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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
A PSICANÁLISE....................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
SIGMUND FREUD: VIDA E OBRA DO PAI DA PSICANÁLISE .......................................................... 9
UNIDADE II
DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE......................................................................................................... 30
CAPÍTULO 1
INFLUÊNCIAS NEUROLÓGICAS, BIOFISIOLÓGICAS E PSICOLÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO
HUMANO................................................................................................................................ 31
UNIDADE III
NEUROCIÊNCIA.................................................................................................................................... 39
CAPÍTULO 1
APLICABILIDADE DA NEUROCIÊNCIA: MÚLTIPLOS CONTEXTOS ................................................. 40
UNIDADE IV
A NEUROPSICANÁLISE.......................................................................................................................... 54
CAPÍTULO 1
BASE TEÓRICA DA NEUROPSICANÁLISE ................................................................................... 54
CAPÍTULO 2
EDUCAÇÃO COGNITIVA......................................................................................................... 78
CAPÍTULO 3
O PARALELO DA PSICANÁLISE E DEMAIS ABORDAGENS TERAPÊUTICAS...................................... 93
CAPÍTULO 4
A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR E A NEUROCIÊNCIA.................................................................... 112
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 131
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Existe uma quantidade de dados robustos no campo da neurociência, abordando os
meandros e as complexidades do sistema nervoso central (SNC) em nossa psique e,
consequentemente, observados no comportamento humano. A questão mente/corpo
não foi resolvida na medida em que se esclarecem as conexões entre a atividade do
sistema nervoso central e o pensamento. Atualmente, é útil aceitar o conceito de
paralelismo entre a atividade e o pensamento. Com efeito abordaremos a inclusão do
método psicanalítico como um componente essencial do esforço científico para elucidar
o pensamento.
Freud, portanto, escutava seus pacientes com afinco e, em seguida, formulava sua
teoria baseando-se no vasto conhecimento que dispunha e também criando modelos
“virtuais” do funcionamento mental, sabendo que esses modelos atendiam muito mais
aos desafios de sua clínica do que às exigências de comprovação científica objetiva. O
curioso é que, hoje, dispondo de melhores ferramentas, a neurociência está validando
muito daquilo que Freud intuiu há mais de cem anos. Os modelos de funcionamento
mental postulados por ele, e aos quais não faltaram críticas por suposta “falta de
comprovação científica”, são hoje relidos com espanto e admiração por neurocientistas
que nunca antes foram próximos da psicanálise.
Hoje em dia, uma parcela importante da comunidade científica se arrepende por haver
desvalorizado Freud e seus insights, algo que foi comum no final do século XX. Àquela
época, havia uma enorme expectativa em justificar todo o funcionamento mental através
da química cerebral, motivado pelo entusiasmo em torno das medicações psiquiátricas.
Muito embora as medicações sejam potentes aliados no tratamento, sequer sabemos
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explicar precisamente como elas agem, quanto menos construir a partir disso um sólido
modelo explicativo do funcionamento mental.
Objetivos
»» Oferecer conhecimento acerca do movimento criado por Freud.
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A PSICANÁLISE UNIDADE I
A teoria da psicanálise, também conhecida por “teoria da alma”, foi criada pelo
neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939). De acordo com Freud, grande
parte dos processos psíquicos da mente humana estão em estado de inconsciência,
sendo esses dominados pelos desejos sexuais.
CAPÍTULO 1
Sigmund Freud: vida e obra do pai da
psicanálise
A psicanálise foi fundada por Sigmund Freud (1856-1939). Freud acreditava que as
pessoas podiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações
inconscientes, obtendo assim percepção.
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
Psique é a palavra com origem no grego psykhé, usada para descrever a alma ou o
espírito.
Também é uma palavra relacionada com a psicologia, e começou a ser usada com a
conotação de mente, ou ego por psicólogos contemporâneos, para evitar ligações com
a religião e a espiritualidade.
Antes de avançarmos vamos conhecer mais sobre o ilustre Dr. Sigmund Freud que
promoveu uma revolução na forma de compreender a mente humana e criou uma das
principais correntes da psicologia.
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
clínica em 1886. Em 1938, Freud deixou a Áustria para escapar dos nazistas. Ele morreu
no exílio no Reino Unido em 1939 (KANDEL, 2012).
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
Freud ingressou na Universidade de Viena aos 17 anos. Ele planejou estudar Direito,
mas ingressou no curso de Medicina, onde seus estudos incluíam filosofia sob a
docência de Franz Brentano, fisiologia sob a docência de Ernst Brücke e zoologia sob o
comando do professor darwinista Carl Claus. Em 1876, Freud passou quatro semanas
na estação de pesquisa zoológica de Claus, em Trieste, dissecando centenas de enguias
em uma busca inconclusiva por seus órgãos reprodutivos masculinos. Em 1877, Freud
mudou-se para o laboratório de fisiologia de Ernst Brücke, onde passou seis anos
comparando os cérebros de humanos e outros vertebrados com os de invertebrados,
como rãs, lagostins e lampreias. Seu trabalho de pesquisa sobre a biologia do tecido
nervoso se revelou seminal para a subsequente descoberta do neurônio na década de
1890 (COSTANDI, 2014). O trabalho de pesquisa de Freud foi interrompido em 1879
pela convocação para realizar o serviço militar obrigatório pelo período de um ano.
Os longos períodos de inatividade permitiram que ele concluísse uma comissão para
traduzir quatro ensaios das obras coletadas de John Stuart Mill.
John Stuart Mill (20 de maio de 1806 - 8 de maio de 1873) foi o filósofo de
língua inglesa mais influente do século XIX. Além de filósofo, J. S. Mills, como era
conhecido, era economista político e funcionário público. Foi um dos pensadores
mais influentes na história do liberalismo clássico, que contribuiu amplamente
para a teoria social, teoria política e economia política. Era um naturalista,
utilitarista e liberal, cujo trabalho explora as consequências de uma perspectiva
empirista completa. Ao fazê-lo, procurou combinar o melhor do pensamento
iluminista do século XVIII com correntes emergentes da filosofia romântica e
histórica do século XIX. A concepção de liberdade de Mill justificou a liberdade
do indivíduo em oposição ao estado ilimitado e controle social. Para Mill, a
liberdade é uma justificativa racional da automia do indivíduo em oposição às
reivindicações do Estado de impor controle ilimitado e é, portanto, uma defesa
dos direitos do indivíduo contra o Estado. Mill era defensor do utilitarismo, uma
teoria ética desenvolvida por seu antecessor, Jeremy Bentham. Ele contribuiu
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
A diversidade básica dos seres humanos significa que não é produtivo existir
uma expectativa de que todos os indivíduos viverão de maneira semelhante.
Nesse sentido, o argumento é pragmático: é improvável que um modo de vida
se ajuste a todos os gostos individuais. Mas Mill também sugere que é uma
característica central da boa vida que seja uma vida escolhida por cada pessoa.
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
Como podemos notar, Freud foi um exemplar estudioso e com excelentes fontes
para ampliar seu conhecimento.
Voltando a sua vida pessoal, em 1882, Freud iniciou sua carreira médica no Hospital
Geral de Viena. Seu trabalho de pesquisa em anatomia cerebral levou à publicação de
um influente artigo sobre os efeitos paliativos da cocaína em 1884 e seu trabalho sobre
afasia seria a base de seu primeiro livro On Aphasia: a Critical Study, publicado em
1891. Por mais de três períodos de um ano, Freud trabalhou em vários departamentos
do hospital. Seu tempo investido na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert e em um
asilo local levou a um aumento do interesse no trabalho clínico. Seu corpo substancial
de pesquisas publicadas levou a sua nomeação como professor universitário em
neuropatologia em 1885, um cargo não assalariado, mas que o autorizava a dar palestras
na Universidade de Viena (MacLEOD, 2017).
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
Freud começou a fumar tabaco aos 24 anos. Inicialmente um fumante de cigarro, ele
se tornou fumante de charuto. Ele acreditava que fumar aumentava sua capacidade de
trabalhar e que podia exercer autocontrole ao moderá-lo. Apesar das advertências de
saúde do colega Wilhelm Fliess, ele continuou fumando, e teve um câncer bucal. Freud
sugeriu a Fliess, em 1897, que os vícios, incluindo o tabaco, substituíam a masturbação,
seu o grande hábito.
Freud admirara muito seu professor de filosofia, Brentano, conhecido por suas
teorias de percepção e introspecção. Brentano discutiu a possível existência da mente
inconsciente em sua Teoria Psicológica a partir de um ponto de vista empírico (1874).
Embora Brentano negasse sua existência, sua discussão do inconsciente provavelmente
ajudou Freud a introduzir o conceito. Freud possuiu e fez uso dos principais escritos
evolucionários de Charles Darwin, e também foi influenciado por Philosophy of
Unconscious - A Filosofia do Inconsciente (2014), de Eduard von Hartmann. Outros
textos importantes para Freud foram de Fechner e Herbart, com os quais a psicologia
como ciência pode ser considerada subestimada a esse respeito. Freud também se baseou
no trabalho de Theodor Lipps, que foi um dos principais teóricos contemporâneos dos
conceitos do inconsciente e da empatia.
Karl Robert Eduard von Hartmann (23 de fevereiro de 1842 - 5 de junho de 1906)
foi um filósofo alemão, autor de Filosofia do Inconsciente (1869). Sua reputação
como filósofo foi estabelecida por seu primeiro livro, Filosofia do Inconsciente. Esse
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
Nietzsche argumenta que a tragédia da Grécia Antiga foi a mais alta forma de arte
devido à sua mistura de elementos apolíneos e dionisíacos em um todo uniforme,
permitindo ao espectador experimentar todo o espectro da condição humana.
O elemento dionisíaco deveria ser encontrado na música do coro, enquanto o
elemento apolíneo foi encontrado no diálogo que deu um simbolismo concreto
que equilibrava a folia dionisíaca. Basicamente, o espírito apolíneo foi capaz de
dar forma ao abstrato dionisíaco.
Desenvolvimento da psicanálise
Em outubro de 1885, Freud foi a Paris com uma bolsa de estudo de três meses para
estudar com Jean-Martin Charcot, um renomado neurologista que conduzia pesquisas
científicas sobre hipnose. Mais tarde, ele relembrou a experiência dessa estada como
catalítica ao transformá-lo na prática da psicopatologia médica e longe de uma carreira
menos promissora financeiramente na pesquisa em neurologia. Charcot se especializou
no estudo da histeria e da suscetibilidade à hipnose, que ele demonstrava com frequência
com os pacientes no palco diante de uma platéia (AQUAYO, 1986).
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
Com base em seu trabalho clínico inicial, Freud havia postulado que as memórias
inconscientes de abuso sexual na primeira infância eram uma pré-condição necessária
para as psiconeuroses (histeria e neurose obsessiva), uma formulação hoje conhecida
como teoria da sedução de Freud. À luz de sua autoanálise, Freud abandonou a teoria de
que toda neurose pode ser rastreada até os efeitos do abuso sexual infantil, argumentando
agora que os cenários sexuais infantis ainda tinham uma função causadora, mas não
importava se eles eram reais ou imaginados e que, em ambos os casos, eles se tornaram
patogênicos apenas quando agiam como memórias reprimidas (MANNONI, 2015).
Essa transição da teoria do trauma sexual infantil como uma explicação geral de como
todas as neuroses se originam para uma que pressupõe uma sexualidade infantil
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
Freud descreveu a evolução de seu método clínico e expôs sua teoria das origens
psicogenéticas da histeria, demonstrada em vários casos clínicos, em Studies on
Hysteria, publicado em 1895 (em coautoria com Josef Breuer). Em 1899, publicou The
Interpretation of Dreams, no qual, após uma revisão crítica da teoria existente, Freud
apresenta interpretações detalhadas de seus próprios sonhos e de seus pacientes em
termos de realização de desejos sujeitos à repressão e à censura do trabalho dos sonhos.
Ele então define o modelo teórico da estrutura mental em: consciente, pré-consciente
e inconsciente. Uma versão resumida de The Interpretation of Dreams, com o título
de On Dreams, foi publicada em 1901. Obras condensadas renderiam um público mais
amplo a Freud (GAY, 2012).
Vamos a elas!
O foco principal de Charcot era a neurologia. Ele nomeou e foi o primeiro a descrever a
esclerose múltipla (EM), resumindo os relatos anteriores e acrescentando suas próprias
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
»» idade no início;
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
»» taxa de progressão;
»» abuso de álcool;
»» medicações atuais.
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
Hipnose é uma condição humana que envolve atenção concentrada, percepção periférica
reduzida e uma capacidade aprimorada de responder à sugestão. O termo também
pode se referir a uma arte, habilidade ou ato de induzir à hipnose (LYNN et al, 2015).
Durante a hipnose a pessoa aumenta o foco e a concentração. Os indivíduos hipnotizados
mostram uma resposta aumentada a sugestões. A hipnose geralmente começa com uma
indução hipnótica envolvendo uma série de instruções e sugestões preliminares. O uso
de hipnotismo para fins terapêuticos é denominado “hipnoterapia”, enquanto seu uso
como uma forma de entretenimento para uma audiência é conhecido como “hipnose
de palco”. A hipnose de palco é frequentemente realizada por mentalistas praticando a
forma de arte do mentalismo (KIRSCH, 1994; LYNN et al, 2005).
