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ATIVIDADES LÚDICAS E INTERVENÇÕES NEUROPSICOPEDAGOGICAS

SILVESTRINI, Drielli Pâmela de Moura [1]

SILVESTRINI, Drielli Pâmela de Moura. Atividades lúdicas e intervenções


neuropsicopedagoógicas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 10, pp. 97-124. Maio de 2019. Disponível em:
< Atividades lúdicas e intervenções neuropsicopedagogicas
(nucleodoconhecimento.com.br)>. Acesso em: 10 jun. 2023.

RESUMO

Muitas vezes pela falta de tempo ou de paciência, deixamos de brincar com nossas
crianças e isso pode ser algo prejudicial para seu desenvolvimento futuro, pois
muito importante a utilização do lúdico tanto na vida cotidiana como no ambiente
escolar. É por meio brincadeiras que conseguimos proporcionar um crescimento
saudável para as crianças, dando-lhe a chance de se tornar um ser equilibrado.
Quando utilizado atividades lúdicas promovemos um ambiente alfabetizador
alcançando autonomia de aprendizagem e fazendo com que o educando se
interesse para o aprendizado, despertando seu interesse para novos
conhecimentos. Através das brincadeiras se constrói a personalidade da criança
quando se depara com regras e cargos constituídos para aquela determinada
atividade. Neste trabalho, fundamenta-se que as brincadeiras é um fator importante
para a transmissão de saber. Pois, através da ludicidade a criança amplia seus
conhecimentos e desenvolve aspectos de raciocínio, imaginação, criatividade, entre
outros, e tudo isso de forma prazerosa. Com ajuda de profissional principalmente o
neuropsicopedagogo podemos ter várias respostas positivas no desenvolvimento
emociona, social e acadêmico dessas crianças.

Palavras Chave: Lúdico, desenvolvimento, neuropsicopedagogia.

INTRODUÇÃO

Temos por objetivo tratar sobre a importância do brincar no processo de


desenvolvimento da criança, e na intenção da neuropsicopedagogia, tendendo a
demonstrar a ludicidade como caminho para o adiantamento e a construção do
conhecimento através de brincadeiras, jogos e brinquedos, e como a ajuda de um
neuropsicopedagogo pode influenciar nos aspectos positivos.
Andamentos sobre a importância do neuropsicopedagogo usar de maneira
adequada a ludicidade, com o objetivo de considerar a importância destas
atividades para o desenvolvimento do ser humano.
As atividades lúdicas quando usadas de forma apropriada permitem grande
potencial na intervenção do desenvolvimento e conhecimento infantil mais à frente
auxilia a construir a personalidade da criança.
É válido brincadeira lúdicas, os jogos, a arte, a música, a expressão corporal,
e as atividades que como desempenho principal tem a autonomia da criança.
“Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é
imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências” Segundo os RCN´s
(1998, p. 27) e esses conhecimentos são adquiridos através de brincadeiras ou
aprendizagens feitas por intervenção direta e devem ser oferecidos pelos pais e
pelas instituições de ensino, e quando necessário a ajuda de um profissional.
Durante a brincadeira a criança tem o comando da linguagem simbólica,
fazem sinais, gestos, recriam os objetos e utilizam da imaginação. E para essa
brincadeira ser significativa precisa-se de ajuda da família e dos educadores de
forma correta.
Compreendendo a importância do brincar para o desenvolvimento infantil,
uma vez que se aprende de forma prazerosa e divertida, queremos mostrar aos pais
e educadores que as crianças precisam da nossa atenção, e de tal modo
conseguiremos entende-las e conhecer o mundo da imaginação que elas vivem,
afinal brincar influência a autonomia, a criatividade, o desenvolvimento e o convívio
social da criança.
Mostrar modos que interfere nos processos de aprendizagem buscando
alcançar informações que possa cooperar para formar o entendimento mais
detalhado da aprendizagem de cada indivíduo, sendo elas vistas pelo olhar de pais,
professores, e principalmente profissionais capacitados para necessidade de cada
dificuldade.

1. BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS
Um meio de cultura, uma ocasião que toda a comunidade compartilhava, era
assim considerada as brincadeiras de antigamente, era um acontecimento social,
um lazer, como o folclore, jogos, e outras festas, e eram apreciadas por crianças e
adultos, mas que com o tempo perdeu as conexões comunitárias. “Estes ocorriam
em praças públicas, espaços livres sem a supervisão dos adultos, as crianças se
misturavam em grupos de diferentes faixas etárias e de ambos os sexos.”
(VELASCO, 1996, p. 39).
Era bem comum ver crianças e adultos se divertindo nas ruas, com
brincadeiras tradicionais, que fazem parte da cultura popular.
As brincadeiras tradicionais são expressivamente transmitidas de uma
geração a outra, fora das instituições oficiais, na rua, nos parques, nas praças etc.
Assimiladas pelas crianças de maneira espontânea, mudam de forma com o passar
do tempo – variam suas regras, culturas e grupos sociais, mas seu conteúdo
permanece o mesmo. (FRIEDMAN, 2006, p.78)
Devido as grandes tecnologias que deprimem as brincadeiras com objetos,
dos espaços que se criou entre adultos e crianças, e da falta de segurança na
maioria dos ambientes essas atividades foram deixadas de lado, Friedmann afirma
esse aspecto, ao dizer que:
Em relação ao espaço das brincadeiras, que era tradicionalmente a rua,
houve um recuo: brincar ali é um risco. Dentro de casa, o espaço é muito limitado.
Por isso, os condomínios dos apartamentos têm surgido como espaço alternativo
de brincadeiras e troca entre as crianças. Na escola, o pátio é a principal
“testemunha” do brincar infantil; no clube ou nos centros comunitários, o lúdico tem
mais chances de acontecer (FRIEDMANN, 2006, p. 22).
Através de brincadeiras a crianças e os adultos se descobrem e se revelam.
Segundo Brasil (2001, p. 22), “brincar é umas das atividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia”.
Podem ser brinquedos simples, ou até rudimentares diante de alguns
padrões impostos pela sociedade, mas são eles, com sua originalidade criatividade
que evocam as melhores lembranças da infância de cada um, resgatam o autêntico
significado do brincar, preservam valores e tradições da cultura de um povo.
(VELASCO, 1996, p. 51)
O brinquedo educativo se auto define como agente de transmissão metódica
de conhecimentos e habilidades que, antes de seu surgimento, não eram veiculadas
às crianças pelos brinquedos. Simboliza, portanto, uma intervenção deliberada no
lazer infantil no sentido de oferecer conteúdo pedagógico ao entretenimento da
criança. (Oliveira. 1984, p. 44).
Como citado por Kishimoto:
Os conteúdos veiculados durante as brincadeiras infantis bem como os temas
de brincadeiras, os materiais para brincar, as oportunidades para interações sociais
e o tempo disponível são todos fatores que dependem basicamente do currículo
proposto pela escola. Normalmente a criança precisa de tempo para elaborar as
ideias que encontra. Esse fator é bastante negligenciado pela maioria das escolas
que privilegiam as atividades individuais orientadas. (KISHIMOTO, 1994, p. 30).
A esse respeito ressalta Velasco (1996, p. 43)
O brincar nunca deixará de ter o seu papel importante na aprendizagem e na
terapia, daí a necessidade de não permitirmos suas transformações negativas e
estimularmos e permanência e existência da atividade lúdica infantil.
“Brincar é anterior a jogar, conduta social que supõe regras. Brincar é forma
mais livre e individual, que designa as formas mais primitivas de exercício funcional,
como a lalação”. Segundo Dantas (2013, p. 111), ele acredita que brincar e jogar
são termos distintos, e ressalva que o lúdico engloba os dois termos, permitindo
que as atividades sejam individuais ou coletivas sendo elas livres ou conduzidas e
ambas de forma prazerosa. No dicionário Aurélio (FERREIRA, 2001, p. 433) lúdico
é “relativo a jogos, brinquedos e divertimentos”.
Neste sentido, Sebastiani (2003) ressalta que quando as crianças estão
brincando elas usam o espaço para investigar e construir conhecimentos. Com isso
fica esclarecido que brincar não é simplesmente um entretimento, é além disso um
período que eles se desenvolvem de forma física e intelectual.
No primeiro momento a criança brinca e se descobre com seu próprio corpo,
descobrindo aos poucos os objetos ao seu redor, Ortiz e Carvalho (2012, p. 103)
afirmam que “o bebê começa brincando com os próprios sentidos, num crescente
jogo de descobertas, desenvolvimento de habilidades e construções de
significados” e ainda que “Tudo é novidade para um bebê que está vendo e
percebendo o mundo pela primeira vez, portanto, se lhe for permitido, vai se inserir
e conquistar o mundo com sua curiosidade” (2012, p. 104).
Segundo Vygotsky (1998, p. 137) “A essência do brinquedo é a criação de
uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou
seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Então, vale lembrar que o
brinquedo proporciona e influencia todos uma forma de enfrentar o mundo e suas
ações futuras. Ainda Em, Vygotsky (1998, p.127) descreve que:
No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A
criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê.
Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir
independentemente daquilo que vê.
Conforme seu cotidiano, as crianças vão descobrindo novos
comportamentos, e novas brincadeiras, assim, Oliveira (2000) afirma que a ação de
brincar, faz parte de um procedimento de humanização, que a criança aprende a
conciliar a brincadeira de forma concreta, e criando conexões mais duradouros.
Um dos aspectos que marcam a infância é o brinquedo, e este é para a
criança aquilo que o trabalho é para o adulto, isto é, sua principal atividade. Toda
criança brinca independente da época, cultura ou classe social. O brinquedo é a
essência da infância, e o brincar, um ato intuitivo e espontâneo. (SANTOS, 2007.
p.9).
É também destacado a importância das atividades lúdicas no RCNEI
(BRASIL, 1998, P.58), relatando que “as crianças podem incorporar em suas
brincadeiras conhecimentos que foram construindo”. E também ressalta no mesmo
a valorização do brinquedo entendidos como:
Componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de
educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da
aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores importantes para
a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de educação infantil.
(BRASI, 1998, p.67. v. 1).
Sobre o brinquedo Freud (1974, p. 135), destaca:
Errado supor que a criança não leva esse mundo a sério; ao contrário, leva
muito a sério sua brincadeira e despende na mesma muita emoção. A antítese de
brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda a emoção com que a
criança catequisa seu mundo de brinquedo, ela o distingue perfeitamente da
realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações imaginados às coisas visíveis e
tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o “brincar infantil”,
do “fantasiar”.
As brincadeiras dever ser organizadas de maneira que respeite as diversas
capacidades de cada faixa etária de forma que possam agir de modo intencional
sobre o que está fazendo, isso envolve múltiplos conhecimentos corporais que
podem ser realizados em grupo ou individual.
Na brincadeira, vivenciam concretamente a elaboração e negociação de
regras de convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação
dos diversos sentimentos, das emoções e das construções humanas. Isso ocorre
porque a motivação da brincadeira é sempre individual e depende dos recursos
emocionais de cada criança que são compartilhados em situações de interação
social. Por meio da repetição de determinadas ações imaginadas que se baseiam
nas polaridades presença/ausência, bom/mau, prazer/desprazer,
passividade/atividade, dentro/fora, grande/pequeno, feio/bonito etc., as crianças
também podem internalizar e elaborar suas emoções e sentimentos, desenvolvendo
um sentido próprio de moral e de justiça. (BRASIL/MEC, p. 24 1998).
Para Oliveira (2002, p. 160):
Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades nascentes,
como as de representar o mundo e de distinguir entre pessoas, possibilitadas
especialmente pelos jogos de faz-de-conta e os de alternância respectivamente. Ao
brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu
funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo
tempo, ao tomar o papel do outro na brincadeira, começa a perceber as diferenças
perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a elaboração do diálogo interior
característicos de seu pensamento verbal.
Ainda notamos que ao falar em brinquedos e brincadeiras, se repercute como
apenas tempo desperdiçado, mas essas considerações não possuem fundamento,
uma vez que já durante estes momentos, constrói-se conhecimentos, desenvolve
as estruturas psíquicas para o mundo concreto e toda potencialidade que a criança
tem, é a brincadeira que faz a criança ser criança. o. O brincar incide a ser uma
língua da infância sob o mundo.

