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COMPORTAMENTO E SOCIEDADE

A COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES


HUMANAS
Aline Prado Atassio

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Olá!
Você está na unidade A Complexidade das Relações Humanas. Conheça aqui o conceito de gênero,

sexualidade, raça, etnia, entre outros. Entenda as complexidades da interação entre gênero biológico e

identidade de gênero. Conheça também sobre o racismo, sua história e as implicações sociais da discriminação.

Entenda como fatores aparentemente desconectados, como a pobreza e desigualdade social, implicam em

desequilíbrios orgânicos e psíquicos nos indivíduos e como esses fatores interferem na qualidade e expectativa

de vida, mesmo com um sistema de saúde universal e gratuito. Conheça ainda os conceitos de mitos, ritos e

símbolos e se dá a atuação destes no nosso cotidiano.

Bons estudos!

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1 Noções Preliminares
No início dos anos 1960, diversos movimentos foram realizados ao redor do mundo buscando mudanças no

status quo. Nessa esteira das inovações, surgiu o movimento estudantil em Paris, no ano de 1968; a Primavera

dos Povos na Tchecoslováquia, a luta contra a ditadura na América Latina, inclusive no Brasil, ou ainda pelo fim

da Guerra do Vietnã.

Para além da mudança de paradigma prático, no que tange ao cotidiano, esse foi o ambiente propício para o

surgimento de novas respostas aos anseios acadêmicos, através da conceituação de temas como raça, étnica,

gênero, desigualdade social.

Nesse contexto de inovações surgiram novas áreas de pesquisa destinadas a compreender o papel do negro, da

mulher, dos indígenas na sociedade capitalista. O próprio sistema capitalista passou a ser questionado, dado seu

caráter opressor e segregador.

Figura 1 - A liberdade de expressão


Fonte: LaInspiratriz, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem pessoas de ambos os sexos vestidos de maneira colorida e bastante despojada para a

época. As roupas coloridas e cabelos soltos, adornos e a adoção de flores como símbolo do movimento

expressam o desejo de liberdade, paz e igualdade.

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1.1 Gênero e sexualidade

A problemática de gênero surge neste contexto, impulsionada pela ascensão feminina aos movimentos sociais.

Ocupando em geral cargos secundários, não possuindo funções de comando, as mulheres passam a pleitear um

espaço de destaque, que as coloca tão em evidência quanto aos homens.

Para além das lutas políticas, surgem também as demandas de libertação sexual. É o período de descobrimento

da pílula anticoncepcional, do questionamento de valores, antes tidos como essenciais às mulheres, como a

virgindade e o casamento e o sexo passa a ser visto como fonte de prazer e não apena prática reprodutiva.

O movimento gay desponta, ainda que timidamente, porém, também faz coro ao questionamento das relações

afetivo-sexuais, especialmente em espaços privados.

Você deve estar pensando como movimentos urbanos possuem a legitimidade para modificar pautas

acadêmicas, não é mesmo? Pois bem, as universidades são espaços de diversidades e de luta social. É natural que

a partir delas surjam as produções de conhecimento, materializando conflitos, questões e apontamentos, o que já

é existente no âmbito simbólico.

Além disso, muitas professoras e alguns professores perceberam que não havia respostas para indagações

importantes vindas desses movimentos. Inicia-se assim a busca por essas respostas.

O movimento de estudos de gênero nasce no Brasil para estudar especialmente a condição feminina e era

realizado unicamente por mulheres. Bastante ligadas às correntes marxistas, utilizavam a obra de Friedrich

Engels (2009) intitulada “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado” para amparar os estudos

sobre camponesas, empregadas domésticas, operárias. Engels afirmava que a mulher foi a primeira propriedade

privada do homem. As sociedades, antes matriarcais, transformaram-se em patriarcais, tendo o poder sido

transferido aos homens. Esse movimento implicou na opressão da mulher, que pertencia ao marido, após ter

sido propriedade do pai.

Na sociedade capitalista, a opressão é ainda maior, pela própria estrutura que o sistema impõe. A classe

trabalhadora passa a ser oprimida pela burguesia enfaticamente. As mulheres, além da opressão sexual, são

também oprimida financeiramente, porém permaneciam invisíveis na sociedade patriarcal.

Nos anos 1980 a expansão dos estudos sobre gênero acolhem também as diferenças entre as mulheres: não

obstante a opressão sexual ser generalizada, há distinções na opressão de acordo com a região em que a mulher

vive, a classe social, faixa etária, raça, estado civil, entre outros fatores. Ainda nos anos 1980, tem início o

movimento de afirmação LGBT, que irá fortalecer a luta em prol das minorias sociais.

