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Amanda Alencar Machado Rolim, Siena Sales Freitas Guerra, Mônica Mota Tassigny

Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no


desenvolvimento infantil
A reading of Vygotsky on the play in learning and child development

Amanda Alencar Machado Rolim1


Siena Sales Freitas Guerra2
Mônica Mota Tassigny3

Resumo

Dentre os vários aspectos ligados à infância, elegemos como objeto desta investigação algumas questões
presentes no ato de brincar da criança, atividade considerada importante para o desenvolvimento infantil,
segundo muitas perspectivas teóricas na Psicologia. Focamos as análises nos conceitos desenvolvidos por Lev
S. Vygotsky, percorrendo suas principais contribuições sobre o tema. O presente estudo teve como objetivo
analisar a relação do lúdico com o desenvolvimento e a aprendizagem. Tratou-se de pesquisa bibliográfica.
Como resultado, foi possível mostrar o quanto o brincar é imprescindível para o desenvolvimento infantil e o
quanto fundamenta a aprendizagem por meio de avanços sociais e cognitivos mediados pelo brinquedo.

Palavras-chave: Brincar. Desenvolvimento. Aprendizagem.

Abstract

Between some aspects of the childhood, this work is about issues of children play. This activity is considerated very important
for their development. Taking a closed look, I used Lev S. Vygotsky’s concepts. This work aims to analyse the relation between playful,
development and learning. This subject is very studied currently. I used bibliographical research and reading of periodics. Because of this
work, it was possible to show how to play is important for the infantile development, and how to play bases learning through cogntive
advances allowed by the use of toys.

Keywords: To play. Development. Learning.

Introdução compreender a origem e o desenvolvimento dos


processos psicológicos ao longo da história da espécie
A brincadeira tem sido fonte de pesquisa na Psi- humana, levando sempre em conta a individualidade
cologia devido a sua influência no desenvolvimento de cada sujeito, o qual está imerso no meio cultural
infantil e pela motivação interna para tal atividade. O que o define. Para ele, o homem constitui-se enquanto
brincar, tão característico da infância, traz inúmeras ser social e necessita do outro para desenvolver-se.
vantagens para a constituição da criança, proporcio- Vygotsky, ao longo de sua obra, discute aspectos da
nando a capacitação de uma série de experiências que infância, destacando-se suas contribuições acerca do
irão contribuir para o desenvolvimento futuro dela. papel que o brinquedo desempenha, fazendo referência
Um dos pensadores que desenvolveu uma teoria a sua capacidade de estruturar o funcionamento
sobre o tema foi Lev S. Vygotsky, o qual buscou psíquico da criança.

1
Graduanda do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza-UNIFOR. Email: amanda_rolim@hotmail.com
2
Graduanda do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza-UNIFOR. Monitora da disciplina de Pesquisa em Psicologia I. Email: sienaguerra@
hotmail.com
3
Professora Doutora da Universidade de Fortaleza-UNIFOR Email: monicam@secrel.com.br

176 Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 23, n. 2, p. 176-180, jul./dez. 2008.


Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil

Vygotsky fala que o brinquedo ajudará a mundo de faz de conta consciente, porém capaz de
desenvolver uma diferenciação entre a ação e o reproduzir as relações que observa em seu cotidiano,
significado. A criança, com o seu evoluir, passa a vivenciando simbolicamente diferentes papéis,
estabelecer relação entre o seu brincar e a idéia que se exercitando sua capacidade de generalizar e abstrair”
tem dele, deixando de ser dependente dos estímulos (MELO & VALLE, 2005, p. 45). A brincadeira
físicos, ou seja, do ambiente concreto que a rodeia. proporciona à criança um contato com sentimentos
O brincar relaciona-se ainda com a aprendiza- de alegria, sucesso, realizações de seus desejos, bem
gem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside a base como o sentimento de frustração. Esse jogo de emoções
daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendiza- a ajuda a estruturar sua personalidade e a lidar com
gens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma angústias.
proposta educacional para o enfrentamento das dificul- O brincar prepara para futuras atividades de
dades no processo ensino-aprendizagem. trabalho: evoca atenção e concentração, estimula a
auto-estima e ajuda a desenvolver relações de confiança
1 Noções gerais sobre o brincar consigo e com os outros. Colabora para que a criança
trabalhe sua relação com o mundo, dividindo espaços
Ao consultar um dicionário, deparamo-nos e experiências com outras pessoas.
com diversos significados para a palavra brincar, e “Nenhuma criança brinca só para passar o tempo,
todos eles nos passam a idéia de diversão, distração, sua escolha é motivada por processos íntimos,
agitação, faz de conta. A brincadeira é o lúdico em ação. desejos, problemas, ansiedades. O que está
Brincar é importante em todas as fases da vida, mas na acontecendo com a mente da criança determina
infância ele é ainda mais essencial: não é apenas um suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem
entretenimento, mas, também, aprendizagem. A criança, secreta, que devemos respeitar mesmo se não a
ao brincar, expressa sua linguagem por meio de gestos entendemos.” (GARDNEI apud FERREIRA;
e atitudes, as quais estão repletas de significados, visto MISSE; BONADIO, 2004)
que ela investe sua afetividade nessa atividade. Por Todos esses benefícios do brincar devem
isso a brincadeira deve ser encarada como algo sério e ser reforçados no meio escolar. Como já foi dito, a
que é fundamental para o desenvolvimento infantil. brincadeira facilita o aprendizado e ativa a criatividade,
As crianças utilizam o brinquedo para externar ou seja, contribui diretamente para a construção do
suas emoções, construindo um mundo a seu modo e, conhecimento. Portanto os professores devem estar
dessa forma, questionam o universo dos adultos. Elas atentos para essa prática lúdica e aprimorar uma
já nascem em um meio pautado por regras sociais e o contextualização para as brincadeiras. Por meio da
seu eu deve adaptar-se a essas normas. Na brincadeira, observação do brincar, os educadores são capazes de
ocorre o processo contrário: são as normas que se compreender as necessidades de cada criança, os seus
encaixam em seu mundo. Não é uma tentativa de fuga níveis de desenvolvimento, a sua organização e, a
da realidade, mas, sim, uma busca por conhecê-la cada partir daí, de planejar ações pedagógicas.
vez mais. No brincar, a criança constrói e recria um Segundo Melo e Valle (2005), é por meio do
mundo onde seu espaço esteja garantido. As pressões brinquedo e de sua ação lúdica que a criança expressa
sofridas no cotidiano de uma criança são compensadas sua realidade, ordenando e desordenando, construindo
por sua capacidade de imaginar; assim, fantasias de e desconstruindo um mundo que lhe seja significativo
super-heróis, por exemplo, são construídas. (MELO & e que corresponda às necessidades intrínsecas para seu
VALLE, 2005) desenvolvimento global. O brincar estimula a criança
Aberastury (1972) complementa enfatizando em várias dimensões, como a intelectual, a social e
que a brincadeira infantil é um meio de pôr para fora a física. A brincadeira a leva para novos espaços de
os medos, as angústias e os problemas que a criança compreensão que a encorajam a prosseguir, a crescer
enfrentou. Por meio do brinquedo, ela revive de e a aprender.
maneira ativa tudo o que sofreu de maneira passiva,
modificando um final que lhe foi penoso, consentindo 2 O brincar para Vygostsky
relações que seriam proibidas na vida real. O desenvolvimento humano, o aprendizado
“Brincar de forma livre e prazerosa permite que e as relações entre desenvolvimento e aprendizado
a criança seja conduzida a uma esfera imaginária, um são temas centrais nos trabalhos de Vygotsky. Ele

