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INTERVENÇÃO

NEUROSSENSORIOMOTORA
Elaboração

Danilo Cândido Bulgo

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA.................................................................................................. 5

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 7

UNIDADE I
ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
FUNDAMENTAÇÃO TERAPÊUTICA................................................................................................................................................................. 9

UNIDADE II
LASERTERAPIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA.................................................................................................................................................. 17

CAPÍTULO 1
FUNDAMENTAÇÃO TERAPÊUTICA................................................................................................................................................................ 17

UNIDADE III
INTEGRAÇÃO SENSORIAL............................................................................................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 1
A INTEGRAÇÃO SENSORIAL NO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA................................................... 27

CAPÍTULO 2
INTEGRAÇÃO SENSORIAL NO AUTISMO.................................................................................................................................................. 36

CAPÍTULO 3
INTEGRAÇÃO SENSORIAL NA SENESCÊNCIA....................................................................................................................................... 42

UNIDADE IV
TÓPICOS ESPECIAIS.......................................................................................................................................................................................................... 47

CAPÍTULO 1
PROMOÇÃO DA SAÚDE E INOVAÇÕES TERAPÊUTICAS APLICADAS À FONOAUDIOLOGIA E PRÁTICA BASEADA

EM EVIDÊNCIA....................................................................................................................................................................................................... 47

CAPÍTULO 2
REALIDADE VIRTUAL, GAMETERAPIA, TECNOLOGIA E A FONOAUDIOLOGIA CONTEMPORÂNEA............................... 57

CAPÍTULO 3
BANDAGEM ELÁSTICA TERAPÊUTICA NA FONOAUDIOLOGIA....................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................................................................... 85
APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de
textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam
tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta
para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.

Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar


Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do
estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.

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Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.

Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar


Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

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INTRODUÇÃO

A fonoaudiologia se destaca por ser uma área em plena expansão e é indispensável


no campo do cuidar da vida humana, sendo popularmente conhecida por atuar de
maneira precisa na área que cuida da voz e da fala, porém, o profissional atuante na
fonoaudiologia não se restringe apenas a esses conceitos. É uma ciência que abarca o
tratamento de diversos processos de comunicação humana e seu desenvolvimento,
da sucção do leite materno à deglutição na fase geriátrica, por exemplo. Atua nos
níveis de atenção primário, secundário e terciário, além de estar inserida nos mais
variados níveis de complexidade em saúde. Esse profissional é dotado de técnicas,
ferramentas e estratégias que enfatizam a qualidade de vida dos indivíduos, aumentando
os aspectos que envolvem as atividades de vida diária, sendo presente desde a infância.
Nesta disciplina, você identificará a relevância de técnicas e ferramentas que são
utilizadas na prática profissional do fonoaudiólogo, enfatizando a aplicabilidade clínica
da eletroestimulação, laserterapia e da integração sensorial, conceituando esses recursos
em uma ciência baseada na prática baseada em evidência científica voltada ao campo
de estudo fonoaudiológico.

Objetivos
» Conhecer alguns recursos que podem ser utilizados na prática fonoaudiológica.

» Identificar os respaldos profissionais da utilização das técnicas e recursos.

» Enfatizar as contribuições fonoaudiológicas na promoção da saúde dos


indivíduos.

» Compreender os modelos de atenção em saúde nos âmbitos individuais e


coletivos.

» Apresentar a relevância da utilização da eletroestimulação, laserterapia e


da integração sensorial no cenário biopsicossocial.

» Apresentar ao estudante a inserção dessas técnicas nas fases que compõem


o ciclo vital humano.

» Estimular a educação permanente baseada na prática da evidência científica.

» Evidenciar os benefícios da inserção da ludicidade, tecnologia e recursos de


tecnologia assistiva em prol da promoção da saúde humana.

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ELETROESTIMULAÇÃO
APLICADA À UNIDADE I
FONOAUDIOLOGIA

CAPÍTULO 1
Fundamentação terapêutica

A fonoaudiologia se destaca por possuir uma gama de técnicas e recursos que atuam
em prol da saúde humana, estando presente desde a infância até a terceira idade.
Nesse processo profissional, algumas habilidades são desenvolvidas pelo profissional,
que busca em sua essência atuar com a promoção da saúde e, também, no âmbito
da reabilitação. Desse modo, nesta unidade I, você irá compreender os aspectos que
envolvem a eletroestimulação aplicada à motricidade orofacial, voz e a disfagia.

Quanto à motricidade orofacial, esse campo de estudo se destaca por estudar, prevenir,
avaliar, diagnosticar, reabilitar alterações nas estruturas e funções da região da boca
(oro) e da face (facial), bem como da região do pescoço. Diversas alterações podem
estar relacionadas à motricidade orofacial, como distúrbios no aparelho respiratório,
sucção, processo mastigatório, deglutição e na fala, bem como na posição dos lábios,
da língua e das bochechas.

Já a voz possui relação fisiológica pertencente ao aparelho fonador, visto que é produzida
quando o ar é expiratório e tem sua passagem pelas pregas vocais. O sistema vocal,
possui um tamanho pequeno, porém, com uma capacidade de produção complexa e
de grande potência, tendo as pregas vocais como uma das principais estruturas. Ao se
falar no aparelho fonador, esse possui uma estrutura anatômica composta por um
conjunto de órgãos (pulmões, brônquios, e traqueia) que se auxiliam em homeostase
para produzir o ar. A laringe é onde se localizam as pregas vocais e produz a energia
da fala. A faringe e as fossas nasais ficam responsáveis pela ressonância.

As pregas vocais são constituídas por duas dobras de músculos e mucosa que se
desdobram de maneira horizontal na região da laringe, com fixação anterior na
face interna da cartilagem tireóidea, formando a comissura anterior, a região de
convergência de ambas as pregas vocais. O diafragma tem uma grande importância
nesse sistema, pois é um músculo estriado esquelético extenso, que faz a separação da

9
Unidade I | ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA

cavidade torácica da abdominal. Sua localização é em consonância com as vértebras


lombares, as costelas inferiores e o esterno. No momento da realização da inspiração,
o diafragma se contrai, e ao distender, se eleva a capacidade torácica.

Vamos relembrar a fisiologia do aparelho fonador?

O vídeo a seguir irá auxiliar na compreensão. Bom vídeo!

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HlYVdqsiz90.

Nessa perspectiva, tem-se algumas alterações comuns nesse sistema e a disfagia surge
no rol de incapacidades, na qual o fonoaudiólogo atua, inserindo na prática profissional
recursos que auxiliem de maneira positiva nessa dificuldade de deglutição, ou seja, na
dificuldade que o paciente possui de realizar o processo de engolir. Comumente, existem
dois tipos básicos de disfagia que se diferenciam em relação à localização e aos mecanismos
fisiopatológicos, sendo elas: a disfagia orofaríngea, também conhecida por disfagia de
transferência ou disfagia alta, e a disfagia esofagiana, também intitulada disfagia
de transporte.

As disfagias orais e faríngeas (DOF) ocorrem por alterações que atingem a cavidade
bucal e a faringe, região da garganta. Esse tipo de disfagia é mais recorrente na população
idosa e possui causas neuromusculares, das quais se destacam: sequelas de acidente
vascular encefálico (AVC), mal de Parkinson, doença de Huntington, tumores na região
do tronco encefálico e da orofaringe, doença de Alzheimer, divertículo de Zenker,
drogas, entre outras (LEME; COSTA; ABRAHÃO JUNIOR, 2016).

Na prática clínica, os pacientes salientam que sentem dificuldade no processo de


deglutição, que com frequência é acompanhado de engasgos, em determinados
momentos, com regurgitação de líquidos pelas cavidades do nariz. A chance de aspiração
que muitas vezes está relacionada ao evento, pode corroborar com desenvolvimento
de pneumonias e, até mesmo, provocar o óbito do indivíduo. O diagnóstico da DOF
tem seu início pela suspeição, por meio de uma história cuidadosa. O diagnóstico por
exames complementares como videodeglutograma é muito utilizado para identificar
a causa da disfagia.

Regurgitação é o retorno do conteúdo líquido, por vezes acompanhado de restos


alimentares, ou gasoso para o esôfago podendo ou não atingir a cavidade oral.

Explore mais sobre essa temática acessando o vídeo a seguir:

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HrvYy2oinWo.

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ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA | Unidade I

Clinicamente, ao se pensar na disfagia esofagiana (ou de transporte) existe uma


dificuldade de passagem do alimento, que acontece após o momento de deglutição.
As causas podem ser diversas, como de origem orgânica, que se dá pela existência de
um distúrbio obstrutivo ou de natureza funcional, quando a alteração responsável pela
sintomologia é um distúrbio da motilidade esofágica.

Dentre os motivos mais corriqueiros da disfagia orgânica, podemos citar a: estenose


péptica, tumores na região do esôfago, impactação de corpo estranho e esofagite
eosinofílica. As causas funcionais podem ser primárias e secundárias. A acalasia,
espasmo esofagiano, esôfago em britadeira são considerados de cunho primário; e
como secundárias tem-se a esclerose sistêmica progressiva, doença de Chagas e doença
do refluxo gastroesofágico (DRGE).

O diagnóstico da disfagia esofagiana é pautado em uma anamnese crítica e rica em


detalhes, visto que o exame físico, na maioria dos casos, é ineficaz. O paciente, em
grande parte dos casos, confunde os engasgos com a própria dificuldade para deglutição
e também pode se queixar de uma sensação incomoda de “sentir-se entalado” na região
central do peito.

Desse modo, na busca de alternativas para tornar os tratamentos fonoaudiológicos mais


eficazes e diferenciados a eletroestimulação surge como uma ferramenta com potencial
científico comprovado. A estimulação elétrica nervosa transcutânea, popularmente
conhecida como TENS, utiliza uma corrente elétrica com baixa voltagem, que possui
finalidade analgésica, possibilitando o relaxamento.

Pensando no mecanismo e nos benefícios advindos do TENS, é um recurso não


invasivo utilizado para atenuar a dor local, promover o relaxamento da musculatura,
aumentar a vascularização da região onde o eletrodo é aplicado, além de atuar sobre o
quadro de fadiga, facilitação da cicatrização tecidual, auxilia na regeneração dos tecidos
moles, redução de espasmo muscular, minimização de atrofia por desuso, facilitação
da reeducação muscular e diminuição da hiperatividade muscular.

Em consonância, a eletroestimulação neuromuscular (EENM) pode ser utilizada para


aumentar a força muscular e para a diminuir a debilidade no desempenho neuromuscular.
Os aparelhos de eletroestimulação mais modernos, empregam diferentes tipos de
correntes de baixa intensidade, que são conduzidas por cabos condutores até os
eletrodos tradicionais ou que possuem forma do tipo caneta e que entram em contato
superficialmente com a pele do paciente. Existe uma gama de correntes que podem
ser utilizadas na eletroestimulação, porém, o profissional deve conhecer as reais

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Unidade I | ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA

necessidades de cada indivíduo, além das particularidades próprias quanto às indicações


e contraindicações.

O fonoaudiólogo aplica a técnica em diversas regiões, como orofacial e cervical,


visando o alívio de tensões e dores, aumento dos efeitos anti-inflamatórios e do fluxo
circulatório local, facilitando os movimentos articulares, a tonificação ou o relaxamento
muscular, melhorando o condicionamento muscular, entre outros.

Vale ressaltar, que a condução do estímulo elétrico deve ser realizada por meio do cabo
condutor e do gel próprio para utilização no aparelho. A utilização deve ser adequada
ao paciente, bem como o tamanho do eletrodo e a intensidade a ser inserida. Faz-se
necessário utilizar a eletroestimulação como uma terapia complementar, sem deixar
de inserir técnicas conservadoras que se mostrem importantes para a reabilitação dos
pacientes.

Amplie sua visão acerca da aplicação da eletroestimulação na prática profissional


do fonoaudiólogo assistindo ao vídeo disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=FNXHSpo3bSQ.

Bom vídeo!

Figura 1. TENS e aplicação fonoaudiológica.

Fonte: http://www.crefono8.gov.br/images/library/7df577af6da0afe1cbc04b863e58e216.jpg.

Por ser considerada uma técnica de baixo custo, possibilita a reabilitação e a estimulação
dos músculos envolvidos nas funções respiratórias, deglutição, sucção, mastigação e
voz. A eficácia técnica é cientificamente comprovada, pois proporciona aos pacientes
melhoras na funcionalidade dos órgãos e sistemas que se iniciam na cavidade oral.

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ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA | Unidade I

As aplicações mais comuns são em pacientes com necessidades advindas das disfunções
temporomandibulares, traumatismo craniano encefálico, acidente vascular encefálico
(AVC), paralisia facial, disfagia, disfonia (alteração ou enfraquecimento da voz), e
motricidade orofacial, além de ser indicado para o grupo profissional que trabalha
diretamente com voz, como radialistas, dubladores, locutores, cantores, professores,
palestrantes, entre outros.
Pode parecer um recurso simples, porém, o profissional deve estar capacitado a manusear
os aparelhos, a fim de aumentar os benefícios das técnicas e minimizar os efeitos
deletérios ocasionados pelas patologias e síndromes. Além do TENS, o fonoaudiólogo
poderá utilizar outras correntes na sua prática terapêutica, como a estimulação elétrica
funcional (FES), que é uma corrente alternada de baixa frequência, com a tipologia de
excito-motor, que em sua essência desencadeia contrações musculares, baseando-se no
mesmo modelo de aplicação que o TENS, porém, seus efeitos geram impulsos elétricos
capazes de auxiliar na produção de contrações mediante trens de impulsos, em grupos
musculares específicos no local da aplicação.
A corrente FES irá estimular a região do nervo motor, e assim gerará impulsos
nervosos que acionam as fibras nervosas. Pautada na conceituação fisiológica de
que estimula a excitabilidade nos nervos e fibras musculares, a eletroestimulação
é uma técnica sem efeitos colaterais indesejáveis, não invasiva e que não causa
dependência, tornando-se, então, uma possibilidade terapêutica que amplia a variedade
de possibilidades e recursos tecnológicos utilizados na rotina tanto no cenário clínico,
hospitalar ou domiciliar.

Você está percebendo as inúmeras possibilidades em que a eletroterapia pode


ser utilizada pelo profissional da fonoaudiologia?

Saiba mais no vídeo a seguir, disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=kFStnleeLIE.

Bom vídeo!

Considerada uma técnica recente, tem sido bastante utilizada nas últimas duas décadas
no processo de reabilitação, em especial nas atrofias musculares ou para o ganho e
aumento da força muscular. Sua aplicabilidade de estimulação elétrica neuromuscular
evidencia as contrações na musculatura esquelética, por meio da aplicação de impulsos
elétricos sem envolvimento cerebral.

O ganho de força muscular advindo da eletroestimulação de breve duração é similar


ao obtido no treinamento voluntário. Os efeitos da utilização da eletroestimulação se

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Unidade I | ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA

baseiam em diversas conceituações teóricas, dentre elas a de que a estimulação direta


dos nervos motores possibilita que a musculatura execute contrações rítmicas.
Ao abordar os conceitos de reabilitação da disfagia, é realizada durante as sessões a
associação de exercícios funcionais, com a utilização dos eletrodos dispostos na região da
cabeça e do pescoço, com a finalidade de melhorar e auxiliar, principalmente, a excursão
laríngea. O treinamento mastigatório é uma técnica basal e pode ser incorporada junto
à estimulação elétrica, como um auxílio na estabilidade dos ganhos alcançados por meio
da intervenção fonoaudiológica, pois nesse momento da sessão não só a musculatura
mastigatória, mas também os músculos auxiliares (orbiculares da boca, músculos da
língua e os bucinadores), são recrutados, possibilitando trabalho muscular constante.
Desse modo, o treinamento muscular pode apresentar alterações na dinâmica e na
força estrutural muscular que compõem o sistema mastigatório.

Figura 2. TENS em formato de caneta e aplicação fonoaudiológica.

Fonte: https://www.neurofisiointensiva.com/wp-content/uploads/2020/12/WhatsAppImage2016-11-07at17.51.28.jpeg.

Ademais, a junção da aplicação da eletroestimulação com as técnicas tradicionais


fonoaudiológicas na musculatura durante a realização das funções estomatognáticas de
respiração, deglutição e mastigação pré e pós aplicação das técnicas de eletroestimulação
propicia às fibras musculares a modificação das suas características fisiológicas e
bioquímicas, de acordo com os estímulos a que são expostas, com o resultado refletindo
na quantidade ou tipo de proteínas musculares.
O mecanismo de contração muscular esquelética pode surgir por um comando voluntário
controlado e coordenado pelo cérebro ou um comando involuntário induzido por um
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ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA | Unidade I

estímulo elétrico externo. Em relação à função de respiração, o estudo demonstrou


que, antes, a função se caracterizava como oronasal, evoluindo clinicamente, após
a FES, passando os voluntários para uma respiração nasal, inclusive com melhora
considerável na postura mandibular, demonstrando uma respiração nasal, com o
indivíduo apresentando uma predominância de selamento labial.

É necessário compreender que a liberação para utilização de determinadas técnicas


profissionais depende dos órgãos competentes de cada profissão. No caso da
eletroestimulação, o Conselho Federal de Fonoaudiologia, por meio da Resolução
CFF n. 543, de 15 de março de 2019, dispõe sobre o uso da eletroterapia para fins
fonoaudiológicos, considerando o Código de Ética Profissional da Fonoaudiologia.
Amplie seu conhecimento acerca dessa temática acessando na íntegra tal respaldo
legal, disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_
html/CFFa_N_543_19.htm.

