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A IMPORTÂNCIA DO PATRIMÔNIO CULTURAL PARA A CIDADE:

Identidade Social e Planos Urbanos

SCHIRRU, ANA CARLA C. (1)

1. Instituto Ensinar Brasil - Doctum. Curso de Arquitetura e Urbanismo


Estrada Dom Orione, s/n. Dom Bosco, Juiz de Fora - MG
ana.carla@doctum.edu.br

RESUMO
Entende-se por Patrimônio Cultural, o conjunto de bens materiais e imateriais que fazem parte da
cultura de determinado povo. A cultura por sua vez é construída através das gerações num processo
de transmissão de significados, conhecimentos, crenças e modo de viver. Ao tratarmos de patrimônio
cultural, destaca-se sua função e referências à identidade, a ação e a memória de diferentes grupos
sociais. Este, materializado na forma de construções, mantém vivo todo caráter intelectual e cultural
de civilizações anteriores pois, se torna testemunho vivo e tangível de períodos passados. Numa
sociedade extremamente dinâmica, em que determinados bens se tornam obsoletos num rápido
intervalo de tempo e, onde o conhecimento é globalizado, a preservação do patrimônio é a garantia
de que a história de determinada sociedade se preserve, valorize e seja divulgada para as gerações
futuras, através da atuação dos poderes governamentais e dos cidadãos. Segundo Argan (1995), os
monumentos desempenham um papel informativo em sistema de comunicação, com uma função
cultural e educativa, ou seja, didática pois, compartilham a história das cidades, porém em uma
perspectiva ideológica. Na contemporaneidade, o patrimônio cultural desempenha, além de sua
função didática, memorial e identitária, uma importante estratégia urbanística, onde o patrimônio
passa a inserir-se num contexto turístico e consequentemente, econômico. Um trabalho
multidisciplinar entre distintos profissionais, de diversos campos de conhecimento, pode garantir uma
melhor interpretação do comportamento das pessoas, entendendo melhor a formação da memória e
identidade, a configuração espacial da paisagem, a importância de sua manutenção, dentre outros
aspectos envolvidos com a cidade. Dessa forma, objetiva-se abordar a importância do patrimônio
dentro do meio no qual está inserido, especificamente na cidade de Juiz de Fora, MG. Pois, ao
tratarmos de patrimônio cultural, nos referimos ao conjunto de bens dos diferentes grupos sociais
dentro desse contexto comunitário, a cidade. Além disso, busca-se relacionar as atividades de
preservação ao planejamento estratégico do município. O método de pesquisa se aplica na revisão
bibliográfica, apoiada na leitura sobre memória e identidade social, no estudo das políticas de
preservação do patrimônio e, no estudo de caso da cidade de Juiz de Fora. Esta, que possui um
conjunto arquitetônico eclético e art déco importante no cenário local e regional, que apesar de
protegidos, ainda não possuem uma valorização cultural que atinja todos os aspectos da paisagem,
enquanto cidade e social, enquanto cidadania. Considera-se que na contemporaneidade, as políticas
e premissas patrimoniais encontram-se estabelecidas. Porém, há trabalho a executar, no que diz
respeito a conscientização e valorização social, esta, associada a educação patrimonial e as políticas
públicas. Assim, o trabalho deve ser na relação indivíduo e sociedade.
Palavras-chave: Memória; Preservação; Planos Urbanos.

IX Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio


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Introdução
A manutenção dos objetos portadores da memória é um direito de todos os cidadãos, nesse
entendimento que, a importância da preservação do patrimônio torna-se essencial. Esse
patrimônio cultural, material e imaterial, configura-se como testemunho da herança de
gerações passadas, dando origem e significado ao que se tem no presente, proporcionando
aos seus descendentes uma identidade.

O patrimônio cultural na paisagem, conta a história daquela comunidade, com os edifícios,


pela forma que eles foram construídos, pelas praças, onde eventos importantes ocorreram e
pelas igrejas, que mantinham um papel importante nos agrupamentos sociais. Para tanto, a
relevância da preservação desses bens, estes que documentam e transmitem às gerações
por vir, as referências de um tempo e de um espaço singular, que jamais serão revividos,
mas revisitados, quando lhes atribuímos determinados valores.

A preservação é dever do Estado e direito da comunidade, que deve ver registrada de forma
a manter viva a memória, como documento de fatos e valores culturais de seu povo. Em
Juiz de Fora, recorte desse estudo, mantém viva a memória de sua existência, através do
conjunto arquitetônico que, faz reluzir sua trajetória e história marcante. Musse (2007)
afirma: "[...] uma cidade que era próxima à antiga “Côrte”, no início do século XX, se
mostrava moderna, febril e “máscula.”