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A partir de então, o desenvolvimento no campo dos estudos de gênero e sexualidade evoluíram. Hoje, a luta pela

representação está não apenas entre mulheres, mas também entre os transgêneros, intersexo, entre outros, que

possuem nomenclatura conforme o gênero.

Tabela 1 – Glossário para estudos de gênero e sexualidade

Termo que descreve a pessoa cuja identificação de gênero é diferente do sexo biológico
TRANSGÊNERO
com o qual a pessoa nasceu.

CISGÊNERO Termo que descreve a pessoa cuja identidade de gênero é a mesma do sexo biológico.

Termo descreve pessoa com desenvolvimento sexual desordenado com configurações

INTERSEXO reprodutivas, genéticas, genitais ou hormonais, que resultam num corpo que não pode

ser categorizado como homem ou mulher.

ORIENTAÇÃO Sentimento de atração sexual de uma pessoa em relação à outra. Essa orientação pode

SEXUAL significar por pessoas de sexo oposto, do mesmo sexo ou de ambos os sexos.

Designa alguém cuja identidade de gênero não é de homem nem de mulher. Está entre os
GENDERQUEER
dois ou além dos dois gêneros, podendo ainda ser uma combinação dos dois.

AGÊNERO Pessoa que não se identifica com nenhuma identidade de gênero.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

#PraCegoVer: A imagem mostra uma tabela de seis linhas e duas colunas de um glossário para estudos de

gênero e sexualidade de termos como transgênero, orientação sexual, agênero, entre outros.

Falamos aqui muito sobre gênero, mas você saberia definir esse conceito? Para nos ajudar nessa empreitada,

traremos as definições clássicas de duas autoras fundamentais para esses estudos, Françoise Héritier e Joan

Scott. De acordo com Heritier (1996, p. 288)

Ora, o indivíduo não pode ser pensado sozinho: ele só existe em relação. Basta que haja relação entre

dois indivíduos para que o social já exista e que não seja nunca o simples agregado dos direitos de

cada um de seus membros, mas um arbitrário constituído de regras em que a filiação (social) não

seja nunca redutível ao puro biológico (apud GROSSI, 1998, p. 5).

Considerando o gênero para Scott (1990, p.15)

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Por “gênero”, eu me refiro ao discurso sobre a diferença dos sexos. Ele não remete apenas a ideias,

mas também a instituições, a estruturas, a práticas cotidianas e a rituais, ou seja, a tudo aquilo que

constitui as relações sociais. O discurso é um instrumento de organização do mundo, mesmo se ele

não é anterior à organização social da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primária,

mas ele constrói o sentido desta realidade. A diferença sexual não é a causa originária a partir da

qual a organização social poderia ter derivado; ela é mais uma estrutura social movediça que deve

ser ela mesma analisada em seus diferentes contextos históricos (apud GROSSI, 1998, p. 5).

Gênero é algo construído socialmente, na relação entre homens e mulheres. O gênero é construído na diferença

entre homens e mulheres, mas principalmente, serve para dar sentido a essa diferença, e determina questões

sociais e culturais.

Essencialmente, nascer biologicamente como homem ou mulher não determinada nenhum papel social. Todavia,

historicamente, as determinações sociais impõem papeis distintos a cada sexo biológico. Ser biologicamente

diferente impõe distinção social. O que se espera de um homem é distinto daquilo que espera-se de uma mulher,

tanto em comportamento concreto quanto no plano do simbólico.

Devemos entender que gênero e sexo são conceitos distintos. Sexo são apenas dois: masculino e feminino. Já o

gênero é mutável e sofre ressignificação o tempo todo!

E os papéis sociais de homens e mulheres, será que sem mantém os mesmos no tempo e no espaço? A resposta é

não! Papéis podem sofrer alteração de acordo com a sociedade em que os indivíduos estão inseridos. Podem

mudar não apenas de uma cultura para outra, mas dentro da mesma cultura!

Foi assim desde o Iluminismo, passando pelas sufragistas e culminando com os avanços na esfera pública e

privada do anos 1960. O crescimento dos movimentos sociais e a ascensão das mulheres na sociedade a partir de

cargos antes tipicamente masculinos, como gerência de empresas, denotam a transformação na esfera pública.

Esses papéis sequer eram cogitados por mulheres dez anos antes. Contudo, transformações na maneira de

pensar, estudos, novos paradigmas acabaram tornando o impensável possível e desejável.

