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BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ORCICLEIA COELHO DANTAS


Orientador

RESUMO: Os jogos são instrumentos lúdicos de aprendizagem que de forma


agradável e eficaz podemos trabalhar todas as áreas do conhecimento de
forma interdisciplinar. Aprender através dos jogos é uma maneira segura e
prazerosa de ensinar as crianças da educação infantil. Nos dias atuais não
vemos mais acontecer brincadeiras em casa e na escola. Todo mundo
sintonizado na era tecnológica as crianças desde pequenas estão perdendo
esse direito tão prazeroso que é o de brincar. A maioria das crianças hoje
conhece apenas os jogos eletrônicos, pois ficam a maior parte do tempo
conectada a esse mundo e a escola que poderia trabalhar mais a relação social
através dos jogos e brincadeiras acaba colocando vídeos de filmes para
entreter as crianças. Não há mais como ausentar o lúdico do processo
pedagógico da escola diante da perda de valores em que vivemos. O lúdico é o
agente de um ambiente transformador, motivador e coerente. Não podemos
separar e nem ignorar que a criança precisa do momento lúdico para a sua
formação e vivencia social. Ignorar isso é não aceitar o conhecimento que ela
já traz quando chega à escola. A criança da educação infantil chega à escola
com muitas experiências que lhe foram proporcionadas através de jogos e
brincadeiras.
PALAVRA – CHAVE: Aprendizagem. Educação. Imaginação.

1. INTRODUÇÃO
O brincar é uma forma privilegiada de aprendizagem, pois é nesse ato
que as crianças trazem para suas brincadeiras o que veem, escutam,
observam e experimentam. Então, trabalhar brincando, ensinar brincando e
aprender brincando é uma das formas mais prazerosas de atuar dentro da sala
de aula.
Segundo Arnais e Machado (2012) etimologicamente, a palavra “lúdico”,
vem do latim ludus, da qual são formados as palavras aludir, iludir, ludibriar,
eludir, prelúdio, referindo-se originalmente ao brincar. Mas não é qualquer
forma de brincar é um estado de espirito de brincadeira. Já a palavra Jocus,
proveniente do latim, assume diversas dimensões é originalmente reservada
para as brincadeiras verbais, como charadas, enigmas, piadas.
Trabalhar com o lúdico em sala de aula não significa que o professor
não leva o seu trabalho a sério. É apenas através de outra metodologia.
Portanto, faz-se necessário abordarmos o papel do lúdico no processo de
ensino-aprendizagem, bem como sua relação com as outras áreas do
conhecimento.
O brincar é aprendido e passado de geração a geração. Muitos
objetos não nasceram como brinquedos, mas foram sendo
transformados pelas crianças, como é o caso atual do telefone
celular. Geralmente, quando o celular fica ultrapassado, o adulto
dificilmente o joga fora, na maioria das vezes o aparelho vai para as
mãos da criança. Apesar disso de acordo com autora, as crianças de
hoje continuam brincando com bolas, carrinho, boneca, objetos de
casa em miniaturas e jogos muito parecidos com os antigos.
(KISHIMOTO, 1999 apud ARNAIS & MACHADO, 2012, p. 09).

Hoje quem mais tem acesso às brincadeiras antigas, são as crianças


dos bairros distantes, das periferias. Já as crianças dos centros das cidades
têm acesso mais aos brinquedos eletrônicos até mesmo pela situação
econômica e cultural.
De acordo com Klisys (apud Arnais & Machado 2012, p. 09), “os
brinquedos e jogos trazem a história e a engenhosidade que a humanidade
levou anos para construir”. Quando a criança esta de posse de um brinquedo
ou toma parte de um jogo, ela tem possibilidade de apropriar–se da cultura
produzida por sua geração e por gerações anteriores a ela.
Com a Revolução Industrial no início do século XX os brinquedos
deixaram de ser produzidos artesanalmente e passaram a ser produzidos em
larga escala pelas indústrias. Com isso foram criados novos brinquedos, com
outros tipos de materiais e modelos.
A Revolução Industrial trouxe o interesse pelo consumo exagerado, o
desperdício e a desvalorização dos hábitos culturais.
Por meio do brinquedo educativo, o pedagógico aparece justaposto ao
lúdico passando a ser visto como um objeto sério e não um objeto que as
crianças usam para divertir e ocupar o tempo.
Arnais & Machado (2012 p. 40), destacam que:
As brincadeiras têm um impacto próprio e são ao mesmo tempo,
veículos da inteligência e da atividade lúdica. Elas constituem um eco
dos padrões culturais dos diferentes contextos socioeconômicos.
Assim o jogo /brincadeira, ao ocorrer em situações sem pressão, em
atmosfera de familiaridade, segurança emocional ausência de tensão
e perigo, favorece a aprendizagem de normas sociais (ARNAIS;
MACHADO, 2012 p. 40)

