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DICAS

FONOAUDIOLÓGICAS
NA PANDEMIA

NAP TRIAGEM
SUMÁRIO

Introdução 02

Apresentação das profissionais 03

Hábitos orais. O que é isso? 08

Apraxia de fala na infância 11

A importância do brincar para o desenvolvimento infantil 15

A aprendizagem e sua relação com o corpo 20

O desenvolvimento da fala e linguagem 25

Dislexia 29

Gagueira 32

Leitura e desenvolvimento da linguagem 36

Processamento auditivo central: o que é e como estimular 41

Como o uso de fones de ouvido pode causar perdas 45


auditivas?
Bibliografia 48

2
INTRODUÇÃO

Durante a pandemia, as profissionais fonoaudiólogas e


psicólogas do NAP Triagem – Núcleo de Apoio
Psicopedagógico - estão desenvolvendo um material de
orientação, estudo e apoio aos pais das crianças e professores
da Rede Municipal.
Os temas são selecionados em equipe de acordo com
o perfil das crianças e necessidades apontadas pelos
responsáveis e professores. O material é elaborado com textos,
sugestões e dicas e publicado na plataforma APUS.
Até o momento, o material era acessado apenas pelos
pais ou responsáveis pelas crianças, cujos nomes estão na
plataforma e que realizaram triagem no NAP. Pensando em
divulgar este trabalho para que todos possam se beneficiar
destas orientações, serão elaborados dois e-books (primeiro e
segundo semestre), por área, (fonoaudiologia e psicologia)
com todo material das profissionais.
O NAP Triagem – Núcleo de Apoio Psicopedagógico,
em 2020, encontra-se direcionado para o trabalho específico
de triagem dos alunos da Rede Municipal. Após a triagem dos
alunos, é elaborado um relatório de avaliação e, em seguida,
o “Plano Terapêutico”.
Posteriormente, as crianças são encaminhadas para o
NAP Atendimento da OSC Interação.

NAP TRIAGEM:

Unidade 1: Dr. Francisco Romano de Oliveira


(Equipe 1 e 2)

Unidade 2: Gov. Mario Covas (Equipe 3)

2
Graduação
Faculdades Integradas Tereza D’ Ávila – FATEA-
Lorena, SP.
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa
Senhora de Sion, Campanha, MG, (licenciatura
plena).

Pós-graduação
Elaine Ribeiro
Psicopedagogia e Psicomotricidade, UNISAL,
de Carvalho
Lorena, SP
Fonoaudióloga
CRFa 2480/T6R
Curso complementar
Curso de Formação Básica de Aplicadores em
ABA para TEA e DI;
Curso Método dos Dedinhos Plus.
Curso Método dos Dedinhos e Dedinhos Sign.
Segunda Conferência Nacional de Apraxia de
Fala na Infância.

Experiência profissional
Trabalhou por um ano e meio na Prefeitura
Municipal de Baependi, MG.
Iniciou na Secretaria Municipal de Educação de
Pindamonhangaba em 2002 por, concurso
público, e passou a integrar a equipe do NAP -
Núcleo de Apoio Psicopedagógico em 2006.

3
Graduação
Graduada em Fonoaudiologia pela FATEA (Faculdades
Integradas Teresa D’Ávila), em Lorena – SP, no período de
1996 à 2000.

Pós-graduação
Pós Graduação em Motricidade Oral - pelo CEFAC
(Centro de Especializações em Fonoaudiologia Clinica –
SJC/ SP, no período de 2001 à 2003.
Pós Graduação em Neuropsicologia e Educação pelo
ITECNE – Instituto Tecnológico e Educacional – Taubaté/ SP
- concluída em março 2011.

Cursos complementares
Milena Pereira
LIBRAS ,
Müller
PECS ,
Fonoaudióloga
Método dos Dedinhos Básico e Plus
CRFa2 11401
Curso Básico de Aplicador em ABA para TEA e DI .

Curso THERAPY TAPING


Eletroterapia para Fonoaudiologia
LASER terapia
Apraxia de Fala na Infância

Experiência profissional
Apae de Itajubá-MG e consultório particular de 2001 até
maio de 2004.
Prestadora de serviço da Unimed Pindamonhangaba- SP
para exames audiológicos no setor de medicina
ocupacional e terapia fonoaudiológica em consultório há
16 anos .
Prestação de serviço fonoaudiológico na Santa Casa de
Misericórdia de Pindamonhangaba, realizando Emissões
Otoacústicas Transientes (EOAT) – Teste da Orelhinha;
triagem auditiva universal em neonatos , há 10 anos . E no
Hospital 10 de julho também , Teste da Orelhinha e o Teste
da Linguinha .
Fonoaudióloga no NAP - Núcleo de Apoio
Psicopedagógico em Pindamonhangaba, há 16 anos.
4
Graduação
Graduada em Fonoaudiologia pela USP (Universidade
de São Paulo) em São Paulo/SP.

Pós-graduação
Aprimoramento Profissional no Hospital do Servidor
Público estadual (HSPE/SP).
Especialização em Linguagem pelo CEFAC (Centro
de Especializações em Fonoaudiologia Clinica) de
São Paulo/ SP Luciane Kalil
Patah
Aprimoramento em Linguagem, Aprendizagem e
Neurociências pelo CEFAC (Centro de Especializações Fonoaudióloga
em Fonoaudiologia Clinica) de São Paulo/ SP
CRFa2 9416
Mestrado em Semiótica e Linguística Geral (FFLCH-
USP/SP).

Cursos complementares
Realizou diversos cursos nas áreas de Fala,
Aprendizagem, Transtorno do Espectro Autista,
Necessidades Especiais, Linguagem. Os cursos
realizados incluem Estratégias Terapêuticas nas
Deficiências, Comunicação Suplementar e
Alternativa, Dislexia, Revisão e Atualização em
Motricidade Orofacial, Gagueira, PECS (Sistema de
Comunicação por Troca de Figuras), Curso Básico de
Aplicador em ABA para TEA e DI, Intervenção
Precoce em Autismo, Apraxia de Fala na Infância.

Experiência profissional
Realizou pesquisas e publicações em
Desenvolvimento e Transtornos Fonológicos e em
Processamento Fonológico e suas relações com
Linguagem Escrita. Atuou por cinco anos no SESI-
Serviço Social da Indústria (SJC) no Programa Saúde
Escolar. Atua em atendimento clínico há mais de 20
anos e no NAP- Núcleo de Apoio Psicopedagógico
da Prefeitura de Pindamonhangaba desde 2006.

5
Graduação
Graduada em Fonoaudiologia pela FATEA
(Faculdades Integradas Teresa D’Ávila), em
Lorena – SP, no período de 1995 à 1998.

Pós-graduação
Curso de Especialização em Fonoaudiologia
Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo –
SP
Patrícia Ferraz
Cardoso
Cursos complementares
França
Dislexia
Fonoaudióloga
Reabilitação Neuropsicológica ( Estimulação de
Linguagem, Atenção, Praxia e Apraxia, e CRFa2 9617
Memória)
Linguagem
Fissuras Labiopalatinas (Capacitação ao
atendimento terapêutico) – Projeto The Smile Train
Curso Básico de Aplicador em ABA para TEA e DI .

Experiência profissional
Consultório particular – período de 2000 a 2003.
Creche – Obra Social Nossa Senhora da Glória
(Fazenda Esperança): Avaliação individual e
terapia fonoaudiológica em grupo, orientações à
pais e profissionais da entidade.
Fonoaudióloga concursada na Prefeitura
Municipal de Pindamonhangaba – SP; cargo no
NAP – Núcleo de Apoio Psicopedagógico, há 17
anos .

6
Graduação
Bacharelado em fonoaudiologia pelas Faculdades
Integradas Teresa D´Avila (FATEA).

Pós-graduação
Especialização em Audiologia pela Irmandade
Santa Casa de Misericórdia de em São Paulo.

Tatiana Helena
Cursos complementares Pinto
Cursos de aperfeiçoamentos realizados em diversas Fonoaudióloga
áreas como fala, linguagem, comunicação
alternativa, dislexia, ABA, entre outros. CRFa2 9678

Experiência profissional
“Creche Associação Canisiana de Aparecida”.
Atividades: Avaliação e terapia fonoaudiológica
individual e em grupo, além de orientações à pais
e profissionais da entidade.

