Você está na página 1de 8

O LÚDICO DE MÃOS DADAS COM APRENDIZAGEM.

Janaina Maria Dornelas Rodrigues

RESUMO:

O Objetivo deste trabalho é destacar a importância do lúdico no ambiente escolar,


como instrumentos que estimula um aprendizado de qualidade para a criança,
utilizando técnicas que promovem o desenvolvimento das habilidades fundamentais
nesse processo. Através a criança se liberta, criando ,reinventando e soltando sua
imaginação, tornando o ambiente escolar mais atrativo, prazeroso e acolhedor. O
lúdico é de grande valia para a educação, sendo uma ferramenta de fundamental
importância para os professores na atualidade, da qual o brincar é usando como
instrumento para o desenvolvimento cultural ,cognitivo, físico, emocional e
social ,visando o professor como mediador frente às atividades lúdicas, dirigidas ou
livres no espaço escolar. Entretanto, esse trabalho tem a finalidade de compreender
a implantação das atividades lúdicas na instituição escolar e os reflexos dessa
prática para desenvolvimento integral da criança. Para a realização deste trabalho
foi realizada varias pesquisas bibliográficas com a finalidade de obter referências,
sobre o tema em questão, com objetivo de questionar, e pensar em soluções para
um aprendizado eficaz, através do lúdico de maneira agradável e prazerosa.

Palavras chaves: Mediador. Professores. Imaginação. Aprendizado. Criança.

1-INTRODUÇÂO

A realização desta pesquisa visa abordar a importância da valorização das


atividades lúdicas no cotidiano escolar para proporcionar aos educadores
instrumentos de trabalho que auxiliam na aquisição da aprendizagem e
desenvolvimento do educando, com efetivo significado de maneira integrada e
prazerosa.
O brincar permite com que a criança possa desenvolver suas
potencialidades por completo e de maneira geral, as atividades lúdicas conseguem
promover de forma significativa novas experiências afetivas, sociais, motora e
cognitiva, dentro de um ambiente educacional agradável e prazeroso.
No brinquedo, a criança opera com significados desligados dos
objetos e ações aos quais estão habitualmente vinculados;
entretanto, uma contradição muito interessante surge, uma vez que,
no brinquedo, ela inclui, também, ações reais e objetos reais.
(VYGOTSKY, 2008, p. 116).
Nesse sentido, esse trabalho tem a finalidade de compreender a inserção da
criança e das atividades lúdicas no contexto da educação e os reflexos dessa prática
em seu desenvolvimento global. A hipótese fundamentada neste trabalho é a
conscientização dos professores à importância do brincar para o desenvolvimento
da criança, fazendo que o professor busque proporcionar aos alunos um
aprendizado de forma lúdica, diversificada e divertida.

2- O LÚDICO DE MÃOS DADAS COM APRENDIZAGEM.

A palavra lúdica vem do latim e ludus e significa brincar. Neste sentido estão
incluídos todos os divertimentos de forma prazerosa e divertida. O lúdico acabou por
originar uma vida mais livre e melhor para ser vivida. O lúdico está justamente no
prazer pelo viver, no vibrar com as vitórias próprias e no reconhecer a vitória do
aluno.
Segundo CUNHA (1988):
O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca alcança
níveis que só mesmo a motivação intrínseca consegue. Para que o
brinquedo seja significativo para a criança é preciso que tenha
pontos de contato com sua realidade. (p.9)

