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CONCURSO CP 2019

Os Textos apresentados a seguir foram elaborados a partir do caderno disponibilizado pelo


Sinpeem com o objetivo de buscar formular uma síntese, com as ideias centrais dos autores.
O texto sobre Sacristán é uma resenha de Miriam Ferrazza Heck, Doutoranda em Ensino de
Ciências e Matemática.

Também tem sínteses que já estavam prontas de concursos anteriores, como no caso de
Tardif e Paulo Freire.

Trata-se apenas de um esforço para contribuição aos estudos, que em hipótese alguma
elimina a leitura dos autores.

Silvio de Souza
Professor de história
BARBOSA; HORN
PROJETOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A importância de se lutar por parque e de sono, etc. Devemos as crianças com atividades que
uma educação infantil de quali- possibilitar novas situações que envolvam o brincar.
dade e humanizadora. As ações desestabilizem as crianças,
escolares para este nível devem levando-as a refletir sobre suas
se caracterizar pela defesa da ações. Rotinas que propiciem às O TRABALHO COM
indissociabilidade entre o cui- crianças serem ativas e questio-
dar e o educar. nadoras. Rotina desafiadora e PROJETOS
com segurança em termos de Os projetos envolvem estu-
Aspectos essenciais que
acontecimentos. do, pesquisa, busca de informa-
devem ser considerados e revis-
tos para que as ações educativas ções, exercício da crítica, dúvida,
na educação infantil sejam siste-
matizadas e garantam um pro-
ESPAÇO FÍSICO argumentação, reflexão coleti-
va, devendo ser elaborados e
cesso emancipatório para as Ao pensar nos espaços para executados com as crianças e
crianças – ações escolares para crianças de 0 a 5 anos é preciso não para as crianças. Barbosa e
crianças entre 0 e 5 anos: levar em conta toda a gama de Horn indicam algumas dimen-
necessidades e peculiaridades sões que fazem parte do traba-
Ÿ A rotina do cotidiano que envolvam o trabalho com lho com projetos: aqueles orga-
das práticas educati- crianças pequenas. Portanto, ele nizados pela escola para serem
vas deve ser acolhedor, desafiador, realizados com as famílias, as
criativo, instigante e ao mesmo crianças e os professores; o PPP
Ÿ A organização dos tempo seguro. da escola; aqueles organizados
espaços por professores para serem tra-
balhados com as crianças e as
Ÿ A presença do brin- A IMPORTÂNCIA DO famílias e, principalmente aque-
car como eixo do tra- les propostos pelas próprias cri-
balho educativo BRINCAR anças. Os projetos não têm dura-
pedagógico. Pelo brincar, nos primeiros bilidade fixa. São três os
anos de vida, a criança estabele- momentos decisivos na elabora-
O trabalho quando orienta- ção: definição do problema,
ce relações com o mundo e com
do por projetos interferem posi- planejamento do trabalho e a
as pessoas que a cercam. Ao brin-
tivamente sobre o desenvolvi- concretização do trabalho. Todo
car, tem a possibilidade de
mento infantil. projeto é desenvolvido de forma
representar o mundo real e se
Texto estruturado em quatro apropriar dele, interagindo com coletiva. O último passo do pro-
partes: outras crianças e adultos, cons- jeto é a avaliação e a comunica-
truindo hipóteses, respeitando ção (registros).
regras e, dessa forma, construin-
ROTINA do-se enquanto sujeito. Ao exer-
Os projetos possibilitam que
as crianças e bebês se desenvol-
Modificada e revista constan- citar a criatividade, a imaginação vam, numa relação dialógica
temente, pensar em estratégias e promover a socialização, as com professores. Desse modo,
diferenciadas para se planejar o brincadeiras são um excelente praticar a elaboração de proje-
momento de recepção e de recurso de aprendizagem e tos é um modo de se garantir a
saída das crianças (STACCIOLI desenvolvimento e devem fazer participação dos cidadãos de
fala da pedagogia da infância parte da rotina nas atividades da direitos, uma vez que o projeto
enfatizando a importância do educação infantil. Para tanto é parte sempre de uma problemá-
acolhimento e ambientação), importante que os profissionais tica surgida no contexto escolar
os momentos de refeição e higi- que trabalham com as crianças e ou social.
ene pessoal, a organização dos ofereçam um ambiente rico em
espaços físicos, os momentos de estímulos e também desafiem
1
BENTO
Educação infantil, igualdade racial e diversidade:
aspectos políticos, jurídicos, conceituais.
Bebês como categoria social A CF de 1988 reconhece o ção infantil com representações
discriminada, com lacunas que caráter multirracial da socieda- que esteriotipam o negro.
precisam ser superadas. de brasileira. Redefinição do
A autora enfatiza que na
papel da África na formação da
Há uma espécie de cisão questão da diversidade há valo-
nacionalidade brasileira.
entre as trajetórias da creche e res atribuídos a determinadas
as da pré-escola. Presença maci- Art. 215 §1 O Estado protege- aparências, gerando estigma,
ça de mulheres, com salários rá as manifestações das culturas esteriótipo, preconceito e discri-
menores e ideia de vocação e populares, indígenas e afro- minação, ou seja, pressupõe jul-
maternância. Sobretudo nas brasileiras e das de outros parti- gamento de valor e na questão
creches estaduais que atendem cipantes do processo civilizató- da diversidade e multiculturalis-
crianças pobres e negras temos rio nacional. mo há o objetivo de relativizar
uma educação infantil com pro- ou minimizar o legado do racis-
§2 A lei disporá sobre fixação
fessoras sem formação específi- mo e da injustiça social.
de datas comemorativas de alta
ca, ditas leigas e com baixos salá-
significação para os diferentes
rios.
As desigualdades no acesso à
segmentos étnicos nacionais. Enfatiza:
Art. 216 §5 Ficam tombados Nas DCNs a criança é conce-
educação são gritantes com res-
todos os documentos e sítios bida como sujeito de direitos e
peito a idade. O racismo cria desi-
detentores de reminiscências deveres.
gualdade no acesso a bens mate-
históricas dos antigos quilom-
riais e simbólicos. O acesso à edu- É preciso romper com o adul-
bos.
cação infantil de qualidade tocentrismo. Crianças reagem à
ainda é restrito a brancos e de Art. 242 §1 O ensino de histó- cultura do adulto.
maior renda. ria do Brasil levará em conta as
contribuições das diferentes Praticar a pedagogia da escu-
É importante a construção de ta. Escola enquanto lugar de
culturas e etnias para a forma-
práticas na educação infantil vida infantil.
ção do povo brasileiro.
que promovam a igualdade raci-
al. Destaca também a LDB, Art. A temática racial tem que ser
26ª - Nos estabelecimentos de parte do Projeto Político Peda-
Marcos legais da valorização gógico das escolas.
ensino fundamental e de ensino
da diversidade na educação
médio, públicos e privados, tor-
infantil:
na-se obrigatório o estudo da
Ÿ Convêncão nacional história e cultura afro-brasileira
do negro pela consti- e indígena. (Redação dada pela
Lei nº 11.645, de 2008).
tuinte – 1986
A identidade cultural como
Ÿ CF 1988 direito. Assegurar o desenvolvi-
mento psíquico/emocional da
Ÿ ECA 1990
criança negra e indígena. Desta-
Ÿ LDB 1996 car também a lei 10.639.
A pedagogia que reforça o
Ÿ PNE 2001
preconceito inicia-se na educa-

