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FLUÊNCIA DA FALA - DEFINIÇÕES

 É o aspecto da produção da fala que se refere à continuidade, suavidade,


velocidade e esforço com que as unidades fonológicas, lexicais e/ou
sintáticas da linguagem são expressas (ASHA, 1999)
 É o fluxo fácil e contínuo dos movimentos musculares envolvidos no ato
da fala (YAIRI e SEERY, 2015)
 Na fala fluente as atividades neuronais se sucedem em padrões
temporais definidos e sincronizados. Para haver fluência é necessária
uma minuciosa coordenação entre o planejamento e o processamento da
informação linguística e os mecanismos motores e sensoriais que
supervisionam a produção da fala (OLIVEIRA e BOHNEN, 2016)
 Depende de vários fatores: integridade do SNC, habilidade linguística,
habilidade motora, personalidade, situações de fala e interlocutores.
 Fluência é uma habilidade que precisa de prática e tempo para ser
adquirida; tende a se aprimorar com o passar do tempo e implica o
desenvolvimento de mecanismos de processamentos automáticos e
pouco conscientes (MERLO, 2006).
 A fala fluente necessita da sincronização das ações motoras para a sua
produção, sem rupturas e sem falhas no seu enunciado.
 A prosódia se dá pela frequência, duração, velocidade e principalmente a
entonação da fala do indivíduo. Pode ser considerada como um
componente não verbal do enunciado.

GAGUEIRA/DISFLUÊNCIA DA FALA DEFINIÇÕES

 Deficiência da fluência da fala (CIF – b3300)


 Distúrbio ou transtorno de fluência da fala (CID10 – F98.5)
 Distúrbio da fluência neurodesenvolvimental iniciado na infância (DSM V)
 Distúrbio da fluência da fala em que a pessoa sabe exatamente o que
quer dizer, mas sofre repetições e prolongamentos involuntários de sons
além de bloqueios frequentes no fluxo normal da fala (OMS).
 A gagueira é caracterizada pela presença de repetições de parte da
palavra, prolongamentos e bloqueios ou pela evitação ativa dessas
hesitações (St. LOUIS e MYERS, 1997)
 Distúrbio no processamento neuromotor da fala, que causa rupturas
involuntárias no fluxo da fala (ANDRADE, 2017)
 Interrupção no fluxo normal que pode ocorrer no nível respiratório,
fonatório ou articulatório; acusticamente evidentes como repetição de
palavras monossilábicas, repetição de som, sílabas ou parte de palavras,
prolongamentos de sons e bloqueios (ZACKIEWICZ e CONTESINI, 2018).

COMPONENTES DA GAGUEIRA

 Continuidade: conexões suaves intra e inter palavras.


 Velocidade: fluxo de informação [conteúdo] e velocidade articulatória
[forma]
 Esforço: físico e mental

CARACTERÍSTICAS DA GAGUEIRA/DISFLUÊNCIAS

Disfluência mais típicas – disfluência comuns

– Hesitações silenciosas ou preenchidas (pessoa parece que está procurando a


palavra e/ou prolongamentos de vogais, como por ex, é, ã, hum)

– Prolongamentos finais

– Interjeições (inclusão de sons, palavras ou frases, sem sentido ou


irrelevantes, no contexto da mensagem, como por ex, tá, né, assim, como você
sabe, daí)

– Revisões (mudança no conteúdo ou na forma gramatical da mensagem ou na


pronúncia da palavra, por ex, ele pode vir aqui? ele viu....comeu todo o doce...)

– Repetições de palavras ou frases – Pausas silenciosas fluentes

Até 10% em falantes fluentes

Disfluência menos típicas - disfluência gagas

– Repetições de sons

– Repetições de sílabas

– Prolongamentos [principalmente iniciais]

– Bloqueios – Pausas tensas

Até 2% em falantes fluentes

CLASSIFICAÇÃO DAS DISFLUÊNCIAS


 Disfluência (ou gagueira) fisiológica
 Gagueira do desenvolvimento
 Gagueira
 Gagueira neurogênica
 Gagueira psicogênica
 Taquifemia
 Taquilalia

DISFLUÊNCIA (GAGUEIRA) FISIOLÓGICA

 Após seu seguimento, pode ou não se estruturar em uma gagueira a


partir da frequência da sua ocorrência e da fragmentação da
comunicação.
 Assim como da necessidade ou não da sua intervenção clínica

GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO (CRIANÇA)

 Surgimento se dá na infância, durante a fase de aquisição e o


desenvolvimento da linguagem.
 Caracteriza-se como uma desordem crônica.
 Terapia importante em alguma fase da vida

GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO (ADOLESCENTES/ADULTOS)

 É um fenômeno que se manifesta por uma regularidade da disfluência e


com graus de severidade diferentes
 As principais características são: repetições, hesitações, bloqueios,
tremores.

Acompanhados ou não de movimentos corporais secundários, visíveis e


associados à tensão ao falar.

