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Planejamento e Processos de
Gestão Energética Baseada
na ISO 50.001:2011
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CAPÍTULO 1
FONTES RENOVÁVEIS............................................................................................................... 12
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
SITUAÇÃO NO BRASIL.............................................................................................................. 56
UNIDADE III
CAPÍTULO 1
AS NORMAS ABNT NBR ISO 9001, ABNT NBR ISO 14001 E BS 8800 (OHSAS 18001) E SUAS
INTERFACES............................................................................................................................ 68
UNIDADE IV
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA
USO............................................................................................................................................. 98
CAPÍTULO 1
ABNT NBR ISO 50001– REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO........................................ 100
CAPÍTULO 2
OUTRAS RESOLUÇÕES QUE VISAM A ECONOM IA DE ENERGIA.............................................. 121
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 134
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
O mundo moderno não funciona sem energia! Parece uma afirmação muito forte,
que mostra a dependência de nossa espécie em algo que não se consegue controlar
totalmente e que, por outro lado, nos prejudica demasiadamente. Porém, a verdade é
que a energia é um dos elementos fundamentais para o funcionamento do mundo atual;
basta observar nosso dia a dia. Nosso sistema de informações é baseado totalmente
em uso de energia elétrica, nossa casa está totalmente conectada à rede elétrica (e à
internet). Não conseguimos ficar sem nossos smartphones por muito tempo! Nossa
dependência pela energia elétrica é grande e não há perspectivas de volata no tempo,
de não se usar energia para nossos fins.
Entender o processo de cada uma das fontes energéticas é o primeiro passo para escolher
qual tipo de matriz a ser adotada. Temos que tomar como base sua disponibilidade,
tendo em vista a demanda da sociedade atual e da sociedade futura, sem deixar de lado
a questão dos impactos ambientais (e/ou sociais) causados por cada uma. Porém, vale
o registro que não existe uma fonte ideal, todas possuem algum tipo de impacto ao
meio ambiente, desde a hidrelétrica, que submerge milhares de quilômetros de áreas
geralmente florestadas à energia nuclear, que apesar de ocupar uma área superficial
pequena, tem em seus resíduos, as substâncias menos desejadas de se estocar, pois os
decaimentos radioativos de suas células de combustível podem levar alguns milhares
de anos.
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do tamanho ou da atividade. Essa norma surge para permitir que as organizações
estabeleçam os sistemas e processos necessários para melhorar de forma contínua o
seu desempenho energético.
Objetivos
»» Promover o conhecimento das principais fontes da matriz energética
mundial, sendo elas obtidas de fontes renováveis ou não renováveis, e a
relação entre matriz energética, tempo e localização.
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PRINCIPAIS
FONTES DA MATRIZ UNIDADE I
ENERGÉTICA
MUNDIAL
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CAPÍTULO 1
Fontes renováveis
As fontes de energia renováveis são aquelas que podem ser aproveitadas ao longo do
tempo sem a possibilidade de esgotamento dessa mesma fonte. São provenientes de
ciclos naturais que se regeneram de uma forma cíclica em uma escala de tempo reduzida
(PACHECO, 2006).
Essas novas fontes de energia surgem como alternativa para contribuir com a diminuição
do aquecimento da Terra e, principalmente, para tentar alcançar cada vez mais uma
independência em relação ao petróleo.
O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 44,1%
de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além
das energias eólica e solar. As usinas hidrelétricas são responsáveis pela geração de
mais de 88% da eletricidade do país. Vale lembrar que a matriz energética mundial é
composta por 13,5% de fontes renováveis, no caso de países industrializados, caindo
para 6% entre as nações em desenvolvimento.
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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I
»» Energia solar – sem causar danos ao ambiente, a energia solar pode ser
convertida diretamente em energia elétrica por meio de painéis solares e
células fotovoltaicas. Os custos para a construção destes painéis e o baixo
rendimento fazem com que esta fonte, embora promissora, seja pouco
utilizada no cenário atual.
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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL
como a forma da costa, seu leito marinho, bem como a existência de baías
e estuários podem provocar grandes variações de nível entre as marés,
além de elevadas correntes, que podem ser aproveitadas para a geração
de energia elétrica (TAVARES, 2005). Entretanto é uma tecnologia que
exige uma grande e cara estrutura, além de condições específicas que no
Brasil não são viáveis em termos de eficiência energética.
O que temos observado, ao longo dos últimos anos, é um investimento cada vez maior
da participação das fontes renováveis de energia na matriz energética dos países.
Entretanto, se olharmos a produção mundial de energia, sua contribuição é ainda
muita reduzida. Os países industrializados, maiores consumidores de energia, possuem
na base da sua matriz energética fontes não renováveis. Esses recursos são finitos e,
em longo prazo, a tendência é que os custos de produção aumentem. Sendo assim,
fontes alternativas às fontes tradicionais ou novos métodos de produção são mais do
que necessários para o atendimento da demanda crescente por energia.
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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I
A história mostra que há sempre uma energia de referência ou dominante que orienta
as trajetórias do setor energético, podendo ter reflexos significativos na economia como
um todo. Qualquer perturbação no mercado da energia dominante impacta os mercados
de outras fontes de energia, o que poderia ser traduzido, à primeira vista, como um
elevado grau de substituição entre elas. No entanto, se o peso relativo da energia
dominante é muito grande, uma pequena perturbação pode afetar consideravelmente o
preço de outras fontes de energia.
A posição de dominante tem sido ocupada por diferentes fontes de energia ao longo
do tempo. Na verdade, o desenvolvimento tecnológico e as mudanças estruturais da
economia fazem com que as energias dominantes passem por um ciclo. No período
pré-industrial, a biomassa, notadamente a lenha e o carvão vegetal, eram praticamente
as únicas fontes utilizadas pela humanidade. Com a revolução industrial, o carvão
mineral passou a exercer papel preponderante na economia. Mais tarde, no final do
século XIX, os derivados de petróleo começaram a substituir o carvão mineral.
O petróleo se tornou a fonte de energia dominante no século passado, principalmente
com o “boom” da indústria automobilística, que passa a exercer uma função central no
desenvolvimento e na modernização das economias.
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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL
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CAPÍTULO 2
Fontes não renováveis
Definição: “As fontes de energia não renováveis são aquelas que se encontram
na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a sua utilização. Uma
vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas.” (WEB SITE AGENEAL,
2013).
A principal fonte de energia e a mais utilizada no mundo é o petróleo. Além de não ser
renovável, é considerado um dos principais responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera
e um motivador de conflitos entre países em todo o mundo, especialmente entre os que
possuem estoques do recurso – como o Oriente Médio e a Venezuela – e os países que
dependem muito dessa fonte – como os Estados Unidos (PORTAL ENERGIA, 2015).
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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL
Panorama internacional
Ainda hoje, mesmo com todos os esforços de mitigação do peso dos recursos energéticos
não renováveis no consumo global, os três principais combustíveis (petróleo, gás e
carvão) são responsáveis por 80% da demanda mundial de energia. Além disso, há
grande concentração geográfica desses recursos (especialmente as reservas de petróleo),
geralmente em regiões distantes dos maiores consumidores. Assim, é possível dizer que
assegurar um suprimento seguro de energia a preços estáveis e moderados tem sido
uma das prioridades da agenda internacional.
No plano bilateral, o Brasil tem mantido relevante diálogo sobre o tema de energia
com Argentina, China, EUA e União Europeia. O país acompanha, ainda que não seja
membro, as atividades da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP) à luz de sua importância no cenário mundial.
Além disso, participa das discussões do Fórum Internacional de Energia (FIE).
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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I
Petróleo
O petróleo ganha força como matriz energética mundial no século XIX, quando
substitui o carvão mineral, por sua capacidade de iluminação (querosene em lampiões).
As quatro fases econômicas da atividade petrolífera são: extração, transporte, refino e
distribuição. As refinarias de petróleo sempre se localizam próximo aos grandes centros
industriais, que são os maiores consumidores de derivados de petróleo, com o objetivo
de reduzir os gastos com o transporte. Vale lembrar que depois de refinado, o petróleo
aumenta de volume, exigindo maior capacidade de transporte e, consequentemente,
maiores recursos.
A criação de empresas estatais de petróleo, a partir dos anos 1930, consistiu em estratégia
de enfrentamento ao cartel das “sete irmãs”, associação de empresas petrolíferas que
visava controlar o setor. Com isso, os países buscavam garantir a autonomia nacional
no que se refere à produção e distribuição de tão importante recurso energético.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) é uma associação formada
por doze países (Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar,
Indonésia, Argélia, Nigéria, Líbia, Gabão e Venezuela) que se uniram para tentar
ampliar sua participação percentual nos lucros gerados pelo setor petrolífero.
A primeira crise mundial do petróleo ocorreu em 1973 e teve caráter político com
significativo aumento dos preços tornando refém todos os países dependentes dessa
forma de energia.
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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL
Carvão mineral
Apesar de ser conhecido há muito tempo, o carvão mineral assumiu importância mundial
a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial e foi a principal fonte energética
até a chegada do petróleo, destacando-se os transportes (navegação e ferrovia a vapor) e
a termoeletricidade (usinas termoelétricas). Apesar disso, continua sendo importante,
com 28% do consumo primário mundial.
