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ST
TÁBUA DE MATÉ RIAS
mm
VIL GÉNERO
Introdução
Género e cultura
4. Comparações de género
4.1. Análise das diferenças de género de Maccoby e Jacklin
4.2. Diferenças cognitivas
43. Diferenças emocionais
43.1. Depressão
4.3.2. Bem-estar
Objectivos
4.4. Diferenças nos comportamentos sociais
44.1. Agressão * Definir sexo, género e preferência de género;
4.4.2. Influenciabilidade e conformidade * Definir estereótipos de género e evidenciar algumas das suas varia-
44.3, Comportamento de ajuda ções;
44.4. Comportamentos não-verbais * Evidenciar agentes de socialização dos papéis de género;
4.4.5. Comportamento em pequenos grupos
* Contextualizar as problemáticas do fundo de verdade e das mudanças
4.5. Diferenças de género: conclusões e prec dos estereótipos de género;
auções
* Assinalar algumas das consequências dos estereótipos de género;
Teorias acerca do papel de género
5.1.
* Diferenciar estereótipos de género de ideologia do papel de género;
Teorias biológicas
Sumário
Actividades propostas
a]
q
oginponu] “TI
“om
«On ne naít pas femme, on le devient»
Simone de Beauvoir
O pai morreu de
O filho e o seu pai tiveram um grave acidente de automóvel.
oriou-o
imediato e o filho ficou gravemente ferido. Uma ambulância transp
da
para o hospital que estava mais próximo e uma pessoa famosa foi indica
na sala de
para realizar uma operação cirúrgica de imediato. Ao entrar
filho.»
bperação, a pessoa exclamou: «Não posso operar este rapaz. E o meu
À questão que se levanta é a seguinte: «Como é que isto pode acontecer?»
ual
2. Sexo, Género e Preferência Sex
são muitas vezes utilizados como sendo
Os termos sexo é género
pensa que
intermutáveis. Todavia um número crescente de investigadores
intuito de uma melhor
estes dois conceitos deveriam ser distinguidos com o
ou mulher (Deaux, 1993; Unger &
compreensão do que é ser homem
uto biológico de ser
Crawford, 1993). Neste texto, sexo referir-se-á ao estat
dades e
homem ou mulher e género referir-se-á às significações que socie
pess vas dão ao ser-se home
m ou mulher. Por outras palavras, sexo refere-se
ão cultural.
à construção biológica e género à construç
s e mulheres
O sexo é um fenómeno biológico, a divisão das pessoas em homen
em diferenças
de modo genético. Esta divisão está baseada em parte
s. Para os
eromossómicas. Todos os seres humanos têm 46 cromossoma
ssoma X da
homens, os cromossomas sexuais são compostos por um cromo
s
mãe e por um cromossoma Y do pai. Para as mulheres os cromossoma
Sexuais são compostos por dois X, um do pai e um da mãe. Existem cinco
utros indicadores do sexo biológico: sexo gonádico, os homens tendo
festículos e as mulheres ovários; sexo hormonal, os homens tendo sobretudo
androgénios e as mulheres estrogénios e progesterona; sexo dos órgãos
reprodutores internos, os homens tendo próstata, canais deferentes e vesículas
seminais, e as mulheres tendo útero e trompas de Falópio; e o sexo dos
órgãos reprodutores extemos, os homens tendo pénis e escroto, e as mulheres
tendo clitóris, lábios e vagina.
3. Género e Cultura
38
Imagine que efectuou uma longa viagem à volta do mundo, tendo visitado
um certo número de países diferentes de todos os continentes. No final da
viagem decide desfolhar as notas que foi tomando no diário para relembrar
um pouco o que aconteceu. Numa dada altura anotara no diário que durante
a estadia no Paquistão observou que os homens eram altamente visíveis nas
actividades do dia a dia. As mulheres raramente se viam nos lugares públicos,
e quando se viam, pareciam estar em tarefas específicas e vestiam-se muitas
vezes de modo que era difícil dizer muita coisa acerca delas. Raramente viu
homens e mulheres jovens a passear conjuntamente, disfrutando o que em
Portugal seria chamado de namoro. Saltando algumas páginas do diário
encontra as notas tomadas aquando da sua estadia na Suécia em que os homens
e as mulheres pareciam participar igualmente em muitas actividades diárias.
Casais heterossexuais estavam por todo o lado e muitas pessoas jovens
vestiam-se de modo semelhante com um estilo unissexo.
a
O máximo por coluna através desta contagem é vinte e cinco. Há fortes
[bis
Documento 7.1, «1, —— P:Para mrobabilidades para que se é homem cu mulher obtenha a pontuação de
cada um um dos seguintes
atributos indique se pensa Vinte ou mais, para os atributos ímpares que sejam masculinos e vinte ou
ge. | mad
que são mais característicos
dos homens ou das mulher
e S mais para os atributos que sejam femininos. Compare os seus resultados
(co
locando uma cruz na col
rom os de mais alguém. Porque é que avalia as características desse modo?
dd
una apropriada)
e das
&
Muito provavelmente porque há estereótipos acerca dos homens
mulheres que são muito consistentes.
h
alvo da atenção dos psicólogos sociais (Lippman (1922). Embora a maior
E
E
'
5
o
ka
1. Aventureiro parte do trabalho sobre os estereótipos esteja relacionado com crenças e
2 - Afectuoso atitudes acerca de grupos étnicos, investigações mais recentes têm focalizado
os estereótipos de género. Tais estudos têm mostrado que crenças
estereotipadas dos papéis e características masculinas e femininas persistem,
=
a
q
|
Q
a
o
apesar da existência de movimentos que lutam pela igualdade dos dois sexos.
5- Mandão Do
Por exemplo, estudantes universitários nos Estados Unidos continuam a ver
6- Dependente Do] os homens como sendo agressivos, ambiciosos, rudes, e orientados para a
7- Vigoroso [o tarefa; as mulheres são vistas como sendo gentis, fracas, sensíveis e orientadas
para as pessoas (ver, por exemplo, Bem, 1974; Broverman, Vogel, Broverman,
Clarkson, e Rosenkrantz, 1972; Williams, e Best, 1977). Estas crenças acerca
das características masculinas e femininas são tão universais que aparecem
de modo consistente num estudo com crianças e adultos em 25 países da
Europa, África, América, Ásia e Oceania (Williams e Best, 19903).
Tgo
através das quais se procura o sentido num meio social complexo. Numa
<L
Bo
s
15- Robusto
48. Dio revisão das definições dos estereótipos de género utilizadas pelos
RBG coa Evestigadores, Ashmore e Del Boca (1979) identificaram 4 características
EEE que são geralmente aceites: um estereótipo de género é usualmente
42- Lamuriento byni osaskitesvai | considerado como relevando do domínio cognitivo, é um conjunto de crenças,
Has
43. Rápido trata com que espécie de homem e de mulher se é, e é partilhado pelos
membros de um grupo particular.
45
Es:
substancial
3.2. Variações nos estereótipos de género «vel da análise dos itens encontrou-se uma variância comum
aaa
entr e OS pr
Stipos de género em Portugal e no grupo
Ea do afectivo dos estereótipos focalizados dos 25 países. A
mostrou que E
Crianças desde muito novas mostram alguma consciência dos estereótipos análise d
Ae masculino era mais forte e mais activo que o eesbénstiço
de traços sexuais adultos. Encontrou-se alguma evidência da aprendizagem Portugal Éo este te mais favorável que o
de estereótipos em crianças com 2 e 3 anos (Kuhn, Nash, e Bruchen 1978). inino, o estere tereótip o feminino era ligeiramen
femini
o igura 7.1).
Todavia poucas investigações sistemáticas têm examinado o desenvolvimento estereótipo masculin (f
de tal conhecimento.
600
Um projecto de investigação intercultural foi implementado por Williams e
Best (1990a) que desenvolveram uma técnica «picture story» conhecida como
580 |
a Medida dos Estereótipos de Género (Sex Stereotypes Measure, SSM), 560 L
baseada nos estereótipos masculinos e femininos definidos por estudantes 540 H o
universitários (Williams e Bennet, 1975). O objectivo geral desse projecto
foi obter informações sobre estereótipos dos traços sexuais em crianças
€
520 |
S9109S
adultos num grande número de países representando tantas culturas quanto 500 | U
possível. Os dados obtidos deveriam ser examinados em relação às
semelhanças, que seriam indicativas de generalidade pancultural nos ago |
estereótipos e em relação às diferenças, que poderiam ser atribuídas à variação ago | F K
cultural.
440
Pelo menos três características distinguem esse projecto de estudos 420 |
interculturais anteriores em relação aos estereótipos sexuais. Em primeiro
400 -
lugar, foi efectuado num grande número de países (30) em várias partes do
mundo. Em segundo lugar, sempre que possível recorreu-se a amostras com y
46 47
panculturais que são evidentes em todas as culturas, mas que são modificados m aumento mais pequeno e não significativo dos oito aos onze anos.
de certo modo por influências culturais específicas. Os dados portugueses Re os são geralmente congruentes com os dados de outros países onde
são congruentes com essa interpretação do corpo total de conhecimento
relacionado com os estereótipos de género. sãos esta faixa etária (Williams e Best, 19904). Nestes países, é claro
que o desenvolvimento de estereótipos de género é um processo gradual
E ciando-se antes dos cinco anos e estendendo-se até cerca dos onze anos.
Estudos feitos nos Estados Unidos indicam que alguns dos aspectos mais
eubtis dos estereótipos de género continuam a aprender-se durante a
adolescência (Williams e Best, 1990a).
e iL
F crianças de nível sócio-cultural mais alto, seguindo-se as crianças de nível
25 | sócio-cultural médio e menor nos de nível sócio-cultural mais baixo. Houve
15 e
E também uma tendência para as crianças de nível sócio-cultural mais alto e
médio terem maiores ganhos no conhecimento dos estereótipos de género
dos 5 aos 8 anos, enquanto os de nível sócio-cultural mais baixo tinham mais
ganhos dos 8 aos 11 do que os outros dois grupos. Uma das maiores fontes
de aprendizagem de estereótipos de género entre as crianças na América do
Norte é a televisão e outros meios de comunicação (e. g., McGhee e Frueh,
res
1980; Sternglantz e Serbin, 1974) e é possível que as crianças portuguesas
4
de classe alta e média estejam mais expostas aos meios de comunicação do
da
=
que as crianças da classe baixa. Além disso, o nível sócio-cultural está
Á frequente-mente correlacionado com a inteligência nas crianças e pode ser
] | | ] ]
A
Pai Pai
que as primeiras aprendizagens sobre os estereótipos de género seja atribuível
Adulto Criança Criança
crítico afectuoso livre adaptada ao facto das crianças do nível sócio-cultural mais alto serem algo mais
Figura 7.2 - Percentagens de egogramas portugueses ( » ) e
brilhantes do que os grupos de nível sócio-cultural baixos.
gama dos scores das
percentagens do estado do ego associadas aos estereótipos masculin
os é Enquanto os dados do vasto estudo de Williams e Best (1990a) não revelaram
femininos em 25 países. Fonte: Neto e Williams, 1989.
nenhuma tendência intercultural geral, tanto dos itens de estereótipos
e
femininos como dos masculinos, para serem mais conhecidos por crianças
”
Mais novas, Tarrier e Gomes (1981) referem que as crianças brasileiras
Relativamente a estudos efectuados em Portugal com crianças foram a
. parecem conhecer melhor os itens de estereótipos femininos do que os
evidenciados efeitos significativos da idade, do nível sócio-cultural
.
, da
4 masculinos, efeito que também aparece entre crianças venezuelanas e chilenas
residência urbana-rural e da migração. (Williams e Best, 19904). Os resultados do presente estudo são consistentes
Som estes dados: há uma tendência para as crianças portuguesas conhecerem
Uma amostra de crianças (Neto, Williams, e Widner, 1991) era constituída melhor os estereótipos femininos do que os masculinos. As semelhanças
por 444 sujeitos de cinco, oito e onze anos de idade. Administrou-se aos Culturais entre o Brasil é Portugal sugerem que os comentários de Tarrier
e
sujeitos a Medida dos Estereótipos de Género II (SSMII ), na qual a criança Gomes a Propósito dos dados brasileiros podem também ser aplicados aqui.
selecciona o perfil masculino ou feminino para uma pessoa descrita numa KAs crianças... têm grande quantidade de contacto com os membros femininos
história breve que contém características muito conotadas com os sexos S Com as mulheres, em geral. Os agentes de educação pré-primária são quase
(agressivo, emocional, etc.). Exclusivamente do sexo feminino, e em famílias abastadas os cuidados da
Os dados apontam para um aumento significativo no conhecimento dos Criança são provavelmente prestados por empregadas. Nos Estados Unidos
estereótipos de género nas crianças portuguesas da idade dos cinco aos oito
ambos os pais têm um papel activo na educação, com ênfase na preparação
48
49
:
da criança :
para o seu futuro (Weitz, ali zação e
1977), de tal modo que a sociali é Nos Estados
rocesso de aculturação. i ém temot sido
a aprendizagem dos traços e papéis sexuais ocorram cedo» (Tarrie Unidosaii ai eviden
difereciado
m do
r e Gomes, E e existem diferentes traços estereotipados ue g » x ac
do
t
1981, p. 20). à que é fundamentalmente uma pessoa branca,
protótipo ale cristão. Por exemplo, os estereótipos de homens e de
Não houve nenhuma evidência de que as respostas dos 5 mulheres
aos 8 anos de idade heterossexu e cristão. ais semelhantes em termos de expre ae
nas crianças portuguesas e brasilHa eiras fossem mais. ssividade e de
M e semelhantes entre si É do afro
-americanos são m
RA que os estereótip E :
que entre os dados típicos de crianças de
idade semelhante em outros países; ê os de homens e de mulheres anglo-americanos
Por outro lado, parece haver um aumento na semelhança portuguesa/brasil eira . Rumpe com as
qe (Smith Oj
ith e Midlarsky, 1985). As mulheres negras, quando
no sends-nenos comp aradas
passivas, dependentes,
dos 8 aos 11 anos de idade. Quando estes dados são emparelhados com a mulheres E Ea sprêacio aire On
clara evidência de uma maior semelhança entre os estereótipos brasileiros e E ivas dos:
€ com. os DO neo Es lattes sora
rim ráeis
idênci óti lei
Portugueses na idade adulta (Williams et al., 1990), pode-se pôr a hipótese qua O onto de visiz esnocionsi + menos competitivos e indepen
de que, nas idades estudadas, as primeiras aprendizagens . ... . a
Ô Í á n
; imei i ê estão=
principalmente relacionadas com aspectos ; e ntes.
panculturais dos estereótip os de
género, e as aprendizagens posteriores reflectem influências cultura e
is A Dispõe-se de menos investigação nos Estados Unidos sobre os ET
específicas. Este ponto de vista é consistente com as conclusões R
gerais de de género de outros grupos raciais ou étnicos, no entanto, às fo
Williams e Best (19902) de que as evidências interculturais E E é
em relação aos culturais de mulheres sugerem que existem outras variações.
estereótipos de género podem ser incluídas num modelo que o Gn
especifica as mulheres hispânicas tendem a ser vistas como SEIO e í oi
características interculturais gerais dos estereótipos mascul
e ino
femininos,
s que as mulheres «brancas» em termos de submissão e
que são então modificados num grau relativamente modesto SE ência de dependê
a: por influ s (Vasquez-Nuttal, Romero-Garcia,> e De Leon, 1987). Exist i e um e stereótipo
culturais específicas. * lhante da mulhe p
seme o
r asiática, acrescentando-se-lhe, no entanto, sexu alidade
Em trabalho ulterior verificou-se haver Ta exótica (Chow, 1985).
um maior conhecimento dos
estereótipos de género em crianças de origem
portuguesa residentes em França
que em crianças portuguesas residentes em
Portugal quer em zonas urbanas Para além de diferenças raciais nos estereótipos de género há também
quer rurais com oito e onze anos (Neto, 1997b diferenças de classe social e de preferência sexual (Del Boca e Ashmore,
). A comparação com os dois
tipos de residência em Portugal foi efectuada 1980). Por exemplo, mulheres da classe trabalhadora são estereotipadas rd
na medida em que as zonas
rurai
s eram o lugar de origem dos pais dos filho sendo mais hostis, confusas, e irresponsáveis que mulheres da classe média;
s de migrantes e as zonas
urbanas eram o lugar de residência dessas homens homossexuais são estereotipados como possuindo traços femininos,
crianças no estrangeiro.
ão passo que lésbicas são estereotipadas como possuindo traços masculinos.
A questão que se pode levantar é se à criança
de origem portuguesa, nascida
no estrangeiro e que lá viveu os primeiros
anos do seu desenvolvimento,
O que estas variações deixam filtrar é que cada um de nós se situa num
mas que acompanhou os seus pais aquando Espaço psico-social em que se cruzam diversas categorias, como por exemplo,
do regresso, manifesta também
um maior conhecimento dos estereótipos de genero, raça, etnicidade, idade, classe social, preferência sexual que interagem
género, que crianças nascidas
em Portugal e que sempre viveram nesse país. Fumas com as outras de modo complexo.
Pode ser posto em evidência
(Neto, 1993b) um maior conhecimento dos estereótipos
E j Ê
E
de géne ro em crianças Pelas «sete partidas do mundo» O ACID neninas,
portuguesas que, pelo menos, durante os cinco prim dt
eiros anos do seu
são feitas disti
nções entre meninos E à
Ç . homense mulheres.A questãoRa áti os
desenvolvime nto viveram em França em zonas urbanas, e que, quando os E em, mas como é: que pode
exist
não é de se saber se os estereótip ie énero
[aa
;
Seus pais regressaram a Portugal vieram viver
; :
m ser activados, os agentes de soci iza ç
para zonas rurais; que em À irc pe pç
MES contribuem para a sua inter x 1 êm mudado
crianças que nunca emigraram residentes quer em zonas
rurais quer urbanas.
iorização, se são verdadeiros, se têm n
& OS seus efeit os.
Os estudos que acabamos de referir efectuad
os em Portugal apontam para
um acordo geral sobre um certo número de traços estereotipados
de género,
se bem que ocorram variações no conhecimento dos
estereótipos de género
segundo a idade, o nível sócio-cultural, e resid
ência e a passagem por um
51
3.3. Activação dos estereótipos de género DA situação
reótipos de género. Deaux :
1
Uma das questões a que os psicólogos sociais têm procurado dar resposta é ções que também podem activar OS este
de cabeleireira o
ade se saber em que condições os estereótipos de género são mais susceptíveis E m que contextos, tais como um salão
ona a fazer
aticamente a pessoa que percepci
de influenciar as nossas percepções sociais. Segundo Deaux e Major (1987, O es
há três factores que determinam se os estereótipos de género são activados: a oo Se tem a ver com o facto de o sexo da
pessoa-alvo, a pessoa que percepciona e a situação. E Ni re AR em tais contextos. Relembremos o
É De “a HBO Por exemplo, uma mulher é mais
E À aê Pies an rica num grupo de trabalho constituído
ado sexo está em
j oro e Em gtupos em que um determin
nção ERR
E l o sexo em minoria não só é alvo de ate
de modo
3.3.1. À pessoa-alvo E como também é mais susceptível de ser avaliado
1985).
ipado quanto ao género (Lord e Saenz,
Há diversas características da pessoa-alvo que podem contribuir para activar ilustrar este aspecto.
os estereótipos de género. Uma característica que se tem revelado do efectuado por Taylor (1981) permite ns
gravada de um grupo de seis pessoas. Algu
e avaliavam a discussão
particularmente importante relaciona-se com as pistas de aparência física, outros grupos ergm
um só homem e outros uma só mulher,
Os indivíduos que são altamente masculinos ou femininos na sua aparência ouvirem a gravação,
física são mais susceptíveis de ser percepcionados pelas outras pessoas como
dos por tantos homens como mulheres. Após
tivamente, a contribuição
s avaliavam os membros do grupo. Efec
possuindo de igual modo traços de personalidade (Deaux e Lewis, 1984) os equilibrados quanto
só era idêntica à de cada membro dos grup
Assim um homem com costas largas é mais susceptível de ser considerado ndo mais e dando
pessoas sós eram percepcionadas como fala
como uma pessoa activa, forte, independente. Noutros estudos em que se librados quanto
ssão mais forte do que os membros dos grupos equi
tem em conta não tanto a aparência física, mas a informação comportamental, is, afectuosas, O
s mulheres sós eram vistas como sendo «materna
encontrou-se que a informação comportamental acerca de homens e de os como «figuras
se retárias». Os homens sós eram percepcionad
mulheres específicas que vão contra a corrente dos estereótipos de género) o acentuava O
ch fes, ou tipos machistas». A composição do grup
tendiam a eliminar os efeitos dos estereótipos (Locksley et al., 1980). mento
pe soa só e suscitava percepções estereotipadas do comporta
a só.
) aspecto da situação susceptível de activar os estereótipos de género
são temporal. Os estereótipos de género são mais susceptíveis de
angimentos
3.3.2. À pessoa que percepciona ni percepção social quando as pessoas estão sob constr
O (Jamieson e Zanna, 1989).
As pessoas que se conformam com as expectativas de género são, segundo
Bem (1981), esquemáticos no género. Estas pessoas em geral percepcionam
o mundo com lentes masculinas e femininas. Por outro lado, as pessoas: “e
aesquemáticas no género são as que em geral não processam informação.
segundo as qualidades masculinas ou femininas percepcionadas. As pessoas. 4 g entes de socialização dos estereótipos de género
LI
esquemáticas são mais susceptíveis que as aesquemáticas de descrever OS
movimentos corporais das pessoas de modo masculino ou feminino e de los agora a examinar al guns dos principais agentes de socialização
prestar mais atenção ao sexo da pessoa para determinar as suas outras $ dos quais os estereótipos de género continuam a ser transmitidos à0s
características (Frable, 1989). Uma das consequências de se ser esquemático Se às mulheres. Dada a prolongada interacção, as diferenças er poder
no género que se associa com os estereótipos, é que se tende a identificar Isidade dos laços entre pais e filhos, os país constituem os prunetos
mal diferentes membros do outro sexo (Frable e Brem, 1985). Para as pessoas
ais agentes de socialização na nossa sociedade. A criança também
formação acerca do mundo social fora de casa. Uma vez começada
esquemáticas os membros do outro sexo parecem geralmente semelhantes.
53
a escola, professores e colegas tornam-s 4 ialização das crenças
e cada vez mais importantes. Dado
que os meios de comunicação reflectem e — Paraalém E s irmãos contribuem também para a soda mação cor dm
modelam a sociedade são Ra: én: ero. - Os irmãos, iá em particular, , os mais velhos, = E E
extremamente influentes, muito especialment reotip
e Junto de crianças que não: z us O
34.1. Família A
pudessem ser subtis. Tal parece ser 0 caso E Emterceiro lugar, os estercótipos de género podem levar
(McGillicuddy-De Lisi, 1988)e a minitas Di e
maior evidência de tratamento diferente dos pais emer professores avaliem alunos e alunas
ge nas reacções
ao de modos muito
comportamento da criança na escolha
de brinquedos e na atribuição das alunas podem ser julgadas tendo mais em conta ú sua aparência es
bathe os:
tarefas domésticas. FP alunos a sua competência. Os estereótipos de género pode
m ma
54
55
-
sua emergência quando se avalia de modo negativo mulheres que enveredam ças res ponderem a outras criançaso , como também a
i
aam maneira das € rian
por campos de estudo considerados tradicionalmente masculinos. Assim as tade em utilizar outras crianças como modelo:
a von E vç
mulheres ainda estão subrepresentadas em campos científicos, tais como esa ope ica-se quando
eça na
na escol
escola a pré pré -pre intensif
imá ria
engenharia e arquitectura. *segr
é egaç á
ão sexua l com
s preferem grupos isapadio
mo
. Ambos os sexo
escoedad
acriança en! tra emna soci es ária
la prim
ocidentais como em sociedades não ocidem
Ja ni
is
) i
o '. ra
tante na De oleo
te evisão, em particular, desempenha um papel impor
uso
s estereótipos de género. Gerbner e Gross (1976) e
3.4.3. Colegas lados básicos 3
mo tendo uma capacidade única para cultivar os postu
status quo, às SU
a natureza social na medida em que reflecte e aumenta o
fazem um vasto €
Os colegas são também agentes importantes de socialização. Tornam-se cada
imagens são retratadas com grande realismo, e as pessoas
vez mais importantes durante os anos da escola. Muitas vezes a pressão de uso dela. Bandura ( 196 9) suge i
2 riu que a tele V. 1são
I compe te |
com
+lectitivo
colegas é mais forte e eficaz que a dos pais, ou de outros adultos, em especial is e professores em propiciar modelos de papel para er
ve tigação sugere que os meios de comunicação social são p
durante a adolescência. arte da
57
56
PR
Lei
personagens femininas casadas trabalha
vam fora de casa e quando as mulheres ens agrada
trabalha vam ocupavam geralmente profissões ão também veiculados nas mensag
televisão das crianças. Os rapaze
Ati nos de género
femininas tradicionais, Ag ramas de
invés, os homens eram retratados não só de panham os prog
modo significativo mais do que as raparigas. Havia mais
frequentemente à trabalhar, como eram — em mais anúncios de as os
os équed
íncibrin raparigas eram apresentadas como
também retratados em profissões
com estatuto elevado, como médico s ou em trabalhos masculino
e advogados je rapa riga
passiv ass que
nos aanunci
a
azes DO(Feldsteini e Eni
|
Perante
Fe Idstein,1982ta). ioga
Ls i
|
m estes O
Es es ines e prefiram brinquedos associados com o seu
Os
S
um anúncios
retre difundidos entre a programação da televisão fornece també
ato de a
homens e de mulheres . Estes anúncios são filmados com cuida xo. Um certo apoio desta expectativi a é apresentado no Docume nto
para associarem produtos específicos :
com fantasias e ansiedades das pessoa
e ao longo dos ;
anos os anunciantes têm sem cessar reco
rrido
aos estereótipos
de género para vender os seus produtos
. Nos anos 70, 70% dos homens e Ss a que Ja n
É
ide estereótipos de género em petaae eles têm
e a que E
pe: sugere
Mais recentemente parece que os este ) 1 jalizaç
social ã . A análisise e de c
ização o
reótipos de género nos anúncios nesse
país e nout
ros diminuiram em certo grau. Por exemplo, :
evelou krelaç o com 0: sexof
i uedos em relaçã
a suaA preferênciai po r brinq
estudos nos Estados!
Unidos e na Itália encontraram que um 19983).
9 iníci de Dezem! bro os professores pe iram
No início FE a crianç
número crescente de homens erá
apresentado como cuidando dos filhos e as mulheres is € oito anos para escreverem cartas ao Pai Natal
eram retratadas num: idas
i s pessoaisj só foram is
leque mais amplo de profissões (Bretl avam para o Natal. Por meio de entrevista
e Cantor, 1988; Ferrante, Haynes €
a,s cartas de crianças que acreditavam no Pai Natal para a an
+ á
] «
E
Kingsley, 1988).
» Os rapazes pediam brinquedos masculinos e neutros a ses
Se pretender verificar pessoalmente à exis - , não pedindo quase nunca brinquedos lorena Aa Ipem
tência de estereótipos de género,
passe algumas horas a ver televisão é preste a maior preferência por brinquedos neutros, uma pre A eriaçe
atenção ao sexo da voz que |
anuncia um prod uto quando essa personagem não aparece em e dos femininos, mas o que menos desejavam eram bring
pessoa no | de modo estereotipado aos rapazes. Os estereót andei
anúncio. A «voz da autoridade» é quase semp ipos ego e
re um homem. Quando ouvira.
voz de uma mulher preste atenção ao produto que E temente mais fortes nos rapazes que nas rapa
está a ser vendido. Durante | rigas, es na
o dia há grandes probabilidades que se trate de algo ade, a maior parte das crianças mostravam uma
que tenha a ver com preferência ada
preparação de comida, cuidado de cria Equedos associados de modo estereotipado com o
nças, ou usos de cosméticos. Os! seu género, ar
estereótipos de género não morreram rapa
e ze
bones
cas para as raparigas.
como pudemos verificar recentemente
num estudo em Portugal (Neto e Pinto
, 1998). Examinou-se o retrato de
home ns e de mulheres numa amostra de anún
cios dos quatro canais de
televisão existentes em Portugal. Foi
feita a análise de conteúdo de 304
anúncios. Os atributos de cada uma das figur
as centrais foram classificadas
em Ii categori
as: género, modo de apresentação,
credibilidade, papel, lugar, o
idade, argumento, tipo de recompensas, tipo
de produto, meio e comentário | gens mediáticas dos homens e das mulheres podem ser ii sob
tesns
final. Foi obtida uma clara evidência de
diferenças na apresentação das Ds demasiado subtis para serem percepcionados, como
personagens masculinas e femininas.
O 6, podendo suscitar o viés denominado de face-ismo.
