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A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O TRABALHO

DO PSICOPEDAGOGO

Thiago de Araujo Santos

RESUMO: O presente artigo resulta de pesquisas bibliográficas realizadas a partir


dos estudos abordados no curso de Pós-graduação em Psicopedagogia
Institucional. Tem como objetivo apresentar a importância do lúdico no trabalho do
psicopedagogo. Portanto, o estudo mostra a importância do lúdico, a
intervenção psicopedagógica e as suas contribuições para o aprendizado e
o desenvolvimento integral do educando.
.

PALAVRAS –CHAVE: Psicopedagogo. Lúdico. Aprendizagem.

ABSTRACT: THE present article is the result of a literature search carried out in the
studies discussed in the course of a Post-graduate degree on psycho-pedagogy of
the institution. It has as objective to present the importance of play in the work of the
psicopedagogo. Therefore, the current study shows the importance of the playful
one, the intervention of psychologists and their contributions to the learning process
and the development of the student.

KEY WORDS: Psicopedagogo. A playful one. Learning for them

1 Introdução

A psicopedagogia é uma grande aliada da educação, principalmente, para as


crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem.
A aprendizagem do educando é compreendida
multidisciplinarmente, abrangendo as implicações, e componentes dos
vários eixos de sua estruturação orgânica como: afetivo, cognitivo,
motores, sociais, econômicos e políticos. Partindo desse pressuposto
verifica-se que o psicopedagogo pode utilizar do lúdico como possibilidade
de trabalho, de intervenção psicopedagógica, e diagnóstica no tratamento
das dificuldades apresentadas pelas crianças em seu desenvolvimento
cognitivo.
A atividade lúdica como instrumento de investigação permite ao
educando expressar-se livre e prazerosamente. Nesse contexto as
atividades lúdicas são utilizadas, pois, fazem com que as crianças revelem
aspectos que não aparecem em situações mais formais.
Educar significa propiciar situações de cuidados, as brincadeiras
possibilitam
aprendizagens quando orientadas de forma integrada contribuem para o
desenvolvimento, as capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e
estar com o outro. E na atitude de aceitação, respeito e confiança, ao acesso das
crianças, aos conhecimentos da realidade sócio cultural (RECNEI, 1998).
O psicopedagogo propicia atividades, situações e recursos que levem o aluno
a aprender; Promove interações sociais que propiciem aprendizado e
desenvolvimento cognitivo; Propõe atividades desafiadoras em contato com
materiais instigadores à criança; Planeja para que o aluno alcance os objetivos
estabelecidos pelo professor, escola e psicopedagogo; Promove modificações no
processo de ensino-aprendizagem, de forma a possibilitar que o paciente aprenda e
melhore o seu desenvolvimento pessoal e social; Propicia a auto-estima e confiança
no aluno de forma a torná-lo cada vez mais autônomo; Ajuda a criança a corrigir
seus “erros”, buscando os motivos dos mesmos e intervindo na usa superação; etc.
Um dos meios mais importantes para este percurso é a brincadeira que
poderá ser utilizada permeando várias sessões psicopedagógicas. Por isso,
concordo com Paín (2008, p. 51)

[...] a atividade lúdica nos fornece informação sobre os esquemas que


organizam e integram o conhecimento em um nível representativo. Por isto,
consideramos de grande interesse para o diagnóstico do problema de
aprendizagem na infância a observação do jogo do paciente, [...] (PAÍN,
2008, p.51)

A intervenção psicopedagógica deverá ser voltada para a individualidade de


cada criança/paciente para auxiliar em sua evolução nos níveis psicogênicos e
cognitivos, visando também o seu desenvolvimento integral e criativo.