Gás natural
Energia nuclear
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CAPÍTULO 3
Combustíveis fósseis e mudanças
climáticas
O efeito estufa
O efeito estufa é a maneira natural de manter a Terra aquecida (figura 1), inicia-se
com os raios solares que saem do Sol e atingem a superfície da Terra. A energia
desses raios aquece a superfície e retornam em forma de calor para a atmosfera,
os Gases de Efeito Estufa que existem naturalmente (e os que emitimos)
armazenam este calor mantendo a Terra sempre aquecida.
Para exemplificar, pense como um cobertor, ela em si não aquece a Terra (assim como
o cobertor), porém absorve e retém o calor emitido pela Terra (assim como o cobertor).
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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL
Figura 2. Concentrações anuais de CO2, de 2012 a 2016. A linha pontilhada em vermelho mostra os valores de
CO2 medidos mensalmente no vulcão Mauna Loa, enquanto em preto encontra-se plotado os valores médios.
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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I
Apesar de o meio ambiente ter seus meios de absorver o CO2 emitido, é necessário
entender que estes processos são lentos e possuem um limite máximo, como visto
anteriormente. O marco principal para os aumentos das emissões atmosféricas foi a
Revolução Industrial, com a utilização de maquinário a vapor para a produção de bens
em larga escala. Na figura 3, observa-se que a linha vermelha é o total de emissões de
CO2 (em Gt), e a linha começa a inclinar-se após o ano de 1850. A linha verde é o total
acumulado desde o ano 1000; ela se manteve estável até o ano 1850, sofrendo uma
grande inclinação no fim do século XX.
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UNIDADE I │ PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL
Porém, não é só o CO2 que faz parte dos Gases de Efeito Estufa. Comenta-se mais
dele devido as altas taxas de emissão desde a Revolução Industrial, pois a queima de
combustíveis fósseis lança na atmosfera CO2, porém, outros gases têm que ser levados
em consideração: Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbonos (CFCs),
hexafluoreto de enxofre (SF6), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs),
Trifluoreto de Nitrogênio (NF3).
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PRINCIPAIS FONTES DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL │ UNIDADE I
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MATRIZ ENERGÉTICA
NO TEMPO E AS UNIDADE II
DIVERSAS REGIÕES
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
O sinergismo entre as vantagens comparativas naturais (solo, água, radiação solar e mão
de obra) e as captações de capital proveniente de projetos vinculados aos Mecanismos
de Desenvolvimento Limpo tornarão o país ainda mais atrativo para macro investidores
ávidos por disputarem o market share do biotrade. Esses capitais comporão um portfólio
de investimento direto na produção, porém, também auxiliarão na formação de uma
logística adequada para o armazenamento e escoamento da produção (comunicações,
tancagem, ferrovias e hidrovias e instalações portuárias).
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
de agregar valor à produção destes segmentos, ao mesmo tempo em que contribui para
o esforço global de limpeza da atmosfera.
Uma questão que já está sendo foco de estudos de empresas do setor de química e
petroquímica é a substituição das suas matérias-primas, visto que estes setores
competem com o setor de energia. O declínio na oferta de petróleo afetará o conjunto
das cadeias produtivas que dele dependem. Ao contrário da energia, na qual uma cesta
de fontes estará disponível, a matéria-prima sucedânea do petróleo para a indústria
petroquímica será a biomassa. E a concretização desta previsão poderá ser antecipada
ou retardada em função do investimento em PD&I.
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CAPÍTULO 1
Primeiras fontes de energia e as
energias do futuro
Fazendo uma pequena comparação de diferentes épocas, podemos ter uma boa noção
a respeito do uso, do consumo e das fontes mais utilizadas em diferentes períodos da
história da humanidade.
Pré-história
Civilizações
Os ventos e a água já eram recursos energéticos, por meio da navegação à vela e dos
moinhos de água. A tração animal já era existente mais continuava ineficiente, pois
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Revolução industrial
No entanto, descobertas recentes de novos campos de petróleo e gás nos levam a crer
que esse cenário deve perdurar por mais algum tempo.
Energias do futuro
“A ONG ambiental WWF lançou (...) um estudo com novas perspectivas do futuro
mundial em relação à produção de energia limpa. A publicação apresenta uma
proposta de que até 2050, 95% da demanda energética seja proveniente de
fontes renováveis.
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
“A nation that can’t control its energy sources can’t control its future.” (Obama,
B., The Audacity of Hope: Thoughts on Reclaiming the American Dream, Crown,
2006)
Energia eólica
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
a legenda refere-se à velocidade média do vento e energia eólica média a uma altura de
50m acima da superfície em 5 condições topográficas distintas:
O país tem um grande potencial eólico ainda a ser explorado, inclusive em áreas de
baixa densidade demográfica, diferentemente do que ocorre na Europa, por exemplo,
onde os pequenos territórios tornam limitadas as regiões propícias e pouco habitadas
para a instalação das torres eólicas.
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Atualmente, o Brasil possui 379 Usinas instaladas, com uma Capacidade Instalada de
9,51 GW.
Energia solar
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da radiação
(calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre
esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se
pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais,
em condições específicas. No segundo, os fótons contidos na luz solar são convertidos
em energia elétrica, por meio do uso de células solares.
A figura 5 indica o mapa da radiação solar no Brasil, onde podemos ver a incidência do
sol sendo diferenciadas por cores.
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Como podemos ver no mapa, o nordeste brasileiro é a região de maior radiação solar
do país, com média anual comparável às melhores regiões do mundo, com destaque
para o Vale do São Francisco, Piauí, oeste da Bahia, além de Mato Grosso do Sul, leste
de Goiás.
Energia hídrica
A energia hídrica é uma energia renovável que já é utilizada desde os tempos antigos. As
civilizações antigas aproveitavam o relevo dos solos para utilizar a água na agricultura.
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Algumas usinas hidroelétricas são chamadas “a fio d’água”, ou seja, próximas à superfície
e utilizam turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia. Essas usinas
“fio d’água” reduzem as áreas de alagamento e não formam reservatórios para estocar
a água.
Os sistemas de captação e adução são formados por túneis, canais ou condutos metálicos
que têm a função de levar a água até a casa de força. É nesta instalação que estão as
turbinas, formadas por uma série de pás ligadas a um eixo conectado ao gerador. Durante
o seu movimento giratório, as turbinas convertem a energia cinética (do movimento da
água) em energia elétrica por meio dos geradores que produzirão a eletricidade. Depois
de passar pela turbina, a água é restituída ao leito natural do rio pelo canal de fuga.
Cada turbina é adaptada para funcionar em usinas com determinada faixa de altura de
queda e vazão.
Por último, há o vertedouro. Sua função é permitir a saída da água sempre que
os níveis do reservatório ultrapassem os limites recomendados. Uma das razões
para a sua abertura é o excesso de vazão ou de chuva. Outra é a existência de água
em quantidade maior que a necessária para o armazenamento ou a geração de
energia. Em períodos de chuva, o processo de abertura de vertedouros busca evitar
enchentes na região de entorno da usina. (ANEEL, Atlas da Energia Elétrica, 2ª
Edição, 2005).
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Para utilizar a força dos rios, um recurso natural abundante no Brasil, o Governo investiu
nas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), possibilitando melhor atendimento
às necessidades de carga de pequenos centros urbanos, regiões rurais e unidades
industriais.
Hidrogênio combustível
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
A produção de hidrogênio para uso industrial, que tem como um dos principais
mercados a produção de amônia, intermediário de fertilizantes, é bem conhecida e feita
por processo de reforma de gás natural, rico em metano.
Uma vez vencida a etapa da síntese do hidrogênio, a geração de energia é feita a partir
de células de combustível, que se baseiam no processo inverso ao de eletrólise da água,
isto é, reage-se hidrogênio com o oxigênio do ar, gerando água e energia. O processo
é antigo, datando de mais de 150 anos, mas tem sido objeto de muitas pesquisas e
melhoramentos recentes. ( MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013).
Biomassa
Pode ser considerada biomassa todo recurso renovável que provêm de matéria orgânica
– de origem vegetal ou animal – tendo por objetivo principal a produção de energia.
A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da luz solar, pois ocorre a conversão
da radiação solar em energia química por meio da fotossíntese, base dos processos
biológicos de todos os seres vivos.
Uma das principais vantagens da biomassa é que seu aproveitamento pode ser feito
diretamente, por meio da combustão em fornos, caldeiras etc. Para que seja aumentada
a eficiência e sejam reduzidos os impactos socioambientais no processo de sua
produção, porém estão sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas tecnologias de conversão
mais eficientes como a gaseificação e a pirólise, também sendo comum a cogeração em
sistemas que utilizam a biomassa como fonte energética.
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Existem diversas rotas para a biomassa energética com extensa variedade de fontes,
que vão desde os resíduos agrícolas, industriais e urbanos até as culturas plantadas
exclusivamente para a obtenção de biomassa. As tecnologias para os processos de
conversão são as mais diversas possíveis e incluem desde a simples combustão ou
queima para a obtenção da energia térmica até processos físico-químicos e bioquímicos
complexos para a obtenção de combustíveis líquidos e gasosos.