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DIETRICH; HASHIZUME
DIREITOS HUMANOS NO CHÃO DA ESCOLA.
SECADI- Secretaria de educação continua- CURRÍCULO, DIREITOS HUMANOS O Ato educativo deve ser visto como um ato
da, alfabetização, diversidade e inclusão – foco político, formando seres ativos e críticos. Rom-
da secretaria formar cidadãos e sujeitos parti- E ENSINO. per com a visão de que devemos depositar a
cipativos na esfera pública de direitos. A atuação Atualmente contamos com um conjunto de experiência dos adultos (adultocentrismo).
da Secretaria de Educação Continuada, Alfabeti- documentos sobre direitos humanos que bus- Tudo que a gente ensina a uma criança, a criança
zação, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC), cam uma educação comprometida com a igual- não pode mais, ela mesma, descobrir ou inven-
transversal às demais unidades do Ministério da dade, a não discriminação a mudança e a trans- tar (Piaget).
Educação, promove a articulação e convergência formação social.
das agendas para garantir o direito de todos à SOBRE O IDOSO
educação, com qualidade e equidade. Temas em direitos humanos = raça, etnia,
gênero, habilidades físicas e mentais, crenças Não podemos considerar o idoso como
entrave, obstáculos. Existem um conjunto de
Conhecimento universal voltado religiosas, tipos de família, orientação sexual,
políticas públicas de atendimento aos idosos:
idade, estado civil, língua, localização geográfi-
aos direitos humanos (ONU). ca. Desde a primeira infância o tema D.H. já deve estatuto do idoso, campanhas de vacinação,
A formação em direitos humanos é um ser conteúdo presente de reflexão. Deve fazer benefício de prestação continuada, farmácia
processo que nunca cessa. É um exercício contí- parte do Projeto Político Pedagógico. popular, etc.
nuo de criar, influenciar, compartilhar e consoli- O trabalho cita a lei 11.645/08 para defen- O texto também reforça a importância da
dar mentalidades, costumes e práticas na busca der o rompimento com uma visão eurocêntrica, lei 10.639 e 11.645, bastante citadas em outros
de uma sociedade igualitária. A educação em valorizando a diversidade cultural e étnica. Um livros e artigos.
Direitos Humanos deve ser feita em toda idade currículo para a diversidade. O tema da inclusão é parte do tema D.H.
escolar.
O livro é resultado de curso na UFABC, Pedagogia de direitos.
envolveu escolas municipais e desenvolveu Sobre o ECA= proteção integral aos sujeitos
projetos oriundos das escolas (chão da escola). de direitos, pessoas em desenvolvimento.

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FALK
EDUCAR OS TRÊS PRIMEIROS ANOS: A EXPERIÊNCIA DE LÓCZY.
Reflexões sobre a educação de crianças O referencial proposto rompe com a con- e profissionais adequados. É importante estu-
bem pequenas a partir dos estudos e do traba- cepção de uma criança heterônoma e incapaz, dos produzidos por diferentes áreas do conheci-
lho realizado pelo Instituto Emmi Pikler, em totalmente dependente do adulto. A experiên- mento e a experiência do instituto Emmi Pikler é
Budapeste, o que possibilitou um conhecimen- cia de Lóczy deve ser referência importante para fundamental.
to mais aprofundado da experiência e das práti- pensar a formação dos profissionais que traba- Lóczy é o nome da rua do instituto Emmi
cas de cuidados com bebês, reconhecidas hoje lham com criança pequena. Picker, que era médica, encarregada das crian-
em vários países. ças órfãs ou abandonadas. Construíram, no
Superar a dicotomia entre o cuidar e o CONCEPÇÕES DE CRIANÇA NO BRASIL instituto, outra referência em relação a atenção
educar. O respeito à criança com cuidados, A criança como sujeito inacabado que à criança. O instituto vem acumulando estudos e
espaços e nas relações com os adultos. necessita de proteção. ROMPER COM A IDEIA DO pesquisas sobre o desenvolvimento de crianças
CUIDADO QUE EDUCA. AMOR MATERNAL. Os adultos que trabalham pequenas e criado aportes para a observação e o
Os cursos de formação necessitam preparar com crianças são profissionais. As crianças reconhecimento das competências e das neces-
cada vez melhor os profissionais para garantir ganham visibilidade, a infância passa de um sidades básicas das crianças de zero a três anos,
mais conhecimentos sobre a criança bem tempo de preparação, do devir, para ser olhada no sentido de garantir-lhes as melhores condi-
pequena e seu desenvolvimento, a capacidade como um tempo em si, na qual cada fase da ções de bem estar físico e psíquico.
do bebê de agir de forma autônoma sobre o idade, com sua identidade e finalidades própri- Numa concepção marxista de homem
meio e o papel do adulto nesse processo. É preci- as, tem que ser vivida na totalidade dela mes- como resultado das condições sociais, a propos-
so romper com a ideia da criança como ser passi- ma. ta é garantir segurança afetiva e motricidade
vo e incapaz. Crianças consideradas atores sociais, sujei- livre, apoiando-se em três funções principais:
O acúmulo de conhecimento produzido por tos e produtores de cultura, com características Ÿ acolhimento e cuidados ao bebê
Lóczy ajuda a problematizar a forma como as e especificidades próprias, competentes e
capazes, necessitam de instituições que garan- Ÿ pesquisa sobre desenvolvimento
instituições de educação infantil no Brasil se
organizam. tam isso. No Brasil as crianças vão cada vez mais Ÿ formação e supervisão permanen-
novas para a escola, então é preciso instituições te das atendentes.

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FERNANDES
PARA UMA TEORIA DA AVALIAÇÃO NO DOMÍNIO DAS APRENDIZAGENS.
Fernandes defende a necessidade de Dificuldades para se formular uma Francófana = Regulação associada aos
uma teoria da avaliação para as aprendiza- teoria: processos internos, cognitivos e metacogni-
gens. É preciso relacionar práticas de avalia- tivos (ação de conhecer), autocontrole, auto
ção a uma teoria. Ÿ Diversificada teia de con- avaliação, auto regulação, menos interfe-
tribuições; rência do professor.
Avaliação Formativa Alternativa (AFA).
Uma construção social complexa, um pro- Ÿ Ideia de que se constrói Anglo-saxônica = Professor com maior
cesso eminentemente pedagógico, plena- teoria através da prática; interferência na resolução de tarefas e nas
mente integrado no ensino e na aprendiza- aprendizagens previstas no currículo. Feed-
gem, deliberado, interativo, cuja principal Ÿ Diferenças de perspecti- back.
função é a de regular e de melhorar as vas; A tradição francófana relativiza o papel
aprendizagens dos alunos.
Ÿ Mais relevância às avalia- do feedback e a tradição anglo-saxônica
Critica a avaliação somativa – que ocor- destaca o papel relevante do professor.
re ao final do processo – também conhecida
ções externas.
A avaliação somativa e a AFA são dife-
como cumulativa ou finalista. Diz que pode Fernandes acentua a importância de rentes modelos de avaliação que podem
ser aceita desde que seja uma forma de integrar conceitos fundadores das tradições possuir elementos que as aproximem ou
avaliação interna e a serviço da avaliação mais influentes: Francófana e Anglo- mesmo que as uma.
formativa alternativa. saxônica.

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FREIRE
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: SABERES
NECESSÁRIOS À PRÁTICA EUCATIVA.
“O meu ponto de vista é o dos condena- palavras pelo exemplo; exige risco, aceita- aula, de compreender que a educação é uma
dos da terra, o dos excluídos”. ção do novo e rejeição a discriminação; exige forma de intervenção no mundo.
Não há docência sem discência. o reconhecimento de classe social. O professor deve possuir autoridade e
Ensinar não é transferir conheci- “Às vezes, mal se imagina o que pode proporcionar liberdade, saber escutar, ter
passar a representar na vida de um aluno um disponibilidade para o diálogo e querer bem
mento.
simples gesto do professor”. aos educandos.
Ensinar é uma especificidade
Ensinar pressupõe consciência do inaca- “Não posso ser professor se não percebo
humana.
bado; luta em defesa dos direitos dos educa- cada vez melhor que, por não poder ser neu-
Pensar certo é pensar criticamente. dores; esperança; curiosidade; respeito aos tra, minha prática exige de mim uma defini-
Reforçar a criticidade do educando e praticar alunos. ção. Uma tomada de posição”.
a leitura critica. Tanto docente como discen-
O respeito à autonomia e dignidade é Sou professor a favor da luta contra
te, ao ler um livro, não deve se submeter a
um imperativo. qualquer forma de discriminação, contra a
ele sem contextualizar, sem dialogar com as
Saber que devo possuir um compromis- dominação econômica, contra a ordem
ideias do autor. Intelectual memorizador
so ético e respeitar a autonomia e a identi- capitalista, a favor da esperança, a favor da
fala bonito, mas não tem relação com a reali-
dade do educando exige de mim uma práti- boniteza.
dade.
ca em tudo coerente com este saber. Tão importante quanto o ensino dos
“A reflexão crítica sobre a prática se torna
Ensinar exige a apreensão da realidade, conteúdos, que deve ser ético, com humilda-
uma exigência da relação Teoria/Prática sem
não é possível neutralidade. Tenho que de, generosidade, é a minha coerência entre
a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a
assumir minhas opções políticas. o que digo, o que escrevo e o que faço.
prática, ativismo”.
Ensinar exige pesquisa; respeito aos Se o professor não estuda não tem força
saberes do educando; corporeificação das moral para conduzir as atividades na sala de

