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Os impactos das identidades transgênero na sociabilidade de

ARTIGO ORIGINAL
travestis e mulheres transexuais

The impacts of transgender identities in sociability of travestis


and transsexual women

Rodrigo Gonçalves Lima Borges da Silva1, Waldez Cavalcante Bezerra2,


Sandra Bomfim de Queiroz3

http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26i3p364-372

Silva RGLB, Bezerra WC, Queiroz SB. Os impactos das identidades Silva RGLB, Bezerra WC, Queiroz SB. The impacts
transgênero na sociabilidade de travestis e mulheres transexuais. of transgender identities in sociability of travestis and
Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2015 set.-dez.;26(3):364-72. transsexual women. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2015 Sept.-
Dec.;26(3):364-72.
RESUMO: Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada no
município de Maceió-AL, entre março de 2013 a setembro de ABSTRACT: This paper is the result of research conducted in the
2014, e teve como objetivo geral compreender os impactos das city of Maceió-AL, Brazil, between March 2013 and September
identidades transgênero na sociabilidade de travestis e mulheres 2014, which aimed to understand the impacts of transgender
transexuais. Trata-se de um estudo qualitativo, que utilizou três identities on the sociability of travesties and transsexual women.
fontes para registros e produção dos dados: diário de campo, In this qualitative field study, we used three sources to produce and
observação participante e grupo focal. Os dados foram analisados register data: field diary, participant observation and focus group.
por meio da análise de conteúdo. A apresentação e discussão Data were analyzed using content analysis. The presentation and
dos resultados se deram a partir de três categorias temáticas: A discussion of results used three thematic categories: the family as
família como primeiro grupo que exclui; A escola como lócus de the first group that excludes; the school as a reproductive locus
reprodução do preconceito e discriminação; A rua que acolhe e of prejudice and discrimination; the street that welcomes and
vulnerabiliza. Os resultados evidenciaram que a expressão das increases vulnerability. The results showed that the expression
identidades transgênero repercute negativamente na sociabilidade of transgender identities produces negative repercussions on the
das travestis e transexuais, empurrando-as para uma situação de sociability of travesties and transsexuals, exposing them to social
vulnerabilidade social e gerando sofrimentos diversos. vulnerability and various types of suffering.

DESCRITORES: Pessoas transgênero; Identidade de gênero; KEYWORDS: Transgendered persons; Gender identity; Social
Participação social; Travestismo; Transexualismo; Vulnerabilidade participation; Transvestism; Social vulnerability; Transsexualism;
social; Mulheres. Women.

Este artigo apresenta parte das reflexões contidas no trabalho de conclusão do Curso de Terapia Ocupacional da UNCISAL “Os processos
de feminilidade nas travestis e mulheres transexuais e a repercussão nos espaços de sociabilidade”.
1. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), Acadêmico do Curso de Terapia Ocupacional.
2. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), Curso de Terapia Ocupacional, Maceió, AL, Brasil.
3. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), Maceió, AL, Brasil.
Endereço para correspondência: Waldez Cavalcante Bezerra. Rua Magda Daniele, 160, Santa Lúcia. Maceió, Al. CEP: 57082-116.
E-mail: waldezto@yahoo.com.br.

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INTRODUÇÃO é a forma como a pessoa apresenta a sua aparência e seu