“NAP - Núcleo de Apoio Psicopedagógico” desde


2004 - Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba,
Atividades: Atendimento fonoaudiológico
abrangendo distúrbios de fala e linguagem,
transtorno e déficit de atenção e hiperatividade,
deficiência intelectual, TEA, deficiência auditiva,
síndromes, dificuldade de aprendizagem, etc.

Atendimento em consultório particular atuando em


avaliação e terapia fonoaudiológica em diversas
áreas.

7
Hábitos Orais.
O que é isso???

São hábitos que acabam 2- Uso de mamadeira prolongado


trazendo consequências tanto na
infância como na fase adulta.
Os hábitos orais são padrões de
contração muscular aprendidos e
tornam-se deletérios, prejudiciais
por causa da repetição
constante. O hábito é reflexo da
repetição de um ato agradável,
3- Roer unha , bruxismo (apertar
o qual traz uma sensação de
os dentes), morder objetos
prazer.
O hábito oral é difícil de ser
deixado e ,por isso, prolonga o
tempo, podendo alterar as
estruturas orofaciais: lábios,
língua, dentes, palato (céu da
boca), entre outras. Causa danos
para as funções que necessitam
dessas estruturas, que são: a Fala, 4- Deglutição atípica (engolir de
a Mastigação, a Sucção, a forma diferente do padrão, como
Deglutição e a Respiração . consequência de um outro hábito
anterior)

Quais são os principais hábitos


Orais?

1- Sucção digital (chupar o dedo)


ou a chupeta

5- Alteração na Fala

8
6- Respiração Oral (respirar pela Esses hábitos modificam a estrutura
boca ou manter a boca aberta) orofacial, podem alterar a arcada
dentária, modificar a face,
musculatura das bochechas e
lábios ficam flácidas, a língua se
apresenta mais flácida (mole) e fica
em uma posição errada dentro da
boca; como consequência as
funções estomatognáticas -
SUCÇÃO, DEGLUTIÇÃO,
O que esses hábitos podem MASTIGAÇÃO, RESPIRAÇÃO E FALA,
prejudicar??? sofrem modificações.

O hábito oral começa a ser Principais alterações que os hábitos


prejudicial quando o indivíduo deletérios causam
começa a apresentar alterações
em sua estrutura oral e em suas
funções . Alterações dentárias
É preciso levar em consideração
três fatores sobre os hábitos:
• Intensidade: a força aplicada
durante a execução;
Palato ogival (céu da boca fundo)
• Frequência: número de vezes
que o hábito acontece durante
o dia;
• Duração: a quantidade de
tempo dedicada ao hábito.

Posicionamento inadequado de
língua, interposição lingual, flacidez
da musculatura e ausência do
fechamento da boca (selamento
labial)

A partir desses fatores , pode-se


Mastigação ineficiente
avaliar , o quanto o hábito está se
tornando prejudicial , pois
conforme vai aumentando o
tempo , mais consequências e
resultados ruins o hábito deletério
vai trazer .

9
Respiração oral Como posso ajudar???

• Para que a criança pare de chupar


chupeta, aconselha-se não colocar,
à sua disposição, várias delas e sua
remoção deve ser gradativa,
diminuindo e delimitando o tempo
de uso. Uma dica é furar a ponta da
Não é proibido dar a chupeta ou a chupeta para que não seja tão
mamadeira, entretanto, quando prazeroso o ato de sugá-la.
for oferecer, não deixe a criança
• Manter as unhas das crianças
ser dona desse objeto. Coloque
sempre cortadas pode evitar que a
limites e, principalmente, não deixe
criança adquira o hábito de roê-las.
prolongar esses hábitos, pois se
tornarão deletérios. Não deixe • Para tentar fazer com que pare de
passar de dois anos, pois, a partir chupar o dedo, ofereça sempre
dessa idade, já começam as mordedores, preferencialmente
alterações. gelados (coloque-os na geladeira
antes de oferecer à criança). Assim,
É muito importante que vocês: pais,
a criança se entreterá com o
tios, avós, que são próximos a um
mordedor e esquecerá o dedo.
bebê e/ou uma criança,
percebam que, muitas vezes, nós • Sempre que a criança estiver com
deixamos que a criança possua um o dedo na boca, não recrimine,
hábito oral deletério, achando que apenas tente distraí-la para outra
não é nada sério ou porque é mais atividade que tenha que fazer uso
cômodo, “bonitinho” ou até das mãos.
porque a criança quer. Mas não
• Ofereça à criança copos coloridos
percebemos o quanto isso pode
e diferentes para tentar substituir o
atrapalhar a vida da criança, seu
uso da mamadeira.
desenvolvimento e até seu
amadurecimento. Lembre-se: A solução definitiva para
acabar com o hábito da criança, é
Por isso, se seu filho tem algum
descobrir e eliminar as causas que
hábito oral e você não sabe o que
estão gerando esse hábito. Sabendo
fazer, procure ajuda, busque
que muitos deles ocorrem por
informação. E se seu filho
problemas emocionais, deve-se
apresenta alguma alteração nas
introduzir um novo hábito para
estruturas orofaciais e nas funções
eliminar o antigo. Este novo hábito
do sistema estomatognático,
pode ser um novo esporte, um novo
procure um fonoaudiólogo, para
livro ou um novo brinquedo.
que este faça uma avaliação e se
for necessário, que seu filho faça
terapia e corrija precocemente. Milena Pereira Müller
CRFa2 11401
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Apraxia de Fala na Infância é um distúrbio neurológico motor na
fala. A criança tem dificuldade em planejar e programar os
movimentos que deve fazer com lábios, língua e mandíbula para
falar, mesmo sabendo o quê quer comunicar. Afeta a habilidade
em produzir e sequenciar os sons da fala, pois o cérebro falha no
planejamento dos movimentos a serem executados (gestos
motores) na ordem e tempo adequados, gerando déficit na
consistência e precisão. A criança pode compreender bem e ter
a intenção comunicativa preservada, mas parece “não saber” o
que fazer com a boca. Afeta a produção dos sons de fala e a
prosódia (“melodia”, “entonação”, “acentuação”...). A Apraxia
não é causada por déficits neuromusculares, como alterações em
reflexos ou tonicidade.
A Apraxia pode ser “pura” ou pode estar associada a outras
condições, tais como: Transtorno do Espectro Autista (TEA),
Síndromes genéticas (como por ex. Síndrome de Down, Síndrome
Prader-Willi), etc.

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Principais características da Apraxia de Fala na Infância:
• Fala poucas vogais ou apresenta erros ao pronunciar vogais;
• Fala poucas consoantes ou apresenta erros/omissões, mesmo as mais
visíveis, como P e M;
• Os erros são variáveis e ,muitas vezes, incomuns. Pode acontecer de a
criança produzir o mesmo som em uma palavra e em outras não ou
produzir a palavra em uma determinada situação e, em outras, não.
• Dependendo do grau de severidade, a criança pode produzir o som,
sílaba ou palavra-alvo em um contexto e não produzí-los com precisão
em um contexto diferente;
• Dificuldade em alternar, com precisão, a repetição das mesmas
sequências, como: pa/pa/pa ou de sequências múltiplas, como
pa/ta/ka;
• Presença de alterações prosódicas (“melodia da fala”), fala acelerada
ou monótona, instável, erros de “acentuação” (força ou marcação),
déficit na duração dos sons e pausas entre as sílabas;
• Em algum momento, podem demonstrar “procura” ou “esforço” ao
articularem sons de fala;
• A criança demonstra que fica “perdida”, não sabe como movimentar a
boca. Ela tenta falar, mas não consegue;

• Quanto maior a palavra, mais erros e dificuldades. Muitas vezes, se a


criança precisa falar mais rápido, a dificuldade também aumenta.
• Mais dificuldade nas tarefas que precisam de controle voluntário em
comparação com as realizadas de forma automática;
12
• Podem também apresentar dificuldades na sequência de movimentos
voluntários com lábios, língua, etc.
• Os pais percebem uma discrepância entre a compreensão e a
produção de fala (por ex.: a criança pode compreender bem, mas, não
consegue produzir a fala).
• Dificuldade em “juntar os sons” para falar.