2 Desenvolvimento

Para compreender melhor a importância da ludicidade na psicopedagogia é


importante a reflexão de como acontece à brincadeira para a criança, pois
infelizmente ainda existem pessoas que veem a brincadeira como um passatempo
ou até mesmo perca de tempo.
A brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento
psicológico, social e cognitivo da criança, pois é através dela que a criança
consegue expressar seus sentimentos em relação ao mundo social.
A interação entre as crianças e adultos faz com que um aprenda com o outro.
Além disso, as pessoas trazem consigo o dom da criação, sendo dotadas de
plasticidade inteligente possibilita os seres humanos a superar e expor suas próprias
limitações e/ou habilidades. Corroborando com Brandão (1991, p. 3)

Somos uma espécie única que, ao longo de toda a história da humanidade


e também em cada pequenino momento da vida cotidiana, estamos a todo
o tempo criando e recriando as teias e as tramas de símbolos e de
significados com o que buscamos respostas às nossas perguntas. Com
que estabelecemos sentido para as nossas vidas, consagramos princípios
para a nossa múltipla convivência e nos impomos códigos e gramáticas de
preceitos e regras para podermos viver no único mundo que nos é
possível: uma sociedade humana e as suas várias culturas.

O homem é um ser social, apropriando-se das relações e objetos desenvolve


a sua subjetividade. Já as crianças são levadas pelo desejo de se apropriarem das
coisas a sua volta, se expressam através da brincadeira. Com isso, estão criando e
recriando, buscando respostas, às suas dúvidas ou respondendo aos próprios
questionamentos. Assim como para Vygotsky conforme relata Mello (1999, p. 17),

o homem não nasce humano. Sua humanidade é externa a ele,


desenvolvida ao longo do processo de apropriação da cultura que as novas
gerações encontram ao nascer, acumulada pelas gerações precedentes –
cultura essa que é, portanto, peculiar ao momento histórico em que o
indivíduo nasce e ao lugar que ocupa nessa sociedade. Conforme Marx
(1962), todas as relações humanas com o mundo: a visão, o olfato, o
gosto, o pensamento, a contemplação, o sentimento, a vontade, a
atividade, o amor, enfim todos os órgãos da sua individualidade, são
produtos da história, resultam da apropriação da realidade humana.
Os adultos utilizam do diálogo para se expressarem na vivência social, sendo
em casa, trabalho, lazer, os mesmos se interrelacionam no cotidiano de acordo com
a cultura de cada um.

As crianças utilizam a brincadeira para se relacionarem e dialogarem,


reforçando o que observam em casa, escola, clubes, entre outros lugares que
frequentam. De acordo com Brandão (1991, p.5):

o tempo todo formando, dissolvendo e recriando pequenos grupos onde


criam e recriam situações, estratégias e equipamentos próprios para
viverem as suas vidas em seus tempos e espaços dentro de mundos
sociais (...). Mas quem cria um brinquedo e junto com outras pessoas
brinca com ele, cria uma cultura. Cria um momento próprio e original de
viver a seu modo a experiência de estabelecer pelo menos alguns termos
de um existir por conta própria.

As crianças o tempo todo, principalmente através da brincadeira demonstra o


que está pensando, como está emocionalmente, como está o seu desenvolvimento
cognitivo e mostra a sua maneira de interpretar o mundo. Desde pequenas elas já se
apropriam do meio cultural e estão construindo a sua própria história. Sabendo disso,
os profissionais da educação devem ser sensíveis ao comportamento destas para
compreendê-las e auxiliá-las. De acordo com Prado (2002, p.104):

Nessa sucessão de acontecimentos e de convívio no dia-a-dia da creche,


percebia que as crianças possuíam uma forma própria de explorar o
ambiente, de se relacionar com os objetos, com seus pares, com as
crianças de outras idades e com os adultos, de expressar suas emoções e
de estabelecer relações sociais e afetivas diversificadas, experimentando,
simulando, observando, inventando brincadeiras nos mais diversos
momentos, nem sempre especificados ou permitidos para essa atividade,
numa linguagem nem sempre de palavras, em que a dimensão do corpo e
do movimento ganhava amplitude especial- de transgressão, de fantasia, de
músicas e histórias, do inusitado, do imprevisto, da brincadeira!

A brincadeira é muito importante para as crianças, pois é através dela que


elas se manifestam culturalmente. Sabendo que a cultura é o ato das pessoas
compartilharem ideias, criações, crenças, entre outros, participando de objetivos
semelhantes. O brincar também é uma forma de se expressar, compartilhar, criar,
recriar e para isso as crianças observam toda a realidade inserida no seu cotidiano e
traz para a brincadeira expondo suas vontades e anseios para o que ainda não
podem realizar, por exemplo, a criança observa a mãe cuidando de seu irmão, então
ela traz o que observou durante este cuidado para o “faz de conta”. Pega uma
boneca e também a alimenta, dá banho, canta para ela dormir, passeia com ela, etc.

