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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
PSICOPATOLOGIA – O QUE É?.............................................................................................................. 11
CAPÍTULO 1
CONHECENDO A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA.................................................................... 11
CAPÍTULO 2
CONCEITUANDO E COMPREENDENDO O TERMO................................................................... 16
CAPÍTULO 3
O NORMAL E O PATOLÓGICO................................................................................................. 20
UNIDADE II
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL........................................................................... 24
CAPÍTULO 1
DIAGNÓSTICO PARA QUÊ?...................................................................................................... 26
CAPÍTULO 2
DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO E PSICODIAGNÓSTICO..................................................... 36
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO PSICODINÂMICA DO PACIENTE............................................................................ 40
UNIDADE III
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS.......................................................................................................... 58
CAPÍTULO 1
AS FUNÇÕES PSÍQUICAS NO EEM............................................................................................ 59
CAPÍTULO 2
SEMIOLOGIA MÉDICA E ESTUDO DOS SINTOMAS E SINAIS NAS SÍNDROMES.............................. 64
CAPÍTULO 3
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS................................................................................................ 68
UNIDADE IV
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO..................................................................................................... 74
CAPÍTULO 1
COMPREENDENDO A CRISE E O SUICÍDIO NOS TRANSTORNOS MENTAIS.................................. 74
CAPÍTULO 2
FALANDO DE LUTO E MORTE................................................................................................... 91
CAPÍTULO 3
ALGUMAS ALTERAÇÕES MENTAIS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NA CRISE........................... 97
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 103
ANEXOS......................................................................................................................................... 110
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Esta disciplina foi desenvolvida com o objetivo de oferecer recursos para uma melhor
capacitação no âmbito profissional dentro do curso de Saúde Mental, bem como
enriquecer seus conhecimentos sobre o presente tema.
Objetivos
» Definir psicopatologia demarcando os termos relevantes para sua
compreensão.
8
» Proporcionar ao aluno o conhecimento de elementos teóricos necessários
para o reconhecimento, aproximações e exames diagnósticos dos
principais problemas psiquiátricos.
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10
PSICOPATOLOGIA – O UNIDADE I
QUE É?
CAPÍTULO 1
Conhecendo a História da
Psicopatologia
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-illustration/psychopathology-digital-technology-medical-concept-
260nw-627129026.jpg. Acesso em: 24/08/2020.
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UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
Assim, verificamos que houve uma evolução no modo como a própria Psicopatologia
vem sendo percebida.
1 Conforme diversos autores, dentre eles Berlinck (1997), Fédida (1988), Platão (apud FÉDIDA, 1988), que vislumbraram o
termo à luz da filosofia, conforme veremos.
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PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
Messas (2004) nos traz uma excelente reflexão sobre aspectos de extrema importância
quando pensamos nas psicopatologias, por exemplo, sobre sua pluralidade versus a
tentativa incessante que temos de emoldurar as doenças mentais em busca de uma
classificação perfeita. No entanto, assim como podemos ver no DSM-5, as informações
reunidas em um manual são úteis para todos os profissionais ligados aos diversos
aspectos dos cuidados com a saúde mental, dentre eles os psiquiatras, médicos,
2 Desrazão: termo utilizado pelo autor para situar a loucura na Idade Clássica como estando “no amálgama semântico da
desrazão”. A loucura, pois, era a expressão mais inumana que havia no humano”. (NALLI; Marcos, 2006. p. 119)
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UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
Conforme Jasper (1963), em seu aforismo sobre psicopatologia geral, dentro das
psicopatologias, os delírios são distinções clínicas fundamentais nos sujeitos. Pois,
as ideias delirantes verdadeiras são aquelas que trazem em sua base uma vivência
delirante primária (sic), ou seja, aspectos incompreensíveis do pensamento que
só se encontram nos processos psíquicos ou psicoses – revelados a partir das falas
delirantes. O autor revela que as vivências delirantes primárias são uma forma de
vivência completamente estranha para nós, pois consistem na irrupção de inexplicáveis
significações no psiquismo do paciente. A exemplo dessa revelação, poderíamos citar
falas desconexas aos ouvidos de fora da realidade delirante do paciente.
composição artística de seus pacientes, dessa forma ela mantinha uma visão do que
eles experienciavam por meio da arte.
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CAPÍTULO 2
Conceituando e compreendendo o
termo
Entretanto, para uma compreensão mais clara, a Psicopatologia pode ser compreendida
como um conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano,
cujo objeto de estudo é o homem em sua totalidade, o homem que não deve ser reduzido
por e pela sua doença.
Miranda-Sá Jr. (2001, p.11) propõe que a psicopatologia seja vista como uma disciplina
baseada em métodos científicos que visam ao estudo das alterações mórbidas, ou seja, dos
aspectos concernentes a doença ou transtornos mentais que afetam o comportamento.
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PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
Fonte: https://image.freepik.com/free-photo/portrait-young-woman-who-with-horror-fear-is-trying-escape-from-many-hands-
pulling-her-back-tearing-her-apart-concept-loneliness-loss-fear-scary-terrible-portrait_116124-673.jpg. Acesso em: 24/08/2020.
A Psicopatologia, portanto, deve ser vista como uma ciência autônoma e não como
um prolongamento da Neurologia ou da Psicologia, diz Dalgalarrondo (2008, p. 28).
Destarte, “a ciência psicopatológica é tida como uma das abordagens possíveis do
homem mentalmente doente, mas não a única” (Idem). Isso posto, cabe ao profissional
utilizar as medidas diagnósticas de observação, análise, interpretação e ferramentas
diagnósticas, deixando fora o julgamento moral e substituindo-o pelo julgamento
clínico, respaldado pelas referências da observação e dos sinais e sintomas revelados,
para então, identificar e compreender os inúmeros e possíveis elementos presentes e
constituintes da doença mental.
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UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
Como sabemos a Psicopatologia é vista de modo diferente dentro das áreas da Psicologia,
portanto, em se tratando da Psicologia Dinâmica veremos que os conteúdos internos
que movimentam os afetos, desejos e medos, dentro da experiência de vida individual
e não necessariamente dentro de uma classificação predefinida, resultam em uma
combinação equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva com uma
abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do sujeito e sua doença.
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PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
o homem é visto como ser determinado por forças, desejos e conflitos inconscientes.
Para ela os afetos dominam o psiquismo e o homem racional autocontrolado e dono
dos seus desejos não é levado em consideração, pois são dominados por conflitos
predominantemente inconscientes de desejos que não são revelados e temores em
sua grande parte inacessíveis. Na psicanálise, a psicopatologia é o resultado de
forças, conflitos e forças inconscientes que se identificam por meio dos sintomas
(DALGALARRONDO, 2008, pp. 35-37).
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98931997000200003&script=sci_
arttext.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722004000300016&script=sci_
arttext.
19
CAPÍTULO 3
O normal e o patológico
Considerar a diferença entre o normal e o patológico é algo que se faz presente quando
tratamos de aspectos relacionados à saúde mental e, quando abordamos os transtornos,
pensamos na prática clínica e na necessidade de diagnósticos para nortear o tipo de
tratamento. Portanto, embora seja um assunto polêmico e que gera bastante controvérsia
entre os pesquisadores, justamente por não se conseguir esgotar em uma única definição
o que é normal do que é patológico, podemos nos validar da contribuição da cuidadosa
observação clínica do comportamento, bem como das ferramentas investigativas que
nos conduzem a um direcionamento, tais como as avaliações psicológicas, a anamnese,
o exame do estado mental, dentre tantas outras.
Coon (2006, p. 487), Stein e Cutler (2002, p. 8) afirmam que o relativismo cultural
sugere que é inapropriado aplicar o conceito de normalidade a todas as pessoas e em
qualquer momento ou situação. Nesse caso, o que parece consenso entre os autores
20
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
Para uma melhor avaliação, é salutar que o profissional envolvido com a psicopatologia
esteja constantemente atualizado com seus conhecimentos e também se mantenha
sempre habilitado para conduzir o processo, bem como para manter a mente
voltada para o pensamento crítico e reflexivo. A psicopatologia alinhada com o pensador
analítico poderá permitir uma maior precisão nas interpretações e nas fundamentações
conceituais.
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PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
Entretanto, Berger (1997, apud STEIN; CUTLER, 2002) destaca que mesmo os
indivíduos considerados saudáveis estão suscetíveis a comportamentos imperfeitos e
passiveis de erros, podendo, ainda, vivenciar conflitos que afetarão seu comportamento
e suas atitudes fora da faixa da normalidade. Em detrimento dessa classificação, Coon
(2006) salienta que os critérios estabelecidos para conceituar normalidade social e a
própria fuga dessa linha balizadora de comportamento tido como normal pode ser de
difícil percepção e também serem diferentes para cada cultura.
Por tudo isso mencionado, os conceitos e as interpretações não se esgotam, devendo ser
acrescidos de análises comportamentais, culturais e sociais, como forma de aumentar a
compreensão dos processos mentais que compõem o cenário da psicopatologia.
Filmes:
“Bicho de 7 cabeças”.
23
DIAGNÓSTICOS
PSICOPATOLÓGICOS UNIDADE II
– VISÃO GERAL
Figura 5. Funcionamento da Mente.
Fonte: https://www.elconfidencial.com/alma-corazon-vida/2008-08-30/medicamentos-antipsicoticos-cuando-el-remedio-es-
peor-que-la-enfermedad_304849/. Acesso em: 24/08/2020.
Diagnóstico
Palavra originada do grego original (διαγvοσις, cujo prefixo δια [dia = através] e γvοσις
[gnosis = conhecimento]); a palavra grega diagnõstikós, que significa discernimento,
faculdade de conhecer, de ver através de; na atualidade, é utilizada como estudo
aprofundado, realizado com objetivo de conhecer determinado fenômeno ou realidade
a partir do conjunto de procedimentos teóricos, técnicos ou metodológicos. Ou ainda,
é visto como um substantivo referente à discriminação do conhecimento de forma
racional, lúcida, elaborada, realizando tarefa de discernimento (ARAÚJO, 2007;
MARTINS, 2003).
Diagnóstico também pode ser entendido, conforme a APA (2014), que nos situa em
termos de diagnóstico principal e diagnóstico provisório, como:
24
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
25
CAPÍTULO 1
Diagnóstico para quê?
Figura 6. Rapport.
26
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Harry, Stack e Sullivan (1983, apud DALGALARRONDO 2008, p. 66) comentam que
o domínio da técnica de entrevista é o grande diferencial e se faz de modo mais eficaz
com um profissional treinado e capacitado, para tal, ele sugere para o exercício dessa
função o próprio psiquiatra, o psicólogo ou o enfermeiro em saúde mental que tenham
habilidade para exercer relações interpessoais com perícia. Para o autor, é imprescindível
que o profissional seja um expert em realizar entrevistas que estejam focadas a fornecer
importantes informações acerca da condição do paciente, assim como tenha igualmente
habilidade para acolher o paciente em sua angústia, sensibilidade para ouvir e calar
no momento certo, paciência, respeito e habilidade para manter os limites necessários
a certo tipo de paciente, como os invasivos e agressivos, assegurando o contexto da
entrevista.
Fonte: <https://franciscagonzalezr.wixsite.com/franciscagonzalezr/single-post/2015/08/08/La-labor-del-Psic%C3%B3logo/>.