Uma característica observada nas crianças pequenas é que sua fala é


muito limitada, com poucas palavras e/ou apresentam fala de difícil
compreensão (a fala não é clara). Elas também apresentam mais
dificuldade em palavras maiores. Outras características observadas com
frequência em crianças pequenas: repertório muito pequeno de
consoantes e vogais, padrões de entonação limitados, “busca”
articulatória, perda de palavras já produzidas, incoordenação ao se
alimentar, uso de gestos para se comunicar, entre outras.

Como ajudar?

O Fonoaudiólogo é o profissional indicado para avaliar, diagnosticar e


determinar o plano de tratamento na Apraxia de Fala na Infância.
Algumas crianças precisarão apenas do atendimento fonoaudiológico e
outras precisarão também de outras terapias.

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A participação e postura dos pais também é fundamental para o
desenvolvimento das crianças com esta dificuldade. Seguem algumas
orientações da Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância:
• Entenda e acolha a dificuldade da criança. Não é preguiça. A criança
precisa se sentir acolhida e aceita.
• A criança com Apraxia apresenta uma desorganização. Por isso, cuide
do ambiente familiar, organize os brinquedos, estabeleça rotina, limites e
regras em casa.
• Controle a ansiedade! Não obrigue ou pressione a criança para falar.

• Lembre-se sempre: você quer que a criança tenha atenção aos


movimentos de fala e que tente imitá-los. Tente lentificar a fala, sem
perder a naturalidade. Não fale demais e rapidamente.
• Pegue objetos/brinquedos que a criança goste e, ao nomeá-los, segure-
os próximos a sua boca. Essa estratégia faz com que a criança direcione
o olhar aos movimentos de boca.
• Pistas visuais (movimentação de boca, língua,) auxiliam a criança a
planejar seus movimentos de fala. Converse, mostre para ela como a
boca se movimenta, mas, sem pressionar para que fale corretamente.
• Considerar a necessidade de acompanhamentos complementares,
como: Terapeutas Ocupacionais, Psicomotricistas, Fisioterapeutas,
Psicólogos, entre outros;
• Busque formas de comunicação complementar e/ou alternativa
enquanto a criança está aprendendo a falar claramente. Precisamos
encontrar uma forma de a criança se expressar enquanto a fala não se
estabelece. Estes meios não inibirão o desenvolvimento da fala da
criança (esse é um receio para os pais!);
• Os pais, familiares, amigos e professores devem buscar orientações para
que haja adequado suporte às necessidades comunicativas da criança.

Luciane Kalil Patah


CRFa2 9416
14
O brincar tem papel fundamental no desenvolvimento da
criança. A participação dos pais também contribui, e
muito, nesta fase

PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL


A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
O brincar não é apenas uma diversão. É por meio da
brincadeira que a criança se relaciona com o mundo e
estabelece laços afetivos. Os estímulos contribuirão para a
sua formação, por isso, os pais atuam como estimuladores
da construção do desenvolvimento global. As relações
que se estabelecem no processo do brincar são tão
importantes quanto os demais cuidados que os pais ou
responsáveis têm no dia a dia com as crianças.
Os estímulos que a criança recebe na infância são
importantes porque auxiliam em vários aspectos do seu
desenvolvimento como raciocínio, linguagem,
socialização, autoestima e no desenvolvimento de suas
habilidades motoras. Com isso, pais, a sua participação é
fundamental nesse processo.
Ao brincar, a criança experimenta sentimentos, aprende
sobre regras e é estimulada a usar a imaginação. Ao
incentivar as brincadeiras, os pais contribuem com
desafios, estimulam a autoconfiança e a autonomia da
criança. Ela passa, também, a descobrir sobre suas
preferências, contribuindo para a formação de um
cidadão crítico e consciente.
A brincadeira é fundamental, prepara a criança para a
vida, através do contato físico e social que possui;
somando conhecimento e compreendendo como
funciona o mundo e as coisas à sua volta, à medida que
vai transformando sua realidade e produzindo novos
significados. A brincadeira e os jogos são importantes
nessa construção e estimulam a criança a querer
aprender e conhecer.
Para a criança, o brincar funciona como uma ferramenta
de exploração.

15
Tudo se torna um experimento, desde colocar suas

para o desenvolvimento infantil


próprias mãos na boca até a representação de papéis
dos adultos, como cozinhar e falar ao telefone. A

A importância do brincar
brincadeira é a ligação entre a criança e o meio, sendo
o instrumento que permite o aprendizado e o
entendimento do mundo ao seu redor.

Brincadeira é diferente de brinquedo


Brincar é se envolver em uma atividade divertida com
pessoas, objetos ou movimentos, que não precisa
necessariamente de um brinquedo.
Qualquer coisa, desde fazer bolhas de sabão a cantar,
ou correr pela casa, pode ser considerada brincadeira.

Sente-se no chão com a criança


Você não precisa fazer isso todas às vezes, mas, é bom
lembrar que você é o brinquedo preferido do seu filho e
qualquer coisa em que você estiver envolvido vai ser
mais rico e divertido para ele. Aproveite para conversar
com a criança enquanto brinca, para ao mesmo
tempo ajudá-la a desenvolver a linguagem.

16
Deixe a criança decidir para onde a brincadeira vai

para o desenvolvimento infantil


Você pode sugerir brincadeiras novas e apresentar
opções de atividades, mas, a criança deve ser a dona

A importância do brincar
da brincadeira. Pois, o objetivo é se divertir, mesmo que
ela não esteja seguindo as regras ou que esteja fazendo
o carrinho voar em vez de andar na pista.
Até os 3 anos, a criança ainda é pequena para seguir
regras. Procure se controlar e deixar que a criança
decida o destino da brincadeira, mesmo que você não
concorde (a não ser que haja questões de segurança
envolvidas – aí é sua obrigação intervir).

Sempre utilize a fala correta e explicações durante a


brincadeira
É importante que haja diálogo durante o divertimento e
que a fala direcionada à criança seja sempre um
modelo correto para que a mesma aprenda a
articulação correta das palavras. Além de falar
corretamente para a criança, explique e forneça
conhecimento. Dê nome aos objetos e ações
envolvidas para que a mesma possa saber do que se
trata, para que serve e como funciona tudo ao seu
redor.

17
para o desenvolvimento infantil
POR QUE BRINCAR É IMPORTANTE?

A importância do brincar
1. Combate a obesidade, o sedentarismo e desenvolve
a motricidade. Por exemplo, pega-pega, pular
amarelinha, pular corda, gastam muita energia.
2. Promove o autoconhecimento corporal. Correr, pular,
cair, levantar… Ações que auxiliam a criança a se
perceber e conhecer seus limites e potenciais.
3. Estimula competências socioemocionais. A brincadeira
é uma necessidade biológica que ajuda a moldar o
cérebro, fortalece as relações socioafetivas,
explorando aspectos como autocontrole, cooperação
e negociação.
4. Gera resiliência. Esta é uma das mais importantes
habilidades para se viver. A frustração de perder um
jogo ou de o colega não querer brincar do jeito
proposto pela criança irá ajudá-la a se adaptar a uma
realidade inesperada, administrando melhor as
decepções.
5. Ensina o respeito ao outro. A criança aprende a ouvir,
a relacionar-se, aceitando as diferenças.
6. Desenvolve a atenção e o autocontrole. Quebra-
cabeça ou empilhar blocos é um desafio que, a cada
nova tentativa, será melhor resolvido. Esse
aprendizado é uma ferramenta para superar vários
desafios na vida.
7. Acaba com o tédio e a tristeza. Brincar dá prazer.
Quantas vezes ouvimos pais falarem que a criança
estava triste, chorando. Foi só começar a brincar que
tudo ficou melhor. Isso significa que o brincar fortalece
a saúde emocional.
8. Incentiva o trabalho em equipe. Os jogos e
brincadeiras coletivos são verdadeiras escolas de
convivência, cooperação, respeito, trocas, limites,
essenciais à vida e ao mundo do trabalho.
9. Estimula o raciocínio estratégico. Jogos com regras
criam impasses que são vencidos por meio da análise,
da argumentação, do momento certo de agir, da
avaliação do resultado. Os erros servirão como ponto
de partida para novos acertos.
18
10. Promove a criatividade e a imaginação. Baldes,

para o desenvolvimento infantil


potes, caixas, nas mãos de uma criança, se
transformam em robôs, aviões, pessoas, casas. Por

A importância do brincar
isso, estimular a criatividade com objetos simples traz
mais ganhos à criança do que com brinquedos
prontos e caros.
11. Estabelece regras e limites. A criança aprende a
respeitar o espaço e o limite do outro, lidando com
regras, questionando-as para entendê-las ou para
sugerir mudanças, postura essencial para viver pró
ativamente na sociedade.
12. Auxilia no desenvolvimento da linguagem.
Brincando, a criança será estimulada a desenvolver
a fala e, posteriormente, a leitura e a escrita.