Mesmerismo foi o nome dado pelo médico alemão Franz Mesmer no século XVIII
para o que ele acreditava ser uma força natural invisível (Lebensmagnetismus)
possuída por todos os seres vivos, incluindo seres humanos, animais e vegetais.
Ele acreditava que a força poderia ter efeitos físicos, incluindo a cura, e tentou
persistentemente, mas sem sucesso, alcançar o reconhecimento científico de
suas ideias. A teoria atraiu inúmeros seguidores na Europa e nos Estados Unidos
e foi popular no século XIX. Praticantes eram conhecidos como magnetizadores,
em vez de mesmeristas. Foi uma especialidade importante na medicina por cerca
de 75 anos desde o seu início em 1779, e continuou a ter influência por mais
cinquenta anos. Centenas de livros foram escritos sobre o assunto entre 1766 e
1925, mas a prática foi quase que totalmente esquecida. O mesmerismo ainda
é praticado como uma forma de medicina alternativa, mas não é reconhecido
como parte da ciência médica.
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
Cura da fala (ou limpeza das chaminés) termo empregado por Bertha Pappenheim,
utilizado em estudos de caso pelo pseudônimo Anna O., usados para a terapia verbal
dada a ela por Josef Breuer. Eles foram publicados pela primeira vez em Studies on
Hysteria (1895).
Estudos sobre a histeria (em alemão: Studien über Hysterie) é um livro de 1895
de Sigmund Freud e do médico Josef Breuer. Consiste em um artigo introdutório
conjunto (reimpresso de 1893); seguido por cinco estudos individuais de “histéricos” -
o famoso caso de Breuer de Anna O. (nome real: Bertha Pappenheim), seminal para o
desenvolvimento da psicanálise, e mais quatro por Freud - incluindo sua avaliação de
Emmy von N e finalizando com um ensaio teórico de Breuer e um de orientação mais
prática sobre terapia por Freud.
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
Freud afirma explicitamente que seu conceito do inconsciente quando ele o formulou
pela primeira vez foi baseado na teoria da repressão. Ele postulou um ciclo no qual
as ideias são reprimidas, mas permanecem na mente, removidas da consciência ainda
operativas, e então reaparecem na consciência sob certas circunstâncias. O postulado
baseou-se na investigação de casos de histeria, que revelaram casos de comportamento
em pacientes que não puderam ser explicados sem referência a ideias ou pensamentos
dos quais não tinham consciência e cuja análise revelou estar ligada aos (real ou
imaginário) reprimidosi cenários sexuais da infância (WOLLHEIM, 1971).
Na perspectiva econômica, o foco está nas trajetórias dos conteúdos reprimidos das
vicissitudes dos impulsos sexuais, à medida que passam por complexas transformações
no processo tanto da formação do sintoma quanto do pensamento inconsciente normal,
como sonhos e lapsos de língua. Esses foram tópicos que Freud explorou em detalhes
em A interpretação dos sonhos e a psicopatologia da vida cotidiana.
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UNIDADE I │ A PSICANÁLISE
O id, o ego e o superego são três agentes distintos, porém interativos, no aparato
psíquico definido no modelo estrutural da psique de Sigmund Freud.
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A PSICANÁLISE │ UNIDADE I
O ego age de acordo com o princípio de realidade; isto é, procura agradar ao impulso
do id de maneiras realistas que, a longo prazo, trarão benefícios, em vez de pesar. Ao
mesmo tempo, Freud admite que, como o ego “tenta mediar entre o id e a realidade,
é frequentemente obrigado a encobrir os comandos (inconscientes) do id com suas
próprias racionalizações pré-conscientes, para esconder os conflitos do id com a
realidade, professar. O princípio de realidade que opera o ego é um mecanismo regulador
que permite ao indivíduo retardar a satisfação de necessidades imediatas e funcionar
efetivamente no mundo real. Um exemplo seria resistir ao desejo de pegar pertences de
outras pessoas, mas em vez disso comprar esses itens (SCHACTER; WEGNER, 2011).
Os estudos e pesquisas das últimas décadas têm nos mostrado que o desenvolvimento
motor da criança está intimamente relacionado com as suas dificuldades de
aprendizagem, daí a importância do aprofundamento dessa parte teórica e de bases
biológicas.
Estudos mostram que as causas das dificuldades de alguns alunos decorrem muitas
vezes de dificuldades relacionadas ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor e podem
decorrer do trabalho do professor em sala de aula. Isso enfatiza a necessidade da
educação psicomotora baseada no movimento, pois acredita-se que essa é preventiva,
assegurando que muitos dos problemas de alunos, detectados posteriormente e tratados
pela reeducação, não teriam ocorrido se a escola desse a devida atenção à educação
psicomotora, juntamente com a leitura, a escrita e a aritmética.
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CAPÍTULO 1
Influências Neurológicas, Biofisiológicas
e Psicológicas no Desenvolvimento
Humano
Em linhas gerais, dando uma breve ilustração do que veremos neste tópico, temos que,
desde a concepção, começa o processo de crescimento, maturidade e desenvolvimento
do ser humano (ontogenia), através dos três saltos qualitativos que acontecem dentro
do berço materno: a fase zigótica, a fase embrionária e a fase fetal. Isso continua
após o parto com os quatro períodos ou faixas etárias mais significativas dentro do
crescimento, da maturidade e do desenvolvimento ontogênico e psicossocial de todo
ser humano: o período neonatal (de 0 a 3 meses), o período lactente (de 3 meses e
um dia aos 12 meses), o período da primeira infância (de 12 meses e um dia até os 36
meses) e o período pré-escolar (de 3 anos e um dia até os 6 anos).
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UNIDADE II │ DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE
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DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE │ UNIDADE II
A última fase que atravessa o ser humano dentro do útero materno é a fase fetal. Esta
fase é posterior ao embrião. Na fase embrionária, já nos convertemos biológica e
fisiologicamente num verdadeiro ser humano, portador de todos os órgãos e sistemas
responsáveis por manter a vida após o parto; porém, obtemos a verdadeira morfologia
(forma) humana, típica de nossa espécie, apenas na fase fetal.
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UNIDADE II │ DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE
No útero materno, deve-se levar em conta muitos fatos que vão influenciar na estrutura
orgânica, bioquímica, neurocortical e fisiológica da futura criança. Até a posição que
adota o feto no útero materno influencia, porque está provado que a pressão que o feto
recebe nas extremidades dos ossos exerce influência sobre sua ossificação, o que serve
como um argumento a mais para ressaltar a importância do processo evolutivo que
acontece nos seres humanos enquanto moramos no berço materno.
Mas está faltando um fato que é portador de uma responsabilidade altamente significativa
na influência positiva do desenvolvimento neuro-córtico-psicossocial futuro da criança
que luta e enfrenta o desafio para nascer: o parto.
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DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE │ UNIDADE II
Se o parto é natural e acontece em seu tempo terminal normal (nem antes, nem depois),
estarão criadas as condições satisfatórias para que a criança possa ter um processo de
crescimento, maturidade e desenvolvimento bio-fisio-psicossocial satisfatório e sua
psicomotricidade poderá se desenvolver no tempo requerido e da forma adequada.
As contrações uterinas finais, típicas de um parto natural, que são extremamente agudas
(de forma geral) e geralmente aparecem depois da ruptura dos âmnios, assim como a
saída apertada do feto através da abertura pélvica da mãe, são variáveis determinantes
que repercutem satisfatoriamente sobre a saúde da criança. Elas contribuem para a
limpeza de seu trato respiratório, onde podem existir substâncias tóxicas contidas no
líquido amniótico (produto do próprio metabolismo do feto), que, no útero materno,
entra e sai dos pulmões do feto, preparando os músculos respiratórios para a sua função
principal futura: a ventilação pulmonar, que também é determinante no processo de
crescimento, maturidade e desenvolvimento psicomotor da criança.
Entre os 11 e os 14 anos (na maioria dos casos), acontece um dos fenômenos mais
significativos dentro do desenvolvimento ontogênico: a aparição dos caracteres sexuais
secundários de cada sexo e, o mais importante desse fenômeno, a aparição dos caracteres
sexuais primários, em que o homem começa a ejacular, e a mulher, a ovular; tornando-
se ambos aptos (mas ainda imaturos) para a reprodução. Esse fato é extremamente
importante porque, a partir desse momento, os seres humanos púberes ou adolescentes
já adquirem uma soma muito similar à soma típica dos seres humanos adultos, embora
ainda não esteja terminado seu desenvolvimento ontogênico.
35
UNIDADE II │ DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE
completo volume e a sua adequada maturidade. Por essa razão, a aprendizagem formal
da psicomotricidade e todas as suas exigências deverão acontecer dentro dos primeiros
seis anos de idade de uma criança, porque é nesse período que o sistema nervoso possui
melhores possibilidades para trabalhar, devido ao grau de crescimento, maturidade e
desenvolvimento que ele tem alcançado (VAYER, 1982; 1988; RELVAS 2010).
Pesquisas demonstram que, até os 35 anos, a pessoa está dentro de um período ainda
jovem do ponto de vista cerebral, somático e sexual. Esta categoria evolutiva (juventude)
está determinada basicamente pelo processo de maturidade. Então, enquanto
exista um órgão em processo de maturidade, a pessoa é jovem biofisiologicamente.
Consequentemente, tudo o que seja feito em matéria de aprendizagem dentro da
juventude é desenvolvido com menos dificuldades, sempre e quando estejam bem
estruturados os sistemas cognitivo, emocional e motivacional na pessoa que está
querendo aprender. Por isso, enquanto a pessoa está atravessando a caminhada de
seus primeiros 35 anos de vida, todos os processos psicomotores que ela manifeste
deverão ter muito mais qualidade que os processos psicomotores materializados por
uma pessoa maior de 35 anos.
36
DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE │ UNIDADE II
E, depois dos 35 anos, o que acontece? Depois dos 35 anos, o ser humano está dentro
de seu período de fertilização ótima, no que se refere à matéria de aprendizagem
especializada. Mas este período de fertilização ótima é influenciado por dois fenômenos
psicossociais:
As ideias apresentadas ao longo do texto, até o momento, nos levam a afirmar que,
quando o ser humano tem um processo de crescimento, maturidade e desenvolvimento
ontogênico satisfatório, estão criadas as condições bio-neuro-fisiológicas para aprender
com mais eficiência e eficácia, sempre e quando os interesses cognitivos e a motivação
afetiva sejam satisfatórios, estejam bem estruturados na consciência da criança, do
adolescente, do jovem, do adulto, da pessoa idosa. Entretanto, quando, no processo
ontogênico do ser humano, se apresentam deficiências ou falhas genéticas, ou quando
acontece um problema neurofisiológico após o nascimento de um ser humano, se a
pessoa afetada tem interesses cognitivos bem definidos, fazendo um pouco mais de
esforço, o processo de aprendizagem poderá ser desenvolvido satisfatoriamente em
correspondência com a incidência das magnitudes das falhas genéticas ou dos problemas
neurofisiológicos que se apresentarem em ditos seres humanos após o parto (TARRAU,
2007; REED, 2004).
37
Sem a aprendizagem motriz, ninguém aprende a ler satisfatoriamente, porque, para
ler, é necessário estruturar e desenvolver a percepção temporal (uma letra antes ou
depois da outra, para integrar as sílabas; uma sílaba antes ou depois da outra, para
integrar as palavras; uma palavra antes ou depois da outra para integrar as frases).
Do mesmo modo, é necessária a percepção espacial (as letras têm uma parte superior
e uma inferior; as linhas têm um princípio e um final; os parágrafos têm um começo
e um ponto final). Também é imprescindível a influência da lateralidade: as letras, os
símbolos têm uma parte direita e outra esquerda; uma parte superior (acima) e outra
inferior (abaixo); sempre o movimento dos olhos no sentido decodificador se realiza
da esquerda para a direita e depois retorna ao começo da seguinte linha. Sem uma
adequada orientação espaço-temporal, ninguém poderá aprender a ler com a fluidez
adequada.
Exemplificando:
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NEUROCIÊNCIA UNIDADE III
39
CAPÍTULO 1
Aplicabilidade da Neurociência:
múltiplos contextos
A visão de que o coração era a fonte da consciência não foi contestada até o tempo do
médico grego Hipócrates. Ele acreditava que o cérebro não estava apenas envolvido
com a sensação - uma vez que a maioria dos órgãos especializados (por exemplo, olhos,
ouvidos, língua) estava localizada na cabeça perto do cérebro - mas também era a sede
da inteligência. Platão também especulou que o cérebro era a sede da parte racional
da alma. Aristóteles, no entanto, acreditava que o coração era o centro da inteligência
e que o cérebro regulava a quantidade de calor do coração. Essa visão era geralmente
aceita até que o médico romano Galeno, um seguidor de Hipócrates e médico de
gladiadores romanos, observou que seus pacientes perderam suas faculdades mentais
quando sofreram danos em seus cérebros (FINGER, 2001).