O
comportamento, de acordo com as expectativas sociais
s estudos de gênero podem ser de um determinado gênero, depende da cultura em que a
considerados como resultados das lutas pessoa vive. Identidade de gênero é o gênero com o qual
libertárias iniciadas nos anos 1960, mais uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com
particularmente dos movimentos sociais de 1968. As o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento,
mulheres, participantes destes movimentos, perceberam ou seja, uma pessoa pode nascer com um sexo biológico
que, apesar de militarem em pé de igualdade com os homens, (homem ou mulher) e se identificar com o gênero oposto
tinham papel secundário neles. No Brasil o campo de (masculino ou feminino). Orientação sexual é atração
estudos de gênero ou relações de gênero emergiu nos anos afetivo-sexual por alguém, vivência interna relativa à
1970/1980 em torno da problemática da condição feminina1. sexualidade (heterossexual, homossexual ou bissexual).
Pesquisadores da antropologia discutiram a distinção Identidade de gênero e orientação sexual são dimensões
entre diferença sexual e a sexualidade, enquanto construções diferentes, que não devem ser confundidas. O papel
sociais que diferem culturalmente. Em algumas culturas é de gênero é o modo de agir em determinadas situações
possível relacionar o gênero, em conjunto ou separadamente conforme o gênero atribuído, ensinado às pessoas desde o
com a identidade sexual(1), de modo que a construção dos nascimento; é de cunho social e não biológico8.
símbolos e conceitos do que é definido como gêneros Dentre as pessoas transgênero encontram-se as
feminino e masculino são produtos histórico-sociais2,3,4. travestis e mulheres transexuais. Em sua maioria, as travestis
Bruns e Pinto 5 defendem que o gênero é uma são pessoas que nascem com o sexo biológico masculino,
construção social e, portanto, histórica de modo que poder- com aparência física masculina, mas que não se identificam
se-ia supor que esse conceito é plural e que haveriam como homem. Tendem a construir uma identidade de
conceitos de feminino e masculino diversos. Para Peres6 as gênero feminina. Já as mulheres transexuais são pessoas
relações de gênero participam dos modos de subjetivação, que reivindicam o reconhecimento social e legal como
considerando as imagens, discursos e sentidos que são mulher. É um individuo que tem a convicção de pertencer
construídos nos cotidianos das pessoas, determinando ao sexo oposto, ou seja, seu sexo psíquico se encontra em
diversas concepções de mundo e de relações. discordância com o biológico5,8,9.
Contudo, a noção de gênero como uma construção Durante o processo de construção de suas identidades,
social não é a única encontrada nas sociedades. Existem as travestis e transexuais se diferenciam em alguns pontos,
perspectivas, ainda dominantes em algumas sociedades, contudo ambas carregam em si símbolos e elementos
que estabelecem uma relação binária e compreendida como femininos. A construção do corpo feminino começa muito
supostamente natural acerca da construção do gênero, que cedo, na infância ou adolescência, quando percebem e se
define o binômio homem/mulher, masculino/feminino. identificam com símbolos da figura feminina. São várias as
Segundo Jesus8 o binarismo é a crença construída mudanças corporais, desde as primeiras intervenções, como
em uma dualidade simples e fixa entre indivíduos dos as unhas pintadas, maquiagem, o uso de perucas, sapatos e
sexos feminino e masculino. Essa ideia está associada roupas, até os processos mais profundos e significantes de
à de que existiria uma relação direta entre as categorias mudança, como os pelos e cabelos, a voz, a arte de esconder
sexo (biológica) e gênero (psicossocial). O cissexismo é a o pênis sob a roupa, as cirurgias plásticas, a aplicação
ideologia resultante desse binarismo, que se fundamenta de hormônios e, no caso das transexuais, a cirurgia de
na crença de que características biológicas relacionadas ao trangenitalização ou redesignação sexual(2), uma vez que
sexo são correspondentes a características psicossociais elas buscam esta cirurgia para adequar a aparência física ao
relacionadas ao gênero8. seu sexo psicológico. Ambas buscam, em todo seu processo
Neste artigo serão utilizados os conceitos propostos de transformação, aquilo que chamam de feminino2,9.
por Jesus: expressão de gênero, identidade de gênero, No meio social, todas as pessoas são diferentes no
papel de gênero e orientação sexual. Expressão de gênero entanto, na vivência social nem sempre isso é considerado.

(1) Identidade sexual é o senso de si mesmo como homem ou mulher7.


(2) A transexualidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno de identidade de gênero, estando
catalogada no Código Internacional de Doenças com o CID de n° 10-F64.0.

