterações
de mastigação
Avaliação
A avaliação das alterações mastigatórias passa pela avaliação global de motricidade orofacial, com
enfoque nas funções neurovegetativas, mais especificamente mastigação e deglutição, pois são
funções que ocorrem em sequencia e não podem ser avaliadas separadamente.
Para Cattoni (2006), alguns aspectos importantes a serem avaliados durante a alimentação do
paciente que procura atendimento com queixa de problemas de mastigação se referem, inicialmente,
à observação atenta da alimentação, tanto espontânea quanto direcionada pelo fonoaudiólogo, com
a finalidade de verificar as principais dificuldades relatadas e não percebidas pelo paciente:
»» velocidade de mastigação;
»» ruídos mastigatórios;
87
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
»» estalos de ATM;
»» desvios mandibulares;
Para Campiotto (2013), desde que o paciente tenha uma oclusão dentária que permita trabalhar
com a mastigação, o tratamento fonoaudiológico deve iniciar com alimentos de várias consistências,
texturas, sabores e cores. Não se tem utilizado materiais como garrote na terapia miofuncional, já
que não corresponde à experiência natural de mastigação, na qual o alimento perde sua consistência
na medida em que é quebrada em partículas menores pela ação mastigatória. Os alimentos são
preferências na terapia, atualmente.
Os alimentos que direcionam força, frequência e intensidade do ciclo mastigatório são pão de
queijo, bala de goma, uva passa, torrone, barra de cereal, goma de mascar sem açúcar, entre
outros. O controle, conscientização e autopercepção da postura corporal adequada com uso do
espelho, orientações acerca da mastigação correta e auxílio durante a terapia são importantes
para o aprendizado da mastigação bilateral alternada com velocidade adequada, sem ruídos, com
vedamento labial e movimentos amplos de mandíbula.
Pode ser necessário, antes do trabalho com a função propriamente dita, aumentar o tônus muscular
e melhorar a mobilidade das estruturas orais por meio de exercícios estáticos e dinâmicos, de
acordo com as necessidades de cada paciente, com variações de carga, duração, repetições e séries
de acordo com cada necessidade.
88
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
da terapia miofuncional, pois não permite a realização de vários exercícios propostos. Desta
forma, então, faz-se necessário ter, como principal objetivo de cada sessão terapêutica,
a retirada ou ao menos a amenização da dor do paciente. Os autores consultados para este
item foram Felício (1999), Bianchini (2000), Bataglion; Bataglion (2009), Felício (2009) e
Stefani (2013).
»» Relaxamento corporal
89
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Fonte: <http://www.fonoemneuro.com/saiba-mais/therapy-taping/>
90
capítulo 6
Avaliação e tratamento das alterações
de deglutição
Avaliação
Cattoni (2004), Berretin-Felix, Silva e Mituuti (2012) e Campiotto (2013) descrevem que a deglutição
é uma função complexa do sistema estomatognático e alterações nessa função podem ser decorrentes
de atipias ou adaptações. Na avaliação, é necessário verificar se o tipo de oclusão dentária ou mordida
permite a deglutição adequada e devem-se observar alguns aspectos durante a alimentação do
paciente com vários tipos de consistências, como: vedamento labial, tensão mentual, interposição
de língua entre arcadas, movimentos de cabeça, ruídos, elevação de laringe, velocidade do disparo,
tosse, engasgos, tensão musculatura faríngea, alterações respiratórias, participação excessiva da
musculatura perioral, tosse após deglutição, necessidade de mais de uma deglutição, deglutição com
esforço, restos de alimentos após a deglutição, coordenação, contenção do alimento, entre outros.
Tratamento
Após a determinação de atipia ou adaptação (causa da alteração de deglutição – na forma ou na
função), o profissional deve determinar se o plano terapêutico será integrado com a odontologia
ou outros profissionais, como no caso de alterações ortodônticas e se o fonoaudiólogo depende dos
limites da forma e deverá aguardar evolução para iniciar o tratamento miofuncional.
91
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
A partir do plano de terapia proposto no texto, elabore estratégias para uma criança
de 3 anos que apresenta deglutição atípica, sem nenhuma alteração anatômica oral,
promovendo deglutição madura, levando-se em consideração a idade da criança,
com atividades lúdicas específicas.
