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Princípios Fundamentais de Energia,

Planejamento e Processos de
Gestão Energética Baseada
na ISO 50.001:2011

Brasília-DF.
Elaboração

Luiz Carlos Fonte Nova de Assumpção


Silvia Barreira Zambuzi

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I

PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL.......................................................................... 11

CAPÍTULO 1

FONTES RENOVÁVEIS............................................................................................................... 12

CAPÍTULO 2

FONTES NÃO RENOVÁVEIS...................................................................................................... 17

CAPÍTULO 3

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS.................................................................. 21

UNIDADE II

MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES...................................................................... 26

CAPÍTULO 1

PRIMEIRAS FONTES DE ENERGIA E AS ENERGIAS DO FUTURO................................................... 29

CAPÍTULO 2

MATRIZ ENERGÉTICA E A INFLUÊNCIA DA LOCALIZAÇÃO.......................................................... 41

CAPÍTULO 3

RESERVAS, PRODUÇÃO E CONSUMO...................................................................................... 51

CAPÍTULO 4

SITUAÇÃO NO BRASIL.............................................................................................................. 56

UNIDADE III

CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO................................................................ 62

CAPÍTULO 1

AS NORMAS ABNT NBR ISO 9001, ABNT NBR ISO 14001 E BS 8800 (OHSAS 18001) E SUAS
INTERFACES............................................................................................................................ 68
UNIDADE IV
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA
USO............................................................................................................................................. 98

CAPÍTULO 1
ABNT NBR ISO 50001– REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO........................................ 100

CAPÍTULO 2
OUTRAS RESOLUÇÕES QUE VISAM A ECONOM IA DE ENERGIA.............................................. 121

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 132

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 134
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O mundo moderno não funciona sem energia! Parece uma afirmação muito forte,
que mostra a dependência de nossa espécie em algo que não se consegue controlar
totalmente e que, por outro lado, nos prejudica demasiadamente. Porém, a verdade é
que a energia é um dos elementos fundamentais para o funcionamento do mundo atual;
basta observar nosso dia a dia. Nosso sistema de informações é baseado totalmente
em uso de energia elétrica, nossa casa está totalmente conectada à rede elétrica (e à
internet). Não conseguimos ficar sem nossos smartphones por muito tempo! Nossa
dependência pela energia elétrica é grande e não há perspectivas de volata no tempo,
de não se usar energia para nossos fins.

Aí mora um grande problema: as fontes energéticas! Existem formas diversas de se


conseguir energia, algumas delas são mais prejudiciais ao meio ambiente, outras mais
sustentáveis. Os impactos ambientais mais notados, discutidos e preocupantes são as
mudanças climáticas globais, este fenômeno que já está em curso e que pode mudar
completamente o rumo de nossas vidas. Tudo devido, grande parte, à produção de
energia. Fontes não renováveis, como carvão e petróleo, ao serem queimados para a
geração de vapor para acionar turbinas, emitem gás carbônico, conhecido gás de efeito
estufa, que segura calor na atmosfera, aquecendo-a e trazendo mudanças no clima geral.

Entender o processo de cada uma das fontes energéticas é o primeiro passo para escolher
qual tipo de matriz a ser adotada. Temos que tomar como base sua disponibilidade,
tendo em vista a demanda da sociedade atual e da sociedade futura, sem deixar de lado
a questão dos impactos ambientais (e/ou sociais) causados por cada uma. Porém, vale
o registro que não existe uma fonte ideal, todas possuem algum tipo de impacto ao
meio ambiente, desde a hidrelétrica, que submerge milhares de quilômetros de áreas
geralmente florestadas à energia nuclear, que apesar de ocupar uma área superficial
pequena, tem em seus resíduos, as substâncias menos desejadas de se estocar, pois os
decaimentos radioativos de suas células de combustível podem levar alguns milhares
de anos.

Dessa forma, normas e leis específicas voltadas ao planejamento energético surgem


para contribuir com a mitigação dos impactos causados pela geração de energia, bem
como fomentar a melhoria do desemprenho energético em indústrias e empresas. A
ISO 50.001/2011 surgiu, em um primeiro momento, com o foco na indústria e seu
desempenho energético, mas, posteriormente, ela extrapolou o universo industrial,
fazendo com que a norma possa ser aplicada em todas as empresas independentemente

8
do tamanho ou da atividade. Essa norma surge para permitir que as organizações
estabeleçam os sistemas e processos necessários para melhorar de forma contínua o
seu desempenho energético.

Objetivos
»» Promover o conhecimento das principais fontes da matriz energética
mundial, sendo elas obtidas de fontes renováveis ou não renováveis, e a
relação entre matriz energética, tempo e localização.

»» Analisar as reservas, os produtos e os consumos do Brasil e do mundo.

»» Compreender os conceitos básicos relacionados aos Sistemas de Gestão,


com foco na Gestão Energética.

»» Compreender a Resolução ABNT NBR ISO 50001 para Sistemas de


Gestão da Energia.

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PRINCIPAIS
FONTES DA MATRIZ UNIDADE I
ENERGÉTICA
MUNDIAL

Matrizes energéticas são as diferentes fontes de energia disponíveis para o


desenvolvimento das atividades sociais. Seja na indústria, na produção de energia
elétrica ou nos transportes, é necessário ter uma fonte de energia que possibilite o
funcionamento das máquinas e a realização dos trabalhos. Sendo uma das grandes
preocupações da humanidade, as discussões sobre as matrizes energéticas ocupam
grande espaço na mídia e nos centros de pesquisas tecnológicas, no qual o grande
desafio consiste em descobrir fontes de energia renováveis, baratas e “limpas”.

Todos os países calculam periodicamente quantos recursos possuem de energia,


quanto gastam e em quais usos. Esse conjunto é a matriz de energia e, no Brasil, ele
é acompanhado e consolidado num relatório anual do Ministério de Minas e Energia,
chamado de Balanço Energético Nacional. Para ser eficiente, o balanço é um estudo
detalhado que registra os recursos de energia primários (petróleo, xisto, carvão mineral,
lenha, cana-de-açúcar, mamona, urânio e água), os secundários (óleos cru e diesel,
gasolina, bagaço de cana, álcool, biodiesel, carvão vegetal e eletricidade), as formas
de uso (mecânica, nuclear etc.) e os setores de consumo, como transporte, indústria,
comércio e residências.

Manter a oferta de energia em crescimento na matriz e mudá-la, quando preciso, é um


desafio permanente de cada nação. Além de ser necessário dispor de cada recurso, é
preciso disponibilizá-lo de acordo com sua forma preferencial de uso e fazê-lo chegar
aos locais de consumo a um preço viável. O gás natural, por exemplo, é mais eficiente
do que a eletricidade para gerar calor e aquecer a água do banho em países de inverno
rigoroso, mas é necessário canalizá-lo até os imóveis.

Principais matrizes energéticas


»» As matrizes energéticas são classificadas em: renováveis e não renováveis.
À parte, aparece a energia nuclear, que ainda gera um grande debate na
comunidade científica quanto à sua classificação.

11
CAPÍTULO 1
Fontes renováveis

Definição: “É aquela originária de fontes naturais que possuem a capacidade de


regeneração (renovação), ou seja, não se esgotam.” (CARROCCI, 2011).

As fontes de energia renováveis são aquelas que podem ser aproveitadas ao longo do
tempo sem a possibilidade de esgotamento dessa mesma fonte. São provenientes de
ciclos naturais que se regeneram de uma forma cíclica em uma escala de tempo reduzida
(PACHECO, 2006).

É importante diversificar as fontes renováveis de energia. Quando há uma


dependência de uma única fonte, como a hidrelétrica no Brasil, você fica
sujeito a secas e outros problemas que podem surgir. Por isso, a importância
de ter diversas fontes para, quando uma não estiver plena, a outra poder
compensá-la sem afetar a população, nem o planeta. (Duncan, R., Maio de
2013, Web site UOL).

Existem vários tipos de energia renováveis e, cada vez mais, o desenvolvimento de


tecnologias e inovações favorecem as novas formas de produção de energia que tem,
como fonte, os fenômenos e recursos naturais.

Essas novas fontes de energia surgem como alternativa para contribuir com a diminuição
do aquecimento da Terra e, principalmente, para tentar alcançar cada vez mais uma
independência em relação ao petróleo.

O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 44,1%
de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além
das energias eólica e solar. As usinas hidrelétricas são responsáveis pela geração de
mais de 88% da eletricidade do país. Vale lembrar que a matriz energética mundial é
composta por 13,5% de fontes renováveis, no caso de países industrializados, caindo
para 6% entre as nações em desenvolvimento.

Entre as fontes renováveis de energia, estão:

»» Energia eólica – é a energia produzida pelo vento; funciona mediante


o processo de transformação da energia cinética das massas de ar em
energia mecânica ou elétrica. Apesar de ser uma energia limpa, ela

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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I

apresenta certas limitações, sendo possível somente em regiões em que


venta boa parte do ano. Além disso, tem um custo relativamente alto,
quando comparada a outras fontes de energia. Os países que mais utilizam
esta fonte são: Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Índia.

»» Energia solar – sem causar danos ao ambiente, a energia solar pode ser
convertida diretamente em energia elétrica por meio de painéis solares e
células fotovoltaicas. Os custos para a construção destes painéis e o baixo
rendimento fazem com que esta fonte, embora promissora, seja pouco
utilizada no cenário atual.

»» Energia hídrica – consiste na produção de energia por meio do


movimento da massa de água de rios ou lagos; é usada, sobretudo, na
produção de energia em hidrelétricas, as quais, no Brasil, abastecem
88,8% do consumo de eletricidade. Um aspecto negativo desta fonte é o
impacto ambiental e/ou social, já que necessita de mudanças nos cursos
dos rios para o correto aproveitamento do potencial hidráulico. Com isso,
áreas de mata nativa acabam sendo impactadas e famílias que viviam há
anos num mesmo local são remanejadas para outros locais, que muitas
vezes não atendem às suas necessidades de vida.

»» Biomassa – pode-se chamar de biomassa a energia renovável


proveniente de qualquer material orgânico. Restos de madeira, de cana
de açúcar, óleo vegetal, biocombustíveis, estrume do gado, resíduos
florestas, lixo urbano são exemplos de biomassa. A biomassa é uma
energia limpa, podendo ser utilizada na geração de energia elétrica por
meio do bagaço da cana. O etanol e o biodiesel são biocombustíveis que
apresentam, respectivamente, muitas vantagens em relação à gasolina e
ao diesel comum. Uma delas é a redução de gases poluentes lançados à
atmosfera.

»» Biodiesel – combustível biodegradável derivado de reações químicas de


óleos vegetais ou de gorduras animais com o etanol, tornando-se menos
poluente que os óleos de origem não renováveis (como o petróleo). Há
dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem produzir o
biodiesel, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim,
pinhão manso e soja, dentre outras.

»» Maremotriz – o fenômeno das marés, resultado das forças gravitacionais


exercidas pelo Sol e pela Lua, possui um ciclo previsível de maré alta e baixa
(SILVA, 2012). Condições específicas de determinadas regiões litorâneas,

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

como a forma da costa, seu leito marinho, bem como a existência de baías
e estuários podem provocar grandes variações de nível entre as marés,
além de elevadas correntes, que podem ser aproveitadas para a geração
de energia elétrica (TAVARES, 2005). Entretanto é uma tecnologia que
exige uma grande e cara estrutura, além de condições específicas que no
Brasil não são viáveis em termos de eficiência energética.

»» Geotérmica – é o aproveitamento do calor da terra presente nos


fluídos existentes em grande profundidade, especialmente em bacias
sedimentares ou áreas de rochas cristalinas, para geração de energia e
calor. Assim como a energia solar, pode ser utilizada para aquecimento de
casas, piscinas etc. Atualmente, há o desenvolvimento de tecnologias que
aproveitam a energia geotérmica contida nos aquíferos — hidrogeologia
energética— ou em formações geológicas superficiais (MARTINS
CARVALHO; CARVALHO, 2004).

O que temos observado, ao longo dos últimos anos, é um investimento cada vez maior
da participação das fontes renováveis de energia na matriz energética dos países.
Entretanto, se olharmos a produção mundial de energia, sua contribuição é ainda
muita reduzida. Os países industrializados, maiores consumidores de energia, possuem
na base da sua matriz energética fontes não renováveis. Esses recursos são finitos e,
em longo prazo, a tendência é que os custos de produção aumentem. Sendo assim,
fontes alternativas às fontes tradicionais ou novos métodos de produção são mais do
que necessários para o atendimento da demanda crescente por energia.

No Brasil, por exemplo, a presença de fontes renováveis na matriz energética é


significativa, principalmente a energia hidroelétrica e a energia obtida a partir de
biomassa. O Governo brasileiro tem buscado ampliar essa participação, por meio
de negociações internacionais com o intuito de reduzir os impactos futuros ao meio
ambiente.

O desenvolvimento de novas fontes renováveis não se limita ao atendimento a


compromissos ou obrigações ambientais, também visa ao desenvolvimento de
tecnologias no país, reduzindo, assim, uma possível dependência de tecnologias de
ponta para a produção de energia. Além disso, as novas fontes renováveis têm sido
utilizadas como forma de reduzir as diferenças regionais no que diz respeito ao acesso à
energia. Apesar de seus elevados custos, se comparados com os das fontes tradicionais,
as novas fontes renováveis podem se tornar competitivas em comunidades isoladas.

As novas fontes renováveis de energia – biomassa, eólica, solar, de marés, pequenas


centrais hidroelétricas (PCHs) – têm se constituído em alternativas às fontes tradicionais.

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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I

Além de serem classificadas como opções ambientalmente corretas, permitem – em


vários casos– a geração distribuída de energia. Assim, as geradoras que utilizam essas
fontes alternativas costumam se localizar próximas aos centros de consumo, para
atender às demandas de localidades isoladas.

A história mostra que há sempre uma energia de referência ou dominante que orienta
as trajetórias do setor energético, podendo ter reflexos significativos na economia como
um todo. Qualquer perturbação no mercado da energia dominante impacta os mercados
de outras fontes de energia, o que poderia ser traduzido, à primeira vista, como um
elevado grau de substituição entre elas. No entanto, se o peso relativo da energia
dominante é muito grande, uma pequena perturbação pode afetar consideravelmente o
preço de outras fontes de energia.

A posição de dominante tem sido ocupada por diferentes fontes de energia ao longo
do tempo. Na verdade, o desenvolvimento tecnológico e as mudanças estruturais da
economia fazem com que as energias dominantes passem por um ciclo. No período
pré-industrial, a biomassa, notadamente a lenha e o carvão vegetal, eram praticamente
as únicas fontes utilizadas pela humanidade. Com a revolução industrial, o carvão
mineral passou a exercer papel preponderante na economia. Mais tarde, no final do
século XIX, os derivados de petróleo começaram a substituir o carvão mineral.
O petróleo se tornou a fonte de energia dominante no século passado, principalmente
com o “boom” da indústria automobilística, que passa a exercer uma função central no
desenvolvimento e na modernização das economias.

Em um contexto de consumo acelerado e de oferta limitada de recursos, as perspectivas,


no início da década de 1970, eram de declínio acentuado das reservas mundiais de
petróleo, o que acabou por provocar duas grandes crises de fornecimento de petróleo
nessa década. Em 1973, o preço do petróleo salta de US$ 3 para US$ 12 por barril e, em
1979, atingiu US$ 32 (em valores correntes da época). Os países adotaram estratégias
diferenciadas para superar as crises. As principais medidas podem ser assim resumidas:

»» Substituição do petróleo por outras fontes, notadamente a energia nuclear


nos países industrializados e, no caso do Brasil, a energia hidráulica e o
álcool.

»» “Desmaterialização” das economias, de forma a reduzir o seu conteúdo


material (e energético), o que fez com que o setor de serviços assumisse a
posição de vetor de crescimento nas economias mais adiantadas.

»» Mudança de hábitos e comportamento dos consumidores.

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

»» Transferência de indústrias intensivas em energia para regiões com


abundância de fontes energéticas, sobretudo em economias menos
desenvolvidas.

»» Progresso técnico do lado da demanda, com a melhoria da eficiência


energética dos equipamentos e aparelhos.

»» Inovação tecnológica do lado da oferta de energia, o que permitiu, no


caso do petróleo, por exemplo, aumentar as reservas, com a possibilidade
de exploração e produção em mar (offshore) e em águas profundas.

As inovações no setor de petróleo têm tido grande influência no sentido de alongar


a permanência de sua posição dominante no mercado, mas isso não quer dizer que
ele continuará a ocupar essa posição eternamente. Especialistas da Aspo (Association
for the Study of Peak Oil and Gas) alertam que as descobertas vêm declinando há
bastante tempo. A última grande descoberta no Oriente Médio ocorreu nos anos de
1970. Grandes empresas vêm revisando as estimativas de suas reservas e há um grande
questionamento sobre a contabilização das reservas na Arábia Saudita.

Urge, portanto, a necessidade de se encontrar, em médio e longo prazo, um substituto


(ou alguns substitutos) para a energia dominante atual. A substituição do petróleo
por outro energético não é algo tão simples, dado que o petróleo é uma fonte bastante
flexível, com conteúdo energético elevado, podendo ser transportado sem dificuldades
e produzir combustíveis diversos para múltiplas aplicações. As energias renováveis
nem sempre oferecem essas facilidades, de modo que não conseguirão substituir o
petróleo em sua plenitude no atual estágio do desenvolvimento tecnológico. Mas, se o
petróleo pode ser substituído paulatinamente por diversas fontes renováveis, isso deve
ser interpretado como uma vantagem, pois minimiza os riscos de abastecimento e os
impactos perversos de choques de oferta da energia dominante sobre a economia como
um todo.

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CAPÍTULO 2
Fontes não renováveis

Definição: “As fontes de energia não renováveis são aquelas que se encontram
na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a sua utilização. Uma
vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas.” (WEB SITE AGENEAL,
2013).

No mundo atual, o crescimento econômico é intensivo em energia. Desde o advento da


Revolução Industrial até a década de 1970, os combustíveis fósseis dominaram a matriz
energética mundial, descontada a participação marginal das hidroelétricas e da energia
nuclear.

De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE), essas fontes


respondem por 87% de toda a energia usada no mundo (MESQUITA, 2015). Isso ocorre
principalmente devido à grande eficiência energética dessas fontes não renováveis.

A principal fonte de energia e a mais utilizada no mundo é o petróleo. Além de não ser
renovável, é considerado um dos principais responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera
e um motivador de conflitos entre países em todo o mundo, especialmente entre os que
possuem estoques do recurso – como o Oriente Médio e a Venezuela – e os países que
dependem muito dessa fonte – como os Estados Unidos (PORTAL ENERGIA, 2015).

Mundialmente, as discussões sobre as questões energéticas, aprofundadas pela escassez


cada vez maior de petróleo, além das mudanças climáticas – que são atribuídas por
muitos pela queima de combustíveis fósseis – tem enfatizado o desenvolvimento técnico
e econômico das fontes renováveis de energia.

Esta enorme dependência de fontes não renováveis de energia tem acarretado,


além da preocupação permanente com o esgotamento destas fontes, a emissão
de grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que em
1996 foi da ordem de 23 bilhões de toneladas (...), aproximadamente o dobro
da quantidade emitida em 1965 (a taxa média de crescimento desta emissão
verificada na década de 1990 foi de 0,5% ao ano). Como consequência, o teor
de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado progressivamente (...),
levando muitos especialistas a acreditarem que o aumento da temperatura
média da biosfera terrestre, que vem sendo observado há algumas décadas, seja
devido a um “Efeito Estufa” provocado por este acréscimo de CO2 e de outros

17
UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

gases na atmosfera (...).” (SILVA, E. P. et al. Recursos energéticos, meio ambiente


e desenvolvimento. Web site MultiCiência – Unicamp)

No mundo atual, o crescimento econômico é intensivo em energia. Desde o advento da


Revolução Industrial até a década de 70, os combustíveis fósseis dominaram a matriz
energética mundial, descontada a participação marginal das hidroelétricas e da energia
nuclear.

Panorama internacional
Ainda hoje, mesmo com todos os esforços de mitigação do peso dos recursos energéticos
não renováveis no consumo global, os três principais combustíveis (petróleo, gás e
carvão) são responsáveis por 80% da demanda mundial de energia. Além disso, há
grande concentração geográfica desses recursos (especialmente as reservas de petróleo),
geralmente em regiões distantes dos maiores consumidores. Assim, é possível dizer que
assegurar um suprimento seguro de energia a preços estáveis e moderados tem sido
uma das prioridades da agenda internacional.

O Brasil e os recursos energéticos não renováveis

A matriz energética brasileira é composta por 55,9% de fontes não renováveis, o


percentual mais baixo entre as grandes economias mundiais. O país é, desde 2006,
autossuficiente no que tange à produção de petróleo. O Brasil possui uma das maiores
empresas do mundo no setor e líder mundial em tecnologia de extração “offshore” em
águas profundas. Em período recente, a atuação da Petrobras resultou em uma das
maiores descobertas de reservas, a camada Pré-Sal.

No plano bilateral, o Brasil tem mantido relevante diálogo sobre o tema de energia
com Argentina, China, EUA e União Europeia. O país acompanha, ainda que não seja
membro, as atividades da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP) à luz de sua importância no cenário mundial.
Além disso, participa das discussões do Fórum Internacional de Energia (FIE).

No contexto regional, cabe destacar a importância da integração energética na


América do Sul. O país tem atuação expressiva em organismos como a Organização
Latino-Americana e Caribenha de Energia (OLACDE), a União de Nações
Sul-Americanas (UNASUL) e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), em
seu Subgrupo de Trabalho com enfoque em energia (SGT-9). Os objetivos são a
integração energética para o aproveitamento integral e sustentável dos recursos
da região e o desenvolvimento de uma infraestrutura para a interconexão regional

18
PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I

de acordo com os três pilares de desenvolvimento sustentável: econômico, social e


ambiental.

No que concerne aos organismos internacionais, o Brasil tem presença em variados


foros, bem como nas cúpulas BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), América do
Sul-África (ASA), Índia-Brasil-África do Sul (IBAS), América Latina e Caribe (CALC) e
Brasil-Caribe (CARICOM).

Petróleo

O petróleo ganha força como matriz energética mundial no século XIX, quando
substitui o carvão mineral, por sua capacidade de iluminação (querosene em lampiões).
As quatro fases econômicas da atividade petrolífera são: extração, transporte, refino e
distribuição. As refinarias de petróleo sempre se localizam próximo aos grandes centros
industriais, que são os maiores consumidores de derivados de petróleo, com o objetivo
de reduzir os gastos com o transporte. Vale lembrar que depois de refinado, o petróleo
aumenta de volume, exigindo maior capacidade de transporte e, consequentemente,
maiores recursos.

A criação de empresas estatais de petróleo, a partir dos anos 1930, consistiu em estratégia
de enfrentamento ao cartel das “sete irmãs”, associação de empresas petrolíferas que
visava controlar o setor. Com isso, os países buscavam garantir a autonomia nacional
no que se refere à produção e distribuição de tão importante recurso energético.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) é uma associação formada
por doze países (Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar,
Indonésia, Argélia, Nigéria, Líbia, Gabão e Venezuela) que se uniram para tentar
ampliar sua participação percentual nos lucros gerados pelo setor petrolífero.

A primeira crise mundial do petróleo ocorreu em 1973 e teve caráter político com
significativo aumento dos preços tornando refém todos os países dependentes dessa
forma de energia.

Apesar de toda tecnologia disponível no campo da produção energética, a sociedade


ainda é completamente dependente dos combustíveis fósseis. Os derivados do petróleo,
principalmente a gasolina e o óleo diesel, representam 35% de toda a fonte de energia
utilizada no mundo. Os derivados do petróleo apresentam dois grandes problemas em
sua utilização em larga escala: são fontes de energia não renováveis e a dependência
destes elementos pode gerar uma crise energética. Além disso, é apontado como um
vilão ambiental, já que a sua combustão libera uma quantidade muito grande de CO2 à
atmosfera, intensificando o efeito estufa.

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

Carvão mineral

Apesar de ser conhecido há muito tempo, o carvão mineral assumiu importância mundial
a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial e foi a principal fonte energética
até a chegada do petróleo, destacando-se os transportes (navegação e ferrovia a vapor) e
a termoeletricidade (usinas termoelétricas). Apesar disso, continua sendo importante,
com 28% do consumo primário mundial.

Aproximadamente 5,6% do carvão produzido é consumido no setor siderúrgico, mas


ainda sim cresce, pois é barato para produção de energia, porém o custo de transporte
é muito caro.

É a segunda fonte mais utilizada no planeta e apresenta as mesmas deficiências do


petróleo: é uma fonte de energia não renovável e também libera grande quantidade
de CO2 à atmosfera. Além disso, a atividade de extração deste mineral é, por muitas
vezes, realizada em ambientes insalubres e de alta periculosidade para os operários,
registrando alto índice de acidentes.

Gás natural

Dentre os combustíveis fósseis, é a opção mais barata e “limpa”. Representa 21%


da matriz energética mundial e 10% da brasileira. Seus principais problemas estão
relacionados ao transporte, que pode ser feito por gasodutos ou por caminhões
(rodovias), o que apresenta um risco de acidente elevado. Existe um desinteresse da
indústria petrolífera em tornar o gás uma forma alternativa viável para os países já que
sua exploração está vinculada a essa indústria. Pode ser utilizado tanto na fabricação de
energia elétrica quanto na indústria, porém, principalmente no Brasil, é mais utilizado
no setor de transportes.

Energia nuclear

Há divergências na sua classificação como renovável ou não renovável, mas, ainda


assim, a energia nuclear é posta em questão também como uma grande alternativa aos
combustíveis fósseis. Ela é obtida por processos químicos nucleares, como a fusão ou
fissão nuclear. Mesmo sendo considerada uma energia limpa, ela apresenta diversos
riscos como acidentes nucleares (como o acontecido em 1986, em Chernobyl, atual
Ucrânia) e em relação ao armazenamento do lixo atômico. A energia nuclear é produzida
no Brasil pelas usinas Angra I e Angra II, que correspondem a 3% do consumo de
eletricidade. No mundo, esta fonte corresponde a 17% de toda eletricidade gerada. Na
França, 77% da energia do país provêm de fontes nucleares.

20
CAPÍTULO 3
Combustíveis fósseis e mudanças
climáticas

Apesar de o assunto mudanças climáticas ser assunto relativamente novo na mídia,


alertas sobre o aquecimento gradativo da temperatura média da atmosfera do planeta
vêm sendo dados desde os anos 1980 (GOLDEMBERG, 2011). Não há como negar a
influência antrópica (humana) na intensificação do que chamamos de efeito estufa, com
lançamentos aproximados de 35,7 gigatoneladas (6,5 x 1012 t) de CO2 no ano de 2014
(ESTADO DE SÃO PAULO, 2015), atingindo a marca de 400 ppm (partes por milhão)
em setembro de 2015 (NOAA, 2015). Resultado disso: dos 134 anos de acompanhamento
do clima, os dez anos mais quentes foram na década de 2000 (NASA, 2016).

O efeito estufa

O efeito estufa é a maneira natural de manter a Terra aquecida (figura 1), inicia-se
com os raios solares que saem do Sol e atingem a superfície da Terra. A energia
desses raios aquece a superfície e retornam em forma de calor para a atmosfera,
os Gases de Efeito Estufa que existem naturalmente (e os que emitimos)
armazenam este calor mantendo a Terra sempre aquecida.

Para exemplificar, pense como um cobertor, ela em si não aquece a Terra (assim como
o cobertor), porém absorve e retém o calor emitido pela Terra (assim como o cobertor).

Figura 1. Efeito Estufa.

Fonte: Adaptado de Santomauro (2015).

21
UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

A temperatura média da Terra é, hoje, em torno de 15º C; porém, se não houvesse


o Efeito Estufa, esta temperatura poderia ser -18º C (BAIRD; CANN, 2011)! Uma
diferença de 33º C relacionada à existência dos Gases de Efeito Estufa.

Vemos que muito CO2 é lançado na atmosfera pelas atividades industriais,


produção de energia elétrica, produção de cimento, transporte e desmatamento.

Mas será que todo CO2 lançado vai parar na atmosfera?