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CAPÍTULO 2
Matriz energética e a influência da
localização
O potencial elétrico de uma região está indiscutivelmente ligado ao seu clima, que
condiciona as condições ideais para que haja em abundância fontes de energia viáveis
de serem consumidas.
Por isso, é importante compreendermos quais são os climas das regiões brasileiras
para, enfim, entender a relação deste clima com o potencial energético de cada região.
Quando pensamos em matriz energética, é porque provavelmente as fontes principais
de geração de energia – ou combustível – são as mais abundantes naquele determinado
local ou país, o que diminui o custo de obtenção, de geração e de distribuição.
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Importante notar que na Região Amazônica ocorre o fenômeno dos Jatos de Baixos
Níveis da América do Sul. Este fenômeno tem início com a entrada dos ventos alísios que
transportam os ventos úmidos do Oceano Atlântico para dentro do continente e quando
este encontra a cordilheira dos Andes são desviados para Sudeste. No verão ocorre
também a intensificação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), trazendo
nebulosidade e chuva para a região mais ao Sul e Oeste da Amazônia (MARENGO;
NOBRE, 2009). A presença da Zona de Convergência Intertropical trás para a região
uma grande nebulosidade.
No inverno, percebe-se a incidência das friagens, que são massas de ar frio e seco
(frentes frias) vindos das latitudes mais altas Sul da América do Sul).
É importante lembrar que, por ter uma grande extensão territorial, nota-se uma
grande diferença entre os períodos chuvosos na Amazônia. O início do período de
chuvas na Amazônia ocorre no outono, ao sul, atingindo seu máximo durante o
verão. Esta distribuição de máximos de chuvas desloca-se para o norte, atingindo o
máximo no outono para a Amazônia central, desde oeste até a foz do Rio Amazonas
(MARENGO; NOBRE, 2009). No inverno, ocorre o máximo de precipitação ao norte
da Amazônia.
Em relação às temperaturas, elas são bastante elevadas ao longo do ano inteiro, devido
à alta incidência solar na região, localizada entre a linha do Equador e o Trópico de
Capricórnio.
São conhecidas, na região, as chamadas friagens, que são passagens de frentes frias
mais fortes que atingem as cidades do Mato Grosso, Rondônia e Acre, quando ocorrem
as maiores amplitudes térmicas. Belém é a capital do norte com menor amplitude
térmica e maiores níveis de precipitação, decorrente da evaporação oriunda do Oceano
Atlântico.
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Figura 7. Precipitações acumuladas por trimestre. Legenda: As cores verdes demonstram as maiores precipitações
(de 400 a 1.000 mm) e as cores amarelas/laranja demonstram as menores precipitações (de 50 a 300 mm).
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
O que se observa são três diferentes tipos de clima na região que podem apresentar
precipitações variando entre 300 e 2.000 mm anuais. O Clima Tropical em áreas dos
estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí e Clima Litorâneo Úmido do litoral da
Bahia ao Rio Grande do Norte – ambos apresentam as maiores precipitações e o Clima
Tropical Semiárido (precipitações abaixo de 600 mm/ano) localizado em todo o sertão
Nordestino (KAYANO; ANDREOLI, 2009).
As chuvas no Semiárido não são apenas escassas, mas também irregulares, com períodos
de chuvas torrenciais.
A região centro-oeste possui uma complexa diversidade climática, isso devido à grande
distância latitudinal (variando entre 8º S e 25º S), grande variedade de relevos e
vegetação (ALVES, 2009). Ao norte, a região faz contato com a Floreta Amazônica e
possui o Pantanal como a maior área inundável do mundo. Ao sul, faz divisa com a
região sudeste, onde as temperaturas costumam ser mais amenas.
São conhecidos três tipos de clima para a região centro-oeste. O clima temperado
úmido com verão quente e inverno seco (Cwa na classificação de Koppen) observadas
nas áreas mais altas de Goiás e no sul do Mato Grosso do Sul; o clima tropical com
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
inverno seco (Aw) observado em todos os estados e o clima de monção (Am) observado
na parte norte do Mato Grosso.
Segundo Alves (2009), por se situar no subtrópico, o clima na região centro-oeste sofre
influência de sistemas atmosféricos da região amazônica vindas do norte e sistemas
extra-tropicais oriundas do Sul, como as frentes frias. A região sofre grande influência
do sistema chamado Alta da Bolívia, que pode influenciar o clima com condições
adversas, como secas, enchentes etc.
Figura 8. Climatologia de temperatura máxima (o C) do Brasil para as quatro estações do ano: verão (a);
primavera (b); inverno (c) e outono (d); realizada durante o período de 1961 a 1990.
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Por ser a região mais populosa do Brasil, é muito importante conhecer o clima da região
e como este afeta a disponibilidade de recursos energéticos. No caso, a região tem como
fonte predominante de energia, por exemplo, os recursos hídricos. Mais um motivo
para se preocupar com o clima, especialmente com o regime de chuvas que afeta a
região.
Para tentar entender o clima da região Sudeste do Brasil, temos que ter em mente
as diferentes características ambientais que tornam essa região diferente das outras.
Uma delas é a localização geográfica, uma vez que a maioria de suas terras localiza-se
ao norte do Trópico de Capricórnio, fazendo com que a incidência solar seja bastante
alta durante o ano todo e provocando muita evaporação, formação de áreas secas,
principalmente no inverno. A região sofre ainda a chegada de sistemas frontais que
perturbam a atmosfera e trazem chuvas intensas e baixas nas temperaras (NUNES;
VICENTE; CANDIDO, 2009).
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
As correntes marinhas quentes do Brasil que alcançam a costa da região Sul são
responsáveis pela manutenção da temperatura mais amena com variação menor (do
que a prevista caso não ocorresse) e das altas taxas de umidade. A topografia também
possui um papel importante na determinação da temperatura, pois nos municípios com
maior altitude, localizados nas serras gaúchas e catarinenses, são os únicos lugares que
ocorrem precipitações em forma de neve (GRIMM, 2009).
Sabendo desse potencial hídrico brasileiro, que tem nas usinas hidrelétricas
sua matriz energética, quais as principais áreas do país onde há esse potencial
hídrico? Apesar de haver usinas hidrelétricas em diversas regiões do país,
algumas se destacam e, nos últimos anos, as políticas de desenvolvimento do
setor têm sido voltadas para uma região específica. Qual é essa região? E qual a
principal usina hidrelétrica do país?
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
por quase toda a energia consumida no setor de transportes que, por sua vez, contribui
com 25% das emissões dos gases de “efeito estufa” dos países industrializados.
Quanto ao gás natural, 58% das reservas mundiais estão concentradas em apenas três
países: Rússia, Catar e Irã. A tendência de “comoditização” do produto, embora contribua
para diversificar as fontes de suprimento, faz com que os preços de petróleo e do gás
tendam a se igualar. Dado que o petróleo ainda é a fonte economicamente dominante,
isto significa que a volatilidade dos preços do petróleo tenderá a “contaminar” os preços
do gás natural.
A elevação dos preços dos insumos energéticos, ao mesmo tempo em que afeta
diretamente os custos da indústria mundial, abre novas oportunidades para a indústria
brasileira, como se destaca a seguir.
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Este aumento de preços tem três componentes principais: encargos setoriais, incidentes
sobre o valor da tarifa, tarifas de transporte nas distribuidoras e custo de nova capacidade
de geração.
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
A combinação destes fatores torna o país muito atraente para investimentos externos e
possibilita o aumento da competitividade da indústria. Aproveitar estas oportunidades
é tarefa complexa e traz desafios importantes nas áreas da política energética,
desenvolvimento institucional e política ambiental.
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CAPÍTULO 3
Reservas, produção e consumo
Pelo menos 1,2 bilhão de pessoas vivem sem energia no mundo e a cota das
energias renováveis no consumo global aumentou em 20 anos, diz estudo feito
pelo Banco Mundial e pela Agência Internacional da Energia (AIE). Segundo
o relatório, houve “progressos lentos” dos anos 1990 aos dias atuais. (Agência
Brasil, Publicação: 29/5/2013, web site Correio Braziliense).
“Despite much talk by world leaders and despite a boom in renewable energy
over the last decade, the average unit of energy produced today is basically as
dirty as it was 20 years ago.” (Maria Van der Hoeven, Diretora da IEA – International
Energy Agency, Abril/2013)
Quanto as não renováveis, estas são limitadas e demoram milhões de anos para se
formar, isto é, esgotar-se-ão e não serão repostas (o petróleo, o gás natural, o carvão
mineral e o urânio, por exemplo).
51
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
O consumo mundial de petróleo cresceu 0,6 milhões b/d (barris por dia) ou 0,7%,
alcançando 88 milhões b/d em 2011. Esse foi o maior crescimento apresentado dentre
os combustíveis fósseis, também impulsionado pelo aumento do consumo na China
(+ 505.000 b/d, ou seja, um aumento de 5,5%).
A produção mundial de petróleo aumentou em 1,1 milhões b/d (1,3%), em 2011. Esse
crescimento se deve principalmente à Arábia Saudita (+ 1,2 milhões b/d) e aos Estados
Unidos (+ 285.000 b/d) (BP Statistical Review of World Energy, 2012).