Acesso em: 24/08/2020.
27
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
As técnicas de entrevistas são muitas e são destacadas por diversos autores. Ainda
conforme Dalgalarrondo (ibidem), a entrevista poderá exigir do profissional habilidade
para medir sua própria postura, se mais ativa ou passiva, mais acolhedora ou
incentivadora, enfim, isso dependerá muito:
Como foi visto, entrevistar o paciente é uma tarefa que não ruma a um objetivo único,
porém o objetivo preestabelecido é essencial para que se realize adequadamente a
entrevista. No entanto, sabemos que dentro das áreas médicas o uso da entrevista
pode ter prismas diferentes, como abordam Bertoldi, Braga e Mendes (2003, apud
NETO; GAUER; FURTADO, 2003) que definem a entrevista médica como um
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DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
A consulta inicial deve durar entre 30 minutos e uma hora, dependendo das
circunstâncias em que o paciente se apresenta no local do atendimento. As seguintes
consultas e complemento da entrevista terapêutica também variam em relação ao tempo.
É importante que o profissional esteja bastante atento, uma vez que a relação com o
tempo também revela traços importantes da personalidade do paciente, como se ele se
apresenta ansioso, chega atrasado, chega cedo demais, chama a atenção do profissional
para o término do seu horário, dentre outras. A regulação do tempo na relação clínica
entre profissional e paciente é sempre de muita relevância para o tratamento, uma
vez que o descuido do tempo em relação ao profissional pode transmitir uma ideia
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UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
Tanto as cadeiras quanto a sala devem estar preparadas para receber o paciente. As
cadeiras devem estar organizadas conforme o tipo de dinâmica a ser realizada ou o
tipo de perspectiva psicológica com a qual o profissional trabalha. Caso o setting
estabelecido para a entrevista disponha de vários ambientes para sentar-se como
cadeiras, almofadas, sofás e tapetes, o profissional escolhe o seu lugar para se sentar e
oferece ao paciente a oportunidade de escolher o lugar onde ele se sinta mais cômodo.
A decoração do ambiente
Assim como a aparência do profissional pode dizer muito dele, a aparência do ambiente
em que trabalha o psicólogo também pode induzir o paciente a recorrentes pensamentos
sobre a personalidade do psicólogo ou profissional da saúde que o atende. Todos os
aspectos ditos pessoais do profissional, tais como livros, fotografias e diplomas nas
paredes, revelam algo sobre o profissional e podem comunicar-se com o inconsciente
do paciente. Não estamos aqui discutindo sobre a impossibilidade de ter esses objetos,
mas alertando os profissionais para que fiquem atentos caso esses objetos revelem muito
de sua vida pessoal ao paciente. Caso ainda estejam trabalhando com pacientes de alta
periculosidade, ou ainda, se os objetos remetem algo ao paciente e há uma percepção
por parte do profissional, é preciso trabalhar em sessão.
Anotações
As anotações são requisições da profissão uma vez que servem como registro, e se
tornam uma obrigação moral e legal, adequadas para que se converse sobre diagnóstico,
prognóstico, tratamento, de cada paciente. Além de auxiliar o profissional, as anotações
podem resguardar não só a memória do profissional, mas também servir como proteção
em casos burocráticos, como processos.
Entrevista subsequente
Essa entrevista, que ocorre após a primeira entrevista, pode ser iniciada com o
profissional oferecendo espaço ao entrevistado ou paciente para falar sobre o que
ocorreu durante a sessão anterior, assim como, serve para retirar dúvidas da primeira
entrevista. Algo interessante que pode ser dito: geralmente as pessoas ao sair da primeira
30
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
entrevista ficam pensando em coisas que gostariam de ter dito e não disseram, ou ficam
pensando no que foi dito. O que você pensou a esse respeito? Esse procedimento ainda
é importante para manutenção do rapport, fazendo o paciente ficar mais à vontade e
sentir que há um espaço no profissional para preocupar-se com ele e seus sentimentos/
pensamentos.
O modo como a entrevista é conduzida, assim como o tipo de técnicas utilizadas dentro
de um consultório, são dependentes da formação do profissional, da linha psicológica a
qual o profissional segue. O profissional deve se preocupar com a finalidade da entrevista
e o setting. Por setting compreendemos o local onde a entrevista está sendo realizada,
que pode ser num ambiente clínico particular, ambulatorial, hospital público, hospital
privado, sala de um presídio, dentre tantas outras possibilidades.
É importante que o profissional seja capacitado e treinado para atuar junto a esse
tipo de paciente. O paciente deprimido geralmente apresenta letargia, fala pouco, tem
dificuldade para responder, apresenta-se desesperançoso e até com retardo psicomotor.
É importante que o profissional observe o paciente desde os aspectos corporais, até o
ponto de saber conduzir a entrevista de modo a mobilizar o paciente à resposta. No caso
de pacientes deprimidos, o profissional deve manter-se cuidadoso a fim de não criar
expectativas em relação à melhora, no entanto, é de grande importância nesses casos
que o psiquiatra esteja disposto a falar sobre a sintomatologia assim como a cura. Uma
vez que o profissional lida com sinceridade com o paciente, transmitindo a esperança
da cura de modo honesto e verdadeiro, o paciente com transtorno depressivo muitas
vezes se sente aliviado, por pensar que os seus sentimentos de desesperança e vazio
podem sumir.
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UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
A internação, muitas vezes, irá depender do fato de o paciente ter uma rede de apoio
bem estruturada, geralmente a família, ou cuidadores; assim como uma rede de
profissionais que o apoiem no tratamento. Em caso de tentativas, planejamento, ou
impulsividade, o paciente só poderá retornar a casa caso decida assegurar ao médico a
sua disponibilidade em manter-se vivo e telefonar em qualquer momento, caso surja a
pressão para o suicídio, assim como tentar informar aos pais/cuidadores.
O paciente violento
Esse tipo de paciente deve ser abordado com algumas técnicas e atitudes usadas com
os pacientes suicidas. É importante sinalizar ao paciente a sua capacidade para lidar
com os sentimentos violentos do paciente, e resguardar sua integridade evitando que
ele realize algum ato que possa vir a prejudicar a ele ou a terceiros. O paciente não pode
sentir que profissional não está preparado, ou que se sente desconfortável na presença
dele. Porém, parte do trabalho do profissional é ajudar o paciente a compreender que
está no controle dos seus sentimentos agressivos, garantindo a segurança dele e da outra
pessoa, demonstrando a possibilidade desse fato, mantendo também a sua integridade
mental, e não apenas física. A remoção das contenções físicas do paciente só poderá
ocorrer caso o teste de realidade do paciente não esteja comprometido, sobre isso, o
entrevistador pode abordar diretamente o paciente, expressando preocupação por sua
segurança e de outras pessoas na área.
Não se pode pensar que, porque o paciente é delirante, não se pode acessá-lo. Devemos
pensar nos delírios como estratégia de defesa e autoproteção do paciente. Embora esses
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DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Embora sejam úteis, esse tipo de entrevista pode apresentar algumas dificuldades, por
exemplo, em relação ao cônjuge, ele pode se sentir intimidado, pode se sentir identificado
com o paciente, ou pode se sentir sem força e sem esperança. Os membros da família
podem não perceber que certos tipos de informação são melhor oferecidos por um
observador do que pelo próprio paciente. Os familiares podem ser importantes porque
são mais capazes de descrever as atividades sociais do paciente, mas apenas esse pode
descrever o que está pensando ou sentindo. A entrevista com suas milhares de nuances
deve ser apropriadamente manejada pelo entrevistador, uma vez que uma entrevista
desestruturada, mal planejada ou mal realizada pode ameaçar o relacionamento entre
o paciente e o entrevistador ou profissional. Um dos aspectos mais importantes da
entrevista com a família tem a ver com o sigilo, ou seja, o paciente deve estar seguro de
que os membros da família não irão ser informados sobre qualquer tipo de comentários
discutidos nas entrevistas, a não ser questões que envolvam risco de vida a ele mesmo e
a terceiros. O mesmo deverá ser mantido com os membros da família, que irão destacar
os pontos que não devem ser revelados.
O exame do estado mental nem sempre é utilizado pelos profissionais, mas é bastante
discutido e de suma importância, desde que a Constituição Federal, em seu artigo 5o,
inciso V (BRASIL, 1988) e o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL,
1997), promulgou como prudente ao profissional liberal, ter provas documentais e
registros clínicos do estado de saúde, segundo critérios avaliativos, das pessoas que
buscam assistência profissional na área de saúde. No entanto, segundo Erné (apud
CUNHA, 2003, p. 67), “o ato de fazer ou não fazer um exame acurado poderá ter
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UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
I - Descrição geral
a - aparência;
b - comportamento e atividade psicomotora;
c - atitude acerca do examinador.
II - Humor e Afeto
a - humor;
b - afeto;
c - adequação.
III - Fala
IV - Perturbações da percepção
V - Pensamento
a - processo ou forma do pensamento;
b - conteúdo do pensamento.
VI - Sensório e cognição
a - alerta e nível da consciência;
b - orientação;
c - memória;
d - concentração;
e - pensamento abstrato;
f - fundo de informações e inteligência.
VII - Controle dos impulsos
VIII - Julgamento e insight
IX - Confiabilidade
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DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Após o EEM, os autores apresentam o “Registro Psiquiátrico” (p. 270) para que sejam
redigidos todos os tópicos do roteiro da entrevista.
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CAPÍTULO 2
Diagnóstico psicopatológico e
psicodiagnóstico
Diagnóstico psicopatológico
Trata-se de um modo de diagnosticar, a partir de sintomas e sinais, as possibilidades
patológicas de ordem mental de um sujeito. Portanto, não podemos nos esquecer dos
exames complementares, igualmente importantes para auxiliar um diagnóstico, sendo
os exames laboratoriais, neurológicos, de avaliação física e de neuroimagem.
36
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Para definir o sintoma podemos destacar como: a forma pela qual a doença se apresenta,
é a realidade aparente de uma determinada enfermidade. É a experiência sentida e
vivida pelo paciente que anuncia a ele o quanto o seu corpo está mudado, portanto,
podemos dizer que o sintoma é aquilo pertencente ao paciente a partir da percepção
e observação do seu próprio funcionamento. Ainda, segundo Martins (2003, p. 22) o
sintoma “é um acontecimento doloroso e/ou perturbador, conforme a etimologia da
palavra em grego original já apontava: acidente que cai, ocorre com (alguém)”.
Enquanto o sinal, ainda segundo Martins (2003), é aquilo que pode ser apontado pelo
outro, via de regra o clínico. A distinção entre sintoma e sinal pode então ser estabelecida
em termos daquele que aprecia e evidencia o signo clínico: o paciente, no caso do
sintoma, e o médico, no caso do sinal. A Medicina, portanto, tornou-se especialista em
identificar sinais para facilitar o diagnóstico.
Para a Psicologia não seria diferente. Os sintomas seriam, portanto, aquilo que faz
parte da vivência subjetiva relatada pelo paciente, suas queixas, narrativa, aquilo que
ele experimenta e comunica a alguém de algum modo. Já os sinais seriam verificáveis
pela observação direta do paciente, seriam os “dados elementares das doenças que são
provocados (ativamente evocados) pelo examinador” (DALGALARRONDO, 2008, p.
