Você está na página 1de 23

Gênero

Prof. Diego Mendes


Gênero: Principais Conceitos
Gênero: uma construção
social e cultural

• Tema complexo e não totalmente delimitado.


• Definições limitantes que atribuem um bojo
de características e comportamentos ao que
costumeiramente é compreendido como do
homem e da mulher.
• A construção da nossa identificação como
homens ou como mulheres não é um fato
biológico, é social. Afinal, não são os órgãos
biológicos que definem nossos
comportamentos.
• Sexo é biológico, gênero é social, construído
pelas diferentes culturas.
Gênero
“Se refere a tudo aquilo que foi definido ao longo do tempo, e que a
nossa sociedade entende como o papel, função ou comportamento
esperado de alguém como base em seu sexo biológico. É importante
reforçar que o gênero diz respeito aos aspectos psicossociais
atribuídos ao sexo. Ou seja, gênero está vinculado a construções
sociais, não a características biológicas "
(Dicionário Diversidade e Inclusão, Safe Space)
• Gênero é um elemento constitutivo
de relações sociais, e um campo
primário no interior do qual, ou por
Gênero e meio do qual, o poder é articulado
(SCOTT, 1995).
poder
• Em outros termos, gênero é um
dispositivo de poder!
Gênero: Uma
performance
• Gênero é a estilização repetida do
corpo, um conjunto de atos reiterados
dentro de um marco regulador
altamente rígido, que se congela no
tempo produzindo a aparência de uma
substância, de uma espécie de ser
natural.
• Gênero é performance, e sustenta
matrizes de poder.

(BUTLER, 2003)
Expressões de
gênero
• Chamamos de cisgênero, ou de “cis”, as
pessoas que se identificam com o gênero
que lhes foi atribuído quando ao
nascimento. É um conceito guarda-
chuva.

• Denominamos as que não são


identificam com o gênero que lhes foi
determinado, como pessoas
transgênero, ou trans. Também é um
conceito guarda-chuva.

• Existem ainda as pessoas que não se


identificam com qualquer gênero, às
vezes denominadas queer, outras vezes,
agênero.
Importante!
• Diferentes abordagens teóricas sobre gênero
partem dessas compreensões mais amplas
(filosóficas), articulando-as a epistemologias
particulares, como a marxista, decolonial, negra etc.

• O feminismo é um movimento social plural. É


importante compreender suas diferenças teóricas e
políticas.
• Ex: Luta feminista do final do século XIX
centrada no direito ao voto, à propriedade, ao
direito à educação. Foco nos direitos iguais.
Feministas brancas. Teorias liberais.

• Ideologia de gênero é um termo sem


reconhecimento científico, criado por grupos
conservadores contrários a políticas públicas
feministas e LGBTQI+ (MISKOLCI; CAMPANA, 2017).
Importante!
“Gênero se refere a formas de se identificar e ser identificada como
homem ou como mulher.

Orientação sexual se refere à atração afetivo-sexual por alguém


de algum/ns gênero/s. Uma dimensão não depende da outra, não
há uma norma de orientação sexual em função do gênero das
pessoas, assim, nem todo homem e mulher [cisgênero] é
‘naturalmente’ heterossexual”, e nem todo homem e mulher
transgênero é homossexual.

• Ex: “mulheres transexuais que se atraem por homens são


heterossexuais [...] homens transexuais que se atraem por
mulheres também o são” . (JESUS, 2012, p. 12)
Gênero e Trabalho
Divisão Sexual do
Trabalho

• Divisão na qual o homem é encarregado do trabalho produtivo


fora de casa, recebendo remuneração em forma de salário pelos
serviços prestados, e a mulher é responsável pelas atividades
de reprodução da força de trabalho, sem nenhuma bonificação
(BRUSCHINI; ROSEMBERG, 1982);

• Desse modo, prioriza-se a qualificação dos homens para a


produção, destinando-os cargos com um valor social elevado,
como políticos, religiosos, militares, entre outros (HIRATA;
KERGOAT, 2007).
Teto de Vidro
• É a barreira para a ascensão na carreira,
principalmente no acesso a cargos de gestão,
mando e decisão para as mulheres. Esta barreira é
tão sutil e transparente, mas ainda assim tão
forte, que evita - por meio da falácia fundamentada
na “incapacidade” da mulher para o exercício da
função - que as mulheres avancem na hierarquia
corporativa e/ou institucional.