Na esfera privada, as transformações também foram significativas, transformando as relações familiares.

Podemos concluir até aqui que os papéis de gênero não são biologicamente impostos, são mutáveis de acordo

com a cultura e a história na qual estão inseridos.

Para além do papel de gênero, há uma consideração importante a ser feita: a identidade de gênero. Mais

complexa do que os papéis de gênero, a identidade de gênero envolve os sentimentos do indivíduo sobre a

própria identidade.

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Um psicólogo norte-americano chamado Robert Stoller (1978), o qual estudou inúmeros casos de

indivíduos considerados à época “hermafroditas” ou com os genitais escondidos e que, por engano,

haviam sido rotulados com o gênero oposto ao de seu sexo biológico, diz uma coisa impressionante:

que é " mais fácil mudar o sexo biológico do que o gênero de uma pessoa". Para ele, uma criança

aprende a ser menino ou menina até os três anos, momento de passagem pelo complexo de Édipo e

pela aquisição da linguagem. Este é um momento importante para a constituição do simbólico, pois a

língua é um elo fundamental do indivíduo com sua cultura (GROSSI, 1998).

De acordo com Stoller (1978), todo indivíduo possui um núcleo de identidade de gênero que não se modifica ao

longo da vida psicológica do indivíduo. Ele identifica-se ou não com o masculino ou feminino. Esse agrupamento

de convicções sobre o masculino e feminino é formado no processo de socialização e inicia-se antes do

nascimento, até mesmo com a escolha do nome da criança.

A partir de então é ensina à ela e esperado dela comportamentos condizentes com o gênero e o sexo biológico.

Fique de olho
A Organização Mundial da Saúde retirou a transexualidade da Classificação Internacional de
Doenças (CID) apenas no ano de 2018. Essa mudança só foi possível graças a luta da
comunidade LGBTI, de psicólogos e psiquiatras. A justificativa para essa mudança é que a
patologização da sexualidade estigmatiza e dificulta a inserção dessas pessoas na vida social.
Atualmente, o Brasil lidera o ranking de assassinatos de transexuais.

O indivíduo, no entanto, pode adicionar outros papéis sociais e valores ao agrupamento de convicções. Como

ficariam então os homossexuais, de acordo com essa conceituação? Não obstante ao associarmos sexualidade a

gênero, sempre devemos lembrar que esses conceitos são distintos, tal qual suas práticas.

A sexualidade está ligada às práticas eróticas do indivíduo. Esse é outro ponto onde a normatização social impõe

papéis distintos a homens e mulheres, ficando os homossexuais à margem da sociedade, afinal, espera-se que

homens se sintam atraídos por mulheres e mulheres por homens. Isso é aplicado pela associação do sexo à

reprodução e não ao prazer.

Todavia, até o argumento da reprodução está defasado, uma vez que as novas tecnologias de reprodução

desobriga a relação entre pessoas de sexo oposto para gerar um embrião. As fertilizações in vitro, barrigas

solidárias e para alguns até a clonagem - em um futuro próximo - são consideradas técnicas válidas para

reprodução sem contato sexual.

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A sexualidade está intimamente associada à reprodução, na história recente da Humanidade. Por este motivo,

relações erótico-sexuais entre pessoas do mesmo sexo foram, durante anos, vistas como desvio. No entanto, a

prática era comum em outros séculos. Segundo Michel Foucault, o advento da medicina no século XIX impôs a

homossexualidade como “doença”. A partir de então, inúmeros estudos surgiram sobre o tema.

Freud e Lacan são autores influentes até os dias de hoje e trabalharam a questão da sexualidade a fundo, sob

perspectivas distintas. Para Freud, todo ser humano é portador de uma bissexualidade psíquica, ou seja, todo

ser humano é portador de desejos por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto. A partir dessa sua hipótese,

autores diversos na psicanálise voltaram seus olhos para a temática.

Todavia, Lacan foi o psicanalista que primeiro tentou entender as relações homossexuais, sem recair na taxativa

clínica de considerar a homossexualidade como perversão, argumento defendido por Freud (DAVID, C. 1997).

A sexualidade é uma das variáveis da identidade de gênero. Mas nem tudo pode ser resumido ao sexo biológico

ou à prática sexual. Por fim, devemos sempre lembrar da famosa frase de Simone de Beauvoir (1970), em O

Segundo Sexo: “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. De acordo com Beauvoir (1970, p.99)

Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio

da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o

castrado que qualificam o feminino.