58
estereotipado no Jogo
Pode-se levantar a questão se as pessoas são efectivamente influenciadas ri
t í
buía par a au mentar um comportame: nto
nel O con
pela televisão. Um certo número de estudos respondem positivamente à n, 1983). |
essa questão. Segundo Kimball (1989) as crianças que vêem televisão têm Ede crianças (Ashto
i s de aeicação En social
mais atitudes estereotipadas de género que as que não as vêem. Noutros , a família, a escola, os colegas e os meio
l a quanto ao género àsàs
ormação estereotipad cri a s. Para ço
estudos encontrou-se uma relação positiva entre exposição ao conteúdo Em É inf
em
e
modo diferente na famí
estereotipado quanto ao género de meios de comunicação social e E “E azes e raparigas são tratados de
rem men
percepções estereotipadas de género, atitudes e comportamentos == A odas essas instituições os estereótipos esta
(e.g., McGhee é Frueh, do que duas déca
edu indaa são frequentes apresentações
Ê das atrás, aind
1980; Steeves, 1987). Todavia nestes estudos “vin cado s
de género.
correlacionais a direcção da causalidade é desconhecida. Será que ver muita estereotipadas dos papéis
televisão causa um aumento de estereótipos de género? Ou são porventura
as pessoas mais tradicionais que são mais suceptíveis de construir uma
maior quantidade de actividades culturais tradicionais, como ver muita
televisão?
deiros:
s >
61
60
As pessoas estavam certas ou subavaliavam difer
enças sexuais em seis áreas
(inquietação, capacidades matemáticas, ajuda
em caso de emergência,
felicidade, influenciabilidade, e olhar durante as
conversas). Só em duas áreas
se verificou sobreavaliação. Os sujeitos sobre
avaliavam a tendência dos
homens a serem agressivos € as capacidades verbais das
mulheres.
3.6. Mudanças
62
63
Uma
em investigação mostrou todavia até que
ponto as pessoas Rob
a cai eds segund o os sexos acreles
di ; tete s dos estereótipos de gén
E
ero
ram em medida cinquenta e quatro adiectivocs
Edo EE ASR tipicamente masculino e feminino. Cinque pensar que os estereótipos de género são exemplos engraçados,
dn go traços apresentaram diferenças entre
nta por pessoas desporvidas de sentido crítico. Todavia, à semelhança
o
a ulino e feminino. Os estereótipos era
o sujeit ce com a maior parte dos estereótipos, os estereótipos de géner
m partilhados isso alguns
OS sexos sendo a percentagem de acor
do entre os sujei
linda mais fortes sobre os seus objectos. Vejamos por
masculino e feminino de 85%. às efeitos dos estereótipos de género.
“2
A aa
Rd onça nos estereótipos de género pôde tamb
de
ém g;
SO E a é do ada replicando o estudo q
- Us resultados sugerem
buições de sucesso e fracasso
que em muita
ER ga ar mudança nas duas décadas. Os
E)
TR de a
SEO er hora como mais fortes, independente apítulo 3 que as pessoas estão motivadas para explicarem o seu
s, rud to e o dos outros em termos causais. Diversos estudos têm
Et Pois E eres; e as mulheres continuavam a ser vista
o a E ucadas e submissas que os home
s corr ência que as atribuições causais efectuadas pelos observadores
ns. Por outro lade
para ES E várias mudanças nos estereótipos. Em fadas pelos estereótipos de género. Um estudo de Goldberg (1968)
particul; ência que atribuições diferenciais para o sucesso podem ser
pa S, os Fesultados sugerem que os estereótip
gi o mais favoráveis em relação às mulh
os mudarar or um nome masculino ou feminino. Pediu-se a estudanies
eres e mengo para avaliarem artigos sobre diversos tópicos escritos quer por
ação aos homens,
p» quer por «Joan Mckay». Os artigos de «John» foram avaliados
Os trab alhos a que temos vindo
: a fazer alusão situam-se dentro de um mesm is favorável que os de «Joan». Este estudo sugere pois que as
ifestavam preconceitos em relação a outras mulheres. Estudos
as a = que examinou a evolução dos estereótipo ugeriram que os homens também manifestavam preconceitos
Rn: E ogia de Williams e Best (19904), a que já nos referima
obrigadoa: Si ra a resposta matizada que os psicólogos sociais sã às mulheres.
inline nes Ep seito da evolução dos estereótipos. Bjerke, de mais de uma centena de estudos como o que se acaba de
Bergei
instrumentos ou uma fraca evidência de que as pessoas em geral avaliam o
populações nos E. e ais licaram utilizando os mesmos homens de modo mais positivo que trabalho equivalente realizado
recolhidos em Te 8 Haidos em 1988 (os primeiros dados neste país foral
datando de 1977) he e na Noruega em 1987 (os primeiros dados neste pa S(Swim, Borgida, Maruyama, e Myers, 1989). Para além disso,
uma mudança j pç dos Estados Unidos não põem em evidênci mo os de Goldberg apresentam muitas vezes problemas
masculino a E durante o período de 16 anos, o estereótip cos por utilizarem nomes masculinos que são mais atractivos do
mas menos favorávê inimos, e deste modo os efeitos de atractividade do nome são
que O estereóti a >a mo mais forte e mais activo, os com o viés no género (Kasof, 1993).
significativas dur Ea eco A Na Noruega observaram-se mudançã
de co E dez anos, o estereótipo masculino mudandê
mais favorá na eaÉ menos PViês avaliativo poder não ser tão frequente quanto se pensava
MedGES dA fada favorável que 9 estereótipo feminino e u E
ao estereótipo E e a A do estereótipo mascul ino relativamentt A sugere que pode haver um «padrão duplo» quando
dez anos de intervalo (1977-1987
réplicacomcomcrianças
foi também ef ectuada na Noruega litibuições de sucesso e de fracasso.
de cinco anos que mostrol :
serem as mudan : Es dência das pessoas em reclamarem as realizações com sucesso e
19904). sas nesse intervalo de tempo mínimas (Williams e Besk qm à responsabilidade do fracasso. O sexo dos sujeitos apresenta
n efeito sobre a amplitude destes viés. Os sujeitos masculinos
Em gaas
EE suma, E e stando perante dados que LS fortemente O sucesso a factores internos, como a capacidade
não são totalmente convergentes, , nã não
data “a is concluir com segurança que os estereótipos de género tenhail S femininos tendem a atribuir o sucesso a factores externos como
Uido nas duas últimas décadas. Yamente ao fracasso, os sujeitos femininos interpretam-no como
64
65
ami aicões posteri ores confirmaram e ampliaram as conclusões do estudo
s também
puderam ser observadas em crian eman et E 70). Assim as crenças dos estereótipos acerca das
(1
E desempenham um p apel na terapia (Sherman, 1980).
4
3.7.3. Profissão
sn od, Mia do Sexo feminin o A E Re está subrepresentado em quase todas as profissões com
sibe Be Mio à aparência e mais excitável Es qua po e E E mulheres não têm sobressaído tanto como os homens no campo
sexo masculino quer do o a para os técnicos de saúde o a E - Por exemplo Gardfield (1982) coligiu o número de mulheres nas
eminino, há a tendência Re quer do Brnias nacionais de vários países (quadro 7.2) e a diferença entre os dois
DP S$xos não é favorável às mulheres.
66
67
Quadro 7.2 — Número de mulheres
em várias academias o era uma pessoa com licenciatura que se chamava quer
nacionais de ciência Re a rriss. Numa versão da descrição, Ken ou Kate tinham
“aD) o Ih ; fi perfil masculino e numa segunda versão trabalhos
Roo “a E Após a leitura das descrições, os sujeitos indicavam as
Membros Total “ga Eu a personalidade das pessoas à procura de emprego e
Academias
do sexo
feminino
de E DO robabilidade de serem entrevistados para três empregos: gestor
membros RE” E E uma companhia de máquinas (trabalho eee na
qua ce E 130 | ministrativo num banco (trabalho neutro elemento E Snes
Re ncionista de dentista (trabalho feminino). Os resulta nçiá
Royal
o a Societyann
of London e
(Inglaterra) -
29 Fo Ê EE bora as características individuais tivessem uma influência na
909
Five State Academies in the Federal “A EO nar os homens eram favorecidos para os trabalhos ditos
13
PA sculinos, e as mulheres para os trabalhos ditos femininos.
Deutsche Akad
o emie der Naturforscher
21 = | É estutudos a que acabamos de fazer referência a profissão era mantida
“nos
*1000
Leopoldina (RDA) stante e comparada com julgamento acerca dos dois sexos, os homens e
Academy of Sciences (U.S.S.R) nt Eres repartem-se de modo desigual entre as diferentes profissões.
3 * 700
q jor parte dos médicos, dos engenheiros civis, dos carpinteiros, por
* Número aproximado
Fonte: Gardield, 1982.
i
mplo, são do sexo masculino, i parte de professore s
enquanto que a maior
ários, assistentes sociais, e enfermeiras são do sexo feminino.
68
69
3.8. Ideologias do papel de género . é
ando trab alho ante Hot (Kiskpatrick, 1936; Nadler é Morrow , 1959),,
Voltemo-nos agora para a ideologia do papel de 14 q s anos setenta (e. g, Kalin eTilby, 1978; Spence e Helmreich,
género, isto é, crenças sobr
relações de papel adequadas entre mulheres
e homens. Enquanto que q » nos à E
E oitenta (e.g., Benstoion e Vince nt, 1980; Rombough e
A
idas da ideologia do género.
estereótipos sexuais são crenças consensuais 3; senvolveram várias medidas - .
mantidas acerca de característio:
dos homens e das mulheres, a ideologia do papel e = a fidelidade e a validade de medidas da ideologia
sexual consiste e o MO mendo a estratégias múltiplas que incluem chrrelatos
prescritivas acerca do comportamento apropriado
às mulheres e ao S home
Efectivamente uma parte importante do
ci E. psicológicos (e.g., Etaugh, 1986) e avaliando a variação
o 1ÇOS
To
P8é encontrou com os estereótipos de género em que eram
ae
ampla
»
o
É
Vi
Nem todas as famílias encorajam papéis de géner
o tradicionais durante à O 7.3 ilustra diferenças interculturais nos papéis de género.
socialização.
70
nte as
s soc ied ade s as j as eram educadas consoa
est as trê s AS aSEque TE OS papéis de género não são O
Quadro 7.3 — Média dos scores da SRIS de mulheres Em cada uma tur destas três soc iedade
mo ns tr
E al o que de
e de homens em 14 países e em Portug expectativas cul ais ,
nados pela cultura ou
ere nça s bio lóg ica s, mas são determi
resultado de dif ctuado com
Se é ed uc ad o. To da via este estudo foi efe
pela sociedade em que aram que Mead pode ter rec
orrido
dores argument
algumas falhas e os investiga hados.
tivas nos seus ac
País Homens Mulheres a interpretações subjec
Ea
Holanda d+ 5.72
E—"
(Mais igualitário)
semelhança do que se
dh
Jália
e que em Portugal, à
4.90
p
a su rp re en de nt ivas
es tendiam a ter perspect
Talvez não sej
Portugal 4.48 4.69
a dos paí ses , as mu lh er
4.90 verificou na grande maiori em bo ra às diferenças fossem
pequenas.
Venezuela 4.51 £
ho me ns , mu it o
» mais modernas que 08
,
s na ideologia
Estados Unidos 4,05 4.66
cul tur a pa re ce con tri buir mais para variaçõe
Se E
Efectivamente, à ordo entre homens €
Canadá 4.09 4.54 l
gén ero do que o gén ero, havendo mai s ac
do papel de erentes
439
po cul tur al que ent re homens € mulheres de dif
* mulheres no mesmo gru
Singapura 3,61
sn
Malásia REA 4.01
grupos culturais.
3.70 Pi tão,
Japã
Ra al, como Finlândia, Paquis
381 3.88 Em suma, em países tão di ferentes de Portug rdo intercultural
ezuela, aparece um aco
Índia
Canad 4 e Ven
Nova Zelândia, Nigéria, heres.
Paquistão 3.34
3,3 3,30
que S e crê dif erenciarem homens € mul
3.39 nas características psicológicas ça geralmente antes dos
estereótipos de gé nero come
Nigéria 3,11
(Mais tradicional)
A aprendizagem dos e da adolescência. O pro
jecto
e continua através da infância
cinco anos mite-nos concluir
Fonte: Williams e Best, 1990b, com excepão dos dados portugueses
apresentado sobre Os estereótipos de género per
intercultural
dos estereótipos de género, cuja existência
* que existe um modelo pancultural
culturais estudados, com variações
é evidente em todos os grupos ncias culturais.
ultantes de influê
Telativamente menores res
udos interculturais
,
7
=
E”
5. as muilheres têm necessidade de realização mais baixa; h rita, etc, por parte da mulher. Esta superioridade pode ser o resultado da
RReSCila, Lit
6. as mulheres têm auto-estima mais baixa: experiência social.
A confirmação é fornecida por uma revisão (Rosenthal e Rubin, 1982) que
7. as mulheres são mais afectadas pela biologia, ao passo que os E, E pôs em evidência que a grandeza das diferenças entre o sucesso masculino e
homens são mais influenciados pelo meio.
2 E tino diminuiu nos últimos vinte anos. Uma meta-análise sugere que
E: diferença na capacidade verbal geral já não existe (Hyde e Linn,
Poucos anos após a publicação deste trabalho de Maccoby e Jacklin, os 1988),
p= : — esta
psicólogos recorreram a um novo método para rever e sintetizar a investi gação, podendo haver contudo diferenças de género que favorecem as mulheres em
mae € certas capacidades verbais específicas, tais como a fluência (Mann, Saranuma,
a meta-análise. Armados com este sofisticado método começaram
|
a fazer
uma nova análise da investigação passada sobre diferenças de género. A meta- gakuma, e Maraki, 1990).
análise permite realizar três objectivos: 1) determina quando uma diferença o)
de género se encontra de modo fidedigno em muitos estudos; 2) permite o sexo masculino obtém geralmente melhores resultados que o sexo feminino
= em testes quantitativos e espaciais (e. g., Maccoby e Jacklin, 1974).
identificar o tamanho destas diferenças, 3) e informa-nos se as diferen
género dependem de outras variáveis.
ças de "Encontrou-se numa população de pré-adolescentes portugueses por meio de
"um teste de raciocínio não-verbal (R. N. V. 1) que os rapazes tém um sucesso
"maior que as raparigas (Mullet e Neto, 1983; 1986). Esta diferença pode
também ser o resultado de influências ambientais, na medida em que pais e
E professores afastam as raparigas de actividades relacionadas com a matemática
a ciência. Para além disso, através de treino, estas diferenças podem-se
4.2 Diferenças cognitivas
reduzir (Newcomb, Bandura, e Taylor, 1983). Acontece mesmo que esta
Ediferença não aparece em amostras de esquimós no Canadá (Berry, 1966). A
Poder-se-á interrogar porque é que se está interessado em capacid interpretação avançada por Berry é a de que as capacidades espaciais são
ades
cognitivas num manual de Psicologia Social. Podem-se entrever pelo altamente adaptativas para ambos os sexos nesta sociedade e quer os rapazes
menos
duas razões para tal. Em primeiro lugar, tais diferenças podem contrib quer as raparigas têm um amplo treino e experiências que promovem a
uir
para os estereótipos de género e influenciar os papéis de género criados pela “aquisição da capacidade espacial. Tal pode denotar que as diferenças de género
sociedade para os homens e as mulheres. Em segundo lugar, os Jem tarefas espaciais podem não ser universais, nem inevitáveis.
tamanhos
das diferenças de género nas capacidades intelectuais podem ser úteis
para
se comparar com os tamanhos das diferenças de género em comportamentos Se as teorias que tentam explicar as diferenças de género nas aptidões
sociais, tais como agressão, comportamento de ajuda e conformidade “Cognitivas apontam, quer para a influência dos factores ambientais, quer
.
E para a influência dos factores biológicos, como nos lembra Simões (1983),
A investigação actual não deixa transparecer diferenças globais entre
o sexo E não existe uma teoria satisfatória para explicar essas diferenças.
feminino e o masculino na capacidade intelectual, caso se avalie por meio de Ra >
testes de QI, de aptidão, de criatividade, de solução de problemas gerais. E necessário ser cauteloso quando se utiliza a informação das diferenças de
Encontram-se todavia determinadas diferenças em relação a capacidades * género cognitivas nas três áreas — capacidade verbal, quantitativa e espacial
específicas. E: “ - para Se tomarem decisões sobre casos particulares. Pode, por exemplo,
E
aver à tentação de em orientação vocacional se aconselharem os homens
O sexo feminino é muitas vezes superior na capacidade verbal e línguística. para não escolherem profissões que exijam capacidade verbal, ou aconselhar
Maccoby e Jacklin (1974) enumera as seguintes fases do desenvolvimento "as mulheres a afastarem-se de profissões que exijam capacidades espaciais e
das capacidades verbais: 1º) antes dos três anos: não se registam quaisquer à quantitativas. Por um lado, as diferenças entre os sexos são mais pequenas
tipos de diferenças; 2º) dos 3 anos até à adolescência: a realização dos | que dentro de cada sexo (Frieze, Parsons, Johnson, Ruble, e Zellman, 1978).
dois sexos é muito parecida (se diferenças há, tendem a favorecer as raparigas Pory outro lado, as conclusões de Maccoby e Jacklin sobre as diferenças de
e a aparecer sobretudo em populações desfavorecidas; jénero na capacidade matemática são hoje em dia controversas (Feing
3º) a partir da old,
adolescência: a diferenciação torna-se evidente — maior riqueza do voca- O 8).
78
79
em capacidades cognitivas ; am ições externas que internas sobre ascansa mil o a
4 as explicações levam muitas vezes a que se sm En Ee á ge
ma situação. O desânimo aprendido (Seligman, 1 ) leva p é
a mressão. Este desânimo aprendido ancora-se muitas ease nare ita dh
Valor médio de d(x) (valores
Comportamentos Fonte positivos denotam que as |Número de estudos têm menos controlo sobre as suas vidas que os homens.
nlhe s 1
uma mãe com dois ou mais filhos em que à relação conjugal se
= .
Este quadro mostra os resuitados de meta-análises sobre diferença de género. São indicados os
valores médios de d (a diferença entre a média das mulheres e a média dos homens dividida pelo
2. Bem-estar
desvio-padrão destas distribuições) de tados os estudos que examinam uma determinada variável e
o número de estudos de que os valores médios de d foram calculados.
significar sentir-
" -estar é um termo relativo. Para umas pessoas pode
lia, com Os
Fealizado profissionalmente ou sentir-se bem com a famí
outras ainda o
Ds. Para outras significa riqueza, poder ou prestígio. Para
de um dia
lestar pode consistir em disfrutar de uma copiosa refeição ou
ofrimento.
4.3. Diferenças emocionais E
olha.
contece com a beleza, o bem-estar está nos olhos da pessoa que
dem
Examinaremos seguidamente o caso da depressão e do bem-estar e, no. star, felicidade, satisfação, em suma, qualidade de vida, depen
capítulo 10, estudaremos a solidão. X
kpectat ivas de cada pessoa e dos seus padrões de comparação.
cio i
Seja como as E ini am E praga postas em evidência a propósil
Calelicidade no estud ;
o de Wood et al. (1989) ) pá paré
ser mais: pequen
que se encontram na literatura so
depressão. R É E erenças
Aa lo j mais .
investigação ara aclarar os mecanismo
Pp Os
i
interferem no bem-estar subjectivo.
vu
Ex
85
84
=
vasto leque de comportamentos de ajud u que as
a como seja o tratar das crianças, dos s informações não-verbais.
idosos, o reconforto de um amigo. camente , Hall (197
gi 8) defe ndeu ,a
A investigação existente pouco nos
para A
n exO beies
acerca da ajuda nas relações privadas diz das mães
experiéiências íveis com os seus bebé pode exigir ne Era
s m
entre amigos e parentes. Foram às ameaças extern as dos seus filhos. Assim a
sensíveis às à
assinalados cinco estudos por Eagly
e Crowley em que as mulheres eram
mi odo ma is
mais susceptíveis que os homens em Pres E
des envo Ivem à habilidade em percepcionarem o mundo de m
tar favores pessoais a amigos e to ique OS home ns.
conselhos acer ca de problemas pessoais. Para term E” ecc para responderem de um modo mais: em otiv. o € P
os um quadro mais
completo das diferenças de sexo no comp si
ortamento de ajuda será necessário
dispor de estudos em diversos contextos, para além da intervenção do
espectador.
ma delas
LÃ .
as
=
4
4.4.4. Comportamentos não verbais
ES
=
E de= 4-6 6 4
Apesar de Maccoby e Jacklin não tere
m encontrado quaisquer diferenças de
género claras no comportamento não-verb
al, meta-análises evidenciaram que
as mulheres eram significativamente
mais versadas que os homens neste
od]
domínio. 44.5. Comportamento em grupos pequenos
86 87
Quadro 7.5 - Meta-análise de diferença
de género nos
comportamentos sociais : tudos indicam diferenças no comportamento entre o Sexo feminino
e
o A É preciso todavia precaver-se na interpretação de diferenças
Valor médio de d(x)
Comportamentos Fonte (valores positivos denotam Número de estudos E O ta E e comportamentos. A investigação neste domínio pode
sociais
que as mulheres obtêm
em que foi
E E: E p E itdo de resultados enviesados. Os estudos do comporta-
calculado d
resultados mais elevados) o A em avaliações subjectivas encontram diferenças maiores
Agressão Hyde (1986) -0,50
E E ue recorrem a técnicas mais objectivas (e.g. contagem de
69
(mediana de d) O am Fc Os problemas suscitados pelas avaliações subjectivas são
Conformidade ao | Becker (1986)
0,28 E O ento Egios por uma experiência efectuada por Condry eCondry
grupo 35
o Estudantes universitários visionaram um vídeo de um bebé de
Comportamento de Eagly e Crow- 4 “a e avaliaram o seu comportamento em termos de prazer,
ajuda
e
ley (1986)
Global " medo. Antes de se apresentar o vídeo era comunicado a alguns estu autos
0,34
Quando estando
99 j que o bebé era rapaz e a outros que era rapariga. Os estudantes que pens vam
-0,74 mosirando mais ra nas
observado I6 "que o bebé era rapaz avaliaram-no como
Quando não es- prazer e menos medo que os estudantes que julgavam que o be é era uma
0,02
tando observado 41
Prapariga. É obvio que não havia diferenças comportamentais, pero o
Comportamentos Hall (1984) * mostrava sempre o mesmo bebé. Os estudantes precepcionavam di ç
não verbais
"pelo facto de «conhecerem» o sexo da criança.
Habilidade em
0,43
descodificar 64 E Para além disso, as diferenças que se encontram entre os Sexos têm por
Riso social undamento médias de grupos e não a realização de um indivíduo. Pode-se
0,63 15
Quantidade de assim cometer a falácia da média, isto é, a tendência a fazer-se e
0,68 30
olhar acerca de casos particulares com base em médias de grupos não se tomando
Espaço pessoal
«0,56 * em conta o número de pessoas que estão acima ou abaixo da média. Madame
Expansividade
-1,04
Curie era certamente mais analítica que a maior parte dos membros do sexo
de movimentos
* masculino e Camões tinha um melhor manejo da linguagem que a maior
Pausas de preen-
“119 = parte dos membros do sexo feminino. A grandeza das diferenças de género
chimento
que estão mais bem documentadas tem posto em evidência que os homens e
Comportamento em | Carli (1982) "as mulheres são mais semelhantes que diferentes quaisquer que sejam as
pequenos grupos
Características psicológicas consideradas. As diferenças dentro dos sexos são
Comportamentos
sócio-emocionais
0,59 17 maiores que entre os sexos.
positivos
7 Caso se ultrapassem as dificuldades em efectuar investigações sem viés, à
Comportamentos h ;
orientados para à
-0,59 I0 FP “dência não
investigação põe surpreendentemente em evidência nã tanto as diferenç as
tarefa de género, mas as semelhanças.
R .-
DP Enfim, refira-se uma última consideração sobre os estudos que tratam das
— à diferenças de género: eles não nos informam necessariamente porqueé que
| Existem diferenças de género, As diferenças de género são biológicas
Este quadro mostra os resultados de um
certo número de meta-análises sobre diferença * (genéticase hormonais)? Ou são aprendidas dos nossos pais, da nossa cultura?
São indicados os valores médios de d (a de género.
diferença entre a média das mulheres e
dividida pelo desvio-padrão destas distribuições) de todos
a média dos homens * Ousão impostas pela estrutura da sociedade e pelos contextos sociais? Para
os estudos que examinam uma determi- "86 obter uma melhor compreensão em que é que mulheres e homens são
nada variável e o número de estudos de
que os valores médios de d foram calcu
lados. PSemelhantes e em que é que são diferentes, vamos examinar algumas das
Principais teorias que tentam explicar os papéis de género.
88
89
5. Teorias acerca do Papel de Género
vezes mais atenção
que as diferenças entre grupos suscitam muitas
— Dado sido dispendido para explicar
s semelhanças, um grande esforço tem
que a mento dos homens € das mulheres algu
mas vezes
porque é que o comporta ns e
pessoas chegam a comportar-se como home
difere. CO mo é que as ade,
mulheres? Como é que
ser homem ou mulher se liga a traços de personalid
não verbais, capa cida des
agressão, conformidade
, comportamentos
certo número de teorias que
cias profissionais? Há um
cognitivas, pre ferên
iantes. Examinaremos seis
entam respon der a essas questões desaf
ndizagem social, teoria
hordagens: teorias biológicas, teorias da apre
a do papel
É ynitivo-desenvolvimentista, teoria do esquema de género, teori
teorias não são mutuamente
social e teoria da auto-apresentação. Estas
lexo tópico do género.
wclus
E»
ivas. Cada uma ilumina um pouco O comp
1. Teorias biológicas
inatas entre homens
teorias biológicas defendem que existem diferenças
biologia, defende
mulheres. Edward O. Wilson (1978), paí da moderna socio
da história evolutiva
ue é porque as mulheres foram responsáveis ao longo
ças que evoluíram
qnossa espécie por dar à luz, amamentar € cuidar das crian
is por caçar
fa serem mais afectuosas, e porque os homens eram responsáve
capacidade
tar que evoluíram para serem mais agressivos e terem melhor
sexos têm
pé jo-visual. Para além disso, Wilson sugere que ambos os
tir que
fratégias reprodutoras diferentes. Se as mulheres devem garan
vivam, OS
ativamente poucos dos óvulos entre os que produzem sobre
um
mens, produzindo milhões de espermatozóides, podem ser pais de
ero indefinido de filhos. Em consequência disto, as mulheres evoluiram
à serem mais recatadas e desejando relações estáveis, ao passo que 0s
ns evoluiram para serem sexualmente mais agressivos € promíscuos.
a
vez a melhor evidência das diferenças de sexo com origens biológicas
venha da agressão (Maccoby e Jacklin, 1980). A evidência de causas
| Ógicas das diferenças de género noutros comportamentos sociais, para
pen da agressão, tais como comportamentos não verbais, comportamento
ie ajuda e influenciabilidade, são muito mais fracas. Como já se observou,
iSsas diferenças são muitas vezes determinadas por factores situacionais, O
JUS Sugere mais determinantes sociais que biológicos.
93
iu
nt
5.2. Teorias da aprendizagem social ndo activamente implicadas na aquísiç
sição do pap
iSiçã É
papel de género. Es ta
impli
Ê a
rte da ideia de que a identificação sexual e o comportamento
Se as teorias biológicas sublinham diferenças E
.
inatas entre mulheres e homens, g xE apropriado só podem ocorrer quando a criança dir ia
ci
as teorias da aprendizagem social sublinha : :
Os pais, o sistema socia eo
m diferenças aprendidas.
Walter Edio cr ico de desenvolvimento cognitivo.