PORTANTO, PAIS...

Brincar é a forma como o cérebro treina a criança para


a vida adulta e para os desafios que ela enfrentará.
Brincar é importante para as crianças como o estudo, a
saúde e a boa alimentação.
Brincar deve ser incentivado e garantido a qualquer
criança e os pais devem sempre ter em mente que uma
boa educação e uma formação adequada de um
adulto capaz de se transformar num ser humano seguro
e feliz passa, simplesmente, por uma boa e velha
brincadeira bem divertida.

Patrícia Ferraz Cardoso França


CRFa2 9617 19
A APRENDIZAGEM E SUA
RELAÇÃO COM O CORPO
O movimento tem um papel
muito significativo em todas as
fases do desenvolvimento
humano.
Henri Wallon, psicólogo francês,
sistematizou suas ideias em três Por isso, a dança, a música, as
elementos básicos que se brincadeiras, em si, são ótimos
comunicam entre si: a recursos para se trabalhar o
afetividade, o movimento e a movimento corporal e, a partir
inteligência. daí, a criança, de modo
especial, vai percebendo as
A base teórica deste autor possibilidades que o seu corpo
chama a atenção para olharmos tem, vai adquirindo
a criança como um todo e não autoconhecimento e reforçando
como um ser dividido em partes. a sua autoconfiança.
O corpo tem um papel Atividades que propõem
fundamental no processo de “movimento” colaboram com o
aprendizagem: ele é o desenvolvimento da criatividade,
“gravador” das nossas imaginação,autonomia,socializa-
experiências com o mundo, ele ção e é, também, uma maneira
acumula estas experiências e é de aliviar o estresse.
capaz de revivê-las a qualquer
momento, dependendo da Para que a aprendizagem se
situação a que for exposto. processe adequadamente é
necessário o domínio das
habilidades psicomotoras.
A Psicomotricidade é uma
ciência que busca fazer conexão
entre os aspectos emocionais,
cognitivos (inteligência) e
motores. Permite à criança tomar
consciência do seu corpo, da
lateralidade, do espaço que a
cerca e do tempo e a adquirir
habilidades de coordenação de
seus movimentos.
20
As habilidades psicomotoras
são:
É a capacidade de usar, de maneira mais eficiente, os
grandes músculos. Através da movimentação e da
experimentação, o indivíduo vai coordenando os seus
Coordenação
Motora Global movimentos e se conscientizando de seu corpo e de suas
Ou posturas.
Coordenação
Atividades que levam à conscientização global do
Motora Grossa
corpo: andar, correr, pular, rolar, arrastar-se, nadar,
lançar-pegar, dentre outras.

Não é um conceito aprendido. É uma construção mental


que a criança realiza gradualmente, de acordo com o
Esquema uso que faz do seu corpo. Resulta das experiências que
Corporal realizamos através do nosso corpo e das sensações que
experimentamos.
É a habilidade e destreza manual.

Atividades que auxiliam o desenvolvimento da


coordenação motora fina: manipular massinha, slime,
amassar ou fazer bolas de papel e encher uma meia;
pegar um pedaço de barbante e ir colocando macarrão

Coordenação cru, passando-o pelo barbante, formando, assim, um


Motora Fina colar, pulseirinhas, cordões. Fazer dobraduras:
aviõezinhos, barcos de papel, etc. Pintura com os dedos,
lápis de cor, giz de cera ou pincéis.

A coordenação motora fina é necessária quando a


criança vai segurar um lápis, manusear a tesoura, realizar
atividades de colagem, etc.

21
É a capacidade de controlar o movimento da mão,
guiado pela visão. Atividades que estimulam esta
habilidade: lançar bola na parede e pegar, jogar bola um
para o outro ou bater peteca, vai-vem (brinquedo),
Coordenação
Visomotora pingue-pongue, boliche.
Esta habilidade é requerida quando a criança copia a
atividade da lousa: assim, deve ter uma boa
coordenação entre os movimentos da mão e dos olhos.

É a tendência que o ser humano possui de utilizar,


preferencialmente, mais um lado do corpo do que o
outro, em três níveis: mão, olho e pé. Isto significa que há
um predomínio motor, ou seja, uma dominância de um
dos lados. O lado dominante apresenta maior força
muscular, mais precisão e rapidez: é ele que inicia e
executa a ação principal. O outro lado auxilia esta ação e
é igualmente importante. Na realidade, os dois não
funcionam isoladamente, mas, de forma complementar.
Exemplos: observar qual a mão nós usamos para nos
Lateralidade
pentear, para recortar com uma tesoura, escrever, bater
um prego na parede (a mão que realiza a ação principal
é a dominante).
Ao ler ou escrever, precisamos deslocar nossos olhos e
mãos da esquerda para a direita, que é o sentido de
direção destas atividades. Uma maneira de trabalhar a
lateralidade: fazer vários círculos no chão. A criança deve
partir de um determinado círculo e o adulto pede para
ela pular pra frente, pra trás, para os lados.

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É a habilidade que a criança apresenta de perceber a posição de
seu próprio corpo no espaço e a posição dos objetos em relação a
ela mesma. A estruturação espacial não nasce com o indivíduo, ela é
construída, assim como a noção de esquema corporal.
Esta habilidade será necessária quando a criança tiver que, por
Orientação exemplo, lidar com o espaço restrito de uma folha do caderno ou
Espacial sulfite. Ela precisará ter vivenciado o corpo, os movimentos em um
espaço, de dimensão maior para, depois, lidar com este espaço mais
restrito. Torna-se necessária, também, para diferenciar letras, números,
em posições
parecidas: “u” ou “n”; “ b, p, d, q” ; “6” ou “9”.

“É a capacidade de situar-se em função de sucessão de


acontecimentos: antes, após, durante; ontem, hoje, amanhã; dias da
semana, meses, horários.
A criança relaciona tudo isso através das atividades de vida diária:
hora das refeições, horário que entra e sai da escola, horário da
natação, horário da brincadeira.
No início, a criança não consegue perceber o tempo em minutos,
mas, ela percebe que há a noite, o dia (ritmo, sequenciação).
Para desenvolver a orientação temporal, precisamos muito da
orientação espacial, pois o corpo deve situar-se dentro de um
espaço, porém, a noção temporal é abstrata, está fora do corpo. Por
Orientação isso, sua aquisição é um pouco mais difícil.
Temporal A criança vai adquirindo a noção de tempo longo, curto. A partir de 6
anos, ela começa a ter a percepção da orientação temporal.” -
Maristela Cortese – psicomotricista.
Esta habilidade é necessária para ordenar as letras, para evitar que a
criança apresente escrita aglutinada (escrever emendado), para
armar continhas de maneira adequada.
A leitura também é ritmo e tem uma organização da esquerda para a
direita.
Para desenvolver a orientação temporal, uma ótima atividade é pular
corda, pois trabalha todas as funções psicomotoras: equilíbrio,
tonicidade, percepção, orientação espacial, lateralidade, tempo e
ritmo. 23
O desenvolvimento das habilidades psicomotoras exerce uma grande
influência na vida da criança, estimulando-a a conhecer-se como um ser
integral, favorecendo o seu desenvolvimento e possibilitando novos
caminhos para a superação das dificuldades de aprendizagem.
É através do corpo que a criança percebe o mundo à sua volta – o corpo é
o nosso principal “instrumento” de aprendizagem.
Aprendemos através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato, paladar;
aprendemos através do contato com o meio que nos cerca, com os objetos
que estão à nossa volta e através do contato com outras pessoas.
É inegável que o movimento é muito necessário para o desenvolvimento
mental, corporal e emocional do ser humano. A atividade física fortalece os
músculos, ossos, proporcionando ao corpo um pleno desenvolvimento. Ao
apresentar um bom controle dos movimentos, a criança poderá explorar o
ambiente e fazer experiências concretas que ampliam seu repertório de
atividades e a solução de problemas, fortalecendo, assim, a sua autoestima,
tornando-a mais preparada e segura para o processo de aprendizagem.

