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Brazilian Journal of Development


A arte de brincar: Saberes e educação de crianças indígenas na Amazônia
Tocantina– Pará – Brasil

The art of playing: Knowledge and education of indigenous children in the


Tocantina Amazon– Pará - Brazil
DOI:10.34117/bjdv6n3-416
Recebimento dos originais: 26/02/2020
Aceitação para publicação: 26/03/2020

Benedita Celeste de Moraes Pinto


Doutora e Mestre em História: História Social
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Endereço: Rua Padre Antônio Franco, nº 2617 – Cametá, Pará, Brasil – CEP 68.400.000
E-mail: celpinto18@gmail.com

Maria de Fátima Rodrigues Nunes


Mestre em Educação e Cultura
Instituição: Universidade Federal do Pará
Endereço: Rua Padre Antônio Franco, nº 2617- Cametá, Pará, Brasil – CEP 68.400.000
E-mail: nunesfatima098@gmail.com

Andrea Silva Domingues


Pós-doutorado LABEURB
Instituição: Universidade Estadual de Campinas
Endereço: Rua Padre Antônio Franco, nº 2617 - Cametá, Pará, Brasil – CEP 68.400.000
E-mail: andrea.domingues@gmail.com
.

RESUMO

O presente artigo objetiva identificar através de brincadeiras e brinquedos utilizados por


crianças indígenas da região do Tocantins, no Pará, que saberes são transmitidos através dos
modos de brincar e confeccionar brinquedos no cotidiano das aldeias Anambé, no município
de Mojú e os Assuriní do Trocará, no município de Tucuruí. Metodologicamente, trabalhamos
com a prática da historia oral na pesquisa de campo, através de entrevistas de história de vida
e observação participante. A interpretação dos dados da pesquisa proporcionou a estas
pesquisadoras compreender que a aquisição de saberes, aprendizados e conhecimentos das
crianças indígenas se concretiza por intermédio de brinquedos e das suas múltiplas
brincadeiras, executadas cotidianamente nos mais diversificados espaços, e que estas possuem
simbologias de suma importância para tais crianças, visto que são impregnadas de valores,
princípios, conhecimentos e saberes, pois é mediante brinquedos e brincadeiras que as crianças
aprendem mergulhar, remar, plantar, cozinhar, lavar roupa, pescar, caçar, trançar cestos, fazer
farinha, artesanatos, entro outros.

Palavras-chave: Memória, Educação, Brincadeiras, Saberes, Crianças Indígenas.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 3,p.15311-15325 mar.. 2020. ISSN 2525-8761


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ABSTRACT

This article aims to identify through games and toys used by indigenous children from the
Tocantins region, in Pará, that knowledge is transmitted through the ways of playing and
making toys in the daily life of the Anambé villages, in the municipality of Mojú and the
Assuriní do Trocará , in the municipality of Tucuruí. Methodologically, we work with the
practice of oral history in field research, through life history interviews and participant
observation. The interpretation of the research data provided these researchers with an
understanding that the acquisition of knowledge, learning and knowledge of indigenous
children is accomplished through toys and their multiple games, performed daily in the most
diverse spaces, and that they have extremely important symbols. for such children, since they
are impregnated with values, principles, knowledge and knowledge, as it is through toys and
games that children learn to dive, row, plant, cook, wash clothes, fish, hunt, braid baskets,
make flour, crafts, I enter others.

Keywords: Memory, Education, Play, Knowledge, Indigenous Children.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Abrir as portas do mundo infantil é uma grande dificuldade e responsabilidade, é trilhar
labirintos percorridos em diferentes tempos e espaço e exige determinadas condutas, pois:

Mesmo para se permitir ousadias, estas condutas precisam cercar-se de


procedimentos científico-metodológicos, que garantam um mínimo de coerência e
um máximo de observações que o universo selecionado caracteriza e indica. O
universo referido é o mundo da criança, o especificamente infantil, numa amplitude
cujo limite está cercado pelo que o distingue: basicamente o mundo adulto. E, mais
ainda, este mundo infantil está caracterizado por um significado de infância,
enquanto conceito universal, expresso pelo fio condutor de um sentimento de
infância (PIACENTINI, 2013, p. 159).