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desenvolveu também estudos importantes sobre um porque o comportamento dessa criança é determinado,
domínio da atividade infantil que tem claras relações de maneira considerável, pelas condições em que
com o desenvolvimento: o brinquedo a atividade ocorre: ela ainda se restringe ao que o
Segundo Vygostsky (1998), para entendermos ambiente imediato lhe proporciona. Os objetos ditam
o desenvolvimento da criança, é necessário levar em à criança o que ela tem que fazer, por exemplo: uma
conta as necessidades dela e os incentivos que são porta solicita que a abram ou a fechem, ou seja, eles
eficazes para colocá-las em ação. O seu avanço está têm uma força inerente que motivam a ação de uma
ligado a uma mudança nas motivações e incentivos, criança muito pequena e acabam determinando seu
por exemplo: aquilo que é de interesse para um bebê comportamento. E5m crianças maiores, essa força
não o é para uma criança um pouco maior. motivadora do objeto já não exerce tanta influência,
A criança satisfaz certas necessidades no não as prendendo tanto aos estímulos externos, mas sim
brinquedo, mas essas necessidades vão evoluindo dão grande importância aos seus aspectos cognitivos
no decorrer do desenvolvimento. Assim, como as e de imaginação interna. Conforme Vygotsky (1998,
necessidades das crianças vão mudando, é fundamental p. 126), “é no brinquedo que a criança aprende a agir
conhecê-las para compreender a singularidade do numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual
brinquedo como uma forma de atividade. externa, dependendo das motivações e tendências
Para Oliveira (1995), o comportamento de internas, e não pelo dos incentivos fornecidos pelos
crianças pequenas é fortemente determinado pelas objetos externos”.
características das situações concretas em que se A criança se torna menos dependente da
encontram. Uma criança muito pequena sempre deseja sua percepção e da situação que a afeta de imediato,
algo de imediato. Ninguém jamais encontrou uma passando a dirigir seu comportamento também por
criança com menos de 3 anos de idade que planejasse meio do significado dessa situação: “a criança vê um
fazer algo específico em um futuro próximo. O objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo
intervalo entre o desejo e a satisfação é muito curto. que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a
Entretanto crianças um pouco maiores, em idade pré- criança começa a agir independentemente daquilo
escolar, já estão sujeitas a desejar algo impossível de ser que vê” (VYGOTSKY, 1998, p. 127). No brincar, a
realizado imediatamente. Vygotsky (1998) conclui que criança consegue separar pensamento (significado de
o brinquedo surge dessas necessidades não realizáveis uma palavra) de objetos, e a ação surge das idéias, não
de imediato. Eles são construídos quando a criança das coisas. Por exemplo: um pedaço de madeira torna-
começa a experimentar tendências não realizáveis: se um boneco. Isso representa uma grande evolução na
para resolver a tensão gerada pela não realização de seu maturidade da criança.
desejo, a criança envolve-se em um mundo ilusório e Oliveira (1995) contribui afirmando que,
imaginário onde seus anseios podem ser realizados no na situação imaginária constituída na brincadeira,
momento em que quiser. Esse mundo é o brincar. a criança define a atividade por meio do significado
Entra em cena a imaginação, a qual é um do brinquedo. O brincar de ser motorista, envolvendo
processo psicológico novo para a criança. Para ônibus e passageiros, por exemplo, e não pelos
Vygotsky (1998), a imaginação surge originalmente da elementos reais concretamente presentes, como as
ação. Assim, podemos inverter a velha frase que afirma cadeiras da sala onde está brincando, o tapete, o vaso,
que o brincar da criança é a imaginação em ação. A etc. Concordando com as concepções de Vygotsky,
situação imaginária de qualquer brincar está incutida a criança se relaciona com o significado em questão,
de normas de comportamento. Dessa forma, é possível com a idéia, e não com o objeto concreto que está ao
concluir que não existe brinquedo sem regras, mesmo seu alcance. O brinquedo fornece, assim, uma situação
que não sejam as regras estabelecidas a priori; o brincar de transição entre a ação da criança com objetos
está envolvido em regras da sociedade. Por exemplo: concretos e as suas ações com significados. Fator
a criança imagina-se como mãe de uma boneca; nesse importante, como já discutido anteriormente, para o
brincar ela irá obedecer às regras do comportamento desenvolvimento da criança.
maternal. O papel que a criança representa e a relação Essa separação do significado do objeto se
dela com o objeto sempre derivarão das regras. dá de maneira espontânea: a criança não percebe que
Crianças muito novinhas ainda estão privadas atingiu esse desenvolvimento mental. Dessa forma, por
de envolver-se em uma situação imaginária. Isso ocorre meio do brinquedo, a criança começa a compreender

