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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO , CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU


CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

EDUCAÇÃO INFANTIL
Profª Esp. Janiely Nascimento de Oliveira
Gabriela Freire Queiroz

1- Mediante a explanação nas aulas escreva um texto dissertativo acerca do conceito de jogo,
brinquedo e brincadeira e sua importância para o desenvolvimento infantil.

Conceito Jogo, Brinquedo e Brincadeira


Ao longo da história, o jogo era visto apenas como atividade para recreação e só a
partir do Renascimento foi adotado uma prática pedagógica a partir da ludicidade como
forma de transmitir valores, a moral e os conteúdos das disciplinas. Para Kishimoto (2017),
os jogos e brincadeiras podem ser considerados uma “manifestação livre e espontânea da
cultura popular”. O jogo, apesar de ser uma atividade recreativa, se torna complexa por
conter algumas regras em sua estrutura. Kishimoto ressalta uma diferenciação dos jogos
quando utilizados no espaço escolar, “apresenta caráter educativo e pode receber também a
denominação geral de jogo educativo”, na escola o jogo educativo visa um objetivo de
aprendizagem de acordo com o planejamento do educador.
O brinquedo, como se pode observar, sempre esteve presente em nossa sociedade,
para alguns autores, o brinquedo é uma forma de transmitir valores, crenças e
comportamentos determinados por um contexto social. Böhm apud Kishimoto (2015 p.12)
ressalta que o “brinquedo será entendido sempre como objeto, suporte de brincadeira,
brincadeira com a descrição de uma conduta estruturada, com regras e jogos infantis para
designar tanto o objeto e as regras do jogo da criança (brinquedo e brincadeiras)”.
Por certo tempo, os brinquedos eram considerados objetos que poderiam preparar a
criança para a vida, enquanto os brinquedos se relacionam muito com as atividades dos
adultos, como a caça, o trabalho, as atividades domésticas e etc, além disso, o brinquedo pode
transmitir valores culturais como a distinção de gênero feminino e masculino. A partir do
Século XIX foram surgir as primeiras pesquisas sobre o brinquedo e a sua importância para o
desenvolvimento, com isso, foram criados brinquedos que poderiam estimular a função
cognitiva da criança. Existem alguns tipo de brinquedos, os brinquedos artesanais que
geralmente são produzidos no ambiente familiar e correspondem a uma determinada cultura;
Os brinquedos industrializados produzidos em grande escala, no geral costumam ser objetos
bem atrativos para as crianças com o objetivo de atender a demanda do mercado; por fim, os
brinquedos pedagógicos que possuem uma certa objetividade em contribuir para o
desenvolvimento e para a aprendizagem da criança de forma divertida.
A brincadeira para Vygotsky se caracteriza por uma “situação imaginária”, através
dessa atividade a criança consegue ter mais liberdade para usar sua criatividade de acordo
com suas vontades e desejos. Através da brincadeira a criança exercita sua autonomia e
espontaneidade, juntamente com outras crianças pode interagir e criar significados, com isso,
está exercitando o seu próprio desenvolvimento cognitivo, afetivo e psíquico.

Jogos, brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento infantil


Em uma perspectiva interacionista, o convívio em sociedade determina a consciência
do sujeito, ou seja, o desenvolvimento humano ocorre devido a um processo de apropriação
dos significados criados historicamente. Essa apropriação começa a partir dos primeiros anos
de vida, enquanto ainda criança, uma vez que, através da interação com meio, ela vai se
apropriando das informações, da cultura, da linguagem e dos diversos conhecimentos
produzidos em nossa sociedade. Desde a infância, a criança vai se apropriando do
conhecimento, e se faz necessário que ela esteja em interação com os signos culturais, estes
são como mediadores entre o indivíduo e o meio. Esse contato com o meio social que vai
possibilitar à criança uma compreensão dos significados internamente.
Com base nisso, o Vygotski, teórico da psicologia da aprendizagem, ressalta a
importância do brincar enquanto uma necessidade da criança que não podemos
desconsiderar, as brincadeiras são como estímulos que recebemos desde os anos iniciais e que
nos dá a condição de desenvolver a capacidade de representar situações do seu cotidiano
através dos brinquedos e das brincadeiras. Como ressalta Böhm apud Vygotsky (2015 p. 4) :
[...] a brincadeira cria para as crianças uma zona de
desenvolvimento proximal que não é a outra coisa senão a distância
entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade
de resolver independentemente um problema, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de um
problema, sob a orientação de um adulto ou um companheiro mais
capaz.

Para Vygotsky, existem níveis que determinam a fase de desenvolvimento cognitivo


da criança, o nível de desenvolvimento real por exemplo, é o nível em que a criança se
encontra, o seu conhecimento já assimilado internamente e que não precisa, necessariamente,
de determinado auxílio para realizar alguma atividade. Já o nível de desenvolvimento
proximal, é quando a criança tem a possibilidade de realizar com o auxílio do professor e
assim, adquirindo o conhecimento necessário para transformar, garantindo novos saberes e
colaborando para o seu desenvolvimento real, sucessivamente, o conhecimento que está no
desenvolvimento proximal vai sendo assimilado pela criança e internalizado, sendo assim,
seu desenvolvimento estará em constante expansão de acordo com o processo de maturação
individual da criança.
Os significados internalizados através dos jogos e das brincadeiras, geram um
domínio maior dos da cultura, a qual a criança está inserida, e portanto, ela começa a
demonstrar uma atenção consciente, criatividade, domínio da linguagem em seu
desenvolvimento. A brincadeira, ao fazer parte do mundo da criança, promove a participação
e a interação com o meio, além disso, os jogos estimulam a reprodução de regras e de
situações do cotidiano no qual ela está inserida, desenvolvendo também o seu intelectual.
Na educação os jogos e brincadeiras podem ser utilizados como mecanismos para
transmitir conhecimento e não só como forma recreação, mas que seja adaptado para o
ensino de uma interativa e divertida, através da ludicidade, a criança pode participar
ativamente do processo de ensino e aprendizagem. É importante que os educadores estejam
dispostos a utilizarem novas metodologias lúdicas em sala de aula, rompendo com o ensino
tradicional e rígido, promovendo novas possibilidades de aprendizagem.

Referência Bibliográfica
BÖHM, Ottopaulo. Jogo, Brinquedo e Brincadeira na Educação. Disponível em:
<http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/02/Ottopaulo-B%C3%B6hm.pdf>

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo:


Cortez, 2017.

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