Percebe-se pela historiografia da infância que ao longo dos séculos, a criança vem
assumindo diferentes papéis de acordo com a época e a sociedade em que está inserida. A
concepção de infância, assim como muitas concepções existentes nas sociedades, é uma noção
historicamente construída e como todas as construções históricas, consequentemente, vêm
sofrendo mudanças, não se manifestando de maneira homogênea nem mesmo no interior de
uma mesma sociedade e época.
Para Rodrigues (2009), as visões sobre a infância são um conceito construído
socialmente e historicamente. A inserção concreta das crianças e seus papéis variam com as

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formas de organização da sociedade no tempo e no espaço, logo, a ideia de infância não existiu
sempre e da mesma maneira.
A temática da infância e das crianças está rodeada de inúmeras concepções e ideias,
mas, na maioria das vezes, elas são criadas sem levar as diferenças existentes dentro do termo
tão abrangente que é criança e infância. Sendo assim, essas concepções desconsideram, ou até
mesmo, ignoram os vários contextos onde se inserem as crianças, seja histórico, político,
social, econômico e cultural (RODRIGUES, 2009).
E o fato de desconsiderar esses contextos acarretou na construção de uma ideia de
criança e infância de forma universal, homogênea como se infância fosse igual em todo lugar
e sociedades, ou seja, descontextualizada que não leva em consideração as especificidades das
várias infâncias.
Esse artigo busca dar ênfase na infância das crianças indígenas da região do
Tocantins, analisando suas formas de brincar e confeccionar brinquedos no cotidiano das
aldeias. Aqui coube focarmos apenas em duas etnias da região Tocantina, os Anambé que
estão localizados no município de Moju e os Assuriní no município de Tucuruí, cada etnia se
distingui nas suas histórias, culturas e espaços. Mas, nas duas aldeias o brincar se faz presente
entre as crianças e o aprender se dá experimentado, vivendo o dia a dia da aldeia e, acima de
tudo, acompanhando os mais velhos, criando, inventado e tendo liberdade para circular nos
diferentes espaços dentro da aldeia.
Para Cruz (2009), as crianças indígenas aprendem vivendo o cotidiano de sua aldeia,
que é sempre cheio de afazeres e práticas, que fazem com que estas vivam explorando o mundo
através de seu corpo. Todas as suas ações se transformam em ferramentas para aprender e
expressar seus conhecimentos elaborados. Logo, o desenvolvimento dos sentidos é
fundamental para a capacidade de ver, ouvir e fazer, e as formas de apender, saber e conhecer
estão intimamente ligadas às capacidades sensoriais (CRUZ, 2009).
Os estudos a respeito da temática indígena, especialmente a criança na e da aldeia, é
algo ainda recente, mas não restam dúvidas de que, atualmente, se tem avançado em relação
aos estudos das questões indígenas e étnico raciais no Brasil. Ainda segundo Cohn (2000), os
trabalhos relacionados à infância e aprendizado são raros, mesmo havendo um esforço da
Antropologia para abordar a infância nas sociedades indígenas. Os poucos trabalhos
relacionados à infância, tratam o ser criança como imaturos, inacabados e incompletos,
colocando a criança à margem dos estudos antropológicos.

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O mundo infantil é carregado de significado e aprendizado além de ser algo
desafiador, pois as crianças das comunidades indígenas estabelecem uma participação direta
nas atividades cotidianas nas aldeias, e isso faz com que a assimilação do aprendizado,
socialização e valores tradicionais ocorra de forma rápida e prazerosa. A educação nas
sociedades indígenas é comunitária e igualitária gerando uma interação dos indivíduos
gradual, participativa e contínua (FERNANDES, 1976). Neste sentido, ao abordar a
aprendizagem infantil, compreendemos o processo de aprendizagem e como o indivíduo se
transforma por meio dele, considerando que:

Aprendizagem é um fenômeno do dia e não se aplica apenas a sala de aula. A


capacidade para aprender está presente desde o nascimento e significa um potencial
de desenvolvimento que ocorre à medida que o ser humano amadurece suas
estruturas celebrais e seu sistema nervoso. Por processo entende-se tudo que ocorre
quando o indivíduo aprende. Como a pessoa está aprendendo pode se afirmar que a
aprendizagem é um processo contínuo, existente ao longo da vida e enquanto houver
vida, sendo que, conforme a faixa etária existem aprendizagem a realizar e
desenvolvimento a conquistar (ZANELLA, 2003, p. 30-31).

