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ELIANE LOPES BRAGATTO

VERSÃO BRASILEIRA DO PROTOCOLO OVERALL ASSESSMENT


OF THE SPEAKER’S EXPERIENCE OF STUTTERING - ADULTS
(OASES-A)

Tese apresentada à Universidade Federal de


São Paulo - UNIFESP, para obtenção do
Título de Doutor em Ciências.

Orientador: Profa. Titular Brasília Maria Chiari


Co-orientador: Profa. Dra. Ana Maria Schiefer

São Paulo
2010
Bragatto, E.L. ii

Bragatto, Eliane Lopes


Versão Brasileira do Prootocolo Overall Assessment of the Speaker’s
Experience of Stuttering - Adults (OASES- A) / Eliane Lopes Bragatto. --
São Paulo, 2010.
143fl.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Programa de Pós-


graduação em Distúrbios da Comunicação Humana: campo fonoaudio-lógico.

Título em inglês: Brazilian version of the Overall Assessment of the


Speaker’s Experience of Stuttering - Adults protocol (OASES-A): Preliminary
Study

1..Gagueira. 2. CIF. 3. Qualidade de vida. 4. Fala. 5. Tradução (processo).

ii
Bragatto, E.L. iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP


DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
Programa de Pós-graduação em Distúrbios da
Comunicação humana: Campo Fonoaudiológico

Coordenador do Curso de Pós-graduação:

Profa. Titular Brasília Maria Chiari


Professora Titular e Livre Docente da Disciplina de Distúrbios da Comunicação
Humana do Departamento de Fonoaudiologia.

iii
Bragatto, E.L. iv

ORIENTADOR

Profª. Titular Brasília Maria Chiari


Professora Titular e Livre Docente da Disciplina de Distúrbios da Comunicação
Humana do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo.

CO-ORIENTADOR

Profª. Dra. Ana Maria Schiefer


Professora Associada da Disciplina de Distúrbios da Comunicação Humana do
Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo.

iv
Bragatto, E.L. v

ELIANE LOPES BRAGATTO

VERSÃO BRASILEIRA DO PROTOCOLO OVERALL ASSESSMENT


OF THE SPEAKER’S EXPERIENCE OF STUTTERING - ADULTS
(OASES-A)

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. ______________________________________________________________

Prof. Dr. ______________________________________________________________

Prof. Dr. ______________________________________________________________

Prof. Dr. ______________________________________________________________

Suplente:

Prof. Dr. ______________________________________________________________

Aprovada em: ____/____/____

v
Bragatto, E.L. vi

“O único lugar onde o sucesso vem


antes do trabalho é no dicionário.”

Albert Einstein

vi
Bragatto, E.L. vii

DEDICATÓRIA

vii
Bragatto, E.L. viii

Dedico este trabalho à minha


família sempre presente e as
pessoas que gaguejam que
gentilmente cooperaram com seu
tempo e sugestões.

viii
Bragatto, E.L. ix

AGRADECIMENTOS

ix
Bragatto, E.L. x

À Profa. Brasília Maria Chiari, por todos os ensinamentos durante o meu trajeto na
Fonoaudiologia.

À Profa. Ana Maria Schiefer, por ter despertado em mim o interesse e a dedicação pela
área da gagueira.

À Profa. Ellen Osborn, por sua colaboração na tradução do teste e sugestões


importantes no texto.

À minha família e amigos pelo apoio e compreensão.

À direção da Universidade que oportunizou a coleta de dados para este trabalho.

As pessoas que gaguejam, participantes da amostra deste estudo, por sua atenção e
disponibilidade.

Aos profissionais que colaboraram na tradução e adaptação do teste.

Aos professores e colegas do curso de graduação e pós-graduação em Fonoaudiologia


da UNIFESP/EPM, por participarem comigo nesta etapa importante da minha vida, em
busca do tornar-me docente e pesquisadora.

x
Bragatto, E.L. xi

SUMÁRIO

xi
Bragatto, E.L. xii

DEDICATÓRIA............................................................................................................. VII

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... IX

LISTAS ........................................................................................................................ XIII

RESUMO ..................................................................................................................... XIX

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 6

3 MÉTODOS ................................................................................................................. 31

4 RESULTADOS ........................................................................................................... 36

5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 63

6 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 86

7 ANEXOS .................................................................................................................... 89

8 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 111

ABSTRACT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

xii
Bragatto, E.L. xiii

LISTAS

xiii
Bragatto, E.L. xiv

Lista de tabelas

Tabela 1: Distribuição dos sujeitos pela idade e sexo............................................. 32

Tabela 2: Distribuição dos sujeitos pelos anos de estudo e sexo...................... 38

Tabela 3: Distribuição dos sujeitos pela idade e anos de estudo...................... 38

Tabela 4 - Médias e desvios-padrão dos escores do OAES-A, nas variáveis


Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária,
Qualidade de vida e no Impacto total, por sexo....................................................... 39

Tabela 5 - Comparativo dos escores do OAES-A entre os sujeitos dos sexos


masculino e feminino, nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira,
Comunicação na vida diária, Qualidade de vida e no Impacto total........................ 39

Tabela 6 - Médias e desvios-padrão dos escores do OAES-A, nas variáveis


Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária,
Qualidade de vida e no Impacto total, por anos de estudo...................................... 40

Tabela 7 - Escores de grau de severidade da gagueira dos sujeitos da amostra,


entre os protocolos OASES-A e SSI-3..................................................................... 40

Tabela 8 - Valores das correlações dos graus de severidade da gagueira dos


sujeitos da amostra, entre os protocolos OASES-A e SSI-3................................... 41

Tabela 9 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A,


na variável Informações Gerais, item A............................................................... 41

Tabela 10 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Informações Gerais, item B...............................................................
42

Tabela 11 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Informações Gerais, item C............................................................... 42

xiv
Bragatto, E.L. xv

Tabela 12 - Coeficientes de correlação de Spearman ,entre os escores das


questões referentes à variável Informações gerais, do OASES-A.......................... 43

Tabela 13 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Reações à Gagueira, item A............................................................. 44

Tabela 14 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Reações à Gagueira, item B............................................................. 45

Tabela 15 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Reações à Gagueira, item C............................................................. 46

Tabela 16 - Coeficientes de correlação de Spearman ,entre os escores das


questões referentes à variável Reações à gagueira, do OASES-A......................... 47

Tabela 17 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Comunicações na Vida Diária, item A............................................... 49

Tabela 18 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Comunicações na Vida Diária, item B............................................... 50

Tabela 19 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Comunicações na Vida Diária, item C............................................... 50

Tabela 20 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Comunicações na Vida Diária, item D............................................... 51

Tabela 21 - Coeficientes de correlação de Spearman ,entre os escores das


questões referentes à variável Comunicação nas situações diárias, do
OASES-A................................................................................................................. 52

Tabela 22 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Qualidade de Vida, item A................................................................. 54

Tabela 23 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Qualidade de Vida, item B................................................................. 54

xv
Bragatto, E.L. xvi

Tabela 24 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Qualidade de Vida, item C................................................................ 54

Tabela 25 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Qualidade de Vida, item D................................................................ 55

Tabela 26 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-


A, na variável Qualidade de Vida, item E................................................................. 55

Tabela 27 - Coeficientes de correlação de Spearman ,entre os escores das


questões referentes à variável Qualidade de vida, do OASES-A............................ 56

Tabela 28 - Valores das correlações lineares (r) entre os escores do OAES-A


dos sujeitos da amostra, nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira,
Comunicação na vida diária e Qualidade de vida.................................................... 60

Tabela 29 - Análise do cluster calculada com base nas médias dos escores das
variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária
e Qualidade de vida................................................................................................. 61

xvi
Bragatto, E.L. xvii

Lista de figuras

Figura 1: Distribuição das variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira,


Comunicação na vida diária e Qualidade de vida no primeiro plano
fatorial...................................................................................................................... 59

Figura 2: Gráfico da distribuição da nuvem de pontos dos sujeitos da amostra


para determinação dos clusters, com base nas médias dos escores das variáveis
Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e
Qualidade de vida.................................................................................................... 60

Figura 3: Análise dos perfis dos 3 clusters identificados, com bases nas variáveis
Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e
Qualidade de vida.................................................................................................. 62

xvii
Bragatto, E.L. xviii

Lista de abreviaturas e símbolos

CID-10 - Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à


saúde – 10ª edição

CIDID - Classificação das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

Cols. - Colaboradores

DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - 4ª edição

ICDIH - International Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps

OMS - Organização Mundial da Saúde

OASES-A - Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering -


Adults

OASES-S - Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering -


Students

OASES-T - Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering -


Teenagers

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

xviii
Bragatto, E.L. xix

RESUMO

xix
Bragatto, E.L. xx

O objetivo deste estudo foi apresentar a tradução para a língua portuguesa do “Overall
Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering – Adults (OASES-A)”, um
instrumento baseado na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde - CIF (Organização Mundial da Saúde), e já validado nos Estados Unidos. Os
processos de tradução e tradução reversa foram realizados por especialistas, gerando
uma versão brasileira do OASES-A que possui equivalência semântica, conceitual,
cultural e idiomática. O OASES-A avalia o transtorno da gagueira pela perspectiva do
próprio sujeito que gagueja, em relação a informações gerais da gagueira, reações à
gagueira, comunicação nas situações diárias e o impacto da gagueira sobre a
qualidade de vida. Pode também ser usado com outros instrumentos clínicos de
avaliação fornecendo, assim, dados sobre o impacto da gagueira no individuo que a
manifesta. A versão adaptada para o português do OASES-A para avaliar sujeitos que
gaguejam tem por finalidade fornecer subsídios ao profissional especializado tanto
para avaliação quanto para terapêutica do sujeito que gagueja, propiciando um
tratamento mais eficaz e efetivo.

Gagueira, CIF, Qualidade de vida, Fala, Tradução (processo)

xx
Bragatto, E.L. 1

1 INTRODUÇÃO

1
Bragatto, E.L. 2

Reflexões sobre o modelo de Saúde há muito vêm sendo promovidas pela


Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de além de abarcar os sinais e
sintomas apresentados nas patologias, contribuir para uma visão mais crítica em
relação ao bem-estar do ser humano. Uma maior preocupação com o contexto social,
aliado à efetividade e eficiência dos processos preventivos, avaliativos e interventivos,
trouxe uma discussão mais abrangente sobre o conceito da saúde. Alem disso, há
também a relevância de que a capacitação dos futuros profissionais contemple esta
visão, possibilitando sob a ótica biopsicossocial, o desenvolvimento de uma reflexão
mais crítica acerca do papel do profissional da saúde (Organização Mundial da Saúde,
2003; Nubila e Buchalla, 2008).

Na área da Fonoaudiologia, que investiga e trata das desordens de comunicação,


tem sido proposta uma prática baseada em evidências metodologicamente estruturada
para a avaliação da significância clínica (Andrade, 2004). Nesta, o ganho real do
indivíduo submetido a um tratamento fonoaudiológico deve ser entendido em termos de
sua eficácia (funcionalidade do tratamento), de sua eficiência (comparação entre
tratamentos), e de seu efeito (de que forma o tratamento modifica o indivíduo). Na
descrição dos parâmetros para a estruturação do sistema formal de um programa
terapêutico, são reforçados também certos cuidados preliminares básicos, tais como:

2
Bragatto, E.L. 3

necessidades e realidade socioeconômico-cultural; influência dos atributos pessoais


(biopsicossociais) nos benefícios obtidos com os tratamentos; ganhos pessoais de
competência e desempenho do indivíduo, nos modelos interativos e sociais; crenças e
valores pessoais

A importância da evidência científica é tida como uma orientação fundamental na


decisão clínica. Nas patologias da comunicação, principalmente de fala e linguagem, a
aplicação da prática baseada em evidências começou tardiamente, porém é um
conceito essencial do exercício da ética e encontra-se em fase de crescimento,
principalmente, nos Estados Unidos. O futuro de várias abordagens de avaliação e de
terapia depende de que sua efetividade possa ser demonstrada empiricamente.
Apenas assim poderão ser produzidos melhores resultados, traduzidos no treinamento
e educação do clínico, custos mais efetivos do tratamento, maior conhecimento
inclusive sobre os casos não usuais e, talvez, o mais importante, no tratamento voltado
para cada indivíduo especificamente (Kully e Langevin, 2005).

Dentre as desordens de comunicação, a gagueira tem sido pesquisada por


apresentar diferentes manifestações clínicas que causam forte impacto no
desenvolvimento social e de comunicação dos indivíduos que gaguejam, tais como as
rupturas de fala; comportamentos associados resultantes de tentativas para escapar ou
evitar as rupturas; sentimentos e atitudes que refletem as reações emocionais às
experiências negativas de falar com disfluência. Segundo a Classificação Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à saúde – CID-10 (F98.5), a gagueira
(tartamudez) é um transtorno “caracterizado por repetições ou prolongamentos
freqüentes de sons, de sílabas ou de palavras, ou por hesitações ou pausas freqüentes
que perturbam a fluência verbal. Só se considera como transtorno caso a intensidade
de perturbação incapacite de modo marcante a fluidez da fala.” (Organização Mundial
da Saúde, 2008).

A consideração dos fatores além daqueles previstos nas nomenclaturas de


sistemas como a CID, começou a ser feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
apenas nas últimas décadas. O primeiro sistema proposto pela OMS em 1980,
denominado “International Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps -
ICDIH”, descrevia as conseqüências que as desordens poderiam causar na vida dos
indivíduos. A partir daí o trabalho foi sendo revisado e aprimorado, chegando-se ao

3
Bragatto, E.L. 4

modelo atual, aprovado em 2001, denominado “Classificação Internacional de


Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)”, focado mais na identificação do que se
constitui a saúde do que no impacto das doenças sobre a pessoa (World Health
Organization, 2001a; World Health Organization, 2001b; Organização Mundial da
Saúde, 2003).

Desde então, alguns especialistas começaram a desenvolver ferramentas


voltadas para atender as premissas da CIF. Na área dos distúrbios da comunicação
humana, mais especificamente da fluência da fala, Yaruss e Quesal desenvolveram um
instrumento, denominado OASES-A – Overall Assessment of the Speaker’s Experience
of Stuttering – Adults, que descreve o transtorno da gagueira através da experiência do
próprio indivíduo que gagueja (Yaruss, 1998; Yaruss e Quesal, 2004; Yaruss e Quesal,
2006; Yaruss, 2007).

Na prática clínica, observamos que, por vezes, um aspecto aparentemente


pouco relevante é justamente aquele que se opõe à efetividade e eficiência do
processo de avaliação e diagnóstico ou terapêutico. Daí surge uma das principais
justificativas da necessidade da conscientização do profissional da saúde sobre o
conceito dos domínios proposto pela CIF. Tais domínios estariam em níveis da saúde e
em níveis relacionados à saúde, e sempre baseados nas perspectivas do corpo, do
indivíduo e da sociedade. Todo o entorno, seja ele psicológico, social, familiar, muitas
vezes considerado um “viés”, passa então a ser agregado a uma concepção de saúde
como um constructo global e multidimensional. Assim como numa engrenagem, todos
os aspectos são relevantes e interdependentes.

Sob essa ótica, a disponibilidade de um instrumento baseado nas premissas da


CIF e que mensure um transtorno de comunicação como a gagueira do ponto de vista
do próprio sujeito que gagueja possibilitará, portanto, a realização de novas pesquisas.
Além disso, considerando-se que a gagueira atinge ao redor de 1% da população
mundial, independentemente do sexo e da raça (Bloodstein, 2005; Guitar, 2006;
Bloodstein e Ratner, 2008), é importante salientar que a utilização de um instrumento
como o OASES-A, poderá viabilizar a comparação de resultados entre diferentes
culturas.

A partir dessas considerações, este estudo pretende elaborar uma versão


adaptada para o Português brasileiro do OASES-A a fim de avaliar sujeitos que

4
Bragatto, E.L. 5

gaguejam, fornecendo subsídios ao profissional especializado tanto para avaliação


quanto para terapêutica do sujeito que gagueja e propiciando um tratamento mais
eficaz e efetivo.

1.1 Objetivos

• Apresentar a tradução do OASES-A – Overall Assessment of the Speaker’s


Experience of Stuttering – Adults para o Português brasileiro;

• Aplicar a versão traduzida do OASES-A – Overall Assessment of the Speaker’s


Experience of Stuttering – Adults para o Português brasileiro em uma população
de adultos que gaguejam.

5
Bragatto, E.L. 6

2 REVISÃO DA LITERATURA

6
Bragatto, E.L. 7

Neste capítulo apresentamos a síntese da literatura selecionada que aborda os


diversos assuntos pertinentes à temática aqui pesquisada.
Optamos por apresentar, inicialmente, as idéias contidas no referencial teórico
sobre a natureza da gagueira. Na sequência, apresentamos uma visão do transtorno
segundo as premissas propostas pela CIF e relatos de diferentes autores sobre seu
impacto na funcionalidade e incapacidade no sujeito que gagueja.

7
Bragatto, E.L. 8

2.1 Gagueira desenvolvimental

A gagueira desenvolvimental é uma patologia bastante complexa, marcante pelas


rupturas, que a tornam facilmente reconhecida como uma dificuldade motora da fala.
Do ponto de vista do sujeito que a manifesta, a gagueira é uma situação experimentada
como perda de controle, uma vez que ele não consegue evitar a quebra do fluxo
contínuo da fala (Perkins, 1990; Max e cols.., 2004).

Neste estudo, devido à complexidade do quadro, optamos por considerar o


transtorno gagueira de acordo com os Critérios Diagnósticos do DSM-IV (307.0), ou
seja, “ ..uma perturbação na fluência e no ritmo da fala , que não é própria da idade do
indivíduo, caracterizada por ocorrências freqüentes de um ou mais dos seguintes
aspectos: (1) repetições de sons e sílabas (2) prolongamento de sons (3) interjeições
(4) palavras truncadas (p. ex., pausas dentro de uma palavra) (5) bloqueio audível ou
silencioso (p. ex. pausas preenchidas ou não preenchidas na fala) (6) circunlocuções
(substituições de palavras para evitar as que são problemáticas (7) palavras produzidas
com um excesso de tensão física (8) repetições de palavras monossilábicas completas
(p. ex., ¨Eu-eu-eu vou¨). A perturbação na fluência interfere no rendimento escolar e
profissional ou na comunicação social. Em presença de um déficit da fala, déficit
sensorial, as dificuldades na fala excedem as habitualmente associadas com estes
problemas” (Associação Psiquiátrica Americana, 1995).

É do conhecimento entre os estudiosos que a gagueira aparece em todas as


culturas e tem sido um problema para a humanidade nos últimos 40 séculos. É
caracterizada por uma alta freqüência ou severidade de rupturas que impede o fluxo
continuo da fala. Os comportamentos principais são denominados de repetições de
sons, prolongamentos de sons e bloqueios de sons. Já, os comportamentos
secundários são resultantes de tentativas para escapar ou evitar as rupturas, os quais
incluem concomitantes físicos de gagueira, tais como piscar de olhos, ou
concomitantes verbais, tais como substituição de palavras (Van Riper,1982; Yairi, 1997;
Bloodstein, 1995; Conture, 1996; Guitar, 2006; Bloodstein e Ratner, 2008).

Os sentimentos e atitudes também podem ser componentes importantes da


gagueira, porque refletem reações emocionais das pessoas que gaguejam frente às
experiências de inabilidade de fala e para escutar respostas sobre sua gagueira. Em

8
Bragatto, E.L. 9

outras palavras, os sentimentos são reações emocionais imediatas e incluem medo,


vergonha e embaraço. Já, as atitudes são cristalizadas mais lentamente através da
repetição das experiências negativas associadas à gagueira. Um exemplo disso é o
gago acreditar que o ouvinte o considera estúpido porque gagueja (Blood e cols., 2001;
Bloodstein, 1995; Conture, 1996; Guitar, 2006; Bloodstein e Ratner, 2008).

O início da gagueira é estimado entre os 18 meses de idade e a puberdade, mas


é mais freqüente entre 2 e 5 anos de idade. O quadro manifesta-se através de um
aumento gradual de simples repetições de palavras e sons ou, menos freqüentemente,
por meio de início múltiplo, repetições tensas, prolongamentos ou bloqueios. A
prevalência da gagueira é estimada em 1%, e a incidência em 5%, sendo que a
recuperação sem tratamento, em média, é de 75% das crianças que sempre
gaguejaram. A relação entre homens e mulheres, nas crianças e nos adultos é de 3:1,
mas pode ser mais baixa, perto de 1:1, em muitas crianças mais jovens que
começaram a gaguejar. A gagueira na infância pode ser transitória, ou seja, a criança
recupera-se naturalmente por volta de 18 meses, com ou sem tratamento mínimo, ou
persistente, na qual a criança, se não tratada, gagueja por 3 anos ou mais. (Bloodstein,
2005; Guitar, 2006; Bloodstein e Ratner, 2008).

A Gagueira persistente ou transitória parece ser o resultado de um fator genético


comum, de um simples gene ou de vários, mas a forma persistente da gagueira
provavelmente tem fatores genéticos adicionais que impedem a recuperação. A
recuperação natural da gagueira parece estar associada aos seguintes fatores: ter bom
desempenho em testes de fonologia, linguagem, e habilidades não-verbais; não ter
história familiar de gagueira; ter início precoce da gagueira; ser do sexo feminino.
Entretanto, para a gagueira se manifestar, estudos de gêmeos e de adotados
confirmam que os genes podem interagir com os fatores ambientais. Para outros
indivíduos, fatores congênitos tais como: trauma físico ao nascimento, paralisia
cerebral, retardo mental, e situações emocionalmente estressantes, poderiam predispô-
los à gagueira (Beitchman, 1992; Yairi, 1996; Van Riper e cols., 1997; Ambrose e cols.,
1993; Felsenfeld e cols., 2000; Guitar, 2006; Dworzynski e cols., 2007; Bloodstein e
Ratner, 2008).

Em relação ao aspecto linguístico, sabe-se que algumas pessoas que gaguejam


são capazes de predizer as palavras que irão gaguejar depois da leitura em voz alta

9
Bragatto, E.L. 10

(antecipação), sendo que e a maioria tende a gaguejar em algumas das mesmas


palavras após repetição da leitura (consistência). A freqüência da gagueira também
diminui para a maioria das pessoas que gaguejam, quando repetidas várias vezes a
leitura do mesmo texto (adaptação). Além disso, a gagueira ocorre mais
frequentemente em certos contextos gramaticais, sendo que a natureza destes
contextos difere entre os adultos e as crianças (Starkweather, 1999).

Quanto à avaliação do transtorno da gagueira, vários instrumentos vêm sendo


usados para mensurar o nível de severidade da gagueira, incluindo a freqüência, a
duração e os comportamentos associados à fala disfluente. Dentre as escalas
utilizadas para medir a severidade da fala disfluente, citamos a Stuttering Severity
Instrument – SSI (Riley, 1994), utilizada no presente trabalho para classificar os
indivíduos da amostra, quanto ao grau de severidade da gagueira.

No tocante aos instrumentos específicos para examinar as atitudes comunicativas


dos falantes que gaguejam, observamos que, historicamente, os primeiros
questionários usados com adultos que gaguejam eram inventários pessoais, como o
“Woodworth-Matthews and Woodworth-Cady” (McDowell, 1928), Woodworth-House
Mental Hygiene Inventory (Johnson, 1932) e “Bernreuter Personality Inventory”
(Bender, 1939). O método de relato pessoal tem a vantagem de fornecer uma
informação sobre a avaliação individual de uma experiência subjetiva, especialmente
quando há distorções na medida de controles motivacionais, como na falta de
habilidade social (Derogatis, 1982). Na década de 50, o uso de testes psicológicos
como o “Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI)” ganhou uma grande
influência na pesquisa sobre personalidade. No geral, os achados indicaram que as
pessoas que gaguejam demonstram uma tendência de adaptação ligeiramente menos
favorável que os indivíduos fluentes, mas os escores encontravam-se dentro de uma
escala normal (Pizzat, 1951).

Durante um longo período, vários outros questionários de relatos pessoais têm


sido desenvolvidos especificamente para adultos que gaguejam (Franic e Bothe, 2008).
Tais instrumentos contribuíram para o estudo da personalidade, interessados com a
percepção e avaliação do indivíduo sobre si mesmo, como o “Speech Attitude Scale”
(Knower, 1938); o “Iowa Scale of Attitude toward Stuttering” (Ammons e Johnson,
1944); o “Perception of Stuttering Inventory – PSI”, uma medida do comportamento da

10
Bragatto, E.L. 11

gagueira, baseada no argumento de que a gagueira pode ser definida como esforço,
evitação e expectativa (Woolf, 1967); o “The Communication Attitude Scale” – S-Scale
(Erickson, 1969), originalmente desenvolvido por Erckson em 1969 e mais tarde
revisado e renomeado por Andrews e Cutler, em 1974, como “Modified erickson Scale
of Communication Attitudes – S-24”, pretendendo ser uma escala para caracterizar os
aspectos da gagueira distinguíveis da própria fala do indivíduo” (Andrews e Cutler,
1974); o “Speech Situation Checklist – SSC” (Brutten, 1973); o “Inventory of
Communication Attitude- ICA”, baseado na premissa de um modelo de tratamento que
reflete as atitudes de comunicação como sendo multidimensionais, tendo os
componentes afetivo, comportamental e o cognitivo para serem examinados(Watson,
1988); o “Self Efficacy for Adults Who Stutter Scale – SESAS” que pretende medir a
capacidade do sujeito adulto gago em adquirir e manter a fluência nas variadas
situações de fala (Ornstein e Manning, 1985); o “Subjective Screening of Stuttering
Severity – SSS”, desenvolvido por conta da disparidade entre os valores determinados
pelo ouvinte e a auto-percepção da experiência comunicativa da pessoa que gagueja,
sendo que os autores consideram que a mais importante opinião referente à satisfação
e habilidade de comunicação é aquela emitida pelo próprio falante (Riley e cols..,
2004).

O protocolo “Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering –


Adults - OASES-A”, objeto do presente trabalho, foi publicado em 2006. Trata-se de um
instrumento, baseado nas premissas propostas pela CIF (Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), para ser aplicado em indivíduos adultos que
gaguejam, visando obter o grau de severidade da gagueira sob o ponto de vista do
próprio sujeito (Yaruss e Quesal, 2006).