Cerca de 2/3 das reservas provadas estão localizados no Oriente Médio, que responde
por aproximadamente 6% do consumo mundial. Por outro lado, a América do Norte,
que possui apenas 4,8% das reservas, é responsável por cerca de 30% do consumo
mundial.
52
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
No Brasil, as reservas provadas são da ordem de 230 bilhões de m3, dos quais 48% estão
localizados no Estado do Rio de Janeiro, 20% no Amazonas, 9,6% na Bahia e 8% no Rio
Grande do Norte, onde se concentra a produção.
Segundo a edição 2007 do International Energy Outlook dos Estados Unidos, a geração
hidroelétrica e outras fontes renováveis crescerão aproximadamente 56% nos próximos
24 anos. A geração hidroelétrica atualmente é responsável por cerca 19% da oferta
elétrica mundial, sendo a oferta de outras energias renováveis ainda diminuta.
Em termos mundiais, a mesma fonte estima que 33% do potencial tecnicamente factível
já foi explorado, havendo enormes discrepâncias. Enquanto a Europa e a América do
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Norte já desenvolveram quase todo o seu potencial, América do Sul, África e Ásia ainda
apresentam um grande potencial a ser desenvolvido.
Mesmo esse potencial ainda deve ser considerado um valor teórico. De fato, a quantidade
de energia hidráulica efetivamente disponível depende de outros fatores relevantes.
Entre esses fatores, podemos citar a topografia, o regime de chuvas, a tecnologia e,
também, o período de efetivo funcionamento da instalação, quando integrada a um
sistema elétrico. Ao valor estimado, considerando esses fatores, convencionou-se
chamar de potencial tecnicamente aproveitável.
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Por outro lado, energia renovável utilizada na geração de energia cresceu em torno
de 17,7%, principalmente, devido ao crescimento robusto observado na energia eólica
(+25,8%), principalmente nos Estados Unidos e Canadá.
A geração de energia solar cresceu ainda mais rapidamente em 2011 (+86,3%), porém
ainda representa uma fatia pequena de contribuição na matriz energética mundial.
55
CAPÍTULO 4
Situação no Brasil
“Não há, não houve, e espero que não haja, no futuro, o desabastecimento”.
(Edison Lobão, Ministro de Minas e Energia do Brasil, Web site BBC,
Janeiro/2013)
Potencial hidrelétrico
O Brasil faz parte do grupo de países em que a produção de eletricidade é maciçamente
proveniente de usinas hidrelétricas. Essas usinas correspondem a 75% da potência
instalada no país e geraram, em 2005, 93% da energia elétrica requerida no Sistema
Interligado Nacional – SIN.
Cumpre notar ainda que apenas cerca de 30% do potencial hidrelétrico nacional
se encontra explorado, proporção bem menor do que a observada nos países
industrializados.
Petróleo
Segundo a British Petroleum, as reservas provadas, que são aquelas de melhor estimativa
possível com cerca de 90% de confiabilidade, até 2005 eram de 1,2 trilhões de barris no
mundo.
56
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Três estados respondiam pela maior parcela de contribuição das reservas terrestres
(onshore): Rio Grande do Norte (24,2%), Sergipe (26,3%) e Bahia (31,3%). Já as
reservas brasileiras offshore situavam-se, basicamente, em estados da região sudeste:
Rio de Janeiro (87,4%) e Espírito Santo (9,6%). A participação dos demais Estados era
marginal.
Pré-sal
O pré-sal é uma área de reservas petrolíferas encontrada sob uma profunda
camada de rocha salina, que forma uma das várias camadas rochosas do subsolo
marinho, numa extensão de cerca de 800 km entre os estados de Santa Catarina
e Espírito Santo. A profundidade estimada da reserva é de 5 a 7 mil metros de
profundidade, abaixo do nível do mar.
57
UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Gás natural
Segundo dados da ANP (2006), aproximadamente 75% das reservas brasileiras de gás
natural se localizavam em campos offshore e 25% em campos onshore. Em termos de
reservas de gás natural onshore, destacam-se as reservas localizadas em Urucu (AM),
em uma região de difícil acesso no interior da floresta Amazônica.
Cerca de 80% das reservas totais de gás natural são associadas a jazidas de petróleo, o
que mantém a sua produção subordinada às condições de extração desse produto. Este
fato foi um fator limitante da expansão da produção de gás natural no Brasil, superado
com o crescimento da produção de gás não associado. Houve crescimento das reservas
de gás natural offshore no Brasil e o decréscimo de reservas terrestres no período da
última década.
A Petrobrás e seus parceiros deverão investir cerca de US$ 18 bilhões, nos próximos 10
anos, em atividades de exploração e produção na Bacia de Santos. O Plano Diretor da
Petrobrás prevê um acréscimo de cerca de 12 milhões de m³/dia no fornecimento de gás
ao mercado do Sudeste, já a partir do segundo semestre de 2008. Até o final de 2010,
esse volume elevou-se para, aproximadamente, 30 milhões de m³/dia, contribuindo
significativamente para reduzir a dependência nacional do gás importado.
58
MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Carvão mineral
Biomassa
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UNIDADE II │ MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES
Energia eólica
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MATRIZ ENERGÉTICA NO TEMPO E AS DIVERSAS REGIÕES │ UNIDADE II
Energia solar
Já a energia solar fotovoltaica integrada à rede surge como uma grande promessa para
a geração distribuída. Questões técnicas para seu emprego parecem equacionadas. Um
dos aspectos importantes será normalizar questões essenciais da geração distribuída,
nos aspectos de qualidade, segurança e proteção. Mas a maior dificuldade ainda reside
no custo das células.
61
CONCEITOS BÁSICOS:
PROCESSOS, UNIDADE III
INDICADORES, GESTÃO
Onde há trabalho que tenha resultado, seja ele um produto ou serviço, há processo.
Basicamente no processo, uma atividade ou um conjunto delas recebe uma entrada,
processa, resultando então em um serviço ou produto – resultado objetivo para o
cliente, ou consumidor –, ou ainda insumo para outro processo. As entradas e saídas
dos processos podem ser bens tangíveis (materiais) e intangíveis (conhecimento e
informação). Embora seja constituído por atividades previamente definida, um processo
apresenta início e fim claramente determinados.
62
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
»» Fluxo de materiais.
»» Fluxo de trabalho.
»» Etapas em série.
»» Coordenação de atividades.
»» Mudanças de estados.
Por isso, é importante que a organização utilize diversos indicadores para buscar
informações, pois o uso de apenas um indicador não representa o contexto amplo
necessário para fomentar tomadas de decisões.
63
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Os critérios de escolha dos energéticos, para um determinado uso têm sido em função dos
seguintes itens: tecnologia, preço, disponibilidade no local, segurança de fornecimento
e minimização do investimento fixo nas instalações.
64
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
»» Termodinâmico.
»» Físico-termodinâmico.
»» Econômico-termodinâmico.
»» Econômico.
65
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
A gestão energética é, portanto, uma questão crítica para os negócios atuais. A gestão de
energia efetiva pode ser atingida por meio da implementação de um Sistema de Gestão
Energética com base na norma EN 16001 (ISO 50001), a nova norma de melhores
práticas da indústria mundial.
Essa norma foi desenvolvida com o intuito de melhorar a eficiência energética das
organizações, fornecer uma gestão sistêmica visando redução de custos e de emissões
de Gases de Efeito Estufa – GEE e fornecer um sistema de gestão energética para todos
os tipos e portes de organizações.
66
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
O Sistema de Gestão Energética tem como objetivo, então, estabelecer uma Política
Energética dentro da organização. Como todo Sistema de Gestão, conta com o
comprometimento de todas as esferas da organização, do nível de operação até o nível
de direção da empresa.
A melhoria contínua é alcançada por meio da implantação do ciclo PDCA (Plan, Do,
Check and Act), dividido nas seguintes etapas:
67
CAPÍTULO 1
As Normas ABNT NBR ISO 9001, ABNT NBR
ISO 14001 e BS 8800 (OHSAS 18001) e
suas interfaces
A gestão de processos pode e deve ter seu início provocado por equipes
formadas especificamente para esse fim ou por consultores independentes ou
por empresas de consultoria, mas a partir do momento que os condutores do
projeto consideram seu trabalho encerrado é a organização como um todo que
assume a gestão. (ARAUJO, L. C. G., 2011)
Atualmente, é importante dentro de uma organização ter uma visão mais holística do
ambiente, analisando todos os fatores que vão além das paredes de uma empresa para
se conseguir obter vantagens competitivas em relação ao mercado atuante.
68
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Mas esse sistema não seria completo sem a introdução das questões de preservação da
saúde e segurança no trabalho (SST) dos trabalhadores e colaboradores envolvidos,
vindo com a OHSAS 18001. Essa complementação passou a assegurar a qualidade total
dos processos produtivos e competitividade das organizações (ALBUQUERQUE, 2016).
O que é a ABNT?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas é uma entidade sem fins lucrativos
e de utilidade pública fundada em 1940. É o foro nacional de normalização
do país e membro fundador da International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização – Isso), da Comisión Panamericana
de Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas – Copant) e da
Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização –
AMN). Desde a sua fundação, é também membro da International Electrotechnical
Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional – IEC).