24).
37
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
gerais das ciências médicas, há certamente alguns aspectos particulares que devem ser
aqui apresentados:
Psicodiagnóstico
Já Dalgalarrondo (2008, p. 64) diz que “a área desenvolvida pela Psicologia Clínica,
denominada ‘psicodiagnóstico’, representa, de fato, um importante meio de auxílio ao
diagnóstico psicopatológico”. Para contribuir ainda com a compreensão desta distinção
diagnóstica destacamos Cunha (2003, p. 23) que explica:
Cunha (2003) aponta que geralmente um paciente passa por esse processo devido a
um encaminhamento, que pretende averiguar alguma característica em destaque e que
pressupõe que o paciente apresenta algum tipo de problema psicológico, a exemplo
de uma professora que indica o aluno para esse tipo de avaliação com o seguinte
questionamento: “será que meu aluno não aprende por algum tipo de problema
psicológico?”.
Para esse tipo de diagnóstico, o psicólogo poderá fazer uso das técnicas que achar
necessárias, de acordo com o objetivo do que pretende ser examinado e nesse momento
indicar o número de sessões previstas para o diagnóstico e comunicação clínica, que
nada mais é do que a devolutiva do processo realizado com comunicação verbal para
o paciente e encaminhamento de laudo ou parecer psicológico a quem encaminhou o
paciente (instituição, justiça, professor, médico etc.).
39
CAPÍTULO 3
Avaliação psicodinâmica do paciente
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DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
1. Dados históricos:
a - doença atual com atenção às ligações associativas e com os estressores do eixo IV;
b - história pregressa com ênfase sobre como o passado vem se repetindo no presente (história do desenvolvimento – evolutiva, história familiar,
formação cultural/religiosa);
2. Exame do Estado Mental:
a - orientação e percepção, cognição, afeto, ação etc.
3. Testes psicológicos projetivos;
4. Exame físico e neurológico;
5. O diagnóstico psicodinâmico:
a - diagnóstico descritivo pelo DSM-IV, interações entre os eixos I-IV, características do ego (pontos fortes e fraquezas, mecanismos de defesa e
conflitos, relação com o superego);
b - qualidade das relações objetais (relacionamentos familiares, padrões transferenciais-contratransferenciais, inferência acerca das relações objetais
internas);
c - características do self (autoestima e coesão do self, continuidade do self, fronteiras do self, relação mente/corpo);
d - formulação explicativa utilizando os dados anteriores.
6. Recursos Básicos para o Diagnóstico:
a - Entrevista Clínica;
b - História do paciente;
c - Exame do estado mental do paciente.
Sugere-se que o profissional de saúde mental deve evitar relações engessadas em que o
paciente é mero coadjuvante e se conforme em apenas responder às perguntas médicas,
pois para essa teoria o paciente deve ser um colaborador envolvido em seu processo.
Por fim podemos destacar que, dentro dessa visão, o paciente é humanizado, visto como
singular, detentor de sua própria história e sujeito do seu próprio processo de cura.
41
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
sugere ao paciente, cliente, colaborador, réu, aluno etc., a necessidade de uma avaliação
psicológica.
O médico, por exemplo, pode telefonar, dizendo que tem uma paciente
com patologia de coluna e que suspeita que os sintomas sejam, pelo
menos parcialmente, de fundo psicológico. Poderia ser indicada uma
intervenção cirúrgica, para alívio da dor e da restrição da motilidade,
mas lhe é de importância fundamental saber como a paciente reagiria
à cirurgia. Aqui por certo, temos algumas questões: Há fatores
psicológicos associados à condição médica? Como a paciente reagiria à
situação cirúrgica e à longa recuperação? Qual é o prognóstico do caso?
Delineiam-se, portanto, três objetivos para o exame. Por outro lado, as
questões colocadas pelo médico já começam a ser traduzidas em termos
psicológicos.
Deve ficar claro para o paciente que o psicodiagnóstico é um processo que leva tempo,
inclusive para comunicação do resultado. Nesse ínterim o contrato de trabalho é
apresentado. Esse informa qual é o papel do profissional quanto à realização dos exames
e procedimentos de devolutiva; fala sobre o número de sessões, a duração prevista, o
horário estabelecido para o encontro, assim como sobre a previsão ou dia exato da
devolutiva.
42
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
os relatórios são mais complexos e a confecção dos laudos mais elaborada. Estipular
um prazo maior que condiga com o tempo de trabalho do profissional é algo que pode
parecer difícil aos iniciantes.
É relevante a informação de que o contrato deve manter-se flexível, uma vez que alguns
imprevistos possam acontecer. Caso no contrato haja uma nota sobre a necessidade de
se aplicar testes extras, no decorrer do processo, o psicólogo necessita apenas informar
ao paciente; no entanto, caso na fase de levantamento de dados ele veja que é necessário
administrar mais um instrumento e não apareça no contrato, o contrato não precisa ser
refeito, apenas o profissional informa ao paciente sobre a necessidade dele submeter-se
a mais um teste, sem qualquer ônus.
Ainda, veremos que o paciente também tem a sua responsabilidade dentro do contrato,
uma delas é comparecer nos horários e dias previstos e colaborar para que o plano
de avaliação seja realizado sem problema. Nesse momento o avaliador deve abrir
espaço para que o paciente possa retirar suas dúvidas acerca do processo. Nessa fase é
importante levantar a possibilidade de que o paciente venha não apenas com dúvidas,
mas com expectativas, fantasias e temores acerca do psicodiagnóstico, portanto, cabe
ao profissional trabalhar essas questões que poderão, ainda, ajudá-lo no processo.
Plano de avaliação
O plano de avaliação deve ser traçado com o encaminhamento e o tipo de dados que
são enviados por meio dele, tendo em vista o objetivo do psicodiagnóstico. Ainda, o
profissional deve delimitar as técnicas que serão utilizadas, estabelecendo todas as
questões voltadas para aplicação dessas. Uma vez selecionadas as técnicas e os testes
psicológicos adequados e relacionados a cada caso, deve-se contar com o tempo de
administração e com as características específicas do paciente; como se pode supor, o
plano de avaliação nada mais é do que um plano que envolve a organização da bateria
de testes elegidos.
Bateria de testes
43
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
valida os dados obtidos e faz com que a avaliação se torne mais eficaz, com menos
margem de erro e menos inferência clínica. Podemos nos assegurar nas técnicas
projetivas ou técnicas psicométricas.
De um modo geral, os testes não devem ser interrompidos, por isso, é importante pensar
no tempo da aplicação dos testes. Alguns testes devem ser aplicados em sua íntegra,
outros podem ser divididos por sessões, porém, cada caso deve ser avaliado, inclusive
relacionando com os fatores ansiogênicos. A sugestão é que o avaliador no momento do
planejamento opte por intercalar testes projetivos com os psicométricos. A importância
do tempo no plano da avaliação para aplicação dos testes remete à organização da
escolha da bateria de testes, modo de aplicação e organização do profissional, uma vez
que esses fatores, se mal planejados, podem comprometer o trabalho. Ao profissional
aconselha-se que estude o material e revise os detalhes tanto para o manejo clínico na
aplicação do teste quanto para as regras de aplicação.
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DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Avaliação psicológica
45
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
I. Princípios norteadores.
III. Conceito/finalidade/estrutura.
Princípios norteadores
O psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá adotar como princípios
norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípios éticos, técnicos e científicos
da profissão.
46
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Princípios Técnicos
Modalidades de documentos
1. Declaração.
2. Atestado psicológico.
3. Relatório psicológico.
4. Laudo psicológico
5. Parecer psicológico.
Conceito/Finalidade/Estrutura
Declaração
48
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Nesse documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados
psicológicos.
Atestado psicológico
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UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
› finalidade do documento;
Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou seja, separados apenas pela
pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso, riscos de adulterações. No caso em que
seja necessária a utilização de parágrafos, o psicólogo deverá preencher esses espaços
com traços. O atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1, alínea b, deverá
guardar relatório correspondente ao processo de avaliação psicológica realizado, nos
arquivos profissionais do psicólogo, pelo prazo estipulado nesta resolução, item V.
Este documento não deve ter as sessões psicológicas descritas, salvo uma necessidade
específica; mas sim conter descrições técnicas do profissional; deve explicitar a
50
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Este tipo de relatório é uma peça técnico-científica que deve ter uma linguagem
acessível e compreensível ao destinatário, respeitando os preceitos do Código de Ética
Profissional do Psicólogo.
51
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
Laudo psicológico
A Resolução CFP Nº 06/2019 (CFP, 2019) define o laudo como um documento, derivado
da avaliação psicológica, que descreve um estado emocional e/ ou uma conjuntura
psicológica, considerando as condições culturais, sociais, históricas e políticas de um
indivíduo ou grupo de pessoas.
52
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Essa resolução ressalta que a elaboração do laudo deve estar pautada em informações
adquiridas e analisadas por meio de métodos, procedimentos e técnicas consagradas na
psicologia, assim como todo documento produzido pelo psicólogo.
É dado ao profissional o direito de ressaltar ao final do laudo que o mesmo não poderá
ser utilizado para fins diferentes dos destacados no item identificação, que o mesmo é
de caráter sigiloso, e que se trata de documento extrajudicial, uma vez que não será de
responsabilidade do profissional psicólogo o uso dado ao laudo após a sua entrega em
entrevista devolutiva.
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UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
Parecer psicológico
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DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Existe no meio eletrônico virtual um site, o SATEPSI4, que nos orienta quanto às
avaliações psicológicas válidas na atualidade. O SATEPSI é o sistema de avaliação
55
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
A Lei no 4119/1962, Art. 13, § 1o caracteriza que o psicólogo poderá utilizar métodos e
técnicas psicológicas com os seguintes objetivos: diagnóstico psicológico, orientação e
seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento.
A Resolução CFP no 2/2003, em seu Art. 3o, definiu os requisitos mínimos que os
instrumentos devem possuir para serem reconhecidos como testes psicológicos.
56
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
A avaliação psicológica pode ser demandada, ainda, para o porte de arma de fogo,
elaboração de documentos psicológicos ou retirada de carteira de motorista que se
trataria de uma avaliação psicológica no trânsito. Todas essas técnicas são individuais,
uma vez que dependem da singularidade de cada caso para a organização da bateria de
testes envolvidos.
57
FUNÇÕES
PSÍQUICAS UNIDADE III
ALTERADAS
Figura 11. Mentes alteradas.
É imprescindível que estejamos alertas para a forma didática deste conteúdo. Aqui
apresentaremos as funções psíquicas isoladamente, mas como vimos, o sujeito que
sofre alterações mentais deverá sempre ser visto como uma pessoa em sua totalidade,
ou seja, além dos transtornos apresentados.
58
CAPÍTULO 1
As funções psíquicas no EEM
As funções alteradas, ou tidas como perturbadas, podem fazer com que transtornos
subjacentes sejam observados. Esses podem ser ligados à personalidade por completo ou
atingir parte de sua estrutura, de modo a comprometer o sujeito e o seu comportamento
ou forma de existir.
