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Pr11id1nt1 do Conselho d1 Admlnl1m11çio J1n,uii Olnâ

Diretor-presidente Jânyo Oiniz

Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo


Oire�ia Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Oiniz:

Oirecori1 d1 Ensino I Oistinci1 Enz.o Moreira


Autoria Fábio Santiago

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Indicação de fllmes, vídeos ou similares que trazem Informações comple­
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo esrudado.

CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abOrdado.

CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assurto.

o\ CURIOSIOA.DE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.

' , DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
, ' informação plivilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

1 EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão especifica da
área de conhecimento trabalhada.
Unidade 1 • Energia, suas fontes e as11ectos económicos
Objetiws da unidade .......................................................................................................... 12

Energia e sociedade ........................................................................................................... 13


Energia, sociedade e história ........................................................................................ 14
A energia no Brasil .......................................................................................................... 15
O petróleo no Brasil ........................................................................................................ 17
A energia elétrica no Brasil ........................................................................................... 18

Fontes de energia convencionais e não convencionais ............................................. 20


Os combustíveis fósseis ................................................................................................. 21
O petróleo ........................................................................................................................ 22
Gás natural ....................................................................................................................... 23
Car\•ão ............................................................................................................................... 24
Car\•ão mineral no Brasil ............................................................................................... 26
Energia hidráulica ........................................................................................................... 27
Energia eólica .................................................................................................................. 30
Energia solar .................................................................................................................... 32
Biomassa .......................................................................................................................... 35

Aspectos econômicos ........................................................................................................ 37


Políticas e Investimentos no setor energético ........................................................... 38

Sintetizando .......................................................................................................................... 42
Referê1cias bibliográficas ................................................................................................ 43
Unidade 2 • Desenvolvendo o diagnostico eneryetico e conhecendo tecnologias
de racionalização de energia
Objetivos da unidade ............................................................•............................................. 47

. .
Ef1c1encm
·- • energe'tica ..............•............................................•............................................. 48
Importânciada eficiência energética e suas políticas............................................. 48
Consumo e oferta de energia no Brasil ....................................................................... 51
Intensidade energética .................................................................................................. 53
Eficiência energética global brasileira ........................................................................ 55

Diagnósticos energéticos .................................................................................................. 58


Desenvolvendo o diagnóstico energético ................................................................... 60
Visita às instalações ....................................................................................................... 60
Levantamento dedados ................................................................................................. 60
Vistoria dos ambientes ................................................................................................... 63
Análise dos dados ........................................................................................................... 64
Viabilidade econômica ................................................................................................... 66

Tecnologias de racionalização de energia elétrica ..................................................... 66


A dinâmica inovadora no setor elétrico ...................................................................... 67
Cenário internacional ..................................................................................................... 69
Cenário no Brasil ............................................................................................................. 71

Sinteúzando .......................................................................................................................... 73
Referências bibliográficas ................................................................................................ 74
Un idade 3 • Eficiência e nergética no setor industrial e de transportes
ObjetiYOs da unidade .......................................................................................................... 77

Eficiência energética no setor industrial ....................................................................... 78


Parque industrial brasileiro atual e seu consumo energético................................. 81
Política vigente ................................................................................................................ 84
Melhores experiências internacionais ........................................................................ 86
Cenário do Brasil ............................................................................................................. 90

Eficiência energética para o setor de transportes ....................................................... 91


O setor de transportes no Brasil e o contexto global................................................ 92
Tecnologias de motorização .......................................................................................... 96
Veículos elétricos ............................................................................................................ 98

Sintetizando ........................................................................................................................ 103


Referências bibl iográficas .............................................................................................. 104
Unidade 4 • Eficiência energética, demandas e educaçao
Objetivos da unidade........................................................................................................ 1(11

. .• . . .
Ef1c1enc1a energetica na educaçao - ............................................................................... 1"" uo

Escolas verdes............................................................................................................... 114


A educação e a eficiência energética....................................................................... 116

Eficiência energética no setor público......................................................................... 116


O projeto 3E .................................................................................................................... 118
Projeto Retrofit............................................................................................................... 119
Benchmarking de edifícios públicos.......................................................................... 120
Melhorando o desempenho......................................................................................... 122

Eficiência energética no saneamento .......................................................................... 124


Fontes de consumo em uma estação de tratamento .............................................. 125

Sintetizando ........................................................................................................................ 127


Referências bibliogníficas .............................................................................................. 128
A relação entre o ser humano e a energia se estabeleceu deste os primór­
dios da humanidade, sendo o domínio da energia um dos fatores que permi­
tiu nos constituir como sociedade e revolucionar os meios de produção, de
comunicação etc. Portanto, o domínio da energia alterou toda a estrutura da
sociedade. O tema da energia e sua discussão, inevitavelmente, nos levam a in­
i
vest gar suas fontes, sejam elas renováveis ou não. Nesse sentido, é preciso um
profundo conhecimento dos recursos naturais que o País possui. No entanto,
não basta um pais ser rico em recursos energéticos se ele não faz uso eficiente
nos diversos setores da sociedade. seja Industrial. de transporte. educação. sa­
neamento, entre outros. É nesse contexto de discussões das fontes energéticas
e seu uso eficaz que pretendemos discutir a forma racional do uso da energia.

CONSE;{VAÇÀO E EFICltNCIA ENERGÉTICA o


2IMMllO 1a:10
O professor Fábio Santiago é gradua­
do em Matemática Aplicada e Computa­
ção Científica pela Universidade de São
Paulo (2010), mestre em Engenharia Me­
cânica (2012) e doutor (2017) pela Uni­
versidade Estadual de Campinas. Além
de sua sólida formação acadêmica, pos­
sui experiência como docente em nível
superior e é autor de diversas obras.

Curricu lo Lattes:
http:l/lattes.cnpq.br/9172880946351461

Aos que estão ao meu lado, minha gratidão. Aos leitores, a recomendação
de Guimarães Rosa de que o escuro só se faz claro de pouquinho...

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


UNIDADE

ser
educacional

29A)4Q() ,s:1e
Tópicos de estudo
• Energia e sociedade Energia eólica
Energia, socredade e história Energia solar
A energia no Brasil Biomassa
O petróleo no Brasil
A energia elétrrca no Brasil • Aspectos econômicas
Políticas e investimentos no
• Fontes de energia convencio­ setor ene·gético
n.ais e não convencionais
Os combustíveis fósseis
O petróleo
Gás natural
Carvão
Carvão mineral no Brasil
Energia hidráulica

CONSE;tVAÇÃO E EFICl�NCIA ENERODICA e


••
Q Energia e sociedade
Desde os primórdios, a humanidade tem feito uso dos
recursos naturais, a fim de obter energia. Nesse senti­
do, a relação entre o ser humano e o processamento da
energia surge com o domínio do fogo pelo homem,
evento fundamental para o desenvolvimento de inú­
meras outras tecnologias, como, por exemplo, a
metalurgia, a máquina a vapor e, posteriormente,
as máquinas de combustão Internas. entre tantas
outras inovações tecnológicas.
Um marco histórico na relação entre o ser humano e a
energia ocorre com a Revolução Industrial. Nesse período, a introdução da má­
quina a vapor de James Watt altera significativamente a forma com que a produ­
ção se organizava e, consequentemente. toda uma estrutura social. No entanto,
nesse momento, a relação entre o homem e a energia ainda engatinhava, do pon-
to de vista histórico.
Segundo o Papa João Paulo li (1980), inicialmente o homem aprendeu a
trabalhar com a energia térmica e, em um segundo momento. suas habili­
dades se expandiram para o processamento e a transformação da energia
mecânica em energia elétrica. Posteriormente. o conhecimento humano
avançou sobre o controle do elétron e o domínio da eletricidade, provocan­
do uma imensa revolução na capacidade de processamento, transmissão
e armazenamento de informação, o que levou a humanidade a profundas
transformações sociais.
Nesse sentido. há uma estreita relação entre os diferentes estágios de de­
senvolvimento de uma sociedade e o domínio das diferentes fontes de energia.
Assim, este capítulo irá realizar urna contextualização histórica, explorando a
relação entre energia e sociedade, e apresentando como se deram os prin­
cipais avanços no domínio da energia e seus impactos na sociedade. Em um
segundo momento, abordaremos o tema da energia no Brasil, discutindo as
principais características da matriz energética brasileira e sua utilização. Por
fim, o encerramento da unidade é feito com um estudo referente às relações
entre energia e economia. ou seja, os aspectos econômicos da energia.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
Energia, sociedade e história
Ao longo de toda a História, o ser humano sempre estabeleceu dife­
rentes relações com a natureza, sendo uma das mais importantes a forma
como ele produz, reproduz e distribui as diferentes formas de energia obti­
das a partir dos recursos naturais. Segundo Ralzer e Melrelles (2009). a re­
lação entre o ser humano e as diferentes fontes de energia foi responsável
por alterar a estrutura das sociedades, principalmente em decorrência das
grandes revoluções industriais. Isso se deu devido ao impacto, não apenas
tecnológico. provindo com o uso do carvão. do petróleo e da energia elétri­
ca. que afetaram sensivelmente a organização social da produção e, conse­
quentemente, a vida social.
No entanto, a relação do ser humano com a energia vem de muito antes das
grandes revoluções industriais. Segundo Carvalho (2008), o fogo foi uma das
primeiras formas de energia que aprendemos a utilizar. com os primeiros vestí­
gios históricos de sua utilização remontando a aproximadamente 1,9 milhão de
anos atrás por hominídeos. À medida que os seres humanos iam descobrindo
e aprendendo como utilizar as inúmeras fontes de energia, estas imprimiam
diferentes rumos à sociedade humana.
De fato. nós nos constituímos como sociedade a partir do desenvolvimento
da agricultura irrigada de cereais, que ocorreu na Mesopotâmia, há aproxi­
madamente seis mil anos. No entanto, ela só foi possível graças às fontes de
energia cinética providas pelos rios, a tração animal e a energia proveniente
da queima da lenha. Como observa Hémery, Debeir e Déleage (1991), é nesta
época que o fogo passa a ser usado de maneira controlada.
Dando um Imenso salto histórico para o ano de 1698. nos deparamos com
Thomas Savery, responsável por criar a primeira máquina a vapor. cuja fun­
ção era bombear água das minas. No entanto. o artefato produzido por ele
era tão problemático, que era incapaz de reproduziras resultados esperados.
Coube a Robert Hook. no ano de 1712, o desenvolvimento de uma máquina a
vapor capaz de operar de maneira efetiva. Nesse mesmo período James Watt
aperfeiçoou a criação de Hook. que passou a ser empregada em locomotivas.
fábricas e navios. Nesse sentido. a máquina de Watt foi um dos principais veto­
res da Primeira Revolução Industrial.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


Se a Revolução Industrial ocorrida em 1760 teve como alicerce a máquina a
vapor de Watt cuja fonte de energia era o carvão, os próximos passos na Histó­
i
r a seriam dados pela energia elétrica. Entre os anos de 1830e 1840, ela passou
a ser empregada nas comunicações, por meio do telégrafo, e na metalurgia.
com processos de galvanoplastia. Posteriormente, no ano de 1878, coube a
Thomas Edlson Inventar a lâmpada incandescente, e a Werner von Slemens a
criação da primeira locomotiva elétrica.
Dominadas as fontes de energia provenientes da eletricidade e do vapor,
foi então a vez do petróleo entrar em cena, na virada do século XIX para o
século XX. e se consolidar como a principal fonte de energia na Indústria mo­
derna. Embora o uso do carvão não tenha sido extinto da indústria. o petróleo
se destacou por sua versatilidade, ao oferecer uma fonte de grande capacidade
energética, além de ser o responsável pelo fornecimento de inúmeras maté­
rias-primas para a indústria moderna.
Já na transição do século XX para o século XXI. as preocupações não se limi­
tavam apenas às capacidades energéticas das fontes. mas passou a se esten­
der ao impacto ambiental que cada uma delas causava ao nosso meio ambien­
te. Desse modo, as energias renováveis e as energias limpas passaram a ser os
objetos de estudo e desenvolvimento dos dias atuais.


A energia no Brasil
O Brasil é um dos poucos países no mundo que possuem uma enorme
quantidade de recursos naturais. Toda esta abundância de recursos cola­
bora significativamente para que tenhamos uma rica matriz energética.
No entanto. a compreensão de como o Brasil tem empregado suas fontes
de energia passa pelas dinâmicas populacionais do país, pois essa conexão
entre dinâmica populacional e matriz energétic.a está presente na maioria
dos países.
Segundo carvalho (2008), no ano de 1872 foi realizado no Brasil o primeiro
Rec.enseamento Geral do Império (Tabela 1), sendo contabilizados 9,93 mi­
lhões de habitantes. No ano de 1950. o recenseamento apontava 51.9 milhões
de pessoas e, acompanhando a explosão demográfica mundial (Tabela 2) no
ano de 2008. o País já contava com 187.2 milhões de pessoas.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


=
TABELA 1. POPULAÇÃO BRASILEIRA ENTRE OS ANOS DE 1872 E 2019

TABELA 2. POPULAÇÃO MUNDIAL ENTRE OS ANOS DE 1750 E 2019

Jont�, R k. fCt< , vk ún ti .'Cl1 lAtJd..C.at.luJ

A compreensão desse fenômeno de crescimento populacional é importan­


te, pois quanto maior a população, maiores são as demandas por energia, o
que influencia na matriz energética de países e do mundo. Considerando o
cenário brasileiro, tem-se que a principal fonte de energia primária que o país
possuía era a lenha, que correspondia a aproximadamente 75% de todo o con­
sumo energético do país.
Contudo. o cenário descrito passa por alterações após a Segunda Guerra
Mundial. A partir desse momento, o Brasil começa a passar por um processo
de urbanização e industrialização, que traz consigo um aumento significativo
da demanda por energia, fazendo com que o País adote uma matriz energética
baseada na eletricidade e no petróleo.
Apesar desse período pós-Segunda Guerra. em que a matriz energética
brasileira se baseia predominantemente em petróleo e eletricidade, Inúmeros
estudos sobre a utilização do álcool como combustível já vinham sendo rea­
lizados. Segundo Carvalho (2008) já no ano de 1922. a Escola Politécnica reali­
zava diversas experiências com álcool em motores de Ciclo Otto e, na década
seguinte, no ano de 1933, era criado o Instituto do Açúcar e do Álcool, que tinha
como missão regular e equalizar o mercado do açúcar. ou exigir que parte da
cana processada pela Indústria fosse destinada à fabricação de álcool anidro.
Até o ano de 1973, o álcool permaneceria como um subproduto da in­
dústria canavieira, no entanto, com a crise do petróleo iniciada naquele ano.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
iniciam-se Inúmeros estudos com o objetivo de vlablllzar o álcool como um
combustível complementar à gasolina. Isso perdurou até 1975, quando é
instituído o Plano Nacional do Álcool e o Programa Nacional do Álcool. cujo
objetivo era promover a substituição, em grande escala, dos combustíveis
derivados do petróleo por álcool.
O Programa Nacional do Álcool sobreviveu até meados da década de 1990.
com forte apoio financeiro do governo. Após esse período. ele começou a decli­
nar de maneira acentuada, pois a iniciativa privada contribuiu pouco ou qua­
se nada para a criação de um modelo econômico viável, ligado às atividades de
produção, transporte e produção do etanol (CARVALHO, 2008). Em vez disso, o
setor optou por financiar a rolagem da dívida pública a elevados Juros, sem cor­
rer os riscos inerentes aos investimentos ligados ao setor produtivo, industrial
ou agrícola, como toda e qualquer atividade empresarial.


o petróleo no Brasil
No ano de 1938, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Com a
criação desse órgão, foram instituídas as atividades de exploração de petróleo
no Brasil e todas as atividades decorrentes desta. tais como lavra de Jazidas.
atividades de refino. transporte. entre outras. Além disso. também se estabele­
ceu que as jazidas. mesmo aquelas ainda não localizadas, passariam a integrar
o patrimônio da União. No entanto, a indústria petrolífera nacional ganharia
corpo e forma no ano de 1953, com a criação da Petrobras.
A criação da Petrobras, no governo de Getúlio Vargas, trouxe consigo o mo­
nopólio da união sobre as atividades de pesquisa. lavra. refino, transporte e
distribuição de petróleo e seus derivados. Segundo Carvalho (2008), antes da
criação da Petrobras, o Brasil dependia, de forma direta ou indireta, de trata­
dos com corporações como a Shell, a Texaco, a Esso, entre outras. que atuavam
principalmente no ramo de distribuição de derivados.
Os investimentos na Petrobras permitiram à empresa o desenvolvimento
de inúmeras pesquisas, destacando-se a tecnologia desenvolvida que permitiu
a exploração de petróleo em águas profundas. abaixo da camada do pré-sal.
fazendo com que o Brasil se tornasse autossuficiente na produção de petróleo,
no ano de 2006.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


ASSISTA
O vídeo •10 anos de pré-sal I História e desenvolvimento
de tecnologias·. do canal da Petrobras , no YouTube, conta
um pouco da história e das tecnologias desenvolvidas
para a extração de petróleo abaixo da camada do pré-sal.

••
A energia elétrica no Brasil
O setor elétrico brasileiro, até meados dos anos 1950,
era controlado por estrangeiros, com uma capacidade
Instalada de apenas 1.882 MW. Contudo, os grupos que
controlavam o setor elétrico não tinham interesse em ex­
pandir a produção e a distribuição, o que acabava por
inviabilizar qualquer tipo de processo de industriali­
zação do pais.
Segundo Jannuzzl (2007), logo após o período da
Segunda Guerra Mundial. a produção de eletricidade já
não era capaz de acompanhar a demanda, o que acabou le -
vando o sistema elétrico a entrar em crise, com constantes racionamentos,
aumentando a participação da autoprodução. Devido à precariedade do
sistema elétrico brasileiro. a partir dos anos 1950. o empresariado nacional
industrial começa a pressionar o governo para que assumisse o controle do
sistema elétrico e aumentasse a geração de distribuição (CARVALHO. 2008).

ASSISTA
O vídeo "Série especial Energias: biomassa·, do canal
lVBrasil, no YouTube, mosua a importância da biomassa
na matriz energética brasileira. Atualmente, esta fonte de
energia se consolida na terceira posição entre as formas
de produção de energia no País, represent,ndo 9% da
matriz energética brasileira.

Em decorrência das pressões dos setores empresa rias, o governo passa


então a investir no setor de energia elétrica. por meio da criação de inúme­
ras empres as. A criação das estatais no setor elétrico. bem como os órgãos
de controle e fiscalização, está muito bem ilustrada por Jannuzzi (2007),
em sua linha do tempo (Diagrama 1).

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


=
DIAGRAMA 1. ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL DE 1939 A 2001

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CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Um marco Importante no setor elétrico nacional foi a assinatura, no dia 26
de abril de 1976, do Tl'atado de ltaipu. entre Brasil e Paraguai. cujo objetivo
era realizar o aproveitamento hidráulico do rio Paraná. Já no ano seguinte, foi
instituída a empresa ltaipu Binacional, responsável por trazer as primeiras má­
quinas ao canteiro de obras. A construção de ltaipu levou aproximadamente
10 anos para ser concluída, empregando uma força de trabalho de aproxima­
damente 40 mil trabalhadores. Segundo o IPEA (2010). na construção da usina
foram utilizadas mais de 50 milhões de toneladas de terra e rocha. com o obje­
tivo de desviar o curso do rio Paraná. Além disso , a quantidade de ferro e aço
utilizada na construção equivale a 380 Torres Eiffel. enquanto a quantidade de
concreto é suficiente para construir 210 estádios do Maracanã.
Os primeiros testes em ltaipu foram realizados no ano de 1983, mas sua
inauguração ocorreu apenas no ano seguinte, em 1984. ao colocar em opera­
ção uma unidade geradora. Embora. em seu projeto original, a usina deves­
se contar com um total de 20 unidades geradoras. a Inaugura-
ção das duas últimas turbinas foi feita apenas 33 anos depois
de a usina iniciar seu funcionamento, ou seja, no ano de
2007. De qualquer modo, a eletricidade permitiu ao Bra-
sil se Industrializar. apesar de atualmente sofrer um forte
processo de desindustrialização. Apesar de todas as duali·
dades. contudo. a eletricidade proporcionou notáveis avanços

..
sociais e econômicos ao país.

O Fontes de energia convencionais e não convencionais


O desenvolvimento da humanidade, ao longo de toda sua evolução. está
intrinsecamente relacionado à capacidade que o ser humano tem de fazer uso
das diferentes fontes energéticas de que o planeta dispõe. geralmente em seu
benefício. Desde os primórdios, o ser humano emprega diferentes fontes de
energia a fim de mudar sua condição de existência, seja empregando o fogo
para cozinhar os alimentos, seja empregando as células fotovoltaicas e os aero­
geradores na geração de energia elétrica.
Sem dúvidas. o aproveitamento das diferentes fontes de energia permitiu
ao ser humano ter uma melhor qualidade de vida e longevidade. o que, con-

CONSERVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


sequentemente, gerou um adensamento populacional. Com uma população
cada vez maior, a demanda de energia também se torna maior. desencadeando
a procura por outras fontes de energia e um melhor aproveitamento das já
existentes. A demanda por quantidades cada vez maiores de recursos ener­
géticos tem causado impactos ambientais consideráveis. desper-
tando diversas questões em relação à preservação do meio
ambiente e o uso mais racional das fontes energéticas.
Nesse sentido, inúmeros estudos têm sidos realizados a
fim de promover o desenvolvimento tecnológico sustentável por
meio de processos produtivos mais eficientes e o emprego cada vez maior das
fontes de energia verde. No entanto, mundialmente, a fonte empregada em
maior escala para a produção de energia elétrica é proveniente dos combustí­
veis fósseis não renováveis, como o petróleo, o carvão e o gás natural.
A dependência em relação a esse tipo de energia tem levado a inúmeras
preocupações. entre elas a emissão dos gases de efeito estufa. o material
resultante da sua combustão. além do seu esgotamento. Devido à crescente
preocupação com as questões ambientais, nos dias atuais, inúmeros estudos
têm sido feitos sobre o tema de energias renováveis, ou seja, aquelas que
são capazes de se regenerar. Portanto. em muitos casos, elas são consideradas
inesgotáveis, além de serem de baixo impacto ambiental.


Os combustiveis fósseis
As fontes de energias fósseis, tais como carvão, petróleo e gás natural. tive­
ram seu processo de formação iniciado há aproximadamente 300 milhões de
anos. sendo resultado da decomposição de matéria orgânica viva ou morta.
submetida a elevada pressão, temperatura e ação de inúmeros microrganis­
mos. principalmente microalgas da família Botryococcus.
Como observa Carvalho (2008), os combustíveis fósseis consolidam energia so­
lar acu'Tlulada por meio da fotossíntese em vegetais e determinados organismos
que deles se nutrem ao longo de milhões de anos. Devido a este lento processo de
formação. esses combustíveis são considerados fontes não renováveis de energia.
Segundo Chu e Goldemberg (2010), os combustíveis fósseis são res­
ponsáveis pelo suprimento de aproximadamente 80% das necessidades

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


mundiais de energia primária, sendo, assim, responsáveis por Impulsionar
indústrias de todo o mundo. ao fazer parte de praticamente todos os as­
pectos da vida produtiva.


