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SECRETARIA
DA SAÚDE Mapeamento de Práticas
Tel: (11) 3116-8500 / Fax: (11) 3105-2772 Publicação semestral do Instituto de Saúde Volume 18 – Suplemento – Dezembro 2017 Volume 18 – nO 1 – Julho 2017
ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529
ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529 ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529
www.isaude.sp.gov.br
Neil Boaretti
Diretora do Centro de Tecnologias de Saúde para o SUS-SP Raquel Maldonado 31º Congresso de Secretários Educação, Comunicação e Drogas, saúde &
Tereza Setsuko Toma Caio Dib
Priscila Mugnai Vieira Municipais de Saúde do Participação em Saúde contemporaneidade
Diretor do Centro de Apoio Técnico-Científico Estado de São Paulo
Márcio Derbli Núcleo de Comunicação Técnico-Científica
Camila Garcia Tosetti Pejão
Diretora do Centro de Gerenciamento Administrativo
Bianca de Mattos Santos Administração
Bianca de Mattos Santos
Boletim do Instituto de Saúde
Volume 17 – nº 1 – Julho 2016
ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529
Capa
Marilena Camargo Villavoy
Diagramação
Marilena Camargo Villavoy
Editorial ................................................................................................................................. 5
Das Mil e Uma Noites de Sherazade aos Mil e Cem Dias da primeiríssima infância
Arnaldo Sala, Carolina Rosa de Barros Feitosa, Neil José Sorge Boaretti, Roberta Ricardes Pires .... 12
Formação de grupo com famílias grávidas e com crianças de 0 a 3 anos - foco no vínculo
pais-filho e no desenvolvimento infantil
Christianne Freitas Lima Nascimento, Alba Lucia Reyes de Campos ............................................ 41
Importância dos espaços lúdicos: Experiências no Programa São Paulo pela Primeiríssima
Infância
Riselia Pinheiro, Iraci Saviani.................................................................................................... 47
Relação Escola e Família: uma parceria fundamental (Descalvado - RS São Carlos) .................. 90
Elaboração de Plano Municipal sobre a primeira infância (Álvares Florence - RS Votuporanga)........ 100
Parceria com o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (Descalvado - RS São Carlos) ..... 101
SPPI ganhando vida própria na região de Jundiaí (RS Jundiaí) ................................................. 107
C
omo garantir o desenvolvimento integral Em seguida, este número traz uma breve
de crianças de 0 a 3 anos a partir da qua- descrição de 30 experiências e projetos imple-
lificação de serviços municipais? Com a mentados nos munícipios paulistas, distribuídas
consciência de que promover a primeira infância pelos eixos de análise definidos durante o proces-
é contribuir para uma sociedade mais justa, o so de mapeamento: Governança, Formação, Mo-
Programa São Paulo pela Primeiríssima Infância bilização e Sustentabilidade. Finalmente, as dez
(SPPI), até o momento, capacitou profissionais práticas selecionadas como as mais representa-
de 41 municípios paulistas de cinco Regiões de tivas de todo o SPPI são apresentadas com mais
Saúde (RS) do estado e fortaleceu os serviços de profundidade. Esses últimos textos foram elabo-
Educação, Assistência Social e Saúde. rados pela equipe do Grupo Tellus em conjunto
Promovido por meio de um convênio entre a com os profissionais executores de cada prática.
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) e a As principais contribuições resultantes do
Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SES- processo de mapeamento de práticas do SPPI
-SP), esse trabalho intersetorial acontece desde são apresentadas no texto Orientações para im-
2012. Em 2018, depois de dois ciclos trianuais plementação de práticas na primeiríssima infân-
do SSPI e mais de 2 mil profissionais participa- cia. Nela, são elencadas características que po-
rem das formações, foi identificada a necessida- dem inspirar e encaminhar melhorias a favor da
de de realizar um mapeamento das práticas mais primeiríssima infância nos municípios.
representativas resultantes do SPPI, descrito Infelizmente, não foi possível descrever to-
com mais detalhes no artigo Como o mapeamen- das as práticas já implantadas pelo SPPI e nem
to foi feito?. O parceiro técnico escolhido para es- incluir com profundidade, nesta publicação, as
ta iniciativa foi a Agência Tellus. 132 iniciativas inscritas pelos municípios por
Esse é o mote deste número especial do Bole- meio de seus Comitês Gestores Regionais (CGR).
tim do Instituto de Saúde (BIS), único tanto pelo seu Para registro, porém, elas foram listadas ao final
conteúdo quanto pela forma como foi desenvolvido. deste número.
Nos dois textos iniciais a FMCSV e a SES- O resultado concreto do projeto de mape-
-SP apresentam o Programa destacando algu- amento é, portanto, a publicação deste número
mas articulações relevantes para a constituição especial do BIS, que será distribuído para 645
e implementação da política no estado de São municípios do Estado de São Paulo, além das vá-
Paulo. Nos artigos seguintes, especialistas que rias instituições de pesquisa e ensino que já re-
contribuíram para a estratégia de formação dos cebem a revista.
profissionais do Programa abordam, por diversas Indiretamente, o mapeamento permitiu que
perspectivas, os conceitos relativos ao desenvol- os profissionais municipais desenvolvessem du-
vimento na primeira infância. rante todo o processo habilidades como a produ-
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I
Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
II
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
III
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
IV
Grupo Tellus.
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Eduardo MarinoI
Resumo
A primeira infância, período que vai da gestação até os 6 anos de idade, pode ser considerada o alicerce de todo
o ciclo da vida dos indivíduos e de suas ações na sociedade. Nessa fase, o envolvimento e a participação da fa-
mília e sua rede de apoio, bem como o fortalecimento das políticas públicas que organizam serviços de suporte
às necessidades das famílias e das crianças, são essenciais. Nessa perspectiva, a Fundação Maria Cecilia Souto
Vidigal firmou um convênio com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde
(SES-SP), que instituiu a criação do Programa São Paulo pela Primeiríssima Infância – SPPI, o qual atua e se estru-
tura em quatro eixos principais: Governança; Formação; Mobilização da sociedade; e Avaliação, todos vinculados
à promoção do Desenvolvimento Infantil desde a gestação até os 3 anos de vida. Destaca-se que investir em
iniciativas como o São Paulo pela Primeiríssima Infância, que buscam fortalecer e promover políticas públicas em
prol do Desenvolvimento Infantil Integral e Integrado, é de extrema relevância às crianças, famílias e sociedade.
A
primeira infância, período que vai da ges- O crescimento físico, o amadurecimento
tação até os seis anos de idade, pode ser do cérebro, a aquisição dos movimentos, o de-
considerada o alicerce de todo o ciclo da senvolvimento da capacidade de aprendizado e
vida dos indivíduos e de suas ações na socieda- a iniciação social afetiva começam a partir das
de. É nela que temos as primeiras experiências experiências nessa fase da vida. A realidade em
sensoriais, as primeiras relações afetivas com que as crianças estão inseridas nesse período
familiares e/ou cuidadores. Nesse período, va- impactará diretamente no seu desenvolvimento,
mos reconhecendo o mundo e suas dinâmicas, de forma positiva ou negativa, dependendo das
num processo contínuo de vivências. O brincar, interações. Portanto, para um bom desenvolvi-
por exemplo, prepara para cada novo passo dado mento a criança precisa de um ambiente acolhe-
ante o desconhecido dor, harmonioso e rico em estímulos positivos
É nesse momento que a personalidade vai desde o período pré-natal e durante toda a infân-
se estruturando e será a base de todo desenvol- cia. Nessa fase, o envolvimento e a participação
vimento futuro, repercutindo em diversas ques- da família e sua rede de apoio, bem como o for-
tões, como no modo como iremos nos colocar talecimento das políticas públicas que organizam
nas relações afetivas estabelecidas futuramente, serviços de suporte às necessidades das famí-
na autoestima, bem como no mundo do trabalho. lias e das crianças, são essenciais.
Estudos mostram que quando as condi-
I
Eduardo Marino (eduardo@fmcsv.org.br) é Diretor de Conhecimento Aplicado
da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. ções para o desenvolvimento durante a primeira
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infância, especialmente do nascimento aos três Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que é “de-
primeiros anos de vida, são boas, as crianças senvolver a criança para desenvolver a socieda-
terão mais possibilidades para alcançar o de”, deu-se início, em 2009, ao programa Primei-
melhor de seu potencial. Com isso, elas têm ríssima Infância. Tratava-se de uma parceria entre
maiores chances de se tornarem um adulto mais a Fundação e seis municípios paulistas: Botuca-
equilibrado, produtivo e realizado. tu, São Carlos, Penápolis, Itupeva, Votuporanga e
Da mesma forma, a falta de cuidados na pri- São José do Rio Pardo.
meira infância e a ausência de políticas públicas Como premissa, o Primeiríssima Infância
dirigidas para a área contribuem para o aumento sustentava uma proposta de trabalho fundamen-
de doenças crônicas, atrasam o desenvolvimen-
tada na intersetorialidade, na qual a integração
to das capacidades e amplificam a desigualda-
entre as Secretarias Municipais de Saúde, Edu-
de. Assim, o investimento na primeira infância é
cação e Assistência Social são primordiais. Essa
efetivo tanto para a redução de gastos públicos,
ideia de intersetorialidade parte do princípio que
como para promover equidade social e prosperi-
a criança é responsabilidade de todos, uma vez
dade para todos.
que ela mesma é parte de uma família, utiliza
os serviços de saúde, é cuidada e educada na
Programa Primeiríssima Infância surgiu com creche e tem em sua comunidade um Centro de
atuação intersetorial Referência da Assistência Social-CRAS. Ou seja,
A partir desse olhar, que destaca a impor- diferentes áreas e serviços são responsáveis pe-
tância dessa etapa do desenvolvimento e reco- la mesma criança e suas respectivas famílias.
nhece os impactos para a sociedade, os gestores Entre os objetivos norteadores do Programa
públicos passaram a dar maior atenção para o Primeiríssima Infância estavam:
investimento em programas que possam favore-
cer a promoção de um desenvolvimento infantil • Contribuir para a atenção integral des-
saudável, integral e integrado. de a gestação, passando pelo parto e
Nessa direção, a Fundação Maria Cecilia nascimento, até os 3 anos de vida das
Souto Vidigal elegeu, em 2007, a causa da primei- crianças;
ra infância como prioridade, direcionando seus • Capacitar os profissionais para a qualifi-
esforços, especificamente, para o “Desenvolvi- cação de práticas de cuidado vinculadas
mento da primeira infância” e, considerando es- ao desenvolvimento infantil;
tudos e evidências que ressaltam a importância • Fortalecer as governanças locais para a
dos três primeiros anos de vida de uma criança.
construção de políticas públicas de pri-
Formou-se, então, um comitê de especia-
meiríssima infância;
listas de diversas áreas do conhecimento para
elaborar conteúdos sobre o desenvolvimento
• Identificar evidências sobre boas práticas
infantil que pudessem trazer embasamento teó- de promoção ao desenvolvimento infantil
rico e prático para subsidiar a construção de es- pelos municípios;
tratégias e projetos a serem implementados. • Disseminar o conhecimento acumulado
Como continuidade desse processo, a par- na experiência do programa para a aplica-
tir da perspectiva fundamentada na missão da ção em escala do modelo.
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Parceria com o Governo do Estado de São Paulo Os envolvidos nessa parceria apresentam
Como continuidade desse processo, em responsabilidades distintas e existem também
2011, o município de Itupeva, em reunião mensal algumas contrapartidas. A SES designou um ar-
do Departamento Regional de Saúde-DRS, com- ticulador da Atenção Básica para cada uma das
partilhou a experiência do Primeiríssima Infân- regiões para apoiar o SPPI, bem como deu supor-
cia com o Colegiado de Municípios da Regional te a oficinas de capacitação (que serão descritas
de Saúde de Jundiaí. A ação mobilizou gestores nas próximas páginas). A Fundação Maria Cecilia
públicos dos municípios da região e despertou Souto Vidigal comprometeu-se a transferir experi-
o interesse de muitos em aderir ao programa. A ências do programa com outros municípios, além
partir de então, pensou-se em uma estratégia de participar de reuniões mensais da gestão do
que contou com o apoio da Secretaria de Estado SPPI e apoiar os eixos de avaliação, mobilização
da Saúde para desenvolver o programa em uma da sociedade e governança. Aos municípios, cou-
perspectiva mais regionalizada. be a composição de um comitê gestor regional e
Em 2012, portanto, teve início o programa a designação de um articulador local.
Primeiríssima Infância no colegiado de nove muni-
cípios da regional de Jundiaí, por meio da assina-
Eixos do Programa SPPI
tura de cartas de intenções dos prefeitos. Parti-
O SPPI atua e estrutura-se em quatro eixos
ciparam dessa etapa a Secretaria de Estado da
principais: Governança; Formação; Mobilização
Saúde, organizações não governamentais - ONG,
da sociedade; e Avaliação. Eles estão conecta-
locais responsáveis pela gestão dos recursos
dos e o bom desenvolvimento de cada uma des-
do Programa, e a Fundação Maria Cecilia Souto
sas dimensões corrobora para o sucesso e sus-
Vidigal.
tentabilidade do programa.
Essa iniciativa regionalizada resultou em ex- O primeiro eixo, Governança, está relacio-
celentes frutos no que tange às práticas de de- nado à estrutura de gestão do programa. Como
senvolvimento infantil da região. Os dados quan- premissa tem-se a intersetorialidade, que nesse
titativos e qualitativos foram avaliados com base caso destaca a participação e envolvimento dos
em indicadores de desenvolvimento infantil. setores da saúde, educação e assistência social
Considerando os impactos do programa até na gestão. O envolvimento dos profissionais des-
então e com o objetivo de ampliar esse alcance, sas três áreas e o comprometimento de seus res-
em 13 de dezembro de 2012 a Fundação firmou pectivos gestores é de extrema importância para
o Convênio n° 150/2012 com o Governo do Esta- o bom desenvolvimento do SPPI nos municípios
do de São Paulo, por meio da Secretaria Estadual e região. Ou seja, é fundamental que todos este-
de Saúde (SES). Esse convênio instituiu a cria- jam comprometidos com a causa da primeiríssi-
ção do Programa de Desenvolvimento Infantil, que ma infância.
passa a ser intitulado Programa São Paulo pela No modelo de governança do SPPI existem
Primeiríssima Infância - SPPI. Essa nova etapa do dois comitês gestores que coordenam o progra-
programa envolveu 41 municípios do Estado per- ma: um municipal, composto por representantes
tencentes a cinco Colegiados de Gestão Regional dos três setores, e um regional. Cada município
de Saúde, sendo elas: Jundiaí, São Carlos, Votu- tem uma figura de gestão e liderança, chamado
poranga, Apiaí e Litoral Norte. de articulador local. Além dele, conta-se com a
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foram revisitados e avaliados por profissionais e Diretorias Regionais das Secretarias Estaduais
usuários dos serviços, com o objetivo de identifi- de Saúde, Desenvolvimento Social e Educação,
car avanços, impactos, transformações e neces- sobre a implementação de Programas para o De-
sidades de mudança na realidade dos municípios. senvolvimento Infantil.
Ainda dentre as novidades do SPPI desta-
ca-se a realização de um Curso de Especializa-
Nova fase e expansão do Programa
ção em Promoção do Desenvolvimento Infantil,
Além dos eixos norteadores e das ações vin-
realizado em parceria com a Escola de Enfer-
culadas a eles, diferentes atividades são realiza-
magem da Universidade de São Paulo - EEUSP.
das no SPPI, tais como oficinas de apoio técnico
A primeira turma, prevista para o início de
com temáticas específicas que podem contribuir
2019, terá cerca de 35 vagas dirigidas a profis-
com o andamento do programa. Um exemplo é o
sionais técnicos e gestores. Do mesmo modo,
aprofundamento sobre trabalhos intersetoriais e
foi lançada a Linha de Cuidado da Saúde da
em rede. Outra atividade, à qual a presente pu-
Criança, que no presente momento encontra-
blicação está majoritariamente relacionada, é o
-se disponível virtualmente para os municípios
mapeamento de práticas do SPPI, que identificou
(http://bit.ly/linha-de-cuidado) e, em breve, se-
ações de transformação e impacto vinculadas ao
rá publicada de forma impressa.
desenvolvimento infantil nas cinco regionais em
Para concluir, retoma-se a relevância de ini-
que o SPPI foi implementado.
Novas ações da SES estão fazendo o pro- ciativas como o São Paulo pela Primeiríssima In-
grama ganhar mais força dentro do Estado. A ava- fância, que buscam fortalecer e promover políti-
liação participativa com os indicadores desenvol- cas públicas em prol do Desenvolvimento Infantil
vidos pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal Integral e Integrado.
será aplicada em mais 59 municípios das regi- Nos orgulhamos dos avanços e inúmeras
ões prioritárias do Estado que ainda não tiveram conquistas que o programa tem alcançado em di-
o SPPI implementado, como o Vale do Ribeira, ferentes regiões de São Paulo. Iniciativas como
Itapeva, Vale do Jurumirim e Região Metropolita- essa trarão benefícios não somente para as famí-
na de Campinas. Espera-se que esse diagnósti- lias e profissionais diretamente envolvidos, mas
co mobilize diversas ações estratégicas, poden- à sociedade como um todo. Investir na primeirís-
do ser utilizado na criação de planos de ações, sima infância é plantar sementes, aguar e adubar
nas priorizações de demandas, nas formações o solo, para que no futuro tenhamos uma colheita
de profissionais da rede pública e no incentivo diferenciada, a qual resultará em uma sociedade
a ações intersetoriais. Além disso, a SES ini- com mais equidade, com sujeitos mais saudá-
ciará uma capacitação para profissionais das veis, produtivos e socialmente responsáveis.
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Resumo
Em 2012, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) formalizou uma parceria com a Fundação Maria Cecilia
Souto Vidigal (FMCSV), para implementação do Programa São Paulo pela Primeiríssima Infância (SPPI), em 41
municípios, buscando fortalecer a promoção do desenvolvimento integral das crianças por meio de ação conjunta
com os municípios paulistas. O artigo aponta a importância de o Estado trabalhar nessa frente.
T
odos conhecemos o clássico da literatura são cruciais para a criação de sociedades me-
árabe As Mil e Uma Noites: histórias con- nos desiguais e mais prósperas. As evidências
tadas por Sherazade a um Sultão para es- científicas na atualidade apontam para a impor-
capar da morte. Mas nem todos conhecemos ou tância de estabelecer os alicerces de suas aqui-
sabemos sobre os Mil e Cem Dias que fazem a sições futura. É um compromisso ético de vários
diferença na vida de uma criança. governos e países, na perspectiva do desenvolvi-
Na narrativa árabe, como diz Foulcault em O mento integral das crianças. Para isso, é preciso
que é um autor?, Sherazade realizava “esforço de atender as necessidades, acolher e compreen-
todas as noites para conseguir manter a morte fo- der o processo de desenvolvimento e as proteger
ra do ciclo da existência”. Nos Mil e Cem Dias se das crianças de todas as formas de violência e
realiza um esforço diário para o desenvolvimento
negligência.
saudável da criança, desde sua concepção (e his-
A partir dessas evidências, o tema da pri-
tória que a antecede), proporcionando a ela condi-
meira infância também vem ganhando, na última
ções adequadas a um bom começo de vida para
década, maior atenção na agenda pública brasi-
que possa atingir seu pleno potencial.
leira, sobretudo a partir da aprovação, em 2010,
Esses Mil e Cem Dias (ou o período que vai
do Plano Nacional pela Primeira Infância, pelo
de 0 a 3 anos de idade) da vida de uma criança
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (Conanda). Vale também destacar
a instituição, nesse período, do Programa Brasil
I
Arnaldo Sala (asala@saude.sp.gov.br) é Coordenador da Área Técnica da
Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Carinhoso (Lei n° 12.722/2012) e, mais recente-
II
Carolina Rosa de Barros Feitosa (cbfeitosa@saude.sp.gov.br) é da Área
Técnica da Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
mente, a aprovação do Marco Legal da Primeira
III
Neil José Sorge Boaretti (nboaretti@saude.sp.gov.br) é da Área Técnica da Infância (Lei nº 13.257/2016) e a implementação
Saúde Básica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
do Programa Criança Feliz, em 2017. Na área de
IV
Roberta Ricardes Pires (rricardes@saude.sp.gov.br) é da Área Técnica da
Saúde da Criança da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. saúde, também temos conseguido avanços, com
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a instituição da Rede Cegonha (Portaria MS nº integral das crianças por meio de ação conjunta
1.459/2011) e da Política Nacional de Atenção à com os municípios paulistas.
Saúde da Criança (Portaria MS nº 1.130/2015), O Programa SPPI foi idealizado para quali-
pelo Ministério da Saúde. ficar o atendimento e o cuidado às crianças de
No Estado de São Paulo, também estão 0 a 3 anos, favorecendo seu desenvolvimento
sendo desenvolvidas ações que convergem para integral e integrado. A palavra integral refere-se
a implementação de uma rede de cuidados que à observação do desenvolvimento da criança de
visa assegurar às mulheres o direito à atenção modo mais amplo, englobando aspectos físicos,
humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério; cognitivos e psicossociais. O termo integrado,
e, às crianças, o direito ao nascimento seguro e por sua vez, traz a perspectiva da intersetoria-
ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. lidade, ou seja, de um atendimento que associe
Encontram-se em fase de implementação os serviços de educação, saúde, assistência so-
a Linha de Cuidado da Gestante e Puérpera e a cial e outros atores sociais relevantes na atenção
Linha de Cuidado da Criança para todos os mu- à criança.
Por meio da parceria SES e FMCSV, foi via-
nicípios do Estado, propostas pela Secretaria de
bilizada também, junto à Fundação Seade, a cria-
Estado da Saúde (SES-SP). Entende-se por Linha
ção do Índice Paulista da Primeira Infância que
de Cuidado um conjunto de saberes, tecnologias
reflete a capacidade de os municípios paulistas
e recursos necessários ao enfrentamento dos ris-
promoverem o desenvolvimento infantil por meio
cos, agravos ou condições específicas do ciclo
do acesso aos serviços de saúde e educação di-
de vida, a ser ofertado de forma articulada por
rigidos às crianças menores de 6 anos de idade,
um dado sistema de saúde. Uma linha de cuida-
possibilitando aos gestores subsídios para o pla-
do deve se expressar por meio de padronizações
nejamento e aprimoramento das políticas públi-
técnicas que explicitem informações relativas à
cas para a primeira infância.
organização da oferta de ações de saúde em um
Contudo, apesar dos avanços, ainda é gran-
dado sistema.
de o desafio para a implementação e gestão de
O Estado também conta com a Rede Paulis-
políticas públicas integradas e focadas nessa
ta de Bancos de Leite Humano, que atua incen- etapa da vida de nossas crianças, visto que, se
tivando o aleitamento materno e fortalecendo o por um lado esse é um período de grandes opor-
vínculo mãe-bebê-família, e 40 hospitais com a tunidades para o pleno desenvolvimento das ca-
Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), visto pacidades necessárias à fase adulta, também
que o aleitamento materno, por si só, previne é uma fase de grande vulnerabilidade, que de-
mortes infantis, além de promover a saúde físi- manda esforços conjugados de diversos setores
ca, mental e psíquica da criança e da mulher que para responder adequadamente às especificida-
amamenta. des dessa etapa da vida. É fundamental que a
Em 2012, a Secretaria de Estado da Saúde atenção aos aspectos psicossociais e cognitivos
(SES-SP) formalizou uma parceria com a Funda- tenha a mesma relevância dada aos aspectos re-
ção Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), para im- lacionados ao desenvolvimento físico, nutricional
plementação do Programa São Paulo pela Primei- e de imunização.
ríssima Infância (SPPI), em 41 municípios, bus- Ainda são necessários investimentos na qua-
cando fortalecer a promoção do desenvolvimento lificação das práticas profissionais para acompa-
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Resumo
O artigo tem por objetivo apresentar a importância do investimento na primeira infância e alguns dos principais
programas, com foco no desenvolvimento infantil implementados no Brasil e outros países. Conclui-se que é
crescente o investimento em programas intersetoriais para promover o desenvolvimento integral das crianças
de 0 a 6 anos.
O
período da gravidez aos 3 anos de idade é o cérebro se desenvolve muito rapidamente e é
aquele em que as crianças são mais sus- muito sensível aos cuidados e estímulos. Outro
cetíveis a influências ambientais. Nessa argumento está relacionado ao fato de que há
fase são estabelecidas as bases para a saúde, o uma concentração de crianças nos grupos po-
bem-estar, a aprendizagem e a produtividade ao pulacionais mais vulneráveis. Sabe-se, também,
longo da vida, com impacto sobre a saúde e bem- que é importante investir na PI para poder contar,
-estar das futuras gerações8. no futuro, com uma população mais saudável. Da
A importância do investimento nas políticas mesma forma, o investimento na PI pode gerar
de primeira infância (PI) fundamenta-se em vários efeitos positivos em matéria de gênero, ao promo-
argumentos. O primeiro é o direito de todas as ver a inserção ou reinserção laboral das mulhe-
crianças ao desenvolvimento pleno de seus po- res, que continuam a ser as principais provedoras
tenciais, estabelecido pela Convenção dos Direi- do cuidado. Por fim, do ponto de vista econômico,
tos da Criança, pelo Estatuto da Criança e do Ado- evidências mostram que o investimento feito em
lescente (ECA) e pelo Marco Legal da Primeira In- programas de qualidade para a PI tem uma alta
fância, aprovado em 2016 (Lei nº 13.257, de 8 de taxa de retorno para a sociedade (a cada US$ 1
março de 2016). Além disso, os avanços da neuro- investido o retorno é de até US$ 17)1, 2.
ciência apontam que nos primeiros anos de vida, Apesar das evidências sobre a importância
especialmente no período até os 3 anos de ida- da PI, publicação da revista The Lancet de 2007
de (também chamado de primeiríssima infância), estimou que mais de 200 milhões de crianças
menores de cinco anos em países de baixa e mé-
dia renda não atingem seu potencial de desen-
I
Sonia Isoyama Venancio (soniav@isaude.sp.gov.br) é pediatra, mestre e
volvimento devido à exposição a fatores de risco
doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Pes- ambientais, biológicos e psicossociais5.
quisadora (PqC VI) e vice-diretora do Instituto de Saúde. Docente dos Pro-
gramas de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Em edição mais recente, o The Lancet Early
e do Programa de Pós Graduação em Nutrição e Saúde Pública FSP/USP.
Consultora da CGSCAM/MS. Childhood Development, 2016, tem como pauta
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da Infância Chile Cresce Contigo (2006) e o Pro- É importante ressaltar, além das iniciativas
grama Uruguai Cresce Contigo (2012). governamentais, outras contribuições, como a da
No Brasil, apesar dos avanços nas políticas Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), que promo-
de saúde direcionadas à redução da mortalidade ve uma articulação nacional de organizações da
infantil, podemos dizer que programas dirigidos ao sociedade civil, do governo, do setor privado, de
desenvolvimento na primeira infância são ainda outras redes e de organizações multilaterais que
incipientes. De fato, a primeira iniciativa interseto- atuam, direta ou indiretamente, pela promoção e
rial do governo federal em prol da primeira infância garantia dos direitos da primeira infância (<http://
ocorreu em 2012, com o lançamento do Programa primeirainfancia.org.br>).
Brasil Carinhoso, concebido em uma perspectiva Dessa forma, percebe-se no país um inte-
de atenção integral às crianças de zero a 6 anos, resse crescente na implementação de políticas
com o reforço de políticas ligadas à saúde, educa- dirigidas ao desenvolvimento na PI, com o com-
ção e transferência de renda2. Em 2016 o Brasil promisso de gestores federais, estaduais, muni-
lança o “Criança Feliz”, um amplo programa de vi- cipais e o engajamento da sociedade civil. Nesse
sitas domiciliares dirigido a gestantes e crianças contexto, torna-se de grande relevância dissemi-
de 0-3 anos beneficiárias do Programa Bolsa Fa- nar as experiências dos municípios paulistas que
mília, de caráter intersetorial e coordenado pelo implementaram o Programa “São Paulo pela Pri-
Ministério de Desenvolvimento Social. Até janeiro meiríssima Infância”, no sentido de demonstrar
de 2018, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.614 boas práticas intersetoriais desenvolvidas pela
tinham aderido ao Programa. Desses, 1.856 ti- saúde, educação e assistência social, a fim de
nham começado a realizar visitas domiciliares, en- apoiar a expansão de iniciativas dirigidas à PI no
volvendo 185.910 crianças e 26.383 gestantes4. âmbito municipal.
Algumas iniciativas em âmbito estadual
também podem ser citadas, como o Programa
Primeira Infância Melhor-PIM, do Rio Grande do
Sul (2006); o Programa Mãe Coruja Pernambu-
cana, do Estado de Pernambuco (2009); o Pro- Referências
1. Aulicino, C.; Langou, G. D. Políticas públicas de desenvol-
grama Mais Infância Ceará (2015); Programa Pri-
vimento infantil na América Latina. Levantamento e análise
meira Infância Amazonense (2016); e o Primeira
de experiências. 2015. Disponível: http://www.reduca-al.
Infância Acreana, de 2017. Merece destaque o
net/files/observatorio/reportes/politicas-publicas-portu-
programa estadual São Paulo pela Primeiríssima gues-web-2016-APOIADORES.pdf. Acesso em 7 de setem-
Infância, que, por meio de um convênio celebrado bro de 2018.
em 2012 entre a Secretaria de Estado da Saúde 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tec-
de São Paulo e a Fundação Maria Cecilia Souto nologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência
Vidigal, envolveu cinco regiões e 41 municípios e Tecnologia. Síntese de evidências para políticas de saú-
de: promovendo o desenvolvimento na primeira infância /
paulistas.
Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Na mesma linha, algumas capitais brasilei-
Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnolo-
ras também implementaram programas dirigidos gia. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
à PI, tais como São Paulo (São Paulo Carinhosa, 3. Christakis D. Media and children [video]. City: Publi-
2013), Boa Vista (Família que Acolhe, 2013) e sher; 2011 Disponível em https://www.youtube.com/
Fortaleza (Cresça com seu Filho, 2014). watch?v=BoT7qH_uVNo, Acesso em 7 de setembro de 2018.
|17
4. Girade H. ‘Criança Feliz’: A programme to break the 7. Selina Lo, Pamela Das, Richard Horton. A good start in
cycle of poverty and reduce the inequality in Brazil. Ear- life will ensure a sustainable future for all. The Lancet, Vol.
ly Childhood Matters. © Bernard van Leer Foundation, 389, nº 10.064. Disponível em https://www.thelancet.com/
2018. series/ECD2016.
5. Grantham-MCGregor, S. et al. Developmental potencial 8. World Health Organization. Nurturing care for early chil-
in the first 5 years for children in developing countries. The dhood development: a framework for helping children
Lancet, London, v. 369, nº 6, p. 60-70, 2007. survive and thrive to transform health and human poten-
6. Schneider A., Frutuoso J., Cataneli R. A primeira infân- tial ISBN 978-92-4-151406-4, 2018. Disponível em ht-
cia e a atuação do Conass. Boletim do Instituto de saúde. tp://w w w.who.int/maternal_child _ adolescent/child/
16(1), 2015. nurturing-care-framework/en/.
|18
Resumo
O artigo introduz a abordagem “Pré-natal, puerpério e amamentação: práticas ampliadas (PNPA)”, analisa as di-
ferentes possibilidades de construção familiar e compartilha a experiência de sua aplicação no Programa São
Paulo pela Primeiríssima Infância.
A
abordagem “Pré-natal, puerpério e ama- vembro de 2009, inaugurando o Programa Primei-
mentação: práticas ampliadas (PNPA)” é ríssima Infância, precursor do SSPI, a oficina so-
parte de um conjunto de seis intervenções- bre PNPA, que é a primeira das seis intervenções-
-chave para a promoção do desenvolvimento infan- -chave a ser implementada, continua mostrando-
til, componentes do Programa São Paulo pela Pri- -se relevante, atraente e provocativa na formação
meiríssima Infância (SPPI). dos profissionais que atuam nas áreas de educa-
Seus conteúdos e sua metodologia foram ção, saúde e assistência social que atuam com
agregados a partir de experiências profissionais gestantes.
de um grupo de trabalhadores do Sistema Único Como proposta pedagógica, a oficina propor-
de Saúde e de professores da Escola de Enfer- ciona um espaço dialógico e integrativo, locus de
magem da Universidade de São Paulo, demanda- construção de competências e habilidades que
dos pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, proporcionam, principalmente e em linhas gerais:
resultando em uma oficina de 16 horas que tem a sensibilização para o cuidado na gestação pelo
como por público-alvo gestores e técnicos de resgate de memórias significativas da narrativa
Educação, Saúde e Assistência Social. profissional voltada para o pré-natal; o exercício
da escuta qualificada; a reflexão em grupo; a aná-
I
Marcos Davi dos Santos (marcosdavi@institutoprimeirosanos.com.br) mé- lise crítica de textos e a utilização de elementos
dico clínico geral e infectologista e psicoterapeuta corporal. Mestre em Doen-
ças Infecciosas e Parasitárias pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp.
afetivo-artísticos para permear a aprendizagem.
Atuou como Médico de Família e Comunidade, gerente de Unidade Básica
de Saúde e assessor de Supervisão de Saúde pela Coordenadoria de Saúde
Busca-se atuar na perspectiva ampliada não so-
de M’Boi Mirim. Reeditor e autor do Projeto Nossas Crianças: Janelas de
Oportunidades, projeto pioneiro na Promoção do Desenvolvimento Infantil na
mente por meio da concepção de saúde da ges-
Atenção Básica. Formador de profissionais na perspectiva intersetorial des- tante, mas, principalmente, por meio do enfoque
de 2009, tendo coordenado as intervenções chave de Pré-natal, puerpério
e amamentação e Puericultura pelo Programa Primeiríssima Infância e São na família grávida e na rede social da gestante.