Outro ponto importante de utilização da eletroestimulação na prática fonoaudiológica é


em relação com a disfonia, que pode ocorrer quando os indivíduos possuem dificuldade
ou algum tipo de alteração na emissão natural da voz, ao abordar a disfonia por tensão
muscular como uma alteração hiperfuncional da fonação, com origem em lesões
laríngeas benignas, como nódulos e espessamento mucoso (DROMEY et al., 2008).
Algumas técnicas que proporcionam o relaxamento cervical e laríngeo são inseridas
para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos no tratamento da disfonia por tensão
muscular, com o objetivo de melhorar o equilíbrio da musculatura intrínseca da laringe.
Desse modo, a utilização do TENS, pode corroborar de maneira positiva no tratamento
da disfonia hiperfuncional, pois surge como uma estratégia com propriedades analgésicas
e com relaxamento muscular.

Figura 3. Aplicação de eletroestimulação fonoaudiológica.

Fonte: http://www.fonolucianapenteado.com.br/wp-content/uploads/2020/02/eletroestimulacao-300x300.jpg.

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Unidade I | ELETROESTIMULAÇÃO APLICADA À FONOAUDIOLOGIA

Lembre-se que, ao utilizar a eletroestimulação, é necessário pensar clinicamente, ou


seja, o tratamento será individualizado, de acordo com a necessidade do paciente,
além do conhecimento sobre os recursos terapêuticos físicos parâmetros, tempo
de aplicação, indicações e contraindicações, e do conhecimento anatômico e
fisiológico.

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LASERTERAPIA
APLICADA À UNIDADE II
FONOAUDIOLOGIA

CAPÍTULO 1
Fundamentação terapêutica

A utilização da luz para fins terapêuticos teve seus primórdios científicos estudados por
Einstein no século XIX, quando iniciou a curiosidade pela terapia quântica e emissão de
luz estimulada. Assim, após esses estudos iniciais, o laser de baixa intensidade, seja de
emissão vermelha ou infravermelha, foi sendo inserido nos mais variados tratamentos
e por diferentes profissionais, incluindo o fonoaudiólogo.
A terminologia laser deriva da língua inglesa (light amplification by stimulated emission
of radiation) que em português significa luz amplificada pela emissão estimulada de
radiação. Sua aplicação clínica no campo da saúde vem sendo utilizada como ferramenta
terapêutica com fins de reabilitação por meio de modificações fotofísicas e fotoquímicas
de cunho não invasivo. Sua aplicabilidade é simples, visto que onde é aplicada a luz, um
aquecimento é gerado na região estimulada, e desse modo ocorre uma onda utilizada
no espectro eletromagnético. A geração do laser se dá de modo inicial em uma tríade
do átomo: prótons, nêutrons e elétrons, sendo que esse último transporta uma carga
negativa, enquanto os demais possuem a carga positiva.

Figura 4. Aplicação de laser em sessão fonoaudiológica.

Fonte: https://inlaser.com.br/wp-content/themes/yootheme/cache/3-86520338.jpeg.

17
Unidade II | Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia

A seguir, vamos identificar as três propriedades do laser:

Quadro 1. Propriedades do laser.

Coerência Monocromaticidade Colimação


Sua essência destaca que o princípio É classificada por uma divergência
Faz referência à particularidade da
em que todos os fótons emitidos por mínima, em que os fótons fazem
luz advinda de um único comprimento
meio de moléculas únicas possuem o movimentos de modo paralelo para
de onda.
mesmo comprimento de onda. concentrar o feixe de luz.

Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

Desse modo, o laser é um tipo de radiação eletromagnética de modo não ionizante,


que penetra de maneira superficial e profunda. Ao se falar da superficialidade, o laser
tem o objetivo de modificar na superfície do tecido e, no modo profundo, possui o
efeito de realizar reações metabólicas com um teor maior de complexidade.

Os tipos de laser são diversos, e por meio de cada um são definidos o comprimento
da onda, a profundidade e a aplicação. Atualmente, a utilização do laser de baixa
potência tem pontos positivos para a prática fonoaudiológica, pois é considerado
um recurso não invasivo, possui bioestimulação na região irradiada (capacidade de
estimular os processos celulares para alcançar resultados mais benéficos). Notam-se,
também, importantes resposta às ações anti-inflamatórias, além de aumentar a
produção de elementos capazes de bloquear o estímulo de dor, como, por exemplo,
a endorfina, e nas áreas com maior tensão muscular deriva em uma elevação da
circulação sanguínea.

A fonoaudiologia vem conquistando uma gama de áreas que antes eram pouco
exploradas no âmbito profissional. A laserterapia é um campo que se destaca
por trazer inúmeros benefícios aos pacientes, assim, o profissional pode
inserir esse recurso no seu cotidiano laboral, a fim de aumentar a qualidade
de vida dos indivíduos. Explore mais sobre essa temática lendo o artigo “O uso
terapêutico do LASER de Baixa Intensidade (LBI) em algumas patologias e sua
relação com a atuação na Fonoaudiologia”, de Cristiane Faccio Gomes e Adriana
Schapochnik, disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/
viewFile/29636/23766.

Boa leitura!

Existe no mercado uma gama de equipamentos para fins terapêuticos, porém, os mais
utilizados são os de hélio-neônio (HeNe) e o arseneto de gálio (AsGa). Cada aparelho
possui suas especificidades, com propriedades diferentes ao seu comprimento de onda.

18
Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia | Unidade II

Figura 5. Laserterapia em criança.

Fonte: https://static.wixstatic.com/media/6fab30_f5e4938958ab47cf915b0ca4649364eb~mv2_d_2448_3264_s_4_2.jpg/v1/crop/
x_2,y_0,w_2444,h_3264/fill/w_301,h_403,al_c,q_90/6fab30_f5e4938958ab47cf915b0ca4649364eb~mv2_d_2448_3264_s_4_2.webp.

A laserterapia é um recurso que auxilia no processo inflamatório, proporcionando a


liberação de substâncias importantes, como histamina e serotonina, e assim poderá
realizar a inibição para a constituição de bradicinina, atuando de maneira similar às
drogas anti-inflamatórias. Vale ressaltar que possui atuação no processo de cicatrização
por meio da reepitelização a partir de restos basais, melhora significativamente a
troficidade tissular a partir do estímulo da produção de energia. E, desse modo,
proporciona estímulo da microcirculação por meio dos mediadores químicos.

Ainda sobre os benefícios advindos do laser, enfatiza-se o efeito cicatrizante que


pode ser compreendido pelo aumento da produção de energia local, estimulando a
microcirculação que eleva o aporte de substâncias nutricionais, adjunto ao aumento da
velocidade mitótica, tornando mais fácil a multiplicação celular, desse modo, surge o
efeito de neovascularização a partir dos vasos já existentes, gerando melhores condições
para a cicatrização rápida (SIQUEIRA et al., 2003; SAY et al., 2003).

O laser possui, dentre seus inúmeros benefícios fisiológicos, ações compensatórias


indiretas que possibilitarão aumento da microcirculação, desencadeando a elevação
da vasodilatação das arteríolas e vênulas, auxiliando, segundo Agne (2005):

» na melhora do trofismo zonal e local;

19
Unidade II | Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia

» no aumento do trofismo local e da reparação;

» no poder de ação de regeneração das fibras nervosas;

» na ação sobre a aceleração do calo ósseo;

» no aumento da troficidade da pele;

» no aumento do colágeno após irradiação;

» no incremento da atividade fagocitária dos linfócitos e macrófagos;

» no aumento do tecido de granulação;

» na neoformação de vasos sanguíneos;

» na regeneração dos vasos linfáticos.

Porém, o profissional necessita preparo e seguir as diversas contraindicações da


utilização da técnica, lembrando que é expressamente proibido utilizar sobre a retina,
em pacientes no período gravídico, pacientes com neoplasias e processos tumorais, em
período em que o paciente esteja com processos bacterianos e infecções agudas, feridas
expostas, aplicação em estruturas corporais ou com hemorragia presente. Deve-se evitar
utilizar em indivíduos com crises epiléticas e hemofílicos, com fotofobia, dermatites,
realizar a irradiação sobre glândulas, pois aumenta o risco de ocorrer hiperativação,
ou fazer a utilização em linfonodos e glândulas mamárias (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Para aplicação do recurso, é indispensável que o profissional utilize os equipamentos


de proteção individual (EPI), pois é fundamental manter o paciente protegido.
O principal EPI são os óculos de proteção, que devem ser utilizados tanto pelo
fonoaudiólogo quanto pelo paciente.

Figura 6. Laserterapia em criança.

Fonte: https://fonotrade.com.br/wp-content/uploads/2020/02/laser.jpg.

20
Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia | Unidade II

A Fonoaudiologia é um campo indispensável dentro de uma equipe multidisciplinar,


pois possui um arsenal de estratégias e ferramentas em prol da saúde humana, e a
laserterapia surge como um recurso que traz inúmeros benefícios, pois, por ser de
baixa potência, possibilita melhora nas alterações de motricidade orofacial, disfagia,
ronco, paralisias faciais, aumento potencial de treinos miofuncionais em estética,
contribuindo, dessa forma, em readequar a postura corporal, assim como suas funções,
voz e várias outras espécies de patologias (FERARESI, 2012).
A seguir, vamos identificar mais alguns benefícios da utilização da laserterapia associada
ao atendimento fonoaudiológico.

Período de amamentação
Vale destacar que o papel do fonoaudiólogo não se restringe somente à anamnese
voltada aos aspectos que envolvem a sucção do bebê no período de amamentação e
sob a promoção da saúde da boa pega amamentar. Nessa área, a utilização do laser
pode melhorar significativamente a amamentação, de modo que existe um elevado
índice para auxiliar na analgesia e aceleração da cicatrização de traumas ocorridos na
região mamilar, sendo uma das causas mais frequentes para o desmame de maneira
precoce, o que não se torna interessante para a saúde do recém-nascido. A aplicação
é rápida, indolor, não invasiva e sem efeitos colaterais. O tratamento terapêutico visa,
principalmente, minimizar e auxiliar no processo de inflamação e dores, desobstruir
os ductos mamários, reduzir edemas e a ação bactericida, possibilitar a cicatrização de
feridas mais rápido e estimular a produção de colágeno e elastina.

Figura 7. Laserterapia na região do mamilo.

Fonte: https://bemacolher.files.wordpress.com/2018/05/07052018-whatsapp-image-2018-05-07-at-10-37-25.jpg.

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Unidade II | Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia

Alterações no sistema nervoso periférico


O fonoaudiólogo é habilitado também para atuar com aplicações clínicas da laserterapia
em casos de pacientes que sofrem de parestesias, paralisias faciais e nevralgias. Assim, o
profissional poderá auxiliar na melhora dessas intercorrências e aumentar a qualidade
de vida dos indivíduos.

Pensando na paralisia facial periférica, essa é conhecida como uma limitação ou ausência da
mobilidade de grupos musculares localizados em um dos hemisférios da face. Geralmente,
está associada a partir de lesões do nervo facial possivelmente causadas por diversos
fatores como: traumas, processos infecciosos, tumores locais, toxicidade, doenças de
tipologias metabólicas, de causa idiopática, entre outros fatores. A musculatura da
face está intimamente ligada a diversas funções básicas para a vida, como a sucção,
mastigação de alimentos, deglutição e com a linguagem não verbal, e assim, caso
ocorra alguma alteração, a qualidade de vida do indivíduo pode ter uma diminuição.

O fonoaudiólogo atua na paralisia de Bell, que é causada por uma inflamação no nervo
facial que possui a função e transmitir comandos da região cerebral até a região, o que
permite o movimento. Essa inflamação do nervo da face, pode ocorrer por meio de
infecções virais e por condições imunológicas (geralmente quando estão em níveis baixos).
Algumas particularidades são encontradas na paralisia de Bell, caso o indivíduo não
possua redução e perda da movimentação dos músculos faciais, geralmente ele terá um
enfraquecimento da musculatura da face, o que irá reduzir movimentos simples e basais,
como sorrir e piscar. Esse tipo de paralisia pode desencadear assimetria entre as faces,
alterando a qualidade de vida e estética do paciente, refletindo diretamente na sua autoestima.

Figura 8. Aplicação de laserterapia.

Fonte: https://allaser.com.br/wp-content/uploads/2017/08/paralisia-facial-capa-1.png.

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Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia | Unidade II

Sistema musculoesquelético
Os exercícios miofuncionais são fundamentais para a fonoaudiologia, e quando
associados com a atividade muscular e a aplicabilidade do laser, auxilia o indivíduo a
ter relaxamento da musculatura, aumento do ganho de força, alívio de tensão, redução
dos quadros álgicos e melhora da resposta motora. A associação da atividade muscular
à laserterapia está associada ao ganho de força, à melhora do desempenho muscular e
à capacidade de treinamento.

Procedimentos estéticos
Quando a luz de baixa intensidade advinda do laser atua nos tecidos, diversos
componentes bioquímicos celulares são ativados. Desse modo, a produção de colágeno
é mais acentuada, pois essa proteína estrutural auxilia em manter a elasticidade da pele,
auxiliando na melhora da saúde da musculatura, tendões e articulações. Essa produção
de colágeno visa ativar a microcirculação na região que a aplicação está ocorrendo,
proporcionando também hidratação da pele. O fonoaudiólogo, quando utiliza essa
terapia, visa proporcionar ao paciente uma face mais harmoniosa, suavizando sinais
comuns ao processo de envelhecimento, como rugas e marcas de expressão.

Figura 9. Laser aplicado à estética.

Fonte: http://www.felicitasjc.com.br/webfilesck/images/laserCO2-foto.jpg.

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Unidade II | Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia

Assista ao vídeo a seguir e identifique diversos potenciais e benefícios da


fonoaudiologia e suas associações com a vida humana. Perceba a ampla utilização
em prol da promoção da saúde dos pacientes.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Y78BeSoV1lg.

Bom vídeo!

Tratamento de disfagias
Ao tratar as disfunções orais, como mucosite, estomatite e até mesmo candidíase oral,
o laser pode ser eficaz no que tange o sistema que auxilia na melhora nas funções de
mastigatórias, na palatalização, permitindo, em alguns casos, o retorno mais rápido
à via oral e a variadas consistências. Em relação à terapia indireta, a laserterapia pode
ser aplicada a fim proporcionar estímulos do trofismo da musculatura que, junto
aos exercícios miofuncionais, favorecerá a tonificação ou o relaxamento muscular.
Na modulação do fluxo salivar, visa contribuir para melhora de casos disfágicos, pois
com a utilização do laser pode auxiliar na produção de salivas, ou, na inibição dos
quadros de sialorreia, alteração no processo de deglutição de saliva, o que eleva o risco
de aspiração.

Figura 10. Laserterapia associado à fonoaudiologia.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRFw2EVMEpSBG8Ik3solmOrF-gq_gBz8QY-1A&usqp=CAU.

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Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia | Unidade II

Voz, audiologia e linguagem


A afasia se destaca por ser um distúrbio da comunicação que intimamente afeta a
linguagem e é causada, geralmente, em decorrência do acidente vascular encefálico,
possíveis traumas, tumores e doenças neurodegenerativas. O laser pode estimular a
comunicação oral e escrita, a abordagem de outras funções cognitivas e a elaboração
de ferramentas e estratégias que auxiliem na comunicação.
A ação do laser na voz justifica-se pela sua ação anti-inflamatória, antiedematosa,
analgésica e sobretudo pela aplicabilidade no desempenho de músculos esqueléticos,
assim, o laser também é utilizado na preparação vocal, na fonoterapia, no conforto
de sintomas desagradáveis, auxiliando de maneira abrangente a saúde dos indivíduos.
A literatura científica já evidencia que o uso adequado da laserterapia pode ser um
grande auxiliar na diminuição da fadiga muscular, tensão, melhora do desempenho
funcional e na redução dos agravos musculares. Cabe ao profissional realizar a anamnese
individual do paciente, pensando no nível da lesão, faixa etária, grau e na classificação
da perda identificada pelo profissional.
Você, como profissional, percebeu como a fonoaudiologia pode utilizar dos benefícios
da laserterapia em prol do tratamento dos pacientes, sempre associando as técnicas já
consolidadas na literatura e na prática clínica. Vamos reforçar alguns fatores positivos
na ótica do uso do laser?
Quadro 2. Benefícios da laserterapia.

Analgésico – redução de dores e sintomas incômodos


Possui ação anti-inflamatório
É antiedematoso (drenagem linfática)
Diminui edemas e a sensação de inchaço
Diminuição da quantidade de sangue em um órgão ou estrutura (hiperemia)
Aumenta o processo de cicatrização e da circulação periférica
Produção de colágeno e elastina
Aumento da síntese de energia celular e da absorção de nutrientes celulares
Metabolismo celular com maior ativação
Performance na função muscular (ganho de força e diminuição da fadiga)
Melhora no metabolismo celular e atua no combate de radicais livres
Estimulação o processo cicatrizatório dos tecidos moles
O sistema imunológico eleva os índices de proteção e prevenção de lesões
Nutri e regenera a pele
Diminui a duração nos tratamentos fonoaudiológicos
Aumenta o retorno as atividades de vidas diárias mais rapidamente

Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

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Unidade II | Laserterapia Aplicada À Fonoaudiologia

Vamos ampliar o conhecimento sobre a aplicação do laser em algumas patologias?


Acesse o artigo “O uso terapêutico do LASER de Baixa Intensidade (LBI) em algumas
patologias e sua relação com a atuação na Fonoaudiologia”, de Cristiane Faccio
Gomes e Adriana Schapochnik, e identifique os principais conceitos.

Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/29636.

Boa leitura!

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INTEGRAÇÃO
SENSORIAL UNIDADE III

CAPÍTULO 1
A integração sensorial no
desenvolvimento e aprendizagem
da criança

A Teoria da Integração Sensorial se destaca como sendo uma técnica criada em meados
de 1963 no cenário de saúde e foi idealizada pela terapeuta ocupacional Anna Jean
Ayres, uma famosa pesquisadora norte-americana que por tempos identificou aspectos
e fundamentos voltados à neurobiologia para elaborar um conceito intervencionista
para auxiliar o desenvolvimento de crianças e adolescentes com dificuldades que
surgem no contexto da aprendizagem.

A definição criada por Ayres (2005), define que a integração sensorial é caracterizada
como um processo no qual o cérebro organiza as informações com o objetivo de
proporcionar uma resposta de maneira adaptativa adequada. Essa organização se torna
responsável por aprimorar e estruturar as sensações corporais e do ambiente de maneira
que corrobora para a utilização eficaz do mesmo ambiente que está inserido. Assim, a
integração sensorial possui, em sua essência, a habilidade de organizar, interpretar
sensações e responder de forma apropriada ao ambiente, de modo a amparar os
indivíduos em seu uso funcional.

Vamos explorar mais sobre a história da integração sensorial? Saiba mais,


assistindo ao vídeo a seguir. Bom vídeo!

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MXAOXCSkPlI.

A seguir vamos ampliar o conhecimento sobre a integração sensorial pautando essa


abordagem na fisiologia humana. Vamos lá?

A integração sensorial tem seu início ainda na fase intrauterina em que a gestante
possibilita ao feto a sensação de desenvolvimento pela interação com o ambiente,

27
Unidade III | Integração Sensorial

principalmente por meio de respostas adaptativas. O sistema nervoso (SN) é o


componente que possui a responsabilidade de integrar as mais variadas sensações que
são recebidas. O processo pelo qual o sistema nervoso central (SNC) localiza, qualifica
e estabelece os impulsos sensoriais e transforma as sensações em percepção para que
o indivíduo possa ter a interação com o meio, é então conhecida como integração
sensorial (LORENZINI, 2002, p. 6).

Ainda pensando no SN, ele tem a habilidade fisiológica de organizar as mais diversas
informações, tanto visuais, quanto táteis, auditivas, olfativas e gustativas, além de
estruturar informações acerca da gravidade e do movimento e, posteriormente, surge
com a idealização de em um plano de ação. Quando esse processo é realizado de modo
harmonioso ou homeostático, o processo de aprendizagem será naturalmente idealizado.

Figura 11. Estimulação infantil.

Fonte: https://www.clinicasentidos.com.br/projeto/clinica-sentidos/arquivos/conteudo/dsc09147_1.jpg.

Nessa perspectiva, o desenvolvimento infantil e a integração sensorial se desenvolvem


de modo paralelo, pois nessa fase do ciclo vital inicia-se a capacidade de organizar os
inputs sensoriais, experimentando diversas sensações, contudo, sendo incapaz de elencar
significado a elas. Input sensorial é definido como à capacidade para escolher, adquirir,
qualificar e associar as informações, sensação, percepção, atenção e concentração
(EDMANS, 2004).

Dessa maneira, a integração sensorial pode subsidiar oportunidades para que a criança
desenvolva e organize seu comportamento, explorando o mundo à sua volta e fazendo

28
Integração Sensorial | Unidade III

com que o SN organize tais estímulos e condições, produzindo, assim, respostas


adaptativas e exigidas pelo ambiente que esteja inserido. As sensações e percepções
podem gerar satisfação e prazer ao indivíduo, e quando esse acontecimento se dá de
modo adequado, ocorre o procedimento de integração, ou processamento sensorial,
que tem a finalidade de promover o desenvolvimento do ser humano.

Crianças que possuem transtornos táteis se destacam por apresentar dificuldades em


demonstrar afeto e determinadas habilidades do cotidiano, possuindo condutas que
atrapalham de maneira significativa a realização de tarefas e atividades de maneira
independente e autônoma. Se existe uma redução do processo de integração dos
sistemas vestibular e proprioceptivo, esse indivíduo pode desenvolver de maneira
mais lenta as reações posturais básicas e natas dos seres humanos como engatinhar
e rolar e isso poderá desencadear fatores maléficos para o desenvolvimento humano
como a aquisição da postura em pé e andar.

Esses efeitos negativos podem prejudicar na biomecânica corporal, deixando os


movimentos tensos, rígidos e irregulares, além de desencadear mau equilíbrio e tonicidade
muscular baixa. Embora esses transtornos possam ser compensados durante o clico
vital, eles continuarão a tornar a criança mais lenta que as demais e a causar fadiga.

Para Ayres (2005), o chamando “segundo nível de integração sensorial” se dá por


meio de um tripé formado pelas funções táteis, vestibulares e proprioceptivas, que
corroboram para a estabilidade emocional. Se esses três pilares não funcionarem de
modo homeostático, ou seja, não trabalharem em conformidade, é possível que a
criança demonstre desenvolvimento não satisfatório em relação ao ambiente. Algumas
crianças podem demonstrar quietude e distância entre os pares, ou buscam agradar
aos outros insistentemente. Outras, se tornam hiperativas e respondem a todos os
estímulos auditivos e visuais, rapidamente, assim que identificados. Nessas situações,
os estímulos não se tornam o problema alvos, mas os estímulos sensoriais básicos, que
ocasionam nesses indivíduos uma instabilidade.

A todo momento, os indivíduos utilizam a integração sensorial, pois é por meio dela
que o corpo humano reage aos estímulos ambientais de modo constante. As capacidades
de processamento sensorial possuem diversas finalidades, destacando a interação social,
o desenvolvimento de habilidades motoras, a atenção e a concentração.

Os sistemas sensoriais possuem a responsabilidade de receber estímulos recorrentes


do meio externo e, de maneira simultânea, reconhecer, integrar e organizar, fazendo
com que seja devolvido de maneira adequada ao ambiente que esteja inserido.

29
Unidade III | Integração Sensorial

O fonoaudiólogo pode utilizar diversas técnicas e ferramentas em prol da integração


sensorial com a finalidade de proporcionar estimulação global da criança. Os
principais conceitos utilizados pelo profissional são: na comunicação, fala e
linguagem, no desenvolvimento sensorial dos órgãos fonoarticulatórios, na praxia
oral e nas funções estomatognáticas.

A seguir, vamos definir cada sistema:

Sistema tátil
É responsável pela percepção de sensações como dor, temperatura (quente, frio, por
exemplo), pressão, diferentes texturas, formatos e tamanhos. Por meio das terminações
nervosas existentes na pele, essas sensações são percebidas e posteriormente são
interpretadas pelo cérebro. Essas sensações táteis são fundamentais para explorar o mundo
à nossa volta. Pensando na fisiologia, os receptores responsáveis pelas sensações táteis
estão localizados na pele, porém, em algumas regiões corporais são mais evidenciados,
como na palma das mãos e dedos, na região da sola dos pés, na cavidade oral e língua.

Figura 12. Estimulação sensorial.

Fonte: https://i.pinimg.com/736x/29/39/1b/29391b85f1f4902a1da83485fe808bd5.jpg.

Sistema auditivo
Reconhece os sons nos mais variados ambientes, além de realizar o processamento e
discriminação auditiva. Pensando na anatomia desse sistema, é formado por três áreas
anatómicas importantes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O ouvido
30
Integração Sensorial | Unidade III

transmite as ondas sonoras para o cérebro que posteriormente faz uma conversão em
informações, criando de modo, a sensação de audição.

Vale destacar que o processo da audição ocorre em dois momentos: o mecânico, que
acontece na região da orelha externa e média, e posteriormente o mecânico/elétrico,
que transcursa na orelha interna.

» Orelha externa: formada pelo pavilhão auricular e o canal auditivo.

» Orelha média: membrana timpânica e cadeia de ossículos.

» Orelha interna: formado pela cóclea, sistema vestibular e também pelo


nervo auditivo.

Alguns distúrbios, disfunções ou doenças decorrentes no sistema auditivo podem afetar


e danificar a acuidade auditiva, reduzindo o senso perceptivo dos sons, ou mesmo a
possibilidade de gerar incapacidade da pessoa de ouvir.

Vamos relembrar o funcionamento do sistema auditivo? Acesse o link a seguir e


amplie sua visão sobre a temática.

Disponível em: https://comunicareaparelhosauditivos.com/wp-content/


uploads/2019/08/Infogr%C3%A1fico-Comunicare.png.

Figura 13. Estimulação auditiva.

Fonte: https://www.construirnoticias.com.br/wp-content/uploads/2016/10/5_dpac_2.jpg.

31
Unidade III | Integração Sensorial

Sistema visual
Composto pelos olhos, além de nervos, pálpebras, supercílios, músculos e aparelho
lacrimal que são conhecidos como estruturas acessórias. O funcionamento desse sistema
se dá por meio do processamento de informações que são recebidas pelo encéfalo,
intermediadas pelos receptores sensoriais, que são acionados pela luz. Já na região
cerebral, esses dados recebidos são armazenados.

Explore mais sobre o desenvolvimento do sistema visual assistindo ao vídeo a seguir.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hrmnXQ98j2o.

Bom vídeo!

Figura 14. Estimulação tátil e visual.

Fonte: https://blogdafloresta.com.br/folhafl/wp-content/uploads/2014/11/abrigo-moacyr-alves01-500x375.jpg.

Sistema gustativo
Possui a capacidade de identificar o sabor de elementos e substâncias na região da
cavidade oral, a língua, por meio de papilas gustativas que transmitem essas informações
para a região do cérebro. O sistema gustativo possui ainda a habilidade de percepção
de paladar doce, salgado, amargo e azedo. Uma das alterações mais comuns nesse
sistema, pode desencadear a disfagia, problema que o profissional de fonoaudiologia
possui habilidades para tratar e proporcionar aos indivíduos maior qualidade de vida.

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Integração Sensorial | Unidade III

Vamos aprender sobre a memória gustativa? Assista ao vídeo a seguir, e conheça


a importância da fonoaudiologia acerca dessa temática.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KW5B4mqrYKU.

Sistema olfativo
Proporciona aos indivíduos a percepção do reconhecimento de odores. Os sistemas
olfativo e gustativo são integrados, por isso que em muitos casos ao sentir determinado
cheiro, podemos perceber seu gosto. O início da constituição desse sistema ocorre
geralmente na 28ª semana da gravidez. O odor da região uterina é o primeiro contato
com o bebê, desenvolvendo futuramente o cheiro dos familiares e do ambiente à
sua volta, e desse modo o sistema respiratório vai aumentando a sua capacidade de
percepção de captar diferentes cheiros, odores e fragrâncias.

Figura 15. Estimulação olfativa.

Fonte: https://www.zensenses.org/wp-content/uploads/2019/07/O-Olfato-_As-Frutas-e-os-seus-Aromas.jpg.

Sistema proprioceptivo
Pesquisas sobre a propriocepção foram impulsionadas por Sherrington em meados
de 1900. Pode ser definida como qualquer informação postural e posicional, enviada

33
Unidade III | Integração Sensorial

para o sistema nervoso central encontrada em diversas regiões, como na musculatura,


pele, tendões, sistema articular e tendões. Em um sentindo mais amplo, o sistema de
propriocepção é, então, a consciência dos movimentos que são realizados pelos membros
do corpo humano. A propriocepção está intimamente relacionada com os receptores
sensoriais, pois é por meio desses que o SNC recebe as informações e identificam o
nível de tensão da musculatura e posição articular.

Propriocepção é a terminologia que identifica a capacidade humana de reconhecer


a localização espacial corporal, bem como seu posicionamento e orientação, a
força desempenhada pela musculatura e a posição de cada região do corpo em
relação aos demais membros. Essa percepção permite a manutenção do equilíbrio
postural e a realização de uma gama de atividades práticas motoras e sensoriais.

Sistema vestibular
É constituído por um conjunto de órgãos da orelha interna, o que auxilia para
manutenção do processo de equilíbrio. O sistema vestibular identifica informações
como o balanço, alterações da gravidade, movimentos e deslocamento corporal. As
alterações referentes ao processamento vestibular podem surgir em diferentes vertentes,
aparecendo desde reações de hipersensibilidade a hipossensibilidade ao movimento,
sendo ou não relacionada a momentos de agitação ou lentidão motora.

Crianças com alterações na sensibilidade podem apresentar características específicas


em relação à hipersensibilidade e à hipossensibilidade. A seguir, vamos identificar os
aspectos de cada alteração:
Quadro 3. Aspectos de sensibilidade.

Hipersensibilidade Hipossensibilidade
Resposta acentuada ao toque e a criança geralmente tende a antecipar a
Sensibilidade reduzida ao toque.
reação ao toque.
Demonstra comportamento
Comumente a resposta é dada com uma interpretação emocionalmente
desinteressado, apático, passivo e
negativa.
indiferente.
A criança pode demonstrar com frequência sentimentos como medo, reação de Poucas reações aos estímulos
“proteção, ação e evasão” de maneira acentuadas ou de paralisar suas reações. externos.
Demonstra grandes dificuldades e reações exageradas para tarefas comuns
Baixa resposta aos estímulos comuns
que permeiam a rotina diária das pessoas, como trocar de roupa, realizar a
do cotidiano como o toque, sabores,
higiene pessoal e alimentar-se. Também sentem dificuldades de manusear
barulhos e cheiros variados, texturas
massinhas, objetos diversos, animais de estimação ou o contato com pessoas,
diferentes.
dentre outras características.
Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

34
Integração Sensorial | Unidade III

Nessa perspectiva, essas alterações se associam ao autismo, e alguns sinais comuns se


manifestam em muitos casos por busca intensa por repetitivos movimentos da própria
estrutura corporal. Assim, vamos identificar a seguir o autismo e suas características.

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CAPÍTULO 2
Integração sensorial no autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) se caracteriza por ser uma desordem relacionada
ao neurodesenvolvimento e possui duas características bem marcantes na vida do
indivíduo, sedo elas alterações no aspecto sociocomunicativo e comportamental, além
de propiciar déficits no funcionamento cerebral da criança, ocasionando atraso no
processo de fala, na aprendizagem e na obtenção de seus gestos motores (SOARES et
al., 2015).

É fundamental que o profissional tenha conhecimento acerca do autismo, sendo esse


classificado como transtorno e não uma patologia. Desse modo, não se deve falar que o
autismo é uma doença, mas um transtorno. A sua etiologia, apresentada pelas literaturas
científicas, se dá por diversos aspectos, tais como fatores genéticos, síndromes advindas da
fase gestacional (período pré-natal) e até mesmo com fatores ambientais. Seus primeiros
sinais clínicos surgem por volta dos três anos de idade e pode sofrer alterações sensitivas
nos sentidos corporais: visão, audição, tato, olfato ou paladar. Além da parte física, a
alteração emocional se destaca, pois o indivíduo com TEA pode reagir de maneira
negativa a mudanças na rotina, na execução repetida de movimentos corporais (em
muitos casos estereotipados), além de possuir apego anormal a determinados objetos.

Quadro 4. Características do TEA.

» Não faz amigos, se mostra retraído e prefere atividades que não demandam convívio social, ou
seja, gostam de ficar sozinhos.

Interação social » Não participa de jogos interativos.


do autista » Evita contato visual, além de não esboçar sorrisos e não responder de modo recíproco tais
contatos.
» Mostra falta de empatia.
» São hipersensíveis aos sons, o que para maioria não são incômodos, para os autistas podem ser
muito mais evidentes o que pode desencadear alterações no humor e personalidade.
» Possui os sentidos corporais mais ampliados ou diminuídos.
Resposta a
informações » Evitam contato físico, pois estes podem ser vistos pelo autista como muito estimulante ou
sensoriais no opressivo.
autista » Geralmente passam a mão em diferentes superfícies, lambe objetos ou colocam a boca.
» Podem apresentar aumento ou diminuição na resposta à dor de maneira exacerbada.
» Dificuldade em utilizar habilidades motoras finas.
Sintomas do » Evita imitar ações de outras pessoas, preferem jogos ou brincadeiras solitárias ou com
autismo nas determinados rituais estipulados por eles próprios, não brincam de faz-de-conta ou utilizam
brincadeiras brincadeiras que demandam imaginação.

Fonte: elaborada pelo autor, 2021.

36
Integração Sensorial | Unidade III

A fonoaudiologia possui um papel fundamental dentro da equipe multiprofissional


de saúde, pois, dentro do campo de atuação, o fonoaudiólogo pode inserir práticas,
tratamentos e ferramentas que podem atuar em prol da promoção da saúde dos
indivíduos. O vídeo a seguir evidencia aspectos relevantes acerca dessa temática.
Assista atentamente e identifique seu papel enquanto profissional.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZyXinqXFfA4.

E em relação à integração sensorial?

As crianças com TEA precisam cautelosamente de estímulos sensoriais para que seus
sentidos sejam organizados de maneira que possam enfrentar diariamente sensações
advindas dos mais variados espaços e ambientes, e que possíveis cessações de modo
abrupto ou forçada dessas atividades, pode elevar os índices de estresse, diminuindo
a integração sensorial e também a capacidade e habilidade de concentração da criança
autista durante o processo de aprendizagem.

