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ÍNDICE
A IMPORTÂNCIA DE SABER
01 PARA ONDE IR
04

02 VOCÊ SABE O QUE VOCÊ NÃO QUER? 07

FERRAMENTA PARA ESCLARECER


03 OBJETIVOS E DESEJOS
10

REFERÊNCIAS PARA QUEM QUER


04 SE APROFUNDAR NO TEMA
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“Quando não se sabe para qual porto navegar, ne-
nhum vento é favorável” — esse pensamento é do
filósofo estóico Sêneca e, traduz uma angústia que
muitas pessoas carregam: a falta de propósito.

Uma pessoa sem propósito é aquela que


não sabe onde colocar seus recursos e sua
energia. Ela não sabe o que quer nem para
onde ir. Isso causa a sensação constante
de estar à deriva na vida, ou seja, de que as
situações ou as outras pessoas estão sem-
pre decidindo seus caminhos por você.

Se você se sente assim, este CA#79 será espe-


cialmente útil. Vou te apresentar uma ferramenta
prática para desenvolver uma maior clareza sobre
seus objetivos e desejos. Uma vez que você des-
cobre, como diz Sêneca, para onde quer navegar,
você conseguirá tomar suas decisões com muito
mais confiança.

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A IMPORTÂNCIA DE SABER PARA ONDE IR


Em 2015, o psicólogo Anthony Burrow, professor da
Universidade Cornell e um dos maiores nomes no
campo de pesquisa sobre propósito de vida, con-
duziu um estudo inusitado: ele e sua equipe leva-
ram voluntários para o pé de uma montanha íngre-
me e pediram que eles estimassem quanto esforço
teriam que fazer para subir a colina.

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Essas mesmas pessoas também responderam a
questionários que avaliavam se elas tinham “pro-
pósito de vida”. De acordo com a definição da psi-
cologia, o propósito é uma meta ou objetivo mental
que direciona os comportamentos ou as ações de
uma pessoa. Por exemplo: educar os filhos para se-
rem adultos conscientes, desenvolver um trabalho
que impacte a vida das pessoas para melhor, entre
outros.
Ou seja, um propósito é tudo aquilo para o que você
direciona seus recursos e sua energia de forma
consciente.
Dessa maneira, Burrow e seus colegas encontra-
ram um padrão interessante: pessoas com propó-
sitos de vida definidos consideraram a montanha
mais fácil de subir. Da mesma maneira, pessoas
com maior dificuldade de definir seus propósitos
tendem a superestimar quanto esforço teriam que
fazer.
Esse estudo, publicado no Personality and Social
Psychology Bulletin, demonstra que ter um propó-
sito influencia de maneira positiva na forma como
percebemos a realidade.

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Ao contrário do que muitos pensam, o propósito
não precisa necessariamente ser fixo nem gran-
dioso. Você pode ter diferentes propósitos ao lon-
go da vida, que vão mudando de acordo com seus
conhecimentos e experiências.
Por exemplo: em uma fase da sua vida, seu propó-
sito pode ser uma promoção na empresa onde você
trabalha. Mas, em outro momento — e isso é muito
comum — você pode começar a se questionar se
quer continuar naquela empresa ou até mesmo se
está na profissão certa.
Nessas horas, muitas pessoas perdem o chão e
se culpam. Sentir-se sem um propósito traz uma
grande angústia, mas o segredo é usar esses mo-
mentos para se enxergar melhor. Porque, tão im-
portante quanto saber o que você quer, é aprender
a reconhecer o que você não quer mais.

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VOCÊ SABE O QUE VOCÊ NÃO QUER?


Tatiana foi uma ótima aluna no seu curso de
graduação. Quando ela se formou, seus pro-
fessores a incentivaram a cursar uma pós-gra-
duação. Tatiana não sabia muito bem o que
queria na época e, como gostava de estudar,
entrou em um programa de mestrado. Nesse
programa, ela precisava pesquisar sobre um
tema específico, além de preparar e dar au-
las. Tatiana não se identificava com essas ati-
vidades e começou a sentir como se sua vida
tivesse se esvaziado, pois não via mais sen-
tido nem tinha mais prazer com sua rotina de
estudos.

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Eric está pensando em se casar depois de mui-
tos anos de namoro. Ele ama a namorada, mas
tem consciência de que os dois são pessoas
muito diferentes das de quando começaram
a namorar. Eles sempre tiveram o casamento
como um propósito em comum, mas discor-
dam sobre a vida que querem ter. Por exem-
plo: Eric quer cursar uma segunda graduação
e ter a experiência de morar em outro país. Ela
acha que ele devia ficar no mesmo emprego e
nem pensa na possibilidade de mudar de cida-
de, muito menos de país.

Tatiana e Eric são exemplos de pessoas que estão


em um momento de falta de clareza sobre o futu-
ro. É provável que você ou alguém que você ama
tenha passado por alguma situação parecida.
Nesses momentos, tudo fica obscuro e surge o
sentimento de “falta de sentido”. É muito difícil
reconhecer que tomamos um caminho profissio-
nal que não nos satisfaz ou não é compatível com
nossas habilidades. Ou, que estamos comprome-
tidos com uma pessoa com propósitos diferentes
dos nossos.