A conduta lúdica da criança apresenta por meio do jogo/brincadeira


oferece oportunidade para experimentar comportamentos que em situações
normais não seriam possíveis. Aponta a potencialidade da brincadeira para a
descoberta de regras e para a aquisição da linguagem.
Nunes e Silveira apontam que:
A escola deve incentivar a realização de atividades que favoreçam
intercambio grupais, que abranjam as dimensões motora, afetiva e
intelectual, favorecendo o desenvolvimento da pessoa. Também
precisa estar atento à individualidade de cada aluno, para que eles
possam construir e/ou afirmar suas identidades. Como a própria
concepção Walloniana de desenvolvimento define, o sujeito passa por
um processo de socialização que deve permitir sua individuação, pois
a partir da interação com o outro vai se tornando diferente dele, e
construindo sua singularidade (NUNES & SILVEIRA, 2011, p.55).

Os jogos apontam-se como uma possibilidade mediadora no processo


de aprendizagem exigindo habilidades, competências e atitudes diferenciadas
de alunos e professores.
Na Educação Infantil é comum vermos as crianças brincando e cantando
na maioria do tempo em que está na escola, nesse sentido o que pensam os
professores sobre o lúdico e o seu significado pedagógico? Saberiam eles
indicar o objetivo que pretendem alcançar com cada uma das atividades por
eles propostas?
Acreditamos que os professores reconhecem a importância do lúdico, no
entanto, alguns não associam necessariamente as atividades propostas ao que
elas poderão desenvolver na criança.
A pesquisa tem como objetivo geral, compreender a percepção dos
professores que trabalham com a Educação Infantil sobre o lúdico, observando
o que pensam através das atividades desenvolvidas com as crianças bem
como suas habilidades e competências com as brincadeiras propostas.

2. METODOLOGIA

A metodologia qualitativa surge com o advento da fenomenologia, que


enfatiza o componente subjetivo do comportamento das pessoas. Bogdan e
Biklen (1994), afirmam que o pesquisador, ao utilizar a abordagem qualitativa,
faz uso de um conjunto de asserções que diferem das que são utilizadas
quando se estuda o comportamento humano com o objetivo de descobrir fatos
e causas.
Diante do exposto, a opção pela metodologia qualitativa corrobora com a
definição de Bogdan e Biklen (1994: p. 16) para os quais pesquisa qualitativa é
compreendida como:

[...] um termo genérico que agrupa estratégias de investigação que


partilham de determinadas características. Os dados recolhidos são
[...] ricos em pormenores descritos relativos a pessoas, locais e
conversas e de complexo tratamento estatístico (BOGDAN e
BIKLEN, 1994, p.16).