O petróleo
O petróleo é um dos mais importantes combustíveis fósseis para a
civilização humana, tendo sido o movedor da Segunda Revolução lndus­
trial(PIVA, 2010). De lá para cá, sua gama de aplicações se ampliou signi­
ficativamente, pois a partir de meados do século XIX sua transformação
química permitiu a obtenção de inúmeros subprodutos. fazendo com que
hoje ele não esteja relacionado apenas a um único ciclo produtivo.
Segundo Carvalho (2008), o termo petróleo designa uma enorme va­
riedade de compostos orgânicos, de diferentes massas moleculares. São
compostos predominantemente por hidrocarbonetos. podendo variar de
50% em compostos como o betume. e chegando a 95% em compostos mais
leves. A rigor, o petróleo pode ser dividido em três famílias de hidrocarbo­
netos, sendo elas:
• Os alcanos são hidrocarbonetos alifáticos saturados, cuja fórmula ge­
ral é dada por e. H, ..,. podendo ter cadeia linear ramificada ou não. Devido
ao fato deste hidrocarboneto poder ser composto por inúmeros átomos
de carbono, ele pode ser encontrado nos três estados físicos:
• quando a molécula contêm de um a quatro átomos de carbono, em tem­
peratura ambiente, o hidrocarboneto se encontra no estado gasoso.
• moléculas que conU!m de cinco a 15 átomos de carbono em sua composi­
ção e estão em temperatura ambiente. permanecem em estado líquido.
• por fim, moléculas com mais de 15 átomos de carbono em sua composi­
ção. quando em temperatura ambiente, se encontram em estado sólido.
• Uma outra família derivada do petróleo são o, hidrocarbonetos não sa­
turados de cadeia fechada, sendo o representante mais simples desta fa­
mília o benzeno, cuja fórmula molecular é dada por C6 H6•
• Por fim, porém não menos Importante. tem-se a família dos betumes, asfal­
tos e graxas cuja principal característica é possuir elevada massa molecular, além
de serem compostos ricos em nitrogênio, oxigênio, enxofre entre outros.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
••
Gás natural
O gás natural é formado a partir de um processo semelhante ao do petró­
leo. Quando ele se encontra nos reservatórios, sob elevada pressão, o gás está
naturalmente dissolvido ao petróleo ou a ele associado. Basicamente, o gás
natural apresenta em sua composição: metano em uma proporção de 75 a
90%: Sa 15% de propano: menos de 5% de etano; e menos de 5% de butano.
Devido à sua composição química, o gás natural oferece uma excelente
capacidade energética. Além disso, ele é considerado um produto comercial
limpo, pois apresenta baixo índice de compostos sulfurosos, além dos gases
resultantes de sua combustão serem uma ótima fonte de reaproveitamento
energético (RIBEIRO et ai., 2007).
A descoberta do gás natural se deu no ano de 1659, na Europa, mas ele não
despertou grande interesse, nesse primeiro momento. O uso do gás natural como
fonte de energia se deu. em maior escala, apenas no final do século XIX. em decor­
rência da invenção do queimador de Bunsen, no ano de 1885. Já no ano de 1890,
surgem os primeiros gasodutos à prova de vazamento, o que permitiu que o gás
natural fosse transportado por distânàas de aproximadamente 160 km.
No Brasil, o emprego do gás natural como fonte de energia se iniciou de
forma modesta. no ano de 1940, em decorrência das descobertas das reservas
de óleo e gás na Bahia. Nesse momento, o gás natural atendia principalmente
ás indústrias localizadas no Recôncavo Baiano. Em um momento posterior, a
produção das bacias do Recôncavo Baiano, de Sergipe e de Alagoas passaram a
atender às demandas de fabricação principalmente de insumos e combustíveis
para a refinaria de Landulfo Alves e o Polo Petroquímico de Camaçari.
O marco histórico do gás natural no Brasil ocorreu durante a década de
1980, com a exploração da Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro.
Segundo Ribeiro et ai. (2007), a exploração dessa bacia proporcionou um au­
mento de aproximadamente 2,7% da participação do gás natural na matriz
energética nacional. Posteriormente, o término da construção do gasoduto
Brasil-Bolívia, com capacidade para transportar 30 milhões de metros cúbi­
cos de gás diariamente, vlablllzou a Instalação de 56 novas centrais termelé­
tricas entre os anos de 2000 e 2003, proporcionando um acréscimo de 20 mil
MW na produção de energia elétrica.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


No ano de 2005, o gás natural representou 21% da energia consumida no
mundo, sendo que a maior parte desse percentual foi destinado às termelétri­
cas de países desenvolvidos, para geração de energia elétrica (CHU; GOLDEM­
BERG, 2010). Além disso, o gás natural consiste em uma importante matéria­
-prima de produtos petroquímicos, em especial de fertílizantes nitrogenados,
dos quais 80% tem sua origem no gás natural. materiais plásticos, produtos
farmacêuticos, entre outros.

••
Carvão
O carvão mineral, de origem fóssil, foi a fonte de energia que viabilizou a
Primeira Revolução Industrial, que se iniciou na inglaterra durante o século
XVIII, ao ser amplamente empregado na geração de vapor para mover má­
quinas. Ao final do século XIX. o vapor obtido pela queima do carvão passou a
ser empregado na produção de energia elétrica. no entanto. com o decorrer
do tempo. esta fonte de energia começou a perder espaço na matriz energé­
tica mundial, com o advento do petróleo, do gás natural e da invenção dos
motores de combustão interna (ANEEL, 2005).
O carvão voltou a ser um dos protagonistas das fontes de energia do mundo
durante a década de 1970, quando ocorreu a primeira crise do petróleo. A reto­
mada do carvão, como uma das principais fontes de energia, se deu devido à sua
oferta farta e pulverizada, além de seus preços como commodity registrarem os­
cilaçõe; suaves ao longo de décadas. Segundo a lntemational Energy Agency (IEA.
2019), o carvão continua sendo a fonte de energia mais empregada para a produ­
ção de energia elétrica do mundo. representando 41% da produção total. Além
disso. como fonte de energia primária. ou seja. quando se considera outros usos
além da geração de energia elétrica, ele representa 2696 da demanda mundial.
A principal desvantagem do uso do carvão fóssil. de acordo com a ANEEL
(2005), se dá em relação ao impacto socioambiental que ele causa, ao longo
do seu processo de produção e consumo, pois sua extração provoca a de­
gradação da área minerada e sua combustão é responsável por emissões de
C02. No entanto. o desenvolvimento de tecnologias conhecidas como clean
coai technologies, ou "tecnologias de carvão limpo·, têm como finalidade a
minimização dos efeitos associados à queima do carvão.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


Com reservas que totalizam 847,5 bilhões de toneladas, o carvão é o combus­
tível fóssil de maior disponibilidade no mundo. Considerando os níveis de produ­
ção atual. ele seria capaz de atender às demandas energéticas por aproximada­
mente 130 anos. Uma das vantagens do carvão fóssil, em relação ao petróleo, se
dá pelo fato de suas reservas estarem espalhadas por todo o planeta, com uma
maior ênfase no Hemisfério Norte. onde os Estados Unidos contam com 28,6%
das reservas mundiais, a Rússia tem à sua disposição 18,5% e a China, 13,5%.
Segundo a ANEEL (2005). atualmente a China se coloca como o maior produtor
e maio· consumidor de carvão do mundo. Esta característica se deve ao fato de o
país ter apresentado, ao longo dos últimos anos. um acentuado desenvolvímento
econômico. A Tabela 3 e a Tabela 4 mostram, respectivamente, o ranking dos maio­
res produtores e dos maiores consumidores de carvão mineral do mundo. Como
é possível observar, a China lidera os dois rankings, produzindo aproximadamente
1.289 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep). no ano de 2007, e sen­
do responsável pelo consumo de 1.311.4 Mtep. Em seguida vem os Estados Unidos.
responsáveis pela produção de 587.2 Mtep e consumo de 573,7 Mtep.

TABELA 3. MAIORES PRODUTORES DE CARVÃO MIIIERAL DO MUNDO

-
-
Pos1ç-âo País Mtep

1289,6 41.1

-
587,2 18.7

Austrál.. 215.4 6.9

-
fnd1i1 181,0 S,B

-
s• África do Sul 151,8 4,8

-
Rús�ie HB.2 4,7

Indonésia 107,5 3,4

PolÔni• 62,3 2.0

Alam•nha 51.5 1,6

Couquilltio U.3 1.5

2� Bra:111 2.2 0,1

ronte ANrrt. ;,oos p.35

CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


-
=
TABELA 4. MAIORES CONSUMIDORES DE CARVÃO MINERAL DO MUNDO

-
País

-
-
573.7 18.1

-
208.0 6.5

-
-
-
-
- BtNi1 13.6

Devido às suas características de extração e dificil transporte. além de cons­


tituir fator estratégico de segurança nacional. pois para muitos países ele con­
siste na principal fonte geradora de energia, sua comercialização internacional
é pequena quando comparada aos potenciais de suas reservas e a produção.
Essencialmente. são cinco os países que dominam o mercado mundial de car­
vão fóssil: Austrália, Rússia, 1ndonésia. África do Sul e Colômbia sendo as maio­
res tr�sações entre os países asiáticos. Assim, a maior parte deste recurso
navega pelo Oceano Pacífico.

••
Carvão mineral no Brasil
As reservas brasileiras são compostas pelo carvão dos tipos linhito e sub­
- betuminoso, com as maiores jazidas situando-se nos estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina. e as menores no Paraná e em São Paulo. As reservas
brasileiras ocupam o décimo lugar no ranking mundial, mas totalizam 7 bilhões
de toneladas. correspondendo a menos de 1% das reservas totais. A Associa-

CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.


ção Brasileira do Carvão Mineral (ABCMJ calcula que as reservas conhecidas
poderiam, hoje, gerar 17 mil megawatts (MW)
Do volume de reservas. o Rio Grande do Sul responde por 89,25%; Santa
Catarina. 10.41%; Paraná, 0,32% e São Paulo, 0,02%. Somente a Jazida de Can­
diota (RSJ possui 38% de todo o carvão nacional. Mas o minério é pobre, do
ponto de vista energético. e não admite beneficiamento nem transporte.
em função do elevado teor de impurezas (Tabela 5). Isso faz com que sua
utilização seja feita sem beneficiamento e na boca da mina.

=
lABELA S. CLASSIFICAÇÃO DO CARVÃO EM FUNÇÃO DO lEOR DE CARBONO

Categoria Teor de carbono Característica e utilização


'

••
Energia hidráulica
O recurso natural mais abundante no planeta Terra é a água, recobrindo
cerca de dois terços do planeta na forma de oceanos, rios, lagos e calotas po­
lares. Estima-se que o volume total deste recurso natural atinja os 1,36 bilhões
de quilômetros cúbicos. Além de sua abundância, a água é uma fonte de ener­
gia renovável. pois a energia solar. aliada à força da gravidade, faz com que
a água se transforme em vapor e. posteriormente. se condense em nuvens.

e
retornando à superfície terrestre na forma de chuva.

CONSE;tVAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


O emprego das águas na obtenção de energia nio contribui para o aqueci­
mento ambiental, uma das principais preocupações dos dias de hoje. Desde a
Ant igu:dade, a energia hidráulica é empregada para gerar energia mecânica.
como, por exemplo, na moagem de grãos. No entanto, foi no século XX que a
energia hidráulica passou a ser empregada como matéria-prima na geração de
energia elétrica.

CONTEXTUALIZANDO
A construção da primeira hidrelétrica ocorreu ao final do século XIX, junto
às Cataratas do Niágara. Até então, a energia hidráulica disponível naquela
região era empregada majoritariamente na geração de energia mecânica. No
Brasil, a construção da prtmeira hidrelétrica se deu durante o reinado de D.
Pedro li, no município de Diamantina, empregando as águas do Ribeirão do
Inferno, anuente do rio Jequitinhonha. Esta usina tinha capacidade de 0,5 MN
de potência e contava com uma linha de transmissão de dois quilômetros.

Segundo a ANEEL (2005), a potência instalada das hidrelétricas aumentou sig­


nificativamente ao longo dos últimos 100 anos. prinàpalmente devido às novas
tecnologias, que permitem a obtenção de urna maior eficiência e conflabilidade
do sistema. Como exemplo deste ,alto tecnológico pelo qual as hidrelétricas
passaram ao longo deste período histórico. tem-se a Hidrelétrica de ltaipu e de
Três Gargantas. A primeira delas foi construída por uma parceria entre Brasil e
Paraguai, e conta com uma potência instalada de 14 mil MW. enquanto a segun­
da é um projeto chinês, cuja potência instalada é de 18,2 mil MW.
A instalação de uma usina hidrelétrica exige que um país tenha acesso à sua
principal matéria-prima. a água, um Importante recurso natural que. como todo
recurso capaz de se transformar em fonte de energia. passa a ter Importância
estratégica, reduzindo a dependência externa e aumentando a segurança quan­
to ao abastecimento e o desenvolvimento social. No caso dos recursos hídricos,
somaoos a todas as características apresentadas, tem-se o fato de a hidroeletri­
cidade ser classificada como sendo uma energia limpa e possuir um baixo custo
de suprimento. ao ser comparada ao carvão. petróleo ou gás natural.
Segundo o estudo da Statistical Review of World Energy. os maiores consu­
midores de energia hidrelétrica do planeta. no ano de 2007, foram os países
que compõem a Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento

CONSE'!VAÇÀO E EFICltNCIA ENERGÉTICA.


(OCED). que conta com as economias mais desenvolvidas do mundo. respon­
sáveis por consumirem 1,306 mil TWh, o que representa 41,7% do consumo
mundial de energia elétrica (ANEEL, 2005).
A Tabela 6 reúne os dez maiores consumidores de hidroeletricidade do
mundo, no ano de 2007. Como pode ser observado, a China encabeça a lis­
ta, consumindo cerca de 482.9 TWh, seguida pelo Brasil. com um consumo de
371,5 TWh, e o Canadá, com 368.2 TWh. De acordo com um estudo realizado
pela lnternational Energy Agency (IEA), os dez países com maior dependência da
hidreíetricidade (Tabela 7) figuram com pequenas variações em relação à posi­
ção no ranklng dos maiores consumidores.

TABELA 6. MAIORES CONSUMIDORES DE ENERGIA HIDRELÉTRICA NO ANO


DE 2007, EM TWH

País Consumo Participação

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. . 4�9/ .•
-· , .•
..-. , ...
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; ,� Chi'1a/ '
.. 15.4'1(,
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2" 8'asil 371.S 11.9'M,

3 ünodi 3GS.2 11.7'1(,

..
-
Estados Uni·
250.8 8.ml>
dos

5" 179.0 S.7%

6' Noru- 135,3 4,3%

.,. Índia 122.4 3.9%

g< Venuuela 83.9 2.7%

g, Japão 83.6 2.7%

1Cl" Sue,.. 66.2 2.1%

.
CONSEilVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA o
TABEIA 7. PARTICIPAÇÃO DA HIDRELÉTRICA NA PRODUÇÃO TOTAL DE
ENERGIA ELÉTRICA.

Posição Part1c1�çiio

,. Non,op 911.5,i,

2' BrHil 13.211.

3 Verwiuela 72.m.

•• Canadá 58.m.

s• Suécia 43.11ft

6' Rússia 17,G,i,

7' Índia 15.3'!'

8' China 15,211,

Japão

Estados Unidos

Outros países

Atualmente. a China é o país que mais investe em energia hidrelétrica no


mundo. Os números apontam que o país detém uma capacidade hidrelétrica
instalada de 50 mil MW. Outros pontos do planeta também possuem amplas
regiões com potencial de energia hidráulica. No grupo dos países com grande
potencial de expansão do seu potencial hidrelétrico, encontra-se também a Ín­
dia, que em 2004 possuía 10 mil MW de capacidade em construção, com outros
28 mil planejados para médio e longo prazo.

••
Energia eólica
A energia eólica é aquela obtida pelo aproveitamento da energia cinética dos
ventos. Não há informações históricas precisas quanto à sua utilização, uma vez
que. desde a Antiguidade. a energia eólica é a responsável por gerar a energia
mecânica empregada no bombeamento de água. na moagem de grãos e na mo­

o
vimentação dos barcos.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


A geração de energia elétrlca por
meio dos aerogeradores se dá pelo
contato do vento com as pás do ca­
ta-vento que, ao girarem, dão ori­
gem à energia mecânica necessária
para girar o rotor do aerogerador,
gerando assim energia elétrica. Se­
gundo a ANEEL (2005), o potencial
de energia elétrica produzida se re­
laciona diretamente com a densida­
de do ar, a área coberta pela rotação
das pás do aerogerador e a velocida­
de dos ventos.
A tecnologia dos aerogeradores
tem evoluindo ao longo dos anos.
Por exemplo. no ano de 1985, eram comuns as turbinas terem 20 metros
de diâmetro, fazendo com que disponibilizassem uma potência média de
50 kW, enquanto que atualmente é comum encontrar aerogeradores cujo
diâmetro ultrapassa os 100 metros. permitindo que cada um gere 5 mil kW
de potência. Apesar de todo o avanço tecnológico que os aerogeradores
têm experimentado ao longo dos anos, a geração de energia elétrica pela
energia eólica tem como premissa condições naturais específicas, como a
intensidade dos ventos e o regime no qual eles ocorrem.
Atualmente, segundo a ANEEL (2005), não existem estudos precisos
acerca do potencial eólico do planeta. Estimativas apontam para um po­
tencial na casa dos SOO mil TWh (terawatts-hora) por ano. No entanto. de­
vido a restriiões socioambientais. apenas 10% deste total são tecnica­
mente aproveitáveis, ou 50 mil TWh, o que equivale a mais de 250% da
energia elétrica produzida no mundo no ano de 2007.
Quando se considera o potencial eólico do Brasil (Figura 1), tem-se uma
situação privilegiada. pois o regime de ventos presentes em território na­
clonai supera em duas vezes a média mundlal e possui volatilidade de ape­
nas 5%. Sendo assim, há uma imensa previsibilidade em relação à potên­
cia de energia a ser produzida.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


.... -
11.,•

ílgUra t Pot,;.odcl i"tlICü b .as!-tto. íontê IJ,f.fL ""OOS s,.81

No Brasil, as usinas eólicas podem operar como um sistema comple­


mentar ao hidrelétrico, pois as maiores velocidades dos ventos são regis­
tradas precisamente no período de e11tlDgem, permitindo assim a esto­
cagem de água. Além disso. de acordo com Amarante. Zack e Sá (2001), o
potencial de geração eólica que o Brasil apresenta é de 143 mil MW, quan­
tidade superior à potência total instalada no País de 105 mil MW, em dados
referentes ao ano de 2008.

••
Energia solar
A energia solar consiste em uma das formas mais abundantes de energia
que chegam ao planeta Terra. Estudos apontam que sua irradiação ao longo
da superfície terrestre, no período de um ano, é suficiente para atender à
demanda energética do planeta em milhares de vezes. Ao chegar no plane­
ta Terra, a energia solar o faz na forma térmica e luminosa, no entanto. ela
não aUnge a superfície terrestre de maneira uniforme, dependendo assim
de fatores como latitude, estação do ano, condições atmosféricas, umidade
relativa do ar. entre outros.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Ao entrar na atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar se manifes­
ta predominantemente na forma de luz visível, de raios infravermelhos e raios
ultravioleta. A captura desta energia pode ser feita de modo a se obter energia
térmica ou energia elétrica, sendo que o que diferencia a forma obtida é o tipo de
aparelho utilizado. Segundo um estudo da Photovoltaic Power Systems Program­
me, a participação da energia solar na matriz energética mundial é pequena. No
entanto, ela vem sofrendo um aumento considerável nos últimos anos.
Por exemplo, entre os anos de 1996 e 2006, o uso deste tipo de energia au­
mentou 2.000%, alcançando os 7,8 mil MW, o que corresponde a um pouco mais
da metade da capacidade instalada da hidrelétrica de ltalpu, que é de 14 mil MW.
O Gráfico 1 exibe o crescimento da potência instalada de células fotovoltaicas
no mundo, entre os anos de 1992 e 2007. Este aumento se deve principalmente
a países como a Alemanha, em que a energia obtida por meio de células fotovol­
taicas corresponde a 49,3% da demanda total de energia.

GRÁFICO 1. POTÊNCIA INSTALADA DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS NO MUNDO,

"°ºº
=EMMW

l.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000

1''2 1!!3 1"4 1"5 1,'6 ,,,1 1!!8 "" 1000 2001 1001 2043 10111 1005 IOll6 II01
ronte. lEA, 1019_

Quando se considera a radiação solar como fonte de energia, o Brasil é um


país privilegiado. Segundo Tiba et ai. (2000), no Brasil a incidência de radiação
solar varia entre 8 e 22 MJ (mega joules) por metro quadrado. Além disso, as
menores variações ocorrem nos meses de maio e junho. quando são registradas
variações entre 8 e 18 MJ/m2. Além disso, aponta-se que a região Nordeste possui
a incidência de radiação compatível com as melhores regiões do mundo, como,
por exemplo. a cidade de Dongola. no deserto do Sudão.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Como podemos observar na Figura 2. à medida que se afasta dallnha do
Equador e se aproxima das regiões Sul e Sudeste do Brasil, a incidência de radia­
ção solar se torna menor. o que contrasta com uma maior demanda de energia
elétrica em decorrência da maior atividade industrial.