2.2 A relação entre o OASES e a CIF

Historicamente, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas


Relacionados à saúde (CID), atualmente em sua décima revisão (CID-10), foi proposta
pela Organização Mundial da Saúde. (Organização Mundial da Saúde, 1989;
Organização Mundial da Saúde, 1996). A CID supre as informações diagnósticas para
finalidades gerais e a OMS, em paralelo às revisões da CID, sugeriu que outras

11
Bragatto, E.L. 12

classificações poderiam ser usadas em conjunto com ela, fornecendo diferentes e


importantes enfoques além das doenças e lesões (World Health Organization, 2001).

Uma dessas classificações propostas para aplicação em vários aspectos da


saúde é a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde).
A CIF foi aprovada em 2001, mas sua origem data de 1980 quando foi criada a
“International Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps - ICDIH”,
publicada em caráter experimental, e que descrevia as conseqüências duradouras que
as desordens poderiam causar na vida dos indivíduos (Organização Mundial da Saúde,
2003). Em 1989, o ICDIH foi traduzido para o português de Portugal, sob o título
“Classificação das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens – CIDID” (Organização
Mundial da Saúde, 1989).

No domínio da saúde, o impacto das desordens foi descrito pelo ICDIH em termos
de: DEFICIÊNCIA - representa qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica; INCAPACIDADE - corresponde a qualquer
redução ou falta de capacidades para exercer uma atividade de forma ou dentro dos
limites considerados normais para o ser humano; DESVANTAGEM (HANDICAP) -
representa um impedimento sofrido por um dado indivíduo, resultante de uma
deficiência ou de uma incapacidade, que lhe limita ou lhe impede o desempenho de
uma atividade considerada normal para esse indivíduo, tendo em atenção a idade, o
sexo e os fatores sócio-culturais (World Health Organization, 2001).

Quanto ao transtorno da gagueira, em 1998, Yaruss propôs uma adaptação deste


modelo – ICIDH – ao situar a gagueira sob a ótica do sujeito que a manifesta. Os
padrões de fala da pessoa que gagueja foram descritos em termos: das
DEFICIÊNCIAS (impairment), ou seja, os padrões de fala da pessoa que gagueja; das
INCAPACIDADES (disability), ou seja, do impacto que as dificuldades oriundas da
gagueira causavam tanto nas situações de comunicação da vida diária do indivíduo; da
DESVANTAGEM (handicap), ou seja, da habilidade em alcançar suas metas de vida
(Yaruss, 1998).

O ICIDH tinha a finalidade de pesquisa e foi revisado pela OMS em 1993,


gerando a ICIDH-2. As principais críticas aos manuais do ICIDH e ICDH-2 referiram-se
à sua vinculação ao modelo médico e conseqüentemente ao diagnóstico médico. A
resposta surge com o lançamento da CIF, uma nova estrutura proposta pela OMS,

12
Bragatto, E.L. 13

aprovada em 2001 (World Health Organization, 2001). Neste novo modelo, assume-se
uma posição neutra em relação à etiologia. Preocupa-se mais com a identificação do
que se constitui a saúde do que com o impacto das doenças sobre a pessoa. Assim
houve uma mudança da classificação de “conseqüência da doença”, proposta pelo
ICIDH, para a classificação dos “componentes da saúde”, proposto pela CIF (Moreno e
cols., 2006). Ao incluir uma lista de fatores ambientais que descrevem o contexto em
que o indivíduo vive, o estudo dos determinantes ou dos fatores de risco se tornou mais
fácil. O impacto das desordens foi descrito em termos de FUNCIONALIDADE - que
abrange todas as funções do corpo, atividades e participação; de INCAPACIDADE -
que abrange incapacidades, limitação de atividades ou restrição na participação.

Com base nesta nova estrutura, em 2004 Yaruss e Quesal realizaram a


atualização do sistema proposto em 1998, descrevendo o transtorno da gagueira
através da experiência do próprio indivíduo que gagueja segundo os conceitos de
funcionalidade e incapacidade. Por meio dos pressupostos teóricos descritos pela CIF,
onde fatores internos e/ou externos influenciam e são integrados como componentes
da saúde, vários aspectos foram considerados relevantes na gagueira, tais como
reações negativas afetivas, comportamentais e cognitivas; limitações na participação
de atividades da vida diária; impacto negativo na qualidade de vida (Yaruss e Quesal,
2004).
A seguir, apresentamos o esquema que resume a adaptação descrita acima
pelos autores.

13
Bragatto, E.L. 14

(J. Scott Yaruss, Robert W. Quesal, 2004)

FATORES PESSOAIS
• Afetivo
• Comportamental
• Cognitivo ATIVIDADES /
PARTICIPAÇÃO
ETIOLOGIA PRESUMIDA

FUNÇÕES DO CORPO
• Fluência da fala • Fala

• Ritmo da fala • Conversação

• Velocidade da fala • Discussão

• Emoção- ansiedade • Formação de


relacionamentos

•ESTRUTURAS DO FATORES AMBIENTAIS • Interações de acordo


com regras sociais
CORPO • Apoio e
• Estrutura cerebral relacionamentos • Educação
• Profissionais • Trabalho
• Atitudes da sociedade e • Emprego
indivíduos • Vida comunitária,
• Serviços de social e cívica
comunicação
• Organizações de apoio
• Serviços educacionais

Finalmente, em 2006, a partir ainda dos pressupostos teóricos da CIF, Yaruss e


Quesal aprimoraram e desenvolveram um novo instrumento, intitulado OASES-A –
Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering - Adults, aplicável em
indivíduos a partir dos 18 anos de idade. Em 2007, os autores lançaram outras duas
versões do instrumento OASES: OASES-S (Overall Assessment of the Speaker’s
Experience of Stuttering – Students) e OASES-T (Overall Assessment of the Speaker’s
Experience of Stuttering – Tennagers), aplicáveis a crianças entre 7 e 12 anos e a
adolescentes entre 13 e 17 anos de idade, respectivamente. O OASES-A, OASES-S e

14
Bragatto, E.L. 15

OSAES-T pretendem avaliar o transtorno da gagueira pela perspectiva das próprias


pessoas que gaguejam, coletando informações sobre a totalidade do seu impacto em
quatro áreas distintas: (a) Informações Gerais; (b) Reações à gagueira; (c)
Comunicação nas situações diárias; (d) Qualidade de vida (Yaruss e Quesal, 2006;
Yaruss, 2007).

2.3 Gagueira – impacto na funcionalidade e incapacidade

Estudos de imagem cerebral de adultos que gaguejam têm mostrado várias


alterações durante a fala e, especialmente, durante a gagueira. Uma das falhas de
processamento é a super-ativação de áreas do hemisfério direito homólogas à
estruturas de fala e linguagem do hemisfério esquerdo, usadas tipicamente pelas
pessoas que não gaguejam. Outra alteração é a desativação do córtex auditivo
esquerdo. Já as diferenças neuroanatômicas vistas na imagem cerebral incluem, desde
alterações no plano temporal e nos giros das áreas da fala e da linguagem, até fibras
menos densas nos tratos que conectam áreas da percepção da fala, planejamento e
execução (Braun e cols., 1997; De Nil e cols., 2000; Guitar, 2006).

A ansiedade é uma característica referida pelas pessoas que gaguejam e muitas


pesquisas têm sido realizadas com o intuito de se estabelecer uma possível relação
entre gagueira e ansiedade. Caruso e cols. (1994) realizaram uma revisão nas
pesquisas que relacionavam a ansiedade com a gagueira, verificando que enquanto
alguns vêem a ansiedade como a principal causa da disfluência outros a consideram
como uma variável mediadora que pode precipitar, perpetuar ou agravar os fatores. Há
ainda aqueles que consideram a ansiedade como um produto da gagueira ou como
traço geral de estresse e alguns que atribuem a ansiedade a uma condição relacionada
à comunicação em geral e à comunicação verbal em particular. Estudos empíricos
sobre ansiedade e gagueira têm dado suporte a esta relação e alguns autores
acreditam que um traço ansioso advindo de um distúrbio na comunicação social é
resultante de um problema de fluência. Também tem sido reportada uma relação
positiva entre severidade da gagueira e nível de ansiedade.

Onslow e Packman (1999), afirmaram que, apesar de alguns achados, as


revisões de literatura têm tendido a rejeitar a idéia de que haja um relacionamento

15
Bragatto, E.L. 16

significativo entre ansiedade e gagueira. Os autores realizaram uma revisão de


literatura sobre o relacionamento entre ansiedade na gagueira e questionaram: “Por
que, independente da evidência considerável da relação entre ansiedade e gagueira, a
natureza desse relacionamento não foi ainda identificada?”. Eles sugeriram que a razão
pode ser justificada pelo construto da ansiedade e de como ela é definida,
recomendando que o fator multidimensional deve ser levado em conta e que relatos
pessoais e medidas comportamentais da ansiedade sejam incorporadas nas pesquisas
futuras, inclusive medidas de expectativa de constrangimento e coação social.

Craig e cols. (2003) estudaram a manifestação da ansiedade das pessoas que


gaguejam em uma amostra diferente daquela que ocorre na maioria dos estudos onde
os indivíduos geralmente são referidos de clínicas terapêuticas. Para tanto,
selecionaram randomicamente 4689 residências e, através de uma entrevista
telefônica, solicitavam ao interlocutor que fornecesse uma descrição para a gagueira e
perguntavam se havia algum indivíduo gago residente. No caso de uma resposta
positiva, era aplicado um questionário e solicitada a autorização de gravação da fala do
indivíduo gago. Um total de 87 pessoas que gaguejam foi identificado, sendo que os 63
com idade acima dos 15 anos responderam a um questionário sobre ansiedade. Os
resultados indicaram que os as pessoas que gaguejavam apresentaram níveis de
ansiedade significativamente maiores do que os geralmente achados na sociedade.

Alm (2004) referiu que muitos indivíduos que gaguejam acreditam que sua
gagueira é influenciada por suas reações emocionais e que uma das formas de se
investigar os aspectos emocionais da gagueira é aferir as mudanças fisiológicas
associadas à ativação do ramo simpático do sistema nervoso autônomo. Para tanto,
realizou uma revisão crítica sobre a relação das emoções, gagueira e freqüência
cardíaca durante o evento da ansiedade antecipatória nos indivíduos gagos. A revisão
dos estudos psicofisiológicos indicou que em situações de estresse, muitos adultos que
gaguejam tendem a apresentar ansiedade antecipatória e a coativação do sistema
autônomo, com elevação dos batimentos cardíacos. Os autores desses estudos,
entretanto, enfatizam que o fato da modulação das emoções estar relacionada à
severidade da gagueira não implica necessariamente que os fatores emocionais sejam
causa de base da gagueira. O aumento da ansiedade estaria mais ligado às situações
de fala caracterizadas como experiências negativas de comunicação em eventos
anteriores, as quais quando se repetem provocam uma reação emocional

16
Bragatto, E.L. 17

condicionada. Também discutem o fato de que a experiência clínica sugere que a


ansiedade não acomete a todos os adultos que gaguejam, havendo inclusive casos
extremos onde a melhora da fluência da fala ocorre durante a exposição do sujeito que
gagueja a uma situação de grande perigo como batalhas e guerras.

Iverach e cols. (2010) investigaram as características da personalidade de 93


adultos que gaguejavam, dentro do modelo proposto pelo NEO Five Factor Inventory
(NEO-FFI), um instrumento que mensura a personalidade dentro de 5 domínios
distintos: tendência à neurose, extroversão, franqueza, afabilidade e estado de
consciência. Os indivíduos da amostra buscavam um tratamento terapêutico para sua
gagueira e os seus escores encontrados no NEO-FFI foram comparados àqueles
encontrados em dados normativos de uma amostra americana e outra australiana.
Apesar dos indivíduos da amostra apresentarem escores dentro das médias para os 5
domínios de personalidade, quando comparados aos escores do grupo controle, foram
significantemente maiores no domínio de tendência à neurose e significantemente
menores nos domínios de afabilidade e de estado de consciência.

Blumgart e cols. (2010) estudaram a prevalência da fobia social em 200 adultos


que gaguejavam e compararam o nível de ansiedade deles com a de 200 pessoas
fluentes. Foram mensurados o grau de severidade da gagueira e as condições de
saúde geral. Também foi autorreferido o nível de ansiedade e, através de entrevista
estruturada, definido o diagnóstico de fobia social. Os resultados indicaram que os
indivíduos que gaguejavam apresentaram uma prevalência de até 40% e um maior
nível de ansiedade e maior risco para fobia social quando comparados ao grupo
controle. Os autores concluíram que apenas o DSM-IV dificulta o diagnóstico diferencial
da fobia social, quando a mesma é decorrente da gagueira.

Uma experiência a qual a pessoa que gagueja pode ser submetida e que interfere
tanto nos fatores pessoais e ambientais quanto nas atividades sociais é a vitimização
provocada pelo bullying. Mooney e Smith (1995), realizaram uma pesquisa com 324
adultos que gaguejavam, membros de uma associação inglesa de gagueira, para
verificar o bullying quanto à sua existência e frequência, seu tipo, conscientização dos
familiares/professores, medidas de intervenção e os possíveis efeitos causados pelo
bullying, a curto e longo prazos. Em resposta, 82% dos indivíduos consultados
referiram ter sofrido o bullying em algum período da vida escolar e que tal vitimização,

17
Bragatto, E.L. 18

muito frequentemente, era relacionada à sua gagueira. Do total dos indivíduos que
havia sofrido o bullying, 11% relataram que a vitimização provocou um efeito negativo
na fluência de suas falas. Os autores concluíram que o bullying sofrido pelas crianças
muitas vezes provoca nelas um sentimento de vergonha e perda da autoconfiança,
inclusive prejudicando o rendimento escolar. Os estudantes que gaguejam podem
também experenciar um alto grau de vitimização, com efeitos que se prorrogam até a
fase adulta.

Hugh-Jones e Smith (1999) estudaram os possíveis efeitos causados pelo bullying, a


curto e longo prazo, nas crianças que gaguejam, sob a ótica dos próprios indivíduos
adultos que vivenciaram tais experiências na infância. Os resultados computados, a
partir da aplicação de um questionário com 19 questões, apontaram que dos 276
indivíduos entrevistados, 83% referiram ter sofrido o bullying durante o período escolar,
sendo que 18% numa freqüência diária e 41% numa freqüência semanal. Os autores
concluíram que a gagueira é um alto fator de risco para o bullying e o para o bom
desenvolvimento das relações pessoais e sociais, sendo que pelo seu grau de impacto,
a vitimização provocada pelo bullying na pessoa que gagueja deve ser pesquisada de
forma mais apurada e intensiva.

Furnham e Davis (2004) realizaram uma revisão dos métodos utilizados e dos
resultados encontrados nas pesquisas que investigaram os fatores afetivos e sociais da
gagueira, tanto sob o ponto de vista da pessoa que gagueja quanto da percepção do
ouvinte fluente, no período compreendido entre a pré-escola até a idade adulta. Os
autores relataram os achados das pesquisas passadas, os quais apontaram para a
formação de um estereótipo da pessoa que gagueja como sendo um indivíduo mais
nervoso, tenso, sensível, hesitante, introvertido e inseguro que os demais indivíduos
fluentes; a necessidade da inclusão de modelos multifatoriais que abranjam tais
aspectos psicossociais nos estudos de desenvolvimento e tratamento da desordem da
gagueira. Também apresentaram os vários métodos aplicados na psicologia social, que
visam investigar e indicar estratégias eficientes no acesso aos componentes social e
afetivo na gagueira. Finalmente, concluíram que os fatores sociais e emocionais
mostram-se cruciais no início e na manutenção da gagueira.

Blood e Blood (2004) compararam os aspectos de autoavaliação da competência


comunicativa, autoestima e a vulnerabilidade ao bullying, de 53 adolescentes que

18
Bragatto, E.L. 19

gaguejam e 53 fluentes. Foram aplicados 3 protocolos: The Life in School (LIS)


checklist LIS checklist, escala utilizada para mensurar o risco ao bullying; the
Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES), uma escala para avaliação da autoestima; Self-
Perceived Communication Competence (SPCC), uma escala de autoavaliação da
habilidade de comunicação. Os resultados encontrados no LIS, indicaram que os
adolescentes que gaguejavam apresentaram um risco ao bullying de 43%,
significantemente maior do que os 11% reportados pelos adolescentes fluentes.
Também no SPCC, os resultados apontaram que 57% dos adolescentes que
gaguejavam referiram uma competência comunicativa baixa, contra apenas 13% dos
adolescentes fluentes. Na aplicação da escala RSES, 72% dos adolescentes que
gaguejavam alcançaram a média relacionada a uma autoestima positiva, porém
aqueles que apresentaram uma baixa autoestima e uma baixa confiança na sua
competência comunicativa foram os mais propensos a sofrerem o bullying. Os autores
concluíram que o efeito potencialmente negativo da gagueira sobre as interações
sociais e na comunicação verbal, aliado ao estereótipo negativo e ao baixo status
social, podem levar as pessoas que gaguejam a um maior risco de serem vitimizadas
pelo bullying. Ao mesmo tempo, o bullying poderia comprometer a habilidade dos
adolescentes que gaguejam em aplicar as estratégias aprendidas e/ou desenvolvidas
por eles mesmos para manutenção de uma autoestima positiva.

Blood e Blood (2007), examinando a relação entre a ansiedade relatada pelas


pessoas que gaguejam e sua vulnerabilidade ao bullying (vitimização), estudaram 18
crianças gagas e 18 crianças fluentes e encontraram que as primeiras apresentavam
um maior risco (61%), de experenciar o bullying do que as crianças fluentes (22%).
Além disso, na escala de ansiedade “Revised Children's Manifest Anxiety Scale” quase
metade das crianças gagas apresentavam escores bem acima dos níveis aceitáveis na
escala de normalidade.

Langevin e Hagler (2009) argumentaram que em relação aos fatores


desenvolvimentais, ambientais e de aprendizagem, durante os anos pré-escolares as
mudanças ocorrem de forma rápida, especialmente nas estruturas da fala, e isto pode
tornar difícil para uma criança coordenar os movimentos rápidos, necessários para a
fluência. Na criança gaga, a produção da fala disfluente aliada a um desenvolvimento
cognitivo normal pode gerar conflitos pelo fato de, por exemplo, ela possuir habilidade
intelectual para se comparar com outras crianças fluentes, deixando-a com vergonha

19
Bragatto, E.L. 20

da gagueira. Os autores estudaram as atitudes dos escolares frente aos colegas


portadores de gagueira, alertando sobre a necessidade e indicando diretrizes de uma
intervenção educacional eficaz. Contribuindo para isso, desenvolveram uma escala,
denominada “Peer Attitudes Toward Children who Stutter scale (PATCS)”, que visa
localizar tais necessidades. Ao aplicar a escala PATCS em 760 escolares canadenses,
fluentes, cursando entre o 3º e 6º ano escolar do ensino fundamental, os autores
detectaram que na escola as crianças que gaguejavam eram mais suscetíveis ao
bullying por parte dos seus colegas do que as crianças fluentes; os participantes que
tinham contato com pessoas que gaguejam tiveram um maior número de atitudes
positivas, comparado ao dos alunos que não tiveram contato com pessoas que
gaguejam; os escolares do sexo feminino apresentaram um maior número de atitudes
positivas do que os escolares do sexo masculino; 22% dos escolares obtiveram
escores indicando atitudes muito negativas frente aos indivíduos gagos. Foi confirmada
a necessidade de uma orientação sobre a gagueira nas escolas, incluindo discussões
sobre as similaridades e diferenças entre as crianças fluentes e gagas, facilitando a
aceitação da gagueira, reduzindo as frustrações dos ouvintes e também fornecendo
estratégias apropriadas. Também a necessidade de, na intervenção, a criança fluente
ter contato direto com a criança gaga.

. Blood e cols. (2010) investigaram o bullying enfrentado pelas crianças que


gaguejam, dentro do ambiente de instituições educacionais particulares. Para isso
foram analisados 475 relatórios dos 1000 enviados para profissionais fonoaudiólogos
que trabalhavam junto a escolas. Através do preenchimento de um questionário, os
profissionais referiram a agressão física sofrida pelo estudante que gagueja como
sendo o bullying mais sério e que mais necessita de intervenção, seguido do bullying
verbal. As estratégias utilizadas foram as de conversar e orientar os professores e
coordenadores e trabalhar na recuperação e renovação da autoconfiança e autoestima
do estudante vítimizado. Os autores concluíram que o bullying na idade escolar é um
problema global e pode ser considerado epidêmico.

Um aspecto relevante é o impacto negativo que a gagueira pode causar na


competência de comunicação da pessoa que gagueja. Bajaj e cols. (2005),
investigando a habilidade comunicativa das pessoas que gaguejam, propuseram que
vários conceitos e concepções começam a ser formados ainda na infância e as
habilidades comunicativas exercem uma importante base na qualidade de vida do

20
Bragatto, E.L. 21

indivíduo, principalmente sob à ótica do relacionamento em sociedade. Também, a


impressão que o sujeito que gagueja tem de sua habilidade comunicativa parece ser
influenciada pelas experiências com sua própria gagueira. Os autores, através de
entrevistas estruturadas com 23 crianças do sexo masculino e seus respectivos 23
irmãos do mesmo sexo, examinaram as análises descritivas verbais deles feitas sobre
as falas de outros falantes, classificadas como “boas” e “ruins”, e também uma auto-
avaliação das suas próprias falas. As crianças que gaguejavam adotaram um critério
unidimensional e descreveram mais comumente as outras formas de fala-linguagem
apresentadas, particularmente aquelas que aludiam aos comportamentos compatíveis
com a gagueira. As crianças fluentes, ao contrário, adotaram um critério
multidimensional e deram relevância à pragmática, especialmente aos aspectos
positivos das falas. Além disso, as crianças que gaguejavam foram reservadas na
forma de descrever suas próprias falas como “bons falantes”, enquanto as crianças
fluentes atribuíram uma avaliação positiva as suas próprias habilidades como falantes.
Os autores concluíram que há evidências de que a formação das primeiras concepções
sobre as habilidades comunicativas diverge entre a criança que gagueja e seus
respectivos irmãos fluentes.

Abali e cols. (2005) investigaram os efeitos psicológicos manifestados pelos pais


de crianças que gaguejam no período inicial da disfluência. Os autores argumentaram
que pesquisas na área são contraditórias, pois alguns estudos não encontraram
diferenças entre os pais de crianças que gaguejam e aqueles que não gaguejam; não
há evidência de que pais de crianças que gaguejam conversem utilizando velocidade
mais rápida, façam mais questões, mais interrupções, nem emissões mais longas e
complexas do que pais de crianças que não gaguejam; alguns estudos têm encontrado
diferenças entre os grupos de pais e, apesar da falta de pesquisa, alguns clínicos
acreditam que de forma terapêutica é útil que os pais falem com velocidade mais lenta
e sentenças mais curtas quando falam com suas crianças que gaguejam; há uma
“crença” clínica de que os eventos difíceis de vida de uma criança, tal como o divórcio
dos pais ou a chegada de um novo bebê na família podem acionar a gagueira.
Entretanto, existe pouco suporte empírico para essas suposições. Para investigar se as
pessoas que gaguejam enfrentam dificuldades já no próprio ambiente familiar, desde
os primeiros sinais da gagueira, os autores realizaram entrevistas individuais, num
contexto semi-estruturado, com 22 crianças ou adolescentes gagos, com idades entre

21
Bragatto, E.L. 22

4 e 18 anos e idade média de instalação da gagueira de 3,4+-1,1 anos. Os achados


revelaram que 54,5% dos pais tiveram atitudes de punição e advertência com seus
filhos, e que após a instalação dos sintomas da gagueira, o evento mais comum em
68,2% dos cuidadores era o de se assustar excessivamente frente à qualquer pequena
disfluência apresentada por seu filho(a). Os autores concluíram que a gagueira teria
sido um fator desencadeante de estresse nos pais; também as atitudes demonstradas
pelos cuidadores após o diagnóstico da gagueira de seus filhos, interferiram
diretamente na efetividade do tratamento dos indivíduos que realizaram terapia de
gagueira.

O julgamento que o ouvinte faz sobre a disfluência da pessoa que gagueja é um


dos outros fatores que vêm sendo pesquisados. Panico e cols. (2005), com a intenção
de analisar, quantitativa e qualitativamente, o julgamento de pessoas fluentes sobre a
fala das pessoas que gaguejam, realizaram uma pesquisa com 64 indivíduos adultos
que não apresentavam disfluência. Cada um dos pesquisados foi selecionado,
aleatoriamente, e exposto a uma amostra de fala com gagueira, dentre quatro
condições de diferentes graus de severidade, apresentadas da forma audiovisual ou
somente em áudio. Após assistir e/ou ouvir a amostra de fala, os participantes
responderam um questionário composto de seis questões fechadas, baseado na escala
Likert, e quatro questões dissertativas sobre sua impressão da disfluência. A análise
dos dados demonstrou que não houve diferenças significantes quanto ao tipo de
apresentação, se áudio ou audiovisual, porém à medida que a severidade da gagueira
aumentou houve uma elevação de comentários negativos por parte dos ouvintes, sobre
a fala dos gagos. Os achados sugeriram que a forma de apresentação da fala da
pessoa que gagueja, mesmo quando concomitante à apresentação visual, não afeta a
percepção dos sujeitos ouvintes tanto quanto o grau de severidade da gagueira.

Guntupalli e cols. (2007) investigaram a hipótese de que a gagueira pode


provocar a formação de um estereótipo negativo em relação ao indivíduo que gagueja.
Para analisaram as respostas fisiológicas apresentadas pelos ouvintes fluentes,
durante a escuta e visualização da fala e movimentação do indivíduo que gagueja.
Comparando as respostas emocionais e fisiológicas de indivíduos fluentes durante a
escuta e observação de amostras de fala dos gagos, os autores mediram a
condutância da pele e a freqüência cardíaca de 12 adultos. Os participantes também
preencheram uma escala de auto-avaliação de seu estado de alerta (calma –

22
Bragatto, E.L. 23

excitação) e seu estado emocional (feliz – infeliz) e responderam um questionário com


uma série de nove adjetivos. Os resultados indicaram um significativo aumento da
condutância da pele, concomitante a uma diminuição da média da freqüência cardíaca
durante a apresentação das amostras de fala, reações encontradas em situações onde
há maior demanda do sistema atencional. Os ouvintes fluentes também referiram maior
estado de atenção, infelicidade, nervosismo, desconforto, tristeza, desprazer, evitação,
vergonha e irritação durante a apresentação. Os autores concluíram que a gagueira
pode produzir respostas fisiológicas e emocionais nos ouvintes que influenciariam
diretamente a memória emocional na amígdala cerebral e no mecanismo dos
neurônios-espelho do indivíduo que gagueja, contribuindo para piorar o estereótipo
negativo.