Com a brincadeira há possibilidade também de viver os medos e as


tensões do outro, de intervir papéis e, portanto, de compreender
melhor as relações vividas (OLIVEIRA, 2000, p.33/34).

É importante ressaltar outros aspectos que define a importância do brincar,


sendo que ele permite com que a criança descubra as partes do seu corpo e suas
possibilidades, utiliza diferentes objetos para representar o “faz de conta”, ou seja,
uma realidade que no momento não existe, explora o mundo a sua volta fazendo
uma ligação com o real e a fantasia, faz experimentos, pensa, reflete, planeja,
aprende a respeitar as regras e também o outro, etc.
O brincar favorece a criança o aprendizado, pois é brincando que o ser
humano se torna apto a viver numa ordem social e num mundo culturalmente
simbólicos. É o mais completo dos processos educativos, pois influencia o intelecto,
o emocional e o corpo da criança. Brincar faz parte da especificidade infantil e
oportunizar a criança seu desenvolvimento e a busca de sua completude, seu saber,
seus conhecimentos e suas expectativas do mundo. Brincando a criança expressa
sua linguagem de mundo, representa o mundo dos adultos, expõe sua criatividade,
imaginação, extravassa o seu interior. Por ser importante para as crianças, a
atividade lúdica e suas múltiplas possibilidades pode e deve ser utilizada como
recurso de aprendizagem e desenvolvimento.
É no brincar que acontece a aprendizagem da criança, nas brincadeiras as
crianças podem desenvolver a sua capacidade de criar brincadeiras, para dar
condições do desenvolvimento na diversidade das brincadeiras nas experiências
através da troca com o outro.
Muitas brincadeiras proporcionam o aprendizado das regras de convivência,
dos conceitos matemáticos, desenvolvem a linguagem e a autonomia, pois a criança
precisa comunicar-se, expressar suas preferências para brincar, exercer liderança,
organizar, cooperar, associar, entre outras coisas.
É através do brincar as crianças podem exercer sua capacidade de criar,
condição imprescindível para que haja riqueza e diversidade nas experiências que
lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas ao lúdico ou às
aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta. Sendo assim
quando a criança está brincando a criança cria situações imaginárias que lhe
permite operar com objetos e situações do mundo dos adultos. Enquanto brinca, seu
conhecimento se amplia, pois ela pode fazer de conta que age de maneira
adequada ao manipular objetos com os quais o adulto opera e ela ainda não.
O ato de brincar, como já foi visto, é algo intrínseco ao ser humano e que está
presente em sua vida, sobretudo, durante a infância. Qualquer ação pode ser
considerada brincadeira, não há nenhum traço específico para determinar quais
formas de agir podem ser consideradas e interpretadas como tal. Para que se
identifique e se ação realizada é uma brincadeira, basta que os sujeitos envolvidos
nela a determinem dessa forma.
Todo jogo e toda a brincadeira pressupõe uma cultura específica que pode ser
denominada cultura lúdica, um conjunto de procedimentos que tornam a ação do
jogo e a atuação dos que brincam possível. Kishimoto (2008 p.24) afirma que
“Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um número de referências que permitem
interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vistas como tal para outras
pessoas”.
O jogo pressupõe um ponto de partida que chamamos de cultura lúdica, é ela
que determina o andamento e o desencadear da brincadeira, a cultura lúdica é fruto
de uma interação social e esta ligada a cultura geral de onde e de quem se brinca.
Como a cultura de um povo não é algo estático – ressignificada a todo o tempo, não
haveria como a cultura lúdica ser algo fixo.
A cultura geral pode ser vista como uma construtora da lúdica, assim no
decorrer das brincadeiras e do desenvolvimento a criança brinca e ressignifica a
todo tempo os elementos da vida social que chegam até ela. Para Kishimoto (2008,
p.26) “O desenvolvimento da criança determina as experiências possíveis, mas não
produz por si só a cultura lúdica. Esta se origina das interações sociais (...)”.
No momento em que a criança brinca, pode-se considerar que ali existe o
lúdico em ação. Quando brinca a criança pode fazê-lo de diversas formas, como já
foi visto, com os jogos de exercício, faz de conta, simbólico e ate mesmo jogos de
regras. Estudando o lúdico e suas implicações, se torna possível perceber algumas
definições distintas para as diversas formas de brincar e consequentemente os
elementos que o compõem. Segundo Kishimoto (1996) a atividade lúdica pode
apresentar-se de três formas o jogo, brinquedos e brincadeiras, cada atividade desta
possui características distintas, entretanto se assemelham quanto ao
desenvolvimento cognitivo e ao prazer proporcionado por eles, assim, para um a
melhor compreensão torna-se importante distingui-las e identificá-las de forma mais
detalhada.
Existem muitas possibilidades de incorporar atividades lúdicas na
aprendizagem, para isso é importante, que permita à decisão, a escolha, as
descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças, pois ao contrário
será compreendida apenas como mais um exercício.
Partindo disso, a brincadeira é bastante significativa neste processo, pois
através dela a criança certamente expressará alguns fatores que estão dificultando a
sua aprendizagem, podendo ser: carência afetiva, pressão por parte dos pais e/ou a
escola, separação dos pais, perda de algum ente querido, atraso motor, aspectos
sociais, condições pedagógicas tradicionais ou que não vão de encontro com as
suas necessidades, dificuldade de aprendizagem, etc. Para Weiss, (2008),

