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A importância do brinquedo, da brincadeira e dos jogos para a criança

CONHECIMENTOS A importância do
brinquedo, da brincadeira e
ESPECÍFICOS dos jogos para a criança

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A importância do brinquedo, da brincadeira e dos jogos para a criança A importância do brinquedo, da brincadeira e dos jogos para a criança

Jogos, brinquedos e brincadeiras A Importância do Brincar na Educação Infantil


As atividades lúdicas são extremamente importantes no aprendizado das cri - Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a
anças, pois são atividades que reúnem, interessam e exigem concentração das criança pode reproduzir o seu cotidiano. O ato de brincar possibilita o processo de
crianças. A partir de jogos, brinquedos e brincadeiras, a criança consegue criar, aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e
imaginar, fazer de conta, experimentar, medir, enfim, aprender. da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo e
aprendizagem.
Através de brinquedos, jogos e brincadeiras, a criança tem a oportunidade de
se desenvolver, pois além de ter a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia es - Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o
timuladas, ainda desenvolve a linguagem, a concentração e a atenção. O brincar desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afeti -
contribui para que a criança se torne um adulto eficiente e equilibrado. Além dis - vo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, edu-
so, as crianças aprendem muito mais se o conteúdo for apresentado em forma de cadores e sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo vivenciada
jogos ou brincadeiras. na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa
não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem. Neste contexto, o
Durante as brincadeiras, a criança se constrói, experimenta, pensa, aprende a brincar na educação infantil proporciona a criança estabelecer regras constituídas
dominar a angústia, a conhecer o próprio corpo (Nicoletti e Filho, 2004), a compor por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. Deste
sua personalidade e é nessa hora que ela exprime toda a sua criatividade. modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de conhecimento e, ao
mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender pontos de vista dife -
Infelizmente, muitas escolas veem as atividades lúdicas apenas como um pas -
rentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em relação aos outros. É
satempo para preencher as horas vagas, um período de descanso ou como a hora
importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta se
de a criança gastar um pouco de energia, e não levam em consideração a impor -
constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspecti-
tância dessa hora.
va da lógica infantil.
Piaget (apud WAJSKOP, 1995, p. 63) nos diz que: “Os jogos fazem parte do ato
de educar, num compromisso consciente, intencional e modificador da sociedade;
educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir As implicações do ato de brincar no desenvolvimento infantil
passivamente; antes disso é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo
consciente, engajado e feliz no mundo”. Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se, entre-
ter-se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou
Por meio das atividades lúdicas, o professor estimula a imaginação das crian- seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser.
ças, fazendo com que ideias e questionamentos sejam despertados. É preciso que
o professor fique muito atento para que nenhuma criança seja autoritária com as Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais,
outras, e que todas tenham as mesmas oportunidades na brincadeira. O professor caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de co -
deve estar atento também com a competição nos jogos, e deve intervir quando municar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece
necessário, para que as crianças saibam que os jogos são coletivos e democráti - através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Assim,
cos, e dão condições de vencer a todos os jogadores. através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a
atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o de -
É muito importante lembrar que as crianças têm todo o seu aprendizado base- senvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteli-
ado em imitações. Por isso, se quisermos que nossas crianças aprendam a tole - gência, sociabilidade e criatividade.
rância, o respeito pelo próximo, a justiça, a paz, a solidariedade, a aceitação e o
reconhecimento do valor das diferenças, é necessário darmos o exemplo, sendo Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia his-
um modelo vivo do que queremos ensiná-los. (WAJSKOP, Gisela. O brincar na edu - tórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os
cação infantil. São Paulo: Cortez, 1995.) outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas
por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil
assume uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do
sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de

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satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se à brincadeira como uma de. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotá -
maneira de expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos veis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o
papéis dos adultos. A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de no - aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente
vos conhecimentos surge, nas crianças, através do brincar. A criança por intermé - recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma
dio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas que:
diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conheci -
mentos, significados e atitudes. (...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental im -
portância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida
1998, p. 27, v.01): pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e
atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que as -
sumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crian - Carvalho (1992, p.28) acrescenta, mais adiante:
ças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substitu -
indo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, (...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto
utilizando-se de objetos substitutos. significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da crian-
ça, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador
Zanluchi (2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança prepara-se a em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mun -
do físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre
coisas.” Assim, destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura, uma nova descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova
pois entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se abre forma de jogar. Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações a
para que ela lide com as diversas situações. seu respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvi -
mento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.
Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento
infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significa - É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o
dos. Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe seu relacionamento social e a respeitar a si mesma e ao outro. Por meio da ludici -
com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o dade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e dis-
que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento. cordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando
sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério e sem motiva-
ções, os educandos acabam evitando expressar seus pensamentos e sentimentos
e realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos. Zanluchi
A importância do brincar no universo lúdico (jogos, brincadeiras e (2005, p.91) afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação
brinquedos) lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar,
estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções
O ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil,
dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenro -
neste contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um processo
lar da sua vida.
de humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma efe -
tiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças desenvolvem sua capa - Entretanto, Vygotsky (1998) toma como ponto de partida a existência de uma
cidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um consenso, relação entre um determinado nível de desenvolvimento e a capacidade potencial
reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade em si. de aprendizagem. Defende a ideia de que, para verificar o nível de desenvolvi -
mento da criança, temos que determinar pelo menos, dois níveis de desenvolvi -
O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que
mento. O primeiro deles seria o nível de desenvolvimento efetivo, que se faz atra -
as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança des -
vés dos testes que estabelecem a idade mental, isto é, aqueles que a criança é
de os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que pro -
capaz de realizar por si mesma, já o segundo deles se constituiria na área de de -
porcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua identida -
senvolvimento potencial, que se refere a tudo aquilo que a criança é capaz de fa -

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zer com a ajuda dos demais, seja por imitação, demonstração, entre outros. O De acordo com Vygotsky (1998), ao discutir o papel do brinquedo, refere-se
que a criança pode fazer hoje com a ajuda dos adultos ou dos iguais certamente especificamente à brincadeira de faz-de-conta, como brincar de casinha, brincar
fará amanhã sozinha. Assim, isso significa que se pode examinar, não somente o de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz re -
que foi produzido por seu desenvolvimento, mas também o que se produzira du - ferência a outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é privilegiada
rante o processo de maturação. em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento. No brinquedo,
a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, o mesmo contém
Para Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo
específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas sim - uma grande fonte de desenvolvimento.
bólicos. É uma atividade com contexto cultural e social. O autor relata sobre a
zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual de desen - A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a
volvimento, determinado pela capacidade de resolver, independentemente, um afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do
problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolu - significado dessa situação, Vygotsky (1998, p.127) relata que “ No brinquedo, no
ção de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas
capaz. age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma con -
dição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê.” No
Na visão de Vygotsky (1998) o jogo simbólico é como uma atividade típica da brincar, a criança consegue separar pensamento, ou seja, significado de uma pa-
infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da aquisição lavra de objetos, e a ação surge das idéias, não das coisas.
da representação simbólica, impulsionada pela imitação. Desta maneira, o jogo
pode ser considerado uma atividade muito importante, pois através dele a criança Segundo Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que quando
cria uma zona de desenvolvimento proximal, com funções que ainda não amadu - uma criança coloca várias cadeiras uma através da outra e diz que é um trem,
receram, mas que se encontram em processo de maturação, ou seja, o que a cri - percebe-se que ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade representa um pas -
ança irá alcançar em um futuro próximo. Aprendizado e desenvolvimento estão in - so importante para o desenvolvimento do pensamento da criança. Brincando, a
ter-relacionados desde o primeiro dia de vida, é fácil concluir que o aprendizado criança exercita suas potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio,
da criança começa muito antes de ela freqüentar a escola. Todas as situações de contido nas situações lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a al-
aprendizado que são interpretadas pelas crianças na escola já têm uma história cançarem níveis de desenvolvimento que só as ações por motivações essenciais
prévia, isto é, a criança já se deparou com algo relacionado do qual pode tirar ex - conseguem. Elas passam a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não ficam estres-
periências. sadas porque estão livres de cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam
com alegria, sentindo-se mais capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas
Vygotsky (1998, p. 137) ainda afirma “A essência do brinquedo é a criação de e predispostas a aprender. Conforme afirma Oliveira (2000, p. 19):
uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou
seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão per - O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece
mear toda a atividade lúdica da criança, serão também importantes indicadores o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e
do desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca,
suas ações futuras. por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura mater -
na, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de
Santos (2002, p. 90) relata que “(...) os jogos simbólicos, também chamados ser uma mãe boa, forte e confiável.
brincadeira simbólica ou faz-de-conta, são jogos através dos quais a criança ex-
pressa capacidade de representar dramaticamente.” Assim, a criança experimen - Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança,
ta diferentes papéis e funções sociais generalizadas a partir da observação do ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avança -
mundo dos adultos. Neste brincar a criança age em um mundo imaginário, regido dos que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento so-
por regras semelhantes ao mundo adulto real, sendo a submissão às regras de bre as dimensões da vida social.
comportamento e normas sociais a razão do prazer que ela experimenta no brin -
car. Segundo Vygotsky, Luria & Leontiev (1998, p. 125) O brinquedo “(...) surge a
partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais amplo
dos adultos.”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como a criança

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observa os outros agirem ou de como lhe disseram, e assim por diante. À medida resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo
que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se formou, a criança utiliza- adulto.
se do jogo simbólico para criar significados para objetos e espaços.
O lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem,
Assim, seguindo este estudo os processos de desenvolvimento infantil apon - assim o ato de brincar na escola sob a perspectiva de Lima (2005) está relaciona -
tam que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimen - da ao professor que deve apropriar-se de subsídios teóricos que consigam con-
to e aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1998), um dos principais represen- vencê-lo e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade para aprendizagem e
tantes dessa visão, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imagina- para o desenvolvimento da criança. Oliveira (1997, p. 57) acrescenta o fato que a:
ção, fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de construir re -
lações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou adultos. Tal concepção se afasta Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,
da visão predominante da brincadeira como atividade restrita à assimilação de habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o
códigos e papéis sociais e culturais, cuja função principal seria facilitar o processo meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fa -
de socialização da criança e a sua integração à sociedade. tores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o in -
divíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da in -
formação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky,
justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de apren -
Ensino-aprendizagem através do brincar na infância dizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. (...)
o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre envol -
Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é
vendo interação social.
um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do
lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança no processo de
promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no de -
conhecimento através das características do conhecimento do mundo. O lúdico senvolvimento cognitivo e facilitando a interação com pessoas, as quais contribui -
promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o rão para um acréscimo de conhecimento.
sentido. Assim, Goés (2008, p 37), afirma ainda que:
A essas ideias associamos nossas convicções sobre o brincar como prática pe -
(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser dagógica, sendo um recurso que pode contribuir não só para o desenvolvimento
melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido infantil, como também para o cultural. Brincar não é apenas ter um momento re -
como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda servado para deixar a criança à vontade em um espaço com ou sem brinquedos e
sua capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes sim um momento que podemos ensinar e aprender muito com elas. A atividade
mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos lúdica permite que a criança se prepare para a vida, entre o mundo físico e social.
nesse processo. Observamos, deste modo que a vida da criança gira em torno do brincar, é por
essa razão que pedagogos têm utilizado a brincadeira na educação, por ser uma
Contudo, compreender a relevância do brincar possibilita aos professores in -
peça importante na formação da personalidade, tornando-se uma forma de cons-
tervir de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que o
trução de conhecimento.
lúdico proporciona. Portanto, o brincar utilizado como recurso pedagógico não
deve ser dissociado da atividade lúdica que o compõe, sob o risco de descaracte- Finalizando Gonzaga (2009, p. 39), aponta:
rizar-se, afinal, a vida escolar regida por normas e tempos determinados, por si só
já favorece este mesmo processo, fazendo do brincar na escola um brincar dife - (...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas
rente das outras ocasiões. A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na para aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso
prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que contribuem das diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando ne-
para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de significados constru - cessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e
tivos tanto para crianças como para os jovens. por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica.

Para Vygotsky (1998), o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras, Importante para o desenvolvimento, físico, intelectual e social, o jogo vem
histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar e ampliando sua importância deixando de ser um simples divertimento e tornando-

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se ponte entre a infância e a vida adulta. Vygotsky (1998) afirma que o jogo infan - ção infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente,
til transforma a criança, graças à imaginação, os objetivos produzidos socialmen - por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazero -
te. Assim, seu uso é favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à criança a opor - so, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais vari-
tunidade de utilizar a criatividade, o domínio de si, à firmação da personalidade, e adas.
o imprevisível.
Educar é acima de tudo a inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a
De acordo com Kishimoto (2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica construção do conhecimento. Segundo este processo educativo, a afetividade ga -
que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz mui - nha destaque, pois acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a compreen -
tas vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso na - der e modificar o raciocínio do aluno. E muitos educadores têm a concepção que
tural da criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo ob - se aprende através da repetição, não tendo criatividade e nem vontade de tornar
tém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o a aula mais alegre e interessante, fazendo com que os alunos mantenham distan -
jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tem - tes, perdendo com isso a afetividade e o carinho que são necessários para a edu -
po e espaço, integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e cação.
cognitiva.
A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a apren -
O desenvolvimento da criança e seu consequente aprendizado ocorrem quan - dizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicida -
do participa ativamente, seja discutindo as regras do jogo, seja propondo soluções de em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-
para resolvê-los. É de extrema importância que o professor também participe e aprendizagem. E quando o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as
que proponha desafios em busca de uma solução e de participação coletiva, o pa - atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois se aprende
pel do educador neste caso será de incentivador da atividade. A intervenção do brincando.
professor é necessária e conveniente no processo de ensino-aprendizagem, além
da interação social, ser indispensável para o desenvolvimento do conhecimento. Santos (2002) refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do latim
ludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, divertimentos, tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento da apren -
1998, p. 23, v.01): dizagem do indivíduo.

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras Assim, a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. O brin -
e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir quedo é a essência da infância e permite um trabalho pedagógico que possibilita
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de a produção de conhecimento da criança. Ela estabelece com o brinquedo uma re-
ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e lação natural e consegue extravasar suas angústias e entusiasmos, suas alegrias
confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da re- e tristezas, suas agressividades e passividades.
alidade social e cultural.
Ainda Santos (2002, p. 12) relata sobre a ludicidade como sendo:
Por isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um
elemento essencial. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar “(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode
apenas um caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de si mesmo, e da ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facili-
sociedade. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher cami- ta a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora
nhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita
circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva, segundo o os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de co-
Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01): nhecimento.”

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão, pra -
organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articu- zer, potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma ex -
lem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de periência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da
cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes Educação Infantil.
aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educa -

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Dessa forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade utilizada pelo pro- Anotações:
fessor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que _______________________________________________________________________
faça parte do plano de aula da escola. Pois, de acordo com Vygotsky (1998) é no
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brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Porque ela transfe -
re para o mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do mundo de _______________________________________________________________________
faz de conta. _______________________________________________________________________
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Portanto, cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de
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motivação para as crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que pre -
param para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve classifica - _______________________________________________________________________
ção, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na resolu - _______________________________________________________________________
ção de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista em _______________________________________________________________________
relação ao outro. _______________________________________________________________________
Oliveira (1997, p. 61) afirma que:
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A implicação dessa concepção de Vygotsky para o ensino escolar é ime- _______________________________________________________________________
diata. Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola tem _______________________________________________________________________
um papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos
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que vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho desse papel só
se dará adequadamente quando, conhecendo o nível de desenvolvimento _______________________________________________________________________
dos alunos, a escola dirigir o ensino não para as etapas de desenvolvimento _______________________________________________________________________
ainda não incorporados pelos alunos, funcionando realmente como um mo- _______________________________________________________________________
tor de novas conquistas psicológicas. Para a criança que frequenta a escola, _______________________________________________________________________
o aprendizado escolar é elemento central no seu desenvolvimento. _______________________________________________________________________
O processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então, _______________________________________________________________________
tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, num _______________________________________________________________________
dado momento e com sua relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, _______________________________________________________________________
e como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente _______________________________________________________________________
adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo
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de crianças. O percurso a ser seguido nesse processo estará demarcado pelas
possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento potencial.
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_______________________________________________________________________
Enfim, estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para le - _______________________________________________________________________
vantar problemas que o leve a formular hipóteses. Brinquedos adequados para _______________________________________________________________________
idade, com objetivo de proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de
_______________________________________________________________________
conhecimentos em todos os aspectos.
_______________________________________________________________________
A partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as brin - _______________________________________________________________________
cadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se relacio - _______________________________________________________________________
nar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua curiosidade e
_______________________________________________________________________
ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social, cul -
tural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os fundamentos teóricos para _______________________________________________________________________
deduzirmos a importância que deve ser dada à experiência da educação infantil. _______________________________________________________________________

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A organização do tempo, espaços e ambientes na educação infantil A organização do tempo, espaços e ambientes na educação infantil

Tempo

O tempo é uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como tam -
bém em todas as áreas e cadeiras científicas. Uma definição do mesmo, em âmbi-
to científico, é por tal não apenas essencial como também, em verdade, um requi -
sito fundamental. Contudo, isso não significa que a ciência detenha a definição
absoluta de tempo: ver-se-á que tempo, em ciência, é algo bem relativo, não só
em um contexto cronológico - afinal, as teorias científicas evoluem - como em um
contexto interno ao próprio paradigma científico válido atualmente.

Gestão do tempo nas escolas

A definição de tempo escolar está acoplada no tempo que o aluno passa na


instituição de ensino, e não somente a isso, mas está relacionado também com as
pausas, tempo de deslocamento e organização das turmas.

Este planejamento deve considerar, além das horas em sala de aula, também

A organização do tempo, o tempo relacionado ao aprendizado dos alunos e como ele contribui com a quali -
dade do ensino e o melhor desempenho dos alunos.

espaços e ambientes na A motivação dos alunos pode ser conseguida com a gestão do tempo, em re -
lação à sua aprendizagem, o andamento das atividades educacionais, a organiza -
ção de seus participantes, tendo como fim a obtenção de bons resultados.
educação infantil
O espaço

Espaço físico é uma concepção da Física e diz respeito ao meio que nos envol -
ve.

Espaços de aprendizagem para Educação Infantil

“Para criança, o espaço é o que sente, o que vê, o que faz nele. Portanto o es -
paço é sombra e escuridão; é grande, enorme ou, pelo contrário, pequeno; é po -
der correr ou ter que ficar quieto, é esse lugar onde ele pode ir ler, pensar, olhar.
O espaço é em cima, embaixo, é tocar ou não chegar a tocar, é barulho forte, ou
forte demais, ou, pelo contrário silencio. São tantas cores, todas juntas ao mesmo
tempo, ou uma única cor, ou nenhuma...O espaço então, começa, quando abrem
os olhos pela manhã, em cada despertar do sono; desde quando, com a luz, retor -
nam ao espaço.”

Lina Fornero

1 2
A organização do tempo, espaços e ambientes na educação infantil A organização do tempo, espaços e ambientes na educação infantil

O olhar da criança percebe tudo ao seu redor. Assim, ao pensar num espaço Para dispor de tais atividades no tempo é fundamental organizá-las dentro
para crianças se desenvolverem devemos pensar em diversos aspectos: texturas, tendo presentes as necessidades biológicas das crianças como as relacionadas ao
toques, sons, palavras, regras, cores, odores, mobílias, luzes. Na Educação Infan - repouso, à alimentação, à higiene, e à sua faixa etária; as necessidades psicológi -
til, vários são os autores que confirmam o fato de que o espaço é parte integrante cas que se referem às diferenças individuais como, por exemplo, o tempo e o rit -
da ação pedagógica e não pode ser visto como algo secundário. mo que cada uma necessita para realizar as tarefas propostas; as necessidades
sociais e históricas que dizem respeito à cultura e ao estilo de vida, como as co -
O espaço deve valorizar o acesso livre aos materiais e objetos, ao brincar, à memorações significativas para a comunidade onde se insere a escola e também
comunicação e interação entre os sujeitos e a personalização. Um espaço de edu - as formas de organização institucional da escola infantil. (BARBOSA, HORN, 2001,
cação infantil deve considerar todas as expressões humanar potencializadas na p. 68).
infância: o lúdico, o imaginário, o cognitivo, o artístico, o afetivo, o social, etc.
Dessa forma, entendendo a aula como um espaço heterogêneo, levando em
Destinar tempo livre ou organizar os espaços com uma variedade de brinque - consideração a faixa etária, histórico, necessidades biológicas, psicológicas, soci -
dos e objetos à disposição das crianças não é suficiente se o educador não tiver ais e históricas de cada criança, temos que pensar em diversas atividades que de -
consciência do desafio que o espaço impõe a elas. É necessário reaprender a brin- vem envolver as crianças e assim estimular o desenvolvimento diário. de uma
car! Para compartilhar a cultura de infância, para aprender a linguagem do lúdico, série de habilidades.
precisamos brincar de corpo, alma, imaginação, criatividade, inteligência, intui -
ção. Esta organização do tempo que se repete diariamente, o que chamamos de
rotina, deve ser construída a partir deste conjunto de atividades que possibilitam,
entre outras competências, a iniciativa, a segurança, a confiança etc. Para propor-
cionar estas atividades é necessário, sobretudo, fazer um planejamento pensando
“O desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo
nos momentos mais adequados e no local em que serão realizadas.
traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio.”
Sabendo que tudo no ambiente escolar exerce influências na educação da cri -
(PIAGET apud KRAMER, 2000, p. 29).
ança, sejam as cores, a arrumação da sala de aula, o refeitório, os banheiros, o
A educação infantil, como a educação em geral, ainda faz parte da idealização espaço externo, pensamos que a organização dos espaços na Educação Infantil é
utópica da sociedade. Seja pela falta de políticas pedagógicas efetivas, propostas essencial, pois desenvolve potencialidades e propõe novas habilidades cognitivas,
pedagógicas fortes e comprometidas, seja pela falta de conhecimento nessa área, motoras e afetivas. Deste modo, as aprendizagens que acontecem dentro dos es -
pode-se dizer que essa conquista ainda é um desafio social. Estamos, portanto, paços disponíveis e ou acessíveis à criança são fundamentais na construção da
acompanhando uma realidade em que muitos projetos são subestimados, em que autonomia, tendo a criança como umas das construtoras de seu conhecimento.
há desconhecimento sobre a importância da prática pedagógica e que não cria
O espaço é muito importante para a criança pequena, pois muitas, das apren -
condições para a implementação da legislação.
dizagens que ela realizará em seus primeiros anos de vida estão ligadas aos espa -
Sabe-se que a interação, a troca de experiências, o estímulo, a apropriação ços disponíveis e/ou acessíveis a ela. (LIMA, 2001, p.16).
dos diversos conhecimentos na Educação Infantil, são fundamentais para garantir
Buscando uma perspectiva de sucesso para a aprendizagem, é preciso que a
à criança o seu desenvolvimento e consequente formação integral como ser hu-
organização deste espaço seja pensada como um ambiente acolhedor e prazeroso
mano.
para a criança, ou seja, um lugar onde as crianças possam brincar e criar suas
Conforme Maria Barbosa e Maria Horn (2001), é necessário que haja uma se - brincadeiras sentindo-se estimuladas e autônomas. O espaço criado para a crian-
quência de atividades diárias que sejam pensadas a partir da realidade da turma ça deverá estar organizado de acordo com a sua faixa etária, isto é, propondo de -
e da necessidade de cada aluno. Neste momento, é essencial que haja a sensibili - safios que a farão avançar no desenvolvimento de suas habilidades.
dade do Educador para entender a criança como sujeito ativo, reconhecendo as
A professora da Educação Infantil deve tomar consciência da importância de
suas singularidades, considerando não somente o contexto sociocultural deste
ofertar espaços ricos de informações na vida das crianças, passando a reconhecer
aluno como também o da instituição.
a seriedade das trocas que ocorrem nos espaços oferecidos como um fator essen-
cial na vida dos alunos.