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FOCHI
AFINAL O QUE OS BEBÊS FAZEM NO BERÇARIO?
Quatro bebês protagonizam a obra. O professor tem que possuir alto grau de
Indivíduos de inúmeras competências, são
AÇÃO DE COMUNICAR – dois
consciência sobre sua prática pedagógica. O
bebês através de expressões, de toques,
capazes de interagir e aprender desde o planejamento dos adultos deve pautar-se
gestos, desenvolvem ação de comunicar.
nascimento. Nos últimos tempos o conheci- pelo planejamento das crianças. Deve consi-
mento linear, determinado e previsível cede derar: tempo, espaços, materiais, organiza-
lugar à uma dimensão mais complexa e em AÇÃO AUTONOMA – exploração do ção do grupo e o tipo de intervenção.
movimento. espaço, liberdade. O adulto tem que possuir
cuidados em relação a autonomia, no senti-
A documentação pedagógica permite do de não praticar adultocentrismo.
BRINCAR HEURÍSTICO = trata-se
que professores e alunos assumam uma de um método diferenciado de organizar as
atividades diárias oferecidas às crianças na
posição autoral. Ideias de Malaguzzi e Fortu- AÇÃO DE SABER FAZER – bebês primeira infância. A criança é treinada para
nati: observação, registro e progettazione tem capacidade de investigar e criar hipóte-
são base da abordagem e da documentação descobrir as coisas por si mesmo nos dois
ses sobre suas ações. primeiros anos de vida. Tem como objetivo
pedagógica. (progettazione mais global e
flexível). A partir das ações é necessário pensar e central a exploração espontânea dos dife-
respeitar o tempo da criança, observando o rentes tipos de objetos.
Autor apresenta: seu ritmo e dando tempo de espera.

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FUJIKAWA
A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E A QUESTÃO DO REGISTRO
Propõe ao coordenador pistas para a As diferenças contribuem para o desen- lita oportunidades de revisão e alteração da
compreensão da múltipla determinação do volvimento. O confronto de ideias pode ação pedagógica (práxis). A socialização e
que acontece na escola e mostra que ele não possibilitar a ampliação das perspectivas de análise dos registros são bons pretextos para
está sozinho. compreensão da realidade. discussões sobre “o fazer e pensar sobre o
Destaca a importância dos registros A escrita contribui para a autoria quan- fazer”(Freire).
escritos da produção de professores e coor- do: SOCIALIZAÇÃO = FORMAÇÃO =
denadores. É um instrumento de reflexão e 1. O autor atribui sentido à essa CONSTRUÇÃO DE PARCERIAS
de revisão das ações (práxis). Quando escre- escrita; Uma das principais funções do coorde-
vemos assumimos a autoria. A socialização
2. O autor reflete sobre a própria nador é a formação de professores. Para
dos registros possibilita a partilha dos
escrita; Nóvoa os espaços coletivos de trabalho pos-
conhecimentos que produzem formação.
3. Há socialização entre os pares; sibilitam um excelente instrumento de
A leitura, partilha, dos registros provoca formação. As mudanças na escola só ocor-
mudanças do implícito para o explicito, 4. Ao considerar um outro, há
rem quando o trabalho é coletivo e organi-
confronto de pontos de vista, concepções. revisão ou fortalecimento dos
zado. O coordenador é um articulador.
posicionamentos.
Enquanto formador o coordenador também
O REGISTRO ESCRITO E A O REGISTRO COMO OBJETO E se forma.
CONSTRUÇÃO DA AUTORIA PRETEXTO DE REFLEXÃO DA
A partir das discussões é possível levan-
tar novas propostas ou rever propostas da
Escrever relatórios, sínteses, diários,
avaliações, é realizar uma releitura do pró- PRÁTICA PEDAGÓGICA.
atuação educadora.
prio trabalho. Os escritos devem considerar A reflexão referencial e expressiva é O coordenador é um mediador (mes-
os aspectos ético e político. Ao escrever o uma dimensão importante dos diários, dos ma posição de Placco) entre professores e
educador assume a autoria do trabalho: que registros. A referencial é a reflexão sobre o um projeto pedagógico mais amplo.
aspectos destaca? o que considera relevan- objeto narrado e a expressiva sobre o narra- O resultado da construção de registros,
te? dor. produção autoral, troca de experiências,
“A natureza política do ato de escrever Destacar os diferentes tipos de regis- produção de cultura, deve ser colocado a
(...) exige compromissos éticos que devo tros, o que evidenciam e como se comple- serviço da ação.
assumir e cumprir”. (Freire) mentam. A elaboração dos registros possibi-

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GATTI
O PROFESSOR E A AVALIAÇÃO EM SALA DE AULA
A avaliação é uma tarefa dos professo-
res, no entanto, pouca ou nenhuma orienta-
APONTAMENTOS FATORES QUE INTERFEREM
ção e dada nos cursos de formação. Ÿ Surgimento de uma nova cultu- Ÿ Qualidade das questões;
ra sobre os processos avaliati- Ÿ Extensão da prova;
Finalidades da avaliação da vos em sala de aula;
aprendizagem: Ÿ Nível de dificuldade;
Ÿ Atribuição de notas e gradações
Ÿ Acompanhar os processos da é algo bastante pessoal entre Ÿ Atribuição dos pontos;
aprendizagem; os professores; Ÿ Ambiente;
Ÿ Compreender sua concretiza- Ÿ A subjetividade nem sempre é Ÿ Estado emocional dos alunos;
ção; objeto de reflexão por parte do
Ÿ Instruções não precisas;
Ÿ Oferecer informações para o professor.
desenvolvimento do ensino; A autora observou que os juízos de valor Avaliação em processo para oferecer
interferem no processo avaliativo e destaca ao professor informação frequente e contí-
Ÿ Po s s i b i l i t a r p l a n e j a m e n- nua sobre o progresso de seus alunos. Ânge-
to/replanejamento contínuo e que o professor precisa refletir sobre o papel
da avaliação em seu trabalho e também a lo e Cross defendem avaliações rápidas em
aferição de graus. sala de aula. Exemplo = TRABALHO DE
necessidade de aprimorar os meios de avali-
ar evitando a avaliação apenas finalista. MINUTO.
O QUE DIZEM AS PESQUISAS A partir de duas perguntas: O que
Há uma grande variedade de formas de
COM DEPOIMENTOS DE ALUNOS avaliação, embora apenas com o objetivo de aprendeu de mais importante e qual ques-
Ÿ Não percebem como é concebi- determinar as notas dos alunos. É preciso tão importante ficou sem resposta.
da a avaliação para além das transformar esse processo mais explicito e Este tipo de avaliação é:
notas; analisável constantemente. A avaliação é
a) Centrada em quem aprende
Ÿ Não conseguem entender os importante e esperada. Como deve ser reali-
critérios; zada é um debate aberto. b) Mutuamente benéfica
Ÿ Questões complexas dificultam c) Formativa
o entendimento e os alunos RESPONSABILIDADE DOS d) De contexto específico
buscam adivinhar o que o pro- PROFESSORES e) Em constante andamento
fessor deseja;
Provas não podem ser o único ins- f) Com raízes em boa prática de
Ÿ Pegadinhas com questões cap-
trumento. Sobre as provas algumas ensino
ciosas, ambíguas ou confusas atitudes podem ajudar:
também dificultam. É preciso superar a visão fragmentada
Ÿ Preparar bem as provas e os de ensino. Havendo um eixo norteador con-
O QUE DIZEM OS PROFESSORES alunos; sensuado e conhecido, partilhado assumido
Ÿ As provas são vistas como um Ÿ Dar provas com frequência; e renovado, com compromisso por todos
instrumento que mede a apren- envolvidos na formação das crianças e
dizagem e é o único tipo utiliza- Ÿ Usar a prova corrigida como jovens, as articulações das aprendizagens
do para avaliação; meio de ensino; serão amplamente favorecidas e a avaliação
Ÿ Tem variações como usam as Ÿ Procurar compreender porque tomará sentido a partir desse eixo.
provas: meio de ensino e apren- os alunos colam; Não há como separar avaliação e ensino,
dizagem, forma de obter infor- Ÿ Abordar o que realmente foi não há como pensar avaliação de alunos
mações; trabalhado em sala; sem que se tenha claro o papel da educação
Ÿ Apenas um processo de verifica- na vida das pessoas. Ensino e aprendizagem
Ÿ Levar em consideração as várias são indissociáveis e a avaliação é intrínseca a
ção com concepções nem sem-
pre claras; possibilidades de aprendiza- esse processo.
gens.
Ÿ Possuem certo grau de subjeti-
vidade.
9
LACERDA; ALBRES; DRAGO
POLÍTICA PARA UMA EDUCAÇÃO BILÍNGUE E INCLUSIVA A
ALUNOS SURDOS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
No Brasil, a lei 10436, de 2002 e o decreto O que ocorre frequentemente são casos de contínuo de construção das significações nasce
5626 de 2005, tratam da língua brasileira de alunos surdos tratados como ouvintes, sem das experiências externas que se internalizam e
sinais e da educação de surdos, indicando a desenvolvimento de aprendizagem. constituem o indivíduo. A linguagem (língua
necessidade de formação de futuros profissio- A legislação é resultado da pressão da estruturada) é central.
nais (professor bilíngue, instrutor surdo e intér- comunidade surda e pesquisadores.
prete de libras). BAKTIN O meio ideológico e social forma a
A lei 10436/02 refere-se ao reconhecimen- consciência individual (palavra=signo).
Os alunos surdos possuem uma condição to e a legitimidade da libras em todos os espaços
linguística diferenciada. No município de São Libras é uma língua visual-espacial das
públicos, e também à obrigatoriedade de seu comunidades surdas, autônoma, dotada de
Paulo tem escola bilíngue e atendimento na ensino como parte integrante das diretrizes
rede regular. gramática específica e estruturada nos diversos
curriculares nos cursos de formação de educa- níveis linguísticos.
EMEBS Escola Municipal de Educação ção especial, fonoaudiologia e magistério, em
nível superior. DECRETO 52785/11 cria escolas municipais
Bilíngue para alunos surdos. de educação bilíngue para surdos (EMEBS) e a
A educação de alunos surdos é tema polê- O decreto 5626/05 trata sobre a educação PORTARIA 5707/12 regulamenta o decreto.
mico e destaca-se a atuação do município de de surdos, modos de atendimento, modos de
prover acessibilidade linguística, a inclusão de O texto relata toda política inclusiva da rede
São Paulo. É fundamental que nos dois espaços municipal de ensino e o rompimento do modelo
sejam desenvolvidas ações coerentes com os libras como disciplina curricular nos cursos de
magistério, educação especial, fonoaudiologia, oralista de educação de surdos.
princípios de uma educação bilíngue para sur-
dos em direção a uma educação de qualidade. pedagogia e demais licenciaturas. Foi elaborado um currículo de português
Nas escolas, quando o aluno surdo é atendi- para surdos e de libras para surdos.
Libras tem que ser considerada fator de
inclusão. Essa condição é negada quando não do nas suas necessidades linguísticas, é incorpo-
tem profissionais com domínio de libras. rado às ações, valorizada sua história, tem mate-
riais e equipamentos, seu desempenho é satis-
SURDOS INCLUÍDOS alunos surdos matri- fatório.
culados em classes de ouvintes nas escolas O domínio da linguagem é pressuposto
regulares. para a aquisição de conhecimentos. O processo