Um fato é bastante interessante de ser notado: a curva de emissão e concentração de


CO2 na atmosfera da Terra, apesar de continuamente aumentar, tem um formato de
dentes de um serrote, como mostrado na figura 2. Isso ocorre porque os continentes
acima da linha do Equador possuem territórios muito maior que no Hemisfério Sul,
e quando chega o outono/verão no Hemisfério Norte, as plantas retiram o CO2 para
realizarem a fotossíntese e a concentração deste gás diminui, quando chega o inverno
algumas plantas morrem e as atividades fotossintéticas diminuem bastante, fazendo a
concentração de CO2 aumentar.

Figura 2. Concentrações anuais de CO2, de 2012 a 2016. A linha pontilhada em vermelho mostra os valores de

CO2 medidos mensalmente no vulcão Mauna Loa, enquanto em preto encontra-se plotado os valores médios.

Fonte: NOAA (2016).

O oceano também tem um papel importante na captação de CO2 atmosférico. Em


condições normais, tanto as florestas como o oceano são capazes de armazenar CO2
lançados na atmosfera. Porém, há um limite, pois eles mesmos também lançam CO2

22
PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I

(decomposição de plantas e animais), esse saldo é 0,9 Gt (Gigatoneladas) para as


florestas e 2,2 Gt para os oceanos. Nos oceanos, esse CO2 absorvido transforma-se em
conchas e nas florestas é absorvido pelo solo.

Mudanças climáticas globais

Apesar de o meio ambiente ter seus meios de absorver o CO2 emitido, é necessário
entender que estes processos são lentos e possuem um limite máximo, como visto
anteriormente. O marco principal para os aumentos das emissões atmosféricas foi a
Revolução Industrial, com a utilização de maquinário a vapor para a produção de bens
em larga escala. Na figura 3, observa-se que a linha vermelha é o total de emissões de
CO2 (em Gt), e a linha começa a inclinar-se após o ano de 1850. A linha verde é o total
acumulado desde o ano 1000; ela se manteve estável até o ano 1850, sofrendo uma
grande inclinação no fim do século XX.

Figura 3. Emissões de CO2 versus Níveis de CO2 atmosféricos.

Fonte: IPCC (2011).

Esta elevação na concentração de CO2 no fim do século XX é preocupante pois faz


com que a camada de Gases do Efeito Estufa fique mais densa (engrosse) e absorva
mais calor. Absorvendo mais calor, a atmosfera torna-se mais quente e isso reflete nas
temperaturas e sistemas climáticos terrestres.

23
UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

Porém, não é só o CO2 que faz parte dos Gases de Efeito Estufa. Comenta-se mais
dele devido as altas taxas de emissão desde a Revolução Industrial, pois a queima de
combustíveis fósseis lança na atmosfera CO2, porém, outros gases têm que ser levados
em consideração: Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbonos (CFCs),
hexafluoreto de enxofre (SF6), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs),
Trifluoreto de Nitrogênio (NF3).

Apesar de terem emissões atmosféricas menores que o CO2, os gases citados


anteriormente possuem uma capacidade maior de reter calor na atmosfera, o que os
torna importantes na composição dos Gases de Efeito Estufa– além disso, suas emissões
também aumentaram em comparação com dados antes de 1750 (começo da Revolução
Industrial). Alguns gases possuem capacidade de aquecimento da atmosfera (CO2 eq) de
até 22.800 vezes mais que o CO2! O SF6, por exemplo, e utilizado na indústria eletrônica.

A concentração do metano antes de 1750 era de aproximadamente 0,75 ppm (BAIRD;


CANN, 2011) e duplicou em menos de 300 anos, para aproximadamente 1,8 ppm na
década de 2010 (IPCC, 2014); o CH4 retém 25 vezes mais calor que o CO2. O óxido
nitroso estava presente em uma concentração de 0,27 ppm (BAIRD; CANN, 2011) e
subiu para 0,32 ppm (IPCC, 2014), um aumento de 15%, porém, o N2O retém 298 vezes
mais calor na atmosfera que o CO2.

Um documentário amador interessante, feito por um cientista, está disponível


na página do Youtube, no canal do Pirula25. O documentário chama-se
“Aquecimento Global – Último Round” e explica bem o porquê ocorre o
aquecimento global, suas consequências e polêmicas envolvidas sobre o
assunto. Merece ser assistido.

Consequências das mudanças climáticas

As consequências do aquecimento global serão iguais para todos os países? Será


que os países em desenvolvimento conseguirão ter os mesmos recursos que os
países ricos para a mitigação e assistência de seus cidadãos?

No ano de 2006, foi lançado o filme “Uma verdade Inconveniente – Um Aviso


Global” relacionando as altas emissões dos Estados Unidos com os meios de
produção norte-americano e aquecimento global. Produzido pelo “quase”
presidente americano Al-Gore.

Entre as principais consequências das mudanças climáticas apontadas pelo Painel


Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), estão:

24
PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I

»» Derretimento áreas cobertas por gelo, como o Ártico, geleiras na América


do Norte e do Sul, Alpes, Himalaia e África.

»» Elevação do nível do mar pelo derretimento das áreas cobertas de gelo.

»» Maior incidência de eventos extremos, como secas, tornado e furacões,


ondas de calor (ou frio) e chuvas intensas.

»» Eventos extremos com maiores intensidades.

»» Maiores regiões com secas, como leste da Amazônia, África Subsaariana


e Sul do continente e América Central.

»» Regiões com precipitações maiores que o normal, como o Oeste da África.

»» Impactos econômicos para recuperação e mitigação dos efeitos da


mudança climática.

»» Impactos em atividades econômicas, como agricultura, pastoreio, pesca


ou extrativismo.

»» Distribuição das chuvas e águas superficiais.

25
MATRIZ ENERGÉTICA
NO TEMPO E AS UNIDADE II
DIVERSAS REGIÕES

Apesar da mudança dos componentes da matriz energética mundial ser indiscutível


em longo prazo, existem diversos condicionantes (tecnológicos, políticos, culturais,
econômicos, sociais, comerciais ou ambientais) que podem apressar ou retardar as
mudanças consideradas inexoráveis. Neste particular, deve-se considerar o que se
segue:

»» A entrada em vigor de Normas e Diretrizes Internacionais (Protocolo de


Kyoto e Diretiva para Obtenção de Eletricidade de Fontes Renováveis,
do Parlamento Europeu) pode incentivar ainda mais o uso de energias
renováveis e criam reservas de mercado para a bioenergia.

»» O apoio intenso, garantido e continuado aos programas de Pesquisa,


Desenvolvimento e Inovação (PD&I) constituirá a pedra angular para
acelerar a taxa de utilização de energias renováveis. Inovações têm o
condão de viabilizar técnica e economicamente as fontes renováveis de
energia, bem como permitir a exploração comercial, o ganho de escala e
a redução de custos.

»» A cogeração de energia se constituirá em um diferencial importante para


a viabilização econômica de fontes de bioenergia.

»» A expansão da área de agricultura energética não poderá ocorrer à custa


da redução da oferta de alimentos, nem de impactos ambientais acima
da razoabilidade, sob pena de forte reação contrária da sociedade, o que
inviabilizaria o negócio bioenergia. Ao contrário, entende-se que haverá
uma tríplice associação entre energia, alimento e indústria química.

»» O preço dos combustíveis fósseis é crucial para apressar a transição e,


ironicamente, para estender o tempo de duração das reservas, tornando
a transição menos turbulenta. Sob um quadro de preços moderados
de combustíveis fósseis poucas fontes de energias renováveis são
competitivas, como é o caso do etanol ou da energia eólica.

26
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

»» Os custos de obtenção de energia são fortemente ligados às condições


locais e os que apresentarem menores custos serão explorados em primeiro
lugar. Este fato gera diferenciais competitivos entre as diferentes regiões.

»» O aumento da participação das fontes de energia renovável na matriz


energética, em especial nos países ricos, dependerá de apoio decisivo e
continuado dos respectivos governos. O suporte é crucial, especialmente
no início do processo de introdução na matriz, podendo ser reduzido
conforme as metas forem atingidas e o processo consolidado.

Na composição da futura matriz, a maioria dos estrategistas aponta para a consagração


da energia solar como principal fonte primária de energia, que se desdobrará em
repositórios intermediários, derivados da captação e transformação da radiação solar,
seja por fotossíntese (biomassa) ou por processos industriais. A conjugação das duas
vertentes, como é o caso das células de combustível, operacionaliza as formas de
aproveitamento da energia solar.

Aceitas as premissas anteriormente relacionadas, qualquer cenário que venha a ser


traçado para médio e longo prazos, revela as vantagens comparativas do Brasil para ser
o paradigma do uso de energia renovável e o principal player do biotrade – como está
sendo chamado esse mercado, consolidando os negócios internacionais envolvendo
oferta de energia renovável.

Igualmente, o Brasil reúne condições para ser o principal receptor de recursos de


investimento provenientes do mercado de carbono. Mercado este que hoje se encontra
um tanto questionado, visto que as metas traçadas para os países “desenvolvidos” não
estão sendo alcançadas e os investimentos em projetos países “em desenvolvimento”
não estão sendo vistos como relevantes no processo de redução das emissões a nível
mundial.

O sinergismo entre as vantagens comparativas naturais (solo, água, radiação solar e mão
de obra) e as captações de capital proveniente de projetos vinculados aos Mecanismos
de Desenvolvimento Limpo tornarão o país ainda mais atrativo para macro investidores
ávidos por disputarem o market share do biotrade. Esses capitais comporão um portfólio
de investimento direto na produção, porém, também auxiliarão na formação de uma
logística adequada para o armazenamento e escoamento da produção (comunicações,
tancagem, ferrovias e hidrovias e instalações portuárias).

Da mesma forma, as políticas públicas destinadas à geração de emprego e renda e a


melhoria de sua distribuição, em especial no apoio à pequena propriedade familiar e nos
assentamentos da Reforma Agrária, encontrarão na Agricultura de Energia uma forma

27
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

de agregar valor à produção destes segmentos, ao mesmo tempo em que contribui para
o esforço global de limpeza da atmosfera.

Nota-se a ausência de um importante fator de produção, na equação acima, que é o


componente tecnológico. Investimentos serão necessários, principalmente nos países
considerados “em desenvolvimento”. Empresas multinacionais já estão atuando nessa
questão, levando centros de pesquisa para países como o Brasil, por exemplo.

Uma questão que já está sendo foco de estudos de empresas do setor de química e
petroquímica é a substituição das suas matérias-primas, visto que estes setores
competem com o setor de energia. O declínio na oferta de petróleo afetará o conjunto
das cadeias produtivas que dele dependem. Ao contrário da energia, na qual uma cesta
de fontes estará disponível, a matéria-prima sucedânea do petróleo para a indústria
petroquímica será a biomassa. E a concretização desta previsão poderá ser antecipada
ou retardada em função do investimento em PD&I.

Apesar do exposto, os cenários não são definitivos e muito menos autorrealizáveis.


O poder regulatório e de intervenção do Governo pode alterar o quadro exposto, desde
que este atue pró-ativamente e na direção correta. No caso do Brasil, é de fundamental
importância que aspectos sociais e ambientais sejam considerados.

28
CAPÍTULO 1
Primeiras fontes de energia e as
energias do futuro

“O Sol e a madeira forneceram energia ao homem durante longo tempo. Apenas


há cerca de 5.000 anos atrás se começaram a usar outras fontes de energia.”

As necessidades energéticas do homem estão em constante evolução. Para


satisfazer suas primeiras necessidades, que eram basicamente a alimentação,
uma fonte de iluminação noturna e aquecimento, o homem apropriou-se do uso
do fogo (...). A diversificação do trabalho, visando à otimização das tarefas e ao
aumento do nível de conforto demandou novas formas de utilização de energia,
que foram sendo descobertas e aprimoradas, por meio do desenvolvimento
da matemática, da geometria e da engenharia, que proporcionaram a criação
de dispositivos mecânicos complexos, empregados para o aproveitamento da
energia (...). (FARIAS, L. M., SELLITTO, M. A. Uso da energia ao longo da história:
evolução e perspectivas futuras, Revista Liberato, v. 12, no 17, pp. 1-106, 2011).

As matrizes energéticas e o nível de consumo foram se modificando com decorrer da


história do homem e o desenvolvimento de tecnologia.

Fazendo uma pequena comparação de diferentes épocas, podemos ter uma boa noção
a respeito do uso, do consumo e das fontes mais utilizadas em diferentes períodos da
história da humanidade.

Pré-história

O corpo humano era a principal ferramenta. Os utensílios eram apenas acessórios do


trabalho muscular e o consumo energético estava restrito à alimentação. As fontes
energéticas do homem nesse momento se restringiam apenas aos alimentos para
sustentar os corpos nas suas atividades diárias de caça, pesca e colheita.

Civilizações

Os ventos e a água já eram recursos energéticos, por meio da navegação à vela e dos
moinhos de água. A tração animal já era existente mais continuava ineficiente, pois

29
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

os animais costumavam ser presos pelo pescoço, causando o enforcamento do animal


durante a atividade, reduzindo a eficiência. Apesar dessas novas fontes, a força muscular
era ainda a principal.

Revolução industrial

Esse período foi marcado pela chegada da indústria e o aumento da produção de


mercadorias, possibilitado pela mecanização. O carvão mineral era a principal fonte
energética que deu suporte a atividade industrial.

Esses diferentes períodos ilustram as diferentes fontes utilizadas em cada momento


histórico. A utilização de diferentes fontes energéticas é necessária porque nem todos
os lugares têm o mesmo tipo e a quantidade de recursos naturais necessários para a
geração de energia.

As fontes de energia estão ligadas, também, ao tipo de economia: quanto mais


industrializada ela for, maior será o uso de energia. O carvão mineral foi o a grande
fonte de energia da Revolução Industrial e o petróleo foi a principal fonte do século XX
e continua desempenhar esse papel, apesar de previsões indicarem um declínio num
futuro próximo.

No entanto, descobertas recentes de novos campos de petróleo e gás nos levam a crer
que esse cenário deve perdurar por mais algum tempo.

Energias do futuro

“A ONG ambiental WWF lançou (...) um estudo com novas perspectivas do futuro
mundial em relação à produção de energia limpa. A publicação apresenta uma
proposta de que até 2050, 95% da demanda energética seja proveniente de
fontes renováveis.

O estudo foi feito pela consultoria Ecofys, especializada em energia, a pedido


da WWF. A proposta não inclui somente uma nova realidade da produção,
mas também estratégias que sejam capazes de reduzir até 15% do consumo
energético, em relação ao ano de 2005.

A pesquisa garante que os combustíveis fósseis poderão ser praticamente


abandonados nas próximas décadas. Hoje, eles fornecem 80% da energia global.
A biomassa e a energia nuclear também podem ser deixadas de lado nos anos
que se seguem.” (Website Ciclo Vivo, WWF projeta futuro com 95% da energia
mundial vindo de fontes renováveis, 2011).

30
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

“A nation that can’t control its energy sources can’t control its future.” (Obama,
B., The Audacity of Hope: Thoughts on Reclaiming the American Dream, Crown,
2006)

Energia eólica

A energia eólica – produzida a partir da força dos ventos – é abundante, renovável,


limpa e disponível em muitos lugares. Essa energia é gerada por meio de aerogeradores,
nas quais a força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um
gerador elétrico. A quantidade de energia transferida é função da densidade do ar, da
área coberta pela rotação das pás (hélices) e da velocidade do vento.

A avaliação técnica do potencial eólico exige um conhecimento detalhado do


comportamento dos ventos. Os dados relativos a esse comportamento – que auxiliam
na determinação do potencial eólico de uma região – são relativos à intensidade da
velocidade e à direção do vento. Para obter esses dados, é necessário também analisar
os fatores que influenciam o regime dos ventos na localidade do empreendimento.
Entre eles pode-se citar o relevo, a rugosidade do solo e outros obstáculos distribuídos
ao longo da região.

Segundo apresentado no website do Ministério do Meio Ambiente (MMA), para que


a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua
densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 metros, o que requer
uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. Segundo a Organização Mundial de
Meteorologia, o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma
altura de 50 m, em apenas 13% da superfície terrestre. Essa proporção varia muito
entre regiões e continentes, chegando a 32% na Europa Ocidental, onde a energia eólica
é mais utilizada. É uma das fontes de energia de maior crescimento no mundo, a uma
taxa média é de 27% nos últimos cinco anos.

A região Nordeste é a que apresenta as melhores condições do Brasil para o


aproveitamento da energia eólica, não somente pelos regimes dos ventos, mas também
pela possibilidade de complementaridade com a energia hidráulica. Esta característica
foi comprovada ao se estudar os níveis médios de vazão dos rios que atendem algumas
usinas da região Nordeste. Além do Nordeste, algumas regiões do Sul do país apresentam
potencial eólico, por isso a grande maioria dos projetos já implantados no Brasil se
encontra nessas duas regiões.

31
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

A figura 4 mostra o mapa do potencial eólico brasileiro, de acordo com o a velocidade


média de ventos.

Figura 4. Potencial Eólico Brasileiro – regime de ventos nas regiões do país.

Legenda: Velocidade média do vento (m/s) 50m acima do nível da superfície:

Fonte: Filipe (2010).

32
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Para entender o mapa acima:

a legenda refere-se à velocidade média do vento e energia eólica média a uma altura de
50m acima da superfície em 5 condições topográficas distintas:

»» zona costeira – áreas de praia, normalmente com larga faixa de areia,


onde o vento incide predominantemente do sentido mar-terra;

»» campo aberto – áreas planas de pastagens, plantações e/ou vegetação


baixa sem muitas árvores altas;

»» mata – áreas de vegetação nativa com arbustos e árvores altas mas de


baixa densidade, tipo de terreno que causa mais obstruções ao fluxo de
vento;

»» morro – áreas de relevo levemente ondulado, relativamente complexo,


com pouca vegetação ou pasto;

»» montanha – áreas de relevo complexo, com altas montanhas.

Ainda na legenda, a Classe 1 representa regiões de baixo potencial eólico, de pouco


ou nenhum interesse para o aproveitamento da energia eólica. A classe 4 corresponde
aos melhores locais para aproveitamento dos ventos no Brasil. As classes 2 e 3 podem
ou não ser favoráveis, dependendo das condições topográficas. Por exemplo: um local
de classe 3 na costa do Nordeste (zona costeira) pode apresentar velocidades médias
anuais entre 6,5 e 8 m/s, enquanto que um local de classe 3 no interior do Maranhão
(mata) apresentará apenas valores entre 4,5 e 6 m/s (FILIPE, 2010).

O país tem um grande potencial eólico ainda a ser explorado, inclusive em áreas de
baixa densidade demográfica, diferentemente do que ocorre na Europa, por exemplo,
onde os pequenos territórios tornam limitadas as regiões propícias e pouco habitadas
para a instalação das torres eólicas.

Em 2014, o Brasil foi o quarto colocado no ranking mundial de expansão de potência


eólica, com 2.689 megawatts (MW), atrás apenas da China (23.149 megawatts),
Alemanha (6.184 megawatts) e Estados Unidos (4.854 megawatts) (PORTAL BRASIL,
2016).

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2016), em 2014 a potência instalada


na geração eólica no país expandiu 122,0%.

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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

A estimativa, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), é de que a


capacidade instalada eólica do Brasil chegue a algo em torno de 24 mil MW. Desse total,
21 mil MW deverão ser gerados na região Nordeste, o que vai representar 45% do total
produzido na região.

Atualmente, o Brasil possui 379 Usinas instaladas, com uma Capacidade Instalada de
9,51 GW.

Embora se insira dentro do contexto mundial de incentivo por tecnologias de geração


elétrica menos agressivas ao meio ambiente, como qualquer outra tecnologia de
geração de energia, a utilização dos ventos para a produção de energia elétrica também
acarreta em alguns impactos negativos – como interferências eletromagnéticas,
impacto visual, ruído, ou danos à fauna, por exemplo. Atualmente, essas ocorrências
já podem ser minimizadas e até mesmo eliminadas por meio de planejamento
adequado, treinamento e capacitação de técnicos, bem como emprego de inovações
tecnológicas.

Energia solar

Quase todas as fontes de energia – hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis


e energia dos oceanos – são formas indiretas de energia solar. Além disso, a radiação
solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento
de fluidos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode ainda ser
convertida diretamente em energia elétrica, por meio de efeitos sobre determinados
materiais, entre os quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico.

O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes,


denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da
radiação solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de iluminação e
aquecimento. Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o
auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção.

O aproveitamento térmico para aquecimento de fluidos é feito com o uso de coletores ou


concentradores solares. Os coletores solares são mais usados em aplicações residenciais
e comerciais (hotéis, restaurantes, clubes, hospitais etc.) para o aquecimento de água
(higiene pessoal e lavagem de utensílios e ambientes). Os concentradores solares

34
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

destinam-se a aplicações que requerem temperaturas mais elevadas, como a secagem


de grãos e a produção de vapor. Neste último caso, pode-se gerar energia mecânica
com o auxílio de uma turbina a vapor, e, posteriormente, eletricidade por meio de um
gerador.

A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da radiação
(calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre
esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se
pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais,
em condições específicas. No segundo, os fótons contidos na luz solar são convertidos
em energia elétrica, por meio do uso de células solares.

A geração de eletricidade a partir da energia fotovoltaica do sol é uma tecnologia


energética renovável muito recente. Seus custos são altos, quando comparados aos
custos da eletricidade gerada a partir dos combustíveis convencionais. A União Europeia
é atualmente responsável por um terço da produção e utilização anual de módulos
fotovoltaicos a nível mundial, com aplicação principal em edifícios.

Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais usados


atualmente são o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia
elétrica. No Brasil, o primeiro é mais encontrado nas regiões Sul e Sudeste,
devido a características climáticas, e o segundo, nas regiões Norte e Nordeste,
em comunidades isoladas da rede de energia elétrica (ANEEL, Atlas da Energia
Elétrica, 2ª Edição, 2005).

Sua utilização substitui os geradores a diesel, representando um ganho ambiental.


Empresas vêm adotando pequenos sistemas de captação e conversão em energia
solar em suas unidades. Um exemplo é a Petrobras, que desenvolveu um programa de
instalação de unidades termossolares em refinarias, campos de produção e postos de
serviços no Brasil.

A figura 5 indica o mapa da radiação solar no Brasil, onde podemos ver a incidência do
sol sendo diferenciadas por cores.

35
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Figura 5. Mapa da radiação solar no Brasil.

Fonte: MME (2007).

Como podemos ver no mapa, o nordeste brasileiro é a região de maior radiação solar
do país, com média anual comparável às melhores regiões do mundo, com destaque
para o Vale do São Francisco, Piauí, oeste da Bahia, além de Mato Grosso do Sul, leste
de Goiás.

Em 2014 aconteceu o primeiro leilão em que foi contratada a energia proveniente de


plantas voltaicas centralizadas, com a entrada em 2017 de 891 MW no Nordeste, Centro-
Oeste e Sudeste do país. O reflexo é observado numa expansão indicativa de solar de
6.000 MW até 2024 também nessas regiões. Foram habilitados 331 projetos de plantas
fotovoltaicas, totalizando 8,87 GW.

Energia hídrica

A energia hídrica é uma energia renovável que já é utilizada desde os tempos antigos. As
civilizações antigas aproveitavam o relevo dos solos para utilizar a água na agricultura.

36
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Os romanos começaram a utilizar a água numa espécie de sistemas hidráulicos para a


moagem dos cereais.

Para produzir a energia hidrelétrica é necessário integrar a vazão do rio, a quantidade


de água disponível em determinado período de tempo e os desníveis do relevo, sejam
eles naturais, como as quedas d’água, ou criados artificialmente.

Já a estrutura da usina é composta, basicamente, por barragem, sistema de captação e


adução de água, casa de força e vertedouro, que funcionam em conjunto e de maneira
integrada. A barragem tem por objetivo interromper o curso normal do rio e permitir
a formação do reservatório. Além de “estocar” a água, esses reservatórios têm outras
funções: permitem a formação do desnível necessário para a configuração da energia
hidráulica, a captação da água em volume adequado e a regularização da vazão dos rios
em períodos de chuva ou estiagem.

Algumas usinas hidroelétricas são chamadas “a fio d’água”, ou seja, próximas à superfície
e utilizam turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia. Essas usinas
“fio d’água” reduzem as áreas de alagamento e não formam reservatórios para estocar
a água.

Os sistemas de captação e adução são formados por túneis, canais ou condutos metálicos
que têm a função de levar a água até a casa de força. É nesta instalação que estão as
turbinas, formadas por uma série de pás ligadas a um eixo conectado ao gerador. Durante
o seu movimento giratório, as turbinas convertem a energia cinética (do movimento da
água) em energia elétrica por meio dos geradores que produzirão a eletricidade. Depois
de passar pela turbina, a água é restituída ao leito natural do rio pelo canal de fuga.
Cada turbina é adaptada para funcionar em usinas com determinada faixa de altura de
queda e vazão.

Por último, há o vertedouro. Sua função é permitir a saída da água sempre que
os níveis do reservatório ultrapassem os limites recomendados. Uma das razões
para a sua abertura é o excesso de vazão ou de chuva. Outra é a existência de água
em quantidade maior que a necessária para o armazenamento ou a geração de
energia. Em períodos de chuva, o processo de abertura de vertedouros busca evitar
enchentes na região de entorno da usina. (ANEEL, Atlas da Energia Elétrica, 2ª
Edição, 2005).

37
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Figura 6. Hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil.

Fonte: Francisco (2016). Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/energia-hidreletrica.htm>. Acesso em:


14/10/2016.

Para utilizar a força dos rios, um recurso natural abundante no Brasil, o Governo investiu
nas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), possibilitando melhor atendimento
às necessidades de carga de pequenos centros urbanos, regiões rurais e unidades
industriais.

Hidrogênio combustível

O hidrogênio, como combustível e fonte de energia, ainda se encontra em fase de


pesquisa em vários países do mundo, constituindo uma terceira geração de combustíveis
cuja entrada em operação comercial é prevista para o pós-2030.

O hidrogênio apresenta algumas vantagens: traz benefícios ambientais (em sua


combustão gera apenas vapor d’água como subproduto e não compostos de carbono
que causam emissões de gases de efeito estufa); é um recurso ilimitado (que, combinado
com o oxigênio, na forma de água, existe em grande quantidade). Porém, há algumas
barreiras à expansão do uso do hidrogênio como combustível e fonte de energia: não
se trata de um combustível primário (não é encontrado na natureza em estado puro,
em quantidade significativa); há dificuldades em seu armazenamento para uso veicular
(é um composto de baixíssima densidade, que ocupa muito volume, mas uma alternativa
é o seu armazenamento na forma de hidretos, compostos instáveis que o liberam
lentamente); sua produção a partir de recursos renováveis ainda não é economicamente
competitiva; e as tecnologias para eliminação completa de carbono do ciclo produtivo
ainda estão em desenvolvimento.

As principais rotas, hoje, existentes para a produção do hidrogênio são reforma do


gás natural ou de etanol; gaseificação de carvão ou biomassa; eletrólise da água; rotas
fermentativas; e processos combinados, como energia solar associada à eletrólise.

38
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

A produção de hidrogênio para uso industrial, que tem como um dos principais
mercados a produção de amônia, intermediário de fertilizantes, é bem conhecida e feita
por processo de reforma de gás natural, rico em metano.

A produção de hidrogênio via eletrólise também é usada no Brasil, diretamente ou


como subproduto de outros processos eletrolíticos, como a produção de cloro e soda,
mas seu custo é elevado em comparação ao processo de reforma, portanto preenche
nichos de mercado.

Um processo em fase de desenvolvimento que eliminaria por completo os compostos


de carbono do ciclo global é o processo combinado de eletrólise da água por meio de
energia solar: heliotérmica, por espelhos concentradores de energia.

Uma vez vencida a etapa da síntese do hidrogênio, a geração de energia é feita a partir
de células de combustível, que se baseiam no processo inverso ao de eletrólise da água,
isto é, reage-se hidrogênio com o oxigênio do ar, gerando água e energia. O processo
é antigo, datando de mais de 150 anos, mas tem sido objeto de muitas pesquisas e
melhoramentos recentes. ( MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013).