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As pessoas que não se enquadram dentro das perspectivas só existe em oposição à homossexualidade, compreendida
que o imaginário social dita em relação às normas de como seu negativo. A homossexualidade é o outro sem
gênero e ao que vem a ser a representação social da figura o qual o hegemônico não se constitui, nem tem como
do masculino e do feminino são discriminadas. descrever a si próprio.
A Teoria Queer foi elaborada como forma de (re) A partir da ótica da Teoria Queer, de contestação
pensar novas e antigas perspectivas da construção social dos a qualquer padrão normatizador, as pessoas que fogem ao
mecanismos que levam a discriminação e o preconceito com padrão heteronormativo não são inteligíveis para os padrões
as identidades transgênero, e na tentativa de problematizar hegemônicos de gênero fundamentados no binarismo e se
a desnaturalização das questões que envolvem os sexos tornam alvo de preconceito e/ou discriminação em função
biológicos. Essa teoria emergiu nos Estados Unidos, durante da sua identidade de gênero, prática esta denominada
os anos 1980 a partir do encontro entre uma vertente de transfobia e que não deve ser confundida com a
dos estudos culturais, o pós-estruturalismo francês, e o homofobia12. Pessoas transgênero são alvo de preconceito,
feminismo de “terceira onda”. Em 1990 a denominação não atendimento de direitos fundamentais e de exclusão
Teoria Queer foi usada pela primeira vez por Teresa de estrutural, que se manifesta na dificuldade de acesso à
Lauretis para contrastar o empreendimento analítico que educação, mercado de trabalho qualificado e até uso de
um conjunto de pesquisadores desenvolvia em oposição banheiros, além de sofrerem violências variadas, ameaças,
crítica aos estudos sociológicos sobre minorias sexuais e agressões e homicídios13.
de gênero10,11. Levando em consideração a crença de que o corpo
Queer é uma palavra da língua inglesa, cujo é um atributo natural e que define a identidade de homens
sentido original é ‘estanho’, ‘esquisito’. O termo foi usado e mulheres enquanto pessoas de um sexo ou de outro, as
como forma de ofensa e discriminação com as pessoas mudanças corporais realizadas pelas travestis e transexuais
consideradas diferentes dos padrões normativos relacionados implicam em dificuldade de convivência nos espaços sociais
ao binarismo sexual, atualmente a palavra ganhou sentidos normatizados. A não aceitação familiar as leva a morar
positivos junto com o debate da desnaturalização das em outros ambientes. O acesso aos serviços de saúde, às
identidades sexuais e de gênero e contribui para entender as políticas públicas e à circulação, em diferentes territórios
formas de organização das identidades e, também, a noção e instituições, também é dificultado. Sem muita opção de
de diferença10. moradia e meios de se sustentar, podem ir viver no contexto
A Teoria Queer se opõe as perspectivas excludentes da rua e da noite e encontrar na prostituição um meio de
e lida com o gênero como algo cultural. Considera que o sobrevivência, o que as coloca em situação de risco14.
masculino e o feminino presente em homens e mulheres, A partir do reconhecimento desse conjunto de
de forma que cada pessoa tem características que podem aspectos, foi desenvolvido o estudo que teve como
se qualificar como masculinas ou femininas, independente objetivo geral compreender os impactos das identidades
do sexo biológico10. transgênero na sociabilidade de travestis e transexuais. A
No Brasil, a incorporação da Teoria Queer se iniciou palavra sociabilidade está sendo usada como sinônimo de
no final da década de 1990 na área dos estudos de gênero e qualquer espécie de interação social; ela é fluida e as práticas
sexualidade. O marco de sua recepção pode ser estabelecido e os espaços de sociabilidade sofrem mutações quando o
em 2001, quando Guacira Lopes Louro publicou, na Revista contexto ao seu redor se altera15.
Estudos Feministas, o artigo “Teoria Queer: uma política Os objetivos específicos foram: identificar os
pós-identitária para a educação”. Desde então alguns principais contextos de vida afetados pelas identidades
teóricos queer encontraram nas obras de Michel Foucault transgênero; e identificar as rupturas/conflitos gerados por
e Jacques Derrida conceitos e método11. estas identidades em tais contextos. O estudo foi realizado
Segundo Miskolci11 o objetivo era explicitar os para elaboração de trabalho de conclusão de curso de
processos que criam sujeitos considerados normais e graduação em Terapia Ocupacional, na Universidade
adaptados, bem como os considerados ilegítimos, rotulados Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL).
como anormais e alocados na margem do social. Foi A pesquisa de campo foi realizada no município de
essencial para o desenvolvimento da Teoria Queer, o Maceió-AL, no período de março de 2013 a setembro de
conceito de suplementaridade criado por Derrida. Segundo 2014. A aproximação com o campo se deu a partir do 1°
ele, nossa linguagem opera em binarismos, de forma Seminário de Travestis e Transexuais Negras da Região
que o hegemônico só se constrói como oposição a algo Nordeste, realizado em 2013. Posteriormente, o projeto de
inferiorizado e subordinado. Assim, a heterossexualidade pesquisa foi apresentado para a Associação das Travestis e