Elaine Ribeiro de Carvalho


CRFa 2480/T6R
24
O
DESENVOLVIMENTO
DE FALA E
LINGUAGEM
A linguagem é um conceito amplo da comunicação. É a capacidade de o
indivíduo expressar suas ideias, suas vontades, suas emoções. Isso pode ser feito
através da fala, mas ,também, com gestos, olhares, sons e escrita.
Atrasos ou dificuldades no desenvolvimento de fala e linguagem podem
ocorrer por diversos motivos, porém, algo que é fundamental para todas as
crianças são os estímulos oferecidos no ambiente familiar.
É importante saber que a comunicação começa muito antes de aparecer a
fala propriamente dita.
Logo que o bebê nasce, já é capaz de comunicar sua fome, dor ou sono
através do choro que, com o passar do tempo, começa a ser diferenciado e
compreendido pela mãe em cada uma destas situações.

De 2 a 3 meses a criança sorri e já faz vocalizações.


Com 6 meses há um aumento do balbucio e o bebê produz vários tipos de sons
como “mamama”, “papapa”.
Por volta de 9 a 10 meses a criança já imita os sons de adultos e cumpre
comandas como “dá tchau”, “manda beijo”...
As tão desejadas PRIMEIRAS PALAVRAS aparecem por volta de 1 ano e, com 1
ano e 6 meses, a criança já é capaz de falar entre 20 a 40 palavras. Nesta fase,
a criança também já compreende perguntas e comandas como: “Onde está
a bola?”, “Pegue a boneca no seu quarto”.
Com 2 anos já é capaz de se comunicar por frases simples e há grande
aumento do vocabulário, chegando a 200 palavras.
Aos 2 anos e 6 meses utiliza frases com duas a três palavras, faz uso de
pronomes e também já se comunica por frases interrogativas.

25
DICAS PARA ESTIMULAR A FALA E A
LINGUAGEM ENTRE CRIANÇAS DE 1 A 2
ANOS E 6 MESES:

✓ Use diferentes tipos de entonações de fala para atrair a atenção da criança;


✓ Quando seu filho emitir uma palavra nova, use-a em diferentes contextos e
situações para que ele a memorize;
✓ Dê sempre o padrão correto de fala. Falar errado com a criança vai
dificultar a aprendizagem;
✓ Cante músicas, repetindo as mesmas em vários momentos;
✓ Depois de um tempo, tente fazer com que a criança complete parte das
músicas, começando por sons, depois, sílabas e palavras;
✓ Utilize livros infantis bem ilustrados para aumentar o vocabulário e estimular a
compreensão da linguagem;
✓ Quando a criança falar algo que você não entendeu, dê atenção e tente
interpretar, aproximando o que ela disse com uma palavra existente. Ex: A
criança fala “aba” e você interpreta “água”, dizendo: “Você quer água?”.
✓ Se a criança já estiver usando palavras para se comunicar, incentive o uso
de frases simples;
✓ Quando a criança já estiver compreendendo ordens simples, acrescente
informações gradualmente. Ex: “Cadê a meia?”, “Coloque a meia no pé”,
“Guarde a meia na gaveta do papai”.

26
DESENVOLVIMENTO DE FALA DE 3 A 6
ANOS
Com 3 anos, a criança já fala frases formadas por 4 a 5 palavras. Também
já memoriza pequenos versos e músicas.
Aos 4 anos já utiliza frases complexas com até 6 palavras. Narra fatos e
histórias, faz perguntas usando “quem”, “por que” e “quando” e seu
vocabulário pode chegar a 1500 palavras.
Com 5 anos, a criança já usa tempos verbais (passado, presente, futuro),
pede informações e já é capaz de emitir todos os sons da fala
corretamente.
Quando a criança completa 6 anos ela é capaz de recontar detalhes de
histórias conhecidas, inventa outras histórias, com coerência. Seu
vocabulário pode chegar a mais de 10.000 palavras e já pode manter
uma conversa com um adulto.

DICAS PARA ESTIMULAR FALA E


LINGUAGEM ENTRE CRIANÇAS DE 3 A
6 ANOS
Proporcione situações inesperadas (surpresas) e incentive a criança fazer
comentários;
Estimule a argumentação, perguntando, por exemplo, “Por que você
gosta desta boneca? “Por que não podemos sair na chuva?”
Utilize objetos para trabalhar “atrás, ao lado, em cima”...;
Relate à criança suas atividades do dia-a-dia;
Retome com a criança histórias que já conhece e peça para contar com
as suas palavras;
Crie com a criança um final diferente para uma história que já conhece;
Ofereça livros apenas com imagens e peça para que ela narre o que está
acontecendo;
Incentive que a criança relate o que aconteceu no seu dia.
Assista a um filme com a criança e depois converse com ela sobre o que
viram;
Faça a brincadeira de adivinhação, na qual ela tem que descrever um
objeto para você adivinhar e vice-versa;
27
Tatiana Helena Pinto
CRFa2 9678

28
A dislexia é um distúrbio genético que dificulta o
aprendizado e a realização da leitura e da escrita.
O cérebro, por razões ainda não muito bem
esclarecidas, tem dificuldade para encadear as
letras e formar as palavras, e não relaciona direito
os sons às sílabas formadas. Como sintoma, a
pessoa começa a trocar a ordem de certas letras
ao ler e escrever.

A disfunção afeta Entre os mais comuns encontram-se


preponderantemente o sexo as seguintes dificuldades:
masculino: são três meninos para
cada menina. Existem diversos → Para ler, escrever e soletrar;
graus de intensidade e o → De entendimento do texto escrito;
diagnóstico costuma ocorrer na → Para identificar fonemas, associá-
infância, quando a criança está los às letras e reconhecer rimas e
aprendendo a ler e escrever. Não aliterações;
é raro, porém, que casos mais → Para decorar a tabuada,
leves sejam surpreendidos na reconhecer símbolos e conceitos
adolescência ou fase adulta. matemáticos (discalculia);
Os sintomas de dislexia variam de → Ortográficas: troca de letras,
acordo com os diferentes graus de inversão, omissão ou acréscimo de
gravidade do distúrbio e tornam- letras e sílabas (disgrafia);
se mais evidentes durante a fase → De organização temporal e
da alfabetização. espacial e coordenação motora.

29
Alguns sinais na Pré-escola

• Dispersão;
• Fraco desenvolvimento da atenção;
• Atraso do desenvolvimento da fala e da
linguagem
• Dificuldade de aprender rimas e
canções;
• Fraco desenvolvimento da
coordenação motora;
• Dificuldade com quebra-cabeças;
• Falta de interesse por livros impressos.

Alguns sinais na Idade Escolar

• Dificuldade na aquisição e automação da


leitura e da escrita;
• Pobre conhecimento de rima (sons iguais no
final das palavras) e aliteração (sons iguais
no início das palavras);
• Desatenção e dispersão;
• Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
• Dificuldade na coordenação motora fina
(letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa
(ginástica, dança etc.);
• Desorganização geral, constantes atrasos na
entrega de trabalho escolares e perda de
seus pertences;
• Confusão para nomear entre esquerda e
direita;
• Dificuldade em manusear mapas,
dicionários, listas telefônicas etc.;
• Vocabulário pobre, com sentenças curtas e
imaturas ou longas e vagas;
30
O que devo fazer?

A dislexia não tem cura, mas, o tratamento adequado permite que a


pessoa tenha qualidade de vida e melhore muito a sua vida acadêmica e
produtiva. Ainda que apresente dificuldades na área de leitura e escrita, a
pessoa com esse transtorno não tem comprometimento da inteligência e
nem da sua vida social. Dessa forma, é possível viver bem com dislexia.
O tratamento envolve acompanhamento com diversos profissionais,
como psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo.
A criança ou adulto consegue, com esse apoio, enfrentar os desafios do
transtorno e desenvolver as suas capacidades de leitura, escrita e
pensamento lógico-matemático.
Um ponto importante do tratamento é oferecer oportunidades para que a
pessoa aprenda de forma criativa, acompanhando o ritmo e as
dificuldades que cada uma apresenta. Muitos dos problemas que as
pessoas com dislexia enfrentam, dizem respeito à falta de adaptação aos
métodos tradicionais e pouco interessantes de ensino.