A característica principal da pesquisa bibliográfica é a de possibilitar ao


pesquisador uma bagagem teórica variada, contribuindo para ampliar o
conhecimento, de forma a fazer da pesquisa um material rico sobre o assunto,
fundamentando do ponto de vista teórico o material a ser analisado.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

Buscando compreender a origem dos jogos e dos brinquedos


certamente nos depararemos com uma historia fantástica de como eles
surgiram na sociedade e também com algumas dificuldades entre elas a falta
de registro, a pobreza de informações da época do seu surgimento e até
mesmo a compreensão sobre o significado do termo e de quando essa pratica
lúdica foi introduzida no ambiente escolar e na sociedade.
Nesse sentido é bom compreendermos para que possamos entender
qual é de fato o conceito que temos sobre o jogo e brincadeira? Qual a sua
importância para o desenvolvimento e socialização da criança no espaço
escolar? Sua importância no processo de ensino aprendizagem das crianças?
Diante disso procuramos responder ao longo do trabalho esses
questionamentos abordando alguns autores que nos auxiliaram através de
seus estudos e obras publicadas.
Segundo a Revista Carta Fundamental (2014, p.30) “Etimologicamente
falando, o termo jogo advêm do latim ludus, ludere, que significa movimentos
rápidos, mas referia-se, também, a representação cênica, aos ritos de iniciação
a aos jogos de azar.”
Quando falamos em lúdico logo vem a nossa mente o sentido de brincar,
divertir e jogar. Segundo Oliveira e Catunda (2011) “o lúdico tem sua origem na
palavra latina ludus que significa, no sentido original, divertir-se, e que
traduzimos por jogos, a brincar e a movimentar-se de modo espontâneo.”
Com tantos significados aplicado ao lúdico em diferentes contextos já
visto até agora, aqui a palavra jogo será utilizada como sinônimo de
brincadeira, independente das diferenças existente entre eles. Por outro lado,
brinquedos são objetos que utilizamos de aportes para que as brincadeiras
possam ser desenvolvidas de forma mais prazerosa a significativa.
O jogo é uma manifestação importante, otimista, alegre, espontânea e
de socialização. Uma energia vital que vem acompanhada de significados,
sonhos, espontaneidade, alegria e manifestações que favorece o ensino
aprendizagem das crianças através da valorização da cultura, do prazer em
brincar, da solução e resolução de problemas e da socialização com os outros
sujeitos envolvidos no processo. A universalidade e a temporalidade foram ao
longo do tempo transformando o jogo, a brincadeira e o brinquedo em
atividades peculiares, comuns em todas as sociedades.
A ludicidade/jogos tem sua origem através da cultura, pois consistem em
representações das diferentes realidades e o modo de vida de um determinado
povo, de onde elas se originaram locais em que os adultos e as crianças
aprendiam coletivamente.
Embora, a ação de brincar seja considerada algo natural da criança e é
um de seus direitos fundamentais para o seu desenvolvimento, convivência e
interação, ela parece ter se constituído em uma atividade apenas para a
criança e não para a humanidade de forma geral.