69
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Criada em 1987, a ISO 9001 sofreu pequenas alterações ao longo do tempo, visando
apenas aclarar alguns pontos e tornar as normas mais compreensíveis para seus
usuários (empresários, diretores, gerentes e técnicos).
70
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
»» ISO 9001 – requisitos: esta norma define os critérios que você terá que
cumprir caso deseje operar de acordo com a norma e obter a certificação.
Esta Norma não inclui requisitos para outros sistemas de gestão, tais como aqueles
específicos à gestão ambiental, gestão de segurança e saúde ocupacional, gestão
financeira ou de risco. Entretanto, possibilita a organização e o alinhamento, ou a
integração de seu sistema de gestão da qualidade com outros requisitos de sistemas
de gestão relacionados. É possível a uma organização adaptar seus sistemas de gestão
existentes para estabelecer um sistema de gestão da qualidade que cumpra com os
requisitos desta Norma.
Esta norma especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade, quando uma
organização:
71
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Requisitos gerais
Requisitos de documentação
b. Manual da qualidade.
73
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Manual da qualidade
Controle de documentos
Controle de registros
Adicionalmente, a ISO 9001 foi desenvolvida para ser compatível com outras normas
e especificações de sistemas de gestão, tais como a ISO 14001 de Meio Ambiente e a
OHSAS 18001 de Saúde Ocupacional. Elas podem ser integradas perfeitamente por
meio de Gestão Integrada. Estas normas compartilham muitos princípios comuns,
portanto, a escolha de um Sistema de Gestão Integrada pode agregar um excelente
valor pelo investimento, além de benefícios da comunidade de usuários.
Criada em 1987, a ISO 9001 teve atualizações e adaptações nos anos de 1994, 2000
(quando combinava as normas 9001, 9002 e 9003 em uma única norma), 2005, 2008
(quando trouxe uma maior compatibilidade com a família da ISO 14000, e as alterações
realizadas trouxeram maior compatibilidade com as suas traduções e um melhor
entendimento e interpretação de seu texto).
74
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Em 2015, ocorreu sua mais recente atualização, com uma abordagem mais modernizada.
Os requisitos e a ordem das cláusulas foram revisados, não afetando o conteúdo em si,
mas sim algumas denominações e termos.
75
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
O processo de certificação não é obrigatório e é preciso avaliar se ele faz sentido para
determinadas organizações. Muitas empresas se beneficiam pelos processos da norma,
sem se certificar oficialmente. Apesar disso, a formalização muitas vezes é importante
para as relações comerciais da organização com seus clientes.
A ISO14001 foi criada a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, quando foi feito
um apelo às indústrias para o desenvolvimento e adoção de sistemas de gestão que
levassem em conta as questões ambientais.
Ela é uma norma internacionalmente reconhecida, a qual define o que deve ser feito para
estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é desenvolvida
com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a redução do
impacto ambiental; com o comprometimento de toda a organização. Com ela é possível
que sejam atingidos ambos objetivos.
A ABNT NBR ISO 14001 pode adequar-se a todos os tipos e tamanhos da empresa. Ela
exige que estas considerem todas as questões ambientais relativas às suas operações,
como a poluição do ar, questões referentes à água e ao esgoto, a gestão de resíduos, a
contaminação do solo, a mitigação e adaptação às alterações climáticas e a utilização e
eficiência dos recursos.
Para muitas empresas, obter a certificação da ISO 14001 é uma demanda de mercado,
uma vez que demonstra seu comprometimento com práticas sustentáveis e padrões
internacionais de gestão ambiental. Além disso, possibilita a integração com os demais
sistemas de gestão já implementados pela empresa ou a serem implementados, como,
por exemplo, a ISO 9001.
76
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
É importante lembrar que, assim como todas as normas de sistemas da gestão, a ABNT
NBR ISO 14001 inclui a necessidade de melhoria contínua dos sistemas de uma empresa
e a abordagem de questões ambientais.
A norma reconhece que organizações podem estar preocupadas tanto com a sua
lucratividade quanto com a gestão de impactos ambientais. Ela integra estes dois
motivos e provê uma metodologia altamente amigável para conseguir um Sistema de
Gestão Ambiental efetivo.
»» Requisitos gerais.
»» Política ambiental.
Isto significa que devem ser identificados os aspectos do negócio que impactam o meio
ambiente e atendida à legislação ambiental relevante a cada situação. O próximo passo
é preparar objetivos para melhoria e um programa de gestão para atingi-los, com
análises críticas regulares para melhoria contínua.
O sistema deve ser auditado periodicamente, após a empresa ter sido certificada, por
intermédio de um órgão certificador.
77
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Vale lembrar que as normas ISO devem passar, a cada cinco anos, por um processo
de revisão, a fim de definir se norma deve ser mantida, aprimorada ou até cancelada.
A norma ISO 14001 teve sua publicação inicial em 1996 e foi revisada em 2004, antes
da última revisão de 2015. A nova versão tem um período de transição de 3 anos a
partir de sua publicação. Após este período, os certificados emitidos com base na ISO
14001:2004 não serão mais válidos.
78
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
A nova versão especifica três compromissos que devem estar contemplados na política
ambiental da organização: proteção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos
legais e fortalecimento do seu desempenho ambiental. Esses três compromissos são
abordados em requisitos específicos ao longo de toda a norma, com a finalidade de que
o SGA seja implementado e mantido de forma coerente.
Uma das principais mudanças é que a política ambiental da organização deverá conter
um compromisso com a proteção ao meio ambiente, o que inclui a prevenção da
poluição e outros importantes para cada tipo de organização. Isso surge uma vez que as
organizações são influenciadas no que tange à qualidade do ar, disponibilidade de água
e sua qualidade, mudanças climáticas etc., e, por isso, essa proteção ambiental está
diretamente relacionada com a sua competitividade e produtividade.
Além disso, deverá identificar as partes interessadas (seja eles governo, clientes,
fornecedores, empregados, ONGs etc.) e ver quais são relevantes à organização,
compreendendo suas necessidades e expectativas, individualmente. Todo o
processo de entendimento da organização e do seu contexto resultará em um
conhecimento que será base para a definição do escopo do sistema de gestão, bem
como orientar a implementação, a manutenção e o processo de melhoria contínua
do Sistema de Gestão.
79
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Em relação aos aspectos ambientais, a organização deve considerar o ciclo de vida dos
processos, ou seja, considerando desde a aquisição de matéria-prima, desenvolvimento,
produção, distribuição, uso e destinação final. Dentre estes aspectos, a organização
deverá determinar quais são significativos e propor formas de controle.
»» Leis e regulações.
80
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Há um novo item que trata da Avaliação do Desempenho – que agrega itens da versão
anterior de 2004, como monitoramento, medição, auditoria interna e análise crítica.
Na prática, não houve mudanças significativas entre a nova versão e a versão anterior
da norma (FIESP, 2016).
»» Requisitos gerais.
Política ambiental
Na versão de 2004, o item “e” foi separado sendo criado o item “f” para comunicar
aos que trabalhem na organização assim como àqueles que atuem em seu nome,
aumentando o universo da comunicação. Dessa forma, o item 5.2 surge com o seguinte
texto:
81
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Planejamento
No item inicial, referente aos Aspectos Ambientais, foi introduzida na nova versão a
identificação dos aspectos ambientais dentro do escopo do sistema. Ainda neste item,
onde anteriormente se mencionava que os aspectos sejam considerados na definição
dos objetivos e metas, nesta versão a orientação é mais abrangente e diz que os aspectos
ambientais significativos sejam considerados no estabelecimento, na implementação e
na manutenção do sistema da gestão ambiental.
Objetivos
O item 4.4, implementação e operação foi substituído pelo item Apoio (item 7).
O item Avaliação (4.5) foi alterado para Avaliação de Desempenho (item 9).
Outras normas da série 14000 que podem ser úteis (ABNT, 2015):
82
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
A BS 8800 é uma norma de origem inglesa voltada para a gestão da saúde e segurança
ocupacional, passível de auditoria e certificação. É um guia de diretrizes bastante
genéricas que se aplica tanto a indústrias complexas, de grande porte e altos riscos,
como a organizações de pequeno porte e baixos riscos. Levou cerca de quinze meses
para ser discutida e aprovada oficialmente, sendo estruturada pelo órgão Britânico de
Normas Técnicas denominado British Standards, entrando em vigor no dia 15 de maio
de 1996.
Em Julho de 2004, a BSI publicou uma nova versão desta norma de forma a ter a
evolução de outros referenciais de sistemas de gestão, mas mantendo as mesmas
características da versão de 1996.
83
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Apesar de não ser uma norma ISO, a OHSAS 18001 obteve aceitação global. Nos
últimos anos, houve um rápido aumento no uso da OHSAS 18001 e de suas versões,
que foram adotadas por cerca de 40 países. Pesquisas recentes apontam que foram
concedidas aproximadamente 90.000 certificações credenciadas em mais de 127
países, e um desejo premente das empresas e partes interessadas em adotar uma
norma internacional.
84
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
A OHSAS 18001:2007 é mais compatível com a ISO 14001 e ISO 9001, incluindo
conceitos modernos e comprovados de segurança e saúde ocupacional e trazendo uma
melhor definição de seus termos e conceitos.
