Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DADOS 00 FORNECEDOR
A.nAlise de Qualidade. Ediçio de Texto, Design lnstrudonal,
Roclro,PE-CEP SOI00,160
*Todos os iráficos, tabllH I esquemas sio creditados à 1ut0<i., HIVo qwindo indic11d1 • r1ferênci1.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abOrdado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assurto.
o\ CURIOSIOA.DE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
' , DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
, ' informação plivilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
1 EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão especifica da
área de conhecimento trabalhada.
Unidade 1 • Energia, suas fontes e as11ectos económicos
Objetiws da unidade .......................................................................................................... 12
Sintetizando .......................................................................................................................... 42
Referê1cias bibliográficas ................................................................................................ 43
Unidade 2 • Desenvolvendo o diagnostico eneryetico e conhecendo tecnologias
de racionalização de energia
Objetivos da unidade ............................................................•............................................. 47
. .
Ef1c1encm
·- • energe'tica ..............•............................................•............................................. 48
Importânciada eficiência energética e suas políticas............................................. 48
Consumo e oferta de energia no Brasil ....................................................................... 51
Intensidade energética .................................................................................................. 53
Eficiência energética global brasileira ........................................................................ 55
Sinteúzando .......................................................................................................................... 73
Referências bibliográficas ................................................................................................ 74
Un idade 3 • Eficiência e nergética no setor industrial e de transportes
ObjetiYOs da unidade .......................................................................................................... 77
. .• . . .
Ef1c1enc1a energetica na educaçao - ............................................................................... 1"" uo
Curricu lo Lattes:
http:l/lattes.cnpq.br/9172880946351461
Aos que estão ao meu lado, minha gratidão. Aos leitores, a recomendação
de Guimarães Rosa de que o escuro só se faz claro de pouquinho...
ser
educacional
29A)4Q() ,s:1e
Tópicos de estudo
• Energia e sociedade Energia eólica
Energia, socredade e história Energia solar
A energia no Brasil Biomassa
O petróleo no Brasil
A energia elétrrca no Brasil • Aspectos econômicas
Políticas e investimentos no
• Fontes de energia convencio setor ene·gético
n.ais e não convencionais
Os combustíveis fósseis
O petróleo
Gás natural
Carvão
Carvão mineral no Brasil
Energia hidráulica
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
Energia, sociedade e história
Ao longo de toda a História, o ser humano sempre estabeleceu dife
rentes relações com a natureza, sendo uma das mais importantes a forma
como ele produz, reproduz e distribui as diferentes formas de energia obti
das a partir dos recursos naturais. Segundo Ralzer e Melrelles (2009). a re
lação entre o ser humano e as diferentes fontes de energia foi responsável
por alterar a estrutura das sociedades, principalmente em decorrência das
grandes revoluções industriais. Isso se deu devido ao impacto, não apenas
tecnológico. provindo com o uso do carvão. do petróleo e da energia elétri
ca. que afetaram sensivelmente a organização social da produção e, conse
quentemente, a vida social.
No entanto, a relação do ser humano com a energia vem de muito antes das
grandes revoluções industriais. Segundo Carvalho (2008), o fogo foi uma das
primeiras formas de energia que aprendemos a utilizar. com os primeiros vestí
gios históricos de sua utilização remontando a aproximadamente 1,9 milhão de
anos atrás por hominídeos. À medida que os seres humanos iam descobrindo
e aprendendo como utilizar as inúmeras fontes de energia, estas imprimiam
diferentes rumos à sociedade humana.
De fato. nós nos constituímos como sociedade a partir do desenvolvimento
da agricultura irrigada de cereais, que ocorreu na Mesopotâmia, há aproxi
madamente seis mil anos. No entanto, ela só foi possível graças às fontes de
energia cinética providas pelos rios, a tração animal e a energia proveniente
da queima da lenha. Como observa Hémery, Debeir e Déleage (1991), é nesta
época que o fogo passa a ser usado de maneira controlada.
Dando um Imenso salto histórico para o ano de 1698. nos deparamos com
Thomas Savery, responsável por criar a primeira máquina a vapor. cuja fun
ção era bombear água das minas. No entanto. o artefato produzido por ele
era tão problemático, que era incapaz de reproduziras resultados esperados.
Coube a Robert Hook. no ano de 1712, o desenvolvimento de uma máquina a
vapor capaz de operar de maneira efetiva. Nesse mesmo período James Watt
aperfeiçoou a criação de Hook. que passou a ser empregada em locomotivas.
fábricas e navios. Nesse sentido. a máquina de Watt foi um dos principais veto
res da Primeira Revolução Industrial.
•
A energia no Brasil
O Brasil é um dos poucos países no mundo que possuem uma enorme
quantidade de recursos naturais. Toda esta abundância de recursos cola
bora significativamente para que tenhamos uma rica matriz energética.
No entanto. a compreensão de como o Brasil tem empregado suas fontes
de energia passa pelas dinâmicas populacionais do país, pois essa conexão
entre dinâmica populacional e matriz energétic.a está presente na maioria
dos países.
Segundo carvalho (2008), no ano de 1872 foi realizado no Brasil o primeiro
Rec.enseamento Geral do Império (Tabela 1), sendo contabilizados 9,93 mi
lhões de habitantes. No ano de 1950. o recenseamento apontava 51.9 milhões
de pessoas e, acompanhando a explosão demográfica mundial (Tabela 2) no
ano de 2008. o País já contava com 187.2 milhões de pessoas.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
iniciam-se Inúmeros estudos com o objetivo de vlablllzar o álcool como um
combustível complementar à gasolina. Isso perdurou até 1975, quando é
instituído o Plano Nacional do Álcool e o Programa Nacional do Álcool. cujo
objetivo era promover a substituição, em grande escala, dos combustíveis
derivados do petróleo por álcool.
O Programa Nacional do Álcool sobreviveu até meados da década de 1990.
com forte apoio financeiro do governo. Após esse período. ele começou a decli
nar de maneira acentuada, pois a iniciativa privada contribuiu pouco ou qua
se nada para a criação de um modelo econômico viável, ligado às atividades de
produção, transporte e produção do etanol (CARVALHO, 2008). Em vez disso, o
setor optou por financiar a rolagem da dívida pública a elevados Juros, sem cor
rer os riscos inerentes aos investimentos ligados ao setor produtivo, industrial
ou agrícola, como toda e qualquer atividade empresarial.
•
o petróleo no Brasil
No ano de 1938, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Com a
criação desse órgão, foram instituídas as atividades de exploração de petróleo
no Brasil e todas as atividades decorrentes desta. tais como lavra de Jazidas.
atividades de refino. transporte. entre outras. Além disso. também se estabele
ceu que as jazidas. mesmo aquelas ainda não localizadas, passariam a integrar
o patrimônio da União. No entanto, a indústria petrolífera nacional ganharia
corpo e forma no ano de 1953, com a criação da Petrobras.
A criação da Petrobras, no governo de Getúlio Vargas, trouxe consigo o mo
nopólio da união sobre as atividades de pesquisa. lavra. refino, transporte e
distribuição de petróleo e seus derivados. Segundo Carvalho (2008), antes da
criação da Petrobras, o Brasil dependia, de forma direta ou indireta, de trata
dos com corporações como a Shell, a Texaco, a Esso, entre outras. que atuavam
principalmente no ramo de distribuição de derivados.
Os investimentos na Petrobras permitiram à empresa o desenvolvimento
de inúmeras pesquisas, destacando-se a tecnologia desenvolvida que permitiu
a exploração de petróleo em águas profundas. abaixo da camada do pré-sal.
fazendo com que o Brasil se tornasse autossuficiente na produção de petróleo,
no ano de 2006.
••
A energia elétrica no Brasil
O setor elétrico brasileiro, até meados dos anos 1950,
era controlado por estrangeiros, com uma capacidade
Instalada de apenas 1.882 MW. Contudo, os grupos que
controlavam o setor elétrico não tinham interesse em ex
pandir a produção e a distribuição, o que acabava por
inviabilizar qualquer tipo de processo de industriali
zação do pais.
Segundo Jannuzzl (2007), logo após o período da
Segunda Guerra Mundial. a produção de eletricidade já
não era capaz de acompanhar a demanda, o que acabou le -
vando o sistema elétrico a entrar em crise, com constantes racionamentos,
aumentando a participação da autoprodução. Devido à precariedade do
sistema elétrico brasileiro. a partir dos anos 1950. o empresariado nacional
industrial começa a pressionar o governo para que assumisse o controle do
sistema elétrico e aumentasse a geração de distribuição (CARVALHO. 2008).
ASSISTA
O vídeo "Série especial Energias: biomassa·, do canal
lVBrasil, no YouTube, mosua a importância da biomassa
na matriz energética brasileira. Atualmente, esta fonte de
energia se consolida na terceira posição entre as formas
de produção de energia no País, represent,ndo 9% da
matriz energética brasileira.
dl OISF. e-r•,
merto hitiulico da
de Pa• Momo.
Ptono dt lltlrifir"llo dt !io
h<.lo.Usinasu..,,._ 1 Crlil(:io d• <IA tdlCEMAJ.
1939
l
1945
,i,
1950
,,
1953
"
1954 1951
',
1956 1957
.' ,, ,, ,,
con,onrpo 41 UslN
Hilkeitriudtfunws..
Oem':olf4t.011/�7. tt
,....,..c,à•SefflpK
•rNfP tliolca. c.ri�ltMhiisttrio•
MinM. IM (M..),.
196' a 1986
.
1957 1958
"
1960
,' "
1961
,'
1964 1965
'' ..
<ril9t d, aw.a. WlPA. WP, <a. UIJf.
1 1 1
Cri� .. Olt'VAP, flMÇio da (OOIA. U,I� <UPA. COSllll
Criap,tllleOHAU,
'" 1!71 •
t!ll
1161• 1'11 1''6 1111
m, )
1
,.......�-9,o,.. ....
,,,..,..,...,_-......,
Jontt;JN-NU171. 2007, p �
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Um marco Importante no setor elétrico nacional foi a assinatura, no dia 26
de abril de 1976, do Tl'atado de ltaipu. entre Brasil e Paraguai. cujo objetivo
era realizar o aproveitamento hidráulico do rio Paraná. Já no ano seguinte, foi
instituída a empresa ltaipu Binacional, responsável por trazer as primeiras má
quinas ao canteiro de obras. A construção de ltaipu levou aproximadamente
10 anos para ser concluída, empregando uma força de trabalho de aproxima
damente 40 mil trabalhadores. Segundo o IPEA (2010). na construção da usina
foram utilizadas mais de 50 milhões de toneladas de terra e rocha. com o obje
tivo de desviar o curso do rio Paraná. Além disso , a quantidade de ferro e aço
utilizada na construção equivale a 380 Torres Eiffel. enquanto a quantidade de
concreto é suficiente para construir 210 estádios do Maracanã.
Os primeiros testes em ltaipu foram realizados no ano de 1983, mas sua
inauguração ocorreu apenas no ano seguinte, em 1984. ao colocar em opera
ção uma unidade geradora. Embora. em seu projeto original, a usina deves
se contar com um total de 20 unidades geradoras. a Inaugura-
ção das duas últimas turbinas foi feita apenas 33 anos depois
de a usina iniciar seu funcionamento, ou seja, no ano de
2007. De qualquer modo, a eletricidade permitiu ao Bra-
sil se Industrializar. apesar de atualmente sofrer um forte
processo de desindustrialização. Apesar de todas as duali·
dades. contudo. a eletricidade proporcionou notáveis avanços
..
sociais e econômicos ao país.
•
Os combustiveis fósseis
As fontes de energias fósseis, tais como carvão, petróleo e gás natural. tive
ram seu processo de formação iniciado há aproximadamente 300 milhões de
anos. sendo resultado da decomposição de matéria orgânica viva ou morta.
submetida a elevada pressão, temperatura e ação de inúmeros microrganis
mos. principalmente microalgas da família Botryococcus.
Como observa Carvalho (2008), os combustíveis fósseis consolidam energia so
lar acu'Tlulada por meio da fotossíntese em vegetais e determinados organismos
que deles se nutrem ao longo de milhões de anos. Devido a este lento processo de
formação. esses combustíveis são considerados fontes não renováveis de energia.
