A FONOAUDIOLOGIA E O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Jéssica De Abreu Sousa1

Gislene Mariana Pereira Castelo Branco2

RESUMO

A fonoaudiologia Educacional pode ser compreendida como uma área de

especialização da fonoaudiologia direcionada para o estudo e para a atuação em
benefício da promoção da Educação, independente do nível de ensino. Dentre os
problemas no processo de ensino aprendizagem que a fonoaudiologia, pode intervir
ressaltam-se problemas com a aquisição da escrita;, alterações na oralidade, além
de comprometimentos vocais, auditivos, distúrbios das estruturas e funções
estomatognáticas, que causam problemas na articulação, no processo de
respiração, de deglutição e da mastigação. O presente estudo teve como objetivo
geral analisar o papel do fonoaudiólogo no processo de ensino aprendizagem diante
de alunos que demonstrem dificuldades. Esse estudo corresponde a uma pesquisa
do tipo revisão integrativa da literatura. A estratégia de busca ocorreu por meio das
bases de dados MEDLINE-PubMED, Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), SCIELO (SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY
ONLINE), nos idiomas português, inglês. Nas bases de dados foram encontrados 13
artigos, destes, 10 foram na BVS (LILACS), 1 na MEDLINE-PubMed e 2 SCIELO.
Excluíram-se 8 por não atenderem os critérios de inclusão e artigos duplicados.
Nesta revisão integrativa foram incluídos 5 artigos. O estudo mostrou que são vários
os benefícios advindos da intervenção da fonoaudiologia no processo de ensino
aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento do corpo discente. Os testes de
leitura e escrita revelaram um percentual maior de estudantes com desempenho
inferior do que a autopercepção indicou.

Palavras-chave: Aprendizagem. Fonoaudiologia. Educação.

ABSTRACT

Educational Speech-Language Pathology can be understood as a specialization area

of Speech-Language Pathology and Audiology focused on the study and action in
favor of the promotion of Education, regardless of the educational level. Among the
problems in the teaching-learning process that speech therapy can intervene, the
problems in the acquisition of writing stand out; oral disorders, in addition to vocal
and hearing disorders, disorders of stomatognathic structures and functions, which
cause problems in the articulation, in the process of breathing, swallowing and
chewing. The general objective of this study was to analyze the role of the speech
therapist in the teaching-learning process with students who have difficulties. This
study corresponds to an integrative literature review. The search strategy was
performed using the MEDLINE-PubMED, Latin American and Caribbean Literature
1
Acadêmica do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ensino Superior – FAESPI.
2
Professora da Faculdade de Ensino Superior – FAESPI do curso de Fonoaudiologia.
on Health Sciences (LILACS), SCIELO (SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY
ONLINE) databases, in Portuguese and English. In the databases, 13 articles were
found, 10 in the VHL (LILACS), 1 in MEDLINE-PubMed and 2 in SCIELO. Eight were
excluded for not meeting the inclusion criteria and for duplicate articles. Five articles
were included in this integrative review. The study showed that there are several
benefits resulting from speech therapy intervention in the teaching-learning process,
contributing to the development of the student body. The reading and writing tests
revealed a higher percentage of students with lower performance than indicated by
self-perception.

Keywords: Learning. Speech-Language Pathology. Education.