Através das brincadeiras a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses


necessidades e desejos, partilhando com seus iguais suas emoções, seus limites e
lhe propondo novos desafios. As brincadeiras direcionadas proporcionam às
crianças um ambiente agradável e interessante, possibilitando assim o aprendizado
de várias habilidades úteis a sua vida social e afetiva. São muitas as vantagens de
se aprender de forma lúdica.
FERREIRO (1989) aponta para a importância de se oferecer à criança
ambientes agradáveis onde se sinta bem e a vontade, pois a criança deverá se
sentir como integrante do meio em que está inserida. Portanto é fundamental que se
assegure á criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja
vivenciando com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e
a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver.
Na escola, em especial na educação infantil, o lúdico precisa ser explorado
levando em consideração o valor do “brincar” como suporte fundamental na
aprendizagem significativa. Em suma, considerando todas as discussões
existentes em relação à ludicidade no contexto escolar, este trabalho propõe uma
reflexão sobre o valor de trabalhar com a ludicidade, presente no cotidiano escolar.
Segundo Vygotsky (1991), “o lúdico influencia enormemente o
desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua
curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração”.
Através do lúdico a criança tem oportunidade de desenvolver brincando,
pois brincando a criança exercita, inventa experimenta, descobre, vivendo assim
uma experiência que enriquece sua sociabilidade e a capacidade de se tornar um
ser humano criativo.
As brincadeiras possibilitam o desenvolvimento integral das crianças,
propicia explorar o mundo, descobre-se, entende e conhece seus sentimentos, suas
ideias e formas de agir. A brincadeira implica imaginação, negociação entre as
regras, espontaneidade, a criança é o sujeito da brincadeira. É aquela que
experimenta ser a mãe, o pai, várias possibilidades de ações.
Aprendizagem reconhecida por Kishimoto (1997, p.) quando cita Piaget:
“Para Piaget, ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus
estágios cognitivos e constrói conhecimentos”. Cordazzo (2007) diz em seu artigo
que Oliveira e Milani (2003) constataram que as atividades lúdicas também auxiliam
no tratamento de crianças com Síndrome de Dow, pois essas atividades têm
contribuído para que essas crianças tenham adequação do tônus postural, tenham
autonomia e capacidade de comunicação. Entretanto em alguns países verificou-
se que as atividades lúdicas, os jogos mais utilizados nas escolas são jogos
pedagógicos e os de atividades motoras, sendo os professores os responsáveis por
escolherem os jogos e o tempo de utilização dos mesmos.
As atividades lúdicas devem ajudar a criança a descobrir a si mesma e o
mundo em que vive. Dentro das atividades lúdicas, as crianças manifestam suas
potencialidades, e ao observá-las será possível enriquecer sua aprendizagem
fornecendo através dos brinquedos e brincadeiras, os nutrientes necessários para
seu desenvolvimento motor e cognitivo. As atividades lúdicas envolvem ainda e
troca de afeto, de respeito e de limites entre os seus participantes.
O desenvolvimento do lúdico pode ser utilizado em vários critérios. Como por
exemplo: conversas bem-humoradas, teatro de bonecas, histórias, brincadeiras
infantis, brinquedo cantado, além do próprio teatro pessoal que consiste no tom de
voz, no olhar, no abraço, despertando na criança o gosto pelo brincar através das