Segundo Chu e Goldemberg (2010), os combustíveis fósseis são res
ponsáveis pelo suprimento de aproximadamente 80% das necessidades
•
O petróleo
O petróleo é um dos mais importantes combustíveis fósseis para a
civilização humana, tendo sido o movedor da Segunda Revolução lndus
trial(PIVA, 2010). De lá para cá, sua gama de aplicações se ampliou signi
ficativamente, pois a partir de meados do século XIX sua transformação
química permitiu a obtenção de inúmeros subprodutos. fazendo com que
hoje ele não esteja relacionado apenas a um único ciclo produtivo.
Segundo Carvalho (2008), o termo petróleo designa uma enorme va
riedade de compostos orgânicos, de diferentes massas moleculares. São
compostos predominantemente por hidrocarbonetos. podendo variar de
50% em compostos como o betume. e chegando a 95% em compostos mais
leves. A rigor, o petróleo pode ser dividido em três famílias de hidrocarbo
netos, sendo elas:
• Os alcanos são hidrocarbonetos alifáticos saturados, cuja fórmula ge
ral é dada por e. H, ..,. podendo ter cadeia linear ramificada ou não. Devido
ao fato deste hidrocarboneto poder ser composto por inúmeros átomos
de carbono, ele pode ser encontrado nos três estados físicos:
• quando a molécula contêm de um a quatro átomos de carbono, em tem
peratura ambiente, o hidrocarboneto se encontra no estado gasoso.
• moléculas que conU!m de cinco a 15 átomos de carbono em sua composi
ção e estão em temperatura ambiente. permanecem em estado líquido.
• por fim, moléculas com mais de 15 átomos de carbono em sua composi
ção. quando em temperatura ambiente, se encontram em estado sólido.
• Uma outra família derivada do petróleo são o, hidrocarbonetos não sa
turados de cadeia fechada, sendo o representante mais simples desta fa
mília o benzeno, cuja fórmula molecular é dada por C6 H6•
• Por fim, porém não menos Importante. tem-se a família dos betumes, asfal
tos e graxas cuja principal característica é possuir elevada massa molecular, além
de serem compostos ricos em nitrogênio, oxigênio, enxofre entre outros.
CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
••
Gás natural
O gás natural é formado a partir de um processo semelhante ao do petró
leo. Quando ele se encontra nos reservatórios, sob elevada pressão, o gás está
naturalmente dissolvido ao petróleo ou a ele associado. Basicamente, o gás
natural apresenta em sua composição: metano em uma proporção de 75 a
90%: Sa 15% de propano: menos de 5% de etano; e menos de 5% de butano.
Devido à sua composição química, o gás natural oferece uma excelente
capacidade energética. Além disso, ele é considerado um produto comercial
limpo, pois apresenta baixo índice de compostos sulfurosos, além dos gases
resultantes de sua combustão serem uma ótima fonte de reaproveitamento
energético (RIBEIRO et ai., 2007).
A descoberta do gás natural se deu no ano de 1659, na Europa, mas ele não
despertou grande interesse, nesse primeiro momento. O uso do gás natural como
fonte de energia se deu. em maior escala, apenas no final do século XIX. em decor
rência da invenção do queimador de Bunsen, no ano de 1885. Já no ano de 1890,
surgem os primeiros gasodutos à prova de vazamento, o que permitiu que o gás
natural fosse transportado por distânàas de aproximadamente 160 km.
No Brasil, o emprego do gás natural como fonte de energia se iniciou de
forma modesta. no ano de 1940, em decorrência das descobertas das reservas
de óleo e gás na Bahia. Nesse momento, o gás natural atendia principalmente
ás indústrias localizadas no Recôncavo Baiano. Em um momento posterior, a
produção das bacias do Recôncavo Baiano, de Sergipe e de Alagoas passaram a
atender às demandas de fabricação principalmente de insumos e combustíveis
para a refinaria de Landulfo Alves e o Polo Petroquímico de Camaçari.
O marco histórico do gás natural no Brasil ocorreu durante a década de
1980, com a exploração da Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro.
Segundo Ribeiro et ai. (2007), a exploração dessa bacia proporcionou um au
mento de aproximadamente 2,7% da participação do gás natural na matriz
energética nacional. Posteriormente, o término da construção do gasoduto
Brasil-Bolívia, com capacidade para transportar 30 milhões de metros cúbi
cos de gás diariamente, vlablllzou a Instalação de 56 novas centrais termelé
tricas entre os anos de 2000 e 2003, proporcionando um acréscimo de 20 mil
MW na produção de energia elétrica.
••
Carvão
O carvão mineral, de origem fóssil, foi a fonte de energia que viabilizou a
Primeira Revolução Industrial, que se iniciou na inglaterra durante o século
XVIII, ao ser amplamente empregado na geração de vapor para mover má
quinas. Ao final do século XIX. o vapor obtido pela queima do carvão passou a
ser empregado na produção de energia elétrica. no entanto. com o decorrer
do tempo. esta fonte de energia começou a perder espaço na matriz energé
tica mundial, com o advento do petróleo, do gás natural e da invenção dos
motores de combustão interna (ANEEL, 2005).
O carvão voltou a ser um dos protagonistas das fontes de energia do mundo
durante a década de 1970, quando ocorreu a primeira crise do petróleo. A reto
mada do carvão, como uma das principais fontes de energia, se deu devido à sua
oferta farta e pulverizada, além de seus preços como commodity registrarem os
cilaçõe; suaves ao longo de décadas. Segundo a lntemational Energy Agency (IEA.
2019), o carvão continua sendo a fonte de energia mais empregada para a produ
ção de energia elétrica do mundo. representando 41% da produção total. Além
disso. como fonte de energia primária. ou seja. quando se considera outros usos
além da geração de energia elétrica, ele representa 2696 da demanda mundial.
A principal desvantagem do uso do carvão fóssil. de acordo com a ANEEL
(2005), se dá em relação ao impacto socioambiental que ele causa, ao longo
do seu processo de produção e consumo, pois sua extração provoca a de
gradação da área minerada e sua combustão é responsável por emissões de
C02. No entanto. o desenvolvimento de tecnologias conhecidas como clean
coai technologies, ou "tecnologias de carvão limpo·, têm como finalidade a
minimização dos efeitos associados à queima do carvão.
-
-
Pos1ç-âo País Mtep
1289,6 41.1
-
587,2 18.7
-
fnd1i1 181,0 S,B
-
s• África do Sul 151,8 4,8
-
Rús�ie HB.2 4,7
-
País
-
-
573.7 18.1
-
208.0 6.5
-
-
-
-
- BtNi1 13.6
••
Carvão mineral no Brasil
As reservas brasileiras são compostas pelo carvão dos tipos linhito e sub
- betuminoso, com as maiores jazidas situando-se nos estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina. e as menores no Paraná e em São Paulo. As reservas
brasileiras ocupam o décimo lugar no ranking mundial, mas totalizam 7 bilhões
de toneladas. correspondendo a menos de 1% das reservas totais. A Associa-
=
lABELA S. CLASSIFICAÇÃO DO CARVÃO EM FUNÇÃO DO lEOR DE CARBONO
••
Energia hidráulica
O recurso natural mais abundante no planeta Terra é a água, recobrindo
cerca de dois terços do planeta na forma de oceanos, rios, lagos e calotas po
lares. Estima-se que o volume total deste recurso natural atinja os 1,36 bilhões
de quilômetros cúbicos. Além de sua abundância, a água é uma fonte de ener
gia renovável. pois a energia solar. aliada à força da gravidade, faz com que
a água se transforme em vapor e. posteriormente. se condense em nuvens.
e
retornando à superfície terrestre na forma de chuva.
CONTEXTUALIZANDO
A construção da primeira hidrelétrica ocorreu ao final do século XIX, junto
às Cataratas do Niágara. Até então, a energia hidráulica disponível naquela
região era empregada majoritariamente na geração de energia mecânica. No
Brasil, a construção da prtmeira hidrelétrica se deu durante o reinado de D.
Pedro li, no município de Diamantina, empregando as águas do Ribeirão do
Inferno, anuente do rio Jequitinhonha. Esta usina tinha capacidade de 0,5 MN
de potência e contava com uma linha de transmissão de dois quilômetros.
/ /.
. / /
. . 4�9/ .•
-· , .•
..-. , ...
,;,
; ,� Chi'1a/ '
.. 15.4'1(,
/' /
;
/ . ,; -
..
-
Estados Uni·
250.8 8.ml>
dos
.
CONSEilVAÇÀO E EFICIENCIA ENERGÉTICA o
TABEIA 7. PARTICIPAÇÃO DA HIDRELÉTRICA NA PRODUÇÃO TOTAL DE
ENERGIA ELÉTRICA.
Posição Part1c1�çiio
,. Non,op 911.5,i,
3 Verwiuela 72.m.
•• Canadá 58.m.
s• Suécia 43.11ft
Japão
Estados Unidos
Outros países
••
Energia eólica
A energia eólica é aquela obtida pelo aproveitamento da energia cinética dos
ventos. Não há informações históricas precisas quanto à sua utilização, uma vez
que. desde a Antiguidade. a energia eólica é a responsável por gerar a energia
mecânica empregada no bombeamento de água. na moagem de grãos e na mo
o
vimentação dos barcos.
••
Energia solar
A energia solar consiste em uma das formas mais abundantes de energia
que chegam ao planeta Terra. Estudos apontam que sua irradiação ao longo
da superfície terrestre, no período de um ano, é suficiente para atender à
demanda energética do planeta em milhares de vezes. Ao chegar no plane
ta Terra, a energia solar o faz na forma térmica e luminosa, no entanto. ela
não aUnge a superfície terrestre de maneira uniforme, dependendo assim
de fatores como latitude, estação do ano, condições atmosféricas, umidade
relativa do ar. entre outros.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Ao entrar na atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar se manifes
ta predominantemente na forma de luz visível, de raios infravermelhos e raios
ultravioleta. A captura desta energia pode ser feita de modo a se obter energia
térmica ou energia elétrica, sendo que o que diferencia a forma obtida é o tipo de
aparelho utilizado. Segundo um estudo da Photovoltaic Power Systems Program
me, a participação da energia solar na matriz energética mundial é pequena. No
entanto, ela vem sofrendo um aumento considerável nos últimos anos.
Por exemplo, entre os anos de 1996 e 2006, o uso deste tipo de energia au
mentou 2.000%, alcançando os 7,8 mil MW, o que corresponde a um pouco mais
da metade da capacidade instalada da hidrelétrica de ltalpu, que é de 14 mil MW.
O Gráfico 1 exibe o crescimento da potência instalada de células fotovoltaicas
no mundo, entre os anos de 1992 e 2007. Este aumento se deve principalmente
a países como a Alemanha, em que a energia obtida por meio de células fotovol
taicas corresponde a 49,3% da demanda total de energia.
"°ºº
=EMMW
l.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
1''2 1!!3 1"4 1"5 1,'6 ,,,1 1!!8 "" 1000 2001 1001 2043 10111 1005 IOll6 II01
ronte. lEA, 1019_
CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Como podemos observar na Figura 2. à medida que se afasta dallnha do
Equador e se aproxima das regiões Sul e Sudeste do Brasil, a incidência de radia
ção solar se torna menor. o que contrasta com uma maior demanda de energia
elétrica em decorrência da maior atividade industrial.
16 .. 11 MV9'11/dMI
• 18 - 20 MYo>'ldio
• 1G - U MY1111/dü
I ,"
� li
Jw1------------------
:z li.. 1=;;;::::;::;:::;;=:a:�
' 2000 1001 2002 2003 201H 2t0s 1006 �, 2ooe 100, mo 2011 1012
o
detalha todo este processo.
CrbtMu.açlo 110,gtm
.-,....
-,l----'iL:�-..
;;.. ;-i�-"l'--1 =d• � .�:'. O.�ftu\lo .•
"""'Iª
�--� O.SUll(Jo
Mtlaço 1-- ftrmtfllj\lo V
Ãlcool
�
llldrar.do
1. Addo iulúrko
c.i.,...
Oeslill
Aatibiórkos 2. (Mlrif'l>\I<>
Aleól,
3.
levedwa Ãlcool
anidro
Desse modo, uma pergunta que pode surgir naturalmente é: quanto uma
tonelada de biomassa de cana-de-açúcar produziria de etanol? Para cada to
nelada de cana-de-açúcar processada em uma usina. são produzidos 57 kg de
açúcar. 50,6 1 de etanol e 140 kg de bagaços secos.
ASSISTA
Os processos que envolvem a obtenção do açúcar e do
etanol a panir da cana-de-açúcar são complexos. Assim,
o vídeo explicativo "A transformação da cana em açúcar,
álcool e energia elétrica·. p osrado pelo cara! 1V Cidade
Verde, no YouTube, mostra o processo de obtenção do
açúcar e do etanol em uma típica usina de cana.