Paulo pela Primeiríssima Infância. Idealizador do Instituto Primeiros Anos –
Desenvolvimento Humano, empresa social onde atua como diretor executivo. Trata, portanto, da construção de novos
Concebeu a Rede a.tempo, inovação social em escala em fase de validação
interna. saberes a partir da explicitação das vivências
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profissionais latentes. As oficinas são elaboradas Três grandes períodos na evolução da famí-
a partir de uma perspectiva intersetorial, contri- lia são apontados:
buindo em diferentes níveis para a integralidade, (1) a família tradicional – para assegurar
seja pela integração de práticas multiprofissio- a transmissão de um patrimônio; casa-
nais seja pela integração da rede intersetorial e mentos arranjados; uniões em idade pre-
multiprofissional. Nessa direção, tem-se como coce; uma ordem de mundo imutável e
fio condutor o planejamento didático da proposta submetida à autoridade patriarcal;
ampliadora do paradigma biomédico, reducionis-
(2) a família “moderna” – fundada no amor
ta e unidisciplinar ainda vigente, que dificulta o
romântico; reciprocidade de sentimen-
cuidado integral. Destaca-se que o modelo da ofi-
tos e desejos carnais, sancionada pelo
cina faz parte da Coleção Primeiríssima Infância.8
casamento; divisão do trabalho entre os
Ampliar as práticas do PNPA é considerar
esposos; educação dos filhos sob a res-
com igual atenção e importância os aspectos re-
ponsabilidade da nação; distribuição de
lacionados à vida psíquica da gestante, da puér-
autoridade entre o Estado e os pais, de
pera e da nutriz, da sua família e dos seus am-
um lado, e entre os pais e as mães por
bientes sociais diretos e indiretos. Não podemos
outro; e,
desconsiderar os aspectos físicos do corpo graví-
(3) a família “pós-moderna” ou contempo-
dico da mulher. Trabalhar esses aspectos físicos
rânea - união de duração relativa de in-
potencializa o desenvolvimento infantil em suas
divíduos que buscam relações íntimas
múltiplas dimensões: motora, intelectual, de lin-
ou realização sexual; horizontal e em
guagem, social e emocional.
redes; transmissão de autoridade cada
Nessa abordagem, tal definição implica a
vez mais problemática na medida em
necessidade de atualização a respeito da des-
que aumentam os divórcios, separações
romantização da família, da fundamentação de
e recomposições conjugais.2, 7
uma perspectiva ampliada para o desenvolvimen-
to infantil e do incentivo à participação do pai e do A família pós-moderna, contemporânea,
fortalecimento da rede social primária da gestan- pode ser caracterizada pelo maior número de
te. A partir desses aspectos apontados, destaca- pessoas idosas, porque as pessoas estão viven-
-se que a visita domiciliária é um dos como prin- do mais. Há também diminuição do número de
cipais instrumentos,enquanto ferramenta potente famílias compostas de pai, mãe e filhos (família
de promoção do desenvolvimento infantil, além da nuclear conjugal), com mais famílias compostas
utilização do genograma e/ou do ecomapa e prio- de mães morando sozinhas com seus filhos e,
rização das(os) adolescentes grávida(os). também, porque começam a aparecer famílias
de pais morando sozinhos com seus filhos (famí-
lias monoparentais). 2, 7
A desconstrução da romantização da família Além disso, há maior número de pessoas
A família é um grupo de pessoas, vinculadas morando sozinhas e de famílias reconstituídas (fi-
por laços consanguíneos, de aliança ou de afinida- lhos de casamentos anteriores morando juntos).
de, na qual os vínculos circunscrevem obrigações Evidencia-se também a preferência por uniões
recíprocas e mútuas, organizadas em torno de re- consensuais em detrimento dos matrimônios le-
lações de geração e de gênero.1 gais. Persistem, no entanto, as famílias extensas
|20
ou ampliadas, isto é, famílias às quais se agre- simbólica o útero ou o seio materno – a criança
gam parentes ou amigos. Começam também a é falada.13, 14
surgir famílias de casais sem filhos por opção e A função paterna responde pelas regras de
famílias compostas de amigos, cujas relações de convivência social (“leis”), limites e responsabili-
parentesco são baseadas na afinidade (família dades inicialmente dentro da família, depois le-
por associação); completam a caracterização da vando para fora; ao estímulo para o crescimento,
família pós-moderna as famílias de casais homo- independência, autonomia e aquisição de conhe-
afetivos. No Brasil, a união homoafetiva foi oficia- cimentos. Tem como símbolo o desenvolvimento
lizada em 5 de maio de 2011.2, 6, 7 da função simbólica, da linguagem – a criança
A desconstrução do modelo ideal de famí- fala.13, 14
lia põe fim ao processo que considera as famí- Quando aplicada à psicologia, resiliência
lias culpadas pelas situações de vulnerabilida- significa resistência a experiências negativas,
des que vivenciam, como se as famílias fossem que não é uma capacidade inata. Ela depende
responsáveis pelas consequências das desigual- da interação com o ambiente, dependente da es-
dades. Abrindo mão da visão das famílias como timulação e dos vínculos. Também não pressu-
desestruturadas, desarranjadas ou falidas, evi- põe características excepcionais de saúde nem
tando julgamentos baseados em qualquer tipo de experiências de vida predominantemente boas,
preconceito, os profissionais que trabalham com mas de uma exposição controlada ao estresse
famílias podem chegar a um contraponto: é pre- e às adversidades psicossociais. O conceito de
ciso não idealizar/romantizar a família – ela é lo- resiliência ajuda-nos a compreender as diferen-
cus de proteção, mas também de desigualdade e ças de adaptação de famílias em situações se-
violência. Supervalorizar a família pode oprimir/ melhantes de vulnerabilidade social. Famílias for-
inviazibilizar seus membros.4 talecidas são famílias cujos recursos superam os
desafios, enquanto nas famílias vulnerabilizadas,
os desafios pesam mais na balança em detrimen-
Como a PNPA apoia a primeiríssima infância nos
to dos recursos.2, 10
municípios do SPPI
Algumas recomendações aos profissionais
Na abordagem PNPA, os participantes são
no trabalho com famílias são:
convidados a refletir e a problematizar sempre
as próprias experiências com suas famílias (fa- (1) observar como os membros da família
mília atual e família de origem), identificando va- se comunicam por suas mensagens ver-
lores, crenças e mitos e, principalmente, a apren- bais e não verbais e procurar ajudá-los
der a diferenciar papéis e funções maternas e a sintetizar e traduzir verbalmente esses
paternas. conteúdos;
A função materna se traduz em acolhimen- (2) evitar reagir com base nos sentimentos
to, aconchego, satisfação das necessidades bá- que determinadas pessoas e famílias
sicas da criança, que inicialmente estão muito mobilizam em nós, sejam eles positivos
ligadas ao corpo. Gradativamente, essa função ou negativos; nessas situações, melhor
serve como decodificadora de necessidades será adiar uma resposta ou conduta e
mais complexas (sentimentos, angústias, novas buscar ajuda na equipe ou supervisão
experiências e aprendizados). Tem como imagem especializada;
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|22
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|24
|25
porém, as situações em que não for possível, rias familiares, experiências de conheci-
com a mesma intencionalidade de fortalecimento dos ou amigos, que aparecem em sonhos
do vínculo.13, 14 e pesadelos. A maioria dos homens evita
falar sobre isso e vivencia sozinho esse
medo, podendo até chegar ao pânico;
Participação do pai
Desde a gestação, múltiplos sentimentos • Medo de ser substituído: muitas mulhe-
não identificados e sem espaço de escuta são res admitem que o recém-nascido seja
vivenciados pelos pais. Nos últimos anos, a pa- mais importante e que seu companhei-
rentalidade tem ganhado espaço na esfera pú- ro ficou em segundo plano. Infidelidade,
blica com novos significados sendo atribuídos, medo de morrer e ser substituído por ou-
não somente ao papel do pai, mas, também, à tro homem na educação dos/as filhos/as
função paterna na contemporaneidade. Avanços também podem acontecer.
na participação mais efetiva dos pais na primei-
O profissional da primeira infância deve
ra infância podem ser observados. Os sentimen-
abrir espaços de escuta aos pais, relevantes que
tos dos pais durante a gestação podem estar
são para o desenvolvimento da criança, incenti-
presentes também no puerpério e na amamen-
vando-os a participar do pré-natal, puerpério e
tação. 9, 13, 14
amamentação.
São eles:
Para concluir, aponta-se que todas as ques-
• Sentimentos de regressão: aparecem as- tões discutidas ao longo do presente artigo cha-
pectos regressivos de sua personalidade mam a atenção para a importância das famílias e
desde o período de gravidez das mulhe- profissionais ampliarem suas concepções, olha-
res; recosta-se sobre a barriga da mulher res e práticas com relação ao pré-natal, puerpé-
e deseja ser tratado como criança; busca rio e amamentação. Sensibilizar para a humaniza-
reencontrar seus pais e outros homens ção e qualificação das relações desde o período
significativos em sua vida e identifica-se da gestação, não somente da mãe com o bebê,
com as necessidades de seus futuros fi- como também o envolvimento do pai e de toda a
lhos, como dar e receber afeto, não ser família, pode trazer resultados significativamente
abandonado, contar com um bom mode- diferenciados e potentes para a vida de nossas
lo, etc.; crianças.
• Sentimentos de abandono: sentem-se
abandonados ao perceber a mulher dis-
tante e imersa em um turbilhão de emo-
ções, evitando contato físico e sexual
com eles, e seus amigos não estão pre- Referências
parados para escutar sobre essas sensa- 1. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda) e Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS).
ções que nem ele mesmo consegue defi-
Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de
nir com precisão;
Crianças e Adolescentes à convivência familiar e comunitária,
• Medo de perder a mulher e o filho: geral- pág. 24. Brasil, 2006. Disponível em <https://www.mds.gov.
mente guardam uma relação com histó- br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/
|26
Plano_Defesa_CriancasAdolescentes%20.pdf>. Acessado em Infância, vol. 3. Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. São
17/8/2018. Paulo, 1ª ed., 2014.
2. Hintz HC. Novos tempos, novas famílias? Da moderni- 9. Sebastini M, Magnasco TMR. Claroscuros del embarazo,
dade à pós-modernidade. Revista Pensando Famílias, 3, el parto y el puerperio. Ed. Paidós: Buenos Aires, 2004.
2001; (8-19). 10. Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social da
3. Ibiapina LP, Alves JAG, Busgaib RPS, Costa FS. Depres- Prefeitura de Belo Horizonte. Metodologia de trabalho com
são pós-parto: tratamento baseado em evidências. Femeni- famílias e comunidades nos Núcleos de Apoio à Família –
na, v.38, n.3, p.161-165, março 2010. NAF. Metodologia de trabalho com famílias e grupos no Eixo
4. Maia de Andrade P. Diretrizes para o Acompanhamento Fa- Orientação SOSF/PBH. 2007.
miliar no âmbito do PAIF. Ministério do Desenvolvimento So- 11. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Manual
cial e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Técnico do Pré-Natal, Parto e Puerpério 1ª ed. São Paulo
Social. Departamento de Proteção Social Básica. Disponível (Estado) Secretaria da Saúde. Linha de cuidado gestante e
em:< http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/condicionalida- puérpera: manual técnico do pré-natal, parto e puerpério.
des/arquivos/Apresentacao%20Seminario%20Acompanha- / organizado por Carmen Cecilia de Campos Lavras -- São
mento%20Familiar_Priscilla.pdf>. Acessado em 18/2018. Paulo: SES/SP, 2018. Disponível em: <http://ses.sp.bvs.
5. Ministério da Saúde. Clínica ampliada e compartilhada. br/wp-content/uploads/2018/06/LINHA-DE-CUIDADO-DA-
Brasil, 2009. -GESTANTE-manual-tecnico-vf-21.06.18.pdf>. Acessado em
6. Newsletter – Jurisprudência. União homoafetiva como 18/8/2018.
entidade familiar. Disponível em: <http://www2.stf.jus.br/ 12. Soares MLPV. Conversando sobre como construir uma
portalStfInternacional/cms/destaquesNewsletter.php?sig sólida rede social. In: Projeto Nossas Crianças: Janelas de
la=newsletterPortalInternacionalJurisprudencia&idConteu Oportunidades, 3ª.ed.Prefeitura Municipal de Boa Vista.
do=193683>. Acessado em 18/8/2018. Boa Vista (RR), 2016.
7. Roudinesco E. A família em desordem. Rio de Janeiro: 13. Winnicott D. El niño en el grupo familiar. Congreso de
Jorge Zahar Editor, pág. 19; 2003. la Asociación de Jardines de Infantes; New College, Oxford,
8. Santos, MD et al. Formação em pré-natal, puerpério e 1966.
amamentação: práticas ampliadas. Coleção Primeiríssima 14. Winnicott D. La lactancia natural. Revisão de 1954.
|27
Resumo
O artigo retoma a importância da criação dos Centros de Parto Normal (CPN) para o atendimento à mulher no
período gravídico-puerperal e discorre sobre as iniciativas criadas a partir de programas institucionalizados de
humanização do parto e do nascimento.
O
ano de 1999 é um marco histórico para O nascimento, em sequência ao parto, é um
a área da obstetrícia no Brasil. Em 5 de processo importante, planejado e organizado pa-
agosto, com a Portaria nº 985/GM, o en- ra que o nascimento da família em torno dessa
tão ministro José Serra oficializou a criação dos criança ocorra nesse minuto mágico pós-parto.
Centros de Parto Normal (CPN), para o atendi- Isso pode garantir atenção, intenção e proteção
mento à mulher no período gravídico-puerperal pela formação de uma família no entorno da crian-
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). ça. Certamente, esses cuidados resultarão em
Nesta Portaria, definiu-se como Centro de uma infância feliz e saudável para poder crescer
Parto Normal a unidade de saúde que presta com o seu futuro assegurado. É nesse momento
atendimento humanizado e de qualidade exclusi- inicial que o sentimento de família é fortalecido a
vamente ao parto normal sem distócia. A partir partir da indução dos participantes ao sentido de
deste marco, surgiram diversas experiências ofi-
assenhoramento quanto ao recém-nascido, crian-
ciais de programas institucionalizados de huma-
do defensores ferrenhos do direito dessa criança
nização do parto e do nascimento. Além disso,
de ser protegida, cuidada e acolhida na família,
centros de parto normal extra-hospitalares ou as
núcleo base da sociedade.
casas de parto e os centros de parto normal in-
tra-hospitalares foram criados.
Humanização do parto e nascimento na temática
da primeira infância
Dentro do Programa São Paulo pela Pri-
I
Newton Tomio Miyashita (newtomio@gmail.com) é médico obstetra pela
PUC-Campinas, membro da comissão de Aleitamento Materno da Febrasgo, meiríssima de Primeira Infância, com foco em
administrador hospitalar pela FGV-EASP e diretor médico da Santa Casa de
São José dos Campos. Também é consultor em Humanização do Parto e crianças de 0 a 3 anos de vida, o tema da Hu-
Nascimento nos programas estaduais da Primeiríssima Infância, com apoio
da FMCSV. manização do Parto e Nascimento ocupa lugar
|28
de destaque. Ele tem como objetivo maior for- conduta desnecessária cria necessidade de ou-
talecer os vínculos de mães e bebês e de be- tras condutas antes desnecessárias, terminando
bês com a família, facilitando, estimulando e em dores potencializadas na mulher.
induzindo a formação e o fortalecimento da fa- A demora na implementação dessa mu-
mília em torno de cada bebê. Isso é realizado dança deveu-se à dificuldade de adaptação re-
através da vivência do trabalho de parto, par- pentina das escolas e sociedades médicas ao
to e nascimento humanizados pelo trinômio novo conceito. Entretanto, a medicina, baseada
mãe-bebê-acompanhante. em evidências científicas, permitiu uma profun-
Assim, busca-se garantir ao recém-nascido da reflexão sobre o tema e gradativamente os
uma chegada como novo, importante e melhor novos conceitos foram introduzidos nos currí-
cidadão na sociedade. Essa atuação pode tra- culos escolares e nos principais congressos de
zer benefícios como as quedas brutais da crimi- obstetrícia.
nalidade experimentadas pelas sociedades que
assumiram esses programas infantis há mais de
20 anos. Movimentos que apoiam a humanização da
obstetrícia
Ainda não existe a prática humanizada ideal
Os avanços até agora
em todos os serviços obstétricos, principalmen-
O programa de assistência humanizada ao
te na saúde suplementar. Mesmo assim, existem
parto e nascimento completou 19 anos de exis-
movimentos oficiais do Ministério da Saúde como
tência em 2018. Os avanços mostraram que é
a Rede Cegonha e leis - ainda que estaduais e
possível transformar a obstetrícia e a neonato-
isoladas - que já obrigam os seus serviços públi-
logia tradicionais - e intervencionistas ao extre-
cos à oferta de assistência obstétrica e neonatal
mo - em uma assistência que oferece e garante
humanizadas.
o direito das mulheres e seus fetos ao melhor
Por sua vez, a Agência Nacional de Saúde
parto. Isso é feito respeitando as privacidades,
Suplementar, coordenadora das atividades das
individualidades, vontades e necessidades das
operadoras de saúde suplementar, tem aborda-
gestantes de forma empática e segura.
Além da humanização do atendimento, o do as suas afiliadas para discutir o direito das
grande segredo para o sucesso dos centros de suas parturientes de terem acesso às práticas
parto normal intra-hospitalares é a harmonização humanizadas de assistência. Essas discussões
de uma equipe de assistência multiprofissional. são baseadas na inversão da estatística de par-
Ela conta com enfermeiros obstetras, médicos tos cesarianos nos serviços privados, responsá-
obstetras, neonatologistas, anestesistas e ou- veis pelo nosso ranqueamento mundial dentre os
tros profissionais atuando em mútua colaboração campeões de partos cesáreos.
sobre o mesmo paciente. Outro movimento oficial, na tentativa de in-
Passamos, então, de uma obstetrícia im- duzir uma melhoria da assistência obstétrica, é a
pessoal, mecânica e essencialmente intervencio- Lei estadual nº 15.759, de 25 de março de 2015.
nista para uma obstetrícia que recupera a auto- Ela assegura o direito ao parto humanizado nos
nomia dos profissionais médicos e de enferma- estabelecimentos públicos de saúde do Estado
gem obstétrica. É importante reforçar que cada de São Paulo.
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Resumo
A Formação em Puericultura: Práticas Ampliadas foi realizada no contexto do Programa São Paulo pela Primeirís-
sima Infância, em 41 municípios até 2017, junto a profissionais e representantes da sociedade civil que atendem
crianças e suas famílias. Os conteúdos, as estratégias pedagógicas e as avaliações durante o processo visam a
sensibilizar os participantes e mobilizá-los para atuar na promoção do cuidado amoroso e responsivo, valorizan-
do o patrimônio familiar e considerando a importância da intersetorialidade e da rede social de apoio à família.
Profissionais dos setores da educação, do assistência social e da saúde avaliaram positivamente a Formação,
com mudanças pessoais e atitudinais, além das institucionais. Destacam-se a Caderneta de Saúde da Criança, a
Ficha de Acompanhamento dos cuidados para promoção do desenvolvimento infantil e a Proteção física e emocio-
nal da criança diante da realização de procedimentos como elementos para maior articulação intersetorial. Para
cada setor, buscou-se avançar em ações de caráter universal e também focal. Identificaram-se ainda desafios pa-
ra a incorporação permanente dos componentes da Formação, como a superação dos atendimentos prescritivos,
o reconhecimento da importância da Rede Social e da articulação intersetorial, a valorização da parentalidade e
da fase da vida da criança e da divulgação desses princípios para o público em geral.
O
Marco Legal da Primeira Infância2 define Infância (SPPI) está norteado por quatro eixos:
a primeira infância como o período que Governança, Formação, Mobilização e Sustenta-
vai desde o nascimento até os 6 anos de bilidade. O eixo Formação é composto por seis
idade. Não obstante a importância desse perío- temas, a saber: 1) Pré-natal, Puerpério e Ama-
do como um todo, destacam-se os três primeiros mentação: Práticas Ampliadas; 2) Trabalho com
anos - primeiríssima infância - como ainda mais Grupos: Famílias Grávidas e com Crianças de até
relevantes para o desenvolvimento integral do ser 3 anos; 3) Espaços Lúdicos; 4) Educação Infantil:
humano. 0 a 3 anos; 5) Humanização do Parto e Nasci-
mento; e 6) Formação em Puericultura: Práticas
I
Anna Maria Chiesa (amchiesa@usp.br) é enfermeira. Professora associada Ampliadas. Esses temas estão direcionados pa-
da Escola de Enfermagem da USP. Bolsista Produtividade em Desenvolvimento
Tecnológico e Extensão Inovadora pelo CNPq, membro do Comitê Científico do ra a instrumentalização de profissionais das re-
Núcleo Ciência pela Infância.
II
Áurea Tamami Minagawa Toriyama (auretmt@usp.br) é enfermeira. Professo-
des municipais de Saúde, Educação, Assistência
ra doutora. Escola de Enfermagem da USP.
e Desenvolvimento Social, entre outros, no sen-
III
Lucila Faleiros Neves é fisioterapeuta. Especializada em Desenvolvimento
Infantil. Colaboradora no Projeto “Nossas Crianças: Janelas de Oportunidades” tido de incorporarem em seu cotidiano práticas
IV
Reginalice Cera da Silva é fonoaudióloga. Educadora em Saúde Pública. que ampliem o diálogo com as famílias atendi-
Mestre em Saúde Pública. Ergonomista. Membro da equipe do Projeto Primei-
ros Laços. das valorizando o cuidado amoroso e responsivo
|31
das mesmas para com as crianças pequenas e, Direitos da Criança e do Adolescente, de ONGs
também, para operacionalizar o trabalho interse- ligadas à infância ou representantes da socie-
torial no tocante à promoção do Desenvolvimen- dade civil que tenham atuação estratégica nos
to Infantil (DI) integral. diferentes municípios. A Formação acontece em
Um aspecto central desenvolvido na Forma- 16 horas, em dois dias consecutivos, seguida
ção de Puericultura: práticas ampliadas é o re- de três encontros de oito horas de Supervisão
conhecimento da importância do investimento da em três meses subsequentes. Esse é um di-
sociedade, por meio de políticas públicas, para ferencial importante do processo, pois o com-
apoiar as famílias nos primeiros anos de vida promisso com a incorporação de novas tecnolo-
das crianças, dada a especificidade da formação gias, abordagens e propostas não se restringe
e desenvolvimento cerebral que ocorre desde a à discussão teórica e conceitual da mudança,
gestação até os três anos 7, 11, 9. Esse é o concei- mas também inclui o suporte e acompanhamen-
to que potencializa a aproximação dos profissio- to do processo de implementação das mesmas.
nais dos diferentes setores em torno da apropria- Uma perspectiva permanente durante a
ção de práticas ampliadas para a promoção do Formação é a superação da visão tradicional do
desenvolvimento infantil integral. “cuidado” enquanto uma habilidade/competência
A perspectiva adotada é convergente com que “nasce” com o papel da maternidade – e que
documentos da área da saúde, como a Política somente a ela diz respeito – para indicar a re-
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança levância das políticas públicas no fortalecimento
– PNAISC3, dos direitos da infância – Estatuto da das famílias para adotarem práticas de cuidado
Criança e do Adolescente1 e, mais recentemente, amoroso e responsivo, de acordo com as neces-
com o Marco Legal da Primeira Infância2. sidades da criança. As estratégias pedagógicas
Até 2017, as Formações foram desenvol- são intencionalmente escolhidas para contribuir
vidas nas Regiões de Jundiaí, Apiaí, Litoral Nor- com esse processo.
te, São Carlos e Votuporanga, totalizando 41 Ao final da Formação o grupo de participan-
municípios. tes elabora Planos de Ação e de Reedição da For-
mação; nos encontros de Supervisão é possível
apoiá-los para superar dificuldades e aprimorar a
Descrição da Formação de Puericultura: práticas incorporação das inovações delineadas.
ampliadas
A Formação é dirigida para um grupo de
40 a 60 profissionais dos serviços municipais Conteúdos
de saúde, educação, assistência e desenvolvi- Os conteúdos e as estratégias desenvolvi-
mento social e pode, ainda, incluir profissionais dos na Formação podem ser observados no Qua-
da cultura, esporte, do Conselho Municipal dos dro 1:
|32
Proteção física e emocional da criança durante a realiza- Leitura individual e debate em pequenos grupos sobre o
ção de procedimentos. texto de referência. Apresentação em plenária e discussão
sobre as possibilidades de incorporação das práticas.
|33
território, do acesso aos serviços) e estrutural Social) que, segundo os participantes, antes da
(das políticas públicas e dos valores vigentes) pa- Formação era vista somente como documento de
ra possibilitar a melhor compreensão dos concei- registro da vacinação. Vale destacar, ainda, co-
tos que sustentam a proposição do cuidado amo- mo prática inovadora, a realização de grupos nas
roso e responsivo e sua relação intrínseca com o creches e nos CRAS com familiares de crianças
desenvolvimento infantil integral. A identificação sobre o cuidado amoroso e responsivo e a pro-
do papel da rede social de apoio à família, a pro- moção do desenvolvimento infantil integral. Um
posição de reconhecer o patrimônio familiar e o exemplo de integração das duas inovações cita-
uso da Ficha de Acompanhamento dos Cuidados das acima ocorreu em um CRAS que, nos grupos
para a Promoção da Saúde da Criança5 são ele- de gestantes que realizava, passou a entregar a
mentos que ancoram a proposta de diálogo com CSC para cada gestante no último encontro, co-
as famílias, pela mudança de atitude e de abor- mo forma de assegurar que elas levassem a mes-
dagem que subsidiam os diferentes profissionais ma à maternidade regional para garantir o acesso
a incorporarem em suas práticas. ao documento e seu preenchimento por ocasião
A estrutura central da Formação abarca o do nascimento do bebê. Esse exemplo evidencia
desafio de fundamentação científica sobre os pe- o reconhecimento do CRAS enquanto instituição
ríodos sensíveis para o desenvolvimento integral, coparticipante de uma rede social promotora do
o alinhamento conceitual interdisciplinar sobre as desenvolvimento infantil integral.
necessidades essenciais na infância e sobre o No âmbito do setor saúde, o reconheci-
papel da família como protagonista do cuidado mento das necessidades essenciais da infância
amoroso e responsivo. Além dos aspectos con- também possibilitou a ampliação da observação
ceituais, também são abordados instrumentos e dos aspectos saudáveis do desenvolvimento in-
processos que aproximam o diálogo entre os pro- fantil e a importância do diálogo com as famí-
fissionais dos diferentes setores, como a Cader- lias, elogiando as práticas promotoras do mes-
neta de Saúde da Criança6, e entre os profissio- mo e operacionalizando o conceito de patrimô-
nais e as famílias, com o uso da Ficha de Acom- nio familiar. Percebe-se a potência de ampliar
panhamento dos Cuidados para a Promoção da o olhar e o diálogo para além dos parâmetros
Saúde da Criança5. exclusivamente biológicos, ressaltando o papel
do afeto na rotina de cuidados e valorizando os
esforços das famílias. Algumas vezes o papel
Resultados inovadores do profissional pode ser comparado ao de um
Nas diferentes regiões onde foram realiza- “cupido”, que leva mães/cuidadores a se en-
das as formações de Puericultura: Práticas Am- cantarem com seus bebês10. Esse aspecto se
pliadas foi possível perceber o reconhecimento, coaduna com o entendimento de um profissio-
por parte dos profissionais, de ações promotoras nal de saúde sobre sua experiência com o uso
do desenvolvimento infantil integral nos setores das tecnologias de fortalecimento dos cuidados
de educação e assistência e desenvolvimento so- parentais no âmbito da atenção básica, como
cial além do setor saúde. O principal elemento- uma alavanca para “tirar a infância do limbo”4.
-chave de articulação intersetorial tem sido a Ca- A questão que se coloca diz respeito ao papel
derneta de Saúde da Criança (CSC) nas creches de instrumentos que favoreçam a operacionali-
e nos CRAS (Centro de Referência de Assistência zação dos aspectos da promoção da saúde com
|34
potência para ampliar o diálogo para além do di- análise configurou-se a situação como uma nega-
álogo prescritivo sobre queixas ou problemas12. ção à sua possiblidade de ressignificar sua traje-
Outros exemplos que merecem destaque tória individual.
são: 1) o esforço em modificar as rotinas das A intersetorialidade foi identificada como es-
creches para assegurar o aleitamento materno tratégia interessante de aproximação dos diferen-
depois do ingresso da criança na creche e flexi- tes saberes, de efetividade das ações e, ainda,
bilizar a entrada de mães e pais para aumentar de aumento de repertório cotidiano, levando aos
o diálogo sobre o cuidado cotidiano; 2) o preparo serviços novos modos de ver, fazer e atuar.
emocional das crianças, inclusive as das creches,
antes de Campanhas de Vacinação, por meio de
dramatizações lúdicas para representar os pro- Desafios para incorporação em caráter
fissionais, o ambiente e os objetos encontrados permanente
nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) durante a Apesar das potências percebidas ao lon-
vacinação, visando a mitigar o seu sofrimento por go das Formações e Supervisões nos diferentes
ocasião da vacinação. territórios, destacam-se alguns elementos fun-
Profissionais e representantes da socieda- damentais para sua continuidade nas redes de
de civil que participaram da Formação em “Pue-
serviços:
ricultura Práticas Ampliadas” avaliaram-na muito
positivamente em muitos aspectos, com mudan- • superar a visão de cuidados reduzidos da
ças inclusive na vida pessoal. Frases como: “Se infância, dirigidos apenas aos aspectos
eu soubesse disso tudo antes, teria feito diferente”, biológicos e centrada no diálogo prescri-
“Se eu soubesse que era tão simples....”, “Por que tivo para uma visão ampliada de cuida-
a Puericultura não chegou antes nas creches?” ou do amoroso e responsivo, a partir das
ainda, “Foram mudanças de atitudes que não cus- necessidades da criança no contexto de
taram nada!”; “Aprendizado de saber ouvir, espe- cada família, que inclui singularidades e
rar o outro se manifestar.” Profissionais se surpre- a construção da parentalidade positiva8;
endem com a simplicidade e a potência de um • reconhecer o período da primeiríssima
olhar e atitudes mais cuidadosos, sustentadores infância como um campo de atuação in-
e apoiadores.
tersetorial e interdisciplinar, com a fina-
Durante as discussões que se sucediam
lidade precípua de fortalecer as famílias
às leituras e trabalhos em grupo, foi importan-
na incorporação de práticas de cuidado
te reconhecer com os participantes a possibili-
promotoras do desenvolvimento infantil
dade de melhorar as ações de cada setor com
integral e, ainda, como período de vulne-
caráter universal, aquelas de caráter focal, bem
rabilidade em que as famílias necessitam
como as ações intersetoriais dadas as comple-
de suporte e apoio de uma rede social e
xidades configuradas nos diferentes territórios.
Nesse sentido, foi importante também incluir a das políticas públicas;
necessidade de fortalecer os cuidados às crian- • valorizar a parentalidade como objeto de
ças institucionalizadas ou em situação de risco. trabalho do âmbito da promoção da saú-
Foi lembrado o caso de uma criança que, ao ser de, para os diferentes setores, e da im-
adotada, não tinha sequer uma fotografia; e na portância desta fase de vida da criança
|35
como uma “janela de oportunidades” para 5. Chiesa AM, Benevides IA, Maricondi MA, Silva MCP, Ve-
a promoção do DI integral; ríssimo MDLOR, Neves LF. Toda hora é hora de cuidar. Ca-
derno da equipe de saúde. 2ª ed.rev.atua.ampl. São Paulo:
• utilizaro conteúdo e as informações da
Escola de Enfermagem da USP; 2013.
caderneta de saúde da criança também 6. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança. 12a.
pela Educação e Desenvolvimento Social ed. Brasília (DF); 2018. [acesso em 20 ago 2018]. Disponível
como estratégia de aproximação com as em: http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-da-
famílias e entre os três setores; crianca/pre-natal-e-parto caderneta-de-saude-da-crianca.
7. Mustard JF. O desenvolvimento da primeira infância e o
• sensibilizar, informar e instrumentalizar o
cérebro – a base para a saúde, o aprendizado e o compor-
público em geral e, de forma mais consis- tamento durante a vida toda. In: Young ME, organizador. Da
tente, os profissionais envolvidos na aten- primeira infância ao desenvolvimento humano: investindo
ção às crianças, sobre a importância de no futuro de nossas crianças. Lopes, M, tradutor. São Pau-
cuidados com o desenvolvimento infantil lo: Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal; 2010.
nos primeiros anos de vida. 8. Pluciennik GA, Lazzari MC, Chicaro MF, organizadores.
Fundamentos da família como promotora do desenvolvi-
mento infantil: parentalidade em foco. 1ª Ed São Paulo: Fun-
dação Maria Cecilia Souto Vidigal – FMCSV, 2016
9. Shore R. Repensando o cérebro. Porto Alegre: Mercado
Referências Aberto; 2000.
1. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 10. Wajntal M, Eleutério GAJ, Neves LF, Souto TS, Melo MI-
8.069, de 13 de julho de 1990. DOU de 16 de julho de VR. Grupo de acompanhamento do desenvolvimento infan-
1990 – ECA. Brasília, DF. til – aqui tem SUS! 32º Congresso de Secretários Munici-
2. Brasil. Marco Legal para a Primeira Infância. Lei nº pais de Saúde do Estado de São Paulo; 2017). Disponível
13.257, de 08 de março de 2016. Disponível em <http:// em: http://www.mfpaper.com.br/fulltime/2018/CD/PDF/
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/ ATEN069.pdf
l13257.htm> 11. Young ME. Introdução e Visão Geral. In: Young ME, orga-
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saú- nizador. Da primeira infância ao desenvolvimento humano:
de. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. investindo no futuro de nossas crianças. São Paulo: Funda-
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança: ção Maria Cecilia Souto Vidigal; 2010.
orientações para implementação. Brasília: Ministério da 12. Zoboli ELCP, Fracolli LA, Chiesa AM. O cuidado de en-
Saúde, 2018. 180 p. fermagem em saúde coletiva. In: Soares CB, Campos CMS,
4. Chiesa, A. M. Autonomia e resiliência: categorias para o organizadores. Fundamentos de Saúde Coletiva e o Cuida-
fortalecimento da intervenção na atenção básica na pers- do de Enfermagem. 1 ed. Barueri – SP: Manole Ltda; 2013,
pectiva da promoção da saúde. [Tese de livre-docência]. v.1,p. 244-264
São Paulo; Universidade de São Paulo; 2005. Disponível Vídeo: Construir as competências nos adultos para melho-
em file:///C:/Users/Anna%20Chiesa/Downloads/AnnaMa- rar o desempenho das crianças. Disponível em https://
riaChiesa%20(1).pdf) www.youtube.com/watch?v=bsFXSH8Z5H0)
|36
Resumo
O presente artigo aborda questões relativas à Formação em Educação Infantil: 0 a 3 anos, a qual constitui um
dos seis núcleos atuais que compõe o Programa “São Paulo pela Primeiríssima Infância”. São apresentados aqui
a metodologia adotada e os conteúdos desenvolvidos na formação dos profissionais das Secretarias de Educa-
ção, de Saúde e de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo que participaram do Programa desde 2009
até o presente ano.
