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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS III

CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA CIVIL

Goiânia, 2021. Disciplina: Noções de Arquitetura e Urbanismo. Professor: Fábio de Souza.

1) TEMA: Diagnóstico Técnico - Estudo de Urbanismo e Arquitetura Edificada

Elaboração e entrega do Diagnóstico Integrado Urbanístico para o Setor Central de Goiânia, trecho histórico
compreendido entre as avenidas Araguaia, Tocantins e Paranaíba, comparando com os usos propostos no
Plano Original (imagem a seguir) e como se encontra atualmente. Identificar, também, o estilo
arquitetônico de relevância predominante, citando exemplos.

Entrega em PDF. Data de entrega em 30/01/2022 até as 23:00h


Resposta:
A fim de elaborar o Diagnóstico Integrado Urbanístico para o Setor Central de
Goiânia, deve-se entender o que se trata esse diagnóstico urbanístico. Logo, de acordo com
Silva (2019, p. 98, apud Duarte, 2012),

[...] o diagnóstico é uma das etapas do planejamento urbano e pode ser


compeendido como uma análise de uma determinada situação a fim de
estabelecer um cenário da realidade existente. Ele é composto por um inventário
da regição estudada, ou seja, a coleta de dados sobre a área tendo como foco o
tema sobre o qual se está tratando, seguido da análise desses dados para
identidicar as condicionantes, as potencialidades e as deficiências da área
visando orientar as propostas. O diagnóstico urbanístico tem o objetivo de
caracterizar uma região, cidade ou porção do território, em que se pretende atuar,
logo, deve considerar aspectos demográficos, físico-territoriais, legais, sociais e
econômicos.

Desta forma, relembrando a imagem anteriormente apresentada, na qual tem-se o


Plano de Urbanização de Goiânia em 1938, a seguir na Figura 1 observa-se a mesma
região, recentemente, capturada por satélites em 2021.

Figura 1 – Setor Central de Goiânia.

Fonte: Google Earth (2021).

De acordo com Alarcón e Holanda (2005), este núcleo pioneiro e central de Goiânia
foi projetado pelo urbanista Attílio Corrêa Lima, em 1933, sendo que o desenho da malha
urbana teve influências das cidades Versalhes, Carlsrue e Washintong, onde predominava
o efeito monumental e absolutista, ou seja, um urbanismo barroco. Além disso, Alarcón e
Holanda também citam: “O traço comum dessas cidades é o asterisco, ou seja,
aconvergência de diversas vias de circulação sobre uma praça.”

Conseguinte, é importante citar que a Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira,


também conhecida Praça Cívica – pode-se observar que essa também é sua nomenclatura
na imagem do Plano de Urbanização de Goiânia de 1938 – é o marco inicial da construção
da cidade e o ponto de convergência das principais avenidas. Essa é localizada na parte
mais elevada da cidade e ao seu entorno encontra-se diversas estruturas marcadas pelo
projeto arquitetônico e urbanístico da cidade, com o estilo de Art Déco. (Gonçalvez, 2018)

A Praça Cívica foi atualmente reformada, visando resgatar as suas características


iniciais e dar novas utilizadades aos seus edifícios, esse melhoramento foi entregue em
2016. (Gonçalvez) A Praça Cívica também é a moradia do Governador de Goiás desde
Pedro Ludovico Teixeira, com a criação da cidade.

Acerca das características urbanísticas do Setor Central pode-se informar que este é
marcado pelo grande número de pequenos prédios de escritórios, nos quais se predomina a
arquitetura dos anos 30 e 40, juntamente com as suas ruas estreitas onde passam um grande
número de ônibus que ligam à todos os bairros. (Wikimapia)

Segundo Alarcón e Holanda, no Setor Central acentua-se os estabelecimentos de


serviços e de agropecuária da cidade. Além disso, no local também possui a mais elevada
concentração de grandes empresas e boa parte do comércio informal da cidade. A maioria
das instituições financeiras, de cartórios e tabelionatos e dos hotéis é no setor. É
interessante citar que este possui o terceiro valor mais alto do terreno na cidade e é o
terceiro bairro em quantidade de cinemas.