16 .. 11 MV9'11/dMI

• 18 - 20 MYo>'ldio

• 1G - U MY1111/dü

fl&Ur• 2. Vaflól'.ac> a.1 •a<J1 �o 'iOla, oo Bra� Fonte EPE. 2007

Apesar do seu extraordinário potencial em relação à energia solar. esta


fonte de energia ainda tem uma representação inexpressiva dentro da ma­
triz energética brasileira. Dados de 2008 apontam que o país apresenta
apenas uma usina fotovoltaica instalada, situada no município de Nova
Mamoré. em Rondônia, com potência de 20,48 kW. Há expectativa de que
o número de usinas solares aumente, principalmente na zona rural, como
um fator de Integração de projetos de universalização do acesso à energia
elétrica, focados em comunidades mais pobres e a grandes distâncias das
redes de distribuição.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


••
Biomassa
A biomassa consiste em um dos recursos energéticos mais antigos que a
humanidade tem à sua disposição, por ser composta principalmente da ma­
téria orgânica presente nos organismos animais e vegetais de uma comuni­
dade. Apesar de ser uma fonte de energia cujo emprego remonta ao passado
da civilização humana. a biomassa ainda continua sendo a principal fonte de
energia primária para uma parcela significativa da população.
Segundo Chu e Goldemberg (2010), aproximadamente 10% do consumo
global de energia primária vem da biomassa. Além disso. estimativas Indicam
que um terço da população mundial satisfaz suas necessidades energéticas
domiciliares com o uso da lenha e de resíduos agrícolas. Considerada como
um recurso renovável, desde que suas fontes de matéria-prima sejam geridas
de forma sustentável. além de ter baixa emissão de carbono. o aproveitamen­
to da biomassa tem sido feito predominantemente por melo da combustão
em fornos e caldeiras, contudo. tais técnicas trazem como desvantagem a
baixa eficiência energética.
A fim de aumentar a eficiência energética do emprego da biomassa pelos mé­
todos tradicionais e reduzir seus Impactos socloambientals. inúmeros processos e
tecnologias de conversão mais eficientes têm sido desenvolvidos. Segundo Winck
(2012), técnicas como a gaseificação. a pirolise e a cogeração têm sido amplamente
estudadas para a produção de energia a partir da biomassa. O uso moderno da
biomassa como fonte de energia tem se concentrado principalmente na produção
de biocombustíveis, pois, devido às suas características, esta tem sido vista como
uma alternativa na diversificação da matriz energética mundial e. consequente­
mente. na diminuição da dependência dos combustíveis fósseis.
No Brasil, o produto de maior êxito comercial obtido a partir da biomas­
sa é o etanol. que corresponde a aproximadamente 40% da demanda de
combustíveis dos automóveis (CHU; GOLDEMBERG, 2010). Em outros países,
como os Estados Unidos, a produção de etanol em escala comercial tem sido
feita a partir do milho. contando com fortes subsíd os governamentais. Esses
subsídios se devem ao fato de o país recentemente ter aprovado um decreto
federal para promover a produção de combustíveis renováveis, como uma
alternativa aos derivados de petróleo.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


CONTEXTUALIZANDO
No Brasil dos anos 1980, o governo militar lncentiVou fortemente a subs­
tiruição de prodtnos derivados do petróleo, até então escassos e de
elevado custo, por uma alternativa naclonat Nesse sentido, a indústria
nacional buscou no etanol uma fonte de matéria-prima para a substiruição
de alguns dos produtos derivados do petróleo. Desse modo, empresas
de grande porte foram responsáveis pelo desenvolvimento do acetato de
etila, o ácido acético, o anidrido acético, o btnanol, entre outros subprodu­
tos (RODRIGUES, 2011).

O potencial comercial do etanol se deve, principalmente, ao aumento


da demanda deste tipo de combustível, em decorrência dos automóveis
flex fui/, que fizeram com que o consumo de etanol mais que dobrasse ao
longo dos últimos anos, superando a marca dos 60 milhões de litros em
2007 (Gráfico 2).

GRÁFICO 2. POTÊNCIA INSTALADA DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS NO MUNDO,


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f.onti:. ,',NEfl. ?OOS

Até este ponto. foi apresentada a grande aceitação que o


etanol vem tendo ao longo dos últimos anos como uma al­
ternativa aos combustíveis fósseis e principal fonte ener­
gética obtida da biomassa. No entanto, pouco foi dito
sobre seu processo produtivo. Nesse sentido, a fim de
Ilustrar os processos envolvidos na produção do etanol a
partir da cana-de-açúcar, utilizamos aqui o Diagrama 2. que

o
detalha todo este processo.

CONSE;tVAÇÀO E EFICIENCIA ENEROITICA


DIAGRAMA 2. OBTENÇÃO DO ETANOL A PARTIR DA CANA-DE-AÇÚCAR

CrbtMu.açlo 110,gtm

.-,....
-,l----'iL:�-..
;;.. ;-i�-"l'--1 =d• � .�:'. O.�ftu\lo .•
"""'Iª
�--� O.SUll(Jo
Mtlaço 1-- ftrmtfllj\lo V
Ãlcool

llldrar.do

1. Addo iulúrko

c.i.,...
Oeslill
Aatibiórkos 2. (Mlrif'l>\I<>
Aleól,
3.

levedwa Ãlcool
anidro

fonh1ACDJltGI f!i /011.p 1241.

Desse modo, uma pergunta que pode surgir naturalmente é: quanto uma
tonelada de biomassa de cana-de-açúcar produziria de etanol? Para cada to­
nelada de cana-de-açúcar processada em uma usina. são produzidos 57 kg de
açúcar. 50,6 1 de etanol e 140 kg de bagaços secos.

ASSISTA
Os processos que envolvem a obtenção do açúcar e do
etanol a panir da cana-de-açúcar são complexos. Assim,
o vídeo explicativo "A transformação da cana em açúcar,
álcool e energia elétrica·. p osrado pelo cara! 1V Cidade
Verde, no YouTube, mostra o processo de obtenção do
açúcar e do etanol em uma típica usina de cana.

O Aspectos econômicos
A energia é um componente fundamental para o desenvolvimento de
••
um país, sendo o consumo per capita de energia um dos indicadores que
podem ser utilizados para determinar os problemas de uma população.

CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Atualmente, os países em desenvolvimento concentram aproximadamen­
te 7091 da população mundial e, segundo Goldemberg (1998), eles se carac­
terizam por possuir uma expectativa de vida aproximadamente 30% menor
do que nos países de economia desenvolvida, taKas de analfabetismo su­
periores a 20%, além de ser comum o número médio de filhos por casal ser
superior a dois, o que aponta para uma população em crescimento.
Além desses indicadores, os países em desenvolvimen­
to apresentam consumo de energia comercial per capita
abaixo de uma tonelada equivalente de petróleo (TEP)
por ano. Desse modo, é fundamental que os países em
desenvolvimento ultrapassem a barreira de 1
TEP/capita anual, pois à medida que o consu-
mo de energia ultrapassa valores acima de
2 TEP/capita anual, as condições socias me-
lhoram slgnlfícatlvamente. Podemos apontar
como exemplo a União Europeia, que apresenta
1 TEP/capita anual de 3.22, enquanto que a média mun-
dial é de 1.66 TEP/capita anual e, no Brasil, temos um índice
anual de 1.3 TEP por habitante.


Politicas e investimentos no setor energético
A fim de compreender a situação atual do Brasil no setor energético, faz-se
necessário retornar aos anos 1940 e 1950, momento em que o país contava
com 41 milhões de pessoas e, desse total, 69% encontrava-se morando no
campo, sendo o consumo anual de energia primária aproximadamente 15
milhões de TEP, o que resulta em um TEP/per capita anual de 0,36 (TOLMAS·
QUIM; GUERREIRO; GORINI, 2007).
O indicador de consumo de energia comercial apresentaria relativa me­
lhora no ano de 1970, ano em que o País contava com aproximadamente 93
milhões de habitantes e o consumo atingia os 70 milhões de TEP, fornecendo
uma relação de 0,76 TEP/per capita anual. Portanto, em relação aos anos de
1950, o Brasil praticamente dobrou seu consumo de energia comercial por

o
pessoa.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


Já no ano 2000. a população brasileira atingia a casa dos 170 milhões de
habitantes, enquanto que o consumo de energia comercial chegava aos 190
milhões de TEP. o que leva a uma relação per capita de 1,118 TEP. Seguindo
essa progressão, o Gráfico 3 mostra a projeção da demanda energética per
capita do Brasil para os anos de 2020 e 2030.

GRÁFICO 3. ESTIMATIVAS DA DEMANDA DE ENERGIA

Pop,lação (10, hab) ttp/hab

�- ------------------ 2,5

200 ----------------­
... 2,0

150 ------ 1,5

100 �
-� �----� ------------1�

so-i-------�----------�---�o.5
1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030
Populaç&l
-+-- Demanda total de energia Pff capita
Fonte. TO. M"5Qll1P.I, GUíRRflPO, GOF' t</1, 1007. p.51.

Coosiderando os dados do consumo comercial de energia referente aos


anos 1950 e 2020, observa-se um crescimento de aproximadamente três vezes.
No entanto. o TEP/per capita anual do Brasil ainda continua significativamen­
te menor do que aquele observado na União Europeia. Segundo Tolmasqulm.
Guerreiro e Gorini (2007), o crescimento da renda nacional, unida à sua me­
lhor distribuição. é um fator que contribui para a melhoria deste indicador.
De acordo com o Gráfico 3, a estimativa do consumo de energia primária
para o Brasil, para o ano de 2030, é de 560 milhões de TEP para uma projeção
de 238 milhões de habitantes. o que resultaria em uma demanda per capita
de 2.345 TEP. Segundo os autores. esse nível de consumo energético colocaria
o Brasil atrás de países como Portugal, Grécia, Hungria, Hong-Kong (China) ou
África do Sul, onde é registrado um consumo na faixa de 2.400 a 2,800 TEP

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


per capita. Além disso. se tais estimativas se concretizarem, o Brasil atingirá
o mesmo consumo de venezuelanos e malaios. respectivamente com 2,150 e
2,280 TEP/habitante.
Assim, para que o Brasil atinja os 3,22 TEP/capita anual da União Europeia,
é necessário que o país aumente seu consumo de energia comercial em apro­
ximadamente 70%. Nesse sentido. uma pergunta natural seria se o país pos­
sui reservas energéticas suficientes para sustentar esse aumento. De acordo
com Goldemberg (1998), no Brasil. 61% da energia utilizada é de origem reno­
vável, logo. são produzidas localmente. A hidroeletricidade responde por 37%
desta energia e a cana-de-açúcar e o álcool por mais 11%. ficando outros 13%
com a lenha e os 39% restantes ficando por conta do petróleo e seus derivados.
Considerando esse cenário, e a fim de atingir os mesmos níveis de consu­
mo energético da União Europeia, passa a ser importante para o País, então,
que a contribuição referente às energias renováveis seja capaz de se manter
e até mesmo se ampliar, que a produção de petróleo e gás natural cresça a
fim de atender à crescente demanda, ou que o país dependa significativa­
mente da importação de petróleo refinado e gás natural. Portanto, a questão
fundamental se torna quais reservas energéticas estão disponíveis e quanto
tempo elas podem durar.
Ao considerarmos os principais recursos energéticos que compõem a
disponibilidade interna, as estimativas de investimento no setor energéti­
co. para a expansão da matriz energética no per'odo 2005 a 2030, devem
ultrapassar os 800 bilhões de dólare.s, dos quais 80% estarão concentrados
nos setores de energia elétrica a petróleo. A Tabela 8 mostra as previsões
de investimentos. em bilhões de dólares, que devem ser feitos a fim de se
atingir as estimativas de consumo energético para o ano de 2030. Em termos
médios, os investimentos no setor energético devem consumir aproximada­
mente USS 32,3 bilhões. o que representaria aproximadamente 2,2% do PIB.
Para Goldemberg (1998). tais investimentos no setor energético devem ser
precedidos por estudos e planejamentos de médio e longo prazo, tendo como
base um diagnóstico do quadro econômico e energético nacional e Interna­
cional. de modo a se identificar tendências e elementos que orientem as polí­
ticas públicas, assegurando a disponibilidade técnica adequada. a universali­
zação do acesso à energia e seu uso eficiente e a sustentabilidade ambiental.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


TABELA 8. DISTRIBUIÇÃO DOS INVESTIMENTOS NO SETOR ENERGÉTICO

S
etores I Investimento toLltl Média (US Anual(%)
(US bilhÕes) bilhões)

Petróleo e derivados .. '

Elatnddade 286,0 1 11.� 3S.O

Total 806.0 , 32.2 100.0


'
'

fonto, T0.\11"5QUIM, C.lJf''SlIIPO. GOF't.Jl, ,007 p 68,

De acordo com Tolmasquim. Guerreiro e Gorini (2007), a recente preocu­


pação com os impactos ambientais da produção e do uso da energia, especi­
ficamente aquelas que são fontes de emissão de gases de efeito estufa, traz à
tona a necessidade de regulamentação e de políticas que tenham como ob·
jetivo assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento econômico. exigindo
assim planejamento e ação governamental.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


Sintetizando •
Nesta unidade, apresentamos e discutimos a importância da energia para
a sociedade, bem como seu desenvolvimento. Além disso, também explora­
mos as principais fontes de energia renováveis e não renováveis, e a relação
econômica entre energia e sociedade. A fim de abordar cada um desses temas.
a unidade foi dividida em três tópicos. O primeiro deles se dedicou a uma con­
textualização histórica, desde os primórdios, quando o ser humano passou a
utilizar o fogo para aquecer os alimentos, até o domínio da energia térmica na
construção da máquina a vapor.
Neste primeiro tópico, é dado ênfase ao trabalho de James Watt e a cons­
trução de sua máquina a vapor, que foi o motor da Primeira Revolução Indus­
trial, alterando de modo significativo a forma que a sociedade se organiza. Em
seguida, foram abordadas questões sobre a energia no Brasil, dando destaque
à criação da Petrobras, que viabilizou a exploração do petróleo nacional, en­
quanto a Usina Hidrelétrica de ltaipu foi um marco da eletricidade no Brasil.
No segundo tópico, abordamos o tema de fontes de energia renovável e não
renovável. explorando o uso destas diferentes fontes de energia no cenário
mundial e brasileiro. Desse modo. destacamos o potencial das fontes renováveis
no Brasil, ressaltando que. apesar de abundantes. elas ainda são subutilizadas.
enquanto o País se destaca pela produção e exportação de petróleo bruto e a
importação de seus derivados e refinados, como óleo diesel e gasolina.
Por fim, no terceiro tópico, estudamos a relação entre o consumo energéti­
co e o nível de desenvolvimento de um pais, sendo o primeiro uma das formas
de se avaliar o segundo. Além disso, foi mostrado que os países pertencentes à
União Europeia apresentam um consumo de energia per capita multo superior
aos países em desenvolvimento. Assim, apresentamos estudos que apontam
que o Brasil. no ano de 2030, apresentará o mesmo consumo energético que
países como a Venezuela e a África do Sul, o que deixa nítido nosso baixo índice
de desenvolvimento atual.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


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CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


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CONSUVAÇÀO E mc,tNCIA ENERGÉTICA -


UNIDADE

ser
educacronal
Tópicos de estudo
• Eficiência energética Análise dos dados
Importância da eficiência ener­ Viabilidade econômica
gé,ica e suas políticas
Consumo e oferta de energia • Tecnologias de racionalização
no Brasil de energia elétrica
Intensidade energética A dinâmica inovadora no setor
Eficiência energética global elétrico
brasileira Cenáno internacional
Cenário no Brasil
• Diagnósticos energéticos
Desenvolvendo o diagnóstico
energético
Visita ás instalações
Levantamento de dados
Vistoria dos ambientes

CONSBVAÇÃO E EFICl�NCIA ENEROtTICA o


••
Q Eficiência energética
A energia elétrica está presente em praticamente todas as atividades hu­
manas da atualidade, desde aplicações simples, como a iluminação de um am­
biente de trabalho, passando por aplicações de complexidade intermediárias.
como o processamento de dados em um servidor. até chegar em aplicações de
alta complexidade, como aquelas envolvendo meios de diagnósticos médicos.
Assim. a energia elétrica é indispensável ao sistema produtivo
e exige reflexões sobre os níveis de consumo deste tipo de ener­
gia. pois o desenvolvimento de uma sociedade requer a exis­
tência de grandes e complexas cadeias produtivas industriais.
Uma vez que a energia elétrica está presente em quase
todas as atividades industriais e de prestação de serviços, ela
passa a fazer parte da composição do preço final dos produtos ou serviços
oferecidos. Nesse sentido. seu uso eficiente se torna relevante. pois traz
vantagens competitivas ao se diminuir os custos de produção, além de re­
duzir os impactos ambientais referentes à sua própria produção. Segundo
Biz (2015), a redução do consumo de energia para o uso mais eficiente pro­
porciona à Indústria mais competitividade e produtividade. além de maior
disponibilidade de energia e redução de impactos ambientais.
Os estudos realizados pela EPE (2019) apontam que. no Brasil, anualmente.
são desperdiçados 10% de toda a energia elétrica produzida. Para efeito de
comparação. essa quantidade de energia elétrica seria suficiente para alimen-
tar os estados do Rio de Janeiro e do Ceará. ou seria possível suprir o aumen­
to de demanda nacional de energia elétrica por aproximadamente dois anos.
Nesse sentido. a conservação de energia. quando vista como um conceito so­
cioeconómico. está apoiada em dois pilares: o do uso final e o da oferta. assim,
requer mudanças de hábitos e de padrões de eficiência energética.

••
Importância da eficiência energética e suas politicas
As boas práticas em eficiência energética consistem em uma das diver-
sas estratégias que têm como objetivo atender a demanda energética. Um
dos princípios básicos que buscam a eficiência consiste em realizar uma maior

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


quantidade de serviços/trabalho com uma mesma quantidade de energia, re­
sultando em ganhos de competitividade e benefícios para toda sociedade.
Segundo a EPE (2019) a eficiência energética também representa um impor­
tante vetor no atendimento à futura demanda de energia. Assim, diferentes ins­
tituições nacionais e internacionais vêm realizando irúmeros estudos que apon­
tam que as sociedades não podem dispensar a eficiência energética de modo a
atender a demanda de energia.
Além da necessidade indispensável do aumento contínuo da eficiência ener­
gética, as boas práticas levam a inúmeros benefícios. tais como assegurar a se­
gurança energética e promover uma maior competitividade e produtividade dos
setores produtivos etc.
O aproveitamento das oportunidades de aumento da eficiência energética,
para a EPE (2019), se ampara em dois pilares: nos agentes envolvidos - governo,
setor privado, instituições financeiras, sociedade civil em geral - e na visão deta­
lhada das fontes energéticas.

!ASSISTA
Veja os conceitos lundamenrais sobre eficiência energética.

O Brasil conta com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), instituição vin­


culada ao Ministério de Minas e Energia (MME), que tem como objetivo reali­
zar estudos e pesquisas para subsidiar o planejamento do setor energético. A
EPE também é responsável por promover ações que visam disseminar as boas
práticas em eficiência energética, promovendo Inúmeras ações estruturadas,
entre elas:
• Desenvolvimento de estratégias e ações que tenham como objetivo incen­
tivar o aumento da eficiência energética no Brasil;
• Construir bancos de dados que contenham informações que identifiquem
potenciais de eficiência energética, assim como os custos associados a eles;
• Monitorar a evolução de Indicadores de eficiência energética em diferen­
tes setores, retroalimentando as análises de impacto das políticas direcionadas
à eficiência energética.

CONSE'IVAÇÀO E EFICltNCIA ENEROITICA -


Além das atividades elencadas, a EPE também tem papel fundamental na
condução do Plano Decenal de Eficiência Energética. Para compreender o pla­
no é necessário voltar ao ano de 1984, quando iniciaram os programas gover­
namentais brasileiros cujo objetivo era quantificar a eficiência energética.
O Programa Brasileiro de Etiquetagem foi criado em 1984 pelo Instituto
Nacional de Metrologia (lnmetro). órgão regulador deste programa. O Conpet
(Programa Nacional da Racionalização do uso dos Derivados de Petróleo e do
Gás Natural) atua em parceria com o lnmetro na execução do programa de
etiquetagem dos equipamentos que consomem combustíveis.
Ao conceber o programa de etiquetagem, o lnmetro traçou como objetivo a
criação de um mecanismo capaz de Informar o consumidor sobre a eficiência
energética do produto a ser comprado ou de exibir um comparativo deste pro­
duto com outros modelos semelhantes, e, deste modo. educar o consumidor
na escolha de produtos de maior eficiência energética.
A fim de atingir seu objetivo. o programa faz uso de uma etiqueta (Figura 1)
que classifica os produtos mais eficientes com a letra "A". até os menos eficien­
tes com a letra ·e·.

-·­
Energia rm1r1e.,
·--
-- _._, ...,. __
-·- �•...=*'••....,..
·-------,
"'""''*""·�

--
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,'1...;;;µ===11,>ro ----.......
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_.....,.. _ ..
' PROCE.L ...=";:':,._
_,,....••-,.,. ..... ,-�u •.,u.•Mw-uu

CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Inicialmente, o programa previa a adesão voluntária dos diversos fabrican­
tes de equipamentos. Duas importantes empresas estatais aderiam ao pro­
grama do lnmetro, dando maior visibilidade ao projeto: a Eletrobras, através
do seu Programa de Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e a
Petrobras, por meio de seu Programa Nacional da Racionalização do Uso dos
Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet).
Se inicialmente a adesão dos fabricantes ao programa de etiquetagem era
voluntária, a partir do ano de 2001, por intermédio da Lei de Eficiência Energéti­
ca(10.295/2001), a etiquetagem passou a ser compulsória, cabendo ao lnmetro
a responsabilidade de implementação da fel e de estabelecer programas de
avaliação de desempenho energético. Além das atribuições dadas ao lnmetro.
a lei instituiu o Comitê Gestor de indicadores de Eficiência Energética (CGIEE],
que possui dentre inúmeras atribuições a de estabelecer programas de metas
de eficiência para equipamentos.
A adoção dessas medidas tem surtido efeitos e. segundo a EPE (2019), as
ações do Procel tiveram como resultado uma economia de 23 TWh, quantidade
equivalente a 4,78% de toda energia que o Brasil consumiu no ano de 2018 .

••
Consumo e oferta de energia no Brasil
De acordo com a IEA (2019), no ano de 2018 o mundo apresentou um au­
mento de 2,3% em sua demanda energética, sendo o maior crescimento regis­
trado na última década. Desta demanda energética, 45% foi devido ao aumen­
to do consumo de gás natural em paises como China e Estados Unidos e, como
consequência, as emissões de co, aumentaram 1.7% no mundo, atingindo seu
máximo histórico, alcançando 33,1 Gt de co,.
Da mesma forma que as emissões de co, aumentaram, a oferta de energia
elétrica obtida a partir de fontes renováveis também apresentou um significa­
tivo crescimento, sendo liderada pela geração de energia solar por meio das
células fotovoltaicas. Segundo a IEA (2019), esse crescimento foi maior que a
demanda, assim, quando se considera a eficiência energética, fontes renová­
veis ainda precisam de um forte Impulso.
A demanda energética de um país, e consequentemente a demanda global
de energia, se relaciona de forma direta com sua atividade econômica. Nes-

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


se sentido, é necessário realizar um levantamento histórico do crescimento
econômico e do crescimento da demanda de energia interna a fim de se com­
preender a correlação entre eles.
De modo a exemplificar correlação entre crescimento econômico e consu­
mo energético, iremos considerar a evolução do produto interno bruto (PIB) do
Brasil. mostrada no Gráfico 1.

1!1
___
..------
GRÁFICO 1. PIB E OFERTA INTERNA DE ENERGIA DE 2000 A 2018

.s 161 152

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10
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lial lial lial lial
-PIB - Oferta interna de energia
fonte íPI, 2019 p. 17.

Corno é possível observar no Gráfico 1, entre os anos de 2001 e 2018 o PIB


cresceu com uma taxa média de 2,396 ao ano, acumulando nesse período um
aumento de 50%. Comparativamente, a curva da oferta interna de energia
também cresceu em um ritmo próximo ao da economia, mostrando uma forte
correlação entre os dois indicadores.
Ao refinar a análise anterior considerando um intervalo de tempo menor,
é passivei verificar novamente a mesma correlação já observada entre o PIB e
demanda energética. Para isso, considere o intervalo de tempo entre os anos
de 2001 e 2009, quando o PIB cresceu a uma taxa média de 3,396, enquanto a
oferta interna de energia apresentou um crescimento de apenas 2,896, portan­
to, abaixo da média do PIB.

CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


Essa discrepância entre os ritmos do crescimento do PIB e do consumo energ�
tico está relacionada à redução abrupta do consumo de energia elétrica por conta
do racionamento ocorrido em 2011. Além disso, nesse mesmo ano. foi publicada a
Lei de Eficiência Energética. que definia os mínimos de eficiência energética para
equipamentos.Já ao considerarmos o período compreendido entre os anos 2010 e
2013. observamos que há um acentuado crescimento da oferta Interna de energia.
A EPE (2019) pontua que o forte aumento da oferta de energia interna se
deve ao aumento na renda média da população e da redução da desigualdade
social resultantes de políticas sociais implementadas nos anos anteriores ao
período observado. Associados aos fatores apresentados. neste mesmo perío­
do ou\.'e uma significativa ampliação de acesso ao crédito, o que contribuiu com
a aceleração do consumo de eletrodomésticos e a motorização da população.
O resultado desse conjunto de ações políticas resultou no crescimento
anual médio de 5,1% do consumo energético. enquanto neste mesmo período
o PIB apresentou urna t.ixa de crescimento aproximada de 4.1%. Entre os anos
de 2010 e 2011, no âmbito da Lei de Eficiência Energética, diversos equipamen­
tos foram regulamentados e o programa de metas foi estabelecido.
Considerando os últimos cinco anos, é fácil observar um descolamento
entre as curvas do produto Interno bruto e da oferta Interna de energia.
Segundo a EPE (2019). este comportamento apresentado pelo gráfico re­
presenta um aumento da intensidade energética provocado pela amplia­
ção de setores energointensivos no setor industrial. combinado com uma
retração econômica.

••
Intensidade energética
A intensidade energética é definida como a relação entre a energia final ofer­
tada e/ou consumida e o PIB. De acordo com a EPE (2019). este indicador é ma­
tematicamente descrito por um quociente e pode ser calculado de duas formas.
No primeiro modo é calculado o quociente entre a oferta interna de ener­
gia (OIE) e o PIB. resultando na intensidade energética primária (IEP). repre­
sentada matematicamente como:
O/E = O/irra tnr,rna dt En,rgia
IEP = PIB
Produto Interno Bruto

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


De acordo com a equação do IEP. o cálculo da Intensidade energética primá­
ria é realizado considerando-se a oferta interna de energia, sendo este compo­
nente resultante de toda a energia disponibilizada para consumo e transforma­
ção no pais. Além disso, as perdas relacionadas à transformação, distribuição
e armazenagem, que compõem a oferta interna de energia, incorporam toda a
demanda de energia de um país.
O outro modo considerado é o quociente entre o consumo energético final
(CEF) e o produto interno bruto, resultando na intensidade final (IF), matemati­
camerte descrito por:
EF _ Consumo Energético Final
IF _- CPIB - Produto Interno Bruro

A fim de ilustrar os conceitos aqui apresentados, considere as informações


mostradas no Gráfico 2, onde tem-se a evolução das intensidades energéticas
considerando a oferta interna e o consumo final entre os anos de 2000 e 2018.

GRÁFICO 2. EVOLUÇÃO DA INTENSIDADE ENERGÉTICA NO BRASIL ENTRE 2000 E 2018

ltp/10'USppp2010

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0,097 0,096 ................_,


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Intensidade energética
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fonte. u-·1. 2019, p. 22.

De acordo com a EPE (2019), no período compreendido entre os anos de


2000 e 2008, a intensidade energética primária, ou seja, aquela que se conside­
ra em sua base de cálculo a oferta interna de energia e o produto interno bruto,
mante'le-se estável em torno de 0,097 tep/10'USppp. Por outro lado, o cálculo
da Intensidade final, ou seja, aquela em que se considera o consumo energético
final e o produto interno bruto, se estabilizou em valores aproximados de 0,087
tep/101 USppp.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
No ano seguinte, em 2009, o mundo passava por uma de suas maiores cri­
ses econômicas. Ainda assim, segundo a EPE (2019), o impacto da crise sobre o
PIB brasileiro foi modesto, causando uma retração de -0,1%. O setor que mais
sentiu os efeitos da crise foi o industrial, especialmente a área metalúrgica, que
abarca os energointensivos, tais como siderurgia, ferroligas e alumínio.
Considerado o período que compreende os anos de 201 O e 2013, é fácil observar
no Gráfico 2 que as intensidades energéticas primária e final apresentaram. respec­
tivamente, uma taxa de crescimento de aproximadamente 1.0 'ló e 0,1%, como ob­
serva a EPE (2019). o comportamento apresentado por estas curvas é em decorrên­
cia da oferta interna de energia (OIE) acima do crescimento apresentado pelo PIB.
Por último, ao ser considerado o período entre 2014 e 2018, é possível ob·
servar que a intensidade energética primária obteve uma taxa de crescimento
anual de 0.4%. Nesta época, a economia brasileira passava por uma recessão
com uma queda de 0,9% ao ano. No entanto, segundo a EPE (2019), a intensidade
energética final apresentou um ritmo de crescimento em torno de 0.6%, de for­
ma que a tendência de crescimento apresentada pelas intensidades energéticas
está associada ao crescimento apresentado pela produção de energointensivos
de baixo valor, quando comparado aos demais produtos manufaturados.

••
Eficiência energética global brasileira
Um dos fatores que indicam o nível de crescimento de uma sociedade consiste na
quantidade de energia que ela consome. Dessa maneira, construir mecanismos que
permitem aumentar cada vez mais a produção de energia deve estar entre as políti­
cas de desenvolvendo econômico de um país. Porém. este não deve ser o único pon­
to a ser observado, pois uma maior preocupação com o melo ambiente vem ganhan­
do cada vez mais espaço. Assim. é necessário também ter planos que tenham como
objetivo aumentar a efKiência energética visando amenizar o impacto ambiental.
Conforme apresentado, o Procel consistiu em uma das primeiras tentativas
do Brasil em promover o uso racional da eletricidade, combatendo o desperdí­
cio tanto no lado da produção quando no consumo, otimizando a produção de
energia e seu uso racional.
Segundo Menkes (2004), as estimativas mostram que pelo lado da geração
e da distribuição ocorre uma perda de aproximadamente 16% da energia. Des-

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


te percentual, 30% corresponde a perdas associadas à transmissão e os outros
70% estão relacionadas à distribuição.
Após a produção e a distribuição da energia elétrica disponível para o con­
sumidor final, 28% é consumida pelo setor residencial e 15% pelo comercial.Já o
setor industrial é responsável pelo consumo de 43% da energia disponível e para
cada um destes setores estima-se que exista uma perda média de 15%.
A obra de Menkes (2004) nos auxilia a ter um mai0< entendimento acerca do Pro­
cel e drlide o programa em cinco etapas. Durante a primeira fase do Procel, entre os
anos de 1986 e 1991, as ações adotadas tinham como objetivo o convencimento e a
orientação da sociedade em relação às questões da efetividade das ações de con­
servação. Foram realizados inúmeros estudos cujo objetivo era compreender o uso
da ene•gia pelos consumidores finais, além do desenvolvimento de pesquisas que
buscavam melhorar os índices de eficiência dos equipamentos elétricos.
A segunda fase se estendeu entre os anos de 1991 até 1994 e o Procel, por força
de lei, se tornou um programa federal. No entanto, como observa Menkes (2004).
este período foi marcado pelas reformas administrativas realizadas durante o go­
verno Collor, levando à paralisação dos projetos que já estavam em andamento.
Nesse período, foi criado o Programas de Conservação de Energia nas Concessio­
nárias, no qual a Eletrobras financiava ações relacionadas à conservação de energia.
A terceira etapa do Procel aconteceu entre 1995 e 1998 com a sua reativação
e a reestruturação, que adquiriu uma importância relevante no setor elétrico e,
em 1998, ocorreu a privatização das empresas do setor elétrico. Institucional­
mente, foi construída uma rede de eficiência energética composta por inúmeras
instituições governamentais e não governamentais, empresas privadas, empre­
sas de consultoria e instituições de pesquisa e desemolvimento.
A quarta etapa do programa aconteceu entre 1999 e 2000. Com sua privatiza­
ção das empresas do setor elétrico. o tema da conservação energética tomou um
caminho diferente daquele que até então vinha sendo percorrido. Tal alteração
se deve às profundas mudanças organizacionais que ocasionou a saída de vários
dirigentes e técnicos que vinham definindo e implementando as atividades do
Procel. desmontando toda a estrutura criada até então. refletindo no andamen­
to da maioria dos projetos e fazendo o programa perder seu protagonismo.
A quinta fase se iniciou em 2001 e trouxe com ela mais um desmonte das
atividades que vinham sendo desenvolvidas pelo Procel, consequência das pri-

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
vatlzações e da reestruturação organizacional do programa que levou à perda de
pessoal da equipe e, principalmente, à mudança de sua coordenação.
No entanto, em decorrência da crise energética de 2001, ocorreu uma rever­
são do quadro que vinha sendo aplicado, transformando o Procel em progra­
ma prioritário para o governo e para a sociedade. Desta forma, o Procel ganhou
novo fôlego, retomando suas atividades e desenvolvendo novos trabalhos.
O programa contou com aportes econômicos de aproximadamente USS 43.4
milhões provenientes do Banco Mundial e cerca de US$ 15 milhões do Global
Environment Facility (GEF). Esses recursos tiveram importância significativa na
reabilitação das ações do programa.
O Procel é apenas uma dentre outras inciativas que visam aumentar a efi­
ciência energética, e podemos questionar o quanto a eficiência do país melho­
rou com as medias que foram tomadas e com as que vêm sendo adotadas. A
resposta a esta pergunta é dada pela EPE (2019) que mensura esta evolução
através do índice ODEX. responsável por medir o progresso da eficiência ener­
gética. Para isso. este indicador considera a variação do consumo e pondera
sua relação com o peso do consumo.
o Gráfico 3 exibe os resultado do indicador ODEX para a economia brasileira
tendo como base o ano de 2005 e abrange os setores Industriais, residencial. de
transportes, energéticos. serviços e agropecuária.

=
GRÁFICO 3. EVOLUÇÃO DO ÍNDICE ODEX NO BRASIL

105
100
95
-"
g 90
93
86
8 85
82
"
N
80
79
,.!: 75 -lndúsClla
--Transportes
70
-- Residendal
65 --ODEXBrasil
60
200S 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2011 2014 2015 2016 2017 2018
fonte. rr1, ;,o•-a p >l.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


Como podemos observar na imagem, todos os setores estudados apresenta­
ram melhora em seus índices de eficiência energética. com os setores residencial
e de transportes sendo os mais eficientes. O índice apurado em 2018 mostra que
o país ficou 14% mais eficiente quando comparado com o ano de 2005, portanto,
as iniciativas tomadas. apesar de todos os percalços, vêm surtindo efeito.

O Diagnósticos energéticos
Dentre os inúmeros custos que uma determinada empresa possui, seja ela
••
pertencente ao setor Industrial ou comercial, a energia elétrica estará presente
em todas as etapas de um sistema produtivo e cada vez mais vem adquirindo
significativa importância, pois seu custo indispensavelmente está associado ao
preço final de um produto. Deste modo, o uso eficiente deste recurso implica
em uma maior vantagem competitiva, além de se relacionar às questões de
sustentabilldade ambiental.
Nesse sentido, torna-se indispensável o papel assumido pelo responsável téc­
nico em gestão de energia. cuja funçâo é aprimorar as instalações industriais, os
sistemas e os equipamentos. A fim de cumprir com estes objetivos, o responsável
técnico precisa ser capaz de avaliar a quantidade de energia necessária para o
atendimento das necessidades atuais e futuras da empresa. Além dis.so, o profis­
sional precisa saber negociar e contratar os serviços de energia no mercado.

EXPLICANDO
De acordo com Santos e colaboradores (2007), a compra de energia pode
ocorrer em um ambiente de contratação regulado, também conhecido
como consumidor cativo, ou em um ambiente de contratação livre, chama­
do de consumidor livre.

Para além das questões apresentadas, a gestão e a otimização energética


envolvem uma rotina permanente de avaliação da matriz energética emprega­
da a fim de estabelecer estratégias de curto, médio e longo prazos referentes
aos montantes de energia a serem adquiridos ou autoproduzldos.
No entanto, para a realização de quaisquer atividades relacionadas à gestão
energética, é necessário conhecer e diagnosticar a realidade atual vivida pela

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.

ao,0e.20 1 e:11
empresa para estabelecer prioridades e Implementar os projetos de melhoria
e diminuição das perdas. de modo a ter um processo contínuo de melhoria.
De acordo com Santos e colaboradores (2007), na gestão de uma instalação,
seja ela comercial ou industrial, devem ser abordas as seguintes medidas:
• O responsável técnico deve conhecer as informações que se relacionam
aos flu�os de energia, assim como as ações que os Influenciam. seus processos
e atividades que utilizam energia. relacionando-as com o produto ou serviço:
• Deve ser realizado o acompanhamento dos índices de controle (especial­
mente os de consumo de energia), dos custos específicos e dos valores médios
contratados. faturados e registrados;
• O responsável técnico deve atuar nos índices levantados com o objetivo
de reduzir o consumo energético por meio da implementação de ações que
busquem a utilização racional de energia.
O uso racional de energia não é resultado apenas da realização das avalia­
ções feitas Isoladamente. Este é apenas o primeiro passo de todo um trabalho
posterior de acompanhamento de metas dentro de um programa de gestão
energética. Desta forma, as auditorias energéticas assumem um importante
papel na obtenção de informações requeridas para a formulação e monitora­
mento do programa de redução de desperdício de energia a ser desenvolvido.
Os elementos fundamentais para uma abordagem da realização de um
diagnóstico energético são apresentados pelo Diagrama,.

=
DIAGRAMA 1. ETAPAS DE UM DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

......... flEapS

... a1

__,..._ ..
ar,, .. ,... ........

-
SE 7• •
fonte. ,.fOCiUf RA. l006. p 137. I.A.dd 4.;IO),

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


Nos tópicos a seguir, para o desenvolvimento de um roteiro de diagnós­
tico energético teremos como referência os trabalhos de Nogueira (2006) e
Silva Júnior (2005).


Desenvolvendo o diagnóstico energético
Segundo SilvaJúnior (2005), diagnóstico energético é todo o processo investiga­
tivo e de implementação de ideias de combate ao desperdício de energia elétrica
dentro de uma determinada instalação, seja ela industrial, comercial ou residencial.
Um diagnóstico energético deve ser capaz de Identificar as possíveis opor­
tunidades relacionadas às perdas. desenvolver alternativas, Implementar solu­
ções que visem reduzir o consumo e, se possível, deslocar a operação para um
horário que seja mais adequado dentro do modelo tarifário.


Visita às instalações
i
O pr meiro passo na produção de um diagnóstico energético é a visita às insta­
lações, e neste momento, o objetivo fundamental é ter urna visão integral do am­
biente em que se Irá trabalhar. É preciso ter um apurado senso crítico para obser­
var as condições da instalação. da arquitetura da edificação. entre outros detalhes.
Silva Júnior (2005) aponta que, ao visitar as instalações, deve-se observar cui­
dadosamente os quadros de distribuição, o modo como os circuitos estão distri­
buídos, se existe indicativos de que possa ter ocorrido curtos-circuitos no inte­
rior do quadro e a temperatura dos disjuntores - uma vez que seu aquecimento
pode evidenciar o dimensionamento errado do circu�o. entre outros aspectos.
Economias significativas de consumo de energia elétrica em edificações po­
dem ser alcançadas quando se emprega. ainda na fase de projeto, os padrões
arquitetônicos adequados aliados a materiais e equipamentos eficientes .

••
Levantamento de dados
O levantamento dos dados consiste em uma das etapas mais Importantes
na produção de um diagnóstico energético, pois as informações obtidas durante

o
esta etapa serão indispensáveis no direcionamento dos esforços que buscam a

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


redução do desperdício e a otimização do uso da energia na instalação avaliada.
A coleta de dados deve ser feita de modo a obter a maior precisão possível, pois
o resultado está estritamente relacionado à exatidão dessas informações. A pri­
meira fonte de informação é a conta de energia elétrica fornecida pela conces­
sionária, pois é confiável e traz informações sobre o consumo energético.
Uma das Informações contidas na conta de energia elétrica é o histórico de
consumo dos últimos doze meses. permitindo o estudo da evolução do consu­
mo, prevendo tendências e monitorando a sazonalidade ao longo do ano. No
entanto. este documento não traz qualquer tipo de informações para períodos
menores do que trinta dias, visto que as medições são realizadas mensalmente.
Para Silva Júnior (2005). outro ponto importante na fase de levantamento
de dados consiste na distinção do tipo de consumidor que está sendo analisa­
do, divididos em dois tipos, A e B. O que diferencia cada um dos consumidores
é a tensão de fornecimento: para tensões superiores ou iguais a 2,3 kV, o con­
sumidor é definido como A; caso a tensão de fornec mento seja menor que 2,3
kV, o consumidor é definido como B.
Os consumidores do tipo B são sobretudo residências e algumas unidade
rurais. São caracterizados por terem tarifa monômia e as informações constan­
tes Indicadas na conta são: o consumo em kW/h do mês vigente. o histórico de
consumo dos último doze meses. o valor da tarifa e a alíquota de ICMS.
Já os consumidores do tipo A se caracterizam por possuírem plantas de
maior complexidade, o que exige a análise de uma maior variedade de parâ­
metros. Essa complexidade exige que as contas fornecidas pela concessionária
contenham os mesmos dados disponibilizados aos consumidores do tipo B,
acrescidos de informações como demanda futura, demanda máxima, Informes
referentes aos horários de ponta e fora de ponta. períodos secos e úmldos do
ano. Essas informações são indispensáveis para as previsões futuras e para o
desenvolvimento do diagnóstico energético.

ASSISTA
Para sabermais sobre as informações comidas na con­
ta de energia elétrica e da importância do diagnóstico
energético para uma empresa, assista à emrevista com o
gerente de soluções e inovações do Sebrae RJ.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


Além das Informações obtidas de forma direta através das contas elétricas,
uma outra maneira de obter um maior número de detalhes sobre o consumo
é uso de um analisador de energia. Silva Júnior (2005) explica que este tipo de
equipamento é capaz de monitorar e gravar inúmeras informações em vários
intervalos de tempo pré-determinados, criando um banco de dados preciso e
confiável com as grandezas elétricas da instalação em seu respectivo horário.
Os analisadores de energia podem monitorar tensão de fase, corrente de fase,
potências ativas, potenciais reativos, entre outras informações. A Tabela 1 traz
algumas das informações que são obtidas através de um analisador de energia.

TABELA 1. EXEMPLO DE INFORMAÇÕES ADQUIRIDAS POR UM ANALISADOR DE ENERGIA

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Fonte. Sll/A 'hlOA. "'10'1S p 11�. ,:A(U:µ111o

CONSE'IVAÇÀO E EFICl�NCIA ENEllOÉTICA


As Informações obtidas pelo analisador de energia possibilitam, por exem­
plo, levantar curvas para cada dia da semana e do mês, obtendo a curva de car­
ga da instalação. O Gráfico 4 mostra a curva de carga para um dia da semana
obtida a partir de um analisador de energia.

=
GRÁFICO 4. CURVA DE CARGA REFERENTE A UM DIA

CURVA Df CARVA
40

35

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o

Tempo
rontt; SI.IAJuNIOR. 2005. p 116, (AtMJ)l.00)


Vistoria dos ambientes
A função da realização de uma vistoria nos arrbientes da instalação tem
como objetivo obter Informações complementares que não estão disponíveis
na conta de energia nem são obtidas via medição direta.
Geralmente, a vistoria é guiada por uma série de questionamentos previa­
mente selecionados. Silva Júnior (2005, p. 116) nos oferece exemplos de itens a
serem avaliados:
• Localização exata do ambiente na planta;
• Área útil total:
• Pé direito:
• Número de funcionários/usuários;

CONSE;tVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
• Horários de funcíonamento;
• Aproveitamento da luz natural;
• Temperatura ambiente;
• Condições de isolamento e vedações.
Ourante uma vistoria, é preciso verificar se os diferentes ambientes estão
em conformidade com as normas técnicas. por exemplo, se o nível de ilumlna­
i
mento está associado ao tipo de tarefa que será real zada -para isso, os níveis
de iluminamento aferidos devem estar em conformidade com as recomenda­
ções da norma NBR-5413, da ABNT.
No caso da vistoria em ambientes índustrtais. a atenção deve ser redobrada para
os motores elétricos e suas aplicações, verificando a existência de esquemas de par­
tida dos motores, equipamentos auxiliares e sua utilização apropriada.

••
Análise dos dados
Após a realização do levantamento de informações e da vistoria ao local, é o
momento de organizar as informações obtidas. Esta etapa consiste na análise
dos dados, sendo responsáveis por determinar o potencial a ser economizado
em un.i Instalação.
A análise de dados requer o conhecimento do perfil total e de consumo
desagregado, sendo necessário construir uma matriz de energia da instalação.
Conforme apontado por Silva Júnior (2005). a matriz de energia agrega os usos
finais por grupos de equipamentos e seus respectivos comum totais, e com es­
sas informações se constrói o gráfico de consumo percentual para o uso final.
Uma matriz energética é composta pelo conjunto de elementos avaliados or­
ganizados na forma de tabela. como mostra a Tabela 2 onde a primeira coluna
relaciona os equipamentos de uma determinada instalação e as demais colunas
dispõem o respectivo consumo dos maquinários e sua fração em relação ao total.

=
TABELA 2. EXEMPLO DE MATRIZ ENERGÉTICA

Equipamentos Consumo (kWh) Percentual

Refng•raçio . 248.8

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


lh.Jm1naçia 40.S

3S.I

�5.B

A partir das Informações da matriz energética é possível construir o gráfico


que contém as frações percentuais (Gráfico 5) que auxiliará na elucidação dos
principais setores responsáveis pelo consumo de energia do local.

=
GRÁFICO S. PORCENTAGEM DE CONSUMO POR SETOR

•• Refrigeração

•• Iluminação

Estereliza1ão

Outros

Um outro modo de se realizar a análise de dados em um projeto de eficiên­


cia energética consiste em desenvolver Indicadores de uso de energia por meio
das Informações obtidas nas etapas anteriores. A Tabela 3 mostra alguns dos
indicadores que podem ser utilizados em um projeto:

TABELA 3. EXEMPLOS DE INDICADORES

lnd1c.ador Definição Unidade de medida


.. . •.- . ' .

-
Con111t• � <•laçio ' .' . ,· ,
Custo Ínédío . entre o valor da · ·· Valor par;o , . RS . ,·
d• tinerei• · conta d• enarp•• o
· Consumo mrnsal· · ,· . • mi ',...

o
,/ • _. • I consumo final. ' . _/· / .. / . / ,·

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENER881CA


Consi'l"te na razio
C.Of'ISl.#'M) mensal por
irCII Ú'b'J
entre o consu,no
meiw..l e• jrea Üttl
-----
Consumo mtnsal
Ór,aúM
da 1natalaçio..