Documentando, guardando e relatando fatos que ajudaram formar a história de uma cidade,
cumpri-se com ato de cidadania. Segundo Maia (2003) através da educação patrimonial o
homem passa a integrar-se nesse entendimento, através de um processo em ele entende o
contexto em que está inserido, elevando sua auto-estima e à conseqüência valorização de
sua cultura.

Considerando a afirmativa de Huyssen (2000), " [...] quanto mais rápido somos empurrados
para o futuro global que não nos inspira confiança, mais forte é o nosso desejo de ir mais
devagar e mais voltamos para as memórias em busca de conforto". Esse encontro pode ser
assimilado com o pertencimento, em que proporciona a relação entre o indivíduo e o
espaço, criando uma essência na vida das pessoas e no espaço onde elas vivem,
consolidando a história deste grupo social através da memória social.

Dessa forma, objetiva-se abordar a importância do patrimônio dentro do meio no qual está
inserido, especificamente na cidade de Juiz de Fora, MG. Ao tratarmos de patrimônio
cultural, nos referimos ao conjunto de bens dos diferentes grupos sociais dentro desse
contexto comunitário, a cidade. Além disso, busca-se relacionar as atividades de
preservação ao planejamento estratégico do município. Este, que possui um conjunto

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arquitetônico eclético e art déco importante no cenário local e regional, que apesar de
protegidos, ainda não possuem uma valorização cultural que atinja todos os aspectos da
paisagem, enquanto cidade e social, enquanto cidadania.

O método de pesquisa se aplica na revisão bibliográfica, apoiada na leitura sobre


memória/identidade social e, no estudo das políticas de preservação do patrimônio,
inseridas e aplicadas na cidade de Juiz de Fora, MG. Para tanto, essa pesquisa se
caracteriza como uma análise embrionária, em que, baseada na revisão bibliográfica,
apenas explana e traduz o espaço de estudo (a paisagem de Juiz de Fora) e, discorre sobre
as políticas em desenvolvimento e aplicabilidade no município.

Dessa forma, essa pesquisa não pretende, ainda, expor proposições e possíveis resultados
para serem alcançados, no que se refere a legislação e aplicabilidade de ações de
interferência no patrimônio e no espaço urbano de Juiz de Fora.

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Juiz de Fora: construção da paisagem
A cidade de Juiz de Fora passou por três períodos históricos significativos para sua
formação. O primeiro, no início do século XVIII, quando denominada de "Caminho Novo",
configurava-se como território de passagem para exploração aurífera da colônia, marcando
o surgimento de seus primeiros povoados (LAGE; ESTEVES, 2008). O segundo, que vai do
início do século XIX até 1930, retrata o período de expansão cafeeira, destacando-se como
uma importante região de produção e, segundo Oliveira (1966), pela construção da Estrada
do Paraibuna, que deu início a formação do núcleo urbano. O terceiro, é o momento da
industrialização (final do século XIX), marcado pela construção da Estrada União Indústria,
idealizada pelo então comendador Mariano Procópio. "Construída dentro do que havia de
mais avançado em tecnologias de pavimentação em países como Estados Unidos, este
novo caminho facilitou sobremaneira a ligação do Rio de Janeiro com Minas Gerais
(OLIVEIRA, 1966)".

A Estrada de Ferro D. Pedro II, chegada em Juiz de Fora em 1870, seguiu como parâmetro
físico, a Estrada União Industria, pois foi implantada paralela a ela e, também, ao Rio
Paraibuna, determinando, o traçado da atual Avenida Francisco Bernardino (SAMPAIO,
2012). Nessa conformação, a Estrada do Paraibuna, atual Avenida Rio Branco, interliga-se
com o córrego Independência, atual Avenida Itamar Franco, e com a citada Avenida
Francisco Bernardino, formando um triângulo na morfologia da cidade. Inserida nesse
triângulo maior, a atual Avenida Getúlio Vargas (parte da Estrada União Indústria) conforma,
juntamente com a Avenida Rio Branco e Avenida Itamar Franco, um triângulo menor e
centralizado. Vide Figura 1, abaixo.

Figura 1: Recorte do Mapa de Juiz de Fora


Fonte: Sampaio, 2012. Modificado pelo autor desse artigo

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O triângulo maior, conforma a centralidade do município, onde está inserido um conjunto
arquitetônico relevante para a configuração da cidade, consolidado nas duas últimas
décadas do século XIX. Esse conjunto, em grande parte, são heranças da fase cafeeira e
industrial do município, configurando-se atualmente como patrimônio cultural e área de
interesse histórico para a cidade.