3.1. Lúdico Como Prática Escolar


Os espaços para atividades lúdicas são necessidades básicas além de
ser um direito do cidadão ao lazer e que deve haver em todas as instituições de
ensino. Através do lúdico os alunos podem desenvolver várias atividades
escolares, exercitando o seu corpo através de vários movimentos por estarem
atuante no processo de ensino aprendizagem.
Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos nós
precisa ser um processo constante e um posicionamento que deve ser adotado
por toda a escola.
O lúdico como prática escolar vai além de um simples momento de
recreação e diversão em que muitas das vezes são utilizados apenas para
entreter as crianças ou para passar o tempo.
Na prática constante com o lúdico é que se pode trabalhar as relações
de gênero ainda muito mal discutida nas instituições de ensino. Em muitas
delas ainda há uma presença constante de brincadeiras separadas de meninos
e meninas, predominando o machismo e o sexismo em sala de aula.
Compreendemos que desde bebê todos nós já brincamos seja com as
mãos batendo palmas ou segurando os pés e colocando-os na boca. Então o
brincar acompanha o ser humano desde o seu nascimento e deve ser
considerado uma prática educativa, até porque depois com o passar do tempo
a criança vai aprendendo que não se pode colocar os pés na boca ou fazer
alguma outra coisa que quando era criança achava engraçado.
Assim ela vai desenvolvendo desse modo movimentos que lhe permitem
uma atuação mais autônoma no seu meio, tanto em relação às possibilidades
de um deslocamento e de expressão quanto na perspectiva do autocuidado.
Vai progressivamente se apropriando de ações, gestos e de um repertorio de
atividades culturais que lhe permitem compreender as relações sociais e
afetivas que o ser humano estabelece entre si e com a natureza e a criança vai
se constituindo como sujeito no mundo social e natural.
Nesse sentido a linguagem corporal se manifesta por meio do gesto, da
expressão facial, da mímica, dos diversos deslocamentos no espaço, das
explorações dos objetos, das brincadeiras, dos costumes e práticas sociais,
permitindo aos sujeitos que ingressam no mundo, conhecerem a origem sobre
ele, mobilizando as pessoas, construindo e partilhando significados.
Práticas como essas precisam ter um destaque importante nas
instituições de ensino, já que ali é um espaço de vivências, de troca de
saberes, de experiências, de socialização, de relações de gêneros, de hábitos
culturais e sociais.
Brasil (2013, p.116) destaca que: “não cabe aqui o uso da falta de tempo
como desculpa para que o lúdico seja visto como uma prática que deve ser
valorizada pela escola. Ou dizer que tem outras coisas mais importantes para
ser trabalhada em sala de aula”. O brincar não é só alegria, é a grande
oportunidade de a criança aprender pela própria experiência em vai
exercitando sua cidadania e a compreensão do relacionamento e do respeito
ao outro.
A cada idade há um jeito novo de brincar, a cada família uma
experiência cultural diferente. Essas experiências interessantíssimas
acontecem de país em país, de continente em continente e em todos os
lugares o no ambiente em que ela mais acontece é na escola, sendo ela um
lugar de relação social e de culturas diferentes.

3.2. Importância do Lúdico na Escola

A escola é um espaço privilegiado para o processo de socialização das


crianças bem como para a troca de conhecimentos entre todos os envolvidos
nesse ambiente de formação. Esse espaço de formação e reflexão onde as
práticas educativas desenvolvidas influenciam a sociedade e por ela também
são determinadas em um grande movimento constante de ida e vinda. Sendo
assim, é fundamental garantir que a escola seja um ambiente prazeroso, que
se torne um lugar privilegiado da infância, o espaço onde todos possam ser
atores, crianças, jovens, as famílias e os professores, funcionários e dirigentes
sintam-se parte de um projeto maior que é coletivo e que vai sendo construído
com a participação de todos.
O desafio maior que se coloca é aproximar, integrar, valorizar a criança,
sendo ela a maior protagonista do processo educativo, que precisa ter acesso
as produções culturais e ao patrimônio criado pela humanidade de forma
dinâmica, prazerosa, construindo conhecimento, autonomia, autoestima,
princípios e valores para atuar na realidade em que vive contribuindo como
sujeitos históricos.
Para Delchiaro (2013, p.54). “A busca por uma escola onde crianças e
adultos sejam autores de suas histórias requer mudanças nas formas de
pensar e de agir, mas também exige clareza do caminho que se quer seguir.
Portanto, será necessário aprofundar algumas concepções imprescindíveis
para que possamos garantir as crianças que o espaço escolar seja também um
espaço da infância.”
As escolas precisam tornar-se ambientes agradáveis, lúdicos,
convidativos ao estudo e pesquisa que garantam o direito de as crianças
viverem uma infância saudável num espaço público pensado intencionalmente
para aprender a trocar saberes, brincar, criar, recriar, pesquisar. Para que isso
aconteça esse espaço educativo precisa ser reestruturado e reorganizado,
rompendo com o modelo clássico das antigas carteiras enfileiradas. As
concepções que embasam essas necessidades de mudanças precisam estar
fundamentadas em garantir um ambiente acolhedor, dinâmico, lúdico, que
favoreça a autoestima, a participação, a expressão e que o professor possa
garantir o conhecimento de cada aluno, o acesso a cultura e as novas
aprendizagens, tendo como ponto de apoio as interações, as vivencias, a
convivência, com propostas coletivas que garanta um ambiente acolhedor,
humanizador, integrador e desafiador.
Nesse sentido a linguagem corporal se manifesta por meio do gesto, da
expressão facial, da mímica, dos diversos deslocamentos no espaço, das
explorações dos objetos, das brincadeiras, dos costumes e práticas sociais,
permitindo aos sujeitos que ingressam no mundo, conhecerem a origem sobre
ele, mobilizando as pessoas, construindo e partilhando significados.
Práticas como essas precisam ter um destaque importante nas
instituições de ensino, já que ali é um espaço de vivências, de troca de
saberes, de experiências, de socialização, de relações de gêneros, de hábitos
culturais e sociais.
Não cabe aqui o uso da falta de tempo como desculpa para que o
lúdico seja visto como uma prática que deve ser valorizada pela
escola. Ou dizer que tem outras coisas mais importantes para ser
trabalhada em sala de aula. O brincar não é só alegria. A escola tem
tido dificuldades para tornar os conteúdos escolares interessantes
pelo seu significado intrínseco. É necessário que o currículo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir
prazer na leitura de um livro, na preparação de um jogo de sombra e
luz, de uma pintura, na beleza da paisagem, na preparação de um
trabalho sobre a descoberta da luz elétrica, na pesquisa sobre os
vestígios dos homens primitivos na América e de sentirem o
estranhamento ante as expressões de injustiça social e de agressão
ao meio ambiente. (BRASIL, 2013, p.116)