Percebe-se que a aprendizagem infantil é algo adquirido do meio em que se vive,


trazendo essa análise para a realidade das crianças, verifica-se que o aprendizado ocorre no
seu cotidiano, na sua experiência de vida, pois as crianças indígenas são criadas de forma
“livre”, o aprendizado é além do ensino formal, avança barreiras entre as matas, as aguas, é o
vivido, experimentado em uma simples brincadeira ou ouvindo as histórias dos mais velhos,
vendo um jovem praticando a pintura corporal, ocorrendo à aprendizagem em todos os
momentos de estar e viver na aldeia.

Penso que as sociedades indígenas fornecem exemplos muito concretos através dos
quais se podem perceber a coexistência ou fusão de processos formais e informais
na construção do saber. No que se refere às crianças, verifica-se, constantemente,
que não é o processo de ensinar e aprender que organiza as várias atividades através
das quais ficam, a saber, de tudo aquilo que precisam para suas vidas nas aldeias,
mas, sim que são essas atividades que organizam o ensinar e o aprender, propiciando
e provocando as oportunidades para o processo cognitivo (NUNES, 2003, p. 142-
143).

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A compreensão da construção do saber dos povos indígenas deve ser pautada por suas
tradições culturais e a história dos seus ancestrais, avançando o processo de ensino
institucionalizado, os quais estão aquém das aspirações das populações locais. A educação,
considerada fundamental para a vida de um indígena, também é aquela transmitida de geração
a geração pela oralidade, pela tradição e pela arte de falar dos mais velhos aos mais novos,
pois são estes considerados detentores de saberes pela comunidade, logo competentes para
desenvolverem a educação.
As crianças são compreendidas neste estudo como sujeitos sociais, que constroem
sua cultura, seus discursos e aprendem a fazer na arte de brincar, através da transmissão de
saberes tradicionais, que vem resistindo tempos remotos e passando de geração a geração,
constituindo-se um movimento histórico e discursivo na vida dentro da aldeia, pois:

A criança aprende experimentando, vivendo o dia da aldeia e, acima de tudo


acompanhando a vida dos mais velhos, imitando, criando, inventando, sendo que o
ambiente familiar, composto pelo grupo de parentesco, oferece a liberdade e a
autonomia necessárias para esse experimentar e criar infantil. (NASCIMENTO,
2006, p.08)

O criar infantil, foi nosso objeto de estudo, para compreensão das formas de se fazer
e significar da criança dentro da aldeia, espaço este vivido de forma coletiva. Portanto, é
preciso pensar a cultura como um conjunto de significados assumidos e produzidos pelos
homens para explicar o mundo. “A cultura é ainda uma forma de expressão e tradução da
realidade que se faz de forma simbólica” (PESAVENTO, 2003, p. 67).
Cultura é toda manifestação humana e uma forma de se expressar e de se representar;
se cultura envolve tudo, é fundamental atentarmos para o fato de que o campo da cultura não
é homogêneo e único. Cultura é um campo onde se instalam tensões e conflitos, e acima de
tudo, entendermos que cultura não é estática, afinal,

A cultura faz parte integrante de um campo de mudanças e disputas sociais e políticas;


cercado de interesses e reivindicações, e, portanto entendemos que as táticas e
estratégias. fazem-nos pensar que a cultura está sempre em processo de (re)
significação, ou seja, cultura é movimento. (DOMINGUES, 2017, p. 29)

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Ao pensar a arte de brincar das crianças indígenas, estamos pensando as praticas
culturais destes sujeitos sociais em movimento, além do discurso hegemônico, folclorizador,
que estagna no passado. Isto significa posicionar-se diante do presente com autonomia e crítica,
com compromisso social e político; e fazer da história uma autobiografia, uma avaliação
constante do próprio percurso e o reconhecimento da responsabilidade histórica de cada um
(FENELON, 2009).
Metodologicamente exploramos as memórias contidas nas entrevistas realizadas com
os moradores destas comunidades, utilizamos a História Oral, cujo objetivo é analisar a cultura
e os saberes a partir das falas dos próprios indígenas, principalmente, das crianças e dos mais
velhos, sendo homens e mulheres. As primeiras, por estarem em plena vivência das suas
experiências de infância, e os últimos, porque é pela oralidade que eles buscavam na memória
recordações de sua infância, assim como os saberes contidos em práticas culturais muito
peculiares das crianças, é pela memória que as interpretações dos acontecimentos cotidianos
das comunidades indígenas se constituem em conhecimento. Além de possibilitar as análises
das saudosas lembranças da infância e das práticas de brincadeira dos mais velhos e do
processo de ensino-aprendizagem contido na arte de brincar, as narrativas orais foram
fundamentais para se pensar a criança como sujeito completo e formador de saberes e
construtores de cultura, mostrando como essas crianças foram e estão sendo sujeitos sociais.