brincadeiras propostas.
Para se ensinar uma atividade é preciso saber como aquela criança é:
inicial, elementar ou madura para aquela atividade. E ainda descobrir quais os
melhores meios de ensina-lá e de tornar a aprendizagem duradoura.
Desde os primórdios da civilização, o brincar tem sido uma atividade natural
das crianças, o que torna esta atividade essencial na vida destas. O brincar é
essencial para a manutenção da saúde física, emocional, intelectual, e social da
criança. Enquanto brinca, descobre as propriedades dos materiais (duros, macios,
grandes, pequenos).
Segundo PIAGET (apud SPODEK & SARACHO1998, p.212), brincar é
uma forma de manipular o mundo externo para que ele se encaixe nos esquemas da
organização atuais de uma pessoa. Assim sendo, ele tem uma função vital no
intelecto em desenvolvimento das crianças se mantém em certo grau, sempre
presente no comportamento humano.
O brinquedo humano é um instrumento importante porque estimula a
curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança, proporcionando uma melhor
aprendizagem, assim como um melhor desenvolvimento da linguagem do
pensamento e da concentração da atenção.
O brinquedo espontâneo pode ser considerado sob dois aspectos: o da auto
expressão, onde estão as atividades livres, construções, dramatizações, música,
artes plásticas; e o da auto realização, que é o brinquedo organizado, aquele que
tem uma proposta e por isso requer um determinado desempenho. Mas o mais
importante é que o brinquedo sempre constituiu uma oportunidade para a
criança interagir, fazer escolhas e toma decisões.
Segundo GARCIA & MARQUES (1988):
Quando as crianças brincam, observa-se a satisfação que elas
experimentam ao participarem das atividades. São sinais de alegria,
prazer e risos, consegue conjugar seu mundo de fantasias com a
realidade, transmitindo, livremente, de uma situação à outra. (p.11).
Brinquedos e brincadeiras são excelentes oportunidades para nutrir a
linguagem da criança, sendo que o contato com objetos diferentes e diferentes
situações estimulam a linguagem interna e o aumento do vocabulário.
O entusiasmo causado pela brincadeira causa uma melhor fluência na linguagem
verbal e um maior interesse pelo aprendizado de palavras novas. Além da aquisição
de novos conceitos causados pelas brincadeiras, o brinquedo é fundamental no
desenvolvimento da linguagem e no aprendizado da experiência real e concreta, é
uma base para a sua educação.
Brincando, a criança desenvolve sua sociabilidade, seu senso de
companheirismo, jogando com companheiros ela aprende a conviver, ganhando ou
perdendo, procurando entender as regras do jogo e conseguir uma participação
satisfatória.
De acordo com BORGES (1998), “para participar dos jogos e obedecer às
regras, a criança deve ser capaz de, durante algum tempo, deixar que a vontade do
grupo, como um todo, determine o que devem fazer”. (p.28)
Considerando-se a grande importância do jogo na fase de crescimento e
desenvolvimento, torna-se evidente a necessidade de organização de um programa
de jogos adequados ao grau de maturidade das crianças.
”O jogo pode se tornar uma estratégia didática quando as situações
são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de
aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de
conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é
necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica
planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar
objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe são
decorrentes.” (RCNEI 1998, V.3, p.211.)