A sessão lúdica diagnóstica distingui-se da terapêutica, porque nessa o


processo de brincar ocorre espontaneamente, enquanto que na diagnóstica
há limites mais definidos. Nesta última podem ser feitas intervenções
provocadoras e limitadoras para se observar a reação da criança: se aceita
ou não as propostas, se revela como quer ou pode brincar naquela
situação, como resiste às frustrações, como elabora desafios e mudanças
propostos na situação etc. (WEISS, 2008, p.75)

Partindo deste pressuposto é de suma importância que o psicopedagogo


conheça os estágios do desenvolvimento da criança, pois assim ele poderá detectar
se algo que necessite de alguma intervenção são eles, segundo Piaget, por Borges
(2003, p.30):

Sensório motor: do nascimento aos dois anos de idade,


aproximadamente. Inteligência essencialmente prática, cujo esquema
básico de assimilação, compreensão e reação aos estímulos são
sensações e os movimentos[...] Pré-operacioanal: de dois a sete anos.
Interiorização das imagens dos objetos e das ações[...] permite a
compreensão dessas expressões simbólicas.[...] Ainda faz com que a
criança se iluda com algumas interpretações, aparecimento do
egocentrismo. Operacional concreta: dos sete aos doze anos.[...] as
relações mentais, cuja reversibilidade e flexibilidade garantem à criança a
compreensão lógica das situações vivenciadas. Operacional formal: a
partir da adolescência. [...]quando este puder demonstrar a sua capacidade
cognitiva em lidar com hipóteses conseguindo, por este caminho fazer a s
suas deduções.

Tendo claro a cerca destas inteligências o psicopedagogo, mais facilmente,


encontrará um caminho para traçar o seu plano de intervenção, ao detectar alguma
dificuldade que fez com a criança não progredisse para tal fase esperada, de acordo
com a sua faixa etária.

A aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,


habilidades, atitudes e valores a partir do seu contato com a realidade, com o meio
em que vive e com as pessoas, ou, seja o aprendizado ocorre na interação social.

Através da própria história, do seu cotidiano, resolvendo questões,


descobrindo, tentado, fazendo inferências, pensando e representando que o sujeito
chega ao conhecimento.

Por isso, o jogo simbólico é também um meio facilitador e auxilia nas sessões
psicopedagógicas, pois o mesmo propicia à criança o desenvolvimento das
estruturas cognitivas, a construção da personalidade, o intercâmbio do cognitivo e
do afetivo, o avanço nas relações interpessoais, o conhecimeto-lógico-matemático, a
representação do mundo e o desenvolvimento da linguagem, leitura e escrita.