O Aspectos econômicos
A energia é um componente fundamental para o desenvolvimento de
••
um país, sendo o consumo per capita de energia um dos indicadores que
podem ser utilizados para determinar os problemas de uma população.
CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Atualmente, os países em desenvolvimento concentram aproximadamen
te 7091 da população mundial e, segundo Goldemberg (1998), eles se carac
terizam por possuir uma expectativa de vida aproximadamente 30% menor
do que nos países de economia desenvolvida, taKas de analfabetismo su
periores a 20%, além de ser comum o número médio de filhos por casal ser
superior a dois, o que aponta para uma população em crescimento.
Além desses indicadores, os países em desenvolvimen
to apresentam consumo de energia comercial per capita
abaixo de uma tonelada equivalente de petróleo (TEP)
por ano. Desse modo, é fundamental que os países em
desenvolvimento ultrapassem a barreira de 1
TEP/capita anual, pois à medida que o consu-
mo de energia ultrapassa valores acima de
2 TEP/capita anual, as condições socias me-
lhoram slgnlfícatlvamente. Podemos apontar
como exemplo a União Europeia, que apresenta
1 TEP/capita anual de 3.22, enquanto que a média mun-
dial é de 1.66 TEP/capita anual e, no Brasil, temos um índice
anual de 1.3 TEP por habitante.
•
Politicas e investimentos no setor energético
A fim de compreender a situação atual do Brasil no setor energético, faz-se
necessário retornar aos anos 1940 e 1950, momento em que o país contava
com 41 milhões de pessoas e, desse total, 69% encontrava-se morando no
campo, sendo o consumo anual de energia primária aproximadamente 15
milhões de TEP, o que resulta em um TEP/per capita anual de 0,36 (TOLMAS·
QUIM; GUERREIRO; GORINI, 2007).
O indicador de consumo de energia comercial apresentaria relativa me
lhora no ano de 1970, ano em que o País contava com aproximadamente 93
milhões de habitantes e o consumo atingia os 70 milhões de TEP, fornecendo
uma relação de 0,76 TEP/per capita anual. Portanto, em relação aos anos de
1950, o Brasil praticamente dobrou seu consumo de energia comercial por
o
pessoa.
�- ------------------ 2,5
200 ----------------
... 2,0
100 �
-� �----� ------------1�
so-i-------�----------�---�o.5
1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030
Populaç&l
-+-- Demanda total de energia Pff capita
Fonte. TO. M"5Qll1P.I, GUíRRflPO, GOF' t</1, 1007. p.51.
S
etores I Investimento toLltl Média (US Anual(%)
(US bilhÕes) bilhões)
ser
educacronal
Tópicos de estudo
• Eficiência energética Análise dos dados
Importância da eficiência ener Viabilidade econômica
gé,ica e suas políticas
Consumo e oferta de energia • Tecnologias de racionalização
no Brasil de energia elétrica
Intensidade energética A dinâmica inovadora no setor
Eficiência energética global elétrico
brasileira Cenáno internacional
Cenário no Brasil
• Diagnósticos energéticos
Desenvolvendo o diagnóstico
energético
Visita ás instalações
Levantamento de dados
Vistoria dos ambientes
••
Importância da eficiência energética e suas politicas
As boas práticas em eficiência energética consistem em uma das diver-
sas estratégias que têm como objetivo atender a demanda energética. Um
dos princípios básicos que buscam a eficiência consiste em realizar uma maior
!ASSISTA
Veja os conceitos lundamenrais sobre eficiência energética.
-·
Energia rm1r1e.,
·--
-- _._, ...,. __
-·- �•...=*'••....,..
·-------,
"'""''*""·�
--
-· --
,'1...;;;µ===11,>ro ----.......
ÇONSUW, OE fllEROM Ili�) XY,Z - �._.
....._.. .......__,
____
..
..Q
-t
-·- -....·-. --·-·
·- .._,..., ,_
PT'·•
CONSE'IVAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Inicialmente, o programa previa a adesão voluntária dos diversos fabrican
tes de equipamentos. Duas importantes empresas estatais aderiam ao pro
grama do lnmetro, dando maior visibilidade ao projeto: a Eletrobras, através
do seu Programa de Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e a
Petrobras, por meio de seu Programa Nacional da Racionalização do Uso dos
Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet).
Se inicialmente a adesão dos fabricantes ao programa de etiquetagem era
voluntária, a partir do ano de 2001, por intermédio da Lei de Eficiência Energéti
ca(10.295/2001), a etiquetagem passou a ser compulsória, cabendo ao lnmetro
a responsabilidade de implementação da fel e de estabelecer programas de
avaliação de desempenho energético. Além das atribuições dadas ao lnmetro.
a lei instituiu o Comitê Gestor de indicadores de Eficiência Energética (CGIEE],
que possui dentre inúmeras atribuições a de estabelecer programas de metas
de eficiência para equipamentos.
A adoção dessas medidas tem surtido efeitos e. segundo a EPE (2019), as
ações do Procel tiveram como resultado uma economia de 23 TWh, quantidade
equivalente a 4,78% de toda energia que o Brasil consumiu no ano de 2018 .
••
Consumo e oferta de energia no Brasil
De acordo com a IEA (2019), no ano de 2018 o mundo apresentou um au
mento de 2,3% em sua demanda energética, sendo o maior crescimento regis
trado na última década. Desta demanda energética, 45% foi devido ao aumen
to do consumo de gás natural em paises como China e Estados Unidos e, como
consequência, as emissões de co, aumentaram 1.7% no mundo, atingindo seu
máximo histórico, alcançando 33,1 Gt de co,.
Da mesma forma que as emissões de co, aumentaram, a oferta de energia
elétrica obtida a partir de fontes renováveis também apresentou um significa
tivo crescimento, sendo liderada pela geração de energia solar por meio das
células fotovoltaicas. Segundo a IEA (2019), esse crescimento foi maior que a
demanda, assim, quando se considera a eficiência energética, fontes renová
veis ainda precisam de um forte Impulso.
A demanda energética de um país, e consequentemente a demanda global
de energia, se relaciona de forma direta com sua atividade econômica. Nes-
1!1
___
..------
GRÁFICO 1. PIB E OFERTA INTERNA DE ENERGIA DE 2000 A 2018
.s 161 152
..•
�
10
150
e 121
Ji
101
!I
.. -
� �
N
�
"' •
8 8
N
�
�
"'
�
- ..
� �
�
�
.. --lial
�
N
�
-2
"' •
�
- "'- - -
�
lial lial lial lial
-PIB - Oferta interna de energia
fonte íPI, 2019 p. 17.
••
Intensidade energética
A intensidade energética é definida como a relação entre a energia final ofer
tada e/ou consumida e o PIB. De acordo com a EPE (2019). este indicador é ma
tematicamente descrito por um quociente e pode ser calculado de duas formas.
No primeiro modo é calculado o quociente entre a oferta interna de ener
gia (OIE) e o PIB. resultando na intensidade energética primária (IEP). repre
sentada matematicamente como:
O/E = O/irra tnr,rna dt En,rgia
IEP = PIB
Produto Interno Bruto
ltp/10'USppp2010
____
--
0,101 O 099
0,097 0,096 ................_,
•
0,088
- ......... ....__
0,087 O 085
. 'e
0,089
0,087
'
Intensidade energética
lntffl!ldadt coll9Jmo final
N N
g
N
8
N
N
�
N
�
N
g
�
N
�
N
g
� !
N N
§
N
o
o
- - - •- - - -....
N
o
N
o
N
N
o
w
N
o
N
o
�
N
o
�
o
�
N
�
fonte. u-·1. 2019, p. 22.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
No ano seguinte, em 2009, o mundo passava por uma de suas maiores cri
ses econômicas. Ainda assim, segundo a EPE (2019), o impacto da crise sobre o
PIB brasileiro foi modesto, causando uma retração de -0,1%. O setor que mais
sentiu os efeitos da crise foi o industrial, especialmente a área metalúrgica, que
abarca os energointensivos, tais como siderurgia, ferroligas e alumínio.
Considerado o período que compreende os anos de 201 O e 2013, é fácil observar
no Gráfico 2 que as intensidades energéticas primária e final apresentaram. respec
tivamente, uma taxa de crescimento de aproximadamente 1.0 'ló e 0,1%, como ob
serva a EPE (2019). o comportamento apresentado por estas curvas é em decorrên
cia da oferta interna de energia (OIE) acima do crescimento apresentado pelo PIB.
Por último, ao ser considerado o período entre 2014 e 2018, é possível ob·
servar que a intensidade energética primária obteve uma taxa de crescimento
anual de 0.4%. Nesta época, a economia brasileira passava por uma recessão
com uma queda de 0,9% ao ano. No entanto, segundo a EPE (2019), a intensidade
energética final apresentou um ritmo de crescimento em torno de 0.6%, de for
ma que a tendência de crescimento apresentada pelas intensidades energéticas
está associada ao crescimento apresentado pela produção de energointensivos
de baixo valor, quando comparado aos demais produtos manufaturados.
••
Eficiência energética global brasileira
Um dos fatores que indicam o nível de crescimento de uma sociedade consiste na
quantidade de energia que ela consome. Dessa maneira, construir mecanismos que
permitem aumentar cada vez mais a produção de energia deve estar entre as políti
cas de desenvolvendo econômico de um país. Porém. este não deve ser o único pon
to a ser observado, pois uma maior preocupação com o melo ambiente vem ganhan
do cada vez mais espaço. Assim. é necessário também ter planos que tenham como
objetivo aumentar a efKiência energética visando amenizar o impacto ambiental.
Conforme apresentado, o Procel consistiu em uma das primeiras tentativas
do Brasil em promover o uso racional da eletricidade, combatendo o desperdí
cio tanto no lado da produção quando no consumo, otimizando a produção de
energia e seu uso racional.
Segundo Menkes (2004), as estimativas mostram que pelo lado da geração
e da distribuição ocorre uma perda de aproximadamente 16% da energia. Des-
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
vatlzações e da reestruturação organizacional do programa que levou à perda de
pessoal da equipe e, principalmente, à mudança de sua coordenação.
No entanto, em decorrência da crise energética de 2001, ocorreu uma rever
são do quadro que vinha sendo aplicado, transformando o Procel em progra
ma prioritário para o governo e para a sociedade. Desta forma, o Procel ganhou
novo fôlego, retomando suas atividades e desenvolvendo novos trabalhos.
O programa contou com aportes econômicos de aproximadamente USS 43.4
milhões provenientes do Banco Mundial e cerca de US$ 15 milhões do Global
Environment Facility (GEF). Esses recursos tiveram importância significativa na
reabilitação das ações do programa.
O Procel é apenas uma dentre outras inciativas que visam aumentar a efi
ciência energética, e podemos questionar o quanto a eficiência do país melho
rou com as medias que foram tomadas e com as que vêm sendo adotadas. A
resposta a esta pergunta é dada pela EPE (2019) que mensura esta evolução
através do índice ODEX. responsável por medir o progresso da eficiência ener
gética. Para isso. este indicador considera a variação do consumo e pondera
sua relação com o peso do consumo.
o Gráfico 3 exibe os resultado do indicador ODEX para a economia brasileira
tendo como base o ano de 2005 e abrange os setores Industriais, residencial. de
transportes, energéticos. serviços e agropecuária.
=
GRÁFICO 3. EVOLUÇÃO DO ÍNDICE ODEX NO BRASIL
105
100
95
-"
g 90
93
86
8 85
82
"
N
80
79
,.!: 75 -lndúsClla
--Transportes
70
-- Residendal
65 --ODEXBrasil
60
200S 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2011 2014 2015 2016 2017 2018
fonte. rr1, ;,o•-a p >l.
O Diagnósticos energéticos
Dentre os inúmeros custos que uma determinada empresa possui, seja ela
••
pertencente ao setor Industrial ou comercial, a energia elétrica estará presente
em todas as etapas de um sistema produtivo e cada vez mais vem adquirindo
significativa importância, pois seu custo indispensavelmente está associado ao
preço final de um produto. Deste modo, o uso eficiente deste recurso implica
em uma maior vantagem competitiva, além de se relacionar às questões de
sustentabilldade ambiental.
Nesse sentido, torna-se indispensável o papel assumido pelo responsável téc
nico em gestão de energia. cuja funçâo é aprimorar as instalações industriais, os
sistemas e os equipamentos. A fim de cumprir com estes objetivos, o responsável
técnico precisa ser capaz de avaliar a quantidade de energia necessária para o
atendimento das necessidades atuais e futuras da empresa. Além dis.so, o profis
sional precisa saber negociar e contratar os serviços de energia no mercado.