É necessário acompanhamento de uma equipe multiprofissional para analisar, estudar,


intervir e propor tratamentos individualizados a cada caso, pois cada paciente demanda
uma necessidade. Tratar o paciente de modo a atender suas especificidades vai de
encontro com as reais necessidades advindas da rotina de vida diária. Os profissionais,
em conjunto, podem inserir intervenções que corroborem aspectos como a recepção,
o processamento das informações e a resposta adaptativa ao meio, dando-se assim por
meio da integração de informações sensoriais.

Outro aspecto importante no tratamento do autismo é a psicomotricidade, que, durante


o tratamento, pode valorizar características como a junção da valorização da saúde,
convivência, educação e a cultura. A psicomotricidade possibilita que o autista tenha
a oportunidade de aumentar características que estejam necessitando de melhora, ter
consciência de sua imagem e esquema corporal, além de reconhecer a autovisão corporal
no ambiente ou dentro de um contexto. Os profissionais podem inserir técnicas que
enalteçam a percepção da criança por meio de estratégias que estimulem a convivência
com os pares e a socialização com diversos grupos populacionais.

Inserir atividades típicas da fase infantil, como utilização de jogos interativos, brinquedos
pedagógicos e atividades lúdicas, são alternativas auxiliares para propor integração
sensorial, como pular corda, rolar, pular obstáculos e lateralização, são elementos que
podem auxiliar o processo. É fundamental a inserção do contato visual, e auxiliar com
comandos de voz, para o desenvolvimento da capacidade de agir, pensar, dar início e
fim a uma atividade.

37
Unidade III | Integração Sensorial

O envolvimento familiar nessas atividades é indispensável, pois a segurança que a criança


possivelmente sente, pode ser repassada por meio de outras atividades que podem ser
inseridas no cotidiano desses indivíduos no ambiente domiciliar, pois grande parte do
tempo essas crianças ficam no cenário doméstico. Os cuidadores, familiares e demais
pessoas que convivem com essas crianças devem ser orientadas a compreender os
objetivos propostos por meio das intervenções, e assim serão estimulados a maximizar
as possibilidades de estratégias nos mais variados cenários e contextos que permeiam
a rotina dessas crianças, incluindo o ambiente escolar.

O tratamento baseado na conceituação psicomotora deve ser associado a recursos de


outros profissionais, ou seja, as múltiplas possibilidades podem ser pensadas, pois dentro
de uma abordagem com visão ampliada, os diversos aspectos do desenvolvimento
colaboram em prol da promoção da saúde do espectro autista.

Figura 16. Estimulação para o TEA.

Fonte: https://institutoneurosaber.com.br/wp-content/uploads/2016/09/psicomotricidade-1.jpg.

É necessário pensar em subsidiar oportunidades sensoriais para as crianças, porém,


tudo deve ser pensando para atender a demanda advinda da especificidade desse
indivíduo. É interessante inserir desafios, porém, voltados à participação da criança,
a fim de favorecer a sua participação na escolha das atividades, possibilitar o senso de
auto-organização, identificar o nível de interesse, além de inserir, dentro dessa inserção
sensorial, um ambiente facilitador. Ou seja, um ambiente permeado por elementos
lúdicos, pois surge uma maneira de inserir um contexto motivador e atrativo, o que
poderá facilitar a interação entre o autista e terapeuta, por exemplo.

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Integração Sensorial | Unidade III

A psicomotricidade é um recurso fundamental para ser inserido dentro do


tratamento do TEA, amplie seu conhecimento acerca dessa temática, acessando o
vídeo a seguir. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CWCavrZrwC0.

A seguir, vamos identificar algumas características presentes no transtorno do déficit


de atenção e hiperatividade, conhecido popularmente por TDAH, que afeta uma grande
parcela da população. E, advindo desse transtorno, existe um déficit no sistema de
integração sensorial. Por ser um transtorno neurobiológico, diversas características
auxiliam no diagnóstico. Os indivíduos podem apresentar falta de atenção acentuada,
diminuição do senso de organização, impulsividade e inquietude.
Os primeiros sinais clínicos podem ser identificados logo no início do ciclo vital,
aparecendo entre dois e sete anos. As crianças possuem baixa noção acerca da percepção
corporal total, ou seja, quando a compreensão é organizada, a ciência do corpo auxilia
que a criança sinta o que seu corpo está desencadeado sem necessitar tocar ou olhar
para ele, por exemplo.

Crianças com TDAH apresentam diversas alterações no que tange importantes


vertentes para a condução da vida humana. Faz-se necessário acompanhamento
multiprofissional para atender de maneira adequada as especificidades destes
indivíduos. Amplie seu conhecimento sobre o TDAH assistindo o vídeo a seguir.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=j3WTvJQFt0M&t=88s.

Bom vídeo!

A criança com TDAH geralmente apresenta danos no desenvolvimento e desempenho


nas atividades de vida diária, o que interfere diretamente nos aspectos acerca da sua
qualidade de vida, visto que as funções executivas estão intrinsicamente pautadas com
a capacidade em processar e organizar ações de modo adaptativo às variadas situações.

O sistema vestibular é um dos mais afetados entre esses indivíduos, ele está relacionado
com o envio de informações sensoriais sobre o movimento humano e a posição da
cabeça, esse sistema desempenha dois papéis fundamentais no controle motor: ajustes
posturais e também a estabilização do olhar. As dificuldades se estendem ainda para as
habilidades sociais e na regulação das emoções, problemas de atenção e concentração,
alterações da integração sensorial e comportamento opositor.

E ao se tratar da atenção, essa se divide em:

» Seletiva: se dá por propiciar a capacidade de poder ter a opção de escolha


em qual será o foco da mente. A relevância da seletividade é a necessidade de
39
Unidade III | Integração Sensorial

não se acionar toda gama que surge nas regiões auditiva e visual, existindo,
assim, a necessidade de conduzir o foco apenas para os estímulos relevantes
naquele momento.
» Alternada: é a capacidade de alternar entre um estímulo ou uma gama
de estímulos ou entre tarefas de maneira sucessiva. A alternância facilita a
execução de tarefas que exigem mais de um nível de compreensão.
» Dividida: habilidade de dar foco em dois ou mais estímulos distintos de
maneira simultânea.
» Sustentada: habilidade de sustentar o foco de atenção em um tipo de atividade
por um tempo com maior duração em uma atividade sem interrupção e
constante. Subsidiando atenção naquela atenção que está sendo realizada.

Os tratamentos sensoriais voltados para o TDAH são similares aos indivíduos com
TEA, enfatizando, assim, atividades que preconizem a atenção e a concentração,
habilidades manuais para melhora da motricidade fina, jogos de raciocínio, estímulos
que viabilizem atuar nos sentidos corporais, pois isso poderá facilitar o manejo entre
o indivíduo e o ambiente, auxiliando na integração sensorial, o que se estende às
habilidades e atividades de vida diária das pessoas, melhorando a qualidade de vida
e promovendo a saúde. Vale destacar que o transtorno não tem cura, porém, pode
ser controlado com a atuação da equipe multiprofissional, além de ser inserido pelo
médico alguns fármacos que auxiliam nas mais variadas terapias.

Figura 17. Criança hiperativa.

Fonte: https://blogpilates.com.br/wp-content/uploads/2017/01/CAPA-TDAH.png.

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Integração Sensorial | Unidade III

Assista ao vídeo a seguir, com dicas de atividades que podem trabalhar as


habilidades da motricidade fina dos indivíduos.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cAHaCp59Kco.

41
CAPÍTULO 3
Integração sensorial na senescência

Vamos começar a temática desse tópico pelo contexto inicial: o que é o envelhecimento?

O envelhecimento é um processo caracterizado por uma ação espontânea, inerente


e irreversível aos seres vivos. Nos seres humanos, esse processo se caracteriza pela
influência de aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais.

As mudanças fisiológicas na terceira idade estão relacionadas às limitações advindas


das funções celulares, mecânicas, físicas e bioquímicas dos indivíduos. As alterações
psicológicas, por sua vez, surgem a partir de alterações afetivas, mentais e dificuldades
no enfrentamento de situações que requerem apoio, bem como baixa autoestima,
depressão, e outros efeitos deletérios comuns no processo de envelhecimento.
Já as alterações sociais estão relacionadas às diminuições das relações dos indivíduos
da terceira idade com a sociedade (rede de apoio, amigos, familiares) em que estão
inseridos (GANDRA, 2012).

O processo de envelhecimento humano é um fenômeno mundial. A Organização


Mundial da Saúde (2005) caracteriza como sendo idoso o indivíduo com 60 anos ou
mais em países em desenvolvimento, como o Brasil, e com 65 anos ou mais em países
desenvolvidos.

Pensando nas teorias do envelhecimento, vale reafirmar alguns aspectos importantes,


apresentados no quadro a seguir.

Quadro 5. Aspectos do envelhecimento.

O ato humano de envelhecer poderá sofrer influências intrínsecas, advindas da constituição genética particular de
cada indivíduo, que é um fator responsável pela longevidade máxima e também os fatores extrínsecos condizentes
às exposições ambientais a que o indivíduo sofreu (tipo de dieta, sedentarismo, poluição, entre outros), os quais
proporcionam uma grande heterogeneidade no envelhecimento.
O envelhecimento orgânico humano pode ser classificado em dois aspectos importantes: senescência, envelhecimento
normal, ou como senilidade, que está ligada ao envelhecimento patológico.
A senescência é um processo fisiológico com mudanças que ocorrem comumente com o avançar do ciclo vital (sem
distúrbios de conduta, amnésias, entre outros),
A senilidade tem relação com a presença de doenças crônicas ou outras alterações que podem acometer a saúde da
pessoa idosa (perda da capacidade de memorização, canalizar/prestar atenção, não conseguir auto-orientação, dentre
outros).

Fonte: adaptado de Brink, 2001.

42
Integração Sensorial | Unidade III

Figura 18. Idosos como sujeitos sociais.

Fonte: https://direitodiario.com.br/wp-content/uploads/2017/07/N%C3%BAcleo-Idoso-03.jpg.

Ainda segundo a OMS (2005), a “saúde” deve ser vista como um completo bem-estar
físico, mental e social. Em um projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas
que promovem saúde mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que
melhoram as condições físicas de saúde. Por isso, é preconizado o acompanhamento
multiprofissional, a fim de atender todos os aspectos que corroborem para essa etapa
da vida.

Com o avançar da idade, o desgaste do organismo é um processo natural e contínuo.


Apesar de o envelhecimento não ser considerado uma doença, deve-se enxergá-lo
como um ciclo da fase vital, no qual o ser humano fica suscetível a alterações e declínio
de órgãos e sistemas.

É válido evidenciar que o envelhecimento é um processo e, como todo processo, o ato


de envelhecer não acontece de maneira instantânea.

Atuar na saúde do idoso implica e demanda diversos critérios, dentre eles, assegurar um
atendimento bem avaliado, baseado em evidência científica e humanização. Assim, o
cuidado integral, visando o processo de humanização dos atendimentos em saúde e de
promoção do bem-estar, vem a cada dia ocupando maiores espaços e conquistando maior
relevância e reconhecimento social. Nesse contexto, é inegável que o fonoaudiólogo
pode desempenhar importantes funções na luta pela preservação da dignidade da vida
humana (SANTANA; BARRETO, 2013).

Diversas estratégias são utilizadas para tratar os idosos nas sessões de fonoaudiologia,
bem como inserir princípios e abordagens para a prática clínica, implicações do processo
de envelhecimento da população na promoção, prevenção e reabilitação geriátrica.
43
Unidade III | Integração Sensorial

Os benefícios advindos por meio da prática de exercícios físicos na terceira idade


têm mostrado resultados positivos já descritos na literatura, sendo que eles, quando
orientados pelo profissional capacitado, visam a melhora na manutenção da saúde
global, como: aumento da capacidade funcional, do equilíbrio e da força, coordenação
e velocidade de movimento, corroborando para o aumento do bem-estar, da qualidade
de vida e da busca pelo envelhecimento ativo.

Figura 18. Fonoaudiologia e a pessoa idosa.

Fonte: https://comunicareaparelhosauditivos.com/wp-content/uploads/2019/07/GettyImages-499892301.jpg.

Diversos são os recursos utilizados para auxiliar os idosos nas sessões de fonoaudiologia.
A seguir, destacamos dois desses recursos.
» Treino com dupla tarefa: essa prática é definida como o ato de realizar
uma atividade primária, para a qual é destinado o maior foco da atenção,
incorporada a uma segunda atividade executada ao mesmo tempo.
A dupla tarefa é um excelente recurso para prevenir ou retardar as mais
diversas alterações e incapacidades, consistindo na execução de duas tarefas
concomitantes, geralmente, embasada por meio de uma tarefa motora
associada ao estímulo cognitivo (O’SHEA; MORRIS; IANSEK, 2002).
» Estimulação cognitiva: essa estratégia auxilia na manutenção ou recuperação
da independência da pessoa idosa. Esse tipo de habilidade deve ser inserido na
rotina dos idosos, a fim de elevar a prática de estimulação cognitiva. Algumas
atividades, desde as mais básicas, são importantes para manter as funções
que vão se prejudicando com a idade. Os sentidos corporais, a memória, a
capacidade de abstração, de inventar e estabelecer as ideias são atividades
cerebrais que vão se transformar no decorrer da vida e principalmente nesta
fase do ciclo vital: a velhice.
44
Integração Sensorial | Unidade III

Figura 19. Elementos lúdicos.

Fonte: https://metodosupera.com.br/wp-content/uploads/2019/06/3d82a530-b017-4ba5-a58f-e73fd62bd624-1024x683.jpg.

A seguir, identifique diversas atividades que podem ser utilizadas para elevar a integração
sensorial em suas mais variadas vertentes.
Jogo de memórias com temas variados: animais, cidades, cores, figuras, dentre outros;
treinar perguntas e respostas sobre fatos presentes e passados acerca da vida (nomes,
datas, lugares, coisas favoritas); nomear objetos do cotidiano, partes das partes do corpo
humano, fatos temporais (horário, estações do ano, dias da semana); leitura de textos
curtos e que em seguida pode-se questionar sobre fatos ocorridos naquele contexto
lido; repetição de sequência numérica, letras do alfabeto, palavras; trabalhar a atenção
durante a realização das tarefas e atividades, enfatizando as atividades cerebrais.

Figura 20. Estimulação cognitiva.

Fonte: https://www.casaderepousoemfamilia.com.br/wp-content/uploads/2016/02/estimulacao-cognitiva-para-idosos.jpg.

45
Unidade III | Integração Sensorial

Pensar em atividades com finalidades sensoriais, diferentes texturas, tamanhos e


formatos, cor da roupa, dos alimentos, figuras imaginárias, identificação de gestos,
expressões faciais, desenhar coisas do cotidiano, realizar atividades de motricidade
fina, copiar palavras, reproduzir traços, círculos, citar ditados populares, trechos de
música, marcas de produtos, trabalhar a linguagem, exercícios para musculatura da
face e corporal, palavras cruzadas, jogos de tabuleiro, inserção tecnológica, atividades
que exigem atenção e resolução de problemas.

Livros sensoriais são excelentes ferramentas para auxiliar no manejo sensorial


das pessoas idosas. Conheça essa estratégia assistindo ao vídeo a seguir.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ltFM0fLV9P8.

Figura 21. Motricidade fina.

Fonte: https://www.neuronucleocognicao.com.br/wp-content/uploads/2019/04/IMG-20190429-WA0010.jpg.

46
TÓPICOS ESPECIAIS UNIDADE IV

CAPÍTULO 1
Promoção da saúde e inovações
terapêuticas aplicadas à fonoaudiologia
e prática baseada em evidência

Atualmente, a prática baseada em evidência (PBE) visa a integração de uma melhor


evidência científica com a experiência clínica, porém, para se obter uma melhor evidência
científica no campo da fonoaudiologia, faz-se necessário basear-se em uma prática
que otimize a eficácia e segurança de intervenções terapêuticas. A experiência clínica
é uma habilidade que vai de encontro com a capacidade de utilizar dos benefícios que
a profissão proporciona ao profissional, podendo ser essas, instrumentos, protocolos,
ferramentas e bases já consolidadas e utilizadas no rol de atividades que se acercam
às áreas de atuação em fonoaudiologia, bem como a experiência clínica adquirida nas
práticas de atendimento, a fim de identificar o estado de saúde, sendo esse visto de
maneira global, onde o indivíduo é visto na sua totalidade: um ser biopsicossocial e
espiritual, e também com o diagnóstico de cada paciente, visando uma avaliação eficaz
dos riscos e benefícios da proposta de intervenção.

Vale ressaltar que a conduta ética profissional, deve ser permeada pelos dizeres já
elencados pelo código de ética e deontologia da profissão, respeitando as preferências,
preocupações e expectativas advindas dos pacientes e suas necessidades, tendo como
fator primordial, o conhecimento por parte do fonoaudiólogo, os fatores contextuais
pessoais, culturais e ambientais do paciente. Nessa perspectiva, novas evidências obtidas
por pesquisas clínicas de alta performance e aplicabilidade podem elevar a qualidade
dos atendimentos, visto que, ao observar o indivíduo na sua totalidade, a elaboração de
condutas fonoaudiológicas proporcionarão maior compreensão de quem será atendido.

A PBE deve ser, sem dúvida, uma ferramenta presente no cenário atual do fisioterapeuta,
pois ilustra a diferença na prática clínica entre o profissional que baseia seus atendimentos
no modelo biomédico do profissional que em sua prática laboral utilizada o modelo
biopsicossocial.
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Unidade IV | Tópicos Especiais

Vamos identificar cada um desses modelos a seguir.