Quando brincam as crianças operam com significados e significantes como


objetos substitutos. No brinquedo ou brincadeira, uma ação substitui outra ação, um
objeto substitui outro objeto, outro ser. Isto é facilmente notável, quando observamos
uma criança brincar, um bloquinho de madeira vira carrinho, a boneca vira filha,
folhinhas viram comidinha, etc.
Para se inteirar no mundo, a criança necessita da escrita e da linguagem
essenciais para o jogo de interlocuções que se estabelecem na vida e no espaço
escolar. Aos poucos, ela vai percebendo a função social da escrita e da leitura.
Principalmente se estas estiverem voltadas ao desejo que ela possui de escrever
uma cartinha, registrar uma brincadeira, fazer um bilhetinho para um amigo.

Vale ressaltar que a criança necessita de várias experiências e materiais


diferentes que a possibilite o seu desenvolvimento de acordo com cada fase. O
desenho, por exemplo, desempenha um papel importante, pois o ato de desenhar
proporciona um conjunto de apoio, dentro do qual a escrita pode ser construída. As
crianças, na maioria das vezes, ensaiam para a escrita através do desenho e, à
medida que desenham, anunciam oralmente o texto que pretende escrever.

Os desenhos das crianças nos mostra a visão de mundo que ela têm e como
percebem as coisas e pessoas que estão ao seu redor e, principalmente como elas
se percebem neste mundo. A criança ainda nesta fase de rabiscação descobre seus
riscos e rabiscos, uma pessoa, um animal, um objeto. Percebe que suas mãos
podem, através de um lápis imprimi marcas sobre qualquer superfície. Os seus
desenhos ou tentativas de escrita são uma consequência de seus atos infantis.

Partindo disso, vale ressaltar a importância de conhecer também os estágios


da psicogênese da língua escrita. Piaget, Emília Ferreiro também vê a criança como
um ser que interage ativamente com o meio em que vive, criando seus próprios
conceitos a partir de suas vivências. De modo sintético, pode-se apresentar quatro
fases principais, mas existem as fases intermediárias que também são significativas
para o desenvolvimento da criança. São elas: Para Azenha (1999, p.72):

Pré silábica: não faz associação das letras aos sons da fala; Silábica: inicia-
se, a tentativa de relacionar os sons da linguagem com o registro escrito.
Atribuição a cada emissão sonora a um sinal gráfico. Silábico alfabético:
neste caso, as suas produções registram a presença de palavras com
partes escritas alfabeticamente e outras com apenas uma letra para a
emissão sonora. Estágio alfabético: já escreve adequadamente utilizando as
letras adequadas a seus valores sonoros.
Para que a criança desenvolva em cada estágio, citado acima, avançando pra
o seguinte é preciso muito incentivo do educador/mediador, atividades próprias para
cada um destes, atividades concretas, visuais, jogos, brincadeiras e lembrar que o
“erros” é sempre uma tentativa de acerto. Para Weiss, (2008, p.98)

Avalia-se o texto, não com os detalhes de uma prova de Português, mas


nos seus aspectos globais e que auxiliam na compreensão da queixa
formulada inicialmente. Assim, analisa-se a noção da realidade e fantasia,
a coerência interna do significado, a fluência, a criatividade, a temática e a
estrutura do texto em relação com os outros dados obtidos no
diagnóstico[...]

Outro fator importante que não pode ser esquecido é o pensamento lógico-
matemático, pois neste campo as crianças também precisam ser motivadas por
educadores e pela família para que possam dominar estratégias espontâneas e
poderem ampliá-las e utilizá-las de maneira consistente.

O aprendizado da matemática está muito ligado à aquisição de habilidades


linguísticas. Muitas atividades aproximam as crianças da matemática: a distribuição
dos materiais, o reconhecimento dos objetos, arrumar e brincar com blocos, jogos
de adivinhar palavras, loterias, dominós.

Os professores e família devem fazer com que as crianças questionem suas


respostas, que realizem confrontações. Vale ressaltar que o conhecimento lógico
matemático não pode ser ensinado, pois ele aparece através das relações que a
própria criança cria entre os objetos. A criança estrutura o conhecimento físico e o
lógico matemático através da manipulação de objetos e começa a compreendê-los à
medida que age sobre eles através dos atos de pegar, apalpar, dobrar, separar,
classificar, apertar, juntar, etc.