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Transexuais de Alagoas (ASTTAL) que aprovou a realização utilizadas duas perguntas disparadoras (Quais as primeiras
da pesquisa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em lembranças que vocês têm envolvendo a sua sexualidade?
Pesquisa com Seres Humanos da UNCISAL, com protocolo Vocês poderiam falar sobre as intervenções realizadas
de número 23519713.8.0000.5011. para transformar o seu corpo?). Para aprofundamento
as questões foram complementadas e foi estimulada a
PERCURSO METODOLÓGICO participação de todas.
Para a análise e interpretação dos dados, foi utilizada
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, a técnica de análise de conteúdo, na modalidade temática,
descritiva e aplicada. Quanto aos procedimentos, é uma que consistiu em: leitura exaustiva do material para
pesquisa de campo, em composição metodológica com identificação das ideias centrais, interpretação dos sentidos
elementos das pesquisas participante e etnometodológica, de tais ideias, agrupamento das mesmas em categorias,
que buscou dialogar com os referenciais teórico- comparação entre os diferentes núcleos de sentido
metodológicos da Complexidade e Multirreferencialidade encontrados, classificação dos núcleos de sentido em eixos
e os Estudos Culturais, além de autores com aporte teórico mais abrangentes em torno dos quais giram as discussões e
específicos relacionados com a temática problematizada. redação das sínteses interpretativas de cada tema.
Participaram do estudo cinco integrantes da
ASTTAL, definidas por conveniência, que se denominaram RESULTADOS
travestis ou transexuais, dentre as que se disponibilizaram
em participar do estudo.
As travestis e transexuais participantes, ao total
O trabalho de campo consistiu no acompanhamento
de cinco, tinham idades que variavam de 21 a 48 anos de
do cotidiano das travestis e transexuais de maio a julho de
idade. Todas residem em bairros populares da cidade de
2014. Neste período foram realizadas visitas domiciliares,
Maceió e vivem da renda gerada pela prostituição noturna
participação nas reuniões da ASTTAL, acompanhamento
e pelas atividades do grupo Trans Show. São integrantes
dos processos de montagem, das atividades de lazer e
trabalho das mesmas. Os instrumentos de coleta e de da ASTTAL e participam ativamente das atividades desta,
registro de dados foram a observação participante, o diário sendo uma delas a presidente da associação.
de campo, e o grupo focal. O trabalho de campo revelou que as participantes
A observação participante se deu por meio da compartilham um contexto de vida marcado pela
inserção no grupo pesquisado e na participação, em várias vulnerabilidade, seja pela situação de trabalho informal,
situações, nas vivências peculiares ao universo do grupo, que gera inúmeras carências materiais, ou pela história de
tais como reuniões da associação, ensaios e preparação vida repleta de rupturas relacionais, principalmente com
das apresentações culturais(3) que elas realizam, além de os familiares. Nesse contexto, a ASTTAL se constitui um
atividades de lazer. O diário de campo permitiu registrar ponto fundamental da rede de apoio social delas, fornecendo
desde o processo de aproximação com o campo de pesquisa suporte material (doação de cestas básicas, passagens de
e com o grupo estudado, até os processos mais íntimos ônibus, etc.), afetivo e social, evitando que muitas caiam
vivenciados com o mesmo. para a desfiliação social.
Além disso, foi desenvolvido grupo focal, formado A partir da análise de conteúdo emergiram três
por três travestis e dois transexuais. As participantes do categorias temáticas: A família como primeiro grupo que
grupo focal foram as mesmas que tiveram alguns das suas exclui; A escola como lócus de reprodução do preconceito
vivências cotidianas compartilhadas com os pesquisadores, e discriminação; A rua que acolhe e vulnerabiliza. Estas
o que permitiu a construção de um vínculo favorável à coleta categorias giram em torno dos principais contextos de vida
de informações. (família, escola, rua) afetados pela condição transgênero e
O grupo focal foi realizado na casa de uma que marcam as trajetórias de vida das participantes, segundo
das participantes. Para provocar a discussão, foram os relatos das mesmas.