Zhang e cols. (2009) realizaram um estudo semelhante ao descrito acima, porém


analisando as respostas fisiológicas apresentadas por ouvintes também gagos, durante
a escuta e visualização da fala e movimentação do indivíduo que gagueja. A amostra
constou de 15 adultos que gaguejavam além de um grupo controle de 21 adultos
fluentes. Comparando-se as respostas emocionais e fisiológicas dos indivíduos durante
a escuta e observação de amostras de fala fluente e disfluente, os autores mediram a
condutância da pele e a freqüência cardíaca. Os resultados encontrados novamente
indicaram que a fala do gago provoca um aumento no sistema atencional e uma
sensação de desconforto nos ouvintes, ou seja, em ambos os grupos houve um padrão
de resposta de aumento da condutância da pele e uma redução da freqüência cardíaca
durante a escuta de uma fala disfluente, em comparação à escuta de uma fala fluente.

Bowers e cols. (2009) referiram que, durante a comunicação, a manutenção do


contato de olho gera reflexos emocionais, cognitivos e pragmáticos. As interrupções da
fala, hesitações na comunicação e movimentos associados apresentados pelos
indivíduos que gaguejam evocam reações nos seus interlocutores e trabalhos na área
têm demonstrado que, em resposta à gagueira, há um aumento das reações
fisiológicas por parte do ouvinte, indicando uma possível aversão à manutenção do
contato de olho pelo indivíduo fluente frente à gagueira. Os autores compararam as
respostas de fixação do olhar de estudantes que observaram e ouviram videoclipes
contendo sujeitos gagos de grau severo e sujeitos fluentes. Através da gravação dos
movimentos oculares, os autores encontraram que os estudantes participantes
gastavam 39% a mais de tempo na fixação do olhar no olhar do falante, quando o

23
Bragatto, E.L. 24

videoclipe continha a amostra do indivíduo de fala fluente. Por outro lado, os


participantes gastavam 45% a mais de tempo mantendo o olhar em direção ao nariz do
falante quando o videoclipe continha a amostra do indivíduo que gaguejava. Os autores
concluíram que essa aversão à manutenção do contato de olho pode induzir emoções
negativas nas pessoas que gaguejam, através do sistema de neurônios-espelho, sendo
um importante aspecto para se trabalhar no processo terapêutico.

Panico e cols. (2009) referiram que fala da pessoa que gagueja pode prejudicar a
recordação e compreensão do discurso ouvido pelo interlocutor. Os autores
comprovaram que indivíduos adultos fluentes, após ouvir narrativas familiares, não-
familiares e textos expositivos produzidos fluentemente e com diferentes graus de
disfluência, apresentaram diferentes perfomances nas modalidades de recordação
livre, perguntas com fornecimento de pistas, questões sobre compreensão da história
ouvida e sua percepção sobre o esforço mental demandado para as tarefas. As tarefas
envolvendo textos narrativos obtiveram melhores escores que aquelas envolvendo
textos expositivos. Apesar dos graus de familiaridade dos textos não comprometerem
sua compreensão, os escores foram maiores nos textos familiares. As amostras de
gravação de textos com disfluência exigiram um maior esforço mental em todos os
tipos de textos e níveis de familiaridade, e a gagueira teve uma maior influência na
recordação e compreensão de textos narrativos do que nos textos expositivos.

Spencer e cols. (2009) investigaram de forma preliminar a diferença no uso da


linguagem entre os indivíduos que gaguejam e os fluentes, tanto no nível semântico
quanto no nível sintático. Os autores concluíram que Indivíduos que gaguejam fazem
um uso da linguagem bem menos complexo e usam uma modalidade de recursos
significativamente menor, implicando em um handicap em suas estratégias de
comunicação.

Plexico e cols. (2005) propuseram que a forma de superação e administração da


disfluência, adotada pelo indivíduo que gagueja, é dependente de vários elementos.
Os autores estudaram, sob a ótica dos próprios sujeitos que gaguejam, como eles são
capazes de administrar satisfatoriamente sua gagueira. Foram obtidas experiências
individuais de sete gagos adultos, em três estágios no tempo: passado, período de
transição e período atual. Foram colhidas narrativas sobre vários assuntos, fornecidas
pelos participantes, a fim de se desenvolver uma amostra necessária à avaliação de

24
Bragatto, E.L. 25

cada estágio. A habilidade em executar a transição do insucesso para o sucesso no


gerenciamento da gagueira foi associada a seis temas recorrentes: suporte, terapia
satisfatória, mudança de comportamento e autoterapia, mudança cognitiva, uso da
experiência pessoal e níveis altos de motivação/determinação. Nos casos de insucesso
na administração da gagueira, os temas recorrentes relacionados ao estágio do
passado incluíram: consciência gradual, reações negativas dos ouvintes, emoções
negativas, estilo de vida restritivo, escapismo e terapia inadequada. Os temas
recorrentes identificados na sustentação da situação de sucesso em gerenciar a
gagueira foram: administração continuada, aceitação pessoal e redução do medo, não
restrição as interações sociais, sentimento de liberdade e otimismo.

Yaruss e cols. (2002a) examinaram as experiências dentro dos grupos de auto


ajuda e da terapia de fala, vivenciadas pelas pessoas que gaguejam. Foram colhidos
os dados de 71 indivíduos gagos, sendo que a maioria deles referiu já ter recorrido
algumas vezes à terapia de fala dentro e que várias abordagens e técnicas foram
aplicadas. Os autores concluíram que ainda é escasso o conhecimento sobre os
indivíduos que freqüentam ou freqüentaram os grupos de auto ajuda e quais os
possíveis benefícios obtidos por eles pela sua participação, mas que tais grupos estão
se tornando um importante aliado no processo de recuperação para muitas pessoas
que gaguejam, sendo que os profissionais fonoaudiólogos devem encorajar os
pacientes a participarem dessa atividade.

Yaruss e cols. (2002b) relataram a importância das pesquisas sobre os grupos de


autoajuda em gagueira como um instrumento importante para que o profissional
fonoaudiólogo conheça mais sobre os indivíduos que freqüentam tal modalidade
terapêutica. Duzentos membros da Associação Nacional de Gagueira americana
responderam a uma pesquisa em forma de questionário, cujas questões envolviam a
avaliação sobre a desordem da gagueira e suas opções de tratamento, sob a ótica da
própria pessoa que gagueja. Os resultados apontaram uma grande gama de opiniões,
tanto positivas quanto negativas, que possibilitam os profissionais fonoaudiólogos a
conhecerem mais sobre as necessidades da pessoa que gagueja, inclusive as suas
opiniões referentes aos tipos de tratamento julgados mais eficientes e eficazes. O
crescimento dos grupos de autoajuda, tanto em número de associações e participantes
quanto em abrangência, remetem o profissional das desordens da fluência a uma
ampla participação e trabalho em conjunto com tais grupos.

25
Bragatto, E.L. 26

Klompas e cols. (2004) alertaram para o fato de que algumas abordagens


terapêuticas da gagueira indicam a necessidade da incorporação de estratégias dentro
da prática clínica da terapia de fala-linguagem, que suscitem os sentimentos subjetivos
sobre a gagueira, visando prover informações e estratégias para o sujeito que gagueja
lidar com pessoas de hierarquia superior, como por exemplo, professores e
empregadores. Os autores investigaram a experiência de vida e o impacto da gagueira
na qualidade de vida de 16 indivíduos adultos entre 20 e 59 anos, com média de idade
de 28,9 anos. Foram feitas entrevistas individuais, explorando os domínios da
educação, vida social, emprego, terapia de fala, vida familiar e conjugal e identificação
de crenças e emoções. Os principais achados do estudo indicaram que a maioria dos
indivíduos percebeu que suas gagueiras tiveram um impacto em sua performance
acadêmica, inclusive no relacionamento com professores e colegas de classe. Apesar
da gagueira não ser considerada como prejudicial ao estabelecimento de amizades, as
pessoas geralmente reagem negativamente à gagueira. Muitos dos indivíduos que
gaguejam não acham que a gagueira tenha um efeito negativo nas suas escolhas de
carreira, na habilidade de conseguir emprego e no relacionamento com a chefia ou
colegas de trabalho. Apesar disso, percebem a influência da gagueira na sua
performance no trabalho e nas chances de se conseguir uma promoção. Muitos
consideraram como negativas suas experiências na terapia de fala, porém mais da
metade dos sujeitos da amostra referiu que a terapia de fala exerceu um efeito positivo
em sua qualidade de vida. De forma geral, a gagueira parece não influenciar a vida
familiar e conjugal das pessoas que gaguejam. A maioria dos participantes, entretanto,
relatou que a gagueira afeta sua auto-estima e auto-imagem e que evoca emoções
fortes dentro deles.

O handicap provocado pela gagueira na inserção do indivíduo que gagueja no


mercado de trabalho é um tema muito discutido atualmente. Klein e cols. (2004)
examinaram o impacto que a gagueira causa na performance profissional e
empregabilidade. Ao aplicar um questionário de 17 itens em 232 indivíduos adultos que
gaguejavam, com idade superior a 18 anos, encontraram que acima de 70% das
pessoas que gaguejam concordam que a disfluência diminui sua chance de ter um
emprego assalariado ou de ser promovido; 33% dos indivíduos acreditam que a
gagueira interfere em sua performance no trabalho; 20% perderam a vaga de emprego

26
Bragatto, E.L. 27

ou a promoção, devido a sua disfluência. Além disso, os homens e as minorias foram


mais suscetíveis às desvantagens da gagueira do que as mulheres e caucasianos.

Vanryckeghem e cols. (2004) argumentaram que as estratégias de enfrentamento


utilizadas são de grande valia no diagnóstico diferencial e na elaboração do plano
terapêutico dos indivíduos que gaguejam. Os autores investigaram os efeitos no
comportamento, decorrentes da gagueira, sob o prisma do próprio sujeito que gagueja.
Foi aplicado o protocolo “The Behavior Checklist” em 42 indivíduos adultos gagos e 76
indivíduos adultos fluentes para investigar a freqüência de uso, o tipo e a natureza das
respostas que eram usadas na presença da disfluência ou como forma de antecipação
de uma interrupção da fala. Os indivíduos que gaguejavam referiram um grande
número de discursos associados ao enfrentamento e um uso maior deles também,
quando comparado ao grupo dos sujeitos fluentes. Além disso, houve uma diferença
substancial entre os dois grupos quando analisados os tipos e natureza de algumas
formas de enfrentamento.

Andrade e cols. (2008) investigaram a influência da habilidade de fala, sobre


qualidade de vida de indivíduos fluentes e com gagueira persistente do
desenvolvimento. Foram analisados 20 indivíduos gagos e 20 indivíduos fluentes, que
responderam ao Protocolo de Auto-Avaliação - versão para adultos (Campanatti e
Andrade, 2000), composto por três sessões de temáticas: componentes afetivos,
componentes comportamentais e componentes cognitivos. Os achados indicaram uma
diferença na percepção da fala e da fluência entre os indivíduos fluentes e os gagos.
No grupo dos indivíduos com gagueira, o grau de severidade da patologia não interferiu
na determinação do perfis afetivo, comportamental e cognitivo, e mesmo os indivíduos
com gagueira de grau leve apresentaram os mesmos perfis dos de graus mais
elevados. Os autores observaram que a experiência com a gagueira gera um impacto
negativo na qualidade de vida do indivíduo gago.

Craig e cols. (2009) estudaram o impacto provocado pela gagueira na


qualidade de vida dos adultos que gaguejam. Foram avaliados 200 indivíduos gagos e
o grupo controle foi composto por 200 indivíduos não-gagos. Todos os sujeitos
responderam ao Lifestyle Appraisal Questionnaire – LAQ (Craig e cols., 1996), um
questionário de auto-avaliação sobre os riscos de saúde (LAQ I) e qualidade de vida
(LAQ II). Na aplicação do LAQ I os resultados do grupo dos gagos apresentaram

27
Bragatto, E.L. 28

escores dentro dos limites considerados normais para os riscos de saúde e não houve
diferença significante entre os dois grupos nem entre os sexos. Como esperado, o risco
de saúde eleva-se de acordo com o aumento da idade em ambos os grupos e, dentre
os gagos, 94% deles já havia recebido algum tratamento fonoaudiológico em uma fase
de sua vida. Já na aplicação do LAQ II, quando comparado os dois grupos, os gagos
apresentaram escores significativamente menores nos itens que englobavam a
vitalidade, funções sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Os autores
concluíram que baseados na avaliação pelo instrumento LAQ I, o grupo dos indivíduos
gagos não se encontrava socialmente em desvantagem, já que houve um perfil similar
em ambos os grupos, exceto pelo histórico da gagueira; na avaliação pelo instrumento
LAQ II, foi apontada uma desvantagem social em potencial para a pessoa que gagueja,
oriunda do constrangimento e frustração durante as interações sociais, o qual leva a
um prejuízo na qualidade de vida.

Bricker e cols. (2009a) argumentaram que a experiência relatada por pessoas


mais velhas com gagueira persistente desde a infância ainda é pouco conhecida, mas
as poucas pesquisas já realizadas indicam que os comportamentos e as
conseqüências cognitivas e emocionas experenciadas na fase adulta jovem persistem
nas idades mais avançadas. Os autores investigaram a auto-percepção de 11
indivíduos que gaguejavam, com idades acima de 55 anos, sobre suas limitações nas
atividades e participação. Os participantes foram divididos em dois grupos para
discussão de tópicos, coordenados por um moderador, sendo que os trabalhos foram
filmados, gravados e posteriormente transcritos e analisados. Aqueles que estavam
empregados referiram maior limitação, alegando que o emprego envolve situações de
fala que são imprevisíveis e com pessoas desconhecidas; já alguns indivíduos
aposentados relataram a sensação de alívio por não ter mais que enfrentar as
situações de comunicação dentro do ambiente de trabalho. A aceitação da gagueira foi
referida por alguns participantes como forma de diminuição do medo e,
conseqüentemente, das limitações; para outros, o impacto da gagueira ainda é muito
constrangedor e há o medo da avaliação negativa que pode acontecer por parte do
interlocutor nas situações de comunicação. A maioria dos indivíduos da amostra
considera que o tratamento fonoaudiológico pode supri-los com técnicas que auxiliam
na monitoração da fala, reduzindo o medo de falar e aumentando a auto-confiança do
sujeito que gagueja.

28
Bragatto, E.L. 29

Bricker e cols. (2009b) aplicaram o OASES-A em uma amostra de 12 indivíduos


adultos, com idades acima de 55 anos e apresentando gagueira desde a infância, na
intenção de avaliar o impacto da gagueira em indivíduos mais velhos. Os autores
constataram que a gagueira continuava a ser uma experiência negativa para pessoas
mais velhas e que as reações à gagueira nas situações da vida diária apresentavam
escores com impacto de moderado à severo, demonstrando que, independente da
idade, a gagueira é impactante nas atividades de fala e que as experiências negativas
continuam a limitar a competência de comunicação. Tudo isso leva à uma participação
restrita na vida das pessoas mais velhas e piora em sua qualidade de vida.

Cummins (2010) examinou as diferentes visões das áreas médica e psicológica


na definição do constructo da qualidade de vida, e como essas perspectivas interferem
nas pesquisas realizadas sobre a desordem da fluência. Foi discutida a subjetividade
de conceitos como bem estar, saúde relacionada à qualidade de vida, a relação entre
as desordens da fluência e o bem-estar, e os mecanismos capazes de causar danos a
ele como a ansiedade e a depressão. O autor concluiu sobre a dificuldade de acessar,
através dos instrumentos e escalas de mensuração, o impacto causado pelas
desordens da fluência na qualidade de vida. Apesar da relevância dos sintomas
médicos e psicológicos aferidos, unir sintomas para formar uma escala pode
obscurecer a importância de cada sintoma, unir sintomas objetivos e subjetivos numa
simples escala métrica não é válido e também se importantes sintomas como a dor
podem ser medidos, é preferível que o resultado seja usado na validação de escalas de
dor. Outro ponto relevante é que fatores como a ansiedade são somente sintomas ou
variáveis causais, portanto seus níveis não podem ser usados como medidas das
patologias ou desordens.

Yaruss (2010) apresentou uma revisão sobre o impacto na qualidade de vida


provocado pela gagueira. Foram analisadas a evolução das pesquisas, os tratamentos
utilizados na gagueira e seus resultados práticos, assim como apresentada as
diretrizes do instrumento OASES-A na avaliação do impacto na qualidade de vida da
pessoa que gagueja. Na validação final do processo do OASES-A, cuja amostra
constou de 173 participantes, em média 28% dos indivíduos referiram que sua
qualidade de vida era afetada muito ou completamente pela gagueira, pela própria
reação à gagueira e pela reação dos outros; 35% dos indivíduos referiram um impacto
negativo da gagueira no seu trabalho; 21% reportaram que a gagueira interfere muito

29
Bragatto, E.L. 30

ou completamente na habilidade em executar seu trabalho; 14% dos indivíduos


indicaram que a gagueira afeta muito ou completamente seus relacionamentos íntimos;
38% referiram que a gagueira não interfere em nada na sua satisfação em se
comunicar no ambiente do lar. A qualidade de vida das crianças e adolescentes que
gaguejam também foi citada e discutida no trabalho. O autor conclui que a gagueira
pode afetar mais do que apenas a habilidade da pessoa em produzir uma fluência
apropriada, sendo a qualidade de vida um importante fator a ser considerado por sua
característica multidimensional.

30
Bragatto, E.L. 31

3 MÉTODOS

31
Bragatto, E.L. 32

O presente estudo observou os princípios éticos envolvidos na pesquisa em seres


humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo,
sob o nº 1531/07 (anexo I).

Participantes

Selecionamos 18 sujeitos adultos com gagueira, 6 do sexo feminino e 12 do


sexo masculino, com idades entre 18 e 38 anos (M = 25,8) anos, provenientes do
ambulatório de avaliação e diagnóstico fonoaudiológico, do Departamento de
Fonoaudiologia da UNIFESP, durante o período de janeiro à novembro de 2008

A seguir apresentamos na Tabela 1, a distribuição dos sujeitos selecionados,


segundo sexo e idade.

Tabela 1: Distribuição dos sujeitos pela idade e sexo.

Sexo
Total
Idade Feminino Masculino
(anos)
N % N % N %
De 18 a 22 1 14 6 86 7 100
De 23 a 27 1 25 3 75 4 100
De 28 a 32 3 75 1 25 4 100
De 33 a 38 1 33 2 67 3 100

Total 6 33 12 67 18 100

Foi adotado como critério de inclusão a presença superior a 3% de disfluências


atípicas, para o estabelecimento do diagnóstico de gagueira. Para tanto, obteve-se o
registro de fala encadeada, por meio de gravação (filmadora digital), de no mínimo 200
sílabas para cada indivíduo da amostra. A classificação da severidade da gagueira foi
feita baseada no protocolo Stuttering Severity Instrument for Children and Adults – SSI-
3 (Riley, 1994). Para tanto, foi realizada a gravação de duas tarefas, fala espontânea e
leitura, com filmadora Digital Sony, em fita MiniDv, conectada a um microfone headset
Plantronics, modelo Audio20, em sala acusticamente tratada. As gravações foram

32
Bragatto, E.L. 33

transcritas de forma canônica e, a seguir, as disfluências mapeadas em típicas e


atípicas.

Como critério de exclusão, os sujeitos com comprometimento cognitivo,


psicológico, neurológico e/ou com escolaridade abaixo do 6º ano do Ensino
Fundamental não foram incluídos na amostra.

Descrição do instrumento OASES-A na versão original da língua inglesa

Desenvolvido por J. Scott Yaruss, e Robert W. Quesal, o instrumento Overall


Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering - Adults (OASES-A) consiste de
100 itens, cada um com o escore baseado na escala Likert, compreendido no intervalo
de 1 a 5, onde o tempo aproximado para seu preenchimento é de 20 minutos, podendo
ser aplicado em indivíduos adultos, a partir dos 18 anos de idade (Yaruss, 2006).

Os escores fornecem uma indicação sobre o impacto da gagueira em vários


aspectos da vida do falante. O instrumento é organizado em 4 seções: (a) Informações
Gerais; (b) Reações à gagueira; (c) Comunicação nas situações diárias; (d) Qualidade
de vida. A Seção I consiste de 20 itens relacionados a como o falante percebe sua
fluência e naturalidade da fala. A Seção II contém 30 itens que checam as reações
afetivas, comportamentais e cognitivas. A Seção III contém 25 itens que avaliam o
grau de dificuldade que os falantes têm quando da comunicação nas situações gerais
do trabalho, das atividades sociais e de casa. Finalmente, a Seção IV contém 25 itens
sobre o quanto a gagueira interfere na satisfação do falante quanto a sua habilidade de
se comunicar, seus relacionamentos, sua habilidade em participar de suas vidas e
outros juízos gerais de seu próprio bem viver.

Após a compilação dos dados, o escore por seção e o escore global são obtidos
pela combinação dos escores das 4 seções do instrumento, estes compostos pelas
somatórias de pontos correspondentes aos itens preenchidos pelo indivíduo divididos
pela somatória de itens completados. O resultado pode variar de 1,00 a 5,00. Na
interpretação do resultado da avaliação, compara-se o percentual encontrado com o
descrito no instrumento, ou seja, o impacto da gagueira sobre o falante é considerado:

33
Bragatto, E.L. 34

leve  1,00 – 1,49; leve a moderado  1,50 – 2,24; moderado  2,25 – 2,99;
moderado a severo  3,00 – 3,74; severo  3,75 – 5,00.

Tradução e adaptação do OASES-A

A tradução e adaptação do OASES-A (Anexo II) se deram com base na metodologia de


tradução de questionários para outras línguas proposta na literatura nos trabalhos de
Guillemin e cols. (1993) e Beaton e cols. (2000).

Etapas da tradução e adaptação do OASES-A

As etapas foram cumpridas em duas fases, sendo na primeira a tradução e


adaptação do conteúdo do OASES-A para uma versão em Português brasileiro. Na
segunda fase, avaliou-se a sua concordância depois de traduzido.

Primeira fase – tradução e adaptação para o Português brasileiro – (i) solicitação


formal aos autores, de autorização para utilizar o instrumento, incluindo sua tradução
para o português brasileiro, adaptação e validação, bem como a autorização da
Pearson Assessments, que detém os direitos autorais de publicação do instrumento; (ii)
tradução do instrumento da língua inglesa para o português brasileiro feita por dois
tradutores conhecedores da língua inglesa, sendo um informado e o outro não
informado dos objetivos da pesquisa; (iii) combinação das traduções efetuadas pelos
dois tradutores, de modo a compor um todo congruente; (iv) verificação da acurácia da
versão final traduzida, através da realização da tradução reversa (back-translation),
feita por um tradutor nativo da língua inglesa, sendo corrigidas as falhas; (v) avaliação
da equivalência (nas áreas semântica, idiomática, cultural e conceitual) entre a versão
final traduzida e a versão original do instrumento, feita por dois experts da área da
fluência da fala, que conheçam a metodologia do estudo.

Segunda fase – realização de um pré-teste, com a aplicação pessoal do instrumento a


cinco indivíduos semelhantes à população em estudo, provenientes do cadastro de
atendimento de um hospital Público no Estado de São Paulo, avaliando-se o grau de

34
Bragatto, E.L. 35

entendimento para cada umas das perguntas até o esgotamento das dúvidas. Nesta
etapa, algumas perguntas foram modificadas após a avaliação das respostas obtidas,
identificando-se possíveis diferenças que poderiam afetar os resultados globais
provenientes do instrumento, como por exemplo a classificação do escore final.

Aplicação do OASES-A

Foi realizada a aplicação do instrumento OASES-A, já traduzido para o português


brasileiro (Anexo III) aos 18 indivíduos da amostra, individualmente. A maioria dos
participantes completou o preenchimento do protocolo do OASES-A em 20 minutos e o
tempo médio total gasto com cada indivíduo foi de 35 minutos, computado o tempo
para apresentação do instrumento e esclarecimento de eventuais dúvidas.
Os resultados dos testes foram analisados de forma quantitativa, com valores
absolutos e relativos, favorecendo uma visão mais completa do estudo realizado.
Sob a orientação do estatístico responsável, todos os dados para análise
quantitativa foram dispostos em planilhas do software Excel 2003, da Microsoft
Corporation e, a partir daí, procedida uma análise estatística descritiva. Posteriormente,
foi realizada a análise estatística inferencial, utilizando-se o programa SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences), versão 8.0, visando obter os resultados concernentes
aos objetivos da pesquisa de discutir os relatos subjetivos dos indivíduos e verificar a
possível contribuição do instrumento OASES-A nos processos avaliativo e interventivo
da gagueira.
Ao final, foi feita uma comparação dos achados estatísticos com a literatura
revisada, que será descrita no capítulo “Discussão” deste trabalho.

35
Bragatto, E.L. 36

4 RESULTADOS

36
Bragatto, E.L. 37

Neste capítulo apresentamos os resultados deste estudo que teve como objetivo
apresentar a tradução do OASES-A – Overall Assessment of the Speaker’s Experience
of Stuttering – Adults para o Português brasileiro, bem como a sua aplicação em uma
população de adultos que gaguejam, brasileiros, discutindo os relatos subjetivos
desses indivíduos e verificando a possível contribuição do instrumento OASES-A nos
processos avaliativo e interventivo da gagueira.

A análise estatística descritiva e inferencial composta das tabelas, gráficos e


figuras, são descritas a seguir.

37
Bragatto, E.L. 38

A equivalência entre o instrumento Overall Assessment of the Speaker’s


Experience of Stuttering - Adults (OASES-A) original em Inglês, a versão traduzida
para o Português brasileiro (translation), a versão traduzida novamente para o Inglês
(backtranslation – tradução reversa ) e a versão definitiva em Português brasileiro,
encontra-se detalhada no Anexo II.
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos sujeitos de acordo com a escolaridade
e o sexo.

Tabela 2: Distribuição dos sujeitos pelos anos de estudo e sexo.

Sexo
Total
Anos de Feminino Masculino
estudo
N % N % N %

De 8 a 11 4 40 6 60 10 100

Acima de 11 2 25 6 75 8 100

Total 6 33 12 67 18 100

A Tabela 3 apresenta a distribuição dos sujeitos de acordo com a idade e


escolaridade.

Tabela 3: Distribuição dos sujeitos pela idade e anos de estudo.