O trabalho pioneiro de Luigi Galvani no final dos anos 1700 preparou o terreno para
o estudo da excitabilidade elétrica dos músculos e neurônios. Na primeira metade
do século XIX, Jean Pierre Flourens foi pioneiro no método experimental de realizar
40
NEUROCIÊNCIA │ UNIDADE III
Paralelamente, Paul Broca desenvolvia seu trabalho com pacientes com lesões
cerebrais, sugerindo que certas regiões do cérebro eram responsáveis por determinadas
disfunções. Na época, as descobertas de Broca foram vistas como uma confirmação
da teoria de Franz Joseph Gall de que a linguagem era localizada e de que certas
funções psicológicas estavam localizadas em áreas específicas do córtex cerebral. A
localização da hipótese de função foi apoiada por observações de pacientes epilépticos
conduzidas por John Hughlings Jackson, que inferiram corretamente a organização do
córtex motor observando a progressão das convulsões através do corpo. Carl Wernicke
desenvolveu ainda mais a teoria da especialização de estruturas cerebrais específicas
na compreensão e produção da linguagem. Pesquisas modernas através de técnicas de
neuroimagem ainda usam o mapa citoarquitetônico cerebral Brodmann (referindo-
se ao estudo da estrutura celular) definições anatômicas desta época em continuar a
mostrar que áreas distintas do córtex são ativadas na execução de tarefas específicas
(GREENBLATT, 1995; KANDEL et al, 2000).
Durante o século XX, a neurociência começou a ser reconhecida como uma disciplina
acadêmica distinta por si só, e não como estudos do sistema nervoso dentro de outras
disciplinas. Eric Kandel e colaboradores citaram David Rioch, Francis O. Schmitt
e Stephen Kuffler como tendo desempenhado papéis críticos no estabelecimento do
campo. Rioch originou a integração de pesquisas anatômicas e fisiológicas básicas
com psiquiatria clínica no Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed, a partir
da década de 1950. Durante o mesmo período, Schmitt estabeleceu um programa
de pesquisa em neurociência dentro do Departamento de Biologia do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts, reunindo biologia, química, física e matemática. O
41
UNIDADE III │ NEUROCIÊNCIA
A compreensão dos neurônios e da função do sistema nervoso tornou-se cada vez mais
precisa e molecular durante o século XX. Por exemplo, em 1952, Alan Lloyd Hodgkin
e Andrew Huxley apresentaram um modelo matemático para transmissão de sinais
elétricos em neurônios do axônio gigante de uma lula, que eles chamavam de “potenciais
de ação”, e como eles são iniciados e propagados, conhecidos como Modelo de Hodgkin-
Huxley. Em 1961-1962, Richard FitzHugh e J. Nagumo simplificaram Hodgkin-Huxley,
no que é chamado de modelo FitzHugh-Nagumo. Em 1962, Bernard Katz modelou a
neurotransmissão no espaço entre os neurônios conhecidos como sinapses. A partir
de 1966, Eric Kandel e colaboradores examinaram as alterações bioquímicas nos
neurônios associados ao aprendizado e armazenamento de memória na Aplysia. Em
1981, Catherine Morris e Harold Lecar combinaram esses modelos no modelo Morris-
Lecar. Esse trabalho cada vez mais quantitativo deu origem a numerosos modelos de
neurônios biológicos e modelos de computação neural (AROTIBA et al., 2008).
42
NEUROCIÊNCIA │ UNIDADE III
discordem em grande medida, eles tendem a ter orientação e viés semelhantes. Além
disso, os princípios e premissas são frequentemente derivados de fontes compartilhadas
de inspiração. Os protocolos de pesquisa, afinal, são dedicados a manter o viés no
nível mais baixo possível, mas não são totalmente eliminados. Eu não acredito que
seja necessário ser altamente especializado para julgar o trabalho e as opiniões dos
pesquisadores. Aqueles de nós que têm interesse profissional em neurociência devem
julgar e avaliar criticamente as opiniões e hipóteses dos pesquisadores. A avaliação e o
feedback de diversas fontes servirão para enriquecer o esforço comum de compreender
os determinantes do pensamento e comportamento humanos. Para esse fim, vou me
concentrar nas conclusões de pesquisadores proeminentes para esclarecer as conexões
entre a atividade do sistema nervoso central (SNC) e o pensamento consciente. Eu
gostaria de afirmar que definitivamente não estou tentando avaliar a amplitude e o
alcance das descobertas e hipóteses dos pesquisadores. As citações dos autores abaixo
selecionados serão discutidas à medida que elas se baseiam na consciência e no
pensamento.
Gerald M. Edelman dedicou seu livro, Bright Air, Brilliant Fire, à memória de Charles
Darwin e Sigmund Freud. De acordo com Edelman, foi Darwin quem primeiro reconheceu
que a seleção natural tinha que explicar o surgimento da consciência humana por meio
da evolução morfológica. Edelman afirma que o caminho para a consciência humana
está no desenvolvimento de símbolos e seus significados associados, pela evolução
de novas formas de memória simbólica e neurossistemas que servem à comunicação
e transmissão social. Em sua forma mais desenvolvida, isso significa a aquisição
evolucionária da capacidade de linguagem. Ao considerar a hipótese coesa de Edelman
do desenvolvimento do SNC levando a mapeamentos cerebrais funcionais e ordem
superior, os mapeamentos globais dinâmicos parecem plausíveis. Edelman argumenta
que o desenvolvimento dos indivíduos é limitado por genes e herança. Desde o início
da vida, é epigenético também. Edelman alega que os neurônios estendem os processos
de ramificação em várias direções. Essa ramificação gera extensa variabilidade nos
padrões de conexão de um indivíduo, o que cria um repertório imenso e diverso de
circuitos neurais. Então, esses neurônios fortalecem ou enfraquecem suas conexões
de acordo com seu padrão individual de atividade elétrica. Neurônios que disparam
juntos. Como resultado, os neurônios de um grupo estão mais intimamente conectados
entre si do que os neurônios de outros grupos (EDELMAN, 1992).
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UNIDADE III │ NEUROCIÊNCIA
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NEUROCIÊNCIA │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ NEUROCIÊNCIA
Exemplificando:
O aluno vai ficar motivado à medida que seu professor conseguir dar significado
para aquilo que está compartilhando com o aluno, para aquilo que está querendo
ensinar ao seu aluno.
As pessoas podem deduzir que seja algo relativamente fácil. Entretanto, o professor já
passou por essa situação. Ele já esteve na situação de ser aluno, aprendente, educando.
Todos nós, professores, tivemos, em algum momento de nossas vidas, a escola como
o único lugar onde obtínhamos conhecimentos, a menos que a pessoa possuísse uma
enciclopédia em sua casa, fato que há trinta anos já era raro.
Pela internet, pela própria televisão (que mesmo tendo cada vez menos expectadores,
ainda é assistida) e, prioritariamente, pelo celular, temos acesso a um universo de
conhecimentos – muitas vezes mais conhecimentos do que a própria escola propicia.
Acessamos conhecimentos que são mais úteis para o dia a dia.
Assim, se o cérebro funciona com a intenção de nos ajudar a resolver nossos problemas,
de nos adaptar melhor ao ambiente, é claro que o aluno vai ficar mais motivado para os
assuntos, os conteúdos relacionados à vida dele. E nem sempre o professor consegue
fazer isso.
Não queremos com essa fala sugerir que o professor tem que ensinar aquilo que o aluno
quer. Queremos alertar para o fato de o professor ter que descobrir uma forma do aluno
compreender e dar significado para aquilo que ele está apresentando.
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NEUROCIÊNCIA │ UNIDADE III
Estamos em uma época em que as várias áreas do conhecimento precisam dialogar entre
si. Não podemos cair no erro de achar que a neurociência vai desbancar, por exemplo,
teorias da filosofia, da educação, do direito, da economia. Mas, à medida em que essas
áreas estudam ou abordam o comportamento humano, existem conhecimentos sobre
o comportamento humano que podem fazer algumas modificações em outras áreas
do conhecimento que são mais voltadas para a área de ciências humanas. Entretanto,
na verdade, quando estudamos algo humano estamos estudando o comportamento
(LIDEN et al, 1993).
Atualmente existe uma área da neurociência que estuda duas questões: a ética em
neurociência e a neurociência da ética. Ou seja, o que faz um indivíduo ser ético?
Existem indivíduos que são pessoas ótimas, comportam-se adequadamente,
têm seus princípios éticos etc., mas sofrem um traumatismo craniano e passam
a se comportar de forma inadequada. Ou seja, não seguem mais os princípios
éticos que seguiam. O que aconteceu?
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UNIDADE III │ NEUROCIÊNCIA
Quer dizer, existem áreas cerebrais que são responsáveis pelo julgamento moral, levando
em consideração o valor das coisas, que fazem com que as pessoas sejam capazes de
tomar decisões – ou melhor, influenciam as decisões que o indivíduo toma. Ou seja,
áreas que estão envolvidas na tomada de decisão.
Então, sabemos que existem características do funcionamento cerebral que vão acabar
tendo implicação no que chamamos de ética. Naquilo que consideramos como ética.
Outra questão, por exemplo, é o direito. Sabemos que existem pessoas que têm
transtornos mentais e que esses transtornos impedem que a pessoa tenha uma reflexão
exata sobre a dimensão do ato criminoso que ela praticou, de forma que o indivíduo não
consegue refletir sobre o que fez.
Essas questões devem ser colocadas em uma mesa de discussão em que todas as áreas
do conhecimento são discutidas conjuntamente.
A forma como nos comportamos está ligada a uma rede de células nervosas que se
estruturou com base em nossa genética, mas que é modificável dentro de determinados
limites pela interação com o ambiente. É necessário saber que essa rede tem algumas
regras de funcionamento. Saber que as conexões entre as células nervosas podem ser
reforçadas, significa que o indivíduo terá memórias sobre as experiências que vivenciou,
sobre determinados conteúdos, mas que essas conexões também podem ser desfeitas,
desbastadas (MACHADO, 2006). Isso representa os nossos esquecimentos.
Aquilo que memorizamos, aquilo que mantemos como comportamentos que levamos
ao longo da vida é resultado de uma memória baseada nas entradas que ocorreram,
nos estímulos que foram dados e que permanecem mantendo as redes neurais em
funcionamento. Se, por algum motivo, essas redes deixam de ser ativadas, perde-se
determinado comportamento – ou boa parte do comportamento (McCRONE, 2002;
OLIVEIRA, 2003).
Outra questão muito importante dá conta da organização que nosso cérebro tem e que
possui uma contribuição importante das interações ambientes, pois não faz julgamento
de valor. O que queremos dizer com isso? O cérebro se reorganiza com estímulos que
são bons ou que não são bons. Então, é possível ajudar uma pessoa a desenvolver seus
comportamentos para o bem e para o mal.
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NEUROCIÊNCIA │ UNIDADE III
Isso faz com que toda a área de conhecimento que trabalha com interação social se
beneficie do conhecimento das bases neurobiológicas, do funcionamento cerebral.
Afinal, quando pensamos na sociologia, na antropologia, na educação, precisamos
lembrar que estamos trabalhando com um indivíduo que tem uma estrutura orgânica
que está por traz daqueles comportamentos. Os nossos comportamentos não ocorrem
em outras dimensões – até onde a ciência sabe – que não seja esse equipamento neural
que temos.
A grande diferença dos processadores usados em computadores é que essa rede tem um
dinamismo, ela se modifica cotidianamente.
A pessoa que deseja aprender algo precisa, via de regra, dedicar energia e atenção para
aquilo que busca. Algumas pessoas comentam que é muito difícil prestar atenção em
duas coisas ao mesmo tempo. E realmente é! Até é possível distribuir a atenção, mas
sempre algo do conteúdo se perde quando, por exemplo, a pessoa fala ao celular e dirige.
Ou seja, a pessoa fala ao celular e dirige. Dirige e fala ao celular. Entre a alternância de
tarefas, parte das informações é perdida. Tanto que alguns detalhes do trânsito são
perdidos – isso pode justificar os acidentes causados pelo uso do celular enquanto se
dirige? Fato que é proibido! Como são perdidos (ou sequer registrados) alguns detalhes
da conversa? Isso faz com que seu cérebro processe de forma pior ou não tão eficiente
cada um desses estímulos que a pessoa tem simultaneamente (LEITE, 1991).
Então, se o indivíduo está assistindo uma aula e seu celular está vibrando, essa distração
compromete as informações que se recebe naquele momento.
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UNIDADE III │ NEUROCIÊNCIA
Então, a criança ou o adolescente que está na educação não está ali, necessariamente,
porque foi a opção de vida que tomou. É bastante diferente. Neste caso é necessário
haver um envolvimento importante da família, um estímulo da comunidade à qual esse
indivíduo pertence, da sociedade como um todo, em valorizar o esforço que esses alunos
empregam na escola. No cotidiano, é importante dizer a um pai que está com seu filho
ou filha na fase de alfabetização, que todos os dias, ao chegar da escola, é essencial que
ele pergunte para a criança “o que ela aprendeu naquele dia”.
Exemplificando: o pai pergunta a seu filho o que ele aprendeu a ler na aula daquele
dia. Qual foi o conteúdo? Vamos pegar o livro, filho, para que você me mostre o que
foi aprendido hoje? Mas, todo esse movimento é sem tom de julgamento. Sem crítica.