1.1 JOGOS

Distintas teorias tentam esclarecer o uso e a função do jogo para o ser


humano, como nota Huizinga:
Há uma extraordinária divergência entre as numerosas tentativas de
definição da função biológica do jogo. Umas definem as origens e fundamento do
jogo em termos de descarga da energia vital superabundante, outras como
satisfação de um certo “instinto de imitação”, ou ainda simplesmente como uma
“necessidade” de distensão. Segundo uma teoria, o jogo constituiu uma preparação
do jovem para as tarefas sérias que mais tarde a vida dele exigirá, segundo outra
trata-se de um exercício de autocontrole indispensável ao indivíduo. Outras veem o
princípio do jogo como um impulso inato para exercer uma certa faculdade, ou como
desejo de dominar ou competir. (2004, p. 4)
Ao pensar em jogos, pensamos em apenas diversão, mas por trás dessas
brincadeiras é envolvido fatores que devem ser analisados, pois nesses momentos
as crianças constroem, pensa, aprende e se conhece, elas adquirem experiências
que farão parte da sua personalidade, Kishimoto (1994) enfatiza que o brinquedo é
simulado como um “objeto suporte da brincadeira”, no entanto ela os caracteriza
como objetos (bonecas, carrinhos, etc.). Embora os brinquedos podem ser definidos
como estruturados e não estruturados, nos quais os estruturados são os que
adquirimos prontos
“O jogo contém um elemento de motivação que poucas atividades teriam para
a primeira infância: o prazer da atividade lúdica”. (FREIRE, 1997, p.75)
Kishimoto (1993, p. 15) afirma:
Os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidas pelos
diferentes jogos e formas de jogar. Este tem função de construir e desenvolver uma
convivência entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos,
possibilitando assim, um convívio mais social e democracia, porque “enquanto
manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais têm a função de
perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social.
Santin (2001) destaca uma importante declaração que aborda a importância
do jogo, conforme segue:
“O jogo é de fundamental importância para a aprendizagem da criança por
que é através dele que a criança aprende, gradualmente desenvolve conceitos de
relacionamento casuais ou sociais, o poder de descriminar, de fazer julgamentos,
de analisar e sintetizar, de imaginar e formular e inventar ou recriar suas próprias
brincadeiras” (SANTIN, p.523, 2001).
Entretanto conseguimos observar que os jogos como todos tem grande
relevância na vida social e emocional de todo ser humano, contribuindo com eficácia
para grandes aprendizados.

2. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

A criança tem direito de brincar e está garantido por leis, no Estatuto da


Criança e do Adolescente (BRASIL,1990) diz:
Art. 15. A criança e ao adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e a
dignidade como as pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: IV – brincar,
praticar esportes e divertir-se.
Brincar é artefato primordial no processo criativo, que leva as crianças a uma
circunstância mental necessária para despertar a curiosidade, a fantasia, ao lúdico,
as imitações e até mesmo ao próprio conhecimento de si. Assim a mesma se
satisfaz através do mundo lúdico, alcança seus anseios e descobre o mundo, por
isso a importância de proporcioná-las a se deparar com atividades que excitem e
promovam seu desenvolvimento global.
Segundo Velasco (1996, p. 78):
Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou
intelectuais. Quando a criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de
desenvolver as capacidades inatas podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso
e agressivo. Já quando brinca à vontade tem maiores possibilidades de se tornar
um adulto equilibrado, consciente e afetuoso.
O lúdico colabora de forma positiva no auxílio da aprendizagem promovendo
o processo de socialização, comunicação, construção do pensamento e expressão.
Segundo Barros (2000, p. 15)
O brincar da criança, tem uma significação especial para a psicologia do
desenvolvimento e para a educação, uma vez que;

▪ É condição de todo o processo evolutivo neuropsicológico


saudável;
▪ Manifesta a forma como a criança está organizando sua
realidade e lidando com suas possibilidades, limitações e conflitos;
▪ Introduz de forma gradativa, prazerosa e eficiente ao universo
sócio histórico-cultural;
▪ Abre caminho e embasa o processo de ensino/aprendizagem
favorecendo a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade.
Cada criança manifesta seus desejos e anseios por meio das brincadeiras,
com um jeito único e particular de revelar-se como sente e pensa do mundo a sua
volta.
No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das
mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias
e hipóteses originais sobre a quilo que querem desvendar. Nessa perspectiva as
crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com
as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui
em uma cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação,
significação e ressignificação. (RCN’S VOL I, 1998, p. 21 e 22).
Pelo meio de brincadeiras que essas crianças revelam seus sentimentos e
pensamentos. Sendo assim, Fortuna (2011, p. 9) afirma que:
A brincadeira é tão importante para o desenvolvimento humano que até
mesmo quando ocorrem brigas ela contribui para o crescimento e a aprendizagem.
Negociar perspectivas, convencer o opositor, conquistar adesões para uma causa,
ceder, abrir mão, lutar por um ponto de vista – tudo isso ensina a viver.
A esse respeito, de acordo com o Referencial Curricular Nacional da
Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01):
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças
agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas
ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de
objetos substitutos.
Portanto, permanece claro que a brincadeira é fundamento importante para
o desenvolvimento infantil, que permite que a criança transforma e produz novos
significados. Conforme Rabinovich (2007), a relação entre o corpo, o movimento, o
espaço e os brinquedo, ou brincadeiras que movimentam o corpo é primordial para
desenvolvimento da criança.
Ao participar das atividades lúdica temos a capacidade de mostrar o que
sabemos e de que maneira, pois garante a diversão e o prazer, potencializa a
exploração e a construção do conhecimento. Para Santos (2002, p. 12) a ludicidade:
[…] uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista
apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a
aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa
saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de
socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento.
É na pratica de brincar que a criança aprende a operar numa esfera cognitiva,
descobrindo o mundo através do seu corpo, e de suas próprias atitudes, Zanluchi
(2005, p. 89) observa “Quando brinca, a criança prepara-se a vida, pois é através
de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem
como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas. ” De tal modo,
destaca-se que quando a criança tem a oportunidade de brincar, ela desenvolve
mais facilmente, em cada etapa ao conviver com diferentes situações ela de forma
mesmo que simbólica, entra no mundo do adulto.

3. EDUCAÇÃO INFANTIL

3.1 IMPORTÂNCIA DO LÚDICO

Em início vale ressaltar que para uma aprendizagem ser significativa ela
precisa ser potencializada de conhecimento assimilado aos conteúdos, edificando
o conhecimento, Freire (1997 p 20). “De que nada vale esse enorme esforço para
alfabetização se a aprendizagem não foi significativa. E o significado, nessa
primeira fase de vida depende, mais do que qualquer outra, da ação corporal”. E na
educação infantil o jogo se torna uma solução para facilitar a aprendizagem, por ser
algo que desperta o interesse nas crianças. Referente a isso afirma Carvalho (1992,
p.14)
[…] desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental
importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua
volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto,
começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades
vivenciadas naquele instante.
O ato de brincar é de extrema importância para saúde física, emocional e
intelectual da criança. A criança que ter a oportunidade de brinca, habitua-se a
utilizar seu tempo livre com criatividade, por isso o brincar tem que ser levado a
sério na infância, pois é uma fase que através das brincadeiras as crianças geram
seus desenvolvimentos.
“Brincar é coisa séria, porque na brincadeira a criança se reequilibra, recicla
suas emoções e sacia sua necessidade de conhecer e reinventar a realidade. Tudo
isso desenvolve atenção, concentração e muitas outras habilidades, além de muito,
muito prazer em viver e, conviver. Para isso, a criança precisa brincar direito, brincar
com objetivo de se desenvolver, de forma a atender todas as suas expectativas de
vida, divertindo-se e interagindo com o mundo.” (AMORIM, p.30, 2008)
Para Friedman (2006. P. 81) “a atividade lúdica era um fenômeno social de
que todos desfrutavam.” E hoje em dia a maioria das brincadeiras que antes eram
de costume, está se perdendo a importância, como brincadeiras folclóricas e
populares, e o professor se torna um grande mediador para retomar essas
atividades.
A institucionalização da educação contribuiu para alterar de forma expressiva
as condições do brincar, que passou do ambiente natural para o oficial. Para a
maioria das crianças, o espaço das brincadeiras se transformou em “espaço de
trabalho”. A chamada “brincadeira livre” deixou de ser considerada uma atividade
produtiva. Hoje, apesar de sua importância na vida social e no desenvolvimento
infantil, a brincadeira já não tem espaço na escola, cuja maior preocupação é
“preparar” a criança para o processo de alfabetização e desenvolver suas
habilidades cognitivas. (FRIEDMAN, 2006. P. 81)
O lúdico pode ser de diferentes modalidades e tipos de brincadeiras, podendo
ser classificadas de várias formas, Piaget, segundo Velasco (1996, p. 79) as
considerou da seguinte maneira:
Identifica as famílias de jogos por condutas cognitivas e afetivas, habilidades
funcionais e de linguagem e atividade sociais”, veremos algumas classificações:

▪ Tradicional: é de valor cultural, registra a história de um povo.


Ex: brincadeiras folclóricas.
▪ Exercício: nesta brincadeira o sistema sensitivo é muito
requisitado (tátil, visual, cenestésico, olfativo e gustativo), não deixando de entrar
em ação a motricidade infantil. Ex: caixa de música.
▪ Simbólico: a criança, nesta brincadeira, deixa vir à tona sua
imaginação, assumindo papéis, representando personagens, reinventando
histórias. Ex: fantoches.
▪ Construção: podemos citar os de: ordenação, montagens e
união de peças entre si. Desenvolvendo habilidades manuais, imaginação e
inteligência. Ex: lego.
▪ Educativo: nesta brincadeira, normalmente, o tema não é livre.
São estabelecidos conteúdos para aquisição de conceitos como formas, tamanhos
e cores. Ex: quebra-cabeça.
▪ Regras: podendo ser simples ou complexas, traduzindo para a
criança os limites pessoais e sociais da vida. Ex: xadrez, vôlei
Até mesmo nas atividades cotidianas a criança aprende, e usa sua
criatividade, as quais podem ser realizada com as crianças e ocasionar ampla
bagagem para o desenvolvimento das mesmas, elas brincam e aprendem em um
mesmo momento principalmente quando brinca com outras crianças, permitindo-as
a criar, respeitar regras, dividir, conversas.
Aprendizagem é toda atividade cujo resultado é a formação de novos
conhecimentos, habilidades, hábitos naquele que a executa, ou a aquisição de
novas qualidades nos conhecimentos, habilidades, hábitos que já possuam. O
vínculo interno que existe entre a atividade e os novos conhecimentos e habilidades
residem no fato de que, durante o processo da atividade, as ações com os objetos
e fenômenos formam as representações e conceitos desses objetos e fenômenos
(GALPERIN, 2001[d], p.85).
Todas as fases da criança precisam estar junto com o prazer de se conhecer
no mesmo momentos que está buscando e adquirindo novos saberes, e a ludicidade
é uma ótima maneira para essas oportunidades.
A educação lúdica, na sua essência, além de contribuir e influenciar na
formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um
enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática
democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua
prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação
social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do
meio (ALMEIDA, 1994, p.41).