O currículo é parte importante no processo educativo da escola mesmo


sendo recente ele nos auxilia na nossa prática pedagógica.
Para Grundy (1987 apud Fragelli e Cardoso, 2009, p.19).
O currículo não deve ser concebido como um conceito, mais sim
como algo que se constrói culturalmente. Ele não é alheio, anterior ou
posterior as experiências do homem; ao contrario se constrói e se
consolida no decorrer das mesmas. Portanto o currículo não é algo
abstrato ou algo distante do sistema educativo, mas sim parte
inerente dele (GRUNDY 1987 apud FRAGELLI E CARDOSO, 2009,
p.19).

Segundo Sancristán (1999, p.61) “o currículo é a ligação entre a cultura


e a sociedade exterior, a escola e a educação; entre o conhecimento e cultura
herdados e a aprendizagem dos alunos; entre a teoria (ideias suposições e
aspirações) e a prática possível, dadas determinadas condições”.
Outro fator importante para que o lúdico seja trabalhado na escola é
respeitar a cultura de todos os alunos que fazem parte da instituição.
Para Araujo, Silva e Miranda (2014, p.19) “origem da palavra cultura
está no latim colere, que significa cultivar”
Aqui abordaremos a cultura como comportamento, modos de vida,
valores, conhecimento que são produzidos e transmitidos por uma sociedade.
Dessa forma é fundamental compreender os fatores culturais que estão
envolvidos dentro de uma unidade escolar para que seja trabalhado as
diferentes brincadeiras sem descriminação e respeitando todas as culturas.
Ainda há uma dificuldade enorme da aceitação e compreensão dos
termos escola, currículo e cultura em uma comunidade escolar. Inserir o lúdico
nesse contexto vai muito mais do que romper as barreiras existentes nesse
ambiente de ensino. É buscar novas formas de trabalhar com as crianças,
saindo da mesmice diária que toma conta dos educadores.
O ser humano busca na ação, imitação, representação, novas formas de
compreender o meio onde vive e entender o seu contexto social, político,
econômico e cultural, procurando de certa forma transformar a sua realidade.
A criança nem sempre ocupou um papel de transformação da sociedade
em outros tempos eram consideradas apenas adultos em miniaturas que não
tinham capacidades e nem inteligência.
Os termos crianças e infância podem ser considerados como sinônimos,
porem existem algumas diferenças que precisam ser analisadas.
Segundo Arnais (2012, p.26). “A palavra criança do ponto de vista
etimológico é de origem latina creator, creatoris, cuja definição é um ser de
pouca idade sobre o qual se ignoravam sua condição social de vida. Já a
palavra infância, também é de origem latina, infans, infantis, que significa
aquele que não fala.”
Para Ariès (1981, apud Arnais 2012, p.27) “a concepção de infância e
criança sempre esteve ligada aos modelos da sociedade. Para esse autor, até
por volta do século XII, havia um desconhecimento do que vinha a ser infância.
Poucas aram as crianças que sobreviviam à falta de higiene e cuidados. Muitas
nasciam porem poucas conseguiam sobreviver.”
Philipe Ariès foi o precursor nos estudos sobre a infância na
perspectiva histórica. Embora as idéias desse autor, como é comum
nas ciências sociais, não sejam unanimente compartilhadas por todos
os estudiosos sobre a infância, todos reconheceram sua originalidade
e a seriedade de seus estudos. Foi ele quem primeiro defendeu a
tese de que a infância é uma construção social. (SCHRAMM,
MACEDO E COSTA, 2011, p.13)