Anos de estudo
Total
Idade De 8 a 11 Acima de 11
(anos)
N % N % N %
De 18 a 22 4 57 3 43 7 100
De 23 a 27 2 50 2 50 4 100
De 28 a 32 1 25 3 75 4 100
De 33 a 38 2 67 1 33 3 100

Total 9 50 9 50 18 100

38
Bragatto, E.L. 39

A Tabela 4 apresenta as médias e desvios-padrão dos escores do OASES-A,


nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária,
Qualidade de vida e no Impacto total, por sexo e o resultado do teste t (student) para
comparação de médias para amostras independentes.

Tabela 4 - Médias e desvios-padrão dos escores do OAES-A, nas variáveis Informações Gerais,
Reações à gagueira, Comunicação na vida diária, Qualidade de vida e no Impacto total, por sexo.
Escores SEXO N Média Desvio t P
padrão
Informações Gerais Masculino 12 2,88 0,72 1,2 0,232
Feminino 6 2,57 0,34
Reações à gagueira Masculino 12 2,84 0,35 -1,3 0,218
Feminino 6 3,13 0,60
Comunicação nas situações Masculino 12 2,91 0,57 1,2 0,249
diárias Feminino 6 2,54 0,72
Qualidade de vida Masculino 12 2,55 0,89 0,0 0,977
Feminino 6 2,53 1,10
Impacto total Masculino 12 2,79 0,56 0,2 0,810
Feminino 6 2,72 0,60

A Tabela 5 apresenta o estudo comparativo entre os sexos masculino e


feminino, nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida
diária e no Impacto total, segundo o teste de Mann-Whitney.

Tabela 5 - Comparativo dos escores do OAES-A entre os sujeitos dos sexos masculino
e feminino, nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na
vida diária, Qualidade de vida e no Impacto total.
Mann-Whitney
Sexo P
U

Informações Gerais: Grau de impacto 23,5 0,250

Reações à gagueira: Grau de impacto 22 0,213

Comunicação nas situações diárias: Grau de


24 0,291
impacto

Qualidade de vida: Grau de impacto 24 0,953

Impacto total: Grau de impacto 36 1,000

39
Bragatto, E.L. 40

A Tabela 6 apresenta as médias e desvios-padrão dos escores do OAES-A, nas


variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária,
Qualidade de vida e no Impacto total, por anos de estudo e o resultado do teste
t (student) para comparação de médias para amostras independentes.

Tabela 6 - Médias e desvios-padrão dos escores do OAES-A, nas variáveis Informações Gerais,
Reações à gagueira, Comunicação na vida diária, Qualidade de vida e no Impacto total, por anos de
estudo.
Escores Anos de N Média Desvio t P
estudo padrão

Informações Gerais 8 a 11 anos 10 2,68 0,58 -0,76 0,460


> 11 anos 8 2,91 0,70
Reações à gagueira 8 a 11 anos 10 2,82 0,32 -1,21 0,243
> 11 anos 8 3,08 0,56
Comunicação nas situações 8 a 11 anos 10 2,64 0,69 -1,10 0,289
diárias > 11 anos 8 2,97 0,52
Qualidade de vida 8 a 11 anos 10 2,23 0,90 -1,63 0,123
> 11 anos 8 2,92 0,88
Impacto total 8 a 11 anos 10 2,60 0,53 -1,51 0,151

A tabela 7 apresenta a correlação entre os escores dos sujeitos da amostra,


encontrados nos protocolos Stuttering Severity Instrument for Children and Adults –
SSI-3 (Riley, 1994) e OASES-A – Overall Assessment of the Speaker’s Experience of
Stuttering – Adults.

Tabela 7 - Escores de grau de severidade da gagueira dos sujeitos da amostra, entre os


protocolos OASES-A e SSI-3.
GRAU DE GRAU DE SEVERIDADE SSI-3
SEVERIDADE
OASES-A Leve Moderado Severo Muito severo Total
Leve a moderado 1 1 1 3
Moderado 3 4 1 1 9
Moderado a severo 1 2 2 1 6
Total 5 7 3 3 18

40
Bragatto, E.L. 41

A tabela 8 apresenta a correlação entre os escores encontrados nos protocolos


SSI-3 e OASES-A, segundo o teste de correlação de Spearman.

Tabela 8 - Valores das correlações dos graus de severidade da gagueira


dos sujeitos da amostra, entre os protocolos OASES-A e SSI-3, segundo o
teste de correlação de Spearman.
GRAU DE GRAU DE
SEVERIDADE SEVERIDADE
SSI-3 OASES A
RS= - 0,152
GRAU DE
P
SEVERIDADE - 0,273
(monocaudal)
SSI-3
N - 18
RS= 0,152 -
GRAU DE
P
SEVERIDADE 0,273 -
(monocaudal)
OASES A
N 18 -

A Tabela 9 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Informações Gerais, item A.

Tabela 9 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Informações


Gerais, item A.

A. Informações gerais sobre sua fala. Sempre / Muitas vezes Às vezes Raramente / Nunca

1. Com que freqüência você é capaz de 56% 33% 11%


falar fluentemente?
2. Com que freqüência a sua fala soa 50% 39% 11%
“natural” para você (por exemplo,
como a fala de outra pessoa)?
3. Com que consistência você é capaz 56% 22% 22%
de manter a fluência de um dia para o
outro?
4. Com que freqüência você utiliza 38% 38% 25%
técnicas, estratégias ou ferramentas
que aprendeu na terapia de fala?
5. Com que freqüência você diz 39% 33% 28%
exatamente o que quer mesmo
achando que poderá gaguejar?

41
Bragatto, E.L. 42

A Tabela 10 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Informações Gerais, item B.

Tabela 10 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável


Informações Gerais, item B.

B.Qual o seu nível de conhecimento Extremo / Alto Médio Baixo / Nenhum


sobre...?
1. A gagueira em geral 17% 72% 11%
2. Os fatores que afetam a gagueira 33% 56% 11%
3. O que acontece com a sua fala quando 35% 41% 24%
você gagueja
4. As opções de tratamento para as 39% 28% 33%
pessoas que gaguejam
5. Os grupos de auto-ajuda ou de apoio 29% 24% 47%
para as pessoas que gaguejam

A Tabela 11 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Informações Gerais, item C.

Tabela 11 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável


Informações Gerais, item C.

C. De forma geral, qual é sua Muito Positiva Neutra Um pouco Negativa


impressão sobre...? / Positiva / Muito Negativa

1.Sua habilidade para falar 50% 17% 33%


2.Sua habilidade para se comunicar (por 61% 28% 11%
exemplo, transmitir a sua mensagem
independentemente da sua fluência)
3.O modo como você soa quando está 38% 28% 34%
falando
4.As técnicas usadas para falar 33% 34% 33%
fluentemente (por exemplo, técnicas
aprendidas na terapia)
5.Sua habilidade para usar as técnicas 86% - 14%
que aprendeu na terapia de fala
6. Você ser uma pessoa que gagueja 17% 28% 55%
7.O programa de terapia de fala que 93% 7% -
freqüentou mais recentemente
8.Ser identificado por outra pessoa como 17% 33% 50%
gago / pessoa que gagueja
9.Variações da sua fluência de fala em 34% 17% 50%
diferentes situações
10. Grupos de auto-ajuda ou de apoio 80% 13% 7%
para as pessoas que gaguejam

42
Bragatto, E.L. 43

A Tabela 12 apresenta as correlações por ordem decrescente de significância,


ou seja, das questões mais correlacionadas com o escore total para as menos
correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a variável
Informações gerais, segundo o teste de correlação de Spearman.

Tabela 12 – Correlações por ordem decrescente de significância, das questões mais correlacionadas
com o escore total para as menos correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a
variável Informações gerais, segundo o teste de correlação de Spearman.
Escore Parte I
Spearman's rho Coeficiente
de Sig. (p) N
Correlação
C10- De forma geral, qual é sua impressão sobre grupos de auto-ajuda
ou de apoio para as pessoas que gaguejam? ,785(**) 0,001 15
C4- De forma geral, qual é sua impressão sobre as técnicas usadas para
falar fluentemente (por exemplo, técnicas aprendidas na terapia)? ,775(**) 0,001 15
A1- Com que freqüência você é capaz de falar fluentemente? ,737(**) 0,000 18
A4- Com que freqüência você utiliza técnicas, estratégias ou
ferramentas que aprendeu na terapia de fala? ,735(**) 0,001 16
C9- De forma geral, qual é sua impressão sobre as variações da sua
fluência de fala em diferentes situações? ,729(**) 0,001 18
C1- De forma geral, qual é sua impressão sobre sua habilidade para
falar? ,703(**) 0,001 18
C3- De forma geral, qual é sua impressão sobre o modo como você soa
quando está falando? ,697(**) 0,001 18
C7- De forma geral, qual é sua impressão sobre o programa de terapia
de fala que freqüentou mais recentemente? ,667(**) 0,009 14
B5- Qual o seu nível de conhecimento sobre os grupos de auto-ajuda ou
de apoio para as pessoas que gaguejam? ,605(*) 0,010 17
A2- Com que freqüência a sua fala soa “natural” para você (por
exemplo, como a fala de outra pessoa)? ,593(**) 0,010 18
B3- Qual o seu nível de conhecimento sobre o que acontece com a sua
fala quando você gagueja? ,514(*) 0,035 17
A3- Com que consistência você é capaz de manter a fluência de um dia
para o outro? ,494(*) 0,037 18
B4- Qual o seu nível de conhecimento sobre as opções de tratamento
para as pessoas que gaguejam? 0,459 0,056 18
C5- De forma geral, qual é sua impressão sobre sua habilidade para
usar as técnicas que aprendeu na terapia de fala? 0,459 0,085 15
C2- De forma geral, qual é sua impressão sobre sua habilidade para se
comunicar (por exemplo, transmitir a sua mensagem independentemente
da sua fluência)? 0,412 0,089 18
A5- Com que freqüência você diz exatamente o que quer mesmo
achando que poderá gaguejar? 0,394 0,106 18
B1- Qual o seu nível de conhecimento sobre a gagueira em geral? 0,380 0,120 18
C6- De forma geral, qual é sua impressão sobre você ser uma pessoa
que gagueja? 0,345 0,161 18
C8- De forma geral, qual é sua impressão sobre .ser identificado por
outra pessoa como gago / pessoa que gagueja? 0,300 0,226 18
B2- Qual o seu nível de conhecimento sobre os fatores que afetam a
gagueira 0,100 0,692 18
** Correlação significante a 0,01.
* Correlação significante a 0,05.

43
Bragatto, E.L. 44

Os coeficientes de correlações da Tabela 12 acima se referem aos valores


obtidos pelo cálculo da correlação de Spearman entre o escore total da variável
Informações gerais e cada um dos itens que compõem a variável Informações gerais.
Foi considerada a seguinte classificação para o coeficiente de correlação (c) : se | c | <
0,40 significa correlação fraca; se 0,40 < | c | < 0,70 significa correlação moderada; se
0,70 < | c | < 0,90 significa correlação boa; se | c | > 0,90 significa correlação ótima.

A Tabela 13 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Reações à Gagueira, item A.

Tabela 13 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na


variável Reações à Gagueira, item A.
A. Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência você se
sente...? (Obs.: por favor, complete as duas colunas neste item)
Nunca / Raramente Às vezes Muitas vezes / Sempre

1.Sem saída 50% 44% 6%


2.Zangado 28% 55% 17%
3.Envergonhado 33% 50% 17%
4.Isolado 78% 10% 12%
5.Ansioso 6% 28% 66%
6.Deprimido 61% 22% 17%
7.Na defensiva 28% 56% 16%
8.Constrangido 22% 44% 34%
9.Culpado 77% 17% 6%
10.Frustrado 45% 33% 22%

44
Bragatto, E.L. 45

A Tabela 14 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Reações à Gagueira, item B.
Tabela 14 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Reações
à Gagueira, item B.
Nunca / Raramente Às vezes Muitas vezes / Sempre
B.Com que freqüência você...?

1. Sente tensão física quando gagueja 39% 39% 22%


2. Sente tensão física quando fala 78% 11% 11%
fluentemente
3. Apresenta piscar de olhos, caretas, movi- 17% 44% 39%
mentos com as mãos etc. quando gagueja
4. Não mantém contato de olho ou evita 39% 28% 33%
olhar para o seu ouvinte
5. Evita falar em certas situações ou com 33% 33% 34%
certas pessoas
6. Sai de uma situação porque acha que 30% 18% 52%
poderá gaguejar
7. Não diz o que quer dizer (por exemplo,
evita ou substitui palavras, recusa-se a
28% 33% 39%
responder perguntas, pede algo que não
precisa porque é mais fácil de dizer)
8. Utiliza pausas cheias (por exemplo,
“hum”, , “ahh”, pigarrear) ou muda algo na
23% 44% 33%
sua fala (por exemplo, tonicidade) para
parecer mais fluente (obs.: isto não se
refere às técnicas que você tenha
aprendido na terapia)
9. Experenciou um período de aumento da 30% 41% 29%
gagueira logo após ter gaguejado uma
palavra
10. Deixa que alguém fale por você 39% 33% 28%

45
Bragatto, E.L. 46

A Tabela 15 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Reações à Gagueira, item C.

Tabela 15 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Reações


à Gagueira, item C.
Discordo muito Neutro Concordo um pouco
C. O quanto você concorda ou discorda com / Discordo pouco / Concordo muito
estas afirmações
1. Eu penso sobre minha gagueira quase o 34% 28% 38%
tempo todo
2. A opinião das pessoas sobre mim são 45% 17% 38%
baseadas primeiramente em como eu falo
3. Se eu não gaguejasse, seria muito mais 17% 6% 77%
capaz de alcançar meus objetivos de vida
4. Eu não quero que as pessoas saibam que eu 22% 28% 50%
sou gago
5. Quando estou gaguejando não há nada que 56% 22% 24%
eu possa fazer sobre isso
6. As pessoas devem fazer tudo que podem 6% 33% 61%
para não gaguejar
7. As pessoas que gaguejam não deveriam tra- 50% 11% 39%
balhar em áreas que necessitem de muita fala
8. Eu não falo tão bem quanto a maioria das 39% 6% 55%
pessoas
9. Eu não posso aceitar o fato de que sou gago 47% 18% 35%
10. Eu não tenho confiança nas minhas 56% 6% 38%
habilidades de fala

46
Bragatto, E.L. 47

A Tabela 16 apresenta as correlações por ordem decrescente de significância,


ou seja, das questões mais correlacionadas com o escore total para as menos
correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a variável Reações à
Gagueira, segundo o teste de correlação de Spearman.

Tabela 16 - Correlações por ordem decrescente de significância, das questões mais correlacionadas
com o escore total para as menos correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a
variável Reações à Gagueira, segundo o teste de correlação de Spearman.
Escore Parte II
Spearman's rho Coeficiente
de Sig. (p) N
Correlação

C10- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? –


“Eu não tenho confiança nas minhas habilidades de fala” ,883(**) 0,000 18

C8- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “Eu


não falo tão bem quanto a maioria das pessoas” ,844(**) 0,000 18

A6- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente deprimido? ,833(**) 0,000 18

A4- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você e sente isolado? ,768(**) 0,000 18

A8- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente constrangido? ,655(**) 0,003 18

C9- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “Eu


não posso aceitar o fato de que sou gago” ,647(**) 0,005 17

A3- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente envergonhado? ,618(**) 0,006 18

A1- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente sem saída? ,611(**) 0,007 18
C3- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “Se
eu não gaguejasse, seria muito mais capaz de alcançar meus objetivos
de vida” ,582(*) 0,011 18

C2- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “A


opinião das pessoas sobre mim são baseadas primeiramente em como
eu falo” ,581(*) 0,011 18

C1- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? - “Eu


penso sobre minha gagueira quase o tempo todo” ,578(*) 0,012 18

A2- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente zangado? ,567(*) 0,014 18

B10- Com que freqüência você deixa que alguém fale por você? ,506(*) 0,032 18

A7- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente na defensiva? ,505(*) 0,033 18

47
Bragatto, E.L. 48

B5- Com que freqüência você evita falar em certas situações ou com
certas pessoas? ,492(*) 0,038 18

C7- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “As


pessoas que gaguejam não deveriam trabalhar em áreas que
necessitem de muita fala” ,475(*) 0,047 18

A9- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente culpado? ,470(*) 0,049 18

A10- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente frustrado? 0,466 0,051 18

B7- Com que freqüência você não diz o que quer dizer (por exemplo,
evita ou substitui palavras, recusa-se a responder perguntas, pede algo
que não precisa porque é mais fácil de dizer)? 0,413 0,088 18

C5- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? –


“Quando estou gaguejando não há nada que eu possa fazer sobre isso” 0,406 0,095 18

C4- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “Eu


não quero que as pessoas saibam que eu sou gago” 0,335 0,175 18

B6- Com que freqüência você sai de uma situação porque acha que
poderá gaguejar? 0,331 0,194 17

A5- Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência
você se sente ansioso? 0,277 0,265 18

B9- Com que freqüência você . experenciou um período de aumento da


gagueira logo após ter gaguejado uma palavra? 0,258 0,317 17

B4- Com que freqüência você não mantém contato de olho ou evita
olhar para o seu ouvinte? 0,139 0,583 18

C6- O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “As


pessoas devem fazer tudo que podem para não gaguejar” 0,125 0,620 18

B8- Com que freqüência você utiliza pausas cheias (por exemplo,
“hum”, , “ahh”, pigarrear) ou muda algo na sua fala (por exemplo,
tonicidade) para parecer mais fluente (obs.: isto não se refere às
técnicas que você tenha aprendido na terapia)? 0,025 0,921 18

B2- Com que freqüência você sente tensão física quando fala
fluentemente? 0,004 0,986 18

B1- Com que freqüência você sente tensão física quando gagueja? -0,336 0,173 18

B3- Com que freqüência você apresenta piscar de olhos, caretas,


movimentos com as mãos etc. quando gagueja? -0,445 0,064 18
** Correlação significante a 0,01.
* Correlação significante a 0,05.

48
Bragatto, E.L. 49

Os coeficientes de correlações da Tabela 16 acima se referem aos valores


obtidos pelo cálculo da correlação de Spearman entre o escore total da variável
Reações à Gagueira e cada um dos itens que compõem a variável Reações à
Gagueira. Foi considerada a seguinte classificação para o coeficiente de correlação (c):
se | c | < 0,40 significa correlação fraca; se 0,40 < | c | < 0,70 significa correlação
moderada; se 0,70 < | c | < 0,90 significa correlação boa; se | c | > 0,90 significa
correlação ótima.

A Tabela 17 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Comunicações na Vida Diária, item A.

Tabela 17 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável


Comunicações na Vida Diária, item A.

A. O quanto é difícil para você se Nenhuma dificuldade Um pouco Muito difícil /


comunicar durante estas situações / Não muito difícil difícil Extremamente difícil
gerais?
1. Conversar com outras pessoas “cara a 44% 39% 17%
cara”
2. Conversar quando está sob pressão 23% 17% 60%
pelo pouco tempo
3. Conversar frente a um pequeno grupo 33% 28% 39%
de pessoas
4. Conversar frente a um grande grupo de 17% 33% 50%
pessoas
5. Conversar com pessoas que você 89% 11% -
conhece bem (por exemplo, os amigos)
6. Conversar com pessoas que você não 34% 44% 22%
conhece bem (por exemplo, estranhos)
7. Falar ao telefone no geral 39% 44% 17%
8. Iniciar conversações com outras 22% 39% 39%
pessoas (por exemplo, apresentando-se)
9. Continuar a falar independentemente 30% 47% 23%
de como o ouvinte responde a você
10. Argumentação (por exemplo, 39% 33% 28%
defendendo sua opinião, retomando a
fala de alguém a sua frente que lhe
cortou)

49
Bragatto, E.L. 50

A Tabela 18 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Comunicações na Vida Diária, item B.

Tabela 18 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável


Comunicações na Vida Diária, item B.

B. O quanto é difícil para você se Nenhuma dificuldade Um pouco Muito difícil /


comunicar durante estas situações no / Não muito difícil difícil Extremamente difícil
trabalho?
1. Usando o telefone no trabalho 18% 65% 17%
2. Realizando uma apresentação oral ou 11% 39% 50%
falando em frente a outras pessoas no
trabalho
3. Falando com colaboradores ou outras 18% 24% 58%
pessoas que trabalham com você (por
exemplo, participando de um congresso)
4. Falando com compradores ou clientes 24% 41% 35%
5. Falando com o seu supervisor ou chefe 23% 50% 27%

A Tabela 19 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Comunicações na Vida Diária,, item C.

Tabela 19 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável


Comunicações na Vida Diária, item C.

C. O quanto é difícil para você se Nenhuma dificuldade Um pouco Muito difícil /


comunicar durante estas situações / Não muito difícil difícil Extremamente difícil
sociais?
1. Participação em eventos sociais (por 11% 22% 67%
exemplo, fazendo um pequeno discurso
em festas)
2. Contando histórias ou piadas 23% 50% 27%
3. Solicitando informações (por exemplo, 56% 44% -
perguntando a direção ou a opinião de
outras pessoas)
4. Fazendo o pedido em um restaurante 45% 44% 11%
5. Fazendo o pedido em um drive-thru 59% 29% 12%

50
Bragatto, E.L. 51

A Tabela 20 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Comunicações na Vida Diária, item D.

Tabela 20 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável


Comunicações na Vida Diária, item D.

D. O quanto é difícil para você se Nenhuma dificuldade Um pouco Muito difícil /


comunicar durante estas situações em / Não muito difícil difícil Extremamente difícil
casa?
1. Usando o telefone em casa 76% 22% 6%
2. Conversando com o esposo(a) / outra 76% 18% 6%
pessoa importante
3. Conversando com os seus filhos 100% - -
4. Conversando com outros membros da 77% 23% -
sua família
5. Tomando parte nas discussões em 72% 22% 6%
família

51
Bragatto, E.L. 52

A Tabela 21 apresenta as correlações por ordem decrescente de significância,


ou seja, das questões mais correlacionadas com o escore total para as menos
correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a variável
Comunicação na Vida Diária, segundo o teste de correlação de Spearman.

Tabela 21 - Correlações por ordem decrescente de significância, das questões mais correlacionadas
com o escore total para as menos correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a
variável Comunicação na Vida Diária, segundo o teste de correlação de Spearman.
Escore Parte III
Spearman's rho Coeficiente
de Sig. (p) N
Correlação

B4- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no


trabalho? – “Falando com compradores ou clientes” ,828(**) 0,000 17

A3- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Conversar frente a um pequeno grupo de pessoas” ,814(**) 0,000 18

B3- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no


trabalho? – “Falando com colaboradores ou outras pessoas que
trabalham com você (por exemplo, participando de um congresso)” ,800(**) 0,000 17

A10- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Argumentação (por exemplo, defendendo sua opinião,
retomando a fala de alguém a sua frente que lhe cortou)” ,782(**) 0,000 18

C5- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


sociais? – “Fazendo o pedido em um drive-thru” ,773(**) 0,000 17

C4- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


sociais? – “Fazendo o pedido em um restaurante” ,752(**) 0,000 18

B2- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no


trabalho? – “Realizando uma apresentação oral ou falando em frente a
outras pessoas no trabalho” ,736(**) 0,000 18

A9- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Continuar a falar independentemente de como o ouvinte
responde a você” ,728(**) 0,001 17

B1- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no


trabalho? – “Usando o telefone no trabalho” ,715(**) 0,001 17

A2- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Conversar quando está sob pressão pelo pouco tempo” ,713(**) 0,001 18

A6- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Conversar com pessoas que você não conhece bem (por
exemplo, estranhos)” ,713(**) 0,001 18

D5- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


em casa? – “Tomando parte nas discussões em família” ,697(**) 0,001 18

A4- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Conversar frente a um grande grupo de pessoas” ,670(**) 0,002 18

52
Bragatto, E.L. 53

C3- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


sociais? – “Solicitando informações (por exemplo, perguntando a direção
ou a opinião de outras pessoas)” ,647(**) 0,004 18

A5- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Conversar com pessoas que você conhece bem (por exemplo,
os amigos)” ,632(**) 0,005 18

D1- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


em casa? – “Usando o telefone em casa” ,627(**) 0,005 18

A8- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Iniciar conversações com outras pessoas (por exemplo,
apresentando-se)” ,604(**) 0,008 18

B5- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no


trabalho? – “Falando com o seu supervisor ou chefe” ,604(**) 0,008 18

A1- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Conversar com outras pessoas ‘cara a cara’ “ ,602(**) 0,008 18

C1- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


sociais? – “Participação em eventos sociais (por exemplo, fazendo um
pequeno discurso em festas)” ,601(**) 0,008 18

D4- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


em casa? – “Conversando com outros membros da sua família” ,597(**) 0,009 18

A7- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


gerais? – “Falar ao telefone no geral” ,505(*) 0,033 18

C2- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


sociais? – “Contando histórias ou piadas” ,482(*) 0,043 18

D2- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


em casa? – “Conversando com o esposo(a) / outra pessoa importante” 0,468 0,058 17

D3- O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações


em casa? – “Conversando com os seus filhos” 0,000 1,000 5
** Correlação significante a 0,01.
* Correlação significante a 0,05.

Os coeficientes de correlações da Tabela 21 acima se referem aos valores


obtidos pelo cálculo da correlação de Spearman entre o escore total da variável
Comunicações na Vida Diária e cada um dos itens que compõem a variável
Comunicações na Vida Diária. Foi considerada a seguinte classificação para o
coeficiente de correlação (c) : se | c | < 0,40 significa correlação fraca; se 0,40 < | c | <
0,70 significa correlação moderada; se 0,70 < | c | < 0,90 significa correlação boa; se | c
| > 0,90 significa correlação ótima.

53
Bragatto, E.L. 54

A Tabela 22 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas

do OASES-A, na variável Qualidade de Vida, item A

Tabela 22 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Qualidade


de Vida, item A.

A. De forma geral, o quanto a sua Nada / Muito pouco Pouco Muito / Completamente
qualidade de vida é afetada
negativamente por / pela(s)...?
1. Sua gagueira 50% 17% 33%
2. Suas reações frente à gagueira 34% 39% 27%
3. Reação das outras pessoas frente a 33% 39% 28%
sua gagueira

A Tabela 23 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Qualidade de Vida, item B.

Tabela 23 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Qualidade


de Vida, item B.