3 4
A organização do tempo, espaços e ambientes na educação infantil A organização do tempo, espaços e ambientes na educação infantil

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: Anotações:

A proposta pedagógica das Instituições de Educação Infantil deve ter como _______________________________________________________________________
objetivo garantir à criança o acesso a processos de apropriação, renovação e arti - _______________________________________________________________________
culação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como _______________________________________________________________________
o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à _______________________________________________________________________
brincadeira, à convivência e a interação com as outras crianças. (BRASIL, 2010, p. _______________________________________________________________________
18).
_______________________________________________________________________
Partido disso, entende-se que para que esses objetivos sejam alcançados é _______________________________________________________________________
necessário que a organização das atividades no tempo e no espaço assegure para _______________________________________________________________________
além do reconhecimento das especificidades etárias ou da utilização ampla dos _______________________________________________________________________
espaços externos ou internos, o direito a ser criança, e ao reconhecimento da im -
_______________________________________________________________________
portância da sua participação ativa neste processo.
_______________________________________________________________________
Assim, é preciso repensar sobre esse espaço e suas proposições, reconhecen - _______________________________________________________________________
do as instituições de Educação Infantil como um ambiente heterogêneo, plural, _______________________________________________________________________
rico em aprendizagens, brincadeiras, fantasias e sonhos. Dessa forma, torna-se _______________________________________________________________________
imprescindível que os espaços sejam planejados e pensados em prol do desenvol -
_______________________________________________________________________
vimento de cada criança.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Referências: _______________________________________________________________________
BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Organização do Espaço e do
_______________________________________________________________________
Tempo na Escola Infantil. In.: CRAIDY, Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva. Educação infantil: _______________________________________________________________________
pra que te quero?– Porto Alegre: Artmed Editora, 2001, p. 67-79. _______________________________________________________________________
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacio - _______________________________________________________________________
nais para a Educação Infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010. 36p. Il. _______________________________________________________________________
GOLDSCMIED, Elinor; JACKSON, Sonia. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. 2 _______________________________________________________________________
ed. – Porto Alegre: Artmed, 2006. _______________________________________________________________________
KRAME, Sônia. Com a pré-escola nas mãos. São Paulo: Ática, 2000. _______________________________________________________________________

LIMA, Elvira de Souza. Como a criança pequena se desenvolve. São Paulo: Sobradinho, 2001.

5 6
Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

Desenvolvimento humano
O desenvolvimento humano, de acordo com o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), é aquele que situa as pessoas no centro do de -
senvolvimento, promovendo a realização do seu potencial, o aumento de suas
possibilidades e o desfrute da liberdade de viver a vida que elas desejam. A publi -
cação mais importante sobre o desenvolvimento humano é o Informe Anual Mun -
dial sobre el Desarrollo Humano, do PNUD. O PNUD desenvolve dois importantes
indicadores: o índice de desenvolvimento humano e o índice de pobreza multidi-
mensional.

O conceito de desenvolvimento humano, como bem sublinhou Amartya Sen,


tem as suas origens no pensamento clássico e, em particular, nas ideias de Aristó-
teles, que acreditava que alcançar a plenitude do florescimento das capacidades
humanas é o sentido e fim de todo desenvolvimento. O conceito de desenvolvi-
mento humano tornou-se um conceito paralelo à noção de desenvolvimento eco -
nômico, embora o primeiro seja mais amplo, pois, ademais de considerar os as-
pectos relativos à economia e os ingressos, integra aspectos como a qualidade de
Concepções de vida, bem-estar individual e social e felicidade, inspirado no artigo 22 e seguintes
da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.

desenvolvimento e O desenvolvimento humano é o processo pelo qual uma sociedade melhora a


vida dos seus cidadãos através do aumento dos bens com os quais podem satisfa-

aprendizagem zer as necessidades básicas e complementares de todos, e a criação de um entor-


no que respeite os direitos humanos. Também é considerado como a quantidade
de opções que tem um ser humano no seu próprio meio de ser e/ou fazer o que
deseja ser e/ou fazer. O desenvolvimento humano pode ser definido como uma
forma de medir a qualidade da vida humana no meio em que se vive, sendo uma
variável chave para a classificação de um país ou região.

Em um sentido genérico, o desenvolvimento humano é a aquisição por parte


dos indivíduos, comunidades e instituições a capacidade de participar efetivamen -
te na construção de uma sociedade próspera tanto num sentido material como
imaterial (espiritual, relacional, individual, etc.).

O desenvolvimento humano, de acordo com o Programa das Nações Unidas


para o Desenvolvimento, integra aspectos de desenvolvimento relativos ao desen-
volvimento social, o desenvolvimento econômico (incluindo o desenvolvimento lo -
cal e rural) e o desenvolvimento sustentável.

Também pode-se dizer que o desenvolvimento humano implica satisfazer às


necessidades identificadas por Abraham Maslow na denominada pirâmide de Mas-
low.

1 2
Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

Desenvolvimento escolar alunos um ensino de qualidade (aprendizagem significativa) e um bom relaciona -


mento entre os educandos.
O entendimento que hoje se tem do trabalho escolar é de que a ênfase deve
estar no ensino e na aprendizagem, uma visão que subordina o administrativo ao Este estudo é de grande importância e proporciona oportunidades para serem
pedagógico. Afinal, a principal razão de ser da escola é a aprendizagem de todos exploradas a interconexão dentro do ensino básico, do ensino médio ou ensino su -
os alunos. perior), pois nunca é demais ressaltar a importância fundamental de estabelecer
uma verdadeira relação entre o professor e o aluno, para que o processo de ensi -
A concepção de aprendizagem tem sofrido muitas e radicais modificações, du - no aprendizagem se efetue satisfatoriamente.
rante o curto período de existência da Ciência.
Levando em consideração que o ser humano depende muito de seu estado
A aprendizagem como aquisição de resposta, é o que expressa a concepção emocional para aprender, perguntam-se como os professores estão trabalhando
da ampla maioria dos autores da corrente comportamentista. esse lado, e se têm trabalhado o próprio emocional para que consigam transmitir
não apenas o conhecimento, mas contribuir para o desenvolvimento do aprendiza-
Está presente desde o condicionamento operante de Burhus F. Skinner, que do.
recebe influencia das anteriores, e advoga por um caráter determinista do com -
portamento condicionado pelas consequências derivadas do mesmo. Trata-se de Desde essa perspectiva, a aprendizagem e o comportamento surgem de uma
uma ideia de aprendizagem associacionista, mecânica e determinada. interação como ambiente, não como resultado ou resposta simples estímulos, se -
não como conexões entre estruturas mentais chamadas esquemas.
Nesta perspectiva, o aluno é um sujeito passivo e o professor é um conhece-
dor de estímulos aliciadores reforçadores, discriminativos, primários, secundários , A realidade cognitiva do organismo é posta em evidencia, isto é , o sujeito ad -
generalizados, contínuos e intermitentes e reforços positivos , negativos e aversi - quire conhecimentos, armazena e processa informações na concepção de apren-
vos, que devem ser utilizados para a consecução de uma resposta do tipo instru - der e aprender.
mental observável publicamente, através de recompensa , castigo, esquiva etc.
A evolução das concepções de aprendizagem possibilitou a formulação de
O modo de agir do professor é fundamentado num determinado conceito im- uma definição bastante conhecida pelos psicólogos da aprendizagem, que é apre -
posto pela sociedade. Houve tempos em que o professor tinha um papel definido, sentada para tratar de uma definição eminentemente cognitivista.
um padrão de ação.
Muitas vezes, nos deparamos com um ambiente escolar hostil e de pouco en -
Hoje é exigido do professor uma compreensão mais aprofundada do aluno e volvimento por parte dos professores. Nessas situações, as primeiras iniciativas
seu desenvolvimento na escola. As relações complexas que existem na sociedade, consistirão no exercício de vencer resistências, e, sem duvida, o dialogo como to -
a exigência de que a escola com novos cursos se insira na vida, nos problemas e dos é o caminho a ser percorrido.
na realidade do aluno, contribuem para que a ação do professor em sala de aula
se torne cada vez mais abrangente. Sua função sem duvida exige atributos de lideranças, especialmente para o
uso de capital intelectual, que compreende dois tipos de conhecimento: “ o expli -
Centra-se como estudo dos processos mentais, isto é, nos mecanismos inter - cito ou codificado, que é aquele que as pessoas criam e transmitem mediante a
nos que estão subjacentes ao comportamento humano, dando pouca importância linguagem formal, sistemática; e o conhecimento tácito, que abrange o que as
aos elementos externos ao organismo. pessoas sabem mas não conseguem expressar prontamente.

Nesse período, surge a clássica metáfora mente – computador, bem como o Se a percepção desses dois tipos de conhecimento por parte do coordenador
interesse por estudar a chamada caixa negra que durante tanto tempo os compor - pedagógico vai estabelecer o grande diferencial para o seu trabalho , pois lhe per -
tamentista haviam deixados em segundo plano, frente a relevância dada a ele- mitirá agir estrategicamente, utilizando o conhecimento de cada individuo num
mentos internos e externos ao organismo. processo somativo que se bem aplicado, trará melhores resultados.

Podemos concluir que existem vários tipos de professores que fazem usos de Grande parte das atividades desenvolvidas junto aos professores, mas o be-
métodos de ensino diferentes, mas todos têm algo em comum, marcam a vida de neficiário final de seu trabalho é o aluno e o sucesso da aprendizagem. Esse com -
seus alunos seja de forma positiva ou negativa. E todos também visam aos seus

3 4
Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

promisso pode se efetivar através de um conjunto básico de ações que, segundo O professor deve lançar mão de recursos ainda mais inovada que levem os
mostram dados apresentados a educação que esse impacto cai sobre o discente. alunos à motivação para que a aprendizagem ocorra, realmente, de maneira efi -
caz. Será possível ainda formar cidadãos éticos e interessados no saber?
A formação do habito da leitura depende muito da postura do professor, do
reconhecimento do valor intrínseco dessa atitude, da racionalidade humana e do Analisando propostas educativas em que diz sobre a forma de aprendizagem.
significado da palavra escrita como instrumento que amplia os horizontes indivi -
duais e representa o registro da historia humana , do que de condição objetivas e 1ª) Será que os métodos centralizados onde o aluno se limita somente a um
materiais.
assunto de determinada disciplina é o mais eficaz para sua aprendizagem?
Identificar como e em que condições se incluem atividades que exploram a
2ª) De que forma a estrutura que armazena a capacidade cognitiva do aluno
leitura também dos estudantes, e procurar aproveitar ao máximo as potencialida -
vem mostrar a sua segurança diante de tantos temas abordado em sala de aula, e
des existentes na escola, a exemplo de biblioteca, centro de multimeios, e outras
que muitas vezes por questão do tempo da hora aula o aluno não recebe a devida
possibilidades fora do ambiente escolar.
explicação naquele momento? Será que ele se torna satisfatório?
Orientações diversas podem ser encaminhadas no sentido de enfrentar tal
3ª) Na posição obviamente, onde o dever de casa na cultura escolas e , sobre -
problemática, cabendo aqui fazer dois destaques: estimular e apoiar ações visan -
tudo, na pratica docente ele implica na compreensão da aprendizagem ou não?
do contribuir para que cada professor construa sua biblioteca individual, o que
pode ocorrer através tanto de programas federais quanto da exigência de que as 4ª) Quando o aluno exerce sua autonomia em determinado assunto é possível
iniciativas de formação empreendidas completam a construção de um programa o professor identificar o que foi ou não compreendido do conteúdo anteriormente
de formação continuada com foco na leitura, visando oferecer instrumentos teóri - estudado? Somente o professor pode e deve ensinar o aluno a ser ético e crítico,
cos metodológicos para o desenvolvimento de praticas de leitura e interpretação mostrando a ele que a crítica é boa, desde que feita de maneira adequada e que a
de textos no contexto escolar. ética é fundamental em qualquer relacionamento humano, em qualquer ambiente:
Familiar, Social, Escolar, entre outros.
Qualquer coisa que se faça na vida, é necessária primeiro a vontade de rea -
lizá-la, senão nada acontece. Isso também ocorre na educação. Educação requer E dessa forma que se processa o direito do exercício da cidadania. Somente
Ação e como resultado dessa ação, há o APRENDIZADO. Mas para que se realize a investindo na capacidade do aluno é que chegamos a encontrar uma diferencia-
ação e esta resulte no aprendizado é necessário, inicialmente, que haja a VONTA - ção onde o seu lugar no mundo possa ser destaque, não para chamar a atenção
DE, nesse caso, a vontade de aprender. do outro, mas para desenvolver dentro dele mesmo a satisfação do ato de apren -
der e desenvolver a suas aptidões encontradas nos seus próprios esforças diários.
O professor deve descobrir estratégias, recurso para fazer com que o aluno
queira aprender, em outras palavras, deve fornecer estímulos para que o aluno se
sinta motivado a aprender.

Como por exemplo:

• favorecer um ambiente favorável;

• programar subsídios que incentive a leitura do aluno e o gosto por permane -


cer mais vezes dentro do mundo letrado;

• mostrar-se disponível;

• ter paciência;

• procurar elevar a autoestima do aluno, etc.

5 6
Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

Aprendizagem Idade Média

Aprendizagem é o processo pelo qual as competências, habilidades, conheci- Durante a Idade Média, a aprendizagem e consequentemente o ensino (aqui
mentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resulta - ambos seguem o mesmo rumo) devem muito à tenacidade da Igreja. Embora a
do de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação. Este processo pode censura fosse uma realidade, a Igreja teve o mérito de fundar Universidades e es -
ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de forma que há diferentes teori - timular o estudo aprofundado da natureza, do cosmo e da realidade humana.
as de aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes
No final daquele período, iniciou-se a separação entre as teorias da aprendiza -
em humanos e animais e também pode ser aplicada a sistemas artificiais.
gem e do ensino com a independência em relação ao clero. Devido às modifica -
Aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento pes - ções que ocorreram com o advento do humanismo e da Reforma, no século XVI, e
soal. Deve ser devidamente orientada e é favorecida quando o indivíduo está mo - sua ampliação a partir da Revolução Francesa, as teorias do ensino-aprendizagem
tivado. O estudo da aprendizagem utiliza os conhecimentos e teorias da neuropsi- tomaram novos caminhos.
cologia, psicologia, educação e pedagogia.

Aprendizagem como um estabelecimento de novas relações entre o ser e o


Século XVII ao início do Século XX
meio ambiente tem sido objeto de vários estudos empíricos em animais e seres
humanos. O processo de aprendizagem pode ser medido através das curvas de Do século XVII até o início do século XX, a doutrina central sobre a aprendiza -
aprendizagem, que mostram a importância da repetição de certas predisposições gem era demonstrar cientificamente que determinados processos universais regi -
fisiológicas, de "tentativa e erro" e de períodos de descanso, após o qual se pode am os princípios da aprendizagem, tentando explicar as causas e formas de seu
acelerar o progresso. Esses estudos também mostram o relacionamento da apren - funcionamento, forçando uma metodologia que visava enquadrar o comportamen-
dizagem com os reflexos condicionados. Algumas pesquisas começam a revelar to num sistema unificado de leis, a exemplo da sistematização efetuada pelos ci-
que os sonhos têm um papel muito importante na aprendizagem e na formação de entistas para a explicação dos demais fenômenos das ciências naturais.
memória. Por exemplo, alguns cientistas observaram que, durante o sono o cére -
bro recorda coisas que aprendeu recentemente. Durante o sono de ondas lentas, a Muitos acreditavam que a aprendizagem estava intimamente ligada somente
mente recorda novas memórias. Em seguida, no sono REM - em que acontecem os ao condicionamento. Um exemplo de experiência sobre o condicionamento foi rea -
sonhos - o cérebro trabalha para guardar essas memórias por um longo prazo. lizada pelo fisiólogo russo, Ivan Pavlov, que condicionou cães a salivarem ao som
de campainhas.

Aprendizagem na Antiguidade
A partir de 1930
A aprendizagem vem sendo estudada e sistematizada desde os povos da anti -
guidade oriental. Já no Egito, na China e na Índia a finalidade era transmitir as tra - Na década de 1930 os cientistas Edwin R. Guthrie, Clark L. Hull e Edward C.
dições e os costumes. Tolman pesquisaram sobre as leis que regem a aprendizagem.

Na antiguidade clássica, na Grécia e em Roma, a aprendizagem passou a se - Guthrie acreditava que as respostas, ao invés das percepções ou os estados
guir duas linhas opostas porém complementares: mentais, poderiam formar os componentes da aprendizagem.

• A "pedagogia da personalidade", que visava a formação individual; e Hull afirmava que a força do hábito, além dos estímulos originados pelas re-
compensas, constituía um dos principais aspectos da aprendizagem, a qual se
• A "pedagogia humanista", que desenvolvia os indivíduos numa linha onde o dava num processo gradual.
sistema de ensino era representativo da realidade social e dava ênfase à
aprendizagem universal. Tolman seguia a linha de raciocínio de que o princípio objetivo visado pelo su-
jeito era a base comportamental para a aprendizagem. Percebendo o ser humano
na sociedade em que está inserido, se faz necessário uma maior observação de
seu estado emocional.

7 8
Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

Definição de aprendizagem rio, uma criança somente começa a falar a partir de certa idade, no entanto, ela
falará o idioma a qual ela está exposta.
A definição de aprendizagem é difícil de ser realizada em razão da necessida -
de dela não se confundir com outros conceitos. Isso se deve ao fato de aprendiza -
gem ser um conceito natural e não um conceito artificialmente criado.
Diferença entre fadiga e aprendizagem

A fadiga pode ser vista quando após uma atividade repetida muitas vezes em
Uma definição com base no paradigma comportamentalista curto espaço de tempo seja identificada uma perda da sua eficiência. Ou seja, a
fadiga é um produto da prática.
A definição a seguir é clássica criada dentro do modelo da psicologia compor -
tamentalista: O interesse disso é que a aprendizagem também guarda uma estreita relação
com a prática que a produz. No entanto, ao contrário da fadiga a curva da apren -
"Aprendizagem é o processo pelo qual uma atividade tem origem ou é modifi - dizagem melhora com a prática. Desse modo, o que parece haver é que uma
cada pela reação a uma situação encontrada, desde que as características da mu- prática intensa sem muitos intervalos poderia levar a uma perda momentânea de
dança de atividade não possam ser explicadas por tendências inatas de respostas, eficiência da atividade, mas em espaços de tempo maiores levaria ao aumento da
maturação ou estados temporários do organismo (por exemplo, fadiga, drogas, eficiência da aprendizagem.
etc.)'".
A fadiga desse modo pode ser considerada como um estado temporário do or-
Essa definição inicial serve para que possamos fazer algumas importantes di - ganismo e, portanto, não pode ser confundida com a aprendizagem. O mesmo ra -
ferença entre atividades de aprendizagem e outras que não são. ciocínio se aplica ao uso de drogas que promove alterações no comportamento re-
sultantes do seu uso e não de uma aprendizagem.

Diferenças entre aprendizagem e tendências inatas


Uma definição com base em um paradigma cognitivista
O comportamento inato pode ser classificado em 3 tipos de atividades: refle-
xos, tropismos e instintos. Numa primeira abordagem ao problema parece não ha - Dentro de uma perspectiva mais cognitiva podemos ter a seguinte definição
ver motivos para confundir aprendizagem e comportamento inato. A questão sur- de aprendizagem:
ge quando, no estudo de determinados instintos (comportamentos complexos pre -
sentes em nosso código genético), existe uma abertura para variações ambien - "A aprendizagem é uma mudança relativamente duradoura de comportamen-
tais. to resultante da experiência. Ela ocorre quando os organismos se beneficiam da
experiência para que seus futuros comportamentos sejam mais bem adaptados ao
O caso clássico que podemos citar aqui é o comportamento de imprinting ambiente."
apresentados por aves. No imprinting a ave está geneticamente programada a
aceitar uma variação no estímulo ambiental “mãe”. Em razão dessa variação até Inicialmente, é preciso explicar que a noção de comportamento aqui exposta
mesmo humanos podem ser identificados como sendo a “mãe” daquela ave. comporta também estados mentais como pensamentos, sentimentos, imagens
mentais, etc. Depois a definição deixar claro que as mudanças ocorridas nos com -
portamentos são resultados da experiência (e não da programação genética ou
estados momentâneos, por exemplo). Isso é importante, pois uma coisa que todas
Diferença entre maturação e aprendizagem
as teorias da aprendizagem tende a concordar é que a aprendizagem provoca al -
Como os processos de maturação também envolvem mudança é preciso saber gum tipo de mudança .
quais dessas mudanças são ocasionados pelo crescimento, propriamente dito, ou
Depois a definição acima se liga a perspectiva evolucionista em ciência ao
pela aprendizagem. Isso seria fácil se, assim como, os comportamentos inatos,
mostrar que as mudanças ocorrem para beneficiar o organismo no seu processo
não houve casos em que determinadas atividades complexa (como a aquisição da
de adaptação ao meio (o que não significa que mudando o meio determinada
linguagem em seres humanos) não fossem ao mesmo tempo produto de proces -
aprendizagem deixe de ser benéfica). Isso é essencial para se compreender a na -
sos de maturação biológica e de exposição a variações ambientais. Como é notó-

9 10
Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

tureza adaptativa da aprendizagem humana. Uma das evidências que podemos Apresenta como principais características:
trazer aqui para justificar essa ideia é o fato de que bebês humanos aprendem
desde o nascimento e com grande velocidade. E que toda essa aprendizagem dos • O indivíduo é visto como ativo em todo o processo;
primeiros dias é quase toda ela não consciente e sem grande necessidade de in-
• A aprendizagem é sinônimo de comportamento adquirido;
tervenção social programa (ensino).
• O reforço é um dos principais motores da aprendizagem;
Ela também apresenta uma característica de toda aprendizagem que estava
ausente na definição anterior: a sua durabilidade no tempo. Essa característica é • A aprendizagem é vista como uma modelagem do comportamento.
de suma importância, pois mostra a estreita relação entre aprendizagem e memó-
ria. De fato, como se verá, muito do que hoje podemos falar sobre os processos de Em algumas abordagens cognitivas, considera-se que o homem não pode ser
aprendizagem vem dos estudos sobre o funcionamento da nossa memória, princi - considerado um ser passivo. Enfatiza a importância dos processos mentais no pro-
palmente da aprendizagem de conteúdos mais explícitos, como são aqueles pre - cesso de aprendizagem, na forma como se percebe, seleciona, organiza e atribui
sentes na atividade escolar. No entanto, como é claro ainda persistem como na significados aos objetos e acontecimentos.
parte anterior os problemas de atividades ou comportamentos fronteiriços (im-
É um processo dinâmico, centrado nos processos cognitivos, em que temos:
printing, aquisição da linguagem, etc.).
INDIVÍDUO → INFORMAÇÃO → CODIFICAÇÃO → RECODIFICAÇÃO → PROCESSA -
MENTO → APRENDIZAGEM
Características da aprendizagem
De uma perspectiva humanista existe uma valorização do potencial humano
Em razão disso, Pozo (2002) prefere não criar uma definição formal de apren - assumindo-o como ponto de partida para a compreensão do processo de aprendi -
dizagem. Acreditar ser mais útil pensar em quais seria as melhores características zagem. Considera que as pessoas podem controlar seu próprio destino, possuem
para uma boa aprendizagem. Ele sugere três: liberdade para agir e que o comportamento delas é consequência da escolha hu-
mana. Os princípios que regem tal abordagem são a autodireção e o valor da ex -
a) a aprendizagem produz mudanças duradouras; periência no processo de aprendizagem.

b) a aprendizagem deve ser transferível para outras situações; Preocuparam-se em tornar a aprendizagem significativa, valorizando a com-
preensão em detrimento da memorização tendo em conta, as características do
c) a aprendizagem é consequência direta da prática realizada.
sujeito, as suas experiências anteriores e as suas motivações:
O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de
• O indivíduo é visto como responsável por decidir o que quer aprender; e
estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há
aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, • Aprendizagem é vista como algo espontâneo e misterioso.
a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física, psicológi -
ca e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal Numa abordagem social, as pessoas aprendem observando outras pessoas no
em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e interior do contexto social. Nessa abordagem a aprendizagem é em função da in -
por predisposições genéticas. teração da pessoa com outras pessoas, sendo irrelevante condições biológicas. O
ser humano nasce como uma 'tábula rasa', sendo moldado pelo contato com a so-
ciedade.