A
atenção e a qualidade dos cuidados e fundamental ao definir a Educação Infantil co-
de educação destinadas aos bebês e às mo primeira etapa da educação básica, impon-
crianças pequenas em espaços coletivos do a necessidade de elaborar propostas peda-
decorrem das mudanças nas concepções de gógicas de qualidade, garantindo as condições
crianças, de infância e de educação que perpas- humanas, materiais e estruturais necessárias
sam o século passado e chegam à atualidade para a sua efetivação.
com muitos avanços, mas ainda com desafios. Nessa perspectiva as Diretrizes Curri-
Essas mudanças provocam o deslocamento do culares Nacionais para a Educação Infantil
olhar sobre a criança, antes vista como objeto de (1999/2010) afirmam que as propostas peda-
tutela, para reconhecê-la sujeito de direitos na gógicas devem respeitar e se orientar pelos
legislação em vigor no Brasil. princípios: éticos da autonomia, da respon-
As definições e os princípios presentes na sabilidade, da solidariedade e do respeito ao
Constituição Federal de 1988 passam a orien- bem comum, ao meio ambiente e às diferen-
tar a elaboração das políticas públicas no Bra- tes culturas, identidades e singularidades; po-
sil nas décadas que se seguiram, a partir de líticos garantindo os direitos de cidadania, do
instrumentos legais como o Estatuto da Crian- exercício da criticidade e do respeito à ordem
ça e do Adolescente (1990), a Lei de Diretri- democrática; e estéticos da sensibilidade, da
zes e Bases da Educação Nacional (1996) e as criatividade, da ludicidade e da liberdade de ex-
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa- pressão nas diferentes manifestações artísti-
ção Infantil (1999/2010). A Lei de Diretrizes e cas e culturais. A criança assume o centro do
planejamento curricular demandando professo-
ras e professores sensíveis e atentos às ma-
I
Maria Helena Pelizon (helenapelizon@gmail.com) é Mestre em Educação,
Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP e nifestações infantis, bem como condições es-
diretora de Escola de Educação Infantil aposentada da Rede de Educação do
município de São Paulo/SP. truturais e materiais adequadas para tornar as
|37
instituições de educação infantil espaços privi- visa à garantia de um atendimento que respeite
legiados de convivência, de construção de iden- os direitos fundamentais das crianças.
tidades individuais e coletivas, de valorização Os Indicadores da Qualidade na Educação
da diversidade, de desenvolvimento e apren- Infantil caracteriza-se como um instrumento de
dizagens, de experiências e de expressão por autoavaliação da qualidade das instituições de
meio das diferentes linguagens. educação infantil, por meio de um processo par-
ticipativo e aberto a toda a comunidade. Esse
Conhecer as “nossas” crianças é decisivo documento busca traduzir e detalhar os Parâme-
para a revelação da sociedade, como um to- tros Nacionais de Qualidade para a Educação In-
do, nas suas contradições e complexidade. fantil em indicadores operacionais, no sentido
Mas, é também a condição necessária para de oferecer às equipes de educadores e às co-
a construção de políticas integradas para a munidades atendidas pelas instituições de edu-
infância, capazes de reforçar e garantir os di- cação infantil um instrumento de apoio ao seu
trabalho.
reitos das crianças e a sua inserção plena na
Compreendendo seus pontos fortes e fra-
cidadania ativa.II
cos, a instituição de educação infantil pode in-
tervir para melhorar sua qualidade, de acordo
Documentos oficiais relevantes para o debate com suas condições, definindo suas prioridades
Entre os documentos produzidos merecem e traçando um caminho a seguir na construção
de um trabalho pedagógico e social significativo.
destaque os Critérios para um Atendimento em
O documento traz como dimensões de qualidade:
Creches que Respeite os Direitos Fundamentais
o Planejamento institucional; Multiplicidade de
das Crianças (1995/2009); os Parâmetros Nacio-
experiências e linguagens; Interações; Promoção
nais de Qualidade para a Educação Infantil v. I e
da saúde; Espaços, materiais e mobiliários; For-
II (2006) e os Indicadores da Qualidade na Educa-
mação e condições de trabalho das professoras
ção Infantil (2009), entre outros. e demais profissionais; Cooperação e troca com
Os Critérios para um Atendimento em Cre- as famílias e participação na rede de proteção
ches que Respeite os Direitos Fundamentais das social.
Crianças trazem orientações relativas à organi- Assim, a formação das professoras e de-
zação e ao funcionamento interno das creches mais profissionais da educação infantil é afirma-
e sobre as práticas concretas adotadas no tra- da como uma das dimensões de qualidade dessa
balho direto com bebês e crianças até 6 anos. etapa da educação básica. É nessa perspectiva,
Esse documento, apesar de não apresentar um de uma rede de atendimento integral e integrado
detalhamento nem especificações técnicas, foi às crianças de 0 a 3 anos e suas famílias, que
redigido numa linguagem acessível a todos que a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal inicia em
trabalham em creches, principalmente às educa- meados de 2009 o Programa Desenvolvimento
doras e educadores, tornando-o um roteiro que Infantil envolvendo profissionais das secretarias
da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social.
Em 2012 torna-se uma política pública da
II
SARMENTO, Manuel Jacinto; CERISARA, Ana Beatriz. Crianças e miúdos: Secretaria Estadual de Saúde adotando o no-
perspectivas sociopedagógicas da infância e educação. Porto, Portugal: Edi-
ções ASA, 2004. me “São Paulo pela Primeiríssima Infância”. O
|38
Programa integra atualmente seis núcleos temá- bebês e as crianças bem pequenas nos Centros
ticos e, dentre eles, a Formação em Educação In- de Educação Infantil.
fantil: 0 a 3 anos. Na abordagem de Reggio Emilia, o caráter
reflexivo da documentação pedagógica aliado à
pedagogia da escuta vem romper com as práti-
A proposta de formação cas transmissivas e cristalizadas na educação
Convidados a participar da equipe desde de bebês e crianças pequenas consideradas,
2009 para elaborar uma proposta de formação até então, seres passivos e destituídos de qual-
em Educação Infantil nos pautamos, desde o iní- quer conhecimento e capacidades. A constata-
cio, nas legislações vigentes e no conceito de ção de que as crianças constroem narrativas a
criança como um sujeito autônomo, livre, sensí- partir das experiências, das brincadeiras e in-
vel, ativo, comunicativo, potente desde o seu nas- terações com outras crianças e adultos coloca
cimento. Um ser confiante em si mesmo e em em evidência a especificidade e a importância
suas próprias competências, capaz de pensar e do papel do adulto na organização dos espaços,
elaborar estratégias na resolução de problemas tempos, dos materiais e na valorização das lin-
e conflitos. Uma concepção de infância como um guagens expressivas.
fenômeno social e histórico, que se constrói nas A proposta de formação tem como objetivo
experiências e vivências nos diferentes contextos geral atualizar e enriquecer os conhecimentos so-
sociais, econômicos, geográficos, políticos, ra- bre o cuidado e educação de crianças de 0 a 3
ciais, religiosos, étnicos e de gênero. anos. Nesse sentido, busca-se até hoje essa atu-
alização incorporando-se novas legislações como
Nessa perspectiva, uma Educação Infantil
a Base Nacional Comum Curricular para a Educa-
que respeita cada criança em sua singularidade
ção Infantil, publicada em 2017.
e especificidade, garantindo a cada uma viver ple-
A proposta tem uma carga horária total de
namente sua infância. Busca na Sociologia da
40 horas, sendo 16 horas (dois dias) de for-
Infância e nas abordagens de Emmi Pikler e de
mação inicial e 24 horas de supervisão (três
Reggio Emilia referenciais teóricos para embasar
encontros de 8 horas). As supervisões têm o
as práticas pedagógicas que respeitam os direi-
objetivo de realizar visitas às creches nos di-
tos fundamentais das crianças.
ferentes territórios e aprofundar conteúdos
A filosofia do trabalho de Emmi Pikler con-
necessários para a melhoria da qualidade do
cretiza-se na organização de ambientes de boa atendimento às crianças e famílias.
qualidade, nas relações emocionais estáveis e Participam dos encontros profissionais das
tem, entre os seus princípios: o valor da ativida- Secretarias de Educação, do Desenvolvimento
de autônoma; uma relação afetiva privilegiada e a Social e da Saúde.
importância da mesma; a necessidade de ajudar Os conteúdos básicos desenvolvidos na
a criança a tomar consciência de si mesma e do formação inicial são: apresentação do Progra-
seu entorno; e a busca e manutenção de um bom ma; reflexão sobre as concepções de criança,
estado de saúde física e de bem-estar corporal. infância e educação infantil; reflexão sobre a
Para Pikler, é somente com um cuidado empáti- forma como a criança pequena compreende e
co, aquele onde o eu e o tu se entrelaçam, que se relaciona com o mundo, assim como o pa-
se cumpre realmente o trabalho educativo com pel do adulto na organização de ambientes que
|39
demais profissionais que não puderam participar Ministério da Educação e Cultura (BR). Diretrizes Curricula-
res Nacionais para a Educação Infantil. Parecer Conselho
dos encontros. Além disso, no último encontro de
Nacional de Educação - Câmara de Educação Básica nº 20.
supervisão é solicitado aos municípios trazerem Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação
propostas integradas de intervenção para com- Básica, 2009.
por o Plano de Ação do Município. Ministério da Educação e Cultura (BR). Indicadores da Qua-
A metodologia tem como foco o processo lidade na Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educa-
de reflexão/ação/reflexão sobre a prática cotidia- ção/ Secretaria de Educação Básica, 2009.
Ministério da Educação e Cultura (BR). Parâmetros Nacionais
na das educadoras e dos educadores no sentido
de Qualidade para a Educação Infantil v I e II. Brasília: Minis-
de ampliar e qualificar as propostas e vivências
tério da Educação/ Secretaria de Educação Básica, 2006.
organizadas para e com as crianças, visando a Sarmento, MJ; Cerisara, AB. Crianças e miúdos: perspecti-
garantir o protagonismo dos bebês e crianças pe- vas sociopedagógicas da infância e educação. Porto, Portu-
quenas nas unidades de educação infantil. gal: Edições ASA, 2004.
|40
Resumo
Nossas pesquisas e experiência clínica evidenciam a importância do vínculo mãe-filho no desenvolvimento infan-
til. Vínculo compreendido como um processo contínuo e complexo, que envolve mais do que os cuidados com a
sobrevivência física, pois tem uma função de constituir o psiquismo da criança, de humanizá-la. O estabelecimen-
to do vínculo, desde a gestação, promove o desenvolvimento emocional, entendido como o processo de amadu-
recimento do indivíduo, de um ser que não sobrevive sozinho para um ser independente e autônomo. O ambiente
familiar exerce seu papel de sustentação, ao atender adequadamente às solicitações e necessidades da criança,
fazendo com que se sinta segura e amada. Esse ambiente falha ao produzir excesso de experiências traumáticas
para a criança, causando danos à sua saúde mental. Sabendo da importância desses conhecimentos e da ne-
cessidade de sua transmissão, aceitamos o convite para participar de Oficinas de Capacitação do Programa São
Paulo pela Primeiríssima Infância (SPPI) para profissionais das áreas da saúde, educação e assistência social.
De forma a possibilitar uma aprendizagem emocional e cognitiva aos participantes, propusemos o trabalho com
grupos, utilizando recursos e estratégias que promovessem reflexões e discussões.
A
inserção em equipes que estudaram de melhor futuro para a própria pessoa, para a
transtornos nutricionais desde o início da comunidade e para a humanidade.
vida de crianças nos conduziu a pesquisar De que vínculo e desenvolvimento estamos
a participação do vínculo mãe-filho nestas pato- falando? Como contribuir para o desenvolvimen-
logias e no desenvolvimento infantil. Esse foi o to da criança? A partir de quando? E, com qual
início que nos levou à especialização nesse tema público compartillhar, visando à disseminação e
e à constatação, por meio da teoria psicanalítica aplicação de nosso conhecimento e ideias?
e experiência clínica, de sua extrema importância Compreendemos o vínculo mãe-filho como
como alicerce do ser humano, por ser condição algo que não acontece de forma mágica ou ime-
diata. Ter um bebê e ligar-se a ele não é algo so-
mente instintivo, mas sim um processo contínuo
e complexo4.
I
Christianne Freitas Lima Nascimento (chrisln@uol.com.br) - psicóloga, psi-
canalista, mestre em Ciências da Saúde (Unifesp/EPM) e especialista em O conceito de vínculo abrange um conjunto
Psicologia Hospitalar (CFP) e em Violência Doméstica contra Crianças e Ado-
lescentes (USP). Consultora em Desenvolvimento Infantil. de sensações, sentimentos e atitudes que propi-
II
Alba Lucia Reyes de Campos (albaluciareyesdecampos@gmail.com) - psicó- ciam a instauração do psiquismo da criança, ou
loga, psicanalista, mestre em Nutrição (Unifesp/EPM), Especialista em Trans-
tornos Alimentares, Obesidade e Cirurgia Bariátrica (FMUSP). Experiência em seja, tem uma função “humanizante”6. Um bebê
atividades assistenciais, de pesquisa e ensino. Consultora em Formação Profis-
sional em Desenvolvimento da Primeira Infância. Docente universitária (UEPA). somente se torna humano a partir do encontro
|41
|42
|43
|44
para os muitos recados que queríamos dar sobre eventos na comunidade, reforçando a importân-
o papel dos adultos e dos pais na vida mental cia do vínculo pais/filho para o desenvolvimento e
da criança. Entre eles, trabalhamos com o livro saúde mental da criança. Além das ações, era es-
Agora não, Bernardo 11, que conta a história de perado que os profissionais multiplicassem a for-
um garotinho que não tinha o olhar/atenção dos mação, por meio de reedições, ou seja, adaptar e
pais e que é comido pelo monstro. Trata-se de utilizar conteúdos e estratégias dessa formação
um material riquíssimo de discussão e reflexão. junto a seus pares, nos serviços de Saúde, As-
Crianças querem e precisam ser olhadas, ouvi-
sistência Social, Educação Infantil e outros, in-
das e tocadas, esse é o tripé do desenvolvimento
centivando intervenções setoriais e intersetoriais
emocional, necessário para sua saúde mental.
direcionadas à formação e ao incremento de gru-
Utilizamos, também, outro livro infantil, cha-
pos com famílias grávidas e com crianças na pri-
mado Mamãe zangada2, que conta a história de
meiríssima infância.
uma mamãe pinguim que se apresenta aos ber-
Apresentamos aos profissionais municipais
ros com o filhinho pinguim e, em função disso,
ele se despedaça todinho e cada pedaço de seu uma intervenção que visasse à integração dos
corpinho vai parar em um lugar do universo. Aos serviços e oferecesse ferramentas, diretrizes e
poucos suas partes vão se juntando novamente padrões de qualidade, para que os municípios pu-
graças aos gestos amorosos maternos. A presen- dessem se adaptar a essa nova demanda.
ça da mãe, com seu afeto e cuidado, consegue Por meio das supervisões, acompanhamos
integrar os pedaços do pinguim, possibilitando a as ações desenvolvidas pelos profissionais e
saída do caos e seu caminho novamente para a as reedições da Oficina de Formação realizadas
integração. para colegas de trabalho e outros serviços da
A confecção de uma mandala é outro exem- comunidade.
plo de estratégia que utilizamos para sensibili- Nossa satisfação está em observar que, em
zação e apresentação do tema “vínculo pais e ampla perspectiva, o processo de trabalho logrou
filhos”. Sua confecção, que se dá pelo entrela- êxito quanto às propostas que foram objetiva-
çamento de fios de diversas cores em palitos, das nas Oficinas. Percebemos que os profissio-
simboliza os desejos maternos, projetos e in-
nais ampliaram seu olhar para o desenvolvimen-
tenções dirigidos ao bebê que nascerá. Baseia-
to emocional e para as famílias. Evidenciaram-se
-se em uma tradição indígena, em que os pais
também as mudanças por meio da introdução de
presenteiam a criança, quando nasce, com uma
boas práticas. Do mesmo modo a “quebra de bar-
mandala que confeccionam com bons desejos di-
reiras” existentes entre as diversas secretarias
rigidos a ela3. Nessa atividade, os participantes
foi conquistada.
vivenciam e expressam sentimentos referentes a
vínculos, assim como refletem sobre a importân- Conclui-se que uma série de fatores precisa
cia de, desde a gestação, criar um espaço para o ser considerada para que as ações da primeiríssi-
bebê no psiquismo materno. ma infância se fortaleçam. Entretanto, o envolvi-
Ao final das formações, as ações eram pla- mento e a integração dos profissionais, aliados à
nejadas pelos participantes, tais como, a imple- participação ativa dos governantes, nos mostra-
mentação de grupos com famílias grávidas (ges- ram ser a base para a concretização e efetividade
tantes adolescentes e adultas) e a realização de das ações municipais.
|45
7. Dias, EO. A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott. tudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto
2 ed. São Paulo: DWW Editorial, 2012. Alegre: Artes Médicas, 1990.
8. Ferreira, MC; Aiello-Vaisberg, TMJ. O pai ‘suficientemente 15. . _____. Provisão para a criança na saúde e na crise
bom’: algumas considerações sobre o cuidado na psicaná- (1962). In: O ambiente e os processos de maturação: es-
lise winnicottiana. Mudanças - Psicologia da Saúde. jul-dez tudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto
2006; 14(2): 136–142. Alegre: Artes Médicas, 1990.
|46
Resumo
O artigo faz uma retrospectiva teórica sobre a importância do brincar e da existência de espaços lúdicos no
desenvolvimento integral das crianças. As autoras também compartilham experiências práticas de municípios
que receberam as formações sobre espaços lúdicos e trouxeram benefícios para famílias com crianças de 0
a 3 anos.
R
ealizamos nossas formações em espaços experiências pessoais na infância, aquecendo a
lúdicos entre 2012 e 2018, nas regiões interrelação entre os participantes, com o objetivo
de Jundiaí, São Carlos, Votuporanga, Apiaí de ampliar o repertório do lúdico com dinâmicas
e Litoral Norte. Trabalhamos favorecendo as con- pessoais e grupais em atividades criativas. Em
dições básicas do Estatuto da Criança e do Ado- nossa prática percebemos que os participantes
lescente (ECA Lei 8.069/90). Acreditamos na im- expressam suas lembranças da infância com ex-
portância dessa temática para os participantes troversão e descontração em emoções diversas.
das secretarias da Saúde, Educação, Assistência
Social e outras, diante da valorização do brincar,
brinquedos e brincadeiras para crianças de 0 a 3 A importância dos espaços lúdicos
anos, objetivando a implantação de espaços lúdi- Observa-se que a experiência do “lúdico” fi-
cos e favorecendo a intersetorialidade em cada ca incorporada, apreendida e revalidada quando
município. Essa valorização é alcançada também das aplicações para outras pessoas durante as
quando elaboradas as reedições, que são uma reedições, trazendo mais sentido e aprofunda-
continuidade do processo de formação, favorecen- mento do saber lúdico. Segundo Bondia, a forma-
do por meio da multiplicação de conteúdos abor- ção passa pela experiência e somente o sujeito
dados a expansão e ampliação do tema proposto. da experiência está aberto à sua própria transfor-
A formação inicia-se pela sensibilização da mação. Ele confirma ao citar Heidegger (1987):
memória afetiva, por meio de recordações das
“Fazer uma experiência com algo significa
que algo nos acontece, nos alcança, que se
apodera de nós , que nos tomba e nos trans-
I
Risélia Pinheiro (riseliapinheiro@hotmail.com) educadora física, pedagoga forma... Podemos ser assim transformados
na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
por tais experiências, de um dia para o outro
II
Iraci Saviani (iracisaviani@hotmail.com) mestre arte educadora, artetera-
peuta no Instituto Sedes Sapientiae. ou no transcurso do tempo” (2002, p.25)
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|48
Implementando espaços lúdicos nos subsídio às reedições que são realizadas e para
equipamentos municipais a concretização das mudanças ou criações dos
Os municípios são estimulados a desenvolver espaços lúdicos. Nesse processo formativo tra-
espaços lúdicos na UBS – Unidade Básica de Saú- balhamos com os participantes na elaboração do
de em locais como recepção, consultórios, salas Plano de Ação e execução dos espaços lúdicos e
especiais; nos hospitais, inclusive com brinquedo- das reedições que serão aplicadas no município.
tecas, consultórios, enfermarias. Também existem Como resultado da experiência desse traba-
outros equipamentos que podem ser beneficiados, lho, observa-se que vários municípios seguem a
como os CRAS – Centro de Referência de Assistên- aprendizagem da capacitação e supervisões pa-
cia Social, Abrigos, Conselho Tutelar, Centros Co- ra aplicar nas reedições, trazendo como resulta-
munitários, além de Creches, Maternais, parques, do uma multiplicação de pessoas no município,
praças, playgrounds, quadras e oficinas. abertas para o entendimento da importância da
O mapeamento de cada município é elabo- ludicidade na primeiríssima infância. Citamos co-
rado por um grupo de profissionais participantes mo exemplo um município que envolveu o maior
da formação, para que sejam percebidos os am- número de participantes. Os grupos estiveram
bientes e locais adequados para serem utilizados presentes nas supervisões, porque, além de re-
como espaços lúdicos. Apresentamos critérios presentantes da Saúde, Educação e Social, en-
para criação de ambientes lúdicos comunitários, volveram líderes religiosos, líderes comunitários,
analisando a realidade do município e esboçando representantes do Conselho Tutelar, da Polícia
projetos de implantação e fortalecimento dos re- Militar, do Legislativo e Executivo, entre outras
feridos espaços. instituições particulares. De acordo com o exce-
Visitamos esses ambientes públicos a fim lente resultado apresentado na execução do Pla-
de perceber o que já oferecem e o que poderiam no de Ação desse município, concluiu-se que as
melhorar, contribuindo com essa transformação, lideranças contribuem para facilitar o processo
com ideias dentro do possível e viável, seja a cur- de execução.
to, médio ou longo prazos. Nesse sentido, acres- Em outro município, as ações foram dividi-
centa-se à percepção dos participantes o como das em nove bairros, batizados de Gaivotas, for-
se sentem nesses ambientes e o que gostariam madas pela união de participantes dos três se-
de criar e transformar. Assim, recuperam espa- tores: Saúde, Educação e Social. Cada Gaivota
ços mal utilizados e criam mais espaços. desenvolveu um tema junto à ludicidade. A Gaivo-
Para que tal intervenção tenha uma ação ta Amarela, por exemplo, desenvolveu os temas
eficaz, a intersetorialidade é importante porque nutrição e ludicidade; a lilás e a laranja, a sensibi-
estimula que os diferentes setores trabalhem lização e o fortalecimento da equipe na interseto-
em conjunto em cada região escolhida, unindo rialidade. Outra ideia desse grupo foi a de desen-
Saúde, Educação e Assistência Social em ações volver caixas com diversos brinquedos, a serem
que beneficiem a população, levando em conta entregues em cada reedição aplicada nos CRAS
que a criança e sua família são as mesmas que (Centro de Referência de Assistência Social), for-
frequentam esses locais públicos. mando espaços lúdicos instalados pelos próprios
Durante o processo das supervisões que funcionários de cada unidade.
ocorrem após as formações, há um aprofun- Para que os ambientes públicos tornem-
damento das experiências e teorias para dar -se lúdicos, as mudanças efetuadas podem ser
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simples, desde uma parede de corredor numa crianças e elaborou um painel de regras, junto
UBS, que pode ganhar um painel sensorial, co- com as crianças maiores.
mo caixas lúdicas nos consultórios médicos, para
as crianças brincarem, auxiliando uma conversa
mais tranquila da mãe com o médico. Nas salas 1º Seminário em Espaços lúdicos da
de vacina e de espera, como nas alas de atendi- Primeiríssima Infância
mentos de odontologia, por exemplo, podem ser Nessa caminhada, sempre percorremos
colocados fantoches e histórias lúdicas. quatro encontros em cada município, durante o
Além dos ambientes internos, os espaços processo de Formação e Supervisões e, pela pri-
externos dos equipamentos públicos podem ser meira vez, após realizarmos um dos últimos en-
otimizados tanto em suas paredes quanto num contros na região de Apiaí do SPPI, percebemos a
chão lúdico. Incentivamos também a melhor uti- necessidade de ampliar para mais um momento
lização dos espaços verdes externos, de forma
para reunirmos novamente todos os municípios
que a criança e a família possam aproveitar me-
que participaram da Formação em espaços lúdi-
lhor os dias livres, com lazer em ambiente aberto
cos. Assim nasceu o “1º Seminário em Espaços
e amplo.
lúdicos da Primeiríssima Infância” da região de
Citando outra ação diferenciada, um municí-
Apiaí para os municípios Barra do Chapéu, Itao-
pio ocupou o coreto de uma praça, aos sábados
pela manhã, transformando-o em espaço lúdico ca, Itapirapuã Paulista e Ribeira.
para os bebês e seus pais brincarem como um Nesse Seminário, apresentamos os resulta-
grande cercadinho. Nessa mesma cidade, os de- dos da instalação de espaços lúdicos em equipa-
senhos e pinturas realizados pelas crianças foram mentos públicos e comunitários, com a criação
expostos nas UBS, ambulatório central, farmácia de mais espaços e a valorização do brincar em
e pronto-socorro, em parceria com as creches e bairros e locais onde ainda se encontra a cultura
Escolas Municipais de Educação Infantil. Essa lúdica em suas áreas externas, com casinhas de
ação tornou os espaços de saúde mais lúdicos boneca em árvores e passeio de crianças sobre o
e agradáveis para as crianças, possibilitando a carro de boi, reforçando, assim, a interação com
elas e seus familiares um ambiente mais acolhe- o mundo lúdico já existente no local.
dor com a valorização dos trabalhos ali expostos. Foram chamados os articuladores do pro-
Em outro município houve uma transforma-
grama de cada município para uma apresentação
ção e mobilização das secretarias de Saúde, Edu-
geral, onde os presentes puderam conhecer as
cação e Desenvolvimento Social, com um olhar
pessoas que lideraram os trabalhos, suas pes-
mais sensível da equipe que se mobilizou para
quisas, a exposição dos trabalhos dentro da co-
transformar a Casa Transitória. O ambiente hostil
munidade, os espaços que estavam esquecidos
e escuro, onde conviviam os bebês e jovens sem
regras, foi transformado em um espaço mais aco- ou abandonados e hoje são utilizados pelas crian-
lhedor e lúdico, adaptando-se a sala com jogos ças. Com a realização desse Seminário como re-
e brinquedos e, na área externa, com a pintura sultado, ressaltamos que esse encontro trouxe
do escorregador e do balanço. Uma equipe mul- a todos os municípios e participantes trocas de
tidisciplinar, de forma voluntária, fez revezamen- experiências, fortalecendo o trabalho em rede e o
to para melhor atendimento e acolhimento das enriquecimento que impulsiona o lúdico.
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ano de 2018 convidamos as capacitadoras para doação de brinquedos e com os brinquedos cons-
realizar uma oficina às visitadoras do Programa truídos nas oficinas da formação. A formação foi
Federal Criança Feliz, no município. Em ambas for- tão rica que retomamos esse trabalho neste ano
mações os conhecimentos adquiridos foram incor- com profissionais da Educação que atuam nos
porados em nossa prática cotidiana, contribuindo Centros de Educação Infantil e as visitadoras do
para o desenvolvimento de nosso trabalho.” Programa Criança Feliz. Somos gratas às forma-
“Com a chegada do SPPI em 2014, enten- doras, não só pelo conhecimento transmitido a
demos que a implantação de espaços lúdicos pú- nós, mas pelos olhares tão sensíveis ao mundo
blicos era de extrema importância para as crian- do brincar.”
ças do nosso município. Tanto que foi uma das
primeiras ações realizadas. Os espaços foram
criados em 2015, nas Unidades de Saúde, CRAS
e CREAS, mas aguardávamos com muita expec-
Referências
tativa pela formação. Essa foi realizada em 2016.
1. Bondia JL. Notas sobre a experiência e o saber de expe-
Entendo que a formação teve dois papéis impor- riência. Rev. Bras. Educ. 2002;(19):20-8.
tantes, o de construir aprendizados e ser fonte de 2. Kishimoto TM. Brinquedos e brincadeiras na Educação In-
conhecimento, bem como, e destaco como princi- fantil. In: Anais do 1. Seminário Nacional: currículo em movi-
pal, o de sensibilizar os envolvidos sobre a impor- mento – Perspectivas Atuais [internet]; 2010; Belo Horizonte.
tância do brincar na vida das crianças e o quanto Belo Horizonte: UFMG; 2010 [acesso em 29 out 2013]. Dispo-
nível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-
espaços lúdicos públicos podem contribuir para o
-pdf /7155-2-3-brinquedos-brincadeiras-tizuko-morchida/file
desenvolvimento das mesmas. Como resultados
3. Wallon H. A evolução psicológica da criança. São Paulo:
diretos, ainda no ano de 2016, ocorreu a imple- Martins Fontes; 2007. (Coleção Psicologia e Pedagogia).
mentação dos espaços, através de novos brin- 4. Vigotsky L. A formação do símbolo na criança: imitação,
quedos comprados com a verba oriunda da Fun- jogo e sonho imagem e representação. Rio de Janeiro: LTC;
dação Maria Cecilia Souto Vidigal, campanha de 1990.
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Resumo
O artigo descreve o processo de mapeamento das práticas mais representativas do SPPI, caracterizando-o como
um processo democrático e colaborativo. O trabalho foi baseado nas abordagens de Design Thinking aplicado aos
Serviços Públicos. Nele, o foco no usuário é a base de todo o trabalho. A partir dos pilares de empatia, colabo-
ração e experimentação, as pessoas são colocadas no centro do processo, dando visibilidade a todos os atores
envolvidos para a criação coletiva de soluções.
E
m 2018, depois de dois ciclos trianuais A abordagem do Design de Serviços é dividida
do SPPI e mais de 2 mil pessoas par- em quatro etapas:
ticiparem das formações do Programa, • Diagnóstico: é o momento onde mergu-
surgiu a vontade de realizar, em parceria com lha-se no desafio proposto. Quais são as
o Grupo Tellus, um mapeamento e sistemati- informações fundamentais para compre-
zação das práticas mais representativas resul- ender esse desafio? Quais referências
tantes dessa política estadual. podemos utilizar?
O processo foi baseado nas abordagens de • Exploração: com as informações em mãos,
Design Thinking, aplicado aos serviços públicos. é possível interpretar o desafio, mapear
Nele, o foco no usuário é a base de todo o tra- caminhos e estruturar oportunidades.
balho. A partir dos pilares de empatia, colabora- • Cocriação: fase dedicada para a criação
ção e experimentação, colocamos as pessoas no coletiva das soluções.
centro do processo, dando visibilidade a todos • Implementação: tangibilizar, testar e va-
os atores envolvidos para a criação coletiva de lidar as ideias desenhadas a partir de
soluções. protótipos.
I
Caio Dib de Seixas (caio.dib@tellus.org.br) é graduado em Jornalismo
(Faculdade Cásper Líbero) e designer de serviços na Agência Tellus.
II
Tais Elisa Scaroni (tais.scaroni@tellus.org.br) é graduada em Comunicação
Social (ESPM) e designer de serviços na Agência Tellus.
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Eixos do mapeamento
•Trabalho intersetorial;
•Fortalecimento das famílias para o desenvolvimento integral;
•Uso qualificado e frequente pelos usuários;
•Melhoria dos indicadores críticos na linha de base;
•Garantia de avanços legais e orçamentários em políticas públicas municipais;
•Trabalho em conjunto com outros municípios.
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Agenda Intersetorial
(Álvares Florence - RS Votuporanga)
Resumo
Desafio: setores de Educação, Assistência Social e Saúde do município tinham agendas que não dialogavam entre
si – muitas vezes, atendendo o mesmo público.
Solução e principais resultados: criação de agenda compartilhada, com a finalidade de facilitar a integração dos
órgãos e aprimorar os processos de trabalho de forma intersetorial. Com isso, houve maior engajamento e apro-
veitamento dos eventos oficiais do município para realização de ações.
T
rabalhar no governo é fazer parte de um si por meio de reuniões presenciais periódicas
sistema complexo. É saber que a atuação para trocas de informações e planos de trabalho
de um setor tem impacto direto em outro e entre os setores.
que todos trabalham por um bem comum: melho- Essa ação resultou em uma agenda anual
rar a vida dos cidadãos. Então, por que não unir única, que reuniu os mais de 50 eventos, os quais
as forças das secretarias para potencializar o im- aconteceram no município em 2018. Isso incenti-
pacto positivo na sociedade? Foi pensando nisso vou a intersetorialidade, somando esforços na rea-
que os profissionais do município de Álvares Flo- lização dessas ações e garantindo que os eventos
rence se motivaram a estruturar uma agenda de não concorressem entre si. “Estamos falando com
trabalho colaborativa e intersetorial. o mesmo público. Como a cidade é pequena, temos
“Depois da formação do Primeiríssima, co- cerca de 3,8 mil habitantes, fica muito desgastante
meçamos a olhar com mais atenção para os ou- para a própria população ter a oferta de diversos
tros setores. Nesse momento, percebemos que eventos pingados”, explica Cleide.
todos sentiam a mesma necessidade de realizar A agenda, em formato digital, é compartilha-
um alto volume de atividades, como campanhas da com todas as secretarias e os profissionais
e ações prioritárias. Muitas vezes, elas tinham têm autonomia para acrescentar as datas de to-
os mesmos temas, objetivos e públicos. Também das as ações que estiverem organizando.
nos sensibilizamos sobre como temos semelhan- Além de unir os esforços dos três setores, a
ças e que juntos otimizaríamos nossas ações”, agenda intersetorial considera os eventos oficiais
contou a articuladora Cleide Semenzato. do município. Assim, é possível desde mapear
campanhas como a de combate às drogas lícitas
e ilícitas até aproveitar o momento da Festa da
Uma agenda para mais de 50 eventos Colheita de Álvares Florence para sensibilizar a
Foi a partir da conscientização das sinergias população sobre a importância da primeiríssima
de atuação que os profissionais das áreas de infância e orientar famílias para a garantia do de-
Educação, Assistência Social e Saúde começa- senvolvimento integral. Confira a agenda comple-
ram a partilhar os eventos e as atividades entre ta em http://bit.ly/2sK3CL2.
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Trabalho em rede
(Sebastianópolis do Sul - RS Votuporanga)
Resumo
Desafio: existia uma falta de conexão entre os setores de Saúde, Educação e Assistência Social para trabalhar
com o desenvolvimento integral das crianças e com suas famílias.
Solução e principais resultados: com a entrada do SPPI no município, criou-se uma estrutura de governança que
possibilitou a integração entre os diversos trabalhos realizados por diversos setores, tendo como base principal-
mente os equipamentos de educação.
A
escola é um ambiente de desenvolvimento como cobrá-los para esse acompanhamento”, ex-
integral. Uma das maneiras de trabalhar plica a nutricionista Gisele Amaral.
isso é por meio de brincadeiras e intera- Com a prática do trabalho em rede foi possí-
ção entre as crianças e os seus cuidadores. É vel integrar ações como essa, que une os cuida-
justamente nessa troca do dia a dia que é possí- dos da Atenção Básica com a rede de educação.
vel identificar nas crianças potenciais anormalida- No caso do trabalho nutricional, por exemplo, as
des no desenvolvimento, dificuldades emocionais escolas passaram a sensibilizar os familiares nas
e traços de alteração na saúde. reuniões e realizar ações que previnam ou traba-
Foi a partir desse cenário que a busca de lhem com as questões identificadas pelos nutri-
um formato de trabalho em rede se mostrou fun- cionistas da cidade.
damental para os profissionais de Sebastianó-
polis do Sul. Antes das formações do SPPI no
Prática foi para além das creches
município, os diferentes setores trabalhavam de
Outro exemplo dos resultados positivos do
maneira independente. Muitas vezes, esse mode-
trabalho em rede do município é a criação do
lo não integrado tinha dificuldades de identificar grupo de gestantes em parceria com o CRAS.
pontos de atenção no desenvolvimento infantil e Além de um grupo de orientações para as futuras
criar planos de ação eficazes. mães, o município conseguiu integrar os profis-
“Antes, a gente tinha mais dificuldade em li- sionais da Saúde e da Assistência Social. Nos
dar com diversos pontos, como por exemplo os encontros, há orientação sobre a gestação, além
dados das crianças. Nas visitas nas escolas, era de oficinas de artesanato. O CRAS é responsável
realizada uma avaliação nutricional e os resulta- pelo grupo e semanalmente, às quartas-feiras,
dos enviados para os familiares. Raramente havia são oferecidas as palestras sobre vínculo e as
retorno na unidade, uma vez que a gente não tinha oficinas com as gestantes.