»» Melhoria contínua.
85
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Esta especificação da OHSAS tem como propósito principal buscar a segurança e saúde
ocupacional e não a produtos e serviços seguros.
Um dos principais itens da OHSAS, o item 4, aborda a melhoria contínua dos elementos
da gestão bem-sucedida da SSO, conforme a figura 11.
86
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Deve existir uma política de Segurança e Saúde Ocupacional, autorizada pela alta
administração da organização, que estabeleça claramente os objetivos globais de
segurança e saúde e o comprometimento para melhorar o desempenho da SSO.
A política deve:
Objetivos
88
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Estrutura e responsabilidade
Consulta e comunicação
Documentação
89
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Controle operacional
Deve-se realizar verificação e ação corretiva, conforme determina o item 4.5, a partir
dos procedimentos a seguir:
90
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Estes procedimentos devem requerer que toda ação preventiva e corretiva proposta
seja analisada criticamente durante o processo de avaliação de riscos antes de sua
implementação.
91
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
Auditoria
Além disso, deve analisar criticamente os resultados das auditorias anteriores e fornecer
informação sobre os resultados das auditorias para a administração.
A adoção do SGI numa organização tem como objetivo, dessa forma, além da diminuição
dos acidentes, impactos ambientais e redução dos custos, aumentar o valor dos
produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado, por meio
da melhoria contínua dos resultados operacionais, a satisfação dos funcionários com a
92
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Atualmente, não há uma certificação específica para SGI e, por isso, as certificações
citadas anteriormente, ISOs 9001, 14001 e OHSAS 18001 são os sistemas de gestão
alicerces do SGI, trabalhando de forma integrada para a implantação na organização.
Com a publicação das normas citadas, a adoção do SGI se tornou mais fácil, uma vez
que essas normas foram feitas para serem usadas de forma conjunta.
Além disso, não faz muito sentido ter procedimentos similares para os processos de
planejamento, treinamento, controle de documentos e dados, aquisição, auditorias
internas, análise crítica etc., tanto para qualidade, meio ambiente e/ou SST. Estabelecer
metas de produtividade faz com que as organizações maximizem sua eficiência.
93
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
O controle sobre a utilização das matérias-primas e insumos, bem como a definição dos
reais objetivos e metas, ajuda a otimizar os processos e trazer reduções significativas no
desperdício, por exemplo, de resíduos sólidos, de água, efluentes, emissões atmosféricas,
entre outros casos. A diminuição de custos com saúde, com a redução da frequência e
gravidade de acidentes ocorridos é, além de importante para a integridade de todos os
colaboradores, fundamental para a organização.
94
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Além desses, vale lembrar que, ao implementar um SIG, as empresas estarão atendendo
também às Legislações Ambientais e às Normas Regulamentadoras de Segurança e
Medicina do Trabalho vigentes.
O propósito das Auditorias difere um pouco quando tratamos cada uma das normas no
que se refere a quem pode e deve auditar, o ideal é que a equipe auditora seja formada
por 1 auditor de Sistema e Gestão da Qualidade, 1 de Segurança e Saúde Ocupacional,
e 1 de Sistema de Gestão Ambiental, e contínua e sistematicamente, monitorar a
efetividade do sistema de Gerenciamento da Qualidade.
Isto inclui Auditorias que cobrem todos os elementos do sistema e todas as áreas
funcionais, as quais devem, no mínimo, serem auditadas uma vez ao ano. Porém, a
recomendação é que isto ocorra, pelo menos, duas vezes ao ano.
Os resultados da auditoria podem ser usados como áreas alvos para ações de melhoria
e subsequentemente, facilitar os planos de melhoria contínua.
95
UNIDADE III │ CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO
A Análise Crítica pela Direção inclui foco nas Auditorias Internas e Auditorias Externas.
Além disso, deve levar em consideração:
96
CONCEITOS BÁSICOS: PROCESSOS, INDICADORES, GESTÃO │ UNIDADE III
Concluindo, fica claro que a integração dos elementos auditoria, ações corretivas e
preventivas e análise crítica pela alta direção compõem a base para a melhoria contínua
de um SGI de qualquer que seja a organização.
No fundo, esta é a razão pela qual, a cada auditoria para manutenção de um Sistema de
Gestão Integrada Certificado, estes elementos são verificados.
97
ABNT NBR ISO 50001 –
SISTEMAS DE GESTÃO DA
ENERGIA – REQUISITOS UNIDADE IV
COM ORIENTAÇÕES
PARA USO
As mudanças climáticas foram um fator relevante para se pensar no uso mais racional
da energia, adequando o uso ao meio ambiente. As variações do preço da produção de
energia, a dependência internacional de petróleo, as questões ambientais relacionadas
à energia, como as mudanças climáticas, as energias renováveis e não renováveis são
muitos dos tópicos relacionados ao tema em todos os setores da sociedade. Este recurso
precisa, portanto, ser bem administrado em todos os seus estágios, ou seja, na geração,
transporte/transmissão, distribuição e consumo. A forma como irão tratá-lo é de
importância crucial, determinante para a sobrevivência das organizações e a economia
dos países (PINTO, 2014).
Por tudo isso, é possível afirmar que a eficiência energética pode ser um fator de
reorientação da economia mundial.
98
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
A norma foi baseada em uma série de documentos internacionais. Até 2007, por
exemplo, somente países como Dinamarca, Suécia, Irlanda e Estados Unidos tinham
normas nacionais para gestão de energia. Nesse período, países como China e Holanda
também desenvolviam normas próprias, além do Comitê Europeu para a Normalização
(CEN) e o Comitê Europeu para a Normalização Eletrotécnica (Cenelec) que chegaram
a formar um grupo de trabalho para desenvolver uma norma comum para a União
Europeia.
Espanha, Tailândia e Coreia do Sul terminaram suas normas em 2008, quanto Brasil e
África do Sul começaram o processo de desenvolvimento de alguma norma (CUNHA,
2010).
99
CAPÍTULO 1
ABNT NBR ISO 50001– requisitos com
orientações para uso
A ISO 50001 foi publicada em 2011, mas as discussões sobre o tema para a
criação dela começaram muito antes disso. Veja um breve histórico do processo
de criação da norma (CARVALHO, 2016):
Histórico
Para compreender o conceito de gerenciamento de energia e de medidas para o uso
eficiente deste recurso, é importante resgatarmos alguns passos relevantes na história
em relação à exploração de energia.
100
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
e a popularização dele, não se preocupava com algum controle de uso, apenas com a
expansão de sua exploração e fornecimento a toda a sociedade.
As empresas que exploravam a energia estimularam fortemente o seu uso, como uma
forma de expandir os negócios, seus clientes e, claro, seu lucro. Investia-se muito para
obter retornos financeiros no período mais curto possível.
Claro, a energia elétrica foi uma revolução! Permitiu um desenvolvimento como nunca
visto, além de acelerar a produção industrial, aproximou mais as pessoas – pelos dos
meios de transporte – ampliou infraestrutura e melhorou completamente a qualidade
de vida da população. Mudou o comportamento de toda a sociedade mundial,
especialmente nas ocidentais.
Figura 13. A Revolução Industrial trouxe energia elétrica e muitas mudanças no mundo.
Com isso, a vida se tornou mais fácil e ninguém mais abriria mão desse consumo
energético intenso. O aumento da produção de energia, no entanto, não conseguiu
crescer o suficiente para acompanhar o crescimento populacional e industrial por
completo e o consumo seguro de energia ficou ameaçado. Um dos maiores problemas
foi o aumento dos preços, que limitou o consumo a algumas pessoas.
Segundo Cunha (2011), “em pouco mais de um século, o mundo viu a ascensão e a crise
do nosso modelo elétrico, baseado em fontes energéticas não renováveis e, portanto,
limitadas”.
101
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Desde muito tempo, portanto, somos ameaçados por crises de energia (como na
Argentina e outros países da América e da África, por exemplo), por racionamentos
(como em 2001 no Brasil).
102
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Para se ter ideia, desde 1951, o mundo vinha sofrendo com a dependência do petróleo que
pertencia – e ainda pertence – a um grupo restrito de países. Neste ano, foi registrada a
primeira e expressiva crise relacionada ao combustível, com a nacionalização dos poços
iranianos pertencentes A uma empresa privada. Muitas crises surgiram até o chamada
Primeiro Grande Choque do Petróleo, em 1973.
Somente após o evento é que ações práticas começassem a ser tomadas, no sentido de
gerenciar energia e mobilizar empresas relacionadas ao setor, desmistificando o fato
pensado anteriormente da energia ser inesgotável. A ideia de conservação da energia
surgiu nesse período.
No Brasil
A indústria também se adaptava para diminuir os altos custos com energia. Segundo
Cunha (2011), ainda na década de 1980, a General Motors do Brasil passou a monitorar
os dados do consumo de energia elétrica em suas fábricas, ação inovadora no período.
Mas as iniciativas eram pontuais, normalmente feitas por grandes empresas com
grandes consumos de energia.