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2 Raça e Etnicidade
As categorias raça e etnia são muito utilizadas dentro e fora da academia e frequentemente são usadas como

sinônimo. Mas isso não é verdade. Os dois conceitos são distintos e aplicáveis em diferentes situações.

Vamos agora conhecer com mais profundidade o significado dessas palavras?

A história da classificação dos homens em raças é uma história de preconceitos e etnocentrismo. Não

consideravam culturas e hábitos locais e atribuíam características sociais à raça.

O primeiro trabalho visando classificar as raças humanas foi o de François Bernier, em 1684, “Nova divisão da

terra pelas diferentes espécies ou raças que a habitam”. Posteriormente (SANTOS et al. 2010). Em 1790 foi

realizado nos EUA o primeiro censo populacional.

A metodologia para classificação dos indivíduos demonstra a complexidade dos problemas raciais que já davam

sinal de existência nesse país: homens brancos libres, mulheres brancas livres e outras pessoas, onde incluíam

negros e nativos americanos. Essa classificação é baseada em fatores políticos, mais do que distinções raciais.

A falta de compreensão sócio-antropológica nas classificações, emitindo valores pejorativos, não terminou por ai.

Segundo Santos et al (2010, p.122)

Carolus Linnaeus (1758), criador da taxonomia moderna e do termo Homo sapiens, reconheceu

quatro variedades do homem: 1) Americano (Homo sapiens americanus: vermelho, mau

temperamento, subjugável); 2) Europeu (europaeus: branco, sério, forte); 3) Asiático (Homo sapiens

asiaticus: amarelo, melancólico, ganancioso); 4) Africano (Homo sapiens afer: preto, impassível,

preguiçoso). Linnaeus reconheceu também uma quinta raça sem definição geográfica, a Monstruosa

(Homo sapiens monstrosus), compreendida por uma diversidade de tipos reais (por exemplo,

Patagônios da América do Sul, Flatheads canadenses) e outros imaginados que não poderiam ser

incluídos nas quatro categorias “normais”. Segundo a visão discriminatória de Linnaeus, a

classificação atribuiu a cada raça características físicas e morais específicas.

Séculos de preconceito, pré-julgamentos e associação de culturas distintas à características negativas só poderia

gerar concepções negativas daqueles que não correspondessem aos padrões culturais europeus. Até hoje essa é

uma luta travada por toda sociedade não-europeia, seja para legitimar padrões de comportamentos, de beleza ou

até a linguagem.

Fique de olho

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Os indígenas brasileiros foram e ainda são tratados
com preconceito pela sociedade brasileira. Até os
anos 2000, aproximadamente, livros escolares
traziam as palavras indolente e preguiçosos na
descrição do indígena brasileiro, contribuindo para
a perpetuação do etnocentrismo. Os indígenas não
se enquadram no sistema de produção capitalista e,
por esse motivo, possuem particularidades culturais
que rara beleza e simplicidade. Ser diferente do
europeu garantiu a eles séculos de estigma social.

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2.1 A diferença entre raça e etnia

Precisamos começar esse tópico com a compreensão de que a ideia de raça é a base do pensamento racista. Foi

com esse conceito que originou-se a ideologia da superioridade ou inferioridade racial. De acordo com Quijano

(2000), o surgimento deste conceito tem como base a descoberta da América e a transformação do sistema

econômico, que com as descobertas de novas terras para dominação europeia, transformou-se em um

capitalismo colonial e eurocentrizado.

O conceito de raça marca a distinção entre colonizadores e colonizados, separando a população entre superiores

e inferiores.

O termo raça tem uma variedade de definições geralmente utilizadas para descrever um grupo de

pessoas que compartilham certas características morfológicas. A maioria dos autores tem

conhecimento de que raça é um termo não científico que somente pode ter significado biológico

quando o ser se apresenta homogêneo, estritamente puro; como em algumas espécies de animais

domésticos. Essas condições, no entanto, nunca são encontradas em seres humanos (SILVA et al.

2010, p.122).

Assim, entre antropólogos e geneticistas, há consensos sobre a não existência, do ponto de vista biológico, da

raça humana.

O genoma humano é composto de 25 mil genes. As diferenças mais aparentes (cor da pele, textura

dos cabelos, formato do nariz) são determinadas por um grupo insignificante de genes. As diferenças

entre um negro africano e um branco nórdico compreendem apenas 0,005% do genoma humano

(SANTOS, 2010, p. 122).