Modelo biomédico
O modelo biomédico adota uma lógica unicausal, também designada lógica linear, que
busca identificar uma causa, a qual, por determinação mecânica, unidirecional e progressiva,
explicaria o fenômeno do adoecer, direcionando a explicação a se tornar universal (LUZ,
1988). Ou seja, nesse modelo, acredita-se no desajuste ou falha nos mecanismos de
adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos, cuja ação está exposta.
O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, de um
sistema ou de todo o organismo, ou de suas funções vitais (ALMEIDA FILHO, 1992).

Além dessas características, o modelo biomédico nega a saúde pública, a saúde mental
e as ciências sociais, bem como não considera científicos e válidos outros modelos de
saúde, como as terapias integrativas e complementares, por exemplo. O conhecimento e
a prática de saúde são centralizados no profissional médico, sendo os outros profissionais
postos em segundo plano nos tratamentos.

O modelo biomédico, em seu contexto histórico, diz que as doenças e suas curas se
concentram em fatores puramente biológicos e exclui as influências psicológicas, ambientais
e sociais vivenciadas pelos sujeitos. Nesse modelo, busca-se analisar e procurar falhas
biofísicas ou genéticas, enfatizando o foco em testes laboratoriais e medicamentosos,
ignorando por sua vez os sentimentos subjetivos ou história do paciente.

De acordo com esse modelo, a boa saúde é a ausência de dor, doença ou defeito, ou
seja, só possui boa saúde o indivíduo que não possui nenhuma patologia, valorizando
somente os processos físicos que afetam a saúde, como a bioquímica, a fisiologia e a
patologia de uma determinada condição. Cada doença tem uma causa subjacente e,
uma vez que essa causa é extraída, o paciente será saudável novamente.

Você pôde perceber quão limitado é esse modelo de atenção em saúde? Desse modo,
vamos ampliar nosso olhar, visualizando o modelo biopsicossocial, preconizado
atualmente pelos profissionais de saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A essa abordagem, que cuida das instâncias biológicas, mentais e sociais, chamamos
de modelo biopsicossocial, que atende diretamente ao conceito de saúde estabelecido
pela OMS, em 1948, pois “os conceitos de saúde e de doença são analisados em sua
evolução histórica e em seu relacionamento com o contexto cultural, social, político
e econômico, evidenciando a evolução das ideias nessa área da experiência humana”
(SCLIAR, 2007, p. 121).
48
Tópicos Especiais | Unidade IV

A proposta de serviços e ações multidisciplinares em saúde, juntamente com o modelo


biopsicossocial e espiritual de atenção, tem sido considerada desde 1948, uma meta
da medicina neste último século. A atenção integral, considera os indivíduos e seus
componentes, proporcionando, na medida do possível, atenção total; e os aspectos
tanto do indivíduo quanto da patologia, desde a fase de prevenção até a reabilitação
em saúde, o que implica diretamente no processo de tratamento da doença, visando
atendimento por uma equipe de saúde multiprofissional composta por diferentes
profissionais e que trabalhe baseada nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e
espirituais que influenciam a vida de um paciente e seus familiares.
Figura 22. Aspectos biopsicossociais e espiritual.

Biológico (físico)

Psicológico
Espiritual
(mental)

Social
(ambiente e
relacão com os
pares)

Fonte: elaborada pelo autor, 2012.

Dessa maneira, perceba a seguir cada um dos aspectos que envolvem o modelo
biopsicossocial:
» Aspecto biológico: visa compreender como a causa da doença decorre no
funcionamento do corpo do sujeito.
» Aspecto psicológico: busca potenciais causas psicológicas para um problema
de saúde, como a falta de autocontrole, perturbações emocionais e pensamento
negativo. O modelo biopsicossocial afirma que o funcionamento do corpo pode
afetar a mente, assim como o funcionamento da mente pode afetar o corpo.

» Aspecto social: se baseia na investigação de como os diferentes fatores


sociais, como o status socioeconômico, cultura e as relações sociais, podem
influenciar a saúde.
49
Unidade IV | Tópicos Especiais

» Aspecto espiritual: insere os diferentes benefícios da espiritualidade na


prática humana, enfatizando as questões espirituais dentro da particularidade
e especificidade de cada paciente.

A integração desses 4 fatores acarreta ações que abarquem as equipes multiprofissionais e a


utilização otimizada de todos os recursos disponíveis, garantindo o melhor aproveitamento
dos recursos e uma continuidade dos cuidados ao paciente e seus familiares.

Assim, a partir desse conceito biopsicossocial e espiritual, a saúde passou a ser mais uma
questão coletiva (da comunidade) do que somente do próprio indivíduo, além de um direito
humano fundamental, assegurado por lei, que não possui em seus pilares distinção de raça,
de religião, ideologia política ou condição socioeconômica, usufruído individualmente
e por todos. Ademais, tal definição reflete uma meta, um objetivo a ser alcançado, uma
vez que todo bem-estar físico, mental e social, pode sofrer abalos frente às adversidades
do dia a dia, compreendendo que o significado de ‘saúde’ não seja somente a ausência
de doença, mas que seja o elo de todas as áreas, apesar de tais oscilações e enfermidades.

Em meados dos anos 1960, a saúde era a perfeição morfológica, acompanhada da


harmonia funcional dos sistemas fisiológicos, da integridade dos órgãos e aparelhos,
do bom desempenho das funções vitais. Era o vigor físico e o equilíbrio mental, apenas
considerados em termos do indivíduo e ao nível da pessoa humana. Hoje, ela passou a
ser considerada sob outro plano ou dimensão. Saiu do sujeito, para ser vista, também,
em relação ao indivíduo com o trabalho e com a comunidade.

Tornou-se a estratégia mais adequada para se trabalhar a saúde humana, permeada em


uma visão ampla, que visa estudar a causa, efeito e o progresso de doenças, tendo como
base os fatores biológicos (genéticos, bioquímicos etc.), fatores psicológicos (estado de
humor, de personalidade, de comportamento etc.), fatores sociais (culturais, familiares,
socioeconômicos, médicos etc.) e espirituais (religiosidade, espiritualidade, crenças
pessoais, fé).

O vídeo a seguir evidencia os tratamentos da telefonoaudiologia baseada em


evidências científicas, explore mais sobre essa temática e descubra o papel do
profissional nessa área recente de atuação.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sa2pucq8wRE.

Nessa perspectiva, Mandú (2004, p. 667) destaca que:


O cuidado em saúde preconizado pelo paradigma biopsicossocial envolve
a contínua reconstrução de significados a respeito de si, do outro e do

50
Tópicos Especiais | Unidade IV

mundo, incluindo também significados sobre saúde, doença, qualidade de


vida, autonomia, que torna necessária a criação de um espaço relacional que
vá além do saber-fazer científico/tecnológico. Isso permite o olhar para a
pessoa além da doença que apresenta, considerando-se o conhecimento que
possui sobre si mesma, sobre o adoecer e a saúde, como focos essenciais
na reconstrução conjunta de sentidos em direção a uma vida saudável nos
seus diversos aspectos.

O papel do fonoaudiólogo no cenário atual é relevante para a sociedade enquanto


agente promotor de saúde, visto que pode desenvolver um olhar analítico, humanizado
e crítico sobre a doença, relacionando com a função que pode estar alterada, gerando
esse processo. Portanto, a avaliação fonoaudiológica não é substituível pela do
médico, por exemplo, já que o médico tem como objetivo diagnosticar, medicar
e atuar sobre a patologia com procedimentos mais invasivos, assim, define-se o
fonoaudiólogo como:
Conhecida por sua atuação em voz e fala, a Fonoaudiologia não se restringe
a isso. É a ciência que cuida de todos os processos de comunicação humana
e seu desenvolvimento, da sucção do leite materno à deglutição na melhor
idade (CREFONO, s/d).

A prática baseada em evidência científica possui um tripé que possibilita a percepção


ampla, destacando os seguintes conceitos: a experiência da pessoa (incluindo suas
preferências), melhor dado científico disponibilizado e necessidade individual/habilidade
para melhor definição de tratamento visado nas especificidades de cada paciente.

Figura 24. Atendimento fonoaudiólogo.

Fonte: https://www.fonosp.org.br/images/pg-fonoaudiologia/areas-atuacao-fono.jpg.

51
Unidade IV | Tópicos Especiais

Lembre-se que a PBE se destaca por ser uma temática que permite a melhoria
da qualidade no que tange a assistência à saúde. Essa perspectiva abarca a
definição de uma problemática, a busca e avaliação pautada na criticidade das
evidências disponíveis, enfatizando a literatura científica de qualidade, por meio
de diferentes resultados obtidos em estudos que envolvem essa perspectiva
prática. Proporciona ainda, o conhecimento em prol da competência clínica do
profissional e as preferências do paciente/cliente para a tomada de decisão sobre
a assistência à saúde baseada em atender a demanda biopsicossocial e integral
dos indivíduos (GALVÃO, 2002)

Segundo a Carta de Ottawa (p.1, 1986) a promoção da saúde:


É o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na
melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação
no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-
estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar
aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio
ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como
objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza
os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a
promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai
para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global.

E nesse sentindo apontado na Carta de Ottawa, existem alguns pré-requisitos para se


ter uma boa saúde, destacando os conceitos de paz, habitação, educação, alimentação,
renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade.

Outro fator fundamental estabelecido para se promover a saúde são as ações comunitárias
na tomada de decisão, na definição de estratégias, ferramentas e na sua implementação,
visando subsídios para aumentar os benefícios das condições de saúde. Faz-se necessário
incentivar a participação popular, bem como enaltecer o poder das comunidades – a
posse e o controle dos seus próprios esforços e destino.

O desenvolvimento das comunidades é feito sobre os recursos humanos e materiais nelas


existentes para intensificar a autoajuda e o apoio social, e para desenvolver sistemas
flexíveis de reforço da participação popular na direção dos assuntos de saúde. Isso
necessita um total e contínuo acesso à informação, às oportunidades de aprendizado
para os assuntos de saúde, assim como apoio financeiro adequado (CARTA DE
OTTAWA, 1986).

Em 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), reafirma as estratégias


elaboradas na Carta de Ottawa. A PNPS traz em sua essência diretrizes como integralidade,

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Tópicos Especiais | Unidade IV

equidade e intersetorialidade na construção da cidadania e de ambientes saudáveis


(BRASIL, 2006).

A PNPS, abarca ações públicas que vão além da ideia de cura e reabilitação, inserindo
as diretrizes e ações para promoção da saúde em harmonia com os princípios basais
do SUS, como o Pacto pela Saúde, pela Vida e em Defesa do SUS e sua Gestão e
em todas as esferas de governo. Em 2012, o Ministério da Saúde reafirma a PNAB,
modernizando considerações na política e inserindo novos elementos referentes à
atenção básica na ordenação das redes de atenção, reafirmando a ideia de “realizar
assistência integral aos indivíduos e famílias em todas as fases do desenvolvimento
humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade, priorizando o que
já fora afirmado na PNAB (2006): promover, prevenir, tratar e reabilitar a saúde
humana” (BRASIL, 2012, p. 45).

Vamos aprofundar nosso conhecimento acerca da Política Nacional de Promoção


da Saúde, pois ela é fundamental no cenário de saúde nacional. Leia mais sobre
essa política acessando o link a seguir:

Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_


promocao_saude_3ed.pdf.

Em 2014, essa política foi revisada em virtude da “impossibilidade de que o setor


sanitário responda sozinho ao enfrentamento dos determinantes e condicionantes da
saúde”. Essa constatação induziu a aproximação do setor da saúde de outros setores
não governamentais, incluindo o privado e a sociedade civil, e apontou as novas
prioridades a cumprir, entre elas, a promoção da cultura, da paz e dos direitos humanos
(BRASIL, 2014).

Objetivos do desenvolvimento sustentável: agenda


2030
Em consonância com os princípios da promoção da saúde, a Organização das Nações
Unidas, no ano de 2015, lançou o documento denominado de “Transformando
Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, que em sua
concepção é composto por 17 Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS) e
169 metas que que compõe a Agenda Universal, visando a estimulação de ações para os
próximos 15 anos em áreas de grandes relevâncias para a humanidade e para o planeta
(BRASIL, 2015).

53
Unidade IV | Tópicos Especiais

Figura 3. Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS).

Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/objetivos_port.png.

A seguir, vamos identificar os principais aspectos acerca dos 17 Objetivos de


Desenvolvimentos Sustentáveis:

Quadro 6. 17 Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis.

ODS 1 - “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”:

Para a ONU, erradicar os mais variados tipos de pobreza se tornou um problema de ordem global, e esse é um grande
desafio para o desenvolvimento sustentável. Assim, o objetivo 1 da Agenda 2030 visa estabelecer condutas que
construam parcerias que priorize a mobilização de recursos para a elaboração de programas e políticas que eliminem a
pobreza, e assim a população vulnerável possa adquirir condições mínimas de sobrevivência, sendo possível diminuir à
metade a proporção de indivíduos que vivem em situação de pobreza.

ODS 2 - “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoraria da nutrição e promover a agricultura
sustentável”:

A ONU aponta que cerca de 500 milhões de indivíduos estão em situação de desnutrição ao redor do mundo.
Desse modo, o objetivo 2 é que, até 2030, todos os países criem diversos programas e políticas que possam elevar
significativamente a produtividade dos pequenos agricultores, estendendo esse aspecto às mulheres e aos povos
indígenas, de modo a elevar a renda do seu núcleo familiar.

ODS 3 - “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”:

O objetivo 3 da Agenda 2030, busca a redução da mortalidade neonatal, da obesidade e a erradicação de doenças
graves como o HIV, tuberculose e a malária, mas também a conscientização em relação ao uso de álcool e outras
visando também os aspectos que envolvem a saúde mental e a relevância de ações que abarque o bem-estar psicológico
e físico.

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Tópicos Especiais | Unidade IV

ODS 4 - “assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao


longo da vida para todos”:

O objetivo 4 está relacionado aos níveis do sistema educacional, que vai desde o ciclo básico, que é a primeira infância,
até a vida adulta, e tem metas para garantir que a educação seja acessível e viável para todos, sem discriminação de
gênero. Em muitos países, o público feminino sofre em relação a esse tópico, sendo as principais prejudicadas em
seu desenvolvimento educacional, pois, quando comparadas aos meninos, a educação costuma não ser a principal
prioridade. E em diversos países, muitas são obrigadas a abandonar os estudos em função de casamentos e gestações
precoces, ou seja, muitas culturas não priorizam a educação de meninas e mulheres.
ODS 5 - “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”:

O objetivo 5 viabiliza a igualdade de gênero, erradicação de qualquer forma de violência contra meninas e mulheres,
visando que tenham os mesmos incentivos e oportunidades educacionais, profissionais e também no que tange a
participação política que meninos e homens, bem como o igual acesso a serviços de saúde e segurança.
ODS 6 - “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”:

A ONU aponta que existe uma escassez de água em todo planeta e isso afeta mais de 40% da população mundial. A fim
de garantir que todas as pessoas tenham acesso à água potável, esse objetivo visa uma gestão mais responsável acerca
dos recursos hídricos, incluindo a implementação de saneamento básico em todas as regiões vulneráveis e a proteção
dos ecossistemas relacionados à água, como rios e florestas.
ODS 7 - “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia, para todos”:

Atualmente cerca de 15% da população mundial não tem acesso à energia elétrica, assim, além de aumentar o número
de usuários, busca-se que a energia fornecida seja limpa e com baixo custo, para que não existam prejuízos ao meio
ambiente durante a sua produção e também não haja dificuldades de acesso pelas pessoas de baixa renda e em
situação de vulnerabilidade.
ODS 8 - “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e
trabalho decente para todos”:

É notório que se evoluiu em relação a diversos fatores importantes referentes ao trabalho humano, porém, em pleno
século XXI, ainda existe trabalho escravo. Além desse grave problema, o desemprego possui uma vertente crescente,
afetando principalmente os jovens sem formação. Esse objetivo tem como prioridade apoiar “o empreendedorismo,
criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive
por meio do acesso a serviços financeiros”.
ODS 9 - “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e
trabalho decente para todos”:

A Agenda 2030 prevê entre suas metas, que os países elevem os incentivos para as pesquisas científicas, o acesso à
internet de maneira democrática e também promovam uma maior democratização no acesso às novidades tecnológicas
de produção, para que os países de menor desenvolvimento possam ter um crescimento na sua capacidade produtiva.
ODS 10 - “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”:

Ao tratar sobre redução das desigualdades, não se trata apenas de promover uma melhor distribuição de renda entre
as nações ou de romper com os privilégios comerciais de nações ricas em relação às mais pobres. Quando se fala em
reduzir desigualdades, se deve pensar também em estreitar os laços entre as pessoas que ocupam os territórios do
planeta, sejam elas nativas ou imigrantes. A xenofobia é um problema grave, causador de diversas violências, e que faz
com que várias pessoas se vejam marginalizadas e com menos oportunidades somente por serem de um território ou
etnia diferente.