(3) O TRANS SHOW é um grupo sem fins lucrativos do estado de Alagoas, organizado por membros da ASTTAL, e tem por finalidade
desenvolver shows artísticos e arrecadar recursos financeiros, como alternativa a prostituição.

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DISCUSSÃO A percepção de que tem algo acontecendo de forma


diferente do que ocorre com as outras pessoas marca
A família como primeiro grupo que exclui algumas travestis e transexuais. A descoberta do corpo
sexuado é um momento de atribuição de sentido para as
As participantes relataram que as primeiras várias surras, insultos e rejeições familiares. Esse momento
experiências de exclusão ocorreram na família, a partir gera um espanto, de modo que a mente e o corpo não podem
do momento em que começaram a manifestar a diferença, ir contra o que elas desejam, que é ser o que elas realmente
incrementada pelo desejo de se transformar em travesti ou são. E, nesse momento, ser requer muita energia e coragem
mudar de sexo. Neste momento, nenhuma das famílias do para enfrentar o contexto ao seu redor.
grupo estudado conseguiu expressar aceitação, acolhimento As memórias da infância como crianças trans
e estabelecer uma relação de convívio harmoniosa. apontam para experiências comuns da vivência da
transgeneridade entre os diferentes sujeitos, com aspectos
A minha família foi aquela coisa, eu larguei logo cedo, negativos, como o sentimento do “estranho”, remetendo a
minha mãe faleceu eu tinha 13 para 14 anos, então pronto, uma internalização, pelas crianças, do discurso binarista de
eu tive uma vida só mesmo (Participante 1). gênero que busca controlar e evitar que os limites atribuídos
aos sexos biológicos sejam rompidos, e que sua falibilidade
Quando a gente é menor, mesmo sem ter tomando alguma
decisão na vida, mesmo sem querer a homossexualidade,
seja evidenciada16.
a gente não sabe o preconceito; isso começa na família, os A descoberta de que ter um pênis e não conseguir
primos são os primeiros a dizerem: Tome jeito de homem! agir de acordo com as expectativas sociais, ou seja, não
Fale que nem homem! Fale grosso! É coisa que já trazem conseguir desenvolver o gênero “apropriado” para seu
da infância (Participante 2). sexo, é algo vivenciado com grande surpresa para alguns/
algumas17.
Procurei minha família, fui rejeitada pelos meus irmãos A situação encontrada neste estudo corrobora as
lá do Maranhão, em 2008. O preconceito começa pela colocações de Peres18, de que muitas travestis são alvo de
própria família. Colocaram-me para fora de casa!
agressões verbal e física ainda na família, sendo expulsas
Ninguém quer aceitar a condição de eu ser trans. Na
cabeça da família da gente, você é homem e não deixa de suas casas e tendo que recorrerem a amigos ou outras
de ser homem, não tem essa mentalidade de aceitar a pessoas em busca de acolhimento.
sua orientação sexual, fui humilhada! (Participante 3). Deixar o lar é momento crucial no processo de
construção dessas pessoas2. A saída do lar está ligada a não
Para elas, a família, ao invés de acolher, tornou-se aceitação dos familiares em relação às novas descobertas
o primeiro grupo de sociabilidade produtor de exclusão, e mudanças relacionadas ao corpo e a sexualidade, está
onde teve início o rompimento de vínculos e o processo ligada as intervenções corporais que não tem mais retorno
de estigmatização, deixando as travestis e transexuais quando são feitas, como o uso dos hormônios e a aplicação
vulneráveis, marcadas negativamente e depreciadas ao de silicone.
ponto de serem desprovidas do direito a ter direitos. Os Não encontrando espaço no contexto familiar para
processos depreciativos vividos por elas influem em toda expressarem sua identidade de gênero, entram em contato
a organização de suas subjetividades, construídas ao longo com novas perspectivas de vida e começam a surgir outros
das relações que estabelecem com os outros, com o mundo sofrimentos, marcados por agressões físicas e psicológicas,
e consigo mesmas. histórias de discriminação e exclusão.
Dentre as participantes apenas uma travesti voltou Esse processo de exclusão se desenvolve como
a viver com sua família; as demais relatam que saíram ondas, propagando-se da família para a comunidade, desta
de casa na adolescência, após começarem os primeiros para escola, para os serviços de saúde e demais espaços
investimentos para obter uma aparência feminina. e contextos de relações com que essas pessoas venham a
interagir18.
Quando eu tomei a iniciativa de tomar hormônio,
comecei a me descobrir... A me assumir, eu fugi de casa!
Contudo, pesquisas recentes19,20 apontam que uma
(Participante 2). mudança pode estar em curso no sentido de uma maior
aceitação das famílias para com as pessoas transgênero,
Aí eu comecei a tomar hormônio, comecei a mudar em comparação com travestis e transexuais pertencentes
meu corpo, foi quando eu me lancei [saiu de casa] a gerações mais antigas. As adolescentes travestis
(Participante 3). acompanhadas no estudo de Monzeli19, diferentemente