Dmed-M
Adrmenc1onal

Segundo ALVAREZ (1998), os indicadores, quando aplicados ao diagnóstico


energético, possibilitam a realização de um estudo integral das características
de consumo da Instalação. determinando o potencial de conservação de ener­
gia por meio de comparações realizadas com outras Instalações instalação com
características semelhantes.

••
Viabilidade econômica
Após a realização das etapas descritas, deve-se dar início ao estudo da via­
bilidade econômica, onde apresentam-se as alternativas de aços para a econo­
mia de energia.
Deste ponto em diante, toma-se a decisão de quais alternativas serão lmple·
mentadas para a economia de energia. É indispensável que cada opção esteja bem
definida, assim como a avaliação de suas consequências. A apreciação das alterna­
tivas propostas deve ser feita em conjunto com a análise econômica, de modo a se
obter urna valoração monetária e seus impactos. Por consequência, todas as alter­
nativas devem ser enumeradas em função de seu potencial de retorno monetário.
Após apresentadas as opções, é o cliente quem decide quando e quais ações
serão Implementadas. Cada projeto proposto deve ser analisado de forma Indi­
vidual, levando-se em consideração os recursos disponíveis para o investimento.


Tecnologias de racionalização de energia elétrica
Em todos os países economicamente desenvolvidos a energia elétrica ocu­
pa um lugar de destaque na matriz energética. Este cenário não seria diferente
em economias em desenvolvimento como a brasileira, onde a energia elétrica
é a modalidade de energia mais consumida.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
No entanto, o Brasil enfrenta uma questão grave quanto à demanda e à gera­
ção e, segundo Alvarez (1998). o consumo crescente aliado à falta de investimen­
tos no setor de geração vêm diminuindo a distância entre a demanda e a oferta.
o que leva o fornecimento para um ponto cada vez mais critico a curto prazo.
Lima. La Rovere e Santos (2018) apontam que é muito importante que todo
o paradigma hoje existente se altere para que a geração de energia, que hoje é
concentrada. se torne cada vez mais distribuída, uma vez que os atuais consu­
midores serão produtores de sua própria energia e. futuramente.. serão capa­
zes de armazená-la para consumir em um momento adequado.
Além disso. para Castro e colaboradores (2016), a rede elétrica que hoje é
utilizada apenas na transmissão se tornará inteligente. permitindo a interação
entre os prestadores e tomadores de serviços. Dentro dessa dinâmica onde os
usuários serão considerados microgeradores, as empresas responsáveis pelo
fornecimento de energia elétrica estarão mais capacitadas para lidar com a
volatilidade entre a produção e o consumo.
Nessa perspectiva. tais empresas deverão ser c.ipazes de desenvolver tec­
nologias voltadas para a automação, garantindo a qualidade dos serviços pres­
tados. Portanto, esses sistemas deverão ser capazes de trazer maior confiabili­
dade e desempenho aos sistemas de distribuição.
A fim de compreender a dinâmica de inovação presente no se­
tor elétrico, o próximo tópico irá se basear nos números de paten­
tes registrados em dois órgãos: no Instituto Nacional
de Pro;iriedade Intelectual (INPI) e no United States
Patent and Trademark Office (USPTO). Pretende-
-se identificar quais áreas estão recebendo mais
esforços dos pesquisadores que trabalham nesta
linha de pesquisa.


A dinâmica inovadora do setor energético
A dinâmica de inovação no setor energético está intrinsecamente relaciona­
da ao papel que os fornecedores de equipamentos deste setor desempenham.
pois eles são os principais responsáveis por alavancar o desenvolvimento em
toda a e.ideia de energética.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Segundo Oliveira (2011), os principais fornecedores de equipamentos para
o setor energético possuem caraterísticas em comum, pois em sua totalidade
são altamente internacionalizados, são vistos pelo mercado como globo/ plo­
yers e possuem forte presença no setor elétrico brasileiro.
Com o objetivo de compreender a dinâmica de inovação que esses fornece­
dores vêm desenvolvendo. Oliveira (2011) realizou um levantamento de dados
do INPI e do USPTO. Foram considerados períodos diferentes para cada um
dos institutos consultados. Para o INPI utilizou-se o período entre 1990 e 2010
e para o USPTO utilizou-se apenas o ano de 2009.
A Tabela 4 llsta o número de patentes relaclonadas ao setor energético con­
cedidas pelo INPI. Áreas como bioenergia e energia das marés tiveram baixo
número de patentes registradas, enquanto setores como gás natural, energia
eólica e energia solar tiveram números expressivos de patentes registradas.

=
lABELA 4. PATENTES CONCEDIDAS PELO INPI NO PERÍODO DE 1990 A 2010

TecnologiaIPalavra-<have Núrntto de Patentes


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· Energia do carvão /�
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,. // , - . r.,o-. / ,,. ,· .,/ /'5,··,• .,· .• , ' /

Ene,siai das marú 1

BINf'Ht,gi.a 8

En.-g,a eólica 208

Energia sol.ar 3D7

Energia fotOYOltaic.a 45

Energia hidrelétrica 44

fonte. exVllll.A. 201 p. 76.

A Tabela 5 elenca os setores que tiveram patentes concedidas pelo USPTO.


Observe que há um número significativo de patentes concedidas para energia

e
solar e células fotovoltaicas.

CONSE'IVAÇÀO E EFICltNCIA ENERGÉTICA


=
TABELA 5. PATENTES PEDIDAS E CONCEDIDA AO USPTO EM 2009

Patentes concedidas

,,--.-
, · ,'
-,�
258 .'
- .- •
2.710
185
561
1.906
Biornaulbioem/l#ofurl
Nudoar
fontlL OIVll<tA. l t p 16.

A relação entre importantes fornecedores e inovação no desenvolvimento


de novas tecnologias para o setor energético não é novidade e isso ocorre em
decorrência de especificidades bastantes singulares que este setor apresen­
ta. As Inovações são desenvolvidas para a atualização de equipamentos e sis­
temas. permitindo ganho constante de produtividade. Além disso, este setor
possui elevadas barreira de conhecimento que impedem que outros fornece­
dores atuem com facilidade neste segmento.

••
Cenário internacional
A fim de discutirmos o cenário internacional e o desenvolvimento tecnológico
no setor de energia, inc.ialmente realizaremos a análise dos dados reunidos na
Tabela 6. que consiste em um pequeno histórico referente à composição da matriz
energética no mundo, nos países pertencentes à Org;;nização para a Cooperação
e Dese,volvimento Econômico (OCDE) e nos países em desenvolvimento (PEDJ.

TABELA 6. GERAÇÃO DE ENERGIA ENTRE OS ANOS DE 1973 A 2003

Mundo Países OCDE

................
.......
...............
111111111

CONSBVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Gú 12 13 19 12 9 20 ,u 8.8 17

Nuclaor 3.3 15 16 4.2 20 21 0.4 2.S 3

Hdréulica 21 20 16 21 ,. 13 35 33 22
Outras fontes
r.flOVávPIS
0.7 ' 2 0.3 1 2 o.� 0,7 1
font.t .C VflltA.. FI p

Uma primeira análise das informações contidas na tabela anterior permite


afirmar que a geração de energia elétrica. em uma perspectiva mundial, tem no
carvão sua principal fonte energética. seguida do gás. energia hidráulica e nuclear.
Considerando o cenário envolvendo os países membros da OCDE e os que
se encontram em desenvolvimento - grupo em que se encontra o Brasil-. po­
de-se afirmar que nos países pertencentes ao PED o carvão é responsável por
47% da matriz energética e nos países da OCED esta fonte corresponde a 39%.
portanto. os países em desenvolvimento aumentaram sua dependência em re­
lação ao carvão no período de tempo analisado.
Verificando os demais itens apresentados na Tabela 5. pode-se afirmar que
os países pertencentes ao PED concentram 22% de sua capacidade de geração
de energia proveniente da energia hidráulica. enquanto em países membros da
OCDE esta fonte de eneri;la representa apenas 13%.
Há maior dependência dos países da OCDE em energia gerada a partir de
reatores nucleares. representando 23% da matriz energética destes países. Por
outro lado. ela corresponde a apenas 3% da geraçâo em países pertencentes
ao PED. Em ambos os grupos existe uma pequena importância quanto à ener­
gia proveniente de outras fontes de energia renovável.
Para realizar uma análise mais detalhada acerca das tendências tecnológi­
cas em relação às questões energéticas empregadas pelos países. adotaremos
a mesma segmentação empregada pelo Centro de Gestão de Estudos Estraté­
gicos (CGEE). citado por Oliveira (2011). exibida na Tabela 7.

=
TABELA 7. TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS DOS PAÍSES DA OCDE

Grupo Tendências tecoolóz:tWs


Grupo 1 - Energaa fóssil Não há menção a pesquisas

Grupo 2 - Energ.a nudear Reator-es de quarta ge.ação

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
TIICnOfo,:i• • •pliiaçôel hNkoe,itri�
Tecnologias debioOJ>.,.:iac
,
Foto\lOfr.ic. p•a aplicações de •n•'&la a.olar;
Grupo 3 • Enorzia rancw.ÍVl!!II
Geração e utilizaçio de energia eóhc..a,;
Energia geotérmica;
Energjadasm.ark
Smart8rld:
Grupo <I - Interfaca • complem.nr.ar..
Celula combu5Wel
Jont•. OI. vuiu.., 2 1 t p 19IO

Oliveira aponta que as pesquisas relacionadas à energia fóssil têm cada vez
menos relevância nos países membros da OCDE, que têm dedicado esforços
no desenvolvimento de reatores nucleares de quarta geração, pois são mais
seguros e geram menos resíduos. O Grupo 3, de energias renováveis, possui
maior número de pesquisas em desenvolvimento, muito embora a maior par­
cela destas pesquisas ainda precise passar pela classificação de tecnologias
pré-competitivas, no entanto sinalizam um grande comprometimento destes
países na busc,a por outras matrizes energéticas.
Por fim, para o quarto grupo, o destaque fica por conta das
pesquisas que vêm sendo realizadas na área de Smart
grid, que faz uso de aplicações em tecnologia de infor-
mação para o sistema elétrico de potência, promo-
vendo a integração dos sistemas de comunicação
com o de infraestrutura em redes automatizadas.


Cenário no Brasil
No Brasil, as tendências de inovação tecnológica também se encontram
divididas em quatro grandes grupos. como mostra a Tabela 8. Ao se com­
parar linhas de desenvolvimento adotadas pelo Brasil com as que vêm sen­
do praticadas no mundo, observa-se que o país possui distância das linhas
internacionais.
O distanciamento entre as linhas de pesquisa brasileira e internacionais se
torna ainda maior quando comparado com países membros da OCDE, que se
destacam por inovações tecnológicas na área de energias renováveis, ao passo
que o Brasil concentra a maior parte de seus esforços no desenvolvimento de
tecnologia associadas a fontes não renováveis.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
=
TABELA 8. TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS DO BRASIL

Grupo
Grupo 1 - En�� fÓsed --.- ' ' .
R••tor•• de t•�eire �eraçio.
Tecnologia e apfic.a,;ôes hidmeff!'bicas.;
Tecnologias d•bioen«gia;
fo<O\'Olta1ca para aplicações de energ,a solar.
G•raçio • whzaçio da •.,.,,..,. eóhat:
Enerpa das mares.

Grupo 4 - lncerface e comp'8mentares Smatternl.


ceruta combustível

klnte. OlVf.lilA. :!t 11 p. d1

Segundo Oliveira (2011), o Brasil dedica significativa parcela de seus recur­


sos em pesquisas voltadas para a energia fóssil porque a partir do fim da déca­
da de 1990 ocorreu uma mudança na matriz energética brasileira, privilegiando
a produção de energia elétrica a partir da queima do gás, em detrimento da
energia elétrica hidráulica. Ainda neste primeiro grupo, o carvão desperta sig­
nificativo interesse por conta de suas grandes reser�as de carvão mineral.
No Grupo 2 são listadas as tecnologias relativas aos reatores nucleares.
Atualmente, o Brasil tem dedicado seus esforços na produção de reatores per­
tencentes à terceira geração, de modo a se aproximar das tecnologias dos rea­
tores empregados por países como Japão e França.
Quando analisamos os Grupos 3 e 4, observamos uma convergência entre
as pesquisas realizadas pelo Brasil e aquelas desenvolvidas por os países mem­
bros da OCDE. O Brasil possui conhecimento considerável sobre aplicações hi­
drelétricas e, desde 1970, investe em pesquisas voltadas para a substituição do
petróleo por combustíveis alternativos. Já em relação à tecnologia Smart grid,
verifica-se uma aderência da pesquisa do Brasil à tendência internacional de
racionalização de seu uso.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Sintetizando •
Apresentamos o tema da eficiência energética e as metodologias para a
produção de um diagnóstico energético que possibilite o ganho de eficiência,
seja em um ambiente produtivo, comercial ou residencial. Também foram obje­
tos de estudo as novas tendências tecnológicas dentro do setor elétrico.
A unidade foi dividida em três tópicos. onde o primeiro é dedicado em realizar
um estudo sobre a importância da eficiência energética e suas políticas. Também
abordamos a relação entre o consumo e a oferta de energia no Brasil e os concei­
tos de intensidade energética. Além disso, relatamos os avanços que o Brasil vem
alcançando nestes últimos anos em relação ao tema de eficiênc.ia energética.
O segundo tópico se dedicou em apresentar uma metodologia já consolidada
na literatura e que permite produzir um preciso diagnóstico energético a fim de di­
recionar as medidas necessárias a serem tomadas de modo a se ganhar eficiência
energética. um diagnóstico energético deve contemplar uma visita às Instalações,
um preciso levantamento de dados. uma vistoria nos ambientes, uma minuciosa
análise de dados, e por fim. um estudo sobre sua viabilidade econômica.
No último tópico, o objeto de estudo foram as tendências dentro do setor
elétrico e, a fim de Identificar o direcionamento das atuais pesquisas. foram
consuliados dois dos principais órgãos de registos de patentes. Foram identi­
ficados os setores que vêm recebendo maior atenção e foi realizada uma com­
paração das pesquisas relacionadas no setor elétrico feitos pelos países mem­
bros da OCDE e pelos países em desenvolvimentos, identificando semelhanças
e diferenças entre eles.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


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CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


UNIDADE

ser
educacional

29,04.!20 HS:17
CONSE'IVAÇÃO E EFICl�NCIA ENERGtTICA -
••
Q Eficiência energética no setor industrial--------------

------
Política industrial
Na literatura, o conceito de política
industrial é definido de maneira simi­
lar, guardando sutis diferenças entre
cada Lma das definições. No entanto.
todas elas trazem como ponto comum
o fato de que não é possível um país
se desenvolver sem a existência de
complexas cadeias industriais e. nesse
sentido, todo país em desenvolvimen­
to deve zelar por políticas industriais de curto, médio e longo prazo.
A fim de compreender como a política industrial é entendida por alguns dos
autores clássicos da literatura. considere. por exemplo, o que atestam Campa­
nario e Silva em Fundamentos de umo nova político industrio/. de 2004. De acor­
do com os referidos autores, a política industrial consiste na criação, imple-
mentaçâo e controle estratégico de instrumentos que tenham como finalidade
aumentar a capacidade produtiva e comercial da Indústria, de modo a se ter
condições e concorrências sustentáveis a nível de mercado interno e externo.
Para Suzigan (1978). a política industrial pode ser definida como um dos pila­
res da política macroeconômica, o qual seria o responsável por concentrar um
conjunto de objetivos relacionado a atividades e desenvolvimento industrial.
Já segundo Kupfer, em Política industrial, de 2003, a política industrial deve
ser organizada em três pilares. a saber: políticas de modernização, de concor­
rência e de regulação. Além disso. segundo o autor. os projetos de eficiência
energética devem fazer parte das políticas de modernização, uma vez que es­
tes impactam na capacidade produtiva. gerencial e comercial das empresas.
De posse da definição e conceitos referentes à política industrial, é natural
questionar: quais objetivos a política industrial deve perseguir? Para alguns,
ela deve promover o desenvolvimento de determinados setores econômicos
(visando a geração de divisas). a difusão de tecnologias de alta densidade de
conhecimento e a expansão dos níveis de emprego. além de corrigir desajustes
do mercado e impulsionar o uso eficaz dos recursos naturais.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Outros autores atestam que os objetivos a serem buscados por uma polí­
tica industrial consistem no crescimento e na eficiência do setor. É importante
levar em consideração que por crescimento econômico entende-se a estabili­
dade monetária e financeira, munido do equilíbrio da balança comercial e au­
mento do nível de emprego.
Ademais, além de uma definição conceituai acerca do que é uma política in­
dustrial, para que atinja seus objetivos. se faz necessário que esta venha acom­
panhada de instrumentos e instituições que viabilizem sua implementação.
Nesse sentido, Suzigan (1978) afirma que os instrumentos que viabilizam
uma política industrial podem ser ortodoxos e não ortodoxos. O primeiro deles
se refere aos instrumentos de política comercial, aduaneira, cambial e controle
das importações e exportações, enquanto que os instrumentos não ortodoxos
incluem a participação do governo como empresário para o desenvolvimento
de certos setores ou a atuação do Estado como agente financiador.
Em relação a estes dois Instrumentos. destaca-se que. geralmente. a políti­
ca industrial faz uso dos instrumentos não ortodoxos. uma vez que esta visa si­
multaneamente o crescimento econômico e a eficiência industrial. Além disso,
esses instrumentos também são utilizados para promover o desenvolvimento
tecnológico e de setores específicos de certos setores Industriais. além de mo­
dificar as estruturas de produção.
Além dos instrumentos, tem-se as instituições, que são peças essenciais
em toda política industrial. devendo elas atuarem na área financeira, fis­
cal, regional e de comércio exterior. No entanto, a
dificuldade que se encontra nesse pilar consiste no
alinhamento dessas Instituições com os objetivos
da política Industrial.
Como resultante de todo esse arranjo institu·
cional e político. deve haver uma indústria capaz
de se inserir adequadamente na ponta da in­
dústria mundial. Além disso, deve-se obter
a modernização da indústria e integração
dos setores Industriais. sempre contando
com a participação das indústrias de pequeno

o
e médio porte.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA
Políticas industriais brasileiras
Os primeiros traços de uma política industrial no Brasil se delineiam por
volta do ano de 1950. Neste período, o principal instrumento de desenvolvi­
mento industrial consistia na adoção de diversas medidas, entre elas: uma ta­
rifa aduaneira protecionista e uma política cambial cujo objetivo era acelerar o
desenvolvimento da Indústria automobilística, de máquinas e equipamentos.
além dos financiamentos governamentais por meio do Banco Nacional de De­
senvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952.
No ano de 1964, foi constituída a Comissão de Desenvolvimento Industrial
(CDI), cujo objetivo era reunir em uma mesma Instituição diferentes grupos
executivos. a fim de incentivar o investimento na Indústria nacional. Para atin­
gir seus objetivos, a CDI empregou como instrumento a concessão de incenti­
vos fiscais na importação de bens de capitais e incentivou as exportações, além
de fornecer incentivos específicos a setores como siderurgia, petroquímica e
construção naval.
Apesar da CDI reunir diversos setores na busca de um mesmo objetivo. a
instituição apresentou uma atuação modesta ao longo de seus 3 primeiros
anos de existência. Neste período, o órgão aprovou apenas 237 projetos e,
para Naturesa (2011). um fator que Influenciou esse baixo número foi a coor­
denação. uma vez que o enfoque setorial oferecido acabou por definir uma
política para cada área.
No entanto, a partir da década de 1970, a Corrissão amplia sua atuação,
aprovando 2851 projetos apenas no ano de 1973. Com o final da década de
1970, a política econômica teve seu foco alterado. Neste período, passou a ser
imperativo o controle das contas públicas e da dívida externa e,
além disso. neste mesmo período ocorrem os diferentes planos
para o controle da inflação. a saber: Cruzado, Bresser, Collor 1,
Collor li e Real.
No ano de 1990 foi estabelecida a Política Industrial e de
Comércio Exterior (PICE). que tinha como principais ca­
racterísticas a abertura econômica, o emprego da taxa
de câmbio como variável de ajuste. as privatizações e a
atração de capital externo. A Tabela 1 evidencia, resumi­

o
damente, as principais políticas industriais do Brasil.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


=
TABELA 1. HISTÓRICO DAS POLÍTICAS INDUSTRIAIS BRASILEIRAS

Chefe
Política industrial do Executivo Característica


Eunco Gaspar
Piano SALTE Cn.(iodoBNDEScim 1952
Outra
Ju:scelmo
Promowu • mdustnahaçio do P41Ís


Kub<tschecl<

Ili Pfano de Ação Emnôm,.


Joio Goulart
T911e como obJativo o c.ombate i m­
flaçál, e a redução d-o déficit público
V,ava combater e inn.çio • redc.mr o
Castelo Branco

. -..
e.a do Gow!rno déficit públíco

li
11 Plano Naaonal do Emil10 G.arrastazu


Desenvolvimento Médici
...
li Oesemotvirnento da indústria de base
'
Ernesto Geisel
e !1Ubst1tuiiçâo das e,q,ornçõ.


'

Tinha como objet,Yo pmnordtal conter­


Nova Pofitica Industrial Jos.éSamey
• 1nfl,1çio


Polittca lndurtrial e
Viuv1 abertum econâm1c. • atfaçio
de Comirao Extenor
de capctal externo
(PICE)


Plano Plunanual
hrnendoHennque
Cardoso

..
Política lndustnal. Tec:­
Lois Inácio lula da
nolópca • da Coméroo Ciill'lill


bttenor

Política de DMOrwolvt­ Luls lnác,o Lula da Obj•tivava mcenbvnr • ampliar os tn­


mento Produtivo (POP) Silva vestimentos produtivos
' Tinha como obje:b'Vo aumentar- a e�
Plano Brasil Maior Dilma Rousseff
pet1tividade d• indúcrla nacional
fonte:·Hl-:uie-s.a,1"111, !43 (Aaapio u>


Parque industrial brasileiro atual e seu consumo energético
Atualmente, o setor industrial brasileiro, a fim de atender seus processos
produtivos, tem uma demanda energética que corresponde a um terço da
energia final. Além disso, segundo o EPE (Empresa de Pesquisa Energética),
este setor era o responsável pela maior fatia do consumo energético no país
até o ano de 2017. No entanto, devido a depressão econômica industrial ocor­
rida entre os anos de 2014 e 2017 e a queda na produção de cana-de-açúcar
no ano de 2018, o consumo energético industrial foi superado pelo consumo
energético do setor de transportes,

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA -


A Tabela 2 mostra a participação do setor industrial no consumo final energéti­
co entre os anos de 2000 e 2018. Como pode ser observado. o declínio no consumo
se inicia em 201o. acompanhando a recessão mundial. No entanto. segundo o EPE
(2019a], neste mesmo período o consumo energético da indústria cresceu 33%.

TABELA 2. CONSUMO FINAL ENERGÉTICO DO SETOR INDUSTRIAL

Setor industrial
•••••
-----
-----
Censumo Onal do aator

Paroopaçio no conaumo
final energêaco
f-oote. lit z 10,1 !) ''> IA. .1..Jo).

