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A importância do Brincar para o desenvolvimento da criança

O brincar inserido no processo educacional, é de extrema importância,

pois permite uma visão do mundo, não de forma única, mas sim segundo as

características próprias de cada um.

Para Vygotsky, a brincadeira pode ter papel fundamental no desenvolvimento

da criança. Seguindo a ideia de que o aprendizado se dá por interações, o jogo

lúdico e o jogo de papéis, como brincar de “mamãe e filhinha” permite que haja uma

atuação na zona de desenvolvimento proximal do indivíduo, ou seja, cria-se

condições para que determinados conhecimentos e/ou valores sejam consolidados

ao exercitar no plano imaginativo capacidades de imaginar situações, representar

papéis, seguir regras de conduta de sua cultura (só a mamãe que pode colocar a

filhinha de castigo), etc.

Assim, a criança se projeta no mundo dos adultos, ensaiando atividades,

comportamentos e hábitos nos quais ainda não está preparada para tal, mas que na

brincadeira permite com que sejam criados processos de desenvolvimento,

internalizando o real e promovendo o desenvolvimento cognitivo.

Podemos considerar jogos voltados às atividades reprodutoras - com certa relação

com a memória - e voltados às atividades criadoras, relacionadas à imaginação.

“O jogo da criança não é uma recordação

simples do vivido, mas sim a transformação

criadora das impressões para a formação de

uma nova realidade que responda às

exigências e inclinações dela mesma”.

Vygotsky p.122,1992
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Assim, no espaço escolar, o jogo pode ser um veículo para o

desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos. O professor das fases

iniciais pode – e deve -permitir a brincadeira. Entretanto, mais importante que isso é

definir os objetivos que se deseja alcançar, para que este momento seja, de fato,

significativo. “Ensinar a brincar”, de forma a mediar ações na zona de

desenvolvimento proximal é uma forma de promover o crescimento de seu aluno.

O brincar é de suma importância no processo de aprendizagem, pois ela

trabalha na perspectiva do desenvolvimento integral da criança.

Partindo do pressuposto que a criança olha, cheira, toca, ouve, se move,

experimenta, sente, pensa.

O corpo é ação e pensamento, pode-se afirmar que ela é um todo em

relação ao mundo que a cerca, pois precisa interagir com o meio para que possa

construir o seu conhecimento e fazer novas descobertas.

Neste sentido, o pensamento se dá na ação, na sensação, na percepção,

através do sentimento. Através deste processo de construção e de descoberta do

mundo através das brincadeiras, ela vai ampliando seus horizontes de sonhos e

conhecimentos na relação com outras pessoas, com o mundo, com os objetos,

adquirindo com isso as percepções iniciais que influenciarão toda a sua

subseqüente compreensão do seu contexto de vida.

Através de brincadeiras lúdicas para o desenvolvimento infantil está

intimamente ligada as formas pelas quais a interpretação se dá através das

mensagens que seus movimentos transmitem.

Participando de jogos teatrais nas brincadeiras lúdicas , a criança tem a

oportunidade de se desenvolver dentro de um grupo de maneira responsável,

legitimando seus direitos e estabelecendo relações entre o individual e o coletivo,


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aprendendo a ouvir, a acatar e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes

manifestações e organizando a expressão do grupo. O jogo teatral permite

recomeçar, fazer outra vez.

Devido as linguagens e formas alternativas de comunicação, o teatro nas

brincadeiras diminui a timidez de algumas crianças, lhes dando segurança,

autonomia e expressividade.

Outro grande aliado no brincar para com o desenvolvimento cognitivo são

os jogos lúdicos que assumem no desenvolvimento humano a possibilidade natural

na preparação da criança para enfrentar as diferentes situações problemáticas com

as quais irá se defrontar durante a vida.

Através das atividades lúdicas a criança libera e canaliza suas energias,

dá vazão à fantasia, além de ser uma grande fonte de prazer.

No jogo, o desafio sempre existe, isto porque não se sabe onde ele levará

nem como as coisas acontecerão. Há sempre um caráter novo e a novidade é

fundamental para despertar o interesse e a curiosidade infantil.

O desenvolvimento integral da criança é favorecido, já que há o

envolvimento emocional, o convívio social e a possibilidade de realizar operações

mentais; tudo isto acontece de uma formalidade agradável, em que a criança

despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para resolver os

impasses que surgem. A medida que joga, a criança vai se conhecendo melhor e

interagindo com seus pares e adultos, daí o jogo assumir um caráter por excelência

integrador.

Autoconfiança é continuamente desenvolvida, pois à medida que é

desafiada a desempenhar habilidades operatórias que envolvam a identificação, a


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comparação, a análise, a síntese, a generalização, a criança vai conhecendo suas

próprias possibilidades.

De acordo com a teoria piagetiana do desenvolvimento, o jogo como

movimento predominante assimilativo do organismo constitui a possibilidade

primeira do processo de desenvolvimento cognitivo, ou seja, o desenvolvimento se

dá através do jogo ( Iniciação Escolar e Alfabetização p.13,1981 ).

Na moderna concepção pedagógica, o jogo é toda e qualquer atividade

lúdica da criança através da qual ela está descobrindo, aprendendo alguma

experiência, desenvolvendo sua dimensão física, psíquica e afetivo – social.

Os jogos também tem importância no desenvolvimento socioemocional,

pois estimulam a autoconfiança, o companheirismo, o senso crítico, a

responsabilidade e a liderança.

A atividade lúdica acompanha e ajuda todas as etapas do

desenvolvimento da criança. Pois, a criança com capacidade de jogo é o adulto com

capacidade de trabalho.

É através das brincadeiras que crianças constroem uma ponte entre a

realidade e a fantasia. Brincando, a criança assume papéis que podem ser fictícios

ou reais, e é diante disso que ela passa do papel passivo para o ativo com a maior

facilidade.

O brincar permite que as crianças sejam capazes de lidar com complexas

dificuldades, tais como as experiências de dor, medo e perda, além de trabalharem

conceitos de bem e mal.

O desenvolvimento da criatividade, a competência intelectual, a força e a

estabilidade emocional, o sentido de alegria e o prazer de ser feliz estão


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intimamente ligados ao brincar que pode ser livre (orientado, mediado e auto iniciado

pela criança – por isso é livre ) e dirigido ( tem o jogo, as normas e as regras).

Enfim, brincando a criança tem a oportunidade de:

 Comunicar, questionar, interagir.

 Conhecer e valorizar a si mesma e entender as limitações pessoais.

 Adquirir novos conhecimentos, habilidades, pensamentos coerentes e lógicos.

 Criar, observar, experimentar, movimentar-se, cooperar, sentir, pensar,

memorizar.

 Praticar, escolher, perseverar, imitar.

 Imaginar, dominar, adquirir competências e confiança.

Enfim, é através da atividade lúdica que a criança prepara-se para a vida,

assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se às

condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com seus

semelhantes, e conviver como um ser social.

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