A criança inicia a vida escolar com uma boa acolhida de um afeto sincero, de
compreensão para com suas atividades e seus limites. Portanto, as instituições
interessadas (família, escola, governo) deveriam aumentar seus investimentos nesta
fase como medida profilática, num período de vida em que a personalidade começa
a se formar.
De acordo com PIAGET (1998) é importante:
Sempre enfatizar a constituição da criança na construção do seu
próprio pensamento, ou seja, a criança como agente do seu próprio
desenvolvimento. Essa maneira de entender a infância tem suas
implicações marcantes na relação entre o educador e a criança,
trazendo, assim contribuições para reformular a prática pedagógica.
(p. 106)

No que diz respeito à educação infantil é necessário lembrar e valorizar,


junto à criança, uma autoimagem positiva, pelo trabalho de aceitação e convivência
com as inúmeras diferenças existentes entre os mais variados grupos de suas
relações sociais.
Por meio do jogo, as crianças experimentam diferentes papéis e aprendem
que existem regras e, também, que o mundo não acaba quando se perde. É na
interação das brincadeiras que se efetivam as relações de troca, de negociação, de
cumplicidade. É nesse contexto que surgem as regras de conduta dando um sentido
real às práticas sociais. Por isso, associar a educação da criança ao jogo não é algo
novo. De uma maneira geral, pode-se dizer que o jogo é uma atividade em que as
crianças se entregam, pelo prazer da própria atividade. A atividade simbólica é uma
característica muito importante nas crianças da Educação infantil que desenvolve
uma forma particular de pensamento: a imaginação.
Segundo Piaget (1994) O jogo assume característica de promotor
da aprendizagem da criança. Ao ser colocado diante de situações de brincadeira, a
criança compreende a estrutura lógica do jogo, e consequentemente, a estrutura da
Matemática presente neles.
Devemos estar atentos para o jogo não se tornar uma mera brincadeira: é
preciso que haja uma intervenção pedagógica a fim que esse jogo seja útil na
aprendizagem de conceitos. Um cuidado muito importante que precisamos ter, antes
de trabalhar com jogos em sala de aula, é de testá-los, analisando suas próprias
jogadas e refletindo sobre os possíveis erros; assim, teremos condições de entender
as dificuldades que os alunos irão enfrentar. Além disso, devemos ter um cuidado
especial na hora de escolher jogos, que devem ser interessantes e desafiadores.
Segundo, Kishimoto (1994),
O jogo como promotor de aprendizagem e do desenvolvimento
passa a ser considerado nas práticas escolares como importante
aliado para o Ensino, já que coloca o aluno diante de situações
lúdicas, como o jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-los
dos conteúdos culturais a serem vinculados na escola. (KISHIMOTO,
1994,p. 13).
Ensinar é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente,
engajado, é seduzir os seres humanos para o prazer de conhecer. É resgatar o
verdadeiro sentido da palavra "escola", local de alegria, prazer intelectual, satisfação
e desenvolvimento. Para atingir esse fim, é preciso que os educadores repensem o
conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela
vida, por alegria, por entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar,
compreender e reconstruir o conhecimento.
O educador infantil deve valorizar as atividades das crianças, interessando-
se por elas, animando-as pelo esforço. Outro modo de estimular a imaginação das
crianças é servir de modelo, brincar junto ou contar como brincava quando tinha a
idade delas. Através das brincadeiras e jogos a criança satisfaz, em grande parte,
seus interesses necessidades e desejos, partilhando com seus iguais suas
emoções, seus limites e lhe propondo novos desafios.

3-CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades lúdicas, bem preparadas é uma aliada dos professores, por ser
uma forma prazerosa de ter a atenção dos alunos voltada para a aula, visto que é
uma prática pedagógica voltada para “o brincar”, podendo ajudar a transformar o
cotidiano escolar, não somente na questão da forma de aquisição do conhecimento,
mas como ferramenta para subsidiar as práticas pedagógicas, contribuindo de forma
significativa, criando elos de amizade e cumplicidade entre alunos e professores.
Portanto, ressalta-se aqui a importância das atividades lúdicas em crianças na
Educação infantil, pois o brincar explora o meio em que as crianças vivem,
proporcionando-lhes desafios, motivação, interação e integração sendo de suma
importância, pois fazem com que as mesmas desenvolvam diversas habilidades,
entre elas as habilidades motoras, cognitivas e afetivas.

4-REFERÊNCIAS

BORGES: Célio José. Educação física para o pré – escolar. Rio de Janeiro.
Editora Sprint. 4ª. Edição, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional par a educação infantil. Brasília,
1998. CUNHA: Nyse Helena da Silva. Brinquedos, desafios e descobertas. Rio de
Janeiro: FAE, 1988
DINELLO, Raimundo. Expressão Ludocriativa. Uberaba: Uniube 2007.
ESCOLA: Nova. A revista do professor. Novembro de 2000. FARIA, Analise
Rodrigues de. O desenvolvimento da criança e do adolescente segundo
Piaget. São Paulo, editora Ática S.A 2ª edição,1993.
FERREIRA NETO: Carlos Alberto. Motricidade e jogo na infância, Rio de Janeiro.
2ª edição, 1989.
GARCIA: Rose Marie Reis & MARQUES, Lílian Argentina Braga. Brincadeiras
cantadas. Porto Alegre: editora Kuamp, 1988.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 5a ed.
São Paulo: Cortez, 2001.
PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
SALOMÂO, Luciana Faleiros Cauhi et al. Ludicidade arte e educação. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho,
imagem e representação. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. 370 p.
SANTOS, Fábio Rocha et al. Metodologia da pesquisa: são Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2010.
SPODEK: Bernard & SARACHO, Olívia N. Ensinando crianças de três a oito
anos. Porto Alegre. Editora Artmed. 1998.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Você também pode gostar