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Unidade IV | Tópicos Especiais

ODS 11 - “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”:

Conforme aponta a ONU, existirá em todo planeta 41 megalópoles com mais de 10 milhões de habitantes. Ademais, o
ritmo acelerado de ocupação urbana atual, além de não possuir uma estrutura inclusiva, pois nem todos os indivíduos
têm acesso à moradia, é extremamente desorganizado, o que faz com que nem todas as pessoas estejam inseridas em
espaços inadequados, seja por serem áreas de risco de desabamentos e alagamentos, seja por sofrerem com a falta de
saneamento básico, iluminação, entre outras condições de infraestrutura. Desse modo, uma das metas da Agenda 2030
é que todos os países viabilizem uma urbanização inclusiva e sustentável, e a capacidade para o planejamento e a gestão
participativa, integrada e sustentável dos assentamentos humanos, em todos os países.
ODS 12 - “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”:

Na atualidade, se consome muito mais recursos naturais do que o ideal. Isso tem como consequência o fato de que, nos
próximos anos, a humanidade poderá sofrer não só com a ausência dos recursos hídricos, mas também com a falta de
outros recursos, como alimentos, minerais, energia etc. Nessa perspectiva, a Agenda 2030 estabelece como uma das
metas “reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso”.
ODS 13 - “tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”:

Apesar de termos conseguido avanços importantes na preservação do planeta, como frear o aumento do buraco na
camada de ozônio, ainda estamos com um desempenho negativo em outras tarefas, como o aumento do desmatamento e
da poluição do ar, o que tem influência direta no aquecimento do planeta. De acordo com a ONU, se diversas medidas não
forem elaboradas, a temperatura global poderá aumentar em até 3 graus até o fim do século 21. Por isso, uma das metas
da Agenda 2030 é aumentar os investimentos dos países no desenvolvimento de tecnologias que permitam reduzir o
desgaste do planeta.
ODS 14 - “conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento
sustentável”:

De acordo com a ONU, existem cerca de 13 mil pedaços de plástico em cada quilômetro quadrado dos oceanos. São
dados gravíssimos, portanto, é necessário aumentar a conscientização quanto à poluição dos oceanos.
ODS 15 - “proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade”:

Uma série de desastres ambientais vem ocorrendo em várias regiões do planeta, sendo por meio de vazamentos de
substâncias químicas, incêndios, entre outros. Por isso, uma das metas do objetivo 15 da Agenda 2030 é elevar a
mobilização para reverter as consequências dessas degradações e para prevenir novos desastres.
ODS 16 - “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à
justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”:

Em seu objetivo 16, a Agenda prevê que os países combatam a corrupção, a impunidade, as práticas abusivas e
discriminatórias, a tortura, bem como todas as formas de restrição das liberdades individuais.
ODS 17 - “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável”:

Para que exista a concretização das metas propostas na Agenda 2030, é relevante que existam diversas relações
de parceria e cooperação entre os países do mundo. Assim, é necessário que os países tenham melhores condições
financeiras e auxiliem os “países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio
de políticas coordenadas destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme
apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o superendividamento”.

Fonte: adaptado de http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/objetivos_port.png.

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CAPÍTULO 2
Realidade virtual, gameterapia,
tecnologia e a fonoaudiologia
contemporânea

Novos modelos de atenção à saúde surgem em consonância com a evolução do campo


do cuidar e da fonoaudiologia contemporânea, e por abarcar diversos conceitos voltados
à tecnologia, a realidade virtual se destaca por proporcionar aos indivíduos uma gama
variada de possibilidades e benefícios durante as sessões de fonoaudiologia.

Inserir o paciente em um mundo imaginário, com uma percepção ambiental


transformada por meio de técnicas e meios digitais, pode elevar as chances de
potencializar o tratamento. É indispensável que qualquer técnica que envolva aspectos
da tecnologia digital seja pautada na sua necessidade, especificidade e aplicabilidade
em cada caso, sendo individualizado e voltado a atender o ciclo de possibilidades
que cercam o paciente.

A realidade virtual utiliza um campo que permite a inserção de estímulos artificiais,


que podem estimular no paciente diferentes percepções e sensações, aliando sempre
a técnica contemporânea aos tratamentos fonoaudiológicos já baseados em evidência
científica, ou seja, as técnicas conservadoras devem ser utilizadas durantes as sessões,
assim, ambas as técnicas poderão servir de complementos mútuos, elevando os benefícios
para a saúde do paciente.

A vantagem da utilização da tecnologia de realidade virtual é permitir que o fonoaudiólogo


possua uma gama de estratégias e ferramentas variadas de estímulos, evidenciando ao
paciente um rol de aferências sensoriais. Aliado a esse pensamento, os jogos interativos
voltados à saúde, conhecidos também como gameterapia, surgem na fonoaudiologia
como um campo de conhecimento que pode elevar os benefícios em diversos aspectos
que envolvem a saúde humana. A utilização de tecnologias digitais, para diagnósticos e
tratamentos, vem se tornando uma alternativa acessível aos profissionais em sua prática
laboral, pois boa parte dos equipamentos são de baixo custo, são grandes auxiliares
durante o processo de anamnese e avaliação do paciente, possibilita a identificação de
como esse indivíduo reage ao processo inicial do tratamento, evidenciando em muitos
casos as fragilidades advindas no seu dia a dia, ou seja, como esses pacientes enfrentam
suas atividades de vida diária, além de ser lúdico e de fácil manuseio.

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Unidade IV | Tópicos Especiais

Figura 25. Gameterapia.

Fonte: https://www.clinicasentidos.com.br/projeto/clinica-sentidos/arquivos/conteudo/img_4765.jpg.

O uso de algum ambiente virtual se destaca por possibilitar uma reabilitação nas mais
diversas condições clínicas. O objetivo da gameterapia é inserir o meio real no ambiente
virtual, da maneira mais síncrona possível, com a finalidade de aumentar as variadas
sensações de realidade ao paciente. A realidade virtual introduz simulações para que
se possa aproximar, de maneira digital, de cenários, jogos e conceitos baseados na
tecnologia, a fim de realizar diversas situações, simulações e experimentações.

A seguir, observe alguns benefícios da utilização da tecnologia durante as sessões de


fonoaudiologia:

» aumento da motivação frente ao tratamento;

» maior poder de concentração e aderência na terapia;

» ambiente lúdico;

» permite realizar atividades que talvez o paciente não faria sem o incentivo
digital;
» amplia a imaginação e possibilita a diversão;

» oportuniza a realização de novas e variadas experiências;

» auxilia no desenvolvimento de atividades de vida diária;

» possibilita o contato com a tecnologia digital e novas possibilidades de tratar;

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Tópicos Especiais | Unidade IV

» pode ser utilizado em qualquer fase do ciclo vital, lembrando sempre das
necessidades e conhecimentos de cada indivíduo;
» permite que exista maior interação entre paciente e fonoaudiólogo, o que
torna a sessão mais integrativa e satisfatória; dentre outras.

Para elevar os benefícios durante as terapias, são inseridos, ainda, dispositivos sonoros,
e, assim, o som possibilita a sensação de movimento e localização. A experiência advinda
do som desperta ainda mais a sensação perceptiva de estar dentro da atividade a ser
executada. A percepção visual é denominada realismo audiovisual, a de tato traduz
diversas sensações de imersão na atividade. Os dispositivos para o tato são conhecidos
como interfaces hápticas e auxiliam nessa possibilidade de interação digital. Por meio de
aplicativos de realidade virtual, os pacientes se veem em diversos cenários e situações
em que se faz necessário interagir tanto de maneira individual, quanto coletiva, o que
pode possibilitar o contato com outros indivíduos.

Esses recursos possibilitam novas oportunidades e oferecem o aumento multissensorial,


imersão em espaços tridimensionais e interação síncrona, estimulando as sensações
viso-espaciais, auditivas, manipulativas e sensitivas.

Figura 26. Realidade virtual.

Fonte: https://empiretelecom.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/07/realidade-virtual-como-funciona.jpg.

Desse modo, o profissional pode diminuir a sensação de monotonia e aumentar a


aderência ao tratamento e reabilitação. A inserção da gameterapia, jogos, realidade
virtual e meios tecnológicos, como meio lúdico e terapêutico pode possibilitar maior
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Unidade IV | Tópicos Especiais

comprometimento do paciente frente o processo de saúde-doença, principalmente


se pensar do ponto fisiológico, visto que os movimentos executados durante a sessão
têm a capacidade de auxiliar as células não afetadas a executar a transmissão de novas
informações neurais aos membros que apresentam alguma sequela, elevando, dessa
maneira, a neuroplasticidade.

A terapia advinda da realidade virtual, abarca mecanismos essenciais de biofeedback


visual, sendo uma forma ativa para o ganho de capacidade de controle motor em
consonância com benefícios para o processo de aprendizagem motora, pautas de
maneira positiva por integrar fases de autocorreção dos movimentos executados como
atividades motoras, influenciando de modo benéfico a plasticidade neural de pacientes
que apresentam sequelas neurológicas (BALISTA, 2013).

É indispensável a imersão do paciente em atividades do dia a dia para que o processo


de reabilitação seja voltado para suas necessidades diárias, sem esquecer o fato de que
a inserção de tecnologias deve ser pensada para não desestimular o paciente, de tal
modo que, quando esse é inserido no cenário digital e aos estímulos tecnológicos em
contextos reais, a resposta cerebral é mais rápida e intensa.

Figura 27. Tecnologia em prol da fonoaudiologia.

Fonte: https://playtable.com.br/uploads/segmentos/thumbs/560x370-imagem13.png.

Pensando nas inúmeras facetas que envolvem a fonoaudiologia e os aspectos digitais,


visam, em sua essência, elevar o estímulo à manutenção da comunicação funcional,
que é fundamental para a manutenção do bem-estar e a interação entre os pares.

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Tópicos Especiais | Unidade IV

A gameterapia e a realidade virtual ainda visam elevar o aspecto de treino, mudanças


de comportamentos, movimentação ativa da musculatura e ser uma ferramenta para
a promoção e prevenção da saúde.

Esses jogos são capazes de proporcionar ao paciente além da imersão, a transformação


cognitiva, principalmente no que tange o nível de atenção, conhecimento funcional,
autocontrole, tomada de decisão, autoeficácia, motivação interna e os sentimentos
de competência e autonomia. Os jogos e a tecnologia podem também auxiliar o
profissional da fonoaudiologia no processo educacional, construindo o aprendizado
e auxiliando os pacientes nas alterações voltadas à comunicação oral e escrita, assim,
o fonoaudiólogo pode utilizar estratégias articulatórias, fônicas e visuais, objetivando
a consciência fonoarticulatória para entender o sistema de escrita alfabética.

Além de divertidos, surgem como intervenções positivas tanto para crianças quanto para
adultos e idosos, gerando estímulos multissensoriais e maior poder de concentração.
Essa tecnologia digital pode auxiliar no desenvolvimento sensorial, motor e cognitivo
do paciente.

A realidade virtual e a gameterapia podem ser grandes auxiliares de estímulos da


fala, processo de percepção auditiva e sensações táteis. Para inserir a tecnologia
digital durante as sessões fonoaudiológicas, o profissional deve capacitar-se
e pensar de maneira individual, preconizando o atendimento voltado para a
necessidade de cada paciente, além de possuir conhecimento sobre a aderência
desse ao tratamento.

61
CAPÍTULO 3
Bandagem elástica terapêutica
na fonoaudiologia

No campo fonoaudiológico, a motricidade orofacial vem possibilitando de maneira


crescente variadas técnicas, ferramentas e estratégias para se atingir um resultado
terapêutico com maior efetividade e potencialidade. A bandagem neuromuscular,
popularmente conhecida como Kinesio Tape, vem ganhando destaque no rol de
tratamento da área de conhecimento da fonoaudiologia.
A técnica foi idealizada na década de 1970 e possui a conceituação da sua utilização
na estimulação tegumentar, que favorece os estímulos constantes e duradouros
nas vias aferentes do córtex sensorial primário, consentindo melhor integração do
sistema somatossensorial, o que facilita uma melhor resposta motora. Sua utilização
dentro do cenário fonoaudiológico já destaca sua eficácia nas terapias das alterações
temporomandibulares (ATM), nas paralisias faciais, no contexto de assimetrias faciais,
em musculaturas hipertônicas e hipotônicas, nas expressões faciais, sialorreias e na
reeducação das dificuldades respiratórias.
Seus efeitos benéficos podem ser vistos também nos casos da estética facial, nas
alterações da deglutição, disfagias, disfonias, espasmos neuromusculares, redução do
processo de saliva, postura laríngea, na mobilidade e na postura da língua durante a
caracterização da fonação, mastigação e deglutição, além de beneficiar na permanência
do fechamento labial, o que facilita a respiração nasal, na retração da língua nos casos
de protrusão, cooperando na adequação muscular e funcional do sistema orofacial
cervical, entre tantos outros.

Figura 28. Bandagem funcional.

Fonte: https://blog.clinicaconcon.com.br/wp-content/uploads/2019/01/disfagia2.png.

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Tópicos Especiais | Unidade IV

A aplicação da bandagem deve ser realizada somente por profissionais capacitados e


que possuam certificações, a fim de aprimorar os benefícios e, assim, elevar a qualidade
de vida e manutenção positiva da saúde do paciente, evitando, consequentemente,
lesões posteriores.

A postura e tônus inadequado da musculatura facial e cervical pode subsidiar em


várias alterações mastigatórias, respiratórias e do processo de deglutição, ocasionando
problemas nos seguimentos vocais como rouquidão, cistos e nódulos, alterações na
fala, dentre outros. O uso da bandagem elástica pelos fonoaudiólogos está relacionada
à estimulação sensório-motora, também pela inibição ou excitação da musculatura,
desempenhando, assim, possíveis melhoras no tratamento de problemas vocais,
modificações da motricidade orofacial, como músculos hipofuncionais, hiperfuncionais,
hipotônicos, hipertônicos, paralisias faciais, tensão cervical e disfagias (dificuldade de
deglutir alimentos líquidos e/ou sólidos).

A bandagem elástica é feita de um tecido poroso, com a utilização de uma mistura


de algodão com microfios de elastano em seu sentido longitudinal e é autoadesivo
em um dos lados. Vale destacar que a bandagem não possui nenhum fármaco em sua
composição, é antialérgica e sua aderência no sistema tegumentar auxilia na aderência,
que pode durar sete dias, em média, podendo ser utilizados por crianças, adultos e idosos.

Essa técnica possibilita ao profissional, a estimulação tegumentar por meio de


mecanorreceptores da pele, o que causa mudanças comportamentais da musculatura,
elevando ou reduzindo a excitação neuronal, transmitindo informações ao córtex
cerebral, tendo como resultado melhor resposta motora.

Lembre-se que o profissional habilitado pode utilizar essa técnica em:

» alterações temporomandibulares (ATM);

» paralisia facial ou de Bell;

» apraxias e disfagias;

» assimetrias faciais;

» hipotonia e hipertonia muscular da face;

» diminuição da produção em grande quantidade de saliva e aumento da


deglutição de saliva;

» melhora na mobilidade e articulação da língua durante a função de mastigação


e fala;

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Unidade IV | Tópicos Especiais

» melhora na permanência do vedamento labial, facilitando a respiração nasal


e garantindo alongamento dos músculos labiais;

» facilitação na retração da língua nos casos de protrusão exagerada.

Desse modo, a utilização da bandagem aumenta a eficácia da execução dos movimentos


e adequação postural, possibilitando a manutenção dos estímulos recebidos durante a
fonoterapia por períodos maiores.

Figura 29. Bandagem associada à fonoaudiologia infantil.

Fonte: http://www.fiqueemevidencia.com.br/site/_fckimages/44145ebeba.jpg.

A seguir, amplie seu conhecimento sobre a aplicação de bandagem associada à


fonoaudiologia e a relevância do conhecimento acerca da técnica.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QXjRx5YX6mM.

Bom vídeo!

Estimulação transcraniana por corrente contínua


aliada ao tratamento fonoaudiológico
A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) se destaca na terapia
contemporânea por ser um recurso que viabiliza a estimulação cerebral de maneira
não invasiva, indolor e que atua sobre áreas corticais da região cerebral.

Pensando nos seus princípios fisiológicos, o seu mecanismo possui a finalidade de


conduzir oscilações elétricas (despolarização a hiperpolarização) nos neurônios
subjacentes ao campo a ser estimulado, modificações que continuam após finalizada
a estimulação. Seus efeitos visam contribuir para a estimulação local, bem como a
proliferação a áreas adjuntas e distantes.

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Tópicos Especiais | Unidade IV

Os efeitos negativos deletérios da aplicabilidade do recurso são mínimos, podendo o


paciente acusar, em alguns casos, leves dores de cabeça e sensação de medo, geralmente
decorrente da primeira aplicação. Porém, é uma técnica facilmente adaptável à rotina
clínica dos pacientes, é segura quando aplicada por um profissional capacitado, além
de ser uma técnica considerada de baixo custo.

A ETCC pode ser aplicada nas mais variadas patologias e alterações funcionais, o que,
em consonância com técnicas já estabelecidas na literatura, pode elevar os efeitos
benéficos na saúde e qualidade de vida dos pacientes, reestabelecendo e estimulando,
áreas e sistemas, antes sem conexões cerebrais. A ETCC atua mais precisamente no
nível do córtex cerebral por meio da corrente contínua (galvânica).

A estimulação deve ser realizada pelo profissional capacitado e em consultórios, ou


até mesmo no ambiente hospitalar. Diversos profissionais utilizam esse recurso nos
ambientes domiciliares, atuando em prol daqueles pacientes que são impossibilitados
de estar nesses espaços de cuidado.

São inseridas esponjas na região do couro cabeludo do paciente, uma com polaridade
positiva (na cor vermelha, ou ânodo) e outra com polaridade negativa (na cor preta,
ou cátodo), e devem ser envolvidas por soro fisiológico. A inserção das esponjas se
faz na mesma região onde é realizado o eletroencefalograma.

Figura 30. Aparelho de ETCC.

Fonte: https://marceloquesado.com.br/wp-content/uploads/2019/12/Estimula%C3%A7%C3%A3o-el%C3%A9trica-transcraniana.png.

