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Curso Complementar da NR10:

Segurança no Sistema Elétrico de


Potência (SEP) e em suas proximidades.
Alcantaro Corrêa
Presidente da FIESC

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC

Hildegarde Schlupp
Diretora do SENAI/SC - Unidade Joinville

Equipe técnica que participou da elaboração da obra

Conteúdo Organizado por Projeto gráfico / ilustração


Ronaldo Scoz Duarte FabriCO

Coordenação geral / EaD Bibliotecária


Raphael da Silveira Geremias Simoni Casimiro de Oliveira

Revisão Gramatical
Simone Rejane Martins
Confederação Nacional das Indústrias - CNI
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI
Departamento Regional de Santa Catarina – SENAI/DR
Unidade SENAI/SC Joinville

Curso de Aperfeiçoamento Profissional

Curso Complementar da NR10:


Segurança no Sistema Elétrico de
Potência (SEP) e em suas proximidades.

Curso na Modalidade a Distância

Joinville
2007
© 2007. SENAI1 - Departamento Regional de Santa Catarina
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

SENAI/SC

DR – Direção Regional

Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca do SENAI/Florianópolis.

D812c
Duarte, Ronaldo Scoz
Curso complementar da NR10 : segurança no sistema elétrico de potência
(SEP) e em suas proximidades : curso na modalidade à distância / [organizado
por]Ronaldo Scoz Duarte. Joinville: SENAI/SC, 2007.
286 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1.Aparelhos e materiais elétricos – Normas de segurança. 2. Eletricidade


– Medidas de segurança. I. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina.
I. Título.

CDU 331.456

SENAI/SC – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Departamento Regional de Santa Catarina
Rodovia Admar Gonzaga, 2765. Itacorubi – CEP 88034-001 – Florianópolis/SC
Fone: (48) 3231-4100 Fax: (48) 3334-1578
http://www.sc.senai.br

SENAI/SC - Unidade Joinville


Rua Arno Waldemar Doehler, 957. Zona Industrial Norte - CEP 89219-510 - Joinville/SC

Fone: (47) 3441-7778 Fax: (47) 3441-7776

1 Instituição credenciada conforme portaria MEC 4388, de 15/12/2005.


Agradecemos o empenho e a dedicação de toda a

equipe de profissionais do SENAI/SC envolvidos na

elaboração deste material. De modo especial, agra-

decemos a iniciativa da empresa CHESF (Compa-

nhia Hidro Elétrica do São Francisco) que, pronta-

mente, disponibilizou a experiência dos integrantes

da sua equipe técnica para contribuições específicas

no desenvolvimento do material.
Módu
lo
Apresentação
1

Estamos iniciando o Curso Complementar da NR10 - Segurança no


Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades. Conforme
estudado no curso básico, os trabalhadores que interagem com níveis
acima de 1.000V em corrente alternada e 1.500V em corrente contí-
nua, devem receber treinamento específico para intervenções em alta
tensão. Sua finalidade é o aprofundamento nas questões de segu-
rança e de proteção específicos para os trabalhos com circuitos elétri-
cos integrantes do SEP. Nota: Conforme a NR10, é pré-requisito para
freqüentar o curso complementar ter participado com aproveitamento
satisfatório do curso básico.

Este curso foi desenvolvido e dirigido especificamente para as condi-


ções de trabalho características de cada ramo (geração – transmissão
– distribuição), padrão de operação, de nível de tensão e de outras pe-
culiaridades específicas ao tipo ou condição especial de atividade.

O curso focalizará a segurança dos trabalhos no SEP, enfatizando pro-


cedimentos para controle dos riscos elétricos promovida, principal-
mente, pelas medidas de proteção coletiva, como também a segurança
nas atividades envolvendo a intervenção em instalações energizadas e
desenergizadas, dando especial atenção à importância da organização
do trabalho na segurança e ao homem e seu desenvolvimento como
gestor da segurança.

Lembre-se: você é o protagonista do aprendizado, portanto, seja par-


ticipativo e aproveite ao máximo.

Bons estudos!
Plano de estudo

Carga horária de dedicação

40 horas de atividades:

 32 horas à distância, distribuídas no ciclo de 45 dias e 8 horas em


encontro presencial.

Ementa

Organização do sistema elétrico de potência (SEP). Organização do


trabalho. Aspectos comportamentais. Condições impeditivas para
serviços. Riscos típicos no SEP e sua prevenção. Técnicas de análise de
risco no SEP. Procedimentos de trabalho – análise e discussão. Técni-
cas de trabalho sob tensão. Equipamentos e ferramentas de trabalho
(escolha, uso, conservação, verificação, ensaios). Sistemas de proteção
coletiva. Equipamentos de proteção individual. Posturas e vestuários
de trabalho. Liberação de instalação para serviço e para operação e
uso. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte de
acidentados. Acidentes típicos – Análise, discussão, medidas de prote-
ção. Responsabilidades.

Nota: os conteúdos apresentados neste curso, foram avaliados e de-


senvolvidos, respeitando-se as especificidades das condições de traba-
lho características de cada ramo (Geração, Transmissão e Distribuição),
bem como, outras especificações pertinentes (padrão de operação, ní-
vel de tensão, entre outras).
NR 10 - Curso Complementar

Objetivos do curso

Geral

Compreender os riscos referentes aos trabalhos no SEP e a implemen-


tação de medidas de controle para garantia da segurança e qualidade
de vida.

Específicos

 Conhecer a estrutura do SEP, a identificação, análise e antecipação


dos riscos típicos e desenvolvimento de metodologias seguras.

 Abordar as áreas seguras e sua delimitação, obstáculos, a dese-


nergizacão, riscos adicionais e seus EPI’s.

 Examinar o trabalho em instalações energizadas, suas metodolo-


gias, equipamentos e vestuários adequados.

 Estudar a organização do trabalho: modos de execução, informa-


ções prévias sobre a instalação, planejamento e permissões.

 Avaliar o homem e seu desenvolvimento como gestor da se-


gurança.

 Abordar as questões de segurança com veículos e equipamentos


de porte e o atendimento a acidentados.

 Analisar acidentes típicos do SEP à luz da sistematização da NR-10.

 Estudar as responsabilidades de todos os envolvidos nos traba-


lhos no SEP conforme a legislação brasileira.
Plano de Estudo

Módulos de Estudo

Apresentação do Curso

Módulo 1. O SEP e seus riscos.

Módulo 2. Sistemas de controle.

Módulo 3. Trabalho sob tensão.

Módulo 4. Organização como fator de segurança.

Módulo 5. Você e o trabalho em equipe.

Módulo 6. Treinamentos e práticas.

Módulo 7. Aplicando a NR 10.

Módulo 8. Responsabilidades.

Orientações para estudo

Para motivar e facilitar seus estudos na fase a distância, o conteúdo do


Curso Complementar da NR10 possui estrutura didática planejada e
interativa. Os módulos de estudo são subdivididos em lições. Cada li-
ção compreende um conjunto de atividades que conduzirão suas refle-
xões sobre conhecimentos, habilidades e atitudes que você desenvolve
durante o dia-a-dia de trabalho.

Para contribuir com a eficácia destas reflexões, recomendamos os se-


guintes passos:

 1º Passo

Realize seus estudos seguindo a ordem crescente dos módulos.


Não alterne as leituras entre os módulos;

 2º Passo

Primeiramente, inicie a leitura da apostila, na lição 1, do módulo


1. Faça suas reflexões sobre as atividades diárias, registrando suas
conclusões;
NR 10 - Curso Complementar

 3º Passo

Após terminar a leitura da lição 1 na apostila, inicie seus estudos


(da mesma lição) no ambiente virtual. O Ambiente Virtual apre-
sentará um overview (visão geral) do conteúdo estudado;

 4º Passo

Realize os exercícios e/ou atividades propostas no final da lição,


para auto-avaliação e reforço do aprendizado.

Efetue esses passos para todas as demais lições. Não esquecendo de


realizar os jogos ao final dos módulos e de participar dos fóruns de
discussão, para interação com os colegas e tutor.

IMPORTANTE: todas as atividades e fóruns do Ambiente Virtual


são obrigatórios para participação na aula presencial.

Quadro-guia de estudo

Observe o quadro guia de estudo, ele pode lhe auxiliar com sucesso
durante o curso.

 Para planejar e preenchê-lo, primeiro conheça o tempo neces-


sário para sua dedicação aos estudos e as datas-chave do cur-
so assinaladas no calendário disponível no Ambiente Virtual de
Aprendizagem.

 Escreva nos espaços em branco a quantidade de horas que você


deve dedicar a cada módulo, as datas-chave para o cumprimento
das atividades e as da sua disponibilidade para o estudo.

Pronto, agora é seguir as datas propostas para manter controle dos


estudos que você acabou de programar.
Plano de Estudo

EVENTO ATIVIDADE TEMPO DE DEDICAÇÃO DATA-CHAVE

Atividades de fixação dos conhecimentos


por meio de questões objetivas.
Módulo 1 Atividade colaborativa a partir das partici-
pações no fórum. Atividade por meio de
jogo interativo.

Atividades de fixação dos conhecimentos


por meio de questões objetivas.
Módulo 2 Atividade colaborativa a partir das partici-
pações no fórum. Atividade por meio de
jogo interativo.

Atividades de fixação dos conhecimentos


por meio de questões objetivas.
Módulo 3 Atividade colaborativa a partir das partici-
pações no fórum. Atividade por meio de
jogo interativo.

Atividades de fixação dos conhecimentos


por meio de questões objetivas.
Módulo 4 Atividade colaborativa a partir das partici-
pações no fórum. Atividade por meio de
jogo interativo.

Atividades de fixação dos conhecimentos


por meio de questões objetivas.
Módulo 5
Atividade colaborativa a partir das partici-
pações no fórum.
Atividades de fixação dos conhecimentos
por meio de questões objetivas.
Módulo 6 Atividade colaborativa a partir das partici-
pações no fórum. Atividade por meio de
jogo interativo.

Atividades de fixação dos conhecimentos


Módulo 7 por meio de questões objetivas.
Atividade por meio de jogo interativo.

Atividades de fixação dos conhecimentos


Módulo 8
por meio de questões objetivas.

A avaliação presencial será realizada indi-


Encontro e ava-
vidualmente abordando todos os módu-
liação presencial
los estudados
Módu
lo
Nome do Módulo
Sumário
1

Módulo 1 O SEP e seus riscos ............................................................................. 17


Lição 1 Organização do Sistema Elétrico de Potência (SEP)..................... 19
Lição 2 Riscos típicos no SEP e a sua prevenção ......................................... 35
Lição 3 Técnicas de análise de risco no SEP.................................................. 51
Lição 4 Condições impeditivas para execução de serviços ....................... 60
Lição 5 Procedimentos de trabalho; análise e discussão ............................ 66

Módulo 2 Sistemas de controle ........................................................................... 77


Lição 1 Equipamentos e ferramentas de trabalho ....................................... 77
Lição 2 Sinalização e isolamento de áreas de trabalho ............................... 93
Lição 3 Equipamentos de proteção coletiva ............................................... 104
Lição 4 Equipamentos de proteção individual - EPI................................... 118

Módulo 3 Trabalho sob tensão .......................................................................... 145


Lição 1 Técnicas de trabalho sob tensão ..................................................... 146
Lição 2 Procedimento de segurança para trabalho em
painéis e cubículos............................................................................................. 151
Lição 3 Equipamentos e ferramentas de trabalho ..................................... 153

Módulo 4 Organização como fator de segurança ......................................... 161


Lição 1 Métodos de trabalho.......................................................................... 161
Lição 2 Prontuário e cadastro das instalações............................................ 163
Lição 3 Programação e planejamento dos serviços ................................. 168
Lição 4 Liberação de instalações e equipamentos ..................................... 171
NR 10 - Curso Complementar

Módulo 5 Você e o trabalho em equipe .......................................................... 179


Lição 1 Aspectos comportamentais .............................................................. 179
Lição 2 Comunicação ....................................................................................... 188
Lição 3 Relacionamento interpessoal ........................................................... 192
Lição 4 Posturas ......................................................................................198

Módulo 6 Treinamentos e práticas ................................................................... 207


Lição 1 Treinamentos em técnicas de remoção, atendimento
e transporte de acidentados ........................................................................... 207
Lição 2 Segurança com veículos e transporte de pessoas,
materiais e equipamentos................................................................................ 212

Módulo 7 Aplicando a NR-10 ............................................................................ 239


Lição 1 Acidentes típicos: análise, discussão e
medidas de proteção......................................................................................... 239

Módulo 8 Responsabilidades ..............................................................................263


Lição 1 Introdução a Responsabilidade ........................................................264
Lição 2 O que é Responsabilidade? ...............................................................267
Lição 3 Responsabilidade Civil .......................................................................270
Lição 4 Responsabilidade Civil da Administração Pública ........................276
Lição 5 Responsabilidade Criminal ..............................................................278
Módu
lo
O SEP e seus riscos
1

Neste Módulo você estudará a estrutura do SEP, a identifica-


ção, a análise e a antecipação de riscos típicos e o desenvolvi-
mento de metodologias seguras. Antes de iniciar o Módulo 1, e
em conformidade com o que você estudou no Curso Básico da NR-
10, que tal rever os itens 10.7 e 10.8 da Norma que tratam sobre o tra-
balho envolvendo alta-tensão e habilitação, qualificação, capacitação e
autorização dos trabalhadores?

Se você tem dúvida sobre algum item da NR-10, anote as suas dúvidas
a seguir e depois discuta com os seus colegas durante os fóruns e com o
tutor por meio do“tira dúvidas”, no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

17
NR 10 – Curso Complementar

O principal objetivo do curso complementar é dar condi-


ções para o trabalhador identificar os riscos presentes no
Sistema Elétrico de Potência e implementar as medidas de
controle por meio de procedimentos que devem constar no
prontuário das instalações.
Durante o estudo deste módulo, na Lição 1, você conhecerá os princi-
pais subsistemas que compõem o SEP. Na Lição 2, você verificará quais
são os riscos típicos e os principais métodos de prevenção que devem
ser aplicados a estes subsistemas. Em seguida, Lição 3, você aprenderá
as técnicas de análise de risco e, na Lição 4, as condições impeditivas
para serviço. Finalmente, você concluirá o Módulo 1 verificando, na
Lição 5, como acontece o planejamento e a implementação dos pro-
cedimentos de trabalho.

Antes de iniciar a Lição 1, reflita sobre os riscos que você encontra nas
estruturas e nos sistemas com os quais trabalha diariamente. Será que
você e seus colegas implementam todas as medidas de controle neces-
sárias para a segurança? Durante a leitura da lição, descreva algumas
atividades em que você percebe que todo trabalhador está seguro e
outras nas quais é possível estabelecer procedimentos mais rigorosos.
Anote as suas conclusões a seguir:

18
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

LIÇÃO 1

Organização do Sistema Elétrico de Potência (SEP)

1.1 Aspectos organizacionais

Você sabia que no Brasil, por força da Constituição Federal,


o Poder Concedente, que regula e fiscaliza a geração, trans-
missão e distribuição de energia elétrica, é federal?

Sendo federal, as concessões são de responsabilidade do Ministério


de Minas e Energia (MME), enquanto a regulação e a fiscalização são
exercidas pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.

Saiba que, além da agência reguladora federal (ANEEL) e das esta-


duais, existem outros organismos também importantes e vitais para a
adequada coordenação da expansão e operação do sistema.

 ONS – Operador Nacional do Sistema, encarregado de planejar


e coordenar a operação elétrica e energética de todo o sistema
brasileiro.

 EPE – Empresa de Planejamento Energético, encarregada de pla-


nejar a expansão dos sistemas elétrico e energético.

 CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, res-


ponsável pelos contratos de compra e venda de energia e pela
contabilidade da energia fornecida ou recebida pelos geradores,
distribuidores, consumidores livres e comercializadores.

19
NR 10 – Curso Complementar

Para facilitar a descrição deste Módulo e o entendimento


das atividades, você verificará que o conteúdo estará dividi-
do em três segmentos que compõem o sistema elétrico de
potência, a seguir: geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica.Você também verificará que esta lição realizará uma pequena
abordagem sobre os aspectos da operação de sistemas elétricos no
Brasil. Então, vamos lá!

O sistema elétrico brasileiro apre-


Sistema Elétrico de Potência (SEP), em sentido senta, como particularidade, gran-
amplo, é o conjunto de todas as instalações e os equi- des extensões de linhas de trans-
pamentos destinados à geração, transmissão e distri- missão e um parque produtor de
buição de energia elétrica. geração predominantemente hi-
dráulica. O mercado consumidor
(47,2 milhões de unidades) con-
centra-se nas regiões Sul e Sudeste, mais industrializadas. A região
Norte é atendida de forma intensiva por pequenas centrais gerado-
ras, a maioria termelétricas a óleo diesel.

Os sistemas de energia elétrica organizam-se numa estrutura baseada


em processos verticais e horizontais, como você pode verificar no dia-
grama abaixo.

20
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

1.2 Geração ou produção de energia elétrica

Você, como trabalhador na área de instalações e serviços


de eletricidade, sabe como é produzido a energia elétrica
no Brasil? As principais fontes e os tipos de usinas? Verifique
a seguir.

21
NR 10 – Curso Complementar

De acordo com os dados apresentados pela


Por geração ou produção entende-se como ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétri-
a conversão de uma forma qualquer de ca, o Brasil possui um total de 1.633 empreen-
energia em energia elétrica. dimentos em operação, gerando 99.488.716
kW de potência e a sua matriz atual de ener-
gia elétrica é apresentada na tabela A.

Está prevista para os próximos anos uma adição de


26.681.299 kW na capacidade de geração do país, prove-
niente dos 85 empreendimentos atualmente em construção
e mais 518 outorgados.

Empreendimentos em operação no Brasil


Capacidade instalada Total
Tipo % %
N.° de usinas (kW) N.° de usinas (kW)
Hidro 646 76.708.006 71,25 646 76.708.006 71,25
Natural 76 9.868.324 9,17
Gás 105 10.919.042 10,14
Processo 29 1.050.718 0,98
Óleo diesel 561 2.889.269 2,68
Petróleo 582 4.331.323 4,02
Óleo residual 21 1.442.054 1,34
Bagaço de cana 231 2.813.501 2,61
Licor negro 13 794.817 0,74
Biomassa Madeira 26 224.207 0,21 275 3.871.475 3,60
Biogás 2 20.030 0,02
Casca de arroz 3 18.920 0,02
Nuclear 2 2.007.000 1,86 2 2.007.000 1,86
Carvão mineral 7 1.415.000 1,31 7 1.415.000 1,31
Eólica 15 236.850 0,22 15 236.850 0,22
Paraguai 5.650.000 5,46
Argentina 2.250.000 2,17
Importação 8.170.000 7,59
Venezuela 200.000 0,19
Uruguai 70.000 0,07
Total 1.632 107.658.696 100 1.632 107.658.696 100

Tabela A

22
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Normalmente, as fontes de energia elétrica, di-


tas convencionais, são as usinas hidrelétricas de
grande porte (com potência acima de 30 MW) e
as usinas termelétricas.

A geração de energia por usinas hidrelétricas re-


presenta mais de 70% de nossa produção, concen-
trando–se nas regiões Sul e Sudeste do País.

Verifique a seguir a definição dos termos, de acordo


com a NBR 5460 – Sistemas Elétricos de Potência.

NOR
MA 2.1 – Usina (elétrica) – é a instalação elétrica destinada a
gerar energia elétrica em escala industrial, por conversão
de outra forma de energia.
2.2 – Usina hidrelétrica – é a usina elétrica na qual a energia
elétrica é obtida por conversão da energia potencial gravitacional da
água.
Podemos encontrar usinas hidrelétricas do tipo:
2.2.1 – Usina (hidrelétrica) a fio d´água – usina hidrelétrica que utiliza
diretamente a vazão do rio, tal como se apresenta no local;
2.2.2 – Usina (hidrelétrica) com acumulação – usina hidrelétrica que
dispõe do seu próprio reservatório de regularização.

Você sabia que nas grandes usinas o nível de tensão na saída


dos geradores está normalmente na faixa de 6 a 25 kV?

Com relação às usinas termelétricas, apresentam em geral, como


característica básica, um menor custo de construção, maior custo de
operação e de manutenção e a possibilidade de serem alocadas mais
próximas do mercado consumidor.

23
NR 10 – Curso Complementar

Como profissional na área de instalação e serviços de ele-


tricidade, você acredita que as usinas termelétricas seriam
a melhor solução para a geração de energia elétrica no Bra-
sil? Existem outras soluções?

É importante que você saiba que os Sistemas Isolados Brasileiros, pre-


dominantemente térmicos e majoritariamente localizados e dispersos
na região Norte, encontram–se fora do SIN – Sistema Interligado Na-
cional. Esses sistemas atendem a uma área de 45% do território e cerca
de 3% da população nacional, ou seja, aproximadamente 1,2 milhão
de consumidores. Representam 3,4% da capacidade de produção de
eletricidade nacional.

Baseando-se na NBR 5460, verifique alguns termos relacionados a essa


forma de geração.

MA 2.3 – Usina termelétrica – usina elétrica na qual a energia


NOR

elétrica é obtida por conversão da energia térmica. Os tipos


mais utilizados no Brasil são:
2.3.1 – Unidade (termelétrica) a combustão interna – unidade
termelétrica cujo motor primário é um motor de combustão interna;
2.3.2 – Unidade (termelétrica) a gás – unidade termelétrica cujo mo-
tor primário é uma turbina a gás;
2.3.3 – Unidade (termelétrica) a turbina – unidade termelétrica cujo
motor primário é uma turbina a vapor;
2.3.4 – Usina nuclear – usina termelétrica que utiliza a reação nuclear
como fonte térmica.

As usinas termelétricas movidas a carvão mineral, óleo combustível,


gás natural ou nucleares são também classificadas como fontes de
energia elétrica convencionais, assim como a hidrelétrica, observando
que, em ambos os casos, os geradores são do tipo síncrono operando

24
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

na freqüência nominal de 60 Hz, que é a freqüência


dos sistemas elétricos brasileiros.

No caso de geração nuclear, as usinas normalmen-


te são situadas o mais próximo possível dos locais de
consumo com o objetivo de minimizar os custos de
transmissão, dependendo também dos aspectos de
segurança e conservação ambiental.

Como fontes alternativas de energia elétrica, existem


uma gama de possibilidades, incluindo energia solar fotovoltaica, usi-
nas eólicas, usinas utilizando-se da queima de biomassa (madeira e
bagaço de cana-de-açúcar, por exemplo) e outras fontes menos usuais
como as que utilizam a força das marés.

Você verificou que além das usinas hidrelétricas e terme-


létricas existem outras opções para a produção da energia
elétrica. Por que, no Brasil, essas possibilidades de produção
de energia ainda não se intensificaram?

Devido aos longos prazos de maturação de projetos de geração de


grandes envergaduras, no Brasil, vêm sendo desenvolvidos estudos
para a verificação da viabilidade técnica e dos custos associados à
transmissão de energia da Amazônia para as regiões Nordeste, Sudes-
te e Centro-Oeste do País, na qual estão envolvidas distâncias supe-
riores a 2000 km.

1.3 Transmissão

Baseados na função que exerce, pode-se definir transmissão como o trans-


porte de energia elétrica caracterizado pelo valor nominal de tensão:

25
NR 10 – Curso Complementar

a. entre a subestação elevadora de uma usina elétrica


e a subestação abaixadora em que se inicia a sub-
transmissão, alimentando um sistema de distri-
buição, e fornecendo energia elétrica a um grande
consumidor; ou

b. entre as subestações que fazem a interligação dos sis-


temas elétricos de dois concessionários, ou de áreas
diferentes do sistema de um mesmo concessionário.

As tensões usuais de transmissão adotadas no Brasil em corrente al-


ternada podem variar de 138 kV até 765 kV, incluindo, neste intervalo,
as tensões de 230 kV, 345 kV, 440 kV e 500 kV. As redes com tensões
nominais iguais ou superiores a 230 kV formam a chamada “rede bá-
sica de transmissão”.

Os sistemas de subtransmissão contam com níveis mais baixos de ten-


são, tais como 34,5 kV, 69 kV ou 88 kV e 138 kV e alimentam subesta-
ções de distribuição. Normalmente operam em tensões inferiores
àquelas dos sistemas de transmissão, não sendo, no entanto, incomum
operarem com uma tensão também existente nesses sistemas. Nascem
nos barramentos das subestações regionais e terminam em subesta-
ções abaixadoras locais. Das subestações regionais, em geral, saem di-
versas linhas de subtransmissão tomando rumos diversos. Em um sis-
tema é possível haver, também, dois ou mais níveis de tensões de
subtransmissão como, ainda, um subnível de subtransmissão.

Você sabia que no Brasil existe um sistema que opera em


corrente contínua, o Sistema de Itaipu, com nível de tensão
de ± 600 kVCC?

No caso de transmissão em corrente alternada, o sistema elétrico de


potência é constituído basicamente pelos geradores, estações de ele-

26
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

vação de tensão, linhas de transmissão, subestações seccionadoras e


pelas estações transformadoras abaixadoras.

Na transmissão em corrente contínua, a estrutura é essencialmente a


mesma, diferindo apenas pela presença das estações conversoras junto
à subestação elevadora (para retificação da corrente) e junto à subes-
tação abaixadora (para inversão da corrente) e, ainda, pela ausência de
subestações intermediárias abaixadoras ou de seccionamento.

Saiba que as linhas de transmissão em corrente contínua apresentam


custo inferior ao de linhas em corrente alternada, enquanto que as es-
tações conversoras apresentam custo elevado. Portanto, a transmissão
em corrente contínua apresenta-se vantajosa na interligação de sis-
temas com freqüências diferentes ou para a transmissão de energia a
grandes distâncias.

Sob o ponto de vista físico e elétrico, as linhas de transmissão e de sub-


transmissão se confundem e os métodos de cálculo são os mesmos. Em
algumas empresas, as linhas de subtransmissão ficam sujeitas aos seus
departamentos de distribuição, que as planejam, projetam, constroem
e operam. Em outras empresas, elas estão a cargo dos departamentos
encarregados das linhas e subestações. É uma opção de organização
administrativa.

Para efeito didático e para ajudá-lo a compreender esta lição, extraiu–se


algumas definições da NBR 5460, as quais você pode verificar a seguir.

NOR
MA 3.1 – Subtransmissão – transmissão de energia elétrica
entre uma subestação abaixadora de um sistema de trans-
missão e uma ou mais subestações de distribuição.
3.2 – Subestação – parte de um sistema de potência concentra-
da em um dado local, compreendendo, primordialmente, as extremi-
dades de linhas de transmissão e/ou de distribuição, com os respec-
tivos dispositivos de manobra, controle e proteção, incluindo obras
civis e estruturas de montagem, podendo incluir também transforma-

27
NR 10 – Curso Complementar

dores, equipamentos conversores e outros equipamentos. Podemos


citar dentre os tipos de subestação:
3.2.1 - subestação elevadora – subestação transformadora
na qual a tensão de saída é maior que a tensão de entrada;
3.2.2 - subestação abaixadora – subestação transformadora
na qual a tensão de saída é menor que a tensão de entrada;
3.2.3 - subestação de manobra (chaveamento) - subes-
tação cuja finalidade principal é modificar a configuração de
um sistema elétrico, mediante modificação das interligações de
linhas de transmissão;
3.2.4 - subestação telecontrolada (desassistida) - subes-

Cadeias de tação não–atendida cuja operação é controlada a distância.


isoladores 3.3 – Linhas - conjunto de condutores, isoladores e acessórios desti-
Durante o processo de
manutenção da cadeia nado a transportar energia elétrica entre dois pontos de um sistema
de isoladores, os cabos
condutores estão provi- elétrico. Compõem-se basicamente de três partes principais:
soriamente sustentados
por equipamentos tais
a. estruturas (ou suportes) e acessórios;
como talhas
b. cadeias de isoladores e acessórios;

c. cabos condutores e acessórios.

Protegendo esse conjunto, encontramos a malha ou o dispositivo de


aterramento, composto de cabos pára–raios, fios terra e contrapeso.

Distribuição
No próximo item você
Em resumo, sob o ponto de vista funcional e operacional, pode-se
estudará com mais pro- dizer que a estrutura de um sistema elétrico pode ser dividida em
fundidade o processo de
distribuição de energia várias subestruturas baseadas nos seus diversos níveis de tensão:
elétrica.
geração, transmissão, subtransmissão e distribuição (primária e
secundária).

À medida que a demanda de energia aumenta, mais fontes neces-


sitam ser exploradas e novas linhas de transmissão necessitam ser
construídas para conectar essas novas estações geradoras aos novos
pontos de distribuição e, também, às estações já existentes, surgin-
do assim a interligação de sistemas.

28
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

As interligações de sistemas podem propiciar um melhor aproveita-


mento das disponibilidades energéticas de regiões com características
distintas. São economicamente vantajosas e aumentam a confiabilidade
do suprimento às cargas, embora implique numa maior complexida-
de de operação do sistema. Como exemplo temos a interligação dos
sistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul do Brasil e também norte/sul e
norte/nordeste, que apresentam sensíveis diferenças de hidraulicidades
de seus rios, uma vez que os períodos chuvosos não são coincidentes
nas várias bacias hidrográficas.

1.4 Distribuição

Por definição, distribuição é a transferência de energia elétrica para


os consumidores, a partir dos pontos onde se considera terminada a
transmissão (ou subtransmissão), até a medição de energia, inclusive.

29
NR 10 – Curso Complementar

Você sabe quais são os principais componentes do sistema


elétrico de distribuição? Como você trabalha com esses
componentes? Quais são os cuidados que você toma para
a sua segurança? Verifique, a seguir, os componentes mais
importantes do sistema elétrico de distribuição.

Os principais componentes do sistema elétrico de distribuição são:

 redes primárias;

 redes secundárias;

 ramais de serviço;

 medidores;

 transformadores de distribuição;

 capacitores e reguladores de rede.

As linhas de transmissão e de subtransmissão convergem para as esta-


ções de distribuição, que é uma subestação rebaixadora que alimenta
um sistema de distribuição, na qual a tensão é abaixada, usualmente,
para o nível de 13,8 kV.

Dessas subestações originam–se alguns alimentadores que se inter-


ligam aos transformadores de distribuição da concessionária ou a de
consumidores em tensão primária.

Define–se sistema (de distribuição) primário, como sendo o conjunto


dos alimentadores de um dado sistema de distribuição, incluindo os
primários dos transformadores de distribuição pertinentes. São linhas
de tensões suficientemente baixas para ocuparem vias públicas e su-
ficientemente elevadas para assegurarem uma boa regulação, mesmo
para potências razoáveis. Às vezes, desempenham o papel de linha de
subtransmissão em pontas de sistemas.

30
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Consumidores que possuem uma carga instalada superior a 75 kW


serão atendidos em tensão primária (média ou alta, dependendo de
sua demanda).

Dentre os outros níveis de tensão primária de distribuição ainda en-


contrados no Brasil, podemos citar: 2,3 kV; 3,8 kV; 6,6 kV; 11,9 kV; 13,8
kV; 23 kV; 34,5 kV.

A energia, em tensão primária de distribuição, é entregue a um gran-


de número de consumidores, tais como indústrias, centros comerciais,
grandes hospitais, etc. Os alimentadores primários
suprem um grande número de transformadores de
distribuição que abaixam o nível para a tensão se-
cundária para o uso doméstico e pequenos consu-
midores comerciais.

Quanto ao nível de tensão de distribuição dos sis-


temas secundários, observam-se os seguintes valo-
res nominais mais freqüentes: sistema de 220/127
volts (entre fases e entre fase e neutro) e o sistema
de 380/220 volts, deriváveis de sistemas trifásicos
com neutro, e o sistema de 220/110 volts derivável de sistemas mono-
fásicos. Esses sistemas incluem os secundários dos transformadores
de distribuição pertinentes e os ramais de ligação dos consumidores.
Operam com as tensões mais baixas do sistema e em geral seu compri-
mento não excede 200 a 300 m.

O Centro de Operação da Distribuição – COD é o órgão destinado a


supervisionar e coordenar as atividades operativas do sistema de dis-
tribuição, sua filosofia básica é a de centralização do comando operati-
vo da rede elétrica em um só órgão e local e visa proporcionar:

 adequado atendimento aos consumidores;


 controle e análise das interrupções, visando minimizá-las;
 manutenção da configuração planejada;
 melhores condições operativas, diminuindo os riscos;

31
NR 10 – Curso Complementar

 dinamização e controle das manutenções.


De acordo com a FUNCOGE, o mercado de distribuição de energia
Glossário elétrica atende cerca de 47 milhões de unidades consumidoras, das
Fundação Comitê de
Gestão Empresarial
quais 85% são consumidores residenciais, em mais de 99% dos muni-
(Fundação COGE), cria- cípios brasileiros. Ao longo dos últimos 20 anos, o consumo de energia
da em 1998 por empre-
sas do setor de energia elétrica apresentou índices de expansão elevados devido à expressiva
elétrica brasileiro, conta
atualmente com 58
participação das classes de consumo residencial, comercial e rural, en-
instituidoras dos setores quanto o segmento industrial teve uma participação menor.
público e privado.
1.5 Aspectos sobre a operação de sistemas elétricos

Tanto os grandes motores industriais quanto os equipamentos eletro-


domésticos são projetados e construídos para trabalharem dentro de
certas faixas de tensão e freqüência, fora das quais pode apresentar
funcionamentos não–satisfatórios ou até mesmo se danificarem.

Essas exigências básicas impõem à operação dos sistemas elétricos


um adequado controle da tensão e da freqüência na rede, a qual está
sujeita às mais variadas solicitações de carga, as quais variam ano a
ano, mês a mês e, o mais importante, podem variar muito durante um
único dia, devido, por exemplo, à demanda nos horários de pico quan-
do comparada com a da madrugada. Como não é possível armazenar
energia elétrica comercialmente, deve ser produzida, a cada instante,
na medida da demanda requerida.

Além das variações de carga previstas, há também as


de natureza aleatória, tais como a conexão e descone-
xão de cargas por manutenção ou o defeito de instala-
ções da planta industrial ou comercial que ocasionam
alterações, em geral, pequenas na freqüência e tensão
da rede. Defeitos na rede que provocam o desliga-
mento de linhas, geradores, grandes blocos de carga
ou de interligações entre sistemas podem ocasionar
oscilações ou variações mais significativas, as quais os
equipamentos de controle procuram minimizar.

32
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

A freqüência é controlada automaticamente nos próprios geradores


por meio dos reguladores de velocidade, equipamentos que injetam
mais ou menos água, vapor ou gás nas turbinas que acionam os gera-
dores, dependendo do aumento ou da diminuição da demanda.

O controle da tensão pode ser feito remotamente nas usinas, por meio
dos reguladores automáticos de tensão, podendo também ser efetuado
em nível de transmissão, de subtransmissão e de distribuição. De um
modo geral, o controle junto à carga é bem mais efetivo, uma vez que
o controle remoto pode não ser suficiente. O controle é feito auto-
maticamente por meio de transformadores com controle de tap, por
compensadores síncronos ou compensadores de reativos estáticos e, Glossário
Derivação existente nas
manualmente, por meio de conexão ou desconexão de bancos de ca-
bobinas de transforma-
pacitores e/ou reatores em derivação. dores utilizados para o
controle da magnitude
Além dos aspectos ligados ao controle de tensão e da carga/freqüência, de tensão.

na operação das redes interligadas, existe o problema de como distri-


buir as cargas entre as diversas usinas do sistema, nas diversas situa-
ções de demanda. À alocação dessa geração dá–se o nome de despa-
cho da geração, de cujo estabelecimento depende muito a operação
racional e eficaz do sistema como um todo.

É interessante que você saiba também que existem sistemas automá-


ticos de supervisão e controle ou de despacho automático. O contro-
le é feito por algoritmos de simulação/decisão em computador com
dados monitorados continuamente sobre o carregamento das linhas
de transmissão, as gerações das diversas usinas e o estado da rede de
transmissão.

33
NR 10 – Curso Complementar

Você se lembra da questão proposta no início da lição, de


identificar as atividades nas quais você trabalha com segu-
rança e aquelas em que os procedimentos podem ser melho-
rados? Agora pense em quais componentes do sistema elétrico
de potência, estudados na Lição 1, ocorrem mais acidentes e anote
as suas conclusões.

Você acabou de estudar a primeira lição deste Módulo, veri-


ficou os aspectos organizacionais, a geração de energia elé-
trica, transmissão, distribuição e os aspectos sobre a operação
de sistemas elétricos. Provavelmente muitos desses temas não são
novidades para você, porém é importante que compreenda a impor-
tância para a sua profissão. Na próxima lição você estudará os riscos
típicos no Sistema Elétrico de Potência e a sua prevenção. Então, bons
estudos!

34
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

LIÇÃO 2

Riscos típicos no SEP e a sua prevenção

Os riscos típicos do SEP – Sistema Elétrico de Potência, são caracteri-


zados por:

1. proximidade e contatos com partes energizadas;

2. indução;

3. descarga atmosférica;

4. eletricidade estática;

5. campo elétrico e magnético;

6. comunicação, identificação e sinalização;

7. trabalho em altura, máquina e equipamentos especiais;

8. ruídos, pressão e animais peçonhentos.

Como profissional da área de instalações elétricas e serviços,


você está exposto a todos os riscos citados anteriormente.
Diante de tais riscos, como você se previne para evitar um
acidente? Estude a seguir cada um desses riscos e procure refle-
tir sobre a sua prática na área elétrica.

1. Proximidade e contato com partes energizadas

Você verificará que este item também abordará a zona de


risco e a zona controlada, bem como o trabalho em proxi-
midade.

35
NR 10 – Curso Complementar

Proteção contra o risco de contato

 Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e


executadas de modo que seja possível prevenir, por meios se-
guros, os perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de
acidentes.

 Saiba que as partes de instalações elétricas a serem operadas,


ajustadas ou examinadas, devem ser dispostas de modo a per-
mitir um espaço suficiente para que você tenha um trabalho se-
guro.

 As partes das instalações elétricas, não cobertas por material iso-


lante, na impossibilidade de se conservarem distâncias que evi-
tem contatos casuais, devem ser isoladas por barreiras que ofere-
çam, de forma segura, resistência a esforços mecânicos usuais.

 Toda instalação ou peça condutora que não faça parte dos circui-
tos elétricos, mas que, eventualmente, possa ficar sob tensão,
deve ser aterrada, desde que esteja em local acessível a contatos.

O aterramento das instalações elétricas deve ser executado


adequadamente de acordo com o item 10.2.8.3 da NR-10.

 As instalações elétricas, quando a natureza do risco exigir e sem-


pre que tecnicamente possível, devem ser providas de proteção
complementar por meio de controle a distância, manual e/ou au-
tomático.

 As instalações elétricas que estejam em contato direto ou indi-


reto com a água e que possam permitir fuga de corrente, devem
ser projetadas e executadas, em especial, quanto à blindagem, ao
isolamento e ao aterramento.

36
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

 Respeitar as distâncias de segurança entre as tensões (fase-fase


e fase-terra), utilização correta dos EPI’s e dos EPC’s (ao contato,
ao potencial e a distância).

 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades,


devendo contemplar a condutibilidade, a inflamabilidade e as in-
fluências eletromagnéticas.

 É vedado o uso de adornos (brincos, correntinhas, entre outros)


pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas pro-
ximidades.

 Os trabalhos que exigem o acesso à zona controlada devem ser


realizados mediante procedimentos específicos respeitando as
distâncias previstas na tabela B.

Você se lembra qual é a diferença entre zona de risco e


zona controlada? Verifique a seguir.

Zona de risco: entorno de parte condutora energizada, não-segre-


gada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas
de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a
profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos
apropriados ao trabalho.
Zona controlada: entorno de parte condutora energizada, não-segre-
gada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de
tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

37
NR 10 – Curso Complementar

Verifique na tabela a seguir a faixa de tensão nominal da instalação


elétrica e a faixa de tensão para as zonas de risco e controlada.
Rc – Raio de delimi-
Faixa de tensão Nomi- Rr – Raio de delimitação
tação entre zonas
nal da instalação elétri- entre zonas de riscos e
controlada e livre,
ca em KV controlada, em metros
em metros
<1 0,20 0,70
≥ 1 e <3 0,22 1,22
≥ 3 e <6 0,25 1,25
≥ 6 e 10 0,35 1,35
≥10 e <15 0,38 1,38
≥15 e <20 0,40 1,40
≥20 e <30 0,56 1,56
≥30 e 36 0,58 1,58
≥36 e <45 0,63 1,63
≥45 e <60 0,83 1,83
≥60 e <70 0,90 1,90
≥70 e <110 1,00 2,00
≥110 e<132 1,10 3,10
≥132 e <150 1,20 3,20
≥150 e <220 1,60 3,60
≥220 e <275 1,80 3,80
≥275 e <380 2,50 4,50
≥380 e <480 3,20 5,20
≥480 e <700 5,20 7,20

Tabela B – Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre

Verifique nas figuras a seguir as distâncias no ar que delimitam radial-


mente as zonas de risco, controlada e livre.

38
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Figura 1 – Distâncias no ar que deli- Figura 2 – Distâncias no ar que deli-


mitam radialmente as zonas de risco, mitam radialmente as zonas de risco,
controlada e livre controlada e livre, com interposição de
superfície de separação física adequada

ZL = Zona livre.
ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.
ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção
de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.
PE = Ponto da instalação energizado.
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de
todos dispositivos de segurança.

Caso você esteja em perigo, os serviços em instalações


energizadas, ou em suas proximidades, devem ser suspen-
sos de imediato.

Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas, ou para a


entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos,
devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com
circuitos desenergizados e seus respectivos procedimentos de trabalho.

Além disso, o responsável pela execução do serviço deve suspender as


atividades quando verificar a situação ou condição de risco não previs-
ta, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível.

39
NR 10 – Curso Complementar

Trabalho em proximidade

Para concluir este item, o trabalho em proximidade com partes energi-


zadas é definido por:

Trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada,


ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condu-
toras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que
este esteja manipulando.

2. Indução eletromagnética

Outro risco típico que você pode estar submetido é o pro-


duzido por indução. Mas você sabe como esse risco é pro-
duzido?

A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo ele-


tromagnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condu-
tores próximos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica
em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a outro
circuito energizado.

Por isso é fundamental que você, além de desligar o cir-


cuito no qual vai trabalhar, confira, com equipamentos
apropriados (voltímetros ou detectores de tensão), se o
circuito está efetivamente sem tensão

Saiba que nos trabalhos com linhas transversais e/ou para-


lelas deve-se utilizar o sistema de aterramento temporário,
tantos quantos necessários.

O aterramento temporário é um equipamento de proteção


coletiva, destinado a promover a equipotencialização para proteção
pessoal, contra a energização indevida do circuito em intervenção.

40
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

3. Descargas atmosféricas

Ao longo dos anos, várias teorias foram desenvolvidas para


explicar o fenômeno dos raios. Atualmente, tem-se que a
fricção entre as partículas de água e gelo, que formam as
nuvens, provocada pelos ventos ascendentes, de forte in-
tensidade, dão origem a uma grande quantidade de cargas
elétricas.

As descargas atmosféricas são um dos maiores causadores


de acidentes em sistemas elétricos causando prejuízos, tanto
materiais quanto para a segurança pessoal. Com o crescente
aumento dessas descargas, tornou-se necessário a avaliação do risco de
exposição a que estão submetidos os edifícios, sendo este um meio efi-
caz de verificar a necessidade de instalação de pára-raios. Os pára-raios
captam os raios e direcionam os mesmo para o sistema de aterramento.

Os sistemas de aterramento têm como primeiro objetivo a segurança


pessoal. Devem ser projetados para atender os critérios de segurança
tanto em alta freqüência, descargas atmosféricas e telefonia quanto em
baixas freqüências, como curtos-circuitos em motores trifásicos. Para
que o aterramento seja eficaz, é necessário que seja um sistema estável,
ou seja, que apresente uma invariabilidade nos valores da resistência
de terra. Deve-se levar em consideração, também, a viabilização do
projeto, objetivando o ponto ótimo no que se diz respeito à configura-
ção do sistema e ao resultado desejado.

Costuma-se adotar o valor da resistência de terra em torno de 10 Ω,


mas na prática este valor pode ser bem variável. Adotando-se o aterra-
mento com equipotencialização, por exemplo, o objetivo final é man-
ter todo o sistema a um mesmo potencial. Deste trabalho, conclui-se a
importância do conhecimento de projetos para os sistemas de aterra-
mento e pára-raios de maneira minuciosa ressaltando suas caracterís-
ticas peculiares.

41
NR 10 – Curso Complementar

Como sendo um fenômeno da natureza, podemos apenas amenizar os


efeitos utilizando métodos seguros de pára-raios e aterramento evi-
tando trabalho com o tempo carregado (chuvoso).

Você já trabalhou num dia de chuva com descargas atmosféri-


cas? Você acha que é possível adotar procedimentos para reali-
zar uma operação numa situação dessas? Reflita sobre isso..

4. Eletricidade estática

Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular ele-


tricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de
descarga elétrica.

A eletricidade estática é uma carga elétrica em repouso. Ela é gerada


principalmente por um desbalanceamento de elétrons localizados sob
uma superfície ou no ar do ambiente.

O desbalanceamento de elétrons (em todos os casos, gerado pela falta


ou pelo excesso de elétrons) gera um campo elétrico capaz de influen-
ciar outros objetos que se encontram a uma determinada distância. O
nível de carga é afetado pelo tipo de material, pela velocidade de con-
tato e pela separação dos corpos, da umidade e de diversos fatores.

Você já recebeu um choque ao se encostar em um objeto


metálico quando este se encontra num ambiente acarpetado
ou num dia seco? Saberia dizer o motivo desse choque? E o
que é um choque?

5. Campos elétrico e magnético

A seguir você estudará por que os campos elétrico e magnético podem


apresentar riscos para o trabalhador e como podemos adotar as medi-
das de prevenção e controle mais adequadas.

42
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Campo magnético

Você, como profissional da área de serviços de eletricidade, percebeu


que a maioria dos equipamentos têm um certo grau de sensibilidade à
perturbação de origem eletromagnética. Um simples raio que caia perto
de uma instalação que tenha muitos sensores, transdutores associados a
sinal e comandos pode causar um mau funcionamento, ou seja, não sig-
nifica que esse equipamento será danificado, mas será levado a ele uma
informação que será codificada, não como um raio que caiu, mas como
uma informação que o equipamento tomará e que vai ser errada.