Ademais, o Alarcón e Holanda comenta sobre o Setor Central em Goiânia:

O Centro é o primeiro bairro em acessibilidade do transporte coletivo e o terceiro


em acessibilidade topológica. O Centro além de ser um dos núcleos pioneiros da
cidade, possui também o maior conjunto de bens tombados pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN em estilo Art-Déco.

Outrossim, Alarcón e Holanda realizaram uma pesquisa em relação a co-presença,


ou seja os diferentes tipos de pessoas no espaço verificando como elas se comportam
espacialmente, no Setor Central de Goiânia e este levantamento auxilia no diagnóstico
urbanístico da região. Na Tabela 1 obtém-se os resultados da pesquisa analisada.

Tabela 1 – Quadro Resumo da Co-Presença no Setor Central.

Fonte: A Configuração do Setor Central de Goiânia (Alarcón e Holanda, 2005).

De acordo com Alarcón e Holanda, o resultado de suas pesquisas em relação a co-


presença no Centro de Goiânia é:

O Centro de Goiânia encontra-se numa situação típica dos centros brasileiros,


onde há saturação e abandono de pessoas, além de estar sofrendo um processo de
perda de habitantes e um ganho em transeuntes de mais baixos estratos sociais.
Há uma falta de distribuição das pessoas durante diversos horários do dia e
diferentes dias da semana, o que causa um congestionamento de pessoas no
horário comercial e um total abandono durante a noite e, principalmente, nos
finais de semana. O Centro de Goiânia é um exemplo claro onde a co-presença
está tanto relacionada com o nível de integração das vias como dos usos
existentes no local e com a cultura da população. [...] Encontrou-se forte relação
dos usos com o padrão espacial: as atividades de comércio e serviço concentram-
se nas vias mais integradas do sistema.

Assim, comparando o Plano de Urbanização de Goiânia de 1938 nota-se que as


categorias determinadas para o espaço foram seguidas, ou seja, a região em torno das
principais avenidas realmente são consideradas uma zona comercial com um concentrado
de pessoas em horário comercial. A notável questão do setor atualmente é a pouca
qualidade em encontros sociais no espaço público, sendo essa devido a inseguraça e falta
de atrativos. (Alarcón e Holanda)
Enfim, aparentemente, o espaço do setor central está sendo utilizado conforme
programado desde 1938, contudo, com a degradação do espaço e seus diversos problemas
– poluição sonora, aumento dos preços em residências, falta de segurança, falta de
paisagens paisagísticas, etc. –, as pessoas tendem a viver mais nas periferias do setor.
Assim, há a consequência de abandono do local em horários fora do comercial.

Apesar dessas questões, na região é possível ver edificações grandiosas tanto para a
história da cidade quanto para a arquitetura do local. Anteriormente foi citado que o estilo
arquitetônico de relevância predominante é o Art Déco, contudo, a região também é
marcada pela presença de prédios modernistas.

Na Figura 2 tem-se um exemplo popular de Art Déco no Setor Central de Goiânia:


o Palácio das Esmeraldas. O local é considerado o mais significativo bem cultural da
cidade. Gonçalvez comenta mais sobre a construção:

Desde sua criação se transforma na casa oficial do governador de Goiás, sendo


que o ex-governador Pedro Ludovico Teixeira foi seu primeiro morador. No
local também é possível encontrar o Palácio Pedro Ludovico, que é o antigo
Centro Administrativo, responsável por toda a administração de finanças do
estado.

Figura 2 – Palácio das Esmeraldas.

Fonte: Flickr.

Além disso, também na Praça Cívica da cidade tem-se outro símbolo de Art Déco
da cidade: o Museu Zoroastro Artiaga, fundado em 1946. Na Figura 3 observa-se essa
grandiosidade, onde concentra-se um enorme acervo de documentos históricos da região.
Figura 3 – Museu Zoroastro Artiaga.