B. De forma geral, o quanto a sua Nada / Muito pouco Pouco Muito / Completamente
gagueira interfere na sua satisfação
em se comunicar...?
1. No geral 23% 39% 38%
2. No trabalho 6% 53% 41%
3. Nas situações sociais 22% 44% 34%
4. Em casa 55% 28% 17%

A Tabela 24 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Qualidade de Vida, item C.

Tabela 24 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Qualidade


de Vida, item C.

C. De forma geral, o quanto a sua Nada / Muito pouco Pouco Muito / Completamente
gagueira interfere no seu...?
1. Relacionamento com a família 55% 33% 11%
2. Relacionamento com os amigos 57% 44% -
3. Relacionamento com outras pessoas 39% 33% 28%
4. Relacionamentos íntimos 61% 17% 22%
5. Habilidade de viver em sociedade 28% 44% 28%

54
Bragatto, E.L. 55

A Tabela 25 apresentamos o percentual de distribuição da freqüência das


respostas do OASES-A, na variável Qualidade de Vida, item D.

Tabela 25 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Qualidade


de Vida, item D.

D. De forma geral, o quanto a gagueira Nada / Muito pouco Pouco Muito / Completamente
interfere com a sua...?
1. Habilidade de executar seu trabalho 64% 18% 18%
2. Satisfação com o seu trabalho 50% 31% 19%
3. Capacidade de progredir na sua 34% 22% 44%
carreira
4. Oportunidades educacionais 47% 24% 29%
5. Habilidade de ganhar tanto quanto 50% 19% 31%
sente que poderia

A Tabela 26 apresenta o percentual de distribuição da freqüência das respostas


do OASES-A, na variável Qualidade de Vida, item E.

Tabela 26 - Percentual de distribuição da freqüência das respostas do OASES-A, na variável Qualidade


de Vida, item E.

E. De forma geral, o quanto a gagueira Nada / Muito pouco Pouco Muito / Completamente
interfere no(a)...?
1. Seu senso de valor próprio ou auto- 50% 22% 28%
estima
2. Sua percepção global da vida 56% 22% 22%
3. Sua confiança em si próprio 61% 17% 22%
4. Seu entusiasmo pela vida 61% 22% 17%
5. Sua saúde geral e bem estar físico 72% 11% 17%
6. Seu vigor geral ou nível de energia 61% 17% 22%
7. Seu senso de direção e controle da 78% 6% 16%
sua vida
8. Seu bem estar espiritual 67% 22% 11%

55
Bragatto, E.L. 56

A Tabela 27 apresenta as correlações por ordem decrescente de significância,


ou seja, das questões mais correlacionadas com o escore total para as menos
correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a variável Qualidade
de Vida, segundo o teste de correlação de Spearman.

Tabela 27 - Correlações por ordem decrescente de significância, das questões mais correlacionadas
com o escore total para as menos correlacionadas com o escore total no protocolo OASES-A, para a
variável Qualidade de Vida, segundo o teste de correlação de Spearman.
Escore Parte III
Spearman's rho Coeficiente
de Sig. (p) N
Correlação

D2 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? –


“Satisfação com o seu trabalho” ,893(**) 0,000 16

E1 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Seu


senso de valor próprio ou auto-estima” ,885(**) 0,000 18

A1 - De forma geral, o quanto a sua qualidade de vida é afetada


negativamente por / pela(s)...? - “Sua gagueira” ,864(**) 0,000 18

E5 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Sua


saúde geral e bem estar físico” ,861(**) 0,000 18

D1 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? –


“Habilidade de executar seu trabalho” ,855(**) 0,000 17

A3 - De forma geral, o quanto a sua qualidade de vida é afetada


negativamente por / pela(s)...? - “Reação das outras pessoas frente a
sua gagueira” ,854(**) 0,000 18

E4 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Seu


entusiasmo pela vida” ,831(**) 0,000 18

E6 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Seu vigor


geral ou nível de energia” ,818(**) 0,000 18

E2 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Sua


percepção global da vida” ,814(**) 0,000 18

D4 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? –


“Oportunidades educacionais” ,799(**) 0,000 17

D3 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? –


“Capacidade de progredir na sua carreira” ,781(**) 0,000 18

C5 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? -


“Habilidade de viver em sociedade” ,779(**) 0,000 18

B1 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere na sua


satisfação em se comunicar...? - “No geral” ,762(**) 0,000 18

E8 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Seu bem


estar espiritual” ,745(**) 0,000 18

56
Bragatto, E.L. 57

E7 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Seu


senso de direção e controle da sua vida” ,736(**) 0,001 18

A2 - De forma geral, o quanto a sua qualidade de vida é afetada


negativamente por / pela(s)...? - “Suas reações frente à gagueira” ,722(**) 0,001 18

C2 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? -


“Relacionamento com os amigos” ,708(**) 0,001 18

B2 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere na sua


satisfação em se comunicar...? - “No trabalho” ,696(**) 0,002 17

E3 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – “Sua


confiança em si próprio” ,687(**) 0,002 18

B3 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere na sua


satisfação em se comunicar...? - “Nas situações sociais” ,679(**) 0,002 18

C4 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? -


“Relacionamentos íntimos” ,665(**) 0,003 18

D5 - De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? –


“Habilidade de ganhar tanto quanto sente que poderia” ,635(**) 0,008 16

C3 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? -


“Relacionamento com outras pessoas” ,615(**) 0,007 18

C1 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? -


“Relacionamento com a família” ,577(*) 0,012 18

B4 - De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere na sua


satisfação em se comunicar...? - “Em casa” ,570(*) 0,014 18
** Correlação significante a 0,01.
* Correlação significante a 0,05.

Os coeficientes de correlações da Tabela 27 acima se referem aos valores


obtidos pelo cálculo da correlação de Spearman entre o escore total da variável
Qualidade de Vida e cada um dos itens que compõem a variável Qualidade de Vida.
Foi considerada a seguinte classificação para o coeficiente de correlação (c) : se | c | <
0,40 significa correlação fraca; se 0,40 < | c | < 0,70 significa correlação moderada; se
0,70 < | c | < 0,90 significa correlação boa; se | c | > 0,90 significa correlação ótima.

57
Bragatto, E.L. 58

A Tabela 28 apresenta a correlação entre as variáveis Informações gerais,


Reações à gagueira, Comunicações nas situações diárias e Qualidade de vida,.

Tabela 28 - Valores das correlações lineares (r) entre os escores do OAES-A dos sujeitos da amostra,
nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e Qualidade de vida.
Variáveis Informações Reações à Comunicação Qualidade de
Gerais: gagueira: Escores nas situações vida: Escores
Escores diárias: Escores

r= 0,483 0,592 0,624


Informações P 0,021 0,005 0,003
Gerais: Escores (monocaudal)
N 18 18 18
r= 0,483 0,444 0,794
Reações à P 0,021 0,032 0,000
gagueira: Escores (monocaudal)
N 18 18 18
r= 0,592 0,444 0,702
Comunicação nas
P 0,005 0,032 0,001
situações diárias:
(monocaudal)
Escores
N 18 18 18
r= 0,624 0,794 0,702
Qualidade de P 0,003 0,000 0,001
vida: Escores (monocaudal)
N 18 18 18

58
Bragatto, E.L. 59

A figura 1 apresenta a representação das variáveis Informações Gerais, Reações


à gagueira, Comunicação na vida diária e Qualidade de vida, sobre o Círculo de
Correlações Primeiro Plano Fatorial.

Figura 1: Distribuição das variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida
diária e Qualidade de vida no Círculo de correlação Primeiro Plano Fatorial.

A figura 1 acima apresenta a estrutura da matriz de correlações. A proximidade


dos pontos ao circulo de correlações mostra que todas as variáveis estão bem
representadas no primeiro plano fatorial. As variáveis Informações Gerais e
Comunicação nas Situações Diárias são bem correlacionadas entre si e melhor
representadas no primeiro componente principal. As variáveis Reações à Gagueira e
Qualidade de Vida apresentam menor correlação com as demais e são melhor
representadas pelo segundo componente principal.

59
Bragatto, E.L. 60

A Figura 2 apresenta a distribuição dos sujeitos da amostra para determinação


dos clusters, com base nas médias dos escores das variáveis Informações Gerais,
Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e Qualidade de vida. Na nuvem de
pontos foram detectados 3 clusters distintos, com 7, 1 e 10 indivíduos,
respectivamente.

Figura 2: Gráfico da distribuição da nuvem de pontos dos sujeitos da amostra para determinação dos
clusters, com base nas médias dos escores das variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira,
Comunicação na vida diária e Qualidade de vida.

60
Bragatto, E.L. 61

A Tabela 29 apresenta a análise de cluster, considerando os escores das


variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e
Qualidade de vida.

Tabela 29 - Análise do cluster calculada com base nas médias dos escores das variáveis Informações
Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e Qualidade de vida.

Reações à Comunicação
Informações Qualidade de
Cluster gagueira: nas situações
Gerais: Escore vida: Escore
Escores diárias: Escore
Média 3,37 3,11 3,30 3,33
Mediana 3,40 3,17 3,21 3,28
1
Desvio Padrão 0,56 0,27 0,38 0,31
N 7 7 7 7
Média 2,55 4,20 3,25 4,32
Mediana 2,55 4,20 3,25 4,32
2
Desvio Padrão - - - -
N 1 1 1 1
Média 2,39 2,69 2,38 1,81
Mediana 2,43 2,65 2,32 1,83
3
Desvio Padrão 0,31 0,26 0,49 0,39
N 10 10 10 10
Média 2,78 2,94 2,79 2,54
Mediana 2,60 2,83 2,79 2,32
Total
Desvio Padrão 0,63 0,45 0,63 0,93

N 18 18 18 18

Cluster 1 – refere-se ao agrupamento de indivíduos pontuados com médias superiores no OASES, com
escores de moderado e moderado a severo. Cluster 2 – refere-se ao agrupamento de um indivíduo,
pontuado com escore moderado no OASES. Cluster 3 – refere-se ao agrupamento de indivíduos
pontuados com médias inferiores no OASES, com escores de leve à moderado e moderado.

61
Bragatto, E.L. 62

A Figura 3 apresenta a análise dos perfis dos 3 clusters identificados, com bases
nas variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e
Qualidade de vida.

4,5
Média dos escores nas variáveis do OASES - A

4,0

3,5

3,0

Informações Gerais
2,5

Reações à gagueira
2,0
I.C. 95 %

Situações diárias
1,5

1,0 Qualidade de vida


N= 7 7 7 7 1 1 1 1 10 10 10 10

Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3

Figura 3: Análise dos perfis dos 3 clusters identificados, com bases nas variáveis Informações Gerais,
Reações à gagueira, Comunicação na vida diária e Qualidade de vida.
Cluster 1 – refere-se ao agrupamento de indivíduos pontuados com médias superiores no OASES-A,
com escores de moderado e moderado a severo. Cluster 2 – refere-se ao agrupamento de um indivíduo,
pontuado com escore moderado no OASES-A. Cluster 3 – refere-se ao agrupamento de indivíduos
pontuados com médias inferiores no OASES-A, com escores de leve à moderado e moderado.

62
Bragatto, E.L. 63

5 DISCUSSÃO

63
Bragatto, E.L. 64

Neste capítulo passamos a discutir os resultados encontrados nesta pesquisa,


relacionando-os aos dados da literatura selecionada. Primeiramente discutimos o
processo de tradução do teste OASES-A. Na seqüência, buscamos estabelecer as
contribuições da aplicação do teste OASES-A em um grupo de adultos que gaguejam
para o enriquecimento dos processos avaliativo e interventivo da gagueira.

64
Bragatto, E.L. 65

Tradução do teste OASES-A

Os dados da equivalência entre o instrumento Overall Assessment of the


Speaker’s Experience of Stuttering - Adults (OASES-A) original em Inglês, a versão
traduzida para o Português (translation), a versão traduzida novamente para o Inglês
(backtranslation) e a versão definitiva em Português, que mostram o processo de
tradução e tradução reversa efetuado nesse estudo são apresentados na integra no
Anexo II.

O título do instrumento foi traduzido como “Avaliação Global da Experiência do


Falante em Gaguejar”, porém as iniciais do nome da escala no idioma inglês foram
conservadas na versão final do OASES-A, a fim de uniformizar buscas em banco de
dados, facilitando a disseminação da informação. Algumas alterações foram feitas após
a tradução reversa para o idioma inglês e avaliação das equivalências semântica,
idiomática, conceitual e cultural entre a versão final traduzida e a versão original do
instrumento.

Quanto à equivalência semântica, fizemos as seguintes modificações: a) na


questão “B” da seção I, a tradução da expressão “how knowledgeable”, que seria “o
quanto você sabe”, foi substituída por “qual é o seu nível de conhecimento“, julgada
mais adequada à compreensão da questão; b) na questão “C” da seção I, a tradução
literal da expressão “how do you feel about” foi “qual é a sua impressão sobre“ ao invés
de “como você se sente sobre”; c) na questão 10 “A” da seção III, onde o termo
“standing up for yourself verbally” tem sua tradução literal como “defendendo-se
verbalmente”, optou-se pelo uso do termo “argumentação”, o qual tem menor
probabilidade de gerar dúvida;

Quanto à equivalência idiomática, fizemos as seguintes modificações: a) nas


questões 1”A”, 2”A”, 4“A” e 5”A” da seção I e nas questão “A” e “B” da seção II, a
tradução da expressão “how often” foi substituída por “com que freqüência”, mais
adequada à compreensão das perguntas do que a tradução literal “quantas vezes”, já
que a intenção é se saber a freqüência dos eventos; b) da mesma forma, na questão
3”A” da seção I a tradução da expressão “How consistently” foi substituída por “com
que consistência”; c) na questão 4”C” da seção I, acrescentou-se a palavra “usada” na
tradução da expressão “Techniques for”, ficando assim “técnicas usadas para”; d) da

65
Bragatto, E.L. 66

mesma forma, a palavra “você” foi acrescentada à tradução de “being a person”,


resultando na expressão “você ser uma pessoa” na questão 6”C” da seção 1; e) na
questão 7”C” da seção II, as palavras “em áreas” foram inseridas à tradução de “take
Jobs that require” para proporcionar maior clareza, originando a expressão “trabalhar
em áreas que necessitem”; f) na questão 2”A” da seção III, palavra “pouco” foi
acrescentada à tradução de “under time pressure”, ficando assim “sob pressão pelo
pouco tempo”, para reforçar o sentido da expressão; g) na questão 7”E” da seção IV, a
tradução do termo “sense of control over your life” que seria “senso de controle sobre
sua vida”, foi modificada para “seu senso de direção e controle da sua vida”,
melhorando a compreensão do termo.

Quanto à equivalência conceitual, fizemos as seguintes modificações: a) na


questão 10”C” da seção II, a tradução da expressão “my abilities as a speaker” que
seria “minhas habilidades como falante” foi trocada por “minhas habilidades de fala”, já
que a palavra “falante” no português brasileiro não só significa “pessoa que fala uma
língua”, mas como uso informal do regionalismo por vezes é usada no sentido da
pessoa que gosta muito de falar; desinibido, extrovertido (“pessoa faladeira”).

Quanto à equivalência cultural, não foram necessárias modificações nem


adaptações referentes a ela.

Para que um instrumento seja capaz de reproduzir suas características em uma


cultura diferente é necessário um minucioso processo de adaptação cultural, pois ainda
que elas pertençam à sociedade ocidental há características específicas pertinentes a
cada uma (Falcão e cols., 2003). Não houve dificuldade nas etapas de tradução da
versão original do OASES-A para o português brasileiro. As comparações entre a
tradução e a tradução reversa resultaram em apenas uma alteração de equivalência
conceitual e nenhuma de equivalência cultural. As adaptações se concentraram nas
equivalências semântica e, principalmente, na idiomática.

Na equivalência conceitual alguns itens podem equivaler-se semanticamente


sem, contudo, apresentar equivalência de conceito. A equivalência cultural é importante
para que as expressões utilizadas sejam compatíveis com as experiências vividas pela
população à qual se destina o instrumento, dentro de seu contexto cultural. A
equivalência semântica baseia-se na avaliação da equivalência gramatical e do
vocabulário, pois durante uma tradução podemos não encontrar o termo adequado no

66
Bragatto, E.L. 67

idioma desejado. Finalmente, na equivalência idiomática encontramos que certas


expressões idiomáticas são muito difíceis de traduzir, necessitando-se de maior
atenção e consenso.

Portanto, é de consenso que no processo de tradução e adaptação muitas vezes


prioriza-se a adaptação à cultura em detrimento da equivalência semântica. Como na
tradução do OASES-A não se verificaram adaptações de equivalência cultural, pode-
se pressupor que a tradução do instrumento é menos suscetível a gerar dúvidas em
sua aplicação nos indivíduos que gaguejam.

No presente trabalho realizamos o pré-teste, seguindo as orientações sugeridas


por Guillemin e cols. (1993). A realização do pré-teste é necessária com a aplicação do
instrumento à uma população semelhante a do estudo, avaliando-se o grau de
entendimento para cada umas das perguntas até o esgotamento das dúvidas. Nesta
etapa, algumas perguntas são modificadas após a avaliação das respostas obtidas,
identificando-se possíveis diferenças que poderiam afetar os resultados globais
provenientes do instrumento. (Leplège e cols., 1994; Anderson e cols., 1994; Guillemin
e cols., 1993).

Quanto ao modo de aplicação do instrumento, a proposta original dos autores do


OASES-A é que ele seja auto-aplicado (Yaruss e Quesal, 2006). Porém, devido a
problemas educacionais de parte significativa de nossa população poderiam surgir
dificuldades dos participantes durante a leitura dos enunciados. Deste modo, em nossa
amostra adotamos como critério de exclusão, os sujeitos com escolaridade abaixo do
6º ano do Ensino Fundamental e não encontramos dificuldade na auto-aplicação do
OASES-A. Estudos posteriores poderão demonstrar se o modo de aplicação do tipo
entrevista é mais indicado para a versão brasileira.

O tempo médio gasto por cada indivíduo para preenchimento do OASES-A foi de
20 minutos, ou seja, semelhante àquele dos participantes da amostra da versão em
inglês. Levando-se em conta que o instrumento consta de um número total de 100
itens, podemos supor que esse tempo gasto é relativamente baixo e, portanto,
exeqüível de aplicação em serviços de saúde. Uma das razões que pode facilitar e
agilizar o preenchimento do OASES-A, apesar do elevado número de itens, é o fato de
ele ser compartimentado em 4 setores distintos (Informações Gerais, Reações à
Gagueira, Comunicações na Vida Diária e Qualidade de Vida) e esses, por sua vez,

67
Bragatto, E.L. 68

divididos em áreas específicas como, por exemplo, nas situações: gerais, em ambiente
de trabalho, sociais e em ambiente familiar. Tal forma de disposição dos itens direciona
o indivíduo a responder, em sequência, questões sobre o mesmo tópico, auxiliando-o
na concentração e evitando dispersões e/ou dúvidas. Um exemplo típico é a situação
de falar ao telefone, uma das maiores dificuldades referidas pelas pessoas que
gaguejam, onde a mesma questão é feita no setor III (Comunicação nas Situações
Diárias) por três vezes distintas: “O quanto é difícil para você se comunicar durante
estas situações? - Falar ao telefone no geral (questão A7) / Usando o telefone no
trabalho (questão B1) / Usando o telefone em casa (questão D1).

Aplicação do teste OASES-A

Os resultados apresentados nas tabelas de números 3 a 29 e nas figuras 1, 2, 3


foram analisados com base na aplicação em uma população de jovens e adultos gagos
brasileiros, discutindo-se os relatos subjetivos desses indivíduos e a contribuição do
instrumento OASES-A nos processos avaliativo e interventivo da gagueira.

Os achados demonstraram não haver diferença significante nas variáveis


Informações Gerais, Reações à gagueira, Comunicação na vida diária, Qualidade de
vida e no Impacto total, por sexo (Tabelas 2, 4 e 5) nem por escolaridade (Tabela 3 e
6). A maioria dos estudos não aponta para diferenças entre a auto-avaliação do
impacto da gagueira do indivíduo gago do sexo masculino e do feminino (Yaruss e
cols., 2002; Klompas e cols., 2004; Plexico e cols., 2005; Andrade e cols., 2008; Craig
e cols., 2009; Bricker e cols., 2009a; Bricker e cols. 2009b; Yaruss, 2010). Porém
quando se investiga temas pontuais podemos encontrar diferenças, como na pesquisa
de Klein e cols. (2004) sobre o handicap provocado pela gagueira na inserção do
indivíduo que gagueja no mercado de trabalho, onde se verificou que os homens e as
minorias foram mais suscetíveis às desvantagens da gagueira do que as mulheres e
caucasianos.

A seguir, observamos que não houve correlação entre os comportamentos dos


indivíduos que gaguejam avaliados no SSI-3 e na auto-avaliação proposta pelo
OASES-A (Tabelas 7 e 8). Em outras palavras, não foi possível estabelecer uma

68
Bragatto, E.L. 69

equivalência entre os níveis de gravidade atribuídos em ambos os protocolos.


Entretanto, observamos que há uma tendência do indivíduo classificado no SSI-3 com
graus de severidade em nível severo ou muito severo, apresentar uma auto-avaliação
de menor grau no OASES-A. Em contraste, verificamos que há uma tendência do
indivíduo classificado no SSI-3 com grau leve, apresentar uma auto-avaliação de grau
mais moderado no OASES-A.

Diante de tais observações acima comprovamos que, dentre os componentes da


saúde, fatores internos e/ou externos podem ser relevantes na gagueira, tais como
reações negativas afetivas, comportamentais e cognitivas, limitações na participação
de atividades da vida diária e impacto negativo na qualidade de vida. Fica evidente que
o OASES-A, baseado nas premissas da CIF, é capaz de fornecer diferentes e
importantes enfoques além das doenças e lesões, baseados nas perspectivas do
corpo, do indivíduo e da sociedade (World Health Organization, 200; Yaruss e Quesal,
2004). Além disso, o OASES-A pode ser uma ferramenta auxiliar no delineamento e
acompanhamento do processo terapêutico da pessoa que gagueja, já que,
periodicamente, é possível reaplicar os instrumentos SSI-3 e OASES-A e acompanhar
o comportamento da comparação entre os dois instrumentos, ao longo do tempo de
todo o tratamento.

Na correlação de Spearman entre os escores encontrados no protocolo OASES-


A para a variável Informações gerais (Tabela 12), os resultados apontaram uma
correlação fraca (coeficiente de correlação < 0,40), nas questões: A.5- “Com que
freqüência você diz exatamente o que quer mesmo achando que poderá gaguejar?”;
B.1 - “Qual o seu nível de conhecimento sobre a gagueira em geral?”; C.6 “De forma
geral, qual é sua impressão sobre você ser uma pessoa que gagueja ?”; C.8 “De forma
geral, qual é sua impressão sobre você Ser identificado por outra pessoa como gago /
pessoa que gagueja?”; B.2 - “Qual o seu nível de conhecimento sobre os fatores que
afetam a gagueira?”. Na mesma tabela, os resultados apontaram uma correlação forte
(coeficiente de correlação >070), nas questões: C.10 - “De forma geral, qual é sua
impressão sobre grupos de auto-ajuda ou de apoio para as pessoas que gaguejam?”;
C.4 - “De forma geral, qual é sua impressão sobre as técnicas usadas para falar
fluentemente (por exemplo, técnicas aprendidas na terapia)”; A.1 - “Com que
freqüência você é capaz de falar fluentemente?”; A.4 “Com que freqüência você utiliza
técnicas, estratégias ou ferramentas que aprendeu na terapia de fala?”; C.9 - “De forma

69
Bragatto, E.L. 70

geral, qual é sua impressão sobre as variações da sua fluência de fala em diferentes
situações?”; C.1 - “De forma geral, qual é sua impressão sobre sua habilidade para
falar?”.

Nas questões A.1, A.2 e A.3 (Tabela 9), que tratam da autopercepção da
capacidade em falar fluentemente, produzir uma fala que soe de forma natural e em
manter uma fluência na fala de um dia para o outro, respectivamente, é relevante o fato
de que mais da metade dos indivíduos da amostra referiram que conseguem isso
sempre/muitas vezes. Isso foi notado mesmo nos indivíduos classificados com grau de
severidade da gagueira moderado ou severo no protocolo SSI-3. No planejamento
terapêutico pode ser de grande valia a inclusão de atividades de automonitoração do
sujeito que gagueja, para que ele seja capaz de uma análise mais próxima da realidade
de sua própria fluência, comparando-a com a de outras pessoas fluentes ou que
gaguejam e com a dele mesmo, ao longo de todo processo. Tal procedimento pode
ajudar a evitar autoavaliações errôneas e/ou falsas expectativas, fatores que podem
prejudicar o bom desenvolvimento da terapia de fala.

Dentre os sujeitos da amostra, 28% responderam que raramente/nunca dizem


exatamente o que querem quando acham que poderão gaguejar (Tabela 9 – questão
A.5). Não é incomum a pessoa que gagueja referir que, quando acha que vai gaguejar
ao emitir determinada palavra, faz uso de um sinônimo ou simplesmente omite o
vocábulo. Tal comportamento, porém, é qualificado pelo falante como sendo
extremamente incômodo, como se houvesse uma interrupção do fluxo do pensamento
e a mensagem muitas vezes parecesse truncada ou inexata. Essa é uma das razões
da importância do uso de técnicas de enfrentamento aprendidas e/ou desenvolvidas
pela própria pessoa que gagueja.. Vários procedimentos podem ser úteis, permitindo
mais tempo para o planejamento da linguagem e execução motora da fala, como a
lentificação, o início suave de palavras, produção de consoantes com os articuladores
relaxados e o fluxo de ar continuo (fricativas) ou com distorção das plosivas e o
feedback sensorial, fonoarticulatório, dos músculos da língua ,lábios e mandíbula,
cruciais para o controle dos movimentos da fala (Van Riper,1982; Perkins, 1990; Max e
cols., 2004; Guitar, 2006; Bloodstein & Ratner, 2008).