O Ministério de Minas e Energia (MME) possui um programa nacional de incentivo ao


uso de hidrogênio como fonte de energia.

Biomassa

Pode ser considerada biomassa todo recurso renovável que provêm de matéria orgânica
– de origem vegetal ou animal – tendo por objetivo principal a produção de energia.
A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da luz solar, pois ocorre a conversão
da radiação solar em energia química por meio da fotossíntese, base dos processos
biológicos de todos os seres vivos.

Uma das principais vantagens da biomassa é que seu aproveitamento pode ser feito
diretamente, por meio da combustão em fornos, caldeiras etc. Para que seja aumentada
a eficiência e sejam reduzidos os impactos socioambientais no processo de sua
produção, porém estão sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas tecnologias de conversão
mais eficientes como a gaseificação e a pirólise, também sendo comum a cogeração em
sistemas que utilizam a biomassa como fonte energética.

Atualmente, a biomassa vem sendo bastante utilizada na geração de eletricidade,


principalmente em sistemas de cogeração e no fornecimento de energia elétrica para
demandas isoladas da rede elétrica.

39
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

O Brasil, por possuir condições naturais e geográficas favoráveis à produção de biomassa,


pode assumir posição de destaque no cenário mundial na produção e no uso como
recurso energético. Por sua situação geográfica, o país recebe intensa radiação solar
ao longo do ano, o que é a fonte de energia fundamental para a produção de biomassa,
quer seja para alimentação ou para fins agroindustriais. Outro aspecto importante é que
possuímos grande quantidade de terra agricultável, com boas características de solo e
condições climáticas favoráveis. No entanto, é necessária a conjugação de esforços no
sentido de que esta produção ou o seu incremento seja feito de maneira sustentável,
tanto do ponto de vista ambiental quanto social.

Existem diversas rotas para a biomassa energética com extensa variedade de fontes,
que vão desde os resíduos agrícolas, industriais e urbanos até as culturas plantadas
exclusivamente para a obtenção de biomassa. As tecnologias para os processos de
conversão são as mais diversas possíveis e incluem desde a simples combustão ou
queima para a obtenção da energia térmica até processos físico-químicos e bioquímicos
complexos para a obtenção de combustíveis líquidos e gasosos.

Além da biomassa de lenha e de resíduos da indústria da madeira, fazem parte do


conjunto de fontes de biomassa os resíduos agrícolas e efluentes agroalimentares, os
estrumes e a fração orgânica dos resíduos sólidos municipais, os resíduos domésticos e
as lamas de esgotos.

Outras tecnologias renováveis

Existem outras tecnologias energéticas renováveis, como as marés, as correntes,


a energia das ondas, a tecnologia de rocha quente e seca ou a conversão da energia
térmica oceânica, para as quais não existe atualmente qualquer mercado. É difícil
apresentar estimativas em relação a essas fontes, mas algumas dessas tecnologias terão
um potencial significativo.

40
CAPÍTULO 2
Matriz energética e a influência da
localização

O clima e a relação com as fontes


energéticas

O potencial elétrico de uma região está indiscutivelmente ligado ao seu clima, que
condiciona as condições ideais para que haja em abundância fontes de energia viáveis
de serem consumidas.

Por isso, é importante compreendermos quais são os climas das regiões brasileiras
para, enfim, entender a relação deste clima com o potencial energético de cada região.
Quando pensamos em matriz energética, é porque provavelmente as fontes principais
de geração de energia – ou combustível – são as mais abundantes naquele determinado
local ou país, o que diminui o custo de obtenção, de geração e de distribuição.

Vamos ver um resumo das principais características de cada região do Brasil?

Clima da região norte

A localização geográfica da região Norte do Brasil, entre aproximadamente 5º N


e 18º S (sendo grande parte do território localizado na zona equatorial) faz com
que a incidência solar tenha sempre valores muito altos. As temperaturas tendem
a sofrer pouca variação ao longo do ano, com exceção de Mato Grosso e Rondônia
que podem sofrer com as friagens. As chuvas são dispersas ao longo do ano, com
diferenças de precipitação entre as regiões ao Sul e ao Norte da Amazônia em cerca
de seis meses.

A região encontra-se inserida na bacia Amazônica, que tem como característica


principal a existência de uma área florestada de mais de 5 milhões de Km2, compondo
uma das maiores biodiversidades do planeta. Sabe-se que a própria floresta ajuda
na manutenção das chuvas locais como foi estudado pelo Dr. Enéas Salati (SALATI;
MARQUES, 1984), cerca de 50% da chuva que cai na Amazônia é oriunda da própria
floresta, da evapotranspiração (PETROBRAS MAGAZINE, 2011).

41
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Importante notar que na Região Amazônica ocorre o fenômeno dos Jatos de Baixos
Níveis da América do Sul. Este fenômeno tem início com a entrada dos ventos alísios que
transportam os ventos úmidos do Oceano Atlântico para dentro do continente e quando
este encontra a cordilheira dos Andes são desviados para Sudeste. No verão ocorre
também a intensificação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), trazendo
nebulosidade e chuva para a região mais ao Sul e Oeste da Amazônia (MARENGO;
NOBRE, 2009). A presença da Zona de Convergência Intertropical trás para a região
uma grande nebulosidade.

No inverno, percebe-se a incidência das friagens, que são massas de ar frio e seco
(frentes frias) vindos das latitudes mais altas Sul da América do Sul).

É importante lembrar que, por ter uma grande extensão territorial, nota-se uma
grande diferença entre os períodos chuvosos na Amazônia. O início do período de
chuvas na Amazônia ocorre no outono, ao sul, atingindo seu máximo durante o
verão. Esta distribuição de máximos de chuvas desloca-se para o norte, atingindo o
máximo no outono para a Amazônia central, desde oeste até a foz do Rio Amazonas
(MARENGO; NOBRE, 2009). No inverno, ocorre o máximo de precipitação ao norte
da Amazônia.

Em relação às temperaturas, elas são bastante elevadas ao longo do ano inteiro, devido
à alta incidência solar na região, localizada entre a linha do Equador e o Trópico de
Capricórnio.

São conhecidas, na região, as chamadas friagens, que são passagens de frentes frias
mais fortes que atingem as cidades do Mato Grosso, Rondônia e Acre, quando ocorrem
as maiores amplitudes térmicas. Belém é a capital do norte com menor amplitude
térmica e maiores níveis de precipitação, decorrente da evaporação oriunda do Oceano
Atlântico.

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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Figura 7. Precipitações acumuladas por trimestre. Legenda: As cores verdes demonstram as maiores precipitações

(de 400 a 1.000 mm) e as cores amarelas/laranja demonstram as menores precipitações (de 50 a 300 mm).

Fonte: <http://clima1.cptec.inpe.br/monitoramentobrasil/pt>. Acesso em: 17/10/2016.

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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Clima da região nordeste

A região nordeste, apesar de se encontrar entre as latitudes 2º S e 18º S, não apresenta


um clima equatorial como poderia ser esperado, mesmo tendo uma das maiores
florestas equatoriais do mundo a Oeste e o Oceano Atlântico a Leste e Norte, o clima
regional mostra-se diverso e com grandes diferenças interanuais nas precipitações.
Entender o clima da região não é fácil, são inúmeros sistemas climáticos atuantes que
podem modificar o clima da região. O relevo da região é composto por dois planaltos,
do Borborema e da bacia do Rio Parnaíba, algumas regiões altas, como as Chapadas da
Diamantina e Araripe, e algumas depressões, onde localizam-se os sertões (KAYANO;
ANDREOLI, 2009). Nota-se regiões com altos valores de precipitação enquanto outras
localidades podem ficar alguns anos sem chuva.

O que se observa são três diferentes tipos de clima na região que podem apresentar
precipitações variando entre 300 e 2.000 mm anuais. O Clima Tropical em áreas dos
estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí e Clima Litorâneo Úmido do litoral da
Bahia ao Rio Grande do Norte – ambos apresentam as maiores precipitações e o Clima
Tropical Semiárido (precipitações abaixo de 600 mm/ano) localizado em todo o sertão
Nordestino (KAYANO; ANDREOLI, 2009).

As chuvas no Semiárido não são apenas escassas, mas também irregulares, com períodos
de chuvas torrenciais.

As temperaturas variam, em média, entre 20º e 28º C, tendo algumas diferenciações


regionais, como nas áreas mais elevadas da Chapada Diamantina (média de altitude
variando entre 800 e 1200 m, com picos mais altos – como o Pico do Barbado com
2.033 metros) e Planalto do Borborema (altitude média de 200m e picos acima de
1000m de altitude) podem ter temperaturas anuais abaixo de 20º C. No litoral leste, as
temperaturas podem variar entre 24 e 26º C.

Clima da região centro-oeste

A região centro-oeste possui uma complexa diversidade climática, isso devido à grande
distância latitudinal (variando entre 8º S e 25º S), grande variedade de relevos e
vegetação (ALVES, 2009). Ao norte, a região faz contato com a Floreta Amazônica e
possui o Pantanal como a maior área inundável do mundo. Ao sul, faz divisa com a
região sudeste, onde as temperaturas costumam ser mais amenas.

São conhecidos três tipos de clima para a região centro-oeste. O clima temperado
úmido com verão quente e inverno seco (Cwa na classificação de Koppen) observadas
nas áreas mais altas de Goiás e no sul do Mato Grosso do Sul; o clima tropical com

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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

inverno seco (Aw) observado em todos os estados e o clima de monção (Am) observado
na parte norte do Mato Grosso.

Segundo Alves (2009), por se situar no subtrópico, o clima na região centro-oeste sofre
influência de sistemas atmosféricos da região amazônica vindas do norte e sistemas
extra-tropicais oriundas do Sul, como as frentes frias. A região sofre grande influência
do sistema chamado Alta da Bolívia, que pode influenciar o clima com condições
adversas, como secas, enchentes etc.

A figura 8 mostra a temperatura máxima (o C) do Brasil para as quatro estações do ano.

Figura 8. Climatologia de temperatura máxima (o C) do Brasil para as quatro estações do ano: verão (a);

primavera (b); inverno (c) e outono (d); realizada durante o período de 1961 a 1990.

Fonte: INMET. Adaptado de (QUADRO et al., s/d). Disponível em: <http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/


fig3_9.html>. Acesso em: 18/10/2016

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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Clima da região sudeste

Por ser a região mais populosa do Brasil, é muito importante conhecer o clima da região
e como este afeta a disponibilidade de recursos energéticos. No caso, a região tem como
fonte predominante de energia, por exemplo, os recursos hídricos. Mais um motivo
para se preocupar com o clima, especialmente com o regime de chuvas que afeta a
região.

Para tentar entender o clima da região Sudeste do Brasil, temos que ter em mente
as diferentes características ambientais que tornam essa região diferente das outras.
Uma delas é a localização geográfica, uma vez que a maioria de suas terras localiza-se
ao norte do Trópico de Capricórnio, fazendo com que a incidência solar seja bastante
alta durante o ano todo e provocando muita evaporação, formação de áreas secas,
principalmente no inverno. A região sofre ainda a chegada de sistemas frontais que
perturbam a atmosfera e trazem chuvas intensas e baixas nas temperaras (NUNES;
VICENTE; CANDIDO, 2009).

A topografia faz da região Sudeste um mosaico de tipos diferentes de climas, com


montanhas e serras acima de 1.000 m de altitude, com picos podendo chegar próximo
aos 3.000 m de altitude. A Serra do Mar segue na direção sudoeste-nordeste paralela
ao litoral e ortogonal à passagem de sistemas polares e faz, muitas vezes, um papel
importante nas precipitações litorâneas por meio do efeito orográfico, tornando
as regiões do litoral paulista, por exemplo, uma das regiões brasileira com maior
precipitação anual: 4.500 mm (AB´SABER, 2003).

Seguindo a oeste, encontra-se ainda a Serra da Mantiqueira com picos acima de


2.000 m de altitude e contendo alguns dos maiores picos brasileiros (Agulhas Negras,
Prateleiras, Marins etc.). Tem-se ainda a Serra do Espinhaço (com a segunda maior
montanha brasileira – o Pico da Bandeira) e Serra da Canastra, em Minas Gerais
(NUNES; VICENTE; CANDIDO, 2009). As temperaturas variam muito nas regiões
montanhosas, podendo chegar a temperaturas negativas no inverno.

Clima da região sul

Quase a totalidade do território da região Sul do Brasil localiza-se abaixo do trópico


de Capricórnio, o que faz da região Sul do Brasil uma região subtropical. Uma das
características dessas regiões é a diferença de radiação solar recebida durante o verão
e o inverno, fazendo disso um dos motivos para a diferença de temperatura encontrada
entre as duas estações. Porém, o relevo, as massas de ar atuantes e as correntes marinhas
que atuam na região são responsáveis pelo clima que conhecemos na região.

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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

As correntes marinhas quentes do Brasil que alcançam a costa da região Sul são
responsáveis pela manutenção da temperatura mais amena com variação menor (do
que a prevista caso não ocorresse) e das altas taxas de umidade. A topografia também
possui um papel importante na determinação da temperatura, pois nos municípios com
maior altitude, localizados nas serras gaúchas e catarinenses, são os únicos lugares que
ocorrem precipitações em forma de neve (GRIMM, 2009).

Localização estratégica das fontes energéticas

Poucos países no mundo desfrutam de um sistema hídrico tão generoso quanto


o nosso. Os livros escolares apontam que 55.455 quilômetros quadrados (do
total de 8.514.876 quilômetros quadrados que compõem a área do território
brasileiro) estão cobertos por água, distribuídos em rios, lagos e riachos. É a
abundância de rios e quedas d’água que produz o enorme potencial de energia
hidráulica. Hoje, estão em operação mais de 180 grandes usinas, responsáveis
por quase 70% da produção nacional de energia elétrica. Isso também faz do
país o segundo maior produtor de energia hidrelétrica no mundo, com 12% da
geração mundial, perdendo apenas da China. (STEFANO, F. Website Abril – Viaje
Aqui, Edição Especial de Energia/Junho de 2012).

Sabendo desse potencial hídrico brasileiro, que tem nas usinas hidrelétricas
sua matriz energética, quais as principais áreas do país onde há esse potencial
hídrico? Apesar de haver usinas hidrelétricas em diversas regiões do país,
algumas se destacam e, nos últimos anos, as políticas de desenvolvimento do
setor têm sido voltadas para uma região específica. Qual é essa região? E qual a
principal usina hidrelétrica do país?

Os principais insumos energéticos usados pela indústria no mundo são o petróleo, o


gás natural e o carvão. Esses insumos têm apresentado elevadas taxas de crescimento
do consumo, devido, principalmente, ao desempenho das economias emergentes,
lideradas pela China e pela Índia.

O crescimento acelerado da demanda– aliado à instabilidade política nas regiões


produtoras de petróleo, gás natural e às pressões pela redução das emissões dos gases
causadores do “efeito estufa” – traz preocupações sobre o equacionamento da oferta de
energia e seu impacto nos preços.

Segurança de suprimento e meio ambiente transformaram a energia em tema crítico.


Dez países concentram 85% das reservas mundiais de petróleo e boa parte desses países
estão envolvidos em turbulências geopolíticas. A gasolina e o óleo diesel são responsáveis

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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

por quase toda a energia consumida no setor de transportes que, por sua vez, contribui
com 25% das emissões dos gases de “efeito estufa” dos países industrializados.

“O que importa de verdade na política dos EUA para os exportadores de petróleo


é o controle, mais do que o acesso ao petróleo.” (CHOMSKY, N., Outubro de 2012).

Quanto ao gás natural, 58% das reservas mundiais estão concentradas em apenas três
países: Rússia, Catar e Irã. A tendência de “comoditização” do produto, embora contribua
para diversificar as fontes de suprimento, faz com que os preços de petróleo e do gás
tendam a se igualar. Dado que o petróleo ainda é a fonte economicamente dominante,
isto significa que a volatilidade dos preços do petróleo tenderá a “contaminar” os preços
do gás natural.

O carvão é responsável por 25% do consumo mundial de energia. Desta parcela,


dois terços são usados para geração de eletricidade e quase todo o restante para uso
industrial. As reservas mundiais de carvão são gigantescas, quase 3,5 vezes maior que
as de petróleo e de gás natural. Cerca de dois terços destas reservas estão localizadas em
apenas quatro países: Rússia, Estados Unidos, China e Índia.

A maior vulnerabilidade geopolítica está na área do petróleo. As principais alternativas


de redução da dependência do petróleo são: substituição por biocombustíveis e redução
do consumo veicular.

A insegurança energética, em âmbito mundial, deverá persistir ou até piorar, o


que poderá elevar os preços do petróleo e do gás natural. Além disso, deverá haver
maior pressão pública para medidas de mitigação dos problemas ambientais, tais
como a contratação compulsória de energias alternativas e a mistura obrigatória de
biocombustíveis aos energéticos tradicionais. Estas medidas deverão aumentar ainda
mais os preços da energia.

A elevação dos preços dos insumos energéticos, ao mesmo tempo em que afeta
diretamente os custos da indústria mundial, abre novas oportunidades para a indústria
brasileira, como se destaca a seguir.

»» Ganhos de competitividade nos setores industriais que usam


energia elétrica: os preços da eletricidade de base hídrica de um país
estão mais associados aos preços de produção local que aos custos de
oportunidade do mercado internacional. Como a geração de energia
no Brasil é predominantemente hidroelétrica, os custos locais ficarão
relativamente menores com o aumento do custo médio de geração de

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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

energia elétrica no mercado internacional. Esta vantagem não ocorre


para os insumos industriais baseados no petróleo e no gás natural, pois o
preço destes deverá acompanhar os valores internacionais.

»» Grande interesse de investidores internacionais em energia


“limpa”: em especial nas áreas de etanol, de biodiesel e de bioeletricidade.
Em curto prazo, isto representará mais oportunidades para as indústrias
de equipamentos. Em médio prazo, deverá haver uma maior integração
dos setores industrial e agrícola, com a criação de uma indústria de
bioenergia de grande potencial econômico para o país.

No mercado mundial, as tarifas de energia elétrica dos principais competidores


industriais tendem a aumentar, pois há forte componente de gás natural e óleo na
produção de eletricidade nesses países. No Brasil, a principal fonte produtora de energia
elétrica é hidráulica, cuja tecnologia de construção é dominada há décadas. Com isso,
era de se esperar que as tarifas de energia elétrica no país ficassem relativamente
estáveis. Ao contrário dessa expectativa, as tarifas de energia para o setor industrial vêm
crescendo acima dos índices de inflação, com impacto direto sobre a competitividade
da indústria.

Este aumento de preços tem três componentes principais: encargos setoriais, incidentes
sobre o valor da tarifa, tarifas de transporte nas distribuidoras e custo de nova capacidade
de geração.

A participação de energias renováveis na matriz energética brasileira é de 45%, enquanto


a média mundial é de apenas 14%. A participação tende a crescer, se for mantido o
papel de “âncora” da hidroeletricidade e se for consolidada a indústria de bioenergia no
país. Esta situação ambiental favorável deveria garantir as condições para a expansão
do parque gerador hidroelétrico sem maiores impedimentos.

O quadro atual é justamente o inverso, podendo ser descrito como de impasse e de


enfrentamento. As dificuldades para licenciamento ambiental, por exemplo, levaram à
virtual paralisação dos investimentos em produção de energia hidroelétrica. Em outras
áreas, como o licenciamento de gasodutos, também foram observadas dificuldades e
atrasos. Uma das consequências perversas desta situação é que vem sendo mais fácil
obter licenças ambientais para usinas termoelétricas a óleo diesel, ou que utilizam outro
combustível, que para usinas hidroelétricas.

Apesar das dificuldades conjunturais de abastecimento, especialmente restrições no


suprimento de gás natural e atrasos no cronograma de construção de centrais geradoras,
o Brasil está bem posicionado no setor energético, valendo destacar os seguintes pontos:

49
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

»» Participação de fontes renováveis: a participação de fontes


renováveis na matriz energética brasileira é três vezes maior que a
média mundial. Há possibilidade de manter as fontes tradicionais
(hidroeletricidade) e ainda aumentar a participação de novas fontes
renováveis como a cogeração, a biomassa e o biodiesel.

»» Integração dos setores energéticos: o primeiro exemplo é a


transformação de usinas de açúcar e álcool em complexos de bioenergia,
com produção integrada de açúcar, de álcool, de eletricidade, de créditos
de carbono e (em alguns casos) de biodiesel. O segundo é a integração
dos setores de infraestrutura e de produção de eletricidade e gás. A rede
de transmissão e os reservatórios das usinas hidroelétricas podem ser
usados como infraestrutura virtual de transporte e armazenamento de
gás natural.

»» Segurança energética e integração regional: o Brasil encontra-se


em situação quase ideal de segurança energética, com autossuficiência
em petróleo, gás natural e produção de energia elétrica. Esta segurança
pode, e deve, ser usada para promover a integração energética da região
sul-americana, com base em novo modelo institucional e comercial que
otimize os benefícios econômicos e permita, ao mesmo tempo, reduzir os
riscos geopolíticos por meio da diversificação das parcerias.

A posição geográfica do País e a possibilidade de integração das redes de eletricidade e


de gás permitem que o Brasil se transforme em um polo importante neste processo de
integração.

A combinação destes fatores torna o país muito atraente para investimentos externos e
possibilita o aumento da competitividade da indústria. Aproveitar estas oportunidades
é tarefa complexa e traz desafios importantes nas áreas da política energética,
desenvolvimento institucional e política ambiental.

50
CAPÍTULO 3
Reservas, produção e consumo

Pelo menos 1,2 bilhão de pessoas vivem sem energia no mundo e a cota das
energias renováveis no consumo global aumentou em 20 anos, diz estudo feito
pelo Banco Mundial e pela Agência Internacional da Energia (AIE). Segundo
o relatório, houve “progressos lentos” dos anos 1990 aos dias atuais. (Agência
Brasil, Publicação: 29/5/2013, web site Correio Braziliense).

“Despite much talk by world leaders and despite a boom in renewable energy
over the last decade, the average unit of energy produced today is basically as
dirty as it was 20 years ago.” (Maria Van der Hoeven, Diretora da IEA – International
Energy Agency, Abril/2013)

Atualmente, há uma diversidade de fontes de energia classificadas em renováveis e não


renováveis. Renováveis são aquelas que continuam disponíveis depois de utilizadas,
isto é, que não se esgotam. Como exemplo, temos a energia solar, a biomassa, a energia
eólica, a energia geotérmica, entre outras.

Quanto as não renováveis, estas são limitadas e demoram milhões de anos para se
formar, isto é, esgotar-se-ão e não serão repostas (o petróleo, o gás natural, o carvão
mineral e o urânio, por exemplo).

O carvão é uma complexa e variada mistura de componentes orgânicos sólidos,


fossilizados ao longo de milhões de anos, como ocorre com todos os combustíveis
fósseis. Sua qualidade, determinada pelo conteúdo de carbono, varia de acordo com o
tipo e o estágio dos componentes orgânicos.

A turfa – de baixo conteúdo carbonífero – constitui um dos primeiros estágios do carvão,


com teor de carbono na ordem de 45%; o linhito apresenta um índice que varia de 60%
a 75%; o carvão betuminoso (hulha) – mais utilizado como combustível – contém de
75% a 85% de carbono; e o mais puro dos carvões, o antracito, apresenta um conteúdo
carbonífero superior a 90%.

Da mesma forma, os depósitos variam de camadas relativamente simples e próximas


da superfície do solo – e, portanto, de fácil extração e baixo custo – a complexas e
profundas camadas, de difícil extração e custos elevados.

51
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

O consumo de carvão cresceu 5,4% em 2011, e agora é responsável por 30,3% do


consumo mundial de energia, a mais alta taxa atingida desde 1969. Podemos destacar
o crescimento do consumo na China (9,7%) em detrimento da redução em países como
Estados Unidos e Japão. A produção de carvão no mundo cresceu 6,1%, impulsionada
pela China (8,8%) (BP Statistical Review of World Energy, 2012).

No Brasil, as principais reservas de carvão mineral estão localizadas no sul do país,


notadamente no Estado do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90% das reservas
nacionais. No final de 2002, as reservas nacionais de carvão giravam em torno de 12
bilhões de toneladas, o que corresponde a mais de 50% das reservas sul-americanas e a
1,2% das reservas mundiais.

O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos que tem origem na decomposição de


matéria orgânica, causada pela ação de bactérias em meios com baixo teor de oxigênio.
Ao longo de milhões de anos, esse material decomposto foi acumulado no fundo dos
oceanos, mares e lagos, e – pressionada pelos movimentos da crosta terrestre (altas
temperaturas e pressões) – transformou-se na substância oleosa denominada petróleo.
Essa substância é encontrada em bacias sedimentares específicas, formadas por
camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários.

Embora conhecido desde os primórdios da civilização humana, somente em meados


do século XIX (Segunda Revolução Industrial) teve início a exploração de campos e a
perfuração de poços de petróleo. A partir de então, a indústria petrolífera teve grande
expansão, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

O consumo mundial de petróleo cresceu 0,6 milhões b/d (barris por dia) ou 0,7%,
alcançando 88 milhões b/d em 2011. Esse foi o maior crescimento apresentado dentre
os combustíveis fósseis, também impulsionado pelo aumento do consumo na China
(+ 505.000 b/d, ou seja, um aumento de 5,5%).

A produção mundial de petróleo aumentou em 1,1 milhões b/d (1,3%), em 2011. Esse
crescimento se deve principalmente à Arábia Saudita (+ 1,2 milhões b/d) e aos Estados
Unidos (+ 285.000 b/d) (BP Statistical Review of World Energy, 2012).

Cerca de 2/3 das reservas provadas estão localizados no Oriente Médio, que responde
por aproximadamente 6% do consumo mundial. Por outro lado, a América do Norte,
que possui apenas 4,8% das reservas, é responsável por cerca de 30% do consumo
mundial.

52
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Combustível fóssil encontrado em estruturas geológicas sedimentares, o gás natural


está associado ao petróleo e, portanto, é esgotável e não renovável. É utilizado nos
transportes, na termeletricidade e na produção industrial.

O consumo de gás natural no mundo cresceu 2,2% em 2011, impulsionado principalmente


pela América do Norte, China, Arábia Saudita e Japão. No entanto, na Europa observou-
se uma redução do consumo, principalmente pelos altos preços, por um inverno não
tão rigoroso e pelo crescimento contínuo do uso de energias renováveis.

A produção mundial de gás natural aumentou em 3,1%, em 2011, devido, principalmente,


ao crescimento observado nos Estados Unidos (+ 7,7%), maior produtor mundial.
Qatar (+25,8%), Rússia (+3,1%) e Turcomenistão (+40,6%) também contribuíram para
esse crescimento na produção. Líbia (-75,6%) e Reino Unido (-20,8%) influenciaram
negativamente o crescimento mundial médio. (BP Statistical Review of World Energy,
2012).

No Brasil, as reservas provadas são da ordem de 230 bilhões de m3, dos quais 48% estão
localizados no Estado do Rio de Janeiro, 20% no Amazonas, 9,6% na Bahia e 8% no Rio
Grande do Norte, onde se concentra a produção.

A geração de energia hidrelétrica é realizada em barragens, dentro das quais se


encontram geradores, cujas hélices são movidas pela água que escoa sob forte pressão.
A eletricidade produzida pelos geradores é transmitida por cabos até os centros
consumidores.

Ao contrário das demais fontes renováveis, a hidrelétrica representa uma parcela


significativa da matriz energética mundial e possui tecnologias de aproveitamento
devidamente consolidadas.

Segundo a edição 2007 do International Energy Outlook dos Estados Unidos, a geração
hidroelétrica e outras fontes renováveis crescerão aproximadamente 56% nos próximos
24 anos. A geração hidroelétrica atualmente é responsável por cerca 19% da oferta
elétrica mundial, sendo a oferta de outras energias renováveis ainda diminuta.

É claro, portanto, que a energia de origem hidroelétrica continuará a ser uma


importante fonte renovável no futuro. Atualmente, a capacidade instalada é da ordem
de 730 GW, dependendo da fonte e do critério utilizado para aferição, significando
cerca de 2.700 TWh.