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uma definição funcional de conceitos ou de objetos, e freqüentar a escola. Todas as situações de aprendizado
as palavras passam a se tornar parte de algo concreto. que são interpretadas pelas crianças na escola já têm
Vygotsky (1998) fala ainda que a criança uma história prévia, isto é, a criança já se deparou com
experimenta a subordinação às regras ao renunciar algo relacionado do qual pode tirar experiências.
a algo que deseja, e é essa renuncia de agir sob Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo
impulsos imediatos que mediará o alcance do prazer adquire informações, habilidades, atitudes,
na brincadeira. valores, etc. a partir de seu contato com a
A criação de uma situação imaginária não é algo realidade, o meio ambiente, as outras pessoas.
fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a É um processo que se diferencia dos fatores
primeira manifestação da emancipação da criança inatos (a capacidade de digestão, por exemplo,
em relação às restrições situacionais. O primeiro que já nasce com o indivíduo) e dos processos
paradoxo contido no brinquedo é que a criança de maturação do organismo, independentes da
opera com um significado alienado numa situação informação do ambiente (a maturação sexual,
real. O segundo é que, no brinquedo, a criança por exemplo). Em Vygotsky, justamente por
segue o caminho do menor esforço – ela faz o sua ênfase nos processos sócio-históricos, a
que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está idéia de aprendizado inclui a interdependência
unido ao prazer – e ao mesmo tempo, aprende a dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o
seguir os caminhos mais difíceis, subordinando- conceito em Vygotsky tem um significado mais
se a regras e, por conseguinte renunciando ao abrangente, sempre envolvendo interação social.
que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e (OLIVEIRA, 1995, p. 57).
a renúncia a ação impulsiva constitui o caminho Oliveira (1995) interpreta Vygotsky, afirmando
para o prazer do brinquedo. (VYGOTSKY, 1998, que o aprendizado é um aspecto necessário para o
p. 130) desenvolvimento das funções psicológicas, as quais
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento são organizadas pela cultura e, assim, caracterizam-se
proximal na criança. Oliveira (1995) esclarece que como especificamente humanas. Há o percurso natural
essa zona de desenvolvimento proximal é um domínio do desenvolvimento definido pela maturação humana,
psicológico em constante transformação, refere-se mas é o aprendizado junto ao contato do individuo com
ao caminho de amadurecimento de suas funções, ou um ambiente cultural que possibilita o acontecer dos
seja, ações que, hoje, a criança desempenha com a processos psicológicos internos. O desenvolvimento
ajuda de alguém conseguirá, amanhã, fazer sozinha. da pessoa está extremamente ligado a sua relação com
Durante o brincar, ela se solta e se permite mais, vai o ambiente sócio-cultural e só irá vingar se tiver o
além do comportamento habitual para sua idade e contato e o suporte de outros indivíduos de sua espécie.
de suas atitudes diárias. Ela se torna maior do que O desenvolvimento fica impedido de ocorrer na falta
realmente é na realidade. Assim, o brincar vai despertar de situações propícias ao aprendizado.
aprendizagens que se desenvolverão e se tornarão parte Com isso, é possível entender que o brincar
das funções psicológicas consolidadas do indivíduo. auxilia a criança nesse processo de aprendizagem. Ele
Vygotsky (1998, p. 137) afirma: “A essência vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá
do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o o desenvolvimento cognitivo e irá proporcionar,
campo do significado e o campo da percepção visual, também, fácil interação com pessoas, as quais
ou seja, entre situações no pensamento e situações contribuirão para um acréscimo de conhecimento.
reais”. Essas relações irão permear toda a atividade Dessa forma, é imprescindível a utilização
lúdica da criança. Será também importante indicador de brincadeiras no meio pedagógico. Como coloca
do desenvolvimento da mesma, influenciando sua Ferreira, Misse e Bonadio (2004), o brincar deve ser
forma de encarar o mundo e suas ações futuras. um dos eixos da organização escolar: a sala de aula
fica mais enriquecida de desenvolvimento motor,
3 Relações com o aprendizado intelectual e criativo da criança.
Esse fato se mostra ainda mais importante
Para Vygotsky (1988), aprendizado e hodiernamente, tempo em que as crianças vivem mais
desenvolvimento estão inter-relacionados desde o isoladas em seus apartamentos pequenos, onde os pais
primeiro dia de vida. Assim, é fácil concluir que o estão cada vez mais envolvidos com seus trabalhos e
aprendizado da criança começa muito antes de ela raramente têm tempo para praticar alguma recreação