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das participantes desse estudo, viviam todas com as suas importância da integração, do respeito e da boa convivência,
famílias, algumas inclusive encontrando espaço para estabelece os possíveis modos de ser para estar nela através
expressar seu gênero sem restrições familiares. de regras que reproduzem os padrões heteronormativos
A diferença entre os estudos, em relação à preservação dominantes da sociedade e que se tornam critérios seletivos
dos vínculos familiares, pode decorrer da diferença geradores de exclusão19.
geracional entre os dois grupos estudados, de modo que o Nesse sentido, quando a escola, que no discurso e
que era antes visto como impossibilidade e restrição, agora em termos legais, preza pela universidade do acesso, proíbe
faz parte do cotidiano de algumas famílias19. que estas pessoas se vistam de acordo com o gênero com
o qual se identificam,
A escola como lócus de reprodução do preconceito e
discriminação [...] acaba por evidenciar os pré-requisitos necessários
para a admissão dos estudantes, sendo a coerência (entre
Segundo os relatos, a escola não se configura como sexo, gênero e sexualidade) sua maior condição, tendo
como resultado a impossibilidade de acesso e circulação,
uma experiência positiva para as travestis e mulheres
neste espaço, de algumas pessoas que não se enquadram
transexuais, que continuam sofrendo agressões físicas e nestas normas (p.73)19.
verbais nesse novo contexto de sociabilidade. Desprovidas
do acolhimento familiar, muitas não conseguem sequer Sistemas de seleção discriminatórios se fazem
chegar a frequentar a escola, e quando conseguem, se presentes não só nas escolas, mas na maior parte das
deparam com um novo contexto de sociabilidade que,
instituições pelas quais as pessoas transgênero circulam,
na maioria dos casos, irá reproduzir o preconceito e a
efetivando a inserção por meio do que Monzeli19 denomina
discriminação.
de “admissões condicionadas”. Essa forma de admissão
evidencia o papel seletivo e prescritivo das instituições, e
Na escola fui me misturando mais com as meninas, e os
meninos falavam: - olha pra bichinha! Andando com as mesmo que a garantia do acesso, permanência e cuidado
meninas! (Participante 2). são seus princípios orientadores, quando se trata do contato
com as diferenças étnicas, sexuais, religiosas, de classe
Na escola eu me vestia de mulher e os meninos ficavam social, entre outras, tais instituições prescrevem e reafirmam
rindo, falando ‘olha professora, é viado! É mulherzinha!’ formas ditas coerentes de acesso, inserção e participação19.
Eu sofria muito! (Participante 4). Isto confirma que os processos de estigmatização
e violências, também se manifestam com frequência nos
Além das agressões e insultos advindos dos diversos espaços institucionais, como a escola, em relação
estudantes, outras formas de violência também se manifestam às expressões travestis e transexuais21.
a partir da organização da própria instituição escolar e do A legislação educacional, como a Lei de Diretrizes
seu sistema de normas disciplinares, reproduzido por muitos e Bases da Educação (LDB) e os Parâmetros Curriculares
alunos e por outros membros da comunidade escolar, como Nacionais (PCNs) preconizam práticas inclusivas. No
professores, diretores, etc. entanto, a escola é um micro espaço institucional, reflete as
representações sociais hegemônicas e contra-hegemônicas
A escola me proibia de usar roupa feminina, no começo eu em disputa no macro-social e em suas outras instituições.
usava duas roupas, uma masculina por cima da feminina
As contradições pertinentes às disputas de poder entre
e quando terminava a aula eu ficava com a feminina. Na
sexta série eu cansei e enfrentei a escola, comecei a usar valores, aceitação ou não de diferenças, fazem parte da
roupas de mulher, depois disso eu sempre me vesti como contemporaneidade. A escola vivencia essas contradições e
eu quero, porém, na época, até ameaçada de morte eu fui muitos profissionais da educação se empenham para que as
por me vestir como mulher. (Participante 1). escolas se tornem espaços acolhedores do diverso e menos
repleto de violências simbólicas, verbais e físicas.
A escola é um espaço onde ocorrem novas As manifestações discriminatórias por parte da
descobertas, onde as pessoas têm contato com uma comunidade escolar contribuem para efetivar uma intensa
diversidade de conhecimentos e de pessoas, o que poderia segregação das pessoas transgênero, por meio da limitação
se configurar como algo positivo na vida daqueles que a da participação destas no espaço social, ao serem julgadas
frequentam. Contudo, enquanto instituição que seria de como fora da realidade heteronormativa, onde não existe
proteção, ao mesmo tempo em que reconhece e defende a espaço para outras expressões de gênero fluir18.