Em termos mundiais, a mesma fonte estima que 33% do potencial tecnicamente factível
já foi explorado, havendo enormes discrepâncias. Enquanto a Europa e a América do

53
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Norte já desenvolveram quase todo o seu potencial, América do Sul, África e Ásia ainda
apresentam um grande potencial a ser desenvolvido.

Baseado em estudo do World Energy Council, pode-se estimar que o potencial


tecnicamente disponível para aproveitamento hidráulico no mundo, dito recurso
total, utilizando um fator de capacidade média de 40%, corresponde à cerca de
15.899 TWh/ano do valor teórico máximo de 40.700 TWh/ano para o mundo.
Aproximadamente 65% desse recurso está concentrado em apenas 10 países, todos
com potencial igual ou superior a 1.000 TWh/ano. Nesse ranking, o Brasil ocupa o
terceiro posto, superado apenas por China e pelos Estados Unidos.

Mesmo esse potencial ainda deve ser considerado um valor teórico. De fato, a quantidade
de energia hidráulica efetivamente disponível depende de outros fatores relevantes.
Entre esses fatores, podemos citar a topografia, o regime de chuvas, a tecnologia e,
também, o período de efetivo funcionamento da instalação, quando integrada a um
sistema elétrico. Ao valor estimado, considerando esses fatores, convencionou-se
chamar de potencial tecnicamente aproveitável.

A produção mundial de energia hidrelétrica cresceu 1,6% em 2011, o maior crescimento


desde 2003. Isso se deve principalmente ao crescimento observado na América do Norte
(+13,9%), em detrimento da redução observada na Europa e na China (BP Statistical
Review of World Energy, 2012).

A energia nuclear é proveniente da fissão de átomos de urânio em um reator nuclear.


Apesar da complexidade de uma usina nuclear, seu princípio de funcionamento é
similar ao de uma termelétrica convencional, na qual o calor gerado pela queima de um
combustível produz vapor que aciona uma turbina, acoplada a um gerador de corrente
elétrica.

A produção de energia nuclear caiu 4,3% em 2011, a maior redução já observada,


principalmente devido ao Japão (-44,3%) e a Alemanha (-23,2%).

Fontes de energia renováveis verificaram uma mistura de resultados em


2011. A produção de biocombustíveis no mundo apresentou um crescimento
de somente 0,7% (ou 10.000 b/doe, barris de óleo equivalente por dia
), o mais fraco crescimento apresentado desde 2000. O crescimento nos Estados
Unidos (+55.000 b/doe, ou 10,9%) apresentou uma redução em comparação com os
últimos anos, devido à aproximação do ponto ótimo de mistura entre etanol e gasolina.
Além disso, a redução na produção brasileira foi a maior apresentada até o momento
(-50.000 b/doe), principalmente devido à fraca colheita de açúcar.

54
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Por outro lado, energia renovável utilizada na geração de energia cresceu em torno
de 17,7%, principalmente, devido ao crescimento robusto observado na energia eólica
(+25,8%), principalmente nos Estados Unidos e Canadá.

A geração de energia solar cresceu ainda mais rapidamente em 2011 (+86,3%), porém
ainda representa uma fatia pequena de contribuição na matriz energética mundial.

Os recursos energéticos impulsionam a expansão do capital e integram o capital


constante circulante, o que os tornam indispensáveis ao capitalismo. O petróleo
tem sido o mais importante desses recursos, relevância que, ao lado da expansão no
consumo e da localização das principais reservas e estruturas de escoamento em áreas
politicamente instáveis, assim como da forte concorrência, exige ver esse recurso como
ingrediente central da geoeconomia e da geopolítica do capitalismo contemporâneo.

55
CAPÍTULO 4
Situação no Brasil

A oferta interna de energia (total da energia demandada no país) cresceu


1,3% em 2011 ante 2010, atingindo 272,4 milhões de toneladas equivalentes
de petróleo (Mtep). Foi uma evolução menor do que a do PIB (soma de todas
as riquezas produzidas no Brasil), que, conforme o IBGE, expandiu 2,7%. O
menor crescimento da demanda de energia significa que a economia brasileira
gastou menos energia para produzir a mesma quantidade de bens e serviços.
A demanda de energia per capita ficou em 1,41 tep por habitante. (BALANÇO
ENERGÉTICO NACIONAL 2012 – Ano Base 2011, Empresa de Pesquisa Energética
– EPE, Ministério de Minas e Energia)

“Não há, não houve, e espero que não haja, no futuro, o desabastecimento”.
(Edison Lobão, Ministro de Minas e Energia do Brasil, Web site BBC,
Janeiro/2013)

Potencial hidrelétrico
O Brasil faz parte do grupo de países em que a produção de eletricidade é maciçamente
proveniente de usinas hidrelétricas. Essas usinas correspondem a 75% da potência
instalada no país e geraram, em 2005, 93% da energia elétrica requerida no Sistema
Interligado Nacional – SIN.

Cumpre notar ainda que apenas cerca de 30% do potencial hidrelétrico nacional
se encontra explorado, proporção bem menor do que a observada nos países
industrializados.

Com respeito a avaliações nacionais do potencial hidroelétrico brasileiro, estima-se que


esteja em torno de 261,4 GW, em 2015.

Petróleo

Segundo a British Petroleum, as reservas provadas, que são aquelas de melhor estimativa
possível com cerca de 90% de confiabilidade, até 2005 eram de 1,2 trilhões de barris no
mundo.

56
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Os dados estatísticos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis


(ANP) apresentam as “reservas totais”, que consideram o somatório de reservas
provadas, prováveis e possíveis, sinalizando o limite superior da disponibilidade de
reservas de petróleo. Segundo dados de 2006, de um total aproximado de 16 bilhões de
barris em 2005, 91,6 % das reservas totais nacionais de petróleo se localizavam no mar
(campos “offshore”), e o restante se localizava em campos terrestres.

Três estados respondiam pela maior parcela de contribuição das reservas terrestres
(onshore): Rio Grande do Norte (24,2%), Sergipe (26,3%) e Bahia (31,3%). Já as
reservas brasileiras offshore situavam-se, basicamente, em estados da região sudeste:
Rio de Janeiro (87,4%) e Espírito Santo (9,6%). A participação dos demais Estados era
marginal.

Quanto à longevidade das reservas provadas de petróleo, o principal indicador é a razão


R/P (reserva/produção), situado em torno de 19 anos, em 2005, segundo a ANP. Este
número indica que, mantida a relação entre reservas provadas e o ritmo de produção,
as reservas disponíveis sustentam a produção de petróleo algo em torno de um período
de 19 anos, aproximadamente.

Ressalte-se que a razão R/P é dependente do ritmo de novas descobertas, da evolução


dos métodos de recuperação do reservatório, da alteração dos preços da energia,
como também do ritmo da demanda por derivados de petróleo. Este último depende,
essencialmente, das condições de crescimento econômico e do perfil deste crescimento,
isto é, sob que tecnologias e padrões de consumo se sustenta este crescimento. No que
tange ao ritmo de descobertas, desde 1980, as reservas provadas nacionais têm crescido
a um ritmo de 9,2% ao ano.

Pré-sal
O pré-sal é uma área de reservas petrolíferas encontrada sob uma profunda
camada de rocha salina, que forma uma das várias camadas rochosas do subsolo
marinho, numa extensão de cerca de 800 km entre os estados de Santa Catarina
e Espírito Santo. A profundidade estimada da reserva é de 5 a 7 mil metros de
profundidade, abaixo do nível do mar.

Anunciado em 2007, o pré-sal é discutido desde a década de 1970, quando


geólogos da Petrobrás já acreditavam nessa reserva, porém, ainda não possuíam
tecnologias suficientes para pesquisas mais avançadas.

57
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

A reserva brasileira é uma das mais profundas encontradas no mundo e o maior


campo petrolífero em regiões abaixo das camadas de rochas salinas.

A descoberta do pré-sal mudou a perspectiva dos números de exploração e uso


de petróleo no Brasil, uma vez que poderá levar ao aumento da participação
de fontes não renováveis na matriz energética. Ao mesmo tempo, entretanto,
o aumento do uso das fontes renováveis, especialmente a biomassa, eólica e
solar, poderá contribuir para a neutralização dos impactos desse aumento de
exploração do petróleo.

Gás natural

Segundo dados da ANP (2006), aproximadamente 75% das reservas brasileiras de gás
natural se localizavam em campos offshore e 25% em campos onshore. Em termos de
reservas de gás natural onshore, destacam-se as reservas localizadas em Urucu (AM),
em uma região de difícil acesso no interior da floresta Amazônica.

Cerca de 80% das reservas totais de gás natural são associadas a jazidas de petróleo, o
que mantém a sua produção subordinada às condições de extração desse produto. Este
fato foi um fator limitante da expansão da produção de gás natural no Brasil, superado
com o crescimento da produção de gás não associado. Houve crescimento das reservas
de gás natural offshore no Brasil e o decréscimo de reservas terrestres no período da
última década.

As perspectivas de maior oferta futura de gás natural no Brasil localizam-se no


Espírito Santo, Bacia de Campos e, principalmente, Bacia de Santos. Existe ainda o
desenvolvimento da produção de gás natural associado dos campos de Golfinho
(gás natural associado; 2,7 milhões de m³/dia) e do Parque das Baleias (gás natural
associado; 2,5 milhões de m³/dia).

A Petrobrás e seus parceiros deverão investir cerca de US$ 18 bilhões, nos próximos 10
anos, em atividades de exploração e produção na Bacia de Santos. O Plano Diretor da
Petrobrás prevê um acréscimo de cerca de 12 milhões de m³/dia no fornecimento de gás
ao mercado do Sudeste, já a partir do segundo semestre de 2008. Até o final de 2010,
esse volume elevou-se para, aproximadamente, 30 milhões de m³/dia, contribuindo
significativamente para reduzir a dependência nacional do gás importado.

58
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Carvão mineral

O carvão mineral é uma mistura de hidrocarbonetos que – de acordo com o Atlas da


Energia Elétrica do Brasil (ANEEL, 2005) – é classificado de acordo com a sua qualidade
em: turfa, de baixo conteúdo carbonífero, que constitui um dos primeiros estágios do
carvão, com teor de carbono na ordem de 45%; linhito, que apresenta teor de carbono
que varia de 60% a 75%; carvão betuminoso (hulha), mais utilizado como combustível,
que contém entre 75% e 85% de carbono; e antrácito, o mais puro dos carvões, que
apresenta um conteúdo carbonífero superior a 90%.

Apesar de ser um combustível potencialmente poluente, o carvão deve continuar


desempenhando um importante papel como fonte de energia no cenário mundial,
devido à disponibilidade de enormes reservas que estão geograficamente espalhadas no
mundo e ao desenvolvimento de tecnologias limpas de carvão (clean coal technologies).
Tal característica livra o abastecimento energético das limitações geopolíticas ou de
questões de segurança. Além disso, o carvão está disponível em uma grande variedade
de formas e pode ser facilmente estocado nas proximidades dos centros consumidores.
Mais do que isso, não depende de condições climáticas podendo ser utilizado como
backup para geração eólica e hidrelétrica. Ademais, o investimento para a extração do
carvão é cerca de 5 vezes inferior ao investimento necessário à extração do gás natural e
cerca de 4 vezes inferior ao investimento para extração do petróleo, sendo o transporte
de carvão também vantajoso por não necessitar de dutos de alta pressão ou rotas
dedicadas.

Biomassa

A oferta de energia elétrica a partir da biomassa se dá por meio de diversas vias


tecnológicas. As principais tecnologias que constituem as inovações disponíveis para
viabilizar a melhoria do aproveitamento dos recursos energéticos da biomassa na
geração de energia elétrica pelo setor sucroalcooleiro são:

»» Ciclo a vapor com turbinas de contrapressão, empregado de forma


integrada a processos produtivos por meio da cogeração.

»» Ciclo a vapor com turbinas de condensação e extração, que podem operar


de forma integrada a processos produtivos por meio da cogeração ou
isoladamente.

»» Ciclo combinado integrado à gaseificação da biomassa.

59
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES

Entre as possibilidades tecnológicas consideradas, o ciclo de cogeração a vapor com


turbinas de contrapressão é o que apresenta maiores perspectivas de aplicação na
expansão setorial.

Os ciclos com turbinas de contrapressão privilegiam a eficiência energética pela elevação


da eficiência geral da caldeira de geração de vapor, dos níveis de pressão e de temperatura
desse vapor, que passa a patamares de 80 a 100 kgf/cm², podendo atingir valores de
até 150 a 180 kgf/cm², um longo prazo, na medida do desenvolvimento tecnológico
nacional. Além dos ganhos de eficiência do processo produtivo e da caldeira, nesses
ciclos, as turbinas a vapor podem apresentar melhores especificações fluido-mecânicas
e termodinâmicas, com maior número de estágios e melhores desempenhos.

A segunda tecnologia em termos de potencial de penetração é a que adiciona um


condensador ao sistema descrito, cuja função principal é permitir a expansão do vapor
até pressões inferiores à atmosférica, elevando o aproveitamento da energia nele
contida.

No ciclo combinado integrado à gaseificação da biomassa, a eficiência é muito elevada.


Por possuírem condensadores, apresentam, além disso, basicamente as mesmas
vantagens e desvantagens do ciclo a vapor de condensação e extração. Essa tecnologia,
contudo, ainda não está disponível comercialmente, ao menos nas escalas consideradas
adequadas para integração às unidades de processamento da cana. Apesar disso e dos
investimentos relativamente mais elevados que requer, essa tecnologia não deve ser
descartada dentro de uma perspectiva de longo prazo.

Estima-se que a capacidade potencial de geração de energia elétrica excedente, depois de


atendidas as necessidades de consumo próprio das instalações do setor sucroalcooleiro,
possa atingir, em 2030, a capacidade de 6.830 MW.

Energia eólica

O potencial eólico brasileiro tem despertado o interesse de vários fabricantes e


representantes dos principais países envolvidos com essa tecnologia, mas a grande
questão é o custo. A despeito da queda do custo unitário de investimento em razão da
evolução rápida na curva de aprendizagem, o baixo fator de capacidade dessas centrais
ainda faz com que o custo médio de geração seja elevado.

60
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II

Energia solar

Na área da energia solar, há os sistemas fotovoltaicos, isolados ou integrados à rede, e


os sistemas heliotérmicos. Os sistemas fotovoltaicos isolados tiveram ampla penetração
no Brasil por meio de vários programas, totalizando, em 2004, mais de 30 mil sistemas
instalados. O direcionamento para esses nichos de mercado – comunidades e cargas
isoladas – poderá ser reduzido em função do aumento dos incentivos e do aumento de
escala da geração fotovoltaica e, consequentemente, a queda nos preços.

Já a energia solar fotovoltaica integrada à rede surge como uma grande promessa para
a geração distribuída. Questões técnicas para seu emprego parecem equacionadas. Um
dos aspectos importantes será normalizar questões essenciais da geração distribuída,
nos aspectos de qualidade, segurança e proteção. Mas a maior dificuldade ainda reside
no custo das células.

61
CONCEITOS BÁSICOS:
PROCESSOS, UNIDADE III
INDICADORES, GESTÃO

Conceitos básicos de processos

A excelência do desempenho e o sucesso no negócio requerem que todas as atividades


inter-relacionadas da organização sejam compreendidas e gerenciadas segundo uma
visão de processos.

Onde há trabalho que tenha resultado, seja ele um produto ou serviço, há processo.
Basicamente no processo, uma atividade ou um conjunto delas recebe uma entrada,
processa, resultando então em um serviço ou produto – resultado objetivo para o
cliente, ou consumidor –, ou ainda insumo para outro processo. As entradas e saídas
dos processos podem ser bens tangíveis (materiais) e intangíveis (conhecimento e
informação). Embora seja constituído por atividades previamente definida, um processo
apresenta início e fim claramente determinados.

Gestão por processos

Para realizar esse trabalho, é importante o planejamento de todas as atividades:

»» identificação dos processos chaves do negócio;

»» estabelecimento de objetivos e metas que devem ser cumpridas com a


gestão por processos;

»» desenvolvimento de um plano de trabalho com objetivos, atividades,


recursos necessários, fases do projeto, produtos e resultados de cada fase
pretendida; prazos de entrega e equipe de trabalho;

»» prever análises críticas periódicas e revisões.

É fundamental que sejam conhecidos os clientes desses processos, seus requisitos e


o que cada atividade adiciona de valor na busca de atendimentos a esses requisitos
conhecidos e desenvolvidos.

62
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Os processos podem ser identificados pelos modelos:

»» Fluxo de materiais.

»» Fluxo de trabalho.

»» Etapas em série.

»» Coordenação de atividades.

»» Mudanças de estados.

A essência dos processos é a integração entre atividades e utilização dos recursos


visando resultados eficientes.

Os processos são constituídos por atividades integradas – que se utilizam de pessoas,


procedimentos e tecnologias – para gerar resultados, produtos, serviços, informações
e conhecimento.

Indicadores de desempenho organizacional


Os indicadores de desempenho são ferramentas básicas para o gerenciamento do sistema
organizacional e as informações que esses indicadores fornecem são fundamentais para
o processo de tomada de decisão. Podemos definir esses indicadores como

um conjunto de pessoas, processos, métodos e ferramentas que,


conjuntamente, geram, analisam, expõem, descrevem, avaliam
e revisam dados e informações sobre as múltiplas dimensões do
desemprenho nos níveis individual, grupal, operacional e geral da
organização (RATTON, 1999).

A definição e utilização dos indicadores da organização pode ser bastante significativa


para o sucesso da empresa, uma vez que podem ser usados como ferramentas da
estratégia em diferentes níveis e departamentos organizacionais.

Por isso, é importante que a organização utilize diversos indicadores para buscar
informações, pois o uso de apenas um indicador não representa o contexto amplo
necessário para fomentar tomadas de decisões.

Todo sistema de medição de desempenho é formado por um conjunto de indicadores


previamente estabelecidos que irão verificar o alcance ou não de determinados
objetivos organizacionais. Essas medidas de desempenho devem nortear a estratégia
da organização, para que todos os colaboradores compreendam o que é e quais são as
ações dessas medidas para a obtenção de resultados.

63
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Essas medições são fundamentais para compreender o que está acontecendo, se há


necessidade de realizar mudanças, avaliar o impacto das mudanças, corrigir problemas
e fixar prioridades. Sem essas medições, não há o conhecimento de tudo isso.

Indicadores de eficiência energética


Os indicadores de eficiência energética poderão vir a contribuir na tomada de decisão
dos governos e empresas em relação à fonte de energia que deseja incentivar ou utilizar
e a escolha tecnológica. Além disso, poderá nortear na formulação de políticas públicas
ambientalmente mais corretas, nas quais possam combinar e harmonizar preocupações
econômicas e ambientais, promovendo o desenvolvimento sustentável.

A energia é um insumo ou produto, dependendo do uso final, de extrema importância


para o desenvolvimento de qualquer sociedade. A partir das restrições econômicas e
ambientais e a dificuldade de substituição do petróleo e dos combustíveis fósseis para
gerar energia, consagrou a importância do estudo e aplicação da eficiência energética
em todos os níveis de produção, consumo e distribuição desta.

Os critérios de escolha dos energéticos, para um determinado uso têm sido em função dos
seguintes itens: tecnologia, preço, disponibilidade no local, segurança de fornecimento
e minimização do investimento fixo nas instalações.

Os indicadores de eficiência energética podem ser calculados de diversas formas.


Atualmente, têm sido propostos cerca de 600 indicadores, para a composição do
programa “Odyssee” (On-line Data base on Yearly Assetment of Energy Efficiency)
da União Europeia, mas o número de indicadores calculado por cada país depende de
suas necessidades específicas de informações. O mais importante, ao estudar e aplicar
os indicadores de eficiência energética, é definir o tipo de macro e micro indicadores
que serão utilizados e esclarecer as definições dos termos. Tal esclarecimento deve ser
estendido, também, para os outros termos, como conteúdo energético, efeitos estrutura,
atividade, substituição e todos os outros itens criados, utilizados, para determinar o
indicador de eficiência energética para um país, indústria ou setor, já que estes ainda
não estão padronizados mundialmente.

Em relação ao desenvolvimento sustentável, os indicadores, em geral, mostram


como a quantidade de energia foi aproveitada ou não, mas não revelam o valor da
energia necessária para que os subprodutos e os resíduos gerados sejam corretamente
destinados. Além disso, apresentam falhas no que diz respeito ao impacto causado
pelas fontes de energia, uma vez que se preocupam somente com as emissões de CO2
relacionadas (dentre outras emissões geradas) e não consideram os efeitos em longo
prazo nos ecossistemas.

64
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Tais indicadores – para serem bem-sucedidos quanto à sua aplicabilidade como


instrumento de política ambiental e tecnológica – necessitam que os dados utilizados
sejam os mais verídicos possíveis, para que o resultado seja o mais próximo da realidade.

Tipos de indicadores de eficiência energética

Os indicadores de eficiência energética podem ser classificados em:

»» Termodinâmico.

»» Físico-termodinâmico.

»» Econômico-termodinâmico.

»» Econômico.

O primeiro grupo refere-se às análises segundo as leis da termodinâmica, da eficiência


da transformação de uma forma de energia em outra (eficiência energética). O segundo
avalia os insumos energéticos necessários para produzir um determinado bem ou serviço,
nesse caso a energia que entra no sistema é mensurada em unidades termodinâmicas
convencionais e a energia que sai do sistema, em unidades físicas, ou seja, o consumo
específico de energia (energia que entra/tonelada de produto). O terceiro é um indicador
híbrido no qual o produto do processo é mensurado a preços de mercado e a energia
entra por unidades termodinâmicas convencionais. Já o quarto indicador mede as
mudanças na eficiência energética, puramente, em valores monetários tanto da energia
que entra, quanto da que sai do sistema. (ABREU, 2003).

Existem também os microindicadores que podem ser definidos como microeconômicos.


Estes englobam, nessa área de eficiência energética, os seguintes itens:

»» Comportamento do consumidor em relação ao preço da energia e a


utilização de aparelhos mais eficientes.

»» Determinação dos custos marginais da energia, dos custos de capacidade


e dos custos de expansão para uma estrutura desagregada (custo
incremental unitário).

»» As implicações das variáveis do modelo de equilíbrio geral, que


determinam os preços.

»» Curvas de oferta e demanda para a energia.

»» Previsão de demanda de energia.

65
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Os indicadores microeconômicos podem também utilizar-se das ferramentas de


engenharia econômica, para medir o custo efetivo de investimentos de eficiência
energética, como: o retorno do investimento, o custo de energia economizada (CEE),
a taxa interna de retorno (TIR) e o custo do ciclo de vida (CCV) ou o custo de vida
anual (CCVA). Esses métodos podem auxiliar o consumidor e as empresas a decidirem
a tecnologia a ser adquirida e o melhor investimento.

Os resultados da análise dos indicadores de eficiência energética podem ser utilizados


também para os seguintes fins:

»» Direcionar as mudanças no consumo energético.

»» Estabelecer políticas de eficiência energética.

»» Estabelecer políticas ambientais.

»» Orientar estabelecimento do preço da energia.

»» Propiciar mudança no comércio dos bens energo-intensivos ou no


produto final.

»» Indicar os impactos estruturais para melhorar a eficiência energética.

»» Servir de instrumento para mensurar o sucesso da política de negociação


das reduções das emissões de CO2.

Conceitos básicos de gestão

Grande parte da energia consumida no mundo é proveniente de combustíveis fósseis


– óleo, carvão mineral e gás. Com os custos de energia cada vez maiores, questões
relacionadas a um fornecimento seguro e frequentes alertas da comunidade científica
quanto às mudanças climáticas, a eficiência energética deve estar no topo de qualquer
agenda corporativa.

A gestão energética é, portanto, uma questão crítica para os negócios atuais. A gestão de
energia efetiva pode ser atingida por meio da implementação de um Sistema de Gestão
Energética com base na norma EN 16001 (ISO 50001), a nova norma de melhores
práticas da indústria mundial.

Essa norma foi desenvolvida com o intuito de melhorar a eficiência energética das
organizações, fornecer uma gestão sistêmica visando redução de custos e de emissões
de Gases de Efeito Estufa – GEE e fornecer um sistema de gestão energética para todos
os tipos e portes de organizações.

66
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Os principais princípios desta Norma são:

»» Utiliza terminologia consistente com as demais Normas de sistemas de


gestão (ISO 14001, ISO 9001 e OHSAS 18001).

»» Combina requisitos e diretrizes.

»» Se ajusta aos sistemas de gestão da organização.

O Sistema de Gestão Energética tem como objetivo, então, estabelecer uma Política
Energética dentro da organização. Como todo Sistema de Gestão, conta com o
comprometimento de todas as esferas da organização, do nível de operação até o nível
de direção da empresa.

A melhoria contínua é alcançada por meio da implantação do ciclo PDCA (Plan, Do,
Check and Act), dividido nas seguintes etapas:

»» Planejamento: revisão inicial dos consumos de energia e identificação


dos aspectos energéticos; identificação de oportunidades de melhoria,
recursos necessários; definição das etapas de monitoramento e medição.

»» Comunicação interna e externa.

»» Definição dos objetivos, metas e programas energéticos.

»» Conscientização “energética” dos funcionários – treinamento e


competência.

»» Laboração do plano de monitoramento e análise energética.

67
CAPÍTULO 1
As Normas ABNT NBR ISO 9001, ABNT NBR
ISO 14001 e BS 8800 (OHSAS 18001) e
suas interfaces

A gestão de processos pode e deve ter seu início provocado por equipes
formadas especificamente para esse fim ou por consultores independentes ou
por empresas de consultoria, mas a partir do momento que os condutores do
projeto consideram seu trabalho encerrado é a organização como um todo que
assume a gestão. (ARAUJO, L. C. G., 2011)

O mundo está em constante mudança e tanto as organizações quanto as relações de


trabalho precisam acompanhá-las. A quantidade e rapidez das informações, além das
ações antrópicas intensas criou a necessidade de repensar as ações empresariais.

Atualmente, é importante dentro de uma organização ter uma visão mais holística do
ambiente, analisando todos os fatores que vão além das paredes de uma empresa para
se conseguir obter vantagens competitivas em relação ao mercado atuante.

Os sistemas de gestão tornaram-se um caminho eficiente para trabalhar com todas as


variáveis que permeiam qualquer tipo de organização, que possibilitam o gerenciamento
de todos os processos e atividades da empresa a partir de normas técnicas aplicáveis.

Ao atuar com um sistema integrado de Gestão da Qualidade (ISO 9001), Gestão


Ambiental (ISO 14001) e Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (OSHAS 18001),
uma organização passa a conhecer e controlar grande parte das variáveis micro e macro
ambientais que possui, além de ter condições de retroalimentar essas informações,
tornando-se mais eficiente e competitiva do que seus concorrentes.

O controle e monitoramento das atividades e uma gestão voltada para a redução e


economia do consumo de recursos materiais e naturais, que promove ações para
beneficiar a saúde ocupacional dos funcionários, gerando um ambiente mais produtivo
e saudável, gera benefícios enormes para uma organização, como por exemplo:

»» melhoria da imagem da empresa junto ao mercado e aos clientes.

»» melhoria do desemprenho organizacional e aumento da produtividade.

»» redução dos custos operacionais e administrativos.

68
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

»» melhorias ambientais que beneficiam a todos.

»» vantagens em relação aos concorrentes, entre outras.

A necessidade das empresas demonstrarem esse compromisso, por meio de certificações


de acordo com normas técnicas, atualmente é um processo irreversível para as
organizações. A introdução das preocupações com a qualidade, que trata a ISO 9001
com a introdução da norma ISO 14001 e a preocupação com a certificação ambiental
trouxe a necessidade de se criar os Sistemas Integrados de Gestão.

Mas esse sistema não seria completo sem a introdução das questões de preservação da
saúde e segurança no trabalho (SST) dos trabalhadores e colaboradores envolvidos,
vindo com a OHSAS 18001. Essa complementação passou a assegurar a qualidade total
dos processos produtivos e competitividade das organizações (ALBUQUERQUE, 2016).