Quando lidamos com transtornos psiquiátricos, não devemos focar apenas nos
sintomas, mas no significado que eles dão ao fenômeno psíquico que se apresenta,
ou seja, os sintomas que compõem o transtorno se apresentam ligados de modo
estrutural, revelando uma síndrome. Síndrome, conforme APA (2003), é um padrão
comportamental ou psicológico clinicamente importante, que ocorre num indivíduo
e está associado com o sofrimento (sintoma doloroso) ou incapacitação (prejuízo de
uma ou mais áreas importantes do funcionamento) ou com um risco significativamente
aumentado de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade.
59
UNIDADE III │ FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS
I – Descrição geral
Apresentação e comportamento
Cuidados pessoais, higiene, postura, mímica, atitude (atitude em relação ao entrevistador).
II – Humor e Afeto
Humor
Definido como uma emoção abrangente e constante, que colore a percepção que a pessoa tem do mundo.
Verificar se o paciente fala voluntariamente sobre seus sentimentos ou se é necessário indagar como se sente.
Pode ser: deprimido, desesperançado, irritável, ansioso, irado, orgulhoso, culpado, expansivo, eufórico, vazio, culpado, perplexo, fútil, autodenegridor,
amedrontado e atordoado.
Afeto
Definido como a expressão externa da resposta emocional do paciente, é o que o examinador observa como expressão fácil do paciente, incluindo a
quantidade e amplitude do comportamento expressivo.
Pode ser: normal, constrito, embotado ou plano.
» normal: variação na expressão facial, tom de voz, uso das mãos e movimentos corporais;
» constrito: clara redução na variação e intensidade de expressões;
» embotado: a expressão emocional é ainda mais reduzida;
» plano: não se encontra qualquer expressão afetiva, a voz é monótona e o rosto apresenta-se imóvel.
Adequação
A adequação das respostas emocionais do paciente pode ser considerada no contexto do assunto que está sendo discutido. Por exemplo: os pacientes
esquizofrênicos que descrevem um delírio de perseguição devem estar zangados ou amedrontados com as experiências que acreditam vivenciar. Ou
seja, não há presença de “afeto inadequado” nesse contexto de delírio.
III – Fala
Descrição das características físicas da fala em termos de sua quantidade, velocidade de produção e qualidade.
O paciente pode ser descrito como: tagarela, volúvel, taciturno, contido, normalmente responsivo.
A fala pode ser: rápida, lenta, pressionada, hesitante, emotiva, dramática, monótona, alta, sussurrada, arrastada ou confusa.
Gagueira ou ritmos incomuns (chamados de disprosódia) e qualquer tipo de sotaque devem ser notados.
IV – Perturbações da percepção
São definidas como alucinações ou ilusões, podem ser experimentadas com relação a si mesmo ou ao ambiente. O sistema sensorial envolvido
(auditivo, olfatório, visual, tátil) e o conteúdo da experiência alucinatória devem ser descritos.
Verificar se ocorrem em situações estressoras.
V – Pensamento
É dividido em processo (ou forma) e conteúdo.
Os elementos que constituem o pensamento são: os conceitos, o juízo e o raciocínio.
O processo de pensar tem como aspectos o curso do pensamento (modo como o pensamento flui, velocidade e ritmo), forma do pensamento
(estrutura, arquitetura) e conteúdo (temas, assunto).
O pensamento lógico segue os princípios filosóficos da lógica:
1 - Princípio da identidade: se A é A; e B é B: logo, A não pode ser B.
2 - Princípio da causalidade: se A é cauda de B, portanto A não pode ser ao mesmo tempo efeito de B.
3 - Princípio da relação da parte e do todo: se A é parte de B, então B não pode ser parte de A.
Alteração de tipos de pensamento
Pensamento mágico; pensamento concreto; pensamento inibido; pensamento vago; ideias prevalentes; pensamento prolixo; tangencialidade;
circunstancialidade; pensamento deficitário; pensamento desagregado; pensamento obsessivo; bloqueio de pensamento; roubo de pensamento.
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FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
Conteúdo do pensamento
Conteúdo: refere-se ao que uma pessoa está realmente pensando, suas ideias, crenças, preocupações e obsessões.
As perturbações no conteúdo incluem delírios, preocupações (que podem envolver a doença do paciente), obsessões, compulsões, fobias, planos,
intenções, ideias recorrentes sobre suicídio ou homicídio, sintomas hipocondríacos, anseios antissociais específicos.
Em caso de ideação suicida o profissional deve sempre fazer perguntas, tais como: “tem pensamentos de causar danos a si ou a outros?”, “existe um
plano?”.
VI – Sensório e Cognição
Tem como objetivo avaliar as funções cerebrais e a inteligência do paciente, a capacidade para o pensamento abstrato e o nível de insight e julgamento.
O MEEM (Mini Exame do Estado Mental) é um instrumento que visa avaliar, grosso modo, o funcionamento cognitivo. Avalia memória, orientação,
cálculos, leitura, capacidade escrita, habilidade viso-espacial e linguagem.
Alerta e nível de consciência
As perturbações de consciência geralmente indicam dano cerebral orgânico.
Lucidez de consciência é a iluminação dos conteúdos mentais. Os processos psíquicos são experimentados com suficiente intensidade, estímulos são
adequadamente apreendidos, conteúdos mentais tem nitidez. Campo de consciência é a quantidade de conteúdos abrangidos.
» Alteração, obnubilação ou turvação da consciência: é a redução de todas as funções psíquicas. Letargia, sonolência, diminuição global da atenção,
confusão (instabilidade, desorientação, alteração da sensopercepção).
» Estupor: paciente só desperta por estímulo.
» Coma: ausência de reação a estímulos.
Orientação
É a capacidade de se situar em relação a si mesmo e ao ambiente. É resultado de diversas funções psíquicas (percepção, atenção, memória,
pensamento, inteligência, afeto).
» Orientação autopsíquica (consciência de eu): nome, idade, nacionalidade, profissão.
» Orientação alopsíquica: tempo e espaço (referente ao mundo externo), tais como, hora, manhã, tarde, dia, mês, ano, estação, local, cidade, país.
Alteração quantitativa
» Desorientação confusional: relacionada ao rebaixamento de consciência.
» Desorientação amnésica: relacionada a prejuízo da memória.
» Desorientação apática: relacionada a prejuízo do afeto e vontade.
» Desorientação delirante: síndrome de Capgras (não reconhece familiar ou amigo, acredita ter sido trocado por um sósia).
61
UNIDADE III │ FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS
Alteração qualitativa
» Falsa-orientação confuso-oniroide: delirium.
» Falsa-orientação paramnésica: fabulação.
» Falsa-orientação delirante: identifica incorretamente familiar como um estranho, reconhecendo que é fisicamente diferente.
» Falsa-orientação por estreitamento de consciência.
Memória
É a capacidade de registrar (fixação), manter (retenção) e evocar fatos já ocorridos. A capacidade de memorizar relaciona-se com o nível de
consciência, com a atenção e o interesse afetivo.
» Memória imediata: capacidade de reter o material imediatamente após percebido.
» Memória de curto prazo ou recente: capacidade de reter a informação por um curto período de tempo.
» Memória de longo prazo ou remota: capacidade evocação de informações e acontecimentos ocorridos no passado.
» Memória explícita ou declarante: memória consciente e voluntária referente a pessoas e eventos autobiográficos e a conhecimentos factuais (lobo
temporal/hipocampo).
» Memória implícita ou de procedimento: memória automática ou reflexa de ações motoras ou desempenho de atividades.
» Memória de trabalho ou executiva: capacidade de reter, mantendo ativas as informações durante um curto período de tempo e poder manipular tais
informações a fim de realizar uma tarefa.
» Memória episódica: eventos.
» Memória semântica: palavras e seu significado.
Concentração e atenção
A concentração pode estar prejudicada por várias razões, como: doença cerebral orgânica, ansiedade, depressão e estímulos internos (alucinação
auditiva).
É o processo por meio do qual a consciência é direcionada para determinado estímulo. Influenciada pelo interesse (vontade, afeto) e depende da
lucidez.
» Tenacidade ou atenção voluntária: é a capacidade de concentração, de fixar-se em certos temas.
» Vigilância ou atenção espontânea: é a mobilidade, a capacidade de mudar o foco de atenção de um tema para outro.
Alterações:
» Hipoprosexia: diminuição global da atenção.
» Hipertenacidade e hipomodulação.
» Hipotenacidade e hipermodulação (distratibilidade, labilidade de atenção).
Fonte: Adaptação feita pela autora a partir do esboço do EEM (KAPLAN, 1997); do quadro da Dra. Carla F. Zambaldi, postado
em: <http://pt.scribd.com/doc/47867973/Exame-psiquico> e do DMV-IV (APA, 2003).
62
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
63
CAPÍTULO 2
Semiologia médica e estudo dos
sintomas e sinais nas síndromes
Foi nos anos 1960 que o novo pensamento semiológico de percepção da linguística no
contexto de uma linguagem verbal para comunicação não verbal, cultural e textual se
expandiu da França para o resto da Europa e América Latina, chamada semiologia da
significação para o estudo de signos e sinais não intencionais na natureza e na cultura.
Surgiu extrapolando o pensamento inicial de Saussure de que a linguística trabalhava
somente com uma semiologia no campo de pesquisa relacionada aos códigos de signos
arbitrários, como os códigos de marinha, jogos de carta, sinais de trânsito. Já no século
64
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
Martins (2003) nos traz uma elucidação bastante interessante sobre semiologia médica,
ele diz que uma febre, por exemplo, quando vista como fenômeno físico, é investigada
pela semiologia médica com um sentido não necessariamente convencionado por um
grupo social. Porém, o autor lembra que não podemos observar os fenômenos como
sendo de um único sentido. Por exemplo, a febre em si não deveria ser vista como o
signo anormal, e isso na semiologia médica costuma ocorrer. Quando pensamos na
palavra “febre” podemos obter dela o sentido que produz o fenômeno de significação
entre aquele que fala sobre a sensação provocada (pela febre) e aquele que escuta a
febre como um signo provocador de algum tipo de enfermidade.
O dinamismo, hoje, que deveria ocorrer na semiologia médica, nos faz enxergar a
importância de não simplificarmos o entendimento dos signos na área da saúde, uma
vez que a comunicação dos sintomas e sinais deve ser vista como uma atividade. Essa
atividade que não é apenas semiótica ou semiológica, mas também, hermenêutica,
relaciona-se ao sujeito enquanto ser global, parte de um processo dicotômico entre
natureza e cultura que deve ser compreendido.
Esse duplo que vemos reflete a experiência sentida do paciente, que não pode ser
substituída por um discurso que desconsidera a realidade do seu sofrimento e da
existência das doenças; assim como, o fato de que a ciência e o saber médico se fazem
por meio da linguagem, e por isso, não é possível que permitamos a existência de uma
observação pura e naturalista, separadas da evidência de que o observador/médico é
um ser humano e, igualmente, portador de sentido linguagem e desejos.
