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Fator de Produtividade na Manutenção

Industrial
postado por Jhonata Teles Dentro Gestão de Manutenção, PCM
A Produtividade na Manutenção Industrial é um fator decisivo em questões estratégicas e
operacionais, sendo crucial para a obtenção de bons resultados e dimensionamento correto
de recursos técnicos, humanos e materiais.
A produtividade na manutenção é uma das questões mais importantes que regem a
economia das atividades de produção. No entanto, a produtividade é muitas vezes é
colocada em segundo plano e negligenciada por aqueles que decisores influenciam
diretamente nos processos de produção.
Com a crescente conscientização de que a manutenção cria valor para o processo, as
organizações estão tratando a manutenção como uma parte integral de seus negócios.
Devemos entender que os custos de manutenção são uma parcela significativa do custo
operacional de uma indústria. As despesas de manutenção representam 20-50% dos custos
industriais, dependendo do nível de mecanização.
Em algumas empresas na Europa, o montante gasto no orçamento de manutenção para a
Europa é de cerca de 1500 bilhões de euros por ano (Altmannshopfer, 2006) e para a Suécia
20 bilhões de euros por ano (Ahlmann, 2002).
Uma grande falha encontrada em boa parte das indústrias brasileiras é o desconhecimento
do Fator de Produtividade da Manutenção. Esse indicador representa o tempo total dos
colaboradores da empresa (conforme o contrato de trabalho) e o tempo útil em que os
colaboradores realizam os serviços para os quais foram contratados.
Uma vez que o Fator de Produtividade da Manutenção é desconhecido, não conseguimos
calcular corretamente vários outros indicadores, como: Homem-Hora Disponível, Backlog e
Custos. Dessa forma, é gerada uma grande bola de neve de informações erradas e
indicadores que não remetem a realidade, comprometendo a Gestão da Manutenção.
O que é o Fator de Produtividade na Manutenção?
O Fator de Produtividade na Manutenção é o percentual de tempo que um funcionário passa
fazendo alguma atividade para qual ele foi contratado. Ex: apertando um parafuso,
realizando uma inspeção, colocando um equipamento de volta a operação, etc. Excluindo
o tempo que ele “perdeu” com atividades que não geram valor ou resultado. Ex: esperando
alguma peça no almoxarifado, se deslocando até o equipamento, escutando uma instrução
de trabalho, etc.
O Fator de Produtividade na Manutenção é o mesmo que o Wrench Time, que em tradução
livre seria “Tempo de Chave”. Ou seja, o tempo em que um funcionário passa com a chave
(ferramenta) na mão durante uma atividade de manutenção.
Um exemplo: Se em uma indústria o Fator de Produtividade da equipe de mecânicos é de
35% e um mecânico trabalha 8 horas e 48 minutos por dia, significa que o tempo que o
funcionário passa de fato trabalhando (produzindo) é de 3 horas e 8 minutos por dia. O
restante do tempo é “desperdiçado em Atividades de Não Valor Agregado (NVA), conforme
mostra o gráfico abaixo:

Leia também:
 Backlog: O que é e Como Calcular;
 Introdução aos Custos de Manutenção.
O Wrech Time é o reflexo do trabalho de planejamento da manutenção, se o Fator de
Produtividade da Manutenção é alto, significa que o planejamento da manutenção está
cumprindo com o seu papel e eliminando o impacto das Atividades de Não Valor Agregado.
Valores de Referência para o Fator de
Produtividade na Manutenção Industrial
Cenários internacionais (EUA e Europa) mostram que o valor comum encontrado para o
Fator de Produtividade na Manutenção está entre 25 e 35 por cento. No Brasil, esse valor
normalmente está entre 12 e 25 por cento.
Podemos considerar ambientes produtivos na Manutenção quando o Fator de Produtividade
é acima de 35%. Abaixo disso já é um ambiente improdutivo.
O valor encontrado no mercado Brasileiro hoje (12% a 25%) e isso é considerado
improdutivo. Ambientes acima de 30% são considerados produtivos e acima de 72% são
considerados World Class.

Como medir a Produtividade na Manutenção?


Para medir a Produtividade da Manutenção é essencial que seja realizada uma auditoria
interna, onde serão auditados os seguintes fatores:
 Tempo desprendido para reuniões de rotina;
 Tempo para ações de segurança no trabalho (DDS, Preenchimento de Formulários de
PPT, Bloqueios, Isolamento de Áreas, etc.)
 Tempo de deslocamento da equipe entre oficina, almoxarifado, equipamentos, etc.
 Tempo de espera para obter peças, ferramentas, materiais;
 Tempo desprendido para instruções sobre o trabalho;
 Tempo desprendido para tarefas administrativas (preenchimento de Ordem de Serviço,
Requisição de Materiais, elaboração de relatórios, etc.)
 Tempo desprendido em pausas por motivos pessoais (necessidades fisiológicas,
alimentação, descansos não programados, etc.)
Essa auditoria deve ser realizada por algum auditor interno ou externo, analisando cada
grupo de funcionários, divididos por função. Por exemplo: a produtividade da manutenção
mecânica deve ser mensurada separadamente da produtividade da manutenção elétrica e
assim por diante. Cada função terá um fator de produtividade específico pelo fator de existir
particularidades na função que irão afetar no resultado final.
Através do formulário abaixo, o auditor irá mensurar o tempo aplicado em cada pausa. Após
preenchimento completo do formulário, basta somar a quantidade total do tempo
desprendido em pausas e obter o fator de produtividade (ou improdutividade).
Abaixo segue um exemplo de uma pesquisa realizada em 35 indústrias químicas dos EUA,
onde foram levantados os dados para cálculo do Fator de Produtividade na Manutenção. Ao
final da pesquisa, chegou-se a conclusão de que a média para o fator de produtividade era
de 32,71% (67,29% de improdutividade).