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LIBÂNEO
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA: TEORIA E PRÁTICA
A escola é vista como um ambiente A gestão não é uma atividade mera- DEMOCRÁTICO-PARTICIPATIVA=
educativo, como espaço de formação, cons- mente burocrática, está relacionada direta- baseia-se na relação orgânica entre direção
truído pelos seus componentes, um lugar mente com questões pedagógicas (projeto e a participação dos membros da equipe.
onde os profissionais podem decidir sobre o político-pedagógico, formação continuada, A gestão democrática da poder aos
seu trabalho e aprender mais sobre sua registros) e também com as aprendizagens. sujeitos de decisão, possui relação orgânica
profissão. É um organismo aberto onde entre a direção e a participação dos mem-
estrutura e processos de organização e ges- CONCEPÇÕES DE GESTÃO bros da equipe escolar. Exercício comparti-
tão são construídos pelos que nela traba- TÉCNICO CIENTÍFICO = valoriza o lhado da direção. Também propicia o envol-
lham e seus usuários. poder e autoridade do diretor. Racionaliza- vimento da comunidade no processo esco-
ção do trabalho, busca por resultados, admi- lar. Estabelece planejamento de tarefas,
COMPETÊNCIAS BÁSICAS DE nistração burocrática, normas, regras, etc. formação continuada para o desenvolvi-
EDUCADORES mento pessoal e profissional dos integran-
SOCIOCRÍTICA= importância das inte-
Participar na gestão e na organização rações sociais, relações estabelecidas com o tes da comunidade escolar, democratização
da escola, cooperar com os outros profissio- contexto sociocultural e político. das informações, avaliação compartilhada,
nais em projetos comuns, saber tomar deci- relações baseadas no diálogo e no consenso.
sões didático-pedagógicas, organizacionais, AUTOGESTIONÁRIA= responsabilida-
de coletiva, ausência de direção centralizada O livro faz um roteiro das diversas fun-
administrativas. ções e atribuições da gestão democrático-
e acentuação da participação direta de todos
Escola bem organizada e bem gerida os membros da instituição. participativa. Em particular as atribuições
contribui no desempenho de professores e do coordenador pedagógico são destacadas
alunos. INTERPRETATIVA= considera como por Domingues no texto O Coordenador
prioritário as intenções e a interação entre Pedagógico e a Formação Docente na Escola,
pessoas. que faz parte da bibliografia do concurso.

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MELLO; BARBOSA; FARIA
DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA: TEORIA E PRÁTICA
Refere-se a rede de professores de tiva. fessores descobrem que as crianças são
educação infantil da Catalunha. incontáveis produtoras de maravilhas.
É preciso acreditar na criança capaz,
“documentar como aprendem as potente e protagonista de suas aprendi- A documentação qualifica o projeto
crianças é demonstrar valorização, res- zagens. Criar contextos que permitam educativo. Para o professor a documenta-
peito e confiança nas crianças e nos seus que seja possível a observação para a ção faz parte de toda a sua docência –
potenciais”. compreensão de como as crianças cons- aprender a ensinar – aprender a apren-
troem o conhecimento. der ao longo da vida (sentido de que
Citação de Reggio Emília “expe-
somos inacabados – Freire).
riência de educação de crianças a ser
vivida na escola com adultos envolvidos
PEDAGOGIA DA ESCUTA
em oferecer uma instituição com gestão É a capacidade e a necessidade de
TEORIAS
participativa e que se assume responsá- escutar, coletar, organizar e compreen- Perspectiva Construtivista (Piaget): a
vel pela proposta educativa juntamente der o que a inteligência das crianças e dos criança que constrói sua experiência,
com as famílias, no contexto de uma vida adultos produz no contexto da escola. primeiro em relação aos objetos e, depo-
comunitária”. escuta observação inter- is, por meio da representação mental dos
objetos.
Documentação pedagógica pretação documentação.
o essencial anotado em um caderno. Perspectiva Socioconstrutivista:
Documentar contra a avaliação. Pro-
Documentar a vida das crianças na fessor como protagonista do próprio Relação entre o indivíduo e o contex-
escola da infância. Defesa da importân- aprendizado. to.
cia da documentação, das formas varia- Perspectiva Sociocultural:
das e do uso que se faz delas. A documen- A decisão de documentar parece
tação é uma fonte de informação produ- surgir a partir do momento que os pro- O foco é o componente cultural.

12
OSTETTO
REGISTROS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA
Destaca a importância dos registros a formas de registro. A documentação As atividades de cuidado ganham
partir da prática da observação e escuta nasce da observação e possui intenciona- sentido quando o adulto se dirige às cri-
na educação infantil e sua importância lidade. anças com respeito, paciência e alegria.
para a formação.
A documentação que respeita a iden- Os espaços não são neutros e devem
O diário na educação infantil como tidade das crianças não é algo estático, possibilitar o desenvolvimento das crian-
instrumento de trabalho pedagógico, não representa um relatório final ou um ças, a construção das identidades e a
documento reflexivo de professores, e portfólio. busca da autonomia.
espaço legítimo de construção de autori-
A documentação alimenta o planeja-
as. O registro diário como práxis do pro-
mento (progettazione), elaborado junto
O PROFESSOR NÃO É O CENTRO
fessor. DA AÇÃO PEDAGÓGICA.
às crianças, flexível. É importante uma
Registros enfocando o protagonismo documentação compreensível.
das crianças (Reggio Emília). Múltiplas