Nessa fase de êxito de Juiz de Fora, no final do século XIX, com destaque nacional na
industrialização, importantes edifícios foram consolidados no perímetro do triângulo, como é
o caso da sede do Banco de Crédito Real (1889), ilustrado na Figura 2 a seguir.

Figura 2: Banco do Crédito Real - Avenida Getúlio Vargas


Fonte: Sampaio, 2012.
São muitos os edifícios relevantes para a conformação urbana e histórica de Juiz de Fora, a
maioria com estilo eclético e art déco, valorizados na época, seguindo as influências
europeias. Pode-se citar, entre diversos exemplares, as instituições de ensino (Grupos
Centrais e Escola Normal), o Teatro Central, o Centro Cultural Bernando Mascarenhas e a
Estação Central, que servia à Estrada de Ferro D. Pedro II. Deste modo, no início do século
XX, o município possui uma imagem de um importante centro econômico, caracterizado
especialmente pela industrialização.

Portanto, Juiz de Fora, no final do século XIX e início do século XX, tinha em seus ideais de
paisagem e espaços públicos reflexos da estética e ideologia europeia, usando-se, de
acordo com Oliveira (1975), estratégias como “ajardinamento inglês” e “boulevard” em sua
morfologia, ou mesmo formalização de projetos elaborados por técnicos estrangeiros.

Segundo Oliveira (1966), considerando as devidas proporções, Juiz de Fora primava pelos
mesmos ideais e parâmetros de modernidade dos grandes centros, principalmente, os que
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buscavam uma paisagem de inspiração internacional. Para tanto, a aplicação desse ideário
do embelezamento, deu início em sua principal avenida (Figura 3 e 4), atual avenida Rio
Branco, principalmente por abrigar os edifícios importantes na época, como o prédio das
Repartições Municipais, a Igreja Matriz e os casarões da elite juiz-forana.

Figura 1: Avenida Rio Branco (Rua Direita) em 1872.


Fonte: ARQUIVO DE SÉRGIO BRASIL, Álbum da União e Indústria (CONCER).
Disponível em: <http://www.mariadoresguardo.com.br/2009_12_23_archive.html>. Acesso em: 30
abr. 2017.

Figura 2: Avenida Rio Branco (Rua Direita) em 1900.


Fonte: ARQUIVO DE RAMON BRANDÃO.
Disponível em: <http://www.mariadoresguardo.com.br/2009_12_23_archive.html>. Acesso em: 30
abr. 2017.
Assim, a partir do contexto histórico apresentado, através da trajetória do desenho da cidade
e da herança arquitetônica, faz-se um diagnóstico positivo, no que se refere a área central já
explanada pois, a cidade ainda possui condições de homogeneidade e integridade das
edificações, estas, atualmente protegidas como patrimônio histórico e artístico.

Partindo nessa análise, pode-se afirmar que a cidade de Juiz de Fora, possui um importante
conjunto arquitetônico de interesse histórico e cultural, que somam edifícios de estilo
eclético e art déco, remanescentes do século XIX e início do século XX, período de
crescimento e expansão da cidade. Dessa composição arquitetônica, de acordo com

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Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (2017), estão protegidos por lei, através do
tombamento, 172 bens culturais.

Dessa forma, a cidade consegue, materializado na forma de construções, manter vivo todo
caráter intelectual e cultural de civilizações anteriores pois, se torna testemunho tangível de
períodos passados, além de simbolizar características dos costumes, pensamentos e o
próprio cotidiano dessas gerações.

A grande questão que se coloca, quando se preserva estes bens, é a viabilidade em tempos
atuais, de se manter um prédio em suas características originais, que remete à outra época,
outra realidade, dentro de um contexto urbano contemporâneo e tecnologicamente cada vez
mais avançado. Para tanto, o importante papel das autoridades políticas, no que se refere
ao planejamento e execução de projetos de Lei em benefício desses espaços.

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Memória Social, identidade e valorização patrimonial
Entende-se que a memória individual é a memória de um agente social, este, inserido em
uma sociedade onde são compartilhados, sentimentos, comportamentos, linguagens e
experiências, portanto, a memória é acima de tudo “memória social”. Entretanto, a memória
de um indivíduo depende do seu relacionamento familiar, da classe social em que está
inserido, escolaridade, ritos, profissão, ou seja, com os grupos de referências desse
indivíduo. Dessa forma, memória é social, porém não é geral.