As questões envolvendo o nível de conhecimento sobre a gagueira indicaram que


os aspectos contidos nos itens B.4 e B.5 (Tabela 10) merecem atenção. Dos indivíduos

70
Bragatto, E.L. 71

da amostra, 33% referiram ter baixo ou nenhum conhecimento sobre as opções de


tratamento para as pessoas que gaguejam, enquanto que esse índice sobe para 47%
em se tratando do conhecimento sobre os grupos de auto-ajuda ou de apoio para as
pessoas que gaguejam. Tal resultado concorda com estudos anteriores como o
realizado por Yaruss (2002), que alertou para a escassez do conhecimento sobre os
indivíduos que freqüentam ou freqüentaram os grupos de auto-ajuda e quais os
possíveis benefícios obtidos por eles pela sua participação. É relevante a
implementação de programas que privilegiem o esclarecimento e conscientização
sobre o tratamento da gagueira, além daqueles que já vêm sendo realizado pelos
organismos oficiais da área da Fonoaudiologia e na rotina clínica do profissional
fonoaudiólogo (Yaruss e cols., 2002a, Yaruss e cols., 2002b). Corrobora com isso o
fato de 80% dos sujeitos assinalarem a opção muito positiva / positiva quando
questionados da impressão que tinham sobre grupos de auto-ajuda ou de apoio para
as pessoas que gaguejam (Tabela 11 – questão C.10), e de que mais da metade dos
sujeitos referirem como negativa a impressão sobre ser ou ser identificados pelo outro
como uma pessoa que gagueja (Tabela 11 - questões C.6 e C.8).

Nas questões C.1 - “De forma geral, qual é sua impressão sobre sua habilidade
para falar?” e C.2 - “De forma geral, qual é sua impressão sobre sua habilidade para se
comunicar (por exemplo, transmitir a sua mensagem independentemente da sua
fluência)?” da variável, observamos maiores escores atribuídos à habilidade em falar
comparados aqueles atribuídos à habilidade em se comunicar. Os dados encontrados
na tabela 11, referentes à variável “Informações Gerais”, indicam que os gagos têm
uma impressão mais negativa sobre sua habilidade para falar (33%) do que sobre sua
habilidade para se comunicar (11%). Os maiores escores obtidos no OASES-A,
atribuindo maior escore à dificuldade na habilidade para falar podem significar que o
sujeito que gagueja se sente mais prejudicado em nível da fala do que em nível da
comunicação, onde outros meios podem ser agregados à fala para transmissão da
mensagem, como por exemplo, a linguagem gestual. O índice sobe, no entanto,
quando questionados sobre ser identificado como pessoa que gagueja e sobre a
variação da fluência nas diferentes situações (Tabela 11 - questões C.8, C.9), onde tais
experiências foram referidas como sendo negativas por 50% dos indivíduos da
amostra.

71
Bragatto, E.L. 72

Dentre os indivíduos da amostra, 33% referiram ter uma impressão negativa


sobre as técnicas usadas para falar fluentemente, porém quando questionados sobre a
habilidade para usar as técnicas que aprendeu na terapia de fala, 86% apontaram uma
impressão positiva/muito positiva (Tabela 11 – questões C.4, C.5 ). A divergência entre
esses resultados poderia ser explicada pelo fato de haver muitas técnicas sugeridas
para o tratamento da disfluência, inclusive aquelas originadas em outras áreas que não
a da Fonoaudiologia. Não é incomum o indivíduo que gagueja relatar sugestões das
mais diversas para não gaguejar, recebidas de várias pessoas ao longo de sua vida.
Muitas dessas sugestões não possuem embasamento teórico-clínico, outras são
extremamente desconfortáveis e, por vezes, até mesmo bizarras. Na questão C.4, não
fica explícito se a pessoa freqüentou ou freqüenta uma terapia de fala, ao contrário da
questão C.5, que trata especificamente sobre as técnicas aprendidas na terapia de fala,
onde os indivíduos apontaram um alto índice de satisfação. Para uma melhor análise ,
seria interessante um estudo mais detalhado, investigando-se quais técnicas foram
aprendidas por esses sujeitos e verificar possíveis correlações com outras variáveis
como grau de severidade da gagueira, idade etc. Em seu trabalho sobre os elementos
julgados relevantes na superação e administração da disfluência, sob a ótica da própria
pessoa que gagueja, Plexico e cols. (2005) concluíram que a satisfação com a terapia
foi um dos seis temas mais associados à habilidade de gerenciar a transição para
melhora da gagueira; nos casos de insatisfação com o processo terapêutico a terapia
inadequada foi um dos temas recorrentes citados pela pessoa que gagueja. É relevante
que o tratamento fonoaudiológico supra os indivíduos disfluentes com técnicas que
auxiliem na monitoração da fala, reduzindo o medo de falar e aumentando a
autoconfiança.

Na correlação de Spearman entre os escores encontrados nos protocolo OASES-


A para a variável Reações à Gagueira (Tabela 16), os resultados apontaram uma
correlação fraca (coeficiente de correlação < 0,40), nas questões: C.4 - “O quanto você
concorda ou discorda com estas afirmações? – “Eu não quero que as pessoas saibam
que eu sou gago”; B.6- Com que freqüência você sai de uma situação porque acha que
poderá gaguejar?; A.5 - “Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que
freqüência você se sente ansioso?”; B.9 - “Com que freqüência você . experenciou um
período de aumento da gagueira logo após ter gaguejado uma palavra?”; B.4 - “Com
que freqüência você não mantém contato de olho ou evita olhar para o seu ouvinte?”;

72
Bragatto, E.L. 73

C.6 - “O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “As pessoas
devem fazer tudo que podem para não gaguejar”; B.8 - “Com que freqüência você
utiliza pausas cheias (por exemplo, “hum”, , “ahh”, pigarrear) ou muda algo na sua fala
(por exemplo, tonicidade) para parecer mais fluente? (obs.: isto não se refere às
técnicas que você tenha aprendido na terapia)”; B.2 - “Com que freqüência você sente
tensão física quando fala fluentemente?”; B.1 - “Com que freqüência você sente tensão
física quando gagueja?”; B.3 - “Com que freqüência você apresenta piscar de olhos,
caretas, movimentos com as mãos etc. quando gagueja?”. Na mesma tabela, os
resultados apontaram uma correlação forte (coeficiente de correlação >070), nas
questões: C.10 - “O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações? – “Eu
não tenho confiança nas minhas habilidades de fala”; C.8 - “O quanto você concorda ou
discorda com estas afirmações? – “Eu não falo tão bem quanto a maioria das pessoas”;

A.6 - “Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência você se sente
deprimido?”; A.4 - “Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência você
e sente isolado?”

A ansiedade foi o fator mais citado do item A, da variável Reações à gagueira.


Dos indivíduos da amostra, 66% assinalaram apresentar ansiedade sempre ou muitas
vezes, concomitante à uma situação de fala disfluente (Tabela 13 – questão A.5). Tal
fato concorda com o já observado na clínica e na literatura, onde a ansiedade, dentre
outros aspectos, aparece como sendo um dos problemas mais referidos pelas pessoas
que gaguejam (Caruso e cols., 1994; Bloodstein, 1995; Blood e cols., 2001; Craig e
cols., 2003; Alm, 2004; Conture, 1993;Guitar, 2006; Bloodstein & Ratner, 2008;
Blumgart e cols., 2010).

O constrangimento foi o segundo fator mais citado, sendo referido por 33% dos
indivíduos (Tabela 13 – questão A.8), apresentando-se, portanto, além da ansiedade,
como um elemento relevante a ser analisado. Em seu trabalho sobre recuperação da
gagueira, Onslow e Packman (1999) alertaram para a relevância do constrangimento
dentre as reações apresentadas pela pessoa que gagueja e sugeriram que, além das
medidas comportamentais da ansiedade, também fossem incorporadas nas pesquisas
futuras outras medidas, como as de expectativa de constrangimento e coação social.
Vários autores sugeriram que os sentimentos e atitudes podem ser componentes
importantes da gagueira (Conture, 1993; Bloodstein, 1995; Blood e cols., 2001; Guitar,

73
Bragatto, E.L. 74

2006; Bloodstein & Ratner, 2008). Os sentimentos seriam as reações imediatas, como
as de medo, vergonha e constrangimento, frente às experiências negativas de falar
fluentemente. As atitudes demandariam da repetição de tais experiências ao longo do
tempo. Adotando-se essa hipótese ao analisarmos os resultados encontrados no
presente trabalho, podemos supor que os sentimentos de ansiedade e constrangimento
seriam cristalizados ao longo da repetição das experiências negativas de fala, e
transformados em atitudes. Isto pode ter sido uma das razões do alto percentual nas
questões sobre apresentar ansiedade e/ou constrangimento sempre ou muitas vezes,
concomitante a uma situação de fala disfluente

Um dos fatores relacionados ao constrangimento e aumento da ansiedade da


pessoa que gagueja é o “bullying”, vocábulo ainda sem tradução para o português,
originário do inglês, cujo significado remete ao uso do poder ou da força para humilhar,
perseguir, fazer pouco caso dos outros, vitimizando-os. Trata-se de um fenômeno que
vem crescendo nos ambientes escolar e de trabalho em todo o mundo, inclusive no
Brasil e preocupando os educadores e profissionais da área da saúde. Recentemente,
estão sendo desenvolvidas pesquisas analisando uma possível relação entre os
estados emocionais como ansiedade e/ou constrangimento, referidos pelas pessoas
que gaguejam, e sua vulnerabilidade ao bullying (Mooney e Smith, 1995; Hugh-Jones e
Smith, 1999; Furnham e Davis, 2004; Blood e Blood, 2004; Blood e Blood, 2007;
Langevin e Hagler, 2009; Blood e cols., 2010). Alguns achados indicam que há o risco
das pessoas que gaguejam, além da ansiedade e constrangimento, desenvolverem
outros estados como fobia, pânico, depressão e distúrbios psicossomáticos (Blumgart e
cols. (2010). Analisando os indivíduos da amostra do presente trabalho, 78%, 77% e
61% referiram que nunca/raramente vivenciaram sentimentos de isolamento, culpa e
depressão, respectivamente (Tabela 13 – questões A.4, A.9, A.6). No entanto, os
percentuais de ansiedade e constrangimento alcançaram altos índices, o que nos leva
a crer que o bullying é um fator que potencializa o impacto negativo da gagueira,
novamente cristalizando esses dois sentimentos e gerando atitudes de forte impacto
negativo para a pessoa que gagueja.

Do total da amostra, 61% referiram que às vezes/sempre evitam manter o contato


de olho ou evitam olhar para o interlocutor (Tabela 14 – questão B.4). Este alto índice
remete à hipótese proposta em estudos recentes de que a gagueira poderia contribuir
na formação de um estereótipo negativo em relação ao indivíduo que gagueja. As

74
Bragatto, E.L. 75

disfluências ou movimentos associados poderiam evocar reações de aversão nos


interlocutores fluentes e ao mesmo tempo induzir à emoções negativas nas pessoas
que gaguejam, através do sistema de neurônios-espelho (Guntupalli e cols., 2007;
Bowers e cols., 2009). Assim, a pessoa que gagueja evitaria o contato de olho durante
a comunicação na tentativa de escapar da geração de reflexos emocionais
indesejados.

Outros aspectos relevantes encontrados referentes à variável “Reações à


gagueira” foram observados: 67% evitam falar em certas situações ou com certas
pessoas; 83% deixam que outras pessoas falem por eles; 70% já experenciaram um
período de aumento da gagueira logo após terem gaguejado uma palavra; 70% saem
de uma situação porque acham que poderão gaguejar; 67% evitam falar, recusam-se a
responder perguntas ou pedem algo que não precisam (Tabela 14 – questões B.5,
B.10, B.9, B.6, B.7). Estudos indicam que a repetição das experiências negativas
associadas à gagueira leva o indivíduo que gagueja à novas atitudes, inclusive aquelas
que prejudicam os relacionamentos sociais (Blood e cols., 2001; Bloodstein, 1995;
Conture, 1993;Guitar, 2006; Bloodstein & Ratner, 2008; Iverach e cols., 2010). Além
disso, dando prosseguimento a linha de pesquisa descrita no parágrafo anterior, Zhang
e cols. (2009), observaram que a escuta da fala disfluente poderia evocar reações de
desconforto até mesmo nos próprios ouvintes gagos. Ou seja, a pessoa que gagueja
sabendo da sua própria reação frente à escuta de um interlocutor gago, evitaria
situações de comunicação onde corresse o risco se expor a uma aversão por parte do
ouvinte. Os altos percentuais encontrados em nossa amostra concordam com as
pesquisas acima, revelando que a gagueira contribui de forma relevante para um
prejuízo nas interações sociais, e indicando também que dentro do processo
terapêutico tal aspecto deve ser trabalhado de forma contínua.

Quanto aos comportamentos secundários, resultantes de tentativas para escapar


ou evitar as rupturas provocadas pela gagueira, em nossa amostra, verificamos que
89% dos gagos referiram algum grau de tensão física quando gaguejam e 61% deles
mesmo quando estão falando fluentemente (Tabela 14 – questões B.1 e B.2); os
movimentos associados durante a gagueira foram citados por 83% e o uso de pausas
cheias por 77% deles (Tabela 14 – questões B.3 e B.8). Tais comportamentos já são
referidos em inúmeros estudos (Van Riper,1982; Yairi, 1997; Bloodstein, 1995;
Conture, 1996; Guitar, 2006; Bloodstein & Ratner, 2008), porém a mensuração dos

75
Bragatto, E.L. 76

mesmos quanto à intensidade nas diferentes situações, na forma proposta pelo


OASES-A, mostra-se inovadora para determinar o impacto na qualidade de vida da
pessoa que gagueja.

Na correlação de Spearman entre os escores encontrados nos protocolo


OASES-A para a variável Comunicação nas situações diárias (Tabela 21), os
resultados apontaram uma correlação fraca (coeficiente de correlação < 0,40) apenas
na questão D.3 - “O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações
em casa? Conversando com os seus filhos”. Na mesma tabela, os resultados
apontaram uma correlação forte (coeficiente de correlação >070), nas questões: B.4 -
“O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no trabalho? –
‘Falando com compradores ou clientes’ “; A.3 - “O quanto é difícil para você se
comunicar durante estas situações gerais? – ‘Conversar frente a um pequeno grupo de
pessoas’ ”; B.3 - “O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações no
trabalho? – ‘Falando com colaboradores ou outras pessoas que trabalham com você
(por exemplo, participando de um congresso)’ “; A.10 - “O quanto é difícil para você se
comunicar durante estas situações gerais? – ‘Argumentação (por exemplo, defendendo
sua opinião, retomando a fala de alguém a sua frente que lhe cortou)’ “; C.5 - “O quanto
é difícil para você se comunicar durante estas situações sociais? - ‘Fazendo o pedido
em um drive-thru’ “; C.4 - “O quanto é difícil para você se comunicar durante estas
situações sociais? – ‘Fazendo o pedido em um restaurante’ “; B.2 - “O quanto é difícil
para você se comunicar durante estas situações no trabalho? – ‘Realizando uma
apresentação oral ou falando em frente a outras pessoas no trabalho’ “; A.9 - “O quanto
é difícil para você se comunicar durante estas situações gerais? – ‘Continuar a falar
independentemente de como o ouvinte responde a você’ “; B.1 - “O quanto é difícil para
você se comunicar durante estas situações no trabalho? – ‘Usando o telefone no
trabalho’ “; A.2 - “O quanto é difícil para você se comunicar durante estas situações
gerais? – ‘Conversar quando está sob pressão pelo pouco tempo’ “; A.6 - “O quanto é
difícil para você se comunicar durante estas situações gerais? – ‘Conversar com
pessoas que você não conhece bem (por exemplo, estranhos)’ “.

Na presente amostra, apenas 5 indivíduos possuem filhos, o que não permite


uma melhor análise estatística do item D.3 acima descrito. De qualquer forma, dentre
esses 5 indivíduos, 3 responderam que não têm nenhuma dificuldade e os outros 2
referiram que não é muito difícil conversar com seus filhos. Na cultura de nosso país,

76
Bragatto, E.L. 77

durante a infância a figura dos pais imprime um caráter de autoridade e hierarquia que,
com o passar dos anos, vai cedendo espaço a uma maior liberdade de expressão e
equidade. Essa dinâmica familiar pode auxiliar na promoção de um maior diálogo e,
consequentemente, na redução do nível de estresse e na melhora da competência
comunicativa da pessoa que gagueja.

Seguindo a proposição acima, novamente, as questões que tratam de situações


em ambiente familiar foram as que indicaram menor dificuldade. Dos indivíduos da
amostra, referiram ter nenhuma dificuldade/não muito difícil, 76% quando conversando
com o esposo(a)/outra pessoa importante, 77% quando conversando com outros
membros da sua família e 72% quando tomando parte nas discussões em família
(Tabela 20 – Questões D.2, D.4, D.5).

Nas conversações durante as situações gerais, observa-se que a dificuldade


cresce quanto maior é o número de pessoas envolvidas. Dos indivíduos da amostra,
17% referiram muita/extrema dificuldade em conversar com outras pessoas “cara a
cara”, 39% frente a um pequeno grupo de pessoas e 50% frente a um grande grupo de
pessoas (Tabela 17 – Questões A.1, A.3 e A.4). Quando as perguntas envolviam o
grau de relacionamento com o(s) interlocutor(es), 66% referiram algum grau de
dificuldade em conversar com pessoas que não conheciam bem, mas nenhuma
dificuldade em conversar com pessoas que conheciam bem (Tabela 17 – Questões A.5
e A.6).

O resultado encontrado nas questões envolvendo a comunicação no ambiente


de trabalho novamente aponta para uma maior dificuldade quando há a exposição a
um maior número de pessoas. Assim como 50% dos indivíduos apontaram
muita/extrema dificuldade em conversar frente a um grande grupo de pessoas (Tabela
17 – Questão A.4), o mesmo percentual foi referido na questão sobre a realização de
uma apresentação oral ou falando em frente a outras pessoas no trabalho (Tabela 18 –
Questão A.4). O índice ainda se eleva para 58% (Tabela 18 – Questão A.4) quando
questionado sobre a fala com colaboradores ou com outras pessoas do ambiente de
trabalho (por exemplo, participando de um congresso). Interessante notar que o grau
de dificuldade muito/extremo foi referido por 27% dos indivíduos na questão sobre a
fala com o supervisor ou chefe, indicando que o número de pessoas dentro de uma
situação de comunicação pode ser o aspecto mais perturbador para a pessoa que

77
Bragatto, E.L. 78

gagueja. Falar em público, onde há um maior número de pessoas é uma das maiores
queixas referidas pela pessoa que gagueja (Blood e cols., 2001; Bloodstein, 1995;
Conture, 1993; Guitar, 2006; Bloodstein & Ratner, 2008).

Nas questões envolvendo situações sociais, corroborando com a proposição


acima, 67%(Tabela 19 – Questão C.1) dos indivíduos referiram muita/extrema
dificuldade na comunicação, durante sua participação em eventos sociais (por
exemplo, fazendo um pequeno discurso em festas). Contar histórias ou piadas
apresentou um grau médio/alto de dificuldade para 77% (Tabela 19 – Questão C.2) da
amostra. A narração de piadas implica numa prosódia da fala capaz de transmitir
elementos refinados contidos na mensagem, como a ironia e dedução e inferência. A
fala disfluente poderia prejudicar a compreensão do interlocutor, provocando uma
quebra no discurso e reduzindo o efeito do conto da piada, que é o de ser engraçado.
Além disso, existem piadas onde o personagem é uma pessoa que gagueja, ou seja, o
tema da gagueira é usado de forma pejorativa. Portanto, a pessoa que gagueja poderia
se sentir em uma situação desconfortável ao contar uma piada pelo risco de ser vítima
de preconceito por parte dos interlocutores. Em outras situações, tais como,
comunicação em locais de alimentação, referiram um grau de médio/alto de dificuldade
fazendo o pedido em um restaurante e em um drive-thru, 55% e 41% dos indivíduos,
respectivamente (Tabela 19 – Questões C.4 e C.5).

Quanto à estrutura do discurso, 78% referiram graus de pouca/muita/extrema


dificuldade em iniciar conversações com outras pessoas (por exemplo, apresentando-
se), 70% em continuar a falar independentemente da resposta do ouvinte e 61% em
argumentar (por exemplo, defendendo sua opinião, retomando a fala de alguém a sua
frente que lhe cortou) nas interlocuções (Tabela 17 – Questões A.8, A.9 e A.10). Nota-
se uma dificuldade em todos os estágios da estrutura do discurso, sendo um parâmetro
de bastante relevância a ser trabalhado em terapia.

Conversar ao telefone é uma das maiores queixas referidas pela pessoa que
gagueja (Blood e cols., 2001; Bloodstein, 1995; Conture, 1993;Guitar, 2006; Bloodstein
& Ratner, 2008). Porém, o OASES-A permite uma avaliação mais detalhada sobre o
assunto, já que questiona o uso do telefone em situações distintas. Os indivíduos da
presente amostra indicaram que falar ao telefone no trabalho apresenta algum grau de
dificuldade para 82% deles (Tabela 18 – Questão B.1), seguido de 66% quando a

78
Bragatto, E.L. 79

conversa ao telefone ocorre no dia a dia (Tabela 17 – Questão A.7). Porém, o índice
cai drasticamente para 28% quando se trata de falar ao telefone estando no ambiente
familiar (Tabela 20 – Questão D.1). Normalmente, no ambiente de trabalho interagimos
com pessoas de hierarquia superior e com clientes ou fornecedores, situação que é
referida pelas pessoas que gaguejam como sendo desconfortável. Isto talvez tenha
contribuído para que falar ao telefone no trabalho tenha alcançado o percentual de
dificuldade mais elevado.

Na correlação de Spearman entre os escores encontrados nos protocolo OASES-


A para a variável Qualidade de vida (Tabela 27), os resultados não apontaram uma
correlação fraca (coeficiente de correlação < 0,40) em nenhuma das questões. Na
mesma tabela, os resultados apontaram uma correlação forte (coeficiente de
correlação >070), nas questões: D.2 – “De forma geral, o quanto a gagueira interfere
com a sua...? – ‘Satisfação com o seu trabalho’ ”; E.1 - “De forma geral, o quanto a
gagueira interfere no(a)...? – ‘Seu senso de valor próprio ou auto-estima’ ”; A.1 - “De
forma geral, o quanto a sua qualidade de vida é afetada negativamente por / pela(s)...?
- ‘Sua gagueira’ ”; E.5 - “De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – ‘Sua
saúde geral e bem estar físico’ ”; D.1 - “De forma geral, o quanto a gagueira interfere
com a sua...? – ‘Habilidade de executar seu trabalho’ ”; A.3 - “De forma geral, o quanto
a sua qualidade de vida é afetada negativamente por / pela(s)...? - ‘Reação das outras
pessoas frente a sua gagueira’ ”; E.4 - “De forma geral, o quanto a gagueira interfere
no(a)...? – ‘Seu entusiasmo pela vida’ ”; E.6 - “De forma geral, o quanto a gagueira
interfere no(a)...? – ‘Seu vigor geral ou nível de energia’ ”; E.2 - “De forma geral, o
quanto a gagueira interfere no(a)...? – ‘Sua percepção global da vida’ ”; D.4 - “De forma
geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? – ‘Oportunidades educacionais’ ”; D.3
- “De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? – ‘Capacidade de
progredir na sua carreira’ ”; C.5 - “De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no
seu...? - ‘Habilidade de viver em sociedade’ ”; B.1 - “De forma geral, o quanto a sua
gagueira interfere na sua satisfação em se comunicar...? - ‘No geral’ “; E.8 - “De forma
geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – ‘Seu bem estar espiritual’ ”; E.7 - “De
forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? – ‘Seu senso de direção e controle
da sua vida’ ”; A.2 - “De forma geral, o quanto a sua qualidade de vida é afetada
negativamente por / pela(s)...? - ‘Suas reações frente à gagueira’ ”; C.2 - “De forma
geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? - ‘Relacionamento com os amigos’ ”.

79
Bragatto, E.L. 80

Avaliando as questões A.1, A.2 e A.3 da variável Qualidade de vida (Tabela 22),
cujos enunciados foram descritos acima, observamos que a maioria dos indivíduos da
amostra referiu algum grau de prejuízo. Porém, quando questionados sobre a própria
reação e a de outras pessoas frente à gagueira os índices se elevaram para 66% e
67%, respectivamente, indicando que as próprias reações e as reações do interlocutor
frente ao discurso disfluente são fatores que afetam muito a qualidade de vida. Estes
resultados também ratificam aqueles encontrados nas questões da variável “Reações à
gagueira”, revelando um dos handicapes provocados pela gagueira, que afetam
diretamente a qualidade de vida das pessoas que gaguejam. Além disso, reforça a
importância do trabalho de conscientização da sociedade sobre a gagueira, como já
vem sendo feito em campanhas de sensibilização e orientação por diversos
organismos da área da Fonoaudiologia.

Na validação final do processo do OASES-A, na versão original, cuja amostra


constou de 173 participantes, em média 28% dos indivíduos referiram que sua
qualidade de vida era afetada muito ou completamente pela gagueira, pela própria
reação à gagueira e pela reação dos outros (Yaruss, 2010). Tal média concorda com a
achada no presente trabalho, onde 33% referiram que sua qualidade de vida é afetada
muito/completamente pela sua gagueira, 27% pela sua própria reação à gagueira e
28% pelas reações dos outros.

Relacionando as questões qualidade de vida e vida profissional, 41% dos


indivíduos referiram que a gagueira interfere muito/completamente na satisfação em se
comunicar no trabalho (Tabela 23 – Questão B.2), 18% na habilidade em executar o
trabalho, 19% na satisfação com o trabalho, 44% na capacidade em progredir na
carreira, 31% na capacidade de ganhar tanto quanto acha que poderia (Tabela 25 –
Questões D.1, D.3, D.4, D.5). Na validação do OASES-A, na versão original citada
anteriormente, 35% dos indivíduos referiram um impacto negativo da gagueira no seu
trabalho, enquanto 21% reportaram que a gagueira interfere muito ou completamente
na habilidade em executar seu trabalho (Yaruss, 2010).

Quanto às oportunidades educacionais, neste estudo, 29% dos indivíduos


referiram que a gagueira interfere muito/completamente (Tabela 25 – Questão D.4).
Levando-se em conta que as oportunidades educacionais podem interferir diretamente

80
Bragatto, E.L. 81

no desempenho e sucesso profissional, esse dado ratifica o impacto negativo descrito


no parágrafo anterior.

