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A importância do jogo e da brincadeira na

Educação Infantil
Quando abordamos assuntos relacionados à Educação Infantil, sabemos que
se trata da faixa etária de zero a cinco anos de idade, conforme recente
definição da Lei n.11.114, de 16 de maio de 2005, e que essa faixa etária
compreende a primeira etapa da educação básica.
A inserção da criança na instituição da Educação Infantil representa uma das
oportunidades dela ampliar os seus conhecimentos na sua nova fase de vida,
ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor seu universo, que
envolve uma diversidade de relações e de atitudes; maneiras alternativas de
comunicação entre as pessoas; o estabelecimento de regras e de limites e um
conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas.
A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no
processo de ensinar e do aprender têm ganhado força entre os educadores e
pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria
uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a
vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano.
O jogo como estratégia de ensino e de aprendizagem em sala de aula deve
favorecer a criança a construção do conhecimento científico, proporcionando a
vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e
instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o
jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.
O brincar é, portanto, uma atividade natural, espontânea e necessária para
criança, constituindo-se em uma peça importantíssima a sua formação seu
papel transcende o mero controle de habilidades. É muito mais abrangente.
Sua importância é notável, já que, por meio dessas atividades, a criança
constrói o seu próprio mundo. (SANTOS, 1995, p.4).
Em sua visão é pela brincadeira que a criança aprende sobre a natureza, os
eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura de seu corpo. A criança que
brinca livremente, no seu nível, à sua maneira, não está apenas explorando o
mundo ao seu redor, mas também comunicando sentimentos, ideias, fantasias,
intercambiando o real e o imaginário.
O brincar está relacionado ao prazer. Uma brincadeira criativa ou não deve
sempre proporcionar prazer à criança.
Além disso, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança,
também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários ao seu
crescimento, como persistência, perseverança, raciocínio, companheirismo,
entre outros.
Dessa forma, o brincar e o jogar, na Educação Infantil, devem ser visto como
uma estratégia utilizada pelo educador e deve privilegiar o ensino dos
conteúdos da realidade, tendo o brincar um lugar de destaque no planejamento
pedagógico.
O PAPEL DO PROFESSOR COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO
Uma vez que o professor é responsável pela orientação, seja teórica,
metodológica e técnica, pode-se considerar que, nesse sentido, ele é um
agente transformador, tendo em vista que contribui para a transformação dos
seus alunos.
Tal realidade exige, portanto consciência crítica de todos os que trabalham com
a educação. O importante é saber que ainda hoje não se pode esquecer essa
consciência crítica, de questionar diante das políticas educacionais existentes.
Para Ruiz (2003, s/p), o profissional da educação precisa ter uma posição
muito clara, isto é, primar pela mudança. Para autora:
Os papéis dos profissionais de educação necessitam ser repensado. Esses
não podem mais agir de forma neutra nessa sociedade de conflito, não pode
ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas, não pode
mais ser omisso, pois os alunos pedem uma posição desses profissionais
sobre os problemas sociais, mas como alguém que tem opinião formada sobre
os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, ao conflito, à
problematização do seu saber. (RUIZ, 2003, s/p).
O professor pode ser sim um agente de transformação, principalmente em
situações que exigem um posicionamento firme de sua parte. Não apenas na
sala de aula, mas na sociedade, no ambiente escolar ou universitário e estar
atento ás discussões no que se refere ao mundo à sua volta. É importante,
participar de grupos de estudos, envolverem-se em pesquisas, incentivar seus
alunos a buscarem sempre a conhecer mais.
O professor, em vez de ser um agente de transformação nos processos de
ensino e aprendizagem, é utilizado como instrumento a serviço de interesses
que regem os modelos educacionais instituídos nas escolas e nas
universidades. Com isso, aqueles profissionais preocupados com a melhoria do
ensino e com a educação, são tidos como problema, tendo em vista à
concepção conservadora predominante ainda na sociedade.
O professor tem que partir de experiências e conhecimentos dos alunos e
oferecer atividades significativas, favorecendo-as compreensão do que está
sendo feito por intermédio do estabelecimento de relações entre escola e o
meio social.
ALGUMAS FUNÇÕES DO PROFESSOR FRENTE AOS JOGOS
Uma das responsabilidades do educador é promover a socialização entre os
alunos, auxiliando-os, dentro da sua faixa etária e potencialidades, a conviver
com seus grupos, enfatizando o grupo escolar. Independentemente do nível de
educação, as ações pedagógicas visam, de certa maneira, promover a boa
convivência social, o conhecimento do outro e o respeito pela diferença.