Processo de aprendizagem

Segundo os behavioristas, a aprendizagem é uma aquisição de comportamen - O processo de aprendizagem na abordagem de Vygotsky
tos através de relações entre ambiente e comportamento, ocorridas numa história
de contingências, estabelecendo uma relação funcional entre Ambiente e Compor - O ponto de partida desta análise é a concepção vygotskyana de que o pensa -
tamento mento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determi-
nado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que

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Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala. Uma vez sem com isso, perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo
admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito de processos interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação. (Pi -
a todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fe - aget,1975, p. 14)
nômeno histórico na sociedade humana. (Vygotsky, 1993 p. 44). Sendo o pensa-
mento sujeito às interferências históricas às quais está o indivíduo submetido, en - Em outras palavras, Piaget (1975) define que o equilíbrio cognitivo implica
tende-se que, o processo de aquisição da ortografia, a alfabetização e o uso autô - afirmar a presença necessária de acomodações nas estruturas; bem como a con -
nomo da linguagem escrita são resultantes não apenas do processo pedagógico servação de tais estruturas em caso de acomodações bem sucedidas. Esta equili -
de ensino-aprendizagem propriamente dito, mas das relações subjacentes a isto. bração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse, desenvolveria apenas
alguns esquemas cognitivos, esses muito amplos, comprometendo sua capacida -
Vygotsky diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado pela moti - de de diferenciação; em contrapartida, se uma pessoa só acomodasse, desenvol -
vação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. veria uma grande quantidade de esquemas cognitivos, porém muito pequenos,
Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo-volitiva. Uma compreen - comprometendo seu esquema de generalização de tal forma que a maioria das
são plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível quando entende - coisas seriam vistas sempre como diferentes, mesmo pertencendo à mesma clas -
mos sua base afetivo-volitiva (Vygotsky, 1991 p. 101). Desta forma não seria váli - se. Essa noção de equilibração foi a base para o conceito, desenvolvido por Paín,
do estudar as dificuldades de aprendizagem sem considerar os aspectos afetivos. sobre as modalidades de aprendizagem, que se servem dos conceitos de assimila -
Avaliar o estágio de desenvolvimento, ou realizar testes psicométricos não supre ção e acomodação, na descrição de sua estrutura processual.
de respostas as questões levantadas. É necessário fazer uma análise do contexto
emocional, das relações afetivas, do modo como a criança está situada historica- Segundo Wadsworth, se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela ten -
mente no mundo. ta, então, fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um es-
quema novo. Quando isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse mo-
Na abordagem de Vygotsky a linguagem tem um papel de construtor e de pro - mento, o equilíbrio é alcançado. (Wadsworth, 1996)
pulsor do pensamento, afirma que aprendizado não é desenvolvimento, o aprendi -
zado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em Segundo a teoria da equilibração, a integração pode ser vista como uma tare -
movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam im - fa de assimilação, enquanto que a diferenciação seria uma tarefa de acomodação,
possíveis de acontecer (Vygotsky, 1991 p. 101). A linguagem seria então o motor contudo, há conservação mútua do todo e das partes.
do pensamento, contrariando assim a concepção desenvolvimentista que conside-
É de Piaget o postulado de que o pleno desenvolvimento da personalidade
ra o desenvolvimento a base para a aquisição da linguagem. Vygotsky defende
sob seus aspectos mais intelectuais é indissociável do conjunto das relações afeti -
que os processos de desenvolvimento não coincidem com os processos de apren -
vas, sociais e morais que constituem a vida da instituição educacional. À primeira
dizagem, uma vez que o desenvolvimento progride de forma mais lenta, indo
vista, o desabrochamento da personalidade parece depender sobretudo dos fato-
atrás do processo de aprendizagem. Isto ocorre de forma sequencial. (Vygotsky,
res afetivos; na realidade, a educação forma um todo indissociável e não é possí -
1991 p. 102)
vel formar personalidades autônomas no domínio moral se o indivíduo estiver sub -
metido a uma coerção intelectual tal que o limite a aprender passivamente, sem
tentar descobrir por si mesmo a verdade: se ele é passivo intelectualmente não
O processo de aprendizagem na abordagem de Piaget será livre moralmente. Mas reciprocamente, se sua moral consiste exclusivamente
numa submissão à vontade adulta e se as únicas relações sociais que constituem
O papel da equilibração as relações de aprendizagem são as que ligam cada estudante individualmente a
um professor que detém todos os poderes, ele não pode tampouco ser ativo inte -
Nos estudos de Piaget, a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata
lectualmente. (Piaget, 1982)
de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é consi -
derada como um mecanismo autorregulador, necessária para assegurar à criança Piaget afirma que "adquirida a linguagem, a socialização do pensamento ma-
uma interação eficiente dela com o meio ambiente. (Wadsworth, 1996) Piaget pos - nifesta-se pela elaboração de conceitos e relações e pela constituição de regras. É
tula que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar justamente na medida, até, que o pensamento verbo-conceptual é transformado
elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E postula pela sua natureza coletiva que ele se torna capaz de comprovar e investigar a ver -
também que todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elemen -
tos que assimila, isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas,

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Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

dade, em contraste com os atos práticos dos atos da inteligência sensório-motora Hipoassimilação
e à sua busca de êxito ou satisfação". (Piaget, 1975 p. 115)
Nesta sintomatização ocorre uma assimilação pobre, o que resulta na pobreza
no contato com o objeto, de modo a não transformá-lo, não assimilá-lo de todo,
apenas acomodá-lo.
O processo de aprendizagem pós-piagetiano
A aprendizagem normal pressupõe que os movimentos de assimilação e aco -
Paín (1989) descreve as modalidades de aprendizagem sintomática tomando modação estão em equilíbrio. O que caracteriza a sintomatização no aprender é
por base o postulado piagetiano. Descreve como a assimilação e a acomodação predomínio de um movimento sobre o outro. Quando há o predomínio da assimila-
atuam no modo como o sujeito aprende e como isso pode ser sintomatizado, ten - ção, as dificuldades de aprendizagem são da ordem da não resignação, o que leva
do assim características de um excesso ou escassez de um desses movimentos, o sujeito a interpretar os objetos de modo subjetivo, não internalizando as carac-
afetando o resultado final. Na abordagem de Piaget, o sujeito está em constante terísticas próprias do objeto. Quando a acomodação predomina, o sujeito não em -
equilibração. Paín parte desse pressuposto e afirma que as dificuldades de apren - presta sentido subjetivo aos objetos, antes, resigna-se sem criticidade.
dizagem podem estar relacionadas a uma hiperatuação de uma dessas formas,
somada a uma hipoatuação da outra gerando as modalidades de aprendizagem O sistema educativo pode produzir sujeito muito acomodativos se a reprodu -
sintomática a seguir: ção dos padrões for mais valorizada que o desenvolvimento da autonomia e da
criatividade. Um sujeito que apresente uma sintomatização na modalidade hipera -
comodativa / hipoassimilativa pode não ser visto como tendo “problemas de
aprendizagem”, pois consegue reproduzir os modelos com precisão.
Hiperassimilação

Sendo a assimilação o movimento do processo de adaptação pelo qual os ele-


mentos do meio são alterados para serem incorporados pelo sujeito, numa apren- O processo de aprendizagem em outras concepções
dizagem sintomatizada pode ocorrer uma exacerbação desse movimento, de
modo que o aprendiz não se resigna ao aprender. Há o predomínio dos aspectos O mito de que o Behaviorismo considera que o processo de aprendizagem se
subjetivos sobre os objetivos. Esta sintomatização vem acompanhada da hipoaco - dá baseado na relação estímulo-resposta é uma noção falha de alguns leigos em
modação. educação. O aprender esta diretamente relacionado a relação entre o indivíduo e
seu meio e como esse atua sobre ele. Falar em behaviorismo é fala de diversos ti -
pos de behaviorismo, sendo os mais comuns o Behaviorismo Radical e o Interbe -
haviorismo. Essa noção leiga refere-se a linha teórica ao Behaviorismo Metodoló -
Hipoacomodação
gico, que não existe desde a década de 30.
A acomodação consiste em adaptar-se para que ocorra a internalização. A sin -
tomatização da acomodação pode dar-se pela resistência em acomodar, ou seja,
numa dificuldade de internalizar os objetos (Fernández, 1991 p. 110). O papel da memória na aprendizagem

Independente da escola de pensamento seguida, sabe-se que o indivíduo des -


de o nascimento, utilizando seu campo perceptual, vai ampliando seu repertório e
Hiperacomodação
construindo conceitos, em função do meio que o cerca.
Acomodar-se é abrir-se para a internalização, o exagero disto pode levar a
Estes conceitos são regidos por mecanismos de memória onde as imagens
uma pobreza de contato com a subjetividade, levando à submissão e à obediência
dos sentidos são fixadas e relembradas por associação a cada nova experiência.
acrítica. Essa sintomatização está associada a hipoassimilação.
Os efeitos da aprendizagem são retidos na memória, onde este processo é reversí -
vel até um certo tempo, pois depende do estímulo ou necessidade de fixação, po -
dendo depois ser sucedido por uma mudança neural duradoura.

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Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

Memória de curto prazo A motivação

A memória de curto prazo é reversível e temporária, acredita-se que decorra Aprende-se melhor e mais depressa se houver interesse pelo assunto que se
de um mecanismo fisiológico, por exemplo um impulso eletroquímico gerando um está a estudar. Motivado, um indivíduo possui uma atitude activa e empenhada no
impulso sináptico, que pode manter vivo um traço da memória por um período de processo de aprendizagem e, por isso, aprende melhor. A relação entre a aprendi -
tempo limitado, isto é, depois de passado certo período, acredita-se que esta in - zagem e a motivação é dinâmica: é frequente o Homem interessar-se por um as-
formação se desvanece. Logo a memória de curto prazo pouco importa para a sunto, empenhar-se, quando começa a aprender. A motivação pode ocorrer duran -
aprendizagem. te o processo de aprendizagem.

Memória de longo prazo Os conhecimentos anteriores

A memória permanente, ou memória de longo prazo, depende de transforma - Os conhecimentos anteriores que um indivíduo possui sobre um assunto po-
ções na estrutura química ou física dos neurônios. dem condicionar a aprendizagem. Há conhecimentos, aprendizagens prévias, que,
se não tiverem sido concretizadas, não permitem a possibilidade de se aprender.
Aparentemente as mudanças sinápticas têm uma importância primordial nos Uma nova aprendizagem só se concretiza quando o material novo se incorpora, se
estímulos que levam aos mecanismos de lembranças como imagens, odores, sons, relaciona, com os conhecimentos e saberes que se possui.
etc, que, avulsos parecem ter uma localização definida, parecendo ser de certa
forma blocos desconexos, que ao serem ativados montam a lembrança do evento
que é novamente sentida pelo indivíduo, como por exemplo, a lembrança da con -
fecção de um bolo pela avó pela associação da lembrança de um determinado A quantidade de informação
odor.
A possibilidade de um ser humano aprender novas informações é limitada:
não é possível integrar grandes quantidades de informação ao mesmo tempo. É
necessário proceder-se a uma seleção da informação relevante, organizando-a de
As influências e os processos modo a poder ser gerida em termos de aprendizagem.

A aprendizagem é influenciada pela inteligência, motivação, e, segundo al -


guns teóricos, pela hereditariedade (existem controvérsias), onde o estímulo, o
impulso, o reforço e a resposta são os elementos básicos para o processo de fixa - A diversidade das atividades
ção das novas informações absorvidas e processadas pelo indivíduo.
Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto mais di -
O processo de aprendizagem é de suma importância para o estudo do com- ferenciadas as tarefas, maior é a motivação e a concentração e melhor decorre a
portamento. Alguns autores afirmam que certos processos neuróticos, ou neuro - aprendizagem.
ses, nada mais são que uma aprendizagem distorcida, e que a ação recomendada
para algumas psicopatologias são um redirecionamento para a absorção da nova
aprendizagem que substituirá a antiga, de forma a minimizar as sintomatizações A planificação e a organização
que perturbam o indivíduo. Isto é, através da reaprendizagem (reeducação) ou da
intervenção profissional através da Psicopedagogia. Reuven Feuerstein, autor da A forma como se aprende pode determinar, em grande parte, o que se apren-
Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, afirma que o ser humano pode de. A definição clara de objetivos, a seleção de estratégias, é essencial para uma
"aprender" a ser inteligente. Segundo ele, mesmo pessoas portadoras de deficiên - aprendizagem bem sucedida. Contudo, isto não basta: é necessário planificar, or -
cias e, consideradas incapazes de aprender podem desenvolver a capacidade para ganizar o trabalho por etapas, e ir avaliando os resultados. Para além de estes
o aprendizado. processos serem mais eficientes, a planificação e a organização promovem o con -
trole dos processos de aprendizagem e, deste modo, a autonomia de cada ser hu -
mano.

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Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Concepções de desenvolvimento e aprendizagem

A cooperação Um grupo liderado pelos pesquisadores Guthrie e Hull sustentava que as as-
sociações se davam entre estímulos e respostas, estes eram passíveis de observa -
A forma como cada ser humano encara um problema e a forma como o soluci- ção.
ona é diferente. Por isso, determinados tipos de problemas são mais bem resolvi -
dos e a aprendizagem é mais eficaz se existir trabalho de forma cooperativa com A teoria da aprendizagem associativa, ou a capacidade que o indivíduo tem
os outros. A aprendizagem cooperativa, ao implicar a interação e a ajuda mútua, para associar um estímulo que antes parecia não ter importância a uma determi -
possibilita a resolução de problemas complexos de forma mais eficaz e elaborada. nada resposta, ocorre pelo condicionamento, em que o reforço gera novas condu -
tas.

Porém, as teorias de estímulo e resposta não mostraram os mecanismos da


Estilos de aprendizagem aprendizagem, pois não levaram em conta os processos interiores do indivíduo.
(Há que se diferenciar aprendizagem de condicionamento).
Cada indivíduo apresenta um conjunto de estratégias cognitivas que mobili-
zam o processo de aprendizagem. Em outras palavras, cada pessoa aprende a seu Tolman, pesquisou que as associações através do estímulo geravam uma im -
modo, estilo e ritmo. Embora haja discordâncias entre os estudiosos, estes são pressão sensorial subjetiva.
quatro categorias representativas dos estilos de aprendizagem:

• Visual: aprendizagem centrada na visualização;


Aprendizagem Condicionada
• Auditiva: centrada na audição;
O reforçamento, é uma noção que provém da descoberta da possibilidade que
• Leitura/escrita: aprendizagem através de textos; é possível reforçar um padrão comportamental através de métodos onde são utili -
zadas as recompensas ou castigos.
• Ativa: aprendizagem através do fazer;
A é uma proposta para integrar alunos e professores durante a aprendizagem
• Olfativa : através do cheiro pode possibilitar conhecimento já adquirido an -
em sala de aula, de modo a possibilitar a construção de conhecimentos por meio
teriormente, como o deitar de gases, são exemplos de uma aprendizagem
das interações.
olfactiva.

A aprendizagem reflexiva como estratégia para a formação profissio-


Aprendizagem Associativa
nal
A associação é um tema que reside na observação de que o indivíduo percebe
A melhoria da qualidade da prática docente, facilita o aprendizado de novos
algo em seu meio pelas sensações, o resultado é a consciência de algo no mundo
modos de ensino e expande estratégias de aprendizagem. Na formação de Docen -
exterior que pode ser definida como ideia. Portanto, a associação leva às ideias, e
tes é necessário ter em conta, como princípio básico, a atuação, tornando a sua
para tal, é necessária a proximidade do objeto ou ocorrência no espaço e no tem-
prática para muito além das meios tradicionais de ensino.
po; deve haver uma similaridade; frequência de observação; além da proeminên -
cia e da atração da atenção aos objetos em questão. Estes objetos de estudo para O princípio da aprendizagem reflexiva, considerada por alguns autores, trata
a aprendizagem podem ser por exemplo uma alavanca que gera determinado im - da urgência em formar profissionais, que venham a espelhar a sua própria prática,
pulso, que ao ser acionada gera o impulso tantas vezes quantas for acionada. A na esperança de que a reflexão será um meio de desenvolvimento do pensamento
associação ocorre quando o indivíduo em questão acionar outra alavanca similar à e da ação. A dificuldade em decifrar este conhecimento, reside no facto das ações
primeira esperando o mesmo impulso da outra. O que levou ao indivíduo acionar a serem ativas, de forma diversificada em às teorias, que são mais estáticas. Desta
segunda alavanca, foi a ideia gerada através da associação entre os objetos (ala - forma, ao descrever o conhecimento empregue numa determinada ação, com o in -
vancas). tuito de a compreender, o futuro docente, estará a praticar um processo de estru -
tura do seu saber.

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Concepções de desenvolvimento e aprendizagem Diretrizes Curriculares

Anotações:
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Diretrizes Curriculares Diretrizes Curriculares

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são padrões obrigatórios do ensi- mento não exclui o outro. “Para fazer uma analogia, o DCN fornece estrutura e o
no fundamental que orientam o planejamento curricular em escolas e sistemas Base preenche este formulário com o que é preciso aprender. É por isso que se
educacionais. Eles são discutidos, desenvolvidos e estabelecidos pelo Conselho complementam ”, afirma Eduardo Deschamps, presidente do CNE. As diretrizes e
Nacional de Educação (CNE). Mesmo após o Brasil ter estabelecido uma Base Co- fundamentos são obrigatórios e devem ser seguidos por todas as escolas, públicas
mum do Programa Nacional (BNCC), as Diretrizes ainda se aplicam, pois os docu - e privadas.
mentos são complementares: As Diretrizes fornecem estrutura; a Baseia-se nos
detalhes do conteúdo e competências.

Atualmente, existem diretrizes gerais para o ensino fundamental. Cada etapa Por que só as Diretrizes do Ensino Médio estão sendo revis-
e modalidade (Ensino Fundamental, Ensino Fundamental e Médio) também possui tas?
suas próprias diretrizes curriculares. O ensino médio é a versão mais recente e foi
atualizado pelo CNE em 2018 para atender às mudanças propostas na Lei 13.415 O Conselho Nacional de Educação viu a necessidade de adaptar as DCNs de -
sobre a Reforma do Ensino Médio. pois que o governo promulgou a lei da reforma do Ensino Médio. “A Lei impacta di -
retamente nas diretrizes para o Ensino Médio. Nas DCNs, por exemplo, estão espe-
As diretrizes visam promover a igualdade na aprendizagem, garantindo que o cificados os 13 componentes curriculares (disciplinas escolares) obrigatórios da
conteúdo central seja comunicado a todos os alunos, levando em consideração os etapa, algo que a lei rejeita. Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, nada
diferentes contextos em que está inserido. estrutural mudou”, explica Deschamps.

Qual é e qual é a função das diretrizes? As diretrizes curriculares preservam a autonomia dos pro-
fessores?
As Diretrizes Curriculares Nacionais são um conjunto de definições doutriná -
rias dos princípios, fundamentos e procedimentos do ensino fundamental que ori - As diretrizes curriculares visam preservar a questão da autonomia escolar e
entam as escolas na organização, formulação, desenvolvimento e avaliação de da proposição pedagógica, estimulando as instituições a desenvolverem seus pró-
suas propostas pedagógicas. prios currículos, recortando conteúdos em áreas do conhecimento que lhes cabem
para dar forma a essas competências explícitas nas DCN.
As DCN são derivadas da Lei de Diretrizes e Fundamentos da Educação (LDB)
de 1996, que estabelece que é responsabilidade da União “estabelecer, em cola - Desta forma, as escolas têm que trabalhar os conteúdos centrais em contex -
boração com estados, distritos federais e municípios, competências e diretrizes da tos que pareçam necessários, levando em consideração o perfil dos alunos que
primeira infância. Educação, Escolas Básicas e Secundárias, que irão nortear os atendem, a região em que se encontram e outros aspectos locais relevantes.
currículos e seus conteúdos mínimos para garantir a educação básica conjunta. ”

O processo de definição das diretrizes curriculares conta com a participação


de diversas esferas da sociedade. Entre eles estão o Conselho Nacional de Secre - Quais são as diferenças entre as diretrizes curriculares e os
tários de Estado da Educação (Consed), a União Nacional dos Diretores de Educa - parâmetros curriculares?
ção Urbana (Undime), a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação (ANPEd), além de docentes, docentes municipais e estaduais dirigentes, Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são diretrizes separadas por disci -
pesquisadores e representantes de escolas privadas. plinas desenvolvidas pelo governo federal e facultativas por lei. Seu objetivo é
apoiar e orientar o desenvolvimento ou revisão do currículo; formação inicial e
continuada de professores; discussões pedagógicas nas escolas; produção de li-
vros e outros materiais didáticos e avaliação do sistema de ensino. Os PCNs são
As diretrizes continuam valendo com a Base Nacional Comum Curricu-
mais antigos, implantados em 1997, e serviram de referência para a renovação e
lar (BNCC)?
reelaboração da proposta curricular escolar até a definição das diretrizes curricu -
Sim, o papel da Base é definir quais habilidades os alunos devem aprender a lares.
cada ano. O BNCC foi desenvolvido à luz do que afirma o DCN, pelo que um docu -

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Diretrizes Curriculares Diretrizes Curriculares

Por outro lado, as Diretrizes Curriculares Nacionais são normas obrigatórias Anotações:
para o Ensino Fundamental que visam orientar o planejamento curricular nas es - _______________________________________________________________________
colas e nos sistemas de ensino, orientando seus currículos e conteúdos mínimos.
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As diretrizes, portanto, contemplam a formação básica, com base na Lei de Dire -
trizes e Fundamentos da Educação (LDB), definindo competências e diretrizes _______________________________________________________________________
para a educação infantil, fundamental e médio. _______________________________________________________________________
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É possível ler integralmente a última versão das Diretrizes Curriculares Nacio -
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nais para a Educação Básica diretamente no site do MEC.
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Diretrizes Curriculares Estatuto da Criança e do Adolescente

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Estatuto da Criança e do
Adolescente

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Estatuto da Criança e do Adolescente Estatuto da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é o conjunto de normas do orde - Medidas socioeducativas


namento jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção integral da criança e
do adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos para o juiz. É o As medidas socioeducativas são aplicadas apenas pelo Juiz e apenas aos ado -
marco legal e regulatório dos direitos humanos de crianças e adolescentes. lescentes, uma vez que, crianças apenas recebem medidas protetivas.