Isso é uma perturbação de origem eletromagnética,


porque o raio cria um campo eletromagnético que
vai provocar o mau funcionamento dos comandos do
controle de operação.

Os sistemas de controle destinados à segurança de-


vem estar protegidos contra esse fenômeno classi-
ficado como compatibilidade eletromagnética e os
equipamentos devem estar imunes a esse tipo de in-
terferência.

Deve haver uma preocupação em imunizar o equipa-


mento para evitar o mau funcionamento contra o fe-
nômeno de perturbação e, ao mesmo tempo, evitar que o equipamento
produza ruídos de natureza de campo eletromagnético que perturbe tanto
o seu funcionamento quanto o de outros.

Para isso que existe o estudo de um bom aterramento, da escolha ade-


quada do tipo de aterramento para evitar correntes comuns, ou seja,
assegurar, ao usuário da instalação, uma certa segurança para o equipa-
mento instalado e evitar certos tipos de sobretensão que são provocados
por falhas na rede elétrica, como um curto–circuito, por exemplo.

Mais uma finalidade do aterramento é a de promover uma referência


de potenciais para a boa operação dos sistemas elétricos, em especial
quando há partes isoladas eletricamente, como um transformador.

43
NR 10 – Curso Complementar

No seu trabalho e nas atividades referidas devem ser ado-


tadas medidas preventivas destinadas ao controle dos ris-
cos adicionais, especialmente quanto à altura, ao confina-
mento, aos campos elétricos e magnéticos, à explosividade, à
umidade, à poeira, à fauna e flora e a outros agravantes, adotando-se
a sinalização de segurança.

Corrente elétrica gera campo magnético

Existe grande controvérsia a respeito dos efeitos dos campos eletro-


magnéticos no ser humano. Não existe fundamentação científica em
muitos trabalhos divulgados, porém algumas observações são feitas a
seguir:

 muitos trabalhos sobre o tema apresentam problemas metodoló-


gicos e muitos se baseiam em exposição anterior, que é de difícil
mensuração ou comprovação;

 a legislação brasileira não determina os limites de tolerância para


exposição ocupacional aos campos eletromagnéticos.

Do ponto de vista médico, não existe nenhum exame que


possa ser formalmente realizado como indicador de efeito
ou de exposição a campos eletromagnéticos.

 na Europa prevalece, em relação aos campos eletromagnéticos,


o Princípio da Precaução, proposto na Conferência RIO-92: “O
Princípio da Precaução é a garantia contra os riscos potenciais
que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem
ser ainda identificados. Este Princípio afirma que na ausência da
certeza científica formal, a existência de um risco de um dano
sério ou irreversível requer a implementação de medidas que
possam prever este dano”.

44
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Um alerta ressaltado pela ACGIH – American Conference


of Governamental Industrial Hygienists (Conferência Ame-
ricana de Higienistas Industriais Governamentais) – cita que
o limite de tolerância pode não proteger trabalhadores com
marca-passos cardíacos contra as interferências eletromagnéticas no
funcionamento do equipamento.

6. Comunicação, identificação e sinalização

É importante ressaltar que a comunicação e identificação são partes


importantes do controle do risco, como padronização dos procedi-
mentos de transmissão e operação, criando uma linguagem simples,
fazendo uma nomenclatura e utilizando métodos seguros (cartões de
segurança, painéis de controle e padronizações das cores) e utilização
de cones, cercas e fitas.

7.Trabalho em alturas, em máquinas e em equipamentos


especiais

Todo funcionário exposto a risco de queda deverá trabalhar protegido


por corrimões, guarda-corpos, cintos de segurança, trava-quedas ou
quaisquer outros equipamentos de proteção contra quedas. Também
é importante que você conheça todas as máquinas e os equipamentos
nos locais onde são realizados serviços com eletricidade, pois muitas
vezes é necessário o controle de outras energias e dispositivos além da
energia elétrica.

Para o trabalho em altura são requeridas padronizações do cinturão


tipo pára-quedista, com talabarte de segurança de acordo com a altura
e estrutura a serem utilizadas (cintos abdominais, talabarte e trava-
quedas) e padronizações de suas máquinas e equipamentos com o seu
manual de procedimentos para a utilização adequada (como limite de
abertura, carga instalada e condições de uso).

45
NR 10 – Curso Complementar

Você sabe quais são os cuidados que devem ser tomados


para evitar acidentes de trabalho com máquinas e equipa-
mentos especiais?

As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos


de partida e parada e outros que se fizerem necessários para a preven-
ção de acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de aciona-
mento acidental, para isso estes devem ser localizados de modo que:

a. seja acionado ou desligado pelo operador na sua posição de tra-


balho;

b. não se localize na zona perigosa de máquina ou do equipamento;

c. possa ser acionado ou desligado em caso de emergência, por ou-


tra pessoa que não seja o operador;

d. não possa ser acionado ou desligado, involuntariamente, pelo


operador ou de qualquer outra forma acidental;

e. não acarrete riscos adicionais.

Os pisos dos locais de trabalho onde se instalam as máquinas e os


equipamentos devem ser vistoriados e limpos sempre que apresenta-
rem riscos provenientes de graxas, óleos e outras substâncias que os
tornem escorregadios.

As áreas de circulação e os espaços em torno de máquinas e equipa-


mentos devem ser dimensionados de forma que o material, os tra-
balhadores e os transportadores mecanizados possam se movimentar
com segurança.

As máquinas e os equipamentos de grandes dimensões devem ter es-


cadas e passadiços que permitam acesso fácil e seguro aos locais em
que seja necessária a execução de tarefas.

46
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

As máquinas e os equipamentos que utilizarem energia elétrica, for-


necida por fonte externa, devem possuir chave geral, em local de fácil
acesso e acondicionada em caixa que evite o seu acionamento aciden-
tal e que proteja as suas partes energizadas. Você não pode esquecer
que as máquinas e os equipamentos que utilizarem ou gerarem ener-
gia elétrica devem ser aterrados eletricamente.

Regras gerais

Verifique a seguir algumas regras essenciais para evitar


itar
acidentes de trabalho em sua empresa.

1. O local deverá ser sinalizado por meio de placas


indicativas e ser feito um isolamento para pre-
venir acidentes com transeuntes ou com pesso-
as que estejam trabalhando embaixo. Ex.: Cui-
dado - Homens trabalhando acima desta área!

2. É obrigatório o uso do cinto de segurança para


trabalhos em altura superior a 2 metros.

3. O transporte do material, para cima ou para baixo,


deverá ser feito preferencialmente com a utilização de cordas em
cestos especiais ou de forma mais adequada.

4. Materiais e ferramentas não podem ser deixados desordenada-


mente nos locais de trabalho sobre andaimes, plataformas ou
qualquer estrutura elevada, dessa forma, evita-se acidentes com
pessoas que estejam trabalhando ou transitando sob as mes-
mas.

5. As ferramentas não podem ser transportadas em bolsos, mas


pode-se utilizar sacolas especiais ou cintos apropriados.

6. Recomenda-se que todo trabalho em altura seja previamente au-


torizado pelo SESMT da empresa contratante.

47
NR 10 – Curso Complementar

Recomendações para trabalho em altura

Caso você esteja trabalhando em alturas, verifique


a seguir os cuidados que você deverá ter para evitar
acidentes.

 Analisar atentamente o local de trabalho, antes de


iniciar o serviço.

 Sob forte ameaça de chuva ou ventos fortes, sus-


pender imediatamente o serviço.

 Nunca andar diretamente sobre materiais frágeis (telhas, ripas


estuques), instalar uma prancha móvel.

 Usar cinto de segurança ancorado em local adequado.

 Não amontoar ou guardar coisa alguma sobre o telhado.

 É proibido arremessar material para o solo, deve ser utilizado


equipamento adequado (cordas ou cestas especiais). Caso não
seja possível, a área destinada para jogar o material deve ser cer-
cada, sinalizada e com a devida autorização do SESMT da em-
presa contratante.

 Usar equipamento adequado (cordas ou cestas especiais) para


erguer materiais e ferramentas.

 Instalações elétricas provisórias devem ser realizadas exclusiva-


mente por eletricistas autorizados.

 Imobilizar a escada ou providenciar para que alguém se posicio-


ne na base para calçá-la.

 Ao descer ou subir escadas, fazer com calma e devagar.

 Não improvisar.

48
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Medidas de controle de riscos elétricos

Verifique a seguir as medidas de controle que você deverá adotar para


evitar acidentes elétricos em sua empresa.

 Desenergização.

 Aterramento funcional (TN/TT/IT ) de proteção temporário.

 Equipotencialização.

 Seccionamento automático da alimentação.

 Dispositivo de corrente de fuga.

 Extra baixa–tensão.

 Barreiras e invólucros.

 Bloqueios e impedimentos.

 Obstáculos e anteparos.

 Isolamento das partes vivas.

 Isolações duplas ou reforçadas.

 Colocação fora do alcance.

 Separação elétrica.

49
NR 10 – Curso Complementar

Agora que você já conhece os riscos típicos do SEP, obser-


ve as figuras a seguir, que representam trabalhos que ne-
cessitam de escalada em estruturas com linhas energizadas.
Reflita sobre os riscos que o trabalhador encontrará nessas
situações. Será que é possível realizar essas operações sem conhecer
os procedimentos de segurança? Descreva os principais riscos que
devem ser controlados. Anote as suas conclusões a seguir.

O que você achou desta lição? Foi importante identificar


os principais riscos do sistema elétrico de potência? Você
teve alguma dificuldade para identificar os riscos e de como
se proteger de possíveis acidentes? A seguir você estudará as
técnicas de análise de riscos no SEP. Bons estudos!

50
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

LIÇÃO 3

Técnicas de análise de risco no SEP

Os acidentes são provocados por uma sequência concatenada de even-


tos, porém o potencial de acidentes industriais causados pelo homem
tem crescido com o desenvolvimento tecnológico.

O manuseio de materiais perigosos em quantidades acima de valor


limite, específico para cada tipo de substância, exige o estabelecimento
de um programa de gerenciamento de riscos a fim de garantir padrões
mínimos de segurança, tanto para os empregados de uma empresa
como para o público externo e o meio ambiente.

Antes de prosseguirmos, é importante lembrar que enquanto o perigo


está associado com a fonte com potencial de causar acidentes, o risco
está associado à probabilidade e consequências.

É importante que você saiba que todos os envolvidos nos


serviços em eletricidade são responsáveis pela prevenção
de acidentes. Portanto é fundamental que os profissionais
que compõem as equipes de trabalho, apliquem as técnicas de
análise de riscos, com o objetivo de reduzir as probabilidades de aci-
dentes, em todas as etapas das intervenções realizadas no sistema
elétrico de potência.

3.1 Objetivo

Você sabe quais são os objetivos das técnicas de análise


de riscos do SEP?

51
NR 10 – Curso Complementar

O objetivo é informar e capacitar os participantes para a identificação


de perigos e implementação de medidas de prevenção, e controle em
cumprimento à NR 10 da portaria 3214/78, item 10.2.1.

3.2 Gerenciamento de riscos

É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e


administrativos que têm o objetivo de analisar os riscos existentes no
SEP, e propor medidas de controle objetivando mantê-lo operando
dentro dos requerimentos de segurança considerados toleráveis.

Para gerenciar riscos é necessário, em primeiro lugar, uma mudança no


conceito de segurança industrial, tanto no aspecto da prevenção como
no aspecto da ação.

A segurança, no seu conceito inicial, visa à prevenção como “minimi-


zação de acidentes com lesão pessoal e perda de tempo”. A ênfase nas
taxas de acidentes, que causam afastamento de trabalhadores, eram
vistas como metas em diversas empresas. Com isto alguns acidentes,
com alto potencial de perdas, deixaram de ser estudados, pois não che-
garam a causar acidentes pessoais com afastamento.
No caso da ação, a mudança está na forma de atuação gerencial. No
conceito inicial, o responsável pela segurança de uma indústria era
centralizado em um órgão que tinha a função de prevenir e de minimi-
zar os acidentes na empresa. É óbvio que por mais competentes que
fossem esses profissionais, não poderiam estar em todos os lugares o
tempo todo fazendo prevenção. Quem deve fazer a prevenção dos aci-
dentes é o gerente e a sua equipe de profissionais que conhecem os
procedimentos operacionais, de manutenção, de inspeção, etc., ou seja,
a responsabilidade pela segurança deve ser de todos os envolvidos nas

52
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

atividades desde o gerenciamento a operação, recebendo dos profis-


sionais de segurança o apoio em termos de assessoria e de consultoria
para assuntos específicos de segurança industrial.

Para gerenciar os riscos a que o trabalhador possa estar ex-


posto é necessário conhecê-los, analisá-los, tomar as ações
para reduzi-los e controlá-los.

3.3 Análise de riscos

A análise de riscos procura identificar antecipadamente os perigos nas


instalações, nos processos, nos produtos e nos serviços, e analisar os
riscos associados ao homem, ao meio ambiente e à propriedade, pro-
pondo medidas para o seu controle.

As principais metodologias técnicas utilizadas no desenvolvimento de


“análise de risco” são: Análise Preliminar de Risco - APR; Análise de
Modos de Falhas e Efeitos - FMEA; Hazard and Operability Studies -
HAZOP; Análise de Risco de Tarefa - ART; Análise Preliminar de Peri-
go - APP; dentre outras.

Você sabe quais são os principais passos para a avaliação dos riscos?
Verifique a seguir os três passos principais:

 identificar e avaliar o perigo;

 estimar a probabilidade e gravidade do dano;

 analisar o risco;

 decidir se o risco é tolerável;

 controlar o risco (com medidads de controle).

53
NR 10 – Curso Complementar

Em outras palavras, avaliar riscos é responder a três perguntas.


Confira.
1. A quais perigos o trabalhador está exposto ?
2. Qual a probabilidade de ocorrer um acidente?
3. Quais medidas devem ser adotadas para que os acidentes não
ocorram?

A seguir, veremos exemplos de identificação em usinas, subestações,


linhas de transmissão e distribuição, seus efeitos e as medidas de con-
trole necessárias para garantir a segurança nas intervenções.

GERAÇÃO (USINAS HIDRELÉTRICAS)


Perigos Efeitos Medidas preventivas
Pisos escorregadios, irregulares ou
Queda com possibilidade de lesões - Observar a condição do piso.
com desníveis; descidas ou subidas de
leves ou graves. - Utilizar corrimão.
escadas.
- Acompanhamento no processo de
Água nos equipamentos decorrente
Curto–circuito lavagem e correção imediata das go-
de lavagem ou de goteiras.
teiras ou colocação de anteparos.

Parte baixa dos equipamentos e cons- Pancada na cabeça com lesões leves - Utilizar capacete.
truções apresentando baixa altura. ou graves - Caminhar pelas trilhas definidas.
Aberturas expostas devido à retirada Queda com possibilidade de lesões
- Observar a condição do piso.
de tampas/grades. leves ou graves.
- Utilizar capacete.
- Olhar para cima com o fim de ob-
servar se existem componentes sus-
Desprendimento de materiais ou de Pancada na cabeça com lesões leves
pensos ou em fase de montagem.
objetos. ou graves.
- Não permanecer e, mesmo, evitar
passar debaixo de pontes rolantes
com material em suspensão.

- Caminhar pelas trilhas definidas.


Explosão ou incêndio (reservatórios
Queimaduras, lesões leves ou graves. - Não produzir chamas.
de ar e tanques com combustível).
- Alerta para alarmes.

Proximidade das bordas do reserva-


Queda no reservatório com possibili- - Manter distância das bordas do
tório na região da tomada d’água ou
dade de afogamento lago.
do vertedor.

54
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

GERAÇÃO (USINAS HIDRELÉTRICAS)

- Usar EPI’s (capacete e botina de se-


gurança).
Choque elétrico com queimaduras, - Não se aproximar dos pontos
Pontos/partes energizadas. contração muscular/fibrilação ventri- energizados e não tocar em painéis,
cular. cubículos, barramentos blindados e
cabos.
- Caminhar pelas trilhas definidas.

Desconforto, mal–estar, sobressalto,


correria e queda devido ao grande
Disjuntores de grupo. - Manter a calma.
estampido quando os disjuntores são
manobrados.

Manobras indevidas de equipamentos,


Desligamentos, problemas operacio-
acionamento de dispositivos elétrico, - Não acionar qualquer comando.
nais e disparo de CO2.
mecânico e válvulas.

Equipamentos girantes/correias de - Evitar a aproximação do equipamen-


Lesões leves ou graves
transmissão to e obedecer à sinalização.

SUBESTAÇÃO

Perigos Efeitos Medidas preventivas

- Não se aproximar de pontos/partes energizadas.


Choque elétrico com
Pontos/partes energiza- queimaduras, contração - Não tocar em equipamentos, cubículos e estruturas.
das. muscular/fibrilação ventri- - Usar botas.
cular.
- Aguardar 10 minutos para descarga dos capacitores.

Desconforto, mal–estar,
sobressalto, correria e
queda devido ao gran-
de estampido quando os
Disjuntores e chaves
disjuntores são manobra- - Manter a calma.
seccionadoras.
dos, assim como na ocor-
rência de arco elétrico,
quando da manobra de
chaves seccionadoras.

55
NR 10 – Curso Complementar

SUBESTAÇÃO

- Observar as caixas de ar–condicionado das edificações.


- Evitar se abaixar para observar a parte inferior dos equipa-
Parte baixa dos equipa- mentos de grande porte.
Pancada na cabeça com le-
mentos e construções - Olhar para cima com o fim de observar se existem compo-
sões leves ou graves.
com baixa altura. nentes suspensos ou em fase de montagem.
- Não permanecer e, mesmo, evitar passar debaixo de carga
suspensa.

- Não se aproximar de equipamentos rotativos, principalmen-


Equipamentos girantes/
Lesões leves ou graves. te dos ventiladores, mesmo se estiverem parados, pois podem
correias de transmissão.
voltar a girar a qualquer momento.

- Caminhar em lugares abertos.


Envenenamento, necrose e
Animais peçonhentos. - Evitar os locais onde os animais podem se abrigar (pedras,
sintomas diversos.
matas, entulhos).

Manobras indevidas de
Desligamentos e proble-
equipamentos, dispositi- - Não acionar qualquer comando.
mas operacionais.
vos elétricos e válvulas.

Barramentos e cone-
xões de equipamentos Induções elevadas e arco - Manter distância de segurança; não levantar os braços, esca-
apresentando baixa al- elétrico. das e nem qualquer outro objeto.
tura.

Falha de equipamentos
Lesões leves ou graves. - Manter distância dos equipamentos em manobra.
em manobra.

Pancada na cabeça com le-


Queda de parafusos. - Utilizar capacete.
sões leves ou graves.

56
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

SUBESTAÇÃO

Bases sem equipamen- - Observar a base, mantendo distância dos chumbadores exis-
Lesões leves ou graves.
tos. tentes e eventual sobra de material.

Tampas de canaletas
Queda com possibilidade - Não andar sobre as tampas das canaletas devido à possibili-
quebradas ou enfraque-
de lesões leves ou graves. dade de quebra.
cidas.

- Evitar toque entre pessoas


Induções e cargas ele-
Lesões leves ou graves. - Não devem ter acesso às instalações, os portadores de apa-
trostáticas.
relhos eletrônicos, a exemplo de marca–passos.

Vazamento de hidrogê- - Observar a distância.


Lesões leves ou graves.
nio nos CS. - Não produzir chamas.

- Utilizar óculos com proteção UV.


Raio ultravioleta (UV). Catarata, câncer de pele.
- Utilizar protetor solar.

LINHAS
Perigos Efeitos Medidas Preventivas
– Não tocar nas estruturas e nem fa-
zer o seu escalamento.
Choque elétrico com queimaduras,
Pontos/partes energizadas. contração muscular/fibrilação ventri- – Não levantar peças metálicas de
cular. grande dimensão debaixo de linhas.
– Usar bota.
– Não se aproximar das estruturas
Lesões leves ou graves quando da
Mais de três isoladores quebrados com a cadeia danificada, principal-
ocorrência de descarga para a estru-
numa cadeia. mente sob chuva, ou mesmo quando
tura.
o tempo estiver nublado.
– Usar botas de cano médio.
Animais peçonhentos. Envenenamento. – Permanecer alerta para o perigo na
existência de vegetação.
Desnível acentuado da estrada de Queda com possibilidade de lesões – Observar a existência de grandes
acesso. leves ou graves. buracos no acesso.
Ferimentos com lesões leves ou gra- – Manter entendimento com o dono
Entrada em propriedades privadas
ves. da propriedade.

57
NR 10 – Curso Complementar

LINHAS
– Não ficar debaixo de árvores e nem
nas suas proximidades.
Descarga atmosférica. Lesões graves.
- Permanecer debaixo da linha ou
deitado no solo.
- Não tocar nas cercas.
Indução nas cercas. Choque elétrico.
- Verificar o aterramento.
Poda de árvores com tombamento Lesões leves ou graves quando da - Solicitar instrução a profissional es-
no sentido das linhas. ocorrência de arcos elétricos. pecializado.
Escavação nas proximidades das es- Lesões leves ou graves em decorrên-
- Solicitar instrução a profissional es-
truturas com danos ao fio contrape- cia da possibilidade de choque elétri-
pecializado.
so. co.
Pancada na cabeça com lesões leves - Utilizar capacete nos trabalhos na
Parte inferior das estruturas.
ou graves. região das estruturas.
Arcos elétricos com desligamento da - Não fazer fogueira na faixa e nem
Queimadas.
linha fumar na presença de vegetação seca.
- Manter uma distância de segurança
Choque elétrico podendo provocar na utilização de máquinas e de cami-
Aproximação de cabos energizados.
lesões leves ou graves nhões (caçambas/munks) e na cons-
trução de empancaduras.
- Utilizar óculos com proteção UV.
Raio ultravioleta (UV). Catarata, câncer de pele.
- Utilizar protetor solar.

GERAÇÃO (USINA TERMOÉLETRICA)


Perigos Efeitos Medidas preventivas
Piso escorregadio, irregular ou com Queda com possibilidade de lesões - Observar o piso.
desnível; descida ou subida de escada. leves ou graves.
- Utilizar corrimão.
Parte baixa dos equipamentos e cons- Pancada na cabeça com lesões leves - Utilizar capacete.
truções apresentando baixa altura. ou graves.
- Caminhar pelas trilhas definidas.
Aberturas expostas devido à retirada Queda com possibilidade de lesões - Observar a condição do piso.
de tampas/grades. leves ou graves.
Desprendimento de materiais ou ob- Pancada na cabeça com lesões leves - Utilizar capacete.
jetos. ou graves.
- Olhar para cima com a finalidade de
observar se existem componentes
suspensos ou em fase de montagem.
- Não permanecer e mesmo evitar
passar debaixo de pontes rolantes
com material em suspensão.
Explosão ou incêndio no interior da Queimaduras, lesões leves ou graves. - Caminhar pelas trilhas definidas.
casa de força e planta de óleo com-
- Não produzir chamas.
bustível.
- Confirmar aterramento do cami-
nhão tanque.
Planta de óleo. Inalação do vapor de óleo com possi- - Afastamento do local quando o pro-
bilidade de intoxicação. blema for detectado.

58
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

GERAÇÃO (USINA TERMOÉLETRICA)


Ruído no interior da casa de força. Perda auditiva - Utilizar protetor auricular.
Pontos/partes energizadas. Choque elétrico com queimaduras, - Usar EPI’s (capacete e botina de se-
contração muscular/fibrilação ventri- gurança)
cular.
- Não se aproximar dos pontos
energizados e não tocar em painéis,
cubículos, barramentos blindados e
cabos.
- Caminhar pelas trilhas definidas.
Disjuntores de grupo. Desconforto, mal–estar, sobressalto, - Manter a calma.
correria e queda devido ao grande
estampido quando os disjuntores são
manobrados.
Manobras indevidas de equipamentos, Desligamentos, problemas operacio- - Não acionar qualquer comando.
acionamento de dispositivo elétrico/ nais e disparo de CO2.
mecânico e válvulas.
Equipamentos girantes/correias de Lesões leves ou graves. - Evitar aproximação do equipamento
transmissão. e obedecer à sinalização.

DISTRIBUIÇÃO
Perigos Efeitos Medidas Preventivas
Pontos / partes energizadas Choque elétrico com queimaduras, - Não tocar nas estruturas e nem fa-
contração muscular / fibrilação ven- zer o seu escalamento
tricular.
- Não levantar peças metálicas de
grande dimensão debaixo de linhas.
- Usar bota.
Acidente de trânsito Lesões leves ou graves - Direção defensiva;
- Sinalização da área de localização de
muncks e outros veículos;
- Sinalização adequada da área de tra-
balho.
Animais peçonhentos Envenenamento - Usar botas de cano médio
- Permanecer alerta para o perigo na
existência de vegetação.
Desnível acentuado da estrada de Queda com possibilidade de lesões - Observar a existência de grandes
acesso. leves ou graves buracos no acesso.
Descarga atmosférica Lesões graves - Não ficar debaixo de árvores e nem
nas suas proximidades
- Permanecer debaixo da linha ou
deitado no solo.
Poda de árvores com tombamento Lesões leves ou graves quando da - Solicitar instrução à profissional es-
no sentido das linhas de distribuição ocorrência de arcos elétricos. pecializado.
Parte inferior das estruturas. Pancada na cabeça com lesões leves - Utilizar capacete nos trabalhos na
ou graves região das estruturas.
Aproximação de cabos energizados. Choque elétrico podendo provocar - Manter a distância de segurança na
lesões leves ou graves utilização de máquinas, caminhões
(caçambas / munks) e const. de em-
pancaduras.

59
NR 10 – Curso Complementar

Agora é com você! Analise as tabelas anteriores e verifique


quais são os perigos a que você não está exposto durante a
realização de suas atividades. Pense se você tem a capacidade
de se prevenir naquelas situações com as quais não se depara a
todo o momento. Na sua opinião, quais são as técnicas que você deve
aprender para gerenciar os riscos nos locais onde não tem familiari-
dade. Anote suas conclusões a seguir.

Agora que você já sabe a importância das técnicas para aná-


lise de riscos, verifique na próxima lição as condições que
impedem a execução de serviços elétricos. Atenção para os
principais elementos e como você pode solucioná-los no seu
trabalho. Então, vamos lá!

LIÇÃO 4

Condições impeditivas para execução de serviços

A nova NR-10, visando a garantir uma maior proteção aos trabalhado-


res que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e
serviços com eletricidade, estabeleceu diversos procedimentos a serem
seguidos durante a realização dessas atividades.

60
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Você estudará, nesta lição, cinco aspectos principais que


contribuem significativamente para garantir a segurança e
a saúde dos trabalhadores, esses aspectos são: as principais
condições impeditivas; instalações elétricas desenergizadas e
energizadas; trabalhos envolvendo alta-tensão; proteção contra in-
cêndio e explosão; e sinalização de segurança. Para iniciar este estudo,
você sabe quais são as principais condições impeditivas?

4.1 As principais condições impeditivas

A ausência ou a deficiência de qualquer uma das condições a seguir


impede o início ou o prosseguimento de serviços realizados em insta-
lações elétricas do SEP. Vale ressaltar que essas condições são as prin-
cipais, pois na análise de riscos do serviço podemos constatar outras
situações que possam impedir a execução da atividade. São elas:

 as intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou su-


perior a 50 volts em corrente alternada ou superior a 120 volts
em corrente contínua somente podem ser realizadas por traba-
lhadores que atendam o que estabelece o item 10.8 da NR-10
(habilitação, qualificação, capacitação e autorização);
 os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem
como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência – SEP,
não podem ser realizados individualmente;
 todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem
como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser re-
alizado mediante ordem de serviço específica para data e local,
assinada por superior responsável pela área;
 todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT,
bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP, devem dis-
por de equipamento que permita a comunicação permanente
com os demais membros da equipe ou com o centro de operação
durante a realização do serviço;
 falta ou deficiência de EPCs e ou de EPIs.

61
NR 10 – Curso Complementar

É importante que você saiba que outros aspectos também devem ser
considerados. Veja a seguir.

Condições ambientais

São elas:

 condições climáticas - depende das características da atividade;

 serviço em linha viva - só poderá ser realizado durante o dia e em


condição climática favorável.

Nenhum serviço deve ser iniciado se houver condições que compro-


metam a integridade física da equipe.

Condições pessoais

Antes do início das atividades todos os trabalhadores deverão fazer


uma avaliação das condições físicas e mentais da equipe.

4.2 Instalações elétricas desenergizadas e energizadas

Quando da realização de serviços em instalações elétricas desenergi-


zadas, a NR-10 irá lhe informar que somente será considerada dese-
nergizada a instalação elétrica se os procedimentos apropriados forem
obedecidos, conforme a seqüência abaixo:

a. seccionamento;

b. impedimento de reenergização;

c. constatação da ausência de tensão;

d. instalação de aterramento temporário com equipotencialização


dos condutores dos circuitos;

e. proteção dos elementos energizados existentes na zona contro-


lada;

f. instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

62
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Só depois de constatar que a instalação está realmente dese-


nergizada é que deve-se efetuar a liberação dos trabalhos.

Quando houver a necessidade de reenergização, esta deve ser autori-


zada a partir dos seguintes passos:

a. retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;

b. retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envol-


vidos no processo de reenergização;

c. remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e


das proteções adicionais;

d. remoção da sinalização de impedimento de reenergização; e

e. destravamento, se houver, e religamento dos dispositivos de sec-


cionamento.
As medidas constantes, nesses passos, podem ser alteradas, substituí-
das, ampliadas ou eliminadas em função das peculiaridades de cada si-
tuação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante
justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido
o mesmo nível de segurança originalmente preconizado.

4.3 Trabalhos envolvendo alta–tensão (AT) Zonas controladas


Essas zonas estão
descritas no Anexo
Realização de serviços em que os trabalhadores que intervenham em II da NR 10. Em caso
instalações elétricas energizadas com alta–tensão (acima de 1000V) de dúvida, entre na
Biblioteca do Ambiente
deverão exercer as suas atividades dentro dos limites estabelecidos Virtual de Aprendizagem
e verifique tal anexo.
como zonas controladas e de risco.

Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o super-


visor imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, de-
vem realizar uma avaliação prévia. Também deverão fazer o estudo e o
planejamento das atividades e ações a serem desenvolvidas de forma
a atender os princípios técnicos básicos de execução de trabalhos se-
guros envolvendo risco elétrico.

63
NR 10 – Curso Complementar

Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente po-


dem ser realizados quando houver procedimentos específicos, deta-
lhados e assinados por profissional autorizado.

A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT, dentro dos


limites estabelecidos como zona de risco, somente pode ser realizada
mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos con-
juntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou
equipamento.

Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados


com identificação da condição de desativação, conforme procedimento
de trabalho específico padronizado.

Os equipamentos, as ferramentas e os dispositivos isolantes ou equi-


pados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta-tensão,
devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório pe-
riódicos, obedecendo-se às especificações do fabricante, aos procedi-
mentos da empresa e na ausência destes, anualmente.

4.4 Proteção contra incêndio e explosão

As áreas onde houver instalações ou equipamentos


A
elétricos devem ser dotadas de proteção contra incên-
dio e explosão.

Os materiais, as peças, os dispositivos, os equipamen-


tos e os sistemas destinados à aplicação em instalações
elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente
explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformi-
dade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular ele-


tricidade estática devem dispor de proteção específica e de dispositivos
de descarga elétrica.

64
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco


acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos Áreas Classificadas
Local com potenciali-
de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir dade de ocorrência de
sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou atmosfera explosiva.

outras condições anormais de operação.

O que você achou desta lição? Foi importante perceber e


verificar as condições impeditivas para a execução de ser-
viços? Provavelmente você já enfrentou situações nas quais
foi necessário suspender os serviços por falta de segurança.
Descreva a seguir situações em que você ou os seus colegas precisa-
ram parar uma atividade devido a uma condição impeditiva. Anote as
suas conclusões a seguir.

Muitas dessas condições impeditivas não eram novidades


para você, porém é importante aprofundar tais assuntos
para que ninguém corra riscos durante os trabalhos com
eletricidade. Na lição seguinte procure verificar a importância
da implementação dos procedimentos de trabalho.Vamos lá!

65
NR 10 – Curso Complementar

LIÇÃO 5

Procedimentos de trabalho; análise e discussão

Esta lição inicia com um exemplo de como efetuar uma aná-


lise em um procedimento de trabalho da empresa. Verifique
a seguir:

5.1 Procedimento de trabalho

As atividades de construção, operação e manutenção em instalações


elétricas devem ser exercidas de acordo com as normas, instruções e
os procedimentos emitidos pelos respectivos órgãos competentes de
modo a ser executado corretamente e com segurança.

Na execução de todo e qualquer serviço em instalações elétricas, deve-


se levar sempre em consideração as instruções e recomendações perti-
nentes a cada caso específico.

Verifique a seguir algumas realidades em que


os procedimentos de trabalho são evidencia-
dos.

 Toda atividade operacional realizada por


um trabalhador, que interaja no SEP, é pas-
sível de ser detalhada em uma seqüência
lógica.

 A garantia da segurança em serviços no


SEP é fundamental e obrigatória.

 Os trabalhos no SEP estão classificados


nas áreas de construção/montagem, ma-
nutenção e operação de instalações.

66
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

 A técnica de linha viva é uma realidade


de manutenção e construção na qual os Procedimento de trabalho é o nome que
trabalhadores atuam diretamente ou “em se dá aos documentos que relatam todas
proximidade”dos equipamentos e condu- as fases de execução de uma atividade ou
tores energizados. de um processo com todos os detalhes,
tendo como premissa fundamental os re-
 Os trabalhos podem ser executados em
quisitos de segurança.
instalações industriais ou de concessioná-
rias, de instalações localizadas em subesta-
ções e usinas ou linhas de transmissão e distribuição de energia,
urbanas ou rurais.

Você verificou que os procedimentos de trabalho são ade-


quados e diferentes a cada uma dessas realidades ilustradas
anteriormente e produzirão resultados diferentes por conta
das análises de riscos e medidas preventivas necessárias caso a
caso. Deverão ser tratados com uma abordagem específica e atenta às
características para a elaboração de procedimento de trabalho.

5.2 Planejamento de serviços

O planejamento de serviço, que você estudará agora, é a


etapa que antecipa e não deve ser confundido com a aplica-
ção de um procedimento de trabalho.

Saiba que o planejamento recorre a situações não-repetitivas, enquan-


to que o procedimento se aplica ao processo de trabalho rotineiro e
repetitivo.

67
NR 10 – Curso Complementar

O planejamento está ligado à experiência, à iniciativa, ao conhecimen-


to técnico e à análise de situação, assim como o procedimento está
ligado à aplicação da disciplina, da ordem e da constante preocupação
de melhora.

Um grande problema encontrado no dia-a-dia de muitos profissio-


nais é a falta de tempo para preparar o serviço a ser executado. Você
já deve ter vivenciado esse momento. Muitas vezes é dito que não há
tempo para planejar os serviços de forma adequada, em particular, no
tempo gasto para a análise e a prevenção de acidentes por conta dos
riscos envolvidos nas atividades, porém sempre é necessário encontrar
tempo para socorrer vítimas e reparar equipamentos em função des-
sa negligência. A fase de planejamento é fundamental para o sucesso
da proposta dos serviços a serem realizados. A Análise de Riscos deve
ser elaborada para a garantia da avaliação do trabalho a ser realizado,
incluindo o modo de execução a ser adotado, os recursos humanos e
materiais necessários, assim como os critérios e limites de riscos admi-
tidos para essa realização.

5.3 Sistema de gestão de segurança

No gerenciamento dos projetos

Pode-se considerar qualquer intervenção em sistemas elétricos, ener-


gizados ou não, como fase posterior de um projeto em execução. Con-
siderando que um projeto é uma ação temporária para produzir um
serviço de propósito único e sob condições únicas de recursos, meio
ambiente (sistema elétrico) e condições de segurança (níveis de pe-
rigo), deve ser tratado pelas normas e práticas adequadas de geren-
ciamento de projetos, para aperfeiçoar tempo e procedimentos, dessa
forma, definindo os procedimentos para um bom planejamento de
trabalho. As avaliações das condições de segurança passam, então, ne-
cessariamente por essa etapa.

68
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

No gerenciamento de processos

O trabalho a ser desenvolvido, em sistemas elétricos, energizados ou


não, independente de sua forma ou classificação, ou seja:

 é composto por processos distintos;

 a solicitação de um serviço é um procedimento que antecede a


realização de qualquer trabalho;

 os processos têm em comum uma definição clara de procedi-


mentos. Ex.: serviços de montagem em instalações de alta-ten-
são; serviços de manutenção em instalações de alta-tensão;

 serviços de operação em instalações de-alta tensão, etc.

Agora você verificará como proceder para elaborar um


planejamento de trabalho e uma Análise Preliminar de
Riscos.

1 – Objetivo

Um planejamento de trabalho tem como objetivo instruir os serviços


realizados nas instalações do SEP, incluindo entre outros um programa
de excução e uma técnica de análise de risco.

2 – Desenvolvimento do programa executivo


Verifique a seguir os itens que devem constar em um
programa executivo.

2.1 – Descrição do trabalho

Descrever detalhadamente a intervenção que será rea-


lizada para facilitar o entendimento em sua execução.

69
NR 10 – Curso Complementar

2.2 – Recursos humanos

Determinar os recursos humanos que serão necessários para realizar


a manutenção, discriminando nomes, funções e órgãos de origem. É
imperativo que esses sejam habilitados para desenvolver os trabalhos
programados.

2.3 – Recursos materiais

Relacionar todos os materiais, equipamentos, ferramentas e instru-


mentos que serão utilizados na manutenção, deixando claro suas
quantidades e referências, inclusive, para facilitar suas aquisições, de
acordo com as seguintes ações:

a. prever reserva estratégica dos itens vitais à in-


tervenção;

b. prever um checklist dos itens em tempo hábil


de se adquirir/substituir algum componente;

c. responsabilizar os órgãos/pessoas que adquirirão


os itens e prazos.

2.4 – Transporte/comunicação

a. Definir os veículos que serão utilizados para transportar as pes-


soas e os materiais para o local da intervenção.

b. Definir o sistema de comunicação que será usado para receber/


entregar a instalação e para permitir comunicação confiável in-
ternamente à equipe de execução e, com a operação de instala-
ção e/ou de sistema.

c. Responsabilizar os órgãos/pessoas que providenciarão transpor-


te/comunicação.

d. Exigir teste da comunicação antes e durante a intervenção.

e. Exigir que, pelo menos, um veículo esteja sempre pronto a pres-


tar socorro a um eventual acidentado.

70
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

f. Exigir que o motorista do veículo disponha do Plano de Atendi-


mento ao Acidentado, contendo o roteiro das clínicas/hospitais
mais próximos da instalação, e que o mesmo esteja familiarizado
com o trânsito daquelas imediações.

3 – Providências preliminares

São as ações que antecedem a intervenção propriamente dita para se


obter sucesso na sua execução.

Deve–se prever, caracterizando algumas responsabilidades.

a. Estudo minucioso do local onde será executado o trabalho, com-


plementado com diagramas, para identificar:

 as dificuldades de acesso, ao lado da intervenção;

 os pontos energizados nas proximidades;

 as distâncias envolvidas;

 os pontos de acesso de trabalho.

b. No caso de trabalhos com instalações desenergizadas, a elabo-


ração de um projeto de aterramento que identifique os pontos
que serão aterrados, a técnica a ser empregada e os materiais/
ferramentas que serão usados, conforme os procedimentos de
aterramento temporário para linhas e barramentos desligados.

c. Estudo das normas e instruções técnicas de manutenção passí-


veis de serem aplicadas ao trabalho.

d. Análise dos fatores mecânicos e elétricos envolvidos, de modo a


se garantir a segurança do pessoal e a condição de operacionali-
dade da instalação.

e. Análise da adequação do ferramental em relação aos fatores


eletromecânicos envolvidos, à suportabilidade e à técnica a ser
empregada.

71
NR 10 – Curso Complementar

f. Inspeção e/ou testes de todos os materiais, equipamentos e fer-


ramental inclusive os EPI’s e os EPC’s.

g. Solicitação de acompanhamento, quando necessário, de represen-


tante da Operação e da Segurança do Trabalho. Pode–se prever,
quando se julgar adequado, o apoio, no local, de uma ambulância
com profissionais da área médica (médicos e/ou enfermeiros).

h. Providenciar a aquisição de kits de primeiros socorros. Exigir que


todos os membros da equipe conheçam a utilização do kit e que
estejam atualizados nas técnicas de primeiros socorros.

i. Discussão do trabalho com a equipe, de modo que não fiquem


dúvidas sobre o papel de cada um e dos participantes em cada
etapa e também sobre os riscos envolvidos na intervenção.

j. O responsável pela intervenção deverá inteirar–se com o opera-


dor encarregado da instalação ou operador supervisor de turno
com relação às partes da instalação que ficarão energizadas du-
rante a intervenção.

k. Elaboração de diagramas coloridos que apresentem claramente


as partes do sistema que ficarão energizadas durante a interven-
ção.

l. Realizar, em conjunto com a Operação, a delimitação/sinalização


da área liberada para intervenção.

m. Realizar a delimitação da área de trabalho.

n. Programa de manobras: confirmar se as manobras constantes no


Programa de Manobras atendem a configuração/condições ne-
cessárias para realização da intervenção, especialmente.

o. Bloqueio dos equipamentos/religamento de linha de transmis-


são: confirmar a realização do bloqueio dos equipamentos que,
acidentalmente operados, possam energizar as áreas liberadas
para intervenção, especialmente os equipamentos acionados re-

72
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

motamente. Confirmar a colocação de Cartões de Segurança nos


acionamentos desses equipamentos. Para linhas de transmissões
energizadas, confirmar o bloqueio do religamento automático.

p. Controle e numeração: a cada emissão de um programa executi-


vo, o serviço de manutenção deverá numerá-lo a fim de possibi-
litar o seu arquivamento, controle e melhoria do processo.

4 – Descrição da técnica

Esgotada a parte de análise e definição da técnica a ser empregada,


deve–se partir para o seu detalhamento, conforme a seguir.

a. Descrever cada etapa da intervenção, fazendo referência, quando


for o caso, dos anexos e das instruções de manutenção inerentes
e indicando os responsáveis por cada evento.

b. Deixar claro, em cada situação, os processos de acesso do eletri-


cista ao potencial.

c. Para as intervenções em área desenergizada, deixar clara a reali-


zação de aterramento temporário da instalação.

d. Definir, nominalmente, a supervisão técnica e a condição técnica


dos trabalhos, de modo que se tenha, para a equipe, uma só voz
de comando.

e. Alertar, quando necessário, aspectos de segurança durante a


descrição das etapas.

f. Deixar claras as ações vitais à segurança da intervenção, tais como:

 confirmar as condições de recebimento dos equipamentos;

 confirmar a configuração da instalação (principalmente SE);

 confirmar a realização de delimitação e a sinalização da área


liberada;

 confirmar a utilização dos EPI’s e dos EPC’s;

73
NR 10 – Curso Complementar

 confirmar a execução do aterramento temporário e a sua reti-


rada após a conclusão dos serviços.

g. Nos trabalhos em conexões elétricas exigir a utilização do pulo


de continuidade temporário.

5 – Análise Preliminar de Riscos

A Análise Preliminar de Riscos (APR) consiste no estudo e na reflexão,


durante a fase de preparação do Programa Executivo, dos riscos que
estarão ou que poderão estar presentes na execução dos trabalhos. Es-
ses riscos são das seguintes naturezas:

 riscos pessoais – poderão acidentar pessoas;

 riscos operacionais – poderão desligar as instalações;

 riscos estruturais – poderão danificar o sistema físico;

 riscos do objeto de ação - poderão diminuir a qualidade intrín-


seca do trabalho.

A APR é um procedimento imprescindível para processos não-padro-


nizados do tipo: “Cada caso é um caso”.

Quando o processo não está padronizado, deve–se identificar a seqü-


ência dos trabalhos (o passo-a-passo).

Após terminado o passo-a-passo, deve–se preencher o(s) formulário(s)


de APR observando a matriz de riscos e, em seguida, qualificá-lo(s)
no formulário da APR, explicitando se o risco é:

 desprezível;

 moderado; ou

 crítico.

74
Módulo 1 – O SEP e seus riscos

Para o caso de riscos críticos, deve-se trabalhar no Programa Executivo,


visando reduzir a criticidade do risco por meio de novas técnicas ou
equipamentos.

A graduação dos riscos deve ser feita considerando que as medidas


preventivas bloquearão os eventos. A coluna “conseqüências do
evento “ deve supor que as medidas preventivas falharão.

5.1 – Quantificação e critérios para riscos

A graduação dos riscos é feita para cada atividade, enquadrando-a no


seu grau de severidade:

 mínima;

 marginal; ou

 crítica.

Na probabilidade de ocorrências, tem-se:


 rara;
 remota;

 média.

6 – Avaliação da execução da manutenção

Após a execução da manutenção, deverá ser feita uma reunião com os


componentes da equipe de modo a avaliar o trabalho realizado com vistas
a aperfeiçoar o esquema adotado. Em programações longas, essa avaliação
deve ser diária, objetivando possíveis alterações/correções de percurso.

Durante a leitura do Módulo 1, você aprendeu como é formada a es-


trutura do SEP, os riscos que podemos controlar os que impedem os
serviços e a importância dos procedimentos para garantir a seguran-
ça das operações realizadas. Agora escolha uma atividade que você

75
NR 10 – Curso Complementar

realiza com menos freqüência, descreva os passos do procedimento


da tarefa, anote as suas conclusões e, posteriormente, discuta com os
seus colegas e com o tutor se as medidas de segurança que você imple-
menta são suficientes para garantir o total controle dos riscos. Anote
a seguir suas conclusões.

Você venceu a primeira etapa deste curso. Reflita sobre


todas as lições apresentadas neste Módulo. É muito impor-
tante que você não tenha dúvidas, revise quantas vezes pre-
cisar cada lição. No próximo Módulo você estudará as áreas
seguras e a sua delimitação, os seus obstáculos, a desenergizacão, os
riscos adicionais e os seus EPI’s. Então vamos lá!

