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ANÁLISE DO FILME: CRIANÇAS INVISÍVEIS – BILÚ E JOÃO

INTRODUÇÃO

Ambientado na capital de São Paulo, Bilú e João, são duas crianças,


que moram numa favela e são incentivados por seus pais para trabalhar e,
levar dinheiro para casa todos os dias, saem pelas ruas barulhentas e
movimentadas buscando lixo dentre latinhas, papelão e qualquer tipo de tralha
para levar a um depósito que os recicla, pagando pequenos valores às crianças
dependendo do quanto e do que conseguem apanhar.

A SITUAÇÃO DAS CRIANÇAS DE NOSSO PAÍS

Bilú e João, batalham de diversa formas para conseguir dinheiro, sendo


até explorados por quem lhe possibilita a oportunidade de trabalhar. Ariscam
sua segurança e, de acordo com sua criatividade arranja várias possibilidades
de conseguir ganhar dinheiro. Apesar de viver uma liberdade excessiva, não
praticam atividades de roubo. São extremamanete preocupados em conseguir
mais dinheiro. Não possuem muita diversão. Quando voltam para casa,
exaustos, não possuem mais dinheiro, por ter sido trapaceados e também por
gastar com o transporte coletivo.

O interessante é que mostra o cotidiano do dois irmãos que se divertem


enquanto fazem pequenos bicos, recolhendo objetos recicláveis para ajudar no
sustento da família, com isso mostra uma realidade a cada dia mais comum.
É interessante observar que a realidade das crianças do nosso país é muito
mais constrangedora.

Por mais absurdo que seja essa realidade, observa-se como os


brasileiros já desde criança demonstram uma criatividade nata e conseguem
ser muito versáteis. Da imaginação de uma carroça em um carro de corridas,
ao jogo improvisado na feira, ao atrevimento de Bilu, a simpatia, solidariedade
encontrada no caminho, a criatividade para driblar as adversidades
encontradas pelo caminho longo, da fome, da escassez do dinheiro e o amor
fraterno de um pelo outro.

Com essa análise podemos acrescentar que: a história de vida da


criança está por sua vez ligada à história de sua família de origem, pois a
família assume um papel muito importante na vida das crianças e dos
adolescentes, à medida que se constitui como o sistema que tem mais força
para romper com a migração das crianças e dos jovens para o contexto da rua.
Ao contrário, a família pode se transformar também em uma ameaça, quando
permite e até influencia crianças e jovens a buscar nas ruas recursos
financeiros para ajudar no orçamento familiar.

Por vezes, pode-se ter a impressão de que essas crianças tornaram-se


invisíveis, sem identidade, sem qualquer direito ou dever, ou que são filhas e
filhos de ninguém.

De acordo com Alves (1991) no Brasil, a partir da década de 1970,


vários fatores parecem ter contribuído para um quadro de grande contingente
de jovens buscando nas ruas, meios de sobrevivência para si e suas famílias.
Dentre eles destaca-se a acentuação das desigualdades na distribuição de
renda; a aceleração do processo inflacionário, acarretando perdas no poder de
compra dos salários, além da situação de secas no Nordeste, incentivando a
migração das famílias para as grandes cidades. Essa população de jovens que
ocupava as ruas se engajava em variadas formas de trabalho e atividades
legais e ilegais. Dessa forma o alargamento da consciência sobre o problema
da chamada “questão do menor” tem uma crescente relevância, se tornando
visível o aumento significativo de estudos e pesquisas sobre o assunto na
década de 1980. Porém as informações disponíveis em relação às famílias
desses jovens eram bastante escassas. Ainda assim esses estudos deram
uma grande contribuição para a sociedade revelando, algo contrário daquilo
que se pensava até então, que a grande maioria das crianças em situação de
rua não são abandonadas.
No fim dos anos de 1990 se delimita uma diferença entre “crianças de
rua”, caracterizadas por não possuírem vínculo familiar, tendo na rua seu
desenvolvimento, socialização, interações, trabalho, educação e lazer e
“crianças na rua”, as que ainda possuíam algum vínculo familiar, utilizando o
espaço da rua para lazer e trabalho (FORSTER et al.,1992).

DADOS SOBRE A REALIDADE PARAIBANA

Em comentário sobre a questão dessas crianças que vivem nas ruas,


sem ter para onde ir, crianças e adolescentes em todo o Estado da Paraíba
sofrem com a falta de apoio e de políticas públicas especializadas. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), apenas 28,26% das
cidades paraibanas possuem algum tipo de política destinada aos pequenos
que vivem nas ruas.

Conforme os dados levantados pelo IBGE, apenas 63 municípios


possuem algum tipo de trabalho desenvolvido pelo Poder Público voltado para
estas crianças que vivem em situação de risco. Isto significa que em 71,74%
das cidades ainda não existe um trabalho específico nesta área. Na pesquisa
realizada, o IBGE não revela os nomes dos municípios que já desenvolvem os
projetos. Apenas relatam os dados e nos esclarece como é alto o indíce de
crianças que são submetidas a essa realidade em nosso estado paraibano.

Com esses dados, me sinto impotente pois, enquanto muitos de nós


domirmos em nossas casas, agasalhados e bem confortáveis, milhares de
crianças estão à mercê de vários perigos nas ruas do nosso estado, do Brasil e
do mundo, essa situação tão visível por todas as cidades do país parece,
infelizmente, não chamar mais a atenção da população como antes, fazendo-a
esquecer de seu dever junto a esses indivíduos, estabelecido no Art. 227 da
Constituição Brasileira que diz na íntegra: “É dever da família, da sociedade e
do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nada do que foi apresentado, é novidade, muita dessas crianças estão


aí, a muito já sabemos destes problemas, mas o filme nos faz pensar acerca da
situação das crianças frente ás duras adversidades da vida, revelando ao
mundo problemas que a sociedade de nosso país não é capaz de solucionar
em se tratando de crianças. Com isso, não iremos mudar o mundo e
provavelmente não mudará a realidade da maioria dessas crianças, mas se
conseguir mudar de pelo menos algumas, ele já terá atingido o objetivo, no
entanto parece ser invisível para os opressores e exploradore, mas cada um de
nós temos a obrigação de fazer a nossa parte, o simples fato de não tratar o
caso com indiferença já é um começo para tornar estas crianças visíveis aos
nossos corações. As crianças não são invisíveis, são as pessoas no mundo
que fecham os olhos para impunidade, corrupção entre outras para não ter que
tomar atitudes.
As crianças têm sua infância roubada pela insensatez do capitalismo
perverso, as consequências são graves e atinge a todos nós. Pensar que
essas crianças são invisíveis, nos leva a questionar, porque as políticas
públicas não são implantadas de forma mais comprometedora que sirva para
tentar amenizar essa triste realidade, que compromete o futuro de nossas
crianças.
FONTES DE PESQUISAS:

ALVES, A. J., (1991). Meninos de rua e meninos na rua: estrutura e dinâmica


familiar. In: FAUSTO, A., CERVINI, R., (org.). O trabalho e a rua: crianças e
adolescentes no Brasil urbano dos anos 80. São Paulo: Cortez.

Forster,L.M.K., Barros,H.M.T., Tannhauser, S.L. 7 Tannhauser, M. (1992).


Meninos de rua: Relação entre abuso de drogas e atividades ilícitas. ABP-
APAL,14, 115-120.

www.dji.com.br/constituicao_federal/cf226a230.htm. Acesso em: 21/04/2012 às


17:13hs.

www.vitrinedocariri.com.br/index.php?option=com_content... Acesso em:


22/04/2012 às 11:16hs.

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