13
MOREIRA; SILVA JUNIOR
CONHECIMENTO ESCOLAR NOS CURRÍCULOS DAS
ESCOLAS PÚBLICAS: REFLEXÕES E APOSTAS
O conhecimento é um importante Como pensar o conhecimento esco- O direito de acesso ao conhecimento
meio para que alunos possam afirmar-se lar? deve ser defendido como um direito de
na sociedade. todos.
Uma das funções centrais das escolas
O conhecimento escolar ocupa papel é proporcionar aos alunos o conhecimen-
de destaque no currículo. O texto defen-
EM BUSCA DE ALTERNATIVAS
to que eles não conseguem adquirir em
de a importância do conhecimento esco- casa ou em suas comunidades. A escola Por muitos anos o conhecimento
l a r p a r a f o r m a r s u b j e t i v i d a- amplia conhecimentos e pode incentivar considerado válido foi aquele da visão
des/identidades críticas e reflexivas, os alunos a participar mais ativamente hegemônica, dos dominantes. Conheci-
capazes de contribuir para a construção dos processos de desconstrução e recons- mento está relacionado à questão do
de uma sociedade mais justa e democrá- trução da realidade vivenciada. poder.
tica. Todos os estudantes, independente- Uma possibilidade, de romper essa
Segundo Terigi (1999) o conheci-
mente da rede de ensino, devem ter aces- lógica, é trazer para o debate os diversos
mento é socialmente produzido em uni-
so ao conhecimento necessário à sobrevi- discursos sobre o currículo.
versidades, em centros de pesquisa, no
vência na sociedade. A qualidade da
mundo do trabalho nos movimentos Em relação ao debate de valorização
educação (CURRÍCULO) deve propiciar a
sociais e nas lutas por direitos humanos, das culturas locais, do processo de não
apreensão crítica e a distribuição dos
no campo tecnológico, nas atividades valorizar demais as disciplinas e de defe-
conhecimentos escolares.
referentes à saúde, artísticas, físicas e sa da manutenção de um currículo cen-
INJUSTIÇA COGNITIVA SOCIAL corporais, entre outros espaços dos quais trado nos conhecimentos mais relevan-
O não acesso aos conhecimentos derivam os conhecimentos escolares. tes Moreira defende: como incluir tanto a
hegemônicos e significativos. Esses conhecimentos são retirados dos preocupação com conteúdos significati-
seus “âmbitos de referências” e recontex- vos, que levem em conta interesses e
Os ranqueamentos realizados com o tualizados para o currículo. necessidades dos alunos, quanto à preo-
desempenho de alunos de escolas públi- cupação com a sequência de conteúdos,
cas e privadas desencadea-se numa lógi- A perspectiva escolar hierarquiza os
processos, valorizando mais os conheci- necessária a uma apreensão lógica e
ca de desigualdade. Alunos de escolas ordenada dos mesmos. Faz-se necessá-
privadas atingem as melhores universi- mentos acadêmicos do que os conheci-
mentos da experiência (de casa, da comu- rio, então, cuidado para que não se igno-
dades e os das redes públicas as oportu- re a chamada lógica das disciplinas em
nidades são reduzidas. nidade).
prol do foco no desenvolvimento integral
Para os autores o conhecimento esco- CONHECIMENTO PODEROSO do educando em uma realidade plural.
lar é que vai possibilitar que alunos de Os significados e os padrões culturais não
“é aquele que se inspira nas comuni-
escolas públicas consigam entrar em são suficientes para garantir o aprendiza-
dades de especialistas, que denomina-
boas universidades contribuindo para a do do/a aluno/a e ampliar seus horizon-
mos comunidades disciplinares, que
construção de uma sociedade mais justa tes.
constituem formas de organização social
e democrática. Articular os conhecimentos ditos de
para a produção de novos conhecimen-
EM QUESTÃO, O CONHECIMENTO tos”. base científica/acadêmica com os oriun-
ESCOLAR. dos das diversas culturas. Conhecimento
Para não reproduzirmos apenas o
articulado e não hierarquizado.
O conhecimento nos tempos pós (pós pensamento dominante devemos estar
modernidade) questionam os ideais atentos às novas culturas presentes na
eurocêntricos, do colonizador, do escola pública.
homem branco, que existe na escola.
14
STACCIOLI
DIÁRIO DO ACOLHIMENTO NA ESCOLA DA INFÂNCIA
Conta sobre uma pedagogia feita no sor encorajador estimulando na criança a gama de mensagens e de provocações por
cotidiano, no encontro e na relação que os autoestima, confiança, segurança, interesse meio das brincadeiras.
professores têm com as crianças, construin- social e a capacidade de cooperar e de Para Piaget, a brincadeira representa
do uma verdadeira escola da infância. As desenvolver atividades. Conhecer a realida- uma passagem indispensável para alcançar
crianças com o direito de participar na de de cada criança. O professor encoraja- o pensamento socializado e reversível.
construção de um coletivo. dor e acolhedor deve enfatizar o positivo,
sem ressaltar os negativos. Para Vigotski é o meio privilegiado
AS COMPETÊNCIAS RELACIONAIS DO para dar um sentido e um significado à
PROFESSOR NA ESCOLA DO ACOLHIMENTO Fora da escola as crianças são muito realidade.
programadas, não desenvolvendo o lúdico
Ambientação e acolhimento espontâneo. O autor destaca o papel da Organizar os ambientes adequadamen-
escola da infância. televisão. Nos dias atuais destacam-se as te é muito importante, define as finalidades
novas tecnologias. pedagógicas da pré-escola. O ambiente
É importante a capacidade do professor
preparado e organizado sob medida para a
e da escola acolher as crianças de modo A escola da infância tem que propiciar criança é um local que expõe mensagens e
personalizado e lidar com suas emoções e uma vida de crianças inteiras e verdadeiras. solicitações.
com dos seus familiares. Para isso é necessá- Pensar com foco educativo no dia inteiro:
rio as competências relacionais dos profes- todos os momentos (lanche, banheiro,
sores: culturais, pedagógicas, psicológicas, entrada, saída, descanso, etc.).
UM PRINCÍPIO ACOLHEDOR: A
metodológicas e didáticas.
Acolher as crianças de modo personali- CONFIANÇA.
Uma pré-escola renovada precisará de zado é um método de trabalho. Levar em Um adulto atento e confiante deve
uma nova prática educativa com as seguin- consideração o contexto familiar da criança. apenas refinar cada vez mais as suas compe-
tes competências: O momento de separação e ambientação tências para ler as situações, avaliar as
1. CULTURAIS E PSICOPEDAGÓGICAS deve ser bem trabalhado pelo professor. A necessidades das crianças (sujeitos de direi-
separação é um momento difícil para as tos) e reequilibrar, aos poucos, as propostas
2. METODOLÓGICAS E DIDÁTICAS crianças porque deixam de ver os pais e por educativas com base na qualidade das suas
3. RELACIONAIS. vivenciarem outro ambiente. respostas.
O trabalho em equipe deve prevalecer. O ROMPER COM O ADULTOCENTRISMO E
papel do professor é muito importante na UM MÉTODO ACOLHEDOR ORGANIZAR A ESCOLA PARA A CRIANÇA.
relação com as famílias e as crianças. Profes- Oferecer oportunidades para uma vasta