1 INTRODUÇÃO

A fonoaudiologia Educacional pode ser compreendida como uma área de

especialização da fonoaudiologia direcionada para o estudo e para a atuação em
benefício da promoção da Educação, independente do nível de ensino. A
fonoaudiologia no processo de ensino-aprendizagem atua na análise de situações
caracterizadas por dificuldades nesse processo, as quais quando detectadas de
forma precoce, evitam que quadros mais graves tendam a evoluir (SILVA et al.,
2018).
Dentre os problemas no processo de ensino aprendizagem que a
fonoaudiologia, pode intervir ressaltam-se problemas com a aquisição da escrita;,
alterações na oralidade, além de comprometimentos vocais, auditivos, distúrbios das
estruturas e funções estomatognáticas, que causam problemas na articulação, no
processo de respiração, de deglutição e da mastigação (FERREIRA et al., 2013).
O papel exercido pelo profissional da fonoaudiologia é integralmente marcado
pela multidisciplinariedade, sendo responsável por proporcionar as principais
coordenadas aos outros profissionais, principalmente professores no âmbito
educacional, em razão de compreender os principais problemas do alunado
(OILIVEIRA; SCHIER, 2016).
Salienta-se que o fonoaudiólogo possui a função de traçar diretrizes para toda
a equipe pedagógica, especialmente no que se referem a exercícios que busquem o
trabalho da oralidade, por meio da utilização de materiais gráficos objetivando a
estimulação da leitura e, simultaneamente, analisando os principais problemas que
são apresentados pelos alunos (LACERDA, 2016).
 Em suma, é possível perceber as várias habilidades que possuem os
fonoaudiólogos em benefício do planejamento escolar, pois estudar minuciosamente
a comunicação dos alunos é indispensável para todo o processo pedagógico,
proporcionando aos discentes resultados mais significativos no que se refere a sua
linguagem, através de atividades de características pautadas na ludicidade, com
materiais específicos para cada faixa capazes de estimular a fala dos estudantes
que apresente dificuldades no processo de ensino-aprendizagem (RODRIGUES;
CIASCA, 2016).
Justifica-se a escolha do presente tema em razão dos distúrbios presente no
desenvolvimento da fala como, por exemplo, a troca de sons, dificuldades
relacionadas com a formação de frases, além do déficit de atenção e memória
interferirem de forma direta no desenvolvimento de habilidades de leitura, de escrita
e de compreensão, causando interferência ampla na capacidade do estudante lograr
êxito no processo de relacionar a linguagem escrita à linguagem oral trazendo uma
serie de prejuízos, por exemplo, no que se refere ao processo de alfabetização, o
conhecimento dos números e da capacidade de interpretar textos bastante simples
(SILVA et al., 2018).
O profissional da fonoaudiologia possui habilitação para o trabalho de
desenvolvimento nas habilidades de escrita, leitura e de interpretação, sendo que o
diagnóstico realizado precocemente, o tratamento adequado é decisivo para garantir
aos alunos motivação para a continuação nos estudos, pois a dificuldade no
aprendizado causa uma série de problemas no desenvolvimento social, na
autoestima, além da segurança dos discentes (SILVA et al., 2018).
Salienta-se que a pesquisa é pertinente, podendo servir de base teórica para
futuras pesquisas de acadêmicos de fonoaudiologia, assim como para profissionais
da educação, por exemplo, que necessitam compreender a diagnosticar dificuldades
que afetam o processo de ensino aprendizagem, os quais podem ser facilmente
identificados pelos Fonoaudiólogos, principalmente precocemente.
A problemática da pesquisa consistiu no seguinte questionamento: qual a
contribuição do fonoaudiólogo no acompanhamento de alunos com dificuldades no
processo de ensino aprendizagem?
O presente estudo teve como objetivo geral analisar o papel do fonoaudiólogo
no processo de ensino aprendizagem diante de alunos que demonstrem
dificuldades. E como objetivos específicos identificar as estratégias metodológicas
dos fonoaudiólogos no acompanhamento de alunos com problemas no processo de
ensino aprendizagem; apontar os principais recursos utilizados pelos fonoaudiólogos
no auxílio aos docentes na sala de aula e verificar como os fonoaudiólogos podem
contribuir para o desenvolvimento da linguagem escrita e oral de alunos que
demonstrem dificuldades no processo de ensino aprendizagem.