3.2 PARTICIPAÇÃO DO DOCENTE NO DESENVOLVIMENTO DO LÚDICO

O professor deve sim conduzir o aluno a aprendizagem significativa durante


as brincadeiras, mas não o forçando a apenas isso, pois se durantes essas
atividades arrancarmos o espaço da criança, de criar, buscar, e se conhecer, de
fato excluímos o prazer do saber.
De certo modo, abranger os jogos e as dentro de uma comunidade,
conseguimos descobrir de cada família as suas preocupações e os seus valores. O
ato de brincar é um dos fundamentais diferenciais que apontam a ação das crianças
e dos adultos no mundo. (SERRÃO,1999).
Portanto, é importante o papel dos professores para aplicar o conhecimento
do valor do brincar, agindo na prática, com as crianças. Brincando, a criança
representa a relação do corpo e movimento, traduzido e o expressa através de
gestos, e este por sua vez, relaciona-se com a apresentação, a compreensão e a
percepção do mundo que a criança possui. A sociabilidade das brincadeiras e jogos
permitem que se crie laços emocionais, integração produtiva e unidade do grupo.
(SERRÃO, 1999, p. 99).
Referente a isso RABINOVICH (2007), destaca a importância de
compreender o movimento da criança como linguagem, e a necessidade de a
criança ser livre para agir em um ambiente, intencionalmente constituído pelo
adulto, mas que lhe propicie a oportunidade de transformar, adaptar, criar, interagir
e integrar-se.
[…] a ludicidade é uma necessidade da criança e, para ela se desenvolver
integralmente, precisa brincar livremente. Entretanto, isso não significa dizer que o
educador não precisa planejar, acompanhar, observar e avaliar essa atividade. Por
isso, a brincadeira na escola nunca será totalmente livre, pois essa liberdade é única
e exclusivamente da criança […], (SANTOS, 2011, p. 16).
Carvalho (1992, p.28) acrescenta:
(…) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto
significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que
ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade,
denotando-se, portanto, em jogo.
A ludicidade ajuda o aluno a expressar com facilidade, auxiliando o ouvir, o
respeitar partilhando alegria brincar. Quando o educando não tem essas
oportunidades ele se sente desmotivado Zanluchi (2005, p.91) alega que “A criança
brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, ou seja, a
criança, que tem a chance de brincar, terá um emocional mais controlado,
conseguindo assim melhores resultados no desenvolver de seu dia-a-dia.
É imprescindível que o professor observe a classe e procure desenvolver
atividades que estejam de acordo o nível de desenvolvimento da mesma, assim
como menciona Piaget (1998):
O brincar implica uma dimensão evolutiva com as crianças de diferentes
idades, apresentando características especificas, e formas diferenciadas de brincar.
Na Educação Infantil deve-se facilitar a aprendizagem utilizando-se de atividades
lúdicas que criem um ambiente agradável para favorecer o processo de aquisição
de autonomia de aprendizagem. Para tanto, o saber escolar deve ser valorizado
socialmente e a aprendizagem e a interação devem ser processos dinâmicos e
criativos através de jogos brinquedos e brincadeiras. Piaget (p. 13.1998).
Para melhor compreensão da importância do brincar os educadores devem
intervir da maneira apropriada. Não descaracterizando o prazer do lúdico, para obter
isso com mais facilidade é necessário se apropriar dos recursos correto, para assim
conseguir atender a demanda da escola, em Goés (2008, p 37), afirma que:
[…] a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser
melhorados, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido como
educação. Na medida em que os professores compreenderem toda sua capacidade
potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes mudanças irão
acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse processo.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 23, v.01):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e
aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso,
pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Assim o professor aproveitara as oportunidades para contribuir com o
crescimento do aluno sem prejudicar a sua infância, utilizando as práticas
pedagogias corretas, e respeitando seu aluno.
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento,
organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os
recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança
aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos
de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-
se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e
garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de
experiências educativas e sociais variadas. (BRASIL, 1998, p. 30, v.01)
O docente deve elaborar atividades que sugere possibilidades diferentes,
permitindo que o aluno confeccione os seus próprios jogos, para um momento de
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Para que o jogo possa desempenhar a função educativa é necessário que
este seja pensado e planejado dentro da sistematização do ensino […]. Caso
contrário, a escola desvirtua o ato de brincar e, em relação ao brincar, estará
fazendo o papel de qualquer outra instituição, como o clube, o circo, ou até mesmo
a casa dos amigos e a casa da vovó, onde as crianças reúnem-se apenas para
brincar. […], (SANTOS, 2011, p. 17).
Os educadores visam contribuir para todo o desenvolvimento dessas
crianças, buscando que no futuro eles estejam prontos para os obstáculos que
tendem a enfrentarem sobre essa percepção cita Oliveira, p.19, 2000:
O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o
fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até
quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por
exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas
realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe
boa, forte e confiável.
Gerando ocasiões de aprendizagem e desafios expressivos para o alcance
do conhecimento e desenvolvimento destes, conseguiremos um planejamento com
metas que buscará sempre a qualificação da prática pedagógica.