Após o posicionamento, as esponjas são integradas a um estimulador de corrente


contínua, e a voltagem geralmente é de 1-2 miliamperes. Junto com a técnica, o
65
Unidade IV | Tópicos Especiais

fonoaudiólogo deve inserir técnicas conservadoras do seu rol profissional, tendo em


vista que esse paciente necessita realizar a estimulação combinada com a técnica de
ETCC, pois isso faz com que a região cerebral receba estímulos advindos do ambiente e,
assim, em consonância, propicia maior efetividade do que apenas a aplicação da ETCC.

O fonoaudiólogo pode utilizar elementos lúdicos, pois esses surgem como ferramentas
e estratégias complementares ao recurso. É uma técnica na qual a variabilidade de
idades pode beneficiar-se dessa ferramenta, sendo pouco contraindicada.

Figura 31. ETCC na infância.

Fonte: https://prosense.com.br/wp-content/uploads/2015/07/Estimula%C3%A7%C3%A3o-El%C3%A9trica-Transcraniana-tDCS.jpg.

O processo de transmissão da corrente tem seu início do anodo (vermelho) que possui
a função excitatória para o catodo (azul) que por sua vez tem a ação inibitória, sendo
importante destacar que cada paciente deverá ser visto individualmente nesse tipo de
recurso, pois é necessário identificar o local exato que será inibido ou estimulado. Por
isso, novamente se reforça a habilidade técnica do profissional.

A estimulação transcraniana por corrente contínua, é um recurso de baixo custo,


portátil e seus resultados evidenciam que é uma técnica segura, e possui em sua
essência a modulação da atividade cortical e ainda pode proporcionar mecanismos
de neuroplasticidade.

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Tópicos Especiais | Unidade IV

Como estudado anteriormente, outros efeitos deletérios podem surgir nos pacientes,
como uma leve cefaleia e coceira local, devido à aplicação dos eletrodos. Os equipamentos
passam por severas análises dos órgãos de vigilância em saúde, tendo respaldo para sua
utilização, e assim, beneficiar os pacientes. Não existe um protocolo padrão de utilização,
mas comumente é utilizado com terapias combinadas, alternando sua aplicabilidade
em torno de 20 minutos, podendo variar para mais ou menos, dependendo muito da
especificidade de cada indivíduo.

Ademais, o olhar clínico deve estar presente durante a aplicação, pois pode se ocasionar
um efeito cumulativo, o que pode surgir como um intervalo seguro para evitar efeitos
deletérios negativos em um recorte temporal maior. O tratamento com ETCC é
bastante utilizado por profissionais mundo afora, assim, distúrbios e doenças de cunho
neuropsiquiátricas como depressão, ausência ou perda de memória, redução do nível
de atenção e TDAH, acidente vascular encefálico, dependência química, dores crônicas,
fibromialgia, crises de enxaqueca e zumbido, são umas das inúmeras utilizações.

A ETCC é viabilizada como uma metodologia neuromoduladora dentro da prática


de assistência em saúde, demonstrando sua eficácia por meio de um método seguro
e acessível, com efeito neuromodulatório (ocorre no momento da estimulação) e
neuroplástico (ocorre após o processo estimulatório).

Figura 32. ETCC em adulto.

Fonte: https://s2.glbimg.com/RsfzfJ-WX5qto0R-Fsg4NZlpGSc=/0x0:1000x667/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59ed
d422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/c/6/99jpSFS6qflC3BYevbBw/imagem-1-conteudo-fisiocorpus-g1sc.png.

A ETCC se destaca por auxiliar nos processos de diversos tipos de reabilitações


(neuropsiquiátricas, neuropsicológicas, neurofuncionais, auditivas, incapacidade física,
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Unidade IV | Tópicos Especiais

melhora e consolidação da aprendizagem motora, entre outras), por isso, vem sendo
cada vez mais utilizada no campo da saúde, destacando a atuação nas fonoterapias.

Os efeitos e a duração da técnica, dependerá da intensidade da corrente produzida, além


da duração do processo, sem esquecer da quantidade de sessões realizadas. Os efeitos
produzidos se interligam com a plasticidade neural e esse processo, para que tenha um
efeito mais contínuo, depende diretamente de alterações ocorridas na força sináptica.

Veja como é a aplicação da técnica em um paciente. No vídeo a seguir, o médico


neurologista explica a técnica. Lembrando que o profissional da fisioterapia,
fonoaudiologia e medicina devem ser capacitados no seu referido conselho
profissional para aplicação da técnica de estimulação transcraniana.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Wa6TGSPxnXk.

O fonoaudiólogo que atua com a ETCC deverá apresentar ao CREFONO:


» Formação e conhecimento teórico prático de primeiros socorros por meio
de certificado de conclusão de curso de suporte básico de vida (Basic Life
Support, BLS) ou outra formação que assegure conhecimento amplo sobre
o domínio que garanta a compreensão acerca dos primeiros socorros.
» Certificado de conhecimento específico emitido por instituições de ensino
superior e/ou credenciadas pelo Ministério da Educação e que reconheçam
a técnica e o respaldo profissional.
» É proibido ao profissional, inserir na sua prática profissional a ETCC de
maneira não científica, ou seja, sem conhecimento para aplicação de tal recurso.
Desse modo, o fonoaudiólogo, ao posicionar os eletrodos na região do couro cabeludo, poderá
realizar uma estimulação cerebral mais intensa ou moderada. O que, consequentemente,
irá auxiliar a intensidade dos estímulos necessários para cada especificidade.
» A ETCC sobre a cabeça pode gerar alterações na excitabilidade cerebral.

» A técnica pode elevar ou minimizar a atividade cerebral, dependendo da


região e local onde os eletrodos serão inseridos, que por sua vez dependerá
da disfunção do paciente.
» A ETCC é um recurso tecnológico e precisa de um profissional qualificado
e que compreenda os pontos a serem estimulados.
A programação da técnica inclui algumas etapas: inicialmente se aplica uma corrente
elétrica contínua de baixa intensidade no campo cerebral do indivíduo, posteriormente
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Tópicos Especiais | Unidade IV

são inseridos os recursos tradicionais da profissão, com a finalidade de potencializar


sua efetividade.

Ludicidade e fonoaudiologia: o brincar como


estratégia terapêutica
As sessões de fonoaudiologia devem ser dinamizadas, pois facilita a aderência entre o
paciente e o tratamento. Vale destacar que a ludicidade surge como uma possibilidade
terapêutica que pode ser inserida em todas as etapas do ciclo vital. As brincadeiras,
jogos e a interação lúdica, são estratégias que devem ser inseridas no contexto clínico e
institucional. É importante salientar que, em cada etapa da vida, esses elementos podem
ser modificáveis, ou seja, esse recurso deve ser inserido ao contexto de cada indivíduo.
O brincar é visto como uma maneira de trabalho das crianças, o que vai contribuir para
o desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo. Por meio do brincar, as crianças podem
desenvolver habilidades que serão vitais para o processo de desenvolvimento humano,
como a estimulação dos sentidos, coordenação motora grossa e fina, biomecânica corporal,
o que envolve toda musculatura, equilíbrio, movimentação de membros superiores e
inferiores, consciência corporal, dentre outros componentes. Já nas brincadeiras de
faz-de-conta, a imaginação proporciona a construção de papéis, explora os sentidos
e emoções, desperta habilidades, regras e interação social, resolução de problemas,
despertam a atenção para sentimentos como a alegria, a criatividade e também estimula
a fala, por exemplo, aptidão essa presente na rotina do profissional da fonoaudiologia.
A ludicidade no campo fonoaudiológico é inserida por meio da interlocução de referenciais
presentes no cenário da psicologia e da psicomotricidade, sendo o desenvolvimento
da linguagem interligado ao desenvolvimento cognitivo da criança ou à sua psique.

Figura 33. Elementos lúdicos aplicados à fonoterapia.

Fonte: http://wp.info.ufrn.br/admin/portal-ufrn/wp-content/uploads/sites/3/2017/09/TERAPIA_FONOAUDIOLGICA_20set17_Anastcia_Vaz_BR.jpg.

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Unidade IV | Tópicos Especiais

O vídeo a seguir, explora a utilização da ludicidade e dos jogos no contexto do campo


da fonoaudiologia, acesse o vídeo e observe como o recurso lúdico pode subsidiar
o indivíduo, resultando em maior aderência ao tratamento fonoaudiológico.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Za8jOdJwAzo.

Bom vídeo!

O campo lúdico é importantíssimo para o desenvolvimento de componentes


indispensáveis para a criança, sem esquecer que na fase adulta e na terceira idade,
esses elementos podem ser explorados, com a finalidade de se obter novos modelos
que corroboram para melhora da qualidade de vida e bem-estar.

Pensando no cenário clínico, as atividades lúdicas devem ser pensadas em prol da


individualidade dos pacientes, ou seja, a partir dessas representações, o fonoaudiólogo
deve identificar o que poderá ser inserido no contexto de tratamento, ampliando sua
visão sobre o desenvolvimento das necessidades do indivíduo, abarcando todo sistema
que envolve as demandas e habilidades exigidas nas sessões de fonoterapia.
Os jogos, brincadeiras e brinquedos possuem algumas características, a seguir vamos
observar algumas delas:
» É um ato espontâneo.

» Brincar não possui um tempo definido, já algumas brincadeiras possuem


tempo, regras e competências.
» Criam-se regras e aprendem-se aspectos como respeito, resiliência e
habilidades.
» O brinquedo e o jogo possuem diversas finalidades, podendo ser eletrônico,
manual, de encaixar, montar, simulações de objetos reais como bonecas,
carros, miniaturas, dentre outros.
» Brinquedos auxiliam no desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social,
pois, por meio das mais variadas atividades lúdicas, a criança desponta a
concepção aos conceitos relacionados a ideias, relações lógicas, possibilita
a expressão oral e corporal, desempenha habilidades sociais, diminui o
sentimento de agressividade e constrói o autoconhecimento.
» Permite a criação, a imaginação, a elaboração de regras sociais e desperta
a curiosidade.
» Nas sessões de saúde, pode ampliar a aderência ao tratamento.

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Tópicos Especiais | Unidade IV

Figura 34. Brinquedos e elementos lúdicos.

Fonte: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/61va2yh3i8L._AC_SY355_.jpg Acesso em: 11 fev. 2021.

O sucesso da terapia aliada à ludicidade irá depender de todo contexto que será
estabelecido entre o fonoaudiólogo e o paciente, além da disponibilidade do terapeuta
em ouvir e perceber a necessidade que o indivíduo traz para a sessão, em sua brincadeira,
a fim de fortalecer o estabelecimento da relação de confiança entre ambos.
Para Axline (1972, p. 112), é importante observar que:
A hora da terapia não é apenas uma outra hora de recreio, ou hora social, ou
experiência escolar. É a hora da criança. O terapeuta não é um companheiro
de brincadeira, não é um professor, não é um substituto da mãe ou do pai:
é uma pessoa única aos olhos da criança. É o palco onde pôr à prova sua
personalidade. É a pessoa que segura o espelho onde ela se verá. O terapeuta
guarda para si suas opiniões, seus sentimentos e sua orientação (...) é a criança
quem indica o caminho. O terapeuta a acompanha (AXLINE, 1972, p. 112).

Assista na íntegra ao vídeo a seguir e perceba a relevância do brincar e da brincadeira


na vida humana. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HpiqpDvJ7-8.

Bom vídeo!
Figura 35. Ludoterapia.

Fonte: http://www.finep.gov.br/images/noticias/2019/fofuu_site_novo.png.

71
Unidade IV | Tópicos Especiais

O profissional que faz uso da ludicidade em seus atendimentos com crianças e adultos,
tem que ter em mente que o ato de brincar é um modo facilitador terapêutico, e que
nesse tipo de metodologia os indivíduos podem ser protagonistas na construção da
boa conduta de tratamento, realizando o que é determinado pelo profissional de modo
mais aderente e natural, ou seja, estar na terapia surge como um passatempo aliado à
melhora fisiológica. O fonoaudiólogo precisa ter um olhar ampliado, pois não basta
inserir a ludicidade, deve-se ter a consciência de que a dinâmica do atendimento
realizado deve ser uma aliada ao tratamento e técnicas conservadoras.

Figura 36. Idoso e o lúdico.

Fonte: https://portal.pcs.ifsuldeminas.edu.br/images/galeriadeimagens/2020/abril/20200411/atividades-ludicas/7.jpg.

Nesse sentido, outros elementos podem ser inseridos na rotina profissional do


fonoaudiólogo, vamos identificar a seguir, a aplicabilidade da inserção de animais
durante o tratamento. Você poderá perceber que a terapia assistida por animais (TAA)
e a equoterapia se destacam no cenário de tratamento, o que oportuniza aos pacientes,
melhoras no que tange a sua saúde.
A TAA possui a finalidade de inserir no cotidiano da prática de saúde a promoção da boa
saúde física, social, emocional e de funções cognitivas. Pode ser compreendida como um
recurso terapêutico que utiliza os mais diversos animais junto às sessões tradicionais,
podendo ser utilizada por profissionais capacitados e que tenham conhecimento sobre
a técnica, o fonoaudiólogo pode beneficiar-se muito desse tipo de estratégia.
As sessões possuem objetivos terapêuticos pré-estabelecidos no plano de tratamento e
a inserção de animais amplia a gama de condução terapêutica. Ou seja, são elementos
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lúdicos, motivadores, facilitadores para o tratamento e que podem aumentar a aderência


à fonoterapia, visando por meio do animal, o estímulo em realizar a terapia e os
exercícios propostos, tornando a ida ao tratamento mais prazerosa, facilitando a
promoção e reabilitação em saúde.

A sessão fonoaudiológica assistida por um animal estabelece, então, relação com a


estimulação para a cognição, imaginação, comunicação, desenvolvimento motor e
interação social. A utilização de cães, gatos e pássaros, por exemplo, podem estimular
o poder de comunicação, reduzir a sensação de estresse e ansiedade e aumentar a
autoestima, empatia e afetividade.

O profissional deve pensar que a TAA não substitui a técnica. O principal diferencial
desse tipo de terapia, é o fato de que os animais tiram o foco da terapia tradicional,
tornando os exercícios fonoterâpicos mais fáceis de serem realizados, pois são lúdicos,
dinâmicos e divertidos. Outro fator importante e que merece destaque é a facilidade
com que o paciente se vincula com o terapeuta a partir do animal.

Figura 37. TAA e fonoaudiologia.

Fonte: https://www.opovo.com.br/noticiasimages/app/noticia_146418291334/2018/05/01/366969/_MGM0097_1.JPG.

Em crianças autistas, os benefícios da TAA proporcionam a estimulação do


desenvolvimento da linguagem, do processo de comunicação não verbal, promoção
da autoestima e da competência social e eleva o contato visual, que são deficitários nesse
grupo populacional, além de aumentar a afetividade e expressões, reduzir condutas
negativas, como autoagressivas e autoestimulatórias.

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Unidade IV | Tópicos Especiais

Figura 38. TAA e a criança autista.

Fonte: https://diariodamanha.com/wp-content/uploads/2018/04/43485-1024x682.jpg.

As indicações são diversas, proporcionando adaptação e reabilitação com autismo,


hiperatividade (TDAH), lesões neurológicas diversas e disfunções orofaciais. Qualquer
paciente pode receber os benefícios da TAA, porém, deve-se pensar que nem todo
paciente é aderente ao tratamento, pois é necessário que o paciente não seja alérgico,
não tenha fobia aos animais e que possua algum desconforto com a presença do pet.
Por isso, é importante uma avaliação multidimensional por parte do profissional. A
fonoaudiologia assistida por animais, vem evidenciando diversos resultados benéficos
quando direcionada a crianças e à pessoa idosa, melhorando:

» socialização;

» comunicação;

» memória;

» concentração;

» afetividade;

» autoestima;

» estabelecimento de vínculos,

» prática de atividades físicas.

Já a equoterapia é uma modalidade terapêutica e também educacional que tem


como elemento principal o cavalo, que possui efetividade nos mais variados tipos de

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tratamento, dentro de uma abordagem interdisciplinar, nos campos da saúde, equitação


e educação, visando o desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos com deficiências
ou necessidades especiais.

Figura 39. Equoterapia e fonoaudiologia.

Fonte: https://www.portalacesse.com/wp-content/uploads/2018/05/fonoaudiologia-na-equoterapia-1-0518.jpg.

A movimentação rítmica, precisa e tridimensional advindas do cavalo, que durante


sua caminhada faz com que o paciente se desloque bilateralmente, para frente, para
trás, para cima e para baixo, permitindo, durante esse processo, diversos estímulos
sensoriais de modo que a propriocepção profunda, sensações viso-perceptiva, vestibular,
olfativa, visual, auditiva e cinestésica são promovidas. O paciente, ou praticante da
equoterapia, é estimulado a seguir os movimentos realizados pelo cavalo, visando a
manutenção do equilíbrio e da coordenação que mantem o tronco, membros inferiores
e superiores, cabeça e toda consciência corporal, dentro dos limites de cada paciente.

O movimento tridimensional do cavalo induz o deslocamento do centro gravitacional


do indivíduo, aumentando o equilíbrio, a normatização da tonicidade muscular, o
controle postural, a diminuição de espasmos, trabalha o sistema cardiorrespiratório,
informações proprioceptivas, estimulando não apenas o funcionamento de ângulos
articulares, como o de músculos e circulação sanguínea.