O ECA foi instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990, durante o man - As medidas socioeducativas são:
dato do então presidente Fernando Collor. Ela regulamenta os direitos das crian-
Advertência, que é uma admoestação verbal;
ças e dos adolescentes inspirado pelos projetos fornecidos pela Constituição Fede -
ral de 1988, adotando uma série de regras internacionais: Obrigação de reparar o dano: medida aplicada quando à dano ao patrimônio,
só é aplicada quando o adolescente, tem condição de reparar o dano causado.
• Declaração dos Direitos da Criança;
Trabalhos Comunitários: tem tempo máximo de 6 meses, sendo 8 horas sema -
• Regras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Infân -
nais, sem atrapalhar estudos ou trabalhos, ficando seu cumprimento possível para
cia e da Juventude - Regras de Beijing;
feriados e finais de semana.
• Diretrizes das Nações Unidas para prevenção da Delinquência Juvenil.
Liberdade Assistida, tem prazo mínimo de 6 meses, sendo que o adolescente
é avaliado a cada 6 meses.

Características Semi liberdade: já é uma medida socioeducativa mais agravosa também tem
prazo mínimo de 6 meses.
O Estatuto divide-se em 2 livros: o primeiro trata da proteção dos direitos fun -
damentais à pessoa em desenvolvimento e o segundo trata dos órgãos e procedi - Internação: é regida por dois princípios: da brevidade e da excepcionalidade.
mentos protetivos.
Brevidade, porque não é decretada o tempo na sua sentença, embora tenha
Encontram-se os procedimentos de adoção (Livro I, capítulo V), a aplicação de prazo mínimo de 6 meses e máximo de 3 anos.
medidas socioeducativas do Conselho Tutelar e também dos crimes cometidos
Excepcionalidade, porque é aplicada apenas em três casos:
contra crianças e adolescentes.
a) quando a infração for estupro, furto seguido de agressão, roubo, homicídio;

b) quando o menor é reincidente;


Conceitos de criança e de adolescente
c) quando do não cumprimento de medida socioeducativa sentenciada anteri -
Para o ECA é considerada criança a pessoa com idade inferior a doze anos e
ormente, neste caso excepcionalmente o prazo máximo é de 3 meses.
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade, culturalmente no Brasil se
considera adolescente a partir dos 12 anos. Outra diferença entre a lei e cultura é
o Estatuto da Juventude, LEI Nº 12.852, que considera jovem a pessoa até vinte
nove anos de idade, mas que culturalmente no Brasil se considera até vinte e Infração da Lei cometidas contra crianças e adolescentes
quatro anos de idade. Para a prática de todos os atos da vida civil, como a assina -
Pune o abuso do poder familiar, antigamente conhecido como pátrio poder,
tura de contratos, é considerado capaz o adolescente emancipado.
das autoridades e dos responsáveis pelas crianças e adolescentes.

Apreensão

O adolescente pode ser apreendido em flagrante em um roubo ou em outros


atos infracionais, assim como pode ser responsável pelos seus próprios atos.

2 3
Estatuto da Criança e do Adolescente Estatuto da Criança e do Adolescente

Natureza do sistema de responsabilização do adolescente autor de ato infraci- didas de caráter protetivo para as crianças abaixo da idade mínima de inimputabi -
onal lidade penal; o regime jurídico brasileiro afasta a imputabilidade penal dos meno -
res de 18 anos e atribui medidas socioeducativas de caráter protetivo aos infrato -
O ECA apresenta um sistema de Atos Infracionais que prevê medidas socioe- res entre 12 e 18 anos de idade. Para alguns juristas, no entanto, o ECA deve ser
ducativas para os adolescentes considerados autores. Na doutrina jurídica há uma visto como expressão do Direito Penal Juvenil, apesar do Art. 228 da Constituição,
controvérsia a respeito da natureza desse sistema de responsabilização. Alguns e que a natureza punitiva das medidas socioeducativas já se verifica na prática.
autores afirmam que se trata de um regime de natureza penal. Outros negam a
natureza penal e afirmam que é um regime de natureza tutelar.

A Constituição Federal, no artigo 228, estabelece que "são penalmente inim - O reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente no Direito
putáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial" brasileiro
e, em conformidade com a norma constitucional, o regime de infrações do Estatu -
to da Criança e do Adolescente não segue a sistemática típica do Direito Penal, A Constituição brasileira promulgada em 1988 é anterior à Convenção sobre
baseada em tipos penais e penas mínimas e máximas para cada delito. O ECA não os Direitos da Criança adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20
faz referência a penas ou crimes praticados por adolescentes, mencionando ape - de novembro de 1989, ratificada pelo Brasil em 24 de setembro de 1990, e com
nas infrações e medidas socioeducativas, que não são individualizadas pelo esta - vigência internacional em outubro de 1990, o que demonstra a sintonia dos cons -
tuto para cada conduta específica. Não há menção no ECA sobre "responsabilida - tituintes brasileiros com toda a discussão de âmbito internacional existida naquele
de penal". momento, sobre a normativa para a criança e a adoção do novo paradigma, o que
levou o Brasil a se tornar o primeiro país a adequar a legislação interna aos princí -
O uso do termo "responsabilidade penal juvenil" para se referir ao regime de pios consagrados pela Convenção das Nações Unidas, até mesmo antes da vigên -
infrações dos adolescentes no Brasil foi empregado como forma de buscar um ali - cia obrigatória daquela, uma vez que o Estatuto da Criança e do Adolescente é de
nhamento entre o regime brasileiro e o regime vigente em grande número de paí - 13 de julho de 1990.
ses onde há expressamente um "Direito Penal Juvenil". No entanto, a noção de
"responsabilidade penal juvenil" não é aceita amplamente, tendo em vista que Com o peso de mais de um milhão de assinaturas, que não deixavam sombra
pressupões uma natureza penal das medidas socioeducativas que contraria a lite - de dúvida quanto ao anseio da população por mudanças e pela remoção daquilo
ralidade da Constituição Federal no Art. 228. Muitos doutrinadores rejeitam a no - que se tornou comum denominar entulho autoritário – que nessa área se identifi -
ção de que a legislação brasileira atribui responsabilidade penal aos adolescentes. cava com o Código de Menores – a Assembleia Nacional Constituinte referendou a
emenda popular que inscreveu na Constituição Brasileira de 1988 o artigo 227, do
No âmbito internacional, é prática recorrente os países terem uma idade míni- qual o Estatuto da Criança e do Adolescente é a posterior regulamentação (PAIVA,
ma para imputabilidade penal do adolescente abaixo da idade convencionada 2004, p. 2). Mais do que uma mudança pontual na legislação, circunscrita à área
para a maioridade penal. Antes de alcançar esta idade mínima, a criança não é da criança e do adolescente, a Constituição da República e, depois, o Estatuto da
considerada responsável pelos seus atos e não pode ser acusada de acordo pro - Criança e do Adolescente são a expressão de um novo projeto político de nação e
cesso penal. Segundo o Comitê sobre o Direito da Criança da ONU, órgão respon - de País.
sável pela interpretação da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), a cri -
ança abaixo da idade mínima deve ser penalmente inimputável, que significa di - Mas o que representou de fato a adoção desse novo paradigma? Inaugurou-se
zer que não pode ser considerada capaz de infringir as leis penais, mas pode rece - no País uma forma completamente nova de se perceber a criança e o adolescente
ber medidas especiais de caráter protetivo. Porém os adolescentes menores de 18 e que vem, ao longo dos anos, sendo assimilada pela sociedade e pelo Estado.
anos que estejam acima da idade mínima podem ser considerados penalmente Isso porque a realidade não se altera num único momento, ainda mais quando o
imputáveis e responder pela prática de crimes de acordo com o processo penal de que se propõe é uma profunda mudança cultural, o que certamente não se produz
cada país, desde que o processo e o seu resultado final estejam de acordo com os numa única geração.
princípios da Convenção.
Tinha-se, até então, no Brasil, duas categorias distintas de crianças e adoles -
Há, portanto, uma diferença entre as normas internacionais e o regime jurídi- centes. Uma, a dos filhos socialmente incluídos e integrados, a que se denomina-
co de responsabilidade juvenil vigente no Brasil: enquanto as normas internacio - va crianças e adolescentes. A outra, a dos filhos dos pobres e excluídos, generica -
nais reconhecem a imputabilidade penal do menor de 18 anos e reservam as me - mente denominados menores, que eram considerados crianças e adolescentes de

4 5
Estatuto da Criança e do Adolescente Estatuto da Criança e do Adolescente

segunda classe. A eles se destinava a antiga lei, baseada no direito penal do me - Além disso, possui carga discriminatória negativa por quase sempre se referir
nor e na doutrina da situação irregular. apenas a crianças e adolescentes autores de ato infracional ou em situação de
ameaça ou violação de direitos. Os termos adequados são criança, adolescente,
Essa doutrina definia um tipo de tratamento e uma política de atendimento menino, menina, jovem.
que variavam do assistencialismo à total segregação e onde, via de regra, os me -
nores eram simples objetos da tutela do Estado, sob o arbítrio inquestionável da O conceito de criança adotado pela Organização das Nações Unidas abrange o
autoridade judicial. Essa política fomentou a criação e a proliferação de grandes conceito brasileiro de criança e adolescente. Na Convenção Sobre os Direitos da
abrigos e internatos, onde ocorriam toda a sorte de violações dos direitos huma - Criança, entende-se por criança todo ser humano menor de 18 anos de idade, sal -
nos. Uma estrutura verdadeiramente monstruosa, que logrou cristalizar uma cul - vo se, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada
tura institucional perversa cuja herança ainda hoje se faz presente e que temos antes (art. 1º – BRASIL. Decreto 99.710, de 21 de novembro de 1990: promulga a
dificuldade em debelar completamente. Convenção Sobre os Direitos da Criança. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, 22 nov. 1990. Seção I, p. 22256).
A partir da Constituição de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente,
as crianças brasileiras, sem distinção de raça, classe social, ou qualquer forma de Nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente considera-se criança,
discriminação, passaram de objetos a serem sujeitos de direitos, considerados em para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adoles -
sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento e a quem se deve assegu - cente aquela entre 12 e 18 anos de idade (art. 2°). Dessa forma, os efeitos preten -
rar prioridade absoluta na formulação de políticas públicas e destinação privilegia - didos, relativamente à proteção da criança no âmbito internacional, são idênticos
da de recursos nas dotações orçamentárias das diversas instâncias político-admi - aos alcançados com o Estatuto brasileiro.
nistrativas do País.
A Emenda Constitucional 45, de 8 de dezembro de 2004, acrescentou o § 3º
Outros importantes preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, que ao artigo 5º da Constituição Federal, com esta redação: § 3º Os tratados e conven -
marcam a ruptura com o velho paradigma da situação irregular são: a prioridade ções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do direito à convivência familiar e comunitária e, consequentemente, o fim da po - do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
lítica de abrigamento indiscriminado; a priorização das medidas de proteção sobre membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
as socioeducativas, deixando-se de focalizar a política da infância nos abandona -
dos e delinquentes; a integração e a articulação das ações governamentais e não- Se antes dessa modificação não era exigido quorum especial de aprovação, os
governamentais na política de atendimento; a garantia de devido processo legal e tratados já incorporados ao ordenamento jurídico nacional anteriormente à Emen-
da defesa ao adolescente a quem se atribua a autoria de ato infracional; e a muni - da 45, em razão dos princípios da continuidade do ordenamento jurídico e da re -
cipalização do atendimento; só para citar algumas das alterações mais relevantes. cepção, são recepcionados pela Emenda 45 com status de emenda constitucional.

Emilio García Méndez afirma que a ruptura substancial com a tradição do me - Nesse sentido: CALDAS, Vivian Barbosa. Os tratados internacionais de direitos
nor latino-americana se explica fundando-se na dinâmica particular que regeu os humanos. A primeira diferenciação advinda do Estatuto foi a conceituação de cri -
três atores fundamentais no Brasil da década de 80: os movimentos sociais, as po - ança (aquela até 12 anos incompletos) e adolescente (de 12 a 18 anos), e o trata -
líticas públicas e o mundo jurídico (MÉNDEZ, 1998, p. 114). mento diferenciado para ambos.

Outra consequência dos avanços trazidos pela Constituição da República O Estatuto criou mecanismos de proteção nas áreas de educação, saúde, tra-
(1988), pela Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e pelo próprio Estatu - balho e assistência social. Ficou estabelecido o fim da aplicação de punições para
to da Criança e do Adolescente (1990) e, no âmbito local, também pela Lei Orgâni - adolescentes, tratados com medidas de proteção em caso de desvio de conduta e
ca do Distrito Federal (1993) é a substituição do termo menor por criança e ado- com medidas socioeducativas em caso de cometimento de atos infracionais.
lescente . Isso porque a palavra menor traz uma ideia de uma pessoa que não pos-
sui direitos.

Assim, apesar de o termo menor ser normalmente utilizado como abreviação


de menor de idade, foi banido do vocabulário de quem defende os direitos da in -
fância, pois remete à doutrina da situação irregular ou do direito penal do menor,
ambas superadas.

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Estatuto da Criança e do Adolescente Função social da escola

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Função social da escola
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Função social da escola Função social da escola

A função social da escola é desenvolver o potencial físico, cognitivo e afetivo rais e educacionais nas escolas com parcerias com instituições artísticas (museus,
do indivíduo para se tornar cidadão e participar da sociedade em que vive. A fun - parques arqueológicos, etc.). (FONSECA; M. C. G. T. SILVA; M. A. M. SILVA. 2010).
ção primária da escola é garantir a aquisição de conhecimentos, habilidades e va -
lores necessários à socialização do indivíduo, sendo necessário que a escola domi - A escola pública nos dias atuais deixa muito a desejar quando se fala de edu -
ne o conteúdo cultural básico de leitura, escrita, artes e escrita, sem esse conhe - cação e de formar cidadãos para viver numa sociedade tão multicultural e pluri ét -
cimento, é difícil para o aluno exercer seus direitos civis. . nicas, como a nossa. A falta de investimentos e de capacitação de professores, es -
colas sem infraestrutura adequada para o recebimento desse aluno. O modelo se -
A função social da escola é muito relativa e complexa, pois existem várias for- gregado e homogêneo que com muito esforço está mudando para o modelo de es -
mas de pensar a educação, para os três grandes sociólogos existem diferenças na cola inclusiva, mesmo escolas sem condições adequadas para receber esse aluno.
forma de pensar o papel da escola na estrutura do aluno.
As escolas das nossas regiões, na promoção da cidadania não mudam muito
Para DURKHEIN a educação deve formar indivíduos que se adapte a estrutura nesse contexto generalizado, escolas que entram em reformas mais não termi-
social vigente instituindo os caminhos e normas que cada um deve seguir, tendo nam, que falta merenda, que faltam professores, que não existem equipes discipli -
sempre como horizonte a instituição e manutenção da ordem social, a educação é nares qualificados para tais fins, assim, ficando difícil promover a cidadania, cujo,
um forte instrumento de coesão social e cabe ao estado ofertá-la e supervisioná- o contexto não sustenta, ou seja, para o estudioso João Batista oliveira a escola
la. Para KARL MARX a educação deve ser vista como um instrumento de transfor - perdeu a sua função social," Perdemos a noção da função social da escola. Ela dei -
mação social e não uma educação reprodutora dos valores do capital, para MARX xou de ser cobrada pelo cumprimento de suas obrigações essenciais e passou a
a uma necessidade de uma escola politécnica estabelecendo três pontos princi- ser cobrada por milhares de coisas que ela não tem condição de fazer, como cui -
pais: o ensino geral que é o estudo da literatura, ciências, letras etc. dar da educação sexual, educação para o trânsito, para o consumo etc.", (diz Oli-
veira, entrevista concedida a Revista Veja “A Escola perdeu sua função social” em
A educação física, que é uma atividade que promove a saúde do ser, e a outra 10/11/2014).
é a ciência técnica, que visa acabar com a alienação do proletariado da classe do -
minante. Para MAX WEBER, a educação é uma forma de preparar os homens para
o desempenho de funções na sociedade, sendo uma educação racional, a visão da
educação se confunde como uma formação humana integral, a educação capaci -
tando o indivíduo a realizar uma tarefa para ganhar dinheiro de forma cada vez
mais racionalizada, sociedade burocrática e estratificada.

A tarefa da escola é formar alunos com sentido crítico, reflexivo, autônomo,


cientes de seus direitos e deveres, compreendendo a realidade econômica, social
e política do país, capaz de construir uma sociedade mais justa e tolerante com as
diferenças culturais, como : orientação sexual, pessoas com necessidades especi -
ais, formação cultural e religiosa, etc. Transmitir a este aluno a importância da in -
tegração, não só no ambiente escolar, mas também na sociedade como um todo.

Bueno (2010) se posiciona um tanto crítico sobre a realidade da função social


da escola, nestas o social é ignorado. A escola torna-se uma instituição abstrata e
homogênea, quando na realidade como coloca Bueno, cada escola é ímpar, e não
deve ser vista de forma genérica, uma intervenção não funciona em todas as ins -
tituições, cada meio tem que ser vista de acordo com a sua história, com a sua
cultura, colocando em pauta que cada instituição é única.

Atualmente existem projetos para promover cultura na escola, estes visando


que os alunos ampliem sua visão de mundo, valorizando as diferentes manifesta -
ções culturais ao seu redor (...) por meio de ações que estimulem práticas cultu -

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Função social da escola Fundamentação Pedagógica e Psicológica da Educação

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_______________________________________________________________________ Fundamentação Pedagógica e
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_______________________________________________________________________ Psicológica da Educação
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Fundamentação Pedagógica e Psicológica da Educação Fundamentação Pedagógica e Psicológica da Educação

A discussão sobre a Fundamentação Pedagógica e Psicológica da Educação, com foco - Contextualização e Flexibilidade: O planejamento deve ser contextualizado e flexí-
nos aspectos políticos da educação brasileira, na organização do trabalho pedagógico, no vel para atender às necessidades dos estudantes, considerando suas características indivi -
projeto político pedagógico (PPP) e no planejamento de ensino é fundamental para com - duais e o contexto social em que estão inseridos.
preender e promover a qualidade do sistema educacional. Vamos abordar cada aspecto:

Ao integrar esses aspectos, a fundamentação pedagógica e psicológica da educação


1. Aspectos Políticos da Educação Brasileira: busca criar um ambiente educacional que promova a formação integral dos alunos, conside -
rando não apenas os aspectos cognitivos, mas também os sociais, emocionais e culturais. A
- Legislação Educacional: O sistema educacional brasileiro é regido por legislação compreensão dos aspectos políticos contribui para a promoção de políticas educacionais
específica, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabelece mais eficazes e inclusivas.
os princípios e normas para a educação no país.

- Financiamento: A educação no Brasil está diretamente ligada a questões de financi-


amento público, sendo crucial compreender como os recursos são alocados e distribuídos
entre os diferentes níveis e modalidades de ensino.

2. Organização do Trabalho Pedagógico:

- Gestão Escolar: A gestão escolar é um elemento essencial na organização do tra -


balho pedagógico. Envolve a administração eficaz dos recursos, a promoção de um ambiente
propício à aprendizagem e a articulação entre os diferentes membros da comunidade esco -
lar.

- Currículo Escolar: A definição do currículo é um processo político e pedagógico que


reflete as escolhas da sociedade. Aspectos como a diversidade cultural, inclusão e formação
integral dos estudantes são centrais na elaboração do currículo.

3. Projeto Político Pedagógico (PPP):

- Instrumento de Gestão: O PPP é um instrumento que define os objetivos, princípios


e diretrizes da escola. Ele deve refletir a identidade da instituição e envolver a comunidade
escolar na construção de metas e práticas educativas.

- Participação Comunitária: O envolvimento da comunidade escolar, incluindo pro-


fessores, alunos, pais e funcionários, é crucial na elaboração, implementação e avaliação do
PPP.

4. Planejamento de Ensino:

- Instrumento Pedagógico: O planejamento de ensino é uma ferramenta essencial pa -


ra organizar as atividades educacionais. Ele envolve a definição de objetivos, seleção de
conteúdos, escolha de metodologias e avaliação do processo de ensino-aprendizagem.