Ainda de acordo com o EPE (2019a), entre os anos de 2000 e 2018 também
ocorre uma significativa alteração nas fontes de energia utilizadas pela Indústria,
ao passo que. em 2000. as principais fontes energéticas da indústria eram respec­
tivamente eletricidade, carvão mineral e seus derivados, lenha, bagaço de cana e
óleo combustível. No ano de 2018, o cenário encontrado para as fontes de energia
na Indústria passa a relacionar-se com eletricidade. bagaço de cana e carvão mi­
neral e derivados. A evolução desta mudança pode ser observada no Gráfico 1.

GRÁFICO 1. CONSUMO FINAL ENERGÉTICO DO SETOR INDUSTRIAL

B�dec.ana
• llecriôoladt
• Carvio minerill
f' dfflv.idos

• lfflhi t CinlÍO 'ltgtUI


• Gi.sna«wal

- -
• Oulr-n não rtnOYivtis
• Outns rtnOV.iVffi
Óleo combustml

13'1.
1ft IK

o
2000 2011S 2110 211S 201S
fonte: (ri 1' 11H. p ]6. (ÂI !I dO),

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


Uma outra análise importante que o Gráfico 1 permite realizar diz respeito à
participação de fontes energéticas renováveis nos processos industriais; pode­
-se, por exemplo, considerar o bagaço de cana, que salta de 13% em 2000 para
16% em 2018. Além disso, ao se considerar o item referente a outras renová­
veis, o salto apresentado neste mesmo período é ainda maior. uma vez que em
2000 seu consumo era de apenas 5%, tornando-se 10% em 2018.
Posto isso. é possível afirmar que a mudança em relação à participação das
fontes energéticas apresentadas dá-se devido ao ganho de participação do se­
tor de produção de açúcar e de celulose.
Ao se considerar todo o parque Industrial, como mostra o Gráfico 2. os maio­
res consumidores deste são o setor de papel e celulose, siderurgia e açúcar, res­
ponsáveis por 48% de todo o consumo energético industrial em 2000 e saltando
para 55% em 2018. Neste mesmo período analisado. o consumo energético do
setor siderúrgico caiu 5 pontos percentuais. acompan�ado pela queda de 3 pontos
percentuais do setor químico. Já setores corno papel e celulose apresentaram um
crescimento de 7 pontos percentuais. assim como o de açúcar. que obteve cresci­
mento de 4 pontos percentuais.

GRÁFICO 2. PARTICIPAÇÃO DOS SETORES NO CONSUMO


FINAL DE ENERGIA DA INDÚSTRIA

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2010 ,.,, 2011

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENEROÉTICA.
••
Política vigente
Dado que o consumo energético do setor industrial representa 55% do con­
sumo total de energia, de acordo com os dados do ano de 2018, inúmeras polí­
ticas e medidas têm sido adotadas, a fim de melhorar o potencial de eficiência
energética na Indústria. Segundo o EPE (2019a, p. 27), as principais medidas são:
1. Índices mínimos de motores e transformadores de distribuição:
li. Etiquetagem de motores, bombas e transformadores de distribuição;
Ili. Desenvolvimento de programas de distribuição:
IV. Programa de Eficiência Energética da ANEEL (PEE/ANEEL):
V. PROCEL Indústria.
No âmbito dos motores supracitados, a indústria utiliza majoritariamente
os trifásicos, os quais possuem regulamentação de índices mínimos desde o
ano de 2002, de acordo com o decreto de número 4508/2002. e com uma revi­
são daqueles pertencentes à categoria premlum (nível IE3) realizada em 2017.
Além disso, a regulamentação foi ampliada a fim de abranger motores de até
500 cv. De acordo com o EPE (2019a), estas inciativas devem ser capazes de
gerar uma economia acumulada de 11.2 TWh entre os anos de 2019 e 2030.
No que se refere ao Programa de Eficiência Energética. Já foram Investidos
desde o ano 2015 mais de 7,6 milhões em 6 projetos voltados à indústria, e as
estimativas apontam que, em decorrência desta iniciativa, os ganhos de efi­
ciência energética atinjam a ordem de 133 GWh/ano.
Sobre a iniciativa PROCEL Indústria, a ampliação de sua atuação tem ocorri-
do por meio da nova governança instituída pela Lei nº 13.280, de
2016. a qual passou a abranger as micro e pequenas empresas.
bem como por melo do Plano de Aplicação de Recursos (PAR).
que também tem viabilizado o apoio a importantes programas.
Como exemplo deste tipo de apoio, pode-se cita·
o Programa Aliança, realizado em parceria com a
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o SE-
NAI/DN. e que permitiu, em 2018, a economia
de 42 GWh por melo da adoção de ações de
eficiência energética direcionadas a 4 indústrias
energointensivas.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


EXPLICANDO
A indústria energointensiva é um tipo de indúsUia que necessita de uma
grande quantidade de energia para funcionar de forma adequada. Neste
seguimento. por exemplo, há a indústria metalúrgica do alumínio.

Além desta inciativa promovida pelo Programa Aliança, têm se adotado ou­
tras ações como. por exemplo, a ampliação do Programa Brasil Mais Produtivo.
cuja coordenação está sob responsabilidade do Ministério da Economia. Este
programa é responsável pelo atendimento de 300 empresas industriais peque­
nas e médias, intencionando promover a adoção de práticas de eficiência ener­
gética ao longo de seus processos produtivos.
De acordo com o EPE. novas medidas vêm sendo adotadas para que se in­
vista em projetos de Sistemas de Gestão de Energia (SGE) para o setor indus­
trial. A Tabela 3 elenca os projetos de SGE que estão previstos para serem exe­
cutados no Plano de Aplicação de Recursos.
A implementação dos sistemas energéticos pode ser considerada uma ação
fundamental para a difusão da eficiência energética na indústria, posto que
muitas das medidas identificadas pela auditoria energética apresentam custos
de investimento baixos e resultam na redução dos custos operacionais da em­
presa. além de promoverem i;anhos de produtividade.

=
TABELA 3. PROJETOS RELACIONADOS AO SGE CONTIDOS NO PAR PROCEL 2018

Orçamento em Empresas Porte das


Projetos
milhões (RSJ contt•mpliiida:O empresas

Bra,;11 ma15 produtrvo 6.3 300 Micro e pequenas

Ahança 2.0 10,0 24 Grandes

H diçital 2.5 8 (irand•

P•quenas/méd1as
EE sistema ar comprimido 6.5 170
e grandes

Desenvolvimento de metodolo-
gio • raaliuiçio de dia,:nMticos Pequenas/médias
1.5 10
em srttemas térmicos motrizes e grandes
•�ociadoa

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
Melhores experiências internacio1ais
Aqui, serão apresentadas as principais inciativas que vêm sendo desen­
volvidas pelas maiores economias mundiais, a saber: Estados Unidos, China
e União Europeia. O objetivo aqui não é esgotar todos os empreendimentos
desenvolvidos por estes países, mas sim apresentar um esboço de suas prin­
cipais iniciativas.
Após a apresentação das iniciativas dos países supracitados, será aborda­
do o que vem sendo feito no Brasil neste mesmo sentido, e quais as propostas
dos principais nomes envolvidos para que o país se alinhe às melhores práticas
internacionais.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o governo federal desenvolveu o Programa de Tec­
nologias Industriais - em inglês Industrial Techno/ogies Program. ou ITP - cujo
objetivo é buscar a melhora nos índices de eficiência energética da Indústria
norte-americana e. consequentemente, reduzir o impacto da atividade indus­
trial no meio ambiente.
Essencialmente, o ITP consiste em uma parceria entre os setores público e
privado, cujo objetivo principal é reduzir a Intensidade energética da Indústria
norte-americana em 30% até o ano de 2020, quando em comparação com os
índices de 2002. Além disso. o programa também busca a implementação co­
mercial de tecnologias de eficiência energética obtidas em programas de pes­
quisa e desenvolvimento.
A fim de atingir seus objetivos, o ITP se subdivide em três
subprogramas de forte interdependência, como mostrado
no Diagrama 1, e que buscam oportunidades de conserva­
ção de energia.
Os subprogramas que compõem o ITP são:
Indústrias Energointensivas (Energy lntensive ln­
dustryi Tecnologias de Amplo Uso na Indús­
tria (Cros.scutting Technologies), cujo foco é
pesquisa e desenvolvimento. e o subprogra­
ma Melhores Práticas (Best Practices), que tem
como foco análises técnicas e de mercado.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


DIAGRAMA 1. INTERCONEXÃO ENTRE OS PROGRAMAS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL

Segundo Bajay e Santana (2010). o subprograma Melhores Práticas. vincu­


lado ao ITP. possibilita a redução do consumo de energia por meio da troca.
melhoria ou conversão da tecnologia existente por cutra tecnologia mais avan­
çada e que já se encontre disponível comercialmente.
Ainda de acordo com os autores, os subprogramas Indústrias Energoln­
tensivas e Tecnologias de Amplo Uso na Indústria têm como finalidade propor
soluções em longo prazo para a indústria por meio do desenvolvimento de tec­
nologias que possibilitam a melhoria da eficiência energética de equipamentos
industriais, tendo sempre em seu horizonte a implementação comercial.
A fim de ilustrar as inúmeras
oportunidades de conservação
energética relacionadas à Indústria.
observe a Figura 1. que evidencia o
nicho de atuação do subprograma
do ITP que, em suma, pode ser en­
tendido como um programa de pes­
quisa e desenvolvimento cuja função
é transformar pesquisas em ciências
básicas em tecnologias voltadas para
a eficiência energética.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


Média--..

Estado da arte
da planta industrial
--.. Oportunidade total de
conservação de energia

Mínimo teórico --..

Energia do processo

r11ur• , •11111
(AdJ:ata k•J.

União Europeia
A União Europeia atualmente é composta por 27 países e possui como
órgão executivo a Comissão Europeia. que se subdivide em inúmeras outras
comissões. Uma delas se dedica especificamente à energia. promovendo
a execução de diversos programas intergovernamentais cujo objetivo é a
conservação de energia.
Dentre os diversos programas promovidos pela referida comissão, serão
abordados: Energia Inteligente na Europa (IEE). ManagEnergy e Odyssée. os
quais serão discutidos com maior nível de detalhamento posteriormente.
O programa de Energia Inteligente na Europa consiste em uma iniciativa
da Diretoria Geral de Energia e Transporte (DG TREN) e é responsável por
desenvolver projetos voltados para a conservação de energia em inúmeros
ramos da economia. Nesse sentido. há diversos subprogramas dedicados
ao setor industrial. cujas ações prioritárias foram definidas no ano de 2004:
cogeração e pollgeração. desenvolvimento de instrumentos de gestão de
energia e auditorias e comparação de desempenho, além do apoio às com­

o
panhias de serviços de energia.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


Em 2004, no que diz respeito ao programa Energia Inteligente na Europa
(IEE), deu-se início a 7 projetos ao custo de aproximadamente 6,99 milhões de
euros e envolvendo mais de 65 participantes. No ano seguinte, em 2005, foram
lançados mais oito projetos, resultantes de investimentos de 3, 12 milhões de
euros. Estes projetos têm sido responsáveis por alcançar significativos avanços
nas questões energéticas.
Outro programa executado pela União Europeia é o ManagEnergy. também
de iniciativa do DG TREN. O referido programa tem como objetivo apoiar agen­
tes que atuam na área da conservação de energias renováveis e não renová­
veis, tendo como foco o nível local e regional. Suas principais ferramentas são
programas de treinamento, workshops e eventos oliine, estudos de caso, boas
práticas, informações sobre a legislação europeia e alguns programas de efi­
ciência energética.
O leque de atuação do ManagEnergy abrange diversos setores da econo­
mia; no entanto. apesar dessa amplitude. dentre os casos divulgados a maior
parte não direciona-se à eficiência energética na indústria, mas sim ao setor re­
sidencial e de serviços, como escolas e hospitais. Apesar dos poucos casos rela­
cionados à indústria, os que foram apresentados revelam resultados positivos.
Outro projeto desenvolvido na União Europeia é o Odyssée, que tem como
objetivo mapear informações com o devido grau de detalhamento acerca dos
indicadores de eficiência energética há mais de 16 anos. O projeto é responsá­
vel por gerenciar um banco de dados que tem como finalidade ser referência
na avaliação do desempenho da eficiência energética dos países membros da
União Europeia.
O armazenamento de dados pelo projeto, ao longo de mais de 16 anos, per­
mite que os países membros da União Europeia realizem comparações de de­
sempenho, bem como acompanhem os avanços da eficiência energética de cada
setor da economia e seu uso final. O Odyssée tem diagnosticado que as maiores
economias de energia têm sido encontradas nos programas de eficiência ener­
gética relacionados aos processos energointensivos de fabricação da indústria.
China
A China atualmente é uma das maiores potênc,as Industriais do planeta;
consequentemente, o país apresenta um imenso parque industrial, respon­
sável pelo consumo de 68% de toda sua energia primária.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
A Intensidade energética chinesa é em média 2,4 vezes maior do que em
outros países industrializados, e este dado é reflexo do país ser o maior pro­
dutor de aço e cimento do mundo. Além disso, a China se encontra entre os
dez maiores produtores de alumínio, papel. celulose e petróleo do planeta.
Todo este desempenho industrial apresentado pela China tem ocasionado
diversos problemas ambientais, como poluição da água. do ar, emissões de
gases do efeito estufa, entre outros. Nesse sentido. a fim de mitigar estes
efeitos, a China tem empreendido esforços na aplicação de normas de gestão
otimizada de energia na indústria, compatíveis com a ISO 9000 e a ISO 14000.
Além dos programas anteriormente listados, a China também possui
Inúmeros outros, que têm como objetivo o uso eficiente da energia.
É importante mencionar o Programa de Eficiência Energética por Usos
Finais (EUEEP), cuja implementação está sob responsabilidade da Co­
missão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC), além
de contar com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desen­
volvimento (PNUD).
O EUEEP tem como objetivo desenvolver uma gestão mais eficiente dos
recursos energéticos por meio do uso de novas tecnologias e fontes renová­
veis de energia, promovendo um desenvolvimento sustentável que respeite
o meio ambiente.
Além deste. a China também possui o Centro de Eficiência Energética de
Pequim (Beijing Energy Efficiency Center). que tem autonomia operacional
e financeira, embora sua administração esteja vinculada ao NDRC. Seu ob­
jetivo é tornar o Centro de Eficiência Energética a principal instituição do
país responsável por realizar pesquisas e serviços de consultoria na área de
eficiência energética. disseminar Informações e desenvolver novas metodo­
logias de aplicação.


Cenário do Brasil
O Brasil possui significativa experiência em diferentes mecanismos de fo­
mento a medidas de conservação de energia para a Indústria. No entanto,
apesar de seus esforços, vários destes programas. como o Procel e o Conpet.

o
apresentaram muitas descontinuidades ao longo dos anos.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


O aumento da produtividade dos recursos públicos atualmente empre­
gados em programas de eficiência energética industrial deve passar a contar
com o apoio de capital privado, tanto para os programas já vigentes como os
programas futuros. Além disso, deve ocorrer um ir�remento substancial nos
investimentos e retornos energéticos e econômicos.
Cabe observar que o governo brasileiro nunca construiu uma política de
eficiência energética de longo prazo, posto que nunca foram definidas metas
que envolvessem os principais agentes no quesito de conservação energética,
além de nunca terem existido estratégias de implementação com prazos e res­
ponsabilidades bem definidas.
Mui tos acreditam que o primeiro passo a ser dado pelo Estado, Junto ao
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), seria a elaboração de uma
política voltada aos ganhos de eficiência energética na indústria.
Para Bajay e Santana (2010) o CNPE poderia atuar de modo semelhante à
Comissão Europeia, inlclalmente lançando uma proposta a ser discutida com
as partes interessadas. Neste momento. a proposta es­
taria sujeita a críticas e sugestões, para posteriormen­
te ser publicada em sua versão final e em conformida­
de com os ajustes solicitados.
A adoção de uma política bem definida de efi­
ciência energética de médio e longo prazo volta­
da para a indústria brasileira traria ganhos não
apenas energéticos e de competitividade para
a indústria, como também ganhos ambientais
e de sustentabilidade.


Eficiência energética para o setor de transportes
O setor de transportes é indispensável para o desenvolvimento social e eco­
nômico de qualquer país, uma vez que viabiliza o escoamento da produção
para os mercados consumidores, antes em número muito menor devido às dis­
tâncias entre os setores produtivos e os mercados consumidores. Além disto,
o setor de transportes também possibilita a mobilidade da população, seja em
curtas, médias ou longas distâncias.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Embora o setor de transportes proporcione diversas facilidades, hã também
consequências onerosas. posto que. atualmente. este setor ainda é altamente de­
pendente dos combustíveis fósseis provenientes de fontes não renováveis de ener­
gia, responsáveis pela maior porcentagem na emissão de gases do efeito estufa.
Nesse sentido, a fim de caracterizar a importância de se discutir a eficiência
energética para este setor. considere o estudo realizado pelo IEA (2019b). que
aponta que em 2010 cerca de 62% do consumo mundial de derivados de petróleo
foi utilizado nas atividades de transporte.Já segundo o EPE (2012), no
caso do Brasil, neste mesmo ano. de todo o montante de derivados
de petróleo consumidos. 53% se refere ao setor de transporte.
Os números apresentados evidenciam a Importância que este
setor tem. Todavia, qualquer discussão acerca da eficiência energéti-
ca do setor de transportes deve levar em consideração seu escopo e complexida­
de. Desta forma, esta seção não tem como objetivo esgotar a discussão sobre os
temas. mas sim trazer os principais conceitos envolvidos nessa temática.
Por fim. embora esta seção se concentre no consumo de combustível e n a
comparação d e projetos e tecnologias de veículos, há considerações muito
mais amplas que devem ser levadas em consideração para o desenvolvimento
de políticas abrangentes orientadas para a eficiência.


O setor de transportes no Brasil e o contexto global
O setor de transportes, em termos mercadológicos, ocupa um lugar de des­
taque no mundo. Para se ter ideia desta importância, em 2017 foram produ­
zidos no mundo 97 milhões de veículos leves. dentre os quais. 26 milhões de
veículos comerciais e 71 milhões de veículos de passageiros.
Apesar dos números apresentados. este é um nicho de mercado que con­
tinua em expansão: em 2017 foram vendidos 4 milhões de veículos a mais em
comparação a 2015 e, se comparado ao ano de 2005, este número aumenta
para 25 milhões de vendas a mais.
Todavia, o aumento de eficiência energética que o setor de transportes vem
ganhando não foi suficiente para compensar o ganho da demanda. A mudança
para modais mais intensivos. aliada à opção do consumidor por veículos maiores
e à menor ocupação contribuíram para elevados índices de consumo de energia.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Ao se considerar o setor de transportes no Brasil, pode-se afirmar que este
se assemelha aos dos demais países. uma vez que aqui também se observa
uma grande diferença entre a eficiência da prestação de serviços de passagei­
ros e mercadorias, a depender do modo de transporte utilizado. Os veículos
grandes possuem maior tendência de serem menos eficientes, seguidos pela
aviação e carros menores, embora esta última categoria tenha Inúmeros deta­
lhes a serem analisados.
É importante levar em consideração que o setor de transporte público, que
inclui ônibus, micro-ônibus e trens, pode atingir desempenho muito melhor
que os meios de transportes anteriormente elencados, desde que bem utili­
zado. Quando se considera o setor ferroviário, por e�emplo. este se mostra
o meio de transporte motorizado de passageiros mais eficiente. ficando atrás
apenas do setor marítimo quando se leva em consideração o consumo energé­
tico por tonelada transportada.
Observe o Gráfico 3. que evidencia uma comparação entre os diferentes
meios de transporte e seu consumo energético por passageiro/quilômetro ro­
dado para diferentes países do mundo.

=
GRÁFICO 3. INTENSIDADE ENERGÉTICA DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS POR MODAL

4-----------------
• Mundo

3
• Brasil

• • Rússia
• •
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2 • •• • • índia
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• • China
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•• • • EUA

• Europa OCDE
• Japão

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


À medida que as economias emergentes crescem, particularmente em paí­
ses como China e Índia, estas passam a ocupar uma maior fatia do mercado
global. e isto não é diferente quando se considera o setor de automóveis: em
2005, estas economias representavam 20% do mercado global de automóveis,
passando para 50% em 2019. Sendo assim, pode-se afirmar que este cresci­
mento traz um maior consumo médio global de combustível.
Ao considerar o cenário anteriormente descrito para o Brasil. tem-se que
apenas no ano de 2017 foram vendidos no pais 2,2 milhões de veículos leves,
colocando o Brasil na posição de maior mercado da América do Sul, com uma
frota de 36,6 milhões de veículos leves. Isto equivale, de acordo com a IEA
(2019a), a 0.18 veículo leve per capita.
Analise o Gráfico 4, que evidencia o consumo final por modal para diferen­
tes países no setor rodoviário. Ao se considerar o caso brasileiro, observa-se
que os veículos leves respondem por 54% do consumo de combustível no que
tange ao transporte rodoviário. ao passo que os veículos pesados representam
o montante de 46% no que se refere ao consumo de combustível.

=
GRÁFICO 4. CONSUMO FINAL POR MODAL. TRANSPORTE RODOVIÁRIO • 2017

Índia
Japão
Brasil
China 1.
Argentina
Chilt
EUA
Canadá
O'l!t 10% 20% 30'l!t 40% 50% 60'l!t 70% 80% 90% 100%

• Duas rodas Pass. 3/4 rodas a Veículos levts de passageiros


• Mia,-ônibus a ônibus aBRT
Carga 3/4 rodas • Veículos comerciais leves • Caminhões médios

o
Cami,hões pesados
ronte: 1rr 1••1 p 1� ,1 do)

CONSE'!VAÇÀO E EFICltNCIA ENERGÉTICA


No que se refere aos combustí­
veis utilizados pelas frotas ao redor
do mundo, o mesmo acontece quan­
do se considera o cenário brasileiro, 1
em que a gasolina e o diesel repre­
sentam, respectivamente, 32% e 25%
do consumo.
Ao se considerar a participação do
etanol como combustível das frotas, o
Brasil tem posição de destaque. uma
vez que apresenta o maior consumo
dentre os países analisados. Quando
se considera o etanol anidro e hidra­
tado conjuntamente, sua participação
nos combustíveis representa 18%.
Um ponto de relevância quando se considera o Brasil diz respeito à participa­
ção de veículos flex fuel, visto que o país é atualmente o detentor da maior frota
do mundo: de seu total, 94% são veículos deste tipo, em dados do ano de 2017.
No mundo. não há outro país que possua tamanha proporção na composi­
ção de sua frota. Enquanto o Brasil possui 28 milhões de veículos flex fuel, os
Estado Unidos têm aproximadamente 21 milhões deveículos deste tipo, segun­
do dados do DOE (Department of Energy).
O fato de um veículo ser flex fuel não implica necessariamente em uma medi­
da de eficiência energética; no entanto, este fator possui efeitos positivos quan­
do se considera a redução dos gases de efeito estufa, assim como outras emis­
sões nocivas decorrentes da combustão de combustíveis como diesel e gasolina.
Cabe ressaltar que para o Brasil a produção de etanol é considerada estra­
tégica. uma vez que o país conta com uma das maiores indústrias sucroalcoo­
leiras do mundo. Além disso, este setor possui uma certa flexibilidade, posto
que as unidades produtoras podem alterar as pro�orções de açúcar e etanol
dentro dos limites técnicos, de modo a optar pelo produto de maior viabilidade
econômica e preservando assim a saúde financeira do setor.
O Gráfico 5 exibe a composição dos combustíveis utilizados nas frotas de

o
diversos países do mundo.