EXPLICANDO
De acordo com Santos e colaboradores (2007), a compra de energia pode
ocorrer em um ambiente de contratação regulado, também conhecido
como consumidor cativo, ou em um ambiente de contratação livre, chama
do de consumidor livre.
ao,0e.20 1 e:11
empresa para estabelecer prioridades e Implementar os projetos de melhoria
e diminuição das perdas. de modo a ter um processo contínuo de melhoria.
De acordo com Santos e colaboradores (2007), na gestão de uma instalação,
seja ela comercial ou industrial, devem ser abordas as seguintes medidas:
• O responsável técnico deve conhecer as informações que se relacionam
aos flu�os de energia, assim como as ações que os Influenciam. seus processos
e atividades que utilizam energia. relacionando-as com o produto ou serviço:
• Deve ser realizado o acompanhamento dos índices de controle (especial
mente os de consumo de energia), dos custos específicos e dos valores médios
contratados. faturados e registrados;
• O responsável técnico deve atuar nos índices levantados com o objetivo
de reduzir o consumo energético por meio da implementação de ações que
busquem a utilização racional de energia.
O uso racional de energia não é resultado apenas da realização das avalia
ções feitas Isoladamente. Este é apenas o primeiro passo de todo um trabalho
posterior de acompanhamento de metas dentro de um programa de gestão
energética. Desta forma, as auditorias energéticas assumem um importante
papel na obtenção de informações requeridas para a formulação e monitora
mento do programa de redução de desperdício de energia a ser desenvolvido.
Os elementos fundamentais para uma abordagem da realização de um
diagnóstico energético são apresentados pelo Diagrama,.
=
DIAGRAMA 1. ETAPAS DE UM DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO
......... flEapS
... a1
__,..._ ..
ar,, .. ,... ........
-
SE 7• •
fonte. ,.fOCiUf RA. l006. p 137. I.A.dd 4.;IO),
•
Desenvolvendo o diagnóstico energético
Segundo SilvaJúnior (2005), diagnóstico energético é todo o processo investiga
tivo e de implementação de ideias de combate ao desperdício de energia elétrica
dentro de uma determinada instalação, seja ela industrial, comercial ou residencial.
Um diagnóstico energético deve ser capaz de Identificar as possíveis opor
tunidades relacionadas às perdas. desenvolver alternativas, Implementar solu
ções que visem reduzir o consumo e, se possível, deslocar a operação para um
horário que seja mais adequado dentro do modelo tarifário.
•
Visita às instalações
i
O pr meiro passo na produção de um diagnóstico energético é a visita às insta
lações, e neste momento, o objetivo fundamental é ter urna visão integral do am
biente em que se Irá trabalhar. É preciso ter um apurado senso crítico para obser
var as condições da instalação. da arquitetura da edificação. entre outros detalhes.
Silva Júnior (2005) aponta que, ao visitar as instalações, deve-se observar cui
dadosamente os quadros de distribuição, o modo como os circuitos estão distri
buídos, se existe indicativos de que possa ter ocorrido curtos-circuitos no inte
rior do quadro e a temperatura dos disjuntores - uma vez que seu aquecimento
pode evidenciar o dimensionamento errado do circu�o. entre outros aspectos.
Economias significativas de consumo de energia elétrica em edificações po
dem ser alcançadas quando se emprega. ainda na fase de projeto, os padrões
arquitetônicos adequados aliados a materiais e equipamentos eficientes .
••
Levantamento de dados
O levantamento dos dados consiste em uma das etapas mais Importantes
na produção de um diagnóstico energético, pois as informações obtidas durante
o
esta etapa serão indispensáveis no direcionamento dos esforços que buscam a
ASSISTA
Para sabermais sobre as informações comidas na con
ta de energia elétrica e da importância do diagnóstico
energético para uma empresa, assista à emrevista com o
gerente de soluções e inovações do Sebrae RJ.
••
..
-
2 07IOl/200J 00:».00 UI.IS1S 129..15 130.JS 12U2S Ut.J125
•
..
07/0l/20DJ 01:00:00 IO.G62S 121.1125 U0,0625 U1.7S 12&.175 1,0.,m
•
•
07/0ll200J
07/0l/200J ··-
01:10:00
..
117.112.S
121.n
129.S
121.m
1l0.Sl2S
12t.S625
127.A7S
121.9175
129.S
121.n
,,.
,. ..
07/0l/200] 01:JO:OO I0.0625 U7.5625 U!J.125 131.1175 117.1175
••
11
12
,.
071'011200.9
07IOll.2001
01101/200)
·-
01:SCtOO
02:tctOO
60.0625
60.06ll
11731$
127.81.25
121,JS
121.5'25
ll9,12S
tJO.JUS
129.&125
130S/5
191.15
127.5
1Z7.11:tS
121..75
IJ&AJ7S
1H.117S
1)0,ilS
o
Fonte. Sll/A 'hlOA. "'10'1S p 11�. ,:A(U:µ111o
=
GRÁFICO 4. CURVA DE CARGA REFERENTE A UM DIA
CURVA Df CARVA
40
35
3D �rJ\'
�\ ti '
� 25
.,
f 20 , V V�
,;i
� 15 '\
""-1\.,
,o
'""
5
. . -
o
Tempo
rontt; SI.IAJuNIOR. 2005. p 116, (AtMJ)l.00)
•
Vistoria dos ambientes
A função da realização de uma vistoria nos arrbientes da instalação tem
como objetivo obter Informações complementares que não estão disponíveis
na conta de energia nem são obtidas via medição direta.
Geralmente, a vistoria é guiada por uma série de questionamentos previa
mente selecionados. Silva Júnior (2005, p. 116) nos oferece exemplos de itens a
serem avaliados:
• Localização exata do ambiente na planta;
• Área útil total:
• Pé direito:
• Número de funcionários/usuários;
CONSE;tVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
• Horários de funcíonamento;
• Aproveitamento da luz natural;
• Temperatura ambiente;
• Condições de isolamento e vedações.
Ourante uma vistoria, é preciso verificar se os diferentes ambientes estão
em conformidade com as normas técnicas. por exemplo, se o nível de ilumlna
i
mento está associado ao tipo de tarefa que será real zada -para isso, os níveis
de iluminamento aferidos devem estar em conformidade com as recomenda
ções da norma NBR-5413, da ABNT.
No caso da vistoria em ambientes índustrtais. a atenção deve ser redobrada para
os motores elétricos e suas aplicações, verificando a existência de esquemas de par
tida dos motores, equipamentos auxiliares e sua utilização apropriada.
••
Análise dos dados
Após a realização do levantamento de informações e da vistoria ao local, é o
momento de organizar as informações obtidas. Esta etapa consiste na análise
dos dados, sendo responsáveis por determinar o potencial a ser economizado
em un.i Instalação.
A análise de dados requer o conhecimento do perfil total e de consumo
desagregado, sendo necessário construir uma matriz de energia da instalação.
Conforme apontado por Silva Júnior (2005). a matriz de energia agrega os usos
finais por grupos de equipamentos e seus respectivos comum totais, e com es
sas informações se constrói o gráfico de consumo percentual para o uso final.
Uma matriz energética é composta pelo conjunto de elementos avaliados or
ganizados na forma de tabela. como mostra a Tabela 2 onde a primeira coluna
relaciona os equipamentos de uma determinada instalação e as demais colunas
dispõem o respectivo consumo dos maquinários e sua fração em relação ao total.
=
TABELA 2. EXEMPLO DE MATRIZ ENERGÉTICA
Refng•raçio . 248.8
3S.I
�5.B
=
GRÁFICO S. PORCENTAGEM DE CONSUMO POR SETOR
•• Refrigeração
•• Iluminação
Estereliza1ão
Outros
-
Con111t• � <•laçio ' .' . ,· ,
Custo Ínédío . entre o valor da · ·· Valor par;o , . RS . ,·
d• tinerei• · conta d• enarp•• o
· Consumo mrnsal· · ,· . • mi ',...
o
,/ • _. • I consumo final. ' . _/· / .. / . / ,·
Dmed-M
Adrmenc1onal
••
Viabilidade econômica
Após a realização das etapas descritas, deve-se dar início ao estudo da via
bilidade econômica, onde apresentam-se as alternativas de aços para a econo
mia de energia.
Deste ponto em diante, toma-se a decisão de quais alternativas serão lmple·
mentadas para a economia de energia. É indispensável que cada opção esteja bem
definida, assim como a avaliação de suas consequências. A apreciação das alterna
tivas propostas deve ser feita em conjunto com a análise econômica, de modo a se
obter urna valoração monetária e seus impactos. Por consequência, todas as alter
nativas devem ser enumeradas em função de seu potencial de retorno monetário.
Após apresentadas as opções, é o cliente quem decide quando e quais ações
serão Implementadas. Cada projeto proposto deve ser analisado de forma Indi
vidual, levando-se em consideração os recursos disponíveis para o investimento.
•
Tecnologias de racionalização de energia elétrica
Em todos os países economicamente desenvolvidos a energia elétrica ocu
pa um lugar de destaque na matriz energética. Este cenário não seria diferente
em economias em desenvolvimento como a brasileira, onde a energia elétrica
é a modalidade de energia mais consumida.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
No entanto, o Brasil enfrenta uma questão grave quanto à demanda e à gera
ção e, segundo Alvarez (1998). o consumo crescente aliado à falta de investimen
tos no setor de geração vêm diminuindo a distância entre a demanda e a oferta.
o que leva o fornecimento para um ponto cada vez mais critico a curto prazo.
Lima. La Rovere e Santos (2018) apontam que é muito importante que todo
o paradigma hoje existente se altere para que a geração de energia, que hoje é
concentrada. se torne cada vez mais distribuída, uma vez que os atuais consu
midores serão produtores de sua própria energia e. futuramente.. serão capa
zes de armazená-la para consumir em um momento adequado.
Além disso. para Castro e colaboradores (2016), a rede elétrica que hoje é
utilizada apenas na transmissão se tornará inteligente. permitindo a interação
entre os prestadores e tomadores de serviços. Dentro dessa dinâmica onde os
usuários serão considerados microgeradores, as empresas responsáveis pelo
fornecimento de energia elétrica estarão mais capacitadas para lidar com a
volatilidade entre a produção e o consumo.
Nessa perspectiva. tais empresas deverão ser c.ipazes de desenvolver tec
nologias voltadas para a automação, garantindo a qualidade dos serviços pres
tados. Portanto, esses sistemas deverão ser capazes de trazer maior confiabili
dade e desempenho aos sistemas de distribuição.
A fim de compreender a dinâmica de inovação presente no se
tor elétrico, o próximo tópico irá se basear nos números de paten
tes registrados em dois órgãos: no Instituto Nacional
de Pro;iriedade Intelectual (INPI) e no United States
Patent and Trademark Office (USPTO). Pretende-
-se identificar quais áreas estão recebendo mais
esforços dos pesquisadores que trabalham nesta
linha de pesquisa.
•
A dinâmica inovadora do setor energético
A dinâmica de inovação no setor energético está intrinsecamente relaciona
da ao papel que os fornecedores de equipamentos deste setor desempenham.
pois eles são os principais responsáveis por alavancar o desenvolvimento em
toda a e.ideia de energética.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Segundo Oliveira (2011), os principais fornecedores de equipamentos para
o setor energético possuem caraterísticas em comum, pois em sua totalidade
são altamente internacionalizados, são vistos pelo mercado como globo/ plo
yers e possuem forte presença no setor elétrico brasileiro.
Com o objetivo de compreender a dinâmica de inovação que esses fornece
dores vêm desenvolvendo. Oliveira (2011) realizou um levantamento de dados
do INPI e do USPTO. Foram considerados períodos diferentes para cada um
dos institutos consultados. Para o INPI utilizou-se o período entre 1990 e 2010
e para o USPTO utilizou-se apenas o ano de 2009.
A Tabela 4 llsta o número de patentes relaclonadas ao setor energético con
cedidas pelo INPI. Áreas como bioenergia e energia das marés tiveram baixo
número de patentes registradas, enquanto setores como gás natural, energia
eólica e energia solar tiveram números expressivos de patentes registradas.