2 OS ANAMBÉ: ESPAÇOS, CRIANÇAS E BRINCADEIRAS


A aldeia indígena Anambé se localiza no município de Moju Pará, tendo um número
considerável de crianças, que diariamente se relacionam e interagem entre si nos mais diversos
espaços desta aldeia, por meio de suas múltiplas brincadeiras e brinquedos. Tais brincadeiras
acontecem e se desenrolam em quaisquer momentos e espaços, dado seu caráter de
espontaneidade e o fato de a vida da criança se confundir com a brincadeira. Não interessa
para elas se é cedo ou tarde, se é dia ou noite, se está chovendo ou fazendo sol. Ou ainda, se o
local é o galho de uma árvore, o rio, o mato, sua casa, uma canoa, o que importa mesmo é que
a brincadeira aconteça.
As crianças Anambé estão em todos os lugares da aldeia, não tem quase nenhuma
restrição a respeito de locais que não possam frequentar, circulam livremente de local para
local sem que sejam incomodadas ou importunadas. Cabe mencionar que elas são sempre bem
informadas do que acontece na aldeia, e muitas vezes exercem a função de mensageiras e

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fazem isso como muita alegria, como podemos observar na narrativa de Maria Valdeniza
Anambé, que compartilhou conosco um pouco do modo de vida dessas crianças,

A vida deles é assim brincar, correr, banha no rio, aqui quando tá com três anos de
idade já sabe nadar, a gente ensinar a fazer tarefa de dia a dia, aprendi a ler e a
escrever, mas também os afazeres a gente não obriga, incentiva a fazer, porque vai
precisa mais tarde fazer, ensinar a fazer porque é bom pra eles ter essa liberdade. O
dia todo eles vivem pelos espaços da aldeia e não se cansam do que eles fazem, ai e
o dia todinho eles brincando, correndo, saltando ai na água e assim eles vão vivendo,
vem almoça fica por ai depois vai chama outra turma daí e vai de novo no mesmo...
Ele só fica em casa quando tá dodói que a gente não deixa sair pra não fica mais
doente, então é importante isso pra eles no crescimento, né” (Maria Valdeniza
Pantoja Anambé, 39 anos, moradora da aldeia).

As brincadeiras e brinquedos das crianças Anambé passam por mudanças e


transformações significativas, não sendo, portanto, as mesmas ou os mesmos do tempo de seus
pais e avôs, até porque a cultura é dinâmica. No caso dos brinquedos a grande maioria já é
comprado pronto, ou seja, é de origem industrial, contudo, ainda se observa a confecção de
brinquedos feitos artesanalmente, que são fontes de saberes e conhecimentos, podemos tomar,
como exemplos, a fabricação de brinquedos feitos de forma artesanal, isso porque ao fazer um
barquinho de miriti ou madeira mole para brincar, a criança Anambé aprende todas as técnicas
e as etapas do preparo de um barco, e poderá muito bem aplicar todo esse conhecimento mais
tarde para produzir um barco de madeira em tamanho normal. Aliás, esse é um meio de
transporte muito usado pelos habitantes da aldeia Anambé para navegar pelos rios que cortam
sua reserva. O mesmo vale para o preparo do arco e da flecha em miniatura, as crianças ao
fazerem isso aprendem as técnicas de seu preparo, e quando adultas, a técnica de construir
arcos e flechas é fundamental para obtenção de alimentos. Da mesma forma, a confecção deste
apetrecho de caça permiti com que as crianças Anambé passem a desenvolver, exercitar e
aperfeiçoar a pontaria, que lhes será muito útil na caça e na pesca, uma vez que estas atividades
são muito importantes para os povos indígenas. Fazer pratinhos ou tigelas de barro também
lhes proporciona a aquisição de saberes, pois quando confeccionam estes utensílios para fins
de brincadeira aprendem a trabalhar o barro e deixa-lo na textura correta para o preparo dos
mesmos, assim, quando adultas podem aplicar esses saberes para fazer não apenas tigelas ou
pratos, mas também outro utensílios de uso diário.