Milena Pereira Müller


CRFa2 11401

31
GAGUEIRA

SEU FILHO ESTÁ GAGUEJANDO? A DISFLUÊNCIA NORMAL DAS


CRIANÇAS

Caso seu filho tenha dificuldade


para falar e costuma hesitar ou 1. A criança dentro do seu
repetir determinadas sílabas, desenvolvimento normal pode
palavras ou frases, ele pode ter ser disfluente, ocasionalmente,
uma disfluência ou uma gagueira. repetindo uma ou duas vezes
Contudo, ele também pode estar sílabas ou palavras, por
atravessando um período de exemplo: pa- pa-pato. As
disfluência normal, período este disfluências também podem
que muitas crianças enfrentam incluir as hesitações e as
quando estão aprendendo a interjeições como: “hã”, “e”,
falar. “hum”.
A gagueira é um distúrbio da fala 2. As disfluências ocorrem com
que frequentemente começa na mais frequência entre um ano
infância. O diagnóstico e a e meio e cinco anos de idade,
intervenção fonoaudiológica costumam ir e vir.
precoces são fundamentais para
o sucesso terapêutico. Este texto
vai ajudá-lo a entender a Normalmente, essas disfluências
diferença entre gagueira e o são sinais de que a criança está
desenvolvimento normal da aprendendo a usar a linguagem
linguagem. de maneira nova. Se as
disfluências desaparecerem
durante várias semanas e depois
voltarem, a criança pode estar
atravessando uma nova fase de
aprendizagem.

32
A CRIANÇA COM GAGUEIRA LEVE

1. A criança com gagueira leve repete sons mais de duas vezes, pa-pa-
pa-pa pato, por exemplo. A presença de tensão pode ser evidente
nos músculos faciais, especialmente ao redor da boca.
2. A intensidade de voz pode aumentar com as repetições e,
ocasionalmente, a criança terá “bloqueios” (ausência de ar e voz,
por alguns segundos).
3. Tente falar mais lenta e relaxadamente quando conversar com seu
filho. Encoraje outros membros da família a fazerem o mesmo. Não
fale tão devagar de modo que sua fala pareça estranha, mas,
mantenha-a lenta e faça várias pausas.
4. A fala lenta e relaxada pode ser mais eficaz quando a criança tiver a
atenção de seus pais só para ela, sem ter que competir com outros.
Alguns minutos do seu dia podem ser reservados para a criança, é
um tempo em que se vai apenas ouvir o que a criança tem para
falar.
5. Quando seu filho falar ou perguntar algo, tente parar um segundo ou
mais antes de responder. Isso vai fazer com que sua fala fique mais
lenta e relaxada.
6. Tente não ficar chateado ou nervoso quando a gagueira aumentar.
Seu filho está fazendo o melhor que pode para aprender muitas
regras novas de linguagem (todas ao mesmo tempo). Sua atitude de
aceitação e paciência vai ajudá-lo muito.
7. Se seu filho fica frustrado ou triste quando a gagueira está pior, dê a
ele segurança. Algumas crianças se sentem melhor quando ouvem
“Eu sei que às vezes é difícil falar, não tem importância”. Algumas
crianças se sentem mais confiantes ao serem tocadas ou abraçadas
quando se sentem frustradas.
8. As disfluências vão e vêm, mas, estão mais presentes do que
ausentes.

33
A CRIANÇA COM GAGUEIRA SEVERA

1. Se seu filho gagueja com


frequência, apresenta esforço
e tensão para falar, evita
palavras (muda a palavra)
e/ou usa vários sons para
começar a falar, ele precisa de
terapia. Os bloqueios (ausência
de ar e voz, por alguns
segundos) de fala são mais
comuns do que as repetições e
os prolongamentos. As
disfluências estão presentes na
maioria das situações de
comunicação.
2. Neste caso procure um serviço
de fonoaudiologia para tratar
de seu filho.
3. As sugestões dadas para os
pais das crianças com
gagueira leve também servem
para as crianças com gagueira
severa. Tente lembrar que
lentificar sua própria fala, traz
mais benefícios para a criança
do que falar para seu filho
relaxar, respirar, pensar, falar
mais devagar, etc.
4. Encoraje seu filho a falar com
você sobre a gagueira. Mostre
paciência e aceitação
enquanto conversar sobre o
assunto. Superar a gagueira é
mais uma questão de perder o
medo de gaguejar do que
esforçar-se para falar melhor.

34
SAIBA QUE...... A gagueira infantil é um problema
que surge com considerável
frequência e que requer acolhida e
A intervenção fonoaudiológica tratamento especializado. Há fortes
na criança tem como objetivo indicações de que a gagueira tem
eliminar a gagueira ou prevenir o origem genética e fica claro que o
desenvolvimento de seu aparecimento não depende do
comportamentos de gagueira sentimento e atitude dos pais. Se a
mais avançados. Embora criança continua falando com
pesquisas indiquem que muitas repetições de sílabas e palavras
crianças irão se recuperar pequenas, prolongando sons em
espontaneamente da gagueira, demasia ou ainda, travando no início
alguns pré-escolares irão de uma fala, procure um
desenvolver gagueira persistente. fonoaudiólogo. A terapia direta é a
Para estas crianças, a mais indicada, embora com
intervenção precoce seria frequência os pais precisem de
indicada, pois frequentemente orientação e participação no
tem sido relatada como processo terapêutico. Mesmo em
satisfatória, além de apresentar crianças pequenas e, ainda que não
resultados num período tenha sido diferenciada da
relativamente curto de terapia. disfluência infantil, a gagueira precisa
ser avaliada, identificada e a ação
O trabalho integrado com a
muscular que a forma, deve ser
família é fundamental, já que os
trabalhada em direção ao equilíbrio.
familiares são os principais
interlocutores da criança e, assim
sendo, podem determinar o
ambiente comunicativo.
Dependendo da maneira como
interagem com a criança que
gagueja, poderá haver tanto
facilitação como perturbação da
aprendizagem de uma fala mais
fluente. Desta forma, o trabalho
conjunto do terapeuta com a
família propiciará melhores
resultados, facilitando a
transferência e manutenção da
fluência obtida na terapia para o
ambiente domiciliar. Portanto,
para que os familiares possam
fornecer um modelo de fala
adequado à fluência e saibam
reagir diante da gagueira, é Patrícia Ferraz Cardoso França
preciso que lhes sejam dadas CRFa2 9617
orientações específicas.

35
Leitura e Desenvolvimento da
Linguagem
Benjamim Franklin disse, certa vez, que o investimento no conhecimento
sempre paga o melhor retorno.
As famílias desempenham um papel fundamental no desenvolvimento
linguístico das crianças, principalmente, ao longo dos primeiros anos de
vida.
A aprendizagem da linguagem oral, da leitura, da escrita começa em
casa, na convivência entre pais e filhos.

Pela leitura, os pais ajudam os seus filhos a se familiarizar com as letras, as


palavras, os números e o manuseio dos livros propriamente dito,
desenvolvendo, assim, habilidades que serão necessárias para o sucesso
escolar.
A partir disso, apresentamos o conceito de “Literacia Familiar”, que é o
conjunto de práticas e experiências relacionadas com a linguagem oral,
leitura e escrita, que as crianças vivenciam com seus pais, responsáveis ou
cuidadores. Ou seja, é interagir, conversar e ler em voz alta com os filhos.
É ajudá-los a desenvolver quatro habilidades fundamentais: ouvir, falar, ler
e escrever.
Programas de literacia familiar têm sido desenvolvidos em muitos países.

36
PRÁTICAS DE LITERACIA FAMILIAR

➙ Interação Verbal: aumentar a qualidade e quantidade de diálogo com as


crianças, ou seja, introduzir palavras novas, oferecer explicações úteis,
transmitir informações importantes e modelar a fala da criança para ensiná-la
a se expressar com mais desenvoltura e clareza;
➙ Leitura dialogada: interagir com a criança durante a leitura em voz alta;
não é somente o adulto lendo e a criança apenas escutando - é uma leitura
em bate-papo. Se a criança não se expressa através da fala, à medida que
você lê, preste atenção em seu olhar, em sua expressão facial, corporal, nos
gestos, vocalizações.
➙ Contato com a escrita: colocar a criança em contato com os mais diversos
materiais escritos – livros, placas, bilhetes, anúncios e chamar a atenção para
a presença da escrita no cotidiano: folhetos de supermercado, rótulos,
embalagens, receitas culinárias, placas de trânsito etc.
➙ Atividades diversas: jogar, brincar, cantar, tocar instrumentos musicais,
interpretar, dançar, passear, viajar ....
Quando for possível, leve seu filho a um parquinho e busque oportunidades
nas quais ele possa interagir com outras crianças.
Brincadeiras infantis como faz de conta, pega-pega, esconde- esconde, assim
como bingo, dominó, jogo da memória, cruzadinha, caça-palavras, quebra-
cabeça e muitos outros facilitam o desenvolvimento da linguagem e de
outras habilidades também.