=
lABELA 4. PATENTES CONCEDIDAS PELO INPI NO PERÍODO DE 1990 A 2010
1/ ,, '/ ·�-''Ili/'
· Energia do carvão /�
'/////
,, //1'!.l5////,•,/,·,///
-
FAV / ,//_
/ ,I' · · , / � •
,- ,-.,,./.,,./� , ,-
./
,
� -
/
BINf'Ht,gi.a 8
Energia fotOYOltaic.a 45
Energia hidrelétrica 44
e
solar e células fotovoltaicas.
Patentes concedidas
�
,,--.-
, · ,'
-,�
258 .'
- .- •
2.710
185
561
1.906
Biornaulbioem/l#ofurl
Nudoar
fontlL OIVll<tA. l t p 16.
••
Cenário internacional
A fim de discutirmos o cenário internacional e o desenvolvimento tecnológico
no setor de energia, inc.ialmente realizaremos a análise dos dados reunidos na
Tabela 6. que consiste em um pequeno histórico referente à composição da matriz
energética no mundo, nos países pertencentes à Org;;nização para a Cooperação
e Dese,volvimento Econômico (OCDE) e nos países em desenvolvimento (PEDJ.
................
.......
...............
111111111
CONSBVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Gú 12 13 19 12 9 20 ,u 8.8 17
Hdréulica 21 20 16 21 ,. 13 35 33 22
Outras fontes
r.flOVávPIS
0.7 ' 2 0.3 1 2 o.� 0,7 1
font.t .C VflltA.. FI p
=
TABELA 7. TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS DOS PAÍSES DA OCDE
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
TIICnOfo,:i• • •pliiaçôel hNkoe,itri�
Tecnologias debioOJ>.,.:iac
,
Foto\lOfr.ic. p•a aplicações de •n•'&la a.olar;
Grupo 3 • Enorzia rancw.ÍVl!!II
Geração e utilizaçio de energia eóhc..a,;
Energia geotérmica;
Energjadasm.ark
Smart8rld:
Grupo <I - Interfaca • complem.nr.ar..
Celula combu5Wel
Jont•. OI. vuiu.., 2 1 t p 19IO
Oliveira aponta que as pesquisas relacionadas à energia fóssil têm cada vez
menos relevância nos países membros da OCDE, que têm dedicado esforços
no desenvolvimento de reatores nucleares de quarta geração, pois são mais
seguros e geram menos resíduos. O Grupo 3, de energias renováveis, possui
maior número de pesquisas em desenvolvimento, muito embora a maior par
cela destas pesquisas ainda precise passar pela classificação de tecnologias
pré-competitivas, no entanto sinalizam um grande comprometimento destes
países na busc,a por outras matrizes energéticas.
Por fim, para o quarto grupo, o destaque fica por conta das
pesquisas que vêm sendo realizadas na área de Smart
grid, que faz uso de aplicações em tecnologia de infor-
mação para o sistema elétrico de potência, promo-
vendo a integração dos sistemas de comunicação
com o de infraestrutura em redes automatizadas.
•
Cenário no Brasil
No Brasil, as tendências de inovação tecnológica também se encontram
divididas em quatro grandes grupos. como mostra a Tabela 8. Ao se com
parar linhas de desenvolvimento adotadas pelo Brasil com as que vêm sen
do praticadas no mundo, observa-se que o país possui distância das linhas
internacionais.
O distanciamento entre as linhas de pesquisa brasileira e internacionais se
torna ainda maior quando comparado com países membros da OCDE, que se
destacam por inovações tecnológicas na área de energias renováveis, ao passo
que o Brasil concentra a maior parte de seus esforços no desenvolvimento de
tecnologia associadas a fontes não renováveis.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
=
TABELA 8. TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS DO BRASIL
Grupo
Grupo 1 - En�� fÓsed --.- ' ' .
R••tor•• de t•�eire �eraçio.
Tecnologia e apfic.a,;ôes hidmeff!'bicas.;
Tecnologias d•bioen«gia;
fo<O\'Olta1ca para aplicações de energ,a solar.
G•raçio • whzaçio da •.,.,,..,. eóhat:
Enerpa das mares.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Sintetizando •
Apresentamos o tema da eficiência energética e as metodologias para a
produção de um diagnóstico energético que possibilite o ganho de eficiência,
seja em um ambiente produtivo, comercial ou residencial. Também foram obje
tos de estudo as novas tendências tecnológicas dentro do setor elétrico.
A unidade foi dividida em três tópicos. onde o primeiro é dedicado em realizar
um estudo sobre a importância da eficiência energética e suas políticas. Também
abordamos a relação entre o consumo e a oferta de energia no Brasil e os concei
tos de intensidade energética. Além disso, relatamos os avanços que o Brasil vem
alcançando nestes últimos anos em relação ao tema de eficiênc.ia energética.
O segundo tópico se dedicou em apresentar uma metodologia já consolidada
na literatura e que permite produzir um preciso diagnóstico energético a fim de di
recionar as medidas necessárias a serem tomadas de modo a se ganhar eficiência
energética. um diagnóstico energético deve contemplar uma visita às Instalações,
um preciso levantamento de dados. uma vistoria nos ambientes, uma minuciosa
análise de dados, e por fim. um estudo sobre sua viabilidade econômica.
No último tópico, o objeto de estudo foram as tendências dentro do setor
elétrico e, a fim de Identificar o direcionamento das atuais pesquisas. foram
consuliados dois dos principais órgãos de registos de patentes. Foram identi
ficados os setores que vêm recebendo maior atenção e foi realizada uma com
paração das pesquisas relacionadas no setor elétrico feitos pelos países mem
bros da OCDE e pelos países em desenvolvimentos, identificando semelhanças
e diferenças entre eles.
ser
educacional
29,04.!20 HS:17
CONSE'IVAÇÃO E EFICl�NCIA ENERGtTICA -
••
Q Eficiência energética no setor industrial--------------
------
Política industrial
Na literatura, o conceito de política
industrial é definido de maneira simi
lar, guardando sutis diferenças entre
cada Lma das definições. No entanto.
todas elas trazem como ponto comum
o fato de que não é possível um país
se desenvolver sem a existência de
complexas cadeias industriais e. nesse
sentido, todo país em desenvolvimen
to deve zelar por políticas industriais de curto, médio e longo prazo.
A fim de compreender como a política industrial é entendida por alguns dos
autores clássicos da literatura. considere. por exemplo, o que atestam Campa
nario e Silva em Fundamentos de umo nova político industrio/. de 2004. De acor
do com os referidos autores, a política industrial consiste na criação, imple-
mentaçâo e controle estratégico de instrumentos que tenham como finalidade
aumentar a capacidade produtiva e comercial da Indústria, de modo a se ter
condições e concorrências sustentáveis a nível de mercado interno e externo.
Para Suzigan (1978). a política industrial pode ser definida como um dos pila
res da política macroeconômica, o qual seria o responsável por concentrar um
conjunto de objetivos relacionado a atividades e desenvolvimento industrial.
Já segundo Kupfer, em Política industrial, de 2003, a política industrial deve
ser organizada em três pilares. a saber: políticas de modernização, de concor
rência e de regulação. Além disso. segundo o autor. os projetos de eficiência
energética devem fazer parte das políticas de modernização, uma vez que es
tes impactam na capacidade produtiva. gerencial e comercial das empresas.
De posse da definição e conceitos referentes à política industrial, é natural
questionar: quais objetivos a política industrial deve perseguir? Para alguns,
ela deve promover o desenvolvimento de determinados setores econômicos
(visando a geração de divisas). a difusão de tecnologias de alta densidade de
conhecimento e a expansão dos níveis de emprego. além de corrigir desajustes
do mercado e impulsionar o uso eficaz dos recursos naturais.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Outros autores atestam que os objetivos a serem buscados por uma polí
tica industrial consistem no crescimento e na eficiência do setor. É importante
levar em consideração que por crescimento econômico entende-se a estabili
dade monetária e financeira, munido do equilíbrio da balança comercial e au
mento do nível de emprego.
Ademais, além de uma definição conceituai acerca do que é uma política in
dustrial, para que atinja seus objetivos. se faz necessário que esta venha acom
panhada de instrumentos e instituições que viabilizem sua implementação.
Nesse sentido, Suzigan (1978) afirma que os instrumentos que viabilizam
uma política industrial podem ser ortodoxos e não ortodoxos. O primeiro deles
se refere aos instrumentos de política comercial, aduaneira, cambial e controle
das importações e exportações, enquanto que os instrumentos não ortodoxos
incluem a participação do governo como empresário para o desenvolvimento
de certos setores ou a atuação do Estado como agente financiador.
Em relação a estes dois Instrumentos. destaca-se que. geralmente. a políti
ca industrial faz uso dos instrumentos não ortodoxos. uma vez que esta visa si
multaneamente o crescimento econômico e a eficiência industrial. Além disso,
esses instrumentos também são utilizados para promover o desenvolvimento
tecnológico e de setores específicos de certos setores Industriais. além de mo
dificar as estruturas de produção.
Além dos instrumentos, tem-se as instituições, que são peças essenciais
em toda política industrial. devendo elas atuarem na área financeira, fis
cal, regional e de comércio exterior. No entanto, a
dificuldade que se encontra nesse pilar consiste no
alinhamento dessas Instituições com os objetivos
da política Industrial.
Como resultante de todo esse arranjo institu·
cional e político. deve haver uma indústria capaz
de se inserir adequadamente na ponta da in
dústria mundial. Além disso, deve-se obter
a modernização da indústria e integração
dos setores Industriais. sempre contando
com a participação das indústrias de pequeno
o
e médio porte.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA
Políticas industriais brasileiras
Os primeiros traços de uma política industrial no Brasil se delineiam por
volta do ano de 1950. Neste período, o principal instrumento de desenvolvi
mento industrial consistia na adoção de diversas medidas, entre elas: uma ta
rifa aduaneira protecionista e uma política cambial cujo objetivo era acelerar o
desenvolvimento da Indústria automobilística, de máquinas e equipamentos.
além dos financiamentos governamentais por meio do Banco Nacional de De
senvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952.
No ano de 1964, foi constituída a Comissão de Desenvolvimento Industrial
(CDI), cujo objetivo era reunir em uma mesma Instituição diferentes grupos
executivos. a fim de incentivar o investimento na Indústria nacional. Para atin
gir seus objetivos, a CDI empregou como instrumento a concessão de incenti
vos fiscais na importação de bens de capitais e incentivou as exportações, além
de fornecer incentivos específicos a setores como siderurgia, petroquímica e
construção naval.
Apesar da CDI reunir diversos setores na busca de um mesmo objetivo. a
instituição apresentou uma atuação modesta ao longo de seus 3 primeiros
anos de existência. Neste período, o órgão aprovou apenas 237 projetos e,
para Naturesa (2011). um fator que Influenciou esse baixo número foi a coor
denação. uma vez que o enfoque setorial oferecido acabou por definir uma
política para cada área.
No entanto, a partir da década de 1970, a Corrissão amplia sua atuação,
aprovando 2851 projetos apenas no ano de 1973. Com o final da década de
1970, a política econômica teve seu foco alterado. Neste período, passou a ser
imperativo o controle das contas públicas e da dívida externa e,
além disso. neste mesmo período ocorrem os diferentes planos
para o controle da inflação. a saber: Cruzado, Bresser, Collor 1,
Collor li e Real.
No ano de 1990 foi estabelecida a Política Industrial e de
Comércio Exterior (PICE). que tinha como principais ca
racterísticas a abertura econômica, o emprego da taxa
de câmbio como variável de ajuste. as privatizações e a
atração de capital externo. A Tabela 1 evidencia, resumi
o
damente, as principais políticas industriais do Brasil.
Chefe
Política industrial do Executivo Característica
•
Eunco Gaspar
Piano SALTE Cn.(iodoBNDEScim 1952
Outra
Ju:scelmo
Promowu • mdustnahaçio do P41Ís
•
Kub<tschecl<
. -..
e.a do Gow!rno déficit públíco
li
11 Plano Naaonal do Emil10 G.arrastazu
•
Desenvolvimento Médici
...
li Oesemotvirnento da indústria de base
'
Ernesto Geisel
e !1Ubst1tuiiçâo das e,q,ornçõ.
•
'
•
Polittca lndurtrial e
Viuv1 abertum econâm1c. • atfaçio
de Comirao Extenor
de capctal externo
(PICE)
•
Plano Plunanual
hrnendoHennque
Cardoso
..