As atividades lúdicas escolhidas pelos educadores, além de oportunizarem


diversão e aprendizado como própria função pedagógica, devem considerar,
também, o desenvolvimento das pessoas envolvidas.

O trabalho pedagógico com o conhecimento pode adquirir maior significado na


medida em que é desenvolvido por meio de diferentes abordagens
metodológicas.

O jogo, atividades lúdicas, brincadeiras, se usados adequadamente,


contribuem significativamente na construção e compreensão do conhecimento,
é uma atividade essencial no desenvolvimento e na aprendizagem da criança,
é importante que o professor conheça cada tipo e seu objetivo, para promover
um trabalho de qualidade nesse aspecto.

A brincadeira ou o jogo somente tem validade se usado na hora certa, e essa


hora é determinada pelo professor, ele é quem determina para o aluno qual o
objetivo do jogo, das regras e do tempo.

Durante todo o processo de desenvolvimento físico, moral e social da criança,


os ambientes em que elas estão inseridas e as brincadeiras espontâneas ou
dirigidas podem contribuir de forma significativa na sua formação integral. É
importante à criança brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações
cotidianas e, assim, vai construindo sua identidade, a imagem de si e do
mundo que a cerca.

A criança é um ser sociável que se relaciona com o mundo que a cerca. De


acordo com sua compreensão e potencialidades, ela brinca espontaneamente
e independentemente de seu ambiente e contexto. Por isso, quanto maior o
número de brincadeiras infantis inseridas nas atividades pedagógicas, maior
será o desenvolvimento da criança. Mas, por isso, deve-se respeitar cada uma
das fases de seu desenvolvimento, a fim de que os objetivos sejam atingidos.

CONTRIBUIÇÕES QUE A BRINCADEIRA E O JOGO PROPORCIONAM NO


DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A atividade lúdica tem conquistado um grande espaço na Educação Infantil. O


brincar é a essência da infância e seu uso permite o trabalho pedagógico que
possibilita a produção do conhecimento e também a estimulação da afetividade
na criança. A função educativa da brincadeira oportuniza a aprendizagem do
indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão do mundo.
Portanto, as disciplinas apresentada por meio de atividades lúdicas tornam-se
envolvente e favorece a construção de significados de conhecimentos próprios
do mundo da criança.

A ludicidade é uma necessidade da criança em qualquer idade e não pode ser


vista apenas como diversão. O brincar facilita a aprendizagem, o
desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde
mental, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e
construção de conhecimento.

As atividades lúdicas são a essência da infância, por isso, ao abordar este


tema não podemos deixar de nos referir também à criança. Ao retornar a
história e a evolução do homem na sociedade, vamos perceber que a criança
nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela não tinha
existência social, era considerada miniatura do adulto, ou quase adulto, ou
adulto em miniatura. Seu valor era relativo, nas classes altas era educada para
o futuro e nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser
útil ao trabalho, colaborando na geração da renda familiar.

Essa importante etapa da infância seguem por duas fases do desenvolvimento


de Piaget, que são o período sensório motor (0 a 2 anos) e o período
operatório concreto (2 a 7 anos). Cunha (1988) estabelece condutas, ações e
tipos de brinquedos e jogos para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil,
de acordo com as fases do desenvolvimento proposto por Piaget. Segundo a
autora, a conduta sensória motora compreende as ações de repetição,
reconhecimento sensório motor, generalização sensória motora e o raciocínio
prático.

Brincando, a criança entra em contato com as diferenças culturais existentes


no grupo, resolve problemas e amplia sua forma de ver e entender o mundo,
ampliando seus conceitos. Por exemplo, quando uma criança brinca de
casinha, ela entra em contato com diferentes olhares ou conceito de mãe, o
que pode ampliar o seu próprio conceito. Nesse sentido. O brincar cria as
condições para o desenvolvimento infantil, pois a brincadeira amplia a
possibilidade de pensar e de atuar sobre seu próprio cotidiano. Sendo assim,
brincar não é apenas passatempo, mas uma atividade que lhe permite
trabalhar com sonhos, fantasias, angústias e conhecimentos.