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Fundamentação Pedagógica e Psicológica da Educação Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Anotações:
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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Psicologia do desenvolvimento cia com idades anteriores da humanidade . James Mark Baldwin, que escreveu ensaios so -
bre tópicos que incluíam Imitação: Um Capítulo na História Natural da Consciência e Desen -
A psicologia do desenvolvimento é o estudo científico de como e por que os seres hu - volvimento Mental na Criança e na Raça: Métodos e Processos, estava fortemente envolvido
manos mudam ao longo da vida. Preocupado originalmente com bebês e crianças, o campo na teoria da psicologia do desenvolvimento. Sigmund Freud, cujos conceitos eram desenvol -
se expandiu para incluir a adolescência, o desenvolvimento adulto, o envelhecimento e toda vimentistas, afetou significativamente as percepções do público.
a vida. Os psicólogos do desenvolvimento visam explicar como o pensamento, o sentimento
e os comportamentos mudam ao longo da vida. Este campo examina a mudança em três di -
mensões principais: desenvolvimento físico, desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento
Teorias
social e emocional . Dentro dessas três dimensões está uma ampla gama de tópicos, incluin -
do habilidades motoras, funções executivas, compreensão moral, aquisição de linguagem, Desenvolvimento psicossexual
mudança social, personalidade, desenvolvimento emocional, autoconceito e formação de
identidade . Sigmund Freud acreditava que todos nós tínhamos um nível consciente, pré-consciente
e inconsciente. No consciente, estamos cientes de nosso processo mental. O pré-consciente
A psicologia do desenvolvimento examina as influências da natureza e da criação no envolve informações que, embora não estejam atualmente em nossos pensamentos, podem
processo de desenvolvimento humano e nos processos de mudança no contexto ao longo do ser trazidas à consciência. Por último, o inconsciente inclui processos mentais dos quais não
tempo. Muitos pesquisadores estão interessados nas interações entre as características pes - temos conhecimento.
soais, o comportamento do indivíduo e os fatores ambientais, incluindo o contexto social e o
ambiente construído . Os debates em curso em relação à psicologia do desenvolvimento in - Ele acreditava que havia tensão entre o consciente e o inconsciente porque o conscien -
cluem essencialismo biológico versus neuroplasticidade e estágios de desenvolvimento ver - te tenta conter o que o inconsciente tenta expressar. Para explicar isso, ele desenvolveu três
sus sistemas dinâmicos de desenvolvimento. estruturas de personalidade: o id, o ego e o superego. O id, o mais primitivo dos três, funcio -
na segundo o princípio do prazer: busca o prazer e evita a dor. O superego desempenha o
A psicologia do desenvolvimento envolve uma variedade de campos, como psicologia papel crítico e moralizador; e o ego é a parte organizada e realista que faz a mediação entre
educacional, psicopatologia infantil, psicologia forense do desenvolvimento, desenvolvimento os desejos do id e do superego.
infantil, psicologia cognitiva, psicologia ecológica e psicologia cultural . Psicólogos influentes
do desenvolvimento do século XX incluem Urie Bronfenbrenner, Erik Erikson, Sigmund Com base nisso, ele propôs cinco estágios universais de desenvolvimento, cada um ca -
Freud, Jean Piaget, Barbara Rogoff, Esther Thelen e Lev Vygotsky . racterizado pela zona erógena que é a fonte da energia psicossexual da criança. A primeira é
a fase oral, que ocorre do nascimento aos 12 meses de idade. Durante a fase oral, "a libido
está centrada na boca do bebê". O bebê é capaz de sugar. A segunda é a fase anal, de um a
três anos de idade. Durante o estágio anal, a criança defeca pelo ânus e muitas vezes fica
Antecedentes históricos
fascinada com sua defecação. O terceiro é o estágio fálico, que ocorre dos três aos cinco
Jean-Jacques Rousseau e John B. Watson são tipicamente citados como os fundadores anos de idade (a maior parte da personalidade de uma pessoa se forma nessa idade). Du-
da moderna psicologia do desenvolvimento. Em meados do século XVIII Jean-Jacques rante o estágio fálico, a criança está ciente de seus órgãos sexuais. O quarto é o estágio de
Rousseau descreveu três estágios de desenvolvimento: bebês (infância), puer (infância) e latência, que ocorre dos cinco anos de idade até a puberdade. Durante o estágio de latência,
adolescência em Emile: Or, On Education . As ideias de Rousseau foram adotadas fortemen - os interesses sexuais da criança são reprimidos. O estágio cinco é o estágio genital, que
te pelos educadores da época. ocorre da puberdade até a idade adulta. Durante a fase genital, a puberdade começa a acon -
tecer.
A psicologia do desenvolvimento geralmente se concentra em como e por que certas
mudanças (cognitivas, sociais, intelectuais, de personalidade) no curso da vida humana Teorias do desenvolvimento cognitivo
ocorrem ao longo do tempo. Existem muitos teóricos que deram uma contribuição profunda a
Jean Piaget, um teórico suíço, postulou que as crianças aprendem construindo ativa -
essa área da psicologia. Um deles, Erik Erikson, desenvolveu um modelo de oito estágios de
mente o conhecimento por meio da experiência prática. Ele sugeriu que o papel do adulto em
desenvolvimento psicológico. Ele acreditava que os humanos se desenvolveram em estágios
ajudar a criança a aprender era fornecer materiais apropriados com os quais a criança pu -
ao longo de suas vidas e que isso afetaria seus comportamentos.
desse interagir e usar para construir. Ele usou o questionamento socrático para fazer as cri-
No final do século XIX, psicólogos familiarizados com a teoria evolucionária de Darwin anças refletirem sobre o que estavam fazendo e tentou fazê-las ver contradições em suas
começaram a buscar uma descrição evolucionária do desenvolvimento psicológico ; proemi - explicações.
nente aqui foi o psicólogo pioneiro G. Stanley Hall, que tentou correlacionar idades da infân -

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Piaget acreditava que o desenvolvimento intelectual ocorre por meio de uma série de primeira infância, quando a criança aprende a se tornar mais independente, descobrindo do
estágios, que ele descreveu em sua teoria do desenvolvimento cognitivo. Cada estágio con - que é capaz, ao passo que, se a criança for excessivamente controlada, os sentimentos de
siste em etapas que a criança deve dominar antes de passar para a próxima etapa. Ele acre- inadequação são reforçados, o que pode levar à baixa autoestima e à dúvida. O terceiro es -
ditava que esses estágios não são separados uns dos outros, mas sim que cada estágio se tágio é "Iniciativa vs. Culpa". A virtude a ser conquistada é um senso de propósito. Isso ocor -
constrói sobre o anterior em um processo de aprendizado contínuo. Ele propôs quatro está - re principalmente por meio de jogo. Esta é a fase em que a criança ficará curiosa e terá mui -
gios: sensório - motor, pré-operacional, operacional concreto e operacional formal . Embora tas interações com outras crianças. Eles farão muitas perguntas à medida que sua curiosida -
ele não acreditasse que esses estágios ocorressem em qualquer idade, muitos estudos de - de aumentar. Se houver culpa demais, a criança pode ter uma interação mais lenta e difícil
terminaram quando essas habilidades cognitivas deveriam ocorrer. com seu mundo e outras crianças nele. A quarta etapa é "Indústria (competência) vs. Inferio -
ridade". A virtude desse estágio é a competência e é o resultado das primeiras experiências
da criança na escola. Este estágio é quando a criança tenta ganhar a aprovação dos outros e
entender o valor de suas realizações. O quinto estágio é "Identidade vs. Confusão de fun -
Estágios de desenvolvimento moral
ções". A virtude conquistada é a fidelidade e isso se dá na adolescência. É quando a criança
Piaget afirmou que a lógica e a moralidade se desenvolvem por meio de estágios cons - idealmente começa a identificar seu lugar na sociedade, principalmente em termos de seu
trutivos. Expandindo o trabalho de Piaget, Lawrence Kohlberg determinou que o processo de papel de gênero. O sexto estágio é "Intimidade vs. Isolamento ", que acontece nos jovens e a
desenvolvimento moral estava principalmente preocupado com a justiça e que continuou du - virtude adquirida é o amor. É quando a pessoa passa a compartilhar sua vida com outra pes -
rante toda a vida do indivíduo. soa de forma íntima e emocional. Não fazer isso pode reforçar os sentimentos de isolamento.
O sétimo estágio é "Geratividade vs. Estagnação". Isso acontece na idade adulta e a virtude
Ele sugeriu três níveis de raciocínio moral; raciocínio moral pré-convencional, raciocínio adquirida é o cuidado. Ficamos estáveis e começamos a retribuir criando uma família e nos
moral convencional e raciocínio moral pós-convencional. O raciocínio moral pré-convencional envolvendo na comunidade. O oitavo estágio é "Integridade do Ego vs. Desespero". Quando
é típico das crianças e é caracterizado por um raciocínio baseado em recompensas e puni - alguém envelhece, eles olham para trás em suas vidas e contemplam seus sucessos e fra -
ções associadas a diferentes cursos de ação. A razão moral convencional ocorre durante o cassos. Se eles resolverem isso positivamente, a virtude da sabedoria será obtida. Este tam -
final da infância e início da adolescência e é caracterizada por raciocínios baseados em re - bém é o estágio em que se pode ter uma sensação de fechamento e aceitar a morte sem re -
gras e convenções da sociedade. Por último, o raciocínio moral pós-convencional é um está - morso ou medo.
gio durante o qual o indivíduo vê as regras e convenções da sociedade como relativas e sub -
jetivas, ao invés de autoritativas.

Kohlberg usou o Dilema de Heinz para aplicar a seus estágios de desenvolvimento mo -


ral. O Dilema de Heinz envolve a esposa de Heinz morrendo de câncer e Heinz tendo o dile -
Estágios baseados no modelo de complexidade hierárquica
ma de salvar sua esposa roubando um medicamento. A moralidade pré-convencional, a mo -
ralidade convencional e a moralidade pós-convencional se aplicam à situação de Heinz. Michael Commons melhorou e simplificou a teoria do desenvolvimento de Bärbel Inhel -
der e Piaget e oferece um método padrão de examinar o padrão universal de desenvolvimen-
to. O Modelo de Complexidade Hierárquica (MHC) não é baseado na avaliação de informa -
Estágios de desenvolvimento psicossocial ções específicas do domínio, ele divide a Ordem da Complexidade Hierárquica das tarefas a
serem tratadas do desempenho do Estágio nessas tarefas. Um estágio é a complexidade hi -
O psicólogo germano-americano Erik Erikson e sua colaboradora e esposa, Joan Erik - erárquica da ordem das tarefas que o participante aborda com sucesso. Ele expandiu os oito
son, conceitualizaram oito estágios de desenvolvimento psicossocial pelos quais teorizaram estágios originais de Piaget (contando os estágios intermediários) para quinze estágios. Os
que os indivíduos saudáveis passam à medida que se desenvolvem da infância à idade adul- estágios são : 0 Calculatório; 1 sensorial e motor; 2 Sensório-motor circular; 3 Sensório-
ta. Em cada estágio, a pessoa deve resolver um desafio ou dilema existencial. A resolução motor; 4 Nominal; 5 Sentencial; 6 Pré-operacional; 7 Primário; 8 Concreto; 9 Resumo; 10
bem-sucedida do dilema resulta no enraizamento de uma virtude positiva na pessoa, mas o Formal; 11 Sistemática; 12 Metassistemático; 13 Paradigmático; 14 Interparadigmático; 15
fracasso em resolver o desafio fundamental desse estágio reforça as percepções negativas Meta-Cross-paradigmático. A ordem de complexidade hierárquica das tarefas prevê o quão
da pessoa ou do mundo ao seu redor e o desenvolvimento pessoal da pessoa é incapaz de difícil é o desempenho com um R variando de 0,9 a 0,98.
progredir. A primeira etapa, "Confiança vs. A desconfiança ", ocorre na infância. A virtude po -
sitiva para o primeiro estágio é a esperança, no bebê aprendendo em quem confiar e tendo No MHC, há três axiomas principais para uma ordem atender a fim de que a tarefa de
esperança de que um grupo de pessoas que o apoie esteja ao seu lado. O segundo estágio ordem superior coordene a próxima tarefa de ordem inferior. Axiomas são regras seguidas
é "Autonomia vs. Vergonha e Dúvida "com a virtude positiva sendo vontade. Isso ocorre na para determinar como o MHC ordena as ações para formar uma hierarquia. Esses axiomas

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

são: a) definidos em termos de tarefas na ordem imediatamente inferior da ação de tarefa de to proximal") poderia ajudar as crianças a aprender novas tarefas. Este papel adulto é fre -
complexidade hierárquica; b) definida como a ação da tarefa de ordem superior que organiza quentemente referido como o "mestre" qualificado, enquanto a criança é considerada o
duas ou mais ações menos complexas; isto é, a ação mais complexa especifica a maneira aprendiz de aprendizagem por meio de um processo educacional muitas vezes denominado "
pela qual as ações menos complexas se combinam; c) definido como as ações de tarefa de aprendizagem cognitiva " Martin Hill afirmou que "O mundo da realidade não se aplica à
ordem inferior devem ser realizadas de forma não arbitrária. mente de uma criança . " Essa técnica é chamada de "andaime", porque se baseia no conhe -
cimento que as crianças já possuem, com novos conhecimentos que os adultos podem
ajudá-las a aprender. Vygotsky estava fortemente focado no papel da cultura na determina -
ção do padrão de desenvolvimento da criança, argumentando que o desenvolvimento se mo -
Teoria de sistemas ecológicos
ve do nível social para o nível individual. Em outras palavras, Vygotsky afirmava que a psico -
A teoria dos sistemas ecológicos, originalmente formulada por Urie Bronfenbrenner, es - logia deveria se concentrar no progresso da consciência humana por meio da relação de um
pecifica quatro tipos de sistemas ambientais aninhados, com influências bidirecionais dentro indivíduo e seu ambiente. Ele sentia que se os estudiosos continuassem a ignorar essa co -
e entre os sistemas. Os quatro sistemas são microssistema, mesossistema, exossistema e nexão, então esse desconsiderar inibiria a compreensão total da consciência humana.
macrossistema. Cada sistema contém funções, normas e regras que podem moldar o desen -
volvimento de maneira poderosa. O microssistema é o ambiente direto em nossas vidas, co -
mo nossa casa e escola. Mesosistema é como os relacionamentos se conectam ao micros-
sistema. O exossistema é um sistema social mais amplo em que a criança não desempenha
nenhum papel. Macrosistema refere-se aos valores culturais, costumes e leis da sociedade.

O microssistema é o ambiente imediato que cerca e influencia o indivíduo (exemplo: a Construtivismo


escola ou o ambiente doméstico). O mesossistema é a combinação de dois microssistemas e
como eles influenciam um ao outro (exemplo: relações de irmãos em casa vs. relações de O construtivismo é um paradigma em psicologia que caracteriza a aprendizagem como
pares na escola). O exossistema é a interação entre dois ou mais ambientes que estão indi - um processo de construção ativa do conhecimento. Os indivíduos criam significado para si
retamente ligados (exemplo: o trabalho de um pai exigindo mais horas extras acaba influen - próprios ou dão sentido a novas informações selecionando, organizando e integrando infor -
ciando o desempenho de sua filha na escola porque ele não pode mais ajudar nos deveres mações com outros conhecimentos, geralmente no contexto de interações sociais. O cons -
de casa). O macrossistema é mais amplo levando-se em consideração status socioeconômi - trutivismo pode ocorrer de duas maneiras: individual e social. O construtivismo individual é
co, cultura, crenças, costumes e moral (exemplo: uma criança de uma família mais rica vê quando uma pessoa constrói conhecimento por meio de processos cognitivos de suas pró -
um par de uma família menos rica como inferior por esse motivo). Por fim, o cronossistema prias experiências, em vez de memorizar fatos fornecidos por outros. O construtivismo social
se refere à natureza cronológica dos acontecimentos da vida e como eles interagem e mu - é quando os indivíduos constroem conhecimento por meio de uma interação entre o conheci -
dam o indivíduo e suas circunstâncias durante a transição (exemplo: uma mãe perdendo a mento que trazem para uma situação e as trocas sociais ou culturais dentro desse conteúdo.
própria mãe por doença e não tendo mais esse suporte em sua vida).
Jean Piaget, psicólogo do desenvolvimento suíço, propôs que a aprendizagem é um
Desde sua publicação em 1979, a principal declaração de Bronfenbrenner dessa teoria, processo ativo porque as crianças aprendem por meio da experiência e cometem erros e re -
The Ecology of Human Development , teve ampla influência na maneira como psicólogos e solvem problemas. Piaget propôs que a aprendizagem deve ser integral, ajudando os alunos
outros abordam o estudo dos seres humanos e de seus ambientes. Como resultado dessa a compreender que o significado é construído.
conceituação de desenvolvimento, esses ambientes - da família às estruturas econômicas e
políticas - passaram a ser vistos como parte do curso de vida, desde a infância até a idade
adulta. Psicologia evolutiva do desenvolvimento

A psicologia evolucionária do desenvolvimento é um paradigma de pesquisa que aplica


os princípios básicos da evolução darwiniana, particularmente a seleção natural, para com -
Zona de desenvolvimento proximal
preender o desenvolvimento do comportamento e da cognição humanos. Envolve o estudo
Lev Vygotsky foi um teórico russo da era soviética, que postulou que as crianças apren - dos mecanismos genéticos e ambientais que fundamentam o desenvolvimento das compe-
dem por meio da experiência prática e das interações sociais com membros de sua cultura. tências sociais e cognitivas, bem como dos processos epigenéticos ( interações gene-ambi -
Ao contrário de Piaget, ele afirmou que a intervenção oportuna e sensível de adultos quando ente ) que adaptam essas competências às condições locais.
uma criança está prestes a aprender uma nova tarefa (chamada de "zona de desenvolvimen -

6 7
Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

A EDP considera tanto o desenvolvimento confiável, características típicas da espécie continua na idade adulta seria quando a pessoa se sente confiante e é capaz de atender às
da ontogenia (adaptações de desenvolvimento), quanto as diferenças individuais de compor - suas próprias necessidades. Um exemplo de apego ansioso durante a idade adulta é quando
tamento, de uma perspectiva evolutiva. Embora as visões evolucionárias tendam a conside- o adulto escolhe um parceiro com apego ansioso-evitativo.
rar a maioria das diferenças individuais como resultado de ruído genético aleatório (subpro -
dutos evolutivos) e / ou idiossincrasias (por exemplo, grupos de pares, educação, vizinhan -
ças e encontros casuais) vez de produtos de seleção natural, a EDP afirma que a seleção
natural pode favorecer o surgimento de diferenças individuais por meio da "plasticidade
adaptativa do desenvolvimento". Dessa perspectiva, o desenvolvimento humano segue es- Debates importantes
tratégias alternativas de história de vida em resposta à variabilidade ambiental, em vez de
seguir um padrão de desenvolvimento típico da espécie. Natureza vs criação

A EDP está intimamente ligada ao quadro teórico da psicologia evolutiva (PE), mas tam - Uma questão significativa na psicologia do desenvolvimento é a relação entre o inato e
bém é distinta da EP em vários domínios, incluindo a ênfase da investigação (a EDP centra- a influência ambiental em relação a qualquer aspecto particular do desenvolvimento. Isso é
se nas adaptações da ontogenia, por oposição às adaptações da idade adulta) e considera - frequentemente referido como " natureza e criação " ou nativismo versus empirismo . Uma
ção da ontogenética e ambiental imediatas fatores (ou seja, como o desenvolvimento aconte - explicação nativista do desenvolvimento argumentaria que os processos em questão são ina-
ce), além de fatores mais finais (ou seja, por que o desenvolvimento acontece), que são o fo - tos, ou seja, são especificados pelos genes do organismo.
co da psicologia evolucionista convencional.
Uma perspectiva empirista argumentaria que esses processos são adquiridos na intera -
ção com o meio ambiente. Hoje, os psicólogos desenvolvimentistas raramente assumem po -
sições polarizadas com respeito à maioria dos aspectos do desenvolvimento; em vez disso,
Ligação teórica eles investigam, entre muitas outras coisas, a relação entre as influências inatas e ambien -
tais. Uma das maneiras pelas quais essa relação foi explorada nos últimos anos é por meio
A teoria do apego, originalmente desenvolvida por John Bowlby, enfoca a importância de
do campo emergente da psicologia evolucionista do desenvolvimento.
relacionamentos abertos, íntimos e emocionalmente significativos. O apego é descrito como
um sistema biológico ou poderoso impulso de sobrevivência que evoluiu para garantir a so - Uma área em que esse debate sobre o inato tem sido retratado com destaque é na pes -
brevivência do bebê. Uma criança ameaçada ou estressada se moverá em direção a cuida - quisa sobre aquisição da linguagem . Uma questão importante nessa área é se certas propri -
dores que criam uma sensação de segurança física, emocional e psicológica para o indiví - edades da linguagem humana são ou não especificadas geneticamente ou podem ser adqui -
duo. O apego se alimenta do contato corporal e da familiaridade. Mais tarde, Mary Ainsworth ridas por meio do aprendizado . A posição empirista sobre a questão da aquisição da lingua -
desenvolveu o protocolo de Strange Situation e o conceito de base segura. gem sugere que o input da linguagem fornece as informações necessárias para o aprendiza -
do da estrutura da linguagem e que os bebês adquirem a linguagem por meio de um proces -
Os teóricos propuseram quatro tipos de estilos de apego: seguro, ansioso-evitativo, an -
so de aprendizagem estatística . Dessa perspectiva, a linguagem pode ser adquirida por
sioso-resistente e desorganizado. O apego seguro é um apego saudável entre o bebê e o
meio de métodos gerais de aprendizagem que também se aplicam a outros aspectos do de -
cuidador. É caracterizado pela confiança. Ansioso-esquivo é uma ligação insegura entre um
senvolvimento, como a aprendizagem perceptual .
bebê e um cuidador. Isso se caracteriza pela indiferença do bebê em relação ao cuidador.
Resistente à ansiedade é um apego inseguro entre o bebê e o cuidador, caracterizado pelo A posição nativista argumenta que a entrada da linguagem é muito pobre para que be -
sofrimento do bebê quando separado e raiva quando reunido. Desorganizado é um estilo de bês e crianças adquiram a estrutura da linguagem. O linguista Noam Chomsky afirma que,
apego sem um padrão consistente de respostas após o retorno do pai. evidenciado pela falta de informações suficientes no input da linguagem, existe uma gramáti -
ca universal que se aplica a todas as línguas humanas e é pré-especificada. Isso levou à
Uma criança pode ser prejudicada em sua tendência natural de formar apegos. Alguns
ideia de que existe um módulo cognitivo especial adequado para aprender a linguagem, mui-
bebês são criados sem o estímulo e a atenção de um cuidador regular ou trancados sob con -
tas vezes chamado de dispositivo de aquisição de linguagem . A crítica de Chomsky ao mo -
dições de abuso ou extrema negligência. Os possíveis efeitos de curto prazo dessa privação
delo behaviorista de aquisição da linguagem é considerada por muitos como um ponto de in -
são raiva, desespero, desapego e atraso temporário no desenvolvimento intelectual. Os efei -
flexão fundamental no declínio da proeminência da teoria do behaviorismo em geral. Mas a
tos de longo prazo incluem aumento da agressividade, comportamento de apego, distancia -
concepção de Skinner de "Comportamento Verbal" não morreu, talvez em parte porque ge -
mento, distúrbios psicossomáticos e aumento do risco de depressão na idade adulta.
rou aplicações práticas de sucesso.
O estilo de anexo pode afetar os relacionamentos entre as pessoas. O apego é estabe -
lecido na primeira infância e continua na idade adulta. Um exemplo de apego seguro que

8 9
Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

tos do desenvolvimento humano, como afeto, aquisição de uma segunda linguagem e loco-
moção.
Continuidade vs descontinuidade

Alguns teóricos acreditam que o desenvolvimento é um processo suave e contínuo, e os


indivíduos gradualmente adicionam mais dos mesmos tipos de habilidades ao longo de suas Áreas de pesquisa
vidas. Outros teóricos, no entanto, pensam que o desenvolvimento ocorre em estágios des-
contínuos. As pessoas mudam rapidamente e sobem para um novo nível, e então mudam Desenvolvimento cognitivo
muito pouco por um tempo. A cada nova etapa, a pessoa mostra interesse e responde ao
O desenvolvimento cognitivo está preocupado principalmente com as maneiras como
mundo qualitativamente.
bebês e crianças adquirem, desenvolvem e usam capacidades mentais internas, tais como:
resolução de problemas, memória e linguagem. Os principais tópicos do desenvolvimento
cognitivo são o estudo da aquisição da linguagem e o desenvolvimento das habilidades per -
Estabilidade vs mudança ceptuais e motoras. Piaget foi um dos primeiros psicólogos influentes no estudo do desenvol-
vimento das habilidades cognitivas. Sua teoria sugere que o desenvolvimento prossegue por
Essa questão envolve o grau em que nos tornamos versões mais antigas de nossa ex- meio de um conjunto de estágios desde a infância até a idade adulta e que existe um ponto
periência anterior ou se nos desenvolvemos em algo diferente de quem éramos em um ponto final ou objetivo.
anterior do desenvolvimento. Ele considera até que ponto as experiências iniciais (especial -
mente na infância) ou experiências posteriores são os principais determinantes do desenvol - Outros relatos, como o de Lev Vygotsky, sugeriram que o desenvolvimento não progride
vimento de uma pessoa. por estágios, mas sim que o processo de desenvolvimento que começa no nascimento e
continua até a morte é muito complexo para tal estrutura e finalidade. Em vez disso, desse
A maioria dos desenvolvimentistas ao longo da vida reconhece que posições extremas ponto de vista, os processos de desenvolvimento ocorrem de maneira mais contínua. Assim,
são imprudentes. Portanto, a chave para uma compreensão abrangente do desenvolvimento o desenvolvimento deve ser analisado, em vez de tratado como um produto a ser obtido.
em qualquer estágio requer a interação de diferentes fatores e não apenas um.
K. Warner Schaie expandiu o estudo do desenvolvimento cognitivo para a idade adulta.
Em vez de ser estável desde a adolescência, Schaie vê os adultos progredindo na aplicação
de suas habilidades cognitivas.
Modelos matemáticos
O desenvolvimento cognitivo moderno integrou as considerações da psicologia cognitiva
A psicologia do desenvolvimento está preocupada não apenas em descrever as caracte -
e da psicologia das diferenças individuais na interpretação e modelagem do desenvolvimen-
rísticas da mudança psicológica ao longo do tempo, mas também procura explicar os princí -
to. Especificamente, as teorias neo-piagetianas do desenvolvimento cognitivo mostraram que
pios e o funcionamento interno subjacente a essas mudanças. Os psicólogos têm tentado
os níveis ou estágios sucessivos do desenvolvimento cognitivo estão associados ao aumento
entender melhor esses fatores usando modelos . Um modelo deve simplesmente levar em
da eficiência do processamento e da capacidade da memória de trabalho . Esses aumentos
conta os meios pelos quais um processo ocorre. Isso às vezes é feito em referência a mu -
explicam as diferenças entre os estágios, a progressão para estágios superiores e as dife -
danças no cérebro que podem corresponder a mudanças no comportamento ao longo do de -
renças individuais de crianças da mesma idade e da mesma série. No entanto, outras teorias
senvolvimento.
se afastaram das teorias do estágio piagetiano e são influenciadas por relatos de processa -
A modelagem matemática é útil em psicologia do desenvolvimento para implementar a mento de informação específico de domínio, que postulam que o desenvolvimento é guiado
teoria de maneira precisa e fácil de estudar, permitindo a geração, explicação, integração e por mecanismos de processamento de informação específicos de conteúdo e evolutivamente
previsão de diversos fenômenos. Diversas técnicas de modelagem são aplicadas ao desen - especificados inatos.
volvimento: modelos de sistemas simbólicos, conexionistas ( rede neural ) ou dinâmicos .