3.3 CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA


É com a família o primeiro convívio das crianças, e como já sabemos
aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio
ambiente. Observa Vygotsky (1984, p.103) “a aprendizagem e o desenvolvimento
estão estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-relacionam com o
meio objetal e social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de
construção.”
As famílias estão perdendo a conexão com o desenvolvimento de seus filhos,
as vezes deixando de lado, o que antes era rotina, afinal tem várias brincadeiras
populares que antes era tido como atividade essencial e que hoje não tem valor.
Não podemos negar essa realidade nem as transformações que o brincar
sofreu; devemos, sim, tentar “trabalhar” com elas. Acredito que o caminho para isso
está no resgate do brincar nos diferentes contextos socioculturais, pensando em
saídas integradas na escola, na família e na comunidade. (FRIEDMAN, 2006. P. 81)
Para o alcance de uma aprendizagem significativa é necessário a junção de
vários meios como a família, a escola e o mundo social. Em especial destaca-se
que a família inicia a aprendizagem dos princípios e valores que segui pelo decorrer
da vida.
Para a psicanálise, a família é tida como as condições mínimas, necessárias
que garantem o advento de uma subjetividade. Condição essa que se refere ao
Outro. Outro no sentido de outro real imediato, dos cuidados, outro no sentido da
linguagem, da cultura, que definirá para esse sujeito por advir o lugar que ele
ocupará (MENDONÇA, 2009, p.23).
Quando a criança vem ao mundo ela se torna dependente dos pais, e através
do seu desenvolvimento, e as suas necessidades se tornai independente, os pais
precisam respeitar isso, dando lhe autonomia e direcionamento de forma correta
em cada etapa, para assim cooperar com a aquisição necessária para a construção
da identidade dessas crianças.
[…] a família ainda é o lugar privilegiado para a promoção da educação
infantil. Embora a escola, os clubes, os companheiros e a televisão exerçam grande
influência na formação da criança, os valores morais e os padrões de conduta são
adquiridos essencialmente através do convívio familiar (GOMIDE, 2009, p. 9)
Ao avaliar os papeis dos pais e dos profissionais na educação infantil, temos
dificuldades quanto as práticas metodológicas a serem empregadas, ambos deve
ser complementar cada um com sua responsabilidade, ou seja:
O entendimento de que creche e família são instituições que se
complementam nas funções de „cuidar‟ e „educar‟ resultará em mais tranquilidade
para as crianças, uma vez que elas assumem uma situação de „duplo
pertencimento‟, pois na realidade pertencem ao mesmo tempo a estes dois mundos
(MAISTRO apud FERMINO, 2002, p.23, grifos do autor).
Tem permanecido as discussões em relação a obrigatoriedade das creches
e pré-escolas e aos envolvimentos da família em relação a educação dos filhos:
Uma das características que tem marcado as transformações observadas
nas creches é a maneira como se dá o contato entre educadoras e mães e/ou
famílias das crianças. Até poucos anos atrás, era mais comum a prática de receber
e entregar as crianças no portão da instituição. […]. Fomentou-se, assim, a
discussão sobre a relação creche-família e sobre estratégias para abrir as creches
à maior participação das famílias. […]. Hoje, é possível encontrar creches abertas,
creches mais ou menos abertas, creches fechadas. O processo está ocorrendo, não
sem dificuldades (VITORIA apud FERMINO, 2002, p.24).
Esse obstáculo é existente muitas das vezes pela falta de diálogo, as
instituições têm bastante dificuldade com os pais que apenas tem o intuito de
verificar, se o professor está passando as matérias, e não participam das atividades
pedagógicas proposta pelos educadores.
[…] a participação das famílias na creche, se reduz ao espaço de reunião de
pais. Isso evidencia que a compreensão do que é participar parece restringir-se a
“vir quando são chamados” pela instituição, o que revela a inexistência de um
espaço mais efetivo e cotidiano de inclusão no contexto da creche (MAISTRO apud
FERMINO, 2002, p.28).
Além disso no RCNEI (BRASIL, 1998), nota que o objetivo fundamental desse
documento não é o de consentir que a educação infantil tenha caráter
assistencialista, antes, porém, o que se almeja é:
Apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um
desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como
cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para
que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa
educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a 17 ampliações, pelas
crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p. 7).
Perante isso, fica claro a necessidade de a família e a escola trabalharem
juntos por um mesmo propósitos, definindo o que será exercido por casa parte, para
uma educação satisfatória, sendo imprescindível que o cuidado familiar e o cuidado
na escola sejam complementários.

4. NEUROPSICOPEDAGOGIA

A neuropsicopedagia, está conquistando espaço, por ser uma novidade na


área de pesquisa e conhecimento no desempenho interdisciplinar, como foco no
processo de aprendizagem, pois ela agrega conhecimento da neurociência,
psicologia e pedagogia, com o intuito de avaliar e auxiliar nos procedimentos
didáticos para que ocorre uma melhor aprendizagem.
Dr Marco Tomanick Mercadante, em uma entrevista para a Associação
Brasileira de Psicopedagogia – ABPb, através de Racy e Vieira (s.d.), contextualiza
a Neuropsicopedagogia com as seguintes palavras:
Um campo do conhecimento que procura reunir os avanços advindos das
neurociências com a psicopedagogia. Assim, o profissional com essa perspectiva
deve ter conhecimento amplo das bases neurobiológicas do aprendizado, do
comportamento e das emoções, e dominar os elementos clássicos da
psicopedagogia. Além disso, uma coerência epistemológica que garanta uma
adequada articulação dessas áreas dispares do conhecimento é fundamental para
a atuação na área.
Neste entendimento Krug (2011 apud Rodrigues 1996, p.40) exibe o conceito
de Neuropsicopedagogia como:
Abordagem neurológica de distúrbios e de incapacidades de aprendizagem.
A Neuropsicopedagogia é de grande utilidade para o psicopedagogo clínico, pois
possibilita o diagnóstico de processos anormais na estrutura, na organização e no
funcionamento do sistema nervoso central, por meio de testes de avaliação
neuropsicológica, aplicáveis a indivíduos portadores de problemas de
aprendizagem.
4.1 PARTICIPAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO NO DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO INFANTIL