76
Módu
lo
Sistemas de controle
2

Neste Módulo você estudará as áreas de risco e a sua delimi-


tação, os obstáculos, a desenergização, os riscos adicionais e
seus EPI’s. Antes de iniciar o Módulo 2, e em conformidade com
o que você estudou no Curso Básico da NR-10, que tal rever os itens
10.2, 10.3 e 10.4 da Norma que tratam sobre o trabalho envolvendo
medidas de controle, segurança em projetos e segurança na constru-
ção, montagem, operação e manutenção?

Se você tem dúvida sobre algum item da NR-10, anote a seguir e de-
pois discuta com os seus colegas durante os fóruns e com o tutor pelo
“tira dúvidas” no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

LIÇÃO 1

Equipamentos e ferramentas de trabalho

Nesta lição você estudará o item da Norma que se refere


aos equipamentos e ferramentas empregados na constru-
ção, montagem, operação e manutenção. Você sabe o que
esse item descreve a respeito dos equipamentos e ferramentas
utilizados no seu trabalho? Quais são as principais características para
que você e seus colegas tenham segurança quando realizam opera-
ções no SEP?

77
NR 10 - Curso Complementar

NOR
MA NR-10
10.4.3 – Nos locais de trabalho só podem ser utilizados
equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compa-
tíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as
características de proteção, respeitadas as recomendações do fabri-
cante e as influências externas.
10.4.3.1 – Os equipamentos, os dispositivos e as ferramentas que
possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões en-
volvidas e serem inspecionados e testados de acordo com as regula-
mentações existentes ou as recomendações dos fabricantes.
10.7.8 – Os equipamentos, as ferramentas e os dispositivos isolantes
ou equipados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta-
tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou a ensaios de labo-
ratório periódicos, obedecendo-se as especificações do fabricante, os
procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente.

Conforme a alínea “c” do item 10.2.4, o prontuário das


instalações elétricas deve conter a especificação dos equi-
pamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental,
aplicáveis conforme determina esta NR.

Esta lição tem como objetivo lhe apresentar a orientação


da Norma para trabalhar com equipamentos e ferramentas,
bem como os procedimentos necessários para a sua segu-
rança. Conheça alguns cuidados importantes que você deverá
ter ao trabalhar com determinados equipamentos.

78
Módulo 2 – Sistemas de controle

Cuidados especiais

 Todo e qualquer serviço deve ser executado com


equipamentos e ferramentas adequados aos
serviços a executar e aprovadas pela empresa.

 Os equipamentos e as ferramentas a serem uti-


lizados devem ser previamente inspecionados,
estar em bom estado de conservação e, após seu
uso, serem limpos, inspecionados, acondiciona-
dos e guardados em locais apropriados.

 Os que estiverem em mau estado ou defeituosos devem ser


retirados de serviço e enviados para reparos ou substituições.

 Ferramentas, equipamentos ou métodos de trabalho não-padro-


nizados pela empresa não devem ser usados sem a aprovação
prévia dos setores competentes.

 As ferramentas de corte ou pontiagudas só devem ser usadas


quando devidamente amoladas.

 Fora de uso, as lâminas de corte e as pontas devem ser


protegidas.

 O empregado não deve trabalhar com ferramentas nos bolsos ou


junto ao corpo, não deve, também, arremessá-las e nem colocá-
las em local que ofereça risco de queda.

 As ferramentas e os equipamentos, em geral, devem ser trans-


portados em sacola ou em caixas adequadas e guardados em lo-
cal apropriado.

 Não é recomendado o uso, em serviços com eletricidade, de fitas


e metros metálicos ou fitas de pano com reforço metálico.

 Para içar e descer todas as ferramentas, equipamentos ou peque-


nas peças, deve ser utilizada a sacola para içar ferramentas com o
auxílio de carretilha e corda de mão.

79
NR 10 - Curso Complementar

 Os cabos de aço de guindaste, o guincho, a talha de tração, o


andaime e outros equipamentos devem ser substituídos quan-
do apresentarem fios partidos, desgastes ou defeitos conforme
orientações do fabricante e das Normas Técnicas vigentes.

 Os cabos de aço devem ser fixados por meio de dispositivos que


impeçam o seu deslizamento e o seu desgaste.

 As lâmpadas elétricas portáteis só podem ser utilizadas se os


punhos e os condutores estiverem com o isolamento em bom
estado.

1.1 Equipamentos e materiais

 alicate saca fusível cartucho;

 alicate universal 210 mm com cabo isolado para 1000 volts;

 lâmpada de prova (néon) para circuito elétrico;

 canivete para eletricista;

 jogo de chave de fenda;

 punho saca fusível NH;

 espora para poste de madeira;

 maleta de lona;

 lanterna portátil 6 voltas;

 farolete manual;

 binóculo;

 carretilha com gancho para içar ferramentas;

 detector de presença de tensão;

 equipamento de resgate de acidentado;

 caixa de primeiros socorros.

80
Módulo 2 – Sistemas de controle

Além desses equipamentos citados, outros deverão ser empregados


de acordo com a necessidade do serviço especificados pela supervisão
técnica. Mas para isso, é importante que você observe os seguintes
detalhes no uso dos equipamentos e das ferramentas:

a. usar unicamente equipamentos e ferramentas adequados ao


serviço, não empregando, por exemplo, o alicate para bater pre-
gos ou desapertar porcas e parafusos ou a chave de fenda como
ponteiro;

b. não usar ferramentas, tais como martelo, machado, pá, foice,


marreta, concha e cavadeira, cujos cabos não sejam adequados
ou estejam soltos, rachados ou lascados. Deve-se colocar um
cabo adequado nas ferramentas que dele necessitem;

c. não usar ferramentas que normalmente recebam pancadas, tais


como ponteiros, formões ou cunhas, quando suas cabeças esti-
verem deformadas;

d. não usar chaves de boca quando estiverem danificadas e nunca usar


cano, ou qualquer outra extensão do seu cabo, como alavanca;

e. as ferramentas manuais e os equipamentos não devem ser aban-


donados sobre passagens, escadas, andaimes e superfícies de
trabalho, devendo ser guardados em locais apropriados;

f. todas as ferramentas, equipamentos ou pequenas peças devem


ser içados e descidos por meio de bolsa de lona com o auxílio da
corda de mão, com a máxima atenção, principalmente quando se
tratar de peças metálicas;

g. nas inspeções no interior de tanques de transformadores ou de


disjuntores deve-se utilizar equipamentos para renovar o ar in-
terno e melhorar sua condição de insalubridade, deve ser evitada
a permanência de pessoas dentro do tanque por períodos pro-
longados e ininterruptos, mantendo-as sempre à vista e/ou em
contato com o pessoal externo;

81
NR 10 - Curso Complementar

h. especial atenção deve ser dada quando o trabalho for realizado


em equipamentos a SF6;
Glossário
Hexafloreto de enxofre.
i. evitar o derramamento de óleo em pisos ou equipamentos, pois
além de torná-los escorregadios, polui o meio ambiente;

j. não fazer uso de ar comprimido para limpeza de vestimenta e da


pele.

Escada
1 Inspeção da escada

Antes do início do trabalho, o responsável deve fazer uma inspeção


visual na escada, examinando:

a. se nos montantes há lascas, farpas, trincas ou


desgaste excessivo pelo uso;

b. se os degraus estão soltos, com lascas, farpas,


trincas ou desgaste em excesso;

c. se na roldana há folga excessiva no eixo;

d. se na corda existem pontos corroídos, parcial-


mente cortados ou marcados;

e. se nas catracas há mola ou parafuso solto, falta


ou excesso de lubrificação ou se a lingüeta está quebrada;

f. se há braçadeira solta, torta ou danificada;

g. se há folga no aperto dos tirantes;

h. se o verniz e a pintura da escada estão desgastados;

i. a existência de corda para fixação da escada na parte superior.

2 Manutenção e guarda da escada

O responsável pela manutenção e guarda deverá observar as seguintes


condições:

82
Módulo 2 – Sistemas de controle

a. sempre que necessário deve ser feita limpeza com água e sa-
bão neutro a fim de retirar a graxa, o óleo, a terra e outros
resíduos. Após a limpeza, aplicar uma fina camada de óleo de
linhaça nas escadas de madeira e verniz nas de fibra;

b. as escadas devem ser guardadas em local abrigado e seco, com


boa ventilação e que permita o fácil manuseio;

c. é expressamente proibido qualquer tipo de adaptação ou de


reparo não especificado pelos desenhos ou pelas normas de
construção, tais como furar os montantes para fixação da ban-
deira, pregar ou amarrar montante rachado ou substituir de-
graus.

3 Transporte escada

No caso do transporte, o responsável deverá observar as seguintes


condições:

a. a escada de extensão deve ser transportada, sempre fechada e


com os degraus na posição vertical por duas pessoas, equipadas
com luvas de proteção contra abrasão. Deve ser apoiada pelas
extremidades do mesmo montante sobre o mesmo ombro de
ambas as pessoas. Este item também é válido para as escadas
singelas com 19 ou mais degraus;

b. nas viaturas, a escada deve ser apoiada no mínimo em dois pon-


tos e fixada firmemente, observando-se o bom estado das borra-
chas existentes nos suportes a fim de não arranhar ou provocar
desgaste em seus componentes;

c. deve ser colocada, na sua extremidade, uma bandeira de sinaliza-


ção e, à noite, luz vermelha ou placa refletiva, sempre que o com-
primento da escada ultrapassar a 1 m da carroceria do veículo.

83
NR 10 - Curso Complementar

4 Cuidados preliminares para execução do serviço

Os cuidados que se devem tomar antes do início dos trabalhos são


especificados por:

a. antes de subir na escada, verificar atentamente as condições de


segurança, principalmente quanto à base do apoio;

b. nunca se deve apoiar a escada em fio ou em cabo, exceto quan-


do existir cabo mensageiro ou tirante para apoio e amarração da
mesma;

c. quando o serviço exigir que dois ou mais empregados trabalhem


no mesmo ponto, cada qual deve estar em uma escada;

d. em superfícies lisas deve-se usar escada com sapatas de segu-


rança.
5 Colocação, fixação e retirada da escada

O responsável deverá observar as seguintes condições:

a. os pés da escada devem ser colocados no solo de forma que a sua


distância da base de onde se irá apoiar seja, aproximadamente, de
1/4 (um quarto) da altura do ponto de apoio superior da escada;

b. para colocar a escada na posição de trabalho, o


ajudante deve permanecer atrás da mesma, segurando
seus degraus com as mãos a fim de sustentar e guiar a
escada até o ponto de apoio. O eletricista deve firmar a
base da escada com um dos pés e levantar a extensão até
o local desejado e amarrar com a corda sua parte inferior,
na altura do quarto degrau, evitando que a mesma venha
a escorregar e que pessoas circulem por baixo dela;

c. na operação de estender uma escada, o ajudan-


te deve apoiar seus degraus com as mãos espalmadas.
Deve ser observado, com bastante rigor nesta operação,
o deslizamento das guias e o bom funcionamento da
catraca até o seu limite de extensão;

84
Módulo 2 – Sistemas de controle

d. durante a subida do eletricista, a escada deve ser firmemente se-


gura nos montantes pelo ajudante que ficar no solo a fim de evi-
tar que a mesma venha a girar;

e. para fixar a parte superior da escada, o eletricista deve subir se-


gurando os montantes, cruzar uma das pernas no degrau ade-
quado e amarrar a escada no ponto de apoio;

f. o ajudante deve permanecer afastado da escada após o início do


trabalho, porém atento aos movimentos do eletricista a fim de
atendê-lo nas necessidades de serviço;

g. antes de descer da escada, o eletricista deve cruzar uma das


pernas no degrau adequado e desfazer a amarração. Durante a
sua descida, o ajudante deve segurar firmemente a escada pelos
montantes para evitar que a mesma venha a girar;

h. para retirar a escada, o ajudante deve desamarrar sua parte infe-


rior e, em seguida, colocar-se atrás da mesma apoiando seus de-
graus com as duas mãos espalmadas, enquanto o eletricista fica
de frente para a escada firmando a sua base com os pés e fazendo
deslizar lentamente a extensão.

Guincho, talha ou moitão

Para trabalhar com segurança na utilização de guincho portátil, talha


ou moitão, devem ser observados:

a. o seu estado geral e suas condições de segurança;

b. se o guincho é adequado para suportar o peso das cargas a serem


movimentadas;

c. as condições de segurança dos pontos de fixação das cordas, dos


cabos ou correntes;

d. as condições de segurança das cordas, dos cabos e das correntes,


que dependem da manutenção de suas superfícies lisas e uni-

85
NR 10 - Curso Complementar

formes, isentas de cantos vivos, de pontas, de rebarbas, de fios


partidos e de ferrugem;

e. conservar os guinchos, as talhas e os moitões suspensos em local


onde não possam ser danificados;

f. essas mesmas precauções devem ser tomadas na utilização dos


estropos ou das ligas auxiliares, se for o caso.

Sacola para içamento de ferramentas

a. Nos trabalhos em planos elevados deve ser usada a sacola a fim de


suspender ou arriar ferramentas e peças leves de pequeno porte.

b. Antes e após a sua utilização, a sacola deve ser inspecionada ve-


rificando-se o enfraquecimento do material, a existência de furos
ou o desgaste em geral.

1.2 Especificação dos equipamentos e das ferramentas

Os equipamentos e as ferramentas serão especificados com base na


análise de riscos de todas as atividades de trabalho, no ato do planeja-
mento.

Para a sua segurança, você deve analisar todos os riscos presentes no


ambiente de trabalho.

Requisitos mínimos: fica recomendado que as empresas prestadoras


de serviço devem utilizar equipamentos de características de quali-
dade similar ao da contratante.

Controle de riscos

Todos os equipamentos e as ferramentas de trabalho utilizadas deve-


rão garantir e atender os seguintes requisitos para aplicabilidade em
atividades de operação, manutenção e construção de sistemas elétricos
de potência:

86
Módulo 2 – Sistemas de controle

 ser ergonomicamente projetado;

 ser dielétricamente isolado, quando pertinente;

 possuir características de resistências mecânicas adequadas à sua


aplicação;

 prever outras características quando necessários.

Os principais equipamentos de proteção utilizados no sistema elétrico


de potência são:

 conjunto cinto pára-quedista e acessórios (conforme especifica-


ção técnica da empresa e acessórios);

 botina de segurança sem componentes metálicos tipo C4 e sola-


do bidensidade (conforme especificação técnica da empresa);

 botina de segurança com biqueira de aço para atividades sem


contato com energia elétrica (conforme especificação técnica da
empresa);

 bota de cano longo sem componentes metálicos tipo C4 ou per-


neira (conforme especificação técnica da empresa);

 óculos de segurança com característica UVA e UVB, tonalida-


de cinza ou transparente (conforme especificação técnica da
empresa;

 capacete Classe B;

 equipamentos isolados para linha viva;

 protetor solar;

 capa de chuva ou similar;

 vestimenta para remoção de insetos;

 roupa e bota condutivas;

87
NR 10 - Curso Complementar

 vestimenta contra arco voltáico (conforme especificação técnica


da empresa), coberturas (protetores) isolantes de borracha e de
polietileno para atividades;

 luva de vaqueta/raspa;

 luva de proteção/cobertura para luvas de borracha;

 luva isolante de borracha utilização de acordo com as classes de


tensão;

 conjunto de aterramento AT/BT;

 detector de tensão;

 load buster: dispositivo que permite a abertura de chave-fusível


em carga, com segurança;

 vara telescópica dotada de dispositivo antiqueda de cartucho,


quando necessário.

Todas as luvas de borracha devem ser utilizadas com as


luvas de proteção mecânica.

1.3 Ensaios de ferramentas e equipamentos

Ao fazer ensaios de ferramentas e equipamentos, você deverá levar em


consideração as seguintes atividades:

 todos os equipamentos de proteção individual e coletiva, bem


como as ferramentas de trabalho, deverão ser ensaiados perio-
dicamente conforme as normas de fabricação e internas das em-
presas, no mínimo observando rigidez dielétrica, resistência me-
cânica e avaliação das condições de ergonomia;

 todos os ensaios deverão ser registrados de forma documental


garantindo assim rastreabilidade, além de registrarem a data de

88
Módulo 2 – Sistemas de controle

validade dos testes de forma indelével nos equipamentos e nas


ferramentas aprovados;

 os equipamentos e as ferramentas, que por meio de tecnologia


apropriada e certificada não possam ser recuperados, devem ser
inutilizados de forma a impedir seu uso.

1.4 Outros equipamentos

a. Detector de tensão

Destina-se a sinalizar ao trabalhador as condições de energização ou


não, que se encontra a instalação ou o equipamento onde se pretende
trabalhar. As faixas de detecção do aparelho devem ser corretamente
escolhidas e o mesmo deve ser autotestado antes do uso.

Do seu uso correto depende a segurança dos funcionários que entra-


rão em contato com as instalações elétricas, contra choque elétrico,
risco este bastante presente na fase inicial das tarefas. Deve ser usado,
obrigatoriamente, para testar qualquer instalação ou equipamento cuja
energização tenha sido interrompida para aterramento e intervenção.
O detector de tensão deve ser mantido na embalagem original do fa-
bricante (estojo de madeira ou plástico) e deve conter sempre um jogo
extra de pilhas novas, além das que estiverem em uso.

b. Detector de ausência de tensão

Destina-se a informar ao trabalhador de linha viva as condições de


energizamento da instalação na qual irá intervir. Deve ser colocado
na instalação elétrica antes do início dos serviços e só retirado após a
sua conclusão. Em caso de falta de energia, o detector dará o alarme,
devendo ser paralisada a tarefa e retirados todos os funcionários do
potencial da linha até que haja o retorno da tensão.

Se a campainha soar após a instalação ser feita, significará ausência


de tensão elétrica na instalação, denunciando falha na manobra ou no

89
NR 10 - Curso Complementar

equipamento. Falhas e erros devem sempre ser considerados, pois são


previsíveis de ocorrer. Por isso, se justifica plenamente a utilização do
detector de ausência de tensão.

c. DAC – Dispositivo de abertura em carga

Utilizado na abertura de chaves seccionadoras tipo “faca” ou fusíveis


com carga e na tensão até 23 kV, à corrente máxima de interrupção de
até 600/900 amperes. As chaves devem possuir ganchos para a fixação do
DAC e ser de boa qualidade e robustez para não se quebrarem durante a
abertura.

Somente deve ser utilizado para as condições de carga definidas pelo fa-
bricante e operado por funcionário devidamente treinado, manuseado em
conformidade com os procedimentos operativos adotados pela empresa.

Deve ser acoplado à vara de manobra com no mínimo três elementos


de diâmetro de 38 mm.

d. Ohmímetro

É um aparelho destinado a indicar a resistência apresentada por uma


instalação de aterramento num determinado ponto.

e. Fasímetro

É um equipamento eletrônico composto de duas peças que são coloca-


das diretamente em contato com as linhas energizadas com alta-ten-
são. Um dos componentes fica pendurado de um lado do circuito e o
outro é acoplado à ponta de uma vara de manobra, por meio da qual se
encosta o segundo componente à outra linha. Caso o faseamento da li-
nha seja possível, o equipamento indicará a tensão. Caso o faseamento
não seja possível, emitirá um assobio em tons alternados. É usado para
confirmar ou para indicar a possibilidade de fechamento de anel entre
circuitos diferentes de uma mesma SE.

90
Módulo 2 – Sistemas de controle

f. Rádio VHF/UHF e radiocomunicação

Caso você trabalhe com rádio, saiba que os rádios VHF existentes nos
veículos operacionais devem ser utilizados estritamente para os servi-
ços de operação e manutenção das RD’s, LT’s, SE’s e UHE’s, evitando-
se tanto quanto possível a ocorrência de congestionamentos durante
as manobras.

Assuntos diversos à operação, tais como recados referentes a ligações,


religações, inspeções, encomendas, etc., devem ser tratados preferen-
cialmente por telefone, ligando o eletricista à agência, de onde estiver,
a cobrar. As mensagens, tanto de quem transmite como de quem rece-
be, devem ser claras e objetivas. Todas as ordens recebidas devem ser
repetidas ao emissor.

Os rádios devem receber manutenção rotineira a fim de assegurar-lhes


boa qualidade e confiabilidade durante o uso, além de serem mantidos
livres de poeiras e de umidade.

O sistema de comunicação via rádio é da maior importância, sendo seu


desempenho diretamente relacionado com a segurança, qualidade e
rapidez dos serviços executados, principalmente aqueles relacionados
com a localização e o reparo de defeitos e o atendimento a consumi-
dores.

Não se deve transmitir informações duvidosas ou reter informações


por se julgar alheio ao assunto. Os rádios portáteis deverão possuir
baterias extras de modo a garantir a sua autonomia por toda a jornada,
além de eventuais emergências. Exceto em casos emergenciais, não
se deve sobremodular os colegas, nem utilizar de câmbios longos, a
fim de não ocupar a freqüência além do necessário. As comunicações
deverão ocorrer de modo cortês e educado, sendo proibido o uso de
linguagem de baixo nível, palavrões, gírias e discussões via rádio.

Os usuários desse tipo de equipamento devem ser treinados interna-


mente com relação à legislação e à conduta ética operacional no ser-
viço de radiocomunicação, sendo dispensados desse treinamento os

91
NR 10 - Curso Complementar

funcionários que sejam radioamadores devidamente habilitados pelo


Ministério das Comunicações (comprovação mediante apresentação
da respectiva licença).

É proibido, ao condutor de veículo, falar ao rádio ou ao telefone celular


enquanto dirige. Caso ocorra algum chamado, e não haja um com-
panheiro ao lado que possa atender à comunicação, o condutor deve
procurar o lugar mais conveniente e estacionar o veículo para atender
ao rádio ou ao telefone.

g. Seqüencímetro

É um aparelho destinado a indicar a seqüência de fases em


uma determinada instalação. Como é usado em fiação de
baixa-tensão energizada, deve-se tomar as precauções ne-
cessárias para riscos elétricos.

h.Volt-amperímetro

Trata-se de um aparelho eletrônico, portátil, que pode indi-


car ao funcionário as condições de tensão e a corrente elétrica presente
em uma instalação. É usado nos serviços de instalação de medidores,
troca de TAP de transformadores, troca de transformadores na rede de
distribuição, etc. Deve ser transportado dentro do estojo original e com
cuidado.

Você se recorda dos equipamentos propostos neste con-


teúdo? Você sabe identificar os equipamentos onde traba-
lha com segurança e aqueles nos quais os procedimentos
podem ser melhorados? Então agora pense com quais equi-
pamentos e ferramentas de trabalho empregados no sistema elétrico
de potência, estudados nesta lição, ocorrem mais acidentes. Anote as
suas conclusões.

92
Módulo 2 – Sistemas de controle

Esta lição abordou os principais equipamentos e ferramen-


tas de trabalho que você utiliza, bem como os cuidados e a
atenção que você deverá tomar para trabalhar em seguran-
ça. Na lição seguinte, você estudará como fazer o isolamento
da área de trabalho e como esta área deverá estar sinalizada. Então,
bons estudos!

LIÇÃO 2

Sinalização e isolamento de áreas de trabalho

Nesta lição você identificará quais são os equipamentos utilizados para


a sinalização e o isolamento de áreas de trabalho, mas você se lembra
como utilizá-los? Quais são os procedimentos necessários? Anote as
suas conclusões e confira a seguir se o que você pensou está coerente
com o conteúdo.

93
NR 10 - Curso Complementar

2.1 Conceitos principais

Os equipamentos de sinalização devem ser utilizados para de-


limitar a área de trabalho, diferenciar os equipamentos
energizados e desenergizados, os canteiros de obras
e o trânsito de veículos e de pedestres. Confira:

a. a área de trabalho deve ser sinalizada ao nível


do solo com os equipamentos de sinalização como cones,
fitas e bandeiras refletivas, grades, placas assim como lanternas
e sinalizadores luminosos intermitentes nos serviços noturnos,
deixando-se um corredor de entrada;

b. sinalizar os obstáculos ou as escavações que possam causar aci-


dentes com cones, grades, fitas, bandeiras, etc.;

c. onde for julgado necessário, colocar um ou mais homens com


equipamentos de sinalização para orientação do trânsito de via-
turas e pedestres;

d. na sinalização noturna do trânsito de viaturas e pedestres, deve


ser usado o sinalizador luminoso intermitente, assinalando os
obstáculos e as escavações que possam causar acidentes;

e. ninguém poderá deixar de cumprir os avisos, nem ingressar, sem


autorização, nas áreas isoladas por cordas, fitas, bandeiras, gra-
des, placas ou outros meios;

f. na zona de ricso e zona controlada, além da sinalização, torna-


se obrigatório o uso de protetores isolantes nas partes energi-
zadas quando necessário.

Bandeira de sinalização

A bandeira de sinalização deve ser usada para auxiliar a demarcação de


locais de trabalho onde possa haver risco de acidente.

A bandeira de sinalização, exigida pelas autoridades de trânsito, deve


ser utilizada nas cargas transportadas que ultrapassem a 1 m da carro-

94
Módulo 2 – Sistemas de controle

ceria das viaturas, bem como para a orientação do tráfego de pessoas


e veículos.

Antes e após a sua utilização, a bandeira deve ser inspecionada para


verificar perda de cor, rasgos e condições de fixação.

Quando necessário, efetuar a limpeza ou a substituição da bandeira.

Cone de sinalização

No isolamento de áreas, orientação e sinalização do trânsito no local


de trabalho, deve ser usado o cone refletivo.

Antes e após a sua utilização, o cone deve ser inspecionado, verifican-


do-se a perda de cor e dos dizeres, bem como a existência de fissuras
ou de desgaste em geral.

O cone, periodicamente, deve ser limpo com água e sabão neutro e


enxaguado em água. A guarda dos cones deve ser feita por pilhas de,
no máximo, cinco unidades, em local arejado e seco.

Fita de sinalização

A fita de sinalização deve ser usada no isolamento de áreas, orientação


e sinalização diurna e noturna do local de trabalho.

A fita deve ser encaixada na extremidade dos cones, podendo ser fixa-
da também em grades portáteis, em cavaletes, em torno de postes, nas
escadas e em outros equipamentos, delimitando a área de trabalho.

A fita deve ser limpa com água e sabão neutro, sua guarda deve ser
feita em local arejado e seco.

Placa de sinalização

A placa de sinalização deve ser fixada em local visível a fim de alertar


os riscos existentes a seguir.

1. PERIGO DE ALTA-TENSÃO – para ser fixada em local visível


onde seja necessário alertar a presença de alta-tensão, para fun-
cionários e terceiros.

95
NR 10 - Curso Complementar

2. É PROIBIDO FUMAR – para ser fixada em local visível e em


locais onde haja risco de incêndio.

3. IMPEDIDO, NÃO LIGUE – para ser fixada como aviso de impe-


dimento em equipamentos elétricos.

Protetor isolante

Nos trabalhos próximos a condutores ou a equipamen-


tos energizados ou que ofereçam risco de energização,
devem ser usados os protetores isolantes, devendo-se
adotar o tipo adequado ao nível de tensão elétrica de
trabalho (os mais utilizados serão vistos no módulo 3).

Antes e após a sua utilização, os protetores devem ser


inspecionados pelo usuário no sentido de verificar a existência de furos,
rasgos, trincas e outros defeitos que comprometam a sua segurança.

Os protetores devem ser guardados limpos e secos, isentos de óleo ou de


graxa, acondicionados de maneira adequada, fora da ação solar direta,
afastados da irradiação de qualquer fonte de calor, não podendo ser do-
brados nem abandonados em local que comprometa a sua segurança.

Quando retirados dos equipamentos nos quais tenham sido usados,


devem ser arriados por meio de corda e nunca lançados ao solo.

Os protetores armazenados devem ser encaminhados ao ensaio elé-


trico pelo menos a cada seis meses e os em uso a cada três meses. En-
tretanto, dependendo do estado dos protetores, os ensaios podem ser
executados com maior freqüência.

2.2 Sinalização de segurança

A sinalização de segurança consiste num procedimento padronizado


e normatizado pela empresa destinado a orientar, alertar e advertir as
pessoas sobre os riscos ou as condições de perigo existentes, proibi-
ções de ingresso ou acesso e cuidados ou, ainda, aplicados para a iden-
tificação dos circuitos ou partes.

96
Módulo 2 – Sistemas de controle

É fundamental a existência de procedimentos de sinalização pa-


dronizados, documentados e que sejam conhecidos por todos os
trabalhadores próprios e os prestadores de serviços.

Saiba que os materiais de sinalização constituem-se de cone,


fita, grade, sinalizador luminoso, corda, bandeirola, bandeira,
placa, etc. A seguir você estudará os principais materiais de
sinalização.

Finalidade (figura 1): sinalizar o impedimento operativo de


todos os equipamentos e dos dispositivos constantes nas con- Figura 1 – Bandeirola de si-
nalização pequena, média e
dições de segurança estabelecidas, devendo ser acondicionado
grande.
no bolso-envelope transparente o cartão de impedimento de
operação, sendo afixado (magnético, adesivo e ilhóis) sobre o
botão de comando, no acionamento do equipamento ou no
dispositivo envolvido em painéis de comando centralizado.

Finalidade (figura 2): sinalização de circuitos elétricos dese-


nergizados devendo ser instalada na fase de melhor visualiza-
ção do circuito desenergizado, após a instalação de cada con-
junto de aterramento móvel temporário.
Figura 2 – Bandeirola de si-
Finalidade (figura 3)
nalização liberado
Utilizada nas seguintes situações:

 cargas que excedam no comprimento dos veículos de


transporte (ex.: escadas extensíveis);

 sinalização dos equipamentos locais envolvidos na con-


dição de segurança devendo ser instalada em caráter
obrigatório pela equipe de manutenção;

 identificação/visualização dos cabos de aterramentos


temporários devendo ser afixada firmemente no cabo,
em local de fácil visualização e identificação;
Figura 3 – Bandeirola de
 identificação/visualização dos pontos de conexão do gram-
sinalização com botões de
po de aterramento temporário à terra; pressão e ilhoses

97
NR 10 - Curso Complementar

 delimitação do espaço livre de trabalho acima do nível do solo,


após a instalação do aterramento temporário.

Finalidade (figura 4): utilizada na sinalização de advertência de for-


ma manual ou fixada junto ao cone, cargas excedentes e delimitação
Figura 4 – Bandeira
de áreas para execução de serviços.
de sinalização com
mastro de madeira Finalidade (figura 5): utilizada em conjunto
com o balizador cônico quando da delimita-
ção e do isolamento de áreas de trabalho, po-
dendo ainda ser fixadas em colunas/pórticos.
Não deverá ser utilizada em suportes de equi-
Figura 5 – Fita de sinaliza-
pamentos energizados e não pertencentes ao ção
processo de liberação.

Finalidade (figura 6): sinalização de alerta quando de serviços em


painéis de comando e de proteção. Podem ser utilizadas duas fitas em
forma de “X” .

Finalidade (figura 7): delimitação de áreas de trabalho de obras civis,

FIgura 6 – Fita de serviços e obras executadas em áreas internas


sinalização afixada e externas e em vias públicas, podendo, se ne-
em forma de x (de cessário, ser acoplada ao cone de sinalização.
1 m e 1,5 m)
Finalidade (figura 8): utilizada em conjunto
com o balizador cônico quando da delimita- Figura 7 – Fita de sinaliza-

ção e do isolamento de áreas de trabalho em ção zebrada

regime de linha energizada.

Também utilizada em conjunto com a placa Equipamento Energizado


quando ocorrer a existência de equipamentos energizados dentro de
áreas liberadas para serviços em regime desenergizado, nas quais o
equipamento energizado deverá permanecer delimitado e sinalizado
Figura 8 – Fita de sinalização
de forma a não existir acesso ao mesmo (sem entrada).
– amarelo-limão

98
Módulo 2 – Sistemas de controle

Finalidade (figura 9): sustentação da fita de sinalização nas delimita-


ções de áreas para execução de serviços em pátios energizados de su-
bestações, devendo, os mesmos, terem um espaçamento máximo, en-
tre si, de 7 m para que não haja comprometimento da sustentação. Na
sinalização noturna como suporte do sinalizador eletrônico a LED.

Finalidade (figura 10): sinalização de áreas de servi-


ços e de obras em vias públicas ou rodovias e orien- Figura 9 – Balizador cônico
tação de trânsito de veículos e pedestres, podendo ser
utilizado em conjunto com a fita zebrada, o sinaliza-
dor strobo, a bandeira, etc. Também tem a finalidade
de identificação/visualização local de instalação de
aterramentos temporários, durante os serviços execu-
tados nos períodos diurno e noturno.
Figura 10 – Cone
Finalidade (figura 11): isolamento e sinalização
de sinalização
de áreas de trabalho, poços de inspeção, entrada de
galerias subterrâneas e situações semelhantes.

Finalidade (figura 12): para ser utilizado acoplado à extremidade su-


perior do balizador cônico quando do isolamento de áreas internas, na
Figura 11 – Grade dobrável
execução de serviços no período noturno, devendo ser instalada uma
unidade em cada extremidade da área isolada, funcionando sempre no
modo intermitente.

Finalidade (figura 13): identificação dos pontos de


aterramento temporário, em serviços executados no
período diurno e noturno, sendo apenas um sinali-
zador para cada conjunto de aterramento tempo-
rário, devendo ser acoplado à extremidade superior
do cone de sinalização ou fixado na estrutura por
meio do imã; também na identificação de serviços,
Figura 12 – Sinaliza- de obras, de acidentes e de atendimentos em ruas e
dor eletrônico a led
em rodovias.
Figura 13 – Sinali-
zador strobo

99
NR 10 - Curso Complementar

Finalidade (figura 14): sinalizar os veículos operacionais indicando


equipe trabalhando na via. Os veículos operacionais e de emergên-
cia devem possuir dispositivo de sinalização giratório de cor amarelo-
âmbar, instalado de forma fixa ou móvel no teto da cabine do veículo.
Deve ser acionada tanto durante o dia quanto
à noite, quando o veículo se ache em condi-
ção delicada com relação ao fluxo de trânsito
ou local onde esteja estacionado.

Finalidade (figura 15): destinada a advertir


as pessoas quanto ao perigo de ultrapassar
áreas delimitadas onde haja a possibilidade
de choque elétrico, devendo ser instalada em
Figura 14 – Sinalização gira- caráter permanente. Figura 15 – Placa: perigo de
tória em veículos morte – alta-tensão
Finalidade (figura 16): destinada a advertir
para o fato do equipamento em referência
estar incluído na condição de segurança, devendo a placa ser colocada
no comando local dos equipamentos.

Finalidade (figura 17): destinada a advertir e a sinalizar equipamento


energizado, estando ou não no interior da área delimitada para traba-
lhos. Utilizada em conjunto com a fita de sinalização amarelo-limão.
Destina-se, também, a sinalizar cubículos ou painéis adjacentes àquele
Figura 16 – Placa: não ope-
liberado para manutenção a fim de evitar en-
rar – “trabalhos”
gano de identificação.

Finalidade (figura 18): destinada a chamar


a atenção para o fato de que na área delimi-
tada/isolada serão executados serviços em Figura 17 – Placa: equipa-
regime de linha energizada. mento energizado

Figura 18 – placa: trabalhos


com instalações energizadas

100
Módulo 2 – Sistemas de controle

Finalidade (figura 19): destinada a alertar quanto à possibilidade do equi-


pamento entrar em operação a qualquer momento, sem aviso prévio.

Finalidade (figura 20): destinada a advertir


sobre o perigo de explosão quando do conta-
to de fontes de calor com os gases presentes Figura 19 – Placa: partida au-
no ambiente. Ex.: depósitos de inflamáveis, tomática

Figura 20 – Placa: perigo – salas de baterias. A mesma deve ser afixada


não fume, não acenda fogo, no lado externo do ambiente em questão.
desligue o celular
Finalidade (figura 21): destinada a alertar
quanto à obrigatoriedade do uso de determinado equipamento de
proteção individual.

Finalidade (figura 22): destinada a alertar


quanto à necessidade do acionamento do sis-
tema de exaustão do ambiente, antes de se
adentrar, para retirada da concentração de
gases no local. Figura 21 – Placa: uso obri-
Figura 22 – Placa: atenção Finalidade (figura 23): destinada a alertar gatório
– gases
a Operação, a Manutenção e a Construção
quanto à necessidade de espera de um tempo mínimo para fazer o
aterramento temporário de forma segura e iniciar os serviços.

Ao confeccionar essa placa, o tempo de espera deverá ser determinado


de acordo com a especificidade do equipamento/local onde a placa
será instalada.

Finalidade (figura 24): advertir quanto ao


perigo de choque elétrico ao adentrarem na
área delimitada. Instalada nos muros e nas
cercas externas das instalações com equipa-
Figura 23 – Placa: atenção
mentos energizados.
Figura 24 – Placa: perigo – para banco de capacitores
– não entre – alta-tensão e cabos a óleo

101
NR 10 - Curso Complementar

Finalidade (figura 25): advertir quanto ao perigo de choque elétrico.


Instalada nas torres de transmissão.

Agora que você já verificou os principais materiais de sinali-


Figura 25 – Placa: perigo –
zação, observe que a sinalização de segurança atende diver-
não suba
sas situações, as mais importantes você verificará a seguir.

Figura 26 – Identificação de
circuitos elétricos
Figura 27 – Travamentos e
bloqueios de dispositivos e
sistemas de manobra e co-
mandos

Figura 28 – Restrições e impedimentos de acesso

102
Módulo 2 – Sistemas de controle

Figura 29 – Delimitações de
áreas Figura 31– Identificação de
equipamento ou circuito
impedido
Figura 30 – Sinalização de
impedimento de energização

Você se recorda da questão proposta no início desta li-


ção? Você se lembrou de identificar os equipamentos com
os quais trabalha necessários para aplicar a sinalização de
segurança e como? Agora pense em quais situações a falta de
componentes empregados para sinalização de operações realizadas
no SEP, estudados nesta lição, oferecem mais situações inseguras ao
seu grupo de trabalho e por que esse grupo está suscetível a aciden-
tes. Anote as suas conclusões.

103
NR 10 - Curso Complementar

LIÇÃO 3

Equipamentos de proteção coletiva

Nesta lição você estudará os principais equipamentos de proteção


coletiva. Então, antes de iniciar o estudo, pense nos
principais equipamentos que você utiliza para a sua
proteção e de sua equipe. Por que vocês devem usá-
los? Em que momentos usar determinados equipa-
mentos? Faça as suas anotações e verifique no conte-
údo que segue os principais equipamentos que você
utiliza ao trabalhar com condutores, equipamentos
energizados ou que oferecem risco de energização.

Conforme você estudou no Curso Básico, os itens 10.2.8.1 e 10.2.8.2 da


Norma tratam:

NOR
MA 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações
elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente,
medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedi-
mentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir
a segurança e a saúde dos trabalhadores.
10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritaria-
mente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na
sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança.

Impõe-se que a desenergização elétrica, aplicada conforme definição


contida no subitem 10.5.1, dentre todas as medidas de proteção cole-

104
Módulo 2 – Sistemas de controle

tiva ao risco elétrico, deve ser a primeira a se considerar, ou seja, ter a


primazia de estudo da viabilidade para a aplicação. Quando a medida
de proteção coletiva “desenergização elétrica” for impossível de aplica-
ção, na seqüência seletiva de escolha da medida de controle coletiva
a ser adotada, deve-se empregar a “tensão de segurança”, que no SEP
não é operacional, restando então a opção de metodologia em linha
viva ou energizada.

Aterramento

Este material tem o objetivo de divulgar a adequada técnica de aterra-


mento temporário, para garantir segurança ao pessoal de manutenção
de linhas de transmissão e das estações, durante a execução de servi-
ços em equipamentos e/ou em instalações desenergizadas.

Tipos: baixa e altas-tensões.

Finalidade: equalizar as fases com o ponto aterrado.

Inspeção visual: defeitos nas conexões, nas molas e nas travas e na


oxidação. Limpar os grampos do conjunto de aterramento periodica-
mente com escova de aço, para garantir uma boa conexão. Em caso de
atuação do conjunto de aterramento, o mesmo deverá ser inutilizado.

Definições/fundamentos técnicos

a. Aterramento elétrico temporário

Ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional à terra, desti-


nada a garantir a eqüipotencialidade e mantida continuamente duran-
te a intervenção na instalação elétrica.

b. Segurança pessoal

O objetivo principal do aterramento temporário para intervenção em


equipamentos ou em instalações é o de fornecer segurança ao pessoal
envolvido (pela limitação da corrente que pode circular no corpo hu-
mano) em caso de energização acidental, descarga atmosférica, tensão
estática e tensão induzida capacitiva e/ou eletromagnética.

105
NR 10 - Curso Complementar

c. Conjunto de aterramento temporário

É o conjunto de componentes para ligações da malha terra (ou estru-


tura) aos condutores/equipamentos com os quais se executará os ser-
viços com a finalidade de segurança pessoal, composto de cabo con-
dutor, de grampos de fixação (à terra e aos condutores/equipamentos a
serem aterrados), de bastões de manobra para aterramento, de bastões
de manobras auxiliares, etc.

3.3 Características do conjunto de aterramento temporário

O conjunto de aterramento temporário deve atender as seguintes ca-


racterísticas:

 conduzir a máxima corrente de curto-circuito pelo tempo neces-


sário à atuação do sistema de proteção, garantindo a segurança
do homem de manutenção, no caso de energização acidental da
linha ou da instalação, além de conduzir correntes induzidas de
estado permanente;

 suportar os esforços mecânicos criados pelas correntes de curto-


circuito;

 garantir um baixo valor de resistência ôhmica para a terra;

 manter, por ocasião da corrente de curto-circuito, uma queda de


tensão através de sua parte condutora;

 os bastões para a execução do aterramento devem possuir isola-


mento compatível com a classe de tensão do equipamento ou da
linha em que serão realizados os trabalhos.

Não devem ser reutilizados conjuntos de aterramento que


foram submetidos à corrente de curto-circuito.

106
Módulo 2 – Sistemas de controle

3.4 Características dos componentes do conjunto de ater-


ramento temporário

1 Cabo condutor

O cabo condutor do conjunto de aterramento temporário deve:

 ser ótimo condutor;

 ser extraflexível;

 possuir revestimento transparente para vi-


sualização do condutor interno;

 ter comprimento compatível com a necessi-


dade da instalação;

 ter seção compatível com a corrente de curto.

2 Grampos de aterramento

Os grampos para o cabo de aterramento devem:

 ter capacidade de condução da corrente máxima


ima de curto-
circuito, suportável pelo cabo do conjunto de aterramento
amento
temporário;

 fornecer boa conexão elétrica e mecânica no


condutor a ser aterrado;

 possuir dispositivo para fixar o cabo por cima do revestimento


protetor (isolação), tornando rígida a conexão do cabo-grampo,
evitando danos ao condutor por flexão;

 possuir suporte de “descanso” com a finalidade de apoiar o outro


grampo do mesmo cabo de interligação de fases (antes da cone-
xão do último grampo desse cabo), há necessidade de dois gram-
pos equipados com “descanso” em cada conjunto de três cabos
para uso em estações.

107
NR 10 - Curso Complementar

3 Varas de manobra/bastão

As varas de manobra para uso no conjunto de aterramento temporário


devem:

 possuir encaixe tipo universal;

 possuir elevada resistência mecânica e excelentes qualidades


dielétricas;

 ter comprimento compatível (articulado quando necessário) com


a classe de tensão da instalação sob trabalho, com respeito à dis-
tância de segurança mínima.

4 Suporte de descanso para grampo de aterramento

Acessório instalado no grampo de aterramento, com a finalidade de


transportar o outro grampo do mesmo cabo (que segue para interli-
gação entre duas fases) quando da conexão do primeiro dos grampos;
deve ser resistente a esse esforço mecânico, ter diâmetro compatível
com a abertura dos grampos e de peso que não comprometa o con-
junto grampo-descanso.

5 Conjunto de equipamentos auxiliares

Acessórios com a finalidade de auxiliar no içamento do bastão de ma-


nobra já conectado ao grampo do cabo de aterramento temporário
quando da fixação ao equipamento ou à instalação a ser aterrado.

6 Estojo para acondicionamento e transporte do conjunto de aterra-


mento temporário

O estojo ou sacola deve ser de material impermeável para a proteção


das varas de manobra (e demais acessórios) e acondicionar somente
um conjunto, de maneira tal que as varas não sofram atrito no interior
do estojo (para que o verniz isolante do revestimento das varas não
seja arranhado).

108
Módulo 2 – Sistemas de controle

3.5 Procedimentos

1 Precauções no aterramento de linhas de transmissão e em estações

 observar constantemente as instruções normativas vigentes relativas


à segurança no trabalho em linhas de transmissão e em estações;

 o aterramento só pode ser executado após o teste de ausência de


tensão no equipamento/instalação, no qual se vai trabalhar;

 com exceção dos trabalhos que obrigatoriamente exijam


equipamento(s) ou instalação(ões) sem aterramento, nenhuma
intervenção em equipamento/instalação será iniciada sem que
o(s) equipamento(s) ou a(s) instalação(ões) esteja(m) perfeita-
mente sinalizado(s) e aterrado(s);

 proceder quanto aos cabos pára-raios de linhas de transmissão


isolados do mesmo modo que para cabos condutores;

 considerar, antes do aterramento temporário, todos os conduto-


res (inclusive os cabos pára-raios isolados) de média/altas-ten-
sões como energizados;

 tomar precaução e dar especial atenção (antes de executar o


aterramento temporário) para equipamentos que, mesmo após
desligados, permanecem com uma carga elétrica residual, por
exemplo, aguardando 30 minutos, no caso de capacitores e cabos
subterrâneos de 88 e 138 kV; 1 hora, para cabos subterrâneos de
230 kV; 4 horas, para cabos subterrâneos de 345 kV (ver instru-
ções específicas na instrução normativa);

 no caso de disjuntores que possuem capacitores de equalização


em paralelo com câmaras interruptoras, após desligamento do
disjuntor e desenergização completo do mesmo e, estando o
disjuntor liberado para o pessoal da manutenção (seccionadoras
anterior e posterior abertas), proceder da seguinte maneira, antes
de qualquer serviço:

109
NR 10 - Curso Complementar

 sinalizar a área;

 efetuar o teste de ausência de tensão;

 religar o disjuntor, a fim de descarregar os capacitores;

 aterrar o disjuntor.

 caso o conjunto de aterramento (já conectado à vara de manobra)


seja muito pesado, o homem de manutenção deve ser auxiliado
por outro que, através da carretilha e corda, aliviará o peso do
cabo. É proibida a prática de segurar o cabo pelo conector (com
as mãos) no ato da conexão a um equipamento ou na instalação
ao aterrar;

 não utilizar pontos de neutro de equipamentos como aterramen-


to, mesmo que sejam facilmente acessíveis, pois podem não estar
diretamente ligados a terra;

 manter o pessoal de manutenção posicionado (quando em ser-


viço) afastado, se possível, dos cabos de aterramento temporário,
fornecendo assim uma segurança contra os golpes dos cabos os-
cilados pela corrente de curto-circuito, numa eventual ocorrência;

 o pessoal de manutenção situado no solo deve manter-se afasta-


do das estruturas para evitar a possibilidade de choques elétricos
(potenciais de toque).

