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Faculdade de Educação
Disciplina de Fundamentos Psicológicos da Educação
Ensaio Acadêmico
Aline Maciel
Pelotas, 2023
O espaço das histórias na experiência da infância: um resgate urgente
frente aos excessos digitais
Aline Maciel
Graduanda, Teatro, UFPel
aline.maciel@ufpel.edu.br
Crianças em idades cada vez mais precoces têm tido acesso aos
equipamentos de telefones celulares e smartphones, notebooks além
dos computadores que são usados pelos pais, irmãos ou família, em
casa, nas creches, em escolas ou mesmo em quaisquer outros
lugares como restaurantes, ônibus, carros sempre com o objetivo de
fazer com que a “criança fique quietinha”. Isto é denominado de
distração passiva, resultado da pressão pelo consumismo dos
joguinhos e vídeos nas telas, e publicidade das indústrias de
entretenimento, o que é muito diferente do brincar ativamente, um
direito universal e temporal de todas as crianças e adolescentes, em
fase do desenvolvimento cerebral e mental. (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2019, p.03)
Ainda que a família nuclear tenha substituído a vida tribal na maior parte
do mundo, a figura deste narrador se manteve de certa forma preservada, visto
que os responsáveis pela narração de histórias às crianças na primeira
infância, seriam, sobretudo, os parentes mais idosos. São eles que, conforme
Bosi (1994), rompem o tempo-espaço e compartilham experiências de suas
vidas. Seriam eles os narradores que trariam o particular à tona, pois suas
histórias são as histórias dos seus, histórias que ajudam a preservar essa
memória.
Mas os adultos e as crianças de hoje, que serão os idosos de amanhã,
poderão desempenhar este papel perante as futuras gerações? Qual o lugar da
infância e do que a ela é inerente se a uma criança sobrecarregada por tarefas
adultizadoras é oferecida a tela para que ocupe seu tempo de ócio? Que
espaço tem o compartilhamento de experiências geracionais se o tempo de
ócio do adulto sobrecarregado por uma rotina de trabalho exaustiva é dedicado
ao uso da internet?
Fica, portanto, a criança, desvalida de uma completa experiência de
infância. Atrelada a uma máquina, expiada das brincadeiras, ensurdecida de
histórias. Obviamente que os avanços tecnológicos são capturados por elas,
seres flexíveis e adaptáveis. Ainda assim, a segurança simbólica que as
histórias contadas proporcionariam para que enfrentassem o mundo, são
suprimidas pelo uso excessivo de tais tecnologias, ainda que não estejam
conscientes disso, já que
Porém,