Mischel (1970) defendeu que as diferenç nitivo da criança estão na base da socialização do papel de género.
as no comportamento dos homens cog
e das mulheres podem ser explicadas pelo condicio aco :
namento clássico, pelo E ropôs que o acto de autocategorização de género ( «Sou rapaz»
condicionamento operante e pela modelagem. Por exemplo, o cond no
iciona ERP ariga») leva a criança a desenvolver comportamentos mascu in
mento clássico pode ajudar a explicar porque é que um rótulo como
«maricas» E B E E modo estereotipado. Segundo Kohlberg sa teoria cognitiva
adquire um valor diferente para os dois sexos
. Em geral a palavra «maricas»
ridiculariza o rapaz e por isso torna-se um rótulo muito desagrad E E sequência: “Sou rapaz, por isso quer
ável. O á oportunidade de fazer coisas de rapaz... o é fazer coisas de CALA
o ea ido » no
condicionamento operante também pode levara diferenças
de género. Ocorre E E aprendizagem social defende uma sequência dife
quando os comportamentos dos rapazes e das raparigas rente: des
são recompensados. impensas, sou recompensado por fazer coisas de ni
e punidos sistematicamente de modos diferentes is Ep E a
. Por exemplo, a Mariana paz» (Kohlberg, 1966, p. 89). Este autor E
pode ser alvo de sorrisos e de elogios quando brinca o dias
com bonecas, e o António impensas que fazem o rapaz masculino, mas é a identi
pode receber desaprovação quando executa exac rh a Pp
tamente o mesmo homem que faz as actividades masculinas recompensado
comportamento. Enfim, as crianças pode ras.
m adquirir comportamentos:
apropriados com o seu género através da
aprendizagem por observação. As
crianças aprendem muitas vezes os comp be
ortamentos «masculinos» e:
«femininos» sem serem directamente E.
recompensados ou punidos, mas.
simplesmente observando os seus amigos, * Teoria do esquema de género
pais e familiares e os retratos de
várias personagens nos meios de comunica
ção social. Esses modelos são!
particularmente influentes quando têm uma
relação educativa com as crianças Soria do esquema de género amplia a análise cognitiva de Kohlberg aos
e têm controlo social sobre elas (Bandura e
Huston, 1961). tos e incorpora também aspectos da teoria da aprendizagem En
Éjema de género
stativas refere-se à organização que as pessoas têm de aa é
Segundo a perspectiva da aprendizagem social, nas a propósito do seu papel de género. Segundo Bem (
sociedades em que as. a
expectativas do papel de género estão clara
mente definidas, como, por | das que internalizaram os papéis de género tradicionais têm EE a
exemplo, na Arábia Saudita, há uma grande consistência
no modo como r nte um esquema de género mais forte do que aquelas que têm pó Re
cada sexo modela o comportamento apropriado
. Por conseguinte, os papéis . s menos tradicionais. Pode ser mostrado que as pessoas com papéis de
de género tradicionais são mais susceptíveis
de passarem de uma geração à ero+ tradicionais processavam a informação mais rapidamente.
outra em virtude de modelagem consistente
e do reforço do comportamento
apropriado. Nas sociedades em que as expectativas ”uema de género é utilizado como um padrão e a auto-estima é afectada
do papel de género estão
em mutação e não estão tão claramente defin ) modo como uma pessoa se compara com o padrão. SAlgças avaliam
idas, como acontece em Portugal,
a criança terá muitas vezes modelos contr r ormação acerca delas próprias pelo seu esquema de género. Quando as
aditórios para imitar. Em.
consequência da diversidade de papel de género, acterísticas de uma criança correspondem ao esquema, a sua auto-estima
o próprio papel de género |
da criança terá mais probabilidade de se De, Se não há correspondência baixa.
distinguir que em culturas E
tradicionais.
uito embora haja um grande debate sobre a medida e as consequências is
iquemas de género (Payne, Connor, e Colleti, 1987), a maior parte os
Pestigadores aceitam o princípio geral de que os esquemas de género das
$ss0as podem influenciar os seus comportamentos relacionados som o
5.3. Teoria cognitivo-desenvolvimentista
Énero e os processos de pensamento. Entre as três teorias não biológicas
Essentadas até aqui, a vantagem da teoria do esquema de género sobre a
A teoria cognitivo-desenvolvimentista, ao invés da | ri da aprendizagem social e do desenvovimento cognitivo é a combinação
teoria da aprendizagem
social que coloca a criança num papel passi e faz dos melhores aspectos das duas numa explicação do desenvolvimento
vo, encara as crianças como
94
95
do papel de género. Em consonância com a teoria da aprend
defende que o esquema de género é um fenómeno aprendido. À
izagem Social diferenças de gé nero no comportamento não verbal? Segundo a teoria do
medida que É mulheres estão mais atentas às pistas não verbais das outras
as crianças crescem, aprendem as significações culturais pel social, As mais vezes respostas 5 ocialmente «calorosas», tais como
de se ser homem
ou mulher. Para além disso, a teoria do esquema de género — eg ausa da sua posição de subordinação na sociedade, em
também sugere a
teoria do desenvolvimento cognitivo ao enfatizar como é que e or a homens. O facto das mulheres recorrerem, mais
os processo;
de pensamento da criança encorajam o desenvolvimento do papel a o Ras não verbal constitui uma tentativa para
de género,
DO a msitor os sentimentos das pessoas, para aumentar O conforto
À oa a explicação está de acordo com investigação que mostra
k mer que seja o género, as pessoas que têm papéis ai id
5.5. Teoria do papel social der são mais sensíveis aos sentimentos dos seus superiores que O
nodgrass, 1992).
Na maior parte das culturas homens e mulheres ocupam
papéis bastante ma
diferentes (Barry, Child e Bacon, 1957). Os homens são mais E além de explicar diferenças de género no comportamento
responsáveis. E na
por caçar, pescar e lutar e, nas actuais sociedades industrializad iência de Eagly e Steffen (1986) mostrou o poder que no
as, pelo ais para modelar representações estereotipadas deitiercê e tener
ordenado que advém do trabalho, se bem que este aspecto tenha
mudado. te trabalho, os participantes liam uma breve descrição e uma Br
drasticamente nas últimas décadas. As mulheres são mais respon
sáveis pelas a aos
práticas educativas das crianças e pelas tarefas domésticas. Esta f mulo (homem ou mulher) que era ou doméstica, trabalhadora
divisão do leitura es
trabalho com base no sexo que ocorre em quase todas cial fora de casa, ou empregada a tempo completo. Após a
as sociedades, leva
descrição, as pessoas participantes em todas as condições Ea a
necessariamente a diferenças de género no comportamento
e a percepções
estereotipadas diferentes para as mulheres e para os homens (Eagly, soa-alvo num certo número de traços instrumentais (por exemp E
Tendo como guia os seus papéis sociais no competitivo mundo
1987). linante, independente) e de traços expressivos (por exemplo, amável,
do trabalho, q ensivo). Como mostra o quadro 7.6, ambas as pessoas-alvo do sexo
os homens mostram comportamentos competitivos e agressivos
o que levaa, ulino e feminino eram julgadas segundo os estereótipos de género
que as pessoas percepcionem os homens como sendo mais compet
itivos e. indo não era fomecida informação sobre o trabalho: as mulheres eram
assertivos. Tendo como guia os seus papéis sociais para educar as criança
s é liadas como sendo mais expressivas, e os homens como sendo mais
tomar conta do lar, as mulheres mostram comportamentos mais
e as pessoas por sua vez percepcionam-nas como sendo mais afectuo
afectuosos, mentais.Ao invés, quando as pessoas participantes recebiam informação
Eagly afirma, no entanto, que estas diferenças comportamentais
sas. fe O trabalho eram mais susceptíveis de avaliar homens e mulheres pelos
função de papéis que de género.
são mais papéis sociais e não pelos estereótipos de género. Por outras palavras,
ns e mulheres com trabalho doméstico eram percepcionados como
Esta teoria, se bem que não se focalize nas diferenças inatas entre mulhere do mais expressivos que instrumentais, ao passo que as pessoas
s
e homens, não rejeita que tais diferenças possam existir A teoria de Eagly regadas a tempo inteiro eram percepcionadas como sendo mais
enfatiza o poder dos contextos sociais na orientação dos comportamentos | entais que expressivas. Para Eagly e Steffen estes resultados sugerem
sociais e da percepção. Assim, contextos que tornam os papéis de E Os estereótipos de género estão baseados em observações de papéis
género.
particularmente salientes e que atribuem estatuto diferente aos homens blissionais das pessoas e não tanto em diferenças inatas entre homens €
e às:
mulheres deveriam criar acentuadas diferenças no comportamento das. ilheres (ver Quadro 7.6).
7
96 97
Quadro 7.6 — Papéis sociais e estereotipia de género pelo
comportamentos de género são muitas vezes determinados Amri
que OS
ontexl o situacional, o comportamento dos outros, e as nossas proprias
Avaliações médias de atributos estereotipados de mulheres de de homens colhas.
esentação explorou como é
-Fi estudo que apoia esta abordagem da auto-apr
para se conformar com
Profissão da pessoa estímulo E algumas mulheres modificam as suas vozes
t h reótipos tradici ionais de género.
ar Montepare e Vega
A AFA(1988
) gravaram
Sexo da Descrição Emprego a Emprego a Trabalho versas ao telefone de universitárias quer com amigos íntimos quer com
pessoa Dimensão não tempo tempo de ionais. Quando as mulheres falavam com os seus namorados, O seu
as
profissional
Curso apresentava características significativamente mais «femininas»:
estímulo inteiro parcial casa
Feminino Expressiva 3,82 3,23 3,66 420 ) e vozes eram mais altas em intensidade, mais semelhantes às dos bebés,
98
99
Quadro 7.7 - Abordagens teóricas sobr sã de ocodo
ão são
óri as examinadas não
e diferenças IC ar qu árias abordagens teóric
sexuais e de género
am
jo mutua E nte exclusivas. Por exemplo, os rapazes podem se rm
parte por causa de factores
mente que as raparigas em
as fisicaE
Teoria
is diferenças
1 podem por vezes coser
. amplificadas o
Focalização principal E Ea e por auto-rotulagem. A agressividade
ão: masculina po os
Teorias biológicas s uma estratégia de auto-apr
er por veze o idadesen
tes podem mostrar agressiv tação:
e para por exemplo,
tentar impress ionar
Teorias evolutivas Pressões olescen
evolutivas sobre mulheres e homens
históricos nigos «machistas».
Factores fisiológicos
seguin
Teorias da aprendizagem social
o género está ligado à auto-estima e à personalidade.
Condicionamento clássico Rótulos como «maricas» adquirem fortes conotaçõe
emocionais
Condicionamento operante Diferentes comportamentos Fecompensados e punido
para Os rapazes e para as raparigas
Aprendizagem por observação Crianças imitam pais, colegas e modelos
mediáticos
Teoria cognitivo-desenvolvimentista
A auto-rotulagem como homem ou
mulher leva;
comportamentos relacionados com o géner
o
Teoria do esquema de género Os esquemas de género incluem crenç
as culturais ace :
do género; as pessoas esquemátic
as de género guiam
seu próprio comportamento e o dos outros
em relação
masculinidade e à feminilidade
100
LO i
IPS ? 0RU9L) “9
“énero € auto-estima
diferenças
parte das revisões da literatura não encontraram
(Maccoby e
s na auto-estima global de homens € de mulheres
e algumas
974: Wylie, 1979). Em estudos mais recentes encontra-s
a diferença à favor do sexo masculino, em particular durante a
a adolescência (Richards, Gitelson, Petersen, € Hurtig, 1991).
105
enças de género existirem
Quadro 7.8 — Diferenças na auto-estima de homens = a atenção para o facto das difer
e de mulheres em catorze países. variarem de sociedade para sociedade.
E
contexto social, e de, po r vezes,
19, 6
Malásia
e
Índia
1 2, 6 Género e personalidad
de papéis
Kália 7,7 ológicos, de aprendizagem, cognitivos, ou
devido a factores bi onalidade
traços de pers
Japão 73 ie O certo é que muitas pessoas possuem nal, àsas
icionat.
cion É ro. Segu
Mados com o géne Seg ndo a perspectiva traddicio
mc
ser separadas.
Singapura 34
à rístiças masculinas € femininas deveriam
oginia encoraja as pessoas à
. sta abordagem, O conceito de andr
3.1
masculinas. Contudo a
ambas as características, femininas €
Alemanha
E
Nigéria 04 Roinia não é a alternativaperfeita. Em vez dela, a resposta parece estar
0,6
anscendência dos papéis de género.
Holanda
Paquistão 27
107
106
BSRI
nento ento 7.4*.+—— Itens semelhantes aos do
semelhantes aos 60 i
itens do «Beme
Feminilidade alta nos seg u intes itens que são
Masculinidade alta = c a ou q quase
(masculinidade baixa)
| Inven E ry«:
E to (BSRI). Utilize uma escala em gue. L=nun
(feminilidade baixa)
erdadeir:
e 7= = sempre ou quase sempre
V O.
erdad eiro
erdade l
7. Gosta de comer
sradável
Figura 7.3 - À perspectiva bipolar
da masculinidade e da feminilidade 8. Afectuoso
pnesto
É
9 a Autoconf tante sn
u ne ndente
108
109 |
Es.
diu-se
Ju-:
a estudantes para
.
pipe” lizar. Os homens masculinos e as mulheres femininas
cual
à femininas.
Ho mt
2. Muitos testes dos papéis de género reivindicam ter escalas para avaliar -
tivo e agressivo. Ou por outras palavras, se a uma pessoa que
a masculinidade e a feminilidade. No entanto os itens masculinos e. os papéis de género se lhe for posta a questão: «E masculina ou
focalizam-se nas realizações e os femininos na expressão de
€
er na?»
nina 2, ela responderá que não é nenhuma delas (Sedney, 1989).
sentimentos (Deaux, 1984). Por conseguência, em geral
estes testes da androginia (Heilbrun
só medem uma parte limitada do comportamento relacionado como | bém têm s ido sugeridas concepções alternativas
género (Blanchard-Fields et al., 1994). Não será por consequência ulqueen, 198 7. O que é certo é que se as
pessoas devem andas, as
surpreendente que estas difinições limitadas dos scores dos testes ituições também o devem. Actualmente instituições, tais como socos.
o desafio me e cone
não se relacionem com diferentes comportamentos masculinos e presas e igrejas incentivam estereótipos de género.
lnoentiar p
femininos. 4 o de modificar as instituições para que elas possam
da igualdade.
» auto-realização em todas as pessoas em busca
3. O conceito de androginia sugere que todas as pessoas adultas devem
ter dois padrões: devem ser simultaneamente masculinas é feminina
Trata-se provavelmente de padrões irrealistas para a maior parte das
pessoas.
112 113
E ICAÇÕES: EM BUSCA DA IGUALDADE ENTRE OS GÉNEROS
dos géneross
interiorizadas na infância, período durante o mrofessores podem ensinar às crianças que as crenças acerca do género
vu té 8
qual vemos homens
mulheres em diferentes papéis sociais e enco Ro
ntramos o género com ó de cultura para cultura, como também ao longo
sendo uma categoria social útil para orientar o nosso
comportament do tempo.
Tal deixa transparecer que a divisão igual do
trabalho nas noss
casas não atribuindo determinadas tarefas como
sendo apropriad E “va da igualdade, a sociedade nunca está estagnada. Qualquer
para os homens e para as mulheres reduziriam as
significações d; a sua posição s ba esta temática, o certo é que as normas dos
Dos
distinções de género para a criança. As crianças que
vêem o seu p ide género estão e m mudança na nossa sociedade. Cada vez Tais
e a sua mãe revezando-se a preparar as refeições,
a lavar a loiça, es e homens procuram a igualdade para toda a humanidade, e a posição
STA amo sendo adversários diferentes, a igualdade completa não pode ser
não é inevitável.À estereotipia ;
é natural tendo em conta à roliferaçã se
de pistas relacionadas com P o género na nossa cultur P
R á
a, as criançaS E
aprendem os estereótipos de género existentes r
na nossa cultura
Todavia a adopção de tais estereótipos não
são inevitáveis, muit
especialmente se as crianças são expostas a mode
los não estereo:
tipados.
a:
Família, escola e colegas são
o .
agentes importantes de socializaç 0 3
ão d
Tê
E: E E E
estereótipos de género. Os meios de comunicPSA ação social são
A
també +
resentadas seis teorias , .
para explicar o modo como se desen volvem
transmissores importantes das percepções de género. Influenciam as crenc SErg RiS
de género das pessoas quer reforçando noções tradicionais de género qu
AÀ degéner As teoria
o. ção,
evolu hereds itari edade tenta
biológicas e fisiol todas nçãa
ogia. carDe asfiese
m expli as difer enç
121
120
VIDADES PROPOSTAS
oO
base na informação
(Como é que define os estereótipos de género? Com
o são representações
de que dispõe, pensa que os estereótipos de géner
resposta.
certas da realidade? 5 ustifique a
para se examinar como
Serão as profecias de auto-realização relevantes
mento? Identifique
que os estereótipos de género influenciam O comporta
o seja mais estereotipado
ma área em que o seu próprio comportament
que uma profecia de
quanto ao género do que deseja e assinale como é
quto-realização pode ser relevante.
caricatura) que
scolha uma imagem (fotografia, anúncio, ilustração,
s, das
xpresse algo que encontre que seja si gnificativo acerca dos homen
va à
aulheres ou de construtos de género discutidos neste capítulo. Escre
gua reflexão sobre essa imagem.
6 programas
enha uma folha de papel junto de si durante Os próximos
nos programas
E televisão que veja. Registe o número de pessoas que vê
de homens. Utilize
nos anúncios e contraste O número de mulheres e
ados a
údigos para registar o número de homens e de mulheres mostr
a efectu ar
abalhar fora de casa (T), a fazer o trabalho doméstico (D) e
mas actividades com/para outros membros da família (F). Para além
D, registe o número de vezes em que se recorre à vozes masculinas
| femininas em anúncios em que os seus corpos não aparecem. Pode
lidenciar alguns padrões nas representações de homens e de mulheres?
123
OVGNTOS 'X
LO€
ÁBUA DE MATÉRIAS
SOLIDÃO
Introdução
O que é a solidão?
Definir a solidão
Formas de solidão
O que se sente quando se está só
Avaliação da solidão
Desenvolvimento da escala de solidão da UCLA
Adaptação portuguesa da escala de solidão da UCLA
Fontes de solidão
Influências situacionais
Características pessoais
Atribuições causais da solidão
309
RE
Para ir mais longe Identificar algumas das principais abordagens teóricas da solidão;
310 311
oginpomuy *T
nes PRE CT
LR Open ias ato SÓ
Ai do Lusíada, coitado,
Que vem de tão longe, coberto de pó,
Que não ama, nem é amado,
Lúgubre Outono, no mês de Abril!
Que triste foi o seu fado!
Antes fosse pra soldado,
Antes fosse pró Brasil...
António Nobre
Platão fala de «hermafrodite», um ser mítico que habitou a terra antes de haver
mens e mulheres. Esta criatura tinha características humanas, mas continha
nbos os sexos num corpo. Dado ser completo em si mesmo, era tão poderoso
he rivalizava com os deuses. Por isso Zeus tomou um dos seus raios e dividiu
| hermafrodite em dois sexos. Desde esse tempo, segundo o mito, homens e
nulheres foram forçados a procurar-se um ao outro e a juntar-se para ultrapassar
sua imperfeição.
D mito de hermafrodite é uma tentativa poética em relação à necessidade de
ontacto humano que estudaremos neste capítulo. Dado que «nenhum homem
uma ilha intacta» como escreveu o poeta John Donne, não encontramos o
osso sentido para à vida sós. Pelo contrário, encontramos o nosso sentido
à vida na relação com outras pessoas, membros da família, amigos,
amorados.
315
À solidão é um fenómeno espalhado e um tema central na literatura, nafi idão é um fenómeno complexo. Quem pretender compreendé-la e
e na psicologia (Mijuskovic, 1979).A solidão é muito frequente naner ja confronta-se com diversas abordagens teóricas e metodológicas.
em geral. Num inquérito efectuado nos Estados Unidos, 26% dos/
iversidade de abordagens tem posto em evidência variadas causas e
declararam terem-se sentido «muito sós ou afastados das outras estações da solidão. O conhecimento obtido pela investigação psico-
durante as últimas semanas (Bradburn, 1969). Talvez 10% da n “sobre a solidão pode ser utilizado para melhorar as técnicas de a aliviar.
sofra de solidão grave e persistente (Peplau e Perlman, 1982).
316 317
iogpios e 2 9nb O “Z
maior parte das
| idão é um termo que tem um significado intuitivo para a
inquéritos de vasta
coas. Por exemplo, quando se interrrogam pessoas em
se sentem
a sobre se à solidão é para elas um problema ou quantas vezes
ymaior parte responde, sem necessitar que esses termos sejam clarificados
o significado
Jau e Perlman, 1982). Seria, todavia, um erro defender que
o
nlidão é o mesmo para todas as pessoas. À semelhança do amor, a solidã
.
con to vago, revestindo-se de muitos significados
“concei
— Definir a solidão
+: autores têm tentado definir a solidão (cf. revisões feitas por Apple-
n, 1978: Peplau e Periman, 1982; Sadler, 1978). No documento 10.1 são
entadas algumas dessas definições. Se bem que diversas definições
m tido um grande impacte no desenvolvimento teórico e na estimulação
balho empírico, não há uma definição que seja universalmente aceite
5 especialistas. Essas diferentes definições são o reflexo de diferentes
tações teóricas que se relacionam com alguns aspectos importantes nos
Ds de conceptualizarmos a solidão. Estas diferenças focalizam-se em
cular à volta da natureza da deficiência social experienciada pelas pessoas
3 21
gen
Weiss (1973)
«A solidão é causada não por se estar só, mas por se estar sem alg
relação precisa de que se sente a necessidade ou conjunto de relações
[o
a
2.2 Formas de solidão “Poucos estudos investigaram se diferentes défices relacionais produzem
Ê diferentes espécies de solidão. O estudo de Russell et al. (1984) é uma
Têm sido utilizadas várias tipologias para distinguir diferentes formas de solidã excepção, demonstrando que medidas de solidão social e emocional estavam
ligadas, respectivamente, à falta de amizade e de relações íntimas, A solidão
Um primeiro factor de classificação foi avançado por Moustakas (1961 social € emocional partilhavam um núcleo comum de mal-estar, mas tinham
fazendo a distinção entre ansiedade-solidão e ansiedade existencial. Segu Rr também elementos únicos de experiência subjectiva.
o autor, a ansiedade-solidão é aversiva e resulta de «uma alienação bás
entre homem e homem», ao passo que a solidão existencial faz parte integra
da experiência humana, implicando momentos de autoconfrontação
: :
roporcionando autocrescimento.
23 O que se sente quando se está só
Se
Um segundo factor de classificação tem sido o tempo. A solidão pode se
encarada enquanto traço de personalidade, sendo as pessoas solitárias as q | Juando uma pessoa se sente sozinha, experiencia angústia, insatisfação e
referem uma longa história de sentimentos frequentes e intensos de solidã, clusão. Tal não significa que sintamos a solidão sempre do mesmo modo,
Pode também encarar-se enquanto estado psicológico em que as pes k ois diferentes pessoas, perante diferentes situações, podem experienciar
experienciam solidão durante diferentes lapsos de tempo em diferem liferentes sentimentos de solidão. Um estudo que foi efectuado com pessoas
momentos da sua existência. O indivíduo pode ter uma curta experiência i vas permite ilustrar a abundância de sentimentos que acompanham a
solidão, ou pode ser uma «pessoa só». xperiência de solidão (Lopata, 1969). Para essas senhoras a solidão
gnificava um ou mais dos seguintes sentimentos:
Contribuições conceituais e empíricas para compreender as diferenças enti
solidão situacional e crónica foram dadas por Shaver e a sua equi * Desejar estar com o marido
(Rubenstein e Shaver, 19824; Shaver e Rubenstein, 1980; Shaver, Furman
* Querer ser amada por alguém
Buhrmester, 1985). Shaver et al. referem quer a cronicidade quer a gener;
lização a diferentes contextos como características que diferenciam a solid * Querer amar e tratar de alguém
enquanto traço, da solidão enquanto estado. Em consonância com es!
perspectiva, num estudo com caloiros, Shaver, Furman e Buhrmester (198: * Querer partilhar experiências quotidianas com alguém
encontraram que estudantes que obtiveram pontuações elevadas numa medi
* Querer ter alguém por casa
de solidão enquanto traço, eram incapazes de aproveitar das oportunidades €
campus para encontrar outras pessoas e formar amizades. Esses estudant * Precisar de alguém para partilhar o trabalho
tinham sofrido de solidão antes de entrar na universidade e permaneciam sé
no novo contexto. Ao invés, os estudantes caracterizados pela solidão enquan * Desejo de uma forma prévia de vida
estado, não tinham estado sós na escola secundária e fizeram uma adapta
* Experiênciar falta de estatuto
social com sucesso na universidade após um período inicial de solidão.
* Experienciar falta de outras pessoas, como consequência de ter
Um terceiro factor de classificação tem sido o défice social implicado. Wei E .
perdido o marido
(1973) distinguiu a solidão social em que uma pessoa se sente insatisfeita
só por causa da falta de rede social de amigos e de pessoas conhecidas, é * Temer a sua incapacidade para fazer novos amigos
solidão emocional, em que se está insatisfeito e só por causa de uma rela
pessoal, íntima. Segundo Weiss, não é possível aliviar uma forma de solidã É, pois, que a solidão inclui desejo do passado, frustração com o presente
substituindo-a por outra forma de relação. Por exemplo, se um casal atá dos acerca do futuro.
de emigrar para um novo país onde não conhece ninguém, passará pé
Mo em pessoas que não experienciaram a perda do marido, a solidão
experiência da solidão social, mesmo se no casal houver uma mútua relaçé
aparecer associada a uma vasta gama de sentimentos. Rubenstein e Shaver
íntima. Do mesmo modo, uma pessoa pode ter uma extensa rede social, Ml
<a), a partir de um inquérito efectuado na população em geral, encontraram
apesar disso sentir-se só porque não tem uma relação romântica. Weiss Pé
"HO Conjuntos de sentimentos que as pessoas dizem ter quando estão sós:
que a solidão emocional é a forma mais dolorosa de isolamento.
324 325
ss
TESS o Sd
H
A solidão pode aparecer associada a uma vasta gama de sentimentos,
Vulnerável Alienado
326
Ao longo dos anos, vários psicólogos e sociólogos conceptualizaram a solidão.
Damos um breve resumo de algumas das mais importantes contribuições
teóricas.
31 Abordagens téoricas
“Modelo psicodinâmico
Perspectiva fenomenológica
Nesta abordagem (Rogers, 1973; Moore, 1976), a solidão é percepcionada
como a manifestação de um mau ajustamento.A solidão produz-se quando os
indivíduos, deixando cair as suas defesas para entrar em contacto com o seu
Self» interno, receiam contudo a rejeição de outrém. Assim as causas da
solidão encontram-se no interior do indivíduo, não sendo tão necessário
procurá-las na influência da infância.
pt:
bordagem existencialista
aplicações sociológicas
329
penaisen Er
=
De div
rativa é a propósito da
interpessoal para determinar o modo como devem comportar-se. As pesso; está formulada a teoria. A segunda questão compa
al? Uma experiência
«comandadas» estão cortadas do seu «Self» interno, dos seus sentimento natureza da solidão. É uma condição normal ou anorm
causas da solidão.
das suas aspirações.
;4 positiva ou negativa? A terceira questão é a propósito das
ências actuais ou
À Situam-se dentro da pessoa ou no meio? Resultam de influ
nto?
Pelo contrário, para Slater (1976), o compromisso perante O individualism passadas/d esenvolvimentais no co mportame
na sociedade americana cria o sentimento de que cada pessoa prossegue o 5;
próprio destino, levando à solidão.
+
l j
Nesta abordagem, a solidão é percepcionada como normativa: um atriby Quadro 10.2 — Síntese comparativa de seis abordagens
teóricas da solidão
distribuído normalmente no seio da população. As causas da solidão situar
-se fundamentalmente fora do indivíduo, de modo que um aconteciment
=á
como o divórcio, pode provocar a solidão. Psicodinâmica
Fenomeno-
lógica
Existencialista Sociológica Interaccionista Cognitiva
e
q
Análise social Trabalho clínico Investigação
Perspectiva interaccionista | perspectivas ligadasa Trabalho clínico Trabalho clínico Trabalho clínico
| Natureza da solidão
Ê
o emocional
O fundamental desta perspectiva é a distinção entre a solidã
| Não Sim Não Não
Não
“oa
solidão social proposta por Weiss (1973). Segundo ele, como já vimos, a solid; Paiológica Universal Normativa Normal
Patológica
Normal ou patológica
!
Abordagem cognitiva
330
ogp OS EP OBÍCIPBAY *p
A,
ul
Os investigadores
ão é encarada
avaliarem a solidão. Para a abordagem unidimensional, a solid
como um fenómeno unitário que varia sobretudo na intensidade
comuns na
experienciada. Esta abordagem pressupõe que há temas
es que afectam os
experiência da solidão, apesar das causas particular
escala geral de solidão deve ser
indivíduos. Nesta perspectiva, uma mesma
de deixar o seu
censível à solidão experienciada por um emigrante que acaba
de entrar numa
país de origem ou por um estudante universitário que acaba
dimensional
faculdade e que deixou os seus amigos. A abordagem multi
não pode ser
considera a solidão como um fenómeno multifacetado que
em vez
apreendido só por uma medida global de solidão. Esta abordagem,
solidão de
de se centrar sobretudo no que há de comum na experiência de
o. Estes
ados os indivíduos, tenta diferenciar entre várias tipos da solidã
poucos, como
diferentes tipos de solidão que têm sido propostos vão desde
pos distintos
ps dois propostos por Weiss (1973), a muitos, como os doze subti
propostos por Young (1982).
se situam
em sido utilizados diversos instrumentos para avaliar a solidão, que
s-emos
quer numa quer noutra das abordagens citadas. Referir-no
a
seguidamente ao instrumento mais utilizado na literatura para se avaliar
solidão, a Escala de Solidão da UCLA (Russell, Peplau, e Ferguson, 1978;
Russell, Peplau, e Cutrona, 1980). O exame dos métodos utilizados nos
revistas, revelou
estudos empíricos efectuados desde 1980, e publicados em
que cerca de 80% utilizaram a escala original ou revista da UCLA (Paloutzian
se
E Janigian, 1989). Após uma referência ao modo como esta escala
7
x
o
335
julgamentos muito extremos (e. g. «A televisão é o meu único amigo», « =
* Paloutzian é Ellison (1982) encontraram uma correlação de .72 entre a Escala
morte será a minha única companhia»). Exemplos de itens que for abreviada da Solidão e a escala da UCLA. Foram igualmente obtidas
seleccionados são «Não posso tolerar estar tão só», e «Ninguém me conheç correlações com diversas características da personalidade e a escala UCLA.
realmente bem». Os sujeitos situavam as suas respostas numa escala en Por exemplo, Horowitz e French (1979) encontraram que os indivíduos
quatro pontos utilizada por Sisenwein, indo desde «Sinto-me muitas ve E solitários experienciavam maiores sentimentos de sociabilidade inibida.
deste modo» até «Nunca me sinto deste modo».