2 Localização dos aterramentos temporários

 nos condutores da linha desenergizada, nas estruturas anterior e


posterior àquela em que o serviço será realizado;

 em ambos os lados do ponto a ser seccionado, quando da execu-


ção da abertura ou do fechamento de jumpers ou da desconexão
e conexão de cabos condutores;

 nos condutores de ambos os lados da área de trabalho;

110
Módulo 2 – Sistemas de controle

 em local onde seja(m) facilmente visualizado(s);

 em todos os terminais dos cabos de média e altas-tensões (de


entrada e de saída, ou de ambos os lados) do(s) equipamento(s)
sob intervenção.

3 Execução do aterramento temporário

a. Em linhas de transmissão

 comunicar-se com a equipe de operação solicitando o desliga-


mento da linha de transmissão.

 vistoriar as condições do equipamento de aterramento temporá-


rio (bastões, corda isolante, carretilha) aprontando-os para uso,
verificando ainda as conexões entre os cabos de aterramento e os
grampos de conexão (procurando detectar possíveis rompimen-
tos no(s) cabo(s) e/ou anormalidade nos grampos);

 planejar o aterramento, o responsável pela equipe deverá infor-


mar (e coordenar) quais os serviços que serão executados e onde
serão executados, mostrando-os aos membros da turma para
que não hajam dúvidas, deverá ainda distribuir as tarefas entre
os membros da equipe;

 executar primeiro o teste de detecção de tensão pelo aparelho


de teste, para comprovar a real desenergização da instalação a
ser aterrada;

 içar os conjuntos de aterramento temporário pelo uso de carreti-


lhas ou corda de serviço;

 conectar o grampo de fixação (ponto de terra) do cabo de aterra-


mento temporário a uma das peças da estrutura de forma a ser
obtido um bom contato (no caso de estruturas pintadas, deve-se
remover totalmente a camada de tinta no local da conexão);

111
NR 10 - Curso Complementar

 o cabo de aterramento temporário deverá ser acoplado na vara de


manobra pelo grampo de aterramento. Em seguida, dirigi-lo ao
cabo condutor da fase a ser aterrada e, por fim, apertar o grampo,
observando que a seqüência de colocação é da fase inferior para
superior ou da mais próxima ao eletricista para a mais afastada;

 sinalizar as fases liberadas, conforme instrução normativa relati-


va à Segurança do Trabalho em Linhas de Transmissão Aéreas;

A sistemática de retirada da sinalização e do aterramento


temporário é inversa à de colocação, começando pela reti-
rada da sinalização e desconexão do grampo fixado no con-
dutor da fase superior (ou a mais afastada), levando em conside-
ração que já não há mais necessidade do aterramento temporário e já
existem condições de liberação do equipamento ou da instalação.

 o responsável pela equipe, após a última atividade, deverá veri-


ficar se as sinalizações e os aterramentos temporários foram re-
tirados e se não existe mais nenhum obstáculo para a entrega da
linha de transmissão à Operação;

 estando em condições (a linha de transmissão), o responsável


pela equipe deverá entrar em contato com a Operação informan-
do que todos os aterramentos temporários, sob a sua responsabi-
lidade, foram retirados.

112
Módulo 2 – Sistemas de controle

Teste de ruído
O teste de ruído é aplicável para tensões iguais ou maiores que 69 kV,
utilizar detector de tensão eletrônico devidamente testado. O teste de
ruído é indicador da ausência de tensão em desligamentos. Recomen-
da-se realizar imediatamente antes de efetuar o terramento temporá-
rio da instalação.
Para verificar se a parte da instalação a ser trabalhada está desener-
gizada, deve-se aproximar uma ferramenta universal (garfo ajustador
de concha ou suporte de concha) conectada a um bastão universal do
cabo condutor da instalação até tocá-lo. Caso esteja energizada, haverá
um ruído audível característico. O procedimento descrito deverá ser
repetido o número de vezes suficiente até não haver dúvidas quanto a
inexistência de tensão.

b. Em subestações

 na subestação, o responsável pelos serviços deverá comuni-


car-se com o operador, solicitando a desenergização do(s)
equipamento(s) ou instalação(ões);

 preparar o equipamento de aterramento;

 planejar o aterramento – o responsável pela equipe deverá infor-


mar (e coordenar) os serviços que irão ser executados, onde e por
quem serão executados;

 após as manobras executadas para o impedimento do(s)


equipamento(s), o responsável e a equipe deverão, em conjunto,
conferir as manobras executadas, confirmando a desenergização
elétrica do(s) equipamento(s);

 sinalizar e delimitar a área de serviço (conforme instrução nor-


mativa relativa à Segurança do Trabalho em Subestações);

113
NR 10 - Curso Complementar

 executar o teste de ausência de tensão para comprovar a dese-


nergização elétrica (de ambos os lados) do(s) equipamento(s) ou
da(s) instalação(ões);

 conectar o grampo de conexão à terra do cabo de aterramento


temporário à malha de terra, tendo o cuidado de limpar o con-
dutor da malha no ponto de conexão, o outro grampo, conectar
(com o auxílio de bastão) ao condutor da fase central;

 esticar e amarrar o cabo de aterramento temporário em alguns


pontos da estrutura do equipamento/instalação para evitar o chi-
coteamento provocado pelo esforço mecânico quando de uma
descarga pelo cabo de aterramento temporário;

 desconectar o grampo da haste de “descanso” e conectá-lo a um


condutor de uma das outras fases ainda não aterradas (tendo o
cuidado de executar o movimento de limpeza da área de contato);

 proceder de maneira idêntica com a outra fase deste lado do(s)


equipamento(s) ou das instalação(ões);

 proceder de maneira semelhante para o outro lado do(s)


equipamento(s), conforme os seis últimos subitens;

1. Se for necessário efetuar o aterramento utilizando-se


outro arranjo (para atender necessidades específicas), ana-
lisá-lo previamente em conjunto com o responsável pelo
serviço.
2. Nos casos em que a distância entre as fases do barramento for
grande (por exemplo, nas classes de tensões 345 kV e 440 kV), o
que dificulta a execução de jumper entre os condutores, o aterra-
mento pode ser feito conectando-se cada fase diretamente à terra.
Dessa maneira será utilizado um conjunto de aterramento muito
pesado, para tanto, o eletricista deve instalar a carretilha com corda
(que irá içar os cabos e os bastões para realizar o aterramento),

114
Módulo 2 – Sistemas de controle

posicionando-a na altura da fase que será aterrada e assim, suces-


sivamente, para as demais fases. O pessoal que estiver puxando a
carretilha deverá ter o cuidado de observar o balanço da corda para
evitar que esta venha a esbarrar em algum equipamento ou circuito
energizado.

 no caso de instalação do cabo de aterramento no cabo de descida


de pára-raios com contador de descargas, o ponto de conexão à
terra deve estar abaixo do contador de descargas. O contador de
descargas não pode ficar inserido no circuito de aterramento;

 a operação de retirada do aterramento temporário e de sinaliza-


ção deve ser executada na seqüência inversa à de colocação;

 o responsável pela turma, após a última atividade, deverá ve-


rificar se todos os aterramentos temporários foram retirados
e se não existe mais nenhum obstáculo para a entrega do(s)
equipamento(s) ou da(s) instalação(ões).
Glossário
Hexafloreto de enxofre.
c. Em subestações blindadas a SF6

 os aterramentos são feitos por meio das chaves de aterramento


existentes em vários trechos dos compartimentos da estação co-
mandadas pela operação;

 os procedimentos e os cuidados de isolação e de aterramento


vão depender do arranjo e das instruções específicas para cada
estação.

d. Em usinas

A sistemática de aterramento em usinas segue o mesmo procedimento


das demais instalações, em conformidade com a NR10.

Para considerar o circuito desenergizado o mesmo terá que, entre as


demais condições, estar aterrado conforme os seguintes procedimen-
tos, independente de ser de baixa tensão ou média tensão:

115
NR 10 - Curso Complementar

 prover a equipotencialização dos circuitos;

 efetuar o aterramento, sempre conectando primeiro na malha de


terra, para em seguida conectar aos condutores ou carcaça;

 o conector deve ser do tipo com garra com parafuso (sargento);

 a bitola do condutor de aterramento deve ser compatível com


o nível de curto circuito no qual, o equipamento ou condutores
estejam inseridos;

 os condutores devem ser nus ou com isolação transparente;

 quando da necessidade de desfazer o aterramento, o(s) primeiro


(s) conector(es) a ser(em) retirado(s), será o da carcaça ou condu-
tor, para em seguida o da malha de terra.

3.6 Manutenção do conjunto de aterramento

Todos os componentes necessários para o aterramento de uma linha


ou de um equipamento deverão ser periodicamente inspecionados,
como descrito abaixo:

 verificar se existem fios partidos ou danos físicos no cabo, prin-


cipalmente próximo aos conectores, antes de cada utilização dos
conjuntos de aterramento. A conexão entre os cabos e os gram-
pos deve ser rígida e limpa. As mandíbulas serrilhadas devem ser
limpas freqüentemente e substituídas quando estiverem danifi-
cadas;

 limpar os bastões isolantes e inspecionar quanto à existência de


fissuras ou outros danos, além de ensaio periódico de isolamento;

 manusear, armazenar e transportar com cuidado o conjunto de


aterramento, de modo a preservar a sua boa condição de uso.

116
Módulo 2 – Sistemas de controle

3.7 Treinamento

Devido à variedade de soluções adotadas nos projetos


de linhas de transmissão, subestações e usinas, é muito
difícil estabelecer normas rígidas que sejam eficientes
para todos os casos.

Portanto, é válido afirmar que algumas recomendações


de caráter mais amplo se fazem necessárias, além das
que estão descritas na presente instrução. Dentre essas
recomendações destacamos, além do planejamento de trabalho para
cada atividade, a necessidade de que todas as equipes de manutenção
estejam treinadas e capacitadas para a execução do aterramento tem-
porário, conforme orientações e procedimentos vigentes na empresa.

Você se lembra da questão proposta no início da lição? Você


já conhecia todos esses equipamentos de proteção coletiva
apresentados? Quais você não utiliza no seu trabalho? Existe
algum equipamento que você tem dificuldade em utilizar? Anote
as suas conclusões.

117
NR 10 - Curso Complementar

LIÇÃO 4

Equipamentos de proteção individual - EPI

Esta lição abordará os principais equipamentos de proteção individual


para garantir a sua segurança. Você se lembra dos principais? Por que
utilizá-los? Anote as suas conclusões.

Este é um tópico importante para estudar, pois conforme a Norma Re-


gulamentadora nº 6, equipamento de proteção individual – EPI é todo
dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo empregado,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho.

O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou im-


portado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do
Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo órgão nacional compe-
tente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do
Trabalho e Emprego.

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamen-
to, nas seguintes circunstâncias:

a. sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa


proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças
profissionais e do trabalho;

b. enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo im-


plantadas; e

118
Módulo 2 – Sistemas de controle

c. para atender situações de emergência.

A NR-6 (norma regulamentadora referente equipamentos de proteção in-


dividual) estabelece responsabilidades aos empregadores e empregados.

Cabe ao empregador quanto ao EPI:

a. adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;

b. exigir seu uso;

c. fornecer ao empregado somente o aprovado pelo órgão nacional


competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d. orientar e treinar o empregado sobre o uso adequado, a guarda


e a conservação;

e. substituir, imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f. responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e

g. comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego qualquer irre-


gularidade observada.

Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a. utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina;

b. responsabilizar-se pela sua guarda e conservação;

c. comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impró-


prio para uso; e

d. cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

Conforme o art. 157 da CLT

Cabe às empresas:

I. cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do


trabalho;

II. instruir o empregado, através de ordens de serviço, quanto às

119
NR 10 - Curso Complementar

precauções a serem tomadas no sentido de evitar acidentes do


trabalho ou doenças profissionais.

Conforme o art. 158 da CLT

Cabe aos empregados:

I. observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclu-


sive as ordens de serviço expedidas pelo empregador;

II. colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste ca-


pítulo (V).

Parágrafo único – constitui ato faltoso do empregado a recusa injusti-


ficada:

 à observância das instruções expedidas pelo empregador;

 ao uso dos equipamentos de proteção individual – EPI’s forneci-


dos pela empresa.

No Módulo 1 você estudou sobre os riscos com altura e al-


guns cuidados. Neste Módulo você estudará a especificação
de cada equipamento.

4.1 Caracterizando os equipamentos de proteção individu-


al para trabalho em altura

1 Equipamentos de proteção individual para trabalho em altura

a. Cinto de segurança

O cinto tem a finalidade de unir o trabalhador com o talabarte de segu-


rança. Em caso de queda, o mesmo tem o objetivo de sustentar o usuário
e distribuir a força de impacto por todo o corpo do trabalhador através
das fitas ajustáveis ao tronco do trabalhador. Para isso, é necessário que
o mesmo seja perfeitamente ajustado à morfologia do usuário.

120
Módulo 2 – Sistemas de controle

b. Cinto de segurança tipo abdominal

O cinto de segurança tipo abdominal somente deve ser utilizado em


serviços de eletricidade e em situações em que funcione como limita-
dor de movimentação, conforme NR-18, aprovada pela portaria 3.214
do Ministério do Trabalho e Emprego.

c. Cinto de segurança tipo pára-quedista

O cinto de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado em ativida-


des a mais de 2 m de altura do piso, nas quais haja risco de queda do
trabalhador, conforme NR-18, aprovada pela portaria 3.214 do Minis-
tério do Trabalho e Emprego.

Nota: os cintos de segurança deverão ser substituídos quando apre-


sentarem deformações ou avarias em costuras, fitas ou argolas de
fixação de equipamentos de ancoragem e posicionamento ou quando
houver queda do trabalhador. Em caso de dúvidas, o equipamento de-
verá ser encaminhado ao fabricante/fornecedor para avaliação.

d. Talabartes

Talabartes de segurança tipo “Y”

Os talabartes podem ser confeccionados em fitas planas ou em cordas


sintéticas. Esse equipamento deverá ser conectado ao cinto de segu-
rança (pontos centrais frontais ou dorsais) por meio do mosquetão au-
tomático com três movimentos.

O comprimento dos talabartes não deverá ser superior a 1,3 m e é defi-


nido entre as extremidades do mosquetão e do gancho de ancoragem.

O absorvedor de energia, equipamento opcional do talabar-


te de segurança tipo “Y”, não deverá ser utilizado em ativi-
dade onde, em caso de queda, o trabalhador fique exposto ao
risco elétrico em função da distância de segurança.

121
NR 10 - Curso Complementar

Talabarte de posicionamento

Equipamento destinado ao posicionamento confortável


em um posto de trabalho ou para a limitação de movi-
mentação.

Esse equipamento não deverá ser utilizado como equipamento anti-


queda.

e. Trava-quedas para cordas

O trava-quedas poderá ser utilizado como equipamento antiqueda


para atividades de movimentação vertical em estru-
turas de linhas de transmissão.

Para a instalação desse equipamento, o usuário


deverá observar o sentido de instalação vertical do trava-quedas, ilus-
trado em baixo relevo, por meio de uma seta que deverá permanecer
para cima, tanto para ascensão como para descensão.

O formato construtivo e o diâmetro da corda deverão ser compatíveis


com o equipamento.

Higienização

 Após o uso, escovar as partes metálicas.

Conservação

 Armazenar protegido da umidade e ação direta dos raios solares.

 Manter afastado de produtos químicos.

 Se molhado, secar à sombra e em local ventilado.

f. Trava-quedas retrátil

Os travas-quedas retráteis poderão ser utilizados para a mo-


vimentação vertical. A movimentação diagonal, em relação à
ancoragem do equipamento, não deverá exceder a uma incli-
nação de 30º.

122
Módulo 2 – Sistemas de controle

g. Cordas para trabalho em altura

As cordas para segurança em trabalhos em altura deverão ser com-


patíveis com as atividades e os equipamentos utilizados. Essas cordas
deverão ser do tipo“capa e alma”, confeccionadas em 100% poliamida
ou mista com poliamida e poliéster.

As cordas deverão possuir laudo de resistência de ruptura por tração


estática emitido por laboratório idôneo.

Cuidados com os cinturões para trabalho em altura.


- Antes e após a sua utilização, o empregado deve inspecionar o con-
junto cinturão/talabarte, verificando se há defeitos nas costuras, nos
rebites, nos furos, nas argolas, nos mosquetões e nas respectivas molas
e travas.
 O cinturão deve ser do tamanho adequado ao porte físico do usuá-
rio, usado abaixo da cintura e sempre repousando sobre os quadris.
 Após o uso, não deve ser atirado ao solo, mas descido do poste
juntamente com o empregado.
 É terminantemente proibida a abertura de furos adicionais em qual-
quer parte do cinturão.
 Após a utilização, o cinturão, se necessário, deve ser colocado em
ambiente arejado, fora da ação do sol, até que fique completamente
seco, deve sempre ser guardado na bolsa de equipamento de segu-
rança para evitar cortes, desgaste por ferramentas ou deformação
por materiais pesados.
 Para mantê-lo limpo, deve-se lavar o mesmo em água e sabão neu-
tro e enxaguar em água corrente, colocado-o em local arejado,
fora da ação do sol, até que fique completamente seco, aplicar óleo
apropriado nas partes de couro para a sua conservação.

123
NR 10 - Curso Complementar

h. Mosquetões

Os mosquetões do talabarte de segurança tipo “Y” deverão ser do tipo


“Pêra” com trava de três movimentos (Figura 33).

Os mosquetões do talabarte de serviço deverão ser do tipo “Pêra D” ou


“D” assimétrico com dois movimentos automático (Figura 34).

Figura 33 – Mosquetão tipo Figura 34 – Mosquetão tipo


“pêra” automático com três “d” automático com dois
movimentos movimentos

i. Malhas rápidas

A
As malhas rápidas são utilizadas para a união dos ganchos de anco-
ragem com o talabarte de segurança. Essas malhas deverão ser ros-
queadas com auxilio de chaves
para o torque necessário para
impedir a abertura involuntá-
ria desse equipamento.

j. Fitas planas para ancoragens

Estas fitas poderão ser utilizadas para a ancoragem de sistemas de se-


gurança antiqueda ou para a confecção de vias de movimentação para
conexão dos ganchos de ancoragem do talabarte de segurança.

124
Módulo 2 – Sistemas de controle

2 Aventais

a. Avental de couro

 Deve ser usado na proteção do tórax, abdome e coxas contra o


impacto de partículas, abrasão e queimaduras.

 Deve ser usado por cima do uniforme de trabalho.

 Fora de uso, não deve ser abandonado em local que comprometa


sua segurança.

b. Avental de plástico

 Deve ser usado na proteção do tórax, abdome e coxas contra res-


pingos de produtos químicos.

 Deve ser usado por cima do uniforme de trabalho.

 Periodicamente deve ser lavado com água e sabão neutro, deven-


do ser enxaguado em água corrente e colocado em local arejado,
fora da ação do sol, até que fique completamente seco.

 Fora de uso, não deve ser dobrado e nem abandonado em local


que comprometa sua segurança.

As bolsas também são muito importantes para a garantia da


segurança em trabalhos no SEP.

3 Bolsa de equipamentos de proteção

 A bolsa de equipamentos de proteção individual deve ser utili-


zada para transporte e guarda dos EPI’s de cada empregado que
compõe a equipe.

 A bolsa de equipamentos de proteção individual deve ser manti-


da sempre trancada a cadeado e inspecionada diariamente pelo
empregado antes de sua utilização.

125
NR 10 - Curso Complementar

4 Luvas

a. Luvas de borracha para eletricistas

 Nos trabalhos em condutores ou equipamentos energizados,


ou que ofereçam risco de energização, mesmo quando opera-
dos com vara de manobra, devem ser usadas luvas de borracha,
devendo-se adotar a classe adequada ao nível da tensão elétrica
de trabalho.

 As luvas de borracha para eletricistas somente devem ser utili-


zadas recobertas.

 Devem ser cobertas externamente por luvas de napa, quando de


baixa-tensão, e de vaqueta, quando de alta–tensão.

 As luvas de borracha para eletricistas não devem ser amassadas


e nem abandonadas em local que comprometa a sua segurança.

A luva não deve ser usada ao avesso com a intenção de


seu aproveitamento na formação de um novo par.

 O empregado que utiliza as luvas de borracha deve ter as unhas


cortadas rentes e as mãos desprovidas de anéis ou de outros ob-
jetos capazes de danificar as mesmas.

Verifique na tabela abaixo a relação dos tipos/contatos/tarja para luva


de borracha.
TIPO CONTATO TARJA
Classe 00 500V Bege
Classe 0 1000V Vermelha
Classe I 7,5 kV Branca
Classe II 17 kV Amarela
Classe III 26,5 kV Verde
Classe IV 36 kV Laranja

Tabela 3 – Tipos/contatos/tarja para luva de borracha

126
Módulo 2 – Sistemas de controle

Higienização

 Lavar com água e detergente neutro, isentando-as de óleo ou


graxa.

 Enxaguar com água.

 Secar ao ar livre e à sombra.

 Polvilhar, externa e internamente, com talco industrial.

Conservação

 Armazenar em bolsa apropriada, sem dobrar, enrugar ou com-


primir.

 Armazenar em local protegido da umidade, ação direta de raios


solares, produtos químicos, solventes, vapores e fumos.

Antes do uso, realizar o teste de inflamento para avaliação


visual da luva em busca de rasgos, furos, ressecamentos,
etc.

b. Luvas de cobertura

 Para proteção das luvas de borracha para eletricistas, devem ser


usadas luvas de napa ou de vaqueta, não podendo, estas,
serem usadas separadamente das luvas de borracha.

 Antes e após a sua utilização, as luvas devem ser ins-


pecionadas, aquelas que apresentarem defeito devem
ser substituídas.

 A luva não deve ser usada ao avesso com a intenção de seu apro-
veitamento na formação de um novo par.

 As luvas de cobertura não devem ficar dobradas nem abandona-


das em local que comprometa a sua segurança.

127
NR 10 - Curso Complementar

 As luvas de napa ou de vaqueta devem ser guardadas em sepa-


rado das luvas de borracha, completamente limpas e secas e em
recipiente individual apropriado.

Finalidade

Exclusivamente como proteção da luva isolante de borracha.

Higienização

Limpar utilizando pano limpo, umedecido em água e secar à sombra.

Conservação

 Armazenar protegida de fontes de calor.

 Se molhada ou úmida, secar à sombra.

c. Luva de proteção tipo condutiva

Finalidade

Proteção das mãos e dos punhos quando o empregado realiza tra-


balhos ao potencial.

Higienização

 Lavar manualmente em água morna com detergente neutro, tor-

cer suavemente e secar à sombra.

Conservação

 Armazenar em local seco e limpo.

d. Luva de segurança em borracha nitrílica

Finalidade

Proteção das mãos e punhos do em-


pregado contra agentes químicos e
biológicos.

Higienização

 Lavar com água e sabão neutro.

128
Módulo 2 – Sistemas de controle

Conservação

 Armazenar em saco plástico e em ambiente seco.

 Secar à sombra.

e. Luva de segurança em PVC (HEXANOL)

Finalidade

Proteção das mãos e dos punhos do empregado contra recipientes


contendo óleo, graxa, solvente.

Quando utilizado para manuseio de produtos contamina-


dos por PCB’s, as mesmas deverão ser descartadas, confor-
me legislação.

Higienização

 Lavar com água.

Conservação

 Manter em local protegido da ação direta dos raios solares ou


quaisquer outras fontes de calor.

 Secar à sombra.

 Nunca molhar o forro.

5 Manga de borracha

 Nos trabalhos em condutores ou em equipamentos


energizados devem ser usadas mangas de borracha,
adotando-se a classe adequada ao nível de tensão elé-
trica de trabalho.

 Devem ser tomadas as mesmas precauções de conservação


das luvas de borracha citadas anteriormente e de reteste.

129
NR 10 - Curso Complementar

 Devem ser especificada de acordo com as orientações da enge-


nharia de segurança.

Finalidade

Proteção do braço e do antebraço do empregado contra choque elétri-


co durante os trabalhos em circuitos elétricos energizados.

Higienização

 Lavar com água e detergente neutro.

 Secar ao ar livre e à sombra.

 Polvilhar talco industrial, externa e internamente.

Conservação

 Armazenar em saco plástico, em ambiente seco e ventilado.

 Se molhada, secar à sombra.

 Nunca secar ao sol (pode causar efeito de ressecamento).

Cabe salientar que todas as fotos e as figuras utilizadas são


apenas ilustrativas.

6 Proteção da cabeça

a. Capacete de segurança tipo aba frontal (jóquei) e capacete de segurança


tipo aba total

Finalidade

Proteção da cabeça do empregado contra quedas


do mesmo nível, níveis diferentes, impactos físicos
(trabalho a céu aberto), provenientes de queda ou
de projeção de objetos, choque elétrico e irradiação
solar.

130
Módulo 2 – Sistemas de controle

Higienização

 Limpá-lo, mergulhando por um minuto num recipiente conten-


do água com detergente ou sabão neutro.

 O casco deve ser limpo com pano ou outro material que não pro-
voque atrito, evitando assim a retirada da proteção isolante de sili-
cone (brilho), fator que prejudica a rigidez dielétrica do mesmo.

 Secar à sombra.

Conservação

 Evitar atrito nas partes externas, mau acondicionamento e conta-


to com substâncias químicas.

 Lavar com água e sabão neutro.

 Secar com papel absorvente.

b. Capacete de segurança tipo aba frontal com protetor facial

Finalidade

Proteção da cabeça e face em trabalho no qual haja risco de ex-


plosões com projeção de partículas e queimaduras provocadas
por abertura de arco voltaico.

Higienização

 Limpá-lo, mergulhando por um minuto num recipiente con-


tendo água e detergente ou sabão neutro.

 O casco deve ser limpo com pano ou outro material que não
provoque atrito evitando, assim, a retirada da proteção isolan-
te de silicone (brilho), o que prejudicaria a rigidez dielétrica do
mesmo.

 Secar à sombra.

O protetor facial deve ser lavado com água e sabão neutro e seco com
papel absorvente.

131
NR 10 - Curso Complementar

O papel não poderá ser friccionado no protetor para não


riscá-lo.

Conservação

 Evitar atrito nas partes externas, acondicionamento inadequado


e contato com substâncias químicas.

c. Capuz de segurança tipo balaclava

Finalidade

Proteção facial do usuário contra riscos provenientes de abertura


de arco elétrico (tecido anti-chama).

Higienização

 Limpá-lo mergulhando um recipiente contendo água e deter-


gente ou sabão neutro, deixando de molho por algumas horas,
enxaguar e torcer na mão.

 Secar à sombra.

Conservação

 Evitar atrito nas partes cortantes ou pontiagudas das ferramen-


tas, acondicionamento inadequado e contato com substâncias
químicas.

7 Óculos de proteção

 De acordo com o tipo de serviço, no


qual haja desprendimento de partícu-
las, intensos raios luminosos ou poeiras,
devem ser usados óculos de segurança.

 As lentes devem ser mantidas sempre limpas e isentas de poeira,


óleo ou graxa.

132
Módulo 2 – Sistemas de controle

Antes de sua utilização, os óculos devem ser lavados com água e sabão
neutro e, em seguida, deve-se aplicar líquido antiembaçante às suas
lentes.

 Fora de uso, os óculos não devem ser abandonados em local que


comprometa a sua segurança, devendo ser guardados em local
apropriado e sob condições ambientais normais.

 Se as circunstâncias exigirem redistribuição, os óculos de seguran-


ça devem ser limpos e esterilizados.

Finalidade

Proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e


raios ultravioleta.

Higienização

 Lavar com água e sabão neutro.

 Secar com papel absorvente.

O papel absorvente não poderá ser friccionado na lente


para não riscá-la.

Conservação

 Acondicionar na bolsa original com a face voltada para cima.

8 Proteção auditiva

a. Protetor auditivo tipo concha

Finalidade

Proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apre-


sentem ruídos excessivos.

133
NR 10 - Curso Complementar

Higienização

 Lavar com água e sabão neutro, exceto as espumas internas das


conchas.

Conservação

 Armazenar na embalagem adequada, protegido da ação direta


de raios solares ou de quaisquer outras fontes de calor.

 Substituir as espumas (internas) e almofadas (externas) das con-


chas, quando estiverem sujas, endurecidas ou ressecadas.

b. Protetor auditivo tipo inserção (Plug)

Finalidade

Proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem


ruídos excessivos.

Higienização

 Lavar com água e sabão neutro.

Conservação

 Acondicionar na embalagem, protegido da ação direta de raios


solares ou de quaisquer outras fontes de calor.

9 Proteção respiratória

a. Respirador de proteção semifacial filtrante (descar-


tável); respirador de proteção semifacial (com filtro);
respirador de adução de ar (máscara autônoma)

Finalidade

Proteção respiratória em atividades e em locais que apresentem tal ne-


cessidade, em atendimento à instrução normativa nº. 1 de 11/04/1994
– (Programa de Proteção Respiratória: Recomendações/Seleção e Uso
de Respiradores).

134
Módulo 2 – Sistemas de controle

10 Proteção dos membros inferiores

 Nos trabalhos envolvendo distribuição de energia elétrica, em


todas a suas fases, devem ser usadas botinas de segurança in-
dustrial, adotando-se o tipo adequado para cada serviço.

 As botinas devem ser inspecionadas pelo empregado antes e


após a sua utilização, verificando se existem cortes, furos, des-
gaste excessivo do solado ou outros defeitos que justifiquem a
sua substituição.

 Para as botinas de segurança, devem ser tomadas as mesmas


precauções adotadas para as botas de PVC, além da aplicação
periódica de graxa apropriada para a sua conservação.

 É proibida qualquer alteração nas características originais das


botinas de segurança.

 Nos trabalhos de campo, e nos demais, onde ofereçam riscos


para os pés, devem ser usados calçados de segurança industrial,
adotando-se o tipo adequado para cada serviço.

a. Calçado de segurança tipo botina de couro

Finalidade

Proteção dos pés contra torção, escoriações, derrapagens e


umidade.

Conservação e higienização

 Armazenar em local limpo, livre de poeira e de umidade.

 Se molhado, secar à sombra.

 Engraxar com pasta adequada para a conservação de couros.

b. Calçado de segurança tipo bota de couro (cano médio - coturno)

Finalidade

Proteção dos pés e das pernas contra torção, escoriações, derrapagens


e umidade.

135
NR 10 - Curso Complementar

Conservação e higienização

 Armazenar em local limpo, livre de poeira e de umidade.

 Se molhado, secar à sombra;

 Engraxar com pasta adequada para a conservação de couros.

c. Calçado de segurança tipo bota de couro (cano longo - rodoviário)

Finalidade

Proteção dos pés e das pernas contra torção, escoriações, derrapagens,


umidade e ataque de animais peçonhentos.

Conservação e higienização

 Armazenar em local limpo, livre de poeira e de umidade.

 Se molhado, secar à sombra;

 Engraxar com pasta adequada para a conservação de couros.


d. Calçado de segurança tipo bota de borracha (cano longo)

Finalidade

Proteção dos pés e das pernas contra umidade, derrapagens e agentes


químicos agressivos.

Higienização

 Lavar com água e sabão neutro.

 Secar interna e externamente com papel toalha ou pano.


Conservação

 Armazenar em local protegido da umidade, da ação direta de


raios solares, dos produtos químicos, dos solventes, dos vapores
e dos fumos.

 Não dobrar para não deformar.

136
Módulo 2 – Sistemas de controle

e. Calçado de segurança tipo condutivo (coturno)

Finalidade

Proteção dos pés quando o empregado realiza trabalhos ao


potencial.

Conservação e higienização

 Engraxar com pasta adequada para a conservação de couros.

 Armazenar em local limpo, livre de poeira e umidade.

 Se molhado, secar à sombra.

 Nunca secar ao sol (pode causar efeito de ressecamento).

f. Perneira de segurança para proteção em couro

Finalidade

Proteção das pernas contra objetos perfurantes, cortantes e ataque


de animais peçonhentos.

Conservação e higienização

 Engraxar com pasta adequada para a conservação de couros.

 Armazenar em local limpo, livre de poeira e de umidade.

 Se molhado, secar à sombra;

 Nunca secar ao sol (pode causar efeito de ressecamento).

11. Proteção para a pele

Creme contra insetos, creme protetor solar e creme protetor labial

Finalidade

Proteção do empregado contra ação dos raios solares na pele e nos


lábios e contra a ação de insetos.

Conservação

Manter a embalagem fechada, protegida da luz e do calor.

137
NR 10 - Curso Complementar

OBS.: uso conforme prescrição médica, ainda não considerado EPI por
não possuir CA.

12.Vestuários de trabalho

Conforme a NR-10, subitem 10.2.9.2, “As vestimentas de trabalho de-


vem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibili-
dade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas”.

Vestimenta de trabalho é, no caso em análise, entendida como um


equipamento de proteção individual – EPI destinada à proteção do
tronco e dos membros superiores e inferiores contra os diversos riscos
elétricos e, especialmente, protegê-los dos seus efeitos.

 Condutibilidade para proteger contra os riscos de contato – as


vestimentas não deverão possuir elementos condutivos.

 Inflamabilidade para proteger contra os efeitos térmicos dos ar-


cos voltaicos e de seus flashs, que podem provocar a ignição das
roupas.

 Influências eletromagnéticas para proteger contra os efeitos


provocados por campos eletromagnéticos com intensidade que
tenha potencial de risco, em certas circunstâncias, as roupas de-
verão ser condutivas.

Lembre-se que a vestimenta deverá ser implantada mediante a reali-


zação da análise de risco criteriosa e adequada, respeitando a intensi-
dade de risco, as peculiaridades de cada atividade profissional e o con-
forto. Salientamos que a especificação do grau de proteção requerido
para as roupas anti-chamas deve ser compatível com a atividade e com
a potência de curto-circuito características das instalações.

138
Módulo 2 – Sistemas de controle

12.1 Caracterização dos vestuários de trabalho

Nos serviços em instalações elétricas, a vestimenta representa impor-


tante fator de segurança, sendo necessário observar o seguinte:

 a vestimenta fornecida pela empresa deve ser mantida limpa e


em boas condições de uso, sendo proibidas alterações e o uso de
vestuário impregnado de óleo, graxa ou substância inflamável;

 não usar as calças com as suas pernas arregaçadas;

 não colocar as pernas das calças por dentro do cano das botas;

 os danos verificados no uniforme, nas ferramentas e nos equipa-


mentos de segurança, devem ser comunicados à chefia imediata,
para substituição;

 roupas endurecidas por cimento, cal, graxa, óleo ou solvente não


podem ser usadas.

12.2Vestimentas de segurança

1 Roupa anti-chama

A roupa anti-chama tem como finalidade proteger os trabalhadores


contra queimaduras na ocorrência de arcos elétricos. Lembre-se que
durante um arco elétrico, são lançadas partículas de metal e plástico
derretido devido à temperatura deste fenômeno atingir até 6000 °C.

Para a total proteção do operador, devem ser cobertas todas as partes


do corpo que possam ser atingidas pelas energias oriundas dos arcos-
elétricos. Portanto é necessária a utilização de capuz, calça de seguran-
ça, camisa de segurança e/ou capa de segurança. Dependendo do grau
de risco, os operadores podem utilizar apenas calça e camisa. Caso o
grau de risco seja maior, os trabalhadores devem usar uma capa sobre
a calça e camisa de segurança.

139
NR 10 - Curso Complementar

Camisa e calça antichama

Uso:

Uso em situações que necessitam de uma proteção contra riscos de


chama e às probabilidades de queimaduras de 2º grau na ocorrência
de descargas e explosões causadas por arco elétrico.

Capuz

Uso:

Apropriado para proteção a potenciais arcos elétricos ou curto-circui-


tos, onde alta energia, temperatura e partículas volantes possam cau-
sar queimaduras e outros agravos na face dos trabalhadores.

Capa

140
Módulo 2 – Sistemas de controle

Uso:

Uso em situações que necessitam de uma proteção contra riscos de


chamas e às

probabilidades de queimaduras de 2º e 3º grau na ocorrência de des-


cargas e explosões causadas por arcos elétricos.

Higienização das roupas antichama

Lavar com água e detergente neutro. Não friccionar excessivamente a


roupa. Se estiver muito suja, deixe de molho na água para que a sujeira
se desprenda naturalmente. Secar pelo avesso. A secagem em tambor
rotativo pode causar encolhimento.

Armazenagem

Guardar em local seco e arejado.

2 Blusão em tecido impermeável e calça em tecido impermeável

Finalidade

Proteção do corpo contra chuva, umidade


e produto químico.

Higienização

 Lavar, sacudir e passar pano limpo e seco nas partes molhadas.

 Quando sujo de barro, limpar com pano umedecido com água e


detergente neutro.

 Quando sujo de graxa, limpar com pano umedecido com álcool.

Conservação

 Acondicionar em sacos plásticos fechados a fim de evitar que se-


jam danificadas.

 Acondicionar em local protegido da umidade, ação direta de raios


solares, produtos químicos, solventes, vapores e fumos.

141
NR 10 - Curso Complementar

3 Vestimenta de proteção para operador de motosserra

a) Camisa e calça

Finalidade

Proteção do tronco e dos membros superiores e inferiores contra agen-


tes cortantes.

4 Vestimenta de proteção tipo apicultor

Finalidade

Proteção contra picadas de abelhas, vespas, marimbondos, etc.

Higienização

 Lavar com água e sabão neutro.

Conservação

 Acondicionar limpa e dobrada na sacola original.

 Se molhado, secar ao sol.

5 Vestimenta de segurança tipo condutiva

Finalidade

Proteção do empregado quando executa trabalhos em rede energizada


ao potencial.

Higienização

 Lavar manualmente em água com detergente neutro, torcer sua-


vemente e secar à sombra.

 A roupa pode ser lavada em máquina automática no ciclo roupa


delicada de 8 a 10 minutos, com água e detergente neutro, secar à
sombra em varal sem partes oxidáveis, não fazer vincos ou passar
a ferro.

142
Módulo 2 – Sistemas de controle

Conservação

 Armazenar em local seco e limpo, em cabides não metálicos ou


em bolsas para transporte, verificar se a roupa não está úmida ou
com suor.

6 Vestimenta de segurança tipo colete refletivo

 Em serviços externos noturnos ou diurnos, quando a sua necessi-


dade seja comprovada (estradas, túneis ou ruas movimentadas),
os empregados devem usar o colete refletivo.

 O colete deve ser guardado sempre na bolsa de equipamento de


segurança ou em local apropriado para evitar que o mesmo seja
danificado por ferramentas ou materiais pesados.

Finalidade

Sinalização do empregado facilitando a visualização de sua presença


quando em trabalhos nas vias públicas.

Higienização

 Quando sujo de barro, limpar com pano umedecido com água e


detergente neutro.

 Quando sujo de graxa, limpar com pano umedecido com álcool.

Conservação

 Armazenar em saco plástico fechado, a fim de evitar que seja


danificado.

 Manter limpo, seco, e isento de óleo ou graxa.

 Manter em local protegido da ação direta dos raios solares ou de


quaisquer outras fontes de calor e de produtos químicos.

 Manter em local com temperatura ambiente inferior a 40 ºC.

143
NR 10 - Curso Complementar

Você se lembra das questões que foram propostas duran-


te o seu estudo? Então, agora pense por que é importante
conhecer os equipamentos de proteção individual estudados
nesta lição. Anote as suas conclusões.

Você chegou ao final de mais um módulo. Teve a oportu-


nidade de aprofundar o seu conhecimento a respeito das
medidas de controle e segurança na construção, montagem,
operação e manutenção.Verificou os principais equipamentos de
proteção individual e como utilizá-los com segurança. Não esqueça de
fazer as atividades propostas no Ambiente Virtual de Aprendizagem e
de acessar a agenda deste curso. No próximo Módulo, você estudará
as técnicas de trabalho sob tensão. Então, bons estudos!

144
Módu
lo
Trabalho sob tensão
3

Neste Módulo, você estudará o trabalho em instalações ener-


gizadas, suas metodologias, seus equipamentos e vestuários
adequados. Serão abordadas as técnicas de trabalho sob tensão
e todas as suas características. Antes de iniciar este Módulo, você sabe
por que foi desenvolvida a técnica de trabalho com linha energizada?

A técnica de trabalho com linha energizada (linha viva) foi desenvol-


vida em função da dificuldade de desligamento em alguns circuitos
importantes e, hoje em dia, mais ainda, em função da remuneração
das empresas que dependem da disponibilidade das instalações. Essa
atividade deve ser realizada mediante a adoção de procedimentos e
de metodologias que garantam a segurança dos trabalhadores. Nessa
condição de trabalho, você verificará que as atividades devem ser rea-
lizadas mediante os métodos abaixo descritos:

 Técnica de trabalho com linha viva método a distância;

 Técnica de trabalho com linha viva método ao contato;

 Técnica de trabalho com linha viva método ao potencial;

 Procedimento de segurança para trabalhos em painéis e cubículos.

145
NR 10 - Curso Complementar

LIÇÃO 1

Técnicas de trabalho sob tensão

Você estudará nesta lição as três principais técnicas de tra-


balho sob tensão. Anote as principais características e, em
caso de dúvida, não hesite em entrar em contato com o tutor
deste curso.

1.1 Técnica de trabalho com linha viva – método a distância

Neste que foi o primeiro método desenvolvido, o eletri-


cista executa as operações com o auxílio de ferramen-
tas montadas nas extremidades dos bastões isolantes.
Com esse método, é possível trabalhar em todas as
classes de tensão. Em tensões de até 69 kV, onde as
distâncias entre fases são menores, os condutores são
afastados de sua posição normal por meio de bastões
suportes, moitões, etc. Todo conjunto de equipamento
é projetado para facilitar os movimentos dos eletricis-
tas, no alto dos postes ou das estruturas, com total segurança, tanto na
manobra das articulações para afastamento dos condutores como nas
manipulações das cadeias de isoladores.

Nesse método, o eletricista deve observar rigorosamente a distância de


trabalho, ou seja, a sua distância com o condutor energizado.

As distâncias mínimas para trabalho em linha viva são fornecidas a


seguir.
3,8 kV – 0,64 m
34,5 kV – 0,75 m
69 kV – 0,95 m
138 kV – 1,10 m
230 kV – 1,55 m
345 kV – 2,15 m
500 kV – 3,40 m

146
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

Na execução dos serviços utilizando esse método, os eletricistas traba-


lham em potencial de terra, ou seja, posicionados em escadas isoladas,
ou até mesmo em esporas executando todos os serviços usando ferra-
mentas e equipamentos adequados. Espora
Haste de metal utilizada
para subida em estruturas
O método a distância é o método no qual o trabalhador interage com de linhas de transmissão.

a parte energizada a uma distância segura, por meio do emprego de


procedimentos, estruturas, equipamentos, ferramentas e dispositivos
isolantes apropriados.

Na execução de serviços que utilizam esse


método de trabalho, o eletricista deverá estar
perfeitamente acomodado na escada, e todo o
serviço será executado através de bastões. Em hi-
pótese nenhuma será permitido que o eletricista toque
nas redes diretamente,. Figura 1 - Troca de isolador em linha
de transmissão de 138 kv (linha viva –,
método a distância)
Descrição dos serviços

Você sabe quais são as tarefas que utilizam esse método? E


quais são os principais locais em que essas tarefas são úteis?

No início da formação de uma equipe de linha viva, esse método é


aplicado para executar as tarefas mais simples, como:

 substituição de isoladores de pino e/ou acessórios como pinos


ou amarração, cadeia com isolador de suspensão em estruturas
simples ou duplas;

 substituição de cruzetas, simples ou duplas, em ângulos suaves


com isolador de pino ou suspensão;

147
NR 10 - Curso Complementar

 instalação e/ou substituição de postes com estrutura simples;

 substituição de pára-raios e/ou de equipamentos.

Nos locais de difícil acesso, como alto de morro ou local onde não se
chega com a cesta aérea, aplica-se esse método de trabalho com muita
eficiência para atendimento desse tipo de serviço. Também se mostra
muito útil nas estruturas das subestações para se executar manuten-
ção, limpeza de isoladores, pára-raios, etc.

1.2 Técnica de trabalho com linha viva – método ao contato

Você verificará que no método ao contato, o trabalhador tem contato


com a rede energizada mas não fica no mesmo potencial da rede elé-
trica, pois está devidamente isolado desta, utilizando equipamentos de
proteção individual e equipamentos de proteção coletiva adequados à
tensão da rede.

Esse método consiste em proteger o eletricista com luvas e mangas


isolantes, com o auxílio de uma plataforma, andaime ou veículo equi-
pado com cesta aérea, ele executa os serviços diretamente com as mãos.
Toda a zona de trabalho é protegida, também, com coberturas isolan-
tes apropriadas e, à medida que decorrem as tarefas, vai-se descobrin-
do o espaço estritamente necessário à operação em causa, tais como
executar uma derivação, substituir um isolador, efetuar uma emenda,
etc. Dessa forma, anula-se a possibilidade do eletricista poder fechar
dois pontos de potenciais diferentes ou que os elementos de trabalho
(fios, chaves, ferramentas) o possam fazer ocasionando um curto-cir-
cuito. Esse método é utilizado somente para linhas de distribuição e de
subestações com tensões de até 34,5 kV.