O ATO DE BRINCAR

Uma grande parte dos educadores da faixa de 0 a 5 anos utiliza o jogo e as


brincadeiras como prática pedagógica diária, defendendo seu uso como um
excelente recurso à aprendizagem e desenvolvimento das crianças.

Porém algumas vezes o jogo é entendido como certo equívoco pelas instâncias
educativas, principalmente pelos professores, quando confundem o conceito de
jogos, em que na maioria das vezes a criança fica solta, escolhendo o que quer
fazer, sem suporte de um adulto. Em outra ocasião, ainda alguns professores
tratam o jogo como elemento facilitador de aprendizagem, mas exercem
estremo controle da criança por meio de jogos e brincadeiras (OLIVEIRA,
2002). O fato é que qualquer uma dessas concepções afasta o professor da
parceria, da interação com seu aluno e é isso que precisamos ter extremo
cuidado, pois uma proposta que contemple jogos para a Educação Infantil,
deve ter o cuidado de oferecer as atividades específicas (jogos e brincadeiras);
mas também as interações entre crianças e crianças, entre crianças e seus
professores.

A criança de dois e quatro anos possui sua atividade motora muito ativa, gosta
de correr, pular, arrastar, puxar e empurrar. Quanto à linguagem, há uma
melhor organização, o que permite à criança falar mais facilmente, articulando
melhor as palavras. A partir dos dois anos, a criança se refere às pessoas e
objetos pelo nome e nessa atividade há um aumento considerável de seu
vocabulário.

A criança também é mais sociável nessa faixa de idade; entretanto, o


sentimento de posse que adquire em relação aos seus brinquedos começa a
aparecer. Também nessa idade, sua energia, exuberância, imaginação e
curiosidade estão a toda força. Todo aprendizado que uma brincadeira permite
é fundamental para a formação da criança em todas as etapas de sua vida e
para o seu desenvolvimento auditivo, motor, de espaço e tempo, e da
linguagem.

O jogo ou a brincadeira são instrumentos básicos da vida psíquica da criança.


A criança procura o jogo como necessidade e não como uma distração. É pelo
jogo que a criança se revela: as suas inclinações boas e más, a sua vocação,
as suas habilidades, o seu caráter, tudo que ela traz de latente no seu eu em
formação, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos que ela executa.

Para Piaget (1978), os jogos são caracterizados em três grandes tipos: jogos
de exercícios (0 a 2 anos), jogo simbólico (2 a 6 anos) e jogo de regras (6 anos
em diante). Segundo o próprio autor, é “a função é que vai diferenciar esses
jogos que não têm outra finalidade a não ser o próprio prazer do
funcionamento” (PIAGET, 1978). A seguir, uma pequena explicação de cada
um desses tipos de jogos:

Jogos de exercício: é a primeira forma de jogo que a criança conhece e


aparece antes do desenvolvimento verbal completo. Tem como característica o
fato de a criança brincar pelo prazer do conhecimento do objeto, da exploração,
do desenvolvimento motor ou, como o próprio nome diz, do puro exercício.
Nessa fase, a criança brinca basicamente sozinha ou com a mãe, ou quem
representa a figura materna.

Jogos simbólicos: é uma forma de jogo em que a criança faz de conta que
outra pessoa ou se imagina em outra situação, ou atribui outra função a um
objeto. Por exemplo: Anabel brinca de casinha, faz comidinha de mentira; Davi
que está de posse de um prato de papelão imagina que é a direção de um
carro, Anabel que está brincando de casinha vivência o papel da mãe em sua
casa, enquanto o Davi vivência o papel do pai. O jogo simbólico é de certa
forma, uma maneira de a criança comunicar ao outro aquilo que sente,
Jogo de regras: é caracterizado pelo conjunto de leis que é imposto pelo grupo.
Dessa forma, necessita de parceiros que aceitem o cumprimento das
obrigações definidas nas regras. É um jogo estritamente social.

As atividades de jogos e brincadeiras na escola de Educação Infantil trazem


muitas vantagens para o processo de ensino e aprendizagem, são elementos
para o desenvolvimento das crianças, mas cabe aos professores criarem
propostas pedagógicas que aliem o aprendizado e a grande diversão que o
jogo e brincadeira proporcionam.
BREVE HISTÓRICO SOBRE O JOGO

Etimologicamente a palavra JOGO vem do latim LOCUS, que significa gracejo,


zombaria e que foi empregada no lugar de ludus: brinquedo, jogo, divertimento,
passatempo.