“A validade da escala foi também posta em evidência junto de populações
Esse conjunto inicial de itens foi administrado a dois grupos de jovens adul a «em risco». Em comparação com a pontuação média de amostras de
que frequentavam a UCLA: uma amostra clínica que incluia voluntário: astudantes universitários (M=38,6) encontrou-se que doentes psiquiátricos
recrutados para participarem numa discussão de grupo sobre a solidão adultos (M=51,8), pessoas divorciadas (M=47,7) e participantes em ateliers
uma amostra de estudantes de psicologia. Todos os participantes responder mara desenvolver as habilidades sociais (M=56,8) sentiam de modo
aos 25 itens e indicaram até que ponto se sentiam sós em comparação co ignificativo a solidão (Russell, 1978).
os outros numa escala tipo Likert em cinco pontos. Os indivíduos també
Apesar do que foi dito, que mostra que a escala de solidão da UCLA é um
descreveram o seu estado afectivo corrente através da avaliação da intensida
instrumento adequado, esta medida levanta diversos problemas potenciais.
de sentimentos como «aborrecido», «deprimido», «ansioso».
Um primeiro problema é a possibilidade de enviesamento nas respostas já
A versão final da escala consistiu em 20 itens, escolhidos com base n que todos os itens foram redigidos na mesma direcção, as pontuações elevadas
correlações item-score total. Todos os itens seleccionados tinham ob á feflectindo sentimentos de insatisfação social. Assim, a tendência a responder
correlações superiores a .50. A escala assim construída mostrou possuir & um certo modo poderia sistematicamente influenciar as pontuações de
elevada consistência interna com um coeficiente alfa de .96. A validad olidão. Um segundo problema potencial é a desejabilidade social. Se um
escala foi avaliada de três modos. Em primeiro lugar encontrou-se ur Berto estigma está ligado à solidão (Gordon, 1976), os sujeitos podem distorcer
correlação de .79 entre o score total da escala de solidão e as respostas al às respostas subvalorizando a sua experiência de solidão. Um outro problema
item de auto-avaliação da solidão. Seguidamente compararam-se diz respeito à validade discriminante. As correlações encontradas entre as
pontuações de solidão de uma amostra clínica com as de estudantes, sen ontuações de solidão e medidas de outros construtos, como à depressão e
as diferenças entre estes dois grupos estatisticamente significativas, a méd ito-estima são intuitivamente razoáveis, evidenciando a validade da Escala
da amostra clínica (60,1) foi muito maior do que a da amostra de estudar Solidão da UCLA. Todavia, simultaneamente, esses dados apontam à
(39,1). Enfim, as pontuações de solidão estavam fortemente relacionade ecessidade de se demonstrar a validade discriminante da escala pondo-se
com a intensidade de sentimentos que se poderia esperar estarem associadi evidência que a solidão é distinta de construtos que estão relacionados
com a solidão, como a depressão, a ansiedade, a insatisfação, a infelicidaç om ela.
a timidez; as pontuações não estavam relacionados com sentimentos cone
ara obviar a estes problemas potenciais, a Escala de Solidão da UCLA foi
tualmente diferentes da experiência de solidão, como sentir-se «trabalhado vista. Dois estudos que utilizam a escala revista clarificam a natureza da
ou tet «vastos interesses».
O idão (Russell et al., 1980). No primeiro estudo, uma versão revista da
Investigações posteriores confirmaram a fidelidade e a validade da esc: Scala de Solidão da UCLA é desenvolvida, que inclui 10 itens redigidos de
Assim, Solano (1980) encontrou um coeficiente alfa de .89 numa amos do positivo e 10 de modo negativo. Todos estes itens apresentam
de estudantes. Por meio da fidelidade teste-reteste Jones (cit. por Russel elações superiores a .40 com o critério estabelecido. O coeficiente alfa
al., 1980) encontrou a correlação de .73 para um período superior à de ara à escala revista foi de .94. As pontuações de solidão da escala revista
meses com estudantes universitários. Por seu lado Cutrona (in Peplai
tavam correlacionadas do modo esperado com as medidas do estado
n Scional. Foram encontradas relações com o Inventário de Depressão de
Perlman, 1982) encontrou uma correlação teste-reteste de .62 para um períoIG
superior a sete meses também com estudantes universitários. Estes resultad Eck (1=,62) e com as escalas de Ansiedade (1=.32) e de Depressão de
“RA Bstello-Comrey (r=.55). Foram igualmente encontradas relações
podem significar variações no tempo.
Nificativas entre as pontuações de solidão e o sentir-se abandonado,
A validade da escalaé evidenciada por outros estudos através de correla ç Primido, vazio, sem esperança, isolado, auto-contido e não sentir-se sociável
significativas com outras medidas da solidão. Solano (1980) obteve U atisfeito.
E correlação de .74 entre a medida de solidão de Bradley e a escala UCL
337
336
WDErIE ER
O segundo estudo confirma a validade concorrente da escala revista através Quadro 10.3 - A adaptação portuguesa da escala de solidão da UCLA
do exame das relações entre solidão e comportamento social. Além dissa
esse estudo demonstra a validade discriminante da escala revista já que
pontuações de solidão são distintas da desejabilidade social, da tomada q Indique quantas vezes se sente da forma que é descrita em cada uma das seguintes
riscos sociais, de estados emocionais negativos e da motivação afiliativa, | afirmações. Coloque um círculo à volta de um número para cada uma delas.
Algumas Muitas
Nunca Raramente
Em suma, os esforços efectuados por Russell e seus colaboradores par vezes vezes
desenvolverem uma escala de solidão adequada parecem coroados de sucesso
|
t. Sinto-me em sintonia com as 1 2 3 4
A Escala de Solidão da UCLA revista é relativamente curta, fácil de pessoas que estão à minha volta.*
administrar, altamente fidedigna, e mostra ser válida quer na avaliação d; 2. Sinto falta de camaradagem 1 2 3 4
solidão quer na discriminação entre solidão e outros construtos relacionados 3. Não há ninguém a quem possa l o 3 4
Trata-se, pois, de uma medida da solidão cuja adaptação para a populaçi recorrer.
A ordem de apresentação dos itens da versão portuguesa foi a mesma utilizad 12. Sinto-me isotado dos outros. 1 2 3 4
A versão portuguesa da escala foi administrada a uma amostra de 4. Há pessoas que me compreendem l 2 3 4
estudantes dos três primeiros anos que frequentavam a Universidade do Port
realmente.*
[ 15. Souinfeliz por ser tão retraído. 1 2
em 1987. 61,2% são do sexo feminino e 38,8% do sexo masculino. À méd 3 4
| 16. As pessoas estão à minha volta
de idade é de 19,6 anos (D.P=1,8). A distribuição das idades segundo o sé 1 2 3 4
| mas não estão comigo.
não é significativamente diferente (X?=10,7,g.1.=10,p=0,38). /
| 17. Há pessoas com quem consigo fa- 1 2 3 4
lar
À versão portuguesa da escala comporta 18 itens que se apresentam no qua |
18. Há pessoas a quem posso 1 2 3 4
10.4. q recorrer.*
alfa de Cronbach (1960). Este coeficiente na amostra do total dos 286 sujeil nte: Neto, 1989a.
q
foi de .87, o que é um valor relativamente alto.
338
A validade da versão portuguesa da escala da solidão foi examinada relati pmo se pode observar, a dimensão aceitação social do autoconceito, é o
mente a vários critérios. A correlação entre uma questão de auto-avali É
:1 o com maior contribuição para a predição da solidão, sendo também
acerca da solidão e a nota global obtida para a solidão é altamente significati os de predição significativos a ansiedade social, a satisfação com a vida
(1=.46, p<.001). Os sujeitos com pontuações altas na escala da soli
onível de ensino. As quatro variáveis explicam 40% da variância da solidão.
descrevem-se como sentindo-se mais sós que as outras pessoas,
Vote-se todavia que a variância explicada pelo nível de ensino pouco
A validade da escala da solidão é também fornecida pela ligação das pontuas
rescenta à explicada pelas variáveis psicológicas. Assim, esta análise de
soressão deixa transparecer que« são as variáveis psicológicas mais que as
da solidão com outros estados emocionais. A pontuação de solidão -E “je
significativamente correlacionado com o sentir-se abandonado (1=.3 ácio-demográficas que determinam a solidão nos professores.
aborrecido (r=.13), angustiado (r=.24), ansioso (r=.19), culpabilizado (r=,
a escala também revelou propriedades psicométricas satisfatórias com
deprimido (r=.29), desvalorizado (r=.36), frustrado (1=.38), incompreendi
tolescentes (Neto, 1992b). Neste trabalho foi proposta uma escala com seis
(r=.38), insatisfeito (1=35), insociável (r=.45), rejeitado (1=.44), triste (t= ens que representa uma alternativa quando os sujeitos não dispõem de muito
envergonhado (r=.28) e com não sentir amor (r=.23). A pontuação de soli mpo para responder.
não está correlacionada com o sentir-se encolerizado e sensível.
suma, a adaptação portuguesa da Escala de Solidão da UCLA apresenta
Abona igualmente em favor da validade da escala a existência de 1 ma boa consistência interna. A validade concorrente é mostrada através das
correlação negativa entre a solidão e o autoconceito e uma correlação posi lações entre as pontuações da escala a as auto-avaliações da solidão actual.
entre a solidão e a ansidedade social (Neto, 1989b). k correlações entre as pontuações de solidão e diversos estados emocionais
imbém abonam em favor da validade da escala. Enfim, a validade externa
Também abona em favor da validade externa da escala um estudo efectua
a amostra também pode ser mostrada.
com professores (Neto, e Barros, 1992). Pretendeu-se com ele examir
algumas variáveis de personalidade associadas à solidão nos professo
bem como pôr em evidência alguns determinantes sócio-demográfico
solidão. Para além da escala de solidão, utilizaram-se outros instrumem
para avaliar a satisfação com a vida, a ansiedade social, o auto-conceito&
atribuição de responsabilidade. A amostra era constituída por 296 professo
Utilizou-se o procedimento de regressão múltipla («stepwise») pa
determinar quais as variáveis psicológicas e socio-demográficas que prediris
melhor a solidão. Esses resultados podem ser vistos no quadro 10.4. l
LM
340 341
4SOS SEOSSAd SE OBS UIINO) *S
Ei RRESEA En NA ie
EDER)
5.1 Idade
ullivan (1953) defendera que a solidão não pode ocorrer até à pré-adolescência,
tura em que os indivíduos procuram validar o seu valor através de relações
xteriores à família, em particular nas relações com os companheiros. Autores
nais recentes sugeriram que a solidão pode ocorrer muito mais cedo (e.g.,
bin, 1982), talvez na infância (Ellison, 1978). Evidência empírica disponível
ndica que a solidão pode ser medida de modo fidedigno em crianças com sete
oito anos de idade (Asher, Hymel, e Renshaw, 1984; Asher e Wheeler,
85).
iste na nossa cultura o estereótipo que as pessoas idosas são pessoas solitárias.
s pessoas jovens e idosas concordam em que são as idosas as que mais se
tem sós (Rubenstein e Shaver, 19824). Este estereótipo não se confirma
davia quando as pessoas revelam a sua própria experiência de solidão.
fendência geral que se encontra é para a solidão diminuir com a idade,
tendo as pessoas mais idosas as pontuações mais baixas de solidão (Gutek,
tamure, Gehart, Handschumacher, e Russell, 1980). Podemos observar no
dro 10.5 dados que vão nesse sentido. Rubenstein, Shaver e Peplau (1979)
ontraram as pontuações mais elevadas de solidão na faixa etária dos 18-25
S e mais baixos após os 70 anos. Parlee (1979) encontrou que 79% dos
: tos com menos de 18 anos diziam sentir-se sós algumas vezes ou muitas
és comparados com 53% dos 45 aos 54 anos e 37% das pessoas com mais
4 anos.
efeito da idade é tão forte que mesmo num leque restrito de idades
20 anos), as pessoas mais novas dizem sentir mais a solidão (Ostrov e
“À, 198 Pr
345
Quadro 10.5 — Solidão por grupos etários
Inquérito de Rubenstein,
shaver, e Peplau (1979) | 1825 | 2630 | 31-39 | 4049 | 5059 | 6069 | +70
Idade em anos
em
4
,
5.2 Sexo
Contrariamente aos estereótipos, as pessoas idosas não são o grupo Ya adaptação que fizemos para a população portuguesa da escala de solidão
etário que mais sofre da solidão. As pessoas jovens podem sentir mais le UCLA (Neto, 1989a) não se encontraram diferenças nas pontuações de
a solidão que as pessoas idosas. Olidão segundo os sexos, o que pode parecer um resultado paradoxal.
é Irequentemente assumido que as mulheres, em comparação com os homens,
dO mais emotivas e apresentam maiores taxas de certas doenças mentais
lancy e Gove, 1974). Seria pois de esperar, tendo em conta a tendência
ral para reacções emocionais negativas serem mais frequentes nas mulheres,
346 347
que estas sentissem mais frequentemente a solidão que os homens. Conty Outras características
os estudos efectuados sobre a solidão não são concludentes sobre as difere
sexuais na solidão. Por um lado, no estudo de validação da Escala de S oli solidão é mais comum entre as pessoas pobres que entre as ricas (Weiss,
da UCLA os autores (Russell, Peplau, e Cutrona, 1980) não encont 582). Boas relações podem manter-se mais facilmente quando as pessoas
diferenças segundo o sexo. Por outro lado, Weiss (1973) assinala, atravé m tempo € dinheiro para actividades de lazer. Todavia em Portugal não se
recurso ao inquérito, que as mulheres estão mais inclinadas a sentirer ntraram diferenças na solidão entre jovens de diferentes níveis socio-
sós que os homens. Esta diferença de resultados pode provavelment; turais (Neto, 1992b).
atribuída à medida utilizada. Globalmente os estudos que utilizam a es
da UCLA, e foi o nosso caso, não encontram diferenças. Esta escal; ) inquérito de Rubenstein e Shaver ( 19824) sobre a solidão aparecem
questiona directamente os sujeitos sobre se sentem sós, mas procura ay terminadas características socio-demográficas que não correlacionam com
a solidão indirectamente. A natureza indirecta desta escala permite q : nlidão. Não aparecem diferenças na solidão entre pessoas que residiam em
homens expressem muito presumivelmente a sua solidão subjacente de n nas rurais € as que residiam em zonas urbanas. Além disso as pessoas que
mais livre que em estudos de inquérito em que se recorre a questões dire daram de residência um certo número de vezes não manifestam mais solidão
Quando se recorre à avaliação directa, como é o caso das asserçõe que aquelas que só mudaram raramente. Rubenstein e Shaver encontraram
inquéritos, diferenças segundo o sexo tendem a emergir, as mulh avia que as pessoas cujos pais tinham divorciado sentiam-se mais solitárias
assinalando mais frequentemente a solidão que os homens. Ent e as pessoas cujos pais não tinham divorciado. Os sujeitos cujos pais
explicações possíveis para os homens auto-censurarem a expressão da sol otciaram antes dos 18 anos sentiam-se mais sós na idade adulta, e muito
pode-se invocar a influência social. secialmente se o divórcio ocorreu antes do sujeito ter 6 anos.
spreendentemente a morte de um dos pais durante a infância não tem esse
A reticência dos homens em assinalarem a solidão está em consonânci to duradoiro.
os estereótipos sexuais. Segundo estes estereótipos não se espera ql
homens exprimam as suas «fraquezas» emocionais (Neto, Williams, e
1991). Da conjugação de respostas negativas susceptíveis de emergii
adro 10.6 - Solidão segundo a idade do indivíduo aquando do divórcio
partir de comportamentos que não se moldem às percepções estereoti dos pais
e dos processos de aprendizagem, os homens conformam-se co
estereótipos vigentes.
Idade em anos 0-6 7-12 13-18
As pessoas que não estão casadas sofrem mais da solidão que as cas
(Weiss, 1982). Todavia num estudo, quando se subdividia o grupo das pes
não casadas, a solidão era maior nas pessoas viúvas e divorciadas que
solteiras. Os valores destas não diferiam das pessoas casadas (Gubrium, |!
A solidão parece, pois, ser determinada mais pela perca de uma Té :
conjugal que pela sua ausência. :
348 349
além de características sócio-demográficas, referidas na secção anterior,
investigadores têm referido outros factores como potenciais causas da
dão. À experiência da solidão resulta da interacção de factores situacionais
E características pessoais (Shaver, Furnam, e Buhrmester, 1985). Os
es situacionais são acontecimentos que reduzem a quantidade e a
J
“a das interacções sociais. É por isso que geralmente causam solidão.
| aracterísticas pessoais podem dispor alguns sujeitos a tornarem-se
rios ou a experienciarem a solidão durante longos lapsos de tempo.
rdaremos de seguida ambas as constelações de factores e examinaremos
hém as atribuições causais da solidão.
Influências situacionais
353
Quadro 10.7 — Determinantes externos da solidão melhoramento que tinha a ver com a formação de novas redes de amizade.
| r disso cerca de um quinto dos sujeitos permaneceram sós todo o ano,
Categoria/Exemplo
mais foram identificados desde o começo pela sua tendência a atribuirem
lidão mais a causas pessoais (ou internas) que situacionais (ou externas).
mor outras palavras, censuravam-se mais pela sua solidão do que pela
Contacto socia/Actividades Perca relacional'rejeição
Mais tempo passado só Divórcio
Actividades importantes/ Viuvez Fracasso isição. Enfim, encontrou-se neste trabalho que a qualidade percepcionada
tempo só (comer, estudo, Separação Ter um fracasso | mizades e de namoros era um melhor preditor da solidão que índices
fins de semana) Divórcio ou monte de pais? Perder um jogo nt itativos, tais como o número de amigos e de namorados.
Menos tempo com a família, Mobilidade geográfica Factores tempor:
os amigos, os vizinhos Rejeição dos colegas Partes do dia da trabalho posterior Shaver et al. (1985) mostraram que a transição para a
semana e estação —
Menos contacto com amigos e Redes socias
Menos amigos
idade reveste-se de stress sobretudo para os rapazes. A frequência de
família pelo telefone
Menos actividades sociais Menos relações íntimas bros nos rapazes diminuiu mais que nas raparigas. Isto pode ser o resultado
Namorar menos Menos apoio social os rapazes têm um conjunto mais pequeno de namoradas disponíveis,
Menos participação em Rede com densidade mais baixa haver a norma cultural que encoraja as raparigas (mas não os rapazes) a
organizações voluntárias,
com elementos do sexo oposto mais velhos e a declinarem pedidos
reuniões e cerimónias
religiosas Novas situações
moro de rapazes mais jovens.
Viver sozinho k para a Universidade
Estatuto relacional Mobilidade geográfica r tigas relações na terra diminuiram em número e na qualidade
Estado civil: em disponibilidade Barreiras indirectas incionada, enquanto que as novas não atingiram os níveis de satisfação
Desemprego jores à entrada na universidade. A transição para a universidade causa o
Rendimento baixo
é quase metade (46 por cento) das relações românticas do ensino
Transportes inadequados
ário e produz tensão nos restantes 54 por cento que foram avaliadas
do muito menos positivo após a entrada que antes.
Fonte: Adaptado de Jones, Cavert, Snider, e Bruce, 1985.
lo mais positivo, os caloiros foram rápidos em estabelecer novos grupos
isoas conhecidas, mas experienciavam uma grande incerteza acerca
Os seus sentimentos acerca da família tornaram-se mais positivos e
lenciavam menos conflito com os pais mesmo se os não viam muitas
4 ou talvez por causa disso. Trata-se obviamente de uma mudança
Documento 10.2 — A solidão da transição para a universidade iva pois havia pouca intreracção com a família que pudesse melhorar.
idantes sentiam-se melhor relativamenteà sua família.
A entrada na universidade representa uma transição vital de grande: 4H by;
Reveste-se especificamente de interesse para a investigação social na
em que pressupõe não só um avanço qualitativo no sistema de ensi o,
também, para muitos estudantes, o primeiro afastamento significativo o
dos pais. Tal cria perturbações nas redes sociais. Os caloiros são fon E.
construir uma nova rede de apoio social e a renegociar as suas relaçõe
família e os amigos que ficaram na terra. Os estudos de Newcomb eo estudos mostraram que a força da associação entre solidão e a condição
(Newcomb et al., 1967) apresentados no capítulo 4 confirmam que Estão era forte e duradoira. É o caso da viuvez (Lopata, 1969) e da
e mudanças de valores que se formam durante a vida universitária We um dos pais (devido a morte ou divórcio) durante a infância
perdurar ao longo do ciclo vital. Stein e Shaver, 19824).
O que acontece aos caloiros quando entram para a universidade? Oe * parte dessas condições estão relacionadas com a solidão porque são
Cutrona (1982) efectuado com caloiros evidenciou que tendiam à “os para trocas sociais satisfatórias com os outros que são ou podiam
sós no Outuno, mas a maior parte deles recompunha-se ao fim do| Piantes na vida das pessoas. Note-se todavia que, uma maior solidão
354 355
os embora
está relacionada com condições que só de modo indirecto interfere mbém realçar que a solidão e a depressão são fenómenos distint
4 as pessoas
interacções satisfatórias. O desemprego retira a uma pessoa oportuad a arte coincidentes (Russell, Peplau, e Cutrona, 1980). Nem todas
c estão deprimidas, e nem todas as pessoas deprimidas se sentem sós. Este
sociais no trabalho e tambémé susceptível de restringir oenvolvida -
devido à falta de dinheiro para certos tipos de interacção ou ao embara à altado levou Bragg (1979) a propor uma distinção entre «solidão deprimida»
os, Bragg
ter perdido o trabalho. Aliás o baixo rendimento encontra-se assi ] colidão não deprimida». Num estudo com estudantes universitári
associ ada com a
solidão mesmo entre pessoas que estão empregadas. a1 controu que a solidão deprimida estava claramente
satividade global, apreendida na insatisfação não só com as relações sociais,
s da vida. Pelo
Em suma, a lista apresentada que tem por suporte investigação end 4 mo também com a escola, o trabalho e muitas outras faceta
confirma a proposição teórica de que a solidão é, pelo menos em aj ato ni
deprimoidas asia
E infeliz
determinada por factores situacionais susceptíveis de dilacerar, 1 de impedir
po E ga Sanga
n A ário, gaàs Ro nt E dpeud necessariamente es a respei de
psp
b NtroS aspec os uas vL é
f
entar um autoconceito
mpreensão da solidão. Assim os solitários podem apres
6.2 Características pessoais ejáveis em
spativo. Devido a pensamentos automáticos, consideram-se indes
ecidos, estúpidos,
rios aspectos. Julgam-se não atractivos, não amáveis, aborr
Certas pessoas são mais susceptíveis de experienciarem a solidão de ] defeitos estão na
jos ou egoistas. Têm igualmente tendência a crer que estes
mais intenso e duradoiro que outras. Todavia, uma predisposição pa ick e Jones
ise da sua personalidade e são, por conseguinte, imutáveis. Gosw
s com elas e
solidão não causará necessariamente a experiência de solidão num mome 981) mostraram que as pessoas solitárias estavam insatisfeita
particular, mas fará com que essas pessoas sejam mais vulneráveis a fa 4 e Portugal (Neto,
ham um autoconceito negativo. Num estudo efectuado em
correlação negativa
89b) junto de estudantes universitários encontrou-se uma
situacionais. A solidão também pode levar ao desenvolvimento de ce
características pessoais o que faz com que seja extremamente difícil conhe iva era mais acentuada
tre a solidão e o autoconceito. Esta correlação negat
a ligação exacta entre características pessoais e solidão. Seja qual for a rela e rejeição social.
n relação a uma dimensão do autoconceito, à aceitação
causal, a investigação tem posto em evidência que as pessoas que dizem es da solidão.
ta dimensão permitia, só ela, predizer O essencial dos valor
solitárias descrevem-se e agem de modo diferente das que não o dizem. | onceito também
ita mesma relação negativa e significativa entre solidão autoc
Características como a depressão, o autoconceito, a auto-estima, àtimid Encontrou na Canadá (Bérubé e Joshi, 1998).
habilidades sociais e a atracção física podem afectar a solidão de divers to como se viu no
auto-estima constitui um corolário íntimo do autoconcei
modos (Perlman e Peplau, 1981): a) as características que reduze Tr petentes
ipítulo 2. As pessoas sós sentem-se muitas vezes sem valor, incom
desejabilidade social de uma pessoa podem limitar as oportunidades pa uma solidão
tão susceptíveis de serem amadas. Efectivamente a ligação entre
relações sociais; b) as características pessoais influenciam o própr s mais
Centuada e uma auto-estima fraca constitui uma das descoberta
nsistentes entre as investigações sobre a solidão (Ouellet e Toshi, 1986;
comportamento de uma pessoa em situações sociais; c) as qualidades pesso
podem determinar o modo como uma pessoa reage às mudanças nas relaç o 1980).
bucks, 1980; Peplau, Micelá, e Morash, 1982; Rubentein e Shaver,
sociais realizadas e assim influenciar a eficácia da pessoa no confronto 6 sendo indignas e
Às pessoas que se dizem solitárias tendem a olhar-se como
a solidão. lesprezíveis. Eddy (1961) encontrou uma correlação significativa entre
a
o auto-
A ligação entre solidão e depressão está bem documentada na literatura, Estudi Solidão e uma medida indirecta da auto-estima, a discrepância entre
m
que recorreram a auto-avaliações breves da depressão encontram que. onceito ideal e o actual da pessoa. Goswick e Jones (1981) encontrara
seu corpo,
pessoas que dizem que se sentem sós também dizem que se sentem deprimid; ue à solidão estava associada com percepções negativas do
s acerca deles próprios
(e.g., Periman, Gerson, e Spinner, 1978; Russell, Peplau, e Ferguson, 1978, Xualidade, saúde e aparência. Esses maus sentimento
pessoas solitárias como
Estudos que usam escalas de depressão mais longas como o Inventário d ãO aparentes para as outras pessoas, que vêem as
Depressão de Beck também encontram uma forte associação entre solidão | endo «severas para com elas» (Jones, Sansome, e Helm, 1983).
depressão (e.g., Russell et al., 1980; Young, 1982). É, no entanto, importaf |
35 7
356
idade, não respon-dentes
À ligação entre a auto-estima e a solidão é recíproca. Uma baixa auto-es a sprias e das outras pessoas, tímidas e sem assertativ
determinadas características
pode engendrar solidão, mas, simultaneamente, as pessoas com uma enconsíveis nas interacções sociais e diferentes em
constituem uma dificuldade
auto-estima podem censurar-se pelos fracassos sociais e por terem e situações sociais. Muitas destas características podem
níveis de contacto social o que reforça o seu próprio baixo auto-con a que à pessoa se envolva em relações íntimas e por essa razão
A timidez que é «uma tendência para evitar interacções sociais e para fal) pouzir E ia
participação de modo apropriado em interacções sociais» (Pilkonis, | :
pode predispor para a solidão. Zimbardo (1977) encontrou correl É
significativas entre a timidez e a solidão. Sermat (1980) mostrou q 4 Decseco cão i pias
| Atribuições causais da solidão
homens solitários têm uma pontuação mais baixa numa medida da 1
de risco social. Investigações de Cheek e Busch (1981) e de Cutrona (li tigadores e dos
indicam que a timidez pode levar à solidão. Em adolescentes portug
rocura das causas da solidão não é só apanágio dos inves
sentem a
icos de saúde mental, uma vez que as próprias pessoas que
encontrou-se que a solidão se associava também à timidez (Neto, 199 b m
dão também estão motivadas para explicar os motivos por que se sente
senta o
Tem sido sugerido que a falta de habilidades sociais pode estar asso oi Para uns e para outros compreeender as causas da solidão repre
solidão (Weiss, 1973). Um vasto leque de défices interpessoais e meiro passo para prever, controlar e aliviar a solidão.
associados à solidão. Estudantes universitários sós referiam maior dificui relevante
e os vários modelos da atribuição, o de Weiner já mostrou ser
que os não sós em apresentar-se aos outros, em telefonar para iniciar ca l da
» domínio. Como já se viu no capítulo 3, Weiner aplicou a teoria
em participar em grupos, em sentir-se bem nas festas (Horowitz, Fren ender a
buição ao domínio da realização. Este enfoque é útil para compre
ão porque as relações sociais de uma pessoa são uma indicação de sucesso
Anderson, 1982: Jones, 1982; Moore e Sermat, 1974). Num estu
interacção no laboratório, Jones, Hobbs, e Hockenbury (1982) comp ) , e
j muitas sociedades ocidentais. Peplau e a sua equipa (Peplau, Russell
os padrões de interacção de estudantes com pontuações altas de solid
n, 1979; Michela, Peplau, e Weeks, 1982) examinaram duas dimensões
estudantes com pontuações baixas. Os estudantes com pontuações al
tribuições que fazemos porque estamos descontentes com às relações
solidão fizeram menos referências ao seu companheiro durante a inte e
fais: locus de causalidade (interno ou pessoal versus externo ou situacional)
mostraram menos atenção ao companheiro, faziam-lhe menos ques!
abilidade (estável versus instável). Por exemplo, se uma pessoa verbaliza
eram menos susceptíveis de continuarem a discutir o tópico iniciado
ksinto-me sozinha, porque sou feia» representaria uma atribuição interna,
companheiro. Esses achados reflectem a intensa auto-focalização das p
vel, ao passo que se alguém diz «sinto-me só porque acabo de emigrar»
sós e a dificuldade que têm para responder de modo apropriado aos O!
sentaria uma atribuição externa e instável.