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Desafio: existiam poucos programas de assistência e fluxos específicos para as gestantes usuárias de álcool e
outras drogas.
Solução e principais resultados: realização de movimento intersetorial para a criação de uma rede técnica de as-
sistência para as gestantes nessas condições. Com isso, houve fortalecimento da rede de apoio entre os profis-
sionais e ações mais efetivas de trabalho. A junção de vários equipamentos da rede de apoio permitiu reflexões
sobre os processos de trabalho de todos envolvidos.
P
ara uma gestação saudável, um nascimen- Uma rede de cuidados intersetorial com o foco
to tranquilo e um desenvolvimento adequa- na diminuição de riscos
do da criança, é preciso mudar alguns há- Com as formações do SPPI em Votuporanga,
bitos e seguir à risca a recomendação dos mé- profissionais da Secretaria da Saúde se sensibiliza-
dicos. Fazer exames, ter uma uma alimentação ram com o tema e resolveram abraçar o desafio. A
saudável e evitar o uso de substâncias que pos- partir de então, foi possível realizar uma articulação
sam prejudicar a saúde da mãe e do bebê são entre os diversos setores e criar uma rede efetiva
alguns desses cuidados. Quando falamos de de assistência para as gestantes nessa situação.
gestantes dependentes químicas, a atenção du- Foram envolvidos representantes do CRAS,
rante esse período precisa ser redobrada. Isso CREAS, Santa Casa, CAPS AD, Secretaria Muni-
porque o feto também é atingido nesses casos. cipal da Saúde e SAE. O grupo de apoio reúne-
Em Votuporanga, existia o desafio de rea- -se trimestralmente para estudar casos e tomar
lizar ações em conjunto com outros setores e decisões que beneficiarão as ações conjuntas
organizações para apoiar gestantes usuárias que estão sendo realizadas no município. Com o
de álcool ou outras drogas. “As mulheres de- apoio do grupo, os profissionais sentem-se mais
pendentes sentem vergonha e muitas vezes seguros e capacitados para realização de consul-
não falavam muito com medo de serem julga- tas, acompanhamentos e orientações às famílias
das. É um grande desafio para os profissio- grávidas e com dependência química.
nais orientar, entender e se conectar com as Desde 2015, quando os encontros começa-
famílias nessa situação”, explica a articulado- ram a acontecer, pode-se notar o fortalecimento da
ra Sílvia Faria. rede de apoio entre os profissionais e ações mais
Para apoiar esse público, foi criado um gru- efetivas de trabalho com as gestantes. “A junção
po técnico para alinhamento dos profissionais no de vários equipamentos da rede de apoio permitiu
município. “A prática foi um ponto de partida para reflexões sobre os processos de trabalho de todos
desencadear ações intersetoriais. Ela é um mo- os envolvidos, além de momentos agregadores de
vimento gerador para outras ações agregadoras valores para o processo de formação de profissio-
que garantam soluções dignas às gestantes e ao nais e estímulos para o senso crítico e reflexivo pa-
feto”, argumenta Sílvia. ra desenvolver as ações”, defende a articuladora.
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Oficina da Papinha
(Apiaí - RS Apiaí)
Resumo
Desafio: foi identificado no município um alto índice de anemia entre as crianças de 0 a 3 anos.
Solução e principais resultados: capacitação de profissionais da saúde para a realização de oficinas teóricas e
práticas sobre nutrição e alimentação saudável para crianças em fase de introdução alimentar.
U
ma entre cinco crianças brasileiras me- Formação de profissionais para potencializar as
nores de 5 anos foi diagnosticada com oficinas
anemia, segundo a Pesquisa Nacional de Uma parceria da prefeitura com as Secre-
Demografia e Saúde (PNDS), divulgada no ano tarias da Educação e Saúde permitiu que nutri-
de 2006. Para bebês menores de 2 anos, o nú- cionistas responsáveis pela alimentação das
mero é ainda maior: a prevalência da doença é crianças nas escolas fizeram capacitações com
de 24,1%. profissionais da saúde. Com isso, eles tornaram-
Em Apiaí, os casos de anemia na primeirís- -se replicadores do tema alimentação saudável.
sima infância não paravam de crescer até 2017. A Secretaria de Saúde doou verduras, frutas e
Percebendo esse cenário, os profissionais da Se- legumes para as oficinas e para as famílias
cretaria da Saúde começaram a introduzir o te- participantes.
ma da nutrição nas consultas com gestantes e Hoje, 80% dos profissionais da Saúde do
mães com crianças de 0 a 3 anos. Mesmo as- município já receberam as formações da Oficina
sim, eles perceberam que apenas orientações da Papinha e tornaram-se guardiões do tema. “A
nesses momentos específicos não solucionavam ideia agora é que a gente leve também essas for-
completamente o desafio. Era preciso realmen- mações para os educadores e outros profissio-
te conscientizar e ensinar na prática as famílias nais da Secretaria de Educação”, complementa
e os profissionais, garantindo que a alimentação Marilda.
de qualidade chegue aos bebês.
Então, foi planejada uma oficina que ensi-
nasse as famílias a fazer papinhas saudáveis e Iniciativa começou na Semana do Bebê
nutritivas. “A motivação para realização da ofici- Depois das formações com os profissio-
na foi adequar a realidade das mães e gestantes nais municipais foram realizados dois testes na
na preparação de papinhas. Percebemos nas Semana do Bebê de Apiaí. Foram realizados en-
conversas que muitas mães não sabiam que contros conduzidos pelos profissionais da saúde
alimentos dar, o que comprar, como preparar”, que foram previamente capacitados. Um total de
explica a enfermeira Marilda de Jesus Lima. 17 participantes, entre pais, mães e gestantes,
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receberam orientações sobre a introdução da bairros e na entidade SOS (Serviço de Obras So-
papinha na alimentação. Eles aprenderam, na ciais). Todo o conteúdo apresentado segue os
prática, três receitas e ainda levaram para casa dez passos para uma alimentação saudável lista-
um livro com mais de 20 receitas nutritivas para dos pelo Ministério da Saúde.
crianças de 0 a 3 anos. Para o segundo semestre, foi elaborado um
O resultado foi positivo e novas oficinas fo- cronograma de “Oficinas de Papinha” trimestrais.
ram realizadas. No primeiro semestre, já acon- A primeira oficina do novo plano estava programa-
teceram em seis das nove unidades de saúde da para agosto de 2018 e receberia pais atendi-
do município, além dos centros comunitários dos dos pelas unidades de saúde do município.
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Desafio: aproveitar o conteúdo das cadernetas de gestante e da criança para orientar as famílias e garantir o
desenvolvimento integral das crianças.
Solução e principais resultados: incentivo e orientação dos profissionais de Saúde a utilizarem os conteúdos das
cadernetas como base de atendimentos, orientações e mediações para grupos de famílias. A prática tornou o
uso das cadernetas mais efetivo para as gestantes do município.
A
s cadernetas da gestante e da criança são a trabalhar o conteúdo desse material durante
conquistas democráticas do Sistema Úni- atendimentos, grupos de famílias e até mesmo
co de Saúde. Com esses documentos, é nas ações do Programa Criança Feliz.
possível acompanhar a saúde desse público de Além disso, as capacitações ainda foram
maneira regular e identificar pontos de atenção replicadas para outros profissionais das secreta-
de maneira mais rápida e efetiva. rias de Saúde e de Assistência Social. “Hoje, os
Entretanto, apesar da recomendação do Mi- médicos e enfermeiras usam durante a consulta
nistério da Saúde para o uso das cadernetas, não para orientar os pais, os agentes de saúde usam
existem formações específicas para conscientizar para o acompanhamento e a cobrança em rela-
sobre a importância do preenchimento regular das ção à vacinação em dia e os visitadores do Pro-
cadernetas pelos profissionais da área. Por isso, grama Criança Feliz utilizam para conscientizar as
muitos municípios têm como desafio comum a in- gestantes e famílias em relação ao acompanha-
serção desse material no atendimento cotidiano mento das fases do desenvolvimento através das
dos serviços de Atenção Básica. cadernetas”, explica Camila.
Em Valentim Gentil não era diferente antes O envolvimento dos profissionais dos dois
do SPPI. Lá, o trabalho com as cadernetas da ges- setores é ativo e resultou em uma mudança de
tante e da criança já existia, mas não era tão valo- pensamento e de ação nos atendimentos. “São
rizado. “Eram vistas como documentos importan-
feitas leituras e discussões nos grupos. As
tes, mas nunca se trabalhou de fato o conteúdo
cadernetas também são base do trabalho dos
delas”, explica a articuladora Camila Marangoni.
agentes de saúde durante as orientações nas
“Alguns profissionais tinham um pouco de resis-
visitas”, conta a articuladora.
tência e encaravam como ‘mais um material para
A maior assiduidade das famílias em relação
preencher’ além do prontuário”, complementa.
ao tema da vacinação é um dos resultados perce-
bidos pelos profissionais. Agora, elas passam a
Formações para sensibilizar os profissionais de acompanhar e respeitar mais as datas agendadas
forma intersetorial para as vacinas e a conscientização tanto das ges-
Após a formação em Puericultura do SPPI, tantes como das mães sobre a importância des-
os profissionais do município foram sensibilizados ses documentos.
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Babywearing
(Jundiaí - RS Jundiaí)
Resumo
Desafio: necessidade de orientar familiares sobre estratégias que aumentem o vínculo entre famílias e bebês e
de possibilitar maior locomoção de familiares com suas crianças pela cidade.
Solução e principais resultados: capacitação dos profissionais no Comitê Ampliado para compartilhamento da
prática com as famílias. Isso possibilitou aumento da prática de babywearing no município.
A
s famílias moradoras de bairros mais peri- também entra em contato direto com a prática e
féricos de Jundiaí passam por um proble- aprende a fazer as amarrações usando bonecos
ma diário e frequente. Onde moram, as que têm o mesmo peso de crianças. Assim, os
vielas são tão estreitas que não é possível pas- profissionais sentem-se capacitados e seguros
sear com um carrinho de bebê. Pensando nisso, para compartilhar o que aprenderam com a po-
o comitê ampliado do SPPI incluiu a formação de pulação durante os atendimentos do dia a dia em
babywearing nas capacitações do Programa para consultas, grupos de famílias e outros contatos
os profissionais da município. com familiares da cidade.
Babywearing – também conhecido como
Sling – é o termo usado para a prática de carregar
Mais conforto para as crianças, mais autonomia
o bebê junto ao corpo do pai, mãe ou cuidador,
para as famílias
usando um tecido, em vez de o colocar sempre
A técnica do babywearing acumula benefí-
num carrinho ou bebê conforto. Para levar a téc-
cios para os cuidadores e para as crianças entre
nica até esses moradores, uma estratégia de ca-
eles estão:
pacitação dos profissionais de forma intersetorial
foi criada. • Fortalecimento de vínculo entre os pais e
o bebê;
Existe uma agenda mensal de formações
para agentes comunitários de saúde, visitadores • Contato com o corpo do adulto, ajuda a
do Criança Feliz, enfermeiros, psicólogos e repre- manter o bebê aquecido;
sentantes da educação. • Ampliação da transmissão de segurança
Apenas no primeiro semestre de 2018, 40 ao bebê através do calor, cheiro e bati-
profissionais foram apresentados ao babywea- mentos cardíacos do adulto;
ring por uma voluntária em duas capacitações • Prevenção de refluxo e cólicas;
diferentes. • O desenvolvimento psicomotor do bebê é
Nesses encontros, os participantes conhe- favorecido, pois ele deve reagir à mudan-
cem a técnica e são conscientizados dos bene- ça de posição do adulto, desenvolvendo
fícios e da importância do babywearing. O grupo seu sentido de equilíbrio;
|65
|66
Solução e principais resultados: criação de cinco vídeos com princípios do SPPI ilustrados por práticas realizadas
na própria região de Jundiaí, em parceria com a TV municipal. Os vídeos são utilizados para formações, valori-
zando a realidade local.
V
ocê já parou para pensar no impacto que FMCSV. “Conhecemos os vídeos dos 5 Princípios
um conteúdo em vídeo pode ter? Em 2021 de Boston (EUA). Começamos a utilizá-los em al-
pouco mais de 81% de todo o tráfego da guns municípios, mas percebemos que era um
internet será gerado a partir de vídeos, segundo material o qual a população não se identificava. A
pesquisa da empresa Cisco de 2017 (https://bit. língua e a realidade eram muito diferentes. Então,
ly/2wmdZJb). Somente para ter uma ideia, mais pensamos em fazer uma produção regional que
de 500 horas de vídeos são submetidas ao You- representasse aquilo que a gente estava fazendo
Tube diariamente. Em um período de um mês, o nos municípios e nossas práticas”, lembra a arti-
conteúdo criado apenas no YouTube já supera tudo culadora regional Lígia Bestetti.
o que foi criado em 30 anos pela americana ABC, Durante dois anos, ela e sua equipe bus-
a maior rede de TV do mundo. caram alternativas para concretizar a produção.
Depois de seis anos de atuação no São Paulo Então, em 2017, o grupo conseguiu uma parceria
pela Primeiríssima Infância, a RS Jundiaí sentiu a ne- com a TV Municipal de Jundiaí. “Mesmo assim,
cessidade de sistematizar o trabalho realizado usan- precisávamos de recursos para a produção. En-
do justamente a linguagem audiovisual. O grupo en- tão, conseguimos com que os prefeitos de Jun-
controu nos vídeos um caminho para compartilhar
diaí e de Itupeva arcassem pessoalmente com
aprendizados e ações a favor do desenvolvimento
esse investimento”, conta Lígia.
da Primeiríssima Infância.
Com equipe de produção e dinheiro em cai-
Os cinco vídeos que contam como as crian-
xa, faltava um conteúdo robusto e uma narração
ças aprendem brincando, explorando, imitando, re-
didática para que os episódios fossem bem ex-
petindo e se relacionando agora são utilizados em
plicados. Então, a equipe fez uma parceria com
formações dos profissionais de Saúde, Educação
o Instituto Primeiros Anos, que trabalhou nas for-
e Desenvolvimento Social. As produções são com-
mações do SPPI e continuou parceiro da regional.
partilhadas também com a população nos equipa-
As cenas foram filmadas nas creches, no
mentos públicos dos municípios da região.
hospital, em unidades de saúde, nas casas dos
usuários e em outros locais em que o Programa
Inspiração internacional e adaptação para a chegou. “Foi uma experiência muito bacana. Nós
realidade local aprendemos demais acompanhando a equipe
A inspiração para o projeto surgiu a par- nas gravações”, contou Lígia. Confira os vídeos
tir de um simpósio internacional realizado pela em http://bit.ly/videos-5maneiras.
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Amamentação de Primeiríssima
(Itupeva - RS Jundiaí)
Resumo
Desafio: o município sempre teve uma preocupação com a questão do aleitamento materno para a primeiríssima
infância. Entretanto, não havia esforços organizados para isso.
Solução e principais resultados: foram estruturadas visitas domiciliares às mães para entendimento de seus con-
textos e orientação sobre o aleitamento. A prática garantiu que profissionais de diferentes áreas fossem articu-
lados e capacitados sobre a questão do aleitamento materno.
A
mamentar é muito mais do que nutrir a emocional da mulher e as influências externas
criança. É um processo de conexão entre da sociedade em que ela vive. Por isso, o apoio
mãe e filho, com impactos positivos na nu- da família, do companheiro, dos profissionais de
trição, na imunidade e no desenvolvimento cogni- saúde é fundamental para que a amamentação
tivo e emocional. Por isso, o Ministério da Saúde ocorra sem complicações.
recomenda a amamentação até os 2 anos de ida- Em Itupeva, com a chegada do SPPI em 2015,
de ou mais. Também é indicado que o bebê re- foram criadas ações para garantir o acompanha-
ceba somente leite materno, sem complementar mento das primeiras mamadas e promover o alei-
com outros alimentos ou fórmulas, nos primeiros tamento dos recém-nascidos. O objetivo das ações
6 meses de vida. era garantir que o período de alimentação pelo leite
Entretanto, segundo relatório publicado pe- materno fosse prolongado. Educadores de creches,
la Organização Mundial da Saúde (https://bit.ly/ funcionários dos CRAS, enfermeiros de unidades
2f8meBa) em 2017, somente 38,6% dos bebês de saúde e doulas do município foram envolvidos
brasileiros são alimentados apenas com o leite em formações sobre o tema feitas pelo Programa.
materno nos primeiros 5 meses de vida e 6% das A partir da estratégia Saúde da Família, Itu-
crianças nunca foram amamentadas com leite peva realiza visitas puerperais com agentes co-
materno. A taxa é considerada abaixo do ideal, munitários e enfermeiros para todas as mães
mas regular em relação aos outros 194 países que tiveram partos na maternidade municipal.
analisados pela OMS. A média mundial de ama- Uma ficha de acompanhamento foi elaborada
mentação nos primeiros 6 meses de vida fica em para apoiar o atendimento às mães com bebês
torno de 20% a 40%. recém-nascidos. Nela, há registro das participa-
ções da mãe em grupos de gestantes, consultas
médicas, idade dos outros filhos, quanto tempo
Apoio à família para incentivar o aleitamento amamentou os irmãos mais velhos do bebê e até
Inúmeros fatores influenciam no aleitamen- quando pretende amamentar o recém-nascido.
to materno: a falta de informação, dores duran- Também são entregues folhetos de orientação
te a amamentação e, principalmente, a condição sobre banho de balde, choro como comunicação
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do bebê, sono do recém-nascido, papel do pai, en- No ano seguinte, o município disponibilizou um
tre outros. Após a visita, há contato contínuo via carro para a equipe de atendimento conseguir
WhatsApp para, caso haja necessidade, a equipe ampliar o número de visitas. De agosto a dezem-
retorne à casa da mãe. “A ficha de acompanha- bro de 2017, todas as mais de cem famílias com
mento e os folhetos ajudam a direcionar os profis- bebês recém-nascidos na maternidade de Itupe-
sionais quanto às orientações de aleitamento pa- va foram atendidas.
ra a mãe adaptadas ao seu dia a dia e realidade. “As visitas são importantes para os profis-
Com esses instrumentos, também conseguimos sionais entenderem a rede social da mulher que
diagnosticar possíveis falhas e necessidades em está amamentando, as condições financeiras e
relação à rede de saúde do município”, conta Vera emocionais da gestante, sua rotina de aleitamen-
Lucia Bruder, articuladora do SPPI. to e principais desafios e necessidades”, com-
Esse contato inicial mostrou-se essencial plementa Vera. Esse resultado positivo levou o
para apoiar a mãe nesse momento. Lilian Sanches, Amamentação de Primeiríssima a reestruturar o
mãe e participante do programa, conta em depoi- modelo de atuação em 2018, iniciando o atendi-
mento as dificuldades que passou nos primeiros mento dentro das maternidades. Assim, é possí-
dias de amamentação: “Eu sentia dor e não con- vel acompanhar e orientar a mãe já na primeira
seguia amamentar minha filha. Fui encaminhada, mamada.
pelo posto de saúde, ao programa e, graças às vi- Para potencializar o programa, também fo-
sitas e orientações, consegui amamentar a bebê.” ram feitas novas capacitações com enfermei-
ras, técnicas de enfermagem e agentes comu-
nitários de saúde em relação ao tema. Nesse
Apoio municipal garantiu aumento no número de novo formato, as visitas domiciliares são menos
atendimentos frequentes e acontecem apenas em casos onde
A prática teve impacto tão positivo no aten- a mãe necessita de um acompanhamento mais
dimento das novas mães que teve continuidade. próximo.
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Resumo
Desafio: sensibilizar as famílias sobre os cuidados pré e pós-parto e proporcionar momentos de descontração
para mulheres gestantes.
Solução e principais resultados: organização de um Grupo de Famílias Grávidas para trocas de conhecimento, ex-
periências e vivências. Isso garantiu o fortalecimento do vínculo entre famílias e crianças.
É
normal sentir tanto sono? E se não con- Prática traz atividades de conexão e preparo
seguirmos amamentar? Precisamos levar familiar
alguma coisa para a maternidade? Todos Os temas e práticas propostos nos encon-
exames da família estão em dia? Que alimentos tros são diversos e têm como objetivo o protago-
ingeridos podem fazer mal para o bebê? Dúvidas nismo e preparo da família de forma abrangente.
como essas são sempre frequentes quando se
“Nesses grupos desenvolvemos a consciência
descobre uma gravidez, trazendo inseguranças
corporal, a afetividade, estimulamos o apoio, a
para toda a família.
criação de vínculos e desenvolvemos atividades
As formações do SPPI em Ubatuba desperta-
práticas que buscam aprimorar e fazer fluir o
ram um olhar mais sensível às questões relaciona-
amor e a emoção dessa fase da vida”, explica a
das ao desenvolvimento na primeiríssima infância
articuladora Sheila Barbosa.
nos profissionais do município. Principalmente em
A prática está no início, mas geralmente cer-
relação aos preparos e momentos que antecedem
ca de cinco gestantes participam dos encontros.
o nascimento e impactam toda a vida da criança.
Os pais, maridos e companheiros também são in-
Então, foi organizado um Grupo de Famílias
Grávidas, com o objetivo fortalecer vínculos entre centivados a participar, com convite feito durante
os participantes e as crianças que estão sendo a primeira consulta de pré-natal.
gestadas, bem como incorporar vivências praze- A prática estimula também a troca entre os
rosas e relevantes na vida das gestantes, bebês enfermeiros, terapeutas e outros profissionais,
e de toda a família. que trazem para os participantes orientações so-
Os encontros acontecem mensalmente, na bre os aspectos físicos e psicológicos da gesta-
Unidade de Saúde do bairro do Ipiranguinha, mas ção, parto, puerpério e amamentação. São traba-
são abertos para todas as gestantes de Ubatuba. lhados desde os temas abordados na caderneta
Mesmo as que são atendidas por outras unidades da gestante até oficinas de shantala, massagem
e equipes do Programa Saúde da Família também relaxante e outros assuntos que interessam às
são convidadas durante as consultas de rotina. gestantes.
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Desafio: dar mais força e visibilidade para as ações em prol da primeiríssima infância em cada município da Re-
gião de Saúde (RS) de Jundiaí.
Solução e principais resultados: realização de cinco edições anuais da Semana do Bebê em nível regional, envol-
vendo e sensibilizando diversos atores da sociedade civil e parceiros.
C
omunidade mobilizada, profissionais mais reforça Mônica Ota, responsável pela Semana do
seguros, atividades culturais, crianças e Bebê no município de Campo Limpo Paulista.
famílias nas ruas das nove cidades parti- Os articuladores ainda mantêm contato diá-
cipantes do SPPI na região de Jundiaí brincando rio através de um grupo no WhatsApp. “Nos senti-
e aprendendo novos conteúdos, práticas e cui- mos mais unidos, como uma grande rede. Todos
dados sobre a primeiríssima infância. Todo esse os encontros entre os gestores e profissionais da
movimento começa com uma abertura regional regional são sempre um sucesso! É uma ação
da Semana do Bebê na RS de Jundiaí e tem diver- inédita em termos de políticas públicas”, conclui
sas atividades regionais que conectam as agen- Mônica.
das de cada um dos municípios.
Desde 2012, a RS de Jundiaí realiza a
Parcerias entre a prefeitura e a sociedade civil
Semana do Bebê em escala regional para poten-
dão força ao evento
cializar sinergias e unir os articuladores munici-
Os articuladores regionais e locais sensibili-
pais. O evento é construído de maneira colabora-
zam todas as prefeituras envolvidas no SPPI com
tiva em encontros presenciais com profissionais
profissionais representantes das secretarias de
de todas as cidades participantes. Nas reuniões,
Assistência Social, Educação e Saúde. A Semana
os articuladores municipais levantam desafios e Regional do Bebê aproxima também creches e es-
aprendizados das edições passadas, mapeiam colas particulares, além de empresários e comer-
atividades e temas possíveis de serem aborda- ciantes da região. “Esse modo de ação é muito
dos no evento e compartilham as programações importante pois sensibiliza e conscientiza toda a
desenhadas. sociedade em relação ao tema da primeiríssima
Os municípios ainda seguem um cronogra- infância”, conta Cláudia Sartori, responsável pela
ma em comum de campanhas e divulgações, que coordenação da Semana do Bebê em Jundiaí.
acontece ao mesmo tempo em todas as cidades. O ponto forte da Semana Regional do Be-
“A programação e a organização do evento, cons- bê é a abertura dos eventos no maior teatro da
truídas de forma coletiva, despertam um senti- cidade de Jundiaí, com a presença de parceiros
mento de pertencimento e responsabilidade”, e gestores públicos. Em seguida, todos os mu-
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Cantos sensoriais
(Jarinu - RS Jundiaí)
Resumo
Solução e principais resultados: realização de um dia com atividades com cantos sensoriais (música, história,
jogos, brincadeiras, desenhos, pinturas e materiais sensoriais) onde os familiares também puderam brincar e
vivenciar essas experiências com os seus filhos. As sete creches do município foram envolvidas e mais de cem
crianças participaram do evento.
M
ais de cem crianças e famílias brincando riais articularam-se através de um grupo no What-
em uma praça da cidade de Jarinu, que sApp. Com isso, foi possível garantir que todos
tem menos de 30 mil habitantes. Dividi- os materiais e profissionais necessários estives-
dos em sete estações, alguns liam livros infan- sem presentes no dia do evento.
tis, outros participavam de brincadeiras antigas, No total, mesmo em meio à greve dos ca-
entre outras atividades que promoviam o brincar minhoneiros, mais de cem crianças participaram
coletivo e o estímulo sensorial. Essa união acon- com suas famílias. A equipe do Primeiríssima pro-
teceu em um evento público durante o encerra- curou repetir essa atividade durante a Semana
mento da Semana do Brincar. do Bebê de 2018, pois identificou que os edu-
Todas as sete creches do município participa- cadores e os familiares voltaram para casa com
ram da prática. Cada uma delas desenvolveu ativi- novas referências para a estimulação sensorial
dades para estimular sensorialmente as crianças das crianças.
de várias maneiras. O encontro contou com um Os profissionais envolvidos ainda refor-
espaço musical, um espaço para leitura de livros çam a importância da atuação do SPPI na sen-
sensoriais, outro para brincadeiras com bolhas de sibilização no trabalho diário com a Primeiríssi-
sabão e até mesmo momentos de brincadeiras co- ma. “Com certeza, a prática não teria ocorrido
muns nas décadas passadas (como corrida de saco sem o SPPI. O Programa nos faz refletir sobre
e pula-corda) e um tapete sensorial para as crian- a importância do desenvolvimento infantil e so-
ças experimentarem diversas texturas ao andar. bre o vínculo entre os pais e os filhos. É uma
mudança de percepções e dos modos de agir e
Articulação que garantiu a mobilização dos pensar a infância”, contou a articuladora Maya-
profissionais e da população ra Peixoto.
Os educadores e outros profissionais das
creches responsáveis por criar os Cantos Senso-
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Desafio: conscientizar os pais quanto à relevância do cuidado à saúde bucal e ter acesso às crianças na Educa-
ção Infantil.
Solução e principais resultados: mensalmente, um cirurgião dentista e um auxiliar de saúde bucal fazem uma
avaliação clínica nas crianças e orientam as berçaristas quanto ao cuidado com a higiene bucal das crianças.
Nos encontros de pais e mestres, os familiares são informados sobre a saúde bucal dos filhos, além de rece-
ber orientações sobre higiene oral. A prática trouxe melhora significativa na redução de cárie, perda precoce de
dentes decíduos, má oclusão, além de proporcionar melhor desenvolvimento do sistema estomatognático das
crianças.
M
ãos suadas, olhos inquietos, aquele frio- e motivou a levar esse cuidado também às crian-
zinho na barriga, pernas tremendo só de ças de 0 a 3 anos. Então, foi criada uma parceria
ouvir o barulho da maquininha do dentis- entre saúde bucal e SPPI, onde nos foi fornecido
ta. Quem nunca sentiu uma ponta de medo de ir materiais didáticos de apoio (panfletos informati-
ao dentista? Para as crianças matriculadas nas vos) e escovas dentais infantis que utilizamos pa-
creches de Ribeirão Bonito as consultas odonto- ra promover as ações”, conta o articulador Thiago
lógicas são bem diferentes desse cenário. Celestino.
Em 2016, a partir das formações do SPPI
no município, os profissionais da Secretaria da
Saúde identificaram os pais e educadores como Guardiões da saúde bucal dentro da escola
atores fundamentais na orientação das crianças A “Saúde Bucal na Primeira Infância” acon-
e na garantia da saúde bucal durante a primeirís- tece nos berçários das escolas infantis com
sima infância. crianças de até 3 anos. Mensalmente, o cirurgião
Pensando nisso, o município de Ribeirão dentista e o auxiliar de saúde bucal realizam ava-
Bonito criou a prática “Saúde Bucal na Primeira liação clínica nas crianças.
Infância”. A iniciativa estrutura atendimento per- Hoje, o projeto acontece em todas as cre-
manente para as crianças nas próprias escolas, ches do município. Para que isso fosse possível,
com triagem, ensino dos cuidados básicos e, se toda a equipe de saúde bucal se articulou e ca-
necessário, encaminhamento para tratamento na da dupla de auxiliar e cirurgião-dentista tornou-se
unidade de saúde. A prática ainda faz a orienta- responsável por uma creche.
ção dos profissionais da rede escolar, sensibili- O planejamento e a construção das ativida-
zando sobre o tema. des foram feitos em conjunto com a educação.
“Já realizamos ações de promoção e pre- Assim, foi possível definir os dias e horários que
venção em saúde bucal para as classes acima propiciassem a melhor execução da ação. As con-
de 3 anos. No entanto, o SPPI nos conscientizou sultas geralmente ocorrem na parte da manhã,
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antes das refeições e do banho, pois na parte da Saúde bucal também é assunto de família
tarde muitas das crianças dormem. Os profissionais da educação do município,
Nessas visitas, após examinar todas as por sua vez, colocaram a pauta da saúde bucal
crianças, há também a orientação às berçaristas nas reuniões das famílias nas creches. Nos en-
com informações necessárias para a realização contros, os familiares são informados sobre a
dos cuidados de saúde bucal. condição de saúde bucal das crianças e recebem
Os atendimentos acontecem dentro das orientações práticas sobre cuidados de higiene
próprias salas de aulas. Assim, as crianças oral que devem ter com seus filhos, uso de chu-
sentem-se mais seguras para receber os aten- peta, mamadeira e dieta.
dimentos e orientações, observam os cole- “A prática garantiu melhora significativa na
gas serem atendidos e se motivam a seguir redução de lesões de cárie, perda precoce de
os cuidados diários. Desde o início do proje- dentes decíduos, má oclusão, proporcionando
to, aproximadamente 240 crianças já foram melhor desenvolvimento do sistema estomatog-
atendidas. nático da criança”, conclui Thiago.
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Desfile da Primeiríssima
(Parisi - RS Votuporanga)
Resumo
Desafio: necessidade de divulgação do São Paulo pela Primeiríssima Infância para a população do município.
Solução e principais resultados: criação de alegoria para a participação do Programa na festa do padroeiro de
Parisi. A prática conseguiu sensibilizar a população em grande volume.
U
ma festa que dura quatro dias, com rodeio que acontecem anualmente na Festa de São Se-
profissional, show de duplas sertanejas bastião de Parisi.
conhecidas em todo o país e desfile de
alegorias construídas apenas para a ocasião. É
assim que os pouco mais de 2 mil habitantes de Evento contou com a participação de toda a
Parisi comemoram o aniversário do município e equipe do Primeiríssima
homenageiam seu padroeiro no evento mais im- O primeiro passo da prática foi realizar a
portante da cidade. mobilização da equipe para participar do evento.
O município, que completou 27 anos em Os profissionais foram responsáveis por fazer o
2018, já mantém a tradição da Festa de São Se- chamado para crianças, gestantes, mães e fa-
bastião de Parisi há 15 anos. Sempre na semana mílias para compor a carreta do Primeiríssima.
do dia 20 de janeiro, toda a população é mobiliza- Cada beneficiado levava breves resumos que ex-
da e participa ativamente. plicavam o programa, mostrando sua atuação no
Sensibilizar as pessoas e o poder público município. “O desfile da cidade é tradição. O en-
sobre a importância desta etapa da vida, de 0 a volvimento dos usuários garantiu que eles sentis-
3 anos de idade, é um dos pilares do SPPI. O co- sem a importância que têm na sociedade”, con-
mitê municipal encontrou uma alternativa ligada tou Ellen Menani, membro do comitê municipal
à cultura local para chamar atenção para essa do SPPI.
importante fase. Dessa maneira, a população em “O maior aprendizado foi a amplitude visual
geral pode conhecer o Programa de forma ampla. que a alegoria trouxe para nosso trabalho. Sensi-
“Engajados para disseminar as boas práti- bilizamos e incentivamos a população a procurar
cas da primeiríssima infância, fomos convidados as práticas desenvolvidas pelo programa”, conta
pela equipe gestora da Saúde para elaborar uma a articuladora. Durante a semana, os envolvidos
alegoria que representasse o Primeiríssima no se disponibilizaram para decorar a alegoria, que
desfile cívico, para divulgar o trabalho que reali- tinha as cores do dadinho [símbolo do SPPI] co-
zamos para a população da cidade e da região”, mo tema principal. O carro também era decorado
conta a articuladora Marlene Baldan. A iniciativa com dados, enfeites, pelúcias e uma caixa de fu-
estará presente nos próximos desfiles da cidade, maça colorida com as cores do Programa.
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No dia do evento, o carro era composto por com a equipe precisando usar momentos fora do
crianças de 0 a 3 anos, gestantes e puérperas trabalho para organizar a alegoria, a prática trouxe
amamentando. “Com a alegoria conseguimos sen- engajamento para que seja recorrente.
sibilizar a população e os visitantes pelos traba- O engajamento dos beneficiados na pre-
lhos realizados pelo Programa, que foram narra- paração e realização do evento pode ampliar os
dos pelo locutor do evento. Além disso, alertamos olhares para a participação das pessoas no SPPI
sobre os cuidados no desenvolvimento de crianças e garantir maior visibilidade das ações que acon-
na primeiríssima infância”, conta Marlene. Mesmo tecem no município.
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Resumo
Desafio: garantir maior participação dos pais em reuniões mensais das creches municipais.
Solução e principais resultados: readaptação dos horários para garantir maior participação dos familiares, início
de trabalho intersetorial e criação de nova proposta da reunião de pais nas creches da cidade.
