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Texto elaborado a partir das reflexões do Grupo de Aprofundamento do Instituto Maiana, orientado por Regina Salvetti.
Porém, pode ter a intervenção quando necessária, fortalecendo a oportunidade
de aprendizado e desenvolvimento. A intencionalidade do educador no brincar
está no espaço inesperado para o surgimento do que ainda não existe, do que
não se sabe.
Ao brincar, a criança aprende quem ela é, aprende a pensar, forma uma
compreensão de seus limites, torna-se capaz de elaborar dentro de si suas
vivências, desejos e necessidades, pode expressar, desenvolver a criatividade
e a fantasia. Aprende a criar, a resolver conflitos, a negociar, a respeitar a opinião
do outro, a se organizar, a viver os processos e a formar vínculos.
Outros aprendizados se somam a esses, tais como: ter iniciativa,
desenvolver a linguagem oral, a memória, planejar, conviver (esperar sua vez),
respeitar o outro, ter autodisciplina (seguir as regras do papel social adotado),
perceber a distinção entre querer e poder fazer alguma coisa de acordo com o
papel adotado. Nesse sentido, brincar não é entretenimento para criança, é
trabalho sério, que ensina a perseverar, a concentrar-se, a manter a atenção.
Ao professor, como mediador, compete ampliar o repertório das
brincadeiras sociais, com a organização dos espaços e materiais. Ele deve,
também, observar as relações, os valores, os sentimentos expressos por
meninos e meninas nas brincadeiras, deve incentivar a atividade mental, social,
psicomotora das crianças.
A organização do espaço em cantos ou as atividades diversificadas
favorecem que professoras e professores transitem pelos grupos, podendo,
assim, estabelecer mais proximidade com as crianças e uma observação mais
atenta das ações e reações para realizar os registros.
É a brincadeira que contribui para que a criança construa sua identidade
por meio das relações sociais e é também por meio dela que se constroem as
culturas infantis.
Vale lembrar que há dois tipos de brincadeiras: o brincar proposto pela
professora ou professor - em que são socializados jogos ou brincadeiras de sua
infância, de outras culturas e tempos - e o brincar livre - conduzido pela própria
criança, em que o adulto observa, acompanha e oferece ajuda quando solicitado,
podendo ser fomentado com objetos, tempo livre e experiências de
conhecimento das atividades humanas.
A brincadeira de faz de conta, com papéis sociais, é uma linguagem que
expressa e promove o desenvolvimento cultural e psíquico das crianças, por isso
deve ser estimulada conhecendo os diferentes fazeres do indivíduo (trabalho),
brincando com objetos diversificados, que possibilitem as imitações e as
criações. A brincadeira motora também deve ter seu espaço e importância,
principalmente para as crianças pequenas, pois, antes de elaborarem imagens
para seu brincar, estão simplesmente vivenciando e experienciando seu corpo,
seu entorno, o espaço e o tempo.
BIBLIOGRAFIA
FORTUNA, Tânia Ramos. Sala de aula é luar de brincar? In: XAVIER, M. L. M.;
DALLA ZEN, M. I. H. (org.). Planejamento em destaque: análises menos
convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2000. (Cadernos de Educação Básica,
6). p. 147-164.
IGNACIO, Renate Keller. Criança Querida: o dia a dia da Educação Infantil. 3.ed
atual. São Paulo: Antroposófica,2014. p. 39-45.