Almeida (1978), afirma que os jogos não devem ser fins, mas meios para
atingir objetivos. Estes devem ser aplicados para o benefício educativo.

Os jogos devem ser construídos de atividades permanentes nos espaços da


Educação Infantil, pois por meio deles é possível que a criança trabalhe de
forma integral, ou seja, nos aspectos físicos, psicológicos, cognitivos e sociais.

No jogo simbólico, já abordado no item anterior, algumas projeções permitem


obter informações sobre a criança. São elas citadas por Aroeira, Soares e
Mendes (1996, p. 167):

Combinações simples - Fernanda conversa com um pedaço de madeira: “ta


bom, eu vou te dar comida”. Ela usa o objeto para representar a criança com
fome.
Combinações compensatórias – proibido de subir a escada, Malthus cria um
personagem que subirá a escada. Usa a fantasia para enfrentar a frustração.
Combinações liquidantes – Fabiana, ao cair, diz para si mesma: “não foi nada”
para encarar a situação de desprazer.
Combinações simbólicas antecipatórias – Thiago presencia um assalto (cena
real), depois conta que seu pai bateu no assaltante até sangrar (imaginário).
Ele tenta entender a violência e a importância do pai como protetor.
Combinações simbólicas ordenadas – brincar de preparar batizados e
aniversários implica ordenação, arrumação, organização e sequência. É uma
tentativa de organizar a realidade.
É preciso também contemplar os jogos de exercícios, realizados com o próprio
corpo, iniciando com movimentos simples e avançando para os mais
complexos; os jogos sensoriais, que estimulam as experiências sensoriais e
criatividade da criança; os jogos de linguagem, que auxiliam na comunicação
(rodas, canções, apresentações faladas); e os jogos de regras.

Os jogos com regras manifestam-se por volta dos cinco anos de idade. Neles,
as crianças jogam juntas e começam a estabelecer regras, por exemplo:
amarelinha, bolinha de gude, queimada.

CONCLUSÃO

Durante todo o processo de desenvolvimento e maturidade, toda criança atinge


fases específicas em várias faixas etárias. Sobre isso, vários pensadores,
como Vysgotsky e Piaget, compartilham a idéia de que o crescimento da
criança é acompanhado por fases, cada uma com aspectos peculiares e
significativos, como físico, o cognitivo, o emocional e espiritual, importantes
para a sua formação integral.

A influência do ato de brincar no desenvolvimento da criança é indispensável


para a formação do caráter e da personalidade da pessoa; além disso, o ato de
brincar pode incorporar valores morais e culturais e uma série de aspectos que
ajudam a moldar sua vida, como crianças e como adultos. Brincando, a criança
pode acionar seus pensamentos para resolução de problemas que lhe são
importante e significativo, e o modo como ela brinca revela o seu mundo
interior, proporcionando-lhe que aprenda fazendo, realizando, dessa forma,
uma aprendizagem significativa.

Assim, o desenvolvimento da criança é resultado da interação de uma


aprendizagem, natural e, ao mesmo tempo estimulada, que ocorre por meio da
experiência adquirida no ambiente e com capacidade própria da criança, em
que cada uma tem seu ritmo próprio e capacidade individuais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Paulo Nunes. Dinâmica lúdica jogos pedagógicos. São Paulo:


Loyola. 1978.
ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das múltiplas Inteligências. 8. ed. Rio
de Janeiro: Vozes, 2000.
BRUNELLI, Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar. São Paulo:
Papirus, 1996.
CUNHA, N. H. S. Brinquedo, desafio e descoberta – Subsídios para a utilização
e confecção de brinquedos.
GADOTTI, Moacir. Histórias de idéias pedagógicas. 2. ed. São Paulo: Ática,
1994.

NEWCOMBE, N. Desenvolvimento Infantil: abordagem de Mussen. 8. ed. Porto


Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
PIAGET, J. O. Nascimento da inteligência na criança. ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 1978.
RUIZ, Maria José Ferreira. O papel social do professor. n. 33, set a dez 2003.

SANTOS, Santana Marli Pires dos, Brinquedoteca: sucata vira brinquedo. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995.

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