Você está na página 1de 7

PLANO DE ENSINO COLETIVO DO

AGRUPAMENTO III

Tema: O mundo pelas minhas mãos: Educação para a Sustentabilidade

Justificativa

Considerando-se que o documento norteador para as ações educativas


da Educação Infantil, em vigor desde 2017 – a BNCC, reforça os eixos
estruturantes das práticas pedagógicas – as interações e a brincadeira (Art. 9º,
DCNEI), escolheu-se para o trabalho com o segmento de Agrupamento III o
foco no brincar, nas interações e no fazer das crianças, pois é brincando,
interagindo e experimentando que a criança pequena conhece a si, aos outros
(pares e adultos) e o mundo que a cerca, pois:

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância,


trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o
desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a
brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível
identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das
frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções.
(BRASIL, 2018, p. 33).

Podemos destacar a Resolução n º 5 de 17 de dezembro de 2009, que


fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:

Art. 9º – As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular


da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações
e a brincadeira, garantindo experiências que:
VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o
questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em
relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza;
X – promovam a interação, o cuidado, a preservação e o
conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na
terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais

Ou seja, se torna necessário um trabalho que proporcione experiências


e vivências através de diversas formas de brincadeiras em diferentes espaços
e tempos, visando que as crianças ampliem e diversifiquem seu conhecimento
de mundo, se apropriando dos saberes historicamente construídos.
A partir deste ano, também daremos enfoque no tema da
Sustentabilidade integrada ao brincar e às interações, que foi pauta de nossa
discussão coletiva em torno das prioridades e das características observadas
pela equipe pedagógica sobre a comunidade escolar e local.
A Sustentabilidade possui uma relevância significativa no cenário atual,
porque, como educadores, desejamos a formação de pessoas que possam
conviver harmoniosamente e de forma responsável consigo mesmas e com o
mundo, significa que, ao trabalharmos estes valores e experiências (que
envolvem o convívio social e o pertencimento ao mundo), estamos dando
condições das crianças conviverem bem em diferentes contextos e com a
diversidade de pessoas e ambientes.
Acerca de uma convivência harmoniosa na diversidade abarcamos as
leis federais 10.639/03 e 11.645/08, que demandam sobre as temáticas de
História e Cultura africana e afro-brasileira e indígena, respectivamente.
Ainda sobre convivência, podemos recorrer à BNCC (2017, p. 38), ao
afirmar que “conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes
grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do
outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas”, nos
remetendo ao mencionado acima, bem como a demais questões trazidas pelas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a Educação Infantil:

Estas Diretrizes Curriculares trazem a perspectiva da diversidade,


propondo que ações inclusivas sejam privilegiadas e efetivadas nas
práticas de escuta dos bebês, das crianças pequenas, e também
entre os adultos nas diferenças étnicas, de gênero, religião, crença,
deficiência, língua, opinião política, origem nacional, filiação, entre
outros. (p. 22)

Silva (2016) nos traz a reflexão sobre a visão antropocêntrica em


relação ao meio ambiente que foi difundida por muito tempo no pensamento
moderno, sendo os recursos naturais vistos como a serem colonizados e
explorados pelo homem. Segundo a autora, essa visão resultou na devastação
do meio natural e seus recursos, uma visão binária, uma cisão entre o ser
humano e a natureza. Esse paradigma, segundo a autora, influenciou práticas
pedagógicas, ora, muitas vezes, abordando a temática de forma superficial e
fragmentada: “Então, surge a necessidade de uma educação que consiga
romper com as bases do pensamento dominante para uma educação que
forme atitudes socioambientais sustentáveis” (SILVA, 2016, p. 40).
Para tanto, traz-se então a necessidade do diálogo e da
problematização em relação a atitudes e comportamentos:

Portanto, a prática educativa deve superar a reprodução


comportamental, inovando a partir do pensamento reflexivo e
investigativo do docente frente ao desafio de inovar na complexidade
do tema abordado, conduzindo as crianças à leitura crítica da
realidade e à formação de atitudes mais sustentáveis. (SILVA, 2016,
p. 43)