Sem colocar defeitos nas realizações da criança. E também não é uma obrigação. Ao
contrário, é para ser um momento de troca e de valorização do conhecimento. ‘Olha
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NEUROCIÊNCIA │ UNIDADE III
você já consegue ler o cardápio do restaurante’. Isso aí! Parabéns, filho! Parabéns, filha!
Você já sabe o que está escrito aqui e pode fazer suas escolhas.
Essa fala faz com que esse aprendiz entenda que o fato de estar aprendendo coisas novas
está tornando-o uma pessoa de maior inclusão na sociedade, com maior possibilidade
de escolhas. Isso é extremamente importante!
Muitas vezes, a aprendizagem é baseada em projetos, em algo que o aluno não exerce.
Outra questão da neurociência que é muito importante: os professores ensinam muitos
conteúdos, contudo, o cérebro que aprende é o cérebro que deve estar funcionando.
Então, em uma sala de aula, é muito estranho que só o professor fale. Deveria ser
exatamente o contrário, quem está ali para aprender é quem mais deveria estar
funcionando em uma sala de aula. O professor deveria ser um orientador.
Acima de tudo, a escrita desse livro foi baseada na experiência que os autores
tiveram com os professores. Então, à medida que ocorriam trocas e conversas
com os professores, os autores percebiam a melhor forma de construir um texto
para ser usado visando explicar e apresentar esse assunto aos educadores e ao
público em geral, quebrando, assim, um importante paradigma.
Como sugestão segue outro livro, também da Editora Artemed, chamado Por
que os alunos não gostam da escola? (2011).
Também recomendado por ter uma linguagem bastante fácil, mas que traz
muitas questões das estratégias pedagógicas. Então, não é um livro que interesse
para qualquer público, sendo mais direcionado aos profissionais.
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UNIDADE III │ NEUROCIÊNCIA
E aproveitem a leitura.
A Neurociência Moderna
O estudo científico do sistema nervoso aumentou significativamente durante a segunda
metade do século XX, principalmente devido aos avanços em biologia molecular,
eletrofisiologia e neurociência computacional. Isso permitiu que os neurocientistas
estudassem o sistema nervoso em todos os aspectos: como ele é estruturado, como
funciona, como se desenvolve, como funciona mal e como pode ser modificado.
Por exemplo, tornou-se possível entender, com muito detalhe, os complexos processos
que ocorrem dentro de um único neurônio. Os neurônios são células especializadas
em comunicação. Eles são capazes de se comunicar com neurônios e outros tipos de
células através de junções especializadas chamadas sinapses, nas quais sinais elétricos
ou eletroquímicos podem ser transmitidos de uma célula para outra. Muitos neurônios
expulsam um longo e fino filamento de axoplasma chamado axônio, que pode se
estender a partes distantes do corpo e é capaz de transportar rapidamente sinais
elétricos, influenciando a atividade de outros neurônios, músculos ou glândulas em
seus pontos de terminação. Um sistema nervoso emerge da reunião de neurônios que
estão conectados uns aos outros.
De acorco com o U.S. National Institute of Neurological Disorders and Stroke (2018) o
sistema nervoso dos vertebrados pode ser dividido em duas partes: o sistema nervoso
central (definido como cérebro e medula espinhal) e o sistema nervoso periférico. Em
muitas espécies, incluindo todos os vertebrados, o sistema nervoso é o sistema de órgãos
mais complexo do corpo, com a maior parte da complexidade residindo no cérebro.
O cérebro humano sozinho contém cerca de cem bilhões de neurônios e cem trilhões
de sinapses; consiste de milhares de subestruturas distinguíveis, conectadas umas às
outras em redes sinápticas cujas complexidades recém começaram a ser desvendadas.
52
Pelo menos um em cada três dos cerca de 20.000 genes pertencentes ao genoma
humano é expresso principalmente no cérebro.
Para o The United States Department of Health and Human Services (2012), dar sentido
à complexidade dinâmica do sistema nervoso é um formidável desafio de pesquisa. Em
última análise, os neurocientistas gostariam de entender todos os aspectos do sistema
nervoso, incluindo como ele funciona, como se desenvolve, como funciona mal e como
pode ser alterado ou reparado. A análise do sistema nervoso é, portanto, realizada
em múltiplos níveis, desde os níveis moleculares e celulares até os sistemas e níveis
cognitivos. Os tópicos específicos que formam os principais focos da pesquisa mudam ao
longo do tempo, impulsionados por uma base de conhecimento em constante expansão
e pela disponibilidade de métodos técnicos cada vez mais sofisticados. Melhorias na
tecnologia têm sido os principais impulsionadores do progresso. Desenvolvimentos em
microscopia eletrônica, ciência da computação, eletrônica, neuroimagem funcional e
genética e genômica foram os principais impulsionadores do progresso.
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A NEUROPSICANÁLISE UNIDADE IV
A neuropsicanálise é um movimento dentro da neurociência e da psicanálise para
combinar os insights de ambas as disciplinas para uma melhor compreensão da mente
e do cérebro.
CAPÍTULO 1
Base Teórica da Neuropsicanálise
Já com o rótulo de ultrapassada a psicanálise emerge com toda força aliada à neurociência.
Esse empreendimento, tão próximo do coração da psicanálise como método clínico,
uma mitologia secular e uma ferramenta de análise acadêmica, foi confiado a Mark
Solms, figura fundadora da neuropsicanálise e codiretor do Centro Internacional de
Neuropsicanálise.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
De acordo com Freud, não se deve fazer concessões em relação às palavras, ou então,
muito rapidamente, o analista estará fazendo concessões no que diz respeito às coisas,
e cai em um terreno escorregadio. Há controvérsias em torno da psicanálise e da
bagagem que vem com essa palavra. Mas seria desonesto não ficar fiel à crença de que é
a abordagem metodológica e teórica mais altamente articulada que temos para o estudo
da mente do ponto de vista subjetivo. Em outras palavras, estudando a mente como
uma coisa mental, em seus próprios termos - que a psicanálise, por todas as suas falhas
(apontadas pelos críticos) fez mais do que qualquer outra abordagem. Então vamos
começar de onde a psicanálise termina, assim, não estamos sendo honestos se não
chamarmos o que estamos fazendo de psicanálise, mesmo que se torne algo diferente
nos próximos anos.
55
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
nos dias de hoje. Uma vez que você tem que escolher um, aquele do qual todos são
derivados e, portanto, o mais simples, é o lugar certo para começar. Mas é realmente
um começo, não é para ser qualquer tipo de projeto freudiano que recuse tudo o que
veio depois.
A psicanálise vem com todos os tipos de bagagem, mas o que a neuropsicanálise está
tentando fazer é integrar/reunir a perspectiva subjetiva da mente com a perspectiva
objetiva e externa. A psicanálise, mais do que qualquer outra escola de psicologia,
elaborou métodos e teorias sobre o subjetivo. Tem todo um vocabulário conceitual
derivado de uma metodologia muito sofisticada, que trata a experiência subjetiva
como um objeto em si digno de estudo. A psicologia evolutiva também tenta entender
algo da base biológica ou correlata da mente e do comportamento, mas não dá lugar
privilegiado à experiência subjetiva e ao estudo do sujeito humano. De fato, a psicologia
evolucionista dá lugar privilegiado e não parece ter muita observação de nenhum tipo.
O que estamos querendo manter é a observação da mente do ponto de vista da vida
interior, da experiência subjetiva.
Com relação a abordagens que vão diretamente da mente para o mecanismo neural,
compreendemos que é precisamente o que há de errado com a neurociência cognitiva
e comportamental. Eles têm concepções tão absurdamente simplistas da psicologia
e querem saltar imediatamente para níveis anatômicos e fisiológicos de explicação,
se privando, assim, de tudo o que poderia ser aprendido sobre a mente, do ponto de
vista da experiência. O cérebro possui um aspecto subjetivo – e isso não ocorre ‘para
nada’. Isso reflete algo sobre como essa parte da natureza funciona, o que é diferente
de qualquer outra parte da natureza. E se o profissional não se valer de tudo o que pode
ser aprendido desse ponto de vista, realmente perderá metade do quadro – sua visão
será sempre parcial.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Uma é a maneira “objetiva” dos neurocientistas. Eles dissecam o cérebro com bisturi
e microscópio ou olham para ele com varreduras cerebrais e então rastreiam vias
neuroquímicas. A neurologia observa a “mente” de fora, isto é, por meio do exame
neurológico: questionários, o teste de nomeação de Boston ou classificação de
Wisconsin, linhas divisórias, como você usa uma chave de fenda e assim por diante.
Os neurologistas podem comparar as alterações na função psicológica que o exame
neurológico mostra com as alterações associadas no cérebro, post mortem ou por
meio da moderna tecnologia de imagem. O outro caminho é o caminho do leigo ou de
Descartes ou dos psicanalistas. Podemos observar “subjetivamente”, de dentro de uma
mente, como nos sentimos e o que pensamos. Freud refinou esse tipo de observação
em associação livre. Ele afirmou e um século de terapia confirma que esta é a melhor
técnica que temos para perceber funções mentais complexas que a simples introspecção
não revela. Através da psicanálise, podemos descobrir o funcionamento inconsciente
da mente (SOLMS & TURNBULL, 2002).
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
60
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
No decorrer de sua vida profissional - de um único sofá, assim podemos dizer - durante
um período de cerca de 50 anos, Sigmund Freud foi capaz de desenvolver uma teoria da
mente humana que permanece pertinente até os dias atuais, apesar do forte criticismo
contra à psicanálise. Esta é uma realização que excede as contribuições totais das
subdisciplinas afiliadas da neurociência juntas. Martin (2002) classifica Sigmund
Freud como o sexto cientista mais influente na história da ciência.
Acreditamos que a teoria estrutural de Freud se encaixa nos critérios de Einstein para
uma teoria sej válida. O id, o ego e o superego são conceitos funcionais do aparato mental,
que lidam com os impulsos libidinais e agressivos, baseados na biologia, em dimensões
inconscientes e conscientes. A aplicação da teoria da estrutura foi responsável pela mais
ampla gama de fenômenos humanos, abrangendo sentimentos, conflitos de emoções e
os processos de pensamento entrelaçados a eles. O próprio Freud não teve nenhum
problema em modificar suas teorias. Quando ficou aparente que os mecanismos de
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
O processo funcional do pensamento foi descrito por Einstein, apresenta como cerne
o questionamento: ‘O que precisamente você está pensando?’ Quando no processo
de recepção das impressões sensoriais, cada membro de tais imagens – através da
memoria – forma sequências as quais evocam outras imagens, esse processo não é
‘pensando’ de forma consciente. Uma certa figura aparece em muitas sequências,
e então precisamente por tal retorno, ela se torna um elemento organizador de tais
sequências, na medida em que conecta sequências em si mesmas não relacionadas
umas às outras. Acho que a transição da associação livre de sonhar para pensar é
caracterizada pelo papel mais ou menos preeminente desempenhado pelo conceito.
Não é de modo algum necessário que um conceito esteja ligado a um signo (palavra)
reconhecível e reproduzível, mas, quando esse é o caso, o pensamento torna-se capaz de
ser comunicado. Não há dúvida de que nosso pensamento ocorre na maioria das vezes
sem o uso de signos (palavras) e, além disso, em um grau considerável inconsciente.
Embora Einstein estivesse discutindo o pensamento consciente, ele estava claramente
consciente dos determinantes inconscientes do processo de pensamento. E afirmou que
era capaz de reconhecer o fracasso do axioma do caráter absoluto do tempo, ou que a
simultaneidade estava enraizada no inconsciente. Einstein estava se referindo a um
contexto astronômico em que o que se vê não está acontecendo no momento em que se
vê. Ele afirmou que esse reconhecimento levou-o à sua teoria da relatividade especial e,
posteriormente, à teoria geral da relatividade (EINSTEIN; SCHLIPP, 1991).
62
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
A psicanálise é muito mais que uma modalidade de tratamento. É uma técnica que
continua sendo o instrumento mais poderoso disponível para explorar a mente que está,
afinal, alojada no corpo. Podemos argumentar, portanto, que a pesquisa psicanalítica
justifica o apoio à pesquisa dado a outros campos de investigação incluídos sob o título
de neurociência. A extensão da aceitação da teoria dos sonhos deu a Freud um pequeno
motivo de satisfação até mesmo pelos muitos psiquiatras e psicoterapeutas que se
beneficiaram do conhecimento adquirido sem serem gratos. De um modo análogo,
os psiquiatras e neurocientistas biológicos de hoje pelo menos aquecem as mãos em
um incêndio. A psiquiatria biológica é dominante hoje, mas, num passado não muito
distante, um número substancial de psicanalistas estava na psiquiatria acadêmica e
envolvido no treinamento de residentes. Muitos institutos psicanalíticos de hoje ainda
têm afiliações com departamentos de psiquiatria de faculdades de medicina. O custo de
pagar pela pesquisa psicanalítica é relativamente pequeno por causa da simplicidade do
local de sua realização - que é basicamente isento do alro custo da tecnologia (embora a
tecnologia possa ser empregada em menor escala). Contudo o método psicanalítico de
associação livre tem sido historicamente produtivo para a compreensão do pensamento
e comportamento humanos, o que, em grande parte, não traz ou chama atenção para o
uso de alta tecnologia no escopo da psicanálise. A integração do método psicanalítico
na neurociência tem o potencial de sinergizar projetos neurocientíficos.