A criança interage com o meio ambiente através da inteligência, explorando o


local, manipulando objetos, materiais e brinquedos, depois passa a organizá-los e,
finalmente, consegue transformá-los, elaborando o seu conhecimento. Para alcançar
esse estágio, é preciso que os profissionais da educação possibilitem a criança de
explorar livremente o ambiente em que vive. De acordo com Borges, (2003, p.57)
Assim, quando na Educação Infantil, uma criança brinca com palitinhos ou
pedrinhas, criando relações de agrupamento, ordenação, quantificação,
não está simplesmente aprendendo a organizar materiais. Muito mais do
que isso, está desenvolvendo uma habilidade de inteligência, uma
competência cognitiva, um pensamento lógico-matemático que ao longo do
seu desenvolvimento, ampliar-se-á, cada vez mais, na compreensão
objetiva de si e do mundo.

É através das brincadeiras individuais ou grupais que essas noções vão


sendo adquiridas pelas crianças, elas vão descobrindo por si mesmas, através da
mediação do professor e/ou intermédio do psicopedagogo. A criança vai, pouco a
pouco, descobrindo os atributos dos objetos, começa a diferenciar as cores e
aperceber as diversas formas, espessuras e texturas dos objetos.

As crianças menores de sete anos, em geral, não adquiriram ainda a noção


de número, por ser muito abstrata, tal noção trona-se difícil de compreender nessa
faixa etária. Por isso, um dos objetivos da Educação Infantil, Classes de
Alfabetização do Ensino Fundamental é contribuir para que a criança vá construindo
seu pensamento através de atividades concretas, para mais tarde poder realizar
operações abstratas. Concordando com Borges (2003, p.57)

A construção do conceito de número é o resultado de um longo processo


histórico, motivado por situações práticas, surgidas na vida do homem e
que lhe exigiram a busca e a invenção de formas operacionais, para
resolver as suas necessidades de comparar quantidades [...]

A criança realiza a classificação e a seriação, agrupando os objetos de acordo


com suas diferenças ordenadas. Ela está seriando quando brinca com carrinhos e
os coloca em fileiras por ordem de tamanho, cor ou outros atributos, quando faz fila
para ir ao recreio, quando agrupa nomes ou palavras.

Quando a criança brinca de casinha e coloca um garfo para cada prato, ela
está estabelecendo uma relação e descobrindo a estrutura de correspondência. A
criança chega a perceber também a equivalência de conjuntos que têm a mesma
quantidade de componentes.

A noção de espaço e tempo são desenvolvidos paralelamente. Da mesma


que a compreensão das relações espaciais se dá através da ação vivida, o tempo
começa a ser sentido pela criança através da duração de uma determinada ação.
Por ser muito abstrata, a noção de tempo apresenta muita dificuldade de
compreensão pelas crianças. Por isso, o professor deve explorar atividades que
conduzem à aquisição de noções, como: antes, depois, ontem, amanhã, cedo, tarde,
dia, noite, etc. Para Borges, (2003, p.89)

Conforme se tem sido insistido, não existe nenhuma programação


predeterminada para a Educação Infantil e, portanto, nenhuma
obrigatoriedade de que esses temas sejam abordados com as crianças.
Entretanto, educar significa, também, ligar a criança aos valores e padrões
de comportamento da sociedade em que ela vive. Logo, surgindo o
interesse, não poderá o professor desperdiçar a oportunidade de, lúdica e
criativamente, oportunizar a construção do conhecimento acerca [...]