O antropólogo Kabengele Munanga afirma que o conceito de raça é utilizado para manipulação política e

ideológica. É um modo de buscar na ciência uma explicação que justifique a dominação branca europeia sobre os

outros povos. Todavia, como vimos anteriormente, essa superioridade genética é uma falácia.

Já a palavra etnia é mais complexa, portanto mais assertiva.

Advindo da palavra grega ethnikos, significa gentio, ou seja, aquele que vem de nação estrangeira. De acordo com

SANTOS (idem): “É um conceito polivalente, que constrói a identidade de um indivíduo resumida em:

parentesco, religião, língua, território compartilhado e nacionalidade, além da aparência física”.

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Isso quer dizer que a definição e etnia considera aspectos culturais! Sendo assim, o emprego de tal conceito pode

vir a terminar com a questão da superioridade genética não comprovada e colocar em pauta a diferença cultural.

Figura 2 - Punhos cerrados, símbolo de resistência negra


Fonte: betto rodrigues, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem, vemos um punho negro cerrado ao alto,


indicando o movimento Black Power de afirmação e luta pelos
direitos negros. Surgiu com integrantes do Partido Pantera Negra,
nos EUA. Mais de meio século depois ainda é utilizado na luta
antirracista.
Agora, podemos distinguir com precisão os termos raça e etnia. O termo raça abrange as características

fenotípicas, como tipo de cabelo, cor de pele, traços faciais ou corporais. Já o conceito de etnia é amplo e engloba

os fatores culturais, tal qual a nacionalidade, filiação, religião, língua e tradições. Esse conceito é, portanto, mais

acertado e assertivo.

Há um problema grave em classificar indivíduos por cor de pele. Esse traço não determina sequer a

ancestralidade. Em países miscigenados como o Brasil, isso fica evidente.

Estudo sobre a genética da população brasileira revelou que 27% dos negros de uma pequena cidade mineira

apresentavam uma ancestralidade genética predominantemente não africana. Enquanto isso, 87% dos brancos

brasileiros apresentam pelo menos 10% de ancestralidade africana (SANTOS, 2010, p. 123).

O conceito de raça segue sendo utilizado para censo e outras questões, como as que envolvem distinções físicas

com alguma significância na área médica. Dados indicam que a população negra é mais atingida por diabetes,

pressão alta e anemia falciforme, por exemplo (BRASIL, 2016).

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Todavia, é preciso cuidado. Diferenças não podem ser entendidas como superioridade ou inferioridade. Durante

muito tempo as teorias sobre raça geraram o racismo, que impunha a crença no poder, autoridade e controle de

uma raça sobre outra. Essa biologização das diferenças não pode ser usada para estabelecer hierarquias sociais

com relações sociais desiguais.

O racismo, como processo histórico de exclusão, gerou inúmeros problemas para a sociedade em todo o mundo e

é ainda hoje um fator a ser considerado nos estudos sobre socialização.

2.2 Raça e etnia no Brasil

Um dos países mais miscigenados do mundo, o Brasil é ainda um país racista. Um estudo divulgado no El Pais em

19 de novembro de 2019 mostra o abismo entre negros e brancos no país.

Os 130 anos de abolição da escravidão não foram suficientes para sanar as deficiências e disparidades da relação

abusiva imposta por três séculos de exploração e falta de políticas públicas para negros.

De acordo com Mendonça (2019, p. 1)

O Brasil tem hoje a maioria da população (55,8%) composta por pretos e pardos, mas é justamente

esse grupo que tem a maior taxa de analfabetismo, os menores salários e sofre mais com a violência

e o desemprego. A desigualdade em relação à população branca começa desde o nascimento, já que a

mortalidade entre crianças negras e pardas brasileiras é bastante superior à da população branca da

mesma idade. Em 2017, 50,7% das crianças até 5 anos que morreram por causas evitáveis eram

pardas e pretas, enquanto 39,9% eram brancas, segundo dados do Ministério da Saúde.

A violência contra negros também é maior. Dados apontam que a cada 100 pessoas assassinadas no país, 75 são

negras. Dentre os que sofreram violência policial que culminou em assassinato, 75,4% eram negros, entre 2017 e

2018. Mulheres negras também sofrem mais feminicídio, 61% das mulheres vítimas desse crise entre 2017 e

2018 eram negras (MENDONÇA, 2019).

É possível, através destes dados, afirmar que o Brasil é um país racista, apesar de não praticar o racismo de

forma ostensiva.

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3 Pobreza e Exclusão Social. Relações de Trabalho e Saúde
Qual é a relação entre a pobreza, a exclusão social, as relações de trabalho e as condições de saúde de uma

população? Questões de gênero e raciais interferem nesses indicadores?