Solano, Batten, e Parish (1982) compararam estudantes solitários,
solitários e observaram que os estudantes solitários manifestavam P binação destas duas dimensões das atribuições causais permite obter
inabituais de auto-realização, pois tendiam quer a revelar muito deles pr o tipos diferentes de atribuições causais que estão assinaladas no
rapidamente quer a tonar-se reticentes. Jones, Sansome, e Helm t o 10.8.
encontraram que as pessoas solitárias são não só mais rejeitadas pelos o
mas também mais auto-rejeitadas, pois esperam que os outros os rejei E ;
a
interacções sociais. â
Quadro 10.8 - Explicações da solidão estudantes sós, a depressão mais acentuada estava associada com atribuições
"de solidão à sua aparência física, personalidade e medo de rejeição.
“Finalmente, as atribuições causais podem influenciar o comportamento das
LOCUS DE CAUSALIDADE pessoas sós e as respostas para superar a solidão. Por exemplo, os estudantes
Interno Externo sós tendiam a atribuir os fracassos interpessoais mais a defeitos imutáveis do
RR “carácter (baixa habilidade, traços de personalidade) do que afactores pessoais
Estou sozinho porque não sou | As pessoas por aqui são frias e
amado.É deprimente; sinto um impessoais, nenhuma partilha os
“mutáveis (falta de esforço, uso de estratégias ineficazes) (Horowitz, French,
“e Anderson, 1982). Num segundo estudo os autores mostraram que este estilo
poapIsa
vazio. Sento-me à noite sozinho, | meus interesses ou corresponde
a beber, a comere divertindo-me | às minhas expectativas. Estou atribucional estava associado com um comportamento menos eficaz numa
a mim mesmo com a televisão. | farto deste lugar.
+ efa de persuasão interpessoal. Os estudantes que faziam atribuições à
daVArTaVESA
habilidade ou a traços apresentavam expectativas de sucesso mais baixas,
Estou sozinho agora, mas não | O meu namorado e eu separámo- | | motivação mais baixa e eram menos bem sucedidos na tarefa que os estudantes
será por muito tempo. Deixei de | nos. É o caminho que as relações | |
que faziam atribuições ao esforço ou à estratégia.
me dedicar tanto 20 trabalho e | seguem hoje em dia; algumas
poapisur
4
saio e conheço novas pessoas. | delas resultam e outras não.
Da
Começarei por telefonarà pessoa | próxima vez talvez tenha mais
que conheci na festa de um | sorte.
amigo.
360 361
OBPIJOS E UIOD OJUOJJUOZ) *L
RE RAA or ARA nO
Ds
365
TIN
rátteix Er TD ISSA EIA
«quando sós e ser um pouco mais provável entregarem-se a actividad g fazer face à solidão e a necessidade opressiva de a negar e de evitar uma
cariz íntimo e religioso. Os sujeitos que percepcionaram as suas habil á ompleta tomada de consciência da sua dor. Se bem que esta abordagem possa
sociais de modo mais positivo viam também as reacções sensuais e de dive pedir com sucesso a dor da solidão a breve prazo, muito provavelmente não
como sendo menos eficazes para reduzir os sentimentos de solidão e as rea ; rá suficiente para tratar com a solidão a longo termo. O recurso a algum
de contacto íntimo como as mais eficazes. «tes métodos poderá levar a mais problemas.
366 367
A terceira abordagem geral de confronto com a solidão permite reduzir
expectativas de uma pessoa para se ajustar à realidade da sua situação, .
pessoas podem desenvolver novos interesses e habilidades, uma adaptar:
positiva, ou podem voltar-se para o álcool e a droga para compensar as rela;
sociais insatisfatórias, uma adaptação negativa. Como esta estratégia nega ei
sugere, a solidão obriga a custos individuais e da sociedade,
Perante a diversidade de causas que podem levar à solidão não existe só:
estratégia de cura, mas muitas estratégias (Rook e Peplau, 1982). 3
4. Abordagens comunitárias que têm por objectivo aumentar | lividades com outras pessoas, inclusive a revelarem os seus próprios
timentos e emoções. Nas aplicações relativas a este capítulo são referidos
oportunidades das pessoas para a interacção.
S em pormenor alguns dos modos de eliminar a solidão.
As abordagens comunitárias não são muito úteis para as pessoas com défi
em habilidades sociais. Se não se solucionar primeiro o problema subjad
ao «Sai e encontra mais pessoas», isso significa efectivamente «Sai |
rejeitada por mais pessoas» (Duck, 1983).
368 369
Rs edi a CS E E E
8. Variações Interculturais
do facto
a investigação intercultural foi levada a cabo nesta área apesar
comparações interculturais oferecerem novas perspectivas sobre os factores
ais que contribuem para os sentimentos de solidão. Mais especificamente
medida em que condições relevantes variam ao longo das culturas podem
ectir-se nas avaliações quantitativas da solidão.
só sentido.
nctual investigação intercultural disponível não converge num
ias
exemplo, encontrou-se maior solidão entre negros é outras minor
icas (e.g. Cutrona, 1982), se bem que Brennan e Auslander (1979) não
am encontrado diferenças entre negros e brancos nos Estados Unidos.
em
os poucos estudos que conhecemos apontam para uma maior solidão
uras orientais, japonesa e chinesa em particular, que noutras culturas.
em
sim, Schumaker € colaboradores (1993) encontraram maior solidão
íveis
itos japoneses que em sujeitos australianos. Entre os factores suscept
contribuir para esses resultados os autores mencionam investi gação
nbiental e/ou residencial, padrões de interacção social introvertidos e sem
nto-revelação, maiores níveis de neuroticismo, baixos níveis de identificação
as
de implicação religiosa, e práticas de socialização que podem inclinar
essoas japonesas para a solidão. Num outro estudo também se encontrou
ne estudantes japoneses sofrem mais de solidão nas suas relações românticas/
anos
xuais, familiares, de amizade e comunitárias que estudantes americ
earl, Klopf, e Ishii, 1990).
1
Por seu lado Xie (1997) encontrou maior solidão em estudantes chineses
e americanos. O autor avança como explicação para este resultado que a
ultura chinesa enfatiza a família como principal rede de apoio social. Ora
s membros da família escolhem muitas vezes resolver os seus problemas
) interior desta rede antes de procurar ajuda fora. Deixando esta rede, os
dantes podem achar difícil não contar com ela quando deixam a casa da
ja para ir estudar.
Por seu lado Neto e Barros (no prelo) examinaram se havia diferenças
interculturais na solidão entre adolescentes e jovens adultos de Cabo Verde e
3 73
ERR E
de Portugal. Os resultados não evidenciaram difer . des que nos são agradáveis. Uma outra consequência positiva de se estar
enças nas Pontuações só
solidão nas amostras de adolescentes € de jovens adultos d 3 aumento da nossa habilidade para amar os outros. O estar só
nos dois países e connosco
padrão das variáveis preditoras da solidão eram seme
lhantes nas amos E óprios é uma condição necessária para obtermos auto-conhecimento, para
de Cabo Verde e de Portugal. O neuroticismo apare
ceu como sendo o predi rescermos. Quanto mais auto-conhecimento tenhamos, melhor estamos
mais importante. Verificou-se também que os adolescent
es em ambas reparados para as relações amorosas com os outros.
PST cep preso in do aa Seja como for, se ainda subsistem muitas incertezas no nosso conhecimento
Algumas associações importantes da solidão (e.g.,
extroversão) aparecer obre a solidão (Weiss, 1989), o que é certo é que a partir do livro de Bob
semelhantes entre adolescentes brancos do sexo mascu
lino da Zâmbis eiss «Loneliness: The experience of emotional and social Ea
estudantes dos Estados Unidos (Wilson et al., 1989).
blicado em 1973, considerado por Zich Rubin como a «Bíblia « o
Uma área que recebeu muito pouca atenção nvestigador sobre a solidão» foi suscitado todo um acervo de qo ei
foi a solidão associada
experiência migratória. Tal é particularmente estra Se tradicionalmente este tópico foi evitado, o investigador sobre a solidão j
nho pois a solidão
geralmente referida como uma das consequências das ão é hoje em dia um investigador só (Gardfield, 1986), nem tem de se sentir
transições intercult
ocupando um lugar proeminente nas descrições do choque cultur baraçado ao admitir que está trilhando tais sendas do conhecimento.
al. Numes ui
recente comparou-se o nível de solidão e joven
s portugueses que nur
emigraram e de jovens de origem portuguesa resid
indo em França (Ne
1999b). Não se verificaram diferenças na solidão
segundo c sexo, a idade
participação religiosa e a identidade étnica; mas
encontrou-se um efeil
significativo das atitudes em relação à aculturação
sobre a solidão. Os Jove
de origem portuguesa em França cujas atitudes em relaç
ão à aculturação erar
favoráveis à integração mostraram menos solidão que
os que eram favoráy
à assimilação e à segregação. A solidão estava associada
de modo significati
à experiência de aculturação francesa e à satisfação com
a vida e de mo d
positivo ao stress de aculturação e à ansiedade social
. Os resultados apoiar
como explicações da solidão factores situacionais é pessoa
is. E
Num outro estudo (Neto e Ruiz, 1999) também não
se encontram diferença
estatisticamente significativas entre o nível de solidão de 400
jovens de origer
portuguesa vindos a viver para o norte de Portugal com jovens
que nunc;
emigraram. Todavia os jovens ligados à emigração mais atingidos
pela solidãc
eram aqueles que apresentavam uma identidade mais france
sa, uma menor
identidade portuguesa, que percepcionavam serem reconhecidos
como
migrantes e aqueles que perspectivavam regressar a França.
Ê
374
3 75
A PLICAÇÕES: QUEBRAR OS MUROS DO ISOLAMENTO SOCIAL
s cognições das pessoas sós e não sós são diferentes. Os auto-esquemas das
Essoas sós suscitam uma atenção selectiva a informação negativa sobre nós
óprios(as), confirmando ou fortalecendo, pois, um autoconceito negativo
'rankel e Prentice-Dunn, 1990). A terapia cognitiva visa modificar essas
benições, muito especialmente em relação a situações sociais. Por exemplo,
Uma pessoa se percepciona como sendo enfadonha, o terapeuta pode
invencê-la que se trata de uma autopercepção incorrecta ou ajudá-la a
Hrigir essa falsa crença de que só as pessoas espirituosas podem fazer
migos. Do mesmo modo se uma pessoa reage a situações sociais sentindo-
embaraçada porque julga que as outras pessoas a estão sempre a avaliar,
Ode aprender que não é o centro da atenção de todas as pessoas.
is mudanças nas cognições têm de se acompanhar de mudanças comporta-
F tais. As pessoas que sentem a solidão não só têm falta de habilidades
ciais apropriadas, como também se sentem ansiosas por não possuirem
Es habilidades (Solano e Koester, 1989). Uma forma de treino de
bilidades sociais é expor as pessoas sós que desempenham papéis com
37 7
Fe Te
RPE
378 379
E TE
eA TT
REINOS
iron cas Esta obra chama a atenção para os efeitos do abandono e do isolamento
pi
Nem sempre a solidão é algo a ser evitado ou atenuado, pois pode proporci em «crianças selvagens». É relatado, em particular, o caso da criança
uma experiência de crescimento para a pessoa. M selvagem de Aveyron.
380 381
ACTIVIDADES PROPOSTAS
Indique como é que solidão pode ser medida e quando é que a solid
atinge o seu apogeu.
382
SOdNAO IAH OLNHIA VLHOdINOO “TX
491
TÁBUA DE MATÉRIAS
|. Introdução
34 Tentativa de integração
Interacção em grupos
493
Liderança Objectivos:
Actividades propostas
494 495
ogINponuT “T |
Who built the seven gates of Thebes?
In the books are listed the names of kings.
Did the kings heave up the building blocks?
Bertoid Brecht
O nosso planeta tem não só cinço biliões de pessoas, como também tem
cerca de 200 Estados-nações, 4 milhões de comunidades locais, 20 milhões
de organismos económicos e centenas de milhares de outros grupos. Todos
nós somos membros de grupos que exercem uma influência enorme nas
nossas vidas. À maior parte de nós nasceu num grupo familiar, passou grande
parte da infância em interacções com pais e irmãos. Quando nos aventuramos
por um mundo social mais amplo inserimo-nos em novos grupos, porventura
para jogar, para a catequese ou para estudar. Já como jovens adultos podemos
ter oportunidade de aderir a grupos de trabalho, a partidos políticos ou a
outras organizações. Qual é a influência de grupos sobre os seus membros?
499
necessidade de recorrer a uma abordagem teórica e metodológica diferente
da do estudo da psicologia dos indivíduos? Esta questão ainda suscita hoje.
em dia vivo debate (Brown, 1988, Steiner, 1972; Tajfel, 1972).
ES
500
21 O que é um grupo?
2. Uma unidade social que tem duas ou mais pessoas que se percepcionam
como pertencendo a um grupo.
503
de uns em relação aos outros estabelizadas em certo grau no tempo e
22 Diferentes tipos de grupos
que possuem um conjunto de valores ou normas do seu próprio modo
de regular o comportamento dos membros individuais, pelo menos
em assuntos com consequências para o grupo.» Os esboços de definição que se apresentaram podem aplicar-se melhor ou
pior segundo o tipo de grupo que se estuda. Existem efectivamente diferentes
Sprott (1958): tipos de grupos. A maior parte ou talvez todas as culturas têm endogrupos,
grupos a que as pessoas pertencem e exogrupos, grupos a que não pertencem.
«Um grupo, no sentido sócio-psicológico, é uma pluralidade de pessoas
János referimos a estes conceitos no capítulo 6. Mesmo durante períodos em
que interagem com as outras num dado contexto mais do que interagem
que grupos viveram em total ou quase total isolamento havia os conceitos de
com qualquer outra pessoa.»
«nós» OU «a nossa gente» e «outros».
Bass (1960):
Na literatura científica encontra-se com frequência a distinção entre grupo
«Definimos “grupo” como uma colecção de indivíduos cuja existência formal e grupo informal. O grupo formal é um grupo «que tem por função
como uma colecção é recompensadora para os indivíduos.» desempenhar um trabalho específico e bem definido» (Maillet, 1988, p. 297).
Geralmente é formado pela direcção de uma organização que estabelece as
Johnson e Johnson (1987): normas de rendimento, o objectivo e o estatuto dos seus membros. Pelo contrário,
«O grupo é constituído por dois ou mais indivíduos em interacção
o grupo informal desenvolve-se de modo natural tendo em conta preferências ou
interesses comuns. A adesão ao grupo informal é voluntária, não resultando de
face a face, cada um consciente da sua qualidade de membro do grupo,
cada um consciente de outros que pertencem ao grupo e cada um uma nomeação como no caso do grupo formal. As investigações clássicas de
consciente das suas interdependências positivas quando se empenham Elton Mayo na sociedade Western Electric de Hawthorne em Chicago que
em realizar objectivos mútuos.» começaram nos anos vinte confirmaram que os grupos informais tinham tanto,
senão mais influência que os grupos formais. Mais perto dos nossos dias são
também, entre outras coisas, a influência e o papel dos grupos informais que
distinguem as empresas americanas mais produtivas (Peters e Waterman, 1982).
Uma outra distinção relativamente importante é a que é feita entre o grupo
Nenhuma dessas definições reflecte os fenómenos intergrupais observados primário e O grupo secundário. O grupo primário é composto por pessoas
nas experiências com grupos mínimos. Nestas experiências não há interacção com quem temos contactos regulares, pessoais e íntimos, como com a nossa
entre os membros do grupo, nem interdependência, nem estrutura. Há, no família ou com os nossos amigos (Van der Zanden, 1987). Ao invés, o grupo
entanto, diferenciação intergrupal. Nenhuma das definições aí apresentadas secundário é composto por um conjunto de pessoas habitualmente maior, com
dão conta de tal. É que o paradigma do grupo mínimo suscita uma mudança contactos mais esporádicos entre eles e num contexto mais oficial e impessoal.
na conceptualização de um grupo. Já nesta via Tajfel e Turner (1986, p. 15) A universidade, a fábrica, a caserna são exemplos de grupos secundários.
conceptualizaram o grupo «como uma colecção de indivíduos que se Outra distinção, utilizada com muita frequência em psicologia social, é entre
percepcionam como membros da mesma categoria social, partilham algum Os grupos de pertença e os grupos de referência. Pensou-se durante muito
envolvimento emocional nesta definição comum deles próprios, € realizam tempo que os grupos a que pertencemos influenciam as nossas atitudes e os
algum grau de consenso social sobre a avaliação do seu grupo e dos seus nossos valores. Já pode não parecer tão óbvio considerar-se que os grupos de
membros nele.» De um modo mais sucinto e básico Brown (1988, p. 2-3) que não fazemos parte podem influenciar-nos. Os grupos de referência, con-
considera que «um grupo existe quando duas ou mais pessoas se definem ceito introduzido por Hyman em 1942, são os que uma pessoa adopta como
como membros dele ou quando a sua existência é reconhecida pelo menos
quadro de referência para os seus comportamentos, atitudes ou valores. Muitas
por algum outro.» É facilmente perceptível tratar-se de uma conceptualização Vezes, o grupo de referência de uma pessoa é também um grupo de pertença
cognitiva. Segundo esta última definição um grupo existe quando é visto
(Sherif, 1953). Por exemplo, para um padre operário que adopte o modo de vida
existir pelos seus membros, bem como pelo menos por um membro de fora do de pessoas pobres, que habite num bairro de lata e que tenha poucas condições
grupo. Mas esta definição também não é uma solução perfeita. Não abarca, económicas, os pobres constituem o seu grupo de referência e também faz parte
por exemplo, sociedades secretas que se vêm a si próprias como grupos, mas deste grupo. Pode todavia acontecer que os grupos de referência podem ser grupos
que não são reconhecidas como tais por pessoas de fora. de que não se faz parte, mas que servem de modelo e aos quais se aspira pertencer.
504 505
FEED Res
Uma das questões fundamentais no estudo da psicologia dos grupos diz respeito
a explicações da formação de grupos. Porque é que nos juntamos em grupos?
Existem dois motivos gerais. Em primeiro lugar, uma pessoa pode juntar-se a
um grupo em vista aatingir objectivos que não poderia atingir trabalhando só,
tais como projectos de amelhoramento da comunidade, perservação da defesa
nacional ou manutenção de vários serviços governamentais. Foi sugerido haver
três objectivos principais que podem ser atingidos pelos grupos (Mackie e
Goethals, 1987). Objectivos utilitários que se relacionam com necessidades
do grupo em dinheiro, realização, influência, etc. Objectivos de conhecimento
que se relacionam com a obtenção de informação, de conhecimento ou de um
consenso partilhado sobre a realidade entre os membros de um grupo (Festinger,
1950). Os grupos podem também ajudar os membros a obter uma identidade
social (Turner e Oakes, 1989). Os grupos fornecem à pessoa uma definição
reconhecida de modo consensual e uma avaliação de quem se é, como se deve
comportar e como será tratada pelos outros. Propicia assim uma redução na
Os grupos informais têm a sua razão de existir, mesmo se é para divertimento. incerteza subjectiva. Para além disso, dado que nós e os outros nos avaliamos
tendo em conta a atractividade relativa, a desejabilidade e o prestígio dos grupos
a que pertencemos, estamos motivados a juntarmo-nos a grupos que são
avaliados positivamente de modo consensual e que propiciarão uma identidade
social positiva.
Enfim, pode revestir-se de utilidade distinguir os grupos tendo em conta o seu
tamanho. Fala-se de grupo restricto no caso de um grupo relativamente bem Em segundo lugar, os grupos podem constituir modos de satisfazer
estruturado, composto por um número pequeno de pessoas com contactos necessidades humanas e de obter recompensas sociais, tais como aprovação,
face a face de modo mais ou menos regular (Anzieu e Martin, 1976). Ao pertença, prestígio, elogio, amor ou amizade. Pessoas que pertencem a grupos
invés, recorre-se ao conceito de categoria social ou de multidão para designar da Igreja, sentem-se bem em ser membros do grupo e recebem afeição de
um grupo muito grande relativamente pouco estruturado, composto por outros membros do grupo. Outros grupos também podem ser úteis como fontes
centenas ou por milhares de pessoas em que não existem interacções face a de informação ou para ajudar a reduzir o medo em contextos de stress. Nalgumas
face entre os seus diferentes membros (Anzieu e Martin, 1976; Brown, 1988). experiências relevantes em psicologia social Schachter (1959), como já se
Os migrantes, as mulheres, os ricos são categorias sociais; ao passo que à expôs, encontrou que as pessoas que estavam com medo porque pensavam
família, um grupo terapêutico, constituem grupos restrictos. que iam sofrer um doloroso choque eléctrico, preferiam esperar mais com
outras pessoas que sós. Schachter sentiu que estar com outras pessoas permitia
Não existem fronteiras nítidas entre estes tipos de grupos na prática. Por a redução da ansiedade acerca do choque aguardado.
exemplo, antropólogos que descreveram numerosas comunidades que são
organizadas em agrupamentos pequenos, instáveis e móvies com cerca de
50 pessoas, cujos membros partem regularmente para'se juntarem a outros
agrupamentos e mais tarde regressam (Murdock, 1949). Em tais comunidades
não é clara a distinção que possa ser feita entre grupos primários, secundários, 2.4 Grupos e tempo
ou de referência.
506 507
og O TE
aid
Quadro 12.1 - Cinco estádios do desenvolvimento de um grupo
508 509
Também há algo que o grupo pode fazer para ajudar o recém-chegado a
adaptar-se ao grupo. Em primeiro lugar, o grupo deveria tentar recrutar pessoas |
susceptíveis de serem compatíveis com o grupo. O recurso a procedimentos
de iniciação e o fornecimento de treino consistente sobre o grupo também são
métodos importantes.
Se tudo corre bem e quer o recém-chegado quer o grupo continuam a estar Membro
Prospectivo | Novo Membro | Membro pleno Membro
Marginal Ex. Membro
satisfeitos mutuamente, a aceitação plena de membro do grupo pode ser o
resultado. A pessoa é então um membro pleno do grupo e tem um forte
compromisso com o grupo (manutenção). Todavia, devido a um certo número
de motivos, uma pessoa pode perder o interesse em ser membro de um grupo,
Por exemplo, certos membros podem envolver-se em conflitos com outros
membros do grupo. Neste estádio podem ser considerados marginais ou
membros inactivos do grupo (divergência). A não ser que se efectuem
OLNIWIATOANA
tentativas durante uma fase de ressocialização pata aumentar o compromisso
do indivíduo, essa pessoa pode eventualmente sair do grupo e entrar numa
fase de aceitação do seu estatuto de ex-membro, chamada de lembrança.
Estas diferentes fases estão condensadas na figura 12. 1 que ilustra o percurso
de um indivíduo tipo em qualquer grupo. É óbvio que este percurso pode ser
muito diferente e o modelo não delineia uma ordem precisa em que os estádios
da socialização são alcançados nem a necessidade de passar pelos cinco
estádios propostos. Estas investigações apresentam, no entanto, um quadro
que permite analisar as influências recíprocas do grupo no indivíduo e do
indivíduo no grupo.
Este modelo de socialização grupal pode aplicar-se a quase toda a espécie de Investigação | Socialização | Manutenção | Ressocialização | Lembrança
grupos, desde formais a informais, desde grandes a pequenos, desde com Entrada Aceitação Divergência Saida
curta duração ou longa. Se bem que a duração dos diferentes estádios e as TEMPO 3
formas dos vários pontos de transição possam variar, o modelo apreende
aspectos importantes da socialização grupal.
Até que ponto este modelo dá conta das experiências que tem nos vários
grupos em que participa? Sem dúvida que muitas das pessoas leitoras deste Versão simplificada do modelo de socialização em pequenos grupos de
texto estão actualmente associadas a um certo número de grupos diferentes Moreland e Levine (1982). Os membros do grupo passam por
diversas fases implicando simultaneamente diferentes graus de envolvimento
e estão em diferentees fases de socialização grupal no seu seio. Um certo
e transições de papel.
número de processos psicossoais que se expuseram nas diferentes fases da
socialização grupal, tais como influência maioritária e minoritária, foram
discutidos em capítulos anteriores. Talvez tivesse notado que a dinâmica da Figura 12.1 — Estádios da socialização grupal.
“socialização grupal tem uma grande semelhança com a dinâmica das relações
românticas discutidas no capítulo 9. Efectivamente as relações românticas
constituem um tipo de grupo, a díade íntima.
510 511
ET rp oro OCT TERA REIESTECESSESO SPEA E
Uma das primeiras questões levantadas pelos psicólogos sociais foi a seguinte:
qualéo efeito da presença de outras pessoas no comportamento do indivíduo?
A resposta não é simples. Por vezes as pessoas executam melhor quando
outras pessoas estão presentes, enquanto que outras vezes executam pior. À
presença de outras pessoas pode afectar a realização de três modos gerais:
mediante a quantidade de esforço desenvolvido, o aumento da activação, e a
influência de factores cognitivos, tais como a distração e a apreensão em ser
avaliado.
Se bem que os grupos possam realizar mais que os indivíduos, por vezes os
membros de um grupo podem dispender menos esforço do que o fariam
individualmente. Latané e seus colegas (Latané et al., 1979) denominaram
este efeito de preguiça social que abordaremos mais adiante.
muito não garante só por si um resultado com sucesso. Zajonc (1965) propôs outrém que leva sempre ao aumento da resposta dominante, é negativo. Neste
uma teoria que explica quer os efeitos positivos quer os negativos da presença caso o rendimento piora com a presença de outrem. Por conseguinte, esta
de outras pessoas sobre o rendimento individual. Segundo esta teoria (Figura teoria explica porque é que o grupo pode levar o indivíduo a melhorar o
12.2) a presença de outras pessoas leva em primeiro lugar ao aumento do rendimento ou a deteriorá-lo.
nível de activação ou de motivação do organismo. Para Zajonc está-se perante
uma reacção inata e, por conseguinte, com uma base biológica. Por exemplo, O efeito da facilitação social encontrou-se mesmo numa situação de jogo de
os atletas de alta competição quando estão na linha de partida antes da corrida bilhar como se ilustra no documento 12.2.
sentem uma tensão particular.
Uma meta-análise de 241 estudos encontrou apoio parcial para a teoria de
Zajonc (Bond e Titus, 1983).
: Aumento da
[ tendência
Documento 12.2— Facilitação social na sala de jogar bilhar
Já alguma vez jogou bilhar? O que lhe aconteceu quando alguém o estava a
Presença de outrem
Ativação [-—p» a dar uma resposta observar? Segundo a teoria da facilitação social, a realização melhoraria se é
(auditório ou coacção) [|
dominante um bom jogador e pioraria se é um jogador medíocre. Michaels e os seus
y
Quando a resposta
colegas testaram esta predição (Michaels, Blommel, Brokato, Linkous, e
Rowe, 1982). Durante a fase inicial deste estudo, observadores viam
discretamente a acção e identificavam pares de jogadores que estavam ou
Deterioração
dominante é uma
do rendimento acima ou abaixo da média. Durante a segunda fase, equipas com quatro
má resposta observadores ficavam perto da mesa onde um dos pares estava a jogar e
observavam o jogo. Seis pares diferentes de jogadores acima da média e seis
Figura 12.2 — A teoria da facilitação social segundo Zajonc. Adaptado de Zajonc (1965).
pares diferentes de jogadores abaixo da média eram observados deste modo.