Os estudos de Ariès foram muito importantes para compreendermos a


idéia que é compartilhada por quase todos os estudiosos, de diversas áreas de
que a infância é um conceito que foi construído sócio-historicamente. Cabe a
nós a seguinte analise se ele foi construído é porque nem sempre existiu.
O mundo antigo tinha representações totalmente diferentes da
sociedade atual em relação à criança. Nesse período o papel das crianças era
definido pelos seus pais, não tinha lei que amparava as crianças da época,
cabia aos pais traçar o futuro dos seus filhos. Muitas crianças desde muito
nova já era prometida a casamento. Eles tinham o direito total sobre seus filhos
tendo-lhes o poder de dar a vida ou tirá-la.
Partindo do conceito de infância e de que as crianças são sujeitas com
potencialidades que constrói sua história destacaremos a importância do
jogo/brincadeira para as crianças compreender o mundo e a realidade onde
vive.
É difícil imaginar uma criança que não gosta de brincar, de criar, de
sonhar e de inventar. Basta deixarmos as crianças brincar que o
desenvolvimento acontecerá.
A abordagem construtivista considera o brincar um elemento
fundamental para o processo de desenvolvimento e aprendizagem da
criança, dado que esse seria uma forma da criança resolver
problemas e/ ou situações problemas que surgem a partir de sua
interação com o meio. Com isso, valoriza-se a presença do jogo como
espaço educativo da criança na educação infantil. [...]
(SOMMERHALDER & ALVES, 2013 p.51).

A ligação entre a criança e a atividade lúdica é intensa e precisa ser


aproveitada pelo professor e pela escola de forma a valorizar o aluno que está
naquele ambiente esperando para ser visto e respeitado.
O acolhimento do jogo significa o acolhimento da cultura lúdica infantil, o
que remete a compartilhar suas brincadeiras, seus jogos, seus hábitos e suas
culturas.
Segundo Arnais (2013, p.58) “na Educação Infantil, o jogo possui um
valor educacional intrínseco e sua utilização traz varias vantagens para o
processo de ensino/aprendizagem.” Entre elas estão:
Motivação: por meio do jogo, o prazer do aluno é impulsionado a
atingir o objetivo final. Mobilização de esquemas mentais: estimula o
pensamento. Integração de dimensões da personalidade afetiva,
social e motora. Aquisição de condutas cognitivas e desenvolvimento
de habilidades, como coordenação, força, concentração e flexibilidade
(ARNAIS 2013, p.58)

Algumas crianças da educação infantil quando entra na escola levam de


casa brinquedos, peças de roupa ou qualquer outro objeto na intenção de se
sentirem seguras ou amparadas. Para a adaptação da criança na escola é
preciso que ela tome consciência do eu, do outro e do grupo do qual vai fazer
parte.
Organizar o espaço para que esses alunos sintam-se seguros,
protegidos e felizes é interessante que o professor possa envolvê-los em todas
as atividades, momentos lúdicos da sala.
Com a organização do espaço lúdico deixando a criança se envolver de
forma prazerosa percebe-se o interesse da mesma pelas atividades propostas
pelo professor de forma que com o passar do tempo ela vai percebendo a sua
importância para que o aprendizado aconteça.
O brincar na educação infantil deverá ser planejado e registrado em
todos os seus aspectos mesmo que aparentemente a criança esteja em
atividade de livre brincar. O Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil destaca o brincar como uma atividade fundamental para o
desenvolvimento da autonomia e da identidade.
O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio
de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na
brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas
brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades
importantes, tais como atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por
meio da interação e da utilização e experimentação de regras e
papeis sociais. (BRASIL, 1998, v.2, p.22).