63
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
No entendimento:
»» estrutural;
»» funcional;
»» patológico;
»» comportamental.
E a neurociência começa no século XIX com dois grandes cientistas, Hitzig e Fritsch,
que, por meio de estímulos cerebrais, conheceram e perceberam que todo o cérebro
responde efetivamente a mudanças.
Logo em seguida, tivemos uma grande contribuição de Ramon Cajal que com seus
ensinamentos pode nos oferecer a visão de que estímulos são proporcionados por meio
das sinapses neurais.
Eric Kandel, um grande cientista, aliás, considerado o pai da neurociência, afirma que
somos produto das nossas sinapses. E vai além ao dizer que somos quem somos em
função daquilo que aprendemos e do que lembramos.
Kandel nos traz uma fala muito importante que faz uma ponte entre a psiquiatria,
a biologia cerebral e a terapêutica. Segundo ele, nem tudo se explica por conflitos
psíquicos nem por neurotransmissores alterados. O que ele quis dizer é que nossos
cérebros podem se alterar, se curar e mudar.
Pode-se, em tese, dizer que o cérebro tem a capacidade de mudar com novas
aprendizagens, novas conexões.
64
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
as interfaces importantes para que outros profissionais possam entender como essa
estruturação tem a relação do funcionamento do cérebro.
Sistema nervoso
Medula
Simpático Parassimpático
espinhal
O sistema nervoso central (SNC) recebe, analisa e integra informações. É o local onde
ocorrem a tomada de decisões e o envio de ordens. O sistema nervoso periférico (SNP)
carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema
nervoso central para os órgãos efetores (músculos e glândulas). O SNC divide-se em
encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo (hemisférios cerebrais),
diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico (que se divide em: bulbo,
situado caudalmente; mesencéfalo, situado cranialmente; e ponte, situada entre ambos).
65
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Sua estrutura é composta por três partes distintas: corpo celular, dentritos e axônios.
Axônio: após o impulso passar no corpo celular, ele se propaga através do axônio
até a sinapse.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
O que antes era o foco da avaliação neuropsicológica, hoje, foi ampliado e a busca não é
apenas identificar o local de uma lesão, mas também a dimensão e o impacto cognitivo
e comportamental do prejuízo cerebral, possibilitando que futuras intervenções
promovam a adaptação emocional e social dos atendidos acometidos por alguma
patologia.
Existem diferentes objetivos aos quais uma avaliação neuropsicopedagógica pode ser
solicitada:
»» auxilio diagnóstico;
»» prognóstico;
»» pericia.
Entender o comportamento humano nunca foi uma tarefa fácil. Vivemos hoje em uma era
de grandes transformações. Desse modo, fobias, estresse, anorexia, depressão, exclusão
social e discriminação – só para citar algumas questões –, ocorrem, e a psicologia é a
ciência que busca compreender esses fenômenos psíquicos e o comportamento humano.
Ora, não estamos nos dedicando à psicologia clínica com o intuito de obter unanimidade.
Pensamos que discordar é saudável e um direito dentro de um sistema democrático. Por
outro lado, se faz necessário conhecer para só então emitir uma opinião, pensamento,
ideia – quer seja de apoio ou de repulsa. O importante é que seja feito com critério e
fundamento; e sem generalizações.
68
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Esse problema vai suscitar outros e tocar em outras subáreas da epistemologia. Por
exemplo, pense numa teoria clássica da epistemologia que defende que conhecimento
envolve algo com justificação. Ou seja, alguém conhece algo, quando está justificado
para acreditar naquilo.
69
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
a pessoa diz, mesmo que inconscientemente, que é impossível ter conhecimento sobre
o mundo.
A frase ‘pensar fora da caixa’ ou ‘think outside the box’ obviamente não pode ser
aplicada aos céticos de plantão. Eles funcionam de acordo com a imagem apresentada,
que remete a um cérebro enjaulado ou ‘caged brain’.
Figura 1.
70
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
»» Em 1916, nos Estados Unidos, Lewis Terman fez uma releitura da escala
Binet & Simon e deu origem ao cálculo do quociente intelectual (QI), que
fomentou o trabalho e a aceitação com testes.
Desse modo, temos a socialização da clínica que até há pouco tempo era vista como algo
elitista, com todos os estereótipos e equívocos já mencionados.
Os processos de expressão de sentido = são mais nebulosos, não sabendo ao certo o que
são.
71
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Emergem questões no setting terapêutico, tais como: o que está acontecendo? Nesse
momento, o sentido do acontecimento está fugindo. Esse é o ponto nevrálgico. E é nesse
momento que as aventuras das formas do saber titubeiam.
Devemos questionar sempre. Portanto, tais pontuações: Que sentido dar a essa
destruição que está ocorrendo, no governo ou numa clínica? Que sentido está pulsando,
que eu não consigo entender. Por que eu tenho as significações não verbais dos gestos?
Mas, o sentido não se esgota naquilo que estou dizendo. Esse tipo de situação está
embutido na construção da clínica.
Assim, observamos que o interesse por encontros implica a abertura sensível, intelectual
e ética, ao encanto problemático de acontecimentos onde ocorrem processos de
objetivação, de subjetivação, de significação e de expressão de sentidos. E aqui temos
que indicar a leitura do livro Lógica do Sentido de Gilles Deleuze, de acordo com Bruno
(2004), onde o autor narra a relação entre a palavra e a subjetivação. Deleuze amplia
nosso olhar para a filosofia da diferença.
Sentido pode ser entendido como algo que está interligado em um todo de valores
como membro constituinte ou, de forma mais clara, o sentido é o que contribui para a
72
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
A ideia de essência como algo anterior ao ser não existe. Isso só acontece depois do
ser. Primeiro a gente existe, depois a gente se torna. E vamos viver e desenvolver a
nossa essência. Não tem algo que está além do ser que irá fundamentar no que esse
constructo irá se tornar.
Segundo Jean-Paul Sartre, não existe uma razão, não existe uma natureza humana
que vai definir no que vamos nos tornar. Na visão de Sartre, portanto, a vida não tem
sentido algum antes do sentido que o próprio sujeito da ação dá e ela.
E, nesse ponto, se estabelece uma diferença entre o ser humano, o objeto e o animal.
O ser humano é um ser que surge no mundo, ele existe e posteriormente decide o que
será. E isso vai mudando. Diferentemente do objeto, que é pensado para servir, o ser
humano tem uma essência. Como se constrói um copo? Qual o formato, a cor, de qual
material ele será feito, que líquido será tomado nele. Essa existência tem uma previsão
anterior. Diferente do humano que não tem como prever ou decidir antes.
Em sua obra, Skinner discorre acerca dessa questão. Já o animal não é como o ser
humano, pois o animal vive o instinto. O animal não vê além da condição de estar vivendo
e de repetir o que os outros animais fazem – isso quando alguém não decide manter
esse animal aprisionado em um zoológico ou sendo explorado, abusado, maltratado em
alguém circo: exposto em sua magnitude aos olhares que pedem entretenimento. Fora
esse contexto, o natural é que o animal interaja com seus pares e viva a plenitude de sua
existência instintiva.
Outro exemplo: se existe uma insatisfação com o trabalho, mas a pessoa não sinaliza
isso. Desse modo, através do calar-se, ela faz sua escolha.
73
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Escolhemos, a todo momento, ser aquilo que somos, ou que pensamos ser.
Todo ser humano vive em sociedade. Assim, pode-se dizer que todo homem é um ser
social. Para entender essa colocação, temos que compreender quem é o ser humano e
por que é necessária uma ciência para estudá-lo.
Para atuar no mundo em que vive, o ser humano precisa passar por um aprendizado
que lhe permita ter um comportamento adequado à convivência com outros seres iguais
a ele. Não seria essa a raiz de todos os males aos quais o homem se submete de forma
alienada aos pré-requisitos e julgamentos que surgem do outro?
Afinal, somos o que se encontra dn interior da noz, ou apenas a sua casca? As cascas
enganam. As máscaras enganam.
Nascemos sós, traçamos um percurso de trocas, quer sejam caracterizadas por um bom
encontro ou meros esbarrões com o outro, porém, o fato é que a finitude é de cada
um. Por mais que o processo de desenvolvimento traga pessoas ao nosso convívio, as
quais, às vezes, buscamos de forma utópica agradar a qualquer preço, avaliamos o custo
dessas lacunas do que querem em nossa vida?
O comportamento objetivo é o que mais se faz presente em nosso cotidiano. Vivemos para
metas, resultados determinados, produtos. Enfim, os processos vão sendo esquecidos.
Nessa relação do indivíduo com a objetividade acontece quase que naturalmente a
questão da coisificação. Leia a obra de Martin Buber (1979) intitulada ‘Eu e Tu’ para
aprofundar esse constructo.
Ou seja, coisificar é atuar exclusivamente para aquilo que se quer, aquele resultado que
se quer colher, e o resultado acaba sendo o produto, e o produto acaba sendo a coisa.
Então, a atuação dentro da neurociência necessita muito mais da subjetividade e da
objetividade para uma questão organizadora que veremos mais adiante.
74
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
que nos afastamos delas, nos afastamos também da clínica, já que é uma área constituída
pela subjetividade.
Fazemos então falsas escolhas. Desejos são construídos na questão da coisa, daquilo
que pode me dar prazer imediato. A coisa parece ser o prazer imediato, já que está
vinculada a nossa sociedade de consumo.
Consumir por consumir dá a ilusão de que nos tornamos pessoas, na eminência de que
consumir agrega coisas ao seu cotidiano, a sua vida. O valor que é dado, não é mais
atribuído ao sujeito, pois a relação com o sujeito é diretamente baseada na subjetividade.
Portanto, não é mais o sujeito que conta, mas o indivíduo que possui, que parece ser.
A liberdade de escolha é absoluta, isso quer dizer que ela não é condicionada por
qualquer determinação anterior. Assim, se quisermos insistir na necessidade ou na
conveniêniencia de uma definição de realidade humana, essa definição só poderia ser
uma: liberdade. O homem é liberdade. Isso quer dizer que ele não a tem, como uma
qualidade, um atributo, uma faculdade, como pensava a filosofia clássica. A liberdade é
ele mesmo. Ou seja, a liberdade e a subjetividade são idênticas.
Percebemos, então, que a liberdade não é uma definição, ao passo que ela não nos diz o
que o ser humano é. Ela abre possibilidades, para que ele escolha o que virá a ser.
Pelo fato de sermos liberdade, a única escolha que não podemos fazer é a de deixarmos
de ser livres. Diante disso a frase emblemática de Sartre ‘o homem está condenado a
ser livre’ expressa uma relação certamente paradoxal entre liberdade e fatalidade. É
como se nós disséssemos que somos fatalmente livres ou que estamos destinados a ser
livres. Isso parece uma contradição, mas é a forma pela qual a filosofia da existência nos
diz que não podemos escapar da nossa própria liberdade.
Alguém que esteja determinado a agir a partir de uma força a qual ele não poderia
resistir, este certamente não pode ser considerado como responsável. Talvez por isso as
teorias éticas sempre procuraram remeter a nossa liberdade ou grau em que exercemos
a nossa liberdade em uma instância de onde ela proviria e com a qual poderíamos
dividi-la, pois, dessa forma, dividimos sobretudo a nossa responsabilidade. Ela pode
ser dividida com Deus, com a sociedade, com as minhas tendências naturais, com o
75
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
meu inconsciente, com o meu partido. Não importa, se a minha liberdade não for total
não serei totalmente responsável.
Ao exercermos a nossa liberdade por nós mesmos e ao inventar valores e critérios dessa
liberdade, atingimos, nessa invenção, tudo aquilo que podemos atingir. Nada mais há
ao que possamos recorrer, nada mais que possamos esperar.
O critério humano do meu ato só vai existir no meu próprio ato. E através da minha
própria escolha. E, portanto, se há algo de universal nos critérios e nos valores
morais que orientam a nossa conduta, essa universalidade não vem de uma instância
transcendente ou de algo que seja diferente de nós. Ela vem de nós mesmos. Uma
espécie de singularização de universalidade que procuramos viver.
A identificação do problema nos ajudará a escolher como intervir para auxiliar no bem
estar do nosso atendido/paciente.
76
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
A consciência que se remete ao objeto, o objeto que se remete ao sujeito. Isso seria
intencionalidade.
E, exatamente por ser uma vivência de força, ela é tensão, ela é tensional. Ela é uma
vivência intencional. E a vivência da intencionalidade remete a ação.
77
CAPÍTULO 2
Educação cognitiva
Exemplificando:
Agora, podemos ter uma outra criança, na mesma faixa etária, com o mesmo
cérebro – bases bioneurológicas – e se estiver inserida em um local onde
encontra violência, preocupação com sua alimentação (no Brasil há 5 milhões
de pessoas que passam fome), onde não existe um ambiente familiar adequado,
não há oportunidades e/ou incentivos para sua aprendizagem para aquilo que
ele faz na escola (se ela frequentar uma escola, temos que lidar com todas as
hipóteses), essa criança pode não apresentar nenhum problema cerebral e
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Para reformatação dessas sinapses existem reações químicas acontecendo que, via
de regra, não ocorrem de uma hora para outra e, muito menos, da noite para o dia.