Improdutividade Necessária x Improdutividade


Desnecessária
Uma vez que foi realizada a auditoria e foram levantados os valores de produtividade na
manutenção, será possível identificar as fontes de improdutividade que estão impactando
no resultado final. Essas fontes de improdutividade podem ser divididas em duas categorias:
improdutividade necessária e improdutividade desnecessária.
A improdutividade necessária é um conjunto de processos, tarefas e procedimentos, que
devem ser realizados pelos colaboradores por questão burocráticas ou administrativas.
Essas tarefas apesar de não trazer nenhum benefício direto sob a ótica técnica, são
necessárias para uma boa gestão do setor de manutenção ou para cumprir requisitos
internos da empresa. A improdutividade necessária não pode ser eliminada, porém, o tempo
desprendido nessas atividades pode ser diminuído visando a elevação do índice de
produtividade final.
A improdutividade desnecessária é um conjunto de tarefas, processos, atividades e
procedimentos que podem ser eliminados. Eles são executados muitas vezes por conta de
“vícios” existentes dentro das equipes e uma cultura de manutenção que não favorece a
produtividade. Grande parte desses vícios são oriundos de uma falta de planejamento, falta
de capacitação e deficiências na gestão da manutenção.
Produtividade na Manutenção

Produtividade na Manutenção
O que levar em consideração após medir a
Produtividade na Manutenção?
Vários fatores e questões devem ser considerados para medir a produtividade da
manutenção. Alguns dos fatores importantes precisam ser considerados para fazer essa
aferição. Sendo eles:
O valor gerado pela manutenção: O fator mais importante a se considerar ao medir
a produtividade da manutenção é medir o valor gerado pelo setor de manutenção. Os
gestores devem saber disso e números o quanto o setor de manutenção contribui para o
negócio.
O objetivo principal do setor de manutenção é garantir a disponibilidade, confiabilidade e
segurança operacional da planta, de forma produtiva. Caso o setor de manutenção não
consiga mensurar esses itens, está na hora de rever a forma de atuação dos gestores.
Revisar as alocações dos recursos: O objetivo de medir a produtividade da manutenção
é atestar a eficácia do investimento feito sobre o setor e determinar se há a necessidade de
fazer algum investimento adicional para sustentar as estratégias definidas para o setor.
Após as medições de produtividade, é possível identificar possíveis desperdícios de
recursos humanos e também evidenciar alguns pontos de melhorias.
Fatores de segurança do trabalho e Fatores Ambientais: Algumas causas de baixa
produtividade da manutenção estão diretamente ligadas com fatores de segurança e meio
ambiente. É essencial entender as questões e a política da empresa em torno desses dois
assuntos. Um baixo desempenho da manutenção pode levar a incidentes e acidentes no
trabalho (questão de segurança) e outros riscos para a saúde, além dos problemas
ambientais e encorajadores para um cultura de trabalho insalubre.
Por isso é necessário entender e identificar, junto aos setores de Saúde e Segurança do
Trabalho e Meio Ambiente, quais são os requisitos necessários que o setor de manutenção
deverá se alinhar.
Gestão do conhecimento: Para o sucesso da manutenção é necessário concentrar
esforços na gestão efetiva do conhecimento. Uma parcela da falta de produtividade na
manutenção é a falta de gestão do conhecimento e o desconhecimento das habilidades de
cada membro da equipe.
Como a tecnologia está sempre mudando e a cada dia que se passa isso acontece de forma
mais ágil, surgindo novas tecnologias de inspeção baseadas na condição dos equipamentos
como análise de vibração, espectroscopia, termografia e dentre outros ensaios, que estão
substituindo a manutenção preventiva e poupando recursos de mão de obra. Para isso
acontecer, é extremamente necessário uma boa gestão do conhecimento.

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Tags: controle de manutenção, fator de produtividade, pcm, planejamento de
manutenção, produtividade, produtividade na manutenção, wrench time
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JH O N AT A

Jhonata é Engenheiro Mecânico e Engenheiro de Produção formado pelo Centro


Universitário do Distrito Federal, Técnico em Eletrotécnica e Técnico em Mecânica formado
pelo SENAI –Roberto Mange. Atua há 12 anos no setor de manutenção em industrias de
grande porte dos seguimentos Alimentício, Higiene e Limpeza, Farmacêutico, Químico,
Metalúrgico, Cimenteiro, Açúcar e Álcool, etc. É especialista em Planejamento e Controle de
Manutenção, RCM - Manutenção Centrada em Confiabilidade e Lubrificação Industrial com
Certificação Internacional MLT-I pelo ICML –International Council of Machinery Lubrication,
Analista de Vibração Nível II pela FUPAI. Já atuou como Consultor de Lubrificação, Analista
de Vibração, Supervisor de Manutenção Industrial e hoje é Diretor de Engenharia e
Negócios da Engeteles e Coordenador de Manutenção em uma industria multinacional
fabricante de produtos para automação residencial.

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