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Embora exista mudanças na forma de brincar e nos brinquedos das crianças Anambé
em relação ao passado, observa-se que algumas práticas de brincar ainda é muito parecida com
aquelas que os mais velhos brincavam na infância, e as brincadeiras de maior preferência
acontecem sempre em contato com a natureza. As crianças da reserva Anambé nos relataram
que atualmente gostam de brincar de pira (pegador ou pega-pega) na água e na terra, de
casinha, pular corda, macaca, de cabo-de-guerra, de boneca, de bola, entre outras brincadeiras.
Todas essas brincadeiras nos levam perceber um conjunto de ensino e aprendizado
fundamentais para a sobrevivência cultural, social, assim como, proporciona a afirmação
étnica dessa etnia. Ao brincar na água de pira, ou de qualquer outra brincadeira, as crianças
aprendem múltiplos ensinamentos, como: nadar, mergulhar, controlar a respiração de baixo
d’água, remar uma canoa, visto que, quando estão tomando banho sempre tem uma canoa por
perto. No mesmo sentido, o conhecimento também é adquirido ao brincar de subir nas árvores,
quando aprendem a respeitar a natureza, viver em harmonia com ela, sem que para isso precise
agredi-la e, sobretudo, entendem a importância que as árvores têm para a manutenção da vida.
Brincar de macaca (amarelinha), ensina a contar números, assim como, pular com duas pernas
ou com uma apenas, aprendem a desenhar formas geométricas, como: quadrados e retângulos,
comum nas suas pinturas corporais.
Uma brincadeira bastante comum das crianças Anambé acontece na margem do rio,
quando meninas e meninos se juntam para brincar com a argila. As crianças sabem que, além
da brincadeira divertida, a argila pode funcionar muito bem como uma espécie de bloqueador
solar natural, sem falar que aprendem a conviver de forma harmoniosa com o meio em que
vivem, pois, o contato com a natureza é constante e carregado de conhecimento.
Portanto, o aprendizado das crianças Anambé se dá de forma espontânea, assim elas
tornam-se livres para aprender a qualquer momento e com que lhes parece mais agradável.
Essa liberdade de aprendizados também ocorre entre as crianças Assuriní do Trocará como
veremos a seguir.

3 BRINCANDO DE APRENDER: CRIANÇA ASSURINÍ, IDENTIDADE, CULTURA


E SABERES.
A reserva Assuriní do Trocará está situada na margem esquerda do rio Tocantins, a
18 km da cidade de Tucuruí, em plena BR-422, que liga os municípios paraenses de Cametá
e Tucuruí, e atravessa a reserva indígena, onde atuam vários sujeitos, que juntos lutam a cada
dia pela sua sobrevivência, sua cultura e pela sua afirmação étnica. É importante ressaltar que
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a aldeia Assuriní é um espaço permeado de culturas, valores, crenças, costumes, tradições e
saberes e todos esses fatores são facilmente assimilados pelas crianças através das
brincadeiras, brinquedos e jogos. Analisar os jogos, as brincadeiras e os brinquedo torna-se de
fundamental importância para compreender como se dá a organização social das crianças
Assuriní, pois é através das brincadeiras, dos brinquedos e jogos que se constroem o ensino e
o aprendizado indígena.
Uma brincadeira bastante conhecida e praticada na aldeia Assuriní, não só pelas
crianças, mas também pelos adultos, principalmente, por ser uma modalidade que faz parte
dos jogos indígenas (que ocorre anualmente e reúne diferentes etnias de várias regiões do
Brasil e exterior), é o cabo de guerra, brincadeira que exige força e união, cuja na participação
das crianças não há separação de gênero, já entre os adultos, os homens disputam com homens
e as mulheres entre si.
Para Ângela Nunes (2003) a construção do brincar no cotidiano da aldeia, é marcada
pela relação das crianças com outras crianças maiores ou menores que se alternam entre tarefas
domésticas e brincadeiras desenvolvendo suas habilidades, descobertas e modos de ser e
pensar o que é ser criança. Além, da relação entre crianças, é importante destacar a relação, a
interação social entre crianças e adultos no processo de construção das brincadeiras e dos
brinquedos, os adultos demonstram-se extremamente pacientes e ouvem as crianças com total
atenção.
Através da narrativa do Senhor Puraké Assuriní, uma das lideranças do povo
Assuriní, percebemos como os adultos contribuem e interagem diretamente nas brincadeiras
infantis, fazendo como que haja uma constante troca de saberes e socialização, envolvendo
crianças e pessoas mais velhas:

No meu tempo nos brincava assim nos tinha o igarapé né tinha os cachorro e as antas,
ai a anta corria e caia na água ai o pessoal matava ne. Então nos brincava o capitão
inventou pra nós e falava vocês ainda não vão brincar com a flecha não. Então ele
fazia barro igual uma peteca ai botava um bucado de criança, e os maiores corria
como se fosse uma anta, ai corria e caia na água e os cachorros atrás, mas era criança
que imaginava que era cachorro. Quem fosse cachorro ficava latindo até os
caçadores que estavam com as petecas de barro chegar e quem era caçador jogava
as petecas na anta até acertar, quem acertasse matava ai nos puxava ai nos fazia a
comparação como era que cortava tirava o bucho só de faz de conta só por cima ai
trazia nas costas e trazia pra casa...ai quando chegava o velho perguntava _ ta goda

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a anta? Nos dizia: _ ta goda_ então traz pra cá. Ai na imaginação nos ia dividir a
carne dava pra mulherada, pra criança até distribuir tudo. E assim que a gente
brincava (Puraké Assuriní, uma das lideranças da comunidade Assuriní, entrevistado
em 12 de outubro de 2015).

Atentamos para essa narrativa de Puraké Assuriní, no qual é evidenciado todo um


contexto cultural e social do povo Assuriní, bem como o viver cotidiano na aldeia. Puraké traz
em sua memória lembranças de um passado vivido na arte de brincar e se fazer brincando
dentro da aldeia através da caça e todos os processos de manutenção de alimentos, das relações
de amizade, de gênero, além da obediência e ensinamentos, valores que são transmitidos pelos
mais velhos e que são capitados pela criança, através do imaginário. Conforme afirma Dutra
(2013), a mente dos indivíduos tem a capacidade de inventar e criar situações a partir das
experiências vividas no seu cotidiano, um alimento, um gesto, um olhar, uma palavra, são
carregados de símbolos que servem como suporte para o imaginário.

O imaginário não está preso a convenções sociais. Ele é fluido, uma espécie de
sedutor de imagens, um depositório do inconsciente, mas que age
“conscientemente”. Refaz se a todo o momento, utiliza como força impulsionadora
o símbolo, elemento que não somente pode dar a entender, mas também pode
expressar sua “existência”. Nada passa despercebido ao imaginário, que depende da
imagem simbólica para se constituir existindo, e entre ambos há um entrelaçamento
uma profunda, obscura e ao mesmo tempo clara relação. Toda ação do homem é
produtora, mediadora e impulsionadora de imaginários, estando em seu convívio
diário presentes os elementos naturais e culturais que subsidiam a formação da
mente. Esses elementos são considerados como criadores de imaginários, uma vez
que são grandiosos produtores e reveladores de representações, uma via de mão
dupla na construção de representações simbólicas (DUTRA, 2013, p.58- 59).

O ato de brincar de faz de conta de imaginar algo, só é possível através dos símbolos
que as crianças Assuriní carregam consigo, toda essa grandiosidade de detalhes contida na
imaginação nada mais é que o reflexo de sua, do seu modo de vida. Através da imaginação se
constroem ensinamentos reais, significados que vão se refletir no dia a dia dessas crianças. É
através do imaginar que se aprende a pescar, a caçar, a dividir o alimento, a se inserir na vida
social da comunidade.

