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HISTÓRICO
“Acreditava-se que o pensamento não podia se desenvolver sem a linguagem e que a fala não
se desenvolvia sem a audição: quem não ouvia, portanto, não falava e não pensava”
(STREIECHEN, 2012, p. 13).
Por isso, por longos anos os surdos foram considerados seres retardados e impensantes.
Com o passar dos tempos, vários estudos, pesquisas e, principalmente, as conquistas sociais e
políticas frutos da luta e dos movimentos das pessoas surdas, essa realidade começa a mudar,
mas ainda a passos lentos. Mesmo com as várias legislações aprovadas, ainda há no Brasil
muitas dúvidas em relação às técnicas e estratégias metodológicas para se trabalhar com
surdos.
A primeira escola para surdos no Brasil remonta a chegada de D. João ao país, em 1808.
Atualmente, esta instituição ainda existe e é denominada Instituto Nacional de educação de
Surdos – INES, no Rio de Janeiro.
De acordo com Levy (1999, p.14) “[...] O currículo apresentado em 1856 tinha como disciplinas
português, aritmética, história, geografia e a “linguagem articulada” e “leitura sobre os lábios”,
para os que tivessem aptidão”.
Depois de menos de uma década, porém, os profissionais consideraram que os alunos não
haviam obtido nenhum rendimento com este treinamento, enquanto o ensino através da escrita
havia se mostrado útil.
Por esta razão, o Governo ordenou que o ensino da “linguagem articulada” fosse feito apenas
por alunos que pudessem se beneficiar, a critério do professor, sem que existisse prejuízo à
instrução da linguagem escrita.
Ensino da técnica articulada
Problemas
Os benefícios advindos do uso dos dispositivos eletrônicos da audição não são percebidos de imediato, é
necessário um período de aprendizagem e de adequação auditiva que, às vezes, desanima a criança e
seus familiares (PINTO et.al., 2012).
O trabalho de habilitação e reabilitação auditiva possibilita à criança fazer o maior uso possível do resíduo
auditivo, em contrapartida existem muitas dúvidas e sentimentos contraditórios da família durante o
processo de adaptação e principalmente sobre a comunicação (PEREIRA E FERES, 2005).
Mais problemas? Ou soluções
No processo de adaptação, os pais são orientados sobre a importância do seu papel no desenvolvimento
de linguagem e das habilidades auditivas da criança, bem como no papel dos profissionais envolvidos
respondendo às necessidades da criança nesse processo. Por esta razão, o comprometimento dos pais e
dos demais familiares na reabilitação auditiva é essencial para o cumprimento das etapas que esse exige.
Torna-se fundamental a família ter conhecimento sobre a perda auditiva da criança, pois todo o tipo de
sentimento ou até mesmo a maneira de se comportar com a criança irá implicar no plano terapêutico
(BITTENCOURT E MONTAGNOLI, 2007).
A efetividade da adaptação de próteses auditivas e/ou implante coclear depende também do
acompanhamento do paciente por meio dos retornos periódicos ao Programa de Saúde Auditiva, ou seja,
após a adaptação do AASI e/ou IC se faz necessário retornar em uma semana para verificar se não
houve algum desconforto na adaptação do dispositivo eletrônico durante esse período de adaptação da
prótese auditiva, e consequentemente será solicitado o retorno em um mês para realização do ganho
funcional, cuja função será saber como está à audição do paciente com o AASI e sem o mesmo
(OTOCLÍNICA BRASÍLIA, 2014).
Dados brasileiros
A perda auditiva é uma doença de alta prevalência, variando de 1 a 3: 1.000 indivíduos, e este
número aumenta na presença de indicadores de risco para deficiência auditiva.
No cenário nacional, devido à magnitude social da prevalência de deficiência auditiva e suas
consequências na população brasileira, o Ministério da Saúde instituiu os Serviços de Atenção à
Saúde Auditiva (SASA) que, juntamente, com Programas de Triagem Auditiva Neonatal, têm
como objetivo o diagnóstico precoce, a intervenção e a reabilitação dos sujeitos com deficiência
auditiva.