516 57
E
3.3 A presença de outras pessoas pode causar distração e apreensão Cottrell previu que os observadores tornam-nos inquietos da avaliação que vão
da avaliação fazer de nós. Para verificar a existência desta apreensão da avaliação, Cottrell e
seus colegas (1968) repetiram a experiência de Zajonc e Sales (1966) sobre sílabas
Imagine que é um dos jogadores de bilhar descritos mais acima. Quando se desporvidas de sentido acrescentando-lhe uma terceira situação. Nesta situação de
tornou consciente de que tinha um público, poderia sentir duas tendências em «simples presença», os observadores, apresentados como estanto a preparar uma
conflito: prestar atenção à tarefa (o jogo do bilhar) ou ao público. Houve quem experiência sobre a percepção, tinham os olhos vendados para os impedir de avaliar
propusesse que a presença de outras pessoas produz facilitação social através o rendimento dos participantes. Em contraste com o efeito que produz uma
da distração (Baron, Moore, e Sanders, 1978: Sanders, 198 1). Estar na presença audiência observadora, a mera presença destas pessoas com os olhos tapados não
de outras pessoas distrai. Se é fácil ver como estar distraido pode impedir a amelhorava as respostas predominantes. Noutras experiências confirmou-se a
realização numa tarefa complexa - metade do fenómeno de facilitação social - conclusão de Cottrell de que o amelhoramento das respostas predominantes é
como é que estar distraído conduz a uma melhor realização numa tarefa mais marcado quando as pessoas pensam que são avaliadas.
simples? A resposta sugerida é que os sujeitos distraídos tentam com mais
Bond (1982) defende que as pessoas com um público executam melhor uma
firmeza (para se sobrepor à distração). Esta tentativa com firmeza tende sem
tarefa simples porque as pessoas querem dar a impressão certa, querem aumentar
dúvida a aumentar a sua realização, mas o estar distraido tende a diminui-la,
a sua estima perante os outros, uma perspectiva próxima da de Cottrell. Tal é
Nas tarefas simples o aumento de maior esforço é um efeito maior que a
suficiente para dar conta do aumento na realização de tarefas simples, e no caso da
diminuição de estar distraido, por isso há um claro ganho na realização. Nas
diminuição em tarefas complexas? Bond defende que não é por causa do aumento
tarefas complexas, por outro lado, a distração torna o trabalho mais pesad.
geral da activação, mas que é consequência do embaraço. Quando sabemos que
que pode ser feito por um esforço aumentado, por isso a realização padece,
estamos a realizar perante outras pessoas tentamos com maior firmeza. Tal aumentará
a realização. Mas se a tarefa é difícil, então podemos começar a falhar. Falhar na
presença de outras pessoas produz embaraço. Mas embaraço é uma questão de
estar autoconsciente. É por isso que a realização fracassa. Assim Bond encontrou
que a presença de outras pessoas aumentaria a realização no item difícil seestivesse
encaixado numa tarefa fácil, e inibiría a realização numa tarefa fácil se estivesse
encaixado numa tarefa difícil.
518 519
3.4 Tentativa de integração
Lad
Tarefas simples (facilitação social, rivalidade) (preguiça social)
DUE
ou bem aprendidas
RA
RA o
Realização prejudicada
Tarefas complexas (distracção, apreensão quanto à
á
Realização melhorada 4. Características de Grupos
Ea!
ou mal aprendidas avaliação) (desafio)
1
rt he tail dos
520
Começámos por considerar os indivíduos numa situação relativamente simples
em que uma pessoa é observada ou acompanhada por uma ou mais pessoas.
Todavia um grupo implica algo mais do que pessoas realizando a mesma
actividade num determinado tempo e local. Os grupos implicam interacção, o
desenvolvimento de percepções partilhadas e laços afectivos e a
interdependência de papéis. Nesta secção abordaremos três modos em que
os grupos podem diferir: a estrutura, a coesão e a comunicação.
523
E
Eanes
icas
criticadas. Por isso as normas determinam se essas acções e crenças específ
das pessoas são aprovadas ou desaprovadas pelo grupo.
4.2 Coesão
525
524
o nisi
526 527
A rede Y é a seguinte mais centralizada, permitindo comunicações para dois categorias que se aplicam a todos os grupos de resolução de problemas. Embora
membros centrais. A rede todos os canais é a mais descentralizada, pois cada o conteúdo possa diferir de grupo para grupo, qualquer acto de comunicação
membro pode comunicar directamente com qualquer outro dos quatro membros pode ser classificado numa das categorias da IPA.
do grupo. As redes cadeia e círculo são menos centralizadas que a roda, mas mais
centralizadas que a rede todos os canais. Subjacente ao sistema IPA está uma perspectiva teórica. Esta perspectiva, uma
teoria funcional, defende que os grupos devem resolver dois conjuntos de
O estudo típico nesta área consiste em formar um grupo para trabalhar sobre um problemas para manterem a sua existência. O primeiro conjunto, denominado
determinado problema e colocar limites à comunicação que se pode estabelecer problemas de tarefa, refere-e aos que um grupo encara quando tenta alcançar
entre os seus membros. Tal é feito colocando os sujeitos em salas separadas e os seus objectivos. Por exemplo, o grupo deve calcular como produzir um
- permitindo-lhes comunicar unicamente por meio de mensagens escritas ou por produto satisfatório e como negociar com pessoas € organizações no seu meio.
intercomunicadores. Os experimentadores podem então controlar quem fala com O segundo conjunto, denominado problemas sócio-emocionais, refere-se a
quem e podem impor um grande número de padrões diferentes de comunicação.
AO,
b) A satisfação dos membros individuais era maior na rede mais
SS
descentralizada, todos os sujeitos no círculo expressavam maior prazer
na tarefa, enquanto que os membros periféricos da roda, cadeia e Y
gostavam menos da tarefa. Os sujeitos percepcionavam a pessoa
central nas últimas três redes serem o líder do grupo, não sendo
percepcionada a existência de nenhum líder no círculo.
| SA O E
nas redes centralizadas pode ser aumentada dando a essas pessoas informação
mais pertinente e importante que àquelas que ocupam posições mais centrais
Er
ã j
(Gilchrist, Shaw, e Walker, 1954).
|
1979) prestou uma atenção particular ao longo dos anos a este assunto, tendo
desenvolvido sistemas de codificação do conteúdo de comunicações ou interacções.
O
Uma técnica desenvolvida por Bales (1950, 1970) foi a análise do processo Todos os canais
528 529
ER RO OO PE A EEPE TVRE DERCE pen “a
x
=
AR
advem desta teoria. Mais especificamente, o sistema da IPA consiste em 12 . Áreas de tarefa:
Na
categorias mostradas na figura 12.6. Estas categorias podem ser distribuidas 4. Dá sugestões, direções, implicando
em autonomia dos outros.
por agrupamentos. À distinção mais ampla e mais importante é entre actos de Tentativa
de respostas 5. Dá opiniões, avaliações, aratisa,
tarefa e actos sócio-emocionais. Os actos de tarefa (categorias 4-9) são expressa sentimentos, desejas.
comportamentos instrumentais que levam um grupo à realização dos seus 6. Dá orientação, informação, repete,
el
clarífica, confirma.
objectivos. Os actos sócio-emocionais (categorias 1-3 e 10-12) são reações
Áreas de tarefa: e f
emocionais, positivas e negativas dirigidas em relação a outros membros do grupo.
7. Busca orientação, informação,
repetição, confirmação.
Uma outra classificação das categorias da IPA é indicada pelas letras a-f na
8 Busca opinião, avaliação, análise,
figura 12.6. Estas letras representam questões que são encaradas por qualquer Perguntas expressão de sentimentos.
grupo. Dentro da área de tarefas estão as questões a) de orientação, b) de 9. Busça sugestões, direções,
passíveis maneiras de agir.
avaliação e c) de controlo. As questões de orientação envolvem a análise de
uma situação; as questões de avaliação referem-se às atitudes dos membros Áreas sócio-emocional:
10, Discorda, demonstra rejeição passiva,
em relação a essa situação; e as questões de controlo referem-se a sugestões formalidade nega ajuda.
de acção dentro da situação. Dentro da área sócio-emocional estão as questões Reações 11. Demonstra tensão,
d) de decisão, e) de manipulação de tensão e f) de integração. As questões de negativas busca ajuda, foge.
decisão referem-se à aceitação ou rejeição das propostas de acção, ao passo 12. Demonstra antagonismo, rebaixa o
status dos outros, defende o seu.
que as questões de manipulção de tensão e de integração referem-se ao
establecimento das relações emocionais dentro do grupo. a. Problemas de orientação; b.Problemas de avaliação; c. Problemas de controle;
d. Problemas de decisão; e. Problemas de manipulação de tensão; f. Problemas de integração
Na prática o sistema IPA pode usar-se do seguinte modo. Imagine que um
grupo com sete pessoas se encontrou numa sala para trabalhar sobre uma Figura 12.6 — Categorias utilizadas por Bales (1950) na análise do processo de interacção
nos grupos,
tarefa. Os membros estão sentados à volta de uma mesa e um número foi
colocado em frente de cada pessoa.A sala tem uma característica fora fo normal:
está equipada com um espelho unidireccional numa parede de modo que
observadores sentados por detrás da parede podem observar a interacção entre Um resultado que emerge com regularidade nestes estudos é que os membros
membros do grupo. Os observadores registam a interacção em termos que do grupo não participam de modo igual numa discussão. Alguns membros
quem fala com quem e que tipos de actos são comunicados. Por exemplo, se uses PT
falam mais que outros. Embora possa haver variações, a pessoa que fala mais
o membro 2 se volta para o membro 5 e lhe pede a opinião sobre uma questão, num grupo de resolução de problemas inicia 40-45 por cento de todos os actos
os observadores pontuam tal escrevendo «2-5» na categoria 8 da IPA (busca de comunicação. A segunda pessoa mais activa iniciará aproximadamente
opiniões). Seguindo este procedimento durante toda a sessão de trabalho que 20-30 por cento dos actos. Este padrão é apresentado no quadro 12.3, que
RR
pode durar uma ou duas horas, os observadores podem obter um registo mostra um sumário da iniciação dos actos para grupos de três a oito pessoas.
completo da comunicação dentro do grupo segundo o sistema da IPA. Quando o tamanho do grupo aumenta, a pessoa que fala mais ainda inicia
de modo consistente uma grande percentagem de actos de comunicação
Par
O sistema IPA fomece meios de observar quem fala nos grupos e que género de (Bales, 1970).
coisas se dizem. Os investigadores têm-no usado numa ampla variedade de
resoluções de problemas e em grupos de discussão que envolvem estudantes Um outro resultado destes estudos diz respeito à estabilidade da participação:
universitários, militares, doentes em terapia, prisioneiros, etc. (Bales e Hare, 1965). o membro do grupo que inicia a maior parte da comunicação durante os
531
RR
Número de
Quadro 12.4 — Perfil de interacção: Percentagem dos actos das
membros Tamanho do grupo categorias da IPA
33 29 2 19 15 17
qjeel+lanlol-!oa
5, Dá opiniões 22,24
6. Dá informações 28,72
O sistema IPA fomece um modo de avaliar a frequência com que os vários Fonte: Adaptado de Bales e Hare, 1965.
actos ocorrem nos grupos. Como já se notou, o sistema IPA contém 12
categorias. Destas, seis pertencem a actos orientados para a tarefa (categorias
4-9), ao passo que as outras seis pertencem aos actos sócio-emocionais. Se os
grupos podem diferir, no quadro 12.4 apresenta-se a percentagem média dos
actos da IPA (calculados em muitos grupos de resolução de problemas) segundo Uma outra técnica desenvolvida por Bales após mais de duas décadas de
as 12 categorias. Como aponta o quadro cerca de dois terços dos actos numa investigação foi o SYMLOG (SFstematic Multiple Observation of Groups)
sessão estão orientados para a tarefa e cerca de um terço são socio-emocionais que permite analisar as interacções grupais. O sistema S?MLOG examina
(Bales e Hare, 1965). Dentro das categorias orientadas para a tarefa, a maior as interacções sociais por meio de três dimensões que medem a dominância
parte dos actos pertencem às categorias 4-6 ( dá sugestões, dá opiniões e dá e a submissão, a amizade e a inimizade, as comunicações controladas e
532 533
expressivas. Esta técnica foi planificada para uso geral em muitos tipos de
grupos e focaliza-se em aspectos da tarefa e sócio-emocionais da comunicação
de um grupo.
5. Interacção em Grupos
534
Ao abordarmos as características dos grupos, tais como estrutura, coesão e
comunicação, referimo-nos por vezes à realização e a resultados dos processos
grupais. Voltemo-nos agora mais particularmente para a produtividade dos
grupos e para a tomada de decisão.
41 Produtividade do grupo
A produtividade tem a ver com a tarefa dos grupos. Uma tarefa de grupo
abarca um conjunto de pessoas designadas para realizar uma tarefa. Segundo
Steiner (1972) a produtividade é determinada pela interacção de três factores:
3. Processo que consiste nos meios utilizados pelo grupo para realizar
a tarefa.
537
E
devem ser realizados por um só indivíduo, e tarefas divisíve:s que podem ser Quadro 12.6 — Tipos de tarefa e produtividade associada
realizadas através da divisão do trabalho. As tarefas podem também categorizar-
-se segundo os modos como os esforços dos indivíduos podem ser utilizados
para as realizar (quadro 12.6). Steiner distingue quatro tipos de tarefas e mostra Tipo de tarefa Produtividade Exemplo
que a superioridade do grupo em relação ao indivíduo varia em função da
Tarefas aditivas Soma de esforços individuais Puxar um carro enterrado na
tarefa. néve
A situação mais simples é aquela em que se adiciona o resultado de cada Tarefas comuns Os membros menos compesentes | Escalada de montanha de toda
uma equipa ligada à mesma
membro para se obter o resultado total do grupo. Neste caso Steiner fala de
corda
tarefas aditivas e nota que se pode esperar que o rendimento do grupo seja
Tarefas disjuntivas | Os membros mais competentes Resolver um problema de
superior ao rendimento de um indivíduo. Puxar um carro enterrado na neve
labirinto
ou aplaudir numa sala de espectáculos constituem exemplos do tipo de tarefa
compensa- | Esforço de grupo combinado Avaliar a temperatura da sala
em que quantas mais pessoas se dispuserem a fazê-lo, maior será a Tarefas
tórias quando o grupo decide
produtividade.
Fonte: Steiner, 1972.
As tarefas comuns constituem o segundo tipo distinguido por Steiner (1972).
Trata-se de situações em que todos os membros do grupo têm mais ou menos
a mesma função, mas em que a sorte de umas pessoas está intimamente ligada
à de outras pessoas. As tarefas efectuadas por uma equipa de alpinistas são
deste tipo. Os alpinistas não podem ir mais depressa que o membro rmais lento
da expedição. Por conseguinte, neste caso, o rendimento do grupo não é 5.1.2 Preguiça social
geralmente superior ao do indivíduo.
O sistema de classificação de Steiner pode ajudar-nos a compreender a
As tarefas disjuntivas caracterizam-se pelo facto de que se um só membro do psicologia social dos grupos de trabalho. Tomemos o caso da luta de tracção,
grupo encontra a solução para o problema, todo o grupo obtém sucesso. Ou, uma tarefa aditiva. Haverá uma adição exacta do esforço em grupos aditivos?
por outras palavras, o sucesso de um grupo depende da qualidade da melhor Cinco pessoas tendem a puxar numa luta de tracção cinco vezes mais que a
ideia ou solução proposta no grupo. Geralmente o rendimento do grupo não média individual?
ultrapassa pois o do seu melhor membro.
A resposta a esta questão é negativa. O engenheiro agrónomo francês Max
No quarto tipo de tarefas, as tarefas compensatórias, os membros do grupo Ringelmann (1913) pediu a sujeitos do sexo masculino para trabalharem sós
podem combinar os seus esforços de qualquer modo. Vamos supor que a tarefa ou em grupos com vários tamanhos para puxar uma corda tanto quanto
consiste em avaliar a temperatura da sala, Poder-se-ia fazer a média dos pudessem e então media o seu esforço. Ringelmann encontrou que quando o
julgamentos de cada membro do grupo para se chegar a uma solução ou número de trabalhadores aumentava a força média com que cada trabalhador
escolher a resposta mais frequente, etc. Neste caso o modo de repartição e de contribuia diminuia (figura 12.7). Porquê? Há duas possibilidades: os sujeitos
coordenação dos esforços determina o resultado do grupo. não estavam coordenados da melhor maneira ou os sujeitos mostravam
preguiça social, isto é, os sujeitos em grupos exerciam menos esforço
Em suma, esta tipologia mostra que é erróneo pensar que o trabalho em grupo individual (Latané, Williams, e Harkins, 1979).
constitui em geral uma perca de tempo. Em relação a certas tarefas o trabalho
em grupo é claramente vantajoso em comparação com o trabalho individual.
nos grupos era mais baixo que o esforço individual de pessoas sós demonstra
os efeitos da preguiça social.
O que é que pode explicar a preguiça social? Os esforços dos indivíduos são
muitas vezes anónimos em grupos aditivos. Dado que é a produção do grupo
70 r
Realização esperada
.õ—õ—U—Õ—
= =)
e não do indivíduo que se mede, o indivíduo pode sentir-se impune (Harkins,
1987). Para além disso, as pessoas em grupos podem assumir que os outros
50—- abrandarão e por isso em consonância com as teorias da troca e da equidade
Note-se, contudo, que os estudos sobre preguiça social diferem dos estudos
sobre facilitação social num ponto fulcral. Os sujeitos agregam os seus esforços
nos estudos de preguiça social o que não acontece nos estudos de facilitação
social. Assim se nos estudos de preguiça social os sujeitos se podem esconder
1 2 3 4 5 6 7/8
na multidão, já não é o caso nos estudos de facilitação social. A presença de
Tamanho do grupo (pessoas)
outras pessoas pode reduzir a activação e apreensão da avaliação em estudos
de preguiça social, mas aumentar estas mesmas variáveis em estudos de
facilitação social.
Figura 12.7 — O efeito Ringelmann. Fonte: Dados de Ringelmann (1913). Ringeimann
(1913) encontrou que o esforço individual diminua quando o tamanho
Todavia estudos levados a cabo em culturas colectivistas, tais como na China,
do grupo aumentava.
mostraram que a preguiça social é menos evidente aí e que o oposto também é
possível (Karau e Williams, 1993). Em certas condições as pessoas exercem
mais esforço quando trabalham como parte de um grupo que quando trabalham
sós. Aspectos destas condições incluem uma maior ênfase na lealdade e
As experiências evidenciaram ambos os fenómenos em grupos aditivos. Num responsabilidade para com grupos. Parece, pois, que a preguiça social não
estudo, estudantes universitários foram vendados e eram-lhe colocados nos seja uma parte inevitável do comportamento, mas um fenómeno dependente
seus ouvidos auscultadores. Pedia-se então aos sujeitos para gritarem tanto de contextos culturais.
alto quanto pudessem. Algumas vezes os sujeitos estavam sós € outras vezes
combinavam os seus gritos em grupos de 2 ou 6 pessoas. Para além disso, A preguiça social é um fenómeno que pode enfraquecer a produtividade de
alguns sujeitos eram levados a crer de modo erróneo que estavam em grupos grupos em trabalhos aditivos em culturas individualistas. Uma maneira de
com 2 ou 6 pessoas quando efectivamente estavam sós. Este engano era possível reduzir a preguiça social é informar os sujeitos que as suas realizações, bem
porque os sujeitos estavam vendados e tinham auscultadores. Os resultados como as de todo o grupo estão a ser avaliadas. Nas galeras da Roma antiga
da experiência demonstraram que os sujeitos sós tendiam a gritar mais alto os escravos trabalhavam conjuntamente na esgotante tarefa aditiva de remar.
que em grupos; para além disso, os grupos mostravam uma realização Para manter os esforços individuais dos escravos, os capatazes observavam
global mais baixa que a realização somada de «pseudogrupos» de pessoas sós constantemente as suas realizações e castigavam de modo brutal os indolentes.
(que pensavam erroneamente estar em grupos) (Latané et al., 1979). Actualmente nos locais de trabalho ninguém toleraria uma solução tão cruel
para o problema da preguiça social. Contudo os supervisores podem avaliar
Quais são as implicações destes resultados? O facto dos grupos realiazarem periodicamente a realização individual de trabalhadores em tarefas aditivas
pior que os pseudogrupos ilustra que o grupo ao gritar sofria de problemas de e mantê-los ao corrente dos resultados. O simples facto dos sujeitos
coordenação; aparentemente os membros dos grupos reais não gritavam mais compararem as suas realizações individuais com padrões normativos, pode
alto no mesmo instante. O facto que o esforço individual nos pseudogrupos €
541
540
GE A EE REGE ONU OT
muitas vezes ser suficiente para eliminar a preguiça social. Por isso a avaliação faneiro de 1986 é um outro exemplo de aparente pensamento grupal
individual efectuada por si próprio ou pelos outros constitui muitas vezes um (Magnuson, 1986).
modo eficaz de reduzir a preguiça social, Não é surpreendente que a Preguiça
social seja mais susceptível de aparecer quando as tarefas do grupo são
aborrecidas e não implicativas (Wiliams e Karau, 1991). Por isso um outro.
DS
modo de combater a preguiça social nos locais de trabalho é criar trabalhos
com sentido e implicação para os trabalhadores. Documento 12.4 — A invasão de Cuba
“sa
processo de racionalização colectiva pode ocorrer, persuadindo-se os seus Isolamento do grupo de influências exteriores
membros da exactidão das suas decisões. Todo este processo é muitas vezes Líder directivo
mais susceptível de ocorrer devido à presença de um chefe forte e de certos Ausência de procedimentos que obriguem a considerar cuidadosamente
membros do grupo que Janis chama de guardas das mentes que desempenham prós e contras das ameaças externas, com pouca esperança de encontrar
soluções melhores que a do líder
o papel de manter o desacordo ao nível mínimo. O conjunto destas diferentes
v
forças podem levar a que se tome uma decisão deficiente. Na figura 12.8
apresenta-se um sumário das condições que facilitam o pensamento grupal, os :
seus sintomas e os resultados de uma má tomada de decisão.
Forte desejo de consenso grupal
O que poderá um presidente ou qualquer outro chefe político fazer para
evitar o pensamento grupal? Janis avançou várias sugestões. Em primeiro
lugar, é importante evitar o isolamento por parte dos decisores políticos. No
ç v
Simtomas de pensamento grupal
caso da Baía dos Porcos a administração de Kennedy estava tão tocada pelo
secretismo que as pessoas no governo que tinham a informação mais útil Ilusão de invulnerabilidade
ads
foram impedidas de dar a sua contribuição, para não serem colocadas ao par Crença na moralidade do grupo
do plano, Racionalizações colectivas
Estereótipos dos exogrupos
vs
Em segundo lugar, o chefe deveria delinear procedimentos e normas que
Auto-censura das dúvidas e opiniões dissidentes
assegurassem que todos os ângulos da questão fossem examinados,
NHusão de unanimidade
encorajando todas as pessoas a expressarem-se, é isto em vez de suprimir
Pressão directa sobre os dissidentes
opiniões e receios. O chefe deve ter um cuidado especial em não indicar a
sua própria opinião antes de procurar conselho. Os conselheiros que conhecem
a posição do chefe são afectados por este conhecimento. Podem ser
influenciados no seu pensamento, acreditando que o que o chefe quer é o
v v
Sintomas de má tomada de decisão
melhor (internalização), ou podem conhecer que o chefe quer está errado,
mas não se exprimem por medo de perder os favores do chefe Análise incompleta de todas as alternativas
daN
(condescendência). Análise incompleta dos objectivos de grupo
Falha no exame dos riscos da escolha preferida
Clark McCauley reexaminou o material de Janis e concluiu haver evidência
Falha na análise das alternativas rejeitadas
para ambas as espécies de influência nos registos históricos. No fiasco da
Procura insuficiente da informação relevante
Baía dos Porcos, por exemplo, há uma ampla evidência de que alguns dos
Viés selectivo no processamento de informação
conselheiros de Kennedy não soltaram a sua língua apesar das suas reservas
Falha no desenvolvimento de planos contingenciais
em privado, mas não há evidência de condescendência no caso do desastre de
Pearl Harbor (McCauley, 1989).
544 545
a
RE
Os grupos tendem a tomar decisões mais arriscadas ou mais cautelosas queos Uma outra estratégia de investigação consistiu em escolher problemas em que
indivíduos? Nos anos 50, a literatura sociológica sugeria que os grupos as pessoas divergiam de opinião e depois de se agruparem as pessoas que
exerciam uma influência cautelosa na tomada de decisão (White, 1956).
Mas partillhavam as mesmas opiniões. Por exempo, nesta via formaram-se grupos
esta perspectiva foi questionada num dos primeiros estudos laboratoriais sobre com alunos do ensino secundário com muitos ou poucos preconceitos e
esta questão. pediu-se-lhes para responderem — quer antes quer após a discussão — a questões
sobre atitudes raciais (Myers e Bishop, 1970). Descobriu-se que efectivamente
Stoner (1961) realizou um estudo em que se pedia a indivíduos é grupos para
as discussões entre pessoas com a mesma opinião aumentavam a separação
tomarem decisões arriscadas. Os sujeitos eram confrontados com tarefas
de inicial entre os dois grupos.
tomada de decisão em que tinham de avaliar o nível de risco que achavam
aceitável. Em seguida discutiam estes problemas num grupo, e
depois O que é que explica a polarização de grupo? Investigação focalizou-se em
realizavam de novo a tarefa individualmente. três explicações possíveis. A primeira explicação baseia-se nos processos de
comparação social, a segunda na argumentação persuasiva, e a terceira na
A maior parte das pessoas prediria que o grupo tenderia a tomar decisões mais
identificação social.
seguras que os indivíduos, todavia, de modo surpreendente, Stoner encontrou
que tal não era o caso. Os julgamentos de grupo eram muito mais arriscados 1) Comparação social. Esta interpretação do efeito de polarização
do que os efectuados pelos indivíduos, e os Julgamentos individuais obtidos refere que os indivíduos tentam ver-se e apresentar-se aos outros de
após discussão de grupo eram também mais arriscados. Este fenómeno modo tão favorável quanto possível (Sanders e Baron, 1977). Para
tomou-se conhecido sob o nome de mudança arriscada. O efeito da mudança saber quais serão as ideias ou comportamentos que serão vistos de
arriscada encontrou-se não só nos Estados Unidos e Canadá, como também modo positivo pelos outros, as pessoas podem observar metículo-
em vários países da Europa e na Nova Zelândia. samente o modo como os outros se expressam ou agem. Então, no
caso de todos ou a maior parte dos indivíduos num grupo mudarem
Wallach, Kogan e Bem (1962) sugeriram que a responsabilidade partilhada na direcção em que o grupo é percepcionado estar a inclinar-se, a
produzia um sentimento mais seguro, por isso os indivíduos membros dos
decisão do grupo será mais extrema, mas na mesma direcção da
grupos sentir-se-iam mais capazes de tomar decisões mais arriscadas por não média do grupo original (isto é, a média dos julgamentos iniciais
serem os únicos responsáveis por elas. Denominaram esta hipótese de difusão dos membros).
de responsabilidade.
2) Argumentação persuasiva. Esta explicação sugere que a discussão
Contudo a mudança em direcção ao risco é tão somente um exemplo específico de grupo é responsável pelo efeito de polarização, estando os
de um fenómeno muito mais geral: a polarização da atitude induzida pelo indivíduos expostos a argumentos a favor e contra uma determinada
grupo. Numa ampla gama de situações, encontrou-se que as decisões do grupo posição (Bumstein e Vinokur, 1977). A qualidade e a posição dos
eram mais extremas do que as decisões individuais das pessoas envolvidas e argumentos, o grau com que os indivíduos relembram subsequen-
na direcção das perspectivas da maioria, fossem elas mais arriscadas ou menos. temente os argumentos quer a favor quer contra são importantes na
Por isso nalgumas situações pode haver uma mudança afastada do risco, no determinação da extensão e da duração da mudança na posição do
caso das posições iniciais dos membros do grupo irem nessa direcção. A opinião indivíduo. Assim ocorrerá somente uma mudança num grupo se são
da maioria, e não o risco, é aqui o factor importante, uma mudança que pode apresentados os argumentos com um efeito persuasivo nos indivíduos.
ocorrer mesmo quando não haja risco envolvido. Se estes argumentos já são conhecidos pelo indivíduo, não suscitarão
nenhuma mudança. A novidade é um factor crucial. A direcção de
546 547
qualquer mudança no grupo dependerá da prep
onderância da
argumentação persuasiva e nova numa ou noutr
a direcção. No âmbito
desta explicação, no caso de se conhecer o tipo de
argumento, adirecção
e a extensão da mudança do grupo podem-se preve
r (Isenberg, 1986)
3) Identificação social. A identificação social é um
processo através do
qual os indivíduos se definem em relação
a outras pessoas, e
conformam-se às normas e estereótipos
associados com o seus
grupos. Segundo esta explicação os indivíduos
têm um estereótipo
do grupo mais extrema do que a existente na
actualidade. Como
estão motivados para conformar-se com este ester
eótipo, o efeito
de polarização de grupo está consumado. Os grupo
s tornam-se mais
extremistas porque os membros esperam que sejam
mais extremistas.