O relato da memória, narrado por um individuo que viveu o episódio, vem carregado de
paixões individuais, emoções e entusiasmos que dão veracidade ao conteúdo,
diferentemente do relato histórico pois, este se apoia somente em documentos oficiais,
podendo deixar escapar muitos fatos importantes, desprezados pela racionalização das
ideias. Porém, não pode-se considerar que os relatos individuais substituam a teoria da
história, apenas os complementam, podendo classificá-los assim como “Histórias das
Mentalidades” e “História das Sensibilidades” (BOSI, 2004, p. 15).

Segundo Pacano (2005), a memória pode ser “voluntária” e “involuntária”, a primeira traz as
lembranças do passado para o presente, construindo a história do espaço, já a segunda,
memória involuntária, inconsciente, aquela que traz os costumes, sotaques, que variam de
lugar para lugar, na vivência das pessoas, estruturando-se da memória que passa de
geração para geração.

A memória vem da percepção, esta que pode ser entendida muito além de sua simples
interação do sistema nervoso com o ambiente pois, a percepção, vem carregada de
informações que estão nas lembranças dos indivíduos. É como se a memória fosse o lado
subjetivo do conhecimento do indivíduo sobre as coisas. Portanto,

Pela memória não só o passado vem à tona das águas presentes,


misturando com as percepções imediatas, como também empurra, “desloca”
estas últimas, ocupando o espaço todo da consciência. A memória aparece
como força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, latente e
penetrante, oculta e invasora (BOSI, 2004, p.36).

Depois de tantas classificações e identificações da memória com a experiência, com a


percepção e com a sociedade, podemos entender, acima de tudo, que a memória avança
sem cessar para o futuro, sendo a percepção, a interseção do corpo com o mundo e, a
memória, a conservação que o espírito faz de si mesmo, do espaço onde vive e da história
de seu grupo. Na história de vida, perder o tempo é perder a “identidade”, é perder-se a si
mesmo.

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No processo de construção da memória há uma ligação direta com o sentimento de
identidade. Assim sendo, pode-se definir que a memória cultural atua preservando a
herança simbólica institucionalizada, onde as pessoas recorrem para construir suas próprias
identidades e para se afirmarem como parte de um grupo. Dessa forma, o patrimônio
cultural de uma cidade, faz reluzir as vivências de um povo, contribuindo para preservação
de uma sociedade.

A tarefa principal a ser contemplada pelas políticas que tratam da preservação e produção
dos patrimônios coletivos é de possibilitar a recriação e re-significação da memória coletiva
no presente, reforçando o significado da participação da sociedade em ações que
fortaleçam a cidadania. Para tanto, reforça-se, que a educação patrimonial torna-se
primordial para o alcance desse objetivo.

Numa sociedade extremamente dinâmica, em que determinados bens se tornam obsoletos


num rápido intervalo de tempo e, onde o conhecimento é globalizado, a preservação do
patrimônio é a garantia de que a história de determinada sociedade se preserve, valorize e
seja divulgada para as gerações futuras, através da atuação dos poderes governamentais e
dos cidadãos.

A importância de um bem, não tem ligação direta com sua idade e sim, com a memória
coletiva do lugar. A partir do momento em que ele passa a existir, começa a configuração da
história daquela comunidade.

A herança do patrimônio cultural para a cidade/sociedade é destaca na carta de Veneza:

Portadoras de mensagem espiritual do passado, as obras monumentais de


cada povo perduram no presente como o testemunho vivo de suas tradições
seculares. A humanidade, cada vez mais consciente da unidade dos valores
humanos, as considera um patrimônio comum e, perante as gerações
futuras, se reconhece solidariamente responsável por preservá-las, impondo
a si mesma o dever de transmiti-las na plenitude de sua autenticidade
(CARTA DE VENEZA, 1964).

Choay (2006) destaca, que as primeiras noções de patrimônio histórico surgiram durante a
Revolução Francesa pois, ameaçados na época, surge a preocupação pela conservação
dos monumentos históricos nacionais, passando-se a pensar na conservação real desse
patrimônio, objeto e edifícios, que anteriormente dava lugar apenas a sua conservação em
meios iconográficos.

O período entre 1820 e 1964, o monumento histórico passa por sua fase de
consagração. A partir de então, o conceito de monumento histórico entra
numa escala mundial, acelerando o estabelecimento de leis que visassem à
proteção e a realização da restauração como uma disciplina integral. Assim,
constata-se que os procedimentos elaborados nos séculos XIX e XX,

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atualmente se transformaram em documentos e posturas legais de proteção
ao monumento histórico (CHOAY, 2006).