Os eletricistas se posicionam em um potencial intermediário ficando


isolados do potencial de terra. Na execução de serviços, nesse método
de trabalho, o eletricista se acomoda em uma cesta aérea ou em cima
de uma plataforma isolada ou, ainda, numa escada isolada (fiberglass)

148
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

devidamente aparamentado com mangas de borracha, luvas de


borracha com luvas de cobertura na classe de tensão da rede e,
todo o serviço será executado diretamente na fase energizada.

Descrição dos serviços

Praticamente todos os serviços que se fazem necessários nas re-


des de distribuição aérea podem ser executados com as redes
energizadas, especialmente agora com o desenvolvimento de
ferramentas e de equipamentos que garantem a segurança dos
trabalhadores.

Figura 2 - Manutenção realizada


1.3 Técnica de trabalho com linha viva – método ao utilizando o método ao contato
potencial (trabalhador em contato com a
rede elétrica, mas isolado)
Este terceiro método tem por finalidade permitir maiores recur-
sos na manutenção, principalmente em linhas de extra-alta-tensão,
acima de 345 kV, nas quais as distâncias de trabalho são superiores a 3
metros, bem como nas subestações a partir de 69 kV.

O trabalho ao potencial baseia-se no princípio da Gaiola de Faraday


e consiste no contato direto do eletricista com o condutor energizado,
em tensões de até 800 kV.

A Gaiola de Faraday é explicada na caixa ao lado.

O método de trabalho no potencial consiste em levar o eletricista ao


condutor energizado por meio de escada isolante cujo isolamento é
previamente testado. Ao potencial
da linha, o eletricista pode executar Toda carga elétrica existente em um condutor isolado
manualmente os trabalhos que, no localiza-se em sua superfície externa. Dessa maneira,
método a distância, são feitos por estando o eletricista vestido com a roupa especial,
meio de ferramentas adaptadas a toda carga elétrica está acumulada em sua vestimen-
bastões e pode, além disso, instalar ta e a pessoa em seu interior encontra-se totalmente
e remover aparelhos e acessórios, protegida dos efeitos do campo elétrico.
seja próximo à estrutura, seja no

149
NR 10 - Curso Complementar

meio do vão. Nesse método é necessário o emprego de medidas de


segurança que garantam o mesmo potencial elétrico no corpo in-
teiro do trabalhador, devendo ser utilizado conjunto de vestimenta
condutiva (roupas, capuzes, luvas e botas) ligadas por cabo condutor
elétrico e cinto à rede objeto da atividade.

Para se proteger contra os efeitos do campo elétrico da


instalação, o eletricista usa uma vestimenta condutiva
fabricada em tecido especial que veste todo o seu corpo,
deixando apenas parte da face descoberta.

Quando próximo do condutor energizado, o eletricista


conecta a sua vestimenta a esse condutor, que estará no
mesmo potencial da linha. Antes da utilização da esca-
Figura 3 - Manutenção executa- da, da cadeira isolada, do andaime ou da cesta aérea, que per-
da em linha viva de transmissão, mitem o acesso ao potencial, efetuam-se testes elétricos nas
método ao potencial (trabalhador mesmas por meio de um microamperímetro, para assegurar-se
com vestimentas condutoras) de que seu isolamento está dentro dos limites de segurança.

Esses testes são efetuados no campo utilizando-se a própria linha


como fonte de tensão, onde se faz um contato efetivo da extremidade
superior do equipamento de acesso potencial. O microamperímetro
é instalado entre a extremidade inferior do equipamento e o ponto
de terra, para a medição da corrente de fuga, que deverá permanecer
dentro dos limites estabelecidos por norma.

Distância de trabalho

A distância a ser mantida entre o eletricista ao potencial e a torre,


ou outras partes aterradas, é estabelecida de acordo com a classe de
tensão.

Igualdade de potencial

O eletricista, levando na mão o bastão para contato no potencial preso


à fita de vestimenta condutiva, é levado gradualmente da torre até o
contato direto com o cabo condutor.

150
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

LIÇÃO 2

Procedimento de segurança para trabalho em painéis


e cubículos

Intervenções em painéis e cubículos são atividades onde os trabalha-


dores estão freqüentemente expostos aos riscos de choque elétrico e
arco elétrico. Ao realizar serviços nestes locais, você deve pensar na
segurança em primeiro lugar.

Se planejar seu trabalho cuidadosamente, seguir procedimentos segu-


ros e usar o equipamento apropriado poderá evitar os acidentes.

Antes de entrar em um cubículo de uma subestação, abrir um painel


ou o gabinete de um equipamento, examine o ambiente de trabalho,
onde você vai posicionar o seu medidor e seus outros equipamentos.
Além disso, tome os seguintes cuidados:

 Identifique uma rota de fuga que possa usar em caso de


emergência;
 Certifique-se de que sabe exatamente como acessar o equipa-
mento em questão;
 Procure trabalhar em uma posição confortável e segura;
 Verifique se há riscos ambientais presentes, como galhos de
árvores, animais ou água;
 Tenha certeza de que a ventilação e a iluminação são suficientes;
 Mantenha um ajudante qualificado por perto, que também en-
tenda de segurança elétrica;
 Sempre informe onde estará trabalhando. Utilize os procedimen-
tos de sua empresa referentes a ordens de serviços e permissões
para o trabalho;
 Selecione adequadamente suas ferramentas e equipamentos de
segurança;
 Proteção para os olhos e ouvidos, luvas, vestimentas e tapetes
isolantes;

151
NR 10 - Curso Complementar

 Verifique se suas ferramentas estão isoladas adequadamente;

 Sempre que possível trabalhe em circuitos não energizados;

 Siga os procedimentos de desenergização definidos pelo item


10.5 da NR-10, indicados no procedimento da tarefa que você
está realizando;

 Siga sempre os procedimentos de bloqueio mecânico dos circui-


tos desenergizados bem como a identificação dos mesmos.

Importante:

Caso precise realizar medições de tensão, certifique-se de que seu


equipamento é compatível com o nível de tensão, e a categoria de risco
respectiva ao circuito a ser medido.

De acordo com a norma IEC 61010, são definidas 4 categorias de risco


dependendo do local onde será realizada a medição. Quanto mais
próximo você estiver da fonte de energia, maior a categoria e maior o
risco.

CAT IV – Origem da instalação. Cabines de entrada e outros cabea-


mentos externos.

CAT III – Distribuição da instalação, incluindo barramentos princi-


pais, alimentadores e demais circuitos; cargas permanentemente ins-
taladas.

CAT II – Tomadas ou plugues; cargas removíveis.

CAT I – Circuitos eletrônicos protegidos.

Lembre-se, geralmente onde correntes de curto-circuito maiores estão


disponíveis e conforme as voltagens e transientes aumentam, as me-
dições tornam-se mais perigosas. Isto é refletido por uma classificação
CAT mais alta.

Portanto, durante o planejamento de sua atividade, tenha certeza de


que os equipamentos que você irá utilizar são compatíveis com as ca-
tegorias de risco, as quais você está se expondo. Os acidentes podem

152
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

ser substancialmente reduzidos se os técnicos e demais trabalhadores


utilizarem a combinação de planejamento, cuidado, práticas de traba-
lho seguras e uso de ferramentas apropriadas.

LIÇÃO 3

Equipamentos e ferramentas de trabalho

Nesta lição você estudará os principais equipamentos e fer-


ramentas de trabalho. Saiba que as ferramentas e os equipa-
mentos utilizados na manutenção de redes energizadas, desde
a especificação passando pelo processo de compra, recebem um
acompanhamento técnico extremamente rigoroso.

As análises técnicas das concorrências e a aceitação dos materiais em


laboratórios passam por rígidos processos de engenharia. Além dos
testes de recebimento, os materiais são necessariamente submetidos a
outros testes e a ensaios elétricos. Em função disso, devemos implan-
tar uma sistemática de controle dessas ferramentas e equipamentos
que possam aumentar a sua vida útil, reduzir custos com reposição,
aumentando sua disponibilidade para os serviços e garantindo maior
segurança aos eletricistas que trabalham em redes energizadas.

A seguir, você estudará os principais equipamentos e ferramentas uti-


lizadas em trabalhos na linha viva.

a. Dispositivos de isolação elétrica

As coberturas protetoras para linha viva são usadas nos trabalhos


pelo método ao contato, sendo instaladas com luvas isolantes de
borracha ou pelo método a distância, uma vez que dispõem de
olhais para serem operadas com o bastão de manobra.

Isoladores tipo calha.

153
NR 10 - Curso Complementar

São elementos construídos com materiais dielétricos (não-condutores


de eletricidade) que têm por objetivo isolar condutores ou outras par-
tes da estrutura que estão energizadas para que os serviços possam ser
executados sem a exposição do trabalhador ao risco elétrico. Têm de
ser compatíveis com os níveis de tensão do serviço. Normalmente são
de cor laranja. Esses dispositivos devem ser bem acondicionados para
evitar sujeiras e umidade que possam torná-los condutivos. Também
devem ser inspecionados a cada uso.

Veja alguns exemplos!

 Calha isolante (em geral são de polietileno rígido).

 Mantas ou lençol de isolamento

b. Escada

A escada deve possuir isolação compatível com a classe de tensão


dos locais onde os trabalhos serão executados. Além disso, é necessária
a adoção de procedimentos de testes e de limpeza para garantia de
isolação do equipamento.

A escada a ser utilizada ao potencial deve ser submetida a um


ensaio (antes de ser transportada ao local de trabalho) utilizan-
do-se um microamperímetro para verificação das condições de
isolamento, antes de sua utilização.

Se a escada apresentar valores superiores aos descritos, deve ser


submetida à limpeza e novamente testada, se os valores perma-
necerem superiores aos recomendados, não realize o trabalho
nesse método e sim pelo método a distância.

Requisitos elétricos e mecânicos

Observe a seguir os principais requisitos elétricos e mecânicos de


conformidade com as normas ASTM F 711 (Standard specification for
fiberglass-reinforced plastic, rod and tubes used in live line tools –es-
pecificação para plásticos reforçados de fibra de vidro, tarugo e tubos
utilizados em ferramentas de linha viva) e IEC 855.

154
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

a.Tubo isolante de fiberglass para linha viva

Acabamento superficial à base de tinta poliuretânica de alta rigidez


dielétrica e resistente à ação dos raios ultravioleta.

b. Cinta de encosto de nylon revestida de borracha

c. Degraus em fibra de vidro com tratamento superficial antiderrapante

d. Sapatas de borracha

155
NR 10 - Curso Complementar

e. Cestas aéreas

Confeccionadas em PVC, revestidas com fibra de vidro, normalmente


acopladas ao munck ou à grua. Pode ser individual ou dupla. Utilizadas
principalmente nas atividades em linha viva por suas características
isolantes e devido a melhor condição de conforto em relação à escada.
Os movimentos da cesta possuem duplo comando (no veículo e no
cesto) e são normalmente comandados na própria cesta. Tanto as has-
tes de levantamento como as cestas devem sofrer ensaios de isolamen-
to elétrico periódico e possuir relatório das avaliações realizadas.

f. Plataformas e gaiolas

Confeccionadas em fibra de vidro e alumínio e também utilizada em


linha viva.

Gaiola em grua dotada de extensão.

g. Cadeira de acesso ao potencial


Utilizada para a grua ou para a extensão da grua.

156
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

h. Gancho de escalada

É utilizado para a escalada em torres de transmissão. Nesse gancho


é fixada a corda guia com o trava-quedas. À medida que o operador
escala a torre, transfere-a de posição encaixando num ponto superior
da torre.

i. Andaime

O andaime modular isolante é um equipamento indispensável nas in-


tervenções em instalações elétricas de alta e extra-alta-tensão energi-
zadas, principalmente em subestações, proporcionando uma condição
extremamente segura de acesso e posicionamento do eletricista em
alturas de até 15 metros, para a realização dos mais diversos tipos de
trabalho e pelos métodos a distância e ao potencial.

j. Dispositivos de manobra

São instrumentos isolantes utilizados para executar trabalhos em linha


viva e operações em equipamentos e em instalações energizadas ou
desenergizadas, nas quais existem possibilidades de energização aci-
dental, tais como:

 operações de instalação e de retirada dos conjuntos de aterra-


mento e curto-circuitamento temporário em linhas desenergiza-
das (distribuição e transmissão);

 manobras de chave faca e de chave fusível;

 retirada e colocação de cartucho porta fusível ou de elo fusível;

 operação de detecção de tensão;

 troca de lâmpadas e de elementos do sistema elétrico;

 poda de árvores;

 limpeza de rede;

 troca de isoladores;

 troca de espaçadores.

157
NR 10 - Curso Complementar

k.Varas de manobra

São fabricadas com materiais isolantes, normalmente em fi-


bra de vidro e de epóxi, e, em geral, na cor laranja. São seg-
mentos (de aproximadamente 1 m cada) que se somam de
acordo com a necessidade de alcance.

As varas de manobra são providas de suporte universal e


cabeçote, nas quais, na ponta, pode-se colocar o detector de
tensão, o gancho para desligar a chave fusível ou para conectar
o cabo de aterramento nos fios, etc. Nessa ponta há uma “bor-
boleta” na qual se aperta com a mão o que se deseja acoplar. As varas
mais usuais suportam uma tensão de até 100 kV para cada metro.
Sujeiras (poeiras, graxas)
reduzem drasticamente o
isolamento. Por isso, an-
tes de serem usadas, devem
ser limpas de acordo com
o procedimento. Outro as-
pecto importante é o acondicionamento para o transporte, que deve
ser adequado. Para tensões acima de 60 kV, devem ser testadas quanto
à sua condutividade antes de cada uso, com aparelho próprio.

l) Bastões

Os bastões são similares e do mesmo material das varas de manobra.


São utilizados para outras operações de apoio. Nos
bastões de salvamento há ganchos para remover o
acidentado. O bastão de manobra, também conhe-
cido como “bastão pega-tudo”, foi originalmente
projetado para operação de grampos de linha viva
e de grampos de aterramento, porém, face à sua
versatilidade, possui hoje múltiplas aplicações,
principalmente na manutenção de instalações elé-
tricas energizadas.

158
Módulo 3 – Trabalho sob tensão

O cabeçote de plástico reforçado proporciona maior seguran-


ça, principalmente nas operações em instalações com dis-
tâncias reduzidas de fase-fase e de fase-terra.

Durante a leitura do Módulo 3, você estudou as técnicas de trabalho


sob tensão, principalmente o que se refere ao método a distância, ao
método ao contato e ao método ao potencial. Estudou também os
principais equipamentos de proteção individual, vestimenta conduti-
va, equipamentos e ferramentas de trabalho. Diante de tais assuntos,
descreva as suas principais dificuldades em relação a tais elementos,
anote as suas conclusões e, posteriormente, discuta com os seus co-
legas e o seu tutor se os equipamentos e as ferramentas caracteriza-
das são suficientes para garantir o total controle dos riscos. Anote a
seguir suas conclusões.

Você venceu mais uma etapa deste curso. Reflita sobre todas
as lições apresentadas neste Módulo. É muito importante
que você não tenha dúvidas, revise quantas vezes precisar
cada lição. No próximo Módulo você estudará a organização do
trabalho: modos de execução, informações prévias sobre a instalação,
planejamento e permissões. Então vamos lá!

159
Módu
Organização como lo
fator de segurança 4

Neste Módulo você estudará a organização do traba-


lho: modos de execução, informações prévias sobre a
instalação, planejamento e permissões.

LIÇÃO 1

Métodos de trabalho

Esta lição é muito importante para você. Aqui você estuda-


rá os principais métodos de trabalho e suas características
de modo a evitar acidentes. Então, vamos lá!

Na execução de qualquer serviço que


envolva energia elétrica, a escolha do A natureza do serviço a ser executado exige que o
método de trabalho a ser adotado pela método de trabalho a ser adotado tenha as seguin-
sua equipe de trabalho é de funda- tes características:
mental importância para que se evite a  procedimentos padronizados e descritos;
ocorrência de acidentes.
 controle efetivo dos riscos;
Os cuidados citados anteriormente são
 firme comportamento ético;
fundamentais para uma correta e segu-
 todos os envolvidos possuam treinamento espe-
ra execução dos serviços, sem a ocor- cífico para a execução da atividade.
rência de prejuízos materiais ou huma-
nos, por meio de rigorosa observação
dos controles de riscos, indispensáveis para a execução de trabalhos.

161
NR 10 - Curso Complementar

4.1 Manutenção com a linha energizada – linha viva

Esta atividade deve ser realizada mediante a adoção de procedimentos


e de metodologia específica que garantam a segurança dos trabalha-
dores conforme estudado no Módulo 3.

a. Método ao contato

Como o trabalhador tem contato com a rede energizada, mas


não fica no mesmo potencial da rede elétrica, todos os equi-
pamentos de proteção individual e de proteção coletiva devem
ser adequados à tensão da rede para garantir que o mesmo
esteja devidamente isolado.

Portanto, todos os procedimentos de utilização de EPI’s e EPC’s


devem ser seguidos obedecendo-se as técnicas de segurança
para não haver falha durante as operações no SEP.

b. Método ao potencial

Como você já viu no Módulo 3, neste método, o trabalhador fica em


contato direto com a tensão da rede, no mesmo potencial. Por isso, é
necessário o emprego de medidas de segurança que garantam o mes-
mo potencial elétrico no corpo inteiro do trabalhador, devendo ser uti-
lizado um conjunto de vestimentas condutivas (roupas, capuzes, luvas
e botas) ligadas por meio de cabo condutor elétrico e cinto à rede obje-
to da atividade. É imprescindível que sejam feitos os testes com todas
as roupas condutivas necessárias para manter uma perfeita equaliza-
ção do campo elétrico distribuído no operador.

c. Método a distância

Lembre-se que neste método o trabalhador interage com a parte ener-


gizada a uma distância segura pelo emprego de procedimentos, equi-
pamentos, ferramentas e dispositivos isolantes apropriados. Todos os
equipamentos utilizados, como varas de manobra, bastões e escadas,
devem ser submetidos a testes de isolação para garantir que não have-
rá potencial de choque elétrico para o operador.

162
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

4.2 Confirmação do desligamento

Onde existe um Centro de Operações – CO, a equipe de trabalho deve


verificar se os procedimentos, a serem utilizados para a realização dos
serviços nas redes de distribuição e linhas de transmissão desenergi-
zadas, são homologados e as atividades foram planejadas e elaboradas
com antecedência pelo setor que necessitará da rede ou de parte dela
desligada.

LIÇÃO 2

Prontuário e cadastro das instalações

Nesta lição você estudará o significado e a utilização de um


Prontuário das Instalações Elétricas, que por sua vez deve
contemplar o Relatório Técnico de Inspeções e o Laudo do
Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas – SPDA.
Fique atento aos significados e aos elementos constituintes.

É importante que você saiba que


a diferença básica entre o cadastro Podemos definir prontuário como um sistema organiza-

de um equipamento e o seu pron- do de forma a conter uma memória dinâmica de informa-

tuário reside no elemento adicio- ções pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

nado a este último para controle,


o tempo. Podemos, ainda, dizer
que o prontuário é o cadastro dinâmico que contém as in-
formações do presente e do passado do equipamento e dos
trabalhadores. Isso significa que todas as alterações, espe-
cialmente as dos equipamentos, devem ficar registradas.

Esse material deve conter o registro de todas as informações


referentes às instalações e às pessoas. O registro das mudan-

163
NR 10 - Curso Complementar

ças dentro das instalações atende também a necessidade de consulta


das equipes de manutenção e de operação que vierem a trabalhar no
local. É muito importante registrar que o passado e o presente são es-
senciais para a projeção das tendências de comportamento e do estado
Glossário
das instalações elétricas e de seus equipamentos.
Nesse contexto que
você se encontra, a pala-
vra paradigma está rela-
Esses prontuários são relevantes até para a decisão de substituição de
cionada com modelos. equipamentos ou de mudanças de paradigmas nas instalações.

Saiba que em todas as instalações elétricas, subestações, sa-


las de comando das usinas, centro de operação, entre outras
instalações, devem ser adotadas medidas preventivas
de controle do risco elétrico e de riscos adicionais me-
diante técnicas de análise de riscos, de forma a garantir a segurança e
a saúde no trabalho, bem como a operacionalidade do Sistema Elétri-
co de Potência –SEP.

As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciati-


vas da empresa, tais como políticas corporativas e normas no âmbito da
preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente de trabalho.

MA Pelo novo texto da Norma Regulamentadora NR-10, as


NOR

empresas estão obrigadas a manter prontuário com docu-


mentos necessários para a prevenção dos riscos durante a
construção, operação e a manutenção do sistema elétrico, tais
como:

 esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus

estabelecimentos;

 especificações do sistema de aterramento dos equipamentos e

dispositivos de proteção, entre outros que você estudará a seguir.

164
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW


devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elé-
tricas atualizado com seus respectivos procedimentos.

A partir da publicação da nova redação da NR–10, e com a publicação


da portaria nº. 598 em 07/12/2004, que alterou a redação desta Nor-
ma Regulamentadora, as empresas passaram a ter a obrigação de
manter um prontuário das instalações elétricas (item 10.2.4), que por
sua vez deve contemplar o Relatório Técnico de Inspeções (item
10.2.4.g) e o laudo do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmos-
féricas – SPDA.

Em caso de dúvida, é importante que você releia alguns ele-


mentos da NR-10 que relatam esse assunto, mas você sabe
o que significa o Relatório Técnico de Inspeções e o laudo
SPDA? Verifique a seguir as características de cada um desses
documentos.

 Laudo SPDA é o relatório das inspeções e medições do sistema


de aterramento elétrico e do sistema de pára-raios, segundo a
NBR 5419.

 O Relatório Técnico de Inspeções (item 10.2.4.g), por sua vez,


pode ser subdividido em duas peças técnicas: o Laudo Técnico
das Instalações Elétricas e o Diagnóstico dos Requisitos NR-10:

 Laudo Técnico das Instalações Elétricas – é o relatório


emitido após as inspeções e os ensaios nas instalações
elétricas, atestando sua conformidade com as normas
técnicas vigentes (ABNT NBR 5410, 5418, 5419, 14039
e outras);

165
NR 10 - Curso Complementar

 Diagnóstico dos requisitos NR-10 – é o relatório da au-


ditoria do sistema de gestão de segurança elétrica da
empresa que verifica o grau de implementação de todos
os requisitos da NR-10, conforme enunciado na alínea
“g” do item 10.2.4. quando se refere ao ”relatório atua-
lizado com as recomendações, cronogramas de adequa-
ções contemplando as alíneas ‘a’ a ‘f’”.

Conforme veremos adiante, são três tipos de Relatórios/Laudos Téc-


nicos exigidos pela nova NR-10 que devem compor o Prontuário das
Instalações Elétricas. O não cumprimento, sujeita a empresa às multas
previstas em lei.

Observe que não é qualquer trabalhador na sua área que elabora esses
relatórios e laudos, mas sim um profissional legalmente habilitado
(item 10.2.7 da NR 10) e devem atestar as condições técnicas das ins-
talações elétricas segundo as Normas Técnicas oficiais (item 10.1.2).
Os laudos devem incluir em seu relato as não-conformidades en-
contradas, as recomendações e o cronograma de adequações.

Importante destacar que os laudos/relatórios constituem-


se em “documentos técnicos” integrantes do Prontuário
Elétrico (conforme item 10.2.4).

Outro item importante nesta lição é que as empresas que realizam tra-
balhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência (telefonia e TV
a cabo) devem constituir prontuário contemplando as alíneas "a", "c",
"d" e "e" do item 10.2.4 e as alíneas "a" e "b" do item 10.2.5 da NR.

Caso você não lembre o significado dessas alíneas, leia a NR-


10 e observe se está coerente com o estudado.

166
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

Caso a empresa não cumpra o que está apresentado na NR-10, sofrerá


multas por infração à NR-10 especificadas pelas:

 portaria nº. 126 / 2005 do MTE;

 portaria nº. 143 / 2005 do MTE.

A tabela a seguir apresenta os itens, os requisitos não cumpridos e o


valor da multa em UFIR.

ITEM DA NR-10 REQUISITO MULTA (EM UFIR)


10.2.4 Prontuário elétrico 2.252 a 6.304
10.2.4.b Laudo SPDA 1.129 a 3.284
10.2.4.g Laudo de instalações elétricas 1.691 a 4.929

Tabela 1 - Tabela de multas por infração à NR-10.


Fonte: Energy Center.

Saiba que o valor da UFIR é de R$ 1,7495, segundo SER,


resolução 20/12/2006. O valor da multa é variável em fun-
ção do número de trabalhadores.

Agora que você já sabe quais são as características de um


prontuário e os cadastros das instalações, verifique a seguir
a programação e os planejamentos dos serviços necessários
para o trabalho na área de segurança em eletricidade.

167
NR 10 - Curso Complementar

LIÇÃO 3

Programação e planejamento dos serviços

Programar é definir etapas ou procedimentos ordenados para a execu-


ção de serviços em determinado período de tempo, utilizando o méto-
do adequado, os recursos mínimos necessários, tanto pessoais quanto
materiais, as ferramentas e os equipamentos, além de equipamentos
de segurança, considerando as interferências possíveis do meio am-
biente com o trabalho.

Trabalhar com segurança em instalações elétricas requer


organização e atenção do que se está fazendo. Organizar o
trabalho antes de executar qualquer tarefa é de fundamental
importância. Organizar significa pensar antes de iniciar a tarefa,
mas pensar em quê?

 Em primeiro lugar, na maneira mais segura de fazer a tarefa.

 Na maneira mais simples de fazer a tarefa, evitando complicações

ou controles exagerados.
 No modo mais barato de fazer a tarefa.

 No meio menos cansativo para quem vai realizar a tarefa.

 Num procedimento que seja mais rápido.

 Em obter a melhor qualidade e o resultado mais confiável.

 Numa forma de trabalho que não prejudique o meio ambiente, ou

seja, que não cause a poluição do ar, da água e do solo.

Observe que esses itens não podem ser pensados separadamente, to-
dos devem ser pensados juntos para que no final haja equilíbrio entre
eles, de modo que um não prejudique o outro. Além disso, é preciso

168
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

pensar, também, na quantidade e na qualidade das pessoas


e dos materiais necessários, na hora e no local em que eles
devem estar disponíveis.

Quando você faz, com antecedência, um estudo de todos


os fatores que vão interferir no trabalho e reúne o que
é necessário para a sua execução, você está na verdade
organizando o trabalho para alcançar bons resultados.

3.1 Planejamento dos serviços


Quando um profissional estabelece uma escala de
Planejar é pensar antes, durante e de- prioridades, na qual o desperdício não tem vez, o
pois de agir. Quando planejamos, bus- retrabalho não se manifesta e a qualidade é pre-
camos alcançar objetivos e quando missa e não conseqüência, ele está organizando o
queremos fazê-lo de uma forma par- seu trabalho por meio de um conjunto de ações,
ticipativa, compartilhamos diferentes atividades e responsabilidades.
saberes (interdisciplinaridade) e dife-
rentes ações (intersetorialidade), neces-
sariamente precisamos trabalhar com um método de planejamento.

Planejar é definir aonde se quer chegar. É mais importante do que ad-


ministrar o tempo em termos de metas e serviços, podendo utilizar um
ou mais dos quatro modelos de planejamento listados abaixo.
 Listas do que fazer (lembrete, checklist).

 Metas de atividades:

 tomar decisões baseadas em princípios visando satisfazer as necessi-


dades humanas universais;

 respeitar as leis naturais de causa e efeito que governam o universo;

 priorizar o importante em detrimento do urgente.

 Prioridades e controles (planejamento de processo).

 Prioridades e princípios (planejamento corporativo).

169
NR 10 - Curso Complementar

Mesmo que diferentes, esses quatro modelos de planejamen-


to visam ao mesmo objetivo. Planejar o ato de trabalhar é
importante para a sua segurança. Em algum momento do seu
trabalhou você planejou as suas ações? Dentre os fatores de aci-
dente registrados no setor elétrico, pode-se afirmar que os acidentes
do trabalho não têm como causa mais freqüente o ato inseguro do
empregado, e sim as falhas de planejamento e de supervisão, incluídos
os fatores organizacionais em primeiro plano.
Você sabe quais são as funções do responsável diante do trabalhador
e entre os membros da equipe?
O responsável deverá:

 apresentar os itens das normas e dos procedimentos relativos às


solicitações de intervenção que tenham rebatimento nessa etapa.
Falar sobre os prazos de desligamento;

 fazer a apresentação completa das normas e dos procedimentos


internos relativos ao Planejamento Executivo e à análise de riscos
envolvidos na realização das atividades a serem desenvolvidas,
em decorrência da liberação de instalações e de equipamentos.
Nessa etapa, deverão ser discutidas e analisadas as respon-
sabilidades entre os membros das equipes. Caberá ainda ao
instrutor estabelecer casos práticos e enfatizar a necessidade
de validação do planejamento in loco”;

 os normativos internos relativos aos procedimentos para


a solicitação de liberação de instalações ou de equipamentos, in-
cluindo a realização de manobras, a delimitação e a sinalização da
área de trabalho e o bloqueio de impedimento de reenergização
(apresentar os itens das normas e dos procedimentos de opera-
ção, de manutenção e de segurança dos trabalhos pertinentes);

170
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

 execução dos serviços (inclusive o passo-a-passo de procedi-


mentos de manutenção);

 devolução para a operação e a normalização das instalações e do


equipamento (apresentar os itens das normas e/ou dos procedi-
mentos de operação, de manutenção e de segurança dos traba-
lhos pertinentes).

LIÇÃO 4

Liberação de instalações e equipamentos

Saiba que todas as informações aqui apresentadas são ape-


nas ilustrativas, não substituindo de forma alguma as normas
internas das empresas ou as determinações dos fabricantes.
Nesta lição você estudará o processo de liberação de instalação
para serviços em eletricidade, bem como as suas características e os
seus processos. Então, bons estudos!

Para iniciar esta lição, saiba que a liberação de instalações e equipa-


mentos para serviços, operação e uso aplicam-se basicamente a:

 manutenção;

 melhoria;

 expansão;

 reparos;

 reformas;

 outros.

171
NR 10 - Curso Complementar

4.1 Liberação de instalações e equipamentos

A necessidade de liberação de instalações e equipamen-


tos decorre da necessidade de manutenção preventiva,
corretiva, emergencial e de urgência. Já que você está
fazendo um curso que visa à sua segurança, saiba que
para atender os requisitos de segurança preconizados
pela NR-10 é imperioso o cumprimento das condi-
ções que se seguem.

a. Definição de desenergização

A desenergização é o conjunto de ações coordenadas entre si, seqüen-


ciadas e controladas, destinadas a garantir a efetiva ausência de tensão
no circuito, trecho ou ponto de trabalho durante o tempo de interven-
ção. Do exposto, conclui-se que somente será considerada desenergi-
zada a instalação elétrica liberada para trabalho mediante os procedi-
mentos apropriados e obedecida toda a seqüência que você estudará a
seguir, porém o desligamento de circuito é diferente de desenergização
de circuito. Na desenergização estão previstas todas as medidas contra
reenergização acidental, já no desligamento não estão necessariamen-
te contempladas todas as medidas contra essa reenergização.

b. Desenergização de circuitos

A desenergização de circuitos está dividida em:

 seccionamento – nesta etapa a equipe de manutenção, em con-


junto com a de operação, através da análise de diagrama funcio-
nal e de inspeção visual in loco, deverá verificar se efetivamente
foi promovido o seccionamento do trecho onde haverá a ativida-
de de manutenção em atendimento ao Planejamento Executivo e
à Análise Preliminar de Perigo. O referido seccionamento deverá
garantir que não existem fontes de tensão alimentando circuitos
existentes na área de trabalho que possam colocar em risco a se-
gurança dos trabalhadores envolvidos, direta ou indiretamente,
na atividade de manutenção;

172
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

 impedimento da reenergização – nesta etapa, a equipe de ma-


nutenção, em conjunto com a de operação, através da análise de
diagrama funcional e também da inspeção visual in loco, deverá
assegurar-se de que a operação efetuou a aplicação de travamen-
tos mecânicos, cadeados e dispositivos auxiliares de travamento
suficientes para garantir que não haverá possibilidade de rever-
são indesejada do seccionamento elétrico das fontes de tensão
que alimentam os circuitos objetos da intervenção e que possam
oferecer risco a pessoas envolvidas na intervenção;

 constatação da ausência de tensão – a equipe de manutenção


deverá verificar a ausência de tensão com medidores testados,
podendo ser realizada por contato ou por aproximação e de
acordo com os procedimento específicos;

 instalação de aterramento temporário com equipoten-


cialização dos condutores dos circuitos – constatada a ine-
xistência de tensão, a equipe de manutenção deverá efetuar o
aterramento temporário das partes elétricas que possam co-
locar em perigo os trabalhadores caso haja alguma entrada
de potencial. Usando-se luvas isolantes e bastão compatíveis
com o nível de tensão que se está trabalhando, os membros da
equipe designados para a tarefa de aterramento deverão conectar
as garras de aterramento aos condutores-fases, previamente des-
ligados, obtendo-se assim uma equalização de potencial entre
as partes condutoras no ponto de trabalho. Nessa etapa, deverá
ser observado que esse procedimento está sendo realizado em
uma instalação apenas desligada, o que pressupõe os cuidados
relativos à possibilidade de ocorrência de arcos. É importante
controlar a quantidade de aterramentos temporários implanta-
dos de forma a garantir a retirada de todas as unidades antes da
reenergização;

 proteção dos elementos energizados existentes na zona con-


trolada – na impossibilidade da desenergização de algum circui-

173
NR 10 - Curso Complementar

to situado na zona controlada, para que não possam ser aciden-


talmente tocados, a equipe de manutenção deverá providenciar
isolação conveniente através de: mantas, calhas, capuz de mate-
rial isolante, etc., de forma a proteger as pessoas envolvidas na
intervenção;

 instalação da sinalização de impedimento de reenergização


– a equipe de manutenção deverá verificar, em conjunto com a
de operação, se foram adotadas todas as medidas de sinalização
adequada de segurança destinadas à advertência e à identifica-
ção da razão de desenergização e da informação ao responsável
através de cartões adequadamente fixados;

 liberação da instalação para serviço de manutenção – so-


mente após atendidas as etapas anteriores, as instalações pode-
rão ser consideradas liberadas para os serviços de manutenção.

c. Reenergização de circuitos

O estado de instalação desenergizada deverá ser mantido até a auto-


rização para a reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a
seqüência de procedimentos a seguir.

 Retirada de todas as ferramentas, utensílios e equipamen-


tos – nesta etapa, a equipe de manutenção deverá efetuar
a remoção de todo o ferramental e os utensílios para fora
da zona controlada, a fim de permitir a liberação da insta-
lação.

 Retirada, da zona controlada, de todos os trabalha-


dores não envolvidos no processo de reenergização
– o coordenador responsável efetuará a contagem, a
identificação e retirada da zona controlada de todos
os trabalhadores não envolvidos no processo de re-
energização.

174
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

 Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e


das proteções adicionais – deverá ser providenciada a retirada dos
materiais usados para a proteção de partes energizadas próximas
ao local de trabalho e de utensílios empregados na manutenção
da equipotencialização. É importante observar que esse procedi-
mento se inicia numa instalação desenergizada, mas termina em
instalações apenas desligadas, o que sugere a adoção de técnicas,
equipamentos e procedimentos próprios para circuitos energiza-
dos. Preferencialmente, os membros da equipe designados para
a desinstalação dos aterramentos deverão ser os mesmos que
efetuaram a instalação.

 Remoção da sinalização de impedimento de reenergização


– a equipe de manutenção deverá acompanhar e apoiar, se for o
caso, a retirada das placas e dos avisos de impedimento de reene-
gização pela equipe de operação. Essa atividade também será re-
alizada com medidas e técnicas adotadas para os trabalhos com
circuitos energizados.

 Destravamento e religamento dos dispositivos de secciona-


mento – efetuar a remoção dos elementos de bloqueio, do tra-
vamento ou mesmo da reinserção de elementos condutores que
foram retirados para garantir o não-religamento e, finalmente, a
reenergização do circuito ou trecho, restabelecendo a condição
de funcionamento das instalações. Nessa etapa, os membros da
equipe de manutenção, que detêm algum componente do blo-
queio em seu poder, deverão participar do destravamento em
conjunto com a equipe de operação.

 Liberação da instalação para serviço de operação – somente


após atendidas as etapas anteriores, as instalações poderão ser
consideradas liberadas para os serviços de operação.

175
NR 10 - Curso Complementar

d. Situações específicas

As medidas constantes nos itens anteriormente apresentados podem


ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas em função das pe-
culiaridades de cada situação por profissional legalmente habilitado,
autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada,
desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente
preconizado.

e. Circuitos com possibilidade de reenergização

Na execução de serviços em que as medidas de desenergização não


sejam possíveis, caracterizando que o circuito está apenas desligado,
deverão ser adotadas as técnicas de trabalho em circuitos energizados
vigentes na empresa.

De acordo com a NR-10, subitem 10.5.4 – Os serviços a serem execu-


tados em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade
de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao
que estabelece o disposto no item 10.6 – Segurança em Instalações
Elétricas Energizadas.

Além disso, é muito importante que antes de qualquer serviço, em


alta tensão, seja realizada uma avaliação prévia para gerenciamento
dos riscos, conforme a NR-10, subitem 10.7.5 – Antes de iniciar tra-
balhos em circuitos energizados em AT, o superior imediato e a
equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar
uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a
serem desenvolvidas de forma a tender os princípios técnicos bá-
sicos e as melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicá-
veis ao serviço.

Isto quer dizer que antes do início de qualquer atividade no Sistema


Elétrico de Potência, o responsável deverá reunir toda a equipe e abor-
dar os seguintes tópicos:

176
Módulo 4 – Organização como fator de segurança

 Revisar os procedimentos programados estudando e planejando


as ações a executar;

 Equalizar o entendimento de todos, com a eliminação de dúvidas


de execução, conduzindo ao uso de práticas seguras de trabalho
e as melhores técnicas, sabidamente corretas, testadas e aprova-
das;

 Alertar a cerca de outros riscos possíveis, não previstos nas ins-


truções de segurança dos procedimentos;

 Discutir a divisão de tarefas e responsabilidades;

 Encontrar problemas potenciais que podem resultar em mudan-


ças no serviço e até mesmo no procedimento de trabalho;

 Identificar problemas reais que possam ter sido ignorados du-


rante a relação de equipamentos de segurança e trabalho;

 Difusão de conhecimentos, criando novas motivações.

Você chegou ao final de mais um Módulo. Lembre-se que


todas as informações aqui apresentadas são apenas orien-
tativas, devendo ser complementadas com os normativos
internos da empresa, da ANEEL, da ONS, etc. Caso tenha ficado
alguma dúvida, releia o conteúdo, não deixe de fazer as suas anotações
e sempre acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem, pois lá você
poderá trocar experiências com outros colegas da área e também
tirar as suas dúvidas. Faça as atividades propostas e procure exercitar
o que você aprendeu até agora. No próximo Módulo, você estudará
o homem e o seu desenvolvimento como gestor da segurança. Então,
bons estudos!

177
Módu
lo
Você e o trabalho em equipe
5

Você estudará neste Módulo, o indivíduo e seu desenvolvimento


como gestor de segurança. Verificará quais são os aspectos com-
portamentais que fazem parte do seu trabalho, bem como a im-
portância da comunicação para o trabalho em equipe e uma orientação
em relação à postura corporal (ergonomia) adotada em sua atividade.

LIÇÃO 1

Aspectos comportamentais

Esta lição irá explorar os aspectos comportamentais do


trabalhador da área de serviços de eletricidade, mas você
deve estar se perguntando por que é importante estudar
tais aspectos? Saiba que: conceito do comportamento =
atitude + postura. Este conceito é importante para qualquer pro-
fissão. Verifique nesta lição, os principais aspectos comportamentais
do trabalhador.

1.1 Indivíduo

As diferenças individuais constituem as formas pelas


quais os indivíduos se distinguem ao agir. Essas di-
ferenças podem ser percebidas através das seguintes
abordagens: fatores físicos; emoções; atitudes; valores;
personalidades; percepções; comportamentos; pontos
de vista; níveis educacionais; habilidades sociais; etc.

179
NR 10 - Curso Complementar

As semelhanças podem ocorrer entre as pessoas no tocante a opiniões,


atitudes e temperamentos, mas não se encontra igualdade. Cada
sujeito é singular na sua totalidade e apresentará um comportamento
diferente.

Quando pensamos em comportamento, estamos falando de seres hu-


manos, de motivação, de valores e crenças. Palavras que poderiam ser:

 caráter;

 personalidade;

 paciência;

 dignidade;

 saber ouvir;

 compreensão;

 humildade;

 respeito;

 somatório = modo de ser.

Como eu sou, como eu ajo, somos a imagem de nossas


ações, portanto, somos a percepção interna e externa dos
outros. Nada acontece por acaso. Cada indivíduo constrói o
seu destino, por meio das suas ações e comportamentos.

Todos nós temos um modelo de comportamento adequado para al-


gumas situações e inadequado para outras. Atitude é relacionado a
comportamento, na segurança é a mesma coisa, lá fora, em outras rea-
lidades, pode ser diferente. É o modo de agir.

Sabemos que somos uma única pessoa, tanto em casa como no traba-
lho. Existe a tendência de falarmos: “temos que separar o pessoal do

180
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

profissional”. A pessoa é somente ela, a separação da pessoa e do pro-


fissional não existe. Para sermos um bom profissional, temos que ser
uma boa pessoa, não tem separação, não existe o capaz tecnicamente
e o colega solidário.

O caráter de uma pessoa se forma desde a sua infância e vem evoluin-


do progressivamente com informações vindas de um livro e assistidas
de um filme, uma série de informações. O que você faz com essas in-
formações e as reações que advêm delas, quando você questiona sobre
algo, gera uma inquietude e gera novas visões, novos pensamentos.

O que é questionar? Eu sei questionar? Quando posso


achar que a minha posição está correta sobre um assunto?
Eu sei aceitar questionamentos? Somente pelas informações
que virão, do saber ouvir e do saber questionar que você poderá
fazer uma auto-avaliação concisa e sincera de seu comportamento.

Conseqüentemente, toda essa atividade proativa gera novos conheci-


mentos, transformando em sabedoria.

Saber e não usar com sabedoria, é não saber.

(Autor desconhecido)

O conceito de aprender é amplo como outros estudados aqui. Utiliza-


se muito o termo “aprender a aprender”, ou seja, você e seus colegas,
que estão participando deste curso, procuram desenvolver uma capa-
cidade maior em receber novas informações e conseguir “digeri-las”
adequadamente utilizando este material impresso ou o Ambiente Vir-
tual. Existem várias formas de aprender, como por exemplo: estudar
este conteúdo, a sua própria atividade profissional, os serviços nas usi-
nas, subestações, nas redes e nas linhas.

181
NR 10 - Curso Complementar

A observação é um dos pontos para o aprendizado, alguém faz e você


copia, você vê o que está acontecendo. Outra maneira de ocorrer
a aprendizagem está no estudo, na pesquisa e na discussão
com outros profissionais da área.

Você gosta do que faz ou faz o que gosta? Gostar


daquilo que você faz o ajudará a ser um bom pro-
fissional. Reflita sobre o seu trabalho, quais os ele-
mentos que fazem com que você não realize suas
tarefas do modo mais adequado e ponha sua vida
em risco? Será que você busca trabalhar em equipe,
ouve as pessoas e procura dar a atenção necessária
para cada atividade de intervenção no Sistema Elé-
trico de Potência? Será que as suas atitudes contri-
buem para um trabalho seguro?

A sua atividade profissional é importante e você a desenvolve pratican-


do, quanto mais a pratica, mais sabe e, conseqüentemente, terá maior
domínio e maior segurança. Estudar e pesquisar fazem parte de todo o
processo de aprendizagem. Mas, além da técnica, para que tenhamos
segurança, é importante ter atitude de sempre buscar desenvolver o
seu trabalho interagindo da forma mais adequada com a sua equipe.

1.2 As bases do aprendizado

Como trabalhador do SEP, você deve estar atento aos riscos e aos peri-
gos de sua atividade, valorizar os controles dos riscos e as opiniões de
seus companheiros de trabalho. Ao elaborar uma tarefa, é importante
que se tenha uma atenção especial na elaboração da análise preven-
cionista de risco e na metodologia aplicada, entre outros.

O planejamento é fundamental para a tarefa, tem-se que dominar todo


o procedimento, senão poderão ocorrer incidentes, mas não basta so-
mente planejar, é importante que se tenha uma visão, uma expectativa
do processo e do resultado que se quer chegar.

182
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

1.3 Mudando a sua atitude

Todos nós somos seres sociais logo, também na sua área, e para uma
convivência com todos do seu trabalho, algumas dicas são sugeridas.

 Comece a mudar, seja otimista, desenvolva o hábito positivo,


apoie os colegas, veja as coisas boas.

 Abandone o hábito do negativismo. Pense com empatia, racioci-


ne com empatia, viva com empatia.

 Não critique, proponha soluções.

 Dizer bom dia, obrigado e volte sempre não custa nada, não seja
um mau humorado, descubra primeiro os seus erros, invista em
seus talentos naturais.

 Olhe para as pessoas como “parceiros”, respeitando as individu-


alidades. Respeite os outros.

 Tenha um bom relacionamento com seus colegas de trabalho. A


amizade não tem preço, o relacionamento com outras pessoas
também. As palavras mais adequadas para relacionamento são:
simpatia, respeito, empatia, amizade, humildade, solidariedade,
profissão, amor e sinceridade.

 Saiba trabalhar em grupo.