Há apoio empírico para as três explicações (Isen
berg, 1986; Mackie, 1986).
Por enquanto não existe uma afirmação clara
sobre qual dos três modelos é
o melhor. Em todo o caso tem-se encontrado
que o efeito de polarização de
grupo numa ampla variedade de contextos labor
atoriais e de campo.
O processo de pensamento grupal, juntamente
com o efeito de polarização
permitem-nos compreender melhor porque é que
um agrupamento de pessoas
aparentemente racionais e inteligentes podem
concordar com uma decisão
catastrófica.
548
A maior parte das tarefas em grupos são divisíveis, e em geral, subtarefas
específicas são atribuídas a diferentes pessoas. À distribuição dos deveres e
das responsabilidades a membros do grupo denomina-se de diferenciação
do papel. Num grupo pode existir uma vasta gama de papéis. Um papel
importante num grupo é o de líder. Assim nesta secção procuraremos saber o
que é a liderança, que espécie de pessoas se tornam bons líderes, quais os
traços de personalidade dos bons líderes, e como é que os bons líderes
comandam.
61 Oqueéaliderança?
Designado por uma autoridade mais alta Pode-se obter um título, mas pode-se não
ganhar a aceitação ou a legitimação dos mem-
bros
551
1]
6.2 Perspectiva contingente da liderança Consistência na liderança
6.3
O método mais usual para se encontrarem os traços de personalidade E
dos Por valiosa que tenha sido a contribuição de Fiedler, mais pirar tia
líderes é relativamente simples. Os investigadores administram testes de perso- sr o
proposto que haveria evidência de umtraço de liderança, muro embora
nalidade a um grupo de sujeitos, e recolhem também as avaliações da eficácia Ria
não se tenha encontrado. A evidência de um traço escondido, sem
dos sujeitos como líderes. As avaliações podem ser efectuadas por subordi- A
capaz de se especificar qual será, advém de um estudo em que se junta E
nados, por supervisores, por colegas ou observadores. O investi gador observa
grupo de pessoas € dá-se-lhes uma tarefa. Observa-se quem emerge como
então as relações entre os traços medidos e a eficácia do líder. Espera-se por -se e o
líder. Muda-se então a tarefa e os membros do grupo € observa
meio de tal procedimento encontrar um só traço ou talvez uma pequena colecção como a
emerge como líder. Se acontecer que a mesma pessoa emerge
de traços que estejam de modo consistente relacionados com a liderança. ua ae
apesar da tarefa ou da composição do grupo, então há razão Ea se
algo, muito embora não se sabendo o quê, acerca destas pessoas faz com q
Às revisões dos anos 40 e 50 dos resultados de estudos que recorreram a este
método mostraram haver muitas correlações entre liderança e personalidade. de modo consistente se tornem líderes.
Efectivamente encontraram-se mesmo demasiadas correlações. Acontece que
Foi referido que através de décadas em que os autores desistiram ao ou
na maior parte dos estudos revistos encontrou-se alguma relação entre uma menos da noção de um traço de liderança porque não foram capazes de O
variável de personalidade e a eficácia da liderança. No entanto no interior de
encontrar, houve poucos estudos que recorreram a um planeamento desse
cada estudo estas relações eram fracas, e quando se efectuaram comparações
tipo (Kenny, e Zaccaro, 1983). E esses estudos encontraram que as Passa
de um estudo para outro, diferentes traços de personalidade estavam pessoas emergiam como líderes em diferentes grupos (Carter e Nixon,
É
relacionados com a liderança (Stogdill, 1958; Mann, 1959). Surgiu assim Belle French, 1950; Borgatta, Bales e Couch, 1954, Barmlund, 1962). Kenny
consenso no domínio de que não havia um só traço partilhado pelos líderes e Zaccaro concluem que seria insensato perante esta evidência a da
eficazes, mas que a liderança exigia diferentes traços em diferentes noção de que há um traço (ou talvez um conjunto de traços) que os líderes
circunstâncias. Foi essa ideia que dominou a investigação sobre a liderança têm de modo consistente.
nas três últimas décadas sob o nome de perspectiva contingente da liderança.
Esta perspectiva sugere que os traços que fazem com que um líder seja bom
são contingentes das circunstâncias com que o líder se defronta.
Quadro 12.9 — Três abordagens para a liderança
Fred Fiedler pode especificar que traços em que circunstâncias conduzem a
uma liderança eficaz. A questão fundamental em relação a que espécie de
pessoa fará um bom líder é a de se saber até que ponto a situação global lhe Abordagem Princípio orientador
é favorável. Num extremo deste continuum temos uma situação muito Traço Os traços predispõem certas pessoas a tornarem-se líderes
favorável ao líder (o líder tem muita autoridade, relações positivas com o efectivos
grupo, tarefas muito bem especificadas). No outro extremo temos uma situacionais determinam que as pessoas com certas
Situação Factores
situação que é muito adversa para qualquer líder (o líder tem pouca autoridade características surjam efectivamente como líderes
no grupo, os membros não condescendem uns com os outros ou com o líder, dos líderes,
Factores situacionais, traços ; entos,
e comportam
tsmtro
Interaccionismo
tarefas pouco especificadas). Fiedler avançou que em ambos os extremos do características e percepções dos seguidores interagem para
continuum (circunstâncias muito favoráveis ao líder ou muito desfavoráveis) determinar quem é um líder eficaz
uma determinada espécie de pessoa fará melhor como líder, enquanto que
né
Esta teoria de Fiedler propõe mais especificamente que os líderes com boas
-—
os
extremos (Fiedler, 1964; Peters, Hartke, e Pohlmann, 1985).
552 553
E
PESA y e
DES O or O EE
6.4 iderança
Cultura e estilos de lid Quadro 12.10 - Tipos, fontes e mecanismos de poder social
a
fc oa a investigaçãoo sobre a perspectiva Ê
contingente da liderança foi
e E em sociedades individualistas. Como funcionaria esta perspe Eficácia
ctiva Tipo Baseado em
ma cultura colectivista? Triandis (1993) avançou a hipótese
de que o líder Quer o seguidor esteja sob vigi-
:ideal é susceptível de ser difere
Telnte nestas duas espécies de culturas. : O mai o: Legítimo Direito a liderar
lância quer não
ea das culturas colectivistas pelas necessidades dos grupos
e ncia Somente com vigilância
fra rappers pode fomentar um meio em que os Recompensa Controlo dos recursos
líderes orientados
ções sejam mais desejados pelos m embros do grupo d ã Coercivo Controlo nos castigos Somente com vigilância
em culturas individdyualistas. - P k Pelo menos doisi estudos apoi
posam esta
ido Quer o seguidor esteja sob vigi-
s ção,
concep Referência Admiração
pda colectivista do Irão, os trabalhadores afirmavam que preço lância quer não
s
e à E = patrão» significa ser protector, como um pai (Ayman e Cheme esteja sob vigi-
rs Competência Conhecimento percepcionado | Quer O seguidor
. Na cultura colect
c ivista da Índia o líd er que éé maismai eficaz começa por lância quer não
at pi ; but sugere aos seguidores como é que o trabalho bu dd
inha, ). Em ambos os países, , àa protecção ã aparece como send Fonte: Raven e French, 1958.
uma
uma | característica altamente dese) jada na lidera i nça. Já n l pe
individualistas osos líderes
líde ori entados para a tarefa mostram -se mais i eficaz
di ges
omais variadas situações do queE os líd eres orient i ados para as relaçõ iandidf
ções. Triand is
j ança que tal pode ser específico das culturas individualitas. na medida
Nestas culturas Uma pessoa tem poder legítimo em relação a outra pessoa
s pessoas são socializadas para trabalh arem sós,Ó para se concentr: 1) a a quem
tarefa e e parapar enfatizarem a; realiz
tarefa em que tem o direito de dar ordens a essa pessoa, € à pesso
alizaçã
açã o. Tal treino
i pode| faze: Tr com quegust mo é a
individualistas sejam mais sensíveis a líderes orientados para Piá
as cultura
a s se dão ordens sente a obrigação de obedecer. O poder legíti
ibuindo
espécie de poder que Fiedler tinha em mente como contr
ncia
para uma situação favorável para O líder. É esta espécie de influê
erístico
que se exibe nas experiências de Milgram. É o poder caract
das organizações hierárquicas.
pode recom-
2) O poder de recompensa assenta em que uma pessoa
condes-
6.5 Poder pensar outra (e.g., dinheiro, aprovação, amor, etc.) para
olo de algo
cender. O poder de recompensa vem com O contr
do
ção social está obviamente relacionado com a liderança. desejável. Esta forma de poder, tal como o poder legítimo, é limita
por
uaiac Era que define uma situaçã
Uma das em alcance. Há coisas que quase todas as pessoas não fariam
ituaçã o como sendo favorável ou desfavorável
prin dinheiro ou por qualquer outra recompensa.
'o sã = a tem poder no grupo. Na sua forma mais primitiva
com o
É Iva do poder físico. O poder semprei nteressou os cientis
ienti tas sociai 3) O poder coercivo é o poder para punir. Tem em comum
com vigi-
e os filósof
a os e alguns deles chegaram mesmo a defend er que ele dever a i poder de recompensa o facto de ambos se exercerem só
limites.
co nstituir o foco das ciência
ênci s sociais
iai (Pollard e Mitchell, 1972). Apesar doo lância. O poder coercivo tem também provavelmente os seus
adas para
à oder nã o ter atingid
ingi o uma tal posiçãoiçã na teoria psicossocial, foram Há pelo menos algumas pessoas que não podem ser ameaç
coajem.
esenvolvidas várias teorias do poder social. trair o que gostam. E as pessoas não gostam muito das que
um grupo
John
in pre ' Bertram Raven deline
i aram uma concepção ampla do poder 4) Há poder de referência quando admiramos um indivíduo ou
os copiar
- Defenderam que o poder social consisi te na capaciidade de
infl i ou quando nos identificamos com ele. Nesta situação podem
o que nos
o comportamento de outra pessoa, os seus pensament os, ou sentimentos.
Rea
isa i voluntariamente os comportamentos apropriados ou fazer
p cificaram cinco bases diferentes do poder social, e discutiram grupo. Constitui
as pedem porque queremos ser como essa pessoa ou
consequências de cada uma delas (quadro 12.10). a determinada
um exemplo deste tipo de poder a pessoa que adopt
554 555
marca de cerveja porque se associa com a imagem machista suscitada
pela publicidade. Raven (1988) assinala também o poder de referência
inverso que ocorre quando uma pessoa adopta certas atitudes para se
distinguir de uma pessoa ou de um grupo que se detesta. O poder de
referência tem menos necessidade de vigilância que o poder de
recompensa e o poder coercivo.
Stahelski e Frost (1989) mediram a frequência com que várias formas de poder
eram utilizadas em três organizações diferentes. Encontraram que em todas as
organizações o poder referente e de competência eram utilizados mais
frequentemente que o poder legítimo, de recompensa e coercivo. Contudo os
autores também observaram que quando o número de empregados
supervisonados aumentava, o recurso ao poder coercivo aumentava.
7. Grupos na Sociedade
556
a
Reveste-se de dificuldade reflectir sobre uma sociedade sem se notar
abundância de grupos que nela operam. Muito embora o fim da família já
a a
tenha sido frequentemente vaticinado acontece que essa célula continu
de grupos
formar à base da maior parte das sociedades. Diferentes tipos
e nos meios de
terapêuticos são debatidos em revistas especializadas
comunicação social. Nesta secção consideraremos alguns destes grupos.
7.1 Famílias
559
E o Rana Ma Ep
positivas e outras que o não são tanto. Na vertente positiva é referida uma
7.2 Grupos experienciais
facilidade em elaborar um sonho a dois e em realizar este sonho, uma liberdade
incomparável de escolha criadora, uma grande autonomia, independência, número
No decurso das três últimas décadas asssistiu-se a um aumento do
No lado negativo ressalta-se uma família pesada para ser transportada. Os ni
de grupos experienciais onde as pessoas procuram melhorar as suas
pais são dois no seu sonho, às vezes um, para assumir todo um conjunto de ência grupa
dades participando em grupos. Através da própria experi
funções duradoiras de que só eles são responsáveis. idade desses
procuram-se mudanças pessoais (Shaw, 1981). Há uma divers
l, grupos de
Esta complexidade da dinâmica da família levou muitos investigadores a grupos: T-grupos, grupos bioenergéticos, análise transacciona
evitá-la enquanto alvo de investigação, ao passo que outros tentaram criar encontro, para só se referirem alguns (Dreyfus, 1975).
famílias «simuladas» em que se podem controlar factores específicos (Waxler ónio
O T-grupo (training group ou grupo de formação) faz parte do patrim
e Mishler, 1978). Apesar de óbvias diferenças entre uma família artificial e
da psicologia social, tendo sido originalmente desenvolvido pis Kurt Lewin
uma família real, tem-se mostrado que certos factores intervêm em ambas as ão
e seus colegas. Em 1946 Lewin e Lippitt efectuaram uma sessão de formaç
famílias. Por exemplo, Waxler e Mishler (1978) mencionam que as famílias novo
de animadores onde apareceu uma nova forma de observar grupos é um
simuladas e reais utilizam os mesmos modos gerais de resolver os problemas. efeitos
método de formação. Tratava-se de testar diversas hipóteses sobre os
Todavia as mães nas famílias reais comprometiam-se menos do que as «mães» e
comparados de conferências e de estudos de casos sobre os comportamentos
nos grupos ad hoc. grupos
as mudanças de comportamento. Os participantes eram divididos em
Outros autores voltaram-se unicamente para o estudo de famílias reais. Por de dez efectuando estudos de casos com jogos de papéis e exposições
folhas
exemplo, foram estudados os modos como variáveis demográficas afectam magistrais. Em cada grupo estava presente um observador que preenchia
o padrão da interacção familiar. Strodtbeck (1951) estudou a tomada de de observação das interacções e da evolução do grupo.
decisão marido/esposa junto de casais protestantes do Texas, Navajo e Estas observações que se destinavam às investigações da equipa de
Kurt
Mormões. Encontrou que os maridos mormões eram muito mais poderosos
Lewin não deviam ser transmitidas aos participantes. Lewin organizara sessões
que as suas esposas; as esposas Navajo eram muito mais poderosas que os
de trabalho da parte da manhã com os animadores oficiais e Os observadores
seus maridos, reflexo do matriarcado nesta sociedade; os casais protestantes
com o intuito de verificar as observações e de as discutir. Alguns participantes
do Texas mostram igualdade no processo de tomada de decisão. Passando da
que habitavam no local solicitaram para assistir a estas reuniões de trabalho
o que lhes foi concedido. Tratava-se pois de participar numa reunião em que
díade à tríade (uma mãe, um pai e um filho adolescente) e abordando duas
outras culturas (judia e italiana), Strodtbeck (1958) encontrou de novo Os
os seus próprios comportamentos eram analizados por observadores.
evidência de diferenças culturais. Os pais italianos eram muito mais poderosos participantes julgaram estas reuniões com interesse capital para eles ê.
que as esposas e os filhos; nas famílias judias, os pais partilhavam o poder e seguidamente todos os participantes tomaram parte nelas. Nasceu assim a
tinham muito mais poder que os seus filhos. ideia de substituir o conteúdo da formação centrada no «algures e um
dia»
Em Portugal Barros (1994) tem dedicado especial atenção ao estudo dos que caracteriza a formação clássica pela análise do «aqui e agora». O novo
estilos educativos parentais. Partindo das dimensões propostas por Schaefer método de formação consistia em pequenos grupos de discussão em que
(1959) e comparando-as com o modelo de Baumrind (1971) pode obter-se havia um observador e um animador. O observador comunicava de vez em
o
fundamentalmente quatro estilos educativos: democrático ou autoritativo quando as suas notas sobre a dinâmica do grupo e O animador ajudava
(autonomia com amor ou na terminologia de Baumrind (1971), respondente grupo a analisar estas observações.
e exigente), indulgente ou permissivo (controlo com amor, respondente não Neste âmbito o grupo é pois tomado quer como objecto de análise quer
exigente), autoritário ou exigente (controlo com hostilidade, não respondente como metodologia de investigação. Esta segunda vertente constitui uma
e exigente) e, por último, negligente ou rejeitador (autonomia com hostilidade; abordagem inovadora na medida em que se alia investigação e acção,
não respondente e não exigente). Cada um destes estilos caracteriza-se por observação participante e implicação dos sujeitos. E a experiência relacional
um conjunto de práticas e comportamentos parentais (Barros, 1994). vivida pelos sujeitos que é utilizada como material de estudo. Trata-se pois de
uma abordagem experiencial.
e,
O T-grupo teve uma grande repercursão nos anos 50 nos Estados Unidos
verdade iro
um pouco mais tarde, na Europa. Foi para à psicologia social um
560 561
E sbre Pit
562 563
se trabalhava mais porque as pessoas faziam parte de um pequeno grupo tratado Resolução dos problemas
de modo especial.
Os membros da equipa devem aprender a usar métodos de decisão eficazes
A descoberta da importância do grupo para a produtividade pelos estudos de para identificar problemas e soluções. Por exemplo, muitas equipas de
Hawthorne levou a que se tivessem em conta nas organizações mais diversas trabalho baseiam-se no modelo dos círculos de qualidade (Deming, 1975).
as equipas de trabalho. Efectivamente os grupos contribuiram decisivamente Trata-se de grupos pequenos centrados nos empregados a quem lhes é
para a fundação da organização moderna. dada autoridade para tomar decisões sobre a gestão. Estas equipas
encontram-se para discutir problemas no local de trabalho sobre
Especialistas das organizações recorrem muitas vezes a análises socio-
produtividade, eficácia, qualidade ou satisfação com O trabalho. Após
psicológicas dos pequenos grupc para planificar, desenvolver e melhorar
identificação das causas desses problemas o grupo leva a cabo mudanças
grupos de trabalho. Por exermp:.. » construção da equipa começa com q
para as corrigir. No caso destas mudanças se mostrarem ineficazes, então
pressuposto de que o sucesso «tos srupos de trabalho é o resultado da
o processo de resolução dos problemas começa de novo.
colaboração interdependente qu: «< «o orvo!ve mediante a prática. Geralmente
a construção da equipa requer o seguiic (Sundstrom et al., 1990):
Análise do processo imjcrpo soul Em geral as pessoas estão mais satisfeitas com o trabalho quando fazem
parte de uma equipa de trabalho coesa. Mesmo se a construção de uma equipa
Os membros da equipa podem clecmmar exercícios ou participar em de trabalho nem sempre funciona, em diferentes tipos de organizações,
discussões para a ajudar a dosenvovier a compreensão da natureza dos absentismo, o turnover e as queixas dos empregados diminuem após uma
processos grupais. (s momios estudam os padrões de comunicação e intervenção focalizada no grupo.
atracção do grupo, ox procedimentos de tomada de Cegisão, as fontes de
poder, as normas sociais iniosmals, = os upos de conlito entre eles.
Construção da coesão
Objectivos
Definição do papel
564 565
Do
e ST as SERES EDS
567
566
piNqua <a rr
EEE SST
BROWN, R.
Refira exemplos da sua própria experiência em como os grupos podem ter
1988 Group processes: Dynamics within and between groups. Oxford: influências positivas e negativas no comportamento individual.
Blackwell.
O livro introduz as principais teorias e desenvolvimentos empíricos É de esperar que um músico toque melhor perante o público ou em privado?
no campo da dinâmica de grupo. Apresenta-se uma grande variedade
de investigação sobre o comportamento grupal,
Será uma boa coisa a coesão de um grupo?
1993 Psychologie de la famitle. Toulouse: Privat. Efectue uma reunião de um grupo de colegas e peça-lhe para trabalharem
Como funciona a família contemporânea? Quais são as forças numa tarefa comum a designar. Observe, juntamente com um colega, o
psíquicas que intervêm na sua construção?A resposta a estas questões comportamento deste grupo através da análise do processo de interacção
essenciais são abordadas nesta obra que constitui uma introdução à de grupo (IPA) de Bales.
compreensão psicológica do grupo familiar.
Relembre as suas experiências sobre preguiça social.
568
XIII. COMPORTAMENTO COLECTIVO
MEET EEE Dc PEIES ANE
ELS
TÁBUA DE MATÉRIAS
Ds
Introdução
SI Moda
5.1.1 Análise estrutural da moda
5.1.2 Porque é que a moda muda continuamente?
52 Opinião pública
A O que é a opinião pública?
2.2.9, Pesquisa da opinião pública
53 Rumores
575
5.3.1 Definição Objectivos:
5.3.2 Fenómeno colectivo de ontem e de hoje
5.3.3 Processos de transmissão da informação * Definir o comportamento colectivo;
5.3.4 Controlo dos rumores « Examinar métodos de estudo do comportamento colectivo;
576 577
otônponu “I
O nosso tempo é assim. Colectivo, atravancado,
promíscuo. Superlotado em todas as horas. E
já não há lugares no mundo preservados, nem
consentimento para qualquer individualidade os
admirar. Aqui ou na Sistina, a lei é ser comum
com os outros, caminhar empurrando como os
outros, e ver pelos olhos dos outros.
Miguel Torga
guem
Além dos grupos, existem outros tipos de agrupamentos que se distin
deles. Eis uma pequena amostra de exemplos: os espectadores de um jogo
de
de futebol, os ouvintes de um programa de rádio, uma manifestação
trabalhadores, um linchamento... O Jeitor certamente que não pode deixar
de pensar na heterogeneidade dos casos mencionados.
581
massas e dos problemas das
massas. Os fenómenos col
omnipresentes na nossa vida ectivos estão
quotidiana.
582
o a
“0 rótulo comportamento colectivo tem geralmente sido aplicad
contrários à
acontecimentos que pelo menos num primeiro olhar, aparecem
noção de ordem social.
2) é relativamente desorganizado;
585
O estudo do comportamento colectivo é um aspecto import
ante da psicologia
social, não só em si mesmo, mas também porque é difícil que qualqu
er aspe d
do comportamento social não depare ocasionalmente com a expres
são extrem
de algum tipo de comportamento colectivo (Milgram e Toch, 1969
Estereótipos, preconceitos, agressão, obediência são facilmente percep
tíveis
nos comportamentos de linchamentos e fornecem a energia aquando d
demonstrações públicas paroxísticas, como na época hitleriana.
Sp
586
e com sérios problemas
Q estudo do comportamento colectivo defronta-s
ar o comportamento
(Aguirre € Quarantelli, 1983). E efectivamente difícil estud
, O comportamento está
colectivo na vida real porque, a maior parte das vezes
seu estudo. E também difícil
em curso antes de se ter tempo para se preparar o
Talvez isso explique porque é que,
isolar e medir as variáveis pertinentes. m uma grande atenção
“apesar dos primeiros textos em psicologia social prestare
avançado recentemente na
ao comportamento colectivo, pouco se tem
compreensão deste aspecto.
do comportamento
Mas apesar das dificuldades suscitadas pelo estudo
a um certo número de abordagens
colectivo, Os investigadores têm recorrido
“(Milgram e Toch, 1969).
rito, quer sob a forma
Os cientistas sociais têm recorrido à métodos de inqué
estudar o comportamento
de questionários quer de entrevistas pessoais, para
acontecimento, pedindo-se
colectivo. Geralmente, são conduzidos após o
mentos, percepções e
aos participantes para relembrar a sua situação, senti
inquérito para estudar
observações. Há, no entanto, trabalhos que utilizam o
em curso (Mann, Nagel e
o comportamento colectivo quando este estava
Dowling, 1976).
examinar certos tipos de
São óbvios os limites do método de inquérito para
pessoas que participaram
comportamento colectivo. Por exemplo, é difícil que
ia este método tem
num linchamento se submetam a uma entrevista. Todav
desta área.
aplicações susceptíveis de contribuir para à compreensão
o acontecimento
A análise de conteúdo propicia um método de estudo após
compreensão do
que também se reveste de utilidade para aumentar a
íveis para
comportamento colectivo. São muitas as fontes secundárias dispon
comportamento
obter informação sobre acontecimentos espec íficos do
históricos
colectivo. Por exemplo, Tilly (1978) utilizou diversos documentos
para reconstituir motins.
advém, como se
Um dos problemas para estudar o comportamento colectivo
o directo
disse, da dificuldade em predizer-se a sua ocorrência para se ter acess
têm recorrido a
aos episódios. Apesar disso, um certo número de estudos
ntos. Por
técnicas de observação utilizadas no decurso dos acontecime
observadores
exemplo, Berk (1974) e vários estudantes seus foram
administradores da
participantes de um confronto entre estudantes e
universidade.
dos tipos de
Por razões práticas e éticas não é possível estudar a maior parte
engendrar algo no
comportamento colectivo no laboratório. Imagine como
rock ou a um
laboratório que fosse equivalente a um concerto de uma banda
A criação
linchamento. Apesar disso têm aparecido tentativas esporádicas.
589
EE perto TETE SE
Eos pers e PRE Ari
590
anham de
Serão analisados comportamentos colectivos que se acomp
desenvolvidas
expressões comportamentais de cólera, de alegria e de medo
colectivas
paroxisticamente. Quer se trate de acções ou de desagregações
nal.
sobressai à constância de um estado passio
ismos psíquicos
* Seguidamente tentaremos interrogarmo-nos sobre os mecan
quando estão
que levam os indivíduos a assumirem determinadas atitudes
“inseridos nas massas.
m o podem
Se as multidões podem estar dominadas pela violência, també
estar pelas alegrias colectivas.
ão são
As pessoas que assistiram a manifestações de violências na multid
de motins, de
unânimes em considerar que o horror é a regra quer se trate
l (1963)
revoltas, de revoluções, ou de linchamentos (Mannoni, 1985). Stoetze
vas,
pode notar que, ultrapassado o horror das descrições de violências colecti
o que surpreende é o carácter quase ritual das violências.
Um
No caso concreto do linchamento é usual distinguirem-se duas formas.
é «orden ada» e
é o «linchamento Bourbon» em que a acção colectiva
acompanhada por pessoas ricas com o intuito de castigar o culpado. O outro,
o «linchamento do proletariado», é cometido por pessoas desfavorecidas de
modo desordenado.
594
4.2.1 Natureza do pânico
st
asiata a primeira demonstraç âni o pode ser sus citado sem
ão de que o pânic
Fo
O termo pânico é utilizado duma env oe rumores ou multidões (Klapp, 1972).
maneira vaga na linguagem corrente
em pânico : «Entrei i o deste modo pra um
quando me dei conta que tinha perd Como é possível ue tantas pessoas tenham reagid
ido o meu anel»; «quando o: lhes
ascensor parou, entrei em pânico.» ;
ádio? à e o que
a das razões é de que estavam perant
ou terror, mesmo se algumas das prim
O pâni co é mais do que ansiedade, medo
eiras conceptualizações sublinharam
P lat a s. Então, quando muitas das pessoa s
emocional da pessoa (Cantril, 1940). o estado yare: Jí f. ”
, + me
O pânico constitui uma das formas mais como reflectindo a necessidade de escapar.
dramáticas de comportamento colectiv
Se bem que o pânico surja tendencialmente em situ o,
ações de multidão em que as
pessoas se reforçam mutuamente umas
às outras
sobre a fuga perante o perigo,
pode também aparecer em situações
em que as pessoas não estão juntas. Pâni
económicos podem ocorrer em pess
soas que estão dispersas se elas apli
cos 422 Simulação do pânico
um conjunto de definições a uma cam
situação comum. É necessário algu têm aee pr poe das, p
sdóripara
m ânico o têm si
estímulo, como seja uma Teportagem radi
ofónica ou televisiva sobre uma Várias tentativas para simular situações de pânic
e (Mintz, q
bancarrota pendente , para suscitar a acção de pessoas disp a o da de French (1944) que já referimos previament
ersas.
etal., 1965; Schultz, 1969, Guten e Allen, 1972).