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esse estudo corresponde a uma pesquisa do tipo revisão integrativa da

literatura, que foi desenvolvida a partir da busca e analise de artigos publicados
segundo a temática proposta. Foi uma pesquisa que fez uma busca de identificação
das palavras chaves nos títulos e/ou resumos de interesse. Posteriormente, os
artigos encontrados através da estratégia de busca foram considerados obedecendo
aos critérios de inclusão: tempo de busca entre os anos de 2013 a 2022. Tipo de
estudo (sem delimitação), relação entre os termos (fonoaudiologia e processo de
ensino aprendizagem escolar), idioma (português, inglês) e disponibilidade on-line
do texto completo.
A estratégia de busca ocorreu por meio das bases de dados MEDLINE-
PubMED, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
SCIELO (SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE), nos idiomas português,
inglês.
As palavras-chave usadas isoladas e em cruzamentos foram: Em português:
fonoaudiologia e processo de ensino aprendizagem escolar e em inglês: speech
therapy OR speech language AND school health).
Os estudos que não possuíam os critérios de inclusão supracitados foram
excluídos e foram observadas duplicidades dos artigos nas diferentes bases de
dados. Os artigos com texto de interesse são descritos de acordo com as categorias
estabelecidas pelos critérios de inclusão.
Para auxiliar a compreensão e a promoção de uma melhor visualização dos
resultados da pesquisa, os mesmos foram dispostos em quadros e de forma
descritiva de acordo com os critérios selecionados para este estudo
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas bases de dados foram encontrados 13 artigos, destes, 10 foram na

BVS (LILACS), 1 na MEDLINE-PubMed e 2 SCIELO. Excluíram-se 8 por não
atenderem os critérios de inclusão e artigos duplicados. Nesta revisão integrativa
foram incluídos 5 artigos, conforme mostra a figura 01.

Figura 1 - Quantidade de artigos conforme a base de dados

Após utilizar os critérios de inclusão foram encontrados:

10 artigos da BVS
2 artigos da SCIELO 1 artigo do PUB MED
(LILACS)

Deste 3 artigos atenderam Os 2 artigos atenderam a O artigo atendeu a questão da

a questão da pesquisa questão da pesquisa pesquisa

DepoisProprio
Fonte: de umaautor
leitura seletiva apenas 5 artigos entre 2013 a 2022, foram relevantes e selecionados
(2021)
para revisão integrativa.

Fonte: Autor (2022)

Quadro 1 - Estudos selecionados conforme autores, ano, objetivo e resultados dos

estudos.

