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Resumo
O dimensionamento de equipes de manutenção é considerado uma dificuldade por
pessoas que não tem formação em Gestão da Manutenção. Quando se trata da
estrutura funcional da manutenção no nível da Supervisão, Engenharia da
Manutenção e Inspeção e Planejamento, há uma lacuna de conhecimento por parte
dos gestores e tomadores de decisão que ocupam cargos de direção e gerência em
empresas e industriais sobre este assunto. Algumas questões necessitam serem
respondidas sobre o dimensionamento destas funções para evitar perdas de
produtividade e recursos de naturezas diversas tentando identificar o padrão ideal e
que possa auxiliar aos tomadores de decisão sobre este assunto. Este artigo tem por
objetivo coletar e analisar informações de profissionais experientes do mercado, que
exercem ou exerceram as funções de Supervisor, Engenheiro de Manutenção,
Inspetor de manutenção e Planejador com o propósito de avaliar uma tendência que
possa auxiliar no dimensionamento ótimo destas funções nos quadros das gerências
e coordenações de manutenção de diversos segmentos industriais. Os resultados
encontrados indicam que 79,3% dos profissionais consultados, independente da
função que ocupa, não estão com sua demanda de trabalho plenamente adequada.
Concluiu-se que é importante ampliar e discussão deste assunto de forma a encontrar
consenso sobre o dimensionamento das funções abordadas neste artigo, respeitando
os limites da capacidade humana evitando sobrecarga de trabalho destes
profissionais.
1. Introdução
Durante toda a história humana as questões relacionadas à liderança de
equipes para cumprimento de um propósito ou resultado foram fontes de vários
estudos, no quais muitos exemplos de líderes e organizações foram destacados.
Muitos anos antes de Cristo, estas características dos líderes e suas dificuldades em
lidar com a complexidade da natureza humana e administrar as diversas variáveis
envolvidas nos processos em que estavam inseridos, já demostravam que há a
necessidade de se avaliar por quanto de recurso humano, atividades ou processos
um líder ou especialista poderia se responsabilizar.
As questões de sobrecarga das lideranças e o impacto na produtividade das
equipes e entrega de resultados são de extrema importância, visto que a produtividade
de um homem frequentemente depende de um outro homem. Um líder ou especialista
sobrecarregado geralmente não conseguirá dar a atenção devida às necessidades de
sua equipe e nem atenção à solução de problemas ou até mesmo ao atendimento das
demandas mais simples.
Quando se questiona sobre a quantidade de supervisionados diretos que um
supervisor consegue liderar efetivamente as respostas são sempre relativas. Da
mesma forma quando se pergunta por quantos equipamentos um engenheiro de
manutenção ou inspetor de manutenção pode se responsabilizar. Em alguns casos é
o fator humano que decide. Um supervisor, engenheiro de manutenção ou inspetor
mais dinâmico certamente poderá absorver mais responsabilidades, mas qual é o
limite? Naturalmente o ônus de provar a necessidade de funções especializadas de
Planejamento, Programação e Controle de Manutenção (PPCM) e Engenharia da
Manutenção ficam a cargo dos gestores. Isto acaba levando tempo até que o gestor
faça a análise crítica dos equipamentos, priorize os ativos críticos, faça um projeto
piloto e levante dados para apresentação aos tomadores de decisão das empresas,
isto geralmente leva tempo e entra em conflito com as expectativas de resultados
rápidos das empresas. Uma pesquisa realizada pela Engeteles (TELES, 2021)
apontou que entre os anos de 2013 e 2015 houve um aumento do número de
contratações de gestores de manutenção de 25% para 30%, o que mostra uma
tendência de demanda de mercado para estes profissionais. A mesma pesquisa
também demostrou que o turnover (rotatividade das funções numa empresa) destes
profissionais foi de mais de 54%, cerca de 11% da média nacional do ano de 2015.
Segundo a pesquisa um gestor em média permanece na empresa por cerca de 2,5
anos.
Se analisarmos o turnover apresentado e a expectativa de aumento da
demanda de gestores da manutenção, vemos claramente uma oportunidade de
emprego para profissionais qualificados na gestão e também nas funções ligadas às
atividades de planejamento, programação, controle, engenheiros e supervisores de
manutenção.
Ainda segundo a pesquisa da Engeteles (TELES, 2021), 73% dos motivos de
substituição dos gestores estavam relacionados ao não atingimento de metas e
resultados esperados (Figura 1).
Figura 1 – Motivo de substituição de gestores. Fonte: TELES, 2021.
Com base nas informações este artigo pretende contribuir na discussão sobre
o dimensionamento das funções de engenharia, PPCM e Supervisão, em
reconhecimento da importância para o aumento da competitividade das indústrias
brasileiras.
Desta forma surgem as questões: Quantas pessoas um Supervisor de
Manutenção pode gerenciar efetivamente, considerando os padrões atuais de gestão
de pessoas e também o ambiente de muitas expectativas em relação ao
gerenciamento da manutenção e dos ativos? Por quantos equipamentos um
engenheiro de manutenção pode se responsabilizar e conseguir aplicar as melhores
práticas e técnicas disponíveis? Qual o total de “Homem hora” (H.h) que um
Planejador de Manutenção pode administrar e garantir a produtividade e as diretrizes
de Qualidade Segurança, Saúde e Meio Ambiente das empresas (QSSMA)? Quantos
equipamentos um inspetor de manutenção pode inspecionar e entregar relatórios de
inspeções confiáveis para o PPCM?