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Percebe-se que a criança Assuriní aprende através da prática das brincadeiras a
realidade do cotidiano, que prepara essas crianças para a vida adulta. O lúdico está sempre
relacionado com formas de sobrevivência aprende-se a caçar, a pintar, a dançar, a falar na
língua materna; brincadeiras essas que são vivenciada e praticada na natureza e no espaço da
aldeia.
A aldeia Assuriní tem um contexto social fundado na tradição oral, e seu
conhecimento histórico está na memória dos mais velhos, pessoas sábias, que, além da palavra
oral, também, dominam as práticas, os valores e os costumes da sua gente. Sendo assim, o
saber é repassado pelos mais velhos, de uma criança para outra, dos pais para os filhos, sendo
um constante aprendizado.
As crianças se socializam com o meio e adquirem conhecimento de vida, além de
absorverem as tradições da aldeia. Através das lembranças da infância do senhor Puraké
Assuriní, observa que, também, é na imaginação que constroem aprendizado de uma vida real,
e que as brincadeiras são sempre inspiradas e motivadas pela natureza, o uso de elementos da
natureza é unanimidade na hora de brincar. Pedras, sementes, folhas, galhos e muitos outros
recursos viram objetos para diversão nas brincadeiras das crianças, como ocorre também entre
as crianças Anambé.
Nunes (2016) menciona que nas comunidades indígenas também há brinquedos que
trazem representações das atividades cotidiana dos pais, há brinquedos que são feitos a partir
dessas práticas como, por exemplo, pequenas varas de pescar, pequenas panelas de barro,
pequenas armas, pequenas máscaras de rituais entre outros objetos. Neste sentido, na
comunidade Assuriní é comum os brinquedos e as brincadeiras estarem ligadas aos serviços
do dia-a-dia, e é esse brincar que leva ao aprendizado de sua sobrevivência, de sua cultura e
identidade. O brincar se torna aprendizado importantíssimo, pois quando as crianças estão
brincando de fazer cerâmicas de barro, tendo com molde panelinhas de plástico, brinquedo
muito comum das crianças não indígenas, mas na aldeia, entre as crianças Assuriní é (re)
significado de forma diferente, já que faz com que essas crianças aprendam a confeccionar a
cerâmica Assuriní, movimento este importante para manutenção da cultura e também da
economia do seu povo. Cabe ainda destacarmos que a fabricação das cerâmicas de barro é
trabalho masculino, mas as crianças, sujeitos que tem atuação direta na cultura e saberes
completos, não tem percepção de divisão conforme o gênero, a diferença de gênero é uma
construção que se dá gradualmente pelos ensinamentos dos mais velhos (PROCÓPIO, 2015)

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O brinquedo e brincadeira também levam as crianças Assuriní a fortalecerem a
identidade étnica, a criança Assuriní (re) significa o brinquedo de origem não indígena
transformando a boneca, com características não indígenas em um Assuriní, através da pintura
corporal, usando tinta de jenipapo para pintar a boneca, assim como os Assuriní fazem, nos
conduzindo a refletir o intenso processo de globalização em que as comunidades indígenas
vivenciam no decorrer do tempo.
Para Hall (2006) a globalização implica um movimento de distanciamento da ideia
sociológica clássica da “sociedade” como um sistema bem delimitado e sua substituição por
uma perspectiva que se concentra na forma como a vida social está ordenada ao longo do
tempo e do espaço, portanto as identidades são afetadas pela globalização havendo uma
frequentação e uma adaptação dos indivíduos com o seu tempo, seus espaços e as ferramentas
que o sujeito adquire nesse tempo e nesse espaço. O pensamento de Hall (2006¨) amplia a
compreensão de hibridismo, sinalizando que as identidades culturais são híbridas, ou seja,
movidas por mudanças, encontros e desencontros. Dessa forma, reforça que não é possível
afirmar que temos uma “identidade”, mas que somos compostos por uma identificação,
passível de mudança e transformação.
Para Bhabha (1998) a cultura é uma fronteira metaforicamente falando, pois nos leva
a entender que a cultura é um lugar que abriga certo perigo, para quem se compromete e
estuda-la, pois, é um lugar de conflitos de identidades. As identidades não estão mais fixadas.
Portanto, é preciso pensar a cultura desses sujeitos cujo identidade se fragmentou como um
espaço de coletividade de mescla e não como fixa e sim como dinâmica.