Autores/ ano Objetivo Metodologia Resultados

MOREIRA;MA Verificar a autopercepção Participaram 65 Dos estudantes
RTINS-REIS; das dificuldades de leitura alunos (ambos os avaliados, 2/3
SANTOS, e escrita de estudantes do gêneros), do 4º ao 7º apresentaram
ensino fundamental de uma ano do ensino autopercepção
2016. região de alto risco social e fundamental de uma positiva do seu
elevado índice de escola municipal e desempenho em
vulnerabilidade à saúde, seus responsáveis. leitura e escrita e
bem como a percepção de Foram utilizados dois seus pais
seus pais sobre essas questionários, um aparentaram
dificuldades. para os estudantes e perceber as
outro para seus dificuldades de forma
responsáveis, com mais acentuada do
perguntas sobre que seus filhos.
dificuldades na leitura
e na escrita.
PEREIRA et Investigar a associação Trata-se de estudo Há relação entre
al., 2014. entre recursos do ambiente
familiar e o desempenho
escolar de crianças de uma
escola pública de Belo
Horizonte, matriculadas no
quarto ano do segundo
ciclo do Ensino
Fundamental.
GONÇALVES Verificar e comparar
et al., 2013. habilidades
de consciência fonológica
(CF)
de crianças estudantes de e
scola pública e particular, em
processo de alfabetização.
SILVA; ALVES, Comparar 93 escolares do 1º
2021. o desempenho em vocabulár ano do ensino
io para verificar a
competência lexical de
escolares com e sem
dificuldades
na alfabetização.
do tipo transversal recursos do
descritivo, do qual ambiente familiar e o
participaram 48 desempenho
crianças de 8 a 12 acadêmico dos
anos, sendo 28 alunos na leitura e na
meninos e 20 escrita (para todas
meninas, e seus as categorias do
respectivos Inventário de
responsáveis. Da Recursos do
criança, avaliou-se a Ambiente Familiar –
audição e o RAF.
desempenho escolar
em leitura, escrita e
aritmética. No
ambiente familiar,
investigaram-se os
recursos que
promovem processos
proximais, as
atividades que
sinalizam
estabilidade na vida
familiar, as práticas
parentais que
promovem a ligação
família-escola.
Foi aplicado um teste Todas
de CF em as crianças obtiveram
70 crianças da melhora
primeira série do Ensi no desempenho,
no Fundamental, quando comparados o
sendo pré e o pós-teste. No
35 estudantes de esco pré-teste, os melhores
la pública e 35 escores foram
de escola particular, relativos às provas
no início (pré-teste) e que envolviam o nível
no final (pós-teste) do silábico e rimas. No
ano letivo. entanto, comparando-
se o pré-teste com
o pós-teste, as provas
de nível fonêmico
foram as que
resultaram em índices
significativos de
melhora em toda a
amostra.
Houve desempenhos
significantes na
fundamental, divididos comparação entre os
em GI (50 escolares grupos em todos os
sem dificuldades) e campos conceituais
GII (43 escolares com analisados. Não
dificuldades havendo significância
na alfabetização). O para ambos os grupos
Teste de Linguagem nos campos
Infantil foi aplicado, conceituais alimentos, 
com enfoque na área móveis e utensílios,
de vocabulário, locais e profissões em
analisado de acordo não designação,

LANGBECKER Abordar quantitativamente a
et al., 2019. seguinte questão de
pesquisa: qual o impacto da
terapia fonoaudiológica e
ocupacional ministrada por
telessaúde em uma escola
nos resultados de fala e
linguagem das crianças,
participação em atividades
de classe e resultados
educacionais?
Fonte: Autor (2022)
com aspectos para meios de
de designação por transporte em
vocábulo usual, processos de
não designação e substituição,
processo de para brinquedos e
substituição. instrumentos musicais
em não designação e
processos de
substituição,
indicando médias
superiores do Grupo I
para designação por
vocábulo usual e
inferiores para
não designação e
processos de
substituição, em
comparação ao Grupo
II.
Foi avaliado O índice médio de
prospectivamente um avaliação do
serviço de professor melhorou
atendimento significativamente
fonoaudiológico (TAF) desde o início até o
e terapia ocupacional final do primeiro
(TO) por semestre de
videoconferência para terapia. Na regressão
crianças de cinco linear multivariada, a
escolas rurais. O série, a escola e a
professor de cada avaliação inicial foram
criança avaliou sua significativamente
fala e linguagem, associadas ao índice
participação nas aulas de avaliação do
e resultados professor no final do
educacionais no início semestre.
e no final do
semestre. A mudança
no índice somativo de
avaliação do professor
ao longo do primeiro
semestre e
subsequentes em que
uma criança recebeu
terapia foi examinada.