Os primeiros anos de vida são considerados críticos para o desenvolvimento. Isso torna a
detecção precoce da deficiência auditiva fundamental para minimizar os prejuízos e os impactos
causados pela perda auditiva no desenvolvimento de linguagem e das habilidades auditivas,
assim como na aprendizagem.
Além do diagnóstico precoce, a literatura também aponta a relevância da intervenção
fonoaudiológica no sucesso da reabilitação das crianças com deficiência auditiva. Quanto mais
cedo o diagnóstico auditivo e a intervenção fonoaudiológica forem realizados, maior será a
proximidade com o desenvolvimento de crianças ouvintes.
Habilidades linguísticas e auditivas de crianças usuárias de aparelho auditivo
Estudo realizado com 110 crianças de 6 a 10 anos de idade, com perda auditiva de grau leve a
profundo, usuárias de AASI, buscou descrever o perfil linguístico e as habilidades auditivas de
usuários dos sujeitos, caracterizar o processo de intervenção fonoaudiológica e analisar sua
relação com o grau da perda auditiva das crianças.
Foram realizados testes de linguagem, percepção de fala, discriminação fonêmica e
desempenho escolar.
Cerca de 65% das crianças apresentavam alteração do vocabulário, 89% de fonologia e 94%
tiveram desempenho escolar considerado inferior. O grau da perda auditiva mostrou-se
associado à idade de diagnóstico, de adaptação do AASI e de início da fonoterapia; do tempo
entre diagnóstico e adaptação do aparelho auditivo; ao resultado dos testes auditivos e ao tipo
de comunicação utilizada.
Independentemente do grau de perda auditiva, o diagnóstico e as intervenções necessárias
ocorreram tardiamente, com prejuízo das habilidades linguísticas e auditivas destas crianças.
O risco de uma criança do grupo de perda auditiva de grau moderadamente severo/severo não
utilizar a linguagem oral para se comunicar é 6,2 vezes maior do que uma criança do grupo de
perda auditiva de grau leve/moderado; e o risco de uma criança do grupo de perda auditiva de
grau profundo bilateral não utilizar a linguagem oral para se comunicar é 83,1 vezes maior do
que uma criança do grupo leve/moderado.
Método PERDONCINI
Metodologia audiofonatória criada pelo linguista francês, doutor e professor Guy Perdoncini, na
década de sessenta
Trazido para o Brasil e adaptado à Língua Portuguesa pela professora linguista Alpia Couto,
presidente da AIPEDA – Associação Internacional Guy Perdoncini para o Estudo e Pesquisa da
Deficiência Auditiva.
O método tem por objetivo a utilização do resíduo auditivo como ponte para chegar à voz, à fala
e à linguagem.
Acredita-se que a criança que nasce com uma perda auditiva não tem prejudicada sua
capacidade de discriminar os sons, pois, por maior que seja a perda, há sempre uma gama de
audição a ser educada ou reeducada, desde que a criança aprenda a descobrir como usar os
resíduos auditivos.
OBJETIVOS
Desenvolver a percepção auditiva, que deve ter inicialmente o apoio visual, que ocorre de
acordo com a necessidade individual de cada criança;
Desenvolver a linguagem partindo da compreensão para chegar à emissão, que deve ser
inicialmente livre;
Emitir boa melodia antes de conseguir boa articulação, já que é a melodia o principal fator para a
boa inteligibilidade da fala;
Desenvolver um trabalho fonético, a partir da emissão espontânea, conseguindo a correção
articulatória de forma natural, sempre que possível partindo da percepção auditiva.
As principais características do método são:
Naturalidade: a educação auditiva e as aquisições linguísticas devem ter um desenvolvimento natural,
obedecendo aos interesses e dentro da capacidade de cada criança;
Desenvolvimento: desenvolvimento das potencialidades da criança e não visando à deficiência, de
modo a estimulá-la a atingir um desenvolvimento o mais compatível
com sua faixa etária, sempre dentro de suas possibilidades;
Movimento: o trabalho deve ser dinâmico, envolvendo de uma forma global a criança;
MÉTODO VERBOTONAL