Sabemos que no mundo atual, absolutamente capitalista e neoliberal em sua maioria, o dinheiro é mais do que o

papel com que compramos coisas: é prestigio, poder.

Porém, não para todos. Alguns grupos em situação de discriminação, seja pelo gênero, pela identidade de gênero

ou papel de gênero, ou ainda pela cor e etnia e até mesmo religião, não conseguem converter renda em prestigio

e acesso à bens e garantias mínimas. De acordo com Reis e Schwartzman (2002, p.1)

Qualquer análise que se faça da sociedade brasileira atual mostra que, ao lado de uma economia

moderna, existem milhões de pessoas excluídas de seus benefícios, assim como dos serviços

proporcionados pelo governo para seus cidadãos. Isto pode ser uma consequência de processos de

exclusão, pelos quais setores que antes eram incluídos foram expulsos e marginalizados por

processos de mudança social, econômica ou política; ou de processos de inclusão limitada, pelos

quais o acesso a emprego, renda e benefícios do desenvolvimento econômico ficam restritos e

determinados segmentos da sociedade. O resultado, em ambos os casos, é o mesmo, mas as

implicações políticas e sociais podem ser muito distintas. Processos de exclusão social e econômica

tendem a ser muito mais violentos e traumáticos do que situações de inclusão limitada.

O desenvolvimento no Brasil é conhecido como “modernização conservadora”, ou seja, uma modernização

seletiva, na qual a maior parte da população não é incluída no processo, seja em setores da economia, da

sociedade ou da política.

Há que se pensar: o que mantém essa sociedade tão pacifica frente às exclusões existentes? Estar colocado fora

dos processos políticos e, muitas vezes do processo escolar, garante aos dominantes maior margem de manobra

entre os dominados. A alienação política impede as demandas pelos direitos.

Outro fator que explica a paralisação dos explorados e excluídos é o progresso lento dos indicadores sociais, com

algumas estagnações econômicas, os dominantes, na figura dos governantes, pouco fazem, mas distribuem os

direitos como a nomenclatura de benefícios. O povo sente-se privilegiado por receber aquilo que, na verdade, lhe

é direito. Segundo Reis e Schwartzman (2002, p. 2), isso “talvez expliquem porque o Brasil tenha se mantido

relativamente tranquilo, politicamente, ao longo destes anos, assim como a orientação conservadora de boa

parte de seu eleitorado”.

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As grandes cidades concentram a maior parte da população. Isso significa que as carências maiores também

estão concentradas nesses núcleos urbanos, que unem desemprego, violência urbana, serviços públicos

deficitários dado o aumento populacional e, na área de saúde, discrepâncias incalculáveis entre o público e o

privado, não obstante o Sistema Único de Saúde ser um programa de muito sucesso e exemplo em diversos

países.

Fatores culturais e a descrença na ciência também contribuem para que enfermidades antes consideradas

extintas, como o sarampo, voltem a existir.

Figura 3 - A representação da desigualdade social: um dos maiores entraves para o desenvolvimento do Brasil
Fonte: Travel Stock, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Crianças em situação de vulnerabilidade absoluta,


sentadas em meio ao lixo. A desigualdade social é um dos maiores
entraves para o desenvolvimento do Brasil.

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3.1 A pobreza extrema: sentença de morte

Há uma ligação direta entre o estado socioeconômico do indivíduo e sua condição de saúde. Segundo a revista

científica The Lancet (2017) “a pobreza e a desigualdade social matam tantas pessoas em escala global quanto a

obesidade, a hipertensão e o uso demasiado de álcool”. A pobreza tem sido um entrave gigantesco para a saúde

no país. A mudança no tipo de pobreza e nas relações de trabalho são responsáveis pelo agravamento da

desigualdade social. De acordo com Buss (2007, p.1) “a divisão internacional da produção e do trabalho que se

delineou com a globalização trouxe, além dos maus resultados econômicos já apontados, também impactos

sociais, ambientais e sanitários importantes”.

O tipo de produção e trabalho industrial, das chamadas “indústrias sujas” que são instaladas em países mais

pobres, contribuem para o agravamento da saúde dos trabalhadores, além de poluírem mais o meio ambiente.

As relações de trabalho, cada vez mais abusivas e desiguais, produzem um trabalhador sem consciência de seus

direitos e exposto à todo tipo de problema de saúde, seja física, como Lesão por Esforços Repetitivos (LER),

intoxicação por agrotóxicos, câncer por exposição à agentes químicos cancerígenos até psicológicos, como

Síndrome de Burnout e depressão.