“Concluo destacando a importância do entendimento deste tripé (pessoas


x processos x tecnologia). Sempre que tiramos um dos apoios de um tripé o
que acontece? Pois é… o que está em cima não se sustenta.” (RUBENS LOPES
CASTRO, 2008)

Por serem importantes para a organização e para os sistemas de gestão destas,


vamos descrever as normas citadas anteriormente. Inicialmente, vamos descrever os
processos que envolvem a criação e aplicação das ISO 9001 e 14001, além da OHSAS
18001. Só assim é possível compreender a gênese dos processos de SGI para a criação e
desenvolvimento da ISO 50001.

O que é a ABNT?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas é uma entidade sem fins lucrativos
e de utilidade pública fundada em 1940. É o foro nacional de normalização
do país e membro fundador da International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização – Isso), da Comisión Panamericana
de Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas – Copant) e da
Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização –
AMN). Desde a sua fundação, é também membro da International Electrotechnical
Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional – IEC).

A ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT NBR),


elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização
Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE).

69
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Além disso, atua na avaliação da conformidade e dispõe de programas para


certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade está
fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e
alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo
credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados.

Veja mais em: <http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt>.

Norma ISO 9001: 2015


A principal referência em qualidade nas empresas é a ISO 9001, um conjunto de
normas que visa orientar a implementação e manutenção de um Sistema de Gestão de
Qualidade (SGQ).

Ela é de longe a estrutura de qualidade melhor estabelecida, sendo utilizada atualmente


por mais de 750 mil organizações em 161 países, e define o padrão não só para sistemas
de gestão da qualidade, mas também para sistemas de gestão em geral. Esta norma
ajuda todos os tipos de organizações a obter sucesso por meio de uma melhora na
satisfação dos seus clientes, da motivação dos colaboradores e da melhoria contínua.

Criada em 1987, a ISO 9001 sofreu pequenas alterações ao longo do tempo, visando
apenas aclarar alguns pontos e tornar as normas mais compreensíveis para seus
usuários (empresários, diretores, gerentes e técnicos).

Em 2015, foi lançada uma atualização da norma, fortalecendo o papel da gestão de


risco como elemento importante para trabalhar a melhoria continua. A ação corretiva
corresponde a um risco não identificado, erroneamente qualificado ou mal gerido. A
ação preventiva se antecipa ao risco.

Quais são os benefícios da aplicação dessa


norma?

»» Avaliar o contexto geral da sua empresa ou indústria para definir quem é


impactado por sua atividade e o que eles esperam de você. Isto permite a
definição de objetivos e identifica novas oportunidades de negócios.

»» Colocar seu cliente em primeiro lugar, garantindo a satisfação de suas


necessidades de forma consistente e superando as suas expectativas.
Essa ação pode resultar em retorno de clientes, novos clientes e,
consequentemente, aumentando a possibilidade de negócios para sua
empresa.

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CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

»» Atender aos requisitos legais e regulamentares.

»» Trabalhar de maneira eficiente, visto que todos os seus processos estarão


alinhados e entendidos por todos na empresa. Isso leva ao aumento de
produtividade e eficiência, reduzindo assim os custos internos.

»» Expandir para novos mercados, uma vez que alguns setores e


clientes exigem a ABNT NBR ISO 9001 antes de iniciar algum tipo de
relacionamento comercial.

»» Identificar e tratar riscos associados à sua empresa.

A série ISO 9000 de Normas consiste de:

»» ISO 9000 – fundamentos e vocabulário: esta norma introduz o


usuário aos conceitos de sistemas de gestão e especifica a terminologia
usada.

»» ISO 9001 – requisitos: esta norma define os critérios que você terá que
cumprir caso deseje operar de acordo com a norma e obter a certificação.

»» ISO 9004 – Diretrizes para melhoria de desempenho: baseada nos


oito princípios de gestão da qualidade, estas diretrizes são desenvolvidas
para serem usadas pela alta administração como uma estrutura para guiar
as suas organizações em direção à melhoria de desempenho, ao levar em
conta as necessidades de todas as partes interessadas, não somente dos
clientes.

Esta Norma não inclui requisitos para outros sistemas de gestão, tais como aqueles
específicos à gestão ambiental, gestão de segurança e saúde ocupacional, gestão
financeira ou de risco. Entretanto, possibilita a organização e o alinhamento, ou a
integração de seu sistema de gestão da qualidade com outros requisitos de sistemas
de gestão relacionados. É possível a uma organização adaptar seus sistemas de gestão
existentes para estabelecer um sistema de gestão da qualidade que cumpra com os
requisitos desta Norma.

Objetivo e campo de aplicação

Esta norma especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade, quando uma
organização:

71
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

a. Necessita demonstrar sua capacidade para fornecer de forma


coerente produtos que atendam aos requisitos do cliente e requisitos
regulamentares aplicáveis.

b. Pretende aumentar a satisfação do cliente por meio da efetiva aplicação


do sistema, incluindo processos para melhoria contínua do sistema
e a garantia da conformidade com requisitos do cliente e requisitos
regulamentares aplicáveis.

Sistema de gestão da qualidade

Afinal, o que é gestão de qualidade?

Basicamente, a ABNT NBR ISO 9001 se baseia em 7 princípios de gestão de qualidade


(ABNT, 2015):

1. Foco no cliente: atender as necessidades dos clientes é o alicerce da gestão


de qualidade, pois contribui para o sucesso da própria organização.

2. Liderança: é importante a organização ter um direcionamento unificado,


com uma liderança que deve contribuir para que, além de cumprir os
objetivos, transmita a gestão de qualidade para todos de dentro da
organização.

3. Comprometimento da equipe: esse comprometimento é importante para


implementar a gestão e gerar mais valor aos seus clientes, a partir de
equipes competentes, dedicadas e qualificadas.

4. Processo de abordagem: assegurar que pessoas, equipes e processos


estejam familiarizados com as atividades da empresa e como elas se
conectam acabará melhorando a eficiência da empresa.

5. Melhoria: deve ser contínua para que a organização consiga reagir às


mudanças no seu ambiente interno e externo e continuar gerando valor
aos seus clientes.

6. Decisão baseada em evidências: a possibilidade de obter os resultados


esperados é maior se suas decisões forem baseadas na análise e na
avaliação de dados.
72
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

7. Gestão de relacionamento: identificar os relacionamentos importantes


com partes interessadas, como fornecedores, por exemplo, e estabelecer
um plano para administrá-los levará ao sucesso contínuo da empresa.

Como implantar a norma em uma empresa ou


organização?

Há muitas maneiras de uma empresa implementar um sistema de qualidade, mas


há perguntas e ações que devem ser feitas antes de buscar a implementação que são
fundamentais para identificar as características da empresa (ABNT, 2015):

»» Definir objetivos: por que implementar a norma?

»» Assegurar que a gestão esteja alinhada e que todos da empresa estejam


apoiando a iniciativa de implementação.

»» Identificar os principais processos de sua empresa para atender seus


objetivos e as necessidades dos clientes.

Requisitos gerais

A organização deve estabelecer, documentar, implementar e manter um sistema de


gestão da qualidade e melhorar continuamente a sua eficácia de acordo com os requisitos
desta norma.

Requisitos de documentação

A documentação do sistema de gestão da qualidade deve incluir:

a. Declarações documentadas da política da qualidade dos objetivos da


qualidade.

b. Manual da qualidade.

c. Procedimentos documentados requeridos por esta norma.

d. Documentos necessários à organização para assegurar o planejamento, a


operação e o controle eficazes de seus processos.

e. Registros requeridos por esta Norma.

73
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Manual da qualidade

A organização deve estabelecer e manter um manual da qualidade que inclua:

a. O escopo de sistema de gestão da qualidade, incluindo detalhes e


justificativas para quaisquer exclusões.

b. Os procedimentos documentados estabelecidos para o sistema de gestão


da qualidade, ou referência a eles.

c. A descrição da interação entre os processos do sistema de gestão da


qualidade.

Controle de documentos

Os documentos requeridos pelo sistema de gestão da qualidade devem ser controlados.


Os Registros são um tipo especial de documento e devem ser controlados de acordo
com os requisitos apresentados na norma.

Controle de registros

Registros devem ser estabelecidos e mantidos para prover evidências da conformidade


com requisitos e da operação eficaz do sistema de gestão da qualidade. Registros devem
ser mantidos legíveis, prontamente identificáveis e recuperáveis. Um procedimento
documentado deve ser estabelecido para definir os controles necessários para
identificação, armazenamento, proteção, recuperação, tempo de retenção e descarte
dos registros.

Adicionalmente, a ISO 9001 foi desenvolvida para ser compatível com outras normas
e especificações de sistemas de gestão, tais como a ISO 14001 de Meio Ambiente e a
OHSAS 18001 de Saúde Ocupacional. Elas podem ser integradas perfeitamente por
meio de Gestão Integrada. Estas normas compartilham muitos princípios comuns,
portanto, a escolha de um Sistema de Gestão Integrada pode agregar um excelente
valor pelo investimento, além de benefícios da comunidade de usuários.

Criada em 1987, a ISO 9001 teve atualizações e adaptações nos anos de 1994, 2000
(quando combinava as normas 9001, 9002 e 9003 em uma única norma), 2005, 2008
(quando trouxe uma maior compatibilidade com a família da ISO 14000, e as alterações
realizadas trouxeram maior compatibilidade com as suas traduções e um melhor
entendimento e interpretação de seu texto).

74
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Em 2015, ocorreu sua mais recente atualização, com uma abordagem mais modernizada.
Os requisitos e a ordem das cláusulas foram revisados, não afetando o conteúdo em si,
mas sim algumas denominações e termos.

A revisão da estrutura da norma introduz o conceito de gestão de risco, sendo que a


qualidade deve resultar da gestão adequada desses riscos. Em contrapartida, o risco
pode gerar oportunidades e esse conceito de incerteza positiva também é contemplado
na norma. A gestão de risco significa trabalhar no sentido da melhoria contínua. A ação
corretiva corresponde a um risco não identificado, erroneamente qualificado ou mal
gerido. A ação preventiva se antecipa ao risco (LEAD, 2015).

A norma, originalmente redigida para os setores de manufatura e indústria, obteve tanto


sucesso que muitas organizações de outras áreas adotaram a norma. Por isso, a revisão
de 2015 leva em consideração essas alterações, simplificando sua implementação em
todas as organizações, incluindo a de serviços.

A revisão já não exige que as organizações certificadas mantenham um manual de


qualidade atualizado. No entanto, elas precisam estar cientes que o requisito da
documentação ainda é parte da norma.

A abordagem de processos e o PDCA (Plan-Do-Check-Act/Planejar-Executar-Controlar-


Agir) continuam sendo dois pilares essenciais.

Figura 9. PDCA – Ferramenta utilizada para fazer planejamento e melhoria de processos.

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-dpaKFoNbl6k/TvIQvtvWm1I/AAAAAAAAAM4/fQqNm-yASaM/s1600/pdca2.png>. Acesso em:


19/10/2016.

75
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Essas mudanças não excluem os controles e terminologias utilizadas pelas organizações


certificadas com a ISO 9001:2008, que terão validade até 2018. No período de
manutenção, elas devem passar por nova auditoria de recertificação a fim de validar o
certificado na versão 2015.

Como obter a certificação da norma?

O processo de certificação não é obrigatório e é preciso avaliar se ele faz sentido para
determinadas organizações. Muitas empresas se beneficiam pelos processos da norma,
sem se certificar oficialmente. Apesar disso, a formalização muitas vezes é importante
para as relações comerciais da organização com seus clientes.

Para realizar a certificação, é importante encontrar um órgão certificador credenciado


e competente para realizar tal oficialização.

Norma ISO 14001:2015

A ISO14001 foi criada a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, quando foi feito
um apelo às indústrias para o desenvolvimento e adoção de sistemas de gestão que
levassem em conta as questões ambientais.

Ela é uma norma internacionalmente reconhecida, a qual define o que deve ser feito para
estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é desenvolvida
com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a redução do
impacto ambiental; com o comprometimento de toda a organização. Com ela é possível
que sejam atingidos ambos objetivos.

A ABNT NBR ISO 14001 pode adequar-se a todos os tipos e tamanhos da empresa. Ela
exige que estas considerem todas as questões ambientais relativas às suas operações,
como a poluição do ar, questões referentes à água e ao esgoto, a gestão de resíduos, a
contaminação do solo, a mitigação e adaptação às alterações climáticas e a utilização e
eficiência dos recursos.

Para muitas empresas, obter a certificação da ISO 14001 é uma demanda de mercado,
uma vez que demonstra seu comprometimento com práticas sustentáveis e padrões
internacionais de gestão ambiental. Além disso, possibilita a integração com os demais
sistemas de gestão já implementados pela empresa ou a serem implementados, como,
por exemplo, a ISO 9001.

76
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

É importante lembrar que, assim como todas as normas de sistemas da gestão, a ABNT
NBR ISO 14001 inclui a necessidade de melhoria contínua dos sistemas de uma empresa
e a abordagem de questões ambientais.

A norma reconhece que organizações podem estar preocupadas tanto com a sua
lucratividade quanto com a gestão de impactos ambientais. Ela integra estes dois
motivos e provê uma metodologia altamente amigável para conseguir um Sistema de
Gestão Ambiental efetivo.

Na prática, o que a norma oferece é a gestão de uso e disposição de recursos.


É reconhecida mundialmente como um meio de controlar custos, reduzir os riscos e
melhorar o desempenho.

O que está na ISO 14001

»» Requisitos gerais.

»» Política ambiental.

»» Planejamento da implementação e operação.

»» Verificação e ação corretiva.

»» Análise crítica pela administração.

Isto significa que devem ser identificados os aspectos do negócio que impactam o meio
ambiente e atendida à legislação ambiental relevante a cada situação. O próximo passo
é preparar objetivos para melhoria e um programa de gestão para atingi-los, com
análises críticas regulares para melhoria contínua.

O sistema deve ser auditado periodicamente, após a empresa ter sido certificada, por
intermédio de um órgão certificador.

Para quem ela é relevante?

Impactos ambientais estão se tornando um tema cada vez mais importante no


mundo, com pressão para minimizar esse impacto principalmente de autoridades
governamentais locais e nacionais, órgãos reguladores, associações comerciais,
clientes, colaboradores e acionistas. As pressões sociais também aumentam em função
da crescente gama de partes interessadas, tais como consumidores, organizações
ambientais e não governamentais de minorias (ONGs), universidades e vizinhos.

77
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Então, a ISO 14001 é relevante para todas as organizações, incluindo desde:

»» Sites únicos até grandes companhias multinacionais.

»» Companhias de alto risco até organizações de serviço de baixo risco.

»» Indústrias de manufatura, de processo e de serviço; incluindo governos


locais.

»» Todos os setores da indústria incluindo setores públicos e privados.

»» Montadoras e seus fornecedores.

A série ISO14001:2015 substitui a versão anterior de 1996 e a de 2004, revisada e


atualizada.

Vale lembrar que as normas ISO devem passar, a cada cinco anos, por um processo
de revisão, a fim de definir se norma deve ser mantida, aprimorada ou até cancelada.
A norma ISO 14001 teve sua publicação inicial em 1996 e foi revisada em 2004, antes
da última revisão de 2015. A nova versão tem um período de transição de 3 anos a
partir de sua publicação. Após este período, os certificados emitidos com base na ISO
14001:2004 não serão mais válidos.

Entre as principais mudanças estão:

»» A definição mais detalhada da alta direção, e modo a tornar o SGA mais


estratégico e integrado com a tomada de decisões da organização. Assim,
os gestores de meio ambiente, sustentabilidade e responsabilidade social
podem ter maior interação com a alta direção.

»» Os termos “documento” e “registro” passam a se denominados


“informação documentada.

»» Exigência de considerar os impactos ambientais que permeiam toda a


cadeia de valor, bem como a consideração de questões relativas ao ciclo
de vida.

»» A revisão atual introduz o termo “condição ambiental”, que é definido como


“mudanças ambientais de longo prazo que podem afetar as atividades, os
produtos e os serviços da organização, exigindo adaptações”. O principal
objetivo dessa definição é fazer com que as organizações reflitam sobre os
impactos do meio ambiente nas próprias empresas.

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CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

»» Um requisito específico para demonstrar os riscos e as oportunidades


ambientais dentro da cadeia de suprimentos.

»» Revisão vai exigir que a organização considere, de forma mais proativa, a


comunicação externa relativa a questões ambientais e que demonstre um
controle muito maior sobre como utiliza e gerencia os dados ambientais.

»» Anteriormente, havia um requisito de avaliação de conformidade, mas


a atualização requer a demonstração exata de como a conformidade é
avaliada e registrada.

»» Aumento do foco em melhorias contínuas com uma cláusula específica,


alinhada com a política estabelecida pela alta direção, de modo que
diminua a margem para interpretações equivocadas.

A nova versão especifica três compromissos que devem estar contemplados na política
ambiental da organização: proteção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos
legais e fortalecimento do seu desempenho ambiental. Esses três compromissos são
abordados em requisitos específicos ao longo de toda a norma, com a finalidade de que
o SGA seja implementado e mantido de forma coerente.

Uma das principais mudanças é que a política ambiental da organização deverá conter
um compromisso com a proteção ao meio ambiente, o que inclui a prevenção da
poluição e outros importantes para cada tipo de organização. Isso surge uma vez que as
organizações são influenciadas no que tange à qualidade do ar, disponibilidade de água
e sua qualidade, mudanças climáticas etc., e, por isso, essa proteção ambiental está
diretamente relacionada com a sua competitividade e produtividade.

Um elemento importante inserido é o de contexto da organização (item 4).


O entendimento sobre a organização e o contexto em que está inserida é importante
para a definição de como deve ser o sistema de gestão. Neste processo, a organização
deverá estabelecer fatores internos e externos relevantes para seu negócio, os quais
podem afetar a habilidade de atingir resultados esperados do Sistema de Gestão.

Além disso, deverá identificar as partes interessadas (seja eles governo, clientes,
fornecedores, empregados, ONGs etc.) e ver quais são relevantes à organização,
compreendendo suas necessidades e expectativas, individualmente. Todo o
processo de entendimento da organização e do seu contexto resultará em um
conhecimento que será base para a definição do escopo do sistema de gestão, bem
como orientar a implementação, a manutenção e o processo de melhoria contínua
do Sistema de Gestão.

79
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Exemplos de compromissos relacionados à proteção ao meio ambiente (FIESP,


2015).

»» Prevenção da poluição: eliminação ou redução, passando por design


e uso eficiente de recursos e materiais, reutilização, reciclagem,
recuperação.

»» Proteção da biodiversidade, habitats e ecossistemas: por meio da


conservação direta no local, compensações ou, indiretamente, por
meio do processo de compra, como a compra de materiais de fontes
sustentáveis.

»» Mitigação das mudanças climáticas: evitar ou reduzir emissões de


gases de efeito estufa da organização.

O item 6, que se refere ao Planejamento, na nova estrutura exige que as organizações


se planejem para agir sobre seus aspectos ambientais significativos, requisitos legais e
outros requisitos e também oportunidades.

Em relação aos aspectos ambientais, a organização deve considerar o ciclo de vida dos
processos, ou seja, considerando desde a aquisição de matéria-prima, desenvolvimento,
produção, distribuição, uso e destinação final. Dentre estes aspectos, a organização
deverá determinar quais são significativos e propor formas de controle.

Exemplos de requisitos legais e outros requisitos.

Requisitos legais relacionados aos aspectos ambientais da organização:

»» Leis e regulações.

»» Condicionantes de licenças etc.

Requisitos de partes interessadas, os quais a organização deve ou escolhe adotar:

»» Acordos com órgãos públicos ou clientes.

»» Princípios voluntários ou códigos de conduta.

»» Rótulos ou compromissos ambientais voluntários etc.

No item 8 – Operação – são apresentados requisitos para planejamento e controle


operacional dos processos importantes para atender aos requisitos do SGA.

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CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Há um novo item que trata da Avaliação do Desempenho – que agrega itens da versão
anterior de 2004, como monitoramento, medição, auditoria interna e análise crítica.

Na prática, não houve mudanças significativas entre a nova versão e a versão anterior
da norma (FIESP, 2016).

Alguns itens serão descritos a seguir:

»» Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental.

»» Requisitos gerais.

A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e continuamente


melhorar um sistema da gestão ambiental em conformidade com os requisitos desta
norma e determinar como ela irá atender a esses requisitos. A organização deve definir
e documentar o escopo de seu sistema da gestão ambiental.

Política ambiental

Na versão de 2004, o item “e” foi separado sendo criado o item “f” para comunicar
aos que trabalhem na organização assim como àqueles que atuem em seu nome,
aumentando o universo da comunicação. Dessa forma, o item 5.2 surge com o seguinte
texto:

A alta administração deve definir a política ambiental da organização


e assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão
ambiental, a política:

a. seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas


atividades, produtos e serviços,

b. inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a


prevenção de poluição,

c. inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais


aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização que se
relacionem a seus aspectos ambientais,

d. forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos


e metas ambientais,

e. seja documentada, implementada e mantida,

81
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

f. seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem


em seu nome, e

g. esteja disponível para o público.

Planejamento

No item inicial, referente aos Aspectos Ambientais, foi introduzida na nova versão a
identificação dos aspectos ambientais dentro do escopo do sistema. Ainda neste item,
onde anteriormente se mencionava que os aspectos sejam considerados na definição
dos objetivos e metas, nesta versão a orientação é mais abrangente e diz que os aspectos
ambientais significativos sejam considerados no estabelecimento, na implementação e
na manutenção do sistema da gestão ambiental.

Objetivos

Anteriormente, o item integrado Objetivo, Metas e Programas compunha a norma.


Na nova versão, ele foi desmembrado para: Objetivos ambientais e planejamento para
alcança-los (item 5.2), Objetivos ambientais (6.2.1), Planejando ações para alcançar os
objetivos ambientais (6.2.2),

Apoio – implementação e operação

O item 4.4, implementação e operação foi substituído pelo item Apoio (item 7).

O item Avaliação (4.5) foi alterado para Avaliação de Desempenho (item 9).

Veja as alterações da ISO 14001:2015 aqui: <http://www.abnt.org.br/


publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001?download=396:introducao-a-
abnt-nbr-isso-10014-2015>.

Outras normas da série 14000 que podem ser úteis (ABNT, 2015):

»» ISO 14004 oferece orientações desde a incorporação, implementação


e manutenção até a melhoria do sistema de gestão ambiental, bem
como a adaptação deste a outros sistemas de gestão.

»» ISO 14006 é destinada a empresas que implementaram um sistema


de gestão ambiental em conformidade com a ABNT NBR ISO 14001,
mas pode integrar a concepção ecológica a outros sistemas de gestão.

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CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

»» ISO 14064-1 estabelece os princípios e os requisitos em nível


organizacional para a quantificação e comunicação das emissões e
compensação de gases de efeito estufa (GEE).

Norma BS 8800:2004 (OHSAS 18001:2007)

A BS 8800 é uma norma de origem inglesa voltada para a gestão da saúde e segurança
ocupacional, passível de auditoria e certificação. É um guia de diretrizes bastante
genéricas que se aplica tanto a indústrias complexas, de grande porte e altos riscos,
como a organizações de pequeno porte e baixos riscos. Levou cerca de quinze meses
para ser discutida e aprovada oficialmente, sendo estruturada pelo órgão Britânico de
Normas Técnicas denominado British Standards, entrando em vigor no dia 15 de maio
de 1996.

Em Julho de 2004, a BSI publicou uma nova versão desta norma de forma a ter a
evolução de outros referenciais de sistemas de gestão, mas mantendo as mesmas
características da versão de 1996.

No desenvolvimento da BS 8800, não havia modelos pré-estabelecidos para o Sistema


de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho. Entretanto, o comitê britânico responsável
pela elaboração da norma, a fim de obter consenso das partes envolvidas, desenvolveu
duas abordagens para a utilização do guia: uma baseada no HSE Guidance – Successful
Health and Safety Management – HS(G) 65 (já adotada amplamente no Reino Unido),
e outra, baseada na ISO 14001 sobre Sistemas de Gestão Ambiental. A orientação
apresentada em cada abordagem é essencialmente a mesma, sendo a única diferença
significativa sua ordem de apresentação. Desenvolveremos a abordagem baseada na
norma ISO 14001, por ser ela uma norma internacional.

A BS 8800 busca auxiliar a minimização dos riscos para os trabalhadores, melhorar o


desempenho dos negócios e estabelecer uma imagem responsável perante o mercado.

Quais são as etapas para a implementação da BS


8800?

Primeiramente, é importante o comprometimento da administração (superação de


dificuldades, investimentos, tempo, recursos, treinamento e pessoal). É interessante
designar um coordenador para se especializar e concentrar as atividades nessa
implementação.

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UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

É necessária também a realização de um plano de treinamento adequado e de uma


Política de Segurança, que deve ser divulgada constantemente para os colaboradores a
fim de introduzir a cultura da segurança na organização como um todo.

A criação de um Plano de Trabalho a fim de implantar as ações e requisitos da norma se


faz necessário, a partir da formação de grupos de trabalho e de formação de auditores
internos de segurança. A realização de auditorias internas, aliás, é necessária e, por
isso, é importante que a documentação esteja regular assim como as atividades citadas
na norma.

Caso sejam detectadas não conformidades, é necessário implantar ações corretivas


para posteriormente selecionar a entidade certificadora que fará uma auditoria externa
e certificará a organização.

A implantação desta norma é importante para, além de minimizar os riscos para os


colaboradores e melhorar os desempenhos nos negócios, criar uma imagem positiva e
responsável da organização para com clientes e colaboradores.

A OHSAS (Occupational Health and Safety Assesment Series – Série de Avaliação


da Segurança e Saúde do Trabalho) é um conjunto de diretrizes criadas e publicadas
em resposta às necessidades das empresas internacionais que visavam padronizar e
certificar suas empresas em nível global. Entrou em vigor em 1999, após estudos de
um grupo de organismos certificadores e de entidades de normalização da Irlanda,
Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia. Ela foi desenvolvida para preencher uma
lacuna da ausência de uma norma internacional para saúde e segurança ocupacional.
A versão atual dessa norma é a OHSAS 18001:2007, que foi adotada como uma Norma
Britânica, tornando-se a BS OHSAS 18001:2007.

Essa norma prescreve um Sistema de Gestão de Saúde Ocupacional e Segurança


compatível com a ISO 14001, apoiado nas mesmas ferramentas do ciclo PDCA
(Plan-Do-Check-Act) de melhoria contínua. Esta compatibilidade permite a unificação
de ambas as normas e a integração com as normas da série ISO 9000, formando uma
poderosa ferramenta de gestão para a empresa.

Apesar de não ser uma norma ISO, a OHSAS 18001 obteve aceitação global. Nos
últimos anos, houve um rápido aumento no uso da OHSAS 18001 e de suas versões,
que foram adotadas por cerca de 40 países. Pesquisas recentes apontam que foram
concedidas aproximadamente 90.000 certificações credenciadas em mais de 127
países, e um desejo premente das empresas e partes interessadas em adotar uma
norma internacional.

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CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Esta norma visa auxiliar as empresas a controlar os riscos de acidentes no local de


trabalho. É uma norma para sistemas de gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho
(SST). A certificação por essa norma garante o compromisso da empresa com a
redução dos riscos ambientais e com a melhoria contínua de seu desempenho em saúde
ocupacional e segurança de seus colaboradores.

A OHSAS 18001:2007 é mais compatível com a ISO 14001 e ISO 9001, incluindo
conceitos modernos e comprovados de segurança e saúde ocupacional e trazendo uma
melhor definição de seus termos e conceitos.

A norma OHSAS 18001:2007 especifica um modelo de Sistema de Gestão da Segurança


e Saúde no Trabalho (SST) que pode ser aplicado a qualquer tipo de empresa,
independentemente da sua dimensão.

Aspectos chaves da OHSAS

»» Identificação de Perigos para a organização.

»» Avaliação dos riscos.

»» Determinação, priorização e implementação de controles.

»» Monitoramento e análise da efetividade dos controles.

»» Melhoria contínua.

Figura 10. Principais aspectos da OHSAS.

Fonte: VEZZANI (2011). Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/13179/material/


Normas%20BS%208800%20OHSAS%2018.001.ppt> Acesso em: 24/10/2016.