A aprendizagem pode ser conceituada como uma modificação do

comportamento dos seres humanos em função da experiência, sendo caracterizada
pelo estilo sistemático e intencional e pela organização das atividades que a
desencadeiam, atividades que se implantam em um quadro de finalidades e
exigências determinadas pela instituição escolar (FURTADO, 2017).
O processo de ensino-aprendizagem é um mecanismo de aquisição de
conhecimentos que são incorporados aos esquemas e estruturas intelectuais que o
indivíduo dispõe em um determinado momento. Trata se de um processo contínuo
que começa pela convivência familiar, pelas culturas, tradições e vai aperfeiçoando-
se no ambiente escolar e na vida social de um indivíduo, sendo assim um processo
que valoriza as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento e tem
como objetivo a elevação da experiência, formação, raciocínio e observação. Essa
ação pode ser analisada a partir de diferentes pontos de vista, de forma que há
diferentes teorias de aprendizagem (NIELSEN, 1999).
O processo de ensino aprendizagem necessita de uma grande atenção por
parte de profissionais direcionados a educação, influenciando para o êxito dos
alunos. Dentre as principais formas de atuação dos profissionais da educação
ressaltam-se algumas formas em que o professor pode ajudar os estudantes. As
atividades que são propostas, o aprendizado que vai muito além da simples
transmissão de conteúdo, os modos de corrigir e de avaliar, a repercussão na
relação aluno-objeto de conhecimento, as relações existentes entre os professores
como o objeto de conhecimento, além dos sentimentos e percepções dos discentes
em relação ao professor (FERREIRA et al., 2013).
De acordo com Piaget (1974, p.12) “a aprendizagem ocorre pela ação da
experiência do sujeito e do processo de equilibração”. Essa afirmação demonstra
que a aprendizagem não parte do zero, mas sim, de experiências anteriores, o
indivíduo vai desenvolvendo sua capacidade de assimilação através da organização
do esquema cognitivo.
Um aspecto indispensável a ser considerado no processo de ensino
aprendizagem é a existência de afetividade nas interações dentro do ambiente das
salas de aulas (FERREIRA et al., 2013).
O estudo de Moreira, Martins-Reis e Santos (2016) foram apresentados os
dados dos alunos de uma das escolas que oferece o ensino fundamental a partir do
4º ano. Com base no cálculo do número de alunos necessários para este estudo, foi
feita a distribuição proporcional, de acordo com o ano escolar, sendo dez alunos do
4º ano, dez do 5º ano, 18 do 6º ano e 27 do 7º ano do ensino fundamental,
regularmente matriculados, totalizando 65 alunos, 39 do gênero feminino e 26 do
gênero masculino, com idades entre 10 e 15 anos. A pesquisa foi realizada por meio
da aplicação de dois questionários: um para os pais/responsáveis e outro para os
estudantes. Foi utilizado, também, o Teste de Desempenho Escolar - TDE (provas
de leitura e escrita). Nas provas do TDE, 15,4% dos alunos apresentaram
desempenho inferior apenas na prova de escrita e 15,4%, desempenho inferior
apenas na prova de leitura; 24,6% dos alunos apresentaram desempenho inferior
em ambos os testes e 44,6% não apresentaram dificuldade alguma.
Apesar de haver associação entre a autopercepção de dificuldades de leitura
e escrita e o TDE, 29% dos entrevistados demonstraram autopercepção negativa de
leitura e 40% apresentaram desempenho inadequado no teste de leitura, o que
evidencia que a autopercepção não é satisfatória. Não foi possível analisar vários
fatores relacionados à percepção das dificuldades na leitura e escrita, já que tais
dificuldades são multifatoriais. Os resultados do estudo reforçaram a necessidade de