Quando desde muito cedo o aluno já convive em um ambiente onde ela


possa respeitar as regras o seu desenvolvimento acontece de forma mais
rápida, eficiente e o lúdico é importante para essa transição respeitando o
tempo, o espaço, a fantasia, a imaginação e compreensão levando a criança a
ser protagonista da sua própria história contribuindo para a compreensão a
análise da realidade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A arte de brincar está cada dia sendo reduzida aos seres humanos e
isso tem prejudicado gradativamente a formação do sujeito como ser social,
pois o lúdico leva o indivíduo a fantasiar, criar, pensar, sonhar e interagir com
as outras pessoas.
Quando a criança desde muito cedo tem acesso a ludicidade seja na
escola ou na comunidade onde vive ela consegue ter uma formação humana
como sujeito solidário, crítico, participativo, vai adquirindo valores e se
preocupará em ajudar a sociedade de forma honesta, pois desde cedo aprende
a compartilhar, a imaginar, a aceitar regras e resultados, esperar sua vez, lidar
com frustração e elevar o nível de motivação, a contribuir e a respeitar o outro
sem distinção de classe econômica, social e cultural.
O lúdico é fundamental na vida que qualquer ser humano seja ele
criança ou adulto. É importante darmos valor a esse momento tão especial que
é brincar, pois de certa forma por mais simples que seja a brincadeira a gente
aprende com ela.
O jogo precisa ser vivido a todo o momento nas instituições
educacionais, precisa ser ações vividas e sentidas, cheio de fantasias e
imaginação, trazendo todos os sonhos para o instante, realidade atual.
O educador precisa desde o inicio de sua formação compreender a
importância da ludicidade para os seus educandos, percebendo que essas
práticas ajudam a criança a ser desenvolver de forma coerente e solidaria,
ajuda no raciocínio e na forma de relacionamento com os colegas, família e
sociedade.
Hoje ser professor é um desafio muito grande por falta de valorização do
Estado e pelo avanço da modernidade que o mundo se encontra. Ele precisa
se reciclar e se desafiar a todo instante, pesquisar, inovar, aperfeiçoar e
melhorar a sua prática pedagógica.
O lúdico ajuda o novo educador a melhorar a sua pratica pedagógica e
sair da rotina, é preciso ele se entregar a esse prazer que é brincar ensinando
e aprendendo. Tem de despertar nas crianças, ou melhor, resgatar aquilo que
foi perdido com o avanço da tecnologia.
As crianças em idade escolar têm necessidade de se movimentarem e
contribuir com o desenvolvimento da corporeidade infantil é uma ação
determinante na atividade escolar. O educador pode ajudar através do lúdico
essas crianças a compreenderem sobre coordenação, movimento, disciplina,
respeito convivência e cooperação.
Na escola é preciso que seja resgatado o lúdico na experiência coletiva
para que as crianças possam desde pequenas a conviver com uma
socialização sabia, sem discriminação, respeitando o tempo e a particularidade
de cada sujeito envolvido nesse processo de ludicidade que é tão importante
para a formação. Recuperar o lúdico é antes de tudo, recompor o momento e o
tempo comum, é recuperar a experiência coletiva e individual.
Partindo das relações feitas, podemos perceber que o professor deve
investigar a sua turma de alunos, conhecer suas origens, suas culturas, suas
necessidades lúdicas, suas realidades, para que haja uma aproximação do que
é ensinado na escola com a vida dos alunos na sociedade. Somente dessa
forma a instituição conseguirá ter um currículo baseado nas diretrizes
curriculares mais tendo autonomia para construir o seu próprio currículo
baseado na realidade de todos os envolvidos na comunidade escolar- pais,
alunos, professores e funcionários.

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