Em locais de extrema pobreza, há ausência de saneamento básico, além de higiene adequada e alimentação. A

proliferação de doenças é mais rápida e fatal.

Doenças como febre amarela, tuberculose, salmonela, DSTs e até algumas doenças antes extintas, como sarampo

e poliomielite, podem voltar a surgir caso não haja atuação do Estado, fornecendo o que é direito do cidadão.

Estudos apresentados pela Fundação Oswaldo Cruz apontam que a mortalidade infantil está intimamente

relaciona à renda das famílias, às condições do domicilio, local e condição na qual a família vive e também ao

nível educacional da mãe (BUSS, 2007).

Não é apenas endereço que a morte por doenças facilmente curáveis possui: há também o fator cor. No Brasil,

negros estão entre os grupos mais vulneráveis economicamente, e são atingidos brutalmente pelas estatísticas. É

preciso, portanto, integração entre programas sociais e políticas públicas em massa para sanar os problemas

brasileiros. Sem a presença do Estado agindo fortemente nesses pontos nefrálgicos, que incluem saúde, educação

e segurança, há uma dificuldade intrínseca ao sistema de ocorrer qualquer melhoria nos índices de

desenvolvimento humano e social do país.

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4 Mitos, Símbolos e Rituais
Tendo como perspectiva a formação dos grupos sociais e a interação dos sujeitos neste contexto, alguns dos

elementos mais preponderantes na construção dos sistemas de organização das sociedades são percebidos na

formação dos mitos, símbolos e rituais. Mas, o que eles representam?

4.1 Mitos

Os mitos são construções utilizadas para representar valores-guia para a comunidade ou para explicar eventos

observados na realidade, além de serem elementos de transmissão de conhecimento e de tradição de

determinados grupos sociais. Apesar de não terem origem na realidade concreta, os mitos não são elaborações

fantásticas (ou seja, que partem da fantasia, da imaginação), como as lendas.

Dos deuses do Olimpo na Grécia, passando pelos orixás de religiões de matriz africana, aos deuses celestes que

criaram o mundo na visão dos Kalapalos, do Alto Xingu, os mitos expressam a origem das formações sociais e dá

sentido às práticas comunitárias, além orientar as condutas para que se alinhem às expressões morais nele

contidas.

Mitos também se constituem como alegorias para a explicação de uma perspectiva reflexiva, porém, neste caso,

há uma diferença essencial: nos mitos que orientam condutas, não há a identificação de um humano que os possa

ter criado, pelo contrário. A premissa do mito é a legitimação social dada à história e valores por ele

reproduzidos.

No mito como alegoria, há a identificação clara de sua criação humana, como no caso do Mito da Caverna, de

Platão - que remete à necessidade do conhecimento da verdade pelos governantes (PLATÃO, 2014) e utilizada

pelo filósofo no ensino aos discípulos.

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4.2 Símbolos

Os símbolos, no contexto específico dos mitos e dos rituais, podem ser descritos como as “unidades

interpretativas” dos mitos, e do conjunto moral por eles representado (WHITE, 2009). Os símbolos ainda

auxiliam na organização segundo os valores morais expressos pelo mito, permitindo que os indivíduos

identifiquem uma determinada condição ou contexto social, econômico ou religioso, apenas interpretando-o.

Os símbolos são materiais: pinturas corporais, marcas físicas (cicatrizes, mutilações intencionais), adornos,

vestimentas, são expressões simbólicas individuais correlatas aos mitos, ou ao conjunto de valores dele

derivados, utilizadas também durante rituais, mas de forma mais recorrente no cotidiano. Existem ainda os

símbolos das instituições - sociais, políticas e religiosas - como bandeiras, artefatos, que são utilizadas em

contextos ritualísticos (LIMA, 1987), por exemplo como na troca de faixa presidencial quando um novo

presidente é eleito no Brasil.

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4.3 Rituais

Os rituais se constituem como elementos de travessia: é por meio dos rituais que se estabelece a conexão entre

símbolo e mito, e é por meio dele que os mitos são reafirmados, propagados e fortalecidos (PEIRANO, 2000).

Objetivam afirmar e reproduzir a tradição, baseada nos mitos, e em nível social, atuam pontuando momentos de

transição (formaturas, bar mitzvás ou o baile de debutante), entre um momento da vida e outro, e que podem

imprimir mudanças no status social dos sujeitos envolvidos.