No tocante aos relacionamentos sociais, 28% dos indivíduos referiram que a


gagueira interfere muito/completamente no relacionamento com outras pessoas
(Tabela 24 – Questão C.3), 44% no relacionamento com os amigos (Tabela 24 –
Questão C.2) e 22% nos relacionamentos íntimos (Tabela 24 – Questão C.4). Já nas
situações sociais, 34% dos indivíduos indicaram que a gagueira interfere
muito/completamente na sua satisfação em se comunicar (Tabela 23 – Questão B.3) e
28% na habilidade de viver em sociedade (Tabela 24 – Questão C.5).Estes altos
índices indicam outro handicape provocado pela gagueira na qualidade de vida da
pessoa que gagueja. Na validação do OASES-A, versão original, citada anteriormente,
14% dos indivíduos indicaram que a gagueira afeta muito ou completamente seus
relacionamentos íntimos, um índice menor do encontrado na presente amostra.

No ambiente familiar, os resultados apontaram para uma menor dificuldade,


sendo que 44% dos indivíduos referiram que a gagueira não interfere em nada no
relacionamento com a sua família (Tabela 24 – Questão C.1) e 33% referiram que a
gagueira não interfere em nada na sua satisfação em se comunicar no ambiente do lar
(Tabela 23 – Questão B.4), este último índice similar ao encontrado no processo de
validação do OASES-A, versão original, citado acima, onde esse percentual foi de 38%
(Yaruss, 2010). De qualquer forma isso não isenta o trabalho junto à família da pessoa
que gagueja e sim pode ser visto como uma vantagem, sendo a família uma ferramenta
importante a ser utilizada no processo terapêutico, já que há um forte vínculo entre os
familiares e geralmente a dedicação, convivência e tolerância são maiores.

A gagueira foi citada pelos indivíduos da amostra como um fator que interfere
muito/completamente em quesitos intimamentes ligados à qualidade de vida. A auto-
estima foi citada por 28% dos indivíduos, a auto-confiança por 22%, o entusiasmo pela
vida por 17%, a saúde geral e bem estar físico por 17% e o vigor geral por 22% (Tabela
26 – Questões E.1, E.3, E.4, E.5, E.6). O resultado da presente pesquisa concorda
com a proposta de que a gagueira pode afetar mais do que apenas a habilidade da
pessoa em produzir uma fluência apropriada, sendo a qualidade de vida um importante
fator a ser considerado por sua característica multidimensional (Yaruss e Quesal, 2004;

81
Bragatto, E.L. 82

Yaruss e Quesal, 2006; Andrade e cols., 2008; Yaruss, 2007; Craig e cols. 2009;
Bricker e cols., 2009a; Bricker e cols., 2009b; Cummins, 2010, Yaruss, 2010).

Foram encontradas correlações significantes entre as variáveis Informações


gerais, Reações à gagueira, Comunicações nas situações diárias e Qualidade de vida
(Tabela 28). De acordo com os achados no presente trabalho, o OASES-A parece estar
corroborando com os pressupostos teóricos da CIF, que prevê que o impacto das
desordens deve ser descrito em termos de funcionalidade (abrangendo todas as
funções do corpo, atividades e participação) e incapacidade (abrangendo
incapacidades, limitação de atividades ou restrição na participação).

A Tabela 29 e as Figuras 1, 2 e 3, compõem a análise fatorial do presente


trabalho. A análise multidimensional é uma área da estatística que tem, dentre seus
objetivos, a redução de dimensionalidade, permitindo a representação e a interpretação
dos dados relativos aos indivíduos analisados por diversos itens simultaneamente e a
sua discriminação de maneira integral. Há ainda a relevância de agrupar os itens, em
grupos, representando cada um deles uma dimensão, em oposição aos métodos de
estatística descritiva, que não tratam mais do que uma ou duas variáveis por vez. A
análise fatorial permite, portanto, as confrontações entre diversas variáveis e as
representações simplificadas de grandes tabelas de dados, apresentando-se como um
instrumento de síntese notável na extração das tendências mais sobressalentes,
hierarquizando-as e eliminando os efeitos marginais ou pontuais que perturbam a
percepção global (ESCOFIER e PAGÈS, 1992).

Na representação das variáveis sobre o primeiro plano fatorial, representada por


vetores (Figura 1), as variáveis ‘Comunicação nas situações diárias’ e ‘Informações
gerais’ apresentaram correlações positivas entre si, podendo ser consideradas um
grupo de variáveis. As variáveis Reações à gagueira e Qualidade de vida também
apresentaram correlações positivas entre si, porém de uma magnitude bem menor.

Na distribuição dos sujeitos da amostra para determinação dos clusters, com


base nas médias dos escores das variáveis Informações Gerais, Reações à gagueira,
Comunicação na vida diária e Qualidade de vida, foram detectados três clusters
distintos, com 7, 1 e 10 indivíduos, respectivamente (Figura 2). Na análise de cluster,
foram detectados como claramente distintos dois clusters mais homogêneos e um
pequeno cluster mais heterogêneo com grande variabilidade interna, característica de

82
Bragatto, E.L. 83

clusters não muito bem separados, embora detectados como um único cluster. As
médias e medianas dos três clusters indicam que o cluster 1 (n = 7) pode ser
identificado como o das médias e medianas com maiores valores, que o cluster 2 (n =
1) é o mais claramente distinto dos outros, e que o cluster 3 (n = 10) é o das médias e
medianas com menores valores (Tabela 29 e Figura 3):

Cluster 1 – refere-se ao agrupamento de indivíduos pontuados com médias


superiores no OASES-A, com escores de moderado e moderado a severo.
Observamos neste cluster indivíduos que apresentaram variabilidades semelhantes
nas médias e desvios padrão, referentes as variáveis Informações gerais,
Comunicação nas situações diárias e Qualidade de vida, com exceção da variável
Reações à gagueira, que apresentou a menor média em relação as demais.

Cluster 2 – refere-se ao agrupamento de um indivíduo, pontuado com escore


moderado no OASES-A. Observamos neste cluster um indivíduo que apresentou média
superior nas variáveis Reações à gagueira e Qualidade de vida, média semelhante aos
indivíduos do Cluster 1 na variável Comunicação nas situações diárias e média
semelhante aos indivíduos do cluster 3 na variável Informações gerais.

Cluster 3 – refere-se ao agrupamento de indivíduos pontuados com médias


inferiores no OASES-A, com escores de leve à moderado e moderado. Observamos
neste cluster indivíduos que apresentaram variabilidades semelhantes nas médias e
desvios padrão, referentes as variáveis Informações gerais, Comunicação nas
situações diárias e Qualidade de vida, com exceção da variável Reações à gagueira,
que apresentou a menor média em relação as demais.

Comparando-se os clusters 1 e 3, notamos uma diferença além daquela


encontrada nos valores das médias dos escores (Figura 3). No cluster 1 há uma
correlação entre as 4 variáveis, enquanto que no cluster 3 a variável Qualidade de vida
se destaca das demais, apresentando diferença significante em relação às três outras
variáveis do mesmo cluster. Ao analisarmos as médias inferiores atribuídas à variável
Qualidade de vida pelos indivíduos do cluster 3, podemos supor que os indivíduos com
escore leve à moderado e moderado no protocolo OSASES-A tendem a referir um
menor prejuízo em sua qualidade de vida. Podemos supor também que o prejuízo
referente à variável Qualidade de vida não é linear em relação às outras 3 variáveis, ou
seja, à medida que o grau de severidade do OASES-A aumenta, as variáveis

83
Bragatto, E.L. 84

Informações gerais, Comunicação nas situações diárias e Reações à gagueira crescem


linearmente, enquanto que a variável Qualidade de vida, proporcionalmente, tem uma
maior elevação, sendo a mais prejudicada dentre as 4 variáveis.

Há pesquisas que investigam a influência da habilidade de fala sobre a


qualidade de vida de indivíduos fluentes e com gagueira persistente do
desenvolvimento (Yaruss e Quesal, 2004; Yaruss e Quesal, 2006; Andrade e cols.,
2008; Yaruss, 2007; Craig e cols. 2009; Bricker e cols., 2009a; Bricker e cols., 2009b ;
Cummins, 2010, Yaruss, 2010). Em alguns dos estudos, os resultados apontaram que
o grau de severidade da patologia não interferiu na determinação dos perfis afetivo,
comportamental e cognitivo, e mesmo os indivíduos com gagueira de grau leve
apresentaram os mesmos perfis dos gagos de graus mais elevados. De todo modo, as
formas de superação e administração continuada da disfluência, adotadas pelo
indivíduo que gagueja, podem contribuir para o sucesso da terapia fonoaudiológica, e
variáveis como a qualidade de vida, referidas de forma subjetiva, são indispensáveis
para orientar e/ou redirecionar as estratégias, quando necessário, e também mensurar
a evolução do processo terapêutico.

Em suma, a apresentação da tradução do OASES-A para o Português brasileiro


demonstrou sua aplicabilidade nesse idioma. Isto corrobora com a tendência observada
na área da saúde onde, devido ao grande número de estudos multicêntricos,
acompanhamos a crescente necessidade da padronização e tradução de instrumentos
aplicáveis a populações cujo idioma não seja o inglês, auxiliando na produção de
pesquisas qualitativas e colaborando para o progresso e universalização do
conhecimento científico.

A Aplicação da versão traduzida do OASES-A para o Português brasileiro em


uma população de adultos que gaguejam evidencia a tendência de uma crescente
associação entre melhores desfechos de saúde e a presença dos atributos descritos
pela OMS. O OASES-A se encaixa na classe de instrumentos que estão surgindo e
sendo validados, seguindo-se os pressupostos previstos na CIF. Tais instrumentos
podem mensurar a presença e a extensão de atributos essenciais, permitindo
identificar aspectos de estrutura e processos que exigem reafirmação ou reformulação
na busca da qualidade no planejamento e execução dos processos de avaliação e

84
Bragatto, E.L. 85

terapêutico (Moreno e cols., 2006). O OASES-A também pode facilitar a captação de


dados que incluem os resultados dos tratamentos dentro da perspectiva dos próprios
gagos, provendo informações necessárias para uso na prática baseada em evidências
no campo dos transtornos da fluência da fala (Yaruss, 2007).

A medição de fatores como qualidade de vida tem uma relevância como meio de
monitorar e avaliar o impacto de intervenções de saúde numa população (Yaruss,
2010). A partir dessas reflexões, fica em aberto a possibilidade de análises e
inferências que enfoquem outros aspectos além dos que aqui foram desenvolvidos, a
caminho de mais experiências que possam representar maiores avanços. A
continuidade deste estudo é imprescindível, pela obtenção de sua validade e
fidedignidade e também normatização quanto as variáveis idade, sexo e escolaridade.
Espera-se que o OASES-A aqui traduzido e adaptado supra, de modo inicial, a
obtenção desses novos parâmetros propostos pela OMS e auxilie outros
pesquisadores engajados na linha preconizada pela CIF.

85
Bragatto, E.L. 86

6 CONCLUSÕES

86
Bragatto, E.L. 87

A tradução e adaptação do OASES-A e sua aplicação em um grupo de adultos


que gaguejam realizados nesse estudo permitiram a extração de dados que podem
contribuir no campo fonoaudiológico, tanto na prevenção, quanto na avaliação,
diagnóstico e processo terapêutico da gagueira. A seguir destacamos:

 não houve dificuldade nas etapas de tradução da versão original do OASES-A para
o português brasileiro. As comparações entre a tradução e a tradução reversa
resultaram em apenas uma alteração de equivalência conceitual e nenhuma de
equivalência cultural. As adaptações se concentraram nas equivalências semântica
e, principalmente, na idiomática;

 não houve diferença significante nas variáveis Informações Gerais, Reações à


gagueira, Comunicação na vida diária, Qualidade de vida e no Impacto total, por
sexo masculino e feminino nem por escolaridade;

 não houve correlação estatística entre os comportamentos dos indivíduos gagos


avaliados no SSI-3 e na auto-avaliação proposta pelo OASES-A, não sendo
possível estabelecer uma equivalência entre os graus de severidade atribuídos em
ambos os protocolos.

 houve uma tendência do indivíduo classificado no SSI-3 com graus de severidade da


gagueira em níveis severo e muito severo, apresentar uma auto-avaliação de grau
mais leve no OASES-A;

 houve uma tendência do indivíduo classificado no SSI-3 com grau de severidade da


gagueira em nível leve, apresentar uma auto-avaliação de grau mais moderado no
OASES-A;

 houve correlação positiva entre as variáveis Comunicação nas situações diárias e


Informações gerais, podendo considerá-las como um grupo de variáveis. As
variáveis Reações à gagueira e Qualidade de vida também apresentaram
correlações positivas entre si, porém de uma magnitude bem menor;

 houve uma tendência dos indivíduos classificados com escore do impacto da


gagueira em níveis leve à moderado e moderado, no protocolo OSASES-A, de
referir um menor prejuízo em sua qualidade de vida, podendo-se supor também que
o prejuízo referente à variável Qualidade de vida não é linear em relação às outras 3

87
Bragatto, E.L. 88

variáveis, ou seja, à medida que o grau de severidade do OASES-A aumenta, as


variáveis Informações gerais, Comunicação nas situações diárias e Reações à
gagueira crescem linearmente, enquanto que a variável Qualidade de vida,
proporcionalmente, tem uma maior elevação, sendo a mais prejudicada dentre as 4
variáveis.

88
Bragatto, E.L. 89

 dentre as 4 variáveis.

7 ANEXOS

89
Bragatto, E.L. 90

ANEXO I

90
Bragatto, E.L. 91

91
Bragatto, E.L. 92

92
Bragatto, E.L. 93

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP/EPM


Termo de Consentimento livre e Esclarecido

Título do projeto: Normatização para a língua portuguesa do instrumento “Overall


Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering - Adults
(OASES)”
Este estudo pretende investigar o impacto da gagueira sob o ponto de vista do
próprio indivíduo que gagueja. Para tanto, inicialmente é importante que o avaliador
obtenha uma amostra de fala do participante que possibilite a verificação da presença
da desordem. Para melhor coleta dos dados, a fala do participante será gravada pelo
avaliador, em situação de fala espontânea, por meio de uma filmadora. Posteriormente,
o participante responderá um teste contendo 100 questões de múltipla escolha,
distribuídas em 4 seções que examinam diferentes aspectos da sua experiência com a
gagueira. Para cada questão deverá ser selecionada uma resposta, entre 5 alternativas
diferentes e, caso uma pergunta não se aplique ao indivíduo, deverá ser deixada em
branco, passando-se para a pergunta seguinte.
A avaliação não promove desconforto e/ou risco para o participante e somente
será realizada se houver a colaboração do mesmo. Não há benefício direto para o
participante, mas o produto do estudo poderá ser revertido na elaboração de
estratégias que favoreçam o diagnóstico e terapia da gagueira.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. A principal investigadora é a
Fonoaudióloga Eliane Lopes Bragatto, pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação
em Distúrbios da Comunicação Humana, que pode ser encontrada na Rua Aquiles
Jovane, 109 – apto.124 – Jd Celeste, telefone 6335-4282 / 9421-5758. Se você tiver
alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572 – 1º andar – cj.14, 5571-
1062, FAX: 5539-7162 E-mail: cepunifesp@epm.br.
É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo. As informações obtidas serão
analisadas em conjunto com outros participantes, não sendo divulgada a identificação
de nenhum participante.
O participante tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais
das pesquisas, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam do

93
Bragatto, E.L. 94

conhecimento dos pesquisadores. Não há despesas pessoais para o participante em


qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação
financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela
será absorvida pelo orçamento da pesquisa. Os dados coletados serão utilizados
somente para esta pesquisa.
Estou ciente do compromisso do pesquisador de utilizar os dados coletados
somente para esta pesquisa, que poderão ser divulgados em meios científicos
(congressos, revistas, etc.) nacionais e internacionais. Acredito ter sido suficientemente
informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo
o estudo “Normatização para a língua portuguesa do instrumento Overall Assessment
of the Speaker’s Experience of Stuttering - Adults (OASES)”. Ficaram claros para mim
quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes. Ficou claro também que a participação é isenta de despesas .
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou
prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido ou no meu
atendimento neste Serviço.

-------------------------------------------------
Assinatura do
Data / /
participante/representante legal

-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data / /

(Somente para o responsável do projeto)


Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste participante ou representante legal para a participação neste estudo.

-------------------------------------------------------------------------
Assinatura do responsável pelo estudo Data / /

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e


Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
-------------------------------------------------------------------------

Assinatura do responsável pelo estudo Data / /

94
Bragatto, E.L. 95

ANEXO I I

95
Bragatto, E.L. 96

Equivalência entre o instrumento Overall Assessment of the Speaker’s Experience of


Stuttering - Adults (OASES-A) original em Inglês, a versão traduzida para o
Português (translation), a versão traduzida novamente para o Inglês (backtranslation
– tradução reversa) e a versão definitiva em Português.

Original Tradução para o Tradução reversa Tradução final para o


Português para o Inglês Português

Section I: General Seção I: Informações Section I: General Seção I: Informações


Informations Gerais Informations Gerais

A. General Informações gerais A. General Informações gerais


information about sobre sua fala information about sobre sua fala.
your speech your speech

1. How often are you Quantas vezes você é 1. How many times are Com que freqüência
able to speak fluently? capaz de falar you able to speak você é capaz de falar
fluentemente? fluently? fluentemente?

2. How often does your Quantas vezes sua fala 2. How many times do Com que freqüência a
speech sound “natural” soa natural para você your speech sound sua fala soa “natural”
to you (i.e., like the (por exemplo, como a “natural” to you (i.e., para você (por
speech of other fala de outra pessoa)? like the speech of other exemplo, como a fala
people)? people)? de outra pessoa)?

3. How consistently are Quão consistente você 3. How consistently are Com que consistência
you able to maintain é na manutenção de you able to maintain você é capaz de
fluency from day to sua fluência de um dia fluency from day to manter a fluência de
day? para o outro? day? um dia para o outro?

4. How often do you Quantas vezes você 4. How many times do Com que freqüência
use techniques , usa técnicas, you use techniques , você utiliza técnicas,
strategies, or tools you estratégias ou strategies, or tools you estratégias ou
learned in speech ferramentas que você learned in speech ferramentas que
therapy? aprendeu na terapia de therapy? aprendeu na terapia de
fala? fala?

5. How often do you Quantas vezes você 5. How many times do Com que freqüência
say exactly what you diz exatamente o que you say exactly what você diz exatamente o
want to say even if you quer dizer mesmo que you want to say even if que quer mesmo
think you might stutter? ache que poderá you think you might achando que poderá
gaguejar? stutter? gaguejar?

B. How Quanto você sabe B. How much do you Qual o seu nível de
knowledgeable are sobre…? know about...? conhecimento
you about...? sobre...?

1. Stuttering in general Gagueira em geral 1. Stuttering in general A gagueira em geral

2. Factors that affect Fatores que afetam a 2. Factors that affect Os fatores que afetam
stuttering gagueira stuttering a gagueira

3. What happens with O que acontece com a 3. What happens with O que acontece com a
your speech when you sua fala quando você your speech when you sua fala quando você

96
Bragatto, E.L. 97

stutter gagueja stutter gagueja

4. Treatment options Opções de tratamento 4. Treatment options As opções de


for people who stutter para pessoas que for people who stutter tratamento para as
gaguejam pessoas que gaguejam

5. Self-help or support Grupos de auto-ajuda 5. Self-help or support Os grupos de auto-


groups for people who ou apoio para pessoas groups for people who ajuda ou de apoio para
stutter que gaguejam stutter as pessoas que
gaguejam

C. Overall, how do De forma geral, como C. Overall, how do De forma geral, qual é
you feel about…? você se sente you feel about…? sua impressão
sobre…? sobre...?

1. Your speaking ability Sua habilidade para 1. Your speaking ability Sua habilidade para
falar falar

2. Your ability to Sua habilidade para se 2. Your ability to Sua habilidade para se
communicate (i.e. to comunicar (por communicate (i.e. to comunicar (por
get your message exemplo, transmitir a get your message exemplo, transmitir a
across regardless of sua mensagem across regardless of sua mensagem
your fluency) independentemente da your fluency) independentemente da
sua fluência) sua fluência)

3.The way you sound O modo como você 3.The way you sound O modo como você
when you speak soa quando você fala when you speak soa quando está
falando

4.Techniques for As técnicas para falar 4.Techniques for As técnicas usadas


speaking fluently (e.g., fluentemente (por speaking fluently (e.g., para falar fluentemente
techniques learned in exemplo, técnicas techniques learned in (por exemplo, técnicas
therapy) aprendidas na terapia) therapy) aprendidas na terapia)

5.Your ability to use Sua habilidade para 5.Your ability to use Sua habilidade para
techniques you learned usar as técnicas que techniques you learned usar as técnicas que
in speech therapy aprendeu na terapia de in speech therapy aprendeu na terapia de
fala fala

6. Being a person who Ser uma pessoa que 6. Being a person who Você ser uma pessoa
stutters gagueja stutters que gagueja

7. The speech therapy O programa de terapia 7. The speech therapy O programa de terapia
program you attended de fala que você program you attended de fala que freqüentou
most recently freqüentou mais most recently mais recentemente
recentemente

8. Being identified by Ser identificado por 8. Being identified by Ser identificado por
other people as a outras pessoas como other people as a outra pessoa como
stutterer/person who gago/pessoa que stutterer/person who gago / pessoa que
stutters gagueja stutters gagueja

9. Variations in your Variações na sua 9. Variations in your Variações da sua


speech fluency in fluência da fala em speech fluency in fluência de fala em
different situations diferentes situações different situations diferentes situações

10. Self-help or support Grupos de auto-ajuda 10. Self-help or support Grupos de auto-ajuda

97
Bragatto, E.L. 98

groups for people who ou de apoio para groups for people who ou de apoio para as
stutter pessoas que gaguejam stutter pessoas que gaguejam

Section II: Reactions Seção II: Reações à Section II: Reactions Seção II: Reações à
to Stuttering gagueira to Stuttering gagueira

A. When you think Quando você pensa A. When you think Quando você pensa
about your stuttering, sobre sua gagueira, about your stuttering, sobre a sua gagueira,
how often do you quantas vezes você how often do you com que freqüência
feel...? (Note:, please se sente...? (Obs.: por feel...? (Note:, please você se sente...?
complete both columns favor, complete ambas complete both columns (Obs.: por favor,
in this section) as colunas dessa in this section) complete as duas
seção) colunas neste item)

1. helpless Sem saída 1. helpless Sem saída

2. angry Zangado 2. angry Zangado

3. ashamed Envergonhado 3. ashamed Envergonhado

4. lonely Isolado 4. lonely Isolado

5. anxious Ansioso 5. anxious Ansioso

6. depressed Deprimido 6. depressed Deprimido

7. defensive Na defensiva 7. defensive Na defensiva

8. embarrassed Constrangido 8. embarrassed Constrangido

9. guilty Culpado 9. guilty Culpado

10. frustrated Frustrado 10. frustrated Frustrado

B. How often do Quantas vezes B. How many times Com que freqüência
you...? você…? do you...? você...?

1. Experience physical Sente tensão física 1. Experience physical Sente tensão física
tension when stuttering quando gagueja tension when stuttering quando gagueja

2. Experience physical Sente tensão física 2. Experience physical Sente tensão física
tension when speaking quando fala tension when speaking quando fala
fluently fluentemente fluently fluentemente

3. Exhibit eye blinks, Apresenta piscar de 3. Exhibit eye blinks, Apresenta piscar de
facial grimaces, arm olhos, caretas, facial grimaces, arm olhos, caretas,
movements, etc. when movimentos com as movements, etc. when movimentos com as
stuttering mãos etc. quando stuttering mãos etc. quando
gagueja gagueja

4. Break eye contact or Interrompe o contato 4. Break eye contact or Não mantém contato
avoid looking at your de olho ou evita olhar avoid looking at your de olho ou evita olhar
listener para o seu ouvinte listener para o seu ouvinte

5. Avoid speaking in Evita falar em certas 5. Avoid speaking in Evita falar em certas
certain situations or to situações ou com certain situations or to situações ou com

98
Bragatto, E.L. 99

certain people certas pessoas certain people certas pessoas

6. Leave a situation Sai de uma situação 6. Leave a situation Sai de uma situação
because you think you porque acha que because you think you porque acha que
might stutter poderá gaguejar might stutter poderá gaguejar

7. Not say what you Não diz o que quer 7. Not say what you Não diz o que quer
want to say (e.g., avoid dizer (por exemplo, want to say (e.g., avoid dizer (por exemplo,
or substitute words, evita ou substitui or substitute words, evita ou substitui
refuse to answer palavras, recusa-se a refuse to answer palavras, recusa-se a
questions, order responder perguntas, questions, order responder perguntas,
something you do not pede algo que não something you do not pede algo que não
want because it is precisa porque é mais want because it is precisa porque é mais
easier to say fácil de dizer) easier to say fácil de dizer)

8. Use filler words or Utiliza pausas cheias 8. Use filler words or Utiliza pausas cheias
starters (e.g., “um”, (por exemplo, “hum”, , starters (e.g., “um”, (por exemplo, “hum”, ,
clearing throat), or “ahh”, pigarrear) ou clearing throat), or “ahh”, pigarrear) ou
change something muda algo na sua fala change something muda algo na sua fala
about your speech (por exemplo, about your speech (por exemplo,
(e.g., use an accent) to tonicidade) para (e.g., use an accent) to tonicidade) para
be more fluent (Note: parecer mais fluente be more fluent (Note: parecer mais fluente
this does not refer to (obs.: isto não se refere this does not refer to (obs.: isto não se refere
techniques you may às técnicas que você techniques you may às técnicas que você
have learned in tenha aprendido na have learned in tenha aprendido na
therapy.) terapia) therapy.) terapia)

9. Experience a period Experenciou um 9. Experience a period Experenciou um


of increased stuttering período de aumento da of increased stuttering período de aumento da
just after you stutter on gagueira logo após ter just after you stutter on gagueira logo após ter
a word gaguejado uma palavra a word gaguejado uma palavra

10. Let somebody else Deixa que alguém fale 10. Let somebody else Deixa que alguém fale
speak for you por você speak for you por você

C. To what extent do O quanto você C. To what extent do O quanto você


you agree or disagree concorda ou discorda you agree or disagree concorda ou discorda
with the following com estas afirmações with the following com estas afirmações
statements. statements.