Por parte do governo, ainda não havia iniciativas significativas até 1985, quando os
ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio criaram o Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica (Procel), ampliado em 1991 para abranger todas
as empresas do setor elétrico, que deveriam destinar 1% de sua receita em ações de
conservação de energia. O programa objetiva promover a racionalização tanto da
103
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Entre 1985 e 2007, por exemplo, foram economizados 28,5 milhões de MWh no país, o
que seria equivalente ao consumo de 16,3 milhões de residências, no custo aproximado
de R$ 19,9 bilhões (CUNHA, 2011).
Sem dúvida, o apagão sofrido em 2001, provocado por um déficit de geração de energia,
foi um divisor de águas na gestão de energia. Tanto a consciência do consumidor
quanto as ações de governo e empresas mudaram. Houve racionamento, com multas
para quem consumisse mais do que a meta de redução de consumo e diversas ações
de eficiência energética adotadas pela iniciativa privada especialmente contribuíram
para o aumento da conscientização sobre o uso de energia, e o governo, por meio da
ANEEL, passou a investir em resoluções e normas para contribuir com essa mudança
no paradigma da energia.
O setor elétrico brasileiro demorou cerca de 50 anos depois que começou a ser
formado para ser regulamentado – as primeiras regras são da década de 1930
–, mas até que ele fosse reestruturado, na última década, ele passou por muitos
problemas e viu o país viver muitas crises de abastecimento de energia antes da
mais famosa de 2001, quando houve o racionamento de energia e a população
sofria o medo do apagão elétrico.
104
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Nesse sentido, é preciso entender o que vem a ser Eficiência Energética para a norma.
Ela entende o termo como uma relação quantitativa entre um desempenho, serviço bem
ou energia e um consumo de energia, ou seja, a relação de energia necessária e energia
utilizada, ou a relação entre o resultado e a energia consumida. É na relação entre o
que se produz e o que gastamos para produzir que a questão da eficiência energética
aparece.
105
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Pode-se afirmar que “grande parte da eficiência energética conseguida nas organizações
é obtida através da alteração dos processos de gestão da energia e não através da
instalação de novas tecnologias” (SOARES, 2015).
Cabe salientar que não há modelos ou fórmulas para que as organizações se tornem
mais eficientes energeticamente e nem para que um Sistema de Gestão de Energia se
torne eficaz. Isso depende da eficácia e da dedicação de implantação do sistema por
parte da organização.
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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Seguindo a NBR ISO 50001, vamos apresentar os requisitos gerais do sistema de gestão
da energia, contida no item 4. Segundo o Item 4.1:
O item 4.3 aborda a Política Energética. Ela deve, segundo a ISO 50001, “declarar o
comprometimento da organização para atingir a melhoria do desempenho energético”.
Cabe à alta direção garantir que essa política seja apropriada à natureza e escala do
uso e consumo de energia, incluindo o comprometimento em melhorias contínuas
do desempenho energético, em fornecimento de estrutura para estabelecer e revisar
objetivos e metas energéticas, apoio para aquisição de produtos energeticamente
eficientes, assim como de serviços e projetos.
O item 4.4 aborda o Planejamento energético da organização. Este deve estar de acordo
com a política energética e “deve levar a atividades que melhorem continuamente
o desempenho energético”, revendo as atividades que possam comprometer esse
desempenho.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
- Variáveis relevantes
que afetam o uso B. Identificar as - Linha de Base Energética
significativo de energia áreas de uso - IDE´s
- Desempenho significativo de - Objetivos
energia e consumo - Metas
- Planos de Ação
C. Identificar
oportunidades para
melhorar de
desempenho
energético
No anexo A.4.2 da Norma, esses requisitos são definidos como aqueles internacionais,
nacionais, regionais e locais que são relacionados à energia, como leis, regulamentações
de conservação de energia etc., que se aplicam ao escopo de um SGE.
Um dos itens mais importantes da ISO 50001 é o 4.4.3 sobre Revisão energética. Para
realizá-la, a organização deve:
As oportunidades que são citadas podem estar relacionadas ao uso de energia renovável
ou outras fontes alternativas de energia.
Segundo Pinto (2014), o termo revisão energética não é usual na língua portuguesa e
talvez no Brasil as atividades que a descrevem (revisão) seriam mais apropriadas se
chamadas de auditoria energética.
O item 4.4.6 aborda os objetivos, as metas e os planos de ação para gestão da energia.
No anexo A.4.6 da norma há, como exemplo, um plano de ação para atingir um aumento
de conscientização de empregados e contratados para comportamentos em gestão da
energia.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Conforme pode ser visto a partir dos requisitos citados na norma, esta não estabelece
requisitos absolutos e rígidos para o bom desempenho energético de uma organização,
além daqueles estabelecidos pela política energética da própria organização e de sua
obrigação de conformidade a requisitos legais aplicáveis ou outros requisitos.
Dessa forma, duas organizações podem realizar operações semelhantes, mas com
desempenhos energéticos distintos.
Em seu Anexo A, a ISO 50001 apresenta alguns esclarecimentos sobre alguns termos e
conceitos que são descritos ao longo do texto.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Uso de
Energia
Intensidade
Energética
Desempenho Consumo
Energético de Energia
Eficiência
Energética
Outros
Planejamento Energético
Monitoração,
medição e análises
Verificação
Avaliação de
requisitos legais/
Auditoria Interna de
outros
SGE
Não conformidade,
ações corretivas e
preventivas
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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Plan-Do-Check-Act
Figura 17. Melhoria contínua do desempenho energético da organização pela implementação da metodologia
PDCA.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Figura 18. Modelo do Sistema de Gestão da Energia ABNT NBR ISO 50001:2011.
O Anexo B da ISO 50001 faz um comparativo entre esta e as normas de gestão ISO 9001
e ISO 14001.
Para compreender melhor, seria como se a ISO 9001 estabelecesse, além da gestão
de qualidade, os requisitos para a melhoria do produto. As melhorias propostas pelo
sistema de gestão podem, eventualmente, proporcionar melhorias no produto, mas não
há requisitos específicos que exijam tais melhorias.
Da mesma forma, se a ISO 14001 tivesse, além dos requisitos para gestão ambiental,
outros para a melhoria ambiental e a redução dos impactos, como a diminuição de
resíduos etc., efetivamente, o conjunto de práticas preconizadas pela norma objetiva
minimizar impactos, mas não há requisitos para efetivamente realizar isso.
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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
O termo “melhoria contínua” é aplicado nas normas ISO 9001 e ISO 14001
referenciando-se ao sistema de gestão. “Nesta Norma, contudo, a melhoria contínua
se refere não só ao sistema de gestão, mas também ao DE, e sendo assim este deve
também apresentar melhoria a cada ciclo” (PINTO, 2014).
O processo se inicia com um órgão certificador, que pode realizar uma pré-auditoria
para orientar como proceder para serem atendidas às demandas da auditoria oficial.
A auditoria para a certificação é realizada avaliando a conformidade do sistema
documentado com os requisitos da norma para um melhor entendimento da natureza
da organização.
Após a certificação, novas auditorias serão realizadas em períodos esporádicos até que,
no terceiro ano, estas fiquem frequentes para o processo de recertificação.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Embora a lei trate do assunto, ela não contempla, por exemplo, o treinamento para
operar maquinários, o tempo de seu funcionamento, condições de manutenção etc.
Da mesma forma, os programas públicos também não abordam como devem ser
conduzidos para priorizar as necessidades mais urgentes, obter melhoria contínua e
reter os ganhos, por exemplo (PIBTO, 2014).
A norma desempenha melhor esse papel de aliado no uso correto da energia, auxiliando
a gestão dos aspectos que tratam do bom desempenho energético de equipamentos,
instalações, processos e plantas.
Com o aumento dos custos de energia e as questões climáticas em destaque nos últimos
anos, a eficiência energética tornou-se questão importante dentro de uma organização.
Segundo Huang (2011), um relatório feito pelo Economist Intelligence Unit afirma que
116
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
a eficiência energética é vital às empresas para que elas sejam vistas como organizações
que:
Um levantamento realizado pela Carbon Trust indica que 50% dos consumidores são
mais leais às marcas que possam mostrar ações efetivas de melhorias em seus impactos
ambientais e 70% das pessoas querem que as empresas divulguem suas emissões de
carbono.
Essa norma pode ser aplicada a todos os tipos ou portes de empresas e indústrias,
podendo ser utilizada de forma independente ou integrada a qualquer outro sistema de
gestão, assim como a ISO 50001.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
As principais diferenças entre a BS EN 16001 e a ABNT NBR ISO 50001 estão nos
requisitos (HUANG, 2011):
Aplicação da norma
118
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
No Brasil, algumas empresas buscaram a certificação ISO 50.001/2011, fato que tem
crescido em diversos setores industriais, principalmente.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
E as empresas digitais?
Mas você acha que essas empresas precisariam ser certificadas com as normas
ISO?
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CAPÍTULO 2
Outras resoluções que visam a
economia de energia
Segundo o art. 7o, quando a quantidade de energia gerada em um mês for superior à
energia que foi consumida naquele mesmo período, o consumidor ficará com créditos
para serem utilizados para a diminuição de faturas dos meses seguintes. O prazo de
validade dos créditos, que inicialmente era de 36 meses, passou para 60 meses, sendo
que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras
do mesmo titular situadas em outro local, desde que na área de atendimento de uma
mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos créditos foi denominado “autoconsumo
remoto”.