Pensando desta forma em educação para sustentabilidade, pode-se


então problematizar o consumismo e seus efeitos, o descarte de lixo, a
alimentação saudável sem desperdício, a desigualdade social, como funciona a
reciclagem e como separar o lixo, a importância de apagar as luzes
desnecessárias, fechar a torneira, evitar sacolas plásticas, dentre muitas outras
questões, enfim, trabalhar a sustentabilidade em relação ao contexto social no
qual vivemos, com a ideia de pertencimento ao meio ambiente e de
responsabilidade por ele. (COSTA; ALVES, 2021).
Tendo em vista a nossa responsabilidade ética enquanto professoras,
e, uma vez elegendo o tema sustentabilidade abrangendo o convívio social e o
pertencimento ao mundo, trabalharemos com os assuntos/temas acima
elencados.
Considerando o cenário ocorrido da pandemia da Covid-19, em 2020 e
2021, levando em consideração o ano de 2022, em que foi preciso recriar e
reinventar as interações didático-pedagógicas, somado ao término do trabalho
remoto e a readaptação ao trabalho presencial na escola, observamos um novo
perfil de comunidade e crianças, que demandam o constante reinventar das
práticas pedagógicas, a atualização das propostas levando em conta a cultura
local, desta forma, tecemos este plano coletivo com o objetivo de acolher as
necessidades e demandas encontradas.

Objetivos

Os objetivos propostos visam englobar as propostas do município e da


BNCC, aproximando as ações pedagógicas à realidade da comunidade do Cei
Corujinha:
● Promover o conhecimento de si e do mundo através de diversas
experiências que envolvam expressões corporais, sensoriais e
expressivas, trazendo o brincar como meio de promoção das
interações, desenvolvendo a imaginação, a criatividade, capacidades
emocionais, motoras e cognitivas;
● Estabelecer planos de ensino que contemplem os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil que são
conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se.
● Seguir os princípios que compõem o currículo do município:
autoria e criação, pensar e fazer com, experiência, singularidade no
coletivo, protagonismo (CAMPINAS, 2014).

Metodologia

Cada professora trabalhará o tema proposto por meio de projetos ou de


temas geradores, podendo, ao longo do ano letivo, surgir projetos que atendam
aos interesses e necessidades das turmas, buscando sempre que possível,
articulá-los com a temática da sustentabilidade. Os materiais específicos da
educação infantil serão utilizados de acordo com o projeto a ser trabalhado.
No desenvolvimento de temas e projetos, as diferentes linguagens
estarão alinhadas aos campos de experiência, propostos pela BNCC,
possibilitando à criança se desenvolver e construir sua própria bagagem
cultural, onde o foco será a investigação e o levantamento de hipóteses.
Os campos de experiências são propostos para organizar e integrar
brincadeiras, interações e todas as atividades que acontecem no cotidiano da
Educação Infantil aos conhecimentos que são parte do currículo. São cinco os
campos de experiências propostos:

a) O eu, o outro e o nós - as experiências estão voltadas para a


interação com as outras crianças e com os adultos, as crianças
descobrem que existem pessoas diferentes e, à medida que isso
acontece, são construídas noções de autonomia e autocuidado.
b) Corpo, gestos e movimento – é com o corpo que as crianças
conhecem o espaço e objetos ao seu redor e, a partir dos gestos e
movimentos que existem nas brincadeiras, danças e dramatizações,
conhecem a si, ao outro e sobre o universo social e cultural que as
cercam.
c) Traços, sons, cores e formas – conviver com diversas expressões
criativas, culturais, artísticas e científicas são experiências que visam
levar as crianças a se expressarem por várias linguagens, criando
suas próprias produções com traços, sons, cores, gestos, danças,
mímicas, canções, desenhos, modelagens e manipulação de
diversos materiais.
d) Escuta, fala, pensamento e imaginação – as experiências nas quais
as crianças têm espaço de fala e de escuta - como ouvir histórias,
participar de rodas de conversa e na elaboração de narrativas em
grupo ou individualmente - potencializam a participação na cultura
oral. São igualmente importantes as experiências em relação à
cultura escrita, considerando suas curiosidades e seus
conhecimentos prévios, que levarão as crianças gradativamente a
compreenderem a escrita como uma representação gráfica da língua.
e) Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – é o
campo que, ao considerar que as crianças estão inseridas em
espaços e tempos suscetíveis aos fenômenos naturais e
socioculturais, privilegia a observação, a manipulação de objetos, a
explorar o espaço ao redor, a levantar hipóteses e buscar respostas.
Assim, as crianças vão ampliando o repertório e o conhecimento de
mundo que possuem.