Política lndustnal. Tec:
Lois Inácio lula da
nolópca • da Coméroo Ciill'lill
•
bttenor
•
Parque industrial brasileiro atual e seu consumo energético
Atualmente, o setor industrial brasileiro, a fim de atender seus processos
produtivos, tem uma demanda energética que corresponde a um terço da
energia final. Além disso, segundo o EPE (Empresa de Pesquisa Energética),
este setor era o responsável pela maior fatia do consumo energético no país
até o ano de 2017. No entanto, devido a depressão econômica industrial ocor
rida entre os anos de 2014 e 2017 e a queda na produção de cana-de-açúcar
no ano de 2018, o consumo energético industrial foi superado pelo consumo
energético do setor de transportes,
Setor industrial
•••••
-----
-----
Censumo Onal do aator
Paroopaçio no conaumo
final energêaco
f-oote. lit z 10,1 !) ''> IA. .1..Jo).
Ainda de acordo com o EPE (2019a), entre os anos de 2000 e 2018 também
ocorre uma significativa alteração nas fontes de energia utilizadas pela Indústria,
ao passo que. em 2000. as principais fontes energéticas da indústria eram respec
tivamente eletricidade, carvão mineral e seus derivados, lenha, bagaço de cana e
óleo combustível. No ano de 2018, o cenário encontrado para as fontes de energia
na Indústria passa a relacionar-se com eletricidade. bagaço de cana e carvão mi
neral e derivados. A evolução desta mudança pode ser observada no Gráfico 1.
B�dec.ana
• llecriôoladt
• Carvio minerill
f' dfflv.idos
- -
• Oulr-n não rtnOYivtis
• Outns rtnOV.iVffi
Óleo combustml
13'1.
1ft IK
o
2000 2011S 2110 211S 201S
fonte: (ri 1' 11H. p ]6. (ÂI !I dO),
...
_,., "'
_,..
.......
. ·-
• Açiter
�
• 'lfld ttel.'Jott
• Q111atlca
• OUCl'Ol1r..tntkilt
• OlltrOsN�
,,..
fonte: trl '1' tQ�
-
p 27. f� ,1 cio),
2010 ,.,, 2011
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENEROÉTICA.
••
Política vigente
Dado que o consumo energético do setor industrial representa 55% do con
sumo total de energia, de acordo com os dados do ano de 2018, inúmeras polí
ticas e medidas têm sido adotadas, a fim de melhorar o potencial de eficiência
energética na Indústria. Segundo o EPE (2019a, p. 27), as principais medidas são:
1. Índices mínimos de motores e transformadores de distribuição:
li. Etiquetagem de motores, bombas e transformadores de distribuição;
Ili. Desenvolvimento de programas de distribuição:
IV. Programa de Eficiência Energética da ANEEL (PEE/ANEEL):
V. PROCEL Indústria.
No âmbito dos motores supracitados, a indústria utiliza majoritariamente
os trifásicos, os quais possuem regulamentação de índices mínimos desde o
ano de 2002, de acordo com o decreto de número 4508/2002. e com uma revi
são daqueles pertencentes à categoria premlum (nível IE3) realizada em 2017.
Além disso, a regulamentação foi ampliada a fim de abranger motores de até
500 cv. De acordo com o EPE (2019a), estas inciativas devem ser capazes de
gerar uma economia acumulada de 11.2 TWh entre os anos de 2019 e 2030.
No que se refere ao Programa de Eficiência Energética. Já foram Investidos
desde o ano 2015 mais de 7,6 milhões em 6 projetos voltados à indústria, e as
estimativas apontam que, em decorrência desta iniciativa, os ganhos de efi
ciência energética atinjam a ordem de 133 GWh/ano.
Sobre a iniciativa PROCEL Indústria, a ampliação de sua atuação tem ocorri-
do por meio da nova governança instituída pela Lei nº 13.280, de
2016. a qual passou a abranger as micro e pequenas empresas.
bem como por melo do Plano de Aplicação de Recursos (PAR).
que também tem viabilizado o apoio a importantes programas.
Como exemplo deste tipo de apoio, pode-se cita·
o Programa Aliança, realizado em parceria com a
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o SE-
NAI/DN. e que permitiu, em 2018, a economia
de 42 GWh por melo da adoção de ações de
eficiência energética direcionadas a 4 indústrias
energointensivas.
Além desta inciativa promovida pelo Programa Aliança, têm se adotado ou
tras ações como. por exemplo, a ampliação do Programa Brasil Mais Produtivo.
cuja coordenação está sob responsabilidade do Ministério da Economia. Este
programa é responsável pelo atendimento de 300 empresas industriais peque
nas e médias, intencionando promover a adoção de práticas de eficiência ener
gética ao longo de seus processos produtivos.
De acordo com o EPE. novas medidas vêm sendo adotadas para que se in
vista em projetos de Sistemas de Gestão de Energia (SGE) para o setor indus
trial. A Tabela 3 elenca os projetos de SGE que estão previstos para serem exe
cutados no Plano de Aplicação de Recursos.
A implementação dos sistemas energéticos pode ser considerada uma ação
fundamental para a difusão da eficiência energética na indústria, posto que
muitas das medidas identificadas pela auditoria energética apresentam custos
de investimento baixos e resultam na redução dos custos operacionais da em
presa. além de promoverem i;anhos de produtividade.
=
TABELA 3. PROJETOS RELACIONADOS AO SGE CONTIDOS NO PAR PROCEL 2018
P•quenas/méd1as
EE sistema ar comprimido 6.5 170
e grandes
Desenvolvimento de metodolo-
gio • raaliuiçio de dia,:nMticos Pequenas/médias
1.5 10
em srttemas térmicos motrizes e grandes
•�ociadoa
•
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
Melhores experiências internacio1ais
Aqui, serão apresentadas as principais inciativas que vêm sendo desen
volvidas pelas maiores economias mundiais, a saber: Estados Unidos, China
e União Europeia. O objetivo aqui não é esgotar todos os empreendimentos
desenvolvidos por estes países, mas sim apresentar um esboço de suas prin
cipais iniciativas.
Após a apresentação das iniciativas dos países supracitados, será aborda
do o que vem sendo feito no Brasil neste mesmo sentido, e quais as propostas
dos principais nomes envolvidos para que o país se alinhe às melhores práticas
internacionais.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o governo federal desenvolveu o Programa de Tec
nologias Industriais - em inglês Industrial Techno/ogies Program. ou ITP - cujo
objetivo é buscar a melhora nos índices de eficiência energética da Indústria
norte-americana e. consequentemente, reduzir o impacto da atividade indus
trial no meio ambiente.
Essencialmente, o ITP consiste em uma parceria entre os setores público e
privado, cujo objetivo principal é reduzir a Intensidade energética da Indústria
norte-americana em 30% até o ano de 2020, quando em comparação com os
índices de 2002. Além disso. o programa também busca a implementação co
mercial de tecnologias de eficiência energética obtidas em programas de pes
quisa e desenvolvimento.
A fim de atingir seus objetivos, o ITP se subdivide em três
subprogramas de forte interdependência, como mostrado
no Diagrama 1, e que buscam oportunidades de conserva
ção de energia.
Os subprogramas que compõem o ITP são:
Indústrias Energointensivas (Energy lntensive ln
dustryi Tecnologias de Amplo Uso na Indús
tria (Cros.scutting Technologies), cujo foco é
pesquisa e desenvolvimento. e o subprogra
ma Melhores Práticas (Best Practices), que tem
como foco análises técnicas e de mercado.
Estado da arte
da planta industrial
--.. Oportunidade total de
conservação de energia
Energia do processo
r11ur• , •11111
(AdJ:ata k•J.
União Europeia
A União Europeia atualmente é composta por 27 países e possui como
órgão executivo a Comissão Europeia. que se subdivide em inúmeras outras
comissões. Uma delas se dedica especificamente à energia. promovendo
a execução de diversos programas intergovernamentais cujo objetivo é a
conservação de energia.
Dentre os diversos programas promovidos pela referida comissão, serão
abordados: Energia Inteligente na Europa (IEE). ManagEnergy e Odyssée. os
quais serão discutidos com maior nível de detalhamento posteriormente.
O programa de Energia Inteligente na Europa consiste em uma iniciativa
da Diretoria Geral de Energia e Transporte (DG TREN) e é responsável por
desenvolver projetos voltados para a conservação de energia em inúmeros
ramos da economia. Nesse sentido. há diversos subprogramas dedicados
ao setor industrial. cujas ações prioritárias foram definidas no ano de 2004:
cogeração e pollgeração. desenvolvimento de instrumentos de gestão de
energia e auditorias e comparação de desempenho, além do apoio às com
o
panhias de serviços de energia.
CONSE'IVAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
A Intensidade energética chinesa é em média 2,4 vezes maior do que em
outros países industrializados, e este dado é reflexo do país ser o maior pro
dutor de aço e cimento do mundo. Além disso, a China se encontra entre os
dez maiores produtores de alumínio, papel. celulose e petróleo do planeta.
Todo este desempenho industrial apresentado pela China tem ocasionado
diversos problemas ambientais, como poluição da água. do ar, emissões de
gases do efeito estufa, entre outros. Nesse sentido. a fim de mitigar estes
efeitos, a China tem empreendido esforços na aplicação de normas de gestão
otimizada de energia na indústria, compatíveis com a ISO 9000 e a ISO 14000.
Além dos programas anteriormente listados, a China também possui
Inúmeros outros, que têm como objetivo o uso eficiente da energia.
É importante mencionar o Programa de Eficiência Energética por Usos
Finais (EUEEP), cuja implementação está sob responsabilidade da Co
missão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC), além
de contar com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desen
volvimento (PNUD).
O EUEEP tem como objetivo desenvolver uma gestão mais eficiente dos
recursos energéticos por meio do uso de novas tecnologias e fontes renová
veis de energia, promovendo um desenvolvimento sustentável que respeite
o meio ambiente.
Além deste. a China também possui o Centro de Eficiência Energética de
Pequim (Beijing Energy Efficiency Center). que tem autonomia operacional
e financeira, embora sua administração esteja vinculada ao NDRC. Seu ob
jetivo é tornar o Centro de Eficiência Energética a principal instituição do
país responsável por realizar pesquisas e serviços de consultoria na área de
eficiência energética. disseminar Informações e desenvolver novas metodo
logias de aplicação.
•
Cenário do Brasil
O Brasil possui significativa experiência em diferentes mecanismos de fo
mento a medidas de conservação de energia para a Indústria. No entanto,
apesar de seus esforços, vários destes programas. como o Procel e o Conpet.
o
apresentaram muitas descontinuidades ao longo dos anos.
•
Eficiência energética para o setor de transportes
O setor de transportes é indispensável para o desenvolvimento social e eco
nômico de qualquer país, uma vez que viabiliza o escoamento da produção
para os mercados consumidores, antes em número muito menor devido às dis
tâncias entre os setores produtivos e os mercados consumidores. Além disto,
o setor de transportes também possibilita a mobilidade da população, seja em
curtas, médias ou longas distâncias.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Embora o setor de transportes proporcione diversas facilidades, hã também
consequências onerosas. posto que. atualmente. este setor ainda é altamente de
pendente dos combustíveis fósseis provenientes de fontes não renováveis de ener
gia, responsáveis pela maior porcentagem na emissão de gases do efeito estufa.
Nesse sentido, a fim de caracterizar a importância de se discutir a eficiência
energética para este setor. considere o estudo realizado pelo IEA (2019b). que
aponta que em 2010 cerca de 62% do consumo mundial de derivados de petróleo
foi utilizado nas atividades de transporte.Já segundo o EPE (2012), no
caso do Brasil, neste mesmo ano. de todo o montante de derivados
de petróleo consumidos. 53% se refere ao setor de transporte.
Os números apresentados evidenciam a Importância que este
setor tem. Todavia, qualquer discussão acerca da eficiência energéti-
ca do setor de transportes deve levar em consideração seu escopo e complexida
de. Desta forma, esta seção não tem como objetivo esgotar a discussão sobre os
temas. mas sim trazer os principais conceitos envolvidos nessa temática.
Por fim. embora esta seção se concentre no consumo de combustível e n a
comparação d e projetos e tecnologias de veículos, há considerações muito
mais amplas que devem ser levadas em consideração para o desenvolvimento
de políticas abrangentes orientadas para a eficiência.
•
O setor de transportes no Brasil e o contexto global
O setor de transportes, em termos mercadológicos, ocupa um lugar de des
taque no mundo. Para se ter ideia desta importância, em 2017 foram produ
zidos no mundo 97 milhões de veículos leves. dentre os quais. 26 milhões de
veículos comerciais e 71 milhões de veículos de passageiros.