Considere-se o célebre exemplo
(Cantril, 1940): no dia 30 de Outu para testar a hipótese,
1938, o bro de i iência
posto de emissões radiofónicas da Colu
mbia Broadcasting System mia didi testação a cooperação do que
nos Estados Unidos, interrompeu brusca na o Da
memte o seu programa para difundir s
uma emissão que era apresentada aos ao Fa Efectuou uma simulação de pânico, observando sujeito
auditores como uma reportagem RE
ines perada imposta por um aconteciment
o extraordinário. A Terra havia sido o a a Reais de 15 a 20 pessoas cuja tarefa consistia em
invadida pelos habitantes do Planeta Re À E RA do gargalo apertado de uma garrafa por see já
Marte. Esta pseudo reportagem, de
depois se admirou o «realismo», foi que
tirada do romance fantástico de H. G. e E né cones. Após os cones haverem sido colocados na srs
Wells «A guerra dos mundos», e representada da pre pe sujeito um pedaço de um fio de pesca atado a só um
pela companhia teatral de j ente podiaj pas sar um cone de
Orson Welles. cones. Dizia-se então aos sujeitos que unicam
vam simulta-
cada vez através do gargalo da garrafa. Se doisÀ cones chega
Antes da emissão terminar, cont
a Hadley Cantril, pode-se ver sobr neamente ao gargalo, bloqueavam-no. Quando era dado o sinjnal s para
o começar,
território dos e todo o
Estados Unidos, pessoas que fujiam a água começava a fluir ao fundo da garrafa. Dava-se pare aee
desvairadas para escapar à
maneira de matar utilizada pelos marc tes seus cones trair' Os s em os moinar.
ianos tal como o descrevia a emissão, sujeitos para tentar ex a : ]
ou então rezar a Deus ou vociferar. Uns tos» no gargalo
precipitavam-se para tirar as pessoas Éereci a recompensas pelo sucesso não havia «engarra
es famen
i su eio
próximas do suposto perigo, outros tran
smitiam por telefone os adeus ou dE ; arrafa. Ê Todavia, E numa segunda condição, era E no RR que
conselhos às pessoas amadas, apre etam E
ssavam-se a informar os vizinhos, — 25 «centavos» pela obtenção de um cone emana e ioa nie
,
ainda proc outros
uravam ter informações mais precisas das do cone estivess
redacções dos jornais ou das um terço se maisde deum umterço
AM ou emenos terço estivesse molhado ans riaA uma DO 1
multa.
estações de emissão de rádio, ou chamavam
ambulâncias ou carros dapolícia. ICconm ,
éste dê 00s « «engarrafamentos» ocorreram em mais1 de m etade
a ad ê
Avalia-se o número dos auditores : tai
Deste número, dois milhões consider
desta emissão entre seis e doze milh
ões. Isto aconteceu quer se permitisse que os sujeitos comunic a:
aram a emissão como uma reportag
em lhes permitisse. Mintz concluiuju não ári um mM edo intenso para
nã ser necessário
real e portanto autênticos os factos cont
ados. Destes dois milhões, 70%, port
1 400 000 pessoas, foram abarcadas anto
pelas emoções que vimos mais acima. pânico.
596
597
água
colectivo.
mais dramáticas de comportamento
O pânico constitui uma das formas
o
Quando ocorre um desastre um outro mito muito difundido é o do «síndr
ome vítimas.
do desaste». Uma vez passado o perigo, as pessoas ficam confund
idas e
incapazes de confronto. Observações de vítimas de desastres têm
mostrado
que o «síndrome do desastre» (apatia, choque) só afecta uma
minoria de pessoas
e durante pouco tempo. De um modo geral, as pessoas reagem imedia
tamente
e de um modo lógico à situação. O mito do «síndrome do desastre»
pode ter
sido levantado dado as pessoas parecerem correr à toa, se bem que
estejam
efectivamente à procura de amigos e parentes perdidos (Killian
, 1952).
600
601
4.3 Teorias explicativas Os ac
O próprio aplauso e riso podem ser «contagiosos». Num estudo,
do Centro de Ciência do Ontario (Canadá) viam um filme, após o qu em
O comportamento das multidões pode aparecer muitas
vezes como sendo adre aplaudia (Freedman, Birsky e Cavoukian, 1980). Observav:
bizarro e irracional, como vimos em fenómenos colectivos, tais as
como os o de pessoas que também aplaudiam e encontraram que quando
motins e o pânico. Para se compreender essa aparente Td
irracionalidade E io estavam sentadas muito perto umas das outras, O apo
referiremos quatro abordagens: a teoria do contágio, a desindividua E
lização, q maior do que quando as pessoas estavam mais espalhadas. : Ea
teoria da convergência e a teoria da norma emergente.
pessoas também teve um efeito, embora pequeno. Um grande núm:
pessoas experienciavam mais contágio do que um pequeno grupo.
e
antissocial. Por isso esta
A
abordagem vê o comportamento colectivo não tanto
como o resultado da
emoção se espalhar através de uma multidão, como
da perca de individualidade
LR
e do desprezo de normas sociais numa situação de
anonimato relativo, isto é,
RO
numa multidão.
é
A desindividualização é o resultado de vários
Ed
factores (Zimbardo, 1970):
dA]
1 Perca de identificação. Isto pode ocorrer numa
pessoa que está numa
multidão de estranhos ou usando uma máscara.
]
as enveredam pela à sentir:ir- nos ea e
ad ivados
violência, a partilha da censura de cada pesso idão tendemos
Quando estamos inseridos numa multidã
a pode parecer ser
menor, desinibidos. Tal pode suscitar comportamentos perigosos ou Simp
uma agradável atenuação de constrangimentos.
3) Presença de actividade física grupal que estim
ula e encoraja. Por
exemplo, quando alguém está a gritar num camp
o de futebol, essa
estimulação pode levar outras pessoas agritar.
de pistas que de
outro modo restringem o comportamento podem levar a um
abaixamento de inibição.
] 1 “4 +. li 1 1
f + ] |
604 605
SCIENTI TO NNE
Ega
meposa E
p=
participar num estudo em que alguns dos seus direitos seriam protelados. Estes três processos, bem como outros, podem contribuir para sentimentos de
Por
zação é
desindividualização. Mas é de notar que nem sempre a desindividuali
isso podiam sentir a obrigação moral ou legal de continuar e podiam
ter
exagerado os seus sintomas de stress para sair das suas obrigações. Os guardas a-nos das nossas inibições
má, também pode ter um efeito positivo. Libert
podiam ter actuado como o fizeram, como «bons sujeitos», porque ção ocorrem,
se esperava pessoais o que muitas vezes é libertador. Estes efeitos de liberta
deles que tornassem o estudo mais real. Havia também algumas difere os
nças r exempl o, quando os autores recorrem à pseudónimos, ou quando
individuais, pois alguns dos prisioneiros não se tornaram apáticos exploram a sua autonomia na Faculdade. Nesses casos pode
mos gozar
nem alguns a
c
dos guardas abusadores. com a perca dos constrangimentos da nossa identidade pessoal.
Apesar disso, o estudo mostra o poder da situação, especialment
e em
instituições totais, como as prisões. Num grupo de jovens normais
que .
participavam numa experiência simulada, a perca de identidade pessoal pode
levar a mudanças dramáticas no comportamento, e isto num curto lapso
de 43.3 Teoria da convergência
tempo. Pode-se facilmente extrapolar daqui para o impacto da exposiç
ão
prolongada em instituições tais como prisões, hospitais e casernas. pc
De acordo com a teoria da convergência, a presença da multidão não
de
Este tipo de efeito não parece ser específico da cultura ocidental. Por o factor causal na explosão colectiva. Fornece simplesmente uma oia
>
uma amostra com 200 culturas espalhadas através do mundo, Watson
meio de para as pessoas fazerem o que estavam predispostas o fazer. Segundo A =
(1973) (1924, p. 295) nada de novo se acrescenta na situação de multidão «except
mostrou que a desindividualização, medida por mudanças na consciê
ncia
individual no decurso de danças colectivas ou de cantos, se associam de modo uma intensificação do sentimento já presente, e possibilidade de acção
significativo com tortuosos castigos aplicados ao inimigo aquando de combate concertada».
s
guerreiros.
As tarefas consistem em:
A desindividualização ocorre em diversos contextos e fora do laboratório. 1) identificar a tendências latentes importantes,
Mas porque é que isso ocorre? Têm sido sugeridas três possibilidades. Em
primeiro lugar, as condições de desindividualização podem levar a uma perca 2) apontar as circunstâncias que levam as pessoas a ter conjuntamente
de identidade pessoal que nos deixa livres dos nossos padrões pessoais € estados latentes semelhantes; e
inibições. O comportamento da multidão pode diminuir a autoconsciência €
interferir com o controlo das atitudes sobre as acções (Diener, 1980). O nosso 3) determinar as espécies de acontecimentos que transformaram estas
comportamento torna-se então vulnerável a padrões da multidão que muitas tendências em acção (Turner, 1964).
vezes são emotivos e impulsivos.
Tal como para a teoria do contágio, Tumer (1964) observa que ateoria da
Uma segunda possibilidade é que a busca de identidade pessoal num grupo convergência defronta-se com diversos problemas importantes. Um RT
leve as pessoas a assumirem uma nova identidade, definida pelo grupo e pela problema é a dificuldade em explicar mudanças no comportamento as
situação. Este factor foi muito provavelmente importante no estudo da prisão multidões com base nesta abordagem. Um segundo problema, partilhad o
de Zimbardo em que os estudantes assumiam identidades definidas pelos seus com a teoria do contágio, é a de fornecer pouca ajuda no estudo da QBinias
papéis de guarda e de prisioneiros. nas situações de multidão. Um terceiro problema, intimamente md o
com o primeiro, é de que se concordarmos que provavelmente os indivé uos
A terceira possibilidade é que sentindo-se a diminuição da identidade pessoal têm várias tendências latentes, e não só uma, como efectuar à predição dos
num grupo, se tente reafirmar a nossa singularidade pessoal. Sentir-se perdido estados latentes que aparecerão? Um último problema É de que se a cetnição
numa multidão pode motivar-nos a fazer algo que nos torne reconhecidos. da situação é um produto do grupo, essa definição podia ser contrária s
Por isso numa multidão podemos gritar a um árbitro, insultar a polícia, ou supostas tendências latentes desse grupo. Defrontamo-nos aqui com
pontapear uma pessoa, tudo para tentar suplantar os sentimentos desagradáveis problemas empíricos cuja resolução se reveste de extrema dificuldade.
de estar perdido na multidão.
606 607
o EE SULam NLAO fd
cpa ça
sad problemas Poreempo a tcrados fogo
A putras à ja dos jogos que fornece
De acordo com a teoria da norma emergent
e, os indivíduos numa multidãe
agem de determinado modo porque têm a
percepção de que a acção é
apropriada ou necessária. As multidões são cons ; DO
Éenóm tiremamente complexos a teorias que surgem amplamente de
ideradas como sendo inicial. sos com duas pessoas (Granovetter, 1978).
mente heterogéneas em relação a objectivos J
, sentimentos e comportamentos,
Contudo uma percepção partilhada da situa
ção desenvolve-se mediante a trans-.
missão do rumor e da comunicação não verbal. Os
indivíduos começam então a.
percepcionar um consenso sobre qual é o comporta
mento apropriado, isto é, normas
emergem. Mesmo se não há concordância total,
os elementos da multidão
actuam segundo as normas emergentes por
causa da pressão à conformidade. .
A teoria da norma emergente diferencia-se
em vários aspectos importantes
das teorias apresentadas previamente. Por exem
plo, em vez de atribuir a acção
da multidão à indução espontânea da emoç
ão, coloca um maior ênfase na
conformidade ao grupo impondo uma norma
social. Para além disso, os limites -
na direccção e no grau da acção da multidão
são mais susceptíveis de ser
explicados pela teoria da norma emergent
e que pelas outras teorias.
A multidão define determinados comportamentos
como sendo apropriados à
situação, mas outros comportamentos podem
continuar a ser definidos como
sendo impróprios. O indivíduo que ultrapasse
estes limites é muitas vezes
castigado. Refira-se enfim, que para a teoria da
norma emergente o indivíduo
e o grupo são ambos importantes. A teoria da conv
ergência enfatiza o indivíduo,
pois cada participante num acontecimento colectivo
responde a uma tendência
latente pessoal. O contexto grupal da acção é tão só
função de muitos
indivíduos separados que se juntam tendo tendências laten
tes semelhantes. Já
a teoria do contágio enfatiza 0 grupo que suscita nos
seus membros determinadas
atitudes, motivações e comportamentos que não
correspondem a qualquer um
dos participantes. A teoria da norma emergente perm
ite evitar a controvérsia
sobre a primazia.A estimulação grupal pode aume
wma)
608 609
5. Os Comportamentos nas Massas
=)
colectivo ocorre muitas vezes
acabamos de ilustrar o comportamento
são uma condição necessária para O
“Como
* nas multidões, mas as multidões não
otra
uma
ctivo. Pode emergir no âmbito de
aparecimento do comportamento cole
cm
ade física.
colectividade de pessoas sem proximid
desde tenra idade sem receber as
O ser humano não vive numa colectividade
ortamentos. O quotidiano aparece
suas influências que podem orientar os comp
susceptíveis de serem imitados
panhado no social seja através dos modelos
recem assim diferentes
seja através das informações que circulam. Apa cterísticas dife-
m, assumem cara
fenómenos que apesar de se entrecruzare
renciadas.
51 Moda
ter
SEXO. A moda no vestuário parece
Considere-se, por exemplo, o vector, órgãos
Trata-se de esconder os
como função o pudor (Deschamps, 1979).
ntos reprodutivos subordinando-
sexuais permitindo assim um domínio dos insti
613
. ep a
SS DSO
614 615
Pe SIC TES Eai ER se O Pe ET TSE Caes Epstein
Ei ASR a
4% Mb
é susceptível de suscitar o ridículo ou mesmo à rejeição. No caso ões de opiniões
da moda da opinião pública é, por consequência, o estudo de colecç
al Se e E de comunicação em duas etapas (Rogers, 1962). Os a
Uma amostra de definições
”
individuais onde possam ser encontradas.»
ga ="
ento 13.2.
| que são as pessoas que mais conhecem acerca da
pg! específicas de opinião pública são apresentadas no docum
ndências de moda São os primeiros a vestir os novos trajos,
e o s E
comportaamento deixa transparecer às outras pessoas que essa moda É|
E scediával e
E
Empe jr a moda é um tipo
i de comportamento colectivo importante, se bem “
!
Ros Ea e trivial que outros comportamentos colectivos.
A sua análise
p e a observação de padrões de difusão através da sociedade. bem como e
616 617
a
e
isenta EPT
Influência efectiva - Opinião pública nesta discussão pode ser tomada a América Latina e os Países do Terceiro Mundo criam Institutos de
simplesmente para significar as opiniões mantidas por pessoas Sondagens.
privadas cujos governos encontram prudente prestar atenção (Key, |
às de outro
1961). As etapas de um inquérito de sondagem de opinião são idênticas
tipo de investigação:
Às fontes de todas estas definições podem ser consultadas em Childs (1965).
1º posição do problema, hipóteses, objectivos;
Do ponto de vista metodológico para se apreender a opinião pública não é $2 confecção de um instrumento de recolha de dados, de um modo
necessário recorrer-se a um instrumento de investigação exaustivo e profundo, geral trata-se de um questionário;
pressupondo uma administração longa, do género dos questionários
6º teste do instrumento numa amostra limitada;
pormenorizados e das entrevistas utilizadas nos inquéritos de atitude. Recorre-
se geralmente a poucas questões, administradas num curto lapso de tempo a 72 recolha de dados numa amostra representativa;
uma amostra de sujeitos bem escolhidos. O conhecimento da opinião pública
assenta no método das sondagens (Stoetzel e Girard, 1973). 8? análise estatística e conclusões.
os
A origem do método das sondagens de opinião é bastante longínqua no tempo Uma massa considerável de informação é recolhida cada dia nos domíni
estudo
(1824). Nesse ano jornais norte-americanos publicaram dois «votos-faz-de- político, social e comercial. Efectivamente se às eleições são o tema de
-conta» (straw votes), um em Delaware e outro na Carolina do Norte. Trata- da opinião pública mais popular, não são todavia o único. Esta enorme
-se de votos fictícios com a ajuda dos quais, por meio de sondagens muito proliferação tem posto em evidência diversos determinantes. Cada pessoa
empíricas se tentava prever os resultados. O procedimento consistia, por está ligada a uma pluralidade de grupos de pertença e de referência constituindo
exemplo, em colocar umas fictícias nos cruzamentos frequentados e pedir uma rede complexa, como sejam grupos naturais (sexo, idade), institucionais
aos transeuntes para votar. É interessante notar-se que em ambas as (família, classe social, religião), de afinidades (vizinhos, amigos). Tais grupos
«sondagens» ganhou Andrew Jackson, embora só em 1828 obtivesse um de pertença e de referência determinam € influenciam as opiniões. Voltando a
amplo apoio para ser eleito Presidente (Roll e Cantril, 1980). moeda do outro lado, as opiniões das pessoas dão-nos uma ideia dos grupos
de referência e de pertença. As opiniões são também modeladas pelos meios
Foi em 1934 que Gallup criou o American Institute of Public Opinion. Em
de comunicação de massas. Um mesmo acontecimento pode ser comentado
novembro de 1935, fez a previsão com sucesso da vitória de Roosevelt,
de modo muito diferente pelos jornais. Berthier e Berthier (1978) referem os
mediante o recurso a uma amostra de 4 500 pessoas, enquanto que a revista
comentários de jornais a propósito da visita de Khrouchtchev a França. O
Literary Digest tinha anunciado a vitória de Landon, após haver recolhido
Figaro referia a propósito do acolhimento que lhe foi dispensado em Paris: «a
mais de dois milhões de respostas. Estas pessoas tinham sido obtidas a partir
multidão está dispersa e silenciosa». No jornal Humanité escrevia-se: «a
da lista telefónica! É esta predição de Gallup na eleição do Presidente
multidão está densa e agita bandeiras». Isto à mesma hora e no mesmo local!
norte-americano que marca o nascimento público das sondagens de opinião.
Comenta Berthier e Berthier que «claro, o público lê os jornais que se lhes
A partir desta data o procedimento aperfeiçoou-se e não parou de se
assemelham» (1978, p. 7).
desenvolver.
As sondagens de opinião têm também suscitado acesas controvérsias (Bon,
Em França foi fundado o LF.O.P. (Institut Français d' Opinion Publique) em 1974).
1938 por Stoetzel que se desenvolverá sobretudo após a guerra. Em breve
toda a Europa e os países de Leste seguem este movimento. Desde os anos 50,
619
618
O OE SUSEP
5.3 Os rumores idou estaria gravemente doente e que não poderia chegar ao fim do seu
quer
“ns Este rumor era veiculado por meios políticos quer da maioria
Se o estudo da moda não ultrapassou o nível da observação
(Stoetzel, 1963), E asição tendo sido amplamente difundido em França. A doença do
já outro grupo de fenómenos de massa, os rumores, foi
objecto de E sident françês nunca foi confirmada oficialmente. Um ano mais tarde
experimentações o que foi um motivo que contribuiu para
se tornarem um Georges Pompidou faleceu de uma doença atroz.
domínio de grande interesse. Apesar disso o rumor constitui
ainda hoje um os na
«no man's land» ou um Mato Grosso do saber (Kapferer,
1987). Se os rumores fossem sempre «falsos» poderíamos questionar-n
e E
o motivo do interesse por este assunto, pois através da EXPRRR HIS
A e
játeria aprendido há muito tempo a desconfiar deles. B essere
podem ser exactos que perturbam em tempo de guerra como em a Fr
5.3.1 Definições paz. Não será um sintoma de preconceito contra os rumores conside
sempre como uma informação «falsa»?
Etimologicamente a palavra latina «rumor» envia-nos para
a acepção de e
rumor enquanto «ruído confuso de voz». O sentido em que esta Kapferer (1987, p. 25) propõe assim a seguinte definição de ps
palavra é a E
utilizada na psicologia social provém de uma extensão do emergência e a circulação no corpo social de informações quer o ain:
seu sentido sa ag
etimológico. foram confirmadas publicamente pelas fontes oficiais quer desmentá
ac
A veracidade não faz parte desta definição do rumor. Estaexprime umi
Os primeiros trabalhos sistemáticos efectuados neste domínio
foram definido pela sua fonte (não oficial), o seu processo (difusão em cadeia) o
e
americanos.A grande quantidade de rumores que surgiram durant
e a Segunda conteúdo (é uma notícia sobre um facto da actualidade).
Guerra Mundial e os seus efeitos negativos sobre a população
civil e militar
levou os investigadores a interessarem-se por este assunto.
620 621
% pio AG
VR ORE EIS FUER
anda dd dd
morte, acusado de perverter os jovens atenienses e de os incitar à revolta
, Se as queixas diminuiram rapidamente, várias questões ficaram sem ea
=
Para Virgílio o rumor é o mensageiro do erro e do mal como da verdade
, A polícia não encontrou nenhuma prova de valor atestando a arrasa se
sendo a mais rápida de todas as pragas, vai espalhando o terror fortifi
ca-se vagabundo. O inquérito concluiu finalmente que o anestesista fantasm
Epmd
ic
difundindo-se.
tinha existido (Johnson, 1945).
Allport e Postman (1947) analisam o episódio do incêndio de Roma
no ano Em maio de 1969 nasce, amplifica-se e propaga-se um rumor em SER
ad dd A
64 da nossa era. A plebe admitiu e difundiu o rumor de que Nero,
AAA
próprio não tinha iniciado a conflagração, tinha pelo menos cometi
se ele estudado por Edgar Morin (1969), segundo o qual as jovens depois de Fte
aberração de deleitar-se com o bárbaro prazer de compor uma ode às
do a sido adormecidas nas lojas de moda pertencentes a comerciantes na sua en
devastadoras. De nada valeu a Nero o facto de o rumor não ter
chamas judeus, eram vítimas do «tráfico das brancas». O rumor ocupa à primeira página
fundamento. dos jornais regionais e acaba por atingir a imprensa parisiense.
Para sua própria defesa, recorreu ao «con tra-rumor», fazend
o circular a ideia
de que os cristãos tinham lançado fogo à cidade. Um acto desta natureza, A equipa de Morin pode pôr em evidência várias fases na Dad deste ui
bem
podia ser «coisa dos cristãos», desses cristãos aborrecidos e assim Numa primeira fase, o rumor aparece entre as jovens de vários ) q id A
voltou para
di
estes «bodes expiatórios» a fúria da plebe, esquecendo moment depois uma fase de propagação da notícia em grande escala, já cir a
aneamente à
sua fúria contra Nero. entre os adultos. Os professores aconselharam às suas estudantes e ne
inte
A,
Encontra-se nesta descrição a dinâmica típica do rumor. Ignorava-se a frequentarem tais lugares sozinhas, ou até acompanhadas, cuja compe ne
origem contríbuia assim para acentuar a credibilidade do rumor. Durante a
do fogo (ambiguidade); tratava-se de um acontecimento de grandeza
catastrófica para os habitantes da urbe (importância). O povo buscav culminante do rumor atribuiu-se à polícia a rede de tráfico de jovens eoseu
a uma silêncio torna-se prova evidente da sua culpabilidade. Surge então º sen
explicação procurando descarregar sobre alguém a culpa. O descontentam e
ento -ataque por parte das autoridades, dos jornais, dos grupos ERR
A
Raso
pre-existente contra o tirânico governante sugeriu uma saída. Todavia
partidos da oposição, desmentindo os factos, ridicularizando oa e dn
A
rapidamente o medo do seu poder e o hábito de uma prolongada obediên
cia
tornaram-nos mais dispostos a voltar a sua vingança sobre uma vítima mais tumor, acusando os facistas. Trata-se pura e siroplesmente de um be aee
fraca. Lançou-se assim sobre uma minoria indefesa o peso da vingança de opinião, pois não tem nenhum fundamento real como suporte: nenhum desap
uma população frustrada e enraivecida. recimento foi assinalado à polícia. Perante a denúncia do rumor, aparece um
anti-mito: os partidos da oposição teriam feito um cavalo de batalha, os aut
Durante a Idade Média, as guerras religiosas e as Cruzadas eram suscita
das teriam inventado um assunto para ocuparem as suas páginas, os comerciantes
pelo recurso a relatos exagerados de milagres, de pilhagens. Mais tarde, na Idade judeus teriam imaginado uma publicidade odiosa.
Moderna os exploradores espalharam-se pelo mundo à procura de legendárias e
riquezas ou até para verem de perto os imaginários «Gigantes Adamastores». A equipa de Morin faz ressaltar na explicação, para além da aco
semita francesa, uma análise dos mitos ligados a fantasmas e orige
Presentes no passado, não desapareceram no presente. Só daremos dois psicossexual cuja significação assenta na ambiguidade da condição rat
exemplos de rumores do século XX. actual: o desejo de liberação social e sexual acompanha-se e e
culpabilidade na educação das jovens. Finalmente, a emergência o E
Uma habitante de Mattoon, Illinois (USA), comunicou à polícia que um
em Orléans é explicado pelo desenvolvimento desta cidade de província quas
vagabundo tinha aberto a janela do seu quarto e tinha lançado sobre ela e a
nos arredores de uma grande metrópole, com todas as desorientações sociais
sua filha um gaz paralisante. A polícia fez um inquérito e ainda que não se
que podem eclodir numa sociedade em desenvolvimento.
tivesse encontrado nenhuma prova neste sentido, os vizinhos declararam
que
tinham visto um homem por essas paragens. O Jornal local anunciou o incidente ApósAllport e Postman (1947) terem passado em revista alguns rumores dos
sob o título «Vagabundo anestesista em liberdade». Nos dias seguintes, a polícia tempos passados perguntam-se: que porção da história do mundo poderia
622 623
ES RSS
EE
625
E TRE
ada
A
sujeito para um segundo sujeito que devia por sua vez produzir tão fielmente
>
quanto possível a sua própria versão para o sujeito seguinte. Continuava-se
este processo até que a informação fosse recebida e reproduzida através de
uma cadeia de dimensão variável. De um modo geral, Bartlett encontrou
distorções importantes entre as reproduções efectuadas de uma pessoa para Bartlett, 1932.
Figura 13,2 — A distorção na transmissão dos rumores. Fonte:
outra.
626 627
SEEC E RT
queci
esque ci mento em consonânci
ância perfeita
Í com as opiniões, atitudes que estão na base da transmissão dos
€ preconceitos do grupo em que circula.
» , Em suma, OS mecanismos de distorção
estereótipos) ares (Rouquette, 1975, p. 75):
umores asse guram duas funções complement
«Por um lado, realiz
am uma economia para a memória abreviando a mensagem,
forma € reduzindo-a a estereótipos verbais e,
organizando-a se gundo uma boa
lado, exprimem directamente
mais amplamente a hábitos cognitivos; por outro
população e constituem assim um
as expectativas, as atitudes, as Op1 iniões da
modo essencial do pensamento social».
630 631
og SETE
ER
a : um
encontrava-se também nas barbas do velho. Com o intui ou de J udeus é um
to de ter negócios este negra na Idade Média a conspirações de médicos
prósperos, Procter & Gamble teria um pacto com Satanás e Pp
outorgaria 10% ate O duradouro mito da «conspiração judéo-comunista»
dos seus benefícios a uma seita satânica. Esta empresa vê-se ETA
assim a braços * aquecer o sistema bancário ocidental, constituindo uma
com uma guerra de estrelas bem particular e para que denomina o n
não estava preparada, % "m o mundo é outro exemplo. Esses fenómenos têm-se
ração» ( Graumann e Moscov
, oriaj da conspiiraçã ici, 1 1987). Um conjunto de
oscovici,ici,
OU «teoria», a Rapatoie
E S soas partilham um conjunto de crenças irracionais,
E e Ê pe :
o um grupo de pessoas que estão conspirando contra
(Gron, . ig
utili m estas crenças de modo racional e lógico
ão utiliza
ntão
mg esto no gas Á
Es da conspiração é susceptível de ser acreditada
a
i de algum poder de exp licação para um grupo, dada a ambi
ovida
políticos extremos
O iecdbaa social (Kruglanski, 1987). Em movimentos
desenvolve-se muitas vezes uma teoria da conspiração.
. . me
R ;
ver o mundo
Cultural. As representações sociais são modos de
da
incluindo crenças acerca dos direitos. Diferentes segmentos
s do que
sociedade podem ter diferentes representações sociai
mundo
constituí um problema. Por exemplo, a polícia pode ver o
A polícia
de modo muito diferente dos jovens negros desempregados.
Paul estavam
estava preocupada com droga e os habitantes de St
preocupados com a invasão do território.
que ocorreu o
Contextual. Inclui-se aqui o momento específico em
am a um
incidente e a sequência de acontecimentos que levar
incidente específico.
ontação,
Espacial. Inclui o contexto físico em que ocorreu à confr
licas que
os espaços abertos e edifícios, e as significações simbó
s. O lugar
qualquer um desses espaços possa ter para 05 participante
naquela
onde deflagrou o incidente era o centro da comunidade negra
zona e para a polícia era um centro de tráfico de droga.
que ocorreram
Interaccional. Inclui-se aqui a natureza das interacções
entre as pessoas envolvidas.
635
RARA
TES SIPRSEe
repare ORE et
pes
ne Deer
MOSCOVICI, S.
SOLOMON, M. R.
640