85
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

A especificação da Série de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS)


fornece os requisitos para um sistema de gestão de Segurança e Saúde Ocupacional
(SSO), permitindo que uma organização controle seus riscos de SSO e melhore seu
desempenho. Esta especificação não fixa critérios de desempenho específicos de SSO,
como também não fornece especificações detalhadas para o projeto de um sistema de
gestão.

Esta especificação da OHSAS se aplica a qualquer organização que procura:

a. Estabelecer um sistema de gestão de SSO para eliminar ou minimizar


os riscos aos empregados e outras partes interessadas que possam estar
expostas aos riscos de SSO associados a suas atividades.

b. Implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão


de SSO.

c. Garantir a organização de sua conformidade com os requisitos da política


de SSO estabelecida.

d. Demonstrar tal conformidades a terceiros.

e. Buscar a certificação/registro de seu sistema de gestão de SSO por uma


organização externa.

f. Realizar uma autoavaliação e declaração de conformidade com esta


especificação da OHSAS.

Todos os requisitos desta especificação da OHSAS foram planejados para serem


incorporados a qualquer sistema de gestão de SSO. A extensão da aplicação irá depender
de fatores como a política de SSO da organização, da natureza de suas atividades e dos
riscos e complexidade de suas operações.

Esta especificação da OHSAS tem como propósito principal buscar a segurança e saúde
ocupacional e não a produtos e serviços seguros.

Elementos do Sistema de Gestão da SSO

Um dos principais itens da OHSAS, o item 4, aborda a melhoria contínua dos elementos
da gestão bem-sucedida da SSO, conforme a figura 11.

86
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Figura 11. Elementos da gestão bem-sucedida da SSO.

Fonte: <http://pt.slideshare.net/FelipeCrisstomo/ohsas-18002-diretrizes >. Acesso em: 19/10/2016.

Deve existir uma política de Segurança e Saúde Ocupacional, autorizada pela alta
administração da organização, que estabeleça claramente os objetivos globais de
segurança e saúde e o comprometimento para melhorar o desempenho da SSO.

A política deve:

a. ser apropriada à natureza e escala dos riscos de SSO da organização;

b. incluir o comprometimento com a melhoria contínua;

c. incluir o comprometimento com o atendimento, pelo menos, à legislação


vigente de Segurança e Medicina do Trabalho aplicável, e a outros
requisitos subscritos pela organização;

d. ser documentada, implementada e mantida;

e. ser comunicada a todos os funcionários, com o objetivo de que eles


tenham conhecimento de suas obrigações individuais em relação a SSO;

f. esteja disponível para as partes interessadas;seja periodicamente


analisada criticamente, para assegurar que ela permanece pertinente e
apropriada à organização.

Objetivos

A organização deve estabelecer e manter documentado os objetivos de Segurança e


Saúde Ocupacional, para cada função em nível relevante da organização. Estes devem
ser quantificados sempre que praticável.
87
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Durante o estabelecendo e a análise crítica dos objetivos, uma organização deve


considerar a legislação e outros requisitos, seus perigos e riscos de SSO, suas opções
tecnológicas, suas finanças, requisitos operacionais e de negócios, e a visão das partes
interessadas. Os objetivos devem ser consistentes com a política de SSO, incluindo o
comprometimento com a melhoria contínua.

Programa(s) de gestão de SSO

A organização deve estabelecer e manter (um) programa(s) de gestão de SSO para


alcançar seus objetivos. Este deve incluir documentação com:

»» A designação das responsabilidades e autoridades para o alcance dos


objetivos em funções e níveis relevantes da organização;

»» Os meios e prazos pelo qual tais objetivos sejam alcançados.

O programa(s) de gestão de SSO deve(m) ser analisado(s) criticamente em intervalos


regulares e planejados. Onde necessário, o(s) programa(s) de gestão de SSO deve(m)
ser revisados para atender mudanças nas atividades, produtos, serviços, ou condições
operacionais da organização.

Implementação e operação (item 4.4)

Outro item importante da OHSAS, sobre sua implementação e operação, é ilustrado a


seguir:

Figura 12. Política de Segurança e Saúde Ocupacional.

Fonte: <http://pt.slideshare.net/FelipeCrisstomo/ohsas-18002-diretrizes>. Acesso em: 19/10/2016.

Os subitens contemplados estão descritos a seguir.

88
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

Estrutura e responsabilidade

As funções, responsabilidades e autoridades do pessoal que gerencia, desempenha e


verifica atividades que têm efeito sobre os riscos de SSO das atividades, instalações
e processos da organização devem ser definidas, documentadas e comunicadas, a
fim de facilitar a gestão da Segurança e Saúde Ocupacional. Segundo a norma, a
responsabilidade da SSO é da alta administração.

Treinamento, conscientização e competência

A competência deve ser definida em termos de educação apropriada, treinamento e/ou


experiência.

Consulta e comunicação

A organização deve ter procedimentos para assegurar que as informações pertinentes de


SSO são comunicadas para e a partir dos funcionários e de outras partes interessadas,
sendo que essas comunicações devem ser documentadas e informadas aos interessados.

Documentação

A organização deve estabelecer e manter informação, em um meio adequado como


papel ou formulário eletrônico, que:

»» Descreva os elementos mais importantes do sistema de gestão e suas


interações;

»» Forneça orientação sobre a documentação relacionada.

Controle de documentos e dados

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para controlar todos os


documentos e dados requeridos por esta especificação da OHSAS para assegurar que:

a. eles possam ser localizados;

b. eles sejam periodicamente analisados criticamente, revisados quando


necessário e aprovados quando adequados, por pessoal autorizado;

c. versões atuais de documentos e dados relevantes estejam disponíveis em


todos os locais onde sejam essenciais para o efetivo funcionamento do
sistema de SSO;

89
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

d. documentos e dados obsoletos sejam prontamente removidos de todos os


pontos de emissão e uso ou, de outra forma, garantidos contra o uso não
intencional;

e. o arquivo de documentos e dados retidos por motivos legais ou de


preservação do conhecimento adquirido ou ambos, sejam devidamente
identificados.

Controle operacional

A organização deve identificar aquelas operações e atividades associadas aos riscos


identificados, em que as medidas de controle necessitam ser aplicadas. A organização
deve planejar tais atividades, inclusive manutenção, de forma a assegurar que sejam
executadas sob condições específicas.

Preparação e atendimento a emergências

A organização deve estabelecer e manter planos e procedimentos para identificar o


potencial e atender a incidentes e situações de emergência, bem como para prevenir e
reduzir as possíveis doenças e lesões que possam estar associadas a eles. A organização
deve testar periodicamente esses procedimentos.

Deve-se realizar verificação e ação corretiva, conforme determina o item 4.5, a partir
dos procedimentos a seguir:

Monitoramento e medição do desempenho

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para periodicamente monitorar


e medir o desempenho de SSO. Estes procedimentos devem fornecer:

»» Medidas qualitativas e quantitativas apropriadas às necessidades da


organização.

»» Monitoramento do grau de atendimento dos objetivos de SSO da


organização.

»» Medidas proativas do desempenho que monitorem a conformidade


com os programas de gestão de SSO, critérios operacionais, legislação
aplicável e regulamentos aplicáveis.

90
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

»» Medidas reativas do desempenho para monitorar acidentes, doenças,


incidentes (incluindo quase-acidentes) e outras evidências históricas de
deficiências no desempenho de SSO.

»» Registro de dados e resultados do monitoramento e medição suficientes


para facilitar a posterior análise das ações corretivas e preventivas.

Se for requerido equipamento para monitoramento e medição de desempenho, a


organização deve estabelecer e manter procedimentos para a calibração e manutenção
de tal equipamento. Registros das atividades de calibração e manutenção e os resultados
devem ser mantidos.

Acidentes, incidentes, não conformidades e ações


preventivas e corretivas

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para definir responsabilidade


e autoridade para:

a. tratar e investigar acidentes, incidentes e não-conformidades;

b. tomar ações para mitigar quaisquer consequências originadas de


acidentes, incidentes ou não conformidades;

c. iniciar e concluir a ações preventivas e corretivas;

d. confirmar a eficácia das ações preventivas e corretivas tomadas.

Estes procedimentos devem requerer que toda ação preventiva e corretiva proposta
seja analisada criticamente durante o processo de avaliação de riscos antes de sua
implementação.

Registros e gestão de registros

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificação, manutenção


e disposição dos registros de SSO, bem como dos resultados de auditorias e análises
críticas.

Os registros de SSO devem ser legíveis, identificáveis e rastreáveis as atividades


envolvidas. Os registros de SSO devem ser arquivados e mantidos de maneira que
possam ser rapidamente recuperados e sejam protegidos contra danos, deterioração ou
perda. O tempo de retenção deve ser estabelecido e registrado.

91
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Registros devem ser mantidos, de acordo com a necessidade do sistema e da organização,


para demonstrar conformidade com esta especificação da OHSAS.

Auditoria

A organização deve estabelecer e manter um programa de auditorias e procedimentos


para a execução de auditorias periódicas do sistema de gestão de SSO, a fim de
determinar se o sistema de gestão de SSO:

a. Está conforme com as disposições planejadas para a gestão de SSO,


incluindo os requisitos desta especificação da OHSAS.

b. Está sendo devidamente implementado e mantido.

c. É eficiente no atendimento à política e aos objetivos da organização.

Além disso, deve analisar criticamente os resultados das auditorias anteriores e fornecer
informação sobre os resultados das auditorias para a administração.

Análise crítica pela administração

A alta administração da organização, em intervalos por ela pré-determinados, deve


analisar criticamente o Sistema de Gestão da SSO, devendo abordar a eventual
necessidade de alterações na política, nos objetivos e outros elementos do Sistema de
Gestão da SSO, à luz dos resultados de auditorias do mencionado Sistema, da mudança
das circunstâncias e do comprometimento com a melhoria contínua. Lembrando que
essa análise deve ser documentada.

Sistemas de Gestão Integrada (SGI)

O Sistema de Gestão Integrada é um conjunto de processos, procedimentos e práticas


que a organização escolhe implementar buscando o aumento da eficiência por meio
da melhoria da qualidade, redução dos riscos ao meio ambiente e à saúde e segurança
dos colaboradores envolvidos com a organização, além do uso eficiente dos recursos
naturais. Essas ações têm uma aceitação por parte do público em geral, agregando valor
à organização diante de seus clientes e colaboradores.

A adoção do SGI numa organização tem como objetivo, dessa forma, além da diminuição
dos acidentes, impactos ambientais e redução dos custos, aumentar o valor dos
produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado, por meio
da melhoria contínua dos resultados operacionais, a satisfação dos funcionários com a

92
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

organização e da própria sociedade com a contribuição social da empresa e o respeito


ao meio ambiente (MORAES et al., 2013).

Essas preocupações normalmente são colocadas em segundo plano pelas organizações,


em detrimento às questões econômicas. Entretanto, o cenário atual de competitividade
e dinamismo faz com que seja necessário planejar o desenvolvimento destas
organizações baseado nos princípios de saúde, segurança, qualidade e meio ambiente
e, por isso, elas estão procurando inserir as temáticas no seu planejamento estratégico
(MORAES et al., 2013).

Essas demandas podem ter importância estratégica para a organização, criando


preferências ou barreiras mercadológicas que fazem com que quem não está inserido e
qualificado diante desses fatores, como saúde, segurança, qualidade e meio ambiente,
tenha dificuldades de negociação ou venda, por exemplo.

O estabelecimento de um SGI para uma organização começa pelo comprometimento


da alta direção em entender que este processo será benéfico, mas que, para isso, a
organização terá trabalho e custos os quais, posteriormente, serão compensados com
a melhoria contínua. A busca pela melhoria contínua é trilhada no estabelecimento
de indicadores para a qualidade, para o meio ambiente e para a saúde e segurança do
trabalhador.

Atualmente, não há uma certificação específica para SGI e, por isso, as certificações
citadas anteriormente, ISOs 9001, 14001 e OHSAS 18001 são os sistemas de gestão
alicerces do SGI, trabalhando de forma integrada para a implantação na organização.

Com a publicação das normas citadas, a adoção do SGI se tornou mais fácil, uma vez
que essas normas foram feitas para serem usadas de forma conjunta.

Os Sistemas Integrados de Gestão (SIGs, ou Sistemas de Gestão Integrada), como são


chamados, visam à integração dos processos de Qualidade com os de Gestão Ambiental
e/ou de Segurança e Saúde no Trabalho, dependendo da atividade fim da organização.
Isso gera também um ganho econômico, visto que a manutenção de 3 sistemas
separados (qualidade, meio ambiente e SST) gera um custo muito maior do que um
SIG, independente do tamanho da empresa.

Além disso, não faz muito sentido ter procedimentos similares para os processos de
planejamento, treinamento, controle de documentos e dados, aquisição, auditorias
internas, análise crítica etc., tanto para qualidade, meio ambiente e/ou SST. Estabelecer
metas de produtividade faz com que as organizações maximizem sua eficiência.

93
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

Quais são os principais benefícios do sistema de gestão integrado (MORAES et al.,


2013)?

»» Melhoria de qualidade e aumento da produtividade em produtos e


serviços.

»» Otimização dos processos de trabalho e, consequentemente, a economia


de tempo e custos.

»» Transparência dos processos internos e diminuição da burocracia interna


com a gestão de documentos.

»» Fortalecimento da imagem da empresa ante os clientes e colaboradores e


aumento na participação no mercado.

»» Melhoria do relacionamento com todas as partes interessadas (clientes,


colaboradores, fornecedores, sociedade, meio ambiente e acionistas)
Diminuição de custos com prevenção de acidentes, uso eficiente de
recursos naturais e gestão de qualidade.

»» Benefícios ambientais com a economia e uso eficiente dos recursos


naturais.

»» Redução dos custos de seguros, com a prevenção de acidentes e melhorias


em segurança do trabalho.

Há muitos outros benefícios secundários da adoção e implementação do SGI por parte


das organizações. A melhoria do know-how no mercado em que está inserido e a
agregação de valores ao que se é produzido, sem dúvida, são benefícios importantes para
que a organização tenha nessa prática um ganho econômico, além de socioambiental e
de qualidade.

O controle sobre a utilização das matérias-primas e insumos, bem como a definição dos
reais objetivos e metas, ajuda a otimizar os processos e trazer reduções significativas no
desperdício, por exemplo, de resíduos sólidos, de água, efluentes, emissões atmosféricas,
entre outros casos. A diminuição de custos com saúde, com a redução da frequência e
gravidade de acidentes ocorridos é, além de importante para a integridade de todos os
colaboradores, fundamental para a organização.

Há a questão mercadológica que, para muitos, é essencial para a efetividade do SGI.


Com a implementação, as possibilidades de aumento de relações comerciais com novos
clientes, locais ou regionais, aumentam consideravelmente, além do valor agregado em

94
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

produtos e serviços prestados. O marketing positivo é o reflexo da imagem de empresa


comprometida com ideais que vão além do que se produz.

Além desses, vale lembrar que, ao implementar um SIG, as empresas estarão atendendo
também às Legislações Ambientais e às Normas Regulamentadoras de Segurança e
Medicina do Trabalho vigentes.

Auditorias de Sistemas de Gestão Integrada de


Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente
(SGI)

O propósito das Auditorias difere um pouco quando tratamos cada uma das normas no
que se refere a quem pode e deve auditar, o ideal é que a equipe auditora seja formada
por 1 auditor de Sistema e Gestão da Qualidade, 1 de Segurança e Saúde Ocupacional,
e 1 de Sistema de Gestão Ambiental, e contínua e sistematicamente, monitorar a
efetividade do sistema de Gerenciamento da Qualidade.

Isto inclui Auditorias que cobrem todos os elementos do sistema e todas as áreas
funcionais, as quais devem, no mínimo, serem auditadas uma vez ao ano. Porém, a
recomendação é que isto ocorra, pelo menos, duas vezes ao ano.

Quando o Sistema de Gestão Integrada da organização estiver maduro (o que leva de 2 a


5 anos) projetos, produtos e processos poderão ser incluídos nos processos de Auditorias
Internas Contínuas. A auditoria é uma forma compreensiva para prover feedback,
pontual e valioso aos Gerentes em relação a todo o Sistema de Gestão Integrado.

Os resultados da auditoria podem ser usados como áreas alvos para ações de melhoria
e subsequentemente, facilitar os planos de melhoria contínua.

As auditorias internas podem ser divididas em:

»» Sistema – auditando a efetividade do sistema de gerenciamento.

»» Processo – auditando processos (produção ou serviço, preenchimento de


ordem, atendimento ao cliente etc.).

»» Produto – auditando produtos (ou serviços) contra especificações.

»» Projeto – auditando projetos quanto a sua inteira perfeição.

95
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO

As razões para a realização de auditorias incluem:

»» Verificação da conformidade do Sistema em relação aos requisitos das


normas de referência.

»» Crescimento de reclamações oriundas de uma área específica.

»» O fato de estar especificada em contrato com clientes.

»» Verificação da eficácia das ações corretivas e preventivas implementadas.

Sobre ações corretivas e preventivas

O propósito de uma ação preventiva sistêmica e eficaz é de assegurar que a causa ou


as causas de uma não conformidade potencial (falha e ou defeito de Sistema ou de
produto/serviço), em relação ao SGQ, de um impacto ambiental negativo em relação
ao SGA e de um acidente em relação ao SGSSO, está(ão) identificada(s), analisada(s)
e resolvida(s) visando prevenir a ocorrência desse problema. O que se espera de
um Sistema de Gestão Integrada é que, à medida que ele amadureça, o número de
ações corretivas tenham uma tendência de queda, enquanto que o número de ações
preventivas, terá uma tendência de crescimento.

A sucessão de ações corretivas e preventivas possibilita para a organização a identificação


de tendências que podem encaminhar ao rastreamento de problemas, aspectos e perigos
em desenvolvimento de processos ou em produtos.

Análise crítica pela direção

Tem como propósito avaliar, periodicamente, o status do Sistema de Gestão Integrada


implementado, quanto a sua eficiência e eficácia.

A Análise Crítica pela Direção inclui foco nas Auditorias Internas e Auditorias Externas.
Além disso, deve levar em consideração:

»» O número e tipo de reclamações de clientes.

»» Número de ações corretivas e preventivas.

»» Não conformidades, aspectos/impactos e perigos/riscos causados pelos


fornecedores, bem como a performance destes; provisão de recursos
relativos a iniciativas em prol da Qualidade, Meio Ambiente e SSO.

96
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III

»» Adequação e análise de planos, bem como dos objetivos traçados em


relação às metas definidas (seu atingimento ou não); ações oriundas
da última reunião de análise crítica e o desenvolvimento de ações para
melhoria.

Concluindo, fica claro que a integração dos elementos auditoria, ações corretivas e
preventivas e análise crítica pela alta direção compõem a base para a melhoria contínua
de um SGI de qualquer que seja a organização.

No fundo, esta é a razão pela qual, a cada auditoria para manutenção de um Sistema de
Gestão Integrada Certificado, estes elementos são verificados.

Por meio da auditoria destes quatro elementos, os auditores estarão avaliando se o


Gerenciamento do Sistema de Gestão Integrada é efetivo e constantemente monitorado,
avaliado e melhorado pela organização por meio de sua alta direção.

97
ABNT NBR ISO 50001 –
SISTEMAS DE GESTÃO DA
ENERGIA – REQUISITOS UNIDADE IV
COM ORIENTAÇÕES
PARA USO

As mudanças climáticas foram um fator relevante para se pensar no uso mais racional
da energia, adequando o uso ao meio ambiente. As variações do preço da produção de
energia, a dependência internacional de petróleo, as questões ambientais relacionadas
à energia, como as mudanças climáticas, as energias renováveis e não renováveis são
muitos dos tópicos relacionados ao tema em todos os setores da sociedade. Este recurso
precisa, portanto, ser bem administrado em todos os seus estágios, ou seja, na geração,
transporte/transmissão, distribuição e consumo. A forma como irão tratá-lo é de
importância crucial, determinante para a sobrevivência das organizações e a economia
dos países (PINTO, 2014).

Por tudo isso, é possível afirmar que a eficiência energética pode ser um fator de
reorientação da economia mundial.

A melhoria da eficiência energética pode levar a uma redução de bilhões de dólares,


somente na economia de combustível, confirmando não só a importância ambiental
quanto econômica da questão. Por isso, a eficiência energética é vista como um grande
paradigma para a resolução de questões como a harmonização da Economia, do Meio
Ambiente aliado à segurança no abastecimento e qualidade no serviço (SOARES, 2015).

Neste contexto, a isso, International Organization for Standardization, publicou em 2011


a norma “ISO 50001 – Energy Management Systems – Requirements with guidance for
use”, que no Brasil teve como tradução a “ABNT NBR ISO 50001 – Sistemas de Gestão
da Energia – Requisitos com orientações para uso”, publicada em 7 de julho de 2011.

Os principais objetivos da criação da norma foram, além de permitir o estabelecimento


de sistemas e processos para a melhoria do desempenho energético nas organizações,
ser integrada a outros sistemas de gestão (por exemplo, a ISO 9001), além de ser
aplicável a todos os tipos de organização.

98
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

A norma foi baseada em uma série de documentos internacionais. Até 2007, por
exemplo, somente países como Dinamarca, Suécia, Irlanda e Estados Unidos tinham
normas nacionais para gestão de energia. Nesse período, países como China e Holanda
também desenvolviam normas próprias, além do Comitê Europeu para a Normalização
(CEN) e o Comitê Europeu para a Normalização Eletrotécnica (Cenelec) que chegaram
a formar um grupo de trabalho para desenvolver uma norma comum para a União
Europeia.

Espanha, Tailândia e Coreia do Sul terminaram suas normas em 2008, quanto Brasil e
África do Sul começaram o processo de desenvolvimento de alguma norma (CUNHA,
2010).

99
CAPÍTULO 1
ABNT NBR ISO 50001– requisitos com
orientações para uso

A ISO 50001 foi publicada em 2011, mas as discussões sobre o tema para a
criação dela começaram muito antes disso. Veja um breve histórico do processo
de criação da norma (CARVALHO, 2016):

»» 2005: início das discussões sobre gestão da energia em diversos países.

»» 2006: engajamento da comunidade internacional nas discussões


sobre o tema.

»» 2007: reunião da UNIDO – United Nations Industrial Development


Organisation – determinando a necessidade de uma norma
internacional.

»» 2008: primeira reunião em Washington DC – início ISO 50001 e


elaboração WD (work draft).

»» 2009: reuniões no Rio de Janeiro e Londres – análise das sugestões e


aprovação nível DIS (draft of international std).

»» 2010: reunião em Pequin, para a construção do texto final (final draft


of international standard).

»» 2011: publicação ISO 50001 e ABNT NBR ISO 50001.

Histórico
Para compreender o conceito de gerenciamento de energia e de medidas para o uso
eficiente deste recurso, é importante resgatarmos alguns passos relevantes na história
em relação à exploração de energia.

Há mais de um século, quando a eletricidade começou a ser empregada, tanto para


a iluminação quanto para o uso na indústria, as fontes de energia utilizadas eram
abundantes e utilizadas sem muito cuidado. Era utilizado principalmente carvão
vegetal, mas outras fontes surgiram, como combustíveis fósseis e o uso da água como
potencial energético. Nesse período, no início do desenvolvimento tecnológico do setor

100
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

e a popularização dele, não se preocupava com algum controle de uso, apenas com a
expansão de sua exploração e fornecimento a toda a sociedade.

As empresas que exploravam a energia estimularam fortemente o seu uso, como uma
forma de expandir os negócios, seus clientes e, claro, seu lucro. Investia-se muito para
obter retornos financeiros no período mais curto possível.

Claro, a energia elétrica foi uma revolução! Permitiu um desenvolvimento como nunca
visto, além de acelerar a produção industrial, aproximou mais as pessoas – pelos dos
meios de transporte – ampliou infraestrutura e melhorou completamente a qualidade
de vida da população. Mudou o comportamento de toda a sociedade mundial,
especialmente nas ocidentais.

Figura 13. A Revolução Industrial trouxe energia elétrica e muitas mudanças no mundo.

Fonte: <https://wattsupwiththat.files.wordpress.com/2016/08/smokestacks-of-industrial-revolution.jpg>. Acesso em: 19/10/2016.

Com isso, a vida se tornou mais fácil e ninguém mais abriria mão desse consumo
energético intenso. O aumento da produção de energia, no entanto, não conseguiu
crescer o suficiente para acompanhar o crescimento populacional e industrial por
completo e o consumo seguro de energia ficou ameaçado. Um dos maiores problemas
foi o aumento dos preços, que limitou o consumo a algumas pessoas.

Segundo Cunha (2011), “em pouco mais de um século, o mundo viu a ascensão e a crise
do nosso modelo elétrico, baseado em fontes energéticas não renováveis e, portanto,
limitadas”.

101
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Desde muito tempo, portanto, somos ameaçados por crises de energia (como na
Argentina e outros países da América e da África, por exemplo), por racionamentos
(como em 2001 no Brasil).

Agência Reuters – segunda-feira, 17 de agosto de 2009.

(Reportagem de Wendell Roelf )

Não haverá cortes de energia durante a Copa, diz África do Sul.

CIDADE DO CABO (Reuters) - O risco de blecautes durante a Copa do Mundo


de 2010 está afastado porque a crise econômica mundial reduziu o consumo
na África do Sul, disse a ministra da Energia do país, Dipuo Peters, nesta
segunda-feira.

A economia mais forte do continente está racionando energia desde janeiro do


ano passado, quando a rede elétrica do país quase entrou em colapso, forçando
minas e fundições vitais para a economia a fechar as portas por dias.

Um programa para aumentar a capacidade de produção levará anos para ser


finalizado e havia o temor de que a falta de energia pudesse afetar a Copa do
Mundo, em junho e julho de 2010, quando são esperados 450 mil fãs e turistas.

Mas Peters disse, em resposta por escrito ao Parlamento: “A turbulência na


economia mundial deu um alívio extra pelo fato de o consumo de eletricidade
ter se reduzido na África do Sul em relação ao ano anterior”.

“O resultado é que temos margem de reserva suficiente para toda a Copa do


Mundo de 2010,” disse ela, sem dar detalhes.

Peters acrescentou que várias medidas de precaução foram adotadas para


garantir que o problema não afete a Copa do Mundo [...].

A empresa de energia da África do Sul, a Eskom, tem planos de investir 385


bilhões de rands (47,15 bilhões de dólares) nos próximos cinco anos para elevar
a capacidade do país.

Fonte: <http://br.reuters.com/article/idBRSPE57G0C520090817>. Acesso em: 19/10/2016.

Sem a combinação de planejamento, monitoramento de consumo e consciência de uso,


a utilização de energia elétrica fica à mercê desses riscos. Por isso, as crises de energia,
somado à preocupação ambiental e ao desenvolvimento sustentável, contribuíram

102
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

para o desenvolvimento e aceleração da adoção de ações de gerenciamento de energia,


especialmente para empresas e indústrias, no qual se enquadra essa norma ISO 50001.

Somado a isso, os países ocidentais sempre basearam suas economias em combustíveis


fósseis não renováveis e limitados, especialmente o petróleo. A disputa por petróleo
movimenta disputas políticas e de conflitos em todo o mundo até hoje.

Para se ter ideia, desde 1951, o mundo vinha sofrendo com a dependência do petróleo que
pertencia – e ainda pertence – a um grupo restrito de países. Neste ano, foi registrada a
primeira e expressiva crise relacionada ao combustível, com a nacionalização dos poços
iranianos pertencentes A uma empresa privada. Muitas crises surgiram até o chamada
Primeiro Grande Choque do Petróleo, em 1973.

Somente após o evento é que ações práticas começassem a ser tomadas, no sentido de
gerenciar energia e mobilizar empresas relacionadas ao setor, desmistificando o fato
pensado anteriormente da energia ser inesgotável. A ideia de conservação da energia
surgiu nesse período.

No Brasil

Nesse período, o Brasil foi diretamente afetado economicamente, sofrendo impactos da


elevação no preço da energia e da dependência que sofria “na época da crise, 80% do
óleo bruto consumido no Brasil era importado” (CUNHA, 2011).