Os modelos de sistemas dinâmicos ilustram quantos recursos diferentes de um sistema


Desenvolvimento social e emocional
complexo podem interagir para produzir comportamentos e habilidades emergentes. A dinâ -
mica não linear foi aplicada a sistemas humanos especificamente para tratar de questões Os psicólogos do desenvolvimento interessados no desenvolvimento social examinam
que requerem atenção à temporalidade, como transições de vida, desenvolvimento humano como os indivíduos desenvolvem competências sociais e emocionais. Por exemplo, eles es-
e mudança comportamental ou emocional ao longo do tempo. Os sistemas dinâmicos não li- tudam como os filhos fazem amizades, como entendem e lidam com as emoções e como a
neares estão sendo explorados atualmente como uma forma de explicar fenômenos discre-

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

identidade se desenvolve. A pesquisa nesta área pode envolver o estudo da relação entre
cognição ou desenvolvimento cognitivo e comportamento social.
Desenvolvimento de memória
A regulação emocional ou ER se refere à capacidade de um indivíduo de modular res -
postas emocionais em uma variedade de contextos. Em crianças pequenas, essa modulação Os pesquisadores interessados no desenvolvimento da memória observam a maneira
é em parte controlada externamente, pelos pais e outras figuras de autoridade. À medida que como nossa memória se desenvolve desde a infância em diante. De acordo com a teoria do
as crianças se desenvolvem, elas assumem cada vez mais responsabilidade por seu estado Fuzzy-trace, temos dois processos de memória separados: textual e essencial. Esses dois
interno. Estudos têm mostrado que o desenvolvimento de RE é afetado pela regulação emo - traços começam a se desenvolver em momentos diferentes, bem como em um ritmo diferen -
cional que as crianças observam nos pais e responsáveis, pelo clima emocional em casa e te. Crianças a partir dos 4 anos de idade têm memória literal, memória para informações de
pela reação dos pais e responsáveis às emoções da criança. superfície, que aumenta até a idade adulta inicial, quando começa a declinar. Por outro lado,
nossa capacidade de memória essencial, memória para informações semânticas, aumenta
A música também tem uma influência em estimular e aprimorar os sentidos de uma cri - até o início da idade adulta, ponto em que é consistente até a velhice. Além disso, nossa de -
ança por meio da autoexpressão. pendência de traços de memória essencial aumenta à medida que envelhecemos.

O desenvolvimento social e emocional de uma criança pode ser interrompido por proble-
mas de coordenação motora, conforme evidenciado pela hipótese de estresse ambiental. A
hipótese ambiental explica como crianças com problemas de coordenação e transtorno do Métodos e projetos de pesquisa
desenvolvimento da coordenação estão expostas a diversas consequências psicossociais
Principais métodos de pesquisa
que atuam como estressores secundários, levando a um aumento dos sintomas de internali -
zação, como depressão e ansiedade. Problemas de coordenação motora afetam o movimen - A psicologia do desenvolvimento emprega muitos dos métodos de pesquisa usados em
to motor fino e grosso, bem como as habilidades motoras perceptivas. Os estressores secun - outras áreas da psicologia. No entanto, bebês e crianças não podem ser testados da mesma
dários comumente identificados incluem a tendência de crianças com habilidades motoras forma que os adultos, portanto, métodos diferentes são frequentemente usados para estudar
deficientes serem menos propensas a participar de brincadeiras organizadas com outras cri - seu desenvolvimento.
anças e mais propensas a se sentirem socialmente isoladas .
Os psicólogos do desenvolvimento têm vários métodos para estudar as mudanças nos
O desenvolvimento social e emocional se concentra em 5 áreas principais: autocons- indivíduos ao longo do tempo. Métodos comuns de pesquisa incluem observação sistemáti -
ciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão ca, incluindo observação naturalística ou observação estruturada; autorrelatos, que podem
responsável. ser entrevistas clínicas ou estruturadas ; método clínico ou de estudo de caso ; e etnografia
ou observação participante. Esses métodos diferem na extensão do controle que os pesqui -
sadores impõem às condições de estudo e em como eles constroem ideias sobre quais vari -
Desenvolvimento físico áveis estudar. Toda investigação desenvolvimental pode ser caracterizada em termos de se
sua estratégia subjacente envolve a abordagem experimental, correlacional ou de estudo de
O desenvolvimento físico diz respeito à maturação física do corpo de um indivíduo até caso . O método experimental envolve "a manipulação real de vários tratamentos, circuns -
atingir a estatura adulta. Embora o crescimento físico seja um processo altamente regular, tâncias ou eventos aos quais o participante ou sujeito é exposto; o projeto experimental
todas as crianças diferem tremendamente no momento de seus surtos de crescimento. Estu - aponta para relações de causa e efeito . Este método permite que fortes inferências sejam
dos estão sendo feitos para analisar como as diferenças nesses tempos afetam e estão rela - feitas de relações causais entre a manipulação de uma ou mais variáveis independentes e o
cionadas a outras variáveis da psicologia do desenvolvimento, como a velocidade de proces- comportamento subsequente, conforme medido pela variável dependente . A vantagem de
samento da informação. As medidas tradicionais de maturidade física por meio de radiografi - usar este método de pesquisa é que ele permite determinar as relações de causa e efeito en -
as são menos praticadas hoje em dia, em comparação com medidas simples de partes do tre as variáveis. Por outro lado, a limitação é que os dados obtidos em um ambiente artificial
corpo, como altura, peso, perímetro cefálico e envergadura. podem carecer de generalização. O método correlacional explora a relação entre dois ou
mais eventos, reunindo informações sobre essas variáveis sem a intervenção do pesquisa -
Alguns outros estudos e práticas com psicologia do desenvolvimento físico são as habi - dor. A vantagem de usar um projeto correlacional é que ele estima a força e a direção das re-
lidades fonológicas de crianças maduras de 5 a 11 anos de idade e as hipóteses controver - lações entre as variáveis no ambiente natural; entretanto, a limitação é que não permite a de -
sas de canhotos estarem maturacionalmente atrasados em comparação com destros. Um es - terminação de relações de causa e efeito entre as variáveis. A abordagem do estudo de caso
tudo de Eaton, Chipperfield, Ritchot e Kostiuk em 1996 descobriu em três amostras diferen - permite que as investigações obtenham uma compreensão profunda de um participante indi-
tes que não havia diferença entre destros e canhotos. vidual por meio da coleta de dados com base em entrevistas, questionários estruturados, ob -

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

servações e pontuações em testes. Cada um desses métodos tem seus pontos fortes e fra- danças nos grupos. Embora consuma muito mais recursos, o formato auxilia em uma distin -
cos, mas o método experimental, quando apropriado, é o método preferido dos cientistas do ção mais clara entre quais mudanças podem ser atribuídas a um ambiente individual ou his -
desenvolvimento, porque fornece uma situação controlada e conclusões a serem tiradas so - tórico daquelas que são verdadeiramente universais.
bre as relações de causa e efeito.
Como todo método tem alguns pontos fracos, os psicólogos do desenvolvimento rara-
mente confiam em um estudo ou mesmo em um método para chegar a conclusões encon -
trando evidências consistentes de tantas fontes convergentes quanto possível.
Projetos de pesquisa

A maioria dos estudos de desenvolvimento, independentemente de empregar o método


experimental, correlacional ou de estudo de caso, também pode ser construída usando proje - Estágios de desenvolvimento psicológico da vida
tos de pesquisa. Projetos de pesquisa são estruturas lógicas usadas para fazer comparações
importantes dentro de estudos de pesquisa, tais como: Desenvolvimento pré-natal

• desenho transversal O desenvolvimento pré-natal é de interesse dos psicólogos que investigam o contexto
do desenvolvimento psicológico inicial. Todo o desenvolvimento pré-natal envolve três está -
• desenho longitudinal gios principais: estágio germinativo, estágio embrionário e estágio fetal. O estágio germinati -
vo começa na concepção até 2 semanas; estágio embrionário significa o desenvolvimento de
• design sequencial 2 semanas a 8 semanas; o estágio fetal representa 9 semanas até o nascimento do bebê.
Os sentidos se desenvolvem no próprio útero: um feto pode ver e ouvir no segundo trimestre
• projeto microgenético
(13 a 24 semanas de idade). O sentido do tato se desenvolve no estágio embrionário (5 a 8
Em um estudo longitudinal, um pesquisador observa muitos indivíduos nascidos na mes- semanas). A maioria dos bilhões de neurônios do cérebro também é desenvolvida no segun -
ma época ou na mesma época (uma coorte ) e realiza novas observações como membros da do trimestre. Os bebês nascem, portanto, com algumas preferências de odor, gosto e som,
mesma idade. Esse método pode ser usado para tirar conclusões sobre quais tipos de de - amplamente relacionadas ao ambiente da mãe.
senvolvimento são universais (ou normativos ) e ocorrem na maioria dos membros de uma
Alguns reflexos primitivos também surgem antes do nascimento e ainda estão presentes
coorte. Como exemplo, um estudo longitudinal do desenvolvimento da alfabetização precoce
nos recém-nascidos. Uma hipótese é que esses reflexos são vestigiais e têm uso limitado no
examinou em detalhes as experiências de alfabetização precoce de uma criança em cada
início da vida humana. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget sugeria que alguns
uma das 30 famílias.
reflexos precoces são blocos de construção para o desenvolvimento sensório-motor infantil.
Os pesquisadores também podem observar as formas como o desenvolvimento varia Por exemplo, o reflexo tônico do pescoço pode ajudar no desenvolvimento, trazendo objetos
entre os indivíduos e fazer hipóteses sobre as causas da variação em seus dados. Os estu - para o campo de visão do bebê.
dos longitudinais costumam exigir muito tempo e recursos financeiros, o que os torna inviá -
Outros reflexos, como o reflexo de caminhar, parecem ser substituídos por um controle
veis em algumas situações. Além disso, como todos os membros de uma coorte vivenciam
voluntário mais sofisticado mais tarde na infância. Isso pode ocorrer porque o bebê ganha
eventos históricos exclusivos de sua geração, as tendências de desenvolvimento aparente -
muito peso após o nascimento para ser forte o suficiente para usar o reflexo, ou porque o re -
mente normativas podem, de fato, ser universais apenas para sua coorte.
flexo e o desenvolvimento subsequente são funcionalmente diferentes. Também foi sugerido
Em um estudo transversal, um pesquisador observa diferenças entre indivíduos de dife - que alguns reflexos (por exemplo, o moro e os reflexos de caminhar ) são predominantemen -
rentes idades ao mesmo tempo. Isso geralmente requer menos recursos do que o método te adaptações à vida no útero com pouca conexão com o desenvolvimento inicial do bebê.
longitudinal e, como os indivíduos vêm de coortes diferentes, eventos históricos compartilha - Os reflexos primitivos reaparecem em adultos sob certas condições, como condições neuro -
dos não são tanto um fator de confusão . Da mesma forma, entretanto, a pesquisa transver - lógicas como demência ou lesões traumáticas.
sal pode não ser a maneira mais eficaz de estudar as diferenças entre os participantes, já
O ultrassom mostrou que os bebês são capazes de uma variedade de movimentos no
que essas diferenças podem resultar não de suas diferentes idades, mas de sua exposição a
útero, muitos dos quais parecem ser mais do que simples reflexos. No momento do nasci -
diferentes eventos históricos.
mento, os bebês podem reconhecer e ter preferência pela voz da mãe, sugerindo algum de -
Um terceiro desenho de estudo, o desenho sequencial, combina as duas metodologias. senvolvimento pré-natal da percepção auditiva. O desenvolvimento pré-natal e as complica -
Aqui, um pesquisador observa membros de diferentes coortes de nascimento ao mesmo ções do parto também podem estar ligados a distúrbios do neurodesenvolvimento, por exem -
tempo e, em seguida, rastreia todos os participantes ao longo do tempo, mapeando as mu - plo, na esquizofrenia . Com o advento da neurociência cognitiva, a embriologia e a neuro -

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

ciência do desenvolvimento pré-natal são de interesse crescente para a pesquisa em psico - A audição é bem desenvolvida antes do nascimento, ao contrário da visão. Os recém-
logia do desenvolvimento. nascidos preferem sons complexos a tons puros, a fala humana a outros sons, a voz da mãe
a outras vozes e a língua nativa a outras línguas. Os cientistas acreditam que essas caracte -
Vários agentes ambientais - teratógenos - podem causar danos durante o período pré- rísticas são provavelmente aprendidas no útero. Os bebês são bastante bons em detectar a
natal. Isso inclui medicamentos controlados e não prescritos, drogas ilegais, tabaco, álcool, direção de onde vem um som e, aos 18 meses, sua capacidade auditiva é aproximadamente
poluentes ambientais, agentes de doenças infecciosas como o vírus da rubéola e o parasita igual à de um adulto.
da toxoplasmose, desnutrição materna, estresse emocional materno e incompatibilidade san -
guínea do fator Rh entre mãe e filho. Existem muitas estatísticas que comprovam os efeitos O olfato e o paladar estão presentes, com os bebês mostrando diferentes expressões
das substâncias mencionadas. Um exemplo importante disso seria que, apenas na América, de desgosto ou prazer quando apresentados a odores agradáveis (mel, leite, etc.) ou odores
nascem anualmente cerca de 100.000 - 375.000 'bebês de cocaína'. Isso é resultado de uma e sabores desagradáveis (ovo podre) (por exemplo, gosto azedo). Os recém-nascidos nas-
gestante que abusou da droga durante a gravidez. Está provado que os 'bebês com cocaína' cem com preferências de odor e sabor adquiridas no útero pelo cheiro e sabor do líquido am -
têm dificuldades bastante graves e duradouras que persistem durante a primeira infância e niótico, por sua vez influenciados pela alimentação da mãe. Bebês amamentados no seio e
ao longo da infância. A droga também estimula problemas de comportamento nas crianças na mamadeira com cerca de 3 dias de vida preferem o cheiro do leite humano ao de fórmula,
afetadas, bem como defeitos de vários órgãos vitais. indicando uma preferência inata. Há boas evidências de que bebês mais velhos preferem o
cheiro de sua mãe ao de outras pessoas.

O tato e a sensação são um dos sentidos mais desenvolvidos no nascimento, conside-


Infância rando que é um dos primeiros sentidos a se desenvolver dentro do útero. Isso é evidenciado
pelos reflexos primitivos descritos acima e pelo desenvolvimento relativamente avançado do
Desde o nascimento até o primeiro ano, a criança é chamada de bebê . Os psicólogos
córtex somatossensorial .
do desenvolvimento variam amplamente em sua avaliação da psicologia infantil e da influên -
cia que o mundo exterior tem sobre ela, mas certos aspectos são relativamente claros. Dor : Os bebês sentem dor de forma semelhante, senão mais forte do que as crianças
mais velhas, mas o alívio da dor em bebês não tem recebido tanta atenção como uma área
A maior parte do tempo do recém-nascido é gasta dormindo. No início, esse sono é dis -
de pesquisa. A glicose é conhecida por aliviar a dor em recém-nascidos.
tribuído uniformemente ao longo do dia e da noite, mas depois de alguns meses, os bebês
geralmente tornam-se diurnos .

Os bebês podem ter seis estados, agrupados em pares: Língua


sono tranquilo e sono ativo ( sonhar, quando ocorre o sono REM ) Os bebês nascem com a capacidade de discriminar virtualmente todos os sons de todas
as línguas humanas. Crianças de cerca de seis meses podem diferenciar fonemas em sua
vigília tranquila e vigília ativa
própria língua, mas não entre fonemas semelhantes em outra língua. Nesse estágio, os be -
agitando e chorando bês também começam a balbuciar, produzindo fonemas.

Percepção infantil Cognição infantil: a era Piagetiana

A percepção infantil é o que um recém-nascido pode ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar. Piaget sugeriu que a percepção e a compreensão do mundo por um bebê dependiam de
Essas cinco características são mais conhecidas como os "cinco sentidos". Os bebês res - seu desenvolvimento motor, que era necessário para que o bebê ligasse as representações
pondem aos estímulos de maneira diferente nesses diferentes estados. visuais, táteis e motoras de objetos. Segundo essa visão, é por meio do toque e do manuseio
de objetos que os bebês desenvolvem a permanência do objeto, a compreensão de que os
A visão é significativamente pior em bebês do que em crianças mais velhas. A visão do objetos são sólidos e permanentes e continuam a existir quando estão fora de vista.
bebê tende a ficar embaçada nos estágios iniciais, mas melhora com o tempo. A percepção
da cor semelhante à observada em adultos foi demonstrada em bebês a partir dos quatro O estágio sensório-motor de Piaget compreendia seis subestágios (veja os estágios
meses, usando métodos de habituação. Os bebês têm uma visão de adulto em cerca de seis sensório-motor para mais detalhes). Nos estágios iniciais, o desenvolvimento surge de movi -
meses. mentos causados por reflexos primitivos . A descoberta de novos comportamentos resulta do

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

condicionamento clássico e operante e da formação de hábitos . A partir dos oito meses, o aprender na infância. O conceito de períodos críticos também está bem estabelecido na neu -
bebê é capaz de descobrir um objeto escondido, mas perseverará quando o objeto for movi - rofisiologia, a partir do trabalho de Hubel e Wiesel entre outros.
do.
Atrasos de desenvolvimento

Crianças com atrasos no desenvolvimento (DD) correm maior risco de desenvolver difi -
Piaget chegou à sua conclusão de que os bebês não tinham um entendimento completo culdades comportamentais e emocionais clinicamente significativas em comparação com cri -
da permanência do objeto antes de 18 meses após observar a falha dos bebês antes dessa anças com desenvolvimento típico (DT). No entanto, quase todos os estudos comparando
idade em procurar um objeto onde ele foi visto pela última vez. Em vez disso, os bebês conti - psicopatologia em jovens com DD empregam grupos de controle de DT da mesma idade cro -
nuam a procurar por um objeto onde foi visto pela primeira vez, cometendo o " erro A-não-B nológica (CA). Essa comorbidade de DD e um transtorno mental costuma ser chamada de di -
". Alguns pesquisadores sugeriram que antes da idade de oito a nove meses, a incapacidade agnóstico duplo. Estudos epidemiológicos indicam que 30–50% dos jovens com DD atendem
dos bebês de entender a permanência do objeto se estende às pessoas, o que explica por ao limite clínico para problemas comportamentais e emocionais e / ou transtorno mental di -
que os bebês nessa idade não choram quando suas mães vão embora ("longe da vista, lon- agnosticável. Estudos que incluem amostras de comparação de crianças com desenvolvi-
ge da mente" ) mento típico (DT) destacam a diferença considerável no risco de psicopatologia, com o risco
relativo para jovens com DD (para jovens com DT) variando de 2,8–4,1 a 1.

Descobertas recentes na cognição infantil


Infância
Nas décadas de 1980 e 1990, os pesquisadores desenvolveram muitos novos métodos
para avaliar a compreensão dos bebês sobre o mundo com muito mais precisão e sutileza do Os bebês passam de um a dois anos de idade para um estágio de desenvolvimento co -
que Piaget era capaz de fazer em sua época. Desde então, muitos estudos baseados nesses nhecido como primeira infância. Nesse estágio, a transição de um bebê para a primeira in -
métodos sugerem que os bebês entendem muito mais sobre o mundo do que se pensava. fância é destacada por meio da autoconsciência, do desenvolvimento da maturidade no uso
da linguagem e da presença de memória e imaginação.
Com base em descobertas recentes, alguns pesquisadores (como Elizabeth Spelke e
Renee Baillargeon ) propuseram que a compreensão da permanência do objeto não é apren - Durante a infância, os bebês começam a aprender a andar, falar e tomar decisões por si
dida de forma alguma, mas compreende parte das capacidades cognitivas inatas de nossa mesmos. Uma característica importante desse período é o desenvolvimento da linguagem,
espécie. em que as crianças aprendem a se comunicar e expressar suas emoções e desejos por meio
de sons vocais, balbucios e, eventualmente, palavras. O autocontrole também começa a se
Outra pesquisa sugeriu que os bebês nos primeiros seis meses de vida podem ter uma desenvolver. Nessa idade, as crianças tomam a iniciativa de explorar, experimentar e apren -
compreensão de vários aspectos do mundo ao seu redor, incluindo: der com os erros. Cuidadores que incentivam as crianças a experimentar coisas novas e tes -
tar seus limites ajudam a criança a se tornar autônoma, autossuficiente e confiante. Se o cui -
uma cognição numérica precoce, ou seja, uma capacidade de representar números e
dador é superprotetor ou desaprova as ações independentes, a criança pode começar a du -
até mesmo computar os resultados das operações de adição e subtração;
vidar de suas habilidades e sentir vergonha do desejo de independência. O desenvolvimento
capacidade de inferir os objetivos das pessoas em seu ambiente; autonômico da criança é inibido, deixando-a menos preparada para lidar com o mundo no fu -
turo. As crianças também começam a se identificar nos papéis de gênero, agindo de acordo
capacidade de se engajar em raciocínio causal simples. com sua percepção do que um homem ou mulher deve fazer.