Atividades comuns realizadas pelo agrupamento III:

Visando a integração com as turmas de agrupamento III, algumas


propostas de trabalho serão realizadas em comum:

● Projeto Nome / Mascote da Turma;

● Pesquisas diversas com as famílias;

● Eventos culturais diversificados;

● Participação das atividades dos projetos Horta, Biblioteca e CPA;

● Integração semanal no parque principal com utilização da Casinha de

brinquedos;

● Sessões de cinema;
● Diversas atividades de integração entre turmas, como por exemplo:

piquenique, roda de música, culinária, artes, brincadeiras no


solário/pátio (circuitos, bambolê, gincana, entre outras).

Avaliação e registro

O processo avaliativo considera o percurso trilhado pela criança,


fornecendo elementos para a equipe repensar as práticas pedagógicas. É o
fruto da observação, sejam elas registros escritos, fotográficos, filmagens, a
resolução de conflitos, a escuta atenta às produções das crianças e suas
famílias.
Faz parte desse processo, observar o desenvolvimento global dos
pequenos, suas conquistas e o quanto se aproximaram dos objetivos de
aprendizagem estabelecidos, valorizando o trabalho por elas desenvolvido.
Além disso, conversar com eles sobre as atividades realizadas e sensações
durante as vivências, envolvendo-os na construção do portfólio da turma. As
experiências nesse sentido demonstram a capacidade das crianças em
apreciar criticamente as produções, revelando suas percepções e reflexões.
Sendo assim, a avaliação será constante e ocorrerá durante todo o
trabalho, por meio de registros e reflexões, permitindo a reorganização
permanente das atividades pedagógicas e quando nos reunimos com os pares
e compartilhamos nossos avanços e dificuldades. A documentação pedagógica
também é o acervo de conhecimentos da educadora, que possibilita recuperar
a história do que foi vivenciado.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica.


Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de
dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=2298-rceb005-
09&category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 13 out.
2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,
DF, 2017. Disponível em: <
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/BNCC_19d
ez2018_site.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.

BRASIL. Lei 10.639/2003, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9. 394, de 20


de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília.

BRASIL. Lei 11.645/08 de 10 de Março de 2008. Diário Oficial da União, Poder


Executivo, Brasília.

CAMPINAS, Caderno Curricular Temático. Educação Básica: Ações


educacionais em movimento. Volume I: Espaços e Tempos na educação das
crianças. Campinas: SME, 2014.

______. Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a Educação


Infantil: um processo contínuo de reflexão e ação. Campinas: SME,
Departamento Pedagógico, 2013.

COSTA, Anna Laryssa do Nascimento; ALVES, Francisca Ivoneide Benicio


Malaquias. Sustentabilidade e Reciclagem na Educação Infantil, Rev. Psic.
v. .15, n. 58, p. 33-48, dez. 2021. Disponível em: <file:///home/chronos/u-
410ea90919dc7f24d2e5918c066cee46255a4cfe/MyFiles/Downloads/3281-
Texto%20do%20Artigo-8839-13055-10-20211109.pdf>. Acesso em: 10 mar.
2023.

SILVA, Renata Carvalho da. Atitudes sustentáveis na educação infantil:


desafios didáticos-pedagógicos inovadores. Dissertação de Mestrado. Recife:
UFRPE, 2016. Disponível em:
<www.tede2.ufrpe.br:8080/tede/bitstream/tede2/5301/2/Renata%20Carvalho
%20da%20Silva.pdf>. Acesso em 10 mar. 2023.

Você também pode gostar