CONSE;n!AÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


=
GRÁFICO 5. CONSUMO FINAL POR COMBUSTÍVEL. TRANSPORTE RODOVIÁRIO· 2017

Índí•�••••••••=-.L
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Jap.lt

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EUA _ l;;;;;;.;;;ia•
C1nadl )
º" 10% 2011, 31)!1, 40% 5011, 6Mli 71)!1, ªº" - 10011,
• Gás natura] Gás u,u.reito de petróleo (GlPJ
• Gasolina automotiva exd. biocombustíveis Ótto diesel excl. biocombuscíveis
• Biogases • Etanol anidro
• Bioditsel • EtJnol hidratado
• Eletricidade


Tecnologias de motorização
O consumo médio dos veículos leves é fortemente influenciado pelo tipo
de tecnologia de motorização e combustível a eles associada. No entanto,
apesar das inúmeras tecnologias de combustíveis disponíveis nos dias atuais.
ainda há uma forte predominância dos motores de combustão interna que
empregam a gasolina como combustível.
O Gráfico 6 evidencia a tecnologia de motorização e sua participação na
frota de veículos novos para Inúmeros países. Como é possível observar no
caso do Brasil. há a predominância de veículos com motorização flex fuel. fato
decorrente da forte influência da indústria sucroalcooleira.
Ao se comparar a frota brasileira com a de países como Índia. China e Es­
tados Unidos, observa-se que estes países possuem a maior parte
de sua frota movida a gasolina. É interessante obser-
var, também, o caso da Índia, cuja frota é basicamen­
te 50� movida a gasolina e 50% movida a diesel.
Ademais, o gráfico deixa nítida a dependência dos

o
Estados Unidos e da China em relação à gasolina.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


GRÁFICO 6. TECNOLOGIA OE MOTORIZAÇÃO E SUA PARTICIPAÇÃO
NO MERCADO OE VEÍCULOS NOVOS

'
IOln' -,--,--.,..,r--,--,--.,..,r--,--,--r,r--r-,--r-r--,--,---,.....,-10

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UE-4 Mlio China 8rJ11l MÚi<o A,itntinl Chile (UA Clnaclí

O Não especi&ido • 6Lf • Rex fuel 1 6.ás mturai


• Hklrogêruo • OMrico

a Hibrido a Oltsel • Consumo médio d• tombu.stÍvtl


(eixo vtruU:I secundário)

Assim sendo. é possível afirmar que o diesel assume papel de destaque na


Europa e Índia, possuindo menor participação em países como Brasil, Chile
e Argentina. Além disso, os veículos híbridos, os elétricos e os movidos a gás
liquefeito de petróleo (GLP) representam uma fatia limitada do mercado, con­
tando com apenas 1% de participação da frota.
Ao se considerar a eficiência energética e as emissões de material par­
tlculado. há estudos que demostram que diferentes níveis de mistura de
etanol têm impacto relativo sobre estes índices. No entanto, é difícil men­
surar a eficiência relativa dos motores flex fuel e suas contrapartes de
gasolina e etanol.
No cenário brasileiro. medir o consumo médio de combustível pelos veícu­
los leves consiste em uma tarefa ainda mais difícil, uma vez que. como já dito.
a maior parcela de sua frota é composta por veículos flex fuel. Deste modo.
as misturas de combustíveis consumidas por estes veículos variam em função
do preço relativo entre o etanol e a gasolina.

CONSE;n!AÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
O Brasil, assim como outras economias em desenvolvimento, possui uma
grande parcela de veículos leves na composição de sua frota. Este fator faz
com que o consumo médio de combustivel seja menor.
No entanto. como evidencia o Gráfico 7, os veículos leves que compõem a
frota dos países emergentes possuem eficiência energética menor, se com­
parados com o mesmo tipo de veículo em países com economia desenvol­
vida. Este fato deixa evidente que veículos com motorização
semelhante e que deveriam apresentar consumo de com-
bustível semelhante, independentemente do país, são, na
verdade, muito menos eficientes em países com economia
em desenvolvimento.

GRÁFICO 7. CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL E POTÊNCIA

'
=
DO MOTOR PARA O ANO DE 2017

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• Brasil


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so 60 10 ao 90 100 110 120 uo 140 1so 1,0 110 110 190
Potência do motor em kW
rontt;frl.1" lqil. p 131! {A1a,,r..áo)


Velculos elétricos
De acordo com o Instituto Nacional de Eficiência Energética {INEE). os
primeiros veículos elétricos foram construídos no início do século XX.
Essencialmente, estes veículos continham uma bateria responsável por

o
fornecer a força motriz para o seu deslocamento. No entanto. estas bate-

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIA ENERGÉTICA


rias se caracterizavam por possuir uma pequena capacidade de armazena­
mento de carga, o que refletia em sua baixa autonomia. Além disso. estas
baterias também apresentavam peso relativamente elevado, além do alto
tempo de recarga.

ASSISTA
Assista ao víaeo a seguir que apresenta, de maneira
didática, alguns dos detalhes das tecnologi3s envoMdas
nos carros elétrlcos.

Essas características limitadoras dos veículos elétricos fizeram com que os


veículos de combustão interna continuassem a dominar o mercado, seja nas
categorias leve ou pesado. No entanto, o final do século XX trouxe consigo o
ressurgimento dos veículos elétricos, sendo estimulado, principalmente, por
incentivos governamentais e restrições ambientais.
Apesar de atualmente o número de veículos elétricos ainda ser baixo. se
comparado ao de veículos de combustão interna, a frota dos veículos elétri­
cos vem aumentando significativamente ao longo dos anos. Este crescimento
está associado às inúmeras vantagens deste tipo de veículo, tais como alta
eflclêncla energética. que proporciona um menor custo operacional, baixo
ruído e ausência de vibração.
Os veículos elétricos são classificados essencialmente em cinco famílias. a
saber: veículo elétrico a bateria (VEB), veículo elétrico híbrido (VEH), veiculo
elétrico de célula a combustível (VEEC), veiculo elétrico ligado à rede, veiculo
elétrico solar (VES).
Considerando inicialmente os VEB. como o próprio nome sugere, a energia
fornecida ao veículo é proveniente de baterias. as quais são recarregadas na
rede elétrica. Muitos veículos deste tipo estão disponíveis em diversos países,
sendo fabricados tanto por indústrias tradicionais quando novas.
Considerando agora os veículos híbridos (VEH), estes se caracterizam pelo
fato de a energia necessária ao seu funcionamento ser fornecida por um ge­
rador. cujo acionamento é realizado por meio de um motor de combustão
Interna. Esses veículos utilizam um sistema de baterias e capacitores cuja fun­
ção é acumular energia, permitindo assim que o motor de combustão interna
funcione apenas em condições ideais ou permaneça desligado.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Esta categoria de veículo se subdivide em duas subcategorias, a saber:
l
parale o e serial. Na primeira. o acionamento das rodas é feito paralelamente
pelo motor elétrico e pelo motor de combustão interna, ao passo que. no
caso da segunda categoria. o acionamento das rodas é feito exclusivamente
pelo motor elétrico.
Recentemente, surgiu uma nova tecnologia de VEH, dando origem ao con­
ceito de veículos plug-in, isto é. a carga das baterias pode ser realizada co­
nectando-se o veículo à rede elétrica. Além disso, este tipo de veículo dispõe
de motores de combustão interna que atuam como geradores, permitindo,
assim. uma maior autonomia e adição de potência extra em situações especi­
ficas. como em ladeiras e arrancadas mais fortes.
Já os veículos elétricos de células combustíveis (CECC) possuem equipamen­
tos eletroquímicos, responsáveis por transformar a energia do hidrogênio em
energia elétrica de forma direta. Atualmente, este tpo de tecnologia tem sido
objeto de Inúmeras pesquisas no mundo todo. o que faz dela a aposta de Inúme­
ros fabricantes para os veículos elétricos do futuro.
Os veículos elétricos ligados à rede, também conhecidos como trólebus,
têm como característica o fato de que a energia necessária para seu aciona­
mento é fornecida diretamente pela rede elétrica. Todavia, este tipo de veí·
culo possui inúmeras limitações, dentre as quais alto custo de instalação da
rede elétrica, dificuldades de mobilidade no trânsito, entre outras. Devido a
isto, esse projeto não ganhou tanta repercussão.
Já sobre o VES, é pouco provável que o veículo elétrico solar se transforme
em um veículo de uso prático. Isso ocorre devido às restrições de tamanho
que limitam as dimensões dos painéis solares e, consequentemente, a po­
tência do veículo. Além disso. a Inserção dos veículos elétricos solares deverá
ser feita no mercado de modo espontâneo. Não há dúvidas que este tipo de
veículo tenha suas virtudes; todavia, sua implementação necessita de uma
mudança de paradigma e de um processo de adaptação e superação de bar­
reiras de mercado e culturais.
No Brasil, a adoção de veículos elétricos ainda se encontra em estágio ini­
cial. de acordo com dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIEJ. No
ano de 2018, por exemplo, o Brasil contava com um total de 10.590 veículos
elétricos e híbridos.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Em termos absolutos, o número de veículos elétricos é relativamente bai­
xo se comparado com o número total de veículos da frota atual. No entanto.
as vendas deste tipo de veículo têm crescido de modo significativo: a fim de
comparação, do ano de 2012 até o ano de 2019 o crescimento médio de ven­
das desse tipo de veículo tem sido de 112% ao ano.
Em relação à eficiência energética. o Gráfico 8 exibe a contribuição que os
veículos elétricos têm dado para a economia méd'a de combustível. Como é
possível observar, o Japão e a China se destacam como os países que apresenta­
ram os melhores resultados em termos de economia de energia. No caso do Ja­
pão, este resultado se deve princlpalmente ao uso de veículos híbridos. ao passo
que, na China, este resultado fica por conta dos veículos elétricos do tipo plug-in.

ASSISTA
O vídeo a seguir mostra os produtos e tecnologias dos
carros elétricos de uma das principais montadoras de
carros elétricos da arualidade.

GRÁFICO 8. CONTRIBUIÇÃO DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS PARA O

0,25
=
CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL NO ANO DE 2017

]
0,2

J o,15

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0,05

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• HEV, não plug·in • BEV e PHEV

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Observe agora os Gráficos 9 e 10. No primeiro, tem-se as emis­
sões de gases de efeito estufa wrw de carros elétricos para paí­
ses e regiões selecionados.Já o Gráfico 10 mostra os biocombus­
tíveis e as faixas de co, emitidas para cada um deles.

GRÁFICO 9. EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA PARA


VEÍCULOS ELÉTRICOS EM DIFERENTES PAÍSES

ISI

IOI

UI

101
•• 1 i
8
110

IOI
o
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A -
li

• o

ront•: trL ;z. 19.t. p. 141 (A(lót-


• la DUSll
do)
• la GASOI.INE º""' º""'
GRÁFICO 10. EMISSÃO DE CO, DOS BIOCOMBUSTiVEIS SELECIONADOS
gCO/km
350
300
250
200

t
150
100
I
50
I i
Etanol Biodit1et Etanol W&R HVO Bio.CNG
celulósko W&R
Jonte: trr 7019;1, p . 141 <Miit t do)

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Sintetizando •
Nessa unidade, inicialmente apresentamos o tema da eficiência energética,
discutindo as diferentes políticas de industrialização e as melhores práticas in­
ternacionais relacionadas ao ganho de eficiência energética na indústria. Ainda
exploramos os principais conceitos referentes à eficiência energética no setor
de transportes, discutindo os diferentes tipos de veículos e combustíveis por
eles utilizados, além de abordar os veículos elétricos.
A seguir, o tópico referente à eficiência energética no setor industrial dedi­
cou-se, Inicialmente. a realizar um debate acerca da importância das políticas
de industrialização de um país, e apresentou, em seguida, as políticas indus­
triais desenvolvidas pelo Brasil desde o ano de 1947.
Além disso, foram apresentadas algumas das principais iniciativas dos paí­
ses desenvolvidos voltadas para o ganho de eficiência energética na indústria,
discutindo também o que o Brasil vem fazendo no sentido de melhorar sua
eficiência energética no setor industrial e como as melhores práticas interna­
cionais poderiam auxiliar o Brasil neste sentido.
Em seguida, discutiu-se a eficiência dos diferentes meios de transportes,
bem como dos combustíveis por eles utlllzados. Uma atenção especial foi dada
ao cenário brasileiro, uma vez que o Brasil é o maior produtor de etanol no
planeta, o que o torna o proprietário da maior frota de veículos flex fuel do
mundo, contribuindo para um menor impacto ambiental em decorrência do
nível de emissões de co,.
Por fim, foram apresentados os veículos elétricos, seus diferentes tipos e
a evolução que eles vêm sofrendo ao longo do tempo. Aqui também se desta­
cou o fato de que. apesar de eles representarem uma pequena fração da frota
mundial, suas vendas vêm crescendo ano após ano.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.


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CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA •


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CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


UNIDADE

ser
educacional
Tópicos de estudo
• Eficiência energética na educação • Eficiência energética no
Escolas verdes saneamento
A educação e a eficiência Fontes de consumo em uma
energética estação de tratamento

<> Eficiência energética no setor


público
O projeto 3E
Projeto Retrofit
Benchmarking de edifícios
públicos
Melhorando o desempenho

CONSBVAÇÀO E EFICIENCIA ENEROtflCA o



Eficiência energética na educação
Os estabelecimentos de ensino são peças fundamentais na difusão das boas
práticas em eficiência energética. Isso porque estão presentes na quase totalida­
de dos munidpios do país. servindo como uma vitrine para o tema.
Ao desempenharem sua função essencial, os estabelecimentos de ensino
são responsáveis por formar as novas gerações de cidadãos, que devem estar
em sintonia com as melhores práticas no uso da energia, possuindo senso crítico
quanto ao uso e escolha de aparelhos e seus impactos no meio ambiente.
Nesse sentido. as questões da eficiência energética estão estritamente re­
lacionadas à sustentabilidade do meio ambiente. Em um nível de comunidade
escolar, as boas práticas e a introdução de energias renováveis possibilitam a
redução dos custos operacionais dos estabelecimentos de ensino, além de atua­
rem como agentes multiplicadores.
Segundo a Associação Nacional de Escolas Profissionais (ANESPO). os es­
tabelecimentos escolares. ao desempenharem sua função como centros de
educação, deverão dar prossecução a ações que tenham como objetivo a efi­
ciência energética, e exemplos de ações de racionalização energética para toda
a sociedade.
Assim como as demais instalações. sejam elas públicas ou privadas. o setor
educacional deverá possuir, em seus estabelecimentos, um gestor de energia,
que é o responsável por monitorar os custos e consumos relacionados à energia.
Ao se partir da premissa de que, para atuar em um sistema energético, é
necessário conhecer onde, como e quando existem consumos de energia, o pro­
fissional que irá atual na gestão energética deve ter um papel bem definido na
organização. Ele poderá atuar em tempo Integral ou parcial, dependendo do ní­
vel de complexidade das instalações escolares.
Nesse sentido, um gestor de energia é um elo fundamental na tomada de de­
cisões que busquem o aumento de eficiência energética nas unidades escolares,
assim como em qualquer outra planta.
O Diagrama 1 elenca as principais características que um gestor de energia
deve possuir. É dele a responsabilidade de Identificar as origens dos consumos
energéticos referentes àquela instalação, bem como os locais onde eles ocorrem
e seus respectivos custos.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.


Além disso, esse professlonal também é responsável por elaborar um plano
de eficiência energética. em que devem estar definidos os objetivos a serem
atingidos. bem como as alocações e o controle de recursos.

=
DIAGRAMA 1. FUNÇÕES DE UM GESTOR DE ENERGIA

Os ambientes escolares se caracterizam por possuírem inúmeros equipa­


mentos elétricos, como ventiladores, aparelhos de ar condicionado e sistemas
de iluminação. Segundo a ANESPO, esses equipamentos. para seu correto fun­
cionamento, necessitam de uma componente da energia elétrica que é deno­
minada vulgarmente energia reativa, que não produz trabalho. mas também é
tarifada pelos fornecedores de energia elétrica.

CONSE'!VAÇÀO E EFICltNCIA ENrnetncA -


Em países pertencentes à União Europeia, o sistema tarifário vigente prevê a
cobrança de energia reativa em horas fora de vazio, considerando três catego­
rias e seus fatores multiplicativos, como mostra a Tabela 1:

=
TABELA 1. CATEGORIAS E FATORES MULTIPLICATIVOS

Descrição Fator multiplicativo

Catt-gori.n 1 0.3 S ....) < 0.4

Cittt>goria 3

11:(.,) • o.s

ronre Anespo Aceno �m 22/041'2020. (A.d4ipl.c!o).

EXPLICANDO
Horas !ora de vazio consistem em momentos em que a instalação apresenta
um !ator de potência igual ou inferior a 0,96, ou se tglq,I> 0,4.

Segundo a ANESPO, a compensação do fator de potência gera, nas instala-


ções. os seguintes benefícios:
• Eliminação da cobrança pela utilização da energia reativa;
• Diminuição das perdas de energia por efeito jou'e;
• Proteção à vida útil dos aparelhos;
• A rede elétrica passa a ter maior capacidade de transporte de energia.
As escolas, a fim de criarem um ambiente propício ao ensino e aprendizagem,
multas vezes optam pela clirnatlzaç1ío das salas de aula através de aparelhos de
ar condicionado. Esses aparelhos proporcionam conforto térmico. que favorece
o desenvolvimento das atividades.
Nesse sentido, a fim de aumentar o desempenho energético dos sistemas
de climatização, deve-se optar por um conjunto de soluções que
passem pelo controle de temperatura e escolha de equipamentos
mais eficientes.
De acordo com a ANESPO, para se obter uma maior eficiência
energética. no que tange às questões de climatização. é impor­
tante que sejam observados os seguintes pontos:

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


• A temperatura desses equipamentos não deve ser inferior a 21 ºC;
•Certificar-se de que os sensores de temperatura e termostatos estão insta­
lados corretamente, distantes das fontes de calor, passagens de ar e de janelas;
• Diminuir as possíveis fontes de calor indesejadas, tais como tubulações mal
isoladas;
• Estudar a possibilidade de Instalar sistemas que realizam a troca de calor
com o exterior sem que ocorra gastos de energia. Esses equipamentos geral­
mente são denominados free cooling;
• Caso o sistema de climatização não tenha a capacidade de promover a re­
circulação de ar. deve-se analisar a possibilidade de efetuar a troca do sistema
de ventilação, de modo a se obter esta funcionalidade. uma vez que ela reduz
gastos com energia;
• Verificar e usar de modo adequado o sistema de ventilação. Por exemplo,
ajustar adequadamente as velocidades dos ventiladores e realizar, periodica­
mente. Inspeções que tenham como objetivo aferir o correto funcionamento
desses equipamentos.
As medidas elencadas têm como objetivo aumentar a eficiência energética
dos sistemas de climatização nas escolas. uma vez que eles correspondem a
uma grande fatia dos custos de energia desses estabelecimentos.
Deve-se também avaliar a eficiência
energética do sistema de iluminação uti­
lizado pela escola, uma vez que ele pos­
sui significativa importância na conta de
energia elétrica. Isso ocorre porque, ge­
ralmente. os ambientes escolares têm
elevada necessidade de Iluminação.
Assim, é comum encontrar nos es­
tabelecimentos escolares uma grande
gama de lâmpadas, que podem ser:
incandescentes, que apresentam alto
grau de ineficiência; fluorescentes tu­
bulares, cuja eficiência é classificada
como intermediaria; e de LED, de gran­
de eficiência energética.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.


A Figura 1 mostra cada um dos tipos de lâmpadas geralmente utilizadas
nos ambientes escolares, assim como o índice de eficiência de cada uma delas.
A cor vermelha aponta o baixo índice de eficiência energética, a cor amarela
representa uma eficiência energética intermediaria e a cor verde, elevados ín­

-
dices de eficiência:

-
lac:1111MU111, --
--· ·-·
,_,
./

w
X

........ ...... UI>

Uma das medidas mais simples para promover a redução dos custos com ilu­
minação consiste em conscientizar as pessoas de que a Iluminação artificial deve
ser utilizada apenas quando necessária. Em outras palavras. deve-se promover o
desligamento das fontes de energia na ausência de pessoas nos ambientes.
As medidas anteriormente elencadas têm como uma de suas principais carac­
terísticas a facilidade de implementação, pois campanhas informativas, fixação
de cartazes e lembretes consistem nos principais promotores dessas medidas.
No entanto, há um componente tecnológico que contribui de forma significa­
tiva para o aumento da eficiência energética na Iluminação. o lighting emmiting
diode (LED). Essencialmente, essa tecnologia é composta por várias camadas de
material semicondutor que, ao ser energizado, emite luz visível.

CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.


O uso da tecnologia LED traz Inúmeros beneficlos, como pelo seu elevado
índice de eficiência energética, a disposição de 100% da luz ao ser acionada e a
capacidade desta tecnologia de suportar elevados números de ciclos, podendo
variar de 25 mil a 100 mil horas de utilização.
Devido a sua fácil implementação, as medidas associadas à iluminação, geral­
mente, são as primeiras a serem adotadas em um processo de melhoria de efi­
ciência energética. Para além das medidas já mencionadas. ainda podemos pro­
mover melhorias nos índices de eficiência energética com as seguintes medidas:
• Aproveitamento da luz natural. a flm de evitar o uso de iluminação artificial;
• A fim de promover a reflexão da luz., recomenda-se pintar as paredes e
tetos de cores claras;
• Empregar a utilização de luminárias que possuem superfícies refletoras de
elevado desempenho;
• Limpar com frequência lâmpadas e luminárias;
• Fazer uso de sensores de presença em locais de passagem e sanitários;
• Manter toda e qualquer entrada de luz natural limpa e desobstruída;
• Empregar a utilização de equipamentos de fluxo luminoso, em especial
nos locais onde as condições de iluminação natural são favoráveis;
• Fazer uso de balastros eletrônicos associados a lâmpadas fluorescentes
tubulares;
• Em locais com tetos com altura superior a três metros, recomenda-se utili­
zar lâmpadas de descargas do tipo vapor de sódio de alta pressão;
• Realizar a aferição dos níveis de iluminação dos diferentes locais, para
checar se estão dentro das especificações técnicas;
• Substituir lâmpadas menos eficientes por outras de maior eficiência;
• Fazer uma avaliação acerca da possibilidade dese Instalar dispositivos de
controle em pátios de estacionamentos, como interruptores
temporizados e controle automático programado mediante
hora oJ fotocélula.
Essas medidas contribuem de forma significativa para au­
menta· a eficiência energética nos estabelecimentos esco-
lares. Em adição às medidas Já apresentadas. a Figura 2
reúne uma série de propostas, que tem como objetivo o
aumento da eficiência energética nas escolas:

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


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•Wrrit11 ° llhvobko 1,,MI ,_. °' 1100.uot ..rot/lW h11ul1dt. UpkllMlltt o tempo N '"'"'º P"' t1tH
ttlltf1ls 1..S1 os M ,nos..