Houve a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) a fim de estimular


uma mudança na matriz energética nacional a partir da produção de etanol vindo
da cana-de-açúcar. O período marca também a construção da Usina Hidrelétrica de
Itaipu, introduzindo de vez a energia hidrelétrica – hoje a nossa principal fonte da
matriz de energia.

A indústria também se adaptava para diminuir os altos custos com energia. Segundo
Cunha (2011), ainda na década de 1980, a General Motors do Brasil passou a monitorar
os dados do consumo de energia elétrica em suas fábricas, ação inovadora no período.
Mas as iniciativas eram pontuais, normalmente feitas por grandes empresas com
grandes consumos de energia.

Por parte do governo, ainda não havia iniciativas significativas até 1985, quando os
ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio criaram o Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica (Procel), ampliado em 1991 para abranger todas
as empresas do setor elétrico, que deveriam destinar 1% de sua receita em ações de
conservação de energia. O programa objetiva promover a racionalização tanto da

103
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

produção quanto do consumo de energia, para evitar desperdícios e reduzir custos


com isso.

Entre 1985 e 2007, por exemplo, foram economizados 28,5 milhões de MWh no país, o
que seria equivalente ao consumo de 16,3 milhões de residências, no custo aproximado
de R$ 19,9 bilhões (CUNHA, 2011).

Sem dúvida, o apagão sofrido em 2001, provocado por um déficit de geração de energia,
foi um divisor de águas na gestão de energia. Tanto a consciência do consumidor
quanto as ações de governo e empresas mudaram. Houve racionamento, com multas
para quem consumisse mais do que a meta de redução de consumo e diversas ações
de eficiência energética adotadas pela iniciativa privada especialmente contribuíram
para o aumento da conscientização sobre o uso de energia, e o governo, por meio da
ANEEL, passou a investir em resoluções e normas para contribuir com essa mudança
no paradigma da energia.

Crises brasileiras de energia elétrica (CUNHA, 2010)

O setor elétrico brasileiro demorou cerca de 50 anos depois que começou a ser
formado para ser regulamentado – as primeiras regras são da década de 1930
–, mas até que ele fosse reestruturado, na última década, ele passou por muitos
problemas e viu o país viver muitas crises de abastecimento de energia antes da
mais famosa de 2001, quando houve o racionamento de energia e a população
sofria o medo do apagão elétrico.

Antes disso, as principais crises energéticas nacionais foram:

»» 1985: crise na região Sul, devido à estiagem de chuva (reservatórios


com índices de armazenamento inferiores a 40%).

»» 1986: racionamento no 1o trimestre de 1986, na região sul. Duração


de três meses e meta de redução inicial de 20% no consumo. Houve
extensão do horário de verão por mais 30 dias.

»» 1986: região sudeste sofreu grande risco de um racionamento de


energia elétrica, com implantação de horário de verão em todo
território nacional (de 2 de novembro de 1985 a 28 de fevereiro de
1986) e investimentos em termelétricas.

»» 1987: região nordeste, sul do Pará e norte de Goiás (hoje Estado do


Tocantins) enfrentaram período de racionamento de energia devido ao
baixo volume de água nos mananciais hídricos. Houve racionamento

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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

de março de 1987 a janeiro de 1988, com meta de redução inicial de


15% no consumo de energia.

»» 2001: o racionamento foi provocado pelo déficit de geração de energia


em comparação ao consumo, provocando um apagão em todo o país
e a rediscussão sobre o setor elétrico, com reformulações a partir de
então.

No Brasil, o órgão federal do governo que regula e administra o setor de energia


elétrica é a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

Há diversos materiais de estudo, como balanços energéticos, mapas, notícias


sobre leilões de energia, entre outros assuntos. Acesse e confira: <http://www.
aneel.gov.br/>.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT coordenou a redação da Norma.


Fundada em 1940, é uma entidade privada, sem fins lucrativos, de utilidade pública,
membro fundador da ISO, da Comissão Pan-americana de Normas Técnicas (COPANT),
Associação de Normalização do MERCOSUL (AMN) e da Comissão Internacional de
Eletrotécnica (IEC). A entidade é responsável pela gestão do processo de elaboração
de todas as Normas Brasileiras (voluntárias e baseadas em consenso). (PINTO, 2014).

A ISO 50001 fornece uma base para as organizações implementarem um sistema


eficaz de gestão de energia para atingir um melhor desempenho energético e comprar
produtos e serviços que também sejam energeticamente eficientes.

Nesse sentido, é preciso entender o que vem a ser Eficiência Energética para a norma.
Ela entende o termo como uma relação quantitativa entre um desempenho, serviço bem
ou energia e um consumo de energia, ou seja, a relação de energia necessária e energia
utilizada, ou a relação entre o resultado e a energia consumida. É na relação entre o
que se produz e o que gastamos para produzir que a questão da eficiência energética
aparece.

A ISO 50001 também apresenta uma definição de Energia como eletricidade,


combustíveis, vapor, calor, ar comprimido e outras formas análogas. Ressalta ainda
que energia refere-se às suas diversas formas, incluindo renováveis, que podem ser
compradas, armazenadas, processadas, utilizadas em equipamentos ou em um processo,
ou recuperadas, além da capacidade de um sistema de produzir atividade externa ou
realizar trabalho.

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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Pode-se afirmar que “grande parte da eficiência energética conseguida nas organizações
é obtida através da alteração dos processos de gestão da energia e não através da
instalação de novas tecnologias” (SOARES, 2015).

Cabe salientar que não há modelos ou fórmulas para que as organizações se tornem
mais eficientes energeticamente e nem para que um Sistema de Gestão de Energia se
torne eficaz. Isso depende da eficácia e da dedicação de implantação do sistema por
parte da organização.

O que diz a ISO 50001?

A ABNT NBR ISO 50001:2011 especifica os requisitos para que as organizações


estabeleçam, implementem, mantenham e melhorem o sistema de gestão da energia,
o que possibilita às organizações realizar uma abordagem sistemática a fim de atingir
a melhoria contínua do desempenho e eficiência energéticos, além de conservação da
energia.

A ISO auxilia também em questões burocráticas como documentações e relatórios,


além da prática de projetos e aquisição de energia para desde equipamentos até o uso
pessoal. Por isso, sua implementação acaba levando à redução de gastos com energia,
mas também à diminuição de emissões de gases de efeito estufa, o que dá o caráter
também ambiental à prática de economia de energia.

A ISO 50001 pode ser aplicada a todos os tipos e portes de organizações,


independente das condições geográficas, culturais e sociais e independentemente
dos tipos de energia utilizados.

Segundo a própria Norma, sua implementação, para ser bem-sucedida, dependerá


do compromisso de todos os níveis e funções da organização, especialmente da alta
direção.

Basicamente, os requisitos gerais da ISO 50001 estabelecem (HUANG, 2011):

»» Compromisso com a melhoria contínua da eficiência energética.

»» Nomeação de uma pessoa qualificada para a gestão da energia.

»» Desenvolvimento de um plano de gestão da energia, uma vez que, se a


gestão de energia não fizer parte da cultura organizacional da organização,
as melhorias não conseguem ser implementadas.

106
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

»» Avaliação dos maiores usos de energia na organização para desenvolver


uma linha de base do uso da energia e estabelecer metas para melhoria.

»» Seleção de indicadores de desempenho energético a fim de moldar o


desenvolvimento e a implementação do plano de ação.

»» Treinamento de funcionários para melhorar o desempenho energético


nas práticas do dia a dia.

Seguindo a NBR ISO 50001, vamos apresentar os requisitos gerais do sistema de gestão
da energia, contida no item 4. Segundo o Item 4.1:

“A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar um


SGE (Sistema de Gestão de Energia), bem como definir o seu escopo”. No item c, está
descrito que cabe à organização determinar como serão cumpridos os requisitos da ISO
50001 “visando a melhoria contínua de desempenho energético e do SGE”.

O item 4.2 aborda a responsabilidade da direção da organização, afirmando no item 4.2.1


que “a alta direção deve demonstrar seu comprometimento em apoiar o SGE e melhorar
continuamente sua efetividade”. Para isso, determina que haja um representante e
uma equipe de gestão de energia formada, bem como a comunicação organizacional da
importância desse trabalho.

Outra questão importante abordada está no item c (4.2.1), que estabelece o


“provisionamento de recursos para estabelecer, implementar, manter e melhorar o SGE
e o desempenho energético resultante”, entendendo o termo recurso como humano,
financeiro, tecnológico etc.

O item 4.3 aborda a Política Energética. Ela deve, segundo a ISO 50001, “declarar o
comprometimento da organização para atingir a melhoria do desempenho energético”.
Cabe à alta direção garantir que essa política seja apropriada à natureza e escala do
uso e consumo de energia, incluindo o comprometimento em melhorias contínuas
do desempenho energético, em fornecimento de estrutura para estabelecer e revisar
objetivos e metas energéticas, apoio para aquisição de produtos energeticamente
eficientes, assim como de serviços e projetos.

Além de documentada e comunicada em todos os níveis da organização, essa Política


Energética deve ser revisada e atualizada sempre que necessário.

O item 4.4 aborda o Planejamento energético da organização. Este deve estar de acordo
com a política energética e “deve levar a atividades que melhorem continuamente
o desempenho energético”, revendo as atividades que possam comprometer esse
desempenho.

107
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Na Norma, é representado, no anexo A.4.1, um diagrama conceitual para a compreensão


desse processo, mas sem detalhes sobre uma organização específica; portanto, podem
haver outros detalhes específicos da organização ou circunstâncias particulares.

Figura 14. Diagrama conceitual de processo de planejamento energético.

Entradas de Revisão Saídas de


Planejamento Energética Planejamento

Uso de energia A. Analisar o uso e


Passado e presente consumo de energia

- Variáveis relevantes
que afetam o uso B. Identificar as - Linha de Base Energética
significativo de energia áreas de uso - IDE´s
- Desempenho significativo de - Objetivos
energia e consumo - Metas
- Planos de Ação

C. Identificar
oportunidades para
melhorar de
desempenho
energético

Fonte: NBR ISO 50001:2011.

O item aborda os Requisitos Legais (item 4.4.2) relacionados ao uso e consumo de


energia e eficiência energética nas quais a organização deve identificar, implementar e
revisar periodicamente.

No anexo A.4.2 da Norma, esses requisitos são definidos como aqueles internacionais,
nacionais, regionais e locais que são relacionados à energia, como leis, regulamentações
de conservação de energia etc., que se aplicam ao escopo de um SGE.

Um dos itens mais importantes da ISO 50001 é o 4.4.3 sobre Revisão energética. Para
realizá-la, a organização deve:

a. Analisar uso e consumo de energia com base em medições e outros dados:

›› identificar fontes de energia atuais;

›› avaliar o uso e consumo de energia atual e passado.

b. Com base no uso e consumo de energia, identificar as áreas de uso


significativo de energia:

›› identificar instalações, equipamentos, sistemas, processos e pessoal


trabalhando para a organização ou em seu nome que afetam
significativamente o uso e consumo de energia;
108
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

›› determinar o desempenho energético atual de instalações, equipamentos,


sistemas e processos relacionados aos usos significativos de energia
identificados;

›› Estimar o uso e consumo de energia futuros.

c. Identificar, priorizar e registrar oportunidades de melhoria de


desempenho energético (NBR ISO 50001:2011).

As oportunidades que são citadas podem estar relacionadas ao uso de energia renovável
ou outras fontes alternativas de energia.

A revisão energética deve ser sempre atualizada.

Segundo Pinto (2014), o termo revisão energética não é usual na língua portuguesa e
talvez no Brasil as atividades que a descrevem (revisão) seriam mais apropriadas se
chamadas de auditoria energética.

Outra questão importante abordada pela ISO 50001 é a identificação de Indicadores de


Desempenho Energético (IDE) por parte da organização, que sejam apropriados para
o monitoramento e medição desse desempenho energético. No Anexo A.4.5 da mesma
norma, são citados como exemplos de IDE o consumo de energia por tempo; consumo
de energia por unidade de produção e modelos multivariáveis.

O item 4.4.6 aborda os objetivos, as metas e os planos de ação para gestão da energia.

Segundo a norma, a organização deve “estabelecer, implementar e manter documentados


os objetivos e metas energéticas nas funções, níveis, processos ou instalações relevantes
da organização”. Quando estabelecer essas metas, deve considerar os requisitos legais,
os usos de energia e as oportunidades de melhoria do desempenho, além da condição
financeira, operacional, comercial e das opções tecnológicas.

Os planos de ação devem incluir: atribuição de responsabilidade; meios e cronogramas


de metas atingidas; declaração do método pelo qual uma melhoria de desempenho
energético será verificada e a verificação dos resultados.

No anexo A.4.6 da norma há, como exemplo, um plano de ação para atingir um aumento
de conscientização de empregados e contratados para comportamentos em gestão da
energia.

A Implementação e Operação do SGE deve ser pautado nas seguintes premissas:

»» Competência, treinamento e conscientização (item 4.5.2): A organização,


segundo a Norma, deve identificar as necessidades de treinamento

109
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

relacionadas ao controle dos usos significativos de energia e à operação do


seu SGE, indicando a importância deste para a melhoria de desempenho
energético.

»» Comunicação (item 4.5.3): a organização deve sempre comunicar


internamente sobre o desempenho energético, de forma adequada ao
tamanho da organização, criando canais de comunicação para que os
colaboradores possam fazer comentários ou sugestões. A comunicação
externa é opcional, mas deve ser documentada essa decisão.

»» Documentação (item 4.5.4): a organização deve estabelecer, implementar


e manter informações em papel, meio eletrônico ou qualquer outro meio
para descrever os elementos-chave do SGE e suas interações. O grau de
documentação pode variar dependendo do tamanho da organização, da
complexidade de seus processos e interações.

»» Controle operacional (item 4.5.5): a organização deve identificar e planejar


as atividades de operação e manutenção que são relativas aos seus usos de
energia e que sejam consistentes com a sua política energética, objetivos,
metas e planos de ação, de forma a garantir que sejam executadas
sob as condições estabelecidas para tal. É importante lembrar que no
planejamento de situações de contingência, emergência ou potenciais
desastres, uma organização pode decidir incluir desempenho energético
na determinação de como reagirão a tais situações.

»» Projeto (item 4.5.6): “a organização deve considerar oportunidades de


melhoria do desempenho energético e controle operacional no projeto
de instalações, equipamentos, sistemas e processos, sejam novos,
modificados ou renovados, que possam ter impacto significativo em seu
desempenho energético” (NBR ISO 50001:2011).

»» Aquisição de serviços de energia, produtos, equipamentos e energia


(item 4.5.7): ao adquirir serviços, produtos e equipamentos que tenham
ou possam ter impactos no uso de energia, a organização deve informar
aos fornecedores que a aquisição é avaliada com base em desempenho
energético.

No anexo A.5.7, a norma ainda complementa que a aquisição é “uma oportunidade de


melhorar desempenho energético através do uso de produtos e serviços mais eficientes.
É também uma oportunidade de trabalhar com a cadeia de suprimento e influenciar
seus comportamentos com energia”.

110
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

Outra questão abordada na ISO 50001 é a verificação, a partir do monitoramento, da


medição e da análise das características-chave de suas operações que determinam o
desempenho energético, sempre em intervalos planejados.

A medição pode abranger desde pequenos medidores de energia para pequenas


organizações até sistemas completos de monitoramento e medição conectados a um
aplicativo de software capaz de consolidar dados e disponibilizar análises automáticas.
É decisão da organização determinar meios e métodos de medição, mas os resultados
devem sempre ser registrados.

É recomendada também a auditoria interna do SGE em intervalos planejados para


garantir que ele esteja em conformidade com as ações propostas e as metas estabelecidas.

As não conformidades devem ser tomadas por ações corretivas e preventivas de


acordo com a magnitude dos problemas existentes ou potenciais e às consequências de
desempenho energético encontradas. Deve-se também sempre realizar análise crítica
por parte da direção.

Conforme pode ser visto a partir dos requisitos citados na norma, esta não estabelece
requisitos absolutos e rígidos para o bom desempenho energético de uma organização,
além daqueles estabelecidos pela política energética da própria organização e de sua
obrigação de conformidade a requisitos legais aplicáveis ou outros requisitos.

Dessa forma, duas organizações podem realizar operações semelhantes, mas com
desempenhos energéticos distintos.

A ISO 50001 se baseia em elementos comuns encontrados em todas as normas


ISO de sistemas de gestão, assegurando elevado nível de compatibilidade com
a ABNT NBR ISO 9001 (gestão da qualidade) e a ABNT NBR ISO 14001 (gestão
ambiental).

Em seu Anexo A, a ISO 50001 apresenta alguns esclarecimentos sobre alguns termos e
conceitos que são descritos ao longo do texto.

O conceito de desempenho energético é bastante explorado e inclui o uso, o consumo e


a eficiência energética. A organização pode, com isso, escolher entre diversas atividades
que estão relacionadas com esse desempenho, como por exemplo, redução de demandas
de pico, utilização de excedente de energia ou de resíduo energético, além de poder
melhorar seus sistemas, processos ou equipamentos.

A figura 15 é uma representação conceitual ilustrativa de desempenho energético,


contida no Anexo A1 da ISO 50001.

111
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Figura 15. Desempenho energético.

Uso de
Energia
Intensidade
Energética

Desempenho Consumo
Energético de Energia

Eficiência
Energética

Outros

Fonte: Adaptado de NBR ISO 50001:2011.

Outro ponto abordado é a relação da direção da organização em relação à SGE e a


equipe para atuar nesse trabalho. O tamanho da equipe deve ser determinado pela
complexidade da organização, ou seja, nas pequenas, uma pessoa apenas pode ser o
representante da direção, enquanto nas organizações maiores, recomenda-se uma
equipe multifuncional para engajar diferentes partes da organização no planejamento
e implementação do SGE.

Figura 16. Estrutura geral ISO 50001.


Política Energética
Melhoria
Contínua

Planejamento Energético

Análise crítica pela


direção
Implementação e operação

Monitoração,
medição e análises

Verificação

Avaliação de
requisitos legais/
Auditoria Interna de
outros
SGE

Não conformidade,
ações corretivas e
preventivas

Fonte: Adaptado de NBR ISO 50001:2011.

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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

A norma se baseia fortemente na melhoria contínua do chamado Plan-Do-Check-Act e


incorpora a gestão da energia nas práticas organizacionais diárias.

Plan-Do-Check-Act

O ciclo de Deming ou PDCA é a metodologia de base adotada para o Sistema de Gestão


de Energia. Esta metodologia permite enquadrar e focalizar a Organização num ciclo de
Melhoria Contínua do seu desempenho energético.

Figura 17. Melhoria contínua do desempenho energético da organização pela implementação da metodologia

PDCA.

Fonte: SOARES (2015).

»» Plan (planejar): executar a revisão energética e estabelecer linha de


base, indicadores de desempenho energético (IDEs), objetivos, metas e
planos de ação necessários visando resultado sem conformidade com as
oportunidades de melhoria de desempenho energético e com a política
energética da organização.

»» Do (fazer): implementar os planos de ação da gestão da energia.

»» Check (verificar): monitorar e medir os processos e as principais


características das operações que determinam o desempenho energético
em relação à política e objetivos energéticos.

»» Act (agir): tomar ações para melhorar continuamente o desempenho


energético e o SGE.

113
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Figura 18. Modelo do Sistema de Gestão da Energia ABNT NBR ISO 50001:2011.

Fonte: Huang (2011).

Correspondência entre ISO 50001:2011, ISO


9001:2015 e ISO 14001:2015

O Anexo B da ISO 50001 faz um comparativo entre esta e as normas de gestão ISO 9001
e ISO 14001.

Segundo Pinto (2014), ao analisar os requisitos da ISO 50001 e compará-las com as


demais, é possível observar que esta é uma norma de gestão e técnica, como se fosse
duas normas em uma, ou seja, uma de sistema de gestão de energia e outra de gestão
de desempenho energético.

Para compreender melhor, seria como se a ISO 9001 estabelecesse, além da gestão
de qualidade, os requisitos para a melhoria do produto. As melhorias propostas pelo
sistema de gestão podem, eventualmente, proporcionar melhorias no produto, mas não
há requisitos específicos que exijam tais melhorias.

Da mesma forma, se a ISO 14001 tivesse, além dos requisitos para gestão ambiental,
outros para a melhoria ambiental e a redução dos impactos, como a diminuição de
resíduos etc., efetivamente, o conjunto de práticas preconizadas pela norma objetiva
minimizar impactos, mas não há requisitos para efetivamente realizar isso.

114
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

Ao contrário, a ISO 50001, além da abordagem no sistema de gestão de energia, se


mostra preocupada com o desempenho energético. Assim, o SGE é um meio para se
obter melhoria do DE continuamente.

O termo “melhoria contínua” é aplicado nas normas ISO 9001 e ISO 14001
referenciando-se ao sistema de gestão. “Nesta Norma, contudo, a melhoria contínua
se refere não só ao sistema de gestão, mas também ao DE, e sendo assim este deve
também apresentar melhoria a cada ciclo” (PINTO, 2014).

Como funciona o processo de certificação de


Sistemas de Gestão da Energia baseado na ISO
50001?

Primeiramente, assim como as demais certificações, é preciso ter interesse e disposição


para a implementação da norma por parte de toda a organização, principalmente por
parte das lideranças, que devem instrumentalizar e estimular as mudanças em todos os
setores.

O processo se inicia com um órgão certificador, que pode realizar uma pré-auditoria
para orientar como proceder para serem atendidas às demandas da auditoria oficial.
A auditoria para a certificação é realizada avaliando a conformidade do sistema
documentado com os requisitos da norma para um melhor entendimento da natureza
da organização.

As não conformidades observadas devem ser remediadas da forma mais pertinente.


É fundamental que, durante a auditoria, toda a organização esteja envolvida com os
procedimentos. Serão realizadas entrevistas e análises de registro, bem como serão
observadas as práticas de trabalho.

Após a certificação, novas auditorias serão realizadas em períodos esporádicos até que,
no terceiro ano, estas fiquem frequentes para o processo de recertificação.

Resultados esperados da aplicação da ISO 50001

Segundo Carvalho (2011), os principais resultados que são esperados da implementação


dessa norma nas organizações são:

»» Gerenciar ativamente o uso de energia e reduzir a exposição aos seus


custos crescentes.

»» Reduzir emissões sem um efeito negativo nas operações.

115
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

»» Melhorar continuamente a intensidade energética (uso da energia/


produto).

»» Arquivar documentos para uso interno e externo (créditos por emissões,


por exemplo).

»» Usar o pessoal e recursos da empresa de maneira inteligente.

A norma apresenta um papel importante de contribuição na complementação do


arcabouço de atividades de Eficiência Energética do país. Além da legislação e dos
programas de governo, a norma completa o “conjunto de iniciativas que permitem uso
eficiente da energia, ofertando do lado do consumidor uma ferramenta para gerir sua
energia de forma sistêmica e obter melhoria do DE” (PINTO, 2014).

Como exemplos de legislação correlata, há a Lei no 10.295 (conhecida como a Lei da


Eficiência Energética), o Decreto no 99.656, que dispõe sobre a criação da Comissão
Interna de Conservação de Energia (CICE), o Plano Nacional de Eficiência Energética,
além dos programas governamentais: Programa de Eficiência Energética – PEE, da
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; Programa Brasileiro de Etiquetagem
– PBE, do Inmetro; Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel,
executado pela Eletrobrás e o Programa Nacional da Racionalização do uso dos
Derivados de Petróleo e do Gás Natural, executado pela Petrobras, são algumas das
iniciativas para promover o uso eficiente de energia.

Embora a lei trate do assunto, ela não contempla, por exemplo, o treinamento para
operar maquinários, o tempo de seu funcionamento, condições de manutenção etc.
Da mesma forma, os programas públicos também não abordam como devem ser
conduzidos para priorizar as necessidades mais urgentes, obter melhoria contínua e
reter os ganhos, por exemplo (PIBTO, 2014).

A norma desempenha melhor esse papel de aliado no uso correto da energia, auxiliando
a gestão dos aspectos que tratam do bom desempenho energético de equipamentos,
instalações, processos e plantas.

Por que uma norma para sistemas de gestão da


energia?

Com o aumento dos custos de energia e as questões climáticas em destaque nos últimos
anos, a eficiência energética tornou-se questão importante dentro de uma organização.
Segundo Huang (2011), um relatório feito pelo Economist Intelligence Unit afirma que

116
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

a eficiência energética é vital às empresas para que elas sejam vistas como organizações
que:

»» Posicionam-se, assim como suas marcas, como fornecedoras de produtos


verdes.

»» Cumprem requisitos de conformidade.

»» Aperfeiçoam a pegada ambiental de seus produtos e serviços.

»» Implantam controles mais fortes das normas ambientais sobre fornecedores.

É importante que as organizações compreendam que, ao desperdiçar energia, estão


reduzindo lucratividade e causando poluição que poderia ser evitada. Além disso,
os clientes estão, cada vez mais, pedindo por garantias de que a organização tenha
uma postura responsável ambientalmente, sendo capazes de demonstrar a eficiência
energética.

Atualmente, grande parte das organizações possui um conhecimento limitado para


alcançar essas reduções, por isso, as orientações contidas na norma são necessárias.

Um levantamento realizado pela Carbon Trust indica que 50% dos consumidores são
mais leais às marcas que possam mostrar ações efetivas de melhorias em seus impactos
ambientais e 70% das pessoas querem que as empresas divulguem suas emissões de
carbono.

BS EN 16001:2009 – a norma internacional de


gestão da energia

A norma europeia de gestão de energia é a BS EN 16001:2009, que fornece os requisitos


e orientações que visam auxiliar as organizações na redução dos custos e de gases de
efeito estufa por meio da implantação de um SGE. Assim como a ISO 50001, a norma
especifica os requisitos de um SGE para permitir que organizações desenvolvam e
implementem uma política energética, estabeleçam objetivos e programas que levam
em consideração requisitos legais e informações pertinentes ao uso significativo de
energia.

Essa norma pode ser aplicada a todos os tipos ou portes de empresas e indústrias,
podendo ser utilizada de forma independente ou integrada a qualquer outro sistema de
gestão, assim como a ISO 50001.

117
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

A BS EN 16001:2009 reconhece que gestão energética abrange uma série de questões,


inclusive aquelas com implicações tanto estratégicas quanto de concorrência. Apesar de
não especificar critérios de desempenho na gestão de energia, ela provê uma estrutura
para melhoria contínua da eficiência energética de uma organização, além de seu uso
sustentável (HUANG, 2011).

As principais diferenças entre a BS EN 16001 e a ABNT NBR ISO 50001 estão nos
requisitos (HUANG, 2011):

»» Política energética: a norma brasileira é mais exigente pois requer


compromissos com a compra de produtos e serviços, além de projetos
com eficiência energética, enquanto a BS EM 16001 requer apenas que
haja consideração do consumo de energia ao comprar equipamentos.

»» Caracterização da Energia: a BS EM 16001 fala apenas em eficiência


energética, diferente da ISO 50001 que considera o termo desempenho
energético (eficiência, uso e consumo de energia).

»» Documentos: não existem procedimentos obrigatórios na norma


europeia, enquanto na brasileira deve haver controle de documentos.

»» Melhoria do desempenho energético: a ISO 50001:2011 afirma que as


oportunidades de melhoria de desempenho devem ser consideradas no
projeto, na modificação e renovação de instalações de equipamentos,
sistemas e processos com uso de energia. A BS EN 16001:2009 considera
o consumo de energia para o projeto, alteração ou restauração de todos
os ativos, incluindo os edifícios.

»» Sistema de medição: a norma brasileira não prevê isso, enquanto a


europeia requer que as organizações tenham um plano de medição.

Aplicação da norma

Há um número cada vez maior de empresas interessadas em adotar a certificação ISO


50.001 no Brasil. Por ter como objetivo estabelecer sistemas e processos que melhorem
o desempenho energético das empresas, incluindo eficiência, uso e consumo de energia,
os principais impactos esperados pela adoção dessa norma por parte das organizações
é aumentar a disponibilidade de energia, melhorar a produtividade e competividade
das empresas, promover a redução das emissões de gases de efeito estufa, entre outros
impactos positivos.