Então, para que se possa aprender, é essencial haver a reexposição aos estímulos, aos
contextos, às habilidades, aos conteúdos que queremos que uma criança adquira.
Destarte, a aprendizagem tem que ser em espiral por conta desse fator.
E um outro aspecto bastante importante, dentre vários, mas que merece ser pontuado,
é a questão da motivação.
Como foi mencionado no capítulo anterior, nós aprendemos para ter bem-estar, poder
viver melhor – em nossa vida pessoal, emocional, social, laborativa. Ou seja, para
agregar qualidade à nossa vida e àqueles que nos cercam. E isso inclui a escola.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
80
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
O outro mito que é muito importante é que todos temos muitas limitações. Na verdade,
nosso cérebro é plástico e, assim, permite aprender muitas e diversas coisas, inclusive
simultaneamente.
A neuroeducação tem se destacado como uma nova área do conhecimento que tem
o objetivo de melhorar as práticas e métodos de ensino e, assim, contribuir com o
desenvolvimento do indivíduo.
Cada ser humano tem suas dificuldades e potencialidades. Dessa forma, o profissional
deve manter um olhar genuinamente empático em relação à questão/problema com
que lidará.
Essa é uma questão para reflexão. Muitas vezes, no movimento de auxiliar a ansiedade
pode, sim, tomar uma decisão errada. Mas, lidamos com constructos embasados em
81
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
pesquisas abalizadas e apenas a boa vontade, nesse quesito, poderá não trazer os benefícios
esperados e talvez até interferir negativamente no processo de desenvolvimento.
Desse modo, manter-se atualizado para o que quer que seja, através de especializações,
congressos, leitura de artigos científicos atuais, busca por livros direcionados a essa
temática, são algumas das atitudes a serem tomadas.
Então, há grupos de profissionais que debatem o tema, a troca frente aos casos clínicos,
todas são medidas extremamente positivas e possíveis.
Após sua formação, o profissional amplia seus horizontes, e isso o destaca tanto no
mercado de trabalho quanto nos resultados alcançados com seus atendidos.
Devemos prezar pela junção entre a teoria e a prática, pois uma irá complementar a
outra.
Devemos nos policiar em relação à expressão neuroeducação, pois pode parecer, para
o público em geral, que a neurociência veio trazer uma nova educação. Na verdade, a
neurociência e a educação são áreas do conhecimento que possuem naturezas distintas
e, portanto, o que a neurociência faz é trazer contribuições para o entendimento de
82
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
processos de educação. Desse modo, precisamos esclarecer que essa curiosidade das
pessoas em relação ao termo abre um nicho, baseado em um marketing de vendas de
uma ideia nova, quando, na verdade, o que é novo é esse diálogo. Ou seja, as pessoas que
conhecem o sistema nervoso começam a trocar ideias com os profissionais da educação
e isso é altamente fomentado em seminários e semanas voltadas às neurociências
(AJURIAGUERRA, 1985; ANNUNCIATO, 1994).
No início do século 20, o interesse em explicar as funções mais complexas foi crescente e
a noção de que as diversas áreas cerebrais estavam interligadas foi ganhando espaço. Em
1940, Walter Hess defendeu a ideia de que o número de estruturas cerebrais envolvidas
para a realização de uma atividade seria proporcional a sua complexidade. James
Papez e Paul McLean ampliaram o conhecimento sobre o sistema límbico, explicando
a existência de um conjunto de estruturas cerebrais interconectadas para que fossem
processados os conteúdos emocionais. Nesse mesmo período, o médico William Scoville
descreveu o caso clínico do paciente H. M. que ficou amplamente conhecido na literatura
como uma das primeiras evidências de que os processos de memória e aprendizagem
dependem de diversificadas áreas cerebrais e de suas conexões (CAPOVILLA, 2003).
H. M. é um paciente epilético que, após uma cirurgia para remover seu hipocampo
e amígdalas, tornou-se incapaz de aprender novas informações.
83
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Cajal, utilizando este método de coloração, mostrou que estava incorreta a ideia de que
o cérebro era uma massa contínua e demonstrou que o tecido neural era composto de
um emaranhado de células.
A discussão entre localizacionistas e holistas toma novos rumos a partir das descobertas
de Lev Vygotsky (1896-1934). Vygotsky argumentou que a organização cerebral ocorria
a partir de uma inter-relação complexa entre suas partes e que dessa forma se daria o
funcionamento do todo.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
A primeira versão dos testes de Luria deu origem a diversas outras baterias
neuropsicológicas, como a Luria-Nebraska e o teste de Barcelona, que consistem em
avaliações amplas dos diversos domínios cognitivos. Esses testes ainda são úteis,
mas dividem espaço com uma infinidade de testes neuropsicológicos que vêm sendo
elaborados com o intuito de se tornarem cada vez mais específicos.
Uma das grandes preocupações que o professor/educador tem como alicerce na sala
de aula é: como fazer o aluno aprender. Exatamente nesse ponto que as neurociências
vêm contribuindo nesse processo de uma nova competência do professor/educador
do século XXI. Conhecer a biologia cerebral, hoje, se faz importante nesse perpassar
da construção da educação. Desse modo, aos educadores é informado que conhecer a
biologia do cérebro nas dimensões cognitivas, afetivas, emocionais, motoras é fazer um
grande aliado que a neurociência traz na contribuição da educação.
85
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Vamos exemplificar?
Estima-se que o TEA atinja hoje mais de 2 milhões de pessoas no Brasil (Ministério
da Saúde) e 70 milhões no mundo (ONU). Porém, o número de autistas pode
ser bem maior. Devemos levar em consideração que não existe um exame que
identifique o autismo. Esse fato dificulta o diagnóstico e, consequentemente,
surge a incerteza sobre o número exato de indivíduos com TEA.
As causas do TEA ainda são desconhecidas, mas a pesquisa na área é cada vez
mais intensa. Provavelmente, há uma combinação de fatores que levam ao
autismo.
TEA é uma condição neurobiológica que, geralmente, aparece nos três primeiros
anos de vida e afeta as habilidades de comunicação, a interação social, e mostra
a presença de comportamentos repetitivos e/ou interesses restritos.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
De acordo com dados do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB), ONG fundada em
2005 por pais de pessoas com TEA (influenciado pelo Movimento ‘Aspies for Freedom’,
fundada em junho de 2004, organização norte-americana que luta pelos direitos civis
dos autistas), é comum e esperado que surjam questões ligadas à ansiedade dos pais
frente à condição do(s) filho(s). Devemos aqui abrir um parêntese a respeito de pais que
têm mais de um filho autista. Isso, na realidade, não é raro, e gera uma maior tensão na
própria relação entre os cônjuges e na relação com os filhos.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Entender e aprender sobre o TEA, agora não mais chamado de autismo, traz uma série
de desafios ao profissional. Os cursos atendem à demanda desse novo profissional que
irá avaliar a cada dia mais crianças com TEA e trazem benefícios aos seus atendidos
portadores do espectro, pois encontrarão um profissional solícito e altamente capacitado
para utilizar as ferramentas adequadas a essa condição de neurodiversidade.
Não possuímos dados concretos sobre a estatística de quantas pessoas têm TEA,tanto no
Brasil quanto no Mundo. As estimativas, bem irreais, são de 2 milhões de pessoas com
transtorno do espectro do autismo no Brasil. Contudo, o número de crianças, adolescentes
e adultos com TEA que são encaminhados para avaliação neuropsicopedagógica cresce
a cada dia. E não há uma perspectiva em diminuir, muito pelo contrário.
As famílias viviam um luto eterno e eram condenadas à morte social por conta da
condição de diversidade cerebral do filho, filha ou filhos.
Elas vão ficar adultas. Assim como todos vão. Vão passar por mudanças corporais,
envelhecer, e há necessidade de uma visão realista acerca de sua condição.
Qual será seu trabalho diante de todas as questões, que parecem ser infinitas?
Esse especialista tem como base a neurociência, a psicologia cognitiva. Esse especialista
compõe a equipe multidisciplinar – a equipe formada por vários especialistas, como
psicólogos, neurologista, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo,
psiquiatra, nutricionista, entre outros profissionais – que trabalha em benefício da
88
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Desse modo, profissional, pais e mães e escola devem ter um diálogo aberto e alinhado,
sempre conversando sobre a situação do filho, aprendente, aluno. Enfim, devem
conversar sobre as várias faces do atendido. Isso é essencial para que as estratégias do
neuropsicopedagogo sejam eficazes.
Retomando a psicoeducação, Knapp (2004) alega que esta técnica, quando bem
empregada, melhora a motivação para a mudança e estimula a participação proativa
do paciente na recuperação – em casos onde cabe este termo, pois, no caso do TEA,
sabemos que ainda não existe uma perspectiva de cura.
Podemos dizer que a psicoeducação ajuda nosso atendido a retirar o aspecto distorcido
que atribui a si mesmo por não ser capaz de resolver algum problema ou até mesmo se
culpar pelo problema/queixa que o trouxe ao consultório – apresentando um quadro
de negação. Assim, pode ser feita por intermédio de folhetos explicativos, artigos de
revistas, livros, páginas de internet, apresentação em flip-chart, ou em qualquer outro
material que possa transmitir informações adequadas ao nosso atendido e/ou familiar/
escola.
89
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
E quanto à reatribuição?
Não!
Knapp (2004) afirma que essa técnica é usada com pacientes que frequentemente
consideram-se culpados por determinadas situações. Ou pode ocorrer o oposto, eles
colocam toda a culpa em outras pessoas, sendo o objetivo do profissional levá-los a
considerar todos os possíveis fatores e indivíduos envolvidos na situação, circunstância,
enfim, que leva a fomentar a ponderação a um nível mensurável de responsabilidade a
cada um desse fatores/indivíduos.
Caso clínico
Paciente E.C., idade 74 anos, diagnosticado com Alzheimer – uma lenta e fatal doença
do cérebro. O diagnóstico foi fechado com facilidade pelo psiquiatra que, frente à
situação do paciente, o encaminhou para os profissionais da equipe multidisciplinar.
E.C. sempre foi um homem ativo. Nascido no interior do estado de Minas Gerais, desde
cedo, sendo o filho mais velho, começou a trabalhar na lavoura com o pai. Ao entrar para
o quartel mudou de estado e ficou no Rio de Janeiro, onde serviu e, ao sair do serviço
militar, foi trabalhar como cobrador de ônibus. Sempre muito falante e atencioso, com
o tempo foi admitido como motorista de uma empresa e assim permaneceu por anos.
Até que passou a integrar o sindicato dos rodoviários.
Casado há 47 anos, tem três filhos e quatro netos. Tudo caminhava bem, mas sua
esposa, que é técnica em enfermagem, notou lapsos de memória, respostas agressivas,
comportamentos que destoavam da forma como seu marido havia agido por 47 anos. O
alerta vermelho acendeu. Idas a médicos, baterias de exames, e assim veio o diagnóstico.
90
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Os filhos foram informados. O atendido continuou em seu serviço, porém com uma
carga de exigência bem menor, primeiro por conta da idade e, agora, por sua situação
de saúde.
O fato é que E.C. demostrava um progressivo declínio em suas funções cognitivas e, com
a capacidade para o trabalho reduzida, o sindicato optou por “colocar um ajudante”. Na
realidade, esse era um companheiro de sindicato que realizaria as funções que E.C. não
estava conseguindo fazer. E esse fato desencadeou um quadro depressivo, que afetou
sua relação conjugal, a relação com os filhos, a relação social em geral. Ele passava os
dias deitado, de acordo com o relato de sua esposa. Quando não era na cama, era no
sofá. O jogo de baralho com os colegas foi abandonado. No trabalho, as reclamações da
parte do atendido eram inúmeras, afinal, ele sempre trabalhou sozinho. E agora tinha
“outra pessoa em sua sala. Outra pessoa interferindo e se metendo no trabalho, fazendo
tudo errado”.
Primeiro a memória mais recente apresentou falhas, como esquecer que não tomava
banho há três dias. A higiene, que era impecável, passou a ser um problema, pois o
atendido chegava a evacuar na roupa e se recusava a tomar banho.
Ele se lembrava da roupa que sua esposa estava usando no primeiro dia em que a viu.
Narrou com riqueza de detalhes como foi o primeiro encontro, o início do namoro. Mas,
não sabia informar o que havia ingerido no café da manhã.
91
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
uma surpresa para ela. Mas, os filhos e outros familiares não poderiam imaginar que se
tratasse de Alzheimer, para eles era apenas de um problema em função da idade.
Assim, a família precisa estar atenta e, caso perceba algo que fuje/destoe do
comportamento usual, deve levar a pessoa à unidade de saúde mais próxima, mesmo
que ela não tenha um geriatra ou um neurologista.
Sim! É possível que a aprendizagem ocorra. Contudo, estamos lidando com uma doença
degenerativa, portanto, a estimulação intensa é essencial. Atividades diferenciadas,
assuntos novos, atendimentos em ambiente naturalístico (caso do atendido). Sempre
respeitando o ritmo de cada pessoa que atendemos.
92
CAPÍTULO 3
O paralelo da psicanálise e demais
abordagens terapêuticas
Psicanálise
A psicanálise é uma disciplina científica, que, como qualquer outra doutrina científica,
deu origem a certas teorias que derivam de seus dados de observação e que procuram
ordenar e explicar esses dados.