••
Escolas verdes
O custo financeiro das escolas com energia elétrica representa uma cifra con­
siderável. Nos Estados Unidos. as escolas gastam aproximadamente 6 bilhões de
dólares apenas em tarifas de energia elétrica.

CONSBVAÇÀO E EFICltNCIA ENERGÉTICA -


No entanto. as edificações escolares não necessariamente precisam ser tão
ineficientes energeticamente corno vêm sendo nos dias de hoje. Isso porque,
atualmente, já se tem tecnologias e produtos disponíveis que possibilitam que as
edificações escolares sejam mais sustentáveis e eficientes energeticamente.
O ideal é maximizar o uso de iluminação natural, incorporar mais tecnologias e
aumentar a ventilação natural. diminuindo a necessidade de ar condicionado. Isso
resulta em melhor qualidade de ar interno. minimiza o desperdício com constru­
ções desnecessárias e reduz impactos ambientais negativos.
O conceito de escolas verdes é muito bem visto pela comunidade nacional e
internacional. urna vez que são energetlcamente mais eficientes. possibilitando
uma redução de aproximadamente 40% dos custos com energia.
No entanto, a arquitetura e tecnologias utilizadas na construção das escolas
verdes têm custos aproximados de 15% a 20% maiores do que nas metodologias
tradicionais. Apesar disso. devido a sua maior eficiência energética. o custo adi­
cional de construção é pago entre dois a cinco anos. conslderando-"Se as reduções
nos gastos com eletricidade.
As economias geradas ao se obter
maiores índices de eficiência energética
nas escolas permitem a elas operarem a
custos mais baixos, dessa forma. obten­
do recursos para serem reinvestidos em
propósitos educacionais. como livros e
outros materiais de ensino e aprendiza­
gem. Além disso. esse novo padrão de
construção possibilita a redução das
emissões de NO,. so, e co, em. aproxi­
madamente, 1 milhão de toneladas em
um úni::o ano.
Além disso, se forem considerados os anos de vida útil de uma escola deste
tipo, serão aproximadamente 60 milhões de toneladas de poluentes a menos que
deixam de ser emitidos, ajudando a proteger nosso ambiente local e global.
Além dos ganhos energéticos, anteriormente elencados, as escolas têm
um papel fundamental no processo de ensino e aprendizado da utilização da
energia.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
A educação e a eficiência energética
Quando se pensa em programas de eficiência energética. logo pensamos
na execução de planos de diagnósticos, estudos, troca de equipamentos, mu­
danças arquitetônicas. entre outras medidas. No entanto. medidas muito mais
simples. tais como a mudança de mentalidade e do comportamento individual
e coletivo. também são eficientes. principalmente para que se compreenda a
energia como um recurso finito.
o ensino em relação a questões de eficiência energética deve se ini­
ciar logo na educação básica. pois é nesse período que crianças e jovens
estão desenvolvendo seu caráter. De acordo com Lopes Júnior (s.d.). além
dos educandos, fazem-se necessários recursos e esforços dedicados à for­
mação de professores, bem como o desenvolvimento de ferramentas que
proporcionem aos educadores a possibilidade de ações socioambientais
de ensino.
Ao se adotar um modelo multidisciplinar para a educação de eficiência
energética, esse tema não deve ficar atrelado apenas ao ensino de ciências,
mas deve ser transmitido de forma atrativa, didática e lúdica para os educan­
dos em todas as esferas da sua vida.
Como observa Lopes Júnior (s.d.J. o tema da eficiência energética ganha
significado quando os alunos compreendem que suas atitudes cotidianas im­
pactam de forma direta os índices de consumo de energia e recursos naturais.
Nesse sentido, ao ensinar às crianças e jovens a usar energia de forma
racional. estamos promovendo a difusão de conhecimentos que atingirão
também seus pais e familiares. que serão influenciados pelos novos hábitos
da juventude.

O Eficiência energética no setor público


O tema da gestão energética no setor público vem cada vez mais ganhan­

do destaque, dada a importância que esse setor representa e. principal­
mente. por sua capacidade de definir padrões. regras e normas. Soma-se a
isso o fato de que é crescente a preocupação com as questões ambientais e
sustentabilidade.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


O setor público é um dos gran­
des consumidores de energia elétri­
ca produzida no pais. Nesse sentido.
as instalações desse setor possuem
um grande potencial de melhoria nas
questões de eficiência energética. re­
duzindo assim os níveis de consumo
e, consequentemente, reduzindo os
impactos ambientais.
Essencialmente, o setor público se
organiza em três níveis administra­
tivos: federal, estadual e municipal.
A gestão municipal é uma importante ferramenta da administraç.ão pública,
dada sua capilaridade em todo o território nacional.
Independentemente da esfera de atuação do setor público, este deve sem­
pre prezar pelo desenvolvimento da área que está sob sua gestão. A fim de
alavancar o desenvolvimento cada vez mais, a demanda por energia tende a
crescer, portanto. cabe ao setor público buscar melhorias contínuas nas ques­
tões de eficiência energética. garantindo sustentabilidade no desenvolvimento
e na própria energia.
De acordo com Saidel (2005), a gestão da energia elétrica e os ganhos de
eficiência não são a solução para a falta de recursos orçamentários, mas con­
tribuem de forma significativa para redução dos gastos com energia nas contas
públicas. permitindo realocação dos recursos poupados para outras esferas da
administração pública. como saúde e educação.
Como aponta Kurahassi (2006), uma boa gestão dos recursos energéticos
na administração pública requer o estabelecimento e consolidação de políti·
cas públicas de gestão de energia, para que sejam capazes de trazer benefí­
cios à sociedade.
É dentro desse contexto que os tópicos seguintes se inserem. Neles apre­
sentaremos as principais iniciativas. que visam trazer uma maior eficiência
energética para o setor público. lnlclalmente. será apresentado o Projeto 3E
no âmbito federal, em seguida serão apresentados os desdobramentos desse
projeto, além de outras iniciativas.

CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
O projeto JE
O setor público é um dos grandes consumidores de energia elétrica do país.
Várias são as iniciativas que têm como objetivo aumentar a eficiência energéti­
ca dele, sendo uma das principais o Projeto 3E. De acordo com o Ministério do
Meio Ambiente (MMA), o 3E tem como objetivo fundamental o fortalecimento
do mercado de eficiência no país por, meio de treinamento de profissionais,
ações de conscientizaçâo, prática da eficiência energética em edifícios, finan­
ciamento de projetos de eficiência energética, entre outras medidas.
Sendo o Projeto 3E extenso. para cumprir com seus objetivos foi estabeleci-
da uma série de metas. Elas são:
• Planejamento de cinco outros projetos piloto no setor público:
• Oferecer treinamento a 400 gestores de edifícios públicos;
• Obter uma ferramenta comparativa de consumo e eficiência de energia;
• Mapear o consumo-base de edifícios públicos �or KWh/m2;
• Estabelecer contratos entre companhias elétricas e edificações públicas.
Para alcançar as metas inicialmente
propostas, inúmeras atividades foram
desenvolvidas tendo como objetivo a
adoção de contrato de desempenho
no setor público. Também foram rea­
lizados estudos tendo como base a
legislação pertinente à contratação
no serviço público. Os resultados pelo
Projeto 3E podem ser apresentados
através dos resultados de subprojetos
a ele associados, que são:
• Projeto Retrofit - Bloco B:
• Benchmarking de consumo energético de edifícios públicos;
• Contratos de desempenho;
• Mecanismo de desenvolvimento limpo.
Nos próximos tópicos apresentaremos alguns destes subprojetos. bem
como os resultados obtidos por cada um deles e suas contribuições para alcan­
çar o resultado do Projeto 3E.

CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


••
Projeto Retrofit
Dentre os diferentes resultados a serem obtidos pelo Projeto 3E, um deles
visa o estabelecimento de uma estrutura institucional que tem como objetivo
desenvolver projetos de eficiência energética no setor público.
A fim de cumprir com seus objetivos. segundo o MMA, foi acordado o de­
senvolvimento do Projeto Retrofit para o edifício sede do Ministério do Meio
Ambiente e Ministério da Cultura, com a finalidade de estimular o setor público
a promover iniciativas de eficiência energética de acordo com os padrões defi­
nidos pelo Procel/lnmetro. através de seu Programa Brasileiro de Etiquetagem.
A Figura 3 mostra a esplanada dos ministérios. sendo que os edifícios em estu­
do fazem parte desse conjunto de prédios:

A primeira atividade do Projeto Retroflt foi empenhar esforços para a rea­


lização de um completo diagnóstico energético, com o objetivo de identificar
as principais oportunidades de ganhos em eficiênàa energética nos edifícios
anteriormente citados.
Em um segundo momento, foi realizada a análise custo-benefício que nor­
tearia as decisões de quais soluções seriam incorporadas. de modo a se adqui­
rir a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE),

CONSE'!VAÇÂO E EFICIENCIA ENERGtflCA -


Como resultado das inlcladvas tomadas pelo pro;eto, os edifícios obtiveram
a etiqueta de classificação nível A para cada um dos três critérios avaliados: ar
condicionado, iluminação e envoltória.
O resultado obtido pela execução do projeto permitiu que os edifícios sede
do Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Cultura fossem as primeiras
edificações da esplanada dos ministérios a serem certificadas com o selo Pro­
cel de edificações. que é dado a prédios com elevada eficiência energética.

••
Benchmarking de edificios pOblicos
O aumento da eficiência energética no setor público passa pelas respostas
de algumas perguntas bastante comuns. como: qual é o consumo energético
de um edifício hospitalar ligado ao Sistema Único de Saúde? Qual é o consumo
médio que este edifício teve ao longo de um ano? Para consideramos um hos­
pital eflciente. qual deve ser o seu nível de consumo?
Tendo tais indagações como norteadoras. o Ministério do Meio Ambiente
buscou respostas através da realização de um benclYTlark do consumo de ener­
gia dos edifícios do Brasil. Para isso, foi
estabelecida uma parceria entre Eletro­
brás/Procel e o Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCSJ. A Figu­
ra 4 mostra o logotipo de um dos proje­
tos atualmente conduzidos pelo CBCS: CIDADES
A realização de um procedimento de EFICIENTES
benchmark permite compreender o pa­
Figura .t. P,o�tc>(idild� Ploe 1lf'i. Fonte: C.da �,s.
drão de consumo e demanda de energia • � � e 1.i · " �•� t'l'll 2/0412' 10.

de edifícios de vários tipos. tais com escolas. shopping, hospitais, entre outros.

EXPLICANDO
O conceito benchmarlcing energético, essencialmente, consiste na
realização de uma comparação de consumo energético entre diversos
edifícios de uma mesma tipologia. ou seja, edifícios que tenham uma
mesma finalidade e tenham caraterísticas semelhantes. Nesse sentido,
o processo de benchmarking gera valores para cada uma das realidades
desses edifícios, conhecidos como benchmarks.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA.


Ourante a fase de coleta de dados para a realização do benchmark. o Mi­
nistério do Meio Ambiente colocou à disposição da pesquisa edifícios públi­
cos na esfera federal. estadual e municipal que dispunham de área superior
a soam'. Essa iniciativa tinha como objetivo, além de alimentar o processo de
benchmark. estimar o investimento necessário em eficiência energética que
permitisse reduzir o consumo de energia, bem como as emissões de gases de
efeito estufa.
Também participaram dessa pesquisa inúmeras instituições do setor pri­
vado, fornecendo dados como histórico do consumo energético dos últimos
12 meses. área útil e número de ocupantes das Instalações. Os dados foram
coletados de maneira confidencial e têm sido usados no desenvolvimento de
um software que permite acessar o cenário do consumo energético de edifícios
públicos e comparar seus desempenhos.
De posse de todos os dados, o Ministério do Meio Ambiente selecionou uma
amostra contendo 20 prédios que apresentavam baixo desempenho e que es­
tavam dispostos a firmar compromissos de implementação de medidas de efi­
ciência energética, com a finalidade de realizar uma auditoria detalhada.
Os edifícios participantes foram numerados de 1 a 20. e cada um deles re­
cebeu equipamentos e treinamentos em gestão energética. Os resultados afe­
ridos estão mostrados no Gráfico 1, por ordem crescente de consumo:

=
GRÁFICO 1. INTENSIDADE DE USO ENERGÉTICO

EUI* por edifício


)00 ----------------------------
600 M6

't 500
1'11 RJ_
! ,401) OF
1300 -
200
PA se PE SP OF
-
iiÍ
...-
-•-• -..,• -• .-. .-. -•..• --• --• - • .. .. - .. ..
se SP OF SP
100
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lUI • tntfC)' use inttnsicy (iinttMidide do uso tnlf'St1ico). flltdido 1m kv.1\/(ml.IM),

CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Além do resultado anteriormente apresentado. esse projeto foi o responsável
pelo desenvolvimento de inúmeros relatórios e treinamentos. corno:
• C�pacitação com a temática dos medidores:
• Treinamentos de benchmarking;
• Relatório de desenvolvimento de benchmarks;
• Relatório de diagnósticos energéticos;
• Towards benchmarking ofHVAC Energy in commerciol buildings;
• Relatório de gestão de energia:
·Apostila da ferramenta de benchmarking;
• Ferramenta de benchmarklng.

ASSISTA
O vídeo Brasil 2fli(J (episódio 2} - Consuução sustentável.
do canal Conselho Emp. Brasileiro para o Desenvolvi­
mento Sustentável CEBDS, mostra a importància do tema
da eficiência energética na construção de prédios e na
construção civil.

••
Melhorando o desempenho
O setor público. a fim de atingir melhores índices de eficiência energética, pro­
move diferentes tipos de iniciativas. dentre as quais podemos citar o treinamento
e capacitação de gestores e servidores de diferentes ã-eas, corno engenharia, ma­
nutenção e compras.
Além do treinamento de pessoas, o setor público também vem direcionando
recursos para o desenvolvimento de ferramentais de apoio a projetos de eficiên­
cia energética em seus estabelecimentos.
Uma das ferramentas criadas pelo governo federal consiste no uso de contra­
tos de desempenho, também conhecidos corno contratos de performance. Por
meio desse dispositivo, os investimentos em equiparrentos e serviços
são captados através de uma empresa de serviços de
conservação de energia (ESCO). que será remunerada
por melo dos benefícios financeiros alcançados com
a redução nas despesas de energia e água por parte
do consumidor.

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Os contratos de performance não requerem elevados valores de investimen­
tos por parte da administração pública. Em contrapartida, possibilitam ao setor
privado apresentar melhores soluções tecnológicas, com melhor relação custo­
-beneficio para o agente público.
Nesse sentido, inúmeras inciativas vêm sendo torradas para a execução desse
tipo de contrato. O Quadro 1 elenca algumas dessas inciativas. A Figura 5 mostra
os logos desses projetos:

QUADRO 1. CONTRATOS DE DESEMPENHO (PROJETOS)

Projeto Descrição

Utiliza os conlnrtos dedesempenho po,- mPio deparcerin público­


Parc:eri.u pnvadu. faz:endo u10 d@urna a.bordagJtmtécrnaejwicbca.• fim
púbtico,.privadas de identificar-os elementos necessári05 para a modelagem de
Pf'Oi•toa • •laboraçict de documenl'C>9.

1 Re.anne drfe.renciado d@'


Consisteem um •tudo de e.aso �ra o Ratrofit. em que uriio
atodedos dois ho!liprtals de Reafe. N� p,-qeto. estíio utilfundo
contra�o o regime diferenciado de conbõttaçào na adoção de um contrato
de pefforrnanee. .m cooperaçãocom• prwf•n-u,a de Rec,f&.
'

Rt!-1:toftt ANCEl para


Coruusteem um.iudodec.uodo RMrofit n!ialir..docomo
cc:ritrata,ção por
edifício sede-da ANEIL
de54l'm�nho

CONSE'IVAÇÀO E EFICltNCIA ENER8ÊTICA e


O Eficiência energética no saneamento
O setor de saneamento básico desenvolve inúmeras pesquisas a fim de
••
aprimorar seus processos, tornand o -se mais eficiente, reduzindo custos e
ganhando competitividade. Dentre as inúmeras pesquisas desenvolvidas por
esse setor, uma parte delas se dedica à eficiência energética.
Essencialmente, a busca por maiores índices de eficiência energética
no setor de saneamento consiste em otimizar os processos de produção
de água potável, de tratamento de esgoto e dos resíduos sólidos. Isso nem
sempre é uma tarefa fácil, dada a complexldade das estações de tratamen­
to. A Figura 6 mostra uma típica estação de tratamento da Sabesp. utilizada
no tratamento de água:

É uma prática comum, não só no Brasil, mas no mundo, as companhias


de saneamento tentarem reduzir gastos energéticos com medidas inter­
nas e externas do controle de perdas. De acordo com a EOS, existem com­
panhias de saneamento que são capazes de tratar a água do abastecimento
com energia gerada de maneira sustentável, o que tem incentivado outras
plantas a melhorarem seus processos energéticos e de tratamento.
Para efeito de comparação. nos Estados Unidos, a quantidade de energia
gasta para o tratamento de água e esgoto é equivalente ao consumo de 6,75

e
milhões de residências norte-americanas.

CONSERVAÇÃO E EFICl�NCIA ENEROtTICA


A busca por eflclêncla energética na área de
saneamento se justiflca por inúmeros moti·
vos, sendo um deles o fato de que, de acordo
com a Agência de Proteção Ambiental dos E s ­
tados Unidos (EPA), os gastos energéticos des­
sas empresas representam 30% da fatura total
dos municípios.
A cidade dinamarquesa de Aarhus gera 150% da energia necessária à
sua operação, sendo o excedente vendido para uma companhia elétrica ou
empregado na distribuição de água.

ASSISTA
O vídeo Enorsu/ Saneamento: Otimização do Sistema de
Disrrlbuiçao de Agua e Redução de Perdas de Olinda/Pé,
do canal Bentley Systems Brasil, mostra os desafios e
sucesso de um projeto de otimização do sistema de distri­
buição de água em Olinda/PE. Nesse vídeo, conhecemos a
importância e impactos dessas medidas.

••
Fontes de consumo em uma estação de tratamento
As estações de tratamento de água podem operar por gravidade. e. nesse
caso, toda a energia necessária aos processos de tratamento e distribuição é obti­
da através da conversão de energia potencial gravitacional em energia cinética. No
entanto, nos casos em que não é possível utilizar esse tipo de recurso, é emprega­
do o bombeamento da água através do uso de bombõs hidráulicas.
O consumo energético das bombas nas estações de tratamento representa de
70% a 90% do consumo energético em sistemas de abastecimento. O restante do
consumo ocorre em decorrência da captação de água e os processos de tratamen­
to relacionados a ela.
Nesse sentido, as bombas de água e seus motores devem ser os
principais índices avaliados em um diagnóstico energético, a fim
de se obter os maiores índices de eficiência energética. A Figura
7 mostra uma casa de máquinas em uma estação de tratamento
de água em São Luís do Maranhão:

CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Nesse contexto. os maiores índices de desperdícios estão associados a:
• Falta de manutenção nas bombas e motores, o que acarreta baixos ren­
dimentos;
• Falhas de dimensionamento, o que leva as bombas a operarem fora de seu
ponto ótimo de rendimento:
• Excesso de press. ão e elevadas perdas de cargas em adutoras e válvulas:
• Vazamentos.
Portanto, é imperativo às estações de tratamento desenvolver planos de
reduçAo e controle de perdas, a fim de se tornarem mais eficientes energetica­
mente, assegurando benefícios de curto, médio e longo prazo. Inúmeras ações
podem ser tomadas. algumas de baixa complexidade. como:
• Substituição de bombas hidráulicas antigas por equipamentos de alto
rendimento;
• Utilização de inversores de frequência. a fim de promover o controle de
rotação e consequente redução de consumo;
• Estabelecimento de manutenções periódicas;
• Utilização das bombas de acordo com suas especificações.
Estas são algumas das medidas que visam melhorar o desempenho das es­
tações de tratamento, inúmeras outras podem ser adotadas para este fim.

CONSERVAÇÃO E EFICltNCJA ENEROÉTICA e


Sintetizando •
Nessa unidade, foram apresentados e discutidos três temas relacionados à
eficiência energética: a eficiência energética nas escolas, a eficiência energética
no setor público e a eficiência energética na área de saneamento. A unidade foi
dividida em três tópicos, cada um deles dedicados a cada um dos temas.
No primeiro tópico, foram apresentadas as questões referentes à eficiên­
cia energética no ambiente escolar. Foram identificadas as principais fontes de
consumo. assim como as possíveis soluções que podem ser aplicadas para se
obter maior eficiência energética nesse setor.
No segundo tópico, foram discutidas as questões de eficiência energética
no setor público, em especial as medidas que vêm sendo adotadas em âmbito
federal a fim de se obter melhores índices de eficiência energética em edifícios
públicos.
No terceiro tópico. foi apresentado o tema da eficiência energética no setor
de saneamento. Foram identificados os principais pontos em que se pode ga­
nhar eficiência energética, assim como os procedimentos que devem ser ado­
tados para esse fim.

CONSE'IVAÇÀO E EFICltNCIA ENER881CA e


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CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA •


CONSERVAÇAO E EFICI.IEN(l!A
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IENIEIRGETt:CA
Fábio SantJi,ago

A relação entre o ser humana e a f-n Ef]g)a se escalle lece:u deste a:s prtmãrd rms da
humanidade, .senda m cfommlc da ne 11� um dos fa1toru q e p rmrdu nos t1Dn! ..
tlrtulr coma !HIC'i -cfade revolut'Jon r os rn IDi S de 1n0du�aoil d co I unir ç 01 etc.
Portanto. o daminlo !Dil e.nergja alte-rau toda a e'S.trutUira da sorleda.de. O tema da
ene-r�fa e ,s1.11a dl?icussãa. [nevl1ca��meate. nas le1.1a a lnvestlgar sua& fontes r sejam
fas r ncv v Is cu n· e. N e s ntldm, e precisa urn fP afundo conhecJmemo dos
1 1

re{ln"i1i1S naturais que c P-a1s possul Nti entanto, não b.asta. um pa� ser rkc em
rectUS'{ilS energetlcos, se e1e não fa :z uso efLci�l'IJte lfi'IOS dhrers.aiS s.,etar1 =--s c:fa Siorl e­
ciade, seJai lnd'ustrla1, d tran,,orte, t:rucação, :sanetment� ntrt outras, f nes.se
cont xto de dlstuiss6es das. to ir. s ne,gêtlc s, s u uso fie: que pretende· 1

mms djscut.lr a forma ra1:iortal da us.a da e1Jerg;ia.

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