Na educação infantil é necessário já utilizarmos a neuropsicopedagogia, que


já são apresentadas como disciplina nos cursos de graduação, voltados a
Pedagogia, os Estudos Neuropsicopedagógicos, os quais Forner (2009, p71-72) faz
a seguinte citação:
No nível I, a disciplina Estudos Neuropsicopedagógicos chama a atenção,
por enfatizar aspectos que contemplam as ideias do estudo. Eis a sua
ementa: Estudo do desenvolvimento humano na perspectiva da genética e da
Neuropsicopedagogia, aproximando estes saberes com foco nas bases biológicas
da aprendizagem, na busca de melhores formas de ensinar e de aprender. Os
objetivos da disciplina convertem para a real necessidade de os futuros professores
reconhecerem as dificuldades de aprendizagem de seus alunos, bem como as
possíveis alternativas de trabalho. Isto é, terem subsídios para planejamento que
atenda às demandas que surgem nas salas de aula. A disciplina se propõe a fazer
com que os estudantes de Pedagogia conheçam o funcionamento neural, o
desenvolvimento neuropsicológico, desde a concepção até a morte, destacando a
neuroplasticidade, bem como as bases biológicas e influência do uso de drogas
pelos pais de crianças, bases neurológicas da entrada, processamento e saída da
visão, audição, tato, movimento e atenção. A partir desses conhecimentos, enfim,
busca contribuir para que os professores possam realizar as intervenções,
considerando aspectos do desenvolvimento normal e das dificuldades de
aprendizagem.
A neuropsicopedagogia é um novo olhar para as diversas dificuldades de
aprendizagem, à cerca da neurociência no contexto educativo, Chedid (2007, p.28)
descreve:
Para a sala de aula, para a educação, as Neurociências são e serão grandes
aliadas, identificando cada ser humano como único e descobrindo a regularidade, o
desenvolvimento, o tempo de cada um. […]. Em pleno século XXI, nos deparamos
com outras formas de informação além do letramento formal, é necessário conhecer
e ensinar outras linguagens que dão acesso a informações imprescindíveis para a
comunicação. […] precisamos conhecê-las e entender as modificações que estão
ocorrendo, olhar estes cérebros para saber como eles funcionam e determinar
mudanças em como ensiná-los.
O ambiente educativo deve sempre buscar, a participação e inserção das
diversificadas práticas sociais das crianças, visando ampla socialização, pois é na
escola que elas são avaliadas, diante aos grupos que pertence.
Um professor preparado tem a sensibilidade de detectar as dificuldades de
cada criança, embora eles necessitem de parcerias, trocar informação com
profissionais que consegue ter visões diferentes é essencial também para observar
melhor o desenvolvimento de cada indivíduo.
E se a instituição escolar tiver o auxílio de um neuropsicopedagogo poderá
desenvolver metodologias para enfrentar os diversos problemas que as crianças
têm apresentado, para assim buscar um progresso significativo no comportamento
acadêmico, social e emocional da criança.

5. CONCLUSÃO

Esta pesquisa, conforme observou-se, por meio do levantamento


bibliográfico, estão presente na vida de todos, inclusive da criança desde muito
cedo, e a medida que a criança vão crescendo, as brincadeiras na vida delas
ganham uma aparência mais socializador, permitindo que as crianças aprendas a
lhe dar com os acontecimentos do seu cotidiano.
Aos professores, compete a ação da mediação do conhecimento, induzindo
o aluno ao desenvolvimento, respeitando seu nível de aprendizagem e seus valores.
Os educadores devem fornecer as crianças um ambiente que estimule a
imaginação e ajude na desenvoltura da autonomia, levando a causar seu próprio
conhecimento, isso tudo permitindo que as tarefas sejam de entretenimento e
prazerosas.
O Neuropsicopedagogo também pode ajudar muito durante esse
desenvolvimento participando de forma correta na educação dessas crianças.
A criança carece de interagir de forma coletiva, apresentando seu ponto de
vista, discordar, apresentar suas dificuldade e facilidades, buscando soluções, e
cabe ao professor dar lhe essa oportunidade através da ludicidade, incentivando as
mesmas a terem o pensamento crítico e ser participativo.
O jogo provoca nas crianças além que o simples ato de jogar, é por meio dos
jogos que ela se expressa e consequentemente se comunica com o mundo; ao jogar
a criança aprende e indaga o mundo que a cerca, toda e qualquer atividade lúdica
deve ser considerada.
Os papéis dos pais durante o processo didático pedagógico na ludicidade
devem sempre incentivar e dar oportunidades para seus filhos, incentivando os
mesmo a relação com outras crianças e propondo a eles atividades diversas até
mesmo em conjunto.
Como muitas comprovações se os pais, a escola, e o neuropsicopedagogo
quando necessário trabalhar de forma conjunta terá mais facilidade para saber
quais as necessidades de cada educando, e a maneira correta de incentivar e
intervir cada ser.
Brinquedos, jogos e brincadeiras foram criados para satisfazer o desejo do
lúdico, por isso se tornou essencial para a vida, por ser a condução do crescimento
que permite a criança a oportunidade de descobrir seu universo
Ao finalizar o presente estudo, concluiu-se que o lúdico na educação infantil
é um artifício pedagógico que tem que ser desenvolvido com objetivo de
proporcionar uma fase de aprendizagem e ensino prazeroso e significativo.
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