Este artigo tem por objetivo apresentar informações históricas, características
e limitações da capacidade humana além de coletar e analisar informações, através
de uma pesquisa junto a profissionais experientes do mercado, que exercem ou
exerceram as funções objetos deste estudo, com o propósito de avaliar uma tendência
que possa auxiliar no dimensionamento ótimo destas funções nos quadros das
gerências e coordenações de manutenção de diversos segmentos industriais.
O PPCM é uma das estruturas mais importantes, e também uma das mais
incompreendidas por aqueles que tem deficiência de informação sobre gestão da
manutenção. Pelo seu caráter administrativo, ainda hoje, em algumas empresas,
conta com a “má vontade” desde a alta gestão, que naturalmente a identifica como
custo, quanto da Execução que a identifica como burocracia. Estas empresas ainda
não entenderam o valor de um PPCM bem dimensionado e estruturado.
Tavares (1999) questiona em seu livro Administração moderna da manutenção:
Por que a Manutenção é um Centro de Lucros? Ele mesmo dá a resposta:
(...) está se tornando cada vez mais aceito pelas empresas, grupos de
consultoria e organizações profissionais, que para o bom desempenho
da produção em termos mundiais, o gasto em manutenção deve estar ao
redor de 2% ou menos do valor do ativo (TAVARES, 1999, p.5 ).
Uma outra função importante do PPCM, que necessita ser bem dimensionada,
são os serviços de inspeção de manutenção. Utilizando-se das especificações
técnicas de desempenho do equipamento, de instrumentos de medição do
desempenho ou condição (como termógrafos, sensores de vibração, manômetros,
cronômetros, entre outros), além da experiência, e de sua habilidade de perceber a
condição da máquina (através de seus sentidos e de conversas com a operação), o
Inspetor de Manutenção consegue informações do equipamento, que é a base para a
tomada de decisão sobre parar para a manutenção preventiva ou manter o
equipamento em operação. Esta é uma função chave para a medição de um dos
principais indicadores da gestão do ativo - o OEE (Overall Equipment Effectiveness) -
uma vez que ela tem a missão de identificar o início da perda de produtividade do
equipamento antes do mesmo entrar em modo de falha, evitando assim perda de
produção e parada do ativo, devido a falha corretiva.
Da mesma forma, é possível imaginar a dificuldade que tem o Inspetor em
cumprir com a suas rotas de inspeção, e após isto ter o tempo para analisar os
resultados e fazer as recomendações para o PPCM tomar as medidas necessárias ao
planejamento e programação das correções. Um inspetor de Manutenção
sobrecarregado, teria grande prejuízo ao seu trabalho e não daria o retorno esperado
relacionado à confiabilidade e redução das manutenções corretivas dos
equipamentos.
Na figura 5, é possível avaliar o fluxo de trabalho típico de um Inspetor de
Manutenção. É possível então imaginar qual o dimensionamento adequado para que
um Inspetor possa fazer o seu trabalho adequadamente.
O trabalho da EdM pode alavancar todos os tópicos que foram obtidos como
resposta ao questionamento do André Bona (2018). A Engenharia de Manutenção
numa empresa, atuando de forma focada e bem dimensionada, é certamente um dos
principais fatores de sucesso. Numa Era onde a informação é considerada o novo
petróleo, ter profissionais com disponibilidade adequada para analisar e tratar aos
dados pode ser um grande prospector de oportunidades de melhorias de natureza
técnica ou de gestão.
As figuras 6 e 7 representam, entre outras responsabilidades da engenharia de
manutenção, aquelas que são regulares e geram demanda para o engenheiro. Nesta
situação, se não houver um dimensionamento adequado da quantidade de
equipamentos que o mesmo pode suportar, teremos perda de disponibilidade e
qualidade da manutenção.
3. Conclusão
REFERÊNCIAS:
BÍBLIA SAGRADA. Português. In: A Bíblia sagrada: antigo e novo testamento.
Tradução de João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
Exôdo, 18.13-22.
ERC: Span of Control: How Many Employees Should Your Supervisors Manage?
Disponível em: https://www.yourerc.com/blog/post/span-of-control-how-many-
employees-should-your-supervisors-manage. Acesso em 28 de nov. 2021
MILLER, George A. The magical number seven, plus or minus two: Some limits on
our capacity for processing information. Psychological review, v. 63, n. 2, p. 81,
1956. Disponível em:
http://www2.psych.utoronto.ca/users/peterson/psy430s2001/Miller%20GA%20Magic
al%20Seven%20Psych%20Review%201955.pdf.Acesso em 1 de dez.2021
SASSER JR, W. Earl; LEONARD, Frank S. Let first-level supervisors do their job.
Harvard business review, v. 58, n. 2, p. 113-121, 1980. Disponível em:
https://hbsp.harvard.edu/product/80210-PDF-ENG. Acesso em 28 de nov. 2021
TAVARES, Lourival Augusto. Por que a Manutenção é um Centro de Lucros? In:
TAVARES, Lourival Augusto. Administração moderna da manutenção. Rio de
Janeiro: Novo Polo, 1999.