M
uita coisa muda na vida de uma família Os encontros são realizados em formato
quando nasce um bebê. Dúvidas, trans- de roda de conversa. “Nós levamos materiais lú-
formações na rotina, novos desafios e a dicos, impressos para subsidiar as discussões
certeza da responsabilidade que é ter uma crian- sobre desenvolvimento infantil”, explica a
ça em casa. O preparo físico e psicológico ade- articuladora. Também é estimulada a verbalização
quado para os pais é o primeiro passo para um das participantes, resgatando suas histórias de
desenvolvimento de forma segura. vida e profissional para favorecer as discussões.
Com a chegada do SPPI no município de Nos encontros, são abordados temas como co-
Macaubal, os profissionais se uniram de for- mo vínculo, alimentação saudável, saúde bucal,
ma intersetorial para estruturar um grupo que importância da leitura para o desenvolvimento in-
mobilizasse e atendesse às necessidades das fantil, entre outros.
famílias. “A formação sobre grupos de famílias
grávidas despertou um novo jeito de olhar para
nossas famílias. Saímos da zona de conforto e Parceria intersetorial possibilitou alcançar as
nos fortalecemos para criar estratégias que cati- famílias
vam e conquistam famílias e profissionais”, conta Em 2017, a secretaria de educação do mu-
a articuladora Débora Camilo. nicípio também começou a fazer parte dessa prá-
A formação mobilizou os participantes de tica. Com isso, foi criado de fato o Grupo Raízes
forma tão potente que provocou os profissionais do Amor, com periodicidade bimestral. Os encon-
municipais a criar um projeto que beneficiasse to- tros têm duração média de uma hora, em horário
das as famílias com crianças nas creches públi- próximo da saída das crianças, e contam com a
cas. “Saímos com várias ideias e não havia nada participação de 15 a 20 familiares. Neles, discu-
nas creches da cidade com esse intuito. Então, o tem-se os assuntos presentes nas rotinas das
comitê municipal reuniu profissionais da Saúde, famílias e são usados como momentos para fa-
da Educação e da Assistência Social”, lembra Dé- miliares brincarem com as crianças.
bora. Para isso, a articuladora liderou o processo Esse trabalho gerou um fortalecimento do
e realizou uma capacitação com os profissionais vínculo dos adultos, tanto com as crianças quan-
das três áreas. to com os profissionais da creche e do comitê.
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Isso pode ser visto desde comentários em posts para refletir sobre suas práticas e conhecer no-
das redes sociais até retornos presenciais dos vas atividades voltadas para o desenvolvimento
familiares e educadores. integral.
No ano de 2018, a prática começou reali-
zando-se encontros de capacitação com os Agen-
Prática também capacita profissionais tes Comunitários dos Centros de Saúde. “Os
municipais encontros são parecidos com os das creches e,
Além dos avanços com as famílias, o Raízes dessa forma, queremos levar esse olhar de cui-
do Amor beneficiou também os profissionais das dado com a primeiríssima para dentro das comu-
creches. Semanalmente, eles são capacitados nidades”, conclui Débora.
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Chá da Tarde
(Riolândia - RS Votuporanga)
Resumo
Desafio: garantir maior participação dos familiares em reuniões mensais das creches municipais.
Solução e principais resultados: readaptação dos horários e da proposta da reunião de pais nas creches da cida-
de, garantindo maior participação das famílias.
P
ais, crianças e educadores reunidos no Com a mudança, foi possível aumentar o
pátio: muitas trocas, engajamento e, é cla- quórum e também foi criada uma dinâmica de
ro, chá e lanchinho para adoçar o início da encontros que permitiu que os familiares en-
noite. É assim que as famílias e profissionais de trassem em contato com os trabalhos realiza-
Riolândia realizam todo mês o Chá da Tarde nas dos na escola e pudessem debater temas im-
creches da cidade. portantes para desenvolvimento das crianças
Antes da chegada do SPPI, existia o grande com base em palestras. Na parte final do en-
desafio de garantir maior participação dos pais contro, cada professor vai para sua sala e os
nas reuniões bimestrais das duas creches do pais podem fazer atendimentos individuais so-
município. Então, compreendeu-se que era pre- bre seus filhos.
ciso readaptar os horários e tornar aquele mo- Essa adaptação de horário foi possível gra-
mento mais atrativo para possibilitar a presen- ças a uma mudança do uso da carga horária dos
ça dos familiares. Hoje, as reuniões acontecem professores e monitores. Nas datas agendadas
mensalmente, alternando as creches, entre 18h para reuniões de pais, não há mais o Horário
e 18h40, com um lanche no final. de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC). Com
a ampliação do horário da creche, atualmen-
te 80% das famílias participam das reuniões
Mudança de horário garantiu a presença das de pais.
famílias “Tiramos a ideia de que a creche é uma
Após as formações do SPPI no município, instituição educacional de caráter assistencia-
os profissionais da secretaria da educação co- lista. A criança não está lá apenas para ser
meçaram a pensar estratégias para aumentar a cuidada, mas também para ter seu desenvol-
presença e a participação das famílias nas reu- vimento integral”, reforça Érika. Nas reuniões,
niões. A articuladora Érika Costa explica: “Antes, os pais são apresentados, sensibilizados e
poucos pais compareciam na reunião porque os orientados sobre vínculo, cuidados com saúde,
encontros aconteciam às 16h30, meia hora an- importância do brincar e outros temas impor-
tes de a creche fechar. Nesse período, a maioria tantes para o desenvolvimento de seus filhos
ainda estava em horário de trabalho.” e enteados.
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Resumo
Desafio: o Grupo existia no município, mas não tinha regularidade e seu potencial era pouco explorado pelo poder
público.
Solução e principais resultados: reestruturação do Grupo para fortalecimento do apoio às mães com base nos
conceitos de desenvolvimento integral e fortificação do projeto de doação de leite materno. Com isso, o município
tornou-se o único doador de leite materno do banco de leite humano de Votuporanga. A prática garante também
a continuidade da família em outros projetos do município ao longo do crescimento da criança.
A
amamentação é um processo natural que mobilizou a equipe e trouxe mais segurança no
propicia vários benefícios tanto à mãe quan- desenvolvimento dos Grupos.
to ao bebê. Entretanto, o aleitamento mater- O grupo acontece quinzenalmente com fa-
no nem sempre é tranquilo e pode trazer consigo mílias de crianças de 0 a 6 meses, sempre às
uma série de dúvidas, dores, desafios e medos que quintas-feiras pela manhã. Os encontros contam
precisam ser esclarecidos para que se torne um com a participação de fonoaudiólogo, psicólogo
momento de prazer e proximidade para ambos. e enfermeiros para apoiar as gestantes e novas
O Grupo de Aleitamento Materno foi criado mães. Nas conversas, são abordados temas co-
em Cosmorama em 2012 pela pediatra da cidade mo as posições para amamentação, pega cor-
e mantinha-se como iniciativa individual da espe- reta, a importância da presença da família du-
cialista dentro de seu escopo de trabalho. Com a rante a amamentação, os componentes do leite,
chegada do SPPI no município, o trabalho foi for- os benefícios da amamentação e outras dúvidas
talecido e ganhou um caráter sustentável. trazidas pelas participantes.
“O Primeiríssima nos trouxe a importância
do fortalecimento do vínculo e do trabalho para
evitar a solidão da gestante. Esses eram temas Incentivo à doação de leite materno e melhoria
que a gente abordava instintivamente, mas com de índices
as formações sabemos que precisamos dar mais O município também dispõe de bombas ma-
importância para eles durante os encontros”, re- nuais de retirada de leite que são emprestadas
flete a articuladora Ariane Gomes. para as mães nos primeiros dias pós-parto, con-
forme a necessidade individual de cada mulher.
Além disso, é realizada doação de leite mater-
Equipes mais preparadas, lactantes mais seguras no para o banco de leite humano de Votuporan-
A formação do SPPI sobre aleitamento ma- ga. Atualmente, Cosmorama é o único município
terno fortaleceu o conhecimento dos profissio- com a capacidade de doação de leite materno na
nais sobre amamentação. A capacitação também região.
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Uma história que representa o trabalho do Atualmente, média de dez mães partici-
Grupo de Aleitamento Materno é a de Flávia (no- pam dos encontros. Entre os resultados per-
me fictício). Mãe solteira por opção, decidiu por cebidos estão o aumento do número de mães
uma gravidez planejada porque tinha o sonho da em aleitamento materno, menos desmames
maternidade. Flávia fez o acompanhamento da precoces, amamentação exclusiva por mais
gestação no setor privado. Por ter feito cirurgia tempo e o vínculo entre as lactantes, a equipe
bariátrica e inserção de prótese de silicone, o mé- e as crianças. O Grupo também se mostrou
dico disse que ela não poderia amamentar seu uma estratégia para garantir a continuidade do
filho. “Ela ligou para o posto de saúde chorando vínculo criado com as famílias durante o Grupo
e fez um encontro comigo e com a nutricionista. de Famílias Grávidas.
Hoje, ela não só amamenta o filho como doa para
o banco de leite”, conta Ariane.
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Mãe Caetana
(Itaoca - RS Apiaí)
Resumo
Desafio: havia alto número de faltas e pouco engajamento e motivação por parte das gestantes nos dias de con-
sulta com o obstetra.
Solução e principais resultados: realização de encontros semanais com as gestantes, no dia da consulta médica.
Neles, é possível promover trocas e orientações com profissionais sobre temas relacionados à gestação, nasci-
mento e pós-parto, agregando valor ao dia da consulta.
D
urante a fase da gestação a família tor- Foco na atuação da família
na-se mais vulnerável, exposta a inúme- Em 2017, impulsionada pelas formações do
ras mudanças estruturais que transfor- SPPI no município, o “Mãe Caetana” trouxe o olhar
mam toda a rotina daquela casa. No município voltado para toda a família e a descentralização
de Itaoca, aproximadamente 80 famílias pas- do cuidado da criança. Antes, ele era focado ape-
sam por esse processo por ano. O preparo de nas na gestante. Também foram criadas estraté-
todas essas pessoas é um desafio e uma meta gias para que os pais, maridos e companheiros
para a prefeitura. começassem a participar dos encontros. A realiza-
O projeto “Mãe Caetana” começou no muni- ção do pré-natal do homem e o incentivo à visita
cípio em 2011, quando as secretarias da Saúde, na maternidade e ao acompanhamento durante o
Educação e Assistência Social uniram-se para parto foram algumas das ações realizadas.
pensar em temas relacionados à gestação e na
mobilização das gestantes do município. Juntos,
Mudanças trouxeram resultados
os três setores conseguiram organizar os papéis
Atualmente, todas as gestantes do município
de cada um para que fosse possível acompanhar
integram o grupo, com um total 31 participantes.
e apoiar as gestantes através de encontros Além das orientações compartilhadas pelos profis-
semanais. sionais dos três setores, são realizados encontros
As reuniões com as famílias acontecem no formativos sobre diferentes temas relativos à gesta-
CRAS de Apiaí, sempre no mesmo dia das consul- ção, ao parto e ao pós-parto. No final da gestação,
tas com o obstetra. Os encontros apresentam se- também é entregue um kit da gestante.
manalmente temas e a atividades diferentes. Os “A prática cresceu e tornou-se um mode-
assuntos vão desde trocas e consultas com es- lo não só para o município como para os outros
pecialistas, visita à maternidade até oficinas para ao redor. Conseguimos articular com o gabinete
confecção do enxoval. Além dos temas e ativida- e, hoje, temos inclusive transporte para garantir
des propostas, o grupo também é aberto para a presença de todos os participantes”, conta a
sugestões de temas e dúvidas das participantes. articuladora Maria Silvana de Oliveira Lima.
|85
Desafio: introduzir novas práticas para um desenvolvimento saudável e fortalecer o vínculo entre os cuidadores e
as crianças participantes do Programa Viva a Vida.
Solução e principais resultados: desenvolvimento de vivências envolvendo yoga, brincadeiras, meditação e música
para crianças de 1 a 3 anos participantes do Viva a Vida. A prática garante maior consciência e fortalecimento
corporal, autoconfiança, autonomia, desenvolvimento motor, criatividade e autoestima das crianças e fortaleci-
mento de vínculo entre crianças e monitoras.
O
yoga vai muito além de um trabalho com o Adaptação da prática potencializa o resultado
condicionamento físico. É uma disciplina para os bebês
antiga da Índia que pode transformar tan- A atividade acontece uma vez por semana e é
to o corpo quanto a mente de seus praticantes. conduzida por uma educadora social com formação
Quando falamos de crianças, a prática da yoga em Hatha Yoga. Nela, crianças com idade entre 1 e
pode ser uma estratégia importante para o de- 3 anos vivenciam o envolvimento na prática a partir
senvolvimento físico e emocional. de brincadeiras, música e momentos de meditação.
Na Índia, berço da filosofia, já vem sendo O trabalho traz inúmeros benefícios para
praticada com bebês há milênios. O conhecimen- as crianças. “Com o Brincando de Yoga temos a
to do próprio corpo e de seus sentimentos, tra- intenção de colaborar com a consciência e com
balho com a respiração e o relaxamento apoiam o fortalecimento corporal das crianças. Também
crianças no desenvolvimento integral. percebemos desenvolvimento na autoconfiança,
Em Ilhabela, a Associação Amigos da autonomia, desenvolvimento motor e criatividade
Criança de Ilhabela (também conhecida como delas”, conta a articuladora Lara Passos.
Projeto Viva a Vida) atende crianças em vulnera- Por enquanto, o “Brincando de Yoga” ainda
bilidade social todas as tardes a partir de diver- não possui formações de outros profissionais e
sas atividades. Com a chegada do SPPI no mu- famílias para a continuidade e expansão da prá-
nicípio, o comitê do Programa viu a necessidade tica. Por isso, como próximos passos, a prática
de fortalecer a relação entre os monitores do prevê levar a técnica para outros educadores e
Programa Viva a Vida e as crianças atendidas. para os pais. Assim, é possível garantir que ela
A partir desse desafio, nasceu o projeto “Brin- aconteça não só no espaço do Viva a Vida como
cando de Yoga”. dentro da casa das próprias crianças.
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Resumo
Desafio: criar ambientes onde as crianças aprendessem a desenvolver suas habilidades, com brinquedos e brin-
cadeiras em momentos compartilhados com familiares e outras crianças.
Solução e principais resultados: sensibilização de gestores municipais para a importância do brincar na primeirís-
sima infância e disponibilização de recursos para instalação de espaços lúdicos para crianças de 0 a 3 anos em
equipamentos do município.
É
brincando que as crianças aprendem a contribui na construção de sua identidade”, ex-
socializar-se, a lidar com conflitos, cons- plica Lucinei.
truir sua autonomia, racionalizar situações
e a compreender a sociedade em que está inse- Recursos municipais garantiram a compra dos
rida. As brincadeiras também estimulam o corpo brinquedos
e abrangem aspectos culturais, emocionais, cog- A mudança de pensamento e a sensibilização
nitivos e afetivos, facilitando o desenvolvimento dos profissionais em relação ao tema do brincar
integral da criança. possibilitou a mobilização dos gestores e garantiu a
No município de Cosmorama, foi a partir viabilidade de recursos municipais para a aquisição
das formações do SPPI sobre espaços lúdicos de brinquedos e organização de ambientes propí-
que os profissionais sensibilizaram o olhar para cios para as crianças de Cosmorama.
o tema do brincar e se motivaram a construir lo- Os recursos possibilitaram a instalação dos
cais adequados para isso. “O nosso desafio era brinquedos em praças públicas, unidades escolares
criar ambientes onde as crianças aprendessem a e outros equipamentos municipais que antes não
desenvolver suas habilidades, com brinquedos e possuíam nenhum espaço lúdico. “Os principais be-
brincadeiras em momentos compartilhados pela neficiados pela prática foram as crianças, através das
criança e familiares responsáveis por seu cuida- brincadeiras e momentos prazerosos com a família
do, criando vínculos de afetividade”, conta Lucinei nos ambientes oferecidos. Agora elas têm opções de
Sabadoto, membro do comitê municipal do SPPI. espaços pensados para elas”, conclui Lucinei.
Por meio das capacitações e reedições Ainda não existem profissionais capacitados
do programa, foi possível conscientizar os go- para atuar nos espaços. Por isso, a presença dos
vernantes do município sobre a importância do pais e cuidadores também é fundamental para o
brincar na primeira infância. “Mudamos a nossa estímulo e cuidado das crianças, fortalecendo os
visão em relação à importância do brincar na vínculos afetivos e familiares entre as crianças e
fase inicial da criança e entendemos que isso os adultos.
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Desafio: aumentar a autoestima das gestantes e garantir maior vínculo entre as mães e os bebês.
Solução e principais resultados: realização de ensaio fotográfico e entrega de cinco fotos para as gestantes, ga-
rantindo aumento na autoestima da mulher.
Q
uando uma mulher se descobre grávida, apoio: algumas gestantes levaram os pais e irmãos
também se depara com uma enxurrada do bebê para fotos em conjunto.
de sentimentos e mudanças. O seu cor- Custeado pela prefeitura, o “Ensaio Fotográ-
po será a casa do bebê por alguns meses. Por fico” é uma prática periódica que ainda não tem
isso, cuidados extras e algumas limitações são uma frequência regular definida. Entretanto, a se-
necessários nesse período. Muitas vezes, a ges- gunda edição da sessão de fotos aconteceu na
tante sente que não tem mais a mesma auto- Semana do Bebê, em agosto de 2018.
nomia para fazer uma série de atividades. Com
tantas transformações, ela não é mais tão dona
do próprio corpo, enfrentando uma dificuldade de A segurança através da imagem
reconhecer a sua imagem. Para a segunda edição do ensaio, foram se-
Durante um dos encontros quinzenais do lecionadas gestantes que estão no oitavo mês
Grupo de Famílias Grávidas, as gestantes do mu- de gestação. Também foram priorizadas aquelas
nicípio de Riolândia demonstraram a vontade de com baixa renda e que não teriam condição de
realizar um ensaio fotográfico da gravidez e reen-
realizar as fotos com recursos próprios.
contrar a sua beleza. “Como muitas não podem
Além de fortalecer o vínculo das famílias
contratar um fotógrafo, porque somos um municí-
com as crianças, as imagens também servem
pio com poucos empregos e de baixa renda, orga-
para ajudar as gestantes a se reconhecerem e
nizamos um ensaio fotográfico para as gestantes
sentirem mais seguras como mulheres e mães.
dentro do próprio grupo”, explica a articuladora
“É importante para aumentar autoestima. Elas fi-
Érika Costa.
cam mais sorridentes, elogiam umas às outras. É
Então, as 12 gestantes de até 37 semanas
foram convidadas para o dia de fotos. Entendeu-se um registro importante do momento sensível que
que era importante organizar maquiagem, cabelo e é a maternidade”, reforça Érika.
roupas que desenvolvessem a autoestima das futu- No dia do ensaio, as gestantes também se
ras mães. “É muito importante a grávida gostar de produzem usando roupas e acessórios disponibi-
si, valorizar a criança e começar o processo de cons- lizados no próprio estúdio pela fotógrafa. Após a
trução de vínculo”, conta Érika. A prática também sessão, cada família ganha cinco fotos impres-
possibilitou o estreitamento de laços com a rede de sas escolhidas pela própria gestante.
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Família na Escola
(Votuporanga - RS Votuporanga)
Resumo
Solução e principais resultados: criação do “Dia da Família”, que oferece diversas atividades dentro das creches
da cidade para familiares aprenderem mais sobre desenvolvimento integral e aumentarem os vínculos com seus
filhos. Com o evento, sentiu-se maior participação dos familiares no desenvolvimento das crianças.
U
m sábado por semestre, as creches de Vo- se divertem com atividades de teatro, música,
tuporanga são abertas para os familiares leitura, esportes e outras brincadeiras.
participarem de palestras sobre a primeira
infância ou de atividades com as crianças. A prá-
A presença das famílias e educadores foi
tica surgiu no município após a parceria com o
fundamental para o sucesso da prática
SPPI. A partir das formações do Programa, a equi-
A ideia do “Família na Escola” nasceu de
pe foi sensibilizada sobre desenvolvimento infan-
uma iniciativa dos próprios profissionais das cre-
til, trabalho em rede e construção de vínculos en-
ches nas reuniões de planejamento pedagógico.
tre famílias e crianças. “Essa sensibilização fez
“Por ser de sábado, pensamos que seria difícil en-
com que os profissionais sentissem a necessi-
volver todos os educadores, mas, desde o primei-
dade de aproximar os pais do cotidiano escolar
ro encontro, todos mostraram-se muito interessa-
dos filhos por meio de atividades diversificadas
dos e abertos”, explica Lanusse Janielli, diretora
e prazerosas”, explica a articuladora Silvia Faria.
da CEMEI Profa. Maria Aparecida Barbosa Terruel.
O “Dia da Família” é uma das ações para
Os familiares também abraçaram o encontro
concretizar essa aproximação. Nele, a escola se e trouxeram retornos positivos para as escolas.
beneficia da participação ativa dos pais, crianças Vanessa Nascimento, mãe de duas crianças ma-
e educadores, criando um vínculo e facilitando o triculadas em uma das creches do município, con-
contato com elas sempre que a escola necessita. ta: “Eu tive a oportunidade de participar e achei
No encontro, as famílias recebem informações que é um projeto interessante para família e para
importantes sobre desenvolvimento infantil de a criança. É uma forma de as crianças dividirem
forma lúdica. Além disso, é percebido maior in- com os pais os momentos do dia a dia, mostran-
teresse dos pais nas rotinas, reuniões e demais do a importância do papel de cada um. A família
eventos direcionados às turmas. fica muito interessada porque consegue conhecer
Os encontros contam com palestras com as pessoas que trabalham na escola.”
especialistas convidados para abordar temas A profissional da educação municipal Marle-
de orientação familiar. Neles, são apresenta- ne Queiroz complementa: “Existem famílias que
dos assuntos como cuidados com a saúde, a estão junto com a gente desde o início desse pro-
importância do brincar, entre outros. Durante a jeto, que comparecem todos os anos. Isso mos-
manhã, as crianças e familiares ainda aprendem tra que a prática está sendo válida e como ele é
com oficinas práticas de arte e artesanato e gratificante e enriquecedor para todos”.
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Resumo
Desafio: necessidade de sensibilizar os familiares de que a creche é uma extensão do ambiente familiar e que é
preciso realizar um trabalho realmente coletivo.
Solução e principais resultados: uso das reuniões familiares nas creches para leitura de material sobre o desen-
volvimento infantil criado pelos profissionais de Saúde e Educação do município (Revista Primeiríssima Infância)
e debate com os participantes sobre os temas.
A
professora lê um texto sobre o desapare- parceria entre os setores de Saúde e Educação
cimento rápido do mundo da criança e um do município. “A revista da Primeiríssima Infância
início prematuro da adolescência. Nossos trabalha várias temáticas e reforça a importância
filhos estão encurtando a infância e tornando-se da participação dos familiares no desenvolvimen-
adolescentes mais cedo? Por que é importante to integral das crianças”, conta Daniela Ribeiro,
cuidarmos da primeiríssima infância para eles e gestora de uma das creches.
para a nossa sociedade?
A cena e os questionamentos aconteceram Como acontece na prática
com os pais de uma das sete creches do mu- Os encontros são bimestrais e acontecem
nicípio de Descalvado. A prática tem o objetivo durante as reuniões de familiares. Elas são ini-
de fortalecer a relação entre creche e família ciadas com a leitura de um dos textos da revista
na conscientização da necessidade de trabalho criada pela equipe do SPPI sobre a primeiríssima
em conjunto. “As crianças passam a maior par- infância. Em seguida, educadores e familiares de-
te do tempo na creche. O que fazemos em casa batem sobre o conteúdo.
é uma continuidade do desenvolvimento deles”, Nas conversas, é reforçado como a creche
explica Márcia Silva, mãe de uma das crianças é somente uma extensão do ambiente familiar e
beneficiadas. a necessidade da realização de um trabalho cole-
A prática “Relação escola e família: uma tivo de verdade. “Essas rodas de reflexão e con-
parceria fundamental” usa o momento das reu- versa fazem com que os familiares compreendam
niões de família nas sete creches da cidade pa- como podem aproveitar as situações do cotidia-
ra fazer formações com base na leitura e debate no da criança para promover o desenvolvimento
da revista da Primeiríssima Infância. A publica- infantil a partir de diversos estímulos”, explica a
ção, de edição única, foi criada em 2017 como profissional da educação Rosilene Oliveira.
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Visita Puerperal
(Várzea Paulista - RS Jundiaí)
Resumo
Desafio: necessidade de garantir o acompanhamento dos recém-nascidos na região ainda nos primeiros dias de
vida para orientações e consulta médica.
Solução e principais resultados: realização de visita domiciliar com equipe de enfermeiros e pediatra para acom-
panhar a evolução da criança e orientar as famílias.
O
s primeiros dias da criança em casa são o Brasil, mais de 200 milhões de crianças meno-
sempre os mais desafiadores. São neles res de 5 anos não atingem seu potencial de desen-
que tudo acontece pela primeira vez: ba- volvimento por causa da insuficiência e da baixa
nhos, mamadas, troca de fraldas, além de mui- qualidade de cuidados e da estimulação que seus
tas dúvidas e descobertas da família com o be- pais conseguem oferecer (KIELING et al., 2011).”I
bê. Em Várzea Paulista não é diferente. Por isso,
foram estruturadas visitas domiciliares de médi-
co, enfermeiro e agentes comunitários de saúde Orientações e contato próximo aumentam a
ainda nas duas primeiras semanas de vida das segurança das famílias
crianças nascidas no município. Cerca de 40 visi- Na prática de Várzea Paulista, mais do que
tas são feitas todo mês. uma simples visita ou de um exame para inspe-
A visita puerperal é muito importante para cionar a família, a visita puerperal é uma opor-
a garantia do desenvolvimento inicial da criança tunidade de os agentes comunitários de saúde
e para orientações aos pais sobre cuidados com observarem e orientarem a família nos cuidados
o bebê. Especialistas em saúde da criança, co- com o recém-nascido. Além disso, os atendimen-
mo Jack Shonkoff, professor da Escola de Saúde tos permitem a realização de pré-diagnósticos
Pública de Harvard, defendem que esse tipo de precoces. “Se acontecer qualquer intercorrência,
estratégia é promissora para proteger o cérebro pedimos a intervenção da pediatra, da ginecolo-
em desenvolvimento e a saúde mental e física gista ou até mesmo do Serviço Social”, conta a
de crianças até os primeiros mil dias de vida. No articuladora Alexandra Giroto.
livro “O que grandes cidades e políticas interseto- Nesse momento, são compartilhadas orien-
riais podem fazer pela primeira infância”, da São tações para os momentos do banho, aleitamen-
Paulo Carinhosa, foi ressaltado: to, higienização do coto umbilical, entre outras.
“Embora famílias vulneráveis do ponto de vis- “Explicamos a importância da presença paterna
ta emocional sejam encontradas em todo o mun-
do, a pobreza está intimamente implicada nesta I
HADDAD, Ana Estela (Org.). São Paulo Carinhosa: O que grandes cidades e
políticas intersetoriais podem fazer pela primeira infância. São Paulo: Prefei-
relação. Em países de baixa e média rendas, como tura de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1ª edição, 2016.
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Resumo
Desafio: fortalecer o vínculo entre mães, gestantes, pais, rede de apoio e bebê.
Solução e principais resultados: desde 2014, o projeto tem como objetivo orientar as mães quanto aos cuidados
preventivos com relação à saúde dos bebês a partir da saúde bucal. Com isso, o município trabalha para garantir
com que as crianças tenham uma infância saudável.
Houve aumento da incidência do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e 100% das crianças atendidas
pelo “Bem Me Quer” não tiveram cáries até os 3 anos de idade. Além disso, houve uma diminuição significativa
de incidência de maloclusão dentária.
T
odas as tardes de quinta-feira, crianças hábitos prejudiciais que alteram o desenvolvi-
entre 0 e 2 anos e suas famílias frequen- mento da face. Todos os meses, são atendidas,
tam a Unidade de Saúde Básica do bairro em média, 25 famílias na unidade.
Harmonia, em Itatiba. Elas vão para participar do
projeto “Bem Me Quer”, que conseguiu zerar o
número de cáries na unidade de saúde. Busca ativa de famílias garante maior
O projeto convida familiares e responsáveis abrangência no atendimento
As famílias são identificadas pelos agentes
para levarem suas crianças à UBS. Os adultos
comunitários de saúde e recebem uma ligação
participam de uma roda de conversa ou palestra
do “Bem Me Quer” para a apresentação do pro-
ministrada pelos próprios profissionais da unida-
grama e o convite para uma consulta. “Conse-
de de saúde sobre um tema de interesse para as
guimos um engajamento bem grande. As famí-
famílias. Enquanto isso, as crianças brincam em
lias sentem-se mais valorizados e comparecem à
um espaço na mesma sala.
consulta”, conta Schirley, reforçando a importân-
A dentista da Estratégia da Saúde da Famí-
cia de entrar em contato com as famílias tanto
lia, Schirley Silva, responsável pelo “Projeto Bem
inicialmente quanto próximo à data da consulta.
Me Quer”, contou: “No primeiro encontro do ano,
a gente apresenta o SPPI e faz perguntas para
saber os temas que despertam mais curiosidade. Acompanhamento garante vínculo com as
Além disso, criamos uma programação baseada famílias
no que as famílias vivenciam”. Em seguida, as Os grupos são divididos por faixa etária para
crianças são avaliadas e atendidas pelas den- a participação dos encontros mensais: 0 a 5 me-
tistas da unidade de saúde. As mães também ses, 6 a 12 meses, 12 a 24 meses. Após os dois
recebem orientações sobre cuidados com higie- anos, o acompanhamento passa a ser trimestral,
ne oral, aleitamento materno, dieta saudável e contando somente com a consulta odontológica.
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“Essa divisão foi pensada no desenvolvimento mais forma. Todos os profissionais envolvidos ti-
em cada fase da criança. Assim, conseguimos fo- veram a oportunidade de aprimorar suas práticas
car no mais importante em cada etapa”, explica e melhorar suas vivências através de oficinas e
Schirley. das capacitações”, conta Schirley.
É esse acompanhamento frequente que Em quatro anos, o “Bem Me Quer” já pode
garante uma ampliação de vínculo entre a família conferir resultados positivos para as famílias e
e o profissional de saúde. Schirley reforça: “Essa para as crianças atendidas. Além de aumentar o
primeira consulta e o estabelecimento de atendi- vínculo entre as famílias e a unidade de saúde,
mentos em intervalos regulares a partir de então foram atingidos resultados diretos referentes à
contribuem para que a criança se ambiente, que dieta e saúde bucal das crianças.
o profissional possa estabelecer com ela e seu O primeiro resultado apontado é o aumento
núcleo familiar uma relação de confiança.” da incidência do aleitamento materno exclusivo
até o sexto mês. Outro resultado de destaque foi
que 100% das crianças atendidas pelo “Bem Me
O que o SPPI acrescentou ao Bem Me Quer Quer” não tiveram cáries até os 3 anos de idade.
“Com a chegada do São Paulo pela Primei- Também houve uma diminuição significativa de
ríssima Infância, o projeto ganhou mais força e incidência de maloclusão dentária.
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Desafio: estimular a criatividade das crianças levando suas produções para fora das escolas.
Solução e principais resultados: criação de exposições itinerantes de artes com os trabalhos dos alunos de esco-
las do município em locais públicos de grande movimentação. Já são quase 20 escolas de educação infantil do
município participando da prática durante todo o ano.
C
omo levar as produções dos alunos para período. Outras preferem fazer um ‘recorte’ de
fora dos muros da escola, dando visibilida- determinado tema trabalhado com as crianças”,
de às crianças e sensibilizando toda a po- conta o professor Gelvis Bassi, que coordena o
pulação para a temática da primeira infância? As projeto.
“Exposições Itinerantes de Artes” foram pensa- No CEMEI Andorinha, por exemplo, as tur-
das e postas em prática para que desenhos, es-
mas de 0 a 6 anos criaram uma exposição no
culturas de material reciclado e outras produções
Museu Municipal que contava a história de 30
autorais tivessem maior visibilidade em Itatiba.
anos da escola. Já em 2018, o tema foi a Co-
A ideia surgiu em 2017, por iniciativa do se-
pa do Mundo, muito presente na realidade das
cretário da educação Anderson Wilker Sanfins. A
crianças. Nos dois anos da prática no município,
prática foi resultado de um percurso que acon-
tece dentro de cada Centro Municipal de Educa- professores e crianças também prepararam apre-
ção Infantil (CEMEI) nas aulas de artes e de uma sentações culturais, trazendo música, dança e
vontade de unir o desenvolvimento artístico com teatro para a abertura das exposições, que con-
outros aprendizados das crianças. Para atingir o tam com a participação de familiares e do público
maior número de pessoas possível com as obras, que frequenta o equipamento local.
foram escolhidos espaços públicos com grande Além de disponibilizar os locais para divul-
circulação. Todo mês, as exposições acontecem gação dos trabalhos, a Secretaria da Educação
em locais como CAC, SUS, Mercadão, Praça Cen- garante também o transporte das turmas e pro-
tral e a Prefeitura. fessores para a abertura. “Foi uma oportunidade
de mostrar todas as produções realizadas pelas
crianças e suas professoras na escola por meio
Arte que sensibiliza, informa e faz pensar
Os trabalhos apresentados podem ou não das artes. Esse trabalho já é feito na rede muni-
seguir uma temática específica. “Quem decide cipal há muito tempo, mas ficava apenas dentro
isso é a própria equipe da escola. Algumas op- da escola. Agora, temos a oportunidade de expor
tam por uma mostra geral de tudo aquilo que foi para toda a população o que realizamos”, acredi-
enfocado pedagogicamente durante determinado ta a diretora Giancarla Camargo.
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Desafio: diminuir o nível de estresse durante as campanhas de vacinação em crianças de 0 a 3 anos causado por
reações de outras crianças e potencializado pelos ambientes pequenos das unidades de saúde.
Solução e principais resultados: criação de ações envolvendo Saúde e Educação para ambientar as crianças para
esse momento da vacinação. A iniciativa melhorou o clima das unidades de saúde durante as campanhas de
vacinação.
D
ia de vacinação nos postos de saúde é na hora da vacina. Nesse momento, que acon-
lembrado por ser cheio, barulhento, com tece sempre antes das campanhas e é feito em
crianças agitadas e até mesmo assusta- todas as creches, as crianças brincam com luvas
das. Geralmente, esse cenário acontece pela an- e seringas; ‘vacinam’ os amigos, as bonecas e os
siedade coletiva pré-vacina. Além disso, muitas próprios profissionais da Saúde”, conta a articula-
vezes, os ambientes do posto de saúde são pou- dora Alana Framba.
co atrativos para as crianças. Essa dinâmica de sensibilização acontece
Pensando nesse desafio, as articuladoras sempre nas semanas que antecedem o “Dia D”,
do SPPI de São Sebastião realizaram uma capa- ou seja, a data que de fato a campanha de va-
citação com enfermeiros e auxiliares de enferma- cinação acontece. Alguns dos postos de saúde
gem para sensibilizá-los nas práticas humaniza- ainda repetem as brincadeiras e vivências reali-
das de vacinação e conectá-los com alternativas zadas nas creches. Esse cenário que resgata o
para superar esses desafios. brincar acaba melhorando o clima da unidade de
saúde e garante que as crianças fiquem tranqui-
las no momento da vacinação. A prática, que te-
Conexão entre saúde e educação preparam as ve início em 2017, já faz parte do calendário das
crianças para a vacinação secretarias de Educação e Saúde do município.