Motivação: aumentar a motivação das crianças em relação à leitura e à


escrita. O exemplo dos pais é a ferramenta motivacional mais importante. Se o
seu filho o observar enquanto você lê ou escreve, ele perceberá que essas
ações são importantes e o imitará. Portanto, leia e escreva diante dele.
Elogie atitudes e posturas que favoreçam a aprendizagem. Por exemplo:
“Muito bem, você está atento à história!” “Você está se esforçando para ler
estas palavras difíceis!”
Aqui, estamos destacando o motivo dos elogios.
37
Os cinco aspectos citados ajudam a criança a desenvolver-se
integralmente, pois envolvem não só a linguagem (oral, escrita,
vocabulário), mas, também aspectos como: atenção, concentração,
memória, coordenação motora e socialização. Vamos destacar
especificamente como estimular a prática da leitura através da leitura
dialogada.

LEITURA DIALOGADA

A essência da leitura dialogada é que adultos e crianças interajam, por


meio de perguntas e respostas, quando praticarem a leitura em voz alta.
É uma das práticas da literacia familiar e contribui para fortalecer os laços
afetivos entre você e seu filho.
Quando realizada na primeira infância favorece o desenvolvimento de
habilidades, atitudes e conhecimentos facilitadores do processo de
alfabetização.
Quando praticada com crianças maiores ou adolescentes reforça
conhecimentos e habilidades adquiridos na escola, além do estímulo ao
desenvolvimento da linguagem (que é contínuo) e o amor à leitura.
Dedique, ao menos, 10 minutos por dia à leitura dialogada. Se conseguir
praticar por mais tempo, melhor! Só não se culpe por não conseguir ler o
tanto que desejaria.

Como praticar a leitura dialogada

Dicas simples, eficientes e baratas

• Em casa, encontre um lugar tranquilo e silencioso. Desligue o celular e os


outros aparelhos eletrônicos.
• No entanto, quando for possível sair de casa, após passar a pandemia,
podemos levar algo para ler com nossos filhos. Os livros devem ser
companheiros fiéis da família. Por exemplo, se estamos numa sala de
espera, pracinha ou no shopping.
38
• Se a pessoa não sabe ler ou considera que não lê muito bem, pode
inventar histórias com base nas ilustrações das páginas.
• Cultive o hábito de ler em voz alta!
• Antes de começar a leitura, mostre a capa do livro, o título, o autor.
Pergunte à criança se ela consegue antecipar o enredo da história,
considerando as informações presentes na capa.
• Leia com calma e devagar. As crianças precisam de um tempo para
visualizar as ilustrações e para construir imagens mentais da história
narrada.
• Para as crianças que apresentam autismo, podemos apresentar livros
que contém aromas ou efeitos sonoros.
• Você pode seguir o texto da história ou contá-la com suas próprias
palavras.
• Se seu filho se agitar ou pular durante a leitura não se aborreça: isso é
um sinal de que ele está empolgado com a história.
• Quando seu filho estiver lendo, não o corrija o tempo todo: correções
devem ser feitas ao final de uma frase mais longa ou ao final de um
parágrafo. Sempre dê o modelo correto de fala.
• A criança deve ficar à vontade para fazer perguntas e comentários
durante a leitura; tentem descobrir o significado de uma palavra que
não conhecem pelo contexto da história ou procurando o
significado no dicionário ou no Google.

39
• Ao ler acompanhe as palavras do texto com o dedo, para que a
criança saiba que se lê da esquerda para a direita e de cima para
baixo.
• Destaque o som inicial das palavras, por exemplo: “filho, você sabe qual
é o primeiro som da palavra “maçã”? Ah, isso mesmo, é m..m..( ocluindo
os lábios). Você pode destacar qualquer som ou letra. Chame a
atenção do seu filho para o nome da letra, sua forma (maiúscula,
minúscula) e para os sinais de pontuação.
• Peça à criança que localize na página do livro, por exemplo: “Onde
estão os bichos que nadam? “Mostre os meios de transporte”. “Encontre
as palavras com cinco letras”.
• Tanto você quanto seu filho devem gostar da história! Afinal, a leitura
tem que ser prazerosa.
➨ As práticas de literacia familiar aumentam o bem-estar da criança, pois
ajudam a diminuir a agitação e os comportamentos arredios. A leitura
feita antes de dormir, por exemplo, melhora a qualidade do sono infantil,
o que contribui para reduzir a agressividade e a ansiedade.
➨ O fortalecimento dos vínculos familiares, a motivação e o estímulo
intelectual estão fortemente correlacionados à prática da leitura dos pais
para os filhos.

Texto adaptado do programa “Conta pra Mim”


Programa de Literacia Familiar, do MEC

Elaine Ribeiro de Carvalho


CRFa 2480/T6R
40
PROCESSAMENTO AUDITIVO
CENTRAL: O QUE É E COMO
ESTIMULAR
Processamento Auditivo (Central) As etapas do processamento
é a capacidade que o sistema auditivo são:
nervoso tem para traduzir as
• Detecção do som: habilidade
informações enviadas pela
audição, ou seja, como o cérebro de perceber a presença de um
processa (analisa e interpreta) o som.
que o indivíduo ouviu. Envolve um • Atenção Seletiva: capacidade
conjunto de habilidades de prestar a atenção a um som
auditivas, como a localização dos (por exemplo, à voz de uma
sons, a possibilidade de prestar pessoa), mesmo diante de
atenção em um som e ignorar outros estímulos.
outros (chamada de figura-
fundo), memorizar sons • Discriminação: capacidade de
ambientais ou de fala, entre detectar as diferenças entre os
outras. sons.
• Localização: habilidade de
saber de onde vem o som.
Para a maioria das pessoas, os
componentes “condutivo” e • Reconhecimento: quando o
“sensorial” do sistema auditivo indivíduo percebe a fonte
estão prontos ao nascimento, ou sonora, ou seja, o que ou quem
seja, nascemos com o ouvido está produzindo aquele som.
pronto para “receber o som”. No • Compreensão: é interpretar, dar
entanto, o componente “neural” significado ao que ouviu.
irá se desenvolver a partir das
experiências da criança. Assim, a • Memória auditiva: capacidade
criança “aprende a escutar”. de armazenar e recuperar
estímulos auditivos ou
informações ouvidas.

41
Estimular as habilidades auditivas contribui para o desenvolvimento de
diferentes aspectos da linguagem e da aprendizagem. A memória
auditiva, por exemplo, possui relação com muitas habilidades de
linguagem, como o desenvolvimento do vocabulário e a compreensão
do que é falado ou lido. Permite a aquisição de novos conhecimentos e a
integração (“junção”) de informações, interferindo em diferentes tipos de
aprendizado. Por outro lado, quando há alterações no processamento
auditivo, diversos prejuízos podem estar presentes na vida do indivíduo.

DISTÚRBIOS DO PROCESSAMENTO E como estimular o


AUDITIVO CENTRAL Processamento Auditivo Central?