15
TARDIFF
SABERES DOCENTES E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Enfoca que os saberes docentes pos- É bastante raro ver os teóricos e pes- crença e cultura na transmissão do saber.
suem uma contribuição muito grande de quisadores das ciências da educação Compreendemos, então, que existe o
sua prática docente, daquilo que é sua atuarem diretamente no meio escolar, inconsciente nessa transmissão. Essa
experiência ao longo dos anos em sala de em contato com os professores. questão propõe que se pare de conside-
aula, na escola, na relação que possui rar o professor como um técnico que apli-
O professor é menos valorizado por
com seus pares, com seus alunos, os pais, ca conhecimentos produzidos por outros,
não ser considerado como produtor de
sua comunidade. O saber docente é ou como um agente social que aplica o
conhecimento. Não é responsável pelo
um saber social. conhecimento determinado por forças
que vai ser ensinado, não define o conte-
ou mecanismos sociológicos. São visões
Quais os saberes que servem de base údo.
opostas, mas que possuem em comum a
ao ofício de professor? Quais são os O professor ideal é alguém que deve exclusão do professor. Um professor de
conhecimentos, o saber fazer, as compe- conhecer sua matéria, sua disciplina e profissão é um ator no sentido forte do
tências e as habilidades que mobilizam seu programa, além de possuir certos termo. Um sujeito que assume sua práti-
diariamente para realizarem suas tare- conhecimentos relativos às ciências da ca a partir dos significados que ele
fas? educação e a pedagogia e desenvolver mesmo lhe dá, que possui conhecimen-
CINCO MOTIVOS QUE FAZEM DO um saber prático baseado em sua expe- tos e um saber-fazer provenientes de sua
riência cotidiana com os alunos. própria atividade. O professor produz
SABER DOCENTE UMA SABER SOCIAL.
O saber não se reduz, exclusiva ou novos saberes sobre saberes anterior-
1. Porque é partilhado por principalmente, a processos mentais, mente adquiridos.
todo um grupo de agentes. cujo suporte é a atividade cognitiva dos Avaliamos, então, que a transmissão
2. Porque tem um sistema que indivíduos, mas é também um saber de saberes e a aprendizagem vão além do
o legitima. social que se manifesta nas relações com- processo comunicativo. Para tal, deverá
plexas entre professores e alunos. É resul- ocorrer a transferência de trabalho, ou
3. Porque seus próprios objetos
tante das relações sociais. seja, o indivíduo recebe um conhecimen-
são sociais.
O saber é plural e essa concepção é to e passa a operar com aquilo que rece-
4. Porque o que ensinam e beu. Faz-se necessário estabelecer um
fundamental para entender a atuação de
como ensinam evoluem com novo saber sobre o que foi transmitido.
cada um no processo de trabalho coletivo
o tempo e as mudanças soci- desenvolvido pela escola. Cada professor Entretanto, percebemos que isso não
ais. insere sua individualidade na construção ocorre na escola de hoje, ao contrário, a
5. Porque ao longo da carreira do projeto pedagógico. maioria dos docentes apenas contribui
o professor aprende a ensi- com a resistência dos alunos.
“Os professores enquanto sujeitos do
nar fazendo o seu trabalho. conhecimento”. Tardif defende a aproximação dos
A universidade é um importante pesquisadores, corpo docente e comuni-
No que diz respeito à subjetividade, dade científica para unir pesquisa e
centro de pesquisa mas está dissociada Tardif propõe que os professores possu-
da realidade dos professores. ensino. A pesquisa universitária precisa
em saberes específicos que são mobiliza- considerar o professor como sujeito de
Os professores possuem a mesma dos, utilizados e produzidos por eles no conhecimento.
importância que a comunidade científica âmbito de suas tarefas cotidianas. São os
e um papel estratégico na sociedade em professores que ocupam, na escola, a
relação ao conhecimento. posição fundamental, pois são os princi-
pais atores e mediadores da cultura e
O saber do professor é plural, é oriun-
dos saberes escolares.
do de sua experiência; da disciplina; do
currículo; da formação profissional. Existe história, emoção, afetividade,
16
UNESCO
EDUCAÇÃO PARA OS OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O centro é a agenda 2030 13. Combate às alterações climáti- de reconhecer e compreender relaciona-
17 objetivos de desenvolvimento sus- cas mentos; lidar com a incerteza.
tentável (ODS). 14. Vida debaixo da água Antecipatória = compreender e avaliar
Desafios globais que são fundamentais 15. Vida sobre a terra vários futuros.
para a sobrevivência da humanidade. 16. Paz, justiça e instituições for- Normativa = entender e refletir sobre as
1. Erradicação da pobreza tes normas e os valores que fundamentam as
2. Fome zero 17. Parcerias em prol das metas ações das pessoas.
3. Boa saúde e bem estar ARTICULAÇÃO CURRÍCULO DA CIDADE Estratégica = compreender e imple-
4. Educação de qualidade Competências que capacitem as pesso- mentar coletivamente ações inovadoras.
5. Igualdade de gênero as a refletir sobre as próprias ações, tendo Colaboração = aprender com os outros,
6. Água limpa e saneamento em conta seus impactos sociais, culturais, compreender e respeitar as necessidades.
econômicos e ambientais atuais e futuros, a Pensamento crítico = questionar nor-
7. Energia acessível e limpa partir de uma perspectiva local e global. mas, práticas e opiniões, refletir sobre os
8. Emprego digno e crescimento Ÿ Protagonistas da ação próprios valores.
econômico
Ÿ EDS parte da educação Autoconhecimento = refletir sobre o
9. Indústria, inovação e infraes-
trutura Ÿ EDS parte da meta 4.2 das ODS papel na comunidade local e na sociedade
Trabalho transversal global.
10. Redução das desigualdades
Cidadãos da sustentabilidade Resolução integrada de problemas =
11. Cidades e comunidades sus- aplicar diferentes marcos na resolução de
tentáveis problemas.
12. Consumo e produção responsá- COMPETÊNCIAS CHAVES
veis De pensamento sistêmico = habilidade

17
SILVA; PEREIRA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÕES A PARTIR DA PRÁTICA
EJA: CONTRIBUIÇÕES PARA Leitura de textos literários foi o meio Na EJA todos os alunos devem ser consi-
mais utilizado. O aluno deve ter contato com derados especiais. As pessoas com deficiên-
ALFABETIZAÇÃO diferentes gêneros textuais. Despertá-los cia ou não têm o direito a serem vistas e
Alfabetização como meio de emancipa- como leitores. percebidas.
ção e transformação das pessoas e da socie-
dade. Conhecer a história de vida e fazer A EJA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA TICs NA EJA
ligação com a própria vida – teoria psicoge- A EJA de acordo com as DCN tem três A EJA ajuda o aluno jovem ou adulto a
nética, também conhecida como construti- funções que devem nortear o trabalho com participar da sociedade do conhecimento,
vismo ou socioconstrutivismo (Emília Ferre- jovens e adultos não escolarizados ou com desenvolvendo pensamento crítico e cida-
ro). Levar em consideração o contexto. escolaridade incompleta. dania.
Alfabetização e currículo REPARADORA - EQULIZADORA - É preciso inserir os alunos da EJA às
Deve ser construído de acordo com a QUALIFICADORA. novas tecnologias (era digital). A aborda-
realidade do estudante. Deve fazer sentido gem das TICs em salas de aula chamamos de
para ele e considerar diferenças etárias e A EJA tem recebido muitos alunos da LETRAMENTO DIGITAL. A escola deve
culturais. Os professores devem ter domínio educação inclusiva. O direito, pela Declara- possibilitar o acesso aos meios digitais e a
sobre métodos de alfabetização. ção de Salamanca, à educação inclusiva informática é fundamental como recurso
estende-se às crianças que estejam com pedagógico.
O ATO DE LER NA EJA dificuldades temporárias ou permanentes
na escola, as que repetem sucessivamente, Também foi abordado os seguintes
A proposta político pedagógica da EJA as moradoras de rua, as que são forçadas a temas: Educação física, matemática, EJA na
visa uma educação contextualizada, que trabalhar, as extremamente pobres e desnu- prisão e negritude, todos com o olhar para as
atenda aos interesses dos alunos e que con- tridas. oportunidades, para o pertencimento, para
sidera o meio sociocultural no qual se insere. a inclusão.