Foi a partir das formações que os profissio- Em 2018, todas as 22 unidades do Programa
nais começaram a visitar as creches da cidade Saúde da Família de São Sebastião participa-
para conversar sobre vacinação com as crianças. ram da ação.
“Eles fazem uma peça de teatro e realizam vivên- Confira a entrevista em vídeo sobre a prática
cias junto às crianças com os materiais usados no link http://bit.ly/saosebastiao-diad
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Desafio: o trabalho dos setores que atuam com a primeira infância no município era fragmentado com ações e
práticas isoladas.
Solução e principais resultados: criação de plano municipal para garantir ações intersetoriais que favoreçam o
trabalho com a primeira infância em Álvares Florence.
C
onstruir em conjunto com diversos setores No documento, desenvolvimento integral,
um olhar intersetorial para a primeira in- vulnerabilidade social e seguridade social serão
fância. Priorizar as demandas e as ações alguns dos temas abordados. Durante as discus-
públicas para essa faixa etária. Reunir diversos sões, cada ator participante trouxe suas experi-
atores da sociedade civil e do poder público pa- ências e vivências com crianças e famílias bene-
ra o trabalho nessa temática. O “Plano Municipal ficiadas, sempre pensando no usuário final que
da Primeira Infância” de Álvares Florence, entre poderá ser beneficiado com as ações do plano.
outros desafios, surge para garantir uma estraté- “Quisemos ouvir quem convive todos os dias
gia coletiva para potencializar os trabalhos nessa com as nossas crianças. O objetivo foi garantir a
etapa de vida, com foco mais específico na pri- representação da diversidade de vivências infan-
meiríssima infância. tis”, conta a articuladora local Cleide Semenzato.
Educação, Assistência Social, Saúde e o
Conselho da Criança e do Adolescente se reuni-
ram com o objetivo de construir um plano mu- Proposta de lei visa a garantir a continuidade das
nicipal a partir do estudo e do debate sobre os práticas
assuntos que permeiam o tema da primeiríssima A proposta será encaminhada para a Câmara
infância e já são trabalhados no município. Municipal com o objetivo de tornar o plano em
As reuniões do grupo intersetorial foram uma lei. Assim, as práticas que acontecem na
uma iniciativa do comitê pela primeiríssima infân- cidade se tornarão parte do planejamento oficial
cia, instituído pelo SPPI em Álvares Florence. No de cada ator envolvido e poderão ser executadas,
período de abril a junho de 2018, as áreas envol- avaliadas e reformuladas periodicamente para o
vidas aprofundaram-se no estudo de indicadores benefício da população.
existentes e de pesquisas nacionais e internacio- “Com as diretrizes propostas, teremos um tra-
nais que apontam para a importância dos primei- balho intersetorial definido e um modelo de gover-
ros anos de vida. A partir dessas análises e dos nança para garantir não apenas que as ações se-
aprendizados e vivências dos profissionais, foi jam executadas, mas também que o trabalho com
possível traçar estratégias e definir prioridades de a primeira infância permeie os diferentes governos
ação do município para crianças de 0 a 6 anos. que administrarão o município”, conclui Cleide.
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Solução e principais resultados: criação de parceria com o COMUCRA (Conselho Municipal da Criança e do Adoles-
cente) para realização de apresentações teatrais/musicais nos Centros de Educação Infantil, creches convenia-
das e APAE de Descalvado. Depois da parceria, o Plano Orçamentário do Conselho investirá na área da primeira
infância, favorecendo o evento.
E
m Descalvado, a maior dificuldade para con- apenas de questões de ordem financeira, mas
seguir dar vida à Semana do Bebê era a fal- principalmente pelo órgão estar envolvido direta-
ta do mapeamento de parceiros e colabora- mente com questões voltadas à primeira infân-
dores na execução e no financiamento. Conside- cia, que simbolizam o cuidado e a garantia de di-
rando isso, o comitê municipal do SPPI começou reitos da criança e do adolescente”, explica Drieli.
a identificar e articular potenciais parceiros locais.
A estratégia deu certo: desde 2015, após
Parceria com continuidade
a chegada do SSPI no município, a prática con- Para a realização da Semana do Bebê tam-
ta com a parceria do COMUCRA (Conselho Mu- bém foi considerado o recurso disponibilizado pe-
nicipal da Criança e do Adolescente). Com ela, é las pessoas e empresas que destinaram parte do
possível custear as apresentações teatrais nos Imposto de Renda ao Fundo Municipal da Criança
Centros de Educação Infantil, creches convenia- e do Adolescente. Assim, a verba do COMUCRA
das e APAE do município. Em 2017, foram dez envolve indiretamente a sociedade civil e empre-
apresentações nas creches e uma na praça públi- sas que contribuíram para ações de promoção do
ca. O COMUCRA foi responsável por investir cerca desenvolvimento infantil.
de R$ 13 mil nos espetáculos. Essa parceria ga- O comitê contou ainda com a articulação
rantiu que fossem realizadas apresentações mu- com vereadores e comerciantes, resultando no
sicais. “Levamos em consideração que a música incentivo financeiro e na doação de brindes e
é um elemento fundamental na primeira infância, brinquedos para o evento.
pois contribui para o desenvolvimento integral da Depois da parceria, o Plano Orçamentário do
criança, favorece o desenvolvimento da sensibi- Conselho continuará investindo na área da primei-
lidade, sentimentos, criatividade, senso rítmico, ra infância. Assim, a prática teve resultado posi-
imaginação, expressão corporal, afetividade, en- tivo e continuará fazendo parte da Programação
tre outros”, conta a articuladora Drieli Rosalino. das Semanas do Bebê com o apoio da organiza-
Mesmo assim, essas parcerias valem muito ção. Tendo garantido o investimento do Conselho,
mais do que o dinheiro investido. “Entendemos inclusive, serão adicionadas outras atividades
que a importância dessa parceria não se trata relevantes.
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Congresso de Cabreúva
(Cabreúva - RS Jundiaí)
Resumo
Desafio: as práticas exitosas em primeiríssima infância no Estado de São Paulo não eram conhecidas pelos
profissionais que trabalham com essa faixa etária e havia dificuldade para realização de um momento reflexivo
e crítico sobre as práticas realizadas.
Solução e principais resultados: realização de congresso para troca de experiências, fortalecimento do comitê mu-
nicipal e reconhecimento das equipes e gestão. No total, foram mais de 260 práticas de 25 municípios inscritas.
O evento teve tanto sucesso que terá periodicidade bianual e será rotativo entre diversas cidades.
C
omo valorizar as políticas públicas dirigi- sensibilização de parceiros sobre a importância
das à primeiríssima infância da sua região da primeiríssima infância não demandou tanto es-
e garantir um momento potente de refle- forço. Em um município com menos de 50 mil ha-
xão e de trocas? Em 2015, o comitê municipal bitantes, o comitê pôde aproveitar os vínculos que
de Cabreúva pretendia realizar um seminário com tinha com esses parceiros de projetos anteriores.
o objetivo de reunir profissionais do próprio mu- A organização do evento também foi muito
nicípio para um momento de troca de experiên- beneficiada com a estrutura do comitê municipal,
cias. “Levamos a ideia para o comitê regional. que conta com mais de 25 pessoas. “Isso foi um
Os articuladores municipais de outras cidades se facilitador para nós. Tínhamos muita gente para
interessaram e também quiseram inscrever suas trabalhar nessa ideia e uma rede de contatos
práticas. Quando a gente apresentou a ideia para bem grande”, explica Juliana.
a gestão municipal, o prefeito viu com bons olhos
e nos incentivou a realizar um congresso”, lembra
a articuladora Juliana Oliveira. Congresso é um momento de troca e reflexão
O evento surgiu como consequência das
formações realizadas pelo SSPI na região. “En-
Comitê municipal estruturado favoreceu a tendemos que as capacitações eram uma sensi-
criação do evento bilização, mas precisávamos evoluir no conheci-
A boa aceitação do prefeito e de outros ges- mento científico. Precisávamos escrever e refle-
tores municipais não surgiu do nada. O comitê tir sobre nossa prática”, defende a articuladora.
municipal é bastante organizado e articulado den- O resultado foi muito positivo. Mais de 180
tro do município. Mais do que isso, o grupo con- pessoas participaram do mapeamento. Das 260
ta com representantes de todos os equipamen- práticas selecionadas, 35 iniciativas de Educa-
tos públicos que atendem famílias e crianças de ção, Saúde e Assistência Social foram seleciona-
0 a 3 anos. Além disso, o SPPI está atuando há das para divulgação. Compartilhar o trabalho no
seis anos em Cabreúva. Com isso, o trabalho de evento possibilitou reconhecimento da prática e
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acabou surtindo efeito em suas cidades, garan- O resultado foi tão potente que o evento
tindo mais força e sustentabilidade. terá continuidade. “A gente pactuou que esse
O Congresso contou com palestras da es- era o pontapé inicial. Agora ele pode ser um con-
pecialista Anna Chiesa e do secretário de Estado gresso estadual. O evento vai acontecer a cada
de Desenvolvimento Social de São Paulo, Floriano dois anos em uma cidade diferente”, conta Ju-
Peixoto. Durante o dia de encontro, 18 profissio- liana. O próximo evento está programado para
nais compartilharam suas práticas em salas si- acontecer na cidade de Jundiaí em 2019. Confira
multâneas em formato de palestras e outras 17 depoimentos do congresso no link http://bit.ly/
compartilharam em pôsteres no salão de entrada. depoimento-cabreuva.
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Solução e principais resultados: articulação da equipe do São Paulo pela Primeiríssima Infância com o prefeito
para a inclusão do Programa no PPA.
O
Plano Plurianual (PPA) é um recurso de go- conseguiu mobilizar e sensibilizar as lideranças
vernança pública previsto na Constituição públicas para a importância de se investir no de-
Federal de 1988. Em poucas palavras, senvolvimento das crianças de 0 a 3 anos e dos
é um plano que deve ser escrito a cada quatro profissionais que trabalham com elas.
anos por todas as esferas de governo – Governo A articuladora local Camila Marangoni, com
Federal, Estados e Municípios – definindo diretri- o comitê municipal, solicitou uma reunião com o
zes, metas e objetivos. prefeito e teve sucesso no pedido para inserção
O PPA é aprovado pelo Legislativo por uma
da primeiríssima infância no documento oficial do
lei quadrienal, garantindo o cumprimento do pla-
município. Com isso, será possível manter ações
no, que tem vigência a partir do segundo ano do
como a Semana do Bebê, garantir a realização
mandato até o final do primeiro ano do mandato
de capacitações dos profissionais municipais e
seguinte. Assim, todos os governos são respon-
a divulgação da temática pelas redes oficiais da
sáveis pela construção de um planejamento es-
Prefeitura.
tratégico que siga as diretrizes e cumpra as me-
tas estabelecidas no PPA. O instrumento buscar “A inclusão da primeiríssima infância no
evitar a descontinuidade de projetos e obras para PPA de Valentim Gentil garante a segurança da
a cidade, estado ou país. continuidade das nossas ações”, explica Ca-
Incluir a primeiríssima infância no Plano mila. Mais do que isso, é uma aproximação do
Plurianual de Valentim Gentil é uma estratégia SPPI com os gestores municipais, colocando a
para garantir que o município desenvolva ações temática num lugar de prioridade e trazendo par-
de promoção e conscientização sobre o tema ceiros importantes para mais perto das práticas
em sua política de Estado. Além disso, a prática realizadas.
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Desafio: continuidade do SPPI em caráter regional e intersetorial após o encerramento do convênio entre a Fun-
dação Maria Cecilia Souto Vidigal e o Governo do Estado de São Paulo.
Solução e resultados: manutenção dos encontros mensais para que ações iniciadas sejam mantidas e novas ini-
ciativas sejam criadas. Com isso, foram realizadas 72 reedições das capacitações, 558 ações nos municípios
participantes e uma série de ações em escala regional.
U
m desafio em comum entre os municípios Ele é responsável pela realização de ações locais
é a dificuldade de garantir a continuidade e do SSPI. A constituição dos Comitês Gestores
a sustentabilidade das ações mesmo com Municipais favorece a implementação do Progra-
a burocracia, as mudanças organizacionais, troca ma, tanto no processo de execução como no de
de gestores e profissionais, mudanças orçamen- avaliação e monitoramento.
tárias, entre outros contratempos comuns no dia Na esfera regional, cada região do SPPI con-
a dia dos governos e serviços públicos. ta com um Comitê Gestor Regional (CGR) forma-
Por isso, a articulação institucional e a cone- do por articuladores locais, articulador regional
xão entre pares são instrumentos de sustentação do Programa, articulador regional da Atenção Bá-
muito importantes para o São Paulo pela Primei- sica da Secretaria Estadual de Saúde e represen-
ríssima Infância. “É muito difícil realizar o trabalho tantes da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
sem um elemento que faça a articulação. Os mu- Sua principal responsabilidade é a definição e to-
nicípios por si sós têm dificuldade de se comuni- mada de decisão dos encaminhamentos gerais
car com outros municípios e há o risco da realiza- do Programa na região, e das estratégias comuns
ção de ações isoladas e de esbarrar em desafios a serem adotadas regionalmente.
durante o processo”, explica a articuladora regio- O trabalho da articulação regional garante
nal da RS Jundiaí, Ligia Maria de Almeida Bestetti. trabalho em conjunto que potencialize ações e
A governança do SPPI é organizada por meio garanta a sustentabilidade do Programa em cada
da criação e do fortalecimento de estruturas de um dos municípios. Estruturar as práticas, sensi-
gestão criadas nos níveis municipais e regionais. bilizar os gestores públicos, formar os profissio-
Dessa maneira, é possível fortalecer o trabalho nais e mobilizar a população para garantir que as
em rede, a sinergia de intervenções setoriais e ações sejam sustentáveis nos municípios são as
intersetoriais, bem como a sustentabilidade do preocupações principais do Comitê Gestor Regio-
Programa no longo prazo. nal de Jundiaí. Com o encerramento do convênio
Na esfera municipal, a criação de um Co- entre a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e o
mitê Gestor Municipal composto por pelo menos Governo do Estado de São Paulo, a presença do
dois representantes de cada setor envolvido com CGR é uma peça fundamental para a continuida-
o SPPI (Educação, Assistência Social e Saúde). de do SPPI em caráter regional e intersetorial.
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“Os encontros mensais, planejamento con- como elas foram propostas. Será que eu
junto de ações e troca de experiências fomentou preciso usar aquele modelo sempre ou
o entusiasmo e o comprometimento dos profis- posso adaptar para a realidade dos muni-
sionais envolvidos”, compartilha a articuladora cípios? Onde existir espaço, criamos uma
regional Ligia Bestetti. capacitação. O que importa é colocar o
Além dos encontros mensais com todos os Primeiríssima em pauta”, defende a arti-
articuladores locais, a articuladora regional de culadora regional.
Jundiaí tem um trabalho bastante forte baseado • Articular com gestores de cada muni-
em cinco princípios: cípio: as reuniões mensais são itineran-
tes. Cada encontro acontece em um dos
• Acolher o erro e refletir colaborativa-
municípios da região. Com isso, há um
mente sobre novas alternativas: todas
conhecimento maior do grupo sobre a
as iniciativas realizadas pelo Comitê Re-
realidade local de cada cidade. Além de
gional são refletidas em conjunto duran-
estreitar o relacionamento entre articula-
te as reuniões mensais. Muitas vezes,
dores locais, essa estratégia permite a
o grupo entende que melhorias podem
realização de um encontro entre articu-
ser feitas para potencializar determina-
lador local, comitê municipal e gestores
da ação. Na Semana Regional do Bebê,
municipais para alinhamento do anda-
por exemplo, houve um impacto no pú-
mento do SPPI. “É a maneira de a gen-
blico participante por causa da época
te colocar o Primeiríssima na agenda do
de frio – a semana acontece no início
município. Existem municípios em que a
de agosto. “Uma coisa que vamos refle-
prefeita faz questão de participar da reu-
tir no próximo encontro é a possibilida-
nião”, conta Ligia. No encontro, represen-
de de realizarmos as atividades durante
tantes das secretarias de Educação, De-
todo o mês de agosto para garantirmos
senvolvimento Social e Saúde entram em
um clima melhor para as atividades ex-
contato com os avanços do comitê muni-
ternas”, conta Ligia.
cipal e se envolvem mais com a temática
• Desenvolver o senso crítico: os encon- da primeiríssima infância.
tros sempre partem de uma proposta ini-
• Trabalhar com dados: ainda é um desa-
cial para discussão e é a partir dela que
fio para a regional, mas já existe a sen-
os articuladores locais trocam pontos de sibilização de que trabalhar com indica-
vista, promovem debates construtivos e dores de resultados concretos qualitati-
transformam suas percepções. A ques- vos e quantitativos das ações do SPPI
tão do clima frio durante a Semana do é bastante importante. Mais do que is-
Bebê seguida de um convite para a cria- so, conseguir analisar esses resultados
ção de possibilidades de engajar mais o para compreender o impacto das ações
público é um exemplo disso. do Programa e a realidade que pode in-
• Adaptar as propostas à realidade lo- fluenciar o trabalho com o desenvolvi-
cal: “na regional de Jundiaí, as capacita- mento integral na primeiríssima infância
ções estão acontecendo não exatamente naquela região.
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O grupo ainda tem uma conexão ativa por • 558 ações nos municípios com 23.546
meio de um grupo de WhatsApp. Nele, trocam fo- participantes;
tos das ações e informações sobre as práticas • Realização de oficina de Apoio Técnico
que acontecem em cada município e articulam-se aos comitês gestores municipais com 95
para as ações de nível regional. A continuidade participantes;
dos trabalhos no CGR Jundiaí beneficiou profis-
• Assinatura da carta de intenções para
sionais e usuários dos equipamentos envolvidos
continuidade da programa pelos prefei-
e garantiu a expansão da iniciativa. Entre os prin-
tos de 8 dos municípios;
cipais impactos percebidos estão:
• Início de parceria com a Secretaria Estadual
• 72 reedições (8 temas nos 9 municípios), da Educação, por meio da diretoria de En-
com 260 participantes; sino de Jundiaí, com capacitação para pro-
• 5 edições da Semana Regional do Bebê; fissionais do programa escola da família.
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Resumo
Solução e principais resultados: realização de visitas das famílias na maternidade da cidade, com orientações
e apoio às dúvidas e desafios do pós-parto. Isso garantiu maior segurança das famílias na hora do parto/
nascimento.
A
gestante chega no hospital acompanhada divulgação e engajamento das famílias e a pouca
de toda a família e já entrando em traba- sensibilização dos gestores fizeram com que as
lho de parto. Pernas tremendo, falta de visitas parassem de acontecer com o tempo. No
informações e, por dentro da sua cabeça, pas- ano de 2017, por exemplo, nenhuma visita à ma-
sam todas as histórias de partos complicados e ternidade foi feita.
violência obstétrica que ouviu durante a gravidez.
A cena descrita acima, de despreparo e in-
segurança, é mais comum do que imaginamos en- SPPI inspirou a reformulação das visitas
tre as famílias grávidas no Brasil. Também, não Foi a partir das capacitações do SPPI no mu-
é para menos. Os números de casos de violên- nicípio que as visitas se tornaram mais estrutura-
cia obstétrica durante o nascimento no país são das e melhor divulgadas na região. “O projeto teve
alarmantes. Um levantamento de 2012 feito pela início durante a Semana do Bebê há quatro anos e
Fiocruz mostra que uma em cada quatro mulheres ganhou espaço a partir da atuação do Primeiríssi-
que deram à luz acredita ter sido vítima de algum ma na cidade”, conta a articuladora Marceli Sarti.
tipo de desrespeito, abuso ou negligência. Com a atuação do Primeiríssima, a visita
Preparar as gestantes e acompanhantes pa- foi reestruturada e tornou-se uma programação
ra o momento do parto é um passo fundamen- mensal, coordenada e organizada pela Secretaria
tal para garantir uma experiência de nascimento da Saúde. A cada visita, participam de 15 a 20
mais humana. Pensando nisso, os profissionais gestantes com mais de 30 semanas de gestação
do município de Apiaí organizam visitas prévias e atendidas pelas unidades de saúde do municí-
das famílias grávidas à maternidade Dr. Adhemar pio e suas famílias.
de Barros. O hospital é referência na região e “O SPPI ajudou a gente a mudar a forma
muito utilizado por municípios vizinhos. de conduzir as gestantes na maternidade e as
Nascida em 2014, a prática acontece com o atividades do dia da visita. Hoje, buscamos in-
intuito de apresentar às famílias grávidas as ins- cluir as famílias como um todo e colocá-las como
talações e profissionais responsáveis pelos par- protagonistas nesse momento de nascimento e
tos. Entretanto, a dificuldade de articulação en- de cuidados pós-parto”, esclarece a enfermeira e
tre a atenção básica e a maternidade, a falta de articuladora Géssica Ferreira.
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O novo modelo de visita tem como um dos “Através das capacitações, a visita foi divul-
objetivos incluir o pai e outros membros da rede gada para os outros municípios e houve uma mo-
de apoio à gestante nos cuidados que envolvem bilização dos gestores para estimular a presen-
o processo de nascimento. Durante toda a visi- ça de todas as gestantes e acompanhantes. Os
ta os funcionários contextualizam e orientam os formadores do SPPI foram de cidade em cidade
companheiros como agir e ajudar em cada etapa mostrando como é importante não deixar essas
antes, durante e pós-parto. famílias sem conhecer a maternidade”, explica
Hoje, das 20 gestantes, em média, que par- Géssica.
ticipam do grupo, um quinto leva acompanhante. Hoje, existe um cronograma que é pré-ela-
“O número de familiares que participa da prática borado e entregue aos municípios que utilizam a
ainda é baixo, mas estamos buscando junto com maternidade. Além das visitas mensais com as
os grupos de famílias grávidas formas de enga- famílias grávidas de Apiaí, as cidades vizinhas
jar e conscientizar sobre a importância da visi- também conseguem agendar visitas para quem
ta. Aqui em Apiaí, inclusive, já conversamos com reside em outros lugares.
algumas empresas para negociar a liberação de Além disso, o desafio de locomoção foi so-
funcionários grávidos para a ida à maternidade”, lucionado. O transporte da casa das famílias até
diz a articuladora. a maternidade passou a ser disponibilizado e ar-
ticulado pelos municípios, garantindo a presença
dos visitantes. As prefeituras também são res-
Sensibilização de gestores para atuação ponsáveis por fornecer alimentação aos partici-
intermunicipal pantes. Apenas de fevereiro a agosto de 2018
A comunicação entre as UBSs e a mater- foram feitas duas visitas de famílias de Itaoca,
nidade era um desafio comum nos municípios, duas de Itapirapuã, uma de Barra do Chapéu,
principalmente em cidades que não possuem es- uma de Ribeira e nove de Apiaí. Apenas neste
truturas próprias para a realização dos partos. As ano, mais de 300 famílias já foram impactadas
visitas representam uma conquista para a regio- pela prática.
nal, já que as famílias grávidas dos municípios Com o objetivo de fortalecer ainda mais o
de Itaoca, Itapirapuã Paulista, Ribeira e Barra do vínculo entre os profissionais da Atenção Básica
Chapéu também são atendidas pela maternidade e da maternidade, a prática passou a articular
de Apiaí. reuniões presenciais com a equipe de enferma-
A chave para o aumento do engajamento gem de ambas as frentes em Apiaí para a discus-
dos municípios vizinhos foi a articulação com os são de casos e práticas para as famílias grávidas
gestores da Atenção Básica em cada uma das mais próximas ao nascimento. “Estamos fazen-
cinco cidades. Com isso, foi possível entender as do um protótipo de encontros bimestrais entre
principais dificuldades para a realização das visi- os enfermeiros e está dando super certo. Foi até
tas à maternidade. Com a sensibilização dos res- criado um grupo de WhatsApp para trocas nos
ponsáveis pelas Secretarias de Saúde, iniciou-se momentos do dia a dia. A ideia é que para as pró-
um trabalho de engajamento dos profissionais ximas reuniões a gente consiga incluir também
das unidades de saúde para encaminhamento os profissionais da Atenção Básica dos outros
das famílias com 30 semanas ou mais de gesta- municípios atendidos pela maternidade”, acres-
ção para as visitas à maternidade. centa Géssica.
|113
Visita domiciliar
(Cardoso - RS Votuporanga)
Resumo
Desafio: necessidade de conectar o trabalho dos agentes comunitários de saúde com o que é abordado nos gru-
pos de famílias grávidas.
Solução e principais resultados: formação dos agentes comunitários de saúde nas temáticas abordadas nos
grupos de famílias grávidas e alinhamento semanal entre coordenador do grupo e agentes daquela unidade de
saúde. A partir disso, as famílias passaram a receber orientações mais de acordo com suas realidades sociais.
C
ada casa é um caso. E quando se trata atuação dos ACSs com os temas relacionados à
de famílias com crianças de 0 a 3 anos, Primeiríssima.
as peculiaridades de cada realidade tor-
nam-se ainda mais latentes. Os Agentes Comuni-
tários de Saúde (ACSs) acabam sendo os olhos Um novo foco dentro das casas visitadas
das Secretarias de Saúde e Assistência Social Antes do SPPI, o trabalho dos ACSs nas ca-
sas da população era padrão para todos os ti-
dentro da comunidade. Esses profissionais en-
pos de família. Hoje, os ACSs recebem um ro-
tendem as realidades de cada domicílio, reco-
teiro com observações e temas a serem aborda-
nhecendo situações que precisem de intervenção
dos nas visitas às casas com crianças de 0 a
profissional.
3 anos. “Desenhamos uma nova roupagem para
Foi partindo desse princípio que o município
as visitas. Agora elas acontecem de forma siste-
de Cardoso reformulou as Visitas Domiciliares.
matizada e com o olhar voltado para o tema da
Agora, os ACSs têm essas visitas estruturadas
primeiríssima infância e seus desafios”, explica o
seguindo roteiros específicos voltados às
articulador Jeander Silva.
necessidades das famílias com crianças na
Os profissionais são orientados por uma fer-
primeiríssima infância. ramenta direcionadora para um diagnóstico mais
O município segue a Estratégia Saúde da profundo das realidades das famílias. Esse ma-
Família (ESF) nos bairros mais afastados da re- terial é dividido em seis eixos: Desenvolvimento
gião central e com habitantes com maior vulne- neuropsicomotor; Alimentação como forma de
rabilidade social, atendendo aproximadamen- proteção; Saúde bucal do bebê, Proteção aos
te metade dos 12 mil habitantes. Há mais de acidentes domésticos; Orientação para o uso de
uma década as visitas domiciliares fazem parte medicações no primeiro ano de vida; e Prevenção
da ESF em Cardoso. Porém, foi a partir das ca- aos principais tipos de violência contra criança.
pacitações do SPPI de 2016 sobre Puericultura Em cada um dos eixos, os ACSs seguem
que a Secretaria da Saúde conseguiu conectar a uma lista de perguntas direcionadoras que
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voltam o olhar para pontos de atenção na hora questões que vão desde situações cotidianas até
da visita. Por exemplo, no eixo de “Proteção aos estratégias para evitar que a criança passe por
acidentes doméstico” são feitas perguntas como situações ameaçadoras. Os seis temas das ca-
“Há panelas no fogão ao alcance das crianças?”, pacitações fazem parte do calendário de Educa-
“Onde estão guardados os medicamentos?”, “As ção Permanente do município. Mensalmente, ele
tomadas estão expostas?” Após a observação leva conteúdos de aprofundamento e educação
das condições listadas, os Agentes orientam as continuada aos profissionais da ESF.
famílias sobre cada uma dessas situações de
forma educativa, conscientizando e estimulando
o cuidado por parte dos pais e cuidadores das Conexão entre equipes melhorou o atendimento
crianças. às famílias
“Além de orientações sobre os eixos, outros A integração entre os agentes e os profis-
temas agora são presentes na visita de forma sionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
transversal aos assuntos abordados, como, por (NASF) é a chave para o apoio e aprofundamento
exemplo, a estimulação do desenvolvimento in- nas visitas. Nos encontros, os profissionais apro-
tegral e o apoio ao fortalecimento de vínculos. fundam-se nas atuações individuais, discutem
Mostramos para os familiares como é importante casos específicos e fazem encaminhamentos pa-
conversar com as crianças, explicar o que é cer- ra especialistas, caso seja necessário.
to e ensinar os cuidados que devemos ter com “Cada equipe capacitou os ACSs de sua uni-
a nossa saúde no dia a dia”, esclarece Jeander. dade. Em seguida, continuamos garantindo que
Com essa nova atuação, foi possível benefi- exista um encontro semanal entre os profissio-
ciar todas as famílias grávidas e com crianças de nais da ESF, com agenda bloqueada e enviada
0 a 3 anos do município que residem nas áreas de forma antecipada para todos os participantes.
atendidas pela ESF. Foram mais de 160 famílias Nesse momento, são feitas discussões de casos
visitadas nesse perfil desde 2016. específicos atendidos pelos agentes”, acrescen-
ta Jeander.
Hoje, os agentes têm maior consciência do
Capacitação dos ACSs garantiu o foco na que as famílias estão vivendo e quais são as
Primeiríssima questões mais em voga. “Os profissionais torna-
O primeiro passo para sensibilizar os agen- ram-se mais capacitados para realizar as visitas.
tes foi a estruturação de capacitações com os Elas, por sua vez, são mais direcionadas para
temas da Primeiríssima. Para isso, o setor da atender as necessidades da família”, conta Je-
Saúde organizou seis capacitações com todos os ander. A partir dessa interação, é possível que
16 ACSs das unidades de saúde. Nelas, foram os agentes encaminhem cada caso de maneira
abordados justamente os eixos que orientam as mais direcionada para os setores responsáveis
visitas às casas de famílias com crianças de 0 a da cidade.
6 anos. Além dos grupos de discussão com a equipe
As capacitações seguiram os materiais dis- da ESF, há também uma reunião presencial inter-
ponibilizados pelo SPPI e orientaram os agentes setorial com profissionais da Assistência Social, os
no trabalho em relação aos cuidados de acordo agentes e profissionais da Atenção Básica e o arti-
com cada idade. Elas reforçam a atenção para culador do grupo de famílias grávidas. São nesses
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grupos que psicólogos e assistentes sociais acom- assuma as responsabilidades ou resolva os pro-
panham o andamento das visitas e acrescentam blemas das casas. Queremos tornar os pais pro-
com orientações, conteúdos e intervenções em tagonistas dos cuidados, seguros e capazes de
casos específicos. Os profissionais ainda contam cuidar e estimular o desenvolvimento dos seus
com um grupo de WhatsApp para acompanhamen- filhos”, acrescenta o articulador.
to e trocas durante as atividades do dia a dia.
Outro ponto positivo dessa conexão é a con-
textualização das orientações do grupo de famí- Estratégia considera a vulnerabilidade das
lias grávidas com a realidade local de suas ca- famílias para definir as visitas
sas. “O agente acaba apoiando a família a pôr Com a prática em campo, os agentes de
em prática as orientações que foram passadas saúde do município sentiram que algumas famí-
nas unidades. Por exemplo, quando a criança co- lias têm necessidade de mais visitas e um acom-
meça a comer sozinha, a família é orientada a panhamento mais próximo em comparação às
comer ao redor da mesa. Essa orientação pode outras. Pensando nesse cenário, a Secretaria de
ficar perdida quando a família é muito humilde e Saúde passou a definir o número de visitas às
não têm uma mesa. Então, o agente consegue casas das famílias seguindo a Escala de Coelho,
criar outra estratégia”, explica Jeander. que apoia a classificação de risco familiar.
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e as com maior risco chegam à classificação 3. nas questões ligadas à Primeiríssima, o municí-
Assim, de acordo com a faixa, as casas podem ter pio adaptou os critérios de classificação e acres-
de uma a quatro, ou mais, visitas mensais. Elas centou pontos para questões relacionadas a fa-
podem ser feitas tanto pelos próprios agentes de mílias com menor de 6 meses e à nutrição das
saúde ou por outros profissionais especializados, crianças.
de acordo com a necessidade identificada. Essa identificação de necessidades ganhou
O Ministério da Saúde propõe que as ações mais força depois das capacitações e da amplia-
da ESF sigam uma tabela padrão de Escala de ção do acompanhamento constante. Confira abai-
Coelho para a priorização das famílias atendi- xo os critérios adaptados por Cardoso para a prio-
das. Entretanto, pensando na realidade local e rização das famílias nas visitas domiciliares.
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Bebê a Bá
(Caraguatatuba - RS Litoral Norte)
Resumo
Desafio: fortalecer o trabalho de realização de pré-diagnósticos feitos informalmente pelos Auxiliares de Desen-
volvimento Infantil (ADIs) do município.
Solução e principais resultados: criação de cartilha sobre o tema e realização de capacitações para profissionais
de diversos setores garantiram maior facilidade de realização de diagnósticos precoces e ampliaram o trabalho
intersetorial
Q
uem melhor do que os próprios Auxiliares estruturou um projeto no início de 2017. O “Be-
de Desenvolvimento Infantil (ADIs) para bê a Bá” criou uma série de instrumentos que
identificar pontos de atenção no desen- possibilitam com que os próprios ADIs possam
volvimento infantil das crianças das creches de identificar com mais agilidade os pontos de aten-
Caraguatatuba? Todos os dias, são eles que cui- ção de cada criança. A prática não somente ca-
dam das crianças de 0 a 3 anos nas creches do pacitou como desenvolveu material de apoio pa-
município. Nessa rotina, conseguem acompanhar ra os profissionais municipais. Até agora, após a
os avanços de cada um e também usam suas ex- criação de um material de apoio, 50% dos ADIs
periências para identificar se o desenvolvimento do município foram capacitados e uma nova do-
daquela criança está mais lento ou com sinais cumentação para encaminhamento de crianças
fora do comum. está sendo elaborada.