Socialmente, o período da infância é comumente chamado de "dois anos terríveis". As


crianças pequenas costumam usar suas novas habilidades de linguagem para expressar
Períodos críticos de desenvolvimento
seus desejos, mas muitas vezes são mal compreendidos pelos pais devido às suas habilida -
Existem períodos críticos na primeira infância e na infância durante os quais o desenvol - des de linguagem apenas começarem a se desenvolver. Uma pessoa neste estágio testando
vimento de certos sistemas perceptuais, sensório-motores, sociais e de linguagem depende sua independência é outra razão por trás do rótulo infame do palco. Acessos de raiva tam -
crucialmente da estimulação ambiental. Crianças selvagens como Genie, privadas de esti - bém são comuns.
mulação adequada, não conseguem adquirir habilidades importantes e são incapazes de
Infância

18 19
Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Erik Erikson divide a infância em quatro estágios, cada um com sua crise social distinta: escola em esportes, jogos e trabalho voluntário. As crianças que alcançam "sucesso na es-
cola ou nos jogos podem desenvolver um sentimento de competência".
Estágio 1: infância (0 a 1½) em que a crise psicossocial é confiança vs. Desconfiança
O "perigo durante este período é que os sentimentos de inadequação e inferioridade se
Estágio 2: Primeira infância (2½ a 3) em que a crise psicossocial é Autonomia vs. Vergo - desenvolvam. Pais e professores podem "minar" o desenvolvimento de uma criança, deixan -
nha e dúvida do de reconhecer as realizações ou sendo excessivamente críticos com os esforços da crian -
ça. Crianças que são "encorajadas e elogiadas" desenvolvem uma crença em sua competên -
Etapa 3: idade para brincar (3 a 5) em que a crise psicossocial é Iniciativa vs. Culpa.
cia. A falta de incentivo ou habilidade para se destacar leva a "sentimentos de inadequação e
(Esta fase também é chamada de "idade pré-escolar", "era exploratória" e "era do brinque -
inferioridade".
do". )
Os Centros de Controle de Doenças (CDC) dividem a meia infância em dois estágios, de
Etapa 4: idade escolar (5 a 12) em que a crise psicossocial é Indústria vs. Inferioridade
6 a 8 anos e de 9 a 11 anos, e fornecem "marcos de desenvolvimento para cada estágio".
Brincar (ou pré-escolar) entre 3 e 5 anos. Nos primeiros anos, as crianças são "comple -
Meia infância (7-10). Ao ingressar no ensino fundamental, as crianças dessa faixa etária
tamente dependentes dos cuidados de outras pessoas". Portanto, desenvolvem uma "rela -
começam a pensar no futuro e em seu "lugar no mundo". Trabalhar com outros alunos e de -
ção social" com seus cuidadores e, posteriormente, com seus familiares. Durante os anos
sejar sua amizade e aceitação torna-se mais importante. Isso leva a "mais independência
pré-escolares (3-5), eles "ampliam seus horizontes sociais" para incluir pessoas fora da famí -
dos pais e da família". Como alunos, eles desenvolvem as habilidades mentais e verbais "pa -
lia.
ra descrever experiências e falar sobre pensamentos e sentimentos". Eles se tornam menos
O pensamento pré - operacional e depois o operacional se desenvolve, o que significa egocêntricos e mostram "mais preocupação com os outros".
que as ações são reversíveis e o pensamento egocêntrico diminui.
Meia infância (9-11). Para crianças de 9 a 11 anos, "amizades e relacionamentos com
As habilidades motoras dos pré-escolares aumentam para que eles possam fazer mais colegas" aumentam em força, complexidade e importância. Isso resulta em maior "pressão
coisas sozinhos. Eles se tornam mais independentes. Não mais totalmente dependente do do grupo". Eles se tornam ainda menos dependentes de suas famílias e são desafiados aca -
cuidado dos outros, o mundo dessa faixa etária se expande. Mais pessoas têm um papel na demicamente. Para enfrentar esse desafio, eles aumentam sua capacidade de atenção e
formação de suas personalidades individuais. Crianças em idade pré-escolar exploram e aprendem a ver outros pontos de vista.
questionam seu mundo. Para Jean Piaget, a criança é " um pequeno cientista explorando e
refletindo sobre essas explorações para aumentar a competência" e isso é feito "de uma for -
ma muito independente". Adolescência
Brincar é uma atividade importante para crianças de 3 a 5 anos. Para Piaget, por meio A adolescência é o período da vida entre o início da puberdade e o pleno comprometi -
da brincadeira, "a criança atinge níveis mais elevados de desenvolvimento cognitivo". mento com um papel social adulto, como trabalhador, pai e / ou cidadão. É o período conhe-
cido pela formação da identidade pessoal e social (ver Erik Erikson ) e pela descoberta do
Em seu mundo expandido, as crianças na faixa etária de 3-5 tentam encontrar seu pró -
propósito moral (ver William Damon ). A inteligência é demonstrada através do uso lógico de
prio caminho. Se isso for feito de forma socialmente aceitável, a criança desenvolve a inicia -
símbolos relacionados a conceitos abstratos e raciocínio formal. Um retorno ao pensamento
tiva. Do contrário, a criança desenvolve culpa. Crianças que desenvolvem "culpa" em vez de
egocêntrico geralmente ocorre no início do período. Apenas 35% desenvolvem a capacidade
"iniciativa" fracassaram na crise psicossocial de Erikson para o grupo de 3-5 anos.
de raciocinar formalmente na adolescência ou na idade adulta. (Huitt, W. e Hummel, J. Janei-
ro de 1998)

Idade média da infância 6–12. Para Erik Erikson, a crise psicossocial durante a meia-
infância é Indústria vs. Inferioridade que, se atendida com sucesso, instila um senso de Com -
Está dividido em três partes, a saber:
petência na criança.
Adolescência precoce: 9 a 13 anos
Em todas as culturas, a meia-infância é uma época para desenvolver "habilidades que
serão necessárias em sua sociedade". A escola oferece uma arena na qual as crianças po - Adolescência média: 13 a 15 anos e
dem se ver como "trabalhadoras (e dignas)". Eles são "avaliados por seus trabalhos escola -
res e freqüentemente por sua indústria". Eles também podem desenvolver a indústria fora da Adolescência tardia: 15 a 18 anos

20 21
Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

A importante influência das mudanças biológicas e sociais experimentadas por mulheres


e homens na idade adulta média se reflete no fato de que a depressão é mais elevada aos
O adolescente inconscientemente explora questões como "Quem sou eu? Quem eu 48,5 anos em todo o mundo.
quero ser?" Como as crianças, os adolescentes devem explorar, testar limites, tornar-se au -
tônomos e se comprometer com uma identidade ou senso de identidade . Diferentes papéis,
comportamentos e ideologias devem ser experimentados para selecionar uma identidade. A
confusão de papéis e a incapacidade de escolher a vocação podem resultar do fracasso em Velhice
alcançar um senso de identidade por meio, por exemplo, de amigos.
A Organização Mundial de Saúde não encontra "nenhum acordo geral sobre a idade em
que uma pessoa envelhece". A maioria dos "países desenvolvidos" define a idade como 60
ou 65 anos. No entanto, nos países em desenvolvimento, a incapacidade de dar "contribui -
Início da idade adulta ção ativa" para a sociedade, e não a idade cronológica, marca o início da velhice. De acordo
com os estágios de desenvolvimento psicossocial de Erikson, a velhice é a fase em que os
A idade adulta inicial geralmente se refere ao período entre as idades de 18 a 29, e, de indivíduos avaliam a qualidade de suas vidas. Ao refletir sobre suas vidas, as pessoas nessa
acordo com teóricos como Erik Erikson, é um estágio em que o desenvolvimento se concen - faixa etária desenvolvem um sentimento de integridade se decidirem que suas vidas foram
tra principalmente na manutenção de relacionamentos . Os exemplos incluem criar laços de bem-sucedidas ou um sentimento de desespero se a avaliação de sua vida indicar um fra -
intimidade, manter amizades e, por fim, constituir uma família. Alguns teóricos afirmam que o casso em atingir seus objetivos.
desenvolvimento das habilidades de intimidade depende da resolução de estágios anteriores
de desenvolvimento. Um senso de identidade adquirido nos estágios anteriores também é Fisicamente, os idosos experimentam um declínio na força muscular, no tempo de rea -
necessário para que a intimidade se desenvolva. Se essa habilidade não for aprendida, a al - ção, na resistência, na audição, na percepção da distância e no olfato. Eles também são
ternativa é a alienação, o isolamento, o medo de se comprometer e a incapacidade de de - mais suscetíveis a doenças como câncer e pneumonia devido a um sistema imunológico en-
pender dos outros. fraquecido. Programas voltados para equilíbrio, força muscular e mobilidade mostraram redu -
zir a incapacidade entre idosos com deficiência leve (mas não mais severa).
Uma estrutura relacionada para estudar essa parte da expectativa de vida é a da idade
adulta emergente . Estudiosos da idade adulta emergente, como Jeffrey Arnett, não estão A expressão sexual depende em grande parte da saúde emocional e física do indivíduo.
necessariamente interessados no desenvolvimento de relacionamentos. Em vez disso, esse Muitos adultos mais velhos continuam sexualmente ativos e satisfeitos com sua atividade se -
conceito sugere que as pessoas fazem a transição após a adolescência para um período não xual.
caracterizado como construção de relacionamento e um senso geral de constância com a vi -
da, mas com anos de convivência com os pais, fases de autodescoberta e experimentação. A desintegração mental também pode ocorrer, levando à demência ou doenças como a
doença de Alzheimer . A idade média de início da demência nos homens é 78,8 e 81,9 nas
Meia idade adulta mulheres. Em geral, acredita-se que a inteligência cristalizada aumenta até a velhice, en -
quanto a inteligência fluida diminui com a idade. Se a inteligência normal aumenta ou diminui
A meia-idade geralmente se refere ao período entre 29 e 49 anos. Durante esse perío - com a idade depende da medida e do estudo. Estudos longitudinais mostram que a velocida-
do, os adultos de meia-idade vivenciam um conflito entre a geração e a estagnação. Eles po - de perceptiva, o raciocínio indutivo e a orientação espacial diminuem. Um artigo sobre o de -
dem ter a sensação de estar contribuindo para a sociedade, a próxima geração ou sua co - senvolvimento cognitivo de adultos relata que estudos transversais mostram que "algumas
munidade imediata; ou desenvolver uma sensação de falta de propósito. habilidades permaneceram estáveis até a velhice".
Fisicamente, a meia-idade experimenta um declínio na força muscular, tempo de rea -
ção, agudeza sensorial e débito cardíaco. Além disso, as mulheres experimentam a meno -
pausa em uma idade média de 48,8 anos e uma queda acentuada no hormônio estrogênio . Paternidade
Os homens experimentam um evento do sistema endócrino equivalente à menopausa. An -
dropausa em homens é uma flutuação hormonal com efeitos físicos e psicológicos que po - As variáveis parentais sozinhas costumam ser responsáveis por 20 a 50% da variação
dem ser semelhantes aos observados em mulheres na menopausa. À medida que os ho - nos resultados da criança.
mens envelhecem, os níveis de testosterona podem contribuir para as alterações de humor e
Todos os pais têm seus próprios estilos parentais. Os estilos parentais, de acordo com
para o declínio na contagem de esperma . A resposta sexual também pode ser afetada, inclu -
Kimberly Kopko, são "baseados em dois aspectos do comportamento dos pais: controle e
indo atrasos na ereção e períodos mais longos de estimulação peniana necessários para
cordialidade. O controle dos pais se refere ao grau em que os pais gerenciam o comporta -
atingir a ejaculação .

22 23
Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

mento dos filhos. O calor dos pais se refere ao grau em que os pais aceitam e respondem ao Fatores da mãe e do pai
comportamento de seus filhos. "
Os papéis dos pais no desenvolvimento infantil geralmente se concentram no papel da
mãe. A literatura recente, entretanto, considera o pai como tendo um papel importante no de -
senvolvimento infantil. Afirmando um papel para os pais, os estudos mostraram que crianças
Estilos parentais a partir dos 15 meses se beneficiam significativamente de um envolvimento substancial com
o pai. Em particular, um estudo realizado nos Estados Unidos e na Nova Zelândia descobriu
Os seguintes estilos parentais foram descritos na literatura sobre desenvolvimento in-
que a presença do pai natural foi o fator mais significativo na redução das taxas de atividade
fantil:
sexual precoce e de gravidez na adolescência em meninas. Além disso, outro argumento é
A paternidade autoritária é caracterizada como pais que têm grande cordialidade, recep - que nem a mãe nem o pai são realmente essenciais para o sucesso dos pais, e que pais sol -
tividade e exigência dos pais, mas têm baixa taxa de negatividade e conflito. Esses pais são teiros, bem como casais homossexuais, podem apoiar resultados positivos para os filhos. De
assertivos, mas não intrusivos ou excessivamente restritivos. Este método de educação está acordo com esse conjunto de pesquisas, as crianças precisam de pelo menos um adulto con -
associado a resultados sociais e acadêmicos mais positivos. Os resultados benéficos da pa - sistentemente responsável com quem possam ter uma conexão emocional positiva. Ter mais
ternidade autoritária não são necessariamente universais. Entre os adolescentes afro-ameri - de um desses números contribui para uma maior probabilidade de resultados positivos para
canos, a paternidade autoritária não está associada ao desempenho acadêmico sem o apoio a criança.
dos colegas para o desempenho. Filhos criados por pais autoritários têm "maior probabilida -
Divórcio
de de se tornarem independentes, autossuficientes, socialmente aceitos, bem-sucedidos
academicamente e bem comportados. Eles são menos propensos a relatar depressão e ansi - Outro fator parental frequentemente debatido em termos de seus efeitos no desenvolvi-
edade, e menos propensos a se envolver em comportamento antissocial, como delinquência mento infantil é o divórcio. O divórcio em si não é um fator determinante para os resultados
e uso de drogas. " negativos da criança. Na verdade, a maioria das crianças de famílias divorciadas se enqua-
dra na faixa normal nas medidas de funcionamento psicológico e cognitivo. Vários fatores de
A paternidade autoritária é caracterizada por baixos níveis de cordialidade e receptivida -
mediação desempenham um papel na determinação dos efeitos do divórcio sobre uma crian -
de com altos níveis de exigência e controle firme. Esses pais se concentram na obediência e
ça, por exemplo, divorciar famílias com filhos pequenos muitas vezes enfrenta consequên -
monitoram seus filhos regularmente. Em geral, esse estilo de educação está associado a re -
cias mais severas em termos de mudanças demográficas, sociais e econômicas do que famí -
sultados inadequados. Os resultados são mais prejudiciais para meninos de classe média do
lias com filhos mais velhos. A coparentalidade positiva após o divórcio faz parte de um pa -
que para meninas, meninas brancas em idade pré-escolar do que meninas negras na pré-
drão associado ao enfrentamento positivo dos filhos, enquanto os comportamentos parentais
escola e para meninos brancos do que hispânicos. Além disso, os efeitos negativos da cria -
hostis levam a um padrão destrutivo, deixando os filhos em risco. Além disso, a relação dire -
ção autoritária de pais entre os americanos de origem asiática podem ser compensados pelo
ta dos pais com a criança também afeta o desenvolvimento da criança após o divórcio. Em
apoio positivo de seus pares. Por fim, entre os afro-americanos, alguns elementos da educa -
geral, os fatores de proteção que facilitam o desenvolvimento positivo da criança após o di -
ção autoritária, como controle firme e disciplina física, não servem como fatores preditivos de
vórcio são o calor materno, a relação pai-filho positiva e a cooperação entre os pais.
resultados negativos.

A paternidade permissiva é caracterizada por altos níveis de responsividade combina -


dos com baixos níveis de exigência. Esses pais são tolerantes e não requerem necessaria -
mente um comportamento maduro. Eles permitem um alto grau de autorregulação e normal -
mente evitam o confronto. Em comparação com crianças criadas no estilo autoritário, as me - Psicologia da aprendizagem
ninas pré-escolares criadas em famílias permissivas são menos assertivas. Além disso, cri -
anças em idade pré-escolar de ambos os sexos são menos competentes em termos cogniti - Os processos de desenvolvimento e aprendizagem são distintos, entretanto, se relacio -
vos do que as crianças criadas sob estilos parentais autoritários. nam. Na psicologia existem diversas formas de interpretar os processos de desenvolvimento
e aprendizagem. Para Piaget (1976), a aprendizagem e o desenvolvimento são auto-regula-
Rejeitar ou negligenciar os pais é a categoria final. Isso é caracterizado por baixos ní - dos. O autor considera a linguagem falada como manifestação da função simbólica, quando
veis de exigência e capacidade de resposta. Esses pais normalmente não se envolvem com o indivíduo usa a capacidade de empregar símbolos para representar, o que reflete o desen -
a vida de seus filhos, não têm estrutura em seus estilos de criação e não dão apoio. As crian - volvimento intelectual, mas não o produz.
ças nesta categoria são normalmente as menos competentes de todas as categorias.

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Piaget considerou a linguagem como facilitadora, mas não como necessária ao desen- Dessa forma, Perrenoud (2000) convida a todos inseridos na ótica educacional, a repen -
volvimento intelectual. Para ele, a linguagem reflete, mas não produz inteligência. A única sar o currículo escolar, a sua prática pedagógica, a sua proposta político-pedagógica. É im -
forma de avançar a um nível intelectual mais elevado não é na linguagem com suas repre - prescindível que os educadores e gestores renovem-se, capacitem-se, buscando expandir os
sentações, e sim, por meio da ação (BRAGA, 2010). conhecimentos. Mas, não se pode impor às escolas ou aos educadores, o desafio da apren-
dizagem sem que as políticas públicas, o governo, a sociedade lhes deem meios necessá -
De acordo com Piaget (1976), o desenvolvimento humano obedece certos estágios, que rios para tal feito. É necessário que haja uma integração em prol da ampla formação educa -
se iniciam no nascimento e se consolidam por volta dos 16 anos. Os intervalos de tempo de cional.
cada um deles não são fixos, pois podem variar de acordo com as especificidades de cada
indivíduo, do ambiente em que vive e da cultura. Em relação às teorias do desenvolvimento, as ideias dos principais teóricos do interacio -
nismo construtivista, Wallon, Piaget e Vygotsky (LA TAILLE, 1992), divergem e convergem
Um dos estágios é o sensório-motor (do nascimento aos dois anos), em que a criança entre si. Iniciando essa reflexão, os estudiosos Piaget e Vygotsky (2002) possuem enormes
desenvolve um conjunto de esquemas de ação sobre o objeto, que lhe permite construir um divergências e também, várias convergências.
conhecimento físico da realidade e é capaz de fazer imitações, construindo representações
mentais cada vez mais complexas. No estágio pré-operatório (dos dois aos sete ou oito De acordo com Piaget (1976), o processo de conhecimento ocorre por intermédio da
anos), a criança inicia a construção da relação de causa e efeito, bem como das simboliza - compreensão de que o sujeito fragmenta seu mundo em estágios, em que cada novo estágio
ções. É a chamada idade dos porquês e do faz de conta (DEESE; BRAGA, 2010). transcorre somente quando se tem o equilíbrio que é fruto das assimilações e acomodações
realizadas no estágio anterior. Nesse âmbito, o conhecimento ocorre posteriormente à ação
No estágio operatório-concreto (dos sete aos onze ou doze anos), a criança começa a do sujeito em relação à realidade.
construir conceitos através de estruturas lógicas, consolida a observação de quantidade e
constrói o conceito de número. Por fim, no estágio operatório-formal (dos onze ou doze anos Entretanto, em sua teoria histórico-cultural, Vygotsky (2002), afirma que o sujeito é parti -
em diante), é a fase em que o adolescente constrói o pensamento abstrato, conseguindo ter cipativo, posto que estabelece conhecimento como consequência das relações intra e inter -
em conta, as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista, e sendo capaz de pensar ci - pessoais. O conhecimento, portanto, para Vygotsky, é oriundo das relações. Não obstante, o
entificamente (PIAGET, 1976; BRAGA, 2010). que há de mais significativo, é que tanto Vygotsky quanto Piaget concordam com o papel re -
levante da criança na construção do conhecimento.
Já as contribuições do psicólogo francês, Henri Wallon, permeiam a concepção dialética
do desenvolvimento infantil, em que o sujeito é determinado fisiológica e socialmente. Para Segundo estudos de Piaget (1976), a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento
este estudioso, o desenvolvimento se dá na relação do organismo do recém-nascido com o de estruturas cognitivas, e dessa forma, na maioria das vezes, indica as aplicações didático-
meio humano (WALLON, apud ALMEIDA, 2000). pedagógicas. Conforme Vygotsky (2002), que é o criador da teoria sociointeracionista, há re -
lações correspondentes entre a aprendizagem e o desenvolvimento, uma vez que esta esti -
A teoria walloniana reconhece a interdependência entre desenvolvimento intelectual e mula o desenvolvimento, acabando por criar patamares inovadores para a aprendizagem.
conhecimento, infundindo uma pedagogia em que os conteúdos de ensino possuem um sig - Nesse âmbito, o desenvolvimento se difunde por intermédio das interações sociais, suceden -
nificativo papel WALLON (2007). Outro fator relevante na teoria de Wallon é o meio, porque é do, desse modo, a aprendizagem.
compreendido como o campo em que a criança pratica as condutas de que possui, e dele re -
colhe os recursos para efetivar a sua ação (DEESE, 2005). As divergências comuns sobrevêm da discordância da cerne dos estudos dos pesquisa -
dores. O interesse essencial de Piaget era analisar o desenvolvimento das estruturas lógi -
Wallon compreende que, através do desenvolvimento aumentam as possibilidades de cas, já Vygotsky ansiava compreender a relação do pensamento com a linguagem e suas in -
acesso da criança às diversas dimensões do meio, e assim, cada fase do desenvolvimento ferências no processo de desenvolvimento intelectual.
estabelece um forma de se relacionar com o ambiente, o que pode-se constatar que a cada
idade é distinto o meio em que a criança convive (ALMEIDA, 2000). Contudo, a maior divergência entre os dois estudiosos mencionados, trata-se da relação
entre a linguagem e o pensamento. Segundo Piaget (1976), a aprendizagem decorre do es-
Outra contribuição importante nesse contexto, vem de Perrenoud (2000), acerca do con- tágio de desenvolvimento alcançado pelo sujeito. Entretanto, de acordo com os estudos de
ceito de competência, que para ele, é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cog - Vygotsky (2002), a aprendizagem beneficia o desenvolvimento das funções mentais. Porém,
nitivos capazes de solucionar uma série de situações. A competência seria adquirida através ainda que sejam distintas as posições teóricas dos dois cientistas, os dois dão ênfase à ne -
de conhecimentos acumulados e de outras habilidades desenvolvidas, a partir das experiên - cessidade de compreensão da gênese dos processos cognitivos.
cias vivenciadas.