Um trabalho multidisciplinar, embasados por diferentes profissionais e em diversos campos


de conhecimento, garante uma melhor interpretação do comportamento das pessoas, no
que refere a formação da memória e identidade, na configuração espacial da cidade e na
importância de sua manutenção (CARVALHO, 2013).

Carvalho (2013) destaca, entre que "as edificações, o traçado da cidade, o desenho dos
passeios, as praças, o paisagismo, as manifestações culturais, os costumes, os saberes,
celebrações e práticas culturais [...]" formam-se referências simbólicas e afetivas para o
indivíduo em relação ao espaço vivido, construindo sua memória e identidade, tornando
coletiva ou pessoal. A autora, ainda afirma: "desse modo, a preservação das heranças
patrimoniais deixadas por nossos antepassados constitui a essência da memória de um
povo, é justamente esse legado que nos torna participantes da formação de nossa
identidade".

Preservar é uma atualização constante da memória e dos valores que definiram aquele
objeto ou expressão cultural como representativos e patrimônio da coletividade.

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Políticas de preservação e planejamentos urbanos em Juiz de Fora

Proteção de bens patrimoniais

A Lei n.º 10.777, de 15 de julho de 2004, com alterações pela Lei 11.000, de 06 de outubro
de 2005, dispõe sobre a proteção do Patrimônio Cultural do Município de Juiz de Fora e dá
outras providências.

No Capítulo I, do Patrimônio Cultural do Município de Juiz de Fora, o artigo 1º, engloba


como patrimônio a merecer proteção do Poder Público Municipal: as formas de expressão;
os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras,
objetos, documentos e edificações cuja conservação seja do interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Município, do Estado ou do País, quer por seu
valor cultural, histórico, etnológico, paleontológico, bibliográfico, artístico, arquitetônico,
paisagístico e; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, arquitetônico, paisagístico,
artístico, paleontológico, ecológico e cientifico.

No parágrafo único, do artigo 2º, destaca-se que estímulo à participação da comunidade na


preservação do Patrimônio Cultural, deve ser promovido pelo Município.

Ainda de acordo com Lei n.º 10.777 (2004), no município de Juiz de Fora, a política de
preservação do Patrimônio Cultural é estabelecida pelo COMPPAC (Conselho Municipal de
Preservação do Patrimônio Cultural), órgão vinculado à FUNALFA (Fundação Cultural
Alfredo Ferreira Lage), subordinada à Diretoria de Política Social.

Compete ao COMPPAC: definir as bases da política de preservação, proteção e valorização


dos bens culturais integrantes do Patrimônio Cultural do Município; opinar sobre o
tombamento de bens e proceder a estudos que conduzam à criação de instrumentos
destinados a defesa do Patrimônio; elaborar normas ordenadoras e disciplinadoras da
preservação e manutenção dos bens culturais; diligenciar no sentido de obter recursos para
a execução de programas de valorização e revitalização dos bens culturais; solicitar e
acompanhar os trabalhos realizados pelo corpo técnico da FUNALFA, visando a proteção,
preservação, vigilância, desenvolvimento de inventários, projetos, pareceres, atividades que
objetivem a educação patrimonial e eventos culturais relacionados com o Patrimônio
Cultural do Município; analisar e aprovar projetos de restauração e/ou reforma em bens
culturais integrantes do Patrimônio Cultural do Município, bem como emitir parecer sobre
demolições de imóveis.

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Plano Diretor

O Plano Estratégico de 2000, para cidade de Juiz de Fora, segundo Sampaio (2012), alterou
os paradigmas dos Planos Diretores, inspirado nas experiências de outras cidades,
principalmente do Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, Juiz de Fora foi precursora, onde o foco
do plano está nas situações pontuais e específicas, de maneira a fortalecer o desempenho
da cidade como pólo regional da Zona da Mata. O autor destaca, as melhorias na
mobilidade urbana, revisão das legislações vigentes e a execução de projetos âncora, como
fundamentais para o alcance do objetivo do plano. Ainda relata, "entretanto, em linhas
gerais, estes projetos repetem as propostas dos planos diretores, porém descolados da
visão de estruturação global do espaço urbano da cidade".

O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o PDDU 2000, em suas diretrizes do capítulo


I, dos princípios, objetivos e estratégias, já indicava no Artigo 3º: "objetivo do PDDU é
orientar o pleno desenvolvimento da função social da cidade, buscando atender o direito de
acesso do cidadão a moradia, ao transporte, aos serviços e equipamentos urbanos e à
preservação, proteção e recuperação dos patrimônios ambiental, arquitetônico e cultural.