Assim, sempre que um ponto de atenção é “Em um primeiro momento, um manual foi
notado, os profissionais das próprias creches po- criado para sensibilizar os profissionais sobre a
dem entrar em contato mais rapidamente com os importância do trabalho com o desenvolvimento
especialistas do setor da Saúde para a realização infantil e capacitá-los para identificar mais facil-
de um diagnóstico precoce e de ações que garan- mente os problemas no desenvolvimento infan-
tam o desenvolvimento integral das crianças. No til das crianças e encaminhá-las para a rede de
entanto, esse tipo de pré-diagnóstico nem sem- atendimento mais adequada”, lembra a articu-
pre é realizado de maneira formal e estruturada. ladora Silvia Helena Fernandes. Casos de crian-
Geralmente, as crianças com transtornos mais ças com transtorno do espectro autista, distúr-
acentuados são identificadas mais facilmente pe- bios de aprendizagem e até mesmo questões de
los professores ou ADIs. Já as demais podem ser alergia estavam cada vez mais frequentes em
vistas durante visitas eventuais dos especialistas Caraguatatuba.
da saúde na creche, mas as chances de um diag- O manual foi desenvolvido por uma psicólo-
nóstico tardio são grandes. ga, uma terapeuta ocupacional e uma fonoaudi-
Para combater esse desafio da dificuldade óloga que não participam, mas têm articulação
de realização de pré-diagnóstico formal, o SPPI com o comitê municipal. Ele aborda a importância
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de todas as fases da primeira infância, os com- Como próximos passos, a equipe do SPPI es-
portamentos observados nessas etapas de de- truturará um anexo do documento de encaminha-
senvolvimento e os possíveis desafios em cada mento do setor de educação inclusiva. Agora, o
uma delas. Por exemplo, segundo o material, di- ADI poderá contar com uma lista de checagem so-
ficuldade em adormecer, isolamento, dificuldade bre desenvolvimento infantil. Com o instrumento, o
em aderir a novos alimentos, passividade e choro profissional poderá entender se a criança deve ser
fácil e frequente são alguns sinais de alerta. encaminhada para um especialista e de qual área
O material surgiu a partir de um momento esse especialista deve ser; ou até se a creche es-
formativo: “Ele foi pensado em conjunto com o tá realizando encaminhamentos desnecessários.
secretário de Educação. Um mês antes da “Se-
mana do Bebê e do Brincar”, estávamos orga-
Quer começar um Bebê a Bá na sua cidade?
nizando uma das palestras dirigidas aos ADIs.
É preciso sensibilizar a rede sobre a
Então, pensamos na criação de um material que
importância do pré-diagnóstico: é preciso que
possa servir de apoio para toda a rede”, conta
gestores municipais compreendam o quão impor-
Silvia.
tante é garantir o desenvolvimento integral das
crianças para a construção de uma sociedade
Material de apoio foi pontapé inicial para realizar mais igualitária e justa.
capacitação de 600 ADIs É preciso ir além das capacitações e reedi-
ções do SPPI e buscar alternativas de aplicar o
O retorno foi tão positivo que deu forças pa-
que aprendeu nelas no seu cotidiano.
ra o projeto desenvolver uma série de ações. En-
Não menos importante, é preciso articular
tre elas, a capacitação de metade dos ADIs do
internamente. “Levei a proposta do “Bebê a Bá”
município.
para minha chefe do setor de inclusão porque eu
Com isso, o processo de pré-diagnóstico
estava sensibilizada pelas capacitações do SPPI.
deixa de ser esporádico e passa a ter uma es-
Eu compartilhei minha proposta e o olhar do Pri-
trutura que garante um atendimento mais rápido
meiríssima durante a reunião – que envolvia toda
e eficiente das crianças. Hoje, a equipe do SPPI
a equipe. Então, pedi a oportunidade de cuidar
realiza a visitação mensal nas 21 creches da ci-
das creches municipais e hoje qualquer coisa que
dade, faz o pré-diagnóstico e já encaminha para
aborde o desenvolvimento infantil passa pelo Pri-
um especialista da regional do município. Como
meiríssima”, conta Silvia, que envolveu gestores,
Caraguatatuba é dividida em cinco regiões, cada
especialistas da saúde e assistência social e os
uma delas tem uma equipe multidisciplinar com-
profissionais das creches para trabalhar a favor
posta por psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta
da primeiríssima infância.
ocupacional, assistente social e professor da sa-
la de recursos. “Depois das capacitações com os
ADIs, esse pré-diagnóstico aproveitará melhor os Fluxo de atendimento do “Bebê a Bá”
acontecimentos do cotidiano e os próprios pro- 1 - Capacitação: Os ADIs são capacitados
fissionais da educação poderão realizar o enca- pela equipe da prática em temas rela-
minhamento das crianças para os especialistas”, cionados ao desenvolvimento infantil e rece-
complementa a articuladora. bem uma cartilha para uso no cotidiano.
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Resumo
Desafio: a maternidade da Santa Casa de Cabreúva não seguia um modelo de trabalho baseado no parto
humanizado.
“P
or que você optou por fazer parto e amamentação imediatos. Além disso, ajuda na
humanizado ao invés de cesária?”, redução do risco de depressão pós-parto.
questionou indignado um repórter de
TV para a atriz global Isis Valverde. Ela, sempre
simpática, retrucou: “E por que não fazer?!”. Em As mudanças na Santa Casa de Cabreúva
seguida, nos poucos segundos que conseguiria O Brasil tem a segunda maior taxa de inter-
ficar no ar, explicou para os espectadores sobre venções durante o parto, com mais da metade
esse tema que ainda é pouco conhecido pela dos nascimentos ocorrendo por meio de cesárea,
população em geral. O parto humanizado é um segundo estudo da Organização Mundial da Saú-
processo que trabalha com um olhar humano de de (OMS) de 2018. Humanizar o parto é um de-
respeito aos tempos, desejos e necessidades da safio de redes públicas e privadas. A Santa Casa
mãe e do bebê. de Cabreúva foi fundada em 1974, desde então
Ele é entendido como a forma mais natural é o único hospital e maternidade do município.
e instintiva do momento do nascimento. Permite As atividades foram parcialmente interrompidas
à mulher ter controle sobre qual local e em qual em fevereiro de 2013 e retomadas em março de
posição se sente mais confortável para ter o be- 2015. Atualmente encontra-se sob intervenção
bê, além de todos os outros detalhes do parto. municipal. A instituição transformou-se de um pe-
Ela pode conversar com especialistas e definir, queno pronto-socorro para um equipamento bem
por exemplo, o tipo de anestesia ou se haverá a mais estruturado e com uma maternidade adap-
presença de familiares. tada para o parto humanizado.
A humanização torna a experiência do par- Com a estrutura física pronta, era hora de
to agradável. Ela traz ideias de respeito e auto- trabalhar na criação de uma cultura a favor do
nomia e busca uma experiência confortável e parto humanizado com os profissionais da saú-
tranquila para a mãe e para o bebê. Com isso, de e, também, com a população local. Para isso,
diminui o nível de estresse e dor. O parto huma- criou-se uma parceria com o comitê municipal do
nizado também propicia um vínculo entre a mãe São Paulo pela Primeiríssima Infância e com a
e o bebê mais rápido, com o contato pele a pele Atenção Básica do município. A primeira ação foi
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a participação de equipe de enfermagem, médi- Além da estrutura física – com salas de PPP
cos, gestão administrativa e integrantes do comi- (pré-parto, parto e pós-parto), ações alternativas
tê municipal na capacitação sobre a humaniza- para garantir atendimento mais humanizado pa-
ção do parto, presente no SPPI. ra as gestantes (como fisioterapia, hidroterapia,
“Durante a capacitação, o dr. Newton aromaterapia e musicoterapia), a capacitação
Miyashita encontrou um espaço muito fértil para da equipe foi fundamental para a mudança no
um trabalho a favor do parto humanizado. Mesmo atendimento.
depois desse momento, ele continuou apoiando
a equipe voluntariamente em outros momentos
para acompanhar as mudanças de prática. Com Atendimento humanizado mudou o jeito de
uma equipe nova e sensível ao tema e o diretor trabalhar da Santa Casa
da instituição ansioso para implementar práticas A humanização aconteceu em todos os mo-
de humanização no atendimento, o suporte de mentos do processo da gestação. Uma rotina
articulação e capacitação do SPPI foi uma pos- de visitação da maternidade foi criada para que
sibilidade de estruturar esse trabalho com mais mães conhecessem o local do nascimento e ti-
cuidado e qualidade”, conta a articuladora Juliana rassem todas as dúvidas antes do momento do
Oliveira. parto. Agora, todas as tardes de terça há uma
A base teórica e prática das capacitações visita guiada para o público que procurou espon-
foi um dos fatores de garantia da qualidade e taneamente a Santa Casa e para as gestantes
continuidade do trabalho na Santa Casa. A sensi- atendidas nas unidades de saúde do município.
bilização trouxe resultados concretos. Com esse A humanização do parto também mudou o
novo olhar, a comunidade médica foi mobilizada papel dos médicos e das enfermeiras obstetras
para tornar a instituição uma referência quando no momento do nascimento. “Agora, são as enfer-
falamos de parto humanizado no Brasil. “A gen- meiras que dão assistência, respeitando o tempo
te abraçou a causa. Percebemos que estávamos da gestante. Elas buscam práticas para apoiar de
esquecendo a principal coisa do nosso trabalho: fato a mulher na hora do parto e os médicos são
a mãe, o pai, o nascimento de maneira humana”, chamados apenas em situações mais pontuais e
lembra a médica Cecilia Harama. complexas”, explica Juliana. Isso garantiu que os
A sensibilização foi o pontapé inicial de um tempos psicológico e fisiológico da gestante co-
plano maior: tornar a Santa Casa de Cabreúva meçassem a ser mais respeitados pela equipe.
uma referência em parto humanizado no país. A No pós-parto, também há atenção para a
partir dela, uma série de ações foram estrutura- continuidade do atendimento humanizado. Nes-
das para que o hospital fosse certificado como se momento, são importantes o corte do cordão
Hospital Amigo da Criança. Iniciativa global lança- umbilical apenas após o fim do pulsamento, a ga-
da em 1991 pela Organização Mundial da Saúde rantia de contato da mãe com o bebê logo nos
e pelo UNICEF, busca oferecer a todos os bebês primeiros minutos e a amamentação durante a
o melhor começo de vida possível, ao criar um primeira hora de nascimento.
ambiente de atendimento à saúde que tenha co- Amamentar os bebês imediatamente após
mo norma o apoio ao aleitamento materno. Até o nascimento pode reduzir a mortalidade neona-
2006, mais de 20 mil unidades de saúde em to- tal, que acontece até o 28º dia de vida. Estu-
do o mundo foram credenciadas. do indica que é possível evitar 16% das mortes
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neonatais por meio da amamentação desde o famílias de Cabreúva e outras cidades da região.
primeiro dia de vida da criança, taxa que pode Desses, 41% foram partos cesárias e 59% partos
aumentar para 22% se o aleitamento materno normais. É a gestante que, orientada pelos profis-
começar na primeira hora depois do parto. Na sionais, escolhe a posição do nascimento, o tipo
Santa Casa de Cabreúva, as crianças que nas- de parto e evita-se o uso de ocitocina no trabalho
cem já são amamentadas pela primeira vez até de parto.
meia hora depois do parto. No primeiro semestre Durante o processo do nascimento, os
de 2018, 89,95% das crianças mamaram na pri- acompanhantes são incentivados a permanece-
meira hora de vida. rem na sala de parto desde a anestesia até o
corte do cordão umbilical, participando de todo o
processo e tendo apoio da doula e da enfermei-
Atenção Básica e Santa Casa trabalhando juntas
ra. “Eles nos chamam pelo nome durante todo o
A articulação realizada com a Atenção Bási-
processo”, contou surpreso o marido e acompa-
ca, com o apoio do SPPI, é uma das estratégias
nhante de Gabriela.
fundamentais para o sucesso da prática. São as
enfermeiras municipais responsáveis pelo pré-
-natal que mais orientam as gestantes sobre as Como aconteceu o processo de humanização do
diferenças entre a cesária e o parto normal, os di- parto em Cabreúva
reitos da família, os procedimentos, entre outros. Todo esse processo de transformação surgiu
Também são elas que apoiam a gestante na
de um movimento longo e com várias pessoas en-
construção do plano de parto que será apresen-
gajadas na causa. A secretária de saúde da cida-
tado na Santa Casa no momento do nascimento.
de é obstetra e era ativista da causa da humaniza-
O diálogo realizado pelos profissionais da Aten-
ção do parto. Além disso, a responsável municipal
ção Básica garante que a divulgação da Santa
pela Santa Casa era diretora técnica da Secretaria
Casa seja positiva e vista como uma maternidade
Estadual de Educação, estava muito próxima do
que realiza um processo humano e seguro. Antes
São Paulo pela Primeiríssima Infância e conseguiu
da reforma, a Santa Casa era conhecida por ser
garantir uma relação de qualidade entre a Santa
um local com cirurgias doloridas e perigosas. Por
Casa e o município. Já o diretor da Santa Casa
isso, retomar a credibilidade do trabalho da ins-
tem uma história pessoal com a temática e sem-
tituição é fundamental. Além da articulação com
pre esteve disponível para garantir a humanização
a Atenção Básica de Cabreúva, o SPPI apoiou na
no atendimento.
divulgação do trabalho da Santa Casa nos outros
Também foi criado um comitê formado por
municípios da região. Atualmente, a instituição
representantes da enfermagem, nutrição, fono-
atende partos de diversas cidades.
audiologia, medicina e administração para es-
truturar e acompanhar os avanços do credencia-
Resultados para as mães e famílias mento da maternidade na Iniciativa Hospital Ami-
Foram realizados quase 1,4 mil partos nos go da Criança. A equipe enxuta garante avanços
dois anos de trabalho focado no atendimento hu- mais rápidos – que continuam sendo feitos de
manizado na Santa Casa. Apenas no primeiro se- maneira democrática – e a equipe do SPPI dialo-
mestre de 2018, foram realizados 219 partos de ga pontualmente com esse grupo para garantir a
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qualidade da articulação com outros atores e da Mesmo assim, Juliana levantou três pontos
capacitação de profissionais. importantes para quem deseja começar um movi-
“O modelo de gestão democrática adotado mento como esse em sua maternidade:
na Santa Casa faz muito a diferença. Dialogar, co-
1) Comece trabalhando para a humanização
locar as coisas em pauta para a equipe e criar co-
da cesária. Crie estratégias para garantir
legiados para a tomada de decisão fazem com que
que a mãe veja o bebê momento do nas-
os profissionais estejam envolvidos e apropriados
cimento, tenha o contato imediato entre
da humanização do atendimento”, avalia Juliana.
mãe e bebê e propicie a amamentação
A estruturação de um modelo de trabalho
na primeira hora depois do nascimento.
como esse é fundamental para garantir a sus-
É preciso criar estratégias que avancem
tentabilidade da prática. É preciso sempre estar
gradualmente para o parto humanizado.
atento para o fortalecimento da equipe porque o
Com isso, podem ser feitos testes me-
trabalho diário é estressante e com altas chan-
nores com equipes e famílias e ajustes
ces de erros que podem ser fatais. Problemas
para melhorias no atendimento.
como falta de comunicação ou busca de uma zo-
2) Articule com outros profissionais e toma-
na de segurança no cotidiano profissional podem
dores de decisão. A Santa Casa de Ca-
prejudicar a busca pelo atendimento humaniza-
breúva foi resultado de um trabalho que
do. “Um óbito de recém-nascido – mesmo se não
alinhou toda a equipe profissional.
tiver relação com o processo do parto – pode ge-
rar insegurança emocional na equipe e fazer com 3) Trabalhe com informações, dados. No
que o número de cesárias aumente, por exemplo. exemplo compartilhado por Juliana, os
Trabalhar com humanização do parto é uma coisa administradores da Santa Casa identi-
muito difícil de construir e muito fácil de se des- ficaram que houve aumento do número
construir”, explica a articuladora. de cesárias após o óbito de um recém-
-nascido. É preciso ter os indicadores or-
ganizados e saber ler esses dados, dia-
3 dicas para começar a trabalhar com o parto logar com os envolvidos e criar planos de
humanizado ação. Juliana complementa: “Esse é um
A história da Santa Casa de Cabreúva para processo que precisa ser cuidado sem-
garantir a humanização do parto é resultado de pre. As pessoas têm que romper com es-
anos de trabalho e envolvimento de muitos pro- sa ideia de que os processos se tornarão
fissionais. O comitê municipal do São Paulo pe- naturais depois de um tempo. O trabalho
la Primeiríssima Infância foi um dos atores que com humanização no atendimento pode
tornou isso possível a partir de trabalho de arti- ser afetado por desgastes na equipe ou
culação e de capacitação. Entretanto, é preciso descontinuidade da gestão. O SPPI é par-
envolver tanto a gestão quanto os profissionais ceiro da Santa Casa de Cabreúva, ofere-
que estão na frente de atendimento e até mes- cendo suporte para que a equipe conti-
mo as famílias. nue com esse trabalho.”
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Comece trabalhando para a humanização da cesária. Crie estratégias para garantir que a mãe veja o momento
do nascimento, tenha o contato imediato entre mãe e bebê e propicie a amamentação na primeira hora
depois do nascimento. É preciso criar estratégias que avancem gradualmente para o parto humanizado.
Com isso, podem ser feitos testes menores com equipes e famílias e ajustes para melhorias no atendimento.
Trabalhe com informações, dados. No exemplo compartilhado por Juliana, os administradores da Santa Casa
identificaram que houve aumento do número de cesárias após o óbito de um recém-nascido. É preciso ter os
indicadores organizados e saber ler esses dados, dialogar com os envolvidos e criar planos de ação. Juliana
complementa: “Esse é um processo que precisa ser cuidado sempre. As pessoas têm que romper com essa
ideia de que os processos se tornarão naturais depois de um tempo. O trabalho com humanização no
atendimento pode ser afetado por desgastes na equipe ou descontinuidade da gestão. O SPPI é parceiro da
Santa Casa de Cabreúva, oferecendo suporte para que a equipe continue com esse trabalho.”
Saiba mais:
http://portalms.saude.gov.br/saude-paravoce/saude-da-crianca
/pre-natal-e-parto/ iniciativa-hospital-amigo-da-crianca-ihac
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/iniciativa_hospi-
tal_amigo_crianca_modulo1.pdf
Vídeo de divulgação: http://bit.ly/santacasa-cabreuva
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Papai Presente
(Ribeira - RS Apiaí)
Resumo
Desafio: a participação dos pais durante a gravidez era baixa, devido ao preconceito e à cultura em que os ho-
mens do município foram criados.
Solução e principais resultados: a prática incentiva a realização do pré-natal do homem, a participação nos en-
contros de gestantes e nas visitas à maternidade. Com isso, garantiu-se o aumento da participação dos pais no
pré-natal e do vínculo casal-bebê.
A
sintonia e o carinho entre os pais, cuida- está fora da barriga”, justifica a articuladora Pau-
dores e familiares em geral trazem um am- la Sant`Anna.
biente de amor para as crianças. O afeto A reunião de famílias grávidas acontecia
na primeiríssima infância potencializa o desenvol- mensalmente desde 2015, mas poucos pais e
vimento de uma forma leve e segura. Esse tipo companheiros participavam de fato. Então, em
de cuidado influenciará na sua maneira de lidar 2018, os profissionais foram sensibilizados para
com as pessoas e situações que ela se deparar. esse desafio durante a capacitação do SPPI no
Quanto maior e mais fortalecida a rede de pro- município. Uma das primeiras ações para solução
teção, vínculos e estimulação antes mesmo do desse desafio foi a criação de um questionário
nascimento, maior as chances de um desenvolvi- entregue às gestantes. Afinal, por que os pais e
mento tranquilo. companheiros não compareciam? A melhor manei-
As secretarias de Saúde e de Desenvolvi- ra era perguntar para as famílias. Essa pesquisa
mento Social de Ribeira uniram-se para potencia- rápida ajudou a definir qual o melhor horário de
lizar o trabalho do grupo de famílias grávidas do realização dos encontros para que fosse possível
município a partir de um movimento que aproxi- também a participação dos pais.
masse os pais e companheiros, descentralizando As sensibilizações para a participação dos
o processo de nascimento e os cuidados com o pais no grupo de famílias grávidas começaram
recém-nascido como uma responsabilidade ape- com a conscientização das mães. “Em todos os
nas da mãe. “É um desafio muito grande fazer o encontros, começamos a mostrar para a mulher
homem se reconhecer pai antes do nascimento. que o marido não deve ser colocado no papel de
A mãe tem um processo longo de gravidez, sen- ‘quem ajuda’. O pai tem as mesmas responsabi-
tindo o desenvolvimento da criança dentro dela lidades e também deve ser protagonista dos cui-
e já vai criando uma confiança e um vínculo com dados”, reforça Paula. As mães foram a peça cen-
ela. Já o pai, companheiro, irmãos e outros cui- tral para a mudança de pensamento dentro das
dadores somente vão entender as responsabili- famílias de uma forma geral, trazendo os homens
dades de cuidar de uma criança quando ela já para perto já durante a gestação.
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Hoje, os encontros tornaram-se noturnos e Isso possibilitou que nossa campanha circulasse
a presença dos pais e companheiros tornou-se pelas redes sociais dos moradores de Ribeira”,
constante. Além de atender a todas as gestantes conta Paula.
do município, com um total de 26 mulheres, 15 Logo em seguida, foi criada uma ação co-
companheiros também marcam presença no gru- memorativa à data do Dia dos Namorados. Um
po. Além disso, o conteúdo dos encontros pas- encontro especial com jantar e atividades para
sou a ampliar as conversas sobre a importância os casais grávidos engajou a comunidade. Finan-
do apoio do parceiro/a em benefício de uma ges- ciado pelas Secretaria de Desenvolvimento So-
tação saudável e da possibilidade do vínculo en- cial e Saúde, as famílias participaram de pales-
tre pai/companheiro(a) e bebê desde a barriga. tra sobre relacionamentos saudáveis e de ginca-
Os temas debatidos no grupo também fo- nas que trabalhavam a afinidade do casal. Nesse
ram reformulados de forma a contextualizar o pai encontro, os profissionais do município também
no processo de gestação, parto e puerpério. Por aprenderam a incluir gestantes solteiras e famí-
exemplo, quando são abordados temas como tro- lias com rede de apoio homossexual. Perceben-
ca de fraldas ou banho do recém-nascido, os pais do essas situações, a equipe adaptou as orienta-
aprendem na prática e sentem na pele as res- ções nas palestras e as atividades nas gincanas
ponsabilidades e formas de participação ativa no de forma representativa.
cuidado da criança. As ações de divulgação continuarão para
manter o engajamento alto e atrair mais pessoas.
“A próxima etapa da ‘Papai Presente’ é a divulga-
Criatividade na divulgação ção da iniciativa nas mídias sociais oficiais, na rá-
Esse resultado não surgiu apenas com a dio comunitária e no jornal regional”, conta Paula.
escuta inicial feita a partir do questionário e das Outra estratégia para o envolvimento dos
trocas nos grupos. Estratégias de divulgação pais foi criar um tom emocional na divulgação,
criativas e de baixo custo foram criadas. Uma florescendo, tocando o pai pelos sentimentos. “O
das ações, por exemplo, foi a inserção de uma convite para a participação dos pais foi feito co-
faixa com mensagens de incentivo ao pré-natal mo se o bebê estivesse convidando, tivemos o
do parceiro instalada no campo de futebol duran- cuidado de dar voz para essa criança que ainda
te o Campeonato Municipal de Futsal de Ribeira, não nasceu e mostrar para o pai que ela já está
em parceria com a Secretaria de Esporte e Cul- aqui e precisa da sua participação”, contextualiza
tura do município. “Nessa ação, os times finalis- a articuladora. No Dia dos Pais, as famílias tam-
tas de todas as categorias entraram com a faixa bém foram surpreendidas com uma carta em tom
e posaram para as fotos oficiais e extraoficiais. afetivo dos bebês para os pais.
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Minha Mãe e Eu
(Ilhabela - RS Litoral Norte)
Resumo
Desafio: desenvolver vínculos entre as famílias e as crianças, atendendo aos indicadores críticos identificados
nas linhas de base do município.
Solução e principais resultados: por meio de práticas de yoga, dança materna e shantala, busca-se criar espaços
de acolhimento das mulheres e um fortalecimento em rede para que elas tenham melhores condições de gestar
e criar seus filhos. A partir do “Minha Mãe e Eu”, notou-se o fortalecimento de vínculo entre a família e a criança
e mães mais seguras e empoderadas nos cuidados com a criança.
M
ães dançando com seus bebês no colo (oferta de exames, consultas médica e de enfer-
ou praticando shantala com seus filhos. magem...). “Compreendemos que os caminhos
Gestantes brincando com música e te- para a saúde e o desenvolvimento infantil ade-
cidos para ampliar a conexão com seus bebês, quado passavam também por questões que se
praticando yoga ou tendo sua barriga desenhada. relacionam ao vínculo, autonomia e por aspectos
Essas cenas tornaram-se frequentes nas unida- emocionais”, conta a articuladora Lara Passos.
des de saúde de Ilhabela a partir de 2017, com a À medida que o programa tomou corpo, le-
criação do projeto “Minha Mãe e Eu”. A iniciativa gitimidade pública e política, foi possível estabe-
tem o objetivo de qualificar a assistência às ges- lecer diálogos com os gestores, funcionários e
tantes, puérperas e bebês do município de Ilha- população sobre as necessidades de criar outras
bela a partir de atividades que envolvem yoga, modalidades de serviços para esse público. Foi
dança materna e shantala. a partir de então que as articuladoras se mobili-
zaram para fazer um grupo estruturado em tera-
pias e técnicas alternativas para complementar
SPPI como pontapé inicial para a prática os serviços de apoio à gestação oferecidos pela
As atividades são oferecidas por três espe- área da Saúde.
cialistas que passaram pela capacitação do SPPI.
Nelas, as profissionais incorporam uma aborda-
gem que priorize os aspectos mais emocionais e Práticas Integrativas e Complementares e olhar
estejam relacionados às questões de vínculo mãe/ humano para solucionar desafios comuns
família e bebê. A mulher passa por transformações físicas
Desde as primeiras capacitações oferecidas e psicológicas durante a gestação, no parto e no
pelo SPPI, as profissionais foram instrumentaliza- processo do puerpério. Neste período, práticas
das teoricamente sobre a importância de ofere- como de yoga, de dança, e outras atividades
cer às gestantes e bebês do município um ser- corporais, aliadas a um espaço de cuidado e
viço que fosse para além dos serviços médicos atenção diferenciada podem trazer benefícios.
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Essas atividades podem ajudar a gestante e, ou, No “Minha Mãe e Eu” são utilizadas técni-
puérperas a compreender e aceitar as mudanças cas de dança, yoga, spinning babies e massa-
no corpo e na mente, trazendo mais energia, dis- gens. Trabalhos corporais, que integram o físico
posição e autonomia sobre todo o processo. e o emocional, diálogo e escuta de temas perti-
Terapias alternativas são oferecidas pelo nentes à fase de cada grupo permeiam todo o
SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2008. Ini- trabalho. O olhar atento e individual é a preocu-
cialmente, eram oferecidas apenas cinco práticas. pação principal das educadoras do projeto e, por
Em 2017 foram incorporadas mais 14 atividades meio de atividades, criam espaços para a expres-
e, em 2018, mais dez práticas foram incluídas, são de sentimentos e conflitos relacionados à
somando 29 terapias complementares. maternidade.
Segundo o Ministério da Saúde, as terapias Dessa maneira, elas colaboram para que
estão presentes em 9.350 estabelecimentos em a mulher possa buscar recursos pessoais pa-
3.173 municípios, mais da metade das 5.570 ci- ra se reorganizar física e emocionalmente para
dades brasileiras. Das atividades, 88% são ofe- esse momento na vida. “É um momento em
recidas na Atenção Básica. Em 2017, foram re- que a gente fica em paz e que a criança sen-
gistrados 1,4 milhão de atendimentos individuais te, ficamos super-relaxadas. É um momento
em práticas integrativas e complementares. So- em que a gente precisa aproveitar”, conta a
mando as atividades coletivas, a estimativa é de participante Isabela Monteiro em vídeo de di-
que 5 milhões de pessoas por ano, aproximada- vulgação da iniciativa (que pode ser visto em:
mente, participem dessas práticas no SUS. http://bit.ly/2u0U3I5).
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Maleta Viajante
(Magda - RS Votuporanga)
Resumo
Solução e principais resultados: criação de projeto que incentiva familiares a lerem com seus filhos entre 0 e 6
anos a partir de maleta com livros infantis e material para relato das histórias. Notou-se aumento nos relatos de
leituras familiares e fortalecimento do vínculo entre as crianças e seus cuidadores.
R
ubem Alves dizia que livros são brinque- lerem para seus filhos. A partir de então, pen-
dos com letras e ler é brincar. A leitura samos em montar as maletas de forma atrativa
abre portas para um mundo de possibili- para, assim que as crianças olhassem, ficassem
dades e fantasias. É lendo e ouvindo histórias encantadas e sentissem vontade de interagir
que desenvolvemos a nossa capacidade de ima- com os livros. Foi o que aconteceu”, conta a arti-
ginar e racionalizar sobre situações variadas. culadora Ana Paula Alvarenga.
Quanto mais palavras e situações as crian- Além de conseguir atender as necessidades
ças tiverem aprendido, mais preparadas elas esta- das mães mais interessadas, a “Maleta Viajante”
rão para enfrentar os desafios do dia a dia. É uma também está alinhada aos estudos acadêmicos
responsabilidade dos pais e cuidadores, mesmo que defendem a leitura na primeira infância como
ainda antes de nascer ou nos períodos iniciais da atividade fundamental para o desenvolvimento.
infância, ler e incentivar as crianças à leitura. Isso porque, para os especialistas da sociedade
Os educadores da única EMEI de Magda no-
e outros estudiosos, a leitura na primeira infância
taram que não havia o hábito de os pais e cuida-
é mais do que apenas ler em voz alta a história
dores lerem histórias para crianças no município
contada pelo livro.
e isso precisava ser estimulado. Pensando nisso,
É um momento de conexão entre o adulto e
reuniram-se para criar estratégias e pensar em
a criança, de introdução à linguagem e até mesmo
formas de engajar as famílias em relação ao te-
desenvolvimento da empatia e desenvolvimento
ma da leitura. A partir de então, surgiu a ideia do
de capacidades sensoriais. A publicação Receite
projeto “Maleta Viajante”, que estimula a leitura
um livro: fortalecendo o desenvolvimento e o vín-
mensal entre famílias e crianças de 1 a 6 anos,
culo: a importância de recomendar a leitura para
compartilhando-se uma maleta com livros dispo-
crianças de 0 a 6 anos, criada pela Sociedade
níveis na instituição.
Brasileira de Pediatria (SBP) com apoio da Fun-
dação Itaú Social e da Fundação Maria Cecilia
Projeto começou a partir da escuta das famílias Souto Vidigal, adaptou um gráfico que ilustra os
“Algumas mães procuraram a escola para picos das possibilidades de desenvolvimento nas
que pudessem pegar livros emprestados para diferentes fases de vida das crianças:
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Prática criou modelo que fosse abraçado pelas selecionados de acordo com a faixa etária, o inte-
famílias resse das crianças e as relações que podem ser
Sensibilizada pela importância da leitura na pri- criadas com outros momentos de aprendizagem.
meira infância e pelo interesse das famílias, a vice- Como cada turma tem uma média de 15 a 22
-diretora e coordenadora Roseli Pereira Tardioli, co- crianças, a maleta é entregue para as famílias du-
meçou a pesquisar referências de projetos na área e rante a semana e é recomendado que seja devol-
a conversar com os colegas da escola. Não foi fácil vida no dia seguinte para que todas as crianças
no primeiro momento: muitos professores questiona- possam participar naquele mês. “No começo, en-
ram se os livros realmente seriam lidos ou até mes- tregávamos a maleta toda sexta-feira para que as
mo se o acervo da escola não seria estragado com famílias que trabalham tivessem um tempo maior
o uso. “No início, é preciso envolver os professores para ler com as crianças. Porém, percebemos que
porque são eles que têm maior contato com as famí- as crianças ficavam ansiosas para levar a male-
lias”, indica Roseli. ta para casa, então começamos a organizar uma
Mesmo sem todas as certezas, a vice-dire- entrega durante a semana”, conta a vice-diretora.
tora criou as primeiras maletas, comprando pas- No final do ciclo de leitura da turma, os li-
tas e enfeitando-as com temáticas que as crian- vros da maleta são substituídos para que novas
ças se sentissem atraídas. “Colocamos enfeites obras possam ser conhecidas. Os livros escolhi-
com assuntos que as turmas gostassem, como dos para compor maleta são edições com narra-
animais e meios de transporte. Precisávamos tivas curtas. A maioria deles é escrita com letra
criar uma maleta que a criança batesse o olho e maiúscula e com imagens bem coloridas. Entre
ficasse encantada”, conta. Cada pasta foi monta- os títulos estão adaptações dos clássicos Cha-
da com três livros escolhidos pelos professores peuzinho vermelho, Cinderela, Os três porquinhos
da turma, por uma carta de orientação para as fa- e outras coleções. Livros de fábulas e poesias
mílias e por um material para a criança fazer um também fazem parte do material. “Sempre se-
desenho sobre a história e para a família relatar lecionamos livros curtos para incentivar que as
como foi aquele momento. famílias – que nem sempre têm um hábito de lei-
Então, as maletas começaram a ser usa- tura – participem de fato da ‘Maleta Viajante’”,
das pelas turmas. Os livros de cada pasta são explica a vice-diretora.
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mostrando os desenhos (animais), o que sensibilizados sobre como os pais não brincam
despertou sua curiosidade. No final, ele com seus filhos. Por isso, agora estão criando o
pediu mais!” projeto da “Maleta Brincante”, com uma série de
• “No primeiro dia de leitura, ele ficou bem brinquedos específicos para adultos poderem in-
agitado e não esperou o final da história. teragir com as crianças”, conta Roseli.
Mas, ao lermos todos os dias (mãe/avó/
babá), ele se interessou bastante pelas Dicas para ler com crianças
figuras e mostrava mais interesse pela lei-
• A leitura pode ser um momento prazero-
tura. Foi um desafio fazê-lo se interessar.”
so tanto para as crianças quanto para os
Os educadores da EMEI também recebe- adultos. A publicação da SBP lembra: “é
ram orientações e capacitações sobre contação importante que os pais escolham livros,
de histórias em capacitações oferecidas pelo histórias, canções, jogos e brincadeiras
município. São eles os responsáveis por fazer o de que eles também gostem e que reme-
contato com as famílias e sensibilizá-los para a tam às experiências agradáveis que eles
atividade. tiveram na sua infância.”
Em alguns casos, os familiares não realizam • A leitura deve ser um hábito: como vimos
a leitura e o registo com a criança. Nessas situa- em um dos depoimentos de familiares, é
ções, os próprios educadores fazem a atividade preciso criar o hábito de ler e participar
em período escolar. Em seguida, há conversa en- de histórias. Por isso, crie uma frequência
tre o educador e a família para compreender o para esse momento com as crianças.
que houve e quais os pontos de atenção para a • Deixe as crianças explorarem os livros:
situação daquela criança. Do nascimento até por volta dos 3 anos,
os bebês costumam manipular o livro pa-
ra ganhar familiaridade com ele. Em outro
“Maleta Viajante” incentivou a leitura em Magda depoimento de familiares, foi possível ver
Através da “Maleta Viajante”, a procura por que a criança não se interessou muito pe-
livros na escola pelas famílias teve um aumento la leitura até começar a interagir com as
significativo. Com isso, a EMEI passou a disponibi- figuras de animais da história. Aos poucos
lizar, todas as sextas-feiras, livros de livre escolha vão compreendendo que esse objeto tem
para as famílias lerem no final de semana, inserin- significado. A publicação do SBP indica:
do ainda mais a leitura na vida das crianças e pro- “Nessa fase, a leitura é bem interativa,
porcionando momentos de interação nas famílias. os pais conversam com a criança sobre
A prática também foi além dos muros da as figuras, as formas, as palavras e os
EMEI. Agora, uma escola de ensino fundamental sentimentos, relacionando-os com a vida
do município começou a aplicar um projeto inspi- cotidiana.”
rado na “Maleta Viajante”.