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Mas, como expliquei no capítulo 1, esses momen-
tos são valiosos para desenvolver uma maior cla-
reza. A seguir, vou te apresentar uma ferramenta
onde primeiro você vai identificar o que você não
quer para, assim, estruturar o que você busca e
faz sentido para você.

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FERRAMENTA PARA ESCLARECER


OBJETIVOS E DESEJOS
Esta ferramenta deve ser usada quando você sen-
tir dificuldade em saber o que você quer. Ela tem
quatro etapas e vou explicar cada uma delas usan-
do os exemplos do capítulo 2.

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ESCREVA DE FORMA OBJETIVA
O QUE VOCÊ NÃO QUER

Nesta primeira etapa, você vai escrever de forma


direta o que você não quer.
No caso de Tatiana:
Não quero dar aulas.
Não quero pesquisar assuntos específicos.
No caso de Eric:
Não quero passar a vida sem conhecer lugares no-
vos.
Não quero ficar no mesmo emprego para sempre.

DETALHE OS MOTIVOS DE VOCÊ NÃO QUERER


Nesta etapa, você pode identificar sentimentos e
aspectos da sua personalidade que talvez sejam
inéditos para você. Siga em frente.
Tatiana:
Não quero dar aulas porque me sinto solitária e en-
tediada de repetir o mesmo assunto várias vezes.
Não quero fazer pesquisa porque prefiro conhecer
sobre vários assuntos do que me aprofundar em
um único tema.

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Eric:
Não quero ficar no mesmo emprego porque quero
trilhar outros caminhos profissionais.
Não quero viver na mesma cidade para sempre por-
que quero ter novas experiências culturais.

ESCREVA DE FORMA ESPECÍFICA QUE VOCÊ


GOSTARIA QUE FOSSE DIFERENTE

Use as informações da etapa anterior como pistas.


Busque, a partir delas, colocar fatores que você va-
loriza ou que te trazem satisfação. Não tente che-
gar ao que você quer nesta etapa. Siga aos poucos.
Veja:
Tatiana:
Quero me sentir estimulada e trocar ideias no meu
trabalho.
Quero ler e falar sobre assuntos diversificados.

Eric:
Quero viajar e conhecer pessoas e lugares novos.
Quero ganhar novos conhecimentos e trilhar novos
caminhos profissionais.

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ENUMERE POSSIBILIDADES QUE SE ALINHAM
AO QUE VOCÊ QUER

Nesta última etapa, você vai definir o que é impor-


tante para você. A intenção não é conseguir uma
resposta imediata sobre o que você “tem” que fa-
zer, mas informações vão te servir de referência
sobre o que você está buscando. Isso é ter clareza.
Veja:
Tatiana:
Quero um trabalho onde eu possa criar em conjun-
to com outras pessoas e trabalhar em diferentes
projetos.

Eric:
Quero um relacionamento que dê suporte ao meu
desejo de conhecer pessoas e lugares novos.

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Esta ferramenta vai te ajudar a se colocar em dire-
ção ao que de fato você deseja. Um bom comple-
mento dela é a ferramenta que ensinei no CA#60
(Como Evitar que Suas Expectativas Futuras Con-
taminem suas Decisões Atuais), que ajuda a iden-
tificar algumas distorções cognitivas que prejudi-
cam sua análise da realidade e dos seus próprios
sentimentos.
Portanto, separe um momento de tranquilidade no
seu dia e faça essa ferramenta com atenção. Usan-
do as palavras de Sêneca, ela vai te ajudar a posi-
cionar seu barco no oceano da vida e a seguir com
firmeza por uma nova direção.

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REFERÊNCIAS PARA QUEM QUER
SE APROFUNDAR NO TEMA:
Burrow AL, Hill PL, Sumner R. (2016). Leve-
ling Mountains: Purpose Attenuates Links Be-
tween Perceptions of Effort and Steepness.
Pers Soc Psychol Bull. Jan;42(1):94-103. doi:
10.1177/0146167215615404. Epub 2015 Nov 12.
PMID: 26563209.

Hill, P. L., Cheung, F., Kubel, A., & Burrow, A. L.


Life engagement is associated with higher GDP
among societies. (2019). Journal of Research in
Personality, 78, 210-214.

Sumner, R., Burrow, A. L., & Hill, P. L. (2015). Iden-


tity and purpose as predictors of subjective well-
-being in emerging adulthood. Emerging Adul-
thood, 3(1), 46–54. doi: 10.1177/2167696814532796

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Autor
Pedro Calabrez

Editor de Conteúdo
Fernanda Ribeiro
David Shalom

Revisão
Caroline Bastos

Projeto gráfico, capa e diagramação


Ana Clara Travassos

Operação e Logística
Alexandre Lenharo

Direção de Conteúdo
Juliana Mastrângelo

Caderno de Autoconhecimento
APRENDA A TER CLAREZA SOBRE
O QUE VOCÊ QUER NA VIDA
ISBN 978-65-85194-77-8

É proíbida a duplicação, reprodução e/ou transmissão desse volume,


no todo ou em parte, sob quaisquer formas e/ou quaisquer meios
(eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros).

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