No Artigo 4º, para cumprir o objetivo do PDDU 2000, são estabelecidas estratégias e
táticas. No que se refere ao patrimônio, a Lei propõe: "a promoção e o incentivo ao turismo
como fator de desenvolvimento econômico e social, valorizando os patrimônios cultural e
natural do município, de forma a reforçar o sentimento de cidadania".

A preservação, proteção e recuperação do patrimônio, no PDDU 2000, ainda aparece nas


estratégias da Lei de maneira incipiente, considerando o patrimônio em meio aos outros
objetivos, sem suas devidas especificações singulares. O que se destaca, é a tentativa em
associar o patrimônio cultural ao desenvolvimento turístico do município.

O que se nota, na proposta preliminar para revisão do Plano Diretor Participativo de Juiz de
Fora (2015), é uma especificidade detalhada e embasada, quando se trata o patrimônio
pois, o documento já faz alusão à memória, pertencimento, polifuncionalidade, entre outros
temas relacionados a preservação do patrimônio cultural.

Para tanto, na proposta preliminar para revisão do Plano Diretor Participativo de Juiz de
Fora (2015), no Art. 9º do Título I (dos princípios fundamentais, diretrizes e objetivos) são
objetivos da Política de Desenvolvimento Urbano e Territorial e do Plano Diretor: proteger
patrimônio histórico, cultural e religioso, valorizar a memória, o sentimento de pertencimento
dos cidadãos com relação à cidade e a diversidade; recuperar, reabilitar e requalificar a área
central da cidade de modo a preservar e potencializar sua função residencial e sua

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atratividade comercial, de prestação de serviços e de manifestações populares em seus
espaços públicos.

As Diretrizes Setoriais

As Diretrizes Setoriais de Desenvolvimento, documentadas no PDDU 2000, faz referência


ao desenvolvimento, proteção e recuperação dos patrimônios ambiental, paisagístico e
cultural da cidade. Possui como diretrizes, relativas ao patrimônio cultural e paisagístico: a
revisão da legislação vigente até aquele período, relativa à proteção do patrimônio histórico
e cultural com a criação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, atual COMPPAC;
formular e executar projetos que visem preservar, revitalizar e ou reabilitar as áreas de
interesse arquitetônico, urbanístico e/ou paisagístico;formular, executar e incentivar projetos
e atividades que visem a recuperação e a preservação dos bens móveis e
integrados;estimular projetos e atividades que visem resgate e a perpetuação da cultura
regional, através da preservação dos bens imateriais; estimular o uso das áreas e prédios a
serem preservados para a instalação de espaços públicos destinados a atividades culturais
e artísticas; apoiar também a instalação de atividades comerciais e/ou de serviços, que
possibilitem a conservação e a preservação do bem tombado;estabelecer critérios de
flexibilização de usos para os bens tombados; promover a desobstrução visual da paisagem,
dos bens e dos conjuntos de elementos de interesse histórico e arquitetônico; promover a
conscientização da população quanto aos valores do patrimônio cultural do Município,
através de programas educacionais e de divulgação nas escolas e nos meios de
comunicação; promover e apoiar as iniciativas que visem suprir o mercado de trabalho dos
recursos humanos necessários à preservação e a difusão do patrimônio cultural; lutar pela
preservação, recuperação e revitalização dos patrimônios culturais e paisagísticos,
utilizando os instrumentos jurídicos e administrativos existentes, além dos recursos
tradicionalmente usados, inclusive o tombamento do bem e seu entorno; promover ação
conjunta com a Universidade Federal de Juiz de Fora, bem como com as outras instituições
de ensino público ou privado, com o objetivo de identificar e cadastrar os arquivos e acervos
- públicos e privados, considerando sua importância para a pesquisa histórica da cidade e
região.

Já na proposta preliminar para revisão do Plano Diretor Participativo de Juiz de Fora (2015),
o documento faz menção à compatibilização das políticas de desenvolvimento urbano e
territorial com as políticas de preservação, portanto, prevê diversas interfaces importantes,
que seguem resumidamente explanadas: buscar as condições para a configuração da
identidade cultural do Município, pensando na tradição e continuidade criativa; articular os
sistemas de gestão cultural e ordenação territorial, objetivando a valorização patrimonial e

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visando a proteção desde os edifícios aos espaços e estruturas que dão suporte ao
patrimônio imaterial; estimular os usos e atividades nos bens patrimoniais (já referenciado
no PDDU 2000), compatíveis com sua preservação; desenvolver estudos para a proteção;
reconhecer o valor do patrimônio cultural das localidades rurais; implementar uma gestão
compartilhada de preservação e valorização patrimonial, entre diversas instituições e os
diversos entes dos três esferas poder público e da sociedade civil; fomentar a participação
social; desenvolver programas de educação patrimonial (esboçado, de maneira incipiente no
PDDU 2000); inventariar os bens de todas as categorias que compõe os bens patrimoniais
do município e; desenvolver os Planos de Preservação das ADEs Cultura (Áreas de
Diretrizes Especiais da Cultura).