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A rua que acolhe e vulnerabiliza que as levam a essa situação são profundos e decorrem,
de um modo geral, das desvantagens sociais advindas da
Ante os insultos e vivências negativas no contexto expressão do gênero, resguardando as singularidades das
escolar, as travestis e transexuais participantes da pesquisa histórias de vida de cada uma.
não se percebem pertencentes ao espaço da escola, se Ainda muito jovens, entram em contato com novas
sentem fragilizadas e saem em busca de outros contextos perspectivas, inclusive as de modificações corporais, e
de sociabilidade, nos quais se sintam aceitas. É quando, começam a aprender como se tornar mais feminina, a
geralmente, conhecem outra travesti ou transexual mais sobreviver com o dinheiro da prostituição e a se proteger
velha e experiente, que as acolhem e acaba sendo como dos perigos da rua.
uma ‘mãe’ ou ‘madrinha’, inclusive apresentando novas A rua, apesar de também ter as suas normas de
técnicas para melhorar a aparência feminina e também a convivência, permite uma maior circulação para estas
vida noturna na rua. pessoas, que vivenciam não só situações de risco e violência,
mas também de prazer e aceitação.
Eu estudava à noite, mas conheci uma travesti cabeleireira A discussão aqui apresentada possibilitou identificar
e outra que frequentava a avenida, na prostituição. Me fez e entender as vivências das travestis e mulheres transexuais
o convite para eu comparecer na avenida e colocou minha em alguns dos contextos de sociabilidade e que marcam
primeira roupa de mulher, foi quando eu vi que fiquei
as suas trajetórias de vida. Apesar de terem as suas
bem... Eu abandonei também a escola (Participante 2).
particularidades, foi possível identificar que as vivências
Eu caí na rua com meus 14 anos de idade, foi quando relativas à expressão de gênero das travestis e transexuais
tive que sair de casa, fui expulsa pela minha mãe e meus da pesquisa apresentam muitas semelhanças.
irmãos e vim aqui para Alagoas. Foi quando eu tive noção
de que o mundo não era o que eu imaginava, nem tudo era CONSIDERAÇÕES FINAIS
felicidade, eu tive que sofrer muito na rua para sobreviver,
foi quando eu comecei a me prostituir. (Participante 3) As pessoas transgênero compõem a sociedade e
revelam a diversidade que a mesma comporta. Contudo, o
Eu tive que me adaptar a todas as coisas novas. Viver
modelo de sociedade dominante tende a negar e excluir as
longe da minha família, não tinha ninguém para mim, eu
fiquei sozinha, tive que abandar os estudos, abandonei
diversidades humanas e valorizar a homogeneização do ser
o serviço e gostei da prostituição, é uma forma bonita, humano, de modo que os processos sociais de normatização
ganhei muito dinheiro, mas é um dinheiro que vem existentes desqualificam e até mesmo excluem essas
fácil e vai fácil se você não tiver cabeça para investir. diversidades do convívio social, taxando de inferior tudo
(Participante 4) que foge ao padrão estabelecido.
A partir deste estudo, constatou-se que as identidades
Já encarei muito a violência, os preconceitos, continuo transgênero, quando expressadas na sociedade, tendem
encarando. Há pouco fui vitima, eu tava no ponto de a empurrar as travestis e transexuais para uma situação