As noções aqui apresentadas fazem parte do processo que obedece às


etapas do desenvolvimento do raciocínio da criança em fase de alfabetização. Assim
devem, ser propostas brincadeiras que, partindo de atividades simples, vão se
complicando à medida que as crianças conseguirem desenvolver e superar os
desafios surgidos. As noções a serem trabalhadas nas classes de alfabetização
devem ser realizadas através de situações reais ou dramatizadas, envolvendo
materiais concretos.
Os profissionais da área da educação devem criar oportunidades para que as
crianças manipulem o material a brinquem com ele, sem preocupação de ensinar o
que quer que seja: a criança descobre por si mesma.
Algumas das etapas do desenvolvimento infantil foram citadas neste trabalho,
pois é indispensável que todos os profissionais que estão trabalhando com crianças
conheçam tais etapas, para que estejam cientes se a criança apresenta um
desenvolvimento dentro do esperado ou se necessita de algum acompanhamento
especial.
Muitas vezes um aluno pode ser encaminhado ao psicopedagogo, pelo
professor com alguma dificuldade de aprendizagem interpretada por ele. Porém, o
psicopedagogo ao fazer a anamnese, várias consultas detecta-se uma dificuldade
no modo em que o professor trabalha em sala e não com esse aluno. Passa a existir
então uma parceria voltada entre psicopedagogo, professor/escola para juntos
traçarem um planejamento que atenda as crianças. Isso está ligado, em muitas
vezes no trabalho isolado dos conteúdos trabalhados em sala. É sabido que o aluno
aprende de uma forma global, por isso a melhor maneira é trabalhar de forma
interdisciplinar.
A psicopedagogia propõe que o próprio sujeito seja autor de sua
aprendizagem, intervir no processo é criar mecanismo que contribua para que, o
aprendido, pelo sujeito da aprendizagem lhe possibilite num processo dialético a
transformação da realidade, bem como a transformação de si mesmo, e, neste
sentido, a brincadeira torna-se um instrumento de estratégia na mediação do
processo ensino-aprendizagem.
Com a imaginação, apresentação, simulação, as atividades com jogos são
consideradas como estratégia didática, facilitadora da aprendizagem, quando as
situações são planejadas e orientadas por profissional, visando aprender, isto é,
proporcionar à criança a construção de conhecimento ou desenvolvimento de
alguma habilidade. Neste ângulo, o trabalho do psicopedagogo se completa com a
relação entre o sujeito, sua historia pessoal e a sua modalidade de aprendizagem.
Todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma investigação, é uma
pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada.
Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e, na
maioria das vezes da escola. No caso, trata-se do não aprender, do aprender com
dificuldade ou lentamente, do não revelar o que aprendeu, do fugir de situações de
possível aprendizagem.
Pode-se investigar a importância do uso do lúdico na intervenção
psicopedagógica, possibilitando ao psicopedagogo desenvolver seu trabalho de
maneira eficiente e eficaz, contribuindo, assim para melhorar a qualidade do ensino,
e de aprendizagem das crianças, quer sua atuação seja, clínica ou institucional.
A utilização do lúdico é uma estratégia a mais para a aprendizagem, e traz
benefícios ao educando, quanto para os psicopedagogos, que poderão se utilizar
desse recurso para atingirem seus objetivos.
Acreditou-se que o uso do lúdico na ação pedagógica e psicopedagógica é uma
forma de atender o desenvolvimento da aprendizagem da criança analisada de
forma saudável e motivadora para o seu desenvolvimento global. Seja nos aspectos
afetivo, social, motor e cognitivo, pode-se buscar uma reflexão sobre sua forma de
aprender na intervenção psicopedagógica e o lúdico é um suporte significativo de
aprendizagem. O lúdico assume aqui, várias interpretações apresentada em estudos
e teorias que abordaram os diversos conceitos no desenvolvimento cognitivo e
social da aprendizagem das crianças. Principalmente com os aprendentes que
apresentam dificuldades de aprendizagem. Assim, é importante e necessário
considerar o lúdico como um recurso metodológico a mais, para o ensino-
aprendizagem e diagnóstico psicopedagógico.

3 Conclusão

Conclui-se que a ludicidade é essencial para o desenvolvimento infantil, pois


o ser humano na sua individualidade traz consigo uma realidade afetiva, motora e
cognitiva o que significa que a maneira que a criança brinca mostrará como estão
estes aspectos no momento. Logo, a brincadeira auxilia o psicopedagogo, sendo
mais uma possibilidade a ser utilizada para compreender estes fatores que estão
dificultando a aprendizagem.
Neste estudo pode-se comprovar as contribuições do lúdico na intervenção
psicopedagógica, apresentando novos caminhos a trilhar, e que asseguram o
sucesso do educando no processo de construção do conhecimento. O maior desafio
como psicopedagoga é construir com o educando sua reintegração à vida escolar, e
no seu dia a dia, construir possibilidades que despertem o seu interesse prevenindo
possíveis problemas e recuperando seu aprendizado
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