se trabalhar o autoconceito dos estudantes com dificuldades escolares, desde as
séries iniciais, o que poderá contribuir para a melhora do desempenho acadêmico. O
estudo destaca que esse objetivo deve ser pautado pelos fonoaudiólogos que atuam
no ambiente escolar (MOREIRA; MARTINS-REIS; SANTOS, 2016).
Em outro estudo do tipo transversal descritivo realizado com estudantes do
Ensino Fundamental e seus familiares, as crianças realizaram as provas do TDE, o
Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) foi aplicado em visita domiciliar
juntamente com uma anamnese. Nas visitas domiciliares, por meio do RAF,
investigaram-se os recursos do ambiente familiar que podem contribuir para o
aprendizado acadêmico dos anos do Ensino Fundamental. Todos os participantes
realizaram audiometria tonal liminar na biblioteca da escola, em cabina acústica,
devidamente calibrada, a fim de descartar a possibilidade de perda auditiva
(PEREIRA et al., 2014).
Das 48 crianças analisadas, 28 (58,3%) são do gênero masculino, com idades
entre 8 e 12 anos. Os resultados do TDE foram que mais de 70% das crianças
avaliadas apresentam desempenho inferior nos três domínios avaliados (escrita,
leitura e aritmética). Os resultados apontaram que as meninas tiveram desempenho
na leitura melhor que os meninos. As crianças investigadas apresentaram
predominantemente desempenho inferior para as três categorias investigadas no
TDE: leitura, escrita e aritmética. A ligação família-escola no RAF relacionou-se com
o melhor desempenho da criança nas provas de escrita e aritmética, demonstrando
que a participação da família em parceria com a escola é uma estratégia exitosa e
que os pais constituem papel essencial para o aprendizado da criança (PEREIRA et
al., 2014).
 Em Gonçalves et al. (2013) participaram do estudo 70 crianças, alunas da
primeira série do Ensino Fundamental, sendo 35 estudantes de escola pública e 35
estudantes de escola particular, na faixa etária entre 6 e 7 anos de idade. Os dados
foram coletados no início do ano letivo (mês de fevereiro), quando as crianças ainda
não haviam passado pelo processo de alfabetização (pré-teste), e no final do ano
letivo (mês de novembro), quando já haviam passado por grande parte desse
processo (pós-teste). Para avaliação da consciência fonológica foi utilizado o Teste
de Avaliação da Consciência Fonológica (TACF). No escore total do teste, as
crianças de escola particular apresentaram resultados melhores que os das crianças
de escola pública (89% e 95%, no pré e pós-teste, respectivamente, contra 74% e
89%), mas observou-se que a diferença entre os resultados foram bem menores no
pós-teste do que no pré-teste. Contudo, em ambas as situações, todas as crianças
da amostra obtiveram melhora significativa no escore total do teste.
No estudo, observou-se que o desempenho das habilidades de consciência
fonológica foi significativamente aperfeiçoado com o processo de alfabetização, em
todas as crianças da amostra. no presente estudo, pode-se afirmar que há uma
correlação positiva entre o desenvolvimento da consciência fonêmica e melhora nas
habilidades de escrita das mesmas (GONÇALVES et al., 2013). As dificuldades no
processo de aprendizagem deve ser um problema continuamente debatido, e digno
de preocupação, com suas principais causas estando relacionadas a fatores
exteriores ou fatores inerentes ao indivíduo, decorrendo de situações extremamente
adversas à aprendizagem como, por exemplo, o déficit sensorial, o abandono
escolar, a baixa condição socioeconômica, além de problemas cognitivos e
neurológicos.
Conforme Garcia (2017, p.12) as dificuldades de aprendizagem consistem no
seguinte:

Dificuldade de Aprendizagem (D.A.) é um problema que está

relacionado a uma série de fatores e podem se manifestar de
diversas formas como: transtornos, dificuldades significativas na
compreensão e uso da escuta, na forma de falar, ler, escrever,
raciocinar e desenvolver habilidades matemáticas. Esses transtornos
são inerentes ao indivíduo, podendo ser resultantes da disfunção do
sistema nervoso central, e podem acontecer ao longo do período
vital. Podem estar também associados a essas dificuldades de
aprendizagem, problemas relacionados às condutas do indivíduo,
percepção social e interação social, mas não estabelecem, por si
próprias, um problema de aprendizagem.
 Assim, constata-se que são vários os problemas enfrentados pelos docentes
e pelos alunos em idade escolar, principalmente no aspecto linguístico e no aspecto
comunicativo.
93 escolares pertencentes ao 1º ano do ensino fundamental de uma escola de
financiamento público, com idades entre 5 anos e 9 meses e 6 anos e 5 meses,
foram divididos em: Grupo I (GI) e Grupo II (GII). Os escolares do grupo GI e GII
foram indicados pelos professores seguindo o critério de desempenho satisfatório e
insatisfatório em dois bimestres consecutivos, uma vez que o parâmetro de
desempenho adotado foi a comparação dos dados pelo grupo classe. Como
instrumento de avaliação foi realizado a aplicação do Teste de Linguagem Infantil
nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática – ABFW, com enfoque na
área de vocabulário (SILVA; ALVES, 2021).
Os escolares com dificuldades na alfabetização, quando comparados aos
escolares sem dificuldades, apresentaram maior comprometimento na designação
de vocábulo usual, e maiores índice de produções por processos de substituição e
não designação do vocábulo. Tais achados revelaram um vocabulário deficitário,
com menor amplitude e categorização, quanto ao acesso e processamento lexical,
para crianças com dificuldades na alfabetização. A ocorrência de erros por
substituições, para os escolares com dificuldades na alfabetização, indica uma
propensão em atribuir um significado próximo semanticamente ao esperado, assim
como, sugestivo de um vocabulário mais restrito que leva a não nomeação (SILVA;
ALVES, 2021).
Langbecker et al. 2019 realizou um estudo com o serviço de telessaúde, era
oferecido fonoaudiólogo e terapia ocupacional por videoconferência para crianças de
cinco escolas rurais. A terapia foi entregue às crianças individualmente em sessões
semanais ao longo de 12 semanas acompanhadas por um professor auxiliar ou
equivalente na escola da criança. A principal medida de resultado do estudo foi uma
avaliação do professor de sala de aula das habilidades de fala e linguagem de uma
criança, resultados educacionais e participação na aula. Ao longo de dois anos,
1560 sessões de terapia foram entregues a 98 crianças via telessaúde.
A maioria das crianças que receberam serviços de telessaúde por meio do
programa Health-e-Regions apresentou melhora consistente ao longo do tempo. De
acordo com as avaliações dos professores no início e no final de cada semestre, as
habilidades de fala e linguagem, os resultados educacionais e a participação nas
aulas melhoraram. Essas mudanças positivas foram sustentadas nas crianças que
receberam serviços de terapia ao longo de vários semestres. O estudo mostrou que
a entrega de terapia de saúde aliada por videoconferência parece ter benefícios
positivos na capacidade de uma criança de se envolver melhor com a escolaridade
(LANGBECKER et al., 2019).
A fonoaudiologia é a ciência que lida com a fala, escrita e escuta podendo
atuar em consultórios, clínicas, hospitais e escolas. O profissional também
desempenha um importante papel para o desenvolvimento das crianças (OILIVEIRA;
SCHIER, 2016).
A educação e a fonoaudiologia estão extremamente associadas. A função do
profissional de fonoaudiologia não trabalha apenas com a entonação de voz dos
alunos, por exemplo. Ressalta-se que importância consiste em muitos outros
aspectos, abrangendo, dessa forma os caminhos atinentes com a fala, com a
audição e com a escrita (GOULART; CHIARI, 2012).
Infere-se que o processo de aprendizagem pode ser compreendido como uma
etapa relevante na vida de um indivíduo, e havendo o soma da fonoaudiologia à
educação escolar poderá ser um fator decisivo para o êxito dos discentes.
Os fonoaudiólogos têm muito a proporcionar à esfera educacional, sendo uma
parte que integra a equipe pedagógica, pois através dela podem ser agregados
conhecimentos referentes à comunicação dos seres humanos, que são de sua
competência, assim como a discussão de estratégias educacionais capazes de
favorecer o processo de ensino e aprendizagem (CONSELHO FEDERAL DE
FONOAUDIOLOGIA, 2016).
É comum alunos apresentarem sinais que necessitem de um
acompanhamento por parte de um profissional da fonoaudiologia. Entretanto para se
chegar a esse quadro, há a necessidade precípua de que pais ou responsáveis e os
professores possam identificar essas dificuldades, principalmente aquelas
relacionadas com a fluência da fala e com a capacidade da audição demonstradas
pelos discentes em idade escolar sendo o fonoaudiólogo dotado de competências e
de metodologia indicada para lograr solução tão almejada pelos estudantes (LIMA et
al., 2015).
A fonoaudiologia no contexto escolar auxilia as práticas pedagógicas
contribuindo para uma serie de melhorias no processo de aprendizagem e,
consequentemente, em uma melhor qualidade da educação nacional.
 Desse modo em conjunto com a Educação, a fonoaudiologia agrega muitos
conhecimentos de sua competência, contribuindo para o aprimoramento dos
processos educativos. A partir do momento que a Fonoaudiologia está inserida no
contexto educacional, os fonoaudiólogos passam a ser corresponsáveis, juntamente
com os demais profissionais, pelo êxito no processo de ensino-aprendizagem
(AZEVEDO, 2017).
Ressalta-se que a atuação dos profissionais de fonoaudiologia destaca-se por
olhar para os membros da escola, de uma forma integral, como uma atenção para
os professores, para a equipe pedagógica, para os discentes e para familiares ou
responsáveis pelos alunos.
Em conformidade com o Conselho Federal de fonoaudiologia (CFF), a
fonoaudiologia na educação atua de modo preventivo, na promoção da saúde na
execução de ações clínicas. No entanto, pelo fato de trabalhar com todas as
dimensões da comunicação humana, a fonoaudiologia contribui para melhorar os
processos educativos de ensino-aprendizagem, auxiliando na relação da
comunicação com a aprendizagem, como as dificuldades que podem ocorrer nesse
processo. O fonoaudiólogo pode atuar em todos os níveis e modalidades de ensino,
tanto no setor público, como no setor privado.
Dentre as principais ações que são desenvolvidas pelos profissionais da
fonoaudiologia, conforme Scalha (2018) ressaltam-se: a criação e implantação de
projetos e políticas sobre hábitos saudáveis para a linguagem oral e escrita;
identificação de possíveis problemas ou dificuldades fonoaudiológicas e realiza o
correto encaminhamento; realização de ações para melhorar as habilidades
comunicativas; e contribuição em prol do melhoramento do processo de inclusão
através da acessibilidade na comunicação, entre outras.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo mostrou que são vários os benefícios advindos da intervenção da