Os termos do embate cultural, seja através de antagonismo ou aflição, são produzidas


performaticamente. A representação da diferença não deve ser lida apressadamente
como reflexo de traços culturais ou étnico preestabelecidos, inscritos na lapides fixa
da tradição. A articulação social da diferença, da perspectiva da minoria, é uma
negociação complexa, em andamento, que procura conferir autoridade aos
hibridismos culturais (BHABHA, 1998, p. 20-21).

A boneca Assuriní, no momento que está sendo pintada como a mesma pintura étnica,
ganha uma (re) significação que nos leva a perceber esse hibridismo cultural, onde a
modernidade é sinônimo de pluralidade, onde se mesclam relações entre o hegemônico e
subalterno, tradicional e o moderno. Sendo assim, a modernização não serviu somente para
separar nações, etnias e classes, mas também para fazer um cruzamento sócio cultural que
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levam a misturar o tradicional e moderno (CANCLINI, 1998). A boneca pintada com a pintura
corporal Assuriní é um exemplo dessa mistura do tradicional e do moderno, que leva a uma
(re) significação da cultura tradicional local As crianças também aprendem a afirmar sua
identidade cultura e étnica através dos desenhos, pois no momento que observam os mais
velhos a fazerem a pintura corporal, recriam essas pinturas primeiramente no chão de terra e
depois aprendem pintar um aos outros.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre a infância indígena proporcionam uma série de aprendizados que
são essenciais para entender a cultura e a identidade das comunidades indígenas. Como, por
exemplo, as brincadeiras que estão inseridas no dia a dia desses sujeitos, que são vistas como
intenso processo de aprendizagem e socialização, já que envolvem diferentes tipos de relações
entre as crianças e os mais velhos. Uma vez que essas brincadeiras são permeadas de cultura,
oralidade e memória desses sujeitos, e assim são formas de evidenciar a riqueza cultural e a
identidade dos povos estudados.
A memória foi indispensável para compreender e analisar a cultura e as práticas e
saberes tradicionais que se fazem presente dentro das aldeias são pela memória que as
interpretações dos fatos cotidianos destas comunidades indígenas se constituem em
conhecimento, além de possibilitar as análises das saudosas lembranças da infância e das
práticas de brincadeira dos mais velhos e do processo de ensino-aprendizagem contido na arte
de brincar.
Através das brincadeiras e brinquedos utilizados pelas crianças indígenas da região
do Tocantins, no Pará, das aldeias Anambé, no município de Mojú e Assuriní do Trocará, no
município de Tucuruí observamos que as crianças são carregadas de saberes, socializados nos
mais diversos espaços, sendo as crianças indígenas consideradas sujeitos sociais
importantíssimos na e da aldeia, atuando tanto no que diz respeito à cultura, religiosidade,
educação, quanto na economia voltada para a sobrevivência do grupo. São sujeitos sociais em
movimento no tempo presente que se engajam ativamente na constituição de laços afetivos e
de relações sociais em todos os espaços da aldeia pelos quais circulam. Os pequenos se
destacam em diferentes espaços, estão sempre envolvidos nos afazeres domésticos e nas etapas
de feitura de adornos ou artesanatos, pois, são os responsáveis pela coleta da matéria-prima,
confecção, e também pela venda dos artesanatos que os mais velhos fazem. Aprendem as
técnicas brincando e observando os pais, os avós, os tios e as outras crianças fazerem, desta
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forma as crianças crescem livres para trilharem os diferentes espaços, caminhando sempre em
grupo.
Na perspectiva cultural as crianças se mostram como sujeitos ativos, de modo que
elas criam e recriam formas culturais, estabelecendo diálogos com a identidade do seu povo,
visto que no momento em que brincam com brinquedos de origem não indígena a
transformam, incorporando características das suas etnias.
Portanto, a aquisição de saberes, aprendizados e conhecimentos das crianças
indígenas se concretiza por intermédio de brinquedos e das suas múltiplas brincadeiras,
executadas cotidianamente nos mais diversificados espaços, as quais possuem simbologias de
suma importância para a criança indígena, visto que são impregnadas de valores, princípios,
conhecimentos e saberes, pois é mediante brinquedos e brincadeiras que as crianças aprendem
mergulhar, remar, plantar, cozinhar, lavar roupa, pescar, caçar, trançar cestos, fazer farinha,
artesanatos, entro outros, sendo desta maneira a arte de brincar um movimento de resistência.

REFERÊNCIAS

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