Legislação vigente

As legislações vigentes que interferem nas características arquitetônicas e/ou urbanísticas,


de uso e ocupação do solo, as Leis 6909 e 6910, respectivamente, ambas promulgadas em
31 de maio de 1986, possuem antagonismos com as tipologias do conjunto de edificações
tombadas da cidade. Entretanto, estas acompanham uma tendência possivelmente mundial.

Sampaio (2012) explica, que isso se deve ao fato destes prédios terem sido construídos
com programas arquitetônicos da época, em que os hábitos, costumes e, até mesmo, as
formas de se projetar e construir eram diferentes dos padrões atuais, para a mesma
tipologia. O autor ainda destaca, "[...] as maiores dificuldades de se aplicar a legislação
vigente em obras de conservação se correlacionam com os parâmetros de iluminação,
ventilação, áreas mínimas de compartimentos, previsões de escada, garagens, itens de
segurança contra incêndio e pânico, entre outros".

A cidade de Juiz de Fora, conforme pode ser analisado na descrição de suas leis e planos
de desenvolvimento urbano, nos parágrafos acima, possui sua política patrimonial e os
planos urbanos de acordo com a contemporaneidade. A cidade, soube desenvolver as
premissas e leis, entretanto, na aplicabilidade, muito trabalho ainda deve ser executado.
Esse trabalho, pode ser no incentivo a participação social nos projetos e decisões, ao
incentivo fiscal e busca por investimentos, além da iniciativa na valorização das áreas de
interesse cultural, refletindo o que a Lei define, como o apoio nas atividades nos bens
patrimoniais, considerando o lazer e o turismo, por exemplo.

Nas Recomendações de Nairóbi (1976), o documento já destaca:

Considerando que os conjuntos históricos ou tradicionais constituem


através das idades os testemunhos mais tangíveis da riqueza e da
diversidade das criações culturais, religiosa e sociais da humanidade

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e que sua salvaguarda e integração na vida contemporânea são
elementos fundamentais na planificação das áreas urbanas e do
planejamento físico-territorial.

Conservação de áreas urbanas

A conservação de áreas urbanas integra-se cada vez mais às políticas


urbanas das cidades. Desde as precursoras investigações de Gustavo
Giovannoni na década de 1910, passando pelas criações das legislações de
proteção dos anos 60 na Europa e Estados Unidos, até as experiências
práticas e as discussões interdisciplinares no meio acadêmico, muito se
avançou na consolidação de princípios, critérios e normas que formam as
tramas conceituais e metodológicas a serem utilizadas em locais que ainda
não contam com instrumentos de proteção e de conservação desta
natureza (SAMPAIO, 2012).

As cartas patrimoniais configuraram-se como a principal fonte de referência para a teoria de


conservação de áreas urbanas, baseando-se nas fundamentações e articulações. As
definições e proposições das cartas patrimoniais, possuem abrangência internacional e
relevância institucional, pois são documentos publicados pelo ICOMOS e UNESCO, como
por exemplo: as Recomendações de Nairóbi (UNESCO, 1976), Cartas de Washington
(ICOMOS, 1987) e de Petrópolis (ICOMOS Brasil, 1987).

A discussão acerca das áreas urbanas, discorrida nas Recomendação de Nairóbi, afirma a
necessária harmonia entre passado e presente, através de projetos de intervenções, de
maneira a constituir-se de ações integradas entre poder público, iniciativa privada e a
população (CARVALHO, 2013).

Choay (2000) ressalta, ainda explanando sobre as Recomendação de Nairóbi, a


argumentação relativa a não exposição museal da área de preservação inserida nas malhas
urbanas contemporâneas.

No Brasil, ainda são incomuns as pesquisas de conservação de áreas urbanas, ou seja,


pouco representativas. Contudo, a Cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, através do
Projeto Corredor Cultural, 1979, passou por relevantes experiências na proteção e na
conservação de áreas urbanas, tornando-se modelo nacional, para políticas de valorização
do patrimônio cultural, inseridas nas diretrizes do plano diretor da cidade. Sampaio (2012)
afirma que parte do sucesso do projeto, deve-se à participação financeira dos proprietários,
locatários e concessionários, que disponibilizaram recursos para obras de conservação das
edificações protegidas.