1. I think about my Eu penso sobre minha 1. I think about my Eu penso sobre minha
stuttering nearly all the gagueira quase o stuttering nearly all the gagueira quase o
time tempo todo time tempo todo

2. People´s opinions A opinião das pessoas 2. People´s opinions A opinião das pessoas
about me are based sobre mim é baseada about me are based sobre mim é baseada
primarily on how I principalmente em primarily on how I principalmente em
speak. como eu falo speak. como eu falo

3. If I did not stutter, I Se eu não gaguejasse, 3. If I did not stutter, I Se eu não gaguejasse,
would be better able to seria muito mais capaz would be better able to seria muito mais capaz
achieve my goals in life de alcançar meus achieve my goals in life de alcançar meus
objetivos na vida objetivos de vida

4. I do not want people Eu não quero que as 4. I do not want people Eu não quero que as
to know that I stutter pessoas saibam que to know that I stutter pessoas saibam que
eu sou gago eu sou gago

99
Bragatto, E.L. 100

5. When I am Quando estou 5. When I am Quando estou


stuttering, there is gaguejando não há stuttering, there is gaguejando não há
nothing I can do about nada que eu possa nothing I can do about nada que eu possa
it. fazer sobre isso it. fazer sobre isso

6. People should do As pessoas devem 6. People should do As pessoas devem


everything they can do fazer tudo que podem everything they can do fazer tudo que podem
to keep themselves para impedi-los de to keep themselves para não gaguejar
from stuttering. gaguejar from stuttering.

7. People who stutter As pessoas que 7. People who stutter As pessoas que
should not take jobs gaguejam não should not take jobs gaguejam não
that require a lot of deveriam ter trabalhos that require a lot of deveriam trabalhar em
speaking. que necessitem de speaking. áreas que necessitem
muita fala de muita fala

8. I do not speak as Eu não falo tão bem 8. I do not speak as Eu não falo tão bem
well as most other quanto a maioria das well as most other quanto a maioria das
people. pessoas people. pessoas

9. I cannot accept the Eu não posso aceitar o 9. I cannot accept the Eu não posso aceitar o
fact that I stutter. fato de que sou gago fact that I stutter. fato de que sou gago

10. I do not have Eu não tenho confiança 10. I do not have Eu não tenho confiança
confidence in my em minha habilidade confidence in my nas minhas habilidades
abilities as a speaker. como falante abilities as a speaker. de fala

Section III: Seção III: Section III: Seção III:


Communication in Comunicação nas Communication in Comunicação nas
Daily Situations situações diárias Daily Situations situações diárias

A. How difficult is it O quanto é difícil para A. How difficult is it O quanto é difícil para
for you to você se comunicar for you to você se comunicar
communicate in the durante estas communicate in the durante estas
following general situações gerais? following general situações gerais?
situations? situations?

1. Talking with another Conversar com outras 1. Talking with another Conversar com outras
person “one-on-one” pessoas “cara a cara” person “one-on-one” pessoas “cara a cara”

2. Talking while under Conversar quando está 2. Talking while under Conversar quando está
time pressure sob pressão pelo time pressure sob pressão pelo
tempo pouco tempo

3. Talking in front of a Conversar frente a um 3. Talking in front of a Conversar frente a um


small group of people pequeno grupo de small group of people pequeno grupo de
pessoas pessoas

4. Talking in front of a Conversar frente a um 4. Talking in front of a Conversar frente a um


large group of people grande grupo de large group of people grande grupo de
pessoas pessoas

5. Talking with people Conversar com 5. Talking with people Conversar com
you do know well (e.g., pessoas que você you do know well (e.g., pessoas que você
friends) conhece bem (por friends) conhece bem (por
exemplo, os amigos) exemplo, os amigos)

100
Bragatto, E.L. 101

6. Talking with people Conversar com 6. Talking with people Conversar com
you do not know well pessoas que você não you do not know well pessoas que você não
(e.g., strangers) conhece bem (por (e.g., strangers) conhece bem (por
exemplo, estranhos) exemplo, estranhos)

7. Talking on the Falar ao telefone no 7. Talking on the Falar ao telefone no


telephone in general geral telephone in general geral

8. Initiating Iniciar conversações 8. Initiating Iniciar conversações


conversations with com outras pessoas conversations with com outras pessoas
other people (e.g., (por exemplo, other people (e.g., (por exemplo,
introducing yourself) apresentando-se) introducing yourself) apresentando-se)

9. Continuing to speak Continuar a falar 9. Continuing to speak Continuar a falar


regardless of how your independentemente de regardless of how your independentemente de
listener responds to como o ouvinte listener responds to como o ouvinte
you responde a você you responde a você

10 Standing up for Defendendo-se 10 Standing up for Argumentação (por


yourself verbally (e.g., verbalmente (por yourself verbally (e.g., exemplo, defendendo
defending your opinion, exemplo, defendendo defending your opinion, sua opinião, retomando
challenging someone sua opinião, retomando challenging someone a fala de alguém a sua
who cuts in line in front a fala de alguém a sua who cuts in line in front frente que lhe cortou)
of you) frente que lhe cortou) of you)

B. How difficult is it O quanto é difícil para B. How difficult is it O quanto é difícil para
for you to você se comunicar for you to você se comunicar
communicate in the durante estas communicate in the durante estas
following situations situações no following situations situações no
at work? trabalho? at work? trabalho?

1. Using the telephone Usando o telefone no 1. Using the telephone Usando o telefone no
at work trabalho at work trabalho

2. Giving oral Realizando uma 2. Giving oral Realizando uma


presentations or apresentação oral ou presentations or apresentação oral ou
speaking in front of falando em frente a speaking in front of falando em frente a
other people at work outras pessoas no other people at work outras pessoas no
trabalho trabalho

3. Talking with co- Falando com 3. Talking with co- Falando com
workers or other people colaboradores ou workers or other people colaboradores ou
you work with (e.g., outras pessoas que you work with (e.g., outras pessoas que
participating in trabalham com você participating in trabalham com você
meetings) (por exemplo, meetings) (por exemplo,
participando de um participando de um
congresso) congresso)

4. Talking with Falando com 4. Talking with Falando com


customers or clients compradores ou customers or clients compradores ou
clientes clientes

5. Talking with your Falando com o seu 5. Talking with your Falando com o seu
supervisor or boss supervisor ou chefe supervisor or boss supervisor ou chefe

C. How difficult is it O quanto é difícil para C. How difficult is it O quanto é difícil para
for you to você se comunicar for you to você se comunicar

101
Bragatto, E.L. 102

communicate in the durante estas communicate in the durante estas


following social situações sociais? following social situações sociais?
situations? situations?

1. Participating in social Participação em 1. Participating in social Participação em


events (e.g., making eventos sociais (por events (e.g., making eventos sociais (por
“small talk” at parties) exemplo, fazendo um “small talk” at parties) exemplo, fazendo um
pequeno discurso em pequeno discurso em
festas) festas)

2. Telling stories or Contando histórias ou 2. Telling stories or Contando histórias ou


jokes piadas jokes piadas

3. Asking for Solicitando 3. Asking for Solicitando


information (e.g., informações (por information (e.g., informações (por
asking for directions or exemplo, perguntando asking for directions or exemplo, perguntando
other people’s a direção ou a opinião other people’s a direção ou a opinião
opinions) de outras pessoas) opinions) de outras pessoas)

4. Ordering food in a Fazendo o pedido em 4. Ordering food in a Fazendo o pedido em


restaurant um restaurante restaurant um restaurante

5. Ordering food at a Fazendo o pedido em 5. Ordering food at a Fazendo o pedido em


drive-thru um drive-thru drive-thru um drive-thru

D. How difficult is it O quanto é difícil para D. How difficult is it O quanto é difícil para
for you to você se comunicar for you to você se comunicar
communicate in the durante estas communicate in the durante estas
following situations situações em casa? following situations situações em casa?
at home? at home?

1. Using the telephone Usando o telefone em 1. Using the telephone Usando o telefone em
at home casa at home casa

2. Talking to your Conversando com o 2. Talking to your Conversando com o


spouse / significant esposo(a) / outra spouse / significant esposo(a) / outra
other pessoa importante other pessoa importante

3. Talking to your Conversando com os 3. Talking to your Conversando com os


children seus filhos children seus filhos

4. Talking to members Conversando com 4. Talking to members Conversando com


of your extended family outros membros da sua of your extended family outros membros da sua
família família

5. Taking part in family Tomando parte nas 5. Taking part in family Tomando parte nas
discussions discussões em família discussions discussões em família

Section IV: Quality of Seção IV: Qualidade Section IV: Quality of Seção IV: Qualidade
Life de vida Life de vida

A. How much is your De forma geral, o A. How much is your De forma geral, o
overall quality of life quanto a sua overall quality of life quanto a sua
negatively affected qualidade de vida é negatively affected qualidade de vida é
by…? afetada by…? afetada
negativamente por / negativamente por /

102
Bragatto, E.L. 103

pela(s)...? pela(s)...?

1. Your stuttering Sua gagueira 1. Your stuttering Sua gagueira

2. Your reactions to Suas reações frente à 2. Your reactions to Suas reações frente à
your stuttering gagueira your stuttering gagueira

3. Other people’s Reação das outras 3. Other people’s Reação das outras
reactions to your pessoas frente a sua reactions to your pessoas frente a sua
stuttering gagueira stuttering gagueira

B. Overall, how much De forma geral, o B. Overall, how much De forma geral, o
does stuttering quanto a sua does stuttering quanto a sua
interfere with your gagueira interfere na interfere with your gagueira interfere na
satisfaction with sua satisfação em se satisfaction with sua satisfação em se
communication…? comunicar...? communication…? comunicar...?

1. In general No geral 1. In general No geral

2. At work No trabalho 2. At work No trabalho

3. In social situations Nas situações sociais 3. In social situations Nas situações sociais

4. At home Em casa 4. At home Em casa

C. Overall, how much De forma geral, o C. Overall, how much De forma geral, o
does stuttering quanto a sua does stuttering quanto a sua
interfere with your...? gagueira interfere no interfere with your...? gagueira interfere no
seu...? seu...?

1. Relationships with Relacionamento com 1. Relationships with Relacionamento com


family a família family a família

2. Relationships with Relacionamento com 2. Relationships with Relacionamento com


friends os amigos friends os amigos

3. Relationships with Relacionamento com 3. Relationships with Relacionamento com


other people outras pessoas other people outras pessoas

4. Intimate Relacionamentos 4. Intimate Relacionamentos


relationships íntimos relationships íntimos

5. Ability to function in Habilidade de viver 5. Ability to function in Habilidade de viver


society em sociedade society em sociedade

D. Overall, how much De forma geral, o D. Overall, how much De forma geral, o
does stuttering interfere quanto a gagueira does stuttering interfere quanto a gagueira
with your…? interfere com a with your…? interfere com a
sua...? sua...?

1. Ability to do your job Habilidade de 1. Ability to do your job Habilidade de


executar seu trabalho executar seu trabalho

2. Satisfaction with Satisfação com o seu 2. Satisfaction with Satisfação com o seu

103
Bragatto, E.L. 104

your job trabalho your job trabalho

3. Ability to advance in Capacidade de 3. Ability to advance in Capacidade de


your career progredir na sua your career progredir na sua
carreira carreira

4. Educational Oportunidades 4. Educational Oportunidades


opportunities educacionais opportunities educacionais

5. Ability to earn as Habilidade de ganhar 5. Ability to earn as Habilidade de ganhar


much as you feel you tanto quanto você much as you feel you tanto quanto sente
should sente que poderia should que poderia

E. Overall, how much No geral, quanto a E. Overall, how much De forma geral, o
does stuttering gagueira interfere does stuttering quanto a gagueira
interfere with your...? com o seu...? interfere with your...? interfere no(a)...?

1. Sense of self-worth Senso de valor próprio 1. Sense of self-worth Seu senso de valor
or self-esteem ou auto-estima or self-esteem próprio ou auto-estima

2. Overall outlook on Sua percepção global 2. Overall outlook on Sua percepção global
life da vida life da vida

3. Confidence in Sua confiança em si 3. Confidence in Sua confiança em si


yourself próprio yourself próprio

4. Enthusiasm for life Seu entusiasmo pela 4. Enthusiasm for life Seu entusiasmo pela
vida vida

5. Overall health and Sua saúde geral e 5. Overall health and Sua saúde geral e
physical well-being bem estar físico physical well-being bem estar físico

6. Overall stamina or Seu vigor geral ou 6. Overall stamina or Seu vigor geral ou
energy level nível de energia energy level nível de energia

7. Sense of control Seu senso de controle 7. Sense of control Seu senso de direção
over your life sobre sua vida over your life e controle da sua vida

8. Spiritual well-being Seu bem estar 8. Spiritual well-being Seu bem estar
espiritual espiritual

104
Bragatto, E.L. 105

ANEXO I I I

105
Bragatto, E.L. 106

Avaliação Global da Experiência do Falante em Gaguejar


(OASES-A)
(J.S. Yaruss e R. W. Quesal, 2006)
Tradução e adaptação para o Português brasileiro: Eliane Lopes Bragatto, Ellen Osborn, Ana Maria
Schiefer, Brasília Maria Chiari – 2010.

Amostra
Nome: _____________________________ XX
Idade:_____ Sexo: M F Data: : 00/00/00

Instruções: Este teste consiste de 4 partes que examinam diferentes aspectos da sua experiência sobre
gagueira. Por favor, complete cada item circulando o número apropriado. Caso um item não se aplique a
você, deixe-o em branco e passe para o item seguinte.

Parte I – Informações Gerais

A. Informações gerais sobre sua fala. Sempre Muitas vezes Às vezes Raramente Nunca

6. Com que freqüência você é capaz de falar fluentemente? 1 2 3 4 5


7. Com que freqüência a sua fala soa “natural” para você (por 1 2 3 4 5
exemplo, como a fala de outra pessoa)?
8. Com que consistência você é capaz de manter a fluência de 1 2 3 4 5
um dia para o outro?
9. Com que freqüência você utiliza técnicas, estratégias ou 1 2 3 4 5
ferramentas que aprendeu na terapia de fala?
10. Com que freqüência você diz exatamente o que quer mesmo 1 2 3 4 5
achando que poderá gaguejar?

B.Qual o seu nível de conhecimento sobre...? Extremo Alto Médio Baixo Nenhum

1. A gagueira em geral 1 2 3 4 5
2. Os fatores que afetam a gagueira 1 2 3 4 5
3. O que acontece com a sua fala quando você gagueja 1 2 3 4 5
4. As opções de tratamento para as pessoas que gaguejam 1 2 3 4 5
5. Os grupos de auto-ajuda ou de apoio para as pessoas que 1 2 3 4 5
gaguejam

C. De forma geral, qual é sua impressão sobre...? Muito Positiva Neutra Um pouco Muito
Positiva Negativa Negativa

1.Sua habilidade para falar 1 2 3 4 5


2.Sua habilidade para se comunicar (por exemplo, transmitir a sua 1 2 3 4 5
mensagem independentemente da sua fluência)
3.O modo como você soa quando está falando 1 2 3 4 5
4.As técnicas usadas para falar fluentemente (por exemplo, 1 2 3 4 5
técnicas aprendidas na terapia)
5.Sua habilidade para usar as técnicas que aprendeu na terapia de 1 2 3 4 5
fala
6. Você ser uma pessoa que gagueja 1 2 3 4 5
7.O programa de terapia de fala que freqüentou mais 1 2 3 4 5
recentemente
8.Ser identificado por outra pessoa como gago / pessoa que 1 2 3 4 5
gagueja
9.Variações da sua fluência de fala em diferentes situações 1 2 3 4 5
10. Grupos de auto-ajuda ou de apoio para as pessoas que 1 2 3 4 5
gaguejam

106
Bragatto, E.L. 107

Parte II – Suas Reações à Gagueira

A. Quando você pensa sobre a sua gagueira, com que freqüência você se sente...? (Obs.: por favor, complete as duas
colunas neste item)

Nunca Raramente Às Muitas Nunca Raramente Às Muitas


Sempre Sempre
vezes vezes vezes vezes
1.Sem saída 1 2 3 4 5 6.Deprimido 1 2 3 4 5
2.Zangado 1 2 3 4 5 7.Na defensiva 1 2 3 4 5
3.Envergonhado 1 2 3 4 5 8.Constrangido 1 2 3 4 5
4.Isolado 1 2 3 4 5 9.Culpado 1 2 3 4 5
5.Ansioso 1 2 3 4 5 10.Frustrado 1 2 3 4 5

B.Com que freqüência você...? Nunca Raramente Às vezes Muitas Sempre


Vezes

1. Sente tensão física quando gagueja 1 2 3 4 5


2. Sente tensão física quando fala fluentemente 1 2 3 4 5
3. Apresenta piscar de olhos, caretas, movimentos com as mãos etc. 1 2 3 4 5
quando gagueja
4. Não mantém contato de olho ou evita olhar para o seu ouvinte 1 2 3 4 5
5. Evita falar em certas situações ou com certas pessoas 1 2 3 4 5
6. Sai de uma situação porque acha que poderá gaguejar 1 2 3 4 5
7. Não diz o que quer dizer (por exemplo, evita ou substitui palavras, recusa- 1 2 3 4 5
se a responder perguntas, pede algo que não precisa porque é mais fácil de
dizer)
8. Utiliza pausas cheias (por exemplo, “hum”, , “ahh”, pigarrear) ou muda 1 2 3 4 5
algo na sua fala (por exemplo, tonicidade) para parecer mais fluente (obs.:
isto não se refere às técnicas que você tenha aprendido na terapia)
9. Experenciou um período de aumento da gagueira logo após ter 1 2 3 4 5
gaguejado uma palavra
10. Deixa que alguém fale por você 1 2 3 4 5

C. O quanto você concorda ou discorda com estas afirmações Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
muito um pouco um pouco muito

1. Eu penso sobre minha gagueira quase o tempo todo 1 2 3 4 5


2. A opinião das pessoas sobre mim são baseadas primeiramente em 1 2 3 4 5
como eu falo
3. Se eu não gaguejasse, seria muito mais capaz de alcançar meus 1 2 3 4 5
objetivos de vida
4. Eu não quero que as pessoas saibam que eu sou gago 1 2 3 4 5
5. Quando estou gaguejando não há nada que eu possa fazer sobre 1 2 3 4 5
isso
6. As pessoas devem fazer tudo que podem para não gaguejar 1 2 3 4 5
7. As pessoas que gaguejam não deveriam trabalhar em áreas que 1 2 3 4 5
necessitem de muita fala
8. Eu não falo tão bem quanto a maioria das pessoas 1 2 3 4 5
9. Eu não posso aceitar o fato de que sou gago 1 2 3 4 5
10. Eu não tenho confiança nas minhas habilidades de fala 1 2 3 4 5

107
Bragatto, E.L. 108

Parte III – Comunicação nas Situações Diárias

A. O quanto é difícil para você se comunicar durante estas Nenhuma Não Um pouco Muito Extremamente
situações gerais? Dificuldade muito difícil difícil difícil difícil

1. Conversar com outras pessoas “cara a cara” 1 2 3 4 5


2. Conversar quando está sob pressão pelo pouco tempo 1 2 3 4 5
3. Conversar frente a um pequeno grupo de pessoas 1 2 3 4 5
4. Conversar frente a um grande grupo de pessoas 1 2 3 4 5
5. Conversar com pessoas que você conhece bem (por exemplo, 1 2 3 4 5
os amigos)
6. Conversar com pessoas que você não conhece bem (por 1 2 3 4 5
exemplo, estranhos)
7. Falar ao telefone no geral 1 2 3 4 5
8. Iniciar conversações com outras pessoas (por exemplo, 1 2 3 4 5
apresentando-se)
9. Continuar a falar independentemente de como o ouvinte 1 2 3 4 5
responde a você
10. Argumentação (por exemplo, defendendo sua opinião, 1 2 3 4 5
retomando a fala de alguém a sua frente que lhe cortou)

B. O quanto é difícil para você se comunicar durante estas Nenhuma Não Um pouco Muito Extremamente
situações no trabalho? Dificuldade muito difícil difícil difícil difícil

1. Usando o telefone no trabalho 1 2 3 4 5


2. Realizando uma apresentação oral ou falando em frente a 1 2 3 4 5
outras pessoas no trabalho
3. Falando com colaboradores ou outras pessoas que trabalham 1 2 3 4 5
com você (por exemplo, participando de um congresso)
4. Falando com compradores ou clientes 1 2 3 4 5
5. Falando com o seu supervisor ou chefe 1 2 3 4 5

C. O quanto é difícil para você se comunicar durante estas Nenhuma Não Um pouco Muito Extremamente
situações sociais? Dificuldade muito difícil difícil difícil difícil

1. Participação em eventos sociais (por exemplo, fazendo um 1 2 3 4 5


pequeno discurso em festas)
2. Contando histórias ou piadas 1 2 3 4 5
3. Solicitando informações (por exemplo, perguntando a direção 1 2 3 4 5
ou a opinião de outras pessoas)
4. Fazendo o pedido em um restaurante 1 2 3 4 5
5. Fazendo o pedido em um drive-thru 1 2 3 4 5

D. O quanto é difícil para você se comunicar durante estas Nenhuma Não Um pouco Muito Extremamente
situações em casa? Dificuldade muito difícil difícil difícil difícil

1. Usando o telefone em casa 1 2 3 4 5


2. Conversando com o esposo(a) / outra pessoa importante 1 2 3 4 5
3. Conversando com os seus filhos 1 2 3 4 5
4. Conversando com outros membros da sua família 1 2 3 4 5
5. Tomando parte nas discussões em família 1 2 3 4 5

108
Bragatto, E.L. 109

Parte IV – Qualidade de Vida

A. De forma geral, o quanto a sua qualidade de vida é afetada Nada Muito pouco Pouco Muito Completamente
negativamente por / pela(s)...?

1. Sua gagueira 1 2 3 4 5
2. Suas reações frente à gagueira 1 2 3 4 5
3. Reação das outras pessoas frente a sua gagueira 1 2 3 4 5

B. De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere na sua Nada Muito pouco Pouco Muito Completamente
satisfação em se comunicar...?

1. No geral 1 2 3 4 5
2. No trabalho 1 2 3 4 5
3. Nas situações sociais 1 2 3 4 5
4. Em casa 1 2 3 4 5

C. De forma geral, o quanto a sua gagueira interfere no seu...? Nada Muito pouco Pouco Muito Completamente

1. Relacionamento com a família 1 2 3 4 5


2. Relacionamento com os amigos 1 2 3 4 5
3. Relacionamento com outras pessoas 1 2 3 4 5
4. Relacionamentos íntimos 1 2 3 4 5
5. Habilidade de viver em sociedade 1 2 3 4 5

D. De forma geral, o quanto a gagueira interfere com a sua...? Nada Muito pouco Pouco Muito Completamente

1. Habilidade de executar seu trabalho 1 2 3 4 5


2. Satisfação com o seu trabalho 1 2 3 4 5
3. Capacidade de progredir na sua carreira 1 2 3 4 5
4. Oportunidades educacionais 1 2 3 4 5
5. Habilidade de ganhar tanto quanto sente que poderia 1 2 3 4 5

E. De forma geral, o quanto a gagueira interfere no(a)...? Nada Muito pouco Pouco Muito Completamente

1. Seu senso de valor próprio ou auto-estima 1 2 3 4 5


2. Sua percepção global da vida 1 2 3 4 5
3. Sua confiança em si próprio 1 2 3 4 5
4. Seu entusiasmo pela vida 1 2 3 4 5
5. Sua saúde geral e bem estar físico 1 2 3 4 5
6. Seu vigor geral ou nível de energia 1 2 3 4 5
7. Seu senso de direção e controle da sua vida 1 2 3 4 5
8. Seu bem estar espiritual 1 2 3 4 5

109
Bragatto, E.L. 110

Avaliação Global da Experiência do Falante em Gaguejar


(OASES-A)
Resumo dos Escores

Instruções para os Clínicos. Calcule os Escores de Impacto para cada uma das 4
partes do OASES-S primeiro somando o número de pontos em cada parte (a) e depois
pela contagem do número de itens completados em cada parte (b). Divida o número
total de pontos (a) pelo número de itens (b) para obter o escore de impacto. Os escores
de impacto variarão de 1.0 à 5.0. Determine os Graus de Impacto de cada parte
baseado nos escores de impacto da tabela no final da página. Se houver alguma
dúvida, entre em contato com J. Scott Yaruss, PhD, pelo site jsyaruss@pitt.edu.
Amostra
Nome: _________________________ XX
Idade:_____ Sexo: M F Data: : 00/00/00

Parte I: Informações Gerais (Total de 20 Itens)


76 20
Pontos da Parte I: ______ Itens Completados na Parte I: _____
3,80 Moderado a Severo
Escore de Impacto da Parte I: ______ Grau de Impacto: ______________

Parte II: Suas Reações à Gagueira (Total de 30 Itens)


117
Pontos da Parte II:______ 30
Itens Completados na Parte II: _____
3,90 Severo
Escore de Impacto da Parte II: _____ Grau de Impacto: ______________

Parte III: Comunicação nas Situações Diárias (Total de 25 Itens)


74
Pontos da Parte III: _____ 24
Itens Completados na Parte III: ____
3,08 Severo
Escore de Impacto da Parte III: _____ Grau de Impacto: ______________

Parte IV: Qualidade de Vida (Total de 25 Itens)


70
Pontos da Parte IV: _____ 24
Itens Completados na Parte IV: ____
2,92 Moderado a Severo
Escore de Impacto da Parte IV: _____ Grau de Impacto: ______________

ESCORE DE IMPACTO TOTAL (Total de 100 Itens)


337
Total de Pontos: _______ 98
Total de Itens Completados: ______
3,44 Moderado a Severo
Escore de Impacto : ______________ Grau de Impacto: ______________

Graus de impacto Escores de impacto


Leve 1.00 – 1.49
Leve a Moderado 1.50 – 2.24
Moderado 2.25 - 2.99
Moderado a Severo 3.00 – 3.74
Severo 3.75 – 5.00

110
Bragatto, E.L. 111

8 REFERÊNCIAS

111
Bragatto, E.L. 112

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113
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119
Bragatto, E.L. 120

ABSTRACT

120
Bragatto, E.L. 121

The objective of this study was to translate and adapt to Portuguese the “ Overall
Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering - Adults – Adults (OASES-A),
an instrument based on the International Classification of Functioning, Disability,&
Health-ICF(World Health Organization), which has already been validated in the United
States of America. The process of translation and back-translation was carried out by
specialists who respected semantic, conceptual, cultural and idiomatic characteristics.
The OASES-A assesses stuttering from the perspective of the stutterer himself
including communicative difficulty and impact on quality of life. The adapted to
Portuguese version of the OASES –A for available people who stuttering intended
provide the specialists informations about stutters avaliation and terapy in order to
provide them with a more effective treatment.

Stuttering, ICF, Quality of life, Speech, Translating

121
Bragatto, E.L. 122

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