18
DOMINGUES
O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃO DO DOCENTE NA ESCOLA
O Coordenador é o articulador dos O trabalho do coordenador no século resolver.
espaços coletivos de formação continua- XXI é pautado pela gestão dos processos
Libâneo relaciona doze atribuições
da do docente na escola. Reflexão a partir de formação, na condução de reflexão
da função do coordenador pedagógico:
do tripé: escola, formação e coordenação. que produza consciência das identida-
des, das determinações das políticas 1. Responder pelas atividades peda-
A partir da década de 90 a formação públicas e das necessidades educativas gógico-didáticas e curriculares
contínua do docente desloca-se para a da comunidade. 2/3. Na elaboração, acompanhamento
escola. Escola como local de aprendiza- e avaliação de projetos
gem para o professor. Nóvoa (Antonio Do contexto de pluralidade de enten-
4. orientar a organização curricular
Nóvoa, historiador da educação – portu- dimentos da função e dos desafios da
guês) destaca que esse território é habi- formação contínua surge o desafio da 5. assistência aos professores
tado por atores individuais e coletivos, formação do próprio coordenador. 6. coordenar reuniões
com certas margens de autonomia. Segundo Libâneo o coordenador é 7. organizar turmas de alunos e desig-
um profissional que assegura a integra- nar professores para elas
O que dá sentido à formação na esco-
la é que é nela onde se desenvolve o currí- ção e articulação do trabalho pedagógi- 8. formação continuada
culo de formação do aluno e onde as co-didático, que formula e acompanha o 9. atividades com comunidade
dificuldades de ensino e de aprendiza- projeto educacional, assiste aos profes- 10/11. Avaliação da aprendizagem e
gem se manifestam. Professor como sores, promove reflexão sobre a prática, avaliação processual dos docen-
produtor de saber. elabora avaliação dos processos e promo- tes
ve atividades de formação continuada. 12. desenvolvimento do plano pedagó-
O coordenador é o articulador dos Para Libâneo, ou se forma um bom pro- gico curricular e de ensino.
espaços coletivos de formação contínua fessor, ou um bom gestor, ou um coorde-
docente na escola. É o acompanhante
sistemático da prática. (vai ao encontro de Tardif)
nador pedagógico (sobre os cursos de DESTAQUE PARA A QUESTÃO
pedagogia).
DOS REGISTROS
FUNÇÕES DO COORDENADOR A abordagem no trabalho com os
A formação como um processo intro-
professores deve se dar pela liderança e
Responde pelas atividades pedagó- determinado: na disposição de estar
evitação de conflito, sem imposições. O
gicas; acompanha atividades em sala de junto com os outros e nas transformações
coordenador pedagógico transita
aula; supervisiona a elaboração de proje- subjetivas promovidas pela formação. A
entre supervisão e orientação.
tos; discute o Projeto Político Pedagógi- formação, mesmo coletiva, é autoforma-
co; presta assistência ao professor; coor- Quando se trata da perspectiva de ção. A formação como elemento
dena reuniões; organiza as turmas e os quais saberes sustentam a prática do introdeterminado manifesta-se
processos de avaliação; atende pais e coordenador é perceptível certo sincre- numa participação efetiva que dá
alunos; coordena ações de formação tismo de natureza pragmática, biográfica concretude para o projeto educativo
contínua. e bibliográfica. da escola, por meio de uma relação
coerente entre teoria e prática.
O PPP orienta o trabalho na escola e a O COORDENADOR COMO
ideia de uma escola reinventada, demo- Destaque para a questão da cultura
crática, exige novas formas de organiza- GESTOR DA FORMAÇÃO escolar e suas consequências.
ção, funcionamento e desenvolvimento A formação contínua para Nóvoa O coordenador é o profissional habili-
da profissionalidade. alicerça-se na dinamização de projetos tado para trabalhar a reflexão.
A atuação da coordenação não é uma de pesquisa-ação, passa pela consolida-
atividade técnica e burocrática e sim uma ção de redes de trabalho e de partilha.
atividade intelectual. (vai ao encontro de Libâneo) Deve estar mais focada em problemas à
19
SACRISTÁN
O CURRÍCULO: UMA REFLEXÃO SOBRE A PRATICA
SACRISTÁN (2000) apresenta ampla dade escolar e que se torna realidade dentro lecer reflexões sobre a sua atuação profissio-
perspectiva sobre o currículo, o qual pode das condições do ambiente escolar. Acredita nal, visto que o currículo se justifica na
ser entendido como algo que adquire forma que as teorias curriculares se convertem em prática. Importante salientar os cinco aspec-
e significado educativo à medida que sofre mediadores ou em expressões da mediação tos básicos que exigem a atenção do profes-
uma série de processos de transformações entre pensamento e a ação em educação. O sor ao planejar a sua ação educativa: deve
dentro das atividades práticas, sendo que, autor enfatiza que considerar o currículo, pensar nos recursos
enfatiza que as condições de desenvolvi- que dispõe, ponderar os tipos de intercâm-
“Não podemos esquecer que o currículo
mento e realidade curricular precisam ser bios pessoais, organização da classe e o
supõe a concretização dos fins sociais e
entendidas em conjunto. processo educativo. A inovação curricular
culturais, de socialização, que se atribui à
implica relacionar propostas novas de con-
A prática escolar historicamente possui educação escolarizada, ou de ajuda ao
teúdos com esquemas práticos e teóricos,
intrínsecas relações com o seu uso, com as desenvolvimento, de estímulo, e cenário do
sendo que, a riqueza dos conteúdos condici-
tradições, técnicas e perspectivas dominan- mesmo, o reflexo de um modelo educativo
ona as tarefas possíveis e estas mediatizam
tes em torno da realidade do currículo. Por determinado, pelo que necessariamente
às possibilidades do currículo. Nesse senti-
vezes, o currículo é entendido como um tem de ser um tema controvertido e ideoló-
do, o currículo pode ser concebido como um
processo de organizar uma série de práticas gico, de difícil concretização num modelo ou
projeto cultural elaborado sob chaves peda-
educativas, sendo que o seu significado proposição simples.”(SACRITÁN, 2000, p.15)
gógicas; sobre códigos de objetivação da
pode ser dado pelos próprios contextos em
O autor possui a concepção que a esco- administração pedagógica e curricular. Em
que se insere: contexto de aula, pessoal,
larização obrigatória tem a função de ofere- relação à orientação curricular que centra
histórico e político. Sendo que, a sua elabo-
cer um projeto educativo global que implica sua perspectiva na dialética teoria-prática é
ração é permeada por códigos pedagógicos.
se encargar de aspectos educativos diversos um esquema globalizador dos problemas
O currículo é uma forma de ter acesso ao e complexos. relacionados com o currículo, que, num
conhecimento por meio da construção cul- contexto democrático, deve desembocar em
Para Tyler, o currículo é composto pelas
tural. Para o autor, analisar currículos con- propostas de maior autonomia para o siste-
experiências da aprendizagem planejadas e
cretos significa estuda-los no contexto em ma em relação à administração e ao profes-
dirigidas pela escola para conseguir os obje-
que se configuram e através do qual se sorado para modelar sua própria prática. De
tivos educativos. Por sua vez, Sacristán acre-
expressam em práticas educativas e em modo geral, o currículo escolar, dentro de
dita que o currículo é um objeto que se cons-
resultados. Podem ser entendidos como sua plenitude de perspectivas e problemáti-
trói no processo de configuração, implanta-
sendo a expressão do equilíbrio de interes- cas, uma representação cultural pode ser
ção, concretização e expressão de determi-
ses e forças que gravitam sobre o sistema sustentada pela posição de múltiplas
nadas práticas pedagógicas e em sua avalia-
educativo num dado momento, sendo que noções do conhecimento. A complexidade
ção, como resultado das diversas interven-
através dele se realizam os fins da educação. do currículo composta de diferentes ele-
ções que nele operam, podendo ser visto
É por meio dele que se realizam basicamen- mentos culturais exteriores, tais quais:
como um objeto que cria em torno de si
te as funções da escola como instituição. envolvem um sistema de conhecimento
campos de ação diversos, nos quais múlti-
Para melhorar o ensino, faz-se necessá- plos agentes e forças se expressam em seu ligado ao cotidiano do sujeito; envolvem um
rio mudar os conteúdos, procedimentos e formato. A gestão educativa do currículo sistema de linguagens e de comunicação
contextos de realização dos currículos. Do supõe a distribuição de competências sobre nos diferentes tipos de comunicação pesso-
mesmo modo, acredita que só adiantará o mesmo entre os diferentes agentes sociais al; cultivam formas de linguagem externa,
fazer reformas curriculares se estas forem que nele intervêm e o recebem. Para o autor, empregando o cotidiano; dispõem do siste-
ligadas a formação de professores, pois a o modelo mais adequado é o interativo, um ma econômico; dispõe da estrutura social;
atuação profissional dos docentes está modelo democrático que pode resolver o organizam-se num conjunto de sistemas
condicionada pelo papel que lhes é atribuí- compromisso entre as necessidades míni- governamentais; dispõem de sistemas de
do no desenvolvimento do currículo. mas de regulação e a autonomia das partes. valores éticos organizados; envolvem o
Na sua ação, o professor deve ser mediador sistema da história de evolução da cultura;
Sacristán propõe definir o currículo dispõem de um sistema de comunicação do
do processo de construção pedagógica entre
como o projeto seletivo da uma determina- que já foi construído ao longo da sobrevi-
a cultura e o estudante, sendo uma tarefa
da cultura, social, politico e administrativa- vência humana e de tudo que já foi funda-
complexa, permeada por diferentes tipos de
mente condicionada, que preenche a ativi- mentado nos aspectos humanísticos. Sacris-
conhecimentos, os quais permitem estabe-
20
tán (2000, p.18-19) afirma que As reformas práticas docentes e componentes contextu- conjunto de práticas relacionadas com a sua
curriculares nos sistemas educativos desen- ais que condicionam a aprendizagem esco- elaboração e desenvolvimento. Para Sacris-
volvidos obedecem pretensamente à lógica lar, não sendo possível separar os conteúdos tán, o currículo e sua natureza processual
que através delas se realiza uma melhor das experiências. Neste sentido, o currículo é traduzem se em um conjunto de práticas
adequação entre os currículos e as finalida- determinante na experiência que o estudan- diversas, ao mesmo tempo em que é cons-
des da instituição escolar, ou a de que com te obtém da instituição escolar, sendo que as truído por subsistemas que vão desde os
elas se pode dar uma resposta mais adequa- aprendizagens derivadas do currículo são órgãos mais elevados da política educativa
da à melhora das oportunidades dos alunos realizadas dentro do campo de determina- aos contornos da formação dos sujeitos no
e dos grupos sociais. Neste sentido, o conte- ções de forma dinâmica, flexível e vulnerável contexto escolar. A prática pedagógica é
údo é condição lógica do ensino, e o currícu- à pressão que exigem atuações políticas, uma destas práticas, da qual se servem os
lo, é antes de mais nada a seleção cultural administrativas e jurídicas, além das atua- projetos institucionais de formação ao longo
estruturada sob chaves psicopedagógicas ções didáticas. Segundo Apple, existem seis da história da escolarização formal. A prática
dessa cultura que se oferece como projeto aspectos básicos do ambiente escolar que pedagógica e currículo, ao constituírem se
para a instituição escolar. Neste contexto, a são parte do currículo efetivo para os estu- como práxis, perfazem o estatuto de proces-
avaliação atua como uma pressão modela- dantes: o conjunto arquitetônico das esco- so, sendo que, o currículo é o enfoque princi-
dora da prática curricular, possuindo várias las; os aspectos materiais e tecnológicos; os pal da educação e imprescindível à prática
funções, mas uma merece ser destacada: sistemas simbólicos de informação; as habi- pedagógica, pois ele está ligado às variações
servir de procedimento para sancionar o lidades do professor; os estudantes; os com- dos conteúdos, a sociedade e a profissionali-
progresso dos alunos pelo currículo sequen- ponentes organizativos. O autor acredita zação dos docentes. A temática abordada
cializado ao longo da escolaridade. Segundo que os novos currículos requerem transfor- pelo autor possibilita ao leitor ampliar seus
o autor, as condições institucionais da escola mação pedagógica dos conteúdos, dos méto- horizontes, compreender os processos for-
definem as aprendizagens que os estudan- dos e das condições escolares, levando em mativos, as teorias que subsidiam o conceito
tes realizam em seus ambientes e a qualida- consideração a formação de professores e a de currículo, as dimensões prática e pedagó-
de da educação é definida pela aprendiza- transformação das condições da escola. gica, a sua complexidade e importância
gem, modelada pela contextualização esco- Enfatiza que o ato de planejar o currículo é educativa para o contexto escolar.
lar. O ensino está ligado à metodologia, uma das facetas mais relevantes dentro do