Na fonoaudiologia, por exemplo, para produzir a fala (condução da linguagem) é


necessário que o indivíduo possua tônus postural adequado, padrões normais de
movimento, presença rítmica, posição da cabeça e pescoço corretos, bom controle
respiratório, coordenação fono-respiratória. E assim, a movimentação tridimensional
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Unidade IV | Tópicos Especiais

do cavalo vai influenciar a musculatura do controle postural, da cavidade oral, da


laringe e nos músculos do aparelho respiratório. Assim, a relação direta do cavalo
propicia o ajuste de tônus, do controle postural, da sensibilidade, da propriocepção e
da respiração.

Assista ao vídeo a seguir e observe a utilização de técnicas fonoaudiológicas voltadas


à equoterapia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SClvUw9zvc0.

Figura 40. Estimulação fonoaudiológica e equoterapia.

Fonte: https://www.galaxcms.com.br/imgs_crud_comum/1395/EQUOTERAPIA-20191217213957.jpg.

Desse modo, a fonoaudiologia integra a equipe multiprofissional durante a equoterapia.


Os exercícios articulatórios podem ser estabelecidos com ações simples, como, por
exemplo, o envio de um beijo para o cavalo se locomover, dessa maneira como o estalar
da região da língua, pode simular o barulho do animal andando. O profissional pode
utilizar a musicoterapia, onomatopeias que ajudam na melhora da fala, da linguagem e
no aumento do vocabulário, além de trabalhar a psicomotricidade durante as sessões.
Os exercícios psicomotores são meios para atingir a integração do indivíduo tanto
no meio físico quanto no social, trabalhando a relação do sujeito com o ambiente.
Vários estímulos e exercícios psicomotores devem ser integrados durante a aplicação
da equoterapia para ajudar na reabilitação.
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Observe a seguir alguns benefícios da equoterapia aliada à fonoaudiologia:

» aumento da melhora da coordenação motora;

» dissociação de movimentos;

» melhora na autoestima e autoconfiança;

» maior autonomia;

» estímulos diversos, independência e senso de responsabilidade;

» melhora do tônus;

» estimulação da musculatura e dos aspectos da fala e linguagem;

» integração sensorial e interação social;

» sai do ambiente terapêutico e insere o indivíduo no ambiente (ar livre);

» estimula os sentidos corporais: sensorial, olfatório, visual, auditivo;

» utilização de elementos lúdicos e facilitadores na sessão;

» trabalha a contextualização global dos pacientes;

Figura 41. Idosa e equoterapia.

Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:1.802098:1590164596/image/image.jpg?f=16x9&$p$f=3965716.

» controle global e adequação dos órgãos fonoarticulatórios;

» desenvolvimento da linguagem oral, audição, adequação do tônus musculatura


orofacial, melhora a qualidade de vida e bem-estar;
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Unidade IV | Tópicos Especiais

» aumenta o poder de comunicação, possibilita uma comunicação alternativa;

» trabalha os distúrbios da linguagem escrita;

» o profissional pode inserir elementos coloridos, com sons e formatos


diferentes;

» durante a equoterapia, o fonoaudiólogo realiza movimentos que readéquam


o trabalho de adequação e o desenvolvimento do sistema estomatognático;

» auxilia nas funções neurovegetativas, como a mastigação, sucção, deglutição


e a respiração;

» reforça a sensação e estimulação olfativa, melhorando a percepção de cheiros


diferentes, e também no sistema respiratório com inspiração e expiração
(atuando na musculatura e autopercepção);

» estimula exercícios miofuncionais.

Vale ressaltar que o fonoaudiólogo deve compreender a anatomia, fisiologia, tipologia


facial e classes de oclusão dentária, pois, assim, o profissional poderá aplicar técnicas
que aprimorem o processo de deglutição adaptada à sua particularidade, morfologia,
classe de oclusão dentária e tônus muscular orofacial.

Utilização da dupla tarefa na rotina do profissional


da fonoaudiologia
Para conceituar esse tópico dentro da perspectiva da fonoaudiologia, é importante
reforçar a ideia de que a neuroplasticidade se dá pela capacidade do cérebro de se adaptar
ao longo das mais variadas experiências vividas e dos aprendizados que foram e poderão
ser consolidados. Sua relação está diretamente relacionada ao sistema nervoso, que é
indispensável para a concretização de uma gama de atividades que visa estimular as
regiões cerebrais, como prática de atividades físicas, leitura, atividades recreativas ou
qualquer processo de aprendizado.

Nesse sentido, o processo de aprendizagem se dá por meio do envio de informação


ao cérebro que sinaliza o que é importante e precisa ser adequadamente armazenado,
pois desse modo se poderá cumprir uma função em determinado momento das etapas
do ciclo vital. Para que esse aprendizado aconteça com máxima qualidade e eficiência,
é necessário que o cérebro seja estimulado, enfatizando assim a criatividade.

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Pensando nisso, o profissional da fonoaudiologia possui habilidades e estratégias


dentro da sua prática laboral que podem ser inseridas durante as sessões, o que facilita
a aderência aos mais diversos tipos de terapia. Assim, vamos compreender, a seguir,
como a inserção da dupla tarefa pode corroborar de maneira positiva para a facilitação
de práticas fonoaudiológicas.

Mas afinal, o que é dupla tarefa?

Essa prática pode ser conceituada como o ato de realizar uma atividade de cunho
primário, para a qual é destinado um foco mais elevado da atenção, acionada a uma
segunda atividade executada ao mesmo de maneira simultânea. A realização de duas
tarefas de modo concomitante é comum no dia a dia, e representa uma capacidade
altamente vantajosa para o sujeito, podendo até ser considerada um pré-requisito para
uma vida normal. A dupla tarefa, sendo motoras ou cognitivas, acontece em nível
cortical, propiciando que uma intervenha na outra.

De tal modo, apesar da facilidade com que algumas ações simultâneas possam ser
habitualmente executadas, a integralidade de sua atuação demanda um elevado
processamento a nível neural. Em algumas ocasiões, a efetivação de dupla tarefa pode
ser danificada quando as ações exigidas extrapolam a capacidade do sistema cognitivo
ou ainda quando derivam no envolvimento simultâneo de circuitos neurais específicos
às duas ações.

A realização da dupla tarefa abarca a realização de uma principal –a tarefa simples,


o principal centro de atenção – e uma tarefa a nível secundário desenvolvida de
maneira simultânea, tornando-se assim uma atividade de dupla tarefa.

Essa capacidade de execução de duas atividades simultâneas, viabiliza uma vantagem


evolutiva, já que proporciona ao sujeito executar diversas atividades de modo mútuo,
com menor ativação neural, empregando menos tempo quando comparado com a
realização das mesmas tarefas de maneira isolada. O prejuízo que uma, ou as duas, sofre
é conhecido como interferência na dupla tarefa. Sua presença desencadeia desvantagens,
inclusive pode fazer com que exista ao indivíduo risco de lesões corporais quando uma
delas exige adequado controle postural ou rastreio de riscos ambientais.

Frente ao tipo de atividades que são desempenhadas, o mecanismo da dupla tarefa pode
apresentar-se de algumas maneiras, sendo: motora, cognitiva ou cognitivo-motora.
Uma estratégia de reabilitação cada vez mais utilizada, então, é a inserção do treinamento
de dupla tarefa, que visa corroborar, por meio da realização de atividades funcionais

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simultâneas, a alocação de recursos atencionais, reduzindo assim a interferência na


dupla tarefa.

Hoje em dia, os fonoaudiólogos têm voltado cada vez mais sua prática profissional não
apenas para o desempenho motor dos pacientes, mas também para aspectos cognitivos
e relacionados ao contexto ambiental que esses indivíduos estejam inseridos, visto
que os aspectos ambientais são extremamente importantes na rotina dos pacientes.
As funções executivas, especialmente a atenção dividida, verificada pela realização de
tarefas simultâneas, evidenciam o desempenho da dupla tarefa, podendo ser esse um
importante recurso para tratamento das mais variadas demandas na prática clínica
fonoaudiológica.

Para exemplificar, vamos pensar que a dupla tarefa pode vir associada às seguintes:
tarefa motora e tarefa distrativa visual, tarefa motora e tarefa distrativa auditiva, tarefa
motora e tarefa cognitiva, dentre outras. Ou seja, pode-se explorar de maneira ampla
a execução simultânea de dois aspectos, assim, o profissional poderá utilizar técnicas
que façam com que o paciente treine a capacidade de realização de duas tarefas, seja
de cunho simples ou até mesmo mais complexas.

A execução da dupla tarefa pode parecer fácil, mas para pacientes com alterações
neurológicas, por exemplo, ou em pessoas idosas, esse tipo de recurso pode ser bastante
complexo, o que demandará muito mais treino e habilidades profissionais, visto que
esse conceito poderá, ao longo das sessões, viabilizar a promoção da saúde e recuperação
dos pacientes. Desse modo, vale ressaltar que o fonoaudiólogo deve estabelecer de
maneira individual, as tarefas a serem desenvolvidas pelo indivíduo.

O desempenho da tarefa simultânea visa estabelecer, então, a execução de uma tarefa


primária, que é o foco principal de atenção, e uma tarefa secundária, executada ao
mesmo tempo. Assim, quando o fonoaudiólogo pede para que o paciente execute
ao mesmo tempo determinadas atividades, exigindo alto grau de processamento de
informações, o desempenho de uma ou de ambas é reduzido. Caso exista alguma perda
na função do desempenho da tarefa primária na execução da dupla tarefa, incide que
não existe automação desta tarefa primária e essa piora no desempenho é denominada
consequência da atividade dupla. Essa perda, ou prejuízo, na tarefa primária e/ou na
tarefa secundária ocorre, pois as duas tarefas competem por demandas similares para
o seu processamento (TEIXEIRA; ALOUCHE, 2007).

Uma alteração cognitiva ou no controle motor (ou até mesmo em ambos), durante
uma tarefa simultânea, pode ser um preditor importante do estado funcional em que se

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Tópicos Especiais | Unidade IV

encontra um indivíduo durante a ocorrência de uma patologia ou durante um período


de reabilitação. Após uma lesão a nível cerebral, a influência motora-cognitiva pode
aparecer, e atividades anteriormente automatizadas passam a promover um processo
controlado, com elevação da demanda atencional. Isso poderá gerar prejuízos durante
a execução da dupla tarefa.

A seguir, vamos identificar a atuação do fonoaudiólogo e a inserção da dupla tarefa em


algumas patologias na qual o profissional possui grande relevância intervencionista:

» A doença de Parkinson é compreendida como uma patologia degenerativa


do sistema nervoso central, possui em sua essência caráter progressivo,
que acomete os núcleos da base, desencadeando uma perda progressiva
de neurônios da parte compacta da substância negra. As decorrentes
transformações ocorridas no controle motor se mostram evidentes com
a sua progressão, originando sinais clínicos aparentes, como tremor de
repouso, rigidez articular, bradicinesia (lentidão anormal dos movimentos
voluntários), alterações da postura, distúrbios do equilíbrio e sistema de
deambulação (marcha), dentre outros sintomas. Devido à evolução clínica
do Parkinson, a realização de ações cotidianas pode afetar a qualidade de vida
do paciente, assim, pensando em situações de dupla tarefa, a utilização desses
recursos corticais para a realização de tarefas motoras pode comprometer
o desempenho de ambas.
» A doença de Parkinson possui como característica a diminuição de dopamina
deletéria na morte de neurônios da substância negra cerebral, o que
desencadeia alterações no sistema motor, o que traz prejuízo na função e
qualidade de vida das pessoas acometidas pela doença.

Vamos relembrar a importância da fonoaudiologia no tratamento da disfagia na


qualidade de vida de pacientes com doença de Parkinson? Leia o artigo a seguir
e identifique os principais aspectos que tangem a relação da profissão com os
pacientes. Perceba a relevância do tratamento nessa patologia.

Disponível em: https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/7438/6717.

Pensando na perspectiva fonoaudiológica, diversas intercorrências podem ser observadas


na doença de Parkinson:
» Alterações na fala: muitos indivíduos podem apresentar alterações no
ritmo da fala e na tonicidade da voz. Uma queixa frequente relatada pelos
pacientes é a voz fraca ou com tom baixo. Isso se dá, pois quando as pregas
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Unidade IV | Tópicos Especiais

vocais não se fecham de maneira correta, existe uma possibilidade devido


à rigidez muscular e à lentidão dos movimentos. O portador da doença
também pode demonstrar fala monótona, ou seja, sem os tons graves e
agudos enfatizados.
Para o ouvinte, as frases ditas pelo indivíduo podem ter baixa entonação e
velocidade, o que pode demonstrar certa falta de emoção. Alguns indivíduos,
já possuem a tendência de acelerar o ritmo das palavras, o que poderá ser
um fator que dificulta também a compreensão do que está sendo dito.
Com exercícios focados a nível vocal, é possível deixar a voz mais forte e a
fala mais clara e com facilidade para ser compreendida. Essa melhora na fala
associada à dupla tarefa, pode elevar os índices de benefícios para a saúde do
paciente, tendo em vista que o Parkinson é uma doença neurodegenerativa
e qualquer possibilidade de melhora pode elevar a autoestima, autonomia
e independência do indivíduo.

» Alterações na deglutição: cerca de 50% dos pacientes com Parkinson


desencadeiam alterações significativas no processo de deglutição. A
principal causa dessa perda se dá pelo enfraquecimento da musculatura da
cavidade oral, abarcando a língua, lábios, bochechas, céu da boca e garganta.
Assim, com essa alteração, alguns problemas podem surgir, como a má
mastigação de alimentos, podendo levar a engasgos, tosses e pigarros, pois
eles não são bem triturados. Além de alimentos, líquidos também podem
ser elementos que diminuem a qualidade na deglutição, a própria saliva
pode ser um fator angustiante.
A dificuldade para deglutir deve estar relacionada com as práticas
fonoaudiológicas e merece atenção, pois quando isso ocorre, o bolo alimentar
pode desviar seu caminho natural entre a cavidade oral para o estômago
e penetrar as vias aéreas por meio da laringe. Se ocorre de atingir a região
dos pulmões, pode desencadear pneumonia por aspiração alimentar.
O profissional pode inserir dupla tarefa combinadas com exercícios e técnicas
para deglutir de maneira correta, ensinando novamente o paciente a trabalhar
essa habilidade.

» Alterações na salivação: o excesso de saliva residual no interior da região


da boca não é provocado por uma elevação na produção salivar. O que
acontece é que o paciente acometido pelo Parkinson, com a evolução da
doença, pode demonstrar dificuldade em engolir qualquer coisa, inclusive a

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Tópicos Especiais | Unidade IV

própria saliva. No parkinsoniano, o movimento motor automático tem sua


seção interrompida, desencadeando o acúmulo de saliva. A saliva acumulada
em excesso alerta para a dificuldade de deglutição e está também associada
ao prejuízo da fala. Assim, exercícios fonoaudiológicos auxiliam no controle
do acúmulo de saliva e no fortalecimento da musculatura enfraquecida.

A ocorrência de tarefas simultâneas no processo de reabilitação do paciente com


Parkinson é frequente e deve ser considerada como determinante para o desempenho
dos indivíduos. O uso da dupla tarefa motora, em consonância com comandos verbais
explicativos e corretivos e ambientes facilitadores com múltiplas fontes de estimulação,
interfere na prática da tarefa, o que pode ser, se bem aplicado, trazer inúmeros benefícios
ao paciente, como, por exemplo, trabalhar a respiração e o processo de deglutição no
mesmo tempo. Técnicas combinadas simultaneamente podem aumentar positivamente
o processo que está alterado. Essa interferência pode ser utilizada como mais um
recurso fonoterapêutico. A dupla tarefa é parte integral do cotidiano de qualquer
pessoa, portanto, seu treinamento deve ser enfatizado no processo de reabilitação. Vale
lembrar que, dependendo do nível de complexidade da tarefa primária, a associação
a uma segunda tarefa pode ser, para muitos pacientes, considerada como uma nova
tarefa, o que deve ser pensado.

Explore mais sobre a temática da fonoaudiologia associada à dupla tarefa em


pacientes com Parkinson.

Esse vídeo poderá ampliar sua concepção acerca da melhora da fala, a voz e a
deglutição. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=44668T-F9Lg.

Bom vídeo!

O profissional deve atentar-se que o movimento executado de maneira correta não


é o resultado apenas de um ciclo de eferências voltadas para a musculatura, mas o
resultado de uma flexível “negociação” entre contribuição disponível e produção exigida,
por meio de muitas estratégias conduzidas ao mesmo órgão (MULDER; ZIJLSTRA;
GEURTS, 2002).
A escolha de determinada tática depende da complexidade e do conhecimento da
ação, da aptidão do sujeito, da integridade do sistema, das exigências do ambiente e
de diferentes ações cognitivas, como motivação, atenção e emoção.
Como qualquer outro profissional atuante na saúde, o fonoaudiólogo necessita ter
ciência e sensibilidade quanto à questão dos conceitos da humanização, visando o
reconhecimento do ser humano na sua integridade e singularidade, tendo a consciência

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Unidade IV | Tópicos Especiais

do seu papel frente àqueles pacientes que buscam em seu ofício o alívio, melhora e até
cura para diversas alterações que possam ocorrer devido a alguma alteração patológica,
ou até mesmo pela promoção de sua saúde, identificando suas reações psíquicas e a
própria atitude frente à doença. O atendimento fonoaudiológico humanizado pode
possibilitar melhores condições de recuperação para os usuários, e assim, priorizar uma
fisioterapia baseada em evidência, uma ciência extremamente necessária no cenário
de saúde e centrada no conhecimento técnico, científico, proximal ao ser humano,
acolhedor e humanizado.

84
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