Fonte: Curta Mais (2016).

E, ainda na Praça Cívica, pode-se encontrar o Monumento às Três Raças (Figura 4), ou nome
oficial Monumento à Goiânia. A escultura, também definida dentro do estilo Art Déco, possui sete
metros de altura e foi esculpida pela artista Neusa Morais em 1968, com bronze e granito. É uma
homenagem à miscigenação do estado, representando as etnias negra, branca e indígena.

Figura 4 – Monumento às Três Raças.

Fonte: Flickr.

Além dessas construções, tem-se também a Torre do Relógio, no canteiro central da


Avenida Goiás, outro símbolo da Art Déco na cidade de Goiânia (Figura 5).
Figura 5 – Torre do Relógio.

Fonte: ARRUMAMALAAI (2014).

Assim como, a presença de edifícios modernistas no Setor Central de Goiânia é


também existe. Na Figura 6 apresenta-se uma Agência do Banco Santander, de estilo
modernista, idealizada por Ruy Ohtake, projetado em 1977, em uma área de 2.450m².

Figura 6 – Banco Santander.

Fonte: Curta Mais (2015).

Outro exemplo de construção modernista no Centro de Goiânia é o Edifício


Parthenon Center (Figura 7), que ocupa um quarteirão inteiro e foi inaugurado em 1976.
De acordo com Falcão (2021),

[...] o edifício-garagem demonstra o crescimento da região central da capital,


uma vez que tem múltiplas funções, como estacionamento e escritórios. [...] o
Parthenon Center é projetado pelos Arquitetos Associados, formados pela escola
mineira: Eduardo Simões Barbosa, Elias Daud Neto, Fernando Carlos Rabelo e
Roberto Benedetti. Já na década de 1970, o edifício é um dos símbolos da
consolidação do modernismo em Goiás, resultado também da influência de
Brasília e, posteriormente, dos profissionais formados em Goiânia, na Escola de
Arquitetura da PUC-Goiás.

Figura 7 – Edifício Parthenon Center.

Fonte: Aproveite a Cidade (FALCÃO, 2021)

Portanto, esses são alguns exemplos dos estilos predominantes no Setor Central de
Goiânia, Art Déco e Modernismo. Como citado anteriormente, infelizmente, pode-se ver a
desfavor para com essas construções grandiosas.
Referências

SILVA, Talita Micheleti Honorato. Urbanismo II. Londrina: Editora e Distribuidora


Educacional S.A., 2019. Disponível em: <
https://issuu.com/rafaellamiron/docs/livro_urbanismo_20ii>. Acesso em: 25 jan. 2022.

ALARCÓN, Leyla Elena Láscar; HOLANDA, Frederico de. A Configuração do Setor


Central de Goiânia. XI Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e
Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional – ANPUR, Salvador, 27 mai. 2005.
Disponível em: <http://www.xienanpur.ufba.br/354.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2022.

GONÇALVEZ, Isabela. Praça Cívica é símbolo de cultura e história para o povo goiano.
Portal Dia Online, 2018. Disponível em: <https://diaonline.ig.com.br/2018/10/25/praca-
civica-e-simbolo-de-cultura-e-historia-para-o-povo-
goiano/?utm_source=Isabela+Gon%C3%A7alves&utm_campaign=diaonline-author>.
Acesso em: 25 jan. 2022.

SETOR Central – Goiânia | centro da cidade, bairro. Wikimapia, 2014. Disponível em: <
http://wikimapia.org/4123234/pt/Setor-Central>. Acesso em: 25 jan. 2022.

FALCÃO, Paula. Conheça a história do Edifício Parthenon Center, no Centro de Goiânia.


Aproveite a Cidade, 2021. Disponível em: <
https://diaonline.ig.com.br/aproveite/cidades/goiania/conheca-a-historia-do-edificio-
parthenon-center-no-centro-de-
goiania/?utm_source=Paula+Falc%C3%A3o&utm_campaign=diaonline-author>. Acesso
em: 26 jan. 2022.

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