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O objetivo das políticas de conservação e preservação nas áreas urbanas é caracterizar a
polifuncionalidade, como por exemplo, valorizar a inserção residencial nesses núcleos. No
entanto, o que se percebe na aplicação são os critérios de proteção fachadista e
coberturista (SAMPAIO, 2012). Isso pode ser explicado, pelas políticas aplicadas, em que as
prefeituras muitas vezes divulgam financiamento de obras de restauração, mas que de fato,
o único apoio é a isenção do IPTU para os usuários.

Em Juiz de Fora, seu núcleo central possui um conjunto arquitetônico relativamente íntegro
e, segundo Sampaio (2012), "portador de valores artísticos, históricos e afetivos notáveis
que requerem instrumentos de proteção, estratégias de conservação e de desenvolvimento
urbano apropriadas [...]" Para o autor, digno de um projeto de Conservação de Áreas
Urbana, guardadas as devidas proporções, aos moldes do projeto aplicado na cidade do Rio
de Janeiro.

Em Juiz de Fora, o tombamento ainda é pontual, restringindo-se ao edifício. No que se


refere ao projeto de conservação de áreas urbanas, temas como polifuncionalidade,
revitalização física, social, econômica, entre outras, precisariam ter aplicabilidade.

Em sua configuração espacial e social, o centro da cidade de Juiz de Fora, apesar de


manter ainda um caráter residencial, mesmo que em declínio, é formada principalmente por
comércio, que se divide visualmente e fisicamente, em parte baixa e alta, pela linha divisória
da Avenida Getúlio Vargas. Na parte baixa, formou-se o principal centro comercial popular
da cidade.

O conjunto arquitetônico da área central de Juiz de Fora, consolidado no final do século XIX,
possui diversidade de estilos arquitetônicos, compondo a paisagem urbana da área. As
edificações presentes nesse contexto, expressam e representam a identidade e memória da
cidade, passando pelos momentos ímpares da história de Juiz de Fora. Entretanto, o valor
de conjunto é dado, principalmente, pelas edificações modestas, conforme classificação da
Carta de Veneza (1964).

Assim sendo, pode-se considerar que a metodologia de aplicação para a valorização de


áreas urbanas, segundo Sampaio (2012), especialmente na área central da cidade, "[...]
consolidaria a política de conservação do patrimônio cultural local e criaria um selo, um
símbolo da história e da memória local no molde do que foi e ainda é a marca Corredor
Cultural para o Rio".

Contudo, o grande desafio para Juiz de Fora, seria vencer a falta de instrumentação e
planejamento, no que se refere a proteção de áreas urbanas, no campo do saber da
conservação e da literatura especializada no tema.

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Considerações Finais
A conservação patrimonial é necessária para mantermos vivos os elementos de
determinado momento no fluxo da história. Mas as cidades não devem ser pensadas
imutáveis, em prol da conservação e sim manter sua dinâmica. Ao longo dos anos, a
arquitetura teve suas variações, do romano ao gótico ou do neoclássico ao moderno, por
exemplo, seguindo o rumo da história e de seu tempo. Dessa forma conclui-se que a cidade
deriva da diversidade estilística de suas arquiteturas.

Pode-se concluir, utilizando-se de trecho das Recomendações de Nairóbi (1976), onde o


texto afirma que, o patrimônio, testemunho vivo de épocas passadas, adquire uma
importância vital, tanto para o indivíduo, quanto para os locais que neles expressam sua
cultura e sua identidade, visto a despersonalização e uniformização das expressões da
contemporaneidade.

Entende-se que, a obtenção de recursos e a valorização da memória coletiva, podem refletir


na história em busca de um futuro de melhor qualidade urbana, fazendo do Patrimônio
Histórico um elemento de inclusão social em face dos desafios de uma contemporaneidade
líquida.

Segundo Argan (1995), os monumentos desempenham um papel informativo em sistema de


comunicação, com uma função cultural e educativa, ou seja, didática pois, compartilham a
história das cidades, porém em uma perspectiva ideológica.

Portanto, após o estudo no município de Juiz de Fora, conclui-se que as políticas e


premissas patrimoniais já se encontram estabelecidas. Porém, há trabalho a executar, no
que diz respeito a conscientização e valorização social, esta, associada a educação
patrimonial e as políticas públicas. Assim, o trabalho deve ser na relação indivíduo e
sociedade.

Referências

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Fontes,1995.

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Juiz de Fora e dá outras providências”. Juiz de Fora, MG: Prefeitura Municipal 2005.

JUIZ DE FORA. LEI N.º 9811, de 27 de junho de 2000. Institui o Plano Diretor de
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