92
capítulo 7
Avaliação e tratamento das alterações
de expressão facial
A paralisia facial periférica é mais comum, mas felizmente, mais simples e com
retorno mais rápido ao normal. Geralmente sua reabilitação é completa em, no
máximo, três meses, com terapia fonoaudiológica ou de outros profissionais
(fisioterapia ou outros profissionais). O fato de não haver lesão completa do nervo
facial favorece sua completa cura, mas não sem transtornos e problemas como
ressecamento de retina, dificuldades alimentares, sialorreia, entre outros. Os
cuidados devem ser providenciados para não ocorrerem sequelas permanentes
ou complicações.
93
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Figura 61.
Fonte: <http://www.leandroteles.com.br/artigos/outras-doencas/paralisia-facial-periferica/>
Grau (0): contração não visível a olho nu, nem com luz rasante.
Grau (2): a pele move-se mais. Percebe-se levemente as rugas, mas o músculo
entra em fadiga após algumas repetições.
Grau (3): a pele move-se mais claramente. O número de rugas aumenta, assim
como sua profundidade. Após algumas repetições do movimento, percebe-se
diferença de sincronia entre o lado saudável e o lado com alteração.
94
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Grau (1): ao observar sua mímica facial no espelho, o paciente consegue inibir a
sincinesia voluntariamente.
Terapia Fonoaudiológica
De acordo com Fouquet, Serrano e Abbud (2006), Goffi-Gomes (2006), Guedes (2006), Bush et al.
(2006), Fouquet e Lazarini (2013) tem o objetivo de manter certo grau de tônus muscular, simetria
facial e melhoria das funções neurovegetativas do paciente, no entanto, o nível de reabilitação estará
sujeito ao tipo de lesão do nervo facial.
Deste modo, se houver apenas afecção do nervo, como no caso da paralisia de Bell, o retorno dos
movimentos será total e o fonoaudiólogo deverá facilitar o retorno da contração muscular e a
recuperação física, emocional, bem como reintegração social do paciente. Já nos casos de secção
do nervo facial, o objetivo será manter algum grau de contração e adaptar as funções orofaciais,
promovendo melhor qualidade de vida.
Os autores destacam que, didaticamente, a paralisia facial pode ser dividida em três fases:
3. de sequela: nos casos em que não ocorre regeneração total, no período de três
meses após o acometimento da paralisa, e o paciente pode desenvolver sincinesias
ou contraturas.
95
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Fonte: <http://leandrafono.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html>
96
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
»» promover ampliação dos movimentos musculares faciais que estão reduzidos: por
meio de compressas quentes e úmidas sobre os músculos contraídos (5 minutos),
exercícios dinâmicos e estáticos com resistência; e
No caso de sincinesias:
97
Capítulo 8
Avaliação e tratamento das alterações
de pacientes queimados
Apesar de ser uma área de atuação recente, já existem alguns livros e artigos científicos
voltados à intervenção fonoaudiológica. Os estudos científicos têm surgido e
permitido a ampliação e aprofundamento dos conhecimentos do profissional que
se interessa pelo tema. Sugere-se a leitura do artigo científico: FREITAS, V. L.; SOUZA,
L. M. B. A Fonoaudiologia nas queimaduras de face e pescoço. In: Revista Brasileira
em Promoção da Saúde, v. 18, no 2, p. 105- 109, 2005. Disponível em: <http://www.
redalyc.org/articulo.oa?id=40818209>
Avaliação
A avaliação do paciente queimado não diverge de acordo com os autores Toledo, 2003; Melo,
2003, Toledo; Arrunátegue, 2004, Camargo, 2009; Melo, 2013. As orientações vão desde a
realização da avaliação comum até verificação de elementos físicos ou estáticos, dinâmicos e
das funções.
De maneira geral, deve-se verificar os elementos estáticos: dentes, mordida do paciente, localização,
tipo, forma e estado de cicatrizes. É importante também estabelecer uma escala de dor de zero a dez.
98
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL │ UNIDADE II
Figura 63.
Fonte: http://www.rbqueimaduras.com.br/detalhe_artigo.asp?id=15
Em seguida, avaliar mobilidade dos músculos, verificar abertura de boca com uso do
paquímetro, que varia de 40 a 60mm em crianças e adultos, mas pode ser considerado aceitável
entre 35 e 40mm. Deve-se verificar a extensão de inclinação e lateralização do pescoço e os grupos
e feixes musculares mastigatórios e faciais em sua integridade, estado de contração, presença
de nódulos e grau de dor. No que se refere à mímica facial, verificar o aspecto funcional para as
expressões faciais nos terços superior, médio e inferior, mobilidade e tonicidade das estruturas
orais, movimentos mandibulares.