A seguir, você estudará os principais aspectos comporta-


mentais. Observe quais são os mais importantes para você,
tanto na sua profissão quanto em sociedade:

a. Percepção

A percepção pode sofrer distorções provocadas por fatores que podem


alterar a realidade dos fatos. Dentre eles podemos destacar:

183
NR 10 - Curso Complementar

 fatores físicos – deficiência nos


Define-se a percepção como sendo a interpretação órgãos receptores dos estímulos.
que o indivíduo faz dos estímulos recebidos do meio Quem sofre de deficiência auditiva,
ambiente através dos sentidos de tato, audição, visão, por exemplo, pode interpretar mal as
paladar e olfato. Os estímulos também podem ser in- mensagens que ouve;
ternos, tais como a sensação de fome, sede, frio, as
 emoção – reduz ou impede o racio-
emoções, etc. A maneira de perceber o mundo e as
cínio. Por exemplo, uma pessoa com
situações variam de pessoa para pessoa. As pessoas
raiva pode agredir alguém que nada
agem no mundo de acordo com as suas percepções.
teve a ver com a causa da raiva;

 preconceitos – são crenças culturalmente aprendidas que defor-


mam e limitam a percepção;

 cultura – tende-se a perceber e emitir juízo de valor de acordo


com as crenças do ambiente social no qual se adquiriu a cultura;

 valores – percebe-se melhor o que se considera importante;

 atenção – percebe-se mais o que está no foco da atenção;

 interesse – o indivíduo focaliza o que é de seu interesse. Por


exemplo, quando alguém compra um carro, essa pessoa tende a
ver muitos outros carros iguais ao seu, que antes não percebia;

 defesa psíquica – tende-se a não perceber o que for considerado


desagradável.

Um outro tipo de percepção que se pode caracterizar e, principalmen-


te, relacionar ao seu trabalho é a percepção do risco, ou seja, esse tipo
de percepção tem como base a experiência de cada um em relação ao
trabalho a ser desenvolvido e ao conhecimento do conceito de risco e
de perigo aliado à prática preventiva de evitar acidentes. Assim, quan-
do a organização fornece os meios adequados, como, por exemplo, a
capacitação do empregado e o estímulo ao trabalho de equipe, ela está
adotando uma característica preventiva na busca do índice zero em
acidentes. Em outras palavras, a atualização dos conhecimentos forta-

184
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

lece a necessidade do ser humano de cuidar de si e


dos outros com responsabilidade e o trabalho em
equipe representa um estímulo à segurança da deci-
são que precisa ser tomada, assim como uma opor-
tunidade da equipe de discutir suas práticas diárias,
ampliando a percepção do empregado quanto aos
assuntos ligados à segurança.

Este é o objetivo deste curso, ou seja, que você desenvolva


a cultura de realizar as suas atividades de forma segura,
garantindo qualidade de vida para você e para a sua equipe.
É importante o trabalho em equipe, o debate sobre a sua segu-
rança e como realizá-la.

b. Reações emocionais

As emoções podem ser percebidas


das formas seguintes. A emoção é um estado sentimental momentâneo em
que o indivíduo tem seu organismo excitado. Existem
 Experiências emocionais –
diversos tipos de emoção: medo, raiva, ciúmes, inveja,
quando o indivíduo sente a
alegria, tristeza, piedade, felicidade, remorso, admira-
emoção.
ção, amor, ódio, culpa, vergonha, etc.
 Comportamento emocio-
nal – quando é levado, pelo
sentimento, a fazer algo. Por exemplo, uma pessoa com sen-
timento de raiva pode trazer à tona um sentimento de grande
tristeza que provoca o choro “para desabafar”.

 Alterações fisiológicas que correspondem ou são provocadas


diretamente pela própria emoção: ficar “corado” de vergonha,
ficar “branco” de susto, ter batidas do coração aceleradas por
causa do medo.

185
NR 10 - Curso Complementar

Considera-se descontrole emocional o fato de uma pessoa ser domi-


nada pela emoção e não conseguir raciocinar. Popularmente diz-se que
a pessoa“perdeu a cabeça”ou“perdeu o juízo”. O descontrole emocio-
nal pode levar a pessoa a uma reação emocional explosiva como, por
exemplo, um acesso de ira contra um equipamento ou contra outra
pessoa. Outras reações emocionais menos intensas, como choro, tris-
teza, culpa, etc., podem alterar a atenção e a concentração necessárias
ao bom desempenho do trabalho e provocar acidentes.

Veja algumas das situações que podem fazer surgir ou agravar os esta-
dos de tensão emocional no trabalhador.

Fadiga – é a sensação de fraqueza, falta de energia e


exaustão. A fadiga dificulta a realização de suas ati-
vidades diárias. Sensação de incapacidade, falta de
motivação, lapsos de memória, dificuldade de con-
centração e diminuição da libido (desejo sexual)
também podem ser sintomas de fadiga. Alguns dos
motivos que contribuem para a fadiga são:

 carga horária de trabalho excessiva;

 sedentarismo;

 excesso de trabalho;

 sono irregular.

Espera-se que você não esteja vivenciando esse estado de


tensão emocional. Deve-se atentar para a carga horária do
trabalhador evitando excessos que poderão comprometer
a qualidade do serviço e provocar o desgaste físico e mental
acarretando, assim, em prejuízos à empresa e ao trabalhador, pois um
empregado exausto pode ser a causa de acidentes de trabalho.

186
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

Estresse físico e psíquico – estresse pode ser entendido como “con-


junto de reações que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma
situação que exige esforço para adaptação” (SELYE, 1996). O trabalho
e o tédio (monotonia) podem ser fontes de estresse. Daí a importância
do trabalhador cuidar sempre da saúde física e mental, desenvolver
hábitos saudáveis, cuidar da alimentação, da harmonia no lar, da ma-
nutenção das relações com os familiares, do ambiente de trabalho, etc.
Por outro lado, a organização deve promover atividades de lazer no
ambiente de trabalho, pausas nas atividades, exames periódicos, pro-
gramas de controle de estresse e outros, visando o bem-estar físico e
psicológico do trabalhador.

Equilíbrio versus desequilíbrio – a noção de equilíbrio e de desequilí-


brio nos faz relembrar quando aprendemos a andar de bicicleta. Existe
um ponto em que é possível olhar para a frente, movimentar a roda,
virar o guidão para esquerda e fazer a curva sem cair. No seu trabalho
não é diferente, o equilíbrio físico e mental é necessário não só como
um atributo pessoal, mas também como uma característica preventiva
de acidentes, desde o planejamento até a execução.

Os cuidados devem ser redobrados quando na sua em-


presa existem atividades e condições perigosas. O auto-
controle, o autodomínio, a moderação e a prudência são
exemplos de atitudes equilibradas que devem ser estimuladas
individualmente e na sua equipe de trabalho.

Limites do corpo humano – como força de trabalho, o corpo huma-


no executa atividades que exigem força bruta, condicionamentos físi-
co e mental, velocidade, precisão, habilidades motoras, etc., e quando
o trabalho é bastante repetitivo e não permite maiores flexibilidades,
pode acontecer uma sobrecarga. Toda empresa precisa sistematizar as
rotinas e adotar metodologia apropriada para que o trabalhador pro-

187
NR 10 - Curso Complementar

duza e, ao mesmo tempo, tenha prazer e motivação no seu trabalho,


desenvolvendo formas sadias de atuação, respeitando os seus limites e
os limites dos outros.

LIÇÃO 2

Comunicação

A comunicação humana é um dos aspectos mais importantes na se-


gurança e no desenvolvimento de qualquer metodologia de trabalho.
Mensagens mal formuladas ou mensagens não compreendidas corre-
tamente podem ser fatores provocadores de acidentes.

A base de cada pessoa e de toda a sociedade


Comunicação refere-se às formas de trans- humana está na capacidade de os indivíduos
mitir e receber mensagens. transmitirem aos outros as suas idéias, per-
cepções, intenções, desejos e sentimentos.

O homem começou a se comunicar através de gestos e sons. O con-


junto ordenado e sistemático de sons deu origem à palavra, que se tor-
nou o instrumento básico da comunicação, quer na sua forma sonora
(oral), quer na sua forma concreta (escrita). Pode-se, então, caracterizar
a comunicação da forma seguinte.

2.1 Elementos da comunicação

 Emissor – pessoa que emite a mensagem, diz algo a alguém.

 Receptor – aquele que recebe a mensagem.

 Mensagem – o conteúdo da comunicação.

 Canal – meio de comunicação, a via de transmissão da mensagem.

 Ruído – os problemas derivados de distorções não intencionais


da mensagem.

188
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

2.2 Tipos de comunicação

 Verbal – a mensagem codificada pela palavra. Pode ser


constituída pela palavra falada: diálogos, pedidos, etc.

 Escrita – são caracterizadas pela expressão gráfica:


cartas, telegramas, livros, jornais, etc.

 Não-verbal – a mensagem transmitida através de


gestos, mímicas, expressões corporal e facial, olhar,
atitudes, símbolos, etc.

A comunicação não-verbal transmite mensagem


continuamente, muitas vezes contradizendo as co-
municações verbais.

As comunicações podem ser ainda:

 intrapessoal – é o diálogo interno, a comunicação que a pessoa


faz com ela mesma;

 interpessoal – quando se transmite uma mensagem para alguém.

2.3 Barreiras e distorções

Uma comunicação nem sempre é realizada de for-


ma clara, de maneira que um fale e o outro entenda
corretamente a mensagem. Quando isso acontece
dizemos que houve distorções ou barreiras na co-
municação. Essas dificuldades podem ser tanto da
pessoa que emite a mensagem como daquele que
a recebe.

 Barreiras mecânicas – são causadas pelos canais de comunicação.

 Barreiras de linguagem – são caracterizadas pelas gírias, regio-


nalismos, etc.

189
NR 10 - Curso Complementar

 Barreiras psicológicas – são devido às diferenças individuais.


Entre elas podemos citar:

a. seletividade – a pessoa só ouve ou lê aquilo que lhe in-


teressa ou que coincida com a sua opinião;

b. egocentrismo – o que nos impede de enxergar o ponto


de vista do outro. É a atitude de quem se considera o
sabedor de tudo,“o dono da verdade”;

c. inibição – a inibição ou timidez de uma pessoa em rela-


ção à outra pode causar dificuldade na comunicação;

d. competitividade – o excesso de sentimento de competi-


ção gera a incapacidade de ouvir o outro. Cada um corta
a palavra do outro, fazendo questão de se fazer ouvir,
tornando a comunicação “um diálogo de surdos”;

e. estereótipo – acontece quando há uma distorção da


imagem real de uma pessoa transferindo a ela uma ima-
gem geral que é feita para todo um grupo. Esse “rótulo”
é o que chamamos de estereótipo. A partir daí pode ser
criado um sentimento de rejeição pela pessoa, ao qual
damos o nome de preconceito. Os estereótipos, a partir
das diferenças socioculturais, geram insegurança, ansie-
dade, desconfiança, arrogância e falta da receptividade,
causando barreiras na comunicação. Todos somos iguais
como seres humanos. Diferenças como pobreza e rique-
za, muita ou pouca cultura, negro ou branco, subordina-
do ou chefe, nenhuma delas justificam sentimentos de
inferioridade ou de superioridade. A falta de reconheci-
mento das necessidades do outro pode gerar o descaso.
A partir daí, a indiferença em relação ao problema do
outro e o desrespeito também causam barreiras à comu-
nicação, que imperam ressentimentos e, muitas vezes,
hostilidade, o que pode provocar acidentes.

190
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

Você percebeu que as barreiras podem prejudicar o desen-


volvimento de um plano de trabalho e até mesmo trazer
situações inseguras? Reflita um pouco sobre essas barreiras
na sua profissão. Você já vivenciou em algum momento essas
barreiras?

2.4 Recursos que facilitam a comunicação

Sentimos, constantemente, a necessidade de nos relacionarmos bem


com as pessoas com as quais convivemos. Não podemos viver isolados
dentro do sistema social no qual estamos inseridos.

Devem-se desenvolver certas características e habilidades no compor-


tamento com as outras pessoas para que haja eficiência na nossa co-
municação.

2.5 Uma boa comunicação requer que você:

 melhore a transmissão de pensamentos;

 aperfeiçoe a própria recepção.

Saber ouvir – na comunicação existem mensagens não manifestas para


as quais precisamos ter a sensibilidade de compreender. Saber ouvir
implica um processo intelectual e emocional na busca de significados
contidos na mensagem. Nossa capacidade de ouvir, em geral, é pouco
desenvolvida. Algumas atitudes podem ajudar.

 Ouça sem interromper.

 Concentre-se em ouvir a pessoa que fala.


Evite distrair-se.

 Demonstre desejo de conhecer como pen-


sam os outros.

191
NR 10 - Curso Complementar

 Certifique-se que compreendeu repetindo o que ouviu.

 Não antecipe o que o outro vai dizer.

 Esforce-se para compreender o ponto de vista do outro.

 Abra o seu espírito para ouvir o que o outro diz.

Empatia – significa, em termos mais simples, colocar-se no lugar do


outro. Ao adaptar a nossa mensagem ao vocabulário, aos interesses,
aos valores e aos sentimentos da pessoa a quem transmitimos uma
mensagem, a comunicação tem maior probabilidade de ser eficaz.

LIÇÃO 3

Relacionamento interpessoal

As relações interpessoais permeiam a vida humana e se desenvolvem


através da interação entre as pessoas. Este processo de interação en-
volve trocas, comunicações e contato entre as pessoas. Este processo
denomina-se relações interpessoais.

A convivência entre as pessoas influencia o sucesso ou o insucesso na


formação de vínculos interpessoais na medida em que se constitui fon-
te de alegria ou sofrimento. Com isso, podemos inferir que as relações
interpessoais podem determinar os níveis de auto-estima de cada um
(BERGAMINI, 1982).

Os indivíduos tendem a apresentar três necessidades interpessoais:


Inclusão, Controle e Afeição.

a. Inclusão: consiste na necessidade do indivíduo de estabelecer


e manter relacionamentos satisfatórios com outras pessoas, vi-
sando interagir e associar-se. Por meio destes relacionamentos a
pessoa poderá vir a sentir que é significante e que tem valor pes-
soal. A fase de inclusão se encerra quando o indivíduo tem sua
presença assegurada dentro do grupo e sabe que a sua ausência
será percebida pelas demais pessoas.

192
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

b. Controle: consiste na necessidade do indivíduo de estabelecer e


manter relacionamentos satisfatórios com as pessoas em termos
de controle e força. Esta necessidade inclui um sentimento de ser
capaz de respeitar e ser respeitado.

c. Afeição: é compreendida como a necessidade de estabelecer e


manter um sentimento mútuo de respeito.

Nota-se que estas necessidades visam a manter o equilíbrio das rela-


ções, na medida em que almejam não somente o comportamento da
própria pessoa como também das demais com as quais interage.

As pessoas sentem, percebem, pensam e se comportam de maneira


diferente e isto influencia a interação entre elas. Desta forma, percebe-
se que os serem humanos têm alguns aspectos semelhantes e outros
bem distintos, tais como: motivações, necessidades, atitudes, etc. De-
nominamos estes aspectos de diferenças individuais como vimos no
início deste módulo.

3.1 Trabalho em equipe


A garantia da segurança depende muito da coesão das equipes de tra-
balho. O alcance das metas e realização de trabalhos sem acidentes
está fortemente associado a maneira como os membros de uma equipe
interagem uns com os outros.

O trabalho em equipe está relacionado a uma forma especial de or-


ganização que objetiva, principalmente, a ajuda mútua entre profis-
sionais de uma mesma organização ou área de uma organização. O
trabalho em equipe pode ser descrito como um conjunto de pessoas
que se dedicam a realizar uma tarefa ou um determinado trabalho e
são interdependentes.

193
NR 10 - Curso Complementar

Você consegue trabalhar em equipe na sua empresa? É im-


portante trabalhar em equipe? Para promover a segurança
no seu trabalho é importante que você saiba respeitar as
diferenças e saiba trabalhar com colegas que pensam e agem de
formas diferentes?

Valorizando cada indivíduo e permitindo que todos façam parte de


uma mesma ação, o trabalho em equipe, além de possibilitar a troca
de conhecimento, é determinante nas relações humanas, pois motiva
o grupo a buscar de forma coesa os objetivos traçados.

A necessidade de desenvolvimento do trabalho em


equipe passa por diversos fatores de importância
para a evolução profissional, como a definição de
prioridades, o ajuste de metas, o otimismo e o estar
aberto a mudanças. Todas essas qualidades, quan-
do são acrescidas ao indivíduo, podem significar o
sucesso nas relações pessoais, o que formam um
círculo virtuoso.

É importante perceber que, quando se fala em tra-


balhar em equipe, fala-se em maior volume de atividades, mais res-
ponsabilidade, comprometimento, flexibilidade, colaboração e esforço
pessoal, detalhes que acabam sendo descobertos a cada novo dia de
trabalho. Entretanto, como benefício, um grupo coeso aflora muitas
características que até então passavam despercebidas no individual,
como a criatividade, a participação, a visão de futuro, o questionamen-
to de posições e as colocações e o senso crítico.

Trabalhar em equipe significa compartilhar uma direção comum. As


atividades desenvolvidas em conjunto encorajam o grupo, melho-
rando o desempenho na hora de realizar as atividades, transmitindo
autoconfiança, habilidade e união, características primordiais para o
sucesso de cada tarefa.

194
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

Numa equipe integrada e coesa, o líder assume o papel de


facilitador, consolidando o processo decisório e articulan-
do as ações com o grupo.

Dicas para o trabalho em equipe.


 Seja paciente.
 Aceite as idéias dos outros.
 Valorize os colegas.
 Saiba dividir as tarefas.
 Trabalhe.
 Seja participativo e solidário.
 Dialogue.
 Planeje.
 Evite ficar somente com o “pensamento do grupo”.
 Aproveite o trabalho em equipe.

3.2 O papel do líder

Em toda formação de equipe é importante destacar o papel do líder,


aquele que cria nos liderados a sensação de um espaço próprio, onde
eles podem desenvolver a sua criatividade e se auto-realizar na exe-
cução das tarefas. O papel do líder não é somente comunicar valores,
mas também manter relações honestas, baseadas na confiança e, aci-
ma de tudo, garantir em suas ações a tradução dos valores e da missão
da empresa.

As habilidades modernas de liderança são classificadas em três dife-


rentes dimensões, quais sejam, a dimensão organizacional, a dimensão
interpessoal e a dimensão das qualidades individuais. Entre as habili-
dades do líder destacamos:

195
NR 10 - Curso Complementar

 Compreender bem a missão sócio-econômica da organização.

 Conhecer bem os objetivos organizacionais e o ambiente social,


econômico e político externo à organização.

 Exercitar-se na busca de novas soluções e na descoberta de novos


problemas.

 Articular, agregar e processar continuamente idéias e alternativas


de ação.

 Ter visão e orientar-se continuamente para o futuro.

 Reconhecer o valor das pessoas.

 Aprender a aceitar as pessoas como elas são.

 Valorizar relações pessoais.

 Comunicar-se com as pessoas buscando obter um significado


coletivo dos diversos valores, crenças, hábitos e símbolos que
formam a cultura organizacional.

Concluímos que a liderança tem mais a ver com a forma de lidar com
as pessoas - ouvir, motivar, compartilhar, orientar e delegar – do que
quantos funcionários você tem na sua equipe.

3.3 Cultura organizacional

Quando uma pessoa ingressa em uma organização, já encontra uma


cultura instituída através da definição da visão, da missão,
dos objetivos, dos valores, das políticas e dos programas, etc.,
com a qual precisará aprender a conviver, observando os
modos de produção e como as pessoas se organizam para
realizar as atividades e alcançar os objetivos empresariais.
Na sua empresa não é diferente, já existem objetivos claros
de modo que você se organiza para cumpri-los.

196
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

Por outro lado, essa cultura é dinâmica, admitindo-se mudanças para


atender as transformações, os desejos e as expectativas da sociedade por
meio de novas políticas necessárias para a sobrevivência e o crescimento
da organização, com foco no mercado e na competição empresarial.

As características pessoais e profis-


sionais dizem respeito aos valores, A cultura organizacional está sustentada pela intera-
às crenças e aos princípios que to- ção de quatro fatores que se traduzem em diferentes
dos, que estão ao seu lado, trazem culturas.
consigo como produto de sua for-  As características pessoais e profissionais.
mação e que são confrontados com  A ética da organização.
aqueles transmitidos culturalmente  Os direitos e os deveres dos empregados.
no ambiente de trabalho, o que cor-  A estrutura organizacional.
responde ao poder de influência da
organização sobre o indivíduo.

Cada organização estabelece os direitos e os deveres do empregado,


tais como: os limites de sua atuação, o poder que lhe será concedido,
como deve se comportar, a quem deve explicações, enfim, construirá
a ética da organização, conforme a sua natureza jurídica, finalidade e
estrutura concebida.

A cultura, o padrão normativo operacional das instituições e das vari-


áveis externas à organização definem os procedimentos que orientam
a maneira de como as atividades laborais e comportamentais devam
ser conduzidas. Ocorre que nem sempre o que se percebe é aquilo que
é levado a termo e condiz com uma realidade específica.

Então, como você procederia nessas circunstâncias? O cor-


reto seria modificar o padrão normativo vigente ou a pos-
tura comportamental para atender as condições adversas, o
que, evidentemente, demandaria da sua parte tempo, esforço e
carga cognitiva.

197
NR 10 - Curso Complementar

Existe um traço cultural no povo brasileiro, muito interessante, quando


se depara com questões “especiais”. Ele prefere deixar os padrões nor-
mativos inalterados e desatualizados, burlando-os com vistas a solucio-
nar um determinado problema específico. O indivíduo que se comporta
dessa maneira corre sério risco para consigo, para com a sua equipe, para
com o Sistema Elétrico de Potência e para com a sociedade.

Em trabalhos de alta periculosidade não se admite “jeitinho”. Inter-


rompa imediatamente a atividade e refaça o planejamento.

Lembre-se: não se deve confundir trabalhos emergenciais


com improvisação (jeitinho); todas as atividades emergen-
ciais devem fazer parte de um plano de contingência bem
estruturado e redigido de forma clara, objetiva e compreensível.
Um plano que traduza a maior parte possível das principais variáveis
que, eventualmente, possam ocorrer em situações anômalas.

Assim, os serviços e a análise de risco devem estar sintonizados e am-


parados pelas determinações normativas da organização, pois somen-
te a ela cabe responder aos órgãos regulamentadores do setor elétrico
e à Justiça, conforme veremos no Módulo 8 que tratará sobre respon-
sabilidades (civil e criminal).

LIÇÃO 4

Posturas

4.1 Posturas de trabalho

Algumas posturas de trabalho são importantes para a saúde e o bem-


estar do trabalhador. Fique atento a elas.

A postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe li-


vremente e que pode ser variada ao longo do tempo, sem prejuízo

198
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

para a sua segurança e saúde. A concepção dos postos de trabalho ou


do desenvolvimento das tarefas deve favorecer a variação de postura,
principalmente a alternância entre a postura sentada e em pé.

O tempo de manutenção de uma postura deve ser o mais breve possí-


vel, pois seus efeitos nocivos serão em função do tempo durante o qual
ela será mantida. Segundo Mairiaux (1992), a apreciação do tempo de
manutenção de uma postura deve levar em conta, por um lado, o tem-
po unitário de manutenção (sem possibilidades de modificações pos-
turais) e, por outro, o tempo total de manutenção registrado durante a
jornada de trabalho.

Todo esforço de manutenção postural leva a uma tensão muscular es-


tática (isométrica) que pode ser nociva à saúde. Os efeitos fisiológicos
dos esforços estáticos estão ligados à compressão dos vasos sangüíne-
os. O sangue deixa de fluir livremente e o músculo não recebe oxigênio
nem nutrientes suficientes, os resíduos metabólicos não são retirados
pela circulação sangüínea deficiente, acumulando-se, provocando a
fadiga muscular e conseqüentemente a dor.

Manutenções estáticas prolongadas podem, também, acelerar o des-


gaste das articulações, dos discos intervertebrais e dos tendões.

A postura de trabalho adotada é em função da atividade desenvolvi-


da, das exigências da tarefa (visuais, emprego de forças, precisão dos
movimentos, etc.), dos espaços de trabalho, da ligação do trabalhador
com máquinas e com equipamentos de trabalho como, por exemplo,
o acionamento de comandos. As amplitudes de movimentos dos seg-
mentos corporais como os braços e a cabeça, assim como as exigên-
cias da tarefa em termos visuais, de peso ou de esforços, influenciam
na posição do tronco e no esforço postural, tanto no trabalho sentado
como no trabalho em pé.

Citamos, a seguir, alguns exemplos da influência sobre a postura sen-


tada ou em pé, devido aos movimentos dos segmentos corporais.

199
NR 10 - Curso Complementar

A postura em pé

De maneira geral, a concepção dos postos de trabalho não leva em


consideração o conforto do trabalhador na escolha da postura de tra-
balho, mas sim as necessidades da produção.

A escolha da postura em pé, muitas vezes, tem sido justi-


ficada por considerar que, nessa posição, as curvaturas da
coluna estejam em alinhamento correto e que, dessa forma,
as pressões sobre o disco intervertebral são menores que na
posição sentada. Mas os músculos que sustentam o
tronco contra a força gravitacional, embora vigoro-
sos, não são muito adequados para manter a postura em pé.

Eles são mais eficazes na produção dos movimentos necessários


às principais mudanças de postura. Por mais econômica que possa ser
em termos de energia muscular, a posição em pé ideal não é usual-
mente mantida por longos períodos, pois as pessoas tendem a utilizar
alternadamente a perna direita e a esquerda como apoio para, prova-
velmente, facilitar a circulação sangüínea ou a reduzir as compressões
sobre as articulações.

A manutenção da postura em pé imóvel tem ainda as seguintes des-


vantagens:

 tendência à acumulação do sangue nas pernas, o que predispõe


ao aparecimento de insuficiência valvular venosa nos membros
inferiores, resultando em varizes e sensação de peso nas pernas;

 sensações dolorosas nas superfícies de contato articulares que


suportam o peso do corpo (pés, joelhos, quadris);

 a tensão muscular, permanentemente desenvolvida para manter


o equilíbrio, dificulta a execução de tarefas de precisão;

 a dificuldade da posição em pé pode ser reforçada se o traba-


lhador tiver ainda que manter posturas inadequadas dos braços
(acima do ombro, por exemplo), inclinação ou torção de tronco
ou de outros segmentos corporais;

200
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

O investimento das adaptações para melhorar o conforto do trabalha-


dor é mínimo se comparados aos custos da redução na produtividade,
oriundos da fadiga muscular ou da própria dificuldade na realização
das tarefas quando executadas em pé por vários anos.

A posição sentada

O esforço postural (estático) e as solicitações sobre


as articulações são mais limitadas na postura senta-
da que na em pé. A postura sentada permite melhor
controle dos movimentos, uma vez que o esforço de
equilíbrio é reduzido. É, sem sombra de dúvida, a
melhor postura para trabalhos que exijam precisão.

Em determinadas atividades ocupacionais (escri-


tórios, trabalho com computadores, administrativo,
etc.), a tendência é de se permanecer sentado por longos períodos.

As dores da região dorsal, quando pré-existentes, são agravadas pela


manutenção da postura sentada. De maneira geral, os problemas lom-
bares advindos da postura sentada são justificados pelo fato de a com-
pressão dos discos intervertebrais ser maior na posição sentada que na
posição em pé. No entanto, tais problemas não são apenas decorrentes
das cargas que atuam sobre a coluna vertebral, mas, principalmente, da
manutenção da postura estática. A imobilidade postural constitui um
fator desfavorável para a nutrição do disco intervertebral que é depen-
dente do movimento e da variação da postura. A incidência de dores
lombares é menor quando a posição sentada é alternada com a em pé
e, menor ainda, quando se podem movimentar os demais segmentos
corporais como em pequenos deslocamentos.

A postura de trabalho sentado, se bem concebida (com apoios e incli-


nações adequados), pode apresentar até pressões intradiscais inferio-
res à posição em pé imóvel, desde que o esforço postural estático e as
solicitações articulares sejam reduzidos ao mínimo.

As vantagens da posição sentada são:

201
NR 10 - Curso Complementar

 baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores, redu-


zindo, assim, a sensação de desconforto e de cansaço;

 possibilidade de evitar posições forçadas do corpo;

 menor consumo de energia;

 facilitação da circulação sangüínea pelos membros inferiores,


desde que devidamente apoiados.

As desvantagens na posição sentada são:

 redução dos deslocamentos e da atividade física geral (sedenta-


rismo);

 adoção de posturas desfavoráveis (vícios posturais) – lordose ou


cifoses excessivas;

 estase sangüínea nos membros inferiores, situação agravada


quando há compressão da face posterior das coxas ou da pantur-
rilha contra a cadeira, se esta estiver mal posicionada.

Uma vez adaptado o posto para o trabalho sentado, é preciso observar


certos critérios na escolha do assento.

Como você avalia a sua postura no trabalho em usinas,


em linhas de transmissão, em subestações? Qual é a sua
posição de trabalho? Quais são os cuidados que você realiza
para evitar problemas musculares?

O ritmo de trabalho

Aqui deve-se fazer uma distinção entre o ritmo e a cadência. A ca-


dência tem um aspecto quantitativo, o ritmo qualitativo. A cadência
refere-se à velocidade dos movimentos que se repetem em uma dada

202
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

unidade de tempo. O ritmo é a maneira como as cadências são ajusta-


das ou arranjadas: pode ser livre (quando o indivíduo tem autonomia
para determinar sua própria cadência) ou imposto (por uma máquina,
pela esteira da linha de montagem e até por incentivos à produção)
(TEIGER, 1985).

Há trabalhos que devem ser necessariamente executados em tempo


previamente determinado (o reestabelecimento da iluminação pública
até às 18h), o que por si só constitui uma pressão temporal com sobre-
carga de trabalho em determinados horários.

A distinção entre ritmo e cadência é importante para que você entenda


a carga de trabalho. Observe, por exemplo, uma afirmação contida em
relatório do tipo “o trabalhador realiza 1.200 levantamentos por dia do
braço direito até a altura do ombro”. Essa medida, por si só, não me
permite fazer um julgamento sobre o que ela representa como carga
para o trabalhador. Se ele executa esses movimentos ao realizar uma
tarefa em que ele mesmo gerencia a sua cadência e, portanto, pode al-
terá-la ao longo do dia ou de um dia para o outro, provavelmente, ele
tolerará melhor essa imposição.

Se, no entanto, ele estiver operando uma máquina que exige que ele
faça o movimento e, portanto, não lhe cabe variar a cadência, pode
considerar sua carga com mais dificuldade. Acrescente-se a isso, se a
cada levantamento do braço ele permanece com o braço levantado,
por um longo tempo, suportando uma carga. A carga se torna maior
então. O mesmo vale para o caso em que essa cadência for imposta
Glossário
por uma fila de clientes. Logo, medidas quantitativas, sem indicações Norma Regulamen-
do contexto em que elas ocorrem, não contribuem para a avaliação da tadora de Ergonomia
– define os espaços
situação. e as posturas para o
trabalhador realizar as
suas atividades de forma
4.2 Limites de uma norma mais confortável pos-
sível para não adquirir
A NR-17, como todas as normas, não aponta soluções para todas as doenças do trabalho.

situações precisas encontradas na prática. A solução dos problemas só


é possível pelo esforço conjunto de todos os interessados.

203
NR 10 - Curso Complementar

É imprescindível, também, o acompanhamento das pesquisas realiza-


das recentemente e a consulta a manuais especializados em normas
de outros países.

4.3 Critérios

Os critérios para estabelecer os limites de carga são de caráter biome-


cânico, fisiológico e psicofísico.

4.4 Conclusões
O levantamento de cargas é um dos fatores mais importantes nas cau-
sas de lombalgia e outras patologias musculoesqueléticas freqüentes.

As posturas forçadas e as estáticas, as vibrações, a temperatura, a umi-


dade, etc., são outros fatores que podem influenciar o aparecimento
dos distúrbios de saúde e que deverão ter a sua influência avaliada
através de outros métodos disponíveis ou complementares.

Qualquer postura mantida de maneira prolongada é mal tolerada. A


alternância de posturas deve ser sempre privilegiada, pois permite que
os músculos recebam seus nutrientes e não fiquem fatigados.

Uma tarefa tem exigências variadas, por isso não se pode, previamen-
te, afirmar qual é a melhor postura baseando-se apenas em critérios
biomecânicos. Por exemplo, um caixa de supermercado prefere ficar
sentado quando manipula mercadorias leves, quando faz um troco
ou quando confere cheques. Mas prefere se levantar quando lida com
mercadoria pesada ou frágil.

Um posto de trabalho, mesmo quando bem projetado, pode se revelar


desconfortável se os fatores organizacionais, ambientais e sociais não
forem levados em consideração.

A participação dos trabalhadores na escolha de mobiliário, ferramen-


tas, equipamentos e definição de processos tem mostrado um bom
resultado na prática de trabalho na área de segurança. Algumas em-
presas colocam determinadas opções para teste e decidem por aquelas

204
Módulo 5 – Você e o trabalho em equipe

que tiveram melhor aceitação obedecendo aos limites de segurança.


Pode-se notar que, quando o usuário tem influência na escolha, os fa-
bricantes dos equipamentos investem mais em pesquisas para aperfei-
çoar o mobiliário.

Você estudou mais um Módulo deste curso e observou


o quanto é importante trabalhar em um lugar seguro e
tranqüilo. Devemos manter o equilíbrio emocional para o
sucesso da atividade e adotar uma postura corporal adequada.
Não deixe de realizar as atividades propostas no Ambiente Virtual de
Aprendizagem. No Módulo seguinte, você estudará as questões de
segurança com veículos e equipamentos de porte e o atendimento a
acidentados. Então, vamos lá!

205
Módu
lo
Treinamentos e práticas
6

Neste Módulo você estudará as questões de segurança com


veículos e equipamentos de transporte e o atendimento a aci-
dentados.

Você pensa sobre a possibilidade de ocorrer alguma situação de emer-


gência durante uma intervenção no Sistema Elétrico de Potência? Você
já realizou alguma atividade em que poderia haver algum acidente e
não sabia como poderia acionar os socorristas? Reflita sobre o seu dia-
a-dia e, durante a leitura deste Módulo, busque aprender como você
pode melhorar seus procedimentos de trabalho incluindo as equipes
de socorro como um dos itens de segurança! Pense também sobre as
suas atitudes quando utiliza automóveis e caminhões, será que você
busca agir de forma segura quando é passageiro ou condutor?

LIÇÃO 1

Treinamentos em técnicas de remoção, atendimento e


transporte de acidentados

1.1 Resgate do eletricista

A energia elétrica trouxe inúmeras vantagens para a humanidade, as-


sim como mudou radicalmente o modo de vida e o desenvolvimento
econômico ligado, direta ou indiretamente, à eletricidade. Em contra
partida, a energia elétrica é perigosa e requer que você trabalhe com
ela de modo responsável, observando a norma de segurança para uso
e manipulação, tanto de aparelhos como de circuitos elétricos.

207
NR 10 - Curso Complementar

A evolução tecnológica e o aumento contínuo da quantidade de infor-


mações fizeram com que fossem aperfeiçoadas as técnicas de resgate e
o salvamento quando em atividades operacionais. Cada empresa ado-
ta a técnica mais adequada ao seu público interno.

Como você já estudou no Módulo Básico, os primeiros


socorros são fundamentais para elevar as probabilidades
de salvamento de um acidentado. Cabe a você, neste curso,
estudar a evolução das metodologias de salvamento e de resga-
te destes e, por conseqüência, uma melhoria nas condições de resgate
do acidentado.

Esta lição tem o objetivo de fomentar o com-


portamento seguro dos funcionários e a man-
tê-los atualizados sobre os mecanismos para
atender os acidentes e as situações de risco,
identificar o potencial dessas ocorrências vi-
sando um pronto atendimento de qualquer
situação de emergência que envolva vítimas,
prevenindo, minimizando ou anulando os efeitos danosos associados
a essas ocorrências, visando proteger a vida, bem como reduzir as con-
seqüências sociais do sinistro.

Este material tem como objetivo secundário, iniciar amplo debate en-
tre você e seus companheiros de trabalho, eletricistas, técnicos e enge-
nheiros, objetivando alertá-lo da “falsa” idéia de que podemos salvar
ou sermos salvos, rapidamente, em caso de acidente junto às redes, às
linhas e aos equipamentos. Outro fator que pode minimizar os riscos
na execução das tarefas de manutenção, inspeção ou na elaboração
de projetos, está relacionado aos aspectos do planejamento antes da
execução das tarefas.

208
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

Caso venha a ocorrer um acidente, este Módulo dará a você, parâ-


metros para colocar em prática um plano de socorro e de resgate da
vítima sem que se exponha aos mesmos riscos dos acidentados e,
também, conscientizar os eletricistas, os técnicos e os enge-
nheiros da necessidade de executar todos os procedimentos
de segurança e respeito às Normas.

Iniciando esta primeira lição, observe as considerações


iniciais.

 O tempo gasto para aplicação da técnica de reanima-


ção cardiopulmonar não deverá ultrapassar os três minutos para
seu início.

Tempo decorrido entre a parada e


Probabilidade de reanimação da
o início da massagem e respiração
vítima (%)
artificial em minutos
1 95
2 90
3 75
4 50
5 25
6 1
8 0,5

Fonte: NR-10 Comentada, João José Barrico de Souza e Joaquim Gomes Pereira

 A posição da vítima não possibilita, na maioria das vezes, apli-


cação da reanimação cardiorespiratória, sendo assim necessário
colocar a vítima em decúbito dorsal (conforme ilustração apre-
sentada), preferencialmente no solo, o mais rápido possível.

 Após três minutos de parada cardíaca, inicia a morte de células


e a probabilidade de recuperação é menor a cada minuto, porém
não devemos deixar de executar a reanimação cardiopulmonar,
mesmo passado esse tempo.

209
NR 10 - Curso Complementar

 Quando ocorrer o resgate, ter pleno conhecimento dos elemen-


tos utilizados, como cordas, estropos, kits, etc.

 O resgate somente deverá ocorrer quando o socorrista estiver se-


guro de suas ações.

 Na aplicação do processo de resgate, devem-se tomar as precau-


ções necessárias a fim de evitar o segundo acidente,
que poderá ser de gravidade superior ao primeiro.

Verifique, a seguir, uma definição referente ao resgate


do eletricista.

Emergência: trata-se de uma situação crítica e fortuita


que representa perigo à vida, gerando um dano conti-
nuado que obriga a uma imediata intervenção.

1.2 Tipos de emergência

Para efeito deste procedimento, caracterizam-se como emergência as


seguintes situações:

 acidentes com vítimas de trauma ou de mal clínico grave reque-


rendo atendimento de emergência;

 incêndios não extintos de imediato;

 explosões de equipamentos pneumáticos e não classificados;

 incêndio/explosão de queimadores;

 vazamento de gás natural;

 incêndio/explosão com gás


natural;

 incêndio em painéis elétricos;

 incêndio/explosão em transfor-
madores e disjuntores;

210
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

 vazamentos e contaminações com produtos perigosos diversos;

 sinistros ocorridos no transporte rodoviário de produtos perigosos;

 descargas atmosféricas no parque de tanques de armazenagem;

 desastres naturais, como inundações, tempestades, etc.


1.3 Métodos de resgate

Depois de você avaliar todos os aspectos citados até o momento, tome


como referência uma equipe composta por dois eletricistas que pode-
rão se envolver em uma situação crítica. Caso um de seus componentes
se envolver em um acidente, o outro terá que tomar atitudes decisivas
para o resgate de seu companheiro e providenciar o encaminhamento
deste aos socorros médicos.

Para que o resgate seja feito de forma adequada é necessário que todos
os equipamentos passem por inspeções frequente e obedeçam os pa-
drôes exigidos pelas normas.

NOR
MA 10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate pa-
dronizados e adequados às suas atividades, tornando dispo-
níveis os meios para a sua aplicação.
10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a
manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio
existentes nas instalações elétricas.

A utilização do rádio já se faz necessário, visto que a equipe poderá


pedir socorro a central de operação que terá condições de orientar
as demais equipes para se dirigirem ao local, providenciando também
socorros médicos.

211
NR 10 - Curso Complementar

Fique atento para:


 a posição do(s) socorrista(s) para execução do res-
gate;
 uso, manutenção e conservação dos kits de resgate;
 observação da distância de segurança para o resgate;
 sempre haverá necessidade de reciclagem do(s)
socorrista(s).

LIÇÃO 2

Segurança com veículos e transporte de pessoas, ma-


teriais e equipamentos

2.1 Transporte de empregados em carrocerias de caminhão

Em relação ao transporte e em casos excepcionais, o veículo deverá


ser adequado conforme as normas específicas (CONTRAN).
Abaixo segue algumas preucupações no transporte de
pessoas:

 acesso à carroceria do caminhão com número de


pessoas superior ao que comporta o veículo;

 acesso à carroceria, a não ser pela escada existente


para esse fim;

 empregados viajando na carroceria junto com materiais e equi-


pamentos;

 empregados viajando nos estribos ou com qualquer parte do cor-


po fora do veículo;

 subir ou descer de veículo em movimento;

 não ter mais de duas pessoas viajando ao lado do motorista.

212
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

Os equipamentos e os materiais que forem colocados no


interior da carroceria devem ser fixados de modo a não
cair ou deslocar-se, nem a atrapalhar a passagem do pessoal
da equipe.

Ao utilizar um veículo, é importante que você aprenda alguns itens


importantes para a sua segurança ao transportar pessoas e equipa-
mentos. Estude com atenção os elementos seguintes.

a. Cuidados preliminares

Glossário
 Todos os membros da turma de trabalho devem estar familiariza-
Automóvel com apa-
dos com a operação, os sinais convencionais e as precauções de relho para suspender
grandes cargas.
segurança relativos ao guindauto.

 O motorista deve conhecer todos os cuidados inerentes a esse


tipo de carro e, na medida do possível, ser efetivado no mesmo
com a finalidade de acompanhar o seu desempenho, manuten-
ção e testes.

 Somente pessoas autorizadas podem dar


ordens e manobrar qualquer parte do con-
junto do guindauto, entretanto, um grito de
“PARE”, parta de onde partir, deve ser obe-
decido.

 Todos os operadores do guindauto devem


ser devidamente treinados e avaliados.
b. Inspeção

Antes e após a sua utilização, o equipamento do guindauto deve ser


inspecionado de acordo com as instruções estabelecidas no Manual de
Uso, Conservação e Inspeção do guindauto, que deve estar sempre à
disposição dos operadores.

213
NR 10 - Curso Complementar

c. Operação do veículo

Durante a operação do veículo, saiba que devem ser observa-


das as seguintes condições:

 o motorista deve ter em mente, além das regras de trân-


sito em vigor, que o veículo necessita de maior espaço livre
para a sua movimentação do que os veículos normais;

 é proibido movimentar o veículo com os braços da lança


levantados, somente deve ser movimentado com os braços da lan-
ça fixados em seus apoios com as respectivas cintas;

 somente executar movimento de ré mediante auxílio de um aju-


dante, posicionado fora do veículo;

 estudar a situação do local de trabalho e colocar o veículo na


posição mais conveniente. A lança deve alcançar o local de carga
e de descarga sem necessidade de movimentação adicional do
veículo;

 estacionar o veículo somente em local permitido, providenciando-


se a devida sinalização para o tráfego de veículos e de pedestres;

 uma vez estacionado na área de trabalho, aplicar os freios de es-


tacionamento e colocar calços nas rodas do veículo;

 quando for necessário posicionar o veículo em ladeira, estacionar


abaixo do local de trabalho, virar as rodas da frente em direção
ao meio-fio, se houver. Jamais colocar acima do local de trabalho
ou na transversal;

 antes de acionar os controles das sapatas, ter certeza de que todos


os componentes da equipe estão fora do alcance das mesmas;

 nos casos de terreno acidentado ou macio, usar número suficien-


te de calços largos e adequados (planos e extensos com espessu-
ra não superior a 75 mm) debaixo das sapatas dos macacos, de
modo a conseguir contato firme e seguro com o solo;

214
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

 o aterramento de veículo no pátio de subestação deve seguir


o mesmo procedimento de aterramento de equipamentos. Só
deve-se efetuar aterramento de veículos que estão executando
trabalhos de manutenção, e não os que transportam pessoas ou
material. Nesta referência enquadram-se os guindastes, as cestas
elevatórias e as gruas. No momento do aterramento devem ser
tomados os seguintes cuidados:

 estudar a localização dos pontos de aterramento e de sinalização;


 toda a estrutura do veículo deve ser aterrada em um mesmo
chassi;
 quando durante a manutenção for necessária a retirada par-
cial ou total dos aterramentos temporários, como exigência da
atividade os mesmos devem, obrigatoriamente, ser repostos
imediatamente após o término da atividade visando a conti-
nuidade de manutenção.

d. Execução dos serviços

Na fase de execução dos serviços, leve em consideração os seguintes


elementos:

 nunca deixar de usar o equipamento de proteção individual. A


lança não tem qualidade isolante e isto obriga ao uso do equipa-
mento de segurança tanto pelo operador quanto pelo pessoal de
apoio. É obrigatório o uso de capacete, botas e luvas adequadas,
bem como todos os outros equipamentos normais de serviço;

 procurar trabalhar uma distância adequada de condutor ener-


gizado de acordo com o nível de tensão, não permitindo que a
lança entre em contato com os condutores e equipamentos;

Caso isto não seja possível, devem ser instalados protetores


adequados, além da garantia do aterramento do veículo.