Apesar dos números apresentados. este é um nicho de mercado que con
tinua em expansão: em 2017 foram vendidos 4 milhões de veículos a mais em
comparação a 2015 e, se comparado ao ano de 2005, este número aumenta
para 25 milhões de vendas a mais.
Todavia, o aumento de eficiência energética que o setor de transportes vem
ganhando não foi suficiente para compensar o ganho da demanda. A mudança
para modais mais intensivos. aliada à opção do consumidor por veículos maiores
e à menor ocupação contribuíram para elevados índices de consumo de energia.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Ao se considerar o setor de transportes no Brasil, pode-se afirmar que este
se assemelha aos dos demais países. uma vez que aqui também se observa
uma grande diferença entre a eficiência da prestação de serviços de passagei
ros e mercadorias, a depender do modo de transporte utilizado. Os veículos
grandes possuem maior tendência de serem menos eficientes, seguidos pela
aviação e carros menores, embora esta última categoria tenha Inúmeros deta
lhes a serem analisados.
É importante levar em consideração que o setor de transporte público, que
inclui ônibus, micro-ônibus e trens, pode atingir desempenho muito melhor
que os meios de transportes anteriormente elencados, desde que bem utili
zado. Quando se considera o setor ferroviário, por e�emplo. este se mostra
o meio de transporte motorizado de passageiros mais eficiente. ficando atrás
apenas do setor marítimo quando se leva em consideração o consumo energé
tico por tonelada transportada.
Observe o Gráfico 3. que evidencia uma comparação entre os diferentes
meios de transporte e seu consumo energético por passageiro/quilômetro ro
dado para diferentes países do mundo.
=
GRÁFICO 3. INTENSIDADE ENERGÉTICA DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS POR MODAL
4-----------------
• Mundo
3
• Brasil
• • Rússia
• •
'õl
00
2 • •• • • índia
ilt •
....â • ••
li
• • China
:E' 1 • •
•• • • EUA
• Europa OCDE
• Japão
=
GRÁFICO 4. CONSUMO FINAL POR MODAL. TRANSPORTE RODOVIÁRIO • 2017
Índia
Japão
Brasil
China 1.
Argentina
Chilt
EUA
Canadá
O'l!t 10% 20% 30'l!t 40% 50% 60'l!t 70% 80% 90% 100%
o
Cami,hões pesados
ronte: 1rr 1••1 p 1� ,1 do)
o
diversos países do mundo.
Índí•�••••••••=-.L
l;..--i,
Jap.lt
e,,,1••••••••�;:�:::::::�=:::::o::===:=:::=:=
o,;,,.
Argenti"'
]
Chíl•I•-•-•-•-••;:;;;;;�::;;;;;;;::==::;;;;;;;;;;,;.;;;;;;;;�:;�
EUA _ l;;;;;;.;;;ia•
C1nadl )
º" 10% 2011, 31)!1, 40% 5011, 6Mli 71)!1, ªº" - 10011,
• Gás natura] Gás u,u.reito de petróleo (GlPJ
• Gasolina automotiva exd. biocombustíveis Ótto diesel excl. biocombuscíveis
• Biogases • Etanol anidro
• Bioditsel • EtJnol hidratado
• Eletricidade
•
Tecnologias de motorização
O consumo médio dos veículos leves é fortemente influenciado pelo tipo
de tecnologia de motorização e combustível a eles associada. No entanto,
apesar das inúmeras tecnologias de combustíveis disponíveis nos dias atuais.
ainda há uma forte predominância dos motores de combustão interna que
empregam a gasolina como combustível.
O Gráfico 6 evidencia a tecnologia de motorização e sua participação na
frota de veículos novos para Inúmeros países. Como é possível observar no
caso do Brasil. há a predominância de veículos com motorização flex fuel. fato
decorrente da forte influência da indústria sucroalcooleira.
Ao se comparar a frota brasileira com a de países como Índia. China e Es
tados Unidos, observa-se que estes países possuem a maior parte
de sua frota movida a gasolina. É interessante obser-
var, também, o caso da Índia, cuja frota é basicamen
te 50� movida a gasolina e 50% movida a diesel.
Ademais, o gráfico deixa nítida a dependência dos
o
Estados Unidos e da China em relação à gasolina.
'
IOln' -,--,--.,..,r--,--,--.,..,r--,--,--r,r--r-,--r-r--,--,---,.....,-10
• •
• • • • •l----+-+--1 1
i ,,,,._ • 7
• 6
s
1 4K • l---+-+---1 4
3
,
2
---"'"----l...J..._.1..J_...J....,_---1...J..._1=1_-'=,1--o
UE-4 Mlio China 8rJ11l MÚi<o A,itntinl Chile (UA Clnaclí
CONSE;n!AÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
O Brasil, assim como outras economias em desenvolvimento, possui uma
grande parcela de veículos leves na composição de sua frota. Este fator faz
com que o consumo médio de combustivel seja menor.
No entanto. como evidencia o Gráfico 7, os veículos leves que compõem a
frota dos países emergentes possuem eficiência energética menor, se com
parados com o mesmo tipo de veículo em países com economia desenvol
vida. Este fato deixa evidente que veículos com motorização
semelhante e que deveriam apresentar consumo de com-
bustível semelhante, independentemente do país, são, na
verdade, muito menos eficientes em países com economia
em desenvolvimento.
'
=
DO MOTOR PARA O ANO DE 2017
a,s •
• Brasil
•
1
• (hilll
ti 7,S e Fransa
1 7 •Alemanha
jl
ê ll., 6,S • Índia
•
4
•
� 1 • • 1táli1
...
! s,s
s
• • Japão
• Atino Unido
�
I!
o
4,S
V
4
so 60 10 ao 90 100 110 120 uo 140 1so 1,0 110 110 190
Potência do motor em kW
rontt;frl.1" lqil. p 131! {A1a,,r..áo)
•
Velculos elétricos
De acordo com o Instituto Nacional de Eficiência Energética {INEE). os
primeiros veículos elétricos foram construídos no início do século XX.
Essencialmente, estes veículos continham uma bateria responsável por
o
fornecer a força motriz para o seu deslocamento. No entanto. estas bate-
ASSISTA
Assista ao víaeo a seguir que apresenta, de maneira
didática, alguns dos detalhes das tecnologi3s envoMdas
nos carros elétrlcos.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Esta categoria de veículo se subdivide em duas subcategorias, a saber:
l
parale o e serial. Na primeira. o acionamento das rodas é feito paralelamente
pelo motor elétrico e pelo motor de combustão interna, ao passo que. no
caso da segunda categoria. o acionamento das rodas é feito exclusivamente
pelo motor elétrico.
Recentemente, surgiu uma nova tecnologia de VEH, dando origem ao con
ceito de veículos plug-in, isto é. a carga das baterias pode ser realizada co
nectando-se o veículo à rede elétrica. Além disso, este tipo de veículo dispõe
de motores de combustão interna que atuam como geradores, permitindo,
assim. uma maior autonomia e adição de potência extra em situações especi
ficas. como em ladeiras e arrancadas mais fortes.
Já os veículos elétricos de células combustíveis (CECC) possuem equipamen
tos eletroquímicos, responsáveis por transformar a energia do hidrogênio em
energia elétrica de forma direta. Atualmente, este tpo de tecnologia tem sido
objeto de Inúmeras pesquisas no mundo todo. o que faz dela a aposta de Inúme
ros fabricantes para os veículos elétricos do futuro.
Os veículos elétricos ligados à rede, também conhecidos como trólebus,
têm como característica o fato de que a energia necessária para seu aciona
mento é fornecida diretamente pela rede elétrica. Todavia, este tipo de veí·
culo possui inúmeras limitações, dentre as quais alto custo de instalação da
rede elétrica, dificuldades de mobilidade no trânsito, entre outras. Devido a
isto, esse projeto não ganhou tanta repercussão.
Já sobre o VES, é pouco provável que o veículo elétrico solar se transforme
em um veículo de uso prático. Isso ocorre devido às restrições de tamanho
que limitam as dimensões dos painéis solares e, consequentemente, a po
tência do veículo. Além disso. a Inserção dos veículos elétricos solares deverá
ser feita no mercado de modo espontâneo. Não há dúvidas que este tipo de
veículo tenha suas virtudes; todavia, sua implementação necessita de uma
mudança de paradigma e de um processo de adaptação e superação de bar
reiras de mercado e culturais.
No Brasil, a adoção de veículos elétricos ainda se encontra em estágio ini
cial. de acordo com dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIEJ. No
ano de 2018, por exemplo, o Brasil contava com um total de 10.590 veículos
elétricos e híbridos.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Em termos absolutos, o número de veículos elétricos é relativamente bai
xo se comparado com o número total de veículos da frota atual. No entanto.
as vendas deste tipo de veículo têm crescido de modo significativo: a fim de
comparação, do ano de 2012 até o ano de 2019 o crescimento médio de ven
das desse tipo de veículo tem sido de 112% ao ano.
Em relação à eficiência energética. o Gráfico 8 exibe a contribuição que os
veículos elétricos têm dado para a economia méd'a de combustível. Como é
possível observar, o Japão e a China se destacam como os países que apresenta
ram os melhores resultados em termos de economia de energia. No caso do Ja
pão, este resultado se deve princlpalmente ao uso de veículos híbridos. ao passo
que, na China, este resultado fica por conta dos veículos elétricos do tipo plug-in.
ASSISTA
O vídeo a seguir mostra os produtos e tecnologias dos
carros elétricos de uma das principais montadoras de
carros elétricos da arualidade.
0,25
=
CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL NO ANO DE 2017
]
0,2
J o,15
� O, 1
o
0,05
CONSE'!VAÇÀO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Observe agora os Gráficos 9 e 10. No primeiro, tem-se as emis
sões de gases de efeito estufa wrw de carros elétricos para paí
ses e regiões selecionados.Já o Gráfico 10 mostra os biocombus
tíveis e as faixas de co, emitidas para cada um deles.
ISI
IOI
UI
101
•• 1 i
8
110
IOI
o
o
A -
li
• o
t
150
100
I
50
I i
Etanol Biodit1et Etanol W&R HVO Bio.CNG
celulósko W&R
Jonte: trr 7019;1, p . 141 <Miit t do)
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Sintetizando •
Nessa unidade, inicialmente apresentamos o tema da eficiência energética,
discutindo as diferentes políticas de industrialização e as melhores práticas in
ternacionais relacionadas ao ganho de eficiência energética na indústria. Ainda
exploramos os principais conceitos referentes à eficiência energética no setor
de transportes, discutindo os diferentes tipos de veículos e combustíveis por
eles utilizados, além de abordar os veículos elétricos.
A seguir, o tópico referente à eficiência energética no setor industrial dedi
cou-se, Inicialmente. a realizar um debate acerca da importância das políticas
de industrialização de um país, e apresentou, em seguida, as políticas indus
triais desenvolvidas pelo Brasil desde o ano de 1947.
Além disso, foram apresentadas algumas das principais iniciativas dos paí
ses desenvolvidos voltadas para o ganho de eficiência energética na indústria,
discutindo também o que o Brasil vem fazendo no sentido de melhorar sua
eficiência energética no setor industrial e como as melhores práticas interna
cionais poderiam auxiliar o Brasil neste sentido.
Em seguida, discutiu-se a eficiência dos diferentes meios de transportes,
bem como dos combustíveis por eles utlllzados. Uma atenção especial foi dada
ao cenário brasileiro, uma vez que o Brasil é o maior produtor de etanol no
planeta, o que o torna o proprietário da maior frota de veículos flex fuel do
mundo, contribuindo para um menor impacto ambiental em decorrência do
nível de emissões de co,.
Por fim, foram apresentados os veículos elétricos, seus diferentes tipos e
a evolução que eles vêm sofrendo ao longo do tempo. Aqui também se desta
cou o fato de que. apesar de eles representarem uma pequena fração da frota
mundial, suas vendas vêm crescendo ano após ano.
ser
educacional
Tópicos de estudo
• Eficiência energética na educação • Eficiência energética no
Escolas verdes saneamento
A educação e a eficiência Fontes de consumo em uma
energética estação de tratamento
=
DIAGRAMA 1. FUNÇÕES DE UM GESTOR DE ENERGIA
=
TABELA 1. CATEGORIAS E FATORES MULTIPLICATIVOS
Cittt>goria 3
11:(.,) • o.s
EXPLICANDO
Horas !ora de vazio consistem em momentos em que a instalação apresenta
um !ator de potência igual ou inferior a 0,96, ou se tglq,I> 0,4.