Destarte, evidenciamos que a dicotomia existente entre o natural e o humano deve ser
relativizada, uma vez que a semiologia médica merece ser mais do que repertórios de
sinais, sintomas e síndromes. “Em um sentido estrito, os signos da semiologia médica
clássica, tal como eles foram concebidos, são signos naturais, pertencendo, enquanto
face não elaborada pelo espírito, à ordem dos fenômenos”. (Id Ibdem, p. 18)
65
UNIDADE III │ FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS
Após sabermos que os sintomas e sinais são os fatores formadores dos processos
patológicos, iremos verificar que os aspectos da manifestação de uma doença derivam
diretamente de um processo que os autores chamam de base, ou seja, eles têm um
fundo, um estímulo ou um aporte que os revelam em determinados momentos da
vida do sujeito. Para esclarecer esse assunto, o psicopatólogo alemão Karl Birnbaum
(1878-1950, apud DALGALARRONDO, 2008, p. 295) propõe que as manifestações das
doenças mentais se dão a partir de três fatores:
Contudo, deve-se mencionar que as distintas relações entre história de vida, eventos
vitais, projeto existencial, fatores predisponentes e precipitantes estão relacionados
com o surgimento dos transtornos mentais e se articulam ao longo da vida juntamente
com o conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
66
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
Sabendo que, quando tratamos de transtorno mental, estamos lidando com um conjunto
de fatores denominados transtorno ou distúrbio de ordem médica e que podem estar
no quadro das doenças mentais, psíquicas ou psiquiátricas. Os transtornos fazem parte
de uma classificação utilizada para descrever anormalidades de toda ordem, sofrimento
ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental. Esse campo do conhecimento
é utilizado por diversas áreas para descrever os comportamentos tidos como anormais
do homem. E, portanto, as classificações diagnósticas mais conhecidas no trabalho da
saúde mental e no serviço de saúde são: o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais) e o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças).
67
CAPÍTULO 3
Transtornos psiquiátricos
No entanto, na clínica dos transtornos mentais devemos avaliar também outro conceito
de crise, que se refere a um “período de inconsistência nos padrões de comportamento
é mais extenso que o usual e, quando um equilíbrio é finalmente conseguido, o novo
padrão pode diferir significativamente do anterior.” (CAPLAN, 1964. p. 52). Os
pacientes psiquiátricos podem apresentar durante alguns períodos comportamentos
desajustados que podem levá-los a progredir em termos da doença mental. Ou seja,
é após a crise que a doença mental pode aparecer ou seguir com mais força. Menos
comum, mas existente, a trajetória da crise pode descender com a experiência bem-
68
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
Por relevância clínica o manual entende que alguns critérios que definem gravidade dos
transtornos não podem ser especificados, por isso, outros fatores devem ser levados em
conta no diagnóstico. A relevância se encontra após vários fatores terem sido avaliados
pelo profissional, o mesmo compreende que o sofrimento causa “perturbação ou
sofrimento clinicamente significativo uma vez que causa prejuízo ao paciente, tanto no
funcionamento social quanto no profissional”. (Ibdem, p. 21)
69
UNIDADE III │ FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS
DSM-IV-TR DSM-5
» Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou » Transtorno do Neurodesenvolvimento.
Adolescência.
» Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos.
» Delirium, Demência, Transtorno Amnéstico e outros Transtornos Cognitivos.
» Transtorno Bipolar e Outros transtornos Relacionados.
» Transtornos Mentais Causados por uma Condição Médica Geral Não
» Transtornos Depressivos.
Classificados em Outro Local.
» Transtornos de Ansiedade.
» Transtornos Relacionados a Substâncias.
» Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Outros Transtornos Relacionados.
» Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos.
» Trauma e Transtornos Relacionados ao Estresse.
» Transtornos de Humor.
» Transtornos Dissociativos.
» Transtornos de Ansiedade.
» Sintomas Somáticos e Outros Transtornos Relacionados.
» Transtornos Somatoformes.
» Alimentação e Transtornos Alimentares.
» Transtornos Factícios.
» Transtornos da Excreção.
» Transtornos Dissociativos.
» Transtorno do Sono-Vigília.
» Transtornos Sexuais e da Identidade de Gênero.
» Disfunções Sexuais.
» Transtornos da Alimentação.
» Disforia do Gênero.
» Transtornos do Sono.
» Transtornos Disruptivo, Controle dos Impulsos e Conduta.
» Transtorno do Controle dos Impulsos Não Classificados em Outro Local.
» Transtornos Relacionados a Substância e Adição.
» Transtorno de Adaptação.
» Transtornos Neurocognitivos.
» Transtorno da Personalidade.
» Transtornos de Personalidade.
» Outras Condições que Podem ser Foco de Atenção Clínica.
» Transtornos Parafílicos.
» Outros Transtornos Mentais.
» Transtornos do Movimento Induzidos por Medicamentos.
» Outros Efeitos Adversos de Medicamentos.
» Outras Condições que podem ser Foco de Atenção Clínica.
Transtornos do Neurodesenvolvimento
Muitos conceitos foram mudados nessa nova estruturação do DSM-5, por exemplo,
o déficit intelectual substitui o termo anteriormente utilizado de retardo mental; os
transtornos da comunicação se caracterizam por deficiências da fala, da linguagem
ou da comunicação. Uma nova categoria do Transtorno do Espectro Autista divide as
70
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
Transtornos Depressivos
Transtornos de Ansiedade
71
UNIDADE III │ FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS
Transtornos Dissociativos
72
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS │ UNIDADE III
Transtornos da Personalidade
Tendo em vista que pudemos relembrar boa parte dos transtornos psicológicos,
podemos nos situar em um tema mais profundo e complexo e que exigirá uma certa
dinâmica para um diagnóstico inicial.
73
CRISE, MORTE POR UNIDADE IV
SUICÍDIO E LUTO
CAPÍTULO 1
Compreendendo a Crise e o Suicídio
nos Transtornos Mentais
No entanto, para nenhum modelo diríamos certo ou errado. Isso posto, no que tange à
psicopatologia, vamos especificar modelos claros que nos permitam trabalhar em um
sentido humanístico e resolutivo, ou seja, um modelo que nos permita atitude proativa.
74
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Um conceito que não está mal e nos ajuda a identificar, em alguns de nossos pacientes
com psicopatologias, aspectos correlacionais aos aqui levantados. Mas na clínica dos
transtornos mentais graves poderíamos atentar também ao conceito trazido por Tavares
(2004, p. 2), que conceitua crise no sentido psicológico. Para ele a crise:
É muito comum na prática clínica, quando lidamos com pacientes de alta gravidade,
com transtornos depressivos graves, pacientes com transtornos de personalidade –
enfim, pacientes sem recursos atuais para lidar com a forte pressão que as demandas
decorrentes dos conflitos internos o fazem sofrer – nos depararmos com esse modelo de
crise. Em que o paciente chega sem nenhum tipo de resolução de conflitos, chega sem
recursos internos e exaurido pelas fortes pressões, as quais tem suportado em nome de
sua integridade.
O termo crise, ainda, pode nos remeter “ao estado de reação de um indivíduo que se
encontra em uma situação de perigo”. Segundo Davanloo (1986), as palavras crise e
stress normalmente são usadas indistintamente, talvez porque se pensarmos em stress
como uma situação mobilizadora, possamos lembrar de um caminho que leva à crise.
75
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
desenvolvimento do conceito de crise emocional, que mais tarde foi desenvolvido por
Caplan, Sifneos, e muitos outros.
Mas um fator muito importante a ser destacado é que nem todas as pessoas que
enfrentam a mesma situação de perigo entrarão em um estado de crise. Existem,
portanto, acontecimentos comuns de perigo, como perda por morte e as sequelas
causadas pela dor e desolação, que vão induzir praticamente todas as pessoas a um
estado de crise, bem ou mal adaptadas.
76
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
É nesse entendimento que Simon (1989, p. 59) trata como ponto central da crise o
momento em que o paciente se vê em frente a uma situação nova e transformadora, que
exige uma estruturação dinâmica de aspectos que concernem às emoções e ao modo
como ele poderá conduzir seu processo criativo. Nesse sentido a “habilidade eficaz
para resolver problemas” não se justifica com ensino-aprendizagem, mas com uma
concepção que justifica a experiência humana sentida, vivenciada unicamente pelo
sujeito que sofre ou experimenta a vivência da crise, no âmbito afetivo.
A avaliação do estresse na teoria da crise tem sido estudada para que pudéssemos
observar o desenvolvimento que repercute no campo da prevenção da saúde mental.
Parkers (1998), observando e acompanhando o trabalho de Caplan em Havard, passou
a utilizar o termo crise na tentativa de compreender diferenciação das situações
importantes de estresse corriqueiras na vida de um ser humano e no luto. Para ele,
embora as crises no luto fossem limitadas, poderiam por algum motivo colocar em risco
a saúde mental do sujeito.
A crise, ou episódio momentâneo pelo qual passa o sujeito, pode alterar o modo
comportamental da pessoa envolvida ao ponto da necessidade de um planejamento
de tratamento psicológico engajado e que requeira tempo e comprometimento. O
lado positivo da crise seria o fato de promover mudança estrutural no sujeito, a fim
de orientá-lo a abandonar velhas concepções construídas durante a vida e reconstruir
novas modelagens que irão formular uma nova estruturação psíquica.
77
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
O objetivo principal da prevenção das crises por perda seria ajudar o sujeito a aceitá-las,
resignar-se à frustração, lidar com a depressão e a culpa, além de estimulá-lo a retomar o
interesse pelo universo pessoal. Já nas crises por aquisição, ajudar o indivíduo a aceitar
o ganho, controlar a voracidade moderando a ambição, ampliar o universo pessoal
tanto quanto possível, de acordo com a sua capacidade, condições ambientais e ainda
se o aumento do universo pessoal provocar crise por aquisição de responsabilidade,
acima da capacidade real do sujeito em assumir a demanda.
Devemos entender, a partir da conceituação exposta por esses autores, que a crise deve
ser percebida como um processo pelo qual passa o ser humano em alguma etapa de sua
vida. Essa pode ser bem adaptada ou mal adaptada, ou seja, o modo como essa crise
irá encerrar-se pode ser positivo ou negativo, levando o sujeito ao desenvolvimento e
amadurecimento ou a um período de vulnerabilidade e adoecimento.
78
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Nossa própria morte não nos pode ser representada, e quanto mais
tentarmos representá-la, mais observaremos que, na realidade,
continuaremos apenas como espectadores. (FREUD, 1915)
No contexto da crise, adentrar na morte por suicídio pode ser sentido como um
pensamento aterrorizador, pois esse tipo de morte, além de não estar dentro dos
padrões sociais, de não fazer parte de uma morte natural, é um momento sentido, em
sua grande maioria, como um final dramático e perturbador. Perder uma avó por morte
natural, por exemplo, pode causar um impacto totalmente diferente do que perder
alguém próximo por suicídio.
79
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
A dor de perder alguém por suicídio é uma dor que pode ser considerada intolerável no
primeiro momento, uma dor que vem sobrecarregada de muito sofrimento e fantasias,
além de nos colocar diante da nossa própria fragilidade. A tomada da consciência da
nossa própria fragilidade nos assola como seres humanos em vários momentos da vida,
seja ela num momento de perda trágica ou não, seja na perda de um padrão de vida
idealizado, na perda do emprego, na perda da pessoa amada, na perda de uma fase da
vida.
Falar sobre emergência psiquiátrica infantil é um assunto que não vemos com
muita constância. Normalmente são os pais quem deliberam a situação de
crise ou de vivência de crise dos seus filhos, e a partir daí procuram ajuda. As
alterações psicológicas encontradas em crianças se apresentam paulatinamente
no transcurso do desenvolvimento da vida dessa criança.