(MPT, 2018)
• Existência de subestrutura de gênero que pressupõe que os trabalhadores
Gênero no possuem sempre uma identidade ideal masculina;

contexto macro • Práticas de gênero “neutras”, mas carregada de vieses (descrição de


cargos, recrutamento, seleção, promoção etc.);
organizacional • Fluxo de trabalho organizacional rígidos que não consideram atividades
ligadas ao cuidado (estrutura organizacional e burocracias). (ACKER, 1998)
Formas sutis de exclusão de gênero:
• não ouvir as mulheres nas reuniões,
• não chamá-las para tomar um café
no fim do expediente,
Gênero no • não buscar suas opiniões para
contexto micro resolver problemas de trabalho,
organizacional • expectativa de que as mulheres
sigam determinado padrão de
comportamento, vistam
determinadas roupas etc.
(ACKER, 2006)
Gênero no contexto
micro organizacional
• Manterrupting: quando um homem interrompe
constantemente uma mulher, de maneira
desnecessária, não permitindo que ela consiga
concluir sua frase.
• Gaslighting: é um dos tipos de abuso psicológico que
leva a mulher a achar que enlouqueceu ou está
equivocada sobre um assunto, sendo que está
originalmente certa.
• Mansplainning: quando um homem dedica seu tempo
para explicar algo óbvio a uma mulher.
• Bropriating: quando um homem se apropria da
mesma ideia já expressa por uma mulher, levando os
créditos por ela.
(MPT, 2018)
O que é sexismo?

❑ Preconceito ou discriminação baseada no sexo/gênero

❑ “Lugar de mulher é na cozinha”

❑ “Isso não é coisa de homem”

❑ Reforça papéis distintos entre homens e mulheres na sociedade

❑ Contramão da igualdade de gênero


O que é machismo?
❑ Concepção que denota superioridade do homem em relação à
mulher, ou do masculino em relação ao feminino.

❑ Por que o machismo é estrutural?

❑ Ideia de provimento e responsabilidade.


O que é misoginia?

• Preconceito e/ou exclusão social de mulheres


(violência, objetificação)

• Desprezo pelo feminino


O que é patriarcado?

“Sistema social em que homens mantêm o poder


primário e predominam em funções de liderança
política, autoridade moral, privilégio social e controle
das propriedades”
O que é transfobia?

22
Referências
• ACKER, Joan. The Future of ‘Gender and Organizations’: Connections and Boundaries. Gender, Work and organization,
v. 5, n. 4, p. 195-206, 1998.
• ACKER, Joan. Inequality Regimes: Gender, Class, and Race in Organizations. Gender & Society, v.20, n.4, p.441-464,
2006.
• BARROS, José. D’A. Igualdade e Diferença: uma discussão conceitual mediada pelo contraponto das desigualdades.
Revista Brasileira de Educação, v. 23, 2018.
• BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. In: Cartographies of Diaspora: Contesting Indentities. Longon/New
York, Routledge, 1996. Publicado por Cadernos Pagu, 2006.
• BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização
Brasileira, 2003.
• BRUSCHINI, Maria Cristina A.; ROSEMBERG, Fúlvia. A mulher e o trabalho. In: BRUSCHINI, M. C. e ROSEMBERG, F.
(orgs.), Trabalhadoras do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1982.
• HIRATA, Helena e KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37,
n. 132, 2007.
• JESUS, Jaqueline G. Orientações sobre identidade de gênero: Conceitos e Termos. 2ª edição. Brasília, 2012. Disponível
em: http://www.diversidadesexual.com.br/wp-content/uploads/2013/04/G%C3%8ANERO-CONCEITOS-E-TERMOS.pdf.
Acesso em 15 de setembro de 2020.
• MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT). Manual de Boas Práticas para Promoção de Igualdade de Gênero.
Brasília: MPT, 2018. Disponível em: https://www.sintrajud.org.br/wp-content/uploads/2019/04/Manual-de-Boas-
Pra%CC%81ticas-Versa%CC%83o-Impressa%CC%83o.pdf. Acesso em 15 de setembro de 2020.
• MISKOLCI, R.; CAMPANA, M. “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral
contemporâneo. Revista Sociedade e Estado, v. 32, n. 3, p. 725-748, 2017.
• PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD. Desigualdade de gênero e a crise do COVID-
19: Uma perspectiva do desenvolvimento humano. 2020. Disponível em: http://hdr.undp.org/sites/default/files/covid-
19_and_human_development_-_gender_dashboards_final.pdf. Acesso em 15 de setembro de 2020.
• SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 20, n. 2, p. 7199, 1995.
• SIMAKAWA, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e gêneros inconformes: uma análise autoetnográfica da
cisgeneridade como normatividade. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade) - Universidade Federal da Bahia,
2015.
• SIMAKAWA, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e gêneros inconformes: uma análise autoetnográfica da
cisgeneridade como normatividade. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade) - Universidade Federal da Bahia,
2015.

Você também pode gostar