-
dices de eficiência:
-
lac:1111MU111, --
--· ·-·
,_,
./
w
X
Uma das medidas mais simples para promover a redução dos custos com ilu
minação consiste em conscientizar as pessoas de que a Iluminação artificial deve
ser utilizada apenas quando necessária. Em outras palavras. deve-se promover o
desligamento das fontes de energia na ausência de pessoas nos ambientes.
As medidas anteriormente elencadas têm como uma de suas principais carac
terísticas a facilidade de implementação, pois campanhas informativas, fixação
de cartazes e lembretes consistem nos principais promotores dessas medidas.
No entanto, há um componente tecnológico que contribui de forma significa
tiva para o aumento da eficiência energética na Iluminação. o lighting emmiting
diode (LED). Essencialmente, essa tecnologia é composta por várias camadas de
material semicondutor que, ao ser energizado, emite luz visível.
••
Escolas verdes
O custo financeiro das escolas com energia elétrica representa uma cifra con
siderável. Nos Estados Unidos. as escolas gastam aproximadamente 6 bilhões de
dólares apenas em tarifas de energia elétrica.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
A educação e a eficiência energética
Quando se pensa em programas de eficiência energética. logo pensamos
na execução de planos de diagnósticos, estudos, troca de equipamentos, mu
danças arquitetônicas. entre outras medidas. No entanto. medidas muito mais
simples. tais como a mudança de mentalidade e do comportamento individual
e coletivo. também são eficientes. principalmente para que se compreenda a
energia como um recurso finito.
o ensino em relação a questões de eficiência energética deve se ini
ciar logo na educação básica. pois é nesse período que crianças e jovens
estão desenvolvendo seu caráter. De acordo com Lopes Júnior (s.d.). além
dos educandos, fazem-se necessários recursos e esforços dedicados à for
mação de professores, bem como o desenvolvimento de ferramentas que
proporcionem aos educadores a possibilidade de ações socioambientais
de ensino.
Ao se adotar um modelo multidisciplinar para a educação de eficiência
energética, esse tema não deve ficar atrelado apenas ao ensino de ciências,
mas deve ser transmitido de forma atrativa, didática e lúdica para os educan
dos em todas as esferas da sua vida.
Como observa Lopes Júnior (s.d.J. o tema da eficiência energética ganha
significado quando os alunos compreendem que suas atitudes cotidianas im
pactam de forma direta os índices de consumo de energia e recursos naturais.
Nesse sentido, ao ensinar às crianças e jovens a usar energia de forma
racional. estamos promovendo a difusão de conhecimentos que atingirão
também seus pais e familiares. que serão influenciados pelos novos hábitos
da juventude.
CONSERVAÇÃO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
••
O projeto JE
O setor público é um dos grandes consumidores de energia elétrica do país.
Várias são as iniciativas que têm como objetivo aumentar a eficiência energéti
ca dele, sendo uma das principais o Projeto 3E. De acordo com o Ministério do
Meio Ambiente (MMA), o 3E tem como objetivo fundamental o fortalecimento
do mercado de eficiência no país por, meio de treinamento de profissionais,
ações de conscientizaçâo, prática da eficiência energética em edifícios, finan
ciamento de projetos de eficiência energética, entre outras medidas.
Sendo o Projeto 3E extenso. para cumprir com seus objetivos foi estabeleci-
da uma série de metas. Elas são:
• Planejamento de cinco outros projetos piloto no setor público:
• Oferecer treinamento a 400 gestores de edifícios públicos;
• Obter uma ferramenta comparativa de consumo e eficiência de energia;
• Mapear o consumo-base de edifícios públicos �or KWh/m2;
• Estabelecer contratos entre companhias elétricas e edificações públicas.
Para alcançar as metas inicialmente
propostas, inúmeras atividades foram
desenvolvidas tendo como objetivo a
adoção de contrato de desempenho
no setor público. Também foram rea
lizados estudos tendo como base a
legislação pertinente à contratação
no serviço público. Os resultados pelo
Projeto 3E podem ser apresentados
através dos resultados de subprojetos
a ele associados, que são:
• Projeto Retrofit - Bloco B:
• Benchmarking de consumo energético de edifícios públicos;
• Contratos de desempenho;
• Mecanismo de desenvolvimento limpo.
Nos próximos tópicos apresentaremos alguns destes subprojetos. bem
como os resultados obtidos por cada um deles e suas contribuições para alcan
çar o resultado do Projeto 3E.
••
Benchmarking de edificios pOblicos
O aumento da eficiência energética no setor público passa pelas respostas
de algumas perguntas bastante comuns. como: qual é o consumo energético
de um edifício hospitalar ligado ao Sistema Único de Saúde? Qual é o consumo
médio que este edifício teve ao longo de um ano? Para consideramos um hos
pital eflciente. qual deve ser o seu nível de consumo?
Tendo tais indagações como norteadoras. o Ministério do Meio Ambiente
buscou respostas através da realização de um benclYTlark do consumo de ener
gia dos edifícios do Brasil. Para isso, foi
estabelecida uma parceria entre Eletro
brás/Procel e o Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCSJ. A Figu
ra 4 mostra o logotipo de um dos proje
tos atualmente conduzidos pelo CBCS: CIDADES
A realização de um procedimento de EFICIENTES
benchmark permite compreender o pa
Figura .t. P,o�tc>(idild� Ploe 1lf'i. Fonte: C.da �,s.
drão de consumo e demanda de energia • � � e 1.i · " �•� t'l'll 2/0412' 10.
de edifícios de vários tipos. tais com escolas. shopping, hospitais, entre outros.
EXPLICANDO
O conceito benchmarlcing energético, essencialmente, consiste na
realização de uma comparação de consumo energético entre diversos
edifícios de uma mesma tipologia. ou seja, edifícios que tenham uma
mesma finalidade e tenham caraterísticas semelhantes. Nesse sentido,
o processo de benchmarking gera valores para cada uma das realidades
desses edifícios, conhecidos como benchmarks.
=
GRÁFICO 1. INTENSIDADE DE USO ENERGÉTICO
't 500
1'11 RJ_
! ,401) OF
1300 -
200
PA se PE SP OF
-
iiÍ
...-
-•-• -..,• -• .-. .-. -•..• --• --• - • .. .. - .. ..
se SP OF SP
100
60
"' 1 1 �1 1- 1
•• •-• •-• •-• -..,• •-• -• • ..,-• ..- •-•
-
-
o � � � �
..,•
N N
N
·o ·o •o
f ! i i i i i i ! i i t i
'O 'O •
! Jj Jj Jj ! Jj Jj
lUI • tntfC)' use inttnsicy (iinttMidide do uso tnlf'St1ico). flltdido 1m kv.1\/(ml.IM),
CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIAENERGÉTICA.
Além do resultado anteriormente apresentado. esse projeto foi o responsável
pelo desenvolvimento de inúmeros relatórios e treinamentos. corno:
• C�pacitação com a temática dos medidores:
• Treinamentos de benchmarking;
• Relatório de desenvolvimento de benchmarks;
• Relatório de diagnósticos energéticos;
• Towards benchmarking ofHVAC Energy in commerciol buildings;
• Relatório de gestão de energia:
·Apostila da ferramenta de benchmarking;
• Ferramenta de benchmarklng.
ASSISTA
O vídeo Brasil 2fli(J (episódio 2} - Consuução sustentável.
do canal Conselho Emp. Brasileiro para o Desenvolvi
mento Sustentável CEBDS, mostra a importància do tema
da eficiência energética na construção de prédios e na
construção civil.
••
Melhorando o desempenho
O setor público. a fim de atingir melhores índices de eficiência energética, pro
move diferentes tipos de iniciativas. dentre as quais podemos citar o treinamento
e capacitação de gestores e servidores de diferentes ã-eas, corno engenharia, ma
nutenção e compras.
Além do treinamento de pessoas, o setor público também vem direcionando
recursos para o desenvolvimento de ferramentais de apoio a projetos de eficiên
cia energética em seus estabelecimentos.
Uma das ferramentas criadas pelo governo federal consiste no uso de contra
tos de desempenho, também conhecidos corno contratos de performance. Por
meio desse dispositivo, os investimentos em equiparrentos e serviços
são captados através de uma empresa de serviços de
conservação de energia (ESCO). que será remunerada
por melo dos benefícios financeiros alcançados com
a redução nas despesas de energia e água por parte
do consumidor.
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Os contratos de performance não requerem elevados valores de investimen
tos por parte da administração pública. Em contrapartida, possibilitam ao setor
privado apresentar melhores soluções tecnológicas, com melhor relação custo
-beneficio para o agente público.
Nesse sentido, inúmeras inciativas vêm sendo torradas para a execução desse
tipo de contrato. O Quadro 1 elenca algumas dessas inciativas. A Figura 5 mostra
os logos desses projetos:
Projeto Descrição
e
milhões de residências norte-americanas.
ASSISTA
O vídeo Enorsu/ Saneamento: Otimização do Sistema de
Disrrlbuiçao de Agua e Redução de Perdas de Olinda/Pé,
do canal Bentley Systems Brasil, mostra os desafios e
sucesso de um projeto de otimização do sistema de distri
buição de água em Olinda/PE. Nesse vídeo, conhecemos a
importância e impactos dessas medidas.
••
Fontes de consumo em uma estação de tratamento
As estações de tratamento de água podem operar por gravidade. e. nesse
caso, toda a energia necessária aos processos de tratamento e distribuição é obti
da através da conversão de energia potencial gravitacional em energia cinética. No
entanto, nos casos em que não é possível utilizar esse tipo de recurso, é emprega
do o bombeamento da água através do uso de bombõs hidráulicas.
O consumo energético das bombas nas estações de tratamento representa de
70% a 90% do consumo energético em sistemas de abastecimento. O restante do
consumo ocorre em decorrência da captação de água e os processos de tratamen
to relacionados a ela.
Nesse sentido, as bombas de água e seus motores devem ser os
principais índices avaliados em um diagnóstico energético, a fim
de se obter os maiores índices de eficiência energética. A Figura
7 mostra uma casa de máquinas em uma estação de tratamento
de água em São Luís do Maranhão:
CONSE'!VAÇÀO E EFICIENCIAENERGÉTICA.
Nesse contexto. os maiores índices de desperdícios estão associados a:
• Falta de manutenção nas bombas e motores, o que acarreta baixos ren
dimentos;
• Falhas de dimensionamento, o que leva as bombas a operarem fora de seu
ponto ótimo de rendimento:
• Excesso de press. ão e elevadas perdas de cargas em adutoras e válvulas:
• Vazamentos.
Portanto, é imperativo às estações de tratamento desenvolver planos de
reduçAo e controle de perdas, a fim de se tornarem mais eficientes energetica
mente, assegurando benefícios de curto, médio e longo prazo. Inúmeras ações
podem ser tomadas. algumas de baixa complexidade. como:
• Substituição de bombas hidráulicas antigas por equipamentos de alto
rendimento;
• Utilização de inversores de frequência. a fim de promover o controle de
rotação e consequente redução de consumo;
• Estabelecimento de manutenções periódicas;
• Utilização das bombas de acordo com suas especificações.
Estas são algumas das medidas que visam melhorar o desempenho das es
tações de tratamento, inúmeras outras podem ser adotadas para este fim.
IENIEIRGETt:CA
Fábio SantJi,ago
A relação entre o ser humana e a f-n Ef]g)a se escalle lece:u deste a:s prtmãrd rms da
humanidade, .senda m cfommlc da ne 11� um dos fa1toru q e p rmrdu nos t1Dn! ..
tlrtulr coma !HIC'i -cfade revolut'Jon r os rn IDi S de 1n0du�aoil d co I unir ç 01 etc.
Portanto. o daminlo !Dil e.nergja alte-rau toda a e'S.trutUira da sorleda.de. O tema da
ene-r�fa e ,s1.11a dl?icussãa. [nevl1ca��meate. nas le1.1a a lnvestlgar sua& fontes r sejam
fas r ncv v Is cu n· e. N e s ntldm, e precisa urn fP afundo conhecJmemo dos
1 1
re{ln"i1i1S naturais que c P-a1s possul Nti entanto, não b.asta. um pa� ser rkc em
rectUS'{ilS energetlcos, se e1e não fa :z uso efLci�l'IJte lfi'IOS dhrers.aiS s.,etar1 =--s c:fa Siorl e
ciade, seJai lnd'ustrla1, d tran,,orte, t:rucação, :sanetment� ntrt outras, f nes.se
cont xto de dlstuiss6es das. to ir. s ne,gêtlc s, s u uso fie: que pretende· 1