215
NR 10 - Curso Complementar

 nunca posicionar a lança sobre ou entre condutores;

 não colocar ferramentas ou qualquer outro material no painel de


alavancas de controle do guindauto;

 nunca segurar uma alavanca de controle em posição aberta de-


pois que seu movimento atingir o fim de sua trajetória;

 não arrastar ou deslocar cargas, utilizando o sistema de giro. Nos


casos em que a colocação do veículo não é favorável à carga e à
descarga, evitar o arraste da mesma com operações simultâneas
de levantamento e aproximação;

 delegar a apenas um empregado a responsabilidade das opera-


ções necessárias à colocação da lança na posição de trabalho;

 a operação da lança somente deve ser feita por pessoal auto-


rizado, devidamente treinado para a sua correta movimentação
e acionamento dos equipamentos e ferramentas especiais, em
condições normais ou de emergência;

 antes de operar a lança, não esquecer que a mesma está fixada ao


suporte de apoio e que jamais deve ser movimentado o giro em
primeiro lugar;

 o operador deve olhar sempre na direção em que a lança é movi-


mentada. É necessário que um elemento da equipe esteja junto à
cabine da viatura, atento a todos os movimentos da lança, a fim
de que possa avisar, em tempo, ao operador da possibilidade de
ocorrer acidente, principalmente em relação ao limite de eleva-
ção da lança e à proximidade mínima do condutor;

 o operador deve suspender imediatamente a movimentação do


braço, lança ou giro, se verificar a presença de ar ou de queda de
pressão no sistema hidráulico, ou, mesmo, perceber qualquer fa-
lha ou folga nos seus comandos. Não tentar eliminar ou diminuir
a falha, simplesmente desligar o motor e comunicar imediata-
mente o fato ao seu supervisor;

216
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

 nunca exceder à capacidade específica


para um determinado raio de operação.
Estar sempre atento ao diagrama de car-
gas. A capacidade nominal da lança não
deve ser ultrapassada e as cargas máximas,
a serem movimentadas, são proporcionais
às distâncias da ponta da lança ao eixo da
coluna, conforme tabela afixada na carro-
ceria do veículo;

 no içamento de cargas às elevações máxi-


mas, recomenda-se utilizar o guindauto com a lança recolhida,
mesmo que a carga esteja bem próxima à coluna;

 não movimentar o veículo com a carga suspensa pelo guindauto


e não girar o equipamento com velocidade;

 verificar, sempre antes de mover o caminhão, se as sapatas estão


totalmente recolhidas.

e. Manutenção

A sua segurança depende principalmente da manutenção dos compo-


nentes. Recomenda-se observar a rotina de manutenção, conforme as
instruções do Manual de Uso, Conservação e Inspeção do guindauto,
destacando-se os seguintes pontos:

 aos componentes do guindauto (braço, lança e giro)


recomenda-se manter lavados e lubrificados, quinze-
nalmente, não devendo ser usada água sob pressão,
nessa limpeza;

 na orla marítima, ou em casos de contaminação acen-


tuada, a superfície dos componentes do guindauto
deve ser lavada e lubrificada diariamente;

 os equipamentos devem ser ensaiados antes e após


sua utilização para assegurar-se de que a manuten-

217
NR 10 - Curso Complementar

ção adequada foi realizada. Reportar, imediatamente, ao supervi-


sor, todos os vazamentos ou folgas existentes;

 a programação da manutenção preventiva, tanto pelo usuário quan-


to pelas oficinas mecânicas, deve ser rigorosamente cumprida.

2.2 Equipamentos de proteção coletiva – EPC

a. O veículo como ferramenta de trabalho

Para muitas profissões o veículo é utilizado como ferramenta de tra-


balho. O veículo visto dessa forma deve merecer o mesmo tratamento
que uma ferramenta, ou seja, deve-se realizar manutenções adequa-
das, seu uso deve obedecer as suas especificações e respeito aos limites
estabelecidos pelo fabricante e pela empresa.

O homem, como usuário consciente, necessita conhecer as suas pró-


prias limitações e as da ferramentas para uma perfeita integração ho-
mem/máquina.

b. Comunicação com celular e rádio

Com um mundo moderno e com as novas tecnologias, a comunicação


é, de fato, muito importante em toda e qualquer atividade, porém o
motorista não deve utilizar celular ou rádio com o veículo em movi-
mento, muitas vezes, acidentes ocorreram devido à distração mo-
mentânea durante a conversação.

A empresa deverá informar que a comunicação via celular e rádio


VHF/UHF ficará a cargo dos que estão na condição de passageiro ou
Glossário quando o motorista parar e estacionar o veículo, segundo as normas
UHF: ultra hi-frequency/
de trânsito vigentes no país.
VHF: very hi-frequency.

c. Fatores que determinam o acidente de trânsito

Você sabe quais são os fatores que determinam um aciden-


te de trânsito? Você já vivenciou um acidente de trânsito?
Quais são os cuidados que deverão ser tomados para evitar
tais acidentes?

218
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

São três os fatores que determinam o acidente de trânsito: homem,


meio ambiente e veículo.

 O fator homem refere-se a todos os comportamentos do ser hu-


mano que contribuem para o acidente.

 O fator meio ambiente refere-se às estradas, às ruas, à vegetação


e ao clima.

 O fator veículo refere-se à adequação do mesmo ao serviço e às


suas condições mecânicas.

Para realizar com segurança suas tarefas, o homem precisa estar equi-
librado nos aspectos:

 psíquico;

 físico; e

 social.

Caso haja desequilíbrio em qualquer um desses aspectos, o homem


estará mais exposto a acidentes. A seguir você verificará alguns sinto-
mas que podem identificar o desequilíbrio:

 dor de cabeça freqüente;

 apatia, falta de disposição para o trabalho e dificuldade de con-


centração;

 alteração de sono;

 ansiedade, impaciência e agressividade;

 tristeza, desânimo, esquecimento e cansaço.

Quando você ou o seu companheiro de trabalho sentir


um ou mais desses sintomas, procure seu gerente, coorde-
nador ou supervisor direto, informe a situação e solicite a
liberação para não realizar tarefas de risco nesse dia.

219
NR 10 - Curso Complementar

2.3 Direção defensiva

“Direção defensiva” é dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das


ações incorretas (erradas) dos outros e das condições adversas (con-
trárias) que encontramos nas vias de trânsito.

Por que praticar a direção defensiva no seu trabalho e no


dia-a-dia?

Pesquisas realizadas em todo o mundo, sobre acidentes de trânsito,


apresentaram a seguinte estatística:

 apenas 6 % dos acidentes de trânsito têm como causa os proble-


mas da via;
 30 % dos acidentes têm origem em problemas mecânicos;
 a maioria dos acidentes (64%) têm como causa problemas com
os motoristas.
Dentre os principais problemas com o motorista têm-se:

 dirigir sob o efeito de álcool ou substância entorpecente;


 imprudência – trafegar em velocidade inadequada;
 imperícia – inexperiência e falta de conhecimento;
 negligência – falta de atenção, falha de observação.
a. Elemento da direção defensiva

Motorista defensivo é aquele que adota um procedimento preventivo


no trânsito, sempre com cautela e civilidade. O motorista defensivo não
apenas dirige, pois está sempre pensando em segurança, em prevenir
acidentes. A “direção defensiva” é indispensável no aperfeiçoamento de
motoristas.Trata-se de uma forma de praticar, no uso de seu veículo, uma
maneira de dirigir de forma mais segura, reduzindo a possibilidade de ser
envolvido em acidentes de trânsito, apesar das condições adversas.

220
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

Muitas vezes, o motorista pratica a direção defensiva


sem que perceba. Não importa onde a pratica e se a
chama por esse nome, ou não. O que importa, na ver-
dade, é que a direção defensiva, necessária para evitar
acidente, requer conhecimento, atenção, previsão, de-
cisão e habilidade.

Conhecimento

Dirigir com segurança requer uma boa dose de informa-


ções de fatos concretos. Esse conhecimento inclui o
pronto reconhecimento de riscos e a maneira de defen-
der-se contra eles.

O condutor de um veículo automotor, o motorista, precisa


se manter em estado de alerta durante cada segundo em
que se encontra ao volante, consciente de que está sempre
correndo o risco de um possível acidente.

Previsão

A previsão, que pode ser exercida sobre um raio de ação próximo ou


distante, é a habilidade de prever eventualidades no trânsito e prepa-
rar-se para elas. A direção defensiva exige tanto a prevenção em curto
prazo como em longo prazo.

O motorista que revisa o seu veículo, antes de iniciar o seu trabalho,


está fazendo uma previsão em longo prazo, enquanto que aquele que
prevê complicações durante a realização de um trabalho, está fazendo
uma previsão em curto prazo.

Decisão

Sempre que for necessário tomar uma decisão, numa situação de pe-
rigo, ela dependerá do conhecimento que o motorista tem sobre as
alternativas possíveis de serem adotadas, do conhecimento sobre as

221
NR 10 - Curso Complementar

possibilidades de seu veículo, das leis e das normas de segurança para


a condução de veículos e do tempo e espaço que se dispõe para tomar
uma atitude correta.

Essa decisão, ou tomada de atitude, vai depender da sua habilidade,


tempo e prática de direção, previsão das situações de risco, conheci-
mento das condições do veículo e da via.

Habilidade

Esse requisito diz respeito ao manuseio dos controles do veículo e à


execução, com bastante perícia e sucesso, de qualquer uma das mano-
bras básicas.

A habilidade do motorista se desenvolve por meio de


aprendizado e da prática: tem que treinar a execução das
manobras de modo correto e depois executá-las sempre des-
sa maneira. São sempre esses elementos que o tornarão um mo-
torista seguro. Se usá-los a cada momento, sempre que estiver atrás
do volante, você estará usando a cabeça.

b. Condições adversas

Condições adversas são todos aqueles fatores que podem prejudicar o


seu real desempenho no ato de dirigir, tornando maior a possibilidade
de um acidente.

Existem várias “condições adversas” e é importante lembrar que nem


sempre elas aparecem isoladamente, tornando o perigo ainda maior.

Você verificará algumas condições adversas mais importantes para que


as conheça bem e tome os cuidados necessários a fim de evitá-las, ou
de evitar os danos que elas podem lhe causar.

222
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

São elas: luz, clima, vias, veículo e motorista.

c. Prevenção de Acidentes

Existem procedimentos que, quando


praticados conscientemente, ajudam a Ver, pensar e agir com conhecimento, rapidez

prevenir ou a evitar acidentes. Pode-se e responsabilidade, são os princípios básicos de

chamar esses procedimentos de Método qualquer método de prevenção de acidentes.

Básico na Prevenção de Acidentes e po-


dem ser aplicados em qualquer atividade,
no dia-a-dia, que envolva riscos.

Podem ser aplicados também no ato de dirigir, desde que se conheça


os fatores que mais levam à ocorrência de um acidente.

Além de conhecer esses fatores, você deve estar preparado, em todos


os momentos, para atitudes que ajudem nessa prevenção.

Saiba que prestar socorro é providenciar atendimento ou


remoção do ferido da forma mais rápida e segura possível,
dentro das normas de primeiros socorros, conforme apre-
sentado no Curso Básico de NR-10.

O cinto de segurança é um dispositivo simples que serve para proteger


sua vida e diminuir as conseqüências dos acidentes. Ele impede, em
casos de colisão, que seu corpo se choque contra o volante, painel e
pára-brisas, ou que seja projetado para fora do carro.

Em uma colisão de veículos a apenas 40 km/h, o motorista pode ser


atirado violentamente contra o pára-brisa ou arremessado para fora
do carro.

223
NR 10 - Curso Complementar

Alguns motoristas pensam que podem amortecer o choque segurando


firmemente no volante. Isso é ilusório, porque a força dos braços só é
eficaz a uma velocidade de até 10 km/h.

d. Cinto de segurança

Uma dica importante ao usar o sinto de segurança é sentar-se correta-


mente no banco e com a coluna bem reta. O cinto ab-
dominal deve ser colocado na região dos quadris e
não na barriga. O cinto diagonal deve passar pelo
ombro. O cinto não deve estar nem torcido, nem
com folgas.

Um dos principais argumentos das pessoas que


preferem discursar e correr riscos a adquirir o há-
bito de usar o cinto de segurança é o de que “cintos
podem machucar e provocar lesões”.

Na realidade, a análise dos raros casos em que o cinto de segurança


ocasionou algum tipo de trauma concluiu que, na imensa maioria das
vezes:

 o choque fora tão violento que os danos seriam maiores sem o


cinto de segurança; ou

 houve uso inadequado do cinto.

Portanto, use o cinto adequadamente.

É importante lembrar que além de obrigatório, o cinto faz


parte da sua segurança e usá-lo, em todas as ocasiões, é
a sua obrigação e só depende de seu uso constante para
formar o hábito.

224
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

Você sabia que ...


 Para um carro bater num objeto fixo a uma velo-
cidade de 60 km/h equivale a cair de um prédio de
quatro andares (numa altura de aproximadamente 14
metros)?
 Uma pessoa adulta só consegue suportar um peso, no
máximo, três vezes superior ao seu próprio peso?
 Mesmo que o veículo esteja numa velocidade de 20
km/h, o impacto sob um objeto fixo resulta numa for-
ça superior a até 15 vezes ao peso da pessoa?

Daí resultam os graves ferimentos que, em muitos casos, podem ser


fatais.

 Quando dois veículos a 25 km/h se chocam as veloci-


dades somam-se resultando num impacto correspon-
dente a 50km/h?
 40% das mortes em acidentes são causadas por cho-
que contra o pára-brisa, o marco do pára-brisa ou o
painel de instrumentos?
 30% das lesões fatais em colisões foram causadas
porque a vítima bateu contra o volante?
 Uma em cada cinco lesões aconteceu porque pes-
soas dentro do veículo bateram-se umas contra as
outras?
 Oito em cada dez pessoas que não usavam o cinto de
segurança morreram em acidentes com pelo menos
um dos veículos a menos de 20 km/h?
 Os cintos de segurança são desenvolvidos tendo por
base o indivíduo adulto? Por isso, não devem ser usa-
dos por crianças com menos de 1,40 m de altura. A
correta utilização do cinto de segurança por crianças,
grávidas e bebês é diversa da forma com que os de-
mais passageiros a utilizam.

225
NR 10 - Curso Complementar

e. Deveres do motorista defensivo

 Conhecer as leis e a sinalização de trânsito e obedecê-las

sempre, em qualquer local e horário.

 Usar sempre o cinto de segurança e os demais equipa-


mentos obrigatórios (em boas condições de uso).

 Conhecer o automóvel que está dirigindo e saber usá-lo


corretamente.

 Manter o automóvel sempre em boas condições de


funcionamento e abastecido de combustível.

 Prever situações inesperadas, ficar atento e ser capaz de evitar


acidentes (situações perigosas).

 Ser capaz de tomar decisões corretas com rapidez nas situações


de perigo e executá-las.

 Não dirigir cansado ou com sono, sob efeito de álcool, de drogas,


de remédios ou de qualquer substância tóxica.

 Não confie apenas na sua habilidade; os instrumentos do painel


do veículo ajudam a tomar as decisões certas.

 Procure ver tudo que está acontecendo à sua volta e certifique-se


de que todos estão vendo o seu veículo e a sinalização que estiver
usando de forma correta.

Esses deveres são importantes para qualquer motorista.


Dirigir com segurança é dirigir com sabedoria.

f. Dicas para transporte de pessoas e volumes

O transporte de pessoas e volumes em veículos deve obedecer às Nor-


mas do Código de Trânsito Brasileiro.

226
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

Atenção especial aos tópicos abaixo, pois eles são importantes para sua
segurança.

 Distribuição adequada e imobilização das cargas, a fim de evitar


que se desloquem e que seja obedecido o preceito legal de peso
máximo permitido por eixo.

 Proibir e fiscalizar para evitar que as pessoas subam ou desçam


de veículos em movimento ou viagem sobre suas carrocerias.

 Responsabilidade do condutor pelo bom estado do veículo.

 O transporte de ferramentas e de equipamentos deverá ser feito


em compartimento separado dos passageiros por uma barreira
física (grade, rede, tampão, etc.).

g. Dicas para transporte de materiais ou de equipamentos

 Acomodar todo o material ou o equipamento de forma a não se


deslocar quando o veículo estiver em movimento.

 Observar o centro de gravidade de todo o material.

 Acondicionar os equipamentos nos veículos para que não haja


possibilidade de tombamento dos mesmos.

2.4 Movimentação de cargas

As empilhadeiras e guindautos têm considerável participação no ín-


dice de acidentes, inclusive quanto à gravidade, seja de lesão ou de
grandes perdas.

A sua vida, assim como a de seus companheiros, depende muito da


maneira de como cada um realiza o seu trabalho.

É a NR-11 (Transporte, Movimentação, Armazenagem e


Manuseio de Materiais) que regulamenta as Normas de
segurança para a operação de elevadores, guindastes, trans-
portadores industriais e máquinas transportadoras.

227
NR 10 - Curso Complementar

Os equipamentos utilizados na movimentação de materiais, tais como


elevadores de carga, guindastes, pontes rolantes, talhas, empilhadeiras,
guinchos, esteiras rolantes, serão calculados e construídos de maneira
que ofereçam as necessárias garantias de resistência e de segurança,
conservados em perfeitas condições de trabalho.

Especial atenção será dada aos cabos de aço, às cordas, correntes, às


roldanas e aos ganchos que deverão ser inspecionados, permanente-
mente, substituindo as suas partes defeituosas.

Dicas de segurança

a. A movimentação de cargas deve ser feita com o máximo de cui-


dado e atenção, devendo para isso planejar o itinerário, o dimen-
sionamento de pessoas, máquinas e acessórios necessários.

b. O transporte de peças longas deverá ser feito na horizontal, por


no mínimo duas pessoas, e uma terceira pessoa para orientar as
pessoas que estiverem transportando.

c. O transporte de peças pesadas, tais como transformadores ou


disjuntores, deverá ser previamente planejado e executado com
equipamento adequado.

d. A carga e descarga de tambores com óleo devem ser feitas com


guindauto e com dispositivos apropriados e adequados, aten-
dendo as normas ambientais vigentes.

e. O deslocamento de tambores dentro da subestação deverá ser


feito sobre superfícies planas e, quando a superfície for irregular,
devem ser utilizadas pranchas.

f. Quando do transporte e da movimentação de disjuntor, de trans-


formador de potencial, transformador de corrente e pára-raios,
especial atenção deve ser dada ao seu travamento, às suas emba-
lagens e à altura máxima disponível para a sua movimentação.

228
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

g. Quando de transporte de cargas perigosas, efetuar de acordo


com a legislação vigente e por profissional devidamente capaci-
tado, habilitado e autorizado.

2.5 Equipamentos operacionais

Vejas quais são as principais dicas de segurança ao utilizar os equipa-


mentos operacionais.

a. Broca guincho

 Inspecionar a broca guincho antes de utilizá-la, preencher che-


cklist adotado pela empresa.

 Não tocar no veículo quando da execução de serviços próximos


à rede energizada.

 Permanecer fora do alcance da carga ou do braço do guincho e


certificar-se de que ninguém esteja próximo ao local onde serão
apoiadas as sapatas.

 Enrolar e/ou desenrolar o cabo de aço do guincho somente quan-


do o mesmo estiver devidamente tracionado.

 Observar, rigorosamente, as posições das alavancas de controle


e dos freios, assim como as rotações indicadas no “Manual de
Operação” do mesmo.

 Utilizar a broca guincho para arrancar poste somente quando es-


tiver previamente solto pelo saca-poste.

 Implantar ou retirar postes de ferro somente com a rede dese-


nergizada.

 Utilizar o gancho no cabo de aço, ao levantar o poste, abraçan-


do o mesmo a um palmo acima da placa que indica o centro de
gravidade.

229
NR 10 - Curso Complementar

 Ficar sempre de frente para a direção na qual se dirige a carga ou


o braço do guincho.

 Manter a carga ou o braço do guincho fora das vias de tráfego e,


caso seja necessário, sinalizar a área.

 Executar tarefas somente com o auxílio dos ajudantes para orien-


tar a trajetória dos objetos em suspensão.

 Obedecer à capacidade de operação, conforme normas específi-


cas do veículo.

 Utilizar os EPI’s, as luvas, a bota, os óculos e o capacete.

b. Cesta aérea

 Inspecionar a cesta aérea antes de utilizá-la, preencher


checklist quando adotado pela empresa.

 Permanecer fora da caçamba quando o caminhão estiver


em movimento.

 Atentar para a altura dos obstáculos durante o desloca-


mento do veículo, sendo que o braço da cesta deve estar
totalmente arriado e preso à cinta.

 Não trabalhar dois empregados simultaneamente (quando da


utilização de cestas duplas), em fases diferentes ou em pontos da
estrutura e da fase quando a rede estiver energizada.

 Evitar que a caçamba se encoste a qualquer equipamento, ener-


gizado ou não.

 Isolar os condutores, os mensageiros, os tirantes, etc., quando da


execução de trabalhos na rede primária energizada.

 Utilizar somente para finalidade adequada.

 Manter distância mínima de 20 cm das estruturas.

230
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

 Não tocar no veículo quando o braço estiver perto de redes ener-


gizadas, pois o caminhão pode estar energizado.

 Certificar-se de que não há ninguém próximo ao local onde serão


apoiadas as sapatas.

 Posicionar-se de frente para o sentido que se dirige a cesta.

 Evitar a permanência de pessoas sob a lança e a caçamba.

 Manter os “braços” da cesta fora das vias de tráfego e, caso seja


necessário, sinalizar a área de trabalho.

 Permanecer somente um empregado em cada caçamba.

 Proteger a caçamba e o braço com as capas apropriadas quando


em trânsito ou nos serviços em redes desenergizadas.

 Executar as tarefas com o auxílio de um ajudante treinado para


atuar em caso de emergência.

 Utilizar bota, capacete, óculos, cinturão de segurança, luvas de


proteção, etc.

c. Guindauto/Munck

 Inspecionar o guindauto antes de utilizá-lo.

 Permanecer fora do alcance da carga ou do braço do guindauto.

 Executar as tarefas com o auxílio de ajudantes para orientar a


trajetória dos objetos em suspensão.

 Instalar ou retirar equipamentos utilizando-se o guindauto, sem


exceder o peso estipulado.

 Não utilizar o guindauto para implantar ou retirar postes com a


rede energizada.

 Para se transportar postes, as carrocerias dos veículos devem pos-


suir malha para a proteção da cabina e para o berço de apoio.

 Utilizar capacete, óculos, luvas de couro e botina de segurança.

231
NR 10 - Curso Complementar

d. Embarcações

Algumas empresas utilizam embarcações próprias ou fretadas de ter-


ceiros para transporte de seus ocupantes e equipamentos, essas em-
barcações deverão ser adequadas às condições do meio pelo qual se
deslocam.

Não será permitido, em hipótese alguma, o transporte


de peso além daquele recomendado pelo fabricante.

O excesso de peso instalado, além da capacidade re-


comendada pelo fabricante, limita a dirigibilidade e a
flutuabilidade da embarcação. A evidência de uma ou
mais destas condições deverá ser considerada como
um grande fator de risco, possibilitando a ocorrência
de acidente.

As embarcações deverão ser compatíveis com o tipo de trabalho as


quais foram especificadas, navegando dentro de condições meteoroló-
gicas previstas, além de estarem portando os equipamentos obrigató-
rios exigidos por lei.

Da mesma forma, os materiais transportados deverão estar contidos


dentro dos limites da embarcação, sendo proibido o reboque de poste
ou de outro material dentro d’água, que não possa ser amplamente
sinalizado.

Para facilitar a contratação de embarcações terceirizadas, durante falta


de embarcação própria da empresa, recomenda-se manter um cadas-
tro atualizado das empresas que fretam embarcações.

Proceder inspeção prévia, verificar as condições de segurança, a capa-


cidade de carga, a condição do motor e do casco dessas embarcações,
assim como a data de validade das habilitações de seus respectivos
condutores.

232
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

e. Circulação e permanência de veículos em áreas energizadas

A circulação e a permanência de veículos em áreas energizadas


são permitidas quando necessário, indispensável e após tomar
as medidas de segurança cabíveis, respeitando as distâncias
mínimas de segurança regulamentadas em relação aos pontos
energizados mais próximos.

Na transposição de canaletas, todos os veículos deverão respei-


tar a sinalização de passagem sobre a área reforçada.

O deslocamento dos veículos nessas áreas deverá ser acompa-


nhado pelo profissional responsável que orientará o condutor
com a máxima segurança.

Caso não exista a delimitação da área energizada, todos os veí-


culos não-autorizados ao adentrarem nessas áreas, deverão tra-
fegar somente pelo arruamento existente na instalação, atentan-
do às distâncias mínimas de segurança entre os pontos energizados e
o veículo utilizado.

É proibido o estacionamento de veículos ou a permanên-


cia de pessoas embaixo de locais de trabalho e de cargas
suspensas.

f. Distância mínima de segurança por classe de tensão

Todo método ou posição para a realização de qualquer atividade deve


garantir a integridade dos profissionais que a executarem. Para tal, de-
ve-se atender as distâncias mínimas de segurança entre condutores
expostos em tensão e qualquer outro ponto do corpo do executante
ou das ferramentas por ele manuseadas com o braço estendido. Caso
o ambiente não propicie essa condição, inviabilizando a realização do
trabalho, os condutores deverão ser desenergizados.

233
NR 10 - Curso Complementar

Excetuam-se dessa prescrição os serviços realizados por profissionais


capacitados e autorizados a realizarem trabalhos em instalações ener-
gizadas e com ferramentas apropriadas, mas devem atentar e garantir
as distâncias mínimas entre executante e as partes isoladas, confor-
me definidas em instruções específicas para trabalhos em instalações
energizadas.

2.6 Inspeção e manutenção operativa

a. Inspeção

Antes da utilização do veículo, deve-se realizar a inspeção e verificação


dos seguintes itens:

 pneus e rodas:

 condições dos aros;

 condições dos pneus;

 estepe.

Das ferramentas e dos equipamentos do veículo:

 chave de roda;
Inspeção Automotiva
 macaco;
Conjunto de verificações que o condutor deve execu-
tar diariamente antes de assumir o veículo, durante o  extintor de incêndio;

deslocamento, paradas e ao recolher o mesmo.  triângulo de sinalização;

 cintos de segurança.

Do sistema elétrico:

 luzes de freio;

 faróis;

234
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

 lanternas;

 piscas;

 buzina;

 bateria;

 limpadores de pára-brisas;

 luzes de marcha a ré.

Da carroceria:

 funcionamento das portas e das fechaduras;

 retrovisores;

 avarias.

Do sistema de freios e de embreagens:

 testar funcionamento de freios (pé e mão);

 drenar o reservatório de ar (freio pneumático);

 nível de óleo do freio;

 posicionamento da embreagem;

 folga dos pedais.

Dos veículos com equipamentos hidráulicos:

 funcionamento dos equipamentos hidráulicos.

b. Manutenção

Ato ou efeito de manter. Medidas necessárias para a conservação ou


permanência de alguma coisa ou de uma situação. Cuidados técnicos
indispensáveis ao funcionamento regular e permanente de motores e
das máquinas.

235
NR 10 - Curso Complementar

Manutenção de veículos

Conjunto de atividades técnicas que tem por objetivo man-


ter o veículo em perfeitas condições de operação.

c. Atribuições/responsabilidades do condutor

Itens a serem observados antes de operar o veículo

 Documentos (pessoal, veículo e administrativo).

 Ferramentas (macaco, chave de roda, cabo da chave de roda, cha-


ve de fenda)-

 Estepe.

 Extintor de incêndio.

 Triângulo.

 Cinto de segurança.

 Níveis de óleo (motor e freio).

 Níveis de água (radiador, lavador de pára-brisa e bateria).

 Níveis de combustíveis (tanque


e partida a frio).

 Tensão e estado da(s) correia(s)


do gerador, do alternador e da
bomba hidráulica.

 Iluminação.

 Limpadores de pára-brisas.

 Buzina.

236
Módulo 6 – Treinamentos e práticas

Você chegou a mais um final de Módulo. Este Módulo teve


uma importância particular no que diz respeito ao trans-
porte de pessoas, equipamentos e materiais. Não deixe de
realizar as atividades propostas para este Módulo e, antes de
prosseguir, reflita de como é a sua atitude ao usar um veículo.

No próximo Módulo, você estudará os acidentes típicos do SEP à luz


da sistematização da NR-10. Esse é um estudo importante para a sua
complementação. Então, bons estudos!

237
Módu
lo
Aplicando a NR-10
7

Neste Módulo você estudará os acidentes típicos do SEP à luz


da sistematização da NR-10. Verificará os principais conceitos
e observará alguns exemplos de acidentes fatais.

Quando falamos de acidentes típicos, logo nos vêm à mente situações


desagradáveis de pessoas que sofreram lesões. Normalmente tais situ-
ações são apresentadas através de fotografias e mostradas aos traba-
lhadores para que estes tenham medo e busquem a prevenção. Nosso
objetivo neste Módulo não é a imposição do medo e sim a conscienti-
zação de que é necessário discutir os acidentes com o intuito de anali-
sar as falhas nos procedimentos para que você trabalhe com um nível
de segurança cada vez maior. Devemos observar por que determina-
dos fatos continuam ocorrendo. Durante a leitura deste Módulo reflita
sobre os atos e condições inseguras que devem ser eliminados para
garantirmos saúde e qualidade de vida para nós e nossa equipe!

LIÇÃO 1

Acidentes típicos: análise, discussão e medidas de


proteção.

A finalidade da investigação de acidentes é identificar as causas


imediatas, básicas ou a falta de controle desses eventos por meio de
análise sistêmica e propor medidas preventivas.

239
NR 10 - Curso Complementar

1.1 Conceitos básicos

Verifique a seguir os principais conceitos que estão presen-


tes na análise de acidentes.

a. Condições abaixo do padrão

Configuração ambiental ou fato que, comparado a uma


determinada referência (regra, norma, recomendação e
outros procedimentos reconhecidos pela organização) pa-
drão, configura-se como potencial causador de dano pes-
soal, impessoal ou a combinação destes.

b. Incidente (quase acidente)

Evento não desejado que, sob circunstâncias ligeiramente diferentes,


poderia ter resultado num acidente.

c. Acidente

Evento não desejado que resulta em danos ou lesão.

d. Acidente de trabalho (com base na lei 8213/91 – art. 19 e 20)

É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou ainda


pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução
da capacidade para o trabalho permanente ou temporário.

d1. Acidente de trajeto

O que ocorre no percurso usual entre a residência ou o local da refeição


para o trabalho, ou deste para aquele, locomovendo-se o empregado a
pé ou valendo-se de transporte próprio, da empresa ou coletivo.

240
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

d2. Acidente típico

Acidente decorrente da característica da atividade profissional desem-


penhada pelo acidentado.

d3. Acidente sem afastamento

Aquela que permite ao empregado retornar ao trabalho até a próxima


jornada imediatamente após o dia da ocorrência do acidente.

d4. Acidente com afastamento

Aquela que não permite ao empregado retornar ao trabalho na jorna-


da do dia seguinte ao da ocorrência do acidente.

e. Causa imediata

São as circunstâncias que precedem imediatamente o contato da pes-


soa com o agente causador (real ou potencial) da lesão. Geralmente
são vistas ou sentidas. Com freqüência podem ser denominadas ações
ou práticas inseguras (comportamentos que possibilitam a ocorrência
de um acidente) ou condições inseguras (circunstâncias que possibili-
tam a ocorrência de um acidente).

f. Causa básica

São as doenças ou as causas reais que desencadeiam sintomas; razões


pelas quais os atos e condições fora do padrão ocorreram; os fatores
que, se identificados, permitem um controle por meio da gestão dos
riscos. Ajudam a explicar o porquê das pessoas realizarem práticas fora
do padrão.

Observe que as causas básicas se diferenciam das causas


imediatas pela necessidade de um estudo mais aprofunda-
do para se obter um controle sobre elas. A falta de con-
trole é o que você estudará no próximo item.

241
NR 10 - Curso Complementar

1.2 Elementos de controle

Se você trabalha com o controle, saiba que é uma das quatro funções
essenciais da gestão: planejar, organizar, gerir (liderar/dirigir) e con-
trolar. Essas funções se relacionam com as atividades de
gestão (gerenciamento), independente de nível hierár-
quico.

As principais reações decorrentes da falta de controle


são:

 sistema inadequado;

 padrões inadequados;

 não-cumprimento dos padrões.

Verifique a seguir, alguns elementos importantes relacionados ao controle


no trabalho.

a. Segurança do trabalho e saúde ocupacional

 Segurança do Trabalho

Conjunto de medidas, resultante de estudo técnico, que


determina as condições de trabalho visando a integri-
dade dos empregados, dos trabalhadores temporários,
do pessoal contratado, dos visitantes e de qualquer ou-
tra pessoa que possa adentrar na área de trabalho.

 Saúde ocupacional

Conjunto de atividades médicas que prioriza a saúde dos trabalha-


dores vinculados à empresa, a partir de estudos epidemiológicos e de
métodos preventivos, diante da exposição direta ou indireta a riscos
ambientais, em sua atividade laborativa.

b. Profissionais de segurança do trabalho e de saúde ocupacional

Compõem o serviço especializado em engenharia de segurança e me-


dicina do trabalho e devem ser habilitados como:

242
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

 engenheiros de segurança do trabalho;

 técnicos de segurança do trabalho;

 médicos do trabalho;

 enfermeiros do trabalho;

 auxiliar de enfermagem no trabalho.

c. Metodologia árvore das causas

Método analítico que permite ordenar os fatos que contribuíram di- Glossário
Você aprofundará este
retamente para a concretização do dano ou da situação com poten- tema mais adiante.
Verifique também o
cial significativo de causar danos, estabelecendo uma seqüência lógica Anexo II que apresenta
para identificar as causas básicas e imediatas do evento e auxiliar na um exemplo de árvore
das causas.
definição das ações de controle e/ou de eliminação dos riscos.

d. Membros responsáveis pela investigação de incidentes/acidentes

 Profissional de segurança do trabalho (de acordo com sua área


de atuação).
 Empregado membro da CIPA e por ela designado para esta
atribuição.

A comissão interna de prevenção de acidentes - CIPA - tem como


objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do traba-
lho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com
a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A CIPA
será composta de representantes do empreador e dos empregados de
acordo com os requisitos estabelecidos na NR-5 ( norma regulamen-
tadora referente a CIPA).

 Empregado conhecedor das atividades da área onde ocorreu o


evento.

 Qualquer outro convidado especialista, empregado ou não, e


com formação e/ou conhecimento técnico específico, que o gru-
po considerar necessário para melhor elucidar as causas do even-
to objeto de estudo.

243
NR 10 - Curso Complementar

e. Investigação e análise do evento

Conjunto de ações que conduz ao entendimento do evento, à identifi-


cação dos fatores relevantes para sua ocorrência e favorece na tomada
de decisão.

f. Responsáveis

É a designação de unidades preventivas e corretivas para todas as


funções de tomada de decisão, em qualquer setor da empresa, inde-
pendentemente do nível hierárquico (cargo) que o empregado ocupa.
Exemplo: gerente, líder, supervisor, etc.

1.3 Procedimentos gerais


Confira como os procedimentos gerais são divididos.

a. Investigação menos criteriosa

É estabelecida de acordo com a análise da freqüência e


da gravidade. O Profissional de segurança do trabalho
é o profissional necessário e suficiente para analisar o
evento, identificar suas causas e propor as medidas
preventivas e/ou corretivas necessárias ao gerente da
área envolvida.

No caso de doença profissional ou acidente do trabalho,


o profissional de segurança do trabalho deve envolver o
membro da CIPA na análise das causas e nas proposições
das medidas preventivas.

b. Investigação mais criteriosa

É estabelecida por uma análise da freqüência e da gravidade. O profis-


sional de segurança do trabalho deve convocar os responsáveis para

244
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

investigar e analisar o evento aplicando a metodologia mais adequada.


Após a escolha da metodologia (que pode ser análise de falha humana,
análise de falha e efeito – FMEA, análise de segurança de sistemas ou
árvore de eventos) e a identificação das causas básicas e imediatas, o
grupo deve propor ao gerente as medidas preventivas e/ou corretivas.

Caso haja acidente com danos ao meio ambiente, a área


atingida deve ser informada de imediato.

c. Avaliação da descrição do evento

Considerando a descrição do evento, os responsáveis devem iniciar


seu estudo com o objetivo de identificar as causas que contribuíram
efetivamente para a ocorrência do evento.

d. Levantamento dos fatos

Tem seu início a partir da comunicação e é sucedido pela visita no local


onde o evento ocorreu (ou está prestes a ocorrer). Preferencialmente a
visita deve acontecer logo após sua ocorrência ou da identificação do
potencial.

O levantamento dos fatos consiste na busca de informações por meio


de entrevistas com testemunhas e análise dos vestígios e/ou outras
evidências que possam elucidar o fato.

Não devem ser consideradas as informações subjetivas, tais como, jul-


gamentos e suposições. Somente os fatos reais, que apresentem evi-
dências objetivas, devem ser considerados. Todos os vestígios devem
ser preservados até que o trabalho esteja concluído.

Sempre que houver dúvidas, essa fase deve ser retomada a fim de se


obter maiores detalhes.

245
NR 10 - Curso Complementar

e. Elaboração da árvore das causas

A elaboração da árvore das causas é importante para o entendimento


de alguns elementos estudados até aqui. A montagem da árvore das
causas tem seu início estabelecido pelo fato de maior relevância (dano
pessoal ou impessoal ou condição de risco iminente). A partir desse fato
(último acontecimento), sempre no sentido da direita para esquerda,
determina-se a inter-relação lógica entre os fatos causadores e conse-
qüentes.

Uma árvore pode ser considerada completa se contemplar as seguintes


informações:

 apresentar somente os fatos relevantes que contribuíram direta-


mente para a ocorrência do evento;

 evidenciar as interferências dos fatores externos (eventuais/não


habituais/não-padronizados) nos procedimentos de trabalho;

 identificar as causas imediatas e básicas que desencadearam o


evento;

 indicar as oportunidades de melhoria (controle e/ou eliminação


dos riscos) relacionadas ao material, equipamento/ferramenta,
método de trabalho, capacitação do empregado ou a adequação
do posto de trabalho.

f. Busca das prevenções

Consiste em procurar a(s) prevenção(s) capaz(es) de eliminar cada fato


que deu origem a uma seqüência de fatos não-desejados.

É um momento no qual cada um dos participantes deve unir experi-


ência, técnica, bom senso e criatividade para que alcancem o maior
número possível de prevenções.

246
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

g. Escolha das prevenções

Dentre as prevenções encontradas, deve-se escolher as ações que po-


dem servir como sugestão ao gerente da área envolvida.

As sugestões devem ser analisadas considerando os seguintes cri-


térios:

 conformidade com a legislação – a sugestão não deve confron-


tar com a legislação;

 substituição do risco – a sugestão não deve eliminar um risco e


criar outro que comprometa a integridade dos empregados;

 custo – deve ser considerando o aspecto custo-benefício;

 prazo – a implantação e/ou a execução da prevenção deve ocor-


rer no menor espaço de tempo possível;

 aumento da carga de trabalho – a prevenção a ser adotada deve


interferir o mínimo possível na carga de trabalho (ergonomia);

 generalização – privilegiar a proposta que seja possível de im-


plantação em outras áreas que desenvolvem atividades seme-
lhantes;

 estabilidade – privilegiar a proposta que mantenha sua eficiência


e eficácia após a sua implantação.

Depois de vencidas todas essas etapas, o processo deve ser finalizado


pelo profissional de segurança do trabalho.

As prevenções relacionadas à melhoria de materiais, equipa-


mentos e/ou ambiente, tendem à maior estabilidade e me-
nor generalização.
As prevenções relacionadas ao comportamento das pessoas
tendem à maior generalização e menor estabilidade.

247
NR 10 - Curso Complementar

h. Sugestões propostas (ações corretivas ou preventivas)

As ações propostas e aprovadas pelo gestor do processo devem ser im-


plementadas pelo responsável designado pelo gerente, o qual deverá
acompanhar todo processo até a sua conclusão.

Verifique, a seguir, alguns anexos importantes para o entendimento


desta lição.

ANEXO I - Matriz de severidade


PROBABILIDADE: “Situação que determina a ocorrência”

FREQUENTE OCASIONAL REMOTA IMPROVÁVEL

O fato depende
QUALIFICAÇÃO O fato depende O fato depende
O fato pode ser de falhas do ma-
de uma única fa- de diversas falhas
admitido como terial ou falhas
lha, inclusive hu- simultâneas, inclu-
certo. específicas do sis-
mana. sive humana.
tema.

BAIXA
Sistema opera sem restrição, e
ou danos materiais desprezí-
veis, e ou sem lesão pessoal.
GRAVIDADE: “Conseqüência do evento”

REGIÃO DO SISTEMA QUE


MODERADA
DISPENSA A INVESTIGAÇÃO
Sistema opera com restrição e
MAIS CRITERIOSA
sem comprometimento, e ou
danos materiais não despre-
zíveis mas contornáveis, e ou
com lesão pessoal leve e sem
comprometimento.

CRÍTICA
Sistema opera com restrição
e comprometimento, e/ou da-
nos materiais não desprezíveis
mas contornáveis, e/ou lesão
pessoal com comprometimen-
to temporário.

CATASTRÓFICA REGIÃO DO SISTEMA QUE EXIGE

Sistema totalmente compro- A INVESTIGAÇÃO MAIS CRITERIOSA


metido exigindo restauração
de grande porte, e ou danos
materiais irreparáveis ou perda
total, e ou lesão pessoal grave
e comprometimento perma-
nente.

248
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

ANEXO II - Exemplo de Árvore das Causas

Tipo: impacto Hora: 8:50

Idade do acidentado: 35 anos Tempo na função: 14 anos

Descrição: por ocasião dos preparativos para trabalhos de recuperação do enrolamen-


to estatórico do gerador, mais precisamente durante a desmontagem das tampas e da
excitatriz principal, houve um acionamento rápido da ponte rolante, o que provocou
um deslocamento inesperado no moitão (papagaio) que veio a impactar na parte supe-
rior do bobinado estatórico, danificando 12 espiras.
Causas prováveis do acidente: procedimento inadequado. O operador deveria ter reco-
lhido todos os guinchos de suspensão, liberado todos os comandos da máquina, inclusive
aliviado o acionamento de “homem morto”.

249
NR 10 - Curso Complementar

1.4 Análise de acidentes

Neste tópico você verificará alguns exemplos de acidentes


fatais. Em cada caso, reflita sobre as medidas de controle
que estão à sua disposição. Será que você implementa os
procedimentos de forma correta e busca garantir a segu-
rança em todas as atividades?

Tipo: Choque elétrico Hora: 09:40


Idade do acidentado: 54 anos Tempo na função: 22 anos e 8 meses

Descrição: uma equipe composta de dois eletricistas dirigiu-se a um edifício com o


objetivo de suspender o fornecimento de energia elétrica de um consumidor inadim-
plente. À medida que um dos eletricistas desconectava os fios nos bornes do medidor,
no quadro de medição trifásica situado no subsolo do edifício, dobrava as pontas do fio
6 mm com a intenção de dificultar o religamento por parte de terceiros, quando ten-
tava dobrar a ponta do último fio bateu com o alicate numa das fases já desconectada
ocasionando um curto-circuito entre fases provocando a explosão do medidor que
o projetou, em chamas, sobre um veículo que estava estacionando nas proximidades,
falecendo, dias após, em conseqüência das queimaduras sofridas.

Causas prováveis do acidente: emprego de procedimento inadequado, deveria ter des-


ligado a chave de alimentação existente situada antes do medidor.

Tipo: Choque elétrico Hora: 10:00


Idade do acidentado: 53 anos Tempo na função: 1 ano e 6 meses
Descrição: ao fazer a conexão do ramal de serviço à rede de distribuição, sofreu uma
descarga elétrica ficando preso ao poste pelo cinturão de segurança, vindo a falecer,
apesar da prestação dos primeiro socorros.

Causas prováveis do acidente: falta de planejamento e supervisão, o eletricista deveria


ter utilizado protetores isolantes (luvas, mangueiras, lençóis e coberturas isolantes).

Tipo: choque elétrico Hora: 14:15


Idade do acidentado: 59 anos Tempo na função: 22 anos e 8 meses

Descrição: ao subir na escada para executar a substituição de ligação monofásica de


uma residência, tocou na rede energizada, perdeu o equilíbrio foi projetado ao solo,
falecendo no local.

Causas prováveis do acidente: falha de supervisão, a vítima não utilizava equipamento


de proteção; a rede não estava coberta com coberturas de baixa-tensão e a escada
estava mal posicionada.

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Módulo 7 – Aplicando a NR-10

Tipo: choque elétrico Hora: 15:00

Idade do acidentado: 32 anos Tempo na função: 1 mês

Descrição: eletricista de turma de manutenção em linha desenergizada auxiliava turma


de linha viva na execução da tarefa de instalação de poste de concreto em metodologia
de linha energizada. A vítima segurava uma corda úmida, pois o tempo era chuvoso,
guiando a base do poste ao centro do buraco quando recebeu descarga elétrica após
o referido poste encostar na rede de 23 Kv. Morte no local.
Causas prováveis do acidente: falta de treinamento, falta de planejamento, supervisão
inadequada.

Tipo: choque elétrico Hora: 11:20


Idade do acidentado: 32 anos Tempo na função: 12 anos

Descrição: liberada a manutenção de religador em uma subestação, não tendo sido


anotados, na Ordem de Serviço, o código das chaves que, na posição aberta, garanti-
riam o isolamento do equipamento, e tendo concluído a tarefa na fase A, o eletricista
posicionou a escada junto à fase B. Ao tentar conectar o instrumento teste (DUCTER)
nessa fase, recebeu uma descarga elétrica, pois a chave, anterior ao religador, encon-
trava-se fechada.

Causas prováveis do acidente: energização indevida, houve falha na manobra que pode-
ria ser detectada pelo uso do teste de ausência de tensão.

Tipo: choque elétrico Hora: 16:15


Idade do acidenttado: 49 anos Tempo na função: 16 anos e 1 mês

Descrição: um operador de subestação subiu na escada com um cartucho de chave


fusível, e tentou colocá-lo manualmente na chave do transformador de serviço da SE,
sofrendo descarga elétrica em 13,8 kV. Não utilizava vara de manobra, luvas isolantes
de borracha, capacete e botas de segurança.
Causas prováveis do acidente: procedimento totalmente inadequado por parte do ele-
tricista.

Tipo: Choque elétrico Hora: 15:00


Idade do acidentado: 36 anos Tempo na função: 6 anos

Descrição: a vítima fazia parte de uma equipe de serviços de inspeção em equipa-


mentos de subestação. Após concluir seus serviços, e no intuito de auxiliar uma outra
equipe de manutenção, e sem comunicar seu superior, subiu numa estrutura que se
encontrava próxima à chave do barramento de manobra (chegada de um alimentador
de 33 kV), a qual se encontrava energizada. A área de trabalho não estava sinalizada por
bandeirolas/fitas. Ao tentar substituir uma lâmpada, que estava programada para ser
substituída em tais condições, não manteve a distância segura, aproximando-se do local
energizado sendo atingido por uma descarga elétrica da chave do barramento, vindo a
falecer em conseqüência.