ônibus e chegou um indivíduo com graça, com homofobia,
de vulnerabilidade social, marcada pela fragilidade dos
veio me agredir e revidei, eu acabei caindo e machucando
a perna em dois lugares. (Participante 5)
vínculos de trabalho ou das relações sociais, e que determina
uma restrição na participação social destas pessoas em
A rua é um espaço comum para todas as travestis e igualdade de direitos, caracterizando a condição de
transexuais participantes da pesquisa. Ela é apresentada, desvantagem social. Este processo afeta a autonomia, os
assim como no estudo de Monzeli19, como um espaço direitos e o empoderamento pessoal e social das mesmas.
receptivo, que apesar de oferecer inúmeros riscos, possibilita Ficou evidente que essas pessoas passam por várias
a construção de uma nova rede de apoio social baseada na situações que levam a sofrimentos diversos. Espaços que
experiência comum da vulnerabilidade. A rua apresenta- deveriam se configurar como importantes suportes na vida,
se como espaço de sociabilidade por onde elas circulam como a família e a escola, tornam-se espaços de exclusão a
durante o dia e também espaço de trabalho a noite. Pois é partir das primeiras manifestações da diferença.
através da prostituição noturna que elas encontram aquele A realidade apresentada coloca desafios para os
que parece o único meio de ter uma renda para suprirem as profissionais, dentre eles o terapeuta ocupacional, que
suas necessidades e sobreviverem. lidam com o enfrentamento das situações de exclusão
A prostituição se faz presente na vida delas desde e vulnerabilidade, no sentido de pensar estratégias para
muito cedo, sendo encarada com naturalidade. Os fatores prevenir ou reverter tal quadro. Para tanto, é preciso estar

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atento aos processos macro e micro políticos, a nível local e transexuais, favorecendo a autonomia e o empoderamento.
e nacional, e conhecer as políticas públicas voltadas para A assistência a esta população na infância e
melhoria da condição de vida dessas pessoas. na adolescência pode prevenir futuras situações de
Dada a complexidade das demandas colocadas pela vulnerabilidade e risco, como a prostituição enquanto meio
população transgênero, as propostas interventivas junto à de trabalho e subsistência. Nas situações de vulnerabilidade
mesma requerem a constituição de projetos intersetoriais já instaladas, deve-se contribuir com a (re)construção das
e interdisciplinares, estabelecendo conexões entre as redes de apoio social, promovendo a desconstrução dos
diferentes áreas de políticas públicas e saberes diversos estigmas sociais em relação as populações transgênero,
para criar um campo mais efetivo técnica e politicamente de além de auxiliar na elaboração conjunta de projetos de vida,
onde a emancipação, o protagonismo e os direitos sociais
intervenção. As ações devem, sempre que possível, serem
possam ser restabelecidos na vivência das travestis e das
construídas também em conjunto com as próprias travestis
mulheres transexuais.

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Artigo recebido em: 24.11.14


Artigo aceito em: 25.08.15

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