Problemas neurológicos ou
alterações sensoriais auditivas, Serão dadas algumas dicas e
mesmo as “passageiras”, como sugestões de atividades para
otites (infecções/inflamações de você estimular a escuta do seu
ouvido) recorrentes, podem filho. No entanto, é bom lembrar
ocasionar dificuldades no
Processamento Auditivo Central que elas podem ajudar muito,
(PAC). mas não substituem um
Alterações de PAC podem tratamento fonoaudiológico,
ocorrer mesmo em pessoas com caso este seja necessário.
audição normal. Quando há
alterações no PAC, a dificuldade Dicas gerais:
não é em ouvir e sim em
“processar o que ouve”. • Reservar um momento para
conversar com a criança
O transtorno do PAC pode ser a olhando para ela, de frente. Isto
causa principal de dificuldades
na aprendizagem e/ou no dará um modelo de atenção
desenvolvimento da linguagem, seletiva, mostrando que
mas muitas vezes é secundário a devemos focalizar no que deve
outras dificuldades ou coexistente ser escutado.
com outros transtornos. Assim,
pode ocorrer em crianças com • Se possível, elimine ou diminua
autismo, síndromes, dislexia,
transtornos de linguagem e outros ruídos que possam competir
distúrbios de aprendizagem. com a sua voz durante a
comunicação, principalmente
se você percebe que seu filho
tem dificuldade em focalizar a
atenção nesta situação. Na
medida em que esta atenção
vai melhorando, você pode
inserir estes ruídos aos poucos.
• Chamar a criança pelo nome,
fazer contato de olho e, até
mesmo, tocá-la para garantir a
atenção antes de começar a
falar. 42
• Falar com pausas nítidas e Sugestões de atividades para
entonação enfatizada (porém, estimular o Processamento Auditivo
de forma natural).
• Garantir que a criança entendeu
• Fazer uma brincadeira motora
as solicitações. Se ela tiver
associada a presença ou
condições, pedir para que repita
ausência de um som. Exemplos:
o que foi dito.
Brincar de “estátua”, de “vivo-
• Criar situações de comunicação morto” (agachar, levantar), jogar
diariamente. Nestas situações, uma bola ao cesto. Você pode
sinalize com frequência que você combinar com a criança de fazer
está ouvindo-a. “estátua” quando desliga uma
música (não deixe a criança ver
• Há vários tipos de sons em nosso
você ligando/desligando) e
dia-a-dia: sons do nosso corpo
dançar quando a música volta
(palmas, beijo, estalo dos
(você pode cantar também), ou
dedos...), sons da natureza
fazer a estátua quando você fizer
(chuva, trovão...), sons dos
um som ou falar uma palavra.
animais (gato, cachorro...), dos
Pode combinar uma palavra ou
meios de transporte (carro, moto,
som para agachar e outra para
avião...), da nossa casa (torneira,
levantar.
chuveiro, descarga...). Explore
estes sons. Chame a atenção da • Brinque de “onde está o som”.
criança para eles quando
• Com figuras: faça o som e peça
ocorrerem, nomeie-os, use-os
para ela adivinhar qual som foi.
para brincadeiras quando
Para aumentar a dificuldade:
possível.
faça dois ou mais sons ou fale
• Conte histórias. Insira sons nas duas ou mais palavras e peça
histórias quando possível (ex: faça para ela apontar as figuras na
o som do animal), faça diferentes sequencia.
vozes. Faça perguntas que
• Brinque de “o mestre mandou”,
possam dirigir a atenção da
dando uma ou mais ordens de
criança ao enredo e a
acordo com a dificuldade da
determinadas palavras (ex: qual
criança (e varie o tamanho das
será que é o nome da menina?
ordens de acordo com a
onde será que ela vai?).
dificuldade também). Exemplo:
“O mestre mandou...pular!”, “O
mestre mandou... pular e correr!”,
“O mestre mandou... colocar a
mão no cabelo e depois ficar de
joelho!”

43
• Brinque de “adivinhe o som”. Você pode separar algumas coisas de
casa que fazem barulho. Exemplos: molho de chaves, colher (bater
uma na outra), potes (bater no pote). Você também pode fazer um
material, como potinhos transparentes com arroz, feijão, pedrinhas.
Deixe a criança explorar o som primeiro. Depois, sem ela olhar, você
faz o som e ela terá que adivinhar. Para trabalhar a memória
auditiva sequencial, faça dois ou mais sons e a criança terá que
adivinhar a sequência.
• Brinque de “fui à feira (ou outro lugar) e comprei...” Você fala o
nome de dois ou mais itens para a criança lembrar. Você pode
brincar de “fui para a lua e levei” e dizer “coisas malucas”- as
crianças adoram! Esta brincadeira trabalha a memória auditiva
verbal.
• Peça para a criança contar para você ou outro familiar algo que
acabou de ouvir (como uma história ou parte da história).

Luciane Kalil Patah


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COMO O USO DE FONES DE
OUVIDO PODE CAUSAR PERDAS
AUDITIVAS?

Quase 10 milhões de brasileiros sofrem com algum problema de audição,


segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2050 cerca de
900 milhões de pessoas no mundo terão perda auditiva incapacitante –
93% mais do que as que sofrem hoje. A entidade associou alguns casos
aos níveis de som prejudiciais dos dispositivos de áudio. Os ruídos altos, em
geral, são extremamente prejudiciais aos ouvidos. Ao usar fones de ouvido
em volume alto, o risco é ainda maior. Isso porque os fones ficam bem
próximos ao ouvido. Tal proximidade tem o efeito de aumentar o som
equivalente a 9 dB! Não é difícil entender como o som alto prejudica a
audição. Quando as ondas sonoras chegam aos nossos ouvidos, elas
fazem com que o tímpano vibre. Essa vibração é transmitida ao ouvido
interno até atingir a cóclea. A cóclea contém milhares de pequenos
“pelos”, que são as chamadas células ciliadas. Quando as vibrações
sonoras atingem a cóclea, essas células se movem. Sons mais altos
provocam vibrações mais fortes, fazendo com que as células ciliadas se
movam mais. Quando você ouve sons muito altos por muito tempo, as
células ciliadas perdem sua sensibilidade à vibração.
Em alguns casos, as células podem se curvar muito por conta do barulho
alto. Isso causa a sensação de perda auditiva temporária e, depois de
algum tempo, as células ciliadas se recuperam do ruído intenso e voltam a
se mover. Entretanto, nos casos mais comuns, as células ciliadas nunca se
recuperam. Elas podem estar muito danificadas para continuar
funcionando normalmente. Isso leva à perda auditiva permanente. Este
tipo de problema auditivo induzido por ruído é quase impossível de se
recuperar.
45
QUAL O MELHOR DISPOSITIVO?

Especialistas indicam que é necessário seguir algumas recomendações


para evitar problemas auditivos relacionados à utilização de fones de
ouvido, que incluem: diminuição do volume, fazer pausas no uso e evitar
utilizá-los em ambientes muito barulhentos, onde se costuma aumentar o
volume para níveis potencialmente perigosos. Alguns modelos de fone
também oferecem menos riscos.
Segundo Kevin H. Franck, da Faculdade de Medicina de Harvard, em
ambientes silenciosos, o estilo do fone de ouvido não faz muita diferença.
No entanto, se o local for barulhento, a recomendação é usar dispositivos
com cancelamento de ruído – função que reduz a quantidade de som
externo que entra nos ouvidos.

COMO CONTROLAR O VOLUME?

Se a pessoa do seu lado consegue escutar


a música que você está ouvindo, significa
que está alto demais. O mesmo é válido se
alguém estiver falando com você, mas,
você não consegue entender o que está
sendo dito. Outro sinal de que o volume
está muito elevado é se, ao falar, você
precisa levantar a voz para que a outra
pessoa consiga entender: isso indica que
seus ouvidos estão sobrecarregados até
mesmo para escutar sua própria voz.
A maioria dos smartphones alerta quando
o volume dos fones é prejudicial aos
ouvidos. Então, não ignore o aviso ou
mantenha o volume em até 60% do nível
máximo.
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CONTROLE O TEMPO DE EXPOSIÇÃO

Além de diminuir o volume, você também pode limitar o tempo


que utiliza os fones de ouvido para proteger sua audição. Uma
boa maneira de ter o controle de tempo e volume é usando a
regra 60-60: não escute mais do que 60% do volume máximo por
mais de 60 minutos. Além disso, faça pausas de uma hora a cada
duas horas de escuta. Assim, você garante que sua orelha está
descansando dos ruídos por um bom tempo.

DOIS FONES DE OUVIDO

A recomendação de especialistas é que as pessoas procurem usar os


dois fones ao mesmo tempo. Isso porque os ouvidos humanos trabalham
em conjunto para fornecer maior sensação de intensidade. Quando
plugamos apenas um dos lados, o som não parece tão alto, então
aumentamos o volume.

ATENÇÃO!
Estes são alguns sinais de perda auditiva causada por sons intensos:
• dificuldade de compreensão de fala.
• zumbido.
• intolerância a sons intensos.
• cefaleia, tontura, entre outros.
Caso você ou algum familiar apresente estes sintomas procure um
otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo para diagnóstico e
intervenção.

Tatiana Helena Pinto


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