26 27
Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Ademais, Piaget e Vygotsky consideram a interação do indivíduo com o ambiente e visu - ções, com competência para desenvolver um trabalho, que estimulará a sensibilidade e disci -
alizam o indivíduo como sujeito que age no processo de seu desenvolvimento próprio. Nesse plina em seus alunos.
contexto, Wallon afirma que não há pensamento sem linguagem e vice-versa.

Uma diferença entre a teoria de Wallon (1999, 2007) e a de Piaget (1976) refere-se ao
objeto de estudo, pois enquanto Piaget interessava entender o desenvolvimento do conheci - Psicologia educacional
mento, Wallon buscou compreender o desenvolvimento psicológico da criança.
A psicologia educacional é a área de estudo que tem como objetivo se aprofundar nos
Em sua proposta, Paulo Freire (1982) enfatiza a experiência do educando como ponto métodos e abordagens relativos ao processo de aprendizagem e ensino. Nesse sentido, são
de partida na aprendizagem e ressalta que, através do diálogo, o aluno constrói o conheci - estudadas técnicas e estratégias educacionais sempre com o objetivo de melhorar o ensino
mento, uma vez que é o agente da aprendizagem. Freire critica a educação bancária que de - e, consequentemente, a aprendizagem dos alunos.
posita informações aleatórias, pois, para ele, aprender é realizado de acordo com as expe -
riências vivenciadas de cada aluno, conforme a sua visão de mundo. Apesar de serem muitas vezes utilizados como sinônimos, os termos psicologia educa -
cional e psicologia escolar não são sinônimos. Enquanto psicologia educacional se refere à
O processo de alfabetização, ao longo do tempo, tem sido organizado e orientado por pesquisa teórica, sendo assim mais abrangente, a psicologia escolar assim como a psicope -
metodologias propostas nas cartilhas. Essas metodologias supõem que os alfabetizandos dagogia são subdisciplinas aplicadas.
detêm os mesmos conhecimentos e as mesmas experiências com a escrita, ou seja, presu -
mem que as crianças chegam à escola sem construções teórico-práticas, a respeito do ler e É dado o nome de Psicologia da Educação ao segmento de estudos e pesquisas que vi -
do escrever. Por essa razão, a proposta escolar de alfabetização tem o mesmo ponto de par - sam descrever os processos psicológicos presentes na educação. Teóricos como Sigmund
tida sem considerar os diferentes níveis ou graus de inserção da criança no mundo letrado Freud, Jean Piaget, Frantz Fanon, Burrhus Frederic Skinner, Carl Rogers, Lev Vygotsky e
(KRAMER, 2000). Alexander Luria, são tidos como precursores dos estudos em Psicologia da Educação. São
referenciais comuns aos cursos de Pedagogia, Normal Superior e demais licenciaturas, re-
As fases da aquisição da escrita são a pré-silábica, a silábica, silábica alfabética e a fa - presentando, cada um, vertentes do pensamento psicológico educacional. É comum na Psi -
se alfabética. Cada uma tem as características. Na pré-silábica, a escrita é uma forma de re - cologia da Educação referir-se à educação da criança e do adolescente, mas também à edu -
presentação; o aluno pode usar letras ou pseudoletras, garatujas, números; ele ainda não cação do adulto (Pedagogia e Andragogia).
compreende que a escrita é a representação da fala, pois vai direto para o significado, sem
passar para a sonora e relaciona o tamanho da palavra com o tamanho do objeto (BOCK,
2002).
Áreas de atuação do psicopedagogo
Na fase silábica, sem valor sonoro, o educando ainda não faz relação do som com a
O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e terapêutica, para
grafia. Usa uma letra para representar cada sílaba, sem se preocupar com o valor sonoro.
compreender os processos de desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a
Na fase silábica, com valor sonoro, a escrita representa a fala; a criança percebe a relação
várias estratégias, objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir. Numa linha pre -
de som com a grafia e escreve uma letra para cada sílaba (MATÊNCIO, 2008).
ventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação
Na fase silábica-alfabética, o aluno apresenta a escrita algumas vezes com sílabas com - de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva,
pletas e outras incompletas; alterna escrita silábica com alfabética. E por último, na fase alfa - cabe ao psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; par -
bética, o aluno faz a correspondência entre fonemas (som) e grafemas (letras); ele escreve ticipar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de
como fala. Assim, o professor deve conhecer cada fase em que o aluno se encontra e apri - integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características
morar os seus saberes para que superem as dificuldades (OLIVEIRA, 2002). dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacio-
nal, tanto na forma individual quanto em grupo. Numa linha terapêutica, o psicopedagogo tra-
Assim, desse modo, o professor deve conhecer cada teoria e a partir do conhecimento ta das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas,
adquirido, saber aplicar os estudos, aprimorando os seus saberes e os dos seus alunos para orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psi -
que superem as dificuldades apresentadas no que se referer à aprendizagem e aquisição do cológica, psicomotora. fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são multifatoriais
conhecimento (DEESE, 2005; CORREIA; MARTINS, 2005; WALLON, 2007). em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional deve ser um mediador
em todo esse processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da
Para desenvolver um trabalho de qualidade, o professor precisa dedicar-se a pesquisa e pedagogia. O psicopedagogo pode atuar tanto na Saúde como na Educação, já que o seu
trocar experiências com os colegas de docência. Dessa forma, o professor reunirá informa -

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

saber visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana. Da mesma for- tuições. Inspirando-nos em Rivière (1994), um dos que se preocuparam com a questão
ma, pode trabalhar com crianças hospitalizadas e seu processo de aprendizagem em parce - "GRUPO", verifica-se a importância de se trabalhar estas instituições: “A aprendizagem é
ria com a equipe multidisciplinar da instituição hospitalar, tais como psicólogos, assistentes uma apropriação instrumental da realidade para transformar-se e transformá-la. Essa apro -
sociais, enfermeiros e médicos. No campo empresarial, o psicopedagogo pode contribuir priação possibilita uma intervenção que gera mudanças em si, e no contexto que se dá. Ca -
com as relações, ou seja, com a melhoria da qualidade das relações inter e intrapessoais racteriza-se também, por ser uma adaptação ativa, constante na realidade. Implica, portanto,
dos indivíduos que trabalham na empresa. em estruturação, desestruturação e restruturação. Isso gera tensão a qual necessita não
apenas ser descarregada, mas revitalizada, renovada, enriquecida”. (1994, p.45)

Partindo da Teoria do Vínculo de Pichon-Rivière, a investigação deveria se dar em três


Psicologia escolar dimensões: individual, grupal, institucional ou sociedade, que nos permitiria três tipos de
análise:
Os psicólogos educacionais desenvolvem o seu trabalho em conjunto com os educado-
res de forma a tornar o processo de aprendizagem mais efetivo e significativo para o educan - • Psicossocial - que parte do indivíduo para fora;
do, principalmente no que diz respeito à motivação e às dificuldades de aprendizagem. Fo -
cam a sua ação não apenas nas necessidades da criança na escola como, também, noutras • Sociodinâmica - que analisa o grupo como estrutura;
áreas onde as experiências escolares têm impacto. Alguns psicólogos escolares centram o
seu trabalho no desenvolvimento das capacidades e necessidades das crianças com dificul - • Institucional - que toma todo um grupo, toda uma instituição ou todo um país como ob -
dades de aprendizagem, como no caso da Desordem por deficit de atenção com hiperativida - jeto de investigação.
de, problemas emocionais ou problemas comportamentais. O fato de uma instituição escolar
O trabalho do psicopedagogo se dá numa situação de relação entre pessoas. Não é
ter em seu quadro um psicopedagogo institucional contratado, não invalida ou, não substitui
uma relação qualquer, mas um encontro entre educador e educando, em que o psicopedago -
as tarefas que só podem ser executadas por um assessor, ou seja, alguém que vem de fora,
go precisa assumir sua função de educador, numa postura que se traduz em interesse pes -
vê de fora, pontua, revela, identifica o latente naquilo que está manifesto.
soal e humano, que permite o desabrochar das energias criadoras, trazendo de dentro do
“A psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o sujeito que aprende, aquilo que educando capacidades e possibilidades muitas vezes desconhecidas dele mesmo e incenti -
ele está apontando como a escola em seu conteúdo sociocultural. É uma área das Ciências vando-o a procurar seu próprio caminho e a caminhar com seus próprios pés, este é o objeti -
Humanas que se dedica ao estudo dos processos de aprendizagem. Podemos hoje afirmar vo deste profissional.
que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois se constitui a partir de uma nova
Para Weiss, “a Psicopedagogia na escola desenvolve um trabalho em que se busca a
compreensão acerca da complexidade dos processos de aprendizagem e, dentro desta pers -
melhoria das relações com a aprendizagem” (1992,p.6). A autora ainda explica que a quali -
pectiva, das suas deficiências.”(Nívea M. C. Fabrício).
dade na construção da aprendizagem de alunos e educadores também é parte do trabalho
da psicopedagogo.

Função do psicopedagogo na instituição Weiss (1992), afirma que o papel da Psicopedagogia na escola não deve ser encarado
como recurso para evitar o fracasso escolar, nem mesmo para melhorar o rendimento dos
A Psicopedagogia vem atuando com muito sucesso nas diversas Instituições, sejam es- alunos, pois estes fatos implicam outros aspectos como alunos, professores, técnicos e equi -
colas, hospitais e empresas. Weiss (1992) explica que em relação à instituição, “Seu papel é pe de apoio refletirem e buscarem um denominador comum em relação à aprendizagem. O
analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam uma boa aprendiza - trabalho do psicopedagogo possibilita a reflexão, a adoção de medidas e mudanças de atitu -
gem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos favoráveis a mu - des sobre diferentes caminhos existentes na produção do conhecimento em diferentes for -
danças, também psicoprofiláticamente”. (Weiss, 1992, p.4) mas e níveis.

A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos,


que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promo -
vem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no ma -
nejo instrumental da realidade.

Na Argentina e na França (Polos Culturais), este trabalho já vem sendo desenvolvido há


anos, tendo o psicopedagogo papel indispensável nas equipes multidisciplinares destas insti -

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Problemas de Aprendizagem
Os problemas de aprendizagem referem-se a dificuldades persistentes na aquisição e 7. Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC):
uso da linguagem, leitura, escrita, raciocínio matemático ou habilidades sociais. Esses desa -
- Dificuldades na coordenação motora, que podem afetar atividades físicas, habilida -
fios podem afetar crianças e adultos e são geralmente identificados quando há um descom -
des motoras finas e tarefas que exigem destreza manual.
passo significativo entre o potencial do indivíduo e suas realizações acadêmicas. Alguns dos
problemas de aprendizagem mais comuns incluem:

8. Transtorno de Aprendizagem Não Verbal (TANV):

1. Dislexia: - Dificuldades nas habilidades não verbais, como a interpretação de pistas sociais, re -
conhecimento de expressões faciais e compreensão de piadas.
- Dificuldades na leitura, como dificuldade em associar sons a letras, decodificação de
palavras e compreensão de texto.

9. Transtorno Específico da Linguagem (TEL):

2. Discalculia: - Dificuldades na compreensão e uso da linguagem, que podem afetar a comunicação


verbal e não verbal.
- Dificuldades com conceitos matemáticos, incluindo dificuldades em entender núme -
ros, realizar cálculos e resolver problemas matemáticos.

10. Transtornos de Aprendizagem Não Especificados (TANE):

3. Disgrafia: - Pode incluir uma variedade de desafios acadêmicos que não se enquadram em ca -
tegorias específicas, mas ainda impactam significativamente o aprendizado.
- Dificuldades na habilidade de escrever, incluindo problemas com a coordenação mo -
tora fina, caligrafia e organização espacial no papel.

É importante notar que os problemas de aprendizagem não estão relacionados à inteli -


gência. Indivíduos com problemas de aprendizagem geralmente têm habilidades cognitivas
4. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): normais ou até mesmo acima da média em algumas áreas. A identificação precoce e a inter -
- Dificuldades em manter a atenção, controle de impulsos e atividade motora excessi - venção são fundamentais para ajudar os indivíduos a superar esses desafios e alcançar seu
va, o que pode afetar negativamente o desempenho acadêmico. pleno potencial acadêmico e social. Profissionais de educação especial, psicólogos escola -
res e profissionais de saúde são frequentemente envolvidos na avaliação e no suporte a pes -
soas com problemas de aprendizagem.

5. Transtorno do Processamento Auditivo (TPA):

- Dificuldades na percepção e interpretação de informações auditivas, o que pode im -


pactar a compreensão da linguagem falada.
O papel da psicologia e os problemas de aprendizagem
A psicologia desempenha um papel crucial no entendimento e no suporte aos problemas
6. Transtorno do Processamento Visual (TPV): de aprendizagem. Profissionais de psicologia, especialmente aqueles especializados em psi -
cologia educacional e psicologia clínica, podem oferecer uma variedade de serviços para au -
- Dificuldades na interpretação de informações visuais, afetando a compreensão de
xiliar indivíduos com desafios de aprendizagem. Maneiras específicas pelas quais a psicolo -
gráficos, mapas e outras informações visuais.
gia pode ser útil nesse contexto:

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

1. Avaliação Psicológica: 7. Treinamento em Estratégias de Estudo:

- Psicólogos realizam avaliações abrangentes para identificar padrões de habilidades - Psicólogos podem ensinar estratégias eficazes de estudo, organização e gerencia -
e desafios específicos. Essas avaliações podem incluir testes cognitivos, avaliações emocio - mento do tempo para melhorar a eficiência do aprendizado.
nais e observações comportamentais.

8. Avaliação da Saúde Mental:


2. Diagnóstico Diferencial:
- A psicologia pode avaliar e tratar questões de saúde mental associadas aos proble -
- A psicologia ajuda a distinguir entre diferentes problemas de aprendizagem, como mas de aprendizagem, como ansiedade escolar, depressão ou problemas de comportamen -
dislexia, discalculia, TDAH, entre outros, para garantir um plano de intervenção personaliza - to.
do.

9. Desenvolvimento de Habilidades Socioemocionais:


3. Intervenções Psicoeducacionais:
- Além das habilidades acadêmicas, a psicologia pode focar no desenvolvimento de
- Psicólogos educacionais podem desenvolver programas de intervenção específicos habilidades socioemocionais, como resiliência, empatia e autocontrole.
para atender às necessidades individuais dos alunos. Isso pode incluir estratégias de ensino
personalizadas, modificações curriculares e apoio adicional.
10. Colaboração Interdisciplinar:

4. Apoio à Autoestima: - Psicólogos muitas vezes colaboram com outros profissionais, como educadores, fo -
noaudiólogos, terapeutas ocupacionais e médicos, para garantir uma abordagem abrangente
- Indivíduos com problemas de aprendizagem podem enfrentar desafios emocionais e e integrada.
de autoestima. A psicologia oferece apoio emocional para ajudar a lidar com a frustração, a
ansiedade e a construir uma autoimagem positiva.
11. Plano de Transição:

5. Treinamento de Habilidades Sociais: - Para estudantes que estão fazendo a transição de uma etapa educacional para ou-
tra, os psicólogos podem ajudar a desenvolver planos para apoiar a transição suave.
- A psicologia pode oferecer treinamento em habilidades sociais para ajudar os alunos
a desenvolver relacionamentos interpessoais e lidar com desafios sociais relacionados à
aprendizagem.
A abordagem da psicologia nos problemas de aprendizagem é holística, considerando
não apenas as dificuldades acadêmicas, mas também os fatores emocionais, sociais e com -
portamentais que podem influenciar o aprendizado. A colaboração entre profissionais de psi -
6. Apoio às Famílias: cologia, educadores, pais e outros profissionais é essencial para criar um ambiente de apoio
eficaz.
- Psicólogos trabalham com as famílias para fornecer orientação e apoio. Isso pode in -
cluir educação sobre os desafios específicos enfrentados pelo indivíduo, estratégias de su -
porte em casa e promoção da comunicação entre a escola e a família.

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Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e educacional

Anotações:
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Referências:
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Relações interpessoais e ética no serviço público Relações interpessoais e ética no serviço público

Relacionamento interpessoal é um conceito do âmbito da sociolo-


gia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais pessoas.
Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto onde ele está in-
serido, podendo ser um contexto familiar, escolar, de trabalho ou de
comunidade.

O relacionamento interpessoal implica uma relação social, ou seja,


um conjunto de normas comportamentais que orientam as interações
entre membros de uma sociedade. O conceito de relação social, da
área da sociologia, foi estudado e desenvolvido por Max Weber.

O conteúdo de um relacionamento interpessoal pode ocorrer em


vários níveis e envolver diferentes sentimentos como o amor, compai-
xão, amizade e valores compartilhados.

Por outro lado, pode ser marcado por outras situações como lití-

Relações interpessoais e gios, disputas, inimizades, ou outras formas de conflito interpessoal.


Os conflitos surgem de divergências e falhas de comunicação entre
dois ou mais indivíduos.
ética no serviço público
Comportamento Organizacional
Comportamento organizacional é o estudo de três fatores determi-
nantes do comportamento das organizações: indivíduos, grupos e es-
trutura.

Comportamento individual

O estudo do comportamento individual busca entender os objeti-


vos, interesses, competências, valores, motivações, percepções, atitu-
des e o nível de rendimento de um colaborador.

Além disso, também ajuda a compreender a forma como o colabo-


rador se adéqua à cultura da empresa e às regras, de modo a identifi -
car pontos que afetam a produtividade e a qualidade no trabalho.

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Relações interpessoais e ética no serviço público Relações interpessoais e ética no serviço público

Comportamento grupal Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem,
é não prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os valores estabeleci-
O foco do estudo está nas relações interpessoais e em como os co-
dos pela sociedade em que se vive.
laboradores se comportam em conjunto. Fatores como comunicação,
tomada de decisão coletiva e convivência fazem parte dessa análise. O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as ativi-
dades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela soci-
O estudo do comportamento grupal também busca entender a for-
edade e pelo seu grupo de trabalho.
ma como as equipes trabalham para atingir os objetivos da empresa,
como reagem às regras e como as divergências e conflitos são resolvi- Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar
dos. ligeiramente, graças a diferentes áreas de atuação.

Quando o comportamento grupal propicia um ambiente de qualida- No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e
de, as equipes obtêm mais sucesso em sua atuação conjunta, maior por isso aplicáveis a qualquer atividade profissional, como a honestida-
motivação e satisfação com seu ambiente de trabalho. de, responsabilidade, competência etc.

Por meio do estudo do comportamento organizacional, é possível


perceber as potencialidades e fraquezas dos profissionais e, posterior -
mente, elaborar um plano de desenvolvimento. Ética no serviço público

Cabe à empresa construir uma cultura organizacional clara e trans- Os servidores públicos possuem um vínculo de trabalho profissional
parente, que reflita verdadeiramente seus valores e sua missão e que com órgãos e entidades do governo. Dentro do setor público, todas as
ofereça um ambiente propício ao desenvolvimento de um comporta- atividades do governo afetam a vida de um país. Por isso, é necessário
mento adequado. que os servidores apliquem os valores éticos para que os cidadãos
possam acreditar na eficiência dos serviços públicos.

Existem normas de conduta que norteiam o comportamento do


Cultura organizacional servidor, dentre elas estão os códigos de ética. Assim, é missão deles
serem leais aos princípios éticos e as leis acima das vantagens finan-
A cultura organizacional é a identidade corporativa, ou seja, um
ceiras do cargo e ou qualquer outro interesse particular.
conjunto de valores, crenças e comportamentos compartilhados e efe -
tivamente praticados (não basta ficar apenas nos manuais). A cultura As próprias leis possuem sanções e mecanismos que penalizam
cria diferenciais e até mesmo torna a empresa uma referência no se- servidores públicos que agem em desacordo com suas atividades, um
tor. exemplo é a Lei de Improbidade Administrativa.

Os códigos de ética tanto o federal, estadual ou quanto os munici -


pais, são um conjunto de normas que dizem respeito à conduta dos
Ética profissional
servidores dentro de seu serviço, além de penalidades a serem aplica -
Ética profissional é o conjunto de normas que formam a consciên- das pelo não cumprimento dessas normas. Ambos possuem uma Co-
cia do profissional e representam imperativos de sua conduta. missão de Ética responsável por julgar os casos referentes à ética no
serviço público.

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Relações interpessoais e ética no serviço público Relações interpessoais e ética no serviço público

O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético mum, mas sim de uma moral jurídica. Ao legal, deve ser agregado o
de sua conduta. honesto e o conveniente aos interesses sociais e coletivos.

A moralidade da Administração Pública é clareada no Código Ética Publicidade: é o princípio que se reconhece a obrigatoriedade da
Funcional, quando relata que aquela não deve se limitar somente com transparência. Corresponde ao direito que tem os cidadãos de conhe-
a distinção ente o bem e o mal. O fim almejado deve ser sempre o cer os atos e ações do gestor público.
bem comum.
Eficiência: é o mais moderno princípio. Foi inserido através da
O agente público tem o dever de buscar o equilíbrio entre a legali- Emenda Constitucional nº 19/98. Consiste na imposição ao servidor
dade e a finalidade na tentativa de proporcionar a consolidação da mo- público de desenvolver suas funções com competência e eficiência e
ralidade do ato administrativo praticado. não apenas dentro da legalidade, mas, também, apresentando resulta-
do positivo de suas ações no atendimento ao cidadão.
Os códigos informam os princípios e deveres dos servidores públi-
cos como decoro, zelo, dignidade, eficácia e honra, além de outras
qualidades do servidor, suas obrigações que visam o bem estar da po -
Além destes princípios a Administração Pública deve atuar tendo
pulação, bem como as proibições e punições derivadas do serviço irre -
em vista a eficácia, a racionalização, a presteza, a razoabilidade, a
gular de suas funções, que relembram os princípios fundamentais da
economicidade, a Probidade Administrativa (este princípio é obrigató-
administração pública.
rio à ação do administrador público, vez que há normas éticas a acatar
Princípios Constitucionais: Art. 37, da Constituição Federal de 1988. e reverenciar, sob pena de o administrador ser incompatibilizado para
a função pública de que está investido).
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência.

Legalidade: também chamado de princípio do procedimento for-


mal, é a conformidade dos atos e fatos com a lei, na consecução do in -
teresse público. Só é permitido o que a Lei facultar.

Impessoalidade: na Administração Pública não há vontade pesso-


al, há apenas o condicionamento à norma legal. O Administrador Públi-
co age em defesa dos interesses públicos coletivos, e nunca em seu
interesse pessoal ou de apenas alguns a quem pretenda favorecer. As
relações da sociedade se dão com os órgãos, não com os servidores.

Moralidade: a moral administrativa exige a conformação do ato


não só com a Lei, mas também com o interesse coletivo, inseparável
da atividade administrativa, constituindo-se no pressuposto básico
para a validade dos atos administrativos. Não se trata de moral co -

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Relações interpessoais e ética no serviço público

Anotações: Conforme descrito no site, legislações são enviadas de forma literal (uma
cópia de cada legislação, compactadas em formato ZIP)
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_______________________________________________________________________ O arquivo está no formato .ZIP (Compactado), é necessário descompactar para
_______________________________________________________________________ acessar os arquivos em PDF. Geralmente seu celular ou computador já possui
suporte para arquivos descompactados, caso não possua, você poderá baixar
_______________________________________________________________________ gratuitamente aplicativos como “WinRar, WinZip, Izip, 7zipper, entre outros”.
_______________________________________________________________________ Se precisar de ajuda, entre em contato conosco.

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