93
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
resposta com facilidade e rapidez, isso naturalmente já é outra questão, mas sabemos
que a resposta existe.
Esquecer ou perder alguma coisa, por exemplo, é uma experiência comum na vida das
pessoas. Geralmente, a ideia é a de que o fato é uma causalidade, que isso ‘apenas
aconteceu’. No entanto, uma investigação de muitas dessas causalidades realizadas por
psicanalistas nos últimos anos (a começar pelos estudos do próprio Freud) mostrou
que, de maneira nenhuma, elas são acidentais. Pelo contrário, pode-se demonstrar que
cada uma delas foi provocada por um desejo ou intenção da pessoa envolvida, de acordo
com o princípio do funcionamento mental que estamos examinando.
Se nos voltarmos aos fenômenos da psicopatologia, podemos dizer que cada sintoma
neurótico, qualquer que seja sua natureza, é provocado por outros processos mentais,
apesar do fato de que o próprio paciente habitualmente considera o sintoma como
estranho e completamente desligado do resto da sua vida mental. Contudo, as conexões
existem e são demonstráveis, apesar de o paciente não se der conta de sua presença.
Atente agora para o fato de que estamos falando não só a respeito da primeira das
nossas hipóteses fundamentais, o princípio do determinismo psíquico, mas também a
respeito da segunda, isto é, a existência de processos mentais dos quais o sujeito não se
dá conta ou é inconsciente.
A relação entre essas duas hipóteses é tão próxima que dificilmente se pode examinar
uma sem suscitar a outra. É exatamente o fato de tantas coisas em nossa mente
serem inconscientes – isto é, desconhecidas para nós – que reponde pelas aparentes
descontinuidades em nossa vida mental.
94
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
deu conta de ter ouvido a melodia, sua experiência subjetiva foi a de uma descontinuidade
em seus pensamentos, sendo necessário o testemunho do espectador para remover a
aparência de descontinuidade e tornar clara a cadeia causal.
É raro, no entanto, que um processo inconsciente seja descoberto de forma tão simples,
como no exemplo citado. Naturalmente, deseja-se saber se existe um método geral para
descobrir processos mentais dos quais o próprio indivíduo não se dá conta. Ele pode,
por exemplo, ser observado diretamente? Caso contrário, como pode Freud descobriu
a frequência e a importância de tais processos em nossa vida mental?
No curso do estudo dos fenômenos mentais inconscientes, Freud logo descobriu que
esses poderiam ser divididos em dois grupos:
Freud pode demonstrar também que o fato de serem inconscientes não os impedia de
exercer uma influência significativa no funcionamento mental. Além disso, foi capaz
de demonstrar que os processos inconscientes podem ser bastante comparáveis aos
conscientes em precisão e complexidade.
Por intermédio da técnica de investigação dos sonhos descoberta por Freud, pode-se
constatar evidências das atividades mentais inconscientes. Tomemos como exemplo os
sonhos nos quais a pessoa sonha estar bebendo, somente para acordar e perceber que
está sedenta, ou sonha que está urinando e acorda com a necessidade de se aliviar. Tais
sonhos demonstram igualmente que, durante o sono, a atividade mental inconsciente
pode produzir um resultado consciente – nesses casos em que uma sensação corporal
inconsciente e os anseios a ela ligados dão origem a um sonho consciente da desejada
satisfação ou alívio. Tal demonstração, em si, é importante e pode ser feita sem uma
técnica especial de observação.
95
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
No entanto, por meio da técnica psicanalítica, Freud pode demonstrar que, por trás de
todo sonho, existem pensamentos e desejos inconscientes ativos e, assim, estabelecer,
como regra geral, que quando se produzem sonhos, esses são provocados por uma
atividade mental que é inconsciente para o sonhador, e que assim permaneceria a
menos que se empregue a técnica psicanalítica.
Como no caso dos sonhos, a significação inconsciente de alguns lapsos torna-se bastante
clara.
Podemos acrescentar que Freud pode, por intermédio da técnica psicanalítica, mostrar
que a atividade mental inconsciente desempenha um papel na produção de todos os atos
falhos e não apenas naqueles em que o significado de tal atividade é de fácil evidência.
A energia psíquica não é de modo algum igual à energia física. É somente análoga em
alguns aspectos. O conceito de energia psíquica, assim como o conceito de energia
física, é uma hipótese que tem por objetivo servir ao propósito de simplificar e facilitar
nossa compreensão dos fatos da vida mental que podemos observar.
É importante perceber que a divisão dos impulsos em sexual e agressivo em nossa teoria
atual se baseia na evidência psicológica. Em sua formulação original, Freud procurou
96
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Comecemos com o impulso sexual, uma vez que estamos mais familiarizados com seu
desenvolvimento e vicissitudes que com os de seu ocasional parceiro e, às vezes, rival,
o impulso agressivo.
As provas válidas provêm de pelo menos três fontes. A primeira é a observação direta
de crianças. São óbvias as evidências de desejos e comportamentos sexuais em crianças
pequenas, quando se pode observá-las, e conversar com elas com disposição objetiva e
sem preconceitos.
97
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
O analista adota uma atitude neutra, sentando-se às costas do paciente, não havendo,
portanto, um contato visual direto. O paciente é orientado a expressar livremente e
sem censura seus pensamentos, sentimentos, fantasias, sonhos, imagens, assim como
as associações que lhe ocorrem, sem prejulgar sua relevância ou significado – livre
associação. O terapeuta senta atrás do divã, mantendo uma atitude de curiosidade e de
ouvinte atento. De tempos em tempos, interrompe as associações do paciente, fazendo-o
observar determinadas conexões entre fatos de sua vida mental, particularmente
emoções, fantasias relacionadas com a pessoa do terapeuta, que passam despercebidas,
e refletir sobre o seu significado subjacente.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
O que podemos entender por psicologia analítica? Essa abordagem psicológica é uma
escola teórica da psicologia que trabalha com conceitos e visão do mundo, próprias de
seu fundador: o médico psiquiatra Carl Gustav Jung (1875-1961). Ao longo de sua vida
dedicada a estudos e pesquisas, Jung abordou e apresentou, a partir de sua formulação
teórica, uma vasta gama de temas e discussões que o colocaram de forma definitiva
como uma grande e influente figura do pensamento psicológico.
Jung passou anos aprofundando seus conhecimentos sobre o que se passava no espírito
do doente mental na clínica psiquiátrica Burghölzli da Universidade de Zurique. Nessa
época a psiquiatria era uma área da Medicina que despertava pouco – ou nenhum –
interesse. E o ensino psiquiátrico consistia em abstrair a personalidade do paciente e
direcionar-se para o diagnóstico, a descrição dos sintomas e os dados estatísticos.
A psicoterapia de orientação analítica utiliza entre uma a três sessões semanais, com o
paciente sentando-se em uma poltrona de frente para o terapeuta, podendo o tratamento
durar vários meses ou até anos.
99
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
As divergências com Freud ocorreram inicialmente sobre o conceito de libido, pois Jung
tomava este conceito como uma forma mais ampla que a conceituação sexual oferecida
por Freud. Posteriormente a discordância recaiu sobre a noção do inconsciente.
A teoria analítica traz em si muito do que Jung vivenciava em seus atendimentos. Desse
modo, ele não tinha como meta ou preocupação estabelecer padrões em sua teoria. Ele
não pretendia dogmatizá-la, colocando-a como um corpo estático. Sua proposta, ou
melhor, sua ideia era a de que os conceitos formulados por ele fossem estruturas vivas
que se transformariam com o passar do tempo.
Para Jung, o fato de haver uma interação constante ente consciente e inconsciente –
por mais que não percebida – faz com que muito do que sabemos possa ser apenas uma
imagem mal elaborada da consciência.
Por isso, na praxis psicológica analítica poderemos perceber que todo novo caso clínico
consiste quase que na formulação de uma nova teoria. Um olhar novo a cada novo caso,
a fim de não nos prendermos a padrões pré-estabelecidos.
100
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
assim, podemos dizer que um conceito não é estanque, afinal, o afirmado sobre o
conceito pode ser apenas uma parcela do conceito em sua totalidade.
101
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
»» regressão;
»» formação reativa;
»» anulação;
»» introjeção;
»» identificação;
»» projeção;
»» reversão;
»» sublimação.
Ainda mais importante era o reconhecimento das implicações que a observação atenta
da operação defensiva do ego teria para o tratamento. O psicanalista não poderia mais
simplesmente desvendar os desejos inaceitáveis provenientes do Id.
Tanto quanto sabemos, à medida que abandona e reprime ou, de alguma forma,
repudia os desejos incestuosos e homicidas que constituem o complexo edipiano, as
relações da criança com os objetos desses desejos transformam-se, em grande parte,
em identificações com eles.
102
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Pode-se observar, com frequência, a mesma relação entre a vida instintiva da infância e
traços normais da vida adulta, como a escolha da vocação ou do parceiro sexual. É difícil
dar exemplos satisfatórios, extraídos da experiência pessoal, a respeito da escolha de
vocação, pelo risco de quebrar o sigilo profissional. No entanto, mesmo os exemplos
resumidos e modificados podem ser suficientes para convencer o leitor, ao menos em
parte, da correção da afirmativa que procuramos exemplificar.
103
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
A Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron T. Beck como uma terapia breve,
estruturada, orientada ao presente para depressão, direcionada para a resolução de
problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais.
Aaron T. Beck e outros trabalharam na adaptação da terapia – com sucesso – para que
a abordagem pudesse atender a diversos transtornos de forma eficaz.
Judith Beck enfatiza que a terapia cognitiva é utilizada em uma ampla gama de aplicações
também apoiadas por dados empíricos, que são derivados da teoria.
A teoria cognitiva foi extensamente testada desde 1977, em que estudos controlados
demonstraram sua eficácia no tratamento do transtorno depressivo maior, transtorno
de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, fobia social, abuso de substância,
transtornos alimentares, terapia de casal.
A terapia cognitiva pode ser utilizada também para pacientes com diferentes níveis de
escolaridade, faixas etárias e classes sociais.
104
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Psicoterapia psicodinâmica
O terapeuta adota atitudes utilizando, além das intervenções que visam ao insight,
outras de caráter de apoio como: sugestão, educação, clarificação, aconselhamento etc.
A preocupação maior é com o futuro e menor com o passado.
A delimitação do tempo faz com que, de forma prematura, questões surjam envolvendo
alta e separação e que sejam estimuladas a autonomia, a autoestima, entre outros.
Indicações:
Contraindicações:
Há algumas contraindicações:
»» psicoses;
»» transtornos de humor;
106
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
»» transtorno do pânico;
107
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Em casos mais difíceis, nos quais as projeções sobre o atendido são maciças ou
pelas próprias condições íntimas do caso, deve-se lançar mão de outras abordagens
terapêuticas – motivo pelo qual explanamos acerca das escolas apresentadas.
Os problemas são, muitas vezes, graves e inevitáveis, como perdas simbólicas ou reais,
o surgimento de uma patologia, acidentes, mudança ou perda de emprego, casamento
de um filho, nascimento de um filho prematuro. Enfim, a vida não apresenta um roteiro
e os imprevistos são inúmeros.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
inadequadas para lidar com suas dificuldades. Nesse caso, podemos exemplificar o
uso de substâncias psicoativas (lícitas ou ilícitas). De acordo com a sustentabilidade
poderão surgir sintomas neuróticos e psicóticos.
Caso clínico
Prossegue com sua narrativa alegando que sempre foi uma mãe cautelosa, querendo
atender a todas as vontades dos ‘homens da casa’. Ela se referiu deste modo ao marido
e aos dois filhos.
Nesse movimento acabou ganhando peso, a autoestima ficou reduzida, não gerava renda
e dependia do marido para fazer o que costumava arcar com seu salário. O marido e os
filhos nunca participaram de qualquer uma das sessões.
A atendida mencionou que a terapia de família seria interessante para todos, pois
sentia a ausência de empatia entre as pessoas do seu núcleo familiar. Entretanto, esse
momento não aconteceu e o marido faleceu subitamente em casa na frente dos filhos. O
pai era, de acordo com a atendida, o modelo que os filhos seguiam.
De modo geral, já havia um quadro de pressão maior que favoreceu perdas de memória,
aliado ao fato da perda do marido. A atendida não consegue mais seguir adiante com
sua vida, de forma autônoma. Exames informam que há comprometimento neural. O
109
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Podemos observar uma questão que foi levada ao neuropsicopedagogo, por indicação,
mas que a atendida, na verdade, já apresentava questões pertinentes aos outros
membros da família.
E nesse contexto?
110
psicodinâmico do paciente. Entretanto, deve-se evitar a interpretação transferencial
que não poderá ser adequadamente trabalhada em curto espaço de tempo.
A psicoterapia procura favorecer a aliança entre o membro mais doente do grupo familiar,
facilitando o encaminhamento deste indivíduo específico para terapia e liberando o
paciente referido de seu sintoma ou de seu papel de continente das projeções do grupo
familiar sobre ele.
É fundamental considerar que, cada vez mais, vivemos em uma sociedade com acúmulo
de riscos, que, sem dúvida, tem consequências sérias no desenvolvimento do indivíduo.