fonoaudiologia no processo de ensino aprendizagem, contribuindo para o
desenvolvimento do corpo discente.
Os testes de leitura e escrita revelaram um percentual maior de estudantes
com desempenho inferior do que a autopercepção indicou. Neste sentido,
especialmente em regiões de risco social, os educadores e profissionais envolvidos
no processo de ensino aprendizagem, incluindo o fonoaudiólogo, devem estar
atentos aos sinais de dificuldades, antes mesmo das queixas familiares e da criança.
A percepção precoce destas dificuldades, e o devido tratamento, auxiliam no
desenvolvimento escolar do indivíduo.

REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Atuação do Fonoaudiólogo

Educacional: Guia Norteador. Brasília; 2016.
FERREIRA, J. M.; CAMPOS, N. F.; BASSI, I. A.; SANTOS, M. A. R.; TEIXEIRA, L.
C.; GAMA, A. C. C. Análise de aspectos da qualidade de vida na voz de professores
apósalta: estudo longitudinal. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 5, p.486-491, 2013. DOI:
doi: 10.1590 / S2317-17822013000500014. Disponível
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FURTADO, A. M. R.; BORGES, M. S. Dificuldades de Aprendizagem. Vila
Velha:ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, 2017.
GARCIA, J. N. Manual de dificuldades de aprendizagem, leitura, escrita e
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GONÇALVES, T. S. et al. Habilidades de consciência fonológica em crianças de
escolas pública e particular durante o processo de alfabetização. ACR, v. 18, n. 2, p.
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