Os rituais são comumente ligados à religião, mas podem também ser expressões institucionais. Os rituais

reafirmam a importância do mito e dos símbolos na organização social, não deixando-os perder seu significado

ao longo do tempo (PEIRANO, 2000; LIMA, 1987).

No processo de compreensão desses sistemas, há três campos científicos diferentes, mas complementares,

essenciais: a Filosofia, a Antropologia e a Sociologia.

A Filosofia grega clássica especializou-se em estudar os mitos e os símbolos correspondentes, a fim de contrapor

sua perspectiva racional de explicação do mundo às perspectivas míticas. A escolha e a reflexão eram os

elementos que deveriam guiar o ser humano, para além dos mitos. Entretanto, a função do símbolo e do ritual

como expressões e orientadores de conduta não eram abandonados, especialmente na explicação do espaço, da

função e das particularidades do ser humano diante do cosmo.

Na perspectiva de Platão e Aristóteles (PLATÃO, 2014), os mitos propunham um padrão de comportamento para

os humanos baseado numa concepção de bem que era externa aos sujeitos - provinha dos deuses. Ao romper

com o mito, a filosofia platoniana indica que, embora o bem não fosse inerentemente humano, a sua busca o era

e, por isso, as condutas humanas e em grupo, as condutas sociais, se derivariam da busca pelo bem maior, pela

felicidade, e dessa busca se estabeleceriam as regras de orientação dos comportamentos e, por fim, da moral e

da ética.

A leitura antropológica de Bronislaw Malinowiski analisa a constituição dos mitos a partir da fé orgânica,

intrínseca aos indivíduos, utilizada para compreender as normas sociais. Assim, as normas estariam dadas por

estruturas externas aos humanos, e os mitos auxiliariam a compreender os sentidos dessas estruturas

(MALINOWISKI. 1988).

O antropólogo francês Claude Levi-Strauss, ao analisar a constituição dos mitos e sua importância sobre as

diversas organizações sociais em sociedades nativas nas Américas do Norte e do Sul, entende que a estrutura dos

mitos não muda entre as diferentes formações sociais, ainda que a etnia, a língua, a religião, sejam

aparentemente muito distintas (LEVI-STRAUSS, 2011).

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Por isso, os mitos seriam, para o antropólogo, expressões inerentes à reflexão humana sobre o divino - o divino,

assim, só existiria pela leitura humana e sua busca pela explicação do mundo e da própria existência, que se

repetiria de sociedade em sociedade.

Antropologia cultural - Sahlins (2003) recorre à filosofia hegeliana para propor, por meio da negação, a

inexistência do inconsciente social comum que seria responsável pela formação dos mitos para os autores da

antropologia cultural.

A inovação da obra de Sahlins (2003) recai sobre a ideia de que os eventos (históricos, como guerras, novas

tecnologias, ou ainda naturais, como climáticos - secas, enchentes) poderiam não apenas intervir, como alterar,

reconstruir ou construir um mito “novo” - ou seja, a ideia da ponte externa e inconsciente entre os humanos na

explicação mítica do mundo seria refutada pela impressão de fatos externos importantes.

As leituras antropológicas são, assim como as filosóficas, retomadas pelo saber sociológico na análise dos

mitos, rituais e símbolos por este campo. O que a diferencia das outras áreas e o processo de descolamento do

divino na interpretação da forma e dos impactos da tríade sobre as sociedades, especialmente a partir do século

XVIII e da formação do modo de produção capitalista, que reorganiza as formas de trabalho, e portanto, a

sociedade e suas interações, bem como a forma e o exercício do poder.

Nesse sentido, os símbolos e os rituais recebem maior atenção, e são compreendidos como forma de manutenção

dos valores da moral que sustenta o poder econômico - e político (HOBSBAWM, 1984).

Assim, desprende-se a ideia de que haveria qualquer tipo de essência ou busca inerente ao homem, bem como a

externalidade de uma consciência que pudesse formar os mitos, mas a sociologia assume a ideia de que símbolos

e rituais são veículos de poder que, embora atuem também como elementos interpretativos, atuam à serviço da

manutenção do status quo (BOURDIEU, 1989).

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer as noções e conceitos que envolvem a socialização de minorias;
• compreender a importância de distinguir gênero, sexualidade, papel social, identidade social;
• aprender sobre conceitos de raça e etnia, bem como a história deles;
• estudar a relação entre pobreza, distribuição de renda, desigualdade social e o impacto na saúde;
• conhecer os conceitos de mitos, ritos e símbolos e como eles se aplicam no nosso processo de
socialização.

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