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Cabe salientar que, conforme o art.5o, caso seja necessário realizar ampliações ou reforços
no sistema de distribuição em função da conexão de centrais geradoras participantes do
sistema de compensação de energia elétrica, a distribuidora deve consultar o PRODIST.
Geração distribuída
Geração compartilhada
A ANEEL ainda criou o termo geração compartilhada para que diversos interessados na
instalação e uso de energia se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem
uma micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das
faturas dos consorciados ou cooperados.
Autoconsumo remoto
São unidades consumidoras de uma mesma Pessoa Jurídica ou Física que possua
unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente
das unidades consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas
quais a energia excedente será compensada.
122
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Mas a RN deixa claro que compete à distribuidora a responsabilidade pela coleta das
informações das unidades consumidoras participantes do sistema de compensação de
energia elétrica, e o envio dos dados para registro junto à ANEEL (Art.13).
Em pesquisa realizada pela ANEEL (CASTRO, 2014) com consumidores que investiram
na sua própria geração de energia entre 2012 – ano de criação da Resolução Normativa
– até 2014, percebeu-se que:
»» Grande parte dessa energia instalada teve por finalidade o uso residencial
(aproximadamente 65%).
»» A maior motivação para instalar esse tipo de energia foi contribuir para o
desenvolvimento sustentável (45%).
Segundo a ANEEL, a previsão é que até 2024 cerca de 1,2 milhão de unidades
consumidoras passem a produzir sua própria energia, totalizando 4,5 GW de potência
instalada. O fato é que, desde a publicação da Resolução Normativa no 482, em 2012,
já foram instaladas milhares de centrais geradoras, com destaque para a fonte solar
fotovoltaica, que chega a representar mais de 90% dessas instalações (AMBIENTE
ENERGIA, 2015).
123
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
O exemplo alemão
De fato, o país evoluiu nos últimos anos muito rapidamente. Enquanto em 1991,
aproximadamente 3,1% da matriz energética era composta por fontes renováveis,
em 2009, esse valor já chegou a mais de 16%. Como um dos estímulos, tem-se a
promulgação da Lei de Fontes Renováveis de Energia do ano de 2001 (“Erneuerbare
Energien-Gesetz” ou EEG) (MIRANDA, 2012).
124
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Cabe ressaltar a importância dessa medida, para não privilegiar apenas as fontes com
a melhor relação custo-benefício, remunerando proporcionalmente fontes mais caras a
fim de possibilitar seus investimentos e custos, além do amadurecimento da tecnologia,
na expectativa de uma possível redução futura de custo de produção (MIRANDA, 2012).
A lei garante a aquisição da energia produzida por um período de vinte anos, o que
permite aos interessados investirem avaliando a possibilidade de recuperação desse
investimento e o lucro com tal operação.
Esse pagamento para o produtor é realizado a partir de uma tarifa de alocação para
destinatários finais dessa energia, proporcionalmente ao seu consumo. Segundo
Miranda (2012), se pensarmos em uma tarifa de, cerca de 3,53 centavos por kWh
consumido, esse valor representa pouco mais de 13% do valor total cobrado, ou
seja, cerca de 36 centavos. Nas despesas médias de uma família alemã, esse valor
representa 0,2%.
125
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
O REN21 é uma rede global de políticas sobre Energias Renováveis que conecta diversos
atores como:
»» Governos.
»» As organizações internacionais.
»» Associações da indústria.
»» Ciência e academia.
»» A sociedade civil.
Desde 2005, a REN21 produz uma publicação anual, chamada The Renewables Global
Status Report (GSR), que oferece uma visão abrangente do mercado de renovável,
indústria, investimento e desenvolvimento de políticas em todo o mundo. Eles também
realizam relatórios regionais, a partir de informações de mais de 700 colaboradores e
pesquisadores em todo o mundo.
126
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
Acesse o site da REN21 e fique por dentro dos acontecimentos mundiais da rede
colaborativa: <http://www.ren21.net/>.
Eles possuem também um mapa interativo que indica as ações que estão sendo
feitas em todo o mundo, além de dados sobre clima em diversos países: <http://
www.ren21.net/status-of-renewables/ren21-interactive-map/>.
Segundo relatório de 2015, o REN21 afirma que as metas de energias renováveis estão
em vigor em aproximadamente 164 países, o que impulsionou o crescimento da energia
solar, eólica e outras tecnologias, que atingiram uma capacidade de geração recorde em
2014, com “cerca de 135 GW de nova capacidade renovável, aumentando a capacidade
total instalada para 1.712 GW, mais 8,5% do que no ano anterior” (REN21, 2015).
O relatório também afirma que, embora a média mundial de consumo energético tenha
aumentado 1,5%, as emissões de dióxido de carbono (CO2), em 2014, mantiveram-
se inalteráveis em relação aos valores de 2013. Isso denota, pela primeira vez, um
crescimento econômico sem o aumento paralelo de emissões poluentes, motivado
principalmente pelo aumento do uso de fontes renováveis de energia, com destaque
para a China, país que tem investido nesse setor intensivamente.
Nesse recente relatório, o REN21 indica que foram registrados 296 bilhões de dólares
em investimentos em energia limpa, mais do que o dobro da quantidade de combustíveis
fósseis (130 bilhões). As principais fontes investidas são a eólica e solar.
127
UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
Conheça mais sobre o REN21 e o seu mais recente Relatório neste vídeo: <https://
www.youtube.com/watch?v=lQK4RtoU5ts>.
Segundo REN21 (2014), muitos fatores têm sido responsáveis pelo crescimento
das energias renováveis, incluindo o suporte para políticas de energia renovável e
aumento da competitividade dessas fontes. Em muitos países, esse tipo de energia já
é altamente competitivo com as fontes convencionais. Embora a Europa continuou a
ser um mercado importante, além de um centro de inovação no setor, a atividade foi,
ao longo dos anos, dirigindo-se a outras regiões do globo, sendo que em 2014, a China
liderou o setor, com a maior capacidade de geração instalada, enquanto países como o
Brasil, Índia e África do Sul relataram grande capacidade adicionada. Além disso, um
número crescente de países em desenvolvimento ao longo da Ásia, África e América
Latina tornaram-se fabricantes e instaladores importantes de tecnologias de energia
renovável (REN21, 2014).
No início de 2015, pelo menos 164 países já tinham metas de energia renovável,
enquanto que mais ou menos 1.345 países já tinham, no período, políticas de apoio à
energia renovável em vigor, que se adaptam diante das constantes mudanças do setor.
1. A fixação dos objetivos: o governo local estabelece uma meta para algum
nível futuro de energia renovável, podendo ser o objetivo o consumo
ou investimento governamental. Fato é que há muitos objetivos que as
cidades podem adotar. Muitas metas são para a redução das emissões
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ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO
A promulgação de uma lei municipal em 2000 que obriga a instalação de até 60%,
em todos os novos edifícios comerciais e residenciais, de aquecedores solares. Essa
lei provou ser popular e o modelo foi seguido por mais de 70 municípios em toda a
Espanha. Dessa forma, o país promulgou um código de construção nacional exigindo
um percentual de aquecimento solar de água nas novas construções de edifícios.
O município também possui um plano de aperfeiçoamento de energia que visa a reduzir
as emissões per capita de CO2, e aumentar o uso de energia renovável.
Uma das primeiras “comunidades modelo” do Brasil no que tange o uso das energias
renováveis, como parte de uma rede de seis cidades do país com tais objetivos (que
inclui também Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Volta Redonda).
Betim estabeleceu uma série de políticas de promoção ao uso de biocombustíveis nos
transportes, exigindo biocombustíveis em ônibus públicos e táxis, dando preferência
aos veículos flex-fuel para compras frotas de veículos municipais.
Com uma longa história de políticas ambientais, a cidade foi selecionada como a número
1 em ações ambientais do país entre 2006 e 2007, considerada como um “eco-modelo”.
Em 2007, aprovou uma política de baixo carbono que apelou para uma redução de
50% das emissões de gases de efeito estufa até 2050. A visão da cidade se concentra
na estrutura urbana e no uso de energia sustentável no transporte, além do uso de
subsídios para o desenvolvimento do uso doméstico de energia solar fotovoltaica.
A cidade aspira ser a “capital solar” da China, quando em 2008 aprovou o Conselho
sobre o Desenvolvimento de Energias Renováveis, que estabeleceu uma zona de
130
ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DA ENERGIA – REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO │ UNIDADE IV
A cidade tem metas de redução de CO2 em 25% até 2025, estabelecidas em 2006 por
um plano de ação de mudanças climáticas, incorporado posteriormente no Plano
Ambiental de Tóquio em 2008. A cidade oferece subsídios às famílias que instalam
energia solar fotovoltaica e aquecedores solares de água. As empresas são obrigadas
a cumprir obrigações de redução de emissões. A cidade também determina que as
instalações públicas e alguns outros devem comprar certificados verdes equivalentes
a 5% do consumo de eletricidade e também compra de biodiesel para ônibus públicos.
131
Para (não) Finalizar
132
PARA (NÃO) FINALIZAR
133
Referências
134
REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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