Por outro lado, inúmeros estudos têm demonstrado a capacidade dos indivíduos de
usar mecanismos adaptativos, serem flexíveis, enfrentar dificuldades e retornar a um
estado de equilíbrio, um estado homeostático prévio.
Portanto, o neuropsicopedagogo clínico faz parte da equipe e vai auxiliar com seu
conhecimento nas mais diversas demandas.
111
CAPÍTULO 4
A equipe multidisciplinar e a
Neurociência
»» fonoaudiologia;
»» pedagogia;
»» psicologia;
»» terapia ocupacional;
»» medicina;
»» fisioterapia;
»» psicomotricidade;
»» nutrição;
»» educador físico;
»» musicoterapia;
É importante ressaltar que, para que se obtenham avanços, as atividades devem ocorrer
de preferência no ambiente de aprendizagem estruturado.
112
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
modo, que ser um especialista, e cativar a atenção e desenvolver um vínculo com o seu
atendido, com a família, com a escola (coordenação acadêmica, professores).
O quadro geral e os avanços em cada uma das intervenções são apresentados aos
membros da equipe multidisciplinar que têm por hábito fornecer relatórios e pareceres
com certa frequência, trocando informações pertinentes entre si para implementar a
maior eficiência no tratamento.
Sem atendimento adequado ou com profissionais não especializados, o quadro não será
revertido e ainda corre-se o risco de haver uma piora nos aspectos comportamentais,
psicológicos e emocionais do atendido. Dessa forma, todos que compõem a equipe
precisam ter cursos de especialização e se manterem atualizados em relação às pesquisas
e estudos do meio científico.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
»» abordagens inadequadas;
»» dificuldades sensoriais;
114
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Devemos olhar além da patologia. Como o indivíduo poderá oferecer algo se ninguém
espera nada dele?
Incluir é, dentre outros fatores, inserir a pessoa no contexto social de forma digna,
respeitando suas características e os preceitos dos direitos humanos, da Constituição
Federal.
A escola que conhecemos teve seu modelo firmado no Ocidente, no século XVI, quando
o ensino começou a expandir-se para um maior número de aprendentes. Para avaliar o
que esse alunado aprendeu, veio junto a avaliação, o exame, a medição do conhecimento,
gerada com o objetivo de diferenciar os que aprendiam, daqueles que não aprendiam.
115
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Hoje, ainda vivemos esse modelo, essa função seletiva e, por consequência, excludente
da avaliação desde o século XVI.
Vista dessa forma, a avaliação tem o objetivo de normatizar quem aprende. Os que estão
acima ou abaixo da média são os diferentes. De novo, é a diferença batendo à porta.
Provas não provam muito. É possível estudar, sem aprender. Na verdade, o ato de
estudar não fundamenta a capacidade de aprendizagem. Tanto que é possível decorar
uma matéria, tirar uma excelente nota e não fixar esse conhecimento. Ou seja, não
ocorreu a aprendizagem, apenas decorou-se o que ia cair no exame.
O ambiente escolar passou – ou teve que ser levado – a abranger os diferentes modos
de aprender, tornando-se fundamental.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
O aluno aprende.
É consenso o fato que pessoas com deficiência têm sido excluídas e segregadas de
espaços comuns, principalmente na área educacional. A proposta de educação inclusiva
surge com o objetivo de reescrever mais uma vez a história, rompendo com o quadro da
exclusão e contribuindo para a igualdade de oportunidade para todos.
A inclusão é uma prática considerada nova, pois, no Brasil, só existe há pouco mais
de dez anos. A partir desse momento, nota-se uma conscientização crescente nas
áreas de políticas públicas, médicas e pedagógicas sobre os aspectos educacionais e do
aprendizado do aluno neuroatípico.
Nesse sentido, o viés colaborativo facilita a superação das desigualdades nos dias de hoje,
diminuindo a exclusão dentro e fora da escola e contribuindo com o desenvolvimento
do potencial e elevando a qualidade de vida.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
A sociologia da infância concebe essa fase da vida como múltipla, pois, em uma mesma
sociedade, existem infâncias diversas. O modo como essas infâncias são produzidas
está diretamente ligado às relações sociais estabelecidas nas relações com o outro.
Em condições concretas da vida, a posição social e o lugar da criança com autismo são
muitas vezes atravessados pela impossibilidade de participar de atividades tipicamente
infantis.
Sendo assim, vários objetivos são alcançados na educação de crianças com deficiência.
Um deles é ensinar comportamentos que as crianças com desenvolvimento normal
aprendem por meio da interação com outras pessoas.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
educativas em um ambiente estruturado para que, assim, a pessoa autista não se torne
incapaz de realizar tarefas simples do cotidiano. Há, portanto, a necessidade de aprender
diversas atividades que ampliarão seu repertório de execução de tarefas, colaborando
para torná-la mais independente ao longo de sua vida.
Desse modo, as atividades são escolhidas em razão de sua utilidade para a vida social.
Escovar os dentes, tomar banho, arrumar a cama, escolher roupas de acordo com o
clima, tomar banho, utilizar o banheiro, fazer suas refeições, vestir-se, são apenas
algumas das atividades que precisamos aprender ao longo do desenvolvimento, mas
que, para muitos, pode representar um imenso desafio.
Incluir a criança com atraso no desenvolvimento vai além de colocá-la em uma escola
regular, em uma sala regular. É preciso proporcionar a essa criança aprendizagens
significativas, investindo em suas potencialidades, o que a torna um ser que aprende,
pensa, sente, participa de um grupo social e se desenvolve com ele e a partir dele, com
singularidade.
A atitude mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e
pedagógica, originada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos,
aprendendo e crescendo sem nenhum tipo de discriminação.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Para estabelecer um novo olhar para a criança com atraso no desenvolvimento e/ou
deficiência é preciso romper com essas concepções, construindo um olhar voltado para
as possibilidades.
Como indica Vigotsky, a educação da criança deficiente precisa superar uma prática
educacional baseada no déficit, nas impossibilidades e limitações em relação ao que ela
não pode ou não consegue fazer sozinha.
Será por meio do processo de interação entre a criança e seus interlocutores que
ocorrerá a aquisição da linguagem em si, desenvolvendo, deste modo, sua capacidade
de simbolizar o mundo que a cerca para o outro, conferindo sentido aos processos de
interação social e, para si, na forma internalizada necessária ao desenvolvimento das
funções psicológicas superiores.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Todos têm o direito de se desenvolver plenamente. A visão de que não são capazes é
um preconceito e uma negação de seu potencial, pois, por meio do acesso ao contato
adequado com o outro e de uma orientação pedagógica adequada, estruturada e
organizada, o desenvolvimento poderá ocorrer pelo acesso à cultura.
O educando é uma pessoa que deve ser respeitada em seus limites. Deste modo, a
linguagem adentra todas as áreas de seu desenvolvimento, guiando sua percepção
sobre todas as coisas e o mundo no qual ele/a está inserido/a.
Será por meio da linguagem que o aluno absorverá transformações em seu campo de
atenção, aprendendo a diferenciar um determinado objeto de outros existentes, bem
como desenvolver ferramentas internas para integrar essas informações.
121
UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Dentro desse viés, a avaliação é uma ação objetiva para compreender o comportamento
do aprendente diante de instrumentos de ensino e aprendizagem.
A avaliação não pode ser tratada apenas como um modo de acompanhar o resultado. Ao
contrário disso, deve ser um meio eficiente para o professor seguir todos os caminhos
percorridos na construção do conhecimento, pois, nesse caso, a avaliação será um meio
de verificar quais as habilidades e competências que os alunos conquistaram.
A avaliação serve como uma forma de compreensão das dificuldades dos educandos e
do estabelecimento de novas oportunidades de conhecimento. Por esse pensamento
sobre a avaliação, podemos abraçar todos os alunos e suas dificuldades ou deficiências,
conduzindo o processo educacional à realização da verdadeira inclusão.
Nesse sentido, cabe à escola acompanhar essa realidade, observando a vivência escolar
na diversidade, seu reconhecimento e o exercício das relações entre as pessoas que
vivem e transitam no mesmo espaço escolar, tendo em vista ser este um local de
múltiplas relações sociais.
122
A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
Inclusão vem do latim includere que significa “fazer parte de” ou “participar de”. Assim,
falar em inclusão escolar é falar do educando que está na escola, participando daquilo
que o sistema educacional oferece e interagindo, contribuindo com seu potencial para
os projetos e programas desse espaço.
»» identificação do problema;
»» análise do problema;
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
»» implementação do plano;
»» evolução do problema.
1 Assegurar a motivação.
2 Apresentar as tarefas somente quando a criança atende, e de forma clara.
3 Apresentar tarefas cujos requisitos já foram adquiridos antes e que se adaptaram bem ao nível evolutivo e à capacidade da criança.
4 Empregar procedimentos de apoio.
5 Proporcionar reforçadores contingentes, imediatos e potentes.
»» O que ensinar?
»» Quando ensinar?
»» Como ensinar?
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
É notório que os alunos chegam à sala de aula trazendo consigo uma série de conceitos
sobre o mundo físico e social que servem de base para a aquisição de novos conhecimentos
estabelecidos no currículo escolar.
O professor deve estar preparado para individualizar seu aluno, identificar possíveis
distúrbios no processo de aprendizagem, enfocando aspectos orgânicos, afetivos e
pedagógicos, durante o processo. Para que essa etapa ocorra de forma bem-sucedida,
ele precisa contar com o apoio do orientador educacional, com seu saber mais elaborado
na área da aprendizagem, fornecendo subsídios para a ação didática.
Segundo Vigotsky (1984), “nós nos tornamos nós mesmos através dos outros”. O
encontro entre professores e alunos com autismo precisa ser potencializado para que a
relação estabelecida possibilite tanto o desenvolvimento da criança quanto a mudança
no docente.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
Essa constituição mútua entre o que ensina e aquele que aprende, o investir nas
possibilidades de desenvolvimento implica numa aposta no fazer pedagógico das
professoras como facilitadoras de um processo intencional, sistemático e planejado irá
ampliar as oportunidades de interação do aluno com o mundo.
Para o aprendente sair de seu universo pessoal de existência de forma equilibrada, sem
o egocentrismo característico da infância, é necessária uma instituição que o socialize, o
prepare para conviver em uma sociedade em que o coletivo, o nós, se sobrepõem ao eu.
Assim, a escola ganha uma dimensão macro na vida do indivíduo, pois será no espaço
educacional que o comportamental, até mais que o cognitivo, será trabalhado.
Então, algumas questões devem ser consideradas para evitar a falha na comunicação
com seu atendido:
A questão da divulgação dos seus serviços deve ser pensada também. Hoje a rede social
cumpre bem esse papel e ajuda o profissional a falar sobre sua área, temas que aborda.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
A ética profissional
Ao falar sobre ética é interessante iniciar por moral. O que é moral? São costumes,
valores passados de geração a geração. Exemplificando: aprendemos com nossos pais
a noção do certo e do errado. Questão bem profunda, quando começamos a pensar que
esses valores estão ligados a vivências e a construções sociais e antropológicas.
Friedrich Nietzsche (2013) em sua obra Genealogia da Moral existem duas aplicações
para que a moral tenha se originado: a primeira por aquilo que é útil, ou seja, as ações
altruístas que foram louvadas e reputadas como boas por aqueles a quem eram ‘úteis’.
Entretanto, a origem de tais ações acaba por ser esquecida, adquirindo ações altruístas
através do costume da linguagem, como se as coisas fossem boas em si mesmas. Essa
é a segunda aplicação. Para Nietzsche não há nada que seja bom em si mesmo. Dessa
maneira, o filósofo faz um corte com a metafísica e com o cristianismo.
A ética começa a ser construída quando começamos a refletir sobre esses costumes,
crenças e valores; e precisamos encontrar parâmetros para aplicar em nosso cotidiano.
Ética é vida. Ela não se estabelece apenas em uma área, mas em todas as vertentes de
nossa atuação enquanto seres humanos que vivem em sociedade.
A questão da ética é extremamente séria, pois lidamos com pessoas fragilizadas, com
suas demandas pessoais.
Há a questão do sigilo. Sim, mas enquanto psicólogos há alguma situação na qual esse
sigilo possa ser quebrado?
As redes sociais são um convite à postagem, porém, saber aquilo que deve ser postado é
importante. Devemos ter um filtro para que não venhamos a nos expor ou expor nossa
família e privacidade.
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UNIDADE IV │ A NEUROPSICANÁLISE
A questão de ser atendidos nas redes sociais dá margem a uma leitura de que o cliente
agora é nosso amigo. E isso é altamente prejudicial ao processo terapêutico.
3. a responsabilidade social;
Então, tenha o seu sempre próximo! E leia sempre que tiver uma dúvida ou mesmo
como forma de esclarecimento acerca dos nossos direitos e deveres.
Ou seja, a ética deve ser estudada e exercida por nós em nosso cotidiano, sempre com o
objetivo de enaltecer nossa profissão.
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A NEUROPSICANÁLISE │ UNIDADE IV
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Para (Não) Finalizar
Inferno
Há no centro da Terra ampla caverna,
Francisco Joaquim Bingre, in ‘Sonetos’
130
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Fonte de Imagens
http://aarondelolmo.blogspot.com/2014/08/desarrollo-cerebro-lenguaje-estadistica.
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