118
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

No mundo, há destaque para o primeiro edifício com certificação ISO 50001/2011,


dada no mesmo ano de criação da norma, na sede corporativa da Schneider Electric,
localizada em Rueil-Malmaison, França. Com a integração inteligente dos sistemas do
edifício, a equipe de desenvolvimento de soluções conseguiu economias de energia de
até 30%. O objetivo foi reduzir o consumo de energia em quatro vezes comparado à
infraestrutura da sede anterior e atingir um consumo de 80 kWh/m²/ano (244 kWh/
m²/ano é o consumo médio de um edifício de escritórios na França) (Schneider Electric,
2011).

No Brasil, algumas empresas buscaram a certificação ISO 50.001/2011, fato que tem
crescido em diversos setores industriais, principalmente.

Alguns exemplos de certificação de sucesso:

»» Metalplan: primeiro fabricante de compressores de ar do mundo a


conquistar a certificação ISO 50001/2011, em 2012. Apesar da dificuldade
de encontrar consultorias especializadas na norma, apenas um ano depois
do lançamento dela, a empresa formou um comitê interno para estudar e
implementar a norma.

Pequenas ações foram realizadas como a sistematização inteligente dos


equipamentos, divulgação dos resultados obtidos e a substituição dos
equipamentos obsoletos por outros mais modernos, de menor consumo.

Os ganhos de eficiência energética, obtidos com a implantação da nova


norma, geraram uma redução média do consumo foi de 30%, o que
conferiu à organização uma boa vantagem competitiva no mercado (SGS,
2012).

»» FIAT: a primeira montadora a obter essa certificação no Brasil, em 2014.


A planta de Betim, a maior da Fiat no mundo, atualmente utiliza 99%
da energia elétrica oriunda de fontes renováveis (predominantemente
hidráulica), incluindo os painéis solares fotovoltaicos instalados na
fábrica, capazes de gerar 19,5 mil kW/ano. Em função das melhorias
realizadas, a energia que deixou de ser consumida na fábrica de Betim
(MG) seria suficiente para abastecer durante um ano uma cidade de 80
mil habitantes (SGS, 2014).

»» Usina Barreiro da Vallourec Tubos do Brasil S.A: é a primeira


siderúrgica no Brasil a obter essa certificação. Para obter a certificação,
a Vallourec, por meio do seu Sistema Integrado de Gestão, começou a

119
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

se preparar em 2011, ano de lançamento mundial da norma. A partir


daí, os requisitos normativos começaram a ser implementados em todas
as áreas e os procedimentos da empresa passaram por adequações (TN
Petróleo, 2014).

E as empresas digitais?

Cada dia mais vemos empresas sendo criadas e desenvolvidas exclusivamente


para a internet. E-commerce é a nova tendência, uma vez que é cada vez maior a
quantidade de gente que faz compras só pela internet.

Mas você acha que essas empresas precisariam ser certificadas com as normas
ISO?

Elas podem ser certificadas mas, apesar do seu crescimento, o comércio


eletrônico ainda não atentou para a importância das certificações e dos ganhos
agregados em excelência organizacional.

Ao implementar as diretrizes orientadas pelas ISO’s a empresa digital pode ter


excelentes bases de organização, rapidez e satisfação no atendimento aos clientes,
treinamentos e capacitações de colaboradores, engajamento de stakeholders,
foco em resultados e redução de custos e desperdícios na organização. Uma boa
ideia é a empresa começar com a ISO 9001, mas há outras, como por exemplo,
a ISO 10008 que, embora não certificável, é a norma que orienta as transações
de comércio eletrônico de negócio a consumidor, fornecendo orientações
sobre como as organizações podem implantar o sistema B2C ECT (Business-to-
Consumer Eletronic Commerce Transactions).

A norma busca uma base para que os consumidores tenham a confiança


aumentada no B2C ECT, aumentando a capacidade das organizações em
satisfazer seus consumidores e auxiliando na redução das reclamações e disputas
entre consumidores e organizações. Tem como princípio que todos os setores da
organização trabalhem com foco no cliente.

120
CAPÍTULO 2
Outras resoluções que visam a
economia de energia

Microgeração e minigeração distribuída ao


sistema – a Resolução Normativa no 482, de 17
de abril de 2012

A Resolução Normativa no 482/2012 criou o Sistema de Compensação de Energia


Elétrica, para permitir que o próprio consumidor instale pequenos geradores (tais como
painéis solares fotovoltaicos e microturbinas eólicas, entre outros) em sua unidade
consumidora e troque energia com a distribuidora local com objetivo de reduzir o valor
da sua fatura de energia elétrica.

É permitido o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração qualificada,


denominando-se microgeração distribuída a central geradora com potência instalada
até 75 quilowatts (KW) e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW
e menor ou igual a 5 MW (sendo 3 MW para a fonte hídrica).

Vantagens da geração de energia pelo


consumidor com a aplicação da Resolução

Segundo o art. 7o, quando a quantidade de energia gerada em um mês for superior à
energia que foi consumida naquele mesmo período, o consumidor ficará com créditos
para serem utilizados para a diminuição de faturas dos meses seguintes. O prazo de
validade dos créditos, que inicialmente era de 36 meses, passou para 60 meses, sendo
que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras
do mesmo titular situadas em outro local, desde que na área de atendimento de uma
mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos créditos foi denominado “autoconsumo
remoto”.

A atualização e as alterações importantes da RN no 482/2012 foram oficializadas


na Resolução Normativa no 687/2015, que também altera alguns procedimentos
de distribuição dessa energia (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica
no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST).

121
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Cabe salientar que, conforme o art.5o, caso seja necessário realizar ampliações ou reforços
no sistema de distribuição em função da conexão de centrais geradoras participantes do
sistema de compensação de energia elétrica, a distribuidora deve consultar o PRODIST.

Segundo a alteração de 2015 no mesmo art. 5o:

§1o Os custos de eventuais melhorias ou reforços no sistema de


distribuição em função exclusivamente da conexão de microgeração
distribuída não devem fazer parte do cálculo da participação financeira
do consumidor, sendo integralmente arcados pela distribuidora, exceto
para o caso de geração compartilhada.

§2o Os custos de eventuais melhorias ou reforços no sistema de


distribuição em função exclusivamente da conexão de minigeração
distribuída devem fazer parte do cálculo da participação financeira do
consumidor.

Geração distribuída

Há também a possibilidade de geração distribuída, ou seja, instalada em condomínios


ou outros empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras, e a energia gerada
pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios
consumidores.

Geração compartilhada

A ANEEL ainda criou o termo geração compartilhada para que diversos interessados na
instalação e uso de energia se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem
uma micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das
faturas dos consorciados ou cooperados.

Autoconsumo remoto

São unidades consumidoras de uma mesma Pessoa Jurídica ou Física que possua
unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente
das unidades consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas
quais a energia excedente será compensada.

Com relação aos procedimentos necessários para se conectar a micro ou minigeração


distribuída à rede da distribuidora, a ANEEL estabeleceu regras que simplificam o

122
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

processo, como criação de formulários para o consumidor realizar sua solicitação, e a


diminuição do prazo para a conexão de microgeração (que inicialmente era de 84 dias)
para 34 dias (AMBIENTE ENERGIA, 2015).

Mas a RN deixa claro que compete à distribuidora a responsabilidade pela coleta das
informações das unidades consumidoras participantes do sistema de compensação de
energia elétrica, e o envio dos dados para registro junto à ANEEL (Art.13).

Em pesquisa realizada pela ANEEL (CASTRO, 2014) com consumidores que investiram
na sua própria geração de energia entre 2012 – ano de criação da Resolução Normativa
– até 2014, percebeu-se que:

»» Grande parte dessa energia instalada teve por finalidade o uso residencial
(aproximadamente 65%).

»» A maioria dos investimentos foi em energia solar fotovoltaica.

»» A maior motivação para instalar esse tipo de energia foi contribuir para o
desenvolvimento sustentável (45%).

»» Para 50%, as exigências técnicas da distribuidora foram facilmente


atendidas, mas, para a outra metade, houve demora e muito esforço.

»» Para 74%, a atuação da distribuidora foi considerada excelente ou boa,


sendo que a fatura de energia informa claramente os créditos acumulados
com a geração distribuída.

Sem dúvidas, as tecnologias de geração individual de energia precisarão ser aperfeiçoadas


ao longo do tempo, uma vez que a tendência é de que as iniciativas para esse tipo de
geração sejam, a cada dia, maiores. Entretanto, grande parte dos consumidores que já
fazem parte desse grupo aprova esse tipo de geração e teve suas expectativas alcançadas
(CASTRO, 2014).

Segundo a ANEEL, a previsão é que até 2024 cerca de 1,2 milhão de unidades
consumidoras passem a produzir sua própria energia, totalizando 4,5 GW de potência
instalada. O fato é que, desde a publicação da Resolução Normativa no 482, em 2012,
já foram instaladas milhares de centrais geradoras, com destaque para a fonte solar
fotovoltaica, que chega a representar mais de 90% dessas instalações (AMBIENTE
ENERGIA, 2015).

123
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Startup lança serviço de energia solar por


assinatura
A startup curitibana Renova Green lançou um modelo de negócio
para facilitar a vida de quem deseja produzir sua própria energia
solar através da microgeração, mas ainda está com um pé atrás em
relação aos altos custos da compra e instalação do sistema.

A empresa decidiu operacionalizar a geração de energia solar


doméstica no Brasil, que gera em média uma economia de mais
de R$ 40,00 por mês na conta de luz. Ao invés de vender e instalar
os equipamentos, eles optaram pela comercialização do serviço
e adotaram um sistema similar aos planos de TV por assinatura,
no qual o equipamento fica na casa do cliente em comodato,
com planos comerciais e residenciais a partir de R$ 19,90 (taxa de
instalação: R$ 199,00).
Fonte: Ambiente Enegia (2016).

O exemplo alemão

Se há uma referência mundial em desenvolvimento de energias sustentáveis, esse local


é a Alemanha. O país indica, a cada ano, um crescimento exponencial desse tipo de
energia, ao mesmo tempo em que vê decrescer alternativas de geração com outros tipos
de fontes não renováveis.

De fato, o país evoluiu nos últimos anos muito rapidamente. Enquanto em 1991,
aproximadamente 3,1% da matriz energética era composta por fontes renováveis,
em 2009, esse valor já chegou a mais de 16%. Como um dos estímulos, tem-se a
promulgação da Lei de Fontes Renováveis de Energia do ano de 2001 (“Erneuerbare
Energien-Gesetz” ou EEG) (MIRANDA, 2012).

A lei alemã se refere às fontes renováveis como a energia hidrelétrica, incluindo a


energia das ondas, marés, eólica, solar, geotérmica, biomassa (incluindo o biogás, gás
de aterros sanitários e gás de tratamento de esgoto).

Os produtores de energia oriundas de fontes renováveis, ou operadores de instalação,


como denominados da EEG, recebem como contrapartida o pagamento de uma tarifa
pela energia gerada que alimenta a rede. As diferentes fontes de energia têm custos de
produção diferentes também, o que requer uma remuneração para o produtor específica
para a sua geração, ou seja, a tarifa da energia eólica é diferente da solar, uma vez que
seu custo é mais baixo, assim com todas as demais.

124
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

Cabe ressaltar a importância dessa medida, para não privilegiar apenas as fontes com
a melhor relação custo-benefício, remunerando proporcionalmente fontes mais caras a
fim de possibilitar seus investimentos e custos, além do amadurecimento da tecnologia,
na expectativa de uma possível redução futura de custo de produção (MIRANDA, 2012).

A lei garante a aquisição da energia produzida por um período de vinte anos, o que
permite aos interessados investirem avaliando a possibilidade de recuperação desse
investimento e o lucro com tal operação.

Esse pagamento para o produtor é realizado a partir de uma tarifa de alocação para
destinatários finais dessa energia, proporcionalmente ao seu consumo. Segundo
Miranda (2012), se pensarmos em uma tarifa de, cerca de 3,53 centavos por kWh
consumido, esse valor representa pouco mais de 13% do valor total cobrado, ou
seja, cerca de 36 centavos. Nas despesas médias de uma família alemã, esse valor
representa 0,2%.

Se compararmos a lei alemã à Resolução Normativa no 482/2012, na norma brasileira,


o processo de regularização do produtor de energia depende de estudos da distribuidora
de energia para a integração das mini e microgeração, sendo que o produtor da energia
deve arcar com os custos referentes às adequações do sistema de medição da energia
produzida.

O consumidor que produz a energia, no entanto, não é remunerado pela distribuidora,


mas adere a um sistema no qual a energia ativa gerada por sua unidade consumidora
compensa o consumo de energia elétrica ativa fornecido pela distribuidora, conforme
vimos anteriormente.

Ao optar por esse sistema mais complexo de compensação ao invés da remuneração,


entretanto, o modelo brasileiro desconsidera um dos principais motivadores da
produção: o retorno financeiro da atividade (MIRANDA, 2012).

A energia excedente produzida é lançada na rede de distribuição e a compensação


proposta depende de um ciclo de faturamento em que o consumo seja maior do que
a produção, em um período de tempo de 60 meses. Ou seja, não há, portanto, retorno
garantido que incentive os consumidores a arcarem com o custo de implantação de um
gerador próprio de energia vinda de fontes renováveis.

É importante lembrar que os próprios custos de implantação de qualquer sistema


gerador de energia por meio de fontes sustentáveis é algo ainda caro, ainda mais no
Brasil. Com o baixo estímulo financeiro, apenas uma parcela da população que possui
poder aquisitivo mais alto consegue, por enquanto, investir no setor.

125
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

A Resolução Normativa também não estimula o desenvolvimento de novas tecnologias,


uma vez que compensa nos mesmos termos energias oriundas de fontes diversas, a
norma incentiva o uso de fontes com menor relação custo-benefício (MIRANDA, 2012).

Rede de políticas de energias renováveis para o


século 21 – REN21

O REN21 é uma rede global de políticas sobre Energias Renováveis que conecta diversos
atores como:

»» Governos.

»» As organizações internacionais.

»» Associações da indústria.

»» Ciência e academia.

»» A sociedade civil.

A rede busca facilitação na troca de conhecimento, desenvolvimento de políticas e ações


conjuntas para uma transição global rápida para as energias renováveis. A promoção
dessas energias renováveis se dá tanto em países industrializados quanto nos países em
desenvolvimento, a fim de auxiliar em questões que envolvem mudanças climáticas,
segurança energética, desenvolvimento e redução da pobreza, por exemplo.

A REN21 foi lançada em 2004, como resultado da Conferência Internacional sobre


Energias Renováveis, realizada em Bonn, na Alemanha. Com um poder de liderança
internacional, a rede fornece informações de alta qualidade, catalisa discussão e debate
e apoia o desenvolvimento de redes temáticas. Para isso, a REN21 tem produzido uma
série de relatórios internacionalmente reconhecidas em matéria de política de energia
renovável, da indústria e desenvolvimento de mercado.

Desde 2005, a REN21 produz uma publicação anual, chamada The Renewables Global
Status Report (GSR), que oferece uma visão abrangente do mercado de renovável,
indústria, investimento e desenvolvimento de políticas em todo o mundo. Eles também
realizam relatórios regionais, a partir de informações de mais de 700 colaboradores e
pesquisadores em todo o mundo.

Os relatórios desenvolvidos pela REN21 é atualmente o mais referenciado em todo o


mundo no mercado de energia renovável, pela indústria, política e academia, servindo
como ponto de entrada para os tomadores de decisões em governos, empresas e

126
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

instituições financeiras, indicando o crescimento implacável de eletricidade, calor e as


capacidades de produção de combustíveis para transportes a partir de fontes renováveis
de energia.

Acesse o site da REN21 e fique por dentro dos acontecimentos mundiais da rede
colaborativa: <http://www.ren21.net/>.

Eles possuem também um mapa interativo que indica as ações que estão sendo
feitas em todo o mundo, além de dados sobre clima em diversos países: <http://
www.ren21.net/status-of-renewables/ren21-interactive-map/>.

Segundo relatório de 2015, o REN21 afirma que as metas de energias renováveis estão
em vigor em aproximadamente 164 países, o que impulsionou o crescimento da energia
solar, eólica e outras tecnologias, que atingiram uma capacidade de geração recorde em
2014, com “cerca de 135 GW de nova capacidade renovável, aumentando a capacidade
total instalada para 1.712 GW, mais 8,5% do que no ano anterior” (REN21, 2015).

O relatório também afirma que, embora a média mundial de consumo energético tenha
aumentado 1,5%, as emissões de dióxido de carbono (CO2), em 2014, mantiveram-
se inalteráveis em relação aos valores de 2013. Isso denota, pela primeira vez, um
crescimento econômico sem o aumento paralelo de emissões poluentes, motivado
principalmente pelo aumento do uso de fontes renováveis de energia, com destaque
para a China, país que tem investido nesse setor intensivamente.

No Relatório da Situação Global das Energias Renováveis 2016, publicado em 2015, o


REN21 revela que as renováveis de energia estão agora firmemente estabelecidas como
competitivas e são as principais fontes de energia em vários países em todo o mundo,
sendo o ano de 2015 recorde para as instalações de energia renováveis. Ou seja, ano a
ano os dados se superam e o crescimento do setor tem se mostrado paulatino. Um dos
principais fatores é a competitividade do setor que, em muitos países, já se comparam
aos combustíveis fósseis em termos de investimento (HELIOTERMICA, 2016).

Nesse recente relatório, o REN21 indica que foram registrados 296 bilhões de dólares
em investimentos em energia limpa, mais do que o dobro da quantidade de combustíveis
fósseis (130 bilhões). As principais fontes investidas são a eólica e solar.

127
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Aproximadamente 19,2% do consumo final mundial de energia é de renováveis.


O número de países que têm como meta os investimentos em energias renováveis
também cresceu de 45 países, em 2005, para 173, em 2015.

A geração de empregos no setor também é destacada no relatório, com cerca de 8


milhões de pessoas em todo o mundo trabalhando direta ou indiretamente no setor.

Apesar desse crescimento da capacidade renovável de energia, ainda há milhões de


pessoas no mundo (por volta de 15% da população mundial) sem acesso a eletricidade.
Nesse sentido, a REN21 aponta que uma devida atenção deve ser dada para a importância
que as fontes renováveis podem ter para reduzir as diferenças sociais, fornecendo
serviços energéticos essenciais e produtivos em áreas rurais e isoladas (REN, 2015).

Conheça mais sobre o REN21 e o seu mais recente Relatório neste vídeo: <https://
www.youtube.com/watch?v=lQK4RtoU5ts>.

Segundo REN21 (2014), muitos fatores têm sido responsáveis pelo crescimento
das energias renováveis, incluindo o suporte para políticas de energia renovável e
aumento da competitividade dessas fontes. Em muitos países, esse tipo de energia já
é altamente competitivo com as fontes convencionais. Embora a Europa continuou a
ser um mercado importante, além de um centro de inovação no setor, a atividade foi,
ao longo dos anos, dirigindo-se a outras regiões do globo, sendo que em 2014, a China
liderou o setor, com a maior capacidade de geração instalada, enquanto países como o
Brasil, Índia e África do Sul relataram grande capacidade adicionada. Além disso, um
número crescente de países em desenvolvimento ao longo da Ásia, África e América
Latina tornaram-se fabricantes e instaladores importantes de tecnologias de energia
renovável (REN21, 2014).

No início de 2015, pelo menos 164 países já tinham metas de energia renovável,
enquanto que mais ou menos 1.345 países já tinham, no período, políticas de apoio à
energia renovável em vigor, que se adaptam diante das constantes mudanças do setor.

Segundo REN21 (2011), há diferentes tipos de políticas e ações para promover as


energias renováveis, que podem ser agrupadas em cinco categorias principais:

1. A fixação dos objetivos: o governo local estabelece uma meta para algum
nível futuro de energia renovável, podendo ser o objetivo o consumo
ou investimento governamental. Fato é que há muitos objetivos que as
cidades podem adotar. Muitas metas são para a redução das emissões

128
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

futuras de CO2, para melhoria de eficiência energética, mudança nos


padrões de demanda e investimentos ou compra de energias renováveis.

2. Regulação com base nas responsabilidades legais e jurisdição: na qual


responsabilidades legais, por meio de leis nacionais ou estaduais, artigo
ou decretos, por exemplo, estruturam o planejamento urbano, códigos de
construção e urbanização, que estimulem o uso das fontes renováveis de
energia.

3. Operação de infraestrutura municipal: as políticas de infraestrutura em


andamento são alteradas para incorporar as energias renováveis, por
exemplo, por meio de compras ou investimentos de empresas de utilidade
pública que podem ser controlados ou regulados pelo governo local.

4. Ações voluntárias e do governo servindo como modelo: essas políticas


e atividades vão além de responsabilidades legais e competência
para aproveitar as várias funções possíveis de um governo local como
facilitador de mercado, do promotor e do modelo.

5. Informação, promoção e sensibilização: as políticas das partes


interessadas, públicas e/ou privadas, têm como objetivo de facilitar ou
permitir apoio às energias renováveis, podendo incluir informação e
meios de comunicação, campanhas, apoios a programas de educação e
formação, entre outros.

Políticas para o uso de energias renováveis


O Relatório Global Status Report on Local Renewable Energy Policies, lançado por
REN21 (2011), indica alguns modelos de política local de uso de energia renovável.

Adelaide, Austrália (população 1,2 milhões)


Por volta dos anos 2000, a cidade investiu em um “Programa Verde”, tornando-se uma
das seis cidades do país a participar de um programa nacional de “cidades solares”.
O Plano de Desenvolvimento municipal promove edifícios verdes e tecnologias de
energia renovável, incluindo metas para tornar todo o setor de transporte e o setor de
edificações neutros em carbono até 2020. Há também metas de redução de emissões
de gases de efeito estufa para as operações municipais, além de oferecer subsídios
para sistemas solares fotovoltaicos com mais de 1 quilowatt (kW) e para iluminação
em áreas comuns de prédios. No transporte, a cidade planeja operar os automóveis
públicos carregados com 100% de energia solar.

129
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO

Barcelona, Espanha (com uma população de 1,6


milhões)

A promulgação de uma lei municipal em 2000 que obriga a instalação de até 60%,
em todos os novos edifícios comerciais e residenciais, de aquecedores solares. Essa
lei provou ser popular e o modelo foi seguido por mais de 70 municípios em toda a
Espanha. Dessa forma, o país promulgou um código de construção nacional exigindo
um percentual de aquecimento solar de água nas novas construções de edifícios.
O município também possui um plano de aperfeiçoamento de energia que visa a reduzir
as emissões per capita de CO2, e aumentar o uso de energia renovável.

Betim, Brasil (população de 440.000 habitantes)

Uma das primeiras “comunidades modelo” do Brasil no que tange o uso das energias
renováveis, como parte de uma rede de seis cidades do país com tais objetivos (que
inclui também Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Volta Redonda).
Betim estabeleceu uma série de políticas de promoção ao uso de biocombustíveis nos
transportes, exigindo biocombustíveis em ônibus públicos e táxis, dando preferência
aos veículos flex-fuel para compras frotas de veículos municipais.

A cidade também facilitou o uso de sistemas de aquecimento solar de água para


projetos habitacionais de baixa renda. Com esses projetos, a cidade estabeleceu um
“Centro de Referência em Energias Renováveis”, fornecendo informações e reunindo
partes interessadas nos níveis locais, regionais e nacionais, realizando treinamentos
e conduzindo a inclusão de outras comunidades locais no Brasil para compartilhar a
experiência de Betim.

Kitakyushi, Japão (população 1,0 milhão)

Com uma longa história de políticas ambientais, a cidade foi selecionada como a número
1 em ações ambientais do país entre 2006 e 2007, considerada como um “eco-modelo”.
Em 2007, aprovou uma política de baixo carbono que apelou para uma redução de
50% das emissões de gases de efeito estufa até 2050. A visão da cidade se concentra
na estrutura urbana e no uso de energia sustentável no transporte, além do uso de
subsídios para o desenvolvimento do uso doméstico de energia solar fotovoltaica.

Kunming, China (população 4,7 milhões)

A cidade aspira ser a “capital solar” da China, quando em 2008 aprovou o Conselho
sobre o Desenvolvimento de Energias Renováveis, que estabeleceu uma zona de

130
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV

desenvolvimento na cidade que solicita em novos edifícios, 70% de aquecedores solares


de água. Outras metas incluem a instalação de muitos painéis solares e ações para
promover esse tipo de energia por meio de empréstimos a juros baixos, isenções fiscais
e um especial financiamento para incentivar o investimento privado.

Tóquio, Japão (população de 13 milhões)

A cidade tem metas de redução de CO2 em 25% até 2025, estabelecidas em 2006 por
um plano de ação de mudanças climáticas, incorporado posteriormente no Plano
Ambiental de Tóquio em 2008. A cidade oferece subsídios às famílias que instalam
energia solar fotovoltaica e aquecedores solares de água. As empresas são obrigadas
a cumprir obrigações de redução de emissões. A cidade também determina que as
instalações públicas e alguns outros devem comprar certificados verdes equivalentes
a 5% do consumo de eletricidade e também compra de biodiesel para ônibus públicos.

131
Para (não) Finalizar

Artigo sobre eficiência energética


O texto a seguir chama-se “Brasil Econômico” e foi publicado pela Associação Sul
Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Aquecimento e Ventilação (ASBRAV), em
30 de setembro de 2010, no Portal HVAC-R equipamentos.

A eficiência energética chama a atenção de empresários, autoridades


e profissionais da área, apesar de não ser um tema novo, é de grande
interesse público porque envolve e impacta todos os setores da sociedade.
O grande desafio está em acelerar o processo de implementação de
ações efetivas.

No 7o Congresso Brasileiro de Energia Eficiente, o executivo


Alexandre Mancuso, da USAID (United States Agency – International
Development), afirmou que “a demanda global por energia crescerá 45%
até 2030 (destes, 87% nos países em desenvolvimento), requerendo
US$ 26 trilhões em investimentos”.

Diante desse cenário, Mancuso avalia que as práticas que visam


à eficiência energética ajudariam a reduzir investimentos em
infraestrutura e a aliviar gastos públicos com energia, abrindo espaço
para outras prioridades sociais, além de reduzir o impacto ambiental
local e globalmente.

Esses dados nos levam à seguinte pergunta: no Brasil, é possível adotar


práticas energeticamente eficientes com soluções viáveis à nossa
realidade?

Para responder, vamos utilizar o setor de iluminação como exemplo.


De toda a energia elétrica gasta no mundo, 19% é destinada à iluminação,
mas 75% de toda a base instalada já está defasada e ineficiente.

No Brasil, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica),


há 15 milhões de pontos de iluminação pública. Destes, cerca de 30%
ainda utilizam lâmpadas a vapor de mercúrio, os quais podem ser
modernizados com lâmpadas a vapor de sódio ou mesmo sistemas com

132
PARA (NÃO) FINALIZAR

LEDs, com vantagens de menor consumo de energia e melhor qualidade


de iluminação.

Na prática, várias ações já estão sendo feitas. O governo federal adotou


o Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (ReLuz), que
prevê investimentos de R$ 2 bilhões por parte da Eletrobrás, para
tornar eficientes 5 milhões de pontos de iluminação pública e instalar
mais 1 milhão no país em 2010.

O governo brasileiro também promove a discussão sobre o banimento


gradual das lâmpadas incandescentes, para a adoção de soluções
residenciais mais eficientes, acompanhando o movimento mundial.

A Philips apoia essas iniciativas. Participamos das discussões junto ao


governo via a associação da indústria de iluminação, investimos em
pesquisa e desenvolvimento e trabalhamos para trazer as melhores
soluções em iluminação para o país.

Por tudo isso, podemos afirmar que iluminação energeticamente


eficiente no Brasil é possível sim e acessível agora.

O comprometimento deve partir de todos os setores da sociedade,


para que uma nova atitude frente a esse cenário seja adotada e, com
ela, práticas que transformarão a maneira como planejaremos e
construiremos o futuro do nosso país.

José Fernando Mendes é gerente de marketing e produtos da área de


LEDs e do programa de eficiência energética da Philips.

Disponível em: <http://manutencao.net/blogs/gem/2010/10/06artigo-sobre-eficiencia-


energetica/>. Acesso em: 3 de junho de 2013.

133
Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 9001:2015


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