Além disso, com o sucesso da prática, os
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Receite um livro:
educadores da EMEI estão se organizando para fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo: a importância
a criação da maleta brincante. “Depois da capa- de recomendar a leitura para crianças de 0 a 6 anos. São
citação do SPPI sobre espaços lúdicos, fomos Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2015, p. 10.
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Resumo
Desafio: sensibilizar a população e os servidores municipais sobre a importância do brincar para o desenvolvimen-
to das crianças e que é um direito garantido que deveria ser ofertado em todos os espaços públicos.
Solução e principais resultados: entre 2015 e 2017, foram implementados os espaços lúdicos nas unidades de
Saúde e Assistência Social do município.
C
onsultas médicas, visitas ao CRAS e a ansiedade causada pela visita ao médico e pelas
outros espaços públicos são sempre um intervenções ali realizadas”, lembra a articulado-
desafio para cuidadores e crianças. Os ra Drieli Rosalino.
momentos de espera e salas cheias de pessoas Ainda em 2015, foi instalado também um
podem gerar impaciência e ansiedade. O que são espaço lúdico no CRAS. Essa melhoria proporcio-
“só uns minutinhos” para os adultos, muitas ve- nou um ambiente mais acolhedor para as crian-
zes parecem uma eternidade para as crianças. ças. Com ela, a vivência do lúdico foram valori-
Elas, muitas vezes, sequer entendem o que es-
zados e os familiares foram incentivados a brin-
tão fazendo ali.
car com seus filhos, fortalecendo os vínculos
A chegada do SPPI em Descalvado desper-
familiares.
tou um olhar sensível para o tema dos espaços
No ano seguinte, foi instalado um espaço
lúdicos nos profissionais do município, por meio
lúdico no CREAS (Centro de Referência Especiali-
de capacitações específicas. Houve a conscienti-
zado de Assistência Social) da cidade. Em 2017,
zação sobre a importância do brincar para o de-
o projeto teve continuidade com a sua instalação
senvolvimento das crianças e a necessidade de
na Santa Casa de Misericórdia de Descalvado,
garantir esse direito e ofertá-lo em todos os es-
colaborando na recuperação e na humanização
paços públicos.
Foi a partir de então que os articuladores do do atendimento.
Primeiríssima identificaram que o município não Ao total, foram criados 10 espaços, sendo 7
possuía nenhum espaço lúdico para as crianças nas Unidades de Saúde da Família, 1 no CRAS, 1
de 0 a 3 anos. Com isso, em 2015, iniciou-se um no CREAS e 1 na Santa Casa. “A prática foi pen-
trabalho de garantir a existência de espaços lúdi- sada priorizando a intersetorialidade. Por isso, os
cos nos equipamentos municipais. “Implementa- espaços foram criados em unidades de atendi-
mos os espaços em todas as Unidades de Saúde mento em Saúde e Assistência Social”, explica
da Família do município. Entendemos que a ofer- Drieli, também reforçando que os espaços já es-
ta de um espaço lúdico nesses locais ameniza a tavam presentes no setor da Educação.
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Sinergia com outros programas garante a de jogos com sucata, entre outros. Nessas tro-
continuidade cas com as crianças e seus cuidadores, os pro-
Ainda com foco na sustentabilidade dos fissionais mostram, de forma lúdica, como cuidar
espaços, em parceria com o Programa Criança do espaço lúdico e a importância da criação de
Feliz, os articuladores da prática organizaram vínculos através do brincar, além de estimular a
um cronograma de sensibilizações semanais criatividade. “Os pais são a chave para conscien-
nas unidades com os pais, crianças e cidadãos tizar as crianças. É por meio dessa interação que
em geral. as crianças aprendem o que é certo e o que é
Entre as atividades propostas estão ofici- errado, expandem sua noção do que é particular
nas de restauração de brinquedos, construção e o que é coletivo”, diz Drieli.
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Resumo
Desafio: garantir a sustentabilidade financeira do SPPI no município de São Carlos depois do encerramento do
convênio.
Solução e principais resultados: aproximação do Poder Legislativo para sensibilizar vereadores na causa da pri-
meira infância como elemento estruturante para o desenvolvimento da cidade e solicitar emendas parlamentares
para realização de ações do Programa. Foi possível aproximar-se de cinco vereadores da cidade e garantir verbas
para a realização da Semana do Bebê de 2016 e 2017.
U
m desafio bem conhecido e comum entre Parceria com o Poder Legislativo garantiu
os servidores municipais é a continuidade continuidade da Semana do Bebê
de projetos públicos. As trocas de gestão, O Poder Legislativo de São Carlos já esta-
mudanças de metas e ajustes de orçamentos po- va mapeado como um potencial parceiro para
dem impactar ou até mesmo encerrar uma ini- a sustentabilidade das ações antes mesmo da
ciativa. Com isso, cabe aos articuladores e pro- realização das capacitações do SPPI. Natanael
fissionais responsáveis pelas práticas construir complementa: “Ele não é importante apenas pe-
soluções, fortalecer redes e mapear parceiros la questão financeira. É também porque tem uma
para garantir, de forma institucionalizada, que os influência grande na sociedade. Precisamos de
programas se mantenham e beneficiem cada vez parceiros que são formadores de opinião e toma-
mais pessoas. dores de decisão defendendo a causa da primei-
Uma prática em São Carlos está traba- ra infância.”
lhando para garantir a sustentabilidade finan- Entre 2015 e 2017, 19 vereadores destina-
ceira do SPPI a partir de emendas parlamen- ram emendas parlamentares para o SPPI, totali-
tares dos vereadores em mandato no municí- zando um montante de mais de R$ 90 mil para
pio e de parcerias com os comerciantes locais. a realização de três edições da Semana do Be-
Com esses recursos, será possível manter as bê. Em 2015, os aportes foram menores, mas
capacitações dos profissionais e a atuação de quase metade dos vereadores da cidade fizeram
outras atividades do SPPI, como os encontros destinações.
mensais, a Semana do Bebê, as publicações A partir disso, a equipe do SPPI de São Car-
de revistas, entre outros. “Queremos garantir los buscou diversos vereadores por meio de ofí-
que as ações que nasceram no Primeiríssima cio e de entrega de material de divulgação das
sejam continuadas. Não podemos perder as es- ações do Programa. “Tentamos sempre marcar
truturas e os impactos positivos das ações rea- uma reunião presencial. Era importante mostrar
lizadas por São Carlos”, defende o articulador que a Semana do Bebê não é apenas a passeata
Natanael Silva. que fazemos pela cidade. Essa é uma das ações
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que mais chamam a atenção, mas temos mais parcerias. Restringir-se apenas a um ou dois par-
de 50 atividades pelo município. Também acha- ceiros pode fragilizar a continuidade da prática.
mos importante deixar o canal de diálogo sempre Por isso, além de dialogar e criar iniciativas em
aberto e, por isso, conversamos com praticamen- conjunto com os vereadores do município, iniciou-
te todos os vereadores nos últimos sete anos”, -se uma busca ativa de comerciantes locais que
conta Natanael. estavam alinhados com a temática da primeira
Na edição de 2016 da Semana do Bebê, fo- infância.
ram captados aproximadamente R$ 30 mil para “Procuramos a associação comercial da ci-
apoiar na realização do evento. “Em 2017, rece- dade para conseguir dialogar com todos os co-
bemos esse mesmo valor de um único vereador merciantes e apresentar nosso trabalho”, lembra
e arrecadamos um total R$ 45 mil”, conta o ar- Natanael. A busca de um parceiro que tem papel
ticulador. A expectativa é de que, em médio pra- de articulador com outros potenciais apoiadores e
zo, o Programa consiga pelo menos 5% da verba colaboradores do SPPI fez com que o trabalho do
parlamentar de cada um dos vereadores da cida- comitê fosse mais potente. Agora, não era mais
de para financiar todo o trabalho anual (Semana preciso bater de porta em porta e conversar indi-
do Bebê, capacitações, reedições), o que soma vidualmente com cada comerciante. A associação
aproximadamente R$ 300 mil. agendou uma reunião inicial e fez um chamado
“Não há como negar – e coloco aqui a mi- para os comerciantes de São Carlos conhecerem
nha experiência como pai e avô – que os primei- o trabalho do SPPI. Com isso, o comitê começou
ros anos de uma criança vão determinar em sua a criar relacionamento tanto com comércios que
vida o seu crescimento. Como se desenvolve o atendem a primeira infância quanto com comer-
seu corpo, como ele aprende, se relaciona com a ciantes que consideram a temática importante.
família e com os amigos. É essa fase que preci- Com a estratégia para captação de verba
samos privilegiar. A Câmara, representada pelos para a publicação dos 20 mil exemplares da re-
21 vereadores, tem a preocupação em aprovar vista PERIODICIDADE foi possível continuar o re-
recursos que sejam destinados a entidades que lacionamento com especialistas da Universidade
cuidam dessas crianças, por exemplo”, conclui o Federal de São Carlos e profissionais municipais
vereador e presidente da Câmara de São Carlos, para criação de conteúdos para a publicação.
Lucão Fernandes, em depoimento para a revista Desde 2011, acadêmicos do departamento de
da 6ª Semana do Bebê – promovendo a infância Terapia Ocupacional e professores da rede mu-
legal: do brincar à garantia de direitos, publicada nicipal colaboram com o SPPI enviando artigos
em 2016. sobre a primeiríssima infância. Antes de toda a
publicação, é feita uma divulgação via e-mail con-
vidando as pessoas a enviar suas produções tex-
Aproximação com comércio local e especialistas tuais. Foram mais de 40 artigos publicados, lidos
possibilitou publicação de revistas diariamente com a distribuição tanto nos comér-
Buscar diversos parceiros é uma das princi- cios locais que apoiaram a impressão quanto nos
pais dicas que o comitê municipal do SPPI de São equipamentos públicos e privados de Saúde que
Carlos compartilha com quem quer estruturar recebem exemplares.
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garanta a existência de reuniões de trabalho participação nos serviços municipais que garan-
periódicas com todos os setores envolvidos na tam o desenvolvimento integral das crianças.
causa. Também é importante nomear responsá-
veis de cada um desses setores para garantir a Como: É preciso ter uma postura ativa para en-
execução da governança do trabalho. Também contrar e engajar as famílias com crianças de 0
é importante pensar como cada parceiro pode a 3 anos do seu município. Onde vocês podem
contribuir com o trabalho coletivo e como pode encontrar essas pessoas? Quais são os maiores
ser beneficiado por ele. desafios delas? Como abordá-las de uma manei-
ra efetiva? Construa uma estratégia na qual as
pessoas estejam no lugar principal: a população
precisa saber sobre a existência da oferta dos
serviços voltados para a primeira infância. Para
isso, a equipe deve estar engajada e com recur-
sos para fazer essa busca ativa.
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Beleza da Gestante (Apiaí - RS Apiaí) Juntos Somos Mais Fortes (Apiaí - RS Apiaí)
Desafio: aumentar a autoestima e a consciência da imagem e do Desafio: cuidar da saúde de crianças nos Centros Municipais de
corpo da gestante para que se sinta mais segura antes, durante Educação Infantil (CEMEI) para prevenir o risco de transmissão de
e após o parto. vírus e bactérias, mais propícios nesses espaços.
Solução e principais resultados: realização de um ensaio fotográfico Solução e principais resultados: articulação entre as Secretarias
com as gestantes atendidas nos Grupos de Famílias Grávidas, que da Educação e Saúde para prevenção de doenças e disponibili-
acontecem nas unidades básicas de saúde (UBS) do município. A zação de tratamentos mais rápidos e efetivos para crianças até
iniciativa gerou melhor aceitação da gestação, especialmente das 3 anos. Assim, as crianças passaram a ser atendidas dentro das
não planejadas, além da melhora da autoestima e diminuição dos próprias escolas, sem que os pais perdessem dias de trabalho
conflitos emocionais dessas mulheres. para isso.
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Solução e principais resultados: a retomada do grupo de trocas e Solução e principais resultados: criação de um espaço lúdico aco-
das atividades para famílias grávidas no município possibilitou o lhedor no antigo local onde as crianças aguardavam o atendimento
fortalecimento do vínculo e da confiança entre as gestantes e os dos familiares. Isso trouxe uma atmosfera de acolhimento e não
profissionais da Saúde. de punição ou ameaça para as crianças.
Solução e principais resultados: realização de plantões de dúvidas Solução e principais resultados: as Secretarias da Educação, Ação
duas vezes na semana, voltados para temas relacionados à ama- Social, Trabalho e Renda e Saúde se reuniram para articular aulas
mentação, com um pediatra especialista no tema. A iniciativa ga- semanais de dança às mamães e seus bebês nos dois CRAS do
rantiu a ampliação do tempo de amamentação das crianças. O município. A iniciativa garantiu, dentre vários benefícios, um maior
programa teve início em março de 2018 e, até agosto, já foram vínculo entre mães e filhos e entre as mães, além de fortalecer a
atendidas mais de 40 mães. consciência corporal.
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Solução e principais resultados: criação da oficina “A importância Espaços Lúdicos (Louveira - RS Jundiaí)
da cultura na 1ª infância” para introduzir o tema aos servidores
municipais e inclusão do setor de cultura no comitê municipal do Desafio: criar espaços lúdicos para desenvolvimento e entreteni-
SPPI. O resultado esperado é que as ações da secretaria de cultu- mento das crianças de 0 a 3 anos no município.
ra passem a ser descentralizadas, atuando diretamente nos terri-
Solução e principais resultados: após a formação ministrada pelo
tórios onde a população mais vulnerável está localizada.
SPPI sobre espaços lúdicos, profissionais das Secretarias de Saú-
de, Educação e Desenvolvimento Social se articularam para imple-
Viajando no Mundo da Leitura e da Brincadeira mentar espaços com brinquedos para as crianças nos aparelhos
públicos da cidade. Como resultado, a reformulação e implanta-
(Louveira - RS Jundiaí) ção de espaços lúdicos em todas as escolas de Louveira, na Casa
Desafio: criar programas de incentivo à leitura na primeiríssima Abrigo, na Cáritas (local cedido pela igreja católica que atende
infância no município. crianças), nas Unidades Básicas de Saúde e no CRAS.
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Solução e principais resultados: realização de sete encontros for- Combate ao Aedes Aegypti (Jarinu - RS Jundiaí)
mativos, reunindo servidores interdisciplinares com perfil de multi-
Desafio: combater a disseminação do Aedes Aegypti no município.
plicadores, visando a replicabilidade dos princípios e objetivos do
Programa no município. As formações contribuíram para as práti- Solução e principais resultados: visitas às creches municipais para
cas do cotidiano e possibilitaram o contato e a troca de experiên- realização de ações de prevenção e controle do mosquito vetor Ae-
cias entre profissionais. des, com orientações sobre as doenças que ele transmite, tanto
para educadores quanto para crianças. Os profissionais e as tur-
mas demonstraram estar mais seguros e conscientes em relação
à doença.
Papai na Creche (Várzea Paulista - RS Jundiaí)
Desafio: ampliar a presença paterna em eventos e reuniões da cre-
che, que era baixa no município. Geração Cárie Zero (Jarinu - RS Jundiaí)
Desafio: conscientizar as famílias sobre a importância de manter a
Solução e principais resultados: na Semana do Bebê de Várzea Pau- saúde bucal de crianças de 0 a 3 anos.
lista foram desenhadas atividades para inserir os pais nos cui-
Solução e principais resultados: atendimento de todas as crianças
dados com os filhos e sensibilizá-los sobre a importância de sua
nos berçários e creches a cada quadrimestre. Participação dos
presença no desenvolvimento da criança. Essa ação impactou as dentistas nas reuniões de famílias para orientações sobre cuida-
famílias, mostrando-lhes como é essencial a participação paterna dos com saúde bucal. As iniciativas acabaram por reduzir os pro-
na primeiríssima infância. blemas bucais nas crianças beneficiadas.
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Ação sobre a Importância do Brincar para a Semana do Brincar (Ibaté - CRG São Carlos)
Saúde das Crianças Desafio: sensibilizar familiares, crianças, profissionais e outros
atores da sociedade sobre a importância do brincar na primeirís-
(Descalvado - CRG São Carlos)
sima infância.
Desafio: conscientizar a população sobre a importância do brincar
para o desenvolvimento infantil. Solução e principais resultados: criação da Semana do Brincar, que
engaja escolas, APAE, CRAS, Secretarias da Saúde e de Espor-
Solução e principais resultados: realização de uma ação intersetorial te para desenvolverem atividades que envolvam o brincar e divul-
em um supermercado da cidade no Dia Mundial da Saúde, sensibili- guem a causa na imprensa local. Como resultados a prática teve a
zando famílias, profissionais da educação e população em geral. Os articulação de diferentes organizações e setores para a realização
familiares afirmam que, ao frequentarem ambientes com os brinque- da Semana do Brincar.
dos instalados, ficam mais presentes na vida dos filhos, aproveitando
para interagir com as crianças e até mesmo com outras pessoas.
Semana do Bebê (Ibaté - CRG São Carlos)
Desafio: sensibilizar a população sobre a importância dos primei-
Articulação Intersetorial
ros anos de vida para o desenvolvimento humano, estimulando
(Descalvado - CRG São Carlos) ações que favoreçam o pleno bem-estar da criança nessa etapa
Desafio: promover a articulação intersetorial que, até então, era da vida.
responsabilidade de um único profissional do município, dificultan-
do todo o trabalho. Solução e principais resultados: realização de atividades em diver-
sos locais e horários durante a Semana do Bebê por três anos
Solução e principais resultados: criação de uma estratégia de ar- consecutivos, envolvendo toda a população. Aprovação da lei mu-
ticulação intersetorial que envolve duas representantes das áre- nicipal instaurando a Semana do Bebê em Ibaté.
as de Saúde e Assistência Social, garantindo o fortalecimento da
rede local, melhoria da comunicação entre os diversos atores e Grupo de Famílias Grávidas Atendidas pela
qualificação dos serviços prestados.
Pastoral da Criança do Município
Resgate da Lei Municipal sobre a Implementação (Ibaté - CRG São Carlos)
Desafio: dificuldade de alcançar todas gestantes e seus familiares
da Semana Municipal da Primeira Infância
para a participação do Grupo de Famílias Grávidas da cidade.
(Descalvado - CRG São Carlos)
Desafio: aplicar, na prática, a lei municipal que garante a realização Solução e principais resultados: realização de encontros personali-
zados na maior paróquia do município, em parceria com a Pastoral
da “Semana Municipal da Primeira Infância”.
da Criança, durante a tarde de domingo. Já foram realizadas duas
Solução e principais resultados: a partir das formações do SPPI,
turmas, entre 2017 e 2018.
em 2014, os articuladores municipais identificaram que não havia
ações de mobilização junto à população sobre a importância da
primeiríssima infância. Depois de pesquisas, descobriu-se a exis- Implementação de Espaços Lúdicos
tência da lei municipal. O comitê se articulou para criar a Semana
do Bebê, que já passou por quatro edições.
(Ibaté - CRG São Carlos)
Desafio: suprir equipamentos públicos da Saúde com mais espa-
ços lúdicos.
Conversando com a Família
(Dourado - CRG São Carlos) Solução e principais resultados: formação de profissionais e aquisição
de kits para criação de espaços lúdicos em dez equipamentos pú-
Desafio: qualificar e aumentar o envolvimento da família no desen-
blicos (sete unidades básicas de saúde, o ambulatório municipal, o
volvimento de crianças de 0 a 3 anos.
hospital municipal e o abrigo infantil). Com os espaços, as crianças
permanecem mais calmas antes dos procedimentos nas unidades.
Solução e principais resultados: apresentação do SPPI durante a
segunda reunião de famílias com crianças matriculadas nas cre-
ches municipais. Para isso foi realizada uma dinâmica baseada Película de Divulgação
na leitura do livro “Agora não, Bernardo!” e conversa sobre o re-
lacionamento com os filhos. A ação conseguiu sensibilizar pais e
(Porto Ferreira - CRG São Carlos)
responsáveis sobre a importância da conexão e da atenção quali- Desafio: comunicar aos munícipes informações e realizações do
ficada com as crianças. comitê municipal do SPPI.
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Solução e principais resultados: foi realizada uma campanha de fortalecer o vínculo com as famílias e criar espaço para os
de divulgação, utilizando os transportes públicos da cidade e servidores intervirem de maneira mais humanizada, metas que já
distribuindo camisetas para profissionais municipais e popula- estão sendo alcançadas.
ção com o objetivo de garantir maior visibilidade ao programa.
As articuladoras locais puderam identificar a sensibilização da
população. Divulgação de Camisetas do SPPI
(Ribeirão Bonito - CRG São Carlos)
Articulação em Rede, uma parceria que dá certo Desafio: levar ao conhecimento dos munícipes as iniciativas desen-
volvidas pelo comitê municipal do SPPI.
(Ribeirão Bonito - CRG São Carlos)
Desafio: tornar as políticas públicas de primeiríssima infância mais Solução e principais resultados: foi realizada uma campanha de
eficientes para o atendimento de crianças de 0 a 3 anos. divulgação do programa nas áreas da Educação, Saúde e Assis-
tência Social com distribuição de camisetas contendo o logo do
Solução e principais resultados: a partir de um trabalho interseto- São Paulo pela Primeiríssima Infância e de seus realizadores. A
rial, foram realizadas ações pontuais como eventos, Semana do entrega das camisetas reforçou o trabalho em rede, ampliando a
Bebê, palestras, atividades nas EMEIs do município com o objetivo atuação conjunta dos três setores.
Solução e principais resultados: foram estruturados grupos de es- Solução e principais resultados: foi criado um encontro anual para a
cuta e troca ativa entre essas famílias pelas áreas da Assistência sensibilização dos profissionais do município sobre a temática da
Social e Educação. Com os grupos, as famílias demonstraram-se primeiríssima infância e para garantir a sustentabilidade das forma-
mais seguras para acompanhar e estimular o desenvolvimento das ções. O evento trabalhou com os pontos necessários para todos os
crianças. setores realizarem suas ações com foco na primeira infância.
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Solução e principais resultados: foram organizadas diversas ini- Solução e principais resultados: foram instalados brinquedos para
ciativas, como grupos de pais (Raízes do Amor), comemorações crianças de 0 a 3 anos de idade na praça de maior movimentação
e capacitações dos profissionais. Dessa forma, pode-se apoiar da cidade. Com isso, mais famílias passaram a se reunir e acom-
o desenvolvimento da autonomia, criatividade, autoestima e sen- panhar as crianças, além de vivenciarem momentos de interação
so de pertencimento ao espaço. Os resultados são perceptíveis umas com as outras.
nas falas das famílias, que se sentem tranquilas em deixar seus
filhos na creche, tendo uma postura mais coesa e organizada,
em sintonia com a escola. Já os profissionais estão mais cien-
Semana do Bebê (Magda - RS Votuporanga)
tes de seu papel essencial para a promoção do desenvolvimento Desafio: criar eventos e momentos que tragam a discussão e pro-
infantil. moção do tema primeiríssima infância para o calendário da cidade.
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Solução e principais resultados: criação de grupo de mães com Solução e principais resultados: realização de reuniões trimestrais
crianças de 0 a 3 anos para apoiar o desenvolvimento de seus nas creches da cidade. Nelas, famílias e responsáveis têm a opor-
filhos a partir de atividades lúdicas para o fortalecimento dos vín- tunidade de conversar com os professores e monitores das crian-
culos afetivos. Como resultado, foi possível observar mais intera- ças e são orientados sobre seu desenvolvimento, a importância do
ções entre crianças e famílias. afeto e do vínculo. A partir dessa prática, o comparecimento das
famílias às reuniões aumentou e os monitores das creches con-
quistaram mais proximidade e vínculo com as famílias.
Grupo de Famílias Grávidas
(Riolândia - RS Votuporanga)
Grupo de Famílias Grávidas
Desafio: envolver as famílias e gestantes nos grupos existentes e
capacitar os profissionais da Saúde. (Valentim Gentil - RS Votuporanga)
Desafio: garantir maior participação das famílias grávidas nos en-
Solução e principais resultados: reformulação dos grupos e capacita-
contros dos grupos.
ção dos profissionais envolvidos. O principal resultado foi o aumento
da participação das famílias nas reuniões (de 5 para 21 mulheres).
Solução e principais resultados: reformulação da dinâmica do en-
contro, viabilizando trocas entre as famílias, e a criação de uma
Profissionais Sensibilizados reunião noturna para favorecer a presença de outros familiares,
iniciativas que resultaram em maior participação.
(Riolândia - RS Votuporanga)
Desafio: sensibilizar os profissionais do município para a temática
da primeiríssima infância.
Pré-Natal do Homem
(Valentim Gentil - RS Votuporanga)
Solução e principais resultados: realização de reedições das capa-
citações do SPPI para equipes do município, o que fortaleceu a Desafio: envolver os pais, maridos, companheiros nas consultas
sensibilização dos profissionais e potencializou suas ações com de pré-natal das gestantes.
um atendimento mais humanizado e equipe técnica capacitada.
Solução e principais resultados: agendamento e realização do pré-
-natal do homem, com objetivo de cuidar de sua saúde e cons-
Parisi em Evolução com a primeiríssima infância cientizá-lo sobre a importância de acompanhar as consultas de
(Parisi - RS Votuporanga) pré-natal da gestante. A iniciativa ampliou em cerca de 40% na
incidência de homens realizando os exames iniciais e tentando
Desafio: divulgar as conquistas do programa para a população. acompanhar o pré-natal das gestantes.
(Pontes Gestal - RS Votuporanga) Solução e principais resultados: criação de uma estrutura de gover-
Desafio: mostrar às famílias a importância de conhecer a rotina nança para integrar os diversos trabalhos realizados pelos órgãos
das crianças. municipais, o que gerou uma rede e interação das ações.
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Solução e principais resultados: criação de diversas práticas para Grupo de Famílias Grávidas
qualificação do atendimento. As equipes passaram a trabalhar de (Votuporanga - RS Votuporanga)
maneira intersetorial e foram sensibilizadas para o tema da primei-
ríssima infância. Desafio: orientar grávidas e familiares sobre os direitos da gestan-
te, dos pais e do bebê que vai nascer.
Comitê Técnico de Apoio à primeiríssima infância Bibi Fom Fom (Votuporanga - RS Votuporanga)
(Votuporanga - RS Votuporanga) Desafio: implementar mais espaços lúdicos no município.
Desafio: tornar efetiva a atuação do comitê técnico do SPPI e con-
quistar melhores resultados das reedições das formações, que Solução e principais resultados: criação de uma brinquedoteca mó-
apresentavam percentuais muito baixos de participação. vel que usa um ônibus municipal reformado. O espaço possibilitou
a realização de momentos de brincadeiras sob a supervisão de
Solução e principais resultados: reestruturação do comitê técni- monitores capacitados e o fortalecimento do desenvolvimento in-
co, buscando parcerias com a Prefeitura e com o Fundo Social. fantil em eventos da cidade.
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Informações básicas e instruções aos autores Subtítulos do texto: nos subtítulos não se deve usar núme-
ros, mas apenas letras, em negrito e caixa Ab, ou seja, com
O Boletim do Instituto de Saúde (BIS) é uma publicação se- maiúsculas e minúsculas.
mestral do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da
Corpo do texto: o corpo do artigo deve ser enviado em Times
Saúde de São Paulo. Com tiragem de 2 mil exemplares, a
New Roman, corpo 12, com espaçamento simples e 6 pts
cada número o BIS apresenta um núcleo temático, definido
previamente, além de outros artigos técnico-científicos, es- após o parágrafo.
critos por pesquisadores dos diferentes Núcleos de Pesqui- Transcrições de trechos dentro do texto: devem ser feitas em
sa do Instituto, além de autores de outras instituições de Times New Roman, corpo 10, itálico, constando o sobreno-
Ensino e Pesquisa. A publicação é direcionada a um público
me do autor, ano e página. Todas essas informações devem
leitor formado, primordialmente, por profissionais da área da
ser colocadas entre parênteses.
saúde do SUS, como técnicos, enfermeiros, pesquisadores,
médicos e gestores da área da Saúde. Citação de autores no texto: deve ser indicado em expoen-
te o número correspondente à referência listada. Deve ser
Fontes de indexação: o BIS está indexado como publicação
colocado após a pontuação, nos casos em que se aplique.
da área de Saúde Pública no Latindex. Na Capes, o BIS está
Não devem ser utilizados parênteses, colchetes e similares.
nas áreas de Medicina II e Educação.
Copyright: é permitida a reprodução parcial ou total desta pu- Citações de documentos não publicados e não indexados na
blicação, desde que sejam mantidos os créditos dos autores literatura científica (relatórios e outros): devem ser evitadas.
e instituições. Os dados, análises e opiniões expressas nos Caso não possam ser substituídas por outras, não farão par-
artigos são de responsabilidade de seus autores. te da lista de referências bibliográficas, devendo ser indica-
das somente nos rodapés das páginas onde estão citadas.
Patrocinadores: o BIS é uma publicação do Instituto de Saú-
de, com apoio da Secretaria de Estado da Saúde de São Referências bibliográficas: preferencialmente, apenas a bi-
Paulo. bliografia citada no corpo do texto deve ser inserida na lista
de referências. Elas devem ser numeradas seguindo a or-
Resumo: os resumos os artigos submetidos para publicação dem de citação, no final do texto. A normalização seguirá o
deverão ser enviados para o e-mail boletim@isaude.sp.gov.br, estilo Vancouver.
antes da submissão dos artigos. Deverão ter até 200 palavras
(em Word Times New Roman, corpo 12, com espaçamento sim- Espaçamento das referências: deve ser igual ao do texto, ou
ples), em português, com 3 palavras-chave. Caso o artigo seja seja, Times New Roman, corpo 12, com espaçamento sim-
aprovado, um resumo em inglês deverá ser providenciado pelo ples e 6 pts após o parágrafo.
autor, nas mesmas condições do resumo em português (em
Word Times New Roman, corpo 12, com espaçamento simples, Termo de autorização para publicação: o autor deve autorizar,
acompanhado de título e palavras-chave). por escrito e por via eletrônica, a publicação dos textos en-
viados, de acordo com os padrões aqui estabelecidos. Após
Submissão: os artigos submetidos para publicação devem o aceite para publicação, o autor receberá um formulário
ser enviados, em português, para o e-mail boletim@isaude. específico, que deverá ser preenchido, assinado e devolvido
sp.gov.br e ter entre 15 mil e 25 mil caracteres com espaço aos editores da publicação.
no total (entre 6 e 7 páginas em Word Times New Roman,
corpo 12, com espaçamento simples), incluídas as referên- Obs.: no caso de trabalhos que requeiram o cumprimento da
cias bibliográficas, salvo orientações específicas dos edito- Resolução CNS 466/2012, será necessária a apresentação
res. O arquivo deve ser enviado em formato Word a fim de de parecer de comitê de ética e pesquisa.
evitar incompatibilidade de comunicação entre diferentes
sistemas operacionais. Figuras e gráficos devem ser envia- Avaliação: os trabalhos são avaliados pelos editores cientí-
dos à parte. ficos, por editores convidados e pareceristas ad hoc, a cada
edição, de acordo com a sua área de atuação.
Título: deve ser escrito em Times New Roman, corpo 12, em
negrito e caixa Ab, ou seja, com letras maiúsculas e minúsculas. Acesso: a publicação faz parte do Portal de Revistas da
SES-SP, em parceria com a BIREME, com utilização da me-
Autor: o crédito de autoria deve estar à direita, em Times New todologia Scielo para publicações eletrônicas, podendo ser
Roman, corpo 10 (sem negrito e sem itálico) com nota de acessada nos seguintes endereços:
rodapé numerada informando sua formação, títulos acadêmi-
cos, cargo e instituição à qual pertence. Também deve ser Portal de Revistas da SES-SP – http://periodicos.ses.sp.bvs.br
disponibilizado o endereço eletrônico para contato (e-mail). Instituto de Saúde – www.isaude.sp.gov.br
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Orientação aos autores - Notas técnicas de Avaliação de obedecer à seguinte estrutura: Introdução que aborde o
Tecnologias de Saúde contexto de realização do parecer ou informe, o problema
estudado e a tecnologia avaliada; Método com pergun-
Notas Técnicas de Avaliação de Tecnologias de Saúde ta de investigação estruturada, bases de dados de lite-
incluem pareceres técnico-científicos e outros tipos de ratura, estratégias de busca de informações científicas,
informes rápidos de avaliação de tecnologias de saúde critérios para seleção e análise dos estudos incluídos;
(ATS), que possam contribuir para subsidiar a tomada de Resultados e Discussão que inclua uma apreciação so-
decisão sobre incorporação e ou exclusão de tecnologias bre as limitações do estudo, a interpretação dos autores
no sistema de saúde. Ensaios e reflexões sobre aspectos sobre os resultados obtidos e sobre suas principais im-
metodológicos e sobre políticas relacionadas a ATS tam- plicações e a eventual indicação de caminhos para novas
bém são bem-vindos. pesquisas. Recomendação que possa subsidiar uma to-
mada de decisão por gestores nos diferentes âmbitos do
Tamanho do texto sistema de saúde.
• Deve ter até 2 mil palavras (excluindo resumo, tabela, figu- • Fontes de financiamento: devem ser declaradas todas as
ra e referências), no máximo uma tabela ou figura e até 10 fontes de financiamento ou suporte, institucional ou priva-
referências. Sugere-se a seguinte distribuição das partes do, para a realização do estudo.
do texto: Introdução (até 600 palavras); Método (até 300
palavras); Resultados e Discussão (até 1 mil palavras); • Conflito de interesses: deve ser informado qualquer poten-
Recomendação (até 100 palavras). cial conflito de interesse.
• O resumo não precisa ser estruturado, deve ter até 150 • Aspectos éticos: informar sobre avaliação por um comitê
palavras e ser apresentado em português e inglês. de ética em pesquisa, quando pertinente.
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Tel: (11) 3116-8500 / Fax: (11) 3105-2772 Publicação semestral do Instituto de Saúde Volume 18 – Suplemento – Dezembro 2017 Volume 18 – nO 1 – Julho 2017
ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529
ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529 ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529
www.isaude.sp.gov.br
Neil Boaretti
Diretora do Centro de Tecnologias de Saúde para o SUS-SP Raquel Maldonado 31º Congresso de Secretários Educação, Comunicação e Drogas, saúde &
Tereza Setsuko Toma Caio Dib
Priscila Mugnai Vieira Municipais de Saúde do Participação em Saúde contemporaneidade
Diretor do Centro de Apoio Técnico-Científico Estado de São Paulo
Márcio Derbli Núcleo de Comunicação Técnico-Científica
Camila Garcia Tosetti Pejão
Diretora do Centro de Gerenciamento Administrativo
Bianca de Mattos Santos Administração
Bianca de Mattos Santos
Boletim do Instituto de Saúde
Volume 17 – nº 1 – Julho 2016
ISSN 1518-1812 / On Line: 1809-7529
Capa
Marilena Camargo Villavoy
Diagramação
Marilena Camargo Villavoy
SECRETARIA
DA SAÚDE Mapeamento de Práticas