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com seus filhos. As crianças estão vivenciando pouco Referências


as brincadeiras, sobretudo, as coletivas, em parte,
devido a uma agenda diária cheia de tarefas, como ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos.
inglês, natação, música etc. Petrópolis: Vozes, 1972.
AMPARO, Deise; PEREIRA, Maria Ângela;
Considerações finais ALMEIDA, Sandra. O brincar e suas relações com o
desenvolvimento. Psicologia Argumento, Curitiba, v.
A brincadeira revela-se como um instrumento
24, n. 45, p. 15-24, abr./jun. 2006.
de extrema relevância para o desenvolvimento da
criança. Sendo uma atividade normal da fase infantil, FERREIRA, Carolina; MISSE, Cristina; BONADIO,
merece atenção e envolvimento. A infância é uma Sueli. Brincar na educação infantil é coisa séria.
fase que marca a vida do individuo e o brincar nunca Akrópolis, Umuarama, v. 12, n. 4, p. 222-223, out./dez.
deve ser deixado de lado, mas, pelo contrário, deve 2004.
ser estimulado, já que é responsável pelo auxílio nas MELO, Luciana; VALLE, Elizabeth. O brinquedo
evoluções psíquicas. e o brincar no desenvolvimento infantil. Psicologia
Os estudos de Vygotsky contribuíram muito Argumento, Curitiba, v. 23, n. 40, p. 43-48, jan./mar.
para a construção de conhecimentos acerca do 2005.
desenvolvimento infantil e para as noções de
brinquedo nesse desenvolvimento, trabalhando com OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e
a noção de que o brincar satisfaz certas necessidades desenvolvimento um processo sócio-histórico. 3. ed.
da criança e que essas necessidades são distintas em São Paulo: Scipione, 1995.
cada fase da criança, pois vão mudando no decorrer PIRES, Creuza; MENDES, Nelci; BONADIO, Sueli.
de sua maturação. Com isso, o brincar toma novos Brincar: recreação ou aprendizagem? Akrópolis,
contornos, modificando-se, também, para atender às Umuarama, v. 12, n. 4, p. 223-225, out./dez. 2004.
novas necessidades que vão surgindo no contexto da
RIBEIRO, Aparecida et al. Jogos, brinquedos e
criança.
brincadeira no processo ensino aprendizagem.
O crescimento da criança vai evidenciar que,
Akrópolis, Umuarama, v. 12, n. 4, p. 216-219, out./dez.
por meio do brinquedo, ela liberta seu pensamento
2004.
para que não fique estritamente ligado aos estímulos
perceptuais. Ela consegue imaginar uma situação, VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e
desligando-se do mundo material, concreto do qual desenvolvimento intelectual na idade escolar. In:
tem contato, desenvolvendo assim capacidade de se VIGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander
desprender do real significado do objeto, (da madeira, Romanovich; LEONTIEV, Alexis N. Linguagem,
por exemplo), podendo imaginá-lo como um boneco. desenvolvimento e aprendizagem. Tradução de Maria
Nesse momento, o pedaço de madeira passa a ter da Penha Villalobos. 2. ed. São Paulo: Ícone, 1988. p.
outro sentido, indo além do seu aspecto e significado 103-117.
concreto. VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da
A relação entre o desenvolvimento, o mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
brincar e a mediação são primordiais para a
construção de novas aprendizagens. Existe uma
estreita vinculação entre as atividades lúdicas e
as funções psíquicas superiores, assim pode-se
afirmar a sua relevância sócio-cognitiva para a
educação infantil. As atividades lúdicas podem
ser o melhor caminho de interação entre os
adultos e as crianças e entre as crianças entre si
para gerar novas formas de desenvolvimento e de
reconstrução de conhecimento.

180 Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 23, n. 2, p. 176-180, jul./dez. 2008.

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