80
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Fonte: http://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/revisoes/5743/emergencias_psiquiatricas_em_criancas_e_adolescentes.
htm. Acesso em: 24/08/2020.
Levy (1978 apud KOVÁCS, 1992, p. 172) surgiu com a etimologia da palavra suicídio,
que vem do prefixo sui [de si mesmo] e caedes [ação de matar]. Foi em 1778 que a
palavra suicídio, significando matar a si mesmo, foi incluída no dicionário da língua
francesa. Embora a palavra tenha um significado claro, os aspectos que rodeiam as
variáveis sociais e motivacionais não fazem do termo algo simples de ser discutido.
81
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
Diferentemente da tentativa que seria o ato assim definido, mas interrompido antes de
resultar em morte (NUNES apud WERLANG, BOTEGA et al., 2004). No entanto, essa
última característica da tentativa de suicídio seria chamada de comportamento suicida
na atualidade.
Não é tão comum que pessoas na tentativa de se suicidarem sejam salvas por terceiros,
e por fim, acabam por deparar-se com a contradição dos seus sentimentos. Uma vez
que o fato de querer acabar com a angústia predominantemente devastadora é o que
leva à tentativa. Perceber-se em situação de controle, quando medicada e atendida por
uma equipe multidisciplinar de atenção, além de outros fatores, pode reduzir a pressão
para o desejo de morte.
82
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
“Para a faixa etária de 15 aos 29 anos, apenas acidentes de trânsito matam mais. E se
você analisar as diferenças de gênero, o suicídio é a causa primária de mortes para
mulheres nesse grupo”, diz Alexandra Fleischmann, especialista da OMS, à BBC (apud
WERLANG; BOTEGA et al., 2004, p. 67).
Ainda segundo os autores, para trabalhar com prevenção do suicídio dentro dessa
perspectiva, é preciso:
83
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
O apontamento trazido por Menninger (1970, p. 36, apud CUNHA, 2003, p. 324)
também justifica o pensamento freudiano sobre o suicídio como uma tentativa do
ego em se ajustar às exigências do superego e aplacar a severidade: “quem alimenta
desejos homicidas sente também, pelo menos inconscientemente, a necessidade de
uma punição da espécie correspondente”. Nesse comentário, Freud pretende dizer que
“muitos dos suicídios são homicídios disfarçados, não apenas devido à introdução, mas
também porque só o homicídio justifica no inconsciente a pena de morte, mesmo que
quando ambos são aplicados ao eu”. Já Shneidman (1975, p. 1774 apud OLIVEIRA,
2006) elucida que explicações corroboram com as teorias do suicídio e permanecem
desde a época de Freud até Menninger nos anos 1970.
A respeito do quantum da consciência que está sobre os atos suicidas, Shneidman afirma
que, embora não se saiba por que seres humanos tiram a sua própria vida, é possível que
mesmo uma pessoa que atenta contra si não reconhece a fundo os complexos motivos
que a levaram à autodestruição.
84
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Podemos ver que o suicídio não é um ato que acontece sem algum tipo de premeditação,
sem intencionalidade, ao contrário, é um fenômeno vivenciado como a resposta
encontrada pelo indivíduo que sofre na intenção de escapar da dor psicológica
devastadora.
Foi a partir do estudo desse fenômeno que se percebeu que o suicídio sempre vem
antecedido por sinais verbais ou comportamentais que indicam um sentimento de
desesperança e desejo de morte. Estudiosos descobriram que não apenas o sujeito que
sofre se apresenta enredado numa complexa dinâmica de sofrimento, mas também
toda a família. Parece que o sofrimento mental não só atinge, como também pode
mobilizar, ou partir das relações familiares disfuncionais. Dessa forma, a fuga dos
intensos momentos de dor e sofrimento psicológicos de grande intensidade resulta em
suicido, homicídio ou psicose (SHNEIDMAN, 1992, apud WERLANG, BOTEGA et al.,
2004, pp. 84-85).
Quando lidamos com pacientes que tentaram o suicídio, devemos nos preocupar com o
tipo de avaliação que iremos realizar e no modo como iremos lidar com esse sujeito que
padece de grande sofrimento.
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UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
» ameaça suicida;
86
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Fonte: Beck; Resnik; Lettieri, 1974, apud Werlang; Botega et al., 2004, p. 125.
87
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
Voltando um pouco mais ao momento em que nos deparamos com o paciente com
tentativa suicida no ato da entrevista – fase inicial da avaliação – devemos nos voltar
ao paciente com atenção, ouvindo e estando atentos aos pormenores, sem demonstrar
piedade, nem tampouco rispidez ou fazer julgamentos, mas manter uma postura
profissional que lhe permita fazer as perguntas de forma adequada. Esse processo
requer treino do profissional, pois não é um papel fácil. Por isso, capacitar-se no trabalho
com pacientes em crise e com risco de suicídio é fundamental na área da saúde para a
manutenção do paciente em busca de tratamento.
88
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
conflitos e suas dores, com preocupação e atos de acolhimento que farão o paciente
sentir-se cuidado e protegido, mesmo que seja de seus próprios impulsos.
Prevenção do suicídio
» doença psiquiátrica;
» alcoolismo;
» ansiedade ou pânico;
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UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
» carta de despedida;
» doença física;
90
CAPÍTULO 2
Falando de luto e morte
Quando nos deparamos com a situação de uma morte por suicídio começamos a nos
questionar, ficamos a buscar a razão, e nos sentimos tocados na nossa impotência,
na nossa incapacidade de perceber a dor alheia, de acolher a dor que poderia ter sido
amenizada. É quando vem a culpa. O pesar pelas mortes trágicas invade e não sabemos
o quê. Toca-nos a alma? Mexe com o nosso próprio desejo de viver? É a morte que
nos invade? É o que penso sobre a dor do outro que me atormenta? É uma espécie de
introjeção ou identificação dos sentimentos ou pensamentos alheios que me invade?
A morte é um fenômeno conhecido por nós desde a infância. Aprendemos mais sobre a
morte a partir da morte simbólica de objetos perdidos (inconscientemente), ou ainda,
com a morte de pequenos objetos – situações que vão ocorrendo no desenvolvimento.
Uma criança, por exemplo, pode ter aprendido sobre a morte quando percebeu que seu
único peixe do aquário já não mais nadava; recebendo a partir daí algum significativo
conceito de morte. Alguns autores deliberam que bebês podem sentir a morte quando
no processo de separação da mãe, no entanto, essa morte não é reconhecida mais
adiante. Uma criança em série escolar pode perguntar aos pais o que é morrer, uma vez
que a professora da sala ao lado morreu no dia anterior.
Falar sobre morte sempre foi algo que demandou muito do ser humano, pois requer um
significativo número de palavras utilizadas para expressar o inexprimível. Klüber-Ross
(2005) aborda os aspectos da morte desde o início da civilização humana e lembra que
a morte era muito mais evidente nos tempos passados, com as devastadoras epidemias,
moléstias infecciosas, com medicina arcaica, e em seu estado inicial, com as causas de
91
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
guerras e tantos outros fatores que faziam com que nos deparássemos com a morte a
todo tempo.
O conhecimento da morte passa por várias etapas: quando crianças a etapa do medo, de
ter desejado a morte de um ente querido pode suplantar a superação e desencadear uma
crise duradoura ou não; quando crescemos e percebemos que a nossa finitude é algo
real e palpável paramos de sentir culpa diante do desejo e nos apegamos à realidade de
uma morte natural que respeite os projetos de vida e a nossa velhice.
Sobre a morte podemos agregar então o que é cultural, o que depende da sociedade que
estamos. A morte pode ser vista como tabu, ou como realidade. Como tabu a morte é
algo do aspecto natural e que não deve ser comentada; pode ser vista também como
fenômeno decrescente, uma vez que é possível de ser evitada com o crescimento dos
recursos tecnológicos e medicinais; ou ainda pelo lado oposto que atenta à realidade,
pois a morte está à espreita, uma vez que o número da população cresceu, assim como
o número dos perigos provenientes dela. (Ibidem, 2005).
Não existe amor sem perda. E não existe a superação da perda sem
alguma experiência de luto. Não ser capaz de vivenciá-la é ser incapaz
de entrar no grande ciclo de vida humano de morte e renascimento –
ser incapaz, isto é, de viver novamente. (LIFTON, 1975 p. 7)
Vejamos agora no ano de 2020, com a pandemia mundial (COVID-19) que aflige a
vida de todos nós seres humanos, cada um sendo afetado pelo medo, confundido pelo
instinto de proteção, de sobrevivência e de alguma forma sendo tocado pelo pensamento
de morte. Werlang, Botega et al. (2004) comentam que a morte é um evento que
encerra o processo de vida de uma pessoa, mas que não é a morte propriamente dita
que amedronta o ser humano, mas sim a sua caracterização, o modo de morte. A causa
de morte também é um ponto que preocupa o homem, pois a causa pode ser fruto
tanto das ações humanas provocadas intencionalmente ou não, como causas externas –
acidentes, guerras processos naturais e doença –, que de um modo evitável ou inevitável,
desprevenido, desavisado, levam do sujeito toda uma vida.
92
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Como vimos, a reação à morte depende da cultura e do contexto, uma vez que ela pode
ser considerada como oportuna ou inoportuna. A morte oportuna se refere àquela morte
em que o tempo de vida foi realmente longo e já se esperava, pois a pessoa estava no
final da vida, houve a completude do ciclo de vida vital. Já a morte inoportuna refere-
se à morte prematura: a morte de um jovem, a morte súbita ou inesperada, a morte
acidental, catastrófica, violenta, ou vista como absurda. Do ponto de vista psicológico a
morte tem múltiplos significados que não nos cabe tratar aqui, mas que são importantes
no estudo da Tanatologia.
Lindermann (1945, apud PARKES, 1998) pesquisava acerca dos efeitos que o luto teria
sobre a saúde, uma vez que algumas doenças físicas e mentais estavam sendo atribuídas à
experiência de perda. Dessa forma era extremamente importante distinguir os sintomas
físicos e psicológicos que sustentassem a hipótese de que os sintomas apresentados
estavam relacionados aos pacientes enlutados.
Ninguém me havia dito que o luto se parecia com medo. Eu não estou
com medo, mas é como se estivesse. A mesma agitação no estômago, a
mesma inquietação, o bocejo. Estou sempre engolindo. (LEWIS, 1961)
9 Para que não nos vejamos confusos, vamos falar dos estágios do luto para os pacientes que vivenciam estados de sofrimento
com a iminência da morte, e àqueles cuja perda de um familiar próximo está causando sofrimento.
93
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
A pessoa adoentada ou a pessoa embotada se põe numa redoma cada vez mais densa, e
essa atitude pode ser sustentada pelos familiares que se negam a problematizar ainda
mais o momento de vida, e se afastam. Desse modo, a raiva parece fazer sentido dentro
da fantasia do paciente e só tende a crescer.
O familiar ainda pode imbuir-se de culpa ou se sentir humilhado e aos poucos ir desistindo
do paciente em vivência de luto. Nesse caso, é possível perceber que o paciente, quando
compreendido e respeitado, cujas atenções são dispensadas ao logo do tempo a ele,
sem cobrança ou ataque, se sentirá mais apto a controlar suas emoções, sabendo que os
sentimentos liberados não irão resolver os seus problemas, não farão com que a fantasia
94
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
de que ele não é tão amado se concretize, nem tampouco irão resolver a situação do seu
luto. É por isso que valorizar o humano que existe nele a partir da visita, e do cuidado
do outro, faz com que ele atue em níveis mais baixos de explosões temperamentais.