Causas prováveis do acidente: falha de supervisão, a vítima não executou os procedi-


mentos adequados para esse evento.

251
NR 10 - Curso Complementar

Diante de tais acidentes, como você está agindo para que


também não ocorra com você? Você já vivenciou algum
acidente com um colega de trabalho? Verifique a seguir ou-
tros exemplos de acidentes que, caso não ocorra a prevenção,
poderá ocorrer também com você.

Acidente 1

Data do Acidente: 2/4/2004 Hora do Acidente: 09:30

Função: Turmas LD e RD desenergizada

Data do último treinamento para a função: 21/11/2003

Descrição sucinta de acidente: Após o rompimento de uma chave em RDR, uma equi-
pe vistoriou o local e desenergizou a rede porém, como era noite, a manutenção ficou
Glossário para o dia seguinte. No outro dia um eletricista foi designado com um auxiliar em trei-
RDR – Rede de Distri- namento, para correr a rede que estava desenergizada e encontrar o defeito. Quando
buição Rural; LD – Linha chegou no local, percebeu que duas redes derivavam da mesma estrutura, uma estava
Desenergizada; RD – energizada e a outra desenergizada. O eletricista afirmou, convicto, que a rede defeitu-
Rede de Distribuição. osa era a da direita e iniciou a caminhada. Após percorrerem 800 m, identificou o cabo
da rede com a fiação de alumínio rompida e iniciou os procedimentos de reparo. Ele
havia percorrido a rede energizada e não realizou nenhum procedimento de detecção
de tensão, pois estava convicto que a rede estava desenergizada. Quando tocou o cabo
da rede, recebeu a descarga elétrica.

Aspectos de caráter comportamental: Exigência do cumprimento dos procedimentos


de segurança antes de iniciar o reparo na rede. Divulgar e exemplificar que a vítima
havia estado no mesmo local recentemente e conhecia a região.

Aspectos de caráter técnico: Recomendação à área de projetos no sentido de que as


redes antigas que derivam de uma mesma estrutura, não projetadas pela empresa há
alguns anos, sejam modificadas e procedidas as devidas atualizações.

Acidente 2

Data do Acidente: 8/10/2004 Hora do Acidente: 09:15:


Função: Turmas LD e RD desenergizada
Data do último treinamento para a função: 23/06/2004
Descrição sucinta de acidente: estava posicionado no poste, usando esporas, pronto
para instalar uma chave faca, que seria a referente a um penúltimo desligamento solici-
tado, quando por engano aproximou-se da rede energizada, sofrendo descarga elétrica.
Deixou de testar a ausência de tensão e não aterrou a rede a ser trabalhada.
Aspectos de caráter comportamental: planejar as tarefas a serem executadas.

Aspectos de caráter técnico: todos sejam orientados no sentido de seguirem as re-


gras para a intervenção em redes desenergizadas, especialmente o teste de tensão e
aterramento temporário.

252
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

Acidente 3
Data do Acidente: 23/01/2004 Hora do Acidente: 07:30:00
Função: Serviços junto a consumidores
Data do último treinamento para a função: 22/07/2003
Descrição sucinta de acidente: ao atender emergência de falta de fase o empregado
observou que a chave fusível da fase B estava aberta, fez a troca e ao bater houve novo
rompimento. Abriu as outras duas chaves o foi verificar os pára-raios encostando a
mão sem o uso de EPI. Tocou nos pára-raios da fase A e C sem alteração, mas quando
foi tocar na fase B sofreu descarga elétrica de 13.8 kV.

Aspectos de caráter comportamental: orientar os empregados para efetuarem os pro-


cedimentos, utilizando EPC (detector de tensão) e EPI (luva isolante de AT e de cober-
tura). Além de adotar postura segura.

Aspectos de caráter técnico: conscientização dos empregados da obrigatoriedade de


adoção dos procedimentos de trabalho, uso adequado e obrigatório de EPC e EPI,
avaliar o ambiente e a estrutura de trabalho.

Acidente 4
Data do Acidente: 11/512004 Hora do Acidente: 08:30:00
Função: Manutenção equipamentos de distribuição
Data do último treinamento para a função: 05/10/2001
Descrição sucinta de acidente: aproveitando que a equipe de manutenção efetuava
troca de um transformador, o empregado junto com um colega foi à Subestação veri-
ficar e conferir ligações do TC e TP de alta tensão e confirmar a ligação do medidor.
Acreditando que a SE estava desenergizada o empregado entrou na cabine de medição
para realização do serviço, quando veio a sofrer descarga elétrica.

Aspectos de caráter comportamental: comunicar a outra equipe que esta trabalhando


na rede; verificar se o local está realmente desenergizado com auxílio detector de
tensão (EPC) e sinalizar para evitar religação.
Aspectos de caráter técnico: ao aproveitar o desligamento de um trabalho avisar a
outra equipe para evitar religação e energizamento da rede; efetuar os testes cabíveis
para constatação de energia; sinalizar para não ocorrer religamento; verificar se há
tensão.

253
NR 10 - Curso Complementar

Acidente 5
Data do Acidente: 26/11/2004 Hora do Acidente: 14:00:00
Função: manutenção equipamentos de distribuição
Data do último treinamento para a função: 1/1/2002

Descrição sucinta de acidente: executava teste elétrico em transformador apoiado em


caminhão, integrando equipe de manutenção de equipamento, quando houve energiza-
ção antecipada da instalação elétrica, ocasionando descarga elétrica e eletrocussão.

Aspectos de caráter comportamental: –

Aspectos de caráter técnico: observar os procedimentos estabelecidos por norma


para a realização de testes elétricos. Testes elétricos só devem ser executados por
profissionais treinados para este fim e utilizando-se os EPIs necessários.

Acidente 6
Data do Acidente: 26/05/2004 Hora do Acidente: 13:40:00
Função: Serviços isolados de LD e RD
Data do último treinamento para a função: 10/6/2003
Descrição sucinta de acidente: dirigia-se à zona rural, com o objetivo de fazer leituras.
Com base nas condições do veículo e do local, o empregado, após deixar o perímetro
urbano, percorridos aproximadamente 300 m, assim que fez uma conversão acentuada
à direita, com velocidade de 42 km/h, foi surpreendido por uma carreta transitando em
sentido contrário, na contramão de direção, imprimindo velocidade incompatível com
o local, na tentativa de desviar-se de buracos na pista. O motorista da carreta tentou
desviar-se da motocicleta da Companhia, porém, a velocidade e o posicionamento da
carreta na pista, não permitiram evitar a colisão. Com o impacto da motocicleta na
lateral traseira esquerda da carreta, o empregado faleceu instantaneamente.
Aspectos de caráter comportamental: proceder a divulgação do acidente em todas
as áreas da empresa que utilizam motocicletas, enfatizando a necessidade de atenção
redobrada na condução de motos devido aos riscos impostos por terceiros.

Aspectos de caráter técnico: treinamento de reciclagem em direção defensiva para os


motociclistas da empresa.

Acidente 7
Data do Acidente: 26/06/2004 Hora do Acidente: 05:30:00
Função: Turmas LD e RD desenergizada
Data do último treinamento para a função: 28/11/2003
Descrição sucinta de acidente: subiu numa escada para realizar serviço de manuten-
ção em linha elétrica (substituição de um conector de AT), sem fazer uso de teste de
tensão, quando aproximou-se de outra linha energizada, sofrendo descarga elétrica,
caindo ao solo.
Aspectos de caráter comportamental: atenção ao realizar suas atividades e conscienti-
zação para não usar de autoconfiança.

Aspectos do caráter técnico: treinamento quanto ao uso correto de EPI’s e a forma


detalhada quanto ao procedimento de sua atividade.

254
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

Acidente 8
Data do Acidente: 30/05/2004 Hora do Acidente: 07:20:00
Função: Operação de subestação
Data do último treinamento para a função: 18/05/2004

Descrição sucinta do acidente: durante obra para entrada em operação de uma nova
configuração dos alimentadores de uma subestação, o funcionário escalou uma torre
para a retirada/corte de cabos e não realizou testes de segurança (ausência de tensão
e aterramento). Ao se aproximar dos condutores, um destes estava energizado, houve
a formação de um arco elétrico que atingiu o funcionário.

Aspectos de caráter comportamental: implantação de método de análise de perfil para


todos os cargos operacionais.

Aspectos de caráter técnico: atualização do sistema de gravação entre o Centro de


Operação e equipes operacionais. Formalização de métodos de análise preliminar de
risco. Implantação de inspeção de segurança

Acidente 9
Data do Acidente: 31/12/004 Hora do Acidente: 09:42:00
Função: Manutenção equipamentos de distribuição
Data do último treinamento para a função: 8/11/2003

Descrição sucinta de acidente: ao tentar realizar abertura de chave lado fonte do re-
ligador, provavelmente utilizando as mãos protegidas por luvas de couro. Sem testar
ausência de tensão, veio a sofrer descarga elétrica de 22 kV, devido a energização inde-
vida do alimentador por parte de outra concessionária.

Aspectos de caráter comportamental: as recomendações de caráter comportamental


para os empregados estão diretamente ligadas a não realização de práticas subpadrão
dentro das atividades da Companhia.
Aspectos de caráter técnico: as recomendações ligadas a este evento, direcionam-se
para o cumprimento dos padrões operacionais estipulados nos Manuais da Compa-
nhia.

Acidente em Usina

Em uma Usina, foram programadas manutenções no Trafo Elevador


01T3 e no Trafo Regulador 01R2 para um mesmo período. A manu-
tenção do Trafo Elevador ficou a cargo do serviço de manutenção de
subestação e a manutenção do Trafo Regulador ficou a cargo do serviço
de manutenção da usina.

Durante essa programação, foi percebido pela operação que as fecha-


duras das portas dos cubículos dos reatores limitadores de correntes,

255
NR 10 - Curso Complementar

os quais se situam próximos ao Trafo Regulador 01R2, estavam danifi-


cadas e precisavam ser substituídas. Dessa forma foi providenciada a
compra de novas fechaduras.

Nesse intervalo, foi concluída a manutenção no Trafo Elevador pelo


serviço de manutenção de subestação, tendo sido o mesmo reenergi-
zado (ver diagrama).

Como a substituição das fechaduras foi executada após a reenergi-


zação do Trafo Elevador 01T3, essa atividade foi acompanhada pelo
encarregado da Operação, pelo fato de ser alto risco, pois os reatores
limitadores de corrente encontravam-se energizados.

Como os reatores encontravam-se energizados, o procedimento a ser


adotado para a substituição das fechaduras era a de executar o ser-
viço no cubículo de cada fase, só passando para o cubículo da fase
seguinte após a conclusão e fechamento das portas daquele cubículo
sob intervenção. Os trabalhos foram iniciados pelo cubículo da fase
C, porém, estando a equipe concluindo as atividades no cubículo da
fase B, houve a antecipação da abertura de uma das portas do cubículo
da fase A, para marcação dos furos de fixação para a nova fechadura.
Nessa ocasião, por dificuldade de aperto do último parafuso na porta
do cubículo da fase B o encarregado da instalação solicitou o apoio do
servidor que estava executando a furação no cubículo da fase A, que
deixou momentaneamente a porta desse cubículo aberta.

A ocasião da conclusão dos serviços de manutenção do Trafo Regula-


dor 01R2 coincidiu com o período das atividades de substituição das
fechaduras dos cubículos dos reatores limitadores de corrente.

Após o término dos trabalhos de manutenção no Trafo Regulador 01R2


pela equipe do serviço de manutenção elétrica da usina, o supervisor
dessa equipe se dirigiu ao equipamento para realizar a inspeção final,
visando a sua devolução à Operação. Com a conclusão da referida ins-
peção no Trafo Regulador e pela proximidade dos cubículos dos reato-
res limitadores de corrente, o supervisor dirigiu-se para o cubículo do

256
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

reator da fase A, que se encontrava momentaneamente com uma das


portas aberta, sem ser percebido pela equipe que procedia a substitui-
ção das fechaduras.

Provavelmente, para realizar uma inspeção ou verificar o porquê da


porta encontrar-se aberta, o mesmo aproximou-se do reator energiza-
do, quando veio a acontecer o acidente fatal

A causa do acidente foi proveniente de uma descarga elétrica na ten-


são de 16 kV, entre o reator limitador fase A e o acidentado, devido ao
rompimento da distância mínima de segurança.

Agora que já discutimos alguns acidentes, leia cada um dos casos de


acidentes (na geração e em linhas de transmissão), a seguir, e defina as
falhas nos procedimentos de trabalho indicando quais são os requisi-
tos técnicos e hierárquicos que não foram respeitados.

257
NR 10 - Curso Complementar

a) GERAÇÃO

1º CASO

Descrição do acidente

O empregado estava debruçado sobre a tampa da turbina realizando


reparo em chave-bóia utilizada para comandar bomba de drenagem.
O empregado retirou a proteção que envolvia o relé de acionamento
expondo fiações energizadas com 127 VCA. Ao esticar o braço para
concluir o reparo na bóia, veio a tocar nessa parte energizada havendo
o aterramento elétrico através de seu corpo.

Como estava com o queixo apoiado em estrutura metálica, sobre a qual


estava debruçado, sofreu vários espasmos decorrentes do contato elé-
trico. Soltou-se sozinho do contato elétrico. Houve lesões decorrentes
do choque (queimadura no braço e na boca) e lesão aberta na boca e
na gengiva.

Causas imediatas possíveis

 Exposição de partes energizadas.

 Deixar de isolar ou delimitar a área de risco.

Causas básicas possíveis

 Falta de supervisão.

 Inexistência de padrões de segurança para essa tarefa.

 Trabalho executado em condições de risco e sem acompanha-


mento.

2º CASO

Descrição do acidente

Os empregados estavam realizando trabalhos de finalização de mon-


tagem de uma turbina dentro do poço da turbina. Em dado momento,
um empregado que estava utilizando uma lixadeira sofreu choque elé-
trico. O contato foi desfeito e o acidentado foi socorrido.

258
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

Causas imediatas possíveis

 Más condições de conservação da ferramenta.

 Falta de inspeção preliminar na ferramenta de trabalho.

Causa básicas possíveis

 Inexistência de padrões de segurança para a tarefa.

b) LINHAS DE TRANSMISSÃO

1º CASO

Descrição do acidente

A equipe de manutenção de linhas de transmissão efetuava a substi-


tuição de cruzetas em regime de linha desenergizada em uma estru-
tura 69 kV. Em dado momento houve a quebra do topo do poste de
concreto fazendo com que os cabos viessem a tocar na rede primária
da distribuição em cruzamento, logo abaixo, levando três eletricistas a
sofrerem choque elétrico.

Causas imediatas possíveis

 Realizar manutenção (em regime de linha morta) acima de es-


trutura energizada sem as devidas proteções.

 Não “bloquear” o religamento da rede, logo abaixo.

 Quebra da ponta do poste.

Causas básicas possíveis

 Falta de isolamento ou de desenergização da rede de distribuição


na área de possível contato com a linha de transmissão.

 Estrutura comprometida, internamente, pelo tempo.

259
NR 10 - Curso Complementar

2º CASO

Descrição do incidente

A equipe de linhas de transmissão realizava serviço de substituição


de discos de porcelana da coluna do braço da chave seccionadora da
SE. A atividade consistia na substituição dos isoladores de discos, os
quais teriam que ser retirados através de contato físico, ou seja, com as
próprias mãos, não sendo permitida a utilização de nenhum caminhão
guindaste para auxílio e nem andaimes isolados. Os serviços seriam
realizados em regime de linha energizada, conforme solicitado pela
equipe de manutenção, através do pedido inicial, porém os mesmos
foram realizados em regime de linha morta quando os trabalhos foram
interrompidos por um técnico de segurança (obs.: um dos pólos da
seccionadora estava energizado).

Causas imediatas possíveis

 Falha de procedimento na execução da tarefa (linha desenergi-


zada).

 Falha na análise da operação.

 Descumprimento de Norma interna.

Causas básicas possíveis

 Dúbia interpretação pelo técnico operacional responsável do


termo regime de linha “energizada”, pois entendeu que esta
tarefa poderia ser realizada em regime de rede desenergizada
(linha morta) com um lado energizado e outro desenergizado,
uma vez que trabalharia em regime de linha morta do lado de-
senergizado.

 Falha no planejamento e na emissão do pedido e da autorização.

 Falha na liberação do serviço (operação).

 Desconhecimento dos procedimentos da tarefa em relação às


atividades que podem ser realizadas pelas equipes de linha viva.

260
Módulo 7 – Aplicando a NR-10

3º CASO

Descrição do acidente

Uma calculadora foi esquecida em uma banca de capacitor da SE, o


operador da SE é solicitado para pegá-la. Existia um cercado para aces-
so no qual, para entrar, necessitaria da chave 02 (existiam duas chaves
interlock não-separáveis).

Para pegar a chave do cadeado do cercado, o operador deveria desligar


a banca com a chave 01, retirá-la junto com a chave 02, mas o padrão
estava alterado (chave 02 com argola removível). O operador retirou
a chave 02 sem desligar a banca, abriu o cadeado do cercado e foi em
direção à calculadora, que estava em cima da banca, com aproximada-
mente 40 kV de carga. Recebeu descarga elétrica, ocorrendo queima-
duras de terceiro grau e o acidentado veio a falecer após cinco dias.

Causas imediatas possíveis

 Descumprimento de normas e procedimentos.

 Falta de comunicação do operador com o Centro de Operações.

 Falha na interpretação do risco.

Causas básicas possíveis

 Irregularidade no jogo de chaves (deveria ser impossível abrir o


cadeado sem desligar a banca de capacitores).

 Anomalia não comunicada para o Centro de Operações.

Parabéns, você concluiu mais um Módulo. Você verificou


os principais acidentes e as suas causas. Todos os exem-
plos apresentados são importantes para a sua segurança. No
próximo Módulo você estudará as responsabilidades de todos
os envolvidos nos trabalhos no SEP conforme a legislação brasileira.
Então, vamos lá!

261
Módu
lo
Responsabilidades
8

Neste Módulo você estudará as responsabilidades de todos os


envolvidos nos trabalhos no SEP, conforme a legislação brasi-
leira.

Antes de você iniciar e em conformidade com o que você estudou no


Curso Básico da NR-10, que tal rever o item 10.13 da Norma que trata
sobre responsabilidades?

Durante a leitura deste Módulo, reflita sobre as suas ações e a ma-


neira como você se preocupa com todos os aspectos pertinentes aos
trabalhos que você e sua equipe realizam diariamente. Será que to-
dos sabem quais são as responsabilidades civil e criminal a que cada
um está sujeito, além das técnicas a serem aplicadas nos serviços em
eletricidade? Anote suas dúvidas com relação ao tema em questão e,
posteriormente, discuta com seus colegas e com o tutor no Ambiente
Virtual de Aprendizagem.

263
NR 10 - Curso Complementar

LIÇÃO 1

Introdução a Responsabilidade

A norma regulamentadora estabelece os requisitos e condições


mínimas ao implemento de medidas de controle e sistemas pre-
ventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalha-
dores que - direta ou indiretamente - interajam em instalações
elétricas e serviços com eletricidade.

O item 10.13 da NR-10 – Responsabilidades – traz orientações e ad-


vertências na área de segurança do trabalho com o objetivo de evitar
a ocorrência de acidentes, esclarecendo os profissionais que trabalham
no setor energético. Não observar tais regras poderá acarretar a ocor-
rência de sinistros, surgindo assim a necessidade de responsabilização
de seus causadores nas esferas jurídicas em que haja repercussão. Nes-
ta lição, faremos uma análise das responsabilidades sob essa ótica.

Você já leu a NR-10 quanto às responsabilidades relativas ao


seu cumprimento? Você sabe o que cabe aos trabalhadores
em relação a sua segurança?

A NR-10 é clara quanto às responsabilidades dos empregados e em-


pregadores. Você pode observar que a participação responsável au-
menta quando o grupo aprende a analisar as condições de trabalho,
desenvolvendo diagnósticos para resolução dos problemas. Quando
isso acontece num ambiente propício o processo produtivo ganha li-
derança alinhada com atividades seguras, tomada de decisão em gru-
po, autoconfiança e auto-estima.

264
Módulo 8 – Responsabilidades

Durante a leitura deste módulo reflita sobre suas ações e


a maneira como você se preocupa com todos os aspectos
pertinentes aos trabalhos que você e sua equipe realizam dia-
riamente. Será que todos sabem quais são as responsabilidades
civil e criminal a que cada um está sujeito além das técnicas a serem
aplicadas nos serviços em eletricidade? Anote suas dúvidas com rela-
ção ao tema em questão e posteriormente discuta com seus colegas
e com o tutor no ambiente virtual.

Fica evidenciado que a NR-10 contribui muito no surgimento de um


sistema de gestão dos riscos e agregados com objetivos claros: manter
os trabalhadores informados sobre os perigos a que estão expostos,
instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra
os riscos elétricos a serem adotados, sua aplicação diária, interfaces
com os projetos e atualizações, entre outros. Visa também apurar e me-
lhorar a influência positiva que cada indivíduo exerce sobre os outros e
suas ações, a partir do aperfeiçoamento das comunicações e redução
dos conflitos entre equipes.

MA
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-Lei nº
NOR

5.452/1943):
Art. 157 da Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina
do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão re-
gional competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

265
NR 10 - Curso Complementar

Art. 158 - Cabe aos empregados:


I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive
as instruções de que trata o item II do artigo anterior;
Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Ca-
pítulo.
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injus-
tificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma
do item II do artigo anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela
empresa.

Todos têm a responsabilidade de zelar pela sua segurança e saúde e a


de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões
no trabalho, em todos os cargos e funções; bem como de responsabi-
lizar-se junto à empresa pelo cumprimento das disposições legais e
regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos preconizados de
segurança e saúde.

É importante destacar que todo trabalhador que - direta ou indireta-


mente - interaja em instalações elétricas e serviços com eletricidade,
deve ser treinado e capacitado a fim de diminuir os acidentes envol-
vendo eletricidade.

Esta gestão é de grande utilidade para as empresa, contribuindo com


as ações dos SEESMT (Serviço Especializados em Engenharia de Segu-
rança e em Medicina do Trabalho) responsáveis pelas empresas, refle-
tindo diretamente nos resultados dos incidentes e acidentes do setor.

Na próxima lição você conhecerá o significado de responsabilidade e


qual a sua importância para o seu trabalho.

266
Módulo 8 – Responsabilidades

LIÇÃO 2

O que é Responsabilidade?

Você estudará uma rápida apresentação, a qual fornecerá


conceitos úteis e necessários ao trato do tema tanto na
esfera civil quanto na criminal.

A responsabilidade sob o ponto de vista jurídico tem dois enfoques. O


primeiro envolve a necessidade de que cada pessoa atue conforme o
Direito, este entendido como o conjunto de normas que regem uma
sociedade (Constituição, Lei, Decretos, Regulamentos, etc.). O segun-
do enfoque – decorrência do primeiro - é justamente a obrigação de
reparar um indevido prejuízo proveniente da inobservância daquela(s)
norma(s).

MA
A obrigação de comportar-se conforme a lei (entendida em
NOR

sentido amplo) encontra-se no texto constitucional:


Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;
...
De forma semelhante nos dois diplomas abaixo:
Na Lei de Introdução ao Código Civil (LICC, Decreto-Lei Nº
4.657/1942):
Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a
conhece.
E no Código Penal (CP, Decreto-Lei nº 2.848/1940):
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável.
...

267
NR 10 - Curso Complementar

Para concluir se há ou não possibilidade de atribuir a alguém a res-


ponsabilidade pela ocorrência de um determinado evento danoso é
necessário que se façam presentes os seguintes requisitos:

a. Conduta: entendida em seu conceito amplo,


podendo ser uma ação (conduta comissiva) ou
uma omissão (conduta omissiva);

b. Dano: que pode ser material (dano emergente


e lucros cessantes), moral ou estético (doutri-
na e jurisprudência divergem acerca deste úl-
timo estar ou não compreendido no conceito
de dano moral);

c. Nexo de Causalidade: a ligação, o elo entre os dois requisitos


citados anteriormente, ou seja, a possibilidade fática de se atribuir
a uma determinada conduta o advento de determinado dano. É
normalmente este o requisito que se tenta desconstituir em âm-
bito judicial, quebrando assim o vínculo conseqüencial entre “a”
e “b”.

Dentro do conceito de conduta, ainda cabe verificar se ela se deu de


forma intencional ou se decorrente da ausência de observância a um
dever de cuidado. Você entra então nos conceitos de dolo e culpa em
sentido estrito ou simplesmente culpa, ambos espécies do gênero cul-
pa em sentido amplo. Trata-se aqui do chamado elemento subjetivo.

Diz-se que agiu de forma dolosa aquela pessoa que concorreu inten-
cionalmente para a ocorrência de determinado dano (dolo direto),
querendo-o. Ou, no mínimo, aceitou – com seu mau comportamento
- a ocorrência do dano, pouco ou nada se importando com seu adven-
to (dolo eventual).

Já de forma culposa atuou aquele que não observou determinada regra


(dever) objetiva de cuidado, fazendo que o dano adviesse, apesar de
não desejá-lo e confiante na sua inocorrência, prevendo-o ou não (cul-
pa consciente e culpa inconsciente). É o agir irresponsavelmente por

268
Módulo 8 – Responsabilidades

excelência. Pode ocorrer de três formas: imprudência (praticar ato


desnecessário ou praticar ato necessário de forma inadequada: é um
“fazer”), negligência (deixar de praticar ato necessário: é um “não fa-
zer”) e imperícia (falta de observância de determinada regra inerente
ao desempenho de determinada profissão). Aqui reside o enfoque
principal da norma regulamentar de que foi apresentado, vez que o
agir dolosamente é inerente a pessoas mal intencionadas, e que o fa-
zem não por simples inobservância do dever de cuidado.

É necessário fazer breves comentários acerca de como se


dará a apuração da responsabilidade na esfera jurídica, se
objetiva ou subjetivamente.

Você estudou da responsabilidade objetiva quando refere-se a


obrigação em reparar o dano ocorrido independe de dolo ou cul-
pa, ou seja, se aquela pessoa a quem se imputa a conduta causadora
do sinistro agiu de forma dolosa ou culposa. Porém, não confunda, a
presença dos requisitos de conduta, dano e nexo de causalidade é
necessária. Sempre será! Entretanto, não importa a que título se deu
a conduta, se houve dolo ou culpa, ou se a atividade foi desempenhada
de forma a seguir os regulamentos, mas, não obstante, determinado
terceiro suportou indevido prejuízo.

Já na responsabilidade subjetiva faz-se necessária a comprovação


de dolo ou culpa para se exigir de outrem a reparação pelo dano
suportado pelo terceiro.

Por fim, pelo fato de constituirmos um Estado Democrático de Direito


- entendido como um território soberano que atua sob o império da lei
-, a responsabilização se dará conforme a Constituição da República
Federativa do Brasil de 05.10.1988 (CR/88) e determinados diplomas

269
NR 10 - Curso Complementar

legislativos a ela submetidos. São eles basicamente: na esfera civil:


Código Civil (CC/02, Lei nº 10.406/2002) e demais leis dessa natureza;
e na esfera criminal: Código Penal (CP, Decreto-Lei nº 2.848/1940) e
demais leis dessa natureza.

Convém destacar que a responsabilidade civil é independente da res-


ponsabilidade criminal. O infrator poderá responder em todas as esfe-
ras, seja ela administrativa (CLT ou lei estatutária, a depender do vín-
culo funcional entre empregado e empregador), civil, penal, etc.
Ocorrendo assim o que pode denominar de cumulação de instâncias
jurídicas, com supremacia da justiça criminal, uma vez que a demons-
tração probatória nesta última ocorre de forma bem mais rigorosa que
nas demais.

NOR
MA Art. 935 do Código Civil: A responsabilidade civil é indepen-
dente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

LIÇÃO 3

Responsabilidade Civil
Existem diversos dispositivos no Código Civil que tratam do tema, ten-
do inclusive o novel diploma (CC/02) dedicado o Título IX do Livro I
(do Direito das Obrigações) da Parte Especial inteiramente a ele.

NOR
MA Existem, porém, dois artigos que merecem transcrição, face
sua importância como normas balizadoras:
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, ne-
gligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

270
Módulo 8 – Responsabilidades

Serão apresentados conceitos tradicionais de como pode-se dar a culpa,


meramente auxiliares à compreensão do tema. A culpa in eligendo
ocorre diante da má escolha do executante da tarefa, o qual não reunia
os atributos necessários a tal desiderato. É a chamada “má escolha do
preposto” (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade
Civil. 6 ed., rev., aum. e atual., 2ª tiragem. São Paulo: Malheiros Edi-
tores Ltda, 2006. P. 63). A culpa in vigilando acontecerá quando não
houver o devido e obrigatório zelo no acompanhamento da execução
de tarefas por parte de outrem. E, finalmente, a culpa in custodiando,
que, numa modalidade especial da anterior, ficará evidenciada quando
alguém se desincumbede bem guardar coisa (s) ou animal (is) sob sua
legal vigilância.

Tais conceitos somente têm importância quando do trato de responsa-


bilidade subjetiva. Perdendo sua importância com o advento do CC/02,
vez que seu art. 933 privilegia a responsabilidade objetiva nas hipóte-
ses explicitadas nos incisos I a V do art. 932 (CAVALIERI FILHO, Sér-
gio. Ob. cit. Idem):

NOR
MA Art. 933 - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, respon-
derão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

E uma daquelas hipóteses é justamente a que interessa no momento,


a responsabilidade objetiva do empregador em eventos danosos cau-
sados por aqueles que agem em seu nome:

NOR
MA Art. 932 - São também responsáveis pela reparação civil:
...
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, ser-
viçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele.

271
NR 10 - Curso Complementar

Todavia, tal regra não impede a possibilidade do empregador agir re-


gressivamente (cobrar judicialmente aquilo que pagou em virtude da
irresponsabilidade de outrem) perante o funcionário faltoso, tema que
será estudado a seguir, vez que as empresas (Pessoas Jurídicas de Di-
reito Público ou Privado) que atuam no setor energético – inegável
serviço de natureza pública - atuam direta ou indiretamente em nome
do Estado, integrando, notadamente para efeitos de responsabilização
civil, a Administração Pública.

MA Verifique a seguinte norma do CC/02, supletiva ao art. 37,


NOR

§ 6º, da CR/88:
Art. 934 - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo
se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamen-
te incapaz.

Concluímos assim, que em relação à responsabilidade civil da admi-


nistração pública, os referidos conceitos (culpa in eligendo, culpa in
vigilando e culpa in custodiando) são de pouca importância, já que,
conforme afirmamos anteriormente, nessa modalidade, a responsa-
bilização independe do elemento subjetivo. De qualquer forma, esse
conhecimento é necessário para o enriquecimento intelectual dos
funcionários.

Existem ainda outros tipos de culpa: a) quanto, à gravidade: grave,


leve e levíssima; b) quanto ao vínculo com a vítima, à natureza do
dever violado: contratual e extracontratual (também conhecida por
aquiliana); b) quanto à sua comprovação: presumida ou contra a lega-
lidade; e, por fim, a culpa concorrente, da qual você estudará de forma
breve (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Ob. cit. P. 61 a 69).

272
Módulo 8 – Responsabilidades

NOR
MA O empregado também poderá, no que couber, evidencian-
do-se a ocorrência de ato culposo ou doloso, responder
nos termos do art. 482 da CLT, acarretando assim sua dis-
pensa imotivada:
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de tra-
balho pelo empregador:
a. ato de improbidade;
b. incontinência de conduta ou mau procedimento;
c. negociação habitual por conta própria ou alheia sem permis-
são do empregador, e quando constituir ato de concorrência
à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial
ao serviço;

d. condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso


não tenha havido suspensão da execução da pena;

e. desídia no desempenho das respectivas funções;


f. embriaguez habitual ou em serviço;
g. violação de segredo da empresa;
h. ato de indisciplina ou de insubordinação;
i. abandono de emprego;
j. ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra
qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, sal-
vo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

k. ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas


contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso
de legítima defesa, própria ou de outrem;

l. prática constante de jogos de azar.


Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de
empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito adminis-
trativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

273
NR 10 - Curso Complementar

Para se eximir de responsabilização se faz necessária


a presença de pelo menos uma excludente de res-
ponsabilidade civil, que, devido à exclusão do nexo
causal, acarreta a isenção de responsabilidade (CA-
VALIERI FILHO, Sérgio. Ob. cit. P. 89 a 92). O autor
traz como causas de exclusão na esfera civil as se-
guintes: o fato exclusivo (ou culpa exclusiva) da
vítima, o fato de terceiro, o caso fortuito e a força
maior. As duas primeiras excludentes falam por si só.
As duas últimas são motivos de discussão. Uns entendem que o caso
fortuito está ligado a eventos naturais e a força maior a interferência
humana, outros o contrário. Há ainda quem defenda que o primeiro
está relacionado a eventos internos à própria atividade e que o segun-
do estaria ligado à atuação exterior, seja humana seja natural. O certo
é que ambas se caracterizam pelos atributos da inevitabilidade e da
imprevisibilidade.

Pode-se ainda falar em culpa concorrente, que não seria uma causa
excludente, pois sua atuação é parcial, sendo uma causa de atenuação
da responsabilidade, fazendo com que autor e vítima concorram para
reparação do prejuízo na medida da culpabilidade de cada um (aqui
entendida como a contribuição individual ao evento danoso).

MA Nesse tema basta analisar com o que se convencionou cha-


NOR

mar risco da atividade. O CC/02 trouxe tal teoria no


seguinte dispositivo:
Art. 927, parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quan-
do a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

274
Módulo 8 – Responsabilidades

Ou seja, ao desempenhar certas atividades em que a possibilidade de


ocorrência de um sinistro seja notória e convencionalmente maior, seja
em virtude de previsão legal ou pela natureza da atividade (DINIZ,
Maria Helena. Código Civil Comentado. 11 ed., rev., aum. e amp. São
Paulo: Saraiva, 2005. P. 715) haverá a responsabilização de forma ob-
jetiva, e dentre elas caminha para estar o manejo de energia elétrica,
resguardada é claro a possibilidade de exceção defensiva por meio da
comprovação da existência de uma causa excludente de responsabili-
dade civil. É verdade que doutrina e jurisprudência ainda trabalham
no esclarecimento do que seja atividade de risco, não obstante sua
disciplina jurídica já se encontrar bastante delineada no dispositivo
anterior. Verdade ainda que - conforme afirmado anteriormente - por
serem a geração e a distribuição de energia elétrica inegáveis serviços
de natureza pública, a disciplina da responsabilização civil nestes casos
se encontra no texto constitucional.

Verifique algumas manifestações judiciais.

APELACAO CIVEL (0199961-3 - PALMAS j. 16.09.02): Acidente


de trabalho - responsabilidade do empregador – culpa comprovada
- nexo de causalidade – morte por afogamento quando a vítima se en-
contrava no exercício do labor por falta de materiais de segurança, de
orientações necessárias para evitar o infortúnio - sentença reformada
para se julgar procedente a ação - vitima que percebia 5/3 do salário
mínimo vigente a época do infortúnio- possibilidade de cumulação de
dano material e moral - pensionamento a autora no importe de 4/5
do salário percebido pelo “de cujus” - dano moral fixados em 200
salários mínimos – recurso conhecido e provido.

275
NR 10 - Curso Complementar

APELACAO CIVEL (0211709-9 - CURITIBA - Ac. 15173 j.


12/11/02): Responsabilidade civil - indenização - acidente do trabalho
pelo direito comum. Doença profissional - lesões por esforços repe-
titivos (ler ou dort) - operadora de caixa registradora em supermer-
cado-culpa evidenciada.

RECURSO ESPECIAL (768992 - PB - SUPERIORTRIBUNAL DE JUSTIÇA


Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data da decisão: 23/05/2006 Do-
cumento: STJ000696271) ADMINISTRATIVO – RESPONSABILIDA-
DE CIVIL – MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO – DANO MORAL
– VALOR DA INDENIZAÇÃO – JUROS DE MORA – TERMO INI-
CIAL – SÚMULA 54/STJ – Rel. Min. ELIANA CALMON: 1. O valor do
dano moral tem sido enfrentado no STJ com o escopo de atender a
sua dupla função: reparar o dano, buscando minimizar a dor da vítima,
e punir o ofensor, para que não volte a reincidir. 2. Posição jurispru-
dencial que contorna o óbice da Súmula 7/STJ, pela valoração jurídica
da prova. 3. Fixação de valor que não observa regra fixa, oscilando de
acordo com os contornos fáticos e circunstanciais. 4. Acórdão que
fixou o valor do dano moral em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) reais
que se mantém. 5. Em se tratando de ilícito extracontratual, incide o
teor da Súmula 54/STJ, sendo devidos juros moratórios a partir do
evento danoso. 6. Recurso especial improvido.

LIÇÃO 4

Responsabilidade Civil da Administração Pública

Ao estudar a irresponsabilidade estatal (onde o Estado não respon-


dia pelos atos danosos praticados pelo monarca e por aqueles que
agiam em seu nome, pois vigorava o princípio segundo o qual o rei não
pode errar!), passa-se pela responsabilidade subjetiva, para alguns
pela fase da culpa anônima (inspirada na teoria da falta de serviço,

276
Módulo 8 – Responsabilidades

onde este não era prestado, ou era de forma inadequada; foi uma fase
de transição), chegando à responsabilidade objetiva na modalida-
de risco integral (o inverso da primeira, onde não era possível ao Es-
tado escapar ao dever de reparação comprovando alguma espécie de
excludente; praticamente abandonada), chegando ao que hoje predo-
mina na maioria dos Estados – inclusive no seu -, qual seja, a respon-
sabilidade objetiva na modalidade risco administrativo (onde o
Estado responde pelos danos causados a terceiros por seus prepostos,
atuando nessa condição, independente de dolo ou culpa, podendo,
porém, comprovando a presença de alguma excludente de responsabi-
lidade civil, vê-se livre do dever reparatório). Esses conceitos são uma
suma do que é verificado na obra de civilistas e administrativistas de
grande peso, dentre eles Sérgio Cavalieri Filho e Hely Lopes Meirelles.

MA Até o advento da carta constitucional de 1946 adota-se a


NOR

teoria da responsabilidade subjetiva, passando então – como


apresentado anteriormente - a reger pela última corrente,
culminando nos dias atuais nas disposições adiante transcritas, a
primeira constante da CR/88, e a segunda do CC/02:
Art. 37, § 6º - As pessoas jurídicas de direito públi-
co e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agen-
tes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-
rado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
Art. 43 - As pessoas jurídicas de direito público
interno são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes,
culpa ou dolo.

277
NR 10 - Curso Complementar

O direito de regresso – apresentando anteriormente - pode e deve ser


exercido pelo empregador, uma vez que o tesouro público deverá cus-
tear a indenização, ao menos parcialmente. Apenas é informado que a
responsabilização do funcionário faltoso (ação regressiva) se dará ape-
nas quando comprovado dolo ou culpa em sua atuação (ação ou omis-
são) danosa (v. os dois dispositivos anteriores, parte final). Conclui-se
assim que o seu ordenamento adotou a teoria da responsabilidade sub-
jetiva para a responsabilização do empregado.

LIÇÃO 5

Responsabilidade Criminal

Os requisitos para responsabilização na esfera criminal são os mesmos


daquela na esfera civil: conduta, dano e nexo de causalidade. Verdade
que existem debates a respeito da necessidade de comprovação de
ocorrência efetiva ou não de evento danoso (princípio da lesividade),
porém, de fato, essa não é uma discussão que interessa no momento.

NOR
MA O dispositivo adiante trata do nexo de causalidade:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência
do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido.

Logo, a responsabilização nessa órbita é estritamente pessoal. Tudo


bem que a atual carta constitucional inovou nesse conceito, prevendo a
possibilidade de responsabilidade criminal da pessoa jurídica. Todavia,
tanto legal, quanto doutrinária e jurisprudencialmente esse tema tem
se demonstrado bastante tormentoso, razão pela qual dele estudar é
não só dispensável quanto recomendável que não o faça.

278
Módulo 8 – Responsabilidades

Afinal, o que é crime?

Crime e contravenção penal são espécies do gênero ilícito penal. No


Brasil, adota-se a teoria bipartite, onde crime e delito são conceitual-
mente idênticos. Outros países os diferem, adotando assim uma teoria
tripartite (crime, delito e contravenção). No dizer de – para muitos - o
maior criminalista, Nelson Hungria, a contravenção penal é um crime
anão, tendo em vista a sua menor gravidade ao corpo social.

Um crime é um fato típico (previsto em lei penal), caracterizado por


ser ilícito (contrário ao Direito: antijuridicidade) e culpável (sobre a
conduta que o realizou pode incidir um juízo de reprovabilidade). Esse
conceito é doutrinário, amplamente aceito, mas sob o qual incidem
algumas e pontuais controvérsias, as quais são irrelevantes ao objetivo
deste módulo.

NOR
MA O CP, ao tratar de crime, liga-o diretamente ao elemento
subjetivo.Vejamos a lei:
Art. 18 - Diz-se o crime:
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resulta-
do por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.

Quanto ao crime doloso – inciso I -, é importante assinalar que o mes-


mo pode ocorrer de forma direta ou indireta. A primeira traduz a real
intenção em cometer ato ilícito, é o chamado dolo direto. Já a segun-

279
NR 10 - Curso Complementar

da consiste em aceitar a ocorrência de determinado resultado indubi-


tavelmente previsto, com ela não se importando, é o chamado dolo
eventual.

O crime culposo - inciso II -, pode se dá por imprudência, negligência


ou imperícia, conceitos sob os quais você estudou anteriormente, com
nada de relevante a acrescentar ao objetivo do curso.

Os principais ilícitos de natureza criminal em que se pode incorrer de


forma culposa – principal enfoque desse subitem – quando do manejo
de energia elétrica são os seguintes:

a. Homicídio:

NOR
MA Art. 121 do CP:
Matar alguém:
...
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservân-
cia de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou
se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as conseqüências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.

280
Módulo 8 – Responsabilidades

b. Lesão corporal:

NOR
MA Art. 129 do CP:
Ofender a integridade corporal ou a saúde de ou-
trem:
...
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

c. Perigo para a vida ou saúde de outrem:

MA
Art. 132 do CP:
NOR

Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto


e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pes-
soas para a prestação de serviços em estabeleci-
mentos de qualquer natureza, em desacordo com
as normas legais.

Esse último delito é eminentemente subsidiário, ocorrendo


apenas quando não verificado o homicídio ou a lesão cor-
poral.

281
NR 10 - Curso Complementar

As excludentes na esfera criminal podem incidir sobre qualquer ele-


mento do crime (tipicidade, ilicitude e culpabilidade), sendo, de pouca
importância a sua apresentação, uma vez que você entraria num dos
temas mais complexos da teoria do crime, desnecessária para o seu
estudo neste módulo.

Entretanto é necessário ressaltar que no campo do Direito Penal é pos-


sível a concorrência de culpas (cada agente respondendo na medida
de sua culpabilidade, na medida de sua contribui-
ção ao evento delituoso: artigos 29 a 31 do CP),
porém, jamais, a compensação de culpas (veri-
ficadas condutas delituosas tanto do autor quan-
to da vítima, fazendo com que tais conceitos se
confundam, cada um responderá em foro criminal
conforme sua atuação).

Verifique algumas manifestações judiciais:

HOMICÍDIO E LESÕES CORPORAIS CULPOSAS - Acidente


em obras de demolição de prédio - Responsável que recruta pessoal
inexperiente e desprotegido - Culpa configurada “Se o réu, encarrega-
do de demolição, não planeja a obra, escolhe operários tecnicamente
despreparados e não lhes fornece instrumentos adequados e equipa-
mentos de segurança, limitando-se a recomendar cuidado, age com
manifesta culpa, por imperícia e por negligência”. (Apel. 350.921-7,
da Comarca de S. Bento do Sapucaí; Apelante: Joaquim Berti sendo
apelada a Justiça Pública; 4ª Câmara do Tribunal de Alçada Criminal;
JTACRIM, v. 83, ed. Lex, pág. 299).

282
Módulo 8 – Responsabilidades

HOMICÍDIO CULPOSO - Acidente do trabalho - Morte de dois


operários decorrente de deslizamento de terra, em obra, em cons-
trução - Responsabilidade do engenheiro e do mestre-de obras. “As
normas de segurança do trabalho nas atividades da construção civil
exigem que os taludes das escavações de profundidade superior a
1,5m devam ser escorados com pranchas metálicas ou de madeira,
assegurando estabilidade de acordo com a natureza do solo”. (Apel.
349.049-0, da Comarca de Ribeirão Preto; Apelantes: José Antonio de
Almeida e Enio Francisco, sendo apelada a Justiça Pública; 9ª Câmara
do Tribunal de Alçada Criminal - JTACRIM, vol. 80, ed. Lex, pág. 499).

A rigorosa observância das normas de segurança e higiene do trabalho


deve ser perseguida pelos engenheiros, técnicos, supervisores, geren-
tes, cipeiros e trabalhadores, enfim! Afinal, todos podem ser vítimas
de acidentes de trabalho. Logo, impedir a execução de atividades que
aumentem as possibilidades de eventuais acidentes, e comunicar por
escrito ao superior hierárquico os perigos detectados, fazendo inseri-
los nas atas das CIPAs, munindo-se de testemunhas, com o objetivo de
demonstrar que agiram com as cautelas necessárias e que não se omi-
tiram no cumprimento de seu dever profissional devem ser as metas
perseguidas por todos. Após este estudo, dificilmente haverá dúvidas
de que a responsabilidade por eventos danosos não recai somente so-
bre as empresas, mas também sobre os funcionários que não cumpri-
ram zelosamente sua função.

283
NR 10 - Curso Complementar

Você acabou de estudar o último módulo deste curso de


complementação. Neste módulo você estudou as respon-
sabilidades das ações e omissões em instalações e serviços
com eletricidade. Caso você tenha dúvidas em alguma lição es-
tudada, faça uma revisão dos principais tópicos, discuta com seu cole-
ga de trabalho e verifique quais os elementos importantes que você
precisa saber sobre a segurança de trabalho. Parabéns por mais uma
etapa concluída!

284
Módu
lo
Referências
1

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NR 10 - Curso Complementar

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LTr 2005.

286

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