21
ALMEIDA; PLACCO
O COORDENADOR PEDAGÓGICO E O ATENDIMENTO À DIVERSIDADE
A autora (Almeida) inicia com um TRANSFORMADOR = deve ajudar o Trabalho diversificado com professo-
histórico da coordenação na rede estadu- professor a ser reflexivo e crítico em sua res: autobiografia, narrativas, diário de
al de ensino de São Paulo, para demons- prática. bordo.
trar o importante trabalho realizado pela A autora indaga para reflexão: O que O coordenador é um maestro, um
coordenação em momentos distintos. seu aluno leva de você quando ele sai da treinador.
Destaca que a partir da Lei 4024/61 come- escola?
çaram a surgir as escolas experimentais, Em nome da diversificação cuidar
que depois deram origem a outras expe- para não contribuir para manter ou pro-
riências. vocar a desigualdade (Sacristán).
Ÿ COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA
DIFERENTES APRENDIZAGENS O atendimento à diversidade cultu-
USP DO PROFESSOR (PLACCO) ral, no entanto, é uma das tarefas do coor-
Ÿ GINÁSIOS VOCACIONAIS Sabe-se que os saberes dos professo- denador. Destaque ao multiculturalismo,
Ÿ EXPERIMENTAL DA LAPA res são de fontes diversas, que abrangem que se caracteriza pela presença de várias
Ÿ COORDENADORIA DO ENSINO desde a experiência de vida do sujeito até culturas num mesmo território. No caso
TÉCNICO os conhecimentos teóricos próprios da em questão os territórios do saber.
Ÿ ESCOLAS CARENTES profissão (Tardif). Para a autora o coordenador tem que
Ÿ CICLO BÁSICO ter: ética, estética, sensibilidade, conteú-
Ÿ CEFAM O coordenador é um MEDIADOR e
um profissional que precisa se dedicar a do e metodologias.
Ÿ ESCOLA PADRÃO
sua formação. Atualmente existem mais mulheres
O QUE FAZ UM COORDENADOR O termo mediador surgiu para supe- no mercado de trabalho, portanto há
rar a ideia do ensino autoritário onde o necessidade de mais escolas de educação
Compete ao coordenador pedagógi-
professor era o centro do conhecimento. infantil. Escolas que são desafiadas como
co as funções de ARTICULADOR,
agentes corresponsáveis para a constru-
FORMADOR e TRANSFORMADOR. Além da mediação o coordenador ção de uma sociedade mais justa e demo-
ARTICULADOR = oferece condições necessita de um domínio geral sobre o crática.
para os professores trabalharem coleti- conhecimento geral e específico.
vamente as propostas curriculares, em A aprendizagem é um processo sub- IDEIAS CHAVES: articulador, for-
função da realidade. jetivo e individual, não dá para trabalhar mador, transformador, formação no
com professores de forma homogênea. O contexto do trabalho, mediação, diversi-
FORMADOR = oferece condições ao dade.
mesmo material cada um vai ver com
professor para se aprofundar na área
seus próprios olhos.
específica e trabalhar com ela.

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OLIVEIRA; FONSECA; REIS
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
OS DESAFIOS PARA A CONSTITUIÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
A luta é por uma escola para todos, no eixo sobre as diferenças, tendo a for- DUA
sem restrições. Levar a discussão para o mação continuada articulada à inicial. Tentativa de tornar o currículo inclu-
contexto da formação de professores que sivo perspectiva singular, afastando-se
ASPECTOS DA FORMAÇÃO DA
exercem o papel de ator principal do ato da abordagem uniforme.
PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL NO
pedagógico.
BRASIL EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA CULTURA
Considera-se a escola como um ambi- DIGITAL: RECURSOS E ESTRATÉGIAS
A educação especial no Brasil passou
ente formativo para todos – professores,
por mudanças de paradigmas nos finais (TDIC – tecnologias digitais de infor-
estudantes, gestores, servidores, famili-
do século XX, de uma perspectiva de mação e comunicação)
ares – e ainda há a perspectiva da inclu-
integração das pessoas com deficiências Os estudantes da era digital estão
são escolar. A escola é um espaço privile-
para uma abordagem social do significa- conectados às novas tecnologias. Nesse
giado na formação continuada do profes-
do da diferença/deficiência. sentido as TDIC devem ser usadas com
sor.
O DESENHO UNIVERSAL PARA intencionalidade pedagógica, são recur-
Os professores precisam se apropriar
APRENDIZAGEM EM CONTEXTOS sos. Os professores precisam conhecer as
dos conhecimentos específicos e a for-
INCLUSIVOS DO ENSINO FUNDAMENTAL possibilidades ofertadas pela cultura
mação de se sustentar sobre a práxis.
digital, rompendo barreiras de formação.
O aluno da educação especial deve Uma escola para todos que considera
ser assumido pela escola e não pelo pro- a singularidade de cada estudante. Tra- ATIVIDADE MOTORA ADAPTADA,
fessor do AEE apenas. balhar de forma flexível e eliminando TECNOLOGIA ASSISTIDA E INCLUSÃO
barreiras, para inserir todos. Superar a Trata-se do professor de educação
O estágio é importante como espaço
concepção de “adaptação”. física adaptar as atividades motoras.
formativo dos professores em formação
inicial. Desenho Universal para Aprendiza- Direito dos alunos com deficiência a
gem (DUA) participação em todas atividades.
Não se deve desconsiderar os conhe-
cimentos dos professores na atuação em Conjunto de princípios metodológi- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E A
uma escola inclusiva. cos que visa utilizar variados métodos, ESCOLARIZAÇÃO DE ESTUDANTES COM
materiais e avaliações para apresentar as DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Deve haver articulação entre o pro-
informações e conteúdos de diferentes O arcabouço de leis não garante a
fessor generalista, o AEE e os profissiona-
formas, com o intuito de possibilitar dife- efetiva aprendizagem. Não existe uma
is da saúde.
rentes possibilidades para expressarem o fórmula para se ensinar aos alunos com
FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES que eles sabem, além de buscar estimu- deficiência intelectual e as escolas
NA PERSPECTIVA INCLUSIVA lar o interesse e a motivação para apren- sofrem com suas práticas seletivas, meri-
A necessidade de uma formação dizagem. tocráticas.
inicial que garanta articulação entre a PRINCÍPIOS DO DUA Diversidades de estratégias, concep-
questão teórica e a prática. A formação a) Múltiplos meios de repre- ção de inclusão à todos. Exemplo: ensino
inicial na pedagogia e educação especial colaborativo – professor regente e o da
sentação
é muito frágil. educação especial.
b) Múltiplos meios de ação e
No Brasil, predomina uma formação expressão PEI
mais geral nos cursos de pedagogia. Proposta de ensino individualizado
c) Múltiplos meios de engaja- como um dos princípios para efetivação
Para os autores a formação deveria se mento
dar nos cursos de pedagogia com ênfase da inclusão escolar. Trabalhar de forma
coletiva.
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