Nesse contexto é interessante que, uma vez que não analisemos o motivo da raiva do
paciente, nós possamos assumi-la em termos reais. A origem de raiva tem fundamento
e não deve ser reivindicada, pois, reagindo a essa raiva, tanto a família, quanto os
cuidadores ou equipe de saúde pode retroalimentar o comportamento hostil do paciente,
dificultando a remissão do sintoma.
O quarto estágio, o da depressão, não é difícil de compreender, uma vez que várias
situações como embotamento do sujeito, isolamento, dormir mais, falar menos,
e outros comportamentos diferentes que parecem estar levando o paciente a um
comprometimento em termos de comportamento e sensações que remetem à depressão.
Se falarmos na depressão de um paciente adoentado com morte iminente, devemos
compreender sua incapacidade diante das situações que ele deveria resolver antes de
sua morte. Em casos como esse, ajudar o paciente a descobrir pessoas ou até mesmo
utilizar a equipe para ajudá-lo a elaborar um plano ou realizar as questões práticas de
sua vida como, por exemplo, reorganizar o seu lar, entrar em contato com as pessoas
possíveis, acionar uma rede de apoio, tudo isso pode fazer com que o estado depressivo
diminua. No entanto, quando a depressão é o momento em que o sujeito se depara com
a sua própria inexistência, com uma perda de todos os seus objetos amados, trabalhar
com aspectos de encorajamento e confiança não é muito válido, pois nesse momento
o paciente necessita exteriorizar o seu pesar e compreender a sua própria situação e
impotência diante da morte.
95
UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
O quinto estágio fala sobre aceitação e não deve ser confundido com estágio da
felicidade. Nesse momento os sentimentos, ainda confusos, permeiam mais para a
fuga, e ao cansaço, o cessar de uma batalha esgotante, que faz com que o paciente em
algum momento de repouso em si mesmo se entregue ao fato de encarar o processo
em que vive. Esse é um momento muito importante para os familiares e profissionais.
Estando os familiares já instruídos a não negar mais nada ao familiar que convalesce
e apenas aproveitar os momentos finais com amor, isso tranquilizará o paciente,
encaminhando-o a um estado de tranquilidade para viver os seus momentos finais,
inclusive estando aptos, todos, a decidir se o paciente permanecerá hospitalizado ou em
casa (em casos que essa opção seja possível).
96
CAPÍTULO 3
Algumas Alterações Mentais de
Urgências e Emergências na Crise
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/psychological-trouble-mental-health-adversity-crisis-488449075.
Acesso em: 24/08/2020.
O sofrimento emocional e físico dos pacientes que se apresentam em crise são visíveis
e influenciam as respostas do paciente ao tratamento, para isso, é necessário que ao
receber um paciente em crise emergencial possa ser oferecido um ambiente de segurança
e proteção – lugar em que ocorra comunicação fluida, clara, de conversa franca e
verdadeira. Ainda, pode ser preciso conter imediatamente a crise com uma equipe bem
treinada capaz de promover avaliação e intervenção com métodos não coercivos – que
impeçam a progressão da violência. Afinal a relação interpessoal terapêutica que sirva
de elo de vinculação no assistir o paciente deve existir.
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UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
Conduta suicida
O profissional deve estar preparado para o manejo e a entrevista deste tipo de paciente,
assim como, estar preparado com todos os tipos de condutas suicidas e alterações
psicopatológicas para realizar um bom atendimento de emergência.
Os motivos são diversos e podem apresentar o desejo pela própria morte, evitação do
sofrimento ou situação intolerável, mudanças de comportamento, testar os sentimentos
das pessoas do seu convívio, buscar ajuda, entre outros. Não importa qual é a real intenção
do paciente acerca da letalidade do método, ou o quê da sua tentativa provocou no
socorrista/médico/enfermeiro/psicólogo ou qualquer profissional que o recebeu, o que
importa é a existência de uma expressão de sofrimento ou comportamento disfuncional
associado a autoagressão, e é disso que se trata.
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CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO
Delirium
É outro tipo de sintoma que pode ou não estar associado a um tipo de transtorno e
que prevalece nas salas de urgência e emergência psiquiátricas ou de salas de serviços
de atenção à população para um primeiro atendimento. O delirium é uma alteração
multifatorial presente nas taxas de mortalidade, nos índices de institucionalização, e
no maior tempo de internação. Se apresenta no paciente como inquietação cognitiva
aguda estado confusional, distúrbio da consciência, do comportamento, da memória,
do pensamento, da orientação, da atenção e da percepção (LÔBO et al, 2010).
Depressão
Já os autores Sá, Werlang e Paranhos (2008) relatam que pesquisas apontam 75% das
pessoas em situação traumática necessitam de uma boa avaliação para ver se consta a
possibilidade de distúrbios psíquicos com a presença de comorbidades como o abuso
de drogas e álcool, fobia, depressão e ansiedade.
Síndrome do Pânico
100
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO │ UNIDADE IV
Psicoses
A psicose pode ser do tipo funcional como a esquizofrenia; ou orgânica como causa de
uma demência ou intoxicação. Esse tipo de paciente requer um bom acolhimento por
profissionais capacitados da área da saúde, uma vez que ignorar, tratar com hostilidade
ou de forma leiga pode piorar ou apresentar consequências no quadro desse estado
mental tão delicado.
É importante que diante dos conhecidos fatores de risco seja realizada a prevenção da
saúde mental e junto com a identificação dos sintomas tenhamos reunidos uma gama
de fatores protetivos que ofereçam maiores possibilidades no âmbito da saúde mental
e física.
101
Para (não) Finalizar
https://www.youtube.com/watch?v=ep354ZXKBEs.
102
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Outras Referências:
http://pt.scribd.com/doc/47867973/Exame-psiquico
http://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/revisoes/5743/emergencias_
psiquiatricas_em_criancas_e_adolescentes.htm
109
Anexos
CONTRATO DE VIDA
Como parte do programa de minha terapia, eu _________________ (nome), concordo com os seguintes termos:
1. Concordo que um de meus maiores ganhos terapêuticos é viver uma vida longa com mais prazer e menos infelicidade do que eu tenho agora.
2. Entendo que me torno suicida quando me deprimo ou não acredito mais neste ganho, mas, no entanto, gostaria de diminuir esta tendência. Eu
concordo em usar a minha terapia para aprender a lidar melhor com os meios de reduzir meu mal-estar emocional.
3. Partindo do conhecimento de que isso demandará algum tempo, concordo neste período em recusar o ato de me machucar ou me matar entre
os dias:____ a _____ (data).
4. Se, em algum momento, eu me sentir incapaz de resistir aos impulsos suicidas, eu concordo em telefonar para (nome do terapeuta)
_____________________, número ___________ ou ______________ (nome do coterapeuta), número ______________. Se
estes estiverem impossibilitados de atender naquele momento, eu concordo em ir diretamente ao ______________ (hospital ou clínica) em
____________ (endereço).
5. Meu(s) terapeuta(s), ______________ e ___________ concorda(m) em trabalhar comigo nas sessões marcadas para ajudar-me a aprender
alternativas para me proteger e avaliar situações tão racionalmente quanto possível, durante os períodos de ____________ (data).
6. Eu concordo em cumprir este contrato até que ele expire ou renegociá-lo com meu(s) terapeuta(s). Eu compreendo que este seja renovável até
ou próximo de ______________ (data).
__________________________________ ______________
Assinatura data
__________________________________ ______________
Assinatura do Terapeuta data
__________________________________ ______________
Assinatura do Terapeuta data
110
Anexo I
Comportamento suicida
O comportamento suicida abrange os gestos suicidas, as tentativas de suicídio e o
suicídio consumado. Os planos de suicídio e as ações que têm poucas possibilidades de
levar à morte são chamados gestos suicidas. As ações suicidas com intenção de morte,
mas que não atingem o seu propósito, chamam-se tentativas de suicídio. Algumas
pessoas que tentam suicidar-se são descobertas a tempo e salvas. Outras pessoas que
tentam suicidar-se têm sentimentos contraditórios acerca da morte e a tentativa pode
falhar, porque é, na realidade, um pedido de ajuda combinado com um forte desejo
de viver. Finalmente, um suicídio consumado tem como resultado a morte. Todos os
pensamentos e os comportamentos suicidas, quer se trate de gestos, quer de tentativas,
devem ser tomados a sério.
Epidemiologia
111
ANEXOS
Muitos suicídios ocorrem nas prisões, particularmente entre os homens jovens que
não cometeram crimes violentos. Estas pessoas enforcam-se, geralmente, durante a
primeira semana de prisão. Os suicídios em grupo, quer impliquem um grande número
de pessoas, quer só duas (como um casal de namorados ou de cônjuges), representam
uma forma extrema de identificação com a outra pessoa. Os suicídios de grandes grupos
tendem a ocorrer em situações com uma grande carga emocional ou nos fanatismos
religiosos que ultrapassam o forte instinto de sobrevivência.
Uma de cada seis pessoas que se suicida deixa uma nota escrita. As notas fazem muitas
vezes referência a relações pessoais ou a acontecimentos que devem acontecer depois
de a pessoa ter morrido. As notas escritas pelas pessoas de idade avançada exprimem
preocupações pelos que deixam para trás, enquanto as notas escritas pelos jovens
podem ser de agastamento ou de reivindicação. Uma nota deixada por alguém que
tenta suicidar-se, mas não o consegue, indica que a tentativa foi premeditada; o risco
de voltar a tentar é, portanto, elevado.
112
ANEXOS
Causas
113
ANEXOS
uma alteração do seu humor para uma depressão só tem, com frequência, uma
consciência parcial e, provavelmente, só recordará depois de forma vaga a sua tentativa
de suicídio. Os que sofrem de epilepsia, especialmente epilepsia do lobo temporal,
sofrem muitas vezes episódios depressivos breves, mas intensos, o que, adicionado à
disponibilidade em medicamentos para tratar a sua doença, aumenta o fator de risco
para o comportamento suicida.
Para além da depressão, existem outras perturbações mentais que aumentam o risco
de suicídio. Por exemplo, os esquizofrênicos, particularmente os que estão também
deprimidos (um problema bastante frequente na esquizofrenia), são mais propensos
a tentar o suicídio do que aqueles que não têm esta doença. Os métodos de suicídio
que os esquizofrênicos escolhem podem ser insólitos e frequentemente violentos. Na
esquizofrenia, as tentativas de suicídio acabam geralmente na morte. O suicídio pode
ocorrer nas primeiras fases da doença e pode ser a primeira indicação clara de que a
pessoa sofria de esquizofrenia.
114
ANEXOS
Métodos
O método escolhido por uma pessoa para se suicidar é muitas vezes determinado
pela disponibilidade e por fatores culturais. Pode também refletir a seriedade da
tentativa, dado que alguns métodos, como saltar de um edifício alto, fazem com que
seja virtualmente impossível sobreviver, enquanto outros, como a superdosagem
farmacológica, deixam em aberto a possibilidade de salvação. No entanto, a utilização
de um método que demonstre não ser mortal não indica necessariamente que a tentativa
é menos séria.