GAGUEIRA NEUROGÊNICA

 Causada por uma lesão encefálica que atinge o sistema nervoso central
 Maior ocorrência na vida adulta, em indivíduos sem história de problemas
de fluência anterior à ocorrência da doença.
 Lesões podem ser focais ou difusas, com danos corticais e subcorticais
do sistema nervoso central.
GAGUEIRA PSICOGÊNICA

 Menor ocorrência, sendo caracterizada como uma gagueira “não


verdadeira”, mas como um transtorno de conversão.
 Neste caso a gagueira é tida como uma necessidade psíquica

TAQUILALIA: Taxa de elocução/articulação aumentada, com prejuízo na


inteligibilidade, fala excessivamente rápida, linguagem não é confusa, como
dificuldades sintáticas ou macroestruturais textuais (OLIVEIRA e BOHNEN, 2016)

TAQUIFEMIA

 Congênita
 Taxa de elocução aumentada ou irregular; prejuízo na inteligibilidade da
fala, omissão de sílabas; estresse silábico ou ritmo de fala anormal;
alterações de linguagem (distúrbio fonológico, dificuldades de acesso
lexical ou sintáticas) podem apresentar dificuldades na leitura e escrita.
 Pouca consciência da alteração da fluência; motivação baixa para terapia.
 Não há tensão nem evitação de palavras ou situações de fala; impaciente,
desorganizado, apressado; melhora quando presta atenção à fala; tempo
de atenção reduzido; dificuldade com a organização do pensamento.

Quadro Comparativo- Semelhanças

Taquilalia Taquifemia
É um distúrbio de fluência, mas não é É um distúrbio de fluência, mas não é
gagueira. gagueira.
Aumento da velocidade de fala (taxa Aumento da velocidade de fala (taxa
de elocução) que prejudica a de elocução) que prejudica a
inteligibilidade da mensagem inteligibilidade da mensagem
Fala em velocidade alta, rápida e Fala em velocidade alta, rápida e
irregular. irregular.
Articulação pode estar reduzida ou Articulação pode estar reduzida ou
imprecisa imprecisa

Quadro Comparativo- Diferenças

Taquilalia Taquifemia
Não apresenta outros distúrbios de Não há consciência do problema e não
linguagem (sintáticas ou discurso há componentes emocionais
confuso) envolvidos
Não há aumento no número de Há aumento no número de rupturas
rupturas
Pode apresentar alterações de
linguagem associadas (fonológicos
distúrbios de leitura e escrita,
hiperatividade, distúrbio específico de
linguagem, etc...)

Gagueira e Emoções

 Para os adeptos das bases psicológicas, a emoção é considerada o


agente precipitador da gagueira e não sua consequência → hoje em dia
não mais aceita como causa, mas como fator agravante.
 A visão é de que a gagueira se origina na personalidade da pessoa que
gagueja ou nas suas defesas emocionais criadas para a redução da
ansiedade e apreensões com o ato de falar.
 Fletcher (1914), Travis (1940), Sheehan (1970) e Meisner (1985) concluíram
que o tratamento psicanalítico reduzia os problemas básicos dos que
gaguejam, mas não eliminava os seus “hábitos musculares adquiridos”.
 Logan (1991) estabeleceu as Bases Neurofisiológicas da Emoção e seus
Efeitos no Ato Sensório-Motor da Fala: parte do princípio que o sistema
límbico influencia a produção da fala normal e pode romper os seus
processos de decodificação.
 Smythies (1968) e Livingstone (1978) também creditam ao sistema límbico
a memória das experiências biologicamente significativas
 Joseph (1982) afirmou que o sistema límbico é responsável por
vocalizações, verbalizações, aspectos paralinguísticos e de inflexão por
meio dos quais as emoções e o pensamento são comunicados.

GAGUEIRA E PROCESSAMENTO AUDITIVO

 Processamento auditivo (PA) é um o conjunto de habilidades específicas


das quais o indivíduo depende para interpretar o que ouve
 Quando o indivíduo perde parcial ou totalmente a função da análise das
imagens auditivas, estamos diante de um Transtorno do Processamento
Auditivo (TPA)
 O TPA pode ser um dos fatores que contribuem para a produção do
discurso disfluente no nível da produção da fala, ou seja, a diminuição
das habilidades de processamento pode estar relacionada à incapacidade
de manutenção da fala fluente.
 Existe uma redução na habilidade de produção dos padrões de percepção
auditiva em indivíduos gagos quando comparados aos não gagos
 A imprecisão temporal na percepção de fala pode levar a momentos de
disfluência
 Hemisfério cerebral esquerdo é mais especializado para a linguagem em
indivíduos destros
 Hemisfério direito é mais envolvido com os componentes visuais e
espaciais em indivíduos destros
 Existe a hipótese de que os indivíduos com gagueira possuem alteração
na dominância cerebral da função da linguagem
 Indivíduos gagos possivelmente não possuem dominância hemisférica
para a fala (ou ela está invertida ou é bilateral)
 Avaliação do PA deve fazer parte do processo diagnóstico da gagueira
 Processo terapêutico deve incluir estratégias para o treinamento das
habilidades alteradas.

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