Tratamento
Os autores são unânimes em indicar que a prioridade para o tratamento dos pacientes queimados é a
reabilitação da função de respiração, especialmente do paciente internado em UTI ou enfermaria.
Esses tratamentos são indicados por Toledo, 2003; Toledo; Arrunátegue, 2004, na íntegra:
»» Respiração: uso do suspiro como técnica para promover expansão do tórax, com
uso do nariz e boca, elevação da língua e ombros para estimular vias aéreas superiores
e ritmo respiratório sem esforço, propriocepção corporal e técnicas de respiração.
99
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
›› Extensão de pescoço;
100
Para (não) finalizar
As informações desta apostila são básicas, ainda que atualizadas. Portanto, serão necessários estudos
adicionais e aprofundamentos por meio de livros, artigos científicos e estudos de casos clínicos. A
ideia inicial foi embasar o estudante teoricamente, com bases sólidas do que é esperado em termos
de normalidade, para que o profissional tenha capacidade de avaliar o que é esperado para cada
faixa etária em termos de funções estomatognáticas, seus aspectos relevantes e seu desenvolvimento
esperado; os reflexos orais, funções esperadas e crescimento facial, desenvolvimento muscular,
ósseo, desenvolvimento neuromuscular, neurológico e amadurecimento funcional.
Além disso, o profissional está capacitado a observar, com olhar clínico, as alterações miofuncionais
orais, os desvios de motricidade orofacial e realizar avaliação fonoaudiológica em cada uma das
funções estomatognáticas, fechar diagnóstico fonoaudiológico e propor planejamento terapêutico,
sempre levando em consideração a atenção integral ao indivíduo, sua família e suas necessidades,
inclusive de atenção interdisciplinar.
A terapia fonoaudiológica não possui receitas prontas e não pode ser aprendida como técnica, por
isso não somos tecnólogos e, sim, profissionais de uma ciência que leva em consideração o indivíduo
como único, inserido em uma comunidade, sociedade, com aspectos emocionais, familiares e
pessoais a serem considerados no plano terapêutico. Por isso, foram fornecidos os princípios para
raciocínio clínico profissional, visto que em cada caso há de se desenvolver estratégias específicas
a cada paciente, sua patologia e sua realidade. As estratégias podem ser criadas pelo profissional,
de acordo com os conhecimentos adquiridos e sempre com criatividade, autonomia, critérios
científicos e avanços nas leituras e discussões com outros profissionais. As bases foram lançadas,
agora é buscar novos conhecimentos e aprofundar os já adquiridos! Bom trabalho!
101
Referências
AMARAL, C. O. F.; MUSSOLINI, J. B.; SILVA, R. O. Estudo dos métodos de remoção de hábitos
nocivos a oclusão dentária na odontopediatria. In: Coloquium Vitae, v. 1, no 2, p. 123- 129, 2009.
ANDRADE, F. V.; ANDRADE, D. V.; ARAÚJO, A. S.; RIBEIRO, A. C. C.; DECCAX, L. D. G.; NEMR,
K. Alterações estruturais de órgãos fonoarticulatórios e más oclusões dentárias em respiradores
orais de 6 a 10 anos. In: Revista CEFAC. v.7, no 3, p. 318-325, 2005.
AGURTO, P. V.; DIAZ, R. M.; CADIZ, O. D.; BOBENRIETH, F. K. Frecuencia de malos hábitos
orales y su asociación con el desarrollo de anomalías dentomaxilares en niños de 3 a 6 años del área
Oriente de Santiago. In: Revista Chilena Pediatrica. v. 70, no 6, p. 470-482, 1999.
AUGUSTONI, C. H. Deglutição atípica: manual prático de exercícios para sua reeducação. Rio de
Janeiro: Enelivros, 1986.
BARRETO, E. P. R.; FARIA, M. M. G.; CASTRO, P. R. S. Hábitos bucais de sucção não nutritiva,
dedo e chupeta: abordagem multidisciplinar. In: Jornal Brasileiro de Odontopediatria e
Odontologia para Bebê. v. 6, no 29, p. 42-48, 2003.
102
Referências
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BIANCHINI, E. M. G. (Org.) Articulação temporomandibular: implicações, limitações e
possibilidades fonoaudiológica. Barueri: Pró-Fono, 2000. cap. 9.
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