Entre os suicídios consumados, a arma de fogo é o método mais utilizado nos países
onde a sua posse é legal. É um método predominantemente utilizado por crianças e
homens adultos. As mulheres são mais propensas a utilizar métodos não violentos, como
o envenenamento (ou a intoxicação farmacológica) e a imersão, embora nos últimos
anos tenham aumentado os suicídios por arma de fogo entre as mulheres. Os métodos
115
ANEXOS
violentos, como as armas de fogo ou os enforcamentos, são pouco utilizados por aquelas
pessoas que só querem chamar a atenção, dado que normalmente conduzem à morte.
Um ato suicida contém muitas vezes evidências de agressão para com outros, como se
pode ver nos assassínios seguidos de suicídio e na alta incidência de suicídios entre os
presos que cumprem uma condenação por crimes violentos.
Há alguns países que oferecem um serviço telefônico aos que, levados por uma crise
suicida, se sentem inclinados a tirar a própria vida. Trata-se de centros de prevenção
do suicídio, em que voluntários preparados especialmente para o efeito atendem ao
telefone durante as 24 horas do dia.
O voluntário pode oferecer uma ajuda construtiva para o problema que deu origem à
crise e animar a pessoa a pôr em prática ações positivas para resolvê-lo. O voluntário
pode recordar à pessoa que tem família e amigos que se preocupam e querem ajudá-lo.
Finalmente, o voluntário pode tentar facilitar o acesso aos profissionais de urgências
para ajuda direta contra o suicídio.
Algumas vezes, uma pessoa pode ligar para uma linha de 24 horas para dizer que já
cometeu um ato suicida (tomou uma dose excessiva de medicamentos ou abriu a torneira
do gás) ou está prestes a realizá-lo. Neste caso, o voluntário terá de obter a direção
da pessoa. Se isto não for possível, outro voluntário previne a polícia para localizar a
chamada e tentar o resgate. Mantém-se a pessoa a falar ao telefone até a polícia chegar.
Prevenção
Qualquer ato ou ameaça suicidas devem ser tomados a sério. Cerca de 20% das pessoas
que tentam suicidar-se repetem a intenção no prazo de um ano. Todas as pessoas que
realizam gestos suicidas ou que tentam suicidar-se necessitam ser tratadas. Cerca de
10% de todas as tentativas de suicídio são mortais.
116
ANEXOS
Muita gente que tenta se suicidar é levada ainda inconsciente para um serviço de
urgência. Quando se sabe que uma pessoa tomou uma superdosagem de um fármaco
ou de um veneno, o médico segue os seguintes passos:
Embora geralmente as pessoas se encontrem bastante bem fisicamente para lhes ser
dada alta logo que esteja tratada a lesão, muitas vezes são hospitalizadas para receber
acompanhamento e tratamento psiquiátrico. Durante a avaliação psiquiátrica, a
pessoa pode negar todo o problema. Com bastante frequência, a depressão grave que
conduziu ao ato suicida é seguida por um período curto de melhoria do humor, pelo que
raramente se verificam novas tentativas suicidas imediatamente depois da inicial. No
entanto, o risco de outra tentativa de suicídio é grande, a menos que sejam resolvidos
os problemas da pessoa.
117
ANEXOS
Impacto do suicídio
Uma tentativa de suicídio tem um impacto semelhante. No entanto, os que estão mais
próximos da pessoa têm a oportunidade de acalmar as suas consciências respondendo
ao pedido de ajuda desta.
118
Anexo II
PS eu te amo
Holly Kennedy (Hilary Swank) é casada com Gerry (Gerard Butler), um engraçado
irlandês por quem é completamente apaixonada. Quando Gerry morre, a vida de Holly
também acaba. Em profunda depressão, ela descobre com surpresa que o marido deixou
diversas cartas que buscam guiá-la no caminho da recuperação.
Arthur, morador de uma pensão para idosos, nunca gostou de cantar, mas quando sua
esposa fica doente, ele decide honrar uma das suas atividades favoritas: participar de
um coral. Logo, ele descobre as técnicas pouco convencionais da diretora do coral, e se
aproxima novamente de seu filho, James.
A partida
119
ANEXOS
sua esposa Mika (Ryoko Yoshiyuki), em sua cidade natal. Em busca de emprego, ele
se candidata a uma vaga bem remunerada sem saber qual será sua função. Após ser
contratado, descobre que será assistente de um agente funerário, o que significa que
terá que manipular pessoas mortas. De início Daigo tem nojo da situação, mas a aceita
devido ao dinheiro. Apesar disto, esconde o novo trabalho da esposa. Aos poucos ele
passa a compreender melhor a tarefa de preparar o corpo de uma pessoa morta para
que tenha uma despedida digna.
As invasões bárbaras
À beira da morte e com dificuldades em aceitar seu passado, Rémy (Rémy Girard) busca
encontrar a paz. Para tanto recebe a ajuda de Sébastien (Stéphane Rousseau), seu filho
ausente, sua ex-mulher e velhos amigos.
Lado a lado
Uma jovem de doze anos (Jena Malone) e um garoto de sete (Liam Aiken), filhos de pais
separados, não aceitam a nova namorada de seu pai (Ed Harris), uma bela e renomada
fotógrafa (Julia Roberts). O garoto ainda tolera a situação, mas a adolescente não se
conforma com a separação e com fato de seu pai e a namorada viverem juntos, pois isto
significa que as chances de reconciliação de seus pais se tornam quase nulas. Por sua
vez, a mãe das crianças (Susan Sarandon) ainda alimenta esta briga, fazendo o gênero
“mãe perfeita”. A fotógrafa faz de tudo para agradar as crianças, chegando ao ponto de
dar tanta atenção aos enteados que acaba perdendo o emprego, pois deixou de ser a
profissional competente que era. Até que uma notícia inesperada muda completamente
a relação entre os familiares.
Tendo apenas 23 anos, Ann (Sarah Polley) é mãe de duas garotinhas, Penny (Jessica
Amlee) e Patsy (Kenya Jo Kennedy), e é casada com Don (Scott Speedman), que
constrói piscinas. Ela trabalha todas as noites na limpeza de uma universidade, onde
nunca terá condições de estudar, e mora com sua família em um trailer, que fica no
quintal da casa da sua mãe (Deborah Harry). Ann mantém uma distância obrigatória
do pai, pois ele há dez anos está na prisão. Após passar mal, Ann descobre que tem
câncer nos ovários. A doença alcançou o estômago e logo chegará no fígado, assim ela
terá no máximo três meses de vida. Sem contar a ninguém seu problema e dizendo que
está com anemia, Ann faz uma lista de tudo que sempre quis realizar, mas nunca teve
120
ANEXOS
tempo ou oportunidade. Ela começa uma trajetória em busca de seus sonhos, desejos e
fantasias, mas imaginando como será a vida sem ela.
Jess Aarons (Josh Hutcherson) sente-se um estranho na escola e até mesmo em sua
família. Durante todo o verão ele treinou para ser o garoto mais rápido da escola, mas
seus planos são ameaçados por Leslie Burke (Anna Sophia Robb), que vence uma
corrida que deveria ser apenas para garotos. Logo Jess e Leslie tornam-se grandes
amigos e, juntos, criam o reino secreto de Terabítia, um lugar mágico onde apenas é
possível chegar se pendurando em uma velha corda, que fica sobre um riacho perto de
suas casas. Lá eles lutam contra Dark Master (Matt Gibbons) e suas criaturas, além de
conspirar contra as brincadeiras de mau gosto que são feitas na escola.
O escafandro e a borboleta
Elza e Fred
Elsa (Shirley MacLaine) é uma mulher de idade que vive sozinha. Um dia, ela comete
uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay
Harden), a filha de seu novo vizinho, Fred (Christopher Plummer). Revoltada com o
ocorrido, Lydia exige que Elsa pague o conserto. O filho de Elsa (Scott Bakula) aceita
cobrir os danos mas, ao entregar o cheque a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que
acaba convencendo-o a recusar o valor. Com o tempo, Elsa e Fred se aproximam cada
vez mais, apesar do temperamento bastante diferente. Enquanto ela é cheia de vida, ele
é rabugento e mal quer sair de casa.
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguística. Aos
poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan.
121
ANEXOS
Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família.
Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha
caçula, Lydia (Kristen Stewart), se aproximam.
Paris, anos 30. Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que vive escondido nas paredes
da estação de trem. Ele guarda consigo um robô quebrado, deixado por seu pai (Jude
Law). Um dia, ao fugir do inspetor (Sacha Baron Cohen), ele conhece Isabelle (Chloe
Moretz), uma jovem com quem faz amizade. Logo Hugo descobre que ela tem uma
chave com o fecho em forma de coração, exatamente do mesmo tamanho da fechadura
existente no robô. O robô volta então a funcionar, levando a dupla a tentar resolver um
mistério mágico.
Carl Fredricksen (Edward Asner) é um vendedor de balões que, aos 78 anos, está prestes
a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. O terreno onde a
casa fica localizada interessa a um empresário, que deseja construir no local um edifício.
Após um incidente em que acerta um homem com sua bengala, Carl é considerado uma
ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo. Para evitar que isto aconteça,
ele enche milhares de balões em sua casa, fazendo com que ela levante vôo. O objetivo
de Carl é viajar para uma floresta na América do Sul, um local onde ele e Ellie sempre
desejaram morar. Só que, após o início da aventura, ele descobre que seu pior pesadelo
embarcou junto: Russell (Jordan Nagai), um menino de 8 anos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger
(Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada
por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos,
incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa.
Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily
Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).
122
ANEXOS
Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto muito apegado ao pai, Thomas (Tom Hanks),
que inventou que Nova York tinha um distrito hoje desaparecido para fazer com que
o filho tivesse iniciativa e aprendesse a falar com todo tipo de pessoa. Thomas estava
no World Trade Center no fatídico 11 de setembro de 2001, tendo falecido devido aos
ataques terroristas. A perda foi um baque para Oskar e sua mãe, Linda (Sandra Bullock).
Um ano depois, Oskar teme perder a lembrança do pai. Um dia, ao vasculhar o guarda-
roupas dele, quebra acidentalmente um pequeno vaso azul. Dentre há um envelope
onde aparece escrito Black e, dentro dele, uma misteriosa chave. Convencido que ela é
um enigma deixado pelo pai para que pudesse desvendar, Oskar inicia uma expedição
pela cidade de Nova York, em busca de todos os habitantes que tenham o sobrenome
Black.
O óleo de Lorenzo
Um garoto levava uma vida normal até que, quando tinha seis anos, estranhas coisas
aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas de ordem mental que foram
diagnosticados como ALD, uma doença extremamente rara que provoca uma incurável
degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Os pais
do menino ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para
uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na
esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.
Canção do oceano
Dois irmãos perdem a mãe e precisam encontrar uma maneira de viver sem ela. O
segredo está nas lendas que ela contava e na concha mágica que ela deixou, que toca a
música do mar para encantar as criaturas e despertar o amor e a união entre as crianças.
Um golpe do destino
Fonte: <http://www.contioutra.com/25-filmes-que-retratam-vivencias-de-luto/>
Acesso em: 2 ago. 2016.
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